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Política para as políticas da Educação:
em busca de um novo modelo de governação
JOAQUIM AZEVEDO
20 de Maio 2010
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JOAQUIM AZEVEDO 2
De onde parto para definir esta política?
-os fundamentos antropológicos
-os fundamentos constitucionais (os direitos pessoais e os direitos
sociais ou de crédito)
-o princípio da subsidiariedade (na intervenção e como abstenção
de iniciativa)
-o princípio da solidariedade e do bem comum
-o princípio da família como base da educação
-o amor à liberdade e o incentivo à inovação social
I PARTE
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JOAQUIM AZEVEDO 3
Não temos tido uma política de educação, temos políticas avulsas
subordinadas:
-a um Estado prepotente
-à técnica e ao tecnicismo jurídico
-ao funcionalismo económico
-ao “curriculismo”
-à recusa de uma orientação política coerente e clara (os partidos
abdicam da espinha dorsal constitucional e humanista)
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JOAQUIM AZEVEDO 4
Exemplo 1:
As mudanças sucessivas nos modelos de Direcção e Gestão das Escolas
Realizadas em nome da AUTONOMIA DAS ESCOLAS
1989, 1992, 1998, 2007
II PARTE
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JOAQUIM AZEVEDO 5
Como se mudou?
-imposição de um modelo único em todo o país
-a realidade concreta de cada escola e seu contexto pouco importam
-mudanças são sobretudo nominalistas (mudam sempre os nomes das
coisas, as coisas é que nem por isso)
-por via da norma há muito que as escolas passaram a ser autónomas
-nada muda no edifício administrativo central e regional
(desconcentrado)
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JOAQUIM AZEVEDO 6
O que é comum a este modelo?
-as escolas e AE são entidades abstractas, iguais e periféricas
(devem reagir, não agir)
-não há confiança nas escolas e AE e nas suas direcções
-não há confiança nas famílias, autarquias, associações, …
-não há liberdade de educação, de ensinar e de aprender
-não há liberdade de construção de uma organização educativa escolar, logo
a responsabilização é menosprezada
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JOAQUIM AZEVEDO 7
Ou seja:
-a inteligência dos actores sociais e dos profissionais da educação é
dispensada
(excepto para cumprir a norma)
-a experiência acumulada nas organizações escolares de pouco vale
na hora da melhoria criativa
-o frenesim das normas substitui a acção ponderada dos actores
-a melhoria contínua é substituída pela mudança legislativa contínua
-o Estado-Educador substitui os direitos pessoais e sociais à educação
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JOAQUIM AZEVEDO 8
Ao fim de mais de 20 anos empilhamos uma infindável produção
legislativa
-é o “Paraíso da técnica” (Obin), um modelo securizador e
securitarista, é o Estado omnipotente
-é o deserto da ética, uma desresponsabilização permanente pelo
que realmente se passa
-o sistema é regulado sobretudo a priori (o que acontece depois já
não é tão importante), é o Estado omnisciente
-é um modelo assente na desconfiança e que não favorece nem a
liberdade, nem o amor à liberdade
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JOAQUIM AZEVEDO 9
A Técnica foi expulsando a Política (discutem-se normas, não se
coloca a educação no centro do espaço público)
“Juridicizam-se” os problemas da educação, que são pessoais e
sociais
A Política transformou-se no simulacro, o que importa é o faz-de-
conta (de que há autonomia…)
O foco da acção das escolas tende a ser o cumprimento das
normas, que mudam sempre, para não deixar desfocar esse olhar
“Isto da educação é muito difícil, nem quero perceber! “
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JOAQUIM AZEVEDO 10
Exemplo 2
Na cidade do Porto, em 2009, 200 adolescentes não encontram
qualquer resposta-proposta educativa.
No entanto, os meios do Estado “à disposição da Sociedade” são
brutais na sua dimensão.
Porque é que isto acontece?
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JOAQUIM AZEVEDO 11
Universo muito complexo de razões:
-desresponsabilização e passa-culpas
-modelos estandardizados de resposta que servem
a norma, não as pessoas concretas
-verticalização estatista da resposta e extrema
dificuladade de articulação horizontal
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JOAQUIM AZEVEDO 12
- cada pessoa concreta pouco interessa, as famílias e as comunidades
de pertença não são envolvidas
-não há liberdade, em cada escola, para construir uma resposta
concreta, mas o ME tem uns 20 programas ao dispor das escolas
-não há entendimento entre as dezenas de milhar de quadros técnicos
e dirigentes para responder a estes 200 adolescentes
-estamos de “cabeça atada”, o nó é mental, não é de recursos públicos
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JOAQUIM AZEVEDO 13
Exemplo 3
Lançamento dos cursos profissionais nas escolas secundárias
-imposição da administração de um modelo externo e não desejado
-lançamento apressado, sem qualquer quadro organizacional novo em
cada escola secundária
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JOAQUIM AZEVEDO 14
Soysal e Strang (1989)
Definiram três modelos de desenvolvimento da
educação:
-modelo social
-modelo político
-modelo retórico
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JOAQUIM AZEVEDO 15
Teóricos da regulação social (Reynaud, Terssac)
propõem uma análise em torno de três modelos:
-regulação de controlo
-regulação conjunta
-regulação autónoma
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JOAQUIM AZEVEDO 16
As sociedade históricas evoluem em espiral: avançamos e
recuamos, mas não estamos no mesmo ponto
-participação social nas escolas (pais-famílias, autarquias,
associações, variados interesses)
-reforço da capacitação institucional (avaliação externa – IGE,
AVES, etc e auto-avaliação)
-aumento da disponibilidade dos docentes para o trabalho na
escola
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JOAQUIM AZEVEDO 17
-reforço da legitimidade do Director e de um Projecto de
Melhoria por si apresentado
- as unidades de gestão são maiores e contêm mais
massa crítica
-vários projectos e inúmeros cursos com qualidade
reforçaram o poder de pensar, inovar e melhorar de muitos
professores
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JOAQUIM AZEVEDO 18
Como vamos melhorar a educação escolar?
- regressar à “escola do meu tempo”?
(solução elitista e anacrónica)
- a infantilidade cínica dos que falam do “eduquês” e nada dizem?
(solução que tudo destrói e nada edifica)
-trazer as questões difíceis ao espaço público e enfrentá-las?
(a acção humilde e cidadã)
Mudando (apenas) a política das políticas de educação!
III PARTE
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JOAQUIM AZEVEDO 19
Pressupostos para uma outra política:
A
-a educação tem o seu fundamento principal, numa visão personalista
do ser humano e da vida (não na economia)
-a educação é uma questão da liberdade e da sociedade e, depois, em
complemento e garantia, do Estado
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JOAQUIM AZEVEDO 20
- a educação escolar e social têm de articular e servirem o mesmo
Senhor: cada Pessoa!
- a liberdade tem de conduzir à autonomia real de cada escola e à
livre escolha por parte de cada família/ pessoa
- A confiança tem de constituir a espinha dorsal da acção do Estado
Em síntese: um amplo e persistente esforço de renovação ética
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JOAQUIM AZEVEDO 21
B
Em vez da mudança, a melhoria, dois paradigmas profundamente
distintos:
- Em vez de investir na iluminação da 5 de Outubro, re-conhecer:
- o humilde labor nas escolas, em todas as escolas;
- a acção determinada, optimista, socialmente integrada, persistente de cada
escola;
- envolvendo os professores, os alunos e as famílias/pais e outros actores e
instituições sociais;
- partindo de diagnósticos, de fragilidades e potencialidades;
- Promovendo planos anuais de melhoria gradual das escolas.
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JOAQUIM AZEVEDO 22
PAMGE
Planos, assentes em diagnósticos locais, em Contratos com a sociedade e o ME
Anuais, com a identificação dos pequenos passos que podemos e vamos dar em cada escola e AE
Melhoria, que aposte em melhorar , e não em mudar,duas ou três coisas por ano
Gradual, que tenha consciência de que todo o processo de melhoria é lento e que o processo é o conteúdo e de que é preciso muito trabalho, anos a fio
Escola, envolvendo todos os actores da escola, porque “é precisa uma aldeia para educar uma criança”, porque precisamos do quadro organizacional da escola todo revisto para o colocar ao serviço de percursos de qualidade para cada um e todos
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JOAQUIM AZEVEDO 23
CRealinhar toda a administração da educação sob os princípio da liberdade e da subsidiariedade
(deixar de endireitar a sombra da vara torta)
A administração local e a organização escolar (mobilizar toda a sociedade, ela é necessária para enfrentarmos os desafios que temos por diante)
Subsidiariamente, a administração regional e central (garantia da igualdade de oportunidades, da correcção de assimetrias regionais, da verificação a posteriori de níveis de qualidade)
(criando Agências de apoio às escolas, de empowerment, de apoio às que maiores dificuldades revelam, de correcção de assimetrias, de garantia da igualdade de oportunidades)
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JOAQUIM AZEVEDO 24
Apostar na regulação sociocomunitária da educação
- Apostar na competência das pessoas e dos actores locais, em cada comunidade
-reforçar o poder local e comunitário
-reforçar os laços de cooperação entre actores sociais, uma aprendizagem interinstitucional e interprofissional
-reforçar a cooperação famílias/ pais-escola
- Articular melhor a educação escolar com a educação social em cada comunidade
- Resolver localmente os problemas concretos das pessoas e do seu desenvolvimento humano
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JOAQUIM AZEVEDO 25
Inundar a educação escolar de
Liberdade: contra a uniformidade, o centralismo estatal e a técnica,
Confiança: contra a desconfiança, a política da Liberdade e da
Confiança
Compromissos: contra a desresponsabilização, a participação e o
Compromisso social e pessoal concreto, em cada comunidade
Esperança: contra o impasse e a complexidade crescente, a
Esperança da educação, em Liberdade e para mais liberdade e inovação
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JOAQUIM AZEVEDO 26
Deste cais, sim, partiremos para novas aventuras
cheias do brilho da nossa humanidade!