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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU - FECLI
CURSO DE LICENCIATURAEM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
JORDÂNIA FERREIRA DE MELO
PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR ALUNOS DA E.E.M LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM
IGUATU/CE 2012
JORDÂNIA FERREIRA DE MELO
PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR ALUNOS DA E.E.M LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Ciências Biológicas. Orientação: Profª. Esp. Francisca Neiliane Bezerra. Co-orientação: Profa. Esp. Ana Cristina de Oliveira e Silva.
IGUATU/CE 2012
“ O desejo de tomar o medicamento é, talvez, a principal característica que distingue
o homem dos outros animais” (William Osler).
Aos meus pais que amo demais! Por serem a minha fortaleza, por estarem sempre dispostos a realizar os meus sonhos. Dedico...
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me guiado, dando paciência, sabedoria, saúde e proteção
para que eu conseguisse alcançar esta vitória.
Aos meus pais Zuleide e Antonio por sempre acreditarem em mim e me
incentivaram nos momentos difíceis.
A Profª. Ana Cristina de Oliveira e Silva, pela atenção, dedicação e
seriedade com que conduziu meu trabalho.
A minha orientadora em reta final (risos), Profª. Francisca Neiliane
Bezerra que me acolheu com paciência, para que concluíssemos este trabalho.
A todos os professores que já tive desde as séries inicias, aos da
universidade, cada um teve sua importância ao longo dessa caminhada.
A todos os companheiros de turma, agora colegas de profissão, dos quais
vou lembrar com carinho e saudade, especialmente Jamile, Patrícia e Elvis.
Aos alunos do 1° ano da Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José
Gondim que proporcionaram o desenvolvimento desse trabalho.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram com essa
vitória.
A todos, o meu MUITO OBRIGADA!
RESUMO
A automedicação consiste no consumo de um produto, com o objetivo de tratar ou aliviar doenças ou sintomas percebidos, ou mesmo de promover a saúde, independentemente da prescrição profissional. A automedicação pode ocorrer tanto com produtos naturais, as plantas medicinais como com produtos sintéticos, medicamentos industrializados e as duas formas podem causar danos ao organismo. Objetivou-se com o presente estudo, analisar o conhecimento dos alunos do 1º ano da E. E. M Liceu de Iguatu Dr. José Gondim, em relação à prática da automedicação e uso de plantas medicinais. Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem quanti-qualitativa, desenvolvendo o trajeto metodológico, realizou inicialmente uma explanação sobre automedicação e plantas medicinais com a realização de uma palestra e entrega de folders, seguida da coleta de dados, com a aplicação de um questionário semiestruturado, nos meses de agosto e setembro de 2012. A amostra foi constituída por 102 alunos que atenderam os critérios de inclusão do estudo. Assim, os resultados revelam que os participantes se encontram na faixa etária de 14 a 17 anos de idade, a maioria são do sexo feminino e moram na zona urbana. A partir dos dados colhidos, foram estruturadas quatro categorias: promoção de educação em saúde; formas de adesão e armazenamento de medicamentos e plantas medicinais pelos alunos; fármacos e plantas medicinais mais utilizados; e conhecimento sobre os riscos da automedicação. Foi constatado que os alunos adquirem medicamentos e plantas medicinais por influência familiar e armazenam geralmente os medicamentos no armário. Identificou-se ainda que os fármacos mais utilizados foram: paracetamol e dipirona. A automedicação decorre muitas vezes, da procura do alívio imediato, sem no entanto, se preocupar com a origem ou efeitos da dor em si. Verificou-se que metade dos alunos conhece os riscos da automedicação, isso é um dado preocupante, pois grande parcela de alunos está fazendo uso de produtos sem noção dos danos que eles podem causar ao organismo. Diante dos resultados encontrados, cabe destacar que há um longo caminho a ser percorrido, no sentido de conscientizar os adolescentes sobre a importância de não praticar automedicação e a educação em saúde tem papel primordial nessa situação.
Palavras-chave: Automedicação; plantas medicinais; alunos; educação em saúde;
ABSTRACT
Self-medication is the use of a product, in order to treat or alleviate disease symptoms or perceived, or even to promote health, regardless of prescription professional. Self-medication can occur with natural products, medicinal plants and products with synthetic, manufactured drugs and the two forms can cause damage to the body. The objective of this study was to analyze the knowledge of students of 1st year of E. E. M Lyceum Iguatu Dr. José Gondim in relation to self-medication and use of medicinal plants. This is a descriptive exploratory study with quantitative and qualitative approach, developing the methodological path, initially conducted an explanation of self-medication with medicinal plants and conducting a lecture and delivering leaflets, followed by data collection, with the application of a semi-structured questionnaire in August and September 2012. The sample consisted of 102 students who met the inclusion criteria of the study. Thus, the results show that participants are aged 14 to 17 years old, most are female and live in the urban area. From the data collected, were structured four categories: promotion of health education, membership forms and storage of medicines and medicinal plants by students; drugs and medicinal plants commonly used, and knowledge about the risks of self. It was found that students acquire medicines and medicinal plants by family influence and usually store the drugs in the cupboard. It was also found that the drugs used were: paracetamol and dipiron. Self-medication takes place often in demand for immediate relief, without however worry about the effects of origin or pain itself. It was found that half of the students knew about the risks of self-medication, it is concerning because large portion of students are making use of products without notion of damage they can cause to the body. Considering the results, it should be noted that there is a long way to go in order to educate teenagers about the importance of not practicing self-medication and health education plays a major role in this situation.
Keywords: Self-medication, medicinal plants; students; health education;
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 14
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 14
2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 14
3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15
3.1 Histórico e Uso dos Medicamentos ..................................................................... 15
3.2 Automedicação .................................................................................................... 16
3.2.1 Motivos e Causas ............................................................................................. 17
3.2.2 Influências ........................................................................................................ 19
3.2.3 Riscos da automedicação ................................................................................ 20
3.3 Uso de Plantas Medicinais .................................................................................. 22
3.3.1 Motivos e Causas ............................................................................................. 23
3.3.2 Influências ........................................................................................................ 24
3.3.3 Riscos do uso de Plantas Medicinais ............................................................... 25
3.4 Automedicação na Escola ................................................................................... 26
3.5 Educação em Saúde ........................................................................................... 27
4. TRAJETO METODOLÓGICO ............................................................................... 29
4.1 Tipo de Estudo .................................................................................................... 29
4.2 Cenário da Pesquisa ........................................................................................... 29
4.3 Sujeitos da Pesquisa ........................................................................................... 30
4.4 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados ........................................... 30
4.5 Análise dos Dados .............................................................................................. 31
4.6 Aspectos Éticos e Legais da Pesquisa ................................................................ 31
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .............................................................. 32
5.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa ........................................................... 32
5.2 Questões Norteadoras ........................................................................................ 34
5.2.1 Formas de adesão e armazenamento de medicamentos e plantas medicinais
pelos alunos .............................................................................................................. 35
5.2.2 Os fármacos e plantas medicinais mais utilizados pelos alunos ...................... 40
5.2.3 Conhecimento dos alunos sobre os riscos da automedicação ......................... 45
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
APÊNDICES ............................................................................................................. 57
APÊNDICE A ............................................................................................................. 58
APÊNDICE B............................................................................................................. 60
APÊNDICE C. ........................................................................................................... 62
APÊNDICE D ............................................................................................................ 65
LISTA DE TABELAS
Tabela1: Distribuição quanto à idade, sexo e moradia, dos adolescentes alunos do 1° ano do Ensino Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012........................................................................................................................p.32.
Tabela 2: Quem indica medicamentos, aos alunos do 1° ano do Ensino Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012...............................p.35.
Tabela 3: Local de armazenamento de medicamentos, dos alunos do 1° ano do Ensino Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012...p.38.
Tabela 4: Fármacos utilizados pelos alunos, do 1° ano do Ensino Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012...........................................p.40.
Tabela 5: Plantas medicinais utilizadas pelos alunos, do 1° ano do Ensino Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012..............................p.43.
12
1. INTRODUÇÃO
A automedicação é um comportamento cuja iniciativa parte
fundamentalmente de um doente, ou de seu responsável, em consumir um produto
com a finalidade de tratamento de doenças ou alívio de sintomas. A orientação
médica é inapropriadamente substituída pelas prescrições de medicamentos por
pessoas não autorizadas, como amigos, familiares ou balconistas da farmácia. Outra
forma comum de automedicação é fazer o uso de receitas emitidas anteriormente,
apesar de não terem especificações de uso contínuo.
Embora haja medicamentos que possam ser adquiridos sem prescrição
médica, as pessoas não devem fazer uso indevido dos mesmos, como ingeri-los na
dose e na hora que lhes for adequada.
Entre os riscos mais frequentes, para a saúde daqueles que estão
habituados a se automedicar, estão o perigo de intoxicação e resistência aos
medicamentos, a dependência física e psicológica, como nos casos de psicotrópicos
que, tomados acima da dose, afetam o sistema nervoso.
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes, o único
recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no
tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana. Ainda
hoje, nas regiões mais pobres do país, e até mesmo nas grandes cidades
brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados
populares e encontradas em quintais residenciais (MACIEL; PINTO; JUNIOR, 2002).
A escola busca a formação de cidadãos esclarecidos de seus direitos e
deveres na construção do conhecimento, incluindo a prevenção da automedicação.
Por essa razão, fornecer informações atualizadas sobre o uso de medicamentos no
campo escolar é tão importante para que ocorram mudanças comportamentais e
este problema não seja mais um caso de saúde pública. Cabendo aos profissionais,
que lidam diretamente com medicamentos e com educação, o papel de levar essas
informações à escola e a comunidade em geral.
Através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), busca-se
estimular a conscientização do educando, de modo que um de seus objetivos é que
o jovem estudante seja capaz de conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos de qualidade de vida e
13
agindo com responsabilidade, em relação à sua saúde e à saúde coletiva (BRASIL,
1998).
A problemática do estudo baseia-se no déficit de conhecimento dos
adolescentes a respeito do uso racional de medicamentos e uso de plantas
medicinais. Diante deste cenário temos os seguintes questionamentos: Os alunos
conhecem os riscos da automedicação? Eles sabem os locais ideais de
armazenamento de medicamentos? Recebem alguma influência para fazerem uso
de medicamentos e plantas medicinais?
Devido ao fato das escolas concentrarem um grande número de
adolescentes, que possivelmente se automedicam, e que estão em fase de
formação, torna-se essencial levar a este local as principais informações sobre a
prática da automedicação e uso de plantas medicinais, visando esclarecer aos
alunos, as possíveis consequências do uso dessas substâncias. É importante
também, investigar como os adolescentes adquirem e armazenam medicamentos e
plantas medicinais, além do conhecimento dos mesmos sobre os perigos do seu uso
indiscriminado.
Esta pesquisa é relevante para a comunidade escolar, porque pretende
chamar a atenção dos alunos para o uso indiscriminado de medicamentos e plantas
medicinais, alertando-os para os efeitos que podem causar no organismo, visto que
a escola, é um espaço que se apresenta apropriado para desenvolver ações de
saúde e veicular informações educativas junto aos adolescentes, na tentativa de
expandir saberes e conhecimentos de forma efetiva e abrangente sobre o uso
racional de medicamentos.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar o conhecimento e à prática dos alunos da Escola de Ensino
Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim, em relação à automedicação e o uso de
plantas medicinais.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar as formas de adesão e armazenamento de medicamentos e
plantas medicinais pelos alunos;
Conhecer os fármacos e plantas medicinais mais utilizados pelos
alunos;
Identificar o conhecimento dos alunos sobre os riscos da
automedicação.
15
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Histórico e Uso dos Medicamentos
O uso de terapias, mesmo que bastante rústicas, começou antes dos
registros históricos, graças ao instinto do homem primitivo de aliviar a dor de uma
lesão colocando-a em água fria, empregando folhas frescas ou protegendo-a com
lama. Por meio dessas experiências, os seres humanos aprenderam que
determinadas terapias eram mais eficazes que outras e, a partir desses achados,
surgiu à terapia medicamentosa (LLOYD et al.,2007 apud PINTO et al., 2008).
No começo do século XIX, a maioria dos medicamentos eram remédios
de origem natural, de estrutura química e natureza desconhecida. Após 1940,
ocorreu a introdução maciça de novos fármacos, que trouxeram à população
possibilidade de cura para enfermidades até então fatais, sobretudo no campo de
doenças infecciosas. Os avanços nas pesquisas de novos fármacos, em conjunto
com sua promoção comercial, criaram uma excessiva crença da sociedade em
relação ao poder dos medicamentos (MELO; RIBEIRO; STORPIRTIS, 2006).
Segundo Nascimento (2002), a produção de medicamentos em escala
industrial, segundo especificações técnicas e legais, fez com que esses produtos
alcançassem papel central na terapêutica, deixando de ser considerado como mero
recurso terapêutico.
Entre os anos 1950 e 1960 ocorreu à chamada explosão farmacológica
devido ao desenvolvimento das ciências biológicas possibilitando melhor
compreensão dos mecanismos moleculares, celulares e homeostáticos relacionados
com a saúde e a doença e às conquistas tecnológicas e econômicas após a
segunda guerra mundial (ROSENFELD, 1989).
O tempo foi passando e com isso foram se modificando as técnicas de
produção dos meios diagnósticos e terapêuticos, bem como as teorias explicativas
para a ação terapêutica, até chegar à atualidade, na qual convivem de modo
pacificamente, produtos feitos à base de elementos extraídos da natureza, produtos
oriundos das várias reações de síntese química ou fermentativa e ainda aqueles que
vêm da manipulação genética pela tecnologia do DNA recombinante e o uso
terapêutico dos raios laser (ROZENFELD, 1989).
16
O desenvolvimento de produtos farmacêuticos nos últimos sessenta anos
foi o maior de toda a história da farmacologia, o que consagra a farmacoterapia
como a maior e mais utilizada entre as alternativas terapêuticas à disposição das
equipes de saúde (MENDA, 2002).
3.2 Automedicação
A automedicação é um ato praticado desde o início da história da
humanidade, nas diversas etapas da evolução histórica, todas as civilizações
buscavam o alívio e a cura das doenças, através da utilização de uma variedade de
recursos terapêuticos (REY, 1997).
Em outras palavras, automedicação é o ato pelo qual o indivíduo, por sua
iniciativa ou por influência de outros, decide ingerir um medicamento para alívio ou
tratamento de queixas, consistindo no uso de produtos, medicamentos
industrializados, ou caseiros, sem prescrição médica, com a finalidade de tratar
sintomas ou agravos de saúde (PAULO; ZANINI, 1997).
No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias
Farmacêuticas (ABIFARMA),na década de 90, cerca de 80 milhões de pessoas já
eram adeptas da automedicação. A maior incidência de problemas envolvendo esta
prática está ligada à intoxicação e as reações de hipersensibilidade ou alergia
(IVANNISSEVICH, 1994).
Um novo conceito que surge é a automedicação responsável, que ocorre
quando o indivíduo trata seus problemas de saúde com medicamentos aprovados e
disponíveis para serem adquiridos sem prescrição médica, e que sejam seguros e
efetivos. Esta prática requer que os medicamentos utilizados sejam indicados para
condições diagnosticadas e para algumas condições crônicas ou recorrentes, e
devem ser designados para o propósito em doses farmacêuticas apropriadas (OMS,
1998).
A prática da automedicação responsável pode evitar o congestionamento
dos serviços de saúde, além de representar economia para o indivíduo. A
automedicação irresponsável, por sua vez, aumenta o risco de eventos adversos,
agravos à saúde e de mascaramento das patologias, podendo retardar seu
diagnóstico correto. Em decorrência desta prática indiscriminada estão os elevados
17
custos com tratamentos mais complexos, invasivos, e com recuperação mais lenta
(SCHMID; BERNAL; SILVA, 2010).
3.2.1 Motivos e Causas
Nas sociedades modernas, as pessoas estão cada vez mais
familiarizadas com os fármacos, uma vez que, os medicamentos se tornaram rotina
na conduta médica. Antigamente, as pessoas não tinham tanta intimidade com
remédios, pois esses eram usados em casos particulares e raros. Atualmente, além
dos medicamentos serem opção comum na terapêutica, à prescrição está cada vez
mais padronizada, possibilitando que as pessoas utilizem os critérios de decisão
médica para problemas mais simples de saúde (BORTOLON; KARNIKOWSKI;
ASSIS, 2007).
Nos dias atuais, os medicamentos exercem um papel central nas práticas
de saúde, de tal forma, que a maioria das intervenções terapêuticas envolve a
utilização de pelo menos um medicamento. Consequentemente pode-se afirmar que
os medicamentos estão presentes em todos os domicílios, uma vez que os
tratamentos, de forma geral, não se esgotam nos cenários hospitalar, ambulatorial
ou no consultório médico (TIERLING et al., 2004).
Uma prática comum no cotidiano da sociedade moderna é o
armazenamento de medicamentos nos domicílios, podendo representar um risco
potencial para o surgimento de agravos à saúde. Frequentemente armazenada de
maneira imprópria, a farmácia domiciliar propicia diversas possibilidades de
consumo irracional e desperdício, incluindo a facilitação da automedicação não
responsável, bem como o aumento do risco de exposições tóxicas (TOURINHO et
al., 2008).
Apesar de não ser um fenômeno único da modernidade, o consumo de
medicamentos sem prescrição, torna-se uma prática comum à população brasileira
em todos os grupos etários. Dados sugerem que a automedicação no Brasil reflete
as carências e hábitos da população, e é consideravelmente influenciada pela
prescrição médica além de ter a sua qualidade prejudicada pela baixa seletividade
do mercado farmacêutico (ARRAIS et al., 1997).
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Segundo Camargo, Ribeiro e Medina (2002), a prática da automedicação
não distingue classe econômica, apenas os motivos são distintos, ou seja, os que
possuem dificuldades socioeconômicas procuram se automedicar pela falta de
recursos para pagar por uma consulta, enquanto a classe que dispõe de recursos
acredita que sabe sobre os medicamentos e, por isso, dispensa a orientação
médica, entendendo que algumas afecções são simples e não necessitam de
acompanhamento médico.
As razões pelas quais as pessoas se automedicam são inúmeras: a
propaganda desenfreada e maciça de determinados medicamentos que contrasta
com as tímidas campanhas que tentam esclarecer os perigos da automedicação;
adificuldade e o custo de se conseguir uma opinião médica, sendo mais fácil
conseguir a indicação de um balconista de farmácia, de um amigo, vizinho, parentes
além, é claro, de já termos os medicamentos armazenados em casa na famosa,
farmácia domiciliar.
A armazenagem domiciliar deve observar as orientações fornecidas pelo
fabricante (YOKAICHIYA et al., 2003), pois todo medicamento possui propriedades
físicas, químicas e condições microbiológicas específicas de acordo com a via de
administração. A manutenção das propriedades dos medicamentos depende da
estabilidade que pode ser modificada por fatores intrínsecos e extrínsecos
(ambiente, condições de transporte e armazenamento) (WANNMACHER;
FERREIRA, 2007 apud FIGUEIREDO et al.,2010).
Logo, existe a possibilidade de perda antecipada da estabilidade do
fármaco por fatores como temperatura, presença de oxigênio, luz solar, radiação e
umidade, (WELLS, 2005 apud FIGUEIREDO et al., 2010) o que justifica a
necessidade de orientações relacionadas ao armazenamento dos medicamentos
nas residências (SERAFIM et al., 2007).
É importante que se realize a revisão periódica dos medicamentos que
constituem a farmácia caseira, pelo menos duas vezes por ano, medicamentos
vencidos e aqueles cujo uso já ocorreu devem ser descartados para evitar possíveis
intoxicações ou trocas (FERNANDES; PETROVICK, 2004).
19
3.2.2 Influências
Há pessoas quando sujeitas à dor, não hesitam em tomar medicamentos,
quer por sugestão de familiares e amigos, ou mesmo por influência da publicidade.
Estas pessoas não acreditam que os sintomas de mal-estar variam de pessoa para
pessoa, e que os diversos medicamentos existentes apresentam uma utilização
personalizada (SANTOS, 2006).
A maioria das famílias recorre como tratamento inicial de um elevado
número de patologias a uma medicação que é obtida facilmente, e que serve pra
tratar sintomas ligeiros como dores de cabeça, constipações e dores musculares
(ALBARRAN; ZAPATA, 2008 apud PEREIRA, 2009).
De um modo geral, após uma experiência positiva com determinado
medicamento, os consumidores passam a selecioná-los sempre que surgem
sintomas análogos. Assim, cria-se o hábito de utilizar este medicamento e, inclusive
de aconselhar para familiares e amigos (AGUIAR, 2004).
O uso de medicamentos está de alguma forma, associado à prática dos
familiares fazerem uso dos mesmos. A utilização de medicamentos no ambiente
familiar é uma prática conhecida e pode influenciar diretamente, na atitude do
adolescente frente ao seu estado de saúde (SILVA; GIUGLIANI, 2004).
Na atual estrutura da sociedade de consumo, o medicamento é concebido
como mercadoria que precisa estar constantemente atualizada e renovada. A isso,
se associa a ciência, que pretende garantir a eficiência e a segurança do produto
para o usuário. Além disso, o simbolismo de saúde fortalece os hábitos de consumo
ao apresentar medicamentos ao consumidor de forma sedutora e vendável, como
alívio imediato da dor, melhora do desempenho físico, aumento do apetite, e não
com a simples abstração de saúde (ARANDA DA SILVA, 2007 apud SOUSA;
BARBOSA; COIMBRA, 2011).
A publicidade e a propaganda de medicamentos causam grande
motivação no uso irracional e prejudicial de medicamentos. Os dados do Projeto de
Monitoração de Propaganda da ANVISA apontam que cerca de 90% dos comerciais
de medicamentos apresentam algum tipo de irregularidade. A situação é mais
alarmante na publicidade direcionada a médicos e farmacêuticos. Quinze por cento
de 1,5 mil propagandas de medicamentos de venda sob prescrição analisadas pela
ANVISA não apresentavam cuidados e advertências, 14% não alertavam sobre as
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contra-indicações e mais de 10% continham afirmações sem comprovação de
estudos científicos (ANVISA, 2004).
A busca de aconselhamento e tratamento, diretamente nas farmácias ou
drogarias, é uma situação corriqueira no Brasil e de grande influência no consumo
de medicamentos (ARRAIS, 2004).
No Brasil, é comum que balconistas de farmácias desempenhem o papel
de prescritores, constituindo um fator importante no incremento do uso inadequado
dos medicamentos, o que se deve à persistência de todo um conjunto de
determinantes que fazem a população optar pelos medicamentos como fonte de
saúde e pela farmácia como substituto dos serviços de saúde e do médico
(BARROS, 1997).
O próprio paciente favorece essa situação, devido à busca de soluções
rápidas para seus problemas e por pensar que os medicamentos são a cura de
todos seus males, sem levar em consideração que esta atitude pode trazer prejuízos
para sua saúde (SABINO; CARDOSO, s/d).
Além disso, com o objetivo de incrementar as vendas em drogarias, é
comum se observar o emprego de uma estratégia comercial, chamada
empurroterapia, que consiste em vender o máximo de produtos para um mesmo
cliente (BARROS, 1997; BALBANI; SANCHEZ; BUTUGAN, 1998).
A drogaria/farmácia deve ser considerada como um estabelecimento de
promoção de saúde e não somente um local para a prestação de serviços na venda
de medicamentos. Assim, para que haja a adequada prestação de informação
dentro do contexto de educação em saúde, torna-se necessária a comunicação mais
eficiente entre profissionais e usuários (OSHIRO; CASTRO, 2002).
3.2.3 Riscos da automedicação
Os medicamentos ocupam um papel importante nos sistemas sanitários,
pois salvam vidas e melhoram a saúde. A utilização de medicamentos é a forma
mais comum de terapia em nossa sociedade, porém existem estudos demonstrando
a existência de problemas de saúde cuja origem está relacionada ao uso de
fármacos (DALL ÀGNOL, 2004).
21
Qualquer prática de automedicação, como qualquer outra prática que diz
respeito à saúde, tem resultados incertos. Quando se fala de risco, quanto menor a
pericialidade de quem decide a intervenção, maior ele é. Então, se a automedicação
é genericamente reconhecida como uma prática que comporta risco é necessário
compreender como se constrói e diversifica a percepção social do mesmo
(LOPES,2001 apud BORTOLON; KARNIKOWSKI; ASSIS, 2007).
O ato de se automedicar é um fenômeno potencialmente prejudicial à
saúde individual e coletiva, pois nenhum medicamento é inócuo a saúde. O uso
inadequado de substâncias e até mesmo drogas consideradas simples pela
população, como os medicamentos de venda livre, tais como analgésicos, podem
acarretar diversas consequências, como: reações de hipersensibilidade; resistência
bacteriana; estímulo para a produção de anticorpos sem a devida necessidade;
dependência do medicamento sem a precisão real; hemorragias digestivas; dentre
outros. A intoxicação por medicamentos é responsável por 29% das mortes no Brasil
e, na maioria dos casos, é consequência da automedicação. Além disso, o alívio
momentâneo dos sintomas pode mascarar a doença de base, podendo esta se
agravar (MINATTI-HANNUCH et al., 1992).
Os medicamentos ocupam o primeiro lugar nos acidentes resultantes da
exposição a agentes tóxicos (MARGONATO; THOMSON; PAOLIELLO, 2008).
O episódio de reações adversas a medicamentos mais conhecido no
mundo foi o caso da talidomida, que ocorreu em 1961, responsável por um surto de
má formação congênita, totalizando mais de quatro mil ocorrências, contabilizando
498 mortes. A partir daí, autoridades sanitárias do mundo inteiro despertaram para
questões relacionadas à pesquisa, com o intuito de aperfeiçoar as técnicas de
produção e registro de novos fármacos no sentido de prevenir a ocorrência de novos
casos (GUIDONI, 2009).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (2005), os
medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de
intoxicações sem eres humanos e o segundo lugar nos registros de mortes por
intoxicação. A cada 20 segundos, um paciente dá entrada nos hospitais brasileiros
com quadro de intoxicação provocado pelo uso incorreto de medicamento.
O amplo uso de medicamentos sem orientação médica, quase sempre
acompanhado do desconhecimento dos malefícios que pode causar, é apontado
22
como uma das causas destes constituírem o principal agente tóxico responsável
pelas intoxicações humanas registradas no país (LESSA; BOCHNER, 2008).
No Brasil, com o intuito de coibir o uso irresponsável de medicamentos,
bem como a automedicação, a partir de outubro de 2010 entrou em vigor a
Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC)
Nº 44, que dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias
classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição médica (ANVISA, 2010).
Dessa forma, o uso indiscriminado de medicamentos se tornou uma das
grandes dificuldades enfrentadas pela saúde no âmbito mundial. Os analgésicos e
antitérmicos são os medicamentos mais utilizados, sendo o ácido acetilsalicílico o
princípio ativo mais frequente, seguido da dipirona (ARRAIS et al., 1997).
3.3 Uso de Plantas Medicinais
O uso de plantas para amenizar dores ou tratar moléstias se perdeu nos
tempos. Desde a pré-história, o homem procurou aproveitar os princípios ativos
existentes nos vegetais, embora de modo totalmente empírico ou intuitivo, baseado
em descobertas ao acaso. Antigos textos caldeus, babilônicos e egípcios já traziam
referências a certas espécies vegetais usadas em rituais religiosos (BERG, 1993).
A OMS (2000) define as plantas medicinais como aquelas que têm uma
história de uso tradicional como agente terapêutico, atualmente 80% da população
dos países em desenvolvimento utilizam práticas medicinais tradicionais sendo que
85% dessas práticas envolvem plantas medicinais. Essa utilização das plantas
medicinais pelo povo faz parte ainda hoje da cultura brasileira, como resultado das
experiências de gerações passadas, que foram transmitidas por meio de
aprendizagem consciente e inconsciente (PANIZZA, 1997 apud LOPES et al., 2012).
O uso dessas plantas se tornou uma prática generalizada na medicina
popular, que vem sendo utilizada não só nas zonas rurais, como também no meio
urbano, na forma alternativa ou complementar aos tratamentos da medicina oficial
(DORIGONI et al., 2001).
No Brasil, considerando a ampla diversidade de espécies vegetais, bem
como, a riqueza étnico-cultural, as plantas medicinais ocupam posição de destaque
em relação à importância do uso popular medicinal. A realização de estudos
23
etnobotânicos possibilita o resgate e a preservação dos conhecimentos populares
das comunidades envolvidas (VALENCIANO; KEIZO, 2000).
No nordeste brasileiro, cerca de 500 espécies vegetais, cuja maioria está
constituída de plantas silvestres, são usadas como medicinais, especialmente pela
população do meio rural e da periferia urbana (MATOS; BEZERRA, 1993).
As plantas medicinais podem ser classificadas por categorias, de acordo
com sua ação sobre o organismo: estimulantes, coagulantes, diuréticas, sudoríferas,
hipotensoras, de função reguladora intestinal, colagogas, depurativas,
remineralizantes e reconstituintes (LORENZI; MATOS, 2008).
O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as plantas
medicinais são fundamentais às famílias rurais, pelo fato da fitoterapia caseira ser
uma fonte de cura, muitas vezes a única, devido à falta de outros recursos para
cuidar da saúde (LÓPEZ, 2006).
3.3.1 Motivos e Causas
Segundo Berg (1993), é na Idade Moderna que a botânica começa a
tomar sua feição própria, porém, sempre colaborando com a medicina, mas, no
século XX até a década de 70, principalmente depois da 2ª Guerra Mundial, com a
descoberta de antibióticos e o incremento cada vez maior de remédios à base de
drogas sintéticas, houve um relativo abandono e inclusive certo cepticismo a
respeito das drogas natural. Porém, devido os preços cada vez maiores dos
medicamentos e os efeitos colaterais dos fármacos sintéticos, entre outros fatores,
as pesquisas sobre drogas de origem vegetal voltaram a ser reativadas.
A utilização de plantas medicinais, por populações rurais, é orientada por
uma série de conhecimentos acumulados mediante a relação direta dos seus
membros com o meio ambiente e da difusão de uma série de informações, tendo
como influência o uso tradicional transmitido oralmente entre diferentes gerações
(MOREIRA et al.,2002).
As plantas medicinais têm sido utilizadas tradicionalmente para o
tratamento de várias enfermidades. Sua aplicação é vasta e abrange desde o
combate ao câncer até os microrganismos patogênicos (SILVA; CARVALHO, 2004).
24
O consumo de remédios caseiros à base de plantas é uma realidade
assimilada não só pela indústria farmacêutica, como também pelo poder público.
Tanto assim, que prefeituras de várias capitais, além de inúmeras cidades do interior
já distribuem gratuitamente estes medicamentos à população nos postos de saúde
(LÓPEZ, 2006).
As plantas medicinais, que têm avaliadas a sua eficiência terapêutica e a
toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente
aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de
saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade
cultural com as tradições populares. Uma vez que, as plantas medicinais são
classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas
livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de
condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a automedicação orientada
nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma comunidade, o que
reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo ainda mais o
custo do serviço de saúde pública (LORENZI; MATOS, 2008).
Algumas características desejáveis das plantas medicinais são sua
eficácia, baixo risco de uso, assim como reprodutibilidade e constância de sua
qualidade. Entretanto, devem ser levados em conta alguns pontos para formulação
dos fitoterápicos, necessitando do trabalho multidisciplinar, para que a espécie
vegetal seja selecionada corretamente, o cultivo seja adequado, a avaliação dos
teores dos princípios ativos seja feita e para que a manipulação e a aplicação na
clínica médica ocorram (TOLEDO et al., 2003).
3.3.2 Influências
No que diz respeito à automedicação, o consumo de plantas medicinais
tem base na tradição familiar e tornou-se prática generalizada na medicina popular.
Atualmente, muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização deste
recurso, entre eles, o alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso
da população à assistência médica, bem como a tendência, nos dias atuais, ao uso
de produtos de origem natural (SIMÕES et al., 1998).
25
No Brasil, a história da utilização de plantas, no tratamento de doenças,
apresenta influências da cultura africana, indígena e europeia (MARTINS et al.,
2000). A contribuição dos escravos africanos com a tradição do uso de plantas
medicinais, em nosso país, se deu por meio das plantas que trouxeram consigo, que
eram utilizadas em rituais religiosos e também por suas propriedades
farmacológicas, empiricamente descobertas. Os índios que aqui viviam, dispostos
em inúmeras tribos, utilizavam grande quantidade de plantas medicinais e, por
intermédio dos pajés, este conhecimento das ervas locais e seus usos foi transmitido
e aprimorado de geração em geração (LORENZI; MATOS, 2002).
Para grande parte da população o uso de plantas medicinais é visto como
uma integrativa histórica à utilização de medicamentos sintéticos, visto que os
últimos são considerados mais caros e agressivos ao organismo. A disseminação do
uso de plantas medicinais, assim como a automedicação deve-se principalmente ao
baixo custo e fácil acesso à grande parcela da população (OMS, 2000).
3.3.3 Riscos do uso de Plantas Medicinais
O uso de certas plantas, consideradas medicinais, pode levar um
indivíduo a se expor a sérios riscos de saúde no momento em que passa a
manipular e consumir, inadequadamente, determinadas espécies potencialmente
tóxicas.
Os efeitos mais preocupantes do uso indiscriminado de plantas
medicinais são teratogênico, embriotóxico e abortivo, uma vez que os constituintes
da planta podem atravessar a placenta, chegar ao feto e gerar um desses efeitos
(BRASIL, 2002).
A maioria dos efeitos colaterais conhecidos, registrados para plantas
medicinais, são extrínsecos à preparação e estão relacionados a diversos problemas
de processamento, tais como identificação incorreta das plantas, necessidade de
padronização, prática deficiente de processamento, contaminação, substituição e
adulteração de plantas, preparação e/ou dosagem incorretas (VEIGA JUNIOR;
PINTO; MACIEL, 2005).
Tradicionalmente, utiliza-se a associação de ervas medicinais em
formulações, que devem ser administradas com critério e sob orientação, porque as
26
ervas apresentam muitas vezes efeitos farmacológicos similares, podendo
potencializar suas ações. Os medicamentos alopáticos podem ser associados aos
fitoterápicos, mediante acompanhamento de um profissional da área de saúde,
lembrando que, podem potencializar os efeitos de alguns medicamentos alopáticos
(LÓPEZ, 2006).
As informações técnicas ainda são insuficientes para a maioria das
plantas medicinais, de modo a garantir qualidade, eficácia e segurança de uso das
mesmas. A domesticação, a produção, os estudos biotecnológicos e o
melhoramento genético de plantas medicinais podem oferecer vantagens, uma vez
que torna possível obter uniformidade e material de qualidade que são fundamentais
para a eficácia e segurança (LÓPEZ, 2006).
3.4 Automedicação na Escola
A legislação brasileira indica que as instituições de ensino só estão
autorizadas a ministrar medicações para os seus alunos mediante a prescrição
médica ou com o próprio acompanhamento médico (SILVA, 2007).
O uso de medicamentos na escola é polêmico. Especialmente nas
instituições de Educação Infantil (creches e pré-escolas), em que o maior tempo de
permanência das crianças e a maior suscetibilidade delas a certas doenças fazem
com que necessitem de remédios com mais frequência. Há escolas que não
administram os remédios (se for o caso, a criança falta às aulas durante o
tratamento), enquanto outras permitem que familiares entrem no estabelecimento
para dar os remédios, responsabilizando-se totalmente pelo ato. Consideramos que
muitas vezes a criança precisa tomar remédios, mas está em bom estado geral,
pronta para as atividades pedagógicas, podendo ter sua escolaridade prejudicada se
faltar por tempo prolongado. Nesses casos, seria razoável que recebesse a
medicação na própria escola. No entanto, o uso de remédios precisa ser bastante
criterioso, a fim de evitar equívocos e prejuízos para a saúde da criança (CUNHA,
2011).
Em relação a possibilidade de os adolescentes se responsabilizarem por
sua medicação, no exercício de sua autonomia. As recomendações da escola
devem ser amplamente comunicadas às famílias e situações polêmicas ou especiais
27
devem ser discutidas com a comunidade escolar, com o objetivo de se
estabelecerem acordos que atendam da melhor forma os interesses dos estudantes
(BATISTA, 2008).
Pretende-se, dessa forma, minimizar os efeitos da automedicação e
diminuir interferências com as atividades pedagógicas, além de promover educação
em saúde no âmbito escolar.
3.5 Educação em Saúde
Educação em saúde pressupõe uma combinação de oportunidades que
favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção, não entendida somente como
transmissão de conteúdos, mas também como a adoção de práticas educativas que
busquem a autonomia dos sujeitos na condução de sua vida, ou seja, educação em
saúde nada mais é, que o pleno exercício de construção da cidadania (PEREIRA,
2003).
Farias (2000) destaca que a educação em saúde possibilita uma
sustentação do individuo frente à realidade, redefine o seu papel de participação no
controle social e na sociedade. Os resultados se manifestam no indivíduo, nas suas
relações com o ambiente físico e social. Esse processo apresenta resultados a curto,
médio e longo prazo.
A educação em saúde pode ser considerada como uma das ações de
fundamental importância na promoção à saúde. Candeias (1997) destaca que:
Entende-se por educação em saúde quaisquer combinações de experiências de
aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias conducentes à
saúde. A palavra combinação enfatiza a importância de combinar múltiplos
determinantes do comportamento humano, com múltiplas experiências de
aprendizagem e de intervenções educativas.
A educação em saúde não deve ser entendida somente como uma
atividade, mas um instrumento mediador capaz de integralizar o conhecimento ao
cotidiano, articulando educação e saúde.
Deve-se ter o propósito de desenvolver uma capacidade criativa e
reflexiva, aprimorando o senso crítico e transformador, aplicando, na prática, seu
conhecimento e suas idéias de forma consciente, e percebendo os educandos como
28
sujeitos envolvidos nesse processo, considerado a educação em saúde relevante
em todos os espaços e, em especial, no ambiente escolar.
A escola é espaço de grande relevância para promoção da saúde,
principalmente porque exerce papel fundamental na formação do cidadão crítico,
estimulando a autonomia, o exercício de direitos e deveres, o controle das condições
de saúde e qualidade de vida, com opção por atitudes mais saudáveis (DEMARZO;
AQUILANTE, 2008).
Neste contexto, a educação em saúde é um processo fundamental para a
formação do indivíduo e para a construção da sua cidadania. Atualmente, vários
trabalhos vêm sendo realizados entre eles podemos citar, o Programa Saúde na
Escola – PSE.
29
4. TRAJETO METODOLÓGICO
4.1 Tipo de Estudo
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi escolhida como percurso
metodológico a abordagem quanti-qualitativa, de caráter descritivo e exploratório.
Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um processo
formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo
fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego
de procedimentos científicos.
De acordo com Gil (1991), a pesquisa exploratória visa proporcionar
maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir
hipóteses. A pesquisa descritiva, ainda segundo o autor, tem o intuito de descrever
as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis.
Optou-se por abordagem quanti-qualitativa, que combina um enfoque
misto, na busca dos objetivos, sendo que para Duarte (2002) e Minayo (2004), a
pesquisa qualitativa tem uma relação de dinamismo que inclui a subjetividade e
mundo objetivo do sujeito, o qual não se traduz em números, enquanto que a forma
puramente quantitativa seria limitada no entendimento do problema em questão, não
atendendo os requisitos da captação de experiências subjetivas dos sujeitos.
4.2 Cenário da Pesquisa
O estudo foi realizado na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr.José
Gondim, localizada na Rua 25 de março s/n, bairro Brasília, no município de
Iguatu/CE, mediante Termo de Autorização (Apêndice A). Esta escola é uma escola
pública estadual que atende alunos da zona urbana e rural. A mesma possui mais
de 1.000 alunos matriculados, distribuídos em 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio nos
turnos manhã e tarde.
O município de Iguatu está situado na Região Centro-Sul do estado do
Ceará, possuindo uma extensão territorial de 1.029,002 Km2. Limita-se ao Norte com
Quixelô, ao Sul com Cedro, a Leste com Orós, Icó e Cedro e a Oeste com Cariús,
Jucás e Acopiara. Possui uma população de 96.523 habitantes (IBGE, 2010).
30
4.3 Sujeitos da Pesquisa
A população desse estudo foi composta por 102 adolescentes, alunos da
Escola Estadual de Ensino Médio Liceu de Iguatu - Dr.José Gondim, localizada no
município de Iguatu/CE. Todos os adolescentes participantes foram esclarecidos
quanto aos objetivos da pesquisa científica.
Para seleção da amostra, foram adotados os seguintes critérios de
inclusão:
Serem alunos do 1º ano do Ensino Médio, no período matutino;
Alunos na faixa etária de 14 a 17 anos de idade;
Aceitem participar espontaneamente da pesquisa;
4.4 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados
Inicialmente, foi produzido um folder informativo sobre automedicação e
uso de plantas medicinais, que foram distribuídos aos alunos do 1º ano da escola. A
produção do material educativo ocorreu em agosto e foi realizado por mim.
Após a elaboração do material educativo, foi ministrada uma palestra no
mesmo mês, pela enfermeira Valdemônica Paulo Medeiros, realizada no dia 16 de
agosto de 2012, às 08:00 horas, no auditório da escola, na qual, a pesquisa foi
desenvolvida. Os folders (Apêndice D) foram distribuídos para os alunos ao final da
palestra para os alunos do turno matutino.
A palestrante utilizou recursos áudio-visuais para uma melhor
compreensão e assimilação do tema pelos alunos. Fez uma abordagem das
principais informações sobre automedicação e uso de plantas medicinais, definindo
o que é automedicação e ressaltando principalmente, riscos do uso de produtos
sintéticos e naturais, retratando com o cotidiano do aluno. A palestra teve duração
de 35 minutos. Ao final, foi aberto espaço para perguntas orais ou escritas, ao qual,
não foi observado cansaço ou rejeição à palestra, sendo que os alunos presentes se
mostraram bastante interessados e participativos.
Os dados foram coletados um mês após a palestra, no mês de setembro
de 2012, utilizando como instrumento um questionário anônimo, contendo perguntas
objetivas e subjetivas (Apêndice C). Para Lakatos e Marconi (1985), questionário é
31
um instrumento para recolher informação pertinente à descoberta de opiniões
subjetivas. É uma técnica de investigação composta por questões apresentadas por
escrito a pessoas.
4.5 Análise dos Dados
Todas as informações coletadas foram submetidas à análise de conteúdo,
que busca atingir os objetivos, oferecendo respostas às perguntas formuladas;
enriquecer a leitura, buscando compreender seus significados e integrar as
descobertas desvendando à lógica subjacente às falas (BARDIN, 1997).
Em virtude da organização do questionário em obediência à
contemplação dos objetivos, organizou-se a análise em categorias, a fim de
responder com fidedignidade, uma vez que para Bardin (1997), busca abranger os
objetivos propostos, procurando sempre compreender os seus significados, indo
além das evidências imediatas e aprofundando cada vez mais o estudo.
4.6 Aspectos Éticos e Legais da Pesquisa
O estudo será submetido à análise do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)
da Universidade Estadual do Ceará. Posteriormente será solicitada à E.E.M Liceu de
Iguatu Dr. José Gondim (Apêndice A) autorização para desenvolver o estudo. Como
procedimento ético, os participantes da pesquisa receberão explicações sobre a
finalidade e objetivos do estudo. A partir disso, os participantes, voluntariamente
aceitarão ou não em participar e responder ou não às perguntas da referida
pesquisa, assinando ou não o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE)
que se encontra no (Apêndice B).
32
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
5.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa
Participaram da pesquisa uma amostra composta de 102 adolescentes,
que cursam o 1° ano do Ensino Médio na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu -
Dr. José Gondim.
Os dados de identificação estão representados através de tabelas para
melhor compreensão e exposição do estudo. Esta caracterização do sujeito foi
obtida a partir de dados objetivos como idade, sexo e local de moradia dos alunos.
Tabela1- Distribuição quanto à idade, sexo e moradia, da amostra dos alunos do 1° ano do
Ensino Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012.
Idade (anos) N° Absoluto N° %
14 16 16
15 37 36
16 30 29
17 19 19
Total 102 100
Sexo Nº Absoluto N° %
Feminino 68 67
Masculino 34 33
Total 102 100
Moradia Nº Absoluto N° %
Urbana 58 57
Rural 44 43
Total 102 100
Fonte: Direta E.E.M. Liceu de Iguatu Dr. José Gondim/2012.
Como pode ser percebido, houve predomínio na faixa etária de 15 anos
de idade, o que corresponde a 36% dos alunos. Porém houve uma considerável
proporção de 29% dos alunos com 16 anos.
33
A influência da idade na automedicação é fator de verificação de estudos
relacionados ao tema consumo de medicamentos, frequente entre indivíduos mais
jovens. Os resultados do presente estudo confirmam, à semelhança de outros, que a
prevalência da automedicação em adolescentes é uma prática real e frequente,
independente do nível socioeconômico, o que para Loyola Filho et al., (2002)
representa um risco para a saúde.
Essa predominância recente da automedicação, entre pessoas cada vez
mais jovens, pode ser resultante do processo de independência e autonomia que
permeia o comportamento dos mesmos, sentindo-se autossuficientes, eles mesmos,
muitas vezes, se medicam sem procurar auxílio ou recomendações médicas.
Quanto ao sexo, do total de 102 alunos que responderam ao questionário,
68 alunos (67%), a maioria é do sexo feminino. Infere-se que a predominância das
meninas nas escolas deve-se ao maior número de meninos no mercado de trabalho,
como confirma o IBGE (2010), que em relação ao gênero, a parcela de adolescentes
ocupados, de 10 a 17 anos de idade, do sexo masculino foi de 2,065 milhões,
manteve-se superior à feminina que atingiu 1,342 milhão em 2010.
O uso de medicamentos também foi mais comum entre as alunas, o que
está de acordo com os resultados dos estudos de Rosenfeld (2003) e Muza et
al.,(1997). Entre as possíveis explicações para esse fenômeno, pode-se citar o
estresse e a ansiedade gerados pelos múltiplos papéis intra e extradomiciliares
assumidos pelas mulheres, muitas vezes já na adolescência. Além disso, sabe-se
que as mulheres procuram mais os serviços de saúde, expõem mais seus
sentimentos e têm mais sintomas depressivos e internações hospitalares do que os
homens, segundo Rosenfeld (2003). Todos esses fatores podem contribuir para um
maior consumo de medicamentos pelas mulheres.
Já para Musial (2007), a predominância do uso de medicamentos entre as
mulheres pode ser parcialmente atribuída à exploração, pela propaganda de
medicamentos, de papéis sociais tradicionalmente atribuídos às mulheres, dentre
eles o de prover a saúde da família.
Em relação à moradia, a maioria, 58 alunos (57%), dos participantes são
residentes na zona urbana, e 44 deles o que equivale a (43%), são da zona rural.
Esse fato talvez possa ser explicado pela dificuldade de acesso à escola pelos
alunos da zona rural que tem que se deslocar enfrentando poeira e sol, vale
ressaltar que existe transporte escolar na maioria das comunidades.
34
Este fato pode também estar relacionado com a dificuldade da população
da zona rural em adquirir o medicamento, sem prescrição, devido à falta de
farmácias e serviços de saúde nessas regiões tendo que se deslocar para adquirir
os medicamentos, sendo mais prático, fazer o uso de plantas medicinais. Já na zona
urbana a facilidade de aquisição dos medicamentos é enormemente maior, devido à
presença de diversas farmácias, por isso deve ser maior a utilização de plantas
medicinais na zona rural do que na urbana.
Simões et al. (1998) relatam que todos os grupos culturais fazem uso de
plantas como recurso terapêutico e, em centros urbanos, plantas são utilizadas
como forma alternativa ou complementar à medicina oficial. O que faz mencionar
que a preservação da sabedoria popular é importante, como uma forma de proteger
o conhecimento das comunidades.
Segundo Veiga Junior (2008) a urbanização das cidades e a migração da
população rural para a área urbana, levam à perda do conhecimento sobre as
plantas medicinais. Seja em função do distanciamento das plantas, por conta das
áreas urbanas os quintais com jardins; onde as plantas possam ser reconhecidas e
coletadas; são cada vez menos frequentes, ou da falta de interesse no aprendizado
de suas propriedades, as novas gerações parecem estar perdendo este
conhecimento acumulado pelos seus antepassados.
O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as plantas
medicinais são fundamentais às famílias rurais, pelo fato da fitoterapia caseira ser
uma fonte de cura, muitas vezes a única devido à falta de outros recursos para
cuidar da saúde (LÓPEZ, 2006). Mas deve-se ficar atento para os problemas que
este uso pode causar ao organismo, sem conhecimentos específicos e científicos,
os riscos de efeitos adversos tendem a ser maiores.
5.2 Questões Norteadoras
Os seguintes dados foram agrupados em categorias comparando-se
sempre com a literatura pertinente, que se classifica em:
Formas de adesão e armazenamento de medicamentos e plantas medicinais
pelos alunos;
Fármacos e plantas medicinais mais utilizados pelos alunos;
35
Conhecimento dos alunos sobre os riscos da automedicação;
A fim de garantir o anonimato dos adolescentes da E. E.M Liceu de Iguatu
Dr. José Gondim, utilizamos, para identificá-los, pseudônimos de frutas.
5.2.1 Formas de adesão e armazenamento de medicamentos e plantas
medicinais pelos alunos
Quando abordado se os alunos têm o costume de adquirir medicamentos
sem receita médica, 64 alunos, o que corresponde a 63% admitiu adquirir
medicamentos sem receita médica enquanto, 38 alunos afirmaram que não utilizam
medicamentos sem receita médica.
Esse fato pode ser explicado porque hoje em dia, a população tem mais
fácil acesso a medicamentos, facilitando à prática da automedicação. Marin et al
(2003) afirma em seu trabalho que a dispensação pode ser feita sim, sem prescrição
médica, desde que esses medicamentos sejam de venda livre e que dispensem a
receita médica, porém essa prática está se tornando muito perigosa, porque acabam
abrangendo outros medicamentos de venda não livre e irregular.
Quando interrogados sobre quem costuma lhe indicar medicamentos, foi
obtido o seguinte, como pode ser visualizado na tabela 2.
Tabela 2 - Quem indica medicamentos, aos alunos do 1° ano do Ensino Médio da Escola
Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012.
Indica medicamentos N° Absoluto N° %
Família 46 45
Médico 33 32
Conta própria 11 11
Vizinho 04 04
Amigo 04 04
Balconista 04 04
Total 102 100
Fonte: Direta E.E.M. Liceu de Iguatu Dr. José Gondim/2012.
36
Segundo as respostas dos alunos na (tabela 2), observa-se que quem
mais indica medicamentos é a família (45%), seguida do médico (32%), conta
própria (11%) e vizinho, amigo e balconista (4%) cada um.
Silva et al. (2011) em estudo com adolescentes de escolas publicas e
privadas de Fortaleza, constataram que houve mais casos de indicação dos
medicamentos por parte dos familiares (51,2%), seguido dos médicos (33,1%) e por
conta própria (20,8%), sendo estas proporções obedecidas tanto para alunos das
escolas particulares quanto para estudantes de escolas privadas. Diante deste fato,
percebe-se a necessidade de informação acerca do tratamento e de medicamentos
por parte dos pacientes e familiares. Tal informação deve provir de fontes fidedignas
e atualizadas, o que, muitas vezes, não é possível apenas em bulas e propagandas.
A conscientização da comunidade é um pré-requisito para que sejam alcançados
níveis elevados de saúde
Estudo realizado por Ribeiro et al. (2004), em Campina Grande (PB),
demonstrou que, entre os meios de automedicação, houve um predomínio de tomar
medicamento por indicação de parentes.
Esses índices podem ser consequência da atual crise da saúde pública e
à facilidade de encontrar farmácias nas diferentes localidades. Esse quadro tem
levado à discussão a adoção de práticas como a automedicação racional. De acordo
com a Resolução 357/2001, do Conselho Federal de Farmácia (BRASIL, 2001), a
automedicação responsável seria o uso de medicamentos não-prescritos sob a
orientação e acompanhamento do farmacêutico.
Loyola Filho et al.(2002), comprovou em seu estudo que, compartilhar
medicamentos com outros membros da família e utilizar sobras de medicamentos
prescritos ou não, guardados no domicílio são práticas muito comum no Brasil.
Quando interrogados sobre quem indicou a planta medicinal para uso
como remédio 71 (69,6%) alunos responderam a família incluindo mãe, avó, pais e
avôs, 13 (12,7%) responderam não utilizar remédio feito com plantas, 10 (9,8%)
responderam as pessoas mais velhas, 05 (4,9%) responderam o médico e 03 (3%)
os vizinhos como podemos observar nas falas a seguir:
“Minha mãe e minha vó e os de maior idade”(Coco). “A família, os vizinhos e o médico”(Goiaba). “nunca tomei remédio feito por plantas medicinais”(Tamarino).
37
“Outros vizinhos que utilizão do mesmo processo cazeiro”(Açai).
Com base nestes resultados é possível observar que o conhecimento
sobre o uso das plantas medicinais é repassado, na sua grande maioria, entre as
gerações, permanecendo no seio familiar. Resultados similares foram encontrados
por Veiga Junior (2008), onde um maior percentual de entrevistados disse ter
adquirido esse conhecimento através da família, parentes ou vizinhos próximos. O
autor ressalta, ainda, que apenas um pequeno percentual adquiriu esse
conhecimento por indicação de profissionais da área de saúde.
Se já existe por parte dos pais e avós, o costume do uso frequente de
plantas medicinais, isso mais facilmente vai ser apreendido pelos filhos e outras
pessoas próximas como algo normal, e como primeira atitude de uso a recorrer
diante de problemas de saúde. Esse costume se manifesta com uso de chás para
cólicas, mal estar gastrointestinal, dores de cabeça ou ainda o uso de compressas
para problemas musculares. Eles são comuns que podem passar quase
despercebidos e às vezes não entendidos propriamente como uso medicinal
(MACHADO, 2008).
Quando foram interrogados em relação ao armazenamento, 62 (60%)
alunos responderam que possuem farmacinha em casa, 40 (40%) afirmaram não
possuir este tipo de armazenamento de medicamento nas suas casas. Esses dados
podem ser explicados pela dificuldade de se conseguir consulta médica, precisando
armazenar medicamentos para uma eventual necessidade, e como obtido em
categoria anterior é na família onde os alunos costumam adquirir medicamentos,
além da cultura de guardar ou poupar para uma eventual precisão.
Bueno et al. (2009) relatou em um estudo realizado com alunos no
município de Ijuí-RS, que 91,59% possuíam pelo menos, um medicamento em casa.
Silva (2005) também constatou essa questão com um índice de 88%. Outro estudo
revela que 83,2% dos entrevistados no município de Umuarama-PR possuíam
medicamento em casa, sendo que 21% possuíam 10 ou mais diferentes
medicamentos (FANHANI et al., 2006).
Fernandes (2000), num trabalho sobre farmacinha caseira observou que
97% das residências visitadas possuíam pelo menos um medicamento estocado, e o
número de medicamentos estocados variou de 1 a 89 itens (média de 20 itens).
38
Cerca de 55% dos medicamentos em estoque foram adquiridos sem prescrição
médica. Do total, 25% estavam vencidos e destes, 24% continuavam sendo
utilizados.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (2008), autoridade
reguladora brasileira, permite a venda livre, sem necessidade de prescrição médica,
de alguns grupos de medicamentos para indicações terapêuticas especificas, o que
facilita a presença da farmácia caseira, o estoque domiciliar de medicamentos. Isso
pode gerar a dúvida do que fazer quando os medicamentos vencem ou,
simplesmente, não devem mais ser utilizados.
Percebe-se que ter farmacinha em casa virou um hábito na casa dos
brasileiros, até mesmo dos que moram na zona rural, verificou-se que dos 44
participantes da zona rural, 30 relataram possuir farmacinha. Isso ocorre devido à
ausência ou deficiência dos serviços de saúde, a ausência de farmácias na
comunidade, sendo necessário armazenar estes medicamentos em casa para uma
eventual necessidade.
Quando investigados sobre em que locais costumam armazenar os
medicamentos, foi obtido os seguintes locais, como pode ser visualizado na tabela 3.
Tabela 3- Local de armazenamento de medicamentos, dos alunos do 1° ano do Ensino
Médio da Escola Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012.
Armazenamento N° Absoluto N° %
Armário 44 43
Farmacinha 24 23
Geladeira 22 22
Guarda Roupa 12 12
Total 102 100
Fonte: Direta E.E.M. Liceu de Iguatu Dr. José Gondim/2012.
Percebe - se na (tabela 3) que a maioria dos medicamentos armazenados
na casa dos alunos está no armário (43%), na farmacinha (23%), geladeira (22%) e
guarda roupa (12%).
A guarda de medicamentos em casa é feita muitas vezes de forma
inadequada, uma vez que são acondicionados principalmente na cozinha ou no
39
banheiro, estando expostos à umidade e variação de temperatura, podendo os
mesmos, apresentar ineficiência quanto ao efeito ou pode aumentar os riscos de
reações adversas, devido à variação de estabilidade dos mesmos. Além da
exposição a microrganismos peculiares desses cômodos do domicílio.
É importante ressaltar o tempo de uso, porque muitos medicamentos tem
tempo de vida útil curto, e muitos usuários não se atentam a isso, apenas à validade
do medicamento em si, ressalvando que após aberto, tem um tempo determinado
para usá-lo, e muitas pessoas desprezam essas valorosas informações, achando
desnecessárias.
Para que os medicamentos tenham sua plena ação, devem estar em
condições adequadas de uso e dentro do prazo de validade (ROCHA et al., 2009),
pois são produtos de significativa importância para a melhoria ou manutenção da
qualidade de vida de parte da população. A preservação da sua qualidade deve ser
garantida desde a sua fabricação até a entrega ao paciente, pois se a medicação
tem seu estado normal alterado, ela se torna inativa ou, até mesmo, nociva ao
usuário (VALERY, 2011).
Os locais de armazenamento dos medicamentos, encontrados por
(SCHENKEL; FERNÁNDES; MENGUE, 2005), foram semelhante aos da presente
pesquisa: armário (953) e guarda roupa (220), sendo a cozinha o local onde foi
encontrado o maior número de medicamentos, o que possivelmente se deve à
acessibilidade do local, à presença de líquidos que podem ser ingeridos
conjuntamente com o medicamento e de utensílios domésticos como colheres para
medida de líquidos e suspensões. Dentro da cozinha, o armário da pia, a gaveta
desse armário e sobre eletrodoméstico como geladeira e forno de microondas são
os locais preferidos para a guarda dos produtos.
Com tantos medicamentos disponíveis em casa, a automedicação fica
facilitada e corriqueira. A facilidade de acesso aos medicamentos no Brasil e a
percepção desses serem vistos como bens de consumo inócuos, são alguns dos
fatores que promovem estímulo a automedicação (ANVISA, 2008). Segundo
Nascimento (2003), esse hábito conduz a uma inevitável tendência de se utilizar um
medicamento quando há um mal-estar ou mesmo para preveni-lo, buscando uma
solução imediata. Entre vários prejuízos que essa prática pode oferecer, destacam-
se gastos desnecessários, atrasos no diagnóstico, terapêutica inadequada, reações
alérgicas, adversas e intoxicações.
40
5.2.2 Os fármacos e plantas medicinais mais utilizados pelos alunos
A variedade de formas utilizadas para prevenir ou tratar doenças é
enorme. Essa variedade se dá por diversos motivos, seja ela pela cultura do uso de
ervas e raízes, seja pela condição financeira, por uma questão filosófica ou pelo
desenvolvimento cientifico, diferentes pessoas ou grupos utilizam uma ou mais
dessas variedades.
Para responder esta categoria, foram utilizadas três perguntas: a 1ª - Qual
a classe de medicamento que você mais utiliza para se automedicar; 2ª - Se já
tomou ou está tomando algum medicamento atualmente sem prescrição médica,
qual e para que ea 3ª - Quais as plantas medicinais que você utiliza como remédio.
Quando interrogados sobre a classe de medicamentos mais utilizados, a
maioria relatou que os analgésicos são as formas mais utilizadas por eles, seguida
dos antiinflamatórios e antibióticos, como podemos ver nas seguintes falas:
“a classe que passa as dores” (Goiaba). “Remedios para dor” (Abacate).
“Comprimidos como paracetamol, ibuprofeno, amoxilina entre outros” (Caju). “Analgético; antiflamatório” (Abacaxi).
Alguns alunos relataram também utilizar: antitussígenos e expectorantes,
antitérmico, antialérgico, antiespasmódico, corticóides e suplemento vitamínico.
Como podemos visualizar nas falas:
“Eu tomo xarope, antigripal, loratadina, predinisona paracetamol”(Macaúba). “Aqueles pra dar vontade de comer e pra cólica buscopan, atroveran” (Pequi). “So remedio para dor de cabeça, tosse, febre, cólica”(Figo).
Como podemos observar, os alunos fazem uso de várias classes de
medicamentos associados sempre ao analgésico, isso pode ser explicado por que
quando sondados sobre qual sintoma levam a tomar medicamentos por conta
própria, a maioria absoluta respondeu ser a presença dor. Cerqueira (2005), em um
estudo com adolescentes, também constatou que a grande maioria dos pesquisados
informou utilizar mais de uma classe de medicamentos, fato que pode levar a
41
interações medicamentosas, e, dessa forma, inativar, diminuir, prolongar ou
potencializar o efeito de alguns fármacos.
Dentre todas as classes de medicamentos, os analgésicos possuem as
maiores utilizações indiscriminadas, por serem usados no alívio da dor, com
facilidade na aquisição e em grande parte de venda livre (TIERLING et al., 2004).
Muitas vezes os analgésicos são considerados medicamentos
inofensivos, de sabor agradável como o AAS infantil, que contém sacarina sódica na
sua formulação e de fácil acesso. Entretanto, tais produtos apresentam efeitos
adversos consideráveis e por vezes fatais, como hipersensibilidade, agranulocitose,
hemorragia gástrica, entre outros (WANNMACHER; FERREIRA, 2007).
Um dado importante a ser observado, é que mesmo a venda de
antibióticos sendo necessário a retenção da receita, os antibióticos foram os
terceiros mais utilizados pelos alunos. Percebe-se também que, muitos alunos não
tem noção do que estão tomando confunde antiinflamatorio com antibiótico como
podemos ver na fala:
“Alguns antiflamatorios como ibuprofeno, paracetamol, cefalexina” (Acerola).
Tratam antibióticos como medicação comum que pode ser utilizadas de
qualquer jeito, por um tempo inferior ao necessário, ou sem obedecer aos horários
necessários à manutenção de uma concentração ideal deste no organismo, sem
levar em consideração que seu organismo pode ficar resistente a tais medicações.
Antes do século XXI, a resistência bacteriana ocorria predominantemente
em ambientes hospitalares. Atualmente, a resistência bacteriana está associada a
diversos ambientes e pode atingir indivíduos saudáveis. Uma alternativa que pode
ser adotada na tentativa de contornar o problema da resistência bacteriana é o uso
de terapias associadas. Porém, o uso extensivo e muitas vezes inapropriado dos
antibióticos, más condições de higiene, fluxo contínuo de viajantes, o aumento de
pacientes imunocomprometidos e a demora no diagnóstico das infecções
bacterianas têm favorecido o aumento da resistência. Um dos mais recentes
exemplos de resistência a antibióticos é a causada por patógenos intracelulares, que
constituem um reservatório para infecções recorrentes (GUIMARÃES, MOMESSO,
PUPO, 2010).
42
Quando questionados sobre quais os medicamentos mais utilizados, foi
obtido os seguintes dados, como pode ser visto na tabela 4:
Os fármacos estão organizados na tabela por ordem de citações.
Tabela 4 – Fármacos utilizados pelos alunos, do 1° ano do Ensino Médio da Escola Liceu de
Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012.
Fármacos N° Absoluto N° %
Paracetamol 25 20
Dipirona 23 19
Amoxicilina 18 15
Benegrip 15 12
AAS 12 10
Apracur 09 08
Outros 19 16
Total 121100
Fonte: Direta E.E.M. Liceu de Iguatu Dr. José Gondim/2012.
Em outros estão incluídos os seguintes fármacos:
anticoncepcional,atroveran, azitromicina, anador, buscopan, diclofenaco,
dorflex,dramin,ibuprofeno,loratadina, plasil e xarope.
Observa-se na (tabela 4) que os alunos utilizam principalmente
medicamentos para dor, os chamados analgésicos, teve-se como os mais citados
paracetamol (20%), dipirona (19%),amoxicilina (15%), benegrip (12%), AAS (10%) e
apracur (8%).
A prevalência do paracetamol e da dipirona como os mais utilizados pelos
alunos pode ser justificada pelo fato que são substâncias fáceis de serem
encontradas, que estão disponíveis nas unidades de saúde, serem de baixo valor
aquisitivo, além de como já ficou evidenciado em categorias anteriores e como pode
ser identificados em qual motivo leva a utilização, os alunos expressam sentir dores.
Em relação ao motivo da utilização de tal medicação, foi obtido o
seguinte: dor de cabeça (23), gripe (11), dor de garganta (08), febre (07) e cólica
(05). Os resultados podem ser visualizados nas falas:
43
“so pra dor de cabeça” (Kiwi).
“Amoxilina para garganta”(Umbu). “Dipirona e alguns comprimidos para dores e febre” (Tamarino). “Gripe, dores, inflamações, cólicas e etc” (Sapoti).
Ainda foram citados os seguintes fármacos: AAS, amoxicilina,
anticoncepcional, apracur, atroveran, azitromicina, anador, buscopan, diclofenaco,
dorflex,dramin,ibuprofeno,loratadina, plasil e xarope.
Os alunos ainda afirmaram utilizar os medicamentos para os seguintes
sintomas: dor de dente, dor de estômago, inflamação, tosse, náusea, vômito e
sinusite.
De maneira geral percebe-se que os alunos utilizam medicamentos para
aliviar dores segundo Abraão, Simas e Miguel (2009) a dor compreende aspectos
fisiológicos, psicológicos, cognitivos e afetivos, como também sofre influência de
fatores culturais e sociais que agem sobre a reação comportamental do indivíduo
perante a dor. A sensação de dor ainda está relacionada à percepção pelo sistema
nervoso, sendo básica a todas as pessoas, o que caracteriza uma experiência
pessoal de cada indivíduo.
Quando investigados quais as plantas medicinais mais utilizadas como
remédio, as mais citadas podem ser visualizadas na tabela 5:
Tabela 5 – Plantas medicinais utilizadas pelos alunos, do 1° ano do Ensino Médio da Escola
Liceu de Iguatu Dr. Jose Gondim, Iguatu - CE / 2012.
Planta medicinal N° Absoluto N° %
Capim santo 34 17
Cidreira 32 16
Boldo 30 15
Hortelã 28 14
Malva 25 12
Marcela 10 05
Quebra pedra 10 05
Romã 09 05
Eucalipto 07 04
44
Outros 13 07
Total 198 100
Fonte: Direta E.E.M. Liceu de Iguatu Dr. José Gondim/2012.
Em outros estão incluídos: folha de laranjeira, erva doce, endro, mastruz,
babosa, arruda, gengibre, folha de alecrim, limão, rapa de caju, camomila, aroeira e
folha de manjericão.
Em relação às plantas medicinais utilizadas pelos alunos (tabela 5),
observou-se que as mais utilizadas são: 17% dos alunos utilizam o capim santo,
16% utilizam a cidreira, 15% utilizam o boldo, 14 % utilizam o hortelã, 12% utilizam a
malva, 5% utilizam a marcela, quebra pedra e romã,4%o eucalipto e 7%utilizam
outras plantas medicinais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que 80% da
população mundial já fizeram uso de algum tipo de erva na busca de alívio de
alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável, ressaltando a importância da
fitoterapia e sugerindo ser uma alternativa viável e importante também às
populações dos países em desenvolvimento, já que seu custo é diminuído
(REZENDE; COCCO, 2002).
Neste estudo observa-se que as plantas mais citadas pelos alunos foi o
capim santo seguida pela cidreira o que mostra que plantas com finalidades
calmantes são as mais procuradas por esta população o que está de acordo com os
resultados de (MACEDO; OSIIWA; GUARIDO, 2007).
Observa-se que as plantas mais citadas estão de acordo com os sintomas
relatados, no caso o boldo utilizado pra alivio de dores estomacais e enjoo, hortelã
utilizado no tratamento de doenças respiratórias, como gripe, bronquite e tosse.
O modo de preparo das plantas medicinais para utilização no tratamento
de doenças é um ponto de grande importância visto que daí depende, muitas vezes,
a ação terapêutica da planta utilizada. Neste estudo, a forma de utilização mais
relatada pelos alunos apontam a preparação na forma de chá como principal meio
de utilização das plantas medicinais. Este processo também foi registrado como o
mais usado em trabalho semelhante realizado por Kubo (1997).
É necessário ressaltar a falsa idéia de que os remédios naturais não
produzem efeitos colaterais, plantas quando ingeridas na forma de chá ou ingeridas
in natura, também podem causar efeitos adversos como cardíacos, alérgicos,
45
hormonais, irritantes e purgativos, em seres humanos ou animais. A ingestão
excessiva de algumas plantas pode causar problemas à saúde (NEWALL et
al.,2002).
Existem poucas informações sobre a interação de plantas quando
ingeridas na forma de chás com os medicamentos convencionais. Pode-se tentar,
contudo, identificar as plantas que podem interferir com categorias específicas de
medicamentos convencionais, com base em suas propriedades químicas e
farmacológicas e nos efeitos colaterais de que se tem conhecimento (D’ARCY,
1993).
5.2.3 Conhecimento dos alunos sobre os riscos da automedicação
De acordo com o instrumento de pesquisa aplicado, verificou que 56
alunos afirmam conhecer os riscos da automedicação e 46 afirmaram não conhecer.
O resultado mostrou que 45 alunos afirmam ser a intoxicação o maior risco da
automedicação, como podemos ver nas seguintes falas:
“Geralmente quando não temos o conhecimento do remédio podemos ter irritação, alergia, ser intoxicado”(Jabuticaba). “Sim, pode ocorrer alegias, intoxicação ou até mesmos acarretar em problemas mais graves” (Lima). “Quando você se automedica você não saberá a dozagem certa e poderar vim os sintomas de acordo com a medicação que você esta tomando como tontura, diarreia, alergia, intoxicação” (Murici).
Segundo a fundação Oswaldo Cruz, o uso excessivo ou inadequado de
medicamentos, em grande parte decorrente da automedicação, é a causa de 29%
das intoxicações registradas no ano de 2003. A Estatística Anual de Casos de
Intoxicação e Envenenamentos demonstra que há sete anos os medicamentos
ocupam o primeiro lugar entre as intoxicações humanas registradas pela rede
formada pelos 31 Centros de Informações Toxicológicas no Brasil, superando as
causas por animais peçonhentos, as que ocorrem em consequência do uso de
produtos químicos industriais e as causadas pelo uso indevido de pesticidas
agropecuários (LIMA, 2004).
46
A morbimortalidade relacionada a medicamentos é um relevante
problema de saúde pública e um determinante de internações hospitalares. As
internações relacionadas a medicamentos podem ser atribuídas a fatores intrínsecos
à atividade do fármaco, falhas terapêuticas, não adesão ao tratamento e eventos
adversos (REIS, 2006).
Existem poucos estudos sobre morbimortalidade relacionada a
medicamentos no Brasil, apenas levantamentos sobre intoxicação medicamentosa,
os dados publicados pelo Sinitox mostram que os medicamentos ocupam a primeira
posição entre os três principais agentes causadores de intoxicações em seres
humanos desde 1996, sendo que em 1999 foram responsáveis por 28,3% dos casos
registrados (SINITOX, 2000).
Faz necessário ressaltar que além da intoxicação a automedicação
também pode mascarar ou impedir o diagnóstico de uma doença grave, afetando
negativamente qualquer processo patológico, oculto ou não, do paciente (SILVA, et
al., 1997) ainda ressaltar que podem ocorrer interações medicamentosas
importantes com outros tratamentos, efeitos adversos e riscos inaceitáveis do ponto
de vista terapêutico.
O presente estudo mostra parcela significativa de alunos (45%), dizem
não conhecer os riscos da automedicação e isso é um dado preocupante, pois a
cada dia aumenta - se o uso de medicamentos e plantas medicinais, pela sociedade
que utilizam sem medir consequências.
O desconhecimento dos riscos da automedicação, por essa parcela de
alunos, pode vim do fato das dificuldades enfrentadas pela escola e unidades de
saúde de se trabalhar em conjunto, como está previsto nos programas de governo,
como o PSE (Programa Saúde na Escola) e os famosos PCN’s (Parâmetros
Curriculares Nacionais).
Se a educação em saúde fosse realmente trabalhada nas escolas como
esta, definido nos Parâmetros Curriculares Nacionais a automedicação seria tratada
como um tema transversal e talvez os índices de automedicação não fossem tão
alarmantes como são, principalmente os casos de intoxicação. Os adolescentes
estão em processo de formação de opiniões, personalidade e padrões
comportamentais e precisam de informações concretas para que façam suas
escolhas.
47
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o inicio da história da humanidade que os indivíduos recorrem a
substâncias para aliviar os seus males. Atualmente, segundo a OMS a
automedicação é um fenômeno em crescimento nas sociedades. Este fato pode
estar relacionado com a familiarização que os indivíduos possuem com os
medicamentos, o que faz com que por vezes se torne um ato desregrado.
Educação em saúde é precursora de um conjunto de elementos que
buscam garantir qualidade de vida. Todavia, este importante elemento é pouco
explorado pelos profissionais. Pode-se observar que a promoção em educação em
saúde, através da palestra sobre automedicação e uso de plantas medicinais além
da distribuição de folders, foram de suma importância para a ampliação do
conhecimento dos alunos, visto que, levou informações para melhora de uma prática
tão comum do dia-a-dia nas escolas, que é a automedicação.
O conhecimento de modo geral dos alunos sobre medicamentos e plantas
medicinais, mostrou-se incipiente e desprovido de qualquer noção básica sobre o
uso racional. Sua concepção sobre medicamento tem sido influenciada pelo modelo
biomédico: combater sintomas e não prevenir doenças, reflexo da visão
descontextualizada do tema saúde nos espaços educacionais.
Estratégias educativas devem ocorrer no âmbito familiar, uma vez que a
influência da família sobre o uso indiscriminado de medicamentos e plantas
medicinais mostrou-se relevante. Contudo a escola, os profissionais e gestores de
saúde também têm responsabilidades sobre o quadro observado. O papel de todos
esses grupos é imprescindível para a implementação de medidas que possam
equacionar esse grave problema de saúde pública. Uma atitude de mudança e de
transformação torna todos os segmentos da sociedade responsáveis pelo processo
de educação e racionalização do uso do medicamento.
É sugerida à referida escola, uma abordagem intersetorial entre
educação-saúde, que incentive os alunos a buscarem, através da pesquisa,
informações para elaboração de um álbum seriado que trate da automedicação e
uso de plantas medicinais. É interessante estabelecer parcerias para que seja
retomado o projeto que a escola já possui, criando assim um horto medicinal, que
poderia atender a comunidade de forma geral, levando produtos naturais e
informação concreta a todos, baseado em conhecimento científico e popular.
48
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57
APÊNDICES
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
APÊNDICE A- TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA
Eu, Jordânia Ferreira de Melo, sob orientação Prof.ª Esp. Francisca
Neiliane Bezerra e Co-orientação da Prof.ª Esp. Ana Cristina de Oliveira e Silva
estou realizando um estudo com o intuito de ampliar o conhecimento acerca da
Prática da Automedicação e o uso de Plantas Medicinais.
Trata-se de um estudo qualitativo que tem como finalidade identificar os
itens acima citados bem como discutir os resultados.
Desse modo, solicitamos, por meio deste, a autorização para a realização da
pesquisa intitulada “PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO E O USO DE PLANTAS
MEDICINAIS POR ALUNOS DA E. E.M LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM” à
Diretora desta Escola Estadual de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim
localizada na Rua 25 de março, s/n, bairro Brasília, no município de Iguatu/CE.
Eu, __________________________________________________ ciente
das informações recebidas, concordo com a coleta de dados da pesquisa intitulada
“PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR
ALUNOS DA E.E. M LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM” Que será realizada
sob responsabilidade de Jordânia Ferreira de Melo, graduando do curso de Ciências
Biológicas, da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI.
Estou ciente também de que os resultados encontrados no estudo serão
usados apenas para fins científicos. Fui informado de que a instituição não terá
nenhum tipo de despesa ou gratificação pela referida participação nesta pesquisa, e
de que terei acesso aos resultados publicados em periódicos científicos.
Tendo exposto concordo voluntariamente em autorizar a execução da
pesquisa na Escola Estadual de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim no
município de Iguatu/CE.
59
_________________________________________ Escola Estadual de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim
Diretora
__________________________________________ Jordânia Ferreira de Melo
Pesquisadora
__________________________________________
Francisca Neiliane Bezerra Orientadora
__________________________________________
Ana Cristina de Oliveira e Silva Co-orientadora
60
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Prezado Sr:
Eu, Jordânia Ferreira de Melo, sou concludente do Curso de Licenciatura
Plena em Ciências Biológicas pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras de
Iguatu – FECLI/UECE, sob Orientação Prof.ª Esp. Francisca Neiliane Bezerra e Co-
orientação da Prof.ª Esp. Ana Cristina de Oliveira e Silva, estou desenvolvendo um
estudo que busca investigar a prática da Automedicação e o uso de Plantas
Medicinais por adolescentes.
Assim, solicito sua autorização para participar dessa pesquisa, que tem
como título PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO E O USO DE PLANTAS
MEDICINAIS POR ALUNOS DA E. E.M LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM.
Sua autorização será muito importante para a elaboração desse estudo, pois se
espera com ele, contribuir para a disseminação de conhecimentos para toda a
comunidade acadêmica e na saúde pública, por ser uma temática atual e de grande
relevância a toda a sociedade.
Mas para isso, preciso de sua autorização para a realização do
questionário que contemple os objetivos propostos nesse trabalho. Desde já, dou-lhe
a garantia de que as informações que estou colhendo serão apenas para a
realização do meu trabalho e, também, lhe asseguro que a qualquer momento terá
acesso às informações sobre o estudo, inclusive para resolver dúvidas que possam
ocorrer. O Sr. tem o direito de aceitar ou não de participar do estudo ou deixar de
participar do mesmo a qualquer momento, não vindo a sua desistência acarretar
qualquer prejuízo no seu direito a receber assistência nessa instituição.
61
Ainda informo-lhe que os dados serão apresentados ao Curso de
Licenciatura Plena em Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e
Letras de Iguatu - FECLI, podendo ser utilizado também em eventos científicos, mas
não mencionarei seu nome, pois este será preservado, sendo em sigilo a identidade
do participante.
Caso precise entrar em contato comigo, informo-lhe meu telefone (88)
99340855, como também o de minha co-orientadora (88) 92610711.
__________________________________________ Jordânia Ferreira de Melo
Pesquisadora
__________________________________________
Francisca Neiliane Bezerra Orientadora
__________________________________________
Ana Cristina de Oliveira e Silva Co-orientadora
Tendo sido satisfatoriamente informado sobre a pesquisa: PRÁTICA DA
AUTOMEDICAÇÃO E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR ALUNOS DA E.
E.M LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM, realizada sob a responsabilidade da
pesquisadora Jordânia Ferreira de Melo, concordo em participar da mesma. Estou
ciente de que o nome não será divulgado e que o pesquisador estará disponível
para responder a quaisquer dúvidas.
Iguatu, _______ de________________2012.
__________________________________________
Assinatura do Pesquisado
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU – FECLI
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PESQUISADOR ( a ): Jordânia Ferreira de Melo ORIENTADOR ( a ): Francisca Neiliane Bezerra
APÊNDICE C – Questionário Individual para os Alunos do Ensino Médio.
I - Identificação: Iniciais: ___________________ Idade: ____________________ Mora na zona urbana ou rural: _______________
Assistiu à palestra:_______________ Sexo: M ( ) F ( )
1. O que é automedicação?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2. Você já tomou ou está tomando algum medicamento atualmente sem
prescrição médica?
( )Sim ( )Não
Qual e para que?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3. Tem costume de adquirir medicamentos sem receita médica?
( )Sim ( )Não
63
4. Quem costuma lhe indicar os medicamentos?
( ) Família ( ) Vizinho ( ) Médico ( ) Amigo
( ) Balconista ( )Propaganda ( ) Conta própria
5. Que sintoma habitualmente leva você a tomar medicamento por conta
própria?
( ) Febre ( ) Dor ( ) Tosse ( ) Diarréia ( ) Gripe ( ) Vômitos ( ) Outros
Cite-os.-
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6. Tem farmacinha em casa?
( ) Sim ( ) Não
7. Como costuma guardar os medicamentos em sua casa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8. Qual a classe de medicamento que você mais utiliza para se automedicar?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9. Sabe quais os riscos da automedicação? Descreva-os.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10. Quais as plantas medicinais que você utiliza como remédio?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
64
11. Quem indicou a planta medicinal para uso como remédio?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
12. Na sua casa tem cultivo de alguma planta medicinal? Qual?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13. Você sabe para que serve o uso de plantas medicinais? Comente.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU – FECLI
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
APÊNDICE D– Folder