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Page 1: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)
Page 2: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SISAL

ARTICULADOR ESTADUAL Ivan Fontes

ARTICULADOR TERRITORIAL

José Silva

REVISÃO GERAL DO PLANO Equipe do CODES

Ildes Ferreira Robson Andrade

BAHIA, 2010

Rua Pedro Manoel da Cunha, 61

CEP: 48.890-000 Valente – Bahia

[email protected] Fone: (75) 3263 2369

Page 3: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

COMPOSIÇÃO DO COLEGIADO TERRITORIAL DO SISAL

PODER PÚBLICO

Instituição Representante

Prefeitura Municipal de Araci Francisco de Assis Lima

Prefeitura Municipal de Barrocas Maria Lucenir Mota Oliveira

Prefeitura Municipal de Biritinga Álvaro Pedreira Lopes

Prefeitura Municipal de Candeal Jotanedson Lima Pereira

Prefeitura Municipal de Cansanção Sergio Dias de Andrade

Prefeitura Municipal de Conceição do Coité Paulo Roberto Feitosa

Prefeitura Municipal de Ichu Jildinei Conceição Carneiro

Prefeitura Municipal de Itiúba Marilene Laranjeira da Silva

Prefeitura Municipal de Lamarão Emanuel Messias Correia Lima

Prefeitura Municipal de Monte Santo Ana Maria Campos de Oliveira

Prefeitura Municipal de Nordestina José Gonçalves do Nascimento

Prefeitura Municipal de Queimadas Valdir Fiamoncini

Prefeitura Municipal de Quijingue Romulo Ribeiro Campos

Prefeitura Municipal de Retirolândia Francisco de Oliveira Júnior

Prefeitura Municipal de Santa Luz Marcelo Nunes de Souza

Prefeitura Municipal de São Domingos Antônio José Rios Nery

Prefeitura Municipal de Serrinha Helena Barreto de Souza

Prefeitura Municipal de Teofilândia Jacó Cordeiro Ferreira

Prefeitura Municipal de Tucano Marcos Antonio Campus

Prefeitura Municipal de Valente Tânia Rios

BNB - Banco do Nordeste do Brasil José Carlos Luz de Oliveira

CAR – Companhia de Ação Regional Domingos Magalhães Neto

Diretoria Regional de Educação - DIREC 12 José Givaldo Oliveira de Jesus

Diretoria Regional de Saúde – 12ª DIRES Fernando Oliveira

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Weliton Neves Brandão

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA - Gerência Regional de Serrinha

Djair Brandão Maracajá

Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Campus XIV Joselita Gabriel

Page 4: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

SOCIEDADE CIVIL

Organização Representante

Agência de Desenvolvimento Solidário – ADS Bahia Claudionor Lima de Aquino

Agência Regional de Comercialização do Sertão da Bahia - ARCO Sertão

Eleneide Alves Cordeiro

Angelim OSCIP Delfin Henrique Torres

Articulação das Entidades Urbanas de Valente e Região ARTAB José Dos Santos Matos

Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira - APAEB Valente

Jovanilton Neto da Silva

Associação de Rádios Comunitárias do Sisal - ABRAÇO Sisal Arlene Cristina Freire

Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Araci - APAEB Araci

Ramalho Cardoso dos Santos

Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Serrinha - APAEB Serrinha

Maria das Graças Souza da Silva

Central das Associações Comunitárias de Ocupação e Assentamentos do Semiárido Baiano - COASB

Anacleto Bitencourt da Costa

Centro de Apoio às Iniciativas Comunitárias do Semi-Árido da Bahia - CEAIC

Ezequiel dos Santos Santiago

Cooperativa de Beneficiamento e Comercialização - COOBENCOL

Cosme Arisvaldo Leal do Nascimento

Cooperativa de Produção de Jovens da Região do Sisal - COOPERJOVENS

Janete Simões

Cooperativa dos Apicultores do Semiárido Baiano - COOPMEL Maria lídia Moreira

Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão - COOPERAFIS

Elione Alves de Souza

Federação das Cooperativas de Crédito de Apoio a Agricultura Familiar - FENASCOOB

Robson da Silva Sena

Fundação de Apoio ao desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira - FUNDAÇÃO APAEB

Maria Rita Alves Ferreira da Silva

Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região do Sisal e Semiárido da Bahia - FATRES

João Nilton Ferreira Santana

Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais - MMTR Marineide Dias dos Santos

Movimento de Organização Comunitária – MOC Vera Maria Oliveira Carneiro

Rede de Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semi-Árido – REFAISA

Nelson de Jesus Santos

Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal -SINTSEF

Antônio Pereira Lima Sobrinho

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Empresas de Fabricação, Montagem e Acabamento de Calçados - SINTRACAL

Ricardo dos Santos Tavares

Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa - SEBRAE

José Raimundo Carneiro

União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bahia - UNICAFES Bahia

Urbano Carvalho de Oliveira

Page 5: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

CONSELHO DE ADMINSTRAÇÃO (2009-2010)

FUNÇÃO NOME ENTIDADE/INSTITUIÇÃO

Presidente Gilca da Silva Morais FATRES - Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares da Região

Vice-Presidente Raydelson dos Santos Prefeitura Municipal de Serrinha

Conselheiro Jovanilton Neto da Silva

APAEB Valente - Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região

Sisaleira

Conselheiro Marineide Disas dos Santos MMTR - Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais

Conselheiro Vera Maria Oliveira Carneiro MOC – Movimento de Organização Comunitária

Conselheiro Alvaro Pedreira Prefeitura Municipal de Biritinga

Conselheiro Marilene Laranjeira da Silva Prefeitura Municipal de Itiuba

Conselheiro José Carlos Luz de Oliveira BNB – Banco do Nordeste DO Brasil

Secretário Executivo José da Silva Santos CODES – Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia

CONSELHO FISCAL

TITULAR

FUNÇÃO NOME ENTIDADE/INSTITUIÇÃO

Conselho Fiscal Jildiney Cenceição Carneiro Prefeitura Municipal de Ichu

Conselho Fiscal Mª das graças Souza da Silva APAEB Serrinha - Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Serrinha

Conselho Fiscal Eleneide Alves Cordeiro

UNICAFES - União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária da

Bahia

SUPLENTE

FUNÇÃO NOME ENTIDADE/INSTITUIÇÃO

Conselho Fiscal - suplente

Jotanedson Lima Pereira Prefeitura Municipal de Candeal

Conselho Fiscal - suplente

Djair Brandão Maracajá EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola

Conselho Fiscal - suplente

Ezequiel dos Santos Santiago CEAIC - Centro de Apoio às Iniciativas Comunitárias do Semi-Árido da Bahia

Page 6: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

LISTA DE SIGLAS

ABCAR – Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural

ABRAÇO - Associação de Rádios Comunitárias do Sisal

ADS – Agência de Desenvolvimento Solidário

ANCAR – Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural da Bahia

ANCAR BA – Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural da Bahia

APAEB – Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira

ARCO SERTÃO– Agência Regional de Comercialização do Sertão da Bahia

ASA – Articulação do Semiárido

ASCOOB – Associação das Cooperativas de Crédito da Agricultura Familiar

ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural

ATES – Assessoria Técnica Social, Cultural e Ambiental

BNB – Banco do Nordeste do Brasil

CAT – Conhecer, Analisar e Transformar

CEIAC – Centro de Apoio às Iniciativas Comunitárias do Semi-Árido da Bahia

CERIS – Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais

CEREST – Centro de Referência da Saúde do Trabalhador

CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviços

CET – Coordenação Estadual de Territórios

CODES SISAL – Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia.

CMDR – Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural

COOBENCOL – Cooperativa de Beneficiamento e Comercialização

COOPERJOVENS – Cooperativa de Produção de Jovens da Região do Sisal

COOPERE – Cooperativa Valentense de Crédito Rural

CRA – Centro de Recursos Ambientais CREA – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

CUT – Central Única dos Trabalhadores

DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca

DIRES – Diretoria Regional de Saúde

EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário

EES – Empreendimentos Econômicos Solidários

EFA – Escola Família Agrícola

EJA – Educação de Jovens e Adultos

EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMBRATER – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural

FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

FATRES – Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal

FETAG – Federação dos Agricultores e Agricultoras do Estado da Bahia

FETRAF – Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

FUP – Federação Única dos Petroleiros

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCRA – Instituto Nacional de Reforma Agrária

Page 7: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

IPF – Instituto Paulo Freire

MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDS – Ministério Desenvolvimento Social

MEC – Ministério Educação

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MMTR – Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais

MOC – Movimento de Organização Comunitária

ONU – Organização das Nações Unidas

PACS – Programa Agente Comunitário de Saúde

PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PPI – Programa de Pactuação Integrada

PSF – Programa de Saúde da Família

P1MC – Programa 1 milhão de cisternas

REFAISA – Rede de Escola Família Agrícola do Semiárido

SAN – Segurança Alimentar e Nutricional

SDT – Secretaria de Desenvolvimento Territorial

SEC – Secretaria de Educação

SECULT – Secretaria de Cultura do Estado

SEDES – Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza

SENAES/MTE – Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego

SETRE – Secretaria do Trabalho, Emprego e Renda

SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SIBRATER – Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural.

SICOOB – Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil

SIES – Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária

SRH – Superintendência de Recursos Hídricos

STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais

STRAF – Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar

SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana

UNEB – Universidade do Estado da Bahia

Page 8: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

LISTA DE QUADROS

Quadro I – Área e População (2009) dos Municípios do Território ....................................................................... 19

Quadro II - População Total dos Municípios: 1080, 1991, 2000 e 2009 ................................................................ 33

Quadro III - População Total, Urbana e Rural dos Municípios, 1991 ..................................................................... 34

Quadro IV – População dos Municípios por faixas de idade, 2000 ....................................................................... 35

Quadro V - Proporção de pessoas com 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de estudo, e da população com 25 anos ou mais e 12 anos de estudo, 2000. ............................................................................... 36

Quadro VI - Media de anos de estudo da população de 10 anos ou mais de idade, por grupos de idade. .......... 37

Quadro VII –Número de matrículas no ensino fundamental, médio e na pré-escola, 2009. .............................. 38

Quadro VIII – Número de Unidades de Saúde e de Leitos para Internação, conforme redes pública e privada de serviços, 2006. ....................................................................................................................................................... 39

Quadro IX - Número de Equipes do PSF por Município, 2006 ............................................................................... 40

Quadro X - Esperança de Vida ao Nascer, por Município, em 2000. ..................................................................... 41

Quadro XI – Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, total e por setores da economia e per capita. ........... 43

Quadro XII - Situação Fundiária dos Municípios do Território do Sisal: número de estabelecimentos agrícolas e área ocupada (ha). ................................................................................................................................................. 44

Quadro XIII - Nº de Estabelecimentos e Áreas Ocupadas por Arrendatários, Parceiros e Posseiros, 2006 .......... 44

Quadro XIV - Principais produtos agrícolas do território, 2006. ........................................................................... 45

Quadro XV – Produção Agrícola, 1980 (t) ............................................................................................................. 46

Quadro XVI – Presença da Pecuária, 2006. ........................................................................................................... 47

Quadro XVII – Finanças Públicas dos Municípios, 2008 ........................................................................................ 48

Quadro XVIII-A - Indicadores Sociais dos Municípios, 2000 .................................................................................. 49

Quadro XVIII-B - Indicadores Sociais dos Municípios, 2000 .................................................................................. 49

Quadro XIX - Índice do Desenvolvimento Humano 1991 a 2000. ......................................................................... 50

Quadro XX – Indicadores de Vulnerabilidade: Taxa de Alfabetização, Renda Per Capita, Índice de Desenvolvimento Humano, População com 25 anos ou mais e menos de 4 anos de estudo e Índice de Indigência, 2000. ................................................................................................................................................... 51

Quadro XXI - Número médio de moradores por domicílio, conforme rendimento mensal per capita em salários mínimos, 2000. ...................................................................................................................................................... 52

Quadro XXII - Proporção de pessoas que vivem com renda proveniente de transferência governamental, 1991 e 2000 (%) ................................................................................................................................................................. 53

Quadro XXIII - Proporção de pessoas ocupadas por grupos de idade, 2000 ......................................................... 53

Quadro XXIV - Indicadores de Pobreza e Desigualdade ........................................................................................ 54

Quadro XXV - Pessoas com Acesso a Bens e Serviços Básicos pela População dos Municípios, 2000 ................. 55

Quadro XXV – Dimensões do Desenvolvimento, Eixos e Programas. ................................................................... 59

Quadro XXVI - Eixos Temáticos e Programas, Conforme a Dimensão do Desenvolvimento ................................ 60

1. Dimensão Econômica ................................................................................................................................... 60

1.1. EIXO: FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR ....................................................................... 60

1.1.1. Programa: PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DE CADEIAS PRODUTIVAS ................................ 60

1.1.1.1. Projeto: DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA PRODUTIVO DO SISAL ................................... 60

1.1.1.2. Projeto: DESENVOLVIMENTO DA OVINOCAPRINOCULTURA ............................................. 61

Page 9: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

1.1.1.3. Projeto: DESENVOLVIMENTO DA APICULTURA ................................................................. 63

1.1.2. Programa: PROGRAMA DE APOIO ÀS ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS ......................................... 64

1.1.2.1. Projeto: FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO DE ARTESANATO DE SISAL ........................... 64

1.1.2.2. Projeto: EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE PEDRAS E OUTROS MINERAIS ...................... 65

1.1.3. Programa: ACESSO E PERMANÊNCIA NA TERRA ........................................................................ 67

1.1.3.1. Projeto: TERRA PRA MORAR E TRABALHAR ....................................................................... 67

1.2. EIXO: INFRA ESTRUTURA ..................................................................................................................... 69

1.2.1. Programa: SANEAMENTO BÁSICO .............................................................................................. 69

1.2.1.1. Projeto: Esgotamento Sanitário ......................................................................................... 69

1.2.2. Programa: ELETRIFICAÇÃO RURAL .............................................................................................. 70

1.2.2.1. Projeto: Luz para Todos e Todas ........................................................................................ 70

1.2.3. Programa: RODOVIAS ................................................................................................................. 71

1.2.3.1. Projeto: Conservação Rodoviária ....................................................................................... 71

1.2.4. Programa: MORADIA POPULAR E PRODUÇÃO ........................................................................... 72

1.2.4.1. Projeto: MORAR BEM ........................................................................................................ 72

2. Dimensão Sociocultural ............................................................................................................................... 73

2.1. EIXO: COMUNICAÇÃO ......................................................................................................................... 73

2.1.1. Programa: Desenvolvimento da comunicação social no território do sisal ............................... 73

2.1.1.1. Projeto: Fortalecimento das entidades de comunicação................................................... 73

2.1.2. Programa: Desenvolvimento de ações de comunicação dos movimentos populares ............... 76

2.1.2.1. Projeto: Fortalecimento do movimento social .................................................................. 76

2.2. EIXO: EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILDADE .................................................................................... 78

2.2.1. Programa: EDUCAÇÃO DO CAMPO INTEGRAL NO TERRITÓRIO DO SISAL .................................. 78

2.2.1.1. Projeto: FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................................................. 78

2.2.2. Programa: AÇÕES SÓCIO-EDUCATIVAS DE CONVIVÊNCIA E COMPLEMENTARES À ESCOLA – EDUCAÇÃO INTEGRAL ..................................................................................................................... 81

2.2.2.1. Projeto: AMPLIAÇÃO DAS AÇÕES SÓCIO-EDUCATIVAS ...................................................... 81

2.2.3. Programa: INCENTIVO À LEITURA CONTEXTUALIZADA, PRAZEROSA, CRÍTICA E CIDADÃ .......... 85

2.2.3.1. Projeto: ESPAÇOS DE LEITURA ........................................................................................... 85

2.2.4. Programa: ACESSO AO ENSINO SUPERIOR ................................................................................. 89

2.2.4.1. Projeto: PRÓ-UNIVERSIDADE DO SEMI-ÁRIDO .................................................................. 89

2.2.5. Programa: EDUCAÇÃO NO CAMPO ............................................................................................ 90

2.2.5.1. Projeto: MOVASISAL: TECENDO COM FIBRA, ALFABETIZAÇÃO E CIDADANIA ................... 90

2.2.6. Programa: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA .............................. 95

2.2.6.1. Projeto: QUALIFICAÇÃO EDUCACIONAL EM ASSENTAMENTOS ........................................ 95

2.2.7. Programa: EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS .......................................................................... 96

2.2.7.1. Projeto: Educação para a Solidariedade ............................................................................ 96

2.3. EIXO: SAÚDE ........................................................................................................................................ 98

2.3.1. Programa: Ampliação e Qualificação do atendimento a saúde ................................................. 98

2.3.1.1. Projeto: Mais Saúde ........................................................................................................... 98

Page 10: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

2.4. EIXO: CULTURA .................................................................................................................................. 100

2.4.1. Programa: Desenvolvimento da Cultura Sertaneja .................................................................. 100

2.4.1.1. Projeto: Sistema Territorial de Cultura ............................................................................ 100

2.5. EIXO: GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA .......................................................................................... 101

2.5.1. Programa: Formação Profissional para a Geração de Renda ................................................... 101

2.5.1.1. Projeto: Vida Melhor ........................................................................................................ 101

3. Dimensão Ambiental.................................................................................................................................. 102

3.1. EIXO: MEIO AMBIENTE ...................................................................................................................... 102

3.1.1. Programa: EDUCAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................... 102

3.1.1.1. Projeto: EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................... 102

3.1.2. Programa: COLETA, TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS ......... 104

3.1.2.1. Projeto: Aterra Território ................................................................................................. 104

3.1.3. Programa: COMBATE À DESERTIFICAÇÃO ................................................................................ 106

3.1.3.1. Projeto: RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ........................................................... 106

3.1.4. Programa: RECUPERAÇÃO DA BACIA DO RIO ITAPICURU ........................................................ 109

3.1.4.1. Projeto: RECUPERAÇÃO DA BACIA DO RIO ITAPICURU .................................................... 109

Page 11: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

SUMÁRIO

Apresentação......................................................................................................................................................... 12

Homens e mulheres de fibra ................................................................................................................................. 14

Parte 1 – Aspectos Gerais ...................................................................................................................................... 19

Parte 2 - Questões Históricas, Geoespaciais, Ambientais e Socioeconômicas ...................................................... 21

1. O Semiárido .............................................................................................................................................. 21

2. Um Pouco de História .............................................................................................................................. 24

3. Aspectos Geográficos e Ambientais ......................................................................................................... 28

4. Aspectos Geoespaciais ............................................................................................................................. 30

5. Aspectos Demográficos e Socioeconômicos ............................................................................................ 33

5.1. População.............................................................................................................................................. 33

5.2. Educação .............................................................................................................................................. 36

5.3. Saúde .................................................................................................................................................... 39

5.4. Economia .............................................................................................................................................. 42

5.5. Vulnerabilidade Social ........................................................................................................................... 48

5.6. Acesso a Bens e Serviços Públicos ........................................................................................................ 55

Parte 3 – Metodologia e Gestão ............................................................................................................................ 56

Parte 4 – Planejamento Operacional ..................................................................................................................... 59

Dimensões do desenvolvimento: eixos aglutinadores e programas ........................................................... 59

Considerações Finais ........................................................................................................................................... 111

Referências .......................................................................................................................................................... 112

Page 12: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

12

Apresentação

O Território do Sisal está situado na Região Sisaleira, no semiárido do Estado da

Bahia, integrado por 20 municípios. Traz consigo uma história de organização dos

movimentos sociais e de articulação de ações visando à implantação de um processo de

desenvolvimento sustentável. Foi daí que partiu, em 1979, a primeira mobilização de

camponeses no Estado, pós 64, para reivindicar do governo do Estado medidas contra o

fisco, que castigava os agricultores no momento da comercialização dos seus produtos.

Dessa articulação nasceu a Associação dos Pequenos Agricultores do Estado da Bahia

(APAEB), municipalizada alguns anos depois.

Em finais da década de 80 (século passado), surgiu o Movimento dos Mutilados do

Sisal: vítimas de acidente de trabalho no processo de desfibramento do sisal, na máquina

assassina conhecida como paraibana, perderam dedos, mãos e antebraços e reivindicavam o

direito ao amparo previdenciário, conquista que veio anos mais tarde. O Presidente Lula,

inclusive, em sua Caravana da Cidadania, pode conhecer de perto esse problema ao passar

pela região.

Nesse mesmo período, houve mobilização de oposição dos trabalhadores rurais, em

quase todos os municípios, em torno dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR),

controlados por políticos pertencentes às elites locais. Aos poucos, os trabalhadores foram

assumindo o controle dessas entidades em todos os lugares.

Após a promulgação da Constituição de 1988, a população de muitos municípios se

mobilizou durante a elaboração das Leis Orgânicas Municipais, conseguindo conquistas

importantes em muitos locais. Foi o Movimento Cidadania em Ação que resultou na luta por

transparência na administração pública em alguns municípios.

Na década de 90, deu-se a luta contra o trabalho infantil. Crianças a partir dos 7-8

anos de idade eram impedidas de frequentar a escola e submetidas a formas degradantes de

trabalho, especialmente no sisal e nas pedreiras. Em 1997, iniciam-se os preparativos para a

implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) nos municípios de

Valente, Conceição do Coité, Retirolândia, Riachão do Jacuípe e Santaluz, ampliado

posteriormente para todo Estado.

Essas mobilizações, além do sentido intrínseco, iam gerando outros resultados. Nasce

o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), que iniciou uma discussão sobre o

papel da mulher na sociedade, resultando nos atuais movimentos de gênero. Em 1996, cria-

Page 13: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

13

se a Fundação de Apoio aos Trabalhadores da Região do Sisal (FATRES). Nasce a Cooperativa

de Artesanato Fibras do Sertão (COOPERAFIS) por mulheres artesãs. A discussão sobre

agricultura familiar já está presente e surgem as cooperativas de crédito para atuar no setor

creditício (Valente, Serrinha, Araci, Santaluz). Nascem, ainda, grupos de economia solidária,

alguns se transformam em cooperativas de produção. Funda-se Arco-Sertão e a União das

Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária passa a atuar na região. Entra em

pauta a discussão sobre políticas públicas: as lideranças populares rompem com a prática

vigente, onde as (poucas) obras públicas eram definidas apenas em épocas eleitorais pelos

chefes políticos, de acordo com seus interesses, iniciando-se um novo modelo (ainda em

construção) de definição de políticas públicas, onde as representações da sociedade civil têm

o destaque que merecem.

Toda essa atmosfera1 constitui um cabedal social, com grandes talentos emergentes

e uma experiência acumulada, que define o ambiente propício para a criação do Território

de Identidade do Sisal em 2003, reconhecido pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial

(SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em 2005. O Território do Sisal, hoje

Território da Cidadania, representado pelo Conselho Regional de Desenvolvimento Rural

Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia (CODES SISAL), não se propõe a ocupar o

espaço do poder público nem das organizações sociais, mas a constituir-se no instrumento

catalisador das potencialidades técnicas e políticas para implementação do desenvolvimento

sustentável no Território.

O presente Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS) se constitui no

instrumento-guia para a implementação das ações nele contidas, fruto das discussões e

reflexões desenvolvidas pelo poder público e pela sociedade civil. Ele está organizado quatro

partes, com vários tópicos em cada uma delas.

Finalizando, queremos agradecer a todos os representantes da sociedade civil e do

poder público pela dedicação e empenho na construção desse processo de trabalho, ao

MOC, à ASCOOB, a todos os organismos governamentais do Estado da Bahia e federais que

apóiam decididamente esse trabalho, com destaque para a SDT/MDA, e os colaboradores

técnicos que nos ajudam, com seus conhecimentos, a compreender melhor nossa realidade.

Gilca da Silva Morais Presidente

1 O Movimento de Organização Comunitária (MOC) e a Pastoral Rural da Igreja Católica tiveram papel decisivo

a partir de meados da década de 70 (século XX) e contaram, por sua vez, com o apoio de muitas instituições nacionais (CESE, CERIS etc.) e internacionais.

Page 14: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

14

HOMENS E MULHERES DE FIBRA

No cenário de paisagens físicas e humanas bastante heterogêneas que caracterizam

o estado da Bahia, o Território do Sisal emerge com peculiaridades marcadamente distintas

das demais regiões que servem de berço para o multifacetado povo baiano.

É nele que a Bahia assume com maior nitidez a sua condição de estado- membro da

grande nação nordestina. Seja por suas características fisiográficas, no meio do sertão

semiárido, seja pela história e pelos costumes que forjaram a identidade de seus habitantes.

As imensas planícies iluminadas pelo sol, onde, por quilômetros e mais quilômetros,

se espalham as plantações de sisal, combinadas com caprinos, ovinos e bovinos e com a

caatinga. Elas foram palco de dois fenômenos históricos e sociais profundamente

emblemáticos do Nordeste brasileiro, e que até hoje habitam o imaginário do povo deste

lugar: o messianismo e o cangaço.

Foi por esta região que, na Bahia, incursionou o Capitão Virgulino Ferreira da Silva, o

legendário Lampião, e a Coluna Prestes cujos integrantes ficaram conhecidos pelos

sertanejos como “os revoltosos”, deixando um rastro de façanhas e medo que até hoje

pulsam na memória coletiva da população

Também foi por suas paisagens ásperas e pedregosas que peregrinou, no final do

século XIX, o beato Antônio Conselheiro, arregimentando seguidores para construir sua

utopia no povoado de Belo Monte, às margens do rio Vaza-Barris, que verteria leite em meio

a barrancas de cuscuz.

Todos, Conselheiro, Lampião e prestistas, são ícones sertanejos e nordestinos que,

independente de quaisquer controvérsias, funcionam, sem dúvida nenhuma, como

elementos de identificação cultural dos habitantes do Nordeste, e, por extensão, do

Território do Sisal.

O misticismo deste povo, que teve no sebastianismo de Antônio Conselheiro a sua

expressão mais profunda e radical, ainda permanece latente nos tempos atuais, o que pode

ser constatado nas peregrinações de fiéis ao santuário do Monte Santo, que se ergue,

majestoso, no coração do território sisaleiro, e que foi palco de uma das mais importantes

obras do cinema brasileiro, Deus e o Diabo na Terra do Sol, do renomado cineasta baiano

Glauber Rocha.

Outros elementos vão se reunindo no espaço e no tempo para forjar a personalidade

e a cultura do povo sisaleiro, conferindo-lhe características próprias que o distinguem dos

Page 15: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

15

habitantes de outras regiões da Bahia, sem que isto lhe tire ou lhe diminua a legítima

condição de baiano, até porque, a singularidade dentro da pluralidade é a característica

principal da baianidade.

Mas aqui se configura a nordestinidade do baiano. A começar por suas paisagens,

pontilhadas por lajedos, carrascais e tabuleiros, onde vicejam mandacarus, caroás, facheiros,

macambiras e gravatás, tão bem descritas pelo grande clássico da literatura nacional, Os

Sertões, de Euclides da Cunha. E como parte indissociável desta paisagem, com ela própria

se confundindo, assoma a figura heróica do vaqueiro, com suas típicas vestimentas de couro

para permitir adentrar na caatinga.

É também nesta paisagem áspera e pedregosa onde, mais do que nas demais regiões

da Bahia, passeiam os bodes e os jumentos, os mais eloquentes representantes da autêntica

fauna do sertão nordestino e que tiveram papel determinante para assegurar as condições

mínimas de vida do sertanejo. Os primeiros se amontoando aos magotes nos currais de pau-

a-pique, ou se espalhando pela caatinga, onde se denunciam, praticamente invisíveis, pelo

tilintar dos chocalhos ou pelos berros esganiçados, enquanto retiram das cascas das árvores

e das folhas secas o sustento que lhes garante enfrentar as mais prolongadas das estiagens;

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16

os segundos, retrato perfeito da humildade e resignação, acompanham sempre o homem do

campo na sua luta do cotidiano, a transportar as folhas do sisal colhidas nos “campos de

sisal”, ou simplesmente servindo de montaria para os deslocamentos dos sertanejos nas

suas convivências sociais.

Pois não só de trabalho vive o homem da terra do sisal. Mesmo com as privações do

dia-a-dia e o imenso sofrimento causado pelas condições estabelecidas, o sertanejo desta

região ainda encontra oportunidades para a festa e a alegria. E aí vêm as bandas de pífano,

aqui chamadas de calumbis, que percorrem os lugarejos animando festas juninas e

acontecimentos religiosos; os trovadores que animam, com sua voz e viola, as feiras-livres e

cerimoniais de destaque; os tocadores de pé-de-bode, pequena sanfona de oito baixos,

apropriada para os forrós realizados de improviso nas vendas e botecos das feiras-livres das

vilas e povoados, onde, depois de tomar umas lapadas de cachaça ao pé do balcão, mais leve

ou tipo poca-ôio, e antes de pegar o caminho de volta para casa, o sertanejo vai se refestelar

numa barraca coberta de lona, comendo sarapatel de porco ou uma buchada de bode, ou

até mesmo uma passarinha bem assada de boi. Ainda presentes, o reisado, comemoração da

visita dos Três Reis Magos ao Menino Jesus, cujo grupo de cantadores visita todos os

moradores de uma comunidade, de casa em casa, com acompanhamento do pandeiro e

cavaquinho.

Alegria também nas vaquejadas, normalmente promovidas por uma liderança

política; nas pegas de boi, promovidas em algum descampado de caatinga fechada onde fica

mais difícil para o vaqueiro agarrar à unha o barbatão; e nas corridas de argolinha,

praticadas em muitos lugares, ainda com a mesma poética de antigamente: uma disputa

entre o azul e o encarnado, cada um com sua torcida, e uma bela rainha de cada lado,

portando seus majestosos estandartes com símbolos armoriais.

Nos últimos tempos, esses elementos culturais, que sempre fizeram parte do

universo lúdico, laboral ou religioso do sertanejo, passaram a ser assimilados e introduzidos

nos grandes centros urbanos, seja por artistas ou intelectuais independentes, seja por

grupos que constituem a indústria da cultura e do entretenimento.

Muitos artistas buscaram inspiração na magia e no modo de vida dos habitantes do

Território do Sisal, ganhando recentemente um palco apropriado: a Casa da Cultura, em

Valente. Ainda no campo do áudio-visual, foi nas lendas da região que o artista plástico e

cineasta Chico Liberato buscou inspiração para elaborar o primeiro desenho-animado de

longa metragem nacional, o Boi Aruá, que conta a estória de um fazendeiro arrogante

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vencido e humilhado pelo boi misterioso e mandingueiro. Premiado internacionalmente, o

Boi Aruá tem a participação de agricultores humildes de Monte Santo, que emprestaram

suas vozes a alguns dos personagens do filme.

Nas artes plásticas, temos Juraci Dórea, premiado na Bienal de Veneza com o Projeto

Terra, conjunto de esculturas feitas de couro instaladas solitariamente no meio da caatinga e

que parecem espantalhos dos maus agouros que prenunciam as periódicas tragédias das

estiagens. Também Sante Scaldaferri, que compôs uma obra singular, transplantando para

as telas as figuras dos ex-votos deixados por pagadores de promessa no santuário de Monte

Santo. Há ainda a fotografia mágica de Pierre Verger que na década de 50 documentou a

vida do catingueiro que ganhava a vida com a extração do caroá e do sisal.

No entretenimento, temos a Vaquejada de Serrinha, evento que integra o roteiro

nacional deste esporte genuinamente brasileiro, reunindo milhares de pessoas na maior

cidade da região sisaleira e movimentando grandes somas de dinheiro com a contratação de

bandas musicais que atraem multidões, embora muitas vezes destoando daquilo que se

podia esperar de uma autêntica festa rural.

Mas há também as manifestações musicais verdadeiramente sertanejas, e sem fins

comerciais. A mais expressiva é o Grupo da Quixabeira, composto por trabalhadores e

trabalhadoras rurais da própria região do sisal. Descoberto pelo musicólogo Bernard van der

Weid e incentivado pela APAEB – Associação de Desenvolvimento Sustentável Solidário da

Região Sisaleira, este grupo se apresenta regularmente em festas populares da região, já

gravou um disco e participa de eventos culturais em Salvador e no sul do país, difundindo os

cantos de trabalho, as chulas e os sambas rurais que eles próprios compõem nos raros

momentos de lazer ou durante a lida no campo.

Ainda na área musical, merece destaque o velho sanfoneiro da cidade de Euclides da

Cunha, Pedro Sertanejo, pai do músico Osvaldinho do Acordeon, que deixou um legado de

talento e compromisso com o autêntico forró nordestino. Há também o historiador,

compositor e cantor Fábio Paes, da cidade de Serrinha, que deu um tratamento sofisticado

às toadas e cantigas sertanejas; e Jurandir da Feira, também nascido em Serrinha, autor de

um rico repertório musical inspirado nos ritmos regionais, com músicas gravadas pelo

próprio Rei do Baião, Luís Gonzaga.

Isto sem falar nos inúmeros artistas anônimos que povoam este imenso território,

compondo, cantando, escrevendo, pintando, dançando, esculpindo, encenando, trançando

artesanato com as fibras do sisal, e que não contam com o devido reconhecimento da

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opinião pública por nunca terem sido ungidos pelos controladores da mídia, ou por não

serem contemplados por políticas públicas que valorizem efetivamente as manifestações

artísticas de caráter popular.

Todos eles, famosos e desconhecidos, contribuem com o seu talento para fortalecer

a identidade cultural deste povo que habita o Território do Sisal. Os trabalhos desenvolvidos

por esses artistas servem de espelho para a alma desta gente, que cultiva um forte

sentimento de pertencimento ao lugar onde nasceu.

Qualquer iniciativa voltada para a territorialização de políticas públicas a serem

desenvolvidas pelos governantes não pode deixar de levar em conta esta fibra do sertanejo,

tão forte quanto a fibra do sisal. E, sobretudo, precisa resgatar, valorizar e propagar todos

esses elementos históricos e culturais mencionados, pois são eles que constituem a

argamassa a ser utilizada em qualquer projeto voltado para a união e desenvolvimento dos

diversos municípios que constituem o Território do Sisal.

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Parte 1 – Aspectos Gerais

O Território do Sisal é constituído por 20 (vinte) municípios, habitado por 572.337

pessoas e uma extensão territorial de 20.154 km², o correspondente a 3,5% do Estado da

Bahia. Tem fácil acesso por rodovia, através da BR 116 e BR 324, e das BA 409 e BA 416. Na

cidade de Valente, sede do CODES, há um campo de pouso pavimentado para pequenas

aeronaves. Há emissoras de rádio AM nos municípios de Serrinha, Conceição do Coité e

Monte Santo, e FM em todos os municípios, destacando-se as Rádios Comunitárias de

Valente e Santaluz, devidamente autorizadas pelo Ministério das Comunicações. Todos os

municípios possuem telefonia fixa e móvel e recebem sinais de TV de todas as emissoras.

Conforme se pode observar no quadro seguinte, a densidade da população é de 28,4

habitantes/km².

Quadro I – Área e População (2009) dos Municípios do Território

Município Área – Km² População

2009¹

Araci 1.524 54.713

Barrocas 188 13.868

Biritinga 431 14.260

Candeal 455 9.050

Cansanção 1.320 34.093

C. do Coité 1.086 62.893

Ichu 128 6.148

Itiuba 1.731 36.960

Lamarão 356 12.995

Monte Santo 3.285 53.429

Nordestina 471 12.670

Queimadas 2.098 28.729

Quijingue 1.271 28.143

Retirolândia 204 11.798

Santaluz 1.597 35.416

São Domingos 265 9.730

Serrinha 268 73.859

Teofilândia 318 21.461

Tucano 2.801 29.827

Valente 357 22.295

TOTAL 20.154 572.337

Fonte: IBGE (WWW.ibge.gov.br) – (¹) Estimativas.

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Parte 2 - Questões Históricas, Geoespaciais, Ambientais e Socioeconômicas

1. O Semiárido

O Brasil nasceu a partir do Nordeste. Foi aqui que os europeus desembarcaram,

oficialmente, em 1500. Entretanto, enquanto território com suas peculiaridades e palco

discussão de muitos problemas sociais, passou a existir somente a partir da década de 40,

século passado, com os primeiros ensaios de Celso Furtado, Milton Santos e outros. Antes, a

imagem que se tinha do Nordeste era aquela apresentada por Graciliano Ramos2 em Vidas

Secas: solos ressequidos, carcaças de animais, migrantes com suas trouxas sobre a cabeça

fugindo das secas. Éramos tratados como nortistas.

Em 1936, o governo federal demarca o então chamado polígono das secas, região de

extrema pobreza que envolve áreas dos nove Estados nordestinos e norte de Minas Gerais,

que mais tarde, com a SUDENE, viria, teoricamente, a ter atenção particular das ações na

região, cujos resultados são reconhecidos como pífios.

Na década de 50 e início dos anos 60, o debate sobre o Nordeste ganhou corpo,

tendo-se conseguido a criação da SUDENE em 1959. Em 1969, o Nordeste foi instituído3,

enquanto macrorregião. Nele está instituída a maior região semiárida do mundo, região esta

que também não existia oficialmente, só instituída em 1989 pela Lei 7827, definindo-a como

área de atuação da SUDENE, e ampliada pela Resolução 10929/94, que incorporou parte dos

territórios de Minas Gerais e Espírito Santo4, correspondendo a 12,6% do território

nacional5. No território baiano estão 45% do semiárido nordestino, área correspondente a

438,4 mil km² que equivale a 77,6% do Estado. Nele vive cerca de 6,5 milhões de pessoas,

46,4% da população estadual. Nessa área situam-se 2656 (63,5%) dos 417 municípios

baianos.

2 Graciliano Ramos nasceu em 1892 e morreu em 1953. Militante do Partido Comunista publicou, em 1938,

Vidas Secas. 3 O IBGE criou cinco macro-regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul, sendo a Região Nordeste a

terceira, em dimensão territorial, com área próxima à da Itália. 4 A área do semiárido brasileiro corresponde a 1.106.529 km², sendo que 974.752 km² estão no Nordeste,

107.344 em MG e 24.433 no ES. (Cf. Cáritas Brasileira - www.cliquesemiarido.org.br). 5 Do total de 5.561 municípios brasileiros, 1.133 (20,4%) estão na região semiárida.

6 Cf. Nascimento, 2008: 234.

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Apesar de a Bahia ser um dos estados mais ricos do país (6ª economia), ainda se

iguala àqueles de piores indicadores sociais7. Mesmo abrigando 28% da população brasileira

(cerca de 53 milhões de pessoas), a contribuição da Região Nordeste na formação do

Produto Interno Bruto (PIB8) nacional é de apenas 13,1%, o que reflete a concentração de

investimentos noutras regiões (a relação PIB - população corresponde a 0,47), enquanto na

Região Sudeste estão 42,3% da população brasileira e sua participação no PIB nacional é de

56,5% (a relação PIB - População é de 1,3 – três vezes superior à encontrada no Nordeste).

Os longos períodos de seca que se repetem, de forma cíclica, em média a cada 12

anos, têm sido o grande vilão da situação de pobreza e de miséria em que se encontra

grande parte da população. O índice pluviométrico anual, além de baixo, é irregular, mais de

70% das chuvas se concentram num curto espaço de tempo, ficando a maior parte do ano

sem chover, o que inibe a atividade produtiva. Já nos períodos de estiagem prolongada, os

índices pluviométricos caem para 200 mm e 400 mm, inviabilizando quase que

completamente a atividade agropecuária. Nessas circunstâncias, fica praticamente

impossível a vida humana, gerando grandes fluxos migratórios da população, que busca a

sobrevivência noutras regiões9.

Desde os tempos da Monarquia, as condições climáticas do Nordeste são utilizadas

como responsáveis pela pobreza e pelo atraso da região, condição necessária para a

manutenção do domínio político nas mãos das elites. O semiárido nordestino possui a maior

concentração de açudes do mundo, com um volume de água estimado em 37 bilhões de

metros cúbicos; também possui a segunda maior reserva subterrânea, estimada em 135

bilhões de metros cúbicos, o que equivale a 35% a mais de todo volume de água que o rio

São Francisco despeja no mar anualmente10. Apesar de pouco, o volume de água

proveniente das chuvas corresponde 600 bilhões de m³, cinco vezes superior ao volume de

água do São Francisco11. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), a água é considerada

7 A publicação Bahia Análise & Dados, SEI, 2008, apresenta dados diferentes em sua pág. 232: área do

semiárido brasileiro 980.056,7 km², nordestino 876.466,7 km² (omite o Espírito Santo). A mesma publicação registra 252 Municípios como pertencentes ao semiárido baiano, abrangendo uma área correspondente a 390.549,4 km² que equivale a 45,5% do semiárido nordestino. 8 Dados do IBGE, 2007.

9 Os longos períodos de seca trazem consigo, além da falta de água, a falta de alimentos. A vegetação

desaparece e parte dos criatórios sucumbe. No passado, parte considerável da população recorria à caça abundante para vencer os momentos de crise, alternativa que já não existe nos dias atuais com a devastação da flora e da fauna. 10

FILHO, João Alves (Org.). Transposição do Rio São Francisco. Rio de Janeiro: Mauad Editora, 2008, p. 34; 11

RIBEIRO, Manoel Bonfim. A potencialidade do Semi-Árido Brasileiro. Rio de Janeiro: publicação independente, 2007, p. 16;

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escassa quando a disponibilidade mínima chega a 1.000 m³ de água por pessoa, por ano. No

Nordeste, a menor disponibilidade está em Pernambuco, com 1.270 m³/pessoa/ano,

chegando a 2.279 m³ no Ceará e 9.185 m³ no Piauí12.

Fica evidenciado que o problema não está na falta de água, mas nas políticas de

utilização que foram implementadas ao longo do tempo. Os fatos estão à nossa mira.

Apenas como ilustração, cita-se o Açude de Cocorobó que começou a ser construído na

década de 1950 e inaugurado em 1967, cobrindo uma área de 2.395 ha, inclusive a Velha

Canudos e parte da sua memória. Aquele mar de água doce em nada contribuiu para reduzir

a pobreza e a exclusão social.

Mas o avanço do capitalismo impõe novas formas de utilização da água. Leis foram

criadas para regular a utilização da água no subsolo e nos mananciais superficiais. Os casos

de privatização da água tornam-se cada vez mais frequentes e de forma moderna,

apontando para a substituição do modelo tradicional de construção de represas e escavação

de poços em áreas particulares dos fazendeiros, coisa que o DNOCS fez muito bem durante

toda sua existência:

a Nestlé vem construindo um monopólio, domina quase 20% das vendas mundiais de água, e no Brasil é dona das marcas Aquarel, São Lourenço, Petrópolis, Perrier, San Pellegrino e Acqua Panna e mais recentemente, Santa Bárbara, além de ter sido proibida de explorar água em São Lourenço, Minas Gerais, em 2004. No planeta, o mercado de água privatizada é controlado por quatro empresas, três delas francesas, outra alemã, segundo dados do Le Monde Diplomatique de 2005: “Atualmente, as ‘Três Irmãs’ (Veolia, Ondeo e Saur) controlam 40% do mercado mundial da água privatizada em mais de 100 países. O único rival no setor, que ocupa a terceira posição mundial, é a RWE (gigante da energia na Alemanha) e sua filial britânica, Thames Water, que obteve êxito ao se instalar no mercado americano, via aquisição da líder nacional American Water Works

13.

O programa de construção de cisternas, reivindicada pelas organizações da sociedade

civil e executado pelo governo, é uma conquista importante: primeiro, por permitir maior

democratização do acesso à água; segundo, por reduzir (ainda não elimina) o uso político da

água; terceiro, por diminuir os riscos de flagelo e a migração em massa, provocados pela

sede e pela fome.

Embora necessária, a captação e armazenamento de água para uso doméstico

representam a cesta básica de alimentos do passado: a população está com fome e precisa

de comida; está com sede, precisa de água. É crucial, portanto, para a subsistência das

12

Luiza Teixeira de Lima Brito et alli. Potencialidades de Água da Chuva no Semiárido Brasileiro. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2007. (disponível em http://www.cpatsa.embrapa.br/kw_storage/keyword.2007 - acesso 12.07.2010) 13

http://oinstituto.org.br/p2p/ (acesso em 19.08.2010)

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24

pessoas, mas não ajuda a combater a pobreza e a melhorar as condições de vida. É preciso

dar o segundo passo: água para produzir alimentos e para gerar riqueza, projetos de

irrigação para a agricultura familiar. Somente com a firme decisão de criar as condições para

tornar a agricultura familiar produtiva e competitiva num mercado cada vez mais dominado

pelas grandes corporações é que se começará, efetivamente, a substituir o atraso e a

pobreza por um verdadeiro processo de desenvolvimento sustentável.

2. Um Pouco de História

A história da Bahia, como de outros territórios, precisa ser conhecida não como um

mero apêndice de outros assuntos e com distorção dos fatos, mas pela importância

intrínseca: entender a dimensão territorial do regional e do local torna-se uma necessidade

de se entender no mundo confuso e veloz de nossos tempos, assim como a perspectiva

territorial e suas políticas que se articulam. A história da Bahia é, portanto alvo de estudos e

de abordagens mais diversas. Aqui buscaremos apresentar alguns elementos de como se

constituiu a região do sisal, onde está inserido o Território do Sisal, e quais as relações

histórico-culturais que antecederam o atual momento e contribuíram ou conflitaram para

essa história.

É neste contexto que os europeus viram seu olhar para o Brasil. O Recôncavo baiano

foi o palco da chegada dos primeiros portugueses em missão oficial14. Violentos como

sempre foram, os portugueses aqui chegaram com gosto de sangue expresso contra a

população nativa; as comunidades indígenas que não se submetiam às formas éticas, morais

e culturais de violência praticadas pelos portugueses, ou à escravização para o trabalho,

eram violentamente dizimadas. As primeiras vítimas foram os Tupinambás que dominavam

todo litoral brasileiro, inclusive o entorno da Baía de Todos os Santos; distribuídos em várias

etnias15, foram praticamente exterminados16. A partir de meados do século XVI,

intensificaram-se as medidas de ocupação do sertão. A pecuária extensiva foi um dos

14

Registros históricos indicam a presença de europeus no Continente antes de 1500. Em processo sobre os crimes do navio La Pélerino, o tribunal francês de Bayone faz referências à presença de portugueses na Ilha de Itamaracá (Ilha que Canta, em Tupy), desde 1491 e sugere que os franceses também estiveram por aqui. www.wikipedia.org/wiki/História. 15

Tamoios, Tupiniquins, Potiguaras, Temiminós, Tabajaras, Caetés, Amoipiras, Tupinaras, Aricobés, entre outros. 16

Historiadores registram que 5 milhões de tupinambás foram assassinados até 1565 http://www.midiaindependente.org/pt/blue/ (acesso 27.09.10). Há, ainda, dois núcleos de Tupinambás no sul da Bahia com 20 aldeias e menos de 4.000 índios.

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instrumentos utilizados para ocupar o vasto espaço territorial, pela sua capacidade de

penetração pelo interior adentro e pelos baixos custos que representavam os criatórios

bovinos17. Essa foi a estratégia principal fincada no princípio latifundista18 que permitiu, já

no século seguinte à ocupação, a presença de populações em muitas localidades

interioranas, auxiliada, em algumas regiões, com a exploração da mineração.

Assim chegaram os colonizadores ao semi-árido baiano e nordestino: um espaço cuja

notoriedade deve-se muito às secas, estiagens, e, portanto, à carência de todas as formas,

sobretudo de recursos naturais, econômicos e sociais, o que, por toda vida, arrebatou a

auto-estima do sertanejo, lembrado sempre pelo alto grau de pobreza e de indigência e

utilizado, ao longo dos séculos, por setores políticos, como elemento para justifica sua

dominação. O Estado, longe de implementar políticas que pudessem compensar as

17

À medida que os portugueses conseguiam impor seu domínio sobre os indígenas, que recuavam para o interior, conseguiram ocupar o território (...) com seus criatórios de gado bovino, chegando à Região do São Francisco no Século XVIII (OLIVEIRA, 1987 : 24). 18

Em 1530 a Coroa instituiu o sistema de sesmarias que consistia em ceder, para pessoas da confiança do rei, grandes extensões territoriais para exploração.

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deficiências naturais, alimentou toda uma história marcada pela cultura do assistencialismo

e do clientelismo – características nominais do estado de pobreza latente da região; os

representantes do Estado não apenas legitimaram toda a situação como esforçaram-se para

preservá-la ao longo dos tempos. Não há registro de qualquer medida de impacto voltada

para combater a pobreza, o atraso e a ignorância no Nordeste por parte de governantes.

Em todo semi-árido baiano (258 Municípios) desenvolveu-se, assim como nas outras

grandes regiões, uma pecuária extensiva e com base latifundiária. O sistema de Capitanias

Hereditárias e de Sesmarias implantado, ainda na primeira metade do século XVI, permitiu a

ocupação das terras pelos portugueses ou por outras pessoas da confiança deles, a exemplo

dos jesuítas19, sem nenhuma preocupação com o tamanho das áreas20, criando-se todo tipo

de obstáculo para o surgimento de atividades econômicas de base familiar.

A Região do Sisal passa por todos os feitos dos portugueses e seus sucessores. Em

finais do século XIX para inícios do século XX, introduziu-se aqui o cultivo do agave que

encontra as condições edafoclimáticas adequadas para o seu desenvolvimento. O agave

pouco se desenvolveu até finais de 1930, visto que havia um concorrente nativo

amplamente utilizado pelas populações nordestinas: o caroá.

19

No final do século XV os Jesuítas começaram a ser os maiores donos de propriedades territoriais (FREIRE, 1906 : 92). 20

Somente no século XVIII (1729) a Coroa regulamentou o assunto, estabelecendo que nenhuma sesmaria poderia ter mais do que três léguas por uma de largura (OLIVEIRA, op. cit, p. 22).

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O sisal alcançou papel de destaque na Bahia, no período de 1938-42, quando o

governo Landulpho Alves passou a estimular o seu plantio como alternativa de sobrevivência

do sertanejo, aproveitando as condições favoráveis do mercado interno criadas pelos

obstáculos de importação de produtos similares por conta da Segunda Guerra Mundial.

Altamente resistente às secas, o sisal apóia-se especialmente na cultura minifundista,

em pequenas e médias propriedades de terra, cujo alicerce principal é a agricultura de

subsistência. Até finais da década de 40, a fibra do sisal é extraída manualmente, nos

conhecidos farrachos21. A fibra era utilizada para a confecção de cabrestos, cordas, cordéis,

sacarias etc. que passam a ocupar lugar de destaque no mercado interno como no externo,

naqueles casos possíveis, suplantando assim o caroá.

O processo artesanal de desfibramento do sisal, através do farracho, é substituído

pelo processo mecanizado através da “máquina paraibana”, ganhando força a partir da

década de 50 com a política de industrialização implantada no país.

A “máquina paraibana” modernizou de forma significativa o setor, e trouxe para a

região mudanças de destaque, alterando radicalmente as relações de trabalho. Antes, o

farracheiro desfibrava o seu próprio sisal ou de terceiros através da meia; a “paraibana”

criou a figura do “trabalhador do motor”22, estabelecendo uma relação patrão-empregado

até então desconhecida. Os primeiros motores, ainda na segunda metade da década de 40,

pertenciam a “gente rica”, fazendeiros e comerciantes. Com a “chegada” à região, da

legislação trabalhista, os proprietários de motores transferiram tal responsabilidade para os

agricultores familiares ou para os próprios trabalhadores, criando-se uma situação inusitada:

o dono do motor (“máquina paraibana”) era, em muitos casos, um trabalhador, mas tinha os

seus pares como empregados diante da lei. A outra modificação importante no processo de

desfibramento do sisal foi os altos índices de acidentes de trabalho, resultando, na maioria

das vezes, em mutilação dos trabalhadores23.

Os historiadores apontam que a Região do Sisal é marcada pelo mesmo tipo de

expansão político-econômica da região semiárida e do conjunto do nordeste: dos tempos

21

O farracho é um objeto construído com uma forquilha de madeira com duas lâminas de ferro, uma dela móvel: de um lado, uma pedra pendurada permite a pressão suficiente para “descascar” a folha do sisal e, do outro, um pedal feito de vara permite que o farracheiro movimente a lâmina para cima para introduzir a folha do sisal, puxando-a com a ajuda do cambito, também feito de vara. 22

O cortador, o palheiro, o desfibrador, o resideiro e a estendedeira. 23

Há uma espécie de pacto, ainda vigente nos dias atuais, que preconiza o seguinte: em casos de acidentes graves, com mutilação do trabalhador, o dono do motor, cuja situação econômica é similar a do trabalhador acidentado, não podendo arcar com os custos indenizatórios e transfere a propriedade do motor para o acidentado, já que a atividade não permite recolher contribuições previdenciárias.

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28

coloniais herda-se a cultura latifundista, o assistencialismo e paternalismo com suas

configurações diversas, e uma forte visão místicoreligiosa de mundo, reforçada, já em

épocas mais recentes (período da República Velha), pelo coronelismo que constrói todo o

arcabouço político para sua consolidação, sustentado pelo medo e pelas incertezas da

população, resultando num sistema oligárquico poderoso cuja reminiscência perdura até os

dias atuais. Imprime-se, nas mentes dos sertanejos, toda uma concepção fatalista, levando-

os a atribuir a Deus as responsabilidades pelas desigualdades e pela exclusão social; se há

perda de colheitas, é fruto da vontade de Deus; se vem a seca, é castigo de Deus24. E isso

acabou sendo aceito e legitimado pela população até os dias atuais.

Na virada do período imperial para a República, as populações do semi-árido não

recebem as atenções dos governos. Ao contrário, intensificam-se os esforços em benefício

do Centro-Sul. O Nordeste, que ficou no topo da economia nacional por mais de três séculos,

começa a ficar para trás. Foi nesta região que se iniciou a industrialização (produção de

açúcar e indústria têxtil) que, por falta de apoio e incentivo, migrou para o Centro-Sul.

A história da região confunde-se com a produção econômica e as relações sociais.

Essa base relacionou-se de forma significativa com a herança portuguesa e indígena para

formar a visão de mundo própria do sertanejo. Em certo sentido, as manifestações culturais

da região moldam a história social de suas populações. Atualmente não se busca apenas

identificar os governantes e seus atos políticos, mas também a ciência histórica, na tentativa

de se aproximar mais da realidade dos fatos; busca-se compreender o processo histórico

como uma construção social, identificando e reconhecendo o papel exercido pelos sujeitos

coletivos das classes trabalhadoras.

3. Aspectos Geográficos e Ambientais

Ao longo dos anos e em estudos mais recentes, pesquisadores têm identificado a

complexa diversidade do semiárido, cuja biodiversidade do seu principal bioma – a caatinga–

continua desconhecida em muitos aspectos. A diversificação dos ecossistemas, marca das

características ambientais brasileiras, está também presente no semiárido, no ecossistema

da caatinga, ainda pouco conhecidos.

24

Há muitas histórias orais contadas pelos sertanejos em que foram pedir socorro aos dirigentes políticos (prefeitos etc.) em momentos críticos e eles respondiam que “deviam reclamar a São Pedro”, numa alusão de que não tinham responsabilidade frente às situações.

Page 29: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

29

Esse ecossistema permite o aparecimento de plantas arbustivas e arbóreas, com uma

característica peculiar: as plantas, devido à sua formação e como medida de proteção à

desidratação, podem perder toda a sua folhagem durante um determinado período do ano,

sem que isso resulte em sua morte. O solo na maioria da região é raso e pobre em nutrientes

básicos, embora tenha um substancial valor em cálcio e potássio, o que permite às

vegetações e populações uma diversidade de vegetação como o algodoeiro de seda e o

caroá. Destacam-se ainda o umbuzeiro, a barriguda – de grande valor simbólico-cultural para

a região, o icó, a baraúna, o faveleiro, o pau ferro, o licuri, a camaratuba, a umburana e

diversas espécies de cactáceas como a palma, o xique-xique, o cabeça-de-frade e o

mandacaru. É essa complexa diversidade que garante a vida animal e humana numa região

em condições climáticas tão adversas. Quando a grande maioria das plantas caatingueiras

perde suas folhagens nos períodos de estiagens assegura a alimentação para dezenas de

espécies, de insetos a caprinos e ovinos; a palma, o mandacaru e tantas outras espécies se

constituem em ingredientes alimentares25 fundamentais para a sustentação dos animais na

região. O licurizeiro e o umbuzeiro tiveram – e ainda têm - papel de destaque na

alimentação humana e animal nos momentos de crise por se constituírem em fontes

nutritivas importantes para os animais e para os humanos.

Esse ecossistema permitiu que as populações da região pudessem suprir suas

necessidades de vestimenta, alimentação, medicamentos, energia e habitação, abastecendo

ainda as demandas do capital mercantil, sobretudo da indústria tradicional, como as fibras e

oleaginosas.

O capital mercantil vem aumentando suas ações na região, mostrando no último

quarto de século seu poder gerador de concentração de renda e devastador quanto ao meio

ambiente. Um exemplo da sua penetração de forma agressiva na região é a comercialização

do carvão, cuja extração de forma predatória constitui-se em única fonte de subsistência

para milhares de famílias sertanejas; o preço do carvão, pago pelo consumidor, chega a

quatro vezes o valor pago ao produtor, o que alimenta o processo acumulativo do capital. Há

muitos outros casos onde comerciantes faturam grandes cifras anuais intermediando a

comercialização dos produtos agropecuários: cereais, frutas, sisal, carne, leite etc.

O desequilíbrio provocado pela exploração predatória tem causado profundos

problemas às populações da região. O manejo e a conservação dos recursos ambientais

25

A EMPRABA identificou mais de trinta espécies naturais da caatinga com grandes potenciais alimentares para bovinos, caprinos e ovinos.

Page 30: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

30

realizados de forma irresponsável, associados aos grandes períodos de escassez de água

aumentam as dificuldades para manter a vida na região.

Sabe-se que nos anos 80 as atividades do complexo gado-algodão-lavouras

alimentares e da mineração constituíram elementos básicos da estruturação do espaço

econômico do semiárido, que vigorou até o começo dos anos de 90, quando uma queda

brusca da economia algodoeira e da mineração forçou a quebra do complexo. As pragas,

bem como a oscilação e subsídios de outros países, causaram ou adiantaram o processo da

crise dessas culturas. O sisal, o ouro verde da década de 50 (século passado), entra em

colapso com o regime militar, que cortou relações comerciais com a então União República

Socialista Soviética (URSS), principal comprador.

Paralelo a esse processo, surge a agricultura familiar numa visão orgânica e zeladora

do meio ambiente. Essa perspectiva cresce, provocada especialmente pela iniciativa das

organizações da sociedade civil, buscando implementar tecnologias apropriadas de

convivência com o semi-árido. Já se contabilizam muitas experiências de base agroecológicas

empreendidas na região por agricultores familiares, que apontam para um futuro um pouco

mais promissor, construindo uma consciência ecológica na população e produzindo

alimentos de qualidade em bases sustentáveis. Está longe, entretanto, de frear o processo

de devastação da caatinga, indispensável para assegurar as condições de sobrevivência na

região. Se a caatinga for exterminada, muito provavelmente a agricultura familiar sucumbirá

com ela.

4. Aspectos Geoespaciais

Em todos os tempos, sob todas as facetas da vida, em todo o nordeste brasileiro, sob

todas as denominações, o semiárido sempre foi o cenário de uma realidade vista sob olhos

pesarosos que miram, à distância, para homens e mulheres que vivem quase em condição

subumanas, condenados ao atraso, à fome e à pobreza. Entretanto, os sertanejos, mais do

que simples homens, homens fortes, como disse Euclides da Cunha, sobrehumanos,

protagonistas de um processo social e político sem precedentes, começam a mudar essa

realidade em muitas das localidades desse imenso território que é a região semiárida no

Estado da Bahia com 8,5 km² de área em 258 Municípios, onde vivem quase sete milhões de

pessoas.

Page 31: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

31

Novos olhares focados em direção a essa realidade fazem com que esses sertanejos

não sejam o que se desejam, olhos de complacência e pesar. Embora as condições climáticas

tenham sido, ao longo dos anos, um fator limitante das suas ações, circunscrevendo-os na

escassez de suas “vidas secas”, esses homens fortes vêm demonstrando, com suas atitudes

de perseverança, criatividade, resistência e, sobretudo, da certeza da superação que jorram

em abundância, que podem mudar os rumos da história da Região Sisaleira. E é através da

busca sagrada e digna pela sobrevivência nessa região tão inóspita, através das mais

variadas ações cotidianas, que tornam esses homens e mulheres, herdeiros naturais de uma

sina que, naturalmente, os legitima como protagonistas em busca de soluções locais para

melhoria de sua qualidade de vida.

Pensando e focando a Região Sisaleira com um olhar menos romântico e mais

realista, registram-se os primeiros exemplos, em toda história, em que as organizações da

sociedade civil e o poder público se juntam em uma mesma direção, aproveitando os

potenciais naturais - com seus limites - e culturais na busca da construção do bem-estar

coletivo.

Esse projeto se alimenta das possibilidades reais da junção de esforços dos

segmentos componentes do Estado, da sociedade civil e do poder público, apesar das

dificuldades e conflitos existentes, explícitos ou velados. Ainda, da já conhecida força

sertaneja, onde estão os diferentes saberes e experiências, dos pesquisadores, dos

dirigentes de ONG’s, das organizações comunitárias e das associações de classe, bem como

das representações políticas, empresariais, artísticas e o do poder público. Essa composição,

tendo um projeto comum como traço de união, permitirá, através da mistura frutífera entre

a formalidade das instituições públicas, da ciência e da tecnologia, das práticas inovadoras e

criativas das organizações sociais, um processo de construção do desenvolvimento

sustentável territorial capaz de assegurar a melhoria da qualidade de vida da população com

a preservação do ecossistema.

Os índices pluviométricos que normalmente variam entre 600 mm e 800 mm anuais

são periódicos e sem regularidade; muito frequentemente 70% das chuvas, nos anos

chuvosos, concentram-se em dois ou três meses. Quando esses índices caem para 200 mm e

400 mm, inviabilizam o armazenamento de água e praticamente toda atividade

agropecuária, constituindo os conhecidos períodos de seca que duram entre dois a cinco

anos. No Território do Sisal os recursos hídricos de superfície têm, como principais

representantes, o rio Itapicuru e pequenas represas construídas pelo poder público. O

Page 32: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

32

substrato geológico cristalino, por outro lado, que ocupa uma vasta área, torna-se

responsável pelo teor de sais que, dissolvidos pelas águas de origem pluvial, incorpora-se às

águas superficiais e subterrâneas, fato que se agrava com a elevada evaporação da água no

solo, motivada pelas altas temperaturas existentes que, entre outros problemas, provoca

altos índices de evaporação da pouca água disponível26. Nessas condições, as águas tornam-

se salobras, de sabor desagradável ao paladar padrão, embora por falta de alternativas, seja

de uso obrigatório para boa parte da população nos momentos de crise.

Por outro lado, a Região Sisaleira apresenta uma vegetação diversificada que se

caracteriza por plantas com adaptações morfofisiológicas para resistirem a longos períodos

de seca. E, nesse aspecto, a agropecuária e a extração vegetal (sisal) assumem relevante

função social por ocupar a grande maioria da força de trabalho regional, caracterizando-se

pela predominância de culturas de subsistência.

A pecuarização bovina do semiárido surgiu e se estendeu a partir da disponibilidade

de grandes áreas de terra para a criação extensiva onde a riqueza da biodiversidade da

caatinga constituía-se em pastagens naturais, exigindo poucos investimentos em mão de

obra, constituindo-se numa alternativa para enfrentar as incertezas em relação à agricultura.

As políticas oficiais também se tornaram um forte incentivo à bovinocultura: em épocas mais

remotas, os (poucos) recursos disponibilizados para o crédito rural excluíam completamente

outras opções, a exemplo da caprinocultura ou ovinocultura, mantendo a exclusividade para

as atividades bovinas, embora a criação de caprinos e de ovinos fosse mais recomendada

por apresentar condições mais favoráveis de sobrevivência nos períodos de seca.

Apesar da carência de água e da adversidade climática, a biodiversidade da caatinga

se constitui num rico potencial para garantir a vida dos humanos na região; por um lado,

muitas plantas nativas, a exemplo do umbuzeiro, da cajazeira, do araticum, dentre tantas

outras e, de outro, a fauna diversificada, tudo se constituiu, ao longo da história, em

importante fonte de suplemento alimentar para a população. É da caatinga, também, que o

sertanejo se utiliza da vegetação nativa para produção de energia de e artefatos variados.

Práticas predatórias, entretanto, intensificadas nas últimas décadas - as queimadas, a caça

indiscriminada etc. - têm levado a uma permanente devastação, eliminando muitas espécies

26

Segundo trabalho publicado pelo Banco do Nordeste do Brasil sobre os índices de evaporação em várias localidades do Nordeste brasileiro, há casos de até 2.975 mm anuais (Rio Grande do Norte) e, para o Agreste de Jacobina, cujas características se aproximam da Região Sisaleira, os índices de evaporação anuais são da ordem de 1.379 mm GUIMARÃES, Duque. O Nordeste e as lavouras xerófilas. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2004, p.19.).

Page 33: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

33

animais e vegetais que ajudaram a criar as condições de vida humana na região. E aí surgem,

como ocorre em outros subsistemas, conseqüências graves devido ao manejo inadequado

da região de maneira que a ausência de determinadas espécies vegetais implica,

inevitavelmente, na extinção de espécies animais e também compromete a própria vida

humana. Assim, a relação do sertanejo com a natureza é paradoxal: de um lado, suas

atitudes predatórias devastadoras, muitas vezes induzidos e orientados por políticas oficiais

e, de outro lado, suas posturas criativas e de resistência com estratégias de relacionamento

harmônico com a natureza que garantam a própria sobrevivência, principalmente nos

períodos de secas mais severas.

5. Aspectos Demográficos e Socioeconômicos

5.1. População

Em termos absolutos, a população do território cresceu apenas 37,2 no período de

1980 a 2009. Considerando o percentual médio de crescimento da população, em 2009 a

população deveria ser de 731.293, 75% a mais do que em 1980, o que se pode inferir que

houve uma perda de 313.354 pessoas, resultado da emigração. O período mais crítico teve

início em 1991, quando vários municípios apresentaram estagnação ou crescimento

populacional negativo, contabilizando-se um crescimento de apenas 4,4% na década,

mantendo-se em ritmo crescente na década seguinte, quando o crescimento de 2000 a 2009

foi de apenas 3,6%. A aceleração do processo migratório, a partir de 1980, muito

provavelmente está relacionada à crise do sisal que se estabeleceu a partir da década

anterior.

Quadro II - População Total dos Municípios: 1080, 1991, 2000 e 2009

Municípios População

1980 1991 2000 2009²

Araci 32.225 45.341 47.584 54.713

Barrocas¹ - - - 13.868

Biritinga 10.478 14.620 14.461 14.260

Candeal 10.772 10.728 10.121 9.050

Cansanção 24.421 30.903 31.947 34.093

Conceição do Coité 41.436 52.338 56.317 62.893

Ichu 5.283 8.586 5.593 6.148

Itiúba 30.549 34.403 35.543 36.960

Page 34: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

34

Lamarão 9.350 10.275 9.523 12.995

Monte Santo 42.178 51.280 54.552 53.429

Nordestina (¹) 9.315 11.800 12.670

Queimadas 27.259 23.162 24.613 28.729

Quijingue 19.621 23.958 26.376 28.143

Retirolândia 10.402 11.300 10.891 11.798

Santaluz 23.119 30.634 30.955 35.416

São Domingos (¹) 10.681 8.526 9.730

Serrinha 57.467 76.013 83.206 73.859

Teofilândia 15.095 21.570 20.432 21.461

Tucano 36.493 46.618 50.948 29.827

Valente 21.791 17.425 19.145 22.295

Total 417.939 529.150 552.713 572.337

Fonte: IBGE, Censos Demográficos e Estimativas Populacionais, 2001. (¹) Municípios criados depois de 1980; (²) Estimativas.

A população urbana passou de 28,5% para 37% no período de 1991 a 2000. Deve-se

registrar, ainda, que parcela significativa da população considerada urbana vive das

atividades rurais. São famílias que residem em cidades ou sedes distritais27 mas mantêm

suas atividades econômicas diretamente vinculadas à agropecuária e que são tidas como

urbanas. Observa-se que Serrinha, com a maior população urbana no Território, já possuía,

em 1991, quase metade da sua população residindo na área urbana (49,9%), passando para

61,4% em 2000.

Quadro III - População Total, Urbana e Rural dos Municípios, 1991

Município

1991 2000

Urbana Rural Urbana Rural

Nº % Nº % Nº % Nº %

Araci 11.584 25,6 33.757 74,4 16.189 33,8 31.395 66.2

Biritinga 1.781 12,2 12.839 87,8 2.347 16,0 12.294 84,0

Barrocas - - - - - - - -

Candeal 2.541 23,7 8.187 74,3 3.417 33,8 6.704 66,2

Cansanção 6.926 22.4 23.977 77,3 9.221 28,9 22.726 71,1

Conceição do Coité 20.002 38,3 32.336 61,7 28.026 49,8 28.291 50,2

Ichu 3.124 36,4 5.462 65,6 2.663 47,6 2.930 52,4

Itiúba 7.068 20,5 27.335 79,5 8.864 24,9 26.679 75,1

Lamarão 1.221 14,8 8.754 85,2 1.928 20,2 7.595 79,8

Monte Santo 4.931 9,6 46.349 90,4 7.226 13,3 47.326 86,7

Nordestina. 1.370 14,7 7.945 85,3 2.875 24,4 8.925 75,6

Queimadas 8.431 36,4 19.773 63,6 9.783 39,7 14.830 60,3

Quijingue 3.389 14,2 20.569 85,8 4.892 18,5 21.484 81,5

27

A ONU recomenda, como critério para considerar uma área urbana, um aglomerado humano a partir de 20 mil habitantes, o que não é o nosso caso. Há cidades com menos de 5 mil habitantes e pequenas concentrações humanas cujas atividades econômicas são eminentemente rurais e que são consideradas urbana.

Page 35: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

35

Retirolândia 3.882 34,4 6.418 65,6 5.474 50,5 5.417 49,7

Santaluz 12.704 41,5 17.930 58,5 17.966 58,0 12.989 42,0

São Domingos 3.442 32,3 7.239 67,7 3.711 43,5 4.815 66,5

Serrinha 37.854 49,8 38.159 50,2 45.943 55,2 37.263 44,8

Teofilândia 3.779 17,5 17.971 82,5 5.858 28,7 14.574 71,3

Tucano 10.131 21,7 36.487 78,3 18.597 36,5 32.351 63,5

Valente 6.438 36,9 10.987 63,1 9.511 49,6 9.634 50,4

TOTAL 150.598 28,5 365.423 71,5 204.491 37,0 348.222 63,0

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 1991 e 2000.

Por faixas de idade, quase metade da população (47,4%) tinha, em 2000, menos de

20 anos e 63,5% tinham menos de 30 anos de idade, o que retrata uma população

eminentemente jovem. Entretanto, o segmento com 60 anos ou mais já passava de 10%.

Observa-se que 36% (mais de um terço, portanto) eram constituídos de crianças com menos

de 15 anos de idade, o que requer atenção especial dos poderes públicos.

Quadro IV – População dos Municípios por faixas de idade, 2000

Município Faixas de Idade (anos)

TOTAL Até -7 7 a -15 15 a -20 20 a -30 30 a -60

60 e mais

Araci 8.764 10.107 5.734 7.321 11.880 3.808 47.581

Barrocas 1.804 2.467 1.629 2.083 3.230 830 12.107

Biritinga 2.279 1.913 1.882 2.212 3.825 1.209 14.641

Candeal 1.347 1.731 1.284 1.785 2.824 870 9.017

Cansanção 5.373 6.197 3.757 4.833 8.608 3.197 31.947

C. do Coité 8.137 10.215 7.101 9.813 16.011 2.593 56.317

Ichu 775 987 690 915 1.613 613 5.593

Itiuba 5.861 7.167 4.198 5.410 9.289 3.618 35.543

Lamarão 1.334 1.784 1.236 1.766 2.357 1.046 11.988

Monte Santo 9.457 11.775 6.208 8.278 15.041 5.380 51.139

Nordestina 1.925 2.336 1.423 1.845 3.085 1.186 11.800

Queimadas 3.745 4.950 3.075 3.676 6.646 2.521 24.613

Quijingue 4.383 5.231 2.962 4.069 7.400 2.331 26.376

Retirolândia 1.422 1.885 1.494 1.858 3.220 1.012 10891

Santaluz 4.549 5.890 3.885 5.219 8.775 2.637 30.955

São Domingos 1.007 1.417 1.146 1.542 2.678 827 8.618

Serrinha 10.195 12.885 9.090 12.984 19.390 6.154 71.099

Teofilândia 3.411 4.389 2.576 3.349 5.260 1.448 20.432

Tucano 7.659 9.971 5.970 8.310 14.029 5.009 50.948

Valente 2.575 3.186 2.371 3.557 5.616 1.770 19.145

Total 86.002 102.483 67.711 90.825 150.777 48.059 545.857

% 16,7 19,3 11,4 16,1 26,4 10,1 100,0

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Page 36: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

36

5.2. Educação

Apesar do consenso sobre a importância da educação de uma comunidade para o seu

processo de desenvolvimento, a situação da educação no território é bastante crítica, fruto

do descaso dos governos por toda a história. O número de pessoas ainda tecnicamente

analfabetas (que não sabem ler nem escrever) e de analfabetos funcionais (os que lêem e

escrevem com dificuldade) é assustador. O quadro seguinte demonstra, de um lado, que

55% da população com 15 anos ou mais têm menos de 04 anos de estudo: são os

analfabetos funcionais. Essas pessoas, como aquelas completamente analfabetas, têm mais

dificuldade para desenvolver suas potencialidades e habilidades para empreender atividades

econômicas mais lucrativas, preservar o meio ambiente, associar-se com outras pessoas

para a busca de soluções coletivas etc. De outro lado, encontram-se os dados

correspondentes à população com mais de 25 anos e 12 anos de estudo (que corresponde,

de forma aproximada, a um curso superior de duração plena). Observe que no conjunto,

menos de 1% da população com mais de 25 anos tem doze anos de estudo, ficando a melhor

posição para o município de Valente que apresentou um índice quase três vezes superior à

média, ficando a pior posição para Monte Santo.

Quadro V - Proporção de pessoas com 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de estudo, e da população com 25 anos ou mais e 12 anos de estudo, 2000.

Município População com menos de 4 anos

de estudo (%) População com 12 anos de

estudo (%)

Araci 69,4 0,37

Barrocas28

--- ---

Biritinga 65,4 0,53

Candeal 50,9 0,46

Cansanção 67,1 0,31

C. do Coité 54,1 1,58

Ichu 40,6 1,21

Itiuba 64,2 0,34

Lamarão 61,8 0,19

Monte Santo 74,3 0,0

Nordestina 64,3 0,15

Queimadas 59,3 0,30

Quijingue 72,4 0,47

Retirolândia 50,1 0,17

Santaluz 54,7 1,21

São Domingos 50,2 0,55

28

Município criado no ano 2000, desmembrado de Serrinha.

Page 37: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

37

Serrinha 47,1 1,72

Teofilândia 60,7 1,37

Tucano 61,4 0,63

Valente 47,1 2,03

Total 58,7 0,72

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

A situação fica ainda mais evidente quando se observam os dados do quadro

seguinte que trata do número médio de anos de estudo por grupos de idade. Observe-se

que, para o segmento de 15 anos de idade ou mais, a média de anos de estudo é menos de

três anos. Como se trata de média, alguns podem ter mais de dez anos de estudo e outros

não terem nenhum.

Quadro VI - Media de anos de estudo da população de 10 anos ou mais de idade, por grupos de idade, 2000.

Município Total

Grupos de Idade

10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos ou mais

Araci 2,4 1,0 1,4 1,8 2,0 2,6 2,9

Barrocas --- --- --- --- --- --- ---

Biritinga 2,7 1,0 1,5 1,6 1,9 2,5 3,4

Candeal 3,7 2,0 2,6 2,9 3,5 3,8 4,1

Cansanção 2,5 1,1 1,6 1,9 2,6 3,1 3,4

C. do Coité 3,6 1,7 2,3 2,8 3,5 4,1 4,3

Ichu 4,6 1,7 2,8 3,2 3,6 4,2 5,5

Itiuba 2,7 1,1 1,7 1,9 2,5 2,7 3,3

Lamarão 2,7 0,9 1,2 1,7 1,9 2,6 2,6

Monte Santo 1,8 0,7 1,1 1,6 2,0 2,2 2,8

Nordestina 2,4 1,3 1,8 1,9 3,0 3,1 3,5

Queimadas 3,2 2,0 2,7 2,8 3,6 3,8 4,2

Quijingue 2,1 0,9 1,5 2,2 2,6 2,9 3,3

Retirolândia 3,9 2,2 2,6 3,2 3,9 4,2 5,0

Santaluz 3,5 1,9 2,2 3,1 3,5 4,0 4,5

São Domingos 3,9 1,9 2,6 3,7 4,5 4,5 5,1

Serrinha 4,2 1,4 2,0 2,6 3,2 3,5 3,8

Teofilândia 2,9 0,8 1,2 1,5 1,9 2,7 3,0

Tucano 2,9 1,2 1,8 2,5 2,6 3,4 3,5

Valente 4,1 1,8 2,3 3,5 4,0 4,4 5,0

Total 3,1 1,4 1,9 2,4 3,0 3,4 2,9

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

O quadro seguinte, com dados sobre matrículas escolares, apresenta situações

curiosas: a população de 7 a 15 anos incompletos, teoricamente o público do ensino

fundamental, correspondia, em 2000, a 102.483 pessoas. Se aplicada uma taxa média de

Page 38: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

38

crescimento anual de 1,5%, ter-se-ia, em 2009, 118.903 crianças, mas há registro de

matrícula correspondente a 140.760, o que pode significar um número significativo de

pessoas com mais de 14 anos. Já em relação ao ensino médio, a situação é inversa. Em 2000,

a população de 15 a 20 anos incompletos correspondia a 67.711 pessoas. Aplicando-se a

mesma taxa de crescimento, ter-se-ia, em 2009, 76.276 pessoas, mas o número de

matrículas é de 24.862, o que pode significar que quase dois terços abandonaram a escola.

Aliás, essa hipótese ganha corpo quando se considera o número de matrículas no ensino

fundamental e no médio, este último representando apenas 17,7% do primeiro. Outra

curiosidade diz respeito ao número de matrículas na pré-escola: há municípios que a sua

relação com o número de matrículas no ensino fundamental é superior a 20% (em Candeal

corresponde a 24%), já em outros, é inferior a 10% (em Barrocas é de apenas 6%). A rede

privada de ensino é pouco expressiva, representa apenas 5,2% no conjunto, embora, em

municípios como Conceição do Coité e Serrinha, o ensino privado já ultrapasse a casa dos

11%.

Quadro VII –Número de matrículas no ensino fundamental, médio e na pré-escola, 2009.

Município

Ensino Fundamental Ensino Médio Pré-

Escola Total Rede

Pública Rede

Privada Total

Rede Pública

Rede Privada

Araci 14.345 13.988 537 1.890 1.784 106 2.079

Barrocas 3.955 3.955 --- 714 714 --- 239

Biritinga 3.962 3.877 85 561 498 63 918

Candeal 1.752 1.654 98 263 263 --- 423

Cansanção 8.677 8.387 290 1.454 1.363 91 1.251

C. do Coité 14.391 12.650 1.741 2.625 2.496 129 2.631

Ichu 1.092 1.033 59 302 302 --- 215

Itiuba 8.731 8.468 263 1.447 1.447 --- 813

Lamarão 1.593 1.564 29 385 273 112 253

Monte Santo 13.635 13.548 87 2.196 2.196 --- 1.271

Nordestina 3.198 3.174 24 832 793 39 569

Queimadas 5.358 5.127 231 1.236 1.207 29 1.020

Quijingue 6.330 6.330 --- 1.301 1.301 --- 1.061

Retirolândia 2.308 2.122 186 687 678 9 342

Santaluz 6.844 6.419 425 2.456 2.392 64 1.183

São Domingos 1.355 1.194 161 345 345 --- 287

Serrinha 17.266 15.228 1.998 2.832 2.589 243 2.907

Teofilândia 5.974 5.640 334 836 725 111 586

Tucano 15.585 11.044 541 1.522 1.411 111 1.841

Valente 4.409 4.031 378 978 931 47 757

Total 140.760 129.433 7.467 24.862 23.708 1.154 20.646

Fonte: WWW.ibge.gov.br – cidades@ (acesso 18.10.10)

Page 39: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

39

5.3. Saúde

A infraestrutura de saúde é bastante precária no Território. Os centros de saúde

existentes limitam-se à prestação de serviços ambulatoriais; poucas são as unidades

equipadas para pequenas cirurgias. Todos os casos de média e alta complexidade são

transferidos para Feira de Santana e Salvador, o que aumentam os custos do tratamento e

os riscos de morte, considerando que não há nenhuma ambulância equipada com UTI

(Unidade de Tratamento Intensivo) para os casos emergenciais. Quanto ao número de leitos

para internação hospitalar, os Estados Unidos e vários países da Europa vêm reduzindo seu

número com a elevação da qualidade de vida da população. Um estudo realizado pelo

médico Ivomar Gomes Duarte29, em Estados norteamericanos, constatou que a

disponibilidade de leitos hospitalares era de 4,8 leitos para cada grupo de 1.000 habitantes,

mas parte considerável ficava ociosa, já que a necessidade era de apenas 2,9 leitos. No

Território, pelas precárias condições de vida da população, certamente que a necessidade

seria muito maior, entretanto, há apenas 02 leitos para cada grupo de 1.000 habitantes, com

o limite de que as internações são apenas para os casos simples (parto, pequenas cirurgias)

pela inexistência de pessoal qualificado e de equipamentos.

Como se pode observar, 80% das unidades de saúde e 47% dos leitos para internação

pertencem à rede pública e 20% dos centros de saúde e 53% dos leitos pertencem à rede

particular, embora, em sua maioria, esteja conveniada com o Sistema Único de Saúde.

É curioso observar que em Lamarão não há nenhum leito disponível, e em Conceição

do Coité e Serrinha os leitos existentes pertencem à rede privada de saúde.

Quadro VIII – Número de Unidades de Saúde e de Leitos para Internação, conforme redes pública e privada de serviços, 2006.

Município Unidades de Saúde Leitos para Internação

Total Rede

Pública Rede

Privada Total

Rede Pública

Rede privada

Araci 16 14 2 76 55 21

Barrocas 3 3 --- 31 31 ---

Biritinga 11 11 --- 14 14 ---

Candeal 7 6 1 9 9 ---

Cansanção 5 5 --- 40 40 ---

29

DUARTE, Ivomar Gomes. Leitos Hospitalares – algumas considerações. São Paulo: Revista de Administração em Saúde, v.2 nº 5, dez/1999.

Page 40: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

40

C. do Coité 28 14 14 206 --- 206

Ichu 5 4 1 22 22 ---

Itiuba 8 6 2 92 92 ---

Lamarão 4 4 --- --- --- ---

Monte Santo 7 7 --- 52 52 ---

Nordestina 5 5 --- 21 21 ---

Queimadas 13 10 3 53 22 31

Quijingue 3 3 --- 28 28 ---

Retirolândia 10 10 --- 35 35 ---

Santaluz 22 19 3 87 35 52

São Domingos 6 5 1 20 20 ---

Serrinha 58 41 17 218 --- 218

Teofilândia 4 3 1 10 10 ---

Tucano 20 18 2 101 51 50

Valente 16 13 3 92 32 60

Total 251 201 50 1207 569 638

% 100 80,0 20,0 100 47,1 52,9

Fonte: WWW.ibge.gov.br – cidades@ (acesso 18.10.10)

O Programa de Saúde da Família (PSF) exerce importante função no atendimento

básico da população, possibilitando um maior acesso aos serviços de saúde e possibilidade

de encaminhando dos casos que merecem maior atenção para centros apropriados. Apesar

disso, e de ser um serviço que requer poucos investimentos e de custeio relativamente

barato, a sua abrangência é bastante limitada, carecendo de esforços para ampliação. Há

informações que esse quadro foi alterado em torno de 20% nos últimos quatro anos o que,

ainda assim, continua limitado.

Quadro IX - Número de Equipes do PSF por Município, 2006

Município Nº de equipes do PSF

Araci 08

Barrocas 05

Biritinga 04

Candeal 03

Cansanção 07

Conceição do Coité 13

Ichu 02

Itiúba 03

Lamarão 04

Monte Santo 02

Nordestina 04

Queimadas 05

Quinjingue 08

Retirolândia 04

Santaluz 04

Page 41: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

41

São Domingos 03

Serrinha 10

Teofilândia 01

Tucano 12

Valente 02

Fonte: Secretarias Municipais de Saúde.

A infra-estrutura e a disponibilidade de serviços de saúde certamente são fatores que

influenciam diretamente o índice de longevidade da população. Conforme se pode observar

no quadro seguinte, a esperança de vida ao nascer era muito baixa em 2000, sendo que em

06 Municípios (31,6%) a esperança de vida fica abaixo dos 60 anos, e noutros 07 (36,7%) fica

abaixo de 62 anos.

Quadro X - Esperança de Vida ao Nascer, por Município, em 2000.

Município Expectativa de Vida ao Nascer

Araci 61,21

Barrocas --

Biritinga 61,21

Candeal 61,77

Cansanção 56,36

Conceição do Coité 58,16

Ichu 64,43

Itiúba 56,15

Lamarão 64,43

Monte Santo 60,19

Nordestina 56,36

Queimadas 60,22

Quinjingue 56,36

Retirolândia 58,29

Santaluz 63.43

São Domingos 60,88

Serrinha 64,79

Teofilândia 62,77

Tucano 60,34

Valente 64,39

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD/ONU, 2001.

As condições de saneamento são igualmente precárias. Segundo a Secretaria de

Planejamento do Estado30, apenas a cidade de Serrinha conta com rede de esgotamento

sanitário, porém, pelo que se conhece, com atendimento bastante limitado à população e

sem as devidas condições técnicas de tratamento. Os dejetos, em todos os municípios, são

30

WWW.seplan.ba.go.br

Page 42: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

42

destinados ao meio ambiente, de forma in natura, contaminando os mananciais de

superfície e subterrâneos, solo e subsolo e do ar. O exemplo mais gritante que ilustra a

situação é o Tanque do Governo (Açude Itarandi) de Conceição do Coité. Construído na

década de 30 (século XX) para servir ao abastecimento de água da população, com a

chegada da água encanada na década de 80, a Prefeitura Municipal transformou aquele

reservatório num grande receptor de esgotos sanitários e outras sujeiras. Quando o ano é

chuvoso, o “açude” costuma transbordar, aumentando as proporções dos danos ambientais,

o que motivou uma ação pública promovida pelo Ministério Público em 2008 obrigando o

Município a construir uma estação de tratamento de esgoto, o que ainda não ocorreu.

A mesma situação é verificada em relação à coleta de resíduos sólidos. Além das

deficiências nos serviços de coleta, o material coletado é armazenado em lixões, sem a

adoção de procedimentos técnicos necessários, o que contribui de forma significativa para a

poluição do ar, do solo, subsolo e dos mananciais aqüíferos de superfície e subterrâneo.

5.4. Economia

O Produto Interno Bruto (PIB) do território tem dois terços da composição oriundos

do setor terciário, que inclui o comércio e serviços. Isso reflete a fragilidade da economia,

visto que os setores produtivos – geradores de riqueza – contribuem com menos de um

terço (agropecuário e industrial, 30,2% juntos). Apesar de a indústria aparecer com igual

participação do setor agropecuário, sabe-se que esses dados incorporam grandes distorções,

considerando que parte considerável das atividades agropecuárias está inserida no mercado

informal, sem estatísticas para alimentar o PIB de cada município. Não há dúvida de que a

agropecuária é o setor mais importante da economia no Território, representada pelo sisal -

principal atividade econômica -, pela mandioca, milho, feijão, castanha de caju e outras

culturas de menor importância, e pela pecuária, com destaque para os criatórios de bovinos,

ovinos e caprinos.

O PIB do setor industrial é alimentado também pela atividade mineradora,

destacando-se o ouro, pedras para construção, rocha ornamental, argila e quartzo, dentre

outros de menor importância. Observe-se que Teofilândia, por conta da atividade aurífera,

apresenta o maior PIB per capita, mais do dobro de muitos outros municípios e 3,6 vezes

superior ao de Lamarão. Apesar disso, as condições de pobreza da sua população é

praticamente a mesma dos demais municípios, o que permite concluir que os recursos

Page 43: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

43

minerais, no atual modelo de extração, não contribuem para reduzir os níveis de pobreza da

população. No conjunto, a participação no PIB estadual é de apenas 1,7%, apesar de a

população do território corresponder a 3,5% da população do Estado, o que reflete a

condição de pobreza.

Quadro XI – Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios, total e por setores da economia e per capita, 2007.

Municípios

PIB total, por setores e per capita

% PIB Estadual¹

Total Agropecu-

ário Indústria Serviços

Impos-tos

Per capita

Araci 0,12 127187 15818 11939 94206 5408 2450

Barrocas 0,05 87795 2723 51625 31587 1829 6660

Biritinga 0,04 38795 2198 27047 6134 3599 2792

Candeal 0,02 21611 2255 2110 16611 682 2401

Cansanção 0,09 95007 20312 7824 62572 3900 2898

C. do Coité 0,24 245656 19390 42040 168006 18219 4071

Ichu 0,01 15426 1194 1454 12249 437 2764

Itiuba 0,08 98807 13612 17979 64840 2736 2764

Lamarão 0,02 21954 1778 2637 16986 554 1831

Monte Santo 0,13 129413 17966 12235 95021 4190 2477

Nordestina 0,03 30651 3052 2913 23488 1198 2518

Queimadas 0,07 71943 9376 6644 53015 2908 2646

Quijingue 0,07 97099 36466 6380 51902 2351 3587

Retirolândia 0,04 43322 7600 4929 28613 2180 3629

Santaluz 0,08 98507 12211 9925 71430 4941 2929

S. Domingos 0,03 31134 8766 2476 18826 1066 3531

Serrinha 0,28 294814 9940 43908 216955 24951 4130

Teofilândia 0,05 52222 49809 5724 40291 2227 2531

Tucano 0,14 149596 33453 12722 98303 5117 3069

Valente 0,08 87904 15543 13155 54334 487 4086

Total 1,67 1883477 283462 285666 1225369 88980 3,19

% - 100,0 15,0 15,2 65,1 4,7 -

Fonte: WWW.ibge.gov.br (cidades@) (¹) WWW.seplan.ba.gov.br

A terra é o principal meio de produção, seja pela sua utilização na agropecuária, seja

na atividade mineradora. Obedecendo à lógica do Estado e do país – e apesar de não se

registrar a presença de grandes latifúndios como noutras regiões – a concentração da

propriedade rural é uma evidência. Quase 80% dos estabelecimentos agrícolas têm até 20

hectares e ocupam menos de 18% da área utilizada, enquanto, no outro extremo, os

estabelecimentos com mais de 200 hectares correspondem a apenas 0,8% e ocupam 41% da

área. Predomina, em todo território, a agricultura familiar, praticada nos estabelecimentos

que têm até 100 hectares e correspondem 96% do total, ocupando uma área

correspondente a 47%.

Page 44: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

44

Quadro XII - Situação Fundiária dos Municípios do Território do Sisal: número de estabelecimentos agrícolas e área ocupada (ha).

Município Até 20 ha 20 a -100 ha 100 a -200 ha 200 ha ou mais

Estab. Área Estab. Área Estab. Área Estab. Área

Araci 4.819 24.405 808 31.385 78 10.846 45.300 45.300

Biritinga 2.474 9.788 265 11.428 38 5.338 17.001 17.001

Candeal 455 3329 205 9.205 40 5.513 19037 19037

Cansanção 5.518 21.023 605 23.268 55 7.643 44.034 44.034

C. do Coité 4.993 22.178 680 27.204 66 9.246 31.302 31.302

Ichu 848 4.114 129 4.538 9 1.132 11 5.942

Itiuba 2.618 16.141 1051 43.876 144 19551 105 47.769

Lamarão 1.478 6.457 119 5.272 18 2.637 13 5.564

Monte Santo 8.011 46.362 1.322 50.450 117 15.634 134 62.260

Nordestina 1.036 6.705 258 12.458 26 3.482 30 17.909

Queimadas 1.455 11.312 738 30.982 103 14.442 134 100.459

Quinjingue 3.983 21.209 785 30.255 78 10.619 60 28.844

Retirolândia 1.060 6.900 248 9.266 16 2.280 3 980

Santaluz 1.376 9.389 622 26.516 112 15.686 86 41.796

S. Domingos 526 4.197 253 10.608 25 3.497 20 6.368

Serrinha 5.493 18.279 459 18.002 44 6.020 33 12.309

Teofilândia 2.524 11.549 287 11.400 27 3.537 22 8.242

Tucano 4.275 25.107 1.159 47.278 140 19.503 106 66.472

Valente 817 5.404 261 11.208 28 3.831 26 10.235

TOTAL 47.462 242.986 10.254 414.599 1.146 157.800 1.030 571.823

% 79,2 17,6 17,1 29,8 1,9 11,4 0,8 41,2

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

Quanto à situação de propriedade, 9,1% dos estabelecimentos são ocupados por

arrendatários, parceiros e posseiros, ocupando uma área correspondente a 1,9% da total.

Quadro XIII - Nº de Estabelecimentos e Áreas Ocupadas por Arrendatários, Parceiros e Posseiros, 2006

Municípios Arrendatários, Parceiros e Posseiros

Nº Estab. Área (ha)

Araci 555 2.852

Biritinga 289 1.755

Candeal 8 62

Cansanção 1.364 1.326

Conceição do Coité 721 4.611

Ichu 1 152

Itiuba 17 92

Lamarão 64 305

Monte Santo 177 398

Nordestina 6 15

Queimadas 111 350

Page 45: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

45

Quinjingue 486 1.431

Retirolândia 469 4.887

Santa Luz 17 1.184

São Domingos 36 1.220

Serrinha 764 1.733

Teofilândia 186 430

Tucano 185 3.362

Valente 10 35

TOTAL 5.466 26.200

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

Quadro XIV - Principais produtos agrícolas do território, 2006.

Município Batata

(t) Banana

(t) Mandioca

(t) Melanci

a (t) Feijão

(t) Milho

(t) Castanha

¹ (t) Sisal (t)

Araci --- --- 28220 --- 1950 1.950 18 9360

Barrocas 42 --- 2400 50 272 180 --- 4000

Biritinga 42 --- 840 --- 782 750 120 ---

Candeal --- --- 1620 --- 25 59 --- 29

Cansanção --- 170 34.200 1200 4605 5460 4 4000

C. Coité 39 --- 7.500 16 810 1350 --- 13380

Ichu --- --- 1800 --- 21 49 --- 34

Itiuba 08 68 11400 120 2387 1010 4 5580

Lamarão 15 --- 600 --- 154 150 12 ---

M. Santo --- 100 42000 --- 2184 2880 3 4250

Nordestina 18 --- 1260 5 120 75 --- 2400

Queimadas 45 --- 1750 42 240 150 --- 4400

Quijingue --- 130 31200 300 16400 19200 100 3200

Retirolândia 14 --- 1500 15 147 112 --- 4160

Santaluz 51 --- 1750 --- 220 176 --- 14830

S. Domingos 10 --- 1500 --- 95 75 --- 4420

Serrinha 30 --- 17760 --- 1512 2500 52 32

Teofilândia --- 48700 18850 --- 56 17 15 760

Tucano --- 110 31200 12000 10760 16200 520 280

Valente 30 --- 2800 10 175 125 --- 9900

TOTAL 344 49278 240150 13758 42915 52.468 848 85015

(¹) Castanha de Caju. Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

Há outros produtos secundários: amendoim (Queimadas, Araci, Biritinga, Teofilândia

e Tucano); girassol (Araci, Cansanção, Monte Santo e Tucano); laranja (Biritinga, Itiuba,

Lamarão e Serrinha); melancia (Biritinga, Cansanção, Conceição do Coité, Itiuba, Nordestina,

Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Tucano e Valente), cana-de-açucar (Cansanção,

Lamarão, Monte Santo, Serrinha); mamona (Araci, Biritinga, Cansanção, Itiuba, Monte Santo,

Quigingue, Tucano); coco da baía (Cansanção, Itiuba, Monte Santo, Teofilândia, Tucano).

Page 46: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

46

Apenas como ilustração, tomaram-se os quatro principais produtos dos municípios

em 1980 (26 anos atrás) que demonstra um crescimento importante na maioria dos

produtos: a produção de feijão em grão passou de 3 toneladas para quase 43; o milho, de

2,7 toneladas para 52,4; a mandioca, de 60 toneladas para 240; o sisal, entretanto,

estagnou-se nesse período, o que deve ser motivo de reflexão pelos atores do Território.

Quadro XV – Produção Agrícola, 1980 (t)

Município Feijão Milho Mandioca Sisal

Araci 187 77 5671 9960

Barrocas¹ --- --- --- ---

Biritinga 263 85 3045 10

Candeal 12 10 139 240

Cansanção 62 166 5048 1960

C. do Coité 65 65 6808 12896

Ichu 38 55 531 1235

Itiuba 490 530 4712 2241

Lamarão 31 1 4020 ---

M. Santo 549 933 8437 4849

Nordestina¹ --- --- --- ---

Queimadas 79 261 2841 6789

Quijingue 152 30 1977 3123

Retirolândia 6 10 1476 5773

Santaluz 8 88 1054 14365

S. Domingos¹ --- --- --- ---

Serrinha 487 153 8713 3964

Teofilândia 140 40 1838 2653

Tucano 326 116 2236 1787

Valente 21 44 1465 12299

TOTAL 2916 2664 60011 84144

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, Bahia, 1980 (¹) Municípios criados posteriormente.

O quadro seguinte retrata a situação da pecuária. É interessante observar que,

embora seja uma área típica de agricultura familiar, a criação de bovinos é bem superior a

de ovinos e quase duas vezes a de caprinos. Outra curiosidade é que o número de eqüinos

(cavalos), asininos e muares (burros e jumentos) é superior aos criatórios bovinos e ovinos

individualmente. Talvez uma explicação para isso esteja na presença do sisal, onde os

asininos e muares têm papel importante no processo de extração e transporte da fibra.

Os criatórios bovinos, caprinos e ovinos são relativamente expressivos frente aos

plantéis do Estado, correspondendo, respectivamente a 4,2%, 9,1% e 14%, o que demonstra

o potencial do território.

Page 47: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

47

Quadro XVI – Presença da Pecuária, 2006.

Municípios

Número de Cabeças

Bovinos Equinos Asininos/ muares

Suinos Caprinos Ovinos Aves

Araci 22886 797 1333 9700 11812 16238 55045

Barrocas 6953 221 321 2612 1022 5297 11934

Biritinga 14946 842 160 3726 303 2130 25326

Candeal 10551 728 670 1752 629 4920 7980

Cansanção 34730 1070 5580 4070 39900 29553 36750

C. do Coité 28130 1780 10388 4250 2280 31620 44200

Ichu 6107 439 337 3328 433 2209 10906

Itiuba 32995 729 1099 11632 30632 17890 41592

Lamarão 6380 942 440 5152 42 2207 22073

Monte Santo 48400 1400 2116 13020 78600 101500 18700

Nordestina 9460 680 1270 2966 10900 14260 11500

Queimadas 59354 2180 2510 5460 22080 37020 34000

Quijingue 41122 780 1340 800 21000 52300 12000

Retirolândia 5865 550 475 1150 5900 11526 7000

Santaluz 38400 1215 1425 2138 22263 50160 17000

S. Domingos 10300 420 570 635 6240 13300 4400

Serrinha 21605 852 464 14767 799 3223 106147

Teofilândia 12336 587 668 7226 1676 6415 24182

Tucano 39905 608 838 2840 1900 2386 26000

Valente 10257 720 320 1240 8160 19500 12000

TOTAL 460682 17540 32324 98464 266571 423654 528735

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

A seguir, dados das finanças públicas municipais. O que chama a atenção é a pouca

expressividade das receitas próprias, que são quase nulas em muitos municípios, o que

dificulta a execução de obras e serviços públicos. Do total dos recursos componentes do

orçamento executado, as receitas próprias correspondem a apenas 6,2%.

No conjunto, as receitas municipais são muito baixas, o que também alimenta o

círculo vicioso da pobreza. Apenas como ilustração, uma comparação com o município de

Camaçari cujas receitas municipais são consideradas altas. Conforme dados disponíveis no

IBGE, em 2008, a relação entre receitas municipais em Camaçari e população corresponde a

R$ 1,9 milhão por habitante, enquanto no Território do Sisal essa relação é de apenas R$ 703

mil, ou seja, 2,7 vezes menor. Em Itiuba, a receita municipal per capita é de R$ 646,00 e em

Lamarão, R$ 618,00.

Page 48: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

48

Quadro XVII – Finanças Públicas dos Municípios, 2008

Município Receita Orçamentária Real Corrente Transferências Correntes

Executadas

Araci 40.081.631,37 37.203.320,02

Barrocas 14.488.255,66 13.741.570,07

Biritinga 14.760.227,57 14.085.070,51

Candeal s/d s/d

Cansanção 27.145.863,32 25.400.713,08

C. do Coité 41.491.033,32 39.548.301,54

Ichu 6.615.560,20 6.445.589,47

Itiuba 24.737.809,08 23.856.480,80

Lamarão 8.450.519,58 8.037.069,90

Monte Santo 41.415.391,00 39.314.727,00

Nordestina 13.708.058,01 13.319.206,85

Queimadas 20.196.827,67 19.723.213,62

Quijingue 24.942.843,03 23.481.815,80

Retirolândia 10.204.121,73 9.336.817,47

Santaluz s/d s/d

São Domingos 8.538.680,00 7.809.729,43

Serrinha 47.995.038,74 44.052.737,79

Teofilândia s/d s/d

Tucano 39.945.445,43 36.518.163,90

Valente 17.832.437,90 15.635.240,90

TOTAL 402.549.743,61 377.509.768,15

Fonte: www.ibge.gov.br – cidades@

5.5. Vulnerabilidade Social

Os dados aqui reunidos demonstram a situação de vulnerabilidade das famílias mais

pobres do território, o que evidencia que uma parcela significativa está em situação de

dificuldades e incertezas.

Os indicadores sociais, no geral, não indicam uma boa posição nos Municípios, exceto

em alguns casos isolados. Por exemplo: Araci apresenta uma posição privilegiada em relação

ao Índice de Infraestrutura (INF) e ao Índice de Educação (IDE), mas apresenta posições

desfavoráveis em relação a todos os demais indicadores. Ichu apresenta-se com boa posição

em relação ao Índice do Nível de Saúde (INS) e de Educação (IDE), mas apresenta dados

problemáticos em relação aos demais. Retirolândia ocupa uma posição relativamente

destacada apenas em relação à educação (INE). No conjunto, a melhor posição fica para

Serrinha. Para os demais Municípios, a pior situação em relação aos Índice de Infraestrutura

(INF), Índice do Nível de Educação (IDE) e Índice do Nivel de Saúde (INS) pertence aos

Municípios de Nordestina e Candeal. Já em relação aos Índices do Nível de Educação (INE) e

Page 49: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

49

Índice de Serviço Básico (ISB), as piores situações pertencem a Lamarão, Monte Santo,

Nordestina e Quijingue. Já em relação ao Índice da Renda Média do Chefe de Família

(IRMCH) a situação é preocupante para todos os Municípios, menos São Domingos que

ocupa posição relativamente favorável. Os dados encontram-se nos quadros XVIII-A e XVIII-

B.

Quadro XVIII-A - Indicadores Sociais dos Municípios, 2000

Municípios INF IDE INS

Índice Classificação Índice Classificação Índice Classificação

Araci 4497,20 70º 4998,46 48º 4987,81 250º

Biritinga 4987,83 277º 4988,84 286º 4959,10 341º

Candeal 4986,27 352º 4987,89 373º 4978,02 281º

Cansanção 4993,48 92º 4992,44 109º 4970,80 311º

C. do Coité 4989,08 230º 4990,58 155º 4998,12 212º

Ichu 4988,58 262º 4988,79 290º 5053,94 50º

Itiuba 4992,36 106º 4992,15 116º 4981,76 268º

Lamarão 4988,31 271º 4988,10 356º 4978,27 280º

Monte Santo 4991,44 124º 4992,69 102º 4951,27 354º

Nordestina 4988,21 359º 4987,75 383º 4949,31 356º

Queimadas 4991,67 121º 4991,74 125º 4987,24 252º

Quijingue 4990,03 171º 4990,78 150º 4961,03 335º

Retirolândia 4986,99 303º 4989,48 227º 5014,36 146º

Santa Luz 4992,52 101º 4992,63 104º 5023,69 113º

São Domingos 4986,65 326º 4988,30 337º 5023,52 114º

Serrinha 5009,48 37º 5006,29 34º 5064,18 30º

Teofilândia 4987,95 275º 4990,86 147º 5003,88 193º

Tucano 4994,34 86º 4994,72 74º 5016,67 137º

Valente 4992,27 109º 4992,90 97º 5087,45 15º

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD, ONU, 2000.

Quadro XVIII-B - Indicadores Sociais dos Municípios, 2000

Municípios

INE ISB IRMCH

Índice Classifi-cação

Índice Classifi-cação

Índice Classifi-cação

Araci 4995,98 190º 4949,48 283º 4943,89 377º

Biritinga 4974,72 268º 4917,82 339º 4993,74 160º

Candeal 4999,44 181º 4956,22 268º 4951,91 278º

Cansanção 4972,04 277º 4959,41 263º 4925,30 355º

Conceição do Coité 5089,32 33º 4993,85 186º 4982,33 182º

Ichu. 5136,22 13º 5009,93 157º 4950,01 283º

Itiuba 4952,24 332º 4951,10 281º 4978,53 195º

Lamarão 4918,97 388º 4921,94 330º 4917,70 367º

Monte Santo 4902,77 397º 4911,76 354º 4919,60 365º

Nordestina 4929,25 375º 4912,62 352º 4885,38 408º

Queimadas 4997,01 186º 4980,04 216º 4955,72 261º

Page 50: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

50

Quijingue 4948,88 340º 4895,21 385º 4877,77 413º

Retirolândia. 5083,21 36º 4991,94 190º 4934,80 334º

Santa Luz 5014,46 141º 5013,98 151º 5010,85 121º

São Domingos 5028,72 108º 5035,82 120º 4963,32 240º

Serrinha 5108,90 23º 5059,38 89º 5067,88 59º

Teofilândia 5002,00 173º 4948,58 286º 5027,96 100º

Tucano 4958,31 321º 4995,24 180º 4969,02 224º

Valente 5047,64 72º 5059,17 91º 4978,53 192º

Fonte: Governo do Estado da Bahia / SEI/SEPLANTEC. Índices de desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios Baianos, Salvador, 2002.

Já em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio e com foco em

renda, longevidade e educação, registra-se um progresso significativo no período de 1991 a

2000, em todos os Municípios. Apesar disso, a maioria dos Municípios apresenta situação

que merece atenção. As melhores situações são de Ichu, Serrinha e Santaluz, ficando os

piores lugares para Quijingue, Monte Santo e Nordestina.

Quadro XIX - Índice do Desenvolvimento Humano 1991 a 2000.

Municípios IDHM IDHM-Renda

IDHM Longevidade

IDHM Educação

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Araci 0,424 0,557 0,557 0,454 0,528 0,603 0,352 0,614

Biritinga 0,506 0,596 0,596 0,502 0,538 0,603 0,535 0,682

Candeal 0,530 0,610 0,610 0,487 0,565 0,630 0,591 0,714

Cansanção 0,469 0,538 0,538 0,446 0,441 0,523 0,481 0,646

C. do Coité 0,520 0,611 0,611 0,533 0,528 0,553 0,555 0,747

Ichu. 0,568 0,675 0,675 0,537 0,589 0,657 0,663 0,832

Itiuba 0,466 0,574 0,574 0,479 0,437 0,519 0,502 0,725

Lamarão 0,478 0,608 0,608 0,500 0,587 0,657 0,444 0,668

Monte Santo 0,410 0,534 0,534 0,417 0,493 0,587 0,318 0,598

Nordestina 0,419 0,550 0,550 0,453 0,441 0,523 0,428 0,675

Queimadas 0,470 0,613 0,613 0,506 0,484 0,587 0,495 0,746

Quijingue 0,377 0,526 0,526 0,442 0,441 0,523 0,306 0,614

Retirolândia. 0,518 0,625 0,625 0,549 0,528 0,555 0,592 0,770

Santa Luz 0,521 0,66 0,646 0,566 0,539 0,641 0,536 0,732

São Domingos 0,531 0,624 0,624 0,523 0,528 0,598 0,602 0,752

Serrinha 0,566 0,658 0,658 0,547 0,589 0,663 0,612 0,763

Teofilândia 0,498 0,607 0,607 0,516 0,589 0,630 0,437 0,676

Tucano 0,472 0,582 0,582 0,492 0,540 0,589 0,410 0,666

Valente 0,540 0,657 0,657 0,555 0,528 0,656 0,605 0,759

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD/ONU, 2000.

O quadro seguinte traz vários outros dados de indicadores de pobreza: o

analfabetismo entre os adultos atingia, em 2000, mais de um terço da população (35,4%), o

Page 51: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

51

que se constitui num grande limite para o processo de desenvolvimento do território; a

renda per capita (que esconde a realidade dos mais pobres, já que engloba também os

segmentos de maior renda) era de R$ 80,7 – e em Monte Santo de apenas R$ 47,3 – e o

Índice de Desenvolvimento Humano inferior a 0,631. Era muito grave a situação da educação:

mais de dois terços da população tinham menos de quatro anos de estudo, o que pode ser

considerado analfabetismo funcional. Mais de um terço da população era considerada pobre

e, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano, mais da metade da população encontrava-

se em situação de indigência.

Quadro XX – Indicadores de Vulnerabilidade: Taxa de Alfabetização, Renda Per Capita, Índice de Desenvolvimento Humano, População com 25 anos ou mais e menos de 4 anos

de estudo e Índice de Indigência, 2000.

Municípios

Taxa de Alfabetizaç

ão de Adulto

Renda Per

Capita

IDH -Índice Desenv. Humano

Pop. com 25 anos ou

mais e menos de 4

anos de estudo-%

Incidência de

Pobreza¹ (%)

Índice de indigência

(%)

Araci 55,68 59,24 0,557 77,64 48,58 55,07

Barrocas --- --- --- --- --- ---

Biritinga 36,23 78,97 0,596 73,96 20,06 45,38

Conceição do Coité 72,13 94,90 0,611 63,87 35,10 49.88

Cansanção 60,29 56,30 0,538 78.89 44,72 66,49

Candeal 68,06 72,09 0,610 66,69 28,18 46,57

Ichu 79,59 97,43 0,675 52,90 18,35 47,12

Itiuba 68,25 68,60 0,574 75,61 36,29 63,27

Lamarão 35,10 78,01 0,608 73,49 26,37 43,33

Monte Santo 55,76 47,34 0,534 84,81 47,85 69,05

Nordestina 79,04 61,73 0,550 81,30 56,36 47,66

Queimadas 69,80 80,70 0,613 72,88 42,31 50,94

Quijingue 55,45 55,08 0,526 83,34 50,44 69,64

Retirolândia 71,85 104,81 0,625 65,00 33,94 61,38

São Domingos 74,75 89,52 0,624 66,09 47,71 38,18

Santaluz 67,82 116,12 0,646 66,90 46.18 52,70

Serrinha 75,62 103,10 0,658 56,41 34,72 44,50

Teofilândia 66,07 85,99 0,607 70,04 40,61 55,13

Tucano 61,03 74,35 0,582 71,76 48,33 54,34

Valente 74,45 108,47 0,657 60,21 31,87 55,13

Média/Território 64,57 80,67 0,599 66,47 36,41 50,83

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000; (¹) IBGE, Mapa das Desigualdades, 2003.

31

A leitura do índice de IDH é a seguinte: quanto mais próximo de 1,0, melhor; ao contrário, quanto mais distante, pior.

Page 52: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

52

O quadro seguinte retrata o número médio de moradores conforme a renda per

capita. É interessante observar que as famílias mais numerosas são aquelas de menor renda:

os domicílios cujos moradores têm renda per capita de até 1/4 de salário mínimo são

habitados, em média, por 5,2 pessoas, o que vai reduzindo-se conforme o aumento da

renda, de forma que os domicílios cujos moradores têm renda per capita superior a três

salários mínimos têm, em média, 2,9 moradores (pouco mais da metade dos primeiros).

Quadro XXI - Número médio de moradores por domicílio, conforme rendimento mensal per capita em salários mínimos, 2000.

Município Total

Rendimento em Salário Mínimo

Até 1/4 De 1/4 a

1/2 De 1/4 a

1/2 De 1/4 a

1/2 De 2 a 3

Mais de 3

Araci 4,5 5,4 4,4 3,1 3,1 3,7 2,8

Barrocas --- --- --- --- --- --- ---

Biritinga 4,3 5,4 4,5 3,1 3,0 3,0 2,3

Candeal 4,2 5,4 4,3 3,0 3,1 3,0 2,5

Cansanção 4,3 5,1 4,1 2,7 3,0 3,1 3,0

C. do Coité 4,0 5,1 4,5 3,1 3,1 3,4 2,8

Ichu 4,1 4,8 4,7 3,4 3,3 3,2 3,4

Itiuba 4,2 5,1 4,1 3,2 3,4 2,9 2,2

Lamarão 4,9 5,6 5,8 4,1 4,0 4,0 2,5

Monte Santo 4,4 5,2 4,1 2,9 3,3 4,0 2,4

Nordestina 4,6 5,9 4,8 3,0 3,3 2,0 2,1

Queimadas 4,2 4,9 4,6 3,1 3,4 3,3 3,1

Quijingue 4,5 5,1 4,3 3,3 3,2 3,8 4,4

Retirolândia 3,8 4,6 4,2 3,2 2,6 2,4 3,0

Santaluz 4,2 5,2 4,5 3,3 3,5 3,1 3,2

São Domingos 3,7 4,5 4,1 3,3 2,9 1,9 3,5

Serrinha 4,2 5,3 4,6 3,3 3,5 3,6 2,8

Teofilândia 4,6 5,9 4,3 3,4 3,6 2,9 3,3

Tucano 4,2 5,1 4,5 3,1 3,2 3,7 2,1

Valente 3,7 4,5 4,0 3,2 3,0 3,4 2,9

Total 4,2 5,2 4,4 3,2 3,2 3,1 2,9

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000;

Apesar do avanço registrado no período de 1991 a 2000, quanto à renda proveniente

do trabalho, quase metade da renda gerada em 2000 era proveniente de outros meios,

apenas 51,5% eram oriundas do trabalho. Observe-se que 22,8% da renda já eram

provenientes de transferências governamentais, o que deve ter aumentado

substancialmente com a ampliação dos programas assistenciais implementados a partir de

2003.

Page 53: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

53

Quadro XXII - Proporção de pessoas que vivem com renda proveniente de transferência governamental, 1991 e 2000 (%)

Municípios

Renda proveniente do trabalho

1991

Renda proveniente do trabalho

2000

% de pessoas com mais de 50% da renda proveniente de transferência

governamental

1991 2000

Araci 8,89 45,99 8,04 22,32

Barrocas --- --- --- ---

Biritinga 10,62 53.66 8,38 22,69

Candeal 12,21 53,09 9,33 22,69

Cansanção 13,56 38,76 11,72 27,12

Conceição do Coité 10,80 59,44 8,47 20,65

Ichu 11,86 66,94 9,06 27,79

Itiuba 13,07 42,74 11,79 22,49

Lamarão 14,15 58.61 14,89 20,90

Monte Santo 10,83 33,18 9,14 24,75

Nordestina 11,23 51,31 9,14 28,58

Queimadas 11,03 49,78 10,87 28,18

Quijingue 10,33 28,01 6,90 17,70

Retirolândia 10,18 57,82 7,79 25,89

Santa Luz 8,83 63,01 6,80 16,61

São Domingos 8,87 64,57 12,32 21,69

Serrinha 14,21 58,80 12,32 19,23

Teofilândia 10,19 43,18 8,30 24,29

Tucano 10,29 53,54 7,40 21,88

Valente 9,41 65,55 7,57 18,56

Total 11,1 51,5 9,5 22,8

FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD/ONU, 2001.

Apesar de os dados do quadro seguinte demonstrar que a proporção de pessoas que

tinham ocupação no período do censo era relativamente baixa, a informação mais relevante

refere-se à faixa de idade de 10 a 17 anos, ou seja, ao trabalho infantil: 22% das crianças

nessa faixa etária trabalhavam, no período do censo.

Quadro XXIII - Proporção de pessoas ocupadas por grupos de idade, 2000

Municípios 10 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 59 anos 60 anos ou mais

Araci 21,6 51,3 60,9 27,9

Barrocas --- --- --- ---

Biritiga 54,3 77,3 86,5 57,9

Candeal 12,6 40,9 60,1 26,6

Cansanção 15,5 40,7 47,1 15,0

C. do Coité 24,6 58,7 71,3 33,0

Ichu 15,1 53,1 70,5 25,5

Itiuba 27,9 51,6 59,9 27,5

Lamarão 45,8 75,6 77,8 46,2

Monte Santo 15,2 42,1 53,8 21,5

Nordestina 27,4 62,5 74,9 37,7

Page 54: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

54

Queimadas 17,1 48,0 59,8 24,0

Quijingue 7,6 38,1 44,8 18,8

Retirolândia 18,3 54,5 70,5 24,6

Santaluz 15,9 53,0 61,7 19,4

São Domingos 18,6 65,7 69,2 25,6

Serrinha 29,6 55,5 65,6 30,9

Teofilândia 19,6 44,6 53,7 23,9

Tucano 13,3 46,0 58,2 18,6

Valente 15,9 57,9 70,3 31,1

Total 21,9 53,5 64,03 28,2

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

O quadro seguinte apresenta indicadores de pobreza e de desigualdade, o que

demonstra, também, a concentração da renda. Observe-se que apenas 19,5% da renda

gerada eram apropriadas por 60% da população, o que permite concluir que 80,5% da renda

ficavam com 40% da população, e nessas circunstâncias, 47% da população tinham renda

per capita inferior a R$ 35,7532. No outro extremo, a renda apropriada pelos 10% mais ricos,

o que se aproximava da metade do bolo: 45,3%.

Quadro XXIV - Indicadores de Pobreza e Desigualdade

Municípios

% da renda municipal apropriada pelos 60%

mais pobres

% da renda municipal

apropriada pelos 10% mais ricos

% da população com renda per capita

inferior a R$ 35,75

Araci 17,80 46,39 56,80

Barrocas --- --- ---

Biritinga 19,22 49,45 48,16

Candeal 22,93 37,91 43,67

Cansanção 14,49 50,79 59,61

Conceição do Coité 20,68 44,85 35,90

Ichu 24,78 37,43 32,35

Itiuba 13,48 50,75 57,10

Lamarão 27,13 35,35 78,01

Monte Santo 15,02 41,74 59,68

Nordestina 25,01 36,40 51,29

Queimadas 19,86 45,58 42,19

Quijingue 10,87 50,92 63,87

Retirolândia 19,12 52,41 34,89

Santa Luz 16,85 56,09 34,32

São Domingos 30,57 32,38 25,26

Serrinha 16,91 48,09 39,70

Teofilândia 14,46 54,85 48,96

Tucano 20,13 42,43 43,97

Valente 20,76 47,17 32,52

MÉDIA 19,5 45,3 46,8

FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD/ONU, 2001.

32

Aproximadamente US$ 18.50, à época.

Page 55: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

55

5.6. Acesso a Bens e Serviços Públicos

Quanto ao acesso a bens e serviços, a situação é bastante contraditória. Em média,

29,9% vivem em domicílio com água encanada e banheiro, sendo o destaque para os

Municípios de Serrinha, Santa Luz e Ichu, embora em nenhum deles o percentual atinja

sequer metade da população. A pior situação é de Monte Santo, apenas 11,1%.

Quanto à disponibilidade de energia elétrica, 61,1% da população têm acesso ao

benefício, sendo que a melhor situação se encontra em Ichu, Valente e Retirolândia, e a pior

fica para Nordestina e Monte Santo. O índice dos que vivem em domicílio com energia

elétrica e possuem aparelho de TV aproxima-se da casa dos 50%, sendo que em Ichu

ultrapassa 70%. Apenas 35,6% dos que vivem em domicílio com energia elétrica possuem

geladeira, sendo as melhores posições ocupadas por Ichu, Serrinha e Valente. O percentual

de pessoas que vivem em domicílios com telefone corresponde, em média, a 4,0%, sendo

que em Serrinha o índice ultrapassa 8%.

Quadro XXV - Proporção de pessoas com Acesso a Bens e Serviços Básicos pela População dos Municípios, 2000

Municípios

Pessoas que vivem em

domicílio com água

encanada e banheiro (%)

Pessoas que vivem em domicílio

com energia elétrica (%)

Pessoas que vivem em

domicílio com energia elétrica e geladeira (%)

Pessoas que vivem em domicílio

com energia elétrica e TV

(%)

Pessoas que vivem em domicílio

com telefone (%)

Araci 23,77 51,65 24,26 40,79 2,42

Biritinga 27,84 54,10 27,00 38,87 1,56

Candeal 23,63 60,55 35,51 57,95 3,05

Cansanção 27,86 54,60 32,10 44,63 3,92

Conceição do Coité 23,90 72,63 45,44 60,99 3,74

Ichu 45,81 81,65 54,19 71,15 5,57

Itiuba 24,93 45,54 23,71 37,28 2,32

Lamarão 14,75 54,96 26,97 42,74 1,64

Monte Santo 11,84 39,50 17,12 26,49 1,73

Nordestina 21,02 34,16 19,09 26,57 1,53

Queimadas 33,53 57,54 37,79 50,52 2,34

Quijingue 20,99 40,71 21,32 28,37 2,24

Retirolândia 25,88 77,50 47,30 62,67 6,15

Santa Luz 42,25 74,24 45,11 61,92 7,96

São Domingos 38,45 72,06 43,37 58,19 2,31

Serrinha 48,95 79,03 52,86 69,31 8,10

Teofilândia 32,01 56,52 31,21 41,70 7,40

Tucano 38,25 62,61 39,46 54,22 5,42

Valente 43,09 81,21 51,80 66,47 5,79

MÉDIA 29,9 60,6 35,6 49,5 4,0

FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD/ONU, 2000

Page 56: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

56

Parte 3 – Metodologia e Gestão

O processo de planejamento e gestão das políticas visando à promoção do

desenvolvimento sustentável do Território do Sisal, estimulados e coordenados pelo CODES

Sisal, resultou na elaboração participativa do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável – PTDS. Esse plano é um documento que sistematiza a experiência, o

conhecimento acumulado, as expectativas, sonhos, desejos e projetos coletivos das diversas

organizações que têm um papel ativo na promoção do desenvolvimento sustentável do

Território do Sisal.

Dentro dessa lógica de construção existem aspectos importantes e que precisam ser

revelados para responder a algumas demandas postas ao Território e pelo Território:

1) O Território começa a quebrar a cultura da ausência de planejamento – e o mais

importante: planejar com diversos segmentos, municípios, instituições, entidades,

etc.

2) O Território começa a quebrar a ausência de informações de interesse e consolida

um processo de construção de um diagnóstico participativo, histórico e atual de sua

Page 57: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

57

realidade;

3) O Território quebra a ausência da prática de sistematização de dados e processos de

interesse do Território e inicia um exercício da sistematização das oficinas, debates,

troca de experiências e de seminários;

4) O Território quebra a prática de se pensar ou planejar a curto prazo e passa a assumir

a lógica de se construir e integrar políticas públicas, ao invés de projetos e

programas, apenas;

5) O Território, marcado pela exclusão social, mas também pela história de lutas dos

movimentos sindicais, associativista, cooperativista, organização das mulheres, entre

outros, quebra o pré-conceito do coronelismo estabelecido em toda a Região

Nordeste, e fortalece a construção e o fortalecimento de uma cidadania viva.

Assim sendo, este Plano representa um início de exercício que o Conselho Regional

de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia - CODES Sisal

pretende tornar uma prática cotidiana. Mais ainda, este Plano visa que as entidades e

instituições, principalmente aquelas que o compõem e que vivem e atuam no Território,

possam praticar o exercício de planejar, de forma participativa, as suas intervenções, de

modo que o Território esteja na pauta e na agenda estratégica de todas elas.

Este Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável é fruto de um processo

que o CODES Sisal atribui a todas as instituições governamentais e às entidades não-

governamentais, componentes desta Institucionalidade Territorial, bem como todas as

entidades parceiras33 que, por sua história, têm um compromisso que é a execução do

Plano.

Para elaboração do PTDS foi necessário ampliar as reflexões sobre a importância da

promoção de ações que pudessem resultar num desenvolvimento endógeno, dinâmico e de

caráter multidimensional. O Plano está dividido em quatro partes: a primeira, a

apresentação da Missão, Princípios, relação de entidades que participam do Codes do Sisal;

em seguida, o Diagnóstico do Território, contendo nesta parte a sua localização, aspectos

históricos, geográficos, ambientais e geoespaciais, informações sobre sua população, a

economia, indicadores sociais, a situação fundiária, as organizações sociais presentes, a

assistência técnica, informações sobre saúde, educação, economia solidária e cultura; a

terceira, os Eixos Prioritários de Desenvolvimento, traz um conjunto de programas e

33

Em anexo encontramos a relação dos participantes das oficinas de construção do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável.

Page 58: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

58

projetos, com detalhamento sobre a abrangência das ações, impactos gerados, custos e

arranjos institucionais necessários para a consolidação das propostas; e por fim, a conclusão,

com considerações finais a respeito da importância do PTDS para o CODES Sisal e como

instrumento de interlocução com organizações e as instâncias governamentais.

Neste PTDS consolidado durante reunião preparatória do Seminário para o

Fortalecimento das Políticas Públicas no Território do Sisal, realizado no município de

Valente, em 22 de março de 2007, pode-se encontrar a priorização das principais demandas.

Assim como sua síntese na Figura 1, a seguir.

Com estas propostas, espera-se ampliar o diálogo com as diversas instituições

públicas, visando à concretização destas e de outras demandas que integram o PTDS da

região sisaleira.

Page 59: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

59

Parte 4 – Planejamento Operacional

DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO: EIXOS AGLUTINADORES E PROGRAMAS

Nesta última parte estão descritas as principais dimensões do Desenvolvimento deste

PTDS, seus Eixos Aglutinadores, Programas e Projetos, conforme o quadro seguinte:

Quadro XXVI – Dimensões do Desenvolvimento, Eixos e Programas.

DIMENSÃO EIXOS PROGRAMAS

Econômica

Fortalecimento da agricultura familiar

- Desenvolvimento do sistema produtivo do sisal; - Desenvolvimento da ovinocaprinocultura; - Desenvolvimento da Apicultura; - Fortalecimento da produção artesanal de sisal; - Exploração e beneficiamento de pedras e outros

minerais; - Terra pra morar e trabalhar.

Infraestrutura

- Esgotamento sanitário - Eletrificação rural; - Conservação de Rodovias; - Morar Bem;

Sociocultural

Comunicação - Fortalecimento das entidades de

comunicação; - Fortalecimento dos movimentos sociais.

Educação para sustentabilidade

- Formação de Professores; - Ampliação das ações socioeducativas; - Espaços de Leitura; - Pró-Universidade do Semiárido; - MOVA-Sisal – tecendo com a fibra, alfabetização e

cidadania; - Qualificação educacional em assentamentos; - Educação para a solidariedade.

Saúde - Mais saúde

Cultura - Sistema Territorial de Cultura

Geração de Trabalho e Renda

- Vida Melhor

Ambiental Meio Ambiente

- Educação ambiental; - Aterra Território; - Recuperação de áreas degradadas; - Recuperação da Bacia do Itapicuru.

Page 60: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

60

Quadro XXVII - Eixos Temáticos e Programas, Conforme a Dimensão do Desenvolvimento

1. Dimensão Econômica

1.1. EIXO: FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR

1.1.1. Programa: PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DE CADEIAS PRODUTIVAS

1.1.1.1. Projeto: DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA PRODUTIVO DO SISAL

a) Diagnóstico Setorial:

O sisal é uma planta facilmente adaptável às condições edafoclimáticas do Território, constituindo-se num

grande suporte econômico para todos os Municípios. A fibra é extraída de forma permanente em todos os

períodos do ano e tem a capacidade de absorver grande quantidade de mão-de-obra (cada campo de sisal,

além dos familiares do produtor, absorve sete outras pessoas no processo de extração da fibra). O sisal é o

responsável pela permanência de milhares de pessoas no meio rural, mesmo em períodos cujas adversidades

são maiores. Apesar dessa importância econômica e social, o sistema produtivo do sisal vem recebendo pouco

incentivo governamental nos últimos 20 anos, o que o levou a uma grave crise: produto de qualidade inferior,

mão-de-obra desqualificada, preços baixos. Muitos produtores de sisal, nas últimas décadas, erradicaram suas

plantações e esses, hoje, enfrentam maiores dificuldades de sobrevivência do que aqueles que as mantiveram.

O quadro começa a mudar em meados da década passada quando a APAEB implantou uma fábrica de tapetes e

carpetes que, embora situada em Valente, absorve a fibra de diversos municípios do Território do Sisal e de

outros Territórios próximos. O funcionamento da fábrica permitiu um aumento significativo no preço da fibra

in natura: enquanto o preço da carne bovina aumentou entre 1996 (ano do início do funcionamento da fábrica)

e 2002 cerca de 120%, a ampliação do preço da fibra do sisal foi superior a 400%, beneficiando milhares de

produtores de toda região.

Por outro lado, o processo de venda da fibra in natura pelos produtores aos intermediários causa-lhes grandes

prejuízos, já que estes, em média, reduzem os preços em até 30%. Uma alternativa é a implantação de

pequenas centrais de beneficiamento, conhecidas como batedeiras de sisal, que possibilitem o tratamento

primário básico da fibra, adequando-a às exigências do mercado interno e externo em crescimento.

b) Localização:

14 municípios do Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Agricultores e agricultoras familiares e suas organizações produtivas envolvidas com processo de plantio,

beneficiamento e comercialização da produção de Sisal no Território.

d) Justificativa:

Além da extração da fibra, o sisal desponta com grandes potenciais para utilizar a mucilagem na produção de

ração animal, utilizar o rejeito da fibra (bucha) na produção de compósitos para a indústria automotiva e da

construção civil, a utilização do pendão e do bulbo para a fabricação de briquetes para a produção de

bioenergia e utilização do suco na produção de biofertilizantes e bioinseticidas.

e) Objetivos:

Desenvolver ações de pesquisa e desenvolvimento;

Garantir a oferta de assistência técnica;

Page 61: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

61

Ampliar a oferta de crédito para o plantio, beneficiamento e comercialização do sisal e

Fortalecer os processos de comercialização.

Aproveitar integralmente o sisal para aumentar a sua capacidade de geração de renda.

f) Estratégias:

Realização de pesquisas que objetivem o controle de doenças e o desenvolvimento de plantas com

maior resistência e produtividade;

Realização de pesquisas para ampliar o uso dos sub-produtos do sisal, principalmente para o

desenvolvimento de ração animal;

Desenvolvimento de Pesquisa que produzam tecnologias apropriadas;

Garantir um processo de assistência técnica permanente e apropriada, visando a melhoria do processo

produtivo;

Implantação de Unidades de Beneficiamento de Sisal;

Linhas de crédito que garantam o processo produtivo bem como o beneficiamento e a

comercialização.

g) Arranjos Institucionais:

Com a constituição do Grupo de Trabalho Interministerial, criado por decreto Presidencial, formado por

diversas instituições públicas federais, com o objetivo de promover arranjos para o fortalecimento do sistema

produtivo do sisal, as ações previstas neste Projeto constituem-se nas atividades que serão empreendidas pelas

instituições integrante do Grupo de Trabalho.

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Aumento da produtividade do sisal;

Desenvolvimento e disponibilização de tecnologias apropriadas;

i) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com a cultura do sisal.

1.1.1.2. Projeto: DESENVOLVIMENTO DA OVINOCAPRINOCULTURA

a) Diagnóstico Setorial:

Dada à distribuição fundiária do Território do Sisal e às condições climáticas, a prática da caprinocultura e

ovinocultura tornaram-se bastante importantes para a composição da renda dos agricultores e agricultoras

familiares. O uso do sisal também se tornou um importante suporte alimentar, servindo ainda de pastagem nos

períodos de estiagem. Nas últimas décadas, a partir da atuação de entidades no Território, através de

programas e projetos de assistência técnica e extensão rural, a exemplo do MOC – Movimento de Organização

Comunitária que criou inclusive programas específicos, a exemplo de Fundos Rotativos para pequenos

empréstimos e assumiu o processo de ATER, o desenvolvimento da ovinocaprinocultura ganhou novos rumos,

constituindo-se como importante atividade econômica e de preservação do meio-ambiente. O

desenvolvimento da criação de caprinos e ovinos levou à busca do processo de verticalização da produção e

hoje temos o seguinte quadro:

a) Caprinocultura de Leite: por questões de ordem cultural, o leite caprino, apesar de superior ao leite bovino

em muitos aspectos, dificilmente é utilizado para o consumo diário pela população do Território. A partir de um

Page 62: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

62

processo educativo, incluindo-se a capacitação dos produtores/as de leite é que a resistência ao uso do leite

caprino começou a se reduzir, embora seja ainda grande nos diversos municípios. A implantação de um

pequeno laticínio na cidade de Valente, pela APAEB, com capacidade para processar, atualmente 400 litros de

leite por dia, trouxe uma nova alternativa de renda. Essa experiência tem motivado o consumo e a busca de

implantação de outras agroindústrias para o beneficiamento e a comercialização do leite caprino.

b) Ovino-Caprinocultura de Corte: a grande maioria dos agricultores e agricultoras familiares, criadores de

ovinos e caprinos do Território dedica-se à produção de carne, atividade de pouca exigência técnica e com

tendências de crescimento. Assim, o Território começa a se despontar com perspectiva de tornar-se grande

fornecedora de carne caprina e ovina, inclusive pelos atrativos do mercado na atual conjuntura. Alguns fatores,

entretanto, são fortes entraves ao desenvolvimento da ovino-caprinocultura de corte, como, por exemplo, a

ausência de condições efetivas para um processo de comercialização de forma organizada, evitando a presença

dos intermediários.

c) Beneficiamento das peles: A implantação de um curtume pela APAEB tem influenciado fortemente na

valorização da pele caprina. Para atender às exigências do mercado, no entanto, vem se buscando estruturar o

curtume em funcionamento, além da implantação em outros em municípios.

b) Localização:

Municípios situados no Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Agricultores e agricultora familiares e suas organizações produtivas

d) Justificativa:

Importância cultural da ovinocaprinocultura para o território;

Importância socioeconômica da ovinocaprinocultura;

Necessidade de evolução do rebanho para garantir renda e segurança alimentar para os agricultores

familiares e população em geral;

Possibilidade de consórcio e de diversificação da produção da agricultura familiar do território.

e) Objetivos:

Estimular a produção e o beneficiamento do leite caprino como alternativa de renda dos agricultores e

agricultoras familiares do Território;

Fomentar a produção da ovinocaprinocultura e possibilitar o abate com técnicas adequadas e que

atenda a legislação vigente, aumentando a renda dos produtores;

Possibilitar a agregação de valor através do beneficiamento primário e da comercialização de peles

ovinas e caprinas;

Desenvolver um processo de pesquisa que possibilite a indicação de um tipo de ração animal;

Ampliar a oferta de caprinos e ovinos.

f) Estratégias:

Parcerias para desenvolver pesquisa para o desenvolvimento do rebanho;

Implantação de Unidades de Beneficiamento do leite, carne e pelo de caprinos e ovinos;

Eventos de formação e divulgação para melhoria da qualidade de produção, beneficiamento e

comercialização.

Page 63: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

63

g) Arranjos Institucionais:

PARCERIAS COM CABRA FORTE, EBDA, MOC, FATRES, Secretarias municipais de agricultura; secretarias de

Agricultura do Estado da Bahia e de Combate a Pobreza, SETRAS, PETI, Cabra Escola, MDA (SAF-SDT);

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Organização dos produtores de leite caprino;

Ampliação do mercado consumidor de produtos caprinos;

Agregação de valor ao produto dos agricultores/as familiares;

Aumento da renda familiar dos agricultores/as familiares;

Aumento dos índices de produtividade da ovinocaprinocultura;

Melhoria no índice de consumo.

i) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com a ovinocaprinocultura.

1.1.1.3. Projeto: DESENVOLVIMENTO DA APICULTURA

a) Diagnóstico Setorial:

A apicultura vem se revelando como atividade geradora de renda complementar para as famílias dos

agricultores e agricultoras familiares do Território do Sisal em virtude de algumas características, como a

diversidade da caatinga, que oferece uma flora bastante variável que permite a produção de mel de boa

qualidade; e, a experiência, ainda que incipiente, de organizações de produtores na busca de construção de

agroindústrias para o beneficiamento. Igualmente aos produtos de origem caprina, o mel passa por um

processo de expansão do seu consumo. O grande número de projetos financiados pelo PRONAF e por outros

programas garante uma oferta considerável de produtos da colméia. O desafio, por exigências sanitárias e do

próprio mercado, é ampliar as estruturas de beneficiamento, garantindo, assim, uma maior agregação de valor.

b) Localização:

Municípios situados no Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Agricultores e agricultora familiares e suas organizações produtivas e apicultores/as;

d) Justificativa:

Capacidade produtiva da região;

Possibilidades de mercado consumidor;

Garantia de fornecimento de alimento para segurança alimentar;

Possibilidade de aumento de renda das famílias envolvidas.

e) Objetivos:

Implantar Unidade de Beneficiamento dos produtos da colméia;

Realizar eventos de formação para melhoria da qualidade de produção, beneficiamento e

comercialização;

Ampliar a diversificação dos produtos originados da colméia;

Ampliar a comercialização.

Page 64: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

64

f) Estratégias:

Estabelecimento de parcerias e convênios com instituições de pesquisa para produção de tecnologia

apropriada para apicultura no território;

Parceiras com associações de apicultores; negociação com secretarias de agricultura e grupo gestor do

PETI para compra e fornecimento dos produtos para a alimentação escolar;

Divulgação dos produtos.

g) Arranjos Institucionais:

Associações Apícolas do território, CBARA FORTE, SETRTAS, PETI, ARC, ADS-CUT, ASCOOB, COGEFUR, MMTR,

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Ampliação da produção e beneficiamento de mel;

Aumento das Unidades de Beneficiamento da cadeia produtiva;

Ampliação da renda familiar;

Elevação no consumo do mel como alimento humano.

i) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com a apicultura.

1.1.2. Programa: PROGRAMA DE APOIO ÀS ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS

1.1.2.1. Projeto: FORTALECIMENTO DA PRODUÇÃO DE ARTESANATO DE SISAL

a) Diagnóstico Setorial:

A multidimensionalidade da Agricultura Familiar, ao tempo que traduz uma característica natural desse

segmento que está presente nos municípios rurais brasileiros, representa uma importante estratégia de

sobrevivência para a grande maioria das famílias de agricultores e agricultoras familiares deste País. Esta

multidimensionalidade pode, muito facilmente, ser identificada pelo desenvolvimento de atividades

consideradas não-agrícolas, assim caracterizadas em virtude de que, apesar de serem desenvolvidas no meio

rural, até mesmo dentro das propriedades rurais, não trazem em si relação direta com ação de plantio e

colheita.

b) Localização:

Municípios integrantes do Território do Sisal.

c) Público Prioritário:

Agricultores e agricultoras familiares que, de forma individual, em grupos ou empreendimentos econômicos

solidários, desenvolvem atividades de produção de peças artesanais, com a utilização da fibra do sisal.

d) Justificativa:

Dentre as inúmeras atividades não-agrícolas que são desenvolvidas nos municípios que compõe o Território do

Sisal, a produção de artesanato com fibra de sisal apresenta-se como uma importante atividade, que além da

renda gerada para as mulheres e homens e seus empreendimentos econômicos solidários, que estão

envolvidos no processo de produção e comercialização, representa um importante resgate da cultura do

Território.

e) Objetivos:

Garantir a oferta de recursos financeiros, investimentos e acompanhamento técnico aos empreendimentos

Page 65: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

65

econômicos e solidários envolvidos no processo de produção de artesanato com fibras de sisal.

f) Estratégias:

Disponibilização de recursos financeiros para capital de giro

Acompanhamento técnico a grupos e empreendimentos

Consolidação de rede de produção e comercialização, através da integração de grupos, cooperativas e

associações;

Comercialização da produção.

g) Arranjos Institucionais:

Ministério do Desenvolvimento Agrário

Ministério do Trabalho e Emprego

SEBRAE, SDT/MDA, SEAGRI, Prefeituras municipais, UNEB, UEFS, UFBA

Instituto Mauá, SETRAS, PETI, APAEB, ADS-CUT, ARCO, MOC;

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Quantidade e qualidade da produção;

Volume de peças comercializadas;

Elevação da renda familiar.

i) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com o artesanato.

1.1.2.2. Projeto: EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE PEDRAS E OUTROS MINERAIS

a) Diagnóstico Setorial:

A multidimensionalidade da Agricultura Familiar, ao tempo que traduz uma característica natural desse

segmento que está presente nos municípios rurais brasileiros, representa uma importante estratégia de

sobrevivência para a grande maioria das famílias de agricultores e agricultoras familiares deste País. Esta

multidimensionalidade pode, muito facilmente, ser identificada pelo desenvolvimento de atividades

consideradas não-agrícolas, assim caracterizadas em virtude de que, apesar de serem desenvolvidas no meio

rural, até mesmo dentro das propriedades rurais, não trazem em si relação direta com ação de plantio e

colheita. No Território do Sisal podem-se identificar diversas iniciativas de atividades não-agrícolas sendo

desenvolvidas, muitas delas, sem o devido reconhecimento e apoio necessário, apesar de sua importância

econômica e do envolvimento de um número bastante significativo de famílias de agricultores e agricultoras.

Estas atividades não-agrícolas são, muitas das vezes, consideradas como atividades marginais, condenadas à

informalidade, o que impede que sejam desenvolvidas as ações necessárias para a estruturação de unidades

produtivas, valorização dos produtos e serviços, limitando, portanto, a ampliação da oferta e do consumo. Para

ilustrar a diversidade das atividades não-agrícolas que podem ser encontradas nos municípios que compõem o

Território do Sisal, pode-se citar a produção de artesanato de sisal, a extração de minério (em especial de

paralelepípedos), produção de peças artesanais em tecidos e outros materiais, prestação de serviços diversos,

entre outros.

b) Localização:

Municípios Santa Luz e Itiuba, integrantes do Território do Sisal.

Page 66: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

66

c) Público Prioritário:

Agricultores e agricultoras familiares que, de forma individual, em grupos ou empreendimentos econômicos

solidários, desenvolvem atividades de extração e beneficiamento de pedras e outros minerais, com ênfase na

produção de pedras para pavimentação.

d) Justificativa:

A extração e beneficiamento de pedra nos municípios de Santa Luz configuram-se como importantes atividades

econômicas, envolvendo, aproximadamente, 1.200 (mil e duzentos) trabalhadores/as e sendo responsável por

quase 90% da produção no Território. Essa importante atividade produtiva não-agrícola apresenta diversos

problemas em seu processo produtivo. Um dos principais trata-se do envolvimento de mão-de-obra infantil,

problema esse que vem sendo enfrentado deste 1996, com a implantação do PETI – Programa de Erradicação

do Trabalho Infantil. Quanto aos aspectos produtivos, há, ainda, problemas com as condições insalubres no

processo produtivo e, também, dificuldades no processo de comercialização. Para enfrentar alguns desses

problemas, muitos trabalhadores e trabalhadoras buscaram a organização para garantir o devido

enfrentamento das dificuldades na produção e na comercialização. Para isso, criaram o Sindicato dos

Trabalhadores da Pedra e a Cooperativa de Trabalhadores da Pedra. Essas instituições empreenderam, desde o

seu momento de criação, diversas ações visando à regulação de preço e da demanda, melhorias no processo

produtivo, questões ligadas à segurança no processo de beneficiamento e a luta pelas garantias previdenciárias

para os trabalhadores e trabalhadoras que desenvolvem a atividade.

e) Objetivos:

O Projeto de Apoio ao Processo de Extração e Beneficiamento de Pedras e outros Minerais pretende atender a

demandas dos trabalhadores e trabalhadoras e suas entidades, envolvidos no processo de beneficiamento e

comercialização de pedras para pavimentação, nos municípios de Santa Luz e Itiúba. O atendimento das

demandas pretende responder aos principais problemas no que se refere à produção e comercialização.

f) Estratégias:

Disponibilização de capital de giro;

Investimentos no processo produtivo e em equipamentos de segurança;

Fortalecimento de cooperativas dos trabalhadores/as da pedra.

g) Arranjos Institucionais:

Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Ministério do Trabalho e Emprego

Secretaria Estadual de Indústria e Comércio

Secretaria Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Volume de milheiros de pedra negociada;

Elevação da renda familiar;

Quantidade e qualidade de milheiros de pedra extraídas e negociadas.

i) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com a extração de minerais.

Page 67: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

67

1.1.3. Programa: ACESSO E PERMANÊNCIA NA TERRA

1.1.3.1. Projeto: TERRA PRA MORAR E TRABALHAR

a) Diagnóstico Setorial:

A estrutura fundiária do Território do Sisal obedece à mesma lógica da situação vigente no Estado da Bahia e

no país. Segundo dados do IBGE, embora não se registre aqui a presença de grandes latifúndios, os

estabelecimentos com área superior a 500 ha, que correspondem a apenas 0,5% do total, ocupam mais de um

quarto da área: 26,1%. No outro extremo, os estabelecimentos com menos de 20 ha que correspondem a

80,1% do total, ocupam somente 16,9% da área. Os micro-estabelecimentos com menos de 2 há correspondem

a mais de 1/4 dos estabelecimentos (27,15%) e ocupam a irrisória fatia de 1,4% da área. Há, ainda, 4.611

estabelecimentos que são ocupados por arrendatários, posseiros ou ocupantes.

Considerando-se uma família por cada estabelecimento ocupado por sem-terras (arrendatários, posseiros e

ocupantes) e uma família por estabelecimento com menos de 2 hectares, tem-se um total de 21.122 famílias

de agricultores e agricultoras familiares que podem ser consideradas sem terra e que deve ser público

prioritário para os programas de acesso à terra.

Ao levar-se em consideração que há, ainda, 24.930 estabelecimentos de 2 a 10 hectares e que são insuficientes

para permitir a reprodução familiar, tem-se uma forte demanda pela terra.

Por outro lado, os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares ocupam 227.321 hectares da área total.

Somente estas terras seriam suficientes para agregar mais de 7.500 famílias, considerando-se uma média de 30

hectares para cada uma.

Mais de 60% das terras, no conjunto do Território, num total de 1.323.418 hectares, são consideradas

devolutas. Essas terras estão ocupadas por grandes, médios e pequenos proprietários e grande parte delas não

possui qualquer titulação. Dados ainda da UFBA, demonstram que 65% das famílias ligadas ao PETI não têm

terra. Logo, como superar a situação de famílias de baixa renda em programas sociais sem enfrentar tal

questão?

b) Localização:

Municípios integrantes do Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Agricultores e agricultoras familiares sem terra ou com terra insuficiente ao sustento e reprodução da família.

d) Justificativa:

Numa região de economia rural, a terra exerce papel fundamental como meio de produção. Democratizar o

acesso à terra, com políticas que permitam o acesso e a permanência na terra por agricultores e agricultoras

familiares sem terra ou com terra insuficiente é condição básica para a promoção do desenvolvimento

territorial sustentável. Deve-se levar em consideração que ainda é pujante o processo migratório no meio rural.

Com a saída dos seus moradores – especialmente os jovens – para os centros urbanos, ter-se-á futuramente,

grandes transtornos à situação da economia rural pela escassez de mão-de-obra, além dos problemas sociais.

Tudo isso, portanto, justifica a adoção de medidas que assegurem o acesso e a permanência na terra e, por

conseguinte, da permanência no meio rural pela população.

e) Metas:

Acesso à terra: assegurar os meios para o assentamento, através do Programas de Reforma Agrária e

Page 68: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

68

do Crédito Fundiário, de 3000 (três mil) famílias/jovens por ano.

Empreender medidas para a titulação das terras ocupadas pelos agricultores familiares, beneficiando,

anualmente, 5000 famílias.

Garantir linhas de crédito a ATER/ATES para as famílias e grupos assentados.

f) Objetivos:

Implementar medidas que assegurem o acesso e permanência na terra por famílias e jovens sem terra, ou

pouca terra, como condição para o combate à pobreza no meio rural e para a promoção do desenvolvimento

territorial sustentável.

g) Estratégias:

Mobilizar as organizações sociais e o poder público para o levantamento e cadastramento, em cada

Município do Território, das famílias e dos jovens rurais que podem ser beneficiados com as medidas de

acesso e permanência na terra e com a titulação das áreas já ocupadas;

Empreender processo de seleção, capacitação e organização das famílias e dos jovens cadastrados,

reduzindo-se assim os riscos e aumentando as possibilidades de êxito nos futuros assentamentos;

Buscar, junto às instâncias governamentais pertinentes, o apoio necessário para garantir o acesso e

permanência na terra pelos assentados (infra-estrutura, assistência técnica, crédito etc.);

Implantar, no Território, uma Unidade Técnica Territorial (UTT) para, em conjunto com a Unidade Técnica

Estadual (UTE) e a Unidade Técnica Nacional (UTN), e em parceria com as organizações sociais e o poder

público municipal, implementar as ações pertinentes ao Programa Nacional de Crédito Fundiário;

Estabelecer uma política de parcerias com Universidades, ONG’s, entidades dos agricultores familiares;

Implantar, no Território, um escritório do INCRA, como medida institucional para facilitar as ações da

reforma agrária na região;

Criar em cada Prefeitura Municipal uma unidade administrativa com a função de titulação das terras dos

agricultores familiares, para operacionalização em conjunto com a CDA e o INCRA, através da UTT e do

escritório do INCRA no Território.

h) Arranjos Institucionais:

Viabilização de medidas de acesso à terra através dos programas existentes. Discussão e negociação com a CDA

e INCRA.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Número de famílias com acesso à terra, por ano; e inclusive de retorno da vida urbana para o campo;

Número de famílias inseridas em ações de assistência técnica;

Número de famílias beneficiadas com o crédito; com observância na inadimplência, retorno

econômico;

Número de estabelecimentos regularizados através do processo de titulação.

j) Gestão:

Formação de um GT para cuidar especificamente das questões relacionadas à terra.

Page 69: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

69

1.2. EIXO: INFRA ESTRUTURA

1.2.1. Programa: SANEAMENTO BÁSICO

1.2.1.1. Projeto: Esgotamento Sanitário

a) Diagnóstico Setorial:

O saneamento básico, com coleta e tratamento do esgoto sanitário, é condição para a qualidade de vida. As

pequenas áreas atendidas com esgotamento sanitário restrigem-se a setores de maior renda cujos dejetos são

depositados em lagoas, açudes ou mesmo a céu aberto sem nenhum tratamento. A ampliação da rede de

esgotamento sanitário é condição para o nível adequado de saúde da população.

b) Localização:

Todos os 20 Municípios do Território

c) Público Prioritário:

População urbana dos municípios.

d) Justificativa:

São poucos os municípios que dispõem de instalações de esgoto sanitário e, mesmo assim, abrangem somente

setores de maior renda, não se constituindo num benefício para toda população. Além disso, os esgotos

coletados são destinados ao meio ambiente (especialmente lagoas, açudes etc.) sem qualquer tratamento, o

que termina agravando a questão sanitária nessas localidades pela concentração de resíduos.

Assim, a ampliação das redes de esgotamento sanitário precisa estar acompanhada das respectivas estações de

tratamento.

e) Objetivos:

Melhorar a situação de saúde da população;

Propiciar melhor qualidade de vida para a população urbana;

Preservar o meio ambiente.

f) Metas:

Beneficiar 50% das populações urbanas.

g) Estratégias:

Articulação das Secretarias de Saúde e de Infraestrutura de todo os municípios para buscarem, junto ao

governo do Estado e à EMBASA, a instalação/ampliação de redes de esgotamento sanitário

h) Arranjos Institucionais:

CODES, Secretarias de Saúde e Infraestrutura dos Municípios, governo do Estado/EMBASA.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Nº de pessoas beneficiadas;

Dimensão (metragem) da instalação/ampliação da rede de esgoto sanitário;

Nº de estações de tratamento implantadas

j) Gestão:

Formação de uma Comissão no Território para assumir as atividades relativas ao acesso à terra.

Page 70: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

70

1.2.2. Programa: ELETRIFICAÇÃO RURAL

1.2.2.1. Projeto: Luz para Todos e Todas

a) Diagnóstico Setorial:

Os dados dos dois últimos censos (1991 e 2000) mostraram um intenso processo de urbanização em todos os

municípios, reduzindo-se significativamente o número de moradores de áreas rurais, cuja tendência, se

mantida, poderá trazer grandes conseqüências no futuro. A eletrificação rural é fundamental para gerar

qualidade de vida para a população, constituindo-se num importante fator de fixação da população no campo,

freando o processo emigratório. Estima-se que cerca de 30% da população rural não usufrui desse benefício.

b) Localização:

20 Municípios.

c) Público Prioritário:

Moradores da zona rural.

d) Justificativa:

A eletrificação, além de ser um bem básico gerador de qualidade de vida, é também um fator de produção.

Projetos de irrigação, de empreendimentos econômicos (empresariais e solidários) dependem da energia

elétrica para se viabilizarem. Além disso, é também um fator de fixação da população no meio rural, reduzindo

o ritmo do processo emigratório, sobretudo, dos jovens.

e) Objetivos:

Melhorar a qualidade de vida da população rural;

Contribuir para a permanência da população no meio rural;

Possibilitar a implementação de projetos de geração de renda.

f) Metas:

100% da população rural – os serviços devem ser universalizados para todos os moradores nos próximos três

anos

g) Estratégias:

Levantamento, nos municípios, das áreas ainda desprovidas de eletrificação;

Articulação das secretarias de infraestrutura (ou equivalente) para encaminhamento dos pleitos.

h) Arranjos Institucionais:

CODES – Prefeituras Municipais, através das secretarias de infraestrutura – Governo do Estado, através da

SEINFRA e SECOMP – Programa Luz para Todos.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

100% dos moradores da zona rural com energia elétrica;

Garantia da possibilidade de implantação de projetos de geração de renda.

j) Gestão:

Organizar uma Comissão de representantes da sociedade civil e das secretarias municipais de infraestrutura

para negoriar com a SEINFRA os projetos demandados no território.

Page 71: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

71

1.2.3. Programa: RODOVIAS

1.2.3.1. Projeto: Conservação Rodoviária

a) Diagnóstico Setorial:

O transporte rodoviário é o único meio utilizado no Território, para o deslocamento de pessoas e para o

transporte de mercadorias. É preciso, portanto, manter em estado de boa conservação as rodovias federais BR

116 e BR 324, e as estaduais BA 409 e BA 416. Além disso, indispensável também a conservação das estradas

vicinais da responsabilidade dos municípios, estas, quase sempre, em situação precária, o que dificulta o

transporte de pessoas e de produtos.

b) Localização:

20 Municípios do Território.

c) Público Prioritário:

Toda a população se beneficia com a medida.

d) Justificativa:

A frágil economia do Território entra em colapso quando os meios de transporte não funcionam

adequadamente, e que dependem da conservação das rodovias, visto que não há outros meios de transporte

acessíveis à população. Logo, é de fundamental importância a manutenção do estado de conservação das

rodovias federais, estaduais e municipais.

e) Objetivos:

Garantir o fluxo regular de pessoas e de mercadorias;

Dinamizar a economia do Território;

Melhorar as condições de vida dos cidadãos

f) Metas:

Conservação plena das rodovias federais e estaduais;

Recuperar todas as rodovias vicinais da competência dos municípios.

Pavimentar as rodovias que ligam as sedes municipais aos distritos e povoados

g) Estratégias:

Realizar um levantamento das condições das rodovias em todos os municípios para fundamentar as

reivindicações junto aos órgãos competentes.

Articular todas as secretarias de infraestrutura (ou equivalente) para uma ação conjunta junto às

esferas governamentais.

h) Arranjos Institucionais:

Negociação com o DERBA, SEINFRA e DENIT.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Manter 100% das rodovias federais, estaduais e municipais em bom estado de conservação;

Permitir o fluxo regular de pessoas e mercadorias.

j) Gestão:

Formação de uma Comissão com representantes das Secretarias Municipais de infraestrutura ou equivalente.

Page 72: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

72

1.2.4. Programa: MORADIA POPULAR E PRODUÇÃO

1.2.4.1. Projeto: MORAR BEM

a) Diagnóstico Setorial:

Os homens e mulheres são os únicos seres animais que precisam de uma moradia fixa dotada de boas

condições ambientais e de higiene, que possam oferecer conforto, harmonia familiar e condições saudáveis.

Apesar disso, estima-se que 50% das habitações rurais não oferecem as condições básicas ao bem-estar das

pessoas (instalações sanitárias, piso, reboco, pintura, áreas construída etc.), sendo que, no conjunto, 30% das

famílias ou não possuem moradia (habitam em locais cedidos ou alugados) ou em habitações em condições

altamente precárias.

b) Localização:

20 Municípios do Território.

c) Público Prioritário:

População considerada sem teto ou com habitações precárias.

d) Justificativa:

Necessidade de oferecer às famílias as condições básicas de habitação, indispensáveis ao bem-estar familiar e

social. A habitação precária interfere, inclusive, na convivência familiar, visto que não são poucos os casos em

que pais e filhos obrigam-se a ocupar o mesmo espaço, abdicando compulsoriamente da individualidade;

interfere, também, na própria educação dos filhos que não dispõem, sequer, de um espaço mínimo para

efetivação dos deveres escolares. As precárias condições habitacionais interferem, também, no desempenho

produtivo dos adultos que não possuem, nos momentos necessários, as condições de descanso e conforto.

e) Objetivos:

Oferecer condições adequadas de habitação;

Criar condições de harmonia e bem-estar familiar;

Contribuir para melhorar a capacidade produtiva dos(as) trabalhadores(as).

f) Metas:

Atender a todas as famílias sem teto ou com habitação precária para que tenham moradia que ofereça

conforto e segurança;

Oferecer aos Agricultores Familiares espaços adequados para a comercialização de sua produção.

g) Estratégias:

Articular as secretarias de ação social (ou equivalentes) para diagnosticar a situação de habitação em

cada município;

Negociar com os órgãos competentes projetos de habitação através do PSH, Viver Melhor, Minha Casa

Minha Vida etc.

h) Arranjos Institucionais:

Secretarias Municipais de Ação Social, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, Caixa Econômica

Federal, Fundação Nacional de Saúde.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Atender 100% das famílias rurais sem moradia;

Atender 50% das famílias rurais coma programas de melhorias habitacionais.

Page 73: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

73

j) Gestão:

Criação de uma Comissão de Habitação Popular.

2. Dimensão Sociocultural

2.1. EIXO: COMUNICAÇÃO

2.1.1. Programa: Desenvolvimento da comunicação social no território do sisal

2.1.1.1. Projeto: Fortalecimento das entidades de comunicação

a) Diagnóstico Setorial:

Os meios de comunicação popular na região do sisal, graças à profunda capacidade de articulação da sociedade

civil, exercem um forte papel na articulação social. Porém, muitos são os desafios que precisam ser

enfrentados. Um dos grandes desafios é o acesso e a busca pela democratização dos meios de comunicação

existentes nessa região.

Um grande exemplo desse processo se encontra sob o signo das rádios comunitárias em 17 municípios, que

estão funcionando e têm se constituído num importante instrumento de comunicação e mobilização social. As

experiências existentes nesse campo mostram uma relação direta entre as rádios comunitárias e o

desenvolvimento das comunidades. É através das rádios comunitárias que, por exemplo, a população fica

sabendo dos investimentos ou falta de investimentos nos municípios. Com essas emissoras de baixa potência a

população tem um espaço aberto à sua participação na programação e na gestão, comunica-se, apresenta as

suas reivindicações e denúncias.

A dificuldade de acesso dos movimentos populares aos meios de comunicação regularizados impulsionou o

fortalecimento destas rádios comunitárias nas Regiões Sisaleira e Vale do Jacuípe. Entretanto, apesar de haver

emissoras com mais de oito anos de funcionamento e pedidos de regularização, elas ainda enfrentam uma

forte repressão por parte dos meios de comunicação de massa, do poder hegemônico local, da ANATEL

(Agência Nacional de Telecomunicações) e da Polícia Federal.

Elas são um dos principais instrumentos de mobilização popular e de divulgação de campanhas educativas,

principalmente na área dos direitos e deveres da infância e adolescência com programas produzidos e

apresentados, inclusive por crianças.

A partir de 2005 foi constituída a ABRAÇO Sisal (Associação de Rádio e TV Comunitária da Região do Sisal), que

por sua vez faz o acompanhamento das rádios comunitárias e em parceria com o MOC, apóia as emissoras com

capacitações técnicas, de conteúdo e orientações quanto à organização da entidade e documentação, e pauta

as rádios com informações sobre desenvolvimento territorial e convivência com o semi-árido. Além disso,

incentiva as emissoras a fomentarem discussões e articulações com os movimentos sociais para o

fortalecimento da comunicação regional democrática.

Além da dificuldade encontrada pelas rádios comunitárias e sua entidade representativa (ABRAÇO Sisal) na

divulgação das ações, o território sisaleiro demanda hoje um trabalho qualificado de comunicação,

principalmente uma comunicação que seja pautada pelos movimentos sociais.

Pensando em buscar alternativas para a qualificação das peças de comunicação no território do Sisal, foi

constituída no inicio de 2005 a Agência Mandacaru de Comunicação e Cultura. Em caráter experimental, a

Agência Mandacaru constituída por 09 jovens, atinge diretamente cerca de sete municípios: Retirolândia,

Valente, Conceição do Coité, Queimadas, Santa Luz, Riachão do Jacuípe e Araci. A Agência funciona no

Page 74: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

74

município de Retirolândia para produção de notícias e materiais de comunicação voltados para temáticas de

promoção do desenvolvimento territorial sustentável no semi-rido da Bahia.

A cultura rural é um elemento central nos CDs, boletins e publicações produzidos pelo grupo, que busca

transformar os meios de comunicação em alternativas de visibilidade de práticas e debates sobre um sertão

viável. O grupo ainda presta assessoria de imprensa e de comunicação em eventos e para o movimento social

da região

b) Localização:

20 municípios do Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Através das ações realizadas pelas entidades regionais de comunicação, consegue-se atingir diretamente cerca

de 200 mil pessoas. É possível, com os meios de comunicação, levar informações de qualidade que contribua

de forma significante nas vidas das pessoas e divulgação das ações, além de projetar a imagem do território

como uma alternativa concreta de convivência com o semiárido. O público, ao qual o projeto se destina, é

muito diversificado, mas deverá focar, principalmente, os agricultores familiares que muitas vezes não têm

informações necessárias e de qualidade sobre os aspectos do território e para além dele.

d) Justificativa:

Apesar do Território do Sisal possuir muitas potencialidades e ser marcado pela luta dos movimentos sociais, a

dificuldade de acesso dos movimentos populares aos meios de comunicação é muito grande. Hoje é muito

forte o movimento das rádios comunitárias, mas as mesmas sofrem perseguições dia a dia e acabam se

enfraquecendo e deixando também a população sem nenhuma alternativa de meios que tragam informações

de qualidade e que, acima de tudo, valorizem o homem do campo. Mesmo sofrendo essas repreensões e a

burocracia do ministério das comunicações no andamento dos processos de outorga, diversas entidades

contribuem e implementam ações e discussões que valorizam e promovem o desenvolvimento do território.

Nesse contexto, a Agência Mandacaru de Comunicação e Cultura acredita que através da produção de peças de

comunicação e cultura e mobilização dos meios de comunicação popular pode-se fortalecer a identidade dos

agricultores e agricultores familiares do semiárido. O processo de gestão da Agência é feita pelos próprios

jovens, com orientação de um Conselho Político composto por representantes de entidades da região. Além

disso, a Agência é vista pelos seus membros como uma importante oportunidade de geração de renda para

eles próprios e para juventude.

e) Objetivos:

Fortalecer a comunicação social no território do sisal, buscando a democratização da comunicação;

Implantar tecnologias de comunicação que possibilitem a inclusão social e digital da população do

território.

Garantir a inserção do território nas discussões sobre digitalização de rádio e TV.

Divulgar junto às rádios filiadas à ABRAÇO Sisal, as experiências do Território a nível interno e externo.

Fortalecer a ABRAÇO Sisal para acompanhamento das rádios comunitárias.

Agência Mandacaru assumindo a produção constante de notícias do e para o Território Sisaleiro e

prestando serviços de comunicação às entidades do movimento social.

Buscar a integração entre todos os atores/meios de comunicação social do território.

Page 75: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

75

Dar visibilidade às potencialidades econômicas, políticas, sociais, culturais e ambientais, contribuindo

para o desenvolvimento sustentável solidário do Território Sisaleiro.

f) Metas:

Desenvolver programas comunitários de comunicação em todos os Municípios do Território.

g) Estratégias:

Fortalecimento da ABRAÇO Sisal.

Aquisição de equipamentos de escritório e instalação do escritório permanente da ABRAÇO Sisal numa

sala cedida pelo CODES Sisal.

Implantação de 03 tele-centros nos municípios do território.

Capacitações para comunicadores comunitários sobre a digitalização de rádio e TV.

Garantir recursos para a articulação e acompanhamento das rádios comunitárias.

Contratação de um/a administrador/a e um/a técnico/a (20 horas semanais cada).

Aquisição de equipamentos para as rádios comunitárias filiadas à ABRAÇO Sisal.

Recursos para manutenção do espaço físico da ABRAÇO Sisal no período de dois anos;

Contratação da Agência Mandacaru como assessora de comunicação do CODES.

Produção de peças de comunicação para divulgação das ações do CODES no território do Sisal (Jornal

Impresso, Programas de rádio, construção e manutenção do site para a entidade, dentre outras

ações).

Rádio Educativa

Condicionar o apoio político e financeiro do CODES à rádio educativa de Valente caso haja garantia da

participação dos movimentos sociais no processo de gestão;

Aquisição de equipamento e custeio para o primeiro ano de funcionamento.

h) Arranjos Institucionais:

Polo Sindical (Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal), Movimento de Organização Comunitário

(MOC), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Ministério da Cultura (Pontos de Cultura), Conselho

Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia (CODES), Articulação no

Semiárido brasileiro (ASA), Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC) Associação das cooperativas

de apoio à economia familiar (ASCOOB), Órgãos públicos (Prefeituras municipais, poder legislativo, estaduais e

municipais), dentre outros.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Quantidade de comunicadores capacitados e dominando a digitalização da TV e do rádio;

05 telecentros implantados e em funcionamento nos municípios de Retirolândia, Valente, Serrinha,

Queimadas e Tucano (Marco Zero: 02);

Qualidade e quantidades dos programas de rádios e de boletins e matérias produzidas e veiculadas;

Quantidade de lideranças, dirigentes e profissionais da comunicação qualificados para assumir

processo de comunicação social;

Qualidade e quantidade de matérias de interesse do CODES veiculadas nos meios de comunicação a

nível local/regional/estadual e nacional;

Page 76: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

76

Impacto gerado através da produção das peças de comunicação;

Funcionamento da rádio educativa com gestão participativa das entidades do movimento social.

j) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com a comunicação social.

2.1.2. Programa: Desenvolvimento de ações de comunicação dos movimentos populares

2.1.2.1. Projeto: Fortalecimento do movimento social

a) Diagnóstico Setorial:

É um grande desafio trabalhar a comunicação numa região em que se evidencia a pouca visibilidade das ações

institucionais que promovem o desenvolvimento sustentável. A comunicação pode exercer um papel

importantíssimo no fortalecimento da imagem do semiárido, bem como na sensibilização e divulgação das

ações voltadas para o desenvolvimento e fortalecimento da Agricultura Familiar na região.

b) Localização:

20 municípios do Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Lideranças e dirigentes das seguintes entidades: Polo Sindical do Sisal, CEAIC, UAPAC, ARCO Sertão, MMTR

Regional, SICOOB-COOPERE, SICOOB-Itapicuru, Coopergama, Cooperjovens e Cooperafis. Através das ações de

comunicação desenvolvidas pelas entidades deve-se atingir um público de 200 mil pessoas.

d) Justificativa:

As entidades sociais assumem e contribuem de forma significante a gestão de um projeto de desenvolvimento

sustentável para a Região Sisaleira. No entanto, não possuem um planejamento de comunicação para divulgar

as suas ações e as suas potencialidades. Neste contexto, a comunicação assume um papel importante na

visibilidade das ações, no fortalecimento das instituições e na mobilização das comunidades e entidades locais

para participarem do processo. Com este propósito, as entidades regionais de comunicação (ABRAÇO Sisal e

Agência Mandacaru) identificam a necessidade de produzir estratégias de divulgação e comunicação que

apóiem o desenvolvimento dos movimentos sociais e contribuam para o fortalecimento da Agricultura

Familiar, em especial a ovinocaprinocultura e a apicultura. É importante destacar que a Agência Mandacaru de

Comunicação e Cultura é uma das entidades que podem suprir essa lacuna, pois já desenvolve ações de

comunicação social, por já possuir estúdios de produção em rádio e jornalismo e as rádios comunitárias se

configura como um instrumento estratégico de veiculação. A idéia é construir uma proposta de comunicação

que faça valer a informação acessível para todos/as e garanta que os projetos referenciais do semiárido

tenham espaço privilegiado nos meios de comunicação.

e) Objetivos:

Garantir a disseminação das informações sobre as potencialidades, experiências, ações e produtos

desenvolvidos pelos diferentes atores sociais, políticos e econômicos no Território Sisaleiro e até

mesmo fora dele.

Contribuir e apoiar a construção de planos de comunicação para as entidades do território.

Desenvolver ações de comunicação planejadas e acompanhadas sistematicamente, para que haja

visibilidade das ações dos movimentos populares do Território Sisaleiro da Bahia.

Page 77: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

77

f) Metas:

Atender todos os Municípios do Território.

g) Estratégias:

Aplicação de um diagnóstico sobre a comunicação institucional de cada entidade (Marco Zero: 01).

Construção de planos de comunicação das entidades regionais do território e prestar apoio na sua

execução.

Fazer um trabalho de marketing institucional e territorial do CODES Sisal voltada para a imprensa de

regiões próximas, dando prioridade às rádios comunitárias filiadas a ABRAÇO Sisal na divulgação das

ações.

Contribuir como elo para fortalecer a integração entre os eixos do Plano de Desenvolvimento

Territorial.

Implementar a assessoria de comunicação do CODES Sisal voltada para os meios de comunicação

comunitários, educativos e comerciais, realizada pela Agência Mandacaru de Comunicação e Cultura.

Busca de informações externas que digam respeito às ações do território para divulgá-las dentro do

Território Sisaleiro.

h) Arranjos Institucionais:

Polo Sindical (Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal), Movimento de Organização Comunitário

(MOC), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Ministério da Cultura (Pontos de Cultura), Conselho

Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia (CODES), Articulação no

Semiárido brasileiro (ASA), Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC) Associação das cooperativas

de apoio a economia familiar (ASCOOB), Órgãos públicos (Prefeituras municipais, poder legislativo, estaduais e

municipais), dentre outros.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

09 entidades da sociedade civil com Planejamento Estratégico em Comunicação concluído e em

execução.

(Marco Zero: 0)

20 programas de rádio institucionais de entidades da sociedade civil veiculados em rede de emissoras

filiadas à ABRAÇO-Sisal (Marco Zero:0)

08 sites institucionais de entidades da sociedade civil criados e atualizados pelo menos

bimestralmente. (Marco Zero: 03).

05 produtos de comunicação territorial produzidos e em circulação (programa de rádio, boletins,

jornais, sites, programa de TV) - (Marco Zero: 01)

15 entidades do movimento social contratando serviços de comunicação à Agência Mandacaru (Marco

Zero: 01)

Recursos arrecadados pela Agência Mandacaru para a prestação de serviços de comunicação a

entidades da sociedade civil

j) Gestão:

Criação de comissão gestora composta pelos diversos segmentos de interesse e que estejam envolvidos e

tenham compromissos com a comunicação social.

Page 78: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

78

2.2. EIXO: EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILDADE

2.2.1. Programa: EDUCAÇÃO DO CAMPO INTEGRAL NO TERRITÓRIO DO SISAL

2.2.1.1. Projeto: FORMAÇÃO DE PROFESSORES

a) Diagnóstico Setorial:

87% das escolas municipais dos 20 municípios do CODES-Sisal estão localizadas na área rural, no

entanto, a maioria dos municípios não tem um projeto político-pedagógico para educação do campo;

Dos 20 municípios do CODES, 07 tem um Projeto de formação de professores do campo (Projeto CAT -

Conhecer, Analisar e Transformar a realidade do campo), porém sem abranger todas as escolas, e 13

estão em processo de implantação;

80% da alimentação escolar não têm origem da agricultura familiar;

Os professores da zona rural têm menos anos de formação e de capacitação do que os da zona

urbana;

A maioria das escolas rurais possui apenas 01 sala de aula e estas são multiseriadas.

Secretarias de Educação sem Departamento de Educação do campo;

Apenas duas Escolas Família Agrícola no Território

b) Localização:

Território do Sisal – Bahia

c) Público Prioritário:

52 Coordenadores (Equipes Pedagógicas Municipais);

45.000 mil crianças;

1.500 professores;

15.000 famílias (indiretamente)

d) Justificativa:

Inserindo-se na perspectiva do Desenvolvimento Territorial Sustentável, a Educação do Campo deve caminhar

para a garantia de direitos, respeito às diferenças, valorização da cultura local, desenvolvimento de

potencialidades, fortalecimento da agricultura familiar e busca de soluções para os problemas encontrados.

Sabendo-se que as escolas que compõem o nosso território trabalham os mesmos conteúdos e metodologia da

área urbana, sem nenhuma adequação aos anseios e necessidades da população do campo, é urgente construir

projetos e políticas para que essas escolas se insiram à vida de seus alunos, na busca de melhoria de vida e

integração e interação escola e família.

Nesse sentido, busca-se dar continuidade às ações já desenvolvidas em alguns municípios com a escola regular

de municípios do semiárido da Bahia, Território do Sisal, com uma metodologia que valorize a realidade e a

cultura local e o trabalho agrícola. Estas ações vêm despertando um maior interesse nos alunos, participação

das famílias, comunidade e da sociedade civil organizada, mostrando, assim, como a escola pode contribuir

para o desenvolvimento Territorial sustentável.

Vê-se a necessidade da realização de ações que contribuam para o desenvolvimento do campo nas dimensões

de cultura, educação, saúde, esporte, lazer e geração de renda. Direitos ainda negligenciados à população do

campo. A educação pode, portanto, ser uma forte aliada nesse desenvolvimento se, conhecendo a realidade,

constrói conhecimentos úteis à qualidade de vida das pessoas, à solução de problemas, à valorização dos

Page 79: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

79

sujeitos do campo, da cultura, das formas de ser e produzir. Se as pesquisas demonstram que os direitos

básicos para o bom desenvolvimento das pessoas são, há muito, negligenciados à realidade do campo, na

educação encontra-se um quadro de precariedade deixado como herança de um processo econômico, social,

cultural e de políticas educacionais traçado em nosso país.

Um recente Estudo feito pelo UNICEF demonstra que mais de 350 mil crianças, entre 10 a 14 anos, não

frequentam a escola. No Semiárido brasileiro, os alunos demoram 11 anos para concluir o ensino fundamental;

mais de 390 mil adolescentes (10,15%) são analfabetos; mais de 317 mil crianças e adolescentes trabalham no

Semiárido; quase a metade delas (42%) não tem acesso à rede geral de água, poço ou nascente; em 38,47% das

casas de crianças e adolescentes não há rede geral, fosse séptica ou rudimentar.

Por isso, buscando mudar esses indicadores e contribuir com a melhoria de vida das pessoas e com o

desenvolvimento territorial sustentável, a educação precisa ser vista como prioridade, ter políticas voltadas

para a adequação à realidade onde está inserida, possuir formação específica para os professores que atuam

no campo, financiamento e estrutura adequadas, instrumentos de incentivo à leitura, criatividade, arte, a lazer

etc.

e) Objetivos:

Formar e capacitar 13 Equipes Pedagógicas de Educadores/as do Campo, com poder público e

sociedade civil, para que as mesmas capacitem todos os professores rurais dos seus municípios, numa

metodologia apropriada, que ajudem no fortalecimento da agricultura familiar e no desenvolvimento

territorial.

Capacitar professores/as rurais (de 1ª a 8ª) para atuarem nas escolas do campo com uma metodologia

apropriada, que valorize a cultura, o jeito de ser, de agir, de produzir e viver das populações do

campo, para construírem conhecimentos que contribuam com o desenvolvimento territorial;

Sensibilizar gestores públicos para implementação de políticas de educação do campo, cumprindo as

Diretrizes Operacionais para uma Educação do Campo, construindo os Planos Municipais de Educação

do Campo;

Criar Departamentos de Educação do Campo em todas as Secretarias de Educação dos 20 municípios;

Construção de cisternas, através do P1MC em todas as escolas do campo.

Currículo Escolar: associativismo, cooperativismo e sindicalismo

Calendário Escolar – período de colheita;

Capacitar professores dentro da Pedagogia da Alternância, para atuarem nas Escolas Família Agrícola.

f) Metas:

Capacitar três Equipes Pedagógicas (com 04 pessoas cada, total 52);

Capacitar 1.500 professores de 1ª a 8ª série da zona rural de 13 municípios do território do sisal (serão

capacitados pelas Equipes locais);

Construção de 06 Escolas Família Agrícola (04 de ensino fundamental e 02 de ensino médio);

Construir mais duas Escolas Família Agrícola no Território.

Ampliar a capacitação de equipe pedagógica para 20 municípios.

g) Estratégias:

Curso inicial sobre metodologia e princípios da Educação do Campo;

Page 80: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

80

Curso sobre Planejamento Pedagógico;

Seminários com poder público e sociedade civil sobre educação do campo;

Implantação de Escolas Famílias de ensino fundamental e ensino médio.

Parceria com a ASA e o Programa 1 Milhão de Cisternas para construção de cisternas nas escolas do

campo;

Formação de calendário escolar combinado com períodos agrícolas.

Discussão sobre o Currículo Escolar específico, verificando a realidade dos povos do campo e a

pedagogia da alternância.

h) Arranjos Institucionais:

O projeto de formação de professores – Projeto CAT – vem atuando desde 1994 na região, obtendo bons

resultados e reconhecimento em âmbito nacional. O Projeto é desenvolvimento pelo MOC em parceria com

Prefeituras e com a Universidade Estadual de Feira de Santana. Busca-se a parceria da UNEB para assim dar

continuidade a este processo, expandindo para todo o território. Parcerias:

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário/Secretaria de Desenvolvimento Territorial – recursos

para capacitações;

Prefeituras Municipais – Secretarias de Educação e de Agricultura – capacitações, recursos para

transportes dos educadores participarem dos cursos, ampliação e melhoria das instalações das escolas

do campo;

MOC – execução do processo de formação (realização dos cursos)

Sindicatos de Trabalhadores Rurais e associações (participação nos cursos e apoio, acompanhamento

do trabalho nas escolas do campo).

Universidades (cursos de formação na área de educação do campo para professores e representantes

de entidades da sociedade civil).

ASA – P1MC (construção de cisternas nas escolas do campo e capacitação de educadores sobre

gerenciamento de água)

REFAISA – Rede das Escolas Família Agrícola, no incentivo e apoio a criação de novas escolas no

Território do Sisal.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

De resultados:

Quantidade de professores capacitados na metodologia de educação do campo e aplicando a proposta

em sala de aula, envolvendo a comunidade.

Quantidade de Equipes Pedagógicas formadas e atuantes;

Quantidade de municípios assumindo a proposta de educação do campo.

Quantidade de alunos inseridos no processo;

De Impacto:

Diminuição da evasão e repetência escolar dos alunos das escolas do campo;

Redução do trabalho infantil, especialmente das crianças do campo;

Diminuição do êxodo rural;

Page 81: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

81

Elevação da auto-estima das crianças e famílias valorização da cultura local;

Escola produzindo conhecimentos para o desenvolvimento territorial, sustentável, etc.

Criação de Departamento de Educação do Campo nas Secretarias e Educação dos municípios;

Integração de políticas municipais (educação, agricultura, meio ambiente, esportes, assistência social);

Todas as escolas do campo com cisternas construídas e educadores capacitados para o gerenciamento

da água;

j) Gestão:

CODES – com avaliação, monitoramento, controle social

MOC - Realização dos cursos sobre princípios e metodologia da educação do campo, avaliação e

monitoramento do processo.

Prefeituras Municipais – Secretarias de Educação e de Agricultura;

Rede das Escolas Famílias Agrícolas – socialização da experiência com a pedagogia da alternância,

contribuindo na construção de outras escolas.

REFAISA – apoio no processo de implementação das EFAS.

2.2.2. Programa: AÇÕES SÓCIO-EDUCATIVAS DE CONVIVÊNCIA E COMPLEMENTARES À ESCOLA – EDUCAÇÃO

INTEGRAL

2.2.2.1. Projeto: AMPLIAÇÃO DAS AÇÕES SÓCIO-EDUCATIVAS

a) Diagnóstico Setorial:

Trabalho infantil existente na região, especificamente no sisal, nas pedreiras e na agricultura,

retirando as crianças da escola e interrompendo o seu processo de desenvolvimento cognitivo,

psicológico, físico, mental e crítico.

Existência do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e ações exitosas da Jornada

Ampliada na região, sendo referência nacional;

Aproximadamente 35 mil crianças e adolescentes retirados do trabalho na região.

b) Localização:

Território do Sisal – parte da região semiárida da Bahia

c) Público Prioritário:

31.959 crianças e adolescentes do Bolsa-Família e PETI;

1.065 educadores (monitores) do PETI;

30 Coordenadores Municipais da Jornada Ampliada do PETI;

Indiretamente: 18.170 famílias

d) Justificativa:

O trabalho infantil é uma das maiores violências para a vida da criança. Apesar de contrariar o Estatuto da

Criança e do Adolescente, na região sisaleira estes índices eram altíssimos. Graças às ações integradas do PETI,

esta realidade vem sendo modificada. Porém há muito que se fazer, pois o PETI não atende todas as crianças

que trabalham e não tem um caráter mais preventivo. Assim, as crianças pobres muitas vezes são obrigadas a

abandonar seus estudos e ajudar os pais no trabalho penoso para contribuir com a renda familiar. Com as

novas diretrizes da Política Nacional de Assistência Social, novas demandas surgem para os municípios e para

educadores que desenvolvem ações socioeducativas.

Page 82: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

82

Os dados do UNICEF demonstram uma preocupante realidade: quase 5 milhões de crianças e adolescentes,

com idade entre 7 e 14 anos (18,8% da população da região) vivem no Semiárido. No Brasil 20,8 milhões estão

nesta faixa etária, representando 12,30% da população nacional.

Mais de 350 mil crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, não frequentam a escola no Semiárido. Das

crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos que não frequentam a escola no Brasil, 23,8% estão na região.

Em 95% das cidades do Semiárido as crianças de 10 a 14 anos apresentam média de anos de estudo inferior ao

patamar brasileiro que é de 3,77 anos.

Outro dado importante revela a não freqüência à escola para crianças e adolescentes de 7 a 14 anos. Enquanto

a média brasileira é de 5,50, no Semiárido, passa para 7,19.

Segundo dados do IBGE, Censo 2000, os jovens urbanos com 18 anos têm um nível de escolarização 50% maior

do que os que moram no campo. No Nordeste, cerca de 36,28% de sua população é analfabeta e 84,1% das

crianças até 15 anos, do campo, estão com os estudos defasados. No meio rural a taxa de analfabetismo é três

vezes maior que no meio urbano.

Por que Educação Integral? A palavra integral significa inteiro, completo, total. Portanto, defender uma

educação integral, é defender uma educação completa, que pense o ser humano por inteiro, em todas as

dimensões, uma educação que seja integrada à realidade social dos sujeitos, que responda às demandas da

vida das pessoas. Não só em tempo, mas principalmente em qualidade, é rimar e unir Quantidade e qualidade.

O debate de educação integral está na ordem do dia no Brasil. A LDB – Lei de Diretrizes e Bases para Educação,

nos seus artigos 34 e 87, prevê o aumento progressivo da jornada escolar para a jornada em tempo integral.

Mas, no Brasil, por falta de investimentos, de integração de políticas, de criar condições, até mesmo

alternativas, vem prorrogando esta questão. Nos países mais desenvolvidos isto está em vigor há décadas.

Para se debater educação integral, primeiro é necessário debater a concepção de educação. Partimos da

concepção da educação popular, que atenda às demandas dos movimentos sociais, que tem um projeto maior

de transformação social, que busque soluções para problemas enfrentados na realidade, uma educação que

deve servir para o desenvolvimento das pessoas, da comunidade, do município, enfim do país. Não é possível

pensar uma educação de qualidade em apenas 04 horas de aula.

Por outro lado, pensar em educação integral, é pensar na igualdade dos direitos. Com agravamento da crise

econômica, cada vez mais os pobres não têm acesso a uma educação de qualidade e aos serviços públicos. Os

filhos das elites têm como pagar para isto: pagam clubes, cursos de informática, de línguas estrangeiras, de

esportes, têm condições de visitar diversos espaços, de viajar, de se relacionar em diversos ambientes. Aos

filhos dos pobres resta uma educação que não pensa em todas as dimensões, que permita o seu

desenvolvimento dos potenciais criativos e de cidadão.

Crianças e adolescentes até os 15 anos são pessoas em desenvolvimento. Quanto mais se investir e se inovar,

mais inteligentes e criativos serão no futuro. Temos uma educação hoje que não trabalha as diversas

dimensões humanas: cognitiva, afetiva, espiritual, física, artística, etc. Hoje a escola não busca desenvolver as

potencialidades e habilidades das crianças e adolescentes, com poucas exceções. A escola busca reproduzir

conhecimentos e aos alunos resta a memorização. Dessa forma, os alunos concluem o 2º grau sem saber ao

menos interpretar o que lêem, sem saber fazer a leitura do mundo que cercam, sem condições de se

relacionarem de forma mais interativa com o mundo, sem saber fazer uma redação de forma crítica e criativa.

Page 83: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

83

Portanto, não adianta aumentar o tempo desta escola que já se tem, com tantas dificuldades e deficiências. É

preciso pensar outra metodologia, uma outra forma de ensinar e aprender. Uma escola que esteja a serviço da

construção de uma nova sociedade, mais solidária, mais justa, mais humana. E para isto é preciso um tipo

novo/a de educador/a. Para esta escola, não serve qualquer um. Precisa ter um compromisso social com a

mudança, com o novo que pode surgir.

É preciso levar em consideração o processo de desenvolvimento da criança, sua espontaneidade, seu senso

crítico, etc. Defender uma educação integral em tempo e em conteúdo é defender a criança e adolescentes (do

0 aos 15 anos). Além disso, é dever do estado garantir o processo educativo, mesmo que seja em diversos

espaços. A legislação garante esta educação integral no ensino fundamental.

A experiência da Jornada Ampliada – Ações socioeducativas e de convivência - Na região do Sisal tem-se uma

rica experiência, um embrião de educação integral que é a Jornada Ampliada do Programa de Erradicação do

Trabalho Infantil - PETI, onde são desenvolvidas diversas atividades que buscam estimular a criatividade e

espontaneidade das crianças e adolescentes. Além disso, tem-se o Projeto Baú de Leitura que enriquece mais

ainda esta dimensão e poderia servir como instrumento muito importante deste processo.

Porém, ainda há duas escolas separadas: a regular e a Jornada Ampliada. Não há um planejamento comum, a

escola não é pensada no conjunto pela Secretaria de Educação. A jornada ampliada (educação integral) ainda

está pensada não enquanto um direito, mas enquanto uma “assistência social”, ainda está dentro da Secretaria

de Assistência Social, embora esta também deva co-participar deste processo.

No Brasil há uma lei (LDB) que garante isto. Existe ainda o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que

defende a garantia a proteção e garantia dos direitos destes. Tem-se uma experiência prática de como fazer e

tem-se claro que a escola que existe hoje é incompleta, tanto em tempo, quanto em conteúdo, então, o que

resta fazer? É preciso garantir que este processo não seja interrompido. Garantir uma educação em tempo e

conteúdo integrados. Sabemos que para isto é necessário que se mude algumas estruturas e concepção de

gestão, buscar mais investimentos em educação, construir mais escolas, quadras de esportes, laboratórios,

investir mais em capacitação de professores, inovar, fazer seu projeto-político pedagógico de educação,

integrar secretarias: de educação, esportes, saúde, assistência social, meio-ambiente, cultura, etc.

Para dar continuidade a este processo já iniciado, carece de investir mais na formação de educadores

(Monitores do PETI) para que os mesmos tenham condições de dar sustentação e busquem integrar as políticas

educacionais nos municípios, não apenas com assistência social e educação integral, mas a educação como um

direito.

É neste sentido que este Plano irá seguir.

e) Objetivos:

Capacitar Monitores/Educadores de ações sócio-educativas e de convivência do PETI na metodologia

de educação integral para o campo, com atividades lúdicas, recreativas, arte, fortalecimento da

identidade local, gênero, raça, etnia e sexualidade, meio ambiente, na linha de desenvolvimento

territorial sustentável.

Contribuir no processo para que a Jornada Ampliada se coloque a serviço da construção do

conhecimento para o desenvolvimento da região;

Elaborar instrumentos pedagógicos para orientar o trabalho da Jornada Ampliada;

Page 84: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

84

Acompanhar/Monitorar e Avaliar os Coordenadores Municipais e o trabalho das ações socioducativas

(Jornada Ampliada) para que o mesmo se transforme em educação integral assumido pelos municípios

na região.

f) Metas:

Atendimento aos 20 Municípios.

g) Estratégias:

Busca-se aproveitar a experiência exitosa da jornada ampliada da região, para aos poucos ir inserindo-

a na dimensão de educação integral nos municípios.

Realização de Cursos, Encontros de Intercâmbios, Seminários com educadores e coordenadores de

ações socioeducativas e do PETI, buscando integrar e qualificar a Jornada Ampliada, para que a mesma

se insira no processo de desenvolvimento da região.

Realização de Seminários com Gestores Públicos, especialmente Secretários de Ação Social e de

Educação, sociedade civil, para debater educação integral de qualidade.

Articulação com as ações socioeducativas e do PETI

h) Arranjos Institucionais:

O trabalho já existe. Partir-se-á da realidade para ampliá-lo e qualificá-lo na dimensão de desenvolvimento

territorial. Os monitores do PETI atualmente são pagos pela SEDES. Os municípios se responsabilizam pelo

espaço para funcionamento da Jornada Ampliada e a gestão municipal. O governo federal, através do MDS,

repassa as bolsas para as famílias manterem as crianças na escola e fora do trabalho infantil. Assim, neste

Projeto o que se busca são os recursos para capacitação dos educadores e melhoria na qualidade da educação.

Para isto busca-se parceria:

MDA e MDS (recursos do Bolsa-Família e para capacitação de educadores)

Prefeituras Municipais – Secretarias de Educação e de Assistência Social – espaços para

funcionamento das ações socioeducativas e Jornada Ampliada.

MOC – Realização dos cursos de formação de educadores

Projeto Axé – Parceria no processo de formação dos educadores.

Governo do Estado – parceria com a SEDES (pagamento dos educadores)

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

De resultado:

Quantidade de Cursos e Encontros Realizados – listas de frequência

Quantidades de Crianças fora do trabalho infantil e frequentando as Jornadas Ampliadas e ações

socioeducativas.

Quantidade de municípios assumindo a proposta das ações socioeducativas e educação integral.

De Impacto:

Diminuição dos índices do trabalho infantil;

Diminuição da repetência e da evasão escolar;

Elevação da autoestima de crianças e adolescentes e revalorização da cultura local, através de

incentivo a atividades culturais e artísticas.

Diminuição da defasagem série-idade;

Page 85: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

85

Participação maior da família dos processos educativos.

j) Gestão:

CODES – avaliação, monitoramento, acompanhamento.

MOC – Cursos de Capacitações, avaliação e monitoramento do processo.

Prefeituras – espaços para funcionamento das ações sócio-educativas e Jornada Ampliada..

Governo do Estado – SEDES – pagamento educadores e supervisão.

Entidades da sociedade civil – controle social e participação nos cursos.

2.2.3. Programa: INCENTIVO À LEITURA CONTEXTUALIZADA, PRAZEROSA, CRÍTICA E CIDADÃ

2.2.3.1. Projeto: ESPAÇOS DE LEITURA

a) Diagnóstico Setorial:

Falta de Incentivo à leitura, falta de uma política pública de educação que invista numa metodologia

que valorize a leitura e a cultura.

Nas escolas do campo do território não têm bibliotecas. Nos municípios existem apenas 01 a 02

bibliotecas e estas estão localizadas na sede.

b) Localização:

Território do Sisal

c) Público Prioritário:

630 Educadores – Leitores que irão trabalhar no Projeto Baú de Leitura;

15.000 crianças e adolescentes;

25 Coordenadores municipais do projeto Baú de Leitura

11.000 famílias

d) Justificativa:

Foi constatado no diagnóstico que os municípios não têm políticas públicas de incentivo à leitura. Faltam

bibliotecas, falta de uma metodologia que trabalhe a leitura de forma contextualizada, prazerosa. O projeto

Baú de Leitura está implantado na região desde 1999, está presente em vários municípios, porém os mesmos

ainda não o assumiram como uma política pública de incentivo à leitura e melhoria da sua qualidade.

O acesso a livros no campo é praticamente nulo. Nas escolas do campo, não existiam bibliotecas, nem acesso a

livros, nem projetos de incentivo à leitura, com raras exceções. Dentro deste contexto, e para reverter esta

situação, criou-se o Projeto Baú de Leitura buscando despertar nos educadores o interesse pela leitura

dinâmica, prazerosa, sensibilizando-os para o “gostar de ler”. Ainda, o projeto objetivou que os educadores se

tornassem educadores leitores que promovessem a prática da leitura com seus alunos, com histórias infanto-

juvenis, como instrumento de conhecer a própria realidade, do município, da região, do país, de encantar-se e

distrair-se, desenvolver a imaginação, a criatividade, a linguagem e o processo de comunicação e reflexão.

O projeto também tem como objetivo, ajudar o aluno a fazer a relação texto e contexto, leitura de vida,

desenvolver a habilidade de ler como instrumento de construção da cidadania. Mas também, busca-se

transformá-lo em política pública de leitura.

Em relação especificamente à leitura, dados do Censo Escolar 2001, apontam que, na Bahia, de um total de 417

municípios, apenas 118 possuem bibliotecas, os que possuem, geralmente ficam no centro das cidades.

Segundo dados do Ministério da Cultura, 6,5 milhões de pessoas da população dizem não ter nenhuma

Page 86: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

86

condição de adquirir um livro e, de cada 10 não leitores, 07 têm baixo poder aquisitivo. Percebe-se assim, que

no país que apresenta índices baixos de leitura e raras iniciativas de projetos que a incentivem, a existência de

políticas de leitura vem responder a essa carência, garantindo às crianças beneficiadas o acesso a uma leitura

que contribua no desenvolvimento crítico e cidadão. Aliado a isto, os professores ensinam a ler da mesma

forma que aprenderam. A leitura na maioria das vezes, realizada de forma mecânica, apenas para decodificar,

aprender regras ortográficas, etc.

Negar o acesso à leitura é negar o direito ao conhecimento, à cidadania, a se expressar nas formas oral e

escrita. Desse modo, o Projeto Baú de Leitura busca contribuir como instrumento eficaz para a erradicação do

trabalho infantil, para o acesso ao conhecimento, à leitura, ao possibilitar a implementação de uma

metodologia de ensino e de leitura que envolva todos os atores do processo educacional: o poder público, os

docentes, os estudantes e a família.

O Baú de Leitura quer transformar esta realidade. Objetiva capacitar professores para gostar de ler e ensinar a

gostar da leitura. Trabalha com literatura infanto-juvenil, ao redor de temas, chamados de MOTES, que

simultaneamente tornem a leitura gostosa e possibilitem a reflexão de temas-eixos como: a identidade,

pessoal, étnica, comunitária. As relações das pessoas com a natureza (ecologia) e as relações com a sociedade

(políticas públicas, responsabilidade social e cidadã). Diante da inexistência de acervos, a capacitação vai

acompanhada de um Baú com quarenta e cinco títulos, sempre diferenciados, que "passeiam" pelas escolas, de

forma ambulante. Ao terminar a leitura em uma escola o Baú é repassado para outra.

O caráter inovador desta proposta é buscar trabalhar com crianças e adolescentes na prioridade dos seus

direitos, em especial, àquelas e àqueles egressos do trabalho infantil na zona rural sisaleira baiana. Através de

histórias específicas da literatura brasileira, crianças e adolescentes têm possibilidade de adquirir o gosto

duradouro pela leitura, fazer a própria leitura de mundo e assim revalorizarem sua história, sua identidade

étnica, de gênero, bem como a cultura de sua comunidade. Assim, o Baú de Leitura, não é apenas uma caixa

cheia de livros de estórias, mas vai além, uma metodologia de leitura, onde o processo de formação continuada

é essencial. As capacitações previstas como ações estratégicas desta proposta serão no sentido de

empoderamento dos grupos locais, tanto nas escolas públicas, como em outros espaços sociais na busca do

desenvolvimento sustentável e melhorias das suas condições de vida.

O processo de formação dos educadores perpassa por três etapas: a) sensibilização para a leitura prazerosa; b)

aprofundamento da metodologia e exercício de práticas leitoras e c)avaliação da prática e

estudos/aprofundamento de temáticas específicas. Este processo acontece através de encontros de formação

com os próprios educadores e com os Coordenadores Municipais do Projeto. Além disso, uma vez por mês os

educadores se reúnem nos Núcleos Municipais de Leitura, para avaliar suas práticas e planejar o trabalho.

Outro momento de formação, sistemática e processual, acontece com Coordenadores/as, espécie de rede

multiplicadora, onde se trabalha dentro de 03 eixos básicos/sistemáticos do Projeto, chamados de MOTE:

Identidade, Meio Ambiente e Relações Sociais, utilizando a metodologia do conhecer, analisar e transformar a

realidade, da seguinte forma:

Quadro avaliativo (conhecer): O primeiro momento de cada encontro se iniciava com a apresentação de um

quadro avaliativo do trabalho desenvolvido nos municípios/regiões, troca de experiências e debates. Cada

município apresenta seu trabalho: avanços e dificuldades. A experiência de um município serve de aprendizado

Page 87: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

87

para outro – a troca.

Aprofundamento da metodologia (analisar): após o momento avaliativo, é feita uma reflexão sobre os

resultados do trabalho e em seguida, o exercício dinâmico da leitura de livros infanto-juvenis voltados para os

três motes (identidade, meio ambiente e relações sociais); apresentações criativas desses livros e prática de

contar estórias; relação do livro com a realidade vivida em cada município; oficinas de fortalecimento da

leitura, de comunicação e identidade (etnia, gênero, cultural), Educação Biocêntrica (tendo a vida, as relações

entre as pessoas, o cuidado com o outro, com a natureza, buscando assim elevar e resgatar a criatividade,

afetividade a autoestima do/a coordenador/a, fortalecendo o trabalho nos municípios).

Encaminhamentos de ações (transformar) – A partir do que é avaliado e do aprofundamento da metodologia

em cada encontro, busca-se superar os impasses e avançar no processo.

e) Objetivos:

Contribuir para melhorar a qualidade da educação do campo, do Território do Sisal, através da

inserção sistemática de processos de leitura prazerosa, dinâmica, contextualizada e crítica, com

professores/as, monitores e alunos, buscando envolver a família e a comunidade, numa linha de

construção de políticas públicas de educação e de leitura;

Adquirir 630 Baús de Leitura, com 45 livros de estórias infanto-juvenis, material didático e de

consumo, para incentivar a leitura nas comunidades rurais;

Capacitar 630 educadores leitores em leitura dinâmica, contextualizada, prazerosa e crítica;

Acompanhar/Monitorar o trabalho pedagógico de 25 Coordenadores municipais do Projeto Baú de

Leitura, na dimensão de desenvolvimento territorial, leitura prazerosa e de temáticas que contribuam

para o fortalecimento da identidade e da cultura local;

Adquirir 10 Arcas das Letras para comunidades que não tem o Projeto Baú de Leitura

Implantar bibliotecas públicas nos municípios do Território e casas de leitura.

Implantar Centros Digitais de Cidadania nos municípios do Território.

f) Metas:

20 Municípios do Território.

g) Estratégias:

Adquirir e Implementar 630 Baús de Leitura para os municípios do Território

Realizar cursos de sensibilização (formação inicial) e de aprofundamento da metodologia com os

educadores que irão trabalhar com o Baú de Leitura nas escolas rurais.

Potencializar os Coordenadores Municipais para que os mesmos acompanhem o desenvolvimento do

Projeto em cada município. Isto acontecerá através de encontros de capacitação e avaliação da prática

com os Coordenadores;

Estudar e debater temáticas específicas do Projeto: etnia, cultura, gênero, geração, etc.

Seminários sobre incentivo à leitura com poder público e sociedade civil, enfocando a leitura como

instrumento de desenvolvimento sustentável, e incentivando o poder público para a construção de

bibliotecas públicas.

Adquirir 10 Arcas das Letras para comunidades onde não tem o projeto Baú de Leitura.

Mobilizar as entidades da sociedade civil nos projetos de implantação das bibliotecas municipais

Page 88: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

88

Estabelecer convênios e parcerias com organizações públicas e privadas para implantação dos

infocentros

h) Arranjos Institucionais:

O Projeto Baú de Leitura iniciou pelo MOC, com incentivo do UNICEF. Conta com o apoio das Prefeituras

Municipais e da SEDES. As Prefeituras assumem o transporte dos educadores para participarem de encontros

de formação, algumas compram Baús de Leituras com recursos do PETI. A SEDES faz os pagamentos dos

Monitores do PETI. Porém, neste Plano de trabalho, busca-se inserir o Baú de Leitura nas escolas rurais,

aquelas onde os professores irão ser capacitados na metodologia e princípios de educação do campo. O MOC

vem realizando o processo de capacitação, avaliação e monitoramento do Projeto Baú de Leitura.

Neste sentido, busca-se o apoio de:

CODES – incentivar as Prefeituras e Gestores Públicos para implementação de políticas públicas de

leitura. Controle Social, monitoramento das ações.

MDA, MDS e MEC – repasse de recursos para capacitação(MDA-MEC), pagamento da Bolsa Família

(MDS), incentivo à implementação de políticas de incentivo à leitura (MEC).

Prefeituras Municipais – Secretarias de Educação e de Cultura – construção e implementação de

políticas de incentivo à leitura (construção de casas de leitura, bibliotecas, assumir o Projeto Baú de

Leitura enquanto política pública de leitura);

MOC – divulgação, capacitação, monitoramento e avaliação do projeto.

SEDES – pagamento dos educadores do PETI, supervisão do PETI e do funcionamento do Baú de

Leitura.

Sociedade Civil organizada do território – controle social, participação nos eventos de capacitação, nas

apresentações das comunidades, incentivo à aquisição de bibliotecas, espaços de leitura e baú de

leitura.

UNEB – participação na formação dos educadores.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Resultado:

630 educadores capacitados para desenvolver uma leitura prazerosa e crítica;

25 Coordenadores Municipais capacitados em leitura dinâmica e planejamento do trabalho;

Encontros realizados – lista de presença;

De Impacto:

630 Baús de Leitura em funcionamento em 630 salas de aulas das escolas do campo;

Crianças e adolescentes adquirindo o gosto duradouro pela leitura, e a partir desta, fazendo a leitura

crítica do mundo, produzindo textos e intertextos, lendo para suas famílias, apresentando atividades

na comunidade;

Identidade cultural fortalecida e revalorizada;

Crianças e adolescentes produzindo atividades artísticas e culturais a partir dos livros do Baú de

Leitura;

Famílias e comunidades participando das ações do Projeto;

Page 89: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

89

j) Gestão:

CODES - captação de recursos, acompanhamento, avaliação e monitoramento.

MOC – execução dos cursos, avaliação e monitormaento.

Prefeituras – aquisição dos Baús de Leitura, acompanhamento no município, espaços para

funcionamento, liberação dos educadores para fazer cursos.

Entidades da sociedade civil organizada – acompanhar, fiscalizar, participar dos eventos.

UNEB – acompanhamento do processo, participação dos eventos do CODES.

2.2.4. Programa: ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

2.2.4.1. Projeto: PRÓ-UNIVERSIDADE DO SEMI-ÁRIDO

a) Diagnóstico Setorial:

Há duas Universidades Públicas presentes no Território, porém sem cursos específicos voltados para a

educação do campo (agronomia, educação do campo, etc.)

b) Localização:

Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Professores, educadores do campo, trabalhadores rurais, assentados, sem terra, agricultores familiares.

d) Justificativa:

O acesso ao ensino superior é fundamental para o processo de desenvolvimento. Historicamente no Brasil o

ensino superior foi negado às camadas mais pobres. Ter acesso ao conhecimento é um direito universal. Dados

do IBGE indicam que no campo, mais de 50% dos professores do ensino fundamental não têm curso superior.

As universidades não estão abertas para a realidade, para a comunidade e especificamente para a população

do campo. Segundo dados do IBGE, apenas 1,8% da população brasileira têm curso superior. Quando chega à

área rural este índice é quase zero.

No campo não se vive só de agricultura, mas se precisa de tecnologias alternativas, de agronomia, de saúde, de

comunicação, de educação, de engenharia, etc. Estes conhecimentos também são construídos pelas

universidades. Se a população do campo não tem acesso ao ensino superior, está se condenando o campo a

não se desenvolver. Portanto, abrir as portas das universidades é essencial para a construção de qualquer

desenvolvimento, principalmente o territorial sustentável.

e) Objetivos:

Criar novos cursos nas universidades e ampliar as que existem – AGROECOLOGIA, AGRONOMIA,

EDUCAÇÃO DO CAMPO, GEOLOGIA, COOPERATIVISMO E DIREITO (INCLUSÃO);

Consolidar o curso de Comunicação Social com Habilitação em Radialismo.

Possibilitar o acesso ao ensino superior para educadores, trabalhares do campo, etc.

Formar recursos humanos em temas: cooperativismo e associativismo

Implantar residências estudantis

f) Metas:

Implantação de dois novos cursos no Território.

Page 90: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

90

g) Arranjos Institucionais:

MEC - interiorização dos cursos superiores, abertura de vagas, incentivo à abertura de cursos.

MDA – incentivo à criação de cursos para educação do campo.

Secretarias Municipais e Estadual de Educação - criação de cursos superior em parceria no Território,

incentivo para que os educadores estudem.

UNEB – abertura de cursos para educação do campo.

INCRA – incentivo à criação de cursos e recursos para capacitação.

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Educadores, professores de escolas do campo, trabalhadores, realizando curso de nível superior em

universidades do Território.

Atores envolvidos nas demandas existentes de cooperativas, associações, sindicatos e movimentos

sociais

Qualificação dos setores produtivos na relação gestão e desenvolvimento

Qualificação/formação de comunicadores no Território

i) Gestão:

MEC – criação de universidades e cursos, discussão no CODES e integração com outros ministérios.

MDA – liberação de recursos para capacitação, monitoramento, discussão do eixo no CODES.

Secretaria Estadual de Educação – criação de cursos e universidades.

UNEB – abertura de novos cursos para educação do campo.

INCRA – incentivo a cursos, liberação de recursos para capacitação.

2.2.5. Programa: EDUCAÇÃO NO CAMPO

2.2.5.1. Projeto: MOVASISAL: TECENDO COM FIBRA, ALFABETIZAÇÃO E CIDADANIA

a) Diagnóstico Setorial:

Os 20 municípios que compõe o Territótio do Sisal têm a maioria da população no meio rural; e o índice de

não-alfabetizados neste meio é bastante alto. (ver quadro acima)

Não existe nos municípios, principalmente no meio rural, educadores qualificados para atuar na área de

alfabetização de jovens e adultos, a maioria dos professores que atuam no meio rural são oriundos da Cidade e

desenvolve uma educação totalmente descontextualizada.

Existe uma fragilidade das Organizações dos Agricultores Familiares e Movimentos Sociais Populares para

interferir nas Políticas Públicas, principalmente ligadas à educação;

A maioria absoluta dos Jovens e adultos alfabetizados no campo voltam à condição de não-alfabetizados

porque não têm possibilidade de continuar os estudos devido a falta de projetos de EJA no meio rural dos

municípios. Estes jovens e adultos - Agricultores(as) familiares, não alfabetizados, têm dificuldade de

incorporar novas tecnologias apropriadas às condições locias.

b) Localização:

O projeto será desenvolvido nos 20 municípios que compõe o Território do Sisal: Araci, Barrocas, Biritinga,

Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiuba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas,

Quinjingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente;

Page 91: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

91

c) Público Prioritário:

Serão beneficiados, diretamente, 3.600 Jovens e Adultos de comunidades rurais de agricultores(as) familiares

dos 20 municípios do Território do Sisal e, indiretamente, todo o território do Sisal.

d) Justificativa:

Uma longa caminhada começa por um pequeno passo e esse primeiro passo é acreditar na educação de jovens

e adultos.

Algumas pesquisas realizadas por diferentes organizações apontam o impacto da alfabetização na vida dos

participantes dos programas da EJA (Banco Mundial - Oxenham, J. & Aoki, A., 2000):

Têm maior confiança e autonomia no interior de suas famílias e comunidades;

Estão mais à vontade que os não-alfabetizados quando levam e trazem seus filhos da escola e

monitoram o seu progresso;

Alteram suas práticas de saúde e de nutrição em benefício de suas famílias;

Aumentam sua produção e seus ganhos usando informações recebidas nos programas de

alfabetização ou acessando outras informações;

Participam mais efetivamente na comunidade e na política;

Mostram melhor compreensão das mensagens disseminadas pelo rádio e pela mídia impressa;

Desenvolvem novas e produtivas relações sociais através de seus grupos de aprendizagem;

Utilizam suas habilidades de alfabetização e as usam para expandir sua satisfação na vida diária.

Em 2002, pesquisa realizada pela Pastoral da Criança indicou a relevância da alfabetização das mães no

combate às causas de desnutrição infantil.

No Território do Sisal, o Projeto MOVA-Brasil vem atuando desde novembro de 2003. Vale ressaltar que, além

dos 900 educandos que concluíram e dos 700 em curso, alguns resultados concretos foram contabilizados, ou

seja, com o movimento que se constituiu a partir das discussões e ações dos educandos e educadores em cada

comunidade, movimento em busca de criar melhores condições de vida e transformação da realidade a partir

do que eles têm de mais concreto que é a Agricultura Familiar, conseguiu-se em todas as comunidades:

fortalecer as suas organizações representativas – associações, sindicatos e cooperativas. Com esse

fortalecimento conseguiu-se valer alguns de seus direitos através das políticas públicas: o acesso ao crédito

agrícola (PRONAF), captação de água potável (P1MC), agregação de valores à produção familiar através do

beneficiamento de frutas e fabricação de doces, resgate dos mutirões e da solidariedade local, valores que

estavam sendo perdidos, participação nas assembléias das câmaras de vereadores para interferir nas

discussões sobre políticas locais, participação e envolvimento nos espaços e fóruns que discutem a educação

no campo.

Portanto, associa-se o MOVA-Brasil no Território do Sisal ao empoderamento das Organizações dos

Agricultores Familiares e ao Movimento de Cidadania que atuam nesse Território. E, atualmente, o Projeto

MOVA-Brasil é o grande inspirador do Projeto MOVA-Sisal: tecendo com fibra alfabetização e cidadania.

e) Objetivos:

Desenvolver um processo de alfabetização que possibilite aos educandos(as) agricultores(as)

familiares uma leitura crítica da realidade na perspectiva de desenvolver uma consciência política,

reforçar a participação popular e a luta pelos direitos sociais do cidadão.

Page 92: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

92

Alfabetizar joves e adultos agricultores(as) familiares no território do Sisal;

Qualificar educadores populares e coordenadores locais para desenvolver o processo de alfabetização

no Território do Sisal;

Formar novas lideranças para atuar nas Organizações dos Agricultores Familiares e Movimentos

Sociais Populares no Território do Sisal e representar essas organizações nos Conselhos Municipais de

Educação e de Merenda Escolar;

Desenvolver um processo de articulação e parcerias com o Poder Público Local para garantir a

continuidade dos educandos egressos do MOVA na EJA – Educação de Jovens e Adultos, no Território

do Sisal.

f) Metas:

100% da população adulta alfabetizada.

g) Estratégias:

A perspectiva metodológica adotada neste projeto é fundamentada na teoria de Paulo Freire, a qual relaciona

a leitura da palavra à leitura do mundo. Nesse sentido, a ação pedagógica se desenvolve a partir do estudo da

realidade do educando, identificando-se as situações significativas presentes no contexto em que ele está

inserido. Desse estudo, emergem os temas geradores que orientam a escolha dos conteúdos a serem

problematizados no processo ensino-aprendizagem, para a compreensão dessa realidade e busca de

alternativas de intervenção social: Leitura do Mundo - Problematização - Ações de Intervenção.

Papel do Educador: o desenvolvimento desta proposta parte do pressuposto que o processo de ensino-

aprendizagem se constrói na relação dialógica entre educadores e educandos, mediada pelo conhecimento.

Nesse processo, os (as) educadores(as) assumem o papel de mediadores e, juntamente com os educandos,

criam as condições para a aprendizagem, valorizando seus saberes e auxiliando-os na proposição de ações de

intervenção na comunidade.

Visão sobre o educando jovem e adulto: os jovens e adultos são sujeitos na construção do conhecimento e

protagonistas de sua história. O MOVA-Sisal compreende a importância da dimensão coletiva para a

construção da cidadania e entende os educandos como seres capazes, criativos, propositivos. Nesse sentido, as

decisões tomadas no âmbito da comunidade em que vivem não podem prescindir de sua participação ativa.

A metodologia do Projeto compreenderá a seguinte dinâmica:

1. Assessoria à equipe pedagógica, administrativa e financeira do MOVA-Sisal:

Formação inicial em 24 horas e formação continuada em 06 encontros de 24 horas destinadas à Coordenação

do MOVA-Sisal. No desenvolvimento desses encontros, estão previstos estudos relacionados às especificidades

do Projeto MOVA-Sisal, planejamento, avaliação permanente, organização de encontros e eventos, elaboração

e produção de subsídios, proporcionando a sistematização das experiências vivenciadas com o objetivo de

aprimorar a ação desencadeada.

2. Formação Inicial aos Educadores e Coordenadores Locias do Projeto MOVA-Sisal:

Formação realizada pelo Coordenação Pedagógica do Projeto e acompanhada pela equipe pedagógica do IPF,

compreende um encotro de 05 dias, totalizando 40 horas de formação;

3. Formação Continuada aos Educadores e Coordenadores Locais do MOVA-Sisal:

Realizada pela Coordenação Pedagógica do Projeto, contando com a integração de profissionais de outras

Page 93: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

93

ações. Esta formação compreenderá a 05 encontros de 16 horas mensais, totalizando 80 horas de formação.

4. Formação Continuada dos Coordenadores Locais:

Formação mensal de 08 horas realizada pela Coordenação Pedagógica do Projeto, totalizando 80 horas. Esses

encontros visam a elaboração e preparação de cursos de formação de Educadores e Coordenadores Locais,

acompanhamento da frequência dos educandos e educadores, elaboração de cronogramas e de relatórios das

atividades, prestação de contas.

5. Formação Permanente nos Núcleos:

Encontros de formação semanal com monitores organizados pelos Coordeandores Locais, com 04 horas,

perfazendo um total de 192 horas de formação. Nestes encontros são realizados sistematicamente o

planejamento, monitoramento, avaliação e replanejamento das atividade;

6. Formação de Novas Lideranças:

Encontros mensais de 08 horas, totalizando 80 horas, organizados pela Coordenação Pedagógica do Projeto e

Coordenadores Locais visando a qualificação de novas lideranças para atuação nos Conselhos Municipais de

Gestão.

Essas modalidades de Formação terão os seguintes objetivos e conteúdos:

Assegurar a concretização dos Princípios Político-Pedagógicos do Projeto MOVA-Sisal e a qualidade do

trabalho educativo realizado com as turmas;

Desenvolver conteúdos relativos à especificidade da EJA e ao processo ensino-aprendizagem;

Desenvolver temas geradores voltados à realidade local: Participação Cidadã, Economia Solidária,

Segurança Alimentar e Nutricional, Agricultura Familiar e Desenvolvimento Territorial Rural

Sustentável, entre outros;

Possibilitar a Educadores e Coordenadores Locais se apropriarem de instrumentos básicos para o

desenvolvimento de suas atividades no MOVA-Sisal;

Incentivar o registro pelos Educadores e Coordenadores Locais de suas atividades no sentido de fazer

desse registro uma ferramenta essencial para o conhecimento da prática e sua reformulação;

Organizar as turmas de alfabetização;

Mapear as entidades e/ou rede pública do território que disponham de espaço físico para

funcionamento das turmas;

Organizar os espaços com infraestrutura adequada para funcionamento das turmas;

Realizar proceso de Mobilização, Articulação e Formação de Lideranças Jovens;

Reunir-se com representantes da Sociadade Civil e Poder Público através do CODES;

Selecionar, contratar e formar Educadores e Coordenadores Locais;

Realizar a Formação Inicial e Continuada dos Educadores e Coordenadores Locais.

h) Arranjos Institucionais:

Através do IPF tem-se a contribuição do Projeto MOVA-Brasil, que constitui uma parceria Institucional entre

IPF, FUP – Federação Única dos Petroleiros e PETROBRÁS, que já desenvolvem neste Território um trabalho de

alfabetização e cidadania desde novembro de 2003, atualmente com 26 turmas, aproximadamente 700

educandos de 10 municípios (núcleos da FATRES e Molhar a Terra/Petrobrás).

Através do CODES teremos o envolvimento das Prefeituras Municipais e Secretarias Municipais de Educação

Page 94: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

94

que no primeiro momento contribuiriam cedendo espaços das escolas municipais para funcionamento das

turmas do MOVA-Sisal e posteriormente assumindo a demanda de educandos egressos da MOVA-Sisal

encaminhandos para inclusão no Sistema Educacional na EJA em cada município.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Número efetivo de encontros realizados e frequência;

Nível de participação demonstrado pelos participantes;

Desempenho dos participantes nas avaliações;

Qualidade dos materiais didáticos utilizados;

Acompanhamento e avaliação do trabalho desenvolvido pelos participantes.

Número de educandos alfabetizados;

Melhoria obtida nos níveis de renda, educação e saúde dos educandos (Jovens e adultos –

agricultores(as) familiares);

Formação dos Educadores e coordenadores locais ampliada;

Maior possibilidade de trabalho;

Educação de melhor qualidade;

Colaborar para mobilização das comunidades;

Representatividade nos Conselhos de Gestão ;

Ampliar o número de turma de EJA nos municípios do Território;

Facilidade para estabelecer convênios com Prefeituras municipais no Território;

Número de Núcleos, turmas organizadas e de educandos;

Número de participantes qualificados e envolvidos no processo de alfabetização;

Desempenho dos Educadores e Coordenadores Locais;

Número de lideranças jovens envolvidas nos Movimentos Sociais Populares e Conselhos Municipais;

Número de Prefeituras/Secretarias de Educação envolvidas no Projeto.

j) Gestão:

O Projeto MOVA-Sisal será desenvolvido numa parceria entre a FATRES – Fundação de Apoio aos Trabalhadores

Rurais e Agricultores Familiares do Semi-árido Baiano o IPF – Instituto Paulo Freire, e o CODES – Conselho

Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia e com apoio do

MDA/SDT – Ministério de Desenvolvimento Territórial e Secretaria de Desenvolvimento Territorial.

Cada parceiro terá sua função: a FATRES será executora do projeto, selecionando os profissionais e

contratando; o CODES será o articulador político do projeto, indicando demandas, educadores, coordenadores

locais e organizando a infraestrutura básica para montagem das salas; e o IPF será responsável pela dimensão

pedagógica do projeto, organizando o processo de Formação Inicial e Geral Continuada. Vale ressaltar que o

Projeto terá um Núcleo Gestor composto por um representante de cada parceiro – FATRES, CODES e IPF, a ser

definido posteriormente. O MDA/SDT será o parceiro financiador.

No Território e municípios onde serão desenvolvidas as ações do Projeto MOVA-Sisal, poderão ser

estabelecidas outras parcerias com entidades locais (associações, sindicatos, igrejas, ONG’s e movimentos

sociais populares) para garantir a concretização dos objetivos propostos. Estas parcerias podem se dar tanto

Page 95: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

95

para o fornecimento do espaço físico e infraestrutura para formação e para as salas de aula, como para a

composição da equipe de Coordenadores, Educadores e turmas de alunos.

O Projeto, ao estabelecer uma relação de parceria nos locais onde será implantado, busca fortalecer as

comunidades, entidades e rede pública, para que possam multiplicar e continuar a metodologia.

2.2.6. Programa: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM ÁREAS DE REFORMA AGRÁRIA

2.2.6.1. Projeto: QUALIFICAÇÃO EDUCACIONAL EM ASSENTAMENTOS

a) Diagnóstico Setorial:

Jovens e adultos sem ou com baixo nível de escolaridade, o que gera baixa produtividade, emigração e

desajuste social.

b) Localização:

Municípios: Santa Luz, Quijingue, Conceição do Coité, Tucano, Biritinga, Teofilândia, Araci, Itiúba, Monte Santo,

Queimadas e Cansanção.

c) Público Prioritário:

Acampados e assentados (agricultores e educadores das áreas)

d) Justificativa:

Historicamente o campo sofreu com a homogeneização da política educacional e fundiária que não

considerava seu contexto, seus sujeitos, suas necessidades e assim, não contribuíam efetivamente para o

desenvolvimento destes sujeitos dentro da sua própria realidade (acampados e assentados).

Os trabalhadores dos assentamentos, além de historicamente terem seus direitos à terra e à saúde negados,

também tiveram negados o direito elementar de educação. Muitos trabalhadores, inclusive jovens e crianças,

não tiveram a oportunidade de acesso e permanência à educação.

Agora se faz necessário desenvolver uma política pública de educação do campo que considere o sujeito e o

seu meio como protagonistas de uma nova história das práticas pedagógicas educativas dentro de uma

perspectiva humanística e de cuidado com o meio ambiente.

e) Objetivos:

Proporcionar formação aos trabalhadores acampados e assentados e elevar o nível de escolarização

dos jovens e adultos de áreas de Reforma Agrária desenvolvendo uma educação de classe,

contextualizada.

Contribuir para a formação de educadores em magistério, visando a consolidação de uma escola do

campo de qualidade, como garantia do direito à educação.

Desenvolver um processo de alfabetização que possibilite aos educandos(as) agricultores(as)

familiares uma leitura crítica da realidade na perspectiva de desenvolver uma consciência política,

reforçar a participação popular e a luta pelos direitos sociais do cidadão.

Alfabetizar joves e adultos agricultores(as) familiares dos assentamentos no território do Sisal;

Qualificar educadores populares e coordenadores locais para desenvolver o processo de alfabetização

no Território do Sisal;

Formar novas lideranças para atuar nas Organizações dos Agricultores Familiares e Movimentos

Sociais Populares no Território do Sisal e representar essas organizações nos Conselhos Municipais de

Educação e de Merenda Escolar;

Page 96: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

96

f) Metas:

Implantar medidas de melhoria do nível de ensino e de educação em 100% dos Municípios do Território.

g) Estratégias:

A ação pedagógica se desenvolve a partir do estudo da realidade do educando, identificando-se as situações

significativas presentes no contexto em que ele está inserido. Desse estudo, emergem os temas geradores que

orientam a escolha dos conteúdos a serem problematizados no processo ensino-aprendizagem para a

compreensão dessa realidade e busca de alternativas de intervenção social.

h) Arranjos Institucionais:

INCRA – mapeamento dos assentamentos, recursos para formação.

UNEB – Cursos de formação com a liberação de professores para isto.

MOVIMENTOS SOCIAIS, FATRES, MDA – no processo de discussão, acompanhamento e

monitoramento.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Quantidades de agricultores e assentados alfabetizados e cursando o ensino fundamental;

Quantidade de cursos implementados;

Quantidade de assentamentos com o PROGRAMA;

j) Gestão:

INCRA – liberação de recursos, elaboração de proposta, UNIVERSIDADES (execução dos cursos), MDA (recursos,

monitoramento, discussão no território) e CODES (acompanhamento, e monitoramento).

2.2.7. Programa: EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS

2.2.7.1. Projeto: Educação para a Solidariedade

a) Diagnóstico Setorial:

Líderes comunitários e empreendedores solidários sem a formação/escolaridade básica para atuar no

processo de autogestão dos empreendimentos e/ou organização;

Empreendimentos com dificuldades de sustentabilidade por conta da baixa escolaridade de seus

gestores;

Autoestima baixa dos trabalhadores/as líderes das organizações, sofrendo uma série de limitações na

gestão organizacional, sendo forçados a contratar que possam contribuir neste processo.

b) Localização:

Território do Sisal – Bahia

c) Público Prioritário:

Trabalhadores/as líderes de organizações sociais e empreendedores solidários.

d) Justificativa:

Quando se pensa em Desenvolvimento Territorial Sustentável, percebe-se a urgência da inserção do CODES na

questão da educação também no que se refere à baixa escolaridade dos/as gestores/as das organizações

sociais e dos empreendimentos solidários. Essa situação impossibilita uma melhor atuação no processo de

autogestão dos empreendimentos ou organizações, no sentido de otimizar recursos e gerar ações de impacto

na realidade local, ficando assim, dependentes de assessorias externas, quando há recursos suficientes para

Page 97: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

97

pagar serviços a terceiros. Além disto, sente-se a dificuldade de compreender e elaborar estratégias

necessárias para a definição de ações que permitam qualificar o trabalho para a geração de renda das famílias

envolvidas.

Assim, urge a necessidade de um curso de educação de jovens e adultos (integral/contextualizada) voltado

para o trabalho social com foco na economia solidária, utilizando os espaços das organizações e dos

empreendimentos como cenários pedagógicos importantes na condução do ato educativo. Esse curso deve ser

estudado e refletido de forma a propiciar uma ação política incisiva no processo ensino-aprendizagem a partir

de uma pedagogia libertadora e que promova de fato a inclusão destas pessoas no mundo da escola formal. A

aprendizagem adquirida na dinâmica das organizações sociais já conduz à formação de um capital

humano/social extremamente capaz de propor a interlocução entre sociedade civil e poder público, todavia,

entende-se que isto não basta, é preciso avançar em outros campos do conhecimento que a práxis não

consegue permear sem um estudo mais sistemático, criando uma sinergia entre o saber popular e saber

científico.

Pretende-se propiciar uma oportunidade de qualificação profissional para os/as trabalhadores/as de forma que

eles/as possam atuar de maneira mais consciente e criar mecanismos de luta capazes de influenciar nas

políticas públicas em defesa de um novo modelo de sociedade, alterando assim, a dinâmica das comunidades,

numa perspectiva de melhor a qualidade de vida destas pessoas que durante muito tempo estavam distantes

do processo educativo formal.

Importante salientar que a proposta deve estar de acordo com as exigências legais do MEC para facilitar o

processo de certificação dos educandos/as, ligada a uma instituição de ensino reconhecida no Estado.

e) Objetivos:

Potencializar o Desenvolvimento Local/Territorial Sustentável e Solidário a partir da Educação de

Jovens e Adultos (integral/contextualizada) para trabalhadores/as ou líderes de organizações sociais e

empreendedores (as) da Economia Solidária;

Conquistar a elevação da escolaridade dos/as educandos/as com o processo de certificação garantido;

Fomentar a economia solidária através de articulações com poderes locais e sociedade civil

organizada;

Capacitar formadores em economia solidária integrada à Educação de Jovens e Adultos;

Construir estratégias de gestão visando a consolidação da sustentabilidade política, econômica e social

das organizações e empreendimentos da Economia Solidária.

f) Metas:

Capacitar a equipe pedagógica – 01 gestor/a, 05 coordenadores/as e 20 educadores/as;

Atender 500 líderes ou empreendedores solidários.

g) Estratégias:

Formular e implementar um Projeto Político-Pedagógico, com os objetivos simultâneos de qualificar

para o trabalho e elevar o nível de escolaridade de trabalhadores (as) jovens e adultos, a partir de

princípios da Educação Integral que possibilite a qualificação de trabalhadores/as líderes e

empreendedores para a Gestão de Empreendimentos e organizações sociais;

Criar um programa de formação da equipe do projeto;

Page 98: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

98

Articular os diversos parceiros e usar a experiência das organizações como cenário pedagógico para

estudo.

h) Arranjos Institucionais:

Para o Programa EJA + formação em economia solidária entende-se que é necessário a parceria do Estado e

organizações sociais.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

De resultados:

01 gestor/a, 05 coordenadores/as e 20 educadores/as capacitados para a implantação da proposta;

Programa implementado nos 20 municípios enquanto política pública do Estado em parceria com as

organizações sociais, proporcionando criação de estratégias de geração de trabalho e renda para as

famílias envolvidas.

De Impacto:

70% dos trabalhadores/as líderes e empreendedores/as recebendo certificação da elevação da

escolaridade e atuando de forma organizada através da autogestão dos empreendimentos no

território.

Melhoria no processo de gestão das organizações e dos EES.

j) Gestão:

CODES, ADS-CUT, FATRES, Fundação APAEB e Estado.

2.3. EIXO: SAÚDE

2.3.1. Programa: Ampliação e Qualificação do atendimento a saúde

2.3.1.1. Projeto: Mais Saúde

a) Diagnóstico Setorial:

A infra-estrutura de saúde, nos municípios do Território do Sisal pode ser considerada crítica, com números de

médicos e de leitos hospitalares muito distantes das recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS.

Existe, ainda, a necessidade de médicos residentes nos municípios, em razão dos casos emergenciais em finais

de semana, noites e feriados; a ausência e insuficiência de especialistas; defasagem de profissionais de saúde

por cada grupo de 1000 pessoas e defasagem de leitos hospitalares para cada grupo de 100 pessoas, com

relação às exigências mínimas da Organização Mundial da Saúde – OMS – em vista da maior necessidade que o

Território apresenta, ou seja, Hospitais de Alta Complexidade na região.

b) Localização:

20 municípios do Território do Sisal

c) Público Prioritário:

Todos os moradores urbanos e rurais dos 20 Municípios.

d) Justificativa:

Os serviços de saúde, por conta de toda uma herança histórica, são muito precários, o que obriga a

manutenção de ambulâncias para o transporte de pacientes para centros como Feira de Santana e Salvador em

busca de atendimento, o que aumenta os riscos de óbito. Entendendo que o atendimento básico é prioritário,

já que, ao funcionar adequadamente, pode prevenir a população de casos mais graves de doença, é

fundamental ampliar a estrutura de serviços de saúde em todo os municípios.

Page 99: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

99

e) Objetivos:

Construir e instalar unidades de saúde no Território do Sisal.

Valorizar e potencializar sistemas de saúde dos municípios do Território do Sisal.

Contribuir para a melhoria da saúde e qualidade de vida da população do Território do Sisal.

f) Metas:

Ampliar em 30% a estrutura física e de recursos humanos de saúde nos municípios.

g) Estratégias:

Instalação do Hospital da Mulher com UTI NEONATAL;

Instalação de hospitais regionais equipados;

Implantação de Hospital de Média Complexidade;

Implantação de UTI Móvel para os hospitais regionais e laboratórios;

Implantação do PSF em todos os municípios do Território;

Ampliação do PACS (Programa Agente Comunitário de Saúde) e formação dos Agentes;

Ampliação e fortalecimento do saneamento básico, da coleta seletiva do lixo, do esgotamento

sanitário e da vigilância sanitária;

Implantação do Programa de Capacitação de Parteiras;

Implantação da Farmácia Popular;

Implantação de Unidades de Zoonose.

h) Arranjos Institucionais:

Ministério da Saúde; FUNASA; Secretaria Estadual da Saúde; Dires 1ª, 2ª, 12ª e 28ª ; CEREST (Centro de

Referência da Saúde do Trabalhador); Prefeituras Municipais e Secretarias Municipais de Saúde.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

De Resultado:

Quantidade de atendimentos realizados no Programa de Pactuação Integrada, através de

procedimentos de alta, média e baixa complexidade;

Quantidade de procedimentos para a PPI (Programa de Pactuação Integrada) agendados e acumulados

em razão da defasagem no atendimento dos profissionais médicos especializados;

Quantidade de profissionais da saúde concursados e/ou contratados nos municípios do Território do

Sisal;

- Demanda da população com necessidade de atendimento médico.

De Impacto:

Regularização e melhoria da qualidade no atendimento médico à população do Território do Sisal

j) Gestão:

Prefeituras Municipais; Secretarias Municipais de Saúde; CODES – Sisal e Conselhos Municipais de Saúde.

Page 100: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

100

2.4. EIXO: CULTURA

2.4.1. Programa: Desenvolvimento da Cultura Sertaneja

2.4.1.1. Projeto: Sistema Territorial de Cultura

a) Diagnóstico Setorial:

O Território do Sisal é rico em expressões culturais e em talentos que não recebem a atenção necessária dos

órgãos públicos e, por conta desse descaso, é inevitável a perda da memória e a emigração dos recursos

humanos para outras localidades.

Há artistas populares que atuam em diversas áreas, como a música, o teatro, a dança, a literatura, as artes

plásticas que precisam ser valorizados para dinamizar as atividades culturais e preservá-las através de

iniciativas museológicas e manutenção viva das atividades culturais.

b) Localização:

A escolha dos cinco Municípios que hospedarão os Centros Culturais será feita de forma participativa e

democrática.

c) Público Prioritário:

Toda a população, partindo-se dos grupos culturais urbanos e rurais já organizados e atuantes.

d) Justificativa:

O trabalho imaterial exerce papel fundamental nas sociedades modernas porque contribui decisivamente para

a “visão de mundo” das pessoas, para a relação com outras pessoas e com o meio ambiente, para a

modalidade de consumo etc. A cultura exerce um papel preponderante porque, além de tudo, tem a

capacidade de aglutinar pessoas, de desenvolver a solidariedade e a preservar a memória de um povo.

A cultura é fundamental e indispensável a qualquer iniciativa de desenvolvimento sustentável e será

desencadeada através da dinamização das iniciativas de expressão cultural nas diferentes modalidades, da

implantação de centros culturais com museus e salas de cinema, do incentivo à leitura através da implantação

de bibliotecas comunitárias.

e) Objetivos:

Valorizar e fortalecer a cultura sertaneja;

Preservar a memória cultural do território;

Valorizar os talentos culturais do sertão;

Contribuir para o desenvolvimento sustentável territorial através da cultura.

f) Metas:

Construir 05 (cinco) centros de integração cultural no Território com museus de pequeno porte;

Implantar um estúdio de gravação e edição;

Implantar bibliotecas comunitárias com salas de cinema em todos os municípios;

Realizar atividades culturais, nas várias modalidades, em todos os municípios;

Incorporar 100% dos artistas do território que estejam dispostos a integra-se ao sistema territorial de

cultura;

Criar uma página virtual no território hospedando os registros culturais por cada secretaria do

município.

Page 101: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

101

g) Estratégias:

Articulação dos artistas do território para a elaboração de um “plano operacional” de cultura, com

atividades e metas;

Incorporar o poder público municipal nas atividades culturais do território.

h) Arranjos Institucionais:

Articulação do GT-Cultura com as organizações membros do CODES e com as Prefeituras Municipais para, com

o apoio da SECULT, SEC, MEC, SDT e Ministério da Cultura para implantar o “sistema Territorial de Cultura”.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Plano Operacional de Cultura definido e implantado;

Sistema Territorial de Cultura implantado;

Atividades culturais dinamizadas no Território;

Talentos culturais valorizados e atuantes.

j) Gestão:

Coordenação do GT-Territorial de Cultura.

2.5. EIXO: GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA

2.5.1. Programa: Formação Profissional para a Geração de Renda

2.5.1.1. Projeto: Vida Melhor

a) Diagnóstico Setorial:

Um dos gargalos que já atinge o território é a qualificação profissional. Via de regra, as pessoas aprendem uma

profissão – pedreiro, carpinteiro, mecânico, eletricista etc. – pelo próprio esforço e pelo exercício prático, sem

qualquer fundamentação de ordem teórica que traga maior consistência no exercício da profissão, inclusive

questões de segurança, de legislação etc.

b) Localização:

Todos os Municípios do Território.

c) Público Prioritário:

População mais pobre com prioridade para os jovens.

d) Justificativa:

A permanência das famílias no meio rural depende do desempenho de atividades não agrícolas, principalmente

nos períodos de estiagem prolongada. É preciso oferecer à população oportunidade de geração de renda

noutras atividades, para melhorar as condições socioeconômicas das famílias e permitir a sua permanência no

campo.

e) Objetivos:

Oferecer oportunidade de geração de renda fora da atividade agrícola;

Qualificar mão de obra para o exercício profissional das pessoas fora da agricultura;

Criar as condições de manutenção das famílias nos períodos de estiagem;

Contribuir para a permanência da população no meio rural.

f) Metas:

04 turmas por ano, com 120 pessoas, em cada Município.

Page 102: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

102

g) Estratégias:

Criar oportunidade de trabalho e renda em setores não agrícolas para o enfrentamento de períodos de crise, a

exemplo de estiagens prolongadas.

h) Arranjos Institucionais:

Negociação entre as Prefeituras Municipais, a SETRE e SEC-Educação Profissionalizante.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

2.400 pessoas por ano qualificadas profissionalmente;

Famílias com oportunidade de geração de renda em atividade não agrícola.

j) Gestão:

Formação de uma Comissão com representantes das prefeituras e da sociedade civil para a implementação do

projeto.

3. Dimensão Ambiental

3.1. EIXO: MEIO AMBIENTE

3.1.1. Programa: EDUCAÇÃO AMBIENTAL

3.1.1.1. Projeto: EDUCAÇÃO AMBIENTAL

a) Diagnóstico Setorial:

O Território não dispõe de uma política estratégica de educação ambiental que contemple as

condições da realidade;

Os currículos escolares e os planejamentos estratégicos das entidades, em seu conjunto, não abordam

o meio ambiente como estratégia política;

Há iniciativas de educação ambiental, ainda que ‘principiantes’, nas ações do PETI, do CAT e de

algumas ações das entidades da sociedade civil;

Não há recursos disponíveis nos orçamentos municipais para a implantação de um programa de

educação ambiental para o território;

Agenda 21 não implantada e sem funcionamento em 100% dos municípios do território.

b) Localização:

20 municípios do Território

c) Público Prioritário:

Embora o projeto tente chegar aos ‘quatro cantos’ do território, o público prioritário do projeto são os

professores/as da rede oficial, os monitores/as da Jornada Ampliada do PETI, as lideranças e dirigentes das

entidades populares, os/as comunicadores/as sociais da região (radialistas e jornalistas) e lideranças e

dirigentes políticos (secretários municipais e vereadores);

d) Justificativa:

Com a consolidação de um processo de formação voltado para a Educação Ambiental Territorial conseguir-se-á

uma população e gestores públicos sensibilizados e atuando na resolução e principalmente na prevenção dos

problemas ambientais. Vale ressaltar que a educação ambiental não será uma disciplina ou um curso de 20 ou

40 horas, mas um processo direto e transversal aliado ao processo educativo, produtivo, de lazer, etc.

e) Objetivos:

Sensibilizar e capacitar grupos estratégicos para educação ambiental do território;

Page 103: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

103

Possibilitar espaço de debates, visitas em áreas de proteção ambiental e leituras sobre a questão ambiental

relacionando com a vida cotidiana da população do território do sisal;

f) Estratégias:

Realizar parcerias com Universidades (UNEB, UEFS, UFBA), ONG´s, entidades representativas do

movimento popular, prefeituras municipais, órgãos ambientais dos governos federal e estadual etc,

para compor equipe de planejamento, execução e monitoramento;

Realizar um diagnóstico sobre o que existe de experiência no campo da educação ambiental e

promover a troca de experiências;

Promover cursos de capacitação para professores da rede oficial sobre Educação Ambiental ;

Incentivar a realização de eventos públicos voltados à temática ambiental , envolvendo toda rede

escolar dos municípios;

Estimular as organizações sociais urbanas em torno da temática ambiental;

Promoção do entendimento com outros municípios;

Atualizar ou criar legislação apropriada para a realidade desejada a nível municipal, de forma

participativa, e sob a coordenação da comissão de meio ambiente das câmaras municipais de

vereadores, e do conselho municipal de meio ambiente (onde houver) ou equivalente e de grupos

ambientalistas;

Articulação com instituições e entidades de proteção ambiental (SEMARH, Comissões Municipais,

Comitê da Bacia do Itapicuru;

Apoiar a elaboração do Plano de Sustentabilidade Ambiental para o município;

Montar agenda de planejamento, execução do plano de educação ambiental do território;

Estimular e apoiar a implantação / implementação da Agenda 21 nos municípios.

g) Arranjos Institucionais:

Instituições e entidades: Universidades Estaduais (UNEB e UEFS), UFBA, Secretarias de educação ambiental do

Ministério do Meio Ambiente e do MEC, Comissão do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa da Bahia,

IBAMA, INCRA, Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, Secretarias Municipais de meio ambiente e de

agricultura ou equivalente, Consórcio das Bacias do Itapicuru e Jacuípe, Grupos Ambientalistas, TV e Rádios

comunitárias e comerciais, Polo Sindical (Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal), centrais de

Associações, associações de monitores do PETI e dos professores, Movimento de Organização Comunitário

(MOC), APAEB, FATRES, CREA e buscar parceiras com PROGRAMAS EXISTENTES.

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Números de profissionais, lideranças e dirigentes capacitados;

Volume de recursos destinados nos orçamentos municipais e estadual voltados para a questão

ambiental;

Número e qualidade de projetos e ações desenvolvidos na área ambiental territorial;

Plano Municipal de Sustentabilidade Ambiental elaborado e monitorada a sua execução;

Legislação ambiental atualizada e/ou criada;

Conteúdo curricular e prática pedagógica das escolas e das entidades educativas, referente ao meio

ambiente, no territorial;

Page 104: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

104

i) Gestão:

Será definida uma equipe para coordenar o processo de gestão em nível territorial, realizando

atividades de monitoramento por grupo específico (professores, gestores, etc.), bem como com todos

os grupos dentro de espaço próprio do CODES. Em nível municipal é preciso fortalecer as instâncias já

existentes, tais como: Agenda 21, CMDRS, Conselho municipal de meio ambiente, etc.

Será priorizado meios de comunicação para veicular informações, formação e prestação de contas

para o território, seja através de jornais escritos, falados, televisivos, bem como encontros,

seminários, conferências, etc.

3.1.2. Programa: COLETA, TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS

3.1.2.1. Projeto: Aterra Território

a) Diagnóstico Setorial:

Lixo e esgotos jogados a céu aberto e em terrenos residenciais, de comércios, escolas, próximos a

fonte de água, etc;

Inexistência de recursos disponíveis nos orçamentos municipais para a implantação de uma política de

coleta, tratamento e destinação dos resíduos;

Ausência de uma consciência ambiental por parte da população e de gestores públicos no que se

refere a trato com os resíduos;

Proliferação de doenças causadas pelo tratamento inadequado dos resíduos;

Órgãos públicos como prefeituras, câmaras, hospitais e projetos financiados com recursos públicos

destinando resíduos ao meio ambiente, de forma irresponsável e inconsequente.

b) Localização:

20 municípios de abrangência do CODES.

c) Público Prioritário:

Gestores públicos como: prefeitos, secretários municipais, vereadores, conselheiros do meio ambiente,

funcionários da limpeza pública, professores/monitores; comerciantes.

d) Justificativa:

O custo social, ambiental, econômico e político é muito alto, com a má destinação dos resíduos hoje praticada

no Território Sisal. Além disso, com o início da sensibilização e surgimento da consciência de gestão a partir de

um Território, as ações de superação desse quadro tornar-se-ão mais eficazes e muito menos onerosas, a partir

de consórcios, parceiras etc. Importante mencionar o fato de que a ação voltada para a boa coleta, tratamento

e destinação dos resíduos e dejetos trará beneficio de sustentabilidade ambiental, de saúde, de educação etc.

Essa política traz consigo duas ações de sustentabilidade quais sejam: ação combativa e , principalmente,

preventiva de doenças e problemas ambientais.

e) Objetivos:

Gestores públicos como: prefeitos, secretários municipais, vereadores, conselheiros do meio ambiente,

funcionários da limpeza pública, professores/monitores para a atenção efetiva com os dejetos e resíduos

sólidos.

Page 105: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

105

f) Estratégias:

Elaboraçãode um Plano Ambiental do Município;

Criação e funcionamento dos Conselhos e Secretarias do meio ambiente;

Divulgação de Código de Postura do Municipal;

Elaboração de um Diagnóstico dos resíduos sólidos produzidos no território;

Levantamento georeferenciado dos aspectos geográficos e ambientais das áreas que possibilitem a

instalação de aterros;

Elaboração e implantação de um modelo de gerenciamento de resíduos apropriados à realidade local;

Instalação de consórcios para aterro sanitário;

Instalação de usinas de reciclagem (intermunicipal ou municipal);

Implantação de sistema de gerenciamento de Resíduos Sólidos, com coleta seletiva;

Implantação de um Programa de Educação Ambiental local voltado para trabalhar a comunidade sobre

o modelo de gerenciamento de coleta seletiva a ser implantado;

Apoio a criação e fortalecimento de entidades da economia solidária para o processo de reciclagem;

Formalização do Convênio entre Prefeitura e Estado – para efetivar o PEAN dos Agentes

Multiplicadores;

Capacitação de funcionários da limpeza pública;

Promoção de Programas de EDUAMB nas comunidades, escolas e com o comércio estimulando a

prática dos 3 R (reduzir, reciclar, reutilizar);

Implantação de estações de tratamento de esgoto nos municípios que não possuem;

Realização de parcerias com Universidades (UNEB, UEFS, UFBA), ONG´s, entidades representativas do

movimento popular, prefeituras municipais, órgãos ambientais dos governos federal e estadual etc.

para compor equipe de planejamento, execução e monitoramento.

g) Arranjos Institucionais:

Instituições e entidades: Universidades Estaduais (UNEB e UEFS), UFBA, Ministérios de Educação, de

Desenvolvimento Social, de Meio Ambiente, MDA, DNOCS, Comissão de educação e do Meio Ambiente da

Assembléia Legislativa da Bahia, IBAMA, Ministério Público, INCRA, Secretaria Estadual de Recursos Hídricos,

Secretarias Municipais de educação, de meio ambiente e de agricultura ou equivalente, Comissão de educação

das Câmaras de Vereadores, Consórcio das Bacias do Itapicuru e Jacuípe, Grupos Ambientalistas,

COOPERJOVEM, TV e Rádios comunitárias e comerciais, Polo Sindical (Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da

Região do Sisal), centrais de Associações, associações de monitores do PETI e dos professores, Movimento de

Organização Comunitário (MOC), grupos religiosos, grêmios estudantis, APAEB, CREA, e Programas existentes.

h) Indicadores de Resultado e Impacto:

Volume de recursos destinados nos orçamentos municipais e estadual voltados para a questão

ambiental;

Número de aterros sanitários implantados e gerenciados;

Metros quadrados de áreas pavimentadas e metro de esgotamento construído e construção de áreas

de destinação;

Page 106: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

106

Conselhos de meio ambiente implantado e funcionado;

Programa municipal de meio ambiental elaborado de forma participada e implementado;

Números de profissionais, lideranças e dirigentes capacitados;

Conteúdo curricular e prática pedagógica das escolas e das entidades educativas, referente ao meio

ambiente, no Territorial.

i) Gestão:

No nível territorial criar-se-á uma comissão dentro do CODES para o gerenciamento das ações no

território e no nível municipal será gerido pela estrutura existente de gestão, podendo ser o Conselho

Municipal de Meio Ambiente, ou uma comissão provisória ou, ainda, a coordenação da Agenda 21.

Da mesma forma, criar-se-á canais de comunicação para veicular informações, formação e prestação

de contas para o território, seja através de jornais escritos, falados, televisivos, bem como encontros,

seminários, conferências, etc.

3.1.3. Programa: COMBATE À DESERTIFICAÇÃO

3.1.3.1. Projeto: RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

a) Diagnóstico Setorial:

Cresce, de forma acelerada, o fenômeno da desertificação no Território, com áreas de “desertificação

moderada” em diversas localidades, passíveis ainda de reversão caso sejam adotadas medidas tecnicamente

apropriadas.

b) Localização:

20 municípios de abrangência do CODES;

c) Público Prioritário:

Gestores públicos como: prefeitos, secretários municipais, vereadores, conselheiros do meio ambiente,

professores/monitores; grupos ambientalistas; organização de agricultores familiares e de associações de

moradores; comissões municipais e regionais da água;

d) Justificativa:

A degradação do ambiente, especialmente do solo, tem ocasionado uma significativa perda da capacidade

produtiva da terra. Ela acontece em função do manejo inadequado dos recursos ambientais, através de ações

como: desmatamento desordenado, queimadas, uso de agroquímicos, mecanização intensiva, em áreas áridas

e sub-úmidas secas, que apresentam uma taxa de evapotranspiração superior à taxa de precipitação. As

principais conseqüências da desertificação são a erosão do solo, com perda da área produtiva; a extinção da

flora e da fauna; a escassez de água; o aumento da temperatura. Tudo isso ocasionando o empobrecimento da

população local e, consequentemente, o êxodo. Mas há de se ponderar que o prejuízo não ocorre apenas pela

via econômica com a dificuldade para a produção, mas a desertificação traz consigo a morte do ambiente, o

desaparecimento de uma paisagem que motiva as pessoas a ocuparem seus espaços com prazer e dignidade. A

desertificação promove o deserto e a solidão dos ambientes. Mas existem grupos e políticas públicas

preocupadas com a situação e disposta a superar tal realidade. Embora não haja uma consciência política da

população e dos gestores públicos do Território Sisal em relação à desertificação, este território se destaca com

ações concretas do tipo: convivência com o semárido, programa “Um milhão de cisternas”, etc. Vale destacar

que, em comparação com os Territórios Sul ou o Oeste da Bahia, o Território Sisal se apresenta com uma certa

Page 107: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

107

vantagem, no que diz respeito à desertificação, mas esse consolo não serve de motivação para cruzar os

braços.

e) Objetivos:

Gestores públicos como: prefeitos, secretários municipais, vereadores, conselheiros do meio ambiente,

funcionários da limpeza pública, professores/monitores, sindicato rural, trabalhadores rurais, comerciantes,

empresários e a comunidade em geral visando transformações de conceitos e práticas para que proporcionem

a preservação de elementos importantes na constituição da paisagem natural do território como: solo,

vegetação e recursos hídricos, agindo de forma preventiva contra o aparecimento do processo de

desertificação.

f) Metas:

Desenvolver o trabalho em todos os 20 Municípios.

g) Estratégias:

Apoio à Criação e funcionamento dos Conselhos e Secretarias do meio ambiente;

Programa de Educação Ambiental voltada para a prevenção e combate à desertificação;

Elaboração de um Plano Ambiental do território e do município;

Criação e funcionamento dos Conselhos e Secretarias do meio ambiente;

Atualização ou criação de legislação municipal adequada;

Instalação de estruturas territoriais de combate à desertificação;

Implantação/implementação de bacias e sistema de gerenciamento de bacias;

Apoio à criação e fortalecimento de entidades ambientalistas;

Formalização do Convênio entre Prefeitura e Estado – para efetivar o PEAN dos Agentes

Multiplicadores;

Realizar parcerias com Universidades (UNEB, UEFS, UFBA), ONG´s, entidades representativas do

movimento popular, prefeituras municipais, órgãos ambientais dos governos federal e estadual etc.

para compor equipe de planejamento, execução e monitoramento;

Formação de educadores ambientais, no território;

Implementação das Agendas 21 Locais;

Incorporar ao P1MC o P1 + 2, agregando ações educativas ambientais;

Conhecer para preservar – artesanatos, óleos medicinais;

Melhor orientação ao crédito voltado para fortalecer práticas antidesertificadoras;

Garantir ATER / ATES agroecológicas;

Valorização e incentivo às experiências exitosas, nesta área, praticadas no território e no semiárido;

Motivação de prática do raleamento, cobertura morta, adubação orgânica, construção de barragens

subterrâneas, cisternas, cerca viva; produção de feno, silagem, plantio de forrageiras adaptadas,

reinventando e fortalecendo práticas de convivência com o Semiárido;

Estimular a prática de tração animal;

Fortalecer a política de educação do campo a partir do que já existe;

Ações voltadas para a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN);

Page 108: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

108

Implantar política habitacional rural;

Regularizar e ampliar a política de reforma agrária, com ações de regularização fundiária;

Organização da produção e comercialização;

Implementação de práticas do tipo Casa Brasil;

Valorização das organizações espontâneas;

Fortalecimento institucional (Re–organizar associações, cooperativas, sindicatos, grupos, movimentos,

etc.);

Repovoamento das plantas da caatinga;

Realização de pesquisas e transferências de tecnologias de manejo sustentável;

Articulação do CODES SISAL com outros espaço/instituições de preservação do meio-ambiente;

Articulação com ações do PETI

h) Arranjos Institucionais:

Instituições e entidades: Universidades Estaduais (UNEB e UEFS), UFBA, Ministérios de Educação, de

Desenvolvimento Social, de Meio Ambiente, MDA, DNOCS, Comissão de educação e do Meio Ambiente da

Assembléia Legislativa da Bahia, IBAMA, Ministério Público, Secretaria Estadual de Recursos Hídricos,

Secretarias Municipais de Educação, de Meio Ambiente e de Agricultura ou equivalentes, Comissão de Meio

Ambiente das Câmaras de Vereadores, Comitê das Bacias do Rio Itapicuru e Paraguassu, Grupos

Ambientalistas, TV e Rádios comunitárias e comerciais, Polo Sindical (Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da

Região do Sisal), centrais de Associações, associações de monitores do PETI e dos professores, Movimento de

Organização Comunitário (MOC), grêmios estudantis, APAEB, CREA, e P1MC, Água é Vida, PETI, Projeto agentes

de família, agentes de saúde, MCT, EMBRAPA, FAO.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Volume de recursos destinados nos orçamentos estadual e municipal voltados para a questão do

combate à desertificação;

Número de aterros sanitários implantados e gerenciados;

Metros quadrados de áreas pavimentadas e metro de esgotamento construído e construção de áreas

de destinação;

Conselhos de meio ambiente implantados e em funcionamento;

Programa municipal de meio ambiental elaborado de forma participada e implementado;

Números de profissionais, lideranças e dirigentes capacitados;

Conteúdo curricular e prática pedagógica das escolas e das entidades educativas, referente ao meio

ambiente, no Territorial.

j) Gestão:

No nível territorial criar-se-á uma comissão dentro do CODES para o gerenciamento das ações no

território e no nível municipal será gerido pela estrutura existente de gestão, podendo ser o Conselho

Municipal de Meio Ambiente, ou uma comissão provisória ou, ainda, a coordenação da Agenda 21.

Da mesma forma, criar-se-á condições e canais de comunicação para veicular informações, formação e

Page 109: Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável (PTDS)

109

prestação de contas para o território, seja através de jornais escritos, falados, televisivos, bem como

encontros, seminários, conferências, etc.

3.1.4. Programa: RECUPERAÇÃO DA BACIA DO RIO ITAPICURU

3.1.4.1. Projeto: RECUPERAÇÃO DA BACIA DO RIO ITAPICURU

a) Diagnóstico Setorial:

O rio Itapicuru foi atrativo para a população nativa antes da invasão européia no Século XVI, hospedando, no

seu entorno, diversas comunidades indígenas. No período colonial, continuou sendo motivo de atração para o

desenvolvimento da pecuária. Apesar da sua importância e de percorrer vários municípios do Território,

exercendo uma função estratégica, passa por um momento de degradação acelerada com a devastação das

suas matas ciliares.

b) Localização:

Municípios integrantes da Baía do Itapicuru.

c) Público Prioritário:

Gestores públicos como: prefeitos, secretários municipais, vereadores, conselheiros do meio ambiente,

professores/monitores; grupos ambientalistas; organização de agricultores familiares e de associações de

moradores; comissões municipais e regionais da água , população ribeirinha e pescadores;

d) Justificativa:

Promover a recuperação das matas ciliares do rio Itapicuru para assegurar a preservação desse importante

instrumento de viabilização da vida no sertão. A recuperação das matas ciliares poderá contribuir, de forma

decisiva, para reduzir o processo de assoreamento e desgaste do rio, como também contribuir para melhorar a

fauna local.

e) Objetivos:

Recuperar as matas ciliares do rio Itapicuru;

Frear o processo de degradação do rio Itapicuru, contribuindo para a sua recuperação;

Garantir as condições de sobrevivência da população da Bacia do Itapicuru.

f) Metas:

Recuperação de mata ciliar;

Retirada de curtumes implantados nas margens;

Campanhas de uso adequado do solo;

Tratamento dos efluentes domésticos e industriais;

Diagnosticar a real situação de degradação da área em que está localizada a Bacia do Rio Itapicuru;

Elaborar e implementar um plano de recuperação ambiental da bacia;

Implementar planos de desenvolvimento sustentável para as atividades econômicas desenvolvidas na

área da bacia do rio Itapicuru.

g) Estratégias:

Interagir com o Comitê de Bacias e com o projeto de combate à desertificação;

Mobilizar a comunidade local, especialmente as escolas, para inserir-se nos esforços de recuperação

das matas ciliares.

Mobilizar as populações ribeirinhas para participarem ativamente das atividades.

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h) Arranjos Institucionais:

SEMARH, CRA, SRH, MMA, MINISTÉRIO PÚBLICO, DNOCS, COMITÊS, PREFEITURAS, SOCIEDADE CIVIL e

USUÁRIOS.

i) Indicadores de Resultado e Impacto:

Melhorar as condições ambientais com a recuperação das matas ciliares e preservação do rio;

Melhorar as condições de vida das populações ribeirinhas.

j) Gestão:

Formar uma Comissão específica para coordenar o processo de recuperação das matas ciliares.

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Considerações Finais

Esse Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável, fruto de um processo de

discussão e de reflexão das forças organizadas na sociedade civil e no setor público do

Território do Sisal deve ser compreendido como um instrumento efetivo para impulsionar o

desenvolvimento com sustentabilidade, gerando qualidade de vida. Ele se constitui, assim,

num guia importante, produzido fora das clausuras burocrática, mas de forma democrática e

coletiva, com a participação de todos e todas. Ele se constitui no primeiro passo de uma

caminhada histórica cujos destinos dependerão, exatamente, da manutenção do

compromisso de todos os segmentos envolvidos.

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Referências

FREIRE, Felisbello. História Territorial do Brasil. Rio de Janeiro, Typ. Do Jornal do Comércio, de Rodrigues & C., 1906;

GUIMARÃES, Duque. O Nordeste e as lavouras xerófilas. Fortaleza, Banco do Nordeste do Brasil, 2004.

IBGE. Censo Demográfico, 2000. Rio de Janeiro, 2001.

LIMA, Antonio Luiz de. Extensão Rural e Desenvolvimento da Agricultura Brasileira. UFV, Minas Gerais, 1987.

NASCIMENTO, Humberto Miranda. Criação e acumulação de capital social no semi-árido brasileiro – o caso de Valente/Bahia. Campinas, UNICAMP, 2003.

OLIVEIRA, Ildes Ferreira de. A Luta pela Autonomia e a Participação Política dos Camponeses; um estudo nas micro-regiões de Feira de Santana e Serrinha, no Estado da Bahia. Dissertação de Mestrado. Campina Grande, UFPb, 1987.

PLANO SAFRA TERRITORIAL DA REGIÃO SISALEIRA

PNUD/ONU. Atlas do Desenvolvimento Humano. Rio de Janeiro, 2001 (CD-Room).

SILVA, Álvaro Luis Vasconcelos et ali. APAEB: Uma História de Fibra, Luta e Subsistência. Valente, APAEB, 1993,