pl 867-2015

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1 CÂMARA DOS DEPUTADOS PROJETO DE LEI Nº 867 , DE 2015 (Do Sr. Izalci) Inclui, entre as diretrizes e bases da educação nacional, o "Programa Escola sem Partido". O Congresso Nacional decreta: Art.1º. Esta lei dispõe sobre a i nclusão entre as diretrizes e bases da educação nacional do "Programa Escola sem Partido”. Art. 2º. A educação nacional atenderá aos seguintes princípios: I - neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado; II - pluralismo de ideias no ambiente acadêmico; III - liberdade de aprender, como projeção específica, no campo da educação, da liberdade de consciência; IV - liberdade de crença; V - reconhecimento da vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relação de aprendizado; VI - educação e informação do estudante quanto aos direitos compreendidos em sua liberdade de consciência e de crença;

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PL 867-2015

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1CMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI N 867 , DE 2015

(Do Sr. Izalci)Inclui, entre as diretrizes e bases da educao nacional, o "Programa Escola sem Partido".O Congresso Nacional decreta:

Art.1. Esta lei dispe sobre a incluso entre as diretrizes e bases da educao nacional do "Programa Escola sem Partido.

Art. 2. A educao nacional atender aos seguintes princpios:I - neutralidade poltica, ideolgica e religiosa do Estado;

II - pluralismo de ideias no ambiente acadmico;

III - liberdade de aprender, como projeo especfica, no campo da educao, da liberdade de conscincia;

IV - liberdade de crena;

V - reconhecimento da vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relao de aprendizado;

VI - educao e informao do estudante quanto aos direitos compreendidos em sua liberdade de conscincia e de crena;

VII - direito dos pais a que seus filhos recebam a educao moral que esteja de acordo com suas prprias convices.

Art. 3. So vedadas, em sala de aula, a prtica de doutrinao poltica e ideolgica bem como a veiculao de contedos ou a realizao de atividades que possam estar em conflito com as convices religiosas ou morais dos pais ou responsveis pelos estudantes. 1. As escolas confessionais e as particulares cujas prticas educativas sejam orientadas por concepes, princpios e valores morais, religiosos ou ideolgicos, devero obter dos pais ou responsveis pelos estudantes, no ato da matrcula, autorizao expressa para a veiculao de contedos identificados com os referidos princpios, valores e concepes. 2. Para os fins do disposto no 1 deste artigo, as escolas devero apresentar e entregar aos pais ou responsveis pelos estudantes material informativo que possibilite o conhecimento dos temas ministrados e dos enfoques adotados.

Art. 4. No exerccio de suas funes, o professor:

I - no se aproveitar da audincia cativa dos alunos, com o objetivo de coopt-los para esta ou aquela corrente poltica, ideolgica ou partidria;

II - no favorecer nem prejudicar os alunos em razo de suas convices polticas, ideolgicas, morais ou religiosas, ou da falta delas;

III - no far propaganda poltico-partidria em sala de aula nem incitar seus alunos a participar de manifestaes, atos pblicos e passeatas;

IV - ao tratar de questes polticas, scio-culturais e econmicas, apresentar aos alunos, de forma justa, as principais verses, teorias, opinies e perspectivas concorrentes a respeito;

V - respeitar o direito dos pais a que seus filhos recebam a educao moral que esteja de acordo com suas prprias convices;VI - no permitir que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ao de terceiros, dentro da sala de aula.Art. 5. Os alunos matriculados no ensino fundamental e no ensino mdio sero informados e educados sobre os direitos que decorrem da liberdade de conscincia e de crena assegurada pela Constituio Federal, especialmente sobre o disposto no art. 4 desta Lei.

1. Para o fim do disposto no caput deste artigo, as escolas afixaro nas salas de aula, nas salas dos professores e em locais onde possam ser lidos por estudantes e professores, cartazes com o contedo previsto no Anexo desta Lei, com, no mnimo, 70 centmetros de altura por 50 centmetros de largura, e fonte com tamanho compatvel com as dimenses adotadas. 2. Nas instituies de educao infantil, os cartazes referidos no 1 deste artigo sero afixados somente nas salas dos professores.

Art. 6. Professores, estudantes e pais ou responsveis sero informados e educados sobre os limites ticos e jurdicos da atividade docente, especialmente no que tange aos princpios referidos no art. 1 desta Lei.

Art. 7. As secretarias de educao contaro com um canal de comunicao destinado ao recebimento de reclamaes relacionadas ao descumprimento desta Lei, assegurado o anonimato.

Pargrafo nico. As reclamaes referidas no caput deste artigo devero ser encaminhadas ao rgo do Ministrio Pblico incumbido da defesa dos interesses da criana e do adolescente, sob pena de responsabilidade.

Art. 8. O disposto nesta Lei aplica-se, no que couber:

I - aos livros didticos e paradidticos;II - s avaliaes para o ingresso no ensino superior;

III - s provas de concurso para o ingresso na carreira docente;

IV - s instituies de ensino superior, respeitado o disposto no art. 207 da Constituio Federal.

Art. 9. Esta Lei entrar em vigor na data de sua publicao.ANEXO

DEVERES DO PROFESSORI - O Professor no se aproveitar da audincia cativa dos alunos, com o objetivo de coopt-los para esta ou aquela corrente poltica, ideolgica ou partidria.II - O Professor no favorecer nem prejudicar os alunos em razo de suas convices polticas, ideolgicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.III - O Professor no far propaganda poltico-partidria em sala de aula nem incitar seus alunos a participar de manifestaes, atos pblicos e passeatas.IV - Ao tratar de questes polticas, scio-culturais e econmicas, o professor apresentar aos alunos, de forma justa isto , com a mesma profundidade e seriedade , as principais verses, teorias, opinies e perspectivas concorrentes a respeito.V - O Professor respeitar o direito dos pais a que seus filhos recebam a educao moral que esteja de acordo com suas prprias convices.VI - O Professor no permitir que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ao de terceiros, dentro da sala de aula.JUSTIFICAOEsta proposio se espelha em anteprojeto de lei elaborado pelo movimento Escola sem Partido (www.escolasempartido.org) uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau de contaminao poltico-ideolgica das escolas brasileiras, em todos os nveis: do ensino bsico ao superior , cuja robusta justificativa subscrevemos:

fato notrio que professores e autores de livros didticos vm-se utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adeso dos estudantes a determinadas correntes polticas e ideolgicas; e para fazer com que eles adotem padres de julgamento e de conduta moral especialmente moral sexual incompatveis com os que lhes so ensinados por seus pais ou responsveis.Diante dessa realidade conhecida por experincia direta de todos os que passaram pelo sistema de ensino nos ltimos 20 ou 30 anos , entendemos que necessrio e urgente adotar medidas eficazes para prevenir a prtica da doutrinao poltica e ideolgica nas escolas, e a usurpao do direito dos pais a que seus filhos recebam a educao moral que esteja de acordo com suas prprias convices.Trata-se, afinal, de prticas ilcitas, violadoras de direitos e liberdades fundamentais dos estudantes e de seus pais ou responsveis, como se passa a demonstrar:1 - A liberdade de aprender assegurada pelo art. 206 da Constituio Federal compreende o direito do estudante a que o seu conhecimento da realidade no seja manipulado, para fins polticos e ideolgicos, pela ao dos seus professores;2 - Da mesma forma, a liberdade de conscincia, garantida pelo art. 5, VI, da Constituio Federal, confere ao estudante o direito de no ser doutrinado por seus professores;3 - O carter obrigatrio do ensino no anula e no restringe a liberdade de conscincia do indivduo. Por isso, o fato de o estudante ser obrigado a assistir s aulas de um professor implica para esse professor o dever de no utilizar sua disciplina como instrumento de cooptao poltico-partidria ou ideolgica;4 - Ora, evidente que a liberdade de aprender e a liberdade de conscincia dos estudantes restaro violadas se o professor puder se aproveitar de sua audincia cativa para promover em sala de aula suas prprias concepes polticas, ideolgicas e morais;5 - Liberdade de ensinar assegurada pelo art. 206, II, da Constituio Federal no se confunde com liberdade de expresso; no existe liberdade de expresso no exerccio estrito da atividade docente, sob pena de ser anulada a liberdade de conscincia e de crena dos estudantes, que formam, em sala de aula, uma audincia cativa; 6 - De forma anloga, no desfrutam os estudantes de liberdade de escolha em relao s obras didticas e paradidticas cuja leitura lhes imposta por seus professores, o que justifica o disposto no art. 8, I, do projeto de lei; 7 - Alm disso, a doutrinao poltica e ideolgica em sala de aula compromete gravemente a liberdade poltica do estudante, na medida em que visa a induzi-lo a fazer determinadas escolhas polticas e ideolgicas, que beneficiam, direta ou indiretamente as polticas, os movimentos, as organizaes, os governos, os partidos e os candidatos que desfrutam da simpatia do professor;8 - Sendo assim, no h dvida de que os estudantes que se encontram em tal situao esto sendo manipulados e explorados politicamente, o que ofende o art. 5 do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), segundo o qual nenhuma criana ou adolescente ser objeto de qualquer forma de explorao;9 - Ao estigmatizar determinadas perspectivas polticas e ideolgicas, a doutrinao cria as condies para o bullying poltico e ideolgico que praticado pelos prprios estudantes contra seus colegas. Em certos ambientes, um aluno que assuma publicamente uma militncia ou postura que no seja a da corrente dominante corre srio risco de ser isolado, hostilizado e at agredido fisicamente pelos colegas. E isso se deve, principalmente, ao ambiente de sectarismo criado pela doutrinao;10 - A doutrinao infringe, tambm, o disposto no art. 53 do Estatuto da Criana e do Adolescente, que garante aos estudantes o direito de ser respeitado por seus educadores. Com efeito, um professor que deseja transformar seus alunos em rplicas ideolgicas de si mesmo evidentemente no os est respeitando;11 - A prtica da doutrinao poltica e ideolgica nas escolas configura, ademais, uma clara violao ao prprio regime democrtico, na medida em que ela instrumentaliza o sistema pblico de ensino com o objetivo de desequilibrar o jogo poltico em favor de determinados competidores;12 - Por outro lado, inegvel que, como entidades pertencentes Administrao Pblica, as escolas pblicas esto sujeitas ao princpio constitucional da impessoalidade, e isto significa, nas palavras de Celso Antonio Bandeira de Mello (Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 15 ed., p. 104), que nem favoritismo nem perseguies so tolerveis. Simpatias ou animosidades pessoais, polticas ou ideolgicas no podem interferir na atuao administrativa e muito menos interesses sectrios, de faces ou grupos de qualquer espcie.;13 - E no s. O uso da mquina do Estado que compreende o sistema de ensino para a difuso das concepes polticas ou ideolgicas de seus agentes incompatvel com o princpio da neutralidade poltica e ideolgica do Estado, com o princpio republicano, com o princpio da isonomia (igualdade de todos perante a lei) e com o princpio do pluralismo poltico e de ideias, todos previstos, explcita ou implicitamente, na Constituio Federal;14 - No que tange educao moral, referida no art. 2, VII, do projeto de lei, a Conveno Americana sobre Direitos Humanos, vigente no Brasil, estabelece em seu art. 12 que os pais tm direito a que seus filhos recebam a educao religiosa e moral que esteja de acordo com suas prprias convices;15 - Ora, se cabe aos pais decidir o que seus filhos devem aprender em matria de moral, nem o governo, nem a escola, nem os professores tm o direito de usar a sala de aula para tratar de contedos morais que no tenham sido previamente aprovados pelos pais dos alunos;16 - Finalmente, um Estado que se define como laico e que, portanto deve ser neutro em relao a todas as religies no pode usar o sistema de ensino para promover uma determinada moralidade, j que a moral em regra inseparvel da religio; 17. Permitir que o governo de turno ou seus agentes utilizem o sistema de ensino para promover uma determinada moralidade dar-lhes o direito de vilipendiar e destruir, indiretamente, a crena religiosa dos estudantes, o que ofende os artigos 5, VI, e 19, I, da Constituio Federal.Ante o exposto, entendemos que a melhor forma de combater o abuso da liberdade de ensinar informar os estudantes sobre o direito que eles tm de no ser doutrinados por seus professores.Nesse sentido, o projeto que ora se apresenta est em perfeita sintonia com o art. 2 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, que prescreve, entre as finalidades da educao, o preparo do educando para o exerccio da cidadania. Afinal, o direito de ser informado sobre os prprios direitos uma questo de estrita cidadania. Urge, portanto, informar os estudantes sobre o direito que eles tm de no ser doutrinados por seus professores, a fim de que eles mesmos possam exercer a defesa desse direito, j que, dentro das salas de aula, ningum mais poder fazer isso por eles.Note-se por fim, que o projeto no deixa de atender especificidade das instituies confessionais e particulares cujas prticas educativas sejam orientadas por concepes, princpios e valores morais, s quais reconhece expressamente o direito de veicular e promover os princpios, valores e concepes que as definem, exigindo-se, apenas, a cincia e o consentimento expressos por parte dos pais ou responsveis pelos estudantes.Frisamos mais uma vez que projetos de lei semelhantes ao presente inspirados em anteprojeto de lei elaborado pelo Movimento Escola sem Partido (www.escolasempartido.org) j tramitam nas Assembleias Legislativas dos Estados do Rio de Janeiro, So Paulo, Gois e Esprito Santo, e na Cmara Legislativa do Distrito Federal; e em dezenas de Cmaras de Vereadores (v.g., So Paulo-SP, Rio de Janeiro-RJ, Curitiba-PR, Vitria da Conquista-BA, Toledo-PR, Chapec-SC, Joinville-SC, Mogi Guau-SP, Foz do Iguau-PR, etc.), tendo sido j aprovado nos Municpios de Santa Cruz do Monte Carmelo-PR e Picu-PB.Pelas razes expostas, esperamos contar com o apoio dos Nobres Pares para aprovao deste Projeto de Lei.Sala das Sesses, em 23 de maro de 2015.Deputado IZALCIPSDB/DFESP.MFUN.NGPS.2015.03.18

http://escolasempartido.org/component/content/article/2-uncategorised/484-anteprojeto-de-lei-estadual-e-minuta-de-justificativa