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Primeiro Reinado do Brasil
Com a Independência em 1822, o Brasil não era mais colônia de Portugal. Iniciava-se
então uma nova fase da história brasileira, denominada Brasil Império. O Primeiro
Reinado (1822-1831) se constituiu como marco inicial dessa nova fase. D. Pedro I foi
aclamado Imperador do Brasil no ano da Independência e permaneceu como maior chefe
do país até 1831, ano de sua abdicação.
A história do Primeiro Reinado foi marcada por fatos importantes para a política
brasileira, como a Assembleia Constituinte (1823), a Constituição de 1824, a
Confederação do Equador (1824), a Guerra da Cisplatina, em 1825, e a abdicação de D.
Pedro I (1831).
A proclamação da Independência, de François-René Moreaux, 1844
No ano de 1822, D. Pedro I já havia convocado a Assembleia Constituinte, mas esta
somente se reuniu em 1823. O principal objetivo da convocação seria a elaboração de
uma Constituição para o Brasil, ou seja, a criação de um conjunto de leis que asseguraria
os direitos do governo e da população brasileira. Somente membros da elite
(latifundiários, comerciantes, militares...) participaram da elaboração da Constituição de
1824.
Essa constituição, ou seja, a primeira Constituição do Brasil, tinha um caráter elitista e
excludente: deu total poder a D. Pedro I, enquanto o direito de votar e de se candidatar
ficaria restrito a quem tivesse uma renda mínima por ano. Inconformados com o caráter
elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador por parte de D.
Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste (mais precisamente em
Pernambuco, onde eclodiu a Confederação do Equador, movimento contra a tirania do
imperador) defendiam a federação de algumas províncias do nordeste e a separação destas
do Brasil. O movimento foi sufocado com extrema violência pela tropa imperial.
Durante o Primeiro Reinado, outro fato importantíssimo na história do Brasil foi a Guerra
da Cisplatina (1825). O conflito teve início quando um grupo de dirigentes da província
Cisplatina declarou a separação do Brasil e a sua incorporação à República Argentina. D.
Pedro declarou guerra à Argentina e o exército brasileiro foi derrotado causando grandes
prejuízos pelos enormes gastos e grande número de soldados mortos. A Inglaterra
interveio no conflito, pressionando o Brasil e a Argentina a assinar um acordo de paz.
Assim, a província Cisplatina declarou sua independência desses dois países, tornando-
se a República do Uruguai.
No decorrer do Primeiro Reinado, D. Pedro começou a desagradar a elite brasileira, pois
criou uma Constituição que iria atender a seus interesses autoritários. Além disso, a
Confederação do Equador e a Guerra da Cisplatina causaram grandes gastos para a
economia brasileira e muitas mortes. Muitos jornalistas, através de seus jornais, teciam
duras críticas ao imperador. Outro fato que manchou ainda mais a imagem do imperador
foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro.
Libero Badaró
A abdicação de D. Pedro aconteceu no ano de
1831, tanto pela pressão política que o
imperador sofria da elite e populares
brasileiros, quanto pela tentativa de assegurar
os direitos de sua filha, Maria da Glória, pois,
com a morte de D. João VI, a Coroa
portuguesa iria, por direito, a D. Pedro I, que
preferiu abdicar o trono português em
benefício da filha e deixou o trono brasileiro
para seu filho Pedro de Alcântara, que se
encontrava então com cinco (5) anos de idade.
Assim terminava o Primeiro Reinado.
Período Regencial brasileiro
O chamado Período Regencial no Brasil estendeu-se do ano de 1831 ao ano de 1840,
quando houve o Golpe da Maioridade, que levou o ainda adolescente D. Pedro II ao poder.
Esse período foi caracterizado por acirradas disputas políticas e conflitos armados
(conhecidos como Revoltas Regenciais). A partir de 1831, o Brasil viu-se sem o
imperador, pois D. Pedro I abdicara do trono em favor de seu filho. O rei tinha assuntos
políticos a resolver em Portugal com seu irmão, D. Miguel, a respeito da herança do trono
português. Com a vacuidade do trono brasileiro, alguns políticos destacados
encarregaram-se de reger a instituição imperial com o objetivo de sustentar a unidade da
nação recém-independente até que D. Pedro II pudesse assumir. O Período da Regência
foi dividido em três partes principais:
1) Regências Trinas (1831-1835)
Primeiro governo que sucedeu a queda do imperador Dom Pedro I, o período regencial
iniciou-se com a formação de dois governos trinos. O primeiro deles ficou conhecido
como Regência Trina Provisória, onde o calor das transformações políticas deu margem
para a formação improvisada de um novo governo.
Os moderados logo assumiram o poder com o intuito de frear as agitações políticas da
época. Inicialmente, o governo de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim
Carneiro de Campos e Francisco de Lima e Silva reintegraram o chamado “ministério dos
brasileiros” e anistiou os presos políticos. A Câmara dos Deputados tiveram seus poderes
ampliados, tendo o direito de interferir nas ações do governo regencial.
Atuando por breves dois meses, a Regência Trina Provisória deu condições para que um
novo governo fosse escolhido. Em 17 de junho de 1831, a assembléia promoveu um
processo de escolha da chamada Regência Trina Permanente, que governou entre os anos
de 1831 e 1835.
Regência Trina Permanente (1831 – 1835)
Nesse novo governo – agora formado por Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e
José da Costa Carvalho – organizou-se um gabinete ministerial conservador. Essa medida
visava conter os movimentos populares que pressionaram o governo de Dom Pedro I. O
Ministério da Justiça foi delegado ao padre Diogo Antônio Feijó, que se incumbiu da
tarefa de retaliar quaisquer revoltas que ameaçassem a ordem nacional ou não
reconhecessem os poderes da nova administração.
Para tal Feijó instituiu-se a Guarda Nacional, uma espécie de milícia que seria controlada
por representantes das elites locais. Muitos dos chefes de tais milícias eram fazendeiros
que compravam junto ao governo o título de coronel. È nesse momento em que
observamos a ascensão dos poderes
políticos regionais dos
latifundiários brasileiros. Essa
concessão de poder, ao mesmo
tempo em que fazia dos coronéis
representantes do Estado, também
se transformava em instrumento
para que as elites locais
assegurassem seus interesses
particulares.
Logo no primeiro ano, observaram-se revoltas incitadas por militares. O 26º Batalhão de
Infantaria e o Batalhão de Polícia, ambos localizados no Rio de Janeiro, foram palco de
revoltas contra a ação regencial. Dois meses depois, em julho de 1831, um motim ocorreu
no Teatro Municipal Fluminense. Em 7 de outubro de 1832, o Batalhão de Artilharia da
Ilha das Cobras também organizou uma agitação anti-regencial. Enxergando o Exército
como um reduto de manifestações antigoverninstas, Feijó resolveu tomar novas medidas.
Abdicação de D. Pedro I
Entre outras ações, a regência determinou a renovação dos quadros militares. A partir de
então, os novos integrantes das forças armadas deveriam dar provas de que eram fiéis ao
conservadorismo político e à centralização dos poderes. O efetivo de homens foi
diminuído com a dispensa do serviço e ofereceram maiores facilidades àqueles oficiais
que desejassem sair do Exército.
Gradativamente, Feijó buscou ampliar seu raio de atuação política. Dessa maneira, ele
buscou criar condições pelas quais ele tramaria um golpe político e assim tornar-se-ia
único regente. Não tendo condições para assegurar tal manobra, Feijó e o governo trino
foram obrigados a conceder algumas exigências liberais. Em 1834, o Ato Adicional
promoveu algumas reformas que visavam atender algumas exigências liberais.
Segundo seu texto, a províncias agora poderiam criar suas próprias Assembléias
Legislativas, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se uma região politicamente autônoma, o
poder Moderador foi extinto e o próximo governo regencial deveria ser comandado por
um único regente. Nesse conjunto de ações as regências trinas tiveram fim e deram
abertura para o governo regencial de Diogo Antônio Feijó.
2) Regência una de Feijó (1835-1838)
Atendendo as medidas previstas no Ato Adicional de 1834, foram feitas eleições para que
um novo governo chegasse ao poder. Superando a concorrência liberal, Diogo Antônio
Feijó tornou-se regente com um total de 2.826 votos. O baixo número de eleitores refletia
a exclusão política e a falta de representatividade das instituições políticas da época.
Mesmo tendo alcançado a maioria dos votos, o governo de Feijó foi obrigado a resistir a
diversas manifestações oposicionistas. Até mesmo os liberais moderados, aliados naturais
de Feijó, acusavam o governo de tolerante e indeciso. Além disso, os problemas de saúde
de Feijó colocavam em xeque a estabilidade governamental. Nesse mesmo período, o
interesse em se desenvolver uma estrutura fundiária cafeeira, intensificou a participação
das elites nos quadros políticos.
As tendências políticas daquela época agora se agrupavam entre progressistas, de
tendência liberal, e os regressistas, partido de orientação conservadora formado pelos
grandes donos de terra, comerciantes e funcionários públicos. No governo de Feijó, o
dilema da representação política e da centralização de poderes abriu espaço para a
deflagração de diferentes revoltas.
No ano de 1835, a ocorrência da Cabanagem no Pará e da Farroupilha no Rio Grande do
Sul expressou a tensão entre os diferentes interesses políticos da época, Ao invés de dar
abertura às tendências liberais, as conturbações do período fortaleceram as alas
conservadoras que exigiam a estabilidade sócio-política necessária para satisfazer o
interesse das elites agrárias do país.
Fisicamente incapacitado e desprovido de consistente apoio político, Feijó decidiu
renunciar ao cargo de regente, em 1837. Antes de abandonar o cargo, ele nomeou o
senador pernambucano Pedro de Araújo Lima como titular na pasta do Império. Ao tomar
essa atitude, Feijó colocou Araújo Lima como substituto direto ao cargo de regente.
3) Regência una de Araújo Lima (1838-1840)
Após a abdicação do regente Feijó, uma nova eleição foi realizada em abril de 1838. Entre
os principais concorrentes ao cargo de regente estavam o liberal Antônio Francisco de
Paula Holanda Cavalcanti e o fazendeiro pernambucano Araújo Lima. Em um período
em que as primeiras revoltas contra o governo explodiam a vitória do conservador Araújo
Lima consolidou-se sem maiores problemas.
Compondo um gabinete de formação estritamente conservadora, a regência de Araújo
Lima representou o retrocesso das conquistas liberais alcançado com a aprovação do Ato
Adicional de 1834. Em seu governo, as primeiras revoltas eram consideradas uma
conseqüência das liberdades oferecidas pelo Ato Adicional. Dessa forma, foi
homologado, em maio de 1840, a chamada Lei Interpretativa do Ato Adicional, que
revisou alguns pontos da reforma de 1834.
Com a reforma, as províncias perderam parte de suas atribuições político-administrativas.
De acordo com a nova lei, o governo central teria o direito de nomear funcionários
públicos e funcionários de polícia e justiça. Em meio às revoltas e grandes derrotas
políticas, os liberais se uniram em torno do projeto de antecipação do coroamento de Dom
Pedro II.
Reunidos no chamado Clube da Maioridade, os representantes liberais argumentavam que
a chegada de Dom Pedro II ao trono ofereceria condições para que os problemas políticos
e as revoltas fossem finalmente contornados. Na medida em que os conservadores não
tinham habilidade para resolver os problemas vigentes, a campanha em prol da
antecipação do Segundo Reinado ganhava cada vez mais força.
Em julho de 1840, não mais resistindo às pressões liberais, o governo regencial chegou
ao seu fim com a coroação do jovem Dom Pedro II. Tal episódio ficou conhecido como
o Golpe da Maioridade. Mesmo o golpe representando um avanço das alas liberais, o
início do Segundo Reinado não configurou uma reforma estrutural das práticas políticas
da época.
Vinculados à elite latifundiária, tanto liberais quanto conservadores, se uniram em torno
de um mesmo projeto político no Segundo Reinado. Dessa forma, o fim da regência em
nada remodelou os privilégios e direitos garantidos aos antigos grupos sociais que
controlavam o país.
Segundo Reinado do Brasil
Coroação de D. Pedro II
O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maioridade de Dom Pedro II,
realizada no dia 23 de julho de 1840. Na época, o jovem imperador tinha apenas quatorze
anos de idade e só conseguiu ocupar o posto máximo do poder executivo nacional graças
a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos políticos liberais. Até então, os
conservadores (favoráveis à centralização política) dominaram o cenário político
nacional.
Antes do novo regime monárquico, o período regencial foi caracterizado por uma política
conservadora e autoritária que fomentou diversas revoltas no Brasil. As disputas políticas
do período e o desfavor promovido em torno do autoritarismo vigente permitiram que a
manobra em favor de Dom Pedro de Alcântara tivesse sustentabilidade política. Nos
quarenta e nove anos subsequentes o Brasil esteve na mão de seu último e mais longevo
monarca.
Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro II contou com a criação de dispositivos
capazes de agraciar os dois grupos políticos da época. Liberais e conservadores, tendo
origem em uma mesma classe socioeconômica, barganharam a partilha de um poder
repleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia como um “intermediário
imparcial” às disputas políticas. Ao mesmo tempo em que se distribuíam ministérios, o
rei era blindado pelos amplos direitos do irrevogável Poder Moderador.
A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, configurou um período de relativa
estabilidade. Depois da Revolução Praieira, em 1847, nenhuma outra rebelião interna se
impôs contra a autoridade monárquica. Por quê? Alguns historiadores justificam tal
condição no bom desempenho de uma economia impulsionada pela ascensão das
plantações de café. No entanto, esse bom desempenho conviveu com situações delicadas
provindas de uma economia internacional em plena mudança.
O tráfico negreiro era sistematicamente combatido pelas grandes potências, tais como a
Inglaterra, que buscava ampliar seus mercados consumidores por aqui. A partir da
segunda metade do século XIX, movimentos abolicionistas e republicanos ensaiavam
discursos e textos favoráveis a uma economia mais dinâmica e um regime político
moderno e inspirado pela onda republicana liberal.
Após o fim da desgastante e polêmica Guerra do Paraguai (1864 – 1870), foi possível
observar as primeiras medidas que indicaram o fim do regime monárquico. O anseio por
mudanças parecia vir em passos tímidos ainda controlados por uma elite desconfiada com
transformações que pudessem ameaçar os seus antigos privilégios. A estranha mistura
entre o moderno e o conservador ditou o início de uma república nascida de uma
quartelada desprovida de qualquer apoio popular.
Sociedade Escravagista e 130 anos de Abolição – PISM II
Escravista - aquele que faz, que torna os outros Escravos. Escravagista – Pessoa que faz
parte do sistema que escraviza.
Por que estudar a África? Por que estudar a Escravidão? Por que estudar a história
do povo Negro? - A maioria das pessoas que chegaram aqui são africanos. É esse o dado
que os professores têm que dar em reunião de pais e mestres, esse o dado que alunos
devem usar para que seus professores deem a disciplina histórica, quando perguntam por
que perder tempo com história da África. Ora, porque a África é mais importante para a
formação do povo brasileiro do que a Ásia e boa parte da Europa e das Américas.
“Em 13 de maio de 1888, há 130 anos, o Senado do Império do Brasil aprovava uma das
leis mais importantes da história brasileira, a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão.” Diz
uma matéria publicada no portal da BBC Brasil, com uma entrevista com o historiador
Luiz Felipe de Alencastro.
A escravidão no Brasil surgiu a partir do início do século XVI, sendo a maneira
estabelecida enquanto força de produção no país, desde o período colonial até o final do
Império. Ela permaneceu cerca de 400 anos no país. Cerca de 4,9 milhões de africanos
vieram para o Brasil. O processo foi tão grande que 75% da população em certas regiões
era formada por escravos. Destaque nesse quesito para Juiz de Fora, que possuiu em
vários momentos históricos uma população escrava maior que a liberta. Esses dados
influenciam nos dados atuais da cidade que pontua 0,41 no coeficiente de Gini, que mede
a desigualdade social, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor.
Entretanto, nas pesquisas do IBGE de auto declaração, a população juiz-forana era
composta por 273 787 brancos (64,91%); 92 179 pardos (21,86%); 51 808 pretos
(12,28%); 1 198 indígenas (0,28%); 695 amarelos (0,16%); além dos 2 103 sem
declaração (0,50%).
O Brasil foi o país que mais importou africanos - 46% de todos que foram trazidos
coercitivamente para as Américas. Isso mostra porque que também foi o último a abolir
esse sistema. Muita gente tinha escravos. Nas cidades havia gente remediada que tinha
um ou dois escravos. Os estudos mostram que a propriedade escrava no Brasil era muito
mais difundida que na Jamaica ou no Sul dos Estados Unidos. Assim, muita gente, e não
só os fazendeiros, achava que o país ia se arruinar se parasse de trazer africanos. Quase
tudo dependia do trabalho escravo e da chegada dos africanos.
Se você somar a proporção de escravos do Rio com a de Niterói, você tem uma
concentração urbana de escravos que não existiu em nenhum outro lugar no mundo, só
no Império Romano. No Brasil, a escravidão também tinha essa característica urbana, em
uma escala que não ocorreu nas Américas. A escravidão marcava as cidades. Em 1849, o
Rio tinha 260 mil habitantes, 110 mil dos quais eram escravos. Isso dá 42% da população.
Escravidão Feita Pelos Africanos - Os africanos desenvolviam comércio de escravos
localizado, limitado aos circuitos regionais das zonas econômicas africanas. A articulação
desse comércio interno ao comércio Atlântico - que era um dos setores mais dinâmicos
da economia mundial, com companhias formadas, com acionistas investindo pesado -
criou uma demanda de escravos que exacerbou o tráfico interno africano. Também houve
a importação de armas europeias, dando maior impacto aos conflitos internos, que eram
os mecanismos de criação mercantil de escravos. O comércio atlântico negreiro era um
comércio totalmente europeu e brasileiro. Nunca houve um navio africano vendendo
escravo nos portos das Américas.
Tráfico de escravos pelo Atlântico
Sobreviver foi uma tarefa difícil. As mortes eram constantes e a taxa de natalidade muito
baixa, por conta disso e pela pouca importância dada à reprodução, houve necessidade
constante de importar mão-de-obra, sustentando o tráfico atlântico. Este figurou como
atividade lucrativa para um grupo bastante influente de traficantes.
Escravos em navio na Costa Oeste da África
É com a chegada dos portugueses na costa atlântica ao sul do Saara, no século XV que as
formas de comércio se modificam e o uso da violência passou a ser comum. Cerca de 4,9
milhões de africanos vieram para o Brasil. As plantations e os monopólios eram a base
da agricultura escravista e garantiram a escravidão como um negócio lucrativo.
O processo de escravização começava no continente africano. O primeiro movimento era
o apresamento pelos traficantes, seguido de uma longa viagem pelo interior da África até
a chegada na costa atlântica. Esta viagem obrigava os cativos a percorrerem um longo
caminho até a chegada nos portos. Muitos deles não resistiam às doenças ou mesmo ao
esforço físico. Os que chegavam aos portos chegavam a esperar um longo tempo até que
os navios negreiros tivessem “carga” suficientemente lucrativa para fazer a travessia do
atlântico.
A travessia nos navios negreiros era marcada pela violência e pelas condições insalubres.
Antes de embarcar os homens e mulheres cativos eram marcados com ferro – ou nas
costas ou no peito – como forma de identificação do traficante a quem pertenciam. Um
único navio carregava cativos de diversos traficantes e locais de origem. E assim os
senhores os preferiam: trabalhadores de etnias e culturas diferentes pois dificultava a
comunicação e prevenia a formação de rebeliões e motins.
Entre os séculos XVI e XVIII as caravelas portuguesas tinham capacidade de transportar
aproximadamente 500 cativos por viagem. Já os navios a vapor faziam o transporte de
aproximadamente 350 escravos, já no século XIX, quando, aos poucos, a escravidão foi
sendo abolida em diversas nações do mundo, num processo iniciado pela Inglaterra.
A viagem nos navios tinha como dieta básica o azeite e o milho e, por conta desta
alimentação pobre em vitaminas, especialmente a vitamina C, muitos escravizados
chegavam com escorbuto, doença bastante comum neste contexto. O fim da travessia se
dava com a chegada aos portos brasileiros como os de Recife, Salvador, Rio de Janeiro,
Fortaleza, São Luís e Belém. Os principais portos à época eram os de Salvador e Recife,
mas, após a descoberta do ouro na região das Minas Gerais o porto do Rio de Janeiro
ganha destaque e passa a receber um número cada vez maior de cativos.
Chegada ao Brasil A chegada era marcada, inicialmente, pela burocracia. Classificados
por sexo e idade posteriormente eram enviados para o local onde se faziam os leilões de
escravos, que poderia ser já na alfândega ou nos armazéns próximos à região portuária.
Como chegavam bastante debilitados: doenças, feridas na pele, com vermes e escorbuto
e com pouco peso era preciso valorizar a “mercadoria” e para venda os cativos eram
limpos, tinham os cabelos e barbas cortados, e passavam óleo na sua pele. Neste momento
recebiam uma alimentação mais cuidadosa para melhorar o aspecto. Já para esconder a
aparência depressiva – chamada de banzo - causada pela exploração e imigração forçada
os cativos recebiam produtos estimulantes como tabaco.
Cais do Valongo – Dias Atuais. Local de grande chegada de Escravos no Rio de Janeiro
Além da venda in loco os homens e mulheres escravizados eram anunciados nos jornais.
Ao buscar os periódicos do período este tipo de anúncio é facilmente encontrado. Postos
à venda a partir do seu sexo, idade e etnia a preferência se dava por homens adultos – os
mais caros. A venda envolvia garantias: caso o cativo apresentasse alguma doença ou
debilidade física nos quinze dias sequentes à venda podia ser devolvido.
Locais de aplicação da mão de obra escrava Aqui os escravizados foram destinados ao
trabalho nos latifúndios de cana de açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas
de café ou mesmo no trabalho doméstico ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX.
O comércio de homens e mulheres africanos ocasionou na morte e no sofrimento de
milhões de pessoas.
Havia distinção entre os cativos domésticos e os do campo. Os destinados às casas-
grandes viviam uma vida mais próxima dos senhores, e conheciam a fundo seu cotidiano.
Por isso mesmo houve uma delimitação bastante evidente nas casas entre as áreas sociais
e de serviço, presentes até hoje nos elevadores de edifícios separados entre social e de
serviço, que servem para demarcar os lugares sociais de patrões e empregados. Já os
escravizados destinados ao trabalho no campo levavam uma vida mais sacrificada embora
ambas as formas de trabalho fossem forçadas e de exploração.
A escravidão foi um processo de extrema violência. A monocultura necessitava um
grande número de trabalhadores que eram submetidos a uma rotina de trabalho difícil,
pesada, sem lucros para os cativos, força de trabalho da produção latifundiária. O trabalho
era intenso e o próprio cotidiano nos engenhos, nas fazendas ou nas minas, já representava
uma violência impactante.
Os escravizados eram assombrados pela presença dos castigos físicos e das punições
públicas. Várias foram as formas de humilhação. O tronco, o açoite, as humilhações, o
uso de ganchos no pescoço ou as correntes presas ao chão representavam a violência a
que eram submetidos os cativos. A escravidão é um sistema que só funciona com a
presença da violência.
Ainda assim é preciso destacar o papel importante das revoltas e das rebeliões, formas de
resistência à exploração imposta, como a experiência dos quilombos – como o de
Palmares - e as diversas táticas praticadas para fugir da violência injusta. Homens e
mulheres cativos não foram passivos ao sistema a que foram submetidos reagindo das
mais variadas formas.
Brasil - Transição do Império à República
Para compreendermos como se deu a transição do período Imperial paro o Republicano,
temos que analisar o que significa república. Etimologicamente falando, esta quer dizer
“coisa pública”, desencadeando em um governo que tenha a participação do coletivo. Ela
também possui uma conotação que contesta o poder de uma só pessoa, o qual não é
legitimado pelo povo, tecendo assim uma crítica à monarquia. O respeito às leis e a
devoção do indivíduo à coletividade corresponde às principais bases dessa nova forma
governo. As pessoas não estariam mais subordinadas ao arbítrio do monarca, mas sim a
um corpo de leis, materializado na constituição. Essa nova forma de governo vem na
maioria das vezes acompanhada do federalismo. Essa ideia não surgiu repentinamente,
ela já estava presente no período Imperial.
A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de novembro de 1889.
Resultado de um levante político-militar que deu inicio à República Federativa
Presidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro da Fonseca como
responsável pela efetiva proclamação e como primeiro Presidente da República brasileira
em um governo provisório (1889-1891).
Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai (1864-1870), comandando
um dos Batalhões de Brigada Expedicionária. Sempre contrário ao movimento
republicano e defensor da Monarquia como deixa claro em cartas trocadas com seu
sobrinho Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os seus
problemas a Monarquia continuava sendo o “único sustentáculo” do país, e a república
sendo proclamada constituiria uma “verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros,
preparados para ela.
A crise no Império
O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro Preto”, sob a chefia do
Senador pelo Partido Liberal Visconde do Ouro Preto, assim que assume em junho de
1889 propõe um programa de governo com reformas profundas no centralismo do
governo imperial. Pretendia dar feição mais representativa aos moldes de uma monarquia
constitucional, contemplando aos republicanos com o fim da vitaliciedade do senado e
adoção da liberdade de culto. Ouro Preto é acusado pela Câmara de estar dando inicio à
República e se defende garantindo que seu programa inutilizaria a proposta da República.
Recebe críticas de seus companheiros do Partido Liberal por não discutir o problema do
Federalismo.
Os problemas no Império estavam em várias instâncias que davam base ao trono de Dom
Pedro II:
A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Católica frente ao Padroado exercido por
D. Pedro II que interferia em demasia nas decisões eclesiásticas.
O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo escalão do Exército Brasileiro pela
determinação de D. Pedro II que os impedia de manifestar publicamente nos periódicos
suas críticas à monarquia.
Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende entre os grandes fazendeiros um
clamor pela República, conhecidos como Republicanos de 14 de maio, insatisfeitos pela
decisão monárquica do fim da escravidão se voltam contra o regime. Os fazendeiros
paulistas que já importavam mão de obra imigrante, também estão contrários à
monarquia, pois buscam maior participação política e poder de decisão nas questões
nacionais.
A classe média urbana: As classes urbanas em ascensão buscam maior participação
política e encontram no sistema imperial um empecilho para alcançar maior liberdade de
econômica e poder de decisão nas questões políticas.
A Proclamação da República
A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos militares que se veriam a partir
de então como os defensores da Pátria brasileira. A República foi proclamada por um
monarquista. Deodoro da Fonseca assim como parte dos militares que participaram da
movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novembro pretendiam derrubar
apenas o gabinete do Visconde de Ouro Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação,
mesmo doente, Deodoro age por acreditar que haveria represália do governo monárquico
com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à insurgência dos militares.
“O povo assistiu bestializado a Proclamação da República” – segundo Aristides Lobo.
A República não favorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a
participação desses na ação efetiva. O Império, principalmente após a abolição da
escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e mesmo uma gratidão pela libertação.
Há então um empenho das classes ativamente participativas da República recém-fundada
para apagar os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis republicanos e símbolos
que garantissem que a sociedade brasileira se identificasse com o novo modelo
Republicano Federalista.
A Maçonaria e o Positivismo
O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal Deodoro da Fonseca como
Presidente, Marechal Floriano Peixoto como vice-presidente e como ministros: Benjamin
Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio
Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na nata gestora da
República eram membros regulares da Maçonaria Brasileira. A Maçonaria e os maçons
permanecem presentes entre as lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos
ideais da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado Republicano,
principalmente no que tange o Direito.
A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente principalmente na construção
dos símbolos da República. Desde a produção da Bandeira Republicana com sua frase
que transborda a essência da filosofia Comteana “Ordem e Progresso”, ou no uso dos
símbolos como um aparato religioso à religião republicana. Positivistas Ortodoxos como
Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram os principais ativistas, usando das alegorias
femininas e o mito do herói para fortalecer entre toda a população a crença e o amor pela
República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão plenamente em sua missão
política de fortalecimento da República que apesar de ridicularizados por seus opositores
não esmorecem e seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbolos,
mitos e alegorias.
A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas de controle social, nem
mesmo há mudanças na pirâmide econômica, onde se agrupam na base o motor da
economia, e onde estão presentes os extratos mais pobres da sociedade, constituída
principalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas camadas mais altas dessa
pirâmide econômica organizam-se oligarquias locais que assumem o poder da máquina
pública gerenciando os projetos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao
qual pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes mudanças com a Proclamação
da República, o que há de imediato é a abertura da política aos homens enriquecidos,
principalmente pela agricultura. Enquanto o poder da máquina pública no Império estava
concentrado na figura do Imperador, que administrava de maneira centralizadora as
decisões políticas, na República abre-se espaço de decisão para a classe enriquecida que
carecia desse poder de decisão política.
O Século XIX na Europa
Primavera dos Povos é o nome que se dá a uma série de movimentos revolucionários de
cunho liberal que ocorreram por toda a Europa durante o ano de 1848. Com a Revolução
Francesa de 1789, os ideais libertários espalharam-se por toda a Europa, assustando as
monarquias absolutistas europeias. Nesse cenário é que se institui o Congresso de Viena,
em 1815, que buscava uma restauração da antiga ordem vigente (pré-1789). Monarquias
que haviam sido abolidas foram restauradas, e políticas repressoras voltaram a ser
aplicadas à população.
Podemos encontrar
na França, no ano de
1830 as sementes
dos movimentos
revolucionários de
1848. Com a subida
do rei Luís Filipe da
França, denominado
"rei burguês", havia
esperança entre a
classe burguesa que
seus interesses
seriam devidamente
representados,
sendo o próprio
monarca oriundo
daquela classe.
A Liberdade guiando o Povo de Eugène Delacroix - A mulher como Símbolo da Republica
O arranjo proporcionado pelo governo de Luís Filipe era comum em todo continente,
onde governos autocráticos, que não abriam espaço para as classes subalternas
dominavam o cenário político-social. Além disso, uma colheita sofrível no campo, entre
os anos de 1845 e 1846 e uma consequente crise econômica, tanto no setor agrícola quanto
industrial, preparou o terreno para que, durante o ano de 1848, revoluções de cunho liberal
se espalhassem por toda Europa, sendo o primeiro foco na Sicília, e depois para a Hungria,
França, Alemanha e Áustria.
A ideologia predominante, e que de certo modo unia todos os movimentos era a de um
socialismo utópico (tanto que naquele mesmo ano temos a concepção do famoso
"Manifesto Comunista" de Karl Marx e Friedrich Engels). Até mesmo em terras
brasileiras os ecos das perturbações que assolavam a Europa se fazem sentir, com a
Revolução Praieira, ocorrida na província de Pernambuco, em 1848.
Nos diversos países europeus, a Primavera dos Povos desenvolveu-se da seguinte
maneira:
Itália
Na Itália havia o projeto central de unificação do país, que ocorreria somente em 1861 e
que eclipsou tais preocupações sócio-econômicas. A ordem acabou por ser reestabelecida
pelas diversas potências que dominavam as diversas regiões do território italiano à epoca,
nomeadamente França e Áustria.
Hungria
Na Hungria, como na Itália, as ideias de afirmação e independência nacional acabavam
por se igualar e até mesmo superar as preocupações de ordem mais prática. Ocorrem
rebeliões no início do ano, e o governo que surge das eleições faz do país um território
virtualmente livre do jugo austríaco. A Áustria invade o país, o governo eleito demite-se
e a repressão que se segue é duríssima, terminando com as revoltas.
Áustria
Na Áustria, setores da aristocracia rebelaram-se contra a monarquia. Várias revoltas
ocorrem, com destaque para a ocorrida em Praga. Em novembro de 1848, o imperador
abdica, porém, tal situação será revertida em 1852, com a restauração do regime.
Alemanha
Na Alemanha, havia como na Itália, a questão da reunificação. Área em plena fase de
industrialização, as revoltas operárias e camponesas proliferam-se. Chegou-se a elaborar
uma nova constituição, mas esta termina por ser rejeitada pelo rei, e a situação termina
com poucos progressos em relação à realidade anterior.
França
Na França, o rei Luís Filipe abdica em 1848. A república é proclamada, porém, a
instabilidade irá continuar até cerca de 1851, quando, através de um glope palaciano,
Carlos Luís Napoleão Bonaparte proclama o Segundo Império Francês, com o título de
Napoleão III.
Na maior parte, as revoltas em toda Europa foram controladas, e as mudanças sociais que
os movimentos revolucionários tanto ansiavam acabaram sufocadas pela emergente
Segunda Revolução Industrial e por uma tênue calmaria econômica, que seria
acompanhada de uma calmaria política. Os regimes autocráticos teriam sobrevida até o
início da Primeira Guerra Mundial, onde a ordem estabelecida em Viena seria finalmente
implodida.
Movimento Operário
A vinda de uma série de trabalhadores do campo para as cidades em busca de trabalho
modificou o ritmo daquela sociedade. Agora esses operários lidavam com uma
concorrência e um novo modo de trabalhar baseado no relógio. Multas e ameaças eram
comuns para aqueles que não mantinham o padrão por algum motivo. Com o crescimento
das cidades cresciam também os problemas nas ruas, a falta de água, de esgotos, de
saneamento facilitava a ocorrência de doenças como a febre tifoide e a cólera, que
atingiam sobretudo as camadas mais pobres da sociedade.
Esse período é chamado por alguns historiadores de Segunda Revolução Industrial ou
a acentuação do Capitalismo empregado pelas novas potências. Ele se explica pelo
crescimento do mercado consumidor e nos capitais acumulados na Europa em torno do
século XVIII.
Com o crescimento do operariado e das fábricas, esse momento também seria marcado
por uma junção entre tecnologia e ciência.
Cidade Industrializada – Séc XIX
O Taylorismo, também conhecido por Administração Científica, foi desenvolvido pelo
estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), no final do século XIX e início do
século XX.
A Administração Científica foi desenvolvida em meio a um processo de transformação
gerado pela segunda Revolução Industrial, com o aço substituindo o ferro, e a energia
elétrica e o petróleo sendo usados no lugar do vapor.
Engenheiro mecânico, Taylor, também conhecido como “Pai da Administração
Científica”, construiu sua carreira trabalhando em importantes empresas como: Midvale
Steel Company, Bethlehem Steel Company e Cramps Shipbuilding Company. Ele
escreveu cinco livros, dentre eles: Princípios da Administração Científica e Gerência de
Fábrica que permitiram com que fizesse parte do rol de pessoas, em especial engenheiros,
que contribuíram com o pensamento administrativo.
A Administração Científica se baseia em quatro princípios básicos, desenvolvidos por
Taylor, que visam melhorar o desempenho da organização:
1º Princípio: O estudo, por parte da gerência, das tarefas (Estudo dos tempos e
movimentos). Este deve ser feito de forma a levantar o conhecimento que se encontra na
cabeça dos trabalhadores, registrá-los, medi-los, simplificá-lo e reduzi-lo ao mínimo,
observando assim, a melhor maneira de se executar a tarefa. Em seguida, criam-se regras
e leis que irão retornar aos trabalhadores que as colocam em prática.
2º Princípio: A gerência deve fazer uma seleção científica dos trabalhadores de forma a
escolher a melhor pessoa para a execução de uma tarefa e cuidar do seu contínuo
desenvolvimento.
3º Princípio: é o momento em que as leis e regras criadas no primeiro princípio voltam
para o trabalhador selecionado através de cartões de instrução. Assim, as “melhores
pessoas” são treinadas para a realização da tarefa da “melhor maneira”.
4º Princípio: divisão do trabalho. Aqui a gerência, representada pelos administradores e
engenheiros, estabelecem os padrões e os operários apenas obedecem.
Concentração de Capital
Com a adoção de novas tecnologias e a ampliação dos mercados consumidores europeus,
a industrialização ganhou um novo impulso e a partir de 1870 foi acompanhada por
intensa concentração de capitais. O Monopólio ou o Capitalismo Financeiro da
produção e distribuição de um ou mais produtos fazia com que se formassem grandes
capitalistas e pequenas empresas concorrentes fossem a falência.
Holding – nasce da associaçõ de várias empresas a uma grnde empresa, que centraliza e
controla suas associadas e detém maior parte de suas ações.
Truste – a fusão de várias empresas em uma única. Essa empresa gignte passa a controlar
desde a obternção de matéria prima até a comercialização final do produto. Com isdso
consegue regular e impor o preço final.
Cartel - são acordos entre empresas independentes do mesmo ramo que, para evitar o
desgaste da concorrência, dividem o mercado entre si e mantém preços iguais.
Foi também nesse período que os Bancos passaram a controlar muitas empresas
Imperialismo ou o “Novo” Colonialismo
Algumas vezes o imperialismo é associado somente com a expansão econômica dos
países capitalistas; outras vezes é usado para designar a expansão européia após 1870.
Embora Imperialismo signifique o mesmo que Colonialismo e os dois termos sejam
usados da mesma forma, devemos fazer a distinção entre um e outro.
Colonialismo normalmente implica em controle político, envolvendo anexação de
território e perda da soberania, além de ser ligado diretamente com os processos de
colonização das Américas nos séculos XVI e XVII.
Imperialismo se refere,
em geral, ao controle e
influência que é exercido
tanto formal como
informalmente, direta ou
indiretamente, política
ou economicamente. É
algo ligado ao Século
XIX.
Partilha da África - Charge
Ações imperialistas na África e na Ásia
Na metade do século XIX a presença colonial européia na África estava limitada aos
colonos holandeses e britânicos na África do Sul e aos militares britânicos e franceses na
África do Norte.
A descoberta de diamantes na África do Sul e abertura do Canal de Suez, ambos em 1869,
despertaram a atenção da Europa sobre a importância econômica e estratégica do
continente. Os países europeus rapidamente começaram a disputar os territórios.
Em algumas áreas os europeus usaram forças militares para conquistar os territórios, em
outras, os líderes africanos e os europeus entraram em entendimento à respeito do controle
em conjunto sobre os territórios. Esses acordos foram decisivos para que os europeus
pudessem manter tudo sob controle.
Grã-Bretanha, França, Portugal e Bélgica controlavam a maior parte do território
africano, a Alemanha também possuía lá, muitas terras, mas, as perdeu depois da I Guerra
Mundial.
Os estilos variavam, mas, os poderosos colonizadores fizeram poucos esforços para
desenvolver suas colônias. Elas eram apenas locais de onde tiravam matérias-primas e
para onde vendiam os produtos manufaturados.
Talvez o pior legado do Colonialismo tenha sido a divisão da África em mais de 50
Estados cujas fronteiras foram demarcadas sem dar a menor importância aonde as pessoas
viviam e como organizavam sua própria divisão política.
As fronteiras atuais, em geral, dividem uma única comunidade étnica em duas ou mais
nações. Por exemplo: embora a maioria dos Somalis vivam na Somália, eles constituem
uma significativa minoria no Kênia e na Etiópia e muitos deles gostariam de ser cidadãos
da Somália.
Outro legado ruim do Colonialismo foi o seu efeito na vida econômica dos povos
africanos. O sistema colonial destruiu o padrão econômico que lá existia. O colonialismo
também ligou a África economicamente às grandes potências e os benefícios desse
sistema sempre vão para os países poderosos e nunca de volta para África.
A história da exploração econômica teve um papel importante na forma como certos
governos africanos independentes, se preocuparam em desenvolver suas próprias
economias. Alguns países como a Costa do Marfim, criaram uma base econômica
orientada para a exportação dentro das regras coloniais. Outros, como a Tânzania,
procuraram redirecionar sua economia para a produção de grãos e de bens necessários
para o seu povo.
O terceiro mal causado pelo colonialismo foi a introdução das ideias europeias de
superioridade racial e cultural, dando pouco ou nenhum valor às manifestações culturais
dos povos africanos. Aos poucos os africanos estão recuperando o orgulho por sua cor,
raça e cultura.
Ásia
O período da conquista europeia na Ásia começa por volta de 1500 e continua até a
metade do século XX. Alguns historiadores acreditam que esse período ainda não
terminou.
O interesse europeu pela Ásia começou com a curiosidade e se tornou o desejo de explorar
as riquezas deste continente. Para isso, os europeus tiveram que conquistar e colonizar
essas terras, isso aconteceu nos séculos 19 e 20. Na época da I Guerra Mundial, a maior
parte da Ásia estava sob controle europeu.
Três ou quatro séculos de contato e controle europeu trouxeram boas e más consequências
para Ásia. As contribuições européias foram, novas idéias e técnicas para agricultura,
indústria e comércio, saúde e educação e administração política.
Poucas culturas asiáticas estavam aptas para se adaptar a essas novas regras e idéias, mas
aquelas que, como o Japão, conseguiram, tiraram muito proveito após sua independência.
Dentre os problemas do Colonialismo, a exploração das riquezas, que os europeus
levavam para as metrópoles, a divisão da Ásia sem levar em conta suas culturas, povos e
regiões físicas. Houve também os problemas políticos e sociais causados pelas minorias
estrangeiras, como a cultura francesa na Indochina, que se chocava com a cultura
existente nesse país.
Até hoje existem problemas desse tipo nas nações asiáticas.
É assim que podemos compreender as dificuldades que certos países têm até os dias
atuais. As marcas profundas deixadas pelo colonialismo se refletem em suas culturas,
políticas, economias e são vistas com clareza nas guerras e massacres causados por
diferenças étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pelas nações poderosas
É a esse domínio que chamamos Imperialismo.
O Socialismo
O Socialismo é uma doutrina política e social que propõe a transformação da sociedade
visando a repartição da riqueza e a igualdade social. No século XIX duas correntes se
desenvolveram, o Socialismo Utópico e o Socialismo Cientifico.
Socialismo Utópico
Socialismo Utópico é a primeira corrente do moderno pensamento filosófico socialista,
surgida no primeiro quartel do século XIX e que desenvolvia conceitos e ideias definidas
como utópicas para os pensadores socialistas que surgiriam posteriormente. Estes
primeiros pensadores do moderno socialismo não reconheciam autoridade externa, além
de subordinar a religião, a ciência, sociedade e instituições políticas a uma drástica e
permanente crítica. Tudo o que era produzido pela humanidade deve justificar sua
existência, ou seja, demonstrar sua utilidade ou então ser combatida até que deixasse de
existir. A razão era a medida de todas as coisas. À toda forma de tradição, sociedade,
governo, costume ou similar existente, toda velha noção tradicional deveria ser
considerada irracional e combatida.
O cenário de nascimento do socialismo utópico, a França do início do século XIX,
abundavam as crises provocadas pelo avanço do sistema liberal, que produzia miséria em
série, proporcionando precárias condições de vida aos cidadãos que então chegavam
recentemente do meio rural. A jornada de trabalho absurda e o uso de mão de obra infantil
completavam o cenário de horror que a Revolução Industrial criou inadvertidamente.
Nesse ambiente onde as promessas da Revolução Francesa acabaram de certo modo por
não se concretizar, onde a única liberdade existente era a de mercado, com o capitalista
tendo passe livre para realizar a exploração do trabalhador comum. De tal decepção e
frente à uma realidade desesperadora, surgem os questionamentos por parte dos
intelectuais. De uma dessas correntes de questionamentos temos a origem do socialismo
utópico. O termo "utopia" é um resgate literário do título do livro de Thomas Morus, de
1516, e tal expressão passa assim a designar toda filosofia defensora da igualdade social,
onde era pregado um modelo idealizado, mas a "receita" para se atingir tal caminho não
era discutida.
Os principais nomes do Socialismo Cientifico são os franceses Saint Simon e Charles
Fourier e o inglês Robert Owen.
Para Simon a sociedade era dividida entre ociosos e produtores e só iria melhoras se fosse
governada por industriais e cientistas cristãos. Já para Charles, a sociedade ideal deveria
se organizar em comunidades com poucas pessoas, cerca de 1800, nas quais cada um
trabalhasse no que mais se identificasse e o fruto do trabalho seria repartido para todos.
Owen, que era administrador de uma grande fábrica, acreditava que eram possíveis
melhores condições para o operariado do período, por isso reduziu a jornada de trabalho
de seus funcionários, de 14h para 10h e ainda construiu creches para os filhos. Vendas
dentro da fábrica no armazém também eram mais baratas do que no exterior.
Socialismo Científico
O Socialismo Científico ou Socialismo Marxista é uma ideologia baseada nos preceitos
propostos por Karl Marx.
Karl Marx e Friedrich Engels
O Socialismo é uma corrente ideológica oriunda no século XIX. O pensamento é fruto de
um momento no qual o Liberalismo era a ideologia predominante na sociedade ocidental,
marcando intensamente as conquistas capitalistas da Revolução Industrial. Este contexto
solidificou o poder da burguesia na sociedade contemporânea, caracterizando uma fase
da história da humanidade na qual a produção industrial ganhou grande incremento e
junto com ela veio uma forte exploração do trabalho em favor do lucro. A crítica à
ideologia liberal ganhou força com o advento das ideias socialistas. No entanto, os
primeiros formuladores do pensamento socialista acreditavam que a burguesia
reconheceria a exploração imposta aos operários e, a partir daí se daria uma mudança no
sistema vigente. Sendo que a burguesia compartilharia sua riqueza e seu poder e a
sociedade alcançaria um modo de vida comunista. Esse tipo de formulação é uma utopia,
ou seja, muito improvável, para não dizer impossível, que a classe burguesa abra mão de
suas posses em prol de uma sociedade comunista, como vimos anteriormente. Com base
nisso, a ideologia ficou conhecida como Socialismo Utópico. Em contrapartida à essa
primeira corrente ideológica do Socialismo, o alemão Karl Marx apresentou reflexões
mais plausíveis para a sociedade alcançar o modo de vida de uma sociedade comunista.
Apresentando métodos e condições mais adequadas, os pensamentos que apresentou se
tornaram uma corrente ideológica muito influente, sobretudo, no século XX.
O Socialismo Marxista é uma ideologia que também almeja alcançar o comunismo, só
que por caminhos diversos e mais plausíveis do que o Socialismo Utópico. Na formulação
de Karl Marx, a sociedade precisa passar por etapas até obter as condições necessárias
para o comunismo. Assim, a sociedade capitalista precisaria se desenvolver a tal ponto
que pudesse permitir ao proletariado o controle dos meios de produção em uma sociedade
socialista e, só depois de cumpridas as duas primeiras etapas, haveria condições
necessárias para o comunismo. O pensamento de Karl Marx foi desenvolvido baseando-
se nos estudos das obras de intelectuais franceses e do alemão Hegel, e, na verdade,
recebeu também grande auxílio de outro alemão, Friedrich Engels.
O Socialismo Marxista, também chamado simplesmente de Marxismo, no entanto, vai
muito além. É um conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais que
conquistará vários seguidores. O Marxismo compreende o homem como um ser social e
histórico e se baseia em concepções materialista e dialética da História. A vida social é
interpretada segundo o modo de produção e a luta de classe que ela desencadeia. São
conceitos muito importantes para compreensão do chamado Socialismo Marxista que, em
contrapartida ao Socialismo Utópico, pode também ser chamado de Socialismo
Científico.
A sociedade, segundo o Socialismo Marxista, é descrita da seguinte forma. A história
humana é observada ressaltando os aspectos materiais, ou seja, dando importância
fundamental para as relações econômicas que a permeiam. Para Marx, essa base
econômica seria a determinante dos aspectos políticos, culturais e também religiosos.
Dado esse significativo valor atribuído às questões econômicas, a sociedade é marcada
por uma dialética que opõe dois grupos, a burguesia e o proletariado. Entendendo que o
primeiro refere-se aos detentores do meio de produção e o segundo, sem tais posses,
vendem seu trabalho, fazendo a engrenagem do sistema capitalista funcionar. No entanto,
a burguesia explora o máximo possível da mão-de-obra para obter seus lucros, é a
chamada mais-valia. O trabalhador gera produtos de alto valor agregado, porém o salário
é reduzido e muitas vezes ainda é consumidor do que produz. É dessa situação de
exploração capitalista promovida pela burguesia sobre o proletariado que nasce a
chamada luta de classes, segundo Karl Marx. Na Roma antiga a luta teria se dado entre
Patrícios e Plebeus; no Feudalismo entre servos e senhores e no Capitalismo dava-se entre
o Proletário e a burguesia. Para o Socialismo Marxista, a tensão existente na mais-valia
promoveria uma união da classe proletária que, em busca de uma sociedade mais
igualitária, tomaria posse dos meios de produção e os passaria ao controle do Estado,
encarregado de representar a coletividade. Seria o contexto de uma Revolução Socialista.
Com o tempo, o próprio Estado não seria mais necessário, levando-se em consideração
que não haveria mais dominação de uma classe sobre outra, resultando no que é, para
Karl Marx, a etapa mais desenvolvida das relações humanas, uma sociedade comunista.
As bases gerais do Marxismo estão contidas em duas
obras. O Capital, onde Marx faz uma análise crítica
do capitalismo, prevendo inclusive ocorrências de
crises periódicas no interior desse sistema, que foram
comprovadas posteriormente e no Manifesto
Comunista, no qual Marx e Engels expõem os
princípios do Socialismo para a classe operária.
Essas proposições do Socialismo Marxista
influenciaram diversas atividades humanas no século
XX, influenciando diversos movimentos. Dentre eles
estão a Revolução Russa, a Revolução Cubana e a
Revolução Chinesa. No entanto, os países que
adotaram posturas ditas socialistas desvirtuaram
significativamente os preceitos de Karl Marx. Ainda
assim, o Marxismo foi muito influente nas Ciências
Humanas ao longo da segunda metade do século XX. Embora não tão admirada quanto
já fora, a ideologia Marxista permanece influente.
O Anarquismo
Anarquismo é uma filosofia política que, em favor da liberdade individual, repudia toda
forma de autoridade. A palavra anarquia deriva dos termos gregos “a” (não) mais “arché”
(governo) e significa, literalmente, ausência de governo. No senso comum, a palavra
anarquia é usada como sinônimo de bagunça, caos ou violência. Porém, os pensadores
anarquistas não negam o desenvolvimento e a ordem social, mas acreditam que são
possíveis de serem alcançadas sem um estado, sem um governo, sem monopólio do poder.
O anarquismo é uma teoria política que rejeita o autoritarismo e luta por uma sociedade
melhor com base na liberdade, cooperação e igualdade. O anarquismo acusa o poder
estatal de se legitimar a partir da opressão e dominação, impor a propriedade privada e
concentrar privilégios e riqueza para uma minoria da população. Os anarquistas não
rejeitam a política em si, mas sim a política institucional burguesa, que consideram um
espaço corrupto onde se perde a autonomia individual. Os anarquistas acreditam que o
ser humano, por natureza, é capaz de viver em liberdade e harmonia. Portanto, defendem
que organizações sociais e econômicas voluntárias devem substituir as instituições
autoritárias e coercitivas estatais existentes.
O anarquismo rejeita toda forma de autoridade na medida em que vê nela a fonte dos
males humanos, seja tal autoridade terrestre ou divina. Como consequência, os
anarquistas tendem a recusar também qualquer religião, enquanto ideologia. O Estado e
sua organização burocrática é o órgão repressivo por excelência, pois priva o indivíduo
de toda a liberdade, nega-lhe o direito de decidir sobre sua própria vida, impondo-lhe uma
série de obrigações e de comportamentos aos quais o indivíduo não pode fugir. Do mesmo
modo, o Estado é o principal inimigo dos anarquistas por ser considerado o criador e
mantenedor da ordem econômica capitalista.
Apesar de ser uma importante filosofia política
de crítica ao autoritarismo, o anarquismo não se
constituiu como uma doutrina única, sendo mais
correto falar em várias correntes, que divergem
entre si principalmente no que diz respeito aos
meios para alcançar a sociedade sem Estado. Por
exemplo, Pierre Joseph Proudhon e Max Stirner
acreditavam que o anarquismo deveria ser
alcançado através da mudança pacífica das
instituições coercivas, enquanto Mikhail
Bakunin defendia uma revolução violenta para
destruir a máquina estatal. Outros teóricos
anarquistas importantes são: William Godwin,
Henry David Thoureau, Leon Tolstoi, Piotr
Kropotkin, Errico Malatesta, Emma Goldman e
Buenaventura Durruti.
Mikhail Bakunin
No século XIX e XX, os anarquistas tiveram grande importância em países como Rússia
(onde foram perseguidos pelos stalinistas), França, Itália e Espanha. O anarquismo
também exerceu bastante influência no movimento operário latino-americano, trazido por
imigrantes italianos e espanhóis, inclusive no Brasil, onde organizações anarco-
sindicalistas protagonizaram a greve geral do ano de 1917, uma das mobilizações
operárias mais abrangentes na história do país. A partir da década de 1960, o anarquismo
foi resgatado por jovens integrantes de movimentos de contracultura, como os hippies,
punks e grupos estudantis. Mais recentemente, os métodos de ação direta e o caráter
anticapitalista do anarquismo tem sido inspiração para novos movimentos sociais que se
organizam contra o neoliberalismo.