poli meros

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2 Revisão da Literatura 2.1.Gestão de resíduos O artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (1995:100) prescreve que: “... todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações...” Diminuir a quantidade gerada de resíduos domésticos e encontrar soluções adequadas para eliminá-los é uma preocupação global. Em países industrializados, como os da Europa e Estados Unidos (onde o acúmulo acompanha o ritmo acelerado de produção e consumo), o problema chegou no limite. Nos Estados Unidos, a produção de resíduos sólidos mais que duplicou nos últimos 40 anos (passando de 88 milhões para mais de 232 milhões de toneladas por ano), segundo a Agência de Proteção Ambiental do país, a EPA – Environmental Protection Agency (2000). Segundo Jornal Plastivida (2002), o resíduo plástico gerado em 2001 pelos países da Europa Ocidental chega a 20.391 mil toneladas e pelos países da União Européia chega a 19.254 mil toneladas. A urgência de minimizar este quadro colocou estes países entre os primeiros a implantar políticas nacionais de gerenciamento e gestão de resíduos sólidos, estipulando metas para a redução da deposição final de lixo em 20% (com base nas quantidades de 2000) até 2010 e em 50% até 2050. Segundo Frangipane et al. (1998/9), para que esta meta seja atingida, adotaram-se algumas medidas prioritárias tais como a prevenção do desperdício, incentivando a diminuição da geração de resíduos por parte das indústrias e os consumidores a escolher produtos de empresas que atendam estes compromissos ambientais. O princípio onde "o poluidor paga", transfere ao gerador a responsabilidade pela coleta, tratamento e reciclagem do resíduo gerado, porém

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o que são polímeros

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  • 2 Reviso da Literatura

    2.1.Gesto de resduos

    O artigo 225 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988

    (1995:100) prescreve que:

    ... todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes...

    Diminuir a quantidade gerada de resduos domsticos e encontrar

    solues adequadas para elimin-los uma preocupao global. Em pases

    industrializados, como os da Europa e Estados Unidos (onde o acmulo

    acompanha o ritmo acelerado de produo e consumo), o problema chegou no

    limite.

    Nos Estados Unidos, a produo de resduos slidos mais que duplicou

    nos ltimos 40 anos (passando de 88 milhes para mais de 232 milhes de

    toneladas por ano), segundo a Agncia de Proteo Ambiental do pas, a EPA

    Environmental Protection Agency (2000).

    Segundo Jornal Plastivida (2002), o resduo plstico gerado em 2001 pelos

    pases da Europa Ocidental chega a 20.391 mil toneladas e pelos pases da

    Unio Europia chega a 19.254 mil toneladas.

    A urgncia de minimizar este quadro colocou estes pases entre os

    primeiros a implantar polticas nacionais de gerenciamento e gesto de resduos

    slidos, estipulando metas para a reduo da deposio final de lixo em 20%

    (com base nas quantidades de 2000) at 2010 e em 50% at 2050.

    Segundo Frangipane et al. (1998/9), para que esta meta seja atingida,

    adotaram-se algumas medidas prioritrias tais como a preveno do

    desperdcio, incentivando a diminuio da gerao de resduos por parte das

    indstrias e os consumidores a escolher produtos de empresas que atendam

    estes compromissos ambientais.

    O princpio onde "o poluidor paga", transfere ao gerador a

    responsabilidade pela coleta, tratamento e reciclagem do resduo gerado, porm

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    segundo Cooper (1997), para as embalagens de bens consumidos nas

    residncias h grande dificuldade de se definir quem o poluidor.

    Por fim, o princpio da proximidade, pelo qual o tratamento deve ser

    executado o mais perto possvel de sua fonte produtora.

    Entre as providncias j consolidadas nos pases membros esto a criao

    da etiqueta ecolgica para ajudar os consumidores a identificar produtos

    "verdes", ou ecologicamente corretos; medidas para reduzir em 65% o despejo

    de lixo biodegradvel em aterros sanitrios de 2006 a 2016, alm de programas

    de coleta seletiva de sucesso em toda a Europa.

    Nos EUA e no Japo tambm existem iniciativas bem-sucedidas na rea

    de reciclagem, tanto por parte do governo, como na iniciativa privada, ONGs e

    da prpria populao.

    O Japo o pas lder em reciclagem, com 50% do total dos resduos

    reaproveitados, segundo Calderoni (1997). No h lixes no pas, pois por uma

    questo de falta de espao estes so enviados pases vizinhos, que cobram

    pelo servio.

    Em 1999, a reciclagem e a compostagem evitaram que 64 milhes de

    toneladas de resduos acabassem em aterros nos EUA. O ndice de reciclagem

    no pas praticamente dobrou nos ltimos 15 anos e hoje chega a 28%, de acordo

    com a EPA - Environmental Protection Agency (2000). Segundo CEMPRE

    (2005), a cidade de Nova York (EUA) retomou seu programa de reciclagem

    depois de quase dois anos de suspenso. Mostrou-se dispendioso transportar os

    resduos para aterros sanitrios que, nos EUA, esto cada vez mais longe dos

    grandes centros. O investimento foi na ordem de US$ 25 milhes para

    construo de uma espcie de centro de escoamento com o objetivo de

    processar e disponibilizar metais, vidros e plsticos reciclveis, a custo de

    aproximadamente 55% menor de quando o programa foi interrompido.

    Segundo Juras (2001), a legislao na Alemanha evita a gerao de

    resduos, fazendo com que estes sejam valorizados, na forma de recuperao

    do material (reciclagem) ou valorizao energtica (produo de energia); os

    resduos no valorizveis tem que ser eliminados de forma ambientalmente

    compatvel. J a poltica francesa de resduos, estabelecida em 1975 e

    modificada em 1992, tem como objetivos principais, a preveno ou a reduo

    da produo e a nocividade dos resduos; a organizao do transporte dos

    resduos, com a limitao da distncia e do volume; a valorizao dos resduos

    pela reutilizao, a reciclagem ou qualquer outra ao visando a obteno de

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    energia ou materiais a partir dos resduos; e no permitir, a partir de 1 de julho

    de 2002, nas instalaes de disposio, resduos que no os finais.

    Segundo Kapaz (2001), a Dinamarca foi o pas pioneiro no gerenciamento

    de resduos de embalagens. Nos anos 80, por meio de legislao prpria,

    autorizou exclusivamente embalagens reaproveitveis para cervejas e

    refrigerantes. Como resultado dessa poltica, a partir de 1994, a porcentagem de

    cerveja e refrigerantes engarrafados em vasilhames retornveis era de 99,5%.

    Estudo da AMPE (2001) revela que a reciclagem e outros mtodos de

    recuperao de plsticos na Europa, cresceram mais do que a demanda por

    plsticos, o que fez reduzir o total de lixo plstico descartado. A demanda por

    plsticos nesta regio, cresceu em torno de 3%, o equivalente a quase 40

    milhes toneladas, enquanto que a reciclagem mecnica, a reciclagem de

    combustvel e a recuperao de energia, resultaram num crescimento de 11%

    em comparao aos anos anteriores. A anlise do consumo e recuperao de

    plsticos na Europa tambm indica que, apesar do aumento na demanda de

    plsticos, o lixo total dos materiais ps-uso permaneceu abaixo de 1% do lixo

    total, ou seja, em 19,5 milhes de toneladas.

    Segundo Frangipane et al. (1999), o aterro o mtodo de eliminao de

    resduos slidos mais comum em alguns pases da Europa, particularmente na

    Grcia, Itlia e Reino Unido, onde este praticamente o nico mtodo de

    eliminao. As excees so Luxemburgo, Sucia e Sua, nos quais a

    incinerao mais utilizada. Na Sucia todos os incineradores so equipados

    com dispositivos de recuperao de energia. Neste pas, como tambm na

    ustria, Alemanha e Sua a coleta seletiva mais desenvolvida (mais de 30%

    dos resduos slidos municipais coletados). A compostagem particularmente

    desenvolvida na ustria e Holanda.

    Segundo Monteiro et al. (2001), no Brasil, o servio sistemtico de limpeza

    urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de So

    Sebastio do Rio de Janeiro, ento capital do Imprio. Nesse dia, o imperador D.

    Pedro II assinou o Decreto n 3024, aprovando o contrato de "limpeza e

    irrigao" da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por

    Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje

    denomina-se os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.

    Dos tempos imperiais aos dias atuais, os servios de limpeza urbana

    vivenciaram momentos bons e ruins. Hoje, a situao da gesto dos resduos

    slidos se apresenta em cada cidade brasileira de forma diversa, prevalecendo,

    entretanto, uma situao nada alentadora.

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  • 20

    Considerada um dos setores do saneamento bsico, a gesto dos

    resduos slidos no tem merecido a ateno necessria por parte do poder

    pblico. Com isso, compromete-se cada vez mais a j combalida sade da

    populao, bem como a degradao dos recursos naturais, especialmente o solo

    e os recursos hdricos.

    A interdependncia dos conceitos de meio ambiente, sade e saneamento

    hoje bastante evidente, o que refora a necessidade de integrao das aes

    desses setores em proveito da melhoria da qualidade de vida da populao

    brasileira.

    Como um retrato desse universo de ao, h de se considerar que,

    segundo dados do IBGE, mais de 70% dos municpios brasileiros possuem

    menos de 20 mil habitantes, e que a concentrao urbana da populao no pas

    ultrapassa a casa dos 80%.

    Desta forma reforam-se as preocupaes com os problemas ambientais

    urbanos e, entre estes, o gerenciamento dos resduos slidos, cuja atribuio

    pertence administrao pblica.

    Ainda segundo dados do IBGE coletados em 2000, dos 5.507 municpios

    brasileiros, apenas 451 possuem coleta seletiva e 352 contam com servio de

    reciclagem de lixo.

    Segundo Calderoni (1997), em 1996, foram produzidas 3,6 milhes de

    toneladas de lixo s no municpio de So Paulo. Em 2000, esse nmero saltou

    para 7,35 milhes.

    Apesar desse quadro, o sistema de limpeza urbana o segmento que

    mais se desenvolveu apresentando a maior abrangncia de atendimento junto

    populao, ao mesmo tempo em que a atividade do sistema que demanda

    maior percentual de recursos por parte da municipalidade.

    Porm o problema da disposio final assume uma magnitude alarmante,

    considerando apenas os resduos urbanos e pblicos, conclui-se que, em geral,

    as administraes pblicas implantam como polticas de resduos o

    distanciamento dos locais de deposio, visando apenas, afastar das zonas

    urbanas o lixo coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamente

    inadequados, como encostas com floresta, manguezais, rios, baas e vales.

    Segundo Grimberg (2004), 63,6% dos municpios brasileiros depositam

    seus resduos em lixes, a maioria com a presena de catadores entre eles

    crianas , confirmando os problemas sociais que a m gesto do lixo acarreta,

    alm dos graves problemas de sade pblica, bem como desastres ambientais

    no meio urbano e rural, provocados pelo lixo jogados nos rios e crregos.

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    A participao de catadores na segregao informal do lixo, seja nas ruas

    ou nos vazadouros e aterros, o ponto mais visvel da inter-relao do lixo com

    a questo social. Onde o lixo tornou-se fonte inesgotvel de renda e

    sobrevivncia para esta populao.

    Desta forma, conclui-se que o gerenciamento dos resduos de forma

    integrada, demanda trabalhar os aspectos sociais com o planejamento das

    aes tcnicas e operacionais do sistema de limpeza urbana.

    Segundo Castagnari (2004), as pessoas que trabalham com materiais

    reciclveis tm que ser valorizadas e reinseridas socialmente. Entretanto, tal fato

    deve se dar, preferencialmente, pelo estmulo contratao dessa mo-de-obra

    pelas empresas prestadoras de servios de manejo de resduos slidos.

    Somente dessa forma, atravs de empregos formais, os trabalhadores podero

    usufruir de todos os benefcios e garantias trabalhistas e previdencirias e contar

    com as protees que a atividade exige.

    Segundo o Ministrio da Agricultura, todos os anos 14 milhes de

    toneladas de alimentos so descartados, devido a procedimentos inadequados

    em toda a cadeia produtiva.

    Vilhena (2004) sugere que para ampliar a coleta seletiva no Pas

    necessrio aumentar a participao popular. preciso estimular os moradores a

    separar o lixo domstico e a entreg-lo nas cooperativas de catadores, ou postos

    de entrega, mantidos pelas prefeituras e iniciativa privada. necessrio tambm

    que os governantes promovam mudanas na tributao da cadeia de

    reciclagem. O governo precisa oferecer um tratamento diferenciado para as

    empresas do setor. Mas o fato que no existe mgica: para aumentar a

    reciclagem o jeito fazer.

    J a sociloga Grimberg (2004) afirma que: " preciso uma poltica

    nacional que institua metas para a volta dos retornveis. No tem sentido

    continuar gerando latas de alumnio e garrafas plsticas. O que est em jogo so

    as fontes de matria-prima.

    De qualquer modo, conclui-se que aes esto sendo desenvolvidas com

    o propsito de minimizar a deposio dos resduos no meio ambiente, mas a

    falta de planejamento e de um levantamento das reais possibilidades da

    reutilizao dos resduos acarreta falncia de alguns projetos.

    Grandes unidades de tratamento de resduos slidos, teoricamente

    incorporando tecnologia mais sofisticada de compostagem acelerada, foram

    instaladas no Rio de Janeiro e se encontram desativadas, seja por inadequao

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  • 22

    do processo s condies locais, seja pelo alto custo de operao e manuteno

    exigido.

    Pode-se considerar que os dados estatsticos da limpeza urbana, na

    maioria dos municpios brasileiros, so muito deficientes, pois as administraes

    pblicas tm dificuldade em apresent-los, j que existem diversos padres de

    aferio dos vrios servios.

    Considerou-se neste trabalho, os dados levantados junto a Comlurb

    (Companhia de Limpeza Urbana do Municpio do Rio de Janeiro), indicados no

    Figura 3, onde pode-se observar um decrscimo na coleta do papel e um leve

    crescimento no plstico. Estes dados comparados aos do Quadro 1, onde

    indicado o percentual de reciclagem com relao ao que produzido,

    demonstram que a reciclagem destes materiais, contribuem na reduo do

    percentual presente nos aterros, ou seja, os materiais com maior percentual de

    reciclagem se estabilizam em percentuais mnimos na representao do material

    coletado.

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    1981

    1986

    1989

    1991

    1993

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    Ano Base

    Perc

    entu

    al

    PapelPlasticoVidroMat. OrgnicaMetalOutros

    Figura 3 - Composio do Lixo no Rio de Janeiro. Fonte Comlurb/2005

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  • 23

    Reciclagem de Materiais no Brasil(% da Produo Nacional / Reciclagem)

    89%

    77,30%

    47%45%35%

    17%

    57%

    22% 20%17,50%

    AluminioPapeloAoVidroPapelPETPneusleoPlsticosTetraPak

    Quadro 1 - Reciclagem de Materiais no Brasil Fonte Cempre/2005

    Por outro lado, o manejo e a deposio final dos resduos industriais, tema

    que atualmente tem tido uma maior projeo por parte da sociedade, constituem

    um problema ainda maior que certamente j produz srias conseqncias

    ambientais e para a sade da populao.

    No Brasil, os estados interferem no problema atravs de seus rgos de

    controle ambiental, exigindo dos geradores de resduos perigosos (Classes I e II)

    sistemas de manuseio, de estocagem, de transporte e de destinao final

    adequados.

    As administraes municipais podem agir nesse setor de forma

    suplementar, atravs de seus rgos de fiscalizao, sobretudo considerando

    que a determinao do uso do solo urbano competncia exclusiva dos

    municpios, conferindo-lhes o direito de impedir atividades industriais

    potencialmente poluidoras em seu territrio, seja atravs da proibio de

    implantao, seja atravs da cassao do alvar de funcionamento.

    Segundo Monteiro et al. (2001), como a gesto de resduos est se

    transformando em uma atividade essencial, e as atividades que a compem se

    restringem ao territrio do Municpio, apesar de serem ainda primrias, as

    solues consorciadas de destinao final em aterros gerenciados e

    programados j fazem parte da pauta de vrias prefeituras.

    Municpios com reas mais adequadas para a instalao dessas unidades

    operacionais s vezes se consorciam com cidades vizinhas para receber os seus

    resduos, negociando algumas vantagens por serem os hospedeiros, tais como

    iseno do custo de vazamento ou alguma compensao urbanstica, custeada

    pelos outros consorciados.

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  • 24

    Um dos exemplos mais bem-sucedidos no campo do consrcio aquele

    formado pelos municpios de Jundia, Campo Limpo Paulista, Cajamar, Louveira,

    Vrzea Paulista e Vinhedo, no Estado de So Paulo, para operar o aterro

    sanitrio de Vrzea Paulista.

    A sustentabilidade econmica dos servios de gerenciamento ambiental

    um importante fator para a garantia da sua qualidade. Felizmente, o que se

    percebe mais recentemente uma mudana importante na ateno que o tema

    tem recebido das instituies pblicas, em todos os nveis de governo.

    O governo federal e os estaduais passaram a destinar maiores recursos na

    criao de programas e linhas de crdito onde, os municpios beneficiados, so

    aqueles que apresentam projetos visando solucionar problemas como de

    limpeza urbana, gerando condies de continuidade dos servios e manuteno

    de sua qualidade ao longo do tempo, onde a populao assume o papel

    fiscalizador, estimulada pelos rgos de controle ambiental, Ministrio Pblico e

    pelas organizaes no-governamentais voltadas para a defesa do meio

    ambiente.

    2.2.Caracterizao dos plsticos

    A palavra plstico, originria do grego plastiks, significa adequado

    moldagem, este material possui caractersticas de alta flexibilidade, podendo ser

    facilmente moldado.

    O primeiro material com estas caractersticas foi a celulose, surgida em

    1864. O PVC ou Policloreto de Vinila surgiu somente em 1913, foi durante a II

    Guerra Mundial, ou seja, h pouco mais de sessenta anos, que sua utilizao

    industrial se desenvolveu e popularilizou.

    Os hidrocarbonetos (petrleo), aps processamento fsico-qumico

    produzem produtos que so indispensveis na vida moderna.

    A nafta, um derivado do petrleo, possui papel significante para as

    indstrias petroqumicas, originando eteno e propeno, alm de outros

    monmeros imprescindveis produo de resinas plsticas e outros polmeros.

    2.2.1.Os principais tipos de plsticos

    Segundo suas caractersticas, os plsticos se dividem em dois grupos: os

    termorrgidos ou termofixos e os termoplsticos.

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  • 25

    Plsticos Termofixos: No se fundem e uma vez moldados e endurecidos, no oferecem

    condies para reciclagem. So apresentados como mistura de ps e moldados

    sob presso.

    Como exemplo, as telhas transparentes, do revestimento do telefone e de

    inmeras peas utilizadas na mecnica em geral e especificamente na indstria

    automobilstica.

    Plsticos Termoplsticos: So aqueles que se fundem a baixas temperaturas podendo ser moldados,

    aps o resfriamento recuperam suas propriedades fsicas.

    Como o processo possibilita a repetio, a reciclagem se torna

    tecnicamente um processo simples e vivel.

    Porm segundo as normas sanitrias, os produtos reciclados no podem

    ser empregados em embalagens alimentcias a fim de se evitar contaminaes.

    A ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas estabelece atravs

    da norma NBR - 13230, simbologia a identificao dos termoplsticos utilizados

    na fabricao de embalagens e recipientes, facilitando a sua reciclagem.

    Considerou sete tipos de termoplsticos, a seguir:

    Polietileno Tereftalato PET

    utilizado em frascos de refrigerantes, de produtos de limpeza e

    farmacuticos, em fibras sintticas, etc..

    Polietileno de Alta Densidade PEAD

    So utilizados na confeco de engradados para bebidas, garrafas de

    lcool e de produtos qumicos, tubos para lquidos e gs, tanques de

    combustvel, etc..

    Policloreto de Vinila PVC

    So utilizados em tubos e conexes para gua, calados, encapamentos

    de cabos eltricos, equipamentos mdico-cirrgico, lonas, esquadrias e

    revestimentos, etc..

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  • 26

    Polietileno de Baixa Densidade PEBD

    So empregados nas embalagens de alimentos, sacos industriais, sacos

    para lixo, filmes flexveis, lonas agrcolas, etc.

    Polipropileno - PP

    Empregados em embalagem de massas alimentcias e biscoitos, potes de

    margarina, seringas descartveis, equipamentos mdico-cirrgicos, fibras e fios

    txteis, utilidades domsticas, autopeas, etc..

    Poliestireno PS

    Usado em copos descartveis, placas isolantes, aparelhos de som e de

    TV, embalagens alimentcias, revestimento de geladeiras, material escolar, etc..

    Outros

    So as resinas plsticas no indicadas at aqui e so utilizadas em

    plsticos especiais na engenharia, em CDs, em eletrodomsticos, em corpo de

    computadores e em outras utilidades especiais.

    2.2.2.Processos de reciclagem de Plsticos:

    Podem-se considerar quatro processos diferentes de reciclagem de

    plsticos:

    Reciclagem Primria Consiste no reaproveitamento das aparas, das rebarbas e das peas

    defeituosas dentro da linha de montagem das prprias indstrias.

    Muitas empresas do setor j adotam tal procedimento visando a diminuio

    de seus custos, outras vendem esses resduos para empresas recuperadoras.

    Entretanto, deve-se tomar um especial cuidado na sucessiva repetio desse

    aproveitamento, pois poder acarretar degradao do material diminuindo sua

    qualidade, exigindo assim, um rigoroso controle para no comprometer a

    imagem da empresa junto aos seus clientes.

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  • 27

    Reciclagem Secundria a reciclagem de parte dos rejeitos existentes no lixo propriamente dito.

    Essa reciclagem pode ser feita nas Usinas de Compostagem e Reciclagem ou

    atravs de coleta seletiva.

    Mesmo no caso de coleta seletiva onde o plstico vem relativamente limpo,

    o produto reciclado ter sempre uma qualidade tcnica inferior ao material

    virgem, devido a presena de diversas formas de plsticos nesses refugos,

    exigindo operaes adicionais quelas da reciclagem primria, para a separao

    dos diversos tipos existentes. Dependendo da utilizao do produto final, essa

    operao no precisar ser realizada, ressaltando-se que o produto assim

    reciclado dever ser utilizado apenas nas situaes em que tais alteraes

    sejam perfeitamente aceitveis.

    No caso da separao nas Usinas de Reciclagem h necessidade de uma

    lavagem, alm da separao, muito mais trabalhosa do que no caso da coleta

    seletiva, uma vez que o plstico vem contaminado pelas impurezas do lixo e os

    efluentes lquidos oriundos dessa lavagem necessitaro de um tratamento

    especial antes de ser lanado na natureza, fato este que desvaloriza o processo

    de comercializao desses produtos.

    Reciclagem Terciria a transformao dos resduos polmeros em monmeros e em outros

    produtos qumicos atravs de decomposio qumica ou trmica. Aps esta

    operao, o produto poder ser novamente polimerizado, gerando novas resinas

    plsticas.

    importante ressaltar que os materiais obtidos por este processo de

    reciclagem necessitam de um tratamento dispendioso na purificao final, sendo

    s indicado para produtos de alto valor econmico.

    Reciclagem Quaternria Neste caso o objetivo a queima do plstico em incineradores especiais

    gerando calor que pode ser transformado em energia trmica ou eltrica, em

    virtude do alto poder calorfico dos plsticos. Entretanto existe, nesse caso, um

    grande inconveniente, pois a queima do plstico gera gases de alta toxicidade,

    contaminando de forma violenta o meio ambiente, o que exige que os

    incineradores sejam dotados de filtros especiais, de altssimo custo, e mesmo

    assim essa filtragem no se processa de forma satisfatria.

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  • 28

    2.3.Caracterizao do PET

    Os plsticos so polmeros produzidos a partir de processos

    petroqumicos. O PET, Polietileno tereftalato, um deles, e foi desenvolvido em

    1941 pelos qumicos ingleses Whinfield e Dickson. Por ser um material inerte,

    leve, resistente e transparente, passou a ser utilizado na fabricao de

    embalagens de bebidas e alimentos no incio da dcada de 1980. Em 1985

    cerca de 500 mil toneladas de vasilhames j haviam sido produzidos, somente

    nos Estados Unidos.

    O PET produzido industrialmente por duas vias qumicas:

    Esterificao direta do cido tereftlico purificado (PTA) com etileno glicol

    (EG), ou

    Transesterificao do dimetil tereftalato (DMT) com etileno glicol (EG).

    As macromolculas de PET puro (o chamado homopolmero) constituem-

    se de repeties da molcula mais simples (mero) de tereftalato de etileno. Nos

    polmeros comerciais, 130 a 155 repeties desse mero constituem a

    macromolcula tpica de PET.

    Sua densidade igual a 1.38 g/cm3.

    A resina PET muito utilizada em todo o mundo para a fabricao de

    embalagens, em razo de suas propriedades: transparncia, resistncia

    mecnica, brilho e barreira a gases. Inicialmente utilizada para a produo de

    garrafas para acondicionar bebidas carbonatadas, hoje utilizada no Brasil para

    diversas outras linhas de produtos, tais como leos comestveis, isotnicos, gua

    mineral, produtos de higiene e limpeza, cosmticos e frmacos.

    As garrafas de PET so totalmente inertes. Isto significa que, mesmo

    indevidamente descartadas, no causam nenhum tipo de contaminao para o

    solo ou lenis freticos.

    Os resduos inertes so quaisquer resduos que, quando amostrados de

    forma representativa, (NBR 10.007 - amostragem de resduos) e submetidos a

    contato esttico ou dinmico com gua destilada ou deionizada, temperatura

    ambiente, conforme teste de solubilizao, (segundo NBR 10.006 - solubilizao

    de resduos) no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados s

    concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, excetuando-se

    os padres de aspecto, cor, turbidez e sabor.

    A transformao da resina PET em garrafas, frascos ou potes ocorre em 7

    etapas distintas: secagem, alimentao, plastificao, injeo, condicionamento,

    sopro e ejeo do produto.

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  • 29

    2.4.Reciclagem de PET

    A reciclagem um conjunto de tcnicas que tem por finalidade aproveitar

    os detritos reutilizando no ciclo de produo, ou seja, o resultado de uma srie

    de atividades, pelas quais materiais que se tornariam lixo, ou esto no lixo, so

    coletados, separados e processados para serem utilizados como matria-prima

    na manufatura de novos produtos.

    As indstrias recicladoras so tambm denominadas secundrias, por

    processarem matria-prima de recuperao. Na maior parte dos processos, o

    produto reciclado completamente diferente do produto inicial.

    O PET pode ser reciclado de trs maneiras diferentes:

    Reciclagem qumica: Utilizada tambm para outros plsticos, separa os componentes do PET,

    fornecendo matria-prima para solventes e resinas, entre outros produtos.

    Reciclagem energtica: O calor gerado com a queima do produto pode ser aproveitado na gerao

    de energia eltrica (usinas termeltricas), alimentao de caldeiras e altos-

    fornos. O PET altamente combustvel, com valor de cerca de 20.000 BTUs/kilo,

    e libera gases residuais como monxido e dixido de carbono, acetaldedo,

    benzoato de vinila e cido benzico. Por outro lado, devido ao alto valor da

    sucata, a incinerao do material no recomendada, mesmo com recuperao

    de energia.

    Reciclagem mecnica. Praticamente todo o PET reciclado no Brasil passa pelo processo

    mecnico, que pode ser dividido em:

    RECUPERAO: Nesta fase, as embalagens que seriam destinadas ao

    lixo comum ganham o status de matria-prima. As embalagens recuperadas

    sero separadas por cor e prensadas. A separao por cor necessria para

    que os produtos que resultaro do processo tenham uniformidade de cor,

    facilitando, assim sua aplicao no mercado. A prensagem, por outro lado,

    importante para que o transporte das embalagens seja viabilizado, devido a

    leveza do material, os fardos so montados de modo a garantir a maior

    quantidade em um menor volume.

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  • 30

    REVALORIZAO: As garrafas so modas, ganhando valor no mercado.

    O produto que resulta desta fase o floco da garrafa. Pode ser produzido de

    maneiras diferentes e, os flocos mais refinados, podem ser utilizados

    diretamente como matria-prima para a fabricao dos diversos produtos que o

    PET reciclado d origem na etapa de transformao. No entanto, h

    possibilidade de valorizar ainda mais o produto, produzindo os gros de PET

    reciclado. Desta forma o produto fica muito mais condensado, otimizando o

    transporte e o desempenho na transformao.

    TRANSFORMAO: Fase em que os flocos, ou o granulado ser

    transformado num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores utilizam

    PET reciclado para fabricao de diversos produtos, inclusive novas garrafas

    para produtos no alimentcios.

    A ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria), no autoriza a

    utilizao de PET reciclado na produo de embalagens para produtos

    alimentcios, sendo que a tecnologia j existe (provm de uma empresa alem,

    chamada OHL, que batizou seu processo de Stehing Bottle-to-Bottle) e esta

    sendo utilizada pela empresa BahiaPET, que tem uma capacidade de produo

    de 750 t/ms (720kg/h) e consumo de garrafas de 900 t/ms, esta produo

    exportada para pases onde este uso permitido como EUA, Alemanha,

    Holanda, Frana, Japo e Austrlia. Segundo Plsticos em Revista/maro 2004.

    A promessa de restituir resina reciclada, as propriedades do material

    virgem, mas no ser fcil alterar a legislao brasileira quanto ao assunto, visto

    que nem a questo da tributao sobre o reciclado plstico foi resolvida. Na

    opinio de Maron, da Recipet, o mercado de embalagem se mostra curioso a

    respeito da nova tecnologia bottle to bottle (garrafa a garrafa), mas a maioria

    ainda a considera invivel no Pas, neste momento. H at fabricante de

    embalagem achando que basta colocar as garrafas usadas de PET num lado da

    mquina e retirar novas do outro lado. Este fato retrata a desinformao sobre

    esta nova tecnologia.

    Na opinio do diretor da Recipet, a qualidade da matria-prima ofertada no

    Pas hoje muito inferior dos pases onde o novo processo est sendo

    testado. Para ele, a qualidade da nova garrafa seria sofrvel. Alm disso, o

    processo para obteno de flakes com a qualidade requerida para fazer novas

    garrafas provoca perdas de at 30% de matria-prima, o que pode inviabilizar

    investimentos em equipamentos importados.

    Alm de toda problemtica referente contaminao do PET ps-uso,

    ainda h outra questo a pesar. No h fiscalizao eficiente capaz de controlar

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  • 31

    o uso do reciclado nas embalagens destinadas indstria de alimentos e

    bebidas. Caso aprovado seu uso, h riscos de reciclados de origem duvidosa

    acabarem nas prateleiras dos supermercados, acreditam especialistas da rea,

    como o consultor Jos Carlos Froes, da Reciclveis, de So Paulo, e Auri Cesar

    Maron, da Recipet.

    So as embalagens de PET as mais visveis, se avolumando nas caladas,

    nos lixes, nos aterros, nos rios,etc.. Segundo o CEMPRE (2004), na regio de

    So Paulo, este material prensado e separado por cor nos sucateiros, no sai

    por menos de R$ 0,55 o quilo, revalorizado em flake (denominao dos flocos

    obtidos atravs da moagem) vendido em torno de R$ 0,85 o quilo.

    O investimento mdio em uma linha adequada de reciclagem esta na

    ordem de R$ 200.000,00, valor de 2005, equipamentos KIE. Alm disso, a oferta

    de matria-prima constitui outro obstculo atividade, aparentemente

    disponveis, as garrafas de PET visveis nas ruas ainda tm como principal

    destino o lixo e o meio ambiente, porm h sinais de melhora. Segundo

    ABIPET (2004), no Brasil a taxa de reciclagem de resinas de PET apresentou

    crescimento anual da ordem de 18% entre os anos de 2001 e 2002, passando

    para 35% entre 2002 e 2003, conforme indicado na Tabela 1.

    Tabela 1- Produo x Reciclagem Fonte ABIPET/2004

    ANO RECICLAGEM

    Ps-Consumo/ndice

    1994 13 ktons = 18,8%

    1995 18 ktons = 25,4%

    1996 22 ktons = 21,0%

    1997 30 ktons = 16,2%

    1998 40 ktons = 17,9%

    1999 50 ktons = 20,42%

    2000 67 ktons = 26,27%

    2001 89 ktons = 32,9%

    2002 105 ktons = 35%

    2003 141,5 ktons = 35%

    A maior produo de PET reciclado utilizada na fabricao de fibras de

    polister para indstria txtil, demonstrado no Quadro 2, tendo tambm outros

    usos como cordas, carpetes, bandejas de ovos e novas garrafas de produtos

    no alimentcios. Sua reciclagem, alm de evitar a deposio de lixo plstico

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  • 32

    nos aterros, utiliza apenas 0.3% da energia total necessria para a produo da

    resina virgem.

    possvel utilizar os flocos da garrafa na fabricao de resinas alqudicas,

    usadas na produo de tintas e tambm resinas insaturadas, para produo de

    adesivos e resinas polister. As aplicaes mais recentes esto na extruso de

    tubos para esgotamento predial e na injeo para fabricao de torneiras.

    Quadro2 - Distribuio dos Mercados para o PET reciclado Fonte ABIPET/2004

    Uma vantagem na reciclagem para produo de fibras, que no h perda

    de material durante a transformao, ou seja, uma garrafa que contenha 50

    gramas de PET (embalagem de 2 litros, por exemplo) gerar 50 gramas de fibra

    de polister.

    Pode-se pesar uma camiseta, ou qualquer pea de tecido que contenha

    Polister na composio e verificar a proporo para determinar quantas

    garrafas esto ali. Por exemplo, um moletom de 300 gramas, feito com 67% de

    fibra de Polister e 33% de viscose (uma composio muito comum) possui 201

    gramas de polister, ou seja 4 garrafas de 2 litros.

    A roupa no feita diretamente das garrafas, estas so transformadas na

    fibra de Polister que, por sua vez, ser utilizada por uma fbrica de tecidos ou

    malhas. Nesta fbrica as fibras sero misturadas. Polister com viscose,

    algodo, linho, seda ou qualquer outra fibra txtil. Existem certos tecidos feitos

    com 100% de Polister, como Tergal, ou roupas de linha esportiva.

    Pronto o tecido, este ser encaminhado para uma confeco, onde ser

    cortado e costurado (ou "montado") de acordo com a pea que se quer obter:

    camisetas, moletons, ternos, calas etc. Um tecido bastante utilizado para

    roupas finas o Perolin, uma composio de Linho e Polister. Com isso,

    obtm-se o conforto do linho e a praticidade do polister. Tambm a Microfibra

    (polister 100%) usada para confeco de ternos, calas e camisas.

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  • 33

    Segundo a ABIPET em 2003 foram recicladas 141.5 mil toneladas de PET

    e 34% desse total foram transformados em fibras de polister.

    Porm temos que levar em conta que a reciclagem tem um limite e no

    pode ser efetuada indefinidamente. O ideal seria substituir estes plsticos por

    plsticos biodegradveis ou ento, mesmo, proibir a utilizao desses produtos

    em embalagens. Est tramitando no Congresso um projeto de lei que est se

    transformando em guerra comercial entre grupos econmicos que, com intuito de

    preservar o meio ambiente, estabelece o mximo de 20% para embalagens

    descartveis de vidro e obriga a indstria de cerveja e refrigerantes a trabalhar

    com 80% de garrafas retornveis.

    2.5.Consideraes sobre o processo de reciclagem

    A boa qualidade do artefato final obtido a partir de material que j foi

    consumido depende principalmente do desenvolvimento dos seguintes

    processos:

    Degradao - o plstico suscetvel a degradao trmica e

    intempries, que conduz ao decrscimo do peso molecular e conseqentemente

    diminuio das propriedades finais do material. Os processos de degradao

    devem ser minimizados nos plsticos a serem reciclados;

    Limpeza - o plstico deve vir o mais limpo possvel, ou seja, no

    aconselhvel a presena de contaminantes como restos de alimentos e outros

    materiais que porventura estejam aderidos ao mesmo;

    Separao os plsticos, presentes no lixo, so incompatveis entre si

    (caso do PET/ PVC), dessa forma o material a ser reciclado deve ser separado

    por tipo, pois caso haja misturas de diferentes plsticos as propriedades finais do

    artefato reciclado sero baixas.

    Depois de coletadas por um sistema seletivo, as embalagens PET passam

    por uma triagem para separ-las por cor.

    Para viabilizar o transporte para as fbricas recicladoras necessrio, em

    muitos casos, o enfardamento, utilizando prensas hidrulicas ou manuais.

    O processo de reciclagem pode se dar atravs de moagem e lavagem das

    embalagens ou misturando-as com reagentes qumicos capazes de restaurar o

    produto original. Deste modo os polmeros so novamente transformados em

    grnulos, os chamados pellets.

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  • 34

    2.6.Impedimentos para reciclagem

    Segundo o CEMPRE (2004), o Brasil faz incidir o IPI sobre o produto

    industrializado com matria prima virgem com alquota de 10%, fixando em 12%

    a alquota quando o produto fabricado a partir de matria prima de plstico

    reciclado.

    A coleta seletiva tem atingido valores extremamente elevados, contra um

    valor de venda bastante reduzido. Em So Paulo esses valores atingiram a cifra

    de US$ 400.00 a US$500.00 a tonelada, contra uma renda que no passou de

    US$30.00 a tonelada.

    Devem ser evitados a juno com PVC, a variao de escala cromtica, a

    cola em rtulos e impresso com tinta.

    Uma garrafa de PVC no meio de 20.000 de PET suficiente para tornar

    inaproveitvel todo o lote. A fuso do PVC junto com o PET destri algumas

    caractersticas do PET; pode, por exemplo, diminuir a viscosidade do PET,

    causar amarelecimento ou escurecimento da pea; e, dependendo do tipo de

    aquecimento, o PVC pode queimar e manchar a pea com pontos pretos.

    2.7.Coleta seletiva de embalagens PET

    As implicaes de natureza social na implantao de uma coleta seletiva

    tm que ser considerada na elaborao de um projeto de reciclagem e mesmo,

    na determinao do processo a ser empregado na coleta seletiva.

    O desemprego o ponto crucial, pois uma reciclagem ou uma coleta

    seletiva pode ocasionar fechamento de empresas ou desestimular aqueles que

    trabalham no setor, em virtude de haver diminuio nos preos de mercado em

    face do aumento de oferta dos produtos.

    O exemplo da cidade de So Paulo, que devido ao aumento da reciclagem

    de papel, os custos e os prazos de pagamento impostos pelos compradores,

    desestimularam os catadores de papel e segundo declarao do presidente do

    sindicato, de 9000 sindicalizados o nmero ficou reduzido para 3000, gerando,

    portanto um desemprego de 6000 pessoas que viviam desta atividade.

    Na cidade de Vitria-ES, em virtude da inviabilidade da usina de

    compostagem construda, esta foi transformada em estao de transbordo de

    lixo, sendo utilizada a esteira de catao para separao de alguns materiais

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  • 35

    reciclveis, trabalho realizado por uma cooperativa de catadores do antigo lixo

    existente, esta atividade emprega 300 pessoas que se revezam na operao.

    Entretanto o problema se complicou para a Prefeitura de Vitria, uma vez

    que os custos dessa separao so altssimos, sendo as horas trabalhadas

    pelos cooperados pagas pela municipalidade e o resultado da venda da pequena

    quantidade do reciclado obtida destinada cooperativa. Para se ter uma idia, o

    custo da operao representa 6 vezes o valor do resultado da venda de todos os

    produtos reciclados.

    De modo a garantir o maior nmero de recuperao das embalagens ps -

    consumo, a TOMRA, uma multinacional norueguesa, lanou vinculado a uma rede de Hipermercados, um equipamento automatizado de coleta seletiva de

    garrafas plsticas tipo PET e latas de alumnio, demonstrado na Figura 4.

    Figura 4 - Equipamentos automatizados de coleta seletiva - TOMRA 83 HCp e T-62.

    Fonte TOMRA

    As mquinas recebem latas de alumnio e garrafas PET. Se receber

    somente latas, a capacidade de 5 mil unidades. Caso receba apenas garrafas

    PET de dois litros, armazena 1500 unidades.

    Alm disso, a mquina pode ser programada para receber latas de ao e

    outros tipos de embalagens plsticas.

    Em menos de dois anos, a empresa instalou 40 equipamentos em dez

    lojas, atravs do Projeto Recicle & Ganhe, e j coletou mais de 6 milhes de

    embalagens, somente na Regio Metropolitana de So Paulo.

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  • 36

    Em apenas um ms, consumidores do municpio de Salvador retornaram

    452 mil embalagens nas mquinas de coleta automtica, instaladas em trs

    supermercados. Cerca de 95% deste material de garrafas PET. O prprio

    consumidor insere as embalagens nas mquinas. Um sensor ptico as identifica,

    separando-as por tipo e cor, Figura 5. Para concluir a operao, so emitidos

    cupons, que podem ser usados em compras na loja onde o RVM (Reverse

    Vending Machines) se encontra. Cada lata de alumnio vale R$ 0,03 e uma

    garrafa PET, R$ 0,02 (valores no ano de 2004).

    Figura 5 - Sistema de leitura ptica. Fonte TOMRA

    Todo o material coletado encaminhado para o Centro de Coleta da

    Tomra de Salvador, onde latas de alumnio e garrafas PET coletadas so limpas

    e prensadas. Logo depois, as latas so transportadas para o Centro de

    Reciclagem de Pindamonhangaba. L so fundidas a uma temperatura de 760

    C. As garrafas de PET so transportadas para indstrias que as utilizam como

    matria prima.

    O objetivo incentivar a participao do consumidor no processo de

    reciclagem, oferecendo convenincia, fcil acesso, auto-atendimento e rapidez.

    Alm disso, o cliente remunerado pela destinao adequada das embalagens.

    Os programas oficiais de coleta seletiva, que existem em mais de 200

    cidades do Pas, recuperam por volta de 1000 toneladas por ano. Alm de

    garrafas descartveis, existem no mercado nacional 70 milhes de garrafas de

    refrigerantes retornveis, produzidas com este material.

    O preo pago por este material esta demonstrado na Tabela 2.

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  • 37

    Tabela 2- Fonte Cempre Jan./2005

    Salvador 250L 400L 3000L 85L 35L 400L 600L 600L

    Braslia 130L 260L 150P 3000L 50L 30L 200L 700L 150L 20L

    Vitria 191P 450PL 146,1 3200P 46,5 27,5 761P 1200P 251P 90P

    Itabira 380PL 500PL 410PL 4400PL 80L 70L 580PL 1400PL 700PL 250PL

    Porto Alegre 260PL 450PL 220PL 3500PL 40 40 650PL 1000PL 280PL 90PLFarroupilha 220PL 350PL 50PL 3000PL 50L 50L 200PL 520PL 200PL

    Santo Andre 190L 360L 400PL 4300PL 135 50 600PL 1200PL 360P 150PLSantos 150L 300L 150L 3000L 60 200L 650L 200L 100LSo Bernardo 260PL 570PL 370PL 4700PL 120 60 550P 1050P 550P 150PNova Odessa 270L 250L 350L 4000L 100L 100L 350L 1000L 250L 70LS.J.dos Campos 246P 127P 454P 4410P 70 70 450 850 300P 90P

    Rio de Janeiro 300PL 420PL 300PL 4000PL 100 100 350PL 1000PL 350PL 50PL

    So Paulo

    Rio de Janeiro

    P = prensado; L = limpo; I = inteiro; Um = unidade; * preo da tonelada em real

    Distrito Federal

    Esprito Santo

    Minas Gerais

    Rio Grande do Sul

    PET Plst. Filme

    Longa Vida

    Bahia

    Preo de Material Reciclvel*Papelo Papel

    BrancoLatas Ao

    Latas Alum.

    Vidro Incolor

    Vidro Color.

    Plst. Rgido

    2.8.Linha de Reciclagem de PET

    A forma mais indicada para se processar o PET em uma linha de

    reciclagem, receb-lo j separado por cor e prensado em fardos, os rtulos e

    tampas sero separados por densidade nos tanques citados a seguir. No

    significa desta forma, que no se possa adquirir o PET misturado e se sacar

    tampas e rtulos manualmente, porm, a viabilidade do negcio, passa a ser

    mais arriscada devido ao aumento da mo de obra.

    Primeiramente, aconselha-se o uso de uma empilhadeira motorizada para

    o transporte e carregamento de fardos e big-bags com o produto pronto, j que

    se trata de grandes volumes, porm pode-se utilizar uma empilhadeira manual

    para a devida tarefa.

    Equipamentos:

    Plataforma: Os fardos so colocados sobre a plataforma para serem abertos por um operador para dar incio ao processo;

    Removedores de rtulos (e Pr-Lavadores) - As garrafas passam por estes equipamentos onde so extrados de 70 a 90 % dos rtulos.

    Esteira de Seleo - Um ou mais operadores supervisionam nesta esteira, as garrafas de outras cores que no podem ser separadas

    mecanicamente, outros materiais plsticos, pedras maiores, metais, e outros;

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  • 38

    Placa Magntica ou Detector de Metais - Instalado opcionalmente sobre a esteira de seleo para garantir que metais no cheguem at os

    moinhos comprometendo suas facas;

    Removedor de Impurezas com gua - Indispensvel para que se faa uma pr-lavagem das garrafas antes de chegarem ao moinho, sua funo

    prolongar a vida til das navalhas, possibilitando um adiamento da afiao das

    mesmas;

    Moinho (Primeira Moagem) - onde se faz a primeira moagem e se utiliza uma peneira de aproximadamente 30 mm. Sua funo diminuir de

    tamanho o PET e manter os vedantes e os rtulos em um tamanho apropriado

    para que possam ser separados nos tanques de maneira mais eficiente. Esta

    moagem tambm recebe gua que complementa a pr-lavagem das garrafas.

    Tanque de Adaptao do Moinho - necessrio para coletar as garrafas modas e a gua introduzida no moinho;

    Rosca Transportadora - Transporta o PET, os rtulos e as tampas at o primeiro tanque de separao, escoando a gua mais impura;

    1 Tanque de Separao - onde ser feita a pr-separao do Flake de PET dos rtulos e tampas. Neste processo, os plsticos sero separados por

    densidade, ficando sobre a superfcie os rtulos e as tampas, o PET por ser mais

    denso, se deposita no fundo e retirado por uma rosca transportadora;

    2 Tanque de Separao - onde ser feita a separao definitiva dos materiais. Neste estgio se encontram o PET em forma de Flake e em forma de

    p;

    Lavador com Ps Agitadoras - Neste lavador, feito o enxge do PET, aconselha-se que se introduza neste processo, gua o mais limpa possvel,

    para garantir a descontaminao do material;

    Secadora Centrfuga - Sua funo secar o PET por meio de centrifugao, onde a gua expelida para fora e o PET transportado para o

    Segundo Moinho;

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  • 39

    Moinho (Segunda Moagem) - onde se define o tamanho do flake. Para esta funo se utiliza uma peneira de aproximadamente 8 a 12 mm e no

    se aconselha o uso de gua j que nesta fase o PET j foi lavado e seco. Com

    isto possvel se prolongar a vida til das navalhas, adiando sua afiao e

    possibilitando uma coleta maior do p do PET;

    Turbina de Transporte - Sua funo transportar o PET e o p at a peneira vibratria;

    Ciclone - utilizado simplesmente para quebrar a presso da turbina transportadora;

    Peneira Vibratria - Sua funo separar o Flake do p de PET;

    Turbina de Transporte do P - Transporta o p at o silo para o ensaque;

    Turbina de Transporte do Flake - Transporta o Flake at o silo para o ensaque;

    Silo com Ciclone para Flake - onde armazenado o flake modo, lavado, seco e separado para o ensaque;

    Silo com Ciclone para P - onde armazenado o p de PET para o ensaque.

    2.9.Atividade de extrao de areia

    A desenfreada extrao de areia criou enormes crateras numa rea de 122 mil metros quadrados em Itagua, segundo O Globo. A devastao alvo de investigao da Delegacia do Meio Ambiente e a polcia suspeita da existncia de uma mfia de areeiros, que j deixou um rastro de nove mortes em dez anos, na disputa por um negcio que fatura R$ 10 milhes por ms. O Globo, 27.08.00.

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  • 40

    2.9.1.Reservas naturais

    Apesar de ser uma atividade considerada com recursos abundantes,

    alguns impedimentos operacionais j comeam a surgir, um deles a ocupao

    de reas com potencial de extrao que, pela proximidade com grandes centros

    urbanos acabam se tornando loteamentos residencias e industriais legais e

    clandestinos, fazendo com que a extrao ocorra em locais cada vez mais

    distantes, aumentando o custo com o fator transporte.

    Segundo Valverde (2001), a Regio Metropolitana de So Paulo, pela

    combinao de restries, usos competitivos do solo e inadequado

    planejamento, importa mais da metade de suas necessidades de areia de locais

    a mais de 150 km de distncia, apesar de possuir reserva de cerca de 6 bilhes

    de metros cbicos de areia.

    2.9.2.O processo de extrao:

    A areia extrada de leitos de rios, vrzeas, depsitos lacustres, mantos

    de decomposio de rochas, pegmatitos e arenitos decompostos. No Brasil, 90%

    da areia so produzidos em leito de rios. No Estado de So Paulo, a relao

    diferente. 45% da areia produzida so provenientes de vrzea, 35%, de leito de

    rios, e o restante, de outras fontes.

    Segundo o Jornal do Meio Ambiente (2003), a regio de Itagua a

    principal supridora de areia para a Regio Metropolitana do Rio de Janeiro,

    sendo intensa a atividade de extrao no leito dos rios e por meio de cavas.

    Os principais mtodos utilizados so:

    extrao em cava submersa: estes depsitos so diferenciados dos

    demais por no estarem nos leitos, porm nas plancies de inundao dos

    corpos dgua;

    extrao mecanizada em leito de rio: dragagem dos sedimentos do leito

    dos rios, por suco;

    extrao manual em leito de rio: em coluna dgua pouco profunda,

    retirada com ps e depositada em caixas de madeira.

    Nesta regio, lavras de areia, principalmente em ambientes de cavas

    submersas alcanam profundidades muito grandes, formando lagos de

    colorao verde piscina, so observadas, tambm, cavas abertas, de contorno

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  • 41

    irregular e de grande profundidade, muitas vezes interligadas em superfcie com

    a calha do rio, esta degradao pode ser observada nas Figuras 6 e 7.

    Figura 6 - Viso do Crrego gua do Sobrado e a extrao da Areia. Fonte Jornal Vale Paraibano (Out/2003)

    Figura 7-Detalhes da Extrao de Areia em Ambiente de Cava-RJ. Fonte DRM/2000

    2.9.3.Impacto ambiental

    A areia um recurso natural amplamente utilizado na construo civil

    (consumo de aproximadamente 236 milhes de toneladas em 2001, segundo a

    ANEPAC), seu baixo valor unitrio torna praticamente impossvel sua

    substituio por outro tipo de material, porm no se pode negar os problemas

    ambientais causados pela sua extrao.

    Os principais danos so:

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  • 42

    retirada de cobertura vegetal, nas margens dos rios, acarretando

    eroso/assoreamento e alterao paisagstica.

    a camada de areia funciona como filtro fsico e biolgico para as guas

    subterrneas, portanto, sua retirada representa a diminuio destas importantes

    funes no ecossistema local.

    ao se extrair grandes quantidades de areia ocorre a diminuio da

    presso sobre os lenis de gua subterrneos.

    No rio Guandu a captao seriamente prejudicada pelas mudanas

    fsico-qumicas da gua provocadas por esta atividade.

    A descaracterizao das margens propicia o seu repovoamento por um

    tipo de vegetao que, alm de no fix-las, se desprende e trazendo, tambm,

    problemas operacionais para a captao.

    A Comisso Estadual de Controle Ambiental, por meio da deliberao

    CECA n 3.554, de 02 de outubro de 1996, procurou traar diretrizes para o

    disciplinamento e controle da atividade no Estado, principalmente na sub-bacia

    do rio Guandu, com a suspenso da concesso de novas licenas para

    empreendimentos de extrao de areia e, para aqueles j instalados, que no

    tenham requerido a licena de extrao no leito do rio Guandu, no trecho

    compreendido entre a Usina Pereira Passos e a barragem da ETA-Guandu.

    O condicionamento de adoo de projetos de recuperao das margens do

    rio e de medidas compensatrias por danos ambientais, imposta aos ncleos de

    extrao de areia e esta deliberao, aplica-se tambm, aos rios contribuintes do

    rio Guandu.

    2.9.4.Reduo do impacto ambiental

    Ambientalistas defendem a cobrana de uma taxa sobre a utilizao da

    areia, alm da reparao dos danos ambientais, estimulando assim o

    investimento em pesquisa de materiais que a substituam, alm do controle ao

    desperdcio e a reduo do consumo.

    Novos produtos vm sendo estudados e utilizados de modo a substituir ou

    diminuir o consumo de areia natural, como estruturas em ao, gesso acartonado

    em diversas espessuras (parecido com divisrias de Eucatex), argila e

    reciclagem de entulhos, alm da produo de areia artificial, que substitui a areia

    natural em qualidade e volume.

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  • 43

    A fiscalizao da atividade mineral, ambiental, por parte dos rgos

    governamentais fundamental para assegurar a continuidade/viabilidade da

    minerao dentro de normas e critrios tcnicos.

    No Rio de Janeiro foram criadas Zonas de Produo Mineral ZPM, a fim de

    assegurar a continuidade da atividade num permetro definido, possibilitando

    estudo integrado visando a recuperao da rea minerada.

    2.10.Agregados

    2.10.1.Caracterizao tecnolgica

    A A.S.T.M. (American Society for Testing Materials) define agregados

    como Materiais minerais inertes que podem ser aglutinados por um ligante, para

    formar argamassas, concretos mastics, etc.

    Estes agregados podem ser classificados segundo a natureza, tamanhos e

    distribuio dos gros.

    Definies:

    Agregado de Enchimento

    AGREGADOS

    Quanto Natureza

    Quanto Tamanho

    Quanto Graduao

    Agregado natural

    Agregado Grado

    Agregado Artificial

    Agregado Mido

    Denso

    Aberto

    Tipo Macadame

    Agregado de Enchimento

    AGREGADOS

    Quanto Natureza

    Quanto Tamanho

    Quanto Graduao

    Agregado natural

    Agregado Grado

    Agregado Artificial

    Agregado Mido

    Denso

    Aberto

    Tipo Macadame

    AGREGADOS

    Quanto Natureza

    Quanto Tamanho

    Quanto Graduao

    Agregado natural

    Agregado Grado

    Agregado Artificial

    Agregado Mido

    Denso

    Aberto

    Tipo Macadame

    Quanto natureza das partculas Agregados naturais so todos aqueles provenientes da explorao de

    jazidas naturais, tais como: depsitos fluviais de areia, cascalho e seixos, areia

    de mina, pedreiras com rochas de diversos tipos: gnaisse, granito, calcrio,

    basalto, etc., sendo utilizados em sua forma e dimenses originais ou sofrendo

    apenas triturao mecnica e classificao atravs de instalaes de britagem.

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  • 44

    Agregados artificiais so aqueles em que os gros so produtos ou

    subprodutos de processo industrial por transformao fsica e qumica do

    material. Ex: argila expandida, escrias de auto forno, vermiculita, esferas de

    ao, limalhas, prolas ou flocos de isopor, etc.

    Quanto ao tamanho individual dos gros Agregado grado o material retido na peneira n 10 2,0mm. Ex: britas,

    cascalho, seixo, etc.

    Agregado mido areia de origem natural ou resultante do britamento de

    rochas estveis, ou a mistura de ambos, cujos gros passam pela peneira

    ABNT, n 10 e fica retido na peneira n 200 0,075mm.

    Agregado de enchimento ou material pulverulento filler o que passa

    pelo menos 65% pela peneira n 200. Ex: cal, cimento portland, p de chamin,

    etc.

    Quanto distribuio ou graduao dos gros Agregado de graduao densa aquele que apresenta uma curva

    granulomtrica de material bem granulado e contnua, com quantidade de

    material fino suficiente para preencher os vazios entre as partculas maiores.

    Agregado de graduao aberta aquela que apresenta uma curva

    granulomtrica de material bem graduado e continua, com insuficincia de

    material fino para preencher os vazios entre as partculas maiores.

    Agregado tipo macadame aquele que possui partculas de um nico

    tamanho, o chamado one size agregate. Trata-se, portanto, de um agregado de

    granulometria uniforme onde o dimetro mximo aproximadamente o dobro do

    dimetro mnimo.

    2.10.2.Morfologia das partculas

    A forma das partculas de um agregado um dado importante tendo em

    vista que formas indesejveis (lamelares ou alongadas) podem ser a causa de

    certas anomalias, como a variao do teor de aglomerante necessrio em uma

    mesma mistura. A forma ideal das partculas a cbica, que conduz a um maior

    entrosamento entre as mesmas (e, conseqentemente, a maior resistncia ao

    cisalhamento) e a uma menor rea especfica.

    O ndice de forma das partculas de um agregado avaliado pela

    percentagem de partculas lamelares ou alongadas presentes; a presena de

    partculas arredondadas determinada atravs do nmero de angularidade.

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  • 45

    Segundo Sousa (1980), o RRL (Road Research Laboratory) da Inglaterra

    define partculas lamelares como aquelas que tm uma dimenso mnima inferior

    a 0.6 vezes a dimenso mdia e partculas alongadas, como as que tm a

    dimenso mxima superior a 1.8 vezes a dimenso mdia. Dimenso mdia a

    mdia das aberturas de duas peneiras da srie normal, em que o agregado

    passa e retido, respectivamente.

    Para a determinao da percentagem de lamelares, por exemplo, na

    frao compreendida entre 1 e , toma-se uma amostra compreendida entre

    estas duas peneiras e um gabarito com uma fenda de dimenses 0,6 x

    [(1+3/4)/2], sendo consideradas lamelares as partculas que passarem na

    fenda: a percentagem de lamelares dada pela relao entre o peso das

    partculas lamelares e o peso de amostra total.

    Para a determinao da percentagem de alongados, toma-se a mesma

    amostra e um gabarito com dois pinos distanciados de 1.8 x [(1+3/4)/2], sendo

    consideradas alongadas as partculas que, segundo sua maior dimenso, no

    passarem entre os dois pinos; a percentagem de alongados dada pela relao

    entre o peso das partculas alongadas e o peso de amostra total.

    O limite permissvel para a percentagem de lamelares varia entre 35% e

    40%, dependendo do tamanho mdio da frao considerada. O ensaio s

    exeqvel com partculas acima de .

    2.10.3.Grau de Porosidade

    As partculas de um agregado apresentam vazios ou poros de duas

    naturezas: poros ou vazios permeveis ou impermeveis.

    Segundo DNER (1996), por definio, os vazios permeveis so

    preenchidos por gua, determinada em funo da diferena de pesos,

    expressos em percentagem, observados em uma amostra que, inicialmente

    imersa em gua durante 24 horas e depois seca em estufa a 100-110, at a

    constncia de peso.

    Para determinao do ndice de inchamento de agregado mido, a ABNT

    possui a norma 6467.

    O teor de umidade de absoro dos agregados midos pode chegar a 2%,

    enquanto nos agregados grados no ultrapassa, geralmente, a 0,2%.

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  • 46

    2.11.Utilizao de produtos reciclados de PET na construo civil

    Segundo Pacheco (2000), a UFRJ atravs do IMA (Instituto de

    Macromolculas), desenvolveu um material denominado madeira plstica, obtida

    a partir do lixo plstico urbano da cidade do Rio de Janeiro. O produto foi

    registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) com o nome de

    IMAWOOD, que consiste basicamente de mistura de LDPE/HDPE (polietileno

    de baixa densidade e de alta densidade) na proporo 3:1.

    Este produto pode substituir diversos materiais, principalmente a madeira

    natural, com inmeras vantagens, j que pode ser serrado, aparafusado,

    pregado e aplainado. Este material pode ser tambm modificado em suas

    caractersticas fsico-mecnicas pela adio de cargas, lubrificantes,

    estabilizantes, modificadores de impacto, corantes, pigmentos, biocidas e outros

    aditivos.

    Outro tipo de material desenvolvido nos Laboratrios do Centro Federal de

    Tecnologia do Paran/CEFET-PR so os blocos intertravados ISOPET,

    confeccionados em concreto leve com EPS (isopor) reciclado e produzido a

    partir de garrafas plsticas recicladas. Estes blocos apresentam encaixes laterais

    no sistema macho e fmea propiciando seu intertravamento; desta forma, no

    necessrio a utilizao de argamassa, exceto na primeira fiada. Os blocos

    possuem canaletas que substituem as formas na moldagem de vergas, contra-

    vergas e cintas de amarrao. Por possuir uma superfcie porosa, possvel

    eliminar o chapisco, o emboo e o reboco da parede aplicando apenas uma

    argamassa colante de finalizao. Segundo Aguiar(2004), estes blocos apresentam grandes vantagens na

    execuo de um projeto construtivo, pela sua leveza, facilitando o manuseio dos

    elementos, pelo baixo custo final da construo, melhorias no aspecto termo-

    acstico, e, sobretudo, pr ser um bloco ecolgico, que utiliza na sua

    composio materiais reciclveis e no reciclveis, trazendo desta forma

    benefcios no s construo civil, mas tambm ao meio ambiente.

    Barth (2003) desenvolveu no Laboratrio de Sistemas Construtivos da

    Universidade Federal de Santa Catarina, uma proposta onde as garrafas PET

    substituem os tijolos das paredes e das vigas. Elas so incorporadas no interior

    de painis modulares que so utilizados para construir uma casa pr-fabricada.

    Em um molde de madeira, o painel construdo da seguinte forma:

    inicialmente se preenche o fundo com uma camada de concreto, de 2 cm de

    espessura. Em seguida, so colocadas as garrafas plsticas, que tiveram a parte

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  • 47

    superior cortada e foram encaixadas umas nas outras. Na lateral, encaixada

    uma armadura de ferro que d resistncia ao bloco. Para completar, o painel

    preenchido com mais concreto.

    Estudos mais detalhados devem ser realizados de modo a garantir a

    resistncia mecnica no s do bloco, mas tambm do painel, para avaliar sua

    resistncia aos esforos mecnicos que ocorrero aps a instalao da

    cobertura.

    Entre as propostas apresentadas no Congresso Brasileiro de Cincia e

    Tecnologia em Resduos e Desenvolvimento Sustentvel (2004), Guimares &

    Tubino (2004), prope que os rejeitos de garrafas PET, pneu e casca de arroz

    sejam reutilizados como adio em argamassa de enchimento de painis tipo

    sanduche para paredes externas de casa de madeira, visando obter melhor

    desempenho trmico. Com este estudo verificou-se uma reduo de

    temperatura, entre as interfaces internas e externas do sanduche, muito

    prximas de setenta por cento.

    Soncim et al. (2004), prope que o resduo da reciclagem de PET seja

    usado como material alternativo na construo de reforo de subleitos de

    rodovias.

    Estudo do acrscimo de 30% em peso deste resduo, em solo considerado

    imprprio para uso em subleitos de rodovias, aumentando sua classificao para

    bom, de acordo com o HRB, instituto que regulamenta e classifica caractersticas

    de solos recomendados para obras rodovirias.

    Almeida et al. (2004), prope a utilizao de um resduo conhecido como

    areia de PET, que devido a sua granulometria (2,4 mm), ainda no tem um fim

    especfico a no ser o aterro, em substituio areia convencional, para preparo

    de concretos convencionais, observando-se a trabalhabilidade, a densidade e a

    resistncia compresso. Utilizou-se porcentagens de substituio em volume,

    para 0, 25, 50, 75 e 100%, na confeco de concretos testados para 3, 7, 14 e

    28 dias.

    A trabalhabilidade foi diretamente influenciada pelo aumento do teor de

    areia de PET na mistura, chegando a valores nulos de abatimento para 100% de

    substituio. Os concretos apresentaram queda na resistncia a compresso

    medida que se aumentava o teor de areia de PET, para todas as idades

    estudadas. Com relao influncia da deteriorao da areia de PET no foi

    detectado quaisquer perdas de resistncia para idades de ruptura de 150 dias. O

    resultado do estudo recomenda o uso deste material para valores abaixo de

    50%.

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  • 48

    Consoli et al. (2000) realizou estudo sobre o comportamento mecnico de

    uma areia cimentada reforada com resduos plsticos, avaliando os efeitos da

    incluso de fibras de polietileno tereftalato distribudas aleatoriamente, no reforo

    de solos artificialmente cimentados, formando um compsito solo-cimento-fibra.

    Foram avaliados o efeito da porcentagem de fibras, do comprimento da

    fibra, da porcentagem de cimento e da tenso confinante sobre as propriedades

    confinantes do compsito.

    Desta forma, conclui-se que a incluso das fibras de PET aumenta a

    resistncia de pico e a resistncia ltima da matriz cimentada e no cimentada,

    diminui o carter frgil da matriz cimentada e parece no alterar a rigidez dos

    compsitos estudados.

    Goulart (2000) props, em estudo realizado no Departamento de Cincias

    dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio, a substituio do agregado mido

    natural (areia lavada) por flocos de plsticos diversos, para produo de

    artefatos de concreto pr-moldados, principalmente placas para piso.

    Segundos os ensaios mecnicos realizados, verificou-se perda gradual em

    funo ao acrscimo de agregado plstico inserido na mistura onde para uma

    substituio de 30% ocorreu uma reduo na resistncia a compresso de 25%

    e para misturas com 50% de substituio estes valores passaram a 45%.

    Desta forma observa-se que a substituio da areia por agregado plstico

    na produo de artefatos pr-moldados, no estruturais torna-se possvel.

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    Reviso da LiteraturaGesto de resduosCaracterizao dos plsticosOs principais tipos de plsticosProcessos de reciclagem de Plsticos:

    Caracterizao do PETReciclagem de PETConsideraes sobre o processo de reciclagemImpedimentos para reciclagemColeta seletiva de embalagens PETLinha de Reciclagem de PETAtividade de extrao de areiaReservas naturaisO processo de extrao:Impacto ambientalReduo do impacto ambiental

    AgregadosCaracterizao tecnolgicaMorfologia das partculasGrau de Porosidade

    Utilizao de produtos reciclados de PET na construo civil