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Pressclipping em 26.dez.2016
“Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência. ”
(Ayrton Senna)
Seguro DPVAT fica mais barato em 2017
Quem tem carro pagará R$ 63,69. Para motos, será R$ 180,65.
Publicado por Thiago Silvério da Costa
Os valores do seguro obrigatório, o DPVAT, serão reduzidos em 2017. Eles foram publicados no Diário
Oficial desta quarta-feira (21).
A partir de 1º de janeiro de 2017, os valores do prêmio tarifário do Seguro DPVAT cobrados de
motoristas e motociclistas serão reduzidos, conforme resolução da Superintendência de Seguros Privados
(Susep).
A redução dos valores abrange dez categorias de veículos. Para automóveis particulares e táxis, por
exemplo, o prêmio cairá de R$ 101,10 para R$ 63,69, já para as motos, o valor passará de R$ 286,75 para
R$ 180,65 e para ônibus, de R$ 390,84 para R$ 246,23.
Pela legislação, o proprietário de veículo sujeito a registro e a licenciamento deve pagar o prêmio do
Seguro DPVAT, criado em 1974 para amparar vítimas de acidentes de trânsito em todo o País, não
importando de quem seja a culpa pelo acidente. O DPVAT paga indenizações de até R$ 13,5 mil, em caso
de morte e invalidez permanente, e de até R$ 2,7 mil para despesas médicas.
Com a resolução, a Susep também modificou alguns porcentuais de repasse dos valores arrecadados com
DPVAT. O porcentual para despesas administrativas subiu de 4,75% para 5,35% e para a corretagem
média caiu de 0,7% para 0,59%. O índice para prêmio puro mais IBNR (Provisão de Sinistros Ocorridos e
Não Avisados) também mudou, de 42,55% para 42,06%. Os porcentuais destinados ao Sistema Único de
Saúde (SUS) e ao Denatran continuam os mesmos, 45% e 5%, respectivamente.
Jesus, bafômetro e a Lei Seca
Publicado por Canal Ciências Criminais
Por Roberto Parentoni
“A Lei Seca agora é tolerância zero!” Com esses dizeres o DENATRAN veicula propaganda de
conscientização nas rádios, afirmando que qualquer quantidade de álcool ingerida resultará em multa e
prisão.
Para aqueles que seguem friamente a letra da lei, a resposta, sem sombra de dúvidas, seria afirmativa.
Ingeriu bebida alcoólica e dirigiu, cadeia.
Porém, na hierarquia das leis, de acordo com a “Pirâmide de Kelsen”, temos que a Constituição não se
submete a nenhuma lei, ou seja, as demais leis devem ser submetidas e comparadas com o texto
constitucional.
Caso contrariem o Texto Maior, serão declaradas inconstitucionais (para os efeitos deste artigo a
inconstitucionalidade deverá ser declarada via controle difuso de constitucionalidade por meio de Recurso
Extraordinário ao Supremo Tribunal Federal). O Código de Trânsito Brasileiro, com as suas alterações,
prevê expressamente que comete o delito aquele que
“conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
de outra substância psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência.”
Por essa razão algumas dioceses estão trocando o vinho por suco de uva para evitar que seus fiéis sejam
pegos no bafômetro.
Todavia, a Constituição prevê como direito fundamental ser “inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias” (art. 5º, VI, da CF).
No contexto da liberdade de consciência e de crença, seria Jesus um criminoso se vivesse atualmente e
retornasse para sua residência, conduzindo seu veículo, após a Santa Ceia?
Seriam os fieis criminosos por terem ingerido vinho na celebração da missa, no exercício pleno de sua
liberdade e crença religiosa e conduziram seus veículos após tal ato? Seria justo aplicar-lhes a multa
prevista para direção embriagada?
A resposta, após confrontar a Constituição com a Lei Seca, é óbvia. Temos a certeza de que é
absolutamente inconstitucional prender ou multar o cidadão que ingeriu vinho ou substância proibida
(existem religiões que utilizam substâncias consideradas como drogas para aproximar a pessoa de Deus).
E o raciocínio é muito simples: ora, se é inviolável a liberdade de crença, esses cidadãos estão exercendo
sua liberdade de crença e ao serem submetidos ao bafômetro não poderão sofrer qualquer tipo de
penalidade sob pena do Estado estar rasgando a sua Lei Maior e desprezando a liberdade religiosa e seus
rituais, o que certamente abriria um perigoso precedente de mitigação de direitos e garantias individuais.
Este artigo tive a honra de escrever em conjunto com o colega e amigo Dr Luiz Ângelo Cerri Neto a qual
rendo minhas homenagens.
Fonte: Canal Ciências Criminais
Empresa terá que indenizar cliente por não
cumprir com velocidade de internet contratada
Publicado por Rafael Siqueira
A 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis decidiu, à unanimidade, que a empresa de
telecomunicações T. B. S. A. Terá que pagar R$ 1 mil de indenização a E. R. Por não ter cumprido com
velocidade de internet contratada pela consumidora para sua linha de telefone celular. O Acórdão foi
proferido nos autos do Processo nº 0010364-26.2014.8.01.0070, onde ambas as partes interpuseram
Recursos Inominados na tentativa de reformar a sentença de 1º Grau, mantida inalterada.
Os juízes de Direito que compuseram o Colegiado, Zenice Cardozo, José Augusto decidiram, à
unanimidade, seguir o voto de relator do recurso, o juiz de Direito Élcio Sabo, que destacou que foi
“demonstrada à falha na prestação de serviços da reclamada, configurado restou o dano moral, diante da
privação do uso regular de serviço considerado essencial na atualidade, devendo ser mantida a
condenação”.
Entenda o Caso
O 3º Juizado Especial Cível da Comarca de Rio Branco julgou parcialmente procedente os pedidos
expressos na reclamação cível, apresentada por E. R., condenando a empresa de telecomunicações a pagar
indenização de mil reais, pelos danos morais que causou na consumidora por não fornecer o serviço de
internet com a velocidade de 10 Gigabytes que havia sido contratado.
Contudo, dessa sentença, tanto a empresa quanto a reclamante apresentaram recursos. A empresa solicitou
a extinção do caso ou a improcedência do pedido, argumentando que a peça inicial “não indicou os
fundamentos de fato e de direito aptos a ensejarem a procedência dos pedidos”, o que deveria impor a
extinção do feito sem resolução do mérito. A empresa também discorreu sobre a regular prestação dos
serviços e inexistência do dano de qualquer natureza.
Por sua vez, a consumidora buscou reformar a sentença para que o valor indenizatório fosse aumentado,
afirmando que a quantia estabelecida pelo Juízo de 1º Grau “não é razoável e nem pondera a capacidade
econômica da empresa, caracterizando um valor ínfimo que ao invés de funcionar pedagogicamente vai
até incentivar a falta de cuidado no trato com os clientes”.
Decisão
O juiz de Direito Elcio Sabo, relator do processo, iniciou a análise dos Apelos, pelo recurso apresentado
pela empresa e afirmou que foi trazido aos autos documentos que “demonstram a baixa velocidade do
serviço”, além de enfatizar que a requerida não demonstrou “o descumprimento às exigências da lei
processual” na peça inicial.
Assim, o magistrado rejeitou os argumentos da empresa, discorrendo que “reclamante comprovou, por
meio dos documentos de fls. 66/106, que além de não ter usufruído da velocidade contratada – pois na
maioria das vezes a conexão nem chegava a 2 Mbps (fl. 78) -, tentou em várias oportunidades resolver o
problema com a Reclamada, sem receber a devida atenção”.
Passando a analisar o recurso da consumidora, o juiz-relator também o rejeitou, por acreditar que o
quantum indenizatório é razoável e proporcional ao transtorno causado, “não prospera a pretensão da
Reclamante à majoração do valor da indenização, que já foi fixada em patamar apto a evitar o
enriquecimento sem causa”, registrou o magistrado.
Fonte: Amo Direito.
Campanha Dilma-Temer 2014 teve propina do crime
organizado das elites. TSE vai ter coragem de cassar a
chapa?
Publicado por Luiz Flávio Gomes
A Odebrecht, uma das lideranças da criminalidade organizada das elites, acaba de confirmar (Estadão)
que seu departamento de propinas deu R$ 30 milhões (em caixa dois) para a campanha Dilma-Temer
2014. O casal marqueteiro Santana e Mônica está confirmando o recebimento de dinheiro por fora tanto
no Brasil como no exterior.
Se o julgamento do TSE (e os recursos no STF) for jurídico, a chapa Dilma-Temer sem sobra de dúvida
será cassada. Haverá um tipo de “impeachment” judicial de Temer.
Se o julgamento for político, o resultado depende dos interesses da criminalidade organizada das elites e,
sobretudo, da facção criminosa partidária mais forte no momento da decisão.
Pela quantidade de provas já coletadas, do ponto de vista jurídico, é evidente que o TSE cassaria a chapa
Dilma-Temer 2014.
Foi uma das campanhas mais criminosas de todos os tempos (propinas dadas como doações, caixa dois,
pagamentos fraudulentos, pagamentos no estrangeiro ou por serviços não prestados etc.). As toneladas de
provas que Moro mandou para o TSE comprovam isso.
O abuso do poder político e econômico está mais do que evidente.
A cada dia a tese de que as contas de Dilma e Temer devem ser separadas fica mais descartada. A
campanha de Dilma é que pagava várias contas da campanha de Temer. As doações propinas eram dadas
aos dois.
A criminalidade organizada das elites (que saqueia o Brasil diariamente) favoreceu todas as grandes
facções criminosas partidárias, a começar pela chapa Dilma-Temer (PT-PMDB).
O problema: numa cleptocracia (governo de ladrões ou ladrões no governo), quem confia que o TSE,
presidido por Gilmar Mendes, vai julgar a cassação de forma jurídica?
Para nossa tristeza, não contamos com a previsibilidade comum das instituições fortes. Nossas instituições
(com raríssimas exceções) são frágeis (daí nosso fracasso como nação em termos internacionais). Nossa
democracia, consequentemente, possui a mesma natureza.
Depois que sete ministros do STF conchavaram a permanência do réu Renan na presidência do Senado
(em 7/12/16: Dia da Vergonha Suprema), para salvar o mandato do Temer (o pretexto era “salvar a
economia”), restou referendado pelos altos órgãos dos três poderes um “padrão antiético de
governabilidade”.
No governo do PT a corrupção foi institucionalizada (sobretudo nas estatais, como a Petrobras). No
governo Temer é a pouca-vergonha cleptocrata que está institucionalizada (nos governantes, nos tribunais,
nas classes dirigentes econômicas e financeiras, na grande mídia chapa branca etc.).
É o completo desprezo pela decência. Um escárnio contínuo à população (que um dia pode reagir).
Pior: dois ministros conchavistas (Gilmar e Fux) compõem o TSE. O cenário, com eles, fica muito
nebuloso (imprevisível). E dois ministros do TSE serão trocados em maio/17 (Temer vai nomear os dois
novos).
Um governo caindo aos pedaços (cai um ministro a cada 40 dias) vai agir com a devida isenção
republicana nessas nomeações? Quem é que acredita nisso?
Outro fator complicador: de todas as decisões do TSE cabem recursos para o STF. Logo, a última palavra
será do STF (cuja maioria, em 7/12/16, protagonizou o monstruoso “cambalacho Renan”).
Se o TSE e o STF cassarem a chapa por razões eleitorais (abuso do poder econômico), a eleição do novo
presidente (tampão) será direta ou indireta?
Há jurisprudência no sentido de que a cassação de uma chapa por razões eleitorais gera eleição direta. O
art. 81 da CF fala em eleição indireta. Tudo isso permite todo tipo de casuísmo imaginável, sobretudo
quando o bloco de poder tem ascendência sobre os tribunais enfraquecidos.
Se houver muita pressão social, o julgamento pode ser menos político. Se a população deixar tudo correr
solto, o julgamento será eminentemente político.
Sem a pressão das ruas, tudo seguirá conforme o sabor das conveniências dos grupos mais fortes no poder.
As facções criminosas partidárias mais fortes no momento do julgamento vão ser decisivas no julgamento
do TSE e do STF.
Luiz Flávio Gomes
Sociedade brasileira banca mordomias do
Judiciário mas não recebe proteção em troca
Publicado por Luma Dórea
“A primeira igualdade é a Justiça”, disse Victor Hugo, autor do clássico romance “Os Miseráveis”. O
pensamento do escritor francês é, para brasileiros, um choque de realidade: estamos no degrau mais baixo
da desigualdade, sequer demos o primeiro passo.
Enquanto assistimos direitos sociais conquistados a duras penas serem imolados por uma gestão política
ilegítima, um Judiciário estupendamente bem remunerado e cercado de mordomias compactua com os
achaques, deixando à deriva a mesma sociedade que paga seus privilégios.
O Livro “Abrindo a caixa preta: três décadas de reformas do sistema judicial no Brasil”, escrito por
Luciano da Ros, professor da UFRS, e Matthew Taylor da Universidade Americana de Washington (D.
C., EUA) mostra que o Judiciário brasileiro é o mais caro do mundo. Em 2014 esse sistema consumiu R$
68,4 bilhões em verbas públicas, o equivalente a 1,2% do PIB, afora os R$ 577 milhões do orçamento do
Supremo Tribunal Federal.
O Judiciário abriga os funcionários públicos mais bem pagos do Brasil.: há salários reais que ultrapassam
R$ 100 mil; o maior é de R$ 126 mil. Eles engordam seus contracheques com ao menos 32 tipos de
auxílios, gratificações, indenizações, verbas, ajudas de custo - uma longa lista de benefícios enquadrados
facilmente como regalias.
Segundo recente levantamento feito por revista de circulação nacional, a média de rendimentos de juízes e
desembargadores nos estados é superior a R$ 40 mil mensais; assim como a de promotores e procuradores
de justiça. Os presidentes dos Tribunais de Justiça apresentam média ainda maior: quase R$ 60 mil. Os
procuradores-gerais de justiça, chefes dos MPs, recebem também, em média, R$ 54 mil.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – num lance de obscenidade togada -, pediu e ganhou, em votação
na Assembléia Legislativa, uma bolsa-educação de até R$ 2,86 mil mensais a fim de bancar escolas e
universidades particulares para filhos de juízes – que além de receberem salário de cerca de R$ 30 mil
contam com vantagens como plano de saúde, auxílio-creche, auxílio-alimentação e carro com motorista à
disposição.
E quem paga essa conta?
Luma Dórea PRO
Ajuste fiscal, crise nos estados e inflação; veja
fatos da economia em 2016
21 de dezembro de 2016
Em 2016, a economia brasileira viveu mais um ano de recessão. Junto com a crise política, o cenário teve
impactos diretos na queda da arrecadação, no aumento da previsão de déficit, na crise nas contas dos
estados, no aumento dos juros para financiamento, na queda na confiança dos investidores, entre outros. A
Agência Brasil listou fatos que marcaram a economia brasileira em 2016, veja:
Contas públicas
Em fevereiro de 2016, Nelson Barbosa, ministro da Fazenda recém-empossado pela então presidente Dilma
Rousseff para substituir Joaquim Levy, informou que o resultado primário das contas públicas seria um
déficit de R$ 60,2 bilhões em lugar do superávit de R$ 30,5 bilhões aprovado em 2015. Um mês depois,
Barbosa ampliou a previsão de déficit para R$ 96,7 bilhões.
Em maio, com a abertura do processo de impeachment pelo Senado, Dilma Rousseff foi afastada por 180
dias e o então vice, Michel Temer, assumiu a Presidência da República interinamente e nomeou para o
Ministério da Fazenda Henrique Meirelles, que anunciou a revisão da meta de déficit em 2016 para R$
170,5 bilhões. O Congresso aprovou a mudança cinco dias depois. Nos 12 meses terminados em outubro,
União, estados, municípios e estatais acumulavam déficit primário de R$ 137,2 bilhões.
PIB
Pelo segundo ano seguido, o Brasil registrou contração na economia. Apenas nos nove primeiros meses do
ano, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) acumula queda de 4% em
relação ao mesmo período de 2015. A economia não reagiu na velocidade esperada. No início do ano, as
instituições financeiras projetavam queda de 2,99% na atividade econômica em 2016. Em dezembro, a
estimativa de retração aumentou para 3,43%.
Dólar
Depois de um início de ano tenso, o dólar reverteu a tendência e passou a cair nos meses seguintes. Em
janeiro, a cotação da moeda norte-americana fechou em R$ 4,16, no maior nível desde a criação do real, em
meio ao agravamento da crise política e à queda nos preços internacionais do petróleo.
A troca de governo no Brasil e a recuperação das commodities (bens primários com cotação internacional)
acalmaram o mercado. Em outubro, o dólar aproximou-se de R$ 3,10, mas subiu cerca de R$ 0,30 após a
eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e o aumento de juros do Federal Reserve,
o Banco Central norte-americano.
Arrecadação
A arrecadação de impostos e contribuições federais foi fortemente impactada pelo cenário econômico em
2016. De janeiro a outubro, chegou a R$ 1,059 trilhão, com queda real de 3,47% em relação ao mesmo
período de 2015. Ao longo do ano, os técnicos da Receita Federal confirmaram os efeitos provocados pela
recessão, com todos os indicadores macroeconômicos desfavoráveis.
Repatriação de recursos
O resultado da arrecadação de impostos e contribuições só não foi pior por causa da Lei da Repatriação, que
autorizou a regularização de recursos no exterior mediante pagamento de 15% de Imposto de Renda e 15%
de multa. A arrecadação com a medida chegou a R$ 45,7 bilhões. Desse total, a União repassou R$ 9,4
bilhões de Imposto de Renda a estados e municípios, que recorreram à Justiça para receberem a repartição
da multa. No fim de novembro, o governo fechou um acordo para os estados receberem R$ 5,3 bilhões da
multa mediante medidas de ajuste fiscal. No início de dezembro, o presidente Michel Temer anunciou o
repasse da parcela das multas também aos municípios.
Crise fiscal nos estados
A crise econômica deteriorou não apenas as contas do governo federal. Com a arrecadação em queda, os
estados tiveram dificuldade em honrar compromissos, o que se refletiu em atrasos no pagamento de salários
a servidores públicos e na prestação de serviços básicos, como saúde e segurança.
A situação foi pior em estados afetados pela queda do preço do petróleo, como o Rio de Janeiro. O estado
decretou estado de calamidade financeira em junho e recebeu ajuda de R$ 2,9 bilhões do governo federal.
Em dezembro, foi a vez de Minas Gerais decretar emergência nas contas públicas.
Renegociação de dívidas com a União
Com as contas públicas pressionadas, os governadores pressionaram a equipe econômica a renegociar os
débitos dos estados com a União. Beneficiados com a troca de indexadores da dívida dos governos locais,
no início de 2016, os estados pediram alongamento no prazo e redução do valor das parcelas mensais. Em
abril, 15 estados e o Distrito Federal conseguiram liminares no Supremo Tribunal Federal para mudar a
correção da dívida de juros compostos para juros simples.
As dívidas só voltaram a ser corrigidas por juros compostos em julho, após assinatura de acordo entre a
União e os estados. A dívida foi alongada por 20 anos, com pagamento das parcelas suspenso de julho a
dezembro. Medidas de ajuste fiscal que teriam de ser tomadas pelos estados foram derrubadas durante a
tramitação do projeto de lei com a renegociação, que tramita no Senado.
Inflação
A inflação iniciou 2016 em aceleração e com projeções do mercado financeiro bem acima do teto da meta,
de 6,5%. Em janeiro, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), teve variação de 1,27%, com aceleração em relação a dezembro (0,96%). Em 12 meses, a inflação
ficou muito acima do teto da meta, chegando a 10,71%, superior aos 10,67% registrados em 2015.
As projeções das instituições financeiras indicavam inflação em torno de 7% para este ano. Em fevereiro, a
estimativa do mercado financeiro chegou a 7,62%. Ao longo do ano, a inflação desacelerou, chegando a
6,99% nos 12 meses encerrados em outubro. Com isso, as projeções do mercado se aproximaram do teto da
meta, ficando em 6,52%, no início de dezembro. Nesta semana, o mercado já passou a projetar inflação
dentro da meta, em 6,49%.
O Banco Central (BC) classificou a redução da inflação de surpresa positiva. A recessão econômica, o
aumento do desemprego e a política monetária (definição da taxa básica de juros como instrumento de
controle da inflação) contribuíram para o processo de desinflação.
Taxa de juros
Com a desaceleração das expectativas para a inflação e a recessão econômica, o Banco Central iniciou, em
outubro deste ano, o ciclo de queda de juros, que não eram reduzidos desde julho de 2015. O BC baixou a
Selic de 14,25% para 14% em outubro e reduziu mais 0,25 ponto percentual na última reunião do ano, em
novembro, levando a taxa a encerrar 2016 em 13,75% ao ano, com perspectiva de novas reduções em 2017.
Sob a gestão de Ilan Goldfajn, que assumiu o BC em junho, a autarquia recebeu críticas por não ter feito um
corte mais agressivo dos juros, diante da crise econômica. Goldfajn sustenta que a redução da taxa básica
deve ocorrer de forma responsável para ser sustentável e não precisar se revertida no futuro.
Crédito
O estoque de crédito do país caiu e houve aumento de taxas de juros para acessar os recursos. Em outubro
deste ano, o saldo de todas as operações de crédito estava em R$ 3,095 trilhões, com queda de 2% em 12
meses. Um dos motivos para a redução foi a queda da demanda por empréstimos, devido à retração da
economia. Em um ano de recessão econômica, houve aumento de desemprego, com postergação de
consumo. E as empresas postergaram investimentos diante das incertezas sobre o futuro. Por outro lado, os
bancos também ficaram mais seletivos na oferta de crédito devido à expectativa de aumento da
inadimplência.
Em outubro deste ano, a taxa média de juros para as famílias ficou em 42,7% ao ano, alta de quatro pontos
percentuais em 12 meses. A taxa cobrada das empresas subiu 0,2 ponto percentual para 21,7% ao ano nesse
período. A taxa de inadimplência ficou em 4,2% para as famílias e em 3,6% para as empresas.
Concessões à iniciativa privada
Em setembro, o governo criou o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), com o objetivo de atrair
novos investimentos em projetos de infraestrutura por meio de concessões à iniciativa privada. Na lista estão
34 projetos, entre aeroportos rodovias, ferrovias, terminais portuários e hidrelétricas. Em 2016 foram
lançados os editais para a concessão dos aeroportos de Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e Fortaleza.
Também foi realizado o leilão da distribuidora de energia Celg-D, de Goiás.
Recuperação Judicial da Oi
Em junho, a empresa de telefonia Oi entrou com pedido de recuperação judicial, que inclui dívidas de R$
65,4 bilhões. A operadora tem mais de 70 milhões de clientes e detém concessões de telefonia fixa em
grande parte do país, além de autorizações para a prestação de telefonia e internet móvel. Do total da dívida
da Oi, R$ 20,2 bilhões são com a Anatel. A empresa garante que o objetivo do plano de recuperação judicial
é manter a prestação do serviço com qualidade aos clientes e equacionar o endividamento. O pedido de
recuperação judicial da Oi já foi autorizado pela Justiça, e a empresa apresentou um plano de recuperação
com proposta para pagar os credores.
PEC do Teto dos Gastos
Para conter o crescimento dos gastos obrigatórios, que não podem ser contingenciados (bloqueados), o
governo apresentou em junho a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que após aprovada na
Câmara dos Deputados se tornou PEC 55 no Senado. Aprovada em segundo turno pelo Senado em 13 de
dezembro, a medida estabelece um teto para os gastos públicos, que devem ficar vinculados à inflação do
ano anterior por um período de 20 anos.
Reforma da Previdência
O governo apresentou em dezembro os detalhes da reforma da Previdência. A proposta encaminhada ao
Congresso Nacional estabelece a idade mínima de 65 anos para que homens e mulheres se aposentem e um
tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Caso aprovada nos termos da proposta original, para receber o
benefício integral o brasileiro terá de contribuir por 49 anos.
Pacote de medidas econômicas
No último dia 15, o presidente Michel Temer e a equipe econômica anunciaram um pacote de medidas de
estímulo à economia. As ações incluem apoio ao crédito e desburocratização para empresas, incentivo à
redução dos juros do cartão e parcelamento especial para quitação de dívidas de pessoas físicas e jurídicas
com a Receita Federal. O principal objetivo é reduzir o endividamento, incentivar o crédito e estimular o
emprego e, assim, “ativar a economia”, nas palavras de Temer.
Fonte: Agência Brasil
Perspectivas para 2017
20 de dezembro de 2016
Em meio a um cenário desalentador para a economia existem três notícias favoráveis, segundo economistas
da ACSP
O ano de 2016, seguramente, será considerado no futuro como um dos piores para a economia brasileira.
Os últimos dados indicam que a queda da atividade econômica será muito parecida à registrada no ano
passado, configurando o pior biênio da história do país, num contexto de fortes quedas do consumo, do
investimento produtivo, da produção industrial e dos serviços e de desemprego crescente.
Em meio a esse cenário desalentador, contudo, existem três notícias favoráveis.
A primeira se refere à inflação, que, frente à intensa contração do gasto agregado e à descompressão dos
custos, começa a mostrar intenso recuo, que deverá prosseguir ao longo de 2017.
Outro aspecto favorável vem da balança comercial (diferença entre exportações e importações), que tem
apresentado importantes saldos positivos, assegurando nossa solvência externa, embora grande parte do
resultado decorra do efeito negativo da recessão sobre as importações.
A terceira boa nova diz respeito às contas públicas. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/55 foi
aprovada, finalmente, tanto pela Câmara como pelo Senado, abrindo caminho para o reequilíbrio fiscal.
Esse caminho, muito provavelmente, será “pavimentado” com a aprovação da reforma previdenciária
durante o próximo ano, cuja proposta o Governo já enviou ao Legislativo.
Uma menor taxa de inflação e a perspectiva de contenção das despesas governamentais permitirão que o
Banco Central comece a reduzir de forma mais “agressiva” a taxa de juros básica a partir de 2017, o que
diminuirá o custo do crédito, possibilitando que famílias e, principalmente, empresas possam renegociar
suas dívidas, etapa imprescindível para a futura recuperações do consumo e do investimento produtivo.
Apesar das incertezas políticas, o efetivo início do ajuste fiscal, marcando a volta de um modelo de política
econômica mais consistente, será fundamental para a recuperação da confiança do setor privado,
principalmente dos empresários, o que poderá, paulatinamente, iniciar a recuperação da produção, que conta
com grande capacidade ociosa, gerando criação de novos empregos.
Em síntese, a política econômica segue no caminho certo, devolvendo a economia brasileira ao “prumo”.
Essa tarefa, porém, além de impor sacrifícios e escolhas para toda a sociedade, deverá ser lenta em entregar
resultados. Sem outro “motor” alternativo, o cenário mais provável é de moderado crescimento da atividade
para 2017.
Fonte: Diário do Comércio
Governo Temer copia Dilma e legaliza a
corrupção. Um escárnio contra a população.
Publicado por Luiz Flávio Gomes
O governo Temer, em termos de corrupção, despudor e escárnio com a população, não se distingue do
governo petista anterior. É soberbo o desprezo pela decência. Órgãos dos três poderes acham-se
comprometidos com a “legalização” da roubalheira. Não podemos esquecer que sete ministros do STF
promoveram o Dia da Vergonha Suprema (7/12/16), ao conchavar Renan Calheiros na presidência do
Senado.
O disparatado governo Temer (em termos éticos) acha que as empresas envolvidas na Lava Jato (que se
enriqueceram absurdamente de forma favorecida ou ilícita) não praticaram nada de errado. Foram somente
seus representantes que erraram. Seguindo essa lógica, referido governo acaba de editar a Portaria 2278/16
para facilitar o acordo de leniência em favor dessas empresas corruptas. É a legalização da corrupção.
As empresas comprovadamente corruptas devem ser responsabilizadas pelos seus atos reconhecidamente
nocivos à sociedade. Se de um lado não precisam ser punidas com a “pena de morte” (porque elas geram
empregos, impostos etc.), de outro, não podem ficar impunes (e se acharem que estão acima da lei).
É isso que justifica o chamado acordo de leniência (em favor das empresas infratoras, normalmente
cartelizadas) previsto na lei anticorrupcao (12.846/13). A leniência está para as pessoas jurídicas assim
como a delação premiada vale para as pessoas físicas.
Mas esse acordo não pode ser celebrado só entre os membros da cleptocracia brasileira (governo de
ladrões ou ladrões no governo), que favorece o enriquecimento das classes dirigentes (as que governam
assim como as que estão bem posicionados dentro do Estado) de duas formas: pela roubalheira ilícita
(corrupção, crime organizado, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro etc.) e/ou pelo
roubo legalizado (enriquecimento politicamente favorecido).
O acordo de leniência previsto na Portaria 2286/16 (que assegura a participação da AGU desde o princípio
no processo) repete o mesmo erro da Lei 12.846/13 assim como, sobretudo, da MP 703/15: não prevê a
participação do Ministério Público nem do TCU. É mais um exemplo de roubo legalizado.
De outro lado, permite a leniência para várias empresas, sobre o mesmo fato. Pela Lei 12.846/13, apenas a
primeira que fizer o acordo é que poderia ser beneficiada. O governo vem tentando mudar isso sem lei (o
que é impossível).
Por força da Portaria citada a leniência é ofertada à primeira (pessoa jurídica) a manifestar interesse em
cooperar para a apuração de ato lesivo específico, “quando tal circunstância for relevante”. Não é isso o
que diz a lei citada. Mais: para atendimento dos interesses do clube da cleptocracia, já se sabe que nunca
será relevante destinar a leniência para uma só empresa.
Toda “negociata” entre as empresas que financiam o corrupto sistema político-empresarial vigente e os
órgãos do governo (CGU, AGU etc.), que é beneficiado por elas, sem a presença do Ministério Público e
do TCU, constitui sempre um “acordo de cavalheiros” (muito mais do que duvidoso). Órgãos de governo
não são órgãos de Estado.
Alguém confiaria na lisura de um “acordo” entre a Odebrecht (que já “comprou” incontáveis medidas
provisórias, fazendo dos parlamentares seus despachantes) e agentes administrativos subordinados a um
governo financiado por ela?
Tramoia idêntica (contra o erário) foi tentada pela Medida Provisória 703 (que perdeu sua validade),
assinada por Dilma Rousseff, em dezembro de 2015.
O propósito inequívoco da Portaria 2286 é beneficiar (prioritariamente) empresas corruptas,
particularmente as envolvidas na Lava Jato. Elas querem negociar com o “governo” e se livrarem de
várias responsabilidades (civis, administrativas e penais).
Dentre as sanções previstas para as pessoas jurídicas infratoras está a impossibilidade temporária de firmar
contratos e obter empréstimos públicos. Com o acordo de leniência caem os obstáculos. As empresas
comprovadamente corruptas reconquistam o direito de obter contratos e empréstimos públicos, redução
das multas etc.
Ve-se que o dinheiro público está em jogo em todas essas hipóteses, logo, torna-se imprescindível a
participação do MP e do TCU nesses negócios público-privados. A eles compete zelar pelo cumprimento
de princípios relevantes, como os da moralidade, impessoalidade, livre concorrência etc.
Documentos internacionais (Convenção de Mérida e da OCDE, por exemplo) impedem o governo de ser
tolerante com a corrupção para beneficiar (apenas) o crescimento econômico. Três coisas devem ser
conciliadas: intolerância com a corrupção, crescimento econômico e desenvolvimento humano.
Todo tipo de acordo de leniência sem a presença do MP e do TCU sempre será questionado no Judiciário
(ver parecer do MPF na ADI 5466, proposta pelo Partido Popular Socialista). É fonte de enorme
insegurança jurídica e transmite a sensação de impunidade (porque afasta do processo justamente as
instituições que cuidam da defesa do patrimônio público).
Acordo de leniência sem a presença dessas instituições fere o princípio republicano da responsabilidade,
gera desvio de finalidade e macula a eficiência da atuação pública na prevenção e repressão dos atos
ilícitos. Mais: O parágrafo 1º do artigo 17 da Lei de Improbidade proíbe a “transação, acordo ou
conciliação” nas ações de improbidade administrativa. Portaria não pode revogar uma lei.
O assunto carece de uma legislação clara e objetiva (que o Congresso vem discutindo há muito tempo). A
insegurança vai preponderar enquanto não vier essa legislação definitiva.
Uma coisa é certa: no sistema cleptocrata brasileiro, resulta muito evidente que o acordo de leniência não
pode ser um ato apenas da administração pública com as empresas. Raposas não podem cuidar do
galinheiro. A promiscuidade reinante entre elas é pública e notória. Daí a imperiosa necessidade de o MP
e o TCU participaram do ato negocial.
Luiz Flávio Gomes
Ação penal
Justiça Federal aceita denúncia contra Lula e seu filho
na zelotes
17 de dezembro de 2016, 15h54
A Justiça Federal aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e o filho dele, Luiz Cláudio Lula da Silva, pelos crimes de tráfico de influência,
lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da operação zelotes, da Polícia Federal. A decisão
foi proferida nessa sexta-feira (16/12) pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do
Distrito Federal.
Com a decisão, Lula passa a ser réu em três ações penais. O ex-presidente já responde a uma ação penal
na Justiça Federal em Brasília pela suposta participação na compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras
Nestor Cerveró e outra na Justiça Federal na operação "lava jato", na qual o ex-presidente é acusado de
receber R$ 3,7 milhões da Odebrecht.
De acordo com a denúncia, as investigações apuraram que Lula, seu filho, e os consultores Mauro
Marcondes e Cristina Mautoni participaram de negociações irregulares no contrato de compra dos caças
suecos Gripen e em a Medida Provisória 627, que prorrogou incentivos fiscais para montadoras de
veículos. Segundo o MPF, Luís Cláudio recebeu R$ 2,5 milhões da empresa dos consultores.
A Operação Zelotes investiga a manipulação de processos no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf) — órgão colegiado do Ministério da Fazenda, última instância administrativa dos processos
fiscais. É a ele que os contribuintes recorrem para contestar multas.
De acordo com as investigações, empresas de advocacia e consultorias influenciavam e corrompiam
integrantes do Carf. Dessa forma, manipularam trâmite e resultado de processos e julgamentos envolvendo
empresas interessadas em anular ou diminuir os valores dos autos de infrações emitidos pela Receita
Federal.
A decisão proferida ontem (16/12) pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, que recebeu a denúncia
oferecida pelo Ministério Público Federal em face do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu filho
Luis Claudio, relacionada à compra dos caças Gripen e à Medida Provisória nº 627, em nada altera as
premissas já apresentadas anteriormente pela defesa.
Outro lado A defesa de Lula e seu filho nega as acusações e diz que demonstrará a falta de justa para a ação penal.
Em nota, acrescenta que os fatos que envolvem a acusação apresentada pelo MPF monstrarão que Lula e
Luis Claudio não praticaram qualquer ato ilícito.
"Lula não teve qualquer atuação, sozinho ou com outros denunciados, no processo de escolha e compra
desses caças pelo Brasil, em dezembro de 2013, e muito menos solicitou ou obteve qualquer vantagem
indevida em decorrência dessa aquisição. Luis Claudio, por seu turno, prestou serviços à Marcondes &
Maltoni e recebeu os valores contratados, com o recolhimento dos impostos devidos. Tais valores foram
destinados a patrocinar o campeonato de futebol americano que era organizado por Luis Claudio no país",
diz a nota. Com informações da Agência Brasil.
Revista Consultor Jurídico, 17 de dezembro de 2016, 15h54
BEPS e Transfer Price - Sistema fiscal é ruim por
culpa dos Três Poderes, não da Constituição, diz
professor
Postado por José Adriano em 18 dezembro 2016 às 9:00
Por Sérgio Rodas
O sistema tributário brasileiro funciona mal, mas a culpa não é da Constituição, embora a Carta Magna
brasileira tenhas regras fiscais mais detalhadas do que a de outros países. Os principais responsáveis pelo
caótico e ineficiente regime do Brasil são os Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Essa é a opinião do professor de Direito Tributário da PUC-SP Roque Antonio Carrazza, manifestada no
XIII Congresso do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. O evento, que começou nesta quarta-feira
(7/12) e vai até sexta (9/12), ocorre em São Paulo.
De acordo com Carrazza, o Executivo e o Legislativo — nas esferas federal, estadual e municipal —
complicam o sistema fiscal ao editarem decretos e leis com demasiadas obrigações, que muitas vezes
entram em conflito com outras normas. Além disso, esses entes falham ao não simplificar a cobrança e o
pagamento de impostos, avaliou o especialista.
Já o Judiciário, segundo o professor da PUC-SP, contribui com essa ineficiência quando alguns
magistrados “trocam a toga pelas vestes da Fazenda e tomam decisões diferentes de acordo com os bens e
rendas dos contribuintes”.
A Constituição Federal de 1988 é clara e detalhada em matéria tributária e estabeleceu as bases para um
sistema funcional, na visão de Carrazza. Mas ele aponta que tal eficácia só será alcançada se os Poderes
cooperarem para mudar tal situação.
Problemas do Beps Especialistas também manifestaram preocupações com a adesão do Brasil ao programa de combate à
erosão da base tributária e transferência de lucros (Base Erosion Profit Shifitng – Beps) da Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Na visão do professor de Direito Tributário da USP Luis Eduardo Schoueri, o sistema de troca
automática de informações entre os países signatários da convenção afeta o devido processo legal. Isso
porque o contribuinte não tem a oportunidade de manifestar sua oposição ao compartilhamento de certos
dados.
A situação pode piorar ainda mais quando envolver países que não têm sigilo fiscal — como o Japão —
ou ditaduras, ressaltou Schoueri. A seu ver, o mecanismo de troca de informações deveria ter como
pressuposto a proteção do contribuinte, e não o prejuízo dele.
Já a diretora de Tax da Johnson & Johnson, Vivian Oliveira, declarou que as disputas entre países com
relação aos preços de transferência, sob o regime do Beps, podem resultar na exposição indevida de
segredos industriais e comerciais — o que prejudicaria as empresas.
Além disso, Vivian criticou o tratamento que o Fisco brasileiro dá aos preços de transferência. Na sua
opinião, a Receita deveria ser mais compreensiva com as companhias, e só tributá-las quando estivessem
lucrando — como ocorre em países como Suíça e Cingapura.
http://www.conjur.com.br/2016-dez-08/sistema-fiscal-ruim-culpa-tres...
Opinião
Previdência não serve para ajuste de curto prazo
por Marcos de Aguiar Villas-Bôas — publicado 16/12/2016 05h35, última modificação 17/12/2016 10h42
O povo e sua economia sofrerão, mas militares continuarão
privilegiados Antonio Cruz / Agência Brasil
Marcelo Caetano: ele seguiu a lógica do governo Temer
As políticas públicas do governo Temer, por incrível que pareça, são bastante coerentes. O objetivo delas
é muito claro: cortar despesas a qualquer custo, mas sem piorar a situação de grupos chaves para sua
manutenção no poder, como instituições financeiras, outros plutocratas e militares.
A PEC 55, dentre os muitos limites de despesas que poderiam ter sido desenhados pela criatividade do
Ministério da Fazenda, está entre os piores possíveis. É uma medida inteligente para os fins pretendidos,
sem dúvida, mas, se não for mudada até 2019, irá causar provavelmente diversos problemas já tratados em
textos passados.
Com a reforma da Previdência não é muito diferente. Ela é bem desenhada para os fins que quer atingir. O
competente secretário da Previdência, Marcelo Caetano, que claramente é um dos mais preparados do País
no assunto, deixou isso muito claro na entrevista que concedeu ao Roda Viva no último dia 12 de
dezembro.
Inúmeras reformas poderiam ter sido desenhadas, e Caetano mostrou na entrevista que tem competência
para desenhar uma proposta mais preocupada com a classe trabalhadora. Como expert no assunto, ele
certamente sabe que alívio de pobreza e proteção das expectativas são objetivos centrais de qualquer
reforma previdenciária, nenhum dos dois prestigiados pela proposta do governo Temer.
As críticas aqui realizadas são, portanto, direcionadas à proposta, que precisou manter coerência com a
política do seu governo, e não ao técnico Caetano, a quem coube desenhá-la.
A primeira pergunta realizada no programa disse respeito ao momento em que a reforma entraria em
vigor. Caetano deseja que isso aconteça no início do segundo semestre de 2017 ou no final do primeiro
semestre.
Ele sustentou, em seguida, que os direitos adquiridos não serão feridos, até mesmo os daqueles que
completarem os requisitos para aposentadoria durante a tramitação. Isso não pode ser tido como uma parte
boa da proposta, pois é o óbvio.
Juridicamente, direitos adquiridos não podem ser atingidos, pois são direitos constitucionais fundamentais
(art. 5o, XXXVI, CF/88) e quem tiver completado os requisitos durante a tramitação terá direito adquirido.
Uma nova previdência não poderia voltar para o passado, evidentemente. Então, não há nada especial para
comemorar aí.
A segunda pergunta disse respeito à previdência dos militares e se, ao não reformá-la, não ficaria
parecendo que o esforço de ajuste fiscal não é coletivo. Caetano não respondeu à pergunta, pois disse que
a sua ideia era que houvesse o máximo de uniformização nas regras e que a proposta já estaria fazendo
isso. Bom, e os militares?
Em resposta posterior, assim como tinha feito em entrevista concedida à GloboNews, Caetano disse que
os militares seriam tratados em uma lei no futuro, sem definir prazo, sem dar qualquer outra informação
concreta. A realidade é que a previdência dos militares não foi alvo de proposta de reforma,
deliberadamente, por algum receio político do governo, talvez por medo de um golpe militar ou coisa que
o valha.
Se essa assertiva estiver errada, o projeto de lei para reforma da previdência dos militares será apresentado
nas próxima semanas – bem antes da aprovação da reforma geral, que precisa ser longamente discutida – e
colocado para votação com a mesma urgência que outros projetos do governo de corte de despesas.
Assim, será possível discutir e aprovar os dois conjuntamente. Fique-se atento a isso. Voltaremos ao
assunto em algumas semanas.
Como informado na própria entrevista, a previdência dos militares contempla em torno de 296.000
beneficiados e o valor está em mais ou menos 32 bilhões de reais, de forma que é extremamente relevante,
pois supera, por exemplo, o gasto com o Bolsa Família, programa que provadamente beneficia muito o
País sob diversos aspectos.
Sob o argumento histérico de cortar emergencialmente despesas, a proposta, que é duríssima, irá
prejudicar milhões de pessoas, inclusive as que ganham apenas um salário mínimo, assim como suas
famílias, que delas dependem, porém não se acha que é emergencial cortar privilégios dos militares. O
governo Temer mantém sua coerência interna, mas escancara a incoerência dessa sua lógica com a
Constituição de 1988.
Quando perguntado sobre o teto do benefício, Caetano responde que é cinco mil e poucos reais (5.189,82
reais). Se o objetivo é cortar despesas, para que alguém precisa ter garantido pela previdência um valor tão
alto?
A previdência, para ser sustentável, deve garantir que as pessoas tenham condições de consumir
minimamente e sobreviver de forma digna na velhice. Um valor em torno do que o Dieese tem por salário
mínimo apto a sustentar uma família com homem, mulher e dois filhos, que era 3.940,41 reais em
novembro deste ano, deveria ser o teto. Mais do que isso significa pagar benefício exagerado a quem já
ganhou muito ao longo da vida e, assim, deveria ter poupado mais.
Fazendo isso, o governo estaria, inclusive, estimulando uma maior formação de capital, ao pagar um
pouco menos àqueles que já ganham muito e que se viriam obrigados a poupar e investir mais. Não dá
para pedir que o assalariado mínimo poupe ou invista, pois, com a enorme tributação brasileira sobre o
consumo e outros problemas, o valor de 880 reais do salário mínimo é insignificante, representando, por
exemplo, menos de 1/4 do salário calculado como necessário pelo Dieese, mencionado anteriormente.
No Reino Unido e em outros países, o benefício pago é mais ou menos o mesmo a todos os aposentados,
independentemente de quanto ele ganhou ao longo da vida, o que permite pagar valores maiores a quem
ganhou menos e menores a quem ganhou mais. É uma sistemática que beneficia tanto eficiência
econômica quanto equidade.
A entrevista de Caetano como um todo revela claramente que sua preocupação principal foi com a
sustentabilidade fiscal da Previdência sem abrir espaço para uma eventual mudança no financiamento ou
no pagamento do benefício para os que ganham mais ao longo da vida.
É uma proposta, portanto, sem qualquer preocupação social, a não ser pela manutenção do salário mínimo
como piso, que seria um absurdo se não acontecesse, mas, do jeito que anda, pode se esperar tudo do
governo atual.
A proposta de reforma foi feita olhando para quanto se precisa economizar em “x”, “y”, “z” anos, mas
sem prestar a devida atenção, por exemplo, ao aumento de desemprego que pode causar em curto prazo
num momento em que o fim da crise econômica ainda é uma incógnita.
Uma medida para mitigar os efeitos socioeconômicos negativos que a reforma da Previdência causará,
obrigando inúmeros aposentados a receberem apenas o salário mínimo, seria a continuação da política de
aumento real dele, o que não acontecerá por conta da PEC dos gastos. Então, trabalhadores, preparem-se
para sofrer bastante, acaso essa reforma seja aprovada.
A reforma da Previdência, tal como está, é um caminho perfeito para fazer o Brasil não sair nas próximas
décadas da armadilha da renda média-baixa. Com mais gente no mercado de trabalho e benefícios
menores para os mais pobres, o número de pessoas desempregadas ou recebendo apenas o salário mínimo
aumentará.
O Brasil é um país no qual é muito mais difícil desenhar políticas públicas do que em outros devido à sua
enorme desigualdade. O trade-off entre eficiência e equidade se torna ainda mais complexo, pois esta
última precisa ter grande peso. Apesar de o País ter um dos maiores PIBs do mundo, ainda que em queda
livre nos últimos anos, a imensa maioria da população é pobre e isso, por óbvio, mina a eficiência
econômica por falta de produtividade.
A elite brasileira precisa estar ciente de que ela tem a obrigação de contribuir bastante para a distribuição
de oportunidades similares, o que passa por uma distribuição de renda que garanta um poder mínimo de
consumo para que se tenha vida digna.
Enquanto não se compreender isso, o país viverá de crises em crises. Cabe lembrar que mesmo os países
mais iguais e desenvolvidos do mundo têm políticas públicas muito mais inclusivas do que as brasileiras e,
portanto, exigem contribuição alta dos mais ricos para o bem estar social.
Cadastro Positivo tem adesão de 5,5 milhões de
consumidores
As empresas do setor têm adotado estratégias para tentar aumentar a adesão. A Serasa,
por exemplo, tem oferecido o sorteio de R$ 5 mil para quem aderir ao Cadastro Positivo.
postado em 17/12/2016 19:48
Agência Brasil
A inclusão automática dos consumidores no Cadastro Positivo vai fazer com que o sistema de bons
pagadores passe a funcionar efetivamente, na avaliação do presidente do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC Brasil), Roque Pellizzaro. O cálculo é que 5,5 milhões de consumidores aderiram ao cadastro até
agora, em um universo que poderia chegar a 120 milhões.
Nesta semana, entre as medidas de estímulo à economia, o governo anunciou que a inclusão do
consumidor passará a ser automática e a exclusão dependerá de manifestação. Atualmente, o consumidor
precisa aderir ao Cadastro Positivo para ter os dados incluídos no sistema. A mudança será implementada
por meio de medida provisória. Pellizzaro explica que, apesar de ser criado por lei em 2011, na prática o
Cadastro Positivo não funciona até hoje devido à baixa adesão de consumidores.
Burocracia atrapalha consumidores
Para o presidente do SPC Brasil, a legislação atual torna a adesão ao cadastro um processo burocrático e
os consumidores ainda não conhecem as vantagens da adesão. Na avaliação de Pellizzaro, assim como o
valor do seguro de carro é definido pelo perfil de risco dos clientes das seguradoras, o cadastro positivo
também vai facilitar uma avaliação melhor para a liberação de crédito. “O prazo e os juros serão de acordo
com o perfil de cada um”, disse.
Segundo Pellizzaro, com a efetivação da mudança proposta pelo governo, a expectativa é que em um ano
o Cadastro Positivo tenha volume de dados suficientes para funcionar de verdade.
Atualmente, as empresas do setor têm adotado estratégias para tentar aumentar a adesão. A Serasa, por
exemplo, tem oferecido o sorteio de R$ 5 mil para quem aderir ao Cadastro Positivo.
A união dos cinco maiores bancos no país – Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú e
Santander – para criar um bureau de crédito em 2017 também é uma promessa para tentar alavancar o
Cadastro Positivo.
Em novembro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a criação da Gestora de
Inteligência de Crédito (GIC), que concorrerá diretamente com as empresas Serasa Experian, Boa Vista
SCPC e SPC Brasil.
Pacote econômico do BC terá efeito no longo
prazo
22 de dezembro de 2016
O Banco Central fará nesta terça-feira, 20, um anúncio de medidas para o setor financeiro, mas poucas
devem ter impacto imediato na economia. Serão anunciadas basicamente medidas de caráter mais estrutural,
que só devem ter efeito no médio e longo prazos. A autonomia do BC – uma bandeira antiga da instituição
– e a redução do custo de crédito, incluindo as operações com cartões, serão contempladas nos anúncios,
mas não são de encaminhamento imediato.
O Banco Central fará nesta terça-feira, 20, um anúncio de medidas para o setor financeiro, mas poucas
devem ter impacto imediato na economia. Serão anunciadas basicamente medidas de caráter mais estrutural,
que só devem ter efeito no médio e longo prazos. A autonomia do BC – uma bandeira antiga da instituição
– e a redução do custo de crédito, incluindo as operações com cartões, serão contempladas nos anúncios,
mas não são de encaminhamento imediato.
Outra medida de curto prazo será a regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG), um novo
instrumento de captação para o setor imobiliário. Isso também foi anunciado pelo Ministério da Fazenda na
última semana e, agora, o Banco Central dará detalhes sobre o funcionamento do produto e as condições
para investimento. O Ministério da Fazenda já anunciou que será feita uma consulta pública em janeiro de
2017 e, depois, terá uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).
A expectativa do governo é de que a LIG amplie a oferta de crédito de longo prazo para a construção civil
– setor importante na geração de empregos. Especialistas do mercado, porém, lembram que os efeitos da
LIG para o setor não serão imediatos porque existe um período de adaptação até que o produto seja
conhecido e procurado pelos investidores. Ao mesmo tempo, o BC não deve anunciar mudanças na Letra
de Crédito Imobiliário (LCA) e na Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).
O Banco Central também apresentará uma agenda com foco em sua autonomia, defendida pelo presidente
da instituição, Ilan Goldfajn. A informação, porém, é de que a mudança do marco legal não é uma iniciativa
para o curto prazo.
Compulsório. No caso de depósitos compulsórios – a parcela de depósitos à vista, a prazo e de poupança
dos clientes que os bancos precisam depositar no BC –, as mudanças serão operacionais. O objetivo é
facilitar o funcionamento e a relação com as instituições financeiras. Não haverá liberação de compulsórios
para impulsionar a economia, como chegou a ser defendido por alguns setores do governo.
Outro ponto polêmico, a redução do prazo de pagamento dos lojistas em vendas feitas com cartão de crédito,
não será de adoção imediata. Existe a percepção no BC de que a mudança exigirá uma transição longa, em
função das características do setor no Brasil. Uma mudança imediata do prazo de pagamento de 30 para 2
dias, como chegou a ser citado por setores do governo e do mercado, não é considerada pelo BC.
Os anúncios estão dentro da agenda estrutural mais ampla do BC e abarcam quatro pilares: redução do custo
de crédito, arcabouço legal da instituição, melhoria da eficiência do sistema financeiro e cidadania
financeira.
As medidas que devem ser anunciadas:
Autonomia
Será apresentada uma agenda para se chegar à autonomia do Banco Central;
Preço diferenciado
Permissão para a cobrança de preços diferentes de acordo com o meio de pagamento;
Lojistas
Redução no prazo de pagamento dos lojistas das vendas feitas pelo cartão de crédito (atualmente em 30
dias);
Construção
Regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG), instrumento para ampliar a oferta de crédito para a
construção civil;
Compulsório
Desburocratização para o cumprimento da obrigação do depósito compulsório (recursos que os bancos são
obrigados a deixar no BC).
Fonte: Estadão Economia
Sonegação de impostos é sete vezes maior que a
corrupção
22 dez 2016 Fernanda Rodrigues
Nenhum assunto rivaliza com as notícias sobre corrupção na cobertura e no destaque dados pela mídia, um
sinal da importância devidamente atribuída ao problema pelos cidadãos. Males de proporções maiores,
porém, continuam na sombra. A sonegação de impostos, por exemplo, tem sete vezes o tamanho da
corrupção, mas recebe atenção mínima da sociedade e do noticiário.
Deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País, calcula o presidente do
Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio Camargo. O custo anual médio da
corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais, informa José Ricardo Roriz
Coelho, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo, com base em cálculos recentes.
Para alertar a sociedade da importância de se combater a sonegação, Camargo, inaugurou na quarta-feira
18, em Brasília, um sonegômetro e uma instalação denominada lavanderia Brasil. Na inauguração, o
medidor mostrava um total sonegado de 105 bilhões desde janeiro, dos quais 80 bilhões escoados por
meio de operações de lavagem ou manipulação de recursos de origem ilegal para retornarem à economia
formal com aparência lícita.
Em um exemplo citado pelo Sindicato, um comerciante simula a compra de 50 milhões de litros de
combustível, adquire só 10 milhões de litros físicos e obtém, mediante pagamento, notas fiscais falsas no
valor de 40 milhões. Ele negociou de fato só aqueles 10 milhões, mas trouxe para a economia formal os 40
milhões de origem ilícita por meio desse mecanismo de lavagem, sem recolher os impostos devidos. Tanto
a parcela superfaturada, os recursos de propinas, tráfico de drogas, de armas e de pessoas, contrabando,
falsificações, corrupção e renda sonegada precisam retornar à economia com aparência de origem lícita,
para as atividades criminosas prosseguirem.
A livre atuação no Brasil das empresas off shores, ou registradas em paraísos fiscais, agrava a sonegação.
Há laços fortes do País com esses redutos de burla dos fiscos dos estados nacionais, na prática nossos
grandes parceiros comerciais. A principal razão é o tratamento preferencial dado ao capital externo,
subtaxado quando da sua remessa de lucros ao exterior, afirma-se no site Tax Justice Network.
“Todos os países que não taxam ganhos de capital, ou o fazem com base em alíquota inferior a 20% são
considerados paraísos fiscais no Brasil. Ironicamente, esse país tem diversas situações de ganhos de
capital taxados em menos de 20%.” Não é bem assim, explica a Receita Federal. “A definição de paraíso
fiscal na legislação brasileira não leva em conta apenas a tributação de ganhos de capital, mas sim a
tributação da renda. A tributação da renda das pessoas físicas é de 27,5% e das pessoas jurídicas é de 25%
de imposto de renda,mais 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.” Mas a taxação de ganhos de
capital, “em regra de 15%”, é baixa em termos mundiais e o trânsito do dinheiro é facilitado pela parceria
comercial com os paraísos fiscais.
Pessoas físicas recorrem também aos paraísos fiscais para não pagar impostos sobre os seus ganhos, lícitos
ou não. No caso das 8.667 contas de brasileiros descobertas no HSBC da Suíça (4.º maior número de
correntistas no mundo), Camargo vê “com certeza indícios de conexão com paraíso fiscal, porque essas
contas eram secretas, só vazaram porque um ex-funcionário do HSBC divulgou a sua existência. Há
indícios a serem investigados pelas autoridades brasileiras, de evasão de divisas e crime de sonegação
fiscal.”
Os impostos mais sonegados são o INSS, o ICMS, o imposto de renda e as contribuições sociais pagas
com base nas declarações das empresas. Os impostos indiretos, embutidos nos produtos e serviços, e o
Imposto de Renda retido na fonte, incidentes sobre as pessoas físicas, são impossíveis de sonegar. A
pessoa jurídica cobra os tributos, mas algumas vezes não os repassa ao governo.
A sonegação acompanha a concentração de renda. Os processos envolvem 3,54 milhões de devedores,
mas os chamados grandes devedores são apenas 18.728. Para dar conta dos 7,48 milhões de processos em
tramitação, há só 2.072 procuradores, auxiliados por 1.518 servidores, menos de dois por procurador. O
sindicato reivindica o preenchimento urgente dos 328 cargos vagos de procurador da Fazenda Nacional
abertos.
Quem tem mais, deve pagar mais, estabelece a Constituição, em um preceito tão desobedecido quanto o
do Imposto sobre Grandes Fortunas, à espera de regulamentação. Nesse assunto, o Brasil está na
contramão. A partir de 2012, com a piora da economia e da arrecadação, países europeus que haviam
concedido desonerações tributárias e cortado gastos, voltaram a aumentar o imposto de renda nas alíquotas
mais altas e elevaram os impostos sobre propriedade, diz a professora Lena Lavinas, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Fonte: Carta Capital
Direito de lembrar
Daniel indenizará viúva de João Paulo por exibir vídeo do ex-
parceiro em show
17 de dezembro de 2016, 7h16
Por Felipe Luchete
É indevido utilizar imagens de artista morto sem autorização da família e com objetivo de lucro, pois o ato
viola direito de imagem post mortem. Assim entendeu a 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de São Paulo ao determinar que o cantor Daniel indenize em R$ 100 mil a viúva e a filha de João
Paulo, com quem formou dupla sertaneja, por ter exibido imagens do ex-parceiro em dois shows.
O colegiado concluiu que, em pelo menos duas oportunidades (uma delas registrada pelo Programa do
Gugu), as imagens de João Paulo foram transmitidas em telão “para um grande número de pessoas” e
“tiveram grande relevância para o sucesso do espetáculo, diante do apelo emocional a seus milhares de
fãs”. Segundo o acórdão, proferido em novembro, essas exibições foram indevidas, o que torna
obrigatório o dever de indenizar.
Para TJ-SP, imagens de João Paulo (à esquerda) em telão
contribuíram para sucesso de shows de Daniel (à direita). Reprodução
O valor deve ser atualizado e dividido entre a viúva e a filha do cantor sertanejo, que morreu num acidente
de carro em 1997. O espólio do artista também afirmava que o ato se repetiu em “centenas” de shows, mas
a 1ª Câmara entendeu que só as duas ocasiões foram comprovadas.
Apesar da condenação, os desembargadores afastaram a maioria dos argumentos apresentados. O espólio
dizia que Daniel continua tendo proveito econômico com a imagem de João Paulo, inclusive em
programas de TV. Também cobrava royalties da gravadora Warner Music pela venda de “discos, fitas,
CDs, DVDs etc.” da antiga dupla e criticava a exposição de fotos e objetos pessoais em um museu
particular organizado por um ex-empresário.
Memória coletiva Para o relator do caso, desembargador Alcides Leopoldo e Silva Júnior, a exibição de imagens em
programas televisivos é de responsabilidade das emissoras. Ainda assim, ele afirmou que tiveram caráter
jornalístico e informativo, “diante do interesse público, em especial, por se cuidar da memória de pessoa
pública, importando em verdadeira licença compulsória”.
“Na morte das pessoas públicas, principalmente quando decorrem de acidentes violentos ou são
precedidas de angustiante doença e tratamento doloroso, comumente, amplamente divulgados pela mídia,
eclode verdadeiro luto coletivo. As pessoas têm a sensação de serem próximas ao morto, e choram,
lamentam e sofrem como se realmente fossem. Têm necessidade de notícias, revivem sentimentos
solidários, deixam seus afazeres para acompanharem o velório”, afirmou o desembargador.
Ele também não viu problema na organização do chamado “Museu João Paulo & Daniel”, pois trata-se de
um tributo ao artista, sem cobrança de ingresso para visitação, e está sediado num complexo turístico com
piscinas, quadras e chalés — o local não é citado na decisão. Assim, a exposição não é motivo principal da
existência do estabelecimento.
Sobre os royalties, disse que a cobrança de eventuais direitos relacionados à execução das obras do artista
morto deve ser apresentada ao Ecad, escritório central encarregado da arrecadação e distribuição dos
direitos relativos à execução pública de músicas.
Ainda cabe recurso. O cantor Daniel, por meio de sua assessoria de imprensa, declarou que o caso está
sendo conduzido por seus advogados e afirmou ter confiança de que “a Justiça fará seu papel”. Ele
afirmou ainda que “sua maior vontade é continuar expondo o amor que sente pelo parceiro de dupla João
Paulo, quem considera um irmão, para que todos os fãs que os acompanhavam continuem a lembrar da sua
imagem e obra”.
Clique aqui para ler o acórdão.
Processo: 0065782-09.2004.8.26.0100
Felipe Luchete é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 17 de dezembro de 2016, 7h16
ISO 37001:2016: Um Sistema De Gestão Próprio
Para Combater A Corrupção
Postado por José Adriano em 22 dezembro 2016 às 9:00
A novidade no mercado dos Sistemas de Gestão, a ISO 37001 tem por objetivo tornar a empresa capaz de
implementar um sistema de gerenciamento inteligente para inibir os subornos no ambiente de uma
empresa.
Agora, combater a corrupção também se tornou uma das tarefas das famosas normas ISO.
Lançada recentemente em outubro, pela organização não governamental ISO (International Organization
for Standardization), a nova diretriz já está disponível para venda no site da instituição.
Denominada como ISO 37001:2016, a diretriz fornece requisitos para a implementação de um Sistema de
Gestão Antissuborno.
Um dos males enfrentados pelos gestores de qualquer tipo de organização é a alta frequência de casos de
corrupção e suborno. Empresas estão sendo destruídas internamente, pois seus ambientes estão
contaminados por esta doença, e, consequentemente, a imagem externa cada vez mais manchada por
rótulos negativos.
Preocupado com este cenário que assola muitas instituições, a ISO (International Organization for
Standardization) elaborou a ISO 37001.
O objetivo da ISO 37001 será a implementação de um Sistema de Gestão capaz de combater os atos de
corrupção, independentemente do tamanho da organização, sendo ela uma instituição privada, pública ou
sem fins lucrativos.
Desenvolver uma cultura antissuborno e anticorrupção é um dos objetivos da nova norma, dado que seus
requisitos instruem na criação de uma política antissuborno, nomeação de um responsável para
supervisionar o cumprimento da política, controle e formação de profissionais voltados para a cultura
anticorrupção, avaliação dos riscos e implementação de rígidos controles financeiros.
Apesar de não garantir o fim da corrupção, os criadores afirmam que o sistema auxilia na diminuição dos
riscos de suborno.
Caso necessite de alguma investigação criminal, o sistema implementado pode fornecer provas de que a
organização tomou medidas cabíveis para evitar o suborno.
Gestores interessados em adotar estratégias para identificar os atos corruptos, e, consequentemente, limpá-
los com mais frequência devem estar atentos aos requisitos apresentados pela ISO 37001.
http://www.segs.com.br/seguros/45028-iso-37001-2016-um-sistema-de-g...
Estudo revela que sistema tributário do Brasil é
dos mais injustos do mundo
19 dez 2016 Carolina Oliveira Geral
Sem modificar desigualdade de gênero e raça pela via tributária, Brasil segue um ‘paraíso’ para os mais
ricos.
O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) publicou um estudo intitulado “Perfil da Desigualdade e da
Injustiça Tributária”. A nota técnica revela, por meio de dados da Receita Federal consolidados entre 2007
e 2013, que o Brasil possui um dos sistemas tributários mais injustos do mundo, no qual pobres pagam mais
do que ricos. “Os dados são fartos para revelar uma casta de privilegiados no país, com elevados rendimentos
e riquezas que não são tributados adequadamente”, afirma o estudo.
Assinada pelo pesquisador Evilásio Salvador, a nota técnica ressalta a importância da transparência da
Secretaria da Receita Federal do Brasil. Afirma, entretanto, que “informações precisam ser ampliadas e
aperfeiçoadas, devendo incluir, por exemplo, faixas de rendimentos por gênero, raça e por idade, permitindo
uma análise mais ampla da desigualdade no país”.
Mesmo com as limitações citadas, a pesquisa conseguiu levantar um panorama geral sobre gênero e raça.
“Há indícios de que, para além do fato de que a regressividade dos tributos atinja mais fortemente as
mulheres e os negros, o principal imposto direto do país, o Imposto de Renda, também não modifica a
desigualdade de gênero e raça pela via tributária”, aponta, sobre a necessidade de possíveis ajustes para
promover justiça fiscal.
A maior desigualdade está concentrada na ausência efetiva de tributação sobre patrimônio. “É escandalosa
a concentração de riqueza do Brasil. Os dados revelam a gravidade da questão a ser enfrentada, pois do
montante de R$ 5,8 trilhões de patrimônio informado ao Fisco, em 2013, 41,56% eram de propriedade de
apenas 726.725 pessoas, com rendimentos acima de 40 salários mínimos.”
Um patrimônio que corresponde a 45% do PIB brasileiro está nas mãos de apenas 0,36% da população.
Para converter o cenário de desigualdade, o estudo indica a criação de medidas, como a criação de um
imposto sobre grandes fortunas, previsto na Constituição de 1988 e não regulamentado até hoje. Também
existem propostas para reformas tributárias, conforme trecho abaixo. O estudo completo pode ser baixado
por meio deste link.
Confira trecho do estudo
Os dados divulgados pela Receita Federal confirmam a injustiça no sistema tributário brasileiro, conforme
o Inesc havia alertado. Um dos mais graves é o fato de que a tributação sobre a renda no Brasil não alcança
todos os rendimentos tributáveis de pessoas físicas. A legislação atual não submete à tabela progressiva do
IR os rendimentos de capital e de outras rendas da economia, que são tributados com alíquotas inferiores à
do Imposto de Renda incidente sobre a renda do trabalho. Em destaque, a não existência do Imposto de
Renda Retido na Fonte sobre os lucros e dividendos, além do instituto legal (mas excêntrico) dos “juros
sobre capital próprio”, o que permite uma redução da base tributária do IR e da CSLL. Esses rendimentos
são tributados a 15% de forma exclusiva, não necessitando o beneficiário de fazer qualquer ajuste na
Declaração Anual do IR.
Essas modificações beneficiam e privilegiam os mais ricos no Brasil, pois os 71.440 declarantes hiper-ricos,
que tinham renda acima de 160 SM, em 2013, praticamente não possuíam rendimentos tributáveis, pois
65,80% de sua renda tinha origem em rendimentos isentos e não tributáveis.
Outro agravante é a perda da progressividade do IR, pois – a partir da faixa de rendimentos de 40 a 80
salários mínimos – o imposto começa a perder a sua progressividade. De forma que os contribuintes com
rendimentos acima de 40 salários mínimos passam a pagar proporcionalmente menos IR do que os
contribuintes das faixas salariais inferiores.
Com isso, as propostas para a reforma tributária que o Inesc já apresentou na agenda pública brasileira estão
na ordem do dia. Neste sentido, é necessário revogar algumas das alterações realizadas na legislação
tributária infraconstitucional após 1996, que sepultaram a isonomia tributária no Brasil, com o
favorecimento da renda do capital em detrimento da renda do trabalho. Dentre essas mudanças destacam-
se: 1) o fim da possibilidade de remunerar com juros o capital próprio das empresas, reduzindo-lhes o
Imposto de Renda e a CSLL; e 2) o fim da isenção de IR à distribuição dos lucros e dividendos na remessa
de lucros e dividendos ao exterior e nas aplicações financeiras de investidores estrangeiros no Brasil.
Fonte: Editora Resenha de Notícias Fiscais
Informações de qualidade
Quebra de sigilos bancário e fiscal fundada em relatório do Coaf
não é ilegal, diz STJ
16 de dezembro de 2016, 17h46
A quebra de sigilo bancário e fiscal fundada em relatório do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) não é ilegal. Isso porque as informações do órgão são confiáveis e justificam a medida.
A decisão é da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, tomada em julgamento de Habeas Corpus
impetrado por Carlos Eurico Ferreira Cecílio, ex-prefeito da cidade de Serrita (PE).
De acordo com Schietti Cruz, os dados obtidos pelo Coaf são precisos e confiáveis.
Cecílio foi denunciado por envolvimento no desvio de verbas públicas mediante fraudes em licitações. No
Habeas Corpus, a defesa alegou falta de fundamentação das decisões que deferiram a quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico, bem como as buscas e apreensões, e a consequente ilicitude das provas
colhidas.
Segundo a argumentação apresentada, a decisão de quebra de sigilo bancário e fiscal se apoiou
exclusivamente em relatório do Coaf — peça que seria meramente informativa e inidônea ao deferimento
de medida cautelar — e não foi precedida de anteriores atos de investigação.
O relator do HC, ministro Nefi Cordeiro, votou pela concessão da ordem sob o fundamento de que a
decisão, baseada exclusivamente em relatório produzido pelo Coaf, seria ilegal. O colegiado, entretanto,
acompanhou a divergência aberta pelo ministro Rogerio Schietti Cruz.
Voto divergente Segundo Schietti, o Coaf, órgão responsável pelo levantamento de fatores de risco ao Sistema Financeiro
Nacional, também atua na prevenção e na fiscalização da prática do delito de lavagem e identifica as
ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas em lei, sem prejuízo da competência de outros órgãos
e entidades.
“O Coaf, desde a edição da Lei Complementar 105/2001, passou a receber, independentemente de
autorização judicial, diversas informações de natureza bancária, securitária, cambiária, relativas a
mercados futuros e de títulos ou valores mobiliários, previdenciária, creditícia, de empréstimos com cartão
de crédito, enfim, sobre todo negócio jurídico que tenha expressão monetária. Assim, por via transversa, a
referida lei, ao tornar o sigilo e as inviolabilidades inoponíveis ao Coaf, acabou por permitir que os
relatórios produzidos por ele fossem lastreados em elementos de informação da mais alta relevância e
precisão técnica”, disse o ministro.
Para o ministro Schietti, o relatório produzido pelo Coaf, além de fundamentado em dados protegidos pelo
sigilo financeiro, é obtido por um complexo sistema integrado de instituições, o que lhe imprime altíssimo
grau de confiabilidade e precisão.
“A atividade desempenhada pelo Coaf, ao constatar indícios de crime, não se restringe a simples
afirmação de movimentação atípica, mas, ao contrário, apoia-se em um conjunto de informações
relevantes que impõe, em alguns casos (até para melhor esclarecer o fato apontado), melhor análise dos
dados que subsidiaram a comunicação feita aos órgãos de persecução penal e que, a fortiori, importam na
necessária quebra de sigilo.”
Menor extensão Em relação à alegada ilicitude das interceptações telefônicas, tanto o relator quanto o ministro Schietti
concordaram em que a decisão que determinou a quebra de sigilo foi fundamentada, mas, pelo fato de
algumas prorrogações do prazo de 15 dias terem sido autorizadas de forma automática, a turma entendeu
pela concessão parcial do HC.
Em seu voto, acompanhado pela maioria, Schietti concedeu a ordem em menor extensão do que era
pedido pela defesa e proposto pelo relator, tão somente “para determinar que seja descartado dos autos
todo o material obtido a partir da primeira prorrogação automática, mantendo-se incólumes, contudo,
aqueles elementos que derivaram dos primeiros 15 dias do primeiro período, ficando a cargo do juízo a
quo levar a efeito essa distinção, bem como reconhecer eventual consequência dela decorrente,
preservadas, outrossim, todas as provas decorrentes da busca e apreensão e da quebra de sigilo fiscal e
bancário”.
Acesso direto No mês passado, a 6ª Turma do STJ decidiu que a Polícia Federal não precisa pedir autorização judicial
para usar informações prestadas ao Coaf. Como tais dados ficam à disposição de interessados, o uso pelo
órgão não caracteriza quebra de sigilo.
A decisão vai na contramão do que o colegiado já decidiu no âmbito da operação faktor, que apurou
suspeitas de lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem tributária no Maranhão. Na ocasião, em 2011, a
6ª Turma entendeu que o único fator que motivou a quebra de sigilo dos investigados foi um relatório de
movimentações atípicas fornecido pelo Coaf. Para os ministros, seriam necessárias outras diligências e
mais provas para justificar a quebra de sigilo, e não apenas o relatório do Coaf. Assim, a operação foi
considerada ilegal desde o início.
Sem quebra de sigilo Por 9 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em fevereiro, ser constitucional a Lei Complementar
105/2001, que permite aos órgãos da administração tributária quebrar o sigilo fiscal de contribuintes sem
autorização judicial. Ficaram vencidos no julgamento os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio. Saiu
vencedor o entendimento de que a norma não configura quebra de sigilo bancário, mas sim transferência
de informações entre bancos e o Fisco, ambos protegidos contra o acesso de terceiros.
Segundo o STF, como bancos e Fisco têm o dever de preservar o sigilo dos dados, não há ofensa à
Constituição Federal. Na decisão também foi destacado que estados e municípios devem regulamentar,
assim como fez a União no Decreto 3.724/2001, a necessidade de haver processo administrativo para obter
as informações bancárias dos contribuintes. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
Clique aqui para ler a íntegra do voto vencedor.
HC 349.945
Revista Consultor Jurídico, 16 de dezembro de 2016, 17h46
Canhão contra mosca
Ninguém pode ser preso por dever impostos, decide Supremo
Tribunal Federal
16 de dezembro de 2016, 17h38
O Estado não pode prender um cidadão só porque ele deve impostos. Para o Supremo Tribunal Federal, a
prisão do depositário infiel de débitos tributários é uma ferramenta desproporcional de aumento de
arrecadação e contraria tratados internacionais. Por isso, a corte declarou inconstitucional a Lei
8.866/1993, que prevê a medida.
Para Gilmar Mendes, a prisão de devedor tributário é medida abusiva e contrária à jurisprudência da
Suprema Corte.
De acordo com a norma, que estava suspensa por liminar desde 1994, o depositário tributário é aquele
com a responsabilidade de reter tributos ou contribuição previdenciária de terceiros.
Segundo o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, que votou nesta quinta-feira (15/12), o Fisco já
dispõe de mecanismos para a execução fiscal, como a possibilidade de penhora de bens e a inscrição do
devedor em cadastro de inadimplentes, sendo desnecessária a ferramenta prevista na lei. Sua manutenção
criaria uma “situação desproporcional para maximizar a arrecadação”.
Outro ponto mencionado pelo ministro é a vedação, pela jurisprudência do STF, de meios coercitivos
indiretos de cobrança de dívida. Ele observa, ainda, que ao exigir o depósito para a contestação
administrativa do débito, a lei restringe o direito de defesa do devedor.
Outros ministros que acompanharam o voto do relator mencionaram como fundamento também a
assinatura do Pacto de San José da Costa Rica, pelo Brasil, que veda a prisão por dívida. A tese foi usada
pelo STF para afastar a possibilidade de prisão por dívida no caso do depositário infiel em ações cíveis,
em julgamento ocorrido em 2008.
Proposta rejeitada Em 2015, o STF negou pedido de alteração da Súmula Vinculante 25, que trata da ilegalidade de prisão de
depositário infiel, que assim dispõe: "É ilícita a prisão do depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito".
Segundo a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, a infidelidade depositária
judicial de devedor economicamente capaz não é mera prisão por dívidas. Assim, não se aplicariam as
restrições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e do Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos.
Mas o Supremo entendeu que para que uma súmula vinculante seja alterada, é necessário que já existam
decisões que demonstrem que a jurisprudência foi superada ou que houve alteração na legislação ou
mudança no contexto social e político — o que a corte não identificou no caso. Com informações da
Assessoria de Imprensa do STF.
ADI 1.055
Revista Consultor Jurídico, 16 de dezembro de 2016, 17h38
"Presente de Natal"
OAB vai à Justiça contra permissão para aéreas cobrarem por
bagagem
22 de dezembro de 2016, 13h20
Por Brenno Grillo
As mudanças promovidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nas regras para transporte de
passageiros foram “um verdadeiro presente de Natal” para as empresas aéreas. É o que afirma o Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em ação que deve ser apresentada na tarde desta quinta-feira
(22/12).
Para Conselho Federal da OAB, mudanças desequilibram relação de consumo. iStockphoto
A petição inicial pede que a Justiça Federal anule normas que permitiram às empresas aéreas cobrar pelas
bagagens despachadas — as malas levadas pelo passageiro na cabine continuam não sendo cobradas, e o
limite de peso da franquia aumentou de 5 kg para 10 kg.
A OAB diz que a agência reguladora se preocupou apenas com o contexto das companhias, pois não
exigiu a redução do valor da tarifa ou qualquer outra contrapartida. Também entende que, no cenário atual
brasileiro, será “quase que impossível diminuir os valores dos bilhetes”, como argumentam os defensores
das novas regras.
“O normativo promove a desregulamentação total das bagagens e a liberdade tarifária. Assim, [...] as
empresas de serviços aéreos terão liberdade para impor qualquer serviço a qualquer preço aos
consumidores, e, como não haverá nenhuma margem de preço, ficará difícil até mesmo de uma
fiscalização”, critica a entidade.
Segundo a Ordem, as mudanças fixadas pelos artigos 13 e 15 da Resolução 400 da Anac ferem o artigo
734 do Código Civil. O dispositivo delimita que o transporte de pessoas engloba também a bagagem. “No
sistema jurídico brasileiro, o transporte da bagagem é prestação imanente ao transporte de pessoas, cuja
negativa finda por desfigurar essa modalidade contratual.”
A OAB avalia ainda que, “considerando as dimensões continentais do Brasil e as variações climáticas
entre suas várias regiões, não é razoável limitar a franquia mínima a um único volume de 10 kg de peso
bruto, levado na cabine da aeronave, sob a responsabilidade exclusiva do passageiro”.
Venda casada De acordo com a Ordem, a possibilidade aberta pela Anac às companhias aéreas pode ser caracterizada
como venda casada, pois o consumidor que comprar a passagem deverá, obrigatoriamente, pagar para
despachar sua bagagem com a mesma empresa — “situação que viola o direito básico à liberdade de
escolha previsto no art. 6º, II, do CDC e que resvala no proibitivo contido no art. 39, I7, do mesmo
diploma legal.”
A ação define ainda as mudanças como uma espécie de retrocesso social e econômico. “Retroceder em
matéria de direitos sociais e econômicos implica em afronta ao direito fundamental à segurança jurídica e
compromete a confiança.”
Extravio, atrasos e cancelamentos Além da cobrança sobre as malas despachadas, só serão considerados extravio de bagagem os casos em
que a mala não for localizada. Se os pertences apenas não chegarem junto com o passageiro, as empresas
ficam desobrigadas a indenizar o usuário. Caso o extravio seja confirmado, o prazo para a companhia
aérea rastrear a bagagem foi reduzido de 30 para 7 dias em voos domésticos. Em rotas internacionais, o
prazo de restituição continua sendo de 21 dias.
Passageiros que desejarem cancelar as passagens poderão se desfazer da compra sem custo, desde que o
cancelamento ocorra em até 24 horas depois da data da aquisição e com antecedência mínima de sete dias
da data do embarque. As multas para alteração da passagem ou reembolso não podem ultrapassar o valor
pago pela passagem. A medida também vale para promoções, e a taxa de embarque terá que ser devolvida.
As companhias também não poderão mais cobrar para alterar o nome do passageiro. As regras para
assistência ao passageiro caso o voo atrase também foram alteradas. Apesar de as empresas continuarem
obrigadas a oferecer assistência a seus clientes, a acomodação em hotel só poderá ser exigida se houver
necessidade de pernoitar no local.
Para atrasos acima de uma hora, a companhia tem de oferecer facilidade de comunicação; a partir de duas
horas, deve disponibilizar alimentação; e, quando a demora passar de quatro horas, deve garantir
acomodação. Quando não houver necessidade de pernoitar, os usuários poderão ser alocados em espaços
diferenciados no aeroporto, como sala VIP, por exemplo.
Nova ação do MPF O Ministério Público Federal também já anunciou que vai questionar a legalidade das novas regras na
Justiça. A Câmara de Consumidor e Ordem Econômica (uma das sete câmaras de revisão do MPF)
declarou que as mudanças violam o direito do consumidor e não garantem os supostos benefícios
anunciados, como a redução das tarifas das passagens.
“As empresas aéreas em nenhum momento assumiram compromisso público de compensar a supressão de
direitos hoje assegurados aos consumidores, como redução de tarifas hoje praticadas ou outras medidas”,
afirma o órgão. A câmara também destaca ter sido contra a fim da franquia de bagagem em todas as
consultas públicas promovidas pela Anac. Segundo o MPF, nenhum argumento novo foi apresentado pela
agência para sustentar as mudanças.
Clique aqui para ler a petição inicial da OAB.
Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 22 de dezembro de 2016, 13h20
Ofensas extrapolaram
Reinaldo Azevedo, Veja e Jovem Pan são condenados a indenizar
Laerte
20 de dezembro de 2016, 15h42
Houve evidente excesso no texto escrito pelo colunista Reinaldo Azevedo na revista Veja e lido por ele na
rádio Jovem Pan, no qual ofendeu a cartunista Laerte. Em texto publicado em agosto, o jornalista chamou
a cartunista de "fraude moral", "baranga moral", "fraude de gênero" e "fraude lógica". Para o juiz Sang
Duk Kim, da 7ª Vara Cível de São Paulo, Azevedo violou a intimidade e a vida privada da artista. O
colunista, a revista e a rádio foram condenados a pagar R$ 100 mil de indenização por danos morais.
"O fato é que a impossibilidade da censura não pode ser confundida com a ausência de responsabilidade
por excessos na ato da sua manifestação. E é evidente que excesso houve, na medida em que os seus
comentários tecerem considerações pessoais do cartunista, depreciando-o em sua honra, o que desbordou
do contexto da charge de sua autoria", disse o juiz na decisão.
No texto que deu origem ao processo, Reinaldo Azevedo criticou uma charge feita por Laerte Coutinho
para o jornal Folha de S.Paulo na qual manifestantes a favor do impeachment tiram selfies com policiais
mascarados. A abordagem saiu do campo político e foi parar na vida pessoal da cartunista.
"Na sua insaciável compulsão por mandar a lógica às favas — ele pensa mal não importa como esteja
travestido —, afirmou ainda: 'Eu sou uma pessoa transgênera e quero usar o banheiro feminino'. Laerte
acredita que o fato de ele 'querer' alguma coisa transforma essa coisa num direito. Mais: salvo
demonstração em contrário, o banheiro feminino é reservado às mulheres, e a menos, então, que sejam
consultadas, essa maioria não poderia ser submetida aos desejos da minoria 'transgênera' — na hipótese,
não comprovada, de que ele representasse a dita-cuja, o que também é falso", escreveu Azevedo.
A charge
de Laerte publicada no jornal Folha de S.Paulo que deu origem à discussão com Reinaldo Azevedo e ao
processo na Justiça. Reprodução/Folha de S.Paulo
Revista Consultor Jurídico, 20 de dezembro de 2016, 15h42
Meirelles: parcelamento especial de dívidas
renderá ao menos R$ 10 bi ao governo
22 dez 2016 Fernanda Rodrigues Tributário Deixe seu Comentário
O parcelamento especial de dívidas tributárias anunciado hoje (15) como parte das medidas para estimular
a economia renderá pelo menos R$ 10 bilhões à União em 2017, disse há pouco o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles. Ele, no entanto, disse que a estimativa é conservadora e que o valor provavelmente
será maior.
“Prevemos R$ 10 bilhões de arrecadação com o programa de regularização. Seria prematuro dar número
preciso, mas acho esse número conservador. Como aconteceu com a repatriação [programa de
regularização de recursos no exterior], teremos uma surpresa positiva. Na administração tributária, é
melhor ser conservador. [A arrecadação] certamente será superior a isso”, disse o ministro.
O programa de regularização, esclareceu o ministro, abrange apenas dívidas de pessoas físicas e jurídicas
com a Receita Federal e com a Previdência Social vencidas até 30 de novembro deste ano. Débitos
inscritos na dívida ativa não estão incluídos no parcelamento. Além disso, quem questiona as dívidas na
Justiça terá de desistir do processo para aderir ao refinanciamento.
Segundo Meirelles, a renegociação facilitará a retomada dos investimentos e do crescimento. “Em um
momento de crise, é importante permitirmos que as empresas possam regularizar a situação fiscal, para
que não só possam tomar crédito e possam crescer, mas aumentar o emprego”, declarou o ministro.
Como tinha antecipado ontem (14), o ministro disse que as empresas poderão abater créditos tributários
(recursos que têm direito a receber do Fisco) e prejuízos de anos anteriores do saldo remanescente das
dívidas. Nesse caso, as perdas precisarão ter sido apuradas até 31 de dezembro de 2015 e declaradas até 30
de junho deste ano.
Para as grandes empresas, que declaram pelo lucro real, haverá duas opções. Pagamento de 20% da dívida
à vista e quitação do restante do débito com créditos tributários ou prejuízos fiscais. O saldo remanescente
será parcelado em até 60 meses. A empresa também poderá parcelar a entrada em 24 meses, com valores
crescentes, e quitar o saldo remanescente em até 60 meses a partir do 25º mês.
Para as demais empresas e as pessoas físicas, as opções serão o pagamento de 20% do débito à vista e o
parcelamento do restante em até 96 meses. Outra possibilidade é dar uma entrada de 21,6% parcelada em
36 vezes com valores crescente e o restante em 84 meses.
Fonte: Agência Brasil
Retrospectiva 2016
Mesmo em amadurecimento, acordo de leniência é instrumento
que veio para ficar
19 de dezembro de 2016, 9h18
Por Igor Tamasauskas
Chega ao final o ano de 2016 e, como não poderia deixar de ser, vem a hora de se avaliar o que se viveu e
as perspectivas para o ano seguinte. Costuma ser assim com a vida pessoal, não é muito diferente na vida
profissional. Dentre as inúmeras vertentes de atuação do advogado vocacionado para o direito
administrativo, sobressaíram temas relacionados à corrupção administrativa nesse 2016. Feliz ou
infelizmente, trata-se de tema recorrente há alguns anos e dificilmente deixará de sair da pauta para o ano
que vem. Ainda temos muito a evoluir na nossa institucionalidade e o enfrentamento desse tema é um
passo doloroso nessa direção.
Ao lado das operações criminais que se avolumam na mídia, há invariavelmente uma ação de improbidade
sobre os mesmos fatos ou as apurações administrativas que necessariamente emergem como natural
reação do Estado quando confrontado com desvios em seu âmago.
Isso significa material de trabalho para o administrativista, que emprestará seu conhecimento
especializado em licitações e contratos, em regulação, em processos administrativos, dentre outros, a fim
de possibilitar o indispensável incremento de defesa técnica para a empresa ou o indivíduo que se veja
enredado nessas situações nada confortáveis.
Esse ano que passou exigiu esse tipo de trabalho deste profissional. Exigiu mais: a adaptação e o
aprimoramento de seus instrumentos jurídicos para a negociação, em razão dos acordos de leniência, para
minimizar os efeitos da prática de atos ilícitos.
Mesmo sendo matéria já consolidada em questões relacionadas ao direito concorrencial, a Lei
Anticorrupção colocou o ferramental da leniência à disposição de autoridades e advogados para solucionar
negociadamente os impasses gerados pela descoberta de ilícitos empresariais. Se antes a regra era o
ajuizamento da ação de improbidade (ou de ações reparatórias) passou-se a considerar fortemente a saída
negociada do impasse, em ordem a permitir que empresas virassem a página em relação a atos ilícitos
descobertos nessas megaoperações.
Não faltaram críticas a esse sistema negocial — talvez haja dúvidas até mesmo se já temos um sistema em
funcionamento. De toda forma, essas críticas fundam-se, dentre outros argumentos, na renúncia à
mediação do judiciário, porque as tratativas ocorrem diretamente com a acusação; na possível violação de
direitos individuais, porquanto muitas vezes envolvem uma pressão adicional (e muito forte, por sinal) na
seara criminal; na disputa de protagonismo em relação aos acordos, dada a multiplicidade de entidades
legitimadas a perseguir um ato de corrupção no Brasil, desde o cidadão comum, pela via da ação popular,
até o Ministério Público, a pessoa jurídica lesada pelo desvio de conduta, os Tribunais de Contas, a
Controladoria Geral da União e congêneres estaduais e municipais, cada qual com seus instrumentos
próprios.
Todas essas críticas são bem-vindas, por sinal, porque fazem parte do amadurecimento institucional e
organizacional. Ao apontarem fragilidades ou incongruências, funcionam como catalisadores para o
aperfeiçoamento dos mecanismos em questão. Para esse aperfeiçoamento, todavia, é preciso que haja
predisposição dos envolvidos para a evolução desses mecanismos negociais, o que se alcança mediante
novos dispositivos legais, mas, sobretudo, pela reiteração da prática nos casos concretos.
O fato é que esse tipo de mecanismo veio para ficar em nossa realidade, haja visto que foram, ao menos,
uma dezena de acordos de leniência cuja celebração foi tornada pública em 2016, somente em relação à
operação “lava jato”. Outros tantos podem estar sob negociação, mas não são ainda de conhecimento
público, em razão de expresso sigilo legal durante as tratativas.
É importante destacar que esses acordos foram ajustados com o Ministério Público Federal, homologados
pela 5a Câmara de Coordenação e Revisão, e também pelo juízo criminal, em razão de, ou terem sido
ajustados em paralelo a colaborações com pessoas físicas, nos termos da Lei 13.850/2013, ou se
destinarem a produzir provas também na seara criminal, ou ambas as situações.
Ainda não se logrou, contudo, repetir essa experiência na seara do poder executivo federal. Por maiores
que foram os esforços que as seguidas equipes do atual Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controladoria Geral da União, e também da Advocacia Geral da União, trata-se de grande mudança de
paradigma que essa forma de lidar com o ilícito, ao menos na instância administrativa.
No mês de julho, veio a lume auspiciosa notícia quanto a um primeiro acordo dessa natureza envolvendo o
Poder Executivo Federal e o Ministério Público Federal, inaugurando uma fase que se espera seja a de
regularidade na utilização desse instrumental. Entrementes, por questões relacionadas à efetividade da
colaboração com as investigações, à reparação integral do dano e à destinação de parcela dos recursos, o
ajuste não recebeu o aval da 5a Câmara de Coordenação do MPF, e as negociações certamente retornaram
alguns passos.
Um dos pontos destacados como impeditivos foi a destinação de recursos, sob a rubrica de multa
decorrente da prática de lavagem de capitais, aos órgãos de investigação e controle. Colhe-se do parecer
da 5a Câmara do MPF que não se admitiu o repasse direto de recursos para o enfrentamento desse tipo de
criminalidade, posto que a lei em questão exige a formatação de um fundo específico que, entretanto,
ainda depende de regulamentação do Poder Executivo. Esta aí uma questão espera-se seja solucionada em
2017.
O papel do Tribunal de Contas nesse processo também não se resolveu. Invocando a possibilidade de
controle concomitante, o TCU editou uma resolução que o coloca na mesa de negociações, acompanhando
o passo-a-passo das etapas. Isso travou as discussões pois, se o poder executivo está sob a alçada do TCU,
a atribuição final do Ministério Público não possui outro controle senão o CNMP ou o poder judiciário. O
impasse se colocou, sobretudo em acordos conjuntos ou que, pela natureza, tenham de ser replicados tanto
perante o MPF quanto no Ministério da Transparência/CGU.
Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal, a quem compete definir esses limites, já decidiu, em caráter
cautelar e apenas uma vez, em favor de não se admitir esse controle concomitante sobre acordos de
leniência. Mas, como a palavra final será do plenário do STF, ainda há muito o que aguardar.
No plano parlamentar, pululam sugestões de alteração do marco legislativo acerca do tema. Uma delas
prevê deixar mais claro o papel de cada órgão durante essas tratativas. Seria ótimo que isso ocorresse, mas
o clima de crise política constante não permite antever se o processo legislativo se concluirá e, caso
finalize, para qual lado essa balança irá pender.
Não se esqueça que todo o mundo político está impactado com inúmeras investigações em curso e essas
tensões repercutem no processo legislativo. A modificação de posições, dada a magnitude das tensões,
ocorre de um dia para outro, às vezes até mesmo ao longo de um mesmo dia. Seja pela via da prática
(mediante a conclusão de um caso concreto), seja pela modificação legislativa, aguarda-se que seja um dos
pontos elucidados no próximo ano, já que oportunidades não faltam.
Ao lado dos expedientes administrativos para reparação do ilícito, há também a perspectiva de alienações
de ativos das companhias enredadas nos problemas judiciais e a expertise do administrativista será
indispensável, haja vista a necessidade de anuência prévia do poder concedente, por exemplo, quando a
alienação envolver uma concessão pública. Ou, ainda, avaliar-se a matriz de riscos para o adquirente,
sobretudo em razão do possível alcance do artigo 4o da Lei Anticorrupção.
Enfim, como não somente de corrigir seus desvios vive um país, espera-se pela retomada dos
investimentos em infraestrutura, paralisados pelas graves crises política e econômica. Espera-se sejam
implementados projetos de novas licitações setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário, objeto de
recente medida provisória editada pelo governo.
As novas gestões municipais que se iniciam, nesse momento de grave crise econômica e, por
consequência, severa restrição orçamentária, terão de se valer, ao máximo e com a maior segurança
possível, de novos mecanismos para viabilizar parcerias com a iniciativa privada e a captação de
investimentos para a aplicação na infraestrutura urbana.
Há muito a ser feito. Temos que superar a crise que é política, econômica e, cogitam alguns, também
institucional e da ordem jurídica. Quem milita na órbita do Estado, seja como advogado público ou
privado, possui sua parcela de responsabilidade para ultrapassarmos essas dificuldades.
Igor Tamasauskas é sócio do Bottini & Tamasauskas Advogados.
Revista Consultor Jurídico, 19 de dezembro de 2016, 9h18
Retrospectiva 2016
Do esporte à política, propriedade intelectual foi afetada de
diversas formas
19 de dezembro de 2016, 9h57
Por Helder Galvão
Se tivermos que resumir em uma palavra o ano de 2016 para os direitos da propriedade intelectual, a
escolha será pelo substantivo miscelânea. Foi um ano emaranhado de assuntos envolvendo o tema, de
exemplos e coisas diferentes.
A começar pela edição da Lei 13.284/2016, transitória, envolvendo os Jogos Olímpicos Rio 2016. De uma
vez só, regulou-se os direitos de transmissão, a contrafação, o marketing de emboscada por intrusão ou
associação, a concorrência desleal, a criação de áreas de interesse de patrocinadores e daí em diante.
Falou-se tanto de legado que o registro, positivo, foi a ocorrência de apenas uma ação judicial em razão da
violação dos direitos da propriedade intelectual em um evento de escala mundial. O que se pode concluir,
ao menos, é que o nosso ordenamento e, principalmente, a maturidade dos sujeitos envolvidos, sejam eles
espectadores, agências de publicidade, operadores de direito, organizadores e autoridades, funcionaram a
contento.
A mistura de assuntos envolvendo os direitos da propriedade intelectual no ano 2016 não para por aí. A
“imovação”, a imitação no processo de inovação, marcou presença, mais uma vez, no concorrido mercado
de tecnologia. Se a chinesa Xiaomi lançou o MIUI 8, coube a Apple, depois, lançar o iPhone 7. É de se
perguntar quem imitou quem ou quem inovou na frente, cuja resposta se confunde numa intrincada rede
de espionagem internacional e de uma corrida tecnológica e competitiva sem limites ou fronteiras, onde o
Brasil, patinando nos seus próprios problemas políticos e econômicos, perde cada vez mais espaço quando
se trata dos progressos e benefícios que giram em torno da propriedade intelectual.
E, claro, por falar em problemas políticos, o doloroso processo de impeachment da Presidente da
República refletiu seriamente no trabalho da Diretoria de Direitos Intelectuais do Ministério da Cultura,
responsável, por exemplo, pela condução da política pública dos direitos autorais no país. Se não bastasse
essa destituição, a sucessiva troca de Ministros da pasta e, consequentemente, na mudança do seu perfil,
culminou na absoluta ausência de avanços no setor. E, para piorar, não se tem em vista, para o próximo
ano, sinais de melhorias ou novidades.
Finalmente, não se pode fazer uma retrospectiva deste ano sem citar a perda de um dos maiores juristas
brasileiros, quiçá mundial, de direitos da propriedade intelectual, o professor Denis Borges Barbosa.
Embora de estatura pequena, Denis era um gigante, mestre dedicado aos seus alunos, colegas de profissão
e ao desenvolvimento científico e acadêmico da disciplina. Ditou a jurisprudência dos direitos da
propriedade intelectuais por aqui, erigiu um acervo literário robusto, raro e sofisticado, deixando para as
próximas gerações um sólido conjunto de manuscritos sobre o tema. Enfim, dava gosto ouvi-lo.
Lá no início foi dito que o ano de 2016, para a propriedade intelectual, foi de uma confusão de coisas e
acontecimentos. Mas, ora, isso foi o retrato do Brasil em 2016.
Helder Galvão é advogado, mestre pelo Instituto de Economia da UFRJ e professor da FGV Direito Rio.
Revista Consultor Jurídico, 19 de dezembro de 2016, 9h57
Novas regras da Previdência vão afetar sete em
cada 10 brasileiros
Cerca de 101 milhões de homens e mulheres, com menos de 50 e de 45 anos,
respectivamente, terão de se aposentar de acordo com as normas previstas na reforma,
caso ela seja aprovada
postado em 19/12/2016 06:00 / atualizado em 19/12/2016 07:46
Antonio Temóteo , Alessandra Azevedo
Brasília – As mudanças propostas pelo governo nas normas para concessão de benefícios do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) afetarão de forma radical a vida de sete em cada 10 brasileiros. Os
números levam em conta as 141,3 milhões pessoas em idade ativa no país, conforme dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios de 2015. Desse total, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que 101,4 milhões de cidadãos não se enquadram nas regras de transição
propostas pelo Executivo e que serão analisadas pelo Congresso Nacional a partir do próximo ano. Saiba
mais: Para Dieese, projeto de reforma da Previdência desconsidera desigualdades
Esse contingente de pessoas corresponde aos 53,3 milhões de homens com menos de 50 anos e as 48,1
milhões mulheres com idade inferior a 45 anos que, pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287,
não terão direito às regras de transição definidas no texto. Para se aposentar terão de contribuir,
obrigatoriamente, por pelo menos 25 anos e terão de comprovar 65 anos de vida. Além disso, não poderão
acumular o benefício com nenhum tipo de pensão, como é comum no país. O texto ainda define que as
normas valerão para empregados dos setores público e privado.
Os 39,8 milhões que se enquadrarão nas regras de transição terão de pagar um pedágio de 50% sobre os
anos que faltam para se aposentar pelas normas atuais de tempo de contribuição. Apesar das restrições
impostas pelo texto, há um consenso no mercado e entre os economistas liberais de que a reforma é
essencial para equilibrar as contas públicas. E, sobretudo, que as mudanças são necessárias garantir a
sustentabilidade do sistema que paga atualmente mais de 33 milhões de benefícios ao mês, a um custo de
R$ 37 bilhões.
MAIS RICOS Diante das críticas de que a proposta penalizaria os mais pobres, o economista Pedro
Schneider, do Itaú Unibanco, explica que o aumento da idade afeta mais intensamente justamente os
trabalhadores de renda mais elevada. Ele detalha que esse grupo atinge o tempo de contribuição mínimo
para aposentadoria mais rapidamente, em razão do grau de qualificação e de estabilidade do seu emprego.
Além disso, combinada ao atingimento da idade de aposentadoria precoce, a remuneração média elevada
aumenta o valor da aposentadoria recebida, representando forte pressão nos gastos com previdência.
Schneider comenta que os trabalhadores de menor renda, apesar de entrarem mais cedo no mercado de
trabalho, estão sujeitos a um grau maior de informalidade e usualmente se aposentam por idade, isto é, aos
65 anos se homens e 60 anos se mulheres, sob as regras atuais. “A adoção de uma idade mínima, portanto,
dificulta principalmente a aposentadoria precoce por tempo de contribuição, que gera benefícios médios
maiores, e, logo, está associada à parcela mais rica da população”, ressalta.
Nas contas do economista do Itaú Unibanco, a reforma permitirá uma economia de 1,4% do Produto
Interno Bruto (PIB) no gasto com previdência até 2025. No mesmo período, o déficit encolherá 1,5% da
geração de riquezas no país. Ele alerta que sem reforma a Previdência, que em 2016 equivale a 40% do
total dos gastos primários, corresponderia 65% das despesas em 2025. Com a aprovação da PEC e
mantendo a regra de ganhos reais para o salário mínimo, ele projetou que os desembolsos chegariam a
55% dos gastos, enquanto seria de 48%, se o valor das aposentadorias crescer apenas com a inflação.
AVANÇOS A proposta de reforma da Previdência, avalia o economista Rogério Nagamine, pesquisador
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é ampla e necessária para garantir o pagamento de
benefícios para as gerações futuras. Conforme ele, o processo de envelhecimento da população no curto
prazo implicará aumento de gastos significativos se as regras para concessão de aposentadorias não forem
revistas. Nagamine destaca que pelo menos 46 países aumentaram ou estão em processo de elevação da
idade mínima.
Espanha e Alemanha, por exemplo, estão revisando a norma de 65 anos para 67 e vários países-membros
da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm tomado medidas
semelhantes.
Desses 46 países que estão aumentando a idade de aposentadoria, um grupo de 16 já eliminou, ou vai
eliminar, a diferença de idade entre homens e mulheres para requerer aposentadoria. Além disso, o
especialista comenta que de 174 países analisados, em 116 não há diferenças para homens e mulheres nas
normas para requisição de benefícios. O equivalente a 67% do total. Nagamine ainda destaca que, no
cenário internacional, a taxa de reposição, que corresponde ao salário que recebia em idade ativa, fica, em
média, entre 60% e 70%. “A onda de reformas é mundial e não é exclusivamente nossa. O debate do tema
é extremamente relevante para a sociedade”, afirma.
Nas contas do secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, se o texto for
aprovado ainda em 2017 tem potencial para gerar uma economia de R$ 5 bilhões na concessão de
benefícios. Para 2019, deixariam de ser gastos R$ 14,6 bilhões. Em 2020, o alívio seria de R$ 26,7 bilhões
e, em 2021, de R$ 39,7 bilhões. Conforme ele, esse montante chegará a R$ 678 bilhões até 2027. Caso o
texto seja aprovado e as estimativas se tornarem realidade, Caetano projeta que as despesas com pensões e
aposentadorias se estabilizariam e entre 8% e 9% do PIB. Além disso, o déficit convergiria para um
percentual entre 1,5% e 2% da geração de riquezas no país.
O secretário ressalta que a proposta tem como principal virtude acabar com as distorções existentes entre
os regimes, mas manteve seu caráter social ao garantir uma renda mínima aos trabalhadores. Ele destaca
que não é favorável a mudanças profundas no texto, pois isso acabaria com a intenção principal, que é
garantir que as gerações futuras tenham acesso aos benefícios. “Se só começar a reforma tirando fulano e
ciclano, vamos perder um dos objetivos que é a equidade. E para ela ter uma consistência, temos que dar
uma sustentabilidade pelo menos de algumas décadas”, comenta.
Três perguntas para Pedro Schneider - economista do Itaú Unibanco
O aumento da idade de aposentadoria afeta mais intensamente os mais pobres? Não. O aumento da idade afeta mais intensamente justamente os trabalhadores de renda mais elevada.
Estes atingem o tempo de contribuição mínimo para aposentadoria mais rapidamente, em razão do grau de
qualificação e de estabilidade do seu emprego. Além disso, combinada ao atingimento da idade de
aposentadoria precoce, a remuneração média elevada aumenta o valor da aposentadoria recebida,
representando forte pressão nos gastos com Previdência. Os trabalhadores de menor renda, por sua vez,
apesar de entrarem mais cedo no mercado de trabalho, estão sujeitos a um grau maior de informalidade e
usualmente se aposentam por idade, isto é, aos 65 anos se homens e 60 anos se mulheres, sob as regras
atuais.
Qual o impacto das medidas propostas no gasto e no déficit da Previdência? A reforma proposta permite uma economia de cerca de 1,4% do PIB no gasto com previdência e de 1,5%
do PIB no déficit da Previdência, até 2025, em relação ao cenário sem reformas. Se as medidas forem
aprovadas, o gasto e o déficit da Previdência estarão em torno de 8,9% e 3,1% do PIB em 2025, contra
8,2% e 2,5% do PIB em 2016 e 10,3% e 4,6% do PIB, caso nenhuma reforma seja aprovada. Se além da
reforma, o salário mínimo se mantiver apenas constante em termos reais, o gasto e o déficit ficarão em
torno de 7,8% e 2% do PIB, ligeiramente abaixo dos níveis de 2016. Dos gastos da previdência, 66% estão
indexadas ao indicador. E o salário mínimo teve reajustes reais significativos nos últimos anos. Assim, a
regra incorporou ganhos de produtividade da geração de jovens trabalhadores para idosos aposentados.
A reforma da Previdência proposta possibilita o cumprimento do teto de gastos até 2025? Sim, se no futuro o valor das aposentadorias crescer, na média, com a inflação. Sem reforma, estimamos
que a Previdência, que em 2016 equivale a 40% do total dos gastos primários, corresponderia 65% dos
gastos em 2025. Com a reforma e mantendo a regra de ganhos reais para o salário mínimo, essa despesa
seria de 55% dos gastos, enquanto seria de 48% se o valor das aposentadorias crescer apenas com a
inflação. Adicionalmente, vale notar que possíveis flexibilizações na PEC realizadas pelo Congresso,
sobretudo na regra de transição para a adoção de uma idade mínima, postergariam os impactos no gasto
previdenciário, podendo inviabilizar o cumprimento do teto.
Novo código agiliza dissolução de empresas na
crise
20 dez 2016 Barbara Lima Geral , Tributário Deixe seu Comentário
Efeitos. Os conflitos entre os sócios ganham força em meio à retração da atividade econômica, mas a
legislação elevou a segurança jurídica, principalmente, em casos que vão aos tribunais
São Paulo – Com um capítulo inteiro no novo Código de Processo Civil (CPC), a questão da dissolução de
sociedades ganhou muito mais segurança jurídica, em um momento em que disparam os pedidos desse tipo
por conta da crise econômica.
Antes do novo CPC, em vigor desde março de 2016, não havia uma legislação específica sobre o tema,
sendo que as decisões dependiam apenas da jurisprudência existente, comentam especialistas ouvidos pelo
DCI.
O professor Fábio Ulhoa Coelho, sócio-fundador do escritório que leva o seu nome e autor desse capítulo
do CPC, conta que antigamente havia uma “irracionalidade” nos processos de dissolução societária. “Antes,
o juiz não era obrigado a fazer a definição, logo no início, da data e do critério para avaliar o valor da
sociedade, se levaria em conta o que a companhia pode gerar de riqueza para frente ou se dependia do que
ela faturou no passado. Isso fazia com que os contadores entregassem avaliações as mais distorcidas”, opina
o advogado. No novo CPC, essas definições tornam-se obrigatórias. Essa é, de acordo com Coelho, a
contribuição mais importante da nova lei.
O sócio do escritório Guedes Nunes, Oliveira e Roquim Sociedade de Advogados, Marcelo Guedes Nunes,
que auxiliou Coelho na elaboração desse capítulo do CPC, afirma que a lei cria um roteiro para a sentença,
porque os juízes que tratavam desses processos anteriormente demoravam muito para julgar e traziam,
muitas vezes, juízos que eram omissos em questões cruciais para uma melhor resolução do conflito entre os
sócios. “Era importante, por exemplo, ter um dispositivo que mostrasse que da decisão tinha que
obrigatoriamente constar a autorização para compensar não só os valores dos haveres [avaliação do valor
de mercado das cotas de cada sócio] como também um eventual prejuízo que o sócio tenha feito à
sociedade”, ressalta ele.
Nunes explica que, de acordo com o novo código, quando um parceiro é expulso da sociedade por ter gerado
um prejuízo ao caixa esse valor pode ser descontado do valor da cota dele.
Outra inovação trazida pelo capítulo de dissoluções societárias no CPC é a listagem das possibilidades em
que cabe a dissolução parcial, tais quais o falecimento, exclusão ou pedido de retirada ou recesso de um dos
sócios.
A dissolução parcial é uma alternativa à dissolução total, na qual a sociedade se extingue em relação a todos
os seus sócios, com a liquidação efetiva de bens sociais. Esta última, inclusive, teve uma queda no percentual
de pedidos de 46,8% no período de 1997 a 2007 para 40,7% de 2008 a 2011. Isso, na visão de Nunes, autor
também de um vasto estudo sobre dissoluções de sociedades, deve-se à vigência do novo Código Civil, que
passou a dispor de dispositivos de regulamentação da dissolução parcial que não existiam quando da edição
do antigo CPC em 1939.
Conforme o levantamento, realizado com base na análise de 718 acórdãos de processos de dissolução de
1997 a 2011, “apenas” 28,8% das sociedades terminam com dissolução total.
Coelho destaca ainda a importancia da obrigação de se fazer o depósito em juízo da parte incontroversa.
“Isso é uma inovação importante. Quando existe um conflito entre os sócios, em que um foi expulso ou quer
sair da sociedade, a divergência raramente tem a ver com a participação na sociedade. A divergência está
no montante que será pago. Por exemplo, os sócios que ficam na empresa dirão que o parceiro tem direito
a 70% [de um valor] e ele dirá que quer 100%. Existe um acordo que são os 70%, a divergência está só nos
outros 30”, explica. Ou seja, os 70% no exemplo do professor, que não são objeto de disputa, são depositados
para garantir o pagamento da parte do sócio litigante.
Recessão
Com a crise econômica, o escritório Scheer Advogados Associados viu um aumento na demanda por
dissoluções de sociedades, conta Mauro Scheer Luís, que é especialista em Direito Societário.
Segundo ele, os problemas financeiros causados pela fraqueza da atividade econômica atinge em cheio o
relacionamento entre os sócios das empresas. “Os problemas entre os sócios costumam ficar um pouco mais
salientes nesses períodos. Um parceiro, por exemplo, consegue aportar dinheiro na empresa, enquanto os
outros não conseguem dar conta do capital necessário. Isso gera sérios desentendimentos”, observa o
advogado.
Marcelo Nunes acrescenta que há mesmo estudos que mostram claramente uma correlação entre disputas
societárias e crise econômica.
Por outro lado, para Mauro Scheer até uma briga dessas chegar ao ponto de dissolução societária é preciso
que todas as tentativas de conciliação, inclusive na Justiça, com intermediação dos advogados das partes, já
tenham sido esgotadas.
No entanto, Coelho pondera que na maioria das vezes a crise econômica é só mais um ingrediente nas
dissoluções de sociedades. “Eventualmente, se houver um caso de deterioração da sociedade, a situação
financeira da companhia gera um estresse que aumenta desentendimento entre os sócios, mas isso não é
uma relação tão direta assim.”
De acordo com Scheer, as disputas na Justiça são mais comuns em companhias familiares. “Muitas empresas
familiares, principalmente as constituídas por marido e esposa, têm situações nas quais fica impossível a
conciliação. Em sociedades formadas por investidores os conflitos são muito mais fáceis de resolver. Fora
que normalmente eles vão para a arbitragem e não para o Judiciário nesses casos”, destaca.
O professor Fábio Ulhoa Coelho relata que desentendimentos de dentro de casa muito comumente acabam
tornando-se razão para problemas também nas empresas. “A dinâmica da família acaba gerando um tipo de
crise política por conta do maior grau de irracionalidade.”
Já as sociedades formadas por investidores muitas vezes terminam por rusgas de origem pecuniária, analisa
Coelho. “O [acionista ou sócio] minoritário cria problemas para [conseguir] vender a parte dele por um
valor maior”, diz Coelho.
Ricardo Bomfim
FONTE: DCI
Andamento no STF
Teori Zavascki já julgou 102 cautelares relacionadas à "lava jato"
22 de dezembro de 2016, 9h26
Até o momento, o ministro Teori Zavascki, responsável pelas ações da operação “lava jato” no Supremo
Tribunal Federal, já julgou 102 ações cautelares ajuizadas pelo Ministério Público Federal sobre os
desvios ocorridos em contratos da Petrobras. Entre os pedidos estão prisões preventivas, buscas e
apreensões, além de quebras de sigilo bancário, fiscal ou telefônico.
Gabinete do ministro divulgou levantamento detalhado sobre os autos relacionados à operação "lava jato"
em seu gabinete.
O ministro também já decidiu em 24 das 25 colaborações premiadas enviadas ao tribunal até a última
sexta-feira (16/12). Uma dessas colaborações encontra-se na Presidência da corte aguardando
redistribuição. As colaborações mais recentes, enviadas pela PGR na segunda-feira (19/12), ainda serão
analisadas.
Entre os Habeas Corpus impetrados por acusados na “lava jato”, 83 já foram decididos e transitaram em
julgado. Do total de 91 processos, apenas oito continuam em tramitação. Das 45 reclamações propostas,
37 foram decididas e transitaram em julgado, oito ainda permanecem em tramitação.
Os dados foram compilados pelo próprio gabinete do ministro e também abrangem os atos da
Procuradoria-Geral da República. Até o momento, segundo o levantamento, a PGR ofereceu denúncia em
16 inquéritos ao Supremo e cinco deles foram recebidos.
Em quatro processos, Teori está analisando os autos para concluir seu voto sobre o recebimento ou não da
denúncia. Em outros quatro, estão sendo aguardadas as alegações finais da defesa para que o relator passe
para a fase de elaboração de voto.
Dois dos processos em que houve apresentação da denúncia foram remetidos à primeira instância por
perda de mandato parlamentar e um está com o julgamento suspenso aguardado liberação de pedido de
vista. Das três ações penais instauradas, uma está em tramitação e duas tiveram baixa à primeira instância
em razão da perda de mandato parlamentar.
De acordo com o levantamento, são 58 os inquéritos relacionados à “lava jato” que ainda não tiveram
denúncia apresentada. Desse total, 34 estão em tramitação, 25 aguardam ações da Polícia Federal ou da
PGR e 18 foram redistribuídos ou declinados à 1ª instância. Um inquérito ainda está pendente de
redistribuição, seis foram arquivados e oito foram apensados (anexados) a outros processos. Com
informações da Assessoria de Imprensa do STF.
Revista Consultor Jurídico, 22 de dezembro de 2016, 9h26
Retrospectiva 2016
Sociedades individuais no Simples e impeachment foram destaques
de abril
22 de dezembro de 2016, 17h23
Em abril, a Ordem dos Advogados do Brasil conseguiu que sociedades individuais de advocacia fossem
incluídas no Simples, contrariando o que pretendia a Receita Federal. A decisão no Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, sediado em Brasília, destacou que os advogados devem ter os mesmos direitos
concedidos a outras sociedades que também prestam serviço de natureza intelectual.
Segue o impeachment A Câmara dos Deputados aprovou a abertura de processo de impeachment contra a então presidente Dilma
Rousseff (PT), por 367 votos favoráveis e 137 contra. O Supremo Tribunal Federal garantiu a tramitação
do processo e, em sessão que durou sete horas, negou cinco ações que contestavam a votação. Entre as
decisões, o STF rejeitou as alegações da Advocacia-Geral da União sobre desrespeito à ampla defesa e
manteve o relatório de comissão especial da Câmara. A ordem de votação também foi questionada, mas o
STF manteve o que foi decidido na Casa.
Advogados grampeados A judicialização da política continuou em abril. O Plenário do STF confirmou decisão liminar que
suspendeu a divulgação de conversas entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
tornadas públicas pelo juiz federal Sergio Fernando Moro, em meio à operação “lava jato”. O grampo
também atingiu o escritório que representa Lula, apesar de a empresa de telefonia que cumpriu a ordem de
interceptação ter avisado o juiz em duas oportunidades. Em ofício ao Supremo, Moro admitiu que só
soube que o grampo também atingiu o escritório que representa Lula depois de notícia da ConJur.
Morte em presídio O Supremo decidiu ainda que o poder público responde pela morte de detentos dentro de presídios, se for
comprovado que seu dever de proteger as pessoas ali encarceradas foi descumprido. O Plenário da corte
condenou o estado do Rio Grande do Sul a indenizar a família de uma preso que morreu enforcado. Como
o caso teve repercussão geral reconhecida, o entendimento deve ser aplicado em pelo menos outros 108
processos.
Sigilo de honorários Informações relativas à contratação de advogados estão sob a proteção do sigilo profissional da categoria e
só podem ser fornecidas por determinação do Poder Judiciário. Foi o que decidiu a 5ª Vara da Justiça
Federal do Rio de Janeiro ao cancelar requerimentos encaminhados pela Procuradoria do Ministério
Público do Trabalho no estado a dezenas de empresas fluminenses para ter acesso aos contratos de
honorários firmados com escritórios de advocacia.
Revista Consultor Jurídico, 22 de dezembro de 2016, 17h23
Medida provisória cria duas taxas em favor da
Suframa
22 de dezembro de 2016
O governo criou, nesta terça-feira (20), duas taxas em favor da Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa). A cobrança foi instituída pela Medida Provisória 757/16, publicada no Diário Oficial da União.
A Taxa de Controle de Incentivos Fiscais (TCIF) e a Taxa de Serviço (TS) serão recolhidas pela própria
instituição, para custeio de suas atividades. A Suframa é uma autarquia vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior responsável por administrar a Zona Franca de Manaus,
que é composta de três polos: industrial, comercial e agropecuário.
A TS será cobrada de pessoas físicas e jurídicas que solicitarem algum tipo de serviço previsto na medida
provisória, como cadastramento (R$ 140,37), atualização cadastral (R$ 42,11) e unitização de contêineres
(R$ 533,40), que permite a reunião de cargas de diferentes naturezas num só volume para fins de transporte.
A TCIF, por sua vez, será exigida em razão do poder de polícia da Suframa sobre a importação de
mercadorias estrangeiras. Cabe à autarquia controlar e regular o cumprimento da licença de importação na
entrada de mercadorias, bom como conferir documentação e fazer vistorias.
Devem pagar a TCIF pessoas jurídicas que solicitarem o licenciamento de importação ou o registro de
ingresso de mercadorias procedentes do exterior no território nacional.
O microempreendedor individual, as microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo regime
especial simplificado de arrecadação (Simples) estão isentos.
A TS e a TCIF foram criadas em substituição à Taxa de Serviços Administrativos (TSA), declarada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, que a considerou carente de uma descrição detalhada da
hipótese de incidência.
O governo alega que os dois novos tributos criados oferecem mais clareza, segurança jurídica e formato de
cobrança mais simplificado, além de transparência nos valores a serem pagos.
As taxas já estão sendo cobradas, visto que a medida provisória tem força de lei e já está em vigor.
Tramitação O texto será analisado primeiramente por uma comissão mista de deputados e senadores, que terão até o dia
6 de fevereiro para apresentarem emendas.
Só depois a MP vai ser votada separadamente nos plenários da Câmara e do Sendo. A partir de 30 de março,
a MP começa a tramitar em regime de urgência.
Saiba mais sobre a tramitação de MPs
Íntegra da proposta:
MPV-757/2016
Fonte: Câmara dos Deputados
Opinião
Aumento de imposto não resulta necessariamente em maior
arrecadação
21 de dezembro de 2016, 9h00
Por Michelle Moretzsohn Holperin e Lucia Helena Salgado
Um exemplo pitoresco sempre a ilustrar aulas de economia da tributação é o imposto sobre janelas que
vigorou no Reino Unido por um longo período — de 1696 a 1851. Idealizado originalmente como
instrumento equânime — por progressivo — para aumentar a tributação em um país com os cofres
públicos esvaziados pela Guerra dos 100 Anos, perpetuou-se por inércia, a par das distorções que gerou,
apontadas pelos contemporâneos.
A lógica do imposto parecia correta, cobrar de quem podia pagar, em base progressiva: as faixas de
alíquota variavam pelo número de janelas nas residências, 10, 15 ou 20, sendo o número de janelas proxy
da riqueza do proprietário. Tarefa fácil para o Tesoureiro do Reino calcular o aporte de recursos aos cofres
públicos, bastando ter um bom levantamento das construções urbanas, certo? Errado. O efeito imediato da
instituição do novo imposto foi a vedação de um grande número de janelas no Reino, fato que se observa
ainda hoje – em Edimburgo é possível ainda ver inúmeros prédios com fileiras inteiras de janelas vedadas
por antigos tijolos.
Uma recente análise rigorosa do conhecido fato (Oates and Schwab, 2015) desvenda detalhes sobre as
distorções criadas pelo imposto: as decisões sobre construções passaram a levar em conta a incidência do
imposto, observando-se picos de frequência em casas com 9, 14 e 19 janelas – justamente na margem da
elevação de alíquotas. O fechamento de janelas por proprietários — causa do agravamento de doenças
respiratórias e proliferação de doenças, segundo relatos contemporâneos — acabou afetando
especialmente a população mais pobre, locatária, espremida em casas sem janelas. O aumento de
arrecadação foi, portanto, ao menos parcialmente neutralizado pela reação dos contribuintes. Adam Smith
só viria a se dedicar a desvendar os mecanismos dos incentivos econômicos e propor normas de tributação
eficiente quase um século depois. A má política — com seus efeitos danosos e não antecipados sobre os
mais frágeis — ficou registrada por Charles Dickens na revista que editava, Household Words.
Seria de se esperar que no século XXI decisões de política tributária fossem tomadas após a avaliação de
impactos, informada por análise econômica com base em evidências. Mas não, continua-se a cometer
erros semelhantes àqueles de quatro séculos atrás. Premidos pela queda de arrecadação e déficits em
contas públicas, vários governos estaduais elevaram a alíquota de ICMS sobre cigarros em 2015 e 2016, a
despeito aumento do IPI em 14%, que passou a vigorar esse ano. De certo, produtos derivados do tabaco e
álcool são os primeiros candidatos chamados a colaborar com o esforço fiscal, considerando a baixa
sensibilidade de sua demanda a variações de preço e associado que está seu consumo à geração de
externalidades negativas. O erro, porém, está em se desprezar a necessidade de análise mais rigorosa dos
efeitos do aumento tributário.
O Nobel de Economia Joseph Stiglitz, em sua obra sobre Economia do Setor Público ensina que a
incidência do ônus tributário depende da organização dos mercados (grau de concorrência), da resposta da
demanda e da oferta a aumento de preços (do formato das respectivas curvas, que indicam a sensibilidade
de produtores e consumidores a mudanças em preços). Impostos sempre irão gerar impacto sobre o
consumo — lembra Stiglitz que o objetivo de todo imposto é transferir poder de compra dos indivíduos
para o governo. A questão é se o impacto é o esperado — aumento da arrecadação e diminuição do
consumo — ou se efeitos não antecipados serão gerados.
Nos últimos quatro anos, houve seguidos aumentos da alíquota do IPI incidente sobre cigarros: 110% em
média e 140% para as marcas de menor preço. A parcela de tributos no preço final do produto pode
superar os 80%.
Ao mesmo tempo, dados recentes de um amplo estudo conduzido pelo IDESF mostram que o cigarro
corresponde por cerca de 68% do total de produtos que entram ilegalmente no Brasil. Esse mercado ilegal,
que possui uma rentabilidade mínima de cerca de 180%, resulta em perdas da ordem de 6,4 bilhões de
reais, sendo 4,5 bilhões relacionados a perda de arrecadação somente. Teríamos ultrapassado o ponto a
partir do qual aumento de alíquota correlaciona-se negativamente com arrecadação?
A teoria econômica, testada em estudos empíricos nos diz que há limites para aumentos de impostos.
Como no caso do imposto sobre janelas, os agentes econômicos ajustam suas decisões de modo a evitar
transferir ainda mais poder de compra para o governo. As alternativas que os agentes dispõem dependem
do ambiente institucional em que se encontram. No ambiente institucional brasileiro, de baixa eficácia no
combate ao contrabando de cigarros, convivem dois mercados: o legal e o ilegal. Um sujeito às normas do
Estado — regulação e tributação — o outro não.
Para o consumidor significa ter diante de si a escolha entre produtos caros e baratos (o diferencial de
preços nos dois mercados é superior a 100%). As escolhas feitas pelos consumidores de certo variam
também em função das características dos consumidores — faixa etária, grau de escolaridade, nível de
renda. O que chama a atenção — e deveria provocar a reflexão dos decisores públicos — é que há fortes
razões para crer que o aumento continuado de impostos esteja provocando, não a redução de consumo e
aumento de arrecadação esperados, mas desvio de demanda para o mercado ilegal, estimulando sua
expansão, e perda de arrecadação — diretamente relacionada à redução de vendas no mercado formal.
O imposto sobre janelas acabou por ser revogado. A compreensão sobre os efeitos nefastos e seu fraco
desempenho arrecadatório — um cálculo pragmático de custos e benefícios — impôs-se a seu tempo.
Aqui em nosso estado, fato semelhante se observou num passado não muito distante, quando, em 1998, o
governo revogou o aumento de 25% para 35% do ICMS sobre cigarros, depois de ver a arrecadação
despencar 43%.
No entanto, o aprendizado parece ter sido esquecido. Há poucos dias, uma nova alta, aprovada de forma
confusa e sem nenhuma análise e estudo de impacto na Alerj, elevou a carga tributária do produto para,
aproximadamente, 37%. Anunciada como parte da solução para a crise financeira do estado, a medida
indica que continuamos a repetir velhos erros em política tributária e assim continuará sendo enquanto
decisões públicas não forem sujeitas à prévia análise de seus efeitos.
Michelle Moretzsohn Holperin é doutoranda em Instituições, Políticas e Governo na EBAPE/FGV e sócia
de LHS, Economistas Associados atualmente visiting student no MIT, Departamento de Ciência Politica.
Lucia Helena Salgado é professora Associada, FCE/UERJ, de Economia do Setor Público, da Regulação e
da Concorrência.
Revista Consultor Jurídico, 21 de dezembro de 2016, 9h00
Pacto secreto
Lindbergh Farias é condenado por nomear familiares de ex-
vereador
21 de dezembro de 2016, 14h10
O juiz Gustavo Quintanilha Telles de Menezes, da 7ª Vara Cível de Nova Iguaçu, condenou o senador
Lindbergh Farias (PT-RJ) a pagar multa de R$ 640 mil em ação de improbidade administrativa, além de
determinar a suspensão de seus direitos políticos por cinco anos.
Lindbergh foi condenado por negociar cargos para parentes de vereador
em troca de aliança política, quando era prefeito.
O Ministério Público afirmou que, quando Lindbergh era prefeito de Nova Iguaçu, fez um acordo político
com o ex-vereador José Agostinho de Souza, entre janeiro de 2005 e abril de 2007: várias pessoas da
família de José Agostinho seriam nomeadas para cargos na prefeitura em troca de apoio político na
Câmara Municipal.
O juiz concluiu que os fatos descritos na denúncia foram confirmados em depoimento pelo próprios
familiares e correligionários nomeados a pedido do ex-vereador. Eles declararam que recebiam pela
prefeitura, mas trabalhavam em um centro social e em campanhas eleitorais.
“Os recursos do município — atualmente em severa crise financeira — por via oblíqua, favoreceram
interesses pessoais dos réus Lindbergh Farias e José Agostinho de Souza, que, portanto, respondem pelo
prejuízo que causaram ao erário”, diz a sentença.
No dia 6 de dezembro, o juiz já havia condenado Lindbergh em outra ação de improbidade administrativa,
por ter permitido o uso promocional de sua imagem em dezembro de 2007 e no primeiro semestre de
2008, quando era prefeito de Nova Iguaçu e se candidatava à reeleição.
Segundo a denúncia, ele distribuiu caixas de leite e cadernetas de controle de distribuição com o logotipo
criado para o seu governo impresso no material.
Em um terceiro processo de improbidade administrativa, que corre na 4ª Vara Cível de Nova Iguaçu, a
juíza Marianna Medina Teixeira decretou, na semana passada, o bloqueio dos bens do político, pela
dispensa de licitação em convênio feito com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Por meio de nota, o senador disse que vai recorrer e declarou ser vítima de perseguição. “Me estranha que
processos que se arrastavam por quase uma década sejam repentinamente alvo de decisão do mesmo
magistrado, ignorando inclusive a decisão do STF de arquivamento de inquéritos com o mesmo objeto. A
perseguição é mais do que explícita”, afirmou. Com informações da Agência Brasil e da Assessoria de
Imprensa do TJ-RJ.
Clique aqui para ler a sentença.
Processo 0055893-08.2010.8.19.0038
Revista Consultor Jurídico, 21 de dezembro de 2016, 14h10
Investigação internacional
Odebrecht e Braskem fecham acordo e pagarão US$ 3,5 bilhões
por propinas
21 de dezembro de 2016, 17h53
A Odebrecht confessou para a Justiça dos Estados Unidos que pagou US$ 788 milhões em propinas para
membros de governos de 12 países em um esquema que se iniciou em 2001. O anúncio foi feito nesta
quarta-feira (21/12) pelo Departamento de Justiça dos EUA (DOJ). A empresa e a Braskem (companhia
controlada por ela em parceria com a Petrobras que já havia anunciado acordo) irão pagar US$ 3,5
bilhões para resolver litígios nos Estados Unidos, Brasil e Suíça. Trata-se do maior acordo já feito
na história mundial em um caso de corrupção.
Do total de supostas propinas, US$ 439 milhões foram pagos no exterior e US$ 349 milhões no Brasil,
segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Em troca dessas propinas, segundo o DOJ, a Odebrecht
obteve R$ 12 bilhões, ao câmbio de hoje, em benefícios com contratos nesses países.
Caso da empreiteira No caso das investigações que envolvem apenas a Odebrecht, a investigação, feita pelo DOJ em parceria
com o Ministério Público Federal do Brasil e autoridades da Suíça, aponta que o esquema era comandado
pela direção da empresa e envolvia contas em paraísos fiscais e empresas de fachada. Novamente é citado
o “departamento de operações estruturadas”, divisão interna da Odebrecht destinada a tratar de propinas.
Os Estados Unidos e a Suíça ficarão com 10% cada da multa paga e o Brasil com os 80% restantes. O
valor será pago ao longo de 23 anos e a soma das parcelas será reajustada de acordo com a taxa
Selic. Segundo a empresa, o pagamento da multa será viabilizado por meio de uma combinação de vendas
de ativos já planejadas anteriormente e de geração de caixa das operações continuadas
Cooperação na investigação Inicialmente a multa estipulada foi de mais de US$ 4 bilhões, mas a companhia conseguiu abater 25% do
total por ter cooperado de forma irrestrita com as investigações. Já a Braskem obteve 15% de desconto por
sua cooperação.
As propinas foram pagas em mais de 100 projetos em 12 países, incluindo Angola, Argentina, Brasil,
Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e
Venezuela.
*Texto alterado às 18h27 desta quarta-feira (21/12) para correções.
Revista Consultor Jurídico, 21 de dezembro de 2016, 17h53
Ministério do Trabalho apresenta propostas de
modernização da legislação trabalhista
23 dez 2016 Aurélio M. Souza
Mudanças discutidas com trabalhadores e empresários foram apresentadas no Palácio do Planalto
O governo apresentou, nesta quinta-feira (22), as propostas de modernização da legislação trabalhista
junto com as centrais sindicais e entidades empresariais no Palácio do Planalto. As medidas apresentadas
foram discutidas com entidades patronais e sindicais ao longo dos últimos seis meses pelo ministro
Ronaldo Nogueira.
Entre as medidas anunciadas estão o fortalecimento das negociações coletivas, que passam a ter força de
lei, a representação sindical nas empresas, o fracionamento de férias em até três períodos e medidas de
combate à informalidade, com o aumento de multas pelo não registro de trabalhadores (veja ao final deste
texto as mudanças).
O ministro Ronaldo Nogueira disse que a atualização das leis trabalhistas representa um “momento
histórico” para o país. De acordo com o ministro, as alterações que vão para o Congresso Nacional em
forma de projeto de lei, têm potencial para estimular a criação de mais de cinco milhões de empregos.
“O texto proposto foi discutido ponto a ponto com todas as partes envolvidas, trabalhadores empresários e
trabalhadores, e apenas os pontos pacificados foram inclusos no texto”, afirmou o ministro. “Certamente,
se existirem diferenças residuais, as mesmas serão objeto de debate no foro adequado: o Congresso
Nacional”, afirmou. Ao longo dos últimos seis meses, Ronaldo Nogueira participou de vários encontros
com centrais sindicais e entidades patronais em busca de convergência nas propostas. Esse diálogo
permitiu a apresentação das medidas junto com representantes das empresas e dos trabalhadores.
O presidente Michel Temer destacou a forma como o texto foi construído. “O Brasil acaba de ganhar um
belíssimo presente de Natal. O que nós assistimos aqui foi corretamente chamado de momento histórico”,
disse o presidente ao se referir às observações que lhe eram comumente feitas, de que alterações na
legislação trabalhista iriam gerar conflitos no país.
Temer afirmou que a construção das propostas foi um esforço do governo, mas que só foi possível graças
à “humildade e serenidade” do ministro em buscar o diálogo com todas as partes. “O Brasil precisa disso.
Tenho certeza de que o ministro Ronaldo Nogueira vai dialogar intensamente com todas as partes”,
declarou.
Representantes das centrais sindicais elogiaram a iniciativa do ministro de construir um diálogo em torno
das propostas que fazem parte do texto final do projeto de lei. O secretário-geral da Força Sindical, Carlos
Juruna, disse que as entidades sindicais tinham medo de que as mudanças retirassem direitos dos
trabalhadores.
Segundo ele, a proposta que regulamenta o artigo da Constituição que trata da representação dos
trabalhadores nas empresas, uma das bandeiras históricas do movimento sindical, fortalece a
representatividade dos sindicatos e o diálogo entre trabalhadores e empresários, o que pode se reverter até
em aumento de produtividade.
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, declarou que as propostas de
consenso podem contribuir para a redução das ações trabalhistas. “Temos certeza de que a aprovação do
projeto de lei no Congresso Nacional será rápida, principalmente porque privilegia a negociação. As
propostas foram muito bem costuradas pelo ministro Ronaldo Nogueira”, afirmou.
O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Paulo Afonso Ferreira, disse que o Brasil
precisa continuar na trilha do diálogo. “Há oito milhões de ações trabalhistas em andamento. Se não
fizermos essas modificações, teremos de aumentar a Justiça do Trabalho”, declarou.
VEJA AS PRINCIPAIS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
1- Convenções coletivas ganham força de lei nos seguintes casos:
I. Parcelamento ou gozo de férias em até três vezes, sendo que uma das frações não pode ser inferior a
duas semanas. O pagamento das férias é proporcional ao tempo gozado pelo trabalhador;
II. Pactuação da forma de cumprimento da jornada de trabalho, desde que não ultrapasse as atuais 220
horas mensais;
III. Pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) quando a empresa divulgar seus balancetes
trimestrais ou no limite dos prazos estipulados em lei, desde que seja feito em pelo menos duas parcelas;
IV. Forma de compensação do tempo de deslocamento entre casa e trabalho em caso de ausência de
transporte público;
V. Intervalo intrajornada, com limite mínimo de 30 minutos;
VI. Disposição sobre validade da norma ou instrumento coletivo de trabalho da categoria quando expirado
seu prazo;
VII. Ingresso no Programa Seguro-Emprego;
VIII. Estabelecimento de plano de cargos e salários;
IX. Banco de horas, garantida a conversão da hora que exceder a jornada normal de trabalho com
acréscimo de no mínimo 50%;
X. Trabalho remoto;
XI. Remuneração por produtividade;
XII. Registro da jornada de trabalho.
2- Eleição de um representante dos empregados em empresa com mais de 200 funcionários. O mandato é
de dois anos, com possibilidade de reeleição e com garantia de emprego por seis meses após o término do
mandato. Convenções e acordos coletivos podem ampliar para o máximo de cinco representantes por
estabelecimento.
3- Multa de R$ 6 mil por empregado não registrado e de igual valor em caso de reincidência. No caso de
empregador rural, microempresas e empresas de pequeno porte, a multa é de R$ 1 mil.
4- O contrato de trabalho temporário poderá ter 120 dias, podendo ser prorrogado uma única vez pelo
mesmo período.
5- Anotação do trabalho temporário na carteira de trabalho conforme regra do artigo 41 da CLT.
6- Atualização do texto da Lei 6.019, de 1974, esclarecendo que trabalhadores em regime de contrato
temporário têm os mesmos direitos previstos na CLT relativos aos trabalhadores em regime de prazo
determinado.
7- Empresas de trabalho temporário são obrigadas a fornecer às empresas contratantes ou clientes, a seu
pedido, comprovante das obrigações sociais (FGTS, INSS, certidão negativa de débitos).
8- Passa a ser considerado regime de tempo parcial de trabalho aquele cuja duração seja de 30 horas
semanais sem possibilidade de horas extras semanais ou aquele com jornada de 26 horas semanais ou
menos, que pode ser suplementado com mais seis horas extras semanais. As horas extras, nesse caso,
passam a ser pagas com acréscimo de 50%. Os funcionários também podem converter um terço do
período de férias em abono em dinheiro. As férias se igualam às dos demais trabalhadores da CLT.
9- O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão de empregado com mais de um ano de contrato
de trabalho só é válido quando assistido por representante do sindicato ou do Ministério do Trabalho.
Acesse aqui a Medida Provisória do Programa de Seguro-Emprego
Ministério do Trabalho
Assessoria de Imprensa
Fausto Carneiro
(61) 2021-5449
Fonte: http://trabalho.gov.br/component/content/article?id=4094
Lista de material escolar: o que pode ser
solicitado?
Publicado por Vinhas & Scudeze Advogados
Às vésperas do começo do ano letivo, os pais começam a se planejar para mais uma despesa extra: a
compra dos matérias escolares.
Visando conter abusos deste tipo por parte de instituições de ensino, entenda você consumidor o que as
escolas podem ou não podem exigir na lista de materiais, para evitar práticas abusivas, conforme art. 39, V
do CDC.
Material de uso coletivo
A Lei Federal nº 9.870/99 dispõe no art. 1º, § 7º que a cláusula contratual que obrigue o contratante ao
pagamento adicional ou ao fornecimento de qualquer material escolar de uso coletivo dos estudantes ou da
instituição será nula. O material que beneficia a coletividade de alunos como um todo já deve ser
considerado na formação do valor da mensalidade, cuja discriminação deve constar de planilha que
justifique ou fundamente eventual reajuste.
Material de Limpeza
Materiais de limpeza, via de regra, contém insumos, agentes ou reagentes químicos que podem apresentar
efeito abrasivo ou até mesmo certo grau de toxidade. Por estes motivos, este tipo de material costuma
conter as recomendações de segurança com as seguintes inscrições: "Mantenha fora do alcance das
crianças". Assim, materiais desta natureza não podem constar de lista de material escolar, pois, por não ser
manuseável pela criança, não poderá ser dedicado ao seu uso individual e específico. Mesmo materiais de
limpeza não químicos, como algodão e papel higiênico não podem ser exigidos.
Material de uso Administrativo
A lista de material escolar não pode exigir material de consumo, de expediente ou de uso genérico, como
papel-ofício, papel higiênico, fita adesiva, cartolina, estêncil e tinta para mimeógrafo, verniz corretor,
álcool, algodão, artigos de limpeza e higiene. Contudo, como alguns destes tipos materiais são utilizados
tanto no diaadia da instituição de ensino como na atividade didático-pedagógica do aluno, eles poderão ser
solicitados, mas devem ter suas atividades previstas no respectivo plano de execução e ser solicitados em
quantidade específica e razoável.
Estabelecer Marca Específica ou Loja Exclusiva para um Produto
Segundo a Lei Estadual da Bahia, nº 6.586/94, Art. 3º, § 3º, "Fica vedada, sob qualquer pretexto, a
indicação pelo estabelecimento de ensino, de preferência por marca ou modelo de qualquer item do
material escolar". A escola também não pode exigir que o material seja novo.
Configuram exceção, os materiais didáticos produzidos, desenvolvidos e confeccionados pela própria
instituição. Estes podem ser vendidos aos consumidores, desde que tal informação sobre o método de
ensino e sobre o uso de material autoral sejam devidamente informados ao consumidor desde os primeiros
contatos e tratativas para fazer a matrícula do estudante, sob pena de infringir direito básico do
consumidor a informação.
Taxa de Material Escolar
Algumas escolas exigem que o material escolar seja comprado no próprio estabelecimento. Esta é uma
prática abusiva, pois é obrigação da escola fornecer as listas aos alunos, a fim de que os pais ou
responsáveis possam pesquisar preços e escolher o local em que irão adquirir os produtos. Pela legislação
Estadual, fica vedada, sob qualquer modalidade, a cobrança de taxa de material escolar. Da mesma forma,
não podem ser cobradas na lista e material, cotas ou valores sob outras denominações, referentes a água,
luz ou telefone.
O que fazer?
Caso não concorde com algum material na lista de seus filhos, o consumidor poderá exigir seus direitos,
conforme art. 39, V do CDC.
Vinhas & Scudeze AdvogadosPRO
Orientações para Viagens com Crianças e
Adolescentes
Publicado por Pedro Salgueiro
Com a chegada das férias escolares e a possibilidade de muitas crianças e adolescentes viajarem nesta
época do ano, orienta-se os pais a verificarem com antecedência se existe a necessidade de autorização de
viagem para seus filhos, a fim de evitarem problemas na hora de embarcar ou de pegar a estrada. É bom
lembrar que, em todas as situações, os viajantes devem portar documento de identificação. As crianças e
os adolescentes que não tiverem carteira de identidade deverão viajar com a certidão de nascimento
original ou autenticada.
(...)
Para solicitar a autorização [junto à Vara de Infância e Juventude], é necessário apresentar documento de
identificação da criança (certidão de nascimento, original ou cópia autenticada, ou carteira de identidade)
e dos pais ou responsáveis (carteira de identidade ou outro documento que tenha validade por força de lei).
No caso de responsável legal, é preciso comprovar a guarda ou tutela da criança ou adolescente mediante
certidão do juízo que a concedeu.
As autorizações de viagens nacionais e internacionais para crianças e adolescentes também podem ser
lavradas pelos próprios pais ou responsáveis por meio de documento público ou particular, no caso de
viagem nacional, e de escritura pública, no caso de viagem internacional, com firma reconhecida por
autenticidade ou semelhança. Essas autorizações não necessitam de homologação pelo Juízo da Infância e
da Juventude. É importante destacar que nas viagens terrestres os adolescentes devem portar carteira de
identidade, não sendo aceita a Certidão de Nascimento, por força da Resolução 4308/2014 – ANTT.
Viagem Nacional
A autorização é necessária para crianças (0 a 12 anos de idade incompletos) que forem viajar
desacompanhadas ou na companhia de pessoas que não sejam seus parentes até o terceiro grau (irmãos,
tios e avós).
A autorização é dispensável quando a criança estiver na companhia do pai, da mãe ou de ambos, do
responsável legal, ou ainda de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado o parentesco
por documento válido por lei.
O adolescente (idade de 12 a 17 anos completos) não necessita de autorização para viajar no território
nacional, bastando portar documento de identidade original ou certidão de nascimento (original ou cópia
autenticada).
Viagem Internacional
A autorização é exigida sempre que crianças e adolescentes (0 a 17 anos) precisarem viajar para outros
países desacompanhados, na companhia de apenas um dos pais ou acompanhados de terceiros. A
autorização é dispensável apenas quando a criança ou adolescente for viajar com ambos os genitores.
Se a criança ou o adolescente for viajar desacompanhado ou na companhia de terceiros, ambos os pais
devem autorizar. Se a viagem for com apenas um dos genitores, o outro precisa autorizar. A autorização
deve ser apresentada em duas vias originais, com firma reconhecida por autenticidade ou semelhança.
(...)
Um formulário padrão também está disponível nos sites do Conselho Nacional de Justiça e da Polícia
Federal.
O Sistema Nacional de Passaportes da Polícia Federal possibilita a inclusão, no passaporte, da autorização
de viagem internacional para crianças e adolescentes desacompanhados ou com apenas um dos pais.
Outras informações podem ser obtidas na Polícia Federal (www.dpf.gov.br).
Hospedagem
Segundo o artigo 82 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibida a hospedagem de criança ou
adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere sem o acompanhamento dos pais ou
responsável, salvo autorização expressa em documento público ou particular, com reconhecimento de
firma por autenticidade ou semelhança.
Saiba mais
A autorização de viagem nacional é regulada, no Distrito Federal, pela Portaria N. 010/97/VIJ. A
concessão de autorização de viagem para o exterior de crianças e adolescentes brasileiros é disciplinada
pela Resolução N. 131/2011 do Conselho Nacional de Justiça.
Fonte: TJDFT – por ACS
15 Dúvidas sobre pensão alimentícia
Publicado por Dra. Flávia Teixeira Ortega
1) QUANDO A PENSÃO ALIMENTÍCIA É DEVIDA AO FILHO?
A pensão alimentícia é será devida ao filho menor (aquele com idade inferior a 18 anos) ou maior
absolutamente incapaz (que não é apto para praticar os atos da vida civil).
2) NA GUARDA COMPARTILHADA TEM QUE PAGAR PENSÃO ALIMENTÍCIA?
Com a aprovação da nova lei sobre a guarda compartilhada (lei 13.058/214), mesmo tendo o pai e a mãe a
guarda compartilhada sobre a prole, é possível que seja fixada pensão alimentícia em favor do filho de
acordo com as necessidades e possibilidades das partes.
3) QUANTO O ALIMENTANTE TEM QUE PAGAR DE PENSÃO ALIMENTÍCIA?
COMO QUE SE CALCULA A PENSÃO ALIMENTÍCIA?
Não há um valor mínimo ou máximo pré-definido. O juiz calcula a pensão alimentícia de acordo com o
binômio 1) possibilidade do genitor (alimentante) e 2) necessidade do filho (alimentando).
A ‘necessidade’ é denominada pelo suficiente para suprir as necessidades básicas do indivíduo, tais como
verba necessária para comer, morar, vestir, estudar, curar, etc. Já a ‘possibilidade’ é denominada pela
capacidade de suportar determinado custo sem prejudicar o seu sustento e manutenção de vida.
4) COMO QUE SE FAZ PARA RECEBER PENSÃO ALIMENTÍCIA?
O primeiro passo é constituir um advogado particular ou um defensor público (no caso de pessoa
hipossuficiente). Após, o patrono, representando os interesses de seu cliente, ajuizará uma ação de
alimentos em favor do menor perante o Poder Judiciário. Uma vez deferido o pedido inaugural, o juiz fixa
alimentos provisórios com base na relação de parentesco. Depois, analisado o binômio necessidade e
possibilidade, o juiz profere uma sentença que determinará os alimentos definitivos, cujo valor poderá ser
minorado, majorado ou mantido.
5) O QUE ACONTECE QUANDO O ALIMENTANTE SE NEGA A PAGAR PENSÃO
ALIMENTÍCIA AO FILHO?
Se o alimentante se negar a pagar a pensão alimentícia determinada por sentença judicial, é necessário
comunicar o seu advogado para que ele ajuíze uma ação de execução de alimentos. Neste tipo de ação é
possível penhorar os bens do devedor ou ainda requerer a prisão do alimentante, até que ele pague o que é
devido por direito ao filho.
6) QUANDO O ALIMENTANTE PODE PEDIR A EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS
DEVIDOS AO FILHO?
Via de regra, a pensão alimentícia cessa quando o filho atinge 18 anos, tornando-se apto para prática dos
atos da vida civil. Contudo, essa regra tem exceções. Uma delas está relacionada ao cumprimento da
obrigação alimentar mesmo quando o filho completar 18 anos, quando ele estiver estudando em uma
faculdade ou curso profissionalizante e depender desse dinheiro da pensão alimentícia para sustento.
7) QUANDO O PAI TEM FILHOS DE MÃES DIFERENTES, COMO É FEITO O
CÁLCULO PARA O PAGAMENTO DA PENSÃO?
Não há uma forma de cálculo específica. O juiz, ao fixar o valor, deverá observar as reais necessidades do
filho beneficiado e as condições socioeconômicas de quem paga a pensão.
8) E QUANDO O SALÁRIO DO PAI AUMENTA? É NECESSÁRIO TAMBÉM
REPASSAR ESSE VALOR PARA A PENSÃO? COMO ISSO É FEITO? QUAL É A
BASE DE CÁLCULO?
É possível pedir a alteração do valor da pensão, mas o simples aumento do valor dos rendimentos não
implica, necessariamente, no aumento do valor pago à criança. Isso somente ocorrerá se as despesas do
filho também aumentarem.
10) QUANDO A MÃE PASSA A MORAR COM UM NOVO COMPANHEIRO E O
FILHO, O PAI PODE PEDIR REVISÃO DA PENSÃO?
Não. O relacionamento da mãe não interferirá no valor da pensão. A revisão do valor da pensão só poderá
ocorrer diante da mudança das necessidades do filho e das possibilidades do pai.
11) O PAI FOI PRESO POR NÃO PAGAR PENSÃO ALIMENTÍCIA, AGORA A
FAMÍLIA CAIU EM CIMA DE MIM PARA EU PERDOAR A DÍVIDA. O QUE EU
FAÇO?
Não ceda. É comum familiares e amigos próximos acharem a prisão absurda, mas lembre-se: você está
defendendo um dinheiro que não é para você, mas para o bem-estar do seu filho.
12) O PAI DO MEU FILHO ESTÁ ME AMEAÇANDO CASO EU ENTRE NA
JUSTIÇA PARA COBRAR A PENSÃO ALIMENTÍCIA. E AGORA?
Vá até a delegacia e faça um boletim de ocorrência por um crime chamado “coação no curso do processo”.
Prefira sempre procurar uma Delegacia da Mulher e, se a ameaça for grave, solicite ao delegado um
pedido de medida protetiva, para que ele seja impedido pelo juiz de se aproximar de você. Mas não ceda
às chantagens.
13) ELE ESTÁ DESEMPREGADO… POSSO PEDIR PENSÃO?
Deve pedir. Os juízes entendem a pensão para os filhos como item de primeira necessidade e sempre
fixam um valor, mesmo que pequeno, para o pai pagar.
14) POSSO PEDIR PENSÃO ANTES DE O FILHO NASCER?
Sim. Desde 2008 os “alimentos gravídicos” devem ser garantidos pelo pai durante a gravidez. Será preciso
reunir indícios da paternidade, como provas da união estável entre vocês.
15) QUAIS SÃO OS TRUQUES QUE OS PAIS UTILIZAM PARA ESCAPAR DA
PENSÃO ALIMENTÍCIA?
1. Mudar de endereço sempre
Por isso é essencial informar no processo mais de um local onde o ex possa ser encontrado (como a casa
dos pais dele e local de trabalho).
2. Pedir a guarda compartilhada
Ele se finge de pai dedicado na frente do juiz e propõe a guarda compartilhada, que existe para a criança
conviver por períodos iguais com a mãe e o pai (e ninguém fica obrigado a pagar pensão pra ninguém).
Mas há homens que entram com o pedido só para fugir da pensão, mas acabam não convivendo o quanto
deveriam com o filho.
3. Alegar que ganha menos do que realmente ganha.
O bonitão é autônomo, mas tem casa, carro e vive com todo o conforto. Para o juiz, diz que ganha um
salário mínimo e que só pode pagar R$ 100 de pensão. Em caso de dúvida sobre a real situação financeira
do pai, o juiz poderá pedir à Receita Federal detalhes sobre os bens e ganhos do ex. Em casos extremos,
vale pedir ao juiz a quebra do sigilo bancário dele.
Por: Liliana Rodrigues Delfino.
Ex-esposa ajuíza ação indenizatória no valor de
R$ 50.000,00 por suposta infidelidade virtual
Publicado por Rafael Siqueira
Um ex-marido foi condenado, em primeira instância, a pagar reparação por danos morais no valor de R$
20.000,00 porque manteve relacionamento com outra mulher durante a vigência do casamento. A
“traição” foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e sua amante. A sentença é da 2ª
Vara Cível de Brasília.
Para o juiz, “o adultério foi demonstrado pela troca de fantasias eróticas”. A situação ficou ainda mais
grave porque, nessas ocasiões, o ex-marido fazia – com a “outra” – comentários jocosos sobre o
desempenho sexual da esposa, afirmando que ela seria uma pessoa “fria” na cama.
“Se a traição, por si só, já causa abalo psicológico ao cônjuge traído, tenho que a honra subjetiva da autora
foi muito mais agredida, em saber que seu marido, além de traí-la, não a respeitava, fazendo comentários
difamatórios quanto à sua vida íntima, perante sua amante”, afirma a sentença.
As provas foram colhidas pela própria esposa enganada, que descobriu os e-mails arquivados no
computador da família. Ela entrou na Justiça com pedido de reparação por danos morais, alegando ofensa
à sua honra subjetiva e violação de seu direito à privacidade. Acrescenta que “precisou passar por
tratamento psicológico, pois acreditava que o marido havia abandonado a família devido a uma crise
existencial”. Diz que jamais desconfiou da traição, só comprovada depois que ele deixou o lar conjugal.
Em sua defesa, o ex-marido alegou “invasão de privacidade” e pediu a desconsideração dos e-mails como
prova da infidelidade. Afirma que não difamou a ex-esposa e que ela mesma denegria sua imagem ao
mostrar as correspondências às outras pessoas.
Ao analisar a questão, o magistrado desconsiderou a alegação de quebra de sigilo. Para ele, não houve
invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso da família e a ex-
esposa tinha acesso à senha do acusado. “Simples arquivos não estão resguardados pelo sigilo conferido às
correspondências”, conclui.
Em segunda instância, por decisão unânime, houve a reforma da decisão.
Proc. Nº 2005.01.1.118170-3 –
Fonte: RS Direito.
Rafael SiqueiraPRO
Casos de Família
Homem indenizará ex-amante ofendida em praça
pública
Ele e sua companheira teriam chamado a mulher de "vagabunda" e "mentirosa". Decisão é do TJ/SC.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
A 1ª câmara de Direito Civil do TJ/SC concedeu indenização por danos morais a uma mulher ofendida pelo ex-amante e sua esposa em praça pública.
A autora passeava com a filha – fruto do relacionamento extraconjugal – quando foi abordada pela
companheira do réu, que passou a agredi-la. Chamado para acalmar os ânimos, o homem se envolveu na discussão e passou também a chamar a mulher de "vagabunda" e "mentirosa".
Condenado em 1º grau, o réu argumentou no recurso que a autora não se conformou com o fim da
relação e foi à praça em frente ao seu local de trabalho apenas para provocá-lo. Disse que em momento algum ela sofreu qualquer tipo de agressão.
Segundo o relator do recurso, desembargador Saul Steil, entretanto, a versão apresentada pela
vítima foi toda corroborada pelas provas testemunhais. Para o magistrado, é óbvio que a infidelidade do réu foi a causa da confusão.
"Não bastasse isso, não teve o apelante maturidade suficiente para assumir seu erro e pôr fim à confusão
por ele criada. Pelo contrário, chamou a autora de 'vagabunda' com o nítido interesse em humilhá-la
publicamente, sem respeitar a própria filha que ali se encontrava, não havendo dúvidas do abalo psíquico
sofrido pela vítima."
Processo: 0033313-30.2006.8.24.0023
Confira a decisão.