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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
MARIA LUCIA MIYAKE OKUMURA
OSIRIS CANCIGLIERI JUNIOR
CLODOALDO VERÍSSIMO DE OLIVEIRA
A APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PRODUTOS INCLUSIVOS: UM ESTUDO
NO ACESSO AO CÓDIGO QR PELO USUÁRIO COM DEFICIÊNCIA VISUAL
CURITIBA
2012
MARIA LUCIA MIYAKE OKUMURA
OSIRIS CANCIGLIERI JUNIOR
CLODOALDO VERÍSSIMO DE OLIVEIRA
A APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PRODUTOS INCLUSIVOS: UM ESTUDO
NO ACESSO AO CÓDIGO QR PELO USUÁRIO COM DEFICIÊNCIA VISUAL
CURITIBA
2012
Relatório Técnico apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção e
Sistemas – PPGEPS, vinculado ao título da
Dissertação: A Engenharia Simultânea aplicada
ao Projeto De Desenvolvimento Integrado de
Produtos Inclusivos: Uma Proposta de
Framework Conceitual.
Orientador: Prof. Osiris Canciglieri Junior, P.hD.
Equipe técnica
Maria Lucia Miyake Okumura, M.Eng.
Prof. Clodoado Veríssimo de Oliveira, Esp.
Prof. Osiris Canciglieri Junior, P.hD.
Dados da Catalogação na Publicação
Pontifícia Universidade Católica do Paraná Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR
Biblioteca Central
Okumura, Maria Lucia Miyake
O41a A aplicação da tecnologia assistiva no processo de desenvolvimento 2012 integrado de produtos inclusos : um estudo no acesso ao código QR pelo usuário com deficiência visual / Maria Lucia Miyake Okumura, Osiris Canciglieri Junior, Clodoaldo Veríssimo de Oliveira ; orientador, Osíris Canciglieri Junior. – 2012.
61 f. : il. ; 30 cm
Relatório Técnico (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Curitiba, 2012
Bibliografia : f. 55-58
1. Dispositivo de auto-ajuda para pessoas com deficiência. 2. Engenharia
simultânea. 3. Deficientes visuais. 4. Engenharia de produção. I. Okumura,
Maria Lucia Miyake. II. Canciglieri Junior, Osíris. III. Oliveira, Clodoaldo
Veríssimo de. IV. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas. V. Título.
CDD 20. ed. – 670
MARIA LUCIA MIYAKE OKUMURA, CLODOADO VERÍSSIMO DE OLIVEIRA E OSIRIS CANCIGLIERI JUNIOR. A Aplicação da Tecnologia Assistiva no
Processo Integrado de Desenvolvimento de Produtos Inclusivos: Um Estudo no Acesso ao Código QR pelo usuário com deficiência visual. Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, Escola Politécnica, Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba: PUCPR, 2012.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que colaboram para a realização deste Relatório Técnico.
Nosso agradecimento especial:
- a Deus, nosso Senhor, nossa esperança, nosso caminho;
- à equipe do Laboratório de Concepção e Desenvolvimento de Produtos do
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas (PPGEPS) da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR);
- à Instituição, equipe e alunos do Centro de Informática para Deficientes Visuais
Professor Hermann Görgen;
- ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas
(PPGEPS) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR);
- à Rosana Maria Beltrame Canciglieri pelo apoio e revisão do trabalho;
- ao Prof. Flávio José Arns do Governo do Estado de Paraná e da Secretaria de
Estado da Educação (SEED/PR) pelo incentivo à pesquisa.
RESUMO
O processo de Desenvolvimento Integrado de Produto ao abranger a área de Tecnologia Assistiva proporciona a elaboração de produtos inclusivos, visando atender o maior número de usuários. Para isso, integram-se as ferramentas, métodos e conceitos da Engenharia Simultânea, Desenho Universal e Acessibilidade para atender pessoas com alguma limitação física ou sensorial, como pessoas com deficiência e idosas. O foco desta pesquisa está no uso do código de barra QR de duas dimensões, aparelho celular e recursos de informática orientados para pessoas com deficiência visual como dispositivos e recursos da Tecnologia Assistiva. O objetivo deste Relatório Técnico é descrever as atividades de capturar a imagem do código QR através do aparelho celular, bem como a aquisição e geração da imagem por meio de dispositivos da informática, cujos processos são executados exclusivamente por pessoas com deficiência visual. Estas atividades consistem em detalhar o método e processo aplicado como produto da Tecnologia Assistiva A análise dos resultados obtidos apresenta a relação entre o usuário e a interação dos materiais selecionados e utilizados durante a execução dos procedimentos.
Palavras-chave: Tecnologia Assistiva, QR-Code, Pessoas com Deficiência Visual, Produto Inclusivo, Desenvolvimento de Produto.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Procedimentos técnicos ........................................................................... 13
Figura 2 – Aparelhos celulares orientados para pessoas com deficiência visual e diversos tipos de teclas dos aparelhos celulares disponibilizados no mercado. ....... 23
Figura 3 – Aparelho celular com aplicativo Talks. ..................................................... 24
Figura 4 – Código de barra de 1 dimensão e 2 dimensões ....................................... 27
Figura 5 – Dispositivo de captura de imagem do código-QR no processo de indústria automotiva. ................................................................................................................ 27
Figura 6 – Aparelho celular e captura do código QR. ................................................ 29
Figura 7 – Gráfico de evolução do código de barra. .................................................. 30
Figura 8 – Estrutura geral do código QR ................................................................... 30
Figura 9 – Estrutura do posicionamento padrão (Finder Pattern). ............................. 31
Figura 10 – Configuração padrão do Código QR. ..................................................... 31
Figura 11 – Estruturas do símbolo do código QR por versão .................................... 33
Figura 12 – Estrutura do código QR e a Informação de versão. ............................... 34
Figura 13 – Informação do formato no símbolo do Código QR. ................................ 34
Figura 14 – Estrutura de preenchimento dos dados e do ECC. ................................ 35
Figura 15 – Configuração dos aparelhos celulares selecionados. ............................ 39
Figura 16 – Aplicativo de leitura do Kaiwa ................................................................ 41
Figura 17 – Site utilizado para gerar imagem do Código QR. ................................... 43
Figura 18 – Imagem de código QR para processo de captura. ................................. 44
Figura 19 - Localização do código QR no papel em relevo. ...................................... 44
Figura 20 – Acessibilidade do site usando leitor de tela ............................................ 46
Figura 21 – Sites selecionados para o processo de aquisição do código QR. .......... 47
Figura 22 – Captura de imagem em ângulo diferente e caracteres JISX. ................. 49
Figura 23 – Bilhete de passagem no Japão. ............................................................. 59
Figura 24 – Identificação do paciente no hospital de Japão, Hong-Kong e Singapura com uso do scanner .................................................................................................. 59
Figura 25 – Identificação de alimentos em Taiwan com uso do scanner .................. 59
Figura 26 – Identificação de exame de laboratório clínico ........................................ 60
Figura 27 – Proposta de catálogo de Pizza com uso do aparelho celular ................. 60
Figura 28 – Aplicações comerciais. ........................................................................... 60
Figura 29 – Customização do Código QR por designers. ......................................... 61
Figura 30 – Revista Time e Designer do Código QR. ............................................... 61
Quadro 1 – Resultado preliminar da amostra do Censo demográfico de 2010 por tipo de deficiência ............................................................................................................ 17
Quadro 2 – Processo de envelhecimento ................................................................. 19
Quadro 3 – Tipos e capacidade de dados do código QR .......................................... 28
Quadro 4 – Alinhamento padrão e módulos por versão do código QR. .................... 32
Quadro 5 – Quantidade de bits ocupado por tipo de caracter ................................... 36
Quadro 6 – Capacidade de correção de erro ............................................................ 37
Quadro 7 – Aplicativos de leitura de código QR para aparelho celular. .................... 40
Gráfico 1 – Composição etária da população com pelo menos uma deficiência e proporção de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas por idade no Brasil no ano de 2000. ......................................................................................... 18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
2D Bi-dimensional
Anatel Agência Nacional de Telecomunicações
BCH Bose-Chaudhuri-Hocquenghem
CAT Comitê de Ajudas Técnicas
CEN / CENELEC
European Committee for Standardization / European Committee for Electrotechnical Standardization
CORDE Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
ECC Error Correction Codewords
http HyperText Transfer Protocol
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISO/IEC "International Organization for Standardization / International Electrotechnical Commission
JISX Japanese Industrial Standard Extends
Led Light-emitting diode
OCR Optical Character Recognition
ONU Organização das Nações Unidas
PcD Pessoas com Deficiência
PDF Portable Data File
PDIP Processo de Desenvolvimento Integrado de Produto
PNAD Pesquisa Nacional por Amostragem por Domicílio
PPGEPS Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas
PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
QR Quick Response
RAM Random Access Memory
SACI Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
TA Tecnologia Assistiva
URL Uniform Resource Locator
WHO World Health Organization
WWW World Wide Web
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 11
1.2 OBJETIVO .......................................................................................................... 12
1.3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................ 13
1.4 ESTRUTURA DO RELATÓRIO .......................................................................... 14
2 TECNOLOGIA ASSISTIVA .................................................................................... 15
2.1 ACESSIBILIDADE .............................................................................................. 16
2.2 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E PESSOAS IDOSAS ....................................... 17
2.3 DEFICIÊNCIA VISUAL E TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO .......................... 20
2.3.1 Tecnologia de comunicação ......................................................................... 21
2.3.2 Sistema Braille ............................................................................................. 22
2.3.3 Acessibilidade no aparelho celular para pessoas com deficiência visual .... 23
2.3.4 Acessibilidade na informática por pessoas com deficiência visual .............. 25
3 CÓDIGO DE BARRA DE 2 DIMENSÕES: QR-CODE......................................... 27
3.1 CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO-QR .............................................................. 29
3.2 CAPACIDADE DE CORREÇÃO DE ERROS ....................................................... 37
4 APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE BARRA 2D – QR CODE NO APARELHO CELULAR ............................................................................................................. 38
4.1 PROCESSO DE CAPTURA DO CÓDIGO QR ..................................................... 38
4.1.1 Seleção do aparelho celular ......................................................................... 38
4.1.2 Seleção do aplicativo software de leitor de código de barra ........................ 40
4.1.3 Preparação da imagem do código QR para processo de captura ................ 42
4.2 PROCESSO DE AQUISIÇÃO E GERAÇÃO DO CÓDIGO QR ................................. 45
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ........................................................... 48
5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS: PROCESSO DE CAPTURAR O CÓDIGO QR .. 48
5.1.1 Influência do modelo do aparelho celular ..................................................... 48
5.1.2 Desempenho dos programas de leitor de código de barra e leitor de tela ... 49
5.1.3 Versão do código QR e o número de caracteres ......................................... 50
5.1.4 Luminosidade do ambiente .......................................................................... 50
5.1.5 Relevos para localização ............................................................................. 51
5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS: PROCESSO DE AQUISIÇÃO E GERAÇÃO DO
CÓDIGO QR .............................................................................................................. 51
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 53
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55
APÊNDICE A – APLICAÇÂO DO CÓDIGO QR ....................................................... 59
ANEXO A – CUSTOMIZAÇÃO DO CÓDIGO QR ..................................................... 61
11
1 INTRODUÇÃO
A área da Tecnologia Assistiva vem se expandindo em diversos segmentos
do conhecimento, atribuindo a inovação e adaptação dos produtos que auxiliam ou
ampliam as habilidades funcionais das pessoas com mobilidade física limitada,
percepção sensorial reduzida, idosas e das pessoas com deficiência, tais como
ferramentas ou utensílios de apoio para executar alguma atividade.
A possibilidade de adaptação utilizando as tecnologias existentes no mercado
contribui significantemente no produto da Tecnologia Assistiva (TA) reduzindo o
custo desde o início do projeto, como o caso do código de barras de duas
dimensões (2D) – QR Code no aparelho celular, que é o objeto explorado neste
relatório.
Neste contexto, o presente Relatório Técnico é proveniente de um dos
estudos de casos apresentados na dissertação de mestrado de Okumura (2012). A
pesquisa da dissertação é uma proposta de framework composta de Processo de
Desenvolvimento Integrado de Produto (PDIP) no ambiente da Engenharia
Simultânea buscando projetar um produto que atenda o maior número possível de
usuários baseado na TA e denominado de produto inclusivo. Assim, entre os
conceitos teóricos e a aplicação nos estudos de casos, o framework conceitual
proposto apresentou aspectos flexíveis, de tal forma que permite projetar conforme a
função do produto, atividade e característica do usuário.
O estudo de caso abordado neste relatório concerne ao PDIP da TA visando
um produto inclusivo e classificado como de uso individualizado para usuário. Neste
processo, é relevante mencionar que a Engenharia Simultânea permitiu um
ambiente de integração de conhecimento das áreas multidisciplinares envolvidas na
macrofase de elaboração de projetos, abrangendo, assim, os requisitos necessários
para desenvolver o projeto de produto inclusivo.
1.1 JUSTIFICATIVA
O aparelho de telefonia móvel é uma das tecnologias bem aceitas na
sociedade e presentes no cotidiano de muitas pessoas, apresentando variedades de
modelos. Além do simples uso de chamadas telefonicas, o aparelho celular
12
apresenta outras funções que foram agregadas devido à evolução e inovação
tecnológica para atender um mercado de grande concorrência, as exigências do
cliente, bem como oferecer conforto no seu uso.
Segundo Anatel (2012), o mês de agosto de 2012, fechou com 257,90
milhões de linhas ativas na telefonia móvel com teledensidade de 131,16 acessos
por 100 habitantes no Brasil.
Em vista da utilidade do aparelho celular, se atribuídas algumas funções
específicas, pode se tornar em um dispositivo da TA que atendem pessoas com
deficiência visual. Neste aspecto, o presente relatório apresenta o processo de
capturar e gerar a imagem do código de barras 2D – QR Code por pessoas com
deficiência visual que o utilizarão como ferramenta de apoio. O relatório mostra
também a performance dos materiais selecionados para o teste e a interação do
mesmo com o usuário.
Além disso, abre-se a possibilidade de profissionais de outras áreas aplicarem
o recurso do código de barra 2D – QR em seus produtos ou serviços, como
dispositivo da TA para atender a diversidade social e contribuir na autonomia das
pessoas com deficiência visual, idosos ou pessoas com alguma limitação para
enxergar.
1.2 OBJETIVO
O objetivo do Relatório Técnico é descrever as atividades de capturar a
imagem do código QR através do aparelho celular, bem como a aquisição da
imagem por meio de dispositivos da informática, cujos processos são executados
exclusivamente por pessoas com deficiência visual. Estas atividades consistem em
detalhar o método e processo aplicados como produto da TA, e também relacionar a
interação dos materiais selecionados e utilizados com o usuário durante a execução
dos procedimentos.
Para alcançar o objetivo, as atividades da pesquisa foram realizadas no
Centro de Informática para Deficientes Visuais Professor Hermann Görgen, situado
no Centro de Curitiba, que apresenta equipamentos apropriados e configurados para
alunos com deficiência visual e no Laboratório de Concepção e Desenvolvimento de
13
Produtos do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas
(PPGEPS) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
1.3 METODOLOGIA DA PESQUISA
O Relatório Técnico é uma pesquisa de natureza aplicada, pois apresenta
uma aplicação prática para gerar conhecimentos dirigidos à solução de problemas
específicos. Assim, busca-se entender um fenômeno específico de abordagem
qualitativa com um objetivo científico exploratório, cujo enfoque principal encontra-se
na descrição do processo. No procedimento técnico (Figura 1), primeiramente está o
embasamento da literatura nos temas que envolveram esta pesquisa:
a) a tecnologia assistiva desdobrando-se nos temas da acessibilidade,
pessoas com deficiência visual e pessoas idosas, e tecnologia de
comunicação para pessoas com deficiência visual;
b) o código de barra de 2D, que é o escopo deste trabalho.
Figura 1 – Procedimentos técnicos
Fonte: Autores (2012).
Na sequência foram selecionados os aparelhos celulares e os programas
computacionais (software) disponíveis no mercado para aplicação nas atividades de
14
captura de imagem do código QR e aquisição e geração do código QR executadas
pelo usuário com deficiência visual. Ao final, apresenta-se a análise dos resultados
obtidos de cada atividade e a conclusão do relatório técnico.
1.4 ESTRUTURA DO RELATÓRIO
A estrutura do Relatório Técnico é organizada em 6 (seis) Capítulos conforme
os temas especificados no procedimento técnico que foram descritos na metodologia
de pesquisa. Deste modo, os Capítulos são compostos de:
- Capítulo 1: apresenta a introdução do Relatório que contextualiza o tema
abordado, a justificativa, o objetivo, a metodologia da pesquisa e a estrutura do
mesmo;
- Capítulo 2: consiste no embasamento bibliográfico acerca da tecnologia
assistiva e seu usuário, onde são explanados os tópicos sobre a acessibilidade,
pessoas com deficiência visual e pessoas idosas, e deficiência visual e tecnologia de
comunicação;
- Capítulo 3: compreende a revisão bibliográfica referente o código de barra
de 2 dimensões - QR Code, e apresenta também as características do Código-QR e
a capacidade de correção de erros;
- Capítulo 4: concerne na aplicação do código de barra 2D – QR Code no
aparelho celular, e divide-se no processo de captura do código QR e no processo
para aquisição e geração do código QR;
- Capítulo 5: apresenta a análise dos resultados obtidos do processo de
captura do código QR e do processo de aquisição e geração do código QR;
- Capítulo 6: apresenta a conclusão final do Relatório e recomendações para
estudos futuros.
15
2 TECNOLOGIA ASSISTIVA
O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) (2007) juntamente com a Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência/Secretaria Especial de
Direitos Humanos (CORDE/SEDH) definiram a conceituação e nos estudos de
normas de tecnologia assistiva, estabeleceram:
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
Tendo em vista a abrangência do conceito, compreende-se que os produtos
da Tecnologia Assistiva (TA) ampliam-se de tal forma para atender quaisquer
circunstâncias do usuário e contribuir na sua inclusão social.
De acordo com Story et al. (1998), a TA surgiu juntamente com a Engenharia
de Reabilitação, em meados do século 20, devido a necessidade de melhorar as
próteses e órteses de milhares de soldados que retornaram com deficiência física da
Segunda Guerra Mundial em 1940. Desta forma, a partir da década de 1950, os
centros de engenharia de reabilitação buscaram soluções, pesquisando áreas de
tecnologias e reabilitação, incluindo questões de mobilidade, comunicação e
transporte. Com isso, a área de engenharia de reabilitação tornou-se especializada,
com fundamentação e aplicação de metodologias científicas, cuja função assiste
tecnologicamente o usuário específico com aplicação de dispositivos acerca de
aumentar as capacidades físicas, sensoriais e cognitivas, e assim proporcionar certa
autonomia.
Mediante o contexto, encontra-se o propósito comum entre a engenharia de
reabilitação e a TA, incluindo desenho universal, o qual orienta para reduzir as
barreiras físicas e atitudinais entre pessoas com e sem deficiência. No entanto, a TA
atende às necessidades específicas dos indivíduos e o desenho universal tem a
visão de atender a todos, assim, verifica-se que existe uma lacuna entre o conceito
de “universal” e “apoio”, porém Story et al.(1998) salientam que pode existir pontos
em comum para alguns produtos cuja estrutura projetada possibilita atender a
maioria das pessoas, e mais a função de tecnologia assistiva. Normalmente, estes
16
produtos são concebidos como um dispositivo de alta tecnologia, tais como software
de reconhecimento de voz. Portanto, a cooperação entre os profissionais de áreas
diferentes podem contribuir na diversidade de atender o usuário, quanto à
investigação de novos designers e aprofundar as técnicas de reabilitação,
ergonomia de deficiência e envelhecimento, assim como envolver nos estudos de
ambientes funcionais, seguro, atrativo e de expectativas de negócios.
Entre as classificações de recursos da TA, conforme UNIT-ISO 9999 (2008) e
Bersch (2008) encontram-se os produtos designados para auxílios de pessoas
cegas ou para pessoas com visão subnormal que são: equipamentos que visam a
autonomia das pessoas com deficiência visual na realização de tarefas como
consultar o relógio, usar calculadora, verificar a temperatura do corpo, identificar se
as luzes estão acesas ou apagadas, cozinhar, identificar cores e peças do vestuário,
verificar pressão arterial, identificar chamadas telefônicas, escrever, ter mobilidade
independente etc. Inclui também auxílios ópticos, lentes, lupas e telelupas; os
softwares leitores de tela, leitores de texto, ampliadores de tela; os hardwares como
as impressoras Braille, lupas eletrônicas, linha Braille (dispositivo de saída do
computador com agulhas táteis) e agendas eletrônicas.
2.1 ACESSIBILIDADE
A acessibilidade concerne em identificar e eliminar os elementos obstrutivos
para conceber o pleno acesso às pessoas com deficiência ou com mobilidade
reduzida, e assim, a acessibilidade exerce função na integração e inclusão social.
A Lei Federal nº 10.098/2000 (BRASIL, 2000b) estabelece normas quanto a
promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade
reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços
públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de
transporte e de comunicação.
A Acessibilidade Brasil (2009) complementa que a ONU (Organização das
Nações Unidas) preconizou condições sociais igualitárias até 2010, pela
equiparação de oportunidades e inclusão da pessoa com deficiência, desde o direito
de nascer, e inclusive no trabalho, que lhe assegura lugar na comunidade humana.
17
Alguns destes princípios são:
a) valorização das diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
b) defesa da igualdade de direitos entre a pessoa com deficiência e qualquer outra;
c) identificação de seus direitos em conseguir que o Estado e a sociedade deem
solução de continuidade das restrições de participação, provenientes do ambiente
humano e físico contra a pessoa com deficiência.
2.2 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E PESSOAS IDOSAS
Define-se “deficiência” como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
e, deficiência permanente, aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período
de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se
altere, apesar de novos tratamentos (BRASIL, 2007).
Segundo IBGE (2011) o resultado preliminar da amostra do Censo
demográfico de 2010 mostra que entre 190.755.799 da população no Brasil, estão
45.623.910 pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas,
correspondendo a 23,9% do total. Este resultado revela aspectos mais detalhados
de grau de deficiência comparado ao Censo do ano de 2000, conforme ilustra o
Quadro 1.
Quadro 1 – Resultado preliminar da amostra do Censo demográfico de 2010 por tipo de deficiência
Tipo de
deficiência
Não consegue
de modo
algum
Grande
dificuldade
Alguma
dificuldade Total
Visual 528.624 6.056.684 29.206.180 35.791.488
Auditiva 347.481 1.799.885 7.574.797 9.722.163
Motora 740.456 3.701.790 8.831.723 13.273.969
Intelectual - - - 2.617.025
Fonte: Adaptado de IBGE (2011).
18
Consta na análise por grupo de idade no Censo de 2000 (BRASIL, 2003),
referente à proporção de pessoas com pelo menos uma deficiência ou incapacidade,
que para as crianças de 0 a 14 anos de idade, 4,3% delas apresenta pelo menos um
tipo de incapacidade. Essa proporção passa a 15,6% das pessoas em idade ativa
(15 a 64 anos). Mais da metade das pessoas de 65 anos ou mais declararam ser
portadoras de alguma deficiência ou incapacidade. O crescimento da proporção se
verifica com a idade e é consequência do aumento das limitações nas atividades, o
que decorre do envelhecimento.
Desta forma, na composição da pirâmide etária, conforme apresentado no
Gráfico 1, do total de pessoas com pelo menos um tipo de deficiência constata-se
que o maior número absoluto de pessoas com deficiência encontra-se na população
de 40 a 49 anos de idade, especialmente a feminina, e aumenta a proporção de
deficiências investigadas, conforme o avanço da idade. Logo, existem no Brasil,
quase 4,5 milhões de pessoas de 40 a 49 anos com pelo menos uma deficiência ou
incapacidade, sendo 2,4 milhões de mulheres e quase 2,1 milhões de homens.
Assim, predomina o grupo de pessoas com pelo menos alguma dificuldade de
enxergar. No caso de dificuldades para ouvir ou de locomoção, os grupos mais
numerosos são os de pessoas de 60 a 69 anos de idade. Neste aspecto, destaca-se
que a proporção de pessoas com deficiência (PcD) aumenta com a idade, passando
de 4,3% nas crianças até 14 anos, para 54% do total das pessoas com idade
superior a 65 anos. Logo, à medida que a estrutura da população está mais
envelhecida, a proporção de pessoas com deficiência aumenta.
Gráfico 1 – Composição etária da população com pelo menos uma deficiência e proporção de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas por idade no Brasil no ano de 2000.
Fonte: IBGE (2003).
19
Em 2008, a Pesquisa Nacional por Amostragem por Domicílio (PNAD) fez
uma pesquisa e apresentou a estimativa que existam aproximadamente 19 milhões
de pessoas idosas no Brasil, cuja população masculina é cerca de 9 milhões, e 10
milhões de feminina (BRASIL, 2010). Consta na pesquisa que entre a população
idosa, 70% das pessoas vivem de forma independente e, aproximadamente 20%
apresentam alguma deficiência ou incapacidade para realizar alguma atividade
cotidiana.
De acordo com a Tábua de Mortalidade do Brasil (IBGE, 2011) projetada para
o ano de 2010, a esperança de vida ao nascer, para ambos os sexos, foi de 73,48
anos. Este processo de aumento da longevidade de população brasileira, combinado
com a redução do nível geral da fecundidade, indica o prognóstico de aumento, em
termos absolutos, da população envelhecida para próximos anos. Assim, IBGE
(2011) coloca em estado de atenção as políticas sociais e econômicas que devem
levar em consideração este contingente de população envelhecida, além do país
estar em crescente processo de urbanização.
Quadro 2 – Processo de envelhecimento
Funções Fisiológicas Características
Antropometria - a estatura diminui gradativamente;
- redução dos alcances e das flexibilidades, principalmente dos braços.
Força muscular - força muscular decresce gradativamente.
Processos Cognitivos
- dificuldade no processamento dos estímulos de tarefas complexas;
- dificuldade de reter novas informações na memória de curta duração;
- esquecer o objetivo da ação em plena fase de execução.
Visão
- aumenta gradativamente a distância de focalizar o objeto e perda na
velocidade de acomodação da imagem;
- diminui a percepção de pequenos detalhes;
- o cristalino e o humor vítreo perdem transparência, necessitando de
maior intensidade de luz;
- declina a capacidade de discriminar cores.
Audição
- diminui a capacidade de audição, sobretudo os agudos;
- dificuldade para identificar sons de baixa intensidade ou discriminar
entre vários sons.
Fonte: Baseado em Iida (2005).
Em vista do crescimento de pessoas idosas na população mundial, a
acessibilidade e usabilidade dos produtos e serviços tornou-se essencial, conquanto
20
nem todos os idosos são PcD. Portanto, é imprescindível reconhecer as limitações
funcionais e cognitivas das pessoas idosas, pois as necessidades e capacidades
das pessoas alteram-se à medida que a idade for avançando, e assim, as
habilidades dos indivíduos podem comprometer-se consideravelmente com o
envelhecimento. Para tanto, buscam-se organização de normalização que atendam
as necessidades das pessoas com deficiência e pessoas idosas no desenvolvimento
de soluções na área de TA e projeto de desenvolvimento acessível para garantir os
seus interesses (CEN;CENELEC, 2002).
Segundo Iida (1985), “o processo de envelhecimento provoca uma
degradação progressiva da função cardiovascular, forças musculares, flexibilidade
das articulações, órgãos dos sentidos e da função cerebral”, conforme demonstrado
no Quadro 2.
2.3 DEFICIÊNCIA VISUAL E TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO
Conforme Decreto Federal nº 5.296/2004 (BRASIL, 2004), ITS e Microsoft
(2008), Brasil (2007), conceitua-se a deficiência visual:
a) Cegueira – na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica;
b) Baixa Visão – significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a
melhor correção óptica;
c) Os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os
olhos for igual ou menor que 60°;
d) Ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.
Ressaltamos a inclusão das pessoas com baixa visão a partir da edição do
Decreto nº 5.296/04. As pessoas com baixa visão são aquelas que, mesmo
usando óculos comuns, lentes de contato, ou implantes de lentes intra-
oculares, não conseguem ter uma visão nítida. As pessoas com baixa visão
podem ter sensibilidade ao contraste, percepção das cores e intolerância à
luminosidade, dependendo da patologia causadora da perda visual.
21
O fato da perda de visão, na maioria dos casos, está relacionado com o
envelhecimento fisiológico, e consta que cerca de 80 milhões de PcD visual no
mundo, 45 milhões são cegas, devido aumentar o comprometimento visual com o
passar da idade, assim, aproximadamente 4% das pessoas com mais de 60 anos
são cegas, e dentre as causas frequentes estão a catarata, glaucoma, degeneração
macular e retinopatia diabética (WHO, 2005).
2.3.1 Tecnologia de comunicação
A comunicação está entre as atribuições essenciais para acessibilidade que
transpõe obstáculos de diferentes formas que podem ser: falada, escrita, gestual,
língua de sinais, digital, entre outras (ITS; MICROSOFT, 2008).
Segundo as normas ABNT (NBR 15599:2008) as barreiras na comunicação
são definidas como “qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a
expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou sistemas
de comunicação, sendo ou não de massa”.
De acordo com Galvão Filho e Damasceno (2002) os recursos de
acessibilidade para uso de computador, relacionada às PcD com mobilidade
reduzida ou com alguma limitação, classificam em três grupos:
a) Adaptações físicas ou órteses: são todos os aparelhos ou adaptações
fixadas e utilizadas no corpo da PcD e que facilitam a interação do mesmo
com o computador;
b) Adaptações de hardware: são todos os aparelhos ou adaptações
presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou
mesmo, quando os próprios periféricos, em suas concepções e
construção, são especiais e adaptados;
c) Softwares especiais de acessibilidade: são os componentes lógicos das
tecnologias de informação e comunicação quando construídos como
Tecnologia Assistiva, ou seja, são os programas especiais de computador
que possibilitam ou facilitam a interação do usuário com deficiência com a
máquina.
22
Segundo a Intervox (2011), a importância da comunicação por meio de
recursos da tecnologia contribui para a PcD visual nos aspectos de melhorar as
condições de acesso à educação e consequentemente, possibilitar uma melhoria na
qualidade de vida, seja no desenvolvimento intelectual, cognitivo, pessoal ou
profissional, além de possibilitar a comunicação, seja profissional ou nas formas de
entretenimento com outros indivíduos em condições de igualdade.
A Rede Saci (2011) salienta que o sistema de comunicação, numa visão da
área de terapia ocupacional, pode se relacionar como apoio para desenvolver
aspectos motores e cognitivos do indivíduo e também para auxiliar na realização de
suas atividades. Para este aspecto, as principais características são: velocidade em
que a mensagem pode ser enviada; se o dispositivo é portátil; acessibilidade do
usuário em várias posições; a dependência de fontes de poder manuais ou
eletrônicas; a qualidade da saída e tempo de duração; a independência do usuário;
a flexibilidade do vocabulário (programável ou fixo); o tempo requerido para a
reparação e manutenção do dispositivo; técnicas de seleção (varredura, direta,
codificação).
2.3.2 Sistema Braille
O sistema Braille foi elaborado por Louis Braille em 1825, baseado na escrita
em relevo usada para transmissão e leitura de mensagens secretas de militares,
para a comunicação noturna na época da guerra. É um método de leitura e escrita
composto de símbolos formados nas combinações de seis pontos dispostos numa
cela com duas colunas de três pontos, cujos sinais codificam letras do alfabeto,
pontuações, números, notas musicais e outros. A leitura dos pontos em relevo é tátil,
cada símbolo acomoda-se na ponta do dedo para identificação e interpretação. A
escrita pode ser manual, usando reglete e punção ou uma máquina de escrever em
Braille, ou ainda utilizando uma impressora em Braille (OKUMURA, 2012). Portanto,
o sistema Braille contribui fortemente no acesso a leitura e escrita das pessoas
cegas, principalmente relacionada à alfabetização de alunos com deficiência visual.
Desta forma, existe certo esforço por parte da sociedade brasileira e pela
força da Lei de apresentar impressos em Braille para atender pessoas com
23
deficiência visual, possibilitando, assim, uma comunicação ao alcance dos produtos
e serviços ofertados. No entanto, os impressos em Braille atende somente pessoas
cegas que dominam a leitura do sistema Braille, sendo que entre as pessoas com
deficiência visual no Brasil, cerca de 150 mil são cegos e os demais são
considerados baixa visão, ou seja, com algum comprometimento visual (IBGE,
2005). Além disso, a escrita no sistema Braille ocupa espaço considerável, devido os
símbolos em Braille terem tamanho padrão, de forma que, cada letra em relevo
acomoda-se na ponta do dedo no momento da leitura, assim, o Braille utiliza mais
área na folha de papel do que a impressão em tinta.
Nestes termos, segundo a projeção da OMS, é previsto 75 milhões de cegos
em 2020 para população mundial e a relação à baixa visão aproximadamente três
vezes mais (WHO, 2004). Sendo assim, para comunicar e atender a maioria das
pessoas com deficiência visual deveria existir a opção de impressos com letras
ampliadas ou monocromáticas.
2.3.3 Acessibilidade no aparelho celular para pessoas com deficiência visual
O aparelho celular pode ser considerado como dispositivo da TA para PcD
visual quando possui alguns recursos como ampliação, alternativa de mudar a tela
para monocromática e leitor de tela.
Figura 2 – Aparelhos celulares orientados para pessoas com deficiência visual e diversos tipos de
teclas dos aparelhos celulares disponibilizados no mercado.
Fonte: Adaptado de SAMSUNG (2011); NOKIA (2011).
24
Em termos de configuração do aparelho, existem diversos modelos conforme
ilustrado na Figura 2, sendo alguns com teclados em Braille e outros com teclas de
fácil percepção pelo tato. No entanto, algumas pessoas cegas mais habilidosas,
conseguem manusear os aparelhos celulares do tipo touch screem ou mesmo
dispositivos com teclado comum, se houver recurso do leitor de tela ou a
possibilidade de conectar um teclado avulso no dispositivo.
O aplicativo - software que tem a função de leitor de tela no aparelho celular é
o Talks da empresa Nuance (2011), que está entre o mais conhecido e utilizado
atualmente e instituições que distribuem para pessoas com deficiência visual pode
adquirir a versão completa ou receber uma versão simplificada. Em ambos os casos,
o programa Talks é instalado no aparelho celular e depois é validado para o uso pela
empresa Nuance (2011). Existem outros leitores como o aplicativo VoiceOver que
já vem instalado no aparelho Iphone 4 ou Iphone 3GS da APLE (TEIXEIRA, 2011).
Através do leitor de tela é possível consultar a agenda dos contatos para telefonar,
enviar e receber mensagem, e outras funções. Para atender as pessoas com baixa
visão, existe a opção para configurar o aplicativo podendo ampliar as informações
da tela do aparelho celular em até 250 vezes, alterar o visual da tela para preto e
branco ou na escala de cinza, conforme ilustra a Figura 3.
Figura 3 – Aparelho celular com aplicativo Talks.
Fonte: Okumura (2012).
Configuração Talks:
- Ampliação: 100%, 125%,
150%, 200%, 250%.
- Filtro de cores: Preto/branco,
escala de cinza.
- Inversão de cores: sim; não.
- Velocidade de deslocamento.
25
2.3.4 Acessibilidade na informática por pessoas com deficiência visual
A inovação tecnológica trouxe contribuições significantes para muitas áreas,
principalmente quando relacionada ao uso do computador e a rede internet, que
abriram o acesso às informações e comunicações de forma global. Estas
tecnologias de informação e de comunicação (TIC´s) também são abarcadas como
TA para atender a população com necessidades especiais promovendo a inclusão
social, digital e educacional. Assim, os TIC´s no processo educacional para pessoas
com deficiência visual facilitam o aprendizado com os recursos de escrita, leitura e
pesquisa de informação (SACI, 2011), tornando-se ferramentas essenciais para os
seus estudos.
Um dos recursos que permite à pessoa com deficiência visual ter o acesso ao
mundo da informática é o programa “leitor de telas”, através do sintetizador de voz,
possibilitando a leitura, a escrita de textos no computador e inclusive de navegar na
rede de internet. Desta forma, os textos, encontrados impressos em tinta no papel,
podem ser acessíveis, se digitalizados através do periférico “scanner” acoplado no
computador, que captura a imagem do texto e a transforma no arquivo de símbolos,
em seguida, executa-se o programa OCR (Optical Character Recognition) para
reconhecer as letras do texto para que o programa de “leitor de tela” possa efetuar a
leitura ou enviar para impressão em Braille.
Os programas de computador que atribuem a função do sintetizador de voz
são considerados uma das principais ferramentas da TA para autonomia das
pessoas com deficiência visual, pois possibilitam o acesso ao mundo da informática
e promovem a inclusão digital. Desta forma, estes programas permitem alcançar
recursos que o ambiente de informática oferece para o aprendizado, pesquisa de
informação e participação na rede social e virtual. Entre os programas acessíveis
presentes no mercado estão (SACI, 2011; ASSISTIVA, 2011):
a) DOSVOX: Programa desenvolvido e distribuído gratuitamente pelo
Núcleo de Computação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(2011). A principal característica deste software é a interatividade com
o usuário, por meio de diálogo de voz humana gravada, que estabelece
fácil compreensão e operação via teclado.
b) Virtual Vision: Programa leitor de tela desenvolvido pela empresa
brasileira MicroPower (2011) e distribuída gratuitamente por
26
estabelecimentos conveniados. O software utiliza o Delta Talk que faz
o sintetizador de voz em português com boa qualidade de áudio.
c) Jaws: Programa leitor de tela desenvolvido pela norte-americana
Freedom Scientific (2011). Este software é considerado o mais
requisitado no mundo por configurar para diversos idiomas e
apresentar mais opções de acesso no computador.
d) NVDA NonVisual Desktop Access: Programa leitor de tela de
distribuição gratuita pela NV Acess com sede na Austrália. O
protagonista do programa é Michael Curran, estudante cego e fundador
da NV Acess. Atualmente participam várias pessoas voluntariamente
de diversos países para melhorar e atualizar o programa. Este leitor é
configurável para 20 idiomas diferentes e possui a versão compacta e
portátil que permite o uso do programa gravado em dispositivo móvel –
pendrive ou CD, possibilitando a conexão USB ou drive de CD de
computador sem a necessidade de instalação do mesmo. Ressalta-se
outra atividade da NV Acess que tem consórcio com a empresa Adobe
para melhorar a acessibilidade dos arquivos em PDF (NV ACESS,
2011).
27
3 CÓDIGO DE BARRA DE 2 DIMENSÕES: QR-CODE
O QR-Code é um código de barra presente no mercado e o seu nome provem
da abreviação das palavras “quick response” pela capacidade rápida de
interpretação.
Figura 4 – Código de barra de 1 dimensão e 2 dimensões
Fonte: Baseado em Kieseberg et.al. (2010).
O código QR foi desenvolvido em 1994 pela empresa japonesa Denso-Wave
(2011) do grupo Toyota, e aprovado como padrão internacional ISO no ano 2000
(ISO/IEC 18004, 2006). Este código de barras QR é bi-dimensional (2D), conforme
ilustrado na Figura 4, pelo fato de armazenar os dados em duas direções, horizontal
e vertical, na estrutura da matriz diferenciando do código de barra de uma
dimensão, que é linear e os dados estão somente na posição horizontal.
Figura 5 – Dispositivo de captura de imagem do código-QR no processo de indústria automotiva.
Fonte: Denso-Wave (2011).
28
A princípio, o uso do código QR foi destinado para controle de produção de
peças automotivas (Figura 5) para auxiliar no rastreamento dos produtos, devido à
facilidade na captura da imagem do código utilizando dispositivos com câmera,
como scanner de mão, e transferir os dados para o microcomputador através da
interface RS-232C.
O código QR foi rapidamente difundido em vários países, principalmente no
Japão, por atribuir as seguintes características (SOON, 2008; ISO/IEC 18004, 2006):
a) maior capacidade de armazenamento de dados;
b) suportar codificação de diferentes tipos de caracteres: alfanumérico, kanji
(símbolo japonês), cyrillic (símbolo russo), outros símbolos, código binário
e código de controle (Quadro 3);
c) a empresa Denso-Wave tem a patente da tecnologia e disponibilizou a
licença de uso livre para o domínio público e sem custo;
d) apresenta estrutura padrão que não exige pré-requisitos de uso;
e) os aplicativos de leitura estão disponíveis para instalação no aparelho
celular.
Quadro 3 – Tipos e capacidade de dados do código QR
Código QR – Capacidade de Dados
Somente Numérico Até 7.089 caracteres
Alfanumérico Até 4.296 caracteres
Binário Até 2.953 bytes
Kanji, completo com kana (símbolo da letra japonesa) Até 1.817 caracteres
Fonte: Adaptado de Denso-Wave (2012).
Desta forma, esta tecnologia foi bem aceita no mercado e após o
desenvolvimento de aplicativos de leitor de código QR para instalar no aparelho
celular tornou-se um dos principais dispositivo para leitura do código de barra QR,
passando a ser um novo escopo de estratégias para outras áreas também,
principalmente relacionadas às áreas de comunicação.
Em vista da popularização e crescimento no acesso à rede de internet, o
código de barra QR vem sendo muito utilizado pelo setor de marketing para
publicação de propagandas de produtos, armazenando o endereço de acesso do
29
catálogo na internet (URL). Assim, normalmente, o código QR é lido por meio do
aparelho celular, e direcionado para visitar o site do divulgador.
Desse modo, encontram-se disponíveis diversos tipos de aplicativos com
função de leitura do código de barra para aparelhos celulares, que são de fácil
acesso para instalar, conforme ilustrado na Figura 6. O código de barra pode ser
considerado como ferramenta bem utilizada no mercado global, cuja tecnologia é
inovadora e expandiu devido atribuir facilidade no uso e maior segurança das
informações, principalmente, para identificar o produto, característica da mercadoria,
boleto de pagamento, crachá de identificação entre outros.
Figura 6 – Aparelho celular e captura do código QR.
Fonte: Revista INFO (2009).
3.1 CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO-QR
Segundo a Denso-Wave (2011), o código de barra 2D foi elaborado com o
intuito de aprimorar e aumentar a capacidade de armazenamento do código de
barra, principalmente as especificações do produto, podendo suportar, conforme o
seu tipo, até um arquivo em PDF (Portable Data File) com 4200 caracteres
alfanuméricos. Isto devido o fato de que os primeiros códigos de barra codificavam
somente números em quantidade limitada (Figura 7), e as empresas
automobilísticas necessitavam catalogar diferentes partes do veículo para
gerenciamento de inventário, assim, desde ano de 2003, utilizam o código 2D para o
controle de grandes variedades de componentes. Na sequência, foi otimizado em
30
1999 o padrão japonês para QR-Code, padrão JISX 0510, que reconhece os
símbolos da escrita japonesa (Kanji).
Figura 7 – Gráfico de evolução do código de barra.
Fonte: Adaptado de Soon (2008).
Conforme Soon (2008), ISO/IEC 18004 (2006) e Red Titan (2012), a
configuração do símbolo que forma o código QR (Figura 8) é formada por elementos
de funções padrões e região de codificação que são:
I. Funções padrões: posicionamento padrão, sincronização padrão, alinhamento
padrão e área de separação (detector de padrão);
II. Região de codificação: informação do formato, informação de versão e
espaço para dados (dados e ECC - Error Correction Codewords).
Figura 8 – Estrutura geral do código QR
Fonte: Baseado em ISO/IEC 18004 (2006);Red Titan (2012).
31
a) Posicionamento Padrão (Finder Pattern): referência padrão fixa nas
posições definidas na matriz do símbolo QR, que permite ao programa
(software) de decodificação sincronizar e mapear as coordenadas por
meio destes elementos. Existem três elementos de posicionamento padrão
que são iguais de tamanho, ângulo e formato. O formato é quadrado
concêntrico e sobreposto de módulos com áreas escuras (7x7), claras
(5x5) e escuras (3x3), assim a proporção entre as larguras de cada
módulo padrão de posicionamento é 1 : 1 : 3 : 1 : 1 (Figura 9), os quais
ocupam respectivamente a parte superior direita, superior esquerda e
inferior a esquerda. Este posicionamento padrão auxilia para detectar a
localização e orientação do símbolo em todas as direções, abrangendo
360º (YOKOTA, 2009).
Figura 9 – Estrutura do posicionamento padrão (Finder Pattern).
Fonte: ISO/IEC 18004 (2006).
Figura 10 – Configuração padrão do Código QR.
Fonte: Baseado de Soon (2008); ISO/IEC 18004 (2006); Red Titan(2012).
32
b) Sincronização Padrão (Timing Pattern): identifica a coordenada central
dos módulos de dados. Este elemento padrão está disposto na posição
horizontal e vertical da matriz, na linha seis, cujos módulos são escuros e
claros alternados, iniciando e terminando com módulos escuros, formando
caminhos que sincronizam para fornecer a posição dos dados, assim,
auxiliam para determinar as coordenadas dos módulos contendo dados
quando o símbolo do código QR encontra-se com alguma distorção
(Figura 10).
Quadro 4 – Alinhamento padrão e módulos por versão do código QR.
Fonte: Baseado em ISO/IEC 18004 (2006).
c) Alinhamento Padrão (Alignment Patterns): Este elemento padrão está
presente na versão dois e superior na matriz do código QR. O alinhamento
padrão tem formato quadrado concêntrico e sobreposto de módulos com
áreas escura (5x5), clara (3x3) e um módulo central único escuro. O
número de padrão de alinhamento está relacionado à versão do símbolo
do código QR (Quadro 4), e as posições na matriz estão estabelecidas
(Figura 11). A função do alinhamento padrão é corrigir as distorções não
lineares do símbolo, assim, o posicionamento deste padrão auxilia para
detectar a coordenada central da matriz.
Versão
do
Símbolo
Número de
Alinhamento Padrão
Número de
Módulos
Total Interno
1 Não tem 21x21 5
2 1 25x25 9
6 1 41x41 25
7 6 45x45 29
14 13 73x73 57
21 22 101x101 85
40 46 177x177 161
33
Figura 11 – Estruturas do símbolo do código QR por versão
Fonte: Baseado em ISO/IEC 18004 (2006).
34
Figura 12 – Estrutura do código QR e a Informação de versão.
Fonte: Baseado em ISO/IEC 18004 (2006).
d) Informação de versão: refere-se à versão do símbolo do código QR que
aparece na matriz apresentado a partir da versão 7 ou superior. Esta
informação de versão é constituída de 18 bits contendo 6 bits de dados e
mais 12 bits de correção de erro utilizando os páreos (18,6) do código
Golay, Algorítmo de “error-correcting code used”. A informação de versão
aparece duas vezes no símbolo (Figura 12) para confirmar a decodificação
correta do símbolo conforme a versão utilizada na geração. Deste modo, a
área que a informação de versão ocupa é 6x3 módulos acima da linha de
sincronização padrão e a esquerda do separador padrão localizado à
direita superior da matriz, e a área ocupada por 3x6 módulos para a
esquerda de sincronização padrão e acima do símbolo de posicionamento
padrão.
Figura 13 – Informação do formato no símbolo do Código QR.
Fonte: Baseado em ISO/IEC 18004 (2006).
35
e) Informação do formato: Esta referência é uma sequência de 15 bits
contendo 5 bits de dados e 10 bits de correção de erros, que são dados
essenciais para decodificação do código QR. Os dados de correção de
erros estão relacionados à Teoria de códigos de BCH (Bose-Chaudhuri-
Hocquenghem). A informação do formato tem área reservada, pré-definida
e em duplicidade, conforme ilustrado na Figura 13. A redundância de
dados auxilia na decodificação correta das informações.
f) Área de Separação e detecção de padrão (Separator for position and
Detection Patterns): Esta área é definida como elemento padrão, tem a
largura de um módulo, que reserva um espaço claro e sequencial no
formato “L”. A função da área de separação é auxiliar para detectar os
elementos padrões, assim apresenta em volta dos símbolos de
posicionamento padrão, isolando da matriz, que ficam nos cantos
superiores e no canto esquerdo inferior.
Figura 14 – Estrutura de preenchimento dos dados e do ECC.
Fonte: Baseado em ISO/IEC 18004 (2006); Red Titan (2012).
g) Espaço de dados (Data and ECC): Este espaço está reservado para
preencher as informações de dados e códigos de correção de erro (ECC),
os quais são codificados em números binários, “0” e “1”, e armazenados
conforme regras estabelecidas (Figura 14), apresentando áreas escuras e
claras. Na área de ECC são incorporados os códigos de Reed-Solomon
para detecção e correção de erros. O armazenamento das informações é
36
preenchido em duas colunas de largura do módulo, de modo alternado,
iniciando-se da direita para a esquerda na direção de baixo para cima.
Chegando ao topo, muda-se para coluna à esquerda e segue o
preenchimento alternado na direção para baixo. Observa-se que as áreas
reservadas para os símbolos com função padrão são saltadas e, também,
a cada módulo (bit) é colocado na primeira posição do módulo, como
indicado o preenchimento do “E9” na Figura 14. Cada símbolo de dados é
dividido exatamente em caracteres binários de 8 bits, sendo que, em caso
de bits remanescentes (resto), estes são preenchidos com valor zero
antes de converter em código QR. Assim como, os caracteres ocupam
números diferentes de bits para codificar em dados, conforme apresentado
no Quadro 5.
Quadro 5 – Quantidade de bits ocupado por tipo de caracter
Tipo de caracter Quantidade de bits
Numérico 3,3 bits/caracter
Alfanumérico 5,5 bits/caracter
Binário - modo 8 bits/caracter
Kanji 13 bits/caracter
Fonte: adaptado de Soon (2008).
Conversion
h) Área vazia (Quiet Zone): esta área é clara e demarca o limite externo do
código QR.
Desse modo, uma das principais características do Código QR é não haver
necessidade do ususario determinar o posicionamento ou ângulo do seu dispositivo
para capturar a imagem, pois o código é reconhecido na posição correta pelas
funções padrões. Além disso, o Código QR pode ser combinado a outro formando
um símbolo de porte maior ou ainda, pode ser dividido em até 16 símbolos
separados.
37
3.2 CAPACIDADE DE CORREÇÃO DE ERROS
Quadro 6 – Capacidade de correção de erro
Nível Percentual máximo de recuperação de dados
L 7%
M 15%
Q 25%
H 30%
Fonte: Soon (2008); ISO/IEC 18004 (2006).
Diante de recursos para detecção e correção de erros, emprega-se o
algoritmo Reed-Solomon na elaboração do código QR. O código de correção de erro
(ECC) é gerado e adicionado na sequencia dos códigos de dados armazenados,
que asseguram os mesmos em casos de perder alguma informação. A capacidade
de recuperação e correção de erros está dividida em quatro níveis, conforme
ilustrado no Quadro 6. Assim, o código QR com manchas e distorções possa ser
recuperado, abrindo a possibilidade de criar código QR artísticos sem perder a
funcionalidade, utilizando cores e acrescentando outros designers no símbolo do
código.
38
4 APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE BARRA 2D – QR CODE NO APARELHO
CELULAR
As atividades da pesquisa foram realizadas no Laboratório de Concepção e
Desenvolvimento de Produtos do PPGEPS da PUCPR e no Centro de Informática
para Deficientes Visuais Professor Hermann Görgen já que esta instituição dispõe
de equipamentos configurados para atender alunos com deficiência visual.
Esclarece-se também que um dos integrantes do grupo desta pesquisa é uma
pessoa cega, usuário de aparelho celular e tem conhecimento e experiência em
recursos de informática adaptados para pessoas com deficiência visual.
Seguindo o procedimento técnico da pesquisa, primeiramente foram
selecionados os aparelhos celulares, os programas software para captação da
imagem e as imagens do código QR para executar o processo. No processo de
aquisição do código de barra QR foram selecionados os programas software
geradores para instalar e operar no microcomputador. Assim, os programas e os
dispositivos seguiram critérios de seleção, abordando principalmente a
acessibilidade para pessoas com deficiência visual.
4.1 PROCESSO DE CAPTURA DO CÓDIGO QR
4.1.1 Seleção do aparelho celular
Os critérios para a configuração mínima necessária para seleção do aparelho
de celular foram:
1. Possuir o sistema operacional compatível para instalação do programa de
leitor de tela;
2. Possuir câmera para o processo de captura de imagem;
3. Ter memória suficiente para instalação dos programas software leitor de tela e
leitor de código de barra;
4. Conexão WEB para acesso a internet para baixar (download) os aplicativos
de leitor de código de barra ou ter cabo de conexão para o microcomputador.
39
Nos aparelhos da Nokia (2011) selecionados (Figura 15) foi instalado o
programa leitor de tela Talks da Nuance (2011) na memória RAM. No aparelho
Nokia E5-00 foi instalado o programa Talks versão 5.32, o mais atualizado, devido
possuir capacidade maior de memória. Estes aparelhos celulares pertencem aos
usuários que frequentam a instituição e os aplicativos possuem a licença de uso
fornecida pelo programa “Bradesco Celular para Pessoas com Deficiência Visual”.
O programa leitor de tela, o Voice Over, vem instalado no aparelho da Apple
(2011) Iphone 4 pelo fabricante, bastando configurar e ativar o programa.
Figura 15 – Configuração dos aparelhos celulares selecionados.
Aparelho
Celular
Modelo Nokia 6120 Nokia N95 Nokia E5-00 Apple Iphone 4
Sistema
operacional Symbian 60 Symbian 60 Symbian 60 iOS 6
Câmera 2 megapixels 5 megapixels 5 megapixels 8 megapixels
Mémoria
RAM 35 Mb Flash 64 Mb SDRAM 256 Mb SDRAM 512 EDRAM
Memória
Cartão
1GB
Micro-SD 2Gb
Micro-SD
4Gb
Micro-SD
4Gb
Micro-SD
Software
Leitor de tela
Nuance Talks
5.03 Nuance Talks
5.03 Nuance Talks 5.32 Voice Over
Fonte: Autores (2012).
40
4.1.2 Seleção do aplicativo software de leitor de código de barra
Os aplicativos de leitor de Código de Barra, software para instalar no aparelho
celular, foram selecionados conforme os seguintes critérios:
1. Compatível para instalação nos aparelhos celulares definidos;
2. Acessibilidade pela pessoa com deficiência visual no site onde se encontra
o aplicativo, seja acessando o ambiente da internet no computador ou
diretamente no aparelho celular, para efetuar download do programa e a
instalação do mesmo;
3. O aplicativo ser compatível com o programa leitor de tela;
4. Aplicativo preferencialmente com opção para configuração em Língua
Portuguesa.
Quadro 7 – Aplicativos de leitura de código QR para aparelho celular.
Aplicativo Leitor de Código QR
Nokia 6120 Nokia N95 Nokia E5-00 Apple
Iphone 4
Kaiwa http://reader.kaywa.com
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Não disponível.
Instalado no aparelho.
Beetagg http://get.beetagg.com
Instalado pelo
computador
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
I-Nigma www.i-nigma.mobi
Instalado pelo
computador
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Lynkee http://m.lynkee.com
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Não disponível.
Instalado no aparelho.
UpCode http://www.upcode.mobi/
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Neoreader http://get.neoreader.com/
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Instalado no aparelho.
Scanlife http://www.getscanlife.com/
Instalado pelo
computador
Instalado pelo
computador
Instalado pelo
computador
Instalado pelo
computador
Mobiletag http://m.mobiletag.com/
Não acessível.
Não acessível.
Não acessível.
Não acessível.
EasyQR http://www.easyqr.com/
Não acessível
Não acessível
Não acessível
Instalado no aparelho
QRReader https://itunes.apple.com/br/app/qr-
reader/id416340726?mt=8
Não
disponível Não
disponível Não
disponível Instalado no
aparelho
Qrafter https://itunes.apple.com/us/app/qrafter-
qr-code-reader-generator/id416098700?mt=8
Não
disponível Não
disponível Não
disponível Instalado no
aparelho
Fonte: Autores (2012).
41
Os programas selecionados foram: Kaiwa (2012), Beetagg (2012), I-Nigma
(2012), Lynkee (2012), UpCode (2012), Neoreader (2012), Scanlife (2012),
Mobiletag (2012), EasyQR(2012), QRReader (2012) e Qrafter (2012). Estes
aplicativos atendem aos critérios, porém nem todos são instaláveis em todos os
aparelhos celulares selecionados devido à incompatibilidade da versão do sistema
operacional, que faz diferenciar os programas um do outro, que por sua vez, não se
encontra disponível para todos os modelos de aparelho celular. Desta forma, foram
instalados nos aparelhos celulares conforme demonstrado no Quadro 7.
Entre os aplicativos de leitores selecionados, o Kaiwa está disponível a opção
na Língua Portuguesa (Figura 16). A maior parte dos aplicativos identificou o
aparelho celular quando iniciava a instalação diretamente no dispositivo acessando
o endereço do aplicativo (browse). Alguns aplicativos apresentaram também, a
opção de informar a marca e o modelo antes de iniciar a instalação do mesmo.
Figura 16 – Aplicativo de leitura do Kaiwa
Fonte: Autores (2012), adaptado de KAIWA (2012).
42
4.1.3 Preparação da imagem do código QR para processo de captura
Na preparação da imagem do Código QR para o processo de captura de
imagem foram considerados os seguintes tópicos:
1. Versão do código QR: foram configurados nas versões 2, 6, 7 e 14;
2. Tamanho do símbolo: foram impressos nos tamanhos, em centímetros: 2,
3, 5 e 7.
3. Número de caracteres: palavras e frases de 5 a 255 caracteres.
4. Iluminação do local: utilizada lâmpada fluorescente, lâmpada
incandescentes e luminária de Led;
5. Distância para detecção: distância do aparelho celular e da imagem para
capturar;
6. Tipo de papel: branca e colorida;
7. Cor da impressão da imagem: preta e colorida.
Para gerar a imagem do código de barra QR em versões, nível de
capacitação de erros diferentes, foi acessado o site da Raco Industries (2012).
Assim como, para gerar código QR com forma e cor diferentes do símbolo foi
utilizado o site QRDesigner (2012), conforme ilustrado na Figura 17.
O site da QRDesigners permite gerar código QR nas cores preta, vermelha,
azul e verde, e formatar a parte escura do símbolo nas formas quadradas, circulares
e arredondada.
43
Figura 17 – Site utilizado para gerar imagem do Código QR.
Fonte: Autores (2012), baseado em Raco Industries (2012); QRDesigner (2012).
Foram também utilizados os sites da internet: QRdesign (2012), Atomurl
(2012), Kaywa (2012) e Goqr (2012) (Figura 18) para gerar código QR, que são os
mesmos utilizados para o processo de aquisição do código.
44
Figura 18 – Imagem de código QR para processo de captura.
Fonte: Autores (2012).
Para a pessoa com deficiência visual localizar o código QR no papel de forma
tátil, foram utilizados recursos em relevo fazendo-se vinco, escrita em Braille e
pontos em volta da imagem do Codigo QR, conforme ilustrado na Figura 19.
Figura 19 - Localização do código QR no papel em relevo.
Fonte: Autores, 2012.
Marcas em relevo em volta de cada código
QR
45
4.2 PROCESSO DE AQUISIÇÃO E GERAÇÃO DO CÓDIGO QR
A aquisição de imagem do código de barra QR foi efetuada diretamente nos
sites de internet que têm páginas para gerar o código levando-se em consideração
os seguintes critérios:
1. que o site apresente acessibilidade de tal forma que o programa leitor de tela
consiga interpretar e o usuário possa navegar manuseando o teclado;
2. que o site não apresente instruções de escolha ou solicitação de informações
que o leitor de tela não consiga interpretar, para que o usuário possa
prosseguir a atividade sem depender de auxílio de alguém que enxergue,
como é o caso de confirmação de informações que solicita ao usuário digitar
as letras que aparecem distorcidas dentro de uma caixa de imagem para
segurança de spam em rede;
3. que o site contenha, preferencialmente, a opção de navegar com aparelho
celular, pois estes endereços têm menos serviços de marketing, o que facilita
a navegação;
4. que a página apresente preferencialmente a opção da Língua Portuguesa;
5. que possibilite a gravação, ou seja, salvamento da imagem do código QR, via
teclado, em arquivo do microcomputador.
Diante das considerações, os sites selecionados para aquisição de imagem
do Código QR foram: QRDesign (2012), Atomurl(2012), Kaywa(2012) e Goqr(2012).
O site do QRDesign é brasileiro e usa somente a Língua Portuguesa. O site de
Kaywa apresenta a opção de usar a Língua Portuguesa.
Durante o primeiro teste de acessibilidade, o site de Atomurl não permitiu
totalmente o manuseio via teclado e também apresentou serviços de marketing no
início da página deixando lento o acesso, assim, foi excluído da relação (Figura 20).
46
Figura 20 – Acessibilidade do site usando leitor de tela
Fonte: Autores (2012) adaptado de ATOMURL(2012).
Assim, foram selecionados para o processo de aquisição do código QR os
sites QRDesign, Kaywa e Goqr (Figura 21), apresentando as seguintes
características:
1. O site do QRDesign permite entrar com as informações do tipo texto, posição
geográfica, endereço URL, e-mail e número de telefone;
2. O site do Kaywa permite entrar com as informações do tipo texto até 160
caracteres. Também possibilita a geração do código QR de: mensagens,
endereço URL, número de telefone e informações de contato (nome,
endereço, telefone, site etc.);
3. O site Goqr permite a entrada de informações do tipo texto até 300
caracteres. Permite a entrada de informações do tipo telefone, mensagem e
informações de contato.
4. Os sites QRDesign e Kaywa oferecem outros serviços tarifados como de
customização da imagem do código QR.
47
Figura 21 – Sites selecionados para o processo de aquisição do código QR.
Fonte: Autores (2012) baseado em QRDESIGN (2012); KAYWA (2012); GOQR (2012).
48
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS
Este Capítulo apresenta a análise dos resultados obtidos no processo de
captura do código QR e no processo de aquisição e geração do código QR
executadas pela pessoa com deficiência visual.
5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS: PROCESSO DE CAPTURAR O CÓDIGO QR
Antes de iniciar o processo de captura do código QR, o usuário com
deficiência visual recebeu a explicação dos procedimentos a serem seguidos. Assim,
o processo foi iniciado com o acionamento do aparelho celular, a configuração do
leitor de tela e a instalação do aplicativo leitor de código de barra. Na sequência, o
usuário escolheu o aplicativo para executar e direcionava o aparelho celular para o
local que estava o código QR impresso. Todos os procedimentos foram efetuados
de forma que o executasse a atividade com autonomia, sem o apoio de pessoa com
visão normal.
Desta forma, no processo de captura da imagem do código QR pelo usuário
com deficiência visual, através do aparelho celular adaptado com leitor de tela,
influênciaram os seguintes fatores: desempenho do aparelho celular, programa de
leitura de código de barra, versão do código QR, luminosidade do ambiente e relevo
para localização, e que são detalhados nos tópicos a seguir.
5.1.1 Influência do modelo do aparelho celular
A performance dos aparelhos celulares está relacionada aos dispositivos mais
recentes lançados no mercado, assim, o dispositivo E5-00 da Nokia e o Iphone 4 da
Apple tiveram melhor desempenho para capturar a imagem do Código QR. Neste
aspecto, percebeu-se que os programas de leitura de código QR nem sempre estão
disponíveis para celulares de lançamento no mercado, como ocorreram com o
celular E5-00 e Iphone4. Para os celulares da Apple existem outros aplicativos
exclusivo de leitor de código de barra.
Entre o celular N95 e E5-00 da Nokia, apesar de terem configuração
semelhante, o desempenho foi diferente devido forte influência nas questões do
tamanho e posição que se encontrava a imagem, e a distância do aparelho e a
49
imagem; o N95 levava mais tempo que o E5-00 para capturar o código QR. Assim, o
Nokia 6120, que tem configuração mais simples, ficou com o menor desempenho
perante outros dispositivos. Neste ponto, verificou-se que o E5-00 e o Iphone4
conseguem capturar a imagem do código QR em ângulos diferentes, inclusive na
tela de computador e versões de código QR usando caracteres JISX (Figura 22).
Figura 22 – Captura de imagem em ângulo diferente e caracteres JISX.
Fonte: Autores (2012) baseado em Denso-Wave (2011).
5.1.2 Desempenho dos programas de leitor de código de barra e leitor de tela
Cada aplicativo de leitor de código de barra apresentou diferente modo de
operação. A captura de imagem de código QR pelos aplicativos Kaiwa e I-Nigma foi
interpretada pelo leitor de tela na sequência em que o texto era mostrado na tela do
aparelho celular. Em relação aos outros aplicativos, apesar do texto ser mostrado na
tela do aparelho celular, não foi possível a interpretação pelo leitor de tela. Dessa
forma, foi necessário o envio da imagem decodificada para um aplicativo de texto
(como o envio de mensagem) para que o leitor de tela fosse capaz de fazer a
interpretação do texto. Para a opção de ampliar a tela, orientada para pessoas com
baixa visão, os resultados mostraram-se da mesma forma, somente os textos
interpretados que apareceram na tela foram ampliados.
50
Nos aparelhos da Nokia, os aplicativos da Beetagg, UpCode, Neoreader, Lynkee e
Scanlife apresentaram o mesmo desempenho para o processo de captura da
imagem, no entanto, o Beetagg ofereceu operação mais simples, facilitando o
manuseio pelo usuário.
Assim, conforme o usuário, entre os aplicativos de captura de imagem, a do I-
Nigma e do Beetagg tiveram melhor desempenho para executar e também o retorno
de interpretação do código QR pelo leitor de tela.
Apesar do programa do I-Nigma ter rápido captura e interpretação do código
QR, o aplicativo não interpretou algumas letras da Língua Portuguesa como “Ç” e
acentuação, e na tela do aparelho celular apareceu figura quadrada ou o símbolo do
kanji no lugar destes caracteres, o qual não foi interpretado pelo leitor de tela que
estava configurada para Língua Portuguesa.
No aparelho da Apple também, os programas exclusivos tiveram bons
desempenho para capturar a imagem, mas demonstrou que há necessidade de
habilidade e prática do usuário para operar estes aplicativos, principalmente o fato
da tela ser touch screen e os comandos estarem em diferentes posições.
5.1.3 Versão do código QR e o número de caracteres
As versões do código QR estão relacionadas ao número e tipo de caracteres
do texto que formam a imagem de código QR, assim, quanto maior o número de
caracteres, a imagem do código QR tende a estar mais preenchidas e detalhadas.
Com isto, o tamanho da imagem e a impressão no papel influênciam na identificação
das partes claras e escuras da imagem pelo aplicativo de leitor de código de barra.
No entanto, observou-se que o tamanho de imagem superior a 5 cm dificulta a
focalização da tela do aparelho celular para capturar a imagem.
5.1.4 Luminosidade do ambiente
No fator de luminosidade do ambiente foram utilizadas lâmpadas
fluorescentes, incandescentes e led. Diante da claridade do ambiente para capturar
o código QR, as lâmpadas fluorescentes favorecem a captura, no entanto, a cor do
papel e a cor da tinta usada para impressão tiveram maior influência. A imagem
51
impressa no papel branco com tinta preta obteve melhor resultado para capturar a
imagem.
Porém, o fator mais crítico neste ítem foi a sombra projetada pelo usuário com
o aparelho celular sobre a imagem no momento da atividade, ou seja, conforme o
tipo e localização da fonte de luz, a sombra do usuário dificultava a resposta do
aplicativo de leitor de tela, fazendo com que fosse necessário procurar uma posição
melhor do aparelho celular para a captura da imagem. Assim, a luminosidade, a
distância do aparelho celular e da imagem influencia a captura do código QR.
5.1.5 Relevos para localização
Os relevos colocados na folha de papel auxiliaram o usuário com deficiência
visual a localizar a imagem impressa, facilitando o direcionamento do aparelho
celular e a focalização na imagem do código QR. Para os celulares iphone4 e E5-00
que tem tecnologias mais avançadas, o relevo não se faz necessário, porém para
outros modelos de configuração mais simples o relevo é essencial para localizar o
código. O relevo é importante para o usuário perceber o código QR bem como
identificar se existe mais de uma imagem impressa no papel.
5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS: PROCESSO DE AQUISIÇÃO E GERAÇÃO DO
CÓDIGO QR
Este processo de aquisição e geração do código QR favorece a pessoa com
deficiência visual, pois possibilita a criação de um código personalizado que conterá
anotações pessoais ou de uso cotidiano facilitando a sua autonomia. A aquisição da
imagem depende da acessibilidade dos sites da rede internet que possibilita do leitor
de tela interpretar, assim como, da disponibilidade das informações para introduzir
os dados e gerar o código QR.
Vale ressaltar o conhecimento de informática e a prática do usuário neste
processo que a partir do endereço do site executou todo o processo. A partir daí o
processo teve sequência com o usuário entrando no site e encontrando o local para
inserir uma informação. Em seguida o ususario digitou a informação, gerou o código
e transferiu a imagem para uma pasta do computador. Para confirmar a geração do
52
código, o usuário executou a captura da imagem através do aparelho de celular.
Para definir o tamanho da imagem, o usuário executou software de tratamento de
imagem ou o próprio aplicativo gerador de imagem possibilitou a escolha do
tamanho.
Diante dos resultados, entre os sites selecionados, o Goqr foi o que permitiu
ao usuário informar, gerar e capturar o código facilmente e com autonomia. Nos
sites do QRDesign e Kaiwa o processo de aquisição do código também foi completo,
mas houve interferência de pessoas sem deficiência visual para informar o conteúdo
da tela do computador.
O processo de imprimir o código QR e colocar as marcas em relevo foram as
etapas pós-aquisição de imagem que dependeram do auxílio de pessoas sem
deficiência visual, bem como a classificação do tamanho ideal da imagem conforme
o propósito de uso. Assim, no caso de identificação de recipientes ou objetos
pequenos, como por exemplo condimentos (sal, pimenta, açúcar, orégano, etc) que
estão dentro de frascos pequenos e iguais, o tamanho do código impresso foi de 2
cm X 2 cm. Já para notação, como informações de contato, a impressão do código
ficou entre 3 cm x 3 cm a 5 cm x 5 cm, que possibilitaram fácil captação do aparelho
celular no momento da leitura do código QR.
53
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os processos descritos detalhadamente neste relatório, de capturar a imagem
do código QR através do aparelho celular e a aquisição e geração da imagem
exclusivamente por pessoa com deficiência visual, apresentaram a possibilidade de
utilizar as tecnologias existentes no mercado para atender na área de TA, por
conseguinte contribuindo como mais uma alternativa de instrumento mediador para
auxiliar nas atividades das pessoas com limitação visual.
Neste aspecto, apesar da tecnologia do código QR ser de uso público, o seu
uso ainda depende do conhecimento das pessoas e dos dispositivos. Assim, como
os modelos dos aparelhos celulares de última geração permitem a instalação de
aplicativos de forma mais fácil, obtiveram os melhores desempenhos no processo de
captura da imagem, porém o custo do dispositivo não é acessível para a maioria das
PcD ou idosas.
Com relação aos programas leitores de tela para os aparelhos celulares,
neste Relatório foram abordados o Talks da Nuance (2011) e Voice Over da Iphone
(APPLE, 2011), sendo que, pode-se corroborar os testes aplicando-se outros leitores
disponíveis no mercado como os programas Mobile Speaker que é também
instalável em aparelhos da Nokia, e o Mobyle Accessibility que é dirigido para
aparelho celular com o sistema operacional Android 2.3 ou superior. Estes
aplicativos poderão ser averiguados pela pessoa com deficiência visual quanto a
compatibilidade e acessibilidade entre os programas de leitores de código QR,
aparelho celular.
A empresa Denso-Wave, idealizadora do código QR, comercializa o aparelho
de scanner de alta capacidade de rastreamento, como o caso do atual modelo
manual BHT-1261QWB-CE (DENSO-WAVE, 2011), que consegue capturar o código
2D até no mínimo de 0,167mm de tamanho e cuja performance ainda não são
alcançados nos aparelhos celulares.
No entanto, Soon (2008), Okumura et al. (2012) e Goqr (2012) mencionam
que o uso do código QR está, a cada dia, mais presente no mundo corporativo,
conforme os exemplos demonstrados nas Figuras 23 a 28 do Apêndice A. Além
disso, surgem inovações aplicadas no código QR como a customização de imagem
que são ilustradas na Figura 29 e Figura 30 do Anexo A, cujo visual do símbolo
54
apresenta aplicação de trabalho de designer na estrutura do código, sem perder o
controle, a função e os dados que foram implementados.
Neste contexto, atualmente o código QR é visto como instrumento que, desde
o princípio, está direcionado a gestão das empresas, principalmente para
rastreamento de dados e na divulgação de produtos pelo trabalho de marketing.
Desta forma, a tecnologia do código QR abre as possibilidades de ser explorada e
implementada na diversidade, inclusive no segmento que envolve a área de TA.
Este desdobramento para TA consiste numa inovação que agrega valores aos
produtos e contribuem na acessibilidade,e por sua vez, aumentam o número de
usuários.
Dentro da área da Tecnologia Assistiva, o código QR poderá estar presente
dando apoio nas atividades do dia a dia, nos ambientes de estudo, trabalho, esporte
e lazer, para explorar e acrescentar nos processos de desenvolvimento de projetos,
cujo viés certamente levará na participação mais ativa das pessoas com deficiência
visual ou com limitação visual na sociedade promovendo a acessibilidade e a
inclusão social. Assim, finaliza-se o presente Relatório Técnico com sugestões, que
poderão ser aplicadas no código QR, para a continuidade da pesquisa:
a) identificação e informação do produto;
b) identificação de cores;
c) instruções de uso do produto, como o caso de seguir o receituário de
medicamentos;
d) descrição de imagem como nas obras de artes de museus, ou nas
figuras ilustrativas em livros, catálogos e revistas.
55
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59
APÊNDICE A – APLICAÇÂO DO CÓDIGO QR
Figura 23 – Bilhete de passagem no Japão.
Fonte: Adaptado de Soon (2008).
Figura 24 – Identificação do paciente no hospital de Japão, Hong-Kong e Singapura com uso do scanner
Fonte: Adapatado de Soon (2008).
Figura 25 – Identificação de alimentos em Taiwan com uso do scanner
Fonte: Adaptado de Soon (2008).
60
Figura 26 – Identificação de exame de laboratório clínico
Fonte: Adaptado de Soon (2008).
Figura 27 – Proposta de catálogo de Pizza com uso do aparelho celular
Fonte: Okumura (2012); Okumura et al.(2012).
Figura 28 – Aplicações comerciais.
Fonte: Adaptado de GOQR (2012).
Pizzas de Queijo:
Simples:mussarela e orégano.P=R$7,00,M=R$12,00,G=R$20,00
4 Queijos:mussarela,provolone,parmesão e catupiry.P=R$9,00 M=R$15,00, G=R$24,00
5 Queijos:mussarela,provolone,gorgonzola,parmesão e catupiry.P=R$ 11,00, M=R$18,00,G=R$29,00
QR-CODE (em Braile)
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ANEXO A – CUSTOMIZAÇÃO DO CÓDIGO QR
Figura 29 – Customização do Código QR por designers.
Fonte: AS BOAS NOVAS (2012).
Figura 30 – Revista Time e Designer do Código QR.
Fonte: SET (2012).