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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
ACÓRDÃO0000704-52.2011.5.04.0402 RO Fl. 1
JUIZ CONVOCADO RAUL ZORATTO SANVICENTEÓrgão Julgador: 2ª Turma
Recorrente: MAURO MEOTTI - Adv. Joelso de Farias RodriguesRecorrido: BEBIDAS FRUKI S.A. - Adv. Maximiliano Heberlé
Origem: 2ª Vara do Trabalho de Caxias do SulProlator da Sentença: JUÍZA MAGALI MASCARENHAS AZEVEDO
E M E N T A
ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA INCIDENTE. O enquadramento sindical é definido pela atividade preponderante do empregador, salvo em caso de pertencer o empregado à categoria diferenciada. Na hipótese, o reclamante não pertence à categoria diferenciada e a reclamada não é integrante da categoria econômica representada pelo Sindicato do Comércio Atacadista de Álcool e Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande do Sul. ACÚMULO DE FUNÇÃO. A prova demonstra que as atividades exercidas pelo reclamante eram compatíveis com a função para a qual foi contratado, não se visualizando, entre aquelas desenvolvidas, um acúmulo de funções gerador do pagamento de plus salarial.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos os autos.
ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, dar parcial
provimento ao recurso ordinário do reclamante para condenar a reclamada
Documento digitalmente assinado, nos termos da Lei 11.419/2006, pelo Exmo. Juiz Convocado Raul Zoratto Sanvicente.
Confira a autenticidade do documento no endereço: w w w .trt4.jus.br. Identificador: E001.2410.0613.5232.
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ao pagamento de indenização por danos morais de R$5.000,00 e de
honorários advocatícios de 15% sobre o valor bruto da condenação. Valor
da condenação ora arbitrado em R$ 5.000,00, com custas de R$ 100,00,
pela reclamada.
Intime-se.
Porto Alegre, 02 de agosto de 2012 (quinta-feira).
R E L A T Ó R I O
O reclamante não se conforma com a sentença das fls. 322-335, que julgou
improcedente a ação. Pretende a reforma da decisão quanto às diferenças
salariais e normas coletivas aplicáveis; acúmulo de função; diferenças de
comissões; horas extras e jornada trabalhada; dano moral; assistência
judiciária gratuita.
Com contrarrazões da reclamada às fls. 350-358, sobem os autos a este
Tribunal.
É o relatório.
V O T O
JUIZ CONVOCADO RAUL ZORATTO SANVICENTE (RELATOR):
1. DIFERENÇAS SALARIAIS. NORMAS COLETIVAS APLICÁVEIS.
A sentença indeferiu o pedido de aplicação da convenção coletiva
celebrada entre o Sindicato do Comércio Atacadista de Álcool e Bebidas
em Geral do Estado do Rio Grande do Sul e o Sindicato dos Empregados
Documento digitalmente assinado, nos termos da Lei 11.419/2006, pelo Exmo. Juiz Convocado Raul Zoratto Sanvicente.
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no Comércio de Caxias do Sul, por entender que o autor, trabalhando como
promotor de vendas e vendedor, não integra categoria diferenciada, sendo
a atividade do empregador que indica a categoria a que pertence.
O reclamante afirma que as normas coletivas que o sindicato representativo
da reclamada firmou com o sindicato dos trabalhadores das indústrias de
alimentação de Lajeado e Região não tem aplicabilidade no presente caso,
uma vez que a prestação de serviços ocorreu em localidade diversa da
base territorial dessa entidade sindical (art. 8 II da CF). Entende que uma
vez que a prestação de serviços se deu em Caxias do Sul, onde existe
sindicato representativo da categoria profissional à qual se vinculava o
recorrente (Sindicato dos Empregados no Comércio de Caxias do Sul - RS)
este possui legitimidade para celebração de acordo em sua área territorial.
Sustenta que se deve optar pela convenção coletiva mais favorável ao
empregado.
Examino.
Na petição inicial o autor esclarece que manteve contrato de trabalho com a
reclamada no período de 05.01.2009 a 03.11.2010, quando pediu
demissão. Refere que exercia a função de vendedor e sua última
remuneração era composta de parcela fixa de R$ 1.606,97, mais parcela
variável. Fundamenta seus pedidos com base na Convenção Coletiva
celebrada entre Sindicato do Comércio Atacadista de Álcool e Bebidas em
Geral do Estado do Rio Grande do Sul e Sindicato dos Empregados no
Comércio de Caxias do Sul, que entende aplicável.
Na esteira da jurisprudência predominante sobre a matéria, prevalecem as
normas coletivas das categorias da base territorial, onde se der a
prestação laboral, ainda que a empregadora esteja sediada em outro local.
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O entendimento tem fundamento na adoção dos princípios da unicidade e
da territorialidade orientadores do Direito Coletivo do Trabalho, e como
expressão das disposições do artigo 8º, inciso II, da CF, e dos artigos 516
e 611, ambos da CLT.
Assim, o enquadramento sindical é definido pela atividade preponderante
do empregador, salvo em caso de pertencer o empregado a categoria
diferenciada. Na hipótese, não há como enquadrar o autor na categoria
diferenciada, pois, embora efetuasse vendas, não era viajante, estando
correta a sentença, no aspecto.
O artigo 581, §2º da CLT, dispõe no seguinte sentido: "Entende-se por
atividade preponderante a que caracterizar a unidade de produto ou
operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades
convirjam, exclusivamente, em regime de conexão funcional".
No caso em apreço, a reclamada possui como objeto social "a exploração
do ramo da indústria, comércio e prestação de serviços de
industrialização de bebidas com ou sem álcool; transporte de cargas e
atividades agro-pastoris" (fl. 80).
Assim, o enquadramento da reclamada deve se dar sobre o sindicato que a
representa, qual seja, o Sindicato da Alimentação do Estado do Rio Grande
do Sul (fl. 159).
Nego provimento.
2. ACÚMULO DE FUNÇÃO.
O reclamante não se conforma com a sentença que indeferiu o pedido de
diferenças salariais por acúmulo de função. Afirma que restou incontroverso
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que além das atividades de vendedor, acumulou as funções afetas ao cargo
de cobrador. Alega que o acréscimo de função foi lesivo para o andamento
de suas atividades de vendedor e de sua remuneração, ficando
comprovado que as vendas somente eram concretizadas após aprovação e
liberação pela recorrida. Requer a reforma da sentença para condenar a
reclamada ao pagamento de um plus salarial, sob pena de convalidar a
alteração do contrato de trabalho em evidente prejuízo ao autor, além de
configurar enriquecimento ilícito da reclamada.
Examino.
O reclamante afirma em seu depoimento pessoal "que como vendedor
passava nos mercados para fazer pedidos e trocas, fazer a negociação de
preços e do volumes de vendas; que depois de uns três meses que
começou as vendas, tinha alguns clientes que estavam inadimplentes e a
gente fazia as cobranças; que só faziam a cobrança dos clientes
inadimplentes; que os outros pagavam por boleto bancário ou também à
vista; (fl. 316).
O depoimento do autor permite aferir que apenas excepcionalmente
desempenhava a atividade de cobrança, o que está de acordo com os
termos da defesa, não havendo prova de que a realização da tarefa de
cobrança tenha lhe impedido de realizar a sua função de vendedor no
decorrer do contrato.
Além disso, o adendo ao contrato de trabalho, na cláusula primeira,
estabelece que o empregado "passa a exercer a função de VENDEDOR,
podendo-lhe ser conferidas outras atribuições que sejam compatíveis, de
acordo com as necessidades e interesses da EMPREGADORA" (fl. 169).
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Entendo, pois, que as atividades exercidas pelo autor eram compatíveis
com a função para a qual foi contratado, não se visualizando, entre aquelas
desenvolvidas, um acúmulo de funções gerador do pagamento de um plus
salarial.
Outrossim, para a realização das funções alegadas, não há necessidade de
conhecimentos técnicos especializados, que fujam àqueles necessários
para o desempenho das funções costumeiramente desenvolvidas pelo
trabalhador. Assim, na esteira do decidido na origem, as atividades
desempenhadas são consideradas compatíveis entre si e com a condição
pessoal do autor, estando dentro dos limites do contrato de trabalho firmado
entre as partes, na forma do parágrafo único do art. 456 da CLT.
Nego provimento.
3. DIFERENÇAS DE COMISSÕES.
A sentença indeferiu o pedido de pagamento de diferenças de comissões,
por entender tratar-se de prêmio por produção, com metas previamente
determinadas, não havendo falar em pagamento na forma requerida.
Afirma o recorrente que compulsando-se os autos não se encontra qualquer
documento que comprove quais eram os critérios e condições para o
pagamento dos prêmios, nem há documentos que comprovem as vendas
feitas, tampouco demonstrativo que aponte como foram obtidos os valores
que constam nos relatórios, ônus que pertencia à reclamada. Alega que
dessa forma fica claro que não havia como demonstrar as diferenças de
que é credor e que o juízo não respeitou as regras do ônus da prova.
Sustenta que não foi observado o contido no art. 4º da Lei 3207/57.
Examino.
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Conforme observo do contrato de trabalho da fl. 169, consta da cláusula
segunda que "Além do salário fixo, o EMPREGADO, receberá
mensalmente, um Prêmio de Produção, percentual sobre o valor base
ajustado, de acordo com o resultado da avaliação mensal dos critérios
previamente estabelecidos pela EMPREGADORA, baseando nos
resultados dos "Indicadores de Performance" (ICPs) do EMPREGADO".
Na inicial, o reclamante afirma que era obrigado a realizar a cobrança
quando da inadimplência do cliente, caso em que permanecendo esta
inadimplência, tinha sua comissão estornada. A defesa nega a existência
de qualquer desconto por inadimplemento, conforme documentação
juntada.
Os recibos de pagamentos das fls. 204 e seguintes não permitem verificar
o pagamento de comissões, mas sim a percepção de prêmio de produção,
durante todo o contrato de trabalho, não havendo descontos dos valores
auferidos, conforme alegado. Ademais, a reclamada apresenta relatório
das metas às fls. 213 e seguintes, onde constam as metas previamente
determinadas e o que foi atingido pelos empregados, não procedendo as
impugnações da parte autora.
O demonstrativo de diferenças de prêmio produção apresentado pelo
reclamante (fl. 288) não serve de parâmetro para embasar eventual
condenação, pois apoiado em percentual fixo, critério estabelecido
aleatoriamente e não ajustado entre as partes, como bem sinalou a
julgadora de origem.
Diante do exposto, e não verificadas diferenças a favor do autor, nego
provimento ao recurso.
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4. HORAS EXTRAS.
O reclamante não se conforma com a sentença que indeferiu o pleito de
pagamento de horas extras. Afirma que embora tenha afirmado que
registrava o cartão na hora que chegava, ressalvou que os cartões não
estão corretos quanto aos intervalos de quinze minutos. Aduz que a prova
testemunhal confirma que os intervalos intrajornada consignados nos
registros não coincidem com aqueles efetivamente usufruídos e que não
eram usufruídos mais de vinte minutos de intervalo. Requer a reforma da
sentença, a fim de que seja reconhecida a prestação de mais de seis horas
de trabalho por dia, bem como a condenação da reclamada ao pagamento
como extra do período correspondente a uma hora de intervalo não
usufruído.
Examino.
O reclamante afirma em seu depoimento pessoal que batia o cartão todos
os dias na sala de vendas às 6h50min e que registrava o cartão na hora
que chegava. Refere também que fazia intervalo de quinze minutos, mas
que este era registrado pela empregadora. Aduz que após o expediente
passava na empresa para bater o cartão-ponto e depois voltava para casa.
(fl. 316). Alega que os cartões não estão corretos por causa do intervalo de
quinze minutos, o mesmo ocorrendo com o registro da entrada e saída, pois
chegava às 6h50min e este era alterado para às 7h/7h15min. (fl. 316).
A testemunha Anderson de Figueiredo Pereira, indicada pelo autor, informa
que chegava no escritório, registrava o horário e já saía para as atividades,
não assinalando o intervalo, e que só o fechamento ao final do dia é que era
registrado. Refere que na teoria o intervalo seria de uma hora e quinze, mas
na prática era em torno de quinze a vinte minutos e que ninguém controlava
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o tempo de intervalo que gozavam. A testemunha ainda afirma que "que
nem todos os dias que trabalharam estão nos cartão de ponto, que
sábados sim estão todos no cartão de ponto; que os outros dias da
semana estão todos no cartão de ponto;” (fl. 317).
A testemunha indicada pela reclamada, Cristiano Germiniani, diz que a
jornada era registrava de manhã quando chegam e na volta também, sendo
que fazia intervalo de duas horas. Informa, ainda, que seu cartão-ponto
nunca teve alteração (fl. 318).
Da análise dos registros juntados às fls. 179-201, observo que os horários
consignados apresentam variações no início e término de cada jornada,
constando, inclusive, alguns registros aos sábados, bem como marcação
em horário anterior às 7hs. A prova oral não permite verificar alterações nos
registros efetuadas pelos empregadores nos cartões-ponto dos
empregados.
A alegação de que o intervalo para descanso e alimentação não
ultrapassava de 15 a 20 minutos não encontra respaldo no depoimento da
própria testemunha do autor, que expressamente refere que "ninguém
controlava o tempo de intervalo que gozavam" (fl. 317), sendo que a
testemunha indicada pela reclamada afirma que usufruía duas horas de
intervalo (fl. 318).
Entendo, portanto, que a prova oral não logrou desconstituir os cartões-
ponto juntados aos autos, não sendo possível concluir pela inidoneidade
dos registros neles consignados. Destaco, ainda, que não há alegação de
nulidade do regime compensatório, considerando as horas extras
eventualmente prestadas compensadas com folga nos sábados ou em
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outro dia da semana.
Assim, os controles de horários se mostram válidos, com anotação de inicio
e término da jornada, o que não foi desconstituído pela prova oral, restando
confesso o próprio reclamante neste aspecto.
Diante dos fatos alegados, era do reclamante o ônus de comprovar o labor
em horas extras, do qual não se desincumbiu. As diferenças apontadas
pelo autor em sua manifestação sobre a defesa baseiam-se em requisitos
não apreciados no caso dos autos, conforme referido na sentença. O autor
também não demonstra a fruição parcial dos intervalos intrajornada.
Nego, portanto, provimento ao recurso.
4. DANO MORAL.
A sentença entendeu não configurado o dano moral alegado pelo autor,
indeferindo o pedido.
O reclamante afirma que o dano moral restou configurado, através da
utilização de palavreado chulo, desrespeitoso e inadequado ao ambiente
de trabalho, ensejando a condenação da reclamada ao pagamento de
indenização por danos morais.
Examino.
A testemunha indicada pelo autor atesta que o tratamento do gerente e do
supervisor era muito rude com os empregados, e que o reclamante teria
sido cobrado várias vezes, inclusive, por telefone. Afirma que nas reuniões
era utilizado palavreado chulo, e que com o próprio depoente eles eram
assim.
Já a testemunha trazida pela reclamada afirma que conhece o gerente Joel,
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"que a relação dele com os empregados é bem boa, nos trata muito bem;
que Valter que é supervisor não trabalha mais lá; que ele também tinha
uma atitude boa bom os empregados; que o depoente era subordinado de
Valter também e nunca teve problema nenhum com ele;" (fl. 319).
Da análise da situação fática dos autos, a julgadora de origem assim se
manifestou:
Trata-se, sem dúvida, de forma de tratamento e linguagem
inadequadas adotadas pelo empregador, atitude que atenta
contra as regras sociais de bom relacionamento. Contudo, não
se trata de tratamento de cunho pessoal, individual e direto,
conferido ao reclamante, mas geral, à uma coletividade. Além
disso, a qualificação dessa linguagem como pejorativa e
ofensiva está naturalmente condicionada ao momento,
ambiente, platéia e, acima de tudo, à real intenção daquele que
a utiliza. No caso, do que vejo dos autos, não se trata de um
ambiente que prime pela formalidade e muito menos pela
erudição, se me afigurando que o uso desse linguajar é adotado
pela reclamada como mera “técnica” para descontração e
estímulo às vendas. Certo que, embora tão propagada na
atualidade, é técnica de aplicação e resultados questionáveis,
que se deve entender inapropriada e até mesmo infeliz, sendo
rejeitada por grandes segmentos da sociedade. Apesar disso,
em outros ambientes e segmentos, é aceita e até vista com
maior naturalidade. Portanto, é relativo o dano, pois depende da
suscetibilidade de cada um. E o homem comum de hoje, não se
ressente com esse tratamento. A propósito, a testemunha da
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reclamada, que não vê tratamento desditoso de parte da
empregadora. Nessa esteira, pois, entendo que, embora
reprovável a conduta da ré, não cabe a indenização pretendida.
Não vejo, aqui, um dano individual inconteste.
Conquanto a sentença interprete corretamente a situação, reconhecendo a
inadequação do comportamento dos prepostos da reclamada, dissente-se
da interpretação segundo a qual as ofensas não eram dirigidas a nenhuma
pessoa especificamente. Isto porque a prova testemunhal indica que as
ofensas eram do teor "seu b...", "seu c...", seu p..." (fl. 318). Ora, o uso do
pronome singular individualiza e dirige a ofensa, razão pela qual não
prevalece a interpretação sentencial. Com efeito, um ambiente de trabalho
dessa linha ofende o trabalhador subordinado, descabendo chancelar o
abuso patronal, donde cabível, pelos danos in re ipsa e pelo efeito
pedagógico, uma indenização de R$5.000,00.
Pelo exposto, dou provimento ao apelo.
5. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
O reclamante afirma, em síntese, que as disposições do art. 14 e seguintes
da Lei 5584/70 não podem ser interpretadas como uma restrição ao
estabelecido na Lei 1060/50, sob pena de afronta ao art. 5, LXXIV, da CF.
Sustenta ser ilegal e autoritário obrigar o trabalhador a buscar assistência
judiciária em sindicato profissional.
Com razão.
Reformada a sentença que julgou improcedente a ação, com o deferimento
de indenização por danos morais ao reclamante, são devidos honorários
advocatícios em razão da mera sucumbência, já que aplicável a Instrução
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Normativa nº 27 do E. TST.
Assim, dou provimento ao recurso para condenar a reclamada ao
pagamento de honorários advocatícios de 15% sobre o valor bruto da
condenação.
PREQUESTIONAMENTO.
Diante do exposto, não entendo presente violação aos artigos apontados,
admitindo-se como prequestionados, mesmo quando não foram
expressamente mencionados no acórdão, a teor da Súmula 297 do TST.
7687.
DESEMBARGADORA TÂNIA MACIEL DE SOUZA:
Acompanho o voto do Exmo. Juiz Convocado Raul Zoratto Sanvicente,
Relator.
DESEMBARGADORA VANIA MATTOS:
De acordo.
______________________________
PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:
JUIZ CONVOCADO RAUL ZORATTO SANVICENTE (RELATOR)
DESEMBARGADORA TÂNIA MACIEL DE SOUZA
DESEMBARGADORA VANIA MATTOS
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