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Cenário 2012
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Visão Geral
O maior entrave para o crescimento da economia mundial é a situação dos PIIGS: i) Grécia
continua em crise; ii) Itália cada vez mais com maiores dificuldades em fazer captações, iii) o que
também acontece com os outros, mas em um nível menor. O grande problema hoje é que a crise da
Zona do Euro é estrutural, enquanto os Estados Unidos passam por um problema cíclico.
A própria Ata do Copom vem destacando que a economia mundial está enfrentando um período de
incertezas, com deterioração nas perspectivas para a atividade econômica. Há grandes riscos para a
estabilidade financeira global, devido à exposição de bancos internacionais às dívidas soberanas de
países com desequilíbrios fiscais, principalmente na Zona do Euro. Outra preocupação são as taxas
de desemprego elevadas por longo período, aliadas às necessidades de ajustes fiscais, bem como ao
limitado espaço para ações de política monetária e à incerteza política. Isso tudo têm contribuído
para redução nas projeções de crescimento das economias maduras, ou mesmo de seu crescimento
potencial, indicando ciclo econômico mais amplo e volátil. No que se refere à política monetária, as
economias maduras continuarão com posturas acomodatícias e, em alguns casos, com iniciativas
não convencionais de política monetária. Se os Estados Unidos apresentarem uma pequena
recuperação, não será suficiente para a retomada do crescimento mundial. Em relação a economia
doméstica a expectativa para 2012 é de que a indústria irá sofrer mais no ano de 2011, pois há sinais
de desaquecimento da indústria brasileira, que trarão impactos também sobre investimentos futuros.
Recessão à vista!
Acredito que a economia na Zona do Euro deva ficar praticamente estagnada em 2012, com
crescimento entre 0,5% e 0,7% e para não acontecer uma nova recessão será preciso tomar medidas
mais drásticas. Há necessidade de criar um tripé: i) pacto fiscal; ii) criar um fundo especifico para
Zona do Euro; iii) aval do FMI. As más perspectivas se devem a forte deterioração da confiança nos
mercados da União Europeia devido à crise da dívida soberana. Existe uma “crise de confiança”
que afeta negativamente a demanda, provocando queda no consumo público e no consumo privado,
assim como o adiamento dos investimentos das empresas. Os maiores riscos vêm das preocupações
em torno da crise da dívida soberana dos países.
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Há risco, ainda que pena, dos países abandonarem o EURO e isto despedaçar economicamente a
Europa. Estamos saindo de uma crise financeira e passando para uma crise de crescimento, ou seja,
vamos ter um período longo de baixo crescimento. As dificuldades de coordenação política e a
indefinição de mecanismos consistentes de resgate para os países da Zona do Euro favoreceram a
intensificação do movimento de aversão ao risco nos mercados financeiros, levando ao aumento do
custo de financiamento da dívida dos países da região. O agravamento da crise da dívida soberana
se propaga em direção aos maiores países da região.
EUA – Os dados econômicos americanos melhoraram, mas ainda inspiram preocupação. O
crescimento anualizado de 2,0%, no terceiro trimestre, foi estimulado pelo consumo das famílias,
influenciado pela redução na taxa de poupança. A atividade econômica acelerou nos Estados
Unidos e Japão, mas desacelerou na Zona do Euro e na China. Além disso, os indicadores no
mercado imobiliário, no mercado de trabalho, nas condições de crédito e na confiança do
consumidor permanecem ruins. A economia Norte Americana deverá crescer 1,6% em 2011,
subindo para 2,5% em 2012. Outro fator que aspira atenção é a eleição presidencial americana, que
acontecerá em novembro de 2012. O fato do Obama não possuir a maioria no congresso pode
dificultar a aprovação de pacotes de ajustes necessários para a retomada dos investimentos.
Atividade Econômica – EUA1
Indicador 2008 2009 2010 2011* 2012*
PIB real 0,00% (2,60%) 2,9% 1,6% 2,5%
IPC 3,85% (0,35%) 1,5% 2,7% 1,4%
Desemprego 5,80% 9,30% 9,4% 9,0% 8,7%
China - A capacidade de investimento do dragão chinês está se esgotando, não será mais como foi
em anos anteriores. Atualmente o país enfrenta problemas com os bancos, e a inflação está muito
acima da meta prevista de 4%. Embora em desaceleração, segue com a atividade econômica em
ritmo significativo. As vendas no varejo e a produção industrial registraram, em outubro,
1 Fonte da projeção: FED 02/11/2011
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crescimento real mensal de 1,3% e de 0,9%, respectivamente, e de 11,3% e 13,2% na comparação
anual. Apesar do cenário mais difícil, a China vai continuar sendo o país com maior destaque no
cenário mundial.
Economia doméstica - Hoje o Brasil não é um país isolado e seu comércio internacional depende
tanto dos países desenvolvidos quanto dos emergentes, onde há uma clara desaceleração em curso
da economia mundial. As pressões inflacionárias na economia doméstica começaram a deixar de ser
uma preocupação do Banco Central, o que mais preocupa agora é a desaceleração da economia
brasileira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a crise na Europa não está sendo
resolvida de forma satisfatória e pode piorar. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada, na
indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, vem caindo e já está abaixo de
84%. Isso mostra sinais de enfraquecimento da economia brasileira, confirmado pela ultima
publicação do PIB brasileiro.
A Pesquisa Focus3 diminuiu a estimativa de crescimento para 2012, o PIB está estimado em 3,30%.
Em relação a expectativa para a produção industrial de 2011, no final do ano de 2010 girava em
torno de 5,30% e hoje a expectativa apresentada para 2011 é de 0,78%, e para o ano de 2012 a taxa
é de 3,30%. A meta de inflação em 2011 ultrapassou o seu limite, a expectativa é que feche o ano
de 2011 em 6,55%, já a perspectiva para 2012 é que seja de 5,32%, a meta deve ser perseguida pelo
BC (com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos). Em relação ao Índice Geral
de Preços de Mercado (IGP-M) no ano de 2011 o índice fechou em 5,10%, para 2012, a projeção é
5,08%.
2 Fonte da projeção: Bloomberg
3 Relatório Focus do Banco Central de 30/12/11
Atividade Econômica Chinesa2
Indicador 2008 2009 2010 2011* 2012*
PIB real 9,60 9,20 10,40 9,20 8,50
IPC 5,90 (0,68) 3,33 5,50 3,75
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Expectativa – Brasil4 Cenários – 2012*
2011* 2012 * Pessimista Conservador Otimista
IPCA (%) 6,55% 5,32% 6,00 4,90 4,35
Meta Taxa Selic (%) 11,00% 9,50% 10,25 9,50 8,75
PIB (%) 2,87% 3,30% 2,50 2,80 3,50
Taxa de Câmbio - fim de período (R$/US$) 1,87 1,75 1,72 1,77 1,90
Invest. Estrangeiro Direto (US$ bilhões) 63,00 55,00 48,0 50,0 60,0
Taxa de Juros
O BC vem sinalizando que vai afrouxar ainda mais o aperto monetário e deve continuar reduzindo
os juros. Dessa forma podemos chegar ao final de 2012 com a taxa Selic por volta de 9,5%. A
tendência está baseada nas expectativas de que a crise na zona do euro deve se agravar com
crescimento do PIB inferior a 1%. Além disso, a Presidente Dilma vem publicamente afirmando
que o governo vai ter a menor taxa real de juros.
Câmbio
O dólar em 2012 deve permanecer no patamar entre R$ 1,75 e R$ 1,78. A continuidade do não
aquecimento da economia mundial, mesmo com a China crescendo a 8,5% terá efeito sobre o
comércio e a aversão a risco deve persistir em função do endividamento dos países para salvar o
sistema financeiro. A taxa real de juros no Brasil está entre as maiores do mundo e por isso deve
permanecer atraente para os investidores estrangeiros.
4 Relatório Focus do Banco Central de 30/12/11
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Exportações
A economia global, como já foi colocado, vem se deteriorando, condicionada pelos renovados
temores associados à questão fiscal dos países da Europa; pelo impasse sobre a elevação do teto do
endividamento nos EUA e posterior rebaixamento de rating por parte de uma agência classificadora
de risco; e pelo acirramento das perspectivas quanto à desaceleração econômica nessas duas
economias e seus efeitos sobre a economia global. Nesse cenário, os mercados financeiros passaram
a operar sob forte volatilidade, com expressiva percepção de aumento do risco. Com isso a
atividade econômica nas principais economias desenvolvidas apresenta sinais evidentes de
desaceleração.
Com esse ambiente repleto de incertezas, os preços internacionais das commodities apresentaram
elevada volatilidade, com desvalorizações nos segmentos de commodities metálicas e energéticas,
cujos preços são mais sensíveis aos ciclos econômicos, enquanto os preços das commodities
agropecuárias registraram elevações, influenciados pela deterioração das condições de oferta, em
ambiente de adversidades climáticas em regiões produtoras e de resultados parciais da colheita de
alguns produtos, sinalizando produtividade abaixo da esperada.
A valorização do real frente ao dólar melhorou, mas nossos produtos tem uma dependência muito
grande dos preços internacionais que são marcados pela alta volatilidade. O ideal seria que nossos
produtos fossem de maior valor agregado, pois esses não dependem apenas da formação
internacional de preços. Conclusão: os riscos de um cenário mais negativo são elevados e
prejudicam os preços e a nossa balança comercial.
Crédito
A oferta de crédito doméstico vem se mantendo imune à restrição de liquidez externa. O BC teve
que tomar medidas para diminuir e agora para aumentar a liquidez do crédito. O volume total de
empréstimos e financiamentos ofertado pelo sistema financeiro, com base em recursos livres e
direcionados, vem crescendo.
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Bolsa de Valores - Ibovespa
A tendência para o mercado acionário em 2012 deve ser melhor do que a observada em 2011. As
economias desenvolvidas seguirão incapazes de caminhar com as próprias pernas. Além do mais, os
países estão com grandes déficits ficais, sendo obrigados a fazer ajustes fortes em suas economias.
A preocupação deve ser com o ritmo dessa desaceleração, inclusive com a China que também
necessita de ajustes, conforme já comentado.
Mesmo com as medidas já tomadas para a retomada da demanda o BC deve baixar a taxa Selic para
9,50% ao ano. O cenário macroeconômico interno e externo deve desacelerar nos próximos seis
meses para depois ganhar ritmo novamente. A expectativa é que o Ibovespa ganhe ritmo em 2012,
apesar de que o início do ano ainda não deva ser um dos melhores; melhorando a partir do segundo
semestre. Uma projeção mais pessimista seria de 65.000 pontos, conservadora 68.500 e otimista
72.000 pontos todos para o final 2012 – uma alta aproximada de 14,5%, 20,70% e 26,90% tendo
como base o fechamento de 2011. O varejo, consumo e financeiro (bancos) devem-se destacar
entre os setores no ano de 2012 e não podemos esquecer das empresas que são boas pagadoras de
dividendos. Em função das medidas tomadas pelo governo, o setor de consumo deve voltar a
aquecer. Com relação ao setor bancário, mesmo com um cenário externo afetando os bancos lá fora,
não deve afetar o setor bancário interno - os bancos brasileiros foram afetados em função dos
investidores estrangeiros terem colocado os brasileiros na mesma situação dos estrangeiros e
vendidos suas ações. Além disso o crédito deve crescer por volta de 13% em 2012.
Outro setor que o investidor deve acompanhar de perto é o da construção civil, em função de
possíveis novas medidas que possam surgir por parte do governo; além do mais é o setor que está
mais descontado no ano de 2011 com queda de aproximadamente 27,70%.
É importante lembrar que a maior do peso do Ibovespa de empresas produtoras de commodities. É
preciso ter cuidado também com a necessidade de financiamento das companhias. As mais
endividadas ou que precisam de recursos para fluxo de caixa tendem a ser prejudicadas pela
redução de liquidez e aumento do custo do dinheiro. Os preços internacionais das commodities
seguiram apresentando forte volatilidade nos últimos meses, porém com tendência de queda,
refletindo, principalmente, novo aumento da aversão ao risco, fruto do agravamento da crise fiscal
na Europa e desaceleração do crescimento da China.
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Conforme comentários já citados, a seguir a carteira recomendada pela Corretora Souza Barros,
para o ano de 2012, composta por seis papéis.
Carteira Souza Barros para 2012
Nome Classe Cod. Fechamento
26/12
Preço
Justo
Potencial de
Valorização Setor
All Amer Lat ON ALLL3 R$ 9,42 R$ 19,50 107,01% Transporte ferroviário
Br Malls Par ON BRML3 R$ 18,20 R$ 19,16 5,27% Exploração de Imóveis
Cemig PN CMIG4 R$ 33,15 Em revisão - Energia Elétrica
Itaú PN ITUB4 R$ 34,50 R$ 45,50 31,88% Bancos
Petrobras PN PETR4 R$ 22,17 R$ 35,00* 57,87% Petróleo, gás e biocombustíveis
Totvs ON TOTS3 R$ 31,75 R$ 40,00* 25,98% Tecnologia da Informação
Importante: Ler Disclaimer abaixo antes de tomar decisão. * Preço Alvo da Consultoria Lopes Filho.
Carteira de Dividendos Trimestral (Jan-Mar/2012)
Nome Classe Cod. Dividendo Yld
26/12/2012 Setor
Ambev PN AMBV4 2,78% Indústrias de Bebidas
Cielo ON CIEL3 5,42% Serviços Financeiros Diversos
Eletropaulo PN ELPL4 20,80% Energia Elétrica
Natura ON NATU3 4,90% Produtos de Uso Pessoal
Sid Nacional ON CSNA3 8,43% Siderurgia e Metalurgia
Importante: Ler Disclaimer abaixo antes de tomar decisão
Conclusão
Esse cenário foi construído e analisado sob perspectivas que identificam de modo mais abrangente
os reflexos dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira – entre outros, os canais do
comércio, do preço de importações e da volatilidade externa. Como hipótese de trabalho, admite-se
que a continuidade da deterioração do cenário internacional continue causando impacto sobre a
economia brasileira. Além disso, supõe-se que a atual situação internacional seja mais persistente
do que a verificada nos anos anteriores, porém, menos aguda. No cenário central, entre outras
repercussões, ocorre moderação da atividade econômica doméstica e a taxa de câmbio mostrando
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certa estabilidade. Mesmo com um ajuste moderado no nível da taxa básica de juros, a taxa de
inflação no horizonte relevante se posiciona para o centro da meta em 2012.
As tensões no mercado cambial, os desequilíbrios fiscais e o endividamento dos países, falta de
acordo para um ajuste fiscal para a redução do déficit, junto com as incertezas que rodeiam os
mercados financeiros explicam a correção em baixo crescimento para 2012.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, no seu documento
semestral Perspectiva Econômica, estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global
desacelere a 3,4% em 2012, ante 3,8%. Trata-se de uma forte queda ante a previsão anterior, de
maio, quando a OCDE estimava que o mundo cresceria 4,2 % em 2011 e 4,6 % em 2012. Hoje tem
uma luta para conter a crise de dívida sem precedentes, a zona do euro já entrou em recessão e vai
registrar um crescimento de apenas 0,2 % em 2012, conforme a OCDE. Os Estados Unidos entrou
em estagnação e deve demorar a retomada do crescimento, só vendo a retomada de crescimento
após a eleição de 2012.
Brasil – As medidas do Banco Central já deram bastante o que falar. O mercado vem esperando
novas medidas de política monetária e que a taxa Selic caia pelo menos mais 1,5 ponto percentual
durante o ano de 2012. O fato é que algo mudou em termos de política monetária. O BC vem
antecipando os cortes da taxa de juros, o que mostra que está menos preocupado com a inflação e
com atenção maior no aumento da demanda. Ainda existem muito risco e tensão na economia
global e isso não deve desaparecer nas economias emergentes, apesar de estarem indo muito bem, já
as avançadas ainda não encontraram seu caminho nesse novo contexto pós-crise.
Disclaimer A
São Paulo, Janeiro de 2012.
(11) 3292-6900 - 0800 77 123 00
www.souzabarros.com.br – www.investtrader.com.br
Analista CNPI: Clodoir Vieira
Larissa Gatti Nappo
A Declaração do analista de valores mobiliários de investimento, nos termos do art. 17 da ICVM 483 -
As informações financeiras utilizadas neste relatório foram obtidas diretamente das empresas. Todas as informações foram
obtidas de fontes públicas que acreditamos confiáveis e de boa fé, mas não foram independentemente conferidas e nenhuma
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garantia expressa ou implícita, é feita sobre sua exatidão, ou se a informação é completa. Este documento foi preparado pelo
analista da Souza Barros e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações, opiniões,
estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas a mudanças como resultado de alterações nas condições de
mercado, sem aviso prévio.
O analista de investimento ou de valores mobiliários, envolvido na elaboração deste relatório “Clodoir Gabriel Vieira” ou
simplesmente “Clodoir Vieira”, declara que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente suas opiniões pessoais
sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação à
Corretora Souza Barros Câmbio e Títulos S.A. e demais empresas do Grupo.
O analista de investimentos, envolvido na elaboração deste relatório, tem vínculo como cotista do “Clube de investimento
SB”, porém não participa da administração. A empresa analisada pode fazer ou não parte da carteira. As operações realizadas
podem ou não seguir a tendência da recomendação.