plano de metas de juscelino kubistchek

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Em 31 de Janeiro de 1956 Juscelino Kubitschek assume o governo apresentando ao povo seu Plano de Metas, cujo lema “cinqüenta anos em cinco” resumia a proposta de modernização e investimento no desenvolvimento econômico rápido do país. Seu plano, porém, apresentava pouca ênfase à educação (a ela somente 3,4% dos investimentos iniciais eram direcionados). Sendo a meta 30 a única concernente a esse aspecto e ressaltando a necessidade de formação técnica, o ensino básico não é mencionado, e parecia abandonado como prioridade. A educação em 1930 situava-se em uma crítica conjuntura, problemas como a precariedade da oferta do ensino público, a dificuldade de acesso e a instável permanência das crianças na escola são corroborados com a revelação de que a taxa de analfabetismo da população acima de 15 anos era de 56,17%. Ao fim do governo JK ocorreu uma redução para 39,35%, porém ao considerar os altos níveis de alfabetização dos países industrializados, esse resultado contrastava fortemente com a proposta de desenvolvimento do país e era preocupante. Ao se tratar da educação básica durante o governo de Juscelino, a realização mais influente foi a criação do Manifesto “Mais uma vez convocados”, criado pelos mesmos educadores que haviam produzido em 1932 o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, um grupo conhecido como Pioneiros da Escola Nova que defendia a educação como direito do cidadão e dever do Estado. O manifesto surge em meio a um debate antigo sobre a necessidade de definição do papel do Estado em relação à

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Dissertação sobre o Plano de Metas do Presidente Brasileiro Juscelino Kubistcheck

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Em 31 de Janeiro de 1956 Juscelino Kubitschek assume o governo apresentando ao povo seu Plano de Metas, cujo lema cinqenta anos em cinco resumia a proposta de modernizao e investimento no desenvolvimento econmico rpido do pas. Seu plano, porm, apresentava pouca nfase educao (a ela somente 3,4% dos investimentos iniciais eram direcionados). Sendo a meta 30 a nica concernente a esse aspecto e ressaltando a necessidade de formao tcnica, o ensino bsico no mencionado, e parecia abandonado como prioridade.A educao em 1930 situava-se em uma crtica conjuntura, problemas como a precariedade da oferta do ensino pblico, a dificuldade de acesso e a instvel permanncia das crianas na escola so corroborados com a revelao de que a taxa de analfabetismo da populao acima de 15 anos era de 56,17%. Ao fim do governo JK ocorreu uma reduo para 39,35%, porm ao considerar os altos nveis de alfabetizao dos pases industrializados, esse resultado contrastava fortemente com a proposta de desenvolvimento do pas e era preocupante.Ao se tratar da educao bsica durante o governo de Juscelino, a realizao mais influente foi a criao do Manifesto Mais uma vez convocados, criado pelos mesmos educadores que haviam produzido em 1932 o Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova, um grupo conhecido como Pioneiros da Escola Nova que defendia a educao como direito do cidado e dever do Estado.O manifesto surge em meio a um debate antigo sobre a necessidade de definio do papel do Estado em relao educao. O conflito se dava entre escola-novistas que tinham militando por sua causa Darci Ribeiro e defensores de uma rede privada de ensino, que acreditavam que as famlias deveriam ter a liberdade para escolher o tipo de ensino a ser dado aos seus filhos, estes por sua vez, tinham o deputado Carlos Lacerda como seu representante. Porm, em 1961, com a aprovao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional os defensores da Escola Nova tiveram suas propostas desconsideradas j que segundo o art. 95 da Lei 4.024 a Unio contribuiria financeiramente subsidiando e investindo na construo e manuteno de estabelecimentos que o estado mantinha. A falta de recursos do pas para investimento na rede de ensino provocou a expanso da rede privada, limitando os benefcios da educao a uma nica parcela da populao em detrimento das camadas desfavorecidas.A partir de 1930, com o novo modo de produo capitalista, a sociedade passa por transformaes rumo modernizao. Urbanizao e industrializao so um dos fatores que trazem a necessidade da adequao das estruturas s novas caractersticas que se engendravam no pas. Como outros aspectos a educao tambm requeria mudanas, e essa questo gera um embate cujos representantes se dividiam basicamente entre as expresses e prticas da Igreja Catlica que caracterizavam o velho e os intelectuais supostamente liberais que apresentavam o novo.Ao discutir a educao, as elites falavam por todos os outros segmentos da sociedade e estando o Estado dividido entre os interesses das classes dominantes e dominadas, acabou por ampliar sua participao no mbito educacional. A disputa que parecia se basear somente na defesa do ensino privado ou pblico tinha motivos muito mais complexos, correspondendo na verdade a uma oposio e sustentao da modernizao cujo prospecto pairava sobre o pas.Em 1932 os Pioneiros da Educao Nova criam um Manifesto que exige uma reforma educacional e complementado, posteriormente pelo Manifesto de 1959. Intitulado Manifesto dos educadores democratas em defesa do ensino pblico (1959) Mais uma vez convocados Manifesto ao povo e ao governo e publicado em 1 de Julho, o texto se introduz expondo a necessidade de que as idias nele contidas sejam apresentadas devido aos grandes problemas enfrentados na educao. O documento tem como finalidade dar incio a uma nova fase de reforma educacional. Fica claro que esse manifesto no vem para negar nada daquele que o precede e, na verdade, aduzido como uma sequncia do publicado em 1932, se adequando ao novo contexto do pas e fixando a necessidade imediata de transformao educacional. So mencionadas as grandes, porm pouco eficazes iniciativas tomadas no 25 anos decorridos entre os manifestos, que devido a sua abrangncia regional e execuo parcial, no provocaram grandes mudanas na escola brasileira. O texto, assim como seus autores, defender uma escola e educao democrtica que seja igualmente acessvel a todos.A estrutura do ensino considerada desorganizada, obsoleta e defeituosa. A decadncia das instalaes escolares, a falta de preparao dos professores primrios (descrito como leigos), a baixa remunerao dos mesmos e o alto nvel de analfabetismo, so alguns dos problemas que confirmavam a deficincia educacional. No entanto a falha no do ensino pblico e sim de seus responsveis que ao presenciar o crescimento populacional, incentivar a modernizao, industrializao e urbanizao em ritmo acelerado, no prevem o desequilbrio gerado pela estagnao do sistema educacional em relao ao desenvolvimento que tomava as outras estruturas do pas. Esse progresso acaba forando a ampliao da educao, porm de maneira inadequada e quantitativa, que aliada diminuio da ao do Estado provoca a degradao da qualidade do ensino pblico. Defendia-se no necessariamente a democratizao das escolas elitizadas e sim um aumento da qualidade do ensino pblico, que se estendesse a todos.Fixa a imprescindibilidade de ser estabelecido como dever do Estado prover a educao dos jovens, sendo estes os verdadeiros responsveis pelo futuro da nao enquanto faz o resgate das ideias do Manifesto de 1932, reforando a defesa a descentralizao das aes do Estado concernentes a educao, censurando a necessidade imposta s escolas de se adaptarem s convenincias e exigncias regionais, posicionando-se a favor da doutrina federativa como um dos meios de abolir a uniformidade como unidade e estabelecer a diversidade.