precipitação da goma xantana
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL
PRECIPITAÇÃO DA GOMA XANTANA: REVISÃO DE LITERATURA
Discente: Sabrina Maria Rodrigues Jacinto Costa
ARACAJU – SEAGOSTO, 2011
SUMÁRIO
PÁG.
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................3
2. DESENVOLVIMENTO...................................................................................6
2.1Xantomonas campestris............................................................................... 6
2.2 GOMA XANTANA........................................................................................ 7
2.2.1 PROPRIEDADES..................................................................................... 9
2.2.2 PRODUÇÃO............................................................................................. 10
2.2.3 RECUPERAÇÃO DO BIOPOLÍMERO...................................................... 12
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................16
1. INTRODUÇÃO
Os polissacarídeos são polímeros constituídos de várias unidades de
monossacarídeos. Até a década de cinqüenta, eram conhecidos somente os
polissacarídeos de origem de plantas terrestres e marinhas; entretanto, foi nesta
mesma década que foram descobertos os polissacarídeos de origem microbiana. As
bactérias utilizam os polissacarídeos principalmente para proteção em geral, quer
seja contra o ataque de fagócitos e bacteriófagos, quer seja contra a dessecação
(Rottava et al., 2009).
No entanto, os humanos logo perceberam que poderiam utilizá-los para
seu benefício formando soluções viscosas em meio aquoso até mesmo em
concentrações baixas, sendo que, se realizada em condições controladas de
fermentação, a produção desses polímeros garante um material de qualidade (Salah
et al., 2009).
Os microrganismos são capazes de produzir uma gama de estruturas
químicas, tais como polímeros hidrossolúveis com diferentes propriedades, ou seja,
polissacarídeos solúveis em água, sendo que, independente de sua origem (vegetal,
animal ou microbiológica), são denominados gomas (Luvielmo e Scamparini, 2009).
Goma é o termo comum para polissacarídeos coloidais hidro-gel, que
apresentam afinidade com água e apresentam propriedades de ligação com água e
outros materiais orgânicos e inorgânicos. Tradicionalmente, as gomas foram
derivados de uma ampla variedade de plantas. Quimicamente gomas são polímeros
de carboidratos ou polissacarídeos. Os polissacarídeos estão presentes em todas as
formas de vida. Eles têm um número de propriedades únicas físico- químicas. Eles
servem como material estrutural para o reino vegetal, como a reserva de energia,
como adesivos e também como agentes de transferência de informações (Palaniraj
e Jayaraman, 2011).
Os benefícios dos biopolímeros estão ligados às propriedades físico-
químicas reprodutíveis, custo e suprimentos estáveis. Para aplicação industrial, vêm
sendo pesquisados os polissacarídeos extracelulares, por apresentarem processos
de extração e purificação mais simples e maior produtividade (Stredansky et al.,
1999; Sutherland, 1999).
Os biopolímeros apresentam utilidade em vários setores industriais como
indústria alimentícia, de petróleo, termoquímica, têxtil, farmacêutica, de papel,
mineração, tintas, cosméticos e de produtos agropecuários, sendo utilizados por
suas propriedades reológicas (Stredansky et al., 1999; Sutherland, 1999, Scamparini
et al., 2000; Vandame et al., 2010).
Um polissacarídeo muito utilizado é a goma xantana, principalmente a
que é produzida pela Xanthomonas campestris, uma bactéria fitopatogênica com
grande importância comercial. Essas bactérias apresentam forma de bastonetes,
são Gram-negativas e ocorrem isoladas predominantemente. O cultivo em
laboratório das bactérias do gênero Xanthomonas é fácil, pois são aeróbicas e mi-
croaerofílicas, apresentando como temperatura ótima de crescimento entre 25-30°C;
devido ao seu rápido crescimento, produz turbidez em meio líquido com dois a três
dias de fermentação (García-Ochoa et al., 2000).
A goma xantana, produzida por esta espécie, é um biopolímero
apresentando alto peso molecular, normalmente composta de um heptasacarídeo
ramificado, constituído de glicose, manose e ácido glucurônico, aniônico, produzido
por fermentação (Luvielmo e Scamparini, 2009).
A produção de goma microbiana é uma indústria multimilionária devido à
sua estabilidade quanto ao calor, pH, cátions e íons divalentes associoada ao seu
comportamento pseudoplástico sob condições de alto cisalhamento, este
polissacarídeo é o preferido para recuperação de óleo terciária em poços de petróleo
existentes. O preço deste polissacarído chega a custar $7 por libra de peso em
relação ao amido de milho que custa 89 centavos de dólar por libra (Shahjahan,
1983; USDA, 2011).
Devido à grande aplicação da goma xantana e ao seu amplo mercado
mundial, várias pesquisas vêm sendo feitas para otimizar a produção através da
seleção de novas linhagens, da adequação das condições ótimas de crescimento
celular, produção, recuperação e purificação desse polissacarídeo (USDA, 2011).
O presente estudo teve por objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre
a precipitação da goma xantana.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1Xanthomonas campestris
Bactérias, fungos e leveduras são microorganismos capazes de sintetizar
biopolímeros. A bactéria Xanthomonas sp., um importante produtor de biopolímeros,
pertence ao gênero Xanthomonas da família Pseudomonaceae Todos os
microrganismos desse gênero são fitopatogênicos, com exceção do Xanthomonas
maltophilia (García-Ochoa et al., 2000).
A bactéria Xanthomonas campestris também é fitopatogênica, infectando
uma extensa variedade de plantas, causando a morte destas. Quando esta bactéria
infecta a planta, X. campestris fermenta um agente estabilizante chamado goma
xantana - C35H49O29 , um polissacarídeo de alto peso molecular, que é usado em
muitos produtos do dia-a-dia (Fontaniella et al., 2002).
Estas bactérias são Gram-negativas em forma de bastonete apresetando
dimensões que variam entre 0,7 μm e 2 μm de comprimento e entre 0,4 μm e 0,7 μm
de largura, apresentando motilidade devido à presença de um único flagelo polar
(Cruz, 2009).
Fig. 1 – Micrografia eletrônica de transmissão da X. Campestris (x 12.000)Fonte: García-Ochoa et al., 2000
A grande maioria das espécies forma colônias amarelas, devido à
produção de carotenóides fotoprotetores chamados xantomonadinas, e altamente
mucóides, devido à produção do exopolissacárideo xantana. Este polissacárido
parece ser essencial à sobrevivência das células bacterianas, oferecendo proteção
contra radiação ultravioleta, congelamento e dessecação (Cruz, 2009).
Fig. 2 – Aspecto da cultura de X. Campestris
Fonte: Google / imagens / Xanthomonas campestris (15/07/2011)
2.2 GOMA XANTANA
A goma xantana é um polissacarídeo natural e um importante biopolímero
industrial. Foi descoberta na década de 60 no NRRL (Northern Regional Research
Laboratories) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Ela é sintetizada
por várias espécies do gênero Xanthomonas. O polissacarídeo B-1459, ou goma
xantana, produzida pela bactéria Xanthomonas campestris NRRL B-1459 foi
amplamente estudada devido às suas propriedades que a permitiriam suplementar
outras gomas hidrossolúveis naturais e sintéticas (García-Ochoa et al., 2000).
A goma xantana é um exopolissacarídeo que é aplicada em diferentes
segmentos industriais, principalmente para as indústrias de alimentos,
farmacêuticas, cosméticos, químico e petroquímico, devido à sua propriedade de for-
mar géis e soluções viscosas em meio aquoso (Fontaniella et al., 2002).
Este polissacarídeo é parcialmente acetilado, contém piruvato,
representado 3% do seu peso total, e ligado a uma única unidade de cadeia lateral
de glicose. A xantana contém uma unidade básica repetida de 16 resíduos dos quais
13 estão presentes na linha principal com três resíduos ligados como uma única
unidade de cadeia lateral. As ligações glicosídicas do ácido D-glucurônico estão nas
posições (1-2), já as ligações glicosídicas da D-glicose e D-manose na linha principal
estão nas posições (1-4). Todas estas ligações são de configuração β. A estrutura
principal do polímero é formada por unidades β-D-glucose, além de cadeia lateral
constituída, respectivamente, de uma molécula de manose, ácido glicurônico e
manose. Aproximadamente metade das unidades de manose terminal carrega um
acido pirúvico, sendo que a unidade de manose ligada à estrutura principal carrega
um grupo acetil, conferindo ao polissacarídeo, característica aniônica (Shahjahan,
1984).
Fig. 3 – Estrutura do polissacarídeo extracelular da X. CampestrisFonte: García-Ochoa et al., 2000
A xantana apresenta propriedades reológicas diferenciadas, se tornando
uma alternativa às gomas tradicionais, tais como: alto grau de pseudoplasticidade,
elevada viscosidade mesmo a baixas concentarções, compatibilidade e estabilidade
com a maioria dos sais metálicos, excelente solubilidade e estabilidade tanto em
meio ácido quanto alcalino, resistência à degradação a elevadas temperaturas,
assim como a oscilações de pH, sendo amplamente utilizadas como geleificantes,
estabilizantes, colóides protetores, espessantes e agentes de suspensão. Sua
produção vem sendo aprimorada nas últimas décadas devido à seleção genética
que vem sendo feita e por melhoramentos no processo experimental (Letisse et al.,
2002).
A goma xantana também é usada para prolongar a vida útil dos poços
de gás e petróleo que deixaram de produzir. Uma solução de água e goma é
bombeada para dentro da terra para empurrar para fora todo o óleo bruto
restante. Este produto versátil também é empurrado para o chão com areia sob
alta pressão para quebrar rochas em poços de petróleo e gás (USDA, 2011).
A xantana é a goma industrial mais produzida comercialmente, obtida por
fermentação, com uma produção mundial anual de 30.000 toneladas, o que
corresponde a um mercado de 408 milhões dólares (Kalogiannis et al., 2003), e
espera-se atingir uma produção de 80.000 toneladas / ano em 2015 (Carignatto et
al., 2011).
2.2.1 PROPRIEDADES
A goma xantana tem sido um dos polímeros mais utilizados na indústria
alimentícia em todo o mundo. Em 1969, o FDA (Food and Drug Administration)
permitiu a goma xantana em uso geral em alimentos. Em 1973, este mesmo órgão
permitiu o uso deste biopolímero no processo de sorvete como um agente
estabilizante e espessante (Shahjahan, 1984).
Este biopolímero apresenta propriedades físico-químicas que superam
todas as dos outros polissacarídeos disponíveis no mercado. Dentre estas se
destacam sua estabilidade em ampla faixa de temperatura e de pH, mesmo na
presença de sais, bem como sua elevada viscosidade em baixas concentrações
(0,05-1,0%) (Fontaniella et al., 2002; García-Ochoa et al., 2000; Sutherland, 1998).
A faixa de pH em que a goma xantana se apresenta altamente estável é
ampla, se situando entre valores de 2,5 a 11,0. Essa estabilidade depende da
concentração: quanto maior a concentração, maior a estabilidade da solução. A
goma xantana é estável também em um largo intervalo de temperatura, entre 10ºC e
90ºC, e a viscosidade é pouco comprometida na presença de sais (Letisse et al.,
2002).
Outra propriedade importante da solução deste biopolímero é a interação
com galactomananas, polissacarídeos neutros extraídos de sementes de
leguminosas constituídos por cadeia de manose com ramificações de galactose, tais
como as gomas locusta e guar. A adição, à temperatura ambiente, de alguma
dessas galactomananas numa solução de goma xantana causa sinergismo,
aumentando sua viscosidade (García-Ochoa et al., 2000)
2.2.2 PRODUÇÃO
O cultivo por fermentação de culturas de X. campestris é realizado para
que esta bactéria produza a goma xantana. A produção completa da goma consiste
nas etapas de obtenção do pré-inóculo, inóculo, fermentação, pasteurização,
remoção das células bacterianas, precipitação, separação e secagem da goma
(García-Ochoa et al., 2000).
Para produzir a goma xantana, a bactéria X. campestris precisa de vários
nutrientes, macronutrientes, tais como carbono e nitrogênio e micronutrientes (como
potássio, fósforo, ferro, e cálcio). O meio utilizado deve apresentar os mínimos pré-
requisitos nutricionais para que ocorra a produção da goma pela Xanthomonas que
deve ser composto de uma fonte de carbono (carboidratos), uma fonte de nitrogênio
e uma de fonte de fósforo (Patel e Patel, 2011).
A concentração da fonte de carbono afeta o rendimento de goma xantana,
sendo a glicose e a sacarose as fontes de carbono mais freqüentemente utilizadas.
A rota de síntese da xantana pode ser dividida em três partes: (i) absorção de
açúcares simples e conversão para derivados nucleotídicos, (ii) montagem de
subunidades de pentassacarídeo anexadas a um transportador isopentil pirofosfato,
(iii) polimerização de repetidas unidades de pentassacarídeo e sua secreção
(Luvielmo e Scamparini 2009; Palaniraj e Jayaraman, 2011).
O crescimento dos microrganismos e a produção da goma xantana são
influenciados por fatores tais como o tipo de reator, o modo de operação (batelada
ou contínuo), composição do meio, e as condições da cultura (temperatura, pH e
concentração de oxigênio dissolvido) (García-Ochoa et al., 2000).
No final da fermentação, o caldo contém xantana, células bacterianas e
muitos outros químicos. Para a recuperação da xantana, as células geralmente
removidas primeiro, tanto por filtração quanto por centrifugação A purificação
posterior pode incluir precipitação usando isopropanol, etanol e acetona, adição de
alguns sais e ajuste de pH. Após a precipitação, o produto é desidratado
mecanicamente e seco. O produto seco é moído e embalado em recipientes com
baixa permeabilidade (Flores-Candia and Deckwer, 1999).
Fig. 4 – Esquema do processo de produção de goma xantana.Fonte: García-Ochoa et al., 2000
2.2.3 RECUPERAÇÃO DO BIOPOLÍMERO
A obtenção da goma xantana ocorre ao término do processo fermentativo,
quando o polímero é recuperado e purificado. Os métodos utilizados para a
recuperação dos biopolímeros de alguns fatores, como as características do
microorganismo utilizado, do grau de pureza desejado e do tipo de polissacarídeo. O
processo de recuperação da goma xantana representa um importante papel na
economia do processo (Rosalam e England, 2006).
A precipitação do polímero é alcançada através da diminuição da
solubilidade do colóide dissolvido utilizando métodos como a adição de sais, de não-
solventes miscíveis em água e concentração por evaporação. Os álcoois (metanol,
etanol, isopropanol) e acetona, que são não-solventes para o polissacarídeo, podem
ser adicionados ao caldo de fermentação, não só para diminuir a solubilidade até a
que a separação de fases ocorra, mas também para lavar as impurezas, tais como
componentes coloridos, sais e células (Palaniraj e Jayaraman, 2011).
As opções para a recuperação do biopolímero que já foram estudadas
incluem precipitação com solventes orgânicos como o etanol (Zhang and Chen,
2010; Nasr et al., 2007), álcool isopropil (IPA) (Galindo and Albiter, 1996), misturas
de sais e álcool (Torrestiana-Sanchez et al., 2007; Psomas et al., 2007; Garcia-
Ochoa et al., 2000) e precipitação com sais trivalentes e tetravalentes (Kennedy,
1981). Já foram reportados também o uso de ultra-filtração (Torrestiana-Sanchez et
al., 2007; Lo et al., 1997).
A quantidade necessária de cada item depende da natureza dos
reagentes. A precipitação total da goma só é possível quando 3 volumes de IPA ou
acetona ou etanol (Zhang and Chen, 2010; Salah et al., 2010; Rottava et al., 2009;
Silva et al., 2009) são adicionados por volume do caldo. Se álcoois inferiores, tais
como o etanol são utilizados, volumes de álcool maior ou igual a 4 são necessários
por volume de caldo (Palaniraj e Jayaraman, 2011). Gumus et al. (2010) precipitou a
goma usando 2 volumes de isopropanol para cada volume do caldo.
Adição de sal em concentrações suficientes também causa precipitação
ou coacervação complexa devido à ligação iônica dos cátions do sal adicionado aos
grupos ionizados no poliânion. Isto leva a reversão de carga no momento em que
todos os grupos aniônicos disponíveis são ligados a um cátion. Cátions polivalentes,
tais como alumínio, cálcio e sais quaternários de amônio são especialmente eficazes
na precipitação; ja os sais monovalentes, como o cloreto de sódio, na causam
precipitação (Keneddy et al., 1981).
A adição de um reagente não-solvente causa a precipitação não somente
por diminuir a hidrofilicidade do polímero, como também para melhorar a ligação dos
cátions que estão presentes. Assim, a xantana precipita com menos quantidade de
reagentes quando álcool e sal são usados em combinação (Garcia-Ochoa et al.,
2000).
Lo et al. (1997) desenvolveram um novo processo de recuperação que é
eficiente energicamente, ambientalmente correto e de baixo custo utilizando
ultrafiltração (UF), um método alternativo para a precipitação com álcool que se
recupera a goma xantana a partir de caldo fermentado diluído. Mesmo sob
condições de alta taxa de cisalhamento, a UF não causou quaisquer efeitos
adversos observados nas propriedades reológicas e peso molecular do polímero
xantana. Assim, a UF pode ser usada para concentrar o caldo xantana a partir da
fermentação por um fator de cinco ou mais vezes taxa, reduzindo assim a
quantidade de álcool necessária para a recuperação xantana em pelo menos 80%.
Torrestiana-Sanchez et al. (2007) reportaram que a precipitação assistida
por membrana reduziu a quantidade de soluto de precipitação utilizado enquanto
que aumentou muito o fluxo da membrana, resultando em uma grande melhoria na
produtividade de separação.
Em um trabalho realizado por Magon et al. (2008), foram realizadas três
formas diferentes para recuperação da goma xantana. No primeiro método, a
precipitação da goma foi feita com a adição de etanol 96° sobre o caldo de
fermentação (3:1v/v). No segundo método, acrescentou-se 0,01% de NaCl no álcool
utilizado. O terceiro método de recuperação ocorreu igual ao primeiro, porém após
precipitação da goma, esta foi dissolvida em solução de NaCl 1% e reprecipitada
com álcool.
Este estudo observou que houve um aumento de 17% e 13% em relação
ao método convencional quando a goma foi recuperada pelos métodos de
reprecipitação e adição de sal ao álcool, respectivamente. Entretanto, a recuperação
de maior quantidade de xantana não foi relacionada à melhor qualidade do
biopolímero obtido. A melhor qualidade de acordo a análise da viscosidade da goma
mostrou que o método convencional foi o mais eficiente, obtendo-se um valor em
média 35,08% e 24,68% maior comparado aos outros dois métodos.
Outros trabalhos foram realizados para avaliar o efeito dos sais na
recuperação da xantana. Borges et al.(2009), obteve aumento na quantidade de
goma produzida quando adicionou 2% tanto de NaCl quanto de KCl no álcool usado
para a precipitação, em relação a produção goma sem adição de sais, entretanto,
não foi avaliada a viscosidade.
Oliveira (2009) obteve maior quantidade na recuperação da goma com a
adição de 0,1% de KCl e 0,05% de NaCl no álcool usado para a precipitação. Com a
adição destes sais, ocorreu uma diminuição da quantidade de solvente de 14% e
10% respectivamente sem prejuízo na concentração de goma. Neste estudo, a
viscosidade foi avaliada e apresentou aumento de 16% e 58% com a adição de
0.01% de KCl e 0.01% de NaCl respectivamente.
Antunes et al. (2000) obtiveram resultados de produção de goma
xantana entre 11,7 g.L-1 e 26,4 g.L-1, utilizando linhagens de X. campestris pv.
pruni. Moreira et al. (2001), realizaram uma seleção entre 18 diferentes
linhagens de X. campestris pv pruni, os autores observaram uma grande
variação na quantidade de goma xantana encontrada após 72 horas de
fermentação, que foi de 2,3 g.L-1 a 8,4 g.L-1. Borges (2003) estudou 30 diferentes
linhagens de X. campestris pv pruni, e observou uma grande variação de produção
de goma xantana para uma mesma linhagem, como no caso da linhagem 83 cuja
produção variou de 0 a 9,2 g.L-1. (APUD 2007 acucar)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido à grande aplicação da goma xantana e ao seu amplo mercado
mundial várias pesquisas vêm sendo feitas para otimizar a produção através das
condições ótimas de crescimento celular, de produção, de recuperação e de
purificação deste polissacarídeo.
Alguns trabalhos mostram que a adição de sais na recuperação da goma
aumenta a quantidade de goma recuperada, no entanto, diminui sua viscosidade, o
mesmo acontece com a utilização de álcool na recuperação deste biopolímero. Há
também trabalhos que avaliam a quantidade de produção por diferentes cepas de
Xanthomonas. Outros estudos avaliam somente a produção da goma por diferentes
métodos de precipitação, como diferentes concentrações de sal e utilização de
diferentes alcoóis, sem pesquisar a viscosidade da goma, ou seja, avaliam somente
a quantidade e não a qualidade do produto produzido.
O estudo das propriedades reológicas da goma é útil para prever a
faixa da taxa cisalhamento, de concentração e temperatura adequada para a
preparação de goma xantana com viscosidades que permitam seu uso em escalas
laboratoriais e industriais. Além disso, uma modelo viscosidade também pode ser útil
no estudo e previsão dos efeitos das condições do processo sobre os atributos da
qualidade do produto final.
A quantidade de goma xantana produzida e a qualidade da mesma, de
acordo com as propriedades reológicas, apresentam variações devido a alguns
fatores como: efeito das fontes de carbono, das fontes de nitrogênio, da
temperatura, do pH e da taxa de transferência de massa.
É difícil comparar os resultados de produções de goma encontradas por
outros autores, pois os resultados variam em função da bactéria utilizada, até
mesmo entre linhagens de um mesmo gênero, espécie e subespécie e, também, em
função da composição dos meios utilizados, e das condições de processo.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, A.E.C.; MOREIRA, A.S.; VENDRUSCOLO, J.L.S.; VENDRUSCOLO, C.
T. Viscosidade aparente de biopolímeros produzidos por diversas cepas de
Xanthomonas campestris pv. pruni. Ciência e Engenharia, Uberlândia, v. 9, n. 1,
p. 83-87, 2000. apud
BLANCA-FONTANIELLA, C. W.; RODRÍGUEZ, D.P.; C. LEGAZ, M.E. Identification
of xanthans isolated from sugarcane juices obtained from scalded plants
infected by Xanthomonas albilineans. Journal of Chromatography B: Analytical
Technologies in the Biomedical and Life Sciences. Volume 770, Issues 1-2, 25 April
2002.
BORGES, C.D. Caracterização da goma xantana em função das cepas de X.
campestris pv. pruni e das condições operacionais. Dissertação apresentada
à Universidade Federal de Pelotas, para obtenção do título de Mestre em Ciências e
Tecnologia Agroindustrial, Pelotas, 2003. apud
BORGES, C. D., de PAULA, R. C. M, FEITOSA, J. P. A, VENDRUSCOLO, C. T. The
influence of thermal treatment and operational conditions on xanthan
produced by X. arboricola pv pruni strain 106. Carbohydrate Polymers
Volume 75, Issue 2, 22 January 2009, Pages 262-268.
CARIGNATTO, C.R.R.; OLIVEIRA, K.S.M.; LIMA, V.M.G. New culture médium to
xanthan production by Xanthomonas campestris pv. Campestris. Indian Journal
of Microbiology, 2011. Mar, PP. 1-6.
CRUZ, J.C.C. Diversidade genómica, patogenicidade e sensibilidade a
compostos bioactivos em Xanthomonas campestris. Dissertação apresentada à
Universidade de Lisboa para obtenção do título de mestre em Biologia Celular e
Biotecnologia, 2009.
FLORES-CANDIA, J.L.; DECKWER, W.D. Effect of the nitrogen source on
pyruvate content and rheologial properties of xanthan. Biotechnology Progress,
v.15, n.3, p.446-452, 1999.
GALINDO, E.; ALBITER, V. High-yield recovery of xanthan by precipitation with
isopropyl alcohol in a stirred tank. Biotechnology Progress, 12, 540–547, 1996.
GARCÍA-OCHOA, F.; SANTOS, V.E.; CASAS, J. A.; GÓMEZ, E. Xanthan gum:
production, recovery and properties. Biotechnology Advances, v.18, p. 549-579,
2000.
GUMUS, T., DEMIRCI, A.S., MIRIK, M., ARICI, M., AYSAN, Y. Xanthan gum
production of Xanthomonas spp. isolated from different plants. Food Science
Biotechnology 19 (1), 201–206, 2010.
KENNEDY J.F.; BARKER, S.A.; BRADSHAW, I.J.; JONES, P. The isolation of
xanthan gum from fermentations of Xanthomonas campestris by
complexation with Quaternary ammonium salts. Carbohydrate Polymers 1
(1981) 55-66.
KALOGIANNIS, S.; GESTHIMANI, I., MARIA, L.K., DIMITRIOS, A.K., GEORGE,
N.S. Optimization of xanthan gum production by Xanthomonas campestris
grown in molasses. Process Biochemistry 9, 249–256, 2003.
LO, Y.M., YANG, S.T., MIN, D.B. Ultrafiltration of xanthan gum fermentation
broth: process and economic analyses. Journal of Food Engineering, 31, 219–
236, 1997.
LETISSE, F.; CHEVALLEREAU, P.; SIMON, J.L.; LINDLEY, N. The influence of
metabolic network structures and energy requirements on xanthan gum yield.
Journal of Biotechnology. Volume 99, Issue 3, 13 November 2002, Pages 307-317.
LUVIELMO, M.M.; SCAMPARINI, A.R.P. Goma xantana: produção, recuperação,
propriedades e aplicação. Estudos tecnológicos: 2009, Vol. 5, n° 1: 50-67.
LUVIELMO, M.M.; VENDRUSCOLO, C.T.; SCAMPARINI, A.R.P. Seleção de
linhagens de Xanthomonas campestris para a produção de goma xantana.
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 28, n.2, p. 161-172, jul./dez.
2007. (APUD)
MAGON, V.C; CARIGNATTO, C.R.R.; NETO, P.O. Diferentes métodos de
precipitação e solubilização da goma xantana. Trabalho apresentado no XXII
Congresso de Iniciação Científica da Unesp, Novemro, 2010.
MOREIRA, A.S.; VENDRUSCOLO, J.L.S.; GIL-TURNES, C.; VENDRUSCOLO, C.T.
Screening among 18 novel strains of X. campestris pv. pruni. Food
Hydrocolloids, Oxford, v. 15, n.4-6, p. 469-474, 2001. apud
NASR, S., SOUDI, M.R., HAGHIGHI, M. Xanthan production by a native strain of
Xanthomonas campestris and evaluation of application in EOR. Pakistan Journal
of Biological Sciences 10 (17), 3010–3013, 2007.
OLIVEIRA, K.S.M. Diferentes parâmetros de produção e extração de goma
xantana pela fermentação de Xanthomonas campestris pv campestris. – Rio
Claro [s.n.], 2009.
PALANIRAJ, A; JAYARAMAN, V. Production, recovery and applications of
xanthan gum by Xanthomonas campestris. Journal of Food Engineering, 1–12,
2011.
PATEL R. M.; PATEL V. P. Microbial Polysaccharides: Current innovations and
Future trends in Medical science. Current Pharma Research: 2011, 204-209.
PSOMAS, S.K., LIAKOPOULOU-KYRIAKIDES, M., KYRIAKIDIS, D.A. Optimization
study of xanthan gum production using response surface methodology.
Biochemical Engineering Journal 35, 273–280, 2007.
ROSALAM, S.; ENGLAND, R. Review of xanthan gum production from
unmodified starches by Xanthomonas comprestris sp. Enzyme and Microbial
Technology 39 (2006) 197–207.
ROTTAVA, I., BATESINI, G., SILVA, M.F., LERIN, L., OLIVEIRA, D., PADILHA, F.F.,
TONIAZZO, G., MOSSI, A., CANSIAN, R.L., LUCCIO, M.D., TREICHEL, H. Xanthan
gum production and rheological behavior using different strains of
Xanthomonas sp.. Carbohydrate Polymers 77, 65–71, 2009.
SCAMPARINI, A. R. P.; VENDRUSCULO, C.; MALDONADE, I.; DRUZIAN, J. I.;
MARIUZO, D. In: Nishinari, K. New biopolymers produced by nitrogen fixing
microorganism for use in foods. Hydrocolloids: Part 1. Physical Chemistry
Industrial Application of Gels Polysaccharides, and Proteins. Osaka, Japan:
Osaka City University, [S.n.], 2000. p. 169-178.
SALAH, R.B., CHAARI, K., BESBES, S., KTARI, N., BLECKER, C., DEROANNE, C.,
ATTIA, H. Optimization of xanthan gum production by palm date (Phoenix
dactylifera L.) juice by-products using response surface methodology. Food
Chemistry 121, 627–633, 2010.
SHAHJAHAN, B. Biosynthesis of Xanthan Gum by locally isolated
Xanthomonas species. Tese apresentada à Universidade de Punjab para obtenção
do título de Doutor em Filosofia, 1984.
SILVA, M.F., FORNARI, R.C.G., MAZUTTI, M.A., OLIVEIRA, D., PADILHA, F.F.,
CICHOSKI, A.J., CANSIAN, R.L., LUCCIO, M.D., TREICHEL, H. Production and
characterization of xanthan gum by Xanthomonas campestris using cheese
whey as sole carbon source. Journal of Food Engineering 90, 119–123
STREDANSKY, M.; CONTI, E.; NAVARINI, L.; BERTOCCHI, C. Production of
bacterial exopolysaccharides by solid substrate fermentation. Process
Biochemistry, v. 34, n. 1, p. 11-16, 1999.
SUTHERLAND, I. W. Polysaccharases for microbial exopolysaccharides.
Carbohydrate Polymers, v. 38, n. 4, p. 319-328, 1999
SUTHERLAND IW. Novel and established applications of microbial
polysaccharides. Trends in Biotechnology. Volume 16, Issue 1, January 1998,
Pages 41-46
TORRESTIANA-SANCHEZ, B., BALDERAS-LUNA, L., BRITO-DE LA FUENTE, E.,
LENCKI, R.W. The use of membrane-assisted precipitation for the
concentration of xanthan gum. Journal of Membrane Science 294, 84–92, 2007.
VANDAME, E. J.; BRUGGEMAN, G.; BAETS, S.; VANHOOREN, P. T. Useful
polymers of microbial origin. Agro Food Industry Hi-Tech., v. 7, n. 5, p. 21-25,
1996. Bernd H. A. Bacterial polymers: biosynthesis, modifications and
applications. Nature Reviews Microbiology 8, 578-592, 2010.
United States Department of Agriculture, Agricultural Research Service (ARS).
Technologies in the Marketplace. Acesso em 21 de Julho de 2011.
<(http://www.ars.usda.gov/business/docs.htm?docid=769&page=5)>
ZHANG, Z.; CHEN, H. Fermentation performance and structure characteristics
of xanthan produced by Xanthomonas campestris with a glucose/xylose
mixture. Appl Biochem Biotechnol. 2010 Mar;160(6):1653-63.