plano de conservação
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Índice
Nome Científico pág. 1
Distribuição Global pág. 1
Distribuição Nacional pág. 2
Origem pág. 4
Alimentação pág. 4
Características pág. 5
Reprodução pág. 7
Ameaças pág. 8
Conservação pág. 8
Nome científico
O camaleão-comum, Chamaeleo chamaeleon (Linnaeus,
1758), pertence à família Chamaleonidae, uma pequena
família de origem africana. Os camaleões ibéricos incluem-
se na subespécie Chamaeleo chamaeleon chamaeleon
(Linnaeus), uma das várias subespécies que
colectivamente se distribuem do Sul da Europa ao Norte
de África e Médio Oriente (Hillenius, 1978; Klaver, 1981;
Klaver & Böhme, 1986).
Distribuição Global
As populações de Espanha (Almeria, Granada, Málaga,
Cádiz e Huelva) e Portugal (Algarve) são as mais
setentrionais de uma vasta distribuição circum-
mediterrânea. Existem referências de populações desta
espécie no Sul da Europa (Portugal, Espanha e Grécia), em
algumas ilhas mediterrânicas (Chipre, Malta, Sicília, Samos,
Chios e Creta), no Norte de África (Marrocos, Argélia,
Tunísia, Líbia e Egipto) e Médio Oriente (Turquia, Líbano,
Israel, Arábia Saudita, Síria e Yémen) (Hillenius, 1978;
Klaver, 1981; Blasco, 1985). Por ser uma espécie arborícola,
pode encontrar-se no Sul da Península Ibérica em pinhais,
matorrais esparsos, pomares e até jardins (Blasmo et al.,
1985; Cuadrado & Rodriguez 1997; Miraldo et al., 2005). As
zonas habitadas por C. chamaeleon no Sul de Portugal
incluem-se no piso bioclimático Termomediterrânico seco.
Este clima caracteriza-se por pluviosidades que se situam
entre os 350 e os 600 mm e por temperaturas médias
anuais entre os 16ºC e os 18ºC (Rivas-Martínez et al., 1990).
Distribuição Nacional
A distribuição do camaleão em Portugal restringe-se ao
litoral algarvio, sendo os limites da sua ocorrência Vila Real
de Santo António, a leste, e Lagos, a oeste. Esta espécie
aparece mais frequentemente em zonas de pinhais
costeiros, dunas litorais com vegetação (sobretudo
matorrais esparso) e pomares tradicionais (alfarrobeiras,
figueiras e amendoeiras, entre outras) (Miraldo et al.,
2005). A sua distribuição é claramente fragmentada
quando analisada à escala local, alternando elevadas
densidades em habitats sub-óptimos ou inadequados. Esta
fragmentação é particularmente evidente nas populações
do Oeste algarvio. O camaleão tem particularmente de
apresentar uma área de distribuição actual maior do que
aquela que seria de esperar tendo em consideração os
seus limites tolerância ecológico porque o transporte
permanente de indivíduos mediado pelo homem origina
recorrentemente pequenos núcleos populacionais
dispersos. Contudo, o destino mais provável destes
núcleos é o seu desaparecimento, pelo que uma primeira
percepção da sua abundância e distribuição pode ser
muito enganadora.
Origem
A origem do Chamaeleo chamaeleon (camaleão-comum)
na Península Ibérica é controversa. Existe a ideia
generalizada de se tratar de uma espécie introduzida no
século XX através das migrações de trabalhadores entre o
Sul peninsular e o Norte de África. O camaleão sempre
despertou simpatia e inclusivamente ganhou um certo
sentido mágico para as culturas mediterrânicas pelo que
pode ter sido transportado através do mediterrâneo como
mascote, amuleto ou simplesmente para controlo de
pragas. Resultados de estudos genéticos não excluem,
porém, a hipótese de se tratar de uma colonização natural
(inferior a 200.000 anos) ou de uma introdução antiga.
Alimentação
O camaleão é um caçador nato. Para capturar as suas
presas, usa a língua veloz, comprida e viscosa. Alimenta-se
essencialmente de insectos voadores e outros pequenos
invertebrados.
Características
Reconhece-se o camaleão-comum pelo seu corpo
achatado, pela dilatação em forma de elmo na zona do
crânio e pelos grandes olhos que se movem
independentemente um do outro girando até 180º, o que
lhes permite, com um olho ver para a frente, e como outro
ver para trás. Possuem uma cauda preênsil e dedos com
unhas que formam pinças que os ajudam a trepar pelos
ramos em movimentos lentos. Não é fácil distinguir
machos de fêmeas pois não há diferença de tamanho entre
eles. A pele é geralmente de cor verde ou parda com linhas
descontínuas amareladas. A capacidade de mudar de cor é
outra das suas principais características. Este fenómeno
notável pode ser derivado da temperatura ambiente, do
local em que se encontram e, sobretudo, do seu estado de
ânimo e necessidade de comunicação.
Reprodução
O camaleão-comum é um animal de hábitos diurnos. É
uma espécie ovípara com apenas um ciclo reprodutor por
cada ano, sendo o auge do período reprodutivo no
Verão. A maioria dos indivíduos alcança a maturidade
sexual durante o primeiro ano de vida. O período de
acasalamento pode ocorrer de Junho a Setembro. Os
machos tornam-se mais agressivos, com um
comportamento territorial evidente, impondo-se na área
que querem dominar. As fêmeas acasalam geralmente com
um único macho. A cópula dura cerca de 2 a 3 minutos e
pode repetir-se várias vezes no mesmo dia. Passados cerca
de 35 dias, a fêmea deposita entre 4 e 40 ovos num buraco
feito no solo arenoso, geralmente junto de arbustos. O
período de incubação é de cerca de 10 meses. No Inverno,
procuram tocas nas árvores para suportar o frio.
Ameaças
Os principais factores de ameaça sobre o camaleão
resultam, da perda e fragmentação dos habitats e os seus
principais predadores são aves, as serpentes, os gatos e
outros animais domésticos. Mas o maior responsável pelo
seu desaparecimento é o homem. Este destrói-lhe o
habitat, atropela-o nas estradas, e captura-o, mantendo-o
em cativeiro ilegal, geralmente em péssimas condições. Os
camaleões não são animais de cativeiro e, como animais
selvagens que são, não gostam nada de ser manipulados.
O stress a que são sujeitos quando lhes pegam, a
temperatura desadequada e os desequilíbrios nutricionais
decorrentes da clausura, contribuem para uma morte lenta
em cativeiro.
Conservação
As suas populações localizam-se, maioritariamente, numa
estreita faixa litoral que, devido a crescente urbanização e
pressão turística, tem vindo a ser interrompida e
degradada. Por esta razão, em alguns núcleos
populacionais têm ficado isolados e os habitats mais
adequados para a espécie têm vindo a desaparecer,
nomeadamente as dunas litorais e os pinhais costeiros. Por
outro lado, a conversão de pomares tradicionais em
extensas monoculturas de citrinos contribui, também, para
a redução e fragmentação dos seus habitats. Estes
factores são especialmente relevantes porque o camaleão
tem uma reduzida capacidade de dispersão natural. Assim,
as acções de conservação desta espécie devem incluir
medidas de protecção e recuperação dos pinhais, dunas
costeiras e matorrais esparso, o incentivo à manutenção
de pomares tradicionais e o controlo do uso de agro-
químicos.
É também essencial manter corredores de dispersão entre
os principais núcleos populacionais. O processo de
colonização-extinção tem claras consequências na
estratégia de conservação da espécie. A este respeito, a
gestão e aumento da capacidade de suporte de algumas
áreas de habitat adequado para a espécie representarão
uma melhor estratégia de conservação do que a
preservação de vastas áreas de habitats sub-óptimos com
reduzidas densidades populacionais (Miraldo et al., 2005).