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Lições de Direito Comercial Prof. Doutor Rui Teixeira Santos [email protected] INP/ISCAD/ISEIT Lisboa 2013/2014

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    Lies de

    Direito Comercial

    Prof. Doutor Rui Teixeira Santos

    [email protected]

    INP/ISCAD/ISEIT

    Lisboa

    2013/2014

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    BibliografiaBibliografia principal

    Rui Teixeira Santos, Lies de Direito Comercial, Bnomics, Lisboa 2013 Maria Joo mimoso, Legislao Comercial, quid juris, Lisboa, 2013 Catarina Serra, Direito ComercialColectnea de casos prticos

    resolvidos, Coimbra Editora, Coimbra, 2009

    Bibliografia acessria

    Miguel J. A. Pupo Correia, Direito ComercialDireito de Empresa, Ediforum, 12 edio,Lisboa, 2011 Jorge Manuel Coutinho de Abreu, Curso de Direito Comercial, Vol. I e II, 7 Edio,

    Almedina, Coimbra, 2009 Paulo Olavo Cunha, Direito das Sociedades Comerciais, Almedina, Coimbra, 2008 Paulo Olavo Cunha, Lies de Direito Comercial, Almedina, Coimbra, 2010 Maria do rosrio Epifnio, Manual de Direito da Insolvncia, 2 Edio, Almedina, 2010

    Cdigo Comercial Cdigo das Sociedades Comerciais Cdigo da Insolvncia e da Recuperao das empresas Leis uniformes de cheques, letras e livranas

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    Bnomics, 2013

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    Mtodo de avaliaoDois Regimes possveis:

    Avaliao continua: Presena nas aulas; eleborao de Sebenta(20%) e teste de avaliao continua (com oral se estiver entre 8 e

    10 valores) que vale 80%;

    Avaliao final: Exame escrito.

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    Objectivo da disciplina

    Num sector, onde para o bom desempenho das suas funes, fundamental um profissional usufruir de conhecimentosslidos nas mais diversas valncias, com bvia predominnciapara o domnio jurdico, essencial sensibilizar os discentespara a importncia da rea do direito no ramo empresarial etransmitir-lhes os conhecimentos indispensveis para umaplena e integral ocupao dos cargos profissionais queencetaro futuramente.

    Assim, finalidade deste programa e disciplina, dotar os

    estudantes, das ferramentas tcnico-cientficas e jurdicasnecessrias, relacionadas com o sector em causa.

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    Sumrio I - Introduo

    1. Noo de Direito Comercial. 2. Autonomia e especialidade do Direito Comercial. O Direito

    das Sociedades Comerciais. O Direito da Concorrncia. ODireito da Propriedade Industrial. O Direito Bancrio. O Direitodos Seguros.

    3. Lei Comercial e Comrcio. Retrospectiva histrica: dasOrdenaes ao Cdigo de Veiga Beiro (1888). Noo deCdigo. Indicaes histricas sobre o Cdigo ComercialPortugus. Sistema do Cdigo Comercial. Sistema do Cdigodas Sociedades Comerciais. Direito Subsidirio do Direito

    Empresarial. 4. Interpretao e integrao de lacunas do Direito

    Empresarial. A analogia.

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    Interveno PblicaA classicamente justificou-se pelas falhas do mercado e teve vriasformas desde o reconhecimento jurdico do Estado Moderno:

    Estado Policial ou Estado Mnimo com funes bsicas de soberaniae caracterizado pelo acto e regulamento administrativo impositrio;

    Estado Prestador de Servios Pblicos por via contratual ou o

    Estado dos contratos de concesso; Estado Prestador de Servios Pblicos por administrao directa do

    Estado em que o interesse publico substituido pelo interesse geralna economia

    Estado Regulador e programador ou de Fomento e Planeador

    Estado-Garante ou Estado de Garantia(depois da crise de2007/2008) onde a actividade tpica a actividade de garantia(garantia dos depsitos, garantia do emprego, et) e seguro(Cheque-estudante, voucher-estudante, cheque-funcionrio,cheque-seguro, cheque-utente).

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    Sectores econmicos

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    Direito Comercial

    O direito comercial pode ser observado de duas pticasdiferentes:

    Objectiva, o direito dos comerciantes; Exemplo (penhorbancrio);

    Subjectiva, o direito da prtica exercida pelos comerciantes;

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    Definio de Direito Comercial

    Entende-se por direito comercial o corpo de normas,conceitos e princpios jurdicos que, no domnio do direitoprivado, regem os factos e as relaes jurdicas comerciais.

    Trata-se, pois, de um ramo do direito privado, por isso que

    cuida de relaes entre sujeitos colocados em p de igualdadejurdica.

    E um ramo de direito privado especial, j que estabeleceuma disciplina para as relaes jurdicas que se constituem nocampo do comrcio, a qual globalmente se afasta da que odireito civil, como ramo comum, estabelece para ageneralidade das relaes jurdicas privadas.

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    Noes de Direito Comercial

    De acordo com o nosso quadro jurdico-positivo, pode-se definir direitocomercial, tambm como o sistema jurdico-normativo que disciplina demodo especial os atos de comrcio e os comerciantes.

    O direito mercantil um ramo do direito privado, uma vez que regulauma organizao dos sujeitos (singulares e colectivos) privados e asrelaes estabelecidas entre eles ou entre eles e entidades pblicas,

    atuando como particulares. As leis comerciais contm tambm disposies de direito pblico. Por exemplo, as que consagram os deveres dos comerciantes, relativos

    s firmas, escriturao mercantil e inscries no registo comercial. Dentro do direito privado (comum), o direito comercial globalmente

    considerado especial e no excepcional. um ramo jurdico aplicvel

    somente a certos sujeitos, objetos ou relaes. O comrcio em sentidojurdico, abarca no apenas o comrcio em sentido econmico, mastambm industrias e servios.

    Os atos jurdico-mercantis no se situam somente nos domnios docomrcio, economicamente entendido.

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    O Direito Comercial portugus atual, almde admitir comerciantes no empresrios,

    regula atos de comrcio espordicos queno tm a ver com empresas mercantis queno sejam determinadas por interessesligados empresarialidade

    So exemplos atos de:

    - Fiana (Art. 101 do Cdigo ComercialSolidariedade do fiador, Todo o fiadorde obrigao mercantil, ainda que no sejacomerciante, ser solidrio com orespectivo afianado).

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    - Mandato (Art. 231 do Cdigo Comercial Conceito de mandatocomercial, D-se mandato comercial quando alguma pessoa se encarregade praticar um ou mais actos de comrcio por mandado de outrem. Omandato comercial, embora contenha poderes gerais, s pode autorizaractos no mercantis por declarao expressa).

    - Emprstimo (Art. 394 do Cdigo Comercial Requisitos dacomercialidade do emprstimo, Para que o contrato de emprstimo sejahavido por comercial mister que a cousa cedida seja destinada a qualqueracto mercantil).

    - Penhor (Art. 397 do Cdigo Comercial Requisitos da comercialidade dopenhor, Para que o penhor seja considerado mercantil mister que advida que se cauciona proceda de acto comercial).

    - Depsito (Art. 403 do Cdigo Comercial Requisitos da comercialidadedo depsito, Para que o depsito seja considerado mercantil necessrioque seja de gneros ou de mercadorias destinados a qualquer acto de

    comrcio). - Aluguer (Art. 481 do Cdigo Comercial Requisitos da comercialidade do

    aluguer, O aluguer ser mercantil, quando a coisa tiver sido compradapara se lhe alugar o uso).

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    Caracteristicasdo Direito Comercial

    Celeridade

    Garantia: Solidariedade dos devedores

    Prova: admite-se qualquer tipo de prova

    Segurana

    Boa-F

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    direito comercial um ramo direito que ganha autonomia a partir dosculo XIV, XV, com as primeiras sociedades annimas comerciais que seformaram a partir do modelo das Companhias das ndias.

    As primeira sociedades comerciais apareceram ainda no final da IdadeMdia a partir dos contratos de Comenda. So as sociedades emcomandita em que o scio capitalista o comanditrio e o scio queentra com o trabalho e cai ficar frente do negcio o comanditado.

    O primeiro cdigo que surgiu no sec. XIX foi um cdigo objectivista, queia na linha de definir os atos de comrcio, como classific-los e quequem faz atos de comrcio deve ser considerado comerciante.

    O cdigo de 1888 redigido por Veiga Beiro, Ministro da Justia veio atomar o lugar do Cdigo Comercial de Ferreira Borges, datado de 1833,que consagrava uma viso subjetiva do direito comercial (o direito doscomerciantes). Este novo documento legal foi aprovado a 28 de Junho

    de 1888 em Lisboa, aps um longo perodo de discusses nas sessesda Cmara, e na sequncia da adopo de um novo CdigoAdministrativo em vigor desde 1886, cdigo que se encontra em vigorhoje e faz juno objectivista dos atos de comrcio, que so oscomerciantes ou aqueles que a lei diz que so comerciais.

    Hoje o direito Comercial basicamente o direito das empresas.

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    Sumrio

    IIFontes e Arbitragem1. Fontes do Direito Comercial: nacionais,comunitrias e internacionais.

    2. A Unio Europeia: Liberdade deestabelecimento. Concorrncia. PME. Polticacomercial. Directivas e Regulamentos cominteresse para a disciplina. Convenes.

    3. A CNUDI, as Convenes de Haia, asConvenes de Genebra e a UNIDROIT. O novoius mercatorum.4. A Arbitragem nacional e a internacional.

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    Fontes do Direito ComercialPortugus Fontes Externas: - Convenes Internacionais (Art. 8, n 2 da Constituio da

    Repblica Portuguesa Direito Internacional, As normas constantesde convenes internacionais regularmente ratificadas ou aprovadasvigoram na ordem interna aps a sua publicao oficial e enquantovincularem internacionalmente o Estado Portugus).

    - Regulamentos e Directivas da Comunidade Europeia (Art. 8, n 3da C.R.P., As normas emanadas dos rgos competentes dasorganizaes internacionais de que Portugal seja parte vigoramdirectamente na ordem interna, desde que tal se encontreestabelecido nos respectivos trabalhos constitutivos).

    As normas da generalidade das convenes internacionais e ascitadas normas de direito supranacional prevalecem sobre a leiordinria interna.

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    Fontes do Direito ComercialPortugusFontes Internas:- Leis (leis, decretos-lei, decretos legislativos regionais);- Regulamentos (governo, regies autnomas, autarquias locais, etc.).

    As principais fontes do direito comercial so as leis ordinrias (da

    Assembleia da Repblica, decretos-lei do governo);Outras fontes so, tambm, a jurisprudncia e a doutrina. As decisesjudiciais participam na criao ou constituio do direito;A doutrina o resultado do estudo que feito a respeito do direito;Pode-se, tambm, considerar os usos e costumes (CdigosDeontolgicos):

    Regras morais;Regras de formalidade;Regras de etiqueta.

    Os Usos e Costumes so as mais importantes para um Gestor.

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    A constituio econmica Portuguesa considera que o direitofundamental dos cidados, e a livre iniciativa, sendo o pressuposto damodernidade a liberdade e a igualdade

    A vida econmica assenta em instituies, como referem os artigos daconstituio:

    Artigo 62.

    (Direito de propriedade privada)

    1. A todos garantido o direito propriedade privada e suatransmisso em vida ou por morte, nos termos da Constituio.

    2. A requisio e a expropriao por utilidade pblica s podem serefectuadas com base na lei e mediante o pagamento de justa

    indemnizao.

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    Artigo 80.

    Princpios fundamentais

    A organizao econmico-social assenta nos seguintes princpios:

    a) Subordinao do poder econmico ao poder poltico democrtico;b) Coexistncia do sector pblico, do sector privado e do sectorcooperativo e social de propriedade dos meios de produo;

    c) Liberdade de iniciativa e de organizao empresarial no mbito deuma economia mista;

    d) Propriedade pblica dos recursos naturais e de meios de produo,de acordo com o interesse colectivo;

    e) Planeamento democrtico do desenvolvimento econmico e social;

    f) Proteco do sector cooperativo e social de propriedade dos meiosde produo;

    g) Participao das organizaes representativas dos trabalhadores edas organizaes representativas das actividades econmicas nadefinio das principais medidas econmicas e sociais.

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    Artigo 82.Sectores de propriedade dos meios de produo

    1. garantida a coexistncia de trs sectores de propriedade dos meios de

    produo.2. O sector pblico constitudo pelos meios de produo cujaspropriedade e gesto pertencem ao Estado ou a outras entidadespblicas.3. O sector privado constitudo pelos meios de produo cujapropriedade ou gesto pertence a pessoas singulares ou colectivas

    privadas, sem prejuzo do disposto no nmero seguinte.4. O sector cooperativo e social compreende especificamente:a) Os meios de produo possudos e geridos por cooperativas, emobedincia aos princpios cooperativos, sem prejuzo das especificidadesestabelecidas na lei para as cooperativas com participao pblica,justificadas pela sua especial natureza;

    b) Os meios de produo comunitrios, possudos e geridos porcomunidades locais;c) Os meios de produo objecto de explorao colectiva portrabalhadores;d) Os meios de produo possudos e geridos por pessoas colectivas, semcarcter lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade

    social, designadamente entidades de natureza mutualista.

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    Artigo 86.

    Empresas privadas

    1. O Estado incentiva a actividade empresarial, em particular das

    pequenas e mdias empresas, e fiscaliza o cumprimento dasrespectivas obrigaes legais, em especial por parte das empresas queprossigam actividades de interesse econmico geral.

    2. O Estado s pode intervir na gesto de empresas privadas a ttulotransitrio, nos casos expressamente previstos na lei e, em regra,

    mediante prvia deciso judicial.3. A lei pode definir sectores bsicos nos quais seja vedada aactividade s empresas privadas e a outras entidades da mesmanatureza.

    A empresa uma organizao criada por um empresrio com umdeterminado patrimnio, que visa o lucro, sendo a empresa umagente jurdico.

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    Sumrio

    IIIAtos de Comrcio

    1. Noo e classificao dos atos jurdicos. Atos civis ecomerciais.

    2. Conceito de ato de comrcio. Artigo 2 do Cdigo

    Comercial. 3. Classificao dos atos de comrcio.

    4. As atividades comerciais. Artigo 230 do Cdigo Comercial.

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    O que so atos de comrcio?

    Os atos de comrcio so um conjunto de atos definidos nocdigo. No h nenhuma designao especfica para atos decomrcio, mas pode-se dizer que so parte essencial da

    matria mercantil.

    - Iniciou-se no Sc. XIX.

    - A partir de 1932, iniciou-se o processo civil e comercial.

    O contrato unilateral no um ato comercial

    Um ato comercial um ato bilateral.

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    Atos de Comrcio Art. 1 do Cdigo Comercial Objecto da lei comercial, A lei comercial rege os atos de comrcio sejam ou no

    comerciantes as pessoas que neles intervm.

    Art. 2 do Cdigo Comercial Atos de Comrcio, Sero considerados atos de comrcio todos aqueles que se

    acharem especialmente regulados neste Cdigo, e, alm deles,todos os contratos e obrigaes dos comerciantes, que no forem denatureza exclusivamente civil, se o contrrio do prprio ato no

    resultar.

    A 2 parte presume o que so atos comerciais, com as devidasexcees.

    Atos de comrcio subjetivos (todos os contratos e obrigaes doscomerciantes).

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    ComerciantesArt. 13. - Quem comerciante

    So comerciantes:1. As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comrcio,fazem deste profisso;2. As sociedades comerciais

    Art. 14. - Quem no pode ser comerciante

    proibida a profisso do comrcio:

    1. s associaes ou corporaes que no tenham por objectointeresses materiais;2. Aos que por lei ou disposies especiais nopossam comerciar.

    Art. 15. - Dvidas comerciais do cnjuge comerciante

    As dvidas comerciais do cnjuge comerciante presumem-secontradas no exerccio do seu comrcio.

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    Personalidade e capacidade do comercianteem nome individual definida no Cdigo Civilnos termos do art 7 do C. com. ARTIGO 25.o (mbito da lei pessoal) (CC) O estado dos indivduos, a capacidade das pessoas, as relaes de famlia e as sucesses por

    morte so regulados pela lei pessoal dos respectivos sujeitos, salvas as restries estabelecidas napresente seco.

    ARTIGO 26.o (Incio e termo da personalidade jurdica) (CC) 1. O incio e termo da personalidade jurdica so fixados igualmente pela lei pessoal de cada

    indivduo. 2. Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma a outra pessoa e estas tiverem

    leis pessoais diferentes, se as presunes de sobrevivncia dessas leis forem inconciliveis, aplicvel o disposto no no 2 do artigo 68.o. ARTIGO 27.o (Direitos de personalidade) (CC) 1. Aos direitos de personalidade, no que respeita sua existncia e tutela e s restries impostas

    ao seu exerccio, tambm aplicvel a lei pessoal. 2. O estrangeiro ou aptrida no goza, porm, de qualquer forma de tutela jurdica que no seja

    reconhecida na lei portuguesa. ARTIGO 28.o (Desvios quanto s consequncias da incapacidade) (CC)

    1. O negcio jurdico celebrado em Portugal por pessoa que seja incapaz segundo a lei pessoalcompetente no pode ser anulado com fundamento na incapacidade no caso de a lei internaportuguesa, se fosse aplicvel, considerar essa pessoa como capaz.

    2. Esta exceo cessa, quando a outra parte tinha conhecimento da incapacidade, ou quando onegcio jurdico for unilateral, pertencer ao domnio do direito da famlia ou das sucesses ourespeitar disposio de imveis situados no estrangeiro.

    3. Se o negcio jurdico for celebrado pelo incapaz em pas estrangeiro, ser observada a lei dessepas, que consagrar regras idnticas s fixadas nos nmeros anteriores.

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    TTULO II DAS RELAES JURDICAS (Cdigo Civil)SUBTTULO I DAS PESSOAS

    CAPTULO I Pessoas singularesSECO I Personalidade e capacidade jurdica

    ARTIGO 66.o (Comeo da personalidade)1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo ecom vida. 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependemdo seu nascimento.

    ARTIGO 67.o (Capacidade jurdica)As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relaes jurdicas, salvo

    disposio legal em contrrio; nisto consiste a sua capacidade jurdica.ARTIGO 68.o (Termo da personalidade)

    1. A personalidade cessa com a morte.2. Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma aoutra pessoa, presume-se, em caso de dvida, que uma e outrafaleceram ao mesmo tempo.

    3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadver no foi encontrado oureconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado emcircunstncias que no permitam duvidar da morte dela.

    ARTIGO 69.o (Renncia capacidade jurdica)Ningum pode renunciar, no todo ou em parte, sua capacidadejurdica.

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    ARTIGO 81.o (Limitao voluntria dos direitos depersonalidade)

    1. Toda a limitao voluntria ao exerccio dos direitos depersonalidade nula, se for contrria aos princpios da ordempblica.

    2. A limitao voluntria, quando legal, sempre revogvel,ainda que com obrigao de indemnizar os prejuzos causadoss legtimas expectativas da outra parte.

    INCAPACIDADES: 1 Menoridade

    2. Interdio

    3. Inabilitao

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    Monoridade no Cdigo Civil

    Incapacidades

    SUBSECO I Condio jurdica dos menores

    ARTIGO 122.o (Menores)

    menor quem no tiver ainda completado dezoito anos de

    idade. (Redaco do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

    ARTIGO 123.o (Incapacidade dos menores)

    Salvo disposio em contrrio, os menores carecem decapacidade para o exerccio de direitos.

    ARTIGO 124.o (Suprimento da incapacidade dos menores)A incapacidade dos menores suprida pelo poder paternal e,subsidiariamente, pela tutela, conforme se dispe nos lugaresrespectivos.

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    SUBSECO III Interdies

    ARTIGO 138.o (Pessoas sujeitas a interdio)

    1. Podem ser interditos do exerccio dos seus direitos todos aquelesque por anomalia psquica, surdez- mudez ou cegueira se mostremincapazes de governar suas pessoas e bens.

    2. As interdies so aplicveis a maiores; mas podem serrequeridas e decretadas dentro do ano anterior maioridade, paraproduzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor se tornemaior.

    (Redaco do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

    ARTIGO 139.o (Capacidade do interdito e regime da interdio)

    Sem prejuzo do disposto nos artigos seguintes, o interdito equiparado ao menor, sendo-lhe aplicveis, com as necessriasadaptaes, as disposies que regulam a incapacidade pormenoridade e fixam os meios de suprir o poder paternal.

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    Inabilitao no Codigo Civil

    SUBSECO IV Inabilitaes

    Artigo 152.o (Pessoas sujeitas a inabilitao)

    Podem ser inabilitados os indivduos cuja anomalia psquica,surdez-mudez ou cegueira, embora de carcter permanente,no seja de tal modo grave que justifique a sua interdio, assimcomo aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo usode bebidas alcolicas ou de estupefacientes, se mostremincapazes de reger convenientemente o seu patrimnio.

    Artigo 153.o (Suprimento da inabilidade)

    1. Os inabilitados so assistidos por um curador, a cujaautorizao esto sujeitos os actos de disposio de bens entrevivos e todos os que, em ateno s circunstncias de cada caso,forem especificados na sentena.

    2. A autorizao do curador pode ser judicialmente suprida.

    At d i bj ti

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    Atos de comrcio subjetivos(todos os contratos e obrigaes dos comerciantes)

    Exemplos:Art. 463/1 do Cdigo CivilConcursos pblicos,A oferta da prestao como prmio de um concurso s vlida quando se fixar no annciopblico o prazo para a apresentao dos concorrentes.

    Exemplo: vender algo a um vizinho no um ato comercial.Exemplo: comprar uma casa para ele (comerciante) e para a sua famlia no um ato

    comercial (aplica-se a lei civil).

    Se for fiador de uma empresa, aplica-se o Cdigo Comercial.Se for fiador de um particular (ex: filho) aplica-se o Cdigo Civil.

    Art. 230 (semelhante ao Art. 1)

    As empresas comerciais.Quais as empresas? Nem em todas as empresas comerciais haver a referida intermediaona troca do trabalho, nem todas as empresas comerciais tm de funcionar com assalariados(ex: empresas de agenciamento de negcios ou transporte). Haver-se-o por comerciais asempresas individuais ou colectivas, que se propuserem.

    - Atos complexos existem.- Todos os atos praticados por empresas so comerciais.

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    Art. 230. Empresas comerciais

    Haver-se-o por comerciais as empresas, singulares ou colectivas, que se

    propuserem:1. Transformar, por meio de fbricas ou manufacturas, matrias-primas,empregando para isso, ou s operrios, ou operrios e mquinas;2. Fornecer,em pocas diferentes, gneros, quer a particulares, quer ao Estado, mediantepreo convencionado;3. Agenciar negcios ou leiles por conta de outrem emescritrio aberto ao pblico, e mediante salrio estipulado;4. Explorar quaisquerespectculos pblicos;5. Editar, publicar ou vender obras cientficas, literrias ouartsticas;6. Edificar ou construir casas para outrem com materiaissubministrados pelo empresrio;7. Transportar, regular e permanentemente,por gua ou por terra, quaisquer pessoas, animais, alfaias ou mercadorias deoutrem. 1. No se haver como compreendido no n. 1. o proprietrio ou o exploradorrural que apenas fabrica ou manufactura os produtos do terreno que agricultaacessoriamente sua explorao agrcola, nem o artista industrial, mestre ouoficial de ofcio mecnico que exerce directamente a sua arte, indstria ou ofcio,embora empregue para isso, ou s operrios, ou operrios e mquinas. 2. Nose haver como compreendido no n. 2. o proprietrio ou explorador rural quefizer fornecimento de produtos da respectiva propriedade. 3. No se havercomo compreendido no n. 5. o prprio autor que editar, publicar ou vender assuas obras.

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    Art. 230. Empresas comerciais

    1. No se haver como compreendido no n. 1. oproprietrio ou o explorador rural que apenas fabrica oumanufactura os produtos do terreno que agricultaacessoriamente sua explorao agrcola, nem o artista

    industrial, mestre ou oficial de ofcio mecnico que exercedirectamente a sua arte, indstria ou ofcio, emboraempregue para isso, ou s operrios, ou operrios emquinas. 2. No se haver como compreendido no n. 2.o proprietrio ou explorador rural que fizer fornecimento de

    produtos da respectiva propriedade. 3. No se havercomo compreendido no n. 5. o prprio autor que editar,publicar ou vender as suas obras.

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    Cdigo das Sociedades ComerciaisCAPTULO II

    Personalidade e capacidadeArtigo 5o

    PersonalidadeAs sociedades gozam de personalidade jurdica e existem como tais a partir da data doregisto definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuzo do disposto quanto constituio de sociedades por fuso, ciso ou transformao de outras.

    Artigo 6o

    Capacidade1. A capacidade da sociedade compreende os direitos e as obrigaes necessrios ouconvenientes prossecuo do seu fim, exceptuados aqueles que lhe sejam vedados por leiou sejam inseparveis da personalidade singular.2. As liberalidades que possam ser consideradas usuais, segundo as circunstncias da poca eas condies da prpria sociedade, no so havidas como contrrias ao fim desta.3. Considera-se contrria ao fim da sociedade a prestao de garantias reais ou pessoais a

    dvidas de outras entidades, salvo se existir justificado interesse prprio da sociedadegarante ou se se tratar de sociedade em relao de domnio ou de grupo.4. As clusulas contratuais e as deliberaes sociais que fixem sociedade determinadoobjecto ou probam a prtica de certos atos no limitam a capacidade da sociedade, masconstituem os rgos da sociedade no dever de no excederem esse objecto ou de nopraticarem esses atos.5. A sociedade responde civilmente pelos atos ou omisses de quem legalmente a

    represente, nos termos em que os comitentes respondem pelos atos ou omisses doscomissrios.

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    Da compra e venda

    Artigo 463. C. Com- Compras e vendas comerciais

    So consideradas comerciais: 1. As compras de coisasmveis para revender, em bruto ou trabalhadas, ou simplesmente paralhes alugar o uso; 2. As compras, para revenda, de fundospblicos ou de quaisquer ttulos de crdito negociveis; 3. Asvendas de coisas mveis, em bruto ou trabalhadas, e as de fundospblicos e de quaisquer ttulos de crdito negociveis, quando aaquisio houvesse sido feita no intuito de as revender; 4. Ascompras e revendas de bens imveis ou de direitos a eles inerentes,

    quando aquelas, para estas, houverem sido feitas; 5. Ascompras e vendas de partes ou de aces de sociedades comerciais.

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    Da compra e venda

    Artigo 464.- Compras e vendas no comerciais

    No so consideradas comerciais: 1. As compras dequaisquer coisas mveis destinadas ao uso ou consumo do comprador ouda sua famlia, e as revendas que porventura desses objectos se venham a

    fazer; 2. As vendas que o proprietrio ou o explorador rural faados produtos de propriedade sua ou por ele explorada, e dos gneros emque lhes houverem sido pagas quaisquer rendas; 3. As comprasque os artistas, industriais, mestres e oficiais de ofcios mecnicos queexercerem directamente a sua arte, indstria ou ofcio, fizerem deobjectos para transformarem ou aperfeioarem nos seusestabelecimentos, e as vendas de tais objectos que fizerem depois deassim transformados ou aperfeioados; 4.. As compras e vendasde animais feitas pelos criadores ou engordadores.

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    Art. 99. Regime dos

    atos de comrcio unilaterais

    Embora o acto seja mercantil s com relao a uma das partesser regulado pelas disposies da lei comercial quanto a todosos contratantes, salvo as que s forem aplicveis quele ouqueles por cujo respeito o acto mercantil, ficando, porm,

    todos sujeitos jurisdio comercial.

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    Classificao dos atos decomrcio

    Objectivos: so os factos jurdicos voluntrios (ou os atos,simplesmente) previstos em lei comercial e anlogos.

    Subjetivos: so todos os contratos e obrigaes doscomerciantes, que no forem de natureza exclusivamente civil, seo contrrio do prprio acto no resultar.

    Cl ifi d d

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    Classificao dos atos decomrcioAcessrios: so os que devem a sua comercialidade ao facto de se ligaremou conexionarem a atos mercantis.

    Absolutos:so comerciais devido sua natureza intrnseca, que radica doprprio comrcio, na vida mercantil. So atos gerados e tipificados pelasnecessidades da vida comercial.

    Podem-se distinguir duas espcies de atos dentro desta categoria:

    - Uns,que so a maior parteso atos absolutos em virtude de serem os

    atos caracterizados, tpicos, essencialmente integrantes daquelas atividadesque tornam o objectivo material do Direito Comercial;

    - Outros so atos absolutos em razo da sua forma, ou do objecto sobre oqual incidem.

    Cl ifi d d

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    Classificao dos atos decomrcioAtos formalmente comerciais: os que so regulados na leicomercial como um esquema formal, que permanece aberto paradar cobertura a um qualquer contedo, mas abstraem no seuregime do objecto ou fim para que so utilizados.

    Atos substancialmente comerciais: os que tm comercialidadeem razo da prpria natureza, ou seja, por representarem, em simesmos, atos prprios de atividades materialmente mercantis.

    (Promoes e descontos e ofertas so substancialmentecomerciais nas atividades de comrcio onde exista esse uso oupratica e no ofendem o princpio geral da onerosidade doDireito Comercial).

    Cl ifi d d

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    Classificao dos atos decomrcioAtos de comrcio causais e abstractos: diz-se causal, todo oato que a lei regula em ordem a preencher ou a realizar umadeterminada e especfica causa-funo jurdico-econmica.

    abstracto, aquele que se revela adequado a preencher umamultiplicidade indeterminada de causas funes, podendo arelao jurdica que dele resulta ter uma vida independente darelao que lhe deu origem.

    Cl ifi d d

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    Classificao dos atos decomrcio Atos bilateralmente comerciais ou puros

    e

    atos unilateralmente comerciais ou mistos:

    So bilaterais ou puros os atos que tm carcter comercial emrelao s duas partes.

    E so unilateraisou mistos os atos que apenas so comerciais emrelao a uma das partes. E so unilaterais ou mistos os atos que

    apenas so comerciais em relao a uma das partes, e civis emrelao outra (Art. 99 do Cdigo Comercial).

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    Regras do ato de comrcio

    As 4 regras traduzem-se em valores e necessidades:

    Forma

    Solidariedade Passiva

    Prescrio

    Onerosidade

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    Regras do ato de comrcioForma: (Art. 219 do Cdigo Civil Liberdade de forma, A validade dadeclarao negocial no depende da observncia de forma especial, salvoquando a lei a exigir. por vezes aplicado de forma mais extensa no mbito do Direito Comercial.Que tem a inteno de promover as relaes mercantis, protegendo ocrdito e a boa-f, o que leva a promover a simplicidade da forma.

    Art. 96 do Cdigo Comercial. Liberdade de lngua nos ttuloscomerciais, Os ttulos comerciais sero vlidos, qualquer que seja alngua em que forem exarados.

    Art. 97 do Cdigo Comercial. Admissibilidade da correspondncia

    telegrfica e seu valor, A correspondncia ser admissvel em comrcionos termos e para os efeitos, como por exemplo: um telegrama enviadosem ser assinado vlido.

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    Art. 396 do Cdigo Comercial. Prova,O emprstimo mercantil entrecomerciante admite, seja qual for o seu valor, todo o gnero de prova, oque diverge com as regras gerais do Art. 1143 Cdigo Civil FormaOcontrato de mtuo de valor superior a 20 000 euros s vlido se forcelebrado por escritura pblica, e o de valor superior a 2000 euros se o forpor documento assinado pelo muturio. exigindo forma a partir dedeterminado valor.

    Art 398 do Cdigo Comercial. Entrega a terceiro e entrega simblica.Pode convencionar-se a entrega do penhor mercantil a terceira pessoa.A entrega do penhor mercantil pode ser simblica, a qual se efetuar:

    1 Por declaraes ou verbas nos livros de quaisquer estaes pblicasonde se acharem as causas empenhadas;2 Pela tradio da guia de transporte ou do conhecimento da carga dosobjetos transportados;3 Pelo endosso da cautela de penhor dos gneros e mercadoriasdepositadas nos armazns gerais.

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    Regras do ato de comrcio

    Solidariedade passiva: A solidariedade o regime geral no mbito dasobrigaes civis, no se presume, tem que ser fruto da lei ou da vontadedas partes (art. 513 do Cdigo Civil Fontes da solidariedadeAsolidariedade de devedores ou credores s existe quando resulte da leiou da vontade das partes.), sendo a regra da conjugao;

    Nas obrigaes comerciais, contrariamente s obrigaes civis, impera aregra da solidariedade dos coobrigados.

    A solidariedade passiva enuncia-se como a solidariedade entre osdevedores, em que qualquer um deles (sendo vrios os obrigados) responsvel pela satisfao, integral da obrigao e, se a satisfazer porinteiro, todos os outros devedores ficam exonerados em relao aocredor, no obstante o direito de regresso que tem o devedor quecumpriu a obrigao sobre os restantes codevedores.

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    Art. 100. Regra da solidariedade

    nas obrigaes comerciais

    Nas obrigaes comerciais os co-obrigados so solidrios, salvaestipulao contrria. nico. Esta disposio no extensivaaos no comerciantes quanto aos contratos que, em relao aestes, no constiturem actos comerciais.

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    Art. 100 do Cdigo Comercial, onde se verifica asolidariedade dos coobrigados, excepto nos atos de comrciounilaterais, em que no h solidariedade para os obrigados

    relativamente aos quais o ato no for comercial.

    No pargrafo nico diz-se que esta regra nao extensiva aos no

    comerciantes excepto na Fiana conforme o artigo 101 Art. 101 do Cdigo Comercial, na previso da solidariedade

    do fiador com o afianado, independentemente de ser ou nocomerciante, excluindo o benefcio da excusso,diferenciando-se do regime previsto no Art. 638 do Cdigo

    Civil Benefcio da excusso, em que o fiador por licitamenterecusar o cumprimento da obrigao enquanto o credor notiver excutido a totalidade dos bens do devedor.

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    Regras do ato de comrcioPrescrio: Tem como regra o disposto na alnea b) do art.317 do Cdigo Civil

    Prescrio de dois anos, prevendo o prazo de dois anos para aprescrio dos crditos dos comerciantes pelas suas vendas ano comerciantes (ou sendo comerciantes, que adquiram osbens para uso privado). Esta espcie particular de prescrio denominada prescrio presuntiva, em virtude de se fundar napresuno do cumprimento, podendo tal presuno, ser elidida

    por confisso do devedor originrio ou daquele que tiversucedido na dvida, s sendo relevante a confisso quando feitapor forma escrita. Existe, todavia, um regime diferenciadoconsoante o devedor seja ou no comerciante.

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    Sendo, ento, o devedor comerciante, no pode tirar proveitoda prescrio presuntiva, atendendo a que a lei privilegia aboa-f e segurana das relaes jurdico-mercantis. Se,porventura, o comerciante beneficiasse da prescrio de curtoprazo ou da presuno de liquidao do dbito, o devedorremisso seria favorecido e criar-se-iam, certamente, condiesadversas concesso de crditos entre comerciantes.

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    Prescrio no Cdigo Civil

    Artigo 309. - Prazo ordinrio O prazo ordinrio da prescrio de vinte anos.

    Artigo 310. - Prescrio de cinco anos

    Prescrevem no prazo de cinco anos:

    a) As anuidades de rendas perptuas ou vitalcias;

    b) As rendas e alugueres devidos pelo locatrio, ainda que pagos poruma s vez;

    c) Os foros;

    d) Os juros convencionais ou legais, ainda que ilquidos, e osdividendos das sociedades;

    e) As quotas de amortizao do capital pagveis com os juros;

    f) As penses alimentcias vencidas;

    g) Quaisquer outras prestaes periodicamente renovveis.

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    Prazos Artigo 316. - Prescrio de seis meses Prescrevem no prazo de seis meses os crditos de estabelecimentos de

    alojamento, comidas ou bebidas, pelo alojamento, comidas ou bebidas queforneam, sem prejuzo do disposto na alnea a) do artigo seguinte.

    Artigo 317. - Prescrio de dois anos Prescrevem no prazo de dois anos: a) Os crditos dos estabelecimentos que forneam alojamento, ou alojamento e

    alimentao, a estudantes, bem como os crditos dos estabelecimentos deensino, educao, assistncia ou tratamento, relativamente aos serviosprestados;

    b) Os crditos dos comerciantes pelos objectos vendidos a quem no sejacomerciante ou os no destine ao seu comrcio, e bem assim os crditosdaqueles que exeram profissionalmente uma indstria, pelo fornecimento de

    mercadorias ou produtos, execuo de trabalhos ou gesto de negcios alheios,incluindo as despesas que hajam efectuado, a menos que a prestao se destineao exerccio industrial do devedor;

    c) Os crditos pelos servios prestados no exerccio de profisses liberais e peloreembolso das despesas correspondentes.

    Presuno presuntiva e

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    Presuno presuntiva epresuo ordinria Sousa Ribeiro considera que a presuno presuntiva constituindo

    uma mera presuno de pagamento no poder aproveitar a quemtenha uma actuao em juzo que logicamente o exclua. Quandoalega a prescrio e, simultaneamente, pratica um actoinconcilivel com o seu pressuposto fundante, o devedor est acontradizer-se a si prprio, pois ao mesmo tempo que pretende verreconhecida a extino do vnculo, com base num presumvelcumprimento, no deixa de admitir que ele ainda no se efectuou.

    o caso, por exemplo, entre outros, da negao da existncia dadvida ou da discusso do seu montante.

    Prosseguindo, dir-se- que as prescries presuntivas, funcionando

    como presunes de cumprimento, produzem a inverso do nusda prova, de tal forma que o devedor fica liberto desse encargo,tendo, porm, o credor a possibilidade de elidir tal presuno,provando o no cumprimento.

    P b fi i d d d

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    Para beneficiar da presuno o devedornao pode negar que pagou a dvida Contudo, o credor s poder elidir essa presuno, atravs

    de um acto confessrio do prprio devedor, conformeresulta dos arts. 313 e 314 do Cd. Civil, sucedendo que essaconfisso tanto pode ocorrer por via judicial, comoextrajudicial.

    Compreende-se, deste modo, que o devedor para poderbeneficiar da prescrio presuntiva de dois anos que invocano deve negar os factos constitutivos do direito do credor jque, ao faz-lo, ir alegar em contradio com a suapretenso de beneficiar da presuno de pagamento.

    Sobre o devedor recai, assim, o nus de alegarexpressamente que j pagou a dvida em questo, aocontrrio do que acontece na prescrio ordinria em que a,sim, pode confessar que no pagou e concomitantementeopor a prescrio.

    P d P i d 6

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    Prazos de Prescrio de 6 meses

    I. Aos crditos resultantes da prestao do servio de telefone mvelprestados anteriormente entrada em vigor da revogao do Decreto-Lei n 381-A/97, de 30 de Dezembro, pela Lei n 5/2004, de 10 deFevereiro, aplicvel o regime definido por aquele Decreto-Lei n 381-A/87, tambm no os atingindo a excluso do servio de telefone dombito de aplicao da Lei n 23/96, de 26 de Julho, determinada pelon 2 do artigo 127 da Lei n 5/2004;

    II. O prazo de prescrio de seis meses previsto no n 4 do artigo 9 doDecreto-Lei n 381-A/97 e no n 1 do artigo 10 da Lei n 23/96prevalece sobre o prazo de cinco anos constante da alnea g) do artigo310 do Cdigo Civil;

    III. Nos termos do disposto na redaco originria do n 1 do artigo 10da Lei n 23/96, de 26 de Julho, e no n 4 artigo 9 do Decreto-Lei n

    381-A/97, de 30 de Dezembro, o direito ao pagamento do preo deservios de telefone mvel prescreve no prazo de seis meses aps a suaprestao.

    Deciso Texto Integral: Processo n 216/09.4YFLSB (Acordo do STJ)

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    Acordo do STJ:Admite-se que no seja muito claro o texto legal. O n 5 do artigo 9 do

    Decreto-Lei n 381-A/97, atrs transcrito, no se limita a dizer que seconsidera exigido o pagamento com a apresentao da factura; afirma queisso assim para os efeitos do nmero anterior, sendo certo que o n 4 fixao prazo de prescrio do direito.

    Assim, este Supremo Tribunal, por exemplo no seu acrdo de 27 de

    Novembro de 2003 (processo n 04A1323, disponvel em www.dgsi.pt) , veioconsiderar que da conjugao destes preceitos resultava que a apresentaoda factura tinha o efeito de interromper a prescrio, afastando a necessidadede recurso a um meiojudicial; mas o acrdo de 6 de Julho de 2006(processo n 06B1755, tambm disponvel em www.dgsi.pt), pronunciou-se

    em sentido contrrio, atribuindo a tal apresentao, to somente, o efeito deconstituir o devedor em mora;e no mesmo sentido acabou por se pronunciaro acrdo de 4 de Outubro de 2007.

    http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/30c641e0939b3614802576ac005adfc3

    http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/30c641e0939b3614802576ac005adfc3http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/30c641e0939b3614802576ac005adfc3http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/30c641e0939b3614802576ac005adfc3http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/30c641e0939b3614802576ac005adfc3http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/30c641e0939b3614802576ac005adfc3
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    Artigo 322. - Prescrio dos direitos da herana ou contraela

    A prescrio de direitos da herana ou contra ela no secompleta antes de decorridos seis meses depois de haver

    pessoa por quem ou contra quem os direitos possam serinvocados.

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    Prescrio no Cdigo Civil

    Artigo 300. - Inderrogabilidade do regime da prescrioSo nulos os negcios jurdicos destinados a modificar os prazos legais daprescrio ou a facilitar ou dificultar por outro modo as condies em que aprescrio opera os seus efeitos.

    Artigo 301. - A quem aproveita a prescrioA prescrio aproveita a todos os que dela possam tirar benefcio, sem excepodos incapazes.

    Artigo 302. - Renncia da prescrio1. A renncia da prescrio s admitida depois de haver decorrido o prazoprescricional.2. A renncia pode ser tcita e no necessita de ser aceita pelo beneficirio.

    3. S tem legitimidade para renunciar prescrio quem puder dispor do benefcioque a prescrio tenha criado.

    Artigo 303. - Invocao da prescrioO tribunal no pode suprir, de ofcio, a prescrio; esta necessita, para ser eficaz, deser invocada, judicial ou extrajudicialmente, por aquele a quem aproveita, pelo seurepresentante ou, tratando-se de incapaz, pelo Ministrio Pblico.

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    Prescrio no Cdigo Civil

    Artigo 304. - Efeitos da prescrio1. Completada a prescrio, tem o beneficirio a faculdade de recusar ocumprimento da prestao ou de se opor, por qualquer modo, ao exerccio dodireito prescrito.2. No pode, contudo, ser repetida a prestao realizada espontaneamente emcumprimento de uma obrigao prescrita, ainda quando feita com ignorncia daprescrio; este regime aplicvel a quaisquer formas de satisfao do direito

    prescrito, bem como ao seu reconhecimento ou prestao de garantias.3. No caso de venda com reserva de propriedade at ao pagamento do preo, seprescrever o crdito do preo, pode o vendedor, no obstante a prescrio, exigir arestituio da coisa quando o preo no seja pago.

    Artigo 305. - Oponibilidade da prescrio por terceiros1. A prescrio invocvel pelos credores e por terceiros com legtimo interesse na

    sua declarao, ainda que o devedor a ela tenha renunciado.2. Se, porm, o devedor tiver renunciado, a prescrio s pode ser invocada peloscredores desde que se verifiquem os requisitos exigidos para a impugnaopauliana.3. Se, demandado o devedor, este no alegar a prescrio e for condenado, o casojulgado no afecta o direito reconhecido aos seus credores.

    Artigo 306. - Incio do curso da prescrio

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    Artigo 306. Incio do curso da prescrio1. O prazo da prescrio comea a correr quando o direito puder ser exercido; se,porm, o beneficirio da prescrio s estiver obrigado a cumprir decorrido certotempo sobre a interpelao, s findo esse tempo se inicia o prazo da prescrio.2. A prescrio de direitos sujeitos a condio suspensiva ou termo inicial s comeadepois de a condio se verificar ou o termo se vencer.3. Se for estipulado que o devedor cumprir quando puder, ou o prazo for deixado aoarbtrio do devedor, a prescrio s comea a correr depois da morte dele.4. Se a dvida for ilquida, a prescrio comea a correr desde que ao credor seja lcitopromover a liquidao; promovida a liquidao, a prescrio do resultado lquidocomea a correr desde que seja feito o seu apuramento por acordo ou sentenapassada em julgado.

    Artigo 307. - Prestaes peridicasTratando-se de renda perptua ou vitalcia ou de outras prestaes peridicasanlogas, a prescrio do direito unitrio do credor corre desde a exigibilidade daprimeira prestao que no for paga.

    Artigo 308. - Transmisso

    1. Depois de iniciada, a prescrio continua a correr, ainda que o direito passe paranovo titular.2. Se a dvida for assumida por terceiro, a prescrio continua a correr em benefciodele, a no ser que a assuno importe reconhecimento interruptivo da prescrio.

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    Artigo 311. - Direitos reconhecidos em sentena ou ttulo executivo 1. O direito para cuja prescrio, bem que s presuntiva, a lei estabelecer um

    prazo mais curto do que o prazo ordinrio fica sujeito a este ltimo, se sobreviersentena passada em julgado que o reconhea, ou outro ttulo executivo.

    2. Quando, porm, a sentena ou outro ttulo se referir a prestaes ainda no

    devidas, a prescrio continua a ser, em relao a elas, a de curto prazo.

    Artigo 312. - Fundamento das prescries presuntivas As prescries de que trata a presente subseco fundam-se na presuno de

    cumprimento.

    Artigo 313. - Confisso do devedor 1. A presuno de cumprimento pelo decurso do prazo s pode ser ilidida porconfisso do devedor originrio ou daquele a quem a dvida tiver sidotransmitida por sucesso.

    2. A confisso extrajudicial s releva quando for realizada por escrito.

    Artigo 314. - Confisso tcita

    Considera-se confessada a dvida se o devedor se recusar a depor ou a prestarjuramento no tribunal, ou praticar em juzo actos incompatveis com a presunode cumprimento.

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    Artigo 318. - Causas bilaterais da suspenso A prescrio no comea nem corre: a) Entre os cnjuges, ainda que separados judicialmente de pessoas

    e bens; b) Entre quem exera o poder paternal e as pessoas a ele sujeitas,

    entre o tutor e o tutelado ou entre o curador e o curatelado; c) Entre as pessoas cujos bens estejam sujeitos, por lei ou por

    determinao judicial ou de terceiro, administrao de outrem eaquelas que exercem a administrao, at serem aprovadas ascontas finais;

    d) Entre as pessoas colectivas e os respectivos administradores,relativamente responsabilidade destes pelo exerccio dos seus

    cargos, enquanto neles se mantiverem; e) Entre quem presta o trabalho domstico e o respectivo patro,

    enquanto o contrato durar; f) Enquanto o devedor for usufruturio do crdito ou tiver direito de

    penhor sobre ele.

    A ti 323 I t id l tit l

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    Artigo 323. - Interrupo promovida pelo titular 1. A prescrio interrompe-se pela citao ou notificao judicial de

    qualquer acto que exprima, directa ou indirectamente, a intenode exercer o direito, seja qual for o processo a que o acto pertence e

    ainda que o tribunal seja incompetente. 2. Se a citao ou notificao se no fizer dentro de cinco diasdepois de ter sido requerida, por causa no imputvel aorequerente, tem-se a prescrio por interrompida logo quedecorram os cinco dias.

    3. A anulao da citao ou notificao no impede o efeito

    interruptivo previsto nos nmeros anteriores. 4. equiparado citao ou notificao, para efeitos deste artigo,qualquer outro meio judicial pelo qual se d conhecimento do actoquele contra quem o direito pode ser exercido.

    Artigo 324. - Compromisso arbitral

    1. O compromisso arbitral interrompe a prescrio relativamente aodireito que se pretende tornar efectivo. 2. Havendo clusula compromissria ou sendo o julgamento arbitral

    determinado por lei, a prescrio considera-se interrompida quandose verifique algum dos casos previstos no

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    Artigo 328. - Suspenso e interrupo

    O prazo de caducidade no se suspende nem se interrompe senonos casos em que a lei o determine.

    Artigo 329. - Comeo do prazo

    O prazo de caducidade, se a lei no fixar outra data, comea a correrno momento em que o direito puder legalmente ser exercido.

    Artigo 330. - Estipulaes vlidas sobre a caducidade

    1. So vlidos os negcios pelos quais se criem casos especiais decaducidade, se modifique o regime legal desta ou se renuncie a ela,contanto que no se trate de matria subtrada disponibilidade das

    partes ou de fraude s regras legais da prescrio. 2. So aplicveis aos casos convencionais de caducidade, na dvida

    acerca da vontade dos contraentes, as disposies relativas suspenso da prescrio.

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    Cdigo Civil

    Artigo 331. - Causas impeditivas da caducidade 1. S impede a caducidade a prtica, dentro do prazo legal ou

    convencional, do acto a que a lei ou conveno atribua efeitoimpeditivo.

    2. Quando, porm, se trate de prazo fixado por contrato oudisposio legal relativa a direito disponvel, impede tambma caducidade o reconhecimento do direito por parte daquelecontra quem deva ser exercido.

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    Regras do ato de comrcio

    Onerosidade: Nos atos de comrcio vigora, com frequncia, oprincpio de Onerosidade, pois estes atos presumem-se onerosospelo facto de a atividade comercial visar o lucro para quem adesenvolve e, em regra, prestao de cada parte se fazercorresponder uma retribuio pela contraparte, Art. 102 doCdigo Comercial, onde se estabelece o decurso e contagem de

    juros sobre os atos comerciais, sobretudo os de carcterpecunirio, fixando ao primeiro pargrafo a exigncia escrita paraa fixao das taxas de juro nos atos de comrcio.

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    Osjuros podem ser:

    Legaisou convencionaisse, respectivamente, resultarem da lei ou de

    estipulao interpartes;

    Remuneratrios(compensatrios) ou moratrios, sendo os primeirosconvencionados como remunerao de um mtuo e os segundos tidoscomo indemnizao devida ao credor pelo prejuzo causado pela mora dosdevedores, do art. 806 do Cdigo Civil :

    Obrigaes pecunirias

    Na obrigao pecuniria a indemnizao corresponde aos juros a contar dodia da constituio em mora.

    Os juros devidos so os juros legais, salvo se antes da mora for devido umjuro mais elevado ou as partes houverem estipulado um juro moratrio

    diferente do legal.Pode, no entanto, o credor provar que a mora lha casou dano superior aosjuros referidos no nmero anterior e exigir a indemnizao suplementarcorrespondente, quando se trate de responsabilidade por facto ilcito ou pelorisco.

    Juros Legais so de 3%

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    Juros Legais so de 3%O Conselho de Ministros aprovou em 13 de Maro de 2013 um novo regime paraos juros de mora. O anterior vigorava de 1978, tendo 35 anos de existncia.A alterao legislativa aprovada em Conselho de Ministros vem limitar a cobranade comisses bancrias por incumprimento, admitindo-se apenas a cobrana deuma nica comisso bancria por cada prestao vencida e no paga, em vez dasactuais comisses sucessivas.Alm disso, as comisses bancrias passam a estar limitadas a 4% do valor daprestao mensal, com um intervalo entre um mnimo de 12 euros e um mximode 150 euros. Esta limitao ser tambm aplicada s empresas e no s aos

    particulares.Por outro lado, foi ainda revisto o limite mximo da taxa anual de juros moratrios,que passa a ser de 3% para todas as instituies de crdito.O anterior regime de juros de mora encontrava-se manifestamente desajustadoda realidade atual, refletindo um contexto de banca nacionalizada, afirmouAntnio Almeida Henriques, secretrio de Estado da Economia e Desenvolvimento

    Regional, na conferncia de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros.Os consumidores e as famlias passam, a partir de hoje, a ter na lei um escudoque as defende do risco do endividamento e de prticas arbitrrias ou abusivas de

    juro, pagamento de comisses bancrias associadas aos juros de mora e dennciade contratos, resumiu o secretrio de Estado.(Notcia do JdN, on-line, 23 de Maro.2013)

    JUROS DE MORA COMERCIAIS

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    JUROS DE MORA COMERCIAIS

    2 semestre de 2013

    8,50% - Aviso n 11617/2013, de 17/9 (operaes sujeitas aoDL 62/2013)

    7,50% - Aviso n 10478/2013, de 23/8

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    SUMRIO

    CONTRATOS COMERCIAIS 1. Princpios gerais. Deveres pr-contratuais. Os contratos de

    adeso. As clusulas contratuais gerais.

    2. Garantias

    3. Negcio electrnico (introduo)

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    Contratos Comerciais

    Os atos comerciais so praticamente todos contratos, emborapossam tambm existir atos no negocias, atos comerciaisunilaterais e at atos ilcitos geradores de responsabilidadeextracontratual.

    Os atos jurdicos so manifestaes de vontade juridicamenterelevantes. Podem ser simples ou in6tencionais. Sointencionais os que tinham a inteno de obter os efeitos quedeles decorrem. Neste caso esto os Negcios Jurdicos.

    Um contrato um negcio jurdico mediante o qual duas oumais pessoas regulam unitariamente interesses jurdicos.

    Contratos Civis e Contratos

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    Contratos Civis e ContratosComerciais Autonomia privada tem menores limitaes no direito

    comercial:

    Liberdade de celebrao ou nao de negcios jurdicos

    Liberdade de seleco do tipo negocial, e

    Liberdade de estipulao do conteudo.

    Boa F artigo 227 do Codigo

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    Boa F artigo 227 do CodigoCivil Principio da boa-f na formao dos contratos art.

    227.

    Principio da boa-f na execuo dos contratos art.239.

    Principio da boa-f no cumprimento das obrigaescontratuais art. 762./2.

    Indemnizao pelo interesse contratual negativo:

    O lesado dever ser colocado na posio em que estariase NO tivesse encetado as negociaes, tendo direitoa haver aquilo que prestou na expectativa daconsumao das negociaes

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    Classificao dos Contratos

    Contratos so Tpicos e atipicos, conforme estejam ou naoregulados por lei. Por exemplo o contrato de hospedagem um contrato atpico pois nao est regulado por lei.

    Ha contratos socialmente tpicos mesmo sem estarem

    regulados por lei

    Requisitos gerais

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    Requisitos geraisde validade dos contratos Validade substancial Idoneidade do objecto Capacidade Legitimidade Eficcia O contrato civil pode ter efeitos diversos do contrato

    comercial:

    Venda civil de bens alheios nula (art. 892 do CC, sendo validano caso de ser comercial (art467 do CCom)

    O emprstimo mercantil no depende da forma (art. 396 doCcom), enquanto que o emprstimo civil est sujeito formaescrita e at a escritura pblica (art. 1143 do CC)

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    Civis/ Comercais

    Alguns contratos podem ser exclusivamente civis, como porexemplo a doao (art 940 e ss do CC)

    Outros sao especificamente comerciais, como a aquisio de

    ttulos de crdito ou negcios na bolsa (art 463 n5 do CComou o art 321 e ss co CVM)

    Regras dos contratos comerciais

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    Regras dos contratos comerciais Simplicidade da forma (principio da consensualidade

    art.219 do CC

    Solidariedade passivanas obrigaes comerciais (cfr art. 513do CC e art 100o do Ccom)

    Responsabilidade na Fiana do Fiador (art 638CC e art. 101 doCcom)

    Onerosidade: Juros compensatrios e moratrios

    (obrigatoriedade do pagamento de juros moratrios aoEstado): 2 semestre de 2013

    8,50% - Aviso n 11617/2013, de 17/9 (operaes sujeitas ao DL62/2013)

    7,50% - Aviso n 10478/2013, de 23/8

    Prescrio(art 317 CC) Obrigao Geral de Segurana relativa a produtos e servios

    no mercado europeu (DL 69/2005 de 7 de Maro)

    Proibio de concorrncia desleal ((Lei n 19/2012 de 8 demaio - Lei da Concorrncia))

    Contratao com clausulas

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    Contratao com clausulascontratuais Gerais

    So regras pr-elaboradas de modo rgido queregulam certos negcios jurdicos em que uma

    das partes indeterminada, limitando-se apropor ou a aceitar os termos em que osmesmos so celebrados.

    C l

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    Contratao electrnica

    Contratao comercial distncia com recursos a meiosinformticos e digitais, no implica o contato fisico.

    Vendas distncia (DL 143/2001 de 26 de Abril, alterado

    pelo DL 317/2009 de 30 de outubro Contrato celebrado distncia (artigo 2)

    Contrato ao domicilio (artigo 13)

    Comrcio eletrnico tem tendncia autonomizao.

    G i C i

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    Garantias Contratuais

    Garantias clssicas: contrato instrumental comoa Garantia bancria autonoma

    On the fist demnad

    Outras Garantias:

    Direito de Reteno (art. 754 e 755 do CC)

    Cartas de Conforto

    Sumrio

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    SumrioA Organizao do Comerciante

    1.O estabelecimento comercial. Noo. Composio. Aviamento. Clientela.

    Trespasse. Universalidade de facto e universalidade de direito. A Cesso deExplorao. O usufruto do estabelecimento.

    O estabelecimento como objecto de garantia.

    2. Estabelecimento individual de responsabilidade limitada (E.I.R.L.).

    3. A Empresa. Noo.

    4. Estrutura Jurdica de empresas:4.1. Agrupamentos Complementares de Empresas.

    4.2. Consrcio.

    4.3. Associao em participao.

    4.4. Cooperativa

    4.5. Empresa Pblica e Entidade Pblica Empresarial

    4.6. Agrupamento Europeu de interesse econmico

    4.7. Sociedade Comercial

    5. A concorrncia desleal. A defesa da concorrncia.

    E

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    Empresa

    Comerciante e Empresrio (conceito jurdico-mercantil daempresa)

    Art. 230 CCom de 1888 acolhe o conceito de empresa comoatividade produtiva, como a industria e os servios, baseadasna especulao sobre o trabalho (por contraposio aocomrcio que considerado uma atividade de especulaosobre o risco): empresrio era aquele que prestavadeterminados bens e servios usando como principal fatorprodutivo o trabalho de outrem (art. 230 n1

    empregando, para isso, s operrios ou operrio e mquinas. Com a Revoluo Industrial, as empresas latu sensu passam a

    equiparar comerciantes aos restantes empresrios.

    Perspetiva social e humana da

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    Perspetiva social e humana daempresa A perspetiva jurdica enriquece-se com a viso da empresa

    como um todoem particular como decorre no Direito doTrabalho (art. 285 do Cdigo do Trabalho, em que otrabalhador se mantem ligado empresa, mesmo quando atitularidade desta transmitida).

    Vrios sentidos jurdicos do

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    Vrios sentidos jurdicos doconceito de empresa Empresa como sujeito ou agente jurdico: em sentido restrito

    op empresrio e em sentido amplo o conjunto de pessoasda organizao (empresrio, gestores e trabalhadores) comoaparece no art 2 n1 da Lei da Concorrncia

    Empresa como atividade: atividade exercida pelo empresriode forma profissional e organizada, com vista realizao defins de produo e troca de bens e e servios

    Vrios sentidos jurdicos do

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    V os se t dos ju d cos doconceito de empresa Empresa como objeto: como organizao de um conjunto de

    factores de produo e outros elementos congregada peloempresrio com vista ao exerccio da sua atividade. Equivale aoEstabelecimento.

    Empresa como conjunto ativo de elementos: sentido dinmico dotermo empresa que expresso da atividade do empresrio,fazendo apelo a fatores e elementos heterogneos atuando sobre opatrimnio de coisas e direitos e dando origem a relaes jurdicas,econmicas e sociais, polarizados numa organizao apta a

    desenvolver uma atividade econmica, isto , um a empresa umainstituio de carcter econmico, mas tambm social, criador deriqueza, mas tambm de emprego e cultura e espao de realizaoda pessoa.

    Cl ifi d

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    Classificao das empresas

    Segundo o objecto econmico: Empresa agricola e empresascomerciais.

    Segundo a dimenso: pequenas, mdias e grandes empresas(IAPMEI DL 51/75 de 7/2 que dfine o critrio legal consagradodepois para as PME industriais no Despacho Normativo 52/87(DR, I serie, de 24.6.1987 e ainda consagrado pela UERecomendao 916/280/CE de .: 250 trabalhadores evolume de negocio anual de 40 milhes ou um balano totalannual de 27 milhes de euros, e cujo capital nao seja detido

    em mais de 25% por empresas que nao estejam abranjidadenos criteio de PME. )

    Extenso do conceito de

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    empresa

    Com a evoluo da interveno pblica, o Direito dministrativotem-se vindo a privatizar.

    O sector empresarial do Estado organiza-se em

    Entidades pblicas empresariais

    Empresas pblicas

    Empresas participadas

    Estabelecimento Comercial

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    Estabelecimento Comercial a organizao do empresrio mercantil, o conjunto de elementos reunido e organizado pelo empresrio para

    atravs dele exercer a sua atividade comercial, de produo ou circulao de bens ou prestao de servios.

    O que pressupe um estabelecimento comercial?

    Um titular: ele um conjunto de meios predestinados por um empresrio, titular de um determinadodireito sobre ele, para exercer a sua atividade.

    Um acervo patrimonial: engloba um conjunto de bens e direitos, das mais variadas categorias e naturezas,que tm em comum a afectao finalidade coerente a que o comerciante os destina.

    Um conjunto de pessoas: pode reduzir-se pessoa do empresrio o seu suporte humano, nas formas maisembrionrias de estrutura empresarial; mas normalmente engloba uma pluralidade de pessoas, congregadaspor diversos vnculos jurdicos, para atuarem com vista prossecuo da finalidade comum da empresa.

    Uma organizao: os seus elementos no so meramente reunidos, mas sim entre si conjugados,interrelacionados, hierarquizados, segundo as suas especificas naturezas e funes especificas, por forma que

    do seu conjunto possa emergir um resultado global: a atividade mercantil visada.

    Uma organizao funcional: a sua estrutura e configurao, a sua identidade prpria advm-lhe de umdeterminado objecto, que uma atividade de determinado ramo da economia; atividade que, entretanto, sernecessariamente uma atividade de fim lucrativo das que cabem na matria mercantil, ou seja, no mbitomaterial do direito comercial. S assim se pode falar de um estabelecimento comercial (sem embargo de, comaquela, se poderem conjugar atividades de outra ordem).

    Estabelecimento Comercial

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    O termo estabelecimento admite no nosso direito positivo diversos significados,que podem ser observados na nossa lei em dois artigos:

    Art. 1112 do Cdigo CivilTransmisso da posio do arrendatrio.

    1 permitida a transmisso por ato entre vivos da posio do arrendatrio, semdependncia da autorizao do senhorio:a) No caso de trespasse de estabelecimento comercial ou industrial;b) A pessoa que no prdio arrendado continue a exercer a mesma profissoliberal, ou a sociedade profissional de objectivo equivalente.

    2No h trespasse:a) Quando a transmisso no seja acompanhada de transferncia, em conjunto,das instalaes, utenslios, mercadorias ou outros elementos que integram oestabelecimento;b) Quando a transmisso vise o exerccio, no prdio, de outro ramo de comrcioou indstria ou, de um modo geral, a sua afectao a outro destino.

    3) A (...)

    E t b l i t C i l

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    Estabelecimento ComercialOutro sentido pode ser observado no art seguinte:

    Art. 95 do Cdigo Comercial

    Armazns ou lojas abertas ao pblico

    Considerar-se-o, para os efeitos deste Cdigo, como armaznsou lojas de venda abertos ao pblico:

    1) Os que estabeleceram os comerciantes matriculados;

    2) Os que estabeleceram os comerciantes no matriculados, toda

    a vez que tais estabelecimentos se conservem abertos aopblico por oito dias consecutivos, ou hajam sido anunciados pormeio de avisos avulsos ou nos jornais, ou tenham os respectivosletreiros usuais.

    Estabelecimento Comercial

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    Estabelecimento Comercial

    Os elementos do estabelecimento comercial:

    O Art. 1112 do Cdigo Civil, j citado, conclui-se sem esforo queo estabelecimento compreende, alm do direito locao do

    respectivo local (obviamente, quando o comerciante no sejaseu proprietrio ou dele no disponha a outro titulo: usufruto,comodato, etc.), tambm as instalaes, utenslios emercadorias.

    Elementos do

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    Estabelecimento ComercialElementos corpreos: Nesta categoria devem considerar-se asmercadorias, que so bens mveis destinados a ser vendidos,compreendendo as matrias-primas, os produtos semiacabadose os produtos acabados.

    Incluem-se tambm as mquinas e utenslios, ou seja, amaquinaria, os veculos.

    Abrangem-se, ainda, outros bens mveis (bem fungvel eindispensvel por excelncia: o dinheiro em caixa) e imvel ondese situem as instalaes, quando o seu dono seja o comerciante,

    pois, se o no for, apenas integrar o estabelecimento o direitoao respectivo uso.

    Elementos do

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    Estabelecimento Comercial

    Elementos Incorpreos: Aqui deveremos considerar os direitos, resultantes de contrato oude outras fontes, que dizem respeito vida do estabelecimento. So nomeadamente, os casos:

    - do direito ao arrendamento;- dos direitos reais de gozo;- dos crditos resultantes de vendas, emprstimos, locaes, etc.;- dos direitos resultantes de certos contratos estritamente relacionados com a esfera deatividade mercantil, como o de agncia, o de distribuio, o de concesso, os contratos de

    edio;- dos direitos emergentes dos contratos de trabalho e de prestao de servios com oscolaboradores do comerciante no estabelecimento;- em especial, dos direitos de propriedade industrial, que tm em comum a caracterstica deterem sido institudos e regulados na lei especificamente com vista proteo da empresa equer destes direitos seja diretamente titular o comerciante, quer a fruio deles advenha decontratos de transmisso ou de licena.E, evidentemente, so tambm elementos incorpreos do estabelecimento as obrigaes do

    comerciante a ele relativas, quer o seu passivo, ou seja, as dividas resultantes da sua atividadecomercial, quer as demais obrigaes que formam o correspectivo ou a face oposta dos direitosdos tipos acima mencionados.

    Elementos do

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    Estabelecimento Comercial A clientela: Existe um direito clientela quando assenta em

    contratos de fornecimento, ou quando resulta de clusulas deproteco especfica (clusulas de no-estabelecimento ou deno-concorrncia), consagradas em contratos de trespasse oucesso de explorao, bem como em contratos de trabalho, de

    concesso comercial, etc.

    A clientela constitui um elemento juridicamente distinto erelevante do estabelecimento.

    Elementos do

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    Estabelecimento Comercial

    O aviamento: Distinto da clientela o aviamento do estabelecimento, ou seja, a capacidadelucrativa da empresa, a aptido para gerar lucros resultantes do conjunto de factores nelareunidos.O aviamento resulta do conjunto de elementos da empresa, mas tambm de certas situaesde factos que lhe potenciam a lucratividade, como so as relaes com os fornecedores demercadorias e de crdito, as relaes com os clientes, a eficincia da organizao, a reputaocomercial, a posio mais ou menos forte no mercado, etc.O aviamento exprime, pois, a capacidade lucrativa e este confere ao estabelecimento umamais-valia em relao aos elementos patrimoniais que o integram, a qual tida em conta nadeterminao do montante do respectivo valor global.Note-se, porm, que as situaes de facto acima referidas so elementos do estabelecimento,mas o aviamento no em geral considerado propriamente como um elemento, mas simcomo uma qualidade do estabelecimento, imagem do que acontece com a fertilidade de umterreno.No se confunda, pois, o aviamento com a clientela, j que esta um elemento doestabelecimento e pode, quando muito, ser utilizada pragmaticamente como ndicesignificativo do aviamento.

    O conceito moderno de stakeoldersrepresenta o conjunto de entidades que se relacionamcom as empresas comerciaisacionistas, clientes, fornecedores, entidades superviso eregulao.

    Natureza jurdica do

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    jestabelecimento comercial

    Teoria da personalidade: Para esta teoria, a autonomia econmica doestabelecimento corresponde uma vida jurdica prpria: o estabelecimento,dotado de uma vida distinta do comerciante, teria uma individualidadejurdicadiversa daquele. Seria um sujeito de direitos e obrigaes, umapessoa jurdica, da qual o titular seria um mero representante.

    A teoria da personalidade inaceitvel para o nosso quadro jurdico, porvrias razes:

    1O estabelecimento no um sujeito, mas sim um objecto de direitos.

    2O titular do estabelecimento, tal como criou, organizando-o, tem o

    poder de livremente o destruirliquidandooe de o alienar. Logo, oestabelecimento no uma pessoa, mas sim um objecto de direitos.

    3A personalidade jurdica s cabe, como regra, s pessoas fsicas.

    Natureza jurdica do

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    jestabelecimento comercial Teoria do patrimnio autnomo: Por patrimnio autnomo entende-seuma massa patrimonial que a lei afecta a determinado fim e que, por isso

    mesmo, enquanto tal afectao se mantm, s responde ou respondepreferencialmente pelas dvidas pertinentes a essa finalidade. o que ocorrenos casos da herana indivisa, da massa falida, do patrimnio da pessoacolectiva extinta e ainda no liquidada.

    No caso de trespasse do estabelecimento, as dvidas referentes ao

    estabelecimento transferem-se para o adquirente, sem que o alienante fiquedelas desvinculado, salvo consentimento dos credores. Haveria assim, umaaderncia do passivo ao ativo do estabelecimento, que justificaria a concepodeste como um patrimnio separado ou autnomo.

    Outras teorias:

    Teoria da universalidade; Teoria da coisa imaterial; Teoria ecltica;

    Negcios sobre

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    estabelecimento comercial

    Trespasse:

    Transmisso da propriedade de um estabelecimento por

    negcio entre vivos, contrato tpico ou atpico que assumaeficcia transmissiva.

    Para que haja trespasse, essencial que o estabelecimento sejaalienado como um todo unitrio, abrangendo a globalidade doselementos que o integram (art. 1112 do Cdigo Civil).

    Negcios sobre

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    estabelecimento comercialArt.. 1112 Transmisso da posio do arrendatrio. permitida a transmisso por acto entre vivos da posio do arrendatrio, semdependncia da autorizao do senhorio:- No caso de trespasse de estabelecimento comercial ou industrial.- A pessoa que no prdio arrendado continue a exercer a mesma profisso liberal,ou a sociedade profissional de objecto equivalente.

    2. No h trespasse:-Quando a transmisso no seja acompanhada de transferncia, em conjunto,das instalaes, utenslios, mercadorias ou outros elementos que integram oestabelecimento;-Quando a transmisso vise o exerccio, no prdio, de outro ramo de comercio ouindstria ou, de um modo geral, a sua afectao a outro destino.

    3.A transmisso deve ser celebrada por escrito e comunicada ao senhorio.4. O senhorio tem direito de preferncia no trespasse por venda ou dao emcumprimento, salvo conveno em contrrio.5.Quando, aps a transmisso, seja dado outro destino ao prdio, ou otransmissrio no continue o exerccio da mesma profisso liberal, o senhoriopode resolver o contrato.

    Transmisso do estabelecimento no seu todo ou como umauniversalidade.

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    O trespasse no deixar de o ser at ao limite de o conjunto transmitidoficar de tal modo descaracterizado que j no possa considerar-se um

    estabelecimento em condies de funcionar.

    A universalidade de transmisso pressupe a manuteno do exerccio domesmo comrcio.

    Forma: por escrito particular e no j por escritura pblicaArt. 1112/3do Cdigo Civil Transmisso da posio do arrendatrio, acompanhadoda comunicao ao senhorio.

    Efeitos: - Transmisso com carcter definitivo;

    - Direito de preferncia do senhorioArt. 1112/4 do CdigoCivil venda ou dao em cumprimento;

    - Obrigao de No Concorrnciaviolada poder acarretar dever

    de indemnizar o lesado e dever de cessar a atividade

    concorrente.

    Negcios sobre

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    estabelecimento comercialArt. 1109 Locao de estabelecimento:

    A transferncia temporria e onerosa do gozo de um prdio oude parte dele, em conjunto com a explorao de um

    estabelecimento comercial ou industrial nele instalado, rege-sepelas regras da presente subseco, com as necessriasadaptaes.

    A transferncia temporria e onerosa de estabelecimentoinstalado em local arrendado no carece de autorizao do

    senhorio, mas deve ser-lhe comunicada no prazo de um ms.

    Negcios sobre

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    estabelecimento comercialLocao de Estabelecimento:

    Contrato pela qual uma das partes se obriga a proporcionar outrao gozo temporrio de um estabelecimento mediante retribuio.

    Art. 1109 do Cdigo Civil Locao de estabelecimento (j citado

    anteriormente).

    Art. 1110 do Cdigo Civil Durao, denncia ou oposio renovao.1. As regras relativas durao, denncia e oposio renovao doscontratos de arrendamento para fins no habitacionais so livrementeestabelecidas pelas partes, aplicando-se, na falta de estipulao, odisposto quanto ao arrendamento para habitao.2. Na falta de estipulao, o contrato considera-se celebrado comprazo certo, pelo perodo de 10 anos, no podendo o arrendatriodenunci-lo com antecedncia inferior a um ano.

    Locao de Estabelecimento: (cont.)

    Forma Art 1112/2 Escrito particular

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    Forma Art. 1112 /2, Escrito particular .

    mbito de entregalocao de estabelecimento no pode prescindir doselementos necessrios ou essenciais para a identificao da empresa objecto donegcio.

    mbito de entregageneralidade dos meios empresariais pertencentes empropriedade ao locador.Prdios, mquinas, ferramentas,...Logtipo e marcas;

    Posio de empregador:

    Art. 283 do Cdigo de TrabalhoEfeitos de transmisso de empresa ou estabelecimento,

    O disposto nos nmeros anteriores igualmente aplicvel transmisso,cesso ou reverso de explorao de empresa, estabelecimento ou unidadeeconmica, sendo solidariamente responsvel, em caso de cesso ou reverso,quem imediatamente antes tenha exercido a explorao.

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    Obrigao de no concorrnciaArt. 1031/b do Cdigo CivilEnumerao, Assegurar-lhe o gozo desta para os fins a que acoisa se destina e Art. 1037 Actos que impedem oudiminuem o gozo da coisa.

    Comunicao ao senhorioArt. 1109/2 do Cdigo Civil (jcitado anteriormente), caso contrrio o Art. 1083 Fundamentoda resoluo.

    Sumrio

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    Sumrio

    IVDos Sujeitos 1. Noo de comerciante. Requisitos. Obrigaes especiais do

    comerciante.

    2. Capacidade comercial. Incapacidades.

    3. Responsabilidade dos bens dos cnjuges por dvidas comerciais.

    4. Incompatibilidades e impedimentos. Proibies.

    5. Os comerciantes em nome individual. A matrcula.

    6. As pessoas colectivas comerciantes.

    7. A falncia e a situao de falido. O processo especial de

    recuperao da empresa e da falncia. 8. Condicionamentos e licenciamentos administrativos.

    9. Distino dos comerciantes de outras categorias profissionais: osagricultores, os artesos e os profissionais liberais.

    Empresas

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    Empresas

    Classificao das empresas:

    Agrcolas (as organizaes produtivas dos agricultores);

    Comerciais (abrangem todas as que desempenham uma dasactividades qualificadas na lei como comerciais; e, em sentidorestrito, apenas as que se dedicam ao comrcio em sentidoeconmico, pois no ponto de vista jurdico-privado esto na quasetotalidade abrangidas no sentido lato e jurdico da classe empresascomerciais);

    Tendo em conta a dimenso das empresas, estas aparecem, comgrande frequncia, classificadas em pequenas, mdias (PME) egrandes empresas.

    Empresrio

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    Empresrio

    abrangido pelo Art. 1 do Cdigo Comercial Objecto da lei comercial,A lei comercial rege os actos de comrcio sejam ou no comerciantes aspessoas que neles intervm.

    Os comerciantes tm caractersticas especiais:

    - A escrita;

    - A prescrio dos crditos.

    Existem dois tipos de espcies comerciantes:

    - Em nome individual: So pessoas individuais que praticam actoscomerciais.

    Art. 13/1 do Cdigo Comercial Quem comerciante Socomerciantes, As pessoas que, tendo capacidade para praticar actos decomrcio, fazem deste profisso.

    Conceito de sociedades

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    comerciais A) a sociedade tem que se revestir de um tipo caracteristico

    de sociedade comercial

    B) obrigatoriedade de respeitar o regime estabelecido na leicomercial para essa sociedade;

    Sociedades Comerciais

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    Sociedades Comerciais

    - Sociedades comerciais: So pessoas colectivas.Art. 13/2 do Cdigo Comercial, As sociedades comerciais.

    - A natureza dos comerciantes no se compra, vende. O comerciante comerciante porque pratica atos de comrcio, se dedicam a essa rea epreenchem os requisitos.

    Art. 18 do Cdigo Comercial Obrigaes especiais dos comerciantes.D.L. 339/95

    Por exemplo: Se eu comprar aes de uma empresa, esse ato rege-se pela leicomercial, mas no faz de mim um comerciante, pois essa no a minhaprofisso.

    - As pessoas colectivas (S.A., Sociedades Colectivas) que praticam actos decomrcio e fazem dela uma profisso.Art. 160/1 do Cdigo Civil Capacidade, A capacidade das pessoascolectivas abrange todos os direitos e obrigaes necessrios ouconvenientes prossecuo dos seus fins.

    Sociedades Civis e Empresas

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    Pblicas

    - Sociedades Civis (ex: casamento) - no so comerciais.

    - Nas Empresas Pblicas, h atos praticados pelas E.P.E. que so actos decomrcio.

    As Entidades Pblicas Empresariais no so sociedades comerciais, mas

    regem-se pela lei comercial comum. D.L. 558/95A partir de 1999 do Art. 558, as empresas pblicas em sentido

    estrito so constitudos com base no Direito Comercial, mas esto sujeitos dinmica do Estado.

    Art. 17 do Cdigo Comercial Condio do Estado e dos corpos e

    corporaes administrativas.

    As empresas pblicas so constitudas com base no direito comercial, masdominadas pelo Estado.

    Diferente o regime das E.P.E. a quem se aplica as normas de direito publico

    Regime incompatibilidades e

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    impedimentos A lei define certas incompatibilidades e impedimentos, proibindo o exerccio do

    comrcio s pessoas que exeram certas funes ou detenham posies que poderiamser prejudicadas por esse exerccio, por motivos ticos ou de poltica legislativa.

    Dividem-se em dois grupos:

    - Os decorrentes de disposies de direito pblico, por ex. as que inibem do comrcio:os juzes, os magistrados do Ministrio Pblico, os funcionrios das secretrias judiciais,cargos polticos, etc.

    - Os estabelecidos por disposies de direito comerciallogo, de direito privadocomo so os casos seguintes: Os scios das sociedades em nome colectivo e das

    sociedades em comandita simples, os gerentes das sociedades por quotas, osadministradores das sociedades annimas, os membros do conselho geral e desuperviso das sociedades annimas, os gerentes comerciais e os caixeiros, etc.

    Categorias de

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    Empresrios no comerciantesAgricultores: considera-se como no-comerciais as compras e vendas de animais feitaspelos criadores e engordadores. Alm disso, a agricultura envolve tambm, seguramente, aexplorao florestal e a criao de animais aparece hoje em certas modalidades notradicionais, tais como a piscicultura, a ostreicultura, etc.Todavia, existem situaes que pem em questo a natureza comercial ou no deactividades ligadas agricultura.

    Arteses: D.L. n 41/2001aprovou o estatuto do arteso e da unidade produtivaartesanal, no seu Art. 9 (alterado pelo D.L. 110/2002), defina arteso como o trabalhadorque exerce uma actividade artesanal, por conta prpria ou por conta de outrem, inseridoem unidade produtiva artesanal reconhecida, acrescentando que o exerccio da actividadeartesanal supe o domnio dos saberes e tcnicas que lhe so inerentes, bem como umapurado sentido esttico e percia manual.

    Profissionais liberais: Quando so exercidas por conta prpria e de modo individualizado,as actividades dos advogados, jurisconsultos, mdicos, engenheiros, economistas,professores, etc., no tm natureza mercantil.No obstante, pode ocorrer que um profissional liberal se torne comerciante se praticarcom habitualidade actos de comrcio. Ser o caso, por ex., de um mdico que explore umaclnica.

    Sumrio

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    Sumrio

    Obrigaes Especiais do Comerciante 1. A Firma. Os princpios. A obrigatoriedade. A tutela.

    2. O RNPC

    3. A Escriturao Mercantil.

    4. A Prestao de Contas. 5. O Registo Comercial. mbito e princpios. Efeitos. Recursos.

    Obrigaes dos comerciantes

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    Obrigaes dos comerciantes

    Art. 18 Obrigaes especiais dos comerciantes.

    Sem esgotarem os deveres profissionais dos comerciantes,

    todavia tm a peculiar importncia de definirem um estatutojurdico-comercial da profisso mercantil.

    Firma

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    Firma

    A Firma o nome comercial dos comerciantes, o sinal que osindividualiza ou identifica.

    Tem a obrigao de ter um nome, identificao.

    O comerciante pode vender a prpria firma, mas em nomeindividual, a firma no se vende porque o nome do prpriocomerciante.

    Art. 38 do Cdigo Comercial Quem pode fazer aescriturao,Todo o comerciante pode fazer a sua

    escriturao mercantil por si ou por outra pessoa a quem paratal fim autorizar.

    Se o comerciante por si prprio no fizer a escriturao,presumir-se- que autorizou a pessoa que a fizer.

    Constituio da firma

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    Constituio da firma

    A firma, consoante os casos, pode ser formada com o nomede uma ou mais pessoas (firma-nome), com uma expressorelativa ao ramos de atividade, aditada ou no de elementosde fantasia (firma-denominao ou simplesmente

    denominao), ou englobar uns e outros desses elementos(firma mista).

    Em todo o caso, ele ser um sinal nominativo e nuncaemblemtico: sempre uma expresso verbal, com excluso de

    qualquer elemento figurativo.

    Princpios associados firma

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    Princpios associados firma

    So trs os princpios que a lei estabelece:

    1. O princpio da verdade: Os elementos componentes das firmas edenominaes devem ser verdadeirose no induzir em erro sobre aidentificao, natureza ou identificao, natureza ou atividade do seu

    titular.

    Art. 32/1 do RRNPC Princpio da verdade, Os elementoscomponentes das firmas e denominaes devem ser verdadeiros e noinduzir em erro sobre a identificao, natureza ou atividade do seu titular.

    Inclui o nome do comerciante ou dos empresrios, inclui o tipo e anatureza da sociedade (individual ou por quotas (Lda), annima (S.A.),sociedade comandita (sociedade por comandita por aes ou sociedadepor comandita, por ex. Filipe Construes e Comandita por aes).

    Como se faz a transmisso dafi ?

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    firma?

    - Tem que haver transmisso do estabelecimento;

    - O acordo dos interessados.

    Princpios associados fi

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    firma

    2.Princpio da Novidade: As firmas e denominaes devem serdistintas e no susceptveis de confuso ou erro com as registadasou licenciadas no mesmo mbito da exclusividade, mesmo quando alei permita a incluso de elementos utilizados por outras jregistadas, ou com designaes de instituies notoriamentereconhecidas Art. 33/1 do RRNPC.

    E o n2 do mesmo artigo explicita os elementos a ter em conta paraapurar tal distino e susceptibilidade de confuso ou erro: Osjuzos sobre a distino e a no susceptibilidade de confuso ou errodevem ter em conta o tipo de pessoa, o seu domicilio ou sede, aafinidade ou proximidade das suas atividades e o mbito territorialdestas.

    No comerciante individual, o mbito da proteco correspondenteterritorial.

    Se ele aditar ao nome uma expresso distintiva j pode serreconhecida em todo o territrio nacional.

    Princpios associados fi

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    firma 3. O princpio da unidade: Embora o art. 3 do Reg-RNPC Extino, tenha omitido oprincpio da unidade, a verdade que o Art. 38 do mesmo diploma refere que

    Comerciantes individuais, O comerciante individual deve adoptar uma s firma,composta pelo