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Prefeitura da Estância Turística de Itu Secretaria Municipal de Cultura Conselho Municipal de Cultural
PLANO MUNICIPAL DE
CULTURA DE ITU
2012
PREFEITURA DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE ITU
Prefeito
Herculano Passos Junior
Vice-Prefeito
José Josimar Ribeiro da Costa
Secretário de Assuntos Jurídicos
Denis Ramazini
Secretário de Administração
Antonio Luiz Carvalho Gomes
Secretário de Cultura
Jonas Soares de Souza
Diretora de Ação Cultural
Allie Marie Queiroz
Diretor de Patrimônio Cultural
Nélio Meira e Silva
CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURAL
Presidente
Maria Cristina Monteiro Tasca
Vice-Presidente
Maria de Lourdes Figueiredo Sioli
Secretária Geral
Ana Paula Sbrissa
Suplente da Secretária Geral
Fernanda Cristina de Morais
CONSELHEIROS TITULARES
Academia Ituana de Letras – ACADIL
Maria Ângela Pimentel Mangeon Elias
Associação Cultural Vozes de Itu
José Carlos Safi
Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Municipal de Itu Prof. Olavo Valente de
Almeida
João Valente
Associação dos Amigos do Teatro e Escola de Música Eleazar de Carvalho –
ASSATEMEC
Miriam Benayon
Associação Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu
Raul de Souza Almeida
Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Município de Itu
Fábio Luis Grizoto
Familiares e Amigos da Saúde Mental – Fasam
Marcos Pardim
Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu
Ana Paula Sbrissa
II Grupo de Artilharia Leve - Regimento Deodoro
Representante
Instituto de Estudos do Vale do Tietê – INEVAT
João Baptista Mattos Pacheco Neto
Museu da Música – Itu
Maria de Lourdes Figueiredo Sioli
Museu Republicano Convenção de Itu
Maria Cristina Monteiro Tasca
Secretaria Municipal de Cultura de Itu
Jonas Soares de Souza
Sociedade Amigos da Cidade de Itu – SACI
Representante
União Negra Ituana - UNEI
Fátima do Carmo Silva
CONSELHEIROS SUPLENTES
Academia Ituana de Letras – ACADIL
Maria Aparecida Thomaz Alves
Associação Cultural Vozes de Itu
Representante
Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Municipal de Itu Prof. Olavo Valente de
Almeida
Representante
Associação dos Amigos do Teatro e Escola de Música Eleazar de Carvalho –
ASSATEMEC
Sandra Regina Molini
Associação Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu
Maria das Dores Oliveira de Assumpção
Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Município de Itu
Paulo Adriano Niel Freire
Familiares e Amigos da Saúde Mental – Fasam
Célia Maria de Toledo
Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu
Fernanda Cristina de Morais
II Grupo de Artilharia Leve - Regimento Deodoro
Representante
Instituto de Estudos do Vale do Tietê – INEVAT
Silvana Lopes de Araújo
Museu da Música – Itu
Maria Lúcia Almeida de Marins e Dias Caselli
Museu Republicano Convenção de Itu
Aline Zanatta
Secretaria Municipal de Cultura de Itu
Elton Cardoso
Sociedade Amigos da Cidade de Itu – SACI
Representante
União Negra Ituana - UNEI
Vanessa de Toledo Cruzolini da Silva
COMISSÕES ESPECIAIS DO CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURAL PARA ELABORAÇÃO DO PLANO
MUNICIPAL DE CULTURA
Comissão 1 – Economia da Cultura
Ana Paula Sbrissa – Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu
Comissão 2 – Música
Maria de Lourdes Figueiredo Sioli – Museu da Música – Itu;
Miriam Benayon - Associação dos Amigos do Teatro e Escola de Música Eleazar de
Carvalho – ASSATEMEC;
José Carlos Safi - Associação Coral Vozes de Itu.
Comissão 3 – Artes Cênicas
Maria Cristina Monteiro Tasca – Museu Republicano “Convenção de Itu”.
Comissão 4 – Literatura e Bibliotecas
Maria Ângela Mangeon Pimentel Elias – Academia Ituana de Letras – Acadil;
Renato Margarido Galvão - Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima;
Eliete Rosa Xavier Sampaio - Ass. dos Amigos da Biblioteca Prof. Olavo Valente.
Comissão 5 – Artes Visuais e Audiovisuais
Paulo Ernesto Aranha – Faculdade de Comunicação, Artes e Design (FCAD – Centro
Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – CEUNSP).
Comissão 6 – Patrimônio Arquitetônico
Maria Cristina Monteiro Tasca – Museu Republicano “Convenção de Itu”.
Comissão 7 – Atividades Artesanais de Expressão Local
Maria Cristina Monteiro Tasca – Museu Republicano “Convenção de Itu”.
Ana Paula Sbrissa – Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu
Comissão 8 – Diversidade Étnico-Cultural
Fátima do Carmo da Silva – União Negra Ituana – UNEI.
Comissão 9 – Terceiro Setor
Raul de Souza Almeida - Associação Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu;
Maria Cristina Monteiro Tasca – Museu Republicano “Convenção de Itu”.
Ana Paula Sbrissa – Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu.
Comissão 10 – Espaços Públicos para Cultura
Jonas Soares de Souza – Secretaria Municipal de Cultura
COMISSÕES ESPECIAIS DA III CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURAL PARA ELABORAÇÃO DO PLANO
MUNICIPAL DE CULTURA
Comissão 1 – Economia da Cultura
Ana Paula Sbrissa – Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu;
Sérgio Barna Christo de Camargo - (Coletivo Roda Torta);
Douglas Messias Santos Batista - (Projeto São Jorge);
Fernando de Andrade Gonçalves - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Sousa
Lima);
Maria das Dores Oliveira Assumpção - (Ass. Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu);
Benedito Rodrigues - (Ass. Cia. Folia de Reis Estrela do Oriente);
Alessandra dos Santos de Arruda Franco - (União Negra Ituana – UNEI).
Comissão 2 – Música
Allie Marie Queiroz - (Museu da Música – Itu);
Lana de Oliveira - (Associação de Amigos do Teatro Eleazar de Carvalho - ASSATEMEC);
Luis Roberto de Francisco - (Museu da Música - Itu / Associação Coral Vozes de Itu);
Marlos Mateus - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima);
Douglas Domingues Germenes - (Sociedade Civil).
Comissão 3 – Artes Cênicas
Maria Cristina Monteiro Tasca - (Museu Republicano Convenção de Itu);
Nélio Meira - (Secretaria Municipal de Cultura);
Edmar Fábio Venâncio - (Cia Teatral Metamorfose e Unidos pela Arte);
Elton Jesuino Santana - (100% humor Produções Artísticas);
Guilherme de Almeida Dias - (Escola de Atores ASSATEMEC);
Elton Cardoso - (Secretaria Municipal da Cultura).
Comissão 4 – Literatura e Bibliotecas
José Renato Margarido Galvão - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de S. Lima);
Maria Célia Brunelo Bombana - (Academia Ituana de Letras - ACADIL);
José Carlos Ruy - (Ed. Galpão das Letras);
Verônica Maria Berchi - (Ed. Galpão das Letras);
Gisele Cristina Silveira Albino - (UNIARARAS);
Ana Nery de Souza Oliveira - (UNIARARAS).
Comissão 5 – Artes Visuais e Audiovisuais
Paulo Ernesto Aranha – Faculdade de Comunicação, Artes e Design (FCAD – Centro
Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – CEUNSP);
Fernanda Morais - (Museu da Energia de Itu);
Ana Paula R. de Mello - (Sociedade Civil);
Érico Vinícius Fonseca dos Santos - (Cineclube Brad Will);
Silvana Novelli - (Sociedade Civil).
Comissão 6 – Patrimônio Arquitetônico
Fernando Vicente de Oliveira - (LABORE-UNICAMP);
Laís Caroline Rodrigues - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima);
Paulo Adriano Niel Freire - (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio).
Comissão 7 – Atividades Artesanais de Expressão Local
João Baptista Mattos Pacheco Neto - (Instituto de Estudos do Vale do Tietê – INEVAT);
Ana Paula Sbrissa – Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu;
Sérgio Barna Christo de Camargo - (Coletivo Roda Torta);
Douglas Messias Santos Batista - (Projeto São Jorge);
Fernando de Andrade Gonçalves - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Sousa
Lima);
Maria das Dores Oliveira Assumpção - (Ass. Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu);
Benedito Rodrigues - (Ass. Cia. Folia de Reis Estrela do Oriente);
Alessandra dos Santos de Arruda Franco - (União Negra Ituana – UNEI).
Comissão 8 – Diversidade Étnico-Cultural
Fátima do Carmo Silva - (União Negra Ituana - UNEI);
Bruno Cesar Costa - (Museu da Energia);
Integrantes: Amanda Benedetti - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Souza Lima).
Comissão 9 – Terceiro Setor
Ana Paula Sbrissa – Fundação Energia e Saneamento / Museu da Energia de Itu;
Sérgio Barna Christo de Camargo - (Coletivo Roda Torta);
Douglas Messias Santos Batista - (Projeto São Jorge);
Fernando de Andrade Gonçalves - (Biblioteca Comunitária Prof. Waldir de Sousa
Lima);
Maria das Dores Oliveira Assumpção - (Ass. Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu);
Benedito Rodrigues - (Ass. Cia. Folia de Reis Estrela do Oriente);
Alessandra dos Santos de Arruda Franco - (União Negra Ituana – UNEI).
Comissão 10 – Espaços Públicos para Cultura
Nélio Meira e Silva - (Secretaria Municipal da Cultura);
Maria Cristina Monteiro Tasca - (Museu Republicano Convenção de Itu);
Guilherme de Almeida Dias - (Escola de Atores ASSATEMEC);
Elton Cardoso - (Secretaria Municipal da Cultura).
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PLANO MUNICIPAL DE CULTURA DE ITU
SUMÁRIO:
MENSAGEM, PÁG. 11
1. INTRODUÇÃO, PÁG. 13
2. CONCEPÇÃO DA POLÍTICA CULTURAL, PÁG. 20
3. ESTÂNCIA TURÍSTICA DE ITU (HISTÓRIA, INSTITUIÇÕES CULTURAIS), PÁG. 26
4. RECURSOS PARA A CULTURA, PÁG. 37
5. DIAGNÓSTICOS E DESAFIOS, PÁG. 38
6. PROGRAMAS ESTRATÉGICOS, PÁG. 111
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS, PÁG. 133
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MENSAGEM
A Secretaria Municipal de Cultura foi instalada por meio da Lei nº 678, de 10 de
novembro de 2005, logo no início da minha gestão. Dedicada a finalidades específicas,
a nova Secretaria deveria dar ênfase às atividades culturais permanentes, aquelas que
envolvem uma série de serviços e ações tais como: criação e manutenção de espaços
culturais; proteção e promoção da memória e do patrimônio cultural; apoio à produção,
distribuição e consumo de bens culturais; incentivo ao livro e à leitura; intercâmbio
cultural; formação de recursos humanos e programas socioculturais.
Movido por essa visão, o governo municipal se empenhou junto à Universidade
de São Paulo com o objetivo de instalar o Cento de Estudos do Museu Republicano-
USP na Casa do Barão, um dos mais valiosos próprios do Município. Ali foram
acomodados o Arquivo Histórico, guardião de vasta documentação sobre a História
local, e a Biblioteca Edgard Carone, detentora de acervo bibliográfico imprescindível no
estudo dos movimentos sociais, do movimento operário no Brasil e da História da
República Brasileira. Equipado com auditório e salas de pesquisas, o Centro de Estudos
sediou inúmeras conferências, encontros científicos, oficinas e seminários
internacionais.
Por sua vez, a Biblioteca Pública Municipal recebeu obras para adequar seus
espaços e equipamentos. A atualização constante de seu acervo tem permitido a
ampliação do número de usuários e leitores. São duas as bibliotecas públicas mantidas
pelo Município – uma no centro histórico da cidade e outra no Bairro Cidade Nova, no
conjunto de edifícios do Centro Administrativo do Pirapitingui. Nas instalações da
Secretaria de Cultura também são oferecidos cursos livres de teatro, desenho, música
instrumental, oficinas de criação literária, conferências e recitais.
O apoio aos grupos musicais (Banda União dos Artistas, Banda do Carmo e
Assatemec - Associação Amigos do Teatro Escola Maestro Eleazar de Carvalho) e aos
grupos de teatro tem privilegiado a formação de novos músicos e atores, e dado ênfase a
programas de formação de público. Até mesmo o tradicional Festival de Artes de Itu,
inaugurado em 1993, recuperou em diferentes dimensões a proposta inicial de seu
criador, Maestro Eleazar de Carvalho, isto é, o binômio “festa/aprendizado”. A festa
manifestando-se no conjunto dos eventos e apresentações públicas resultantes do
processo de aprendizado, um conjunto de cursos, oficinas e atividades didáticas.
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Por meio da Secretaria de Cultura, o Governo Municipal estreitou relações com
o IPHAN – Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, e com o
CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo, e passou a desenvolver ações para a
proteção da memória e do patrimônio cultural do Município. Atualmente, vários bens
arquitetônicos estão em processo de restauração, cada qual sob a responsabilidade de
seu proponente, e o Governo Municipal desenvolve projeto para o restauro do Espaço
Cultural Almeida Júnior.
Essas atividades permanentes têm fortalecido a identidade e a diversidade
cultural local, atuando na formação contínua dos cidadãos e na consolidação da
cidadania cultural.
Esta aí a importância da elaboração do Plano Municipal de Cultura e sua
aprovação como Lei Municipal, pois ele explicitará as prioridades da cultura e quais
programas, projetos e ações devem ter recursos assegurados na Lei Orçamentária Anual.
Visando assegurar a consolidação dessas conquistas a Secretaria Municipal de
Cultura, criada em 2005, e o Conselho Municipal da Cultura, reestruturado em 2010
como expressão da representação da sociedade nos seus mais diversos segmentos,
promoveram o debate e organizaram o presente material.
O Plano Municipal de Cultura vai agora à apreciação do Legislativo Municipal
para que se transforme em Lei e se constitua no documento de referência para as ações
da área cultural para os próximos anos.
Herculano Passos Júnior
Prefeito da Estância Turística de Itu
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INTRODUÇÃO
1.1. Sistema Nacional de Cultura
São notáveis os avanços ocorridos na última década no campo da cultura,
entretanto, não se pode ignorar os problemas recorrentes e consolidados que, hoje,
constituem-se desafios ao poder público em seus níveis federal, estadual e municipal.
Por um lado observamos a descontinuidade das políticas culturais, quase sempre
atreladas a governos específicos. Por outro, a carência de profissionalismo e ineficácia
na gestão dos recursos financeiros e humanos comprometem a qualidade das
iniciativas. Soma-se a isso a dificuldade em garantir a participação ampla de todos os
segmentos da sociedade civil nas discussões de políticas públicas do setor, acesso e
promoção de atividades culturais, tendo em vista as divergências de opiniões sobre o
que venha a ser “Cultura”.
Pensando no enfrentamento desses desafios, encontra-se em plena construção
em todo o país, o Sistema Nacional de Cultura (SNC), um instrumento que possibilitará
a gestão integrada e compartilhada entre Estado e Sociedade Civil, a partir de uma
concepção comum de política cultural que garantirá participação da sociedade de
forma permanente e institucionalizada.
A organização sistêmica proposta pelo Governo Federal assegura também a
continuidade das políticas públicas da Cultura – definidas como políticas de Estado -
com finalidade principal de garantir a efetivação dos direitos culturais constitucionais
dos brasileiros. São eles:
Direito à identidade e à diversidade cultural (ou direito ao patrimônio
cultural);
Direito à participação na vida cultural, que compreende:
Direito à livre criação,
Direito ao livre acesso,
Direito à livre difusão,
Direito à livre participação nas decisões de política cultural,
Direito autoral,
Direito ao intercâmbio cultural (nacional e internacional).
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A necessidade de garantia do direito constitucional à Cultura está bastante
clara nos princípios norteadores do SNC, a saber: (SISTEMA, p. 38):
a) diversidade das expressões culturais;
b) universalização do acesso aos bens e serviços culturais;
c) fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens
culturais;
d) cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados
atuantes na área cultural;
e) integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e
ações desenvolvidas;
f) complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
g) transversalidade das políticas culturais;
h) autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;
i) transparência e compartilhamento das informações;
j) democratização dos processos decisórios com participação e controle
social;
k) descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações.
E é com esse pensamento democrático, transparente e colaborativo, que o
Sistema pretende formular e implantar políticas públicas de cultura permanentes,
pactuadas entre os entes da federação e a sociedade civil, promovendo o
desenvolvimento - humano, social e econômico - com pleno exercício dos direitos
culturais e acesso aos bens e serviços culturais (SISTEMA, p. 38).
Os objetivos do SNC são (PLANO, p. 25):
Estabelecer um processo democrático de participação na gestão das
políticas e dos recursos públicos na área cultural;
Articular e implementar políticas públicas que promovam a interação da
cultura com as demais áreas sociais, destacando seu papel estratégico no
processo de desenvolvimento;
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Promover o intercâmbio entre os entes federados para a formação,
capacitação e circulação de bens e serviços culturais, viabilizando a
cooperação técnica entre estes;
Criar instrumentos de gestão para acompanhamento e avaliação das
políticas públicas de cultura desenvolvidas no âmbito do Sistema Nacional
de Cultura;
Estabelecer parcerias entre os setores público e privado nas áreas de gestão
e de promoção da cultura.
O sucesso desse objetivo dependerá em grande parte, da concretização de
metas bem definidas. O estabelecimento de processo democrático de participação na
gestão das políticas e recursos públicos da área, a implementação, gestão e avaliação
de políticas públicas, a promoção de intercâmbios para formação, capacitação e
circulação de bens e serviços culturais, e o estabelecimento de parcerias entre setor
público e privado para gestão e promoção cultural.
O Sistema Nacional de Cultura é, portanto, um modelo de gestão e promoção
conjunta de políticas públicas de cultura, acordadas entre as três esferas do poder
publico e a sociedade civil, que tem como órgão gestor e coordenador o Ministério da
Cultura em âmbito nacional, as secretarias estaduais/distrital e municipais de cultura
ou equivalentes em seu âmbito de atuação, configurando desse modo, a direção em
cada esfera de governo.
FIGURA 1 - Estrutura do Sistema Nacional de Cultura Fonte: Sistema Nacional de Cultura – Ministério da Cultura
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Nessa arquitetura mista, os elementos constitutivos do Sistema Nacional de
Cultura, que devem ser instituídos nos entes federados, são:
a) Órgãos Gestores da Cultura;
b) Conselhos de Política Cultural;
c) Conferências de Cultura;
d) Planos de Cultura;
e) Sistemas de Financiamento à Cultura;
f) Sistemas Setoriais de Cultura (quando pertinente);
g) Comissões Intergestores Tripartite e Bipartites;
h) Sistemas de Informações e Indicadores Culturais;
i) Programa Nacional de Formação na Área da Cultura.
O SNC avançará em direção ao seu objetivo de criar uma interação entre as
partes que compõem a riqueza cultural brasileira, através da implantação de
instrumentos nos três níveis governamentais, que se caracterizam como ferramentas
de planejamento técnico e financeiro: Orçamento; Sistema de Informações e
Indicadores Culturais, Relatório Anual de Gestão e Plano de Cultura. Este último,
aprovado em nível federal no último mês de dezembro de 2010.
A criação e implantação do Sistema tratam-se de um marco legal para a área da
cultura, fortalecendo a capacidade do Estado em realizar ações que valorizem a
diversidade, garantam o direito de todos à cultura e concretize o potencial desse setor.
Lembrando que o desenvolvimento econômico do Brasil, hoje a quinta economia
mundial, não deverá prescindir do desenvolvimento social. Há que se trabalhar
conjuntamente para que a Cultura deixe de ser vista como elemento secundário nas
preocupações do poder público e alcance status de eixo estratégico para o
desenvolvimento global do país.
1.2. Plano Nacional de Cultura e a importância do Plano Municipal de Cultura
Como importante elemento constitutivo do SNC, emergem o Plano Nacional de
Cultura (PCN) e seus similares em nível Estadual e Municipal. Desta forma, a fim de
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consolidar o que recomenda a Constituição Brasileira, está previsto na Constituição
Federal desde a aprovação da emenda número 48, de 2005 (que instituiu o Plano e
seus objetivos) a criação do Plano Nacional de Cultura, transformado em Lei (12.343) e
sancionado pelo Presidente Luiz Inácio lula da Silva em dezembro de 2010.
A Lei tem por finalidade o planejamento e implementação de políticas públicas
de longo prazo (dez anos) voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural
brasileira. Diversidade que se observa nas práticas, serviços e bens artísticos e culturais
que possibilitam o pleno exercício da cidadania e que podem contribuir com o
desenvolvimento social, atrelado ao já consolidado desenvolvimento econômico. A Lei
define princípios e objetivos para a área; discrimina os órgãos responsáveis pela
condução das políticas; e aborda aspectos relativos ao financiamento de espetáculos e
produtos culturais. Tudo isso, funcionando como elemento norteador das políticas
regionais.
Cabe lembrar, que o Plano foi uma construção coletiva, entre Estado e
Sociedade, por meio da realização de pesquisas, estudos e debates, em Conferências,
Fóruns e Seminários organizados em todos os níveis da Federação, utilizando-se de
canais de comunicação presenciais e virtuais.
O Artigo 1o da Lei nº 12.343 define os princípios que regem o Plano Nacional
de Cultura, princípios estes, que deverão também nortear os responsáveis pela
construção dos Planos Municipais:
I - liberdade de expressão, criação e fruição;
II - diversidade cultural;
III - respeito aos direitos humanos;
IV - direito de todos à arte e à cultura;
V - direito à informação, à comunicação e à crítica cultural;
VI - direito à memória e às tradições;
VII - responsabilidade socioambiental;
VIII - valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável;
IX - democratização das instâncias de formulação das políticas culturais;
X - responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas
culturais;
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XI - colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da
economia da cultura;
XII - participação e controle social na formulação e acompanhamento das
políticas culturais.
Da mesma forma, a construção dos Planos Municipais deverá contemplar
objetivos em consonância com o Artigo 2o da Lei 12.343 que define os objetivos do
Plano Nacional de Cultura:
I - reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional brasileira;
II - proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial;
III - valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais;
IV - promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e coleções;
V - universalizar o acesso à arte e à cultura;
VI - estimular a presença da arte e da cultura no ambiente educacional;
VII - estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores
simbólicos;
VIII - estimular a sustentabilidade socioambiental;
IX - desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo cultural
e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais;
X - reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicionais e os
direitos de seus detentores;
XI - qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado;
XII - profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais;
XIII - descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura;
XIV - consolidar processos de consulta e participação da sociedade na
formulação das políticas culturais;
XV - ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no mundo
contemporâneo;
XVI - articular e integrar sistemas de gestão cultural.
Juntamente com a aprovação do Plano ocorreu também a criação do Sistema
Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC). As diretrizes, objetivos e
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estratégias contidas no Plano serão fixadas pela coordenação executiva, a partir de
subsídios do SNIIC. Para garantir o alcance dos objetivos, as metas estabelecidas serão
periodicamente avaliadas e, se necessário, revistas. O PCN não se trata de documento
acabado, ao contrário, sofrerá alterações tão logo se observem transformações
advindas da sociedade.
Considerando o caráter sistêmico proposto pelo Ministério da Cultura, o Plano
Nacional trará diretrizes a serem seguidas pelos Estados e Municípios, na elaboração
de seus próprios planos de cultura. Muito embora a adesão não seja obrigatória ou
automática, há que se concordar que os planos para a Cultura em nível municipal em
consonância com os demais níveis da Federação, trarão enormes benefícios advindos
de uma política global, continuada e voltada a um objetivo maior: proporcionar
condições para produção e acesso à riqueza cultural brasileira.
Sabe-se dos desafios continentais para a gestão pactuada da cultura no Brasil,
que vão das diferenças regionais às diferenças orçamentárias. Entretanto, é chegada a
hora de avançar em direção ao “todo” que se configura a Cultura Brasileira. Para tanto,
O Sistema Nacional de Cultura, com foco nas responsabilidades dos diferentes atores e
nas condições para que cooperem, e o Plano Nacional de Cultura, em torno dos
conceitos e prioridades, deverão cumprir papel agregador das políticas culturais de
cada localidade, garantindo sua implementação das políticas em conformidade com os
princípios constitucionais.
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2. CONCEPÇÃO DA POLÍTICA CULTURAL
O artigo 215 da Constituição Federal onde se lê que o “Estado garantirá a todos
o pleno exercício dos direitos culturais” constata a preocupação do Estado Brasileiro,
em garantir o exercício das diferentes manifestações culturais. Entretanto, não há
registro de forma explícita, sobre quais seriam esses “direitos”. O Ministério da
Cultura, em seu Sistema Nacional de Cultura: estruturação, institucionalização e
implementação do SNC (2011), contudo, declara “não ser essa uma deficiência
somente da Constituição Brasileira”. A própria UNESCO reconhece a necessidade de
identificar com maior clareza “quais são esses direitos, que se encontram dispersos
nos inúmeros instrumentos normativos – declarações, recomendações e convenções –
das Nações Unidas”. (SISTEMA, 2011, p. 27).
A fim de minimizar as dúvidas sobre o assunto, o documento da ONU/UNESCO
fornece uma lista de direitos culturais: “direito à identidade e à diversidade cultural,
direito à participação na vida cultural, direito autoral e direito/dever de cooperação
cultural internacional.”
O Ministério da Cultura ressalta o avanço da Constituição brasileira com
referência a esses “direitos”, comprovando ser o documento apropriado para servir de
base à realização do Sistema Nacional de Cultura. Lembra que a própria Constituição
estabelece o principio de cooperação entre os três níveis da Federação e dá ao
Governo Federal o direito de estabelecer princípios gerais que orientem a direção das
políticas públicas comuns.
Uma análise da Constituição Brasileira, feita a partir dessa proposta de lista dos direitos culturais, permite constatar que todos, de alguma forma, estão ali referidos: o direito à identidade e à diversidade cultural (Art. 215, Art. 216 e Art. 231); o direito à livre criação (Art. 5º, IV e Art. 220, caput), à livre fruição ou acesso (art. 215, caput), à livre difusão (Art. 215, caput) e à livre participação nas decisões de política cultural (art. 216, parágrafo 1º); o direito autoral (art. 5º, XXVII, XXVIII e XXIX) e à cooperação cultural internacional (Art. 4º, II, III, IV, V, VI, VII, IX e parágrafo único). (SISTEMA, 2011, p. 27).
Na sequência, a Constituição Federal em seu artigo 216, define como
patrimônio cultural os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente
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ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Como se observa, a Constituição de 1988, leva em conta as diferentes culturas
e etnias da formação do povo brasileiro, o conjunto de bens materiais e conhecimento
adquirido e passível de apreensão pela convivência. É também mencionada a garantia
do exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, bem como o
apoio, incentivo, valorização e difusão das manifestações culturais.
Concordamos, portanto, ser a Constituição Brasileira o alicerce sobre o qual se
constrói a política nacional de cultura estabelecida pelo Governo Federal. Desta
mesma forma deverá ser entendida a “Cultura”, nas esferas estaduais e municipais, de
forma a haver sinergia entre as partes, na concretização de objetivos comuns.
A Política Nacional considera a Cultura em três dimensões: simbólica, cidadã e
econômica. Essas três dimensões, que incorporam visões distintas e complementares
sobre a atuação do Estado na área cultural, inspiram-se nos direitos culturais e buscam
responder aos novos desafios da cultura no mundo contemporâneo. Deverão orientar
os projetos e ações desenvolvidos na área. Constitui-se, portanto, política de Estado,
elemento central da Política Nacional de Cultura.
Nos parágrafos que se seguem, abordamos de forma sucinta, as três
dimensões, conforme consta no Sistema Nacional de Cultura: estruturação,
institucionalização e implementação do SNC - 2011.
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FIGURA 2 - SISTEMA Nacional de Cultura: estruturação, institucionalização e implementação do SNC. Ministério da Cultura: Conselho Nacional de Política Cultura, 2010. Disponível em: http://blogs.cultura.gov.br. Acesso em: 27 jan. 2011. , p. 29
A dimensão simbólica:
Fundamenta-se na ideia de que é inerente aos seres humanos a capacidade de
simbolizar, que se expressa por meio de diversas línguas, valores, crenças e práticas.
Nessa perspectiva, também chamada antropológica, a cultura humana é o conjunto de
modos de viver, os quais variam de tal forma que só é possível falar em culturas
humanas, no plural. Adotar a dimensão simbólica possibilita superar a tradicional
separação entre políticas de fomento à cultura (geralmente destinadas às artes) e de
proteção do patrimônio cultural, pois ambas se referem ao conjunto da produção
simbólica da sociedade. (SISTEMA, p.30)
A dimensão cidadã:
Fundamenta-se no princípio de que os direitos culturais fazem parte dos
direitos humanos e devem constituir-se como plataforma de sustentação das políticas
culturais. Essa dimensão está garantida na Constituição Brasileira.
A dimensão econômica:
Compreende que a cultura, progressivamente, vem se transformando num dos
segmentos mais dinâmicos das economias de todos os países, gerando trabalho e
riqueza. Mais do que isso, a cultura, hoje, é considerada elemento estratégico da
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chamada nova economia ou economia do conhecimento, que se baseia na informação
e na criatividade, impulsionadas pelos investimentos em educação e cultura.
Sob o ponto de vista econômico, a cultura pode ser compreendida de três
formas:
como sistema de produção, materializado em cadeias produtivas;
como elemento estratégico da nova economia (ou economia do
conhecimento);
como um conjunto de valores e práticas que têm como referência a
identidade e a diversidade cultural dos povos, possibilitando
compatibilizar modernização e desenvolvimento humano. (SISTEMA, p.
32).
2.1. Uma concepção ampla de Cultura
A cultura implica em considerar todos os indivíduos, e não apenas os artistas,
como sujeitos e produtores de cultura. É nesta condição de agentes culturais, que o
conjunto dos cidadãos deve se constituir no foco das atividades e projetos da
administração governamental. A cultura é um fenômeno plural e uma ferramenta de
intercâmbio, que envolve todos os indivíduos direta ou indiretamente, dos saberes
populares a alta tecnologia.
O ser humano é um agente cultural, tudo o que cria é uma forma de cultura se
manifestando, cada ação realizada é a cultura sendo cultivada. E é com esse
pensamento, que incluímos todos os cidadãos como potenciais produtores culturais
dentro de suas localidades.
Somente se poderá conceituar cultura como auto realização da pessoa humana no seu mundo, numa interação dialética entre os dois, sempre em dimensão social. Algo que não se cristaliza apenas no plano do conhecimento teórico, mas também no da sensibilidade, da ação e da comunicação. (VANNUCCHI, p.21).
Em consonância com as diretrizes federais, o Plano Municipal de Cultura de
Recife (p. 17), explicita as três dimensões da cultura, confirmando a concepção ampla
a ser adotada como fundamento para a criação das políticas públicas municipais para a
área:
24
[...] a cultura deve ser considerada sempre em suas três dimensões: 1) enquanto produção simbólica, tendo como foco a valorização da diversidade das expressões e dos valores culturais; 2) enquanto direito de cidadania, com foco na universalização do acesso à cultura e nas ações de inclusão social através da cultura; 3) enquanto economia, com foco na geração de emprego e renda, no fortalecimento das cadeias produtivas e na regulação da produção cultural e dos direitos autorais, considerando as especificidades e valores simbólicos dos bens culturais.
A cultura é, pois, um direito dos indivíduos, e deve ser uma estratégia de
desenvolvimento para o país, estado ou município. Assim, é de extrema importância a
constituição de uma política cultural pela qual sejam reguladas as ações dos gestores
públicos no campo cultural, garantindo a observância de suas três dimensões.
Uma política cultural deve atender as demandas oriundas das mais diversas
vertentes culturais, além de ser também democrática e capaz de reconhecer a
existência de múltiplas culturas, de peculiaridades, buscando estimular autonomia das
manifestações existentes.
2.2. O papel do Município na Gestão Pública da Cultura
De acordo com a legislação brasileira, cabe ao poder local, representado
institucionalmente pelo Município (ente federativo com autonomia política, financeira
e administrativa) assumir o desenvolvimento de ações e atividades culturais a serviço
da comunidade, podendo, para tanto, articular-se com instâncias do Estado e da
União, em busca de parcerias para projetos de interesse comum às três esferas de
governo. Os principais desafios estratégicos assumidos pelo Município são o
fortalecimento, a ampliação, o ordenamento e a institucionalização do Sistema
Municipal de Cultura, para o funcionamento, em bases estruturantes e permanentes,
de políticas públicas e instrumentos de gestão da cultura a serem mantidos mesmo
quando houver mudanças de comando do governo. Nesse sentido, o Sistema
Municipal de Cultura (atualmente em fase de implantação) estará intimamente ligado
ao Sistema Nacional de Cultura. Por meio de seu próprio aparato institucional e
orgânico, o Sistema Municipal de Cultura tecerá uma rede de articulação permanente
com os sistemas estadual e nacional, entidades e movimentos artístico-culturais da
sociedade civil, com a finalidade de compartilhar e intercambiar informações, facilitar
25
a gestão, o fomento e a participação de atores sociais na formulação, execução,
acompanhamento e avaliação das políticas públicas culturais.
26
3. ESTÂNCIA TURÍSTICA DE ITU
3.1. Histórico
Nome de origem indígena - utu-guaçu ou itu-guaçu = cachoeira grande - a
Estância Turística de Itu tem sua fundação datada de 1610 quando o paulista
Domingos Fernandes e seus familiares ergueram uma capela em honra de Nossa
Senhora da Candelária, em região conhecida como Campos de Pirapitingui.
Considerando que a Igreja Católica consagra o dia 2 de fevereiro em homenagens à
Santa, esse dia foi escolhido como o aniversário da cidade.
No local onde hoje se ergue o município, havia, antes da chegada de colonos,
um aldeamento indígena Carijó que, em constante choques com as bandeiras foi
forçado a abandonar o local que se tornou para os paulistas, ponto de paragem ou
descanso em suas caminhadas para o sertão. A localização estratégica explica o
codinome da cidade “Boca do Sertão”.
O povoado alcança provisão de capela curada em 1643 e o grau de Freguesia
em 1653. O Capitão-Mor de São Vicente, Gonçalo Couraça de Mesquita, sem que a
freguesia de Nossa Senhora da Candelária tivesse condições ou a autoridade referida
detivesse competência, foi elevada à vila, o que gerou protestos das Câmaras de São
Paulo e Parnaíba. No entanto, provisão de 18 de abril de 1567 do Ouvidor Miguel
Cabello, o ato de Gonçalo Couraça foi ratificado, prevalecendo à constituição de Itu à
vila. Por Lei Provincial de 5 de fevereiro de 1842, Itu alcança mais um degrau de sua
evolução administrativa. E a Vila é elevada à categoria de Cidade.
Itu foi uma das mais ricas e populosas Vilas da Capitania e o maior centro
produtor de açúcar do Primeiro Império e parte do Segundo. Centro do Liberalismo
paulista nas vésperas e primórdios de nossa independência, ergueu-se conta a
“Bernarda”, movimento desencadeado por Francisco Inácio, recebendo do Príncipe
Regente Dom Pedro II, o título de “Fidelíssima”.
Conhecida ainda como “Berço da República” ou “Meca Republicana” por sua
participação na difusão dos ideais republicanos, a cidade sedia encontro de
representantes de Clubes Republicanos no dia 18 de abril de 1873, para efetiva
organização do Partido e de providências para consolidação e divulgação das ideias
republicanas.
27
A forte presença de Ordens Religiosas Católicas desde a sua fundação,
renderam-lhe o título de “Roma Brasileira”. As instituições religiosas sempre estiveram
presentes e influenciaram a vida social, cultural e política de Itu.
O Município ganha também o codinome “Cidades dos Exageros”, título pelo
qual a cidade ficou conhecida mundialmente, deu-se por interferência da grande
mídia, com a popularização do comediante Francisco Flaviano de Almeida - Simplício -
no antigo programa “A Praça da Alegria”. E ainda, Cidade Cinema “Vale do Sol”, pela
reunião de condições ideais para filmagens cinematográficas.
A Cidade de Itu prepara-se agora para, finalmente, desvendar o patrimônio
cultural resultante dessa vivência de 401 anos de história e desenvolvimento, criando
condições para uma política cultural ampla e democrática que desvende a diversidade,
a riqueza e peculiaridades da cultural do município.
Formação Administrativa (IBGE, 2011)
Distrito criado com a denominação de Itu, em 1653.
Elevado a categoria de vila com a denominação de Itu, por Ordem Régia, de 18
de abril de 1657, desmembrado da antiga Vila de Parnaíba. Constituído do
Distrito Sede.
Cidade por Lei Provincial nº 5, de 5 de fevereiro de 1842.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o Município de Itu se
compunha do Distrito Sede.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o Município de Itu
compõe-se igualmente, do Distrito Sede.
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, bem como no
quadro anexo ao Decreto-lei Estadual n.º 9073, de 31 de março de 1938, o
Município de Itu compreende o único termo judiciário da comarca de Itu e
figura com um só Distrito, Itu.
No quadro fixado, pelo Decreto Estadual n.º 9775, de 30 de novembro de 1938,
para 1939-1943, o Município de Itu é composto de um único Distrito, Itu e é
termo da comarca de Itu, formada de um único termo, Itu, termo este formado
por 4 Municípios: Itu, Cabreúva, Indaiatuba e Salto.
28
Em virtude do Decreto-lei Estadual n.º 14334, de 30-XI-1944, que fixou o
quadro territorial para vigorar em 1945-48, o Município ficou composto dos
Distritos de Itu e Pirapitingui e constitui o único termo judiciário da comarca de
Itu, a qual é formada pelos Municípios de Itu, Cabreúva, Indaiatuba e Salto.
Permanece composto dos Distritos de Itu e Pirapitingui, nos quadros territoriais
fixados pelas Leis Estaduais nºs 233, de 24-XII-1948 e 2456, de 30 XII-1953 para
vigorar, respectivamente, nos períodos 1949-1953 e 1954-1958, comarca de
Itu.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.
Lei n º 3528, de 20 de outubro de 1993, extingui o Distrito de Pirapitingui do
Município de Itu.
Em divisão territorial datada de 01-VI-1995, o município é constituído do
Distrito Sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 15-VII-1999.
3.2. Dados Gerais do Município de Itu (IBGE, 2010)
A Cidade de Itu possui perfil misto, incluindo atividades turísticas, comercial e
industrial. Está localizada dentro de uma região privilegiada, distante da capital do
Estado de São Paulo a 92 km e 30 km do Aeroporto Internacional de Viracopos.
Interligando Campinas e Sorocaba, considerado polo de desenvolvimento do
interior paulista, Itu ocupa área de 642 quilômetros quadrados e situa-se na chamada
zona de depressão periférica do Estado de São Paulo, entre a zona serrana e o planalto
ocidental. A cidade reúne a tranquilidade e qualidade de vida do interior, aliada a
pouca distância dos principais centros consumidores. Possui malha viária de qualidade,
possibilitando fácil acesso para praticamente todo o país.
Limita-se com os Municípios de Salto, Elias Fausto, Porto Feliz, Sorocaba,
Mairinque, Araçariguama, Cabreúva, Itupeva e Indaiatuba.
Gentílico: ituano
Feriados Municipais: 02 de Fevereiro (Aniversário da Cidade); 20 de
Novembro (Dia da Consciência Negra).
29
Dados Geográficos: está localizada a 23º 20’ de latitude sul e 47º de
longitude ocidental. Altitude 525 a 700 m. O município é banhado pelo
Rio Tietê e alguns menos como Itaim-mirin, Itaim-Guaçu e Pirapitingui.
O clima da região passa aos poucos de Tropical para Temperado. A
temperatura varia de 16º a 22º em média. O verão é quente sendo a
média das máximas 35º e a média das mínimas de inverno 12º. Possui
sol durante 300 dias por ano.
ITEM DESCRITO VALOR
População (2010) 154.200
População urbana 144.336
População rural 9.864
Eleitores 101.796
PIB per capta (2008) R$ 23.567,19
Receita orçamentária (2008) R$ 246.512.214,70
Despesa orçamentária corrente R$ 178.956.151,70
Valor fundo participação dos municípios R$ 35.175.503,17
Matrículas ensino fundamental (2009) 23.594
Matrículas ensino médio (2009) 6.504
Docentes Ensino Fundamental (2009) 1.069
Docentes Ensino Médio (2009) 504
TABELA 1 - Dados oficiais do Município de Itu. Fonte : IBGE.
3.2.1. Secretaria Municipal de Cultura
A Secretaria Municipal de Cultura, criada pela Lei nº 678, de 10 de Outubro de 2005,
teve seu quadro de pessoal fixado pela Lei nº 1.276, de 03 de janeiro de 2011. A
Secretaria Municipal de Cultura tem a seguinte estrutura básica: Gabinete do
Secretário Municipal, Departamento de Ação Cultural e Produção Artística e
Departamento de Patrimônio Cultural. Compete à Secretaria Municipal de Cultura:
I - planejar, ordenar e coordenar as atividades relacionadas à consecução da
política municipal de cultura, definindo prioridades na aplicação dos recursos públicos
destinados à cultura.
II - formular, promover e dirigir ações e atividades de incentivo à cultura em
todas as suas manifestações e formas, executando uma política de preservação e
30
conservação da memória e do patrimônio histórico, arquitetônico, artístico e cultural
do Município.
III - tomar a iniciativa e participar de promoções culturais que visem a integrar
todos os munícipes nas manifestações culturais da comunidade;
IV - propor, no âmbito do poder público, as providências necessárias para a
difusão dos novos valores artísticos e culturais;
V - estimular e apoiar, após estudo e análise, as iniciativas das instituições
particulares que visem a promoções culturais;
VI - administrar, desenvolver e promover atividades culturais, artísticas de
cunho material e imaterial participativas à população, concernentes aos próprios
municipais;
VII - definir a política municipal de defesa e proteção do patrimônio artístico,
arqueológico, histórico e cultural do Município;
VIII - estabelecer os critérios de organização, manutenção e supervisão de
bibliotecas, salas de leitura, centros culturais, museus, teatros e outras instituições da
Prefeitura do Município de Itu, voltadas ao estímulo e cultivo da ciência, das artes e
das letras e bem assim à difusão e à promoção cultural;
IX - realizar estudos e estabelecer ações referentes ao tombamento de bens
móveis e imóveis, de valor cultural e histórico reconhecido para o Município de Itu;
X - definir a área em torno do bem tombado a ser controlado por sistemas de
ordenações espaciais adequadas;
XI - estabelecer a estratégia de fiscalização da preservação, da conservação e
do uso dos bens tombados;
XII - estabelecer as medidas necessárias a que se produzam os efeitos do
tombamento;
XIII - estabelecer critérios referentes a propostas de revisão de processos de
tombamento;
XIV - atuar em planos, projetos e propostas de qualquer espécie referentes à
preservação de bens culturais do Município;
XV - manter permanente contato com organismos públicos e privados,
nacionais e internacionais, visando à obtenção de recursos, a cooperação técnica e
cultural para planejamento das etapas de preservação e a revitalização dos bens
culturais do Município;
XVI - promover campanhas de conscientização, sobre a responsabilidade de
cada cidadão na preservação e conservação dos bens que compõem o patrimônio
cultural do Município;
XVII - auxiliar a Administração Municipal a fiscalizar a utilização dos bens
tombados a serem preservados e conservados, e fornecer sugestões a serem
encaminhadas para sanar os desvirtuamentos;
XVIII - zelar pela administração dos meios de transporte interno da Secretaria,
compreendendo operação, controle e manutenção da frota de veículos leves, e o
31
cumprimento da normatização do controle, da manutenção e uso da frota de
máquinas, equipamentos e veículos leves e pesados, estes quando for o caso;
XIX - desempenhar outras atividades correlatas determinadas pelo Prefeito
Municipal.
3.2.2. Conselho Municipal de Cultura
A documentação disponível nos arquivos do Conselho Municipal de Cultura
(CMC) aponta como embrião desse novo período do Conselho, o ciclo de reuniões
denominado Diálogos do Patrimônio Cultural – 2009, realizado com a participação de
instituições culturais e membros autônomos da Sociedade Civil. Na ocasião, deliberou-
se a criação de um grupo de trabalho para a confecção de Abaixo assinado pela
reativação do Conselho Municipal de Cultura da Cidade, pela sua reformulação, maior
abertura às novas instituições atuantes no cenário cultural ituano bem como à figura
do artista livre, popular.
O Abaixo assinado foi produzido por esse grupo e apresentado à população em
Mesa Redonda no dia 3 de julho do mesmo ano. A partir dessa iniciativa, as discussões
deixaram de ser denominadas Diálogos do Patrimônio Cultural e passaram a constituir
o Fórum Aberto de Cultura de Itu. Alcançou o espaço virtual com a criação de Blog
destinado aos debates sobre a produção cultural da cidade, as demandas e carências,
bem como a necessidade de fortalecimento do CMC. Fortalecimento exigido pelas
discussões do Plano Nacional de Cultura
Com a presença de cerca de doze instituições ligadas à Cultura local, o Conselho
Municipal de Cultura de Itu foi, reativado em reunião convocada pela Prefeitura da
Estância Turística de Itu, baseada na Lei nº 804 de 13 fev. 2007, no dia 27 de julho de
2009. Nesse primeiro momento, o Conselho contava com representantes das
instituições: Instituto de Estudos do Vale do Tietê (INEVAT); Academia Ituana de Letras
(ACADIL), Sociedade Amigos da cidade de Itu (SACI), Fundação Patrimônio Histórico da
Energia e Saneamento/Museu da Energia de Itu, Museu Republicano Convenção de
Itu, Associação Coral Vozes de Itu, Associação Amigos do teatro e Escola de Música
Eleazar de Carvalho, II Grupo de Artilharia Leve - Regimento Deodoro, Conselho de
Defesa do Patrimônio Cultural do Município de Itu, União Negra Ituana (UNEI).
32
Como primeiras propostas da gestão 2009-2010, registraram-se a necessidade
de organização da Conferência Municipal de Cultura, exigência para participação ativa
do Município nas discussões do Plano Nacional de Cultura. Prioridade também foi o
incentivo para integração de novas instituições culturais, nas atividades do Conselho.
Ainda emergencial, foram as discussões para elaboração do Regimento do Conselho,
possibilitando a aprovação da Lei nº 1.223 de 27 de agosto de 2010, que dispõe sobre
sua criação.
Em contrapartida às inúmeras ações que o Conselho de Cultura vislumbrava
concretizar, foram levantadas dificuldades para o desenvolvimento pleno das
atividades culturais no município:
a) necessidade de avaliação das Políticas Públicas Municipais de Cultura;
b) maior integração com a Secretária de Cultura objetivando a
manutenção do Festival de Artes e incorporação de outras ações ao
calendário municipal de eventos culturais;
c) estabelecimento de parcerias da Secretária da Cultura com instituições
culturais e empresas privadas;
d) dificuldades das Secretárias (Educação, Cultural, Turismo e Meio
ambiente) em trabalhos conjuntos;
e) inexistência de Teatro Municipal na Cidade;
f) ausência de editais para as instituições culturais que já desenvolvem
trabalhos na cidade.
Durante os encontros para início das atividades do Conselho, o contato com a
população foi assegurado através do agendamento de reuniões mensais. Durante o
ano de 2010, vinte e três encontros foram realizados e documentados, a fim de
promover o diálogo entre os grupos fomentadores de cultura, as entidades
conselheiras e representantes da sociedade civil ou instituições ainda não ligadas
oficialmente ao Conselho.
Cumpre ressaltar que a reativação do Conselho Municipal de Cultura foi um
esforço coletivo, de várias pessoas em prol de uma maior discussão da Cultura na
cidade. A manutenção de suas atividades também se caracteriza pelo esforço de seus
33
representantes, para a manutenção desse canal de comunicação entre o Poder Público
e a Sociedade Civil.
Antecedentes da Conferência Municipal de Cultura do Município de Itu
No ano de 2003 foi desencadeado no Brasil um processo histórico relevante
para constituição do Plano Nacional de Cultura. Este encaminhamento foi
primeiramente gerado com a realização da Convenção para Salvaguarda do Patrimônio
Cultural Imaterial realizada pela UNESCO que teve como finalidade a salvaguarda do
patrimônio cultural imaterial das comunidades, grupos e indivíduos envolvidos. Ficou
acordado entre os países participantes que patrimônio cultural passa a ser toda a
cultura de um povo, de comunidades e grupos, respeitando à diversidade cultural e a
criatividade humana.
Desta forma, durante 2003 a 2006 acontecem o Seminário Cultura para Todos,
Agenda 21 da Cultura, Câmara Setoriais, Emenda Constitucional 48, Sistema Nacional
de Cultura, Decreto 5.520 que institui o Sistema Federal de Cultura; Conferência
Nacional de Cultura, Convenção para a Proteção e a Promoção da Diversidade das
Expressões Culturais, Projeto Lei 6.835, Elaboração das diretrizes gerais do Plano
Nacional de Cultura e Sistema de Informação e Indicadores Culturais.
Tanto o Seminário Cultura para Todos como a criação da Câmara Setorial foram
decisivos para implementação do Plano Nacional de Cultura. O Primeiro com a
participação de produtores, artistas, intelectuais, gestores, investidores e outros
interessados, desencadeando o processo de acúmulo de subsídios para formulação do
Plano Nacional de Cultura. O segundo, com os relatórios dos grupos de trabalho das
Câmaras, possibilitaram a segunda fonte de subsídios para o Plano.
Especialmente em 2005, aconteceram as Conferências municipais,
intermunicipais, estaduais e setoriais, além de uma plenária nacional de Cultura,
envolvendo mais de 400 encontros. Conforme dados do Ministério da Cultura, estes
eventos mobilizaram cerca de 60 mil pessoas, incluindo gestores de 1158 municípios,
de 19 Estados e do Distrito Federal. Estes encontros geram resoluções da Conferência
Nacional de Cultura para configuração do Projeto de Lei do Plano Nacional de Cultura
apresentado como Lei, em 2006, pelos deputados Paulo Rubem Santiago, Iara Bernardi
e Gilmar Machado e são à base de desenvolvimento de suas diretrizes gerais.
34
Em 2007 e 2008 formou-se a Subcomissão Permanente de Cultura, o
Suplemento Cultura – IBGE, o Estudo da Cultura – IPEA, o Conselho Nacional de Política
Cultural (CNPC), ocorrendo os Seminários Estaduais do Plano Nacional de Cultura.
Coube a Subcomissão Permanente de Cultura o dever de fomentar audiências
públicas para o debate de propostas para o Plano Nacional de Cultura. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE publicou o Suplemento Cultura da pesquisa
de informações básicas municipais (MUNIC). O estudo apresentava a distribuição da
malha institucional de gestão das políticas de cultura e as atividades culturais
existentes e a infraestrutura de equipamentos e meios de comunicação disponíveis
nos municípios.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) responsabilizou-se pela
publicação de dois estudos sobre economia da cultura e políticas culturais, em parceria
com o Ministério da Cultura. No final de 2007, é formado o plenário composto por
representantes dos ministérios do governo federal, órgãos estaduais, prefeituras,
ONGs, segmentos técnicos e artísticos, Sistema S, instituições federais de ensino
superior, Senado e Câmara dos Deputados, entre outras instituições. Ao Conselho
Nacional de Política Cultural coube a função de deliberar sobre as diretrizes do
caderno do Plano e acompanhar a formulação, execução e avaliação das políticas
públicas de cultura. Em 2008, realizaram-se os Seminários Estaduais do Plano Nacional
de Cultura que envolveram novamente toda a sociedade e o poder público municipal,
estadual e federal, gerando avaliações e demandas locais.
Em Setembro de 2009, ocorreu a aprovação da Proposta de Emenda a
Constituição 150/2003 que determina anualmente investimentos na Cultura de 2% do
orçamento federal, 1,5% dos estados e 1% dos municípios, advindos de receitas
resultantes de impostos. Vale ressaltar que, até então, o Governo Federal investia
entre 0,7% e 0,8% do Orçamento da União na área cultural. Com a aprovação desta
emenda, torna-se imprescindível a criação de mecanismos nos municípios, estados e
esfera federal, regulatórios e fiscalizadores para realmente fazer cumprir esta
emenda, resultando em democratização, acesso e inclusão, especialmente para as
comunidades com baixo poder aquisitivo nas regiões urbanas e rurais no Brasil.
Ainda no ano de 2009 ocorre a aprovação do Programa e Planos Segmentados
e Regionais que trata do Plano Nacional de Cultura com a elaboração de programas e
35
planos segmentados e regionais pelos órgãos de gestão das políticas de cultura do
país. O objetivo foi a criação das diretrizes gerais do Plano Nacional de Cultura em
ações e metas adequadas às especificidades das linguagens artísticas, práticas
culturais, demandas de grupos populacionais e identitários e situações municipais,
estaduais e regionais.
Para brindar o momento de fortalecimento democrático, houve em março
deste mesmo ano, a II Conferência Nacional de Cultura para discutir propostas para
implementação nos próximos 10 anos do Plano Nacional de Cultura. O projeto
compreendeu a Cultura com interfaces áreas de Meio Ambiente, Turismo, Educação,
Saúde, Segurança Pública e demais, ampliando as responsabilidades dos gestores
destas e demais áreas, assim como da sociedade civil, em cada município brasileiro.
Finalmente, no dia 09 de dezembro de 2010, a Comissão de Educação, Cultura e
Esporte do Senado Federal aprovou por unanimidade, o projeto de lei (PL) que
sistematiza o Plano Nacional de Cultura (PNC). O texto, em tramitação no Legislativo
desde 2006, é uma construção coletiva dos parlamentares com o Ministério da Cultura
(MinC), com o objetivo de definir as diretrizes da política cultural pelos próximos 10
anos.
Desta forma, estamos inauguramos uma nova e promissora fase para a cultura
brasileira, com novas possibilidades de ampliação do trabalho cultural nas diversas
áreas tanto teórica como metodologicamente. Estamos em um processo de
amadurecimento e percepção das responsabilidades que compete ao poder público e
a sociedade civil para fomento de políticas públicas especificas para o setor da Cultura,
que agora se torna um setor estratégico para combater as diversas formas de
violência.
II Conferência Municipal de Cultura do Município de Itu
No mês de outubro de 2009, o Município de Itu, por meio da Secretaria da
Cultura e do Conselho Municipal de Cultura, organizou a II Conferência Municipal de
Cultura que teve como objetivo envolver representantes de diferentes instituições
culturais, profissionais da cultura, artistas, empresários, patrocinadores e sociedade
36
civil para gerar diretrizes que configurarão as políticas públicas na área cultural a
serem encaminhadas para a Conferência Estadual de Cultura e efetuadas no município.
A II Conferência Municipal de Cultura de Itu foi marcada por muita discussão,
democracia, respeito às diversas culturas locais e propostas para fortalecimento das
ações culturais. A Plenária da Conferência formada na tarde do dia 24 de outubro
pelos 5 (cinco) eixos temáticos, respectivamente por 5 (cinco) grupos, deram ênfase à
necessidade de criação de Lei Municipal de Incentivo a Cultura; o Fundo Municipal de
Cultura a ser gerido pelo poder público municipal e sociedade civil representada pelo
Conselho Municipal de Cultura; a necessidade de estruturação de editais periódicos,
possibilitando clareza e fomento financeiro para instituições culturais, artistas e
coletivos; e demais propostas que vêm fortalecer os encaminhamentos municipais
nesta área.
Desta forma, com um formato que contemplou a participação, ética e
democracia, a II Conferência Municipal de Cultura de Itu foi um sucesso, pois teve
representantes das diversas áreas da cultura que se envolveram com as propostas,
compreendendo que o êxito das mesmas depende tanto do poder público municipal,
como da sociedade civil, que juntos, deverão estruturar mecanismos para gerar ainda
mais inclusão social, fortalecimento de identidades locais, crescimento
socioeconômico das comunidades, intercâmbio entre comunidades e artistas,
promoção de diversas formas de educação formal e não formal, parcerias,
fortalecimento do município na esfera regional e estadual.
Tanto em Itu, como os demais municípios, vale ressaltar a importância da união
entre o poder público e da sociedade civil, que trabalhando em acordo podem melhor
realizar este novo projeto de Cultura extremamente necessário e complexo, que
envolve as interfaces com as áreas de Meio Ambiente, Educação, Turismo, Segurança
Pública, Saúde, Lazer; enfim todas as demais áreas, fato que vai potencializar e
estruturar caminhos para que a cidade possa ser mais democrática, participativa e
inclusiva, tanto nas regiões urbanas como rurais, que precisam de apoio, incentivo e
novos horizontes. A nova forma de gestão da área cultural trará responsabilidade
compartilhada entre governo e sociedade civil.
37
4. RECURSOS PARA A CULTURA
A Secretaria Municipal de Cultura tem dotação orçamentária prevista na LDO –
Lei de Diretrizes Orçamentárias. A dotação para o exercício de 2012 foi de R$
1.559.500,00 (um milhão, quinhentos e cinquenta e nove mil e quinhentos reais),
incluindo as despesas com pessoal e encargos sociais.
38
5. DIAGNÓSTICOS E DESAFIOS
5.1. Economia da Cultura
A globalização tornou o mundo um espaço sem fronteiras para a comunicação
e transmissão de informações, que implicou em profundas mudanças na sociedade,
entre elas, a perda da identidade cultural – que ocorre em diferentes níveis de
intensidade, mas que não deixa de acontecer. O processo de globalização influencia
principalmente o setor econômico, que reflete em algumas transformações sociais:
como o aumento da renda familiar, a diminuição de taxas da mortalidade infantil e do
analfabetismo.
Vivendo nas condições de uma crescente globalização, o país deverá percorrer uma nova época: novas formas de pensar e de produção, novas interfaces e relações devem se estabelecer. O caminho para o sucesso profissional na sociedade atual, essa corrida de competências, valoriza o diferencial educativo e cultural. A expansão dos domínios do conhecimento humano acontece num crescendo contínuo, exigindo das pessoas constante adaptação e atualização de conhecimento. (CABRAL, 2001).
Como efeitos da globalização, além da perda da identidade, surgem os
ambientes sem identidade e história, os não lugares. Em resposta a essa consequência,
a construção de espaços e ações que se relacionem com os bens culturais1 dos
indivíduos começam a ganhar espaço e a serem valorizados pela sociedade.
Aloísio Magalhães (apud CABRAL, 2001) afirma que “a conscientização e uso
adequado de nossos valores é única maneira de nos contrapormos, oferecendo alternativas
nossas, á inevitável velocidade de transferência cultural entre as nações no mundo de hoje.”
A Estância Turística de Itu abriga uma imensa riqueza cultural através de seus
patrimônios material e imaterial, que representam hoje, um enorme potencial de
desenvolvimento com a criação de oportunidades e valorização dos artistas locais,
restauração e preservação do patrimônio arquitetônico, a promoção dos espaços
culturais públicos e privados e o incremento do turismo cultural e pedagógico.
1 Compreende o seu sentido mais amplo: costume, hábitos, maneiras de ser, padrões morais,
visões de mundo; tudo aquilo que foi sendo cristalizado no nosso processo criativo, que ao longo do processo histórico se pode identificar como valor permanente da nação. (CABRAL, 2001)
39
Para que esse potencial turístico seja devidamente explorado, é necessário o
entendimento do Poder Público e da população local, sobre o papel estratégico que a
cultura pode desempenhar no desenvolvimento da cidade, a partir de ações
planejadas e coordenadas que congreguem todas as manifestações, patrimônios e
agentes culturais locais, hoje dispersos e atuando individualmente. Cabe lembrar que o
acesso à cultura e a educação é direito do indivíduo, e deve ser observado como
estratégia de desenvolvimento para o país, estado ou município. Trata-se de
ferramenta social, que possibilita o reconhecimento, a preservação e o respeito à
identidade cultural coletiva e individual.
A Secretaria Municipal de Cultura de Itu organiza e oferece em formatos
impresso e digital, um calendário de eventos, que contempla datas de relevância
cultural para o município, incluindo homenagens a personalidades que realizaram
contribuições à cultura local, fatos históricos e datas religiosas. Alguns eventos se
destacam no calendário atual: o Festival de Artes realizado anualmente no mês de
julho; o conjunto de eventos para celebração do aniversário da cidade, em especial a
Caminhada Luminosa, em 2 de fevereiro e as Celebrações da Semana Santa.
O primeiro Festival de Artes de Itu foi realizado em 1993, idealizado pelo
maestro Eleazar de Carvalho, que se inspirou no Festival de Tanglewood, evento norte-
americano de música clássica. Ao longo dos anos, o Festival foi mudando seu perfil
para abrigar outras expressões artísticas. Hoje, retoma seu modelo inicial, trafegando
com desenvoltura no universo da cultura popular e clássica. É um evento com
potencial para desenvolvimento e reconhecimento nacional, além de contribuir para a
geração de um demanda de turismo cultural, educacional e de lazer.
A Caminhada Luminosa é promovida pela Prefeitura de Itu, através da
Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com instituições culturais locais, desde
2008. O evento consiste em um passeio ao Centro Histórico, com intervenções
teatrais que apresentam a história de Itu, através de seus principais edifícios históricos.
Por último, mas não menos importante, as celebrações da Semana Santa em
Itu, recebem milhares de fiéis anualmente, vindos de diferentes localidades. O evento
desenvolve grande aparato artístico-cultural para celebrar o momento significativo da
Igreja Católica. Manifestações religiosas centenárias, cantos sacros, procissões
tradicionais, encenações; são realizadas por toda a cidade durante o período.
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Coroando as celebrações, no Domingo de Páscoa é realizado o “Estouro do Judas”,
com características peculiares e reconhecimento de evento típico da localidade.
Outra manifestação religiosa que merece destaque é a Procissão de Corpus
Christi, uma celebração com origens no ano 1243, em Liège, na Bélgica, quando a freira
Juliana de Cornion teria tido visões de Cristo demonstrando-lhe o desejo de que o
mistério da Eucaristia fosse celebrado. Em 1264, o papa Urbano IV, por meio da Bula
Papal "Transiturus de hoc mundo", estendeu a festa a toda a Igreja católica. Pediu a
São Tomás de Aquino que preparasse as leituras e textos litúrgicos, até hoje utilizados
na celebração. A procissão com a hóstia consagrada data de 1274. Foi na época
barroca, porém, que a procissão tornou-se um grande cortejo de ação de graças. No
Brasil, a festa passou a integrar o calendário oficial em 1961. A tradição de enfeitar as
ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior mineiro. Em Itu, há mais de 40
anos a população confecciona um tapete de aproximadamente 2 mil metros de
comprimento, composto por serragens coloridas, cal, pó de café, casca de ovo,
tampinhas de garrafas, palha de arroz e flores e materiais reciclados de todo gênero,
por onde passará a procissão.
Os eventos aqui destacados comprovaram, ao longo dos anos, grande
capacidade de atração interna e externa, podendo, com as devidas adequações,
tornarem-se eventos para o turismo cultural nacional. Mesmo tendo um planejamento
de ações e orçamento próprio, a Secretaria Municipal de Cultura, apresenta a
necessidade de uma equipe técnica para aperfeiçoar suas atividades e seus eventos,
especialmente àqueles estes de maior destaque.
Atualmente, a Secretaria conta com a colaboração dos Conselhos Municipais de
Cultura e Defesa do Patrimônio, para a realização de um inventário dos bens culturais
da cidade e para a elaboração do “Plano Municipal de Cultura”. Essas duas ações têm a
intenção de permitir uma atuação fundamentada do órgão da administração local,
visando à realização de investimentos e incentivos do poder público municipal para a
área cultural. Julgamos que, as duas ferramentas - Inventário de Bens Culturais e o
Plano Municipal de Cultura - poderão auxiliar na implantação e gestão de um
calendário unificado de atividades, que expresse toda a diversidade da cultura do
Município de Itu e contribua para o desenvolvimento local.
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Por tratar-se de uma cidade turística, Itu tem acesso há alguns mecanismos de
incentivo e desenvolvimento ao turismo, que indiretamente geram efeitos na área
cultural do município. Recentemente, com o intuito de auxiliar destinos turísticos a
analisar, conjugar e equilibrar os diversos fatores que, para além da atratividade,
contribuem para a evolução da atividade turística, o Ministério do Turismo, o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Fundação Getúlio
Vargas (FGV) deram início no segundo semestre de 2009 ao “Estudo de
Competitividade” dos possíveis novos “Destinos Indutores do Desenvolvimento
Turístico Regional” entre os quais está a Estância Turística de Itu. Em 2007 o Ministério
do Turismo já havia escolhido os primeiros 65 “Destinos Indutores do
Desenvolvimento Turístico Regional”, sendo que, a partir de 2009, foi tomada a
decisão de se analisar a viabilidade de agregar aos destinos já escolhidos outros 50 que
estão sendo atualmente avaliados.
Em 2010 foi apresentado um relatório que reúne análises referentes às
respostas coletadas pela Fundação Getúlio Vargas nos destinos eleitos, entre os meses
de novembro de 2009 e abril do citado ano. O principal objetivo deste relatório é
permitir que os destinos estudados analisem seus indicadores em cada uma das
dimensões do estudo e possam utilizar essas informações para planejar e desenvolver
vantagens competitivas. Esse relatório contempla as seguintes dimensões: infra
instrutora geral, acesso, serviços e equipamentos turísticos, atrativos turísticos,
marketing e promoção do destino, políticas públicas, cooperação regional,
monitoramento, economia local, capacidade empresarial, aspectos sociais, aspectos
ambientais e aspectos culturais.
Considerando os aspectos culturais, o relatório apresenta as seguintes
informações sobre o município:
O destino possui culinária típica, mantém tradições culturais evidentes, incentiva grupos artísticos de manifestação popular tradicional e possui atividade artesanal típica comercializada em esfera regional, ou seja, dispõe de um conjunto de produções culturais associadas ao turismo que geram fluxo de visitantes para o município. (ESTUDO DE COMPETITIVIDADE, 2010 – Itu).
O índice de competitividade em Aspectos culturais de Itu atingiu a nota 54,4
pontos numa escala de 0 a 100. A média brasileira está na mesma dimensão (54,6). O
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resultado registra a informação da inexistência de patrimônio imaterial e arqueológico
tombado, de um órgão da administração local com atribuição de incentivar o
desenvolvimento da cultura no destino. Além disso, o destino conta com política
municipal de cultura e projeto de implantação de turismo cultural, aspectos positivos
para o destino.
A política municipal de cultura está prevista na Lei Complementar nº 770, de 10
de outubro de 2006, "PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DO MUNICÍPIO DA ESTÂNCIA
TURÍSTICA DE ITU", no Capítulo II Preservação do Patrimônio Histórico Cultural do
Título IV Desenvolvimento Econômico, se refere à Política de Preservação do
Patrimônio Histórico Cultural do município, e tem por objetivo preservar, qualificar,
resgatar e dar utilização social a toda expressão material e imaterial, tomada individual
ou em conjunto, desde que portadora de referência e identidade, relativa à ação ou à
memória dos diferentes grupos da sociedade, visando promover e implantar
mecanismos e instrumentos para a preservação do patrimônio, suas compensações,
incentivos e estímulos de preservação e mecanismos de captação de recursos para sua
implantação, preservação e conservação. Para cumprir a Política, a Lei define Diretrizes
da Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural e Proposições da Preservação do
Patrimônio Histórico-Cultural da cidade.
5.2. Música
A música, enquanto manifestação sociocultural de qualquer sociedade é uma
forma de expressão construída na interação entre passado-presente, na observação e
aprendizado na família, na escola, nos espaços específicos ou na mídia. O prazer
estético se diferencia de geração a geração, porém, é direito e dever constitucional do
Estado e da sociedade a revelação do patrimônio às diversas gerações do presente. No
momento atual, assistimos a um desprestígio dos elementos ligados à música popular,
erudita, folclórica e sacra, sejam locais, regionais, nacionais ou da tradição europeia e
afro-indígena, por influência da mídia, aquilo que se define por cultura de massa.
Como resultado disto esse patrimônio musical se estabelece desagregado da
sociedade.
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A produção e reprodução da música na sociedade, se ela vive mais influenciada
pela cultura de massa que pelo prestígio às manifestações locais, reduz o caráter
criativo, próprio da cultura popular, desprestigia o cidadão e evidencia uma tendência
reprodutiva de modelos, ritmos e linguajar da cultura de massa. A sociedade e,
sobretudo, as novas gerações, têm o direito à vivência do patrimônio musical, daí a
necessidade de valorização, por parte do Estado e das estruturas constituídas pela
sociedade, como associações, em trazer à vida o patrimônio musical.
Diagnóstico:
Na longa história de produção musical ituana, cujo primeiro registro remonta o
ano de 1684, destacam-se compositores de música sacra já no século XVIII, como o
Padre Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819), mestres de música na primeira metade
do século XIX, como o Padre João Paulo Xavier (1800-1876), Frei José de Santa Delfina,
do Convento Franciscano, seu principal aluno Miguel Arcanjo Benício da Assumpção
Dutra (1812-1875), este compositor também de música profana, destacam-se como
elementos estruturais na música ituana. Na segunda metade do século XIX
encontramos a mais fecunda geração de compositores ituanos, que tem início com
Elias Álvares Lobo (1834-1901), compositor da primeira ópera de caráter nacional no
Brasil, Tristão Mariano da Costa (1846-1908) e José Mariano da Costa Lobo (1857-
1892), compositores de música sacra e Tristão Mariano da Costa Júnior (1880-1935)
que se notabilizou no gênero de serestas. A produção desses compositores e outros
músicos que atuaram em Itu, como os italianos no Colégio São Luiz ou imigrantes da
música marcial, constituem o patrimônio mais expressivo da música local. Ainda no
século XX viu-se intensa movimentação social em torno dos diversos gêneros da
música brasileira e internacional.
Duas Instituições se destacam no apoio à produção musical na cidade, bem
com na pesquisa e divulgação do patrimônio musical local: o Museu da Música - Itu e a
Associação Teatro Maestro Eleazar de Carvalho - ASSATEMEC. Na sequência,
fornecemos breve histórico sobre as instituições e os grupos musicais atuantes:
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Museu da Música:
O Museu da Música – Itu, criado em 2007, pretende desencadear, na região do
Médio Tietê, ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação dos
referenciais musicais das diversas comunidades, contribuindo para o fortalecimento da
cultura local, e consequentemente da cidadania, no encontro com seu passado e
reconhecimento de seu papel social. Mantém um acervo de partituras de cinco mil
títulos de compositores e grupos locais, além de gravações, documentos, imagens,
objetos e depoimentos orais sobre o saber e as práticas musicais em Itu. O Museu da
Música é mantido pelo Instituto Cultural de Itu.
Associação Teatro Maestro Eleazar de Carvalho - ASSATEMEC
A ASSATEMEC foi fundada no ano 2000 por um grupo de cidadãos da cidade de
Itu, preocupados com o vácuo cultural deixado pela ausência do Maestro Eleazar de
Carvalho e seu “Festival de Artes de Itu”.
A entidade é formada por uma diretoria de voluntários, que se propôs a criar
uma Escola de Música Erudita, para jovens e crianças provenientes de família de baixa
renda e indo de encontro ao anseio da população, em construir um teatro,
equipamento cultural ainda inexistente no município.
No ano de 2005, foi inaugurado o teatro TEMEC, com uma plateia de até 300
pessoas, palco 70m² em terreno cedido em comodato pela Prefeitura da Estância
Turística de Itu, sem uso do erário público, somente com doações particulares.
Atualmente, a entidade atende cerca de 200 alunos, com um acervo de mais 200
instrumentos.
Somente em 2010, passaram pelo Teatro TEMEC, mais de 50 companhias de
espetáculos variados, e também apresentaram: 11 concertos didáticos para escolas
públicas em geral, 33 concertos para o publico em geral; ministraram
aproximadamente 7.000horas/aulas/ano e ensaios da orquestra 270
horas/ensaio/ano.
Integram a ASSATEMEC:
OFI – Orquestra Filarmônica de Itu;
OP – Orquestra Preparatória;
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BEC – Banda Eleazar de Carvalho;
“Enarmônicos” - Camerata de Cordas;
4 grupos de câmara (cordas, metais madeiras).
No ano de 2010 a Entidade realizou o 1º Curso de Música de Itu, contratando 10
professores, 1 Regente, contanto com 78 bolsistas de Itu e do interior do estado de
São Paulo. Ou seja, a entidade tornou-se um polo cultural realizando o que uma
iniciativa deste gênero deve produzir: Cultura. Em qualidade, quantidade ao alcance
de todos.
Festival de Artes de Itu
O Festival de Artes de Itu foi criado em 1993, pelo maestro Eleazar de Carvalho.
O modelo veio de Tanglewood, um pitoresco recanto na cidade de Lenox, estado de
Massachusetts, nos Estados Unidos da América do Norte, onde o maestro estudou nos
anos de 1940 e sucedeu a Sergei Koussewitzky.
O modelo de Tanglewood se inspira na dicotomia festa/aprendizado, que é o
ideário de todos os festivais. Festa é o próprio Festival. É a festa musical e teatral,
constituída de concertos de música com diferentes conjuntos e instrumentistas, e
apresentações de espetáculos de teatro e de dança. Aprendizado são os cursos,
palestras, oficinas e workshops, acontecimentos paralelos à “festa”, no qual se reúnem
jovens estudantes numa ação comunitária que se nutre de amizade de amor comum
pela arte e têm a privilegiada oportunidade de dialogar, durante um período, com
mestres e artistas executantes mais experientes. Os bolsistas participantes dos cursos
do núcleo de música também farão a sua própria festa: no encerramento do Festival
eles realizarão seu próprio espetáculo, nas várias modalidades de aprendizado, para
seus colegas, seus mestres e para o público em geral.
Já realizadas dezoito edições, a partir de 2011 o Festival de Artes de Itu
retomou a proposta inicial de diálogo entre o popular e o erudito, numa ampla
festa/aprendizado como a ideia inicial do maestro Eleazar de Carvalho. Conjuntos,
instrumentistas, dançarinos e atores de Itu e cidades circunvizinhas repartirão entre si
conhecimentos e experiências e poderão apresentá-las aos seus renomados mestres e
ao grande público.
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Grupos Musicais:
Coro da Associação Cultural Vozes de Itu
O Coro da Associação Cultural Vozes de Itu tem uma longa trajetória pela
música coral e um apreço especial pelos compositores ituanos, aos quais tem dedicado
grande parte de seu trabalho. Desde 1965 trabalha pela manutenção da música coral,
mas adquiriu personalidade e um estilo próprio fortemente ligado às tradições
centenárias da música brasileira. Mais do que concertos, tem realizado performances
que privilegiam a união entre música e cultura, recuperando valores e conceitos que
fazem parte da identidade social dos paulistas de Itu.
O calendário anual de eventos contempla apresentações em diversas datas
comemorativas da cidade como a Seresta realizada sempre na véspera do aniversário
de Itu, a Semana Santa, o Natal de Luz e eventos temáticos. A Associação Cultual Vozes
de Itu é uma entidade sem fins lucrativos, de utilidade pública municipal desde 1968.
Tem hoje cerca de 150 associados contribuintes, que são a única fonte de recursos
para a realização de eventos, para manutenção da sede e do coro. Os eventos e
apresentações públicas dependem da obtenção de patrocínio de empresas e pessoas
físicas para sua realização.
Coro da Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Desde que foi restaurada a Ordem do Carmo em Itu, em 1919, formou-se um
coro para as atividades religiosas da comunidade, sobretudo para a Festa de Nossa
Senhora do Carmo. O grupo era formado por jovens das Irmandades ali estabelecidas –
Congregação Mariana, Filhas de Maria, Liga Católica e Ordem Terceira. Seu arquivo era
composto de obras musicais de autores europeus dos séculos XIX e XX, adaptado para
coro e orquestra por músicos como Tristão Júnior. Infelizmente esses referenciais
foram destruídos depois da reforma litúrgica. Quase nada sobrou. Na década de 1990
um novo grupo se formou hoje em plena atividade. Trata-se de um coro litúrgico para
sustentação do canto para a comunidade. Apresenta-se regularmente nos finais de
semana durante as celebrações religiosas. Seu regente atual é Carlos Roberto de
Oliveira.
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Coral Encantos da Melhor Idade
Foi formado no ano 2000 a partir do Grupo da Melhor Idade de Itu, e tem se
apresentado regularmente nas festividades do município e em inúmeras cidades do
Estado. Os ensaios são realizados na própria sede da Melhor Idade e são abertos a
todos os participantes da instituição. O repertório básico é de serestas antigas e
músicas sacras, para participação nos encontros religiosos do município.
Corporação Musical União dos Artistas
Grupo formado em 1912 por imigrantes italianos e músicos de outras
instituições já existentes, a banda permanece em plena atividade. Teve como primeiro
regente José Maria dos Passos. Construída sua sede social em 1939 – o Salão Maestro
Elias Lobo – tem se apresentado regularmente dois domingos por mês na Praça Padre
Miguel, com grande participação popular. Seu repertório é formado, sobretudo, por
gêneros marciais como dobrado, marchas, tangos, valsas e ritmos norte-americanos.
Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo
Foi fundada em 1952, por Frei Eustáquio, a partir dos quadros da Congregação
Mariana de Nossa Senhora do Carmo com dezoito músicos. Seu primeiro regente foi
Antonio Rodrigues da Silveira, o “Toniquinho” (até 1964). Substituiu a antiga Banda do
Zé Vitório, na atuação em procissões e festividades católicas de Itu. Cyro Rocha,
regente até 1991, ampliou o repertório e a atuação da banda na cidade. Geraldo
Domingues (atual regente) reabriu a escola de música para jovens integrantes de
fanfarras escolares, o que permitiu o crescimento da banda de música e de seu
repertório, formado por dobrados, marchas e arranjos para música popular brasileira.
Conjunto de Seresta Tristão Júnior
Foi formado em dezembro de 1989, para homenagear o músico ituano Tristão
Mariano da Costa Júnior, participando da semana a ele dedicada (12 a 18 de Janeiro)
em 1990. Atualmente sua formação compõe-se de: flauta, clarinete (eventualmente
sax alto), contrabaixo e violão. Seu repertório básico é formado de valsas, tangos
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brasileiros, choros, schottishs, polkas, maxixes e outras peças seresteiras. Os
compositores deste repertório, além de Tristão Júnior, são: Zequinha de Abreu,
Antenógenes Silva, Patápio Silva, A. Marino, Pixinguinha, Chico Buarque, Zequinha
Marques, Henrique Castellari, Silvestre Pereira de Oliveira, Nabor Pires Camargo,
Erothides de Campos e os ituanos Ignez Silveira Lepsch e José Tabajara dos Santos,
acrescentados recentemente. É formado por Célia Trettel (violonista, arranjadora e
coordenadora), José Tabajara dos Santos (clarinetista, saxofonista, compositor e
arranjador), Gilmar de Campos (flautista), Rubens Garcia (contrabaixista).
Bloco do R
Foi fundado em 1958 por um grupo de jovens que saíram batendo em latas no
carnaval daquele ano. Como na época não havia "cordões carnavalescos" organizados
em Itu, o bloco continuou desfilando nos anos seguintes. Com sede própria situada à
Rua Santana, 265, a instituição sempre foi ponto de encontro da comunidade negra
ituana com os "bailes blacks" dos anos sessenta e setenta. Costuma se apresentar em
lugares públicos em ocasiões festivas, como o Carnaval e o Estouro do Judas (domingo
de Páscoa). Em 2008 comemorou seus cinquenta anos de existência.
Conjunto Itu em seresta
Formado em 2006, por Braz de Lima, o grupo revive as antigas serestas ituanas,
cantando gêneros como valsas e chorinhos. Formado pelo cantor Braz de Lima e os
músicos Sebastião do Bandolim, Sérgio Martins, violão solo, Zé da Mata, cavaquinho e
Tonico, pandeiro.
Fanfarras
As escolas ituanas guardam a prática das fanfarras, próprias para os desfiles
cívicos e comemorativos em datas especiais para as próprias unidades escolares.
Formadas por instrumentos de sopro e percussão, cada qual se exibe com um
uniforme próprio. As ocasiões mais comuns de suas atividades são os desfiles cívicos
de 7 de Setembro e na Semana Padre Bento. As fanfarras tem sido também o contato
inicial de muitos jovens com a música, o que se intensifica nas orquestras e bandas da
cidade.
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Folia de Reis
A Folia de Reis é uma das mais antigas manifestações da religiosidade popular
na região sudeste. Recorda com suas danças e seus cantos as tradições poéticas dos
tempos coloniais. Trazida para o Brasil pelos portugueses, evoca os três Reis Magos
que ao avistarem a Estrela de Belém, saíram em busca do Menino Jesus para louvá-lo.
O grupo de Folia de Reis Maria José foi fundado em 1978, por Antonio dos
Santos, o Mestre da Folia. Procura manter a tradição da Folia, com seus rituais
próprios de chegada e de partida, que são transmitidos através das gerações,
conforme os mais velhos vão dando lugar a novos integrantes. Sua formação: mestre,
contramestre, palhaços, contralto, tiple e contra-tiple, tala e contra-tala, apresenta-se
em vistosas roupas coloridas, com violas e vários outros instrumentos, cantando de
porta em porta e angariando donativos para a festa do dia seis de janeiro, Dia de Reis.
Nessas ocasiões, que acabam se transformando em verdadeiras festas nas ruas por
onde passam, entram nas casas que se preparam com fartas mesas de comes e bebes,
cantam e às vezes encenam pequenos autos de natal. Os donativos que recebem são
pregados à bandeira que sempre traz a imagem do Menino Jesus ou dos Reis Magos. A
Folia de Reis tem sede no bairro Pirapitingui e também se apresenta nas ruas centrais
da cidade.
Projeto Guri
O Projeto Guri, promove a inclusão social e cultural de crianças e adolescentes
entre 8 e 18 anos, desenvolvendo a sociabilidade, a autoestima e transmitindo noções
de cidadania, por meio do ensino coletivo da música e atingindo os mais diversos
segmentos da sociedade desde 1995, atende 68 alunos em Itu e realiza cursos de viola
clássica ou erudita, violino, violoncelo e canto-coral.
Atualmente, o Projeto responsabiliza-se por 48 mil atendimentos e está
presente em 380 polos, sendo 330 no Estado de São Paulo, um em Maringá, no
Paraná, um em Estância Velha, no Rio Grande do Sul e 48 instalados no Centro de
Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA - antiga FEBEM). O
Projeto Guri surgiu na Secretaria de Estado de Cultura, e em 1997 foi criada a
Associação Amigos do Projeto Guri, que em 2004 foi qualificada como uma
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Organização Social na área da Cultura, sem fins lucrativos, que colabora técnica e
financeiramente para o desenvolvimento do projeto. A entidade possui diversos
parceiros, patrocinadores e colaboradores, mas o principal mantenedor do Projeto
Guri é o Governo do Estado de São Paulo.
O Projeto disponibiliza, gratuitamente, os cursos de violino, viola erudita,
violoncelo, baixo acústico, violão, cavaquinho, viola caipira, percussão, saxofone,
clarinete, flauta, trompete, trombone e canto coral. Em Itu, o Projeto funciona no
prédio da Promoção Social.
5.3. Artes Visuais e Audiovisual
Artes Visuais
Nos anos 70 do último século, a cidade de Itu protagonizou um dos mais
importantes eventos de artes visuais da região, o Salão de Artes Plásticas de Itu (SAPI),
que tinha como objetivo divulgar a arte e em amplitude de diversas modalidades, e
como patrono José Ferraz de Almeida Júnior. Em homenagem ao ilustre pintor ituano,
foi criada oficialmente a “Semana Almeida Júnior”. O SAPI foi realizado pela Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora do Patrocínio, através do seu Curso de
Educação Artística, trazendo para Itu uma visão ampla e contemporânea sobre as artes
plásticas no Brasil. Durante seis anos (1976 a 1981 ), sempre no mês de maio, por
ocasião da Semana Almeida Júnior, o SAPI foi evento constante do Calendário da
Secretaria Municipal de Cultura, com grandes mostras, além das exposições, recitais
de Corais, palestras por artistas renomados, debates e mesas redondas. O incentivo à
produção artística era feito através de premiações, com participação de artistas
convidados e um Júri Popular, através da votação dos visitantes. Nos SAPIs foram
expostas obras de pintura, escultura, fotografia, desenho, entalhe, artesanato, com
expressiva presença de expositores como Durval Pereira, Nelly Toledo, Nestor Peres,
Pery Guarany Blackman, Alice Brill, Maria Célia Bombana, Arnaldo Sandoval, Fernando
da Costa Durão, Paulo Acencio, Estela Mignaini Francischinelli Abadia Marques
Funchal, Marilisa Rodrigues Rathsam, Lília Pereira da Silva, Francisco Cimino, Miguel
Lopes Pallas, Myrtha Guarany Rosato, entre outros. Também convidados especiais,
como Atílio Baldocchi, Aluísio Vieira e Raul Deredéc Guimarães.
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A vida e obra do artista consistem em tema de grande interesse para
estudiosos da região. Entre as obras de referência ao artista, produzidas por
pesquisadores da região podemos destacar a tese do Professor Pós-doc. e poeta visual
Jorge Luiz Antonio, também o livro “O modo de vida do caipira em obras de Almeida
Júnior” da professora Durce Sanches, “Partida da Monção: Tema Histórico em Almeida
Júnior” dissertação de mestrado de Oséas Singh Junior, e do artista plástico Braz Júnior
temos a obra “A cobra e o violeiro”, como um processo intertextual voltado a Almeida
Júnior.
Em 2010 a Secretaria de Cultura do Município, organizou em parceria com a
Pinacoteca do Estado a “Exposição Almeida Júnior: o homem e a natureza”, em
homenagem aos 160 anos do nascimento do pintor. Com vinte obras originais, a
mostra teve lugar no Salão Nobre do Regimento Deodoro (Quartel de Itu),
devidamente preparado para o acondicionamento da coleção. O evento alcançou
repercussão regional, reunindo imenso público espontâneo e grupos de estudantes,
que contaram com monitoria especializada e catálogo impresso com informações
sobre a vida e obra do artista.
Durante os últimos cinco anos a cidade de Itu sediou mostras de fotografias,
quadrinhos, pinturas, azulejos, performances e vídeos de artistas locais e de outras
regiões, entre os quais podemos citar: Maria Célia Bombana, Luciano Luz, Paulo Avelar,
Caterina Reze, Tiago Sala, Paulo Lara, Oswaldo Prieto, Antonio Ramirez Lopes, Rolando
Diaz, Braz Júnior, Luciana Spinardi, Elles Spinardi, Flávio Nascimento, Fabíola
Portugueis, Cristina Leigh, Rucke de Souza, Ryochi Katahira, Edna Meneghini, Valdir
Banzi, Weslen Dalarty Rowe, Hermes Tadeu, Aldo Segnini, Igor Oliveira, Fernanda
Jacobsen, Paulo Ernesto Aranha, André Dib, Nilton Pavin, Marcelo Grassmann, Flávia
Paiva, Gazy Andraus, Hélio Chierighini, Ana André, Moacir Torres, Alice Brill, Valeria
Figueiredo, Ani Rocco, Ana Paulo Melllo, Douglas Mansur, Amélia Piza, Roberta Kalil,
Caroline Vargas, Kelva, Sérgio Bueno, Juca Ferreira, Nancy Carpi, Martinho Marmo, Jari
Galesi, Lourdes Navarro, Cristina Brito, João Bernardes, Célia Trettel, Waldir Daldon,
Forty, Carlos Gírio, Sergirson de Freitas, Pedrinho Marcon, Petry, Pezan, Aydil Maria
Gazzola G. Gatti, Fausto Marques de Paula, Flávio Girão Carvalho Júnior, Francisco
Genésio Ferreira (famoso pelas suas aurumas), Frederico Czapski, Ana Maria Tereza
Quelho e Correa de Mello, Fernando Marson,Eugênio José Teribelli, Maria Helena
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Costa, Idovar Stahl Filho, Ana Maria Viana Freire, João Bernardi, José Antonio da Silva
Souza, Annik Laughlin, Maria Helena Heinz Campos,José Canella Filho, Maria Cristina
Marques Tavares, Sebastião Aderbal Italiani, Victor Eduardo B. Christofoletti, entre
outros.
Destacamos nesse universo das artes visuais alguns eventos que alcançaram
maior visibilidade: a Exposição das obras de Almeida Júnior, já citada acima, a
Exposição de obras de Aleijadinho e Mestre Piranga; Exposição Itu por Pery Blackman,
Mostra de caricaturas feitas pelo artista ituano; Mostra Internacional de instrumentos
de tortura; I Mostra Internacional de Poesia Visual e Eletrônica; I Mostra de Artes
aplicada em arquitetura; Festival de Artes de Itu; Concurso Fotográfico Oswaldo Tozzi;
e Itu Arte ao vivo, este último, realizado pela primeira vez, e com grande sucesso, em
maio de 2011.
Audiovisual
A cidade de Itu tem como um de seus slogans “Cidade Cinema - Vale do Sol”.
Foram mais de 30 filmes, de diferentes gêneros, tendo como cenários antigos
casarões, fazendas e a paisagem local, com riquezas naturais, clima quente e sol forte.
Entre os trabalhos do gênero “Cangaço” podemos destacar: “A Morte Comanda o
Cangaço” e “Lampião, O Rei do Cangaço”, de Carlos Coimbra, “Cangaceiro
Sanguinário”, “O Cangaceiro sem Deus” de Osvaldo de Oliveira. Faroestes inspirados
nos westerns italianos: “Rogo a Deus e mando bala”, de Osvaldo de Oliveira, comédias
caipiras: “Sertão em Festa”, com a dupla de cantores sertanejos Tião Carrero e
Pardinho, “No Rancho Fundo”, com o humorista nacionalmente conhecido e originário
da cidade, Simplício, ao lado de Nhá Barbina e Saracura, além da participação de
Chitãozinho e Xororó, “Luar do Sertão”, com os igualmente populares, no período,
Tonico e Tinoco. Com Mazzaropi, “As Aventuras de Pedro Malazartes” e “Casinha
Pequenina”.
Clássicos do cinema como “Veredas da Salvação”, “Quelé do Pajeú” de Anselmo
Duarte, “Meu Pé de Laranja Lima”, versão para o cinema do romance de José Mauro
de Vasconcelos, por Aurélio Teixeira, e a série para a TV, “O Vigilante Rodoviário”, de
Ary Fernandes, com Carlos Miranda; tiveram a cidade de Itu como cenário.
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Somam-se a estes, produções de caráter histórico, em sintonia com a vivência
local, como “O Caçador de Esmeraldas”, sobre o bandeirante Fernão Dias; e a
pornochanchada “O Bem Dotado Homem de Itu”, do diretor José Miziara, sendo esta
uma das maiores bilheterias do cinema nacional.
Em 1978 o cineasta Osvaldo de Oliveira, em parceria com o ator ituano,
produtor e assistente de produção Letácio de Camargo e o crítico de cinema,
cineclubista e cineasta Jairo Ferreira, produziram o curta-metragem histórico “A
Convenção de Itu”, no formato 35 mm.
A cidade contribuiu com a divulgação da sétima arte também nos anos 90 com
a criação de vídeos importantes: “Judas e Satanás no Vale do Sol”, de Hélbio Admilson,
“Cidade Cinema Vale do Sol”, de Carmem Camargo e equipe. Em 2006 foi filmado
“Olho de Boi”, de Hermano Penna, e o curta-metragem “Clube dos Suicidas”, de Cauê
Angeli.
O ano de 2007 apresenta importante registro do interesse da população pelo
audiovisual com a criação do primeiro Cineclube ituano e com a organização do
Festival Internacional de Cinema. O cineclube “Osvaldo de Oliveira”, em homenagem
ao cineasta com maior número de filmagens em Itu, concentrou-se na divulgação da
sétima arte com apresentação de vários filmes e promoção de debates sobre temas
relacionados às obras. Em 35 mm (Teorema) e digital (Deus e o Diabo na Terra do Sol),
mostras (AIDS, contracultura, documentários, Dia internacional da Animação,
Afroolhar, Machado de Assis, entre outros), debates com a participação de
especialistas convidados e inúmeras parcerias com a iniciativa privada, ONGs e o Poder
Público.
O Festival Internacional de Cinema de Itu, foi realizado pela produtora Cinema
Mundo, da cineasta Renata Saraceni - sobrinha do mestre do cinema novo Paulo Cezar
Saraceni. Foram quatro edições trazendo para cidade vários filmes premiados, e
grandes personalidades do cinema nacional e internacional, como Anselmo Duarte,
Rodolfo Nanni, Paulo Cezar Saraceni, Ricardo Miranda, Luiz Rosemberg Filho, José
Mojica Marins, Paulo Betti, Helena Ignez, Andrea Tonacci, Cristina Amaral, Joel Yamaji,
Pepita Rodrigues, Antonio Pitanga, José Mojica Marins (Zé do Caixão), Elke Maravilha,
entre outros. Também não faltaram mostras itinerantes como Cine Tela Brasil, o
projeto Visões da Vida uma sala de cinema itinerante com filmes nacionais, Cinema no
54
SESI, no Festival de Artes com filmes na praça e o Cineclube Brad Will na Biblioteca
Comunitária Waldir de Souza Lima.
Pontos de Cultura como a FASAM (Familiares e Amigos da Saúde Mental),
realizam eventos ligados a produções audiovisuais. Em 2002, a entidade realizou
durante a programação do II Encontro Multidisciplinar Saúde, Cultura e Educação, uma
série de debates e palestras sobre o tema da transversalidade destes três eixos. Entre
os destaques, a exibição do filme "Bicho de Sete Cabeças", seguida de um debate com
o roteirista e diretor da película, Luiz Bolognesi. Ainda na área do audiovisual, no
primeiro semestre de 2009 a entidade também idealizou e promoveu o projeto Cine
Cidadão, que contou com uma série de exibições cinematográficas com objetivo de
fomentar uma rede social entre entidades e lideranças comunitárias. O local escolhido
para esse projeto foi a sede da antiga igreja São Francisco de Assis, na Vila Progresso,
onde aconteceram, mensalmente, sessões de filmes, reflexões e rodas de conversas
sobre Cultura, Desenvolvimento, Cidadania e Educação. Cada sessão, em média, foi
acompanhada por um público de 60 pessoas, moradores do bairro, comprovando a
adesão dos munícipes à iniciativa.
Para finalizar, três trabalhos de documentários lançados recentemente: “Casas
Bandeiristas”, do Prof. Dalton Sala, e “Monumentos Históricos”, do premiadíssimo José
Barros Freire e o curta-metragem premiado no mapa cultural regional “Sapatógrafo”,
de Paulo Rodrigues e Samuel Zogno.
Iniciativas para formação de público, foram concretizadas através de oficinas
sobre temas ligados à arte cinematográfica como ocorrida em 2009: “O fazer
cinematográfico”, ministrada por Vicentini Gomez.
Os antigos espaços para projeção - Cineminha do Carmo, Cine Marrocos, Cine
Boni, Cine Paroquial, Cine Sabará, Cine Times, Unicine – foram desativados e tiveram
diferentes destinos. Atualmente a cidade carece de locais específicos e devidamente
equipados para realização de mostras cinematográficas, sendo a criação de novos
espaços o maior dos desafios para a área.
5.4. Artes Cênicas
A deficiência de políticas públicas de fomento para a cadeia produtiva das artes
cênicas no município, a improvisação de espaços cênicos para desenvolvimento da
55
produção teatral, acarretaram não somente uma deficiência na formação e renovação
de público, dificuldade na manutenção dos grupos, mas também determinou a
inexistência de registros formais da memória das Artes Cênicas Ituana.
Heitor Barsalini (1991), em seu Projeto de Pesquisa, em linguagem videográfica,
da história do Teatro São Domingos, afirma que a falta de registros da trajetória das
atividades cênicas, acarreta sérias lacunas na integridade do conhecimento histórico
de um povo, uma vez que, o teatro é importante reflexo das condições econômicas,
políticas e sociais da realidade das comunidades, em seus tempos específicos.
Saltimbancos e utilizando-se, quase sempre, de espaços improvisados, grupos
de atores produziram o teatro amador de Itu e levaram ao público da cidade e região,
grande quantidade de espetáculos, durante décadas. Alguns com breve passagem,
outros com maior intensidade, os grupos teatrais fizeram história que necessita ser
registrada em suportes que transcendam o tempo e garantam o registro de atores,
diretores, cenógrafos e sua produção variada.
Para uma pesquisa sobre o assunto, pode-se dispor de periódicos locais dos
séculos XIX e XX, depositados em Bibliotecas da cidade, que registram,
frequentemente, a produção cênica dos grupos ituanos e companhias de outras
localidades que aqui se apresentaram, sobretudo, durante o século XIX. Além de
alguns documentos impressos, iconográficos e programas das apresentações, todos
pertencentes a arquivos pessoais de interessados no assunto, as informações sobre a
história do teatro ituano estão retidas na memória de moradores que atuaram nas
companhias locais.
Recentemente, a Revista Campo & Cidade dedicou número especial (n. 71
mar./abr. 2011) para registro dessas memórias, das quais, fazemos uso para a
construção do texto que subsidiará as discussões sobre as Políticas Públicas voltadas
para o desenvolvimento das artes cênicas em Itu.
Espaços para as apresentações teatrais
Ainda no século XIX, a cidade podia contar com espaço para entretenimento, o
Teatro São Domingos, certamente um dos mais antigos do Estado de São Paulo. Criado
em 1860, em terreno localizado aos fundos da Igreja do Bom Jesus, o teatro contava
com aproximadamente 220 poltronas e recebeu durante o século XIX companhias
56
teatrais europeias e sul americanas. A efervescência do período pode facilmente ser
constatada em pesquisas nos jornais locais que, semanalmente, traziam a
programação de espetáculos.
A intensa atividade foi gradativamente diminuindo e, por volta dos anos 1940,
o espaço passou a ser utilizado para apresentações cinematográficas. Incorporado à
Igreja Católica do Bom Jesus nos anos 1970, o Teatro São Domingos deixou de cumprir
suas funções de casa de espetáculos, tornando-se local de exposição de presépio
mecânico, aberto ao público ao final de cada ano. (GUIMARÃES, 2011).
Numa cidade com grande quantidade de Ordens e Templos Religiosos
Católicos, há que se entender a participação destes nessa atividade artística. A Igreja
Católica teve estreita ligação com vários grupos teatrais da cidade, além de permitir a
adaptação de seus espaços para apresentações cujo conteúdo atendia aos interesses
pedagógicos e religiosos.
Localizado entre à Rua Paula Souza com a Praça Padre Anchieta, o Teatro Padre
Bartolomeu Tadei, construído entre 1925 ou 1926, era administrado pelos Padres
Jesuítas e recebeu várias exibições teatrais até a década de 1940, quando se
transformou em Salão Paroquial, sendo então utilizado para outras atividades ligadas a
Igreja do Bom Jesus. O salão paroquial da Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Candelária, com capacidade para aproximadamente 300 espectadores, também foi
utilizado para apresentações durante as décadas de 1960 e 1970.
Importante ainda é o registro das atividades cênicas ligadas à educação nos
colégios do município. Há registros de grupos teatrais e espaços destinados para esse
fim, no Colégio São Luís, entre 1867 e 1918, administrado por Padres Jesuítas e no
Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, dirigido pelas Irmãs de São José de Chamberry,
dedicados respectivamente ao ensino masculino e feminino. O Seminário de Nossa
Senhora do Carmo também incentivava as apresentações e mantinha espaço para esse
fim. Mais recentemente, o Instituto Borges de Artes e Ofícios (IBAO) e a Escola
Estadual Regente Feijó também reservaram espaço físico em seus edifícios, para
incentivo à formação de grupos teatrais junto aos alunos.
Além dos espaços administrados pelas Ordens Religiosas ou ligados à Educação,
iniciativas de particulares, também resultaram na criação de espaços teatrais. No
57
Bairro Padre Bento, dois espaços funcionaram na década de 1950 ligados a famílias
ituanas Cremasco e Barbi, onde se apresentavam artistas amadores.
As salas de cinema também foram amplamente utilizadas pelos grupos teatrais:
Cine Central na década de 1930 (posteriormente Sabará), Cine Parque (década de
1940), na Rua Santa Rita, Cine Independente (1960-1975) com 450 poltronas e um
currículo de cerca de 15 peças, Cine Times (década de 1980) localizado na Praça Padre
Miguel.
Os Clubes locais contribuíram para a atividade artística. O Clube 14 de
Setembro, nos anos 1940, na Rua dos Andradas; nas décadas de 60 e 70, o Clube São
Pedro, na Rua Santana, construído pela antiga Fábrica São Pedro para entretenimento
dos funcionários; o Círculo Italiano Dante Alighieri, na Rua Floriano Peixoto. Todos,
equipamentos culturais amplamente utilizados pelas Companhias teatrais amadoras
de Itu.
Entre 1991 e 1992 o palco do Ituano Clube comportou o “Projeto Teatro”,
coordenado pelo Produtor Marcos Pardim com apresentações de companhias teatrais
profissionais e amadoras. Atualmente, além dos espaços ligados as Escolas locais,
ainda preservados (Instituto Borges e Centro Universitário Nossa Senhora do
Patrocínio), a cidade pode contar com o Espaço Privado Atenas de Celestino Cremasco,
localizado no início da Avenida Caetano Ruggieri e conta com camarins, palco e demais
infraestrutura necessária. Desde o ano de 2005, Itu conta com o Teatro e Escola de
Música Eleazar de Carvalho, com capacidade para 300 espectadores, idealizado e
construído pela Associação Teatro e Escola Maestro Eleazar de Carvalho (ASSATEMEC),
com apoio financeiro de empresários e da comunidade ituana.
Observa-se que, além das iniciativas particulares e religiosas, o Município de Itu
não conta até o momento, com espaço público específico que proporcione condições
para o desenvolvimento das artes cênicas. Ainda assim, registramos na sequência,
grupos de teatro amadores que atuaram ao longo de anos na cidade, destes, poucos
ainda continuam em atividade.
58
Grupos de Teatro
Sociedade Dramática Beneficente de Ytu (1894). De acordo com o estatuto, a
Sociedade tinha por fim "promover a representação de dramas e comédias no
Theatro São Domingos ou outro que mais convenha". (ESTRADA, 2011, p. 33);
Grupo de Teatro do Clube Recreativo dos Comerciários (1948);
Grêmio Nossa Senhora do Carmo (1950/60) - Formado por Congregados
Marianos, Irmãs de Santa Terezinha e Filhas de Maria;
Grupo Teatral Círculo Católico do Bom Jesus;
Grêmio Dramático Nossa Senhora da Candelária - criado por Luiz Gazolla
Sobrinho;
Teatro Experimental Ituano - TEI (1961-1978). Criado por Luiz Gazolla Sobrinho;
Grupo Teatral São Pedro (anos 1970) Juvenal de Arruda Carneiro;
Grupo Unido do Teatro Independente - GUTI (1972). Fundado por Celestino
Cremasco. Ainda em atividade;
Cena Som Produções Artísticas (1978). Criado por Tony Camargo;
Teatro Moderno de Arte - TEMA. (1980);
Grupo Teatral Salamandra (entre 1986/87);
Grupo Paranóicos do Status (1989).
Cia teatral Coisa Grande (1993). Fundada por Renato Benedetti, Wilma
Machado, Manoel Lázaro de Campos, Antonio Rodrigues Pires, Adele
Benedetti;
Companhia Teatral de Itu (1994 - até dias atuais) Fundada por Irene de Mattos,
Ângela Alcântara, Eleusa Fioravante, Elza Seyssel, Maria Alice Rebello, Rosa
Antunes, Rita Nascimento, Mariza Mazzoli, Regina Pedroso, Valkiria Ceconello,
Zelinha Pereira e Regina Rebello;
Companhia Amadores de Teatro (2009 - até dias atuais).
Projeto Rádio Teatro pela Rádio Convenção e Rádio Cacique (s.d.);
Grupo Teatral Alvorada de Itu (s.d.);
Grupo de Teatro da Turma dos Jovens Unidos (s.d.);
Grêmio União dos Amadores Ituanos - UAI (atuante);
Grupo Experimental de Teatro Sophia Fundado por Ricardo Vandré (s.d.);
59
Grupo Nósmesmos (2003 - até dias atuais);
Cia. Teatral Metamorfose (atuante).
A Nósmesmos, companhia teatral de grande sucesso no município, foi criada
em 2003, juntamente com o início de uma pesquisa sobre a linguagem de
clown/palhaço. Dessa pesquisa, resultou o primeiro trabalho em 2004, o “Espetáculo
Quase artístico”. Em 2005, produziu uma comédia de cotidiano, “Por que os homens
mentem?”, adaptação da obra de Luís Fernando Veríssimo “As mentiras que os
homens contam”. Em 2006, a Companhia aprofundou seus estudos na linguagem do
humor de cabaré, onde os atores foram autores de seus próprios textos, surgindo o
espetáculo “Todo mundo louco”. Em 2007, o grupo dedicou-se a comédia de circo-
teatro onde os elementos do circo se fazem presentes, mas sem perder a característica
do teatro de palco. Da pesquisa resultou a montagem “O Recruta”, onde o texto
pertence à cultura popular de famílias circenses. Ainda em 2007, o grupo estreou o
espetáculo de stand-up comedy, “Os babaccos”. A Nósmesmos especializou-se na
linguagem de comédia e preocupou-se em pesquisar, aperfeiçoar e experimentar as
várias facetas do humor. Em 2008, apresentou “Clube do improviso”, um espetáculo
de improvisação teatral e musical, onde os atores-improvisadores criam o texto na
hora, diante dos olhos do público. Uma espécie de “jam session” de criação e
encenação.
Atualmente, a cidade de Itu conta com cinco grupos em plena atividade:
Nós mesmos produções;
Cia teatral de Itu;
Cia teatral Metamorfose;
Cia Amadores de teatro;
Cia Teatral Unidos pela Arte.
Algumas iniciativas foram feitas com o objetivo de incentivar a formação de
público, condição fundamental para o desenvolvimento da categoria e a sensibilização
do Poder Público para a criação de Políticas que assegurem equipamentos necessários
para o desenvolvimento das artes cênicas no município.
60
O PETI (Programa Estudantil de Teatro de Itu) foi uma iniciativa da Diretoria
Municipal de Cultura, no ano de 2003, com o objetivo de criar núcleos culturais nas
escolas e integrar os alunos popularizando a arte teatral. O Programa era dividido em
duas fases: durante a primeira fase eram oferecidos coordenadores voluntários às
escolas municipais e estaduais, para a realização de aulas e oficinas de teatro; a
segunda fase era marcada pela “Mostra Estudantil de Teatro”, com apresentações das
peças produzidas durante a etapa anterior, com premiação aos participantes do
projeto.
Outra iniciativa envolvendo as escolas e as artes cênicas foi o Festival de Artes
Prudente de Moraes. A ação era uma parceria entre a Secretaria Municipal de
Educação de Itu e a Faculdade Prudente de Moraes, com o intuito de incentivar as
ações culturais, integrar e valorizar as iniciativas locais. O Festival aconteceu nos anos
de 2009 e 2010. Mais recentemente, registra-se a iniciativa da ASSATEMEC, com o
Curso de Teatro aberto à população em geral.
5.5. Literatura e Bibliotecas
Na última década a cidade de Itu vivencia momento bastante intenso no que
diz respeito à produção literária. Temos testemunhado crescente interesse pela
pesquisa e registro de temas relacionados à história e cultura local, genealogia de
famílias ituanas, biografias de personalidades, além do surgimento de autores
dedicados à produção de poesias, contos, romances, crônicas e literatura
memorialista. Esse movimento de valorização da História Local agrega-se ao também
interesse de cidades vizinhas que compartilham sua produção em eventos literários
promovidos pelo Poder Público ou, de forma independente, por livrarias e Entidades
Culturais.
Octávio Ianni, Maria de Lourdes Figueiredo Sioli, Luís Roberto de Francisco,
Ignaldo Cassiano da Silveira Lepsch, Novelli Júnior, Durce Sanches, Roberto Machado
de Carvalho, Milton Otoni, Claudete de Souza, Marcelo Cerdan, Fabiano Quicoli, Jonas
Soares de Souza, são alguns dos muitos autores que, por interesses acadêmicos ou
particulares, dedicaram-se à pesquisa e registro da história local.
Os autores, quase sempre nativos da região, podem contar com Editora local,
cuja iniciativa de criação de selo específico para divulgação de obras sobre a formação
61
social, cultural, política e econômica de Itu, vem prestando relevantes serviços ao
patrimônio cultural do município, tornando acessível tal produção, dificilmente aceita
em grandes editoras, até mesmo pela especificidade dos temas.
A viabilidade de edição das obras vem desencadeando um movimento cíclico
de pesquisa, registro e disseminação de literatura produzida por moradores da cidade
e, em grande parte, tendo como inspiração as tradições orais, usos e costumes da vida
cotidiana o próprio município.
O interesse crescente pelo assunto fez surgir também iniciativas de reedição de
antigas obras de autores ituanos, esgotadas ou de difícil localização em Bibliotecas,
cujo destaque vai para a reedição no ano 2000 de quatro volumes da obra de Francisco
Nardy Filho - “A Cidade de Itu”, além de dois volumes com textos inéditos do autor.
Francisco Nardy Filho (1879-1959) pode ser considerado um dos mais
produtivos jornalistas do interior paulista. Autodidata, produziu grande quantidade de
textos na imprensa do interior e da capital paulista: Correio Paulistano, A Gazeta e O
Estado de São Paulo. Com características de jornalista / historiador, Nardy Filho
registrou através de seus escritos, o “universo da cultura caipira desenvolvida no
antigo quadrilátero açucareiro da Província de São Paulo”.
“A cidade de Itu” coleção de quatro volumes editados a partir de 1928 é, ainda
hoje, obra imprescindível para o desenvolvimento de pesquisas sobre a região.
Escreveu ainda: Notas Históricas do Convento Carmo (1919), O Padre Bento (1931), O
Vigário Pe. Miguel Correa Pacheco (1933), A irmandade da Santa Casa de Misericórdia
de Itu (1940), A Fábrica de Tecidos São Luiz de Itu (1949) e o Padre Antonio Pacheco e
Silva (1950). Além destes trabalhos produziu como colaborador de grandes e pequenos
jornais do seu tempo uma infinidade de artigos e crônicas de cunho histórico.
Os produtores contam também com instituições Culturais, a seguir elencadas,
que auxiliam na divulgação das obras, no estudo de temas e na formação de novos
leitores e produtores.
Entidades Públicas e Associações de Incentivo e Promoção da Literatura e Acesso a
Informação.
62
Academia Ituana de Letras – ACADIL
A Academia Ituana de Letras (ACADIL), fundada em 27 de julho de 1992, é uma
sociedade civil de caráter cultural, com duração ilimitada e com sede e domicilio na
cidade de Itu, Estado de São Paulo. Compõe-se de 40 (quarenta) Acadêmicos Efetivos,
dos quais 21 (vinte e um) pelo menos, residentes no Município de Itu, eleitos de
acordo com as disposições dos Estatutos.
A Academia Ituana de Letras tem por objetivo:
a pesquisa, o estudo e a divulgação das letras, em seus variados aspectos,
dando ênfase especial às produções referentes ao Município de Itu e região;
promover palestras ou conferências, cursos, seminários, simpósios,
excursões e encontros de intelectuais, destinados a contribuir para o
aprimoramento cultural da sociedade;
divulgar a vida e as obras dos Patronos das cadeiras acadêmicas e outros
notáveis da história de Itu, de São Paulo e do Brasil;
colaborar para a preservação do Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico e Paisagístico do Município de Itu e região;
promover eventos para cultuar nomes ilustres da literatura e efemérides
significativas na área da cultura;
divulgar os trabalhos acadêmicos através da publicação de edição anual da
Revista da Academia;
solenizar o lançamento de livros dos Acadêmicos;
marcar presença em todas as comemorações cívicas, sociais, culturais e
religiosas para as quais recebe convites;
conceder títulos acadêmicos de sócios honorários e beneméritos;
realizar reuniões ordinárias mensais e reuniões extraordinárias, se
convocadas;
realizar Confraternização Anual, em caráter social.
Desenvolve atividades de apoio à produção e divulgação literária através de
calendário de eventos como: lançamentos de livros, homenagens a autores
63
consagrados, concursos literários, além da frequente participação da Sociedade em
eventos do calendário cultural do Município.
Biblioteca Pública Municipal de Itu "Prof. Olavo Valente de Almeida
A Biblioteca Municipal "Prof. Olavo Valente de Almeida" foi criada em 1965 e
inaugurada a 2 de fevereiro de 1975, tendo funcionado, antes de seu endereço atual
(Rua Paula Souza, 664 Centro), em dois locais diferentes: na Rua Barão de Itaim e no
prédio dos Irmãos Canadenses.
Conta com mais de 27.000 obras e coleções especiais de livros pertencentes a
acervos particulares, como por exemplo, acervo particular de Ermelindo Maffei e obras
raras do Príncipe Igor Nicolaievich Dolgorukij, russo que morou no Brasil. Possui ainda
coleção esparsa de jornais e revistas de Itu e de cidades vizinhas, de datas diversas. O
leitor também tem acesso aos jornais correntes "O Estado de São Paulo", "Folha de
São Paulo", "Periscópio" e "A Federação", bem como os periódicos correntes enviados
pelo Ministério da Cultura.
A Biblioteca funciona em modernas instalações (porta automática, ar
condicionado, acesso e banheiros adaptados), de segunda a sexta, das 8h às 18h., e
aos sábados, das 8h. às 13h. Está sob a administração da Secretaria Municipal de
Cultura.
O usuário poderá consultar jornais antigos e de valor histórico, para pesquisas
sobre a cidade de Itu e de algumas cidades da região, dentre os quais destacamos:
Jornal “Periscópio” (1965 a 1991– partes);
Jornal “Periscópio” (1992 até atualmente);
Jornal “A Federação” (1990 até atualmente);
Imprensa Oficial do Município de Itu (1977 a atualmente- partes);
Jornais da "Coleção Ermelindo Maffei" ;
Revista Campo & Cidade (coleção completa);
Revista Regional (coleção completa);
Revistas Boa Vida e Aqui (coleções completas do tempo de existência das
Revistas);
64
Coleções sobre História de Itu.
Disponível apenas para consultas, o acervo é constituído de obras de diversos
temas referentes às cidades de Itu e região. As áreas de maior destaque do acervo são
História de Itu, Biografias e personalidades da cidade, Artes e Literatura de autores
ituanos.
Hemeroteca
A biblioteca dispõe de coleção de jornais e revistas classificados e indexados
por assunto, com objetivo de auxiliar a leitura e pesquisa. Seu objetivo principal é
proporcionar ao leitor novas fontes de pesquisa. A hemeroteca é confeccionada com o
objetivo de suprir a carência de atualização da coleção de livros, selecionando artigos
complementares às informações disponíveis.
Duas Hemerotecas estão disponíveis à população: Hemeroteca Geral,
constituída de temas diversos e assuntos não encontrados ou atualizados em livros e
Hemeroteca de Itu, constituída por reportagens, revistas e dados sobre a cidade.
Acervo em Braille
A Biblioteca oferece um acervo de livros em braile, disponível para deficientes
visuais. São clássicos da literatura nacional e estrangeira, voltados ao público infanto-
juvenil. Essas obras têm contribuído para garantia de acessibilidade à literatura. São
vários títulos em braile, entre eles: "Fortaleza Digital" (Dan Brown), "A Ira dos anjos"
(Sidney Sheldon), "A Semente da Vitória" (Nuno Cobra), alguns títulos da saga de Harry
Potter (J.K. Howling), "O fiel e a pedra" (Osman Lins), "O tempo e o vento" (Érico
Veríssimo), entre outros.
Biblioteca Pública Municipal "Cid Rocha" - Centro Administrativo Regional do
Pirapitingui “Maria das Dores Tasca Mendes”
Visando ampliar o acesso dos usuários à informação e ao conhecimento, bem
como atender logisticamente a um núcleo habitacional bastante representativo, foi
65
inaugurada em 02 de fevereiro de 2008, a Biblioteca Pública Municipal na nova sede
da Administração Regional do Pirapitingui, o Centro Administrativo Regional do
Pirapitingui “Maria das Dores Tasca Mendes”. A iniciativa beneficia diretamente mais
de 45 mil pessoas. A Biblioteca disponibiliza aos seus usuários um acervo com 7.500
títulos, voltados para o público adulto e infantil. Conta ainda com títulos de periódicos
de divulgação como as Revistas regionais “Boa Vida” e “Campo & Cidade”.
O edifício é adaptado com rampa de acessibilidade, estacionamento e um
posto do Acessa São Paulo, assegurando o acesso às informações em meio digital.
Associação dos Amigos da Biblioteca Municipal “Prof. Olavo Valente de Almeida“
A Associação é entidade de utilidade pública, reconhecida por lei, em
funcionamento desde 2010. Tem como principal objetivo colaborar com o
desenvolvimento das atividades realizadas na Biblioteca Pública Municipal “Prof. Olavo
Valente de Almeida”, através da gestão de projetos de desenvolvimento de acervos,
infraestrutura e modernização dos espaços, mobiliário e equipamentos. Durante seu
período de atuação, a Sociedade contribuiu intensamente com o desenvolvimento das
coleções, agregando obras em braile, literatura de cordel e adquirindo autores
contemporâneos muito procurados pelos usuários.
Faz parte ainda das preocupações da sociedade, a ampliação do espaço físico, a
segurança dos acervos, o conforto dos usuários e atualização constante dos
equipamentos de informática e segurança. Para tanto, nos anos de 2008 e 2009, a
Sociedade somou esforços com o Poder Público para a construção de novas áreas
destinadas ao armazenamento de acervo e para recepção de usuários e pesquisa. O
espaço foi inaugurado como edifício anexo ao prédio histórico onde funciona a
Secretaria Municipal de Cultura.
Biblioteca Comunitária “Prof. Waldir de Souza Lima”
A Biblioteca Comunitária professor Waldir de Souza Lima localiza-se à Rua
Floriano Peixoto, 238 no centro da cidade de Itu. Constitui-se em entidade civil sem
66
fins lucrativos, com atividade iniciada em junho de junho de 2007, o espaço foi aberto
oficialmente ao público no dia 29 de março de 2008.
As atividades de gerenciamento do acervo que inclui desde o processamento
técnico, a circulação e a realização de atividades culturais, é integralmente voluntária,
contando atualmente com a participação de 13 moradores locais que atendem a 310
associados.
A biblioteca funciona em um imóvel cedido por empréstimo pelo proprietário,
sem cobrança de aluguel, ocupando uma área total do terreno: 197,80 m2, e 133,57
m2 de área construída, ocupado com uma sala para acervo de pesquisa, uma sala para
acervo de literatura, obras de referência, fanzines e gibis; uma sala para consulta e
eventos e espaço para acervo multimídia. O restante do imóvel consiste em copa,
cozinha, 02 banheiros, quintal e uma edícula que está sendo utilizada como reserva
técnica. A garagem é usada para acondicionamento e triagem das doações.
Seu acervo conta com aproximadamente 5.100 livros, 150 fanzines, 850
exemplares de revistas, 150 gibis, 100 fitas de vídeo VHS, 150 DVDs, 50 CDs de áudio,
50 fitas cassete, 30 CD-ROMs, 250 LPs de 33 rpm, 100 discos de 78 rpm e 300 slides
(diapositivos); todos adquiridos por doação de pessoas físicas e jurídicas. Cerca de 600
títulos (entre livros, enciclopédias e material multimídia) recebidos por doação do
Ministério da Cultura, por ocasião do Concurso Pontos de Leitura 2008 - Edição
Machado de Assis. Ainda como parte da premiação desse concurso, a biblioteca
também recebeu mobiliário e equipamentos de informática. O espaço recebe uma
média de 550 pessoas por ano, que efetuam uma média de 350 empréstimos.
Além dos serviços de empréstimo, a Biblioteca Comunitária promove
exposições, saraus, exibições cinematográficas, oficinas de literatura e redação,
lançamentos de livros e apresentações musicais em parceria com outras entidades
locais.
Cabe destacar a participação do Ponto de Leitura no Congresso Brasileiro de
Leitura (Unicamp), Corredor Literário da Paulista (São Paulo), Fórum Plano Nacional de
Livre Leitura - PNLL e Seminário de Bibliotecas Públicas e Comunitárias (São Paulo),
Oficina Brincar de Ler (São Paulo), Semana do Escritor de Sorocaba, Feira Afro-Cultural
da União Negra de Itu - UNEI (Itu), Fórum Municipal de Cultura de Campinas, Sarau da
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Expedición Donde Miras (várias cidades do interior de São Paulo) e Virada Cultural
Paulista (São Paulo).
Biblioteca do “Museu Republicano Convenção de Itu”- MP/USP
A Biblioteca do Museu Republicano "Convenção de Itu" constitui-se em
extensão da Biblioteca do Museu Paulista da USP e integra o Sistema de Bibliotecas da
Universidade de São Paulo (SIBi-USP). É voltada à temática da instituição, e tem como
objetivo básico adquirir, organizar, preservar e disseminar documentos
biblioteconômicos, em suportes variados, que subsidiem projetos de natureza
científica, educacional e cultural desenvolvidos por usuários internos e externos,
priorizando três campos da história: Movimento Republicano, Primeira República
1889-1930, História Local e Regional.
Atende especificamente pesquisadores e universitários de graduação e pós-
graduação das áreas de História, Arquitetura, Sociologia, Geografia e Direito. A
Biblioteca atende também estudantes do Ensino Fundamental e Médio, através de
projetos especialmente desenvolvidos para este fim.
Localizada à Rua Barão de Itaim, nº 140, no Centro de Estudos da Universidade
de São Paulo, possui um acervo estimado em aproximadamente 32 mil volumes entre
livros e teses e 142 títulos de periódicos abrangendo a temática da Instituição, além de
23 títulos de jornais da região, disponíveis em formato digital, referentes ao período
de 1870-1930, entre os quais se destacam:
A Cidade (1922-1934)
República (1904-1926)
A Federação (1907-1930)
A Cidade de Itu (1893-1905)
Imprensa Ytuana (1876-1901)
Faz parte também desse acervo cerca de 2 mil volumes pertencentes à
Biblioteca Prudente de Moraes, doada na década de 1920 por familiares do Primeiro
Presidente Civil do Brasil. Desta coleção destacam-se obras de Jurisprudência,
Legislação, Relatórios Provinciais e de Setores do Aparelho do Estado, Anais da
Câmara Federal e do Senado.
68
No ano de 2005 foram incorporadas ao acervo aproximadamente 26.000 obras
da Biblioteca Particular do Historiador Edgard Carone. O acervo caracteriza-se por
títulos da história do pensamento marxista em edições nacionais e estrangeiras,
literatura sobre socialismo e comunismo, particularmente o Partido Comunista
Brasileiro (PCB), obras editadas por correntes anarquistas europeias e nacionais,
história do movimento operário e edições biográficas de líderes comunistas.
Contempla ainda a coleção, obras de correntes filosóficas, de história da república
brasileira e clássicos da literatura nacional e estrangeira. Como exemplo podemos
citar todas as edições do Manifesto Comunista além de edições francesas e
espanholas. Contém a totalidade dos livros, panfletos e revistas editados pela II
Internacional destinados ao ocidente, Literatura do PCB (1922-1994), produção
socialista francesa entre 1870-1930, coleções de revistas comunistas, socialistas e
outras ligadas a movimentos sociais.
A Biblioteca dispõe de catálogo eletrônico, gratuito, com acesso simultâneo a
todos os catálogos das Bibliotecas do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP. São
oferecidos treinamentos aos usuários quanto à utilização de Normas Técnicas de
referência bibliográfica, citações e apresentação de trabalhos acadêmicos. Organiza
cursos e mostras temporárias do acervo e edições sistemáticas de publicações para
divulgação do material disponível.
Biblioteca Itinerante
Parceria público-privado, o Projeto da Secretaria de Educação do Município
conta com apoio da empresa Pepsico do Brasil Ltda. A Biblioteca itinerante foi
montada e adaptada em veículo carreta contendo um acervo de 3.000 livros em
diversas áreas do conhecimento, mobiliário e climatização.
O acesso para o publico em geral se faz por agendamento com escolas das
áreas urbanas e rural do município que desenvolvem atividades educativas a partir do
material bibliográfico disponível. São atendidos alunos desde a Pré-escola até o Ensino
Médio da Rede Pública e Particular de Ensino, além de entidades assistenciais da
cidade. A frequência anual gira em torno de 20.000 pessoas, entre estudantes e
moradores da localidade de estacionamento da Biblioteca.
69
Grupo Mosaico
O Grupo Mosaico é um movimento idealizado e posto em prática por iniciativa
da sociedade civil, a partir de experiências existentes em outras cidades tais como São
Paulo e Campinas, onde pessoas se reúnem com regularidade para participação em
palestras com representantes das mais diversas áreas do conhecimento. Passaram
pelo movimento, especialistas em artes em geral (pintura, música, teatro, etc.),
história, mitologia pura e em suas projeções na psicanálise, análise e orientação de
comportamentos em família e na sociedade. Constam também da grade palestras
econômicas, além de quaisquer outros temas recorrentes na sociedade e nos meios de
comunicação, em mutação a velocidades sem par na história.
Para ministrar as palestras, o Mosaico se vale dos acervos das universidades de
São Paulo e Campinas, além de prestigiar pesquisadores ituanos e da região. As
aspirações do grupo, que se reúne sob a bandeira do Mosaico, são de natureza
eminentemente cultural e de atualização de conhecimentos. Com frequência são
também realizadas excursões com objetivos culturais, como a museus e mostras de
arte, a fazendas históricas do entorno de Itu, quando não do simples lazer e de
congraçamentos de seus membros.
O Mosaico, que está em atividade desde 2005 se reúne semanalmente, às 14h
das quartas-feiras, em uma das salas do Colégio Integral Guimarães Rosa, o qual, dessa
maneira, prestigia e apoia esse movimento de caráter social e cultural.
Centro de Estudos Nelson Werneck Sodré
O Centro de Estudos Nelson Werneck Sodré (CEB-NWS) é um departamento do
Instituto Cultural de Itu, criado em 19 de janeiro de 2011, com a finalidade de realizar,
consolidar, promover e divulgar pesquisas sobre a formação histórica do pensamento
social brasileiro de raízes populares, de sua cultura e de sua comunicação social, tendo
como base a memória e o legado intelectual e político de Nelson Werneck Sodré, bem
como realizar outras atividades culturais e artísticas.
Nelson Werneck Sodré (1911 – 1999), uma das maiores autoridades em
História do Brasil e estudos da cultura brasileira, tem em 2011 seu centenário de
nascimento celebrado em diversos lugares do Brasil, por significativas entidades que
reconhecem em sua obra um elemento fundamental para a compreensão do país e da
70
sua gente. O centro destas celebrações é a cidade de Itu, onde o escritor está
sepultado. O estudo da obra de Nelson Werneck Sodré tem sido referencial para o
desenvolvimento das pesquisas sobre a música ituana e a revalorização da cultura
tradicional.
Durante seu período de atuação, o Centro organizou a Série de encontros
“Diálogos”, com a participação de especialista para discussão de temas previamente
selecionados, envolvendo, sobretudo, a população estudantil. Com quatro edições já
realizadas, os encontros trataram de assuntos relacionados à produção literária do
autor, história e cultura do Município, ações educativas para valorização do patrimônio
cultural local, sempre, com assegurando possibilidade de expressão das diferentes
opiniões sobre os assuntos tratados.
Parte fundamental das atividades do Centro foi a reedição de obras de autoria
de Nelson Werneck Sodré, já esgotadas, com a finalidade de assegurar a acessibilidade
ao conjunto da obra do autor.
5.6. Patrimônio Arquitetônico
A fim de mantermos as propostas do Plano de Cultura coerentes às políticas de
desenvolvimento e ordenamento da expansão urbana do município, optamos por
basear o diagnóstico nas informações previamente levantadas pelo Plano Diretor da
Estância Turística de Itu, em vigor desde 2006. (PLANO, 2006).
Lê-se no documento, que o conjunto arquitetônico edificado em determinada
localidade, constitui parte importante da identidade de seus moradores. Gutierrez
define arquitetura como um “testemunho excepcional na formação da memória
histórica de um povo, e, por conseguinte, na formação da identidade”.(GUTIERREZ,
apud PLANO, p. 60). A arquitetura, portanto, refletiria não somente as características
do profissional que executou o projeto, mas também, de todos aqueles que ocuparam
e deram uso à edificação, ao longo dos anos.
Assim como a identidade de um indivíduo ou de uma família pode ser definida
pela posse de objetos que foram herdados e que permanecem na família várias
gerações, também a identidade de uma nação pode ser definida pelos seus
monumentos, aquele conjunto de bens culturais associados ao passado nacional. Esses
bens constituem um tipo especial de propriedade, a eles se atribui a capacidade de
71
evocar o passado, presente e futuro. Em outras palavras, eles garantem a continuidade
da nação no tempo (GONÇALVES 1988, apud PLANO, 2006, p. 60).
Preservar os testemunhos da vivência de uma localidade é manter sua
identidade. Tarefa não tão simples quando confrontada com interesses financeiros,
consequência natural do desenvolvimento. A preservação do patrimônio urbano terá
sucesso à medida que o poder público, aliado aos profissionais tecnicamente
habilitados e cidadãos, ofereçam alternativas viáveis para uma convivência harmônica
entre as necessidades atuais e o uso adequado dos conjuntos arquitetônicos de valor
histórico.
O documento aponta ainda mecanismos de preservação do Patrimônio.
Iniciando pelo tombamento, instrumento básico de proteção dos patrimônios do país.
O Plano ressalta que tal mecanismo restringe-se à proteção do imóvel, sem esclarecer
critérios para a restauração.
A esse primeiro, somam-se outras formas de proteção das edificações
históricas: a recuperação ou restauração e sua utilização. O uso a que se destina o
imóvel ou área tombados é de fundamental importância para o processo de
preservação, uma vez que, poderá atrair novos usuários e investidores, resultando em
uma nova imagem para o local. O Plano destaca que, dentre as ações de requalificação
de áreas públicas, as que tiveram maior sucesso foram aquelas que permitiram a
junção do Poder Público (viabilizadores), O Poder Privado (investidores) e as
comunidades (moradores e usuários), de forma que todos pudessem colaborar, opinar
e lucrar com as decisões. Os resultados positivos realimentam um processo cíclico de
atração de novos investidores e consumidores.
Diagnóstico
O conjunto arquitetônico edificado de Itu consiste em um convite a percorrer
suas ruas centrais e arredores. Parte das edificações urbanas recebeu especial atenção
dos órgãos de preservação e foi tombada em níveis federal (IPHAN) e estadual
(CONDEPHAAT). Constituem registros materiais de séculos de história e
72
desenvolvimento. São representantes desse conjunto antigas residências térreas e
assobradadas do século XIX, algumas com funções diferentes daquela para as quais
foram construídas, abrigam atualmente Museus e outros Espaços Culturais, como por
exemplo, os edifícios do Museu Republicano “Convenção de Itu”, do Museu da Energia
de Itu e do Espaço Cultural Almeida Júnior. Construções religiosas oitocentistas,
antigas escolas, monumentos ao ar livre complementam a paisagem urbana que abriga
também interessantes edificações do século XX, ainda não inventariadas.
Outra parte significativa do patrimônio arquitetônico de Itu estende-se para a
zona rural com antigas fazendas que marcam sucessivos modelos econômicos, dentre
as quais, destacamos remanescente oitocentista do ciclo das bandeiras. Nas últimas
décadas, muitas delas passaram por um processo de requalificação, estruturando-se
para a recepção de turistas em busca de informação e entretenimento.
Todo esse patrimônio histórico que rendeu a Itu o título de “Ouro Preto
Paulista”, convive com construções modernas, ainda de forma pouco disciplinada. O
diagnóstico efetuado em 2006, afirma que “essas edificações, em sua maioria, não se
encontram preservadas, e aquelas que estão em bom estado, muitas vezes, foram
reformadas sem critérios de restauração e autorização de órgãos competentes”.
(PLANO, 2006, p. 60). Edifícios pichados ou em estado avançado de deterioração
também foram identificados em 2006, cenário, em parte, observado até os dias de
hoje. Diversas iniciativas foram implementadas com o objetivo de inibir a ação de
pichadores, restaurar e revitalizar esse Patrimônio Histórico Edificado; dentre elas
destacamos o Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu, que tem por objetivos a
inclusão social e produtiva de adolescentes em situação de risco/vulnerabilidade
social, promovendo sua autoestima e melhorando sua qualidade de vida, preparando-
os também para participar do mercado formal de trabalho da construção civil voltada
para a restauração, revitalização e conservação do Patrimônio Histórico Edificado de
nosso Município. Esse mercado de trabalho abrange as 235 edificações históricas de
Itu tombadas pelo Condephaat e pelo IPHAN, além das 32 fazendas históricas dos
séculos XVIII e XIX localizadas na área rural.
O Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu foi oficializado pelo Plano
Diretor da Cidade, através da Lei Municipal Complementar 770/2006 de 20 de outubro
de 2.006; a entidade mantenedora do Projeto, a Associação Projeto Oficina Escola de
73
Artes e Ofícios de Itu foi fundada, a seguir, no dia 30 de outubro de 2.006. Trata-se de
uma entidade privada, filantrópica, sem fins lucrativos, proporcionando aos
adolescentes de Itu atendimento e formação totalmente gratuitos, oferecendo-lhes
ainda refeições diárias e uma bolsa auxílio mensal em espécie.
As recorrências de algumas dificuldades apontam para a necessidade de
desenvolver ações coordenadas pelo Poder Público Municipal e sociedade civil, para
um desenvolvimento urbano que possibilite a preservação e valorização do patrimônio
edificado. Ações que começam a se efetivar com a elaboração deste Plano de Cultural,
cujo conteúdo contempla o Patrimônio Arquitetônico Edificado.
A seguir, oferecemos um panorama sucinto das edificações de valor histórico,
baseado nos textos do historiador Jonas Soares de Souza, que acompanham desenhos
do artista Tom Maia, na obra “Itu quatro séculos de história”, publicação editada em
1995, pela Expressão Editorial.
Fazendas
Terras de boa qualidade favoreceram a implantação de fazendas de cana-de-
açúcar na região durante o século XVIII. A partir daí, Itu passou a integrar a agricultura
de exportação, utilizando-se de mão-de-obra escrava. Já na metade do XIX a economia
voltou-se para outro produto tropical - o café - e algumas fazendas de cana acabaram
por ceder espaço para a nova cultura.
As transformações econômicas foram deixando seus registros materiais nas
fazendas abertas ao redor da cidade. Casas em taipa-de-pilão em “estilo bandeirista”,
plantas simples, características do período das bandeiras, antigos engenhos, rodas
d’água, terreiros para secagem do café, remanescentes de senzalas, entre outros
equipamentos foram somando-se à paisagem rural. Ainda hoje é possível vê-los como
testemunhos do modo de vida característico do interior paulista.
Desse importante conjunto podemos destacar a Fazenda Engenho Grande
(Chácara do Rosário), construída na segunda metade do século XVII, com antigo e bem
conservado engenho. A Capoava (antiga Japão), hoje transformada em Hotel,
incrementando o Turismo Rural da cidade. A Conceição, Paraíso e Piray. Com registros
do período do café, temos a Fazenda Vassoural, Pirapitngui, Floresta, Nova América e
Fazenda da Serra, que também se dedicam atualmente à recepção de turistas.
74
Além da cultura da cana e café, o algodão deixou seus registros no patrimônio
arquitetônico local. Testemunho do período dessa cultura temos a Fábrica São Luís
(1869) primeira fábrica de tecidos do Estado de São Paulo, com equipamentos
importados da Inglaterra e Estados Unidos e utilizando-se de mão-de-obra livre em
pleno regime escravocrata.
Igrejas
As igrejas católicas constituem-se em bens arquitetônicos com acervo em talha
e pintura, reunindo em seus interiores trabalhos de consagrados artistas do século XIX.
O conjunto compõe roteiro turístico obrigatório.
A exemplo de outras cidades brasileiras, o catolicismo exerceu grande
influência na vida social e cultural do município durante pelo menos três séculos.
Igrejas e conventos foram edificados para abrigar Ordens Religiosas que aqui vieram,
também, para responsabilizarem-se pela educação masculina e feminina da região.
Durante muito tempo, as Ordens Religiosas e Irmandades foram o centro da vida
intelectual ituana. Dois importantes edifícios testemunham o pioneirismo da cidade
na educação paulista: o Regimento Deodoro, antigo Colégio São Luís, que abrigou
alunos das mais abastadas famílias do século XIX, de todo país e o Colégio Patrocínio
que, a exemplo do primeiro, concentrou-se da educação feminina sob
responsabilidade das Irmãs de São José.
As construções da área central do município são, em grande parte,
monumentos religiosos católicos. Do período anterior à cultura canavieira, o Convento
de São Francisco pode ser lembrado pela existência do Cruzeiro em cantaria.
Posteriormente, a Igreja de Santa Rita, (1726/1728), Igreja do Carmo (1728) adornada
pelas pinturas do Frei Jesuíno do Monte Carmelo, Igreja do Bom Jesus que substituiu a
primeira capela construída por volta de 1610, por ordem de Domingos Fernandes,
fundador da cidade. A Igreja do Bom Jesus abriga hoje o Santuário Central do
Apostolado da Oração no Brasil. A Matriz de Nossa Senhora da Candelária (1780)
abriga altares patrocinados pelos antigos proprietários de engenhos de açúcar,
pinturas de José Patrício da Silva Manso, Jesuíno do Monte Carmelo e Almeida Júnior.
Cenas bíblicas de autoria de Lavínia Cereda adornam o teto da sacristia dessa Igreja,
75
considerada o maior exemplo do barroco paulista. Passando por inúmeras reformas,
sua fachada atual foi projetada pelo Arquiteto Ramos de Azevedo.
A Igreja do Patrocínio inaugurada em 1820 teve seu projeto original idealizado
por Frei Jesuíno do Monte Carmelo, e complementa o conjunto arquitetônico que
abrigou a Ordem das Irmãs de São José e o Colégio Patrocínio. É também de Jesuíno, o
conjunto de oito telas de Santos Carmelitas em tamanho natural que adornam os
corredores da Igreja. A Capela de Nosso Senhor do Horto (Padre Bento), edificada em
1804/1808 foi construída ao lado do antigo Hospital dos Lázaros. A Igreja de São Luís
Gonzaga, construída em 1872 pelos Jesuítas da Companhia de Jesus, embrião do
Colégio São Luís. A igreja de São Benedito, construída em 1910, preservada pelo
trabalho contínuo da Irmandade que, até hoje realiza grande festa em comemoração
ao dia do Santo Padroeiro.
Residências
Em meados do século XIX, grandes casas foram construídas, térreas e
assobradas. Com a decadência da agricultura cafeeira na década de 1930, intensificou-
se o processo de urbanização de Itu com a substituição das atividades agrícolas pelas
comerciais e industriais. Muitas edificações não resistiram a esse crescimento, porém,
outras tantas foram preservadas, a partir da década de 1980 com a intervenção dos
Órgãos de Preservação Federal e Estadual.
Restam exemplares que elucidam o modo de viver do século XIX: os edifícios
sede do Museu Republicano (antiga residência da Família Almeida Prado), o Prédio do
Espaço Cultural Almeida Júnior, construído pelo Barão de Itu e antigo Grupo Escolar Dr.
Cesário Motta, o edifício do Museu da Energia, antigo prédio da Light, a Casa da
Família Caselli onde se hospedou a família imperial brasileira no ano de 1884. Essas e
outras residências significativas do século XIX e início do XX podem ser observadas ao
longo das Ruas Barão de Itaim e Paula Souza, no centro histórico da cidade.
Um pouco mais descaracterizadas são as cerca de 120 casas que compõem a
Vila Operária, construída na década de 20 para abrigar imigrantes italianos,
funcionários da Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro, inaugurada em 1910,
representante da arquitetura industrial do início do século XX.
76
Becos, construções religiosas, residências, monumentos ao ar livre, fazendas
históricas formam o rico conjunto arquitetônico urbano e rural, cuja importância tem
sido comprovada a partir dos inúmeros estudos acadêmicos e de especialistas,
preocupados com o registro e análise das suas características originais, testemunhos
dos 401 anos de história do município.
A preocupação com a preservação do Patrimônio Cultural de Itu, em especial
nessa seção, o conjunto arquitetônico histórico do município, está presente nas
diversas Secretarias Municipais, que somam esforços no sentido de propor ações
educativas, envolvendo diferentes segmentos da população que aqui vive nas
questões ligadas ao patrimônio cultural. As Secretarias de Turismo e Educação
consistem em parcerias fundamentais, tanto no oferecimento de profissionais
capacitados no tema, quanto no envolvimento do público estudantil que poderá
tornar-se elemento multiplicador das ideias propostas.
Como sugestão, o Plano Diretor do Município (PLANO, 2006, p. 61) aponta a
necessidade de criação de um Departamento voltado exclusivamente para a zeladoria
do Patrimônio, garantindo maior diálogo com os órgãos federal e estadual de
proteção. A zeladoria seria responsável pela observação e pelos cuidados com as
edificações. Seria mantido um canal aberto entre o responsável pelo imóvel e os
departamentos de patrimônio histórico municipal, estadual e federal [...] O objetivo
seria estreitar o relacionamento e facilitar explicações e soluções para ambos os lados,
garantindo assim o bom funcionamento da revitalização do centro histórico como um
todo. (PLANO, 2006, p. 61).
Além da implementação de um órgão específico para tratativas das questões
referentes ao Patrimônio, ação já em andamento na Secretaria de Cultura,
consideramos fundamental a participação da sociedade civil. Para tanto, sugerimos
iniciativas na direção da Educação Patrimonial, um instrumento que possibilita ao
cidadão compreender o ambiente onde vive, o universo sociocultural e a trajetória
histórico-temporal em que está inserido.
Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional
centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento individual e
coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações
da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho de
77
Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de
conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para
um melhor usufruto desses bens, e propiciando a geração e a produção de novos
conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural (HORTA; GRUMBERG;
MONTEIRO, 1999, p. 06).
Considerando o rico patrimônio arquitetônico de Itu, cuja importância foi
reconhecida pelo CONDEPHAAT E IPHAN através da proteção de seu centro histórico,
toda ação que promova a conscientização da população local será de grande valia para
minimizar os impactos de ações de vandalismos e ações decorrentes de especulação
imobiliária.
Entretanto, para que a população possa, de fato, usufruir e sentir-se parte
desse patrimônio, são necessárias ações contínuas de educação patrimonial, com
vistas a restabelecer os laços de identidade entre os moradores e seu próprio
patrimônio, tornando-o, efetivamente, um conjunto de bens compartilhados por
todos.
5.7. Atividades Artesanais de Expressão Local
Entre os aspectos da cultura popular da cidade, a atividade artesanal,
tradicionalmente de caráter familiar, não ocupa lugar de destaque, configurando-se
como motivo de preocupação para os gestores e grupos de pessoas interessadas na
manutenção e desenvolvimento da atividade no município.
O diagnóstico mais recente sobre o assunto, realizado na década de 1980 por
Kilza Setti (SETTI, 198-?, p. 72-81), por ocasião do “Diagnóstico Geral da Cidade de Itu”
para elaboração de seu Plano Diretor, registra a preocupação com o acelerado
desaparecimento de produtos artesanais típicos do local, e o avanço da
comercialização de peças industrializadas.
Kilza Setti (SETTI, 198-?, p. 72) identificou que, no município de Itu viveram
artesãos como João de Mesquita e Coimbra, habilidosos na confecção de pios de caça;
Antonio Venerando Teixeira, pioneiro na construção de pianos; Eliseu do Monte
Carmelo, entalhador e escultor, José Balaieiro e Antonio Cunha, fabricantes de cestas
e peneiras para comercialização no Mercado Municipal da cidade, entre tantos outros
artesãos conhecidos da população local.
78
Na esfera do “saber popular”, podemos acrescentar a presença de artistas
dedicados à confecção de peças de cerâmica, cuja atividade é favorecida pela
abundância de matéria prima na região: “Dedé”, com a produção de pequenas peças
em argila, Sergirson de Freitas, escultor, João Bernardi, especialista nos trabalhos em
varvito, entre tantos outros que permanecem anônimos ou apenas na lembrança de
antigos moradores.
Considerando a fragilidade da atividade artesanal, decorrente da ausência de
sistematização e orientação para o desenvolvimento e comercialização dos produtos, a
autora previu uma possível decadência. Lamentavelmente, as previsões se
concretizaram e, embora não decretemos sua extinção, a atividade artesanal
desenvolvida no município encontra-se sem vínculo com a cultura e vivência local.
Um dos sintomas detectados pela autora para indicar o provável declínio da
atividade artesanal e seu consequente desaparecimento, foi a ausência dos produtos
artesanais no Mercado Municipal e feiras livres da Cidade, como é possível observar
em cidades da região que ainda mantêm a comercialização de artesanatos em
cestarias, couro, cerâmicas, entre outros produtos caseiros, nesses locais de grande
circulação.
O Mercado Municipal de Itu localizado à Rua Ramos de Azevedo, no centro
histórico, foi inaugurado em 14 de maio de 1905, sob encomenda da Câmara
Municipal, que percebia a necessidade de um ponto de comércio em Itu, já no final do
século XIX. Construído com projeto técnico do Escritório de Ramos de Azevedo,
também responsável pela construção do Teatro Municipal de São Paulo e de inúmeras
outras obras em todo Estado, o mercado apresenta espaços livres semelhantes a
pequenas praças destinadas, originariamente, à comercialização de produtos da
região. Ao seu redor, pequenas lojas e amplo espaço livre onde, aos domingos, realiza-
se a tradicional feira livre. Com forte presença no cotidiano da cidade, a exemplo de
outros tantos, o local foi perdendo status para as grandes redes de supermercado.
Se na década de 1980 foi possível detectar a timidez na comercialização de
produtos artesanais, atualmente, o Mercado Municipal e seu entorno apresenta-se
bastante descaracterizado de suas funções originais. A edificação, necessitando de
intervenções urgentes, sua área interna encontra-se praticamente desativada e seu
entorno contempla algumas lojas destinadas à comercialização de roupas, poucas
79
flores, cosméticos e produtos industrializados em geral, em grande parte, de origem
asiática. Não há registro de material produzido artesanalmente nas lojas ainda em
funcionamento do Mercado e seu entorno. A boa notícia fica por conta da existência
de Projeto, em andamento na Prefeitura local, para requalificação da área.
A utilização do espaço, estrategicamente localizado em área central, próximo a
transportes públicos, para comercialização de produtos artesanais diversos, seria
bastante interessante, atendendo a demandas locais e de turistas da região. O
artesanato, produzido de forma sustentável, representará uma oportunidade de
geração e integração da renda da população, além de resgatar tradições e valorizar a
identidade cultural do município.
Há que se providenciar, entretanto, urgente investigação da existência de
artesãos para um cadastramento de suas atividades e posterior realização de oficinas
para transferência de conhecimento. A Prefeitura não dispõe de cadastro dos artesãos
tipicamente locais e seus produtos, sendo essa, uma boa oportunidade para início do
levantamento para uma possível retomada da produção artesanal de expressão local.
O Diagnóstico Geral da Cidade de Itu (SETTI, 198-?, p-72-81) identificou alguns
nomes, aos quais acrescentamos aqueles que obtivemos através de entrevistas com
antigos moradores:
80
Com relação ao fabrico de pios para caça mencionado na tabela acima,
tradicional artesanato local no início do século XX, a autora aponta como os mais
hábeis: Adolfo Ferraz Sampaio e Francisco Teófico, já falecidos na ocasião do
levantamento. Destaca que o fazer de pios teve seu desenvolvimento ligado à
atividade de caçadores na região. O enfraquecimento da atividade de caça decorrente
dos desmatamentos, expansão do centro da cidade, novas modalidades ocupacionais
de lazer e a própria escassez de caça, foram apontados pelos antigos entrevistados
como causas para o declínio da produção dos pios.
Já naquele período as entrevistas da autora dão conta da dificuldade dos
artesãos para comercialização de seus produtos. Os artesãos de pios, por exemplo,
registraram a dificuldade com a concorrência dos produtos industrializados, cujos
preços mais acessíveis inviabilizaram a comercialização do produto artesanal. Estes,
aliado à falta de incentivo, contribuíram para a extinção da atividade.
Ponderamos que essas ocorrências levantadas pela autora na década de 1980,
permaneceram como determinantes para o declínio das atividades artesanais que
ainda mantêm relação com a cultura e matéria-prima locais.
Nome Registro de idade na década de 1980
Atividade artesanal
Silvério Scotieri 75 anos Cadeirinhas de madeira (eucalipto) e taboa
Antonio Cunha 50 anos Peneiras de bambu
José Pacheco 76 anos Cestaria
Benedito Morato de Almeida Prado 77 anos Pios de caça
Luiz de Campos Almeida 83 anos Pios de caça Caixinhas de madeira para rapé
Adolfo Ferraz Sampaio Falecido Pios para caça
Francisco Teófilo Falecido Pios para caça
Zico Gandra Bonecos para o “Estouro do Judas”
Nenito Cataventos, adornos para jardins , águias e leões de cimentos para frontais de residências.
Espirro enfeites para jardins, bonecos , rodas de carroça, moinhos e boizinhos para as brincadeiras de carnaval
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Doçaria
A doçaria em Itu é bastante conhecida desde os tempos da atividade açucareira
no município durante o século XVIII. Já na década de 50 há relatos do cronista
Francisco Nardy Filho sobre a presença de doceiras no local, que se dedicavam ao
fabrico de goiabadas, marmeladas, doces de mangaba, figos e pêssegos. A arte da
doçaria não se limitou aos doces chamados de massa, ou de barra, ao lado desses,
faziam-se outros miúdos e delicados, de ovos, amendoim, de coco, geralmente
servidos em bandejas ornamentadas em papéis coloridos, conforme registra a autora.
(SETTI, 198-?).
As doceiras mais afamadas do início do século XX, segundo a pesquisa, eram:
Ermantina, especializada nos alfinins em forma de animais, de tradição nitidamente
portuguesa; Alzira Arruda, Gina Bolognesi, Ana Esteves, já falecidas quando da
publicação do trabalho. São citadas ainda Colaca Guido, Zoraide, Ester Esteves, cujos
produtos foram comercializados na Loja “Senzala”, durante décadas.
Doçaria, juntamente com a produção de vinhos e licores são também
atividades tradicionais do Convento das Mercês. As freiras concepcionistas mantêm a
atividade, ainda que, com menor intensidade.
Atualmente, poucos estabelecimentos comercializam doces artesanais, entre
os quais podemos destacar:
Doceria “A senzala” - inaugurada em 1969 produz uma variada linha de bolos,
tortas, mousses, doces, compotas, salgadinhos e sorvetes, todos caseiros e
preparados artesanalmente. Os fios de ovos e os canudos recheados com
cocada são os destaques. A Senzala também inaugurou o espaço Senzala
Home, que expõe e vende produtos de artesãos ituanos e da região;
Doceria “Ottília” - é uma das mais tradicionais docerias da região. Fundada em
1970 por Dona Ottília, atualmente é administrada por sua nora e netas.
Oferece grande diversidade de produtos, todos caseiros e artesanais, atende a
diversos públicos. Os bolos decorados com glacê real ou pasta americana, e
doces (camafeus, bombons de nozes, bem-casados, doces glaçados,
caramelizados, carolinas e mini tortinhas) para festas são os principais itens do
cardápio;
82
Gamela - inaugurada em junho de 2001. O café expresso da Fazenda Santo
Antonio da Bela Vista, direto do produtor, em grão ou moído na hora, é uma
das atrações, além, dos doces e compotas. Algumas receitas de biscoitinhos e
das balas de café são tradições da família, fabricadas pela proprietária, Dona
Maria Ignes.
A doçaria ituana, durante boa parte do século XX constituiu atrativo de grande
interesse para turistas de toda região e da capital paulista, o que se recomenda um
olhar mais detalhado sobre a possibilidade de reedição de antigas receitas, que
poderão ser utilizadas ou aprimoradas pelos alunos do Curso de Gastronomia local. A
atividade poderá incentivar a produção artesanal caseira ou o surgimento de novos
pontos de comercialização.
Gastronomia
A gastronomia abrange a culinária, as bebidas, os insumos utilizados e os
aspectos culturais a ela associada. A alimentação de uma sociedade é determinada
pela variedade de alimentos disponíveis em determinada região e pelos padrões
culturais.
No Brasil, temos uma rica culinária regionalizada, marcada pela miscigenação
cultural (índio, europeu e africano) somada ao uso de ingredientes regionais típicos.
Dos indígenas herdamos o uso da mandioca, os africanos introduziram a feijoada e os
europeus nos ensinaram o consumo dos cereais, por exemplo. Em São Paulo, apesar
da cozinha cosmopolita da capital, no interior sobrevivem pratos como o virado,
cuscuz paulista e leitão assado, que são degustados desde os tempos da colonização.
A gastronomia ituana tem suas origens na alimentação colonial, com influência
da cozinha italiana. De acordo com Francisco Nardy Filho (NARDY FILHO, 2000), o
arroz, feijão, carne e verdura compunham o chamado trivial para o dia-a-dia, que
contava também com o cuscuz (feito somente de farinha de milho, água, sal e
temperos) em substituição ao pão. O melado e a canjica eram sobremesas do
cotidiano, peru e leitoa eram criados na residência para consumo da família. Sua obra,
oferece detalhes sobre a culinária tradicionalmente ituana, como podemos observar
na citação a seguir:
83
Hoje o angu se tornou polenta, no entanto, há diferença entre um e o outro; o
angu é nosso, trouxe-nos o africano; a polenta é dos italianos. “O angu era também
prato do quotidiano, principalmente no almoço; de fubá se era para fazer companhia
ao feijão, às verduras e ao quibebe; de farinha de milho se era para acompanhar os
entrecostos ou o picadinho de carne com quiabos, um tanto apimentados” (NARDY
FILHO, 2000, p. 180).
Algumas receitas tornaram-se marcas na mesa dos lares e restaurantes locais.
Chamada de comida “caipira” é encontrada em alguns restaurantes localizados em
área urbana e em antigas fazendas de café e cana-de-açúcar, recentemente
transformadas em hotéis e incluídas a roteiros turísticos, como por exemplo, a
Fazenda Capoava, Limoeiro da Concórdia, Chácara do Rosário, Fazenda da Serra, Cana
Verde, entre outras. Em eventos realizados na Chácara do Rosário, é possível
encontrar um cardápio formado por pratos que caracterizam a típica comida ituana:
polenta frita, bolinho de chuchu, caldo de galinha, carne seca na moranga, frango com
quiabo, farofa de banana, salada de couve, arroz à jardineira, arroz, feijão, canjica,
doce de mamão verde, rosquinha de pinga.
Aos produtos tipicamente locais já mencionados, Kilza Setti incluiu em seu
diagnóstico a produção artesanal feminina de tapetes feitos de retalhos coloridos, os
crochês e os bordados à máquina. Entretanto ressalta que tais produtos não
chegavam a representar um volume de produção que justificasse grande alarde. As
artesãs se mantinham no nível de produção esporádica, e o produto não chegava a ser
exposto. Assim permaneceu até os dias de hoje, não havendo significativa produção e
comercialização desse material.
Na última década presenciamos a abertura de postos de venda de artesanato
nas imediações da Rua Paula Souza - Espaço Fábrica, Antiquário da Lila, entre outros.
Há ainda que se registrar a presença de atividade artesanal da Praça da Independência
- Largo do Carmo, que aos finais de semana apresenta produtos artesanais diversos.
Contudo, não há nessa atividade nenhuma ligação com a cultura ou matéria-prima
locais.
O fenômeno da transferência da produção artesanal para a industrializada, os
efeitos da pressão da indústria sobre uma minoria de artesãos, o fenômeno da
globalização acabou por homogeneizar a produção artesanal da cidade, assemelhando
84
os produtos aqui comercializados à grande maioria das cidades da região. Nesse
sentido, a que se considerar a necessidade urgente de incentivo do poder público na
profissionalização da atividade, na criação de espaços específicos para comercialização
e na criação de mecanismos para transferência de saberes.
Na década de 1980, Kilza Setti sintetiza o quadro da produção artesanal em Itu
como “um pequeno artesanato de circunstância, nada sistematizado, ao qual não se
pode todavia ignorar a existência e para o qual se devem dedicar maiores atenção.” (
SETTI, 198-?, p. 76). Nessa oportunidade, ressaltamos que, além de “dedicarmos
atenção”, faz-se necessário minucioso trabalho de pesquisa para levantamento dos
artesãos, seus produtos, instrumentos e procedimentos de trabalho, para perpetuação
e divulgação do conhecimento popular. Incentivar a retomada de atividades
artesanais, que privilegiem a cultura local, de forma sustentável, certamente,
consistirá em alternativa de atividade econômica e atrativo turístico para os
moradores e turistas.
5.8. Diversidade Étnico-Cultural
Todos concordamos sobre a multiplicidade da cultura brasileira, sendo esta, sua
principal característica e riqueza. As diferentes influências de povos que participaram
do processo histórico-social brasileiro determinaram a diversidade na nossa cultura
que, para muitos, bem poderia ter seu nome no plural “Culturas Brasileiras”.
Constituímos uma nação de pluralidade racial e, por consequência, cultural,
emergida de nosso “fazer” e “ser” diários. Pluralidade que também se transforma a
partir de exigências dos novos tempos. A Cultura é, portanto, o conjunto de atividades,
formas de ação, costumes, instruções; que determinada localidade desenvolve em sua
adaptação ao ambiente em que vive, ao longo de sua existência.
A Diversidade Cultural consiste em um dos princípios de regência do Plano
Nacional de Cultura (PCN), que apresenta como um de seus objetivos, “reconhecer e
valorizar a diversidade cultural, étnica e regional brasileira” (Art. 2º § I). Torna-se,
portanto, competência do Poder Público, garantir a livre manifestação das diferentes
culturas, conforme se lê no Cap. II, Art 3º, § IV do PCN:
Proteger e promover a diversidade cultural, a criação artística e suas
manifestações e as expressões culturais, individuais ou coletivas, de todos os grupos
85
étnicos e suas derivações sociais, reconhecendo a abrangência da noção de cultura em
todo o território nacional e garantindo a multiplicidade de seus valores e formações.
(LEI 12.343, 2010).
Em seu Capítulo I - Diretrizes, Estratégias e Ações - Do Estado, o Plano de
Cultura “reafirma uma concepção ampliada de cultura, entendida como fenômeno
social e humano de múltiplos sentidos [que] deve ser considerada em toda a sua
extensão antropológica, social, produtiva, econômica, simbólica e estética”. Vai mais
adiante, quando registra como competência dos Estados, garantir o tratamento
igualitário a todas as manifestações culturais:
Reconhecendo a complexidade e abrangência das atividades e valores culturais em todos os territórios, ambientes e contextos populacionais, buscando dissolver a hierarquização entre alta e baixa cultura, cultura erudita, popular ou de massa, primitiva e civilizada, e demais discriminações ou preconceitos. (PLANO, 2010).
Todas as esferas do Governo terão sua parcela de responsabilidade e, portanto,
caberá aos municípios, promover condições para que as manifestações culturais locais
tenham plenas condições de emergência, a partir das especificidades do local.
As preocupações continentais registradas no Plano Nacional de Cultura são
também compartilhadas pelo Município de Itu, através do poder público e da
sociedade civil: proteger e valorizar o patrimônio cultural regional, universalizar seu
acesso, estimular o pensamento crítico e reflexivo sobre ele, a sustentabilidade,
através do desenvolvimento da economia de cultura e descentralizar as decisões sobre
as políticas culturais locais.
Falando especificamente da cultura local, no período de um século (1820-
1920), estima-se o montante do fluxo imigratório ao Brasil, em cerca de 3.684.382
indivíduos, dos quais provavelmente 50% deram entrada em São Paulo (WITTER,
1993). Italianos, portugueses, espanhóis, alemães, austríacos, japoneses, sírios,
libaneses, turcos, trocaram a Europa e Ásia, por oportunidades de trabalho largamente
divulgadas pelo Governo Brasileiro.
O cinturão de fazenda que cercavam a área urbana de Itu foi o destino de
muitas das famílias que atracaram no Porto de Santos, em busca de novas
86
oportunidades. Constituíram-se, especialmente, de italianos, portugueses e espanhóis,
que se juntaram aos moradores do local, em grande parte, negros, ex-escravos para
iniciar uma transformação no modo de vida do ituano da área urbana e do interior das
fazendas. José Sebastião Witter destaca ainda que “a forma de trabalho livre propiciou
novas formas organizatórias da produção, nova mentalidade, indispensáveis à
consolidação da República e à modernização do país, de um novo conceito de
brasilidade”. (WITTER, 1993, p.4)
No ano de 1993, a então Secretária de Cultura do Município, Profa. Maria de
Lourdes Sioli registrou em publicação especialmente editada para comemoração do
aniversário da cidade, a pluralidade cultural do Brasil, também observada em nível
micro, no município de Itu, que participou, desde os primórdios, do movimento
migratório:
Pensar o descobrimento e colonização do continente passa necessariamente, pela formação das sociedades que brotam desta simbiose de culturas. No Brasil misturou-se África e Europa aos donos da terra os índios - resultando num “caldo antropofágico” (parodiando os modernistas) que ferve alimentado pelos acontecimentos da História. (SIOLI, 1993, 2).
Esse trabalho de pesquisa sobre movimento imigratório local, editado em 1993,
como encarte especial do Jornal Periscópio, registra que: “nos cadastros municipais
costumam ser encontrados, durante a 1ª República, nomes de origem alemã, sírio-
libanesa, israelita, russa, em estabelecimentos comerciais, industriais e na zona rural,
em propriedades de pequeno e médio porte. Os imigrantes portugueses também se
incluem neste processo”. (PERISCÓPIO, 1993, p.5).
A presença de todos os imigrantes, que vieram substituir a mão-de-obra
escrava, as tradições africanas, introduzidas pelo negro, o modo de vida dos
colonizadores portugueses; estão presentes no que podemos chamar de “Cultura
Caipira”.
Falando de um bairro tipicamente italiano em Itu - Bairro Jacuhú, antigos
moradores narraram:
87
[...] As famílias, através dos seus descendentes, mantinham as tradições e a solidariedade, as vigílias aos enfermos, os auxílios nos momentos de dificuldade, o fervor religioso centrado na Capela: o terço diário, as missas especiais e as comemorações. (PERISCÓPIO, p.7).
E foi por meio das interações entre seus primeiros habitantes, os índios, os
colonizadores, os negros e toda diversidade de imigrantes, que a cidade de Itu fez
gerar um patrimônio cultura repleto de riqueza e peculiaridade. A mesma riqueza que
se observa em nível continental, em todo Brasil.
Preservar, portanto, a diversidade cultural local, através de seu registro no
Plano Municipal de Cultura, atende não só aos desejos dos grupos que aqui vivem e se
manifestam, como também, aos interesses do Plano Nacional de Cultura que, em
diferentes momentos, garante o tratamento democrático a todos as manifestações
culturais.
A seguir, estão registradas algumas iniciativas de preservação cultural,
promovidas por grupos étnicos organizados, estabelecidos na cidade de Itu.
Cultura Afro Brasileira
A cultura Afro-Brasileira foi imposta por quase quatro séculos de escravismo e
de inúmeras tentativas de obliteração social e simbólica. A matriz africana foi
fundamental na influência e formação da cultura brasileira sendo incorporada na vida
cotidiana em todo território. A linguagem, a religiosidade, a música, a dança, a
culinária, em muitos casos, nos remetem às origens africanas.
A intensidade das manifestações da cultura negra varia de regiões e estados.
Contraditoriamente, onde as tentativas de exclusão são mais intensas, há um aumento
das estratégias de preservação, desenvolvendo-se um forte mecanismo de resistência.
As garantias de ações que estabeleçam mecanismos econômicos de auto sustentação,
educacionais e científicos, que possibilitem o acesso e inclusão de negros nas
universidades, no mercado de trabalho e nas redes de circulação das manifestações
simbólicas, estão previstas em todos os níveis governamentais.
88
Em nível municipal, o Plano de Cultura deverá também prever a garantia da
livre expressão da cultura afro-brasileira, que possibilitará sua preservação,
intensificação e abrangência, favorecendo a inclusão social dos afrodescendentes.
Informações registradas na memória de moradores locais possibilitam a compreensão
da presença do negro nos diferentes acontecimentos políticos, econômicos e sociais
desses quatro séculos de história ituana, bem como as dificuldades na adaptação à
vida urbana, que se sucedeu a abolição da escravatura. Trabalhando como mão-de-
obra nas Fábricas de Tecido São Pedro e Maria Cândida, exercendo serviços
domésticos, engrossando o contingente de soldados do Regimento Deodoro, a
população de afrodescendentes de Itu, em sua maioria, fixou-se em regiões distantes
do centro da cidade, naquele momento, pouco valorizadas, conforme relatam as
jornalistas da Revista Campo & Cidade, n. 17, cujo tema aborda a história da
Comunidade Negra em Itu:
As décadas que sucederam a abolição da escravatura foram muito difíceis para os ex-escravos e seus descendentes. A grande maioria deles, sem posses e sem trabalho fixou-se nos arrabaldes das cidades e transformou-se em mão-de-obra barata para serviços pesados rejeitados pelos brancos. Em Itu os principais redutos da população negra foram as ruas Santa Cruz e Marechal Deodoro (antiga Rua das Flores), a Vila Padre Bento, o Bairro Alto e os arredores da Igreja de Santa Cruz (final da Rua Sorocaba). (FERRARI; ESTRADA, 2002).
Manifestações da cultura negra, costumes, crenças, sobreviveram dentro das
localidades de convívio dos muitos descendentes de escravos que aqui viveram.
Continuamente, dedicam-se a legitimar o direito à livre expressão de suas tradições.
De forma organizada, a UNEI - União Negra Ituana, entidade que reúne
diferentes grupos da comunidade afrodescendente de Itu, desenvolve a mais de uma
década, atividades com objetivo de assegurar os direitos e interesses da população
negra, combater o racismo, preconceito, discriminação e qualquer forma de
intolerância.
Com uma Diretoria de Cultura atuante, a UNEI desenvolve Oficinas Culturais de
dança afro, percussão, capoeira, confecção de bonecas negras, entre outros assuntos
de interesse da comunidade. Responsabiliza-se pela divulgação das datas de
89
celebração e reflexão: dia da morte de "Zumbi dos Palmares" e o mês da Consciência
Negra.
No ano de 2011, iniciaram-se esforços para implantação da "CASA DA CULTURA
AFRO DE ITU", antigo projeto para resgate da Cultura Afro-Brasileira, tendo como
principais metas:
sistematizar ações culturais e educativas;
trabalhar com a autoestima do negro;
promover a inclusão do negro no mercado de trabalho;
informar sobre questões específica da saúde da população negra;
oferecer cursos preparatórios para ingresso à universidade;
promover a inclusão social;
formar multiplicadores sociais;
envolver o governo, a sociedade civil, empresas e mídia no processo educativo
para inclusão de pessoas em situação de risco social.
O Projeto Casa da Cultura Afro de Itu atenderá às demandas previamente
identificadas, através do oferecimento de cursos e oficinas sobre Percussão (atabaque,
pandeiro, agogô, afoxé, xequerê, entre outros instrumentos típicos da cultura negra),
Dança-Afro e Capoeira Angola, além das oficinas de canto e teatro. O público alvo são
crianças, jovens, adultos e idosos que estão em risco social, negros e mestiços, da
cidade de Itu.
A Diretoria de Educação da UNEI tem por objetivo desenvolver um grupo de
estudos com os professores, das redes Municipais e Estaduais, para discutir sobre a Lei
nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática "HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA".
A UNEI realiza sistematicamente no mês de novembro, apresentações culturais
em escolas da Rede Pública Municipal e Estadual: Amarração de Roupa Afro, Dança
Afro, Jongo, Oficina de Bonecas Negras, Oficina de Hip-Hop. Há ainda projetos de
“Contação de Histórias” e oferecimento de Palestras aos professores sobre Arte
Africana. Ainda no mês de novembro, a Entidade organiza a Missa Afro, na Igreja de
90
São Benedito, evento que já ultrapassou fronteiras, estendendo-se para outros
municípios da região.
Em parceria com a FATEC e UNEAFRO, a Entidade iniciou, em 2011 o cursinho
pré-vestibular, com objetivo de auxiliar na capacitação de estudantes de escolas
públicas para acesso ao ensino universitário.
Faz também parte das preocupações da Entidade, a capacitação de agentes de Saúde e
da população em geral, sobre doenças específicas e de maior incidência na população
negra.
Em 2011, a cidade de Itu sediou, coordenado pela UNEI, o 1º Encontro de
Matrizes Religiosas Africanas de Itu e Região como forma de dar conhecimento,
respeito e quebra de paradigmas com relação à religiosidade negra, e dar continuidade
a capacitação dos Povos de Terreiro com temas de acordo com suas necessidades
específicas.
Além das atividades realizadas no município a União Negra Ituana desenvolve
parcerias com entidades de outros municípios, com objetivo de promover cursos de
capacitação sobre Cultura Negra, além de proporcionar condições para troca de
conhecimentos.
Projeto de igual importância foi viabilizado no ano de 2008, com a publicação
do livro “Memória Afro-Brasileira em Itu" de autoria de Claudete de Sousa Nogueira,
Sylvio Fleming Batalha da Silveira, Amauri Tadeu Barbosa Nogueira, editado pela
Demacamp. O Projeto proporcionou, entre outros ganhos, a elevação da autoestima
da população negra de Itu, incorporando a história do negro à História do Município.
Esse tipo de iniciativa pode estimular o que a Historiadora Claudete de Sousa Nogueira
denomina: afro-turismo, um setor ainda inexplorado no mercado turístico municipal
que trabalha com o turista que deseja conhecer identidades locais envolvendo raízes
étnicas. (GUIMARÃES, 2008).
Esse conjunto de atividades, desenvolvido de forma sistemática e organizada,
através do Ponto de Cultura UNEI - Itu vem ao encontro dos anseios do Plano de
Cultura, no tocante à proteção e preservação da diversidade cultural. Dado o primeiro
passo, cabe agora analisar as melhores formas de garantir a aplicação das políticas
públicas em prol da comunidade negra no Município.
91
Cultura Italiana
Com a proibição do tráfico em 1850 inicia-se a vinda de imigrantes para
substituir a mão-de-obra escrava, necessária para o plantio do café, produto
largamente exportado a vários países na época.
No município de Itu, a maior parte dos imigrantes italianos foi empregada nas lavouras
da região. Foi também empregadora dessa mão-de-obra, a Fábrica de Tecidos São Luiz,
uma das primeiras à vapor do Estado de São Paulo, fundada no ano de 1868.
À medida que o número de imigrantes italianos ia crescendo, a cidade
modificava os seus costumes, com a introdução de elementos típicos da cultura
estrangeira. Práticas religiosas, um novo idioma, novos cultivos e manejos da terra,
músicas, danças, entre outras manifestações artísticas. De forma inversa, o imigrante
também incorporava hábitos típicos do local.
Como exemplo de uma importante transformação, foi a forma de se interpretar
a “Família”, trazido com os novos moradores. Gimenes (2007, p.35) ressalta que a
preservação da cultura familiar foi um costume introduzido pelos italianos,
dificilmente assimilado pelos fazendeiros local. Lembra-se da dificuldade inicial de
adaptação do imigrante italiano á comunidade ituana, sobretudo com relação aos
fazendeiros locais, acostumados com a população negra/escrava, onde as famílias
podiam ser desmanteladas conforme as necessidades que se apresentavam.
Embora viessem inicialmente para o trabalho na lavoura, como empregados, os
italianos tinham pretensões maiores: tornarem-se independentes. Aos poucos
compraram suas terras, construíram moradias próximas que deram origem a bairros
tipicamente italianos como o Jacuhú e também se estabeleceram em área urbana,
dedicando-se a outras atividades no comércio e na indústria. Organizaram-se,
promoveram ações e mantiveram sempre vivas as tradições italianas.
Fundada em 18/10/1919 com o nome de Società Italiana Di Mutuo Soccorso e
Beneficenza Luigi Di Savoia.
A sede foi construída por Angelo Toccheton com projeto de Luigi D’Onofrio,
durante a presidência de Francisco Fávero, à Rua do Commercio, Centro, Itu, iniciada
em 1920, inaugurada em 4 de junho de 1922.
A Societá Italiana di Mutuo Soccorso e Beneficenza Luigi di Savoia, fundada em
1919, tinha o objetivo de amparar os imigrantes nas questões legais, de saúde, além
92
da promoção de encontros sociais que auxiliou na integração da comunidade italiana
com a sociedade local. Com as atividades encerradas no ano de 1945, a partir de 1993
passou a denominar-se Circulo Italo-Brasileiro Dante Alighieri. Fruto também dessa
organização, a Corporação Musical União dos Artistas, tradicional banda ituana
reconhecida nacionalmente, foi fundada em 1912 por imigrantes italianos que, unindo
esforços, construíram edifício sede, até hoje, utilizado para os ensaios e
apresentações. (GIMENES, 2007).
Mais recentemente a preservação da cultura italiana no Município de Itu, vem
sendo divulgada através da Associação Emiliano-Romagnola Bandeirante de Salto e Itu,
com uma programação de eventos artísticos, educacionais, literários e gastronômicos
mostrando a riqueza e história da Região Italiana Emiliano-Romagnola, berço de
muitos descendentes italianos residentes em Itu.
A Associação Emiliano-Romagnola Bandeirante (AERB) de Salto e Itu mantém
efetivo intercambio com a Região da Emília-Romagna, o que permitiu até o momento
produzir vários livros, dentre eles a tradução para o português do clássico da
gastronomia italiana La scienza in cucina e l'ate di mangiar bene (A ciência na Cozinha
e a Arte do Comer Bem) de Pellegrino Artusi, que embora escrito em 1897 continua
inspirando chefs de cozinha de todo o mundo. O livro que já havia sido traduzido ao
inglês, holandês, espanhol e alemão, no início do século XX era juntamente com
Pinóquio e Promessi Sposi un dos livros mais vendidos na Itália.
Através da Associação muitos jovens estão tendo a oportunidade de estagiar na
Itália, bem como frequentar curso de mestrado na Universidade de Bologna e Parma.
Em sua décima edição a Festa Italiana, evento de caráter popular, valoriza a
gastronomia italiana, através da comercialização de pratos típicos que se misturam as
guloseimas das tradicionais quermesses brasileiras. O evento acontece durante as
comemorações do aniversário da cidade (02 de fevereiro), e apresentações musicais
também integram a programação.
Cultura Japonesa
O Kasato-Maru chegou ao Brasil em 1908 trazendo a bordo 781 imigrantes
japoneses para o trabalho na lavoura, sobretudo a cafeeira, no interior de São Paulo.
93
Naquele momento, o Brasil vivia carência de mão-de-obra devido à alforria dos
escravos e o Japão passava por tensões sociais e econômicas.
Fazendas ituanas foram o destino de muitos japoneses, que apresentaram
grandes dificuldades de adaptação à nova terra, das más condições de trabalho ao
idioma indecifrável e permaneceram no trabalho rural por pouco tempo. Logo após
um ano, os imigrantes partiram para outras localidades, em busca de melhores
oportunidades.
As famílias que permaneceram ou chegaram a Itu em outros fluxos migratórios,
procuram afirmar a identidade étnica e cultural através do relacionamento e
integração com seus pares.
Mesmo informalmente, os japoneses da região se reuniam em residências e
organizavam eventos para preservação das tradições milenares japonesas. Culinária
típica, rituais trazidos pelos imigrantes ao Brasil, filosofias e seitas religiosas ainda são
preservadas no município. Os conhecimentos foram preservadas devido à manutenção
de festas familiares, nas ocasiões comemorativas. Com o aumento das famílias, as
comemorações passaram a ser realizadas em clubes e fazendas. Alguns, ainda
preservam o hábito de realizar festas alternando casas de familiares, iniciando sempre
pelos mais idosos.
Em 1954, nasce em Itu o primeiro grupo de japonese em forma de associação,
o Simboku-kai, representada pelos chefes de família, com o objetivo de promover
eventos, festejarem as datas significativas, dançar, cantar e assistirem filmes
japoneses, tão raros na época.
Em 1963, talvez com o mesmo objetivo do Simboku-kai, é criado o Seinen-kai
por iniciativa de alguns jovens que congregaria somente solteiros para a prática de
esportes, passeios em grupo, promover gincanas etc. Com isso é fundada a ANBI –
Associação Nipo Brasileira de Itu, que trouxe vários eventos poliesportivos jovens das
cidades vizinhas: Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Limeira.
Em 1986, por iniciativa do grupo Simboku-kai, é requerido junto a Prefeitura de
Itu a área de um terreno, onde pudessem instalar sua sede social. A doação foi
realizada, e devido à necessidade legal foi criada a ACENDI – Associação, Cultural,
Esportiva Nikkey de Itu, sucesso da ANBI.
94
A Associação Cultural e Esportiva Nikkey de Itu (ACENDI) foi fundada
oficialmente em 1987, promove apresentações artísticas tipicamente japonesas e
estimula encontros entre a comunidade a fim de garantir sua união da comunidade e a
livre manifestação da cultura e traduções japonesas no município. A Associação
mantêm Departamentos específicos para promoção das atividades: Karaokê, Gateball
feminino, sumô, teatro, danças típicas, curso de japonês, e undo-kay (gincana
poliesportiva). (ESTRADA, 2003).
A Festa Japonesa é um evento que acontece desde o ano de 2010, e é
idealizado pela comunidade nipônica. Durante todo o evento, a cultura japonesa é
apresentada através das comidas, bebidas, músicas e danças, além de demonstrações
de artes marciais e decoração no estilo oriental.
O registro das atividades promovidas pelos nisseis, sanseis e demais
descendentes dos japoneses, no Plano Municipal de Cultura, certamente contribuirá
para a manutenção e divulgação da cultura oriental, incluindo questões específicas da
comunidade nas políticas públicas do Município.
Imigrantes provenientes de outros países aqui chegaram e miscigenaram sua
cultura à forma de viver local. Todas essas contribuições podem e devem constar das
preocupações do Conselho de Cultura e do Poder Público local. Independentemente
do volume de descendentes, o Plano de Cultura garantirá espaço para as
manifestações originadas das mais diferentes etnias, propondo e apoiando as
iniciativas propostas pelas comunidades de descendentes de imigrantes estabelecidos
no Município.
5.9. Terceiro Setor
As transformações no mercado e na sociedade brasileira verificadas nos últimos
anos conduziram a uma redistribuição dos papéis de cada ator social no alcance do
bem comum, onde, progressivamente, a sociedade civil organizada assumiu novas
responsabilidades pela proteção e defesa de direitos, antes inseridas na órbita
exclusiva do Estado (Primeiro Setor) e da Empresa Privada (Segundo Setor).
Um novo tipo de sociedade surgiu no Brasil, principalmente a partir da década
de 90, o chamado Terceiro Setor, que reúne as organizações da Sociedade Civil,
compondo, assim, com mais clareza as três esferas relativamente autônomas da
95
realidade social. Nesta nova realidade, as ONGs (organizações não governamentais),
OSs (organizações sociais) e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público) são, entre outros, agentes da sociedade civil, cada vez mais capazes de
assumir, em parceria com Governo e Empresas, o cuidado pelas questões de interesse
do bem comum, atuando onde antes predominava o Estado. O Terceiro Setor é
constituído por organizações filantrópicas, sem fins lucrativos e não governamentais,
que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. É importante diferenciar de
uma associação de bairro ou um clube que auxilia seus próprios associados ou uma
entidade de auxílio às pessoas carentes de determinado bairro.
São consideradas como terceiro setor as instituições privadas e sem fins lucrativos. Elas foram assim designadas por não se enquadrarem no primeiro setor, como são chamados os órgãos do Estado e nem no segundo, representado pelo mercado. Os dois principais critérios que definem uma organização como terceiro setor são que elas não visam lucro, e não são dirigidas por nenhuma instância do Estado; embora ela possa realizar parcerias tanto com o Estado como com o mercado.
O Terceiro Setor não substitui o Estado ou as Empresas em suas
responsabilidades, e sim, deve atuar em parceria com eles sempre que for necessário
ao desenvolvimento humano e social.
No Brasil, o Terceiro Setor é regulamentado pela Lei 9.790/99, que institui a
chamada Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) – conhecido
como marco legal do Setor – e, regulamenta as relações entre Estado e Sociedade Civil
no país.
Na prática, esta lei se propõe a distribuir o poder antes concentrado apenas no Estado, permitindo às populações, através de suas organizações, também influir nas decisões públicas e alavancar novos recursos ao processo de desenvolvimento do país.
Em 2009, a Câmara de Vereadores da Estância Turística de Itu, com o objetivo
de produzir e difundir conhecimento realizou a 1ª Edição do Fórum Permanente do
Terceiro Setor. A missão da ação era reunir representantes do poder público,
entidades sociais, empresários e assim fomentar discussões em torno da temática,
96
orientando todos os envolvidos, gerando a estruturação do setor na região e
potencializando o seu desenvolvimento.
Tendo como público-alvo os profissionais que atuam direta ou indiretamente
em entidades sociais, empresários interessados em realizar doações com ou sem
dedução fiscal e representantes do poder público. O Fórum Permanente do Terceiro
Setor chegou a sua 3ª Edição em 2011, contando com a participação de mais de 30
entidades e discutindo assuntos como as Leis de Incentivos Fiscais, Lei Rouanet/PROAC
– Programa de Ação Cultural e Programas sociais Governamentais, Empresariais e de
Entidades Sociais.
Assim, o Plano Municipal de Cultura de Itu, através de um Programa Estratégico
visa fornecer subsídios para o desenvolvimento de entidades do Terceiro Setor do
município, principalmente as que atuam a favor da democratização dos espaços e
ações culturais, inclusão social e da diversidade cultural.
Em seguida, elencamos entidades do chamado Terceiro Setor, em atividade
atualmente no município. Esclarecemos que as entidades mencionadas tratam-se de
organizações que contemplam em seus estatutos objetivos voltados ao incentivo e
promoção das atividades culturais em Itu.
Associação Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios de Itu
O Projeto baseia-se em uma formação inspirada na liberdade, na dignidade e
na solidariedade humana, que tem como horizontes: o desenvolvimento integral do
ser humano e seu envolvimento em questões de ordem social e ecológica; o acesso
aos bens culturais construídos pela humanidade; a proteção e a promoção do
patrimônio histórico e artístico, material e imaterial; o respeito às diferenças culturais,
étnicas, e religiosas; o exercício da conscientização e da participação cidadã; e o acesso
a fontes diversas de informação.
Atende a adolescentes, na faixa etária de 14 a 18 anos incompletos, de famílias
em situação de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, promovendo o aumento de
sua autoestima e a melhoria da sua qualidade de vida. É executado de forma
continuada, permanente e planejada, concedendo gratuitamente benefícios de
proteção social básica a seus atendidos; capacita através de serviços socioassistenciais
e de uma proposição pedagógica visando o preparo de sua inclusão produtiva e
97
consequente geração de renda, na área da construção civil (carpintaria, marcenaria,
pintura e alvenaria) voltada para restauração, preservação e revitalização do
Patrimônio Histórico-Cultural; oferece a esse público alvo a oportunidade de participar
do mercado formal de trabalho representado pelas atividades de restauração,
preservação e revitalização dos 235 imóveis históricos de Itu tombados pelos órgãos
de preservação do Patrimônio Histórico, e 32 fazendas históricas dos séculos XVIII e XIX
existentes no município.
O Projeto Oficina Escola de Itu faz parte do Plano Diretor de Itu (Lei
Complementar 770/2006, Artigo 40, Inciso XII)), foi declarado de Utilidade Pública
Municipal pela Lei Municipal 901/2007, e está cadastrado no SICONV (Sistema
Nacional de Gestão de Convênios) desde 2.010 o que lhe permite participar de
programas e verbas do Governo Federal.
O Projeto Oficina Escola de Itu tem convênios assinados com a Prefeitura de
Santana de Parnaíba, com a FADITU e com a FATEC-ITU para o desenvolvimento
sustentável de suas atividades.
Rotary Club de Itu
Fundado em 1946 (Clube Nr.6730 - Distrito 4310), o Rotary é uma organização
de abrangência global, que congrega profissionais das mais diferentes áreas e que tem
por missão fazer com que estas pessoas prestem serviços humanitários, fomentem um
elevado padrão de ética entre todas as profissões e busquem o estabelecimento da
paz e da boa vontade em todo o mundo.
O Rotary Club é a unidade estrutural básica da organização. Nesta agremiação
os membros se reúnem uma vez por semana para discutir e avaliar projetos em
andamento, receber e passar informações, trocar experiências profissionais e se
confraternizar, sempre em consonância com diretrizes pré-estabelecidas, as quais
buscam o cumprimento missão Rotariana.
Tem como objetivos:
a) desenvolver o companheirismo como elemento capaz de proporcionar
oportunidades de servir;
b) reconhecer o mérito de toda a ocupação útil e difundir as normas da ética
profissional;
98
c) melhorar a comunidade pela conduta de cada um na sua vida profissional,
social e particular;
d) aproximar profissionais de todo o mundo, visando à consolidação das boas
relações, cooperação e paz entre as nações.
Lions Clube
Lions Clubs International é a maior organização internacional de clubes de
serviço do mundo, voltada para serviços humanitários, fundada por Melvin Jones. Seus
membros, denominados como "Companheiro Leão" ou "Companheira Leão" são
associados aos Lions Clubes espalhados pelo mundo.
São aproximadamente 1,4 milhão de homens e mulheres realizando exames de
vista e de saúde, construindo parques, apoiando hospitais oftalmológicos, concedendo
bolsas de estudo, auxiliando jovens, distribuindo cestas básicas, dando apoio a
entidades filantrópicas, fornecendo ajuda em momentos de catástrofes, entre outras
atividades. Atualmente, existem mais de 46.000 Lions Clubs espalhados por 206 países
do mundo.
O Lions Clube de Itu, fundado em 23 de outubro de 1960, conserva
características regionais. Porém, orienta-se pelo mesmo ideal: A comunidade é o que
fazemos dela.
Busca atender às necessidades específicas da comunidade local, através da criação de
projetos humanitários voltados para o desenvolvimento social. Atuam nas áreas de
prevenção e saúde pública, na doação de equipamentos médicos como cadeiras de
rodas, de banho ou camas hospitalares. Atua ainda, no auxílio às vítimas de eventuais
catástrofes. Entre os seus objetivos, figura a promoção do interesse ativo pelo bem-
estar cívico, cultural, social e moral da comunidade.
Organiza programas juvenis oferecendo aos jovens da cidade uma
oportunidade de desenvolvimento pessoal através do voluntariado. Incentiva seus
integrantes à prestação de serviços à comunidade, sem recompensa financeira
pessoal, além de promover fórum para discussão aberta de todas as questões de
interesse público.
99
Familiares e Amigos da Saúde Mental (Fasam)
A FASAM – Familiares e Amigos da Saúde Mental, fundada em 25 de fevereiro
de 1992 no município de Itu e com filial em Salto, é uma pessoa jurídica de direito
privado, sob a forma de associação civil, sem finalidades econômicas ou lucrativas, de
natureza beneficente, filantrópica e assistencial em sentido amplo, sem vínculos
político-partidários (Artigo 1o. do Estatuto Social Consolidado Vigente).
Organização social com foco em resultados, credenciada e reconhecida em todas as
esferas públicas. Busca a expansão e consolidação de seu modelo de atuação a serviço
da Diversidade & Inclusão Social.
Tem como missão oferecer serviços sócio assistenciais gratuitos de acolhimento
e convivência comunitária, promovendo a Saúde Mental na sociedade em geral. Sua
meta é ampliar sua visibilidade e parceiros como um case de sucesso sustentável
nacionalmente, transformando-se em referência nacional em Diversidade & Inclusão
Social no segmento do terceiro setor.
O impacto social de suas ações ao longo de sua trajetória já beneficiou mais de
1.700 pessoas, com 93.775 atendimentos gratuitos. São oferecidos serviços 100%
gratuitos, preventivos, de acolhimento e caráter sócio-assistencial-educativo-
psicológico-cultural a sociedade em geral, através de programas, projetos e diversas
atividades para atender nosso público alvo, constituído por crianças, adolescentes,
jovens, adultos, idosos, pessoas com ou sem deficiência e seus familiares,
prioritariamente em vulnerabilidade social.
Sua relação com a Cultura iniciou-se em 2003, quando foi escolhida para sediar
o projeto Guri, então uma ação de política pública do governo do estado de SP.
Reconhecida a sua eficácia na condução de sua missão, a FASAM incorporou a Cultura
em sua programação de atividades normais e contínuas. Manteve a sua relação com as
linguagens eruditas do projeto Guri e agregou o diálogo entre as chamadas culturas
erudita e popular. Inseriu a Cultura Indígena e a Cultura Afro e foi, em 2007,
pioneiramente na região de Sorocaba, conveniada, por meio de edital público, como
Ponto de Cultura no programa federal Cultura Viva. Com a temática da diversidade -
tanto a humana quanto a cultural -, produziu nos últimos anos dois espetáculos (
Música Para Todos os Especiais e Festejos da Inclusão, este último vencedor do prêmio
100
Areté do Ministério da Cultura) e está, no decorrer deste ano de 2011, produzindo um
novo, desta feita com a temática do meio ambiente.
Saci
Inaugurada em 1961, a Sociedade de Amigos de Itu vem buscando ajudar a
cidade em suas maiores necessidades. As principais características de seus associados
é amor por Itu e a disposição em se dedicar a projetos nas mais variadas áreas –
cultura, educação, saúde, civismo, conservação de patrimônios e outros.
Ao longo s de décadas, a SACI vem promovendo diferentes atividades culturais, com o
objetivo de divulgar o artista ituano e sua produção.
Instituto Cultural Itu
O Instituto Cultural de Itu foi criado a 2 de fevereiro de 1999 com o objetivo de
desenvolver propostas de ação cultural em Itu. É formado por especialistas nas áreas
de Patrimônio Cultural, Música, Educação, Psicologia Social e História.
Está estabelecendo parcerias com entidades culturais da cidade, a fim de fortalecer,
juntamente com outros grupos, o desenvolvimento cultural da comunidade ituana. Em
2007 criou o Museu da Música – Itu. Em 2008 realizou o encontro “Patrimônio Cultural
de Itu – Diálogo 2008”. Em 2009 propõe-se, em parceria com outras entidades ituanas,
a desenvolver um abrangente Inventário Cultural de Itu.
Centro Educacional Madre Maria Teodora
A SIPEB – Associação de Instrução Popular e Beneficência, mantenedora do
Centro de Educação Madre Teodora, foi fundada em 16/06/1911. No entanto, sua
origem remonta ao século XIX, pelo trabalho das Irmãs de São José de Chambéry
(França), no Estado de São Paulo. O Projeto Criança Feliz o Centro de Educação Madre
Teodora atende crianças e adolescentes em situação de risco ou vulnerabilidade social,
afetadas pelo desemprego e outros problemas sócio familiares. Essas crianças moram
em diferentes bairros da periferia de Itu e frequentam o Projeto no período
extraescolar. O objetivo é prevenir e evitar sua permanência nas ruas, oferecendo duas
refeições diárias para cada criança nos períodos da manhã e tarde, com atividades que
visam desenvolver sua formação integral: complementação pedagógica, higiene e
101
promoção da saúde, leitura e consulta na biblioteca, artes, histórias, canto, festas
comemorativas, recreação, brinquedos livres, passeios, vídeos educativos, exercícios
para a educação da liberdade responsável e da cidadania, esporte e lazer, tae-kwon-
do, plantão psicológico, danças circulares, danças e coreografias, dinâmicas de
relaxamento, dramatização, gincanas, jogos e torneios, artesanato, atividades com
sucata e reciclagem, iniciação digital, aulas de desenho, dobradura, educação
ambiental e aulas de violão.
Associação Teatro Maestro Eleazar de Carvalho - ASSATEMEC
Fundada no ano 2000 por um grupo de cidadãos ituanos, preocupados com o
vácuo cultural deixado pela ausência do Maestro Eleazar de Carvalho e seu “Festival de
Artes de Itu”, a entidade é formada por uma diretoria de voluntários, que se propôs a
criar uma Escola de Música Erudita, destinada ao atendimento de jovens e crianças
provenientes de famílias de baixa renda.
Dedicou-se também ao objetivo de construir um teatro, indo ao encontro ao
anseio da população da cidade, ainda sem espaço adequado para apresentações
artísticas.
As aulas foram iniciadas com 2 violinos e 12 flautas doces (ou seja 14 alunos) em salas
emprestadas pela CEUNSP. Em 2002 a Escola mudou-se para o atual prédio onde
funciona o Teatro TEMEC no andar superior em condições precárias, com 48 alunos
matriculados.
No ano de 2005, foi inaugurado o teatro TEMEC, com uma plateia de até 300
pessoas, palco 70m² em terreno cedido em comodato pela Prefeitura da Estância
Turística de Itu, sem uso do erário publico, somente com doações particulares.
A Escola conta atualmente conta com cerca de 200 alunos e um acervo de mais 200
instrumentos.
Somente em 2010, passaram pelo Teatro TEMEC, mais de 50 companhias de
espetáculos variados: 11 concertos didáticos para escolas publicas em geral, 33
concertos para o publico em geral, aproximadamente 7.000 horas/aulas/ano
ministradas, 270 horas/ensaio/ano.
102
Em 2010 a entidade promoveu 1º Curso de Música de Itu, contratando 10
professores, 1 Regente, contanto com 78 bolsistas de Itu e do interior do estado de
São Paulo.
A entidade tornou-se um polo cultural promovendo grande quantidade de
eventos culturais, ao alcance de todos.
ASSATEMEC compõem-se atualmente de:
OFI – Orquestra Filarmônica de Itu;
OP – Orquestra Preparatória;
BEC – Banda Eleazar de Carvalho;
“Enarmônicos” - Camerata de Cordas;
4 grupos de câmara (cordas, metais madeiras)
Academia Ituana de Letras – Acadil
A Academia Ituana de Letras (ACADIL), fundada em 27 de julho de 1992, é uma
sociedade civil de caráter cultural, com duração ilimitada e com sede e domicilio na
cidade de Itu, Estado de São Paulo. Compõe-se de 40 (quarenta) Acadêmicos Efetivos,
dos quais 21 (vinte e um) pelo menos, residentes no Município de Itu, eleitos de
acordo com as disposições dos Estatutos.
A Academia Ituana de Letras tem por objetivo:
a) a pesquisa, o estudo e a divulgação das letras, em seus variados aspectos,
dando ênfase especial às produções referentes ao Município de Itu e região;
b) promover palestras ou conferências, cursos, seminários, simpósios, excursões
e encontros de intelectuais, destinados a contribuir para o aprimoramento
cultural da sociedade;
c) divulgar a vida e as obras dos Patronos das cadeiras acadêmicas e outros
notáveis da história de Itu, de São Paulo e do Brasil;
d) colaborar para a preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico
e Paisagístico do Município de Itu e região;
e) promover eventos para cultuar nomes ilustres da literatura e efemérides
significativas na área da cultura;
f) divulgar os trabalhos acadêmicos através da publicação de edição anual da
Revista da Academia;
103
g) solenizar o lançamento de livros dos Acadêmicos;
h) marcar presença em todas as comemorações cívicas, sociais, culturais e
religiosas para as quais recebe convites;
i) conceder títulos acadêmicos de sócios honorários e beneméritos;
j) realizar reuniões ordinárias mensais e reuniões extraordinárias, se convocadas;
k) realizar Confraternização Anual, em caráter social;
l) desenvolve atividades de apoio à produção e divulgação literária através de
calendário de eventos como: lançamentos de livros, homenagens a autores
consagrados, concursos literários, além da frequente participação da
Sociedade em eventos do calendário cultural do Município.
Biblioteca Comunitária
A Biblioteca Comunitária professor Waldir de Souza Lima está localizada em Itu
à Rua Floriano Peixoto, 238, centro. Suas atividades iniciaram-se em junho de 2007. O
espaço foi aberto oficialmente ao público no dia 29 de março de 2008.
As atividades de gerenciamento do acervo, que incluem desde o
processamento técnico até a circulação e atendimento ao público, são realizadas por
voluntários, contando atualmente com a participação de 13 pessoas que atendem a
350 associados.
O acervo conta atualmente com cerca de 15 mil obras, contemplando todos os
assuntos, em especial a literatura. Os destaques ficam para as coleções de cordel,
audiovisual (CDs, DVDs, LPs, fitas VHS e cassete) e o acervo de fanzines, um dos únicos
e maiores do Estado. O imóvel está cedido por empréstimo pelo proprietário, sem
cobrança de aluguel. A entidade não recebe nenhum repasse de verba, tanto da esfera
privada quanto da pública.
Além dos serviços de empréstimo, a Biblioteca Comunitária promove
exposições, saraus, exibições cinematográficas, oficinas de literatura e redação,
lançamentos de livros e apresentações musicais em parceria com artistas e entidades
locais e da região.
Em dezembro de 2008 a biblioteca foi uma das vencedoras do concurso Pontos
de Leitura, realizado pelo Ministério da Cultura. A premiação foi o recebimento de um
kit com acervo bibliográfico (cerca de 600 títulos), computador e mobiliário básico.
104
Além do reconhecimento do governo federal, o trabalho realizado pela entidade
também foi elogiado pela Câmara de Vereadores de Itu, através de uma moção de
congratulação aprovada por unanimidade.
Associação dos Amigos da Biblioteca Municipal “Prof. Olavo Valente de Almeida“
A Associação é entidade de utilidade pública, reconhecida por lei, em
funcionamento desde 2010. Tem como principal objetivo colaborar com o
desenvolvimento das atividades realizadas na Biblioteca Pública Municipal “Prof. Olavo
Valente de Almeida”, através da gestão de projetos de desenvolvimento de acervos,
infraestrutura e modernização dos espaços, mobiliário e equipamentos. Durante seu
período de atuação, a Sociedade contribuiu intensamente com o desenvolvimento das
coleções, agregando obras em braile, literatura de cordel e adquirindo autores
contemporâneos muito procurados pelos usuários.
Faz parte ainda das preocupações da sociedade, a ampliação do espaço físico, a
segurança dos acervos, o conforto dos usuários e atualização constante dos
equipamentos de informática e segurança. Para tanto, nos anos de 2008 e 2009, a
Sociedade somou esforços com o Poder Público para a construção de novas áreas
destinadas ao armazenamento de acervo e para recepção de usuários e pesquisa. O
espaço foi inaugurado como edifício anexo ao prédio histórico onde funciona a
Secretaria Municipal de Cultura.
ONG João de Barro
A ONG João de Barro é uma organização não governamental, criada em 25 de
Julho de 2008, através do projeto de lei nº 85/09. O espaço luta pela proteção,
conservação e recuperação do meio ambiente, utilizando a educação como principal
ferramenta.
Para erguer sua bandeira, a entidade conta com a participação de alunos de 06 a
65 anos, que promovem e participam de projetos – da entidade, públicos ou
particulares - voltados às causas ambientais. Além disso, a ONG conta com parcerias
com organizações como a S.O.S Mata Atlântica, Grupo de Escoteiros, Grupo de
Pioneiros, Secretaria do Meio Ambiente, Pastoral da Igreja Católica, entre outras.
105
O trabalho é realizado durante os cursos gratuitos oferecidos diariamente pelo
espaço (violão, teatro, dança de salão, técnica de canto, artes marciais, cabeleireiro,
inglês, espanhol, informática, instalação de alarmes, instalação de antenas parabólicas,
campanhas de reciclagem, campanhas de consumo consciente e campanhas de
arrecadação de resíduos de óleo), onde os estudantes aprendem sobre a
sustentabilidade e ao mesmo tempo o aperfeiçoamento da qualidade de vida.
O engajamento da ONG não se limita as paredes de sua sede. A entidade
também possui como missão monitorar, assessorar, criticar e cobrar ações de todo e
qualquer âmbito, que tenha relação ao meio ambiente. Assim como destacar pessoas
ou entidades que realizem ações em prol da melhoria, defesa ou recuperação da
mesma.
O espaço possui ainda como propostas de trabalho a conscientização de toda a
comunidade escolar da região, por meio de palestras, campanhas educativas,
mobilizações e atividades temáticas (lixo, lixo hospitalar, água, florestas, fogo, caça
ilegal, respeito aos animais, drogas, DST, respeito ao próximo, noções de saúde e
cidadania) promovidas com o apoio de órgãos como a Polícia Militar, o Corpo de
Bombeiros, a Vigilância Sanitária e a Zoonoses. Organiza anualmente um calendário
contendo atividades programadas mensalmente para divulgar o seu trabalho,
estimular a participação da comunidade em seus projetos e conscientizar sobre os
problemas da degradação do planeta.
Disponível em: http://ongjoaodebarroitu.blogspot.com/. Acesso em: 25 set. 2011.
União Negra Ituana - UNEI
A UNEI - União Negra Ituana, entidade que reúne diferentes grupos da
comunidade afrodescendente de Itu, desenvolve a mais de uma década, atividades
com objetivo de assegurar os direitos e interesses da população negra, combater o
racismo, preconceito, discriminação e qualquer forma de intolerância. Com uma
Diretoria de Cultura atuante, a UNEI desenvolve Oficinas Culturais de dança afro,
percussão, capoeira, confecção de bonecas negras, entre outros assuntos de interesse
da comunidade. Responsabiliza-se pela divulgação das datas de celebração e reflexão:
dia da morte de "Zumbi dos Palmares" e o mês da Consciência Negra.
106
No ano de 2011, iniciaram-se esforços para implantação da "CASA DA CULTURA
AFRO DE ITU", antigo projeto para resgate da Cultura Afro-Brasileira, tendo como
principais metas:
sistematizar ações culturais e educativas;
trabalhar com a autoestima do negro;
promover a inclusão do negro no mercado de trabalho;
informar sobre questões específicas da saúde da população negra;
oferecer cursos preparatórios para ingresso à universidade;
promover a inclusão social;
formar multiplicadores sociais;
envolver o governo, a sociedade civil, empresas e mídia no processo educativo
para inclusão de pessoas em situação de risco social.
O Projeto Casa da Cultura Afro de Itu atenderá às demandas previamente
identificadas, através do oferecimento de cursos e oficinas sobre Percussão (atabaque,
pandeiro, agogô, afoxé, xequerê, entre outros instrumentos típicos da cultura negra),
Dança-Afro e Capoeira Angola, além das oficinas de canto e teatro. O público alvo são
crianças, jovens, adultos e idosos que estão em risco social, negros e mestiços, da
cidade de Itu.
A Diretoria de Educação da UNEI tem por objetivo desenvolver um grupo de
estudos com os professores, das redes Municipais e Estaduais, para discutir sobre a Lei
nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática "HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA".
A UNEI realiza sistematicamente no mês de novembro, apresentações culturais
em escolas da Rede Pública Municipal e Estadual: Amarração de Roupa Afro, Dança
Afro, Jongo, Oficina de Bonecas Negras, Oficina de Hip-Hop. Há ainda projetos de
“Contação de Histórias” e oferecimento de Palestras aos professores sobre Arte
Africana. Ainda no mês de novembro, a Entidade organiza a Missa Afro, na Igreja de
São Benedito, evento que já ultrapassou fronteiras, estendendo-se para outros
municípios da região.
107
Em parceria com a FATEC e UNEAFRO, a Entidade iniciou, em 2011 o cursinho
pré-vestibular, com objetivo de auxiliar na capacitação de estudantes de escolas
públicas para acesso ao ensino universitário.
Faz também parte das preocupações da Entidade, a capacitação de agentes de Saúde e
da população em geral, sobre doenças específicas e de maior incidência na população
negra.
Acendi
Em 1954, nasce em Itu o primeiro grupo de japonese em forma de associação,
o Simboku-kai, representada pelos chefes de família, com o objetivo de promover
eventos, festejarem as datas significativas, dançar, cantar e assistirem filmes
japoneses, tão raros na época.
Em 1963, talvez com o mesmo objetivo do Simboku-kai, é criado o Seinen-kai
por iniciativa de alguns jovens que congregaria somente solteiros para a prática de
esportes, passeios em grupo, promover gincanas etc. Com isso é fundada a ANBI –
Associação Nipo Brasileira de Itu, que trouxe vários eventos poliesportivos jovens das
cidades vizinhas: Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Limeira.
Em 1986, por iniciativa do grupo Simboku-kai, é requerido junto a Prefeitura de
Itu a área de um terreno, onde pudessem instalar sua sede social. A doação foi
realizada, e devido à necessidade legal foi criada a ACENDI – Associação, Cultural,
Esportiva Nikkey de Itu, sucesso da ANBI.
A Associação Cultural e Esportiva Nikkey de Itu (ACENDI) foi fundada
oficialmente em 1987, promove apresentações artísticas tipicamente japonesas e
estimula encontros entre a comunidade a fim de garantir sua união da comunidade e a
livre manifestação da cultura e traduções japonesas no município. A Associação
mantêm Departamentos específicos para promoção das atividades: Karaokê, Gateball
feminino, sumô, teatro, danças típicas, curso de japonês, e undo-kay (gincana
poliesportiva). (ESTRADA, 2003).
Coletivo Roda Torta
A palavra coletivo relaciona-se há muitas coisas, ou pessoas. Logo, é
identificado com o social. O agrupamento de ideais provenientes de questões abertas,
108
que unidas se tornam o único grito de um todo. O Coletivo Roda Torta surgiu da
necessidade do ‘faça você mesmo’ na cidade de Itu. Ou seja, integrantes de bandas
independentes que se uniram para organizar seus próprios shows e manifestações
culturais. Apesar de criado em meados do mês de maio de 2011, o Roda Torta vem
conquistando espaço em meio à sociedade por proporcionar diferentes experiências.
O intercâmbio de bandas, a imersão em outros coletivos e o contato com
representantes governamentais fazem parte da missão do Roda Torta como coletivo,
aproximando a voz da minoria dos microfones, das mesas de debate e dos palanques.
Esse formato de união facilita a produção do comum de forma pública, e não privada.
Proporciona a troca de estratégias e táticas de resistência e autonomia entre os
envolvidos, além de potencializar a discussão saudável em diversas formas de artes.
Dentro do projeto, há uma particularidade que move cada um dos colaboradores, mas
como um todo. O Roda Torta é uma janela onde se podem expor pensamentos e artes
que ficaram trancados do lado de dentro do indivíduo. Sufocados por nós de gravatas
e que só precisam de oportunidade para galgar espaço, abrir a porta e invadir o mundo
de forma construtiva provando que liberdade e responsabilidade podem andar lado a
lado coletivamente.
5.10. Espaços Públicos de Cultura
Espaço Cultural Almeida Junior
A sede da Secretaria Municipal de Cultura é o edifício hoje chamado de Espaço
Cultural Almeida Júnior. Neste majestoso sobrado estão abrigados a Biblioteca Pública
Municipal, a Discoteca Newton Costa, o Museu de Arte Sacra, a Pinacoteca Almeida
Júnior, composta de réplicas de obras do pintor ituano, salas para leitura, pesquisa,
mostras temporárias, recitais, cursos, palestras e encontros culturais.
O sobrado é tombado pelo órgão de preservação estadual – CONDEPHAAT. Em
tempos coloniais nele existiu a casa do famoso bandeirante Pedro Leme da Silva e de
seus filhos João e Lourenço Leme. Em meados do século 19 o abastado fazendeiro
Bento Paes de Barros, capitão-mor de Itu e grande produtor de café, mandou construir
uma nova casa, originalmente térrea. Pelos serviços relevantes prestados à vila, depois
cidade de Itu, em 1846 ele foi agraciado pelo imperador Pedro II com o título de Barão
109
de Itu. Pouco tempo residiu na casa, pois faleceu no mesmo ano de sua inauguração,
em 1858. Em 1880, já no final do segundo reinado, o casarão foi vendido para o
fazendeiro, político e advogado Francisco Emigidio da Fonseca Pacheco, que mandou
construir o pavimento superior para abrigar sua família. Já no final do século19 o
governo republicano de São Paulo comprou o sobrado, mandou executar reformas e,
em 1896, nele instalou o Grupo Escolar Cesário Motta, um dos primeiros do estado.
Em 1989, quando o Grupo Escolar pioneiro já funcionava em outro local, o
sobrado recebeu a denominação de Espaço Cultural Almeida Júnior, em homenagem
ao notável pintor ituano.
Biblioteca Cid Rocha
A Biblioteca Cid Rocha está instalada no centro administrativo do Bairro Cidade
Nova, no Pirapitingui. Além das áreas de acomodação do acervo, atendimento e
leitura, estão disponíveis um pequeno auditório, espaços abertos e cobertos para
exposições e o grande pátio de estacionamento, que é utilizado para espetáculos ao ar
livre. A denominação da biblioteca presta homenagem a Cid Rocha, que foi professor,
jornalista, contista e poeta de notável sensibilidade. Nascido em Itu em 28 de maio de
1926, era filho do jornalista José Rocha e de Maria Bettinelli Rocha. Cid Rocha exerceu
diversos cargos entre eles o de professor, secretário do Conselho Municipal de Cultura
e Conselheiro da Sociedade de Amigos de Itu (SACI), da qual foi um dos fundadores.
Lecionou nas escolas Regente Feijó e Antonio Berreta. Dirigiu e colaborou com
diversos jornais, entre eles Itu, Força Nova, Folha da Tarde, Periscópio e A Federação.
Promoveu inúmeros eventos culturais e publicou numerosos trabalhos literários,
tendo deixado muitos inéditos. Cid Rocha morreu em 3 de julho de 1988.
Casa da Arte
Localizada na Rua Belém, Bairro Brasil, dispõe de instalações para pequenas
classes de cursos de música instrumental, desenho e pintura. A Casa da Arte é contígua
ao terreno do TEMEC – Teatro Escola Maestro Eleazar de Carvalho, cedido por
comodato a ASSATEMEC (sua mantenedora), que a utiliza para seus cursos de música
instrumental.
110
Auditório do CAM
Eventos culturais para maior público como recitais, concertos de música de
câmera, conferências, encontros e seminários, são realizados no auditório do Centro
Administrativo Municipal, sede da Prefeitura da Estância Turística de Itu.
Praças e Jardins
A Secretaria Municipal de Cultura realiza eventos nas três praças do “centro
histórico”: Praça da Independência (Largo do Carmo), Praça Padre Miguel (Largo da
Matriz) e Praça Anchieta (Largo do Bom Jesus). O Festival de Artes de Itu programa
anualmente atividades para as três praças, e os concertos dominicais das Bandas de
Música da cidade ou Bandas convidadas são realizados na “Tenda da Matriz” ou no
coreto da Praça Padre Miguel.
111
6. PROGRAMAS ESTRATÉGICOS
Os Planos Municipais, Estaduais e Nacional de Cultura são peças fundamentais
para a consolidação das políticas públicas culturais, no processo de implementação do
Sistema Nacional de Cultura.
O Conselho Municipal de Cultural de Itu, através da participação de seus
Conselheiros e convidados realizou um diagnóstico, com o objetivo de identificar a
atual conjuntura de atuação das diversas áreas culturais na cidade, além de apontar os
desafios a serem enfrentados em cada área. O Plano é uma ferramenta capaz de
fortalecer institucionalmente as políticas culturais do município, com a participação da
sociedade.
A III Conferência Municipal de Cultura de Itu, realizada no mês de novembro de
2011, teve como atribuições discutir os dez Diagnósticos realizados (Economia da
Cultura, Música, Artes Cênicas, Literatura e Bibliotecas, Artes Visuais e Áudio Visual,
Patrimônio Arquitetônico, Atividades Artesanais de Expressão Local, Diversidade
Étnico-Cultural, Terceiro Setor e Espaços Públicos Municipais), para posterior definição
de seus Programas Estratégicos contendo programas, projetos e ações de curto, médio
e longo prazo da gestão cultural da cidade.
A partir do material oferecido e discutido na Plenária da III Conferência de
Cultura, foi possível estabelecer as estratégias para a política cultural do município de
Itu, como se seguem.
6.1. Diretrizes Gerais
A partir dos conceitos da política cultural fornecidos pelo Sistema Nacional de Cultura,
dos recursos disponíveis, dos diagnósticos e desafios apontados para cada área
cultural da Estância Turística de Itu, as Diretrizes Gerais definem a linha das políticas
públicas de cultura e as questões centrais a serem respondidas pelos planos,
programas, projetos e ações dos cinco Programas Estratégicos do Plano Municipal de
Cultura.
112
Diretrizes:
a) Contribuir para a implementação de políticas públicas de cultura em âmbito
sistêmico, divulgando e cumprindo todos os compromissos e recomendações
do Ministério da Cultura.
b) Participar ativamente do processo de construção do Sistema Nacional de
Cultura, priorizando a estruturação e implementação do Sistema Municipal de
Cultura de Itu.
c) Implementar, em nível local, as diretrizes do Plano Nacional de Cultura.
d) Fortalecer o pacto federativo atuando de forma integrada e complementar com
os Governos Estadual e Federal.
e) Incorporar as políticas públicas de cultura ao processo de desenvolvimento do
município de Itu, considerando os princípios que norteiam o Sistema Nacional
de Cultura.
f) Garantir, no orçamento municipal, os recursos públicos para a cultura e garantir
a ampliação destes recursos através de parcerias institucionais e patrocínios
empresariais.
g) Consolidar o papel da cultura como um importante vetor de desenvolvimento
do município, atuando conjuntamente com outros órgãos governamentais, o
setor privado e a sociedade civil.
h) Reforçar a dimensão econômica da cultura e a centralidade da cultura como
fator de desenvolvimento na sociedade contemporânea.
i) Avançar no processo de democratização da gestão cultural do município, com a
consolidação do Conselho Municipal de Política Cultural e implantação de
113
Fóruns Permanentes, Plenárias e demais iniciativas que permitam ampla
participação da sociedade civil.
j) Realizar, regularmente, as Conferências Municipais e participar ativamente das
Conferências Estaduais e Nacionais de Cultura.
k) Participar ativamente dos debates e da formulação das políticas públicas de
cultura nos diversos fóruns e articulações institucionais estaduais e nacionais.
l) Atuar de forma transversal com as áreas do turismo, educação, planejamento
urbano, meio ambiente, segurança pública e desenvolvimento econômico e
social.
m) Democratizar e descentralizar as ações, atuando em todas as regiões do
município.
n) Fomentar ações direcionadas para implementação de políticas públicas de
cultura de forma sistemática e permanente, onde os eventos sejam parte
integrante de um processo e não ações pontuais e isoladas.
o) Implementar políticas que valorizem a informação, a formação e a
profissionalização da cultura como construção da cidadania.
p) Incentivar e fortalecer todas as manifestações da cultura local, e promover o
intercâmbio cultural em nível local, microrregional, regional e nacional,
valorizando a multiculturalidade de Itu e promovendo um amplo diálogo
intercultural.
q) Promover a inserção da cidade de Itu em eventos culturais microrregionais,
regionais e nacionais, estabelecendo convênios de cooperação e intercâmbio
cultural com outras cidades da região e apoiando a participação de produtores
culturais locais em programas do governo do Estado e governo Federal.
114
r) Ampliar os equipamentos culturais do município, cuidando igualmente dos
espaços, tanto das suas estruturas físicas quanto da implementação de
programação que contemple as mais diversas áreas e manifestações culturais
do município.
6.2. Programas Estratégicos
Os Programas Estratégicos do Plano Municipal de Cultura da Estância Turística de Itu
agrupam tematicamente todos os planos, programas, projetos e ações de curto, médio
e longo prazo da gestão cultural do município, no horizonte dos próximos dez anos
(2012 - 2021).
PROGRAMA ESTRATÉGICO 1 - Gestão pública, democrática e descentralizada da
cultura
Objetivo:
Modernizar e democratizar a gestão da cultura do município de Itu, implantando o
Sistema Municipal de Cultura, promovendo a participação dos diversos segmentos
envolvidos com a cultura no Município, otimizando os equipamentos culturais e
valorizando os servidores.
Sistema Municipal de Cultura
a) consolidar a implantação do Sistema Municipal de Cultura, através de Lei Municipal,
integrado ao Sistema Nacional de Cultura, como instrumento de articulação, gestão,
informação, formação e promoção de políticas públicas de cultura com participação e
controle da sociedade civil. O Sistema Municipal de Cultura do município de Itu é
constituído pela Secretaria de Cultura, Conselho Municipal de Política Cultural;
Conferência Municipal de Cultura, Plano Municipal de Cultura, Fundo Municipal de
Cultura;
b) Implantar e acompanhar o Plano Municipal de Cultura;
115
c) regulamentar e implementar o Fundo Municipal de Cultura, através da criação de
uma Lei Municipal de Incentivo à Cultura, assegurando na Lei Orçamentária Anual do
Município recursos para projetos culturais aprovados;
d) consolidar o Modelo de Gestão Compartilhada, democratizando as decisões e dando
maior agilidade e eficácia à gestão;
e) consolidar a participação do Conselho Municipal de Política Cultural e da
Conferência Municipal de Cultura, na gestão cultural do município de Itu;
f) realizar, bienalmente, a Conferência de Cultura de Itu, para debater e propor
princípios e diretrizes para a política cultural do município, com representações dos
vários segmentos culturais;
g) realizar, semestralmente, plenárias para acompanhamento das ações do Plano
Municipal de Cultura;
h) fortalecer e consolidar o Conselho Municipal de Política Cultural com composição
paritária governo e sociedade civil, para propor, formular, fiscalizar e acompanhar a
execução das políticas municipais de cultura;
i) elaborar, juntamente com o Conselho Municipal de Política Cultural, no prazo de um
ano após a aprovação do Plano Municipal de Cultura, um cronograma de implantação
dos planos, programa, e projetos e ações, previstos neste plano, para apresentação à
população.
j) garantir, na implementação do Plano Municipal de Cultura, sua transversalidade,
envolvendo as Secretarias Municipais de Cultura, Turismo, Educação, Meio Ambiente,
Transporte, Segurança Pública e Desenvolvimento Social;
k) transformar a cultura em vetor de desenvolvimento econômico do município e
promover a inclusão social.
Gestão Democrática Institucional da Cultura
a) fortalecer a Secretaria de Cultura, com uma estrutura organizacional capaz de
viabilizar a implementação da política cultural com maior autonomia à gestão dos
equipamentos culturais do município como unidades vinculadas diretamente ao
gabinete do Secretário;
b) Integrar e trabalhar a política cultural de forma transversal com as diferentes
Secretarias do Município (Educação, Esporte, Finanças, Meio Ambiente, Promoção e
116
Desenvolvimento e Social, Saúde, Segurança Pública, Turismo) na execução do
planejamento e implementação da política pública para a cultura, garantir sua
participação efetiva nos planos, programas e projetos; apoiar e propor iniciativas que
promovam o desenvolvimento de uma transculturalidade, proporcionando a
experimentação e o encontro entre artistas de diversas linguagens, como a realização
anual do Festival de Artes de Itu;
c) firmar acordo técnico entre as Secretarias Municipais de Cultura, Turismo, Educação,
Promoção e Desenvolvimento Social e Finanças, visando à criação de uma política de
valorização cultural da comunidade através de um calendário de eventos unificados,
com destaque aos eventos de grande porte. Esta ação é fundamental para a
valorização da cultura local e constitui-se num fator determinante para o
desenvolvimento do turismo cultural, especialmente numa cidade com a riqueza e a
diversidade cultural de Itu;
d) intensificar a parceria com as demais Secretarias e órgãos da Prefeitura, e
instituições, como SEBRAE, SESC, SENAI, universidades, entidades do Terceiro Setor,
instituições religiosas, órgãos governamentais em nível estadual e federal, e empresas
públicas e privadas;
e) ampliar as parcerias com espaços privados: Plaza Shopping, Fábrica São Luís,
Auditório da Igreja Matriz de N. S. da Candelária, Teatro São Domingos, Espaço Dante
Alighieri, entre outros;
f) assegurar que a Secretaria de Turismo de Itu participe das discussões e tenha
conhecimento sobre a grade de programação cultural da cidade;
g) constituir uma Comissão de Cultura com representatividade na Câmara de
Vereadores;
h) assegurar a participação do Conselho Municipal de Política Cultural na deliberação
sobre os projetos encaminhados à Secretaria de Cultura;
i) fortalecer os encontros e as reuniões públicas promovidas pelo Conselho de Cultura,
para discussão e avaliação das políticas e ações culturais do município que incluam
questões como: memória, formação, divulgação, exibição, incentivo, pesquisa,
intercâmbio, organização, descentralização, geração de renda, acesso, parcerias, entre
outras;
117
j) apoiar o Conselho de Defesa do Patrimônio, no mapeamento do patrimônio material
e imaterial de Itu, com vistas à ampliação, consolidação e divulgação do Cadastro
Cultural;
k) participar ativamente das Conferências, Fóruns e Articulações Institucionais a nível
Regional e Estadual, contribuindo para a formulação das políticas públicas de cultura e
inserção da produção local nas redes culturais;
l) estimular a articulação com outras redes regionais, promovendo o intercâmbio
cultural e a troca de experiências de gestão, divulgação cultural, comercialização de
produtos, entre outros;
m) garantir a representação do município em feiras culturais estaduais e nacionais;
n) desenvolver, em ação conjunta das Secretarias de Cultura e de Turismo, política de
valorização das expressões e manifestações da cultura popular tipicamente locais, com
programa de apoio ao desenvolvimento dessas atividades, assegurando-lhes presença
na programação oficial anual e em diferentes espaços públicos de cultura, garantindo-
lhes a preservação, visibilidade, reconhecimento, continuidade e consequente
salvaguarda desses bens (a exemplo das festividades da Semana Santa, que inclui o
tradicional estouro do Judas);
o) fomentar e incentivar a criação de redes e cooperativas, segundo as especificidades
dos diversos segmentos artísticos em Itu;
p) garantir que os órgãos gestores apresentem, anualmente, relatórios das atividades,
para avaliação nas instâncias de controle social;
q) promover ações de reconhecimento, através de contatos com órgãos de
tombamento em nível estadual e federal, dos bens culturais (materiais e imateriais) do
município de Itu, bem como consolidar ações de salvaguarda, em parceria com o
Governo Federal, Governo Estadual e iniciativa privada.
Medidas de estímulo cultural
a) incentivar o surgimento de novos artistas e produtores culturais, especialmente, no
que tange às expressões locais;
b) estabelecer critérios de seleção de produtores culturais para eventos a serem
incluídos nas programações dos espaços administrados pela Secretaria, definidas
através de curadoria e de seleção conjunta com o Conselho Municipal de Política
118
Cultural, respeitando-se a especificidade de cada equipamento e a programação
oficial;
c) apoiar a realização dos eventos de produtores independentes, bem como os
organizados pelas comunidades, presentes no Calendário Cultural de Itu;
d) criar oportunidades de aproveitamento dos artistas locais nos programas de
oficinas, cursos e treinamentos e por ocasião dos eventos previstos no calendário
cultural oficial;
e) estimular e apoiar a estruturação dos grupos para que tenham maior autonomia
criativa e econômica, possibilitando a preservação das expressões culturais locais e a
sua auto sustentabilidade;
f) garantir espaços públicos para realização de ensaios, oficinas e aulas para as diversas
formas de expressão cultural, incentivando a produção artística permanente;
g) promover o intercâmbio cultural no município, dando visibilidade às diferentes
manifestações culturais e fazendo circular por todos os bairros a produção cultural
local;
h) realizar atividades culturais e educativas variadas e permanentes (fóruns, debates,
exposições, apresentações musicais, teatrais e cinematográficas), sobre temas ligados
à diversidade cultural nos Centros de Lazer dos bairros do município.
Medidas de divulgação
a) criar o Sistema Municipal de Informações Culturais, instância responsável pela
geração e difusão de informações culturais (artistas, equipamentos, eventos,
manifestações e segmentos artísticos, cadeias produtivas, etc.), por meios eletrônicos
e rede mundial de computadores, contribuindo, dessa forma, para a inclusão
sociocultural e desenvolvimento econômico. Atuar conectado com o Sistema Nacional
de Informações Culturais, acompanhando e avaliando as atividades culturais com
pesquisas e indicadores culturais;
b) criar o Portal Cultural de Itu (site oficial da Secretaria de Cultura), contemplando
todos os segmentos e apresentando a programação cultural da cidade, bem como
informações sobre a Gestão Cultural;
c) Ampliar o Calendário Oficial de eventos da Secretaria de Cultura de Itu com a
inclusão dos eventos propostos na Conferência: Festival Anual de Mostra e Artes
119
Cênicas de Itu; Concurso de Prêmios Literários, em categorias distintas: jovens de até
30 anos e livre no quesito idade; CinemaMundo - Festival Internacional de Cinema de
Itu; Caminhada Histórica “Convenção de Itu”; Itu Arte ao vivo; Caminhada Luminosa
“Aniversário de Itu”; Feira do Livro e da Literatura;
d) editar, mensalmente, a Agenda Cultural de Itu, com a programação cultural geral,
impressa e na versão on-line - com o objetivo de divulgar a produção cultural da
cidade, dando acesso à população e aos visitantes aos bens culturais e ao que
movimenta a cidade mês a mês;
f) editar, em parceria com os Conselhos de Defesa do Patrimônio e Conselho de
Cultura, cartilha didática, abordando questões relativas ao patrimônio cultural de Itu;
g) criar o Mapa das Artes e Artesanato de Itu, com indicação dos pontos de produção e
comercialização, para ser distribuído nos hotéis, lojas e pontos de venda;
h) ampliar a divulgação do calendário de atividades culturais nos diversos meios de
comunicação, nos níveis municipal e regional;
i) manter campanha publicitária educativa, em caráter permanente, para dar
visibilidade às ações em andamento e incentivar a população a usufruir a programação
artística e cultural;
j) promover o debate, o esclarecimento, a divulgação e o acompanhamento do Plano
Municipal de Cultura por todos os canais de participação da sociedade: Conselho
Municipal de Política Cultural, Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Itu,
Conferências de Cultura, entre outros encontros que privilegiem a participação da
sociedade civil;
k) apoiar e estabelecer parcerias com a imprensa local e regional, buscando promover
e divulgar a cultura local;
l) realizar campanha publicitária educativa permanente como parte de uma política
contínua de acesso à cultura, incentivando a população a criar o hábito de frequentar a
programação artística e os bens culturais do seu bairro e do município ao longo do
ano.
120
Intercâmbios culturais
a) promover intercâmbio com experiências bem sucedidas de qualificação nos diversos
segmentos culturais e estimular a elaboração de projetos em parceria, inclusive
financeira, viabilizando projetos locais;
b) promover intercâmbio cultural com outros municípios da região, com reciprocidade
dos compromissos assumidos. Estabelecer parcerias com outras Secretarias de Cultura
e com a Secretaria de Cultura do Estado, buscando viabilizar a circulação da produção
cultural ituana nas diversas regiões do Estado;
c) promover seminários e debates para integração do setor público, entidades do
terceiro setor atuantes na área cultural e da iniciativa privada, para traçar, a partir
destes encontros, metas para fortalecimento da política de cultura do Município;
d) promover intercâmbio cultural no município através do estabelecimento de
parcerias com entidades locais do terceiro setor.
Direito à cultura
a) realizar, incentivar e promover debates sobre os direitos à cultura e criar meios de
acesso da população do município aos equipamentos e atividades culturais, a preços
acessíveis;
b) democratizar o acesso da população às diferentes manifestações artísticas, com a
manutenção do Projeto “Arte em toda parte”, promovendo atividades em espaços
públicos, igrejas, escolas, todos gratuitos ou com ingressos a preços populares;
c) desenvolver programas como “Arte em toda parte” e uma política contínua de
acesso à cultura nas Casas da Arte, em parceria com outras instituições promotoras de
cultura, para ampliar e garantir a formação e renovação de público;
d) garantir o reconhecimento e registro da diversidade étnica-cultural e religiosa do
município, sem descurar das manifestações religiosas afro-brasileiras.
e) garantir à população o acesso gratuito a todos os eventos e ações culturais
promovidos pelo poder público;
f) promover a democratização e a descentralização das ações e dos equipamentos
culturais, garantindo a todos os cidadãos o direito de acesso aos bens culturais;
g) garantir às pessoas com deficiência o acesso aos equipamentos culturais e cursos de
formação, em qualquer nível ou linguagem artística promovidos pelo município de Itu;
121
h) implementar políticas de ações afirmativas para inclusão de minorias sociais e
étnicas nos programas culturais da cidade;
i) reconhecer, registrar e incentivar o tombamento das casas de religiões de matriz
africana, como patrimônio material e imaterial do município;
j) incluir nos espaços públicos, símbolos das diferentes etnias presentes na história do
município de Itu.
Estrutura administrativa
a) criar quadros de funcionários especializados nas instituições culturais municipais
visando o pleno funcionamento dos equipamentos culturais: teatro, cinema, museu e
bibliotecas;
b) valorizar, reestruturar e capacitar o quadro de funcionários da Secretaria de Cultura,
com a implementação de melhores condições de trabalho e a realização de Concurso
Público para composição das equipes das diversas unidades administrativas, incluindo
vagas para agentes culturais, com a atribuição de mapear e acompanhar as atividades
dos grupos culturais, desenvolvendo pesquisas, articulando e incentivando o
desenvolvimento cultural das comunidades;
c) assegurar capacitação e reciclagem para trabalhadores da Cultura, que fazem parte
do quadro técnico do Município, através da formação continuada, nas suas áreas
específicas, suprindo carências identificadas a partir de pesquisa interna;
Equipamentos culturais
a) criar sede própria para a Secretaria da Cultura, possibilitando com o funcionamento
do seu setor administrativo num único local maior articulação e integração do seu
quadro funcional, melhor desempenho operacional e atendimento ao público;
b) construção do Teatro Municipal de Itu, com duas salas para 330 e 100 expectadores;
c) reestruturação do Espaço Cultural Almeida Júnior: Reativação do MAHMI e Museu
de Arte Sacra, com a requalificação da sua infraestrutura e instalações, ampliação dos
espaços expositivos e a intensificação do intercâmbio com outros museus e
instituições culturais do Estado; requalificação da Discoteca Newton Costa, ampliando
e divulgando o acervo e oferecendo atividades permanentes ao público;
122
d) ampliar o espaço físico da “Casa da Arte” (espaço multicultural). Constituída como
espaço de formação nos diversos segmentos culturais visando inserir a população
jovem nas atividades culturais. As Casas da Arte são, sobretudo, equipamentos que
criam as condições necessárias para que se tenha uma ação permanente de formação,
produção e difusão cultural, garantindo a continuidade e o aprofundamento de uma
política cultural que trabalha a cultura como vetor de desenvolvimento econômico e
inclusão social. Devem constituir-se em espaços apropriados para o desenvolvimento
de atividades das mais diversas linguagens culturais, com uma postura aberta para
trabalhar com as mais variadas tendências. Sua visão deverá ser a de trabalhar a
cultura como um elemento simbólico formador da identidade do indivíduo, da
comunidade, da cidade, mas, também, como um importante vetor de
desenvolvimento e inclusão social. A ampliação do espaço terá repercussão como fator
de descentralização das atividades culturais e a consequente valorização e integração
da produção da periferia ao circuito cultural da cidade. Os recursos para implantação
das Casas da Arte serão provenientes da Prefeitura do Município de Itu. Para a
sustentabilidade das Casas, além de parcerias com outras Secretarias da Prefeitura,
com o Governo do Estado de São Paulo, com o Ministério da Cultura e com instituições
e empresas públicas e privadas, são previstos recursos provenientes das seguintes
atividades: vendas em pontos específicos de produtos elaborados pelos alunos das
oficinas, e recursos provenientes dos espetáculos a preços populares. Três Casas da
Arte a curto prazo: Central (locação de imóvel próximo A Secretaria de Cultura); Cidade
Nova (CAM – Centro Administrativo Municipal); Casa da Arte administrada pela
ASSATEMEC, especializada em atividades musicais (Bairro Brasil);
e) aproveitar de forma adequada às praças e jardins do centro histórico, com
apresentações culturais de pequeno porte;
f) aproveitar os Centros de Lazer nos bairros para realização de atividades culturais
permanentes do Projeto “Arte em toda parte”;
g) criação do equipamento “Casa de Cinema”, vinculada à Secretaria de Cultura. O
espaço ficará responsável pelo fomento, capacitação, exibição, guarda e preservação
dos documentos de memória audiovisual do município;
h) utilização dos espaços livres e cobertos do Bosque Alceu Geribello para atividades
culturais;
123
i) executar, articular ou apoiar, conforme cada caso, a implementação das obras
estratégicas para criação de espaços culturais;
j) otimizar o funcionamento da Rede Municipal de Equipamentos Culturais,
constituída, atualmente pelo Espaço Cultural Almeida Júnior que agrega a Biblioteca
Pública Municipal Prof. Olavo Valente, a Discoteca Newton Costa, o Museu de Arte
Sacra, a Pinacoteca Almeida Júnior; a Biblioteca Cid Rocha no Centro Administrativo
Municipal e a Casa da Arte;
k) Integrar os equipamentos e recursos culturais do município (museus, bibliotecas,
grupos teatrais, pontos de cultura, pontos de leitura, cinemas, orquestras, escolas de
arte...) às ações desenvolvidas e à programação cultural oficial;
Instrumentos de gestão cultural
a) implantar um Sistema de Informações e Indicadores Culturais, aferindo o
desempenho quantitativo e qualitativo das atividades desenvolvidas no município
(públicas e privadas) em todas as áreas culturais e artísticas, visando subsidiar uma
permanente formulação de políticas públicas;
b) identificar os produtores culturais e grupos ligados à Cultura Popular em atuação no
Município e organizar o Cadastro Cultural de Itu como base de dados imprescindível
para a gestão e promoção dos recursos culturais do município e desenvolvimento de
políticas públicas para a cultura;
c) elaborar cadastro oficial das ONGs do município;
d) identificar e mapear locais de interesse histórico-étnico-cultural, para preservação,
conservação e inclusão nos roteiros turísticos oferecidos;
e) reconhecer, através de inventário ou registro, as festas religiosas, de importância
cultural, como patrimônio imaterial da cidade de Itu;
f) desenvolver pesquisa e análise dos referenciais da cultura ituana, constituída por
influências de diferentes etnias, para conhecimento do perfil/identidade cultural dos
munícipes e valorização da produção artística tipicamente local.
124
PROGRAMA ESTRATÉGICO 2 – Economia da Cultura
Objetivo:
Transformar a cultura em vetor de desenvolvimento econômico e social do município
Recursos públicos
a) Ampliar o valor previsto na Lei Orçamentária Anual Municipal destinado a Secretaria
de Cultura, assegurando percentual mínimo de 5% do Orçamento Municipal para a
área da cultura, garantindo a execução das políticas públicas de cultura do município e
o funcionamento da Secretaria de Cultura;
b) Assegurar na Lei Orçamentária Anual do Município valores distintos para despesas
administrativas, projetos e agenda cultural;
c) incluir na LOA (Lei Orçamentária Anual) os recursos de apoio aos projetos que já
estão consolidados no Calendário Cultural de Itu, proporcional à sua realidade
orçamentária e abrangência;
d) criar editais, com recursos da LOA (Lei Orçamentária Anual), especialmente do
Fundo Municipal de Cultura (a ser instituído através de Lei Municipal no Sistema
Municipal de Cultura), segundo diretrizes do Conselho Municipal de Cultural, para o
fomento aos diversos segmentos culturais - Música; Teatro; Dança e Congêneres;
Fotografia, Cinema e Vídeo; Literatura; Artes Visuais; Arte Digital; Design; Artesanato;
Cultura Popular; Pesquisa Cultural; Patrimônio Cultural Material e Imaterial; a serem
lançados no 1º semestre de cada ano, para fomento da produção de cada área;
e) apoiar programas, projetos e ações desenvolvidas por artistas e produtores culturais
nos diversos segmentos culturais e artísticos da cidade, utilizando o mecenato com o
mecanismo da renúncia fiscal e os recursos do Fundo Municipal de Cultura;
f) Instituir o Projeto Cultural Almeida Junior de incentivo fiscal à realização de projetos
culturais no âmbito do Município (Lei n. 441, de 27 de junho de 2003).
125
Valorização do trabalhador da cultura e sustentabilidade cultural
a) assegurar a presença na programação oficial anual de apresentações dos produtores
da cultura popular do município permitindo-lhes a obtenção de recursos para sua
sustentabilidade;
b) capacitar produtores culturais através de cursos e workshops, para captação de
verbas juntos às Agências de fomento e Editais;
c) criar mecanismo institucional de seleção de produtores culturais a serem
beneficiados financeiramente pelas ações da Secretaria Municipal de Cultura,
garantindo a transparência dos critérios seletivos;
d) criar oportunidades de negócios no campo da economia da cultura e movimentar o
comércio local;
e) fortalecer o programa de oficinas culturais oferecidos pelas Casas da Arte,
contemplando as várias áreas do campo artístico-cultural na perspectiva de
potencializar a geração de trabalho e renda, divulgar e consolidar a cultura local e gerir
projetos;
f) Implementar o Sistema ‘Economia Solidária’ no município de Itu, através do Coletivo
Roda Torta, como intermediador e gestor do mesmo. A iniciativa é uma forma de
produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valorização do
ser humano e não do capital. Tem base associativista e cooperativista, e é voltada para
a produção, consumo e comercialização de bens e serviços de modo autogerido, tendo
como finalidade a reprodução ampliada da vida. A Economia Solidária possui uma
finalidade multidimensional, isto é, envolve a dimensão social, econômica, política,
ecológica e cultural. Isto porque, além da visão econômica de geração de trabalho e
renda, as experiências de Economia Solidária se projetam no espaço público, no qual
estão inseridas, tendo como perspectiva a construção de um ambiente socialmente
justo e sustentável; reafirma, assim, a emergência de atores sociais, ou seja, a
emancipação de trabalhadoras e trabalhadores como sujeitos históricos. Os
empreendimentos da economia solidária buscam implementar soluções de gestão
coletivas, democráticas e autogestionárias. Dentre os instrumentos usados para
facilitar a comercialização dos produtos da economia solidária, como alternativa ao
escambo e com finalidades específicas, existe a moeda social;
126
g) qualificar os eventos com a profissionalização da produção e captação de recursos,
buscando transformar, a médio/longo prazo, as festas populares em eventos
autossustentáveis;
h) garantir a participação de profissionais de outras localidades, com notório saber,
nos eventos promovidos pelo Município e incentivar a participação dos produtores
culturais locais em atividades desenvolvidas em outras localidades do Estado ou do
país;
i) montar pontos de comercialização de produtos culturais (artesanatos locais, livros
vídeos, CDs, obras de arte, produtos de design, etc.) em locais de grande circulação e
implementar a Feira Cultural no Mercado Municipal de Itu. Espaço a ser gerido pela
Prefeitura de Itu em parceria com a iniciativa privada e sociedade civil organizada,
objetivando o fortalecimento dos artistas, designers e artesãos no mercado local.
Cultura e Turismo
a) fortalecer a cultura local como ação de incentivo ao turismo, contribuindo para
consolidar a cidade como Estância Turística tendo o turismo cultural como atrativo.
ONGs e terceiro setor
a) criar a Associação “Unicultural”, composto por ONGs com fins culturais sem fins
filantrópicos;
b) divulgar os eventos das ONGs em rede;
c) firmar acordo técnico entre a Secretaria Municipal de Educação e de Promoção e
Desenvolvimento Social para realização de trabalho em rede entre as ONGs;
d) firmar parceria com ONGs da região de Sorocaba.
127
PROGRAMA ESTRATÉGICO 3 - Programas, projetos e planos culturais
Objetivo:
Programas e projetos
a) fortalecer o Festival de Artes de Itu, evento realizado anualmente, em parceria com
o Governo do Estado, como oportunidade para aprendizado nas várias expressões
culturais: música, dança, cinema, teatro, artes plásticas, literatura, entre outras
atendendo as solicitações expostas nas ações específicas;
b) implementar o Arquivo Público de Itu, a partir de uma política arquivística que
assegure a preservação, pesquisa e divulgação da memória histórica, administrativa e
política de Itu, com base nas diretrizes propostas pelo Arquivo Nacional e Conselho
Nacional de Arquivos ;
c) implantar o Programa Municipal de Educação Patrimonial, desenvolvendo uma
política socioeducativa, cultural e ambiental para o município de Itu, possibilitando a
sensibilização, formação, acesso e fruição aos bens culturais e patrimoniais
(treinamento de professores; palestras e seminários; visitas públicas – roteiros e
circuitos históricos e publicações específicas). Sugestão de níveis de complexidade:
Fase I – bairro / escola, Fase II – bairro / cidade, Fase III – município (rural e ambiental),
Fase IV – Itu e seu contexto com cidades vizinhas.
Ações específicas
A. Artesanato
a) articular parceria com a Associação de Artesãos em atividade no município;
b) fomentar o artesanato de expressão popular - definir espaço específico para
comercialização de artesanatos na cidade;
c) firmar convênio com a SUTACO e SEBRAE, garantindo a profissionalização e
sustentabilidade da atividade artesanal local;
d) firmar parcerias com empresas que forneçam matéria-prima, dinamizando o
artesanato com a utilização de matéria prima disponível na região e focando a
sustentabilidade e geração de renda;
128
f) eleger linhas de artesanato a serem incentivadas por representarem a identidade
municipal;
e) promover oficinas para transferência de conhecimento das técnicas de confecção;
g) implementar programas de capacitação para os artesãos em parceria com
entidades municipais e estaduais, voltadas para o desenvolvimento do turismo
cultural.
B. Artes visuais
a) fomento às Artes Plásticas - promover ações de fomento à produção cultural através
da Instituição de premiação no Evento “Itu: arte ao vivo”. Prêmio “Miguel Dutra” para
participantes amadores, Prêmio “Jesuíno do Monte Carmelo”, categoria sênior, Prêmio
“Almeida Júnior”, para artistas profissionais.
C. Bibliotecas
a) ampliar e qualificar a Rede de Bibliotecas Municipais, incentivando e apoiando
iniciativas da comunidade e implantando novos projetos, numa ação integrada com os
programas dos governos do Estado e Federal, iniciativa privada e entidades
organizadas da sociedade civil;
b) prever na Lei Orçamentária Anual uma verba destinada para as Bibliotecas
Municipais (Centro/Cidade Nova) para aquisição de livros, materiais e equipamentos;
c) desenvolver anualmente programas de incentivo à leitura, com feiras de troca de
livros, oficinas literárias para crianças, jovens, adultos e idosos, realizadas em diversos
locais, como escolas públicas, bibliotecas, entre outros;
d) promover programa de incentivo à pesquisa, leitura e escrita nas bibliotecas
municipais direcionado às escolas do município (públicas municipais e estaduais e
privadas).
D. Cinema
a) fomento à Produção Audiovisual - realizar, anualmente, por ocasião do
CinemaMundo - Festival Internacional de Cinema de Itu, o concurso de melhor
documentário sobre a cidade de Itu, com a premiação “Oswaldo de Oliveira”.
129
E. Cultura popular
a) garantir a inserção permanente de grupos da cultura popular, enquanto expressões
da identidade cultural de Itu, no Calendário Oficial do Município;
b) legitimar a capoeira como expressão artístico cultural, promovendo cursos de
capacitação e qualificação dos capoeiristas, tornando-os multiplicadores desta
manifestação reconhecida pelo IPHAN/MinC como patrimônio cultural imaterial do
Brasil.
F. Diversidade cultural
a) fortalecer os núcleos da Cultura Afro-Brasileira, tendo como principais objetivos a
pesquisa e a formação cultural articulada dos grupos afros da cidade e a valorização
das manifestações da cultura afro-brasileira em Itu, bem como das religiões de matriz
africana e afro-brasileira (umbanda, candomblé, entre outras);
b) incentivar o Registro e Tombamento do conjunto das casas religiosas de matriz afro-
brasileira como patrimônio material e imaterial de Itu, reconhecendo a sua
importância cultural e favorecendo a inclusão social dos terreiros e dos
afrodescendentes com a implementação do turismo étnico-religioso;
c) capacitar os servidores municipais, das diferentes Secretarias envolvidas na
organização das atividades culturais, sobre temas ligados à diversidade étnica e
cultural de Itu;
d) incentivar a criação de Espaço “Casa da Memória Étnica”, para coleta, guarda,
organização e disseminação de documentos em variados suportes, sobre história das
famílias ituanas, incluindo as diferentes etnias.
G. Literatura
a) fomento à Literatura – Realizar, anualmente, o Concurso de Prêmios Literários, em
parceria com outras entidades locais ligadas à Literatura, em categorias distintas:
jovens de até 30 anos e livre no quesito idade;
b) estruturar projetos específicos de literatura e de fomento à leitura e à escrita no
Festival de Artes de Itu.
130
H. Música
a) estruturar projetos específicos para os diversos segmentos da música, durante o
Festival de Artes de Itu;
b) fomento à Produção Musical – Promoção dos grupos locais – bandas, coros,
orquestras, conjuntos, valorizando seu trabalho, criando espaços e recursos
financeiros para sua apresentação e manutenção;
c) fortalecer ações apropriadas ao desenvolvimento do estudo da música, da
apreciação musical em diversos setores municipais, como escolas, bibliotecas, centros
culturais, igrejas e museus, possibilitando palestras, apresentações, intervenções,
concertos didáticos, eventos e shows;
d) reconhecer e apoiar os grupos de hip-hop como expressão cultural e contribuir para
o intercâmbio do movimento cultural hip-hop de Itu com os de outras cidades;
e) sistematizar projetos de oficinas culturais, exposições, produção de documentários,
concertos didáticos, integrando-os ao ensino musical obrigatório nas unidades
escolares.
I. ONGs
a) firmar acordo técnico entre o Conselho Municipal de Política Cultural e Entidades do
Terceiro Setor para realização de programas permanentes de capacitação de
produtores culturais e de artesãos de expressão local;
b) realizar, bimestralmente, cursos de formação/capacitação aos membros da
Associação Unicultural;
c) realizar, trimestralmente, a ‘Teia Cultural Municipal de Itu’, voltada para integrantes
da Comissão Organizadora da Associação Unicultural;
J. Patrimônio Arquitetônico, Cultural Material e Imaterial
a) fortalecer e consolidar uma política de aquisição, guarda, preservação, pesquisa e
divulgação dos acervos dos museus, bibliotecas, arquivo ligados ao município;
b) incentivar a criação de mecanismos de incentivo, através de renúncia fiscal ou
outros instrumentos, para proprietários de bens culturais imóveis de reconhecido valor
cultural, contribuindo para a preservação do patrimônio construído da cidade de Itu;
131
c) incentivar a despoluição sonora e visual da cidade, valorizando os conjuntos
arquitetônicos que formam o patrimônio cultural de Itu;
d) manter no Calendário Cultural oficial do Município eventos que valorizem o
patrimônio arquitetônico local, a saber: Caminhada Luminosa, realizada em
comemoração ao aniversário do município, Itu arte ao vivo, Caminhada comemorativa
à Semana da Convenção, com percurso valorizando a paisagem entre a Estação
Ferroviária e o Museu Republicano “Convenção de Itu”;
e) parceria com Secretaria de Turismo para realização de iniciativas que garantam a
sustentabilidade física dos edifícios históricos;
f) Incentivar a atuação da Diretoria de Patrimônio Cultural, integrada à Secretaria de
Cultura do Município, como instrumento de articulação e gestão de políticas públicas
de proteção e promoção do patrimônio cultural material e imaterial da cidade de Itu. A
Diretoria deverá atuar em consonância com os órgãos de proteção em nível estadual
(CONDEPHAAT) e federal (IPHAN), tendo recursos específicos do Fundo Municipal de
Cultura e participação da sociedade civil através do Conselho Municipal de Defesa do
Patrimônio, nos assuntos ligados à preservação do Patrimônio Cultural.
K. Pesquisa
a) ampliar os equipamentos culturais já existentes e subordinados à Secretaria de
Cultura que trabalham com formação, pesquisa e documentação enriquecendo seus
acervos, qualificando e ampliando sua equipe de profissionais, aumentando a
capacidade para atendimento no que se refere à pesquisa, estudo, cursos e oficinas.
L. Teatro e dança
a) fomento às Artes Cênicas - Realizar, anualmente, o Prêmio de Fomento às Artes
Cênicas, durante o Festival Anual de Mostra e Artes Cênicas de Itu;
b) incentivar grupos e companhias estáveis de artes cênicas, inscritos no Cadastro
Cultural de Itu, que já estão estruturados e desenvolvendo seus trabalhos no
município, prevendo no orçamento anual, apoio à sua manutenção;
c) reativar o PETI – Programa Estudantil de Teatro de Itu, em parceria com a Secretaria
de Educação: Fase 1 – capacitação dos diretores teatrais, selecionados entre os artistas
132
cadastrados, que ministrarão oficinas nas escolas; Fase 2- organização da Mostra de
Teatro Estudantil, com premiação para alunos e escolas participantes.
Formação cultural
a) implementar calendário anual de atividades nas escolas e entidades culturais das
comunidades, com debates multidisciplinares, cursos e exposições de profissionais de
notório saber de diversas áreas, dirigido tanto aos alunos quanto aos professores;
b) Promover a formação e qualificação profissional continuada, nas diversas linguagens
artísticas, a formação de novas plateias e o intercâmbio cultural;
c) promover, sistematicamente, cursos de extensão e difusão, por meio de parcerias
articuladas com entidades municipais, estaduais e federais.
133
7. REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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