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PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SERGIPE
“Cenários do Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe”
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Setembro de 2014
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃOAPRESENTAÇÃO1. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS2. CONDICIONANTES DE FUTURO2.1 Variáveis condicionantes de futuro2.2 As Incertezas Críticas3. CENÁRIOS3.1 Cenário Otimista3.2 Cenário Pessimista4. DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1
APRESENTAÇÃO
É fenômeno da modernidade a elaboração de planejamento estratégico para nortear as
decisões futuras. Seja nas empresas, seja no setor público ou nas organizações da
sociedade civil, a construção de cenários têm sido crescentemente utilizada como
instrumental capaz de contribuir para delimitar os espaços possíveis de evolução da
realidade.
Norteados por essas premissas, o presente documento tem o objetivo de apresentar o
caminho percorrido e os resultados obtidos na construção social dos cenários para a
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. O texto está estruturado em secções como se segue.
Na primeira secção, a INTRODUÇÃO, apresenta-se os conceitos e a legislação
norteadora da cenarização. Contempla também os objetivos almejados e método e
instrumentais utilizados em cada fase da elaboração. São descritas as nove etapas que
compõem a metodologia utilizada, bem como, como foram planejadas, as ferramentas
utilizadas, de que forma foram executadas e a que resultado remetem.
A segunda secção, A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS, apresenta-se os
resultados das oficinas públicas da fase prognostica realizada conjuntamente com os
atores sociais relevantes para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
A secção seguinte, a terceira – CONDICIONANTES DE FUTURO, apresenta as
variáveis “condicionantes de futuro” e as Incertezas Críticas reveladas pela avaliação e
ratificação da matriz multicritério e pela hierarquização da variáveis relevantes para a
Bacia. Processo realizado conjuntamente pelo Grupo de Apoio Técnico do Plano –
GAT, membros dos Comitês Gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba,
Piauí e Japaratuba e técnicos de empresas públicas das esferas estadual e federal com
interesse nos Planos de Bacia Hidrográfica em execução.
Na quarta secção – OS CENÁRIOS, são apresentadas as hipóteses de futuro.
Demonstra o comportamento dos 2 cenários alternativos: Cenário Otimista e Cenário
Pessimista, definidos socialmente para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. A Secção
2
apresenta também a prospecção dos principais processos e variáveis que condicionam
os cenários dos recursos hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazos,
ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e 2033.
Na seção seguinte, DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL, descreve-se o cenário
normativo para a Bacia. Trata-se do cenário possível, construído a partir da percepção
dos principais atores sociais nos seminários, dos resultados das oficinas públicas e do
olhar dos membros dos comitês e dos técnicos e consultores da COHIDRO.
Na ultima secção tem-se AS CONSIDERAÇÕES FINAIS, com as contribuições
possíveis sobre o processo de cenarização da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
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INTRODUÇÃO
Os Cenários são ferramentas de planejamento utilizadas para aglutinar racionalidades
existentes dando coerência a uma série de elementos difusos e procurando extrais deles
orientações norteadoras de ações futuras1. Diante disso, o intuito deste relatório é
apresentar a base metodológica que norteou a identificação dos principais processos e
variáveis que condicionam os cenários socioeconômicos dos recursos hídricos para a
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. E, a partir dessas condicionantes, desenvolver os
cenários de planejamento para a gestão de recursos hídricos e a proposição de ações
futuras. Trata-se de uma análise prospectiva2 sistemática com vistas a atender ao que
determina a Política Nacional dos Recursos Hídricos Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de
1997 e ao Art. 12 da Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH nº
145, que estabelece as diretrizes para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos das
Bacias Hidrográficas e dá outras providências. Busca ainda atender ao disposto na
legislação do Estado de Sergipe, especificamente, na Lei n° 3.870/97, que institui a
Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gerenciamento de
Recursos Hídricos de Sergipe – SEGRHSE.
O processo de desenvolvimento dos Cenários consiste na utilização de ferramentas de
Planejamento que permitem confrontar condições futuras imprevistas com uma
tendência que foi definida com base em condições dadas no passado. Busca-se, assim,
identificar quais os atores e as variáveis mais relevantes do sistema e apresentá-los de
forma sistemática.
Os principais atributos dos cenários3 são: i) a visão sistêmica da realidade; ênfase em
aspectos descritos em termos qualitativos; ii) explicitação das relações entre variáveis e
atores como estruturas dinâmicas; iii) visão de futuro como construção social e não
como fatalidade. Para tanto, é necessária uma metodologia capaz de identificar atores e
as variáveis relevantes ao sistema.
1 Conceito construído tendo como referência o Plano Estadual de Recursos Hídricos do Paraná. Águas do Paraná (Produto 2.5) – Cenários Alternativos do Plano Estadual de Recursos Hídricos (2010, p.49) 2 A análise prospectiva trata de uma visão de futuro abrangente, com enfoque em oportunidades existentes. No prognóstico, os principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos hídricos são apresentados de forma sistemática. PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DE MATO GROSSO DO SUL (2010).3 Vide Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p. 16), Volume II – Cenários.
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Norteados por essas premissas, busca-se, então, apresentar o caminho percorrido no
estabelecimento dos Cenários de Planejamento, construídos socialmente, para Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe. A metodologia utilizada compreende 7 etapas, descritas de
forma detalhada, a seguir.
Os cenários fundamentam-se no confronto entre a situação atual e as tendências de
evolução, considerando que as condições socioeconômicas não sofrerão alterações
significativas, no período de tempo estabelecido. Assim, a primeira etapa consistiu na
elaboração do diagnóstico produtivo da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe - leitura
técnica descritiva da realidade local e regional, dos principais problemas e dificuldades
enfrentadas na Bacia. Respaldados pela interpretação de informações e dados
socioeconômicos, buscou-se reconhecer, definir e descrever a natureza e características
das principais variáveis de mudança e permanência do Sistema de recursos hídricos nos
últimos cinco anos. O objetivo foi caracterizar, com base na informação existente, a
situação atual dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe e em suas
Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI4(Unidades de
Planejamento-UP). A importância deste procedimento consiste no estabelecimento do
quadro de referência do Plano de Bacia Hidrográfica, constituindo a base para a
identificação de áreas críticas e/ou temas críticos para a gestão, para a elaboração de
prognósticos e para a priorização de intervenções, visando à melhoria das condições dos
recursos hídricos.
Quanto à metodologia empregada na construção das informações que o fundamentam,
tem-se a pesquisa a dados secundários, cuja fonte é o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, Ministério do Meio Ambiente – MMA, aos documentos da
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado de Sergipe–
SEMARH, aos dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento
Rural de Sergipe - SEAGRI, da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO e da
Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado de Sergipe -
SEPLAG
4 Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI: Unidade físico-territorial de uma bacia hidrográfica com limites que podem ser ajustados à divisão geopolítica com finalidades de planejamento e gestão de seus recursos hídricos.
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Enfim, o diagnóstico produtivo apresenta as constatações possibilitadas pela análise dos
dados, além da determinação das áreas e atividades responsáveis pelo maior dinamismo
econômico. Entende-se que a partir dessas análises, pode-se contribuir para uma visão
mais ampla da estrutura econômica dos Municípios e das Unidades de Planejamento –
UP que compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. E, com isso, compreender o
comportamento tendencial dos setores e facilitar, mais adiante, a mensuração da
demanda por recursos hídricos.
Na segunda etapa - Consulta às Comunidades, o objetivo foi contribuir para a
identificação dos principais problemas e variáveis de impacto sobre os recursos hídricos
na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Para tanto, foram desenvolvidas atividades desde
a proposição da metodologia até a realização das consultas públicas5 em forma de
oficinas por Comitê Gestor de Bacia, com vistas a estimular a discussões prévias nas
bases de representação. Acredita-se que as contribuições oferecidas pelas oficinas
permitem orientar o cruzamento da visão que a Bacia faz de si própria com os dados
apresentados no diagnóstico de forma a elaborar as possíveis visões de futuro.
Norteados por esses valores, o processo iniciou-se pela realização de uma reunião, em
Aracaju, na data de 19 de fevereiro de 2014, nas dependências da SRH/SEMARH,
reunindo os membros da equipe técnica e os membros dos Comitês de Bacia
Hidrográfica6: CBH Sergipe, CBH Piauí e CBH Japaratuba. O objetivo foi definir a
metodologia de participação social na fase do Prognóstico dos Planos de Bacia dos Rios
Japaratuba, Sergipe e Piauí.
A oficina elaborou uma proposta a ser submetida aos membros dos Grupos de
Acompanhamento dos Comitês em uma reunião prevista para o dia 14 de março. Dessa
oficina, resultou uma proposta, sistematizada como se segue:
5 Consulta Pública: é um instrumento de participação que consiste de um sistema que objetiva auxiliar na elaboração e na coleta de opiniões da sociedade sobre temas de importância. Esse sistema permite intensificar a articulação entre a representatividade e a sociedade, permitindo que a sociedade participe da formulação e definição de políticas públicas (CONSULTA PÚBLICA. 2009). No caso dos PBH a Consulta Pública tem com o objetivo de dar transparência e publicidade aos objetivos e metas para a gestão dos recursos hídricos da UGRHI.
6 As discussões para a elaboração do Plano de Bacia Hidrográfica no Estado de Sergipe foram realizadas conjuntamente com os membros dos Comitês das Bacias do Rio Sergipe, do Rio Japaratuba e do Rio Piauí.
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i. Antecipar as consultas públicas da fase prognóstica para a realização de
oficinas com membros dos Comitês de Bacias;
ii. Definir o público participante das oficinas, convidar e mobilizar todos os
membros dos CBH (titulares e suplentes) e um número de convidados a serem
definidos na reunião, não ultrapassando um total de 60 participantes;
iii. Realizar três oficinas prognósticas, sendo uma em cada bacia.
iv. Consultados os comitês definir previamente as datas para a realização das
oficinas.
No dia 14 de março, nas dependências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
- EMBRAPA, foi realizada uma reunião com os membros dos Grupos de
Acompanhamento dos Planos – GAP, dos Comitês de Bacia Hidrográfica: CBH
Japaratuba, CBH Piauí e CBH Sergipe. O intuito foi o de apreciar planejar a
metodologia para a proposta para a participação social na etapa prognóstica de
elaboração dos Planos de Bacia dos referidos CBH, assim como traçar uma estratégia
acordada para isso.
A reunião contou com a presença de representantes do Poder Público executivo e
legislativo municipal, Instituições públicas, Empresas, Universidades, Associações de
moradores e organizações sociais do terceiro setor: Prefeitura Municipal de Nossa
Senhora do Socorro, Prefeitura Municipal de Itabaiana, Prefeitura Municipal Nossa
Senhora da Glória, Prefeitura Municipal de Laranjeiras, Câmara de Aracajú, Associação
Comunitária e Cidadania João Bebe Água, ASMANE - Nossa Senhora do Socorro,
Colônia de Pescadores Z-2, OSCATMA /Barra dos Coqueiros, Universidade
Tiradentes, IBAMA, SEMARH / SRH e PETROBRÁS.
A proposta da reunião foi avaliada, iniciando-se a fase de planejamento das oficinas.
Definiu-se, então, que as oficinas prognósticas deveriam atender ao objetivo de analisar
as tendências em curso a impactar (positiva/negativamente) sobre a quantidade e/ou
qualidade das águas nas Bacias Hidrográficas. Em relação à mobilização, determinou-se
que deveria informar, convidar e estimular a discussão prévia nas bases de
representação. Na oportunidade, foram definidas as atribuições dos membros do Grupo
de Acompanhamento Técnico dos Planos das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba,
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Sergipe e Piauí – GAT e do Grupo de Acompanhamento do Plano dos Comitês Gestores
de cada Bacia na execução das oficinas, datas e locais das oficinas prognóstica, material
e infraestrutura necessária à execução e os convidados. No caso da Bacia Hidrográfica
do Rio Sergipe, a data acordada foi o dia 25 de março de 2014, no Município de Nossa
Senhora do Socorro - SE.
Definida a estratégia, foram elaborados os instrumentais para a mobilização,
encaminhados pelos mobilizadores para os convidados das oficinas, no caso do convite
e para todas as outras instituições cadastradas na Bacia, questionários por meio de
correio eletrônico. Para estes últimos - questionário por meio eletrônico, foi extrapolado
o âmbito dos Comitês Gestores, optando-se pela entrevista inúmeras instituições. Esse
proceder tornou o processo mais transparente e auxiliou na coleta de dados.
A metodologia utilizada nas consultas públicas da fase do prognóstico contemplou uma
hierarquização das atividades, planejadas pelos membros do GAT e representantes dos
Comitês das três Bacias, conforme dito anteriormente. Assim, a oficina da Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe iniciou-se pela abertura pelo presidente do Comitê da
Bacia Hidrográfica e a apresentação dos 30 participantes – membros da Bacia e
convidados destes.
Após a exposição dos objetivos da participação da sociedade, através de suas
representações na fase do prognóstico e das etapas necessárias a sua construção, ocorreu
a apresentação da Síntese dos Fatores de Impacto verificados na Fase Diagnóstica. De
posse das informações, os participantes foram agrupados em quatro eixos de
semelhança: Problemas Relativos à Disponibilidade, Desperdício e Conflitos Pelo Uso,
Poluição dos Corpos Hídricos, Decorrentes do Mau Uso do Solo e Fragilidades
Institucionais.
Apresentados os eixos a serem trabalhados, foram formados quatro grupos de trabalho
por livre adesão, um para cada eixo apresentado, sendo negociado um equilíbrio de
participação entre os mesmos. É importante ressaltar que os Grupos de trabalho foram
orientados a selecionar os principais Fatores de Impacto dentro do Eixo de discussão e
analisar as questões, norteados pelos conceitos previamente estruturados, conforme
apresentado abaixo:
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1. FATOR DE IMPACTO – cada um dos elementos que contribuem para um
resultado positivo ou negativo sobre a qualidade e/ou quantidade dos recursos
hídricos na bacia. O impacto é positivo ou negativo ?
2. TENDÊNCIA APONTADA – a direção geral ou sequência de eventos que
indicam como os fatores de impacto estão se movimentando. Qual a tendência do
mesmo nos próximos anos: aumentar, diminuir, permanecer sem alterações
significativas? JUSTIFICATIVA – Explicação das causas que contribuíram para a
tomada de decisão sobre a tendência apontada. Justificar o porquê.
3. AÇÕES EM CURSO – Planos, projetos, programas que estão sendo executados no
momento atual da análise. Identificar quais as ações que são necessárias para
incentivar (em caso de impacto positivo) ou enfrentar (em caso negativo) que já
estão em curso;
4. AÇÕES PROJETADAS – Planos, projetos, programas que estão em fase
de projeção, negociação, contratação, ou seja, já existe decisão tomada para
suas implementações e que ações estão projetadas; Quais ações precisão
ser projetadas No caso de alguma ação identificada apontar as
organizações responsáveis; AÇÕES SUGERIDAS - Planos, projetos,
programas que são vistos como necessários ao enfrentamento da
problemática, mas que ainda não são verificadas pelos participantes. Sugerir
ações.
O Grupo foi ainda orientado a escolher um(a) relator(a) para o registro das discussões
em fichas sintéticas e organização da apresentação em tarjetas coloridas, como
apresentados na Figura, como se segue.
Figura 1 – Esquema de apresentação dos resultados de trabalhos nos grupos
Fonte: Oficina do Prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, 2014.
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Exemplo
A terceira etapa - organização e consolidação das informações, organizou e
consolidou as informações evidenciadas pelas fases anteriores – diagnóstico produtivo e
oficinas públicas. Portanto, nessa etapa realizou-se um trabalho de filtro, organização
das informações, análise e consolidação. Buscou-se, assim, organizar as informações e
estabelecer um formato adequado – na forma de matriz, para a avaliação das variáveis
pelos membros dos Comitês gestores e do GAT e o estabelecimento do comportamento
destas em cada um dos cenários, conforme realizado na etapa seguinte.
O percurso metodológico para a construção dessa etapa incluiu uma reunião, na sede da
empresa COHIDRO, com técnicos e consultores envolvidos com o prognóstico das
Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí, durante dois dias, em junho
de 2014. O resultado dessa reunião foi a identificação das variáveis consideradas
relevantes para a construção de hipóteses coerentes de futuro: Os cenários. Assim,
apresenta-se na matriz 1, em Anexos, os temas, sub temas e variáveis relevantes para o
sistema de recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
O elemento central da matriz é a identificação dos problemas mais relevantes do sistema
de recursos hídricos de cada Bacia neste momento e de como eles se relacionam entre
si. Essa relação foi estabelecida pelos técnicos e consultores da COHIDRO, norteados
por informações e dados do diagnóstico produtivo e oficinas públicas para o
prognóstico.
Nesse sentido, foram enumerados 9 TEMAS - Crescimento Econômico,
Disciplinamento da Ocupação do Solo, Saneamento, Usos Econômicos, Recursos
Hídricos, Disponibilidade Hídrica Superficial, Fatores Ambientais, Conflitos de Usos e
Governança e 31 SUBTEMAS - Demografia, Economia, Área de Reserva Legal,
Proteção do Solo contra a Erosão, Unidades de Conservação, Abastecimento de Água,
Esgotamento Sanitário, Drenagem, Coleta e disposição de Lixo, Agricultura, Pecuária,
Irrigação, Aqüicultura, Indústria, Mineração, Atividades Turísticas, Qualidade da
Água, Captação de Água Subterrânea, Adoção de Práticas de Reuso, Preservação de
Nascentes, Conflitos de Usos, Tecnologias, Construção de Barragens / Açudes,
Desmatamento, Erosão das Margens dos Corpos Hídricos, Barramentos, Uso irregular,
Irrigação x Usos Diversos, Aqüicultura (Peixes), Implementação dos Instrumentos de
Gestão e Situação institucional dos atores do SINGREH.
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As 25 variáveis elencadas incluem a matriz institucional, o marco regulatório e os
aspectos naturais e socioeconômicos, são elas: Crescimento populacional, Imigração,
Emigração, Variação PIB, Controle de perdas, Atendimento, Petróleo, Extração (lavra) de
área, Poluição esgoto doméstico, Poluição esgoto industrial, Poluição Vinhoto, Poluição
agrotóxicos, Poluição Chorume, Calcário, Outorga, Cobrança, Sistema Informação,
Monitoramento quanti-qualitativo, Planos Diretores, Enquadramento, Compensação a
Municípios, Educação ambiental, Órgão Gestor Estadual, Comitês de Bacias e Agência.
É importante ressaltar que, aceita-se de antemão, a impossibilidade de esgotar todas as
nuances da realidade, devido à complexidade das situações produzidas pela sociedade.
A estratégia eleita socialmente para a quarta etapa - oficinas de subsídios aos
cenários foram oficinas, que ocorreram nos dias 20 e 21 de agosto de 2014, em
Aracaju. Participaram os membros do Grupo de Acompanhamento Técnico dos Planos
– GAT, representantes dos Comitês gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Sergipe,
Japaratuba e Piauí e Técnicos de órgãos governamentais da esfera estadual e federal. Os
participantes foram divididos em 4 grupos de discussão: três por Comitê de Bacia
Hidrográfica e um com técnicos institucionais.
As discussões na oficina obedeceram as seguintes fases:
i) Validar o conjunto de temas, subtemas e variáveis;
ii) Eleger os cenários mais representativos;
iii) Hierarquizar as variáveis conforme o seu impacto em recursos hídricos;
iv) Descrever o comportamento das variáveis em cada cenário.
O primeiro passo foi a apresentação para a discussão do conjunto de temas, sub temas e
variáveis construídos a partir do diagnóstico produtivo das Bacias e das oficinas
públicas de prognóstico, para consolidação e ratificação pelo grupo. As variáveis foram
ratificadas e também tiveram a inclusão de outras, conforme cada grupo. Optou-se
então, por adotar todas as sugestões em uma única matriz.
Na sequência, houve a definição do comportamento das variáveis para cada um dos
cenários representativos para cada Bacia a serem projetados, ou seja, dois cenários
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alternativos (otimista e Pessimista) e um cenário factível. Trata-se de cenários de caráter
qualitativo, com orientações quantitativas, estabelecidos a partir dos parâmetros
definidos pelo grupo.
O próximo passo foi hierarquizar as variáveis conforme seu impacto em recursos
hídricos e descrever o comportamento – tendência, das variáveis eleitas em cada
cenário. Para tanto, a metodologia – Análise multicritério, incluiu a utilização da
pontuação de acordo com o impacto, como se segue: 0 – Nenhum impacto, 1- Baixo
impacto, 2 – Médio Baixo impacto e 3 – Alto impacto.
Os resultados das discussões realizadas e do preenchimento da matriz no seminário dos
dias 20 e 21 de agosto de 2014, com os membros do Grupo de Acompanhamento
Técnico – GAT e dos membros dos Comitês Gestores das Bacias Hidrográficas dos
Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe, Técnicos de órgãos estaduais e Federais foram
representados em uma matriz.
Confirmadas as variáveis e seus impactos, o grupo de trabalho faz os ajustes e define
índices, que possibilitam a definição das incertezas críticas e das condicionantes de
futuro, possibilitando a futura quantificação e a descrição dos cenários.
A quinta etapa - Condicionante de futuro e incertezas críticas, consistiu em um
trabalho interno realizado pelos consultores, no qual se identificou as principais
variáveis identificadas como “Condicionantes de Futuro” e também aquelas
consideradas como “Incertezas Críticas”, identificadas a partir da consolidação e
análise das variáveis obtidas na oficina descrita na quarta etapa.
As “condicionantes de futuro”7 são atores e processos sistêmicos ou pontuais
(variáveis), de natureza social, cultural, política, ambiental, tecnológica, entre outras,
que têm influência relevante na trajetória futura do objeto de cenarização.
Identificadas as condicionantes de futuro, é importante delimitar também aquelas com
alto grau de incerteza e elevado impacto em relação ao futuro do objeto de cenarização
– as Incertezas Críticas. Estas últimas podem ser específicas ou estarem agrupadas em
7 Vide Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p. 78), Volume II – Cenários.
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uma ou mais incertezas-síntese. E, este é o principal resultado da quinta etapa,
apresentado mais adiante no capítulo que trata das condicionantes de futuro.
Na sexta etapa - Descrição e Prospecção dos Cenários Alternativos e Tendencial,
são descritos os cenários alternativos: Otimista e Pessimista e o Tendencial. Estes,
construídos a partir dos resultados do diagnóstico produtivo e das oficinas públicas com
os atores sociais relevantes para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e
Sergipe e das oficinas da fase prognóstica com os membros dos Comitês Gestores das
Bacias e o GAT, conforme explicitado anteriormente.
A etapa consistiu também na Projeção dos Cenários dos Recursos Hídricos em um
horizonte de planejamento de 20 anos. Para tanto, utilizou-se como quadro de
referência o diagnóstico produtivo, que mostra o grau do dinamismo econômico e as
tendências atuais dos principais indicadores econômicos por setores e por produto na
Bacia Hidrográfica.
As prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos
recursos hídricos – otimista, pessimista e factível foram desenhadas para um horizonte
temporal de curto, médio e longo prazos, ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e 2033. As
variáveis utilizadas foram o Valor Adicionado Bruto Total, o Valor Adicionado Bruto
Total para o setor Industrial, a produção agrícola – cana-de-açúcar e demais lavouras
temporárias e lavouras permanentes, o rebanho – aves e os demais (Bovino, Eqüino,
Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino), o crescimento populacional e a área irrigada.
Trata-se de um esforço para delimitar a interface entre as principais variáveis
econômicas e o consumo de recursos hídricos ao longo do tempo.
Os pressupostos utilizados na caracterização – qualitativa, dos cenários foram os
seguintes:
Cenário Tendencial é caracterizado pela continuidade da situação atual, ou seja, sem
grandes alterações da situação atual e da tendência de médio e longo prazo. Portanto,
espera-se a manutenção dos fatores que determinam as condições atuais.
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No Cenário Otimista há a conjugação de fatores que modificam o status quo e
ultrapassam as aspirações sociais a serem atendidas em um horizonte de planejamento
de médio e longo prazos. Projeta-se um mudo que cresce de maneira contínua – modelo
de desenvolvimento econômico com altos índices de crescimento, capaz de reduzir
pobreza e desigualdades, com fortes, mas declinantes impactos sobre os recursos
hídricos. A gestão é operativa, com o uso da água eficiente, incluindo o uso múltiplo.
Demonstra uma hipótese de melhoria, acima do esperado, dos diversos fatores que
modificam o “status quo” atual e que ultrapassam as aspirações sociais a serem
atendidas em um horizonte médio e longo prazo. As principais características são:
Crescimento econômico no Brasil e no exterior, avanço da agricultura e pecuária na
Bacia. Ampliação da área irrigada. Demanda industrial é ampliada, mas com melhoria
de sistemas de reuso. Melhoria da implementação do Sistema e dos instrumentos de
gestão. Maior participação social na Bacia. Aumento da pressão sobre os recursos
hídricos. Ampliação do investimento público sobre a oferta e demanda de Recursos
Hídricos. Melhoria dos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de
esgoto sanitário. Taxas de perdas do sistema de água e esgoto reduzem. Sistema de meio
ambiente mais rígido, com maior controle ambiental.
No Cenário Pessimista o ambiente apresenta reduzido crescimento econômico, com
manutenção dos índices de pobreza e desigualdade social. Não há expansão significativa
no fornecimento de energia hidrelétrica. Os investimentos em proteção dos recursos
hídricos são pequenos, seletivos e corretivos. A gestão é burocrática. Os conflitos em
torno das águas crescem, com ocorrência de contaminação dos recursos disponíveis.
Evidencia, hipoteticamente, a piora dos diversos fatores que modificam o “status quo”
atual, ou seja, consiste na deterioração das aspirações sociais e econômicas no horizonte
de médio e longo prazo. As principais características são: Estagnação econômica no
Brasil e no exterior, redução da agricultura e pecuária na Bacia. Área irrigada constante.
Demanda industrial constante, sem grandes melhorias no sistema de reuso e controle de
perdas. Enfraquecimento do Sistema de Recursos Hídricos e pouco avanço na
implementação dos instrumentos de gestão. Maior centralização do Sistema. Maior
descredito social na Bacia – redução da participação social. Consumo perdulário de
recursos hídricos. Redução do investimento público em oferta e demanda de Recursos
Hídricos. Redução do patamar de investimento atual nos serviços de abastecimento de
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água e coleta e tratamento de esgoto sanitário. Redução das perdas nos sistemas de
abastecimento reduz o ritmo. Sistema de meio ambiente permanece constante, com
fiscalização e controle atuais e permanência do marco legal institucional. Ampliação do
Desmatamento.
Na quantificação dos Cenários, os pressupostos e fonte de dados foram os seguintes:
Crescimento Populacional: O desenho dos cenários foram baseados em projeções do
IBGE para o Estado de Sergipe;
Crescimento Econômico: As projeções do Valor Adicionado Bruto Total foram
baseadas na tendência apontada pelo diagnóstico produtivo e na trajetória da economia
brasileira e do Estado de Sergipe nos últimos anos. Para o cenário otimista, a taxa média
de crescimento do Valor Adicionado Bruto Total foi de 3%aa. Para o pessimista,
0,5%aa e, para o factível, 1,5%aa;
Setor Industrial: Projetou-se o Valor Adicionado Bruto do setor Industrial baseado no
diagnóstico produtivo. O Cálculo foi baseado na Taxa Média de crescimento do setor no
período de 2006 a 2011. A partir desse cálculo, determinou-se para o cenário otimista, a
taxa média de crescimento do Valor Adicionado Setor seria 1% a mais que a média
encontrada. Para o pessimista, 1% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa
média do período, 3,6%aa.
Produção Agrícola: Optou-se pela análise da cultura cana-de-açúcar separada das
demais culturas. Isso, porque o diagnóstico produtivo evidenciou que a produção dessa
cultura foi responsável, em 2012, por 85,86% da produção agrícola total da Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe. Aliado a isso, o processo de construção social dos cenários
demonstrou que o avanço dessa cultura é um fator de impacto negativo para a Bacia,
com tendência a expansão. As projeções foram baseadas no comportamento dessa
cultura no período 2007 a 2012, medida através de dados secundários cuja fonte foi o
IBGE. As demais lavouras temporárias e lavouras permanentes foram projetadas
seguindo a mesma lógica, ou seja, no comportamento dessa cultura no período 2007 a
2012, evidenciadas pelo diagnóstico produtivo, cuja fonte foram os dados secundários
cuja fonte foi o IBGE.
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Pecuária: A exemplo da produção agrícola optou-se pela análise do rebanho de aves
separada restante do plantel. A justificativa para tal procedimento está no fato de que o
consumo de água para a dessedentação desse tipo de criação é menor que os demais.
Além disso, o diagnóstico produtivo da Bacia demonstrou o acelerado crescimento de
aves no período de 2005 a 2012, um fator de impacto para a Bacia, com tendência a
expansão. As projeções foram baseadas no comportamento na taxa média de
crescimento no período 2005 a 2012 (5,2%aa), medida através de dados secundários
cuja fonte foi o IBGE presentes no diagnóstico produtivo. A partir desse cálculo,
determinou-se para o cenário otimista, a taxa média de crescimento em cabeças seria
2,5% a mais que a média encontrada. Para o pessimista, 2,5% a menos e, para o factível,
a tendência, ou seja, a taxa média do período, ou seja, 5,2%aa.
Para os outros rebanhos, Bovino, Equino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino, os
cenários foram projetados seguindo a mesma lógica, ou seja, no comportamento do
rebanho no período 2005 a 2012, evidenciadas pelo diagnóstico produtivo, cuja fonte
foram os dados secundários cuja fonte foi o IBGE. De posse desse cálculo, determinou-
se para o cenário otimista, a taxa média de crescimento em cabeças seria 1,4% a mais
que a média encontrada. Para o pessimista, 1,4% a menos e, para o factível, a tendência,
ou seja, a taxa média do período, ou seja, 2,1%aa.
Área irrigada: Os dados que serviram de referência foram do IBGE, 2006. Para o
cálculo da área irrigada, utilizou-se das taxas e projeções do Ministério da Integração
Nacional (2011) para 2030.
Na sétima etapa - a construção do cenário factível (Possível), foi elaborado o cenário
normativo ou factível.
De acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p.64), os enredos
prospectivos permitem identificar as invariâncias dos cenários juntamente com suas
implicações em termos de desafios e oportunidades vigentes em qualquer situação e
tecer as considerações para elaboração de uma estratégia robusta na gestão dos recursos
hídricos (...). A importância de se definir cenário Normativo ou factível, segundo as
16
diretrizes para a elaboração de planos de Recurso Hídricos de Bacias Hidrográficas,
Resolução8 CNR nº 145, artigo VII é a seguinte:
Definição do cenário de referência para o qual o Plano de Recursos Hídricos orientará suas ações.
No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, o cenário factível foi construído a partir
dos resultados do diagnóstico produtivo e das oficinas públicas com os atores sociais
relevantes para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe e das
oficinas da fase prognóstica com os membros dos Comitês Gestores das Bacias e o GAT
nos dias 20 e 21 de agosto, conforme explicitado anteriormente.
Os resultados obtidos a partir das discussões e do preenchimento realizado nas oficinas
de subsídios aos cenários – para o cenário factível, está apresentado na matriz 2, em
Anexos.
1. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS
Os resultados das contribuições oferecidas pelos grupos foram sistematizados em fichas,
uma para cada fator de impacto analisado, conforme apresentado como se segue.
FATOR DE IMPACTO
Pressão Urbana
TENDÊNCIA APONTADA
A pressão urbana na bacia deverá aumentar nos próximos anos
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Aumento populacional
Crescimento sócio econômico do Estado e municípios Crescimento da urbanização
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSOPROJETADAS SUGERIDAS
Ampliação do sistema de fiscalização e estrutura
Educação Ambiental Elaboração de Planos Diretores nos Municípios
INSTITUIÇÕES Governos do Estado, Governos do Estado, Governos do Estado, 8 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS. RESOLUÇÃO CNRH No 145, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012 (Publicada no D.O.U de 26/02/2013)
17
PROBLEMAS RELATIVOS À DISPONIBILIDADE, DESPERDÍCIO E CONFLITOS PELO USO
ENVOLVIDAS Federal e Municipais. Federal e Municipais. Federal e Municipais.
FATOR DE IMPACTO
Conflitos pelo uso da Água (abastecimento x aquicultores)
TENDÊNCIA APONTADA
Fator de impacto negativo
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Aceitação do mercado
Ampliação do numero de tanques redes
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Existência do CBH
Atuação dos órgãos de fiscalização.
Atuação do Ministério Público.
Mediação do conflito que envolve o entorno da barragem Jacarecica II (Malhador e Areia Branca)
Em relação aos problemas relativos à disponibilidade, desperdício e conflitos pelo uso,
os participantes nas oficinas do prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
avaliaram que os principais fatores de impacto são a pressão urbana e os conflitos da
água, ambos com tendência de aumentarem. O primeiro - pressão urbana, impulsionado
pelo aumento populacional, na urbanização e no dinamismo econômico do Estado de
Sergipe e Municípios. No caso dos conflitos pelo uso, destaca-se a oposição entre a
demanda para o abastecimento e aquicultura, principalmente o entorno da Barragem de
Jacarecica II. Isso, de acordo com os participantes, pode impactar negativamente os
recursos hídricos da Bacia devido à aceitação do mercado do produto e à expansão do
número de tanques e redes observados.
Outro problema que impacta a Bacia, segundo os participantes da oficina, é a poluição
dos corpos hídricos, decorrente de problemas de saneamento e contaminação por
agrotóxicos, conforme apresentado abaixo.
18
POLUIÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS
FATOR DE
IMPACTO
Falta de Saneamento Básico
TENDÊNCIA APONTADA
A falta de saneamento na bacia é um fator de impacto negativo que tende a diminuir nos próximos anos
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Existência de projetos de esgotamento sanitário em curso
Aumento de recursos financeiros no setor Mobilização da sociedade é crescente Melhoria na regularidade do fornecimento de energia para as ações de
distribuição de água no Alto Sergipe
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Execução de projetos e obras de esgotamento sanitário e drenagem pluvial
Execução de projetos e obras de esgotamento sanitário e drenagem pluvial
Novas estações de tratamento de esgotos
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
Prefeituras Municipais DESO
Prefeituras Municipais DESO
Prefeituras Municipais DESO
FATOR DE
IMPACTO
Contaminação por Agrotóxicos
TENDÊNCIA APONTADA
Fator de impacto negativo que tende a diminuir nos próximos anos
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
O aumento no número de doenças decorrentes do mau uso
Maior aceitação de orgânicos Conscientização maior da sociedade
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Educação dos produtores
Associação de produtos orgânicos
Incentivo a um maior consumo de produtos orgânicos
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
EMDAGRO
Prefeituras
Associação de Produtores Rurais
Mídias
19
Municipais
De acordo com os atores sociais consultados na oficina, a poluição dos corpos
hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe apresenta impactos negativos, com
tendência à redução. O primeiro deles, a falta de saneamento básico, tende a diminuir
devido à existência de projetos de esgotamento sanitário em curso, aumento de recursos
financeiros no setor de saneamento básico, à crescente mobilização da sociedade, à
melhoria na regularidade do fornecimento de energia para as ações de distribuição de
água no Alto Sergipe (não entendi o que tem haver com a poluição) e à existência de
projetos de esgotamento sanitário em curso. Já a contaminação dos corpos hídricos por
agrotóxicos, os participantes da oficina avaliaram que sua redução, se dará devido às
doenças decorrentes de alimentos contaminados por agrotóxicos, o que vai levar a uma
redução do uso dos mesmos, além da crescente aceitação dos orgânicos, desencadeados
por uma maior conscientização da sociedade.
Outro eixo analisado foi os problemas decorrentes do mau uso do solo, como
demonstrado abaixo.
FATOR DE IMPACTO
Desmatamento
TENDÊNCIA APONTADA
Fator de impacto negativo que tende a aumentar.
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Falta de fiscalização
Ausência de Planos Municipais Faltam atualização e cumprimento de planos diretores
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Educação ambiental
Código Florestal
Maior conscientização dos proprietários
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
Instituições de ensino
ONG
Órgãos do Sisnama
Sociedade Civil
Ministério Público ADEMA
ICMBio
20
DECORRENTES DO MAU USO DO SOLO
FATOR DE IMPACTO
Retirada de Areia no leito dos rios
TENDÊNCIA APONTADA
Fator de impacto negativo que tende a aumentar
JUSTIFICATIVA PARA ISSO Pouca fiscalização
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Estímulo à legalização da atividade
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
A análise dos resultados da oficina demonstra que os fatores de impacto apontados
foram o desmatamento e a retirada de areia no leito dos rios, ambos com tendência a
aumentar. Revela também que os problemas relativos ao desmatamento são atribuídos à
falta de fiscalização, à ausência de um maior número de Planos Diretores Municipais,
que disciplinem e inibam estas ações e à necessidade de atualização e cumprimento dos
planos diretores existentes. Em relação às instituições envolvidas com os impactos, não
foram registradas indicações para a ocorrência das retiradas de areia dos leitos dos rios.
O último eixo discutido tratou das fragilidades institucionais, cujos resultados
estão representados abaixo.
FATOR DE IMPACTO
Descontinuidade na vontade política
TENDÊNCIA APONTADA
Fator negativo que tende a permanecer sem grandes alterações
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Inexistência de planejamento a médio e a longo prazos devido à descontinuidade política.
Baixo interesse do eleitoral sobre as questões ambientais. Fragilidade dos Comitês de Bacias para uma maior pressão
política.
21
FRAGILIDADES INSTITUCIONAIS
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Ampliar a educação ambiental voltada para o exercício da cidadania.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
FATOR DE IMPACTO
Instituições públicas com baixa capacidade operativa
TENDÊNCIA APONTADA
Fator negativo que tende a permanecer sem grandes alterações
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Equipes reduzidas nos órgãos e inexistência de perspectivas para a realização de concursos públicos.
Pouco comprometimento político com as questões ambientais. Desarticulação de ações interinstitucionais. Cultura de gestão pública centralizada.
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Fortalecimento Institucional (Programa Águas de Sergipe)
Planos de Bacias em elaboração
Criação de um órgão gestor de recursos hídricos como autarquia
Fortalecimento e criação de órgãos gestores municipais de meio ambiente e recursos hídricos.
Criação de Planos de Cargos e Salários.
Implantação de políticas públicas integradas, descentralizadas e participativas.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
SEMARHGovernos Estadual e Municipais
FATOR DE IMPACTO
Ritmo lento na implementação dos Instrumentos de Gestão
22
TENDÊNCIA APONTADA
Fator negativo que tende a ser reduzido, porém com descompasso entre os diferentes instrumentos.
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Previsão do Cadastro de usuários do Estado de Sergipe
Necessidade de acompanhar a evolução da quantidade de água na bacia hidrográfica.
Arranjo para integração da outorga e licenciamento ambiental em curso.
Descontrole e desconhecimento da outorga dos diversos usos.
AÇÕES NECESSÁRIAS
EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Rede de Monitoramento da qualidade da água.
Programa Águas de Sergipe
Progestão
Criação de um órgão gestor de recursos hídricos como autarquia.
Implantação da cobrança pelo uso da água.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
SEMARHGoverno do Estado de Sergipe
Os resultados da oficina revelam que os principais fatores que levam às fragilidades
institucionais percebidas na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe são: i) Descontinuidade
da vontade política; ii) Instituições públicas com baixa capacidade operativa; e, iii)
ritmo lento de implantação dos instrumentos de gestão. Quando solicitados para
descrever a tendência de cada impacto, avaliaram que somente o ritmo lento nos
instrumentos de gestão tende a diminuir. Em relação aos outros fatores de impacto, os
resultados demonstram que os membros da oficina acreditam que há tendência de
manutenção.
As justificativas apresentadas pelos atores sociais para que tais impactos ocorram no
caso em que o fator de impacto apontado foi a descontinuidade pública, são: i)
Inexistência de planejamento a médio e a longo prazos devido à descontinuidade
política; ii) Baixo interesse do eleitoral sobre as questões ambientais e as fragilidade dos
Comitês de Bacia Hidrográfica para uma maior pressão política.
Por outro lado, para o fator de impacto ritmo lento nos instrumentos de gestão, a
justificativa foi: i) Equipes reduzidas nos órgãos e inexistência de perspectivas para a
23
realização de concursos públicos; ii) Pouco comprometimento político com as questões
ambientais; iii) Desarticulação de ações inter institucionais e Cultura de gestão pública
centralizada.
No que diz respeito à Baixa capacidade operativa das Instituições públicas, os
resultados revelam que são justificados da seguinte forma: i) Equipes reduzidas nos
órgãos e inexistência de perspectivas para a realização de concursos públicos; ii) Pouco
comprometimento político com as questões ambientais; iii) Desarticulação de ações
inter institucionais e cultura de gestão pública centralizada.
As oficinas prognósticas – com resultados descritos acima, voltadas para a contribuição
dos atores sociais e instituições que compõem os colegiados das Bacias foram avaliadas
da seguinte forma :
a) O envolvimento dos membros dos comitês, fortalecendo o seu papel de articulação
e a responsabilidade dos mesmos com a qualidade do produto encomendado: o
plano. A participação de boa parte dos membros dos CBH assegura que os planos
em elaboração articulam uma aproximação favorável entre o que desejam as
instituições da Bacia e o que a equipe técnica produz;
b) A qualidade das contribuições dadas à visão sobre os possíveis cenários futuros nas
Bacias a partir das observações de quem vive o dia a dia das mesmas,
acompanhando suas transformações;
c) A identificação de diversas ações em curso que poderão impactar de forma positiva
ou negativa os recursos hídricos das bacias e que contribuem para uma análise
prognóstica mais aprofundada;
d) A indicação de ações necessárias que deverão constituir-se as ações, projetos e
programas dos planos em elaboração;
e) O estreitamento das relações entre os comitês, os demais entes do sistema e a
equipe técnica.
Em relação às consultas públicas à distância, foi encaminhado, via mobilizadores,
questionário orientador para a contribuição institucional na fase prognostica. Solicitou-
se das instituições e/ou entidades identificadas com interesse na elaboração e futura
implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe, que
colaborassem com a construção do prognóstico, indicando qual é sua visão sobre as
tendências em curso que irão caracterizar a situação futura para a respectiva Bacia
24
Hidrográfica, quais são os elementos que levam a essa projeção e que ainda
descrevessem quais são os programas, projetos e ações que desenvolve ou que pretende
desenvolver com impactos (positivos ou negativos) sobre as águas na Bacia. Os
resultados da consulta estão apresentados a seguir:
Quadro 1 – Contribuições, Via Correio Eletrônico, de Instituição9 Relevante na Bacia Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
FATORES DE IMPACTO
TENDÊNCIA O QUE JUSTIFICA A TENDÊNCIA
AÇÕES PREVISTAS
Desmatamento Diminuição Leis mais rígidas e maior fiscalização.
Respeito ao Código Florestal Brasileiro.
Reflorestamento Aumento Cumprimento das leis e uma melhor conscientização, principalmente das gerações mais novas.
Construção do viveiro de mudas nativas próprias e realização dos PRAD’s-Plano de Recuperação de Áreas Degradadas da empresa.
Educação Ambiental Aumento A necessidade de sobrevivência do planeta.
Criação do viveiro de mudas nativas e PRAD’s da empresa como base também a futuras ações socioeducativas junto à comunidade.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2014.
Diante disso, pode-se constatar que tanto na consulta pública como nos
resultados com as instituições, o desmatamento aparece como fator de impacto negativo
na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Contudo, na oficina o resultado apurado
demonstra que a tendência é o aumento. É importante ressaltar que, para ambos, a
educação ambiental é o agente de transformação capaz de reduzir os impactos negativos
do desmatamento na Bacia.
2. CONDICIONANTES DE FUTURO
A necessidade de planejar o aperfeiçoamento da gestão das águas impõe-se pela
complexidade decorrente do desenvolvimento econômico, do aumento populacional, da
expansão da agricultura, das pressões locais, da urbanização, das mudanças tecnológicas
e das necessidades e demandas ambientais e sociais, em meio às incertezas do futuro 9 O nome das instituições e das pessoas que contribuíram não foram aqui revelados por entender que os mesmos não acrescentariam. A justificativa para tal procedimento é que o interesse aqui é retratar as diferentes visões a respeito dos impactos na Bacia.
25
sobre quando, como, onde e com que intensidade. Diante disso, o objetivo dessa secção
é apresentar as condicionantes de futuro e as incertezas críticas do sistema de Recursos
Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, as quais foram identificadas a partir dos
seminários de validação e hierarquização das variáveis, atribuídas pelos representantes
dos Comitês da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, dos técnicos do Governo do Estado
de Sergipe e do GAT.
A seguir são apresentadas as principais variáveis condicionantes de futuro
2.1 Variáveis condicionantes de futuro
A Dinâmica Econômica:
O ritmo e a forma de crescimento da economia brasileira e sergipana vão determinar o
crescimento ou retração da indústria na Bacia, mensurado por um importante indicador
econômico, o Valor Agregado Bruto. O setor econômico com maior dinamismo no
Estado é o industrial. O comportamento desse setor contribui para influenciar os
possíveis cenários futuros, na medida em que impactam o acesso, consumo e a
conservação da água.
Outro fator importante é a superação dos gargalos de infraestrutura para o
desenvolvimento dos pólos industriais existentes em Aracaju e na região metropolitana.
Na Bacia, está concentrada a maior parcela da produção industrial do estado de Sergipe.
São núcleos industriais localizados nos municípios que compõem total ou parcialmente
a Bacia. Dentre os núcleos estão a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN -
PETROBRAS) no município de Laranjeiras e o Distrito Industrial de Aracaju.
Os cenários futuros dependerão também do grau de modernização que alcançará o
Estado, que conseguirá ou não gestar os impactos socioeconômicos e ambientais
decorrentes da atividade industrial na Bacia.
Expansão do Agronegócio
26
O processo de expansão do setor primário - atividade agrícola, principalmente o
cultivo de monoculturas de milho e cana de açúcar e da pecuária, pode imprimir
maior pressão sobre os recursos hídricos na Bacia. Nos municípios de Carira e Frei
Paulo a monocultura do milho expandiu significativamente na última década, bem
como houve uma retomada do crescimento da área destinada ao plantio da cana-de-
açúcar, principalmente nos municípios de Nossa Senhora das Dores e Laranjeiras –
segundo e terceiro maiores produtores do estado em 2012, ambos com indústrias
sucroalcooleiras instaladas em seus territórios - além de Siriri, Riachuelo, Divina
Pastora, Santo Amaro, São Cristóvão e Maruim. Em decorrência desta intensa
atividade agrícola, os canais fluviais merecem grande atenção em relação à poluição
por diversos processos, dentre estes o uso indiscriminado de agrotóxicos agrícolas.
Crescimento dos Investimentos em Saneamento
O crescimento acelerado urbano na Grande Aracaju e também nos demais Municípios
que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe pode significar um aumento na
pressão quanto à degradação da qualidade das águas superficiais. Em decorrência da
ação antrópica, em especial do lançamento de esgotos domésticos é forte a tendência em
aumentar a poluição das águas na Bacia. Torna-se assim, necessária a aplicação de
investimentos em infraestrutura básica de redes de escoamento e tratamento do esgoto
produzido nos aglomerados urbanos.
Outro aspecto a ser considerado é a existência de lixões, muitas vezes próximos dos
mananciais sem tratamento e a correta destinação dos resíduos sólidos, comprometendo
a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. A poluição dos rios é uma constante
também em relação aos núcleos industriais.
Diante disso, O montante de investimentos em saneamento ambiental, a ser
desenvolvido tanto nas áreas rurais, como no perímetro urbano e uma atuação eficiente
nos Municípios em relação ao tratamento dos esgotos, à construção dos aterros
sanitários e ao controle no uso de agrotóxicos é ator privilegiado na minimização dos
impactos na qualidade e quantidade de recursos hídricos na Bacia. As ações, do Projeto
Águas de Sergipe e a instalação/ampliação da rede de esgoto da capital e de outros
municípios – em curso, o Programa de Aceleração do Crescimento, o monitoramento da
27
potabilidade das águas e outros programas, relacionados a resíduos sólidos e
esgotamento sanitário, além da conclusão dos Planos Municipais de Saneamento, que
irão subsidiar a elaboração de projetos ambientais de proteção às águas superficiais e
subterrâneas. Estes são exemplos de investimentos capazes de minimizar impactos e
potencializar a qualidade das águas da Bacia.
O Desmatamento
O desmatamento e a limitação hídrica na área de nascentes do Rio Sergipe, no
município de Nossa Senhora da Glória, região semiárida na divisa com o estado da
Bahia, poderão dar início a um processo de desertificação naquela região.
Na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe está concentrada a maior parte da população
sergipana, fundamentalmente por conta da capital Aracaju e região no seu entorno,
que passa por um processo de metropolização cada vez mais consolidado e em
expansão, alterando de forma significativa o uso e ocupação do solo, com tendência a
um progressivo e acelerado processo de urbanização, sendo ainda mais marcantes os
impactos antrópicos sobre o meio natural.
Destaca-se também, que em termos da agricultura, em especial nos municípios de
Carira e Frei Paulo com a expansão da monocultura do milho na última década e a
retomada do crescimento da área destinada ao plantio da cana-de-açúcar,
principalmente nos municípios de Nossa Senhora das Dores e Laranjeiras, como
citado anteriormente, impacta de forma significativa o uso do solo e por
consequência a quantidade e a qualidade da água na Bacia.
Dificuldades financeiras do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos
O apoio, os recursos humanos e financeiros e a estrutura operacional Sistema estão
aquém das necessidades. Se as condições institucionais atuais se mantiverem no futuro
imediato haverá claramente um forte impacto negativo colocando em risco a
viabilização da Política Estadual de Recursos Hídricos, assim como todas as iniciativas
de gestão ambiental e territorial. O recurso hídrico estadual caminharia para um
processo de degradação intenso.
28
Dinâmica populacional
A taxa de crescimento populacional do Estado de Sergipe acompanha a tendência
nacional de redução com projeção de zerar o crescimento na década de 2030. Mas, até
lá a população continuará crescendo a uma taxa anual cada vez menor.
Existem dois fenômenos migratórios em Sergipe: (1) a imigração intraestadual e (2) a
imigração interestadual, Sergipe, ao lado do Rio Grande do Norte, são os únicos estados
do Nordeste que apresentam saldos positivos de imigração interestadual, mas o destino
principal é Aracaju. Já a imigração intraestadual é diferente entre os municípios, mas o
destino mais escolhido é a Região Metropolitana - RM de Aracaju. O que se observa é
que nos municípios mais pobres ficam as crianças, os idosos e alguns pequenos
produtores rurais, enquanto suas esposas se mudam para a RM de Aracaju para
trabalhar. Com isso as Bacias Hidrográficas do Rio Piauí (mais) e do Rio Japaratuba
(menos) tem perda de população por migração, enquanto a Bacia Hidrográfica do Rio
Sergipe é a que mais recebe os imigrantes.
O padrão inverso ocorre com as Bacias em função dos mesmos fenômenos descritos na
Imigração. Ou seja, a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí é a que mais perde com
emigração, seguida pela Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba. Enquanto na Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe não ocorre emigração.
2.2 As Incertezas Críticas
Identificadas as condicionantes de futuro, é importante delimitar aquelas com alto grau
de incerteza e elevado impacto em relação ao futuro do objeto de cenarização – as
Incertezas Críticas. Estas últimas podem ser específicas ou estarem agrupadas em uma
ou mais incertezas-síntese. Desse modo, apresenta-se a seguir as variáveis eleitas
socialmente para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Resulta da visão e
conhecimentos diversos usuários, segmentos organizados da sociedade e de setores
públicos relacionados à gestão dos recursos hídricos.
29
Ritmo do Crescimento Econômico do Brasil
Os cenários, nacional e internacional apresentam um ambiente, de incertezas gerados
pelas mudanças econômicas e comerciais, tecnológicas, sociais e político-institucionais,
que por sua interface com processos em desenvolvimento, imprimem indefinições de
futuro para o Estado de Sergipe e para Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
A influência das políticas macroeconômicas brasileiras podem gerar um aumento na
produção industrial sergipana, com exportação de produtos industrializados e os
provenientes do setor primário, como cana-de-açúcar e milho ou uma retração dos
setores, levando a uma redução do ritmo de crescimento, com reflexos sociais
importantes. Devido ao processo migratório no Estado para atender à indústria, a
retração do setor poderá produzir uma grande massa de desempregados em Aracaju e
região metropolitana.
Dinâmica Econômica Regional
O setor industrial em Sergipe, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Sergipe
(2012) tem grande relevância para o crescimento da economia estadual. Aracaju, capital
do Estado e a maioria dos municípios da Grande Aracaju, além de Itabaiana, pertencem
a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. A atividade industrial da Grande Aracaju
apresenta anualmente taxa de crescimento superior à brasileira. A existência de
infraestrutura adequada para a instalação de indústrias, a exemplo dos distritos
industriais de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Itaporanga da Ajuda, assim como do
Núcleo Industrial de Itabaiana acentua a possibilidade de crescimento da atividade
industrial. Do ponto de vista dos recursos hídricos, tal panorama significa forte e
acelerado aumento de uso, pois o crescimento acelerado da atividade industrial
impactua no crescimento populacional e numa maior demanda de água para
abastecimento, uso industrial e agrícola. Este panorama pode repercutir negativamente
sobre a qualidade e quantidade das águas já que a Bacia também conta com expressiva
área de atividades agrícolas e agropecuárias, inclusive, com o uso de irrigação.
Irrigação
30
Os montantes de área irrigada estimados para 2006 indicam que cerca de 1,43 % da área
total da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Trata-se de uma área de 5.350 hectares
utilizando sistemas de irrigação. Este pode ser considerado de baixa intensidade.
De acordo com a Secretaria de Agricultura,10 no tocante ao segmento da irrigação
pública, o estado de Sergipe conta com oito perímetros irrigados, com área irrigável
superior a 13 mil hectares, dos quais três (Betume, Cotinguiba-Pindoba e Propriá) foram
implantados pelo governo federal, através da Codevasf. Os demais foram implantados
pelo governo estadual, geralmente com a participação de recursos federais e
internacionais. À exceção do Platô de Neópolis, dividido em lotes empresariais, os
demais são subdivididos em lotes parcelares de exploração familiar.
Além daqueles em operação, encontram-se em fase final de implantação os projetos de
irrigação Jacarecica II e Jacaré-Curituba, respectivamente em Itabaiana e Canindé do
São Francisco. Estão em estudos, para implantação o projeto Xingó, com abrangência
nos municípios de Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Monte Alegre de
Sergipe, e o Canal Dois Irmãos, que levará água a municípios da Bahia e de Sergipe,
alcançando neste estado o município de Carira.
A empresa pública responsável pela gestão dos recursos hídricos no Estado de Sergipe é
a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe
(COHIDRO), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento
Rural (SEAGRI).
A COHIDRO11 administra seis perímetros irrigados, responsáveis pela produção de
alimentos variados, tais como: batata-doce, quiabo, milho, cana-caiana, inhame,
macaxeira, maracujá, goiaba, tomate, pimentão, alface, coentro, cebolinha e outros. Os
perímetros estão localizados nos municípios de Itabaiana, Canindé, Tobias Barreto,
Lagarto e Malhador, e ocupam uma área total de mais de 12 mil.
A expansão da Pecuária
10 Disponível em: http://www.cohidro.se.gov.br/11 Ver mais detalhes em: http://www.sagri.se.gov.br
31
O ritmo de crescimento da pecuária, principalmente do rebanho aves e bovinos
possui um alto grau de impacto e incerteza por se tratar de uma atividade intensiva
no uso de recursos hídricos.
A expansão da Cana-de-açúcar:
É incerteza crítica o comportamento do crescimento da área destinada ao plantio da
cana-de-açúcar, principalmente nos municípios de Nossa Senhora das Dores e
Laranjeiras – segundo e terceiro maiores produtores do estado em 2012, ambos com
indústrias sucroalcooleiras instaladas em seus territórios -, além de Siriri, Riachuelo,
Divina Pastora, Santo Amaro, São Cristóvão e Maruim. Do ponto de vista ambiental,
o impacto se dá pela poluição por diversos processos, dentre estes o uso
indiscriminado de agrotóxicos agrícolas. Aliado a isso, o uso intensivo de água pode
acarretar uma sobrecarga no sistema de recursos hídricos caso esse avanço não seja
monitorado pelos órgãos competentes.
Outro aspecto a ser considerado é que a criação extensiva promove o avanço das
pastagens sobre terras antes destinadas a uma diversidade de culturas. Em relação às
culturas temporárias observa-se uma queda no cultivo de feijão, milho, abacaxi,
mandioca e tomate. Em termos das culturas permanentes, observou-se uma queda no
cultivo de banana, coco da baía, laranja, mamão.
Aquicultura e Pesca:
A aceitação do mercado e a ampliação do número de tanques e redes demonstram
um aumento da aquicultura e pesca na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. A
existência de conflitos que envolvem o entorno da barragem de Jacarecica II
evidencia a criticidade dessa questão. A capacidade do Estado em mediar este
conflito vai determinar a destinação e o uso dos recursos hídricos na Bacia: O uso
para consumo humano ou para fins econômicos pelos aquicultores?
3. CENÁRIOS
32
Os estudos prospectivos constituem parte importante do processo de planejamento, na
medida em que oferecem uma orientação para as tomadas de decisões sobre iniciativas e
ações para a construção do futuro almejado pela sociedade e pelas empresas. A própria
atividade planejadora tem como pressuposto central o fato de o futuro não estar
predeterminado e ser uma construção social, resultante, portanto, das ações e das
decisões da sociedade. O processo de planejamento não teria nenhum sentido se a
natureza e a sociedade tivessem histórias futuras predefinidas, retirando qualquer espaço
de liberdade para definir o próprio futuro. (Godet, 1997).12
Nos estudos prospectivos, a técnica de elaboração de cenários tem se consolidado como
o principal recurso metodológico. Em sua caracterização, é possível distinguir dois
grupos: Cenários Alternativos e Cenário Desejado ou Normativo.
No caso do estudo prospectivo da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, elaborou-se a
matriz multicritérios com contribuições dos representantes dos Comitês Gestores de
Bacia Hidrográfica, dos técnicos da COHIDRO e as principais instituições envolvidas
com o sistema de recursos hídricos do Estado de Sergipe, conforme processo descrito
anteriormente.
Desse ponto de vista, apresenta-se a seguir o comportamento das variáveis, nos
respectivos cenários futuros para Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
3.1 Cenário Otimista
Sob a influência de uma economia nacional que cresce de maneira integrada e contínua,
a economia sergipana cresce de forma mais intensiva. A Variação do Valor Adicionado
Bruto – VAB da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é da ordem de 3% a.a,
impulsionado pelo setor industrial, que possui uma taxa de variação do Valor
Adicionado Bruto, estimada de 4,6% a.a. Tendência de ampliação do setor com a
atuação do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial – PSDI, que investe em
apoio locacional, apoio fiscal e tem um Fundo de Apoio à industrialização, relocação e
normatização. Ocorre incremento da renda da população.
12 GODET, et. al BUARQUE (2003, p.20)
33
Ocorre redução das desigualdades regionais, seja entre os municípios do Estado, seja
entre os Estados do Nordeste. Isso, reduz o movimento migratório causando maior
estabilidade entre as populações das Bacias Hidrográficas. O crescimento populacional
desacelera mais rapidamente, mas com tendência de crescimento até a década de 2030.
Para o cenário otimista, a projeção de crescimento da população do Estado de Sergipe
para o período de 2010 a 2033 é de 17,81%. O Estado se antecipa à pressão
populacional e cria infraestrutura.
Aumenta os investimentos em infraestrutura hídrica e saneamento básico. Ocorre
aumento do atendimento em abastecimento de água e saneamento, com 100% dos
domicílios atendidos para abastecimento de água e de cobertura de atendimento da rede
de esgotamento. As taxas de mortalidade são reduzidas em função de políticas mais
eficazes de saúde e saneamento. O grau de eficiência mantém-se em consonância com a
legislação. O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, tanto urbano quanto rural é
eficaz no atendimento a demanda da população. Implementação dos projetos do
Programa Águas de Sergipe para ampliação das redes de esgoto e tratamento.
Em uma perspectiva otimista, a tendência apontada para a irrigação na Bacia, aponta
para um aumento da área irrigada de 3,3% a.a. As projeções demonstram que para 2033,
a área irrigada será 12.856 hectares de área irrigada na Bacia.
O Estado atua no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares de 40% de
redução das perdas. Estimula o reuso pela indústria. Amplia a fiscalização do tratamento
dos rejeitos industriais. Amplia os investimentos para atender às demandas setoriais de
água. Maior investimento privado em produção e em tecnologias mais eficientes de
reuso.
Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, o Estado intensifica a
implementação de programas de recuperação e preservação dos solos e amplia a
fiscalização. Aumento do número de municípios com Planos Diretores implementados.
Há incentivo à criação de novas Unidades de Conservação, com atuação dos Conselhos
Gestores.
Quanto aos usos econômicos, considera um avanço das culturas temporárias cana-de-
açúcar. Esta cultura alcança uma produção projetada de 2.078.578 toneladas em 2033,
34
uma taxa média de crescimento de 3,9% a.a. Para as demais lavouras temporárias, há
uma projeção de uma queda mais acentuada, 4,5% a.a. Em relação às lavouras
permanentes, a tendência projetada evidencia uma redução de 7,4% a.a.
O Território é ocupado com grandes áreas de pastagem e aquicultura. A tendência
apontada é de crescimento do plantel de aves de 7,7% a.a. Em 2033, projeta-se que
haverá na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, 10.639.737 cabeças de aves. Para os
outros rebanhos (Bovino, Equino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino), projeta-se
uma taxa média de crescimento de 3,5% a.a. Assim, em um cenário otimista, projeta-se
que haverá 570.545 cabeças na Bacia.
Acréscimo dos incentivos da CODEVASF para construção e disseminação de tanques-
rede e viveiros elevados em tanques de irrigação. Ocorre crescimento das atividades do
complexo minera-químico (Petróleo, gás e fertilizantes). Há um fortalecimento
institucional dos órgãos de controle e atendimento nas normas pela iniciativa privada,
bem como a adoção de novas tecnologias menos impactantes (produção limpa) no
cultivo e beneficiamento da cana-de-açúcar.
No que diz respeito à Governança e a implementação dos Instrumentos de gestão,
ocorre um avanço na implementação, com ampliação da restrição à outorga, com
cobrança – com valor monetário atualizado, pelo uso dos recursos hídricos e ampliação
do enquadramento. Implementa-se planos com restrições a usos específicos. Considera
um avanço na implantação dos instrumentos, com avanços em outorga, enquadramento
e Cobrança.
Quanto à Situação institucional dos atores do SIGRH, ocorre avanço da estruturação do
Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos e a viabilidade de implementar a
cobrança de forma amplamente participativa. Órgão Estadual de Gestão de Recursos
Hídricos com maior autonomia e estruturado, fortalecido técnica e financeiramente, com
quadro de pessoal próprio adequado às suas atribuições. O Conselho Estadual de
Recursos Hídricos é fortalecido, desempenhando todas as atribuições que lhe são
previstas legalmente, promovendo a articulação e integração das diferentes políticas
setoriais com interface na gestão de recursos hídricos. Maior participação social.
35
Apresenta-se, a seguir, a Tabela 1 – Projeções das Variáveis de Futuro para a Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe no Cenário Positivo. Trata-se de prospecções dos
principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos hídricos em
horizonte temporal de curto, médio e longo prazos, ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e
2033.
É importante salientar, que os dados quantitativos apresentados se referem a projeções
desenhadas a partir da evolução das variáveis para cada cenário, evidenciadas pelo
diagnóstico produtivo e pelo processo de construção social dos cenários.
3.2) Cenário Pessimista
A economia sergipana é induzida pela brasileira, que não consegue aproveitar as poucas
oportunidades de um mundo instável e fragmentado. O resultado disso é um cenário de
estagnação econômica e aumento da inflação. O reduzido crescimento da atividade
econômica é traduzida pela Variação do Valor Adicionado Bruto – VAB da Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe é da ordem de em 0,5% aa, impulsionado pelo setor
industrial, que possui uma taxa de variação do Valor Adicionado Bruto estimada de
2,6% a.a.
Há o agravamento das desigualdades regionais, seja entre os municípios do Estado, seja
entre os Estados do Nordeste. Devido a este fato, ocorre um aumento do movimento
migratório causando maior instabilidade entre as populações da Bacia Hidrográfica do
Rio Sergipe. Aumenta o movimento migratório da população inserida na Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí – com mais intensidade, e da Bacia Hidrográfica do Rio
Japaratuba, principalmente para a Região Metropolitana de Aracaju. Aumento das crises
36
e da insatisfação da população. O crescimento populacional desacelera, com menor
intensidade, com tendência de crescimento até a década de 2030. Para o cenário
pessimista, a projeção de crescimento da população do Estado de Sergipe para o período
de 2010 a 2033 é de 24,1%. O Estado não se antecipa à pressão populacional para a
criação de infraestrutura.
A inoperância do Estado é ineficaz no atendimento da demanda para o consumo
humano. Piora da situação do abastecimento nos municípios de São Cristóvão, Nossa
Senhora da Glória, Laranjeiras e Malhador. Baixa qualidade no fornecimento em São
Cristóvão e Santo Amaro de Brotas. O Poder Público não consegue atender às
demandas setoriais.
O sistema de abastecimento de água e tratamento de esgotos não consegue atender à
demanda, mantendo as condições atuais. No abastecimento de água, ocorre o declínio
da população atendida, ocorrendo taxas inferiores a 91,25%. Crescimento populacional
piora a qualidade do abastecimento e saneamento básico. Ocorre o declínio do
percentual do atendimento em abastecimento de água e saneamento. As taxas de
mortalidade aumentam em função da ineficácia de políticas de saneamento. Ocorre a
ocupação irregular nas margens dos corpos hídrico, principalmente em Nossa Senhora
do Socorro. O grau de eficiência não mantém-se em consonância com a legislação,
ocorrendo maior incidência de sanções. O sistema de gerenciamento de resíduos
sólidos, tanto urbanos quanto rurais é ineficaz no atendimento à demanda, gerada pelo
aumento populacional. É evidente os danos causados por resíduos provenientes de
matadouros e lixões.
Em uma perspectiva pessimista, a tendência apontada para a irrigação na Bacia, aponta
para um aumento da área irrigada de 1,8% aa. As projeções demonstram que para 2033,
a área irrigada será 6.628 hectares de área irrigada na Bacia.
O Estado tem menor participação no controle dos recursos hídricos, alcançando
patamares de 60% de perdas. Pouca ou nenhuma melhoria de tecnologia de usos de
recursos hídricos. É pouco expressivo o estímulo ao reuso pela indústria. As regras para
a fiscalização do tratamento dos rejeitos industriais estão formalmente implantadas, mas
sem efetividade. Faltam recursos para os investimentos em infraestrutura para atender às
37
demandas setoriais de água. Menor avanço do setor privado em produção e em
tecnologias mais eficientes de reuso.
Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, o Estado é ineficaz na
implementação de programas de recuperação e preservação dos solos. O desmatamento
das nascentes é agravado na região semi - árida. Devido ao baixo rigor no cumprimento
da legislação, aumenta a contaminação das águas e ocorre uma piora da qualidade do
solo devido ao uso intensivo de agrotóxicos. Ocorre resistência à adesão ao sistema.
Ingerência políticas e interferências econômicas dificultam a implementação dos Planos
Diretores. Há pouca informação sobre as Unidades de conservação, com reduzida
atuação dos Conselhos Gestores.
Quanto aos usos econômicos, considera o crescimento das culturas temporárias de
milho e cana-de-açúcar a menores taxas. Esta cultura alcança uma produção projetada
de 1.123.452 toneladas em 2033, uma taxa média de crescimento de 0,9% aa. Para as
demais lavouras temporárias, há uma projeção de uma queda menos acentuada, 2,5% aa.
Em relação às lavouras permanentes, a tendência projetada evidencia uma redução de
2,4% aa.
O Território é ocupado com áreas de pastagem e aquicultura. A tendência apontada é de
crescimento do plantel de aves de 2,7% aa. Em 2033, projeta-se que haverá na Bacia
Hidrográfica do Rio Sergipe, 3.920.852 cabeças de aves. Para os outros rebanhos
(Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino), projeta-se uma taxa média
de crescimento de 0,7% aa. Assim, em um cenário pessimista, projeta-se que haverá
320.746 cabeças na Bacia em 2033.
A produção industrial alcança R$ 6.107.663,00 em 2033. Mas, o acréscimo do setor
industrial foi de 2,6%aa, não é acompanhado por um aumento no rigor da fiscalização,
gerando os seguintes impactos: Retirada de areia dos leitos dos rios, principalmente o
Rio Siri em Rosário do Catete e Nossa Senhora do Socorro e Poluição dos rios
localizados nos pólos industriais. Não ocorre um fortalecimento institucional dos órgãos
de controle e atendimento nas normas pela iniciativa privada, bem como a adoção de
novas tecnologias menos impactantes (produção limpa) no cultivo e beneficiamento da
cana-de-açucar e para as fontes de poluição industrial.
38
No que diz respeito à Governança e a implementação dos Instrumentos de gestão, o
Estado se mostra incapaz de implementar a outorga e planos com restrições a usos
específicos. Faltam recursos para obras de infraestrutura. Quanto à Situação
institucional dos atores do SINGREH, ocorre estagnação e até recuo da estruturação do
Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. Órgão Estadual de Gestão de
Recursos Hídricos com pouca autonomia e estruturado de forma pouco operativa,
fragilizado por mudanças na conjuntura política institucional. A atuação do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos fica estagnada, desempenhando poucas atribuições que
lhe são previstas legalmente e não consegue promover a articulação e integração das
diferentes políticas setoriais com interface na gestão de recursos hídricos. Menor
participação social e aumento dos conflitos.
Dados esses aspectos, apresenta-se, a seguir, a Tabela 2 – Projeções das Variáveis de
Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe no Cenário Pessimista. Trata-se de
prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos
recursos hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazos, ou seja, 2013,
2018, 2023, 2028 e 2033.
4. DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL (POSSÍVEL) PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SERGIPE
O cenário factível é fruto da vontade coletiva, expressa pela representatividade da Bacia
Hidrográfica. É baseado nos resultados da compatibilização das disponibilidades com as
demandas hídricas, após ajustes e refinamentos ditados por critérios de viabilidade
39
técnica e de aceitação política. No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, o
comportamento desse cenário, construído socialmente, com base nas atividades
realizadas para o seu estabelecimento, como o desenvolvimento da matriz de variáveis
apresentada em anexo. O cenário factível está descrito como se segue.
O comportamento da economia do Estado de Sergipe é dependente do padrão nacional.
A tendência continua sendo de aumento do emprego e renda, mas com alta taxa de
informalidade e de pessoas que não buscam colocação no mercado de trabalho. A
variação do Valor Adicionado Bruto no Estado de Sergipe apresenta variações bruscas
de um ano para outro, impulsionado pelo crescimento da Indústria Têxtil, papel,
madeira, mobiliário, agronegócio e serviços. Em função do impacto que investimentos
de grandes empresas têm sobre a economia relativamente pequena do Estado, anos de
crescimento do Valor Adicionado Bruto, são, muitas vezes, seguidos de anos de queda
nesse crescimento, sendo os efeitos desses fluxos de grandes empresas, severamente
sentidos pelos municípios. A Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe se beneficia pelas
grandes plantas industriais instaladas. A tendência projetada para o setor industrial é
uma taxa média de variação do Valor Adicionado Bruto estimada de 3,6% a.a. Ocorre
incremento da renda da população.
A taxa de crescimento populacional de Sergipe acompanha a tendência nacional de
desaceleração, com projeção de zerar o crescimento na década de 2030. Mas, até lá, a
população continuará crescendo a uma taxa anual cada vez menor. A projeção é de
crescimento da população do Estado de Sergipe para o ano de 2014 de 1,09% e para
2033, de 0,56%.
O comportamento da dinâmica populacional revela dois fenômenos migratórios no
Estado de Sergipe - a imigração intra-estadual e a imigração inter-estadual. Sergipe, ao
lado do Estado do Rio Grande do Norte, são os únicos estados do Nordeste que
apresentam saldos positivos de imigração inter-estadual, mas o destino principal é
Aracaju. Já a imigração intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o destino
principal é a Região Metropolitana de Aracaju. O que se observa é que nos municípios
mais pobres ficam as crianças, os idosos e alguns pequenos produtores rurais, enquanto
suas esposas se mudam para a RM de Aracaju para trabalhar. Com isso, as Bacias do
Piaui (mais) e do Japaratuba (menos) têm perda de população por migração, enquanto a
40
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é a que mais recebe os imigrantes. O crescimento
populacional, o crescimento Industrial e a urbanização geram aumento pela demanda de
água para o abastecimento humano e industrial.
Os investimentos em infraestrutura hídrica, incluindo as intervenções em termos de
abastecimento de 13 projetos – Águas de Sergipe e PAC, melhoram os índices de
abrangência e o grau de tratamento de esgotos. Efetivação do Programa Águas de
Sergipe para melhoria da infraestrutura hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.
As taxas de mortalidade são reduzidas em função de políticas mais eficazes de saúde e
saneamento. O grau de eficiência mantém-se em consonância com a legislação.
Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, ocorre a ampliação das áreas de
reserva legal e APP’s para atendimento à legislação. A tendência é que sejam
realizadas ações para a redução do risco de erosão dos solos e estabilização das áreas
degradadas. Há manutenção das Unidades de conservação, ou seja, não ocorre expansão
de novas áreas.Tendência de implementação dos planos Diretores para as cidades com
mais de 200.00 habitantes.
O Estado atua no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares de 50% de
redução das perdas no abastecimento de água. Manutenção do atual patamar de
investimento em drenagem. Ocorre a ampliação do atendimento em abastecimento de
água com 91,25% dos domicílios atendidos. Elevação do índice de cobertura de
atendimento da rede de esgotamento de 35% para 90%. Para o sistema de
gerenciamento de resíduos sólidos, a tendência apontada é que serão mais nítidos os
níveis de tratamento de resíduos. Serão mais nítidos os níveis de tratamento de resíduos,
com implantação de aterros controlados para disposição final de resíduos e
encerramento de Lixões.
Quanto aos usos econômicos, a tendência apontada considera que o aumento
populacional, aumenta o consumo, sendo que o aumento da produção dependerá dos
cultivos e da técnica ou uso de água com sustentabilidade e técnicas corretas.
Considera a previsão de crescimento do setor agrícola de 1,7% aa, com predominância
do crescimento da cultura de cana-de-açúcar 2,4% aa. Para as demais lavouras
temporárias, a tendência é de uma queda de 3,5%aa. Observa-se também uma retração
41
das culturas permanentes de 4,9% aa. A cultura de cana-de-açúcar. Esta alcança uma
produção projetada de 1.531.577 toneladas em 2033.
Considera que a tendência de crescimento dos rebanhos de aves na Bacia é de 5,2% aa e
outros (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino) com tendência de
crescimento de 2,1% aa. Assim, em um cenário factível ou desejável, projeta-se que, no
longo prazo, 20anos, a tendência é que haja na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe,
6.497.281 cabeças de aves. Quanto à aqüicultura, a tendência é de crescimento, pelo
conhecimento do que existe cadastro pelo IBGE e contratação de técnicos pela
EMBRAPA. Tendência de crescimento da agroindústria, com aumento de abatedouros,
granjas, laticínios e do processamento da cana-de-açúcar, muito intensivo no uso de
recursos hídricos. Considera um crescimento da área irrigada de 2,4%aa.
A tendência observada para o setor industrial na Bacia é de 3,6%aa. Ocorre crescimento
das atividades do complexo minera-químico (Petróleo, gás e fertilizantes). As projeções
apontam uma tendência de que, em 2033, o setor industrial da Bacia Hidrográfica do
Rio Sergipe produza R$ Redução da extração nas Bacias terrestres.
Em relação às atividades de extração mineral, ocorre a ampliação da extração em águas
profundas – “Pré-sal”. Aumento do risco de contaminação devido à ampliação da
extração e da reinjeção de água. Tendência de ampliação e intensificação da extração
devido as novas empresas produtoras de vidro no Estado. Aumento da Fiscalização.
Quanto à disponibilidade de recursos hídricos, a tendência apontada é que a qualidade
da água pode sofrer alterações com a poluição proveniente do esgoto doméstico e
industrial, do vinhoto, de agrotóxicos e do chorume. No que diz respeito à poluição
advinda do esgoto doméstico, considera-se que para o cenário factível, trabalha-se com
hipótese de que os índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são
ampliados de 35% par 90%, conforme dito anteriormente. Já para a poluição industrial,
a tendência apontada é que haverá melhorara em função instituição da outorga de
lançamento pela SEMARH. Para a poluição advinda do vinhoto, considera-se a
ampliação da atividade industrial, mas com tendência de redução da poluição em função
das ações de fiscalização pela ADEMA. Da proveniente de agrotóxico, considera-se a
redução em função da legislação e de maior fiscalização EMDAGRO. Para a poluição
42
causada pelo chorume, considera-se que a tendência é melhorar devido ao encerramento
de antigos lixões e à remediação.
Analisando-se as variáveis relacionadas à disponibilidade dos recursos hídricos, tem-se
uma prospecção positiva. Isso, porque a Captação água Subterrânea tende a diminuir e
ser mais racional em função dos levantamentos e estudos realizados; A adoção de
práticas de reuso tende a se expandir em função das questões de disponibilidade de água
e da adoção das ISO’s pelo setor industrial; A preservação das Áreas de Proteção
Permanentes, principalmente das relacionadas às nascentes, tende a ser mais eficiente
em função dos programas que estão sendo instruídos pela SEMARH e DESO; A
construção de barragens tende a se manter em função de poucos eixos possíveis de
serem barrados. É importante ressaltar, que as transposições podem levar a uma
tendência de agravamento dos impactos sobre a oferta de recursos hídricos em função
das diminuições da vazão imposta pela política energética.
Dos fatores ambientais com impacto na Bacia, tem-se que a recuperação florestal possui
uma tendência de aumento, com ampliação da área plantada em função para
atendimento ao Novo Código Florestal e que o desmatamento e a erosão das margens
dos corpos hídricos apresentam tendência de redução devido, principalmente, ao
aumento do monitoramento, da fiscalização e do controle do desmatamento e da erosão
pela ADEMA.
Em relação às questões que acirram os conflitos na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe,
tem-se: Barramentos; Uso irregular Irrigação x usos diversos; Lançamento de efluentes
industriais, principalmente o vinhoto e a Aqüicultura. Todos eles, apresentam tendência
de redução em função do aumento da fiscalização da ADEMA.
A implementação dos Instrumentos de gestão está condicionada a uma maior
estruturação do Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. A tendência para a
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é o avanço na implementação, com critérios de
outorga mais restritivos e a melhoria em função da rede de monitoramento e dos
sistemas adotados pela SEMARH. Outra tendência é o inicio da implantação da
cobrança nas Bacias estaduais, com implantação gradativa, pois contribui para
43
racionalização do uso dos recursos hídricos. Contribui também a implantação prevista
pela SEMARH do Sistema de Informação.
Neste cenário, há a perspectiva de melhora do monitoramento qualitativo e quantitativo,
em função da ampliação e do acompanhamento da rede de monitoramento. Contribui
também a elaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos nas demais Bacias
estaduais – inclusive a costeira; a tendência de grande ampliação da fiscalização devido
ao convênio de estruturação da SEMARH ou ADEMA, a criação de um Fundo com
recursos, com intervenções específicas e a ampliação das ações de educação ambiental
nas Bacias.
Quanto à Situação institucional dos atores do SINGREH, ocorre avanço da estruturação
do Sistema Estadual de Gestão de Recursos. Considera a possibilidade de estruturação e
maior autonomia do Sistema em decorrência da pressão social por água em quantidade e
qualidade para os diversos usos. Existência de órgão gestor, desempenhando atribuições
previstas na legislação, com melhora da estrutura física, recursos humanos e da
autonomia.
Órgão Estadual de Gestão de Recursos Hídricos fortalece-se em relação à autonomia,
estrutura e amplia o quadro técnico e a questão financeira. A atuação do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos - CONERH é mais intensiva na regulamentação dos
instrumentos de gestão e resolução de conflitos. Há a implantação de Agência de águas
no Estado, vinculado á implementação da Cobrança. Os Comitês Gestores de Bacia
Hidrográfica, desde 2002 desempenhando atribuições previstas na legislação,
fortalecem-se com maior apoio institucional e passam a possuir maior autonomia.
Dados esses aspectos, apresenta-se, a seguir, a Tabela 3 – Projeções das Variáveis de
Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe no Cenário Factível. Trata-se de
prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam o cenário desejável
dos recursos hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazos, ou seja,
2013, 2018, 2023, 2028 e 2033.
44
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção social dos cenários para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe contou com
a visão e os conhecimentos de diversos usuários, segmentos organizados da sociedade
civil e de setores públicos relacionados à gestão dos recursos hídricos. O processo de
elaboração foi dividido em 7 etapas. Desde a elaboração do diagnóstico produtivo até a
descrição e prospecção dos cenários, foram desenvolvidas oficinas públicas e reuniões
que deram origem aos resultados apresentados.
O trabalho de análise e consolidação dos dados obtidos no diagnóstico produtivo e nas
oficinas públicas demonstrou os principais processos e variáveis de futuro que
condicionam os recursos hídricos para 2033. As variáveis eleitas foram: O crescimento
econômico, a dinâmica populacional, o comportamento do setor agrícola -
principalmente da cana-de-açúcar, cujo cultivo tem importantes impactos negativos e
apresenta tendência de aumento. A pecuária, principalmente o plantel de aves. O
comportamento do setor industrial e da área irrigada. Dentre as variáveis de futuro
projetadas, merece destaque o avanço da cana-de-açúcar, que no cenário otimista,
atingirá 2.078.578 toneladas e 1.123.452 toneladas para o cenário pessimista para
prospecções realizadas para 2033.
Nos cenários alternativos (otimistas e pessimistas) e factível, desenhou-se tendências de
caráter quantitativo e qualitativo para um horizonte de planejamento de 20 anos,
divididos em períodos de 5 anos. A construção dos cenários evidenciou a fragilidade do
45
atual sistema e possibilita a construção das estratégias de atuação para se consolidar o
cenário almejado. Demonstra que as fragilidades do Sistema de Gerenciamento de
Recursos Hídricos podem ser modificadas, principalmente pela consolidação e
fortalecimento política-institucional dos atores do SINGREH através da ampliação dos
recursos humanos e da normalização técnica e jurídico – administrativa.
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ANEXOS
Matriz Etapa 3 – Organização e Consolidação das VariáveisVARIÁVEIS DOS CENÁRIOS
TEMA SUBTEMA
Crescimento Econômico DemografiaCrescimento populacionalImigraçãoEmigração
Economia Variação PIB
Disciplinamento da Ocupação do Solo
Áreas de Reserva LegalProteção do Solo contra a ErosãoUnidades de Conservação
Saneamento
Abastecimento de Água Controle de perdasAtendimentoEsgotamento SanitárioDrenagemColeta e Disposição de Lixo
Usos Econômicos
AgriculturaPecuáriaIrrigaçãoAquicultura (peixes)Indústria
MineraçãoPetróleoExtração (lavra) de áreaOutros
Atividades Turísticas
Recursos Hídricos
Qualidade da água
Poluição esgoto domésticoPoluição esgoto industrialPoluição VinhotoPoluição agrotóxicosPoluição ChorumeCalcárioOutros Captação água subterraneaAdoção de Práticas de ReusoPreservação de nascentesConflitos de usosTecnologiasOutros
Disponibilidade Hídrica Superficial
Construção de Barragens / Açudes
Fatores AmbientaisDesmatamentoErosão das margens dos Corpos Hídricos
Conflitos de usos
BarramentosUso irregularIrrigação x usos diversosAquicultura (peixes)
Governança
Implementação dos Instrumentos de Gestão
OutorgaCobrançaSistema InformaçãoMonitoramento quanti-qualitativoPlanos DiretoresEnquadramentoCompensação a MunicípiosEducação ambiental
Situação institucional dos atores do SINGREHÓrgão Gestor EstadualComitês de BaciasAgências
Fonte: COHIDRO, 2014.
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