portes, g. e. p. transnacionalização/ pesquisa, desenvolvimento e inovação: estudo de caso do...
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PORTES, G. E. P. Transnacionalização/ Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação: Estudo de caso do convenio UEPG - InocBras. UEPG, 2010.Relatório de Estágio Obrigatório para obtenção do título de Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior pelo Deparamento de Administração da Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2010.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
GUSTAVO EMANOEL PACHECO PORTES
PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO/ TRANSNACIONALIZAÇÃO DE
CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ESTUDO DE CASO DO CONVÊNIO UEPG -
INOCBRAS
PONTA GROSSA
2010
GUSTAVO EMANOEL PACHECO PORTES
PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO/ TRANSNACIONALIZAÇÃO DE
CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ESTUDO DE CASO DO CONVÊNIO UEPG -
INOCBRAS
Relatório de Estagio Curricular apresentado para obtenção do título de Bacharel no Departamento de Administração da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Administração com habilitação em Comércio Exterior. Orientadora: Prof. M.sc. Camila Lopes Ferreira.
PONTA GROSSA
2010
GUSTAVO EMANOEL PACHECO PORTES
PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO/ TRANSNACIONALIZAÇÃO
DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ESTUDO DE CASO DO CONVENIO UEPG -
INOCBRAS
Relatório de Estágio Curricular aprovado como requisito à obtenção do grau de
“Bacharel em Administração com habilitação em Comércio Exterior” no
Departamento de Administração, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, pela
seguinte banca examinadora:
Ponta Grossa,____de_______________ de 2010.
________________________________
Prof.a M.Sc.: Camila Lopes Ferreira
UEPG
Orientadora
______________________________
Prof. (a).
UEPG
________________________________
Prof. (a).
UEPG
Dedico à Deus de quem veio
a vida,e à minha família de
quem veio o suporte.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida, e condições de chegar até aqui.
A família, em especial à minha mãe, Maria Ione e minha irmã Cláudia pela
educação voltada ao crescimento espiritual, profissional e intelectual. Pelo suporte,
carinho, auxílio e os conselhos valorosos.
A todo corpo docente que compõe o Departamento de Administração da
Universidade Estadual de Ponta Grossa, valorosos Mestres que nos transmitem o
conhecimento, em especial à Prof. M.Sc. Camila Lopes Ferreira, pela orientação e
apoio.
A equipe do Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva em especial
ao Prof. Dr. Roberto Ferreira Artoni, Prof. Dr. Marcos Pileggi, Zoli Catarina de
Oliveira Zacharias e àqueles que contribuíram; pela amizade e apoio.
A InocBras Comercial Importação e Exportação e a BILAB S/A pela
solicitude e disposição em repassar informações essenciais ao estudo de caso.
A turma de Administração com habilitação em Comércio Exterior de 2006 da
UEPG pelo tempo juntos e aos demais colegas.
A todos que, de alguma forma, contribuíram, desde os conselhos até a
amizade sincera.
Não digas, pois, no teu coração: A minha
força e o poder do meu braço me
adquiriram estas riquezas. Antes, te
lembrarás do SENHOR, teu Deus, porque
é ele o que te dá força para adquirires
riquezas; para confirmar a sua aliança,
que, sob juramento, prometeu a teus pais,
como hoje se vê.
(Deuteronômio 8: 17-18)
RESUMO
A presente investigação constitui Relatório de Estagio Curricular para
obtenção do título de Bacharel em Administração com habilitação em Comércio
Exterior, Departamento de Administração da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (UEPG); realizado na Secretaria do Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Biologia Evolutiva da UEPG (PPG Bio Evol) e tendo por objeto o estudo
de caso do convênio proposto entre UEPG (PPG Bio Evol/ Laboratório de
Microbiologia) e a empresa argentina InocBras Comercial Importadora e
Exportadora, vinculada ao grupo BILAB S/A produtor de biofertilizantes e
inoculantes. O estudo pautou-se pelo acompanhamento durante o estágio das fases
de reunião, negociação, construção de plano de trabalho comum, aspectos legais e
perspectivas de implementação do convênio. Perpassa ainda às contribuições
advindas da parceria: pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I); estratégias de
marketing para os produtos e os processos de transnacionalização – da produção
argentina e de possibilidades pós-pesquisas centradas no convênio. Durante o
estágio foram analisados os processos desde a solicitação do convênio aos
procedimentos subjacentes aos partícipes. Verificou-se, após, a contribuição prática
oferecida pelas atividades do estágio ao PPG Bio Evol: assessoria para a parceria,
desenvolvimento de objetivos e harmonização dos interesses entre os convenentes
e, similarmente, para a InocBras nas discussões sobre a parceria, através do estudo
elucidativo sobre a PD&I da empresa, das estratégias desenvolvidas no relatório
relacionadas, na consolidação dos processos de registro e comércio exterior
(importação) e, fundamentalmente, através das perspectivas oriundas da pesquisa
para o crescimento em participação de mercado pela InocBras, tanto através do
comercio exterior como através de produção nacional, meta estabelecida para o
longo prazo na região Sul do Brasil.
Palavras-chave: Pesquisa, desenvolvimento e inovação. Estratégias de mercado.
Transnacionalização. Biofertilizantes.
ABSTRACT
This research constitutes a Final Report of Training Stage Course for
obtaining a Bachelor's degree in Business Administration with specialization in
Foreign Trade, Department of Administration, State University of Ponta Grossa
(UEPG) held at the Secretariat of Evolutionary Biology Undergraduate Program at
UEPG (PPG Bio Evol) and having for its object the case study of the possibility of
agreement between UEPG (PPG Evol Bio / Laboratory of Microbiology) and the
Argentine company InocBras Commercial Import and Export, linked to the BILAB S/A
group, a producer of inoculants and bio-fertilizers. The study was guided by the
monitoring during the training stage on meetings, negotiation, construction of
common work plan, legal aspects and perspectives of implementation of the
agreement. Still pervades the contributions from the partnership: research,
development and innovation (RD & I); marketing strategies for products and
processes of transnationalization - Argentine production and research opportunities
focused on post-agreement. During the stage were analyzed processes since
request for agreement, perspectives of implementing the procedures underlying the
participants. There was, after the practical contribution offered by the activities of the
stage PPG Evol Bio: advice to the partnership, development of goals and
harmonization of interests between those with agreements, and similarly for InocBras
in discussions about the partnership, through the study instructive on the RD & I
linked to the company, the strategies developed in the report related to the company:
the consolidation of regulatory filings and foreign trade (imports) and, fundamentally,
through the perspectives of research for growth in market share by InocBras both
through foreign trade and through national production target for the long term in
southern Brazil market.
Key words: Research, development and innovation. Marketing strategies.
Transnationalization. Biofertilizers.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Produto AXION Plus Az................................................................ 25
Figura 2 – Fases de desenvolvimento de produto ou serviço e projeto de
processos...................................................................................... 37
Figura 3 – Fases principais do desenvolvimento de produtos....................... 38
Figura 4 – Forças que governam a competição em um setor......................... 44
Figura 5 – Ciclo de vida de um produto/serviço.............................................. 47
Figura 6 – Balança Comercial Brasileira 1950 a 2006 – US$ bilhões FOB..... 51
Figura 7 – Certificado de análise da FEPAGRO............................................. 71
Figura 8 – Extrato de Licenciamento de Importação – Siscomex................... 75
Figura 9 – Identificação de Mercadoria........................................................... 76
Figura 10 – Informações Básicas.................................................................... 77
Figura 11 – Fornecedor.................................................................................. 77
Figura 12 – Negociação.................................................................................. 77
Figura 13 – Informações Complementares..................................................... 78
Figura 14 – Extrato de Declaração de Importação.......................................... 79
Figura 15 – Termo de Liberação.................................................................... 80
LISTA DE SIGLAS
ACE Acordo de Cooperação Econômica
AFRMM Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante
ALADI Associação Latino-americana de integração
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AR Argentina
AZ Azospirillum
BR Brasil
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
CEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
CFA Clima Temperado Úmido
CFB Clima Temperado Úmido com Verão Temperado
CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
CIF Carriage, Insurance and Freight
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CPT Carriage Paid To
CTN Código Tributário Nacional
DECEX Departamento de Operações de Comércio Exterior
DI Declaração de Importação
DOE Diário Oficial do Estado
DOU Diário Oficial da União
DSI Declaração Simplificada de Importação
EC Estabelecimento Comercializador
EI Estabelecimento Importador
ELI Extrato de Licenciamento de Importação
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EP Estabelecimento Produtor
FEPAGRO Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária
FOB Free on Board
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IES Instituição de Ensino Superior
Incoterms International Commerce Terms
INTA Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria [da Argentina]
IPI Imposto sobre Produto Industrializado
LI Licenciamento de Importação
MAGYP Ministerio de Ganadería y Pesca
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MBA Master Business Administration
NBM Nomenclatura Brasileira de Mercadorias
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
NALADI-SH Nomenclatura Aduaneira da Associação Latino-Americana de
Integração, Sistema Harmonizado
NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL
NIRE Número de Inscrição na Receita Estadual
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
PIS Programa de Integração Social
PPG Bio Evol Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva
PPPs Lei das Parcerias Público-Privadas
ProJur Procuradoria Jurídica da UEPG
RADAR Ambiente de Registro e Rastreamento de Atuação dos
Intervenientes Aduaneiros
REI Registro de Exportador e Importador
RFB Receita Federal do Brasil
RI Requerimento de Importação
SCE Secretaria de Comércio Exterior do MDIC
SECEX Secretaria de Comércio Exterior
SENASA Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria
Siscomex Sistema Integrado de Comércio Exterior
TEC Tarifa Externa Comum
UEPG Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFPR Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFSCar Universidade Estadual de São Carlos
UNICENTRO Universidade Estadual do Centro Oeste
URF Unidade da Receita Federal
SUMÁRIO
1. Dados de identificação........................................................... 16
1.1 Estagiário................................................................................... 16
1.1.1 Nome completo.......................................................................... 16
1.1.2 Número do registro acadêmico..........................................,....... 16
1.1.3 Endereço................................................................................... 16
1.1.4 Nome do Professor Supervisor.................................................. 16
1.2 Unidade concedente de estágio................................................ 16
1.2.1 Razão Social............................................................................... 16
1.2.2 Endereço.................................................................................... 17
1.2.3 Ramo de atividade....................................................................... 17
1.2.4 Nome do Supervisor Técnico...................................................... 17
1.2.5 Cargo Ocupado pelo Supervisor Técnico................................... 17
2. Introdução................................................................................. 18
3. UEPG........................................................................................... 20
3.1 Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Biologia Evolutiva......................................................................... 20
3.2 Estágio Obrigatório...................................................................... 21
4. BILAB S/A/ InocBras................................................................. 23
4.1 BILAB S/A.................................................................................... 23
4.2 InocBras Comercial Importação e Exportação............................. 24
5. Revisão Bibliográfica............................................................... 27
5.1 Aspectos jurídicos....................................................................... 27
5.1.1 Convênio na Administração Pública............................................ 27
5.1.2 Legislação vigente...................................................................... 29
5.2 Pesquisa científica..................................................................... 32
5.3 Inovação/ Desenvolvimento de Produtos.................................. 35
5.4 Competitividade vs. Inserção no Mercado................................. 39
5.4.1 Conceito de estratégia.............................................................. 41
5.4.2 Estratégias de inserção............................................................. 42
5.4.3 Ciclo de vida do produto............................................................ 46
5.5 Transnacionalização................................................................... 48
5.5.1 Comércio Exterior...................................................................... 50
5.5.1.1 Aspectos Gerais......................................................................... 50
5.5.1.2 Aspectos nacionais/ Procedimentais........................................... 50
6. Objetivos.................................................................................. 56
6.1 Geral......................................................................................... 56
6.2 Específicos............................................................................... 56
7. Metodologia ........................................................................... 57
7.1 Análise dos dados..................................................................... 58
8. Estudo de Caso: o Convênio UEPG – InocBras.................. 59
8.1 Fase 1. Solicitação de parceria pela InocBras.......................... 59
8.2 Fase 2. Parecer ProJur/ UEPG.................................................. 61
8.3 Fase 3. Conclusão da minuta/ perspectivas para assinatura..... 62
8.4 Fase 4. Implementação............................................................. 66
8.5 Perspectivas para pesquisa a partir do convênio.................... 67
8.6 Resultados obtidos.................................................................. 68
8.7 Produtos desenvolvidos........................................................... 69
8.7.1 Transferência de ciência e tecnologia/ O processo de produção 69
8.7.2 O Processo de registro de novos produtos nos órgãos
específicos brasileiros............................................................... 70
8.7.3 O processo de Transnacionalização/ Importação...................... 73
9. Análise dos dados.................................................................. 82
9.1 Primeiro momento..................................................................... 82
9.2 Segundo momento.................................................................... 84
9.3 Síntese analítico-estrutural....................................................... 86
10. Considerações Finais............................................................. 87
Referências........................................................................................... 90
Apêndice A – Minuta de convênio elaborada pela ProJur – UEPG.. 94
Anexo A – Projeto de Estágio Supervisionado................................. 102
Anexo B – Ficha de Avaliação do Desempenho do Estágio............. 107
Anexo C – Termo aditivo/ Comprovantes de Estágio Curricular..... 109
Anexo D – Ficha de Avaliação de Estágio......................................... 113
Anexo E – Ficha de Freqüência – Disciplina de Estágio
Supervisionado................................................................... 115
Anexo F – Avaliação de Desempenho pelo Professor Supervisor... 117
Anexo G – Ficha de Avaliação da Apresentação Oral....................... 119
Anexo H – Termo de Compromisso Ético.......................................... 121
Anexo I – Assinaturas do Professor Supervisor, Supervisor Técnico,
Estagiário e Data................................................................. 123
16
1 Dados de Identificação
1.1 Estagiário
1.1.1 Nome completo
Gustavo Emanoel Pacheco Portes
1.1.2 Número do Registro Acadêmico
041013068
1.1.3 Endereço
Rua Coronel Dulcídio, 1901, Centro – Ponta Grossa, PR. CEP 84010-280.
1.1.4 Nome do Professor Supervisor
Camila Lopes Ferreira
1.2 Unidade Concedente de Estágio
1.2.1 Razão Social
17
Universidade Estadual de Ponta Grossa/ Departamento de Biologia
Molecular, Estrutural e Genética/ Secretaria do Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Ciências Biológicas.
1.2.2 Endereço
Av. Carlos Cavalcanti, n. 4748, Uvaranas, Ponta Grossa/ PR,CEP 84030-900;
Bloco M, sala M 97.
1.2.3 Ramo de Atividade
Autarquia Estadual, Instituição de Ensino Superior, Educação.
1.2.4 Nome do Supervisor Técnico
Marcos Pileggi
1.2.5 Cargo Ocupado pelo Supervisor Técnico
Professor Doutor em Ciências Biológicas (Genética)/ Coordenador Local do
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas.
18
2 Introdução
O presente trabalho constitui relatório de Estagio Obrigatório para conclusão
do curso de Administração com habilitação em Comércio Exterior, conforme
regulamento interno; realizado na Secretaria do Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Biologia Evolutiva da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
(PPG Bio Evol) e tendo por objeto o estudo de caso do convênio entre UEPG (PPG
Bio Evol/ Laboratório de Microbiologia) e a empresa argentina InocBras Comercial
Importadora e Exportadora, vinculada ao grupo BILAB S/A produtor de fertilizantes e
inoculantes.
O convênio pauta-se por uma parceria focada em projetos de pesquisa a
serem desenvolvidos por docentes e acadêmicos da UEPG sob as técnicas
específicas utilizando-se material biológico (bactérias, cultivares e outros) e alta
tecnologia, ambos fornecidos permanentemente pela InocBras. O objetivo do
convênio é subsidiar e fortalecer a pesquisa dentro da Instituição (integrando
doutores, mestres e acadêmicos); tornar possível o desenvolvimento de novos
produtos agroindustriais – de propriedade intelectual compartilhada – e habilitar um
laboratório de análises de qualidade para produtos a serem regulamentados
posteriormente pelos órgãos pertinentes (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (quando
requerido), etc.), inseridos no mercado nacional e sob a perspectiva de
transnacionalização.
A investigação no relatório se dará através de um estudo de caso,
descrevendo sucintamente os órgãos convergentes seguidos dos passos para
efetivação do convênio, as especificidades, pesquisa, desenvolvimento e inovação,
os aspectos da transnacionalização de ciência e tecnologia e por fim as
considerações finais e contribuições emergentes. Marconi e Lakatos (1982, p.185)
afirmam que
[o relatório] é a parte onde o autor apresenta suas idéias, fatos e provas. Contém o material coletado, elaborado, analisado, interpretado. A forma de apresentação deve ser objetiva, clara e concisa, levando-se em consideração o tema central, o desenvolvimento lógico e a seqüencia dos passos.
19
A técnica utilizada, o estudo de caso, demonstra ser o método mais
adequado para esta investigação. Segundo Martins e Lintz (2000, p. 36) o estudo de
caso é
uma técnica de pesquisa cujo objetivo é o estudo de uma unidade que se analisa profundamente e intensamente. Considera a unidade social estudada em sua totalidade, seja um indivíduo, uma família, uma instituição, uma empresa, ou uma comunidade, com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos.
Quando a pesquisa envolve dois ou mais sujeitos, pode-se chamar de
estudos de casos múltiplos ou estudo multicaso. Neste sentido, a investigação se
dará a partir da relação entre os dois sujeitos do caso apresentado.
A pesquisa será desenvolvida dentro do contexto perspectivo da parceria
entre os atores, explorando desde os passos para a efetivação até o
desenvolvimento de novos produtos, testes de qualidade, a inserção de produtos no
mercado nacional (market share), as possibilidades de transnacionalização –
estritamente vinculadas ao Comércio Exterior – os meios de efetivá-los e o
andamento das negociações para o convênio.
20
3 UEPG
A Universidade Estadual de Ponta Grossa, autarquia estadual, localizada no
município de Ponta Grossa, centro-sul do Estado do Paraná, abrange 22 municípios
em sua área de influência. Foi implementada pelo Governo do Estado do Paraná,
através da Lei nº 6.034, de 6 de novembro de 1969 e o Decreto nº 18.111, de 28 de
janeiro de 1970. É considerada “uma das mais importantes instituições de ensino
superior do Paraná, que resultou da incorporação das Faculdades Estaduais já
existentes e que funcionavam isoladamente” (UEPG).
Abarca, em 2010, 36 cursos de graduação presenciais, 3 cursos a distância,
14 programas de pós-graduação Stricto Sensu alem de cursos de especialização,
Master Business Administration (MBA), seqüenciais, projetos de extensão e projetos
de pesquisa.
A UEPG apresenta, assim, a missão de “produzir e difundir conhecimentos
múltiplos, no âmbito da graduação e da pós-graduação, visando à formação de
indivíduos éticos, críticos e criativos, para a melhoria da qualidade de vida humana”
(UEPG, PLANO..., 2008-2012).
Detém, ainda, diversos convênios em caráter de “pesquisa de campo
demonstrativo experimental” com empresas ligadas ao agronegócio, entre os quais
destacam-se os campos experimentais com sementes e cultivares na unidade
Fazenda Escola UEPG desenvolvidos pelas empresas BASF S/A, Bayer, Dubom e
Milenia Agrociências S/A em experimentos com herbicidas, fungicidas, inseticidas e
outros espectros.
3.1 Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Biologia Evolutiva
O PPG Bio Evol foi implementado em 2007 vinculado ao Departamento de
Biologia Estrutural, Molecular e Genética da UEPG, reconhecido pela Portaria nº 612
de 22 de junho de 2007 do Ministério de Estado da Educação e publicado no Diário
Oficial da União (DOU) número 120 de 25 de junho de 2007.
O programa fixou inicialmente o curso de Mestrado tendo por linhas de
pesquisa Genética, Ecologia e Biologia Celular e do Desenvolvimento. Em 2010
21
foram submetidas à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) as alterações e solicitações necessárias para a implementação do curso de
Doutorado, restando ainda as devidas deliberações, aprovação e posterior
publicação no DOU.
O Programa é uma associação ampla entre UEPG e a Universidade
Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) e tem como objetivos
formar recursos humanos qualificados e capacitados a desenvolver atividades de docência e pesquisa em Biologia Evolutiva capazes de atuar na interação multidisciplinar das áreas de genética, ecologia e biologia do desenvolvimento (MESTRADO...)
Apresenta em seu quadro docente doutores e pesquisadores com relevante
produção intelectual, reconhecidos nacional e internacionalmente.
Neste sentido, o convênio suscitado com a empresa argentina representa
uma ampla oportunidade para a pesquisa científica, envolvimento de pesquisadores,
acadêmicos, consolidação do programa e, sobretudo, o desenvolvimento científico
infra-estrutural da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
3.2 Estágio Obrigatório
A resolução do Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão (CEPE) nº 030
sobre a realização de estágio obrigatório para conclusão do curso de Administração
com habilitação em Comércio Exterior, indica no Cap. III, Art. nº 4 e incisos os
campos de estágio (grifos acrescentados):
[...] entidades de direito público e privado, a comunidade em geral, os próprios órgãos da UEPG, bem como projetos institucionais de ensino, de pesquisa e de extensão, desde que apresentem condições para:
I - planejamento e execução conjunta das atividades de estágio;
II - avaliação e aprofundamento dos conhecimentos teórico-práticos de
campo específico de trabalho;
III - vivência efetiva de situações concretas de vida e trabalho, dentro de
um campo profissional.
22
Neste sentido, o estágio a partir do qual foi realizada a investigação do
relatório foi desenvolvido na Secretaria do PPG Bio Evol, tendo início no ano de
2009 como estágio administrativo e, após termo aditivo tornado estágio obrigatório a
partir de setembro de 2010.
As atividades desenvolvidas durante o estagio na secretaria do PPG Bio
Evol, além de relacionadas à coordenação do programa, foram direcionadas ao
acompanhamento nas reuniões pertinentes ao convênio UEPG-InocBras, a
formulação de plano de trabalho (responsabilidades da UEPG no convênio), ajustes
jurídicos e estratégias para o pós-pesquisa: desenvolvimento de produtos, registros
nos órgão pertinentes, estratégias de inserção no mercado nacional e por fim
avaliação de possibilidade de transnacionalização dos produtos finais.
23
4 BILAB S/A/ Inoc-Bras
4.1 BILAB S/A
A empresa BILAB S/A foi constituída no ano de 2003 na cidade de
Resistência, capital da província de Chaco, República Argentina. Atua nos ramos
pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) e produção de insumos
agroindustriais de alta tecnologia agregada para comercialização interna (AR) e
exportação.
Está registrada na Receita Federal do Brasil desde 19 de novembro de 2009
sob o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) número 11.329.502/0001-87,
nome empresarial BILAB AS, sob a atividade econômica de fabricação de
defensivos agrícolas, como Empresa Domiciliada no Exterior. Tem como atual
Presidente e proprietário o Engenheiro Mario Kupervaser.
Atualmente está localizada à Rodovia Provincial n°5, sentido Santa Ana -
Laguna Brava, Corrientes, Republica Argentina, contando com uma ampla planta
fabril; laboratórios; pessoal técnico especializado e reconhecimento no mercado
argentino.
Desde a fundação, a empresa tem focado em P,D&I em biotecnologia e
agroquímicos, sendo a única empresa argentina a produzir glifosfato em pó. Lançou
alguns produtos inovadores no mercado argentino e brasileiro com marca própria e
como sócio tecnológico de outras empresas. A empresa também dispõe de
tecnologia de ponta na área bioquímica, sendo eficiente em atender a demanda
agregada local e tem projetado investimentos para expansão da produção nos
próximos anos.
A missão da BILAB S/A é
Prover o mercado agrícola de produtos de comprovada eficiência, evoluindo tecnologicamente, a fim de fornecer ao cliente a máxima produtividade, a preços competitivos e assessorando-o tecnologicamente, sendo um verdadeiro aliado tecnológico (BILAB)
Para tal, a empresa produz cerca de 30 produtos, devidamente registrados
pelo Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria (SENASA) - órgão
responsável pelo registro de produtos agrícolas argentinos - divididos em três linhas:
24
1. Insumos Biológicos: A linha de frente e maior comercialização. Inclui
Inoculantes; Fertilizantes Biológicos desenvolvidos a partir da bactéria
Azospirillum (Cepa AZ-39 INTA) promotora de desenvolvimento vegetal e
Pseudomonas fluorescens que favorece a solubilização do fósforo no
solo – ideal à planta – e Protetores Biológicos (a serem ministrados junto
ao Inoculante ou Fertilizante para promoção de aderência da bactéria à
planta);
2. Insumos Agroquímicos: Herbicidas; Fungicidas; Fungicidas Foliares
desenvolvidos em bases naturais; Fertilizantes Foliares a base de
nitrogênio, fósforo e enxofre e Emulsão Vegetal, coadjuvante aos
Fertilizantes;
3. Condicionadores de Água: Produtos que permitem hidratação da planta
em solos de difícil irrigação ou baixa umidade.
A BILAB planeja expansão sustentável a médio e longo prazo, para tanto
tem buscado parcerias inovadoras com IES argentinas, como a Universidade do
Nordeste/ AR e a possibilidade de convênio através entre InocBras e UEPG.
4.2 InocBras Comercial Importação e Exportação
A InocBras Comercial Importação e Exportação foi fundada em 31 de agosto
de 2005 como uma sociedade empresária entre o atual Diretor Presidente, José
Mario Kupervaser, também atual proprietário e Presidente da BILAB S/A e César
Eduardo Bicca Kersting, tendo sido sediada na cidade de Campo Magro/ PR
inicialmente e tendo transferida a sede para a cidade de Ponta Grossa/ PR no ano
de 2010. Atualmente, Wladmir José Souza Corrêa ocupa o lugar de César E. B. K.
na sociedade empresária.
A empresa está inscrita na Receita Federal do Brasil sob o CNPJ número
07.609.584/0001-46; e Número de Inscrição na Receita Estadual (NIRE)
41295551461 desde a criação.
A empresa atua diretamente em duas linhas:
1. Realizar os procedimentos de importação e nacionalização dos produtos
produzidos pela BILAB S/A para o mercado agroindustrial brasileiro;
25
2. Gerir projetos de P,D&I; registro nos órgãos pertinentes nacionais,
introdução no mercado brasileiro e possibilidades de transnacionalização.
Atualmente a linha um encontra-se em plena atividade. A empresa tem
nacionalizado desde 2005 o inoculante líquido para soja AXION Plus Az/
Azospirillum (Figura 1) – produzido pela BILAB S/A a partir da bactéria Azospirillum,
responsável técnica Débora Radonvancich – sendo comercializado majoritariamente
pelo estado de Mato Grosso, via atacado através da empresa Jotas Industrias e
Comércio de Fertilizantes LTDA registrada sob o CNPJ número 06.079.904/0001-04;
algumas vendas diretas via representante comercial e ainda através da empresa
WFF Representação Comercio, Importação e Exportação Agrícola LTDA, registrada
sob o CNPJ número 09.557.757/0001-55, sob a modalidade de concessão de marca
(sob o nome Nitrobacter Plus) – esta última sede dos atuais depósitos da InocBras.
Figura 1: Produto AXION Plus Az.
Fonte: Encarte de divulgação.
26
A linha dois está em fase preliminar. A evidência está na parceria solicitada
entre a empresa e a UEPG pautada por P,D&I e prestação de serviços, passos
iniciais da linha.
Em 24 de junho de 2010, após reunião junto ao Secretário Municipal de
Indústria, Comércio e Qualificação Profissional, Prefeito do Município de Ponta
Grossa e outras autoridades municipais, a InocBras recebeu a concessão de um
terreno de 12,5 mil m² para instalação de uma unidade fabril vinculada a BILAB S/A
para a produção de fertilizantes biológicos e inoculantes.
A empresa prevê os benefícios incidentes da Lei 9.449/ 1997 que reduz o
imposto de importação a certos produtos que especifica. A Lei traz em seu Art. 1º, I
e II (grifos acrescentados)
Redução de noventa por cento do imposto de importação incidente sobre máquinas, equipamentos, inclusive de testes, ferramentas, moldes e modelos para moldes, instrumentos e aparelhos industriais e de controle de qualidade, novos, bem como os respectivos acessórios, sobressalentes e peças de reposição; II - redução de até noventa por cento do imposto de importação incidente sobre matérias-primas, partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semi-acabados, e pneumáticos;
Além dos benefícios da Lei 9.449/ 1997 e incentivos fiscais locais, o re-
arranjo produtivo e a redução de custos com importação, logística e outros
procedimentos a empresa se beneficiará com a instalação da fábrica piloto em solo
brasileiro.
Os investimentos estão orçados em US$ 3 Milhões e prevêem a criação de
diversos empregos diretos e o estímulo a empregos indiretos.
A empresa aguarda a conclusão dos processos legais de transferência do
imóvel para o fim de 2010 para início então das instalações.
27
5 Revisão Bibliográfica
Para uma maior clareza do tema abordado, o relatório se valerá de uma
revisão bibliográfica sob as temáticas que nortearão o estudo de caso: aspectos
jurídicos, pesquisa científica, inovação/ desenvolvimento de produto, competitividade
vs. inserção no mercado e transnacionalização.
A revisão ou debate bibliográfico “tem como objetivo encontrar respostas aos
problemas formulados e o recurso é a consulta aos documentos bibliográficos”
(CERVO, 1983, p. 79). Constitui um meio de comparar a epistemologia ao estudo
empírico desenvolvido na investigação do relatório.
Marconi e Lakatos (1982, p.186) indicam ser referente à “análise dos dados
levantados em fontes secundárias. Refere-se às informações ligadas ao estudo e ao
resumo das conclusões mais importantes”, denotando que as “bibliografias
pertinentes ao tema da pesquisa não devem ser omitidas” (Ibid.).
Desta forma, a revisão bibliográfica fornecerá importante subsídio sob o qual
o estudo de caso será realizado e os dados empíricos comparados, utilizando-se –
posteriormente - do método hermenêutico, enquanto visão sistêmica sob as
temáticas abordadas.
5.1 Aspectos Jurídicos
Assim, importa observar, primeiramente, o ordenamento jurídico para a
exeqüibilidade do convênio proposto, objeto do estudo de caso.
5.1.1 Convênio na Administração Pública
A Administração Pública pode ser considerada como o conjunto de órgãos,
agentes, serviços do Estado e as pessoas coletivas públicas: autarquias, entidades
públicas, entre outros, que asseguram a concretização das necessidades variadas e
28
coletivas da sociedade, tais como saúde, segurança, cultura, bem estar comum e
individual. É gerida através da função administrativa.
Figueiredo (2008, p. 34) conceitua que
A função administrativa consiste no dever do Estado, ou de quem aja em seu nome, dar cumprimento fiel, no caso concreto, aos comandos normativos, de maneira geral ou individual, para a realização de fins públicos, sob regime prevalecente de direito público, por meio de atos e comportamentos controláveis internamente, bem como externamente pelo Legislativo (com o auxílio dos Tribunais de Contas), atos, estes, revisíveis pelo Judiciário.
Dentre estes comandos normativos, importa salientar a possibilidade de
contratos, acordos diversos e convênios a serem firmados entre as entidades
públicas (associações públicas) ou entre públicas e privadas (associações civis).
Convênio, objeto do estudo de caso, pode ser definido como “um dos
instrumentos de que o Poder Público se utiliza para associar-se quer com outras
entidades públicas quer com entidades privadas” (Di PIETRO, 2002, p. 189).
Segundo Di Pietro o convênio comunga com o conceito de contrato pelo fato de
ambos serem acordos de vontades, porém diferem no sentido de que no contrato os
interesses são opostos e contraditórios, enquanto no convênio são recíprocos. Há
semelhança também entre convênios e consórcios no fato de ambos reunirem
esforços para a obtenção de objetivos comuns às entidades consorciadas ou
conveniadas. A semelhança é vasta na realidade, com exceção ao fato de que os
convênios são celebrados entre entidades públicas e públicas ou entidades públicas
e privadas enquanto os consórcios serão sempre celebrados por entidades da
mesma natureza (pública-pública, privada-privada).
O convênio será, portanto, um acordo firmado por entidades públicas de
qualquer espécie, ou entre estas e organizações particulares para efetivação de
objetivos de interesse comum entre os partícipes (Di Pietro, p. 189 apud Meirelles
(1996, p. 358).
Enquanto o contrato é composto por partes, o convênio o será por partícipes
ou convergentes. Convém, assim, salientar alguns aspectos característicos dos
convênios apontados por Di Pietro:
a) Os entes conveniados têm objetivos institucionais comuns e, através do
convênio, procuram efetivá-los;
29
b) Os partícipes do convênio têm competências institucionais comuns o que
significa que o resultado alcançado insere-se dentro das atribuições de
cada qual;
c) Os partícipes objetivam a consecução de um resultado comum, algo que
será usufruído por todos os partícipes;
d) Haverá mútua colaboração, que poderá assumir diversas formas, como
uso de equipamentos, repasse de recursos financeiros, humanos e
materiais, imóveis, know-how, etc., por esta razão não se cogita em um
convênio preços ou remuneração;
e) Enquanto nos contratos as vontades são antagônicas, nos convênios,
assim como nos consórcios, as vontades se somam e atuam
paralelamente rumo a objetivos comuns;
f) No contrato há sempre duas partes (podendo existir mais de dois
signatários) enquanto no convenio haverá apenas partícipes com
pretensões simétricas;
g) Por não haver vinculação contratual, os convergentes não estão
vinculados a permanência obrigatória no convênio, podendo denunciá-lo
antes do término do prazo de vigência não incorrendo em sanções por
inadimplência.
O Art. 23 da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre a criação de lei
complementar para fixar normas quanto à cooperação entre entes Federados
(associações públicas).
Permite-se, portanto, compreender a legalidade dos convênios, uma vez que
estejam abarcados dentro do ordenamento jurídico que o disciplina.
O sub-tópico seguinte discorrerá sobre a legislação vigente e a forma ideal
de execução para o convênio proposto.
5.1.2 Legislação vigente
No referido ao ordenamento jurídico brasileiro, a Lei 11.107/2005 disciplina
sobre acordos e consórcios públicos [estes integrados por entes federativos]. A Lei
11.079/2004 – Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs) – disciplina sobre
30
firmatura de associações civis [entre entes federativos/ pessoas coletivas públicas e
entidades privadas].
A Lei Federal 11.107/ 2005 informa no Art. 1º que
Esta Lei dispõe sobre normas gerais para União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum [...]
O Art. 2º define que “os objetivos dos consórcios públicos serão
determinados pelos entes da Federação que se consorciarem, observados os limites
constitucionais”.
Medauar e Oliveira (2006, p. 5) indicam que a Lei 11.107/2005 disciplina
especificamente sobre parcerias entre entes federados, não sendo direcionada a
autarquias e dirigida em teor aos aspectos público – específicos.
Complementarmente, a Lei Federal 11.079/2004 das PPPs disciplina
especificamente sobre associações público-privadas, sendo que
O parágrafo único do Art. 1º, da Lei das PPPs determina que se aplica esta lei aos órgãos da Administração Pública direta, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios (MEDAUAR e OLIVEIRA, 2006, p.37, grifos acrescentados).
Desta forma, a Lei 11.079/2004 dispõe sobre parcerias realizadas entre
entidades públicas e privadas.
Em se tratando de convênios firmados por autarquia, nomeadamente
Instituições de Ensino Superior (IES) no estado do Paraná – campo do estudo de
caso – a Lei Estadual 11.500 de 05 de Agosto de 1996 disporá e regerá
especificamente.
A Lei 11.500/1996, conforme descrito na Súmula, “autoriza as IES a
prestarem serviços e/ou produzirem bens para terceiros, bem como repassarem aos
servidores, parte da receita decorrente, conforme especifica”. As associações
públicas ou privadas em caráter de prestação de serviços celebradas entre IES e
entidades públicas ou IES e setor privado deverão, por via legal reger-se pelas
normativas da Lei 11.500/1996 dentro do estado do Paraná.
A Lei define em seu Art. 1º: “As Instituições de Ensino Superior mantidas
pelo Estado do Paraná (IES), ficam autorizadas a prestar serviços e/ou produzir
31
bens para terceiros [...]”. Sobre a natureza das atividades, os § 1º e 2º (grifos
acrescentados) do Art. 1 º expõe que
As atividades de prestação de serviços referem-se ao desenvolvimento de produtos, processos, sistemas, tecnologias ou assessoria, consultoria, orientação, treinamento de pessoal ou a outra atividade de natureza acadêmica, técnico-científica ou cultural de domínio das IES e de interesse para o desenvolvimento do Estado. A prestação de serviços deverá ser executada por prazo determinado, atendendo aos objetivos do Ensino, Pesquisa e Extensão, incidindo em áreas ou setores de competências próprias das IES.
Demonstra-se através do § 2º a importância conferida à vinculação de
qualquer espécie de convênio em caráter de prestação de serviço às atividades-fim
que se destinam as IES: ensino, pesquisa e extensão. No presente estudo de caso,
o convênio estará em harmonia com a normativa uma vez que terá como foco a
pesquisa acadêmica aplicada e desenvolvida por pesquisadores e corpo acadêmico
da IES convergente.
O Art. 1º, § 3º dispõe sobre a proibição de contratação pela IES de pessoal
para realização da prestação de serviço. A norma procura, assim, evitar que o objeto
do convênio (ligadas à prestação de serviços) seja terceirizado ou realizado por
outros que não o corpo acadêmico-científico. Norma coerente com a manutenção da
atividade da IES.
O parágrafo único do Art. 2º explicita também a necessidade de aprovação
do convênio pelas unidades competentes da IES, a apresentação objetiva de plano
de trabalho, cronograma e o respectivo acompanhamento.
A Lei regulamenta ainda sobre repasse de valores (Art. 4º e 5º) e indica
necessidade de apresentação de relatórios mensais sobre os benefícios aos
servidores públicos oriundos da presente Lei (Art. 6º).
O Art. 7º dispõe quanto aos direitos autorais, sendo “assegurada à IES, a
participação nos direitos dela decorrentes, para desenvolvimento de ensino, da
pesquisa e da extensão”. Assim, garante-se a participação nos direitos oriundos do
convênio, e a eqüidade dos direitos autorais.
O 8º e último Artigo dispõe, por fim, a vigência da Lei a partir da publicação e
a revogação das disposições em contrário.
32
Em suma, a Lei 11.500 /1996 em seus oito artigos, deverá reger as formas
de convênios e associações realizadas entre IES no estado do Paraná e empresas
(entidades privadas em geral) em caráter de prestação de serviço, tendo como foco
o subsídio ao ensino, pesquisa e extensão pelas IES, o respectivo desenvolvimento
da infra-estrutura, a participação nos direitos autorais quando da existência e o
envolvimento de docentes e acadêmicos nos processos de prestação de serviços,
sendo estes de interesse comum.
O convênio, objeto do estudo, reger-se-á, portanto, pela Lei 11.500/1996 no
que tange a prestação de serviços.
No referido à cooperação técnica entre IES e empresa privada, exige-se
ainda a harmonia com os ditames da Lei Estadual 11.608/2007, especialmente os
artigos 133 a 146 os quais disciplinam a forma do convênio, a apresentação
detalhada de plano de trabalho, projetos de pesquisa – quando da existência –,
cronograma específico, plano financeiro, vigência e demais especificidades
pertinentes.
Finalmente, a observação de regulamentação interna à IES (Portarias,
Resoluções e outros) e a adequação às legislações já mencionadas (Lei
11.500/1996 e 11.608/2007) viabilizarão a exeqüibilidade de convênios entre IES e
entidades privadas, como o apresentado nesse relatório.
5.2 Pesquisa científica
A pesquisa científica, centro do convênio, será apresentada sob a visão de
alguns autores como subsídio teórico ao estudo de caso. Segundo Cervo (1983, p.
50) “[a pesquisa científica] é uma atividade voltada para a solução de problemas
através do emprego de processos científicos”. Segundo o autor, engloba um ponto
de partida, comumente um problema, utilizando um método científico na busca de
uma resposta ou solução.
Estes três elementos (ponto de partida, problema e método científico) são
básicos e essenciais a uma pesquisa científica, uma vez que para adequada
validação, a investigação deverá pautar-se por instrumentos científicos e
metodológicos.
33
Popper (1972, p. 27) indica que confiabilidade da pesquisa científica, além
da possibilidade de falseabilidade e o empirismo, está ligada à importância da lógica
no contexto metodológico. Afirma ainda que a “tarefa da lógica na pesquisa
científica, ou da lógica do conhecimento, é [...] proporcionar uma análise lógica
desse procedimento, ou seja, analisar o método das ciências empíricas” (Ibid.)
A lógica norteará o processo metodológico da pesquisa até a obtenção de
resultados finais, tornando-a um instrumento cumulativo de conhecimento.
Kourganoff (1961, p. 82) indica que a “pesquisa científica não é apenas
cumulativa, coletiva, competitiva... ela é também, e sobretudo, aleatória”. Implica
afirmar que nem todas as conclusões em pesquisa poderão alcançar o ponto
desejado, ou sugerido nas hipóteses do projeto de pesquisa. O fato enriquece a
variabilidade de possibilidades e contribuições.
O conceito de pesquisa, segundo Cervo (1983, p. 53), pode ser segmentado
em pesquisa pura e pesquisa aplicada. A pesquisa pura é voltada ao saber
filosófico, epistemológico e exegético. Busca o significado imanente e intrínseco do
objeto. A pesquisa aplicada, por outra via, preocupa-se com a contribuição para fins
práticos, a práxis do conhecimento, a materialização do saber em benefício e
utilização do humano.
Neste sentido, importa ressaltar a contribuição e características da pesquisa
aplicada, coadjuvante importante no estudo de caso apresentado.
Pode, assim, ser dividida basicamente em:
a) Pesquisa bibliográfica: aquela que “procura explicar um problema a partir
de referencias teóricas publicadas em documentos” (Ibid., p. 55). Está
diretamente ligada à pesquisa pura, uma vez que se vale
majoritariamente do conhecimento intelectual e filosófico pré-existente. É
amplamente utilizada nas Ciências Humanas e pode ser considerada o
primeiro passa para qualquer pesquisa científica;
b) Pesquisa descritiva: aquela que “observa, registra, analisa e correlaciona
fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los [...] [e] fatos e
fenômenos do mundo físico e especialmente do mundo humano” (Ibid., p.
55). Analisa os fenômenos sem interferência direta do pesquisador,
procura descobrir as causas, efeitos e razões pelas quais o evento
ocorre. É amplamente verificada nas Ciências Humanas e Sociais e pode
assumir diversas formas, destacando-se:
34
1. Estudos exploratórios: descrições precisas de situações e busca pelo
conhecimento das relações existentes entre os elementos
componentes;
2. Estudos descritivos: descrições limitadas a características e
propriedades do objeto pesquisado;
3. Estudo ou pesquisa de opinião: estudo amplo, visa coletar
informações e pontos de vista sob a perspectiva humana, através de
entrevistas, formulários e outros;
4. Estudo motivacional: procura razões de motivos intrínsecos que
moveram os sujeitos a realizarem determinadas escolhas,
amplamente utilizado em investigações em marketing, mercado e
antropologia do consumo;
5. Estudo de caso: examina os aspectos variados de uma determinada
situação, grupo, contexto;
6. Estudo documental: ligado indiretamente a pesquisa pura, analisa o
conhecimento documentado sobre o objeto da pesquisa comparando-
o com hipóteses ou o problema da pesquisa na busca por respostas
para a investigação.
c) Pesquisa experimental: aquela que “caracteriza-se por manipular
diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo” (Ibid., p.
58); proporciona o estudo profundo das causas e efeitos sobre um
determinado fenômeno. É amplamente utilizada nas Ciências Exatas,
Naturais e da Saúde por proporcionar a possibilidade de
desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas técnicas, métodos e o
conhecimento sobre novas situações. Este tipo de pesquisa parece ser
melhor elaborado quando segue roteiros que incluem: escolha do
assunto, justificativa de escolha, revisão bibliográfica, apresentação de
problema (s) (objetos da pesquisa), hipóteses (valendo-se de técnicas e
testes de verificação/ falseamento), objetivos (geral e específico),
metodologia científica, procedimento, análise de dados (hermenêutica),
discussão dos resultados, conclusões e indicações de referencial
bibliográfico. Podem, todavia, distinguir-se de acordo com o tema, o
campo ou o método utilizado.
35
Já em Demo (2009, p. 59) a pesquisa é definida como “a produção crítica e
autocrítica de caminhos alternativos, bem como a inquirição sobre os caminhos
vigentes e passados”. O autor a divide ainda em: teórica; metodológica, empírica e
prática, permitindo a compreensão de que a primeira está linkada à pesquisa pura e
as outras três a estilos de pesquisa aplicada.
As pesquisas dentro do convênio estudado serão experimentais, conforme
apresentada por Cervo, por serem as mais indicadas na busca dos objetivos
propostos (PD&I), na verificação das hipóteses e no contexto das Ciências Naturais.
Já a pesquisa deste relatório será exploratória, por apresentar melhor
harmonia com os objetivos propostos.
5.3 Inovação/ Desenvolvimento de Produtos
Observadas a natureza do convênio na administração pública, a legislação
aplicável para a execução e o conceito e aplicações de pesquisa científica – objeto
do convênio a ser firmado -, este tópico promoverá um levantamento bibliográfico
sobre inovação e desenvolvimento de produtos, ambos interesses finais comuns aos
participes do estudo de caso, além da prestação de serviços.
Na sociedade contemporânea, globalizada, a competitividade crescente
demanda do setor privado a busca constante por diferenciais que permitam
desenvolvimento e crescimento sustentável. Neste sentido, o principal imperativo
organizacional concentra-se na Inovação. Para compreensão sobre o tema, serão
dispostas diferentes e complementares perspectivas sobre Inovação e, então, um
conceito emitido sobre a estrutura destas perspectivas complementares.
Segundo a visão de Drucker (1998) “a inovação é o instrumento específico
dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma
oportunidade para um negócio diferente”.
Para Dornelas (2003, p. 17) o conceito de inovação esta relacionado à
“mudança, fazer as coisas de forma diferente, de criar algo novo, de transformar o
ambiente onde se está inserido. É algo mais abrangente que apenas a comum
relação que se faz com a criação de novos produtos ou serviços”.
36
Em sentido semelhante, Porter (1999, p.29) complementa que uma
inovação, quando incorporada e aceita no mercado, além da função criativa e
mantenedora da organização, torna-se também a “prioridade estratégica número
um”, pois o molde que o sistema econômico-empresarial se encontra, demanda
constante revisão, reformulação e atualização tanto de força produtiva (tecnologia,
fornecedores, etc.) como de produtos e serviços.
Segundo Schumpeter (1988) apud Moricochi e Gonçalves (1994) pode-se
indicar as seguintes formas de Inovação:
a) Introdução de um bem diferente ao consumidor ou elevação da qualidade
de um bem já existente;
b) Introdução de um novo método de produção; método ainda não
experimentado dentro do setor de produção;
c) Abertura em um novo mercado, ou seja, incorporação do produto ou
serviço em um mercado que não abrangia anteriormente;
d) Descoberta de uma nova fonte de matéria-prima ou fornecedores [que
contribuam para mudança positiva substancial];
e) Reestruturação de um segmento mercadológico [ruptura de um
monopólio, criação de uma empresa, mudança estrutural
socioeconômica].
Segundo o autor, a inovação é a mola propulsora da sociedade de capital,
sendo, à semelhança das perspectivas supracitadas, um fator imperativo de
manutenção no mercado e, localizadamente, um fator de desenvolvimento
estrutural. Se a inovação for de caráter social, poderá contribuir amplamente para o
desenvolvimento regional.
Neste sentido, o desenvolvimento de um produto, especificamente, será uma
inovação se este apresentar: algum diferencial em si, na linha de produção, na
matéria-prima que o constitui, ou no modo de promoção e for inserido e absorvido
pelo mercado.
As fases do desenvolvimento de um produto, ou a Gestão da Produção,
costumam abarcar a geração de um conceito, tiragem, projeto preliminar, avaliação
e melhoramento, prototipagem e projeto final. O projeto final estará apto e ser
inserido no mercado.
Este fluxograma será melhor compreendido pela perspectiva de Slack et. al.
(1999, p. 89) através da Figura 2.
37
Figura 2. Fases de desenvolvimento de produto ou serviço e projeto de processos.
Fonte: Slack et. al., 1989, p. 89.
Na figura 2, além dos projetos de produtos e serviços, os autores dispõem
um esquema sobre projetos de processos (input, transformação, output), ligados a
produção de determinado componente inovador. Cumpre, assim, ressaltar a
importância da organização de um projeto de desenvolvimento.
Ainda de acordo com Finneston (1987) apud Slack et. al. (1999, p. 90) (grifos
acrescentados) “projeto é o processo conceitual através do qual algumas exigências
funcionais de pessoas, individualmente ou em massa, são satisfeitas através do uso
de um produto ou um sistema que deriva da tradução física do conceito [...]”. Desta
forma, os principais pontos que devem ser observados – extraídos do conceito de
projetos (Ibid., p. 91, grifos acrescentados) – são:
O objetivo da atividade de projeto é satisfazer as necessidades dos
consumidores;
A atividade do projeto aplica-se tanto a produtos (ou serviços) como a
sistemas (chamados processos);
A atividade do processo é em si mesma um processo de
transformação;
38
O projeto inicia com um conceito e termina na tradução desse
conceito em uma especificação de algo que pode ser produzido.
Pode-se, a partir desta perspectiva, sintetizar as fases principais de um
projeto de desenvolvimento como na Figura 3:
Figura 3: Fases principais do desenvolvimento de produtos.
Fonte: o autor.
Tanto o desenvolvimento de produto quanto a inovação poderão estar
contextualizados tautologicamente, ou seja, ambiguamente o desenvolvimento
poderá estar vinculado à inovação quanto a inovação envolver o desenvolvimento.
Compreende-se, portanto, que a Inovação constitui a criação, mudança,
modelagem, desenvolvimento, aperfeiçoamento e finalmente incorporação
mercadológica de técnicas, produtos, serviços ou processos, novos, que visam à
construção de um diferencial competitivo, agregador de valores - rentável, lucrativo –
contendo ideologias e meios de satisfação, com o fim de garantir o desenvolvimento
e o crescimento – majoritariamente econômico - de uma empresa/ organização que
atua em um mercado.
39
5.4 Competitividade vs. Inserção no Mercado
Para uma compreensão ampla do processo de inserção de um produto
(inovação) no mercado, este sub-tópico recorrerá a um apanhado histórico-
introdutório sobre a natureza da competitividade dos mercados e as razões pelas
quais as estratégias de inserção de um produto devem ser detalhadamente
planejadas e organizadas.
A competitividade atual influencia diretamente o processo de inserção de um
produto, uma vez que poderá facilitar ou obstruir as vias de acesso ao mercado. O
contexto, porém, não foi sempre dessa forma. A intensidade da competição
econômica/ empresarial avolumou-se a partir do período pós-Segunda Guerra
Mundial.
Este período histórico foi cenário do maior desenvolvimento econômico e da
maior abertura de mercados presenciados até aquele momento. Neste período a
reconstrução social permitiu que barreiras territoriais fossem desfeitas e o capital, a
força de trabalho e a produção cruzaram bordas e oceanos. O período foi alternado,
porém, por políticas intervencionistas em alguns países, dentre os quais destaca-se
o keynesianismo americano (1970-80) e o pós-desenvolvimentismo brasileiro (1964).
O intervencionismo, embora tenha contribuído para o desenvolvimento econômico –
pelos repasses de recursos estatais através de investimentos, infra-estrutura,
geração de empregos, e outros – gerou um déficit público elevado. O
assistencialismo inerente ao intervencionismo contribui para o déficit, através das
somas destinadas a programas sociais – importantes – porém com poucos
horizontes de retorno financeiro para os Estados (FERREIRA, 1997).
Segundo Moraes (2002) nesse período surgem as narrativas neoliberais
procurando oferecer explicação “palatável para a crise e alternativa plausível para a
superação daquilo que se usou chamar de consenso keynesiano dos „trinta
gloriosos‟ do pós-guerra.”
Na perspectiva neoliberal (pós década de 80) o Estado minora a intervenção
e a regulamentação econômica, e o mercado “livre” passa a interagir orgânica e
intensamente.
O conceito de “supremacia do mercado como mecanismo de alocação de
recursos, distribuição de bens, serviços e rendas, remunerador dos empenhos e
engenhos inclusive” (MORAES, 2002) expande-se e orienta a reprodução de capital
40
para uma escala global. As organizações rompem fronteiras e o campo de
competitividade alarga-se global e irreversivelmente.
Assim, na presente perspectiva neoliberal a economia e o mercado são
regidos diretamente pelas negociações do próprio mercado. O Estado deixa de ser o
viés regulador e os conceitos de consumo e consumidores alcançam preeminência.
Os consumidores passam a ter acesso a uma gama amplamente vasta de bens e
serviços a baixo custo e a possibilidade de venda de um produto passa a ser
regulada pelo diferencial atrativo que oferece. Conseqüentemente, as empresas
passaram a focar em invenções que conduzam a novos produtos e assim à
manutenção do consumo, da renda e do lucro.
O exposto amplia a percepção sobre a natureza da competitividade
econômica e os desafios que uma organização defronta ao gerir estratégias de
inserção de produtos em um mercado. Logo, percebe-se que competitividade está
diretamente vinculada à necessidade de ampliação de market share (fatias de
mercado) e esta ampliação será direcionada majoritariamente pela inserção de
novos produtos (inovações).
A natureza da extrema competitividade de mercado contemporânea é,
portanto, um evento histórico-específico.
Assim, compreendendo a natureza histórica da competitividade
contemporânea, para a inserção e absorção de um produto inovador e a superação
dos desafios competitivos, uma organização deverá valer-se de hábeis estratégias
de marketing e logística. Marketing para gerir a promoção, o local de veiculação,
precificação e aspectos do produto que satisfaçam o consumidor e logística para
distribuir eficazmente o fluxo de produção. Não serão, todavia, limitadas a estes
campos. Paralelamente, estratégias prévias de produção (para adequação do
produto ao mercado-alvo) e, sobretudo, estratégias políticas (em campos que
dependam amplamente de aspectos legais, adequação a legislações, geopolítica,
comércio exterior, etc.) deverão ser planejadas, organizadas e cuidadosamente
implementadas.
Desta forma, importa compreender o significado de estratégia e as maneiras
em que poderá ser formulada.
41
5.4.1 Conceito de Estratégia
O conceito de estratégia está historicamente vinculado à arte bélica. A
edição de 1952 do Concise Oxford Dictionary define estratégia como “a arte do
general; a arte da guerra; administração de um exército ou exércitos em campanha”.
A primeira aplicação do termo à condução de um negócio ocorreu em 1962
na obra pioneira Strategy and Structure de Alfred D. Chandler Jr. pela editora
Cambridge, MIT Press. Na obra, Chandler Jr. estudou o desenvolvimento da
administração em grandes empresas. Em 1963 Peter F. Drucker publicou uma
análise sobre estratégia empresarial em que dissertava sobre princípios estratégicos
e administração contemporânea. Houve uma grande reflexão sobre o melhor título
para a obra – muitos redatores e executivos observavam com certo estigmatismo o
uso da palavra estratégia para a Administração – e decidiu-se pelo título Managing
for Results (Administração Lucrativa, em português).
O conteúdo da obra, porém, influenciou amplamente a teoria da
Administração contemporânea sendo que hoje o termo estratégia empresarial tem
sido amplamente utilizado.
Na perspectiva do autor estratégia empresarial consiste em um conjunto de
planos e metas elaborados e dirigidos para o alcance de resultados em uma
competição comum: permanência no mercado (DRUCKER, 1998).
Em harmonia a este conceito, está a perspectiva de Porter (1999, p. 63) na
qual “estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente
conjunto de atividades” em que “a essência do posicionamento estratégico consiste
em escolher atividades diferentes daquelas dos rivais”. Percebe-se claramente os
princípios e conotações da arte bélica imersos na definição.
O fato comprova a percepção acerca da competitividade como um campo de
conquistas e derrotas econômicas e reafirma a relevância de traçar-se tais
estratégias.
42
5.4.2 Estratégias de inserção
Nesse sub-tópico serão abordadas algumas destas estratégias eficazes para
a introdução e absorção de um produto pelo mercado.
Alem do conceito de estratégia, Drucker elaborou aquilo que chamou de
“quatro estratégias empreendedoras específicas” (Drucker, 1998, p. 288). A estas
estratégias nomeou “Com tudo e pra valer”; “Golpeá-los onde não estão”; “Encontrar
e ocupar um „nicho ecológico‟ especializado”; “Mudar as características econômicas
de um produto, um mercado, ou um setor industrial".
Na perspectiva, cada uma das estratégias requer um comportamento
especifico por parte do empreendedor.
A primeira estratégia - “Com tudo e pra valer” - pode ser considerada a de
maior risco. O planejamento básico consiste em traçar planos a longo prazo,
detalhadamente delineados e realizar investimentos de grande porte. O objetivo fim
é inserir um novo produto que torne a empresa a líder do mercado definitivamente
ou ao menos por um longo tempo. Pode funcionar tanto por segmentação – focar em
um nicho específico – ou em dominância econômica, abrangendo a liderança em
mais de um segmento. Consiste em uma estratégia delicada. Demanda
planejamento rigoroso, acompanhamento contínuo e um elevado grau de acerto,
visto os elevados investimentos envolvidos.
A segunda estratégia, – “Golpeá-los onde não estão” – pode ser chamada
de imitação criativa. O termo parece paradoxal, visto que a criatividades deve ser
oriunda da originalidade, porém descreve bem essa estratégia. Consiste em uma
semelhança de Bench marketing, onde são inseridos novos produtos semelhantes
aos líderes do mercado trazendo diferenciais competitivos. A diferença entre o
Bench marketing está em que, na imitação criativa, não há necessidade de se
estudar rigorosamente o produto que se deseja imitar. Procura-se apenas copiá-lo
em seus atributos principais e agregar um diferencial importante, novo, que satisfaça
e cative o consumidor. A estratégia demanda, antes, um conhecimento específico
sobre os anseios do consumidor quanto ao produto líder, pesquisa e planejamento a
médio e longo prazo, de maneira a conquistar a mesma ou outras fatias de mercado.
É basicamente orientada a segmentação de mercado e trabalha os pontos que os
concorrentes não visualizaram ainda. A inserção deve ser acompanhada de uma
avaliação de desempenho.
43
A terceira estratégia – Encontrar e ocupar um „nicho ecológico‟ especializado
– almeja, em síntese, não a dominação definitiva ou liderança de um mercado mas o
controle sobre um determinado nicho. Procura alcançar um pequeno monopólio
prático em um área pequena. Esta estratégia consiste em inserir um produto de
caráter essencial às necessidades ou considerado indispensável à satisfação de
anseios pelo consumidor. Consiste em dispor o produto na veia arterial do mercado,
por vezes de maneira discreta e fazer com que a assimilação seja paulatina e
profunda de maneira que, a médio ou longo prazo, o produto se torne tão essencial
aos consumidores (ou mesmo a competidores) que adquira o comando do
determinado nicho. É comum em pequenas localidades, produtos agroindustriais e
básicos as necessidades humanas. Demanda que o produto tenha especificidades
que interajam de forma orgânica com o nicho, formando um elo “simbiótico”.
A quarta estratégia – Mudar as características econômicas de um produto,
um mercado, ou um setor industrial – proposta por Drucker, parece ser a menos
arriscada e mais coerente para garantias de sucesso. As três estratégias analisadas
até então propõe a introdução de inovações a partir de novos produtos no mercado.
A quarta estratégia consiste em utilizar produtos, serviços ou processos já
existentes, modificá-los ou melhorá-los e então reintroduzi-los. Costuma ocorrer por
quatro vias:
a) Criando utilidade: a maneira mais criativa nessa estratégia. Significa
redefinir a importância de um bem ou serviço e reintroduzi-lo promovendo
essa novidade. Costuma ser amplamente praticado;
b) Fixando preço: mantendo preços inalterados por longo prazo, a despeito
das elevações dos concorrentes (no caso de o produto ou serviço não
estar entre os principais) ou rebaixamento de preços pelos concorrentes
(no caso do produto ou serviço ser de alta qualidade ou figurar entre os
líderes do mercado). Esta via requer minucioso equilíbrio entre custos. É
melhor viabilizada quando fornecedores e processos apresentam baixo
custo.
c) Adaptando-se à realidade social e econômica do cliente: esta via consiste
em adaptar o produto ao consumidor e não o consumidor ao produto. É
uma das vias com maiores possibilidades de sucesso, pois foca
diretamente as necessidades do consumidor. O fato de adaptar à
realidade social pode, em alguns casos, promover algum
44
desenvolvimento regional. A adaptação à condição econômica, por sua
vez, tende a massificar o consumo e neutralizar algumas vezes o poder
de discernimento do consumidor. Demanda conhecimento de condição
social e econômica do cliente.
d) Proporcionando o que representa verdadeiro valor ao cliente: nesta via,
repete-se a lógica anterior, contudo direcionada aos anseios do
consumidor. Indica adaptar costumeiramente o produto ou serviço ao que
satisfaz o consumidor, àquilo que lhe é valoroso aos olhos. Nem sempre
serão adaptações realmente úteis, serão diferenciadas, e terão por fim a
satisfação do cliente.
Em síntese as estratégias de inserção propostas por Drucker abrangem
quatro dimensões mercadológicas diferentes direcionadas à inovação. São eficazes
se planejadas detalhadamente e implementadas sob constante acompanhamento.
Uma segunda perspectiva válida a este sub-tópico teórico, é a contribuição
de Porter (1999) sobre “as forças que governam a competição em um setor” (Ibid., p.
28) e as estratégias de entrada em um mercado. Porter argumenta que “o estado de
competição num setor depende de cinco forças básicas” representadas na Figura 4:
Figura 4: Forças que governam a competição em um setor.
Fonte: Porter, 1999, p. 28.
45
Dentre essas cinco forças, será importante analisar especificamente a
“ameaça de novos entrantes”, da perspectiva de um produto atuante e também da
introdução de uma inovação.
“O estrategista, no esforço de posicionar a empresa para melhor enfrentar o
ambiente setorial ou de influenciá-lo em favor dela, deve compreender os fatores
que determinam suas peculiaridades” (Ibid., p. 29). O conhecimento sobre a
empresa e, sobretudo, sobre as implicações competitivas que o novo produto trará
ao mercado, segundo o autor, são os passos preliminares.
Porter postula seis pontos que devem ser examinados durante a formulação
da estratégia para a introdução da inovação:
a) Economias de escala. Segundo o autor são as principais barreiras à
entrada de novos produtos devido à tradição e o poder econômico que
possuem. Devem ser examinados caminhos em que não se choquem
frontalmente com elas, passos pequenos e iniciais, a priori.
b) Diferenciação do produto. Ponto preponderante; uma das maneiras
citadas pelo autor é a identificação do consumidor pela marca. Desta
forma cria-se um vínculo de fidelidade em consumo, que pode ser
explorado amplamente. Recursos de propaganda, de igual modo,
enfatizam o diferencial inovador.
c) Exigências de capital. A necessidade de recursos financeiros para
investimento, pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I), a
liberalização de créditos aos consumidores e reservas para possíveis
absorção de prejuízos devem ser planejadas. São exigências inevitáveis,
porém passíveis de minoração.
d) Desvantagens de custo, independente do tamanho. “As empresas
estabelecidas talvez desfrutem de vantagens de custo não disponíveis
para os rivais em potencial” (PORTER, 1999, p. 30). Escolha de
melhores e mais rentáveis fornecedores, planejamento de custos e
mesmo a busca por subsídios legais impactarão a desenvoltura da
introdução do produto e poderão ser uma salvaguarda ou um prejuízo no
caso de insucesso.
e) Acesso a canais de distribuição. O produto recém introduzido demanda
ter assegurado os meios eficazes de distribuição. Um veículo viável na
46
formulação desta estratégia consiste na utilização de promoções,
descontos e a localização pontual da venda. Implica em levar o produto
onde está o consumidor.
f) Política Governamental. A regulação econômica, via de regra, será
benéfica à medida que promova a interação empresa-sociedade.
Planejamento específico quanto à legislação pertinente, licenças de
matérias-primas, órgãos pertinentes, processos jurídicos, etc., devem
estar na pauta da agenda estratégica. Tais pontos poderão viabilizar ou
barrar a entrada em um mercado.
Em resumo, ambas as perspectivas estratégicas (Drucker e Porter)
funcionam como metodologias específicas a cada caso e importantes para o
sucesso de introdução da inovação no mercado. Via de regra, deverão ser
precedidas por abrangente pesquisa de mercado, criterioso planejamento,
organização específica, direção adequada e harmônica ao consumidor e finalmente
um controle flexível, atualizado e adaptado às tendências competitivas.
5.4.3 Ciclo de vida do produto
Ao ser efetivada a introdução e absorção pelo mercado, iniciará o ciclo de
vida desse produto. Slack et. al. (1999, p. 80) apresenta uma contribuição teórica
sobre o fenômeno:
Do momento em que é introduzido por uma empresa ao ponto em que os clientes não estão mais interessados em comprá-lo, um produto ou serviço passa através de diversas etapas distintas. Em cada etapa, a empresa experimentará desafios diferentes tanto na venda como na produção do produto ou serviço. A forma exata das curvas de ciclo de vida do produto/serviço variará, mas geralmente são mostrados como a variação do volume de vendas ao longo dos quatro estágios – introdução, crescimento, maturidade e declínio.
A Figura 5 Ciclo de vida de um produto/serviço apresenta as quatro fases
distintas e as implicações no volume de vendas em cada uma:
47
Figura 5: Ciclo de vida de um produto/serviço.
Fonte: Slack et. al.1999, p. 91.
Neste sentido, Kotler (1995) apud Slack et. al. (1999, p. 91) apresenta quatro
conseqüências do ciclo de vida do produto:
a) Os serviços ou produtos têm a vida limitada;
b) As vendas do produto/serviço passam por quatro estágios distintos, cada
um inserindo diferentes desafios tanto ao vendedor quanto ao produtor;
c) Os lucros aumentam e diminuem nos diferentes estágios do ciclo de vida;
d) Os produtos/serviços demandam diferentes estratégias de marketing, de
finanças, de produção, fornecedores e de recursos humanos durante
cada etapa do ciclo de vida.
Assim, as estratégias de introdução deverão estar inter-relacionadas com as
demais estratégias (produção, vendas, distribuição, político-fiscais, etc.). Cumpre
também, ter-se em mente as fases do ciclo de vida do produto e suas implicações
desde a introdução até o declínio. Desta forma, haverá tempo e disposição para que
novas estratégias sejam traçadas ao longo da cadeia cronológica de manutenção do
ciclo de vida da inovação. Outras inovações poderão assumir os postos em declínio
e dar continuidade a atividade empresarial.
48
5.5 Transnacionalização
Compreendendo a importância da estratégia e os meios de implementá-las,
o tópico presente, na continuidade do apanhado teórico, conceituará
transnacionalização – a partir da perspectiva de um produto já absorvido pelo
mercado – suas particularidades e implicações para o comércio internacional em
relação ao estudo de caso.
Para o entendimento sobre transnacionalização será requerido a
compreensão prévia sobre globalização e algumas distinções entre terminologias.
A melhor compreensão parece advir dos trabalhos de François Chesnais
(1996) em A Mundialização do Capital sobre transnacionalização e a relação com o
Comercio Internacional e Milton Santos (2002) em sua perspectiva sobre
globalização, especificamente.
Chesnais indica que o termo “‟global‟ [como um adjetivo] surgiu no começo
dos anos 80, nas grandes escolas americanas de administração de empresas, as
célebres „business management schools’ de Harvard, Columbia, Stanford etc.”
(Chesnais, 1996, p. 23). Foi incorporado nas publicações dos hábeis escritores de
estratégia e marketing entre 80 e 90 e disseminado através da imprensa econômica
e financeira de língua inglesa, invadindo rapidamente o discurso político neoliberal.
Em 1990 o japonês K. Ohmae publica a obra Bordless, em que tratava do
tema internacionalização do capital e de tecnologia, o que denominou tecno-
globalismo e a obra Stateless em que discorria sobre o traspasse de fronteiras
Estatais na economia. Desde então o termo foi readaptando-se ao contexto
societário-econômico contemporâneo adquirindo uma gama de significados.
Por esse tempo a expressão de origem francesa “mundialização”
(mundialisation) passou a ser veiculada nos países centrais europeus, não
adquirindo a força e popularidade conotativa do termo globalização. A razão se deu
pelo fato da palavra mundialização denotar uma expansão em nível mundial,
alcançando todos os níveis societários e essa não era a intenção dos “tecno-
globalistas” de Ohmae na época. A intenção era a consolidação de uma terminologia
carregada de força ideológica. Força esta em certo caráter neo-imperialista
direcionado à manutenção da hegemonia de dominação.
49
Para Santos (2002, p.79)
A globalização é o estágio final da internacionalização. O processo de intercambio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a indústria, nos fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural.
Assim, a partir da década de 90 e 2000, o eixo Europa-EUA-Asia(Japão)
incorporou a ideologia da globalização em uma vasta gama de produtos, serviços e
processos empreendidos por empresas multinacionais abrangendo todo o espectro
mundial.
Tem-se, portanto, que a globalização balizou e subsidiou os processos de
transnacionalização, especialmente a partir da ultima década.
Diante desta compreensão, Chesnais conceitua transnacionalização a partir
da expansão industrial, física e, sobretudo, financeira de organizações de grande
capital. Indica que as organizações deixaram de competir em guerras cambiais e
tarifarias e passaram a unir-se em prol dessa nova colonização econômico-
financeira, procurando mercados em que a produção ainda não tinha sido inserida.
Para o autor (1996, p. 43) “[a transnacionalização] inclui o comércio exterior, o
investimento externo direto e os fluxos internacionais do capital que mantém a forma
monetária” e ainda, em harmonia com as definições da OCDE:
as entradas e saídas de tecnologias, seja incorporadas aos equipamentos, seja transmitidas e adquiridas de forma intangível; os movimentos internacionais de pessoal qualificado e os fluxos de informações e dados transfronteiras” (OCDE, 1992, p. 232 apud CHESNAIS, 1996, p. 43).
Assim, a partir da transnacionalização ou multinacionalização das empresas,
a produção e os ativos transnacionalizaram-se.
A transnacionalização em sentido estrito, portanto, pode ser considerada
como o traspasse de fronteiras econômicas, físicas e culturais pelas empresas
multinacionais globais, um processo conceituado, do campo tangível como
irreversível e crescente, embora oscilante. Terá por veiculo o comércio internacional
em que o comércio exterior esta inserido; assunto a ser tratado no sub-tópico
seguinte.
50
5.5.1 Comércio Exterior
5.5.1.1 Aspectos Gerais
Pode-se conceituar o comércio exterior como a prática de troca ou
intercâmbio uni ou bilateral de ativos, fatores de produção, produtos ou serviços
entre diferentes países (Keedi, 2004). O comércio exterior é formulado a partir da
política externa de um país.
É formado basicamente pelos processos de exportação e importação.
Considera-se exportação a remessa de recursos, bens ou serviços a países
terceiros por via legal (Ibid., p. 22). A exportação poderá proceder de forma direta:
realizada pelo próprio produtor de algum bem ou indireta: através de terceiros em
que normalmente o produto é vendido a pessoa física ou jurídica que o exporta.
Também poderá ser de forma definitiva, quando o produto (ou serviço) é incorporado
no ativo do país importador, sendo assim nacionalizado ou de forma temporária, em
que o produto permanece temporariamente no país destino, não sendo incorporado
no ativo nacional e retornando ao país de origem.
Pode-se conceituar importação como a incorporação de bens ou serviços de
países terceiros ao país importador. Assim com a exportação poderá realizar-se de
forma direta ou indireta; definitiva ou temporária (Ibid., p. 23).
A transferência dos produtos ou serviços ocorrerá através de um ampla
gama de planejamentos estratégicos. Dos quais importa destacar os aspectos
políticos/ legais e logísticos as vias de envio: aérea, marítima, lacustre, rodoviária,
ferroviária dentre as principais.
5.5.1.2 Aspectos nacionais/ Procedimentais
No Brasil, o comércio exterior representa 1/3 da balança de pagamentos – a
soma de todos os ativos nacionais a cada período anual. No ano de 2007, o país
exportou cerca de 157 milhões de US$ e importou 117 milhões de US$, gerando
uma saldo em balança comercial (exportações menos importações) de 40 milhões
de US$ (BRASIL, MDIC, Secex, 2007).
51
A figura 6 demonstra a evolução do comercio exterior brasileiro de 1950 a
2006.
Figura 6 – Balança Comercial Brasileira 1950 a 2006 – US$ bilhões FOB.
Fonte: IBGE.
Nota-se um desenvolvimento a partir do ano 1976 devido às políticas
macroeconômicas voltadas a exportação e incentivos fiscais às empresas
importadoras.
No tocante à estrutura procedimental brasileira, nota-se que a partir de 1997
políticas econômicas dirigidas as normativas técnicas em comercio exterior
aperfeiçoaram o sistema de importação e exportação nacional (VASQUEZ, 2007,
p.105). Os aperfeiçoamentos foram implementados a partir de deliberações dos
principais órgãos nacionais em comercio exterior: Ministério Do Desenvolvimento,
Indústria, e Comércio Exterior (MDIC); Departamento de Comércio Exterior (Decex);
Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e outros. Em especial destacam-se os
comunicados Decex nº 19/ 1996 e 22/ 1996 e a Portaria Secex nº 21/1996. As
normativas deliberaram sobre a condução de importações e aspectos relacionados.
Desta forma, como enriquecimento a continuidade do debate bibliográfico, o
sub-tópico seguirá explanando sobre os principais procedimentos de importação a
52
partir do sistema de comércio exterior brasileiro. A atenção será dispensada à
importação por ser o procedimento visualizado no estudo de caso do relatório.
Os procedimentos serão apresentados segundo a contribuição de Vasquez
(2004). Segundo o autor, além das normativas positivas autorizadas nos últimos
anos, o Sistema Eletrônico de Comércio Exterior (Siscomex) direcionado a
Importação (Siscomex Importação) facilitou a realização de processos de importação
no país.
Das modalidades de importação, direta e indireta, visualizaremos a
importação direto, meio a semelhança do visualizado no estudo de caso.
Como passo inicial, requer-se o cadastro da pessoa física ou jurídica junto à
Secretaria de Comércio Exterior (SCE) do MDIC para habilitação do Siscomex.
. Vasquez alerta que
A empresa ou pessoa física interessada em importar deverá informar-se previamente sobre a mercadoria, condições de compra, viabilidade de venda no país, possibilidade de adquirir produto nacional em condições iguais ou mais vantajosas antes de cadastrar-se como importador (Vasquez, 2007, 0. 106)
Obtendo o registro de exportador e importador (REI) junto a SCE o
importador estará credenciado a operar pelo Siscomex. A Instrução Normativa nº
650/ 2006 emitida pela Receita Federal do Brasil (RFB) define os procedimentos de
registro no Siscomex e junto ao Ambiente de Registro e Rastreamento de Atuação
dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR), condição essencial para o registro de
operações em comércio exterior. As modalidades de importação a partir do registro
poderão ser:
a) Ordinária, para pessoa jurídica que atue habitualmente no comércio
exterior;
b) Simplificada, para pessoa jurídica, física, empresa pública ou sociedade
de economia mista e sociedades sem fins lucrativos que efetuem a cada
seis meses não mais que 150 mil US$ em importações na modalidade
Free on Borard (FOB) ou Cost, Insurance and Freigth (CIF) – termos que
disporão sobre: responsabilidades de alocação de mercadoria em navio
(FOB) para o exportador, e responsabilidades de custo, seguro e frete
(CIF) para a parte que a incluir.
53
Obtendo o registro, o Siscomex possibilitará, via on line, a realização de
operações administrativas (emissão de licenciamento) e operações (desembaraço
alfandegário), alem de emissão de outros documentos, automatizações e
flexibilizações burocráticas.
A seguir, será emitido o licenciamento para importações. O sistema
administrativo de importações brasileiras compreende as seguintes modalidades:
1. Importações dispensadas de Licenciamento – como via geral as
importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo
aos importadores apenas providenciar o registro da Declaração de
Importação (DI) no Siscomex, para procedimentos de despacho
aduaneiro junto à RFB. O Art. 7 º, I, § único da Portaria nº 35/ Secex
dispõe quais as importações dispensadas de licenciamento;
2. Importações sujeitas a Licenciamento Automático, de acordo com Seção
II da Portaria nº 35/ Secex, produtos relacionados ao Tratamento
Administrativo do Siscomex e importações efetuadas ao amparo do
regime aduaneiro especial de drawback (importação para posterior
exportação);
3. Importações sujeitas a Licenciamento Não Automático, indicadas na
Seção III da Portaria nº 35/ Secex, sujeitas à obtenção de cotas tarifárias
e não tarifárias, anuentes ao Coselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), substituição de mercadoria,
beneficentes à Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio, entre
outras.
Isto posto, acordado entre as partes as especificidades do produto a ser
importado: valores, quantidade, volume, embalagem, contrato de câmbio, etc., será
necessário a contratação de Seguradora e Frete, de acordo com a modalidade de
transporte utilizada.
Também serão acertados os Termos de Comercio Internacional (Incoterms).
Os Incoterms são termos divididos em quatro áreas que disporão sobre frete,
seguro, local de coleta e destino, translado entre outras especificidades, sendo
reconhecidos em todo comércio internacional.
Costumeiramente esses serviços são prestados pelos despachantes
aduaneiros, os quais já detêm experiência.
54
Finalizada a negociação e acordados de taxa cambial, modalidade logística,
seguro e frete o que caracterizará a transnacionalização e a nacionalização do
produto importado é o desembaraço aduaneiro. O desembaraço significa a entrada
do produto em solo brasileiro no território aduaneiro primeiramente, conforme o
Decreto nº 6.759/2009 – que dispões sobre jurisdição aduaneira e controle
aduaneiro de veículos – e todo o processo administrativo e documental de
legalização da mercadoria e da importação em solo nacional. O processo costuma
ser burocrático, demandando cuidados especiais com a ordem e o porte de toda a
documentação necessária.
Realizado o desembaraço, terá espaço o despacho.
O despacho aduaneiro de importação é o procedimento fiscal mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas a seu desembaraço aduaneiro e será processado por meio do Siscomex [...] Instrução Normativa RFB nº 69/ 96 [...] (Vasquez, 2007, p. 117).
Este processo será uma conferência fiscal. Em seguida ocorrerá o
desembaraço aduaneiro da mercadoria “ato final do despacho aduaneiro em virtude
do qual é autorizada a entrega da mercadoria ao importador” (Ibid., p. 118). Deverá
ser emitida em seqüência a Declaração Simplificada de Importação (DSI) que será
utilizada no despacho aduaneiro de alguns bens específicos.
Após o registro do desembaraço aduaneiro no Siscomex, será emitido o
Comprovante de Importação com o qual o Importador poderá retirar ao produto junto
a RFB.
O processo poderá ser simples ou complexo, relativizado ao que se está
importando, a modalidade, despachante, etc.
Os produtos importados serão aptos a serem tributados, conforme o Código
Tributário Nacional (CTN) e o Decreto nº 6.759/ 2009. Os tributos aplicados serão o
Imposto de Importação (variando de acordo com o produto e as tarifas especiais
abrangidas pelos acordos comerciais em que o Brasil detém participação, ex. Tarifa
Externa Comum (TEC)/ MERCOSUL); contribuição para o Programa de Integração
Social/ Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); Impostos sobre
Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços (ICMS) tendo este alíquota de
55
18%; Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), e outros tributos derivados das
diferentes modalidades de importação, como o Adicional de Frete para Renovação
da Marinha Mercante (AFRMM) em caso de importações em via marítima , e
derivados de diferentes produtos, como a Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico (CIDE) para combustíveis. Além desses, taxas de armazenagem e
capatazia poderão ser aplicadas.
A elevada carga tributária brasileira incidente sobre o processo de
importação é resquício de políticas protecionistas de décadas passadas. São
positivas à medida que impedem a entrada desmedida de produtos e serviços
exteriores no país – o que estagnaria a macroeconomia interna, pautada pelo
consumo. Em alguns casos, o drawback (modalidade alternativa às importações de
matéria-prima, tecnologia e outros que serão incorporadas a produtos ou processos
para exportação) será uma alternativa aos elevados encargos tributários de
importação.
Um segundo gargalo a ser superado no sistema de comércio exterior
brasileiro para importações se encontra na infra-estrutura logística. A deficiência de
um amplo complexo multimodal, englobando redes de ferrovias amplas, espalhadas
e funcionais, desobstrução do fluxo aéreo e exploração de vias lacustres – pouco
empreendidas no Brasil – são obstáculos que ainda embaraçam a flexibilização das
importações brasileiras e o próprio comércio exterior nacional, demandando amplo
planejamento político/ governamental a médio e longo prazo.
56
6 Objetivos
São objetivos do presente relatório de estágio:
6.1 Objetivo Geral
Examinar e descrever as perspectivas para os processos de PD&I
resultantes do convênio a ser celebrado entre UEPG e InocBras, o registro e a
importação da produção desenvolvida pela BILAB S/A e as contribuições
emergentes do estágio tanto para a IES como para a InocBras através da
assessoria, estratégias e perspectivas para comunidade científico-acadêmica
descritas no relatório, a partir da efetivação do convênio.
6.2 Objetivos Específicos
Descrever as perspectivas para PD&I a ser realizado pelo corpo
acadêmico/científico da UEPG (PPG Bio Evol/ Laboratório de Microbiologia).
Descrever os procedimentos de registro do produto-piloto AXION Plus Az
junto aos órgãos nacionais.
Acompanhar o processo modelo de transnacionalização: importação do
produto AXION Plus Az e novas perspectivas a partir do convênio.
Avaliar as contribuições oriundas do estágio curricular para a formação
acadêmica e principalmente as contribuições transmitidas à unidade de estágio e à
empresa convenente, através aplicação prática e pontual dos conhecimentos
internalizados enquanto acadêmico: perspectivas de pesquisa e infra-estruturação
para a IES; perspectivas de market share, conhecimento de mercado e formulação
de estratégias de crescimento para a empresa recém instalada na cidade de Ponta
Grossa; temáticas descritas no relatório, sob a panorâmica do convênio a ser
celebrado.
57
7 Metodologia
A investigação realizada se dará através de uma pesquisa qualitativa
aplicada em caráter exploratório. Segundo Minayo (1992):
A metodologia qualitativa é aquela que incorpora a questão do significado e
da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas
sociais. O estudo qualitativo pretende apreender a totalidade coletada
visando, em última instância, atingir o conhecimento de um fenômeno
histórico que é significativo em sua singularidade.
Para essa compreensão o relatório será pautado por um estudo de caso.
O estudo de caso, como supramencionado, permite que uma situação, um
fenômeno ou um ator social seja estudado e analisado em seus detalhes interativos
(MARTINS e LINTZ, 2000, p. 36).
Serão analisados os interesses comuns dos partícipes propostos do
convênio a partir de um método estruturalista. O método consiste em formar bases
inicialmente teóricas sobre as quais os eventos serão descritos, sobrepostos e por
fim re-analisados concomitantemente.
Segundo Triviños (2007, p.117), esta perspectiva estruturalista é constituída
por uma “dialética da realidade social que parte da necessidade de conhecer
(através de percepções, reflexões e intuição) a realidade para transformá-la em
processos contextuais e dinâmicos complexos”.
O ponto de partida para a estruturação do estudo se dará a partir do
levantamento bibliográfico e do estudo documental, constantes nos tópicos 4 e 7.
Segundo BOURGUIGNON (2006), grifos acrescentados, o estudo
documental possibilita a coleta de dados em documentos que expressem informação
autêntica oriundos de instituições e organizações sociais, órgãos públicos e
privados, institutos, arquivos e diversas outras fontes pertinentes.
Assim, os dados empíricos serão contrabalanceados à bibliografia atinente.
Este procedimento propiciará uma boa fundamentação ao referencial teórico.
Em seguida, tornou-se requerida a utilização de observações diretas livres e
reflexivas, as quais permitiram a análise e a descrição das atividades de formulação
do convênio. As observações foram livres, o que propiciou destacar o evento social,
58
simples ou complexo fora de seu contexto para que, em sua dimensão singular,
fosse estudado em seus atos, atividades, significados, relações (Triviños).
7.1 Análise dos dados
O método de analise dos dados será o hermenêutico-dialético. Segundo
Minayo
A união da hermenêutica com a dialética leva o intérprete a entender o texto, a fala, o depoimento, como resultado de um processo social (trabalho e dominação) e processo de conhecimento (expresso em linguagem), ambos fruto de múltiplas determinações, mas com significado específico (Minayo, 1996, p. 227).
Assim, os resultados serão comparados em dois momentos: a partir dos
referenciais bibliográficos e documentais e a partir dos resultados e contribuições
para a IES e InocBras, para o estágio e formação curricular emergentes das
atividades pré-convênio.
Em síntese, a metodologia do estudo de caso do relatório será disposta na
seguinte ordem cronológica:
1. Levantamento bibliográfico e documental (tópicos 5 e 8);
2. Análise das atividades através de observações diretas reflexivas (tópico
8);
3. Análise hermenêutico-dialética dos dados (tópico 9):
3.1 Comparação das observações com o levantamento bibliográfico/
documental;
3.2 Comparação das observações com os resultados emergentes das
atividades de PD&I e transnacionalização.
4. Por fim estruturação final e descrição das contribuições emergentes para
IES e para a empresa (tópico 10).
59
8 Estudo de Caso: o Convênio UEPG – InocBras
Visualizados os aspectos teóricos que nortearão o estudo de caso, serão
relatados neste tópico os aspectos técnicos e as atividades a serem desenvolvidas
através do convenio UEPG-InocBras, a partir das observações diretas livres e
reflexivas, propostas na metodologia do estudo (tópico anterior).
A proposta de convênio observada pertence ao processo número 1568/
2010. A intenção de um convênio foi primeiramente suscitada através de carta Ofício
enviada pela empresa InocBras à UEPG em fevereiro de 2010.
Inicialmente as reuniões entre UEPG e a empresa foram dirigidas pelo Prof.
Dr. Roberto Ferreira Artoni, na época Coordenador local do PPG Bio Evol, tendo
algumas reuniões sido incluídas nas atividades do estágio nesse período. Ao início
do segundo semestre de 2010 Prof. Artoni solicitou licença para realização de Pós-
Doutoramento na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) assumindo então
Prof. Dr. Marcos Pileggi, o qual havia recém retornado da University of Minnesota
após conclusão de estágio de Pós-Doutorado.
Desta forma, a partir do segundo semestre de 2010 Prof. Pileggi passou a
dirigir as reuniões com a empresa no planejamento do convênio e nas discussões
sobre os objetivos em comuns a serem inseridos na minuta de convênio. Reuniões
foram acompanhadas nas atividades de estágio.
Os sub-tópicos a seguir discorrerão sobre as etapas subseqüentes da
proposta de convênio e as atividades abarcadas.
8.1 Fase 1. Solicitação de parceria pela InocBras
No dia 03 de fevereiro de 2010, a Empresa InocBras LTDA representada
pelo seu Diretor Presidente, Eng. Mario Kupervaser e Diretor Comercial no Brasil
Eng. Agrônomo Wladmir Corrêa realizaram visita formal à Reitoria da UEPG para o
primeiro contato formal sobre o intento de uma parceria entre a empresa e a UEPG.
Posteriormente, ao dia 10 de fevereiro de 2010, o Diretor Presidente
encaminhou uma Carta Ofício endereçada ao Vice Reitor Prof. Carlos Luciano
Sant`Ana Vargas e cópias para Diretor do Escritório de Assuntos Internacionais Prof.
60
Carlos R. Berger e Administrador da Fazenda Escola UEPG Prof. Marcos V. R.
Milleo.
O teor do Ofício concentrava-se em uma manifestação formal escrita e
melhor detalhada sobre os interesses na realização da parceria. Relatava que
A intenção da INOCBRAS LTDA, é que a UEPG preste serviços de análises de controle de qualidade; analises químicas, físicas e biológicas de biofertilizantes, inoculantes e produtos biológicos em geral, produzidos por INOCBRAS LTDA e BILAB S/A, como assim também habilite junto ao MAPA [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] um espaço físico de uso exclusivo de INOCBRAS LTDA e BILAB S/A, para a produção piloto de seus produtos (UEPG, 2010, Processo n. 1568/2010, folha 02, grifos acrescentados)
Em contrapartida indicava que
A INOCBRAS LTDA oferece equipar dentro da UEPG, com a mais moderna tecnologia, um Laboratório de Análises de Qualidade e desenvolver um programa de treinamento e capacitação em controle de qualidade de produtos biológicos aos profissionais e pesquisadores da UEPG (Ibid.)
A empresa propunha complementarmente “a UEPG um programa de
desenvolvimento de novos produtos de uso agrícola, com transferência de
tecnologia, desde que seja de interesse de ambos” (Ibid., grifos acrescentados).
Em seguida expressava a intenção da elaboração “em forma conjunta [de]
um projeto de contrato que expresse uma proposta interessante a ambas as partes
[...]” (Ibid., folha número 03); indicava a experiência da empresa BILAB no segmento
agroindustrial e a parceria que mantém com a Universidade Nacional do Nordeste
(Argentina) em PD&I.
Em anexo ao Oficio encontrava-se uma minuta de convênio elaborada pela
InocBras com detalhes e especificações sobre a proposta de convenio.
A empresa direcionou as negociações inicialmente à Fazenda Escola UEPG,
administrada pelo Prof. Marcos Milleo. Posteriormente foram redirecionadas ao PPG
Bio Evol em que o coordenação do programa assumiu a coordenação da parceria,
por estar mais estritamente vinculado às propostas de pesquisa levantadas pela
empresa.
O Ofício abriu caminho às negociações para o convênio.
Por não estar, porém, em harmonia com a legislação pertinente –
supramencionada, sub-tópico 5.1.2 – e não haver ainda harmonia entre a
61
convergência das atividades, requereu-se parecer e assessoria da Procuradoria
Jurídica da UEPG (ProJur) e novas negociações até a harmonização dos interesses
em comum, acompanhadas durante o estágio.
Esses assuntos serão tratados nos sub-tópicos seguintes.
8.2 Parecer ProJur/ UEPG
Após tramitação legal junto aos órgãos pertinentes dentro da IES, a ProJur
emitiu parecer através do Despacho número 112/2010 sobre a solicitação da
empresa e a minuta de convênio anexada. O parecer emitido levantou aspectos
sobre a necessidade de adequação da minuta de convênio às normativas legais e
internas e sobre o teor do termo demonstrando a necessidade de reformulação e
ainda sobre os aspectos técnicos das pesquisas, os quais deveriam ser
acompanhados de planos de trabalho detalhados.
Relatou que “a minuta apresentada difere do modelo aprovado pelo
Conselho de Administração [órgão deliberativo soberano] para análise de produtos
agroquímicos” (UEPG, 2010, Processo n. 1568/2010, folha 12). Os bens doados
devem estar acompanhados de toda a documentação em harmonia com a legislação
estadual, há necessidade de repasse de vinte por cento dos valores arrecadados
aos servidores envolvidos no convênio, especificamente em atividades de prestação
de serviço. O parecer também vetou, por força de legislação, a pura e simples
cessão de espaço público pertencente à IES para utilização exclusiva da InocBras,
indicando uma melhor alternativa viável de utilização para fins do convênio e em
caráter não exclusivo.
Após o levantamento de diversos pontos em desarmonia com as legislações
atinentes e internas, a ProJur concluiu em três pontos sobre as necessidades de
correção:
a) “Com relação à prestação de serviços proposta, deverá seguir a
regulamentação interna e a Lei 11500/96” (Ibid., folha 14) - como
indicado no sub-tópico 5.1.2;
62
b) “No que tange a operação técnica entre Universidade e empresa, poderá
ser objeto de convenio, a ser celebrado de acordo com os ditames da Lei
Estadual 15608/2007 [...]” (Ibid.);
c) “Como se trata de matéria de cunho técnico, deverão ser obedecidas
normas técnicas pertinentes à matéria, que deverão ser indicadas pelos
profissionais da Universidade devidamente habilitados [...]” (Ibid.)
Assim, após reunião entre o Coordenador do PPG Bio Evol, Estagiário e
Procuradoria, esta colocou-se à disposição para elaboração de minuta de convênio
em harmonia com os parâmetros legais vigentes.
Para tanto após duas reuniões entre o PPG Bio Evol (Prof. Artoni e
posteriormente Prof. Pillegi) e InocBras solicitou-se por parte da Coordenação do
PPG Bio Evol a elaboração de uma minuta de convênio adequada às legislações
vigentes. No Oficio de solicitação foram incluídos os pontos de convergência
acordados durante as duas ultimas reuniões de maneira que a minuta expressasse a
vontade conjunta dos partícipes proponentes.
8.3 Fase 3. Conclusão da minuta de convênio/ perspectivas para assinatura
Aos 17 de setembro de 2010, Prof. Pileggi protocolou Ofício à ProJur
solicitando
a elaboração de uma minuta de convênio entre a Universidade Estadual de Ponta Grossa e a InocBras Comércio Importação e Exportação LTDA para a execução de serviços de análises de controle de qualidade: análises químicas, físicas, e biológicas de biofertilizantes, inoculantes e produtos biológicos em geral” (UEPG, 2010, Processo n. 1568/2010, folha 15, grifos acrescentados).
O Ofício expressava resumidamente os interesses dos propostos partícipes
quanto ao convênio. Dispunha sobre a institucionalização do laboratório de
Recursos Hídricos; disponibilização de espaço na Fazenda Escola UEPG para a
equipagem de um laboratório com a melhor tecnologia específica subsidiada pela
InocBras; a emissão de laudos para Cadastro junto ao MAPA em caso de
63
desenvolvimento de produtos e o compartilhamento da propriedade intelectual pelas
descobertas emergentes.
Em face e após criteriosa análise, a ProJur elaborou um modelo de minuta
de convênio (vide Apêndice A) dentro de todas as legislações vigentes abarcadas
(Lei 11500/96, Lei Estadual 15608/2007, portarias internas e demais referentes) e
abrangendo os interesses congruentes expressados pela InocBras e pela UEPG até
então, de maneira que aos propostos convergentes estivesse assegurada a
cooperação mútua.
A ProJur orientou Prof. Pileggi sobre a necessidade da elaboração de um
projeto de pesquisa detalhado para ser objeto do convênio, sendo vedada a pura
prestação se serviço sem a menção de um dos três elementos intrínsecos à IES,
ensino, pesquisa ou extensão. Assim, o objeto pautou-se pela pesquisa aplicada.
A minuta, transcrita em dezesseis cláusulas, trazia como objeto “a
conjugação de ações entre as partes para a execução do projeto de pesquisa
[especifico a ser desenvolvido pela UEPG], sob a coordenação do Professor [Marcos
Pileggi]” descrita na cláusula primeira. Elaborado e aprovado o projeto de pesquisa
pelo Conselho de Pesquisa, Ensino e Extensão da UEPG (CEPE), este deverá ser
incluído na cláusula convergente.
A cláusula segunda menciona os objetivos a serem alcançados: a
contribuição da empresa para a execução do projeto e a parceria na consecução.
A cláusula terceira trata da execução do projeto como pertinência da UEPG,
entidade coordenadora da pesquisa.
Embora sendo de caráter cooperativo, a minuta expressa obrigações aos
partícipes. A cláusula quarta dispõe como obrigações da UEPG:
I Disponibilizar, para a execução do projeto de pesquisa, o Laboratório [a ser definido no projeto de pesquisa] (...); II Manter a infra-estrutura do Laboratório; III Designar como responsável pelo acompanhamento das atividades o coordenador do projeto de pesquisa a ser executado; IV Designar professores e técnicos de seu quadro funcional (...) e alunos do Departamento [constante no projeto de pesquisa] (...); V Obter, com o auxilio da [InocBras], as licenças, alvarás, certidões, registros, certificados e permissões necessários, que forem de sua alçada, para a consecução dos objetivos do presente convênio, e registro do Laboratório como apto a realizar as análises [...]
64
VI Repassar à empresa, ao final do convênio, sem caráter de exclusividade e confidencialidade, os resultados técnicos da pesquisa.
Dentro dos aspectos da cláusula, constam tanto interesses da InocBras na
disponibilização dos espaços físicos, as análises químico-biológicas a serem
realizadas pela IES, como assegurados interesses da UEPG na vinculação do corpo
acadêmico-científico ao projeto de pesquisa. Representam aspectos paralelos e
comuns aos propostos partícipes.
Em sentido semelhante, a quinta cláusula dispôs sobre as obrigações da
InocBras:
I Transferir a tecnologia necessária à execução do projeto de pesquisa; II Reformar o espaço físico do Laboratório [a ser indicado], de acordo com o projeto fornecido pela UEPG, o qual integra o presente convênio [indicar um projeto de reforma, em anexo]; III Equipar o Laboratório [a indicar] da UEPG para a realização da pesquisa, repassando à mesma equipamentos, reagentes, vidrarias, plásticos e material expediente, indicados pela UEPG, descritos no Plano de Trabalho e Aplicação Financeira que integra o presente [constar toda a lista no Plano de Trabalho]; Parágrafo único – Todos os materiais repassados à UEPG deverão ser novos, sem uso, e estar acompanhados das respectivas notas fiscais. IV Proporcionar treinamentos para professores, técnicos e alunos envolvidos na execução da pesquisa [mencionar em que consiste o treinamento, tema, finalidade e periodicidade]
Pelo descrito, ficam asseguradas responsabilidades essenciais que
fortalecerão a razão do convênio – a pesquisa cientifica – através da equipagem de
um laboratório indicado pela UEPG, equipamentos e material especifico e
treinamentos ao corpo acadêmico.
Evidencia-se, assim, que os interesses oriundos das reuniões entre os
partícipes foram condensados na cláusula quarta e quinta, harmonizando-os em teor
comum.
A sexta cláusula seguiu indicando a ausência de vínculo entre empregados
ou equipe de ambos os partícipes entre si.
65
Dentre as demais disposições, importa ressaltar a cláusula oitava (grifos
acrescentados) “da propriedade dos resultados e propriedade intelectual” indicando
que
Os resultados, parciais e finais, decorrentes do presente convênio serão de propriedade das partes convenentes, sendo objeto de instrumento especifico, a ser oportunamente firmado. Parágrafo único – os dados obtidos através da execução do projeto de pesquisa poderão ser publicados pela UEPG em revistas indexadas ou publicações técnicas.
A cláusula indica o compartilhamento dos resultados da pesquisa, bem como
de produtos desenvolvidos e da propriedade intelectual. O parágrafo único alude
ainda à publicação de dados em periódicos indexados. Indica-se, assim, a
visualização sobre possíveis inovações, bem como a manutenção das possibilidades
de publicações, ponto crucial na divulgação do conhecimento e aquisição de
respaldo pela IES perante à comunidade científica.
A décima primeira cláusula indica a possibilidade de termos aditivos,
oriundos de interesse comum, enquanto a décima segunda prevê a vigência do
convênio pelo prazo de um ano a partir da assinatura.
A cláusula décima terceira dispõe a possibilidade de denúncia unilateral por
qualquer uma das partes “mediante comunicação escrita, com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, ou rescindido por acordo entre partícipes, ou ainda por
descumprimento das cláusulas e condições estabelecidas [...]”.
Por fim, a minuta de convênio encerra-se indicando a regência do mesmo
pela Lei Estadual 15.608/2007 (clausula XIV); publicação no Diário Oficial do Estado
(DOE) pela UEPG (cláusula XV) e o foro, como a Comarca de Ponta Grossa
(cláusula XVI).
Portanto, a minuta de convênio editada pela ProJur incluiu e sintetizou todos
os interesses comuns dos partícipes acordados nas diversas reuniões presenciais,
de maneira a assegurar a possibilidade da pesquisa, veiculação de corpo acadêmico
– cientifico, infra-estruturação da UEPG e reconhecimento das mesmas perante a
comunidade científica externa através da publicação em periódicos indexados.
Também previu a realização das análises químicas inicialmente propostas pela
InocBras, agora em harmonia com as legislações, PD&I e horizontes sobre a
propriedade dos resultados – essencial para a InocBras para os procedimentos de
66
registro, nacionalização e comercialização das inovações que procurarão
desenvolver.
Em outubro de 2010, em reunião entre Prof. Pileggi, Estagiário Gustavo
Emanoel P Portes, Eng. Mario Kupervaser, Omar de La Fuente e Wladmir Corrêa,
encaminhou-se a minuta em seus termos para o preenchimento dos dados relativos
à InocBras (endereços, CNPJ, etc.).
Houve intenção de visita técnica pela UEPG às instalações da BILAB S/A na
Argentina anteriormente à assinatura, intenção que foi revista e postergada para o
pós-assinatura.
O convênio encontra-se, atualmente, na fase 3, no preenchimento dos dados
pelos proponentes partícipes e o aguardo por agendamento de cerimônia de
assinatura, indicado para o fim de 2010 ou inicio de 2011, a partir do andamento das
negociações.
8.4 Fase 4. Implementação
O convênio tornou-se exeqüível a partir da edição da minuta de convênio
pela ProJur nos termos legais e sintetizados os interesses dos partícipes,
aguardando somente o preenchimento e assinatura.
Em razão dos processos de tramitação, das diversas reuniões e negociação
e as implicações de deslocamento entre os proponentes partícipes, a
implementação do convênio – idealizada inicialmente para o ano de 2010 – foi
redirecionada para 2011, tão breve da assinatura da minuta.
A doação de terreno pela Prefeitura de Ponta Grossa à InocBras,fortaleceu a
relevância do convênio e subsidiou os mecanismos para implementação, visto a
então facilidade logística dos recursos a partir da doação do terreno e instalação da
fábrica.
Assim, organizados Plano de Trabalho, documentação da empresa, Projeto
de Pesquisa e assinada a minuta, a implementação estará apta à efetivação.
67
8.5 Perspectivas para pesquisa a partir do convênio
O PPG Bio Evol tem aprovadas linhas de pesquisa nas áreas Genética,
Ecologia e Biologia Celular e do Desenvolvimento. O projeto de pesquisa objeto do
convênio encontra-se em harmonia com a linha Ecologia, mais especificamente com
a linha do coordenador do Programa, Prof. Pileggi, Microbiologia aplicada/
Biodegradação de herbicidas. Desta forma as atividades de pesquisa e
principalmente as análises bioquímicas propostas pela InocBras serão realizadas no
Laboratório de Microbiologia, após equipagem para este fim.
A partir dessa linha, o Prof. Pileggi tem, atualmente, estudado estratégias de
adaptação de comunidades bacterianas em águas contaminadas com o herbicida
Callisto® na região de Mata Atlântica e Campos Sulinos, Paraná.
Essa pesquisa tem trabalhado com linhagens bacterianas degradadoras de
mesotrione, princípio ativo do herbicida Callisto®
Tem-se como meta desta pesquisa a avaliação de estratégias de adaptação
de micro biotas (conjunto de microorganismo que habitam diferentes lugares em
mesmo ecossistema) de água – se elas desenvolvem alternativas metabólicas para
degradação de xenobióticos (elementos orgânicos estranhos ao meio) inseridos no
meio ambiente, avaliar se outras estratégias de tolerância, como já encontradas em
linhagens bacterianas de solo, e que não envolvem a degradação do mesotrione,
podem estar sendo utilizadas por estas micro biotas, em condições de baixas
concentrações de herbicida, o que se espera em ambientes aquáticos. Os
resultados deste projeto poderão indicar novos manejos de herbicidas em regiões
agrícolas, como o Estado do Paraná.
Uma segunda meta deste projeto é utilizar sondas filogenéticas, através da
técnica FISH, para identificar grupos de bactérias envolvidos na degradação do
herbicida mesotrione, de forma a comparar a resposta da comunidade bacteriana à
presença deste herbicida em diferentes ambientes aquáticos (rios).
As pesquisas prévias para o desenvolvimento do produto AXION Plus Az
foram correlatas à linha de pesquisa do Prof. Pileggi. Sendo assim, as principais
perspectivas oriundas do convenio, centram-se nas em duas linhas:
a) Possibilidade de descobertas de microorganismo – nova (s) bactéria (s) -
fixador de hidrogênio (princípio ativo dos inoculantes);
68
b) Alteração, adaptação ou mutação na bactéria Azzuspirillum
Herbaspirillum através de transgenia para o incremento da fixação de
hidrogênio e/ou resistência maior ao pacote biotecnológico em que esta
inserida (alem das bactérias, o inoculante traz herbicidas, fungicidas e
outros componentes que tendem a dizimar uma porcentagem
considerável de bactérias, logo após a aplicação do produto) (informação
verbal)¹.
Ambas linhas focam em PD&I. A partir da linha dois, outras bactérias como o
Herbaspirillum serão pesquisadas visando o registro de produtos tanto para soja
como milho, trigo e outras culturas. Notou-se, desta forma, a ênfase no processo de
PD&I. Uma especial atenção tem sido conferida a possibilidade destas duas
inovações na construção do projeto de pesquisa que norteará o convênio.
A InocBras espera, a partir do convênio, tanto obter as analises bioquímicas
propostas como desenvolver a médio e longo prazo inovações na linha de
biofertilizantes.
8.6 Resultados obtidos
A pesquisa experimental partirá de hipóteses valendo-se do método
cientifico para obtenção de resultados. Na área biológica a gama de possibilidades é
bastante ampla, o que possibilitará resultados mesmo inusitados.
Na positivação dos resultados obtidos, estes deverão ser submetidos a
diversos testes técnico-específicos, partindo-se de fases conceituais, preliminares e
prototipagem para então edição da versão final do produto.
Os sub-tópicos a seguir estudarão os passos transcorridos desde o
desenvolvimento até a introdução no mercado nacional dos produtos já
desenvolvidos pela BILAB S/A/ InocBras.
________________________
¹ Informação fornecida por Marcos Pileggi em novembro de 2010.
69
8.7 Produtos desenvolvidos
Dentre os produtos visados durante a realização do convênio, concentram-
se atenções em novos inoculantes e biofertilizantes. Sobretudo inoculantes a partir
de bactérias fixadoras de hidrogênio e a ainda a possibilidade de novos
procedimentos ainda não experimentados ou mesmo novas bactérias, como
supracitado, o que, caso efetivado, representará um considerável avanço às
pesquisas da UEPG.
Para um melhor entendimento, será descrito no sub-tópico seguinte um
processo análogo de desenvolvimento. Nas observações livres durante o
acompanhamento das negociações do convênio, acompanhou-se o processo de
desenvolvimento e registro do produto AXION Plus Az produzido pela BILAB S/A na
planta fabril argentina, importado para o Brasil através da InocBras.
O processo de registro será descrito a seguir.
8.7.1 Transferência de ciência e tecnologia/ O processo de produção
A produção do AXON Plus Az, em termo gerais, iniciou-se com a compra de
Cepas da bactéria Azospirillum no Brasil, adquiridas da Embrapa e Universidade
Federal do Paraná (UFPR) e enviadas à BILAB S/A na Argentina.
Os frascos com algumas gramas de Cepas foram diluídos em uma solução
de 1 litro de água destilada, onde permaneceu por alguns dias. O processo se
repetiu em uma escala de 5 litros; 25 litros, 100 litros (...) até a escala de 5.000 litros.
Todo o processo foi rigorosamente acompanhado pela equipe bioquímica da BILAB
S/A através de testes de pureza e análises especificas. A mínima contaminação com
fungos, material estranho ou similar macularia a pureza do produto e impediria os
registros nos órgãos argentinos e brasileiros. Realizada a multiplicação, o produto foi
inserido em uma embalagem desenhada para flexibilizar as aplicações nos grãos de
soja.
Amostras do produto seguiram para a secretaria do Servicio Nacional de
Sanidad y Calidad Agroalimentaria (SENASA), órgão argentino vinculado ao
Ministerio de Ganadería y Pesca (MAGYP) semelhante ao MAPA do Brasil, a fim de
70
serem analisadas e aprovadas, estando dentro das normatizações. Tendo sido
emitido o laudo do SENASA, o produto tornou-se apto a ser comercializado no país
e também transnacionalizado.
O processo de registro, importação e nacionalização no mercado brasileiro
será tema dos dois sub-tópicos seguintes.
8.7.2 O Processo de registro de novos produtos nos órgãos específicos brasileiros
Após a descrição da multiplicação da bactéria Azospirillum e certificação
pelo SENASA/ AR, será descrito a seguir o acompanhamento do processo de
registro nos órgãos brasileiros, passo preliminar à importação do produto ao Brasil.
Foram as seguintes etapas os passos para o registro do AXION Plus Az no
MAPA/ BR:
1. Primeiramente a InocBras apresentou uma solicitação para importação
de material biológico junto ao MAPA através de um Requerimento de
Importação (RI). O requerimento foi destinado ao Departamento de
Defesa e Inspeção Vegetal do MAPA, solicitando a importação do
determinado material. Trouxe nos termos a descrição dos produtos a
serem importados; justificativa técnica para importação; propriedades do
produto, antecedentes e conclusão; projetos de avaliação agronômicas
dos produtos que utilizarão o material (milho e soja); meio de transporte;
forma do produto; país e localidade de origem, desenvolvimento,
produção e certificação; local de destino do material, estação quaternária
(item 2); utilização pretendida; histórico de importações anteriores;
descrição detalhada do material e composição, possibilidades de
contágio e formas de prevenção e por fim, descrição de métodos de
eliminação ou descarte final.
2. Uma vez aprovado o requerimento pelo Depto de Defesa do MAPA, o
produto foi autorizado a entrar no país e levado a uma estação
quarentenária, onde permaneceu por 40 dias para fins de testes
preliminares, certificação e segurança;
71
3. Após o período, não havendo nenhum situação de risco, seguiram
ensaios agronômicos para testes em órgãos públicos nacionais
(Empresas Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) e
Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO). Neste
sentido, o convênio UEPG – InocBras viabilizará a realização destas
análises químicas, atuando a UEPG como um substituto a Embrapa e a
FEPAGRO para os ensaios agronômicos. Sendo efetivado e aprovados
os testes na UEPG, a InocBras reduzirá custos, prazo e entraves
logísticos). Na figura 7 visualiza-se parte do certificado de análise de
fiscalização pela FEPAGRO.
Figura 7 – Certificado de análise da FEPAGRO.
Fonte: InocBras.
3.1 Para a emissão do certificado, foram requeridos dois anos de
ensaios com o produto em duas situações edafoclimáticas (solo e
clima diferentes):
72
a) Dois climas diferentes – Clima temperado úmido (CFA) e clima
temperado úmido com verão temperado (CFB);
b) Dois solos brasileiros diferentes.
Os testes com os ensaios foram positivos permitindo a continuação
do processo de registro. Sendo negativos, a empresa ainda poderia
corrigir os detalhes apontados e re-solicitar o registro.
4. Tendo obtido resultados positivos, o próximo passo foi organizar um
processo administrativo interno de solicitação de registro junto ao MAPA
e anexar toda a documentação requerida (Certificado de Origem
registrado no SENASA/ AR, cópias originais e traduzidos por tradutor
juramentado, documentos fiscais, permissões, e todos os demais
indicados pelo MAPA);
5. Em seguida o processo foi protocolado na Agência do MAPA da cidade
de Curitiba, Paraná seguido de uma checagem documental;
5.1 Em caso de omissão de documentos, o processo deveria ser
corrigido e reenviado;
6. A tramitação seguiu para Brasília, passando por setores diversos:
análises, setores laboratoriais, setores de fertilizantes e outros. O tempo
médio de tramitação em Brasília, junto ao MAPA tomou entre 4 a 5
meses.
7. Finda a tramitação foi emitido um parecer aprovando o registro;
8. Tendo o processo sido deferido, foi autorizada a produção e
comercialização do produto a base de Azospirillum através de um
número concedido pelo MAPA. Este número é normalmente composto
pelas siglas que o identificarão como a empresa solicitante em:
Estabelecimento Importador (EI); Estabelecimento Comercializador (EC)
ou Estabelecimento Produtor (EP). A InocBras recebeu a sigla EI-PR
93939-1. O número subseqüente foi composto por sete dígitos, sendo
válido por cerca de dez anos no mercado nacional. O produto AXION
Plus Az recebeu o número de registro número PR-93939 10007,
indicando a empresa habilitada para a comercialização em território
brasileiro e o número do próprio produto (10007).
73
9. Obtendo o número de registro junto ao MAPA – como EI – iniciou-se a
produção dos lotes destinados a importação em solo argentino, pela
BILAB S/A.
Através do processo de acompanhamento descreveu-se o procedimento de
registro do produto argentino nos órgão brasileiros, o passo prévio para a
importação. Isto posto, a InocBras, após as devidas negociações com revendedores
e agricultores, foi responsável pelo processo de transnacionalização e incorporação
ao mercado brasileiro.
O processo de registro no MAPA costuma tomou, ao todo, cerca de 2,5 a 3
anos. Sendo liberado o registro e a produção. O acompanhamento se deu através
de apoio documental e informações coletadas na sede da empresa.
O próximo passo acompanhado foi o procedimento de transnacionalização
do produto, realizado a partir da importação do AXION Plus Az para o mercado
nacional, assunto abordado no sub-tópico seguinte.
8.7.3 O Processo de transnacionalização/ Importação
Tendo sido aprovado o registro do AXION Plus Az para comercialização em
território brasileiro e tendo obtido a InocBras o número de registro (Estabelecimento
Importador), o próximo passo para trazer o produto, tanto para a comercialização
como para uso futuro nas pesquisas do convênio com a UEPG, foi a nacionalização
da produção argentina no mercado brasileiro.
Os passos da transnacionalização serão vistos na descrição do
procedimento de importação realizado pela empresa, A InocBras tem importado o
produto há pouco mais de 5 anos, tendo obtido bons resultados quanto ao
desempenho do produto e o volume de vendas.
Após a produção do AXION Plus Az pela BILAB S/A na Argentina, o produto
foi importado junto a um lote de Nitrobacter Plus – mesmo componente sob outro
nome de produto. Os passos para a importação brasileira foram os seguintes:
74
1. Primeiramente a InocBras comunicou a RFB sobre a intenção de
importação. Este procedimento visou obter junto a RFB um roteiro
procedimental;
2. Em seguida a InocBras obteve um registro junto ao Siscomex. O registro
procedeu via on line através do aplicativo Siscomex. Pelo Siscomex, a
empresa solicitou o Licenciamento de Importação (LI) para o AXION Plus
Az;
3. Isto posto, solicitou permissão junto ao MAPA para importação, valendo-
se do número de registro do produto em território nacional;
4. Neste tempo a BILAB S/A (exportador) emitiu uma Fatura Proforma –
dentro da normativa RFB –, número 02-003, contra a InocBras
(importador) indicando modalidade e produtos importados. A permissão
junto ao MAPA foi obtida e o produto unitizado, disposto em 22 pallets e
embarcado, tendo a documentação sido juntada para envio ao
importador;
5. A Modalidade escolhida foi: Importação Simplificada (US$ 100.000 por
semestre). Para seqüência do procedimento foram preenchidos os
requisitos do Siscomex para registro da importação e emissão do Extrato
de Licenciamento de Exportação (ELI), pré-efetivação da importação. A
Figura 8 demonstra o ELI, através de seus pormenores nas alíneas que
seguem.
75
Figura 8 – Extrato de Licenciamento de Importação – Siscomex.
Fonte: InocBras
O Sixcomex Importação é um aplicativo utilizado on-line para
processamento documental. Composto por diversas telas com os itens a serem
inseridos, orienta após a impressão do ELI para o inicio da concretização da
76
importação. Foram os seguintes passos para o preenchimento das telas do
Siscomex, visualizados a partir do ELI:
a) Identificação da mercadoria através da Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM – categoria classificatória numérica de mercadorias –
3002.90.99/ Nomenclatura da Associação Latino-americana de
Integração, Sistema Harmonizado NALADI-SH 3002.90.50 e
Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) 3002.90.99. Foram
também inseridos descrições de peso líquido; moeda negociada
(US$); valor da operação e Incoterms (Carriage paid to (CPT)). Em
seguida foram preenchidas as Especificações do produto (além do
Axion Plus Az, uma remessa do mesmo produto sob o nome
Nitrobacter Plus foi importada). As especificações relatavam os
detalhes sobre o produto. Na Figura 9 podem ser visualizados as
nomenclaturas e as Especificações expressas na folha 1 do ELI.
Figura 9 – Identificação de Mercadoria.
Fonte: InocBras, Extrato LI, folha 1.
b) Informações Básicas: preenchidas com tipo de Importador (pessoa
jurídica); CNPJ; Razão Social (InocBras Comercial Importação e
Exportação LTDA); País de procedência (Argentina); Unidade da
Receita Federal (URF) de Despacho (Foz do Iguaçu); URF de
Entrada (Foz do Iguaçu). Podem ser visualizadas na Figura 10.
77
Figura 10 – Informações Básicas.
Fonte: InocBras, Extrato LI, folha 1.
c) Fornecedor (exportador/ fabricante/ produtor): preenchidos com os
dados da BILAB S/A, conforme Figura 11.
Figura 11 – Fornecedor.
Fonte: InocBras, Extrato LI, folha 1.
d) Negociação: preenchidos os campos Cobertura Cambial (cobertura
cambial e pagamento final a prazo, 360 dias); Modalidade de
Pagamento (financiamento do fornecedor (Supplier`s credit) – outros);
pagamento de Tributação (recolhimento integral); Tipo de Acordo
(ALADI); Acordo ALADI (acordo de complementação econômica n. 18
– MERCOSUL). O ACE n.18 prevê a aplicação de 60% do valor
agregado aos produtos comercializados entre Brasil e Argentina (ACE
n. 18, Art. 2º). A figura 12 descreve o preenchimento do item
Negociação.
Figura 12 – Negociação.
Fonte: InocBras, Extrato LI, folha 1.
78
e) Informações Complementares: preenchidos detalhes de contatos;
Transporte; Registro do Produto no MAPA (EI PR-93939-1); Número da
Fatura Proforma (02-003); Natureza Física do Produto (Fluído) e
detalhamento; Embalagem (Bag in Box – caixa de papelão com sachet
interno); Endereço para destino. A figura 13 indica o item.
Figura 13 – Informações Complementares.
Fonte: InocBras, Extrato LI, folha 1.
f) Andamento das Anuências: preenchidos os campos com órgão anuente
(MAPA); Situação (para análise);
6. Em seguida foram anexados a Documentação de Origem do Axion Plus
Az e Nitrobacter Plus; documentação do exportador e importador;
Certificados de Análise adquiridos após o registro no MAPA; ELI do
Siscomex, e demais documentos ligados ao processo;
7. A documentação seguiu para Despachante Aduaneiro na cidade de
Curitiba/ PR;
8. Sendo realizado o despacho aduaneiro, foi emitido junto à RFB o Extrato
de Declaração de Importação (EDI) - o EDI foi o documento liberatório da
79
carga, após a realização de análises bioquímicas - constando os detalhes
sobre o produto importado, destino, tributos, e outros, conforme a figura
14. A negociação foi regida pelo regime tarifário ALADI e o ACE n. 18,
onde foi aplicada isenção de impostos de Importação; PIS/COFINS; IPI e
ICMS;
Figura 14 – Extrato de Declaração de Importação.
Fonte: InocBras.
9. Tendo o produto entrado em solo brasileiro através da Aduana de Foz do
Iguaçu, a carga chegou até o Recinto Aduaneiro EADI Sul Terminal de
Cargas em Foz do Iguaçu para verificação pela RFB.
80
10. Havendo a mercadoria chegado no Recinto Aduaneiro, o MAPA retirou
aleatoriamente 4 embalagens em cada lote para amostragem e
checagem, dois seguindo para FEPAGRO em Porto Alegre e dois
permanecendo com o importador. O prazo para checagem foi de cerca
de 30 dias. As amostras entregues à empresa visam à confiabilidade do
processo em caso de contestação;
11. Após a análise e tendo recebido laudo positivo para entrada no país, o
produto ainda permaneceu aguardando o laudo de liberação para
comercialização, obtido logo em seguida. A figura 15 apresenta o termo
de liberação para entrada no país.
Figura 15 – Termo de Liberação.
Fonte: InocBras.
81
12. Logo após a liberação para comercialização, o responsável da InocBras
(importador) dirigiu-se até o local de destino tendo em mãos a DI para
retirada da mercadoria e incorporação no mercado nacional.
O processo de importação descrito tomou entre 60 e 70 dias.
O pagamento da importação ocorreu via credito pelo fornecedor (suppliers
credit) em que o fornecedor concedeu um credito de pagamento a ser quitado em
prazo máximo de 360 dias.
O acompanhamento do processo procedeu via observações diretas, com
auxilio da InocBras.
Notou-se no procedimento a flexibilidade documental através do Siscomex
no sistema brasileiro de importação sendo, todavia, perceptível um considerado
entrave no fator logístico/ infra-estrutural: o tempo de transporte, envio e transito
aduaneiro – majoritariamente rodoviário – atrasou o andamento da
transnacionalização; fator que subsidia a implantação da planta piloto de produção
da BILAB S/A/ InocBras na cidade de Ponta Grossa/ PR.
82
9 Análise dos dados
Obtendo o conhecimento sobre as perspectivas do convênio UEPG –
InoBras (examinados os horizontes para IES e para a InocBras), o relatório seguirá
pela análise dos dados obtidos através do assessoramento às negociações do
convênio, o conhecimento das pesquisas realizadas e possíveis para a UEPG e as
observações diretas dos procedimentos realizados pela InocBras a partir do produto
Axion Plus Az, a ser inserido na pesquisa objeto do convênio, como descrito.
A análise procederá através do método hermenêutico-dialético: interpretação
e confrontação de resultados.
A intenção do método hermenêutico dialético é interpretar os dados em duas
visões distintas e então comparar, confrontar, dinamizar essas duas visões, obtendo
uma síntese estruturada.
A partir do método pôde-se observar a direção tomada no estudo de caso
em dois momentos a seguir descritos.
Em primeira instancia foi descrita a comparação a partir da incorporação das
temáticas citadas no referencial teórico e observadas com as próprias temáticas. Em
segundo foram comparadas as efetivações das temáticas em relação às
circunstâncias oriundas da observações/ situações. Implica interpretar os dados a
partir dos contextos pré-determinados e a seguir contextos novos oriundos do
próprio estudo de caso.
9.1 Primeiro momento
No primeiro momento notou-se que o convênio, objeto do estudo, foi
solicitado sob uma base não legal e inexeqüível juridicamente (pela InocBras). Após
as correções pela ProJur da UEPG foram incluídos e citados todos os
direcionamentos e necessidades legais para a efetivação. O ordenamento foi
seguido rigidamente e o convênio encontra-se, atualmente, acomodado sob a tutela
legal e institucional.
No tocante aos processos teóricos de PD&I pôde-se perceber duas
situações:
83
a) A BILAB S/A focou conceitualmente em Pesquisa e Inovação. A parceria
com a Universidad Del Nordeste/ AR, o convênio proposto entre a UEPG,
somados a tecnologia, recursos e pessoal técnico-científico pertencentes
à empresa evidenciam. Seguiu paralelamente o roteiro proposto para
desenvolvimento: Fase Conceitual – Preliminares/ Prototipagem –
Produto Final. A conclusão procedeu da insipiência de dados quando ao
desenvolvimento isolado. A criação de uma inovação foi o segundo ponto
fulcral percebido. Toda a linha, composta por cerca de trinta produtos,
com destaque ao AXION Plus Az – descrito no relatório – comercializado
pela InocBras, são exemplos de inovações prodigiosas. A InocBras focou
em inserir essas inovações no mercado nacional, atuando sob reservada
e pontual estratégia de inserção. Focou o mercado mato-grossense,
expandindo vendas e partindo para a instalação mais ao sul do país,
considerado “celeiro do Brasil”. Viu-se, assim, a implementação de uma
estratégia inicial eficaz. O planejamento a longo prazo, parece seguir a
estratégia descrita por Drucker Encontrar e ocupar um ‘nicho ecológico’
especializado percebidos pelo fato do foco inicial estar em vendas, a
instalação ao sul do país e os investimentos a médio e longo prazo para
construção da planta fabril, o convênio de pesquisa e prestação de
serviços e a publicação e divulgação crescente da marca. Há ainda
indícios de o grupo (BILAB S/A e InocBras) estar valendo-se da quarta
estratégia proposta por Drucker, mudar as características econômicas de
um produto, um mercado, ou um setor industrial. Verificou-se a assertiva
em função das alterações no produto requeridas pelo MAPA -
adicionadas às adequações de preço, embalagem e design - e a adição
de um novo mercado. O ciclo do produto pareceu estar, em um momento
de transição de Introdução para Maturação, visto os campos férteis ainda
expostos para a introdução do produto.
b) A instalação da InocBras na cidade de Ponta Grossa (escritório e planta
fabril vinculada à BILAB S/A) direcionou estratégias a PD&I logo de inicio.
O convênio com a UEPG apresentou um duplo caráter: prestação de
serviço (análises bioquímicas) e substrato para pesquisa e
desenvolvimento, permitindo a integração do corpo acadêmico-científico
da Universidade (através de estágios, pesquisas, extensão), publicações
84
de artigos a partir dos resultados, e inovações desenvolvidas em
parceria.
Referente ao processo de transnacionalização, observou-se na BILAB S/A a
transição de uma empresa local para transnacional. À semelhança dos conceitos de
Chesnais (1996), a empresa rompeu fronteiras físicas e mercadológica, tanto
importando o produto AXION Plus Az para o Brasil – para comercialização e para
pesquisa pela UEPG, a partir do convênio – quanto expandindo a estrutura fabril nos
arranjos de produção a serem instalados no complexo industrial da cidade de Ponta
Grossa/ PR. Percebeu-se ainda nos conceitos técnicos apresentados sobre o
comércio exterior, que o processo de importação realizado pela InocBras seguiu o
script comum descrito pela bibliografia técnica. Contanto que não haja um roteiro
rígido em função das diferenciações de negociações, produtos, etc., a importação do
AXION Pluz Az e Nitrobacter foi realizada de modo seguro, legal e flexibilizada pelo
sistema Siscomex Importação (LI: 10/26161110-1). Percebeu-se ainda o espaço
aberto para a longo prazo a exportação a partir do Brasil da produção proveniente
da futura planta fabril ou mesmo inovações oriundas do convênio, possibilidade
estratégica, pensável e factível no longo prazo.
9.2 Segundo momento
No segundo momento, notou-se que tanto perspectivas como circunstâncias
aleatórias emergiram durante as observações.
Em relação a proposta de convênio, a minuta editada pela ProJur incluiu na
cláusula oitava a importância da firmatura de outro instrumento posterior específico
quanto a propriedades autorais e intelectuais. Permitiu-se assim, a abertura para as
discussões sobre propriedades intelectuais advindas do convênio. Também a
necessidade no convênio, embora ligado à prestação de serviços, de se criar um
projeto de pesquisa específico que o norteia, abriu ampla oportunidade à
comunidade acadêmico-científico do PPG Bio Evol e da UEPG para:
1. Envolvimento da comunidade em pesquisa científica;
2. Oportunidade para projetos de extensão, estágios e trabalho de
servidores;
85
3. Possibilidade de criação de novas linhas de pesquisa;
4. Infra-estruturação da UEPG
5. Desenvolvimento de inovação compartilhada.
De igual forma o convênio adveio como um amparo fortalecedor à marca
InocBras. Estando ligada à um IES renomada e de importância como a UEPG, a
empresa adquiriu tanto respaldo científico como mercadológico.
No referido ao PD&I, foi possível perceber a importância conferida pelo
grupo. A BILAB S/A demonstrou estar procurando cumprir a missão de ser um
parceiro tecnológico do agricultor ao procurar tecnologia de ponta e técnicas
avançadas junto a uma IES conceituada. A pesquisa a partir do convênio abriu
portas também ao desenvolvimento futuro de inovações para a empresa,
amplamente citado no relatório. As estratégias de inserção de mercado permitirão à
empresa adquirir conhecimento dos consumidores e conhecimentos de gestão de
marketing na agroindústria.
Quanto à transnacionalização, destacaram-se os benéficos oriundos dos
acordos comercias em que o Brasil e a Argentina estão incluídos. Os acordos
tarifários provenientes do ALADI e do ACE n. 18 viabilizaram a importação para o
Brasil. Notou-se que o sistema de importações brasileiras, conquanto burocrático,
está mais flexibilizado com as ferramentas on line disponíveis como as emissões de
documentos e a utilização do Siscomex. Uma das circunstâncias mais notórias foi a
obstrução da viabilidade funcional do sistema logístico Brasil-Argentina. De ambos
lados das fronteiras a principal mora e complexidade se deu com o transporte
rodoviário dos 22 pallets. Más condições das rodovias, longas filas na Aduana
Brasileira e a demora de prazos de chegada foram notórios durante o processo de
importação, além dos custos com o modal rodoviário. Não obstante, a InocBras
apresentou um apreciável portfólio e know how nos aspectos técnicos de comércio
exterior que poderão viabilizar os investimentos futuros, a medida que seja
administrado o gargalo logístico e se valha de profissionais atualizados.
86
9.3 Síntese analítico-estrutural
Em suma, a partir da interpretação dos dados, observou-se que tanto os
procedimentos que foram pautados pelo referencial teórico-bibliográfico quanto os
emergentes das observações atuaram para a construção de uma estrutura basilar
sob a qual o desenvolvimento específico da UEPG, enquanto promotora de projetos
de pesquisa e conveniada, e o desenvolvimento da InocBras, na prestação de
serviços, adquirindo respaldo, ampliando possibilidades de PD&I e na construção e
aplicação de estratégias de inserção no mercado brasileiro foram estabelecidos,
permanecendo ainda amplo espaço para desenvolvimento futuro.
Assim, a proposta de convênio demonstra trazer benefícios para ambos
partícipes. Pôde-se destacar, sobretudo, o subsidio à pesquisa para a UEPG (um
dos focos de uma IES e da Lei 11.500/1996, Art. 1º, § 2º que rege o convênio) e as
amplas oportunidades abertas à recém instalada InocBras no mercado brasileiro:
desde o fortalecimento da marca, até o desenvolvimento de novos produtos e futura
transnacionalização da produção.
87
10 Considerações Finais
O presente relatório de estágio acompanhou, descreveu e analisou, através
de um estudo de caso contextualizado, o convênio solicitado entre UEPG e InocBras
a partir das perspectivas jurídicas e exeqüíveis; do processo de PD&I (aliado a
perspectivas de marketing) e da transnacionalização.
Diante do exposto, observou-se que a o convênio constitui considerável
veículo de desenvolvimento para a UEPG em, ao menos, três pontos: ao gerar
condições e oportunidades para investimentos em pesquisa científica; ao envolver
via projeto/ convênio o corpo acadêmico-científico e servidores; ao promover a infra-
estruturação do PPG Bio Evol/ Laboratório de Microbiologia e da UEPG através da
equipagem de novo laboratório, da transferência permanente de tecnologia de
ponta, dos repasses de recursos.
Semelhantemente, a InocBras recebeu contribuições em pelo menos outros
três pontos: a redução de custos, tempo e adequação logística advindas das
análises químico-biológicas (prestação de serviços) dos produtos importados já
desenvolvidos a fim de obterem registro no Brasil; a vinculação com projetos de
PD&I em uma IES de estrutura e qualidade consideráveis, localizada à região líder
da agroindústria nacional e em um mercado ligeiramente aquecido e as
possibilidades de penetração em outros mercados, nacionais e internacionais.
Desta forma, os objetivos gerais e específicos do relatório e do estágio foram
alcançados. Foram acompanhados e descritos os processos de PD&I, tanto os
realizados pela InocBras (e BILAB S/A) como os espectros contemplados pelo PPG
Bio Evol/ Laboratório de Microbiologia; as fases de habilitação do produto AXION
Plus Az e o processo de importação realizados pela InocBras.
Pode-se considerar, a partir de então, que da mesma forma que o convênio,
o estágio curricular realizado no PPG Bio Evol, enquanto centrado no estudo de
caso, contribui tanto para a UEPG como para a InocBras. A partir do
acompanhamento das reuniões sobre o convênio, foram realizadas pesquisas sobre
natureza e ordenamento jurídico dos convênios entre IES e entidade privada no
estado do Paraná; melhores estratégia de implementação; negociações, entre
outros. Principalmente os conhecimentos teóricos nas áreas subjacentes ao
convênio, oriundas da formação acadêmica, foram veiculados em parceria com a
88
Coordenação do PPG Bio Evol. Assim, a contribuição prática para a UEPG foi
considerável e alcançada.
Concomitantemente, a InocBras beneficiou-se das atividades do estágio.
Inicialmente o assessoramento junto as reuniões valeu-se do apoio teórico adquirido
na graduação enquanto mediação. A congruência dos interesses comuns e as
discussões sobre os melhores caminhos para o convenio advieram, em parte, de
pareceres e atividades elaboradas durante o estágio. A maior contribuição para a
empresa adveio, certamente, do rico referencial estrutural oriundo da investigação
durante o estudo de caso. A empresa, recém chegada ao mercado local, obteve a
oportunidade de ter um escopo radiografado da estrutura interna, dos processos de
PD&I, dos caminhos para o registro de produtos no Brasil, um rico apanhado sobre
estratégias de penetração de mercados que poderá ser planejada e implementada
em algum momento posterior e ainda uma análise descritiva pontual dos
procedimentos de transnacionalização, o processo de importação, as vias e alguns
gargalos a serem superados.
Percebeu-se assim, que a empresa enriqueceu seu conhecimento a partir do
desenvolvimento do estudo de caso e consolidou sua participação no mercado local,
ampliando as perspectivas de market share e vislumbrando caminhos para o longo
prazo.
Cumpre, portanto, ressaltar três sugestões. A primeira quanto ao
procedimento de importação. A modalidade logística escolhida, rodoviária, de custo
relativo, tomou mais de 1 dia para percorrer cerca de 640 Km desde a fábrica até a
Aduana. O tempo poderia ser minorado consideravelmente valendo-se do Aeroporto
Internacional de Corrientes, adequando os custos, prioridades e volume.
A segunda sugestão parte da pesquisa no convênio. A linha de pesquisa em
Bioremediação trabalhada pelo Prof. Pileggi poderia ser explorada pela empresa
como via alternativa ao impacto ambiental causado por alguns biofertilizantes. Uma
inovação e mesmo uma nova cultura em bioconservação poderá ser focada.
A terceira refere-se ao PPG Bio Evol enquanto proponente partícipe do
convênio. A minuta expressa a firmatura futura de instrumento sobre propriedade
intelectual. O registro da propriedade eleva o status da pesquisa científica. A
sugestão está na atenção a ser prestada a este ponto. Tanto pela
institucionalização, como pela maneira como pode ser explorada. Desde a
comercialização até a vinculação em projetos de incubadoras tecnológicas e
89
empresas juniores. O vínculo, portanto, enriqueceria a IES além de contribuir para a
prática do corpo acadêmico envolvido.
Em síntese, o estágio realizado cumpriu as demandas expressas pelo PPG
Bio Evol no acompanhamento e construção do convênio. Construiu um quadro
estrutural sobre a empresa InocBras, ampliou as perspectivas de market share e
forneceu um conjunto de estratégias e sugestões pontuais, direcionadas ao
crescimento da participação de mercado, ao aperfeiçoamento dos processos de
importação e, sobretudo, à construção de valores e diferenciais competitivos,
essenciais tanto ao empresariado local quanto ao PPG Bio Evol e à própria
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
90
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94
APÊNDICE A – Minuta de convênio elaborada pela ProJur - UEPG
95
96
97
98
99
100
101
102
ANEXO A – Projeto de Estágio Supervisionado
103
PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
1 Estagiário
1.3 Nome Completo: Gustavo Emanoel Pacheco Portes
1.4 Número do registro acadêmico: 041013068
1.5 Endereço Postal: R. Coronel Dulcídio, 1901. Centro. Ponta Grossa/ PR. CEP
84010-280
1.6 Número de telefone: (42) 8812 6159
2 Unidade concedente do estágio
2.1 Nome: Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva (PPG
Bio Evol), Departamento de Biologia Molecular, Estrutural e Genética,
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
2.2 Endereço: Av. Carlos Cavalcanti, n. 4748, Uvaranas, Ponta Grossa/ PR,
CEP 84030-900; Bloco M, sala M 97.
2.3 Telefone e Ramal: (42) 3220 – 3734
2.4 Ramo de Atividade: Administrativa/ Coordenação
2.5 Supervisor Técnico: Marcos Pileggi/ Prof. Dr. Em Genética, Coordenador local do
PPG Bio Evol.
3 Área sobre a qual versará o Estágio
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (tópicos em marketing); Comércio
Exterior (importação).
4 Justificativa da Área escolhida
Houve a opção pela área em função da importância que representa para o
empresariado e a economia contemporânea e local – P,D&I são pontos de
partida para as inovações e para construção de produtos –; a compreensão
dos processos de importação e sobretudo as contribuições práticas advindas
do análise dos procedimentos sob a base epistemológica da graduação.
5 Objetivos do Estágio
5.1 Geral
104
Acompanhar e descrever os processos de PD&I oriundos do convenio
firmado entre UEPG e a empresa argentina InocBras Comercial Importação
e Exportação e os procedimentos de comércio exterior (importação da
produção) inseridos.
5.2 Específicos
Acompanhar e assessorar o desenvolvimento do convenio/ os processos de
PD&I realizados pela UEPG;
Acompanhar o processo de registro da produção importada pela InocBras no
mercado brasileiro;
Descrever e analisar o procedimento de importação do produto AXION Plus
Az pelo InocBras;
Fornecer ampla contribuição teórico-prática para os participes do conveio,
nas instâncias relacionadas e sobretudo para a unidade de estágio.
6 Cronograma das Atividades
FASES
ATIVIDADE
Meses
anteriores
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Preliminares
Formulação de roteiro e pré-projeto de estagio
Ajustes e definição do projeto
Fase 1 – Assessoria pré-
convenio
Acompanhamento das reuniões UEPG-InocBras
Formulação do plano de trabalho
Harmonização dos objetivos
Aspectos jurídicos/ edição da minuta
Reuniões - ajustes finais e preenchimento da minuta
Fase 2 – Levantamento Bibliográfico-documental
Levantamento bibliográfico e documental a partir dos eixos temáticos: Aspectos Jurídicos; Pesquisa Cientifica; Inovação/ Desenvolvimento de Produtos; Transnacionalização
Fase 3 – Coleta de Dados
Coleta de dados:
Observações diretas/ Pesquisas PPG Bio Evol
Coleta de dados: Observações diretas/ PD&I, Registro e procedimento de importação
Fase 4 – Análise de
Dados
Análise de dados: Método hermenêutico dialético – Momento 1
Análise de dados: Método hermenêutico dialético – Momento 2
Análise de dados: Síntese analítico-estrutural
Fase 5 – Perspectivas
para o convenio/
Levantamento das Perspectivas para o convenio – previsão para implantação
Conclusões e considerações finais
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conclusões Levantamento de contribuições do estágio
Revisão/ Finalização do relatório
7 Período de Realização do Estágio
7.1 Tempo de duração: 01/09/2010 a 03/12/2010.
7.2 Total de horas de estágio: 350 horas.
8 Nome do Professor Supervisor
Camila Lopes Ferreira
9 Bibliografia ser consultada em função do Estágio
CHESNAIS, F. A Mundialização do Capital. São Paulo: Xamã, 1996. P. 43.
Di PIETRO, M. S. Z. Parcerias na Administração Pública – concessão,
permissão, franquia, terceirização e outras formas. 4º ed. São Paulo: Atlas,
2002.
DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship):
pratica e princípios. 5º ed. São Paulo: Pioneira, 1998.
MERCOSUL. Acordo de complementação econômica número 18
celebrado entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
PORTER, M. E. Competição = on competition: Estratégias competitivas
essências. P. 29. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
SANTOS, M. O País distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania. São
Paulo: Publifolha, 2002.
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo:
Nova Cultura, 1988.
SLACK, N. Et. al. Administração da produção. P. 89. São Paulo:
Atlas,1999.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a
pesquisa qualitativa em educação. P. 117. São Paulo: Atlas, 2007.
VASQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. 8. Ed. São Paulo: Atlas,
2007.
106
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ANEXO B – Ficha de Avaliação do Desempenho do Estágio
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ANEXO C – Termo aditivo/ Comprovantes de Estágio Curricular
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ANEXO D – Ficha de Avaliação de Estágio
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ANEXO E- Ficha de Freqüência – Disciplina de Estágio Supervisionado
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ANEXO F – Avaliação de Desempenho pelo Professor Supervisor
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119
ANEXO G – Ficha de Avaliação da Apresentação Oral
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121
ANEXO H – Termo de Compromisso Ético
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123
ANEXO I –Assinaturas do Professor Supervisor, Supervisor Técnico,
Estagiário e Data
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