periodo1 fundamentos lingua portuguesa

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7/24/2019 PERIODO1 Fundamentos Lingua Portuguesa http://slidepdf.com/reader/full/periodo1-fundamentos-lingua-portuguesa 1/58 Érica Karine Ramos Queiroz Nely Rachel Veloso Laugton Pollyanne Bicalho Ribeiro Sandra Ramos de Oliveira Waneuza Soares Eulálio LETRAS ESPANHOL Fundamentos da Língua Portuguesa I período º 1

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Érica Karine Ramos QueirozNely Rachel Veloso LaugtonPollyanne Bicalho RibeiroSandra Ramos de OliveiraWaneuza Soares Eulálio

LETRAS ESPANHOL

Fundamentos daLíngua Portuguesa I

período

º1

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Montes Claros/MG - 2013

Érica Karine Ramos QueirozNely Rachel Veloso LautonPollyanne Bicalho RibeiroSandra Ramos de OliveiraWaneuza Soares Eulálio

2ª edição atualizada porWaneuza Soares Eulálio

Fundamentos daLíngua Portuguesa I

2ª EDIÇÃO

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2013Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão processados na forma da lei.

EDITORA UNIMONTESCampus Universitário Professor Darcy Ribeiros/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)

Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089Correio eletrônico: [email protected] - Telefone: (38) 3229-8214

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - UnimontesFicha Catalográfica:

Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

REITOR

João dos Reis Canela

VICE-REITORAMaria Ivete Soares de Almeida

DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕESHumberto Velloso Reis

EDITORA UNIMONTESConselho Editorial

Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.

Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.

Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.

Profª Maria Geralda Almeida. UFG

Prof. Luis Jobim – UERJ.

Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.

Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes

Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.

Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.

Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.

Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.

Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.

REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Carla Roselma Athayde MoraesMaria Cristina Ruas de Abreu Maia

Waneuza Soares Eulálio

REVISÃO TÉCNICAGisléia de Cássia Oliveira

Karen Torres C. Lafetá de Almeida

Viviane Margareth Chaves Pereira Reis

DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDOAndréia Santos Dias

Camilla Maria Silva Rodrigues

Fernando Guilherme Veloso Queiroz

Magda Lima de Oliveira

Sanzio Mendonça Henriiques

Sônia Maria OliveiraWendell Brito Mineiro

Zilmar Santos Cardoso

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Coordenadora Adjunta da UAB/UnimontesBetânia Maria Araújo Passos

Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/UnimontesMaria das Mercês Borem Correa Machado

Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/UnimontesAntônio Wagner Veloso Rocha

Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/UnimontesPaulo Cesar Mendes Barbosa

Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/UnimontesSandra Ramos de Oliveira

Chefe do Departamento de Educação/UnimontesAndréa Lafetá de Melo Franco

Chefe do Departamento de Educação Física/UnimontesRogério Othon Teixeira Alves

Chefe do Departamento de Filosofia/UnimontesAngela Cristina Borges

Chefe do Departamento de Geociências/UnimontesAntônio Maurílio Alencar Feitosa

Chefe do Departamento de História/UnimontesDonizette Lima do Nascimento

Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/UnimontesIsabel Cristina Barbosa de Brito

Ministro da EducaçãoAloizio Mercadante Oliva

Presidente Geral da CAPESJorge Almeida Guimarães

Diretor de Educação a Distância da CAPESJoão Carlos Teatini de Souza Clímaco

Governador do Estado de Minas GeraisAntônio Augusto Junho Anastasia

Vice-Governador do Estado de Minas Gerais

Alberto Pinto Coelho Júnior

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorNárcio Rodrigues

Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesJoão dos Reis Canela

Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros -UnimontesMaria Ivete Soares de Almeida

Pró-Reitor de Ensino/UnimontesJoão Felício Rodrigues Neto

Diretor do Centro de Educação a Distância/UnimontesJânio Marques Dias

Coordenadora da UAB/UnimontesMaria Ângela Lopes Dumont Macedo

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Autoras

Érica Karine Ramos QueirozDoutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp –, especialista

em Educação e graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Atualmente écoordenadora de Pesquisa do ISEMOC-CRECIH/SOEBRAS e professora do Departamento de Letras da

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.

Nely Rachel Veloso LautonEspecialista em Redação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas –,

graduada em Língua e Literatura Francesa pela Associação de Cultura Franco-brasileira e graduadaem Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.

Pollyanne Bicalho RibeiroDoutorado em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/

Minas –, mestre em Educação, Administração e Comunicação pela Universidade São Marcos,graduada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – e graduada em Direitopelo Centro Universitário Fumec. Atualmente é consultora da Consultoria Técnica Educacional e

professora da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – e da Faculdade da Cidade deSanta Luzia.

Sandra Ramos de OliveiraEspecialista em Linguística Aplicada ao Ensino de Português pela Universidade Estadual de Montes

Claros – Unimontes. Atualmente é professora assistente na Unimontes e professora assistente noInstituto Superior de Educação - Isemoc.

Waneuza Soares EulálioEspecialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pelas Faculdades Unidas do Norte

de Minas – Funorte –, especialista em Alfabetização pela Universidade Estadual de Montes Claros– Unimontes e graduada em Letras – Português/Inglês pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Atualmente é professora da Unimontes e tutora a distância da Universidade Aberta do Brasil – UAB.

É revisora da Revista Fronteiras do Sertão do Departamento de História.

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Sumário

Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Linguagem, língua, fala e gramática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.2 Linguagem, língua, fala, gramática: conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

1.3 O processo de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.4 Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.5 Variações linguísticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

1.6 Níveis de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

1.7 Linguagem oral e linguagem escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

R e f e r ê n c i a s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 9

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

2.2 Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

2.3 Processos de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

Texto e textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

3.2 O que é texto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.3 Fatores de textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

3.4 Produção de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

3.5 Tipologia e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

R e s u m o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 7

Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .49

Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

ApresentaçãoPrezado acadêmico,

A disciplina “Fundamentos da Língua Portuguesa I” integra a grade curricular do 1º períododo Curso de Licenciatura Letras/Espanhol, com 45 horas-aula. É sobre essa disciplina que vamosfalar, inicialmente, pois é necessário que você compreenda a importância do conteúdo a serestudado para tornar sua participação prazerosa e eficaz.

O Michaelis: moderno dicionário da Língua Portuguesa registra os sinônimos “sustentáculo”,“base”, “alicerce” para o substantivo “fundamento”. Ora, estudar, então, “Fundamentos da LínguaPortuguesa I” significa rever noções básicas de nossa língua materna, discutir e resgatar algumasregras, conceitos e definições que a sustentam. Além disso, o conhecimento da base de uma lín-gua, de seu alicerce torna seu usuário mais competente, mais criativo no trato com as palavras;mais seguro e questionador no desempenho de suas atividades cotidianas e no convívio comseus pares.

Compreender os fundamentos da língua – e não apenas conhecê-los – possibilita ao falante

o desenvolvimento de diferentes habilidades, como: reconhecer informações, elaborar hipóteses,inferir, relacionar conceitos e fatos, desenvolver reflexões mais abrangentes, argumentar e defen-der ideias e, principalmente, possibilita-lhe ser um autor/leitor mais completo e consciente douso das palavras.

Na disciplina “Fundamentos da Língua Portuguesa I”, vamos ajudá-lo a compreender o fun-cionamento da Língua Portuguesa nos seguintes aspectos:

1. Leitura: caracterização, processos, modos de leitura e fatores intervenientes no “ato deler”;

2. Concepções de língua, linguagem, fala, gramática e variedades linguísticas;3. O processo de comunicação;4. Funções da linguagem;5. Texto e fatores de textualidade;6. Tipos e gêneros textuais;7. Produção textual.

Nossa intenção é ressaltar que o estudo da língua/linguagem é extremamente importante,pois é por meio da linguagem que interagimos com os outros, informando ou sendo informados,esclarecendo ou justificando nossas opiniões, modificando o ponto de vista de nossos interlocu-tores ou sendo modificados pelo ponto de vista deles.

É pela linguagem que expressamos nossas certezas, nossas angústias, alegrias, tristezas,nossos conhecimentos e opiniões. É a linguagem que nos distingue e nos faz capazes de ver avida com novos olhares, principalmente nesta nossa época de globalização, de quebra de tabuse preconceitos e de, sobretudo, estabelecimento de novos valores.

O avanço tecnológico deste milênio reflete uma renovada estrutura social em que váriaslinguagens – verbais, não verbais – se entrecruzam, se misturam, se completam e se modificam

sem cessar.Assim sendo, o conhecimento sobre o funcionamento da língua não deve ser algo mecânico

e passivo. Pelo contrário, deve-se cruzar esse conhecimento com as várias possibilidades de lin-guagens do mundo atual: cinema, fotografia, pintura, charges, quadrinhos, informática, música,etc., percebendo suas intenções comunicativas, contrastes e afinidades, desvelando os “entredi-tos”, as mensagens e ideologias subjacentes, enfim, estabelecendo todas as possíveis interlocu-ções.

Pretendemos, pois, que você alcance os seguintes objetivos:Refletir sobre os fundamentos da Língua Portuguesa, percebendo-os como processo dinâ-

mico de interação social, isto é, como forma de realizar ações, de agir e atuar sobre o outro pormeio da linguagem;

Melhorar a gramática de uso, substituindo incorreções e inadequações por normas da lín-

gua padrão;Elaborar textos adequados ao interlocutor e à situação comunicativa;Ser leitor crítico e reflexivo.Neste primeiro período, nossa disciplina está dividida em três unidades. A primeira unidade

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UAB/Unimontes - 1º Período

abordará linguagem, língua, fala e gramática, processos comunicativos, funções da linguagem,variações linguísticas, níveis de fala, linguagem oral e linguagem escrita. A segunda unidadeabordará a leitura, bem como os processos de leitura e os fatores intervenientes no “ato de ler”.Na terceira unidade, trabalharemos com Texto e Textualidade, com as noções de texto, os fatoresde textualidade, produção de texto, tipologia e gêneros textuais.

Esperamos de você uma participação ativa, engajada e proveitosa para desenvolver suas

potencialidades e realizar, com o devido mérito, seus estudos de graduação que lhe permitirãovencer barreiras intelectuais, profissionais e sociais.

De nossa parte, desejamos-lhe sucesso e estamos juntos neste desafio, torcendo por você ea seu dispor.

Seja bem-vindo aos estudos dos “Fundamentos da Língua Portuguesa I”.

Um abraço,As autoras.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

UNIDADE 1Linguagem, língua, fala e

gramática

1.1 IntroduçãoEsta é a primeira unidade da disciplina Fundamentos da Língua Portuguesa I e esperamos

que você a inicie com muita vontade de ampliar os seus conhecimentos sobre a língua portu-

guesa. Então, vamos lá!O principal objetivo aqui é que você reflita sobre a importância da linguagem para a comu-nicação humana e conheça os principais elementos que constituem o processo comunicativo.

Ao ler o texto, temos a certeza de que você aprenderá os conceitos fundamentais de lingua-gem, língua, fala e de gramática, percebendo a relevância desses aspectos linguísticos para queo processo comunicativo aconteça de maneira eficiente.

Nesta unidade, vamos estudar também as funções da linguagem que nos permitirão com-preender como o emissor e o receptor se relacionam linguisticamente através de um canal quepermite a interpretação de uma mensagem.

Outro assunto de extrema relevância nesta unidade é a variação linguística. Há muito tem-po, na escola, só se atribuía à língua as características de “certo” ou de “errado”. Hoje, com o co-nhecimento das diversas formas de se falar, já se considera também o diferente, ou seja, há usosda língua que são errados (aqueles que não estão de acordo com a organização que a língua nos

possibilita), mas há também usos que, apesar de não estarem de acordo com essa organização,são apenas diferentes, não constituem erro.

Bem, de acordo com o que propomos aqui, esta primeira unidade abordará os conceitos bá-sicos de Linguagem, Língua, Fala e Gramática e terá as seguintes subunidades:

1.2 Conceitos básicos1.3 O Processo de Comunicação1.4 Funções da linguagem1.5 Variação linguística1.6 Níveis de fala1.7 Linguagem oral e linguagem escrita

É importante que você tenha sempre à mão um bom dicionário e que não se esqueça de

que as atividades sugeridas, os glossários que complementam o texto e os pontos de reflexãoapresentados são essenciais para que você compreenda satisfatoriamente o texto.Mãos à obra! Vamos começar a leitura.

1.2 Linguagem, língua, fala,gramática: conceitos básicos

De acordo com Petter (2005), o  interesse

pela linguagem é antigo e remonta ao séc. IVa.C., quando os hindus estudaram sua línguacom o objetivo de evitar que os textos sagra-dos, reunidos no Veda, sofressem modifica-

ções ao serem falados.

Atualmente, a linguística moderna definea linguagem como manifestação de algo maisespecífico: a língua. A linguagem pertenceao domínio individual, porque é propriedade

GLOSSÁRIO

Hindu: natural ou ha-bitante da Índia. Veda:conjunto de textossagrados da tradiçãoreligiosa e filosófica daÍndia. a.C: antes de Cristo.Línguas naturais(Inglês, Português,Russo, Italiano, Chi-nês, etc.): são sistemasde signos linguísticos.Os signos linguísti-cos são os elementosde significação(significante esignificado) nos quaisse baseiam as línguas.Para você entender

melhor os conceitosde significante esignificado, acompanheesta exemplificação:O significante é osuporte para a ideia,é a sequência de sonsque se combinam naspalavras: flor, fleur, fiori,flower, kukka (em Portu-guês, Francês, Italiano,Inglês e Finlandês,respectivamente), esignificado é a ideia, oconteúdo. Observe que,

em todas as línguas doexemplo, o significadoé o mesmo: “flor”, parteda planta.

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UAB/Unimontes - 1º Período

inata ao ser humano, e social, porque só exis-te em sociedade. Sendo assim, a linguagemé compreendida como expressão do pensa-mento e veículo de comunicação social e podereferir-se à linguagem dos animais, à música,à dança, à pintura, à mímica, etc., assinalando

que cada uma dessas linguagens tem suas es-pecificidades de manifestação.

O linguista Ferdinand de Saussure, consi-derado o pai da linguística moderna, separa alinguagem em língua e fala. Conforme Petter(2005), a língua, para Saussure, é “um sistemade signos” – um conjunto de unidades que serelacionam dentro de um todo e é a parte so-cial da linguagem, exterior ao indivíduo; nãopode ser modificada pelo falante e obedeceàs leis do contrato social estabelecido pelosmembros da comunidade. A fala é um ato in-dividual; resulta das combinações feitas pelosujeito falante utilizando o código da língua;expressa-se pelos atos de fonação necessáriosà produção dessas combinações.

Analisando o conceito de Saussure, con-cluímos que a língua é ampla, coletiva e estáà disposição de todos os falantes da comu-nidade. A língua obedece a padrões criadospela própria comunidade, logo, um falantenão pode modificá-la. Ela serve a toda a comu-nidade e não a um membro isolado. É a partesocial da linguagem.

Ainda segundo Petter (2005), a fala, ao

contrário, é individual, representa o uso parti-cular que se faz da língua. O falante tem a li-berdade de buscar na língua os recursos queela oferece e combinar esses recursos, con-forme suas necessidades e intenções. Por issoque a fala é individual e tem caráter dinâmico,e a língua é coletiva e tem caráter mais fixo.

Petter (2005, p. 15) argumenta, ainda, que“[...] convém enfatizar que a Linguística detém--se somente na investigação científica da lin-guagem verbal humana”. Assim, a linguísticatem como objeto de estudo a linguagem ver-

bal em uso, ou seja, para o linguista interessadescrever e explicar os fatos de linguagemsem estabelecer juízo de valor do uso. A pers-pectiva de estudo da gramática tradicional écontrária à do linguista, pois a gramática temcomo finalidade ditar normas e prescrever os

fatos de linguagem.A gramática, conforme Petter (2005), não

reconhece a diferença entre fala e escrita econsidera a escrita como modelo de correçãopara a língua falada. A posição da gramáticaé normativa ao dizer o que é a língua e comodeve ser, isto é, a gramática dita regras para ouso considerado correto da língua.

Como falantes de uma língua, sabemosque a língua escrita não é modelo para a lín-gua falada, pois a diferença entre essas duasmodalidades da linguagem se deve à sua or-ganização e ao uso social. Para o linguista, nãohá uso melhor ou pior, rico ou pobre, visto queseu objetivo é descrever e não prescrever. Deacordo com a linguística, as línguas naturaissão simplesmente diferentes e, desde queatendam às necessidades de comunicação en-tre seus falantes, já estão exercendo sua fun-ção: “comunicar”. Os estudos sobre as línguasconcluem que todas elas possuem um sistemade comunicação estruturado, complexo e mui-to desenvolvido.

Outros estudos sobre a linguagem a con-sideram também como atividade, como ação

que tem objetivo socialmente definido: o deestabelecer vínculos e compromissos ante-riormente inexistentes. A linguagem é respon-sável pela interação entre os indivíduos, esta-belecendo pactos interindividuais e exigindorespostas em forma de reações e comporta-mentos dos falantes.

Estudar, então, a língua é buscar detec-tar os compromissos que se criam através dafala (ato individual) e buscar preencher ascondições exigidas por uma situação de co-municação.

Figura 1: A língua seconcretiza pela fala.

Fonte: Fonte: Disponívelem: http://educacao.uol.

com.br/album/tiras_re-forma_album.htm, acesso

em 31 mai. 2013.

PARA SABER MAIS

O homem é um “animalpolítico”. Assim afirma

Aristóteles na sua obraPolítica, distinguin-do o homem (único

dotado de linguagem)dos outros animais(que possuem voz).

Com a voz (“phone”),os animais exprimem

dor e prazer; mas, com

a palavra (“logos”), ohomem exprime o bome o mau, o justo e o

injusto. Ser um “animalpolítico” significa, pois,

compartilhar valorescom outros indivíduos,

o que torna possívela vida social, cívica epolítica dos homens.Exerça sua cidadaniaatravés, também, do

uso da linguagem.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

1.2.1 Importância da comunicação humana

Como você sabe, na sociedade em quevivemos é de fundamental importância quesaibamos comunicar de maneira clara e efi-

ciente. Comunicação, pensamento e a própriavida são fatores que se complementam e atése misturam, já que estamos a todo tempo noscomunicando, ora através da fala, ora da escri-ta, de um gesto, de expressões faciais, sorrisos,da leitura de um texto, de um documento, derevistas e jornais, etc.

É preciso ter em mente que só atravésde uma comunicação clara, segura e objetivaé que podemos nos aprofundar nos níveis deconhecimento pessoal, tecnológico e social.

A comunicação é o centro de todas as ati-vidades humanas. Com certeza nada acontecesem que haja prévia comunicação. Comunicarbem não é só transmitir ou receber bem umainformação. Comunicação é uma troca de co-nhecimentos e de entendimento e ninguémentende ninguém sem considerar além daspalavras, sem considerar também as emoções,o contexto e a situação em que se tenta trocarconhecimentos, ideias ou qualquer outra men-sagem, seja ela verbal (que utiliza palavras) ounão verbal (que ocorre através de gestos, co-res, imagens, etc.).

Infante (2005, p. 25) argumenta que “na

origem de toda a atividade comunicativa doser humano está a linguagem, que é a capaci-dade de se comunicar através de um código”.Entre esses códigos comunicativos, o maisutilizado pelos homens é a língua, que é “umsistema de signos convencionais usados pelosmembros de uma comunidade” (2005, p. 25).Em síntese: um grupo social combina entre sie utiliza um conjunto organizado de elemen-tos representativos – os signos linguísticos.Esses símbolos são diferentes de um idiomapara outro e foram escolhidos por acaso, va-

riando de acordo com cada cultura. O homeminventou a linguagem para exprimir seus sen-timentos, suas intenções e vontades, fazendocom que as pessoas interajam e convivam emsociedade.

Mas, afinal, o que é comunicar? SegundoMartins e Zilberknop (2009), é impossível parao homem moderno viver sem se comunicar. Acomunicação é uma “força de extraordináriavitalidade na observação das relações huma-nas e no comportamento individual [...]. Prova-do está que a comunicação é um processo so-cial e, sem ela, a sociedade não existiria” (2009,

p. 23). Sendo assim, a comunicação entre osseres humanos é um processo indispensável àsobrevivência do homem na sociedade.

A comunicação, ainda de acordo comMartins e Zilberknop (2009), se estabeleceatravés de diversos recursos, como a palavra,

os gestos, os movimentos, os símbolos, o si-lêncio, etc. No entanto, apesar de todos essesrecursos, certamente a palavra é o instrumen-to que tem sido preferido pelo ser humanopara expressar seu pensamento, interagir como outro e se fazer compreender.

Se você pensar um pouco, vai perceberque comunicar é estabelecer uma relação comalguma coisa ou alguém, transmitindo sinaisatravés de um código que pode ser convencio-nado (linguagem humana) ou natural (sinaisfisiológicos: dor, febre, etc.).

A comunicação deve acontecer de ma-neira lógica, clara e coerente, pois ela é a basedas relações entre os homens que, a partir eatravés dela, se tornam agentes, influenciam omeio em que vivem e afetam as pessoas queestão à sua volta, o seu ambiente físico e a simesmos, produzindo reações.

Para que uma mensagem seja transmiti-da com sucesso, é preciso que o falante estejaatento a fatores como habilidade comunicati-va, atitude, nível de conhecimento do ouvin-te e as posições ocupadas dentro do sistemasociocultural. Assim, ele deverá produzir uma

mensagem adequada ao contexto, ao gru-po social do receptor e ao momento em queocorre a comunicação. Para uma mensagemque chame a atenção do receptor, o falantedeverá utilizar signos que sejam do seu co-nhecimento e também do conhecimento doreceptor que ficará interessado na informação.

◄ Figura 2: O buracobranco no tempo

Disponível em: http://filmesparacuidardo-ser.blogspot.com.br/2011/06/o-buraco-

-branco-no-tempo.html,acesso em 15 mai. 2013.

DICA

Para ampliar seusconhecimentos sobreesse assunto, assistaao videodocumentário“O buraco branco notempo”, uma produçãode Peter Russel, combase em uma obraromântica. Duração: 27minutos. Após assistirao videodocumentário,elabore uma síntesee, logo após, escrevaa relação do video-documentário com oconteúdo estudado.O autor tece sua com-binação característicade física, psicologia efilosofia para desenharum novo quadro dahumanidade e dos

tempos que estamosatravessando. Nofilme ele explora ospadrões evolucionáriosque estão detrás denosso desenvolvimentoem contínua aceleraçãoe pergunta: “por que éque uma espécie queé de tantas formasmuito inteligente podetambém se comportarde maneiras que sãoaparentemente tãoinsanas?” Utilizandocentenas de imagensque cobrem a extensãoda criação, esta bela ecomovente produçãoaudiovisual mostra quea crise global que agoraenfrentamos é, nasua raiz, uma crise deconsciência. A próximagrande fronteira não é,na sua raiz, uma crisede consciência. A pró-xima grande fronteiranão é o espaço exterior,senão o espaço interior.Nós poderíamos,ele conclui, estar noumbral de um momen-

to para o qual a vidatem sido construídaao longo de bilhõesde anos - um clímaxevolucionário muitomais profundo do quea maioria de nós sequerousou imaginar.

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UAB/Unimontes - 1º Período

1.3 O processo de comunicaçãoSegundo Martins e Zilberknop (2009, p. 15), “O ser humano tem necessidade imperiosa de

expressar seus sentimentos ou ideias.” Sendo assim, o Processo de comunicação consiste em um

emissor (a pessoa que fala, o codificador) emitir uma mensagem (informação ou sinal) ao recep-tor (a pessoa que ouve ou decodificador), através de um canal (instrumento ou meio). O receptorinterpretará a mensagem e, a partir daí, dará a resposta que demonstrará se as informações fo-ram captadas (feedback), completando o processo de comunicação.

Ainda de acordo com Martins e Zilberknop (2009, p. 15), “comunicar envolve uma dinâmicaque não pode dispensar as unidades que englobam o processo e que, dissociadas, constituem oselementos mais importantes da comunicação”. Toda vez que se estabelece uma interação entreas pessoas ocorre uma situação comunicativa. Todo o ato de comunicação verbal envolve sem-pre seis componentes básicos, descritos nos anos 1960, pelo formalista russo Roman Jakobson.No esquema abaixo, observe esses componentes, conhecidos como elementos da comunicação(código, mensagem, referente, emissor, receptor e canal).

• CÓDIGO: pode ser definido como qualquer conjunto de símbolos usados na transmissão erecepção de uma mensagem de maneira a ter significação para alguém, como as palavrasde um idioma (língua).

• MENSAGEM: expressão de ideias (conteúdo transmitido por um emissor) através de umaforma determinada (tratamento) pelo emprego de um código.

• REFERENTE:  é o contexto em que estão insertos o emissor e o receptor. É também oconjunto de atitudes e reações dos sujeitos envolvidos no processo de comunicação.

• EMISSOR ou EMITENTE: quem transmite uma ideia, emite; quem transforma a mensagemem código (uma pessoa, uma empresa, uma emissora de televisão, estação de rádio, etc.).

• RECEPTOR, RECEBEDOR ou DESTINATÁRIO: pessoa que recebe, decodifica a mensagem(um indivíduo ou um grupo).

• CANAL: é o meio através do qual fazemos uma mensagem chegar a outra pessoa, uma es-pécie de “veículo da mensagem”, como as ondas sonoras, na linguagem oral (fala), ou umbilhete, na linguagem escrita, por exemplo.É muito importante escolher o canal capaz de transmitir sua mensagem com maior qualida-

de e há elementos que podem impedir a eficiência comunicativa como nos advertem Martins eZilberknop (2009):

• RUÍDO: interferência indesejada na transmissão de uma mensagem (na fala pode ser umbarulho e na escrita, um rabisco ou uma letra ilegível, por exemplo).

• AMBIGUIDADE: refere-se à desorganização da mensagem (período fragmentado, ordem in-versa, inadequação vocabular, etc.).

• REDUNDÂNCIA: consiste na repetição desnecessária de palavras ou termos.

Em síntese: Em uma sala de aula (referente), se o professor (emissor) expõe oralmente(canal) um assunto (mensagem), e o aluno (receptor) ouve com atenção, ele consegue dar res-posta (feedback) ao ser questionado. Mas, quando há barulho, por exemplo, conversa paralela(ruído), a compreensão fica comprometida.

GLOSSÁRIO

Léxico: conjunto devocábulos que formam

uma língua (vocabu-lário).

Sintaxe: estudo da

combinação lógica daspalavras em uma frase.

Figura 3: Elementos daComunicação

Fonte: Disponível em:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/

teoria-da-comunicacao--emissor-mensagem-e-

-receptor.htm, acesso em15 mai. 2013

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

Ao decodificar uma mensagem, você a está percebendo como um estímulo. Ao codificaruma nova mensagem, você está dando uma resposta ao estímulo, mostrando como ele foi per-cebido e interpretado por você. A comunicação compreende, na maioria das vezes, uma açãoe uma reação, pois a ação do emissor afeta a reação do receptor e a reação do receptor afeta asubsequente reação do emissor, tornando o processo circular. Às vezes, quando são utilizadosdois canais simultâneos, a qualidade da mensagem aumenta (ver e ouvir, por exemplo, é melhor

do que só ver ou só ouvir), mas, se o falante não souber utilizar bem esses canais, ele pode pre- judicar o sucesso da sua comunicação. Se um conferencista apresenta um trabalho usando umdata-show, por exemplo, e não consegue combinar sua fala com as transparências apresentadas,ele pode tornar mais difícil a compreensão do conteúdo pelos expectadores.

Sempre que comunicamos algo, pensamos no nosso receptor, em quem queremos atingircom o que dizemos, assim, tanto o emissor cria expectativas sobre o receptor quanto o receptorem relação ao emissor.

Quando duas pessoas interagem, põem-se no lugar uma da outra, procurando perceber omundo como a outra o percebe, tentando predizer a resposta da outra e esse processo possibili-ta o ideal da comunicação que é a interação humana.

1.4 Funções da linguagemAgora que você já trabalhou os Processos Comunicativos e já conhece as noções da Teoria

da Comunicação, vamos fazer algumas considerações sobre as Funções da Linguagem. Leia a se-guinte tira humorística:

A tira exemplifica uma situação de comunicação. Numa situação de comunicação há, pelomenos, duas pessoas interagindo por meio da linguagem: quem fala (locutor ou emissor) e aque-le com quem se fala (interlocutor ou receptor).

Tradicionalmente, o processo de comunicação verbal está baseado em seis elementos: oemissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o referente.

Tomando a tira como exemplo, vamos rever esses elementos:

• O emissor (locutor, remetente) é Helga, a esposa de Hagar.• O receptor (interlocutor, destinatário) é Hagar.• A mensagem é representada pelas falas de Helga; trata-se do aviso de que os construtores

do telhado acabaram de chegar.• O código é a língua portuguesa (linguagem verbal) usada por Helga e Hagar.• O canal (contato) é o som produzido pelo código (língua oral).• O referente (contexto) é a situação ou contexto em que Helga e Hagar estão e é também o

assunto da mensagem, isto é, o conjunto de atitudes e reações do emissor e do receptor. Re-pare que a casa está sem telhado e que o casal está esperando há algum tempo a chegadados construtores. O humor consiste justamente no fato de que Hagar está sentado em umacadeira com água por todo lado.Toda mensagem tem uma finalidade, uma intenção predominante que orienta sua produ-

ção. A mensagem pode ter a finalidade de informar, persuadir, provocar humor, emocionar, etc.Podemos sintetizar que, na comunicação, sempre há uma intenção e, assim, podemos consideraralgumas funções da linguagem a partir dessas finalidades, de acordo com os estudos de Jakob-son (1977).

Veja, abaixo, a classificação das funções da linguagem predominante nos textos. Essas fun-ções são: expressiva, conativa, referencial, fática, metalinguística e poética.

PARA SABER MAIS

Leia outros textos sobrecomunicação e reflitasobre a importânciadeste aspecto para avida humana. Pense no

estreito laço que liga acomunicação à culturae anote suas conclu-sões.

ATIVIDADE

Preste muita atençãoaos comerciais transmi-tidos pelo rádio e pelatelevisão e verifique seeles atendem às condi-ções apresentadas notexto que você acaboude ler. Eles chamam aatenção do receptor?Usam uma linguagemadequada? Estão deacordo com o canalonde são veiculados?Levam em consideraçãoo momento e a situaçãoem que o receptor estáinserto?

Figura 4: Tira

humorísticaFonte: Disponível emhttp://www.humorepia-das.com.br/tag/hagar-e--helga/, acesso em 31 mai.2013.

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UAB/Unimontes - 1º Período

1.4.1 Função expressiva (ou emotiva)

De acordo Martins e Zilberknop (2009), a função expressiva ou emotiva está centrada noemissor (remetente ou locutor) e expressa sua atitude, sua emoção, seu estado de espírito emrelação ao que fala. Exemplificando:

RetratoEu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro,Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,Tão paradas e frias e mortas;Eu não tinha este coraçãoQue nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,Tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida a minha face?

(Cecília Meireles, 1982)

Observe que o poema está centrado na expressão dos sentimentos, emoções e estado dealma do “eu lírico”. É um texto subjetivo, pessoal. Nele aparecem pronomes de primeira pessoa:“Eu não tinha”... “minha face?”

É comum, também, na função emotiva, a presença de interjeições e pontuação marcada porexclamações e reticências.

1.4.2 Função conativa (apelativa)

DICA

Para reforçar seuconhecimento sobre asfunções da linguagem,

acesse: www.portras-dasletras.com.br. Logo

após, elabore umasíntese do que você

aprendeu.

PARA SABER MAIS

O estudo das funçõesda linguagem é muito

importante para per-cebermos as diferen-ças e as semelhanças

entre os vários tipos demensagem. Analisar

como essas funções seorganizam nos textos

alheios, permite-nosperceber as finalidadesque orientam a elabo-

ração desses textos.Aplicando o conheci-mento de funções da

linguagem nos textosque produzimos, pode-

remos planejar o queescrevemos e fortalecera eficácia e a expressivi-

dade das mensagens.

Figura 5: Exemplo defunção conativa

Fonte: Disponível emhttp://vacademica.wor-

dpress.com/2013/02/12/economia-comportamen-

tal-2-quando-carros-sao-

-iguais-a-cigarros/, acessoem 31 mai. 2013.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

A função conativa é aquela que está centrada no destinatário. Também chamada apela-tiva, essa função estimula o receptor a tomar uma atitude, tentando persuadi-lo, tentando in-fluenciar seu comportamento.

Observe a presença da função conativa neste folheto:Você observou que a intenção principal é estimular o receptor a utilizar um serviço dife-

renciado de lavagem de carro? Para isso, o texto da propaganda emprega o verbo no imperati-

vo “Aguarde!”, que faz um apelo direto ao destinatário. Além disso, a mensagem tenta sensibili-zá-lo quanto à questão do uso racional da água. Isso sinaliza que, se o receptor for uma pessoacom consciência social, ele buscará o serviço oferecido.

1.4.3 Função referencial (denotativa)

Classificamos de referencial a função que tem por objetivo transmitir informações. Ela étambém chamada denotativa, está centrada no contexto. A mensagem apresenta linguagem cla-ra, direta, procurando traduzir a realidade objetivamente.

O MUNDO SEM PETRÓLEO

Em breve, os seres humanos terão de aprender a viver sem o petróleo. Não porqueele vá acabar no futuro próximo – os especialistas garantem que as reservas mundiaissão mais do que suficientes para satisfazer as necessidades do planeta por até 75 anos.Mas porque continuar usando o combustível que move a economia mundial com essa vo-racidade faz mal à saúde da Terra. [...]

Almanaque – Superinteressante.São Paulo: Abril, 2003.

Ao ler a reportagem, você percebe claramente seu objetivo: informar aos leitores do “Alma-naque Superinteressante” sobre o motivo de o mundo precisar viver sem o petróleo. A lingua-gem aponta para um significado único, não dando margem à dupla interpretação.

A função referencial aparece em seus livros de estudos, livros técnicos e científicos, bulas deremédios, manuais de instruções, etc.

1.4.4 Função fática

A função fática encontra-se centrada no contato (canal) e nela predomina o cuidado de es-tabelecer ou de manter a comunicação, isto é, manter o contato entre o emissor e o receptor.

Nas conversas telefônicas, o tradicional “alô”, os cumprimentos habituais são maneiras de

iniciar o contato com o recebedor. As frases- feitas, os clichês de abertura de diálogos: “Olá, comovai?”, “Oi, tudo bem?”, têm também a finalidade de estabelecer contato.

A função fática está representada por palavras, frases, ou expressões que denotam a neces-sidade ou o desejo de iniciar, manter ou cortar a comunicação. Exemplificando:

Bom dia!Oi, tudo bem?Huin... Hum...

Alô, quem fala?Hã, o quê?

A função fática está bastante evidente nas falas acima. Essas falas não têm necessariamenteum conteúdo informativo preciso, apenas pretendem criar condições para uma interação verbal.Observe a tirinha abaixo:

◄ Figura 6: Exemplo defunção referencial

Fonte: Disponível em:http://duvidasredacao.blogspot.com.br/2009/10/funcao-referencial-ou--denotativa.html, acessoem 2 jun. 2013.

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UAB/Unimontes - 1º Período

A expressão “né”, usada por Hagar, foi empregada apenas para manter a conexão entre o ca-sal. Temos, então, um exemplo de função fática.

1.4.5 Função metalinguística

A função metalinguística está centrada no próprio código, isto é, centrada na língua. O emis-sor usa a língua (código) para dar alguma explicação, fazer ressalvas, apresentar uma definição,um conceito, etc.

No fragmento a seguir, intitulado “Bisbilhotice”, de Luís Fernando Veríssimo, o autor define,primeiramente, a palavra “bisbilhotar” para, depois, introduzir o tema propriamente dito: discus-são sobre o uso de grampos em telefones de magistrados e políticos brasileiros. Observe a fun-ção metalinguística no primeiro parágrafo do artigo.

Bisbilhotice

“Bisbilhotar” vem, se não me falha o etimológico, do italiano “bisbigliare”, que não é bis-bilhotar no nosso sentido, mas quase o seu oposto. Os sinônimos de “bisbigliare” no meu di-

cionário italiano são “mormorare”, “sussurrare”, “dire sottovoce”. Ou seja, o que se faz para evitara bisbilhotice dos outros. Um bisbilhoteiro brasileiro e um “bisbigliatore” italiano, conforme odicionário, não teriam diálogo, um tentando desesperadamente ouvir o que o outro murmuraou sussurra.

O que aproximaria os dois seria o fato de que é tão difícil encontrar um italiano falan-do baixo quanto um brasileiro. O sottovoce não pegou em nenhum dos dois povos. E o quesempre agrava as crises brasileiras – como essa dos grampos, ou da bisbilhotice banalizada eoficializada – é que ninguém, do presidente ao gari, passando por ministros e comentaristas,se segura na hora de dizer bobagens. Se ao menos as dissessem sottovoce, o dano seria me-nor. [...]

(Fonte: Veríssimo. Hoje em Dia. 7 set. 2008. p.8 – PLURAL)

Os dicionários são obras de caráter metalinguístico, neles usa-se a língua (código linguístico)para definir a própria língua.

1.4.6 Função poética

A função poética enfatiza a mensagem. Se, ao ler um texto, você perceber que o objetivo damensagem é mostrar um trabalho de elaboração da linguagem, então você está diante da fun-ção poética.

Anúncios publicitários (e políticos) recorrem frequentemente à função poética da lingua-gem. Neles é comum um trabalho com o signo linguístico (rimas, jogo de palavras, neologismos,

aliterações, assonâncias) com o objetivo de provocar algum efeito de sentido no receptor.A função poética não abrange somente a poesia, embora, na poesia, a função poética sejapredominante e, em outras formas de expressão linguística, ela seja acessória.

Veja os exemplos de função poética no texto a seguir:

Figura 7: Função fática

Fonte: Disponível em:http://helgacomh.blo-

gspot.com.br/2009/04/hagar-o-horrivel-e-helga--e-claro.html, acesso em 3

 jun. 2013.

GLOSSÁRIO

Aliteração: repetiçãoda mesma consoanteno interior de um ou

mais versos.

“Quem com ferro fere,com ferro será ferido.”(provérbio).

Assonância: repetiçãoda mesma vogal no

interior de um ou maisversos.

Nos versos abaixo, háassonância das vogais a

e o nasais.“E bamboleando em

ronda dançam bandostontos e bambos de

pirilampos”. (Versos deGuilherme de

Almeida)

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

O meu tempo e o teu, amada,Transcendem qualquer medida.

Além do amor, não há nada,Amar é o sumo da vida.

(Fonte: In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende amando. São Paulo: Record, 1990).

A função poética não ocorre somente na poesia. Ela também pode ser encontrada em pro-vérbios, textos em prosa, ditados, anúncios publicitários, etc. Observe a propaganda do medica-mento Doril, que além do texto construído em rima, apresenta todo um trabalho com o tamanhoe diferença das letras.

No texto da propaganda, percebe-se o jogo de palavras entre “doril” e “sumiu” para referir--se à eficiência do no produto anunciado (medicamento para dor). Houve, portanto, um trabalhointencional de linguagem.

1.5 Variações linguísticasApós o estudo dos conceitos de língua, linguagem, fala, gramática e das funções da lingua-

gem, será mais fácil e proveitoso trabalhar com as variações linguísticas, pois são conteúdos inti-mamente relacionados.

A língua é um valioso instrumento de ação social e seu uso, conforme seja adequado ounão, pode facilitar ou comprometer nosso relacionamento com as demais pessoas.

Além disso, o uso individual da língua apresenta valores que vão além de nossa intenção detransmitir informações, ideias e pontos de vista.

A escolha que fazemos das palavras, certas expressões que empregamos, nossas preferên-cias por determinadas construções frasais têm o poder de revelar, de “denunciar” quem realmen-te somos, quais são nossas crenças, em que região do país nascemos, que nível social e de estu-dos possuímos, qual é nossa profissão, entre muitos outros aspectos.

Isso ocorre porque a língua é um sistema dinâmico, extremamente flexível, que se modelacom naturalidade a diversos fatores que envolvem o falante, como religião, classe social, regiãogeográfica, sexo, idade e a própria evolução histórica da língua e, ainda, o grau de formalidade/informalidade do contexto em que se dá a situação de fala ou escrita.

◄ Figura 8: Exemplo defunção poética

Fonte: Disponívelem: http://redacao-nocafe.wordpress.

com/2012/02/09/funcao--poetica-a-beleza-do--texto/, acesso em 2 jun.2013.

DICA

O Filme “Nell”, doDiretor Michael Apted,é muito interessantepara você analisaro importante papeldesempenhado pelalinguagem na comuni-cação humana. Nell éo nome da jovem queé encontrada em umacasa na floresta, ondevivia com sua mãe ere-mita. O médico que aencontra, após a morteda mãe, constata queela se expressa em umdialeto próprio, eviden-ciando que até aquelemomento ela não haviatido contado com ou-tras pessoas. Intrigadocom a descoberta e aomesmo tempo encan-tado com a inocênciae a pureza da moça,ele tenta ajudá-la a seintegrar na sociedade.Assista ao filme e tenterelacioná-lo aos con-ceitos estudados sobre“Processos Comuni-cativos” e “Funções daLinguagem”.

Figura 9: Filme Nell

Fonte: Disponível em:http://www.kinocinema.net/nell.html, acesso em15mai. 2013.

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UAB/Unimontes - 1º Período

Marcos Bagno é professor de linguística da Universidade de Brasília (UnB), é umpesquisador que se dedica a criticar a ideia, senso-comum, de que o brasileiro fala eescreve mal o próprio idioma. Essa visão atinge principalmente as camadas pobres dasociedade, por estarem distanciadas do padrão ensinado na escola. O preconceito lin-guístico, porém, revela um outro preconceito: o social. “A língua, a maneira de falar, éapenas uma desculpa que as outras pessoas usam para discriminar, para excluir”, afirmaBagno. Mineiro de Cataguases, ele é autor de vários livros que desfazem mitos em tor-no do português falado e escrito no Brasil, como A Língua de Eulália (1997), Preconcei-to linguístico – o que é, como se faz (1999), Português ou Brasileiro? (2002) e A normaoculta (2003).

Nosso contato diário com outros falantes em ambientes diversos – rua, clube, escola, tra-balho, restaurante, etc. – confirma que não há uniformidade no uso da língua. As pessoas seexpressam de maneiras diferentes e isso é perfeitamente natural no interior de uma mesmalíngua, como é o caso da Língua Portuguesa.

Essas diferenças podem se manifestar em relação ao vocabulário, à pronúncia, à morfologiae à sintaxe. Elas aparecem fortemente ligadas ao falante e são justificadas por motivos culturais,sociais, históricos, religiosos, geográficos e outros.

A essas diferenças no uso da língua dá-se o nome de variações ou variantes linguísticas.Antes de prosseguirmos no estudo das variações linguísticas, é bom que se esclareça que

não há uma “variedade” melhor ou pior, certa ou errada, elegante ou feia, de prestígio ou semprestígio. Essas diferenças linguísticas são como um distintivo dos indivíduos e grupos sociaise, por isso, elas são constituintes de sua identidade. Ora, eleger uma variedade linguística comomelhor significa desprezar as outras. Ao agirmos assim, expressamos um juízo de valor (nessecaso, inaceitável) e prejulgamos os falantes usando essas diferenças linguísticas naturais comopretexto para a discriminação social dos indivíduos.

Portanto, todas as variações linguísticas são perfeitamente adequadas à realidade do gruposocial e do contexto em que surgiram, desde que permitam a interação verbal entre os indivídu-os, isto é, desde que permitam aos indivíduos expressarem suas necessidades comunicativas ecognitivas.

1.5.1 Tipos de variações linguísticas

As variações linguísticas ocorrem devido a fatores geográficos (diatópicos), socioculturais(diastráticos), históricos ou de época (diacrônicos) e contextuais (diafásicos).

a. Variação geográfica

A variante linguística mais evidente no Brasil é a geográfica. Essa variante se caracteriza,principalmente, pelo acento linguístico (altura, timbre, intensidade do som), isto é, pela maneirade pronunciar as palavras. Os habitantes de cada região apresentam “melodias” frasais diferentes,

desenvolvem formas de realização linguística que lhes são próprias e os distinguem dos falantesde outras regiões.

Ao conjunto de características comuns da pronúncia de cada região denomina-se “sota-que”: sotaque mineiro, sotaque goiano, sotaque nordestino, etc. ou “dialeto” regional: dialetomineiro, dialeto nordestino, etc.

Alguns aspectos fonéticos regionais bastante conhecidos dos brasileiros são, por exemplo, apronúncia do “s” chiado do carioca; a abertura das vogais pelos nordestinos; a entoação particulardos gaúchos e o “r” bem marcado no interior de São Paulo. Exemplificando:

Figura 10: MarcosBagno

Fonte: Disponível emhttp://www.parabolae-

ditorial.com.br/website/index.php?option=com_virtuemart&page=shop.browse&manufacturer_

id=5&Itemid=105, acessoem 4 mai. 2013.

DICA

Os romances “O tempoe o Vento (de Érico Ve-

rissimo) e “Vidas Secas”(de Graciliano Ramos),

por exemplo, são obrasem que você encontra

vocabulário típico daregião geográfica em

que o enredo se situa.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

Cuitelinho

Cheguei na bera do portoOnde as onda se espaia.As garça dá meia volta, Senta na bera da praia.E o cuitelinho não gosta Que o botão de rosa caia.

Quando eu vim de minha terra,Despedi da parentaia.Eu entrei no Mato Grosso,Dei em terras paraguaia.Lá tinha revolução,Enfrentei fortes bataia.

A tua saudade cortaComo o aço de navaia.

O coração fica aflito,Bate uma, a outra faia.E os oio se enche d’águaQue até a vista se atrapaia.

 Fonte: In: BAGNO, Marcos. A língua de Eulália São Paulo: Contexto, 1997. p. 45-6.

A letra da música “Cuitelinho”, composta por Paulo Vanzolini, mostra uma variação regional,própria do espaço geográfico rural de alguns estados brasileiros.

Na letra da música há também a influência da variação sociocultural, percebida no empre-go de: “bera” por “beira”, “navaia” por “navalha”, “oio” por “olhos” (aspectos fonológicos) e “os oio seenche d’água por “os olhos se enchem d’água; “As garça dá...” por “As garças dão...” (aspecto mor-

fológico).Observe, ainda, que o compositor “brinca” com as rimas para efeito melódico.A variação geográfica ocorre, também, no vocabulário, em algumas estruturas frasais e nas

designações diferentes para o mesmo significado, que uma palavra pode adquirir de uma regiãopara outra.

Assim é que usamos “mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”; “pernilongo” ou “mosquito”, depen-dendo de nossa região de origem.

Em Montes Claros, Minas Gerais, por exemplo, o objeto escolar onde se guardam lápis, borra-cha e canetas chama-se “estojo”, no Paraná é “penal” (de pena + al) estojo para guardar penas, lápis,etc. Embora a palavra “penal” conste do dicionário como um regionalismo de Minas Gerais, ela nãoé usada entre os mineiros.

E as variações geográficas se concretizam nas expressões típicas dos nordestinos: “OXENTE,

BICHINHO (indicando admiração); VISSE? (ouviste), CABRA MACHO DA MULESTA (indivíduo cora- joso, valentão); no “BAH, TCHÊ” dos gaúchos ou no uso frequente do diminutivo pelos mineiros:“COITADINHO, TADINHO” (coitado) ou mesmo na redução desses diminutivos: “TADIN” (coitadi-nho), “BONZIN” (bonzinho), etc. Exemplificando:

Figura 11: Cuitelinho

GLOSSÁRIOMorfologia: Estudo dosigno linguístico redu-zido à sua expressãomais simples (morfe-ma) e a combinaçãoentre esses morfemasformando unidadesmaiores como a palavrae o sintagma.Cuitelinho: Diminutivode cuitelo. Nome popu-lar dos beija-flores.

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UAB/Unimontes - 1º Período

O Analista de Bagé

Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, pos-suem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vêm de Bagé, as-sim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta.

Estas histórias do psicanalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprioanalista de Bagé, história apócrifa é mentira bem educada), mas, pensando bem, ele não po-deria vir de outro lugar.

Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um pelego. Ele re-cebe os pacientes de bombacha e pé no chão.

- Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.- O senhor quer que eu deite logo no divã?- Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vi-

vente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.- Certo, certo. Eu...- Aceita um mate?- Um quê? Ah, não. Obrigado.- Pos desembucha.

- Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano?- Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope.- Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a minha mãe.- Outro.- Outro?- Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em moleque.- E o senhor acha...- Eu acho uma pôca vergonha.- Mas...- Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!

(Fonte: Texto extraído do livro “O gigolô das palavras”, L&PM Editores – Porto Alegre, 1982, pág. 78)

Apresentamos-lhe um texto de Luís Fernando Veríssimo, escritor gaúcho, como exemplo devariação geográfica. Observe o emprego de palavras e expressões peculiares aos falantes gaú-chos nos diálogos encenados pelo analista e seu paciente.

b. Variação sociocultural

As condições sociais influenciam decisivamente o modo de falar dos indivíduos. A idade, aexperiência de vida do falante, seu grau de maturidade condicionam sua atuação linguística.

A variação sociocultural corresponde, principalmente, a diferenças que se percebem nafonologia (“muié” por “mulher”, “lâmpida” por “lâmpada”, “frecha” por “flecha”, “isquentá” por “es-quentar”) e na morfologia (“nós vamu”, por “nós vamos, “as pessoa” por “as pessoas”). Exemplifi-

cando: observe que, nos quadrinhos, os termos “firme” e “futebor” são empregados com sentidohumorístico. O autor se vale da linguagem popular, com bastante criatividade.

GLOSSÁRIO

Apócrifo: não autênti-co, falso, suposto.

 Bombacha: calçaslargas, apertadas acima

dos tornozelos por

meio de botões; vesti-menta típica do gaúcho

campeiro.Pelego: Pele de carnei-

ro com a lã.Abancar: tomar assen-

to à banca ou à mesa.Marca: cada um dos

passos ou evoluções deuma dança.

Charlar: tagarelar, falarà toa.

Pereba: pequena feri-da, sarna.

DICA

O filme “Carlota Joaqui-na, Princesa do Brasil”,

de Carla Camurati(1995), representa umaótima oportunidade de

se verificar as diferen-ças entre o modo de

falar de portugueses ebrasileiros. Assista ao

filme e faça uma tabela,

estabelecendo as dife-renças entre o linguajar

dos brasileiros e dosportugueses.

PARA SABER MAIS

Usou-se (pre)conceitospara salientar que, de

acordo com a sociolin-guística, todas as varia-

ções se correspondem,todas são adequadasàs mais diferentes si-

tuações sociais de queparticipamos. Seja qualfor a variante usada, elapossibilita que os mem-bros de uma sociedade

estabeleçam relaçõescomunicativas, afetivas

e humanas.

Figura 12: Variaçãosociocultural

Fonte: Disponível emhttp://colegiomundiala-teneutec.blogspot.com.

br/2013/02/1-em-nocoes--de-variacoes-linguisticas.htmlwww.portalimpacto.

com.br/09/, acesso em 31mai. 2013.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

As variedades faladas pelos indivíduos de classe social menos favorecida são denominadaspopulares, enquanto as variedades cultas associam-se às classes de maior prestígio e servem dereferência para a norma escrita.

Existe, no Brasil, uma tendência à discriminação da variante popular, geralmente fundamen-tada nos (pre)conceitos de que seus falantes não dominam a norma padrão, usam seus própriosrecursos para se comunicarem, cometem “erros” que viciam e empobrecem a língua

Outros fatores responsáveis pelas variantes socioculturais são: a idade do falante, a classesocial a que pertence, a raça, a religião, a profissão.

Variações linguísticas referentes ao sexo também ocorrem no Português. É mais comum àsmulheres, por exemplo, o uso de diminutivos: “comidinha”, “nenenzinho”, “belezinha” e mais fre-quente que os homens usem aumentativos: “amigão”, “Fernandão”, “partidão” (referindo-se a umaboa partida de futebol).

Além desses exemplos, algumas palavras e expressões de nossa língua se destinam exclusi-vamente ao uso pelas mulheres (“obrigada”, “grata”, “eu mesma”, “eu própria”) e outras, apenas aouso do sexo masculino (“obrigado”, “grato”, “eu mesmo”, “eu próprio”).

No Brasil, a variação sociocultural é bastante evidente. Quanto mais cultura o cidadão tiver,mais bem estruturadas serão suas frases, mais rico seu vocabulário, ao contrário do falar das pes-soas com pouco ou nenhum estudo. Um enfermeiro ou um técnico em enfermagem, por exem-plo, dominam um vocabulário específico de sua área e são capazes de sustentar um diálogo efi-ciente com os demais profissionais com quem convivem. A profissão condiciona o falante ao usode expressões típicas de sua área de atuação.

Profissionais da área médica, por exemplo, têm gírias específicas com as quais interagem,mesmo à vista do paciente leigo no assunto, sem que este compreenda de que trata.

Do vocabulário específico dos profissionais se formam as gírias, que facilitam a comunica-ção entre eles e os caracterizam. As gírias ligadas a profissões ou determinados grupos sociais(estudantes, capoeiristas, internautas) são denominadas “jargão”.

A idade é outro fator que influencia as diferenças socioculturais de adolescentes e idosos. Os jovens são, comumente, mais abertos a inovações linguísticas advindas do avanço tecnológico,enquanto os idosos se mostram mais reservados a isso, são mais conservadores das estruturas eusos já internalizados.

Todos os fatores mencionados comprovam que o uso da língua está subordinado ao nível

social e cultural das pessoas. Nossa fala é o produto de tudo aquilo que nos fez chegar ao quesomos hoje: o convívio com nossa família, com os amigos, os livros que lemos, os filmes a queassistimos, a religião que praticamos, nossas crenças e valores, enfim, é nossa experiência de vidaque determina nossas escolhas e essas escolhas nos dão identidade.

c. Variação histórica

Incluem-se, também, no âmbito das variações linguísticas, aquelas denominadas históricasou de época. São variações que ocorrem por um processo natural de desenvolvimento e enri-quecimento das línguas, ocasionado pelo avanço social, político, tecnológico, científico e culturaldas sociedades.

Assim é que algumas palavras “envelhecem”, entram em desuso, passam a figurar apenas nos

dicionários, porque aquilo que elas designavam também deixou de ser usado ou foi substituídopor algo mais eficiente. É o caso, por exemplo, da palavra “escarradeira”. Se ela já foi utensílio dedestaque na sala de visitas das famílias patriarcais (literalmente significando “cuspideira”, “vaso emque se escarra”), hoje essa palavra é inteiramente desconhecida das gerações mais jovens. Motivo?Desapareceram a casa grande e a senzala, logo, o hábito de se cuspir em vaso também desapare-ceu e, com ele, a palavra que o acompanhava.

Algumas palavras e expressões, às vezes, mudam seu significado e outras mais antigas, ain-da em uso, alteram sua grafia para acompanharem a evolução social.

Essa mesma evolução social é responsável, em contrapartida, por um incontável número depalavras e expressões novas que invadem nosso cotidiano, cada vez mais repleto de tecnologias.

As palavras em desuso são chamadas “arcaísmos” e as de criação recente são denominadas“neologismos”.

Muitos escritores brasileiros desfrutam de sua liberdade de uso da língua para criar neolo-gismos singulares que notabilizam seu estilo e enriquecem nossa literatura. Guimarães Rosa sedestaca nesse trabalho. Observe um fragmento de seu estilo literário em que ele apresenta al-guns neologismos.

PARA SABER MAIS

Para aprofundar seusconhecimentos sobre avariação sociocultural,sugerimos que vocêfaça a leitura do livro: ALíngua de Eulália – no-vela sociolinguística, deMarcos Bagno, editoraContexto, São Paulo. O

enredo leva o leitor aum passeio prazerosopela Sociolinguística –ciência ainda nova – elhe permite uma com-preensão mais amplado papel das variantessocioculturais.

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UAB/Unimontes - 1º Período

“Do demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em falso receio, desfalam nonome dele – dizem só: o Que-Diga. [...] Doideira. A fantasiação. E o respeito de dar a ele as-sim esses nomes de rebuço, é que é mesmo que ele forme forma, com as presenças.”

(Fonte: Do livro “Grande Sertão: Veredas”. João Guimarães Rosa. p. 26.)

Os textos que analisaremos a seguir ilustram a variação histórica.

Observe que as palavras “collyrio” e “Brazil” figuram nos dias atuais com a mesma acepção,mas com grafia diferente.

É importante ressaltar, ainda, que o espaço rural ou urbano é também responsável pordeterminadas características da língua. A região rural, por sua localização mais afastada doscentros urbanos, tende a manter certa regularidade no uso da língua e é menos afeita anovidades linguísticas.

A região urbana, ao contrário, tende a ser mais flexível a essas novidades, à criação de no-mes para designarem novas técnicas, aparelhos, remédios, doenças, veículos, etc. e as incorporacom maior facilidade.

Assim sendo, pode-se concluir que os falares urbanos são mais dinâmicos, pois refletem avelocidade das mudanças, os apelos e as exigências das grandes cidades.

d. Variações contextuais

Como o próprio termo indica, variações contextuais são decorren-tes do contexto, ou seja, da situação de comunicação. Elas nascem docomportamento linguístico do indivíduo. Ora, por experiência pessoal,sabemos que há ambientes e situações que permitem o uso de umalinguagem bastante informal (um diálogo afetivo com uma criança),outros que requerem um nível mais formal de linguagem (apresentar

um tema em um congresso científico).Um falante não utiliza a mesma variante em todas suas atividades

linguísticas. No ambiente familiar, por exemplo, em que as pessoas nãoestão preocupadas com uma comunicação dentro da norma padrão, ofalante usará uma linguagem mais descontraída; no ambiente de traba-lho, certamente utilizará uma linguagem mais técnica, específica de sua

profissão; em algum evento social de caráter cerimonioso utilizará uma linguagem mais formal,diferentemente do que faria se estivesse assistindo a uma partida de futebol de seu time.

O falante pode se permitir escolher a linguagem mais adequada à situação comunicativae, mesmo sendo extremamente escolarizado e culto, nada o impede de usar uma gíria numbate-papo com amigos. No entanto, em um ambiente extremamente formal, deve-se tomarcuidado com o emprego da linguagem. Observe a figura 14:

A figura humorística acima, que apresentamos para exemplificação, encena exatamente oque se acabou de afirmar nos parágrafos anteriores.Podemos perceber que o contexto apresentado é uma entrevista de emprego. O humor decor-

re da passagem inesperada da linguagem formal para a informal. Quando a candidata ao emprego

Figura 14: Redame(1934) e Colírio Moura

(2013)

Fonte: Disponível emhttp://blogs.estadao.

com.br/reclames-do-es-tadao/2011/05/26/cuide--dos-seus-olhos/, acesso

em 24 mai. 2013.

Figura 15: VariaçãoContextual

Fonte: Disponível em:http://imagensengraca-dasparafacebook.com/

falo-fluentemente-ingles--frances-espanhol-o-

-portugues-vareia/, acessoem 9 jun. 2013.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

fala das línguas que domina, ela usa perfeitamente a linguagem culta, mas, quando se refere ao por-tuguês, por não dominá-lo, ela acaba se equivocando no emprego do verbo em um momento emque deveria mostrar total conhecimento da língua materna.

1.6 Níveis de linguagemAté aqui, insistimos no fato de que não falamos sempre do mesmo jeito, de que podemos

nos valer de diversas variantes linguísticas, conforme a circunstância em que se dá a comunicação.Dessas possibilidades de uso da língua surgem, consequentemente, diferentes tipos de lin-

guagem, cada qual com suas especificidades. Essas variações de uso da língua por um mesmofalante recebem o nome de registros ou níveis de linguagem.

Estudiosos da sociolinguística consideram que são três os níveis de linguagem: nível culto,familiar e popular.

1.6.1 Nível culto (formal)Correspondente à linguagem cuidada, com observância às normas da língua padrão, utiliza-

do por falantes altamente escolarizados – intelectuais, diplomatas, cientistas, literatos. Emprega-do, principalmente, na forma escrita e em situações de maior formalidade. O vocabulário é am-plo, apurado, preciso, as construções mais elaboradas.

Exemplificando: o texto a seguir é parte da resposta de um profissional a alguém que pôsem dúvida a seriedade de seu trabalho. Apesar de ser um desabafo – desabafos geralmente sãoemocionais – o articulista mantém o tom da gravidade do assunto e usa a linguagem formal cujovocabulário é objetivo, amplo e as estruturas frasais mais complexas.

Fala quem pode

“[...] Todo o relato descrito pela senhora reclamante pode ser verificado diretamente ecom precisão na central de regulação. Todas as ligações telefônicas e transmissões do Samusão gravadas: podem-se verificar os horários, que tipo de informação o solicitante passou, sehouve um segundo telefonema, que tipo de ambulância compareceu, o momento exato desua chegada, o que foi falado no rádio, etc.

A acusação de omissão de socorro (artigo 135 do Código Penal, ‘deixar de prestar assis-tência...’) feita pela reclamante é séria e deveria ser oficialmente protocolada por ela. Apesardisso, ela se contradiz ao relatar que o paciente em questão chegou a ser atendido. A recla-mante desconhece que a ambulância enviada ao local é aquela que estiver mais próxima edisponível. Todas as unidades básicas (USB) dispõem de desfibrilador automático, equipa-mento essencial ao atendimento da parada cardiorrespiratória ocorrida nesse caso. [...]

A ‘burocracia’ citada por ela é extremamente simples (basta se identificar endereço daocorrência, situação da vítima e seguir orientações do médico), mas deve ser explanada como mínimo de clareza e educação pelo solicitante, sem agressões verbais à equipe do Samu,o que infelizmente ocorre frequentemente. Desconhece que todo este sistema organizado ehierarquizado é pioneiro no Brasil. O seu modelo e os protocolos seguidos por ele são adap-tados de países como a França e Estados Unidos. Esta estrutura possibilita que uma sala deemergência seja montada na Savassi ou em Ribeirão das Neves, na rua ou em domicílio, emcasa ou no 10º andar, dentro da favela ou na estrada e dentro do carro. [...]”

(Fonte: Jornal Estado de Minas, 4 de set. 2008. P. 2 Caderno Cultura. Texto fragmentado.)

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UAB/Unimontes - 1º Período

1.6.2 Nível familiar (comum)

Representa a linguagem que foge às formalidades e aos requintes gramaticais. Pode servirtanto à utilização oral como à escrita. Caracteriza-se por construções gramaticais mais simples,incluindo frases frequentemente curtas e coordenadas, repetições. É um registro intermediário

das categorias culta e popular. Caracteriza, geralmente, o falante medianamente escolarizado.Exemplificando:

Por onde passam, os brasileiros deixam marcas – para as boas e más línguas. Na Inglater-ra não deve ser diferente. Acredito até que, logo, logo, em vez do chá das cinco, a realeza vai éentrar no ritmo do pandeiro e do tamborim.

(Fonte: Estado de Minas, 5 de set. 2008, p. 36 – Texto fragmentado.)

1.6.3 Nível popular

Esse registro constitui uma variante informal de menor prestígio, se comparado ao registro fa-miliar. Representa um ato de fala mais descontraído, espontâneo, concreto e subjetivo. Distancia-sedas normas gramaticais, o vocabulário é restrito, aparecem redundâncias e gírias.

Caracteriza o falante com baixo ou nenhum grau de escolaridade. Nessa modalidade popu-lar, aparece também o registro vulgar em que se empregam termos chulos e obscenos. Exempli-ficando:

“Eu acho que a gente tem de colocar no poder quem ajuda a gente. Coloco meus filhos eos vizinhos pra ajudar também. Não tô passando fome por causa do benefício que ele me dá”,considera ela, que também afirma nunca ter visto rosto do ministro.

(Fonte: Caderno Distrito Federal. Hoje em Dia. 24 ago. 2008, p. 7 – Texto fragmentado.)

As discussões sobre as variações linguísticas que fizemos até aqui confirmam que diversosfatores envolvem o processo de comunicação, condicionando as escolhas linguísticas do falante.É essa mobilidade da língua que permite a seu usuário realizar com eficiência seus atos de fala eescrita.

Portanto, prezado aluno, você que inicia seus estudos das línguas e linguagens, lembre-se deque o conhecimento das variações linguísticas é, também, um conhecimento cientificamente fun-damentado nas relações humanas.

Compreender, realmente, as variações linguísticas, fato concreto em nosso Português, pos-sibilitará que você seja um falante mais cuidadoso, mais humano, capaz de compreender seu se-melhante e ser compreendido, exercitando sua consciência crítica e cidadã.

Assim sendo, ao usar a língua, ajustando-a às especificidades da situação de comunicação,você demonstrará bom-senso, maturidade intelectual e capacidade crítica nos processos de lei-tura e de produção de textos.

1.7 Linguagem oral e linguagemescrita

Nesta subunidade, vamos conversar sobre a distinção entre linguagem oral e linguagem

escrita.Temos alguns esclarecimentos a fazer, pois, geralmente, as pessoas não distinguem bem es-

sas duas modalidades principais da língua portuguesa.Já apresentamos, no item 1.6, os níveis de linguagem e vamos recorrer a eles, aqui, para

ATIVIDADE

Aproveite as oportuni-dades de situações de

fala em seu dia a diapara verificar a riquezade contrastes que cada

situação oferece. Façaum registro de palavras,

ou expressões, “estra-nhas” a seus ouvidos,

termos regionais, gírias, jargões profissionais e

tudo que você julgarinteressante do ponto

de vista linguístico.Escreva, após, um texto

empregando essaspalavras de modo bem

criativo.

ATIVIDADE

Preste atenção a situ-ações de interlocução

entre as pessoas nosambientes que você

frequenta. Você é capazde caracterizar um

falante desconhecidopela linguagem que eleusa? Habitue-se a fazer

essa análise e você verácomo é enriquecedor (e

também interessante)perceber o outro pelo

uso da língua.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

início de conversa. As modalidades oral e escrita do português não apresentam as formas, osrecursos expressivos ou a gramaticalidade idênticas. Independente da utilização de um mesmonível de linguagem para a comunicação oral ou escrita, cada comunicação apresentará suasespecificidades, suas características peculiares.

Então, vamos lá!Há, realmente, diferenças marcantes entre fala e escrita, pois cada modalidade está direta-

mente relacionada a um contexto sociocultural, a um propósito definido, a particularidades lin-guísticas do falante.

1.7.1 A linguagem oral

A linguagem oral é espontânea, livre e informal. Essas características se justificam porque,na comunicação oral, há o contato direto dos interlocutores e pode-se contar também com re-cursos extralinguísticos: gestos, expressões faciais e corporais, postura, etc. Também, estando emum mesmo ambiente, os falantes podem recorrer a objetos desse ambiente para facilitar a comu-nicação de suas ideias, de informações ou emoções.

É por isso que se diz que a linguagem oral é mais criativa. Ela não se prende inteiramente

às regras gramaticais, seu vocabulário é mais reduzido e constantemente renovado.Exemplificando:

Contraponto Animador de auditório

Surfando em índices de aprovação sempre acima dos 70% em Pernambuco, Lula se sol-tou durante a inauguração de um campus da Universidade Federal Vale do São Francisco, on-tem, em Petrolina. O presidente criticou a “elite” que se forma “no exterior” e vai à praia de BoaViagem. Ao lado de uma aluna de psicologia, perguntou:

 - Você tem namorado, Janaína?

Diante da negativa da moça, emendou:- Já que você não tem namorado, eu vou lhe dar um beijo mais carinhoso...E, sem medo de ser feliz, tascou um beijo na bochecha da universitária, para delírio da

platéia.

(Fonte: Folha de São Paulo, 05 set. de 2008, p.A4)

1.7.2 Linguagem escrita

A linguagem escrita é mais elaborada, cuidada, é presa às regras da gramática e ao padrãoconsiderado culto. Apresenta vocabulário apurado e preciso.

É importante ressaltar que, na comunicação escrita, locutor e interlocutor estão a distância,o contato ente eles é indireto. Assim, a linguagem escrita é mais conservadora em sua constitui-ção, é mais refletida, exige maior esforço de elaboração por parte do falante, que deve “cumprir”,eficientemente, suas intenções comunicativas com um interlocutor “ausente”.

Apesar de apresentarem essas diferenciações básicas, tanto a linguagem oral como a escritaapresentam níveis ou registros. Lembra-se de que já estudamos os níveis ou registros de fala?Então, situações formais, seja falando ou escrevendo, exigem maiores cuidados de pronúncia ede escrita.

Em situações informais, a expressão linguística se adapta também ao grau de formalidadeou informalidade (em família, no trabalho, na igreja, na escola) e as preocupações com a correçãogramatical tornam-se menos rigorosas.

Imagine, por exemplo, se você falaria com seus amigos durante um churrasco na casa de umdeles, do mesmo modo como falaria a acionistas de uma empresa durante uma reunião de negó-

cios. É claro que não!O mesmo ocorre com a comunicação escrita: uma mensagem pessoal e afetiva para um

amigo apresentará traços informais, subjetivos; para o diretor de uma empresa terá, sem dúvida,uma linguagem mais elaborada, mais neutra e objetiva. Exemplificando:

PARA SABER MAIS

Não há oposição irredu-tível entre a linguagemfalada e a escrita, mas“uma interação, queadmite graus diversosde influência da línguafalada na língua escrita.”(In: LIMA SOBRINHO,Barbosa. LínguaPortuguesa e a unidadedo Brasil. Porto Alegre:Editora José Olympio,1958).

ATIVIDADE“... a língua escrita, oumelhor, a linguagemliterária se nutre dalinguagem falada,sob pena de se tornarlíngua morta, comosucedeu com o latim.. .”(Lima Sobrinho). O quevocê infere sobre alíngua falada, a partirdessa afirmativa? Escre-va suas conclusões.

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UAB/Unimontes - 1º Período

Afra Balazina

da reportagem localO sistema de monitoramento independente do Imazon (Instituto do Homem e Meio Am-

biente da Amazônia) aponta queda na taxa de desmatamento da floresta amazônica em 2008,em comparação com o período anterior.

A avaliação ocorre poucos dias após o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)mostrar aumento do desflorestamento na região.

(Fonte: Folha de São Paulo, sexta-feira, 05 set. 2008, p. A16)

Para que você possa analisar melhor as características entre fala (linguagem oral) e escrita(linguagem escrita), apresentamos-lhe o seguinte quadro comparativo:

QUADRO 1 - Linguagem oral x Linguagem escrita

LINGUAGEM ORAL LINGUAGEM ESCRITA

1. SITUAÇÃO/CONTEXTO

Locutor e interlocutor frente a frente.

ISSO POSSIBILITA:

• Perceber de imediato as reações do inter-locutor.

• Redirecionar a mensagem a partir das re-ações do interlocutor.

• Reformulação simultânea da mensagem,tanto pelo locutor como pelo interlocu-tor.

Locutor e interlocutor a distância.

ISSO IMPOSSIBILITA:

• Perceber de imediato as reações do lei-tor.

• Redirecionar a mensagem a partir dasreações do leitor.

• Reformulação da mensagem, pois suaprodução foi anterior.

CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS

• Vocabulário espontâneo, restrito, repeti-ção de palavras.

• Emprego de gírias, neologismos.• Liberdade de colocação dos pronomes.• Frases incompletas, com implícitos e su-

bentendidos.• Emprego de formas contraídas (cê, pra)

e omissão de palavras no interior das fra-ses.

• Maior frequência de orações curtas e ora-ções coordenadas.

• Ausência de pronomes relativos (onde,cujo).• Presença de clichês, chavões, frases feitas,

provérbios.• Subjetividade, emotividade (interjeições,

diminutivos, aumentativos).

• Vocabulário formal, amplo, mais apura-do.

• Emprego de termos técnicos.• Rigor na colocação pronominal (Em-

preste-me o lápis).• Frases completas, com clareza de ideias.• Frases construídas com rigor gramatical,

sem omissões e ambiguidades.• Uso de orações coordenadas e subordi-

nadas, mais elaboradas.• Emprego maior de pronomes relativos.

• Uso de frases criativas e expressivas.• Neutralidade, objetividade.

Fonte: Quadro adaptado de Fávero (1999, p. 74).

Finalmente, é bom relembrar que só há interação quando o falante ajusta sua linguagemao destinatário. Nosso português é uma língua riquíssima e oferece múltiplas possibilidades derecursos e usos. Cabe, pois, ao falante, a escolha adequada desses recursos para garantir umacomunicação eficiente.

No entanto, mesmo que você saiba que não se pode estigmatizar o ato de fala do indivíduosocialmente desfavorecido, nossa sociedade valoriza o domínio da língua escrita, pois ela é fun-damental para a compreensão da informação tecnológica e científica, para a promoção do indi-víduo e para a transformação social.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

UNIDADE 2Leitura

2.1 IntroduçãoEsperamos que, nesta unidade, você possa compreender a importância da leitura em nossa

vida cotidiana e apreenda as maravilhas de se inserir neste mundo tão rico. O capítulo está divi-dido nas seguintes subunidades:

2.2 Caracterização2.3 Processos de leitura

2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler”

Como já dizia Rubem Alves (1988),

Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, visitar as estrelas,entrar no corpo de animais, fluir com a seiva das plantas, investigar a imagina-ção da matéria, mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos quehá muito deixaram de existir, assentar-se dentro de pirâmides e de catedraisgóticas, ouvir corais gregorianos, ver os homens trabalhando e amando, ler ascanções que escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos es-paços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, lugares onde seu corponunca poderia ir sozinho... Corpo espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!

Neste capítulo, procuramos mostrar que LER significa DECODIFICAR, INTERPRETAR, CONHE-

CER e, para que o processo de leitura se dê satisfatoriamente, é necessário que o leitor interajacom o texto, buscando retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado atravésdas estratégias de leitura.

Iniciemos então essa nova jornada. Boa leitura!

2.2 CaracterizaçãoSegundo Kleiman (2002), o ato de ler caracteriza-se pelo processo de construir significados

a partir de um texto. Esse processo se torna possível por causa da interação entre os elementos

textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior essa interação, maiores as possibilidades desucesso na leitura.Um texto é uma unidade básica de comunicação que possui vários sentidos (é polissêmi-

co), permitindo assim que cada leitor possa ter uma interpretação de acordo com o seu conheci-mento de mundo. É claro que essa interpretação será limitada pelos aspectos formais que o com-põem, como o vocabulário, a combinação das palavras na frase e a escolha dos tempos verbaisque não permitirão que o leitor fuja dos limites do texto. Não é qualquer sentido que pode serdado a qualquer texto. Há um limite a ser respeitado.

2.3 Processos de leituraPretendemos, nesta subunidade, ressaltar a importância do conhecimento prévio para o

processo de leitura. Acreditamos que o presente estudo possa contribuir para a prática educativaà medida que visa propor questões para um melhor aperfeiçoamento da habilidade de leitura

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em esferas formativas. Todo e qualquer processo de aprendizagem envolve troca de conheci-mentos e, portanto, interação.

Segundo Soares (2002), a palavra “ler” advém do latim, “Legere”. Ler significa colher conheci-mentos, sendo que, quanto mais eficiente for a leitura do indivíduo, maior será sua capacidadede adquirir conhecimento sobre o meio que o cerca e se relacionar com esse meio de maneirasignificativa.

Nesse sentido, o ato de ler não pode ser entendido como a ação de juntar palavras, comoum processo mecânico de decodificação. A prática de leitura vai além disso, trata-se da associa-ção de ideias, da produção de sentidos, o que, por sua vez, requer, impreterivelmente, uma dinâ-mica interacional para que de fato ela ocorra.

Conforme Kleiman (2002), em todas as formas de leitura, muito do nosso conhecimento pré-vio é exigido para que haja uma compreensão mais exata do texto. Esse conhecimento é divi-dido em três tipos: o conhecimento de mundo, o conhecimento linguístico e o conhecimentotextual. Prossigamos, então, expondo os conceitos desses conhecimentos e estabelecendo umarelação de cada um deles com a leitura.

O conhecimento linguístico consiste em um aprendizado natural da fala de uma determina-da língua, como, por exemplo, a Língua Portuguesa. Diz respeito ao ato de pronunciar, conhecero vocabulário, as regras da língua e o uso desta língua; desempenha papel no processamento deconstrução de significados para o texto. Exemplificando:

Observando o diálogo entre duas pessoas:- Bom-dia! O Senhor poderia me informar as horas por obséquio?- O quê? O Senhor por acaso quer levar uma surra? Está me estranhando?

No exemplo, percebemos que não houve compreensão devido ao fato de o falante da lín-gua não dominar o vocabulário necessário para o completo entendimento.

Kleiman (2002) denomina conhecimento textual a um conjunto de noções e conceitos so-bre o texto, importantes para a sua compreensão, ou seja, trata-se do entendimento da estruturacomposicional do texto, do seu funcionamento. Quanto mais conhecimento se tem sobre o gê-nero colocado em foco maior a probabilidade de entendê-lo. Exemplificando: ao nos deparar-mos com um texto poético, por exemplo, já temos uma postura diferente em relação à sua leitu-

ra e interpretação do que quando lemos um texto científico.O conhecimento de mundo, também denominado conhecimento enciclopédico, pode ser

adquirido formalmente ou informalmente. Abrange desde o domínio mais técnico até conheci-mentos do cotidiano. Desse modo, situações do dia a dia, a todo o momento, acrescentam-nosinformações que poderão nos auxiliar no processamento da leitura.

Os tipos de conhecimentos suscitados constituem o conhecimento prévio, sem o qual é im-possível compreender textos. De acordo com Garcez (2004), a leitura não é um procedimentosimples. É extremamente complexo, pois não podemos considerar apenas o que está escrito. Porisso a importância do conhecimento prévio, pois tal conhecimento é ativado e atualizado pelaatividade comunicativa, abarcando, obviamente, as práticas de leitura e escrita, fazendo com queo leitor se torne um sujeito letrado nas esferas sociais.

Para Smith (1989), conhecimento prévio também pode ser entendido como informação não

visual. O autor defende que ele se encontra armazenado na mente humana, fazendo com quepossamos captar o sentido das informações visuais quando lemos. Assim, todos os seres neces-sitam desse conhecimento para assimilar aquilo que leem, para inferirem as informações suscita-das pelo texto, enfim, para produzir sentidos nas interações sociais.

Ao ler um texto, é necessário, portanto, inferir diversas informações que não foram mencio-nadas explicitamente, mas que são relevantes para o entendimento da mensagem.

Exemplificando:Considere a seguinte frase: Lula foi à Espanha a negócios. Não há necessidade de dizer de

que Lula se trata, pois o leitor, provavelmente, inferirá Lula = Presidente da República. Assim, de-vido à inferência, o escritor não tem que elucidar toda a informação no texto, ela favorece umprocesso de economia linguística através do qual a leitura opera também nas entrelinhas.

Outra operação importante para a prática de leitura é a previsão. Trata-se das expectativasque o leitor traça ao se deparar com um texto. Na leitura, o leitor está constantemente fazendoprevisões sobre o que é provável que apareça em um dado texto.

Como exemplo, se encontrarmos em uma propaganda a seguinte sequência: Marqux ux xnx sxrte e concoxxa ao Oxrocap. O leitor terá condições de prever “Marque um x na sorte e con-

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corra ao Ourocap”. Baseado em nossa experiência linguística, é possível prever a sequência lexi-cal sugerida.

Tanto a operação de inferência quanto a de previsão facilitam a compreensão textual. E tan-to a inferência quanto a previsão se processam em razão do conhecimento prévio. Desse modo,para que se forme um leitor eficiente, necessário se faz a aquisição, apropriação de conhecimen-tos diversos engendrados nas esferas sociais.

Mas não se pode esquecer que a habilidade da leitura só se adquire com a prática. Isto é: sóse aprende a ler, lendo!

Observe o que o escritor Ziraldo argumenta sobre a leitura:

Entende-se leitura como um processo. Dessa forma, ler indica a construção de uma cadeiade sentidos a partir do texto. Segundo Soares (2002, p. 29):

Walty (1995) explica que, num primeiro momento, ler significava contar, enu-merar as letras; depois colher e, por último, roubar. A palavra ler, então, já tra-duz em sua raiz pelo menos três níveis de leitura que correspondem, respec-tivamente, à alfabetização, à tradicional interpretação de texto e, por fim, àconstrução de sentido. Neste último e terceiro nível, o leitor tem mais poder,e vai, como diz Eco (1994), construir suas próprias trilhas no texto. A leitura, en-

tão, se faz de diferentes níveis e modos, adquirindo diversas possibilidades.

Em síntese, o processo de leitura inicia-se a partir dos significados em torno da palavra ler,que significa contar, enumerar as letras; em seguida, significa colher e, por fim, roubar. Tais signi-

◄ Figura 16: Formas deestimular a leitura

Fonte: disponível emhttp://diascomuns.blo-gspot.com.br/2012/06/elementos-para-prender--atencao-do.html acessoem 14 mar. 2013.

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ficados são relacionados aos níveis de leitura. O primeiro nível diz respeito à decodificação, cor-respondente à alfabetização. O segundo nível diz respeito a retirar informações do texto, à tradi-cional interpretação de textos. Nesse caso, o leitor se prestaria a perceber o sentido do texto que já estaria estabelecido. O último significado consiste em apropriar-se das ideias do autor, ou seja,construir conhecimento à revelia do produtor do texto. O último significado está em consonân-cia com a perspectiva do letramento, haja vista que o leitor se torna um coautor, corroborando

para a produção de sentido.Ainda, consideramos que todo texto entendido como unidade básica de comunicação é

polissêmico porque é atravessado por várias vozes e vários sentidos. Isto quer dizer que um mes-mo texto permite mais de uma interpretação porque neste ato de ler estão envolvidos a deco-dificação de símbolos gráficos e o conhecimento de mundo de cada leitor. Cabe ressaltar aquique a leitura não pode ser qualquer uma porque o sistema linguístico, ou seja, o léxico, a relaçãomorfológica e sintática, regula os sentidos, não permitindo que sejam quaisquer sentidos. Sendoassim, lemos o tempo todo, de modo que o sujeito se vê sempre obrigado a interpretar.

De acordo com Ferreira (2006), no Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa, ler é: 1.Passar a vista pelo escrito ou impresso para inteirar-se do seu conteúdo. 2. Pronunciar as palavrasde um escrito ou impresso. 3. Estudar.

Como podemos observar, ler é armazenar informações, desenvolver raciocínio, comunicarmelhor, escrever melhor, compreender o mundo, interpretar, analisar os fatos de modo crítico, etc.

A leitura é muito importante, pois traz inúmeros benefícios à vida do ser humano. Ela é uma

“forma de lazer e de prazer, de aquisição de conhecimentos e de enriquecimento cultural, de am-pliação das condições de convívio social e de interação” (SOARES, 2002, p. 19).Logo, a leitura é um processo através do qual se pode observar, perceber, descobrir e refle-

tir sobre o mundo, interagindo com o seu semelhante através do uso funcional da linguagem.Aprender a ler é um processo social de construção de significados.

Soares (2000) estabelece a seguinte definição de leitura: 

Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduossocialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social,suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar naestrutura social, suas relações com o mundo e os outros. (SOARES, 2000, p. 18)

A partir dessa definição, chegamos à conclusão que a leitura é um processo dinâmico e so-

cial, fruto da interação da informação presente no texto e o conhecimento prévio do leitor, possi-bilitando a construção do sentido, ou, em outras palavras, a compreensão textual.Kleiman (2002) argumenta que o ato da leitura exige do leitor conhecimento de mundo, co-

nhecimento textual e conhecimento linguístico. Assim, à medida que captamos as imagens (pa-

GLOSSÁRIO

Inferência: ato ou efei-to de inferir, de deduzir

ou concluir algo peloraciocínio.

Prólogo: comentáriofeito pelo autor a res-peito do tema discu-tido no livro e de suaexperiência pessoal.

Prefácio: escrito porterceiros ou pelo pró-

prio autor, referindo-seao tema abordado no

livro e também sobre oautor do livro.

Introdução: escritapelo autor refere-se

ao livro e não ao temacomo no prólogo.

Figura 17: Leitura

Disponível em:em:<https://sites.google.

com/site/kattyrasga07/capacidadesdeleitura>

acesso em 31 mai. 2013.

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lavras, números, sinais gráficos, etc.), encaminhamos essas informações para o nosso cérebro quevai percebê-las, interpretá-las e organizá-las de acordo com a bagagem cultural (conhecimentosde mundo) que possuímos. O conteúdo lido será assimilado e as informações lidas serão relacio-nadas ao nosso cotidiano, passando a fazer parte do nosso arquivo mental.

A interação estabelecida entre o leitor e o texto escrito é diferente da interação que se esta-belece entre duas pessoas quando conversam face a face, porque na conversa o falante não só

pode utilizar palavras, como também gestos, repetições, expressões faciais e corporais, entona-ção da voz, etc., como afirma Infante (2005). Já na leitura, o leitor está diante de palavras, escritaspor um autor que não está presente para complementar as informações. Assim, é natural que oleitor forneça ao texto informações enquanto lê, preenchendo os espaços vazios.

A leitura é uma capacidade cerebral complexa que vai exigir do leitor mais do que uma sim-ples decodificação dos sinais gráficos (escrita), exigirá um bom conhecimento da língua. Além deler o texto propriamente dito, o leitor deverá estar atento às informações pré-textuais como o tí-tulo do livro, o nome do autor, as informações bibliográficas, o índice e a introdução para ter umaprimeira impressão e obter informações que possibilitarão uma leitura mais eficiente.

Além dessas informações, o ato de ler exige a observação de outros fatores que veremosabaixo.

2.4 Fatores intervenientes no “atode ler”

Existem alguns fatores que interferem diretamente no ato de ler e atrapalham na apreensãodo sentido do texto. Para que se obtenha sucesso no processamento da leitura, é preciso que oleitor fique atento a alguns procedimentos que ajudarão a sua leitura como, por exemplo, estarem um ambiente propício e ter todos os objetos necessários ao seu alcance.

Além desses procedimentos, de acordo com Garcez (2004), existem algumas outras ações

que evitam interferências na leitura e que são muito úteis para tornar a leitura produtiva:• Estabelecer um objetivo claro (Sempre que temos um objetivo claro, ficamos mais atentos

para o texto).• Após a primeira leitura, reler o texto e sublinhar com lápis as palavras-chave (Por meio delas,

podemos reconstituir o sentido de um texto e até elaborar um esquema ou síntese).• Tomar notas (O leitor anota pequenas frases que resumem o pensamento principal do perí-

odo, parágrafo ou texto).• Identificação da coerência textual (Identificar as estruturas básicas para compreender o fun-

cionamento do texto).• Monitoramento e concentração.

Ainda segundo Garcez (2004, p. 42), “durante a leitura podemos exercer um relativo contro-le sobre as nossas atividades mentais, disciplinando-as e submetendo-as aos nossos interesses”.Sendo assim, esse controle é imprescindível para que a leitura seja produtiva. Para tanto, “é ne-cessário treino e concentração, prestar bastante atenção no que fazemos enquanto lemos paratermos domínio sobre nossas próprias habilidades de leitura” (GARCEZ, 2004, p. 43).

CAUSO MINEIRO

Sapassado era sessetembro, taveu na cuzinha tomanuma pincumel e cuzinhanum kidi-carne cumastumate pra fazê uma macarronada cum galinhassada. Quascaí de susto quanduvium barui vinde denduforno paricenum tidiguerra. A receita mandopô midipipoca denda ga-linha prassá. O forno isquentô, o miistorô e o fiofó da galinhispludiu! Nossinhora! Fiquei bran-co quineim um lidileite. Foi um trem doidimais! Quascaí dendapia! Fiquei sensabê doncovim,noncotô, proncovô... Ópcevê quilocura! Grazadeus ninguém simaxucô!

(Fonte: In: CRUZ, Robson Luiz Trindade; HELLOU, Geórgia. Língua Portuguesa. São Paulo: Núcleo, 2005)

PARA SABER MAIS

O Mundo da Leituraé um programa de TVproduzido pela Univer-sidade de Passo Fundoe exibido nacionalmen-te no Canal Futura. Asaventuras de Gali-Leu esua turma são elabo-radas por uma equipeinterdisciplinar queenvolve os cursos deLetras, Artes e Comu-

nicação, Educação,Ciências Exatas, e aUPFTV. De forma lúdicae dinâmica, as diversaslinguagens apresen-tadas - manipulaçãode bonecos, leitura eencenação de textosinfantis, artes gráficas,música, entre outros- servem de incentivopara o desenvolvimen-to da criatividade, doraciocínio lógico e,principalmente, para

a criação do hábito daleitura entre as crian-ças. Quer saber mais?Acesse o site http://mundodaleitura.upf.br/programa/mundo-daleitura/index.html enavegue nas atividadespropostas.

ATIVIDADE

O texto ao lado (CausoMineiro) está na moda-lidade oral. Transcreva--o para a modalidadeescrita da língua,fazendo as adequaçõesnecessárias.

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2.4.1 Estratégias para uma leitura eficiente

Garcez (2004) argumenta que a leitura não se esgota no momento em que se lê e que umleitor ativo considera os recursos técnicos e cognitivos que podem ser desenvolvidos para umaleitura produtiva.

Assim, o trabalho com a leitura é apresentado por Solé (1998) em três etapas: o antes, o du-rante e o depois da leitura. Segundo a autora, as seguintes estratégias de compreensão são mui-to importantes para o momento anterior à leitura:

1. Antecipação do tema ou ideia principal a partir de elementos paratextuais, como título,subtítulo, do exame de imagens, de saliências gráficas, outros;

2. Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto;3. Observação e análise do suporte textual;4. Observação e análise do gênero textual;5. Observação e análise do autor ou instituição responsável pela publicação.

Após essas cinco estratégicas, muito importantes para um conhecimento anterior do texto econsequente compreensão, seguem as estratégias, propostas por Solé (1998), para serem empre-gadas durante a leitura:

1. Confirmação, rejeição ou retificação das antecipações ou expectativas criadas antes da lei-tura;

2. Localização ou construção do tema ou da ideia principal;3. Esclarecimentos de palavras desconhecidas a partir da inferência ou consulta do dicioná-

rio;4. Formulação de conclusões implícitas no texto, com base em outras leituras, experiências

de vida, crenças, valores;5. Formulação de hipóteses a respeito da sequência do enredo;6. Identificação de palavras-chave;7. Busca de informações complementares;8. Construção do sentido global do texto;9. Identificação das pistas que mostram a posição do autor;

10. Relação de novas informações ao conhecimento prévio;11. Identificação de referências a outros textos.

Como discutido anteriormente, a leitura não se esgota no momento em que se lê. Sendoassim, Solé (1998) enfatiza as seguintes estratégias para após a leitura:

1. Construção de síntese do texto;2. Emprego do registro escrito para melhor compreensão;3. Troca de impressões a respeito do texto lido;4. Relação de informações para tirar conclusões;5. Avaliação das informações ou opiniões emitidas no texto;6. Avaliação crítica do texto.

ReferênciasCRUZ, Robson Luiz Trindade; HELLOU, Geórgia. Língua Portuguesa. São Paulo: Núcleo, 2005.

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Pau-lo: Cortez, 1988. 80 p.

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de Redação: o que é preciso saber para bem escre-ver. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo: Scipione, 2005.

KLEIMAN, Ângela. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7. ed. Campinas: Pontes, 2002.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

SOARES, I. C. G. Programas Nacionais de Leitura no Brasil: o PROLER e o Pró-Leitura (1995-2000). Belo Horizonte: UFMG/FaE, 2002. Dissertação de Mestrado em Educação.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução de Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Artmed,1998.

SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguística da leitura e do aprender

a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

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UNIDADE 3Texto e textualidade

3.1 IntroduçãoNesta terceira unidade, apresentamos a você as noções de texto e de textualidade, por meio

das seguintes subunidades:3.2 O que é texto3.3 Fatores de textualidade3.4 Produção de texto

3.5 Tipologia e Gêneros TextuaisDiscutiremos definições de grande relevância para o seu conhecimento sobre texto, sobreos fatores que fazem com que um texto seja realmente um texto, sobre a produção de textos e,ainda, um quadro comparativo com a distinção entre tipos e gêneros textuais.

Agora que você já entendeu algumas questões sobre leitura, podemos conversar sobre aprodução de texto. Fávero e Koch (1994, p.25) salientam a existência de duas acepções segundoas quais podemos compreender o termo “texto”. Na primeira acepção, “texto, em sentido amplo,designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, umfilme, uma escultura, um poema, etc.)”.

Na segunda acepção: “[...] em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividadecomunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto deenunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos diálogos) e oevento de sua enunciação” (FÁVERO e KOCH, 1994, p. 25).

É necessário considerar que essas duas acepções de texto nos permitem compreendertextos em sentido amplo, como esculturas, pinturas, músicas, desenhos e, ainda, textos emsentido estrito, textos escritos e falados.

A partir da segunda acepção apresentada, as autoras Fávero e Koch (1994) pontuam que odiscurso é manifestado, linguisticamente, por meio de textos (em sentido estrito). O texto con-siste, então, em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo, indepen-dentemente de sua extensão.

Assim, você pode dizer que um texto não se define pela quantidade de palavras empreen-didas, e sim por sua textualidade, isto é, a possibilidade de que seja entendido como “unidadesignificativa global”.

Nesse sentido, uma lista de itens a serem comprados no supermercado pode ser considera-da um texto, o que já não ocorre com uma “lista de palavras iniciadas com ch”, visto que essa não

advém de uma real situação comunicativa.

◄ Figura 18: Exemplode texto - Lista desupermercado

Fonte: disponívelem http://homem.net/2012/08/27/lista-de--compras-apenas-48-dos--homens-fazem/ acessoem 15 mar. 2013.

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A produção de um bom texto exige atenção na escolha das palavras. É muito importanteque o leitor tenha claro em mente o que se quer escrever, no entanto, isso só é possível se o lei-tor se posiciona como um leitor crítico para analisar sua obra minuciosamente. Para que o textoseja bem redigido e transmita claramente as ideias contidas nele, é preciso que se observem as-pectos como:

• • Clareza: o texto deve ser redigido em uma linguagem que possibilite ao leitor a compre-

ensão daquilo que está sendo exposto. Assim, deve-se utilizar uma linguagem impessoal,culta padrão.

• • Concisão: o texto deve transmitir de forma objetiva, com ideias diretas, sem rodeios. Deveser escrito sem a utilização de palavras desnecessárias.

• • Correção: o autor deve estar atento à norma culta da língua, evitando desvios de lingua-gem em relação à grafia, utilizando apenas palavras conhecidas.

• • Elegância: o texto é escrito seguindo as qualidades acima descritas, tornando-se maisagradável aos olhos do leitor. Quanto mais limpo (sem rasuras), legível e claro estiver o tex-to, mais fácil será a sua compreensão.A língua, entendida como o conjunto de palavras e expressões usadas por um povo ou na-

ção, mantém-se viva através de seu uso pelas pessoas envolvidas, em processos interacionais. Ouso, por sua vez, não se dá através de palavras ou expressões empregadas isoladamente. Ele seconcretiza na PRODUÇÃO DE TEXTOS, na forma de textos orais ou escritos. Apesar de não ser ta-refa muito complexa para o usuário da língua, distinguir entre um texto coerente e um conjuntode palavras ou expressões sem sentido, conceituar, definir precisamente os limites entre “texto” e“não texto” não é uma ação tão simples.

3.2 O que é texto?No campo da linguística, muito se tem discutido sobre o que se define como texto. Essa dis-

cussão traz implicações para diversas áreas relacionadas à língua(gem), pois é através dela quenós, sujeitos sociais, nos relacionamos e, por conseguinte, produzimos sentidos, porque nós re-

presentamos o mundo através da linguagem. Analise o que argumentam Fávero e Koch (1994, p.25) sobre a definição de texto:

Texto, em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da capacida-de textual do ser humano […] isto é, qualquer tipo de comunicação realizadaatravés de um sistema de signos. […] Em sentido estrito, o texto consiste emqualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo, inde-pendente de sua extensão. Trata-se, pois, de uma unidade de sentido, de umcontínuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de rela-ções responsáveis pela tessitura do texto[...]

A partir dessa compreensão, podemos dizer que o texto é uma unidade básica e significa-tiva da atividade de linguagem, visto que o texto é o elemento central da interação social, da

comunicação. E como o nosso principal objetivo, quer lendo ou escrevendo, é interagirmos so-cialmente, somente o texto nos servirá a esse propósito. Expressões isoladas, sons no vazio, exer-cícios repetitivos de decodificação não cooperarão para o desenvolvimento da atividade de lín-gua (gem) demandada pelas diversas práticas sociais das quais os sujeitos participam.

Segundo Costa Val (1999, p. 16), o texto deve ser entendido “como ocorrência linguística fa-lada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e for-mal”. Confrontando essa definição com a apresentada por Fávero e Koch (1994), há um aspectocomum que se destaca: não é a extensão que caracteriza um texto. Nesse sentido, as palavras“Cuidado!” ou “Liberdade!” podem figurar como textos dependendo do contexto no qual elas sãousadas. No entanto, determinadas redações escolares ou certos “textos” de cartilhas podem seapresentar tão somente como um apanhado de enunciados sem unidade semântica.

Você precisa saber, ainda, que o texto reflete e refrata marcas peculiares à situação enuncia-tiva na qual ele foi engendrado. Em outros termos, o texto expressa traços do sujeito que enun-

cia, representações sociais reiteradas nas esferas sociais, aspectos sócio-históricos que atraves-sam a prática comunicativa, implicações temporais e espaciais do contexto no qual se efetivou ainteração verbal. E você pode concluir, então, que o texto materializa as condições de produção eos propósitos comunicativos traçados para a ação enunciativa.

ATIVIDADE

Para aprofundar suacompreensão sobreProdução Textual,

perguntamos: o queé um texto? Quais as

características quedefinem um texto? Por

que o ensino da LínguaPortuguesa deve se dar

através de textos?

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

Por fim, para que um texto de fato se configure como tal deve possuir determinados traçoselementares como, por exemplo, a intenção comunicativa, a unidade formal e de sentido, etc. Aesse conjunto de traços que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequên-cia de frases, dá-se o nome de textualidade que discutiremos, detalhadamente, no subitem 3.3Fatores de textualidade.

Ao refletir sobre produção textual, podemos nos perguntar quais os fatores que interferem

no sucesso ou não da produção textual. Podemos responder que podem ser fatores de motiva-ção para a escrita, problemas dialetais, fator social, econômico, cultural, de alfabetização, inti-midade com a escrita e com a leitura, etc. Ainda, observamos como a linguagem visual é maisconstante no nosso dia a dia e daí temos mais intimidade com a linguagem visual do que com aescrita. Para alguns (ou muitos) de nós, infelizmente, ver televisão e vídeo, jogar videogame, “ba-ter papo” na internet é mais prazeroso que ler obras literárias, revistas informativas, etc.

3.3 Fatores de textualidadeApós nossas discussões sobre o significado de texto e de leitura, vamos apresentar-lhe algu-

mas noções de “textualidade”, isto é, os mecanismos responsáveis para que um texto faça sentidopara seus interlocutores.

Ora, só podemos considerar um texto como atividade de comunicação, quando há sucessona interação verbal, quando a intenção comunicativa do locutor foi plenamente compreendidapelo interlocutor. Sendo assim, a textualidade de uma produção linguística depende do recebe-dor (seus conhecimentos prévios, sua capacidade de pressuposição e inferência, etc.) e do con-texto em que se dá essa produção linguística (o que pode fazer sentido em uma situação podenão fazê-lo em outra e vice- versa).

Observe a figura 18:

PARA SABER MAIS

Leia o que disse PauloFreire (1988) sobre oato de ler:“A leitura do mundo

precede a leitura dapalavra e a leitura destaimplica a continuidadeda leitura daquela”.(Fonte: In: O que éleitura. Maria HelenaMartins. Brasiliense - p.9-10).

ATIVIDADE

A afirmativa de PauloFreire nos ensina queprecisamos de conhe-cimento prévio para oentendimento de umtexto e esse enten-dimento sustenta ereforça a aquisição denovos conhecimentos.E você? Concorda quedependemos de nossapreparação, de nosso

repertório cultural e doconhecimento de mun-do para interagir comos diversos textos quecirculam socialmente?

◄ Figura 19:Conhecimento prévio

Fonte: Disponível em:http://www.faccar.com.br/eventos/desletras/hist/2005_g/2005/tex-tos/005.html, acesso em 3

 jun. 2013.

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UAB/Unimontes - 1º Período

Para que o leitor compreenda a imagem, o locutor conta com o conhecimento prévio dointerlocutor. Veja que a capa da revista em quadrinhos “brinca” com uma ideia que não apareceexplicitamente nela, que não está registrada pelas palavras: a intertextualidade entre a fala dapersonagem Magali na capa da revistinha em quadrinhos (Comer ou não comer...) com o textofonte de Willian Shakespeare (To be or not to be... = Ser ou não ser...). A compreensão da mensa-gem só será completa e o humor estabelecido se o interlocutor tiver o conhecimento prévio da

frase célebre de Shakespeare.O que se pode concluir da análise dessa capa? A resposta é simples: em sua vida de leitor/

ouvinte, você encontrará textos em que nem tudo que seja importante para a compreensão dasideias estará registrado, embora o locutor conte com seu entendimento (conhecimento prévio)para dar sentido ao texto.

Por isso, é necessário que o leitor/ouvinte tenha determinadas habilidades para entenderaquilo que lê ou ouve. Essas habilidades, por sua vez, abrangem alguns fatores que são responsá-veis pela “textualidade”, isto é, características que fazem um texto ter sentido para seus interlocu-tores.

Essas características são: coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalida-de, informatividade e intertextualidade.

Nesta unidade, desenvolveremos apenas as noções básicas dos fatores de textualidade, deacordo com Fávero e Koch (1994), para que você se habitue, aos poucos, com o vocabulário es-pecífico e perceba o texto como um conjunto formado pela combinação harmoniosa desses fa-tores que lhe dão sentido.

• COERÊNCIA: refere-se ao sentido que um texto deve apresentar, isto é, as partes que o com-põem devem-se ligar por uma continuidade de sentido, de modo que não apresente contra-dições de ideias, que não seja ilógico.

• COESÃO: é o mecanismo linguístico responsável pela unidade formal do texto. É a coesãoque estabelece a relação lógica entre uma palavra e outra, uma frase e outra e entre os pará-grafos de um texto.

• INTENCIONALIDADE: é uma característica que mostra a atitude do locutor, sua intençãocomunicativa, seu objetivo ao produzir o texto.

• ACEITABILIDADE: refere-se à atitude do interlocutor, suas expectativas em relação ao texto.• SITUACIONALIDADE: é o fator responsável pela adequação do texto a um determinado

ambiente (contexto) ou situação em que ocorre a comunicação.• INFORMATIVIDADE: liga-se ao nível de informação (previsível ou imprevisível) contida no

texto e sua capacidade ou não de satisfazer o interlocutor.• INTERTEXTUALIDADE: ocorre quando o autor de um texto recorre a outros textos, de for-

ma implícita ou explícita, repete expressões, enunciados ou trechos de outros autores. Paraidentificar essas “vozes”, o autor conta com o conhecimento prévio de seu interlocutor.A apresentação desses fatores de textualidade já deve ter dado ao você a ideia de como eles

são importantes para a composição de um texto. E, uma vez que um texto bem estruturado estásempre entrelaçado por esses fatores, compete a você utilizar esse conhecimento para produzirtextos adequados ao interlocutor e ao contexto.

3.4 Produção de textoA humanidade não para de evoluir. E com sua evolução, evolui também a linguagem (tanto

oral quanto a escrita) utilizada por ela.Essa evolução é retratada pelos gêneros textuais que são usados nos mais variados contex-

tos linguísticos. De acordo com Marcuschi (2002), é muito grande o número de gêneros textuaisque existem em nossa sociedade e esse número vem aumentando cada dia mais devido aoavanço tecnológico, às necessidades do homem e às atividades socioculturais que possibilitamnão só o surgimento de novos gêneros, mas também a adaptação de alguns já existentes e aevolução de muitos outros.

Há muito tempo se discute a diferença entre “tipos de textos” e “gêneros textuais”. Algunsteóricos classificam a dissertação, a narração e a descrição como “modos de organização textual”,diferenciando-os das nomenclaturas específicas que são consideradas “gêneros textuais”.

É importante que o professor conheça a diferença entre Gênero Textual e Tipologia Textualpara que possa direcionar o seu trabalho no ensino de leitura, compreensão e produção de

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

textos. É possível falarmos em gêneros variados que vão do bilhete, passando pelo cartão-postal,e-mail, charge, cartaz, anedota, poema, manual de instruções, ofício, crônica, receita culinária,fábula e pelo telegrama até chegar ao texto científico, ao conto, etc. Conhecer os gênerostextuais torna mais fácil a leitura e o desenvolvimento da competência comunicativa do falante,uma vez que a linguagem é organizada como ação humana a partir das coisas do mundo.

3.5 Tipologia e gêneros textuaisMarcuschi (2002) delimita tipo de texto como uma forma de construção escrita, definida

pelas características linguísticas que o compõem. Podemos afirmar que, geralmente, os tipos detextos abrangem um número muito pequeno de categorias, conhecidas como narração, descri-ção, argumentação, injunção e exposição.

Já o gênero textual é a materialização dos tipos de textos que encontramos em nossa socie-dade. É toda forma de texto que circula na sociedade e que tem uma função específica, se diri-ge a um público específico e possui características sociocomunicativas próprias. Com o objetivode facilitar a compreensão de diversas teorias sobre esse assunto, criamos para você, tomando

como base os estudos de Marcuschi (2002), o quadro ilustrativo a seguir:

QUADRO 2 - Gêneros textuais x Tipos textuais

GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS

São os textos que encontramos no nosso dia a dia,que apresentam características sociocomunicati-vas definidas pelo estilo do autor, pela função a serdesempenhada pelo próprio texto, pela composi-ção, pelo conteúdo e pelo canal através do qual éveiculado.

Constituem uma sequência definida pela formacomo são escritos. Observam-se na sua produçãoaspectos sintáticos (organização das palavras nafrase), lexicais (palavras escolhidas pelo autor),semânticos (relações lógicas, sentido) e morfológi-cas (tempos verbais, conjunções, etc.)

EXEMPLOS EXEMPLOS

CartaBilheteCarta eletrônica (e-mail)BulaReceita médicaReceita culináriaTelefonemaTelegramaContoNovelaHistória em quadrinhosManual de instruçõesFolha de cheque, etc.

NarraçãoDescriçãoInjunçãoExposiçãoDissertação

Fonte: Baseado em Marcuschi (2002, p. 22)

É preciso tomar muito cuidado também para não se confundir texto e discurso. O texto éuma unidade sociocomunicativa concreta que se materializa em algum gênero textual e o dis-curso é a ideologia que se manifesta através de algum texto ou prática comunicativa. Bronckart(1999, p. 75) chama de texto “[...] toda a unidade de produção de linguagem situada, acabada eautossuficiente (do ponto de vista da ação ou da comunicação)”. Com relação ao texto empírico,Bronckart diz:

[...] todo o texto empírico é o produto de uma ação de linguagem, é sua con-traparte, seu correspondente verbal ou semiótico; todo texto empírico é rea-lizado por meio de empréstimo de um gênero e, portanto, sempre pertencea um gênero; entretanto todo texto empírico também procede de uma adap-tação do gênero-modelo aos valores atribuídos pelo agente à sua situação de

ação e, daí, além de apresentar as características comuns ao gênero, tambémapresenta propriedades singulares, que definem seu estilo particular. Por isso,a produção de cada novo texto empírico contribui para a transformação histó-rica permanente das representações sociais, referentes não só aos gêneros detextos (intertextualidade), mas também à língua e às relações de pertinênciaentre textos e situações de ação (BRONCKART, 1999, p.108).

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UAB/Unimontes - 1º Período

Há outro campo linguístico da atividade humana que é conhecido como domínio discursi-vo. Segundo Marcuschi (2002), esses domínios não são textos nem discursos, mas possibilitam osurgimento de discursos muito específicos, os gêneros discursivos como discurso religioso, dis-curso jurídico, discurso jornalístico, etc. já que as atividades religiosas ou jurídicas dão origem avários gêneros, não se limitando a um em particular.

A partir dessas características específicas de um gênero textual (ou gênero discursivo) pode-

mos tratar de aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, a impessoalidade,as técnicas de argumentação e outros aspectos. A interação autor-texto-leitor, a pluralidade dediscursos e as possibilidades de organização do universo através da linguagem são pontos re-levantes na elaboração do conhecimento a partir de diferentes situações de interação. Por isso,devemos estar cientes do papel que a linguagem desempenha no nosso dia a dia.

O trabalho com a leitura, compreensão e a produção escrita em sala de aula deve ter comometa principal o desenvolvimento de habilidades que façam com que o aluno seja capaz de usarum número cada vez maior de recursos da língua (formais, fonológicos, sintáticos e semânticos)para produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situação de interação humana emque esteja inserto.

De maneira geral, não há uma variação muito relevante na visão de alguns autores sobre asdefinições de tipos de textos e gêneros textuais. Dessa forma, apresentamos abaixo um quadrocomparativo entre as ideias de Marcuschi (2002) e Travaglia (1996) para o seu conhecimento:

QUADRO 3 - Comparação entre as ideias de Marcuschi e Travaglia

MARCUSCHI TRAVAGLIA

• Em todos os gêneros os tipos se realizam, àsvezes, o mesmo gênero se realiza em doisou mais tipos.

• Chama essa miscelânea de tipos presentesem um gênero de heterogeneidade tipoló-gica.

• Chama de intertextualidade intergêneros ofenômeno de um texto ter aspectos de um

gênero, mas ter sido construído em outro(um gênero assume a função de outro).

• Traz a seguinte configuração teórica:• a) intertextualidade intergêneros = um gê-

nero com a função de outro.• b) heterogeneidade tipológica = um gênero

com a presença de vários tipos.• Afirma que os gêneros não são entidades

naturais, mas artefatos culturais construídoshistoricamente pelo ser humano. Um gêne-ro, para ele, pode não ter uma determinadapropriedade e ainda continuar sendo aque-

le gênero.• Tipologia textual é um termo que deve serusado para designar uma espécie de sequ-ência teoricamente definida pela naturezalinguística de sua composição. Em geral, ostipos textuais abrangem as categorias nar-ração, argumentação, exposição, descriçãoe injunção (Swales, 1990; Adam, 1990; Bron-ckart, 1999).

• O termo Tipologia Textual é usado para de-signar uma espécie de sequência teorica-mente definida pela natureza linguística desua composição (aspectos lexicais, sintáti-

cos, tempos verbais, relações lógicas.

• Fala em conjugação tipológica (dificilmentesão encontrados tipos puros).

• Um texto se define como de um tipo poruma questão de dominância, em função dotipo de interlocução que se pretende esta-belecer e que se estabelece, e não em buscado espaço ocupado por um tipo na consti-tuição desse texto.

• Não fala de intertextualidade intergêne-ros, mas fala de um intercâmbio de tipos(um tipo pode ser usado no lugar de outro,criando determinados efeitos de sentidoimpossíveis com outro dado tipo).

• Mostra o seguinte:• a) conjugação tipológica = um texto apre-

senta vários tipos.• b) Intercâmbio de tipos = um tipo usado no

lugar de outro.• Tipologia Textual é aquilo que pode instau-

rar um modo de interação, uma maneira de

interlocução segundo perspectivas que po-dem estar ligadas ao produtor do texto emrelação ao objeto do dizer quanto ao fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto àinserção destes no tempo e/ou no espaço.

• Cada perspectiva gerará um tipo de texto.Assim, a primeira perspectiva faz surgir ostipos descrição, dissertação, injunção e nar-ração. A segunda perspectiva faz com quesurja o tipo argumentativo.

• O Gênero Textual se caracteriza por exerceruma função social específica pressentida evivenciada pelos usuários. Isso equivale a

dizer que, intuitivamente, sabemos qual gê-nero usar em momentos específicos de inte-ração, de acordo com a função social dele.

GLOSSÁRIO

Fonologia: Preocupa--se com os sons de uma

língua, mas se preocu-pando com os aspectos

interpretativos dossons.

Semântica: Preocupa--se com o significadodas palavras na frase.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

MARCUSCHI TRAVAGLIA

• Gênero Textual é definido pelo autorcomo uma noção vaga para os textosmaterializados encontrados no dia adia e que apresentam características

sociocomunicativas definidas pelosconteúdos, propriedades funcionais,estilo e composição característica.

• Apresenta alguns exemplos de gêne-ros, mas não ressalta sua função social:telefonema, sermão, romance, bilhete,aula expositiva, reunião de condomí-nio, etc.

• Discute o conceito de Domínio Dis-cursivo (grandes esferas da atividadehumana em que os textos circulam,dando origem a discursos muito espe-cíficos: discurso jornalístico, discurso jurídico e discurso religioso).

• Não faz alusão a uma tipologia do dis-curso.

• A escrita de um texto apresenta característicasque farão com que ele “funcione” de maneira di-ferente. Assim, escrever um e-mail para um ami-go não é o mesmo que escrever um e-mail para

uma universidade, pedindo informações sobreum concurso público, por exemplo.

• Dá ao gênero uma função social. Aparente-mente diferencia Tipologia Textual de GêneroTextual a partir dessa “qualidade” que o gêneropossui: aviso, comunicado, edital, informação,informe, citação (com a função social de dar co-nhecimento de algo a alguém); petição, memo-rial, requerimento, abaixo-assinado (com a fun-ção social de pedir, solicitar); nota promissória,termo de compromisso e voto (com a função deprometer).

• Fala do discurso jurídico e religioso, quando dis-cute o que é para ele tipologia do discurso. As-sim, ele mostra que as tipologias de discursousarão critérios ligados às condições de produ-ção e às diversas formações discursivas em quepodem estar insertos.

Fonte: Baseado em Marcuschi (2002) e Travaglia (1996)

Semelhantes opiniões entre os dois autores são notadas quando falam que texto e discursonão devem ser encarados como iguais. Marcuschi (2002) considera o texto como uma entidadeconcreta realizada materialmente e corporificada em algum Gênero Textual. Discurso para ele éaquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. O discurso se reali-za nos textos.

Travaglia (1996) considera o discurso como a própria atividade comunicativa, a própria ativi-dade produtora de sentido para a interação comunicativa, regulada por uma exterioridade sócio--histórica-ideológica. Texto é o resultado dessa atividade comunicativa. O texto, para ele, é vistocomo uma unidade linguística concreta que é tomada pelos usuários da língua em uma situaçãode interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo umafunção comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão.

Travaglia (1996) afirma que distingue texto de discurso levando em conta que sua preocu-pação é com a tipologia de textos, e não de discursos. Já Marcuschi (2002) afirma que a definiçãoque traz de texto e discurso é muito mais operacional do que formal.

Por fim, podemos afirmar que muitos estudiosos da Linguística Aplicada veem o gênerocomo ponto de partida para quaisquer atividades relacionadas às práticas de escrita e leitura,isso porque, conforme Marcuschi (2002, p.25), “gêneros são formas verbais de ação social relati-

vamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de práticas sociais e em domí-nios discursivos específicos”. Desse modo, toda e qualquer prática comunicativa se calça em umou outro gênero.

Então, o gênero pode ser entendido como um fenômeno social à medida que cumpre a fun-ção de ordenar e estabilizar as práticas comunicativas. Daí pensar que sua natureza é ambivalen-te, visto que deve, ao mesmo tempo, ser parâmetro e, portanto, relativamente estável, mas sertambém maleáveis, dinâmicos e plásticos com o propósito de se adequarem ao evento enuncia-tivo. Nesse quadro, Marcuschi (2002, p.22) defende que os gêneros são “ações sociodiscursivaspara agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo”.

Analise o quadro abaixo e observe como em um gênero textual está presente a modalidadediscursiva, o ambiente discursivo e a interação verbal.

PARA SABER MAIS

Enquanto o número degêneros textuais numadeterminada socie-dade é, em princípio,ilimitado, ampliando-sede acordo com a ne-cessidade dos falantese com os avançossocioculturais e tecno-lógicos, o número demodalidades discursi-vas é menor e de certaforma limitado.

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UAB/Unimontes - 1º Período

QUADRO 4 – Síntese

GÊNEROTEXTUAL

MODALIDADEDISCURSIVA

SUPORTE DOTEXTO

AMBIENTEDISCURSIVO(INSTITUIÇÃO)

INTERAÇÃOVERBALENUNCIADORES

Bula deremédio

Expor/Instruir Folheto, folder Indústria farmacêu-tica

Indústria – Consu-midor

Crônica Expor/Argumentar Coluna de jornal,revista

Mídia impressa(jornal, revista)

Escritor – Leitor derevista, jornal

Romance,conto,novela

Narrar Livro Indústria literária Escritor – Leitor

Receitaculinária

Instruir Livro, folheto,rádio, televisão

Indústria de ali-mentos, livro, mídiaimpressa, jornal,revista, televisão

Escritor, apresen-tador – ouvintes,leitores, telespecta-dores

Noticiário Relatar Jornal, televisão,rádio Mídia esportiva Narrador – ouvin-tes/telespectadores

Fonte: Disponível em: http://hermes.ucs.br/cchc/dele/ucs-produtore/pages/sobregeneros.htm, acesso em 2 abr. 2008.

 A partir do conteúdo discutido nesta subunidade, compreendemos que estudar a língua

através do gênero, ou seja, objetivando os aspectos linguísticos, textuais e discursivos, levandoem consideração o gênero utilizado, é lidar com a língua de maneira autêntica, fidedigna ao seufuncionamento, ao seu uso nas interações sociais.

ReferênciasABAURRE, Maria Luiza et alli. Língua e Literatura. Volume Único. São Paulo: Moderna, 1996.

BRONCKART, Jean Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos . Por um interacionismosócio-discursivo. São Paulo: Editora da PUC/SP, 1999.

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FÁVERO, Leonor L. ; KOCH, Ingedore G. V. Línguística textual: uma introdução. São Paulo: Cortez,1994.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, ÂngelaPaiva, MACHADO, Anna Rachel, BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio

de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. Maria Helena Martins. São Paulo: Brasiliense, 1997.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação - Uma proposta para o ensino de gramática. 1. ed. São Paulo: Cortez, 1996.

TRAVAGLIA, L. C. (1991). Um estudo textual-discursivo do verbo no português.  Campinas,Tese de Doutorado / IEL / UNICAMP, 1991.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

ResumoUnidade I

Nesta unidade, você aprendeu:

• A linguagem é o maior veículo de comunicação social que o homem possui, pois é atravésdela que ele pode expressar seus pensamentos.

• O linguista Ferdinand de Saussure é considerado o pai da linguística moderna ao ter suasideias publicadas na obra póstuma intitulada “Curso de Linguística Geral”. Ele separa a lin-guagem em língua e fala.

• A língua, para Saussure, é “um sistema de signos”. É ampla, coletiva e obedece a padrõescriados pela própria comunidade. É a parte social da linguagem.

• A fala é individual e tem caráter dinâmico, sendo expressa pelos atos de fonação.• A gramática (normativa) dita as regras que devem ser seguidas por uma comunidade lin-

guística, no exercício da comunicação.

• Comunicação é a transmissão de sinais lógicos, claros e coerentes, através de um códigoque pode ser convencionado ou natural.• Numa situação de comunicação, há, no mínimo, duas pessoas interagindo por meio da lin-

guagem: o locutor ou emissor e o interlocutor ou receptor.• O processo de comunicação verbal baseia-se em seis elementos: o emissor, o receptor, a

mensagem, o código, o canal e o referente.• De acordo com a Teoria da Comunicação, toda mensagem tem uma finalidade, uma inten-

ção predominante que orienta sua produção. A mensagem pode ter a finalidade de infor-mar, persuadir, provocar humor, emocionar, etc.

• É a finalidade da mensagem que determina a função linguística predominante em um

texto. Essas funções são: expressiva ou emotiva (centrada no emissor, revela sentimentos. Uso

de pronomes de 1.ª pessoa e verbos em 1.ª pessoa), conativa ou apelativa (centrada no recep-

tor ou recebedor, acionando-o diretamente, tem objetivo de estimulá-lo a tomar uma atitude.

Uso de vocativos e verbos no modo imperativo.), referencial ou denotativa (centrada no con-

texto. Uso de linguagem mais direta, objetiva, com sentido único), fática (centrada no canal.

Mostra o interesse do emissor de estabelecer, manter ou encerrar o contato. As frases são

entremeadas de expressões consideradas clichês: olá! Oi! Como vai? Até logo! Tchau!), meta-

linguística (centrada no código linguístico, isto é, a língua é utilizada para dar alguma informa-

ção, apresentar um conceito, fazer ressalvas, etc.) e poética (centrada na mensagem. Há um

trabalho intencional com a palavra, buscando efeitos criativos, inesperados, musicais).

• Há fatores que interferem no uso da linguagem como a região, a cultura, a situação de comu-

nicação e a histórica de um povo, possibilitando a variação linguística.

• As variações linguísticas podem ser classificadas como:• REGIONAIS: diferenças ligadas à pronúncia e vocabulário próprios de uma região. Inclui os

falares rurais (mais conservadores) e urbanos (mais dinâmicos).

• SOCIOCULTURAIS: variações determinadas por vários fatores como idade, nível de escolari-dade, profissão, sexo, classe social, raça, religião.

• CONTEXTUAIS: variações ligadas ao falante por influência do assunto (o quanto o falantesabe sobre o assunto determina, consequentemente, sua facilidade ou dificuldade de ex-pressão); da situação de interlocução (se o contexto é formal ou informal) e o grau de in-timidade/formalidade entre os falantes. Destacam-se os registros: formal (nível culto, comutilização da língua padrão/escrita) e informal ou coloquial (nível familiar comum e nível po-pular – gírias, termos chulos).

• HISTÓRICAS: também chamadas variações de época. São decorrentes de mudanças e avan-ços sociais, através dos tempos: arcaísmos (termos e construções em desuso), neologismos(criação de termos novos).

• Não há variação melhor ou pior que outra. Todas se equivalem, pois cumprem a intenção

comunicativa do falante. Falar “diferente” não é falar “erradamente”. É necessário, porém,prestar atenção ao contexto, à situação de comunicação para empregar o registro adequa-do. A sociedade atual tende a prestigiar o nível culto da língua.

• Cada situação de comunicação apresenta suas características específicas. Se nos expressa-

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UAB/Unimontes - 1º Período

mos através da linguagem oral, utilizaremos uma linguagem mais livre, espontânea e infor-mal e se nos expressamos através da linguagem escrita, há uma preocupação em utilizaruma linguagem mais elaborada, com vocabulário apurado e preciso; uma linguagem presaàs regras gramaticais e ao padrão culto da língua.

Unidade II

Nesta unidade , você aprendeu:• A leitura é um instrumento necessário para a realização de novas aprendizagens porque

proporciona a ampliação de horizontes e uma visão crítica da sociedade em que vivemos.• Ler significa decodificar, interpretar, conhecer.• O texto pode ser definido como uma unidade básica e significativa. É o elemento central da

comunicação, da interação social.• Para que o processo de leitura se dê satisfatoriamente, é necessário que o leitor interaja com

o texto, buscando retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado atravésdas estratégias de leitura.

• Em todas as formas de leitura, muito do nosso conhecimento prévio é exigido para que hajauma compreensão mais exata do texto.

• O conhecimento prévio é dividido em três tipos: o conhecimento de mundo, o conhecimen-

to linguístico e o conhecimento textual.• Todo texto entendido como unidade básica de comunicação é polissêmico porque é atra-vessado por várias vozes e vários sentidos.

• Existem alguns fatores que interferem diretamente no ato de ler e atrapalham na apreensãodo sentido do texto. Para que se obtenha sucesso no processamento da leitura, é precisoque o leitor fique atento a alguns procedimentos que ajudarão a sua leitura.

Unidade IIINesta unidade, você aprendeu:

• O texto consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo,independentemente de sua extensão.

• Pode-se afirmar que um texto não se define pela quantidade de palavras empreendidas, esim por sua textualidade, isto é, a possibilidade de que seja entendido como “unidade signi-

ficativa global”.• Fatores de textualidade são os mecanismos responsáveis para que um texto faça sentido

para seus interlocutores, como a coesão, a coerência, a intencionalidade, a aceitabilidade, aintertextualidade.

• Tipo de texto é uma forma de construção escrita, definida pelas características linguísticasque o compõem. Podemos afirmar que, geralmente, os tipos de textos abrangem um nú-mero muito pequeno de categorias, conhecidas como narração, descrição, argumentação,injunção e exposição.

• O gênero textual é a materialização dos tipos de textos que encontramos em nossa socieda-de. É toda forma de texto que circula na sociedade e que tem uma função específica, dirige--se a um público específico e possui características sociocomunicativas próprias.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

Referências

Básicas

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COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Linguística Textual: introdução. São Paulo: Cortez, 1983.

FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação . In: Gragoatá. n.1 (2.sem. 1996). Niterói: EDUFF, 1996.

KLEIMAN, Ângela. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7. ed. Campinas: Pontes, 2000.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, ÂngelaPaiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.

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Complementares

BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997.

CURY, Maria Zilda Ferreira et al. Discursos e leitura.  2. ed. São Paulo: Cortez; Campinas:Unicamp, 1987.

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de Redação: o que é preciso saber para bem escre-ver. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

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SOARES, I. C. G. Programas Nacionais de Leitura no Brasil: o PROLER e o Pró-Leitura (1995-2000). (Dissertação de Mestrado em Educação) Belo Horizonte: UFMG/FAE, 2002.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução de Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Artmed,1998.

TRAVAGLIA, L. C. Um estudo textual-discursivo do verbo no português. (Tese de Doutorado)Campinas, IEL / UNICAMP, 1991.

Suplementares

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 3. ed. Campinas: Papirus, 2000.

______________. A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábolaeditorial, 2003.

BAKHTIN, Mikhail M. Estética da criação verbal. Martins Fontes: São Paulo, 1994.

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UAB/Unimontes - 1º Período

COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, Textualidade e Textualização. Pedagogia cidadã. In: Cadernosde Língua Portuguesa. São Paulo: UNESP, v1, p. 113-124, 2004.

FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Linguística Textual: o que é e como se faz. Recife: UFPE/Mestrado emLetras e Linguística, 1983.

FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Contribuição a uma tipologia textual. In: Letras & Letras. Vol. 03, nº

01. Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia. p. 3-10, 1987.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, L. C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 2001.

 ___________________________ Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa. São Pau-lo: Parábola, 2002.

__________________________Preconceito Linguístico. O que é. Como se faz. São Paulo:Edições Loyola, 2002.

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Atividades de

aprendizagem - AA1) Analise o seguinte texto de Millôr:

Fonte: REVISTA VEJA. Abril, 2008.

Da leitura global do texto, podem-se inferir as seguintes características, EXCETOa) ( ) A realidade retratada limita-se à cidade do Rio de Janeiro.b) ( ) A linguagem não-verbal fortalece a denúncia apresentada pela linguagem verbal.c) ( ) A referência ao Rio de Janeiro se dá pela alusão a uma conhecida música popular.d) ( ) O emissor “brinca” com a definição de cidadão, deixando claro um trabalho intencional coma mensagem.

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2) Considere as definições sobre gêneros textuais e assinale a INCORRETA.a) ( ) A receita culinária é uma comunicação breve que se estabelece entre emissor e receptor,caracterizada pelo emprego do nível popular.b) ( ) A narrativa refere-se ao relato de uma história em que atuam personagens em um espaço etempo determinados.c) ( ) O manual é um texto instrucional cuja finalidade é orientar sobre o funcionamento de um

aparelho, regras de um jogo, etc.d)( ) O bilhete caracteriza-se pela linguagem informal com a qual se transmite uma mensagemsimples e objetiva a amigos, familiares, etc.

3) Leia o seguinte texto com atenção e marque, após, sua resposta. No texto, a característica queNÃO pode ser comprovada é:

O mundo gera 50 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos por ano.

É uma questão ambiental que merece total atenção da sociedade. Por isso, a Vivo lançouainda em 2006 um pioneiro programa de Reciclagem de celulares, baterias e acessórios semutilidade. Mais de 500 mil itens já foram coletados. O objetivo agora é maior. O programa foi

ampliado para todas as lojas e revendedores Vivo. São mais de 3.400 pontos de coleta paravocê reciclar. Recicle. Você faz bem ao planeta e ainda gera recursos para projetos socioam-bientais. Acesse www.vivo.com.br/recicleseucelular.

a) ( ) A função predominante é a expressiva, exemplificada pelo uso de pronome e formas ver-bais de 1ª pessoa.b) ( ) Trata-se de um texto publicitário que se serve do tema ambiental para promover seu pro-duto.c) ( ) A mensagem tem o propósito de estimular o leitor a participar do programa anunciado.d) ( ) Emprego das funções referencial e conativa da linguagem.

4) Discutimos que, quanto maior a interação entre os elementos textuais e o conhecimento do

leitor, maior a possibilidade de compreensão e interpretação de um texto. Com base nessa afir-mativa, leia os trechos de uma música e assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para asfalsas:

Soy loco por ti, América(Gilberto Gil/Capinan)

Soy loco por ti, América Yo voy traer una mujer playeraQue su nombre sea Marti Que su nombre sea Marti Soy loco por ti de amores Tenga

como colores la espuma blancade LatinoaméricaY el cielo como bandera Y el cielo como bandera

Soy loco por ti, América Soy loco por ti de amores (...)El nombre del hombre muertoYa no se puede decirlo, quién sabe?Antes que o dia arrebente Antes que o dia arrebente El nombre del hombre muertoAntes que a definitiva noite se espalheem Latino AméricaEl nome del hombre es puebloEl nome del hombre es pueblo(...)

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a) ( ) Alguns leitores podem apresentar falha na compreensão do texto, pois o seu conhecimen-to linguístico pode não ser suficiente.b) ( ) O conhecimento linguístico de um falante apenas da Língua Portuguesa é suficiente para acompreensão do texto.c) ( ) O conhecimento linguístico é um componente básico do conhecimento prévio , mas oleitor, apresentando o conhecimento de mundo, poderá compreender o texto.

d) ( ) Apenas o falante nativo da Língua Espanhola conseguirá compreender o texto.

5) A leitura é um processo através do qual se pode observar, perceber, descobrir e refletir sobreo mundo. Podemos ler textos verbais e também não verbais. Leia o cartum abaixo e, de acordocom as nossas discussões, marque somente a alternativa INCORRETA.

Fonte: Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=5223, acesso em 7 jun. 2013.

a)( ) Podemos afirmar que quem não possui um conhecimento de mundo sobre o símbolorepresentado pela “paciente” não compreenderá a crítica e o humor abordados no cartum.b) ( ) Ler é um processo social de construção de significados e só conseguiremos compreendero humor e a crítica apresentados no cartum através dessa construção dos significados da figurafeminina apresentada.c) ( ) Para que ocorra uma leitura eficiente, é necessário apenas a simples decodificação dos

sinais gráficos. No cartum, basta apenas decodificar o símbolo apresentado para interpretar acrítica abordada.d) ( ) O cartunista critica a violência dos dias atuais por meio da figura da morte deitada em umdivã de um terapeuta.

6) “Diego Hipólyto era um dos favoritos à medalha de ouro e assombrou os brasileiros ao cair.”Esse trecho continuará com o mesmo sentido se substituirmos o e por:a) ( ) porqueb) ( ) emborac) ( ) no entantod) ( ) por isso

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7) Leia o texto abaixo:

Faltam também boas condições de trabalhoBrasília. O Ministério da Educação (MEC) considera o piso salarial nacional dos professo-

res – R$ 950 mensais, a partir de 2010 – um passo importante para tornar o magistério maisatraente. Sancionada em julho pelo presidente Lula, a lei do piso vem sendo contestada porgovernantes e prefeitos. Eles negociam com o governo o fim da exigência de que um terçodas horas de trabalho seja reservado para atividades extraclasse, como preparação de aulas ea correção de provas.

Para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgãodo MEC encarregado de melhorar a formação dos professores brasileiros, é preciso valorizaro magistério. Isso significa pagar melhores salários e garantir boas condições de trabalho, se-gundo a coordenadora- geral de Docentes da Educação Básica, Helena de Freitas.

Ela destaca a importância do tempo reservado às atividades extraclasses. “Junto com opiso, temos que olhar para a condição do trabalho docente na escola pública, ou seja, fortalecera política de concentração do professor em uma escola, com jornada integral e dedicação ex-clusiva a uma escola, com tempo para o estudo, para planejamento e avaliação de seu trabalho.

O tempo. Ano 12. Nº 4270 – Domingo, 24/8/2008

O texto que você leu é uma notícia. Marque apenas a alternativa em que aparecem apenas ascaracterísticas desse tipo de texto.a) ( ) Traz informações. O texto deve ser claro, objetivo, impessoal e fazer o uso da norma padrãoda língua.b) ( ) Tem como objetivo veicular informações científicas. Apresenta linguagem com terminolo-gia científica de alguma área de conhecimento.c) ( ) Ensina a fazer, traz instruções bem definidas.d) ( ) Tem o objetivo de expressarmo-nos pessoalmente, para nos distrair, desenvolver a sensibi-lidade, partilhar emoções.

8) Leia o texto instrucional e marque somente a alternativa INCORRETA.

Receita de Bolo Simples 

• 125 gr de manteiga• 4 unidade(s) de ovo• 2 xícara(s) (chá) de açúcar• 1 xícara(s) (chá) de leite• 2 xícara(s) (chá) de farinha de trigo• 1 colher (sopa) de fermento químico em pó

Bata as claras em neve bem firme e reserve na geladeira. Bata as gemas com o açúcar e a man-teiga até ficar bem branquinho. Adicione o leite aos poucos, alternando com a farinha. Con-tinue batendo. Quando estiver bem misturado, pare de bater e misture a clara em neve e ofermento bem devagar. Coloque a massa em uma forma untada com manteiga e polvilhadacom farinha de trigo. Asse em forno médio, pré-aquecido.

Fonte: Disponível em http://cybercook.terra.com.br/receita-de-bolo-simples-de-liquidificador-r-12-8292.html, acesso em28 mai. 2013.

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Letras Espanhol - Fundamentos da Língua Portuguesa I

a) ( ) Tem por objetivo expor, divulgar informações.b) ( ) É um tipo de texto informativo.c) ( ) Fornece-nos instruções, com o uso de uma linguagem clara e objetiva.d) ( ) Apresenta frases exclamativas e faz uso do vocativo.

9) Observe o seguinte anúncio publicitário:

Fonte: Disponível em http://ilustrapropaganda.com.br/blog/2010/04/edu-guedes-em-campanha-do-leite-cemil/,acesso em 9 jun. 2013.

A única função da linguagem que NÃO está presente no anúncio é:a) ( ) Expressiva.

b) ( ) Referencial.c) ( ) Conativa.d) ( ) Poética.

10) Observe a charge abaixo. A charge é um gênero textual que pode ter apenas imagens ouimagens e palavras. Geralmente seu objetivo é a crítica através do humor, principalmente a críti-ca social ou política. Analise a charge e explique em que se baseia o humor.

Fonte: Disponível em http://jornaldojeq.blogspot.com.br/2009/10/pais-e-alunos-antes-e-depois.html, acesso em 9 jun.2013.

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