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Afinal, a escola forma o caráter do adolescente
“
”Helena TomimoTo Professora
Beatriz R. Ferreira
A Pesquisa Nacional de Saú-de do Escolar, feita com alunos do 9º ano do ensino funda-mental entre escolas particula-res e públicas de todo o Brasil, revela que houve queda no nú-mero de jovens que fumam e consomem bebidas alcoólicas.
Há, porém, um aumento dos estudantes que consomem drogas ilícitas, em escolas.
A Secretaria de Educação de Santos (Seduc) desenvol-ve projetos de prevenção ao uso de drogas junto aos alu-
nos do ensino fundamental. No projeto “Educação
Cidadã”, realizado em par-ceria com a Secretaria de Segurança, os estudantes realizam atividades e deba-tes com guardas municipais.
Já o “Projeto Jovem Dou-tor” tem parceria da USP e da Secretaria Municipal de Saú-de, ensinando saúde e preven-ção de doenças a estudantes.
O Sindicato dos Estabeleci-mentos de Ensino do Estado de São Paulo, diz que as escolas desenvolvem um trabalho de conscientização e prevenção.
Durante anos, o sindicato implantou cursos para pro-fessores e pessoal administra-tivo das escolas, todos muito frequentados e dinâmicos.
Prevenção se ensinaA Secretaria da Educação do Estado implantou projetos de combate e orientação quanto ao uso de drogas, como o “Co-munidade Presente” e “Pre-venção Também se Ensina”.
O foco dos projetos está na redução do uso de dro-gas, das DSTs e da gra-videz na adolescência.
A iniciativa envolve orien-tação técnica aos professo-res-coordenadores, e distri-buição de um kit enviado a todas as escolas estaduais.
A ideia é proporcionar a discussão e a reflexão en-tre corpo docente e discente.
Segundo a Secretaria, as escolas receberam diversos livros para que os assuntos sejam abordados em sala de aula, sendo que cada escola
trabalha o assunto da forma como achar mais adequada.
A professora Helena To-mimoto leciona aulas de Biologia em escolas estadu-ais e diz que o tema é tra-balhado como conteúdo normal em sala de aula por constar nos livros didáticos.
Diz ainda que os profes-sores têm liberdade para usar a estratégia que preferi-rem para abordar o assunto.
E cada escola, indepen-dentemente de ser parti-cular ou pública, trabalha com os jovens por meio de conscientização e preven-ção. “Afinal, a escola forma o caráter do adolescente.”
Os estabelecimentos de en-sino que não contam com ações semelhantes, têm nos profes-sores influência para que os alunos percebam o risco que é se envolver com as drogas.
Março de 2017PRIMEIRA IMPRESSÃO | Vitória AparecidaDiagramação desta página: 27
Vitória Aparecida
A novela Verdades Secre-tas, exibida pela Rede Globo em 2015, mostrou o drama vi-vido pela personagem Laris-sa, modelo viciada em crack.
No derradeiro episó-dio, ela foi resgatada do ví-cio pela religião evangélica.
A personagem é uma re-presentante do que, na vida real, diz respeito a 29 mi-lhões de pessoas que são dependentes de drogas, se-gundo relatório do Escritó-rio das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Cristiano Ávila já foi uma dessas pessoas. Antigo usu-ário de cocaína, ele desen-volve atualmente um projeto evangélico voltado a mora-dores de rua, encaminhando--os a clínicas de reabilitação.
De forma a estabelecer re-lação entre usuários de drogas (lícitas e ilícitas) e refúgios es-pirituais, o PI entrevistou re-presentantes de cinco grupos religiosos (católicos, evan-gélicos, islâmicos, judeus e umbandistas) para saber qual a opinião das religiões sobre o assunto, além de descobrir que tipo de ajuda é oferecida a quem busca alento espiritual.
Católicos“Ao catolicismo não cabe enca-rar a situação das drogas, mas deve ajudar a pessoa humana que se encontra neste vício”.
Essa é a fala do padre Val-deci João dos Santos, vigá-rio episcopal para Dimen-são Social da Evangelização, que realiza atendimento a usuários de drogas por meio
da Pastoral da Sobriedade. “Todo tipo de droga, líci-
ta ou ilícita, fere a dignidade humana e o escraviza. Somos criados para a liberdade. Todo tipo de escravidão deve ser superada”, afirma o vigário.
O trabalho realizado na Pas-toral visa ajudar não somente o dependente químico, mas sobretudo famílias fragili- zadas que não conse-guem atender as neces-sidades dos parentes.
O tratamento é realizado independentemente da re-ligião do usuário, uma vez que a prática está centra-da na pessoa humana. A li-bertação do vício que dura, no mínimo, nove meses.
“Muitas pessoas conse-guem renascer para a vida depois de passarem por este processo. Elas passam a ser um estímulo de vida para os demais, um sinal de supera-ção, um modelo a ser segui-do. A pessoa encontra um
recomeço na religião”, diz.
EvangélicosCristiano Ávila foi usuário regular de álcool, maconha e cocaína durante 15 anos.
Atualmente, como mem-bro da Igreja Missionária Evangélica Filadélfia, desen-volve trabalho com morado-res de rua que usam drogas.
Ávila encontra usuários ao realizar entrega de alimen-tos nas ruas de Santos. Quem se interessa pelo tratamen-to, “sendo fiel ou desviado”, pode encontrar ajuda em duas casas de recuperação: a Pronove, em Peruíbe, e a Missão Vidas, em Mongaguá.
“Buscamos qualquer um que tenha vontade de par-ticipar do tratamento”, diz.
A duração do tratamen-to varia entre 6 e 9 meses, envolve a desintoxicação do usuário, laborterapia, leitura da bíblia e dinâmicas diárias para a manutenção da casa.
É destinado a usuários de quaisquer drogas, lícitas ou ilícitas. “Recebemos qualquer um que tenha vontade”, diz.
IslâmicosNo Islã, todas as drogas são consideradas ilícitas. Para a religião, tudo que faz mal à saúde do corpo tem que ser evitado, sejam drogas, alimentos ou sentimentos.
Segundo Layla Vasques, secretária responsável pela Mesquita Islâmica de San-tos, “o uso das drogas re-flete o vazio que a pessoa está sentindo. Então, na tentativa de se sentir ‘viva’, ela busca prazeres fugazes”.
Mesmo indo contra a fé islâmica, fiéis viciados em ál-cool e em outras drogas já re-ceberam apoio na Mesquita.
“Deus quer que ajudemos os nossos irmãos, sejam eles consanguíneos ou não. Essa ajuda pode ser material, es-piritual através das súpli-cas a Deus pelo irmão que está enfrentando essa crise ou por meio de conversas e aconselhamentos basea-dos na religião”, diz Layla.
Como forma de evitar o uso, “a medida a ser toma-da (pelo usuário) é uma in-tensificação da aproxima-ção com Deus, para que Ele facilite a sua libertação”.
JudeusA religião judaica é con-trária ao uso de drogas, se-jam elas lícitas ou ilícitas.
A Sinagoga Beit Jacob, única em Santos, foi funda-da em 1928. De lá pra cá, não há registro de seguidores que
fossem usuários de drogas.Jaues Zonis, presidente
da Sinagoga, diz que “se al-gum dia tivermos algum caso, vamos dar todo o apoio es-piritual e ajuda para que (a pessoa) faça o tratamento”.
Porém, assegura que não haverá nenhum caso, pois o Judaísmo é muito rí-gido e contrário ao vício”.
UmbandistasA Umbanda vê o usuário de drogas como alguém que ne-cessita de tratamento mé-dicos e ajuda espiritual. “O campo vibracional da pessoa é restaurado para ajudá-la a expulsar as entida-des maléficas que a seguem e que dificultarão a cura”, diz Lucy Coelho, Mãe Pequena da Tenda de Umbanda Nanã Boroquê e Caboclo Tupi.
“Uma vez que esses es-píritos localizam o doente, passam a acompanhá-lo, estimulando-o a se drogar cada vez mais, pois os se-res desencarnados utilizam o doente como uma fon-te para, juntamente a ele, sugar a sua energia macu-lada pelo entorpecente”.
Não há um dia específico para tratar de enfermidades físicas e espirituais nas giras.
Na Umbanda, alguns Falan-geiros dos Orixás se utilizam do fumo e do álcool em rituais.
Esses elementos não são utilizados de forma recreati-va, ou seja, o Guia Espiritual não acende o cigarro/cha-ruto/cachimbo pelo simples prazer de fumar, “mas sempre dentro de um ritual específico e em um local controlado”.
VITÓRIA APARECIDA
O vício leva o usuário a abandonar a família e viver nas ruas
Conheça tratamento destinado a usuários por diferentes religiões
Primeira Impressão entrevistou cinco grupos religiosos para saber que opções oferecem de tratamento
Conscientização é trabalhada em sala de aula
A professora Helena ministra aulas de Biologia em colégios estaduais e alerta os alunos sobre o risco das drogas
BEATRIZ ROSA