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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3302 | 17 a 23 de junho de 2020 R$ 2,00 www.arquisp.org.br Editorial Encontro com o Pastor Espiritualidade Comportamento Que o combate às fake news não leve às armadilhas da censura Como ovelhas sem pastor, os mais pobres esperam pela caridade Dom Carlos Lema: Anchieta, um entusiasta que atrai para Cristo Valdir Reginato: as lições de Madre Teresa válidas para a atual pandemia Constituída a nova direção da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo A fé e a boa saúde física e mental ajudam na prevenção à angústia Simples atitudes reduzem riscos de COVID-19 nos transportes públicos Página 4 Página 2 Página 5 Página 7 Página 10 Página 12 Foi publicada, no dia 15 , a no- meação dos membros da nova direção da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apósto- lo, feita por Dom Odilo Scherer e confirmada pela Santa Sé. Página 16 Diante da tramitação de projetos de lei no Congresso que visam ao combate das fake news, o jornal O SÃO PAULO debate caminhos para que ações com tal ob- jetivo não levem à censura ou representem riscos à liberdade de expressão. Especialistas apontam que já existem instrumentos legais para enfrentar o problema, mas sua aplicabilida- de ainda é falha, e que qualquer nova regra precisa ser antecedida de um amplo diálogo com a sociedade. Páginas 8 e 9 Como evitá-las sem ferir a liberdade de expressão? Solenidade de Corpus Christi na Arquidiocese Pontos propostos na ‘Lei das Fake News’, em discussão na Câmara e no Senado, podem colocar em risco o direito à liberdade de expressão A Solenidade de Corpus Christi foi celebrada na Arquidiocese de São Paulo na quinta-feira, 11. Na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa com a participação de um pequeno grupo de fiéis, devido à pandemia de COVID-19. “Queremos expressar publica- mente a fé da Igreja no sacramento da Eucaristia. É Jesus que está no meio de nós”, afirmou o Arcebispo Metropolitano. No Vaticano, a solenidade foi co- memorada no domingo, 14, presi- dida pelo Papa Francisco, que res- saltou que a Eucaristia não é uma simples lembrança, “é a Páscoa do Senhor que revive em nós”. Páginas 13 e 14 Dom Odilo abençoa a cidade com o Santíssimo Sacramento, na Solenidade de Corpus Christi Os sacerdotes alcançam a santidade no exercício do seu ministério A virtude da ordem ajuda a administrar a vida na quarentena Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na sexta- -feira, 19, os católicos são con- vidados a rezar pela santifica- ção dos padres, configurados a Cristo para servir o povo. Página 15 Diante das inúmeras respon- sabilidades cotidianas, sobretu- do neste período de isolamento social, a virtude da ordem é indis- pensável para uma vida melhor. Página 11 Luciney Martins/O SÃO PAULO S. Hermann & Richter/Pixabay

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Page 1: Pontos propostos na ‘Lei das Fake News’, em discussão na ...Reino de Deus e curando suas do-enças (cf. Mt 9,35). O anúncio do Reino de Deus e da esperança que nasce do Evangelho

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3302 | 17 a 23 de junho de 2020 R$ 2,00www.arquisp.org.br

Editorial

Encontro com o Pastor

Espiritualidade

Comportamento

Que o combate às fake news não leve às armadilhas da censura

Como ovelhas sem pastor, os mais pobres esperam pela caridade

Dom Carlos Lema: Anchieta, um entusiasta que atrai para Cristo

Valdir Reginato: as lições de Madre Teresa válidas para a atual pandemia

Constituída a nova direção da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo

A fé e a boa saúde física e mental ajudam na prevenção à angústia

Simples atitudes reduzem riscos de COVID-19 nos transportes públicos

Página 4

Página 2

Página 5

Página 7

Página 10 Página 12

Foi publicada, no dia 15 , a no-meação dos membros da nova direção da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apósto-lo, feita por Dom Odilo Scherer e confirmada pela Santa Sé.

Página 16

Diante da tramitação de projetos de lei no Congresso que visam ao combate das fake news, o jornal O SÃO PAULO debate caminhos para que ações com tal ob-jetivo não levem à censura ou representem riscos à liberdade de expressão.

Especialistas apontam que já existem instrumentos legais para enfrentar o problema, mas sua aplicabilida-de ainda é falha, e que qualquer nova regra precisa ser antecedida de um amplo diálogo com a sociedade.

Páginas 8 e 9

Como evitá-las sem ferir a liberdade de expressão?

Solenidade de Corpus Christi na Arquidiocese

Pontos propostos na ‘Lei das Fake News’, em discussão na Câmara e no Senado, podem colocar em risco o direito à liberdade de expressão

A Solenidade de Corpus Christi foi celebrada na Arquidiocese de São Paulo na quinta-feira, 11. Na Catedral da Sé, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu missa com a participação de um pequeno grupo de fiéis, devido à pandemia de COVID-19.

“Queremos expressar publica-mente a fé da Igreja no sacramento da Eucaristia. É Jesus que está no meio de nós”, afirmou o Arcebispo Metropolitano.

No Vaticano, a solenidade foi co-memorada no domingo, 14, presi-dida pelo Papa Francisco, que res-saltou que a Eucaristia não é uma simples lembrança, “é a Páscoa do Senhor que revive em nós”.

Páginas 13 e 14

Dom Odilo abençoa a cidade com o Santíssimo Sacramento, na Solenidade de Corpus Christi

Os sacerdotes alcançam a santidade no exercício do seu ministério

A virtude da ordem ajuda a administrar a vida na quarentena

Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na sexta- -feira, 19, os católicos são con-vidados a rezar pela santifica-ção dos padres, configurados a Cristo para servir o povo.

Página 15

Diante das inúmeras respon-sabilidades cotidianas, sobretu-do neste período de isolamento social, a virtude da ordem é indis-pensável para uma vida melhor.

Página 11

Luciney Martins/O SÃO PAULO

S. Hermann & Richter/Pixabay

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2 | encontro com o Pastor | 17 a 23 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impres-são: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: [email protected][email protected] (administração) • [email protected] (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.Semanário da arquidioceSe de São Paulo

Passando pela Praça da Sé e ruas adjacentes, vendo a quantidade de pessoas sentadas ou perambulan-

do sem rumo, sem casa, sem ocu-pação, esperando pela caridade do próximo grupo a lhes trazer al-guma comida, roupa ou cobertor, vem a lembrança das multidões que procuravam Jesus, cansadas e abatidas, “como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9,36). E quantos outros estão doentes em casa, nos hospitais, ou aflitos porque a pan-demia lhes tira a perspectiva de vida e esperança!

Essas multidões nos interpe-lam constantemente e nos procu-ram. Giram perto de nossas igre-jas e obras sociais porque têm a esperança de encontrar ali algum socorro e conforto. Olham-nos como as multidões daquele tempo olhavam para Jesus, na certeza de que Ele tinha algo a lhes oferecer, para continuar a esperar. Jesus compadeceu-se das pessoas e sen-

tiu angústia ao ver o tamanho da messe, sem haver operários sufi-cientes para ceifá-la. E conclamou os discípulos e a quem estava per-to a participar de sua preocupação e a colaborar no atendimento do povo: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários à sua messe” (Mt 9,37-38). E foi logo escolhen-do doze apóstolos para estar com Ele, preparando-os para serem operários na messe e pastores do rebanho de Deus.

Como vamos resolver os pro-blemas decorrentes da pandemia? Digo “vamos”, pois não se deve es-perar que alguém, salvador da pá-tria, ou alguns poucos heróis vão resolver os problemas sozinhos. Somos todos chamados a nos envolver: autoridades, cidadãos, instituições públicas e da socie-dade civil, igrejas e organizações religiosas, famílias, grupos espon-tâneos. A superação desse mal será fruto de um esforço coletivo, em que não faltarão renúncias e sacrifícios pessoais e coletivos e será necessária a generosidade de todos. Não há espaço, nessa luta, para a busca de vantagens indivi-duais, nem, muito menos, para o lucro desonesto e ignóbil sobre o sofrimento, a dor e a angústia do próximo. Não faz sentido algum

desperdiçar energias preciosas com lutas ideológicas e partidárias neste momento, quando está em causa a saúde e a vida das pessoas.

Graças a Deus, já vemos muitas iniciativas louváveis de generosi-dade e altruísmo nos profissio-nais da saúde, operadores sociais, agentes econômicos, organizações da sociedade civil, Igrejas e grupos espontâneos. Isso, no entanto, ain-da precisa crescer mais e se man-ter até que a pandemia seja venci-da. E o grande objetivo não pode ser, em primeiro lugar, “salvar a economia”, mas socorrer os neces-sitados, que são uma grande parte da população. A colaboração pes-soal de cada cidadão é importan-te, ainda que seja somente para cuidar bem da própria saúde e da saúde da sua família. Quanto mais pessoas se preservam do contágio, menos risco haverá de se espalhar a doença.

Jesus não decepcionou as mul-tidões e não as despediu famintas e cansadas. Interessou-se por elas, chamou colaboradores, partilhou sua sensibilidade e sua compaixão pelas multidões com outras pesso-as. Tudo isso pode acontecer tam-bém em nossas comunidades e ge-rar um envolvimento positivo de muitas pessoas, que estão dispos-

tas a colaborar onde for preciso. Cada uma de nossas comunidades eclesiais, grande ou pequena, tam-bém deve ser um agente promotor desse “cuidado pastoral” do povo. Não é tempo de esmorecer, apesar das restrições ainda impostas para a retomada plena das iniciativas e atividades religiosas. Ninguém deve cruzar os braços, à espera de que “isso passe”.

O tempo da pandemia pode ser uma ocasião propícia para a inova-ção no agir pastoral, sem esquecer a outra atitude de Jesus, ao se com-padecer das multidões: ia ensinan-do, proclamando o Evangelho do Reino de Deus e curando suas do-enças (cf. Mt 9,35). O anúncio do Reino de Deus e da esperança que nasce do Evangelho é um tesouro impagável, que nos foi confiado para que o partilhemos com todos e, em primeiro lugar, com os po-bres, doentes e pessoas oprimidas por todo tipo de aflições. Em nosso cuidado pastoral, nunca deve faltar o testemunho da esperança que vem do Evangelho de Cristo. Essa é nossa missão e nosso diferencial no cuidado dos pobres e pessoas que sofrem. Nossa ajuda aos po-bres seria ainda pouca, se não lhes abríssemos também o caminho da fé e da esperança cristã.

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

Como ovelhas sem pastor

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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de junho de 2020 | Geral/atos da cúria | 3

Utilizar as redes sociais de forma po-sitiva, buscando sempre o diálogo e a paz, foi o convite do Cardeal Odilo Pedro Sche-rer, Arcebispo de São Paulo, a todos os que acompanharam no domingo, 14, o progra-ma “Diálogos de Fé”, transmitido ao vivo por meio de sua página oficial no Facebook e pela rádio 9 de Julho (AM 1.600 kHz).

O Arcebispo Metropolitano lembrou o atual momento conturbado, em que as pessoas têm perdido o controle de suas ações e utilizado as mídias digitais para es-palhar notícias falsas, calúnias, xingamen-tos e outras condutas ruins.

“Nossa atitude, como diz o apóstolo São Paulo, deve ser a de buscar o diálogo, a comunhão, a compreensão e, eventual-mente, se for preciso, a correção, mas de forma respeitosa, para assim buscar cola-borar. Quem pensa diferente não é meu inimigo, podemos somar juntos. Quem tem uma visão diferente pode comple-mentar a minha opinião e eu posso com-pletar a opinião dele”, observou.

CUIDEMOS UNS DOS OUTROS O Cardeal lembrou que a pandemia

As Edições CNBB promoveram na tarde da segunda-feira, 15, uma live sobre a obra “Teologia da Liturgia”, de Joseph Ratzinger, o Papa emérito Bento XVI. Os convidados foram o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Presidente da Socie-dade Ratzinger Brasil, e o Monsenhor Antonio Luiz Catelan, que coordena a edição brasileira das “Obras Completas”, de Joseph Ratzinger. O encontro virtual abordou o primeiro volume de obra. A live está no YouTube das Edições CNBB, acessível por este link: https://bityli.com/D4On7.

Reprodução da internet

Reprodução da internet

Dom Odilo: ‘Quem pensa diferente não é meu inimigo, podemos somar juntos’

FLAVIO ROGÉRIO [email protected]

do novo coronavírus não está controlada, ainda não há uma vacina ou medicação e, portanto, todos devem continuar seguin-do as orientações das autoridades de saú-de. Ele lamentou que o número de mortos e infectados continue aumentando a cada dia e que a doença esteja se espalhando pelo Brasil, chegando a lugares que antes estavam preservados, como o interior das cidades.

“É preciso continuar cuidando da saú-de e não se expor, para não expor os outros, pois quem sai de casa e não se cuida pode trazer para dentro de sua família o vírus e, assim, contagiar pessoas de dentro de casa e outras de sua convivência, devido a uma maneira irresponsável de agir”, continuou.

RETORNO DAS MISSAS COM O POVO

Muitos internautas perguntaram quando será o retorno das missas com a presença do povo, pois em alguns estados isso tem acontecido gradualmente, porém, aqui em São Paulo, a situação do vírus ain-da não está controlada. O Cardeal recor-dou que as igrejas não foram proibidas de abrir, e as pessoas podem rezar e fazer seus momentos de adoração, sendo que o que deve ser evitado são as aglomerações.

“Muitas igrejas estão celebrando com poucas pessoas, dentro daquelas limita-ções de espaço e distanciamento social, além da utilização de álcool em gel na entrada, máscara durante a missa e de-sinfecção dos bancos. Portanto, cuidem da saúde, sobretudo as pessoas que estão no grupo de risco, que tenham baixa imu-

nidade, problemas respiratórios - mesmo que sejam jovens - e as pessoas idosas. Per-maneçam em casa para que possam parti-cipar quando se abrirem as possibilidades.”

Após essas reflexões, Dom Odilo res-pondeu a perguntas enviadas pelos inter-nautas. A íntegra da live pode ser acessada neste link: https://bityli.com/89Y0P.

Aos domingos, das 12h30 às 13h, Dom Odilo conversa com internautas no programa ‘Diálogos de Fé’

Reprodução

Atos da Cúria

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4 | Ponto de Vista | 17 a 23 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

No mundo atual, infelizmen-te, não faltam razões para os cristãos – assim como para todos os que desejam o bem

comum – se escandalizarem. Desrespeito à vida e à dignidade da pessoa, injustiça social, corrupção dos políticos e abuso do poder econômico: a lista é longa e recorrente.

Daí nasce uma sensação de impotên-cia e ressentimento que se torna um ter-reno fértil para a divulgação das fake news e difamações. As coisas sempre devem ser da pior forma possível e é lógico que aqueles que não pensam como nós estão conspirando nas sombras: finalmente, alguém teve a coragem de dizer aquelas coisas que estavam “entaladas em nossa garganta”. É assim que nos sentimos e, desse modo, tornamo-nos vítimas fáceis dos que querem distorcer a verdade, seja de um lado, seja de outro do espectro ideológico. A indignação se torna como

palha seca na qual o fogo das fake news cresce para incendiar e destruir tudo, até mesmo o desejo do bem em nossos co-rações.

A censura não é uma forma de com-bater as fake news. Pelo contrário, serve apenas para os que detêm o poder sobre a mídia calarem o lado contrário. Por isso, a polêmica sobre uma lei que iniba as fake news é tão difícil. Nesse contexto, tanto os divulgadores de notícias falsas quanto os denunciados pelas mídias e redes sociais procuram, ainda que de formas diferen-tes, manter-se impunes.

O Cristianismo cresce como com-promisso com o amor e a verdade. Não como compromisso com um ou outro, mas com ambos, pois a suprema verda-de é o amor de Deus por nós e seu dese-jo de que nos amemos uns aos outros. Uma das maiores mentiras atuais é jus-tamente nos fazer pensar que o anúncio da verdade pode ocorrer sem amor ou

que o anúncio do amor pode relativizar a verdade.

O empenho com esse compromisso nunca se esgota, pois é o próprio caminho de nossa conversão – que, para o maior pecador ou para o maior santo, dura toda a vida. Por isso, temos que ter o máximo cuidado para não sermos como aqueles que veem o cisco no olho do irmão, mas não enxergam a trave no próprio olho (cf. Mt 7,3).

O combate à mentira é, portanto, em primeiro lugar, um empenho ético de cada um de nós. Isso não elimina a neces-sidade de regras sociais que combatam as fake news – sem cair nas armadilhas da censura.

Esse é o tema de um amplo artigo pu-blicado nesta edição do O SÃO PAULO. O jornal ouviu vários especialistas, de di-ferentes áreas, todos ligados à questão.

No conjunto das exposições, eviden-cia-se a dificuldade de encontrar soluções

fáceis para o problema. Pode-se, contu-do, constatar que já existem instrumen-tos legais para enfrentar as fake news e o problema se deve, em parte, pelo menos, mais à dificuldade de fazer valer as leis já existentes do que à falta delas.

Além disso, qualquer nova regra a ser criada precisa ser antecedida de um amplo diálogo. As mídias e redes sociais são um ambiente mediado pelos recursos tecnológicos e por normas preestabeleci-das. Uma legislação adequada, que coíba as fake news e não incorra em censura, só pode ser criada com um intenso diálogo entre todos os usuários das comunidades virtuais – tanto gestores quanto produto-res e consumidores de conteúdo.

Todos somos chamados a enfrentar esse problema, seja com nossa busca pes-soal pela verdade, seja com nossa partici-pação em um diálogo social propositivo, orientado ao bem comum e não a inte-resses particulares.

O fogo das fake news na palha da indignaçãoEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Dizem que é o tempo da ira de Deus. O que é, porém, a ira de Deus? Os exegetas nos explicam que a com-preensão de quem é Deus e, sobretudo, de como Deus age, evoluiu ao longo da história do povo hebreu – depois, com a sua encarnação, por meio da qual se conheceu sua compaixão e misericór-dia –, assim como continuou a evoluir ao longo da história do Cristianismo e da Igreja; pois a relação de amizade de Deus com o ser humano é dinâmica e Deus respeita, ajuda e reforça a liber-dade humana. Um exemplo disso é justamente a compreensão do que é a ira de Deus. Deus, que é totalmente bom, só pode fazer o bem e nunca traz sofrimento para o ser humano (nem para Cristo!).

Deus nunca gosta que os seres hu-manos sofram, pois Ele é nosso aliado, como disse o Frei Raniero Cantala-messa, na cerimônia do Tríduo Pascal com o Papa Francisco. O sofrimento, a doença, a morte e todo e qualquer mal são sempre insuflados pelo pai da mentira, como aconteceu com Judas. Então, no entanto, e a ira de Deus? O castigo de Deus? Os profetas nos ex-plicam que a ira ou o castigo de Deus acontecem quando Deus se afasta por um momento do ser humano (pois Ele está sempre nos salvando, car-regando e dando vida), deixando-o chafurdar-se no próprio mal, fruto da partnership que este fez, desde Adão, com o demônio. Os profetas explicam que este afastamento de Deus aconte-

O que dizem os profetas em tempos de barafunda política, social e sanitária?para tranquilizar a consciência (e que posso usar até para me promover), mas não empenham a vida, vivo uma vida paralela... Amós diz ao povo de Israel em nome de Deus (5,21-24): “Eu odeio, detesto as suas festas re-ligiosas; não tolero as suas reuniões solenes. [...] Parem com o barulho das suas canções religiosas. [...] Em vez disso, quero que haja tanta justiça quanto as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não para de correr”. Deus mostra a Ezequiel exilado na Babilônia que Ele tinha se afastado do templo de Je-rusalém por causa das abominações que os sacerdotes realizavam ali den-tro (cf. Ez, 8). O que melhor descreve o momento atual? Os profetas, toda-via, são também aqueles que pedem a Deus para não desistir do povo, como fez Moisés várias vezes no deserto. Isaías, capítulo 1º, versículos 18 e 19, diz: “Venham, vamos refletir juntos, diz o Senhor. Embora os seus peca-dos sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão. Se vocês esti-verem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra”. Cada cristão é chamado por Deus para ser profeta e interceder pelo povo que se desviou do caminho. Que cada um de nós viva essa responsabilidade porque o tempo urge!

Arte: Sergio Ricciuto Conte

ce, primeiramente, por iniciativa do ser humano. Somos sempre nós que nos afastamos de Deus e nunca Ele de nós. Ele apenas espera, respeita a liberdade humana e busca de “todas as formas e com muita criatividade” retomar o relacionamento, como fez com Davi, com Pedro, com Pau-lo. Por que Deus permite e respeita esse afastamento e suas consequên-cias nefastas? Por um motivo pe-dagógico e purificador. Por isso, o sofrimento para quem ama e busca a Deus é também um caminho de santificação. Onde abunda o pecado, superabunda a graça. Deus não tem medo das ações do Maligno e sabe usar de forma perfeita o mal que este gera, transformando-o em bem ainda maior (como diz o canto do “Exsultet”, na Vigília Pascal: “Felix Culpa”).

Os profetas nos ensinam que são três os pecados do povo que geram a ira de Deus e seu afastamento: o abuso despótico do poder político por parte daqueles que governam em causa própria e não amam nem cuidam do povo, com fins de enri-quecimento próprio ou mera avidez de poder; desprezo pelos pobres por meio da enganação e exploração des-tes e da elaboração de normas e leis injustas, que garantem o bem-estar dos ricos, mas subtraem o direito dos pobres e reduzem a vida destes a con-dições tão precárias que os induzem a roubar para sobreviver; e a hipocrisia no culto que acontece quando a prá-tica da religião se desvincula da vida: falo em nome de Deus, realizo certas práticas religiosas e cultuais, mas que são apenas externas, de pura fachada,

aNa lYdia saWaYa

Opinião

Ana Lydia Sawaya é professora da Unifesp e fez doutorado em Nutrição na Universidade

de Cambridge. Foi pesquisadora visitante do Massachussets Institute of Technology (MIT) e é

conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

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Celebramos no dia 9 de junho a festa de São José de Anchieta, missionário jesuíta e Apóstolo do Brasil. Sua missão está es-

treitamente vinculada ao surgimento da cidade de São Paulo, no atual Pateo do Collegio, próximo à Praça da Sé. Além disso, São José de Anchieta é patrono do Vicariato para a Educação e a Uni-versidade de nossa Arquidiocese. José de Anchieta nasceu numa das sete Ilhas Canárias, de onde avistava os navios que faziam escala em Tenerife, rumo ao Oriente e ao Novo Mundo. Essa contem-plação da grandeza do mar talvez tenha sido um forte motivo a aceitar o convite para vir ao Brasil como missionário je-suíta em 1553, aos 19 anos, levando-o a desembarcar em São Vicente, a primei-ra vila fundada no Brasil por Martim

Afonso de Sousa. Lá, teve o primeiro contato com os índios. No ano seguinte, junto com o jesuíta português Manuel da Nóbrega, subiu a Serra do Mar até o planalto que os índios denominavam Piratininga. Os dois missionários esta-beleceram um pequeno colégio, e, em 25 de janeiro de 1554, celebrou-se ali a primeira missa, data da fundação da ci-dade de São Paulo.

É interessante reparar a sua corajosa decisão de viajar a um mundo desco-nhecido, em uma época em que as via-gens duravam um ou dois meses, com desconfortos, enjoos e doenças. Anchie-ta, no entanto, é um jovem entusiasta, empolgado com a missão de atrair para Jesus Cristo as comunidades indígenas de um novo e desconhecido mundo. Era plenamente consciente de que se tratava de uma viagem sem volta a um lugar em que tudo está por fazer e, portanto, sem saber o que lhe esperava. Surpreende a grandeza de sua fé em Deus e sua cora-gem em assumir as consequências de sua decisão, sabendo que, provavelmente, não mais veria seus pais, irmãos, parentes e amigos. Realmente, era um jovem mui-to maduro e determinado para, na idade de 19 anos, enfrentar essa aventura. Estu-dou a cultura indígena e aprendeu a falar

o tupi-guarani, uma espécie de idioma comum entre as dezenas de tribos indí-genas que povoavam essas terras, espe-cialmente o litoral.

Elaborou uma gramática intitulada “Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil”, publicada em Coim-bra, em Portugal, em 1595. Foi posterior-mente editada, para ajudar os outros pa-dres a aprender as línguas indígenas. Teve mérito o seu esforço em conhecer a reali-dade dos índios, sua cultura e mentalidade e, a partir daí, impulsionado pelo seu zelo missionário, encontrar diferentes formas de evangelizar. Por exemplo, na Cateque-se, usava o teatro e a poesia, tornando a aprendizagem um processo prazeroso.

A data da fundação de São Paulo, 25 de janeiro de 1554, se deve a uma carta de sua autoria enviada ao seu superior em Por-tugal, relatando a fundação da vila de São Paulo de Piratininga, ao redor do Pateo do Collegio. Encontramos, num trecho dessa carta, um relato que evidencia o heroísmo de sua atividade pastoral: “Andamos visi-tando várias povoações, tanto de índios como de portugueses, sem fazer caso dos calores, chuvas ou grandes enchentes de rios, e muitas vezes de noite, por bosques muito escuros a socorrermos os enfermos, não sem grande trabalho, tanto pela aspe-

reza dos caminhos, como pela inclemên-cia do tempo, máxime sendo tantas estas povoações e tão longe umas das outras... Nós que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes, estamos mal dispos-tos, e, fatigados de dores, desfalecemos no caminho... Muitas vezes nos levantamos do sono, ora para os enfermos, ora para os que morrem”. Falando tupi-guarani e via-jando por todo o litoral, ganhou a confian-ça dos índios e, mesmo depois de muitos incidentes, colaborou decisivamente para o estabelecimento da paz entre os índios tamoio e tupinambá e os portugueses.

Transmitiu a fé cristã, deixando-nos um grande exemplo de genuína incul-turação, que consiste em conhecer os valores positivos de outras culturas, apre-ciá-los e utilizar os conceitos da cultura local para transmitir valores da cultura cristã. Por exemplo, explicou aos índios que não deviam praticar o canibalismo, por ser uma horrível manifestação de ódio e também porque Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia, que nos permi-te “comer” a carne de Cristo na Comu-nhão, e assim sermos fortalecidos com as graças e virtudes de nosso Redentor; ou seja, deviam deixar a crueldade do cani-balismo e aderir a uma forma de “santo antropofagismo espiritual”.

www.arquisp.org.br | 17 a 23 de junho de 2020 | regiões episcopais/Fé e Vida | 5

DOM CARLOS LEMA GARCIABISPO AUXILIAR DA

ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA E VIGÁRIO EPISCOPAL PARA A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE

Espiritualidade

BELéM

A disposição e a fibra de São José de Anchieta

Na Solenidade de Corpus Christi, na quinta-feira, 11, foram celebradas missas nas paróquias da região. Na Paróquia São José do Belém, a cele-bração foi presidida pelo Padre Mar-celo Maróstica, Pároco e Coordena-dor Regional de Pastoral.

Na homilia, Padre Marcelo ex-

plicou o mistério de Corpus Christi e lembrou: “Em Cristo, temos a vida, uma vida que começa a ser plenifica-da hoje. Em Cristo, temos o alimento que nos sustenta”.

O Sacerdote também falou sobre a importância do sacramento da Co-munhão. “Celebrar o Corpo de Cris-to é celebrar a comunhão que Deus nos convida a viver com Ele”, disse, encorajando os fiéis a confiar a vida

a Cristo, caminhar na esperança e lu-tar por um mundo melhor.

Ao fim da celebração, que foi acompanhada por cerca de mil pessoas pela internet, o Pároco e os concelebrantes, Padres Fabiano Al-cides e Thiago Faccini, foram até a porta central da igreja matriz, que estava fechada havia 81 dias, e dali o Padre Marcelo abençoou o bairro do Belém.

Luiz Ivanov Na tarde do sábado, 13, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, presidiu missa na Paróquia Santo Antô-nio de Lisboa, no Tatuapé, por ocasião da festa do padroeiro. Concelebrou o Cônego Marcelo Monge, Pároco. A missa, transmitida pelo Face-book da Paróquia, foi assistida por mais de 1,9 mil pessoas.

No começo da celebração, o Bispo lembrou que todos devem se prevenir do coronavírus e exortou os fiéis a pedir a intercessão de Santo Antônio, para que o vírus seja superado e para que ele renove a esperança dos brasileiros.

Na homilia, Dom Luiz, à luz do Evangelho do dia, encorajou a todos a perceber que as mudan-ças na vida também são um chamado à conversão ao Reino de Deus. O Bispo destacou que Santo Antônio “deixou um legado impressionante para todos nós, que nos encanta até hoje, que mostra um poder salvífico de Jesus na vida de uma pes-soa. Isso é experimentar o Reino, viver o Reino”.

Dom Luiz disse, ainda, que “quem acolhe o Reino de Deus, como Santo Antônio, é chamado a partilhar do pão”, e exortou os fiéis a ser sempre solidários com quem mais precisa.

Ao fim da celebração, Cônego Marcelo Mon-ge agradeceu ao Bispo e aos fiéis que acompa-nharam, pelos meios de comunicação, as ce-lebrações e atividades da festa do padroeiro, e Dom Luiz abençoou os pães de Santo Antônio.

Fotos da celebração podem ser vistas no link a seguir: https://bityli.com/edtHn. (FA)

Santo Antônio é celebrado no Tatuapé

A bênção com o Santíssimo para o bairro do Belém

FERNANDO ARTHURCOLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

Padre Marcelo Maróstica conduz o Santíssimo Sacramento até a porta da igreja-matriz da Paróquia São José do Belém, no dia 11

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[IPIRANGA] Na Solenidade de Corpus Christi, na quinta-feira, 11, criatividade, soli-dariedade e amor ao próximo foram os teste-munhos dos fiéis da Paróquia Santa Cristina e Comunidade São Domingos de Gusmão. Nos bancos da igreja matriz, foram colocadas fotos dos paroquianos que acompanharam a celebração pelas mídias sociais. Neste ano, o tapete de Corpus Christi foi elaborado com gêneros alimentícios doados pelos fiéis. Os itens arrecadados serão levados aos mais ne-cessitados. (por Cláudio Seiji)

Santo Antônio, um grande seguidor de Jesus Cristo

Ainda em razão do isolamento social, a Solenidade de Corpus Christi nas paróquias da Região Sé, na quinta-feira, 11, foi celebrada sem a presença física dos fiéis. Eles participaram virtualmente das missas e com gestos con-cretos de solidariedade.

Na Paróquia Assunção de Nossa Senhora, Setor Cer-queira César, a missa das 18h30, transmitida pela Rede Vida de Televisão, foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e concelebrada por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e pelos Padres Juarez de Castro, Pároco, e Maércio Ângelo Pissinatti Filho, Secretário do Cardeal.

Nos bancos do templo foram colocados os coberto-res doados pelos paroquianos e que serão distribuídos aos mais necessitados durante o inverno. Ao fim da ce-lebração, o Cardeal conduziu o Santíssimo Sacramen-

[SÉ] No dia 9, a Pastoral da Criança da Paró-quia Nossa Senhora de Casaluce, Setor Brás, distribuiu 85 cestas básicas. Regularmente, cerca de 50 famílias são assistidas pela Pasto-ral, porém, no atual momento de pandemia, outras famílias carentes também estão sen-do contempladas com as doações.

(por Pascom da Paróquia Nossa Senhora de Casaluce)

[LAPA] Na Paróquia Santa Mônica, no Se-tor Pirituba, no dia 11, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu missa na Solenidade de Corpus Christi, transmitida pelas redes sociais. Concelebrou o Padre Flávio Heliton, Pároco. Após a celebração, o Bispo realizou o rito da bênção do Santíssimo a todo o bairro.

(por Benigno Naveira)

[LAPA] Na tarde do domingo, 14, o Padre Edilberto Alves da Costa, Pároco da Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Butantã, con-duziu uma carreata com o Santíssimo Sacra-mento pelas ruas do bairro do Jaguaré. Os fi-éis participaram com cerca de cem carros. Ao fim do evento, o Sacerdote agradeceu a to-dos e abençoou e distribuiu o pão de Santo Antônio, cuja memória litúrgica foi celebrada no dia anterior. Leia a reportagem completa neste link: https://bityli.com/eVQvG.

(por Benigno Naveira)

Na noite do sábado, 13, na Paróquia Santo Antônio de Pádua, Setor Rio Pe-queno, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-gião Lapa, presidiu missa na memória li-túrgica do padroeiro, concelebrada pelo Padre João Carlos Deschamps, Pároco e

Vigário-geral da Região Lapa.Por causa das medidas de isolamento

social, a missa aconteceu sem a presença de fiéis, mas eles puderam acompanhá-la pelas redes sociais.

Na homilia, Dom José enfatizou que Santo Antônio foi um grande seguidor de Jesus Cristo. Missionário, o Santo amou os pobres, acolheu os órfãos e as viúvas e dedicou-se à pregação da Pala-

vra de Deus. O Bispo recordou, ainda, que o processo de canonização de Santo Antônio foi um dos mais rápidos da his-tória, e se deu 11 anos após sua morte.

Antes do final da missa, Dom José fez a bênção do pão de Santo Antônio e re-cordou que este doutor da Igreja foi de-clarado “protetor dos pobres”, e “protetor do casamento”, gerando a fama de santo casamenteiro.

BENIGNO NAVEIRACOLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

Cardeal Scherer e Dom Jorge Pierozan diante do Santíssimo

Dom José abençoa pães de Santo Antônio

Fiéis se unem virtualmente a suas paróquias na Solenidade de Corpus Christi

POR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ

to até a porta da igreja para um momento de adoração. No Setor Brás, houve o translado do Santíssimo entre

as Paróquias Nossa Senhora de Casaluce e Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, conduzido pelo Padre Loren-zo Nacheli. O percurso, feito de carro e transmitido pelo

Facebook, teve um momento de oração pelos doentes e profissionais da saúde em frente a dois hospitais.

Na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Setor Perdizes, pela manhã, o Frei Jair Roberto Pasquali, Pároco, conduziu o Santíssimo em um carro de som, e, à noite, presidiu missa, transmitida pelo Facebook. “É justa-mente num pedaço de pão que Jesus quis se eternizar na Igreja e na humanidade. Ele veio para dar-se a si mesmo. O pão oferecido contém sua própria entrega: seu corpo é ‘corpo entregue’, seu sangue é ‘sangue derramado’”, afir-mou o Sacerdote.

Também na Paróquia São Joaquim, no Cambuci, após a missa das 10h, o Padre José Donizeti Coelho, Pároco, percorreu, a pé, o entorno da igreja conduzindo o Santís-simo Sacramento, enquanto pessoas se ajoelhavam pelas ruas. Ao retornar para o templo, onde havia fotos dos fiéis nos bancos, o Sacerdote proferiu a bênção final.

Saiba detalhes de outras celebrações no site da Região: www.regiaose.org.br/notícias.

Benigno Naveira

Arquivo paroquial

Benigno Naveira Cláudio SeijiMarcos Grego Pascom da Paróquia Nossa Senhora de Casaluce

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BRASILÂNDIA

Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

O Documento nº 91, de 2010, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), intitulado “Por uma refor-ma do Estado com participação política”, preconiza dois movimentos políticos para garantir a plenitude da vida de-mocrática no Brasil: fortalecimento da democracia direta e aprimoramento da democracia representativa.

Para que ocorra o fortalecimento da democracia dire-ta, o Documento da CNBB prevê a efetividade do plebis-cito, do referendo e da iniciativa popular, que são formas de exercício da participação popular na construção da vida democrática previstas no artigo 14 da Constituição Federal de 1988.

Exemplifica-se com a forma da iniciativa popular prescrita pelo artigo 61, parágrafo 2º, do texto consti-tucional, como instrumento do fortalecimento da de-mocracia direta, tendo em vista a aprovação da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar no 135, de 4 de junho de 2010), importante medida para assegurar a cidada-nia como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, tal como previsto pelo artigo 1º, inciso II, da Constituição Federal de 1988.

A Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular subscrita por mais de 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles, prevê, por um período de oito anos, a inegibilidade de políticos condenados em segunda instância, isto é, com julgamento colegiado, em processos criminais, entre eles o crime de corrupção.

Por sua vez, para o aprimoramento da democracia representativa a fim de assegurar a plenitude da vida de-mocrática brasileira, o Documento da CNBB aponta a reforma do sistema eleitoral e a nova regulamentação dos partidos políticos.

Na verdade, a nova regulamentação dos partidos políti-cos é consequência da reforma do sistema eleitoral para as eleições legislativas.

O Documento da CNBB deixa implícito que o sis-tema do voto proporcional previsto pelo artigo 45 da Constituição Federal para a composição da Câmara dos Deputados esgotou-se, quando propõe o chamado “voto misto”, o que significa o eleitor votar “duas vezes, sendo uma no candidato de sua predileção e outra na chapa partidária”.

Esse “voto misto” é o sistema distrital misto exercido na Alemanha para a composição do Parlamento Federal (Bundestag) com grande sucesso para garantir a funciona-lidade do sistema político e da governabilidade, diferente-mente do Brasil, em que o voto proporcional para a Câmara dos Deputados gera a disfunção do sistema político e a ingo-vernabilidade com o chamado presidencialismo de coalizão para a formação de maioria parlamentar.

São Paulo VI, em sua Carta Apostólica Octogesima adveniens (OA), publicada em 1971 por ocasião do ani-versário de 80 anos da Encíclica Rerum novarum, do Papa Leão XIII, ressalta que são duas as aspirações da sociedade moderna: a igualdade e a participação. Para tanto, conclama São Paulo VI em sua Carta Apostólica que “o cristão tem o dever de participar também ele desta busca diligente, na organização e na vida da sociedade política” (OA, 24).

Por conseguinte, é dever também do cristão brasileiro buscar o fortalecimento da democracia direta e o aprimo-ramento da democracia representativa, para que o Estado Democrático de Direito promova o bem comum de todos os cidadãos.

Renato Rua de Almeida é presidente do Instituto Jacques Maritain do Brasil.

Fortalecimento da democracia direta e aprimoramento da democracia representativa

RENATO RUA DE ALMEIDA

Crise é uma transição de estado que deve ser superada em tempo hábil. Quando isso não acon-tece, reavalia-se a questão e ela passa a ser incluída na vida cotidiana como um fato a ser administrado. Toda crise deve ter data de validade; do contrário, danos previsíveis – ou não – passam a ser verifica-dos. Não deve ser indefinida e pode representar oca-sião para o progresso. Há mais de três meses, vive-se uma pandemia. O pedido #FiqueEmCasa virou um mantra que a população não consegue mais aceitar, sem ter dúvidas. Por quê?

As pessoas e instituições seguiram a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), segun-do seus critérios de evidências científicas. Acumu-laram-se tantas contradições, com perdas de vidas e falência econômica, que a levaram ao descrédito. Doença desconhecida que tomou o mundo rapi-damente, sem encontrar barreiras, levando todos a conviver com o medo. A pandemia neste País, por diversas causas, que aqui não discuto, transformou- -se, além de problema de saúde pública, em disputa política. A enorme polêmica quanto ao uso de hi-droxicloroquina foi fato inédito na história da Medi-cina. Os dados estatísticos fornecidos, com critérios duvidosos, levam o “terror” à população, alarmada por boa parte da mídia.

As consequências já são visíveis: cresce o núme-ro de pacientes que deixam de fazer seus acompa-nhamentos regulares, tornando-os mais vulnerá-veis. Crianças não saem mais de casa e, sem espaço para se divertir, alteram seu comportamento. Idosos que ficam isolados entram em depressão. O desem-prego, sem a perspectiva de retomada da economia, desestabiliza a família e favorece a violência domés-tica. A ameaça do lockdown em bairros em situação desumana acentua o medo, que não permite flexi-bilização consciente e ordenada. O que se aprendeu e qual o caminho a seguir? Procurei respostas na serenidade de Santa Teresa de Calcutá, que viveu em tribulações permanentes, a respeito do que ela pensa da vida (a seguir, em negrito).

Para Santa Teresa, errar é a coisa mais fácil. E não foram poucos nesta pandemia. E o maior erro é parar de acreditar. Não se acreditou que outros caminhos, outros tratamentos poderiam ser me-lhores que os escolhidos. Talvez porque se recaiu

no que Teresa chama de a razão de todos os ma-les: o egoísmo. “Se eu posso fazer lockdown, com home-office e geladeira cheia, problema de quem não pode ou está desempregado e faminto.” Hou-ve um grande esforço, dentro do possível, a seguir o #FiqueEmCasa, porém nem todos em condições ide-ais de comodidade, recursos financeiros e alimenta-ção. A crise aperta. O desemprego aparece. O tempo se prolonga. Começa a desconfiança no noticiário de terror, nas orientações contraditórias de governos em atrito. São as pessoas mais perigosas: mentirosas. O que está acontecendo de fato? Acentua-se o medo da morte: o maior mistério, segundo a Santa.

Qual é o caminho? Para Santa Teresa, é preciso perdoar: o dom mais bonito. Perdoar os que erra-ram nas suas avaliações científicas. Nas orientações desencontradas. O noticiário de pânico e mentiras. Perdoar os que não aceitaram alternativas. Perdoar os que se descontrolam em casa... Ela propõe ação rápida: uma estrada reta. Surgem inúmeras atitu-des de solidariedade generosa, sem esperar por de-cisões superiores. Mutirões de distribuição de cestas de alimentação. Socorro aos desabrigados. Roupas aos que passam frio. São as obras de misericórdia numa estrada reta aos mais necessitados, permane-ça, ou não, o vírus. Isso dá a maior satisfação: a de dever cumprido.

O mais essencial para a Santa: um lugar para chamar de casa. Todos redescobriram a importân-cia da família para cada ser humano. Em condições, no entanto, de dignidade e flexibilidade. Isso pro-move a maior emoção: a paz interior. E, com a paz, vem junto o dom mais eficaz: o otimismo. O otimismo em poder voltar a conviver sem medos. Cuidando-se sim, com orientações pertinentes, coe-rentes e possíveis à realidade pessoal, resguardando os mais vulneráveis, agindo com responsabilidade social; mas que permita trabalhar, sair, participar das missas, correr pelos parques e praias... Novos desafios poderão surgir. E #FiqueEmCasa!? A data de validade expirou para esta proposta.

Para novos desafios, devemos contar com a força mais potente: o amor. Conclui Santa Teresa: Lem-bre-se: quanto menos temos, mais damos. Parece absurdo, mas esta é a lógica do amor. Se você julga as pessoas, nunca terá tempo para amá-las. Não existe maior pobreza que não ter amor para dar.Valdir Reginato é médico de família. E-mail: [email protected]

#FiqueEmCasa e a lição de Madre TeresaVALDIR REGINATO

Mesmo sem a presença físi-ca dos fiéis, a Paróquia São Luís Gonzaga, no Setor Pereira Bar-reto, esteve “lotada” na Soleni-dade de Corpus Christi, no dia 11. “Em cada um dos bancos e tapete por onde passou o corpo de Jesus Cristo, estão as roupas e cobertores que representam os nossos paroquianos. ‘Estive com fome, estive com frio e vós me socorrestes.’ O mesmo Jesus Cristo da Eucaristia é aquele que passa fome e frio”, comen-

tou o Padre Roberto Moura, Pároco.

Tradicionalmente, a Paró-quia monta um tapete solidário para a celebração de Corpus Christi, com roupas de frio, cal-çados e cobertores, que são do-ados aos atendidos pela Missão Belém.

Este ano, mesmo diante das atuais medidas de isolamento so-cial, a solidariedade foi mantida. Para estimular as doações, no dia 6 de junho, houve o Drive Thru Solidário, em que as pessoas, sem saírem de seus carros, pude-ram deixar suas doações.

Paróquia monta tapete solidário no dia de Corpus Christi

TAíSE CORTêSCOLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Corpus Christi na Paróquia São Luís Gonzaga

Cristina de Lucca

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Combater a disseminação de falsas informações e notícias – fake news – no ambiente virtual é a proposta central de dois projetos de lei, de similar conteúdo, que tramitam no Congresso Nacional: o PL 2630/20, no Senado, e o PL 2927/20, na Câmara dos Deputados.

Em ambos, prevê-se a criação da Lei de Defesa da Liberdade, Responsabili-dade e Transparência na Internet, a cha-mada “Lei das Fake News”, com regras para o uso e a operação de redes sociais e serviços de mensagem privada via in-ternet, sendo aplicável a provedores com, pelo menos, 2 milhões de usuários registrados.

Entre os pontos estabelecidos nos PLs estão a obrigatoriedade de que as plataformas solicitem a identidade dos usuários para criar contas; estabeleçam um limite de contas por usuário; proí-bam o uso de perfis falsos e de robôs ou redes de robôs, bem como a adoção de ferramentas de compartilhamento de mensagens em sites e aplicativos que não sejam certificados pelas platafor-mas. Além disso, a criação ou operação de contas falsas será enquadrada no crime de organização criminosa (Lei

12.850/2013) e poderá ser considerada como crime de lavagem de dinheiro (Lei 9.613/1998).

POLêMICASUm dos pontos polêmicos da redação

original do PL 2630/20 é o que permite a exclusão de conteúdos pelas plataformas quando estes forem identificados como fake news por verificadores independen-tes de fatos (fact-checkers).

Uma nova versão do texto, que ainda será apreciada no Senado, proíbe que as plataformas removam qualquer conteúdo por considerá-lo fake news e indica que ca-berá ao Comitê Gestor da Internet, órgão multissetorial responsável por diretrizes na área, criar um grupo para elaborar uma proposta legislativa contra informações enganosas, além de definir o que é desin-formação e estruturar um código de boas práticas para os verificadores.

“É preciso muito cuidado. Quere-mos mesmo que empresas como Face-book e Twitter, por exemplo, monitorem tudo o que circula nas redes e passem a derrubar contas em função do que elas considerarem desinformação? Como a lei descreve desinformação?”, polemiza Pollyana Ferrari Teixeira, pós-doutora em Comunicação e professora do Pro-grama de Estudos Pós-Graduados em Tecnologias da Inteligência e Design Di-gital da PUC-SP.

Pela nova redação do PL 2630/20, as plataformas somente poderão intervir em contas e perfis inautênticos em rela-ção à distribuição de conteúdo impulsio-nado em massa. Ainda assim, o usuário será notificado da ação e lhe devem ser dados meios para recorrer da decisão.

NECESSIDADE DE AMPLO DEBATENa avaliação do advogado Miguel

da Costa Carvalho Vidigal, diretor da

União dos Juristas Católicos de São Pau-lo (Ujucasp), a legislação brasileira já dispõe de mecanismos suficientes para coibir falsidades, calúnias, injúrias e di-famações: “Qualquer projeto de lei que queira ir além do nosso regramento atual deveria impreterivelmente ser objeto de um longo debate nacional e, sobretudo, fora de um momento de crise sanitária, como o que vivemos hoje”.

Opinião similar tem Carlos Alberto Di Franco, advogado e doutor em Co-municação: “Não vejo necessidade de outros instrumentos. Minha sensação é de que, no fundo, o que se quer, sob a aparência de proteção da sociedade, é controlar as redes sociais”.

Para Aldo Quiroga, jornalista da TV Cultura e professor na PUC-SP, a solução deve resultar de um amplo debate feito com toda a sociedade. “Votações virtuais sem dar voz aos especialistas no assun-to podem nos levar por um caminho de difícil correção. É preciso levar em con-ta que o mundo pós-pandemia terá um acirramento dos mecanismos de con-trole pelos Estados, com a justificativa sanitária. No entanto, certamente, serão usados para controle de movimentos so-ciais e dissidências. É nesse contexto que uma lei como essa entraria em vigor. Por isso, é preciso muita cautela”.

Alexandre Gonçalves, doutorando em Comunicação na Columbia Universi-ty, nos Estados Unidos, recordou que “di-versos ativistas de direito digital afirmam que mudanças tão drásticas deveriam ser precedidas por um amplo debate com a sociedade civil”. Ele apontou, ainda, que a maioria das plataformas estão sediadas nos Estados Unidos e, assim, “mudanças significativas somente acontecerão quan-do os Estados Unidos decidirem legislar sobre as políticas de comunicação adota-das pelas plataformas”.

8 | reportagem | 17 a 23 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

“As fake news não são notícias, nem informações, nem expressão de um pen-samento. Elas são uma montagem, com a finalidade específica de detratar, ofen-der, difamar, alcançar interesses próprios, pessoais ou grupais, corporativos, polí-ticos e econômicos. Portanto, combater fake news não é propriamente combater uma fofoca, uma mentira qualquer, um equívoco, embora isso já fosse muito a ser combatido. Mais do que isso, é combater a execução de um plano que faz mal às pessoas e instituições, que muda o rumo das coisas, que, injustamente, fará ven-cedor quem não seria se não houvesse fake news. De forma alguma a coibição das fake news atentará contra a liberdade de expressão e de opinião, que, por mais divergentes que possam ser, devem ser sempre verdadeiras.”

Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, Presidente da

Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB

“Não se combate fake news com tutelas ineficazes do Estado, pois isso pode atin-gir diretamente a liberdade de expressão. Quem vai dizer o que podemos ou não consumir? Quem vai definir o que é ou não fake news? O Estado? Transferir para o Estado a tutela da liberdade é muito pe-rigoso. Fake news se combatem não com menos informação, mas com mais infor-mação, e informação mais qualificada.” Carlos Alberto Di Franco, advogado, doutor em Comunicação

e consultor e colunista do jornal O Estado de S. Paulo

O jornal O SÃO PAULO consultou oito especialistas de diferentes áreas do saber para que respondessem à seguinte pergunta, cujas respostas são apresenta-das a seguir:

“Como coibir as fake news sem que haja o risco de censura ou de se atentar contra a liberdade de expressão?

Como evitar as fake news sem colocar em risco a liberdade de expressão?

ANÁLISES

ESPECIALISTAS OUVIDOS PELO O SÃO PAULO APONTAM CAMINHOSPARA QUE NOVAS LEGISLAçõES SOBRE O TEMA NãO FACILITEM ExPEDIENTES DE CENSURA

DANIEL GOMES, FERNANDO GERONAzzO, FLAVIO ROGÉRIO LOPES

E JENNIFFER [email protected]

Arquivo pessoal

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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de junho de 2020 | reportagem | 9

“Talvez lapidar o instituto do direito de resposta fosse um caminho mais cor-reto. Na aplicação deste regramento, que é amparado tanto na Constituição Fede-ral quanto em Legislação específica (Lei 13.188/15), o ofendido tem 60 dias para pedir direito de resposta, e o suposto ofensor, ao receber a resposta, tem sete dias para publicar, oferecendo ao ofendi-do o mesmo destaque que deu quando da publicação falsa ou ofensiva. Em caso de recusa daquele que publicou a suposta fake news de divulgar a resposta do ofen-dido, judicializa-se a questão e, embora a lei determine que a sentença de primeira instância deva ser prolatada em 30 dias, infelizmente encontramos uma morosi-dade enorme, e a solução acaba se dando muitas vezes anos depois, quando, por ve-zes, a acusação já nem é mais lembrada.

Os prazos para garantir a defesa do ofendido são, portanto, muito longos e acabam ajudando essa lentidão, dando pouca efetividade à lei. As informações hoje correm e se atropelam umas às ou-tras e, dessa forma, permitir que a respos-ta possa demorar para ser publicada não ajuda em nada o combate às fake news. Soma-se a isso que não são raras as deci-sões judiciais que inocentam personalida-des e veículos de imprensa tradicionais de ofensas que eles teriam proferido, com o

simplório argumento de que ‘é do feitio dele se expressar daquele modo’.

É preciso, portanto, que a Lei 13.188/15 tenha nova redação e ofereça menos buro-cracias, ajudando na celeridade do direito de resposta. Sobretudo, é necessário, po-rém, que grandes corporações e mesmo juízes parem de determinar, a seu bel-pra-zer, qual narrativa pode ser aceita e qual deve ser combatida: ou se quer excluir todo tipo de notícias falsas ou teremos a censura implantada no País.”

Miguel da Costa Carvalho Vidigal, advogado e diretor da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp)

“Fake news são mentiras e devem ser enfrentadas pelo compromisso pesso-al com a verdade. As melhores leis serão ineficazes diante de alguém que prefere as mentiras cômodas à verdade. Um hábito salutar é darmos, nas polêmicas, um ‘di-reito de resposta’ a quem pensa diferente de nós, procurando materiais bem fun-damentados que mostram as questões sob outra ótica. No plano institucional, as melhores soluções serão as formuladas em fóruns em que usuários, plataformas da internet e gestores públicos dialoguem para ver como inibir fake news sem criar censura. O diálogo entre os três atores da internet minimiza o risco de ações malé-volas de um ou outro grupo. Antes que leis, difíceis de promulgar e mais ainda de corrigir quando inadequadas, o melhor são códigos de conduta flexíveis e ampa-rados legalmente, que vão sendo aprimo-rados à medida que avançam os debates e os recursos disponíveis.”

Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo, biólogo e

coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP

“Esse mal, que tem afetado negativa-mente as relações sociais, e até o desen-volvimento do País, é a prova de uma so-ciedade doente e com expectativas torpes sobre um mundo fantasioso. É urgente que haja, primeiramente, uma consciên-cia individual e coletiva dos cidadãos, bem como as autoridades devem trabalhar no sentido de criar leis e outros instrumen-tos que punam autores de fake news. O cuidado para que não se fira a liberdade de expressão passará pelo respeito às opi-niões contrárias, pois ninguém é dono de uma verdade absoluta. Outro ponto im-portante é não deixar de lado a apuração dos fatos de maneira rigorosa e imparcial. No Brasil, temos condenado mais do que apurado e julgado.”

Alessandro Gomes, bacharel em Comunicação Social, mestre em Ciências das Religiões e presidente da Signis Brasil

“Esse é o grande dilema deste momen-to. Não há uma resposta fechada para isso, mas certamente a solução passa pelo for-talecimento das instituições democráticas, que precisam, com urgência, colocar freio à sanha autoritária deste tempo. É bom lembrar que o marco legal que temos já dá uma base importante para coibir os abu-sos nas figuras da injúria, calúnia e difa-mação. O combate às informações falsas é o grande desafio para a democracia neste tempo. A manipulação da opinião pública com notícias sem fundamento já definiu eleições no velho e no novo continentes e, aqui, a Suprema Corte ainda se mani-festará sobre isso. E desse posicionamento dependerá a manutenção do Estado De-mocrático de Direito. Em paralelo, o jor-nalismo profissional é o antídoto, com sua prática constante de checagem dos fatos, que agora ganha ainda mais destaque.”

Aldo Quiroga, jornalista da TV Cultura e professor da PUC-SP

“Por um lado, acho importante ga-rantir que todo o conteúdo publicado tenha assinatura. Quando é fácil iden-tificar e responsabilizar judicialmente o autor, produtores de conteúdo pensam duas vezes antes de publicar uma no-tícia difamatória ou caluniosa. As pla-taformas digitais podem desempenhar um papel importante nesse sentido. Elas devem empregar todos os ins-trumentos ao seu alcance para evitar perfis falsos. Ao mesmo tempo, devem oferecer ferramentas para que usuários e pesquisadores possam rastrear a ori-gem de uma informação dentro da pla-taforma. Por outro lado, acho perigoso que as plataformas adotem os pareceres de fact-checkers na hora de decidir a re-moção de um conteúdo. Acredito que fact-checkers podem desempenhar um serviço inestimável para a qualidade do debate democrático, mas esse poder se converteria em abuso se seus pareceres implicarem a censura do conteúdo que foi julgado impróprio. Na prática, ha-veria um enorme incentivo para captu-rar o poder decisório dos fact-checkers para controlar o que as pessoas veem nas suas mídias sociais.”Alexandre Gonçalves, jornalista, graduado em Ciên-

cia da Computação e doutorando em Comunicação na Columbia University, nos Estados Unidos

“Até hoje, não vi nenhum país, institui-ção ou pensador que tivesse uma resposta clara e completa para essa indagação. Só o diálogo amplo, a diversidade das perspec-tivas, a contribuição dos vários saberes e, além disso, a experiência prática, é que vão nos indicar possíveis soluções. Há, porém, alguns princípios bem estabelecidos como, por exemplo, o de que nunca deve haver censura prévia de conteúdo ou o de que não há liberdade de expressão para difamar, in-juriar e caluniar. O nosso desafio, neste mo-mento, é fazer as perguntas certas. Os tipos penais de difamação, injúria e calúnia não são suficientes? Há falsidades que devem ser ‘toleradas’? Qual é o procedimento por meio do qual se define algo como falso? E a pergunta mais delicada: quem terá a com-petência de julgar a veracidade ou falsidade de uma informação? Agências estatais, en-tidades não governamentais ou as próprias plataformas digitais? Enquanto não tiver-mos respostas razoavelmente seguras, não podemos aprovar nenhuma regulação, sob pena de atingirmos gravemente a liberdade de expressão.”

Enrico Misasi, deputado federal (PV-SP)

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10 | reportagem | 17 a 23 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

Muitas cidades brasileiras estão com medidas de isolamento social há quase três meses. Diante das incertezas a res-peito de quando a vida retornará plena-mente “ao normal”, já são muitos os rela-tos de pessoas angustiadas.

Em maio, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Mi-nas Gerais (UFMG) e Universidade Es-tadual de Campinas (Unicamp) divul-garam os resultados de uma pesquisa on-line (convid.fiocruz.br), com mais de 44 mil pessoas, na qual se apontou, entre outros indicadores, que 40% dos entrevistados se sentem mais tristes e deprimidos do que antes da pandemia e 54% revelaram estar mais ansiosos ou nervosos.

O jornal O SÃO PAULO, a partir de conversas com especialistas e recomen-dações da Organização Mundial da Saú-de (OMS), apresenta uma lista de com-portamentos válidos para que a angústia também não se torne um problema neste período de incertezas.

NÃO SE DEIXE LEVAR POR PENSAMENTOS RUINS

De acordo com a psicóloga clínica Michele Souza Meneses, uma das atitu-des recomendadas neste momento é mo-nitorar os pensamentos negativos sobre a incapacidade de superar os problemas: “É preciso pensar sobre o pressuposto de que ideias do tipo ‘eu não presto’, ‘vai dar tudo errado’, ‘eu não vou arranjar empre-go’ sejam verdadeiras. Você deve analisar toda a sua trajetória e ver o quanto esse pensamento negativo é pequeno diante de tudo o que você é, já viveu e de toda a experiência que tem”.

EVITE O EXCESSO DE NOTíCIAS SOBRE A PANDEMIA

Ter um excessivo contato com o noticiário acerca da pandemia de CO-VID-19 também é algo a ser evitado, conforme recomendou a OMS, em um subsídio sobre saúde mental, elaborado em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas): “Redu-za o tempo gasto assistindo, lendo ou ouvindo notícias que o façam se sentir ansioso ou angustiado; busque infor-mações apenas de fontes confiáveis, principalmente para que você possa tomar medidas práticas para preparar seus planos e proteger a si próprio e a seus entes queridos. Busque atualiza-ções de informações em horários es-pecíficos, uma ou duas vezes por dia.

Atenha-se aos fatos, não a rumores ou informações erradas”.

ACREDITE NA PROVIDêNCIA DIVINAPadre Pedro Augusto Ciola de Al-

meida, Pároco da Paróquia Sagrado Co-ração de Jesus, na Região Lapa, lembrou à reportagem que fatores como a redu-ção de salários, o desemprego e a própria dificuldade para praticar a fé têm angus-tiado as pessoas. “A angústia geralmente é sentida como um aperto no peito, uma sensação de vazio inexplicável, acompa-nhada de uma ansiedade e uma dolorosa incerteza, trazendo irritabilidade e de-sespero”, observou.

“O medo em relação ao que vai acontecer pode se tornar maior do que o medo de alguma coisa concreta e de-terminada. Nesse sentido, a imaginação do sofrimento pode ser pior do que o so-frimento real. A angústia com o presen-te diante do futuro foi tema de diversos diálogos de Jesus com seus discípulos, para que não pensassem que seu cami-nho dependesse somente dos meios hu-manos, desconsiderando os dons espiri-tuais. Veja, ‘os corvos não semeiam nem colhem, não tem celeiro nem despensa. No entanto, Deus os sustenta’ (Lc 12,24). Aconselho as pessoas a acreditar na pro-vidência de Deus, cultivar sua vida de oração e solidariedade, bem como a ver nas dificuldades novas formas de abrir caminhos”, afirmou o Sacerdote.

COMPARTILHE BOAS EXPERIêNCIAS A OMS orienta que as pessoas se

mantenham em contato com os amigos e parentes pelas redes sociais, telefone e e-mail e, sempre que possível, sejam compartilhadas informações e experiên-cias positivas.

Uma dessas ações pode ser o com-partilhamento da fé em família, algo que tem crescido nesta quarentena, conforme observou o Cardeal Odilo Pedro Scherer,

Arcebispo de São Paulo, em uma live, em 24 de maio. “Quantas coisas bonitas es-tão acontecendo agora no tempo da pan-demia nas famílias católicas: elas rezam juntas, assistem à missa, mesmo quem antes não ia à igreja, agora, em casa, par-ticipa da missa. E quantas mães, avós e famílias inteiras estão fazendo cateque-se em casa, quantas narrativas, quantas histórias de santos que estão sendo lidas nestes tempos! É uma redescoberta da Igreja doméstica”, apontou.

VALORIzE AS ATIVIDADES EM FAMíLIA

Na medida do possível e sem se expor aos riscos de contágio, a rotina familiar deve ser mantida, com o acréscimo de situações que permitam a interação entre todas as gerações. “Mantenha rotinas e ho-rários regulares tanto quanto possível ou crie novas rotinas em um novo ambiente, incluindo exercício físico regular, faxina, tarefas domésticas diárias, canto, pintura ou outras atividades”, recomenda a OMS.

SEJA MALEÁVEL COM A PRóPRIA ROTINA DE TRABALHO

A OMS orienta aos que estão traba-lhando em casa que busquem “descanso e pausas suficientes durante o trabalho ou entre turnos”.

A psicóloga Michele aponta que a ro-tina de trabalho deve se ajustar à realidade de cada família, levando em conta que, por vezes, mais de uma pessoa na casa está no regime home-office: “Trabalhar por um tempo muito longo durante o dia acaba desgastando demais. Se você dividir esse período, intercalando-o com outras ativi-dades, isso levará a um desgaste menor”.

FAÇA ATIVIDADES FíSICAS DENTRO DAS SUAS POSSIBILIDADES

A OMS também aponta que a prática diária de exercícios físicos em casa pode ajudar na manutenção da mobilidade e

na diminuição do tédio, devendo este hábito ser acompanhado de uma rotina equilibrada de sono, hidratação e ali-mentação. Michele ressalta que isso deve ser feito sem uma cobrança por resul-tados: “Não adianta querer ser como as outras pessoas. O importante é cuidar do seu corpo na medida das suas possibili-dades, de seus recursos, que muitas vezes são escassos”.

EVITE OS EXTREMOS NA ALIMENTAÇÃO

Alimentar-se adequadamente tam-bém é indispensável para a manutenção do bem-estar. De acordo com a nutricio-nista Amanda Costa, devem ser evitadas atitudes extremas: “Neste momento de confinamento, é importante não fazer restrições intensas como diminuir o consumo de calorias, fazer uma restri-ção severa ou, menos ainda, o corte de carboidratos, pois eles são fundamentais para nutrir o nosso sistema imunológi-co. Pensando no condicionamento físi-co e na saúde, é fundamental uma dieta equilibrada, que contenha frutas, legu-mes, verduras, além de boa hidratação – ingestão de água, chás e sucos naturais –, deixando estratégias mais específicas para quando tivermos retomado a rotina normal”.

O SOL NÃO ESTÁ DE QUARENTENAManter o contato diário com o sol

continua muito válido. “A maior parte da vitamina D do organismo, mais de 80%, é produzida na pele, após exposição so-lar leve e habitual, em atividades como breves caminhadas, pendurar a roupa no varal ou levar o lixo até a rua. Da mes-ma forma, ocorre quando o sol que entra através da janela aberta toca a pele dos indivíduos enquanto caminham pela casa”, consta em um comunicado, de 12 de abril, da Sociedade Brasileira de Der-matologia (SBD).

Para que a angústia também não vire uma pandemiaCUIDAR DA SAúDE FíSICA E MENTAL E VIVENCIAR A Fé SãO ATITUDES INDISPENSáVEIS PARA SUPORTAR A QUARENTENA

DANIEL [email protected]

Aperto no peito, irritabilidade, ansiedade, desespero e um inexplicável ‘vazio’ são algumas das sensações descritas por quem está angustiado

Pixabay

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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de junho de 2020 | reportagem | 11

Na chamada “vida moderna”, há mui-tas pessoas que afirmam não ter tempo para dar conta de todas as responsabili-dades cotidianas. Trabalho, casa, com-pras, relacionamentos, filhos, estudo, vida espiritual, atividade física, saúde, descanso... Tudo isso parece não caber nas 24 horas do dia, o que pode provocar ansiedade, estresse, cansaço físico e men-tal, que são potencializados quando se vive confinado dentro de casa, como tem acontecido nestes últimos atípicos meses.

Por mais que se busque identificar culpados externos para isso, na verdade, na maioria dos casos, chega-se à cons-tatação da falta de algo indispensável para uma vida minimamente saudável: a ordem.

No entanto, é preciso compreender que, mais do que uma organização ex-terior, a ordem ganha um sentido mais profundo se for compreendida como uma virtude, isto é, “uma disposição ha-bitual e firme para praticar o bem”, como ensina o Catecismo da Igreja Católica.

DISPOSIÇÃO INTERIORO escritor Francisco José de Almeida,

autor de um pequeno livro chamado “A virtude da ordem”, da editora Quadran-te, explica que, quando se fala sobre esse tema, imediatamente se pensa na mesa do escritório cheia de papéis pendentes, no armário, na confusão do quarto das crianças, nos livros amontoados... Na verdade, porém, trata-se “da consequên-cia de outra ordem fundamental, interior, que se traduz e se projeta no que se faz”.

O jornalista Tiago Oliveira Miranda, 40, de Brasília (DF), sempre se conside-rou uma pessoa organizada. Com o pas-sar do tempo, porém, percebeu que, na verdade, era apenas uma pessoa metódi-ca e que gostava de traçar planos. Tendo em vista que começou a compreender a dimensão da ordem como uma virtude, percebeu que isso significa “muito mais do que fazer uma lista de coisas para se-rem riscadas à medida que eram execu-tadas”.

PRIORIDADESSanto Agostinho definiu a ordem

como “uma disposição de coisas iguais e desiguais, que dá a cada uma seu lugar”. Por isso, o primeiro passo para adquiri-la é identificar prioridades.

Uma comparação que ajuda a enten-der essa organização da vida é a da palma da mão, que, para poder realizar plena-mente as suas funções, precisa ter cinco dedos, que, no entanto, possuem tama-nhos distintos. Cada dedo simboliza as diferentes prioridades: os trabalhos pro-fissionais; os deveres religiosos; as obriga-ções familiares; o descanso e a cultura; e as responsabilidades de caráter social.

PLANEJAMENTO Uma tentação natural no cumpri-

mento das responsabilidades diárias é a de trocar aquilo que se deve fazer por

aquilo que custa menos ou agrada mais, o que gera a famosa procrastinação. Para isso, é preciso compreender cada vez mais o valor do “agora”.

Recomenda-se, dessa forma, a ela-boração de um plano diário de vida e se habituar a anotar as tarefas, em um caderninho ou no bloco de notas do celular, que leve em conta a ordem das tarefas, o tempo dedicado a cada uma delas e os eventuais imprevistos (leia mais no box).

Ao falar de sua experiência, Tiago Miranda salientou que o planejamento precisa ser claro e factível. “Na época da faculdade, às vezes, eu me programava para fazer duas coisas em seguida, sendo que não contabilizava o tempo do ôni-bus ou eventualidades, aí não conseguia fazer e ficava irritado comigo mesmo”, ilustrou o jornalista, ressaltando que, para ele, um grande desafio é não enges-sar seus planos.

DESDE PEQUENOPai de um filho de 4 anos e 6 meses

e outro prestes a completar 3, Tiago e a esposa, Eliana Machado dos Santos Mi-randa, 32, têm se esforçado para ajudar as crianças a cultivar a ordem em casa. Para isso, eles colocaram no quarto dos meninos uma lista com ilustrações das tarefas diárias. “O fato de termos uma rotina clara pra eles os ajuda a ter essa segurança do horário e do que está por vir”, explicou.

Francisco José de Almeida enfatiza

que uma pessoa ordenada, para a qual a ordem não é apenas uma “mania”, mas uma virtude, desenvolve-se harmoni-camente. “As peças de que se compõe a sua vida não se atritam, mas se encaixam umas nas outras como a perfeita en-grenagem de uma máquina complexa”, completou.

Está tudo em ordem na sua vida?FERNANDO GERONAzzO

[email protected] DICAS PARA O PLANEJAMENTO DIÁRIO

Perguntar-se: “O que tenho de fazer hoje?”, e não simples-mente o que gostaria de fazer;

Definir um momento exato para realizar cada coisa;

Ser realista na avaliação do tempo que cada tarefa vai exigir, prevendo o tempo de começá-las e terminá-las;

Deve-se levar em conta não apenas realizar as coisas, mas fazê-las bem-feitas;

Ter consciência de que nem tudo que é urgente deve ser resolvido na hora;

Ter claro que, para as tarefas de médio e longo prazos, é preciso uma parcela de dedicação diá-ria para serem concluídas;

Contar com imprevistos; Acompanhar, ao longo do dia, o cumprimento dessas tarefas;

Fazer um balanço no fim do dia, levando em consideração que todo resultado é uma experiência a ser assimilada;

Todo planejamento “cai por terra” quando surge um dever de caridade, como, por exem-plo, quando um amigo ou alguém da família precisa de uma ajuda;

Ter consciência de que a desordem pessoal se torna algo grave quando prejudica os outros;

Ter claro que, embora haja prioridades, do ponto de vista cristão todos os deveres são importantes.

(Fonte: “A virtude da ordem”)

xaviandrew/Pixabay

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Com a ampliação gradual dos setores da economia que podem retomar suas atividades na cidade de São Paulo, o número de usuários no transporte público au-mentou.

A SPTrans, responsável pelo sistema de ônibus na capital, afirma ter colocado mais veículos em circula-ção para evitar a superlotação nos coletivos, bem como reforçado os procedimentos de limpeza e higienização, “especialmente nos pontos de contato com passageiros, como balaústres verticais, corrimãos, pega-mãos e as-sentos. Para isso, no início de cada viagem realizada, os ônibus passam por higienização”, informa em seu site. Igualmente, o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) têm intensificado ações de limpeza de suas composições.

Também são fundamentais as atitudes de cada usu-ário para o combate ao novo coronavírus. Veja, a seguir, algumas posturas indispensáveis.

Use máscara. Em São Paulo, só pode embarcar nos ônibus, trens e metrôs quem esteja com máscara de pro-teção. É fundamental que a pessoa não toque na parte frontal da máscara e, ao retirá-la, o faça segurando-a pelas alças. Recomenda-se ter uma máscara reserva para eventual substituição, caso a que esteja em uso fique umedecida (é aconselhável, ainda, a utilização de um guardanapo ou toalha de papel entre a boca e a

máscara, a fim de evitar que esta fique úmida). A más-cara, após ser retirada da face, precisa ser descartada ou guardada em um saco plástico ou de papel que a isole do contato com outras superfícies.

Não coloque as mãos nos olhos, boca ou nariz. Durante a viagem, é inevitável que haja o contato das mãos com alguma superfície, como suportes de apoio, catracas e bancos. Por isso, evite ao máximo levar as mãos aos olhos, boca ou nariz. Lembre-se: o corona-vírus pode sobreviver por muitas horas em diferentes superfícies.

Evite o pagamento em dinheiro ou moeda. Esses objetos passam pelas mãos de muitas pessoas, poden-do se tornar “meio de transporte” para o coronavírus. O melhor é pagar a viagem com o bilhete único. Quando em bom funcionamento, a catraca eletrônica debita o valor da passagem sem que seja necessário encostar o cartão no leitor. Assim, basta aproximá-lo.

Mantenha as janelas abertas. Isso deve ser feito sempre que as condições e o meio de transporte per-mitirem, pois leva à melhor circulação do ar no interior do veículo.

Atenção ao uso do celular. Fazer uso permanente do telefone celular no transporte coletivo não é uma boa atitude, pois, caso as mãos entrem em contato com al-

guma superfície em que o vírus esteja presente e haja posterior toque no celular, o vírus passará para a su-perfície do aparelho. Se este não for bem higienizado posteriormente, inevitavelmente o portador do celular entrará em contato com o vírus que “trouxe” do trans-porte coletivo.

Higienize as mãos assim que sair do veículo. En-quanto estiver no trajeto, utilize o álcool em gel, por exemplo, ao sair de um ônibus em direção a outro meio de transporte público. Ao chegar ao destino final, lave as mãos com água e sabão até a metade do antebraço, esfregando também as partes internas das unhas.

Você deve trocar de roupa ao chegar ao destino final?

“Se o transporte público estiver com muita aglo-meração, eventualmente pode levar à contaminação, sim. Por isso, é recomendado trocar de roupa ao che-gar à sua casa para diminuir a rede de contágio do novo coronavírus”, diz o médico Daniel Garcia, on-cologista clínico do A.C. Camargo Cancer Center. A instituição produziu um vídeo a respeito de compor-tamentos no transporte público, disponível neste link: https://bityli.com/drms7.

SEMPRE QUE FOR POSSíVEL: Utilize o transporte público fora dos horários de pico; Respeite uma distância de, ao menos, 1m dos outros passageiros;

Busque rotas que possam ser feitas com apenas um meio de transporte.

(Com informações da SPTrans, Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos e A. C. Camargo Cancer Center)

12 | reportagem/Fé e Vida | 17 a 23 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

Você Pergunta

“Por que Deus está deixando tudo isso acontecer conosco, seus filhos?” A pergunta é da Aparecida Ribeiro, do bairro do Campo Limpo.

Aparecida, eu sei que você fez esta pergunta por causa da pandemia, que está ceifando tantas vidas por este mun-do afora, não é mesmo? Pois é, minha querida, não só você, mas muita gente tem feito esta pergunta, uma vez que en-tendem que Deus é nosso Pai, que Deus

é misericordioso, que Deus nos criou para sermos felizes.

Eu vou dizer a você o que apren-di com o nosso amado Papa Francisco. Ele reflete sobre todo esse sofrimento, mostrando que isso não tem sua fonte em Deus e muito menos é vontade de Deus. E ele mostra esse sofrimento todo gerado pelo coronavírus como fruto de nossas escolhas erradas. Plantamos o que colhemos. Destruímos o meio am-biente, fizemos do lucro o que mais in-teressa, globalizamos a economia, mas não globalizamos a solidariedade. O que

era de se esperar? Que tudo continuasse uma maravilha? E que não se diga que foi castigo de Deus, porque Deus é puro amor, Deus é paciência infinita, Deus não é vingativo.

Pense nisso, Aparecida. E Deus per-mita que a inteligência que Ele nos deu seja agora voltada para reparar o mal que aí está. Deus permita que a ciência chegue ao remédio. Deus permita que aprendamos as lições deste medo, desta angústia, desta incerteza e desta ansieda-de que nos machucam física, psíquica e espiritualmente.

Meditemos, então, na Palavra de Deus, que um dia disse a Israel e hoje diz a nós todos: “Veja, hoje eu estou colocan-do diante de você vida e felicidade, morte e desgraça. Pois ordeno hoje a você que ame a Javé, seu Deus, andando por seus caminhos, observando seus mandamen-tos, estatutos e normas. Você viverá e se multiplicará...” (Dt 30,15-16).

Jamais pense que Deus desiste de nós. Não, não desiste. Nós é que desis-timos Dele e bagunçamos este mundo tão grande e tão bonito que Ele nos deu. Fique com Deus, minha irmã.

Deus está deixando a pandemia acontecer?PADRE CIDO PEREIRA

[email protected]

Proteja-se da CoVId-19

Nos transportes públicos, a precaução assegura uma boa viagem

DANIEL [email protected]

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

SPTrans/Divulgação

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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de junho de 2020 | Papa Francisco | 13

A Eucaristia não é uma simples lem-brança, é um fato, disse o Papa Francisco no domingo, 14, quando se celebrou a So-lenidade de Corpus Christi no Vaticano. “É a Páscoa do Senhor que revive em nós. Na missa, a morte e a ressurreição de Je-sus estão diante de nós”, lembrou. Em suas palavras, porém, a Eucaristia também tem um poder medicinal importante: ajuda a “curar” nossa memória ao nos aproximar, concretamente, do amor de Deus.

UM REMÉDIO PARA A MEMóRIA“Façam isso em memória de mim”,

afirmou Jesus na última ceia, conforme o relato do Evangelho. Sobre essa fala, o Papa disse que Jesus pede que todos se reúnam em comunidade, como um povo

Citando o livro do Eclesiástico, o Papa Francisco pu-blicou sua mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, com o tema “Estenda a tua mão ao pobre”, a ser celebra-do em 15 de novembro. A oração e a ação de solidarie-dade para com os pobres são inseparáveis, recorda no texto, divulgado no último dia 10.

Francisco reflete a respeito dos ensinamentos do Antigo Testamento e, portanto, ainda anteriores ao nas-

cimento de Jesus Cristo, e que Ele também aprendeu ainda jovem. E diz que as lições do livro do Eclesiástico são atuais ainda hoje.

“Para celebrar um culto que seja agradável ao Se-nhor, é necessário reconhecer que cada pessoa, também aquela mais indigente e desprezada, leva impressa em si a imagem de Deus”, afirma na mensagem. “O tempo a dedicar à oração não pode jamais se tornar um áli-

bi para deixar de lado o próximo em dificuldade. Pelo contrário: a bênção do Senhor desce sobre nós e a ora-ção atinge seu objetivo quando são acompanhadas do serviço aos pobres.”

Francisco define o livro do Eclesiástico como “um precioso compêndio de sugestões sobre o modo de agir à luz de uma íntima relação com Deus, criador e amante da criação, justo e providente em relação aos seus filhos”. (FD)

‘Estenda a tua mão ao pobre’, diz o Papa em mensagem

Corpus Christi: A Eucaristia como ‘fato que cura a memória’NA FESTA DO CORPO E SANGUE DE CRISTO, PAPA FRANCISCO REFLETE SOBRE O PODER MEDICINAL DA COMUNHãO CONCRETA COM DEUS

FILIPE DOMINGUESESPECIAL PARA O SÃO PAULO

único, como família, e celebrem a Eucaris-tia em sua memória. “Não podemos igno-rar: [a Eucaristia] é o memorial de Deus. E cura a nossa memória ferida.”

Essa “memória ferida”, explicou o San-to Padre, expressa-se quando as pessoas esquecem todo o bem já recebido de Deus ao longo de suas vidas, e se veem sozinhas no mundo. “Tornamo-nos estranhos de nós mesmos”, definiu ele. Portanto, “fazer memória é voltar a se unir aos laços mais fortes, é sentir-se parte de uma história; é respirar com um povo”.

“A memória não é uma coisa priva-

da, é a via que nos une a Deus e aos ou-tros”, resumiu o Papa. Esse “memorial” deixado por Cristo serve para fortalecer nossos laços com Ele e com a comuni-dade cristã.

“Ele não nos deixou só sinais, porque se pode esquecer aquilo que se vê. Deu- -nos um alimento, e é difícil esquecer um sabor. Deu-nos um pão, no qual Ele está vivo e verdadeiro, com todo o sabor do seu amor”, disse o Pontífice.

CURA PARA A NEGATIVIDADEJesus também cura a “memória órfã”,

isto é, aquela carente de afetos, e a “memó-ria negativa”, que o Papa define como a ne-gatividade “que vem tantas vezes ao nosso coração”. E também a “memória fechada”, que vem do medo e da suspeição em rela-ção aos outros, além da indiferença.

Sobre isso, o Papa Francisco afirmou que Jesus afasta de cada um a ideia de que “não somos bons para nada, que só come-temos erros, que somos errados”. Ao se tornar nosso amigo íntimo na Eucaristia, “Ele recorda que somos preciosos: somos os convidados esperados em seu banque-te, os companheiros que deseja”.

Sempre usando a linguagem médica, insistiu o Papa: “O Senhor sabe que o mal e os pecados não são a nossa identidade, são doenças, infecções. E vem curá-las com a Eucaristia, que contém os anticor-pos para nossa memória doente de nega-tividade. Com Jesus, podemos nos imuni-zar da tristeza”.

A Eucaristia faz de cada um “portador de Deus”, acrescentou Francisco. “Jesus, ao oferecer-se a nós como um simples pão, nos convida também a não desperdiçar a vida, seguindo mil coisas inúteis que criam dependência e deixam o vazio por dentro. A Eucaristia fecha em nós a fome de coisas e acende o desejo de servir”, disse na homilia.

Vatican Media

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14 | Geral | 17 a 23 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa da Solenidade do Santíssimo Sa-cramento do Corpo e Sangue de Cris-to, também conhecida como Corpus Christi, na quinta-feira, 11, na Catedral da Sé.

Devido às medidas de isolamento social para conter o avanço da pande-mia do novo coronavírus, a celebração aconteceu sem a participação nume-rosa de fiéis. A assembleia deste ano estava representada por um pequeno grupo de pessoas, dentre as quais algu-mas que atuam nas organizações pasto-rais de serviço da caridade para com os mais pobres na Arquidiocese, seguindo as recomendações de distanciamento umas das outras e o uso de máscaras.

“Nossas igrejas hoje estão com al-gumas pessoas apenas… Contudo, queremos expressar publicamente a fé da Igreja no sacramento da Eucaristia. É Jesus que está no meio de nós”, afir-mou Dom Odilo, no início da celebra-ção, que foi transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arqui-diocese.

Ao saudar os fiéis presentes, o Car-deal ressaltou que a Eucaristia está sem-pre relacionada à caridade, recordando a recente afirmação do Papa Francisco de que “celebrar Jesus na Eucaristia nos leva ao compromisso de reconhecer Je-sus nos mais pobres e em todos aqueles que necessitam de maior atenção e ca-ridade”.

MEMORIALNa homilia, Dom Odilo destacou

que esta solenidade está ligada ao co-ração da fé cristã, pois “é justamente Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, que não abandona a Igreja em nenhum

‘A Eucaristia é o sacramento de Jesus Cristo entrenós e sinal permanente da sua atuação na Igreja’AFIRMOU O CARDEAL ODILO SCHERER, NA MISSA DA SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI

FERNANDO [email protected]

instante e cumpre o que prometeu: ‘Eu estarei sempre convosco’”.

“Nesta festa da nossa fé católica na Eucaristia, nós recordamos o memorial permanente de Jesus Cristo e da obra que ele realizou em nosso favor e da missão que confiou a nós, sua Igreja”, acrescentou o Cardeal, refletindo sobre o sentido da expressão “memorial”.

“Fazer memória está no cerne da nossa fé. Foi isso que Jesus recomen-dou aos apóstolos ao instituir a Euca-ristia, quando, no fim da ceia, pediu que fizessem isso ‘em memória de mim’”, continuou o Arcebispo, enfati-zando que não se trata simplesmente de uma memória arqueológica, de mu-seu, do passado, mas de “uma ação pe-rene e constante de Deus. Lembremo- -nos do que Deus fez, faz e ainda fará pela humanidade por meio de Jesus Cristo”, exortou.

O Cardeal Scherer salientou ainda, que, na Eucaristia, a Igreja torna presen-te a ação de Jesus Cristo e os cristãos se fazem presentes em sua ação no mundo. “Por isso, o povo da Nova Aliança é cha-

mado a celebrar a Eucaristia em memó-ria de Jesus Cristo”, afirmou.

“A Eucaristia é o sacramento de Je-sus Cristo entre nós e sinal permanente da sua atuação na Igreja. Que maravilha pensar que, desde os apóstolos até hoje, nenhum dia ficou sem a celebração da Eucaristia. Do Oriente ao Ocidente, de manhã e à noite, em algum lugar está sendo celebrada a Eucaristia, em me-mória de Jesus Cristo”, sublinhou o Ar-cebispo.

Dom Odilo também destacou que a Eucaristia é o sacramento que recorda a reconciliação da humanidade com Deus e a esperança nas suas promessas. “Esperamos estar livres desta pande-mia, mas Jesus nos anuncia uma es-perança ainda maior, a da vida eterna, pois quem Dele se alimenta tem a vida eterna”, completou.

MISTÉRIO DA FÉ“Tantos são os significados e as

mensagens desse sublime sacramento, grande mistério da fé, no qual anuncia-mos a morte de Jesus, proclamamos a

em campos opostos”, alertou o Arcebis-po, recordando que para o cristão “não existe vitória sobre o outro, mas com o outro, em relação ao bem maior”.

Ao recordar que a participação da Eucaristia deve ser um compromisso constante do cristão, Dom Odilo lem-brou que, neste período de pandemia, muitas pessoas não podem participar presencialmente desse sacramento nas igrejas.

“Estamos num tempo de exceção, com dificuldade para ir à igreja. Es-peramos superar isso logo, assim que tivermos menos risco de contágio. A Igreja, porém, não deixou de celebrar a Eucaristia, e convida a participar de formas diferentes, mesmo por meio das mídias”, enfatizou Dom Odilo, re-comendando que cada cristão “procure estar unido pela fé naquele que busca-mos na Eucaristia, Jesus Cristo”.

BêNÇÃO SOBRE A CIDADEDepois da comunhão, o Santís-

simo Sacramento foi exposto para a adoração. Nesse momento, o Cardeal Scherer novamente pediu pelo fim da pandemia, pela saúde dos enfermos e pelo descanso eterno das vítimas da COVID-19.

O Arcebispo também rezou pela Igreja em São Paulo, especialmente pelo sínodo arquidiocesano, recordan-do que, durante a celebração de Corpus Christi de 2017, o caminho sinodal da Arquidiocese foi anunciado e convoca-do por ele.

Em seguida, Dom Odilo se dirigiu até a porta principal da Catedral, de onde, diante da Praça da Sé e o Marco Zero da cidade, concedeu a bênção eu-carística sobre a metrópole.

Após a celebração, os agentes da Pastoral do Povo da Rua distribuíram lanches para as pessoas em situação de rua que estavam na Praça da Sé.

Cardeal Odilo Pedro Scherer e padres em momento de adoração ao Santíssimo Sacramento na Catedral da Sé, na quinta-feira, dia 11

Luciney Martins/O SÃO PAULO

sua ressurreição e espe-ramos a sua vinda glo-riosa”, reforçou Dom Odilo.

Outro aspecto desse mistério da fé, recorda-do pelo Cardeal, é que a Eucaristia é vínculo de unidade da Igreja, cor-po de Cristo. “Por isso, os irmãos que se ali-mentam deste pão não podem estar divididos em si, devem estar uni-dos em Cristo… Em tempos de ideologias que nos separam, deve-mos pensar que, se par-ticipamos da Eucaris-tia, não podemos estar

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www.arquisp.org.br | 17 a 23 de junho de 2020 | reportagem/Fé e Vida | 15

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM21 DE JUNHO DE 2020

PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Liturgia e Vida

Jesus encoraja os discípulos: “Não tenhais medo dos homens!” (Mt 10,26). Ele previa que, por anunciar o Evangelho, muitos sofreriam uma morte violenta. Sabia, também, que, além do martírio de sangue, os cristãos passariam ao longo da história pela tentação do que chama-mos “respeitos humanos”. Esta expressão desig-na o medo excessivo que podemos experimen-tar ao ter de manifestar publicamente a nossa fé em Jesus ou ao ter de, em virtude de nossas convicções, agir de modo diferente de como “todos” agem.

É preciso pagar um preço por nos declarar-mos publicamente cristãos! Pode ser apenas um sorriso irônico. Ou um rótulo de “fanáticos”, “fundamentalistas”, “antiquados”. Para alguns trabalhadores - médicos e enfermeiros que se recusam a fazer um aborto, comerciantes que rejeitam vender coisas indecentes ou agentes públicos que se negam à corrupção -, a obje-ção de consciência pode custar um emprego ou oportunidade de trabalho. Em casos extremos, como em países islâmicos ou comunistas, a fé cristã pode levar à cadeia ou mesmo à morte.

Por isso, o Senhor exorta: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10,28). Segundo São João Crisóstomo, com estas palavras, Jesus quer levar-nos a um santo temor a Deus. Afinal, temer ofender o Senhor é o que nos liberta do medo de desagradar aos homens. Quem não teme a Deus treme diante dos juízos e ameaças humanos. Quem teme o Senhor se vê livre de preocupações inúteis, pois sabe que nada vale mais do que ter a consciência limpa diante do Criador.

Tanto é assim que Jesus chega a ponto de dizer: “Felizes sois quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e re-gozijai-vos, porque será grande a vossa recom-pensa nos céus” (Mt 5,11s). Está de certo modo previsto que quem for fiel ao Senhor encontrará incompreensões e contrariedades dos homens. Ele alertou: “O discípulo não está acima do mes-tre; se chamaram de Beelzebu ao chefe da casa, o que não dirão de seus familiares!” (Mt 10,25). Jamais devemos ver o preço da fé como excessi-vamente alto!

Para que não titubeemos, Nosso Senhor é enfático: “Portanto, todo aquele que se decla-rar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei dian-te do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32s). Podemos exercitar essa coragem a partir das coisas pequenas: ao rezarmos antes de comer, ao fazermos o sinal da cruz em público, ao fa-zermos uma genuflexão devagar e com devoção quando entramos na igreja. Sendo fiéis nas coi-sas pequenas, será mais fácil não o renegar nas coisas grandes.

O Senhor conhece o íntimo dos corações e nos perscruta a cada instante. Agradá-lo vale mais do que toda a honra do mundo; estar na sua graça vale mais do que todas as riquezas da terra!

‘Não tenhais medo dos homens!’ (Mt 10,26)

Na sexta-feira, 19, a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, data insti-tuída em 1995, por São João Paulo II.

Cada cristão corresponde ao cha-mado universal à santidade por meio de sua vocação específica. Os sacerdo-tes “alcançam a santidade pelo próprio exercício do seu ministério, realizado sincera e infatigavelmente no Espíri-to de Cristo”, como destaca o Decreto Presbyterorum ordinis, do Concílio Va-ticano II.

GUIAS DO REBANHOUma das “relíquias” do magistério

da Igreja sobre esse tema é a Exortação Apostólica Menti nostrae, escrita pelo Papa Pio XII, em 1950, sobre a santida-de da vida sacerdotal.

“Guiai o rebanho de Deus, que está entre vós, tende cuidado dele, tornan-do-vos sinceramente exemplares do rebanho” (1Pd 5,2.3). A partir dessas palavras de São Pedro, o Pontífice afir-ma que não há como o ministério sa-cerdotal conseguir plenamente seu fim, “se os sacerdotes não brilham no meio do povo por insigne santidade, como dignos ‘ministros de Cristo’, e fiéis ‘dis-pensadores dos mistérios de Deus’” (1Cor 4,1).

A EXEMPLO DO SENHORPara isso, o Pontífice recorda que o

padre deve ter os olhos fixos em Cristo, seguindo seus ensinamentos e exem-plos, na busca de uma vida “cristocên-trica”, “adornado de todas as virtudes, e dar aos outros o exemplo de vida reta”.

A primeira das virtudes que o sa-cerdote deve imitar do Cristo é a hu-mildade, aprendendo do próprio Mes-tre a ser “manso e humilde de coração” (cf. Mt 11,29), jamais confiando nas próprias forças, tampouco buscando a estima e os louvores dos seres hu-manos, pois, como Cristo, não veio “para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). Iluminado pela fé, o presbítero dispõe a alma à imolação da vontade por meio da obediência, a exemplo do Senhor, que foi obediente até a morte de cruz (cf. Fl 2,8).

SACRIFíCIO “Assim como toda a vida do Salva-

dor foi ordenada para o sacrifício de si mesmo, também a vida do sacerdote deve ser com Ele, por Ele, e Nele um sacrifício aceitável”, acentua o Pontífi-ce, destacando o sacrifício eucarístico como maior expressão dessa entrega.

“O sacerdote, portanto, não somen-te celebrará a Santa Missa, mas a viverá

Com os olhos fixos em Jesus, os sacerdotes se santificampor meio do dom de suas vidas

FERNANDO [email protected]

intimamente; somente assim poderá alcançar aquela força sobrenatural que o transformará e o tornará partícipe da vida de sacrifício do Redentor”, destaca.

RENÚNCIAO sacerdote também alcança a san-

tidade por meio da renúncia expressa, sobretudo, pelo celibato apostólico, de-dicando sua vida inteiramente “às coi-sas de Deus” (cf. 1Cor 7,32-33).

“Quanto mais refulge a castidade sacerdotal, tanto mais unido se torna o sacerdote com Cristo, ‘hóstia pura, hós-tia santa, hóstia imaculada’”, acrescenta, recordando a necessidade da constante vigilância.

DESAPEGO Na vida sacerdotal, o desprendi-

mento da vontade e de si mesmo deve estar unido ao desapego cotidiano dos bens materiais.

“Tomai como exemplo os grandes santos do passado e dos nossos tem-pos, os quais, unindo o necessário des-prendimento dos bens materiais a uma grandíssima confiança na providência e a um ardentíssimo zelo sacerdotal, re-alizaram maravilhosas obras, confian-do unicamente em Deus, o qual nunca deixa faltar o necessário”, sublinha o Pontífice.

VIDA DE ORAÇÃOSe para todo cristão o principal

meio de santificação é a oração, para um presbítero isso é imprescindível. Ao orar, o padre não apenas o faz por si, mas por toda a Igreja, corpo de Cris-to, especialmente por meio das orações litúrgicas.

Unidos a Cristo, os sacerdotes tam-bém não podem deixar de nutrir fer-

vorosa devoção a Nossa Senhora, in-vocando-a com confiança, sobretudo por meio da meditação dos mistérios do Rosário, que, como lembra Pio XII, “conduz a Jesus por Maria”.

CONFISSÃO Aqueles que receberam de Cristo a

missão de perdoar os pecados também devem se aproximar com frequência do sacramento da Reconciliação.

“Ainda que ministros de Cristo, somos, contudo, débeis e miseráveis; como poderemos, pois, subir ao altar e tratar os sagrados mistérios, se não nos procuramos purificar o mais frequen-temente possível?”, indaga o Santo Pa-dre, que recomenda ainda a prática di-ária do exame de consciência e a busca frequente da direção espiritual, assim como dos retiros espirituais.

CARIDADE Por fim, os sacerdotes se santificam

à medida que, a exemplo de Cristo que “passou fazendo o bem e curando a to-dos” (At 10,38), são “os apóstolos da ca-ridade: devem, portanto, promover as obras de caridade, tanto mais urgentes hoje, que cresceram enormemente as necessidades dos indigentes”.

“A exemplo do divino Mestre, vá o sacerdote ao encontro dos pobres, dos trabalhadores, daqueles todos que se encontram em angústia e miséria... Mas não se descuide tampouco da-queles que, embora ricos de bens de fortuna, são, no entanto, os mais po-bres de alma e têm necessidade de ser chamados à renovação espiritual”, aler-ta o Papa, recordando que, ao realizar a caridade, o sacerdote jamais perca de vista o fim da sua missão: ministro de Jesus Cristo.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Foi publicada na segunda-feira, 15, a nomeação dos membros da nova di-reção da Faculdade de Direito Canôni-co São Paulo Apóstolo, da Arquidioce-se de São Paulo, no bairro do Ipiranga, na zona Sul da capital paulista.

O novo Diretor é o Padre Everton Fernandes Moraes; o Vice-Diretor, Pa-dre Ricardo Cardoso Anacleto; e o Se-cretário-Geral, Padre Ediclei Araújo da Silva.

A nomeação foi feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da instituição, e confirmada pela Congregação para a Educação Católica, da Santa Sé, no dia 9 de março. A nova direção toma posse do ofício no dia 20 de julho, às 9h.

Instituída em 26 de fevereiro de 2014, a Faculdade de Direito Canô-nico São Paulo Apóstolo é a primeira desse gênero no Brasil, sendo fruto da elevação do então Instituto de Direito Canônico “Padre Dr. Giuseppe Benito Pegoraro”.

NOVA DIREÇÃO Padre Everton – Tem 37 anos e foi

ordenado sacerdote em 19 de dezem-

Nomeada nova direção da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo

FERNANDO [email protected]

bro de 2009, na Arquidiocese de São Paulo. É graduado em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (Uni-fai) e em Teologia pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Obteve o título de mestre em Direito Canônico pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo em 2014 e, em 2015, doutorou-se pela mesma instituição.

Também exerce os ofícios de Chan-celer do Arcebispado de São Paulo; Promotor de justiça da Arquidiocese de São Paulo; Promotor de justiça do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de São Paulo; Vice-Reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor e Professor da Fa-culdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo.

Padre Ricardo – Tem 37 anos e foi ordenado presbítero em 16 de setembro de 2007, na Arquidiocese de São Paulo. É graduado em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (Unifai) e em Teologia pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Obteve o título de mestre em Direito Canônico pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, em 2013, e dou-torou-se pela Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, em 2017.

Atualmente, exerce os ofícios de

Pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios; Assessor Canonista para as novas comunidades, associa-ções de fiéis e movimentos presentes na Arquidiocese de São Paulo; Oficial do Tribunal Eclesiástico Interdio-cesano de São Paulo; e Professor da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo.

Padre Ediclei – Tem 36 anos e foi ordenado sacerdote em 14 de dezem-bro de 2013, pela Congregação dos Legionários de Cristo. É bacharel em Humanidades Clássicas pela Legion of Christ College of Humanities, nos Es-tados Unidos, em Filosofia pelo Ateneo Regina Apostolorum, em Roma, e em Teologia pelo Ateneo Regina Aposto-lorum e pelo Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil. Obteve o título de mestre em Direito Canônico pela Fa-culdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo e, desde 2018, é doutorando em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Católica de Buenos Aires, Argentina.

Atualmente, também exerce os ofí-cios de Diretor Espiritual do Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil e Ofi-cial dos tribunais eclesiásticos Inter-diocesano de São Paulo e Diocesano de Osasco.

AGRADECIMENTONa ocasião da nomeação da nova

direção, o Cardeal Scherer também manifestou seu agradecimento ao até então Diretor da Faculdade, Cônego Martin Segu Girona, pelo dedicado tra-balho e a missão pioneira que ele e os demais membros da direção anterior desempenharam nos encaminhamen-tos para a criação da Faculdade e no seu primeiro mandato diretivo. “Mui-tos canonistas foram formados sob a sua orientação, os quais prestam ines-timáveis serviços à Igreja em São Paulo e em várias partes do Brasil”, destacou.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Padre Everton afirmou que acolhe a nova missão com alegria, consciente da responsabilidade que ele e os demais membros da direção terão à frente de uma instituição que, desde sua origem como instituto, tem mais de 20 anos de história, prestando um serviço para a Igreja em São Paulo e no Brasil.

“O Direito Canônico está a servi-ço das realidades que compreendem o mistério da Igreja, para salvaguardar o bem das instituições e, sobretudo, os direitos dos fiéis. Em outras palavras, como costuma dizer o Cônego Segu, para ordenar a caminhada do povo de Deus”, completou.

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