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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
ISABEL DAHMER
PERCEPÇÕES DE AGRICULTORES SOBRE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO
ERECHIM 2019
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ISABEL DAHMER
PERCEPÇÕES DE AGRICULTORES SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia – Área de Concentração em Gestão e Conservação Ambiental, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ecologia. Orientadores: Profa. Dra. Sônia B. Zakrzevski e Vanderlei S. Decian.
ERECHIM
2019
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ISABEL DAHMER
PERCEPÇÕES DE AGRICULTORES SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E
ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre
em Ecologia. Área de Concentração: Gestão e Conservação Ambiental.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª. Sônia Beatris Balvedi Zakrzevski (Orientadora)
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Erechim
Prof. Dr. Vanderlei Secretti Decian (Co-Orientador)
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Erechim
Profª. Dr. Rogério Luis Cansian
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Erechim
Profª Drª. Claudia da Silva Cousin
Universidade Federal de Rio Grande - FURG
Erechim, 15 de março de 2019.
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D131p Dahmer, Isabel
Percepções de agricultores sobre mudanças climáticas e estratégias de adaptação / Isabel Dahmer. - 2019. 110 f.
Mestrado (dissertação) – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Erechim, 2019. “Orientação: Dra Sônia B. Zakrzevski; Dr. Vanderlei S. Decian.” 1. Educação ambiental 2. Ecologia aplicada 3. Agricultura I. Título
C.D.U.: 574
Catalogação na fonte: bibliotecária Sandra Milbrath CRB 10/1278
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A minha família que, cоm muito carinho е
apoio, nãо mediram esforços para qυе еυ
chegasse аté esta etapa dе minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Durante a realização desta dissertação, contei com o apoio direto e indireto
de muitas pessoas e instituições, pelas quais sou muito grata.
Meu agradecimento especial é a minha professora orientadora Dra Sônia
Zakrzevski por aceitar desenvolver esta pesquisa com os agricultores, pela
orientação prestada e principalmente por todos seus ensinamentos, pelo incentivo,
disponibilidade, apoio e confiança que sempre demonstrou nestes seis anos como
bolsista e mestranda do Laboratório de Educação Ambiental. Gostaria de agradecer
também pela coorientação do professor Dr Vanderlei Decian, pelas suas
contribuições, pelo seu incentivo e apoio na elaboração deste trabalho.
A minha colega de mestrado Cleusa pela amizade e parceria na coleta dos
dados. As minhas colegas do Laboratório de Educação Ambiental e do mestrado,
que por muito tempo foram minha segunda família. Um agradecimento especial vai
as minhas colegas e também amigas Manu e a Andri, por todo o apoio e ajuda no
decorrer desta dissertação.
Agradeço a minha família, especialmente ao meu pai Dércio e a minha mãe
Marga por todo o incentivo, apoio econômico e pela força prestada no decorrer da
minha vida acadêmica. Agradeço ao meu namorado Alex por sempre estar do meu
lado, me incentivar e principalmente pela sua paciência e compreensão pelos muitos
momentos ausentes.
Agradeço a URI e aos professores do Programa de Pós-Graduação em
Ecologia, por todos os ensinamentos, que com toda a certeza contribuíram muito
para minha formação profissional. Agradeço as entidades que me auxiliaram na
busca por agricultores no estudo: Prefeitura Municipal de Erechim, CAPA e CETAP,
bem como aos agricultores participantes da pesquisa. E por fim, agradeço a CAPES
pela bolsa de pesquisa concedida.
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“Talvez não tenha conseguido fazer o
melhor, mas lutei para que o melhor fosse
feito. Não sou o que deveria ser, mas
Graças a Deus, não sou o que era antes”.
Marthin Luther King
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RESUMO
A mudança climática (MC) é um dos desafios mais significativos e complexos da atualidade. A agricultura é uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa (GEE), que estão impulsionando as alterações no clima e, ao mesmo tempo, representam um dos setores mais afetados pelas mudanças climáticas, dada a sua dependência de recursos naturais. A MC pode influenciar diretamente os sistemas de produção agrícola para produção de alimentos, afetar a saúde animal e o padrão de equilíbrio entre a oferta e o comércio de alimentos. Esta pesquisa tem por objetivo compreender as percepções de agricultores convencionais e agroecológicos, residentes no Norte do Rio Grande do Sul, sobre a MC, identificando os fatores que interferem sobre essas percepções. O trabalho abrangeu agricultores de duas regiões do Estado - Corede Celeiro e Corede Norte, que pertencem ao território do bioma Mata Atlântica. Ao todo, foram abrangidos na pesquisa 120 participantes. De cada Região participaram 60 agricultores, que foram indicados por entidades que prestam assistência técnica no meio rural, sendo: i) 30 agricultores convencionais, ou seja, que manejam sistemas de produção agrícola modernos, na qual predominam as técnicas intensivas, através do uso de insumos e tecnologias; ii) 30 agroecológicos, ou seja, que manejam sistemas agrícolas de base ecológica, praticando uma agricultura mais próxima da agricultura tradicional. A coleta dos dados foi realizada por meio de uma entrevista individual, constituída por questões abertas e fechadas (escala Likert de cinco pontos. Os dados de cada questão foram submetidos a um processo de análise de conteúdo e de análise estatística - teste do qui-quadrado (x2) com p< 0,05, buscando verificar se os fatores mensurados (tipo de agricultura praticada na propriedade, região, tipo de propriedade, local de residência, gênero, idade, escolaridade e local de residência), influenciam as percepções dos agricultores. As análises foram realizadas, utilizando-se o Software Bioestat 5.0. Por meio do estudo, foi possível diagnosticar que a televisão é a principal fonte de informação sobre o tema MC, para os agricultores do Norte do RS. Independentemente da forma de produção (convencional e agroecológica), os agricultores atribuem à ação humana como a causa da MC. Eles percebem impactos da mudança climática à saúde e ao ambiente. Para a maioria dos agricultores, a MC já causou e está causando prejuízos em suas atividades agropecuárias, principalmente pela redução da produtividade devido ao aumento de insetos pragas, eventos extremos e frio e/ou calor fora de época, mas alguns reconhecem e afirmam ter benefícios no seu cotidiano e em suas atividades agropecuárias com a MC, especialmente pelo plantio da segunda safra de alguns produtos e pela inserção de novas culturas na região. Em resposta à MC percebida no Norte do RS, e aos prejuízos gerados por ela, os agricultores estão adotando medidas de enfrentamento em suas atividades agropecuárias, principalmente associadas à conservação e gestão do ambiente; adoção de técnicas de proteção do solo; conservação de Áreas de Preservação Permanente. Apesar de reconhecerem que a MC está acontecendo, demonstram maior preocupação quanto aos futuros efeitos negativos da MC à agricultura. A pesquisa aponta a importância de envolvimento dos agricultores em processos de educação continuada voltados aos agricultores, que visem a informar, sensibilizar, preparar e oferecer oportunidades para que os agricultores compreendam melhor o tema. É necessário que os agricultores estejam mais engajados e reconheçam que algumas atividades produtivas desenvolvidas no meio rural são responsáveis por essas mudanças, para que possam adotar ações para o enfrentamento da MC. Palavras-chave: Educação Ambiental. Ecologia Aplicada. Agricultura.
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ABSTRACT
Climate change (MC) is one of the most significant and complex challenges today. Agriculture is a significant source of greenhouse gas (GHG) emissions, which are driving climate change and at the same time represent one of the sectors most affected by climate change, given its dependence on natural resources. CM can directly influence agricultural production systems for food production, affect animal health, and balance the supply and trade of food. The objective of this research is to understand the perceptions of conventional and agroecological farmers residing in the North of Rio Grande do Sul on MC, identifying the factors that interfere with these perceptions. The work covered farmers from two regions of the State - Corede Celeiro and Corede Norte, which belong to the territory of the Atlantic Forest biome. Six farmers from each region participated in the study, who were nominated by entities providing technical assistance in rural areas. These were: (i) 30 conventional farmers, ie, who operate modern agricultural production systems, in which intensive techniques predominate, through the use of inputs and technologies; (ii) agroecological practices, that is, they manage ecologically based farming systems, practicing agriculture closer to traditional agriculture. In all, 120 participants were included in the study. The data were collected through an individual interview, consisting of open and closed questions (Likert scale of five points). The data of each question were submitted to a process of content analysis and statistical analysis - chi-square test (type of agriculture practiced in the property, region, type of property, place of residence, gender, age, schooling and place of residence), influence the farmers' perceptions The analysis was carried out using the Bioestat 5.0 software, and it was possible to diagnose that television is the main source of information about the MC theme for the farmers of the North of RS, regardless of the form of production (conventional and agro-ecological), farmers attribute to human action as the main cause of MC. They perceive impacts of climate change on health and the environment. MC has already caused and is causing damages in its agricultural activities, mainly due to the reduction of productivity due to the increase of insect pests, extreme events and cold and / or heat out of season, but some recognize and affirm to have benefits in their daily life and in its agricultural activities with MC, especially through the planting of the second crop of some products and the insertion of new crops in the region. In response to MC perceived in the North of the RS, and to the losses generated by it, farmers are adopting measures of confrontation in their agricultural activities, mainly associated with the conservation and management of the environment - adoption of soil protection techniques, conservation of Areas of Permanent Preservation. Although they recognize that CM is happening, they are more concerned about the future negative effects of MC on agriculture. The research points to the importance of involving farmers in continuing education processes aimed at farmers aimed at informing, sensitizing, preparing and offering opportunities for farmers to better understand the theme. Farmers need to be more engaged and recognize that some productive activities developed in rural areas are responsible for these changes, so that they can adopt actions to confront MC. Keywords: Environmental Education. Applied Ecology. Agriculture.
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LISTA DE SIGLAS
CND – Contribuições Nacionalmente Determinantes
COP- Conferências das Partes CQNUMC – Convenção Quadro das Nações Unidas para o Meio Ambiente
GEE – Gases de Efeito Estufa IPCC- Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática
CQNUMC – Convenção Quadro das Nações Unidas para o Meio Ambiente
MC – Mudança Climática
PBMC- Painel Brasileiro das Mudanças Climáticas
RS- Rio Grande do Sul
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Localização das áreas de estudo (Corede Celeiro, Corede Norte) ......25
Figura 2: Principais fontes de informações sobre Mudança Climática (%), segundo agricultores residentes no norte do Rio Grande do Sul, Sul do Brasil. ....32
Figura 3: Frequência que os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, participantes da pesquisa ouvem/leem (A) e conversam (B) sobre MC, com valores na forma de escore médio. O valor médio (1- nunca; 5 sempre).. .....33
Figura 04: Causas da MC, segundo agricultores residentes no norte do Rio Grande do Sul, Sul do Brasil.. ................................................................................38
Figura 05: Ações antrópicas geradoras da Mudança Climática, segundo os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, Sul do Brasil ....................40
Figura 06: Grupos e setores que são/serão mais afetados pela MC segundo a percepção dos agricultores residentes no Norte do RS, Sul do Brasil ....................45
Figura 07: Intensidade que agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul percebem a Mudança Climática, com valores na forma de escore médio (1 – está acontecendo muito lentamente; 5 – está acontecendo de forma muito intensa).. .............................................................................................59
Figura 08: Percepção dos agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, em relação a alguns efeitos da Mudança Climática, associados às ondas de calor (A) a temperatura nos dias e nas noites (B) estiagens (C). O valor médio (1- nenhuma mudança; 5 mudança extrema).. .......................................................60
Figura 09: Mudanças que os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, percebem na região em relação chuvas (A) as tempestades (B). O valor médio (1- nenhuma mudança; 5 mudança extrema). ..............................................61
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Caracterização dos participantes da pesquisa (%), segundo o tipo de agricultura praticada na propriedades (convencional e agroecológico)............28
Tabela 2- Temas que são objeto de diálogo e que mais ouvem falar sobre a MC, entre os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, participantes da pesquisa, 2018.. .........................................................................36
Tabela 3- Impactos da Mudança Climática à saúde humana, segundo agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, 2018. .............................50
Tabela 4- Impactos da Mudança Climática ao ambiente natural, segundo agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, 2018. .............................50
Tabela 5- Ações para a mitigação da MC, segundo os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul participantes da pesquisa, 2018.. .......................54
Tabela 6- Prejuízos da Mudança Climática às atividades agropecuárias, segundo os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, 2018. . .......65
Tabela 7- Benefícios das Mudanças climáticas citados pelos agricultores abrangidos na pesquisa. RS, 2018.. ....................................................................65
Tabela 8- Estratégias adaptativas da MC conhecidas e adotadas pelos agricultores do Norte do Rio Grande do Sul, participantes da pesquisa, 2018 .....71
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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................................... 15
2 MATERIAS E MÉTODOS ...................................................................................... 25
2.1 Abrangência e caracterização da área de estudo ............................................... 25
2.2 Participantes da pesquisa ................................................................................... 27
2.3 Coleta e análise dos dados ................................................................................ 28
3 PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES DO RIO GRANDE DO SUL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS ...................................................................................... 31
3.1 Introdução ........................................................................................................... 31
3.2 Fontes de informação dos agricultores sobre Mudança Climática ...................... 31
3.3 Temáticas sobre MC que são objeto de diálogo entre os agricultores ................ 36
3.4 Percepções sobre as causas das Mudanças Climáticas..................................... 37
3.5 Repercussões das Mudanças Climáticas............................................................ 44
3.5.1 Mudanças Climáticas e Saúde Humana........................................................... 45
3.5.2 Mudanças Climática e Meio Ambiente.............................................................. 48
3.6 Estratégias de mitigação e enfrentamento à Mudança Climática........................ 53
4 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AGRICULTURA – PERCEPÇÕES DE AGRICULTORES RESIDENTES NO NORTE DO RS............................................. 57
4.1Introdução ............................................................................................................ 57
4.2 Percepções dos agricultores sobre Mudanças Climáticas ocorridas na região
em que residem......................................................................................................... 58
4.3 Impactos da MC percebidos nas atividades agropecuárias................................. 64
4.4 Estratégias adotadas para enfrentamento da Mudança Climática ...................... 69
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 77
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ANEXOS ................................................................................................................... 95 APÊNDICES ........................................................................................................... 100
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1 INTRODUÇÃO
Mudanças climáticas na ordem ambiental internacional
A mudança do clima mostra-se como um dos desafios mais significativos e
complexos da atualidade. Em razão das ameaças aos sistemas natural e humano, o
tema tem recebido atenção de esferas políticas e científicas internacionais, de
escolas, bem como da mídia (ÇIMER et al., 2011; NOBRE, 2012; CLAYTON et al.,
2015; BARROS e PINHEIRO, 2017).
No âmbito internacional, o alerta a todos os povos, em especial para os
europeus, quanto aos efeitos nocivos à atmosfera, provocados pela ação humana,
assim como ao clima do Planeta, foi dado no final da década de 1970 e toda a
década de 1980 (SILVA, 1995; MARENGO e SOARES, 2003). O aumento da
preocupação com o teve inicio, em 1987, com a descoberta do "buraco da camada
de ozônio" e a publicação do relatório da Comissão Brundtland, Nosso Futuro
Comum - Comissão Mundial Sobre Ambiente e Desenvolvimento (BODANSKY,
2001). Em 1988, por iniciativa da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), foi estabelecido o
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), encarregado de
preparar avaliações sobre aspectos das mudanças climáticas e seus impactos, com
base em informações científicas disponíveis, e de estabelecer as bases de medidas
necessárias para conter essa mudança (ANDRADE e COSTA, 2008).
Em 1990, o IPCC emitiu o primeiro relatório de avaliação, confirmando que a
mudança climática era, de fato, uma ameaça, e incitando à necessidade de um
tratado global para lidar com a questão. No mesmo ano, a Assembleia Geral da
ONU, respondendo aos apelos dos governos e das sociedades, fez a abertura
formal das negociações e estabeleceu uma Comissão Negociadora
Intergovernamental (CNI) sobre Mudança do Clima (BIATO, 2005; ANDRADE e
COSTA, 2008.). Em 1992, acontece a fase formal das negociações internacionais
(BODANSKY, 2001), quando foi apresentada e aprovada a Convenção-Quadro das
Nações Unidas, sobre Mudança do Clima (CQNUMC), durante a Conferência da
ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. A
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Convenção Quadro, colocada para adesão internacional, buscava unir os países em
um esforço conjunto, para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa
(GEE) na atmosfera, buscando assegurar a segurança alimentar e a adaptação
natural dos ecossistemas, dentro de um modelo de desenvolvimento sustentável
(UNITED NATIONS, 1992). Foi estabelecido, na Convenção, que os países
membros têm o compromisso comum de: i) adotar políticas nacionais e medidas
correspondentes para mitigar as mudanças do clima, limitando suas emissões
antrópicas de GEE; ii) adaptar-se aos efeitos das mudanças climáticas; iii)
disponibilizar informações sobre suas emissões de GEE e sobre suas políticas de
emissão e as ações que estão sendo realizadas para implementar a Convenção.
Diante do princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, países
desenvolvidos deveriam assumir a liderança do combate à mudança climática e criar
canais de auxílio para os países em desenvolvimento (UNITED NATIONS, 1992).
Na qualidade de Convenção-Quadro, a CQNUMC foi elaborada com a
intenção de ser ampliada e emendada ao longo do tempo e, por isso, ela pode focar
seus esforços conforme as necessidades de cada momento (UNITED NATIONS,
1992; TILIO NETO, 2010). Os países membros da CQNUMC reúnem-se na
Conferência das Partes (COP), com a intenção de avaliar a implementação da
Convenção-Quadro, aprofundar o debate sobre as questões climáticas e avançar
nas negociações em torno dos instrumentos necessários para que o objetivo da
Convenção seja alcançado (TILIO NETO, 2010). Em 1997, foi adotado, na COP3, o
Protocolo de Quioto que, sob o princípio de responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, adotado pela CQNUMC, estabelece metas de redução de emissão de
gases de efeito estufa aos países desenvolvidos, reconhecendo-os como os
responsáveis principais pelos atuais níveis elevados de emissões de GEE (UNITED
NATIONS, 1998). As normas detalhadas para a implementação do Protocolo
entraram em vigor em 2005, sendo que, no seu primeiro período de compromisso
(2008-2012), 37 países industrializados e a Comunidade Europeia comprometeram-
se a reduzir as emissões de GEE para uma média de 5% em relação aos níveis de
1990. Na COP 18, sediada em Doha, no Catar, em 2012, houve a adoção de um
segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto, para os países
desenvolvidos, estendendo-o até o ano de 2020 (UNITED NATIONS, 1998).
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No ano de 2015, durante a COP 21, 195 países membros da CQNUMC
aprovaram o novo acordo, denominado de Acordo de Paris, com o objetivo de
consolidar a resposta global à ameaça das mudanças climáticas e reforçar a
capacidade dos países em lidar com seus impactos, propondo, além disso, que o
aquecimento fique muito abaixo de 2º C, buscando limitá-lo em até 1,5ºC em relação
aos níveis pré-industriais. O Acordo entrou em vigor em 2016, sendo ratificado por
154 países, entre eles, pelo Brasil (UNITED NATIONS, UNFCCC, 2017). Para
alcançar os seus objetivos, os países membros deveriam comunicar e empreender
seus próprios compromissos através das chamadas Contribuições Nacionalmente
Determinadas (CND), apresentando suas contribuições nacionais de redução de
emissão de GEE (UNITED NATIONS, UNFCCC, 2017).
O Brasil estabeleceu, como CND, reduzir as emissões dos GEE em 37% em
2025 e, como contribuição indicativa subsequente, reduzir as emissões em 43% em
2030, em comparação com as emissões registradas em 2005. As ações de
mitigação do Brasil, para implementar esta contribuição, incluem: aumentar a
bioenergia sustentável na matriz energética brasileira para, aproximadamente, 18%
até 2030; alcançar a participação de 45% de energias renováveis na composição da
matriz energética até 2030 e estabelecer ações que fortaleçam o setor florestal e as
mudanças do uso da terra (BRASIL, 2015).
Convém destacar que, sobre o conceito de Mudanças Climáticas Globais, a
CQNUMC e o IPCC apresentam concepções distintas; porém, complementares.
Para o IPCC, o termo refere-se a uma mudança no estado do clima que persiste
durante um longo período de tempo, podendo ocorrer devido à variabilidade natural,
ou pela atividade humana (IPCC, 2014). Já, paro o CQNUMC, o uso do termo
mudança do clima é atribuído a alterações do clima, causadas direta ou
indiretamente à atividade humana, que altere a composição da atmosfera mundial e
que se junte àquelas alterações naturais do clima (UNITED NATIONS, 1992).
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Tema, problema e objetivos da pesquisa
A pesquisa apresentada nessa dissertação é sobre percepções de
agricultores que utilizam o método convencional de produção e agricultores
agroecológicos sobre Mudança Climática (MC).
Na América Latina problemas complexos e ameaças mundiais oferecem
novos desafios aos sistemas socioambientais. Além da extensa urbanização sem
planejamento, da degradação dos ecossistemas (bacias hidrográficas, florestas,
litoral e mares), redução da biodiversidade, da crescente contaminação dos recursos
hídricos, dos solos e dos ecossistemas marinhos, observa-se claramente os
impactos e a vulnerabilidade dos países para a MC (CEPAL, 2010; LIMA et al.,
2011).
Em muitas regiões as mudanças de precipitação e o derretimento da neve e
do gelo, devido às alterações climáticas, estão alterando os sistemas hidrológicos e
afetando os recursos hídricos em termos de qualidade e quantidade. Muitas
espécies já modificaram sua distribuição geográfica, atividades sazonais, padrões de
migração e abundância, em resposta a essas mudanças. A produtividade agrícola e
a saúde humana também se mostram sensíveis, e o aumento de alguns eventos
climáticos extremos (tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, secas,
ciclones e incêndios florestais) revela a significativa vulnerabilidade e exposição das
populações humanas e ecossistemas naturais (IPCC, 2014) e consequências
potencialmente adversas para as formas como os humanos interagem com os
recursos naturais, incluindo água, solo, ecossistemas e saúde (LIU et al., 2014).
As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, de metano e de óxido
nitroso aumentaram em níveis, sem precedentes, nos últimos 800 anos. O dióxido
de carbono aumentou em 40% desde a época industrial, principalmente pelas
emissões de queima de combustíveis fósseis e pelas mudanças dos usos do solo.
As emissões continuadas desses GEE causarão mais aquecimento, e as previsões
para o final do século XXI sugerem um aumento da temperatura média global entre
1,5 e 4°C, a depender do cenário escolhido (IPCC, 2013).
Para toda a América do Sul, as projeções apresentadas pelo IPCC (2013;
2014) e pelo PBMC (2014), demonstram que é muito provável que a temperatura
aumente. Na Região Sul do Brasil, um aquecimento sistemático foi verificado,
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detectado especialmente pelo aumento das temperaturas máximas e mínimas
anuais e sazonais, redução de dias frios e aumento da frequência de dias e noites
quentes, especialmente no inverno (MARENGO e CAMARGO, 2008). Com relação à
chuva, Groisman et al. (2005) identificaram tendências positivas de aumentos
sistemáticos de chuva e de extremos de chuva, na região subtropical, no Sul e no
Nordeste do Brasil. No Sul do Brasil, Teixeira (2004) identificou uma ligeira
tendência de aumento no número de eventos extremos e de chuvas, com maior
frequência em anos de El Niño.
A definição de clima, relacionada à variação de temperatura e precipitação, é
de difícil observação por boa parte da população (MOSER e EKSTROM, 2010;
PIRES et al., 2014). Também flutuações eventuais das variáveis climáticas, ao longo
do tempo, tornam difícil a identificação das pessoas às pequenas variações
climáticas (BLENNOW et al., 2012; PIRES et al., 2014). Dessa forma, a percepção
dos impactos causados pelas mudanças climáticas representa mais para as pessoas
como relação causal do que como observação direta do clima (PIRES et al., 2014).
Por depender diretamente do clima, o setor agrícola é um dos mais
vulneráveis às mudanças climáticas. Mesmo com todos os avanços tecnológicos,
relacionados à produtividade agrícola, tais como técnicas de irrigação,
melhoramento genético, dentre outros, as condições climáticas ainda são fatores-
chave que direcionam o desempenho da produção agrícola (DESCHÊNES e
GREENSTONE, 2007; PIRES et al., 2014). Além disso, a agricultura é uma atividade
exposta, também, aos efeitos que a mudança climática causa aos sistemas
hidrológicos, aos recursos naturais e a outros componentes dos ecossistemas em
que se desenvolvem (SMIT e SKINNER, 2002; APATA et al., 2009; ANDRADE et al.,
2014).
Países em desenvolvimento poderão ser mais vulneráveis às mudanças
climáticas devido à predominância da agricultura em suas economias, à escassez de
recursos para medidas de adaptação e sua elevada exposição a eventos extremos
(FISCHER et al., 2005; IPCC, 2007; LIMA e ALVES, 2008). De acordo com IPCC
(2014), são esperados, em curto prazo, grandes impactos para as áreas rurais, por
meio de alterações na disponibilidade e no abastecimento de água, segurança
alimentar, renda agrícola, incluindo mudanças nas áreas de produção de cultura de
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alimentos e de outros produtos. Esses impactos podem afetar, de forma
desproporcional, as regiões rurais mais pobres e aquelas com acesso limitado à
terra, às tecnologias agrícolas, à infraestrutura e à educação. Lima e Alves (2008)
apontam que a influência das mudanças climáticas é característica de cada cultura e
região, e que as condições de adaptação dos agricultores às mudanças do clima
podem ser diferentes, colocando-os em posições mais ou menos vulneráveis, em
virtude de diferentes cenários climáticos.
Para a busca de estratégias de enfrentamento, é necessário, primeiramente,
que a percepção das alterações climáticas ocorra entre os afetados (MADDISON,
2007; ANDRADE et al., 2014). E investigar as percepções dos agricultores, sobre o
assunto, é importante para que se possam desenvolver estratégias de ação que
permitam, a curto prazo, construir novas formas de pensar e de agir sobre o meio e
promover mudanças frente às dificuldades locais (MENEZES et al, 2011).
Além disso, a escassez geral de dados climáticos, nos países em
desenvolvimento, sugere que pesquisas sobre o clima, entendimento das
percepções dos agricultores e adaptações culturais sobre essa temática, assumam
importância crítica (CRUMLEY e MARQUARAT, 1987; GUNN, 1994; ORLOVE et al.,
2000; VEDWAN e RHOADES, 2001; ANDRADE et al., 2014).
Diante desse contexto, esta dissertação tem por objetivo compreender as
percepções de agricultores convencionais e agroecológicos, residentes no Norte do
Rio Grande do Sul (Bioma Mata Atlântica), sobre a MC, e estratégias de
enfrentamento, identificando os fatores que interferem sobre essas percepções.
Importância dos estudos de percepção ambiental
A percepção ambiental caracteriza-se como o modo de uma pessoa vivenciar
aspectos ambientais em seu entorno, não somente considerando aspectos físicos,
mas também psicossociais (cognição, afeto, preferências etc.) socioculturais
(significados de valores e estética) e históricos (contextos políticos, economia, etc.)
(ITTELSON, 1978; CAVALCANTE e ELALI, 2017).
De acordo com Whyte (1985), a percepção é geralmente entendida como
uma experiência direta com o ambiente e pela informação recebida por um ou outro
indivíduo, pela ciência e mídia de massa. Para Tuan (1980), no processo de
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percepção, alguns fenômenos são registrados enquanto outros retrocedem, ou são
bloqueados como forma de resposta dos sentidos aos estímulos externos, em que
muito do que percebemos tem valor para nós, pela nossa necessidade de
sobrevivência biológica, e pelo que valorizamos culturalmente.
Ela tem sido adotada como ferramenta diagnóstica desde o Man and the
Biosphere, de 1968, da Organização das Nações Unidas para a Educação, às
Ciências e à Cultura (UNESCO), que declarou o estudo da percepção ambiental
como uma ferramenta fundamental para a gestão de lugares e paisagens. Trata-se
de uma ferramenta vantajosa para a investigação de questões e interligações
socioambientais (WHYTE, 1977) e para o delineamento de estratégias para
conservação dos ecossistemas, para formulação de políticas e gestão sustentável
dos recursos (SILVA, et al., 2009; AYENI e OLORUNFEMI, 2014; PARIS et al.,
2016).
Pesquisas apontam que a forma com que as políticas, as sociedades e os
indivíduos respondem às mudanças climáticas, muitas vezes é dependente da
percepção pública, de suas causas, consequências e implicações mais amplas
(PIETSCH e Mc ALLISTER, 2010; PIDGEON e FISCHHOFF, 2011; CAPSTICK et
al., 2015).
A literatura relata um alto grau de desconhecimento, de incompreensão e de
falta de interesse da população sobre as alterações climáticas (NISBET e MYERS,
2007; BRACHIN, 2003; DUNLAP, 1998; GAUDIANO et al., 2015). Estudos
demonstram que poucas pessoas percebem as implicações presentes e futuras
desse fenômeno em suas vidas diárias (NORGAARD e RUDY, 2008; CAPSTICK et
al., 2015).
Portanto, conhecer as percepções das populações locais, sobre mudanças
climáticas, cria oportunidades para o desenvolvimento de programas que busquem
encontrar formas mais sustentáveis de articulação dos grupos sociais com seus
recursos. O estudo das percepções dos agricultores sobre as manifestações locais
das mudanças climáticas e das características que direcionam os seres humanos a
tomarem iniciativas e responderem aos eventos dessas mudanças, é uma
importante ferramenta empírica para a condução de uma efetiva formulação de
políticas públicas (BLENNOW et al., 2012). Tais estudos também fornecem
22
subsídios para recuperar e fortalecer o conhecimento tradicional, e local, para o
enfrentamento das condições de mudanças climáticas. Uma política eficaz de
mudança climática deve orientar-se para a superação de restrições econômicas,
sociais e culturais que inibam processos de adaptação em uma perspectiva de
redução efetiva da pobreza e mudança de lógica do desenvolvimento (SOARES e
GARCÍA, 2014).
O modo como os indivíduos entendem a MC é importante na formação de
suas respostas, mudanças de comportamento e apoio a políticas que visem abordar
o problema (WOLF e MOSER, 2011; WEBER e STERNS, 2011). Compreender a
percepção das pessoas sobre as mudanças climáticas locais é de fundamental
importância no enfrentamento do duplo desafio de conservação da terra e alívio da
pobreza em regiões vulneráveis (FISHER e CHRISTOPHER, 2007; HARTTER et al.,
2012), além de ajudar a compor diferentes pontos de vista sobre o tema e a definir
novas políticas e planejamentos relacionados à paisagem (HUNZIKER et al., 2008).
Da mesma forma, as pesquisas de percepções e discursos de risco sobre a
MC permite aos cientistas e formuladores de políticas entenderem melhor as
atitudes e comportamentos da comunidade e da mesma formar identificar e
direcionar barreiras estruturais e psicológicas para a compreensão, aceitação e
adaptação às mudanças climáticas (DUERDEN, 2004; GIFFORD, 2011).
Estudos sociais, considerando a dimensão humana no cenário da MC, em
particular a percepção e o conhecimento público nessa temática, têm sido
amplamente disseminados (RAIMUNDO, 2017). E a importância de adaptar a
agricultura às mudanças climáticas resultou, recentemente, em uma grande
quantidade de pesquisas sobre as percepções e adaptações dos agricultores em
regiões muito vulneráveis como no Continente africano, por exemplo (BRYAN et al,
2009; GBETIBOUO 2009; BARBIER et al., 2009 ; MERTZ et al., 2009;. SPERANZA
et al., 2010 ; HISALI et al., 2011; KEMAUSUOR et al., 2011; DERESSA et al., 2011;
FOSU-MENSAH et al., 2012; TAMBO e ABDOULAYE, 2012; GANDURE et al.,
2013; BRYAN et al., 2013; OKONYA et al., 2013; TAMBO e ABDOULAYE, 2013,
ABID et al., 2015; DEBELA et al., 2015, BELOW et al., 2015; TESFAHUNEGN et al.,
2016; BELAY et al., 2017), ou com agricultores em países desenvolvidos como
Estados Unidos (SAFI et al, 2012; HADEN et al, 2012; ARBUCKLE Et al, 2013 ;
23
GRAMIG et al, 2013; REJESUS et al, 2013; LIU et al, 2014; ARBUCKLE et al, 2015;
CARLTON et al, 2016; MASE et al, 2017); Austrália (BUYS et al, 2012; WHEELER et
al, 2013); e Escócia (BARNES e TOMA, 2012).
Na América Latina, algumas pesquisas foram realizadas com agricultores
sobre o tema MC. González e Velasco (2008) estudaram os impactos da MC nos
sistemas agrícolas do Chile e constataram que, nas últimas décadas, 97% dos
agricultores pesquisados perceberam secas prolongadas, temperaturas médias mais
altas e alterações na estação de crescimento das culturas. Sanchez-Cortes e Lazos
(2011), ao analisarem as percepções de homens e mulheres indígenas de Zoque,
em Chiapas, no México, concluíram que a diminuição da precipitação e o aumento
da temperatura foram as principais mudanças observadas e responsáveis por
modificações, nas datas de plantação de milho, e por uma mudança para as culturas
das regiões mais quentes. Roco et al. (2015) descobriram que a maioria dos
agricultores de quatro municípios rurais, no Chile Central, percebe que houve
mudanças nos padrões de temperatura e precipitação nos últimos 24 anos –
aproximadamente, 62% percebem que as temperaturas médias aumentaram; 93%,
que a precipitação diminuiu; e 87%, que as secas são mais frequentes.
No Brasil, Alves et al. (2017) e Pires et al. (2014) verificaram que, para
produtores rurais da zona da Mata Mineira e da região sul de Minas Gerais, os
principais indícios da ocorrência de MC estão associadas, principalmente, às
alterações na precipitação, além da elevação da temperatura (Pires et al., 2014).
Para agricultores do Seridó Potiguar, RN, Andrade et al. (2014) verificaram que as
mudanças podem ser observadas principalmente pela alteração dos períodos
chuvosos e secos, bem como pela intensificação destes. Na Região Sul do Brasil,
Bonatti et al. (2011) verificaram que, para agricultores da região oeste de Santa
Catarina, o aumento da temperatura média foi apontado como o principal indício da
MC.
Organização da dissertação
O corpo desta dissertação está organizado em três sessões:
Na 1ª Sessão, descreve-se a metodologia do estudo, apresentando local,
sujeitos da pesquisa e procedimentos para coleta e análise dos dados.
24
Na 2ª Sessão, são apresentados os resultados, obtidos por meio da avaliação
das percepções gerais dos agricultores sobre a MC. Nessa parte, são identificadas e
avaliadas: i) as principais fontes de informação dos agricultores sobre o tema; ii) as
percepções sobre as causas atribuídas à MC; iii) as percepções sobre as
repercussões sociais e ambientais da MC; iv) as percepções sobre estratégias de
mitigação e adaptação à MC.
E a 3ª Sessão é destinada à compreensão das percepções sobre a MC e a
agricultura. São apresentados os dados obtidos a partir da análise: i) das
percepções dos agricultores sobre a MC percebidas na região em que residem; ii)
das percepções dos agricultores sobre os impactos (atuais e potenciais) da MC à
agricultura; iii) das estratégias conhecidas e/ou adotadas pelos agricultores para o
enfrentamento à MC.
25
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Abrangência e caracterização da área de estudo
O estudo foi desenvolvido no Norte do Estado do Rio Grande do Sul (RS), Sul
do Brasil, abrangendo duas regiões Funcionais de Desenvolvimento - Corede
Celeiro e Corede Norte, que pertencem ao território do bioma Mata Atlântica. (Figura
1). Figura 1- Localização das áreas de estudo (Corede Celeiro, Corede Norte)
Fonte: Lageplam (URI, 2017).
26
As duas Regiões Funcionais, selecionadas para o estudo, caracterizam-se
por uma forte tradição na atividade agrícola diversificada, voltada para a produção
de grãos (soja, milho e trigo) e à pecuária, com a produção de leite, criação de aves
e suínos. Caracterizam-se pela presença de pequenas propriedades e pela
utilização de obra familiar (RS, 2017).
O RS, com área total de 281.730,2 km2, tem a agropecuária como um dos
setores mais importantes, com destaque para a agricultura que representa,
aproximadamente, 10% do PIB brasileiro (FEIX e LEUSIN, 2015). A agricultura
familiar é responsável por 30% da produção, ocupando 86% dos estabelecimentos
agrícolas gaúchos, sendo que 38,9% dos estabelecimentos agrícolas são menores
que 10 ha e, apenas, 2% maiores que 500 ha (RS, 2014). Ele abriga 13,4% dos
estabelecimentos orgânicos, certificados, do País e assinala um aumento de
342,59% no número de estabelecimentos certificados, no Estado, se comparados os
dados atuais com os do Censo Agropecuário de 2006 (BRASIL, 2018).
O clima da Região é caracterizado como subtropical úmido, do tipo
temperado, (tipo Cfa e Cfb de Köppen-Geiger), com temperatura média anual de
17±1ºC. O regime pluviométrico é regular, com precipitação média anual variando
entre 1900 e 2200 mm (ALVARES et al., 2013). O tempo e o clima no RS são
acentuadamente influenciados por alguns fenômenos meteorológicos naturais como,
por exemplo, frentes frias e o fenômeno El Niño (CERA e FERRAZ, 2015). As
frentes frias passam regularmente pelo Estado e favorecem a boa distribuição
espacial e temporal das chuvas (CERA e FERRAZ, 2007). Em escala global,
observam-se as influências dos Oceanos Atlântico e Pacífico no regime das chuvas
no Sul do Brasil (GRIMM et al, 1998; CARDOSO, 2005; GRIMM, 2009; FIRPO,
2012), através dos fenômenos El Niño e La Niña, caracterizados, respectivamente,
pelo aquecimento e resfriamento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial,
central e leste, e pelo Índice de Oscilação Sul (IOS), caracterizado pela diferença da
Pressão ao Nível do Mar entre o Pacífico Central e o Pacífico Oeste, causando o
enfraquecimento, ou intensificação, dos ventos alísios sobre o Oceano Pacífico
Equatorial. O acoplamento desses fenômenos, oceânico e atmosférico, nesta
Região, é chamado de El Niño Oscilação Sul (ENOS) (CERRA FERRAZ, 2015). As
27
variações irregulares, em relação às condições normais de oceano e atmosfera,
geram as fases opostas do ENOS – El Niño e La Niña.
No Estado do Rio Grande do Sul, em anos de El Niño, há aumento de chuvas,
em relação ao regime pluviométrico normal, em praticamente todos os meses. Já,
em anos de La Niña, a precipitação é abaixo da média climatológica (PBMC, 2014).
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa diagnóstico-avaliativa, que
integra as abordagens qualitativa e quantitativa. A abordagem qualitativa forneceu
os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os
participantes e o tema em estudo. Já, a análise quantitativa, por meio de técnicas
estatísticas, possibilitou verificar com que intensidade os fatores estudados
influenciam as percepções dos agricultores convencionais e os agroecológicos.
2.2 Participantes da pesquisa
Foram integrados na pesquisa 120 participantes. De cada região, participaram
do estudo 60 agricultores que foram indicados pela EMATER, Sindicatos Rurais e
Organizações não-governamentais que prestam assistência técnica no meio rural,
sendo: i) 30 agricultores convencionais, ou seja, que manejam sistemas de produção
agrícola modernos, nos quais predominam as técnicas intensivas, pelo uso de
insumos e tecnologias; II) 30 agroecológicos, ou seja, que manejam sistemas
agrícolas de base ecológica, praticando uma agricultura mais próxima da agricultura
tradicional.
Desses, 66,66 % são do gênero masculino. A maioria (75%) reside no meio
rural e tem idade entre 40 e 59 anos (56,66%). Em relação ao nível de instrução:
42,83% têm Ensino Fundamental; ii) 29,16%, Ensino Médio; iii) 25%, Ensino
Superior (Tabela 1).
A agricultura convencional é praticada por 50% dos agricultores familiares1
que participaram da pesquisa. Aqueles que praticam a agricultura tradicional
1 De acordo com a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, em seu Art. 3º, é caracterizado como agricultor familiar ou empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - Utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
28
(agroecológica), produzem principalmente: frutíferas permanentes (75%); hortícolas
(56,66%); bulbos, raízes e tubérculos (41,66%). Já os que praticam a agricultura
convencional, plantam e comercializam: cerealíferas (93,33%) e praticam a pecuária
de corte (38,33%); e leite (28,33%).
Tabela 1 - Caracterização dos participantes da pesquisa (%), segundo o tipo de agricultura praticada nas propriedades (convencional e agroecológica).
Variáveis Agricultores Convencionais (n=60)
Agricultores Ecológicos (n=60)
Norte 50% 50% Região Celeiro 50% 50%
Familiar 50% 100% Tipo de
propriedade Não-Familiar 50% 0%
Rural 71,66% 78,33% Local de Residência Urbano 28,33% 21,66%
Feminino 23,33% 43,33% Gênero Masculino 76,66% 56,66%
20 a 39 anos 13,33% 28,33% 40 a 59 anos 55% 58,33%
Idade
60 ou mais 31,66% 13,33%
Ens. Fund. 53,33% 38,33% Ensino Médio
23,33% 35% Escolaridade
Ensino Superior
23,33% 26,66%
Das propriedades rurais, 77,5% recebem assistência técnica em suas
propriedades, sendo que, em propriedades agroecológicas, a assistência técnica
predominante é realizada por ONGs (81,03%) e pela Emater (41,37%) e, em
propriedades convencionais, é por empresas privadas (91,42%).
2.3 Coleta e análise dos dados
A coleta dos dados foi realizada por meio de uma entrevista individual
(Apêndice A). O instrumento de pesquisa foi aplicado em data, local e horário
III - Tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011); IV - Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
29
definidos com cada participante do estudo, após a aprovação do projeto de pesquisa
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões, por meio do Parecer 2.397.038 (Anexo A) e autorização dos
participantes, por meio da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndices B e C).
O instrumento de pesquisa, constituído por questões abertas e fechadas, do
tipo escala Likert, de cinco pontos, foi organizado a partir de cinco Eixos Temáticos:
i) principais fontes de informação das mudanças climáticas; ii)
conceitos/características das mudanças climáticas; iii) repercussões sociais; iv)
repercussões ambientais; v) Mudanças Climáticas e Agricultura.
As informações, obtidas durante as entrevistas, foram registradas em um
formulário elaborado pela pesquisadora. E, para não haver perda de conteúdo, as
mesmas foram gravadas, em meio digital, com prévia autorização dos participantes.
Após a realização das entrevistas, os dados de cada pergunta foram
submetidos a um processo de análise qualitativa e ao processo de “quantitização”-
Quantitizing (SANDELOWSKI, 2000), com o intuito de expandir a abrangência do
estudo e aumentar o seu poder analítico, por meio da realização de análises
estatísticas.
Esse processo de análise foi concretizado em algumas etapas. A 1ª etapa foi
destinada à organização dos dados de cada questão, ou seja, foi realizada a
transcrição das respostas das questões, organizando-se e estruturando-se as
respostas, de forma lógica e de modo a facilitar a consulta. Na sequência, na 2ª
etapa, a partir das respostas de cada questão, foram criadas categorias, buscando
regularidades. Na 3ª etapa, procedeu-se à codificação dos dados, ou seja, foram
atribuídos valores numéricos às variáveis qualitativas (categorias) de cada pergunta,
a fim de possibilitar a redução de dados narrativos a uma variável que pode ser
correlacionada com outras variáveis, criando-se um único conjunto de dados, com
os dados qualitativos convertidos em quantitativos, para que esses possam ser
tratados estatisticamente.
O conjunto de dados de cada questão foi organizado, na 4ª Etapa, em
planilhas, no Microsoft Excel, e submetidos a um processo de análise descritiva, com
o objetivo de evidenciar as características de distribuição das variáveis. Nessa
30
etapa, foram calculadas e comparadas as frequências das características
previamente agrupadas em categorias significativas, e os resultados foram
apresentados em tabelas, gráficos e medidas descritivas.
Os dados também foram submetidos ao teste do qui-quadrado (x2) com p<
0,05, buscando verificar se os fatores mensurados (tipo de agricultura praticada na
propriedade, região, tipo de propriedade, local de residência, gênero, idade,
escolaridade e local de residência), influenciam as percepções dos agricultores. As
análises foram realizadas, utilizando-se o software Bioestat 5.0.
31
3 PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES DO RIO GRANDE DO SUL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
3.1 Introdução
O enfrentamento à MC é um desafio muito significativo e complexo na
atualidade, estando entre os principais temas da política mundial, pelas grandes
ameaças que ela tem gerado aos sistemas social, ambiental, cultural e econômico
(CLAYTON et al., 2015; IPPC, 2014). Suas causas e efeitos interligam o passado, o
presente e o futuro da história da humanidade, interferindo na vida humana em
níveis pessoal e global (IPCC, 2014). E, para a busca de estratégias adaptativas é
necessário, primeiramente, que a percepção das alterações climáticas ocorra entre
os afetados (MADDISON, 2007; ANDRADE et al., 2014).
Entre os setores mais afetados pela MC está a agricultura, pelos impactos
sobre os rendimentos agrícolas, mudanças nas áreas de culturas agrícolas,
disponibilidade de água e sobre a segurança alimentar. Esses estressores afetam,
diretamente, a vida e o bem-estar dos agricultores, especialmente para aqueles que
vivem em situações de pobreza, com acesso limitado à terra, à infraestrutura, aos
insumos agrícolas e à educação (IPCC, 2014).
Essa sessão da dissertação é destinada à caracterização das percepções
gerais dos agricultores, residentes no Norte do RS, sobre a MC. Nessa parte, são
identificadas as principais fontes de conhecimento, sobre a MC, e analisadas as
percepções sobre: a) causas da MC; b) repercussões socioambientais; c) estratégias
de mitigação e adaptação à MC.
3.2 Fontes de informação dos agricultores sobre Mudança Climática
Os agricultores, por meio de 245 citações (média de 2,04 citações por
participante), afirmam obter informações sobre MC por meio de quatro fontes:
televisão (80%); rádio (57,5%); internet (46,6%); materiais impressos (20%). A
televisão é a fonte mais citada entre os agricultores com maior idade e menor nível
de escolarização, ou seja, conforme diminui a idade e aumenta o nível de instrução,
ela é menos citada, sendo utilizadas outras fontes. O rádio é a fonte de informação
mais citada pelos agricultores que residem no meio rural. Já, a internet é mais citada
32
entre aqueles com maior nível de instrução, e com menor idade, ou seja, há uma
redução no número de agricultores que utilizam a internet conforme aumenta a idade
dos agricultores e diminui o seu nível de instrução. Evidenciaram-se diferenças
significativas quanto à frequência de citação de cada meio de informação entre os
agricultores que residem nos meios rural e urbano (x2=10,8; gl=3; p=0,001), que têm
idades diferentes (x2=13,7; gl=6; p=0,03) e entre aqueles com diferentes níveis de
instrução diferente (x2=41,60; gl=6; p=0,0001) (Figura 2). Figura 2 - Principais fontes de informações sobre Mudança Climática (%), segundo agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, Sul do Brasil.
Obs: A porcentagem foi calculada a partir do nº de citações, apresentado na parte superior de cada coluna de cada coluna e indica o total de citações para cada uma das variáveis.
Quando desafiados a estabelecerem um valor de 1 a 5, que melhor
expressasse a frequência com que ouvem sobre o tema, nos meios de
comunicação, obteve-se uma média geral para a resposta de 3,9. Já afirmam
conversar com menor frequência (média geral dos escores de 3,65) e quando
conversam é com familiares e amigos (89,16%); outros agricultores (40%) e pessoas
ligadas à assistência técnica (34,16%). Pelos dados levantados, as mulheres ouvem
falar com maior frequência, e os agricultores que residem no meio urbano
conversam com maior frequência sobre o assunto (Figura 3).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Nor
te
Cel
eiro
Fam
iliar
Não
-fam
iliar
Con
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40 a
59
anos
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Rur
al
Urb
ano
Região Propriedade Agricultura Gênero Idade Escolaridade Residência
Mat. impressosInternetRádioTV
111 134 182 63 122 123 81 164 60 134 51 102 81 62 186 59
33
Figura 3 – Frequência com que os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul,
participantes da pesquisa, ouvem/leem (A) e conversam (B) sobre MC, com valores na forma de
escore médio (1- nunca; 5 sempre).
A
B
Esse dado é semelhante ao obtido em outros estudos desenvolvidos no
Brasil. A televisão e a rádio foram apontadas como principais fontes de contato com
o tema MC e Aquecimento Global, entre agricultores do semiárido (OLIVEIRA e
LINDOSO, 2014; ANDRADE et al., 2014), e a televisão exerce importância no
1
2
3
4
5
Nor
te
Cel
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Fam
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Não
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Rur
al
Urb
ano
Região Propriedade Agricultura Gênero Idade Escolaridade Residencia
34
cotidiano de propriedades rurais, especialmente para as previsões meteorológicas
(NASUTI et al., 2013).
Segundo Feldman (2016), mesmo em um ambiente de mídia amplamente
dominado pela comunicação on-line, a televisão continua sendo um meio de
destaque, pois, por meio dela, os cidadãos acompanham notícias sobre questões
científicas, entre elas, sobre a MC. Apenas 2,9% dos brasileiros não possuem
televisão em seus domicílios (IBGE, 2016) e 77% assistem diariamente (BRASIL,
2016). No cenário brasileiro, a televisão é o principal meio de informação utilizado
pela população (BRASIL, 2016), fato, esse, que justifica ser apontada, pelos
agricultores, como a principal fonte de conhecimento sobre o tema em estudo. E,
nos últimos anos, os programas de televisão são disponibilizados em meio on-line,
muitas vezes incorporados em contextos de mídia social como Facebook, Twitter e
YouTube (MITCHELL et al., 2015), ampliando seu poder de influenciar as pessoas.
A TV é, também, uma fonte-líder de notícias científicas em todo o mundo,
especialmente fora da Europa e América do Norte (NATIONAL SCIENCE BOARD,
2014). A maioria dos cidadãos leigos não lê regularmente literatura científica
primária (FELDMAN, 2016) nem ouve sobre questões científicas, incluindo as
mudanças climáticas, por contato direto com a literatura científica e com cientistas,
mas conhece sobre o tema, indiretamente, pela mídia, que tem potencial para
influenciar a compreensão pública e suas percepções (SCHEUFELE, 2014).
Em nível global, a mídia começou a noticiar sobre a MC desde o final dos
anos 1980 (WILSON, 2000) e, no Brasil, a partir dos anos 1990 a temática
ambiental, entre elas a MC, e o aquecimento global2 ganha visibilidade e relevância
2 Muitas vezes os termos mudanças climáticas e aquecimento global são apresentados de maneira sinônima, mesmo que estes possuam significados diferentes. Sabe-se que as mudanças climáticas (naturais ou antrópicas) ocorrem, e os principais fatores que as induzem são as variações na quantidade de radiação solar que chega à Terra, as variações nos seus parâmetros orbitais, erupções vulcânicas, quantidade de aerossóis e o próprio efeito estufa (SEYMOUR, 2008; OLIVEIRA e NOBRE, 2008; TILIO NETO, 2010). Apesar de todos possuírem causas naturais, os aerossóis e o efeito estufa também podem ocorrer em função das atividades humanas, apresentando-se como um fator importante para mudanças climáticas significativas, não naturais e anormais (TILIO NETO, 2010).
Ao passo que no passado as mudanças do clima decorreram de fenômenos naturais, a maior parte da atual mudança do clima é atribuída à influência humana, evidenciada a partir do aumento das concentrações de GEE na atmosfera, do forçamento radiativo positivo, do aquecimento observado e da compreensão do sistema climático. A influência humana na mudança do clima foi
35
nos meios de comunicação (SULAIMAN, 2011; LOOSE, 2014; RODAS e DI GIULIO,
2017).
Pesquisas indicam que os meios de comunicação possuem um potencial
significativo para influenciar a compreensão e as percepções sobre a MC (NELKIN,
1995; HANSEN, 2010; FELDMAN, 2016). Como o tema MC é, em grande parte,
intangível e abstrato, pois seus efeitos não são imediatamente observáveis, a
linguagem utilizada pela mídia ajuda a traduzir o assunto para o público em geral
(FELDMAN, 2016). O noticiário televisivo exerce influência sobre a opinião pública
(IYENGAR e KINDER, 1987; IYENGAR, 1991; GRABER, 1988; ZALLER, 1996;
FELDMAN, 2016), principalmente em virtude de sua linguagem visual e de sua
apresentação autoritária. E pesquisas apontam (FELDMAN, 2011; STROUD, 2011)
que, à medida que a forma das notícias de televisão evoluiu de um modelo mais
noticioso das reportagens para um estilo opinativo e orientado para os ouvintes, o
potencial persuasivo da mídia televisiva se intensificou.
A pesquisa também apontou que 45,83% dos agricultores participaram de
atividades de formação, que trataram indiretamente sobre a MC. Essas formações
foram promovidas por ONGs (45,45%), empresas privadas (36,56%), Emater detectada no aquecimento da atmosfera e do oceano, em alterações no ciclo global da água, redução da cobertura da neve e do gelo, na elevação do nível médio do mar e em mudanças em alguns eventos climáticos extremos (IPCC, 2013).
O efeito estufa é um fenômeno natural e possibilita a existência da vida na Terra tal como conhecemos. Os GEE presentes na atmosfera permitem a entrada de radiação solar, mas dificultam a saída da radiação emitida pelos oceanos e pela superfície terrestre. A radiação proveniente dos oceanos e da litosfera é absorvida pela atmosfera, ou então reemitida para a superfície, permitindo dessa forma que a temperatura se mantenha em valores apropriados à existência da vida (BRASIL MMA, 2017; ÇIMER, 2011; TILIO NETO, 2010). Embora os gases de efeito estufa sejam efetivos no aquecimento da Terra, um aumento nos gases de efeito estufa decorrentes de ações antropogênicas resultam em um efeito estufa intensificado, que leva ao aquecimento global (ÇIMER, 2011).
Diante disso, o efeito estufa intensificado caracteriza-se pelo aumento das concentrações desses GEE na atmosfera. Suas altas concentrações em função do aumento das emissões antrópicas fazem com que a temperatura global se eleve (PAPADIMITRIOU 2004; SHEPARDSON et al., 2009; TILIO NETO, 2010; ÇIMER, 2011). Já o aquecimento global caracteriza-se pela elevação da temperatura da Terra, causada, pelo menos em parte, pelo aumento dos GEE antropogênicos (CHAPIM III et al., 2000; HANSEN e SATO 2004; TILIO NETO, 2010; ÇIMER, 2011; MONTZKA et al., 2011).
As emissões dos gases de efeito estufa ocorrem de atividades humanas, como queima de combustíveis fosseis, desmatamento e degradação florestal, da forma como os resíduos sólidos são tratados e dispostos e por várias práticas agrícolas e industriais (UNITED NATIONS, 1998, BRASIL MMA, 2017). Os principais gases regulados pelo Protocolo de Quioto são: Dióxido de carbono; Metano; Óxido nitroso; Hidrofluorocarbonetos; Perfluorocarbonetos e Hexafluoreto de enxofre (UNITED NATIONS, 1998).
36
(34,16%), Universidades (16,36%) e Órgãos de Governo (16,36%). Os agricultores
ecológicos foram aqueles que participaram com maior frequência de cursos,
palestras e dias de campo sobre o tema (x2=12,58; gl=1; p=0,003). Provavelmente, a
diferença significativa entre o número de formações, das quais participaram os
agricultores ecológicos e convencionais, ocorre em razão de projetos implementados
na Região pelas entidades de assistência técnica e extensão rural, vinculados ao
Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (BRASIL, 2016).
3.3 Temáticas sobre MC que são objeto de diálogo entre os agricultores
Os agricultores listaram 14 temas sobre MC, sobre os quais ouvem e
dialogam, com uma média de 2,5 citações por participante. Esses foram agrupados
em cinco categorias: i) MC e eventos climáticos/meteorológicos extremos; ii)
impactos da MC sobre os sistemas biológicos e físicos; ii) Impactos da MC sobre os
meios de subsistência; iii) Impactos da MC na saúde humana; iv) Fatores
responsáveis pela MC. Um detalhamento desses temas é listado na Tabela 2. Tabela 2 – Temas que são objeto de diálogo e de que mais ouvem falar sobre a MC, entre os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, participantes da pesquisa, 2018.
CATEGORIAS ASSUNTOS N. de citações
% (agricultores)
Aumento da incidência de tempestades/ciclones/alagamentos
65 54,16%
Aumento da intensidade e/ou duração da seca 54 45%
MC e Eventos Climáticos/ Meteorológicos Extremos
Dias e noites mais quentes e/ou menor número de dias e noites frias
18 15%
Aquecimento global 82 68,33% Derretimento das geleiras 14 11,66% Destruição da camada ozônio 8 6,66% Aumento do nível do Mar 3 2,5%
Impactos da MC sobre os Sistemas Físicos e Biológicos
Diminuição da biodiversidade 1 0,83% Desmatamento 20 16,66% Poluição/emissões de GEE 16 13,33%
Fatores Responsáveis pelas MCs
Fenômenos El niño e La niña 11 9,16% Redução de produtividade 5 4,16% Impactos da MC aos Meios de
Subsistência Mudanças nos sistemas de produção 5 4,16% Impactos da MC à Saúde Doenças de pele/doenças transmitidas por
vetores 5 4,16%
Os agricultores da região Celeiro, que residem no meio rural e com menor
grau de escolarização, citaram com maior frequência os eventos climáticos e
meteorológicos extremos. Já agricultores da região Norte, que residem no meio
urbano e com maior escolarização, citam com maior frequência os fatores
responsáveis pela MC. Nesse aspecto, há diferenças entre agricultores do meio rural
37
e do urbano (x2=17,9; gl=4; p=0,001); agricultores com menor e maior grau de
escolarização (x2=16,7; gl=4; p=0,002) e entre agricultores residentes nas duas
regiões em estudo (x2=10,3; gl=4; p=0,02).
Entre os assuntos, associados à MC, que os agricultores do Norte do RS
afirmam que mais ouvem e conversam com maior frequência, destacam-se os
eventos climáticos extremos, ou seja, as tragédias geradas por furacões,
alagamentos, secas, entre outros. A televisão, principal fonte de informação sobre o
tema, tem a tendência de priorizar os desastres e situações de emergência
(DAHMER et al., 2016), e a linguagem que é utilizada nas matérias jornalísticas
contribuiu para sensibilizar os agricultores em relação às mudanças no clima. Os
desastres são relativamente fáceis de comunicar pela televisão e, também,
prontamente se prestam a uma narrativa dramática que comove os telespectadores
em razão de seus impactos à vida humana.
Os noticiários veiculados pelas redes de televisão de maior audiência, no
Brasil, pouco aportam a voz da ciência; tendem a apresentar uma narrativa de
maneira superficial e repetitiva que se concentra nos impactos e consequências das
MCs, e ilustrações que fortalecem um imaginário de destruição no futuro. Painter
(2014), ao comparar os noticiários de televisão, sobre MC, de seis países (Austrália,
Brasil, China, Alemanha, Índia e Reino Unido), cobrindo o lançamento do quinto
relatório IPCC (2013–2014), também verificou que as matérias apresentadas nos
programas noturnos utilizavam, desproporcionalmente, um quadro de “desastre” que
enfatizava possíveis impactos adversos da mudança climática, apesar de o relatório
do IPCC se concentrar mais em como gerenciar os riscos do aquecimento global.
3.4 Percepções sobre as causas das Mudanças Climáticas
Apesar de muitas incertezas que ainda cercam o assunto, o IPCC (2007;
2013) reconhece a influência humana como a causa dominante da MC. Essa
influência também é detectada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas- CQNUMC (UNITED NATIONS, 1992), em inúmeras revisões
de literatura (ORESKES, 2004; ANDEREGG, 2010; COOK et al., 2013; MAIBACH et
al., 2014); em pesquisas com especialistas (DORAN e ZIMMERMAN, 2009) e em
pesquisas sobre a percepção pública (HAMILTON et al,. 2015; VAN DER LINDEN et
38
al., 2015). Porém, alguns pesquisadores ainda promovem e defendem a negação da
influência antropogênica (MOLION, 2008; DUNLAP et al., 2010; FELÍCIO, 2014;
TRENBERT, 2015).
A detenção de dúvidas sobre o assunto leva à diminuição gradual da
preocupação pública em relação à MC (PIDGEON, 2012; CORNER et al., 2012;
LEISEROWITZ et al., 2010) ou à crença em alegações exageradas sobre o assunto
(WHITMARSH, 2011). Um declínio na percepção pública aos princípios centrais MC
pode comprometer ações de governos na busca por políticas climáticas mais
ambiciosas (COMPSTON e BAILEY, 2008; CAPSTICK e PIDGEON 2014), servir
como uma barreira no engajamento público à esta causa (CORNER et al., 2012) e,
por sua vez, representam uma ameaça de mitigação e adaptação a essas mudanças
(VAN DER LINDEN et al., 2015).
Com relação às causas da MC, os dados da pesquisa revelam que 72,5% dos
agricultores acreditam que ela é gerada pela ação humana; 19,16%, pela ação
humana e fatores naturais; 8,33%, por fatores naturais. Entre os grupos estudados
que compreendem que a MC é gerada por fatores antrópicos merecem destaque: os
agricultores ecológicos (90%); as agricultoras (85%); os agricultores familiares
(81,11%); e aqueles que residem no meio rural (75,55%). Porém, 53,33% dos
agricultores não-familiares e 45% dos convencionais compreendem que ela também
é produto de fatores naturais (Figura 4).
Figura 4– Causas da MC, segundo agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, Sul do Brasil.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
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Urb
ano
Região Propriedade Agricultura Gênero Idade Escolaridade Residência
Acão Humana e Causas Naturais
Causas Naturais
Ação Humana
39
Em relação às causas da MC, foram evidenciadas diferenças significativas
nas respostas entre todos os fatores em estudo: tipo de propriedade (x2=26,2; gl=2;
p=0,0001); tipo de agricultura (x2=33,8; gl=2; p=0,0001); gênero (x2=7,8; gl=2;
p=0,01); nível de instrução (x2=20,60; gl=4; p=0,0004); local de residência (x2=11,8;
gl=2; p=0,002); idade (x2=25,6; gl=4; p=0,0001) e entre aqueles que moram na região
Norte e Celeiro (x2=7,8; gl=2; p=0,01).
Quando questionados sobre as ações humanas que geram as MCs, os
participantes, por meio de 245 citações (média de 2,22 citações por agricultor),
apontam seis fatores: agricultura, por meio do desmatamento citada por 35,51% dos
participantes; agricultura, pelos processos de poluição atmosférica gerada por
agroquímicos (24,08%); queima de combustíveis fósseis, por automóveis e
indústrias (22,85%); poluição, gerada por resíduos sólidos, químicos e aterros
(7,75%); emissão de gases, pela pecuária (3,26%). Também foram citados outros
fatores (6,53%): queima de biomassa, urbanização/edificações e construções de
usinas hidrelétricas. Há diferenças de frequência de citações dos diferentes fatores
antrópicos, entre: os agricultores familiares e não-familiares (x2=22,5; gl=5;
p=0,0004); residentes no meio rural e no urbano (x2=10,6; gl=5; p=0,05); os da
região Norte e Celeiro (x2=1,6; gl=5; p=0,004) e entre os que têm Ensino
Fundamental e Ensino Superior (x2=14,7; gl=5; p=0,01). Verifica-se que, conforme
aumenta o grau de instrução, diminui o número de citações de que a poluição
gerada por agroquímicos é uma das causas da MC. Agricultores que residem no
meio rural (agricultores agroecológicos, agricultores familiares, do gênero feminino e
da região Celeiro) são aqueles que, com maior frequência, citaram a poluição
química, gerada pela agricultura, como causa da MC (Figura 5).
40
Figura 5 – Ações antrópicas geradoras da Mudança Climática, segundo agricultores residentes no
Norte do Rio Grande do Sul, Sul do Brasil.
0%
20%
40%
60%
80%
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60 o
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EF
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Rur
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Urb
ano
Região Propriedade Agricultura Gênero Idade Escolaridade Residência
OutrosPoluição por resíduos sólidos/químicos/aterrosEmissão de gases pela pecuáriaAgricultura: poluição gerada por agroquímicosQueima de combustiveis fósseisAgricultura: desmatamento
Houve, apenas, 34 citações de fatores naturais que promovem a MC (média
de 0,28 citação por agricultor). Os agricultores afirmaram que ela é gerada por
mudanças cíclicas na natureza (24,16%); pelos fenômenos El Niño e La Niña
(1,66%); por emissões vulcânicas (1,66%) e por alterações na atividade solar
(0,83%). Os agricultores que praticam a agroecologia, que residem no meio rural, na
região do Celeiro, do gênero feminino e com mais de 60 anos, afirmam que a MC é
gerada por causas naturais; porém, apresentam dificuldades para identificar quais
são essas causas. Afirmam que são mudanças cíclicas que acontecem na natureza.
Os resultados da pesquisa demonstram que os agricultores não negam que o
mundo e as regiões em que residem estejam passando por um período de MC, ou
seja, não existe um olhar cético em relação à ocorrência de mudanças no clima.
Apesar de a maioria atribuir à ação humana a principal causa da MC, há, entre
alguns entrevistados, uma incerteza sobre a sua origem: um grupo reduzido de
agricultores também faz referência aos fatores naturais que promovem a MC, mas
têm dificuldades em listar e argumentar sobre esses fatores. Provavelmente, a
dificuldade de compreender a origem da MC esteja associada com o fato de o tema
não ser, frequentemente, abordado nos meios de comunicação.
41
Dados semelhantes foram encontrados por Bonatti et al. (2011), em pesquisa
com agricultores familiares na região Oeste de Santa Catarina, os quais apontaram
ações humanas como a principal causa da MC. Já Gramig et al. (2013), em um
pesquisa com produtores de milho e soja de Indiana (EUA), identificaram que 79%
dos agricultores pesquisados acreditam que a MC é um processo natural em
andamento; 46% concordaram que as atividades humanas contribuem para a MC,
enquanto 31% não souberam expressar suas opiniões. Liu et al. (2014), ao
pesquisarem comunidades agrícolas e pecuárias, também em Indiana, constataram
que, apenas, 29% acreditam que a atividade humana está desempenhando um
papel significativo na MC, enquanto Arbuckle et al. (2013) diagnosticaram que,
apenas, 8% dos agricultores nos EUA que percebem as MCs, atribuem
principalmente à ação antrópica; 33%, igualmente humana e natural; e 25%, mais
naturais.
No Brasil, algumas pesquisas avaliaram o conteúdo e o discurso ambiental da
mídia televisiva sobre MC (ANDI, 2010; MATOS et al., 2012; SCALFI et al., 2013).
Andi (2010) avaliou 50 jornais de 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, com o
objetivo de verificar em que medida questões relacionadas ao fenômeno da MC
repercutem na imprensa do País, e investigar a qualidade desse conteúdo. Concluiu,
entre outras análises, que às matérias nas quais houve menção às causas da MC, a
ação antropogênica vem sendo apresentada pela mídia brasileira como um dos
principais fatores relacionados ao desequilíbrio climático do Planeta.
Algumas incertezas quanto à origem da MC também foram verificadas em
pesquisas que envolveram a população em geral. Por exemplo: no Reino Unido,
Whitmarsh (2011) constatou que há incerteza pública sobre as MCs e que essa
permaneceu constante de 2003 a 2008 e que no período do estudo, aumentou a
crença de que as alegações sobre o assunto são exageradas. Na Austrália, Estados
Unidos e em alguns países da Europa, entre eles, no Reino Unido, parece ter havido
um crescimento muito maior do ceticismo do que em outras regiões, como na África
subsaariana e na América do Sul, onde a preocupação com a mudança climática
aumentou (CAPSTICK et al., 2015). Segundo Painter e Ashe (2012), a cobertura da
mídia que contém vozes e fontes céticas é muito maior nos Estados Unidos e no
Reino Unido do que no Brasil, na China, na França, ou na Índia. E vários fatores são
42
apontados como determinantes desse ceticismo: i) os valores políticos (MCCRIGHT
e DUNLAP 2011; WHITMARSH, 2011; CAPSTICK, 2015; HAMILTON et al., 2015);
ii) as crises econômicas, que podem diminuir significativamente a preocupação com
a temática em detrimento a assuntos considerados mais relevantes (WEBER, 2010;
PIDGEON, 2012; CAPSTICK, 2015); ii) a “fadiga climática”, ou seja, a perda de
interesse pelo tema em razão do excesso de sua veiculação. (KER, 2009;
PIDGEON, 2012); a incerteza da MC (POORTINGA et al., 2011); iii) as condições
meteorológicas variáveis, ou seja, o clima mais frio que o habitual em algumas
regiões do Planeta (DERYUGINA, 2013); e iv) as controvérsias geradas pela mídia
(ANTILLA, 2005; POORTINGA et al., 2011).
Os agricultores, residentes no Norte do RS, ressaltam que o desflorestamento
para atividades agropecuárias e a poluição gerada pelos agroquímicos são as
principais causas antrópicas da MC. Existe um consenso, na comunidade científica e
entre órgãos internacionais (HANSEN et al., 2008; MONTZKA et al., 2011; IPCC,
2007, 2013), de que o clima da Terra está aquecendo como resultado das emissões
antrópicas de GEE, particularmente do dióxido de carbono (CO2), proveniente da
queima de combustíveis fósseis. Segundo o IPCC (2013), as concentrações de CO2
aumentaram, primariamente, pelas emissões de combustíveis fósseis e,
secundariamente, pela alteração da utilização dos solos, sobretudo a desflorestação.
Porém, os agricultores têm uma compreensão equivocada de que a poluição gerada
por agroquímicos promove mudanças no clima. Pelas suas falas, demonstram que
têm conhecimento da legislação, de problemas socioambientais, de uma série de
atitudes que devem ser tomadas, em relação ao ambiente, e também buscam
relacionar o fenômeno da MC com suas experiências cotidianas. Mas revelam
dificuldades em reconhecer as causas principais da MC, distinguindo-as das causas
de outros problemas ambientais. Têm uma compreensão limitada das contribuições
humanas para um clima em mudança, não reconhecendo que a queima de
combustíveis fósseis é a principal causa antropogênica da MC e, quando se referem
a ela, apontam as atividades industriais e as emissões geradas por automóveis,
negligenciando que os combustíveis utilizados nas atividades agropecuárias, ou
seja, nas atividades produtivas em que estão envolvidos, são responsáveis pelas
emissões de GEE.
43
Verifica-se que existem mal-entendidos em relação às causas das MCs. Os
agricultores do Norte do RS possuem ideias semelhantes àquelas verificadas em
estudos mais antigos. Por exemplo, Brechin (2003), em pesquisa de opinião pública
relativa à compreensão sobre a MC, que abrangeu 27 países, constatou que muitos
entrevistados indicaram o desmatamento e a poluição do ar como causas da MC.
Embora essas sejam causas secundarias da MC, a maioria dos entrevistados
também não sabia que a queima de combustíveis fósseis é a principal contribuição
antropogênica para o aquecimento global e à MC.
Além da emissão de CO2, a agropecuária contribui, de forma significativa, na
emissão do gás metano (CH4) e de Óxido nitroso (N2O) que contribuem com a MC.
O CH4 é gerado no processo de fermentação entérica de herbívoros ruminantes
(especialmente bovinos); no tratamento anaeróbico de dejetos animais; pela
expansão da agricultura dos arrozais e pela queima de biomassa (MACHADO et al.,
2011 e IPCC, 2013). O N2O é produzido, principalmente, pela gestão dos solos (uso
de fertilizantes nitrogenados) e do estrume animal (IPCC, 2013). No entanto, são
poucos os agricultores que citam as atividades agropecuárias como contribuintes
antrópicos da MC.
Os participantes do estudo que citam a MC como consequência de fatores
antrópicos e de causas naturais, ou, exclusivamente destas, listam fenômenos El
Niño e La Niña, erupções vulcânicas e alteração na atividade solar, mas não sabem
explicar os processos e fenômenos que a geram. Poucos fazem referência aos
fenômenos El Niño e La Niña que impactam de modo significativo, o clima na região
em que residem. De acordo com o PBMC (2014), as condições meteorológicas da
Região Sul do Brasil são, acentuadamente, influenciadas por um fenômeno natural
de escala global que provoca alterações no clima no mundo inteiro, denominado de
El Niño/Oscilação Sul (ENOS) que ocorre na porção equatorial do Oceano Pacífico,
mostrando, de forma marcante, o forte acoplamento do oceano à atmosfera, que se
manifesta na região. De acordo com o Painel, as variações irregulares em relação às
condições normais de oceano e atmosfera geram as fases opostas do ENOS – El
Niño e La Niña. O fenômeno El Niño representa o aquecimento de águas
simultaneamente à diminuição de pressão atmosférica no Leste do Oceano Pacífico,
enquanto que o La Niña é o oposto, refletindo resfriamento das águas e pressão do
44
ar maior na região leste do Pacífico. De acordo com Britto et al. (2008), vários
estudos científicos e a própria realidade têm demonstrado que o ENOS exerce um
papel relevante nas anomalias climáticas relacionadas com o regime das chuvas,
embora o regime térmico também possa ser modificado. No Sul do Brasil, em anos
de El Niño, as chances de chuvas acima do normal são maiores, e precipitações
abaixo da média climatológica ocorrem em anos de La Niña.
Por essa razão, é de grande importância que os processos de Educação
Continuada, voltados aos agricultores, contribuam para que estes identifiquem e
compreendam os fatores antrópicos e naturais responsáveis pelas mudanças no
clima. Eles precisam perceber que algumas atividades produtivas, desenvolvidas no
meio rural, são responsáveis por essas mudanças. E é a partir dessa compreensão
que será possível a elaboração de estratégias para o enfrentamento da MC.
3.5 Repercussões das Mudanças Climáticas
Os agricultores reconhecem que a MC pode afetar a biodiversidade e alguns
serviços ecossistêmicos dos quais dependemos para a saúde humana. As
repercussões apontadas pelos agricultores são as percebidas no cotidiano,
provavelmente pelo fato de a agricultura ser um setor altamente vulnerável a
intempéries e pela exposição diária à variabilidade climática. Os impactos da MC à
saúde também são apontados em várias pesquisas que avaliam a percepção pública
sobre o tema (MAIBACH et al., 2008; AKERLOF et al., 2010; CADWELL e ELLIOTT,
2013; NIGATU et al., 2014).
Quando solicitados sobre que setores são/serão mais afetados pela MC, os
agricultores, por meio de 219 citações (média de 1,82 citação por participante),
destacaram: atividade agropecuária (54,23%); diversidade animal (41,52%);
populações humanas mais vulneráveis - pobres, doentes, crianças e idosos (38,8%);
populações humanas em geral (38,1%), recursos, especialmente água e florestas
(12,71%). Os agricultores que praticam a agricultura convencional, agricultores não-
familiares e que residem no meio rural, apresentaram maior preocupação com os
potenciais impactos da MC para a atividade agrícola. Os participantes da pesquisa
que residem na região Celeiro foram aqueles que manifestaram maior preocupação
com os grupos sociais mais vulneráveis. A análise estatística mostra que há
45
diferenças significativas quando comparamos a porcentagem de citações entre os
agricultores convencionais e os agroecológicos (x2= 13,8; gl=4; p=0,007); entre
agricultores familiares e não-familiares (x2= 19,4; gl=4; p= 0,0006); e entre
residentes nas duas regiões em estudo (x2= 23,9; gl=4; p= 0,0001). (Figura 6).
Figura 6- Grupos e setores que são/serão mais afetados pela MC segundo a percepção dos
agricultores residentes no Norte do RS, Sul do Brasil
0%
20%
40%
60%
80%
100%
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40 a
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60 o
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ano
Região Propriedade Agricultura Gênero Idade Escolaridade Residência
Recursos Naturais
Populações humanas em geral
Populações humanas mais vulneráveis: pobres,doentes, crianças e idosos Diversidade animal
Atividade agropecuária
Pesquisas apontam que a MC tenha efeito têm consequências em várias
esferas sociais inter-relacionadas (por exemplo, agricultura, silvicultura, saúde,
segurança alimentar, energia, economia, migração etc.), o que aumenta sua
complexidade (HAINES et al., 2006; FAO, 2013; IPCC, 2014). E prevê-se que a
saúde humana será uma das áreas que mais sofrerão com os efeitos da MC
(CONFALONIERI et al., 2007).
3.5.1 Mudanças Climáticas e Saúde Humana
As alterações climáticas e suas manifestações ambientais e sociais têm
resultado em riscos para a saúde humana (MCMICHAEL e LINDGREN, 2011;
MCMICHAEL, 2013). Além disso, envolvem efeitos sobre processos sociais, como o
deslocamento populacional em larga escala e conflito civil (HAINES et al., 2006;
MAIBACH et al., 2008; IPCC, 2014).
46
As pessoas estão diretamente expostas a mudanças nos padrões climáticos
como temperatura, precipitação e eventos extremos mais frequentes (ondas de
calor, alagamentos e secas) que têm efeitos diretos e imediatos sobre a vida e a
saúde dos indivíduos (RAHMAN, 2008; SHAHID, 2010; HAQUE et al., 2012). Esses
podem gerar a mortalidade e outros efeitos como o aumento do estresse térmico,
lesões traumáticas e consequências para a saúde mental. E também estão expostas
a efeitos indiretos, por mudanças induzidas por alterações climáticas no ambiente,
que também podem alterar importantes determinantes da saúde humana como a
segurança alimentar, escassez de água, aumento do risco de doenças de veiculação
hídrica e modificar a distribuição de vetores de doenças como dengue, malária, e
aumentar a incidência de doenças diarreicas.
Os problemas de saúde aumentam a vulnerabilidade e reduzem a capacidade
de indivíduos e grupos em se adaptarem às MCs (RAHMAN, 2008). Dessa forma, é
necessário identificar seus prováveis impactos na saúde para que se possam adotar
estratégias de adaptação necessárias com antecedência.
Os agricultores, de maneira geral, afirmam que percebem que a MC está
acontecendo de modo muito intenso, e a maioria (90%) ressalta que ela traz riscos à
saúde humana. Por meio de 223 citações (média de 1,85 citação por agricultor) os
agricultores comentam que a MC compromete o bem-estar humano pelo calor
extremo (54,40%); por problemas respiratórios associados com extremos de
temperatura (54,62%); lesões e doenças de pele (37,96%); e o aumento de doenças
transmitidas através da contaminação dos alimentos e da água (25%). Com menos
frequência, apontam as mortes e ferimentos decorrentes de tempestades (14,81%),
doenças transmitidas por vetores (12,96%) e problemas de saúde gerados pela
insegurança alimentar (3,70%).
Verificou-se diferença significativa, em relação aos impactos à saúde, citados
por agricultores entre 40 a 59 anos, 60 anos, ou mais (x2= 15,20; gl=6; p=0,01) e
entre agricultores com Ensino Fundamental e Ensino Superior (x2=14,61; gl=6;
p=0,02). Agricultores mais jovens, e com menor grau de escolaridade, apontam o
comprometimento ao bem-estar humano como o principal impacto das MCs à saúde
(Tabela 3).
47
Sobre o tema, os agricultores ressaltam alguns efeitos diretos da MC sobre a
saúde humana. Para a maioria deles, o aumento na frequência de ondas de calor
impacta sobre a qualidade de vida, pois gera o aumento do estresse térmico,
alterações da pressão arterial e do sono, que, muitas vezes, comprometem a
realização de atividades cotidianas. O estresse termal constitui-se num dos
principais problemas a serem enfrentados pela população como decorrência da MC
(MENDONÇA, 2003). As combinações de esforço físico e de exposição ao calor
geram desconforto, cansaço, indisposição e, muitas vezes, levam ao estresse
térmico dos trabalhadores rurais. Destacam que o desempenho humano, em
qualquer atividade laboral, mas especialmente na agricultura, na qual a jornada de
um trabalhador supera 12 horas diárias, é prejudicado em condições ambientais
desfavoráveis.
Segundo Costa et al. (2011), a combinação de temperatura e umidade relativa
elevada e a exposição prolongada a esses fatores interferem sobre o conforto
térmico, podendo reduzir, acentuadamente, a capacidade de o corpo humano de
manter a sua temperatura interna. Isso pode ocasionar cãibras, esgotamento, fadiga
térmica, além da redução acentuada da produtividade no trabalho, sendo seus
efeitos mais graves em grupos mais vulneráveis que estão, frequente e diretamente,
expostos a altas temperaturas, como no caso dos agricultores.
Os agricultores também associam a MC e os extremos de temperatura com
problemas respiratórios e infecções gripais. Segundo Sette e Ribeiro (2011), os
atributos climáticos que mais geram doenças respiratórias são queda da
temperatura e da umidade do ar no inverno, maior amplitude térmica diária,
insolação, oscilações bruscas de temperatura, aproximação e passagem de frentes
frias e redução da dispersão dos poluentes. Akerlof et al. (2010) também verificaram
que um grande número de canadenses e malteses percebem que a MC é uma
causa de problemas respiratórios.
O aumento de lesões e de doenças de pele, devido à “intensificação dos raios
solares”, foi frequentemente citado pelos participantes da pesquisa, como impactos
da MC à saúde. No entanto, os agricultores desconsideram que repercussão direta
na incidência de câncer de pele está associada à degradação da camada de ozônio
estratosférico, principalmente pelos clorofluorcarbonos (CFCs), gases que têm a
48
capacidade de gerar o efeito estufa, mas que também refletem a radiação solar,
ajudando a resfriar o Planeta (TÍLIO NETO, 2010). A camada de ozônio (O3), situada
na estratosfera, protege seres humanos, plantas e animais de vários tipos de
radiação, sendo, a principal delas, a radiação ultravioleta, emitida pelo sol, e a
principal causadora de câncer de pele. Entretanto, a destruição da camada de
ozônio e as mudanças climáticas são, essencialmente, duas questões
separadas. Nigatu et al. (2014) também verificaram que a insolação foi comumente
mencionada entre estudantes de Ciências da Saúde, em Etiópia, como impactos da
MC à saúde.
Mesmo com o aumento da incidência de doenças transmitidas por vetores no
Brasil, poucos são os agricultores que associam as alterações climáticas à
transmissão de doenças vetoriais. Por exemplo, a seca muito prolongada reduz a
atividade do mosquito transmissor (vetor), isto é, reduz seu tempo de vida e dificulta
sua procriação, ao passo que aumenta o número de pessoas não imunes, pois as
ondas de calor reduzem a imunidade da pele de parte da população, tornando-as
mais suscetíveis ao contágio por vírus, fungos etc., o que permite o aumento da
proliferação de doenças transmitidas por mosquitos - dengue, leishmanioses,
malária, febre amarela (BARCELLOS et al., 2009). Ao contrário das secas, as
chuvas têm efeito indireto sobre a longevidade dos vetores, pois grande parte do
desenvolvimento de alguns mosquitos transmissores se dá através da água parada
(KUNH et al., 2005). Esses fatores, em correlação com a falta de saneamento
básico, elevam a distribuição geográfica e a abundância sazonal de doenças
vetoriais.
3.5.2 Mudanças Climáticas e Meio Ambiente
Os múltiplos componentes das mudanças climáticas (temperaturas,
precipitações, eventos extremos, concentrações de CO2 e dinâmica dos oceanos)
afetam, também, a biodiversidade em todos os seus níveis organizacionais, desde a
diversidade genética, fisiologia e fenologia dos organismos até o nível de bioma
(PARMESAN, 2006; BELLARD et al., 2012). Além de alterações recentes nas
paisagens naturais, oriundas de atividades antrópicas, a MC constitui um segundo fator
49
de ameaça à biodiversidade dos biomas brasileiros, com especial ênfase para aqueles
predominantemente florestais e com maior riqueza de espécies e endemismo: a
Amazônia e a Mata Atlântica (ALEIXO et al., 2010).
Segundo 75% dos agricultores, a MC gera impactos ao meio ambiente. Esses,
por meio de 207 citações (média de 1,52 citação por agricultor), listaram: aumento da
população de insetos e pragas agrícolas (citada por 33,33% dos participantes);
mudanças no tempo de eventos biológicos - fenologia dos vegetais (29,16%); estresse
hídrico em plantas (25%); diminuição da população de insetos polinizadores (22,5%). Os
agricultores também observam riscos em relação à redução da cobertura florestal
(17,5%); contaminação da água por eventos intensos de precipitação (16,66%);
desaparecimento de nascentes e áreas úmidas (10,83%); mudança na ocorrência e
distribuição das espécies (9,16%); e mudança no padrão de migração de aves (8,33%)
(Tabela 4). Quando comparados os grupos em estudo, observa-se que há diferenças na
frequência de citação dos diferentes impactos ambientais entre agricultores familiares e
não-familiares (x2=23,1; gl=8; p=0,003); entre agricultores convencionais e
agroecológicos (x2=15,81; gl=8; p=0,04); e entre agricultores com diferentes idades
(x2=29,37; gl=16; p=0,02). Os problemas gerados pela MC são mais citados entre os
agricultores ecológicos e entre os familiares. A escolarização e a idade também são
fatores que estão associados à percepção dos problemas ambientais gerados pela MC.
Tal percepção aumenta conforme aumenta o nível de instrução, e diminui a idade dos
participantes. Além disso, é possível verificar diferenças na citação dos impactos
ambientais entre os agricultores que residem na região Norte e Celeiro (x2=19,9; gl=8;
p=0,01), sendo que agricultores que residem na região do Celeiro percebem mais os
impactos relacionados à contaminação da água, por eventos intensos de precipitação, e
à redução da cobertura florestal em comparação aos agricultores da região Norte. Já os
agricultores da região Norte citam, com maior frequência, o aumento da população de
insetos e pragas agrícolas, a mudança no tempo de eventos biológicos, o estresse
hídrico em plantas e a diminuição de populações de insetos polinizadores.
50
Tabela 3 - Impactos da Mudança Climática à saúde humana, segundo agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, 2018. (Os valores são apresentados em porcentagem, calculada a partir do número total de agricultores de cada grupo pesquisado).
Tabela 4 - Impactos da Mudança Climática ao ambiente natural, segundo agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, 2018. (Os valores são apresentados em porcentagem, calculada a partir do número total de agricultores de cada grupo pesquisado).
Agricultura Região Propriedade Gênero Residência Escolaridade Idade
Conv. Agro. Norte Celeiro Fam. Não-fam.
Fem. Masc. Rur. Urb. EF EM ES 20 a 39 40 a 59 60 ou mais
Impactos à saúde
n=60 n=60 n=60 n=60 n=90 n=30 n=40 n=80 n=90 n=30 n=55 n=35 n=30 n=25 n=68 n=27
Comprometimento do bem-estar humano pelo calor extremo
51,66 51,66 73,33 30 53,33 46,66 55 50 48,88 60 61,81 45,71 40 56 47,05 59,25
Aumento de problemas respiratórios associados a extremos de temperatura
41,66 56,66 68,33 30 48,88 50 60 43,75 47,77 53,33 38,18 60 56,66 52 57,35 25,92
Lesões e doenças de pele 30 38,33 46,66 21,66 33,33 36,66 40 31,25 31,11 43,33 32,72 37,14 33,33 28 36,76 33,33
Aumento de doenças transmitidas através dos alimentos e da água
18,33 26,66 18,33 26,66 24,44 16,66 20 23,75 25,55 13,33 23,63 17,14 26,66 20 29,41 7,4
Morte, ferimentos devido á ocorrência de tempestades
11,66 15 21,66 5 14,44 10 10 15 13,33 13,33 14,54 14,28 10 16 11,76 14,81
Propagação de doenças transmitidas por vetores
6,66 16,66 13,33 10 12,22 10 10 12,5 7,77 23,33 5,45 14,28 20 8 14,7 7,4
Insegurança alimentar e colapso dos sistemas alimentares – subnutrição
1,66 5 3,33 3,33 3,33 3,33 2,5 3,75 1,11 10 0 2,85 10 8 2,94 0
Agricultura Região Propriedade Gênero Residência Escolaridade Idade
Conv. Agro. Norte Celeiro Fam Não-fam.
Fem. Masc. Rur. Urb. EF EM ES 20 a 39 40 a 59 60 ou mais
Impactos ao ambiente
n=60 n=60 n=60 n=60 n=90 n=30 n=40 n=80 n=90 n=30 n=55 n=35 n=30 n=25 n=68 n=27
Aumento da população de insetos e pragas agrícolas
21,66 45 45 21,66 35,55 26,66 42,5 28,75 28,88 46,66 23,63 42,85 40 28 36,76 29,62
Mudanças no tempo de eventos biológicos (fenologia/vegetais)
8,33 50 41,66 16,66 36,66 6,66 37,5 25 30 26,66 18,18 42,85 33,33 32 36,76 7,4
Estresse hídrico em plantas 15 35 36,66 13,33 27,77 16,66 30 22,5 22,22 33,33 16,36 34,28 30 40 22,05 18,51
Diminuição de populações de insetos polinizadores
10 35 26,66 18,33 26,66 10 25 21,25 22,22 23,33 16,36 25,71 30 32 22,05 14,81
Redução da cobertura florestal 5 30 16,66 18,33 22,22 3,33 17,5 17,5 16,66 20 14,54 14,28 26,66 24 17,64 11,11
Contaminação da água por eventos intensos de precipitação
15 18,33 13,33 20 18,88 10 12,5 18,75 14,44 23,33 16,36 5,71 30 12 17,64 18,51
Desaparecimento de nascentes e áreas úmidas
1,66 20 16,66 5 14,44 0 12,5 10 10 13,33 9,09 11,42 13,33 8 11,76 11,11
Mudanças na ocorrência e distribuição de espécies
6,66 11,66 18,33 0 8,88 10 10 8,75 11,11 3,33 9,09 11,42 6,66 12 11,76 0
Mudança na migração de aves 5 11,66 8,33 8,33 8,88 6,66 10 7,5 1,11 13,33 1,81 8,57 20 16 7,35 3,7
O aumento da população de insetos e pragas agrícolas, promovida pelo
aumento da temperatura, é a principal repercussão ambiental da MC, apontada
pelos agricultores. Eles argumentam, adequadamente, que a ausência de estresse
hídrico e altas temperaturas aumentam o metabolismo e taxas reprodutivas dos
insetos e pragas, acelerando o consumo, o desenvolvimento e os movimentos
desses insetos. Certamente os agricultores destacam esse problema, pois percebem
a redução da produtividade agrícola em suas propriedades e o aumento dos custos
com o manejo.
Já, a mudança no tempo de eventos biológicos, ou seja, a fenologia de
espécies arbóreas frutíferas é a principal repercussão ambiental da MC, segundo os
agricultores familiares e os agroecológicos. Argumentam que ondas de calor, fora de
época (no inverno), levam à floração antecipada e que as geadas tardias, na
primavera, “derrubam os frutos em formação”. Essa repercussão merece destaque
entre esse grupo, pois compromete a sustentabilidade das pequenas propriedades
rurais, especialmente dentre aqueles em que a fruticultura é uma importante
geradora de renda. Para os agricultores agroecológicos, a fenologia das plantas é o
indicador mais observável e sensível das respostas das plantas à MC.
Pesquisas apontam que o clima é o principal fator que interfere sobre a
fenologia das plantas durante os seus ciclos (SCHWARTZ, 2003; AVOLIO et al.,
2012; AULT et al., 2013; SIEGMUND et al., 2016; HIDALGO-GALVEZ et al., 2018).
E que respostas fenológicas ao clima podem romper a sincronia de interações
ecológicas. Por exemplo, desequilíbrios fenológicos, ocasionados pela MC em
plantas com flores, podem afetar o mutualismo entre planta-polinizador e levar à
redução ou à extinção de ambos (MEMMOTT et al., 2007; KIERS et al., 2010;
RAFFERTY e IVES, 2010).
A diminuição de populações de insetos polinizadores, principalmente de abelhas,
também foi destacada pelos agricultores agroecológicos. Esses, por meio de seus
saberes populares, reconhecem que os polinizadores são vitais para a manutenção das
comunidades de plantas silvestres e da produtividade agrícola. Inúmeros estudos
científicos se referem aos serviços ecossistêmicos prestados pelos polinizadores
(ASHMAN et al., 2004; AGUILAR et al., 2006; KLEIN et al., 2006 e RICKETTS et al.,
2008) e que a MC é um dos fatores que leva ao declínio de polinizadores (HICKLING et
al 2006; WILLIAMS et al., 2007; POTTS et al., 2010).
52
O estresse hídrico em plantas, que ocasiona a murcha das suas folhas das em
períodos de falta de chuvas, em alguns dias consecutivos, altas temperaturas e baixa
umidade também foram frequentemente citadas pelos agricultores. Segundo Ahuja et al
(2010), as plantas devem lidar com fatores de estresse ambiental da MC, como seca,
temperaturas elevadas, CO2 elevado e salinidade. Entre os estresses ambientais, o
estresse hídrico é um dos fatores mais adversos para o crescimento e a produtividade
das plantas e caracteriza-se pela redução do teor de água, turgescência, potencial
hídrico total, murchamento, fechamento de estômatos e diminuição do crescimento da
planta (SHAO et al, 2008). Os efeitos das alterações climáticas sobre os recursos das
plantas preocupam quanto aos impactos à biodiversidade e à segurança alimentar já
que o estresse hídrico é dos principais problemas para a produtividade agrícola.
Apesar de os agricultores perceberem impactos da mudança climática à saúde e
ao ambiente, grande parte deles demonstrou maior preocupação quanto aos efeitos
negativos das alterações climáticas aos agricultores e à atividade agrícola. Têm essa
percepção em razão da dependência da agricultora aos fatores climáticos. Essa
dependência torna o setor mais vulnerável, em especial no Brasil, onde o setor agrícola
ainda é pouco adaptado às consequências da MC. Parte disso, também pode ser
justificado pelo fato de a maioria deles afirmar já ter sido prejudicada pela MC em suas
atividades agropecuárias. Segundo Spence et al. (2011), acredita-se que a experiência
pessoal com algum impacto seja um fator-chave para as percepções de risco da MC, e
a probabilidade da percepção de risco aumenta se a experiência foi recentemente
experimentada.
Observou-se que, nas demais respostas dos agricultores, os riscos da MC são
percebidos como não pessoais, mas para outras pessoas, e outras espécies. Outras
pesquisas realizadas em países desenvolvidos demonstram que o tema ainda é
percebido pela maioria do público, na Europa e nos EUA, como uma ameaça distante
que é removida de suas vidas espacial e temporalmente (LORENZONI e PIDGEON,
2006). Leiserowitz (2005) observou que uma clara maioria dos entrevistados (68%) nos
EUA estava mais preocupada com os impactos nas pessoas em todo o mundo e na
natureza não humana, e apenas 13% estavam mais preocupados com os impactos
sobre si mesmos, sua família, ou sua comunidade local. Ohe e Ikeda (2005) apontam
que, para o público japonês, ainda é difícil reconhecer a MC como um problema familiar
importante, que requer ação firme. Como sugerem Spence et al. (2011) e Broomell et al.
(2015), se as pessoas são mais capazes de se relacionar com as possíveis
53
consequências dos impactos da mudança climática, elas também podem ter maior
probabilidade de sentir que seu comportamento (tomar medidas adaptativas) pode levar
a mudanças nesses impactos.
3.6 Estratégias de mitigação e enfrentamento à Mudança Climática
Reduzir a interferência antropogênica no sistema climático e estabilizar os níveis
de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera permeiam os atuais esforços de
mitigação à MC (MATTHEWS E CALDEIRA, 2008; HADEN et al., 2012). No entanto, as
alterações continuarão a progredir por muitos séculos, como demonstra Mattheus (2006)
em simulações de modelos com diversos cenários de estabilização de CO2, que
demonstraram que mesmo com a sua estabilização, as temperaturas globais continuam
a aumentar. Os níveis de dióxido de carbono (CO2) têm aumentado sua concentração
em 40% desde a era pré-industrial, como um subproduto da queima de combustíveis
fósseis e das alterações na utilização dos solos. O aumento nas concentrações de GEE
tende a potencializar a capacidade de retenção de calor da atmosfera inferior
(forçamento radiativo positivo), resultando em um aquecimento da superfície e outras
mudanças climáticas. Sem uma ação imediata e efetiva, para reduzir essas emissões,
prevê-se que em altas emissões de GEE, a temperatura média global (em relação 1986-
2005) pode aumentar de 2,6 °C a 4,8 °C, até 2081-2100, além de mudanças nos
padrões de precipitação e aumento da frequência e, talvez, gravidade do clima extremo
(IPCC, 2013).
Para 90,83% dos agricultores, devem ser adotadas medidas para a mitigação e
enfrentamento à MC; já 5% dos agricultores afirmam que não é necessário adotar
nenhuma medida, e 4,1% não têm opinião sobre o assunto. Entre as ações de mitigação
citadas, destacam-se a conservação e a restauração de florestas nativas, citadas por
64,22% dos participantes; a transição para uma agricultura mais sustentável (31,19%); e
a conservação e a gestão dos recursos hídricos (21,10%). Os agricultores destacam,
ainda, como medidas de mitigação, a educação da população (17,43%); a redução e a
gestão adequada de resíduos sólidos urbanos (16,51%); a aprovação e implantação de
políticas públicas (9,17%); e a geração e o uso de energia renovável (6,42%). Na Figura
7, é possível visualizar a distribuição das ações de mitigação, segundo o grupo de
agricultores pesquisados (Tabela 5).
Tabela 5- Ações para a mitigação da MC, segundo os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, participantes da pesquisa, 2018. (Os valores são apresentados em porcentagem, calculada a partir do número total de agricultores de cada grupo pesquisado).
Agricultura Região Propriedade Gênero Residência Escolaridade Idade
Conv. Agro. Norte Celeiro Fam. Não-fam.
Fem. Masc. Rur. Urb. EF EM ES 20 a 39 40 a 59 60 ou mais
n=60 n=60 n=60 n=60 n=90 n=30 n=40 n=80 n=90 n=30 n=55 n=35 n=30 n=25 n=68 n=27
Conservação/restauração de florestas nativas
53,33 63,33 51,66 65 58,88 56,66 72,5 51,25 57,77 60 63,63 60 46,66 72 54,41 55,55
Agricultura sustentável (conservação do solo, gestão de resíduos, não uso de agroquímicos...)
15 41,66 30 26,66 32,22 16,66 40 22,5 30 23,33 29,09 34,28 20 24 33,82 18,51
Conservação e gestão de recursos hídricos
18,33 20 21,66 16,66 15,55 30 22,5 17,5 12,22 40 20 14,28 23,33 16 23,52 11,11
Educação da população 10 21,66 21,66 10 17,77 10 15 16,25 13,33 23,33 7,27 20 26,66 12 19,11 11,11
Redução e Gestão adequada de resíduos sólidos urbanos
21,66 8,33 13,33 16,66 12,22 23,33 7,5 18,75 13,33 20 9,09 8,57 33,33 12 17,64 11,11
Políticas Públicas 8,33 8,33 6,66 10 8,88 6,66 10 7,5 10 3,33 10,9 8,57 3,33 4 10,29 7,4
Uso de fontes de energia renovável – cidades
6,66 5 8,33 3,33 5,55 6,66 5 6,25 4,44 10 5,45 5,71 6,66 0 7,35 7,4
Os agricultores citam algumas ações que devem ser adotadas para a
conservação ambiental em geral, mas que não são efetivas para conter a MC. A
conservação e a restauração de áreas nativas representam 50% das ações de
mitigação, apresentadas pelos agricultores com menor idade. Já a promoção da
agricultura sustentável tem mais expressão entre aqueles que praticam a
agroecologia, entre os agricultores familiares, entre aqueles que residem no meio
rural e que são do gênero feminino. Porém, quando se refere à promoção da
agricultura sustentável, a maioria faz alusão ao não uso de agroquímicos. É possível
verificar que, conforme aumenta o nível de instrução: i) diminui a importância que os
agricultores atribuem para a conservação das florestas na mitigação da MC; ii)
aumenta a importância que atribuem à educação da população para a mitigação.
Apesar de os agricultores citarem as mesmas medidas mitigatórias, há diferenças na
porcentagem de respostas entre os agricultores convencionais e os agroecológicos
(x2=13,4; gl=6; p=0,03), entre agricultores residentes no meio rural e no urbano
(x2=13,1; gl=6; p=0,04) e entre agricultores com diferentes níveis de escolaridade
(x2= 29,96; gl=12; p=0,002).
Os participantes da pesquisa que acreditam que a MC é gerada por fatores
antrópicos, foram aqueles que apontaram ações de enfrentamento da MC. Entre as
principais medidas, merecem destaque a conservação e a restauração de área de
florestas nativas. A citação não surpreende dada a recente publicidade em torno do
IPCC para a florestação e reflorestação como uma maneira de alcançar a
neutralidade do carbono. Além da redução do desmatamento, divulgada nos meios
de comunicação brasileiros, como uma das principais ações para frear as MCs. O
desmatamento, causado pela expansão das fronteiras agrícolas, principalmente na
região amazônica, representa no Brasil a principal fonte de emissões de GEE
(PBMC, 2014). O plantio de árvores também foi considerado como a estratégia mais
eficaz, para reduzir a MC, entre o público leigo educado da Pensilvânia (REINOLDS
et al., 2010).
Os agricultores familiares, que praticam a agroecologia, argumentam em favor
de uma agricultura sustentável para o enfrentamento da MC. Os agricultores deram
destaque a técnicas de conservação do solo, especialmente pela agrossilvicultura.
Alguns estudos sugerem que a adoção de uma agricultura mais sustentável, pelo
56
sistema agroflorestal, não atende somente às necessidades de adaptação dos
agricultores à MC, mas constitui sistema resiliente que sequestra ativamente o
carbono, configurando-se como uma potencial estratégia de mitigação da MC
(VERCHOT et al., 2007; NGUYEN et al., 2013; MBOW et al., 2014). Porém,
observou-se uma convergência da MC com outras questões ambientais gerais que
não estão diretamente ligadas à MC, principalmente para a questão da redução do
uso de agroquímicos, mencionado por vários entrevistados, sobretudo por aqueles
que praticam a agricultura agroecólogica.
Pouca atenção foi dada pelos agricultores quanto às medidas adaptativas ao
setor energético, em que há um crescimento expressivo nas emissões dos GEE
devido, principalmente, ao consumo de energia fóssil. A falta de clareza para
algumas questões pode ser justificada pelos noticiários da televisão brasileira que
dão menos atenção à eficácia das ações que podem ser tomadas para enfrentar a
MC e, em particular, ao papel que os indivíduos podem desempenhar para enfrentá-
la.
57
4 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AGRICULTURA – PERCEPÇÕES DE AGRICULTORES RESIDENTES NO NORTE DO RS
4.1 Introdução
A agricultura é uma fonte significativa de emissões de GEE (óxido de azoto
(N2O), metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2)) que estão impulsionando as
alterações no clima (IPCC, 2013) e, ao mesmo tempo, representa um dos setores
mais afetados pelas mudanças climáticas, dada a sua dependência aos recursos
naturais (HADEN et al., 2012; ARBUCKLE et al., 2013). As alterações climáticas
podem influenciar, diretamente, os sistemas de produção agrícola para produção de
alimentos, afetar a saúde animal e o padrão de equilíbrio entre a oferta e o comércio
de alimentos. Esses impactos variam de um local para o outro, conforme o grau de
aquecimento e as mudanças em relação aos padrões de precipitação (WHEELER e
BRAUN, 2013).
Prevê-se que a mudança climática cause sérios impactos em diferentes
setores da economia no Brasil. A Região Sul do Brasil tem grande parte de sua
economia associada ao agronegócio, e as características do clima e suas variações
podem determinar anos favoráveis, ou desfavoráveis, para a produção agrícola e
criação de animais, entre outros setores (CERA, FERRAZ, 2015). Essa dependência
do clima também é evidenciada na região de estudo, onde a economia está
fortemente vinculada à agricultura familiar.
Os registros do fenômeno El Niño/Oscilação Sul (ENOS) acentuam as
características condicionantes da adversidade do clima sobre as produções
agrícolas, determinando recordes de produção, ou perdas generalizadas. A condição
meteorológica, já afetada pelo ENOS, somada aos registros de aumento da
temperatura do ar, nos mais diversos municípios do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná, inevitavelmente exercem influência não só na agricultura,
pecuária e segurança alimentar, mas em questões ambientais como o ciclo
hidrológico e de saúde da população (PBMC, 2013). Aumentos de precipitação e
vazão de rios, apesar das incertezas, poderão intensificar-se, conforme cenários
projetados pelo IPCC (2014). As temperaturas seguiram o padrão de aumento nos
valores médios, com redução dos episódios de geadas e dias frios (PBMC, 2013).
58
Uma melhor compreensão das preocupações dos agricultores e a maneira pela qual
eles percebem a MC são determinantes na elaboração de políticas eficazes para
apoiar a adaptação bem-sucedida do setor agrícola. Sabemos que algumas políticas
existem, mas são de ordem financeira (seguro-agrícola, seguro para benfeitorias e
maquinarias), mas não incorporam uma dimensão mais ampla da sustentabilidade.
Os métodos de manejo estão centrados em produção e produtividade muito mais
que em tornar o sistema solo-água-planta mais eficaz a longo prazo. Ou seja,
estruturam-se as políticas visando à safra e não ao manejo a longo prazo. Além
disso, conhecer o tipo e a extensão dos métodos de adaptação, que estão sendo
adotados pelos agricultores, são importantes para mais avanços nas configurações
de adaptação existentes (ABID et al., 2015).
Nessa seção da dissertação, são apresentados os dados que buscaram
analisar as percepções dos agricultores sobre as Mudanças Climáticas ocorridas no
Norte do Rio Grande do Sul, bem como caracterizar a percepção dos agricultores
sobre os atuais impactos à agricultura, gerados por ela, e identificar e avaliar as
estratégias adaptativas, conhecidas e/ou adotadas pelos agricultores, para reduzir
os impactos das mudanças climáticas.
4.2 Percepções dos agricultores sobre Mudanças Climáticas ocorridas na região em que residem
Os agricultores percebem a MC na região em estudo e afirmam que ela está
acontecendo de modo intenso, gerando inúmeros impactos às atividades
agropecuárias. Ao expressarem a intensidade com que percebem o fenômeno, a
partir de uma escala likert, de cinco pontos (valores de 1 a 5), obteve-se 3,65 como
média-geral das respostas, sendo que esse fenômeno é percebido com maior
intensidade pelos agricultores familiares e também por aqueles que praticam a
agricultura tradicional (Figura 7).
59
Figura 7– Intensidade com que agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul percebem a
Mudança Climática, com valores na forma de escore médio (1 – está acontecendo muito lentamente;
5 – está acontecendo de forma muito intensa).
Com relação às mudanças percebidas, destacam as alterações na
temperatura da região, nas diferentes estações e no padrão de precipitação.
Segundo 98,33% dos agricultores, as ondas de calor3 vêm se tornando mais
intensas e frequentes (média-geral para os escores de 3,88). Também fazem
referência à redução de dias frios e aumento do número de dias e noites quentes
(96,66%), especialmente no inverno (média-geral dos escores de 3,65). Para
84,16% dos agricultores, associadas ao aumento da temperatura e às ondas de
calor, houve alterações em relação às estiagens (alguns dias secos consecutivos) e
uma consequente perda acelerada da umidade do solo (escore médio de 3,29)
(Figura 8).
3 Uma das formas usuais de definição é a consideração do limite de uma variável relativa à temperatura absoluta ou ao período de tempo em que a máxima diária da temperatura do ar excede este limite (ABAURREA et al., 2006).
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perio
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Figura 8 – Percepção dos agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, em relação a
alguns efeitos da Mudança Climática, associados às ondas de calor (A) à temperatura nos dias e nas
noites (B), estiagens (C). O valor médio (1- nenhuma mudança; 5 mudança extrema).
A
A
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B
C
61
Muitos agricultores não percebem que a perda da umidade do solo está muito
mais associada ao sistema Solo-Planta e ao manejo do que a alguns dias sem
chuva. O manejo inadequado favorece menor infiltração e menor quantidade de
água armazenada no solo e subsolo.
Para 88,33% dos entrevistados, vêm acontecendo modificações nos padrões
de precipitação na região. As mudanças mais relatadas foram em relação ao
aumento da precipitação que acontece, de forma irregular, na região (média-geral
dos escores de 3,36). Os agricultores não-familiares, agricultores tradicionais e
agricultores do gênero masculino percebem esse fenômeno com maior intensidade
(Figura 9 A).
Segundo 75,83% dos agricultores, também vem ocorrendo um aumento na
intensidade e na quantidade de tempestades/temporais, obtendo-se um escore
médio de 2,98. Esse fenômeno também é mais percebido pelos agricultores não-
familiares e agricultores tradicionais (Figura 9 B).
Figura 9 - Mudanças que os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, percebem na região em relação às chuvas (A) às tempestades (B). O valor médio (1- nenhuma mudança; 5 mudança extrema).
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A elevação na temperatura, percebida pelos agricultores, está em
conformidade com um estudo desenvolvido por Marengo e Camargo (2008), em que
analisaram as temperaturas máximas e mínimas, no Sul do Brasil, durante o período
de 1960 a 2002, e verificaram um aquecimento sistemático na Região, com
tendências positivas no aumento das temperaturas máximas e mínimas em níveis
anual e sazonal. No estudo sugerem, ainda, que o aquecimento parece ser mais
intenso no inverno do que no verão, possivelmente devido ao aumento de noites
quentes no inverno. Além disso, projeções do IPCC (2013) demonstram que é muito
provável que a temperatura suba em toda a América do Sul.
Com relação às chuvas, as mudanças mais citadas pelos agricultores, na
região Norte do RS, foram para o aumento da intensidade e da irregularidade das
chuvas, em que muitos afirmam que, nos últimos anos, as precipitações têm sido
mais intensas e mal distribuídas na região. De fato, algumas pesquisas (TEIXEIRA
et al., 2004 e GROISMAN et al., 2005) identificaram tendências positivas de
aumentos sistemáticos de chuva e de extremos de chuva para a Região Sul do
Brasil. De acordo com Berlato et al. (2007) e Cordeiro (2010), houve aumento da
precipitação pluvial anual no Rio Grande do Sul, com predominância para a
primavera e o outono, além do aumento do número de dias, por ano, com
precipitações pluviais intensas (HAYLOCK et al., 2006). Segundo Marengo (2014), o
aumento de extremos de precipitação no Sul e no Sudeste pode ser associado ao
aumento da frequência de desastres naturais, como chuvas intensas, deslizamentos
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e enchentes, o que pode justificar o fato de alguns agricultores afirmarem ter
percebido mudanças quanto ao aumento da intensidade e da quantidade de
tempestades; porém, essa mudança foi a menos expressiva em comparação às
outras mudanças, percebidas pelos agricultores, na região.
Embora a maioria das pesquisas na literatura científica aponte para o
aumento da temperatura e para a intensificação das precipitações como os
principais sinais da MC na Região Sul do Brasil, os agricultores, quando
questionados sobre as mudanças em relação às estiagens, relataram que associada
às temperaturas mais altas, em alguns dias secos consecutivos, há de maneira mais
intensa uma perda acelerada da umidade do solo. De acordo com o PBMC (2013),
no setor agropecuário, mesmo que as chuvas não diminuam significativamente,
espera-se que o aumento da temperatura promova um crescimento da
evapotranspiração e, consequentemente, um aumento na deficiência hídrica, com
reflexo direto na agricultura.
Essa percepção de mudanças entre os agricultores, principalmente em
relação à temperatura e às precipitações, certamente está fortemente relacionada à
constante interação com o meio ambiente onde vivem e pelas mudanças no regime
de chuvas e nas temperaturas trazerem consequências diretas em suas atividades
agropecuárias.
Pesquisas desenvolvidas em outras regiões brasileiras (Seridó Potiguar, no
RN; Zona da Mata e região sul de Minas Gerais e na região Oeste de Santa
Catarina), também constataram que a maior parte dos agricultores tem percebido
alterações no clima, nos locais em que residem (BONATTI et al., 2011; PIRES et al.,
2014; ANDRADE et al., 2014; ALVES et al., 2017). Já, pesquisas desenvolvidas com
agricultores norte-americanos demonstram que essa percepção é menos
expressiva. Arbuckle et al. (2013), diagnosticaram que 66% dos agricultores
participantes do estudo, que residem na região que produz mais da metade do milho
e soja dos EUA, acreditam que a MC está ocorrendo, enquanto 31% têm incertezas,
e 3,5% não acreditam. Liu et al. (2014) verificaram que 61% dos agricultores e
pecuaristas de Indiana (EUA) concordam que a MC está acontecendo.
64
4.3 Impactos da MC percebidos nas atividades agropecuárias
Mudanças generalizadas nos padrões de chuva e temperatura ameaçam a
produção agrícola e aumentam a vulnerabilidade das pessoas dependentes da
agricultura para sua subsistência (LIPPER et al., 2014). Espera-se que a MC
influencie os sistemas agrícolas na produção de alimentos, ração ou forragem,
afetem a saúde do gado e alterem o padrão e o equilíbrio do comércio de alimentos
e produtos alimentícios (WHEELER e BRAUN, 2013).
De acordo com o IPCC (2014) Os principais impactos rurais futuros são esperados em curto prazo e vão além de impactos sobre a disponibilidade de água e de alimentação, a segurança alimentar e os rendimentos agrícolas. São incluídas na projeção, as mudanças nas áreas de produção de culturas alimentares e não alimentares em todo o mundo. Esses impactos afetarão desproporcionalmente o bem-estar dos pobres em áreas rurais, tais como famílias chefiadas por mulheres e aqueles com acesso limitado a terra, insumos agrícolas modernos, infraestrutura e educação.
Uma porcentagem significativa dos agricultores (97,5%) afirma que a MC vem
causando prejuízos às atividades agropecuárias em suas unidades produtivas. Esses
prejuízos se apresentam, em grande parte, na redução da produtividade associada ao
aumento de insetos e pragas (76,06%), perdas por eventos climáticos e meteorológicos
extremos - estiagens, enxurradas e vendavais (72,64%) e na redução na produtividade
por frio e/ou calor fora de época (71,79%). Os agricultores, ainda, apontam para os
danos à infraestruturas rurais (37,60%) em decorrência de tempestades, redução na
produção animal- estresse e morte de animais por ondas de calor (30,76%) e
estagnação na produção de algumas culturas- trigo e/ou feijão (29,9%) (Tabela 6).
Tabela 6- Prejuízos da Mudança Climática às atividades agropecuárias, segundo os agricultores residentes no Norte do Rio Grande do Sul, 2018. (Os valores são
apresentados em porcentagem, calculada a partir do número total de agricultores de cada grupo pesquisado). Agricultura Região Propriedade Gênero Residência Escolaridade Idade
Conv. Agro. Norte Celeiro Fam. Não-fam.
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Prejuízos
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Aumento de insetos/ pragas 76,66 71,66 70 78,33 73,33 76,66 70 76,25 75,55 70 72,72 74,28 76,66 76 77,94 62,96
Eventos extremos: secas/enxurradas/vendavais
75 66,66 80 61,66 67,77 80 70 71,25 71,11 70 72,72 65,71 73,33 64 72,05 74,07
Redução na produção agrícola
Frio ou calor fora de época 65 75 63,33 76,66 73,33 60 65 72,5 73,33 60 70,90 74,28 63,33 68 67,64 77,77
Danos nas benfeitorias e infra-estrutura das propriedades
Eventos extremos: vendavais 36,66 36,66 26,66 46,66 36,66 36,66 30 40 38,88 30 30,90 37,14 46,66 52 38,23 18,5
Comprometimento nos sistemas de produção animal
Estresse e morte dos animais por ondas de calor
38,33 21,66 28,33 31,66 31,11 26,66 27,5 31,25 33,33 20 36,36 25,71 23,33 28 32,35 25,92
Mudanças nas culturas plantadas
Redução na produção de trigo e feijão 26,66 31,66 30 28,33 27,77 33,33 27,5 30 26,66 36,66 25,45 34,28 30 32 29,41 25,92
Tabela 7 – Benefícios das Mudanças climáticas citados pelos agricultores abrangidos na pesquisa. RS, 2018. (Os valores são apresentados em porcentagem,
calculada a partir do total de agricultores de cada grupo pesquisado). Agricultura Região Propriedade Gênero Residência Escolaridade Idade
Conv. Agro. Norte
Celeiro Fam. Não-fam.
Fem. Mas. Rur. Urb. EF EM ES 20 a 39
40 a 59
60 ou mais
Benefícios
N=60 N=60 n=60 n=60 n=90 n=30 n=40 n=80 n=90 n=30 n=55
n=35 n=30 n=25 n=68 n=27
Maior produtividade- plantio de mais de uma safra ao ano 18,333 5 6,66 16,66 10 16,66 7,5 13,75
12,22
10 14,54
11,42
6,66 12 7,35 22,22
Inserção de novas culturas agrícolas na região 5 15 20 0 12,22
3,33 12,5 8,75 7,77 16,66 9,09 14,2 6,66 4 10,29
14,81
Maior produtividade - regime maior de chuvas 5 3,33 8,33 0 2,22 10 5 3,75 1,11 13,3 0 2,85 13,3 4 5,8 0
Para a maioria dos agricultores, a MC que vem acontecendo, de modo
intenso, na região, já causou e está causando prejuízos em suas atividades
agropecuárias. Eles compreendem que o ser agropecuário é o mais impactado pela
MC, pois percebem, cotidianamente, a dependência de suas atividades aos fatores
climáticos, cujas alterações influenciam a produtividade e o manejo das culturas.
Dentre os prejuízos da MC, apontados pelos participantes, na região Norte do RS,
destaca-se a redução da produtividade devido ao aumento de insetos e pragas
agrícolas. A Mudança Climática pode levar ao surgimento de doenças através de
mudanças graduais no clima (alterando a distribuição de vetores invertebrados, ou
aumentando situações de estresse de água, ou temperatura, nas plantas) e por uma
maior frequência de eventos climáticos incomuns (um clima seco tende a favorecer
insetos vetores e viroses, e um tempo úmido favorece patógenos fúngicos e
bacterianos) (ANDERSON et al., 2004). As espécies de insetos herbívoros
normalmente respondem a altas temperaturas com um aumento nas taxas de
desenvolvimento, potencial reprodutivo, sobrevida em um inverno mais ameno,
aumento no número de gerações dentro de uma estação (AYRES e LOMBARDERO,
2000 e DE LUCIA et al., 2012) e na taxa de consumo de alimento desses insetos
(Bale et al., 2002; DEUTSCH, 2018). Juntas, essas respostas possuem impacto
direto sobre a produção agrícola, onde os agricultores afirmam ter seus rendimentos
reduzidos devido à maior incidência de pragas e, indiretamente, pelo aumento nos
custos da produção com agroquímicos, para reduzir os danos causados.
Redução na produção por eventos climáticos extremos (chuvas intensas,
estiagens e vendavais) também foi apontada por grande parte dos agricultores como
um dos principais prejuízos da MC em suas atividades agropecuárias. Entre os
resultados reportados pelo IPCC (2013) e no PBMC (2014), é previsto que Eventos
climáticos (precipitações intensas, secas, ondas de calor, ciclones tropicais) sejam
mais intensos e frequentes em toda a América do Sul. Como relatam os agricultores,
os impactos dos eventos extremos tendem a ser grandes localmente e estão
afetando, significativamente, suas atividades, tendo em vista que é um setor muito
vulnerável aos extremos de temperatura e precipitações, situações, essas, que
preocupam e são temidas por eles.
Frio e/ou calor fora de época também tem gerado impactos adversos sobre a
produtividade, especialmente para agricultores agroecológicos e familiares. Ondas
67
de calor derrubam a umidade relativa do ar quando o solo estiver seco, aumentam a
evapotranspiração potencial, provocam a murchidão das folhas, aredução na taxa
fotossintética, e afetam o desenvolvimento vegetativo, o período de florada e o
período de enchimento de grãos e frutos (PRIMAVESI, 2007). Além disso, Cruz et al.
(2009) observaram que, na Região sul, a primavera destacou-se por apresentar
aumento da intensidade e frequência de horas de frio em anos mais recentes, ou
seja, o frio tende a se deslocar para essa estação (frio e geadas tardias). Isso afeta
a fase reprodutiva das plantas e preocupa os agricultores, principalmente aos que
dependem da produção de frutos, pois acaba comprometendo a produção, ou
levando à sua perda completa.
O aumento da temperatura interfere sobre o ciclo e a fenologia das plantas e,
de acordo com alguns agricultores entrevistados, essa condição climática tem
reduzido a produtividade de algumas culturas agrícolas- merecendo destaque a
cultura do trigo. O trigo necessita de exposição ao frio para florescer (PORTER e
GAWITH, 1999) e tem respostas negativas a altas temperaturas que, em geral,
aceleram o desenvolvimento fenológico, resultando em um período de crescimento
mais curto (ASSENG et al., 2015), levando à redução no número de grãos e duração
reduzida do período de enchimento de grãos (BARLOW et al., 2015). Isso confere
riscos à cultura do trigo, dadas as projeções para o aumento de temperatura
esperado (IPCC, 2013) e pelo aumento da temperatura, já observado na Região em
estudo (MARENGO e CAMARGO, 2008). De acordo com Santi et al. (2018), o
período de cultivo do trigo será reduzido em toda a Região Sul do País, com a
temperatura sendo a principal responsável por essa limitação.
Chamou a atenção o fato de muitos agricultores citarem, também, a redução
da produção do gado leiteiro e da produção avícola por ondas de calor como um dos
prejuízos da MC em suas atividades agropecuárias. Condições ambientais quentes
e úmidas causam estresse por calor no gado leiteiro, o que induz alterações
comportamentais e metabólicas, que incluem a redução do consumo de alimentos e
da atividade metabólica (SIROHI e MICHAELOWA, 2007), como reduções na
reprodução, na gestação, na lactação e, consequentemente, na eficiência produtiva
(WEST et al., 2003). As criações de frangos, também, estão sendo afetadas pela
MC. Os animais adultos têm desenvolvimento ótimo em temperaturas entre 18 e
20°C, e são sensíveis a altas temperaturas, com elevada mortalidade quando a
68
temperatura ambiente excede 38°C (LIMA e ALVES, 2008). Lana et al. (2000)
demonstram que a temperatura ambiente é considerada o fator físico de maior efeito
no desempenho de frangos de corte, já que exerce grande influência no consumo de
ração, afetando diretamente o ganho de peso e a conversão alimentar desses
animais. Certamente o desempenho, a saúde e o bem-estar animal têm sido
fortemente afetados pelo clima, e os agricultores que possuem essas atividades em
suas propriedades têm sentido, frequentemente, as consequências desses impactos
climáticos na produção animal.
Embora a maioria dos agricultores afirme já ter sofrido prejuízos por causa do
clima, 30% deles afirmaram ter benefícios com as MCs. Dentre os benefícios, está a
possibilidade de plantio de mais de uma safra do milho ao ano (46,66%); inserção de
novas culturas frutíferas na Região (40%); e maior produtividade nas culturas
(16,66%) (Tabela 7). Em relação aos benefícios da MC, foram evidenciadas
diferenças significativas nas respostas entre todos os fatores em estudo: tipo de
agricultura (x2=48,6; gl=2; p=0,0001); tipo de propriedade (x2=40,8; gl=2; p=0,0001);
local de residência (x2=33,7; gl=2; p=0,0001); gênero (x2=10,3; gl=2; p=0,0001); nível
de instrução (x2=94,2; gl=4,; p=0,0001); idade (x2=43,6; gl=4; p=0,0001); e região
(x2=136,01; gl=2; p=0,0001). Entre os grupos estudados que compreendem que a
MC traz alguns benefícios em suas atividades agropecuárias, merecem destaque os
agricultores familiares, que praticam a agroecologia, do gênero feminino, e com
maior idade, ao citarem mais benefícios em relação à inserção de novas culturas
frutíferas na Região. Já agricultores do meio rural, com menor escolaridade e que
residem na região do Celeiro, citam com mais frequência a maior produtividade
devido à possibilidade do plantio de mais de uma safra de milho ao ano.
O plantio da segunda safra do milho, que, segundo os agricultores, devido à
redução no número de geadas, tem gerado maior rendimento e estabilidade
produtiva. De acordo com Garcia et al. (2006), o maior risco da produção do milho/
safrinha são as condições climáticas (frio excessivo, geada e deficiência hídrica);
porém, para todo o Brasil, as projeções indicam aumento da temperatura e de
extremos de calor, bem como redução na frequência de geadas, devido ao aumento
da temperatura mínima, principalmente nos estados do Sudeste, Sul e Centro-
Oeste, e aumento de extremos de chuva na Região Sudeste e na Região Sul
(MARENGO, 2014).
69
Os participantes da pesquisa, especialmente os agroecológicos, os familiares
e do gênero feminino também destacaram que devido às temperaturas mais
elevadas e à redução das geadas, foram possíveis a inserção e a produtividade de
novas culturas frutíferas (abacaxi, mamão, banana, maçã) em suas propriedades.
Segundo Pinto et al. (2002), regiões que, atualmente, sejam limitantes ao
desenvolvimento de culturas suscetíveis a geadas, passarão a exibir condições
favoráveis ao desenvolvimento das plantas, com o aumento do nível térmico devido
ao aquecimento global. Além disso, para as áreas rurais, são incluídas projeções de
mudanças, em curto prazo, nas áreas de produção de culturas alimentares e não
alimentares em todo o mundo (IPCC, 2014).
4.4 Estratégias adotadas para enfrentamento da Mudança Climática
Atualmente, há o reconhecimento da necessidade urgente de a comunidade
global identificar medidas de adaptação que possam ajudar os agricultores a
reduzirem sua vulnerabilidade e lidarem com as consequências adversas da MC
(HARVEY et al., 2014). A adaptação às mudanças climáticas refere-se a ajustes nas
práticas, nos processos e nos sistemas que permitam diminuir, ou evitar danos,
atuais e futuros, e aproveitar as oportunidades disponíveis para maximizar os
benefícios (POULIOTTE et al., 2009; ERIKSEN et al., 2011; NYANGA, 2011). Ela
exige uma combinação de várias respostas individuais, de acesso a práticas e
tecnologias alternativas disponíveis, bem como de mudanças na gestão e nas
práticas agrícolas (CHARLES e RASHID, 2007; MENGISTU, 2011)
Mas a adaptação não ocorre sem a influência de vários fatores sociais
econômicos e ambientais (BRYAN et al., 2013). Porém, perceber que estão
ocorrendo mudanças é o primeiro passo no processo de adaptação da agricultura às
mudanças climáticas (MADDISON, 2007; SHISANYA e KHAYESI 2007; BRYAN et
al., 2009; DERESSA et al., 2011).
Os resultados do estudo demonstraram que os agricultores entrevistados já
têm adotado medidas de enfrentamento em resposta à MC percebida na região em
que residem, e aos prejuízos gerados pela mesma em suas atividades
agropecuárias. Foram listadas 15 estratégias, conhecidas e adotadas em suas
propriedades, para se adaptar e minimizar os impactos gerados pela MC, obtendo-
se uma média de 6,27 citações por agricultor. Essas foram agrupadas em quatro
70
categorias: i) Conservação e gestão do ambiente; ii) Infraestrutura e tecnologias; iii)
Manejo das culturas; iv) Financeira (Tabela 8).
Há diferenças na frequência de citações das estratégias adaptativas,
conhecidas e adotadas entre os agricultores agroecológicos e os convencionais
(x2=27,7; gl=14; p=0,01). Foi possível verificar que a implantação de sistemas
agroflorestais, de estufas e de sombrites foi mais citada entre os agricultores que
praticam a agroecologia, enquanto que a adoção de medidas financeiras- seguro
agrícola e seguro de benfeitorias teve mais expressão entre os agricultores que
praticam a agricultura convencional.
Tabela 8 – Estratégias adaptativas da MC, conhecidas e adotadas pelos agricultores do Norte do Rio Grande do Sul, participantes da pesquisa, 2018. (Os valores
são apresentados em porcentagem, calculada a partir do total de agricultores de cada grupo pesquisado). Agricultura Região Propriedade Gênero Residência Escolaridade Idade
Conv.
Agro. Norte Celeiro Fam. Não-fam.
Fem. Masc.
Rur. Urb. EF EM ES 20 a 39
40 a 59 60 ou mais
Categorias Estratégias Adaptativas
n=60 n=60 n=60 n=60 n=90 n=30 n=40 n=80 n=90 n=30 n=55 n=35 n=30 n=25 n=68 n=27
Adoção de técnicas de proteção e conservação do solo
83,33 85 90 78,33 80 96,66 85 83,75 83,33 86,66 76,36 91,42 90 84 88,23 74,07
Conservação de APP 76,66 80 71,66 85 80 73,33 85 75 81,11 70 72,72 82,85 83, 72 80,88 77,77
Proteção de fontes de água 66,66 81,66 81,66 66,66 73,33 76,66 72,5 75 71,11 83,33 69,09 71,42 120 72 80,88 59,25
Conservação e gestão do ambiente
Implantação de sistemas agroflorestais
8,33 50 25 33,33 35,55 10 40 23,75 28,88 30 21,81 28,57 43,33 36 30,88 18,51
Manejo de pragas e doenças 58,33 68,33 83,33 43,33 56,66 83,33 67,5 61,25 64,44 60 54,54 68,57 73,33 68 70,58 40,74
Mudança na época de plantio de culturas anuais
50 38,33 58,33 30 38,88 60 47,5 42,5 42,22 50 45,45 48,57 36,66 28 52,94 37,03
Plantio de culturas mais adaptadas
26,66 35 38,33 23,33 30 33,33 30 31,25 28,88 36,66 25,45 20 53,33 28 32,35 29,62
Manejo das culturas
Abandono de culturas 15 20 11,66 23,33 20 10 7,5 22,5 20 10 20 20 10 16 17,64 18,51
Implantação de sistemas de coleta e armazenamento de água
41,66 51,66 33,33 60 45,55 50 42,5 48,75 46,66 46,66 47,27 42,85 50 52 45,58 44,44
Implantação/adaptação de sistemas de irrigação
13,33 48,33 26,66 35 36,66 13,33 37,5 27,5 34,44 20 25,45 40 30 48 27,94 22,22
Climatização de criações de animais
33,33 16,66 3,33 46,66 21,11 36,66 27,5 23,75 30 10 27,27 25,71 20 32 22,05 25,92
Infraestrura e tecnologias
Implantação de estufas/sombrites
0 40 15 25 26,66 0 35 12,5 20 20 18,18 17,14 26,66 32 20,58 7,40
Seguro agrícola 65 8,33 35 38,33 25,55 70 30 40 38,88 30 38,18 34,28 36,66 40 33,82 40,74 Financeiras
Seguro de benfeitorias 41,66 13,33 15 40 17,77 56,66 22,5 30 28,88 23,33 23,63 28,57 33,33 28 27,94 25,92
A conservação e a proteção do solo pelo plantio direto, com rotação de
culturas, a conservação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e a proteção e
a conservação da água foram as medidas mais citadas entre os participantes da
pesquisa. A adoção dessas medidas pode ser devido à maior dependência da
agricultura ao recurso hídrico e à melhor qualidade do solo, bem como pela
facilidade da implantação dessas medidas e pelo seu baixo custo.
O plantio direto representa um sistema alternativo ao preparo convencional do
solo e, no contexto da MC, é considerado como uma medida de enfrentamento, pois
a presença de resíduos vegetais sobre a superfície do solo promove o aumento da
taxa de infiltração e a diminuição da temperatura e da evaporação da água,
contribuindo para uma maior disponibilidade hídrica para as plantas (SILVA et al.,
2005), além de conter o escoamento superficial da água que arrasta grande
quantidade de solo, controlando a erosão (ALVES e LIMA, 2008). Além disso, a
rotação de culturas, no estabelecimento de um sistema de plantio direto, é
importante para a elevação dos níveis de carbono no solo, no controle de plantas
daninhas, doenças e pragas, fertilização dos solos e ciclagem de nutrientes (AITA e
GIACOMINI, 2006 e GONÇALVES et al., 2007). Isso melhora a qualidade do solo e
aumenta as chances de os agricultores superarem períodos de estiagem, de altas
temperaturas, de precipitações intensas e da infestação de pragas, doenças e
plantas daninhas em suas lavouras. No Brasil, estima-se que a prática do plantio
direto na palha seja, atualmente, adotada em mais de 30 milhões de hectares,
principalmente na Região Sul do Brasil (IBGE, 2017), o que pode justificar, também,
o fato de ter sido a medida de enfrentamento mais citada entre os agricultores.
De um modo geral, a conservação de áreas de APP é considerada, pelos
agricultores, como uma importante medida de enfrentamento à MC e aos seus
impactos, tendo em vista que os ecossistemas florestais podem fornecer importantes
serviços que podem ajudar as pessoas a se adaptarem à variabilidade e à MC,
como proporcionar bens (carvão, lenha, frutas silvestres, cogumelos, raízes e
forragem); regular a água, o solo; manter um microclima favorável a uma produção
agropecuária mais resiliente e, também, servir como proteção aos extremos
climáticos (quebra-vento) e abrigo a predadores naturais. Além disso, influenciam na
interceptação das chuvas, na evapotranspiração, na infiltração de água, na recarga
das águas subterrâneas, e contribuem para estabilizar o solo, evitando a erosão e os
73
deslizamentos de terra (PRAMOVA et al., 2012). Entre os participantes da pesquisa,
a proteção e a conservação da água também se apresentam como uma importante
estratégia no enfrentamento dos impactos negativos da MC, como em situações de
estresse hídrico que pode vir a afetar os consumos humano e animal, bem como as
atividades agrícolas que dependem, essencialmente, desse recurso.
De certa forma, a proteção e a conservação de áreas de APP e da água
terem sido uma das medidas mais citadas entre os agricultores, podem ser
justificadas, também, pela nova legislação vigente do Código Florestal Brasileiro (Lei
Nº 12.651/2012) que dispõe sobre a preservação da vegetação nativa. Esta lei é de
conhecimento dos produtores rurais, já que estabelece algumas obrigações dos
seus imóveis rurais para com a nova Lei Florestal: i) o registro de todos os imóveis
rurais no Cadastro Ambiental Rural – CAR; ii) a manutenção da vegetação nativa em
Áreas de Preservação Permanente (APP), que devem ser preservadas em razão de
sua localização, tais como: rios, nascentes, topos de morro e áreas íngremes; iii)
manutenção de vegetação nativa em uma porcentagem do imóvel rural,denominada
reserva legal (RL). Além disso, para os imóveis rurais, com déficit de Reserva Legal
e APP (que desmataram até 2008) adequarem-se à Lei, as opções são a
recomposição e a regeneração natural (regularizar APPs), ou optaram pelas áreas
de compensação (regularizar a Reserva Legal) (BRASIL, 2012). Apesar da
obrigatoriedade, os atuais esforços do setor produtivo em manterem e
reestruturarem essas áreas já vêm repercutindo na percepção de boa parte dos
agricultores como uma importante medida no enfrentamento dos impactos da MC
em suas propriedades.
Merece destaque, ainda, a adoção de técnicas e de tecnologias no manejo de
pragas e doenças como medida de enfrentamento a esse que foi considerado pelos
agricultores como um dos principais prejuízos da MC em suas atividades
agropecuárias. As mudanças climáticas exigirão estratégias de manejo adaptativas
para lidar com o status alterado de pragas e doenças, a fim de reduzir seu risco de
proliferação e diminuir os impactos daqueles que chegam (SUTHERST et al., 2011).
Essas medidas são decisões de manejo agrícola dos agricultores e vão em
conformidade com o tipo de agricultura praticada por eles. Para lidar com essa
problemática, podem-se adotar estratégias sustentáveis de manejo e/ou um manejo
convencional com o uso de agrotóxicos.
74
Com relação às diferenças entre os tipos de agricultura praticada, foi possível
verificar que, entre os agricultores agroecológicos, os sistemas agroflorestais têm
ajudado os pequenos agricultores à se adaptarem a MC. Os sistemas agroflorestais
ajudam a manter a saúde biofísica de um agroecossistema, proporcionando
benefícios como a conservação do solo e da água, o controle de pragas e doenças,
melhorando as condições do microclima e melhorando a fertilidade do solo
(NEUFELDT e SCHÄFER, 2008; VERCHOT, 2010). Assim, contribuem na resiliência
de pequenos agricultores ao garantirem a melhoria da produtividade agrícola, a
diversificação e o aumento da renda agrícola (LASCO et al., 2014). Além disso, o
cultivo protegido de hortaliças, por sombrites e estufas, também foi uma medida de
enfrentamento, comumente mencionada entre esses agricultores, dado que esse
cultivo é umas das suas principais fontes de renda e é uma técnica que proporciona
ganho e eficiência produtiva ao protegê-las das variáveis climáticas como radiação
solar, temperatura, umidade do ar e vento. Já o Seguro agrícola e o Seguro de
benfeitorias foram medidas mais citadas, entre os agricultores convencionais, como
forma de prevenção e compensação de perdas climáticas na agricultura, já que
muitos dos pequenos agricultores afirmaram que a principal dificuldade para a
adoção desse tipo de medida é a restrição financeira.
75
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados da pesquisa mostram que a maioria dos agricultores,
independentemente da forma de produção (convencionais ou agroecológicos),
atribui à ação humana a principal causa da MC, mas têm uma compreensão limitada
e ideias errôneas sobre as contribuições humanas para um clima em mudança.
Alguns agricultores também citam que a MC é gerada por fatores antrópicos e
causas naturais, ou exclusivamente, por fatores naturais, mas têm dificuldades em
listar e argumentar sobre esses fatores.
O estudo também demonstrou que a televisão é a principal fonte de
informação dos agricultores sobre a MC, o que confere um quadro de incertezas em
torno da ciência e das políticas climáticas globais e, em particular, no papel dos
indivíduos para o seu enfrentamento, em virtude de os noticiários brasileiros
apresentarem uma narrativa superficial e alarmante, concentrada nos seus impactos
e consequências.
Os agricultores percebem impactos da mudança climática à saúde e ao
ambiente, mas reconhecem com mais facilidade e citam mais impactos da MC
climática á saúde. Isso sugere que dar o foco da MC para a saúde pública pode
tornar o assunto mais relevante, pessoalmente, e envolvente, emocionalmente, para
segmentos do público que estão, atualmente, desprivilegiados, ou mesmo,
desconsiderando o assunto. E apresenta oportunidade de envolver outros parceiros
na questão, sobretudo especialistas em saúde pública e líderes comunitários locais.
Apesar de a maioria dos agricultores apoiar a adoção de medidas mitigativas,
apontam algumas ações de conservação ambiental que não são efetivas para conter
a MC.
Ainda com base nos resultados apresentados, verificou-se que a maior parte
dos agricultores demonstra maior preocupação quanto aos futuros efeitos negativos
da MC à agricultura e reconhecem que a região em que residem esteja passando
por um período de MC, principalmente em relação às temperaturas, (ondas de calor
são mais intensas e frequentes e dias e noites mais quentes) e as chuvas
(precipitações mais intensas e mal distribuídas). Para a maioria dos agricultores, a
MC já causou e está causando prejuízos em suas atividades agropecuárias,
principalmente pela redução da produtividade devido ao aumento de insetos/pragas,
76
eventos extremos e frio e/ou calor fora de época, mas alguns reconhecem e afirmam
ter benefícios no seu cotidiano e em suas atividades agropecuárias com a MC,
especialmente pelo plantio da segunda safra do milho e pela inserção de novas
culturas na região.
Em resposta à MC, percebida no Norte do RS, e aos prejuízos gerados por
ela, os agricultores estão adotando medidas de enfrentamento em suas atividades
agropecuárias, principalmente associadas à conservação e à gestão do ambiente- à
adoção de técnicas de proteção do solo, à conservação de Áreas de Preservação
Permanente (APP) e à proteção e à conservação da água.
Por essa razão, são de grande importância processos de Educação
continuada, voltados aos agricultores, que visem a informar, sensibilizar, preparar e
oferecer oportunidades para que eles agricultores compreendam melhor o tema. É
necessário que os agricultores estejam mais engajados e reconheçam que algumas
atividades produtivas, desenvolvidas no meio rural, são responsáveis por essas
mudanças, para que possam adotar os tipos certos de ações para o enfrentamento
da MC.
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95
ANEXOS
96
ANEXO A
TERMO DE APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA
97
98
99
100
APÊNDICES
101
APÊNDICE A
ROTEIRO DA ENTREVISA QUE APLICADA AOS AGRICULTORES
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA-CULTURAL Região: ( ) Norte ( ) Serra ( )Médio Alto Uruguai Nome do município: ............................................................................................................................ Idade: ( ) de 20 a 39 anos ( )de 40 a 60 anos ( ) mais de 60 anos Gênero: ( )Feminino ( ) Masculino Local de residência: ( )Rural ( )Urbano Escolaridade: ( )Ensino Fundamental incompleto ( )Ensino Fundamental
( )Ensino Médio ( )Ensino Superior ( )Pós-Graduação
Nome do Curso (se for Ensino técnico): ................................................................................................ Nome do curso Superior: ...................................................................................................................... Nome do Curso de Pós-Graduação:...................................................................................................... Tamanho do Imóvel: ..............ha Área com floresta:...................ha Nativa..............ha Exótica..............ha Qual o tipo de produção: ( )Produção convencional ( )Produção agroecológica Culturas e criações ( ) horticultura...................................................................... ( ) fruticultura....................................................................... ( ) silvicultura....................................................................... ( ) culturas anuais................................................................ ( ) criações de animais ........................................................ ( ) Monocultivo de soja ( ) Monocultivo de arroz ( ) Monocultivo de trigo ( ) Monocultivo de milho ( ) Monocultura de fumo ( ).................................... Tem sistema agroflorestal? (1) sim (2)não Espécies: ........................................................................ A sua propriedade recebeu algum tipo de assistência técnica nos último anos? (1)Sim (2) Não De que empresa/entidade? ........................................................ CONCEITOS/ CARACTERISTICAS E FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE O TEMA 1 Com que frequência você ouve falar sobre mudanças climáticas? ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) As vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre 2 Quais as principais fontes de informação sobre mudanças climáticas? Numerar em função da importância: ( ) Televisão.Emissora:.............................................................Programa:.............................................................. ( ) Rádio. Emissora:............................................................Programa:.............................................................. ( ) Internet. Site: ................................................................................................................................................ ( ) Jornais e Revistas: Nome: .............................................................................................................................. ( ) Livros:.............................................................................................................................................................. ( ) Folhetos e boletins – sindicato, Emater, outros ( ) Palestras/cursos ( ) Disciplinas escolares/universitárias 3 O que você mais ouve/ouviu falar sobre o assunto? Numere de acordo com a importância ( ) Acordos internacionais ( ) Aumento da temperatura ( ) Derretimento das geleiras ( ) Aumento do nível do mar ( ) Tempestades ( ) Secas ( ) Emissão de gases de efeito estufa ( ).......................................... ( ) ............................................................ ( ) .........................................
102
4 Com que frequência você conversa sobre mudanças climáticas? ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) As vezes ( ) Frequentemente ( ) Sempre 5 Com quem conversa? Numere em função da importância: ( ) Familiares ( ) Amigos ( ) Sindicato ( ) Colegas de profissão, escola/universidade ( ) Pessoal da assistência técnica ( ) .................................................................. ( )............................................ ( )................................................................... 6 Você já participou de cursos/dias de campo/palestra que tratou sobre mudanças climáticas? ( ) Sim ( ) Não Nome da atividade: ............................................................................................................................... Quem promoveu? ................................................................................................................................. O que foi tratado? ................................................................................................................................. Quando?............................................................................................................................................... Nome da atividade: ............................................................................................................................... Quem promoveu? ................................................................................................................................. O que foi tratado? ................................................................................................................................. Quando?.................................................................................................................................... 7 Na sua opinião, que fatores geram as mudanças climáticas? ( ) Ação humana ( ) Causas naturais Quais ações humanas? Numere em função da importância: ( ) Desmatamento ( ) Emissões- Queima de combustíveis fósseis (geração de energia, atividades industriais, transporte) ( ) Emissões-agricultura ( ) Emissões – criações de animais/pecuária ( ) Emissões – resíduos/aterros ( ) ................................................ ( ) ................................................ Quais são as causas naturais? Numere em função da importância: ( ) Alterações na atividade solar ( ) Erupções vulcânicas ( ) ............................................ ( ).................................................. 8 Na sua opinião, as mudanças climáticas estão acontecendo de maneira: ( ) Muito lenta ( ) Lenta ( ) Razoavelmente rápida ( ) Rápida ( ) Muito rápida 9 Você percebe mudanças no sistema climático, em relação:
Não mudou nada
Mudança
Razoável
Mudança
extrema
1 2 3 4 5 Dias e noites mais quentes (estações do ano não definidas) Ondas de calor Umidade do ar Aumento da freqüência e quantidade de chuva Diminuição da umidade do solo/aumento de secas
103
Aumento na quantidade de ventos Aumento da intensidade/quantidade de temporais Derretimento/diminuição da quantidade de gelo nos oceanos/geleira Elevação do nível do mar
REPERCUSSÕES DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: 10- Que riscos para as populações humanas?
Pouco grave -
Razoavelmente grave
Muito grave
+ Para a produção de alimentos 1 2 3 4 5 Redução na produção Mudanças de cultivos agrícolas Saúde Aumento de lesões, doenças e mortes devido a ondas de calor intensa Aumento da lesões/mortes associada a tempestades Aumento de doenças transmitidas pela água Aumento de doenças transmitidas por vetores Aumento da contaminação das águas pelos resíduos em enchentes e inundações Aumento da probabilidade de subnutrição Lesões, doenças, mortes por incêndios Sofrimento relacionado ao calor/frio (afeta o bem-estar humano) Modos de vida Danos a infraestruturas rurais e urbanas – tempestades Seca - perda de quantidade/qualidade água – abastecimento Migração de pessoas Aumento da pobreza Economia Aumento do preço de alimentos Aumento do consumo de energia para refrigeração – setor comercial e residencial.
104
11- Que riscos para o ambiente e biodiversidade? Destaque e atribua um valor em função da sua gravidade:
Pouco grave -
Razoavelmente grave
Muito grave
+ 1 2 3 4 5 Mortalidade de espécies animais/vegetais – Seca Morte de animais/vegetais – Ondas de Calor Mortalidade de espécies animais/vegetais – Enchentes e inundações Mudança na migração de espécies Mudança na adaptabilidade das espécies Mudança no número de espécies e indivíduos Incêndios florestais – perda e fragmentação de habitats Poluição dos recursos hídricos, solo e ar Desaparecimento de espécies Afeta o bem-estar animal 12- Na sua opinião, quem é ou será mais afetado pelas mudanças climáticas? Numere em função da importância: ( ) ................................................. ( ) ................................................. ( ) ................................................. ( ) ................................................. ( ) ................................................. ( ) ................................................. ( ) ................................................. 13- Você acha que podemos fazer alguma coisa para reduzir as mudanças climáticas? ( ) sim ( ) não ( ) não sei O que? Liste em função da importância: ( )........................................................................................................................................................ ( )........................................................................................................................................................ ( )........................................................................................................................................................ ( )........................................................................................................................................................ ( )........................................................................................................................................................ ( )........................................................................................................................................................ MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AGRICULTURA: 14- Você acha que o clima está mudando a tal ponto que ele prejudica/irá prejudicar as atividades agropecuárias? ( ) sim ( ) não ( )não sei 15- As mudanças climáticas estão gerando/podem gerar prejuízos à agropecuária? ( ) sim ( ) não ( )não sei 16- E benefícios? ( ) sim ( ) não ( )não sei
105
Quais os prejuízos e/ou benefícios? Pouco grave -
Razoavelmente grave
Muito grave +
1 2 3 4 5 Econômico - aumento de custos para produção Econômico – perdas por ondas de calor, fazendo as plantas florescer fora de época Econômico - perdas pelo aumento de pragas Econômica – perdas por eventos extremos: seca e enxurradas, vendavais Econômico – danos/perda de benfeitorias (casas, galpões...) Econômico – morte de animais: aumento da temperatura Econômico – possibilitou o plantio de mais de uma safra por ano do mesmo produto pelo aumento da temperatura Econômico – está possibilitando o plantio de novas espécies na região pelo aumento da temperatura – ex. cana de açúcar 17- Você tem feito alguma coisa para se adaptar/minimizar os impactos gerados pelas mudanças do clima na sua propriedade? ( ) Sim ( ) Não 18- O que você tem feito? Menos importante
- Importância
razoável Mais importante +
Infra- estrutura e tecnologias 1 2 3 4 5 Implantação de novas tecnologias na criação de animais – refrigeração
Implantação de sistemas de coleta/armazenamento de água
Irrigação Conservação e gestão do ambiente Implantação de sistemas para proteção de fontes de água Implantação de técnicas de proteção/conservação do solo – evitar erosão e manter umidade Conservação de APP Mudança na época de plantio de algumas culturas Plantio de novas culturas – mais adaptadas Abandono do cultivo de algumas culturas agrícolas Rotação e diversificação de culturas Implantação de sistemas agroflorestais Manejo de pragas e doenças Financeiras Seguro agrícola – compensar perdas com lavoura Seguro – benfeitorias Diversificação na propriedade: criação de animais, fruticultura, consórcios de cultivos
106
APÊNDICE B
MODELO - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Eu, abaixo assinado, ................................................., Secretário........................., do
município ........................., autorizo a realização do estudo, PERCEPÇÕES DE
AGRICULTORES SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO, a ser conduzido pelos pesquisadores abaixo relacionados. Fui
informado pelo responsável do estudo sobre as características e objetivos da
pesquisa, bem como das atividades que serão realizadas na instituição a qual
represento. Será realizada a seguinte atividade: entrevista com os agricultores
residentes no município, que buscarem auxílio na entidade e aceitarem participar do
estudo. Os temas priorizados na entrevista estão organizados em seis eixos
temáticos:
Eixo 1- Caracterização socioeconômica e cultural dos entrevistados
- Município de residência - Gênero - Idade - Escolaridade - Tamanho da propriedade - Principais atividades realizadas na propriedade - Local de residência (meio urbano e rural) - Tempo de trabalho na agricultura
Eixo 2- Principais fontes de informação
- Educação formal - Educação não-formal: Participação em cursos/palestras/dias de campo na área ambiental - Educomunicação: TV, Rádio, Internet, jornais.
Eixo 3- Conceitos/ características das mudanças climáticas
Conceitos: a) A influência humana no clima, se existir, é muito pequena e impossível de ser detectada diante da grande variabilidade natural (MOLION, 2008). b) São alterações do clima, causadas pelas atividades humanas alterando a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural (UNITED NATION, 1992). c) Mudanças no estado do clima, geradas por processos naturais (internos ou externos) ou ainda de processos antropogênicos (IPCC, 2014).
Eixo 4- Repercussões sociais das mudanças climáticas (para as populações humanas)
a) Eventos climáticos extremos: interrupção da produção de alimentos e abastecimento de água, danos a infraestruturas e assentamentos, morbidade e mortalidade e consequências para a saúde mental e bem-estar humano. b) Impactos nos meios de subsistência, reduções nas colheitas, destruição de casas, aumento dos preços dos alimentos e insegurança alimentar afetam especialmente as
107
pessoas que vivem em situação de pobreza. c) Aquecimento: mortalidade relacionada ao calor e diminuição da mortalidade relacionada ao frio em algumas regiões. d) Mudanças locais de temperatura e precipitação: tem alterado a distribuição de algumas doenças transmitidas pela água e vetores de doenças (IPCC, 2014).
Eixo 5- Repercussões ambientais
- Perda e fragmentação de habitats. - Muitas espécies terrestres, aquáticas e marinhas modificaram sua distribuição geográfica, padrões de migração, atividades sazonais, abundância e interações intraespecífica. -Variações na quantidade de algas, plâncton e peixes em alguns oceanos e lagos. - Secas e aumento de risco de incêndios; - Modificações dos microclimas e processos ecológicos. - Aumento do nível do mar e aumento da erosão costeira. - Mudanças na precipitação ou derretimento de neve e gelo, alterando os sistemas hidrológicos, afetando recursos hídricos em quantidade e qualidade (IPCC, 2014; TILIO NETO, 2010). Impactos atuais: - Perda na safra de grãos. - Mudança geográfica de culturas agrícolas. - Redução da oferta de alimentos. - Disponibilidade de água. - Umidade do solo. - Infestações de diversas pragas e doenças (IPCC, 2014; GHINI e HAMADA, 2008).
Eixo 6- Mudanças Climáticas e agricultura
Estratégias adaptativas para reduzir os impactos das mudanças climáticas: - Humanas: conhecimento dos riscos climáticos, habilidades em agricultura ecológica. - Sociais: Grupos de poupança e crédito para organizações de base dos agricultores e instituições tradicionais de assistência e apoio social. - Físicas: Infraestrutura para irrigação, instalações para armazenagem de sementes e cereais. - Naturais: Proteção de fontes de água, proteção do solo, conservação da vegetação permanente. - Financeiras: Seguro agrícola, fontes de produção/rendimento diversificadas.
A pesquisa será desenvolvida no estado do Rio Grande do Sul (RS),
abrangendo duas regiões Funcionais de Desenvolvimento (RF) situadas no território
da Mata Atlântica: Corede Celeiro e Corede Norte. De cada região serão
selecionados, com apoio da Emater Regional, dois municípios que possuem
agricultores em número suficiente para a amostragem, após um levantamento prévio
com auxílio de entidades de assistência técnica que atuam no meio rural.
Participarão da pesquisa:
Grupo I – 60 Agricultores convencionais, sendo 30 agricultores de cada região, com
idade entre 20 a 80, sorteados entre os agricultores cadastrados na Secretaria
Municipal de Agricultura do município;
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Grupo II- 60 Agricultores agroecológicos, sendo 30 agricultores de cada região, com
idade entre 20 a 80, sorteados entre os agricultores cadastrados na Secretaria
Municipal de Agricultura do município e que praticam a agricultura ecológica.
Participarão da pesquisa agricultores que praticam diferentes formas de
agricultura i) agricultura convencional baseada nos monocultivos; ii) agricultura
tradicional, também denominada de agroecológica. Para participar do estudo, os
agricultores deverão atender a alguns critérios de inclusão: i) ser proprietário de
imóvel rural; ii) ter o Cadastro Ambiental Rural - CAR; iii) ser associado de um
Sindicato Rural.
Erechim, 08 de novembro de 2017.
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Nome do responsável pela entidade
Lista Nominal de Pesquisadores:
Profª. Sônia Zakrzevski – Pesquisadora Responsável Depto de Ciências Biológicas - URI – Erechim Av. Sete de Setembro, 1621 – CEP 99709910 Telefone 54 3520 9000 R.9147
Isabel Dahmer– Aluno pesquisador Erechim/RS Telefone (54) 999178070
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APÊNDICE C
MODELO - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Fui convidado(a) como voluntário(a) a participar do estudo “Percepções de agricultores sobre Mudanças Climáticas e estratégias de adaptação” que tem como objetivo Compreender as percepções de agricultores convencionais e agroecológicos do Rio Grande do Sul sobre as Mudanças Climáticas, identificando se fatores pessoais e culturais interferem sobre estas percepções. A pesquisa está sob responsabilidade da pesquisadora Dra. Sônia Beatris Balvedi Zakrzevski da URI Erechim, vinculada ao Programa de Pós Graduação em Ecologia. Os pesquisadores acreditam que ela seja importante especialmente para o planejamento de estratégias de educação ambiental voltada à conservação destas áreas.
A minha participação no referido estudo será por meio da participação em uma entrevista semi-estruturada, onde irei expor minhas percepções sobre mudanças climáticas e estratégias utilizadas para a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Fui alertado de que, da pesquisa a se realizar, posso esperar alguns benefícios, tais como, orientações sobre ações a serem adotadas nas propriedades rurais e comunidades para reduzir os impactos das mudanças climáticas. Não são conhecidos possíveis riscos durante a participação na pesquisa, além daqueles relacionados pelo tempo necessário para responder a entrevista. Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será mantido em sigilo. Os pesquisadores se responsabilizam pela guarda e confidencialidade destes dados, bem como a não exposição dos mesmos. Todos os documentos e dados físicos oriundos da pesquisa ficarão guardados em segurança por cinco anos e em seguida descartados de forma ecologicamente correta. É assegurada a assistência durante toda pesquisa, bem como me é garantido o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas consequências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha participação. Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e de, por desejar sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo à assistência a que tenho direito. A participação no estudo não terá nenhum custo para mim e não será disponibilizada nenhuma compensação financeira. De igual maneira, caso ocorra qualquer dano decorrente da minha participação no estudo, serei devidamente indenizado, conforme determina a lei. Fui esclarecido (a) de que o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) é composto por um grupo de pessoas que estão trabalhando para garantir que meus direitos como participante de pesquisa sejam respeitados. O CEP tem a obrigação de avaliar se a pesquisa foi planejada e se está sendo executada de forma ética. Se eu achar que a pesquisa não está sendo realizada da forma como fui esclarecido (a) ou que estou sendo prejudicado (a) de alguma forma, poderei entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da URI Erechim pelo telefone (54)3520-9000, ramal 9191, entre segunda e sexta-feira das 13h30min às 17h30min
RUBRICA DO PARTICIPANTE DA PESQUISA
RUBRICA DO PESQUISADOR
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ou no endereço Avenida Sete de Setembro, 1621, Sala 1.37 na URI Erechim ou pelo e-mail [email protected]. Declaro que li e entendi todas as informações presentes neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e tive a oportunidade de discutir as informações deste termo. Todas as minhas perguntas foram respondidas e eu estou satisfeito com as respostas. Entendo que receberei uma via assinada e datada deste documento e que outra via assinada e datada será arquivada pelo pesquisador responsável do estudo. Tendo sido orientado quanto ao teor deste estudo e compreendido a natureza e o objetivo do mesmo, manifesto meu livre consentimento em participar. Dados do participante da pesquisa Nome: Telefone: E_mail:
Erechim, _____ de _____________ de _____.
__________________________________________ Participante da Pesquisa
__________________________________________ Profª. Sônia Zakrzevski – Pesquisadora Responsável
Depto de Ciências Biológicas - URI – Erechim Av. Sete de Setembro, 1621 – CEP 99709910
Telefone 54 3520 9000 R.9147
__________________________________________ Isabel Dahmer– Aluno pesquisador
Erechim/ RS Telefone (54) 9 9917 8070