por que a letra mata
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A474
Alves, Silvio Dutra
Por que a letra mata? / Silvio Dutra Alves / Rio de Janeiro, 2017. 39p.; 14,8 x 21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,
Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
“O qual também nos capacitou para sermos
ministros dum novo pacto, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.” (2 Cor 3.6)
Em qual sentido e contexto o apóstolo utilizou
tais palavras, especialmente a citação de que a
“letra mata”?
Vejamos o próprio contexto imediato:
2 COR 2
“17 Porque nós não somos falsificadores da
palavra de Deus, como tantos outros; mas é com
sinceridade, é da parte de Deus e na presença do
próprio Deus que, em Cristo, falamos.
2 COR 3
1 Começamos outra vez a recomendar-nos a nós
mesmos? Ou, porventura, necessitamos, como
alguns, de cartas de recomendação para vós, ou
de vós?
2 Vós sois a nossa carta, escrita em nossos
corações, conhecida e lida por todos os homens,
4
3 sendo manifestos como carta de Cristo,
ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas
com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de
pedra, mas em tábuas de carne do coração.
4 E é por Cristo que temos tal confiança em
Deus;
5 não que sejamos capazes, por nós, de pensar
alguma coisa, como de nós mesmos; mas a
nossa capacidade vem de Deus,
6 o qual também nos capacitou para sermos
ministros dum novo pacto, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.
7 Ora, se o ministério da morte, gravado com
letras em pedras, veio em glória, de maneira que
os filhos de Israel não podiam fixar os olhos no
rosto de Moisés, por causa da glória do seu
rosto, a qual se estava desvanecendo,
8 como não será de maior glória o ministério do
espírito?
5
9 Porque, se o ministério da condenação tinha
glória, muito mais excede em glória o ministério
da justiça.
10 Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o
é em comparação com a glória inexcedível.
11 Porque, se aquilo que se desvanecia era
glorioso, muito mais glorioso é o que
permanece.
12 Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita
ousadia no falar.
13 E não somos como Moisés, que trazia um véu
sobre o rosto, para que os filhos de Israel
desvanecia;
14 mas o entendimento lhes ficou endurecido.
Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto,
permanece o mesmo véu, não lhes sendo
revelado que em Cristo é ele abolido;
15 sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é
lido, um véu está posto sobre o coração deles.
16 Contudo, convertendo-se um deles ao
Senhor, é-lhe tirado o véu.
6
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o
Espírito do Senhor aí há liberdade.
18 Mas todos nós, com rosto descoberto,
refletindo como um espelho a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória na
mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
2 COR 4
1 Pelo que, tendo este ministério, assim como já
alcançamos misericórdia, não desfalecemos;
2 pelo contrário, rejeitamos as coisas ocultas,
que são vergonhosas, não andando com astúcia,
nem adulterando a palavra de Deus; mas, pela
manifestação da verdade, nós nos
recomendamos à consciência de todos os
homens diante de Deus.
3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, é naqueles que se perdem que está
encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes
não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
7
5 Pois não nos pregamos a nós mesmos, mas a
Cristo Jesus como Senhor; e a nós mesmos como
vossos servos por amor de Jesus.” (2 Cor 2.7 a 4.5)
Por todo este contexto imediato somos
convencidos de que a afirmação do apóstolo, de
que a letra mata, não se refere de modo algum à
palavra escrita, seja na Bíblia, ou em qualquer
escrito relativo às Escrituras ou mesmo à Igreja
e às questões de fé, mas a referência aqui é
exclusiva ao ministério da Antiga Aliança, ou da
dispensação do Velho Testamento,
considerando-se a Lei como regra ou meio de
governo da Igreja de Cristo, ou ainda como
forma de aliança com Deus, porque isto é feito
presentemente, pelo evangelho, que é segundo
a graça, mediante a fé em Cristo.
Mas, pelo evangelho se anula a lei? Antes, é
somente por ele que a lei pode ser confirmada,
conforme Paulo registra em Romanos 3.31,
porque se a Lei na Antiga Dispensação foi escrita
em tábuas de pedra, e dada ao povo para ser a
regra de governo de Israel, na Nova Dispensação
a Lei é escrita nas mentes e nos corações, pela
habitação do Espírito Santo.
8
Daí a citação do apóstolo de que a letra, ou
ministério da morte ou da condenação possuía
uma glória inferior à do ministério da justiça ou
do Espírito, que vivifica, ou seja, que gera a vida
eterna.
Qual a razão desta citação?
Simplesmente, porque a Lei não foi dada para
salvar o pecador, porque sem o concurso da
graça de Deus pelo poder do Espírito, ela nada
pode fazer neste sentido, senão apenas
convencer que somos pecadores, nos deixando
ainda impotentes e sem a vida que está em
Cristo Jesus.
Deve ser considerado também, que sob a Antiga
Aliança, todo aquele que cometesse delitos
graves deveria ser sentenciado à morte física
pelos juízes de Israel, na condição de guardiões
da Lei, pois esta assim o exigia. Mas, debaixo da
graça do evangelho, na Nova Aliança com
Cristo, o crente está livrado da maldição e da
condenação da Lei, porque o próprio Jesus se fez
maldição em nosso lugar.
9
Assim, no ministério que é segundo a justiça do
evangelho, no qual o próprio Cristo é a nossa
justiça podemos receber a vida eterna da parte
de Deus, porque sendo justificados e livrados da
condenação justa da Lei, podemos viver em
novidade de vida, em comunhão com Cristo
Jesus. Por isso há esse contraste entre a Lei e a
Graça, pois a primeira exerce o ministério de
condenar para a morte aquele que transgredir a
um só de seus mandamentos, e a Graça, ao
contrário, exerce o ministério de perdoar e
justificar para a vida.
Agora, devemos considerar as várias
implicações de uma incorreta compreensão
desta afirmação do apóstolo, de que a letra mata,
pois conforme dizer de D. M. Lloyd Jones, não há
ninguém que seja mais perigoso para a
instrução da Igreja de Cristo do que o ministro
que é sincero, mas ignorante, porque ele
apanhará porções da Escrituras e as
interpretará fora de seu verdadeiro contexto, e
assim, fatalmente ensinará coisas, que em vez
de afirmarem a verdade podem ensinar
justamente o oposto a ela, conforme é comum
de ocorrer com esta citação já referida do
apóstolo.
10
Disso decorre muita aversão à leitura, pela
noção incorreta, de que ler mata a vida
espiritual, porque é dito que “a letra mata”.
E, certas porções das Escrituras, também
tomadas fora do seu contexto podem contribuir
para reforçar este modo errôneo de interpretá-
las, como por exemplo, as seguintes citações do
próprio apóstolo Paulo:
“17 Tenho, portanto, motivo para me gloriar em
Cristo Jesus, nas coisas concernentes a Deus;
18 porque não ousarei falar de coisa alguma
senão daquilo que Cristo por meu intermédio
tem feito, para obediência da parte dos gentios,
por palavra e por obras,
19 pelo poder de sinais e prodígios, no poder do
Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e
arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o
evangelho de Cristo;
20 deste modo esforçando-me por anunciar o
evangelho, não onde Cristo houvera sido
nomeado, para não edificar sobre fundamento
alheio;”
11
Observe que ao falar neste texto, que Deus
confirmava a Palavra pregada por meio de sinais
e prodígios no verso 19, o apóstolo diz no verso
anterior (18), que seu ministério consistia
naquilo que Cristo fazia por intermédio dele
entre os gentios, quer por palavras, quer por
obras.
Havia um ensino do evangelho por meio de
palavras, não persuasivas de sabedoria humana,
mas as palavras abundantes de sabedoria da
revelação bíblica, conforme ensinadas pelo
Espírito Santo à Igreja.
“17 Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é
meu filho amado, e fiel no Senhor; o qual vos
lembrará os meus caminhos em Cristo, como
por toda parte eu ensino em cada igreja.
18 Mas alguns andam inchados, como se eu não
houvesse de ir ter convosco.
19 Em breve, porém, irei ter convosco, se o
Senhor quiser, e então conhecerei, não as
palavras dos que andam inchados, mas o poder.
20 Porque o reino de Deus não consiste em
palavras, mas em poder.
12
21 Que quereis? Irei a vós com vara, ou com
amor e espírito de mansidão?” (I Coríntios 4.17-
21)
Este texto é também muito utilizado para basear
o argumento dos ignorantes, que são contra a
leitura e o conhecimento, pois é dito pelo
apóstolo, que “o reino de Deus não consiste em
palavras, mas em poder.” Agora, perguntemos;
que palavras são essas?
O próprio contexto responde dizendo; “as
palavras dos que andam inchados”, de quem o
apóstolo queria conhecer o poder que eles
alegavam possuir. Eram palavras de orgulhosos
que afirmavam coisas contrárias à sã doutrina, e
assim não poderiam edificar de modo algum o
povo de Deus, e também não poderiam possuir
qualquer poder real na ministração do
evangelho, uma vez que o Espírito Santo
autentica e concede Seu poder, somente onde a
verdade é pregada e ensinada.
“3 Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e
não se conforma com as sãs palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é
segundo a piedade,
13
4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de
questões e contendas de palavras, das quais
nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas
maliciosas,
5 disputas de homens corruptos de
entendimento, e privados da verdade, cuidando
que a piedade é fonte de lucro;
6 e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade
com o contentamento.” (I Timóteo 6.3-6)
Outra passagem que é usada para tentar afirmar
que a letra mata é a seguinte:
“1 E eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui
com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
2 Porque nada me propus saber entre vós, senão
a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 E eu estive convosco em fraqueza, e em temor,
e em grande tremor.
4 A minha linguagem e a minha pregação não
consistiram em palavras persuasivas de
14
sabedoria, mas em demonstração do Espírito de
poder;
5 para que a vossa fé não se apoiasse na
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.”
O que foi explicado anteriormente, se aplica
também a esta passagem das Escrituras, mas
convém destacar, que o apóstolo diz ter usado
uma linguagem em sua pregação que não
consistia em palavras persuasivas de sabedoria
humana, mas em palavras que saiam de sua
boca conforme a inspiração, unção e ensino do
Espírito Santo. Convém lembrar, que muito
dessas palavras não consistiam em revelações
frescas de uma verdade nova, porque o próprio
apóstolo afirma que todo o seu ensino era
segundo o que havia aprendido previamente de
Jesus Cristo e do Espírito Santo.
Ele se refere à sua própria fraqueza, temor e
tremor, para que falasse de acordo com a
verdade, exatamente como ela havia sido
ensinada por Cristo e pelo Espírito Santo.
Diz-se de Lutero que ele chegava a ter febre
quando se preparava para pregar, bem como
15
durante a própria pregação por temer falar
alguma coisa que contrariasse a verdade
revelada por Deus. De maneira que dedicou-se
intensamente a conhecer a Palavra por meio de
um estudo aplicado, para se prevenir de
qualquer erro em sua ministração.
A sublimidade de palavras citadas no texto pelo
apóstolo, é uma referência às palavras de mera
eloquência humana que procuram convencer
os ouvintes por argumentos persuasivos, e não
pela exposição da exata interpretação da Palavra
de Deus.
Por toda esta exposição podemos ver
claramente, que não é o fato de ter a mente
cheia de conhecimento relativo à verdade,
adquirido através de leitura ou audição das
coisas relativas à Palavra Deus, que é condenado
por Deus; ao contrário, é recomendado e muito
necessário para o nosso crescimento espiritual,
mas o que é condenado é encher a mente carnal
de conhecimento também carnal nas coisas
relativas ao reino de Deus, pois nada contribui
para a edificação na verdade, antes a destrói.
16
Daí serem tantas as repreensões na Palavra de
Deus contra aqueles que andam inchados em
sua compreensão carnal.
Mas, bendito seja Deus por levantar mestres
idôneos para o ensino da Igreja, como foram os
apóstolos e tantos outros ao longo da história da
Igreja, de modo que jamais nos desviemos da
verdade.
O texto a seguir é uma comprovação do que
temos afirmado:
“11 Pois, qual dos homens entende as coisas do
homem, senão o espírito do homem que nele
está? assim também as coisas de Deus, ninguém
as compreendeu, senão o Espírito de Deus.
12 Ora, nós não temos recebido o espírito do
mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus,
a fim de compreendermos as coisas que nos
foram dadas gratuitamente por Deus;
13 as quais também falamos, não com palavras
ensinadas pela sabedoria humana, mas com
palavras ensinadas pelo Espírito Santo,
comparando coisas espirituais com espirituais.
17
14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e
não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente.” (I Cor 1.11-14)
É evidente, que a simples leitura da Palavra de
Deus ou de textos relativos à Sua Palavra, não
podem produzir o efeito espiritual esperado,
caso não sejam meditadas com espírito de
reverência e em dependência do Espírito Santo,
em busca de uma real consagração, porque é
assim que a palavra escrita se torna espírito e
vida, sendo aplicada às nossas mentes e
corações.
Por falta deste requisito, não apenas o apóstolo
sentia uma grande dificuldade para ensinar os
crentes carnais de Corinto, do mesmo modo
que nosso Senhor Jesus Cristo sentiu em relação
aos apóstolos nos dias do Seu ministério
terreno, pois não haviam ainda sido batizados
pelo Espírito Santo – o intérprete da Palavra -
mas lhes garantiu que eles seriam conduzidos a
toda a verdade depois que recebessem o
Espírito.
18
“1 E eu, irmãos não vos pude falar como a
espirituais, mas como a carnais, como a
criancinhas em Cristo.
2 Leite vos dei por alimento, e não comida
sólida, porque não a podíeis suportar; nem ainda
agora podeis;
3 porquanto ainda sois carnais; pois, havendo
entre vós inveja e contendas, não sois
porventura carnais, e não estais andando
segundo os homens?” (I Cor 2.1-3)
“12 Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós
não o podeis suportar agora.
13 Quando vier, porém, aquele, o Espírito da
verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque
não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver
ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
14 Ele me glorificará, porque receberá do que é
meu, e vo-lo anunciará.” (João 16.12-14)
Então, é necessária a ação conjunta da leitura e
meditação da Palavra, e do poder do Espírito
Santo na aplicação da Palavra ao nosso coração.
19
Mas, como que para nos ensinar a nossa
dependência do trabalho dos diversos membros
no corpo de Cristo, na sua justa cooperação em
demonstração de amor, Deus levantou
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres, para o propósito definido pelo apóstolo
em Efésios 4.11-21:
“11 E ele deu uns como apóstolos, e outros como
profetas, e outros como evangelistas, e outros
como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado
de varão perfeito, à medida da estatura da
plenitude de Cristo;
14 para que não mais sejamos meninos,
inconstantes, levados ao redor por todo vento de
doutrina, pela fraudulência dos homens, pela
astúcia tendente à maquinação do erro;
20
15 antes, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo,
16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado
pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, efetua o seu
crescimento para edificação de si mesmo em
amor.
17 Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para
que não mais andeis como andam os gentios, na
verdade da sua mente,
18 entenebrecidos no entendimento, separados
da vida de Deus pela ignorância que há neles,
pela dureza do seu coração;
19 os quais, tendo-se tornado insensíveis,
entregaram-se à lascívia para cometerem com
avidez toda sorte de impureza.
20 Mas vós não aprendestes assim a Cristo.
21 se é que o ouvistes, e nele fostes instruídos,
conforme é a verdade em Jesus,” (Efe 4.11-21)
21
Não há algo que Deus preze mais do que Sua
Palavra, porque ela é a verdade e a expressão
exata da Sua Pessoa e Caráter.
Desta forma, como poderíamos agradar a Deus,
sem o conhecimento e prática da Sua Palavra?
Como poderíamos aprendê-la sem um
verdadeiro espírito de submissão, obediência e
mansidão? O apóstolo Tiago diz que devemos
receber com mansidão a Palavra de Deus
implantada em nós. Afinal, o doador da Palavra
é manso e humilde de coração.
O que não é proveitoso para a nossa regeneração
e santificação não é a letra da Palavra, e não será
por lê-la que morreremos espiritualmente.
Horrível pensamento em relação à Palavra, que
mesmo na parte relativa à Lei de Moisés, é
santa, justa e boa!
O que mata é a carne, conforme dito por Jesus,
pois suas palavras são espirito e vida, elas são o
pão vivo que desceu do céu pelo qual
alimentamos nosso espírito, pois também é dito
que “vivemos de toda palavra que procede da
boca de Deus”.
22
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são
espírito e são vida.” (João 6.63)
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a
verdade.” (João 17.17)
Não há verdadeira santificação sem a
instrumentalidade da Palavra de Deus aplicada
à vida. Pois, como poderíamos andar na verdade
sem conhecê-la? Por isso somos ordenados a
não somente crescer na graça, mas no
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. E
como isto é feito, senão e principalmente, pelo
avanço gradual e progressivo no conhecimento
da verdade revelada nas Escrituras, na forma
exata como ela está em Jesus?
Ninguém se iluda pensando que tem feito
progresso em santificação, em crescimento
espiritual genuíno, quando lhe falta este
conhecimento do verdadeiro significado da
revelação em seus diversos aspectos; uma vez
que é dito, que Deus nos santificará segundo à
medida da verdade, que é a Sua Palavra, aplicada
em nossas mentes e corações. Esta aplicação
será manifestada na transformação da nossa
23
vida, à semelhança da pessoa e caráter do
próprio Cristo.
Esta é a razão do grande peso que é colocado
sobre a importância do ensino correto das
Escrituras, porque é por meio dele somente que
se pode fazer progresso em santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor.
“9 Todo aquele que vai além do ensino de Cristo
e não permanece nele, não tem a Deus; quem
permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai
como ao Filho.
10 Se alguém vem ter convosco, e não traz este
ensino, não o recebais em casa, nem tampouco
o saudeis.
11 Porque quem o saúda participa de suas más
obras.” (2 João 9-11)
“Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para
nosso ensino foi escrito, para que, pela
constância e pela consolação provenientes das
Escrituras, tenhamos esperança.” (Romanos
15.4)
24
“3 Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e
não se conforma com as sãs palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é
segundo a piedade,
4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de
questões e contendas de palavras, das quais
nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas
maliciosas,
5 disputas de homens corruptos de
entendimento, e privados da verdade, cuidando
que a piedade é fonte de lucro;
6 e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade
com o contentamento.” (I Timóteo 6.3-6)
É doloroso para o Espírito Santo, que inspirou
homens santos para a produção das Escrituras,
e também para nós, ouvir referências à letra da
Palavra de Deus como sendo algo desprezível e
que mata o espírito.
Que grande pecado abominável cometemos
contra Deus e contra a Sua Palavra, que nos foi
entregue com palavras escolhidas de sua
própria boca, conforme foram transmitidas aos
corações daqueles que ele chamou para
25
escrevê-las, e aos quais santificou para tal
propósito!.
O próprio apóstolo Paulo, por conta da grande
sabedoria que lhe fora dada pelo próprio
Senhor, é usado indevidamente em suas
palavras, pelos indoutos que as distorcem para a
sua própria destruição, por interpretá-las fora
do contexto de todos os escritos do referido
apostolo, bem como de todo o conjunto das
Escrituras.
Paulo, mais do que ninguém, amava a Palavra de
Deus, amava a Lei do Senhor, e se aplicava a
viver segundo toda a Lei de Cristo, na qual
estava abrangida a Lei moral de Moisés, porque
Jesus não veio revogar a Lei, mas cumpri-la.
Veja o que diz o próprio apóstolo em relação a
isto:
“Porque, segundo o homem interior, tenho
prazer na lei de Deus;” (Romanos 7.22)
“16 Toda Escritura é divinamente inspirada e
proveitosa para ensinar, para repreender, para
corrigir, para instruir em justiça;
26
17 para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente preparado para toda boa obra.”
(II Tim 3.16,17)
“14 Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de
quem o tens aprendido,
15 e que desde a infância sabes as sagradas
letras, que podem fazer-te sábio para a salvação,
pela que há em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 3.14,15)
É importante destacar, para a confrontação com
a afirmação “a letra mata”, que aqui o mesmo
apóstolo diz que as sagradas letras podem nos
tornar sábios para a salvação.
Veja também o testemunho do apóstolo Pedro
sobre a palavra revelada por Deus:
“19 E temos ainda mais firme a palavra profética
à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma
candeia que alumia em lugar escuro, até que o
dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos
corações;
27
20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma
profecia da Escritura é de particular
interpretação.
21 Porque a profecia nunca foi produzida por
vontade dos homens, mas os homens da parte
de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.” (2
Pedro 1.19-21)
“13 Nós, porém, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e uma nova terra, nos
quais habita a justiça.
14 Pelo que, amados, como estais aguardando
estas coisas, procurai diligentemente que por
ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis,
e em paz;
15 e tende por salvação a longanimidade de
nosso Senhor; como também o nosso amado
irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria
que lhe foi dada;
16 como faz também em todas as suas epístolas,
nelas falando acerca destas coisas, nas quais há
pontos difíceis de entender, que os indoutos e
inconstantes torcem, como o fazem também
28
com as outras Escrituras, para sua própria
perdição.
17 Vós, portanto, amados, sabendo isto de
antemão, guardai-vos de que pelo engano dos
homens perversos sejais juntamente
arrebatados, e descaiais da vossa firmeza;
18 antes crescei na graça e no conhecimento de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja
dada a glória, assim agora, como até o dia da
eternidade.” (2 Pedro 3.13-18)
Glórias e graças sejam dadas a Deus pela Sua
Palavra, e por nos ter dado ministérios para nos
ajudarem na sua compreensão, de modo a
podermos aplicá-la na sua correta interpretação
às nossas vidas.
Sou muito grato ao Senhor por ter levantado,
especialmente no passado, homens sábios que
nos transmitiram os seus oráculos de maneira
santa e piedosa, com grande entendimento
espiritual, em poderosas mentes que haviam
recebido dEle para poderem bem expressar as
palavras da vida para o nosso entendimento.
29
Muitos podem ser destacados como os
puritanos, John Angell James, J. C. Philpot,
George Everard, e muitos outros, que nos
faltaria o espaço necessário para citá-los.
Como tenho aprendido sobre Cristo e sua
vontade, através do que escreveram estes
eminentes servos de Deus!
De modo que, a fé que me move vem por ler e
ouvir esta palavra abençoada que procede do
trono de Deus para vivificar o nosso espírito, e
nos conduzir aos caminhos do Senhor.
Especialmente quando é assim pregada,
ensinada, comentada, inclusive pela forma
escrita, a Palavra salta das Escrituras como
espírito e vida, pois é através de vidas renovadas
que ela deve ser apresentada aos seus ouvintes
ou leitores.
“8 Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua
boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que
pregamos.
9 Porque, se com a tua boca confessares a Jesus
como Senhor, e em teu coração creres que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, será salvo;
30
10 pois é com o coração que se crê para a justiça,
e com a boca se faz confissão para a salvação.
11 Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê
será confundido.
12 Porquanto não há distinção entre judeu e
grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico
para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo.
14 Como pois invocarão aquele em quem não
creram? e como crerão naquele de quem não
ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem
pregue?
15 E como pregarão, se não forem enviados?
assim como está escrito: Quão formosos os pés
dos que anunciam coisas boas!” (Romanos 10.8-
15)
“17 Tenho, portanto, motivo para me gloriar em
Cristo Jesus, nas coisas concernentes a Deus;
18 porque não ousarei falar de coisa alguma
senão daquilo que Cristo por meu intermédio
31
tem feito, para obediência da parte dos gentios,
por palavra e por obras,
19 pelo poder de sinais e prodígios, no poder do
Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e
arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o
evangelho de Cristo;
20 deste modo esforçando-me por anunciar o
evangelho, não onde Cristo houvera sido
nomeado, para não edificar sobre fundamento
alheio;
21 antes, como está escrito: Aqueles a quem não
foi anunciado, o verão; e os que não ouviram,
entenderão.” (Romanos 15.17-21)
Sem fé não é possível entender e praticar a
Palavra. E sem a pregação e ensino da Palavra,
não é possível haver a verdadeira fé
transformadora de vidas.
Bendita palavra escrita de Deus, que continua
sendo como sempre foi, o que ele diz pela boca
do profeta Jeremias; “Não é a minha palavra
como fogo, diz o Senhor, e como um martelo
que esmiúça a pedra?”
32
“1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos
e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou
ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra
a que estás passando: para a possuíres;
2 para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes
todos os seus estatutos e mandamentos, que eu
te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho,
todos os dias da tua vida, e para que se
prolonguem os teus dias.
3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em que os
guardes, para que te vá bem, e muito te
multipliques na terra que mana leite e mel,
como te prometeu o Senhor Deus de teus pais.
4 Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único
Senhor.
5 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todas as tuas
forças.
6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no
teu coração;
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7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás
sentado em tua casa e andando pelo caminho,
ao deitar-te e ao levantar-te.
8 Também as atarás por sinal na tua mão e te
serão por frontais entre os teus olhos;
9 e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas
tuas portas.” (Deuteronômio 6.1-9)
“Os anciãos que governam bem sejam tidos por
dignos de duplicada honra, especialmente os
que labutam na pregação e no ensino.” (I Tim
5.17)
“19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo;
20 ensinando-os a observar todas as coisas que
eu vos tenho mandado; e eis que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos.” (Mateus 28.19,20)
34
“97 Oh! Quanto amo a tua lei! Ela é a minha
meditação o dia todo.
98 O teu mandamento me faz mais sábio do que
meus inimigos, pois está sempre comigo.
99 Tenho mais entendimento do que todos os
meus mestres, porque os teus testemunhos são
a minha meditação.
100 Sou mais entendido do que os velhos,
porque tenho guardado os teus preceitos.
101 Retenho os meus pés de todo caminho mau,
a fim de observar a tua palavra.
102 Não me aperto das tuas ordenanças, porque
és tu quem me instrui.
103 Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu
paladar! mais doces do que o mel à minha boca.
104 Pelos teus preceitos alcanço entendimento,
pelo que aborreço toda vereda de falsidade.
105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e
luz para o meu caminho.
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106 Fiz juramento, e o confirmei, de guardar as
tuas justas ordenanças.
107 Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor,
segundo a tua palavra.
108 Aceita, Senhor, eu te rogo, as oferendas
voluntárias da minha boca, e ensina-me as tuas
ordenanças.
109 Estou continuamente em perigo de vida;
todavia não me esqueço da tua lei.
110 Os ímpios me armaram laço, contudo não
me desviei dos teus preceitos.
111 Os teus testemunhos são a minha herança
para sempre, pois são eles o gozo do meu
coração.
112 Inclino o meu coração a cumprir os teus
estatutos, para sempre, até o fim.
113 Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei.
114 Tu és o meu refúgio e o meu escudo; espero
na tua palavra.
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115 Apartai-vos de mim, malfeitores, para que eu
guarde os mandamentos do meu Deus.” (Salmo
119.97-115)
“7 A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma;
o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria
aos simples.
8 Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o
coração; o mandamento do Senhor é puro, e
alumia os olhos.
9 O temor do Senhor é limpo, e permanece para
sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e
inteiramente justos.
10 Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que
muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o
que goteja dos favos.
11 Também por eles o teu servo é advertido; e em
os guardar há grande recompensa.” (Salmo 19.7-
11)
“1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que
há em Cristo Jesus;
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2 e o que de mim ouviste de muitas
testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os
outros.” (2 Tim 2.1,2)
“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo,
segundo a fé dos eleitos de Deus, e o pleno
conhecimento da verdade que é segundo a
piedade.” (Tito 1.1)
“5 E por isso mesmo vós, empregando toda a
diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à
virtude o conhecimento,
6 e ao conhecimento o domínio próprio, e ao
domínio próprio a perseverança, e à
perseverança a piedade,
7 e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o
amor.
8 Porque, se em vós houver e abundarem estas
coisas, elas não vos deixarão ociosos nem
infrutíferos no pleno conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo.” (2 Pedro 1.5-8)
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“28 Então a mim clamarão, mas eu não
responderei; diligentemente me buscarão, mas
não me acharão.
29 Porquanto aborreceram o conhecimento, e
não preferiram o temor do Senhor;” (Provérbios
1.28,29)
“Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca
procedem o conhecimento e o entendimento;”
(Provérbios 2.6)
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe
falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para
que não sejas sacerdote diante de mim; visto que
te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me
esquecerei de teus filhos.” (Oseias 4.6)
“Pois os lábios do sacerdote devem guardar o
conhecimento, e da sua boca devem os homens
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procurar a instrução, porque ele é o mensageiro
do Senhor dos exércitos.” (Malaquias 2.7)
“1 Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de
Deus, que apresenteis os vossos corpos como
um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis a este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente,
para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rom
12.1,2)