poetas e poemas
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O
que vem nos poemas
Índice
Eugénio de Andrade Sophia de Mello Breyner Andresen Miguel Torga António Gedeão Fernando Pessoa Luís de Camões Luísa Ducla Soares Almeida Garrett Maria Rosa Colaço José Jorge Letria João Pedro Mésseder Matilde Rosa Araújo Maria Teresa Maia Gonzalez
Eugénio de Andrade (pseudónimo de
José Fontinhas) nasceu em 19 de Janeiro
de 1923 em Póvoa de Atalaia, Fundão, no
seio de uma família de camponeses.
A sua infância foi passada com a mãe, na sua aldeia natal.
Mais tarde, prosseguindo os estudos, foi para Castelo
Branco, Lisboa e Coimbra, onde residiu entre 1939 e
1945.
Em 1947, entrou para a Inspecção Administrativa dos
Serviços Médico-Sociais, em Lisboa.
Em 1950, foi transferido para o Porto, onde fixou
residência.
Abandonou a ideia de um curso de Filosofia para se
dedicar à poesia e à escrita, actividades pelas quais
demonstrou desde cedo profundo interesse.
Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma
doença neurológica prolongada.
Mar de Setembro Tudo era claro: céu, lábios, areias. O mar estava perto, fremente de espumas. Corpos ou ondas: iam, vinham, iam, dóceis, leves - só ritmo e brancura. Felizes, cantam; serenos, dormem; despertos, amam, exaltam o silêncio. Tudo era claro, jovem, alado. O mar estava perto. Puríssimo. Doirado.
Apenas um rumor
E no teu rosto aberto sobre o mar cada palavra era apenas o rumor de um bando de gaivotas a passar.
A rosa e o mar
Eu gostaria ainda de falar
Da rosa brava e do mar.
A rosa é tão delicada,
O mar tão impetuoso, que não sei como os juntar
E convidar para o chá
Na casa breve do poema.
O melhor é não falar:
Sorrir-lhes só da janela.
Rapariga descalça
Chove. Uma rapariga desce a rua. Os seus pés descalços são formosos. São formosos e leves: o corpo alto parte dali, e nunca se desprende.
A chuva em Abril tem o sabor do sol: cada gota recente canta na folhagem, O dia é um jogo inocente de luzes, de crianças ou beijos, de fragatas.
Uma gaivota passa nos meus olhos. E a rapariga - os seus formosos pés - canta, corre, voa, é brisa, ao ver o mar tão próximo e tão branco.
O mar. O mar novamente à minha porta. Vi-o pela primeira vez nos olhos de minha mãe, onda após onda, perfeito e calmo, depois, contra falésias, já sem bridas. Com ele nos braços, quanta, quanta noite dormira, ou ficara acordado ouvindo seu coração de vidro bater no escuro, até a estrela do pastor atravessar a noite talhada a pique sobre o meu peito. Este mar, que de tão longe me chama, que levou na ressaca, além dos meus navios?
Nasceu no Porto a 6 de Novembro de
1919, no seio de uma família
aristocrática. Viveu no Porto e na Praia
da Granja, que a inspirou com o mar e
os pinhais.
Frequentou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa,
que não chegou a concluir e, mais tarde, casou-se com o
jornalista e político Francisco Sousa Tavares, tendo cinco
filhos.
Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do
século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o
mais importante galardão literário da língua portuguesa,
o Prémio Camões, em 1999.
Faleceu a 21 de Julho de 2004, com 84 anos de idade.
Inscrição
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
Mar sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
As ondas As ondas quebravam uma a uma Eu estava só com a areia e com a espuma Do mar que cantava só para mim.
Mar sonoro Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim, A tua beleza aumenta, quando estamos sós. E tão fundo, intimamente, A tua voz revela o mais secreto bailar dos meus sonhos E que momentos há em que suponho Seres um milagre criado só pra mim…
Fundo do Mar No fundo do mar há brancos pavores, Onde as plantas são animais E os animais são flores. Mundo silencioso que não atinge A agitação das ondas. Abrem-se rindo conchas redondas, Baloiça o cavalo-marinho. Um polvo avança No desalinho Dos seus mil braços, Uma flor dança, Sem ruído vibram os espaços. Sobre a areia o tempo poisa Leve como um lenço. Mas por mais bela que seja cada coisa Tem um monstro em si suspenso.
Barco Margens inertes abrem os seus braços Um grande barco no silêncio parte. Altas gaivotas nos ângulos a pique, Recém-nascidas à luz, perfeita a morte. Um grande barco parte abandonando As colunas de um cais ausente e branco. E o seu rosto busca-se emergindo Do corpo sem cabeça da cidade. Um grande barco desligado parte Esculpindo de frente o vento norte. Perfeito azul do mar, perfeita a morte Formas claras e nítidas de espanto.
Adolfo Correia da Rocha, que será
conhecido sob o pseudónimo de
Miguel Torga, nasce em 12 de
Agosto de 1907, em S. Martinho
da Anta, Vila Real.
Depois de uma pequena passagem pelo
seminário de Lamego, emigrou com 13 anos
para o Brasil.
De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o
ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso
de Medicina.
Romancista, ensaísta, dramaturgo, autor de
mais de 50 obras publicadas desde os 21 anos,
estreou-se em 1928 com o volume de poesia
Ansiedade.
Morre a 17 de Janeiro de 1995.
Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar
Ou qualquer sugestão que apetecia...
Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...
Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro, a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!
Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!
Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de nos tentar
O teu encantamento!
Rómulo Vasco da Gama de
Carvalho, que será conhecido sob
o pseudónimo de António
Gedeão, nasceu em Lisboa em
1906.
Aos 5 anos escreveu os seus primeiros poemas
e aos 10 decidiu completar "Os Lusíadas" de
Camões.
Em 1931, licenciou-se em Ciências Físico-
-Químicas. Apesar da intensa actividade
científica, Rómulo de Carvalho nunca esqueceu
a arte das palavras e continuou sempre a
escrever poesia.
Faleceu em 1997.
Poema do homem-rã
Sou feliz por ter nascido
no tempo dos homens-rãs
que descem ao mar perdido
na doçura das manhãs.
Mergulham, imponderáveis,
por entre as águas tranquilas,
enquanto singram, em filas,
peixinhos de cores amáveis.
Vão e vêm, serpenteiam,
em compassos de ballet.
Seus lentos gestos penteiam
madeixas que ninguém vê.
Com barbatanas calçadas
e pulmões a tiracolo,
roçam-se os homens no solo
sob um céu de águas paradas.
Sob o luminoso feixe
correm de um lado para outro,
montam no lombo de um peixe
como no dorso de um potro.
Onde as sereias de espuma?
Tritões escorrendo babugem?
E os monstros cor de ferrugem
rolando trovões na bruma?
Eu sou o homem. O Homem.
Desço ao mar e subo ao céu.
Não há temores que me domem
É tudo meu, tudo meu.
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu
em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888.
Passa a juventude em Lisboa, viajando mais
tarde para a África do Sul, donde regressa
com 17 anos frequentando o curso de letras.
Ficou sobretudo conhecido como grande prosador do
modernismo (ou futurismo) em Portugal. Expressa-se tanto com
o seu próprio nome, como através dos seus heterónimos:
Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Em vida apenas publicou um livro em Português: o poema épico
Mensagem, deixando um vasto espólio que ainda hoje não foi
completamente analisado e publicado.
Fernando Pessoa morre a 30 de Novembro de 1935, de uma
grave crise hepática induzida por anos de consumo de álcool, no
hospital de S. Luís.
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
O mostrengo O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso. «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»
Luís Vaz de Camões terá nascido
por volta de 1524, seu pai
era Simão Vaz de Camões e a mãe
Ana de Sá.
Viveu algum tempo em Coimbra onde terá
frequentado a universidade já que a cultura
refinada dos seus escritos torna esta universidade
como o lugar mais provável de seus estudos.
Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de
boémia.
Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma
rixa e é após isto que parte para a Índia.
Fixou-se na cidade de Goa onde terá escrito
grande parte da sua obra.
Regressa a Portugal em 1569, doente e pobre,
conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças
à influência de alguns amigos junto do rei D.
Sebastião.
Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580.
"Como quando do mar tempestuoso"
Como quando do mar tempestuoso
o marinheiro, lasso e trabalhado,
de um naufrágio cruel já salvo a nado,
só ouvir falar nele o faz medroso,
e jura que, em que veja bonançoso
o violento mar e sossegado,
não entre nele mais, mas vai, forçado
pelo muito interesse cobiçoso;
assi, Senhora, eu, que da tormenta
de vossa vista fujo, por salvar-me,
jurando de não mais em outra ver-me:
minha alma, que de vós nunca se ausenta,
dá-me por preço ver-vos, faz tornar-me
donde fugi tão perto de perder-me.
Maria Luísa Bliebernicht Ducla
Soares Sottomayor Cardia
nasceu em Lisboa a 20 de
Julho de 1939.
É licenciada em Filologia Germânica. Iniciou a
sua actividade profissional como tradutora,
consultora literária e jornalista, tendo sido
diretora da revista de divulgação cultural Vida
entre 1971 e 1972.
Tem-se dedicado como estudiosa e autora à
literatura infanto-juvenil, tendo uma vasta obra
publicada.
O castelo de areia
Fiz um castelo de areia Mesmo à beirinha do mar À espera que uma sereia Ali quisesse morar. Ó mar, Ó mar… Mas foi só um caranguejo Que ali me foi visitar. Ó mar, Ó mar… Mas foi só uma gaivota Que ali me foi visitar. E levou o meu castelo, O meu castelo de areia Para no mar morar nele A minha linda sereia.
João Baptista da Silva Leitão, que mais tarde acrescentará ao seu nome os dois apelidos por que é mais conhecido ( Almeida Garrett), nasceu no Porto, em 1799, e passou a primeira infância numas quintas junto ao Douro.
Apaixonado pelo belo e amante da liberdade, Almeida Garrett foi o escritor que melhor soube entender o mundo do seu tempo e deu-o a compreender aos vindouros. Introdutor do Romantismo, em 1825-26, com a publicação de Camões e D. Branca , torna-se, pela modernidade do seu discurso e da linguagem, um autêntico inovador. As suas principais obras foram Frei Luís de Sousa (1843); Flores sem fruto (1845); Viagens na Minha Terra ( 1846); Folhas Caídas (1853). Morreu, em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1854.
Barca Bela Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela. Que é tão bela, Oh pescador? Não vês que a última estrela No céu nublado se vela? Colhe a vela, Oh pescador! Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela... Mas cautela, Oh pescador! Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela, Só de vê-la, Oh pescador. Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge dela Foge dela Oh pescador!
Maria Rosa Colaço nasceu em
Torrão) Alcácer do Sal em 1935.
Fez o Curso de Enfermagem e foi
professora do ensino primário em
Moçambique e em Almada.
Foi uma acérrima defensora da importância da
leitura para o desenvolvimento e educação da
criança.
Deixou-nos uma obra repartida entre a
literatura infantil, a ficção e o teatro e os
programas de televisão para crianças.
Faleceu a 13 de Outubro de 2004.
MARIA NA PRAIA
Eu sei uma história De vento e de mar, Com areias brandas Ondas a cantar. Cavalos marinhos, Conchas nacaradas Tesouros, segredos, Algas perfumadas. Eu sei uma história Sem tempo, nem margens, Com ondas abertas A muitas viagens. Eu sei uma história De vento e de mar. Se queres ser feliz Aprende a sonhar!
ONDA
Ondinha do mar Tão verde, tão pura, Tão leve, tão breve, Que dura e não dura. Ondinha verdinha Que vai-e-que-vem. Verdinha e sozinha Não é de ninguém. De olhos molhados E braços com frio: Ondinha sozinha De peito vazio. Ondinha verdinha Que de si não sai: Que vai-e-que-vem Que vem-e-que-vai.
MENINO NO CAIS No cais das gaivotas Menino sentado Com sonhos morando No barco ancorado. Sentado, pensando, Com sol entre os dedos, Com estrelas nos olhos E o vento aos segredos. Que segreda o vento? Que segreda o mar? Menino sentado No barco, a olhar?
ESTRELINHA DO MAR Na praia deserta, Na tarde parada, Parece uma flor A estrela encarnada. Tem braços abertos Olhos a chorar Por que estás tão triste Estrelinha do mar? O céu que tu vias Suspenso no mar, Não cabe nos braços Só cabe no olhar? O céu que tu vias Suspenso das sombras, É um céu vazio Sem anjos nem pombas? Estrelinha-sem-céu. Estrelinha-sem-mar, Com braços abertos Na tarde, a esperar…
José Jorge Letria nasceu em Cascais em 1951, é licenciado em Direito e História pela Universidade de Lisboa.
Fez a pós-graduação em Jornalismo Internacional e Mestre em Estudos da Paz e da Guerra nas Novas Relações Internacionais pela Universidade Autónoma de Lisboa. José Jorge Letria é um jornalista, poeta, dramaturgo, ficcionista e autor português. José Jorge Letria tem obras traduzidas em diversas línguas e já foi distinguido com importantes prémios literários nacionais e internacionais. Já publicou dezenas de obras em várias áreas, tendo algumas sido traduzidas em castelhano, francês, inglês, italiano, coreano, japonês, russo, búlgaro, romeno, húngaro e checo.
OCEANO
É nele que alguns rios têm a foz, Para si correndo sem parar; O caminho é só um, bem desenhado, E não tem nada que enganar. O oceano é o mar que todo o ano Nos dá peixe e rotas para navegar, Podendo ser Índico ou Pacífico, Ou Mediterrâneo de memória milenar. E se a ele não voltarmos sem demora, Até as ninfas sentirão a nossa falta, Que o nosso destino é no mar que está escrito, Golfinho que de onda em onda salta, Fazendo alegres piruetas para a malta.
A SEREIA
Não me ouvem a cantar? Trago na voz a maresia Que há nas ondas do mar Com uma doce melodia. Metade sou mulher E peixe na outra metade. Há quem me chame ilusão E quem me chame divindade. Conheço os deuses antigos, Senhores das profundidades Que dão um nome apenas Às minhas duas metades. Dizem os cronistas do mar E também os navegadores Que os atraí ao engano Para naufrágios e pavores. Contam até que o meu canto Tem um feitiço dentro Com o céu em toda a volta E o inferno lá no centro. Colombo no seu diário Escreve que nos viu saltar Sobre o lençol das ondas Como peixes a brilhar. Neste banco de coral Em que o sol me bronzeia Quem se atreve a acreditar Que sou mesmo uma sereia?
João Pedro Mésseder nasceu em
1957, no Porto, e aí completou os
estudos universitários.
Nome literário de José António Gomes,
Professor Coordenador da Escola Superior de
Educação do Porto, doutorado em Literatura
Portuguesa e diretor de Malasartes – Cadernos
de Literatura para a Infância e a Juventude.
Publicou cerca vinte livros para a infância e
juventude e uma dezena de títulos de poesia e
afins.
Várias das suas obras são recomendadas pela
Casa da Leitura e integram as listas do Plano
Nacional de Leitura.
OS MEUS CINCO SENTIDOS
Meus olhos já veem o verde do mar e afagam as ondas onde quero ir nadar. Minhas mãos tocam pedras macias, redondas, que eu atiro depois para o meio das ondas. Meus ouvidos escutam o marulho das águas que ecoa num búzio trazido pelas vagas. Minha língua já prova a água salgada e a seguir quer um doce para ficar sossegada. Traz-me a brisa ao nariz um cheirinho a maresia e eu já corro para o mar onde mora a alegria.
Matilde Rosa Araújo nasceu em Lisboa,
em 1921, tendo tirado a sua licenciatura
em Faculdade de Letras, da Universidade
Clássica de Lisboa, em 1945. Foi professora
do Ensino Técnico-Profissional, e formadora
de professores na Escola do Magistério
Primário de Lisboa.
Foi autora de mais de 40 livros (contos e de poesia para
adultos) e de mais de duas dezenas de livros de contos e
poesia para crianças. Dedicou-se à defesa dos direitos das
crianças através da publicação de livros e de intervenções
em organismos com actividade nesta área, como
a UNICEF em Portugal.
Matilde Rosa Araújo recebeu o grau de Grande-
Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em maio de 2004,
foi distinguida com o Prémio Carreira, da Sociedade
Portuguesa de Autores.
Faleceu serenamente, em 6 de julho de 2010 na sua casa em
Lisboa.
HISTÓRIA DO SENHOR MAR
Deixa contar… Era uma vez O Senhor Mar Com muita onda… Com muita onda… E depois? E depois? Ondinha vai… Ondinha vem… Ondinha vai… Ondinha vem… E depois… A menina adormeceu Nos braços de sua Mãe…
Nascida no ano de 1958, em Coimbra, Maria
Teresa Maia Gonzalez estudou na faculdade de
Letras da Universidade Clássica, em Lisboa.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, variante de
Estudos Franceses e Ingleses, tendo sido professora de
Língua Portuguesa de 1982 a 1997.
Na sua carreira de autora conta já com inúmeros livros
editados dos quais se destaca A Lua de Joana, sendo o seu
maior sucesso editorial. Foi publicado em Lisboa, Outubro de
1994, conta já com 17 edições e 250 000 exemplares
vendidos (editado também na Alemanha, Bulgária, Albânia,
Espanha e China).
É também a autora da Colecção Profissão: Adolescente, onde
conta com 26 títulos publicados, todos várias vezes
reeditados e com Maria do Rosário Pedreira, co-autora da
Colecção O Clube das Chaves, de que foram publicados 21
volumes.
BEATRIZ FOI VER O MAR Beatriz foi ver o mar… Sua cor azul-turquesa Era mesmo uma beleza, Uma visão de encantar! Mas depois pôs-se a avistar Uma mancha a boiar Que logo causou tristeza… Era uma mancha de óleo (ou seria de petróleo?) Que um navio derramou. E, ao pensar nos peixinhos, Nos búzios e nos golfinhos Que até podiam morrer, Beatriz quase chorou…
A ÁGUA DO MAR
Sabes a que sabe a água do mar? Já alguma vez a foste provar? Pois é: sabe a sal, Um gosto sem igual; É assim salgadinha A água marinha. Um mundo salgado, muito salgadinho, É a água do mar, Para todo o peixinho Viver e nadar.