plantio diretona palha x convencional
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Introdução
O Plantio Direto compreende um conjunto de técnicas integradas que visam melhorar
as condições ambientais (água-solo-clima) para explorar da melhor forma possível o potencial
genético de produção das culturas (Primavesi, 2000). Respeitando os três requisitos mínimos -
não revolvimento do solo, rotação de culturas e uso de culturas de cobertura para formação de
palhada, associada ao manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas - o Plantio Direto
não deve ser visto como uma receita universal, mas como um sistema que exige adaptações
locais. Essas têm sido executadas por iniciativa dos próprios agricultores, por meio da integração
contínua de esforços com pesquisadores e técnicos, possibilitando avanços palpáveis no
desenvolvimento e na transferência de tecnologias.
A adoção do Plantio Direto expressa a perfeita harmonia do homem com a natureza e
proporciona economias significativas para a sociedade como um todo. Torna-se possível, assim,
a minimização de custos por unidade produzida a partir da maximização da produtividade de
insumos e de mão-de-obra. Associa-se a isto a diminuição significativa de consumo de petróleo
(60 a 70 % a menos de óleo diesel), o aumento do seqüestro de carbono (aumento do estoque no
solo e da matéria orgânica em decomposição na superfície), a diminuição expressiva da perda de
solo por erosão (90 % de diminuição nas perdas estimadas em 10 t solo/t de grão produzida), que
evidenciam a possibilidade de se obter uma agricultura sustentável e limpa, produzindo
alimentos de qualidade, com o menor impacto negativo sobre o meio ambiente e o homem.
Com o sistema permite também o cumprimento do calendário agrícola, validando as
recomendações do zoneamento e sendo um atrativo para as seguradoras, viabilizando a atividade
agrícola. Por suas reconhecidas características, comprovadas amplamente pela pesquisa
agropecuária brasileira, o Plantio Direto é a mais importante ação ambiental brasileira em
atendimento às recomendações da conferência da Organização das Nações Unidas (Eco-92) e da
Agenda 21 brasileira, indo ao encontro do que foi acordado na assinatura do Protocolo Verde.
O Plantio Direto, sistema introduzido no Brasil na década de 70, é uma das alternativas
que viabiliza a sustentabilidade da agricultura, com amplos benefícios para toda a sociedade.
Sistema Plantio Direto
Desde quando se iniciaram as primeiras experiências, nos anos 70, o sistema Plantio
Direto passou por muitos estudos e testes, despontando-se o papel de produtores pioneiros, os
quais, em um profícuo processo de integração tecnológica com órgãos de pesquisa, indústrias de
insumos e máquinas, a assistência técnica oficial e privada e outros serviços ligados à
agricultura, conseguiram superar muitas dificuldades e construir uma sólida base de
conhecimentos e de referências.
A iniciativa em torno do Plantio Direto, exemplo para os países tropicais de todo o
mundo, tem refletido uma mudança de comportamento dos produtores e técnicos na busca da
sustentabilidade da agricultura. Também acarretou em um maior profissionalismo pela
incorporação de novas tecnologias e melhorias gerenciais dos fatores e processos de produção,
constituindo, hoje, uma reconhecida alternativa para que se estabeleçam políticas, favorecendo o
desenvolvimento ambientalmente sustentável, voltadas para a prosperidade da agricultura, com
evidentes benefícios para toda a sociedade.
Destaca-se nesse contexto a expressiva expansão do Plantio Direto no Brasil,
evoluindo de cerca de um milhão de hectares com culturas anuais, no início da década de 90,
para mais de 12 milhões no ano 2000. Além disso, o sistema passou a ser utilizado em todas as
culturas perenes, na cana-de-açúcar, na recuperação de pastagens por meio da rotação entre
lavouras e pastagens, no reflorestamento, na fruticultura, na olericultura, constituindo-se em
importante alternativa para a economia de operações manuais, de tração animal, tratorizadas ou
aéreas. Dessa forma, fica evidente sua universalidade e abrangência, ensejando sua escolha
como o mais potente instrumento a ser fomentado no manejo racional das bacias hidrográficas.
Para que essa fantástica expansão possa trazer os benefícios desejáveis, em um
ambiente mais favorável a sua adoção e seu aprimoramento, enseja-se a celebração dos mais
variados compromissos e parcerias, conforme os exemplos realizado no 1° DIA INTEGRADO
DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA, promovido pelo curso de AGRONOMIA DA
FACULDADE ASSIS GURGACZ, no dia 15 de março de 2007. A parceria entre a FAG;
SENARPR e empresas: JACTO; MARCHESAN e MASSEY FEGUSSON, que perseguem o
desenvolvimento de uma agricultura sustentável, próspera e cada vez mais limpa, abrindo-se
novos campos de cooperação nas áreas de pesquisa, ensino e de melhor equacionamento das
pendências existentes nos agronegócios brasileiros.
O evento foi realizado no moderno CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E
TREINAMENTO EM MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA da FAG. Os cursos fizeram parte das
disciplinas de mecanização e os acadêmicos comprovaram que o Sistema de Plantio Direto
(SPD) tem contribuído de maneira positiva para a sustentabilidade da agricultura, com dinâmicas
de máquinas para Manejo de Coberturas e Semeadura no Sistema de Plantio Direto.
“ O CEDETEC da FAG com dinâmicas de Máquinas e Equipamentos para o Plantio
Direto é importante para que os acadêmicos conheçam a realidade na qual o profissional de
Agronomia atua, bem como para facilitar o entendimento teórico, que faz parte de sua formação
“, explica o professor de SENARPR, Eng° Agro° Vanderley de Oliveira que ministrou o Curso
de Plantio Direto.
A importância do Sistema Plantio Direto para a
Sustentabilidade da Agricultura
De uma maneira geral, tem sido reconhecido pelos meios técnicos nacionais e em foros
estrangeiros e internacionais que o Sistema Plantio Direto é a maior conquista do século nos
campos do manejo do solo e da agricultura sustentável, consolidando a justificativa da alteração
do clímax vegetal de origem processada em benefício do homem de maneira eficiente,
econômica e sustentável. Tais constatações indicam e comprovam que o SPD tem contribuído de
maneira positiva para a sustentabilidade da agricultura, nos seguintes aspectos:
• O salto qualitativo que representa o SPD na agricultura brasileira, em termos de melhoria
da capacitação profissional, da mão-de-obra e do nível gerencial da atividade agrícola;
• O impacto do SPD na eficiência produtiva e na renda do setor e os seus efeitos
multiplicadores nos setores secundário e terciário da economia, gerando mais emprego ao
se considerar o agronegócio como um todo, conferindo-lhe maior sustentabilidade
econômica, social e ambiental;
• A amplitude e a velocidade da expansão do SPD no Brasil (12 milhões de hectares em
três décadas, ou seja, um terço da área total cultivada no País com culturas anuais);
• O impacto ambiental do SPD, em termos de:
1. contribuição ao manejo racional das bacias hidrográficas;
2. contribuição à manutenção da biodiversidade;
3. contribuição na redução da erosão laminar, com diminuição de até 90% na perda do solo,
cifra que corresponde à preservação de mais de 100 milhões de toneladas de terra fértil
por ano. Há também a extensão da área plantada sob Plantio Direto no País, o que evita o
assoreamento de cursos d’água, lagoas, lagos e barragens, com reflexos positivos na
melhoria da qualidade e na disponibilidade da água para a irrigação e o consumo humano
e animal, além de reduzir as enchentes;
4. Redução de 60 a 70% no uso de combustíveis fósseis pela mudança do sistema
convencional para um avançado modelo de Plantio Direto, o que contribui para a redução
da emissão de gases que interferem no efeito estufa, além dos incalculáveis benefícios no
equacionamento da matriz energética do país.
5. A absorção de cerca de 130 milhões de toneladas de carbono atmosférico para cada 1%
de incremento no teor de matéria orgânica na camada superficial do solo, de 20 cm, nos
12 milhões de hectares de área sob Plantio Direto de culturas anuais no Brasil. Esta cifra,
em termos potenciais, poderia possibilitar a captação ou geração de créditos
compensatórios de mais de 1 bilhão de dólares/ano, considerando-se a viabilização desse
mercado carbono na Bolsa de Chicago, por exemplo.
6. Redução significativa do risco agrícola, tendo em vista a maior probabilidade de
atendimento do calendário proposto pelo zoneamento agrícola, favorecendo a atração do
setor segurador, com melhores condições dos cálculos atuariais. Com isso, garante-se a
implantação de seguros profissionais e a articulação de fundos de equalização de prêmios
e de proteção contra catástrofes, com a participação do governo, havendo reflexos
positivos na maior estabilidade e maior permanência do produtor na prática do Plantio
Direto.
7. O Plantio Direto tem potencial para ser empregado em todas as atividades e por todos os
produtores em favor do emprego e renda. No caso da agricultura familiar, como nos
outros, o SPD facilita a diversificação de atividades devido à redução de tarefas que
demandam grande utilização da mão-de-obra (preparo do solo e tratos culturais), com
reflexos na melhoria de renda e na redução na migração rural/urbana.
Vanderley de Oliveira – Consultoria e Treinamento - (44)3528-4827 [email protected]