presentation win 2012
DESCRIPTION
Dr. Luciana Cavalini's presentation at the XI Workshop on Medical Informatics in 2012. See: http://www.mlhim.org http://gplus.to/MLHIM and http://gplus.to/MLHIMComm for more information about semantic interoperability in healthcare. #mlhim #semantic_interoperability #health_informaticsTRANSCRIPT
INFORMÁTICA MÉDICA: RECONCILIANDO A INFORMAÇÃO E SEU
CONTEXTO NA PRÁTICA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Profa. Luciana Tricai CavaliniDepartamento de Tecnologias de Informação em SaúdeFaculdade de Ciências MédicasUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Dinâmica e Complexidade do Sistema de Saúde
POR QUE TUDO ESTÁ INFORMATIZADO, MENOS A
SAÚDE?
Sistemas de saúde efetivos respondem rápido às mudanças do perfi l demográfi co e epidemiológico da população
Estas mudanças costumam ser inesperadas. Exemplos: Zoom out: quando há uma epidemia (ou um tsunami) Zoom in: a qualquer hora da emergência de um grande hospital
Em sistemas de saúde baseados em papel, nós demoramos semanas para conseguir identifi car uma epidemia (zoom out) ou um surto de bactéria assassina em um hospital (zoom in)
Promete-se há décadas que esses problemas desaparecerão com a informatização dos serviços de saúde
O fato é que essas promessas ainda não foram cumpridas.
INFORMATIZAÇÃO DA SAÚDE: PANACEIA OU PLACEBO?
Por quê?Por que é tão fácil informatizar tudo (bancos, imposto de
renda, DETRAN, compras na Internet) e é tão difícil na saúde?
(Shaw et al, 2002)
Inundar o sistema de saúde de hardware (e o correspondente software embarcado) tem um efeito pífio sobre a melhora das condições de saúde individuais e coletivas
Sem ilusões: NADA vai JAMAIS superar o efeito da melhoria na renda, no saneamento básico e na cobertura de vacinação
Entretanto, gastam-se milhões ou até bilhões para informatizar, sem planejamento, os sistemas de saúde
Não há muita massa crítica nas áreas técnicas de governo (ou dos hospitais privados) sobre qualidade de software em saúde
Software médico é comprado ou desenvolvido com a mesma arquitetura de software adotada para videolocadoras, postos de gasolina ou caixas de banco
INFORMATIZAR POR INFORMATIZAR?
Creia-me: não vai funcionar.Mas por quê?
Apenas para não dar a impressão de que o problema da informática médica é meramente a qualidade de software:
Imaginemos o software médico com a melhor qualidade possível, baseado em modelagem tradicional, instalado na Clínica C.
O paciente vai à Clínica C fazer um cateterismo pré-operatório, mas a cirurgia de marcapasso será feita no Hospital H, que também tem um software similar.
Por melhor que sejam estes dois softwares, o contexto da informação coletada na Clínica C fica “aprisionado” no modelo de dados definido no código do Software C, e idem para o Software H
UM PARÊNTESIS
Voltemos à pergunta: Por que a modelagem de software que se usa em todos os outros setores da economia não é efetivo para a saúde?
A saúde é o único setor da economia humana que lida com os processos de produção biológicos (criados pela natureza)
Todos os outros setores da economia lidam com processos de produção industriais (criados pelo homem)
Os processos de produção criados pelo homem são mais simples que os biológicos, porque:
POR QUE É DIFERENTE NA SAÚDE?
Tive essas ideias lendo: Dawkins R. O maior espetáculo da Terra, pp. 204-5 (e Marx, lógico).
A evolução teve milhões de anos para chegar a essa
complexidade
A civilização começa há apenas dezenas de milhares de anos
atrás
Os sistemas industriais são tão simples quanto possível para
maximizar lucro
Os sistemas biológicos são tão complexos quanto necessário
para garantirem a sobrevivência da espécie
Sistemas de saúde são muito mais complexos do que qualquer outra coisa no mundo, em relação a 3 dimensões:EspaçoTempoOntologia
DINÂMICA E COMPLEXIDADE EM SAÚDE
Duas cidades podem ser vizinhas e terem necessidades de saúde completamente diferentes
Ou melhor, dois bairros podem ser vizinhos e precisarem de atendimentos de saúde diferentes!
Ou melhor, dois prédios na mesma rua podem ser vizinhos e precisarem de cuidados de saúde diferentes!
Ou melhor, duas pessoas morando juntas podem ter necessidades de saúde diferentes!
Ou melhor, seu pé e seu coração TÊM necessidades de cuidados diferentes!
Ou melhor, dois alelos que determinam doenças diferentes em você vão precisar de terapias gênicas diferentes no futuro!
A COMPLEXIDADE ESPACIAL (1)
Dando um Zoom Out...
A COMPLEXIDADE ESPACIAL (2)
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
Dando um Zoom In...
A COMPLEXIDADE TEMPORAL
Infelizmente, acabou a parte com fotos fofas.
A maior terminologia de medicina (SNOMED-CT) tem mais de 310.000 termos conectados por mais de 1.000.000 de links
Isto significa que, em medicina, existem aproximadamente 310.000 conceitos, conectados entre si de milhões de formas diferentes
Em termos práticos, isso significa que montar um “sistemão megalítico” que todos os serviços poderiam utilizar significaria montar uma quantidade enorme de tabelas com 310.000 campos e milhões de relacionamentos entre si
A COMPLEXIDADE ONTOLÓGICA
Conjectura de Cavalini-Cook: A probabilidade de consenso entre 2 ou mais especialistas de uma mesma área em
relação ao que seria o “modelo de dados máximo” para qualquer conceito em saúde tende a zero
Esta complexidade faz com que um problema de ciência da computação que não existe (ou não é crítico) em qualquer outro setor da sociedade humana seja muito grave em saúde.
Este problema é:
O QUE ESTA COMPLEXIDADE CAUSA?
INTEROPERABILIDADE SEMÂNTICA
De forma inteligível: Interoperabilidade semântica é a capacidade de
enviar um extrato de informação de um sistema A para o sistema B, e destes para o sistema C, e vice-versa, etc, sendo que todos estes extratos de informação são semanticamente válidos em todos os sistemas
INTEROPERABILIDADE SEMÂNTICA
Todos os sistemas leem e entendem todos os extratos de informação dos outros sistemas
- Tosse- Por 3
meses- Febrícula
RX de tórax:- Nódulo
em ápice D
LBA:- TB
RX de tórax:- Nódulo
em ápice D
LBA:- TB
- Tosse- Por 3
meses- Febrícula
- Tosse- Por 3
meses- Febrícula
RX de tórax:- Nódulo
em ápice D
Uma pessoa pode ter cadastro em várias videolocadoras. O seu histórico de locação na videolocadora A não afeta em nada a qualidade do atendimento que vai receber na videolocadora B
Em saúde, tudo é interligado! O que aconteceu com o paciente quando foi atendido no
posto de saúde é CRÍTICO para defi nir o seu atendimento na hora em que ele vai para o hospital
“Ah, mas o paciente pode contar”. Mas muitos pacientes estão desacordados ou sob efeito de
medicamentos psicotrópicos nas horas mais críticas das suas vidas, e as famílias em volta estão chorando e não informam bem tampouco
“Ah, mas pode imprimir o atendimento do posto e redigitar no sistema do hospital”
Ah, mas pode fazer um sistemão que funcione nos dois lugares”
POR QUE A SAÚDE PRECISA DE INTEROPERABILIDADE SEMÂNTICA?
Isso (e coisas similares que funcionam em outras indústrias) vem sendo tentado deste 1961, com gastos de bilhões de dólares e euros,
e não tem funcionado
Interoperabilidade semântica é crítica, mas a complexidade temporal traz um problema incontornável mesmo para sistemas autocontidos
Em saúde, você define o seu modelo de dados hoje e ele não dura 6 meses, porque os conceitos evoluem rápido e novos conceitos aparecem todo dia
A média de tempo para que um software médico seja abandonado é de 2 anos e a taxa de abandono é de 70% (fonte: CHAOS Report)
UM OUTRO PROBLEMA: MANUTENÇÃO
Muitas coisas (muito caras!) foram e ainda têm sido propostas para resolver o problema da interoperabilidade semântica e para reduzir os custos de manutenção dos aplicativos da área biomédica, sem nenhum resultado evidente
Juntando a isto o fato de que a saúde é o setor mais conservador da sociedade, o resultado é que a saúde é o único sistema que ainda depende inteiramente de papel
Lobistas batem à porta dos governos o tempo todo, alegando terem em mãos a solução para os problemas de informatização da saúde, e os governos, afl itos com a pressão política e as queixas sobre a qualidade do sistema de saúde, entram nessa e desperdiçam centenas de milhões de [moeda]
As empresas de software não querem desenvolver produtos para a saúde porque é complicado e os clientes nunca fi cam satisfeitos
CONSEQUÊNCIA
Albert Einstein
“MAKE THINGS AS SIMPLE AS POSSIBLE, BUT NO SIMPLER”
Trazendo o contexto de volta à informática médica
MODELAGEM MULTINÍVEL
MODELAGEM MULTINÍVEL EM UMA IMAGEM (MAIS COMPLICADA)
MODELAGEM MULTINÍVEL EM UMA IMAGEM (MAIS SIMPLES)
Modelo de Referência
Modelagem do Domínio
Seu aplicativo (GUI, DSS, BI etc)
MODELAGEM DO DOMÍNIO
Arquétipos (openEHR ou ISO 13606) CCD (MLHIM)
ConceptConstraintDefinition
Em modelagem multinível, o contexto da informação não fi ca “encarcerado” no software, porque o Modelo de Referência é composto por classes genéricas com o “mínimo” de contexto possível
O contexto da informação fi ca contida, de uma forma intercambiável entre sistemas, nos Modelos de Domínio (arquétipos ou CCDs)
A informação coletada em tempo real durante a consulta terá seu contexto persistido para sempre: as modifi cações futuras no software - mantido o Modelo de Referência estável - nunca mais afetarão seu conteúdo
Estes extratos de informação, contendo o contexto original, corretamente referenciados no espaço e no tempo, podem ser compartilhados por qualquer aplicativo baseado no mesmo Modelo de Referência
TRAZENDO O CONTEXTO DE VOLTA
Últimos anos do século 20: Europa: projeto GEHR torna-se openEHR (Beale e Heard) EUA: Cook desenvolve TORCH
Virada do século: Cook tenta harmonizar TORCH a openEHR openEHR vai para a ISO e negocia a família de Normas
136062009:
MLHIM é lançada (Cook e Cavalini)2012:
Convergência espontânea de openEHR para MLHIM ISO 13606 estaciona
HISTÓRIA
Tim Cook
“MAKE THINGS AS COMPLEX AS NECESSARY, BUT NOT MORECOMPLEX”
MODELAGEM MULTINÍVEL: ENFOQUES
openEHR MLHIM 13606Modelos
Maximalista Minimalista ReducionistaEnfoque
MáximoQualquer tamanho Máximo
Modelo de Dados
Prontuários eletrônicos
Qualquer aplicativo
Somente troca de mensagens
Implementação possível
Muito Mínimo IntermediárioResíduo de contexto no MR
No mundo: http://www.openehr.org/shared-resources/usage/
academic.htmlNo Brasil:
UFMG: 13606 (CI) e MLHIM (CC) UERJ: MLHIM e openEHR UFF: openEHR LNCC: openEHR UFSCar: openEHR UFPR: openEHR USP-RP: openEHR
PROJETOS ACADÊMICOS EM MODELAGEM MULTINÍVEL
“Three rules of work:
- Out of clutter, find simplicity
- From discord, find harmony
- In the middle of difficulty, lies
opportunity.” Albert Einstein