prÁticas de empreendedorismo para … páticas de empeendedoismo paa sales de belea no basil...
TRANSCRIPT
-
1
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
PRTICAS DEEMPREENDEDORISMO PARA
SALES DE BELEZA NO BRASIL
Texto Referencial para a relao
-
2
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
2016 Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas - Sebrae
Todos os direitos reservados. A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui
violao aos direitos autorais (Lei n 9.610/1998).
Informaes e contato:
Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas - Sebrae
Unidade de Atendimento Setorial Servios
SGAS Quadra 605 Conjunto A - Asa Sul - CEP: 70.200-904 - Braslia, DF.
Telefone: (61) 3348-7100
www.sebrae.com.br
Presidente do Conselho Deliberativo NacionalRobson Braga de Andrade
Diretor-PresidenteGuilherme Afif Domingos
Diretora-TcnicaHelosa Regina Guimares de Menezes
Diretor de Administrao e FinanasVinicius Nobre Lages
Unidade de Atendimento Setorial Servios:Gerente Andr Silva Spnola
Gerente AdjuntaAna Clvia Guerreiro Lima
Coordenao TcnicaAndrezza Kamille Rgis Torres
Equipe TcnicaHeleni Queiroz Riginos
Colaborao TcnicaGabriel Rizza FerrazThiago Moreira da Silva
Consultoria TcnicaElderci M. Garcia - Inowit Projetos e Consultoria Empresarial Ltda-ME
Projeto Grfico e DiagramaoDesign em Folha
Crditos de imagens: Freepik
ElderciMquina de escrever
-
3
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Introduo
1. O segmento Sales de Beleza no Brasil
1.1 Ambiente legal dos Sales de Beleza
2. Cronologia recente de fatos relevantes para o segmento de Sales de Beleza
3. Viabilidade das prticas de empreendedorismo
3.1. Viabilidade operacional
4. Modelo ideal
5. Componentes das prticas de empreendedorismo para Sales de Beleza
5.1. Sales de Beleza
5.2. Salo parceiro
5.3 Empresrio
5.4 Empregados
5.5 Profissionais de Beleza
5.6 Parceiros empresrios ou profissional parceiro
6 Estrutura operacional dos Sales de Beleza
6.1. Natureza Jurdica, Contrato Social e Requerimento de Empresrio
6.2 CNAEs Atividades
6.3 Relaes de trabalho e contrato de trabalho
6.4 Contratos
6.5 Administradora ou Gestora de recebveis
6.6 Recebveis e Meios de pagamento
6.7 Carto de crdito
6.8 Aspectos Tributrios
6.9 Regimes Tributrios
6.10 Base de Clculo e fato gerador
6.11 Sindicatos
6.12 Nota Fiscal
6.13 RPS - Recibo Provisrio de Servios
6.14 Documentao Comprobatria
6.15 Gesto das prticas de empreendedorismo
7 Jurisprudncia
8 As prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza
8.1 Estrutura operacional
8.2 Empreendedorismo unilateral - CLT
8.3 Empreendedorismo convergente Parceria
9 O parceiro
10 Concluses
11 Anexos
Anexo I - Lei N 12592
Anexo II - Projeto de Lei N 5230
Anexo III - Projeto de Lei N 133, de 2015
Anexo IV - Parecer N263, de 2016
Anexo V- Anexo ao Parecer N263, de 2016
12 Agradecimentos e Seminrios Realizados
13 Referncias Bibliogrficas
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
04
07
09
11
18
19
20
22
23
23
23
26
26
27
27
28
30
32
34
37
39
40
42
43
47
49
49
51
51
53
55
59
60
61
63
73
77
80
81
82
85
88
89
91
92
ElderciMquina de escrever
ElderciMquina de escrever
-
4
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Abihpec Associao Brasileira das Indstrias de Higiene Pessoal e Cosmticos. Fonte: Portal do Microempreendedor Individual - Lista dos Relatrios Estatsticos do MEI Emisso: 06/05/2016 e Painel Empresarial de Servios Cadastro SEBRAE de Empresas Posio: Dezembro/2012
A cadeia produtiva de beleza uma cadeia abrangente e diversificada,
envolvendo empreendimentos de diferentes naturezas e portes.
O faturamento dessa cadeia representou 1,8% do PIB nacional e 9,4%
do consumo mundial. Esse cenrio exemplifica o elevado potencial de
gerao de renda e de postos de trabalho e a relevncia do segmento
de beleza no desenvolvimento econmico e social do pas.
No que tange cadeia de servios de beleza, com foco em sales
de beleza, temos:
O Brasil o 3 maior
mercado mundial de
beleza.
INTRODUO
A cadeia produtiva
de beleza teve um
faturamento R$ 101.7
bilhes.
Dados do Portal do Empreendedor em maio de 2016, indicam 600.224
microempreendedores individuais (MEIs) no segmento de Beleza.
Segmento relevante na cadeia produtiva de Beleza, os sales de beleza
no Brasil j contam com mais de 626.000 empreendimentos formais.2
A despeito dos nmeros significativos, esse segmento apresenta di-
versas carncias estruturais, tais como elevado grau de informalidade;
indefinio de marco regulatrio e das relaes jurdicas de nature-
za civil, tributria, trabalhista, de exerccio profissional e comercial da
atividade; carncia de formao dos empreendedores quanto ges-
to de seus empreendimentos e tcnica profissional; ausncia e/
ou desconhecimento de normas tcnicas, sanitrias e ambientais, de
funcionamento e precariedade de funcionamento, dentre outras.
O trabalho desenvolvido pelo Sebrae acompanhou o amadureci-
mento histrico desse segmento, que se mostrou capaz de evoluir
estruturalmente para modelos contemporneos de parceria, os quais
demonstraram a pujana de um segmento que luta por sua sobrevi-
vncia, sustentabilidade e competitividade.
O Sebrae, atravs da Unidade de Atendimento Setorial, com sua carteira
de Beleza Esttica, tem desenvolvido trabalho relevante nesse segmento.
A atuao da carteira de beleza foi fundamental quando, se articulou
junto a governana do segmento e realizou diversos estudos e semi-
nrios sobre as prticas de empreendedorismo. Atuou tambm como
elemento aglutinador das diversas frentes que se mobilizaram para
a mudana do marco regulatrio, que culminou com a aprovao no
senado de Projeto de lei que reconhece a relao de parceria.
-
5
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
3 Sistema de Monitoramento Estratgico Projetos de Beleza e Esttica Emisso: 04/05/20164 Estudo Modelo de Empreendedorismo -Mercado dos Sales de Beleza, realizado peloSEBRAE - UACS - UNIDADE DE ATENDIMENTOCOLETIVO/SERVIOS, com a Coordenaode Andrezza Torres e Consultoria Tcnica deFernanda Zannoni. Publicado em janeiro de 2015.
O segmento de servios de beleza tem hoje uma percepo do Sebrae como uma agncia de desenvolvimento setorial, capaz de promover um efetivo desenvolvimento sustentvel dos pe-quenos negcios de beleza e alavancar a sua competitividade.
A carteira de Beleza e Esttica do Sebrae tem uma atuao sistmi-
ca, conectando iniciativas como a coordenao das primeiras normas
tcnicas para o segmento de beleza, estudos de modelos/prticas de
empreendedorismo, suporte ao segmento em relao ao seu marco
regulatrio e fortalecimento da representatividade setorial. Essas ativi-
dades esto integradas s atividades tradicionais de cursos e capaci-
taes, consultorias tcnicas, atividades de acesso ao mercado (feiras
e misses empresariais), entre outras.
Como resultado da atuao sistmica e da priorizao do Sebrae junto
ao segmento, temos um nmero representativo de projetos em anda-
mento. Em 2016, o Sebrae est com mais de 90 projetos para atender
aos micro e pequenos empresrios de sales de beleza em 19 esta-
dos brasileiros.3
A atuao do Sebrae junto ao segmento tem sido reconhecida e refe-
renciada pelos representantes da cadeia de valor do segmento, com
destaque nas mdias tradicionais e segmentadas.
Em janeiro de 2015, o Sebrae realizou o primeiro estudo sobre Modelo
de Empreendedorismo - Mercado dos Sales de Beleza4, que apre-
sentou uma primeira anlise e desenvolvimento dos modelos de em-
preendedorismo, contemplando a complexidade dos cenrios do
mercado luz da legislao vigente. Tal estudo trouxe tona dilemas
e desafios histricos enfrentados pelo segmento.
Apresentamos agora este Texto Referencial para a Relao Salo-Parceiro e Profissional-Parceiro, que descreve prticas de empreendedorismo para sales de beleza no Brasil.
Este texto foi resultado de iniciativa da carteira de Beleza Esttica do
Sebrae, que contou com a colaborao de diversos representantes
do segmento e foi validado em diversos seminrios sobre modelos
e prticas de empreendedorismo para sales de beleza promovido
pelo Sebrae.
-
6
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Consolidamos neste estudo as informaes do estudo anterior e mos-
tramos como as diferentes prticas de empreendedorismo esto
estruturadas e so operacionalizadas. Aqui apresenta-se a realidade
ftica dos sales de beleza, que se estruturaram de formas variadas,
procurando minimizar riscos trabalhista e tributrios.
Como se trata de um texto referencial so tambm apresentados os
componentes necessrios estruturao e operacionalizao das
prticas mais maduras de empreendedorismo, em sales de beleza,
com base na primazia da realidade.
Este texto tambm j apresenta a proposta para operacionalizao quando da vigncia do projeto de lei que reconhece a parceria
Apresentamos tambm a cronologia recente de fatos relevantes para o
segmento, como a construo das normas tcnicas, a regulamentao
da profisso, a criao da frente parlamentar e a proposta do projeto de
lei para mudana do marco regulatrio que resultou na aprovao no
senado do PLC 133/2015 que reconhece a relao de parceria.
5
5
5
5
-
7
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
O segmento Sales de Beleza
no Brasil
CAPTULO I
-
8
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Ao longo dos anos, o segmento de sales de beleza cresceu e amadu-
receu. Atualmente temos:
5 Segundo Amrico Pl Rodriguez, a aplicao do princpio da primazia da realidade significa que: [...] em caso de discordncia entre o que ocorre na prtica e o que emerge de docu-mentos ou acordos, deve-se dar preferncia ao primeiro, isto , ao que sucede no terreno dos fatos. [3] RODRIGUEZ, Amrico Pl. Princpios de direito do trabalho. So Paulo: Ltr, 1978. p. 217.
Expressiva parcela de microempreendedores formalizados (mais de meio milho do MEIs);
Elaborao e publicao de Normas Tcnicas especficas
para sales de beleza;
Propostas de lei e regulamentaes para o segmento (PL 5230/2013,
PLC 133/2015, PLP 255/2013 e PLC 125/2015);
Representatividade setorial e relevante apoio de entidades,
sindicatos e associaes (ABSB, Anabel, Abihpec, ABNT, Liga dos Sindicatos, Sinbel, Sinca-
RS, Pro Beleza/SINTA e outros).
Os sales de beleza so relativamente jovens enquanto negcio, se os
compararmos s atividades industriais e comerciais. Considerando-se
a primazia da realidade5, desde o incio da explorao dessa ativida-
de, ela se baseia na combinao de estrutura especializada para a
oferta de servios de beleza aos clientes finais e na diviso percen-
tual das receitas, sendo que o empreendedorismo praticado de forma
majoritria pelos sales de beleza tem como base os usos e costumes,
(art 4, Lei 4657/1942).
Segundo dados da Anabel, Associao Nacional do Comrcio de
Artigos de Higiene Pessoal e Beleza, os donos dos sales repassam
aos profissionais entre 30% a 60% do valor dos servios prestados. Os
8% que registraram os profissionais, o fizeram, na sua grande maioria,
por imposio do Fisco trabalhista, utilizando o piso salarial e mantendo
parte dos rendimentos na informalidade.
-
9
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
AMBIENTE LEGAL DOS SALES DE BELEZA
1.1
No tocante as leis, temos:
Reconhecimento da profissoSomente em 2012 foi promulgada a Lei 12.592, de 18/01/2012, que reco-
nheceu a profisso de cabeleireiro e demais profisses da beleza. Essa
lei foi promulgada pela presidente Dilma Rousseff, que vetou os artigos
que exigiam ensino fundamental e habilitao especfica, mas manteve
o artigo sobre as normas sanitrias e a esterilizao de materiais e uten-
slios utilizados no atendimento aos clientes. Vide em anexo.
Relaes de trabalho/reconhecimento do salo-parceiro e do profissional-parceiro - No dia 16 de setembro de 2015, o plenrio da Cmara dos Deputados
aprovou, o Projeto de Lei PL 5230/13, do Deputado Ricardo Izar (PSD-
SP), na forma do substitutivo da Deputada Soraya Santos (PMDB-RJ).
- No dia 22 de Maro de 2016 foi aprovado no Senado o Projeto de Lei
da Cmara n 133, de 2015 ou PLC 133/20156 e teve como relatora a
Senadora Marta Suplicy. Este o projeto que acrescenta dispositivos
Lei 12.592/2012, reconhecendo a relao de parceria, e as figuras do
salo parceiro e do profissional parceiro.
Aspectos tributrios / reconhecimento da base de clcu-lo e da dissociao dos serviosComplementando o PLC 133, temos a proposta de Projeto de Lei
Complementar PLP 255/2013, tambm do Deputado Ricardo Izar (PSD-
SP), que acrescenta dispositivos ao Estatuto Nacional da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar 123/06) e Lei
Complementar 116/03, que trata do ISS. O projeto de lei complemen-
tar prope a excluso da base tributvel do salo-parceiro, quanto
ao pagamento do imposto pelo Simples Nacional e do Imposto sobre
Servios de Qualquer Natureza (ISS), dos valores que foram efetiva-
mente repassados ao profissional-parceiro.
O segmento de sales de beleza
sofre de carncias estruturais e
desafios. Apesar do crescimento
de formalizaes, das primeiras
normas tcnicas para sales de
beleza e da profissionalizao
que avana, mesmo que lenta-
mente, existem, ainda, questes a
serem trabalhadas para melhoria
do ambiente de negcios.
6 PLC 133/2015 - http://goo.gl/Vb3MOT
RELAES
DE TRABALHO
TRIBUTOS E
ENCARGOS
NORMAS E
REGULAMENTAES
FORMALIZAO
PROFISSIONALIZAO
http://goo.gl/Vb3MOT
-
10
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Em dezembro de 2015, a senadora Marta Suplicy que relatora do
Projeto de Lei da Cmara, PLC n 125/2015 coloca no seu parecer7:
Ainda em relao ao art. 3 da LCP n 123, de 2006, h necessidade de
correo em relao ao tratamento dado s empresas do segmento da
beleza. Atualmente, os valores que so integralmente repassados para
os profissionais-parceiros so contabilizados para fins de enquadramen-
to no regime simplificado, fazendo com que a faixa de enquadramento
seja elevada e at mesmo excluda a possibilidade de enquadramento.
Inserimos, pois, novo pargrafo ao art. 3 da LCP n 123, de 2006, para
excluir da base de clculo da receita bruta tais valores.
So esperadas muitas mudanas neste segmento em cons-tante transformao e evoluo...
7 SENADO FEDERAL PARECER N 1142, DE 2015 http://goo.gl/LstN1u
http://goo.gl/LstN1u
-
11
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Cronologia recente de fatos relevantes para o segmento de
Sales de Beleza
CAPTULO II
-
12
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Criao da Associao Nacional dos Sales de Beleza (ABSB)
A ABSB foi criada em uma reunio promovida pela LOral. Ela iniciou
suas atividades em todo territrio nacional por meio da iniciativa de
um grupo de empresrios do setor de beleza para discutir problemas
recorrentes e suas solues no segmento de sales de beleza. Seu
primeiro presidente foi Kirley Boff da rede Lady&Lord. Inicialmente,
criou-se um grupo de estudos para solidificar e regulamentar em
todo pas a forma de operao de sales de beleza e seus profissio-
nais, tanto nas questes de relao de trabalho como nas questes
ficais e previdencirias. frente da ABSB est o Sr. Jos Augusto do
Nascimento Santos dono da rede Antony.
A ABSB teve papel fundamental no encaminhamento e aprovao
pela cmara do PL 5230/2013, e tambm na aprovao no senado
do PLC 133/2015.
MissoApoiar no fortalecimento, na coordenao e na promoo do desen-
volvimento sustentvel de empreendedores, proprietrios e parceiros
de institutos e sales de beleza brasileiros.
VisoSer reconhecida, nacional e internacionalmente, como centro de
referncia de informao e de promoo do desenvolvimento de
empreendedores, proprietrios e parceiros de institutos e sales
de beleza.
2010
Incio dos trabalhos de Normas Tcnicas para estabele-cimentos de Beleza
A carteira de Beleza do Sebrae Nacional iniciou um trabalho estru-
turante para elaborao das primeiras normas tcnicas para estabe-
lecimentos de beleza. Isso se deu por meio de um convnio reali-
zado pelo Sebrae com a Associao Brasileira de Normas Tcnicas
(ABNT), juntamente com a Associao Brasileira da Indstria de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos (Abihpec). Este trabalho
foi realizado com objetivo de qualificar, padronizar, organizar e esta-
belecer boas prticas para o segmento. Assim, foi criada a Comisso
de Estudo para Normalizao de Servios de Beleza, formada por
donos de sales, cabeleireiros e outros tipos de empreendimentos li-
gados ao segmento, reunindo tambm entidades, associaes, sindi-
catos e representantes da cadeia produtiva de beleza. J no incio dos
trabalhos, ficaram evidentes questes estruturais que careciam de en-
caminhamento diferenciado. Para a Comisso de estudo CE-57:005.01
Comisso de Estudo de Salo de Beleza foram eleitas: Andrezza
Torres (Coordenao) e Elderci Garcia (Secretaria Geral).
2011Normas tcnicas para
Sales de Beleza:
Qualificao
Padronizao
Organizao
Boas prticas
-
13
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Por conta disso, foram criados grupos/ncleos de trabalho como:
Outubro - Estudo sobre Panorama do Setor de Beleza
A Associao Nacional do Comrcio de Artigos de Higiene Pessoal e
Beleza (Anabel) e a Associao Brasileira dos Sales de Beleza (ABSB)
realiza um estudo sobre o setor, com o suporte e a assessoria do
Sebrae. Esse estudo foi entregue ao Ministrio do Desenvolvimento
Indstria e Comrcio (MDIC).
O Grupo de estudo Beleza e Bem estar do Projeto Brasil Maior, co-
ordenado pelo Sebrae, juntamente com a Associao Nacional
do Comrcio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel) e a
Associao Brasileira dos Sales de Beleza (ABSB) realiza um estu-
do sobre o setor de servios de beleza, com o suporte e assessoria
tcnica de Elderci Garcia, consultora do Sebrae SP. Este estudo foi en-
tregue ao Ministrio do Desenvolvimento Indstria e Comrcio (MDIC).
Esse estudo fala dos dilemas do segmento de sales de beleza, com
foco nos usos e costumes e na realidade ftica dos negcios. Alm
disso, mostra os desafios do segmento, as ameaas rentabilidade e
a inadequao legislao existente.
2012
Grupo de trabalho para elaborao da norma tcnica;
Grupo de Inteligncia Setorial;
Grupo de Governana para encaminhamento das ques-
tes do segmento junto ao Governo (liderado por ABSB
e Anabel).
2012Art. 1 reconhecido, em todo o territ-rio nacional, o exerccio das atividades profissionais de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador, nos termos desta Lei.
Art. 4 Os profissionais de que trata esta Lei devero obedecer s normas sanit-rias, efetuando a esterilizao de mate-riais e utenslios utilizados no atendimen-to a seus clientes.
Art. 5 institudo o Dia Nacional do Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Mani-cure, Pedicuro, Depilador e Maquiador, a ser comemorado em todo o Pas, a cada ano, no dia e ms coincidente com a data da promulgao desta Lei.
Janeiro - Regulamentao da profisso, Lei 12.592/12
Em 18 de janeiro de 2012, atravs
da Lei 12.592/12, sancionada
pela presidente Dilma Rousseff a
Lei que reconhece as profisses
de cabeleireiro, barbeiro, esteti-
cista, manicure, pedicure, depila-
dor e maquiador.
ElderciMquina de escrever
ElderciMquina de escrever
ElderciMquina de escreverConsultoria e Assessoria Tcnica: Paulo Bresciani eMaria Del Rosrio (Primeiro Assessoria), Elderci Garcia (Sebrae), Marcelo Mattos (Anabel) e Jos Augusto dos Santos (ABSB)
ElderciMquina de escrever
ElderciMquina de escrever
ElderciMquina de escrever
-
14
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
27 de Novembro - Frente parlamentar do Bem-Estar da Pessoa e dos Produtos e Servios de Higiene Pessoal do Congresso Nacional
Com a coordenao do Deputado Ricardo Izar, criada, como resulta-
do da unio entre parlamentares, empresrios e profissionais do mer-
cado de beleza, a Frente Parlamentar do Bem-Estar da Pessoa e dos
Produtos de Higiene Pessoal, que iniciou os seus trabalhos baseando-
-se em dois pontos:
Regulamentao da profisso de cabeleireiros, manicures,
depiladoras e esteticistas a partir de uma legislao prpria;
Reviso da base de clculo do imposto sobre servios (ISS).
O lanamento da Frente Parlamentar do Bem-Estar contou com re-
presentantes de entidades do segmento: ANABEL, ABSB, SINBEL-RJ,
SEBRAE, empresrios de sales e empresas: Jacques Janine, Werner
Coiffeur, Fio de Cabelo, Hugo Beauty, Lady Lord, Antony Beauty, Hlio
Diff, Studio W, Roberto Capelli e LOral.
2012
12345678
26 de Maro - Projetos de Lei: PL 5230/2013 e PLP 255/2013
Entram em tramitao no Congresso Nacional os dois projetos de au-
toria do presidente da Frente Parlamentar, o Deputado Ricardo Izar.
Esses projetos pleiteiam o reconhecimento e a regulamentao da
relao de parceria entre sales de beleza e prestadores de servios,
criando as figuras do salo-parceiro e do profissional-parceiro. O PLP
255/2013 trata das questes tributrias decorrentes desse modelo.
20132013
Incio da tramitao dos
projetos de lei que tratam
do salo-parceiro e do
profissional-parceiro.
Abril Lanamento da primeira Norma Tcnica para estabelecimentos de Beleza
2014
lanada, pelo Sebrae, pela ABNT e pela Abihpec, na Hair Brasil 2014,
a primeira Norma Tcnica.
Em seguida, so lanadas mais 2 normas tcnicas, formando a tra-
de de Normas Estruturantes para os Sales de beleza, elaborada
pelo Comit Brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmticos
(ABNT/CB-5 ):Lanamento da primeira Norma Tcnica, com Andrezza Torres, do Sebrae, Joo Carlos Baslio, da Abihpec, e Pedro Buzatto Costa, da ABNT.
-
15
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
SAIBA MAIS!Atravs de uma iniciativa do SEBRAE, essas normas podero ser visualizadas ou impressas gratuitamente. Basta cadastrar-se no site da ABNT (obter passaporte) nos links abaixo:www.abntcatalogo.com.br/sebrae/www.abntcatalogo.com.br/sebrae/login.aspx
Janeiro - Estudo Modelo de Empreendedorismo - Mercado dos Sales de Beleza
O Sebrae realizou o primeiro estudo sobre modelo de
Empreendedorismo - para sales de beleza. Este estudo teve como
base a compilao de estudos anteriores.8
2015
Primeira Norma tcnica a ser lanada a NBR16283: 2014
8 Estudo Modelo de Empreendedorismo - Mercado Dos Sales De Beleza, realiza-do pelo SEBRAE - UACS - UNIDADE DE ATENDIMENTO COLETIVO/SERVIOS, com a Coordenao de Andrezza Torres e Consultoria tcnica de Fernanda Zannoni. Publicado em janeiro de 2015.
16 de Setembro - Aprovao na Cmara dos Deputados Projeto de Lei (PL) 5230/13
2015
Cabeleireiros, profissionais da beleza, do-nos de sales, sindicatos e associaes defendem a aprovao da votao do PL 5230/2012
O Plenrio da Cmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei PL
5230/13, do Deputado Ricardo Izar (PSD-SP), que regulamenta a rela-
o entre os sales de beleza e os profissionais que trabalham nesses
estabelecimentos.
A matria, aprovada na forma do substitutivo da Deputada Soraya
Santos (PMDB-RJ), foi enviada ao Senado e tramitou como Projeto
de Lei da Cmara PLC 133/2015, tendo como relatora a Senadora
Marta Suplicy.
Cmara dos deputados - votao do PL 5230/2012
I. ABNT 16283: 2014 Sales de Beleza Terminologia;
II. ABNT NBR 16383:2014 - Estabelecimento de beleza - Requisitos
de boas prticas na prestao de servios, em 29 de outubro de 2014;
III. ABNT NBR 16483:2015 - Estabelecimento de beleza - Competncias
de pessoas que atuam nos estabelecimentos de beleza, em 25 de fe-
vereiro de 2015.
Todas essas normas j foram revistas, atualizadas e enviadas para
nova consulta pblica na sua verso 2015.
Atualmente j est sendo desenvolvida a quarta norma tcnica sobre
Sustentabilidade para sales de beleza, a ABNT 16583: 2015
http://www.abntcatalogo.com.br/sebraehttp://www.abntcatalogo.com.br/sebrae/login.aspx
-
16
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
4 de Novembro - Audincia Pblica Interativa no CDH 2015As comisses de Direitos Huma-
nos e Legislao Participativa
(CDH) e de Assuntos Sociais (CAS)
realizaram audincia pblica inte-
rativa conjunta para instruir o PLC
133/2015, que regulamenta a re-
lao entre os sales de beleza e
os profissionais.
Audincia Pblica do CDH, com Mrcio Michelasi, do Pr-Beleza/Sintra, Senadora Marta Suplicy e Senador Paulo Paim.Andrezza Torres, da carteira de
Beleza do Sebrae Nacional
Jos Augusto do Nascimento, da Associao Nacional dos Sales de Beleza (ABSB).
Essa audincia contou com representantes do Sebrae, da Confede-
rao Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade
(Contratuh), da Associao Nacional dos Sales de Beleza (ABSB) e
do Sindicato dos Profissionais da Beleza e Tcnicas Afins de So Paulo.
16 de Maro Comisso de Assuntos Sociais (CAS)2016O Projeto, PLC 133/2015, que regulamenta contratos de parceria foi
aprovado na Comisso de Assuntos Sociais.
A relatora, senadora Marta Suplicy, deixa claro que o sistema de con-
tratao, conforme normas da Consolidao das Leis do Trabalho
(CLT), continuar valendo, sendo opcional a modalidade de parceria
prevista no projeto. Marta apresentou emenda determinando que se
configure vnculo trabalhista entre o salo e o profissional sempre que
este desempenhar funes diferentes das descritas no contrato de par-
ceria. Em outra emenda, ela suprimiu artigo que possibilitava vincular
assistentes ou auxiliares no mbito do contrato de parceria. A mesma
emenda reafirma a possibilidade de os profissionais parceiros serem
qualificados, perante as autoridades fazendrias, como pequenos em-
presrios, microempresrios ou microempreendedores individuais.
-
17
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
2016
2016
Membros da ABSB, Pro Beleza e salesque defendem a aprovao do Projetojunto ao senado
Cabeleireiros, profissionais da beleza, donos de sales, sindicatos e associaes defendem a aprovao da votao do PL 5230/2012
23 de Maro - Senado aprova regulamentao de parcerias em sales de beleza via PLC 133/2015
O Senado aprovou o PLC 133/2015, projeto que regulamenta os
contratos de parceria e possibilita as associaes entre os sales
detentores dos bens materiais necessrios ao desempenho das ati-
vidades profissionais de cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure,
pedicure, depilador e maquiador e os prestadores desses servios.
O salo ser responsvel pelos pagamentos e recebimentos e repas-
sar ao profissional um percentual do que foi pago pelo cliente. Alm
disso, cabe ao salo reter os valores relativos a tributos e contribuies
sociais e previdencirias devidas pelos profissionais.
Como o texto foi modificado pelos senadores, voltar para reexame
na Cmara dos Deputados. Uma das alteraes foi para determinar
que seja configurado vnculo trabalhista entre o salo e o profissional
sempre que este desempenhar funes diferentes das descritas no
contrato de parceria. Em outra emenda foi retirado o artigo que pos-
sibilitava vincular assistentes ou auxiliares nos contratos de parceria.
Emenda n1 (Correspondente Emenda n1 -CDH/CAS)
D-se ao 7 do art. 1 - A da Lei n 12.592, de 18 de janeiro de 2012,
nos temos do art. 1 do Projeto, a seguinte redao: Art. 1-A. 7 Os
profissionais-parceiros podero ser qualificados, perante as autori-
dades fazendrias, como pequeno empresrios, microempresrios
ou microempreendedores individuais.
Emenda n2 (Correspondente Emenda n2 -CDH/CAS)
D-se ao art. 1-C da Lei n 12.592, de 18 de janeiro de 2012, nos te-
mos do art. 1 do Projeto, a seguinte redao: Art. 1-C. Configurar-
se- vnculo empregatcio entre pessoa jurdica do salo-parceiro e o
profissional-parceiro quando: I - no existir contrato de parceria for-
malizado na pessoa descrita nesa Lei; e II - o profissional-parceiro de-
sempenhar funes diferentes das descritas no contrato de parceira.
O projeto agora volta para o plenrio da Cmara dos Deputados para a
votao das Emendas e na sequncia segue para sanso presidencial.
Lanamento Meet Up Beleza
Durante a Hair Brasil 2016, o Sebrae nacional lanou o MeetUp Beleza.
O Meet up Beleza, so encontros, informais e peridicos, onde acon-
tecem discusses sobre negcios e networking.
-
18
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Viabilidade das Prticas deEmpreendedorismo
CAPTULO III
-
19
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Para que os sales de beleza se estabeleam, necessrio que de-
finam um modelo ou prtica de empreendedorismo. Isso se baseia
fundamentalmente nas escolhas da forma de empreender que defi-
ne as relaes societrias, trabalhistas, tributrias e de consumo en-
tre empreendedores, scios (se houver), colaboradores, empregados,
parceiros de negcio, fornecedores e consumidores.
As prticas de empreendedorismo, atualmente adotados pela maio-
ria dos sales de beleza, ficam sujeitas a autuaes, reclamatrias,
bitributao e perda de competitividade. A viabilidade e a operaciona-
lizao de prticas de empreendedorismo que ofeream segurana
jurdica luz da legislao vigente e que sejam sustentveis e compe-
titivas envolvem algumas premissas:
9 Artigo 113 do Cdigo Civil: Os negcios jurdi-cos devem ser interpretados conforme a boa f e os usos do lugar de sua celebrao.
Viabilidade e alinhamento entre
a realidade ftica e a legislao.
VIABILIDADE OPERACIONAL3.1
Legislao trabalhista e tributria: Reconhecimento da realidade (usos e costumes)9 do segmento, considerando a dissociao dos servios prestados, a definio clara dos fatos geradores e as respectivas bases de clculos.
Papel do Sindicatos (assessoria, suporte e fiscalizao): Sindicatos que atuem no assessoramento contratual, no suporte e na fiscalizao das relaes de trabalho e parceria.
Tecnologia para sistemas de pagamento e carto: Solues integradas e economicamente viveis para compartilhamento de meios de pagamento.
Tecnologia para sistemas de gesto e integrao para emisso de nota fiscal ao cliente final: Solues tecnolgicas e procedimentos operacionais acessveis, econmica e operacionalmente, para emisso de notas fiscais de acordo com as normas fiscais vigentes.
Boas Prticas de sade, segurana do trabalho e sustentabilidade: Conhecimento das leis, dos regulamentos e das normas tcnicas para sales de beleza.
BoasPrticas
Sindicatos
Sistemas
Tecnologia
Legislao
-
20
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
ModeloIdeal
CAPTULO IV
-
O modelo ideal deve contemplar, quais itens?
Simplicidade
Que contempla questes como burocracia, obrigaes e
operacionalizao, alm de completude (as diversas situa-
es e portes dos sales de beleza);
Economicidade
Com preos operacionais, financeiros e custos fiscais aces-
sveis aos pequenos negcios;
Acessibilidade
Com tecnologia e meios de pagamentos com disponibili-
dade e custos compatveis a todos os portes..
Se, frente a todos estes desafios, pudssemos apontar um modelo ide-
al de empreendedorismo para sales de beleza, este seria aquele que:
O modelo ideal de
empreendedorismo
para sales de beleza
Dever ser:
Simples
Econmico
Acessvel
Para que exista:
Segurana jurdica
(fiscal e trabalhista)
Incluso Social
Operacionalizao e
gesto
Boas Prticas
Oportunidades de
trabalho
Desenvolvimento
sustentvel
SEGURANA
GESTO
BOAS PR
TICAS
OPORTUNIDADES
$
21Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Respeita os usos, costumes e prticas do segmento;
Oferece segurana jurdica, especialmente fiscal e trabalhista;
No causa prejuzo ao errio nem bitributao aos contribuintes envolvidos;
Fortalece e apoio s diferentes e legtimas prticas de empreendedorismo;
Respeita os direitos dos trabalhadores e as diferentes prticas autnomas de empreendedorismo;
Promove a sade e a segurana no trabalho;
Permite incluso social aos novos empreendedores;
Tem custos de operacionalizao e gesto compatveis, principalmen-te para os pequenos negcios;
Estimula o desenvolvimento sustentvel dos negcios e a gerao de oportunidades de trabalho;
Promove o respeito e a aderncia s normas e s boas prticas;
Promove a sustentabilidade nos empreendimentos.
-
22
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Componentes das prticas de empreendedorismo para
Sales de Beleza
CAPTULO V
-
23
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
As prticas de empreendedorismo para sales de beleza incluem os
seguintes componentes:
Segundo a Norma Tcnica ABNT 16283: 2014 Sales de Beleza
Terminologia, Sales de Beleza so estabelecimento cuja atividade
a prestao de servios, direta ou por meio de parceiros que se utilizam
de sua estrutura especializada, para atividades tais como corte, pente-
ado, alisamento, colorao, descolorao, alongamento e nutrio de
cabelos e barba, como tambm do embelezamento de ps e mos,
depilaes, embelezamento dos olhos, maquiagem, esttica corpo-
ral, capilar e facial, venda de artigos e acessrios, cosmticos e outros
produtos que visam boa imagem e ao bem-estar dos seus clientes.
Poder ocorrer parceria entre sales e profissionais aut-
nomos (pessoa fsica ou jurdica) por meio de celebrao
de contrato de locao de bens mveis, de arrendamento
e/ou de prestao conjunta de servios ao cliente final.
Existem sales de beleza cujas atividades preponderan-
tes se diferenciam pelas especificidades de servios ou
pblico que atendem, distinguindo-se pelas nomenclatu-
ras como instituto de beleza, cabeleireiro feminino, cabe-
leireiro masculino, cabeleireiro unissex, barbearia, esmal-
teria, escovaria, institutos ou centros de depilao, design
de sobrancelhas, dentre outros.
o detentor dos ativos e do CNPJ do estabelecimento de beleza e
o responsvel pela estrutura especializada para prestao do servio.
Geralmente faz o investimento na infraestrutura fsica e operacional
e cuida da gesto geral do empreendimento. Os sales-parceiros se
associam aos parceiros e profissionais para a prestao do servio ao
cliente final. Neste documento, para efeito de simplificao, chama-
do simplesmente de salo de beleza.
Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade
econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou
de servios, segundo o Cdigo Civil - Lei n 10.406, de 10 de janeiro de
2002, Art. 966.
SALO DE BELEZA (estabelecimento)
SALO-PARCEIRO
EMPRESRIOS
5.1
5.2
5.3
NOTA1
NOTA2
Salo Parceiro
Responsvel pela estrutura
especializada para prestao
do servio e pela gesto do
estabelecimento.
-
24
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Segundo a Norma Tcnica ABNT 16283: 2015, empregado, a pessoa
fsica que presta servios de maneira direta para empresas segundo o
regime previsto pela Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), na forma
de contrato de emprego. So as pessoas que no se sentem em con-
dies de empreender, ou correr os riscos inerentes atividade em-
preendedora, mantendo, com relao ao estabelecimento de beleza,
relao trabalhista, com vnculo empregatcio e rendimentos ou salrio
previamente fixado.
Nos sales de beleza mais estruturados, os colaboradores contratados
como empregados so geralmente aqueles que exercem atividade de
suporte ou administrativa, tais como: recepcionista, secretria, finan-
ceiro, estoquistas, dentre outros. Estes so os chamados celetistas,
sendo que existe entre o empregado e o salo de beleza um contrato
formal de trabalho.
A Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) define o empregador e o
empregado, a saber:
Segundo a Norma Tcnica ABNT 16283: 2015, os profissionais de be-
leza so as pessoas que desenvolvem atividades de cabeleireiro, ma-
nicure, esteticista, depilador, maquiador e similares que atuam como
empregados ou autnomos, ainda que inscritas no Cadastro Nacional
de Pessoa Jurdica - CNPJ na forma empresrio individual, de micro-
empreendedor individual ou mesmo como partcipes de pessoa ju-
rdicas organizadas em forma de cooperativa, de sociedade simples
(sociedade de servios) ou organizao similares.
EMPREGADOS
PROFISSIONAIS DE BELEZA
5.4
5.5
Empregador
Empregado
Empregados
Optam pela relao de
emprego, regida pela CLT
Art. 2 - Considera-se empregador a empresa, in-
dividual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
atividade econmica, admite, assalaria e dirige a
prestao pessoal de servio.
Art. 3 - Considera-se empregado toda pessoa fsica
que prestar servios de natureza no eventual a em-
pregador, sob a dependncia deste e mediante salrio.
-
25
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
10 FELIPPE, Maria Ins. Empreendedorismo: bus-cando o sucesso empresarial. Sala do Empresrio, So Paulo, 1996, v.4, n.16, p10-12 (suplemento).
Profissionais- parceiros
Optam pelo
empreendedorismo.
Autnomos
No tem vnculo
empregatcio.
Segundo a Norma Tcnica ABNT 16283: 2015, o profissional autnomo
(pessoa fsica ou jurdica) que exerce as atividades de corte, penteado, ali-
samento, colorao, descolorao, alongamento e nutrio de cabelos e
barba, assim como tambm de embelezamento de ps e mos, depila-
es, embelezamento do olhar, maquiagem, esttica corporal, capilar e
facial, mediante contrato de parceria junto ao salo de beleza.
Parceiros empresrios ou profissional parceiroO empreendedor legalizado que coexiste, ou seja, tambm exerce
suas atividades dentro da estrutura especializada do salo de beleza.
Este deve estar formalmente regulamentado e domiciliado em ende-
reo prprio que no o mesmo do salo de beleza. Opta pelo em-
preendedorismo de maneira consciente, pois deseja autonomia, inde-
pendncia e liberdade para fazer a gesto de seu empreendimento e
ter seus ganhos atrelados sua habilidade profissional e sua capa-
cidade de produo.
Nos diversos modelos de empreendedorismo, temos sempre a figura
do empreendedor. Segundo a professora Maria Ins Felippe10, o em-
preendedor, em geral, motivado pela autorrealizao e pelo desejo
de assumir responsabilidades e ser independente.
Parceiros Autnomos Segundo a Lei 8.212/91, Art. 12, inciso V, alnea h: autnomo, por sua
vez, o trabalhador que exerce sua atividade profissional sem vnculo
empregatcio, por conta prpria e com a assuno de seus prprios ris-
cos, sendo certo de que esta prestao de servios h de ser eventual
e no habitual, com permisso de controle de jornada e autonomia nas
decises.
PROFISSIONAL-PARCEIRO5.6
-
26
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
11 Livro Vocabulrio jurdico / De Plcido e Silva ; atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Priscila Pereira Vasques Gomes. -- Imprenta: Rio de Janeiro, Forense, 2014.
SAIBA MAIS!
O que necessrio para contratar um trabalhador autnomo?www.migre.me/tuYqo
Prestam servio de forma autnoma a uma ou mais empresas, por
conta prpria, exercendo uma atividade profissional remunerada pres-
tando a terceiros servios sem relao de emprego. Ressaltando que
somente se configura o trabalho autnomo quando existe inteira li-
berdade de ao, ou seja, quando o trabalhador atua como patro de
si mesmo, com poderes jurdicos de organizao prpria, sem cum-
primento de horrio, subordinao e dependncia econmica em re-
lao empresa contratante. Por no ser empregado, inexistindo su-
bordinao jurdica, as disposies da legislao trabalhista no so
aplicveis ao trabalhador autnomo. O contrato entre as partes dever
ser obrigatoriamente firmado por escrito, contendo a qualificao das
mesmas, o objetivo do contrato, o preo ajustado e a forma de paga-
mento, dentre outras clusulas especficas, ajustadas por acordo.11
http://www.migre.me/tuYqohttp://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/guias_cartilhas/como_contratar_mpe
-
27
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Estrutura Operacional dos Sales de Beleza
CAPTULO VI
-
28
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
A estruturao dos sales de beleza leva em conta decises na forma de empreender.
Essas decises impactam os fluxos e procedimentos a serem ado-
tados pelos sales de beleza e so decorrentes de decises de
negcios.
necessrio conhecer-se o cenrio legal e as legislaes trabalhista e
tributria em vigor, para evitar-se riscos e passivos trabalhistas e tribu-
trio, e para uma melhor operao e gesto do negcio.
O modelo ou natureza jurdica da empresa/tipo de CNPJ que ser uti-
lizado depende diretamente de dois pontos: a estrutura que essa pes-
soa jurdica ter, principalmente em termos de scios e funcionrios, e
a finalidade (atividade principal).12
O Contrato Social o instrumento legal entre pessoas que se juntam
para formar uma sociedade. Ele a pea mais importante do incio
de uma empresa, pois constitui a sociedade formalmente perante os
rgos legais, e nele devem estar definidos claramente os seguintes
itens: Interesse das partes; Objetivo da empresa; Descrio do aspecto
societrio e a maneira de integralizao das cotas.
NATUREZA JURDICA, CONTRATO SOCIAL E REQUERIMENTO DEEMPRESRIO
6.1
Os tipos societrios permitidos
por lei, no Brasil, so:
Empresrio
Sociedade Empresria
Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada
(EIRELI)
Demais tipos societrios
12 SAIBA MAIS: Cartilha Comece Certo salo de beleza - Sebrae
TRIBUTAONOTA FISCAL
CLIENTE FINAL GESTO
RELAO DETRABALHO xCONTRATO
ADMINISTRADORAMQUINA
DE CARTODE CRDITO
NATUREZAJURDICA
CONTRATOSOCIAL PRTICA
MEIEI ou EireliSociedade Ltda.
AtividadesCNAEs
UnilateralConvergente
Contrato deTrabalho CLTContrato de LocaoContrato de Parceria
Coligada/parceiraAuto -administradaTerceirizada
Simples NacionalLucro PresumidoLucro Real
CompartilhadaSeparada
-
29
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
SAIBA MAIS!
Os sales de Beleza podero obter mais informaes no Ideia de Negcios Sebrae: Como Montar um Salo de Belezawww.migre.me/tuYzn
SAIBA MAIS!
Sobre o Requerimento de Empresrio (RE) veja no Portal do Empreendedor.www.migre.me/tuYEi
O contrato entre os scios o instrumento que reger a empresa,
mostrando as responsabilidades, os direitos e os deveres de seus
membros e de terceiros. Algumas clusulas so obrigatrias, outras,
facultativas. O Contrato Social tambm faz referncia aos dados ca-
dastrais da empresa e das pessoas que compem a sociedade, bem
como as atividades que sero desenvolvidas por ela. Um Contrato
de Sociedade Empresria Limitada dever ser registrado na Junta
Comercial do Estado. Por sua vez, o Contrato de Sociedade Simples
Limitada registrado no Cartrio de Pessoas Jurdicas.
O Requerimento de Empresrio, por sua vez, o documento que so-
licitado no lugar do contrato social para o tipo de empresa inscrita
como Empresrio Individual.
O Requerimento de Empresrio pode ser considerado o documento
equivalente ao contrato social da pessoa que abre uma empresa
individualmente.
Para o MEI: O Certificado da Condio de Microempreendedor Individual
(CCMEI) o documento comprobatrio do registro como MEI, confor-
me previsto na Resoluo CGSIM n. 16, de 17 de dezembro de 2009, e
substitui o Requerimento de Empresrio para todos os fins.
http://migre.me/tuYznhttp://migre.me/tuYEi
-
30
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
SAIBA MAIS!
No portal do empreendedorO que necessrio para abertura, registro e legalizao do MEIwww.migre.me/tuYGX
13 Consulta de cdigos CNAE no IBGE: http://www.cnae.ibge.gov.br/14 Resposta Consulta n 357/2005, de 9 de agosto de 2005).
CNAEs - ATIVIDADES136.2
Aps a descrio do objeto que trata das atividades realizadas, es-
sas atividades sero classificadas segundo a codificao do Cdigo
Nacional de Atividade Econmica (CNAE). Cada atividade a ser rea-
lizada pela empresa deve ter um cdigo CNAE, para que se possam
emitir as notas fiscais correspondentes a essas atividades.
Para efeito da determinao do CNAE, a atividade econmica princi-
pal (preponderante) aquela com maior contribuio para o valor adi-
cionado, levando-se em considerao a seo principal, a diviso, o
grupo, a classe e a subclasse das atividades principal e secundrias.14
6.2.1 CNAEs utilizados no mercado
Segundo fontes do mercado, os CNAEs geralmente utilizados de so:
CNAE Descrio da Atividade
9602-5/01 Cabeleireiros, Manicure e Pedicure
9602-5/02 Atividades de Esttica e Outros Servios de Cuidados com a Beleza
Dependendo da estrutura, alguns sales tambm se utilizam dos se-
guintes CNAES:
CNAE Descrio da Atividade
7729-2/99Aluguel de outros objetos pessoais e domsticos no especificados anteriormente.
8219-9/99Preparao de documentos e servios especializados de apoio administrativo no especificados anteriormente
8211-3/00 Servios combinados de escritrio e apoio administrativo
8291-1/00 Atividades de cobranas e informaes cadastrais
6399-2/00 Outras atividades de prestao de servios de informao no especificadas anteriormente
4772-5/00 Comrcio varejista de cosmticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal.
7739-0/99 Aluguel de outras mquinas e equipamentos comerciais e industriais no especificados anteriormente, sem operador
http://migre.me/tuYGX
-
31
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
6.2.2 CNAEs no Projeto de Lei
Para discusso sobre modelos e prticas de empreendedorismo
para sales de beleza, o Sebrae nacional realizou 3 seminrios. Estes
seminrios foram realizados em parceria com entidades como: a
Associao Nacional dos Sales de Beleza, com sindicatos (Sinta/
Pro Beleza), com representantes da Beauty fair e Associao Nacional
do Comrcio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel), com
consultores especialistas da rea trabalhista, tributria e contbil, com
gestores de Sebrae regionais, alm de contar com representantes da
indstria nacional como LOral do Brasil e donos de sales de beleza
e redes de franquias de sales.
O grupo de trabalho presente a estes seminrios, discutiu proposio
em relao aos CNAES possveis, considerando o projeto de lei.
No texto do projeto de Lei PLC 133/2015, continuamos com os
CNAES principais:
CNAE Descrio da Atividade
9602-5/01 Cabeleireiros, manicure e pedicure
9602-5/02 Atividades de esttica e outros servios de cuidados com a beleza
Mas como no h CNAE nico e especfico que represente o modelo
a ser regulamentado pelo projeto de lei, poderamos tambm consi-
derar em relao ao texto do projeto:
4 A cota-parte retida pelo salo-parceiro ocorrer a ttulo de atividade
de aluguel de bens mveis e de utenslios para o desempenho das ativi-
dades de servios de beleza
CNAE Descrio da Atividade
7729-2/99 Aluguel de outros objetos pessoais e domsticos no especificados anteriormente.
e/ou a ttulo de servios de gesto, de apoio administrativo, de escritrio,
CNAE Descrio da Atividade
8219-9/99 Preparao de documentos e servios especializados de apoio administrativo no especificados anteriormente
8211-3/00 Servios combinados de escritrio e apoio administrativo
-
32
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
RELAES DE TRABALHO E CONTRATO DE TRABALHO
6.3
15 DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho 11 ed. So Paulo: LTr, 2012.16 SARAIVA, R. Direito do Trabalho para concur-sos pblicos. 4 ed. So Paulo: Mtodo, 2006
de cobrana e de recebimentos de valores transitrios recebidos de
clientes das atividades de servios de beleza,
CNAE Descrio da Atividade
8291-1/00 Atividades de cobranas e informaes cadastrais
6399-2/00 Outras atividades de prestao de servios de informao no especificadas anteriormente
... e a cota-parte destinada ao profissional-parceiro ocorrer a ttulo de
atividades de prestao de servios de beleza.
CNAE Descrio da Atividade
9602-5/01 Cabeleireiros, manicure e pedicure
As relaes de trabalho nos sales de beleza possuem caractersticas
diferenciadas, e essas relaes tm se transformado e evoludo ao longo
do tempo. Os profissionais da beleza pertencem a uma categoria espe-
cfica, cuja organizao de classe vem evoluindo com o direito do traba-
lho, com o direito empresarial (comercial) e com as relaes de consumo.
Podemos dizer que relaes de trabalho so as relaes jurdicas
caracterizadas por terem sua prestao essencial centrada em uma
obrigao de fazer, ou executar um trabalho, mediante pagamento.
A expresso relao de trabalho englobaria, desse modo, a relao de
emprego, a relao de trabalho autnomo, a relao de trabalho even-
tual, de trabalho avulso e outras modalidades15 ou seja, toda modali-
dade de contratao de trabalho humano modernamente admissvel.
Podemos dizer que toda a relao de emprego corresponde a uma
relao de trabalho, mas nem toda relao de trabalho corresponde a
uma relao de emprego.16
A relao de trabalho diferencia-se da relao de emprego porque
falta a ela os elementos caractersticos da relao de emprego, como:
prestao de trabalho por pessoa fsica, pessoalidade, habitualidade
ou no, eventualidade, onerosidade, subordinao e alteridade.
Salo ParceiroQuero ter um negciosustentvel e rentvel.Quero crescer. Dono
Funcionria CLTQuero estabilidade!
Recepcionista
AutnomoSou autnomo. Quero
liberdade!
-
33
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
17 PARCERIA EM SALES DE BELEZA, Apresentao de Mrcio Michelasi, do Sindicato dos Profissionais da Beleza e Tcnicas Afins, So Paulo - Audincia Pblica no CDH: Comisso de Assuntos Sociais e Comisso de Direitos Humanos e Legislao Participativa, em 04/11/2015.
SAIBA MAIS!
Caractersticas que, em conjunto, configuram o vnculo empregatcio:- Subordinao: obedincia a ordens de um superior hierr-quico.- Pessoalidade: carter pessoal da relao; trabalho exercido por pessoa fsica;- Habitualidade: trabalhar de forma contnua, no eventual;- Onerosidade: remunerao pelo trabalho.
6.3.1 Relao de emprego - CLT
Segundo a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), numa relao de
emprego, temos as seguintes figuras:
Empregador Art. 2 CLT - Considera-se empregador a empresa, indi-
vidual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica,
admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servio.
Empregado Art. 3 CLT - a pessoa fsica que presta servios de ma-
neira direta para empresas, segundo o regime na forma de contrato
de emprego.
Na doutrina, alguns autores separam pessoalidade e exerccio por pes-
soa fsica como diferentes requisitos para caracterizao da relao.
6.3.2 Relao de parceria
Parceria a relao que se d quando h um conjunto de esforos
entre duas ou mais pessoas fsicas ou jurdicas em prol da realizao
de uma tarefa comum ou da realizao de uma mesma atividade, no
caso, para o cliente final. Esses esforos so conjuntos e coordenados
e sob regras comuns a ambas as partes. Logo, no existe subordina-
o entre parceiros ou scios. Eles se submetem ao contrato, com
direitos, deveres e interesses comuns e compartilhados.17
-
34
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
18 Oficina Beleza Legal Sebrae SP - material de apoio elaborado por Sandra Fiorentini, con-sultora jurdica do Sebrae-SP.
Contrato de Emprego
Em uma relao de parceria, o dono do salo o responsvel pela
infraestrutura e pela estrutura especializada para a prestao do
servio de beleza. Ele geralmente tambm responsvel por toda a
gesto administrativa e financeira do estabelecimento e pelo recebi-
mento do pagamento relativo ao servio executado e aos produtos co-
mercializados.
O parceiro ou profissional-parceiro responsvel pela execuo do
servio tcnico de beleza. Em uma relao de parceria, o profissio-
nal-parceiro utiliza seus prprios materiais (por exemplo, ferramentas
e acessrios como tesouras e outros utenslios). Caso ele utilize ferra-
mentas do salo de beleza, deveria faz-lo mediante locao.
Em relao aos insumos e produtos utilizados, a prtica mais comum
que o salo de beleza compre o produto e o profissional-parceiros
utilize o estoque do produto do salo (conforme acordo entre as par-
tes). O parceiro poder atender aos clientes em outros locais, tambm
com autonomia e liberdade para fixar seus horrios e controlar sua
agenda. Essas condies devem estar no contrato de parceria.18
O faturamento do parceiro proporcional sua capacidade de produ-
o, e os valores acordados de repasse so altos percentuais sobre o
preo dos servios, geralmente acima de 30%.
Os percentuais so bastante variveis e dependem da regio geo-
grfica, do local do salo (por exemplo, sales em shopping centers
tm percentuais diferenciados), da incluso ou no dos insumos, dos
servios de gesto interna, dos descontos acordados, das condies
contratuais e do acordo entre as partes.
As relaes de trabalho so reguladas por meio de um contrato de
trabalho que estipula os direitos e as obrigaes de ambas as partes.
Os contratos geralmente encontrados nos modelos de empreende-
dorismo praticados pelo mercado de beleza so:
o contrato que se d formalmente por meio do registro em carteira
do empregado e segue as regras estabelecidas na Consolidao das
Leis do Trabalho (CLT).
O art. 442 da CLT, dispe que Vnculo empregatcio a relao exis-
tente entre o empregado e o empregador, assim h um contrato que
consta a prestao de servios dada.
CONTRATOS6.4
-
35
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
A formalizao do contrato de trabalho usualmente ocorre por meio
das anotaes na Carteira de Trabalho e Previdncia Social (CTPS).
O objeto do contrato de trabalho a prestao de servio subordina-
do e no eventual do empregado ao empregador, mediante o paga-
mento de salrio.
No Art. 443, temos que: O contrato individual de trabalho poder ser
acordado tcita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, e por
prazo determinado ou indeterminado. ()
o contrato firmado entre duas pessoas (fsicas ou jurdicas) ou, comu-
mente, entre uma pessoa jurdica e um profissional autnomo (inscrito
ou no como empresrio ou microempreendedor individual), homolo-
gados pelo sindicato da categoria em conformidade com as conven-
es coletivas para que se constitua como prtica formal e legal deste
tipo de empreendedorismo coletivo; ou seja, o instrumento formal
que demonstra que os parceiros (estabelecimento e profissional) co-
existem de comum acordo dentro da mesma estrutura e trabalham
com objetivo comum de oferecer servios ao cliente final.
Segundo a Norma Tcnica ABNT 16283: 2014 Sales de Beleza Ter-
minologia, o contrato de parceria o instrumento formal celebrado
entre o salo de beleza, responsvel pelas instalaes e pela estru-
tura operacional, e o parceiro, profissional autnomo (pessoa fsica
ou jurdica).
Atualmente, o contrato de parceria das atividades da beleza, segundo
algumas orientaes judiciais, uma espcie de sociedade no per-
sonificada (art. 987 do cdigo civil) e tambm previsto em convenes
coletiva de trabalho reconhecidas pelo art. 611, da CLT. O segmento
espera que, com a aprovao do PLC 133/2015, a prtica de parceria j
concebida pelo Cdigo Civil e pela Justia do Trabalho seja ratificada
de forma especfica para mercado da beleza.
O contrato de parceria dever conter todas clusulas necessrias para
a segurana de ambas as partes. Ele dever ser homologado pelo
sindicato da categoria dos profissionais que orientar e atestar que o
negcio jurdico firmado entre as partes no se enquadra em contrato
de emprego, ou no Ministrio Pblico do Trabalho.
O sindicato atuar como entidade assistente para fins de fiscalizao,
defesa e cumprimento dos interesses e direitos do profissional de be-
leza e via reflexa da prpria coletividade substituda (art. 8, III, CF/88),
pelas prerrogativas dos arts. 511, 611 e artigos conexos da CLT.
Contrato de Parceria
CONTRATO DE PARCERIA
Contrato de parceria entre
salo e profissional
CONTRATO DE EMPREGO
CLT- carteira de trabalho
-
36
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
19 Ao de Obrigao de Fazer. Ministrio Pblico do Trabalho da 2 Regio versus Rede de Cabeleireiros Soho. Processo n 0002909-38.2012.5.02.0026. Acesso em www.trtsp.jus.br.
Lembramos que a Emenda Constitucional n 45/2004 ampliou con-
sideravelmente a competncia material da Justia do Trabalho, tor-
nando-a competente para processar e julgar as aes oriundas das
relaes de trabalho (Art. 114, I da CF/1988). Portanto, os contratos de
parceria que no obedecerem aos requisitos legais da parceria pode
ter seu contedo anulado pela Justia do Trabalho.
Um grande avano em relao aos contratos de parceria foi obtido pelo
PR-BELEZA Sindicato dos Profissionais da Beleza e Tcnicas Afins.19
Esse sindicato j homologa os contratos de parceria na forma acorda-
da em assembleia geral da categoria, protocolado no MTE- Minist-
rio do Emprego e Trabalho, e definido em sua conveno coletiva de
trabalho junto ao Ministrio Pblico do Trabalho, sendo ratificado pela
Justia do Trabalho. Este um fato de extrema importncia na histria
da categoria de beleza no Brasil, pois houve uma manifestao clara
do rgo ministerial sobre as parcerias da beleza e este declarou que:
Considerando que a jurisprudncia majoritria entende que as relaes
de trabalho envolvendo as empresas prestadoras dos chamados servi-
os de beleza assemelham-se, em regra, figura de parceria, em que
um dos agentes se responsabiliza pelo local da prestao dos servios
e suas necessidades bsicas (luz, gua, mveis etc.) e outro pela presta-
o de servios propriamente dita;
Considerando que, pelos fundamentos anteriores, o Ministrio Pblico do
Trabalho, como fiscal da lei, reconhece a licitude da relao de parceria
entre os sales de beleza e os respectivos profissionais (cabeleireiro, bar-
beiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador, maquiador, podlogo,
massagista e assemelhados) nas condies contratuais apresentadas
pelo sindicato representante desses trabalhadores, conforme minuta em
anexo ao presente acordo;
Para que haja segurana jurdica, o contrato que rege a relao de
parceria dever ter seus padres de licitude e legalidade verifica-
dos pelo Ministrio Pblico do Trabalho, bem como conter a indi-
cao das partes, sua forma de organizao jurdica, discriminao
das atividades contempladas, definio de local para a prtica dessas
atividades, o percentual de repasse e as obrigaes, direitos e deve-
res das partes. Pode-se, por exemplo, at se definir contratualmente
quem ser responsvel pela gesto do caixa, quem se encarregar
pela gesto da parceria, pelos recebveis, pelas obrigaes fiscais, tri-
butrias, administrativas e acessrias.
-
37
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
normalmente um contrato de locao de espao, mas tambm te-
mos o contrato de locao de bens mveis. Neste caso, o salo cede
sua estrutura especializada ao profissional que presta servio ao clien-
te final. Esses contratos tambm devem ser reconhecidos e homolo-
gados pelo sindicato da categoria profissional, conforme as respecti-
vas convenes coletivas.
Muitos sales de beleza realizam o chamado contrato de locao de ca-
deira, sendo comum o aluguel de cadeira ou espao fsico. Assim, so
realizados muitos contratos de parceria entre estabelecimentos e o pro-
fissional de beleza, onde o estabelecimento determina ou um valor fixo
ou um percentual do valor recebido pelo profissional como pagamento.
Nessa modalidade, deve-se se observar a questo fiscal, pois, para
haver a locao, o profissional dever receber o valor total do servio
e emitir nota fiscal pelo servio prestado e ento dever pagar o salo,
que receber esse valor a ttulo de locao.
Nota: A locao de imveis no tem a incidncia do ISS por no se ca-
racterizar servio e no ter previso de incidncia em Lei Complementar.
Essa figura, formal ou no, tambm est presente em alguns dos mo-
delos de empreendedorismo pesquisados.
Administradora: uma gestora de caixa, ou empresa, cuja atividade principal a gesto de todas as formas de recebimento, que presta servi-
os para o salo de beleza e/ou seus parceiros (pessoa fsica ou jurdica).
A figura da administradora surgiu no mercado para operacionalizar a
gesto de recebveis, e fazer a diviso de receitas entre salo parceiro
e profissional parceiro.
Muitas delas sustentam a premissa da diviso ou rateio de receitas e
sua contrapartida tributria. Assim, a administradora responsvel por
todo o recebimento e diviso de receitas, que geram sua contrapar-
tida tributria. Assim, cada parte paga os impostos relativo aos seus
recebveis, que fica sendo o faturamento de cada parte.
Nota: necessria uma anlise cuidadosa, se possvel junto ao escri-trio de contabilidade contratado, em relao utilizao da figura da
administradora. Deve-se avaliar o que ela pode agregar aos negcios
em termos de gesto, flexibilidade de operao e custos. Deve-se ter
uma viso clara sobre os aspectos operacionais, tributrios, contbeis
e dos custos envolvidos neste modelo.
Contrato de Locao
CONTRATO DE LOCAO
Locao de espao e/ou
bens mveis
ADMINISTRADORA OU GESTORA DE RECEBVEIS
6.5
$
$
-
38
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
20 Meetups de beleza: Reunies peridicas da governana, players e stakeholders do segmento de servios de beleza.- Governana: aqui se refere as entidades de representao coletiva como associaes, sindicatos, etc.- Stakeholders: se refere as partes interessadas - Players: se refere aos competidores e/ou investidores*Nota: No tivemos acesso ao contedo destes contratos cveis para anlise mais aprofundada.
Com a aprovao do PLC 133/2015 e das emendas ao PLC n 125/2015
ou do PLP 255/2013, a maneira como as administradoras atuam hoje
pode se alterar.
Em relao administradora, as prticas utilizadas atualmente so:
Administradora coligada/parceiraGeralmente os sales de maior porte ou as grandes redes de sales
de beleza utilizam uma administradora externa. Nesse caso, a admi-
nistradora uma outra empresa/pessoa jurdica, cujo scio, muitas
vezes, tambm o proprietrio do salo de beleza, ou pessoa ligada
a esse estabelecimento.
A atividade principal dessa administradora a gesto e o recebimento
dos servios de beleza realizados no salo, de maneira coletiva, no
regime de parceria. O salo de beleza e os parceiros pagam uma taxa
administradora pelos servios prestados. Essa taxa pode ser fixa ou
um pequeno percentual dos recebveis.
Autoadministrao No caso de sales de menor porte, no existe a figura da administra-
dora externa ou parceira, devido complexidade e aos custos. Assim,
nesse caso, a atividade de administradora realizada pelo prprio sa-
lo de beleza, que deve analisar se vivel incorporar, no seu con-
trato social, a atividade e o CNAE de administradora ou de servios
correlatos, geralmente servios de apoio administrativo, gesto e co-
brana descritos no item 6.2.
Administradora terceirizada ou gestora de recebveisAlguns sales utilizam uma administradora externa de mercado, no
caso, uma administradora profissional, cuja atividade tem foco na ges-
to dos recebveis.
Assim, para realizao desse servio, ela cobra uma taxa de cada uma
das partes envolvidas (salo e parceiro). Algumas destas empresas se
autodenominam gestora de pagamentos segmentada, gestora de rece-
bveis para sales de beleza ou simplesmente administradora.
Na reta final de elaborao destes documentos, tivemos contato com
algumas destas empresas e apresentamos abaixo, seus argumentos
de venda, que sero objeto de anlise mais aprofundada de nossos
consultores especializados e devero ser discutidos nos prximos se-
minrios e Meetups de beleza20.
Basicamente estas empresas propem:
Operacionalizar o modelo de comissionamento atravs de contrato
cveis* entre profissional parceiro e salo parceiro que utilizem meios
eletrnicos de pagamento. Assim, o modelo proposto seria baseado
na eliso fiscal.
-
39
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Uma das gestoras de pagamentos consultada segmentada, preconiza
inverso das obrigaes: pois no o salo parceiro que contrata o
profissional, e sim o contrrio. Justificam os procedimentos adotados
com a tese de que o mesmo acontece antes do agravo fiscal. Segun-
do ela o contrato proposto neste caso seria um contrato de adeso.
Estas administradoras justificam a taxa de administrao cobrada por
prestarem outros servios, alm dos normalmente oferecidos por uma
credenciada ou adquirente (empresa de carto crdito), pois tambm
oferecem suporte tcnico (jurdico e tributrio), e interface ou conexo
com o sistema de software utilizados.
Pontos de ateno:
1 - Modelo proposto, procedimentos adotados e contratos em geral
(proposta para contrato entre o salo parceiro e profissional parceiro
e destes com a administradora).
2 - Idoneidade e a legalidade da administradora e do modelo pro-
posto. Verificar se a mesma homologada ou credenciada junto aos
rgos competentes.
3 - Taxas de administrao e prazos de pagamento.
Existe um soluo de consulta da Receita Federal, Cosit 80, de 2014,
que trata do conceito de receita bruta e tributao para pessoa jurdica
que preste servios de assessoria financeira e administrativa e implan-
tao de sistemas (gesto do caixa das pessoas jurdicas, que incluem
o recebimento de suas receitas e o pagamento de suas despesas) a
outras pessoas jurdicas, no mbito de um salo de beleza, e que faa
apenas a gesto de recursos dessas pessoas jurdicas, por conta e
ordem delas, sem deter a disponibilidade de tais recursos.
Os clientes pagam os sales de beleza por meio de dinheiro, cheques
e cartes de dbito ou crdito. A forma mais usual de pagamento atu-
almente , contudo, atravs de carto (crdito e dbito).
Devido ao desconhecimento sobre a estrutura operacional na parceria
e a limitaes tecnolgicas, alguns sales no fazem a estruturao e
a operao adequada dos recebveis. necessrio levar-se em conta
que o faturamento considerado definir o valor dos tributos e tambm
a operacionalizao das notas fiscais. Nos sales em que existe a pr-
tica de parceria, o valor recebido nem sempre considerado como o
valor do faturamento do salo.
Geralmente seu recebimento no compatvel com seu real fatura-
mento (que deveria ser o valor recebido descontando a cota-parte
do parceiro). A questo operacional envolve a comprovao de que o
recebimento considerado no o mesmo que o faturamento (proce-
dimentos operacionais e contbeis, documentao comprobatria e
amparo legal na legislao vigente).
RECEBVEIS E MEIOS DE PAGAMENTO6.6
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit/2014/SCCosit802014.pdf
-
40
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
21 Credenciadoras podem receber tambm o nome de adquirentes. So as empresas que credenciam estabelecimentos para a aceitao dos cartes como meios eletrnicos de paga-mento na aquisio de bens e/ou servios.
Muitos sales, no fazem a gesto, o planejamento e a operaciona-
lizao adequados e acabam tendo problemas, sendo muitas vezes
fiscalizados e autuados.
Custos financeiros, prazos de recebimento e fluxo de caixa: muito importante a gesto adequada dos meios de pagamento.
Alguns sales no consideram os custos financeiros das operaes
via carto nem a taxa de desconto para antecipao do recebvel.
muito comum pagarem os parceiros e depois receberem parcelado
da credenciadora de carto, o que ocasiona problemas de fluxo de
caixa quando no existe uma boa gesto financeira.
Sistemas/softwares integrados aos recebimentos:Grandes sales utilizam sistemas automatizados, que so sistemas/
softwares e ferramentas que controlam automaticamente a operao
de recebveis e a integrao destes com os meios de pagamento, o
que inclui as mquinas de carto e at mesmo a alocao entre as
partes (salo e parceiros).
Essa soluo praticamente invivel para os pequenos sales devido
aos custos e sua complexidade. Nos pequenos sales, a operacio-
nalizao feita manualmente, o que torna mais difcil a gesto. O
ideal seria a utilizao de um software ou de alguma soluo tecnol-
gica vivel, em termos de operao e custos, que estivesse integrado
com a mquina de carto de crdito e fizesse automaticamente regis-
tros, clculos e divises de percentuais salo/parceiro.
Documentao comprobatria: Toda operao que envolve os recebveis (dinheiro, cheque ou carto,
que so recebidos diretamente ou atravs de administradora) deve
ser devidamente registrada e contabilizada. importante lembrar que,
no caso de uma fiscalizao, deve-se apresentar toda a documenta-
o comprobatria (registros, livros fiscais, contrato, guia de impostos,
obrigaes, notas fiscais, etc.).
CARTO DE CRDITO6.7
O carto de crdito uma das principais modalidades de pagamento
usadas pelos consumidores em todo o mundo e, no Brasil, j so quase
52 milhes de usurios, o que mostra uma pesquisa realizada pelo
Servio de Proteo ao Crdito (SPC Brasil). A maioria dos estabele-
cimentos j aceitam o pagamento por meio de cartes/mquinas de
carto. Segundo a MasterCard, dos 17 milhes de estabelecimentos co-
merciais no pas, 2,5 milhes aceitam cartes como meio de pagamento.
$10 10$10 10
$ $$
-
41
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Em relao gesto de recebveis pe-los sales de beleza, lembramos que, desde 2003, a legislao obriga as ope-radoras de cartes a informar ao go-verno as transaes realizadas. Dessa forma, a fiscalizao consegue saber, a partir do cruzamento das informaes fornecidas pelas administradoras de cartes de crdito, todas as operaes feitas por seus clientes. Isso se d por meio da Declarao de Operaes com Carto de Credito (Decred).
Para que seja possvel receber
pagamentos atravs de car-
tes de crdito, preciso ad-
quirir as mquinas de cartes
de crdito e fazer o seu cre-
denciamento junto s creden-
ciadoras21 ou adquirentes de
carto de crdito.
O credenciamento pode ser feito tanto por pessoa jurdica, que o mais
comum, como por pessoa fsica. Entretanto, necessrio ter sua situa-
o de crdito em dia, no estar no cadastro de devedor nacional (SPC/
Serasa), possuir uma conta corrente, possuir uma linha telefnica ou in-
ternet (pode ser via celular) e energia para o funcionamento da mquina.
As credenciadoras ou adquirentes de carto de crdito geralmente co-
bram do salo de beleza uma taxa de compra e/ou aluguel de equipa-
mento. Cobram tambm a taxa de desconto, que um percentual so-
bre o valor da venda. As taxas variam muito, assim como o prazo para as
credenciadoras creditarem os valores recebidos. importante saber os
impactos e os custos financeiros das operaes via carto de crdito e
gerenciar os prazos de recebimento e parcelamento dos pagamentos.
6.7.1 Mquina de carto (crdito e dbito)
Em relao s mquinas de carto, os sales podem adotar vrias pr-
ticas: receber todos valores/recebimentos atravs de uma administra-
dora e depois repassar o faturamento lquido para as partes; receber
todos os valores no seu CNPJ e depois fazer o repasse lquido para os
parceiros; ou mesmo dividir os recebimentos por mquina de carto
de crdito e por CNPJ, pratica no muito adotada, pois pode ser ques-
tionada pelo cliente final, que ter que passar o carto vrias vezes.
Do ponto de vista de operaes via mquina de carto de crdito, te-
mos as seguintes possibilidades:
Mquina de carto padro - CNPJ nico: O salo utiliza um nico CNPJ, mesmo que tenha mais de uma mqui-
na. Este o CNPJ credenciado para todos os recebimentos por meio
de carto de crdito, e pode ser o do salo ou o da administradora.
Nesse caso, o cliente final passa o seu carto apenas uma vez na m-
quina de carto de crdito.
Mltiplas Mquinas de Carto mltiplos CNPJs: O salo utiliza mltiplas mquinas que so credenciados para recebi-
mento por meio de carto de crdito. Cada estabelecimento/CNPJ
da parceria tem sua mquina de carto de crdito, recebendo por ela
apenas a cota-parte que lhe cabe. Nesse caso, o cliente final tem que
Credenciamento:
-
42
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
22 CTN - Lei n 5.172 de 25 de outubro de 1966. Excerto sobre Tributao de Daniel Berselli Marinho, scio da SBM Consultoria & Associados
passar o seu carto em mais de uma mquina de carto de crdito.
Para evitar que o cliente passe seu carto em mais de uma mquina,
alguns sales tentam dividir manualmente os valores, de maneira at
aleatria. Assim, algumas vezes eles passam o valor total de um cliente
na mquina do salo e, noutras, na mquina dos parceiros. Est uma
prtica pouco controlada e na qual h margem para erros e problemas.
Quando o salo e seus parceiros optam por ter vrias maquininhas de
carto de crdito, uma para cada parceiro, h de se avaliar os impac-
tos quanto aos custos e viabilidade operacional. Alm do custo de
vrias maquinas, h tambm a gesto da operao pelo salo. Outra
questo que dificulta essa prtica que alguns parceiros no tm cr-
dito ou possuem crdito negativado, o que dificulta a contratao de
mquinas de carto de crdito em seus nomes.
Mquina de carto unificada CNPJs unificados: Esta a soluo tecnolgica mais complexa, em que a credenciadora
cadastra um mesmo terminal de carto de crdito com mais de um
CNPJ, ou seja, um mesmo terminal unificaria os CNPJs. Nesse caso,
o cliente final passaria seu carto uma nica vez e o terminal alocaria
os percentuais para cada um dos CNPJs. Dessa forma, a mquina de
carto de crdito estaria previamente configurada com os percentuais
acordados entre salo e parceiro. Contudo, inda no encontramos, na
prtica, uma mquina que, alm de unificar os CNPJs, fosse parame-
trizvel, ou seja, na qual existisse um menu onde se definisse qual
CNPJ e qual valor percentual de cada um, assim o cliente passaria o
valor total de seu carto uma vez e o terminal ou o software/sistema
integrado faria automaticamente a diviso percentual por CNPJ.
Segundo o artigo 96 do Cdigo Tributrio Nacional22, a legislao tri-
butria compreende as Leis, os tratados e as convenes internacio-
nais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo
ou em parte, sobre tributos e relaes jurdicas a eles pertinentes.
Considerando a viabilidade econmica do negcio, um dos aspectos
que geram insegurana aos sales de beleza so as relaes tribut-
rias, sobre as quais pairam muitas dvidas em relao aos aspectos
jurdicos, aos procedimentos e operacionalizao. Essas questes s
sero equacionadas com segurana quando for aprovado projeto de
lei complementar que trate desse assunto.
No tocante tributao, as questes mais delicadas so:
base de clculo x excluso da cota-parte do parceiro;
fato gerador x segregao ou atribuio de servios.
ASPECTOS TRIBUTRIOS6.8
-
43
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
No existe, atualmente, legislao que defina com clareza a possi-
bilidade de dissociao de servios, com fatos geradores separados
(salo-parceiro e profissional-parceiro), e a possibilidade de excluso,
da base de clculo, da cota-parte do salo-parceiro.
Na prtica, quando existe parceria, vrios sales consideram que so
prestados pelo menos dois servios ao cliente final do salo: um dos
servios executado pelo salo de beleza e outro(s) servio(s) execu-
tado(s) pelo parceiro(s) ou profissional(ais) parceiro(s). Assim, no se
considera o valor total recebido como o faturamento tributado, e sim
o valor das partes, que so tributadas separadamente. Neste caso, al-
guns clientes podem estranhar o fato de receberem mais de uma nota
fiscal com valores particionados.
6.8.1 Eliso e evaso fiscal
A economia tributria resultante da adoo da alternativa legal menos
onerosa ou da lacuna da lei denomina-se eliso fiscal.23 A eliso fiscal
um conjunto de procedimentos previstos em lei ou no vedados por
ela, que visam diminuir o pagamento de tributos. O contribuinte tem o
direito de estruturar o seu negcio da maneira que melhor lhe parea,
procurando a diminuio dos custos de seu empreendimento, inclu-
sive dos impostos. Se a forma celebrada jurdica e lcita, a fazenda
pblica deve respeit-la. 24
Lembramos que a transgresso s regras tributrias caracteriza a eva-
so fiscal.25 A evaso tributria a economia ilcita ou fraudulenta de
tributos porque sua realizao passa necessariamente pelo incumpri-
mento de regras de conduta tributria ou pela utilizao de fraudes.
REGIMES TRIBUTRIOS266.9
As empresas podero optar, dentro das restries e condies permi-
tidas na legislao brasileira, por um dos seguintes regimes tributrios:
Simples Nacional (includo aqui o Microempreendedor Individual), Lu-
cro Presumido, Lucro Arbitrado ou Lucro Real.
23 FABRETTI, Ludio Camargo. Normas antieliso.24 AMARAL, J, Revista Fluxo, Editora Foco, 2002: p. 49.25 MARINS, James. Eliso Tributria e sua Regulao. So Paulo: Dialtica, 2002.26 Contribuies de Daniel Berselli Marinho, s-cio da SBM Consultoria & Associados, consultor credenciado do Sebrae Nacional.
SAIBA MAIS!
Sobre TributaoCartilha na Medida - Tributaowww.migre.me/tuYJu
http://migre.me/tuYJu
-
44
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Desde j recomendado o acompanhamento de um especialista no
tema, geralmente um contador ou um advogado, que poder ajudar o
salo de beleza na elaborao de simulaes para escolha do melhor
regime tributrio.
Vamos comentar um pouco as opes geralmente adotadas: Simples
Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real.
Simples Nacional um sistema que permite s microempresas e s empresas de pe-
queno porte o pagamento de determinados tributos e contribuies
de forma simplificada e em uma nica guia de recolhimento. Est pre-
visto nos artigos 13 a 41 da Lei Complementar n 123/2006.
O Simples Nacional implica o recolhimento mensal unificado dos se-
guintes tributos: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurdica (IRPJ); Im-
posto sobre Produtos Industrializados (IPI); Contribuio Social sobre o
Lucro Lquido (CSLL); Contribuio para o Financiamento da Segurida-
de Social (COFINS); Contribuio para o PIS/Pasep (PIS/PASEP); Con-
tribuio para a Seguridade Social (CPP - cota patronal); Imposto sobre
Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e Sobre Prestaes
de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comu-
nicao (ICMS); e Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS).
As alquotas do Simples Nacional constam nos Anexos I a VI da Lei
Complementar n 123/2006; no caso de sales de beleza, o anexo a
ser aplicado o Anexo III.
A alquota encontrada ser aplicada sobre a receita bruta acumulada
nos 12 (doze) meses anteriores ao do perodo de apurao, e pode-
r variar entre 6% e 17,42% para o referido Anexo. Ressalta-se que o
recolhimento na forma do Simples Nacional no exclui a incidncia
de outros tributos no listados acima. Mesmo para os tributos listados
acima, h situaes em que o recolhimento deve ser realizado parte
do Simples Nacional. O Simples Nacional o regime mais utilizado
pelos sales de beleza e pelos seus parceiros profissionais.
@
-
45
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
ESTATUTO DA MICROEMPRESA E DA EMPRESA DE PEQUENO PORTE (LEI GERAL DAS MPE)O Estatuto Nacional das Microempresas e das Empresas
de Pequeno Porte (Lei Geral das MPE), institudo pela Lei
Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, veio es-
tabelecer normas gerais relativas ao tratamento diferencia-
do e favorecido a ser dispensado s Microempresas (ME), s
Empresas de Pequeno Porte (EPP) e ao Microempreendedor
Individual (MEI), no mbito dos poderes da Unio, dos estados,
do Distrito Federal e dos municpios, nos termos dos artigos
146, 170 e 179 da Constituio Federal.
Os principais benefcios previstos na Lei Geral: a) Simples
Nacional, inclusive com simplificao das obrigaes fiscais
acessrias; b) desonerao tributria das receitas de exporta-
o e substituio tributria; c) dispensa do cumprimento de
certas obrigaes trabalhistas e previdencirias; d) simplifica-
o do processo de abertura, alterao e encerramento das
MPEs; e) facilitao do acesso ao crdito e ao mercado; f) pre-
ferncia nas compras pblicas; g) estmulo inovao tecno-
lgica; h) incentivo ao associativismo na formao de consr-
cios para fomentao de negcios; i) incentivo formao de
consrcios para acesso a servios de segurana e medicina do
trabalho; j) regulamentao da figura do pequeno empresrio,
criando condies para sua formalizao; l) parcelamento de
dvidas tributrias para adeso ao Simples Nacional.
Os Sales de Beleza e parceiros profissionais podem se be-
neficiar da Lei Geral.
Para mais detalhes acesse: www.leigeral.com.br/portal/main.jsp
Lucro presumidoPoder optar pelo lucro presumido a pessoa jurdica cuja receita bruta
total no ano calendrio anterior tenha sido inferior a R$ 78.000.000,00
(setenta e oito milhes de reais), ou R$ 6.500.000,00 (seis milhes e
quinhentos mil reais) multiplicados pelo nmero de meses de atividade.
Em relao aos tributos e contribuies federais, o clculo do lucro
presumido realizado da seguinte forma:
Imposto de Renda Pessoa Jurdica (IRPJ) e Contribuio Social sobre
o Lucro Lquido (CSLL): fixado por lei um percentual de presuno
de lucro sobre a receita bruta (artigo 15 da Lei n 9.249/1995) de ven-
das de mercadorias e/ou prestao de servios. No caso de sales
de beleza, pelo atual status conferido pela Lei n 13.021/2014 como
prestadores de servios, o percentual de presuno de 32%, tanto
para o IRPJ como para a CSLL.
http://www.leigeral.com.br/portal/main.jsphttp://www.leigeral.com.br/portal/main.jsp
-
46
Prticas de Empreendedorismo para Sales de Beleza no Brasil
Aps a determinao do percentual da receita bruta e da formao
da base de clculo, aplica-se uma alquota de 15% para o IRPJ e de 9%
para a CSLL. No caso do IRPJ, ainda haver um adicional de 10% para
a parcela do lucro que exceder o valor de R$ 20.000,00 multiplicado
pelo nmero de meses do perodo. A apurao do IRPJ e da CSLL
feita trimestralmente.
Contribuio para o PIS/Pasep (PIS) e C