preformismo e epigénese

8
6 Introdução A preocupação com os processos de desenvolvimento dos seres vivos é muito antiga. O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) propunha que, durante a formação do embrião, estruturas novas iam sendo formadas progressivamente, num processo que ele denominou epigénese. Esta ideia contrapunha-se a visão de que o embrião já estava pré-formado no gâmeta e, durante o processo de desenvolvimento deveria apenas crescer. A posição de Aristóteles prevaleceu até o século XVII quando, então, os embates entre os preformacionistas e os defensores da epigénese se reacenderam, tendo perdurado por todo o século XVIII. Alguns estudiosos, defensores do preformacionismo, alegavam que o embrião, já formado, encontrava-se no espermatozóide e que este "homúnculo" podia ser visualizado ao microscópio. Somente com o estabelecimento da Teoria Celular por Mathias Schleiden e Theodor Schwan, entre 1838-1839, é que a discussão foi abandonada. Esta teoria é contrária ao Preformismo, pois nega a existência de estruturas pré-formadas no ovo que mais tarde são desenvolvidos; afirma que as potencialidades que são desenvolvidas não são exclusivamente dependentes do código genético, mas também são influenciadas pelo meio ambiente.

Upload: catfilipa-ricardo

Post on 26-Jun-2015

3.983 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Preformismo e Epigénese

6

Introdução

A preocupação com os processos de desenvolvimento dos seres vivos é muito antiga. O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) propunha que, durante a formação do embrião, estruturas novas iam sendo formadas progressivamente, num processo que ele denominou epigénese. Esta ideia contrapunha-se a visão de que o embrião já estava pré-formado no gâmeta e, durante o processo de desenvolvimento deveria apenas crescer. A posição de Aristóteles prevaleceu até o século XVII quando, então, os embates entre os preformacionistas e os defensores da epigénese se reacenderam, tendo perdurado por todo o século XVIII. Alguns estudiosos, defensores do preformacionismo, alegavam que o embrião, já formado, encontrava-se no espermatozóide e que este "homúnculo" podia ser visualizado ao microscópio. Somente com o estabelecimento da Teoria Celular por Mathias Schleiden e Theodor Schwan, entre 1838-1839, é que a discussão foi abandonada. Esta teoria é contrária ao Preformismo, pois nega a existência de estruturas pré-formadas no ovo que mais tarde são desenvolvidos; afirma que as potencialidades que são desenvolvidas não são exclusivamente dependentes do código genético, mas também são influenciadas pelo meio ambiente.

Page 2: Preformismo e Epigénese

6

Preformismo e Epigénese

Com o desenvolvimento da ciência o ser humano teve oportunidade de alargar os seus conhecimentos e os seus horizontes sobre o mundo que o rodeia, os fenómenos que lhe estão associados e, como é claro, sobre si mesmo. Uma dessas descobertas recai precisamente sobre o modo como se processa a transmissão da informação genética de pais para filhos e de que forma o genótipo – o conjunto de genes individuais de cada ser vivo – define física e intelectualmente cada um de nós. Assim, desenvolveram-se, em torno desta questão, duas teorias sobre as perspectivas da acção genética: Preformismo e Epigénese.

Preformismo

A teoria do Preformismo (formulada em meados do século XVII), defendia que o ovo continha, no seu interior, um ser em miniatura, completamente formado quer fisicamente, quer a nível das suas capacidades cerebrais – o homúnculo. Deste modo, a sua evolução enquanto ser humano limitava-se ao mero crescimento do seu corpo, a uma ampliação das estruturas preexistentes no ovo, não tendo em conta a influência do meio envolvente no indivíduo. Neste século, o naturalista suíço Charles Bonnet desenvolve esta concepção reafirmando que o desenvolvimento embrionário mais não era que a ampliação das características do homúnculo: o desenvolvimento não é mais do que uma ampliação. Esta conjectura apoiava, assim, que o ser humano era determinado somente por factores genéticos e que, por isso, estava condicionado por um determinismo hereditário. Este facto explica, então, a razão pela qual muitas vezes se vestiam e abordavam as crianças de maneira semelhante à dos adultos, acreditando-se que eram tão desenvolvidos psicologicamente quanto eles. No final do séc. XVII chegaram-se a formar 2 grupos de cientistas que defendiam 2 orientações distintas: uns consideravam que o futuro ser já se encontrava em miniatura no espermatozóide; outros, que o novo ser existia preformado no óvulo. No interior estaria um pequeno homem preformado, o qual integrava nas suas próprias células sexuais um homúnculo, até ao infinito.

Page 3: Preformismo e Epigénese

6

Hoje em dia, com os avanços nesta área, já é certo que esta teoria não passa disso mesmo, de uma teoria, pois já está comprovado que as capacidades do Homem se definem através dos genes e também do meio ambiente (pois se, o homem tem nos genes grandes capacidades, mas vive num meio em que não pode desenvolver as capacidades, então essas capacidades não são reveladas).

Epigénese

A Epigénese vem defender uma teoria oposta, sendo negada a hipótese de preformismo (por Caspar Wolff Em 1759). Segundo esta concepção, o ovo é uma estrutura desorganizada, e a diferenciação do embrião dá-se pelo efeito de forças exteriores. Não existe um ser preformado no ovo, mas sim um ser inacabado que se vai desenvolvendo lenta e gradualmente e cujas características físicas e mentais são construídas a partir da informação patente no genótipo e da sua envolvência no meio que o rodeia. À medida que se desenvolve vai adquirindo novas aptidões que resultam das várias experiências que vive. Ou seja, o genótipo é apenas uma instrução das características que podem ou não manifestar-se. O termo epigenético refere-se a tudo o que não é determinado pelo património genético. Corresponde às modificações transmissíveis e reversíveis das expressões dos genes, mas que não implicam modificações nas sequências de ADN. O que entretanto se verifica é que há uma variabilidade individual que escapa ao determinismo genético. Como podemos concluir, a visão epigenética sobre a evolução dos indivíduos é mais correcta. Isto porque na realidade os seres humanos nascem inacabados (prematuros e neoténicos), com capacidades muito inferiores àquelas que se evidenciarão em adulto. Tomemos como exemplo um recém-nascido que, durante bastante tempo se mostra incapaz de se deslocar sozinho, de falar e até de comer por si próprio.Ao contrário do que se verifica nos restantes animais, sofremos um grande inacabamento biológico, o que torna o nosso cérebro único e individual. Sendo incompleto, ele vai depender do meio para se moldar e para se desenvolver, transformando-se em algo flexível e plástico. Não

Page 4: Preformismo e Epigénese

6

nascemos humanos, vamos construindo o nosso próprio “eu” ao longo de toda a vida. Não existem dois cérebros, nem duas pessoas iguais, pois cada um tem experiências de vida diferentes e singulares. Gaspar Wolff foi um dos biólogos fundadores da embriologia e negou o preformismo, recuperando a teoria da epigénese defendida por Aristóteles e William Harvey.

Page 5: Preformismo e Epigénese

6

ConclusãoCom este trabalho podemos concluir que o preformismo e a teoria da epigénses são duas perspectivas sobre o papel da hereditariedade e do meio na constituição e no comportamento dos seres humanos.

Que o preformismo é uma teoria segundo o qual o embrião se desenvolve segundo as potencialidades preexistentes no ovo, em que há um determinismo hereditário. A teoria da epigénese demarca-se do performismo ao afirmar a importância do meio ambiente e portanto há uma variabilidade individual que escapa ao determinismo genético. Hoje em dia já sabemos que a teoria correcta é sem dúvida da epigénise em que embora cada individuo tenha algumas estruturas genéticas, são experiencias e o meio envolvente que o tornam um ser único.

Page 6: Preformismo e Epigénese

6

Bibliografia

Texto:

- http://psicob.blogspot.com/2008/04/preformismo-e-epignese.html

- http://psicologia-12abc.blogspot.com/2009/10/preformismo-e-epigenese_05.html

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Epig%C3%A9nese~

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Preformismo

- http://www.notapositiva.com/pt/apntestbs/psicologia/12_primeira_parte_materia.htm

- http://www.slideshare.net/ribeiroliliana/gentica-e-crebro

Imagens:

http://3.bp.blogspot.com/_1e46icBtwx4/RwJVpFuqbkI/AAAAAAAAAAU/l3t1Sp7KMS0/s320/3d_model_DNA_w_phosphate_1%5B1%5D.jpg

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/archive/7/7a/20100403145908!HomunculusLarge.png

http://psicologia-12abc.blogspot.com

http://3.bp.blogspot.com/_eRi7BPBv_Og/SsnSqVRqzeI/AAAAAAAAAfc/z7EeWmbBwX0/s400/Preformismo.jpg