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Planificação e Desenho Conceptual do Uso da Terra Quadro para o Desenvolvimento do Turismo no Norte de Moçambique MAY 2008

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Programa detalhado arco norte

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1A F r a m e w o r k f o r T o u r i s m D e v e l o p m e n t i n N o r t h e r n M o z a m b i q u e

Planificação e Desenho Conceptual do Uso da Terra

Quadro para o Desenvolvimento do Turismo no Norte de Moçambique

MAY 2008

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3

Planificação e Desenho Conceptual do Uso da Terra

Quadro para o Desenvolvimento do Turismo no Norte de Moçambique

May 2008

4

Preparado para a:Nathan Associates IncorporatedPor:

www.johnrobinson.co.uk

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Introdução 2

PARTE 1: Oportunidades de Desenvolvimento 5

do Turismo

1. Uma Abordagem Planificada 6

2. Oportunidades de Desenvolvimento 8

3. Pemba/Costa Leste e Ilha do Ibo 10 3.1 Situação Existente 10 3.2 Potencial de Desenvolvimento 11 3.3 Áreas de Acção do Turismo 12

4. As Cabaceiras 30 4.1 Situação Existente 30 4.2 Potencial de Desenvolvimento 31 4.3 Áreas de Acção do Turismo 31

5. Metangula e Lichinga 40 5.1 Situação Existente 40 5.2 Potencial de Desenvolvimento 40 5.3 Áreas de Acção do Turismo 40

6. Implementação 44 6.1 Capacitação 44 6.2 Desenvolvimento Integrado de Estâncias 44 Turísticas 6.3 Estructura Organizational 44 6.4 Considerações sobre o Risco 46 6.5 Esboço do Orçamento do Uso da Terra 47

PARTE 2: Directivas da Planificação e Desenho 1

do Desenvolvimento do Turismo 1. Introdução 2 1.1 Necessidade de Directivas 2 1.2 Avaliação e Aprovações 3

2. Directivas de Desenvolvimento 4 2.1 Tendências no Desenvolvimento de Estâncias 4 Turísticas 2.2 Directivas de Desenho 5

3. O Processo de Planificação 8 3.1 Análise Física 8 3.2 Análise do Mercado 11 3.3 Desenvolvimento do Conceito 12 3.4 Elaboração do Plano Director 14 3.5 Detalhes do Desenho 14 3.6 Operações e Gestão 16 3.7 Lista de Verificação para Gestores 17

4. Directivas de Desenho Urbano 18 4.1 Domínio Público 18 4.2 Elemento Chave do Desenho Urbano 18 4.3 Espaço 18 4.4 Estâncias Removiveis e Pavimentação 20 das Ruas 4.5 Novo Desenvolvimento 21 4.6 Iluminação das Zonas Turísticas 21

5. Plano de Acção Comunitário 22 5.1 Preparação do Cenário 22 5.2 Etapas do Plano de Acção Comunitário 23 5.3 Comunicações 27

Apêndices 29A: Directivas Gerais de um Pré-estudo de Viabilidade 30B: Directivas Gerais de um Estudo de Viabilidade Completo 31

PaginaPagina

CONTENTS

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e2 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

A Agência Americana de Desenvolvimento Internacional (USAID) encontra-se a prestar assistência técnica e a financiar o desenvolvimento do potencial do turismo nas três Províncias do Norte de Moçambique, nomeadamente Cabo Delgado, Nampula e Niassa. O objectivo é desenvolver e posicionar as três províncias como importantes destinos turísticos internacionais e sustentáveis, com base nos recursos históricos, culturais e naturais singulares da região. Especificamente, o projecto pretende aumentar a competitividade e sustentar o crescimento económico através da criação de um ambiente de políticas favorável à indústria e da transformação do turismo num sector importante capaz de:

• Atrairgrandesinvestimentoseparceriasdosectorprivado;• Estimularnegóciosrelacionadoscomoturismoea transformaçãoagrícola;• Criarmaioresoportunidadesdeemprego;• Contribuirsignificativamenteparaoenriquecimentoe fortalecimentodopoderdascomunidadesdosdestinos;• Preservaromeioambiente.

Foram identificadas três Potenciais Áreas de Investimento (PAIs) Turístico com o objectivo de atrair o investimento para estâncias, acomodação e instalações turísticas. Trata-se das seguintes áreas:

• ProvínciadeCaboDelgado–BaíadePembaeumafaixade14 km ao longo da costa até Murrebue, no Distrito de Mecufi. Ilha do Ibo (Quirimbas).

• ProvínciadeNampula–Cabaceiras,istoé,umaáreamarginal com 5 km de extensão do Lumbo até Sangule, incluindo a antiga vila do Lumbo, com um número significativo de edifícios abandonados. (Distrito de Ilha de Moçambique) e Chocas Mar (Distrito de Mussoril).

• ProvínciadeNiassa–MargensdoLagoMetangula(Distrito de Metangula) e Cidade de Lichinga (Município de Lichinga)

INTRODUÇÃO

Cabo Delgado

Nampula

Niassa

Províncias do Norte de Moçambique

PAI da Baía de Pemba e da Costa Leste

3 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Reflectindo o resultado de oito semanas de intensa preparação, o presente relatório apresenta um quadro geral para o futuro desenvolvimento destas áreas, identificando projectos chave para implementação. O documento apresenta as bases para a melhoria e expansão ordenada do turismo, de modo a aumentar as oportunidades de emprego e os benefícios económicos que resultarão do sector. O objectivo do relatório é, deste modo, identificar as oportunidades de desenvolvimento do turismo, definindo o foco e a direcção através da identificação de possíveis projectos para implementação.

As actividades globais do programa de desenvolvimento do turismo financiadas pela USAID irão complementar o trabalho de planificação conceptual e divulgar a informação sobre o produto e o mercado existentes no Norte de Moçambique. Os projectos indicativos aqui apresentados serão, portanto, testados, aperfeiçoados e modificados ao longo dos próximos meses, em resposta a uma pesquisa adicional e informação de retorno que venha a ser recebida da equipa do programa e dos intervenientes dos sectores público e privado.

Neste documento, não foram apresentados agradecimentos formais. Porém, muitas pessoas contribuíram para o nosso trabalho com os seus pontos de vista e informação. De forma particular, temos estado a trabalhar em estreita colaboração com os níveis de Administração Provincial e Local na identificação de sítios e no desenvolvimento de directivas, para apoiar na promoção do desenvolvimento sustentável e de um bom design.

O relatório encontra-se dividido em duas partes:

Parte 1: Oportunidades de Desenvolvimento do Turismo

O relatório principal apresenta uma abordagem planificada, identifica o potencial de desenvolvimento de cada PAI e apresenta conceitos iniciais. A materialização do potencial de cada área exigirá recursos, uma gestão capaz e visão. O Ministério do Turismo será o principal catalisador deste processo, mas necessitará de assistência em termos de capacitação institucional e estabelecimento de parcerias entre os sectores público e privado para orientar a implementação dos planos. Estes aspectos são abordados de uma forma resumida, sendo igualmente feitas considerações sobre o possível risco de não se avançar rapidamente para a implementação do plano.

Parte 2: Directivas de Desenvolvimento do Turismo

O relatório coloca ênfase numa abordagem total de planificação e design. O tratamento de cada uma das facetas e detalhes de uma estância e de instalações turísticas deve ser consideradas com precaução, desde a elaboração do plano director de uma área ao tratamento de elementos tais como a sinalização e as vias para pedestres. Deste modo, esta segunda parte do relatório apresenta recomendações sobre: avaliação e aprovação dos planos propostos;directivasdedesenvolvimento;designegestãoambientais e design urbano. É igualmente abordado o conceito de Plano de Acção Comunitário (PAC). As suas componentes chave incluem o seguinte: a criação de condições, as etapas do Plano de Acção Comunitário e a comunicação. O PAC constitui um acréscimo valioso ao processo de desenvolvimento.

Para desenvolver o verdadeiro potencial do Norte de Moçambique é necessário agir com paciência e persistência. É preciso tempo, não só para preparar os planos, mas também para identificar os recursos financeiros, criar o ímpeto de marketing, desenvolver a consciência em relação ao turismo e, acima de tudo, tempo para ganhar credibilidade nas parcerias entre os sectores público e privado. Contudo, a planificação do futuro desenvolvimento do turismo da região deve começar agora.

INTRODUÇÃO

PAI das Cabaceiras

PAI de Metangula e Lichinga

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PARTE 1 OPORTUNIDADES DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e6 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

O Norte de Moçambique é destacável pelos seus recursos terrestres e marinhos e, juntamente com o seu rico património cultural, tem o potencial para se tornar um destino turístico internacional de qualidade reconhecida. Porém, existe uma série de desafios. Embora tenham sido efectuados investimentos significativos em termos de alojamento destinado a turistas nos últimos cinco anos, estes incidiram sobre pequenas pousadas (lodges) de luxo com 10 a 20 quartos em ilhas e à beira do lago, destinados ao segmento alto do mercado de ‘getaway’. Actualmente, a Região possui apenas cerca de 300 quartos de padrão internacional, espalhados por doze propriedades. A maior destas (100 quartos) é o Pemba Beach Resort and Spa, situado na capital provincial de Cabo Delgado.

Muitas das outras instalações turísticas existentes possuem um design ou localização inadequados, ou então requerem melhorias de grande envergadura, que as possam posicionar ao nível dos padrões internacionais. Será, portanto, necessário melhorar e diversificar a gama de produtos actualmente disponíveis. Estão em curso acções de protecção ambiental do património natural, histórico e cultural, mas uma série de regulamentos e planos de gestão não são implementados devido à falta de recursos humanos e financeiros. As questões ambientais são cruciais para a aceitabilidade do turismo. Qualquer aumento planeado do número de quartos de hotel resultará em maior pressão sobre a costa, as lagoas e infraestruturas em geral. A zona possui muitos tipos raros de habitat e espécies cujo número tem vindo a reduzir devido à crescente pressão sobre a natureza. A descarga de esgotos e águas residuais nas águas costeiras constitui um problema grave. Outras questões tais como a disposição de resíduos sólidos e várias práticas ilegais foram devidamente documentadas em relatórios anteriores.

Grande parte dos problemas devem-se às insuficiências registadas na implementação do sistema de planificação e controlo do desenvolvimento e, por outro lado, verifica-se um elevado grau de incumprimento e de acções de desenvolvimento não planificado. Esta situação está na origem da deterioração progressiva do ambiente em que o sector do turismo opera, representando um factor que, se não for corrigido, contribuirá para a incapacidade de tornar sustentável o desenvolvimento do turismo, sem mencionar a promoção de um produto turístico de qualidade para a Região. Consequentemente, coloca-se a necessidade urgente de se estabelecer e fazer cumprir procedimentos de planificação e mecanismos de controlo ambiental.

Todavia, regista-se actualmente uma grave insuficiência na estrutura organizacional pretendida para planificar e desenvolver o turismo sustentável dentro de Moçambique, o que reflecte a forma como o turismo se tem desenvolvido até à data. Sem uma estrutura totalmente abrangente, a planificação e o desenvolvimento do turismo ocorrem de uma forma ad hoc, com pouca atenção à forma como um desenvolvimento pode interferir com os objectivos nacionais ou mesmo com o desempenho de outro desenvolvimento. A falta de empenho tanto do sector público como do privado dentro de um fórum unificado cria as condições para o fracasso dos objectivos básicos definidos para a indústria do turismo.

UMA ABORDAGEM PLANIFICADA

1

7 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Por esta razão, são necessárias as seguintes acções:

• Planificaçãodeacçõesemecanismosdecontroloambiental que sejam possíveis de fazer cumprir, não apenas para proteger o ambiente, mas também para proteger os investimentos significativos dos empreendedores, bem como os investimentos de marketing do turismo efectuados pelo Governo.

• Medidasvisandogarantirareservadeáreasdestinadasao desenvolvimento futuro do turismo, de modo a evitar o desenvolvimento inadequado orientado para rendimentos a curto prazo.

• Compreensãoporpartedaindústriadoturismodoscomplexos procedimentos de planificação e desenvolvimento através dos quais as propostas de desenvolvimento do turismo devem passar, bem como o estabelecimento de linhas orientadoras e de apoio ao processo de desenvolvimento, complementado por incentivos financeiros e fiscais.

Embora várias das questões acima abordadas possam iniciar imediatamente, uma abordagem de longo prazo ao desenvolvimento é ainda necessária. Sob uma perspectiva prática, o crescimento do turismo só será alcançado através da planificação desse futuro. Deste modo, os conceitos de desenvolvimento do turismo apresentados neste relatório procuram:

• Demonstraraviabilidade,permitindoqueomercadoidentifique e implemente oportunidades de desenvolvimento, providenciando, ao mesmo tempo, uma visão do desenvolvimento do turismo ao longo de um período de 20 anos.

• Demonstrarosbenefíciosdacriaçãodeumquadroqueintegre o desenvolvimento, através da provisão de uma estrutura clara de organização do desenvolvimento e de resposta às oportunidades à medida que estas forem surgindo.

• Proporcionarumaabordagemglobaldedesign,criandoum sentido de lugar, bons sítios de desenvolvimento num ambiente atractivo, bem como directivas práticas para o desenvolvimento e funcionamento de um turismo sustentável.

• Protegerefortaleceroprodutoexistenteatravésdeum melhor ambiente para todos. • Demonstrarosrelacionadosbenefícioseconómicos,sociais

e para as comunidades, bem como estimular o emprego de população local, actividades empresariais e oportunidades de investimento.

Foi neste contexto que foram identificadas as oportunidades de desenvolvimento a seguir apresentadas.

PARTE 1

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e8 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Considerando a fraca base de desenvolvimento turísticos e de infraestruturas actualmente existente, o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique definiu uma Visão do Turismo:

“Até ao ano 2025, Moçambique será o destino turístico mais vibrante, dinâmico e exótico de África, famoso pelas suas praias e atracções litorais tropicais, produtos de eco-turismo excelentes, e pela sua cultura intrigante, acolhendo mais de 4 milhões de turistas por ano”. As oportunidades de desenvolvimento adiante apresentadas foram desenhadas de modo a contribuírem para o avanço rumo ao alcance desta visão. Contudo, muitos dos projectos poderão levar anos a concluir, sujeitando-se a vários ciclos de mercado, e ainda a mudanças nos gostos e expectativas. Alguns ficarão pelo caminho. Os conceitos procuram, portanto, unificar e fortalecer o produto turístico através da criação de um quadro que permita integrar o desenvolvimento num plano coeso, ao invés de deixar que o desenvolvimento ocorra em pequenas partes, realçando assim o valor das oportunidades futuras.

O desenvolvimento turístico de sucesso e sustentável deve satisfazer as exigências do turista de hoje e de amanhã. Vários dos produtos turísticos da Região estão, na realidade, direccionados a especialistas/entusiastas de uma determinada actividade. Por exemplo, a caça está virada apenas a algumas centenas de potenciais caçadores que visitam Moçambique. Contudo, as actividades de aventura em geral podem ser vendidas a especialistas de todo o mundo. Os passeios e a observação casual da fauna bravia são actividades ainda com pouca expressão na região. Porém, este sector irá crescer à medida que os circuitos turísticos se forem desenvolvendo. As boas praias actuarão sempre como chamariz de turistas, mas a diversificação do produto criará oportunidades adicionais, para que os visitantes possam conhecer os recursos do património, da cultura e da natureza. Deste modo, a região irá:

• Permitiradiversificaçãodoseuprodutoturísticoefortalecer a sua competitividade no plano internacional, especialmente através das suas praias.

• Responderàsnecessidadestantodomercadodenívelmédio como de alto nível, que são mercados maduros, que podem aumentar o valor acrescentado à economia do país.

• Encorajarapreservaçãoculturalehistórica.

Os turistas estão também a tornar-se cada vez mais sofisticados e conhecedores, cientes do que as experiências turísticas podem e devem ser, pelo que exigem cada vez mais produtos de melhor qualidade e mais especializados, que respondam às necessidades e gostos individuais. Os turistas irão igualmente exigir:

• Ummaiorlequedeexperiênciasorientadaspara actividades.• Ambientesmenosaglomerados.• Maisinovaçãonosdestinoseactividades.• Maisvalorpelodinheiro.• Envolvimentonoambientedassuasfériaseinteracçãocom as comunidades e culturas dos seus destinos.

O desafio será um maior foco em férias concebidas à medida dasnecessidadesdosturistasefériasdeinteresseespecial–tudoistotendo como cenário de fundo melhores padrões de produtos e de serviços.

OPPORTUNIDADES DE

DESENVOLVIMENTO

2PROVÍNCIA de CABO DELGADOIlha do Ibo

Pemba e Costa Leste

PROVÍNCIA deNAMPULACabaceiras

PROVÍNCIA de NIASSA Metangula

Lichinga

PAIs do Norte de Moçambique

9 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Planos de Acção do Turismo

É, portanto, bastante recomendável que sejam preparados planos do turismo para as três Potenciais Áreas de Investimento (PAIs), que integrem as propostas dos investidores, os planos de gestão ambiental, os planos e programas de infraestruturas do governo. O nível de planificação apresentará oportunidades turísticas para cada área, estabelecendo uma abordagem estratégica global e directivas de desenvolvimento para todos os principais aspectos do desenvolvimento do turismo físico. Os princípios subjacentes à designação das PAIs são os seguintes:

• Distânciaemrelaçãoàviadeentrada(Gateway)aérea.• Potencialmáximodoprodutoedemarketing.• Proximidadedosaglomeradospopulacionais.• Níveisdeinfraestruturasexistenteseplaneados.• Volumeequalidadedoalojamentoexistenteeplanificado.• Potencialparaaconcentraçãodoalojamentoedas atracções turísticas.• Ligaçõesexistentesepotenciaiscomasprincipais iniciativas sectoriais ao nível nacional e regional.• Áreasdeimportâncianacionalestratégicasobuma perspectiva de desenvolvimento do produto, mercado e/ ou infraestrutura.

A justificação para se terem PAIs designadas é a seguinte:

• AsPAIscontribuemparaacriaçãodamassacrítica–tornando mais económica a disponibilização de uma série de condições e serviços na área.

• Agregamvalorporcriaremumtodomaiordoqueasoma das partes.• Diversificamaofertadoprodutodeumaformaque

pode ser promovida a diferentes nichos do mercado, facilitando assim o estabelecimento da marca do produto.

• Permitemacoexistênciadediferentesformasdedesenvolvimentodoturismo–designandoáreasespecíficas apenas para o turismo da natureza, bem como outras áreas para um uso mais intensivo.

• Providenciamaoportunidadededesigndeumambienteque assegure usos da terra compatíveis e complementares.

Para cada uma das PAIs foram identificadas as seguintes Áreas de Acção do Turismo (AATs):

Pemba/Costa Leste e Ilha do Ibo (Cabo Delgado)ATT do Porto e Distrito de PembaATT da Marginal (Waterfront) de Pemba ATT do Centro Turístico do Wimbe ATT de Pemba - Costa Leste ATT da Ilha do Ibo

As Cabaceiras (Nampula)ATT da Estância Integrada do Lumbo ATT da Estância Integrada de SanguleATT do Quadro de Desenvolvimento da Ilha de Moçambique

Metangula e Lichinga (Niassa)ATT da Estância Integrada de Chiuanga ATT da Quinta Capricórnio Forest Lodge

As AATs foram identificadas através de uma avaliação rápida do contexto de PAI, bem como da análise dos sítios e discussões individuais com intervenientes dos sectores público e privado.

Embora se reconheça que as propostas de AATs irão contribuir para aumentar o número de visitantes no Norte de Moçambique, os projectos possuem igualmente um papel a desempenhar na melhoria do produto e na criação de um ambiente recreativo, social e de vida que não só encoraje o desenvolvimento novo e melhorado, mas também beneficie as comunidades locais.

Foram elaborados planos conceptuais para cada uma das AATs. Estes necessitarão de uma atenção mais detalhada, bem como de discussões relativas ao seu desenvolvimento. Deverá ser mantido um grau de flexibilidade, pelo que a especificação exacta de como cada um dos projectos será implementado não recai sobre os planos destas AATs. Contudo, tais planos contribuem para visualizar como alguns dos sítios poderão ser desenvolvidos.

É a seguir apresentada uma breve visão geral de cada uma das AATs.

Marginal de Pemba

Centro Turistico do Wimbe

Costa Leste de Pemba

LONDOMETUGE

PEMBA

Ilha do Ibo

Porto e Distrito de Pemba

LUMBO

MOSSURIL

LUNGA

Estância Integrada do Lumbo

Ilha de Moçambique

Estância Integrada de Sangule

MELULUCA

MESSUMBA

MANIAMBA

Estância Integrada de Chiuanga

Lodge da floresta Quinta Capricórnio

LICHINGA

METANGULA

PARTE 1

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e10 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3.1 Situação Existente

A PAI inclui o litoral ao norte e a leste da península de Pemba, desde o Porto de Pemba até à aldeia de Murrebue. A Baía de Pemba, ao norte, com a sua vida marítima diversificada, já está a ganhar reputação como destino internacional de mergulho.

A Ilha do Ibo faz parte do Parque Nacional das Quirimbas. A vila possui uma zona histórica importante, de que faz parte a Fortaleza São João Baptista. As duas áreas alvo do estudo são complexas sob o ponto de vista económico, social e físico e estão sob uma pressão cada vez maior de desenvolvimento turístico e ocupação ilegal de terras.

PEMBA/COSTA LESTE E ILLA

DO IBO

3Paquitequete

PEMBA

Oportunidades de Novo Desenvolvimento Centro Cultural

Pemba Beach Hotel

WIMBE

Proposta de Novas Estradas

Aldeia de Chuiba

Aeroporto

Clube Marítimo

Uso Industrial Existente

Restaurantes Existentes

Quinta de Criação de Gado Existente

PARA O NORTE E OESTE

Rio Mechareme

Para MecufiSituação Existente

11 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3.2 Potencial de Desenvolvimento

Pemba/Costa Leste

A proximidade do aeroporto regional e das instalações turísticas existentes na área providenciam a oportunidade de criação de um destino turístico de qualidade numa zona relativamente confinada.

Por essa razão, a península é considerada uma área de desenvolvimento turístico de qualidade no Norte de Moçambique, com potencial para o desenvolvimento de uma futura marina, hotéis de qualidade à beira-mar, apartamentos com uma variedade de centros comerciais, desportos aquáticos e actividades recreativas. A construção do Pemba Beach Hotel impulsionou o desenvolvimento da zona, criando interesse e confiança no investimento.

A actividade turística também estimulou a abertura de cafés e restaurantes ao longo da Praia do Wimbe, proporcionando uma concentração de instalações de interesse geral. É de se prever uma maior actividade com o desenvolvimento de um número adicional de pequenos hotéis e apartamentos, criando assim variedade, profundidade, atraindo residentes e visitantes.

Tem-se evidenciado um interesse considerável no desenvolvimento da Costa Leste, onde existem praias arenosas extensas. Planos para acomodar o desenvolvimento futuro do turismo foram preparados pelo município.

O conceito prevê, assim, a consolidação e construção em zonas turísticas de Pemba e Wimbe já estabelecidas e cria um quadro para o desenvolvimento ao longo da costa leste. A meta é criar um ambiente de vivacidade, que possa gerar uma diversidade de condições de alojamento de qualidade orientado para praia, desportos aquáticos e outras actividades recreativas.

Para que o investimento do sector privado possa avançar com confiança será necessário canalizar recursos para a zona, em particular o acesso por estrada e a construção de infraestruturas para a costa leste. Será igualmente necessário controlar o desenvolvimento de má qualidade e por vezes ilegal, para permitir que a PAI materialize o seu verdadeiro potencial.

Ilha do Ibo

A ilha estará posicionada como um santuário do património cultural integrado numa reserva marinha protegida. A variedade de atracções e actividades turísticas criarão as bases para o desenvolvimento de produtos turísticos baseados em cultura e natureza, incluindo mergulho e regatas de iate.

A ilha oferece igualmente excelentes oportunidades para o desenvolvimento de um produto de turismo residencial. Os turistas residentes permanecem por mais tempo e regressam com frequência, com a família e amigos. As suas despesas têm um impacto mais directo na economia local, uma vez que estes fazem compras, passam refeições localmente e empregam construtores, jardineiros, trabalhadores para cuidarem das piscinas e da manutenção em geral, etc.

Conceito

TERRAS HÚMIDAS

Aeroporto

Zona Histórica

Fortaleza de São João Baptista

ILHA MATEMO

ILHA DO IBOCentro Histórico

ILHA QUIRIMBA

ILHA MEFUNVO

ILHA QUISIVA

ILHA QUIPACO

Porto de Pemba

Baía de Pemba

MAHATE

Acesso para os barcos

Acesso por estrada, carece de melhoramentos

Cruz

eiro

s, Re

gata

s e M

ergu

lho

PARTE 1

12 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3.3 Áreas de Acção do Turismo

Como contributo para o “pontapé de saída“ do desenvolvimento da zona foram identificadas cinco AATs, nomeadamente:

• PortoeDistritodePemba• Marginal(Waterfront)dePemba• CentrodoWimbe• CostaLestedePemba• IlhadoIbo

AAT do Porto e Distrito de Pemba

Esta AAT inclui três projectos específicos:

Cidade VelhaA Marina de Pemba terá um impacto significativo no desenvolvimento económico da cidade velha, onde vários edifícios serão reabilitados, destinados a casas de hóspedes, escolas de mergulho e serviços de apoio às actividades marinhas. Numa fase inicial, a cidade velha necessitará de um esforço concentrado visando melhorar o seu aspecto físico, que é visualmente interessante, distinto, confortável e convidativo. Vide as Directivas de Desenho Urbano na Parte 2 do presente relatório.

Programa de Desenvolvimento Comunitário de Paquitequete A vila foi construída sobre terreno arenoso, que por vezes fica inundado. Este programa cria oportunidades não apenas de tornar a zona segura, como também de capitalizar o seu património para o desenvolvimento de um projecto com características singulares, que envolva e encoraje a população local a desenvolver iniciativas turísticas, nomeadamente o trabalho de guia, artesanato e lojas. Vide o Plano de Acção Comunitário na Parte 2 deste relatório. Todavia, antes da promoção do turismo será necessário fazer face às questões básicas de saneamento e infraestrutura.

Marina de Pemba A ideia é desenvolver a zona portuária como principal local para os mercados regatas de mergulho, regatas e cruzeiros em franco crescimento. O desenvolvimento proposto funcionará como catalisador da regeneração da cidade velha e da zona de Paquitequete.

O mercado de mergulho está a tornar-se cada vez mais popular, estando porém a deixar de ser a única razão de se viajar para este destino, passando a ser uma componente de um pacote de férias. O produto de mergulho de Pemba é altamente conceituado e está bem posicionado para capitalizar este mercado, em particular com o extensivo desenvolvimento de estâncias planeadas ao longo da costa leste. Contudo, devido à pouca profundidade das águas costeiras especialmente na maré baixa, será importante construir um centro de mergulho que satisfaça as necessidades e exigências de um futuro empreendimento turístico. O Porto de Pemba constitui o local ideal para desenvolver este empreendimento.

Também se prevê um rápido crescimento do mercado de regatas de iate e cruzeiros capitalizando as Ilhas Quirimbas, incluindo a Ilha do Ibo, a norte. Contudo, para a consolidação destes produtos deverá existir a infraestrutura necessária (ancoradouros, serviços de apoio, etc.).

Propõe-se a criação de uma marina/centro de mergulho dentro da Marina de Pemba. Estas instalações encorajarão os visitantes e a população local a explorarem e aprenderem mais sobre o ambiente marinho e sobre questões com impacto nas reservas marinhas. As componentes irão incluir:

• Umpequenoaquário/tanquesdeexposição.• Informaçãoaosvisitanteseáreasdeexibição.• Laboratóriosdepesquisa/interioreseexteriores.• Centrodemergulhoesalasdeaulas.• Café/esplanadaexterior.

PAQUITEQUETEPara a Marginal de Pemba

Cidade Velha

Porto

Expansão

Marina como catalisador da reabilitação de Paquitequete, da Cidade Velha e do Porto

Aeroporto

Costa Leste de Pemba

Centro do Wimbe

Marginal de Pemba

Áreas de Acção do Turismo

Porto e Distrito de Pemba

Nova Area de Desenvolvimento Conunitario

13 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Clube Naval

Melhoria do espaço público

Marina e centro de mergulho

Aldeia turística comercial

Estaleiro de navios e barcosParque de estacionamento em edifício de vários pisos

Marina do ancoradouro do Ibo

Escritórios das alfândegas

Vivendas / apartamentos (cerca de 150 unidades)

Marina de PembaConceito Ilustrativo

14 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

AAT da Marginal de Pemba

Esta AAT estende-se de Paquitequete até ao Wimbe e inclui dois projectos específicos.

A MarginalTrata-se de uma estratégia que visa criar uma nova área marginal que providencie comodidades tanto para os turistas como para os residentes locais, incluindo acesso público contínuo, espaços para exercícios de corrida/caminhadas, áreas de recreação infantil e espaços abertos, integrados num quadro paisagístico. Existem oportunidades para incluir uma trilha de património, que integre diversas histórias da zona, com sinalização e interpretação especiais. Foram identificadas duas faixas lineares para renovação de desenvolvimento:

•Marginal(waterfront)thePembaLeste•Marginal(waterfront)thePembaOeste

Cada área possui aproximadamente 100 metros de profundidade, providenciando uma variedade de oportunidades de desenvolvimento do local. É proposto um parque numa área de terras húmidas adjacente ao Centro de Wimbe. O propósito é solucionar o problema do alagamento sazonal da área através da captação e canalização da água que se acumula. Por outro lado, o parque servirá como um espaço de recreação para a área, bem como para incrementar o ambiente. A estrada existente ao longo da linha de costa será alargada para passar a ter duas faixas de rodagem em cada sentido e incluir espaço para parqueamento/paragens de autocarros.

Estrada existente

Passeio para peões de 5 m de largura

Parque com zonas apetrechadas com bancos para sentar e de recreio

Dupla faixa de rodagem

Estrada de acesso

Consolidação de dois terrenos

Acesso para pedestresTerrenos 50 x 65m

Acesso de viaturas

Zona de estaciona-mento

Terrenos de Pemba

Aproveitamento de 100m de terra da estrada existente

Árvores de Sombra

Parqueamento em posição angular

Caminho para Pedestres

Parque de Estacionamento ou Paragem de Autocarros

Plantio de Arbustos

Árvores em mediana elevada

Esplanada/Acesso à praia

Mediana Central Desenvolvimento de uso múltiplo

0 100 200m

ARCO IRIS

MARGINAL DE PEMBA ESTE

Pemba Beach Hotel

Centro Cultural de Pemba

MARGINAL DE PEMBA OESTE

TDMBaseNaval Acesso à praia

Drenagem para o mar, a ser bombeada em caso de inundação

Parque de estacionamento

Vistas para a costa

Caminho para ciclistas/pedestres

Área de terras húmidas

Centro do WimbeCaminho para pedestres/corrida

Principal área de armazenamento de água

Talude para conferir protecção contra inundações e definir a área de terras húmidas

Vistas para a costa

Centro do Wimbe

Parque Jardim

Marginal de Pemba

Proposta de estrada

Conceito Ilustrativo

Como forma de encorajar uma boa planificação e concepção, será colocada ênfase nos documentos informativos sobre o desenvolvimento dos sítios. Estes documentos não irão providenciar uma solução para cada sítio, mas insistirão na observância do processo do desenvolvimento, conforme estabelecido nas Directivas de Planificação e Desenho do Desenvolvimento do Turismo, contidas na Parte 2 do presente relatório.

15 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Marginal (Waterfront) de Pemba

16 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Centro Cultural de PembaConsistirá em instalações integrando centro de visitantes/museu/espaço de artesanato e eventos culturais, que se tornarão o centro das actividades da Marginal e das comunidades. O conceito inclui os seguintes aspectos:

• Umaoficinaemqueosvisitantespossamassistirao trabalho de artistas e artesãos • Uma‘fábricadearte’,ondeartistaslocaispossamexporas suas obras. • Umcentrodeartesanatoparaosartesãoslocais,que

também irá funcionar como espaço de exposição e centro de venda a retalho e a grosso.

• Palcodeeventosepraçacentralparausomúltiplo(sentar, realizar espectáculos e eventos ao ar livre, etc.).

O conceito abarca, deste modo, o alargamento de áreas pavimentadas, introdução de medidas para tornar o tráfego rodoviário mais lento, tais como lombas e travessias de pedestres pavimentadas e elevadas, bem como a identificação de sítios potenciais para renovação do desenvolvimento. Vide as Directivas de Desenho Urbano na Parte 2 deste relatório.

Programa de Melhoramento da PraiaA praia e a qualidade do ambiente circundante são de importância vital para o futuro da PAI. Actualmente, a praia inclui um certo desenvolvimento pouco apelativo, que contribui para a má imagem da área. Esta pode receber um grande número de visitantes, factor que é importante para o seu potencial de geração de receitas com ampla abrangência, sendo necessário providenciar instalações de praia de boa qualidade e devidamente cuidadas. Acções de paisagismo geral e uma série de actividades e instalações transformarão a praia e a área circunvizinha.

As melhorias ambientais irão provavelmente incluir:

• Transferênciadealgunsdoschalésexistentesparaumnovo complexo turístico de praia contendo cerca de 30 apartamentos.• Melhoriasnaimagemgeral(paisagemeestruturaspara sombra).• Melhorutilizaçãodointerior(estacionamentodeviaturas, áreas para piqueniques, etc.).• Casasdebanho,balneárioseespaçosdetrocaderoupa.• Umagestãoemanutençãocontínuaeeficaz.

AAT do Centro de Wimbe

A área inclui vários pequenos hotéis e restaurantes. Esta é uma área de natureza especial, com potencial para um desenvolvimento renovado cuidadosamente controlado. O objectivo desta AAT é maximizar o potencial turístico da zona através de três projectos específicos, nomeadamente:

• ProgramadeMelhoramentodasEstradas.• ProgramadeMelhoramentodaPraia.• ComplexoTurísticoparaUsoMúltiplo.

Programa de Melhoramento de EstradasEste projecto foca os seguintes aspectos:

• PromoverPemba/Wimbecomoumimportante“centroTurístico” que seja apelativo tanto para a população local, como para os turistas.

• Melhoraracirculaçãodotráfego,aacessibilidadeeoesta cionamento.• Melhorarasegurança,omovimentoeligaçõesdos pedestres.• Criarespaçosdeestacionamentoparatáxis.• Identificarsítiosdedesenvolvimentoadequadosparauso

múltiplo/desenvolvimento comercial, particularmente ao longo da estrada marginal, desde o Arco Íris, passando pela rotunda do Nautilus, até à Discoteca Wimbe.

Workshop/Yard

Crafts Centre

Art Factory

Multi-purpose???

Events Stage

Fábrica de arte

Praça para fins múltiplos

Oficinas / estaleiro

Centro de artes e ofícios

Eventos / palco

Conceito Ilustrativo

Via para a Baixa de Pemba

DiscotecaWimbe

Melhoria da qualidade da praia

ConceitoVia para o Aeroporto

PEQUENA UNIDADE COM CALÇADA LIGEIRAMENTE ELEVADA

FAIXA DE RODAGEM REFORÇADA E/OU FAIXA MEDIANA

ÁRVORES DA RUA AFASTADAS PARA FRENTE, DISTINTAS DAS OUTRAS ÁRVORES

Nautilus

COMPLEXO DE ESTANCIA DE PRAIA

Via para Pemba Leste

OS LAGOS

COMPLEXO TURISTICO DE USO MULTIPLO

17 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Deslocação de alguns edifícios para o novo complexo da estância balnear

COMPLEXO DA ESTÂNCIA BALNEAR

Conceito Ilustrativo

Complexo da Estância Balnear

Not to scale

Complexo da estancia balnear proposto

Desenvolvimento privado existente

Desenvolvimento do sitio turistico infill

Proposta de complexo turistico que ira integrar alguns dos edificios restaurantes existentes

ZONA DE ACTIVIDADE TURISTICAZONA DE EVENTOS ZONA PASSIVA

ZONA DE ALOJAMENTO

Resturaunts,

bars and tourism services

Area to be kept

free at all times

Night time dinning area

Delimitação da Marginal

Área deve estar permanentemente desimpedida

Zona para se passar rRefeições no período nocturno

Restaurantes, bares e serviços turísticos

zona

PARTE 1

18 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Complexo da Estância da Praia do Wimbe

19 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Complexo Turístico de Uso Múltiplo O objectivo é transformar a área numa experiência diurna e nocturna vibrante, com restaurantes, lojas de especialidade, entretenimento, arte e cultura. O conceito integra o desenvolvi-mento de Pátios (Courtyards) interligados, com dois/três pisos. O Pátio 1 está virado para operações tais como lojas/cafés e informações aos visitantes. O Pátio 2 inclui um hotel, escritórios, uma área concentrada artística e cultural e, possivelmente, um casino (transferência do casino do Nautilus). Os quartos de hotel (cerca de 60 quartos) situam-se nos andares superiores de todo o complexo. O Pátio 3 dá acesso ao supermercado e a lojas de venda a retalho associadas, com parque de estacionamento na área circundante. Vide as Directivas de Desenho Urbano na Parte 2 do presente relatório.

PARTE 1

20 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Conceito Ilustrativo

0 50 100km

Espaco com agua

PÁTIO 2Hotel, lojas de especialidade, escritorios, arte/cultura e teatro

Via de entrada para Pemba

Salão de Entrada do Hotel

PÁTIO 3Lojas/supermercado

PÁTIO 1

PÁTIO 2

PÁTIO 3

Delimitação

Parque de estacionamento

Proposto sistema de drenagem de agua superficial

DESENVOLVIMENTO FUTURO

PATIO 1 Lojas, cafes, area de alimentação, centro de informação aos visitantes

Possivel casino

Parque de estacionamento

Area de serviço

Supermercado e complexo de lojas

Jardins/piscina do hotel

21 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Os LagosA área a sul da estrada que segue a linha de costa é susceptível a inundações e, consequentemente, pouco desenvolvimento se tem verificado ao longo da mesma. Contudo, a área apresenta uma boa oportunidade de desenvolvimento, através da provisão de um sistema de drenagem bem planeado, para criar um corpo de água permanente, incrementando assim o valor dos terrenos e permitindo o desenvolvimento de uma área marginal (waterfront) de qualidade.

O conceito envolve a incorporação de algumas das casas localizadas junto à estrada, transformando a área num espaço de desenvolvimento às margens de um lago, consistindo de casas do tipo villas, hotel/apartamentos e instalações de lazer.

Área de captação de água e lago permanente, providenciando oportunidades de desenvolvimento de uma área marginal (waterfront)

Canais de drenagem existentes

Conceito

Via para o Aeroporto

Via para a Baixa de Pemba

Melhoria da qualidade da praia

Nautilus

Via para Pemba Leste

OS LAGOS

COMPLEXO TURISTICO DE USO MULTIPLO

0 100 200m

Pátio com hotel/apartamentos

Restaurante “The Lakes”

Área comercial, com lojas

Clube de saúde

Apartamentos

Casas do Tipo Villas

Área de piqueniques

Cabanas de uso diurno

Estrada ao longo da praia

Sistema de drenagem deáguasuperficial–viaCentro do Wimbe, Parque de Terras Húmidas e para o mar

Conceito Ilustrativo Conceito

22 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

AAT da Costa Leste de Pemba

É proposta a integração de três projectos:

• AEstânciaIntegradadeChuiba• AEstânciaIntegradadeMuitua• OCentrodoRioMechareme

As principais razões que justificam a adopção deste conceito são as seguintes:

A sinergia agrega valor através da criação de um todo maior do que a soma das partes. A integração permite uma eficiência custo-efectiva e o aumento das receitas de que uma única estância hoteleira não pode beneficiar. Por exemplo, a utilização de condições conjuntas de tratamento de esgotos, a existência de uma unidade de dessalinização e a provisão de outras infraestruturas e bens utilitários.

A massa crítica acrescenta um valor consideravelmente maior aos destinos emergentes como Cabo Delgado, providenciando condições e locais de lazer de alto nível. Para além disso, o processo de marketing torna-se muito mais forte, aliando os esforços de marketing de vários hotéis dentro de um desenvolvimento integrado. Ao reunir todos os actores necessários, incluindo companhias aéreas, o investidor pode reduzir o risco de fracasso.

O nível de controlo que o investidor de um desenvolvimento integrado pode sustentar aumenta as oportunidades de conceber um ambiente de qualidade que irá também garantir o uso e aproveitamento da terra compatível e complementar.

Estância Integrada de ChuibaA área foi identificada pelo município como fazendo parte de um plano global para a costa leste. O plano inclui a expansão da aldeia existente de Chuiba. É prevista a construção de novas estradas e infraestruturas que permitirão a abertura da área.

Foram já definidos sítios para a construção de hotéis, mas alguns destes são demasiado pequenos para permitir um desenvolvimento eficiente e comercialmente viável. Propõe-se, deste modo, a consolidação de alguns dos sítios, mas com algum grau de flexibilidade de modo a fazer face a variações na procura. Será igualmente importante permitir a facilidade de acesso à costa a partir das aldeias vizinhas e para os visitantes que se deslocam à área. O conceito apresentado inclui 14 sítios para hotéis/apartamentos individuais com um espaço entre 5 e 25 hectares.

Centro do Rio Mechareme

Estância Integrada de Muitua

Estância Integrada de Chuiba

Proposta de Novas Estradas

Aldeia de Chuiba

Aeroporto

Clube Marítimo

Uso Industrial Existente

Restaurantes Existentes

Quinta de Criação de Gado Existente

PARA O NORTE E OESTE

Rio Mechareme

Situação Existente Para Mecufi

Áreas de Acção do Turismo

Desenvolvimento Hoteleiro

Clube Naval

Clube Marítimo

Subdivisão

23 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Clube Naval

Zona tampão de protecção da paisagem e parque público

Centro Marítimo e acesso à praia

Parque de Estacionamento e Clube Naval

Centro Comercial

*Conceito

Desenvolvimento Hoteleiro

Clube Naval

Zona Tampão de Protecção da Paisagem

Desenvolvimento Hoteleiro

Centro Comercial

Mapa da Aldeia de Chuiba

Estação de Tratamento dos Esgotos

Clube Marítimo

Clube Naval

0 500 1km

Conceito Ilustrativo

Praia de Chuiba

24 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Estância Integrada de Muitua A longo prazo, Muitua constituirá um recurso residencial/de lazer de grande interesse próximo de Pemba/Wimbe e do aeroporto. O conceito prevê a conservação da maior parte das terras situadas a oeste para fins agrícolas e a retenção, do máximo possível dos espaços verdes, criando assim um local agradável para se viver.

Será necessário realizar um estudo do mercado para determinar o grau de desenvolvimento e o potencial de crescimento. O quadro prevê um cenário de um grande crescimento envolvendo um estímulo deliberado ao desenvolvimento, que poderá criar o seu próprio ímpeto em termos de procura de mercado, transporte aéreo e capacidade de alojamento. O conceito inicial inclui:

• 300-500casasdotipovillas.• 100-150vivendasurbanas.• 1000–1500apartamentos.• Hotel/saladeconferênciasde4-5estrelascom250-300 quartos com 30 casas do tipo villas associadas.• Boutiquespa/hotel• Academiadegolfe• Campodegolfede27buracos(três9’scompletos)

Vivendas

Casas Independentes /Apartamentos

Estância Hoteleira

Academia de Golfe

Vivendas

Villas /Apartamentos

Hotel Spa

Conceito

Conceito Ilustrativo

0 500 1km

Hotel

Apartamentos

Boutique Spa / Hotel

Vivendas do Campo de Golfe

Academia de Golfe

25 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Estância de Muitua

26 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Centro do Rio Mechareme O sítio prevê a existência de espaço conjunto para instalações comerciais de lazer e ainda instalações utilitárias de apoio para as estâncias de Chuiba e Muitua.

O conceito inclui:

• Centrocomercialelojasdeespecialidade.• Mercadodeprodutosagrícolas.• Centroculturalparaarealizaçãodeespectáculosearena para concertos.• Centrodecomodidades/lazer.• Complexodesportivo.• Centro/ranchoequestre.• Parquesepátiosderecreio.• Áreadeserviços(instalaçõesutilitáriaselocaisdereserva).

Centro Hípico

Parque

Zona tampão de protecção da paisagem

Área de serviços

Centro comercial / de comodidades

Conceito

Conceito Ilustrativo

0 500 1km

Estância Turística de Chuiba

Parques e campos de jogos

Centro de lazer comercial

Eventos

Estância Turística de Muitua

Zona tampão de protecção da paisagem

Parque de estacionamento

Centro Hípico

Zona tampão de protecção da paisagem

Tratamento dos esgotos e zona de serviços públicos

27 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Centro do Rio Mechareme

28 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Ilha do Ibo

A zona histórica da ilha será desenvolvida para se tornar um destino turístico residencial. As casas históricas individuais serão restauradas para serem utilizadas pelos proprietários, ou para aluguer de curta ou longa duração. A Fortaleza de São João Baptista será a zona central de serviços. Alguns edifícios ao longo da estrada principal servirão como postos de venda de artigos de artesanato, serviços de provisão de refeições e pequenas instalações turísticas. Visitas guiadas providenciarão explicações sobre o património arquitectónico e o estilo de vida da vila. A audiência alvo serão os adultos com interesses culturais, acompanhados ou não das suas famílias, assim como os mercados de mergulho e de regatas de iate. Como forma de contribuir para o arranque do processo de regeneração, propõe-se que um número de 4-5 construções em ruínas existentes na área marginal (waterfront) sejam restaurados, formando um pequeno agregado e operados como um “Hotel de Património” (Boutique Heritage Inn), possivelmente sob um nome de marca internacionalmente reconhecível.

Dada a natureza sensível da ilha, os factores ambientais devem ser colocados no topo da agenda em todas as propostas de desenvolvimento, como forma de garantir que os projectos sejam aceitáveis, incluir a protecção e melhorar a qualidade de vida dos residentes actuais e futuros da Ilha do Ibo. É necessária uma revisão ambiental e da infraestrutura, que irá incluir um exercício de definição do âmbito visando identificar factores chave, tais como qualidade da água, gestão dos resíduos, abastecimento de água e fornecimento de energia, uma análise dos dados para definir as condições de referência para testar as propostas futuras e para definir medidas de mitigação, assim como um plano provisório para a provisão de infraestruturas.

Lodge da Ilha do Ibo

Sítio do Boutique Hotel

Parque balnear

Transferência da escola

Hotel Cinco Portas

Casa de Hóspedes da TDM

Centro Histórico do Ibo

Uso da Terra no Ibo

ZONA TAMPÃO VERDEPara manter a consolidação da Fortaleza

REABILITAÇÃO DA FORTALEZA MuseuCentro de informação Café

Novo embarcadouro que dá acesso aos barcos de mergulho

CENTRO HISTÓRICOEdifícios individuais reabili-tados para turismo residen-cial

MELHORIAS NO AEROPORTOAlpendre e assentos adicionais

Consolidação da vila existente

29 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Hotel Boutique do Ibo

Recepção

Quartos

Integração dos edifícios históricos

Quartos

Spa

Pátio coberto

Conceito Ilustrativo

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e30 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

4.1 Situação Existente

Esta PAI inclui uma extensão litoral de 5 km do Lumbo até Sangule. O Lumbo, em particular, possui muitos edifícios abandonados pertencentes aos CFM. Existe um pequeno aeroporto que recentemente beneficiou de obras de melhoria, localizado ao sul do Lumbo, com aldeias agrupadas à sua volta e ao longo da principal estrada de acesso que vai até à Ilha de Moçambique. A área possui uma qualidade paisagística diversificada e importante, com vastas praias, terras húmidas e mangais.AS CABACEIRAS

4 Um dos objectivos chave do desenvolvimento desta área é revitalizar a Ilha de Moçambique. Os esforços realizados anteriormente centraram-se quase totalmente nesta Ilha, tendo sido produzidos vários estudos e relatórios com o objectivo de restaurar e melhorar o património de edifícios que a ilha possui. Infelizmente, o progresso registado foi limitado. As razões incluem direitos de propriedade, falta de fundos para a manutenção e restauração, bem como a falta de interesse em melhorar as condições na ilha pela maior parte da população. Deve-se notar, contudo, que reabilitar os edifícios por si só é inútil se estes não forem integrados como elementos de um programa geral de regeneração urbana que estabeleça fortes ligações com o continente, produzindo um destino turístico vibrante e unificado. É necessário um programa de desenvolvimento comunitário extensivo, que irá implicar alguma relocalização, resultando em benefícios sociais, económicos e ambientais para todos.

Mangal

LUMBOConcentração de edifícios do património

Zonas húmidas / mangais Concentração de edifícios do património

ILHA DE MOÇAMBIQUE

Aeroporto

Lodge (em construção)

Zona sensível do ponto de vistaambiental–observação de pássaros

Situação Existente

31 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

4.2 Potencial de Desenvolvimento

A área possui um enorme potencial como destino turístico com hotéis de qualidade, marinas, campos de golfe, praias e parques naturais. Por outro lado, possui todos os ingredientes necessários para tornar a área atractiva tanto para a população local como para o visitante com uma base educacional para o seu património histórico, natural e cultural. A integração destes projectos atribuirá à área uma significativa vantagem de marketing, oferecendo uma grande diversidade de produtos.

A área deve, assim, ser desenvolvida com cuidado e incluir grandes estâncias, mas também hotéis-boutique de menor dimensão, que explorem oportunidades em nichos do mercado especializados, virados para o visitante de interesse geral de média/alta renda e oferecendo luxo simples, com serviços bons e de qualidade.

4.3 Áreas de Acção do Turismo

Foram identificadas três AATs para orientação da abordagem integrada de desenvolvimento. • EstânciaIntegradadoLumbo• EstânciaIntegradadeSangule• QuadrodeDesenvolvimentodaIlhadeMoçambique

Aeroporto

Estância Integrada do Lumbo

Quadro de Desenvolvimento da Ilha de Moçambique

Estância Integrada de Sangule

Zona tampão de protecção da paisagem

Desenvolvimento de Nova Vila

Áreas de Acção de Turismo

PARTE 1

32 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

AAT da Estância Integrada de Lumbo

Um desenvolvimento faseado e integrado de estâncias para fins múltiplos hotéis-boutique, casas do tipo villas com vista para o mar, vivendas urbanas, espaços de lazer e recreativos. O desenvolvimento explora com precaução os recursos do património natural e cultural para incentivar um mercado de instalações para férias, tais como marinas e parque temáticos/aquático. As características do centro de lazer e do parque aquático têm como tema actividades relacionadas com a água para as famílias (escorregas, piscinas com ondas, rios artificiais, cascatas etc.), juntamente com áreas destinadas a actividades na praia e desportos aquáticos.

O objectivo é providenciar um ambiente e experiência de férias singulares e diferentes para toda a família, apelativo para famílias interessadas em actividades marinhas e visitantes que procuram um local no litoral com muitas coisas para ver e para fazer. Os visitantes virão para uma estadia longa ou breve.

Para impulsionar o arranque de todo o projecto, a reabilitação e o novo desenvolvimento do património do Lumbo constituirão o foco da estância integrada e da primeira fase do projecto. A área central reabilitada atrairá os visitantes do mercado de classe alta e proporcionará ligações sólidas com a Ilha de Moçambique.

Concept

Eco lodgeBoutique Hotel

Vila do Património do Lumbo

Aldeia para férias

Vivendas à beira da praia

Consolidação do desenvolvimento da aldeia

Centro de lazer / aqua parque

Aeroporto

Possível reintrodução da linha férrea

Conservação do mangal / zonas húmidas

Consolidação do desenvolvimento da aldeia

Taxis aquáticos

Conceito ilustrativo 0 500 1km

Villas com amarração

Marina da Ilha

Estância hoteleira da ilha

Aldeia Waters

Aldeia da marginal

Centro de lazer e aqua parque

Complexo de restaurantes e de entretenimento

Centro da vila do Lumbo

Boutique hotel e spa

Pousada Ecológica com chalés sobre a água

Villas com amarração

Vivendas e apartamentos ao longo de canais internos

33 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Vila de Férias de Lumbo

Parque Aquático e Vila de Lumbo

34 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

AAT da Estância Integrada de Sangule

Trata-se de uma estância a ser desenvolvida ao longo do tempo com o objectivo de criar um ‘destino dentro de um destino’, planificada de uma maneira integrada desde o início, a partir de uma base que permitirá ao Norte de Moçambique captar os mercados de lazer de classe alta.

O sítio é vasto e plano, mas com praias extensas e pântanos interessantes em direcção a oeste. Embora o desenvolvimento seja em larga escala, serão desenvolvidos sítios individuais para proporcionar um efeito de boutique. Será imposto um controlo rigoroso no design, estrutura geral, alturas, etc.

A meta final é, deste modo, criar um ambiente fantástico para os visitantes e residentes locais, que reflicta a conjuntura histórica, cultural e da paisagem costeira de Moçambique.

O conceito inclui o seguinte:

• 300–500casasdotipovillascomvistaparaoscamposde golfe.• 250–400casasdotipovillascomvistaparaomar.• 80–100chalés(bungalows)construídossobreaágua.• 700–1.000vivendasurbanas/apartamentos.• Hotel5estrelas/saladeconferênciascom250–300quartos

com 100 casas do tipo villas associadas e uma academia de ténis.

• Hotel-boutique/spacom150quartos• Academiadegolfe• Campodegolfede18buracos• Centrocomercial/delazer.• Trilhasnaturais.

Obviamente, o aeroporto já existente no Lumbo necessitará de um investimento considerável para poder acomodar um maior volume de turistas que irão acorrer às estâncias do Lumbo e Sangule.

Centro Comercial / de Lazer

Academia de golfe

Vivendas à beira da praia

Vivendas no campo de golfe

Estância hoteleira

Casas independentes

Vivendas no campo de golfe

Conceito

Spa hotel

35 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Casas independentes do hotel

piscina

Salão de Entrada do Hotel

Casas de Campo (Cottages) do hotel

Clube naval e piscina

Centro de conferências

Clube de desportos/academia de ténis

Quartos

Estância hoteleira

Hotel Boutique/ Spa

Villas do hotel

Academia de ténis

Estância hoteleira

Academia de golfe

Centro comercial / de lazer

Chalés sobre a água

Conceito ilustrativo

0 500 1km

Fonte de água

Passagem para carrinhos de golfe / pedestres

villas com pátios

Floresta

PARTE 1

36 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Estância de Sangule

37 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Será igualmente importante atrair visitantes para a área, para que estes permaneçam por mais tempo e gastem mais. Devem ser desenvolvidas actividades tais como programas de interpretação, cafés, áreas para espectáculos, festivais, animação nocturna, mercados de artesanato, eventos sociais e culturais, etc.

A existência de lojas constitui um aspecto chave. A gama de lojas existentes na área, em particular as que vendem produtos de especialidade e artesanato local, constituem a principal atracção para os visitantes. A ilha deve tornar-se numa experiência especial deste destino em termos de diversidade de artigos que podem ser comprados.

AAT do Quadro de Desenvolvimento da Ilha de Moçambique

O objectivo é conservar o património cultural, assim como sustentar e fortalecer a comunidade e a economia da ilha.

O conceito é desenvolver o produto de modo a integrar vários edifícios históricos, com foco na conservação e celebração do Centro Histórico da Ilha de Moçambique. O projecto irá aumentar o potencial para diferenciar Moçambique e contribuirá igualmente para o desenvolvimento económico através da:

• Identificaçãoepromoçãodosdiferentes‘distritosdistintos’ da ilha. • Desenvolvimentodeumhotel-boutiquecomoprojecto

âncora, utilizando uma série de casas integradas, com intervenção mínima em termos de construções.

• Desenvolvimentodeumapraçaprincipalcomocoraçãodo distrito comercial.• Restauraçãodasruas,alamedaseespaçospúblicos existentes. • Animaçãodosgrandesedifícios/casasrecuperadase

sua utilização de forma criativa para eventos, para que exista uma actividade constante.

• Identificaçãodepelomenosumoutroprojectoâncora,possivelmente o museu (com uma melhor interpretação e tema) e a praça.

• Iluminaçãodafortalezaesuatransformaçãopossivelmente num hotel mais a longo prazo.

Será importante para o programa de restauração identificar, logo à partida, um plano de utilização final dos edifícios chave restaurados ou cuja restauração esteja planeada.

O hotel boutique proposto tornar-se-á no ‘centro histórico’ da ilha e constituirá uma rica experiência de património e cultura autênticos. Os visitantes que pernoitam criam um ciclo de actividades alargado, constituem um mercado pronto para as lojas de retalho e aumentam a actividade económica para a melhoria do funcionamento das actividades dos negócios locais, contribuindo para a diversificação da economia. As pessoas estimuladas a visitarem o centro histórico quererão sentir-se bem-vindas e ter o sentido de espaço. A criação de zonas para pedestres devidamente assinaladas estabelecendo a ligação entre os edifícios, praças, pequenos jardins, parques de estacionamento, juntamente com as plantas e as estruturas removíveis da via pública (street furniture) constituem elementos cada um com o seu papel a desempenhar. Vide as Directivas de Desenho Urbano contidas na Parte 2 deste relatório.

Por último, o turismo baseado no património cultural constituirá uma fonte importante de emprego para a população local e irá melhorar o perfil da PAI. Esta, por sua vez, irá contribuir para sensibilizar a população local em relação à sua ilha, criando um sentido de orgulho em relação a este recurso.

PATRIMÓNIO

CENTRO HISTÓRICO

CENTRO DA CIDADE

ALDEIA DE MACUTI

Continente

Fortaleza

Distritos Distintos

PARTE 1

38 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Projecto ÂncoraUm hotel boutique constituído por uma série de edifícios reabilitados já existentes e, em alguns casos novas estruturas de edifícios e extensões para completar um desenvolvimento integral.

As componentes do projecto incluem:

• 60–100quartos,dependendodadisponibilidadede estruturas e da viabilidade.• Esplanadaspararefeiçõesaoarlivre.• Spadesaúdecompiscinasdemergulho.• Espaçospúblicosmelhorados,melhoramentodasruas.• Praçapública/praçascomfontanários.

Este é o principal projecto âncora. Baseia-se num modelo (Kura Hulanda, nas Caraíbas, e Kans A Mann, na Jordânia) onde as casas da aldeia/vernáculas são incorporadas de modo criativo, num hotel boutique de 60 quartos, ao mesmo tempo que se preserva substancialmente a arquitectura e a atmosfera originais. O desafio é identificar casas apropriadas que possam ser adquiridas e que, em conjunto, constituirão a imagem de marca. O actual nível de reparação é de importância relativamente reduzida, uma vez que o processo de regeneração é muito cuidadoso.

O interior irá preservar, tanto quanto possível, as formas e as características originais das casas. O desafio da decoração de interiores será criar um ambiente luxuoso e um forte sentido de espaço em termos de tapetes, tecidos e cores. O arranjo interior cria uma variedade de espaços, desde quartos simples a suites de vários quartos. O design moderno possibilita a criação de casas de banho espectaculares em qualquer lugar.

Os nomes e a história das casas podem ser preservados e as características especiais como varandas de madeira, onde existam, podem ser restauradas para que voltem a adquirir a sua antiga glória.

Podem ser incorporadas casas adjacentes, mas separadas, como unidades independentes ou a serem utilizadas como restaurantes/cafés ou lojas sob a gestão do hotel.

Prevê-se que este tipo de desenvolvimento atraia publicidade ao nível internacional em revistas dedicadas ao estilo de vida e de especialidade e, na realidade, permita o acesso aos nichos dos mercados e a mercados especializados que não estão actualmente abertos para Moçambique. Este projecto constituirá um outro elo para diferenciar Moçambique e definir as credenciais da Ilha de Moçambique como um produto histórico chave para o turismo.

Hotel Boutique

Futura Terminal de Cruzeiros

Kura Hulanda, Caribbean

Centro Histórico

39 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 1

Centro Histórico da Ilha

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e40 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

5.1 Situação Existente

O foco desta PAI é no Lago Niassa. Embora existam muitas oportunidades turísticas em toda a extensão das margens do lago, odesenvolvimentoinicialestáconcentradonaviladeMetangula–onde existe o maior assentamento populacional junto às margens do lago. No futuro, haverá oportunidades para se realizarem actividades de desenvolvimento ao longo da margem norte, cri-ando ligações entre a praia/floresta e a Reserva do Niassa e Selous, na Tanzania.

Lichinga é a capital de Niassa e a principal porta de entrada para o lago. Aqui existe uma oportunidade de desenvolvimento de um projecto âncora, com um tema da natureza no meio da floresta de pinheiros.

5.2 Potencial de Desenvolvimento

A extensa área de terras não desenvolvidas e a marginal do Lago Niassa constituem uma oportunidade para a criação de um empreendimento de qualidade e favorável sob o ponto de vista ambiental, utilizando actividades desportivas tanto em terra como na água como principal tema da estância. Uma pequena zona do lago será delimitada para a realização de desportos aquáticos motorizados e não motorizados. A área pode também providenciar um grande local de lazer em terra que incluirá trilhas para caminhadas, ciclismo de montanha, alpinismo e desportos radicais.

5.3 Áreas de Acção do Turismo

São propostas duas AATs:

AAT da Estância Integrada de Chiuanga

A ser desenvolvida como uma atracção turística chave e como principal atractivo para o Lago Niassa, virada para o sector mais jovem/mais activo do mercado turístico.

O conceito inclui:

• Complexocomdesportosaquáticosoferecendouma grande variedade de actividades aquáticas e subaquáticas.• Centrodeaventuras.• Clubedesportivo.• Cubedesaúde.• 80casasdecampo(cottages)àbeira-mareàbeiradolago.• 40apartamentos.

Embora localizada a cerca de 10 minutos da vila de Metangula, ênfase é colocada na integração total com a comunidade local. Um parque de campismo gerido pela comunidade estará localizado próximo da estância e, a longo prazo, serão criados empreendimentos de pequena escala, como é o caso de uma casa de hóspedes e apartamentos para mergulhadores no alojamento ‘comunitário’. Uma característica especial do complexo será a existência de um sistema de esqui por cabo de 6 pontos que irá possibilitar que a estância se torne no primeiro centro de desportos aquáticos ‘de classe mundial’ em África, atraindo entusiastas de desportos aquáticos provenientes de todo o mundo.

METANGULA E

LICHINGA

5

**

Reserva do Niassa

Lodge da floresta Quinta Capricórnio

LICHINGA

METANGULA

Estância Integrada de Chiuanga

Potenciais pequenos lodges

Ligação praia - floresta

MALANGA

Situação Existente

41 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

O esqui por cabo funciona como o esqui aquático, mas o esquiador é puxado por um cabo suspenso a 8 -12 metros acima da superfície da água por torres especialmente desenhadas para o efeito. Este mecanismo é alimentado por um motor de velocidade variável, que pode ir dos 20 aos 65 km/h.

Para além do esqui aquático, o sistema pode também ser utilizado para as modalidades de wakeboarding, kneeboarding e wakeskating, que estão a ganhar grande popularidade em todo o mundo.

Estância turística

Complexo para desportos aquáticos

Para Metangula

MESSUMBA

CHIUANGA

Contexto do Sítio

Pátio de recreio para as crianças

Rampa de lançamento para o cabo de esqui e zip line

Clube naval e cabanas da praia

Centro de desportos aquáticos Casas (cottages) à beira da praiaCampos de ténis

Jogos de bola

Health club levantado sobre o rio com pavilhões de spa

Salão de entrada e apartamentos à volta da piscina

Conceito ilustrativo

Casas (cottages) à beira do rio

0 100 200 300m

PARTE 1

42 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

AAT da Estância Florestal da Quinta Capricórnio

Trata-se de uma estância florestal de qualidade a ser desenvolvida como um destino turístico contendo pousadas ecológicas simples, casas construídas sobre árvores e parque natural. O relaxamento, a pesca no lago artificial, as caminhadas e passeios a cavalo na floresta, bem como a interpretação do ambiente constituirão a razão das visitas durante o dia e para pernoitar.

O número, localização, escala, design e layout dos empreendimentos e das instalações oferecidas necessitarão de uma análise cuidada do mercado, dos constrangimentos do sítio e das preocupações e aspirações dos proprietários. Contudo, os princípios ecoturísticos devem nortear o desenvolvimento no futuro e figurar em todos os materiais promocionais que poderão vir a ser produzidos numa fase posterior.

Para orientações sobre o desenvolvimento de estâncias e unidades turísticas integradas, vide a Planificação do Desenvolvimento do Turismo e as Directivas do Desenho contidas na Parte 2 do presente relatório.

Lodge da floresta

Para o aeroporto

Contexto do Sítio

LICHINGA

Conceito ilustrativoRestaurante e bar à beira do lago

Casas independentes à beira do lago

Piscina infindável e bar/café

Campos de ténis

Passadiço coberto e zona de jogos de aventura

Recepção do lodge

Parque de estacionamento

Casas construídas nas árvores Trilho da natureza

43 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Estância Florestal

PARTE 1

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e44 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

O desenvolvimento de estâncias envolve questões ligadas à aquisição e preparação de terras, financiamento destinado à infraestruturas de apoio e às superestruturas dentro da própria estância e dos distritos à sua volta. Requer uma actividade de marketing que visa atrair investidores e turistas e garantir que lhes seja providenciado o apoio necessário. A habitação e os serviços comunitários para os trabalhadores e suas famílias, bem como a formação dos recursos humanos que irão prestar uma variedade de serviços profissionais inerentes a esta indústria, são questões que devem ser igualmente tratadas. Há ainda a necessidade de um equilíbrio efectivo entre os objectivos económicos, ambientais e sociais e de integrar o desenvolvimento da estância na planificação do desenvolvimento regional e nacional. Consequentemente, o desenvolvimento de estâncias turísticas constitui uma actividade complexa que carece de estruturas organizacionais especiais, uma liderança focalizada e efectiva, bem como técnicos competentes empreendedores para a implementação e gestão. Trata-se de uma actividade de longo prazo e contínua. Esta implica igualmente um elevado grau de coordenação entre várias instituições públicas, entre os sectores público e privado, e ainda com as comunidades locais.

6.3 Empresa de Desenvolvimento de Estâncias do Arco Norte (EDEAN)

Esta constitui uma nova parceria público-privada (PPP), “com fins lucrativos”;trata-sedeumaempresacomercialdedireitolimitado,que deve ser especificamente criada tendo em vista o sucesso da implementação da estratégia de desenvolvimento e investimento turístico para o Norte. A EDEAN actuará como autoridade de desenvolvimento para as estâncias propostas para as Províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa. Na qualidade de parceria público/privada, é proposto que a EDEAN seja primariamente capitalizada com terrenos do Governo e das Comunidades identificadas para o desenvolvimento de estâncias, bem como com contribuições de equidade dos Investidores. O grupo de accionistas será composto pelo Governo, Comunidades Locais e Investidores Privados. Comunidades Locais cujas terras se encontrem dentro da área de desenvolvimento das estâncias serão apoiadas na criação de um veículo ou instrumento de investimento que irá assumir os interesses legais das comunidades para o propósito de acções na Empresa de Desenvolvimento de Estâncias.

6.1 Capacitação

Embora sejam idealistas, as ideias e aspirações do desenvolvimento do turismo contidas nos planos das AATs só serão válidas se existirem meios para a sua implementação. Deste modo, é importante que seja prestado apoio ao Ministério do Turismo, governos provinciais, agências, sector privado e comunidades. O Ministério do Turismo deve gerir a implementação das AATs, facilitando em particular a simplificação do processo de desenvolvimento e protegendo os interesses dos investidores. Vide os Apêndices: Directivas Gerais.

O governo local também terá um papel importante a desempenhar no desenvolvimento do turismo, devendo controlar as suas próprias indústrias. Contudo, as autoridades Nacionais devem reconheceranecessidadedatransferênciadeconhecimento–planeamento físico, controlo do desenvolvimento, avaliação ambiental, avaliação financeira, assim como o desenvolvimento de produtos, marketing e pesquisa de mercados. É necessário simplificar a gestão do turismo ao nível nacional e garantir que os governos locais tenham a capacidade de realizar as suas funções.

Recomenda-se, assim, um programa com foco no fortalecimento do apoio institucional para o sector do turismo. O programa irá promover o desenvolvimento sustentável através da capacitação a dois níveis: nacional e local.

6.2 Desenvolvimento Integrado de Estâncias Turísticas

Subjacente a uma estratégia de promoção do desenvolvimento e investimento turístico e de posicionamento no mercado para o Norte de Moçambique está o conceito de desenvolvimento de estâncias turísticas vastas e exclusivas nas Províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa. Este conceito implica uma mudança da actual abordagem de atracção de investimentos para hotéis e pequenas pousadas individuais, para a criação de destinos caracterizados por estâncias turísticas com alojamento, uma grande variedade de comodidades, serviços e preços que possam atrair um grande volume de turistas para estadias de longa duração, puro prazer e lazer! Ao contrário dos hotéis individuais, o desenvolvimento de grandes estâncias turísticas implica a criação de uma comunidade, um sentido de espaço e uma paisagem exterior com uma atmosfera muito distinta da qual se possa desfrutar. As estâncias oferecem uma variedade de tipos de alojamento, níveis de qualidade, alimentação, compras, entretenimento, lazer e recreação, transporte, condições para a prestação de serviços comerciais, de saúde e bancários. Isto implica a planificação e preparação para receber um grande número de visitantes que procuram viver uma nova experiência, e a satisfação das suas necessidades.

IMPLEMENTAÇÃO

6

45 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

A Empresa providencia um mecanismo mais efectivo de valorização dos bens das Comunidades, tais como terras, bem como a sua transformação em instrumentos de equidade financeira e investimento, conforme necessário. Isto garante a posse das suas terras pelas Comunidades locais assegurando, ao mesmo tempo, as sua participação directa nos benefícios e a perpetuação destes no e do crescimento e desenvolvimento do turismo. Para além de servir como um instrumento fundamental da estratégia do Governo de alívio à pobreza rural, a EDEAN providencia a flexibilidade e o quadro legal para outras entidades públicas tais como FUTUR, CFM, Banco de Moçambique, etc. adquirirem posições de equidade (sem qualquer prejuízo aos seus mandatos e estrutura actuais) e joint venture com o sector privado para o crescimento e desenvolvimento do turismo. Por outro lado, considerando o potencial expansivo do turismo e as oportunidades de investimento em cada Província, a EDEAN providencia a melhor opção para uma coordenação focada e efectiva, bem como o desenvolvimento a longo praz e a realização de tais potenciais. A experiência adquirida e as lições aprendidas pela EDE na coordenação e gestão da actividade inicial de desenvolvimento de estâncias incrementarão e assegurarão a capacidade institucional de Moçambique para a atracção de grandes Investidores para outros locais em várias outras Províncias.

Em conformidade com a lei, e na qualidade de Empresa de direito limitado, a EDEAN deverá possuir um Conselho de Direcção que reflicta a estrutura de accionistas. Na fase de arranque, i.e. nos próximos cinco anos, poderá ser melhor que os Governadores das três Províncias integrem o Conselho na qualidade de membros ex-officio. Tendo em conta que a maior parte do trabalho técnico, i.e. planeamento detalhado, engenharia e construção, análise de mercado e financeira, terá de ser realizado por empresas especializadas contratadas, a EDEAN irá requerer pessoal muito motivadoefocado,incluindo;(i)umGestordeDesenvolvimentocom;(ii)Pessoaldeapoio;e(iii)umOficialdeLigaçãocomaComunidade.

Especificamente, a EDEAN será directamente responsável pela implementação da actividade de desenvolvimento da estância. Com a assistência técnica do Projecto Arco Norte (Vide 2.4 abaixo), a Empresa de Desenvolvimento de Estâncias preparará e implementará planos de acção e o orçamento para a sua implementação. As suas funções de desenvolvimento incluirão as seguintes: • Aquisiçãoedetençãodosdireitosdeusoeaproveitamento da terra, a constituir a principal fonte de capitalização da Empresa;• Desenvolvimentodeinfraestruturasprincipaistaiscomo

estradas internas, sistemas de drenagem, abastecimento de água, sistemas de esgotos, paisagismo comum da área e instalações de uso comum na zona da estância, incluindo camposdegolfe,marinas,etc.;

• Promoçãoeatracçãodeinvestimentosparaodesenvolvimento de hotéis, negócios de transacção de propriedade e comércio, bem como outros negócios e serviços turísticos, e ainda a negociação com empreendedoresegruposdegestãointeressados;

• Leasingdeáreaseespaçoscomerciais.

As Funções de gestão da EDEAN incluirão, por outro lado, actividades tais como as seguintes:

• Esgotos,recolhadelixoeseutratamentonasáreasdas estâncias;• Manutençãodepaisagismo,estradasecaminhosinternos comuns;• Operaçãodetransporteinterno;• Manutençãodapraia,iluminaçãodasestradasesegurança;• Protecçãocontraincêndios,bemcomoasegurançageral nazonadaestância;e• ServiçosmédicosdeEmergência.

PARTE 1

MINISTÉRIO DO TURISMO/GRUPO DE FACILITAÇÃO INTERMINISTERIAL DO TURISMO

(Política, Plano Estratégico e Estratégia Inter Sectorial)

GRUPO DIRECTIVO (STEERING GROUP) DO PROJECTO ARCO NORTE

(Gestao Global, Monitoria e Avaliação da Implementação do Projecto)

USAID Programa de Turismo(Nathan Associates Incorporated)

(Assitencia Técnica)

Empresa de Desenvolvimento de Estâncias do Arco Norte (EDEAN)

(Implementacao das Actividades de Desenvolvimento e Gestao de Estâncias)

46 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

USAIDProgramadeTurismoMoçambique–apoiaroGrupoDirectivo do Projecto e a Empresa de Desenvolvimento de Estâncias no fortalecimento da sua capacidade, bem como em assegurar a sustentabilidade quando o programa de assistência técnicaeapoiofinanceirodaUSAIDterminar;oProjectoArcoNorteprovidenciará à EDE Assessores e Consultores conforme necessário, em áreas tais como:

• ArquitecturaePlaneamentoFísicodaEstância;• DesenvolvimentodoProduto;• InvestigaçãodeMercado;• MarketingePromoçãodeInvestimentos;• NegociaçãocomInvestidoreseLeasingComercial.

Adicionalmente, o Projecto providenciará a posição de Director na Unidade de Gestão do Projecto. Este será uma contraparte nacional Moçambicana que irá sob orientação do Chefe do Projecto, sendo responsável pela ligação e prestação de apoio técnico às EDEs e ao Grupo Directivo.

6.4 Considerações sobre o Risco

Existe uma série de considerações sobre os potenciais riscos de gestão que poderiam afectar negativamente a implementação das AATs anteriormente mencionadas e o sucesso do futuro desenvolvimento sustentável do Norte de Moçambique.

Empenho do Governo

É óbvio que o empenho do governo no desenvolvimento do turismo é o pilar do sucesso. Muitas das recomendações carecem de acções directas, compromissos financeiros e afectação de pessoal por parte do governo. Sem um forte empenho do governo não será possível materializar o potencial da Região.

Coordenação

Mais do que qualquer outra indústria em Moçambique, o turismo está dependente da coordenação e colaboração do sector privado, e ainda de vários ministérios e instituições do governo aos níveis nacional e local. A implementação das recomendações necessitará da acção decisiva por parte do governo, que, por sua vez, exigirá a coordenação entre os intervenientes apropriados. Sem esta coordenação estará ameaçada a capacidade de crescimento da indústria do turismo. A correcção dos obstáculos à coordenação é um aspecto crucial para o sucesso da implementação.

Degradação Ambiental

Os mercados internacionais estão a tornar-se cada vez mais sofisticados. Esta sofisticação inclui uma maior sensibilização e valorização da qualidade ambiental de um destino. Quer os turistas nacionais, quer os internacionais, estão cada vez mais atentos às condições ambientais gerais dos locais que visitam e a como os hotéis e os residentes tratam o seu meio ambiente. As impressões negativas sobre o meio ambiente de um destino podem rapidamente prejudicar todos os outros programas positivos de marketing e desenvolvimento de produtos já implementados.

Desenvolvimento de Qualidade

Sob uma perspectiva mais geral, um dos principais riscos é a falta de qualidade do desenvolvimento. A viabilidade e o desenvolvimento do turismo em si estarão em causa se não houver um compromisso nacional visando encorajar a qualidade no desenvolvimento do produto e dos serviços. Por exemplo, o valor da planificação do turismo a longo prazo é questionável se não houver empenho em relação à aplicação dos regulamentos relativos ao planeamento e meio ambiente. Da mesma forma, o valor da planificação é também questionável se o processo não for transparente e eficiente, pois o processo será arbitrário e o desenvolvimento ad hoc irá ameaçar não apenas o ambiente, mas também a segurança do produto turístico.

Para além da direcção geral providenciada pelas AATs, o desenvolvimento do turismo requer uma série mais abrangente de directivas de procedimentos, como forma de assegurar que os desenvolvimentos dos sectores público e privado minimizem os potenciais impactos e se mantenham consistentes com a estratégia global do turismo. O desenvolvimento do turismo deve abordar questões vitais para o desenvolvimento e manter um produto turístico sustentável e de alta qualidade. As directivas apresentadas na Parte 2 do presente relatório constituem um ponto de partida.

47 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Áreas de Acção do Turismo Total Bruto Hectares

Quartos Casas/Vivendas

Apartamentos

PEMBA/COSTA LESTE E ILHA DO IBO

Porto de Pemba e Cidade VelhaMarginal de Pemba - Pemba Oeste- Pemba LesteCentro de Wimbe (Inc. Praia)- Complexo de Uso Multiplo- Complexo da Praia- Os LagosCosta Leste de Pemba - Estância de Chuiba - Resort Centre- Estância de Muitua Ilha do Ibo

1.5 2220

19

18

2001507001.5

-

300200

6050

100

2,000

35060

20

1010

80

-50020

100

100300

20

1,000

1,000-

TOTAL (aproximado) 1,085 3,120 640 2,520

AS CABACEIRAS

Estância do Lumbo - Eco Lodge- Hotel Boutique - Vila Património- Aqua Parque- Aldeia de Férias *- Villas/Hotel na Marginal*Estância de Sangule Ilha de Moçambique

7.05.0

15.0505060

900-

80100

--

50150350100

----

20020080050

--

50-

200300

1,000150

TOTAL (aproximado) 1,087 830 1,250 1,700

METANGULA & LICHINGA

Estância de Chiuanga Forest Lodge

4030

12080

--

--

TOTAL (aproximado) 70 200

* Note-se que estes sítios estão situados em terra recuperada

6.5 Esboço do Orçamento do Uso da Terra

PARTE 1

48

1

PARTE 2DIRECTIVAS DE PLANIFICAÇÃO E CONCEPÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e2 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Estas notas apresentam os princípios orientadores para os novos projectos de desenvolvimento e para os projectos que envolvam a extensão, reabilitação ou restauração das instalações turísticas existentes.

Pretende-se com estas directivas:

• ProvidenciaraoGovernoumapercepçãodas características do desenvolvimento sustentável do turismo.• Providenciarorientaçãosobreapreparaçãodepropostas

de desenvolvimento comercialmente viáveis e responsáveis nos planos social e ambiental.

• Ilustrarcomoosinvestidoreseoperadorespodemmelhorar o seu produto de modo a alcançarem um nível de planificação e gestão ambiental baseado em boas práticas.

• Criarumabaseparaumamelhorcomunicaçãoentreo Governo e os investidores, sobre formas de melhoria do produto turístico.

O Governo, as agências, os investidores e os operadores turísticos podem encorajar a adopção e utilização destas directivas integrando-as nas estruturas ou procedimentos de gestão existentes. O Ministério do Turismo pode desempenhar um papel importante anexando as directivas aos códigos de conduta existentes e encorajando os membros a adoptarem e seguirem estes princípios.

1.1 Necessidade de Directivas

O Investimento e a viabilidade económica do turismo dependem, emgrandemedida,daqualidadedosseusrecursosnaturais–praias, água potável, litoral relativamente pouco desenvolvido e acesso a oportunidades e instalações recreativas. Um desenvolvimento inadequado fracamente planificado e gerido irá minar as vantagens reais das Áreas de Acção do Turismo (AATs) como foco de turismo e recreação.

Haverá igualmente oportunidades, num futuro breve, para um desenvolvimento renovado ou reposicionamento das instalações turísticas existentes, em particular ao longo da costa de Pemba. Os empreendedores e investidores devem avaliar a viabilidade dos seus projectos. O desafio é posicionar-se adiante da concorrência e infundir diversos aspectos do desenho e funcionamento com o carácter ambiental. Tal implica desenvolver e incorporar um tema ou uma história no ambiente físico e utilizar todos os elementos do desenho, incluindo a arquitectura, os painéis publicitários, a paisagem e a criação de espaços verdes pelas operações hoteleiras.

Estas directivas pretendem estimular abordagens correctas de design considerando, ao mesmo tempo, questões ambientais, e servir de lista de verificação para os empreendedores e operadores na promoção de um produto sustentável e de qualidade.

INTRODUÇÃO

1

3 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

1.2 Avaliação e Aprovações

É crucial que haja consulta com o Governo e outras instituições relevantes no processo de aprovação. Esta consulta permitirá aos investidores avaliarem se determinada proposta de desenvolvimento é compatível com o que se encontra definido no planeamento da zona, os padrões de desenvolvimento circundantes, o acesso e a prestação de serviços. A consulta às comunidades é igualmente essencial para que uma proposta de desenvolvimento receba o apoio local.

Contudo, muitos investidores sentiram-se frustrados por causa da multiplicidade de instituições envolvidas na planificação e gestão do turismo. Os papéis e responsabilidades sobrepostos em todas as esferas do Governo tornam o desenvolvimento do turismo um negócio complexo e complicado, mesmo para os mais experientes. A aprovação de propostas de desenvolvimento aparentemente simples e directas pode levar tempo e implicar despesas consideráveis. É essencial que os investidores estejam cientes do número de instituições do governo envolvidas na avaliação e aprovação do desenvolvimento do turismo. É, portanto, recomendável a criação de um “balcão único”. Os anexos do presente relatório contêm as directivas recomendadas para a preparação de planos de negócios a serem submetidos ao Ministério do Turismo com vista à aprovação dos projectos de desenvolvimento.

A Secção 2 destas directivas inicia com uma introdução sobre as tendências mais recentes no domínio do desenvolvimento de estâncias turísticas, seguida de directivas de desenvolvimento específicas, incluindo os requisitos mínimos para hotéis e apartamentos turísticos. A Secção 3 descreve as várias etapas do processo de planificação, com ênfase numa análise física e de mercado detalhada, desenvolvimento do conceito, elaboração de planos directores e design detalhado. Recomenda-se que o investidor/desenhador siga este processo. A Secção 4 inclui uma série de directivas de design urbano com o objectivo de produzir um ambiente urbano atractivo e utilizável.

PARTE 2

Processo de Planificação

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e4 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

2.1 Tendências no Desenvolvimento de Estâncias Turísticas

As estâncias junto à praia continuam a ser os locais mais apetecidos no Norte de Moçambique. O potencial é enorme. Contudo, estes locais necessitam de acessibilidade para outras atracções, ou devem ser planificados como parte do desenvolvimento global de estâncias turísticas, para poderem oferecer uma variedade de condições de lazer para a prática de desportos (terrestres e marítimos), animação e compras.

Nos mercados internacionais altamente competitivos da actualidade, o investidor, que também oferece um pacote fantás-tico de lazer, possui um limite decidido.

As tendências no desenvolvimento das estâncias turísticas incluem os seguintes aspectos:

• Famíliascontinuandoàprocuradeumamaiorflexibilidadenalocalizaçãoealturaparaogozodassuasférias–viagensde curta duração ou estadias mais prolongadas em estâncias turísticas.

• Procuradeconveniênciaefiabilidadenascondiçõesde lazer oferecidas.• Procuradesegurançafísicaeprivacidade.• Procuradequalidadeambientalnodesigne funcionamento.• Maiorênfasenasoportunidadesdeaprendizageme enriquecimento próprio em recreação e estilo de vida activos.• Aumentodaimportânciadacomponenteentretenimento,

pressionando as estâncias turísticas a irem de encontro às expectativas cada vez maiores em relação ao design e funcionamento das estâncias.

• Maisumavez,oconceitodetimeshare/possedefériasestá a tornar-se mais popular.

Os grandes operadores de hotéis e estâncias de todo o mundo contribuíram para enaltecer a imagem de posse de férias e fazer avançar a tecnologia de operação.

O desenvolvimento de estâncias no futuro irá, provavelmente, incluir os seguintes elementos:

• Hotéis,apartamentosevivendastotipovillascomum‘sentimento’ mais residencial, ao invés de uma atmosfera comercial–osentimentode‘larforadecasa’.

• Camposdegolfedealtaqualidadenumapaisagemtropical soberba.• Desenvolvimentodamarginal.• Comprastemáticas/defestivaledesenvolvimentos turísticos/residenciais temáticos.• Qualidadedodesigndosquartos,espaçoemobiliáriocom flexibilidade na configuração das unidades.• Diferentestiposdetemasnosquartos–desenhos tradicionais/revestimento de madeira sobre um desenho moderno.• Centroscomerciaisqueofereçampossibilidadesde

compras dentro e ao ar livre, com instalações no local servindo comida e bebida.

• Espaçosaoredordepiscinasparaactividadessociais diúrnas e nocturnas.• Espaçosparaconvençõeseconferênciasdestinadosa reuniões/retiros corporativos.• Programasdeaprendizagemorientadosacriançase

adultos, respondendo ao desejo crescente que as pessoas em gozo de férias possam ter de enriquecerem as suas vidas com experiências de aprendizagem.

• Academiasdesportivas,programasdesaúdeebem-estarfísico, aulas de ténis, visitas à natureza e outras actividades de aprendizagem.

• Paisagismodeboaqualidadeeespaçosdelazercomelementos temáticos incorporados no desenho dos edifí-cios e dos espaços.

• Formasalternativasdetransporte–‘carrosdegolfe’e espaços para ciclismo, para além dos espaços para pedestres.• Asegurançatornar-se-áumfactordodesenho.

O objectivo será providenciar ambiente e experiência singulares e diferentes em estâncias para toda a família.

DIRECTIVAS DEDESENVOLVIMENTO

2

5 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

2.2 Directivas de Desenho

Âmbito das Directivas

Estas Directivas têm como objectivo orientar os planificadores e empreendedores na definição do tipo e intensidade do uso da terra para projectos de desenvolvimento turístico.

As directivas pretendem constituir o requisito mínimo para qualquer tipo de desenvolvimento, de modo a que seja alcançado o padrão previsto para os esquemas turísticos daí resultantes. Em cada caso particular, os investidores terão de definir os seus objectivos específicos ou características de desenvolvimento, de acordo com as suas expectativas e estratégias de marketing. Contudo, as especificações resultantes nunca deverão desrespeitar os padrões mínimos estabelecidos nestas directivas.

Não obstante, e para não restringir, ou mesmo impedir os possíveis contributos criativos ou inovadores dos desenhadores, as directivas para o desenvolvimento não devem ser consideradas regras rígidas, mas sim como tendo um grau de latitude consid-erável, permitindo a interpretação e o ajustamento a situações específicas e às condições do local. Caberá à entidade responsável pela planificação julgar se as diferentes propostas são adequadas, aceitáveis ou mesmo se possuem qualidade, partindo dos critérios de base.

Tipo de Desenvolvimento

Hotel/Estância: tipicamente mais de 4.000 m² de área.

• TipoA–Àbeira-mareemlocaisdegrandevalorambiental.Desenvolvimento de qualidade do tipo pequeno hotel-boutique (3-4 ou mais estrelas) de 15-50 camas e cerca de 400 camas ou mais.

• TipoB–Nointerior(porexemplodoladoopostodaestrada marginal).Locais Padrão (Standard) (2-3 ou mais estrelas) normalmente novos ou reabilitados e utilizados para melhorar o produto existente.

• TipoC–Todasaszonas.Padrão/debaixocusto(2-3 estrelas) normalmente um assentamento na orla/exterior.

Apartamento Turístico: os apartamentos estão apetrechados/do tipo self catering.

• TipoA–Àbeira-mar• TipoB–Nointerior• TipoC–Dentrodeassentamentospopulacionais

Factores do Desenho

Altura dos Edifícios: Medida em número de andares e altura em metros. São impostas restrições adicionais à proporção do volume do edifício, que poderá atingir a altura máxima expressa como uma percentagem da área total do edifício. Esta directiva pretende promover a variedade no volume e forma dos edifícios. A altura máxima estará também relacionada com a localização, as características de construção existentes e as características naturais.

Cobertura dos Terrenos: A percentagem da área que pode ser coberta por edifícios ao nível do terreno.

Dimensão Mínima dos Quartos: A área líquida de um quarto duplo típico, excluindo a casa de banho, a varanda, o salão de entrada, etc. Sublinha-se que este número é uma norma mínima absoluta, devendo ser consideradas áreas de maior dimensão até 30 m².

No caso dos hotéis/estâncias do Tipo C, as directivas podem ser aplicadas no geral para a maior parte dos sítios do interior, mas com ênfase no tipo de desenvolvimento, localização e condições deste. Por exemplo, para o desenvolvimento de pousadas ao longo do Lago Niassa, podem ser impostas restrições em termos de altura máxima, de modo a serem respeitadas as características naturais, como por exemplo edifícios de um único andar. É aceitável que haja maiores densidades nos centros das cidades.

Hotel/Estância Tipo A Tipo B Tipo CAltura máxima do edifício G+1+50% (G) G+2+50% (G) G+1+50% (G)Altura máxima do edifício em metros 13m 18m 13mCobertura máxima do terreno 20% 40% 25%Tamanho mínimo dos quartos (quarto duplo, área líquida do quarto)

18 sq.m 14 sq.m 14 sq.m

Apartamentos Turísticos Tipo A Tipo B Tipo CAltura máxima do edifício G+1+60% (G) G+2+60% (G) -Altura máxima do edifício em metros 13m 18m -Cobertura máxima do terreno 25% 40% -Tamanho mínimo dos quartos (quarto duplo, área líquida do quarto)

14 sq.m 12 sq.m -

PARTE 2

6 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Directivas Associadas

Distância Regulamentar no Litoral: Os edifícios e as estruturas devem estar localizados o mais distante possível da marginal. A distância regulamentar da Marca da Maré Alta deve ser determinado sítio por sítio, respeitando-se, contudo, um minimo de 30 metros (nas zonas costeiras baixas, esta distância pode ser aumentada para 100m). O espaço de praia em frente ao hotel pode ser utilizado como praia reservada ao hotel em questão, na condição de que uma área não inferior a 15 metros da linha da costa esteja livre de obstáculos. Todas as instalações contidas neste espaço reservado devem ser móveis e/ou removíveis.

Distância Regulamentar da Estrada e do Limite: Esta distância deve estar de acordo com as directivas do planeamento físico.

Parque de Estacionamento para Viaturas: As directivas acima indicadas permitem 1 espaço por cada 3 quartos e 1 espaço por apartamento.

DISTÂNCIA REGULAMENTAR DOS EDIFÍCIOS ALTOS A PARTIR DA COSTA

PROMOVER A VARIEDADE NOS VOLUMES E FORMA DE CONSTRUÇÃO

MARCA DA DISTÂNCIA REGULAMENTAR DA MARÉ ALTA A SER DETERMINADA NO SÍTIO

CHÃO MAIS 2

CHÃO MAIS 1

7 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

PARTE 2

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e8 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Para ilustrar o processo, é apresentado um exemplo das diferentes etapas da planificação e desenho referentes a uma estância hoteleira indicativa dentro de um desenvolvimento integrado.

3.1 Análise Física

É crucial que haja consultas com o Governo e outras instituições relevantes no processo de planificação. Taos consultas permitirão aos investidores avaliarem se uma proposta é compatível com as intenções de planificação da zona, padrões de desenvolvimento circundantes, acesso e prestação de serviços. A consulta às comunidades é também essencial para que uma proposta de desenvolvimento possa merecer o apoio local.

Todos os planos de desenvolvimento serão avaliados não apenas com base nas suas características iniciais, mas também nos seus efeitos prováveis sobre os recursos fora de um determinado sítio destinado a desenvolvimento.

A fase de análise é, portanto, crucial e deve tomar em consideração os seguintes aspectos:

Localização do Sítio

As Áreas de Acção do Turismo apresentadas na Parte 1 assumem as suas próprias características. Isto deve ser reconhecido no posicionamento das futuras estâncias integradas.

A seguir é apresentado um guia para o processo de planificação e desenvolvimento, bem como questões relevantes para os investidores e o Governo em cada etapa.

Não se enfatiza uma solução previamente estabelecida para cada sítio ou projecto de desenvolvimento, mas sim um processo, através da análise do sítio e do mercado, planificação conceptual, implementação e gestão para se se conseguir um projecto sustentável de desenvolvimento turístico de qualidade.

O Processo pode ser descrito em termos de:

• AnáliseFísica.• AnálisedoMercado.• DesenvolvimentodoConceito.• ElaboraçãodoPlanoDirector.• DesenhoDetalhado.

Os investidores que pretendam melhorar, reposicionar ou desenvolver novos projectos turísticos devem seguir este processo.

O PROCESSO DE PLANIFICAÇÃO

3Plano Director Integrado

ANÁLISEInventário

Factores Socio-económicosPotencial da Terra

Equiparação do Mercado

DESENVOLVIMENTO DO CONCEITOAlternativas / Opções

Programa de Desenvolvimento

PLANO DIRECTORPrograma de Desenvolvimento Detalhado

Estratégia de ImplementaçãoPlano de Gestão

DESENHO DETALHADOArquitectura

Desenho PaisagísticoMobiliário de Ruas

Compatibilização do Mercado

IMPLEMENTAÇÃOGestão do Projecto

OperaçãoGestão

O LOCAL O MERCADO

9 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Contexto do Desenvolvimento

O reconhecimento da área circundante do sítio permite a criação de um projecto singular e apelativo que é a essência de um desenvolvimento turístico de sucesso. Questões ambientais, a paisagem, a poluição, a escala do desenvolvimento adjacente e nas áreas circunvizinhas são aspectos que requerem muita atenção. Por exemplo, é provável que o desenvolvimento tenha mais sucesso se puder manter o sentido de identidade com a área e não contribuir para o surgimento de conflitos locais, nem constituir uma carga adicional para a comunidade.

O Sítio

A importância atribuída a uma correcta análise do sítio reconhece a relevância da sensibilidade e da resposta às questões ambientais. A análise do sítio deve incluir a investigação e a resposta a uma grande diversidade de factores e questões ambientais.

Para ilustrar o processo de planeamento e desenho foi seleccionado um sítio na costa, localizado dentro da área global integrada destinada a estâncias turísticas.

Capacidade

Cada sítio possui uma capacidade de carga de desenvolvimento, por mais difícil que seja a sua determinação. Uma análise detalhada do sítio deve determinar esta capacidade com base na sensibilidade dos seus recursos e da costa. Nota: Nos casos em que se proponha o estabelecimento de um campo de golfe, o sítio deve ter condições para acomodar confortavelmente esta actividade. Um bom campo de golfe de 18 buracos, com as características que lhe são inerentes, deve normalmente ocupar entre 80 a 100 ha. Se se acrescentar o desenvolvimento da estância e das casas independentes, a área total poderá ser superior a 400 ha.

O LOCAL

Eliminação dos resíduos

Efluentes dos esgotos

Maior uso recreativo

Procura para fins comerciais

Drenagem das águas pluviais

Maior tráfego

Procura de Empreago

Local da Estância Hoteleira

Possível acesso principal ao sítio

Comunidade existente

Zonaarborizadacomligeirainclinação–vegetaçãodequalidadeexcelente–oportunidades de ecoturismo

Zona húmida sensível –mangaisrobustos

Parque abrigado com arestadura–marina

Vista panorâmica excelente a partir de encostas e solos estáveis

Foz de um pequeno rio para o mar

Praia existente em bom estado e estável

Comunidade existente –boafontedeemprego local

Autoridade das águas existente

Zona relativamente plana com um bom sistema de drenagem

PARTE 2

10 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Valor da Paisagem e Ecológico

É importante efectuar uma avaliação ambiental exaustiva do sítio e da zona que o circunda. Deve-se manter o máximo de vegetação naturalizada possível, como forma de garantir a biodiversidade e a integridade do sítio. A vegetação local pode sugerir temas singulares que podem oferecer boas oportunidades de design. As características naturais que não podem ser construídas, tais como afloramentos rochosos e grupos de árvores adultas, podem ser reservadas como espaço aberto e tratadas como comodidade e recurso para o desenvolvimento do carácter distintivo do novo sítio, bem como para preservar os habitats naturais da fauna bravia. Manter a fauna bravia próximo dos centros de actividade humana pode melhorar a experiência dos visitantes.

As paisagens que se podem usufruir são cruciais e enriquecem a experiência dos visitantes. A utilização do sítio deve maximizar o panorama da natureza.

Encostasíngremescomafloramentosemrocha–vegetaçãoexcelente de elevada biodiversidade

Zona com ligeira inclinação e cercada

Boa vegetação

Praia estável e de boa qualidade e desenvolvimento de duna

Pequena península

Local histórico

Orla da colina estável

Zona aberta com uma ligeira inclinação que possui solos estáveis e árvores e com vista para o mar

Vista panorâmica

Enfatizar as características significativas do sítio

Vista panorâmica de longa distância enquadrada pela vegetação existente

Proteger zonas com habitats sensíveis

11 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Finanças/InvestimentoApenas os projectos considerados potencialmente viáveis do ponto de vista financeiro e que satisfaçam as necessidades do mercado terão a possibilidade de garantir fundos de investimento para o desenvolvimento.

Conclusão e Recomendações

Os dados físicos e de mercado serão analisados e sintetizados numa definição do potencial de desenvolvimento com base nas oportunidades e constrangimentos do sítio e do mercado. O resumo do desenvolvimento deve procurar identificar os seguintes aspectos:

• Zonasdedesenvolvimentoepreservação.• Conceitosdoprogramaedemarketingpotenciais• Sítiosdedesenvolvimentoespecíficocomuma localização ou características físicas especiais• Dadosadicionais/assessoriaespecializadanecessáriospara uma planificação e design mais detalhados.

3.2 Análise do Mercado

O desenvolvimento do turismo requer uma planificação sólida das actividades visando gerir o ambiente de uma maneira sustentável, satisfazer as necessidades do mercado e gerar lucros a longo prazo. Uma planificação cuidada e uma pesquisa de mercado adequada contribuirão para transformar um novo empreendimento turístico ou uma estância já existente num projecto bem desenhado, orientado para o mercado e financeiramente viável.

Por exemplo, os empreendimentos de sucesso são os que oferecem o que o mercado procura. As forças do mercado são a espinha dorsal dos projectos turísticos comercialmente bem sucedidos e, por essa razão, é crucial que o processo de planificação envolva, logo à partida, o estudo da viabilidade do mercado para os projectos. As questões a considerar incluem:

Auditoria do MercadoUma avaliação inicial do potencial do destino em termos do número de visitantes, sazonabilidade, duração da estadia, níveis dos gastos e transporte aéreo (lugares nos aviões) para apoiar o projecto proposto.

Previsões de MercadoDevem ser efectuados estudos que permitam fazer previsões do número de visitantes a curto e longo prazos, de modo a incluir potenciais volumes por área geográfica e características demográficas. Estas previsões devem ter em conta a actividade de marketing (actual e proposta), condições socio-económicas, tendências de viagens, preferências de destinos e estilo da estância.

Análise CompetitivaEsta análise irá indicar a dimensão, posicionamento e faseamento mais apropriados. Deverá ser efectuada uma análise das características dos projectos, tais como como localização, instalações, qualidade/posicionamento, políticas de preços, ligações, níveis de ocupação e receitas, bem como a capacidade presente e futura, tendo em conta a concorrência local e estrangeira, Por exemplo, poderá ser entendido que a existência de muitos projectos de campos de golfe implica que se pretende utilizá-los para a realização de campeonatos. De modo realista existem muito poucas oportunidades. Se esta for a intenção, como é que esta expectativa será materializada.

Necessidades dos ConsumidoresAs previsões do número de visitantes, a mistura de hóspedes, as preferências em termos de actividades e as tendências nas expectativas constituem um ponto de referência para a análise do mercado. De novo, utilizando o golfe como exemplo, muitos projectos sobrestimam as metas a serem alcançadas por este tipo de actividade, o que pode conduzir à incapacidade de se conseguirem retornos nas metas de investimento.

Questões Relativas à Terra e ao Litoral

É necessário efectuar uma avaliação detalhada das características do terreno do sítio. As rochas no subsolo e a estabilidade terão um peso importante nos custos e nos métodos de construção. Devem igualmente ser consideradas as condições climáticas, tais como pluviosidade, risco de inundações e vento. Os ventos podem ter um peso importante nos usos da água e no desenho dos sistemas de irrigação.

O tipo de solo, profundidade, padrões de escoamento e possíveis problemas de erosão, assim como as características oceanográficas da lagoa adjacente (onde apropriado), são aspectos vitais a serem tomados em consideração na gestão do sítio a longo prazo. Devem ser definidas as zonas destinadas ao desenvolvimento, especialmente ao longo da costa. As zonas sensíveis (praias, zonas húmidas e cursos de água) devem ser protegidas.

Características Históricas

Os sítios do património, históricos e arqueológicos devem igualmente ser identificados. É imperioso que se faça um levantamento arqueológico completo antes do desenvolvimento, com vista a preservar os recursos. Identificados os recursos, estes podem ser incorporados como um instrumento educacional ou interpretativo. Caso os recursos sejam descobertos durante as actividades de construção, o trabalho deve ser interrompido e o sítio reavaliado.

Zona 2 Vegetação da praia

Zona 1 Praia

Mangal

Coral

Zona 3: Desenvolvimento– zonas geralmente planas sem habitats naturais críticos ou encostas íngremes

Zona 2: Zona tampão de protecção– zona menos sensível, mas é necessária zona d protecção

Zona 1: Altamente sensível –habitats críticos (recifes de corais, mangais, praias, encostas íngremes

Zona 3

Potencial de desenvolvimento Zona1–ExcelenteZona2–AdequadaZona3–Marginal

PARTE 2

12 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3.3 Desenvolvimento do Conceito

Este pode ser descrito de forma geral como o estágio conceptual, de design e de criação da imagem do projecto, que assenta sobre a análise física e do mercado.

Pela sua própria natureza, os hotéis e estâncias turísticas em Moçambique muitas vezes terão recursos naturais sensíveis, como é o caso da zona costeira. O que pode ser aplicável a um projecto pode ser inaceitável para outro. Por isso, devem ser estabelecidos princípios sólidos de design, como forma de encorajar uma abordagem distintiva e inovadora na abordagem das futuras tendências e oportunidades do mercado.

Esta etapa do projecto irá, portanto, incluir:

• Atestagemdecenáriosdedesenvolvimentoeconceitosdeprogramas alternativos (hotéis, centros comerciais, casas do tipo villas e apartamentos, campos de golfe, actividades desportivas, etc.).

• Ainterpretaçãoeoaperfeiçoamentodoprograma.• Adefiniçãodecritériosenormasapropriadosdedesign,

e a preparação de estudos alternativos do carácter distintivo do conjunto arquitetónico para o projecto.

• Apreparaçãodeestudosdetalhadosaincluiroseguinte:recursos geológicos, recursos hídricos naturais, serviços públicos, circulação de viaturas, realinhamento de estradas e infra-estruturas relacionadas, engenharia das praias, materiais e fontes de construção e material paisagístico.

As questões ligadas ao planeamento incluem:

Zoneamento

Corresponde à distribuição e relação de comodidades e instalações num sítio e entre sítios, bem como a relação entre estas. Estas devem ser organizadas de modo a maximizar o potencial do ambiente do sítio e desenhadas de forma a apresentarem um aspecto unificado e coeso. Uma maneira de atingir este objectivo seria a separação do desenvolvimento global em elementos mais pequenos e a utilização do paisagismo para ligar os edifícios e proporcionar um tema ou imagem consistentes.

Por exemplo, quando as estâncias turísticas estão em conformidade com a configuração do terreno e a localização das árvores, é mantido o carácter da paisagem existente.

Podem ser utilizadas zonas tampão naturais e pequenas áreas de descontinuidade para criar condições de privacidade, ao invés de zonas criadas artificialmente através de plantio e desbravamento. A topografia elevada e a vegetação densa podem proporcionar meios naturais de separação das componentes do sítio.

Acesso e Circulação

Acesso aos SítiosO acesso aos sítios refere-se não apenas à maneira como se entra fisicamente nos empreendimentos turísticos, mas também a toda a experiência vivida a caminho do mesmo. Outros aspectos que incrementam a experiência do acesso a um sítio incluem:

• Selecçãodecorredoresparalimitarosimpactosambientaise controlar o desenvolvimento ao longo do corredor que conduz à estância.

• Criaçãodeansiedadeedramaatravésdepaisagensdefundo, atraindo as atenções para as características da paisagem ao longo da rota de acesso.

• Criaçãodeentradassequenciais.• Criaçãodeumasensaçãodechegadaaodestino.

Villas na parte frontal do campo de golfe

Plano da rota do campo de golfe

Villas Sítio do Hotel

Vivendas /apartamentos

Afloramentos rochosos

Árvores adultas

Sítio destinado ao desenvolvimento

Afloramentos rochosos existentes

Vistas panorâmicas de longa distância

de entrada para o desenvolvimento

Afloramentos em rocha existentes

Características do sítio

A experiência ao longo da rota

13 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Serviços

Os serviços devem ter pouco ou nenhum impacto visual ou audível nos visitantes e residentes das estâncias. A segurança, qualidade visual, ruído e odor são factores a considerar quando se seleccionam locais para os serviços e instalações de apoio. Estas áreas devem estar separadas das áreas de circulação e uso públicos.

Plano Director Preliminar

Após a avaliação dos conceitos iniciais, é definida a direcção do desenho. Os ajustamentos por cada disciplina são, então, incorporados no plano.

Espaços Abertos e Paisagismo

Os espaços abertos devem ser utilizados como uma forma de criação de valor, não devendo ser tratados como espaços restantes. As áreas de armazenagem de água podem ser integradas no desenho dos campos de golfe e ser concebidas para criarem motivos atractivos que tenham como base a água. O paisagismo deve ser usado para reforçar e melhorar as características distintivas do desenvolvimento - por exemplo, deve-se ter em mente que num projecto turístico, ao pagarem, os hóspedes estão adquirindo um ambiente e não uma colecção de edifícios.

CirculaçãoO desenvolvimento de um sistema coordenado de circulação de viaturas e pedestres é crucial. Para o desenvolvimento de campos de golfe/casas do tipo villas, o layout deve tentar conseguir um equilíbrio entre a eficiência (arranjo espacial, infraestrutura) e o desejo de criar um local atractivo para se jogar golfe e para se viver. Por exemplo, os terrenos estreitos e longos são muito eficientes em termos de infraestrutura, mas conferem um ambiente monótono e nada atractivo, enquanto que os pátios ou agrupamentos criam um ambiente protegido e formam espaços coerentes, maximizando a parte frontal dos campos de golfe.

Centros de Actividade e outras Instalações

Estas áreas podem ser utilizadas para desenvolver pontos focais de actividades dentro do empreendimento. As ligações entre estas áreas muitas vezes tornam-se a estrutura subjacente do plano director. Contudo, é imporante a localização das instalações, caminhos e estradas de modo tal que desvie o uso para fora des áreas sensíveis, tais como habitats críticos.

Devem ser evitados conflitos entre as diferentes formas de uso.

O estacionamento deve ser concebido de modo a minimizar o impacto dos automóveis normais, táxis, autocarros e viaturas de serviços, tanto dentro da área do projecto como nos casos em que estes se encontrem escondidos da área da estância.

Salão de entrada (lobby) e salas de reuniões

Restaurantes com base em temas

Quartos do hotel

Parque de estacionamento

Subdivisões do terreno

Quartos do hotel

Área da piscina do hotel

Zonas de armazenagem de água dentro de um campo de golfe

PARTE 2

14 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3.5 Detalhes do Desenho

A análise do sítio, o desenvolvimento do conceito e o processo de elaboração do plano director não deverão indicar o estilo arquitectónico e paisagístico, mas os aspectos da análise devem apoiar as várias decisões relativas ao design.

Arquitectura

As características climáticas estabelecem os factores básicos que devem ser considerados em termos de características dos edifícios relacionadas com a arquitectura das estâncias turísticas num clima tropical.Moçambiquenãopossuiumestilovernáculoespecífico–os edifícios representam uma mistura de culturas.

Contudo, é particularmente importante conseguir um elevado padrão de desenvolvimento utilizando factores fundamentais que afectam o desenho dos edifícios tropicais.

Imagem Esta deve ser estabelecida na fase de planificação, em resultado da análise física e do mercado. Cada sítio possui características singulares e, por essa razão, deve influenciar a sua própria imagem característica.

3.4 Elaboração do Plano Director

Com base nos planos do uso da terra, no produto baseado no mercado e nos programas de estruturas desenvolvidos na fase do desenho conceptual, esta fase de elaboração do Plano Director deve incluir um programa de desenvolvimento detalhado que tome em consideração as oportunidades e constrangimentos de mercado, financeiros e de planeamento do sítio.

O Plano Director deve ser uma expressão inovadora de uma planificação e desenho abrangentes, devendo ainda ser financeira e economicamente sólido e viável. O Plano Director deve incluir os seguintes aspectos: • Descriçãocompletadoprojecto.• Sectoresdomercado.• Custosdoprojecto.• Planodefinanciamento.• Questõesligadasàimplementaçãodoprojecto.• Projecções/viabilidadefinanceira.

Devem ser preparados material gráfico suficiente e uma análise do mercado/financeira para descrever o projecto. Para além do Plano Director ilustrativo, devem ser reunidos os seguintes documentos:

• Esboçosilustrativos/temáticosquedescrevamanaturezado desenho do empreendimento, bem como o(s) conceito(s) de marketing.

• Plantasdetalhadasdeusotípicodaterra,campodegolfe, produtos e densidades.• Planosdefaseamento.• PlanoDirectordosserviçospúblicosqueindiquea

localização, dimensão e faseamento dos principais sistemas de serviços públicos.

Estes planos e documentos devem ser integrados num Relatório do Plano Director.

Apartamentos

Lago

Vivendas

Piscina

Quartos do hotel

Restaurante

Sala de reuniões /conferências

Salão de entrada (lobby)

Terrenos para villas

Campo de golfe

Quartos do hotel

Piscina

Piscina

Entrada com sapata

Entrada principal

Instalações para conferências

Restaurante com doca para barcos

Salão de entrada do Hotel (lobby)

Sistema de dunas

15 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Vegetação Para além dos elementos acima mencionados, a vegetação pode ser utilizada para abrigo e redução do brilho intenso do sol. O custo de funcionamento dos aparelhos de ar condicionado pode ser reduzido utilizando vegetação para proteger os telhados e as paredes da luz directa do sol. As plantas podem também ser utilizadas para:

• Disfarçarassubestaçõeseoscontentoresdelixo.• Actuarcomobarreiraparaprevenirqueaspessoasse percam.• Travaraerosãodosoloeestabilizarasencostas.• Actuarcomoelementodedefiniçãodoespaço.

A utilização de espécies de plantas naturalizadas pode igualmente reduzir o uso da água.

O tipo de paisagismo conhecido por “Xeriscape” consiste na selecção e estabelecimento de um padrão de zonação de plantas de acordo com as suas necessidades de água. Esta estratégia de design é bastante custo-efectiva, uma vez que a manutenção e a rega são minimizadas. É também, em princípio, uma alternativa esteticamente válida e ecologicamente adequada, uma vez que as plantas são seleccionadas de modo a estarem em harmonia com o seu ambiente. Os projectos paisagísticos devem, portanto, tentar agrupar as plantas de acordo com as suas necessidades de água e de manutenção da seguinte maneira:

1. Zonas exóticas/ornamentais, tais como espaços públicos abertos, pátios, pontos focais, etc. Introdução de plantas ornamentais que necessitarão de um alto nível de manutenção e irrigação permanente.

2. Zonas de transição entre a paisagem natural e ornamental, tais como as delimitações dos empreendimentos, as estradas, etc. Plantas naturalizadas e resistentes que necessitarão de alguma manutenção. A rega pode ser necessária. Não é necessária irrigação permanente.

MateriaisEstes devem reflectir a imagem do empreendimento, o conceito visual, o enquadramento do sítio na área e o grau de harmonia. A utilização de materiais e mobiliário de alta qualidade, as estradas, passadeiras e superfícies em espaços abertos, as estruturas de sombra, a vedação, as paredes, a iluminação, os corrimões, etc. podem fazer uma grande diferença na qualidade do empreendimento.

Arquitectura da Paisagem

Uma das características de marketing mais fortes para os empreendimentos turísticos é a qualidade do ambiente. Os empreendimentos de sucesso combinam cuidadosamente a paisagem e a arquitectura, como forma de obterem um carácter distintivo consistente, unificado e singular do projecto.

As questões a considerar no caso de estâncias turísticas incluem de modo particular o seguinte:

Desenho TemáticoEste aspecto deve estar relacionado com os elementos do planeamento e arquitectónicos. Por exemplo, o uso de grandes pedras, afloramentos rochosos e árvores locais podem proporcionar um sentido de enquadramento e integração com a paisagem existente, enquanto que os pátios exuberantes podem contribuir para prolongar para fora os espaços interiores.

Espaços AbertosCada estância requer uma certa forma de espaço aberto Adequado, que deve ser dedicado ao uso e comodidade de todos os visitantes. O ideal é que estes espaços abertos estejam localizados entre a vegetação e as configurações de terreno já existentes. Mesmo os mais pequenos aglomerados de plantas podem, se forem bem concebidos, conferir um elemento de forma, textura, sombras, fragrâncias e cor. As pessoas desfrutarão dos espaços exteriores para uma recreação passiva e socialização num clima à luz de sol se o espaço tiver boas sombras e estiver correctamente orientado. O uso correcto da água - visulaização e seus sons, pode enriquecer imenso os prazeres do ambiente e da estância turística, e ser empregue para arrefecer o ambiente.

Forma e Layout da ConstruçãoÉ aceitável que a maior parte dos quartos tenha aparelhos de ar condicionado, mas os hóspedes devem também poder beneficiar da brisa exterior. O principal objectivo é permitir que a brisa se faça sentir nos edifícios comuns sem aparelhos de ar condicionado e nos espaços exteriores.

É muito importante que a orientação e a construção dos edifícios sejam concebidas de modo a explorar ao máximo o movimento do ar. Os principais factores a considerar são os seguintes:

• Osprincipaisedifíciosdevemserdesenhadosdemodoa apresentarem um plano alongado e relativamente aberto, com quartos geralmente distribuídos em filas simples, para permitir a ventilação cruzada e a penetração da brisa.

• Apartehabitacionalprincipaleosespaçoscomuns devem ser acessíveis a partir de varandas ou galerias abertas.• Ascoberturassalientesouosamplosbeiraissuspensos

devem dar sombra à varanda ou ao espaço exterior e às áreas de circulação. As estruturas de sombra podem proporcionar protecção essencial e uma forma de definir características arquitectónicas distintas.

• Deveserconsideradaapossibilidadedeconstruçãode tectos altos ou de utilização de tecto duplo. • Oidealéqueaaberturaparaasjanelastenhaemcontaa

luz do sol, isto é, a integração de estruturas de sombra que minimizem a radiação directa, atenuem o brilho intenso do céu, permitam uma iluminação natural adequada e permitam igualmente desfrutar da paisagem exterior.

• Ousodaáguatambémpodeserempreguepara reduzir a temperatura ambiente.

Controlo do sol, redução do brilho excessivo do sol através do paisagismo

Telhado com isolamento

Abertura / terraço protegido

Tecto alto com ventoinha

Ventilação cruzada

Janelas protegidas com persianas

Fonte de água

Brisas

Opção do design do edifício para permitir uma ventilação natural

Protecção do sol e do brilho excessivo

Protecção do vento e da chuva

Protecção dos ruídos, da poluição e das vistas pobres do ponto de vista estético

Encostas estáveis

PARTE 2

16 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3. Zonas naturais, com paisagens naturais tais como as praias, matas, etc. Plantas indígenas que irão crescer no seu ambiente natural e que podem ser utilizadas para recriar o habitat nativo. Estas plantas não precisam de muitos cuidados e uma vez bem estabelecidas no solo, resistem à seca. A maior parte das plantas nesta categoria pode ser usada nas zonas semi-secas/de transição e exóticas/ornamentais.

As plantas podem ainda ser subdivididas de acordo com:

• Altura(árvore/palmeira,arbustos,pequenosarbustos/ cobertura rasteira do solo, trepadeiras e plantas de realce).• Característicasbotânicas,aplicaçõesemdesignetolerância à seca, vento e sal.

Paisagismo com Materiais RígidosA selecção dos materiais destinados a este tipo de paisagismo depende do objectivo. A selecção dos materiais ajuda a definir mudanças de uso (viaturas/pedestres), nível, propriedade e abordagens para os pontos focais. Deve-se prestar atenção à cor, padrão, ruídos, luz do sol, calor e manutenção.

Estruturas Removíveis da Via Pública (Street Furniture)

A qualidade geral de qualquer desenvolvimento depende de um desenho harmonioso de todos os aspectos, segundo uma abordagem global. Por exemplo, detalhes não devidamente considerados podem ter um impacto desfavorável na impressão geral de um projecto. Os elementos que carecem de atenção particular nos projectos de estâncias turísticas incluem:

Painéis Publicitários e de Informação Os painéis publicitários não devem dominar nem bloquear a paisagem. São mais eficazes se for usado um desenho simples, de fácil leitura, e se os materiais e cores escolhidos se misturarem na conjuntura natural. Os letreiros exteriores são uma boa forma de apresentar a flora e a fauna locais ao visitante.

3.6 Operações e Gestão

Uma correcta planificação e desenho de uma estância turística só surte efeito se a operação e gestão da referida estância forem igualmente adequadas. O desenvolvimento sustentável requer um programa contínuo de gestão ambiental, abarcando as áreas de sensibilização para as questões ambientais, boas práticas, formação de quadros, educação dos visitantes e procedimentos de monitoria e avaliação ambiental.

Consciencialização Ambiental

A sensibilidade para as questões ambientais é cada vez maior em todo o mundo e um número crescente de turistas é atraído para destinos que protegem o meio ambiente. A promoção do desenvolvimento sustentável em Moçambique só pode trazer consigo resultados positivos. Pode criar as bases para o alcance da sustentabilidade na planificação e concepção das unidades turísticas, encorajar a tomada de decisões responsáveis relacionadas com conservação de energia e água, gestão dos resíduos, bem como enfatizar a importância da biodiversidade.

Gestão Ambiental Uma abordagem proactiva de gestão ambiental pode incluir o compromisso de melhoria contínua nas áreas de gestão do turismo. Devem ser celebrados acordos de cooperação possíveis entre o governo, os operadores turísticos e a comunidade, em matérias tais como patrocínio da gestão ambiental e/ou actividades de educação em conservação e monitoria de áreas ecologicamente sensíveis.

Formação de QuadrosA produção de um manual ou plano de gestão ambiental constitui um factor essencial no desenvolvimento de uma abordagem proactiva. Uma política ambiental ou um código de ética claro que seja adoptado e endossado pela gestão garante o cumprimento das normas de gestão ambiental. Esta política assegura que o pessoal chave assuma as suas responsabilidades em relação ao ambiente, associada à formação e procedimentos de comunicação empregues para informar e sensibilizar os trabalhadores a respeito da mesma.

A definição de uma política pode incluir objectivos e metas realistas de gestão ambiental. Podem ser especificados procedimentos e metas para as questões ambientais, tais como protecção do ambiente, gestão e reciclagem de resíduos, conservação da energia e água, educação e pesquisa, políticas de aquisição ou limpeza, paisagismo e educação dos visitantes.

Iluminação A iluminação deve ser escolhida de modo a enfatizar o estado de espírito, os temas e criar um ambiente relaxado. O céu pode apresentar-se dramático à noite. A intrusão e o brilho intenso da luz podem ofuscar a já fraca visão nocturna. Por essa razão, é necessário limitar a iluminação nocturna ao mínimo necessário, por uma questão de segurança. Os objectos fixos de iluminação devem situar-se próximo do chão para minimizar a ofuscação ao nível da paisagem.

Manutenção

Um programa de manutenção realista é crucial na promoção e sucesso contínuos da imagem de um projecto. É preciso ter em mente que até mesmo os edifícios de melhor design podem ser seriamente comprometidos por uma iluminação de má qualidade.

O reconhecimento da estreita ligação existente entre o meio ambiente e a viabilidade económica a longo prazo irá promover o empenho visando uma melhor gestão ambiental do desenvolvimento turístico.

As práticas efectivas de gestão ambiental poderão implicar programas de reciclagem e gestão de resíduos, conservação de energia e água, formação de quadros, bem como educação e envolvimento dos visitantes.

A monitoria das fases de construção e operação do projecto podem melhorar a eficácia das práticas de gestão ambiental e minimizar os impactos ambientais ou sociais adversos.

Plantio de Xeriscape

PRAIA

JARDIM

ÁREA DA PISCINA E RECEPÇÃO DO HOTEL

PARQUE DE ESTACIONAMENTO, TÉNIS

SERVIÇOS, JARDIM EXTERIOR

17 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Para o caso dos projectos turísticos de grande escala poderá ser necessário empregar um oficial ambiental para estabelecer os procedimentos ambientais, bem como supervisar e monitorar a sua implementação. Consequentemente, o impacto do desenvolvimento do turismo no ambiente circundante pode ser monitorado. A formação de quadros irá assegurar a melhoria do desempenho ambiental. Incentivar a inovação dentro do projecto e no seio dos trabalhadores irá encorajar a introdução de melhorias na gestão e desempenho ambiental.

Educação dos VisitantesEm projectos turísticos adequadamente planificados, muitas vezes o trabalho ambiental faz parte do pacote de marketing, à medida queosconstrangimentosambientais–taiscomocaracterísticasdapaisagem,recursoshídricosdointerior,pássaros–sevãomisturando com o desenvolvimento e, gradualmente, vão fazendo parte das atracções turísticas.

Monitoria e Avaliação

Sempre que possível, devem ser recolhidos dados de referência antes do início de qualquer construção ou desenvolvimento. Se o empreendimento já estiver a operar há algum tempo, pode ser útil a realização de uma auditoria ambiental, ou uma auditoria de alguns aspectos ligados ao desempenho (tais como a conservação da energia e água e sua eficiência, ou práticas de gestão dos resíduos) para providenciar dados de referência e identificar áreas específicas em que a existência de práticas alternativas possa con-tribuir para um melhor desempenho ambiental.

Um programa de monitoria deve registar os requisitos reguladores e estabelecer metas ou padrões realistas de gestão e desempenho, como por exemplo: reduzir em 10% o consumo de energia eléctrica.

O programa deve ainda definir indicadores de desempenho que sejam fáceis de medir e permitam identificar problemas específicos que impeçam o alcançe de metas específicas. Será necessário estabelecer um sistema de recolha regular de dados, manutenção de registos e procedimentos de prestação de contas, para avaliar o desempenho real.

3.7 Lista de Verificação para os Gestores

A inclusão das ideias de acção ambiental que se seguem no desenho e gestão dos hotéis e pousadas (lodges) não só terá um impacto positivo no ambiente circundante, como também irá criar oportunidades de redução significativa de custos e posicionar estrategicamente o projecto turístico, permitindo-o atingir o mercado de consumo viável e crescente para o desenvolvimento de um turismo sustentável.

Gestão • Trabalharcomanatureza,aoinvésdeignorá-lanafase

de design, instalação ou modificação de sistemas e estrutu-ras das instalações turísticas

• Incentivarummaiorníveldeenvolvimentolocalnaplanificação, desenvolvimento e operação das instala ões turísticas

• Desenvolverumaformadeexpandiropapeldasinstalações turísticas na comunidade local, de modo a sustentar os interesses ambientais mútuos através de actividades monetárias e/ou cívicas

• Estabelecerumcompromissocomoprogramaambiental ao nível executivo • Realizarreuniõescomostrabalhadoresparasensibilizá-los sobre as questões ambientais• Fortaleceropoderdostrabalhadoresparaa implementação dos princípios ambientais• Realizarumaauditoriaambiental• Plantarárvorespararefrescaroambienteutilizando espécies nativas.

Manutenção• Minimizarautilizaçãodeprodutosdelimpezanão biodegradáveis• Manterosfiltrosdosaparelhosdearcondicionadolimpos• Repararasfugastãocedoquantopossível• Comprartoalhasdepapel,papelhigiénico,filtrosdecafé fabricados à base de papel não branqueado (crú)• Adoptaráreasparaacçõesdelimpeza

Energia/reciclagem/conservação da água• Utilizarosolaoinvésdosecadoreléctricoderoupa• Instalartorneirasechuveirosconcebidosparapouparágua• Manterosedifíciosfrescosfazendousodesombras, persianas, etc. do lado exposto ao sol• Implementarumprogramadereciclagemdaságuas residuais• Empregardispositivosdecontrolodoscomputadorespara poupar energia• Maximizarautilizaçãodaenergiasolar• Apoiaroarranquedeumprogramadereciclagemparaa zona.

Restaurantes/cafés• Minimizarautilizaçãodecopos,chávenasepratosde plástico descartáveis • Minimizarousodeprodutosdelimpezanão biodegradáveis.

Lojas • Minimizaraerossóisquecontenhamfluorocarbonetos• Minimizarprodutosdeespumadepolistireno• Minimizarautilizaçãodesacosdeplásticosempreque possível• Compraragrossosemprequepossível• Imprimirfrasespropagandísticas(slogans)contraolixoea favor da conservação nos cartuchos e sacos de compras• Imprimirfrasespropagandísticascontraolixoeafavorda conservação em vestuário vendido nas lojas• Instalaraparelhosparaesmagarlatas,paraposterior reciclagem das latas de alumínio• Reciclarjornais.

Ideias de interpretação e promoção • Publicarumboletimsobreconservação,quecontenha

matérias sobre como evitar o desperdício (levar para casa os artigos de casa de banho consumidos parcialmente)

• Utilizarcartazessobreaconservação.

PARTE 2

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e18 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Existem muitas definições de design urbano, muitas das quais demasiado complexas. O desenho urbano diz respeito à criação de lugares, isto é, à organização dos edifícios e dos espaços entre eles. O design urbano não é “grande arquitectura”, nem “pouco planeamento”;éasobreposiçãoentreplaneamentoearquitectura–umaactividademultidisciplinarquetemcomoobjectivoproduzirambientes atractivos e práticos.

4.1 Domínio Público

É necessário um esforço contínuo e concentrado para melhorar e manter um lugar físico que seja interessante à vista, distinto, confortável e convidativo para os turistas e para os residentes locais. Este aspecto é particularmente importante para as áreas de valor patrimonial, como é o caso da Ilha de Moçambique.

O domínio público é a parte mais importante de um lugar. É onde os visitantes e a população local se encontram. É definido como sendo as áreas que normalmente se situam entre as fachadas de edifícios reconhecidos. É neste onde ocorre grande parte do contacto e interacção entre pessoas, pelo que o domínio público vai desde as ruas, parques, zonas da cidade destinadas a pedestres, até aos edifícios que os circundam.

4.2 Elemento Chave do Desenho Urbano

Um Local para as Pessoas

Para que tenham sucesso como destino turístico, as áreas turísticas devem ter sucesso como local para as pessoas. Embora uma marginal de características singulares, zonas de património cultural, bom acesso por estrada e estacionamento em locais convenientes constituam um bem valioso, é a qualidade da experiência dos pas-seios a pé numa determinada zona que constitui a medida mais importante do seu sucesso como local.

O local deve:

• Ofereceracessofácil,convenienteecontínuoaospedestrespara efeitos de compras, alojamento, actividades e outros usos.

• Conferirumaltograudecomodidadeeconfortoaosníveis humano, físico e psicológico. • Ofereceroportunidadesdeinteracçãosocial,bemcomo oportunidades para observar a vida do local.• Encorajararealizaçãodeactividadesaoarlivreenuma variedade de espaços públicos.• Incentivarumavariedadequeofereçaoportunidadesde escolha, surpresa e aventura.

Certos tipos de elementos físicos desempenham um papel chave no sucesso do desenvolvimento dos locais:

Caminhos–estessãocanaisdemovimento–ruas,ruelas,estradasprincipais,etc.–emuitaspessoasincluem-noscomoascaracterísticas mais importantes nas suas imagens de um local (por exemplo, as ruelas estreitas das zonas históricas da Ilha de Moçambique).

Nós–osnóssãopontosfocais.

Marcos de Referência–aocontráriodosnós,emquesepodeentrar,os marcos de referência são pontos que a maior parte das pessoas pode viver/experimentar a partir de fora.

Orlas–asorlassãoelementoslinearesquesãoutilizadosparadefinir os caminhos e margem das águas.

Distritos–caminhos,nós,marcosdereferênciaeorlas,todosestesconstituemolocal–aÁreadeAcçãodoTurismo.

As secções que se seguem baseiam-se nestes elementos.

4.3 Espaços

A Praça da Cidade

Cada cidade deve ter um coração. O desenho deste espaço tem uma influência significativa na sua capacidade de atrair e acomodar uma série de actividades. As principais considerações de design incluem a relação entre o espaço público e as ruas adjacentes, o tipo e quantidade de espaço para sentar, o potencial para o uso flexível, o nível do conforto físico e psicológico, bem como o nível de comodidades, incluindo o grau de atenção prestada à qualidade.

DIRECTIVAS DEDESENHOURBANO

4

MARCO DE REFERÊNCIA

VIA DE ENTRADA

EDIFÍCIO DE CANTO

VIA DE ENTRADA

EDIFÍCIO DE CANTO

19 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Relação com a Rua Deve ser providenciada a máxima visibilidade e acessibilidade do espaço público. As pessoas gostam de ver os pedestres a passearem e pessoas visíveis dentro do espaço atraem outras pessoas. A visibilidade é também importante para questões de segurança.

Bancos ConfortáveisUm dos factores mais importantes que influenciam o potencial de utilização do espaço público é o número e a variedade de oportunidades para se estar sentado. Devem ser providenciados muitosespaçosparasentar;umaboaregraquedeveserseguidaéprovidenciar um metro linear de espaço para sentar por cada trinta metros quadrados de praça. O espaço para sentar pode ser integrado no espaço sob a forma de degraus, muros e saliências. Deveserevitadoousodeespaçosindividuaisfixos;orecursoacadeiras móveis, para além dos bancos convencionais, permite aos utilizadores uma flexibilidade máxima para escolherem onde sentar-se e como interagir com outras pessoas.

Utilização FlexívelO desenho da Praça deve evitar ditar utilizações específicas do espaço criando, por exemplo, um anfiteatro que seja utilizado apenas durante períodos limitados de eventos especiais. A praça central também não deve estar apinhada com um grande número de elementos fixos. Devem ser providenciadas amplas áreas pavimentadas onde se preveja a realização de actividades intensivas. Para maximizar a flexibilidade, devem ser evitadas floreiras e outro tipo de estrutura fixa maciça, especialmente no centro do espaço.

ConfortoDevem ser plantadas árvores de porte significativo no espaço público visando criar um sentido de escala e proporcionar sombra. A área localizada por baixo da copa de uma árvore tem a tendência de ser a mais utilizada para actividades informais (encontro com os amigos,pessoasaassistirem,etc.);

Devem ser utilizados materiais de pavimentação com cores escuras para reduzir o brilho e o reflexo do calor. A utilização de materiais de pavimentação especiais irá criar uma sensação de riqueza e de interesse visual. Devem ser utilizadas arte, esculturas e bandeiras públicas para estimular e agradar os sentidos.

Qualidade e SimplicidadeAo desenhar a praça, é importante reconhecer a qualidade de todas as escalas, desde o conceito global até ao mais pequeno detalhe. A mais alta qualidade possível dos materiais e dos detalhes traduzirá a manifestação de preocupação em relação aos valores humanos, assim como a durabilidade e a possibilidade de manutenção. Os elementos básicos tais como pavimento, árvores, bancos para sentar e iluminação devem merecer toda a prioridade.

Outros Espaços Públicos

Os lugares públicos de menor dimensão são importantes para ajudar a construir o foco de identificação especial nas zonas turísticas. Estes espaços públicos podem funcionar como elos de ligação entre as zonas, elementos para definirem a entrada, comodidades e catalisadores do desenvolvimento privado.

Desenho Ao conceber estes espaços públicos de menor dimensão, devem ser aplicados todos os critérios aplicáveis à Praça da Cidade, numa escala que seja apropriada à dimensão do espaço.

Localização A localização dos espaços públicos de menor dimensão é igualmente importante. Estes devem ter uma relação com as ruelas para pedestres e outros espaços públicos, como parte de um sistema integrado. Para além disso, devem estar localizados de modo a capitalizarem a importância e o potencial dos marcos de referência e um maior nível de actividades que terão lugar nos caminhos de intersecção do movimento dos pedestres.

Pequenos Parques

Os parques contribuem para tornar uma zona turística distinta por criarem contrapontos refrescantes à conjuntura urbana. Estes espaços verdes criam oportunidades para a animação informal e desempenham um papel importante na criação de imagem. Ao conceber estes espaços, deve-se enfatizar a criação de relvados de grande qualidade e o plantio de árvores. É recomendável que o desenho do plantio seja informal. A simplicidade no desenho é chave para o sucesso.

A zona da marginal constitui uma oportunidade especial em termos de espaço. A orla marítima serve de atractivo natural para as pessoas e funciona como um recurso recreativo e visual valioso. O espaço aberto e o acesso à água são características que devem ser preservadas ao longo das ruas que terminam na orla marítima.

Espaços Públicos Interiores

Nos desenvolvimentos que terão lugar no futuro, galerias, átrios e arcadas constituem espaços sociais interiores e ligações para pedestres, que contribuem para tornar a área mais interessante e agradável para os que fazem compras, os residentes e os visitantes. A luz, as plantas, os efeitos de água, as montras das lojas e os cafés podem conferir energia a estes espaços, criando uma identidade comercializável para os projectos individuais e uma nova dimensão para uma zona turística. A visibilidade e a acessibilidade a partir da rua são cruciais para garantir que os espaços públicos interiores sejam correctamente utilizados.

Paisagismo

O plantio de árvores nas ruas é uma das características mais importantes da paisagem das ruas de uma zona turística e, provavelmente, um dos melhores investimentos em termos de desenho urbano. Para além de proporcionar uma ligação visual unificadora entre os espaços, o plantio de árvores tem muitas outras finalidades. As árvores plantadas podem criar um microclima exterior conducente a uma vida confortável. Os espaços exteriores devem ter em conta o clima, em especial o calor da tarde, que deve ser minorado pela sombra e abrigo providenciados.

O plantio de árvores pode também:

• Protegerelementoscomoparquesdeestacionamento, edifícios, contentores do lixo e definir a berma da estrada.• Servirparadelimitarespaços,conferindounidadeou ligando o edifício à paisagem.• Criarumavistapanorâmica.• Trazeranaturezaparadeterminadazonaecriarhabitatsde fauna bravia.• Melhoraraeficiênciadeenergiaprovidenciandosombraa edifícios.• Suavizareacalmaroaspectodeumazonaondeexistam superfícies rígidas extensas.• Reduziroefeitodaofuscaçãodaluzdosol.• Reduziraacumulaçãodocalornassuperfíciesrígidas,

que cria desconforto para as pessoas e as plantas. A introdução da água também pode contribuir para “arrefecer” o ambiente.

A escolha de espécies de plantas deve ter em conta a sua capacidade de resistir a condições climáticas adversas de sol e calor, bem como a uma possível escassez de água.

Estacionamento de Viaturas

Um dos aspectos mais importantes para se tornar uma zona turística num espaço de qualidade para as pessoas é a forma como se cuida da questão do estacionamento. Uma zona turística não pode ter uma orientação para pedestres, uma diversidade concentrada de usos ou uma continuidade de actividades ao ar livre se a questão de estacionamento for considerada a mais prioritária. Embora seja essencial espaço de estacionamento conveniente e adequado, este deve minimizar a área necessária.

Para minimizar o impacto do estacionamento na qualidade visual, a parte frontal do estacionamento nas principais rotas e nas principais ruas para pedestres deve ser rigorosamente controlada. Os parques de estacionamento devem ser desenhados de modo a operarem com eficiência, mas o seu aspecto deve, igualmente, ser o mais atractivo possível.

MARCO DE REFERÊNCIA

VIA DE ENTRADA

EDIFÍCIO DE CANTO

VIA DE ENTRADA

EDIFÍCIO DE CANTO

PARTE 2

20 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

As zonas para sentar devem geralmente estar protegidas das principais rotas para pedestres e satisfazer as preferências dos que gostam mais de estar ao sol e dos que optam pela sombra. Se o espaço para sentar estiver localizado na rua, estará melhor que seja numa zona ampla para pedestres, orientada perpendicularmente à estrada, criando assim oportunidade para as pessoas que queiram apenas apreciar o ambiente. É importante que o espaço para sentar seja organizado não obedecendo a uma ordem geométrica, mas antes à maneira como as pessoas irão apreciar o local.

Recipientes para o Lixo

Pode-se criar um vocabulário que alie outros artigos essenciais às estruturas removíveis da via pública, simplificando-se deste modo o problema geral de coordenação. A escolha dos materiais deve estar em harmonia com os materiais dos edifícios locais. Pedra reconstituída ou cimento agregado exposto e fácil de limpar constituem a opção óbvia para as cidades.

A regra óbvia é colocar os recipientes para o lixo próximo dos pontos de produção deste, em posições que permita a sua integração com outros elementos das estruturas removíveis da via públicae onde este possa ser facilmente recolhido.

Suportes e Floreiras

Tal como acontece com os outros elementos, a coordenação e simplicidade são as disciplinas mais eficazes, em particular no que diz respeito ao desenho dos suportes, plantas e floreiras.

Nos sítios em que sejam necessárias barreiras modernas para proteger os pedestres deve-se optar por algo simples, arrojado e robusto. Alumínio com um acabamento adequado, ferro, aço e madeira são as várias possibilidades que podem ser usadas. Um simples tubo de aço dobrado para formar o poste e o corrimão podem constituir uma barreira suficiente em alguns locais.

Publicidade e Painéis

Os painéis publicitários são muitas vezes colocados em locais onde causam obstrução da visão panorâmica, ou então não respeitam os edifícios adjacentes. É importante equilibrar as receitas proven-ientes da publicidade com considerações sobre a paisagem da ci-dade, pelo que os painéis só devem ser colocados onde não criem qualquer obstrução visual. Os locais considerados apropriados para grandes painéis e espaços publicitários visam o seguinte:

• Protegeredifíciosesteticamentepobres• Protegerinfraestruturasdegrandedimensãoepouco atractivas.• Quebraramonotoniadegrandesfachadasvaziasquandoo espaço é desenhado como parte do edifício.

4.4 Estruturas Removíveis e Pavimentação das Ruas

A regra “não é o que se faz, mas sim a forma como se faz” é provavelmente a mais importante no apetrechamento dos espaços urbanos. Os espaços urbanos são as nossas salas de estar fora de casa e a escolha de mobiliário e, em especial, a maneira como ela é colocada, são elementos cruciais para o sucesso ou fracasso visual do meio circundante.

Estruturas Removíveis da Via Pública

Na rua devem ser utilizadas estruturas removíveis (street furniture)e materiais da mais alta qualidade. Os elementos fundamentais de umambientepúblicodequalidade–bancos,árvores,iluminaçãoepavimentação–devemmerecerprimeiraprioridade.A manutenção deve ser considerada com base na estratégia inicial de financiamento de capital.

Foram definidos cinco critérios, os quais devem ser considerados no processo de selecção das estruturas removíveis da via pública.

A adequação para o efeito é claramente um factor crucial. A sinalização tem o tamanho suficiente ou é demasiado grande para a sua função? Os bancos são confortáveis e têm um bom aspecto?

O tamanho e a escala são aspectos que nem sempre são devidamente considerados na selecção das estruturas removíveis da via pública.

Os materiais e o seu impacto psicológico são importantes. Um banco de cimento parecerá, certamente, mais pesado que outro de madeira, mesmo que os dois sejam do mesmo tamanho.

A manutenção é claramente um factor importante.

O equipamento e acessórios merecem consideração, na medida em que a multiplicidade de usos e a flexibilidade podem melhorar a versatilidade e reduzir o número e diversidade de suportes necessários.

Lugar para Sentar

Embora um amplo espaço adequadamente concebido para as pessoas se sentarem seja importante para aumentar o nível de conforto de uma zona turística, a rua nem sempre é o melhor local para tal. As oportunidades para sentar podem ser criadas no desenho dos edifícios, parques e praças utilizando-se saliências, degraus e muros, ou mesas e cadeiras móveis e bancos mais convencionais.

Todo o tipo de publicidade deve estar sujeito a um controle rigoroso.

Pavimentação

A escolha da superfície constitui um elemento crítico. A selecção deve estar relacionada com os utentes da área, como por por exemplo, o movimento de viaturas, os pedestres, a utilização dupla, os espaços para sentar, o espaço de estacionamento e o espaço para o plantio de árvores, devendo ser esta ser consistente. Os materiais e o aspecto dos edifícios que a ladeiam devem ser tomados em consideração. É uma questão de utilização equilibrada, mantendo qualidade física em termos da durabilidade, textura e padrão.

Os desenhadores e arquitectos por vezes caem na armadilha de considerarem o planeamento do espaço para pedestres em duas dimensões–comoumaplanta–normalmentefacultandoumdesenho interligado e geométrico no pavimento. Este é um aspecto que é tratado com apatia pelos verdadeiros utentes das zonas para pedestres. Deve-se fazer menos e melhor, ao mesmo tempo que se criam ambientes simples, não congestionados, mas de alta qualidade.

O objectivo deve ser melhorar e complementar as estruturas existentes, ao invés de exibir um virtuosismo visual excessivo, que pode, algumas vezes, depreciar o panorama existente.

Ruas Memoráveis

Uma série coordenada de melhorias pode atribuir a uma zona turística um carácter especial e acolhedor, sendo que a utilização de desenhadores e artistas locais pode produzir muito a partir de recursos financeiros limitados. A arte pública incluindo a utilização de esculturas, fontes e trabalho gráfico nos edifícios pode tornar-se um dos temas de identificação de uma zona turística. Até ascomponentesutilitáriasdoambienteurbano–caixasdeinspecção, bocas-de-incêndio, vedação e sinalização/painéis publicitários–podemtornar-seartequandocuidadosamenteconcebidos.

Para além de apoiar a identidade da parte baixa da cidade, a arte pública pode contribuir para humanizar o ambiente. Pode introduzir um sentido de humor e adicionar significado à zona. Bandeiras, cartazes, novos painéis e toldos ou coberturas de cores garridas podem contribuir para tornar o local mais memorável, amigo do utilizador e agradável de se visitar. As luzes das estradas e os efeitos especiais de iluminação a um custo relativamente baixo podem fazer edifícios comuns parecerem mágicos e contribuir para fazer com que a zona pareça mais alegre e segura à noite.

21 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

4.6 Iluminação das Zonas Turísticas

A iluminação dos espaços e dos edifícios é uma forma de arte mas, ao mesmo tempo, uma ciência com muito mais características intrínsecas do que apenas escolher padrões de candeeiros atractivos e calcular o espaço adequado para os mesmos. O verdadeiro desafio é entender o que realmente se pretende alcançar. Por exemplo, queremos mesmo que cada rota seja iluminada com a mesma intensidade luminosa de brilho? Seria melhor possuir uma iluminação ao longo de uma rota que aumentasse gradualmente até um máximo? A luz pode mudar de cor–paraassinalaralgumacoisa.Temosalgunsedifícioschaveespeciais que, se forem iluminados correctamente, podem melhorar a imagem da zona.

O desenho correcto da iluminação de exteriores exige uma sensibilidade especial em relação às qualidades do local.

Iluminação de Edifícios

Os edifícios históricos, com ricos detalhes arquitectónicos e pontos de foco podem tornar-se de realce proeminente quando iluminados à noite. Os novos edifícios de interesse arquitectónico devem articular-se à noite através de iluminação apropriada. Os investidores e arquitectos devem ser encorajados a considerarem a contribuição nocturna do edifício logo numa fase inicial. Os edifícios destinados ao entretenimento são uma chave para a utilização nocturna e, por isso, necessitam de uma apresentação acolhedora e resplandecente após o escurecer.

Em conjunto, a água e a luz criam uma imagem memorável à noite. Os novos desenvolvimentos na marginal, em particular os destinados ao uso público, deverão explorar este potencial.

Iluminação para Segurança

Ànoite,aszonasturísticasdevemserentendidoscomolocaisqueatraem pessoas. As principais rotas utilizadas por pedestres devem estar bem iluminadas. Os espaços devem apresentar esta vitalidade nocturna para que possam ser bem utilizados. Estas zonas turísticas devem constituir um espectáculo nocturno. Devem ser julgadas a noite e durante o dia, sendo vital que os novos desenvolvimentos contribuam para a sua imagem nocturna.

Efeito dos Edifícios AltosSão a seguir apresentados alguns princípios básicos sobre odesenho localização:

• Osedifíciosaltosnãodevemestarlocalizadosemzonasonde possam prejudicar uma paisagem coerente e de mérito da cidade.

• Osedifíciosaltospodemagregarvaloraodramadoefeitovisual dos edifícios da cidade. Eles devem, portanto, ter uma localização cuidada, para enfatizar um local ou definir uma área.

• Preferencialmente,osedifíciosaltosdevemlocalizar-senuma área onde enfatizem um ponto de entrada ou definam o limite de uma paisagem chave.

• Osedifíciosaltosdevemlocalizar-seapenasondenãoafectem adversamente o ambiente em termos de criação de sombra excessiva e de efeitos causados pelo vento: os locais particularmente sensíveis são os espaços públicos abertos.

• Osedifíciosaltossãomuitoproeminentes,peloqueoseudesign deve ser da mais alta qualidade arquitectónica em termos de forma e detalhe.

4.5 Novo Desenvolvimento

Preenchimento do Desenvolvimento

O preenchimento do desenvolvimento, que repara e fortalece o tecido urbano eliminando as lacunas criadas por parcelas desocupadas e pelo estacionamento de superfície, constitui uma prioridade de desenvolvimento. A coluna pedestre, as rotas principais e as ruas locais constituem a prioridade para o preenchimento do desenvolvimento. Os edifícios concebidos para preencher espaços devem ser desenhados de modo a fortalecerem as características positivas da arquitectura e do tema existentes na zona turística.

Uma mistura de edifícios antigos e novos pode conferir variedade, interesse e profundidade ao carácter visual de uma zona turística. Do mesmo modo, os contrastes fortes no desenho do edifício podem ser interessantes e dramáticos quando criam pontos focais e marcos significativos. Mas para ser eficaz, a estrutura de contraste deve ser estabelecida dentro de um contexto relativamente calmo de edifícios semelhantes. Nas áreas pequenas, os grandes contrastes devem ser introduzidos com precaução, como forma de evitar destruir a ordem existente. Para que os edifícios que serviram para preencher os espaços sejam compatíveis com o desenvolvimento existente, estes devem ser reforçados com elementos que criem ligações no desenho. Cada quarteirão e cada rua terão o seu próprio vocabulário.

Novo Desenvolvimento de Grande Envergadura

O principal desafio ao desenhar grandes projectos de desenvolvimento é a integração, com sucesso, de estruturas de grande dimensão no contexto existente. É fortemente recomendada a utilização de relatórios do desenvolvimento com propostas revistas pelo Painel de Revisão do Desenho para os sítios chave dentro de zonas turísticas, como é o caso da Ilha de Moçambique.

Definição de Limites de Altura Apropriados

Vários aspectos determinam a altura máxima adequada de um novo desenvolvimento. Uma questão importante será determinar a capacidade de acomodar um maior volume de tráfego e a procura de estacionamento sem afectar negativamente a qualidade do ambiente ao nível da rua, a identidade global e a escala humana da zona turística. Contudo, a análise não deve ignorar o facto de que o tratamento que se dá ao desenho ao nível da rua ser tão impor-tante quanto a altura do edifício.

PARTE 2

Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e22 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Introdução

O Plano de Acção Comunitário (PAC) desempenhará um papel pre-ponderante em todo o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Norte de Moçambique. O Plano de Acção Comunitário (PAC) providenciará às comunidades locais a oportunidade de darem a conhecer aos planificadores, investidores e políticos os seus sentimentos e receios, esperanças e aspirações, sugestões e preferências. O PAC é essencialmente dinâmico, proactivo, implica colaboração e baseia-se nas comunidades. Todavia, não constitui alternativa à planificação convencional. Pelo contrário, é um acréscimo valioso ao processo de desenvolvimento.

Neste documento, são sugeridas as componentes do processo PAC, que podem ser aplicadas a cada uma das Potenciais Áreas de Investimento do Turismo (PAIs), às Áreas de Acção do Turismo (AATs) e aos projectos turísticos comunitários noutros locais do Norte de Moçambique.

5.1 Preparação do Cenário

Será importante encorajar a participação alargada das comunidades no desenvolvimento do turismo nas PAIs. Por vezes, as pessoas que se encontram fora das comunidades assumem que os residentes locais estão satisfeitos com a ideia de se envolverem no turismo ou em outras actividades novas. Na realidade, é melhor discutir com a comunidade as ideias que foram concebidas para a zona, de forma preliminar, com o objectivo de permitir que os residentes comecem a assimilar a informação, ter discussões no seu seio e procurar saber quais são as etapas seguintes.

Neste ponto, seria útil Preparar o Cenário (Tabela 1) e realizar discussões sobre os seguintes aspectos:

• OqueconstanoquadrodePlanificaçãoeDesenho Conceptual do Uso da Terra em relação à sua área. • Explicaçãosobreavindadeturistaseoqueelesprocuram. Decisão, em princípio, sobre o seu interesse em envolver em-se no no turismo. • Quetipodeprojectosforamimplementadosemoutros locais.• Quaisospossíveisbenefíciosemtermosdeconservação.• Queoutrasopçõesexistemparaodesenvolvimento sustentável na área ou região.

Caso a comunidade não esteja interessada ou empenhada, é melhor utilizar os recursos em projectos de desenvolvimento comunitário em outros lugares. Embora no geral, as comunidades locais nas PAIs sejam receptivas aos benefícios do turismo, é provável que os residentes das comunidades não entendam todos os aspectos envolvidos e qual poderá ser o potencial. A tabela 1 ilustra exemplos de actividades, produtos e serviços, etc. que a comunidade pode considerar desenvolver como forma de complementar o seu projecto central e de obter benefícios.

Tabela 1: Oportunidades de Experiências das Comunidades

Actividades

Canoagem, passeios de barco, caminhadas, pesca.Histórias, lendas, mitos das aldeias.Observação da fauna bravia, observação de pássaros.Construção de barcos.Gastronomia.Artesanato (potes, escultura em madeira, fabrico de esteiras / cestaria).Confecção de roupa tradicional.

Apresentações Estáticas / Edifícios

Arte.Centros de recursos / interpretação, centros de informação (por exemplo, nas lojas, nos quiosques).Edifícios históricos.Atracções vivas (tours, etc.).

Espectáculos Danças de diferentes tipos.Canções, música.

Produtos e Artesanato

Prataria (joalharia).Olaria (carece de revitalização).Confecção de roupa.Mobília antiga.Escultura em madeira. Cestaria (cestos, carteiras, chapéus etc.).

Alimentos Baseados na Natureza

Peixe fresco (pesca, captura, limpeza, venda, corte).Chás de ervas, medicamentos à base de ervas - explicação, ensino.Legumes (mercados das aldeias).Fruta – todas as variedades tropicais, de plantações ou de cultivo doméstico.

EventosFeiras (semanais).Outros (espectáculos, relacionados com as escolas, feiras, mercados, mostras de artesanato, eventos desportivos).Históricos (festivais).Festivais (dança).

Serviços

Operadores turísticos (para este destino, de recepção, específicos ao sítio), turismo temático.Actividades físicas, trilhos naturais, passeios históricos e culturais, passeios ambientais, dança.Alojamento, pensões, pequenos lodges, campismo.Lojas e mercados (comes e bebes, artigos de conveniência – água, bebidas não adocicadas).Transporte.

PLANO DEACÇÃO

COMUNITÁRIO

5

23 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

5.2 Etapas do Plano de Acção Comunitário A planificação do turismo comunitário terá de obedecer a uma série de etapas. A tabela 2 apresenta um resumo de uma série lógica de etapas a serem seguidas na planificação do turismo comunitário. As etapas não têm de ser seguidas na ordem apresentada, uma vez que algumas tarefas poderão já ter sido realizadas em algumas comunidades. Note-se que enquanto as Etapas da Planificação estão indicadas a seguir, as actividades importantes encontram-se nas componente de Preparação do Cenário e na componente de Comunicação deste guião. Esta última é particularmente importante, uma vez que é necessária uma melhor comunicação entre as diferentes agências, governo, intervenientes e o público em geral.

Tabela 2: Guia do Plano de Acção Comunitário

PREPARAÇÃO DO CENÁRIO PLANIFICAÇÃO COMUNICAÇÃO

Examinar as AATs 1. Desenvolver uma visão e objectivos Manter os seus recursos humanos

Decidir se um Projecto turístico lhe é benéfico

3. Clarificar os objectivos do projectoConhecer os seus visitantes

Trabalhar com os parceiros2. Identificar parceiros e intervenientes

Aprender dos outros

Envolver a sua comunidade

4. Inventariar os recursos Comunicar com os visitantes

6. Analisar a viabilidade

Comunicar com os media5. Identificar questões ou preocupações

7. Preparar e realizar acções de formação

Celebrar os seus sucessos

8. Determinar sítios chave necessários para o desenvolvimento

9. Estabelecer e manter ligações

10. Desenvolver e implementar o projecto

11. Monitorar e avaliar

1. Desenvolver a Visão e Metas

A comunidade poderá não utilizar termos como ‘visão’. Contudo, um projecto começa com algumas pessoas com uma visão - um sonho prático sobre como uma área local específica pode trazer benefícios económicos, conservação e prazer aos visitantes. Este constitui um bom ponto de partida. As visões podem direccionar os esforços para objectivos específicos. As visões claras podem ajudar os grupos a entenderem e a apoiarem os esforços de desenvolvimento e de conservação.

Uma discussão cuidadosa das ideias e sugestões de todos ajudará a definir as metas do projecto. É igualmente útil falar com as pessoas para apurar o que é importante para a comunidade, analisar quaisquer outras questões, o que está planificado para a área do projecto e pensar sobre possíveis ligações com o Programa de Desenvolvimento do Turismo. Tal ajuda a estabelecer os requisitos gerais e a visão geral da participação e envolvimento das comunidades no turismo, com base na revisão e no conceito contido nas PAIs, AATs, bem como em posteriores visitas aos sítios e processos de consulta.

É necessário que existam líder(es) ou defensor(es) do projecto. Isto não significa que um perito decide o que é necessário e depois lidera. Significa que as ideias desenvolvidas e acolhidas pela comunidade não estão dependentes de uma única pessoa e que não colapsam se pessoa estiver ausente. Pessoas diferentes podem ser activas em diferentes alturas e encontrar motivação nos objectivos definidos por iniciativa das comunidades.

2. Identificar Intervenientes e Envolver Potenciais Parceiros

Uma abordagem de colaboração pretende proteger os recursos conjuntos, os conhecimentos e o entusiasmo, em direcção à realização de um objectivo comum. É importante lembrar que todos os parceiros devem colher algum benefício do projecto. A ideia de parceria não se refere apenas à partilha dos benefícios, mas também das oportunidades. O que surge primeiro: o projecto ou um grupo de trabalho? Não faz diferença, qualquer um pode surgir primeiro. O que é importante é convidar interesses seleccionados para a “mesa”. O governo aos níveis provincial e local deve ser envolvido ainda na fase inicial, o mesmo se aplicando a quaisquer grupos proeminentes na comunidade cujos objectivos pareçam sobrepor-se aos do projecto inicial.

Os parceiros ou membros do grupo sugeridos para o projecto podem ser proprietários de terras locais, pescadores, agricultores, os que possuam alojamento para visitantes, a indústria turística, grupos de conservação, funcionários eleitos, representantes religiosos, representantes provinciais, naturalistas, comunidade financeira, líderes de opinião. Os projectos têm mais força quando contam com o apoio de muitas pessoas/grupos e não de apenas um interveniente ou grupo comunitário. É importante envolver todos desde o início do processo, como forma de conseguir a sua adesão e beneficiar das habilidades e contributos logo que possível, assim como da sua contribuição para a resolução de questões locais.

PARTE 2

24 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

Os parceiros devem beneficiar do projecto, mas devem igualmente prestar algum contributo (apoio, materiais, serviços ou produtos em espécie, publicidade, formação, assistência técnica, trabalho voluntário, etc.). O aspecto principal é ter o tipo de parceiros certo –osqueirãodefenderosobjectivosdoprojecto.Podemtambémcontribuir para satisfazer as necessidades de financiamento.

Sempre que possível, deve ser dada aos visitantes a oportunidade de contribuírem para os custos dos recursos/programas que são disponibilizados para seu uso e prazer. Em muitos projectos, é comum não serem cobradas taxas directamente aos visitantes (embora sejam efectuadas cobranças se for utilizado um pacote de uma agência de viagens). Também é raro que as empresas/pessoas singulares que beneficiem da presença de visitantes (lojas, restaurantes, alojamento, bombas de gasolina, etc.) contribuam directamente para os potenciais custos sociais e ambientais das actividades dos visitantes. Contudo, os projectos comunitários constituem uma boa oportunidade para o envolvimento dos visitantes.

Poderá haver diferentes formas de envolvimento das comunidadesnoturismo–asopçõesnãosãosimplesmente“pessoas de fora a operarem ou a explorarem a comunidade” ou “apropriação das comunidades”. As empresas e agências externas podem ser parceiros muito positivos. Formas de envolvimento das comunidades no turismo são apresentados na Tabela 3.

O dinheiro poderá ser necessário para o seguinte:

• Distribuiçãodecorrespondênciaeinformação• Publicidade(eventoseactividades)• Logísticaligadaaeventos(aluguer,etc.)• Custosadministrativos(fotocópias,consumíveis)• Contrataçãodeespecialistas• Acessoàinformação(e-mail,relatórios)• Acessóriosparaprojectos(materiaisasdeconstrução,fer ramentas, equipamento)

Tipo de Empresa / Instituição Natureza do Envolvimento Local Exemplos

Empresa privada gerida por pessoas de fora

Emprego.Fornecimento de bens e serviços.

Pessoal da cozinha de um lodge.Venda de produtos alimentares, materiais de construção

Empresa ou operação do sector informal gerida por pessoas locais

Posse de empresas.Auto-emprego. Fornecimento de bens e serviços.

Venda de artesanato, quiosques de comida, parque de campismo, estadias em casas (aluguer de quartos).Serviços de guia. Venda de lenha, vendedores ambulantes

Empresa comunitária Posse colectiva.Gestão colectiva ou individual Fornecimento de bens e serviços.Emprego ou mão-de-obra.

Parque de campismo comunitário.Centro de artesanato.Centro cultural / fortaleza / museu.Pensão.

Joint venture entre a comunidade e o operador privado

Compromissos contratuais ou partilha da posse.Partilha das receitas.Lease / investimento dos recursos.Participação na tomada de decisões.

Partilha de receitas do edifício histórico, lodge e /ou operador turístico com as comunidades locais em condições acordadas.Leases comunitários, terra / recursos / concessão para o edifício histórico / lodge/operador turístico.Comunidade detém capital no edifício histórico / lodge/operador turístico.

Órgão / agência de planificação do turismo

Consulta.Representação.Participação.

Consulta local em planificação do turismo regional.Representantes das comunidades no conselho do turismo e na planificação.

Tabela 3: Diferentes Formas de Envolvimento das Comunidades no Turismo

25 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

3. Clarificar os Objectivos do Projecto

É importante que desde o início do projecto todos estejam esclarecidos sobre os seguintes aspectos:

• Oquedeveseroprojecto.• Amelhorformadeenvolveracomunidadeetrabalharem conjunto.• Oquedeveserevitado.• Princípios.• Quaissãoasprioridades.

A definição de objectivos é útil na implementação de projectos. É igualmente importante saber com clareza o que as pessoas não querem. O tempo que se leva a acordar sobre os objectivos pode variar com a dimensão do projecto, o número de pessoas ou grupos envolvidos e o número de questões a serem tratadas.

4. Inventariação de Recursos, Gestão e Usos

É importante entender as características chave da zona, os seus recursos, problemas, quem são os gestores dos recursos bem como o actual uso e usuários da terra. Normalmente, as pessoas bem informadas residentes no local são suficientes para efectuarem um inventário, ao qual se adicionam a informação e os relatórios do governo/agência. Qualquer informação sobre o valor científico ou outro dos recursos deve ser mencionada, uma vez que é de interesse para os turistas. A informação sobre o uso dos recursos pode, em circunstâncias normais, ser recolhida ao mesmo tempo que as actividades de inventariação dos recursos. Descrever os recursos naturais e os sistemas Ecológicos, apresentando uma visão geral das características relevantes para o turismo e a interpretação cultural da paisagem/história. Registar as características de inter-esse para os visitantes e relevantes para o turismo.

É igualmente útil obter mapas. Toda a informação deve ser resumida e, onde apropriado, mapeada. Muitas vezes, os relatórios já apresentam o material num formato útil. Os mapas devem indicar os proprietários, os locais de acesso e quaisquer planos conhecidos (por exemplo, destinados ao desenvolvimento ou adjacente aos recursos). Estes mapas constituem a base de planificação do projecto, informação ao público e delimitação geográfica do projecto.

Deve-se preparar um levantamento de todas as organizações intervenientes e de quaisquer actividades turísticas/oportunidades baseadas na comunidade, para se entender as características das comunidades e dos intervenientes da zona.

São seguidamente apresentadas perguntas que podem ser úteis para a descrição do uso e para efeitos de interpretação:

• Queinstituição/agênciaouentidadessingulares administram o sítio/área proposta?• Quetipodeprotecçãooudesignaçãofoidadaou poderia ser dada ao sítio? • Quedesenvolvimentos,casoexistam,nasáreasde

transportes, comércio ou entretenimento estão planificados para o sítio?

• Querestriçõesseaplicamaosítio,porexemplo, posturas relativas ao uso da terra ou planos municipais?• Existeacessopúblicoaosítio?• Queprocessosnaturaisseregistamnosítio(cheias, ciclos de doenças, sucessão de plantas)? • Quezonassãocríticasparaospássarosqueusamo sítio (por exemplo habitat de nidificação, áreas de permanência temporária)?• Queáreassãocríticasparaqueoutrafaunabraviauseo sítio?• Queplantasouanimaisusamosítio(espécies, mudanças sazonais, raros e em perigo de extinção)?

5. Identificar Questões ou Preocupações

Esta etapa pretende apoiar numa avaliação realista do potencial para a realização com sucesso de actividades turísticas, com o objectivo de evitar possíveis problemas. Os directores/coordenadores locais dos projectos devem entender o impacto que os visitantes poderão ter sobre o sítio, o que provoca o desgaste, que recursos são frágeis e que zonas devem ser protegidas. Devem também estar cientes de questões culturais e de outra natureza que digam respeito à comunidade local e ao proprietário/gestor dos recursos turísticos.

Em várias comunidades e sítios de outros países existem actividades ou usos da terra incompatíveis. Por exemplo, osector formal e informal de alojamento, o surgimento de pequenas lojas ou barracas próximo de uma atracção turística, guias licenciados e vendedores ambulantes. É provável que surjam questões e conflitos em relação a determinada porção de terreno. Estes conflitos podem ser de difícil solução. Contudo, sempre que um indivíduo ou grupo faz parte de um problema, esse indivíduo ou grupo deve fazer parte da solução. Por isso, é importante que estes estejam envolvidos no processo. Normalmente, não são as “pessoas de fora” que têm as repostas para os problemas, mas sim os que os enfrentarão no futuro que têm as ideias e soluções. Todas as partes devem ser envolvidos na análise dos problemas.

Poderá ainda haver questões relacionadas com a atracção de visitantes com sucesso, salvo se houver um acordo sobre como geri-las, nomeadamente:

• Acordoscomoperadoresturísticossobreonúmeroe composição dos grupos que a comunidade pretende.• Códigosdeconduta.• Qualidadedosprodutosoferecidosouvendidosaos visitantes. • Delimitaçãoformalouinformaldasáreasondeosvisitantes estarão autorizados a entrar.

Algumas perguntas para a análise das questões incluem:

• O quê? O quê ou quem está a ser afectado e até que ponto? Que informação está disponível? A informação é conflituosa? Existe uma base jurídica? Qual é o significado do projecto?

• Quem? Quem está envolvido na questão? Quem tem responsabilidades? Os valores são conflituosos? Como é que cada parte se relaciona com a outra? Como é que esta questão pode ser abordada?

• Onde? Onde é que isto ocorre? Os seus efeitos são generalizados?• Quando? Quando é que a questão ocorre ou ocorreu?

Trata-se de uma ocorrência lenta e constante, ou de uma ocorrência imediata e muito dramática?

• Porquê? Porquê tal acontece? Existe uma causa que possa ser facilmente identificada?• E depois? Analise como o conhecimento destas questões

pode ser utilizado de maneira positiva para sensibilizar o turista sobre as interligações ecológicas, culturais ou outras.

6. Analisar o Potencial e a Viabilidade

Para que os projectos sejam viáveis e realistas, devem basear-se num entendimento dos mercados e em como colocar efectivamente o produto oferecido no mercado. Um projecto pode ser desenvolvido de diferentes maneiras. Por exemplo, pode ser desenvolvido em conjunto com os operadores ou guias turísticos comerciais;oucomindivíduosouagênciasnãocomerciaisquepretendam atrair visitantes que tenham vindo efectuar uma visita deumdia,ouqueestejamsóemtrânsito;oupodesermaisorientado para a conservação dos recursos. Pode ser independente ou muito integrado num sistema regional ou de maior dimensão.

Alguns exemplos de perguntas que contribuem para aperfeiçoar o conceito de um projecto para um estudo de viabilidade:

• Quaissãoasprincipaisopçõesparaoprojectoturístico?• Quaissãoasvantagensedesvantagensdecadaopção?• Asactividadespoderãoatrairvisitantes?• Queatracçãointrínsecaazonatemparaosmercados?E que mercados?

PARTE 2

26 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

• Sãonecessáriasautorizações/licençasparaqualquerdos elementos do projecto? • Quecondições/instalaçõessãonecessáriaseonde?• Quaisseriamasépocaspropíciasparaasvisitas?• Qualseriaonúmeromáximodevisitantesprevisto/ pretendido a qualquer momento?

É igualmente importante que sejam satisfeitas as expectativas quer da Comunidade, quer dos visitantes, para que se possam materializar os benefícios do projecto (em termos de alojamento, alimentação, pagamento e respectivas formas, transporte, actividades, produtos e lembranças, e distribuição das receitas). A viabilidade económica depende dos custos, receitas e outros benefícios que a comunidade poderá receber (por exemplo, emprego, assistência técnica, conservação dos recursos ou melhoria das oportunidades de entretenimento das comunidades e da sua qualidade de vida).

7. Preparar e Implementar um Programa de Formação em Habilidades

Será necessário preparar um programa de desenvolvimento de habilidades para as comunidades piloto destinado às empresas turísticas da comunidade. Esta tarefa irá incluir a preparação e implementação de acções de formação para um programa alternativo de sustento, desenvolvimento cooperativo e desenvolvimento empresarial baseado nas comunidades. A formação em habilidades relacionadas com as que estão incluídas no programa deve ser determinada numa fase anterior, no início da fase de formulação do Plano de Acção Comunitário (PAC).

O programa de formação deverá então ser implementado em comunidades seleccionadas, de acordo com os requisitos do projecto. A implementação das acções de formação constitui a tarefa principal, mas pode ser implementada por etapas, dependendo do conjunto de habilidades necessárias. Seria ainda útil maximizar um método de formação prático e, possivelmente, utilizar uma abordagem de formação de formadores para cada comunidade.

8. Definir os Sítios Chave Necessários

Alguns projectos comunitários podem ter um maior foco no patrimóniocultural(IlhadeMoçambique,IlhadoIbo);outrospoderão dedicar-se ao património natural (Baía de Pemba, Metangula). Os aspectos a considerar na determinação dos sítios podem incluir os seguintes:

• Oportunidaderazoáveldevisualizaçãodefaunabravia–grandeprobabilidadedeverfaunabravia,pelomenosdurante uma ou mais época(s) específica(s).

• Capacidadederesistiràsvisitas–osecossistemasouhabitats frágeis e com espécies sensíveis não devem ser seleccionados, excepto quando o uso público puder ser restringido ou gerido de tal forma que não prejudique os valores naturais do sítio.

• Acessorazoável–todosossítiosdevemserrazoavelmenteacessíveis ao público por qualquer que seja o meio selec-cionado (de carro, a pé, de barco).

• Qualidadecénica–oidealseriaqueosvalorescénicosdefauna bravia do sítio não fossem degradados por um uso da terra visivelmente incompatível (por exemplo lixo espalhado, lixeiras de resíduos sólidos, etc.).

• Acessolegal–seaterraestáconcessionadaaumprivado,odetentor do direito de uso e aproveitamento deve estar disposto a garantir, por escrito, acesso público ao sítio.

• Significado–deveserdadaênfaseasítiosdealtaqualidade ou significativos, sejam eles do património natural ou cultural.• Conflitosmínimos–devehaverpoucasounenhumas actividades incompatíveis, ou conflitos de usuários.• Interpretação–devemserenvidadosesforçosespeciais

com vista a promover ou interpretar os valores do sítio, aliá-los às atracções da comunidade/área e ao Programa de Desenvolvimento do Turismo do Norte.

9. Desenvolver e Manter Ligações

O objectivo do projecto do turismo comunitário deve ser aliar as oportunidades que se abrem a nível local ao Programa de Desenvolvimento do Turismo, como forma de aumentar o potencial impacto benéfico. Deste modo, é importante analisar as ligações a vários níveis: nacional, regional, provincial e local. Após a selecção dos sítios e a elaboração dos planos comunitários, deve ser possível identificar:

• Oportunidadesparaousodetemasquecomplementema estratégia regional.• Rotasdeacessoparaosvisitantes(oupropostasderotas)a vários recursos de interpretação. • Qualquerligaçãopotencialdesítiosparaaintroduçãode passeios locais.• Qualquerduplicação.• Potencialparaadistribuiçãodofluxodevisitanteseusode áreas subaproveitadas.• Potencialincompatibilidadecomoutrossítios(porexemplo

sítios culturais, características que necessitem de gestão especial).

• Fluxogeraldevisitantesparaeatravésdazona,daspraias, mangais, florestas, campos ou outros sítios.• Potenciaisobstáculosououtrosproblemasdefluxo.• Caminhoscurtosoumaislongos.

10. Desenvolver e Implementar o Projecto

Após a aprovação do projecto de desenvolvimento, as necessidades em termos de condições/instalações necessárias podem ser decididas dentro ou ao redor da comunidade, ou ainda em determinados sítios. O nível de condições adequadas pode variar. A comunidade deve decidir onde e se devem existir elementos como: latas de lixo, casas de banho, sinais, trilhos, miradouros, sinais de interpretação, quiosques, brochuras, centros de acolhimento de visitantes, lojas, visitas guiadas ou quaisquer outras condições, passeios turísticos ou serviços. Deve haver:

• UmaEstratégiadeGestãodeRecursos–paradecidircomo o projecto será implementado no terreno e que actividades e utilizações serão permitidas. Os mapas e directivas turísticos são úteis. É dada preferência a programas de baixa manutenção. O tipo e nível do turismo planificado devem ser apropriados aos recursos naturais e ao património cultural, e estar em conformidade com os anseios e expectativas das comunidades.

• UmaEstratégiadeGestãodosVisitantes–parafazerface às várias exigências dos diferentes tipos de visitantes e seu impacto. A gestão dos visitantes é muito importante nas comunidades e nas áreas naturais.

• UmaEstratégiadeGestãodaInterpretaçãoeInformação–paraprovidenciarinformação(aosvisitantesquepernoitam, ao projecto, sobre os comportamentos, actividades, etc.), directivas aos visitantes (códigos ou directivas), educação e interpretação (materiais, sinais, etc.). Deve haver uma variedade de fontes de informação. Por outro lado, os diferentes tipos de informação de interpretação devem estar virados para a aprendizagem dos visitantes, mudança do seu comportamento e suas emoções.

• UmaEstratégiaOperacional–visandodetalharcomooprojecto irá funcionar, nomeadamente os prazos, a construção, as actividades, a interpretação, recursos humanos, gestão das instalações, transporte, gestão dos resíduos e segurança.

• UmaEstratégiadeMarketing–paraindicartodasasformas como os visitantes locais e distantes serão informados e atraídos para o projecto. Esta estratégia deve ser realista em relação aos mercados, indicar os conteúdos, os mecanismos de comunicação e os parceiros sugeridos (por exemplo, acções conjuntas com um operador turístico).

Estes documentos não têm que ser necessariamente sofisticados, mas devem abordar todos os tópicos.

27 Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

11. Monitorar e Avaliar

A monitoria do projecto comunitário é muito útil para o sucesso, particularmente no que diz respeito às atitudes e satisfação do visitante. Também é útil para a introdução de melhorias, em particular em relação à organização e gestão do projecto. Muitas vezes, a pesquisa e a monitoria são actividades que podem ser levadas a cabo com parceiros.

O grau da monitoria depende normalmente da dimensão e complexidade do projecto. Os objectivos definidos para o projecto numa fase inicial, assim como os seus parâmetros e questões identificadas, podem permitir a medição dos objectivos sociais, económicos e de conservação.

A participação contínua das comunidades no processo de monitoria acrescenta o sentido de apropriação e, consequentemente, as possibilidades de sucesso. A seguir são apresentadas algumas questões que poderão contribuir para a avaliação do projecto.

Questões úteis na avaliação do trabalho do projecto:

• Atingiuasuameta?Emcasoafirmativo,como?Emcaso negativo identifique as razões e aprenda.• Podeaprofundarospontosfortes?• Escolheuasacçõesadequadas?• Ajustouoseuplanoàmedidaquefoiavançando?• Oqueaprendeuparaametaseguinte?• Asuacomunidadetrabalhoubememconjunto?• Foramesquecidosalgunsinteresseschave?• Necessitadeapoio,porexemplofacilitaçãodegrupos, arquivo, administração?• Osvoluntáriosmantêmoempenhoouesteestáa perder-se?

Um problema que se repete e que surge em muitos projectos turísticos baseados nas comunidades é que estes foram criados como parte de iniciativas com financiamento e assistência externos, pelo que tem havido uma tendência de não se dar continuidade aos projectos de forma satisfatória após o fim do programa de assistência. Assim, é importante que:

• Sedêtemporazoávelaqualquerprojectoquebeneficioude assistência para que o fim desta assistência não ocorra demasiado cedo.

• Sejaformuladacomantecedência“umaestratégiadesaída”.• Todososórgãoseparceirosqueprestamessaassistência

façam a transferência de habilidades ou “know-how” às populações locais ao longo do projecto.

• Semantenhaumaestratégiadeapropriaçãolocalalongo prazo. • Sefaçausodequalquerapoiodosectorprivado,ONGs, instituições locais ou nacionais que já esteja em curso.

5.3 Comunicações

Tal como se apresenta na Tabela 2, existe um conjunto importante de actividades de comunicação que são necessárias como parte das actividades do PAC (na verdade, em quaisquer actividades turísticas). No turismo, as agências e as empresas estão muitas vezes centradas na comunicação com os visitantes através de planos de marketing. Contudo, todos os intervenientes anteriormente mencionados defendem a necessidade de uma boa comunicação:

• Pessoal–podemserremuneradosouVoluntários,têmdireitos assim como responsabilidades e devem ter conhecimento do que deles se espera.

• Parceiros–podemserparaprestarapoio,disponibilizar fundos, assistência técnica, comunicações, formação, etc.,

sendo que uma comunicação do “obrigado” aos que prestaram apoio é sempre bem acolhida.

• Residentesnascomunidades–muitasvezes,a“comunicação informal” é o modo de comunicação usado nas aldeias, mas pode ser necessária uma comunicação mais formal para que se tenha uma informação exacta, por exemplo através de reuniões públicas, exposições, montras ou cartazes na maior loja ou através de uma apresentação na escola. A comunicação com os residentes contribui para sensibilizá-los sobre os benefícios e valores do projecto e explica o processo, assim como as necessidades dos visitantes.

• Visitantes–osvisitantesnecessitamdeinformação, explicação e orientação.• Media–divulgarinformaçãoéumaparteimportante

de qualquer projecto, seja esta obtida através dos órgãos de informação locais, regionais, ou nacionais. Os parceiros como o Ministério do Turismo podem ser úteis nesta matéria.

• Unscomosoutros–celebrarossucessosouprincipais marcos do projecto (não importa que estes sejam

pequenos) constitui um instrumento importante e positivo de comunicação para os participantes e os media. Todos gostam de estar envolvidos com um vencedor.

PARTE 2

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APÊNDICES

30 U m Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

APÊNDICE ADirectivas Gerais de um Pré-estudo de Viabilidade para a Opção de Lease

Os aspectos a seguir indicados devem ser incorporados no Pré-estudo de viabilidade. É recomendável que o investidor/desenhador discuta o conceito proposto com o Ministério do Turismo e com os departamentos do governo relevantes.

1. Informação Geral

• Descriçãogeraldoprojectoesuasdiferentes componentes.• Localizaçãodosítioeomotivodaescolha.• Esboçogeraldasfasesrelativasàsdiferentes componentes do projecto caso o mesmo seja executado por fases.

2. Planeamento e Desenho

• Mapaselaboradosnumaescalaapropriada, identificando os limites do sítio.• Plantaspreliminareselaboradosnumaescala apropriada que mostrem: - a análise esquemática do sítio - o layout e acessibilidade do sítio - a quantidade e tipo das principais componentes - a altura do edifício• Nomedoarquitectoedoprojectista.

3. Conceito de Marketing (caso seja aplicável)

• Mercadoalvo(geográficoedemográfico)enúmerode visitantes previsto.• Estratégiademarketingparaatraironúmerode visitantes pretendido.

4. Estimativa do Investimento

• Estimativadocustodapreparaçãodaplanta,aquisição da terra, construção, infra-estrutura e paisagismo.• Estimativadoscustosdeoperação.

5. Estrutura Financeira/Requisitos de Investimento

• Propostadaproporçãocapitaispróprios/empréstimo.• Origemdocapitaisprópriosedoempréstimodo projecto, incluindo as condições gerais aqui anexas.

6. Projecções Preliminares do Lucro e Prejuízo

• Estesdevemserestruturadosemdiferentes componentes dos projectos e cobrir um período de 10 anos.• Explicaçãogeralepressupostosaplicados.

7. Descrição da estrutura de propriedade e dos aspectos de organização e de gestão do projecto.

Uma descrição por alto da estrutura de propriedade e de gestão. Nome(s), endereço de contacto e experiência de trabalho do proprietário, do investidor proposto e do gestor.

8. Número de cópias a ser apresentado

Depende da natureza do projecto. Este aspecto deve ser discutido com os departamentos do governo.

31U m Q u a d r o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o d o T u r i s m o n o N o r t e d e M o ç a m b i q u e

APÊNDICE BDirectivas Gerais de um Estudo de Viabilidade Completo para a Opção de Lease

Os aspectos a seguir indicados devem ser incorporados num estudo de viabilidade completo. E recomendável que o investidor/desenhador discuta o conceito proposto com os departamentos do governo relevantes.

1. Informação Geral

• Descriçãoexaustivadoprojectoesuasdiferentesfases (ou etapas).• Localizaçãodosítioeomotivodaescolha, mencionando a atractividade, a acessibilidade do sítio, os serviços etc.• Faseamentodasdiferentescomponentesdoprojectoe previsão do início e do fim de cada fase.

2. Planeamento e Desenho

• Mapaselaboradosnumaescalaapropriada, identificando os limites do sítio.• Plantaspreliminareselaboradosnumaescala apropriadaquemostrem; - a análise exaustiva do sítio, incluindo a

topografia e as percentagens de inclinação, drenagem das águas pluviais (através de valas naturais), paisagem, edifícios circundantes, etc.

- o layout detalhado do sítio e sua acessibilidade; - a quantidade, tipo e dimensão das diferentes componentes; - a altura e a densidade dos edifícios e a superfícietotaldeconstrução; - desenho genérico das diferentes componentes elocalizaçãonosítio; - os planos para os esgotos, drenagem das águaspluviais,eliminaçãodosresíduossólidos; - o cálculo da utilização dos serviços públicos (electricidade,águaetelefones); - os esboços indicando as elevações e as possíveisperspectivas;e - o estilo arquitectónico proposto.• Nomedoprojectistaedoarquitecto.

3. Conceito de Marketing (caso seja aplicável)

• Mercadoalvo(geográficoedemográfico)enúmerode visitantes previsto.• Estratégiademarketingparaatraironúmerode visitantes pretendido.• Nocasodeumprojectoturísticoconstituídopormais

de 20 unidades, deve ser feia uma análise do mercado, que deve tomar em consideração a concorrência local e estrangeira e que abranja os seguintes aspectos:

- onúmerodeunidades; - alocalização; - ascaracterísticasecondiçõesoferecidas; - ograudeluxo; - oimpactosazonal; - oníveldeocupação; - oníveldepreçoseamédiadasreceitas;e - as tendências existentes e planos para o futuro.• Umaanalisedapreferênciadosconsumidoresdeve incluir: - Pesquisa do mercado alvo em termos de condições oferecidas, actividades, padrão de gastos, etc.

4. Estimativa do Investimento

• Estimativadocustodapreparaçãodaplanta,aquisiçãoda terra, construção, infra-estrutura e paisagismo com base em custos preliminares realistas.

• Estimativadoscustosdopré-arranqueedeoperação.• Faseamentodosrequisitosdoinvestimento.

Os aspectos acima mencionados devem ser acompanhados por uma explicação detalhada dos pressupostos.

5. Estrutura Financeira /Requisitos de Investimento

• Propostadarelaçãocapitaispróprios/empréstimo.• Origemdocapitaisprópriosedoempréstimodo projecto, incluindo as condições detalhadas aqui anexas.• Comprovativodeumauditordiplomadoemcomo

o capital próprio está garantido e garantia, por escrito, dos investidores financeiros.

Os aspectos acima mencionados devem ser acompanhados por uma explicação completa dos pressupostos, indicação e justificação de qualquer contribuição prevista do governo.

6. Projecções dos Lucros e Prejuízos

• Deveserfeitaumaapresentaçãoclaradofluxodefundos, estruturados em diferentes componentes do projecto e abarcando um período de 10 anos.

• Explicaçãogeralepressupostosaplicados.

7. Descrição da estrutura de propriedade e dos aspectos de organização e de gestão do projecto

• Descriçãodaestruturadepropriedadeedoórgãode gestão do projecto.• Nome(s),endereçodecontactoeexperiênciade trabalho do proprietário, do investidor proposto e do gestor.

9. Número de cópias a ser apresentado

• Dependedanaturezadoprojecto.Esteaspectodeve ser discutido com os departamentos do governo.

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