pÓs-graduaÇÃo - mÉtodo cientÍfico - tcc
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Trabalhos Acadêmicos
Hélcio de Pádua Lanzoni
Trabalhos Acadêmicos
Hélcio de Pádua Lanzoni
UNIDADE 1 - CONHECIMENTO E CIÊNCIA ................................................... 8
1.1 Definição ........................................................................................... 9
1.2 Os Riscos do Conhecimento ......................................................... 9
1.3 Retórica ........................................................................................... 11
1.4 Tipos de Conhecimento ................................................................ 12
1.4.1 Conhecimento Popular .............................................................. 13
1.4.2 Conhecimento Filosófico ........................................................... 13
1.4.3 Conhecimento Religioso ............................................................ 15
1.4.4 Conhecimento Científico ........................................................... 16
1.5 Reflexão .......................................................................................... 18
1.6 Leituras Recomendadas .............................................................. 18
1.7 Referências .................................................................................... 18
1.8 Na próxima unidade ...................................................................... 19
UNIDADE 2 - MÉTODO CIENTÍFICO .............................................................. 20
2.1 Definição de Método ..................................................................... 21
2.2 Método Qualitativo ........................................................................ 21
2.3 Método Quantitativo ...................................................................... 23
2.4 Qualitativo x Quantitativo ............................................................. 24
2.5 Método Científico ........................................................................... 27
2.6 Reflexão .......................................................................................... 30
2.7 Leituras Recomendadas .............................................................. 30
2.8 Referências .................................................................................... 30
2.9 Na próxima unidade ...................................................................... 31
UNIDADE 3 - TCC ............................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.1 Tipos de Trabalhos Acadêmicos ................................................. 33
3.2 Características dos trabalhos acadêmicos ................................ 35
3.2.1 Resumo ........................................................................................ 36
3.2.2 Resenha ....................................................................................... 37
3.2.3 Relatório de Pesquisa ................................................................ 38
3.2.4 Artigo Científico ........................................................................... 38
3.2.5 Monografia ................................................................................... 39
3.3 Hipótese .......................................................................................... 39
3.4 Problema de Pesquisa .................................................................. 41
3.5 Fundamentação Teórica .............................................................. 42
3.6 Reflexão .......................................................................................... 43
3.7 Recomendação de Leitura ........................................................... 43
3.8 Referências .................................................................................... 44
3.9 Na Próxima unidade ...................................................................... 45
UNIDADE 4 - FORMATAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS ............... 46
4.1 Organização Geral ........................................................................ 47
4.2 Elementos Pré-Textuais ............................................................... 47
4.3 Elementos Textuais ....................................................................... 48
4.3.1 Introdução .................................................................................... 48
4.3.2 Desenvolvimento ........................................................................ 49
4.3.3 Conclusão .................................................................................... 49
4.3.4 Citações ....................................................................................... 49
4.3.5 Referências no Sistema Autor-data ......................................... 50
4.4 Elementos Pós-Textuais .............................................................. 50
4.4.1 Glossário ...................................................................................... 51
4.4.2 Apêndice ...................................................................................... 51
4.4.3 Anexo ............................................................................................ 51
4.4.4 Índice ............................................................................................ 52
4.5 Formatação .................................................................................... 52
4.6 Reflexão .......................................................................................... 54
4.7 Leituras Recomendadas .............................................................. 55
4.8 Referências .................................................................................... 55
4.9 Na próxima unidade ...................................................................... 56
UNIDADE 5 - PROJETO DE PESQUISA ........................................................ 57
5.1 Definição ......................................................................................... 58
5.2 Tópicos do Projeto de Pesquisa ................................................. 58
5.2.1 Dados de Identificação .............................................................. 59
5.2.2 Justificativa .................................................................................. 60
5.2.3 Pergunta de Pesquisa ................................................................ 60
5.2.4 Hipótese (opcional) .................................................................... 61
5.2.5 Metodologia ................................................................................. 61
5.2.6 Referências .................................................................................. 61
5.3 Reflexão .......................................................................................... 61
5.4 Leituras Recomendadas .............................................................. 62
5.5 Referências .................................................................................... 62
5.6 Na Próxima unidade ...................................................................... 63
UNIDADE 6 - ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS PARA O ARTIGO
CIENTÍFICO .................................................................................................... 64
6.1 Introdução ....................................................................................... 65
6.2 Categorias ...................................................................................... 65
6.2.1 Referências – regras gerais ...................................................... 66
6.3 Regras de Apresentação .............................................................. 66
6.3.1 Outras informações relevantes sobre as referências ........... 69
6.4 Reflexão .......................................................................................... 70
6.5 Leituras Recomendadas .............................................................. 71
6.6 Referências .................................................................................... 71
6.7 Na próxima unidade ...................................................................... 71
UNIDADE 7 - PLÁGIO ........................................................................................ 72
7.1 O Conceito de Ciência .................................................................. 73
7.2 Definições de Ciência ................................................................... 74
7.3 Ética na Ciência ............................................................................. 76
7.4 Plágio ............................................................................................... 79
7.4.1 O que é considerado plágio ...................................................... 79
7.4.2 O que Não é considerado plágio .............................................. 80
7.5 Reflexão .......................................................................................... 82
7.6 Leituras recomendadas ................................................................ 82
7.7 Referências .................................................................................... 82
7.8 Na próxima unidade ...................................................................... 83
UNIDADE 8 - TIPOS DE PESQUISA ............................................................... 84
8.1 Definição de Pesquisa .................................................................. 85
8.2 Tipos de pesquisa ......................................................................... 85
8.3 Outros Tipos de Pesquisa ............................................................ 88
8.4 Reflexão .......................................................................................... 91
8.5 Leituras Recomendadas .............................................................. 92
8.6 Referências Gerais ........................................................................ 93
O objetivo do módulo
Trabalhos Acadêmicos é
oferecer ao aluno instrumentos para
que possa desenvolver suas
potencialidades, ampliando a eficiência e
eficácia da sua aprendizagem e desenvolvendo sua
capacidade de elaborar trabalhos acadêmicos. O aluno
de pós-graduação precisa, muitas vezes, aprender a
pensar e a aprender para tornar sua prática acadêmica e
profissional mais proveitosa, reduzindo drasticamente a
possibilidade de fracasso.
Para tanto, é necessário um maior entendimento sobre o
conceito de Competência, que pode ser entendida como “domínio
dos conteúdos, dos métodos, das técnicas das várias ciências, enfim,
o domínio das habilidades específicas de cada área de formação e de
cada forma de saber e de cultura” (Severino 1999, p. 16a. A
competência é, portanto, uma característica da qual o ensino superior e
a pós-graduação não podem prescindir para não ter que compactuar com
o superficialismo e a mediocridade tão comuns no âmbito educacional e
profissional.
O amadurecimento do jovem e do adulto em ambiente de ensino
é crucial para a aquisição de competência técnica, científica ou
profissional, sem a qual torna-se difícil dar sentido aquilo que se
propuseram a estudar nos cursos que escolheram. Tal
amadurecimento não pode ser obtido sem um esforço deliberado e
persistente por parte do aluno.
Nesta disciplina serão apresentados e discutidos
aspectos relevantes para a compreensão de diversos fatores
que podem contribuir para o desenvolvimento de
trabalhos acadêmicos e, consequentemente, o
crescimento acadêmico, profissional e pessoal do
aluno de pós-graduação.
CONHECIMENTO E CIÊNCIA
Apresentação
Podemos definir conhecimento como uma
tomada de consciência do ato de conhecer. Desde seu
nascimento o homem adapta-se progressivamente a um
mundo pré-existente e, no processo de socialização, procura
encontrar respostas para suas dúvidas e incertezas através do
questionamento progressivo dos significados do mundo que o
cerca. Assim, todo o desenvolvimento experimentado pela
humanidade é fruto da incessante busca do homem pela compreensão
do universo circundante e o desejo de aprimorá-lo.
Objetivos da sua aprendizagem
Compreender os diferentes conceitos de conhecimento e suas
características.
Observar como os diferentes tipos de conhecimento podem ser
aplicados em situações acadêmicas, profissionais e do dia a dia.
Você se lembra?
Você dever ter aprendido algo ou pelo menos
ouvido falar de Galileu Galilei. Lembra-se de que
ele foi punido por deter um conhecimento
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
considerado herético no seu tempo?
1.1 Definição
O conhecimento deve ser compreendido como um processo
dinâmico, inacabado e em constante transformação e adaptação. Ao
relacionar-se com o meio, o homem faz uso de diversas formas de
conhecimento e, através dessas formas, ele transforma o mundo ao
mesmo tempo em que se transforma. Como veremos mais adiante, a
ciência é uma das formas de conhecimento, com características próprias,
como a possibilidade de ser verificado e comprovado por outros.
1.2 Os Riscos do Conhecimento
Dada a sua relevância, o conhecimento sempre guarda uma aura de
“exclusividade”, de algo para poucos, sendo inclusive proibido em
diversas culturas ou em certos momentos históricos.
O conhecimento é algo tão importante que sempre corre o risco de
ser proibido. Muitos mitos se fizeram em torno dessa legenda, a começar
pelo relato bíblico que coloca a descoberta do conhecimento como
transgressão de Adão e Eva, seguindo-se daí as misérias da vida do
pecador, com consequente necessidade de salvação vinda de fora. O real
“pecado original” foi menos ter caído em tentação do que ousar
conhecer. Parece inegável a dinâmica reveladora do conhecimento,
porque nada deixa de pé, para o bem e para o mal. Uma vez rompida a
ingenuidade, não há mais volta, a não ser por autoengano. Essa dinâmica
reveladora, entretanto, estando sempre entranhada no contexto do poder,
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
Conexão: Conhecimento é a explicação da realidade. Decorre de um esforço investigativo para descobrir aquilo que não está compreendido ainda,
que está oculto. Leia o texto “Conhecimento x Informação: uma discussão necessária” visitando
este site: www.espacoacademico.com.br
Galileu - Vida e Pensamento, Ed. Martin Claret, 1998.
ofusca à medida que revela. Por isso, praticamente em
todas as sociedades, as pessoas detentoras de
conhecimento eram vistas como especiais, desde
os pajés. E para se tornarem ainda mais
especiais, envolviam o conhecimento em
linguagem esotérica, para que só os iniciados a
entendessem (DEMO 2000, p. 87).
O conhecimento pode, inclusive, ser ‘perigoso’
em determinados contextos. Na Idade Média, por exemplo, diversos
detentores de “conhecimentos” não aceitos pelo status quo foram
considerados hereges ou feiticeiros e pereceram em masmorras ou em
fogueiras. Um caso clássico de interferência religiosa no
desenvolvimento da ciência ocorreu com Galileu (Galileo Galilei), físico
e astrônomo italiano (Pisa 1564 - Arcetri 1642), que foi preso, torturado e
condenado pela Inquisição a negar suas descobertas científicas e a ler em
voz alta (em público) e a assinar o manuscrito reproduzido abaixo:
“Eu, Galileu Galilei, filho do falecido Vicente Galilei, de Florença,
com 70 anos de idade, tendo sido trazido pessoalmente ao julgamento e
ajoelhando-me diante de vós, eminentíssimos e reverendíssimos Cardeais
Inquisitores-Gerais da Comunidade Cristã Universal contra a depravação
herética, tendo frente a meus olhos os Santos Evangelhos, que toco com
minhas próprias mãos; juro que sempre acreditei e, com o auxílio de
Deus, acreditarei de futuro, em cada artigo que a sagrada Igreja Católica
de Roma sustenta, ensina e prega. Mas porque este Sagrado Ofício
ordenou-me que abandonasse completamente a falsa opinião, a qual
sustenta que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar,
defender ou ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina [...] Eu desejo
remover da mente de Vossas Eminências e da de cada cristão católico
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
esta suspeita corretamente concebida contra mim; portanto, com
sinceridade de coração e verdadeira fé, abjuro, maldigo e detesto os ditos
erros e heresias, e em geral todos os outros erros e seitas contrários à dita
Santa Igreja; e eu juro que nunca mais no futuro direi, ou afirmarei nada,
verbalmente ou por escrito, que possa levantar semelhante suspeita
contra mim; mas se eu vier a conhecer qualquer herege ou qualquer
suspeito de heresia, eu o denunciarei a este Santo Ofício ou ao Inquisidor
Ordinário do lugar onde eu estiver. Juro, além disso, e prometo que
cumprirei e observarei todas as penitências que me foram ou sejam
impostas por este Santo Ofício. Mas se por acaso eu vier a violar
qualquer uma de minhas ditas promessas, juramentos e protestos (o que
Deus não permitia), sujeitar-me-ei a todas as penas e punições que forem
decretadas e promulgadas pelos sagrados cânones e outras constituições
gerais e particulares contra delinquentes assim descritos. Portanto, com a
ajuda de Deus e de seus Santos Evangelhos, que eu toco com minhas
mãos, eu, abaixo assinado, Galileu Galilei, abjurei, jurei, prometi e me
obriguei moralmente ao que está acima citado; e, em fé de que, com
minha própria mão, assinei este manuscrito de minha abjuração, o qual
eu recitei palavra por palavra".
1.3 Retórica
Na retórica, que teve início na Grécia antiga, ao lado de
argumentar, buscávamos também convencer. Infelizmente, abusamos
tanto dela que temos hoje uma visão negativa da retórica – basta nos
lembrarmos de diversos políticos, que possuem uma grande capacidade
argumentativa para mentir para a população. Tal visão negativa é
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
também reforçada pela ideia de que a retórica consiste na busca pelo
convencimento a qualquer preço, sem argumentação real.
Para tentarmos recuperar o conceito de retórica é necessária a
compreensão da necessidade fundamental da capacidade de saber
argumentar e convencer, ambos inseridos no mesmo processo. De acordo
com Demo (2000, p. 39), “para que o discurso seja discutível, é
imprescindível que seja lógico, quer dizer, bem feito, sistemático, claro,
fundamentado. Não podemos discutir bem fala desconexa, mal inventada,
contraditória.”
1.4 Tipos de Conhecimento
Há várias formas de se obter conhecimento, o qual apresenta em
sua constituição níveis e estruturas diferentes. Cada um desses níveis de
estrutura do conhecimento possui seu nível de complexidade e suas
características específicas. São divididos em quatro categorias os tipos de
conhecimento e de busca do sentido das coisas:
- Conhecimento Popular
- Conhecimento Filosófico
- Conhecimento Religioso
- Conhecimento Científico
WWW.JENRIKS.DE
13
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
1.4.1 Conhecimento Popular
Este tipo de conhecimento, também chamado de espontâneo,
vulgar ou empírico, surge do viver cotidiano e geralmente se apresenta
desprovido de método e sistematicidade e pautado unicamente pela
prática e percepções cotidianas. Na tentativa de encontrar explicações
para os acontecimentos cotidianos, consegue basicamente uma percepção
do que o rodeia, sem se preocupar com relações de causa e efeito e sem
uma postura racional.
O conhecimento popular é prioritariamente intuitivo, imediato,
concreto e não se pauta pela lógica. Por ser pouco racional, apresenta
respostas ambíguas e nem sempre verdadeiras, que se pautam em
aparências. Além disso, muitas vezes contribuem para superstições e
discriminações, que com o tempo fixam-se em determinadas culturas.
Podemos citar inúmeros exemplos de conhecimento popular nas
explicações diárias de fenômenos do dia a dia que independem do nível
cultural de quem as utiliza. Assim, muitas pessoas podem “prever” a
proximidade de chuva por meio da percepção de alterações ambientais às
vezes sutis, como a direção do vento, o tipo das nuvens ou o
comportamento das aves. Da mesma forma, todos nós sabemos que se o
leite for deixado fora da geladeira ele vai azedar. Estes são exemplos de
conhecimento popular, uma vez que a maioria não saberia explicar
tecnicamente o porquê da ocorrência dos fenômenos citados.
1.4.2 Conhecimento Filosófico
Antes de mais nada é importante definirmos a palavra ‘filosofia’, a
qual foi criada por Pitágoras: philos significa ‘amigo’ e sophia significa
‘sabedoria’.
14
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
A ideia de conhecimento filosófico tem como base conceitos
subjetivos, relacionados ao conhecimento especulativo, o qual busca
constantemente o sentido do mundo e das coisas através de hipóteses que
podem ou não ser submetidas à observação, ou seja, geralmente não são
verificáveis e, portanto, não podem ser confirmadas ou refutadas.
De acordo com Barros e Lehfeld (2007, p. 42), a filosofia “tem a
finalidade de compreender a realidade e fornecer conteúdos reflexivos e
lógicos de mudança e transformação dessa realidade. A filosofia cumpre
a tarefa de elaborar pressupostos e princípios norteadores das ações
humanas”. Assim, mesmo entre os grandes filósofos não há uniformidade
de pensamento e de forma de reflexão, já que a filosofia consiste na
observação, reflexão e interpretação do mundo sob pontos de vista
diferentes e, às vezes, inconciliáveis.
A filosofia não é um castelo abstrato, estéril e distante de ideias.
Ideias difíceis e herméticas, como às vezes, de forma detratora, se diz.
Ela é uma forma de conhecimento prático, orientadora do exercício de
nossa sobrevivência em sociedade. Ela pode não garantir o “ganha-pão”,
como se diz vulgarmente, mas certamente é com ela e com sua ajuda que
conseguimos o pão nosso de cada dia, pois dela depende o
encaminhamento de nossa ação (LUCKESI 1984, p. 67).
Assim, a filosofia
cumpre a tarefa de
compreender a realidade e
contribuir com conteúdos
reflexivos e lógicos para que
essa realidade possa ser
transformada.
O Mito da Caverna, WWW.PUCSP.BR
15
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
narrado por Platão no livro VII de A República (escrito entre 380-370
a.C.) é, provavelmente, uma das mais poderosas metáforas criadas pela
filosofia, em qualquer tempo, por descrever de forma atemporal a
situação em que se encontra a humanidade, condenada a uma terrível
condição. Imaginou toda uma população presa desde a infância no
interior de uma caverna, imobilizados e obrigados por correntes a
olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo que
existissem algumas pessoas no exterior da caverna carregando para lá
para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos,
bacias e outros vasilhames, e havendo ainda uma escassa iluminação,
disse que os habitantes daquele lugar infeliz só poderiam enxergar o
bruxuleio das sombras dos objetos sendo carregados, surgindo e se
desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu
Platão: acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam
(chamadas de ídolos por Platão) eram verdadeiras, considerando o
espectro como realidade. Toda a existência era, portanto, inteiramente
dominada pela ignorância. Para Platão todos nós estamos condenados a
ver apenas sombras à nossa frente, tomando-as como verdadeiras. Esta
crítica à condição dos homens, que foi escrita há quase 2500 anos,
inspirou e ainda inspira incontáveis reflexões, sendo a mais recente delas
no livro de José Saramago A Caverna.
1.4.3 Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso, também chamado de teológico, é aquele
que se revela através da fé divina ou crença religiosa. Do ponto de vista
religioso/teológico, a existência divina é evidente e inquestionável e,
portanto, não necessita de demonstração ou experimentação, ou seja,
dispensa qualquer procedimento experimental. No entanto, o
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
conhecimento religioso se analisa, se interpreta e se explica (BARROS E
LEHFELD, 2007).
Este tipo de conhecimento depende da formação moral e crenças de
indivíduos, grupos ou povos e requer a autoridade divina, seja de forma
direta ou indireta. O conhecimento religioso não pode ser confirmado ou
negado, ao contrário do que ocorre no conhecimento científico, uma vez
que se baseia em proposições reveladas pelo sobrenatural e, portanto,
sagradas e valorativas. As verdades oriundas do conhecimento religioso
são tidas como infalíveis e inquestionáveis. A fonte do conhecimento
geralmente está presente nos livros sagrados, independentemente da
religião ou doutrina.
1.4.4 Conhecimento Científico
O conhecimento científico
se caracteriza pela busca da
compreensão dos fenômenos
existentes através da utilização de
procedimentos metódicos em suas
investigações. Galliano (1979, p.
21) define o conhecimento
científico como "o
aperfeiçoamento do conhecimento comum e ordinário obtido por meio de
um procedimento metódico, o qual mobiliza explicações rigorosas e ou
plausíveis sobre o que se afirma sobre um objeto da realidade".
Além de focar em fatos e fenômenos verificáveis, o conhecimento
científico é também objetivo, factual, racional, analítico, organizado,
explicativo e sistemático; constrói e aplica leis através de investigações
metódicas.
WWW.ISLAMJEUNESSE.COM
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
Podemos afirmar sem receio que hoje conhecemos mais e melhor
em comparação com o passado, mas não podemos chamar tal
conhecimento de “conhecimento acumulado”, uma vez que tal processo
está longe de ser meramente cumulativo. De acordo com Demo (2000, p.
74), “conhecimento novo não provém de mera soma. Vem da derrubada
sistemática e por vezes impiedosa. Porquanto, seu método fundamental é
o questionamento sistemático”. Assim, para o autor, uma teoria científica
é aquela que se oferece ao debate e que se mantém necessariamente
falível e não aquela que fica de pé a qualquer preço. Nesse sentido, pode-
se afirmar que para algo ser científico é necessário que seja discutível, já
que a ciência surgiu da recusa em aceitar o saber institucionalizado.
BARROS E LEHFELD (2007, p. 46) afirmam que é do
conhecimento científico que a ciência se constitui e resumem em seis
tópicos suas principais características:
- O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações
humanas cotidianas, e esse procedimento é consequência do
bom senso organizado e sistemático;
- O conhecimento científico transcende o imediatamente vivido
e observado, buscando a formulação de paradigmas;
- O conhecimento científico, além de ater-se aos fatos, é
analítico, comunicável, verificável, organizado e sistemático –
é também explicativo, constrói e aplica teorias;
- O conhecimento científico, considerado um conhecimento
superior, exige a utilização de métodos, processos, técnicas
especiais para a análise, compreensão e intervenção na
realidade;
- A abstração e a prática devem ser dominadas por quem
pretende trabalhar cientificamente.
18
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
1.5 Reflexão
Durante toda a vida o ser humano tem que lidar com experiências
relacionadas a dor, prazer, sede, saciedade, calor, frio e, portanto, o
conhecimento se dá pela necessidade de adaptação, interpretação e
assimilação às circunstâncias inerentes ao meio em que vive. Assim
podemos afirmar que o conhecimento ou o ato de conhecer funcionam
como um meio de solução dos problemas comuns à vida. Já o
conhecimento científico é o que é produzido pela investigação científica.
Além de suprir a necessidade de encontrar respostas e soluções para
problemas de ordem prática da vida cotidiana, também se caracteriza por
ser um conhecimento que possibilita explicações sistemáticas que podem
ser testadas e aceitas ou refutadas através provas empíricas.
1.6 Leituras Recomendadas
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São
Paulo: Cortez, 1999.
Este livro traz diversos conceitos relacionados aos temas pesquisa,
conhecimento e trabalhos acadêmicos.
1.7 Referências
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 1
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São
Paulo: Harper & Row, 1979.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo:
Perspectiva, 1994.
LUCKESI, C. et alii. Fazer universidade: uma proposta metodológica.
São Paulo: Cortez, 1984.
1.8 Na próxima unidade
O desenvolvimento da ciência levou à criação do método, através
do qual experimentos podem ser reproduzidos por outros, em outros
locais e em outros momentos. É através do método que torna-se possível
a sistematização de procedimentos que, por sua vez, trazem credibilidade
à ciência. Na próxima unidade serão apresentados diferentes tipos de
métodos, além da definição de Método Científico.
MÉTODO CIENTÍFICO
Apresentação
O termo Método tem origem na palavra grega
methodos, que significa caminho para chegar a um fim.
Trata-se, portanto, de um conjunto de processos que devem
ser executados para produzir e processar um sistema, definindo
“o que” e “como” algo deve ser feito.
Objetivos da sua aprendizagem.
Conhecer os diferentes tipos de métodos, os quais serão utilizados
em toda a sua vida acadêmica e profissional.
Compreender o Método Científico.
Você se lembra?
Na escola você certamente já executou algum procedimento
utilizando uma descrição detalhada daquilo que deve ser feito e
como deve ser feito. Na verdade, você já aplicava o conceito de
método, mesmo que não estivesse ciente disso.
21
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
2.1 Definição de Método
O termo método designa a ordem a ser seguida nos diferentes
processos que são necessários para se chegar a determinado fim ou
resultado. Em outras palavras, método pode ser entendido como um
procedimento regular, explícito e que pode ser repetido a fim de se
conseguir algo material ou conceitual.
É importante ressaltar que o método é apenas um meio de acesso:
são a inteligência e a reflexão que descobrem o que os fatos realmente
são. Assim, o método científico tem a intenção de descobrir a realidade
dos fatos, e esses, ao serem descobertos, devem guiar o uso do método.
É oportuno, portanto, distinguir os conceitos de método e processo.
Método pode ser entendido como o procedimento sistemático, o
dispositivo ordenado, em plano geral. Por sua vez, o processo (a técnica)
é a aplicação do plano metodológico e a forma específica de executá-lo.
Pode-se afirmar que a relação existente entre método e processo é similar
à que existe entre estratégia e tática. O processo está, portanto,
subordinado ao método.
2.2 Método Qualitativo
WWW.CORPORATEJOURNEY2U.COM
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Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
Uma pesquisa qualitativa tem caráter exploratório, ou seja, estimula
o sujeito a expressar-se livremente sobre um determinado tema, objeto ou
conceito.
Este tipo de pesquisa faz emergir aspectos subjetivos, uma vez que
podem atingir motivações e pensamentos não conscientes ou não
explícitos de uma forma mais espontânea.
Como não há preocupação em projetar resultados para uma
determinada população, na pesquisa qualitativa o número de sujeitos é
relativamente pequeno, sendo que as opiniões são coletadas por meio de
questionários ou entrevistas gravadas, as quais são posteriormente
analisadas.
Os principais tipos de dados qualitativos são: citações diretas de
pessoas sobre suas experiências; trechos de correspondências, registros,
documentos; gravações e/ou transcrições de entrevistas e discursos;
descrições detalhadas de comportamentos ou outros fenômenos; dados
coletados com maior profundidade e riqueza de detalhes.
Este tipo de pesquisa é apropriado nos casos em que o fenômeno
em questão é de natureza social e sua complexidade não permite sua
quantificação. A utilização de métodos quantitativos pressupõe a
habilidade de observar, analisar e registrar interações entre pessoas, ou
entre pessoas e fenômenos. De modo geral, podemos afirmar que nas
pesquisas quantitativas é relevante notar quantas vezes determinado
fenômeno ocorre, ao passo que nas pesquisas qualitativas o importante é
a compreensão detalhada de como o fenômeno ocorre.
23
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
2.3 Método Quantitativo
Uma pesquisa quantitativa tem
como base critérios estatísticos rígidos,
os quais servem como parâmetro para
definição do universo da pesquisa em
questão. A pesquisa estatística é muito
utilizada para lidar com dados
numéricos, opiniões sobre temas
econômicos, sociais ou políticos,
observação da preferência por produtos
ou serviços em determinados segmentos populacionais, etc.
A realização de uma pesquisa quantitativa passa pelas seguintes
etapas: definição do objetivo da pesquisa; definição da população e da
amostra; elaboração dos questionários; coleta de dados (campo);
processamento dos dados (tabulação); análise dos resultados;
apresentação e divulgacão dos resultados.
Este tipo de pesquisa frequentemente utiliza questionários para
inferir resultados a partir de uma amostra, sendo possível aplicar tais
resultados a um universo maior. Como a pesquisa quantitativa aplica-se a
uma dimensão mensurável da realidade, a partir dos resultados obtidos
estatisticamente torna-se possível projetar uma verdade geral ao
fenômeno que está sendo estudado.
Assim, através da pesquisa quantitativa é possível o planejamento
de ações coletivas que reproduzem resultados passíveis de generalização,
desde que o grupo pesquisado seja uma amostra fidedigna da população
em estudo. São testadas, portanto, de forma precisa, as hipóteses
levantadas e fornecem índices que permitem comparação com outros.
www.eridlc.com
24
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
Tabulação Na tabulação, os dados coletados são dispostos em tabelas, gráficos, quadros ou figuras, devidamente organizados de modo a facilitar a compreensão do pesquisador e a consequente análise e interpretação desses dados, os quais são classificados em grupos e subgrupos e reunidos de modo que as hipóteses referentes à pesquisa possam ser comprovadas ou refutadas.
Para garantir maior precisão, a pesquisa quantitativa requer um
número maior de entrevistados para maior precisão nos resultados, já que
os dados serão projetados para a população representada. Para tanto, as
informações são coletadas através de questionários compostos por
perguntas claras e objetivas, já que a má compreensão de um enunciado
ou questão pode comprometer a veracidade dos dados colhidos.
Pesquisas quantitativas são recomendadas quando o objetivo é
obter informações sobre aspectos comuns em uma população investigada
em grandes quantidades, ao contrário da investigação quantitativa, que
busca aprofundar questões em amostragens reduzidas.
2.4 Qualitativo x Quantitativo
A dicotomia quantitativo/qualitativo tem gerado um grande debate,
uma vez que esses métodos são frequentemente vistos como conflitantes
e inconciliáveis. É equívoco pretender confronto dicotômico entre
qualidade e quantidade, pela simples razão de que ambas as dimensões
fazem parte da realidade da vida. Não são coisas estanques, mas facetas
do mesmo todo. Por mais que possamos admitir qualidade como algo
“mais” e mesmo “melhor” que quantidade, no fundo, uma jamais
substitui a outra, embora seja sempre possível preferir uma à outra
(Demo 1999).
25
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
O problema de pesquisa de um determinado estudo pode justificar a
utilização de uma combinação dos dois métodos, quantitativo e
qualitativo, uma vez que a utilização de apenas um deles pode não ser
suficiente para contemplar as especificidades da pesquisa. No entanto, é
importante salientar que os dois métodos são utilizados com o mesmo
propósito, ou seja, a investigação de diferentes dimensões de um mesmo
problema. Pode-se compreender que os dois métodos se complementam
ao invés de se excluírem, tornando possível uma ampliação da
abrangência da pesquisa e maior confiabilidade na interpretação dos
resultados.
A realidade social possui dimensões qualitativas, e não se nega a
vigência da qualidade na realidade histórica e social. No entanto, é um
fato corriqueiro que é muito mais fácil falar de quantidade, uma vez que
o método quantitativo é mais visível, palpável, elaborado para testar
hipóteses através do uso de instrumentos objetivos e análises estatísticas.
O uso dos termos quantitativo e qualitativo para definir dois paradigmas
pode levar a uma dicotomia enganosa. Nesse sentido, não se trata de
estabelecer entre qualidade e quantidade uma polarização radical e
estanque. Cada termo tem sua razão própria de ser e age na realidade
como uma unidade de contrários. Ainda que possam se repelir, também
se necessitam.
O que é realmente relevante nesta discussão são os objetivos do
processo de coleta de dados, ou seja, os instrumentos através dos quais
torna-se factível a formação ou testagem de hipóteses. Assim, pode-se
observar que, em experimentos de larga escala, a quantidade de
informação coletada é geralmente superior à qualidade (ou
profundidade) dessa informação. Por outro lado, em pesquisas
interpretativistas, as quais utilizam método qualitativo, torna-se possível
26
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
obter mais informações sobre um número relativamente reduzido de
sujeitos (Scaramucci 1995).
A utilização combinada de métodos quantitativo e qualitativo tem
sido defendida até mesmo por autores de tradição de pesquisa que
pendem ou para um método ou para outro. Pode-se afirmar que é chegada
a hora de parar de construir muros entre os métodos e começar a
construir pontes. O valor da utilização dos dois métodos, como forma de
triangulação, é justificado por Sturman (1996, p. 350):
Os dois tipos diferentes de dados trazem tipos diferentes de
informação. Talvez fosse muito fácil descartar informações
estatísticas desconfortáveis caso não houvesse também evidência
escrita de um problema. Da mesma forma, qual seria a validade em
levar em consideração comentários por escrito de dois alunos
descontentes sem evidência estatística adicional que determine o
grau de abrangência desses comentários?
Sturman (op. cit.) acrescenta que a vantagem da coleta de
comentários escritos obtidos através de questões dissertativas é que eles
permitem aos alunos liberdade de expressão, enquanto a vantagem dos
dados quantitativos é que eles possibilitam a oportunidade de
verificarmos a representatividade desses comentários e se eles são
distribuídos aleatoriamente através da amostra. Desse modo, os dois
diferentes tipos de dados fornecem um equilíbrio entre as evidências. A
decisão a respeito do método utilizado é definida pelo problema de
pesquisa, o qual pode, por sua vez, permitir a combinação de métodos. O
objetivo é encontrar subsídios que auxiliem na solução do problema.
27
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
2.5 Método Científico
Apesar dos procedimentos que são
utilizados nas ciências poderem variar de
uma área da ciência para outra, é
possível determinar certos elementos que
diferenciam os outros métodos do
método científico.
Uma vez que as ciências se
manifestam através de procedimentos, o
método científico pode ser definido
como um conjunto de regras básicas para
que um cientista desenvolva uma
experiência com o objetivo de produzir conhecimento ou corrigir e
complementar conhecimentos pré-existentes. O método científico é
baseado na junção de evidências empíricas, observáveis e mensuráveis,
com base no uso da razão.
De modo geral, o método científico segue a seguinte sequência de
eventos:
• 1) Problema;
• 2) Hipótese;
• 3) Experimentação;
• 4) Conclusão;
• 5) Se necessário, nova hipótese.
Em primeiro lugar, é determinado um problema, que é o fator que
leva o pesquisador a propor hipóteses para explicar determinados
WWW.CONTRACTLABORATORY.COM
28
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
fenômenos, ou seja, tentar solucionar ou explicar o problema proposto.
Em seguida, são desenvolvidos experimentos para testar tais previsões.
Então, o pesquisador chega a uma conclusão, a partir da qual novas
teorias são formuladas através da junção de hipóteses de uma dada área
em uma estrutura de conhecimento que seja coerente. Isto possibilita a
formulação de novas hipóteses, assim como coloca tais hipóteses em um
conjunto de conhecimento mais amplo.
Uma outra característica do método científico é que o processo tem
que ser objetivo para que o cientista possa ser imparcial na interpretação
dos resultados. Tanto os dados quanto os procedimentos devem ser
documentados, de modo que outros cientistas possam também analisar e
reproduzir o procedimento. Isso permite a utilização de métodos
estatísticos para a verificação da confiabilidade dos resultados.
Alguém que se proponha a fazer uma investigação através do
método científico não precisa, necessariamente, atravessar todas as
etapas, além de não existir um prazo predeterminado para o cumprimento
de cada uma delas. Como exemplo podemos citar Charles Darwin, que
passou cerca de 20 anos apenas analisando os dados que havia colhido
em suas pesquisas. No entanto, seu trabalho constitui-se basicamente de
investigação, sem passar pela etapa de experimentação, o que, entretanto,
não torna suas teorias menos importantes. Algumas outras áreas da
ciência, como a física quântica, baseiam-se quase sempre em teorias
apoiadas apenas na conclusão lógica a partir de diferentes teorias e
alguns poucos experimentos, uma vez que impera a limitação tecnológica
de se efetuar a comprovação empírica de algumas das hipóteses
formuladas.
Do modo como o conhecemos hoje, o método científico foi o
resultado direto da obra de diversos pensadores, que culminaram no
29
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
Conexão: Charles Darwin foi um grande expoente do pensamento científico. Como toda pesquisa tem início com uma dúvida, ou “problema”, o grande enigma para Darwin era explicar o aparecimento e o desaparecimento das
espécies. Assim surgiram, em sua cabeça, várias questões: por que se originavam as espécies? Por que se modificavam com o passar dos tempos, diferenciavam-se em
numerosos tipos e frequentemente desapareciam do mundo por completo?
“Discurso do Método” (René Descartes), no qual ele coloca alguns
conceitos que permeiam a trajetória da ciência até os dias de hoje. Para
dar uma visão melhor sobre o método proposto por Descartes, chamado
de Modelo Cartesiano, Determinismo Mecanicista, ou Reducionismo, ele
se baseia principalmente na concepção mecânica do homem e da
natureza, ou seja, na concepção de que tudo e todos são passíveis de
divisão em partes cada vez menores, as quais podem ser analisadas e
estudadas separadamente. Em outras palavras, para compreender o todo,
basta compreender as partes.
O modo mais fácil para a
verificação do método proposto por
René Descartes é através da
medicina: graças ao modelo
cartesiano, a medicina se dividiu
em diversas especialidades, cada
uma delas procurando compreender
os mecanismos de funcionamento
de um determinado órgão ou parte
específica do corpo. As doenças passaram a ser vistas
como algum distúrbio em uma parte
específica do homem. Dentro da
concepção cartesiana, o homem em si,
como um todo, não é levado em
consideração na investigação da
medicina.
RENÉ DESCARTES WWW.RFI.FR
30
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
2.6 Reflexão
Não restam dúvidas de que o método de Descartes funcionou, já
que a ciência evoluiu como nunca, a partir da aplicação deste método.
Mas a ciência, que tinha como objetivo primordial proporcionar o bem
estar ao ser humano através da compreensão e consequente modificação
da natureza a seu favor, perdeu seu sentido. Como todos os extremos
podem ser danosos, a aplicação do modelo cartesiano a todas as áreas do
saber pode levar à desatenção com as interações entre as partes e o todo e
entre este e outros. Isso poderia causar sérios distúrbios sociais e
ambientais, ameaçando até a existência do próprio homem, em
contradição com seu princípio fundamental.
2.7 Leituras Recomendadas
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da
Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
Este livro traz subsídios para a compreensão detalhada de diversos
conceitos relacionados a pesquisa e ciência.
2.8 Referências
DEMO, P. Avaliação Qualitativa. Campinas: Autores Associados,
1999.
GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São
Paulo: Harper & Row, 1979.
31
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 2
STURMAN P. Registration and Placement: Learner Response in
Bailey K. M. & Nunan D. (Eds.) Voices from the Language Classroom:
Qualitative Research in Second Language Education – Cambridge:
Cambridge University Press, 1996.
SCARAMUCCI M. V. R. O Papel do Léxico na Compreensão da
Leitura em Língua Estrangeira: Foco no Produto e no Processo.Tese
de Doutorado, Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, 1995.
2.9 Na próxima unidade
Os trabalhos científicos que os alunos são requisitados a fazer ao
longo de seus cursos têm o objetivo de auxiliá-los a aprender mais e
melhor e a tornarem-se profissionais que possuem a desejada capacidade
de usar a pesquisa como instrumento de contínua renovação e
aperfeiçoamento de suas competências. Na unidade a seguir serão
apresentados alguns tópicos que auxiliarão o aluno a melhor
compreender a estrutura básica dos trabalhos acadêmicos.
TCC
Apresentação
Um trabalho acadêmico é um documento
escrito que representa o resultado de um estudo
solicitado em âmbito educacional, como uma disciplina,
curso ou programa. O trabalho deve expressar conhecimento
sobre o assunto escolhido.
Objetivos da sua aprendizagem
Conhecer os principais tipos de trabalhos acadêmicos e
científicos, bem como suas características.
Você se lembra?
Nas escolas o trabalho acadêmico é utilizado com frequência
como um elemento que compõe a nota finas de um curso ou disciplina.
Você se lembra de alguns dos tipos de trabalho solicitados?
33
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
3.1 Tipos de Trabalhos Acadêmicos
Serão listados abaixo os tipos/modalidades de trabalhos
acadêmicos e suas principais características.
Documento Caracterização
Artigo
Texto com autoria declarada que apresenta e
discute ideias, métodos, técnicas, processos e
resultados nas diversas áreas do conhecimento,
destinado à divulgação, através de periódicos.
Artigo
Científico
Trata de determinado assunto resultante de
pesquisa científica, destinado à divulgação
através de uma publicação científica, sujeita à
sua aceitação por julgamento.
Crítica Documento no qual é apreciado o mérito de uma
obra literária, artística, científica, etc.
Dissertação
Documento que representa o resultado de um
trabalho experimental ou exposição de um
estudo científico recapitulativo, de tema e bem
delimitado em sua extensão, com o objetivo de
reunir e interpretar informações. Deve evidenciar
o conhecimento da literatura existente sobre o
assunto e a capacidade de sistematização do
candidato. É feito sob a orientação de um
pesquisador, visando à obtenção do título de
Mestre.
Ensaio Documento relatando estudo sobre determinado
assunto, porém menos aprofundado e/ou menor
34
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
que um tratado formal e acabado, expondo ideias
e opiniões sem base em pesquisa empírica.
Livros e folhetos
Livros e folhetos são publicações avulsas,
formadas por um conjunto sequenciado de
folhas impressas e revestidas por capas. O
folheto distingue-se do livro pelo número de
páginas, deve ter, no mínimo 5 e, no máximo 48
páginas.
Monografia
Documento que descreve um estudo minucioso
sobre tema relativamente restrito.
Frequentemente solicitado como trabalho de
formatura ou trabalho de conclusão em cursos de
graduação ou de pós-graduação lato-sensu.
Paper
Pequeno artigo científico, texto elaborado sobre
determinado tema ou resultados de um projeto
de pesquisa para comunicações em congressos e
reuniões científicas, sujeitos à sua aceitação por
julgamento.
Projeto de
Pesquisa
Documento que descreve os planos, fases e
procedimentos de um processo de investigação
científica a ser realizado.
Publicações
Publicações periódicas são editadas em
intervalos prefixados, por tempo indeterminado,
com a colaboração de diversos autores, sob a
responsabilidade de um editor e/ou comissão
35
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
editorial. Inclui assuntos diversos, segundo um
plano definido.
Relatório Técnico
-Científico
Documento que relata formalmente os resultados
ou progressos obtidos em investigação de
pesquisa e desenvolvimento, ou que descreve a
situação de uma questão técnica ou científica.
Resenha
É uma comunicação de pequeno porte relatando
o resultado da avaliação sobre uma nova
publicação (livro ou revista).
Sinopse Apresentação concisa de um artigo, obra ou
documento.
3.2 Características dos trabalhos acadêmicos
Quando nos referimos ao termo trabalho acadêmico estamos nos
referindo a diversos tipos de textos que são desenvolvidos de acordo com
algumas normas específicas. O objetivo de tais trabalhos é o de aprimorar
conhecimentos e técnicas de trabalho, possibilitando aos alunos de cursos
superiores a aplicação das habilidades adquiridas tanto em contexto
acadêmico quanto profissional. Os principais tipos de trabalhos
acadêmicos são:
- Resumo;
- Resenha;
- Relatório de pesquisa;
- Artigo científico;
- Monografia.
36
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
Serão apresentadas a
seguir algumas
características de cada um
dos tipos de trabalhos
científicos listados acima.
3.2.1 Resumo
Apesar de ser um tipo de trabalho bastante comum no meio
acadêmico, muitos alunos têm muita dificuldade de resumir um livro ou
artigo por não conseguir identificar o que é principal e o que é
secundário.
Antes de mais nada, é importante compreender o que é um resumo:
um texto curto que contém as principais ideias do texto-base. Nesse
sentido, o resumo é uma representação seletiva e concisa de um texto,
seja ele um livro, artigo, ou qualquer outro tipo de documento. Os
principais tipos de resumos acadêmicos são:
- Resumo informativo: contém as informações relevantes
apresentadas no texto original e é pautado por um conjunto de palavras-
chave.
- Resumo indicativo: refere-se às partes mais relevantes do texto-
base e requer a leitura do mesmo.
- Resumo crítico: este tipo de resumo requer o desenvolvimento de
um julgamento sobre o texto original e é também chamado de resenha, a
qual será descrita mais detalhadamente a seguir.
WWW.GLOBALNERDY.COM
37
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
3.2.2 Resenha
É uma síntese ou comentário feito por revistas especializadas sobre
livros publicados. As resenhas têm papel preponderante na vida científica
dos estudantes e também dos especialistas, pois é por meio delas que
temos conhecimento prévio do conteúdo e valor de um livro, seja ele
recém publicado ou não. Com base nas informações fornecidas pelas
resenhas é que decidimos ler ou adquirir determinado livro ou não. As
resenhas permitem uma triagem na bibliografia prevista para a
elaboração de um trabalho científico.
De acordo com SEVERINO (1999, p. 107), uma resenha pode ser
puramente informativa, nos casos em que apenas expõe o conteúdo do
texto; é crítica, quando se manifesta a respeito do valor e alcance do texto
analisado; é crítico-informativa quando expõe o conteúdo e também tece
comentários sobre o texto em questão.
Um resenha é estruturada em várias partes: (1) o cabeçalho, no qual
são transcritos os dados bibliográficos da publicação resenhada; (2) uma
breve informação sobre o autor do texto, que pode ser dispensada caso se
trate de autor muito conhecido; (3) uma exposição sintética do conteúdo,
que deve ser objetiva, ou seja, conter basicamente apenas os pontos
principais e mais significativos do texto analisado, acompanhando os
capítulos ou cada uma das partes, passando ao leitor uma visão precisa do
conteúdo da obra, destacando o assunto, os objetivos, a ideia central, ou
seja, os principais passos do raciocínio do autor; e, finalmente, (4) um
comentário crítico, que consiste na avaliação que o resenhista faz da obra
que leu e sintetizou, apontando tanto seus aspectos positivos
(contribuição para a área, qualidade, originalidade, etc.) quanto negativos
(falhas, incoerências, limitações, etc.).
38
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
3.2.3 Relatório de Pesquisa
Consiste em um documento solicitado pelo professor ou orientador
como ferramenta para acompanhamento do andamento de uma pesquisa.
Tal documento consiste em um texto conciso e objetivo que informa ao
professor/orientador os procedimentos, resultados e conclusões
relacionados às atividades práticas da pesquisa e deve conter informações
sobre estágio da investigação, o levantamento bibliográfico, dificuldades
encontradas, novos caminhos a seguir, etc.
Por se tratar de um importante elo de comunicação entre aluno e
professor, ou entre orientando e orientador, este instrumento de
interlocução atua como um registro das etapas da pesquisa, que pode ser
acessado posteriormente.
3.2.4 Artigo Científico
Um artigo é um trabalho técnico-científico e consiste em uma
síntese dos resultados de investigações ou de estudos realizados a
respeito de determinada questão. É um meio sucinto de divulgar a dúvida
investigada, o referencial teórico utilizado (ou seja, as teorias que
serviram como base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada,
os resultados ou conclusões alcançados e as principais dificuldades
encontradas durante o processo de investigação ou na análise de uma
questão.
Os artigos compõem a seção principal de periódicos especializados
e devem seguir suas normas editoriais. Os artigos podem ser de dois
tipos: originais, quando apresentam assuntos ou abordagens inéditas, e de
revisão, quando abordam, resumem ou analisam informações que já
foram publicadas.
39
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
3.2.5 Monografia
De acordo com
SEVERINO (1999), o
termo monografia designa
um tipo específico de
trabalho científico. É
considerado uma
monografia o trabalho que
aborda um único assunto,
único problema. Esse termo
é utilizado, muitas vezes incorretamente, para designar diferentes tipos de
trabalhos escolares, mesmo que resultantes de investigação científica.
Assim um trabalho pode ser chamado de monografia na medida em que
cumprirem o requisito da especificação, ou seja, o tratamento estruturado
de um tema único, o qual é devidamente especificado e delimitado. Dois
exemplos de monografias utilizados no âmbito da pós-graduação são a
dissertação de mestrado e a tese de doutorado.
3.3 Hipótese
Com o objetivo de direcionar o esforço e aclarar o tema
formulamos hipóteses, as quais nos mostram onde queremos chegar, o
que queremos mostrar, testar ou descobrir. Uma hipótese aponta uma
suspeita, um “palpite” acerca de um dado fenômeno, o qual, ao longo do
percurso, pode ser confirmado ou refutado. As hipóteses têm relação
direta com as perguntas formuladas e definem o tema com mais precisão,
WWW.UNBSJ.CA
40
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
permitindo decisões mais conscientes sobre o que pesquisar, o que ler,
que dados coletar, etc. Hipóteses mal formuladas ou inexistentes podem
levar o pesquisador a se perder no trabalho, utilizando seu tempo e
esforço de forma improdutiva.
A hipótese tem o poder de indicar e iluminar o caminho a ser
seguido. Demo (2000, p. 162) apresenta três tipos de hipótese: (I) um
‘chute’ preliminar, seguindo um faro, uma intuição, que poderá ser
posteriormente comprovado ou rejeitado; (II) pode orientar o trabalho em
uma direção que consideramos promissora, permitindo selecionar
bibliografia, definição da metodologia a ser empregada, busca de dados;
(III) aponta para algum problema que gostaríamos de solucionar ou
compreender melhor, ou seja, uma pergunta que merece uma resposta ou
um objetivo ainda não explorado.
Mas como podemos chegar a hipóteses que sejam interessantes e
plausíveis? Um requisito primordial é algum conhecimento prévio sobre
o assunto, obtido através de leituras, discussões ou participação em
eventos acadêmicos, que permita o acesso a conceitos e polêmicas que
nos auxiliarão na formulação de perguntas e suas possíveis respostas
(hipóteses).
É impraticável e sobretudo arriscado sair chutando hipóteses de
trabalho sem alguma noção do espaço teórico, porque podemos estar
deixando-nos levar por aquilo que conseguimos ver no momento, não por
aquilo que a discussão já coloca, superou, acentua. Ajuda também o olhar
crítico e indagativo sobre a realidade, pois quem anda de olhos abertos
certamente vê mais e melhor. Uma coisa é passar pela vida sem a
perceber, outra é ficar sempre perguntando por ela, seja quando estamos
estudando, seja quando estamos andando pela rua. Por fim, ajuda também
41
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
a imaginação que, à falta de relevos os inventa, por vezes demais, por
vezes o suficiente para vermos melhor. A imaginação funciona tanto
melhor, quanto maior for o interesse e mesmo a paixão pelo tema
(DEMO 2000, p. 162).
3.4 Problema de Pesquisa
Um problema pode ser definido como uma
questão, um fato significativo, um objeto de
discussão que não tem (ainda) resposta ou
explicação, a qual será fornecida através da
pesquisa. Um problema pode ser considerado de
natureza científica quando suas variáveis podem
ser testadas mais de uma vez pelo mesmo
pesquisador ou por outros.
É comum o aluno ou pesquisador encontrar
diversos problemas aparentemente viáveis e
interessantes, mas ele deve ser criterioso na
escolha, pois de um problema bem escolhido resultará uma ou mais
perguntas de pesquisa pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa.
Da mesma forma, problemas mal definidos podem gerar objetivos
imprecisos, que resultarão em resultados inconsistentes. Assim, a
delimitação do problema deve ser vista como parte crucial do projeto.
Um problema é, assim, uma dificuldade detectada ou mesmo uma
curiosidade que pode ter surgido tanto por razões objetivas quanto
subjetivas. Alguns “problemas”, no entanto, não permitem uma
investigação científica. Afirmações como “Estudar em uma escola grande
é melhor que em uma escola pequena” ou “Para as crianças tornarem-se
WWW.DESCULPEANOSSAFALHA.COM.BR
42
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
adultos mais felizes a metodologia de ensino X é melhor que a Y” têm
pouco ou nenhum significado para um pesquisador, uma vez que
envolvem julgamentos de valor e torna-se praticamente impossível testá-
las empiricamente.
3.5 Fundamentação Teórica
Para desenvolver a
fundamentação teórica de um
trabalho científico não basta
simplesmente listar autores para
dizer o que foi dito por cada um,
como uma colcha de retalhos. É
imprescindível construir uma base
teórica significativa que justifique
e dê embasamento ao trabalho.
Em um trabalho científico, alguns cuidados devem ser tomados na
revisão da literatura:
• A relação entre as pesquisas citadas;
• Os verbos utilizados pelo autor nas citações;
• Justificação da presença dos textos citados;
• Explicitar em que momentos somos nós ou outros autores a
construir o texto;
• Fazer as referências bibliográficas corretamente;
• Não fazer juízos de valor dos autores e das suas ideias;
WWW.TEXTUALLY.ORG
43
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
Dicas para fazer pesquisas na internet para trabalhos escolares e acadêmicos:
Verifique se o conteúdo tem o respaldo da empresa, escola, universidade, fundação, especialista ou cientista reconhecido pela comunidade da qual participa; Confira a atualidade da informação. Para informações de geografia, história, e estatística, por exemplo, a atualidade do conteúdo pode fazer toda a diferença; Veja se o site disponibiliza também dados estatísticos, mapas, gráficos ou simulações que complementam o texto e são maior veracidade e profundidade à informação; Deixe claro no trabalho quais foram as fontes de pesquisa utilizadas: isso evita o plágio. Fonte: Jornal Folha de São Paulo, p. C8, 07/12/2009.
• Ser imparcial nas citações dos autores.
3.6 Reflexão
Nesta unidade foram apresentados diversos tipos
de trabalhos acadêmicos e científicos
que estão presentes em qualquer
contexto escolar. Para alguns
deles, é necessária a
formulação de uma ou
mais hipóteses. Uma
hipótese representa uma
estratégia de ordenamento
e direcionamento. A
hipótese não decide a tese
formulada, uma vez que o
principal é a argumentação e o
referencial teórico capazes de
sustentar ou rejeitar a hipótese. No
entanto, a hipótese nos fornece inspiração e orientação, além de
contribuir para a formulação de perguntas pertinentes.
3.7 Recomendação de Leitura
MAZZOTTI, A. J. A. A revisão da bibliografia em teses e
dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno.
Florianópolis/São Paulo: UFSC/Cortez, 2002.
44
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
No texto escrito por Mazzotti são mostrados diversos tipos de
revisões bibliográficas, indicando aquelas que devem ser evitadas.
3.8 Referências
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica.
Petrópolis: Vozes, 2002.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
MAZZOTTI, A. J. A. A revisão da bibliografia em teses e
dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno. Florianópolis/São
Paulo: UFSC/Cortez, 2002.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo:
Cortez, 1999.
45
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 3
3.9 Na Próxima unidade
Na unidade seguinte serão apresentados os critérios para elaboração
de trabalhos acadêmicos, explicando em detalhes os elementos pré-
textuais, os elementos textuais e os elementos pós-textuais.
FORMATAÇÃO DE TRABALHOS
ACADÊMICOS
Apresentação
Nesta unidade serão apresentadas instruções
importantes para a organização e formatação de diversos
tipos de trabalhos acadêmicos, como monografias (geralmente
requeridas no Trabalho de Conclusão de Curso - TCC),
dissertações, artigos e outros tipos de trabalhos acadêmicos.
Objetivos da sua aprendizagem
Conhecer a formatação e regras de organização de trabalhos
acadêmicos, desde a capa até os apêndices e anexos.
Você se lembra?
Na sua vivência escolar, os trabalhos que elaborou tinham uma
formatação definida pelo professor (“x” folhas, em papel “y”,
escrito em caneta de cor “z”). Compare a formatação exigida nos
trabalhos do seu Ensino Médio com aquelas que você vai ver
nesta unidade.
47
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
4.1 Organização Geral
Os trabalhos acadêmicos seguem, em sua construção, as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), compostas de
elementos obrigatórios e elementos opcionais, conforme determinação
normativa.
Para fins de organização e padronização, os trabalhos científicos
são separados em três fases sequenciais:
- elementos pré-textuais;
- elementos textuais;
- elementos pós-textuais.
4.2 Elementos Pré-Textuais
Elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na
identificação e utilização do trabalho e variam em função do tipo de
trabalho a ser desenvolvido. Os elementos pré-textuais são constituídos
dos seguintes tópicos:
• Capa;
• Lombada (opcional);
• Folha de rosto;
• Errata (opcional);
• Folha de aprovação;
• Dedicatória(s) (opcional);
• Agradecimento(s) (opcional);
• Epígrafe (opcional);
• Resumo na língua portuguesa (obrigatório);
• Resumo em língua estrangeira (opcional);
48
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
• Lista de ilustrações (opcional);
• Lista de tabelas (opcional);
• Lista de abreviaturas e siglas (opcional);
• Lista de símbolos (opcional);
• Sumário (obrigatório).
4.3 Elementos Textuais
É a parte do trabalho em que é exposto o conteúdo propriamente
dito. Os elementos textuais são apresentados por meio das seguintes
fases:
• Introdução;
• Desenvolvimento;
• Conclusão.
4.3.1 Introdução
Parte inicial do texto, onde deve constar a delimitação do assunto
tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar
o tema do trabalho. Por se tratar de elemento textual, a numeração
progressiva deve começar pela Introdução.
49
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
4.3.2 Desenvolvimento
Parte principal do texto, o
qual contém a exposição
ordenada e pormenorizada do
assunto. Divide-se em seções e
subseções, que variam em
função da abordagem do tema e
do método. É o trabalho
propriamente dito. É no desenvolvimento que constam as citações, que
são menções de uma informação extraída de outra fonte.
4.3.3 Conclusão
Elemento obrigatório, é a parte final do texto, na qual se
apresentam conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses. Faz-
se na conclusão um apanhado geral do trabalho, informando os itens mais
relevantes verificados na elaboração do mesmo. Por se tratar de trabalhos
com um prazo relativamente pequeno para sua elaboração, nem sempre é
possível se chegar a uma conclusão, podendo-se, assim, substituí-la por
Considerações Finais.
Por ser o último elemento textual, deverá ser numerado seguindo a
numeração progressiva do trabalho.
4.3.4 Citações
As citações devem ser indicadas no texto por um sistema de
chamada: numérico ou autor-data. Qualquer que seja o método adotado,
WWW.PRODIGYCENTER.ORG
50
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
deve ser seguido consistentemente ao longo de todo o trabalho,
permitindo sua correlação na lista de referências ou em notas de rodapé.
4.3.5 Referências no Sistema Autor-data
Neste sistema, a indicação da fonte é feita pelo sobrenome de cada
autor ou pelo nome da entidade responsável até o primeiro sinal de
pontuação, seguido(s) da data da publicação do documento e da(s)
página(s) da citação, no caso de citação direta, separados por vírgula e
entre parênteses.
Exemplos:
� No texto: A chamada pandectística havia sido a forma particular
pela qual o direito romano fora integrado no século XIX na
Alemanha em particular. (LOPES, 2000, p. 225).
� Na lista de referências: LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito
na história. São Paulo: Max Limonad, 2000.
4.4 Elementos Pós-Textuais
Os elementos pós-textuais são constituídos das seguintes fases:
• Referências (obrigatório);
• Glossário (opcional);
• Apêndice(s) (opcional);
• Anexo(s) (opcional);
• Índice(s) (opcional).
Por se tratar de elemento complexo e repleto de detalhes, o item
Referências será tratado em capítulo específico.
51
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
4.4.1 Glossário
Elemento opcional, consiste na relação de palavras ou expressões
técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto,
acompanhadas das respectivas definições.
4.4.2 Apêndice
Elemento opcional, consiste em texto ou documento elaborado pelo
autor, a fim de complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade
nuclear do trabalho. Os apêndices são identificados por letras maiúsculas
consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente
utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos apêndices,
quando esgotadas as letras do alfabeto. As páginas são numeradas
sequencialmente.
O apêndice deve obrigatoriamente ser mencionado no texto
(desenvolvimento), porém sem indicar o número da página em que o
apêndice se encontra. A ordem dos apêndices é definida pela ordem em
que estão mencionados no texto.
4.4.3 Anexo
Elemento opcional, é um texto ou documento não elaborado pelo
autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração. Os anexos
são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos
respectivos títulos. Excepcionalmente utilizam-se letras maiúsculas
dobradas, na identificação dos apêndices, quando esgotadas as letras do
alfabeto. As páginas são numeradas sequencialmente.
52
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
O anexo deve obrigatoriamente ser mencionado no texto
(desenvolvimento), porém sem indicar o número da página em que o
anexo se encontra. A ordem dos anexos é definida pela ordem em que
estão mencionados no texto. Todo documento inserido em anexo deve ter
a fonte incluída na lista de referências.
4.4.4 Índice
Elemento opcional, trata-se de uma lista de palavras ou frases,
ordenada segundo determinado critério, que localiza e remete para as
informações contidas no texto. O índice deverá ser elaborado conforme a
NBR 6034.
4.5 Formatação
Um trabalho acadêmico é um texto que serve para comunicar
resultados de pesquisas, e deve seguir as orientações normativas dos
trabalhos acadêmicos, observando-se em especial a NBR 6023/2002 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que trata da
apresentação de artigo em publicação periódica científica impressa.
Elemento Especificação
Papel Branco, A4 (21cm x 29,7 cm)
Fonte Arial ou Times New Roman, cor preta
Parágrafo
O deslocamento da primeira linha de cada
parágrafo é de 1,5 da margem esquerda. Não
separar os parágrafos com espaço e evitar deixar
uma única linha isolada no início ou no final de
uma página. O texto deve estar com margem
justificada
53
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
Tamanho da fonte para o
texto 12
Espaçamento das entrelinhas
para o texto 1,5
Espaçamento das entrelinhas
para notas de rodapé,
referências, legendas das
ilustrações e das tabelas,
ficha catalográfica, natureza
do trabalho, objetivo, nome
da instituição a que é
submetida e área de
concentração
Espaço simples
Citações de mais de três
linhas
Espaço simples, fonte 11, recuo de 4cm da
margem esquerda
Espaçamento entre títulos e
texto Separados por dois espaços 1,5
Espaçamento entre títulos das
subseções e texto Separados por dois espaços 1,5
Citações com mais de três
linhas
Deslocamento de 4 cm da margem esquerda,
fonte 11 e espaço entre linhas simples.
Margens Superior e esquerda: 3 cm
Inferior e direita: 2 cm
Número de página
Em arábico, no canto superior direito. Conta-se a
partir da folha de rosto de forma sequencial,
porém, indica-se a numeração a partir da
Introdução. Caso exista apêndice e anexo a
numeração segue de maneira contínua.
54
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
Numeração progressiva para
as seções
Seção primária 1
Seção secundária 1.1
Seção terciária 1.1.1
Seção quaternária 1.1.1.1
Destaques das seções
Seção primária
Letras maiúsculas,
em negrito, fonte
16.
Seção secundária
Letras maiúsculas,
sem negrito, fonte
14, alinhado à
esquerda.
Seção terciária
Primeira letra em
maiúscula, demais
minúsculas, fonte
14, alinhado à
esquerda.
Seção quaternária
Primeira letra em
maiúscula, demais
minúsculas, fonte
14, em itálico,
alinhado à
esquerda.
4.6 Reflexão
Na elaboração de um trabalho acadêmicos cada fase constitui
processos de formulação que compõem a construção das monografias,
artigos e outros trabalhos científicos. Os elementos pré-textuais e pós-
55
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
textuais serão solicitados conforme o tipo de trabalho apresentado.
Consideram-se obrigatórios todos os itens imprescindíveis para a
elaboração do trabalho e opcionais os que ficam a critério do autor e/ou
do orientador.
4.7 Leituras Recomendadas
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo:
Martins Fontes, 1994.
Nesta obra o autor descreve em detalhes o processo de elaboração
de monografias e outros trabalhos acadêmicos.
4.8 Referências
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica.
Petrópolis: Vozes, 2002.
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São
Paulo: Harper & Row, 1979.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo:
Perspectiva, 1994.
56
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 4
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
4.9 Na próxima unidade
Em trabalhos acadêmicos uma das dificuldades mais recorrentes
encontradas pelos alunos consiste na elaboração um projeto de pesquisa.
Assim, na próxima unidade serão abordados aspectos importantes para a
elaboração correta de um projeto de pesquisa.
PROJETO DE PESQUISA
Apresentação
Um projeto de pesquisa é um ‘plano de intenções’
sobre o que o aluno pretende desenvolver em seu TCC ou
em qualquer outro trabalho científico. No Projeto de Pesquisa
é feita a escolha do tema, a indicação de suas delimitações, no
que tange ao espaço em que será desenvolvida a pesquisa.
Nesta unidade serão apresentadas instruções importantes para a
elaboração e formatação de um projeto de pesquisa.
Objetivos da sua aprendizagem
Conhecer a formatação e regras de organização de projetos de
pesquisa, bem como a elaboração da pergunta de pesquisa.
Você se lembra?
Podemos definir um “projeto” como um esforço
temporário empreendido a fim de criar um produto, serviço
ou resultado. Você se recorda dos planejamento que já fez
em contexto acadêmico ou profissional?
58
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 5
5.1 Definição
O projeto de pesquisa é uma antecipação das ações, uma previsão
do que será realizado para o alcance dos objetivos, mas não é uma
“camisa-de-força” que irá cercear ou limitar a realização do trabalho de
pesquisa.
A formatação do Projeto de Pesquisa (fonte, espaçamentos,
margens, etc.) segue as mesmas normas aplicadas ao trabalhos
acadêmicos.
5.2 Tópicos do Projeto de Pesquisa
Veja abaixo os principais tópicos que podem compor um Projeto de
Pesquisa:
• Dados de Identificação (contendo o título do projeto e dados do
aluno/pesquisador);
• Justificativa;
• Objetivos (com item em separado para o Geral e os Específicos);
• Metodologia da Pesquisa;
• Referências (já consultadas ou a consultar).
Em cada situação específica o projeto de pesquisa pode ter
características também específicas e, portanto, é importante consultar os
tópicos exigidos em cada situação.
Sugestões para a redação dos objetivos:
59
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 5
1. Iniciar com um verbo no infinitivo (identificar, estudar, comparar,
explorar, avaliar, etc...);
2. Descrever clara e sucintamente a ação
(Avaliar os efeitos de X sobre Y...);
3. Descrever clara e sucintamente a condição (Avaliar os efeitos de
X sobre Y utilizando os seguintes instrumentos...);
4. Quando tratar-se de objetivo específico, descrever o resultado
almejado (Avaliar os efeitos de X sobre Y, utilizando
instrumentos
de precisão, visando a obtenção de padrões que podem ser
referências para situações similares).
Veja abaixo um modelo de projeto de pesquisa. É importante
ressaltar que os dados requeridos ou mesmo alguns elementos de
formatação podem variar de instituição para instituição, ou mesmo de
curso para curso na mesma instituição.
5.2.1 Dados de Identificação
- Título Provisório do Artigo (deve ser claro e conciso e conter
indicações do problema ou tópico a ser tratado);
- Nome do Acadêmico;
- Curso;
- Ano;
- Linha de Pesquisa;
- Tema para Linha de Pesquisa.
60
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 5
5.2.2 Justificativa
Discorrer sobre as razões pelas quais pretende desenvolver o
projeto, informar se há conhecimento sobre o assunto e esclarecer como
o artigo pode contribuir para o avanço do tema escolhido.
5.2.3 Pergunta de Pesquisa
O aluno deverá formular uma pergunta de pesquisa, a qual diz o
que o investigador quer aprender. O objetivo é criar uma pergunta de
pesquisa importante e que pode ser desenvolvida em um plano factível e
válido tanto para o aluno quanto para o orientador. Pergunta de pesquisa
é, portanto, a questão que pretende discutir, na forma interrogativa.
É importante ressaltar o cuidado na formulação deste importante
item para um trabalho acadêmico, pois o aluno deve refletir se conseguirá
os dados necessários para responder a pergunta de pesquisa e alcançar
seu objetivo.
Veja o exemplo abaixo:
O Objetivo da pesquisa é verificar a problemática da capacitação
docente em escolas particulares frente aos desafios apresentados pela
acelerada evolução tecnológica na área educacional.
Pergunta de
Pesquisa
É realmente necessário que as instituições de ensino
particulares invistam na capacitação de seus docentes em
novas tecnologias educacionais?
61
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 5
5.2.4 Hipótese (opcional)
Caso o projeto apresente hipótese(s), ela(s) deve(m) aparecer na
sequência do texto. A(s) hipótese(s) anuncia(m) respostas possíveis à
pergunta de pesquisa e serve(m) como eixo norteador dessa resolução.
São os pressupostos iniciais do trabalho.
5.2.5 Metodologia
Indicar de forma resumida quais serão os procedimentos e as
técnicas utilizados (análise qualitativa, quantitativa, revisão bibliográfica,
utilização de questionários, etc.).
5.2.6 Referências
Relacionar a literatura citada no projeto ou que será estudada
durante o seu desenvolvimento.
5.3 Reflexão
Nesta unidade foram apresentados os principais tópicos que estão
presentes em projetos de pesquisa. Na fase de preparação para uma
pesquisa é opcional a formulação de uma ou mais hipóteses. Uma
hipótese representa uma estratégia de ordenamento e direcionamento e
ela não decide a tese formulada, uma vez que o principal é a
argumentação e o referencial teórico capazes de sustentar ou rejeitar a
hipótese. No entanto, a hipótese nos fornece inspiração e orientação,
além de contribuir para a formulação de perguntas pertinentes.
62
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 5
5.4 Leituras Recomendadas
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Editora Atlas, 2000.
Esta é uma obra de referência para aqueles que querem se
aprofundar em tópicos relacionados com pesquisa.
5.5 Referências
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica.
Petrópolis: Vozes, 2002.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
MAZZOTTI, A. J. A. A revisão da bibliografia em teses e
dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno. Florianópolis/São
Paulo: UFSC/Cortez, 2002.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo:
Cortez, 1999.
63
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 5
5.6 Na Próxima unidade
Em trabalhos acadêmicos uma das dificuldades mais recorrentes
encontradas pelos alunos consiste na elaboração de referências. Assim, a
próxima unidade trará, com detalhes, importantes subsídios para a
elaboração correta de referências.
ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS PARA O
ARTIGO CIENTÍFICO
Apresentação
Elemento obrigatório, as Referências consistem em
um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados
de um documento, que permite sua identificação individual.
Os termos Referências Bibliográficas e Bibliografia têm sido
pouco utilizados, devendo-se apenas utilizar o termo Referências.
Objetivos da sua aprendizagem
Como na maioria dos trabalhos acadêmicos é necessário citar as
referências, esta unidade irá fornecer o suporte necessário para que você
possa incluir as referências com segurança.
Você se lembra?
Você já leu trabalhos acadêmicos, reportagens, etc. que
continham uma seção de referências no final?
65
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
6.1 Introdução
No nosso mundo contemporâneo, paralelamente ao ato de produzir
conhecimento, torna-se cada vez mais necessário que as pessoas
envolvidas com pesquisa se preocupem com o levantamento e
identificação de todas as fontes de informação que darão sustentação à
sua produção.
Além de tratar-se de um registro das fontes pesquisadas, a
bibliografia também atende ou desperta o desejo de aprofundar os
conhecimentos naqueles que tiverem acesso a ela.
De acordo com a ISO, normalização é um processo de formulação
e aplicação de regras visando ao ordenamento de uma atividade
específica, à cooperação e à racionalização de suas condições funcionais.
De acordo com a NBR 6023/2002, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), Referência é o conjunto padronizado de
elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua
identificação individual.
6.2 Categorias
Categoria Material
Monografias Livros, tese, e dissertações.
Periódicos Revistas e jornais.
Documentos jurídicos
Acórdãos, decisões e sentenças das
cortes ou tribunais, leis, decretos,
portarias, jurisprudência e doutrina.
Documentos eletrônicos obtidos
em meio legível por computador
Internet, CD-ROM, e-mail,
imagens (filmes, DVD ou fitas de
vídeo).
66
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
Documento iconográfico Fotografia e desenho.
Documento cartográfico. Mapa, globo e plantas.
Documento sonoro e musical. CD, fita cassete, disco e partituras.
Assim, caso o investigador queira referenciar uma parte de um
livro, deverá utilizar o exemplo posto na categoria "parte de monografia".
Deve-se observar, na parte de publicação periódica, a diferenciação
existente entre o seriado no todo (coleção inteira) e o seriado em parte
(um fascículo, uma revista). Deve ser observado ainda o tipo de suporte
documental, ressaltando a inserção na norma da referenciação de
documentos por meio eletrônico.
6.2.1 Referências – regras gerais
• Apenas são referidas as obras citadas no corpo do texto;
• As referências devem ser escritas por ordem alfabética segundo o
sobrenome do primeiro autor ou editor;
• As referências de um mesmo autor ordenam-se por ano de
publicação, surgindo em primeiro lugar a mais antiga;
• Se o ano de publicação também é o mesmo, as obras são
ordenadas por uma letra minúscula do alfabeto, depois do ano de
publicação. Inicia-se com a letra a.
6.3 Regras de Apresentação
O alinhamento das referências é apenas na margem esquerda.
Segundo a NBR 6023:2002, as referências devem ter uma forma
consistente de pontuação e o uso de recursos tipográficos (negrito, grifo,
itálico) deve ser uniforme.
67
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
Conexão: Para conhecer melhor o
sistema de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), visite a página oficial do
orgão: www.abnt.org.br
A lista de referências pode ser ordenada numérica e/ou
alfabeticamente. Em casos excepcionais, pode ser cronológica ou
geográfica.
Quando a ordenação for alfabética, as referências podem ser
individualizadas, usando-se números arábicos de forma sequencial e sem
sinais de pontuação após o número. Pode-se também usar um
espaçamento maior entre as referências. As referências podem aparecer:
- em notas de rodapé;
- no fim de textos;
- no fim de capítulos; e
- encabeçando resumos ou recensões.
As referências são constituídas de elementos
essenciais, podendo ser acrescidas de elementos complementares. A
apresentação dos elementos segue uma sequência padronizada.
Os elementos essenciais são aqueles indispensáveis à identificação
do documento. Em geral são: autor, título, edição, local, editora e data.
Como esses elementos são estritamente vinculados ao tipo de suporte em
que a informação está registrada, pode haver variação em sua forma de
identificação.
Os elementos complementares podem ser acrescentados visando a
melhor caracterizar ou explicar o tema que está sendo discutido. É bom
salientar que tais elementos podem se tornar essenciais, dependendo do
tipo de suporte físico da publicação. Podem ser elementos
complementares: subtítulo, indicação de tradutor, paginação, ilustrações,
séries, notas explicativas, etc. Indica-se o subtítulo quando o título da
obra for genérico ou ambíguo.
68
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
� Exemplo de referência com indicação de elementos essenciais:
LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2000.
� Exemplo de referência com indicação de elementos
complementares:
LÉVY, Pierre. Cibercultura . Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2. ed.
São Paulo: Ed. 34, 2000. 260 p. (Coleção Trans). ISBN 85-7326-126-9.
Como já informado anteriormente, devem-se incluir nas
referências, apenas as das obras que são citadas no texto.
Exemplos:
� Um autor: ALMEIDA, A. F. Português básico: gramática,
redação e textos. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1992.
� Dois autores: MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S.
Português instrumental: de acordo com as atuais normas da
ABNT. 24.ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003.
� Três autores: RIESMAN, D.; GLAZER, N.; DENNEY, R. A
Multidão solitária: um estudo da mudança do caráter americano.
São Paulo: Perspectiva, 1971.
� Mais de três autores: ADAMS, R. N. et al. Mudança social na
América Latina. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
� Artigo de periódico: TOURINHO NETO, F. C. Dano
ambiental. Consulex, Revista Jurídica, Brasília, DF, v. 1, n. 1, p.
18-23, fev. 1997.
� Jornal: NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de S.
Paulo, São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13.
� Artigo da Internet: CASTRO, Daniel. Análise: redes saem
vitoriosas com padrão japonês de TV digital. Folha de São Paulo,
69
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
São Paulo, 08 mar. 2006, Folha Dinheiro. Disponível em:
<www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 10 mar. 2006.
6.3.1 Outras informações relevantes sobre as referências
• As referências devem aparecer em ordem alfabética de
sobrenome dos autores;
• Os prenomes dos autores podem ser digitados por extenso ou
abreviadamente;
• Deve-se obedecer ao que aparece na obra original;
• Em caso de livros, o título da obra deve ser destacado, para isto
utiliza-se negrito ou sublinhado. O subtítulo da obra não deve ser
destacado;
• Quando a obra tiver volumes, deverá seguir como aparece folha
de rosto da mesma, em algarismo romano ou arábico (v. 3 ou v.
III);
• O termo correto a ser usado é Referências (não Bibliografia, nem
Referências Bibliográficas);
• O espaçamento entre linhas é simples e as referências devem ser
separadas por dois espaços simples; o alinhamento é o esquerdo e
nunca o justificado;
• Quando na mesma folha houver mais de uma indicação do
mesmo autor, o nome dele não deverá ser repetido. Coloca-se no
lugar de seu nome, seis toques Da tecla sublinhar, Deverá ser
seguida a ordem alfabética dos títulos.
Exemplo:
CHAUÍ, M. de S. Convite à filosofia. 13.ed. São Paulo: Ática, 2004.
70
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
______. A Nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa.
São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
• Não sendo possível determinar o local, utiliza-se a expressão sine
loco abreviada, entre colchetes [s.l.];
• Não sendo possível identificar a editora, utiliza-se a expressão sine
nomine abreviada, entre colchetes [s.n.];
• Não sendo possível identificar o ano da publicação, indica-se o ano
provável (p.e. 1999?), a década provável (p.e.199?) ou o século
provável (p.e. 19??);
• Autor não tem sigla. Se a autoria for de uma entidade coletiva, ela
deverá ser indicada por extenso. P.ex. ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS e não ONU.
Para referências de obras em meio eletrônico, deve-se obedecer aos
padrões indicados para o tipo de suporte impresso, acrescidas das
informações relativas à descrição física do meio eletrônico (disquetes,
CD, DVD). Quando se tratar de obras on-line, deve-se indicar o endereço
eletrônico e a data de acesso. A hora de acesso não é necessária.
6.4 Reflexão
Esta unidade forneceu orientações sobre a apresentação de
referências, as quais têm o objetivo de descrever informações registradas
sob qualquer tipo de suporte (papel, filme, documentos eletrônicos, etc.),
tendo como base a NBR 6023/2002, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), com sede no Rio de Janeiro. No Brasil é a autoridade
máxima em assuntos de normalização. O equivalente internacional é a
71
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 6
International Organization for Standardization (ISO), sediada em
Genebra.
6.5 Leituras Recomendadas
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
Esta obra traz importantes subsídios para a maioria dos tipos de
pesquisa.
6.6 Referências
ABNT. Informação e Documentação, Referências, Elaboração. NBR
6023, ago. 2002. Disponível em: <www.habitus.ifcs.ufrj.br>. Acesso em:
10 nov. 2010.
6.7 Na próxima unidade
Por muito tempo o homem iniciou sua busca pelo conhecimento
para encontrar respostas a certas questões referentes ao seu dia a dia.
Algumas respostas tinham um cunho místico, o que levava à criação de
mitologias. Quando o homem passou a questionar tais respostas e a
procurar explicações mais plausíveis, através da razão, passou a obter
respostas mais realistas que se aproximavam mais da realidade das
pessoas. Tais respostas passaram a ser mais bem aceitas pela sociedade e
podemos afirmar que essa nova forma de pensar criou a possibilidade da
ideia de ciência para explicar os fenômenos por meio da razão. Os
conceitos de ciência serão discutidos no próximo capítulo.
PLÁGIO
Apresentação
A partir do momento em que o homem
passou utilizar a razão para questionar o modo como
buscava suas respostas e para buscar formas mais
plausíveis de obter explicações, passou a reduzir a
importância de suas emoções e crenças religiosas e a obter
respostas que fossem mais realistas e que se aproximassem de
forma mais pungente da realidade das pessoas. As explicações
resultantes passaram, assim, a ser mais bem aceitas na sociedade em
que vivia.
Objetivos da sua aprendizagem
Compreender o conceito de ciência e a forma como ela surgiu e
evoluiu, além das questões de cunho ético envolvidas na sua utilização e
interpretação, como o plágio.
Você se lembra?
As aulas de Ciências na escola procuravam fornecer
explicações a fenômenos muitas vezes cotidianos, como a
eletricidade estática ou o magnetismo. O conceito de
ciência sempre esteve presente no universo
acadêmico.
73
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
Ciência é sempre instável: não só cresce, mas também muda de
direção; novos conhecimentos nem sempre confirmam os anteriores, e os paradigmas sucedem-se, por vezes em meio a polêmicas acirradas e
irreconciliáveis. Todavia, a ciência futura é
imprevisível, não nos cabendo pressupor limites, que bem podem ser devidos à limitação do nosso olhar atual (DEMO 2000, p. 46).
7.1 O Conceito de Ciência
O termo ciência provém do verbo em latim Scire, que significa
aprender, conhecer. Em toda sua história o homem engajou-se em uma
jornada com o objetivo de buscar o conhecimento para chegar a respostas
a certas questões relacionadas a problemas do seu cotidiano. Um dos
meios mais utilizados para explicar sua realidade era a criação de mitos,
ou seja, através da mitologia o homem tentava “explicar o inexplicável”.
Se hoje é ‘óbvio’ que a Terra é redonda, até o início das grandes
navegações no século XV era ‘óbvio’ que a Terra era plana. Se hoje é
‘óbvio’ que o homem pode voar em um equipamento mais pesado que o
ar, há pouco mais de um século era ‘óbvio’ que o homem só poderia voar
em equipamentos mais leves que o ar, como os balões. Assim, muitas
coisas que eram óbvias no passado deixaram de sê-lo e, da mesma forma,
o que é óbvio hoje pode não sê-lo em algum momento no futuro.
WWW.GEOGRAFA.BLOGUEPESSOAL.COM
Apresentamos aqui dois dos principais usos para a palavra 'ciência':
74
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
Conexão: O mito faz parte da história humana desde os primórdios e nunca deixou de estar presente. Entenda mais
sobre o conceito de mito através do seguinte link:
http://vestibularfilosofia.blogspot.com/search/label/mitologia
1) Atividade executada por cientistas, com matérias-primas,
propósitos e metodologia específicas.
2) O resultado desta atividade, ou seja, um corpus bem estabelecido
e bem testado de leis, modelos e fatos que conseguem descrever o mundo
natural.
Os resultados da ciência devem ser
"objetivos", ou seja, eles devem ser testáveis,
repetíveis e passíveis de confirmação
através de outros cientistas.
Podemos classificar essas áreas da
ciência em duas grandes dimensões:
• Ciência Pura (o desenvolvimento de teorias) x
Ciência Aplicada (a aplicação de teorias às necessidades
humanas);
• Ciência Natural (o estudo do mundo natural) x Ciência Social (o
estudo do comportamento humano e da sociedade).
7.2 Definições de Ciência
1) "Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um
determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a
observação, a experimentação dos fatos e um método próprio."
2) A ciência busca compreender a realidade de maneira racional,
descobrindo relações universais e necessárias entre os
fenômenos, o que permite prever acontecimentos e,
75
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
consequentemente, também agir sobre a natureza. Para tanto, a
ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de
conhecimento sistemático, preciso e objetivo.
3) "Conjunto de conhecimentos e de pesquisas metódicas, cujo
fim é a descoberta das leis dos fenômenos: ‘A ciência
encontrou na experiência um princípio próprio e imanente, de
onde tira, sem outro auxiliar além da atividade intelectual
comum, os fatos materiais da sua obra, e as leis, com as quais
coordena os fatos.’ "
4) "Ciência: do latim scientia, "sabedoria, conhecimento", é o
conhecimento de caráter racional, sistemático e seguro dos
fatos e fenômenos do mundo. Visão positiva: ‘o homem
domina a natureza não pela força, mas pela compreensão’.
Visão negativa: o controle da natureza pela ciência implica
força e poder. ‘Toda a natureza começaria por se lastimar se
lhe fosse dada a palavra.’"
ALBERT EINSTEIN HTTP://JOHNSTODDERINEXILE.FILES.WORDPRESS.COM
76
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/; Acessado em:
15/09/2009.
7.3 Ética na Ciência
Nem só de flores vive a ciência. Na busca desenfreada por
reconhecimento, poder ou dinheiro, alguns cientistas se
veem tentados a burlar um procedimento ou dois, alterar
este dado ou aquele, tudo para garantir que o resultado de
sua pesquisa saia como ele quer que seja. Abaixo estão
listados dez dos mais famosos casos de fraude científica:
1- Em 1989, o norte americano Stanley Pons e o britânico, Martin
Fleischmann divulgaram a existência de um aparelho capaz de
fundir átomos a temperaturas muito mais baixas do que as usadas
em reações termonucleares. O experimento nunca pôde ser
reproduzido em outros laboratórios.
2- Em 1971, o governo filipino anunciou a descoberta da tribo
tasaday, que falava uma língua estranha, comia animais selvagens
e usava artefatos de pedra. Jornalistas descobriram que os nativos
viviam em casas, produziam carne seca e usavam calças Levi´s.
3- Em um artigo na revista Nature em 1988, o francês Jacques
Benveniste propôs que a água tem memória, ou seja, guarda traços
de elementos que por ela tenham passado. Os defensores da
homeopatia festejaram, pois isso explicaria a eficácia do
tratamento. As ideias de Benveniste nunca puderam ser
confirmadas.
4- O arqueólogo inglês Charles Downson "encontrou" uma ossada
de homem com crânio de formas humanas e queixo parecido com o
de um macaco. Em 1953, 40 anos depois, os cientistas
77
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
desmontaram o quebra-cabeça: uma junção de crânio de homem
com queixo de orangotango.
5- A partir dos anos 1920, o biólogo soviético Trofim Denisovich
Lysenko inventou fórmulas absurdas para aumentar a produção
agrícola. Fazia coisas como misturar trigo de inverno com trigo de
primavera numa mesma plantação. Com isso esperava desenvolver
uma espécie que pudesse ser plantada e colhida em qualquer época
do ano. Suas ideias nunca funcionaram.
6- Nos primeiros anos de século 20, o mundo celebrava a
descoberta do raio X. Isso parece ter inspirado o físico francês
René Blondlot. Na mesma época ele afirmou ter descoberto o raio
N, e outros cientistas contemporâneos disseram ter produzido em
seus laboratórios raios N. O citado raio nunca teve sua existência
comprovada.
7- O físico Victor Ninov e sua equipe publicaram, em 1999, a
descoberta do elemento químico 118 - o mais pesado que poderia
existir. No ano seguinte, a equipe não conseguiu reproduzir a
experiência. Investigações provaram que Ninov havia forjado os
resultados.
8- Na década de 70, o psicólogo inglês Cyril
Burt propôs que o quociente de inteligência
seria determinado geneticamente. Para chegar
a esse resultado, inventou personagens e
falsificou dados.
9- O alemão Jan Hendril Schon foi demitido
dos laboratórios Bell por alterar dados em
experiências sobre luz e supercondutividade
entre 1998 e 2001. Pesquisador conceituado,
WWW.AMAZON.COM
78
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
ele publicou suas farsas em revistas como Science e Nature.
10- Um professor da Universidade Tecnológica da Coréia do Sul
reconheceu ter falsificado seus estudos publicados em revistas
científicas internacionais. Segundo o jornal sul-coreano The
Hankyoreh, Kim Tae-kook, professor de biotecnologia do Instituto
Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia (Kaist), reconheceu
ter usado dados falsos em seu experimento sobre tecnologia contra
o envelhecimento, depois que uma comissão de investigação da
universidade descobriu essa manipulação. O resultado dos estudos
foram publicados em duas revistas científicas - a Science, em 2005,
e a Nature Chemical Biology, em 2006 - por ter aberto
supostamente uma porta para encontrar remédios contra o
envelhecimento humano. Como consequência, o Kaist retirou Kim
da docência e de suas condições de pesquisador, e a comissão de
investigação indicou que esses estudos serão retirados das revistas.
A notícia aconteceu dois anos depois que o professor sul-coreano
Hwang Woo-souk, pioneiro da clonagem, admitiu ter falsificado
seus estudos sobre células-tronco de embriões humanos clonados
publicados na revista Science. Hwang afirmou ter realizado a
primeira clonagem de células-tronco de embrião humano em 2004,
mas depois ficou demonstrado que era falsa.
79
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
7.4 Plágio
Plágio é o ato de assinar
ou apresentar uma obra
intelectual de qualquer
natureza (texto, música, obra
pictórica, fotografia, obra
audiovisual, etc) contendo
partes de uma obra que
pertença a outra pessoa sem
colocar os créditos para o
autor original.
Copiar textos sem dar o devido crédito ao autor, além de antiético,
é crime.
A Lei de Direito Autoral nº 9.610, de 19/02/1998, regula o Direito
Autoral no país, e o Código Penal, no artigo 184, prevê pena de detenção
de três meses a um ano, ou pagamento de multa.
7.4.1 O que é considerado plágio
• Copiar trechos de livros ou artigos e inseri-los em seu trabalho
sem identificação de origem.
• Identificar a origem (o autor), mas de forma incorreta ou limitada.
Por exemplo, citar o autor, mas não identificar claramente até
onde vai a referência ao texto do autor citado, ou citar o nome do
autor, mas sem data, página ou inclusão na lista de Referências
(bibliografia).
WWW.YARMOUTHCOUNTYMUSEUM.EDNET.NS.CA
80
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
• Copiar para seu trabalho trechos muito longos de outra obra
(mesmo que cite o autor).
7.4.2 O que Não é considerado plágio
• Paródia: na paródia, há uma intenção clara de homenagem, crítica
ou de sátira. Não existe a intenção de enganar o leitor ou o
espectador quanto à identidade do autor da obra.
• Paráfrase: parafrasear consiste em transcrever, em outras
palavras, as ideias centrais de um texto. O leitor deverá fazer uma
leitura cuidadosa e atenta e, a partir daí, reafirmar e/ou esclarecer
o tema central do texto apresentado, sem, entretanto, mudar a
essência do texto original. Portanto, a paráfrase repousa sobre o
texto-base, condensando-o ou estendendo-o. De qualquer modo, é
necessário sempre citar o autor do texto no qual a paráfrase se
baseia. Veja este exemplo:
Texto Original:
Portanto, a gestão organizacional deve ser concebida como um processo
comprometido com a conquista de resultados diferenciados por meio de ações
simultâneas em toda a organização, baseada em um modelo plenamente
adequado aos objetivos estratégicos definidos pela empresa.
Paráfrase:
De acordo com Assunção (2006), a gestão organizacional precisa ser
entendida como um processo que visa resultados específicos. Para tanto, ela
propõe ações simultâneas em toda a organização que levem em consideração os
objetivos estratégicos previamente definidos.
81
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
• Citação Direta (com até três linhas): Você pode reproduzir
trechos curtos de um texto literalmente, mas identificando (entre
aspas) que se trata de uma citação oriunda de outro autor. Veja
este exemplo:
Assunção (2006) acredita que as novas posturas organizacionais vieram para ficar e afirma que “a visão geral da prática de gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprometido com a conquista de resultados diferenciados por meio de ações simultâneas em toda a organização, baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estratégicos definidos” (p. 13).
• Citação Direta (com mais de três linhas): Você pode reproduzir
trechos mais longos de um texto identificando o autor e utilizando
formatação específica: espaço simples, fonte 11, recuo de 4 cm da
margem esquerda. Veja este exemplo:
Para resultados mais eficazes de gestão que leve em consideração
questões ambientais, são propostas ações que alterem de forma significativa o modo como a organização educacional é gerenciada. Assunção (2006, p. 17) afirma que:
Os administradores estão em busca de orientação sobre novas formas de organizar e gerir as organizações. Reduzir o impacto de suas organizações sobre o meio ambiente é necessário para vencer esse desafio. Como estabelecer prioridades sistematicamente, e como criar um plano de ação para implementar melhorias, ou um programa de redução de risco ambiental, diretrizes abrangentes e práticas para a nova era de responsabilidade social e ética nos negócios se faz premente. Observamos que os modelos nos quais baseiam-se os métodos e ferramentas de gestão em relação ao meio ambiente são inadequados.
Passaremos agora para uma análise mais pormenorizada sobre os fatores externos que levam diversas organizações educacionais a tomar determinadas medidas administrativas.
82
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
7.5 Reflexão
Tudo aquilo que a ciência constrói precisa ser representante de uma
percepção "compartilhada", ou seja, que pode ser verificada e observada
por qualquer pessoa que esteja equipada com as ferramentas de medição
e habilidades de observação apropriadas. Podemos afirmar, inclusive, que
esse modo de pensar do homem foi que possibilitou o surgimento da
ideia de ciência, uma vez que sua tentativa contínua de explicar
fenômenos através da razão foi o primeiro passo na direção de se fazer
ciência. Mas a ciência só é precisa, sistemática e confiável se os mesmos
adjetivos puderem ser aplicados àqueles que a praticam.
7.6 Leituras recomendadas
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo:
Perspectiva, 1994.
Este é um livro de referência para a compreensão do pensamento
científico.
7.7 Referências
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
83
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 7
BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica.
Petrópolis: Vozes, 2002.
7.8 Na próxima unidade
A palavra “pesquisa” é usada com frequência em nosso dia a dia,
em diversos contextos. Lemos sobre pesquisas de popularidade,
pesquisas de intenção de voto ou pesquisas de qualidade. Fazemos
pesquisas de preço, de melhor localização, de melhor custo-benefício. No
universo acadêmico, a pesquisa tem papel preponderante para o
aprimoramento da prática pedagógica e a aprendizagem. Esse termo é tão
utilizado que seu significado nos parece óbvio e sua definição
desnecessária. No entanto, “pesquisa” não tem uma definição única:
possui, na verdade, diferentes tipos, cada um com características
próprias, os quais serão apresentados na próxima unidade.
TIPOS DE PESQUISA
Apresentação
O termo pesquisa pode ser definido como um
processo sistemático que tem como objetivo a construção
do conhecimento e/ou corroborar/refutar conhecimento pré-
existente.
Objetivos da sua aprendizagem
Saber pesquisar é fundamental para o sucesso acadêmico e
profissional de qualquer pessoa, já que a pesquisa permeia nosso dia a
dia, quer tenhamos ou não consciência disso.
Você se lembra?
Em todo processo escolar o aluno é instado a fazer pesquisas.
Você se lembra de alguma pesquisa relevante que fez na sua vida
acadêmica?
85
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
8.1 Definição de Pesquisa
Podemos afirmar que toda a história da humanidade é pautada pela
busca do domínio da natureza. Cada geração gera conhecimentos que
serão herdados pelas gerações subsequentes.
Cada indivíduo que vem ao mundo já o encontra pensado, pronto:
regras morais estabelecidas, sociedade organizada, religiões estruturadas,
leis codificadas, classificações preparadas. No entanto, tal estruturação
do mundo não justifica a alguém se sentir dispensado de repensar este
mundo, porque, caso contrário, tem-se o lugar comum, a mediocridade e,
o que é pior, a alienação (Basto; Keller, 2002, p. 54).
De modo geral, ‘pesquisar’ significa realizar empreendimentos para
descobrir ou conhecer algo (Barros; Lehfeld, 2007). Assim, a pesquisa é
a busca de resposta para determinados problemas, um instrumento
dinâmico de questionamento, indagação, descoberta e aprofundamento.
8.2 Tipos de pesquisa
Qual a diferença entre a
pesquisa efetuada por um
cientista e por um estudante?
Basicamente, a diferença reside
no seu alcance e grau de
sofisticação. No 3º Grau a
finalidade da pesquisa é levar os
WWW.SOTON.AC.UK
86
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
estudantes a repensar o mundo, trilhando novos caminho ou caminhos já
percorridos.
Assim podemos definir a pesquisa científica como uma
investigação metódica, ou seja, baseada em um método, cujo objetivo é
esclarecer aspectos do objeto em questão (Bastos; Keller, 2002).
Em uma discussão sobre tipos de pesquisa, percebe-se que existem
diversas classificações, variando de autor para autor, uma vez que cada
tipo de pesquisa tem designações e características de acordo com o objeto
de estudo ou com o público-alvo em questão. Cada tipo de pesquisa é
concebido de acordo com os objetivos e hipóteses levantados pelo
pesquisador com o objetivo de descrever a realidade de suas
investigações.
De acordo com Bastos e Keller (2002), são três os principais
métodos para fazer uma pesquisa: pesquisa de campo, pesquisa de
laboratório e pesquisa bibliográfica.
1) Pesquisa de Campo: É utilizado para confirmar ou refutar
hipóteses formuladas e a constatação da existência ou não de
relações entre fenômenos, trazendo explicações sobre eles. O
objetivo é, também, responder a perguntas formuladas pelo
investigador ou obter informações e mais detalhes acerca dos
problemas propostos. É utilizada frequentemente em Ciências
Humanas, como antropologia, sociologia, etc.
2) Pesquisa de Laboratório: Quase sempre experimental, este tipo
de pesquisa requer equipamentos específicos e instalações
apropriadas, como um laboratório. Com a pesquisa de laboratório
o pesquisador procura reproduzir ou observar as condições do
87
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
fenômeno em questão. É utilizada frequentemente em Ciências
Exatas ou Biológicas, como Física, Química, Fisiologia, etc.
3) Pesquisa Bibliográfica: Este tipo de pesquisa baseia-se na
consulta a livros ou outros tipos de documentação escrita
(periódicos, artigos, dissertações, teses, etc.) a fim de obter
subsídios para a compreensão de um fenômeno ou responder
perguntas de pesquisa. A principal característica da pesquisa
bibliográfica é a sua informalidade, criatividade e flexibilidade.
Podemos afirmar que esse tipo de pesquisa é o primeiro a ter o
contato com a situação a ser pesquisada, isto é, trata-se do
primeiro passo para o pesquisador conhecer o objeto de estudo.
Esse contato se faz necessário principalmente quando o
pesquisador não tem base suficiente para levantamento de
hipóteses ou definição do problema e objetivos da pesquisa. A
pesquisa bibliográfica utiliza dados secundários, ou seja, material
que já foi publicado, independentemente do canal de divulgação.
Constitui, assim, a primeira fase para o desenvolvimento de um
projeto de pesquisa. A grande vantagem deste tipo de pesquisa é a
facilidade de acesso às informações, uma vez que elas já foram
trabalhadas por terceiros. Por outro lado, a pesquisa bibliográfica
pode limitar o desenvolvimento da pesquisa, já que muitas vezes
não aprofunda mais do que já foi feito com pesquisas anteriores.
Isto significa que, se o pesquisador quiser ir mais a fundo na sua
pesquisa deverá utilizar outro tipo de pesquisa.
88
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
8.3 Outros Tipos de Pesquisa
DEMO (2000) distingue
quatro tipos de pesquisa, para
fins de sistematização:
1) Pesquisa Teórica: a que
é dedicada a reconstruir
teorias, conceitos, ideias,
ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos,
aprimorar fundamentos teóricos e, em termos mediatos, aprimorar
práticas; por exemplo, podemos estudar o conceito de
“neoliberalismo competitivo”, primeiro, para entender melhor o
que se inclui nessa designação e, depois, para termos condições
mais adequadas de nos contrapor, se for o caso; não se faz antes
isto ou aquilo, mas ao mesmo tempo, tendo em vista a relevância
crucial de saber manejar criticamente conceitos e suas práticas;
trata-se de desconstruir teorias, para reconstruí-las em outro
patamar e momento.
2) Pesquisa Metodológica: a que é dedicada a inquirir métodos e
procedimentos a serviço da cientificidade, polêmicas e
paradigmas metodológicos, usos e abusos, tanto em âmbito
epistemológico quanto de controle empírico; será sempre
importante, e também útil, analisarmos se a disputa entre
metodologias mais qualitativas e mais quantitativas pode ser
vazia em muitos sentidos. A falta de preocupação metodológica é,
geralmente, o primeiro indício de mediocridade, porque tendemos
a aceitar qualquer coisa.
WWW.MORRIS.UMN.EDU
89
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
3) Pesquisa Empírica: a que é dedicada a tratar a face empírica e
fatual da realidade, de preferência mensurável; produz e analisa
dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual.
Nem sempre, ou – diriam alguns – raramente o empírico coincide
com o relevante, já que a realidade costuma esconder-se; a
própria ideia de análise supõe que é mister ir além do que aparece
à primeira vista; disso não segue que pesquisas empíricas devem
ser superficiais, até porque podem atingir sofisticacões
metodológicas notáveis, sobretudo em seus testes estatísticos.
4) Pesquisa Prática: a que é ligada à práxis, ou seja, à prática
histórica em termos de usar conhecimento científico para fins
explícitos de intervenção. Nesse sentido, não esconde sua
ideologia; ao contrário, reconstrói o conhecimento a serviço de
certa ideologia, sem com isso necessariamente perder de vista o
rigor metodológico. Alguns métodos ditos qualitativos advogam
essa direção, em particular a pesquisa participante e, em certa
medida, a pesquisa-ação.
Uma outra categorização classifica
os tipos de pesquisa em outro grupo:
pesquisa bibliográfica (já descrita
anteriormente), pesquisa descritiva,
pesquisa experimental e pesquisa
exploratória.
1) Pesquisa Descritiva: Estuda as
relações entre variáveis de um dado fenômeno, mas não os
manipula. Tem como principal característica o aprofundamento
WWW.NDSU.EDU
90
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
do objeto de estudo, uma vez que observa, analisa, registra e
correlaciona fatos e fenômenos sem manipulá-los, isto é, procura
descrever as características de determinadas populações ou
fenômenos. Utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados,
como a observação sistemática e o questionário. A pesquisa
descritiva tem como meta descrever a realidade dos objetos de
estudo partindo de dados primários, obtidos pelo próprio
pesquisador, diferentemente das pesquisas exploratórias. Na
pesquisa descritiva destacam-se também as questões que buscam
responder o que, o quem, como, quanto, onde, quando e por que
pesquisar, além de buscar descrever características de grupos,
como idade, sexo, procedência etc. Também são chamadas de
pesquisas descritivas aquelas que buscam descobrir a ocorrência
de associações entre variáveis, como, por exemplo, pesquisas que
visam observar a correlação entre a venda de terminado produto e
a classe socioeconômica dos consumidores do produto.
2) Pesquisa Experimental: Na pesquisa experimental, mais
comumente utilizada nas ciências naturais, a principal
característica é a manipulação das variáveis relacionadas com o
objeto de estudo. Neste tipo de pesquisa, a manipulação das
variáveis propicia o estudo da relação entre causas e efeitos de um
dado fenômeno. Diferentemente da pesquisa descritiva, que busca
classificar e explicar os fenômenos que ocorrem, a pesquisa
experimental tem como objetivo dizer de que modo (como) ou
por que causas certo fenômeno é produzido. Assim, a pesquisa
experimental consiste na coleta de dados de modo a permitir
conclusões claras sobre uma hipótese que envolve relações de
91
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
causa e efeito. O pesquisador cria uma situação artificial, criada
com o objetivo único de testar, para obter os dados de que
necessita e para que possa medi-los e analisá-los com precisão. É
importante ressaltar que a pesquisa experimentar ocorre mais
frequentemente em laboratório, mas não necessariamente, assim
como a pesquisa descritiva não é sinônimo de pesquisa de campo.
Assim, tais termos (”de campo”, “de laboratório”) são meramente
uma indicação do contexto onde as pesquisas são realizadas.
3) Pesquisa Exploratória: o objetivo deste tipo de pesquisa é
procurar padrões, hipóteses ou ideias. O objetivo não é testar ou
confirmar uma determinada hipótese: a pesquisa exploratória
geralmente foca sobre um problema de pesquisa que geralmente
tem pouco (ou nenhum) estudo anterior a respeito. As técnicas
mais comumente utilizadas para a pesquisa exploratória são os
estudos de caso, as observações ou as análises históricas.
Geralmente fornecem dados qualitativos ou quantitativos.
8.4 Reflexão
Uma nova teoria, por mais particular que seja sua área de
aplicação, nunca ou quase nunca se limita a ser um mero incremento
daquilo que já é conhecido. a assimilação da nova teoria requer a
reconstrução da teoria que a precede e a reavaliação de fatos anteriores.
Tal processo revolucionário raramente é levado a cabo por um único
homem e nunca de um dia para o outro. Historiadores muitas vezes
estabelecem uma data e uma pessoa para atribuir determinada quebra de
92
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
Paradigmas são as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência (KUHN 1994, p. 13). Em outras palavras, paradigmas são realizações científicas com métodos e características que são concebidos como modelos. Um paradigma é, portanto, uma referência inicial que serve de base ou modelo para estudos e pesquisas.
um paradigma científico vigente, deixando de lado o processo
prolongado que culminou no evento, visto como isolado.
No entanto, nem só de “novidades” vive a ciência. Alguns
cientistas adquiriram enorme reputação, não por causa do ineditismo de
suas descobertas, mas sim pela precisão, alcance e segurança dos
métodos que desenvolveram em vistas à redeterminação de fatos e
hipóteses anteriormente conhecidos (KHUN, 1994).
8.5 Leituras Recomendadas
BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica.
Petrópolis: Vozes, 2002.
Esta obra apresenta as etapas básicas da metodologia científica e
apresenta uma introdução ao conceito de ciência e pesquisa.
93
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
8.6 Referências Gerais
ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. Como fazer referências.
Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/abnt.htm, Acesso em: 12
dez 2009.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos da Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
BASTOS, C.; KELLER, V. Introducão à metodologia científica.
Petrópolis: Vozes, 2002.
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
______. Avaliação Qualitativa. Campinas: Autores Associados, 1999.
GALLIANO, A. G. (Org.). O método científico: teoria e prática. São
Paulo: Harper & Row, 1979.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo:
Perspectiva, 1994.
LUCKESI, C. et alii. Fazer universidade: uma proposta metodológica.
São Paulo: Cortez, 1984.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5º ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
94
Trabalhos Acadêmicos Trabalhos Acadêmicos – Unidade 8
MAZOTTI, A. J. A. A revisão da bibliografia em teses e dissertações:
meus tipos inesquecíveis - o retorno. Florianópolis/São Paulo:
UFSC/Cortez, 2002.
MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a
teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins
Fontes, 1994.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo:
Cortez, 1999.
STURMAN P. Registration and Placement: Learner Response in
Bailey K. M. & Nunan D. (Eds.) Voices from the Language Classroom:
Qualitative Research in Second Language Education – Cambridge:
Cambridge University Press, 1996.