privados, de previdencia privada aberta e de …...por amarildo augusto da cunha contra o banco...
TRANSCRIPT
MINISTERIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SECUROS
. PRIVADOS, DE PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAçAO -
CRSNSP
212 Sessão Recurso no 6665 Processo SUSEP no 15414.004689/2010-37
RECORRENTE: BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S/A
RECORRII)A: SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVAI)OS - SUSEP
EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. Denáncia. Manter
vInculo empregatIcio corn corretor de seguros. Recurso conhecido e
provido.
IL PEN ALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ 9.000,00.
BASE NORMATIVA: Arts. 88 e 125 do Decreto-Lei no 73/66.
ACORDAO/CRSNSI N° 5284/15. Vistos, relatados e discutidos os
presentes autos, decidem os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados. de Previdência Privada Aberta e de Capitalizaco, por unanimidade, dar provimento ao recurso da Bradesco Vida e Previdência S/A, nos termos do voto da Relatora. Presente o advogado Dr. Daniel Schmitt que sustentou oralmente em favor da recorrente, intervindo nos termos do Regimento Interno deste Conselho o Scnhor representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araéjo Duarte.
Participararn do julgamento os Conseiheiros Ana Maria Melo Netto Oliveira, Claudio Carvaiho Pacheco, Carmen Diva Beltrão Monteiro, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, Washington Luis Bezerra da Silva e Marcelo Augusto Carnacho Rocha. Presentes o Senhor Representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo
10 de Arajo Duarte. c a Secretária-Executiva, Senhora Theresa Christina Cunha Martins.
Sala das SessOes (Ri), 16 de abril de 2015.
)Vt- /)L'
ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA Presidente e Relatora
JOSE E4&RI10 1)E ARAUJO DUARTE Procurador da Fazenda Nacional
MINISTERI() DA FAZENDA CONSELHO DE RE CURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SECUROS PRIVADOS, DE
PREVIDENCIA PR! VADA ABERTA E DE CAPITAL IZAçAO
RECIJRS() CRSNSP N° 6665
IROC1SS() SUSEP No 15414.004689/2010-37
REC'ORREN1'E: BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA S/A
RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA
RELATORIO
Trata-se de proccdimento iniciado a partir de oficio enviado a SUSEP pela
Décirna Prirneira Vara do Trabaiho de Goiánia/GO, que lcva ao conhecimento da
Autarquia. para as providéiicias cabIveis a espécie". scntença em aco trabaihista movida
por Amarildo Augusto da Cunha contra o Banco Bradesco S/A e a seguradora Bradesco
Vida e Previdência S/A, no hojo da qual foi declarada a existéncia de vInculo empregatIcio
eritre o reclamante - corretor de seguros - e a seguradora. corn a consequente condenacao
ao pagamento de encargos i.rabalhistas.
Ern despacho de Ii. 30, a SUSEP consigna que o reclamante na açio
trahaihista possui registro de corretor de seguros na Autarquia, ao qual está agregado o
nome da companhia Bradesco Vida e Previdéncia S/A, e propOc sejam adotadas as med idas
cabIveis em rclaçao ao corretor. a sociedade corretora e a seguradora. 0 parecer do DEFIS
de Os. 103/104, reporlando-se ao Parecer da Procuradoria Federal cujas cOpias toram
juntadas as us. 1 00/101, a vista de dccisäo da justiça da trabaihista corn trãnsito em julgado,
propOe a lavratura de representacão corn intirnaçâo da seguradora e do corretor de seguros.
que. aparenternente. pela anotaçâo manual feita a n. 104, estaria sendo conduzida no hojo
do processo 1 5414.000282/2012-01.
0 parecer técnico de tis. 158/160 conclui pela procedéncia da dcni.incia,
aclotando como fundarncnto o Parecer de 0ricntaço n° I 7/2009. que propugna que tanto C)
corretor quanto a scguradora devem responder administrativamente pela infracâo de
rnanutençio de vinculo ernpregatIcio entre si. Aduz o DIFIS, cm seu parecer que. 'no
processo /udicial irahal/ii.cta, coin loda sua cautela e rigor na aceitaçuio de provas. ,foi
cOflSidc'rad() c01171,ivvad0 0 vlflcU/0 en/re a .cegUrcidofli C? 0 correlor de seguroS. Assi,n,
pod/c parecer iflCOfll1)a/1l'eI C? incoerenle que a instthwia ad,nini.sira/iva chegue a urn
CRSNSP RECIJRSO N° 6665
rest/I/ado di/erenie, ale fl7CS/flC) porque a .sociedac/e seguradora não trouxe aos autos
neil/turn docurnento a Jim de las/rear as suas conies/a coes. Nesse seniido, C de se loitiar
enprestadas as provas Ic produzidas e jiie servirani de Ilindamenlo para a sentença /)cl/a
opinar, iainbCin no ámbiio adininistralivo, pc/a procedência c/a denCncia. (gri los do
original)
o parecer juridico de fis. 161/163 alcanca a mesma conclusao do parecer
acima. também alicercado no Parecer de Orientaço no 17/2009.
Ato contInuo. a Coordenadora Substituta da Coordenaçâo-Geral de
.Julgamentos, cm deciso datada de 22 de outubro de 2013. julgou procedente a dcn(incia.
impondo a seguradora multa de RS 9.000.00.
Intirnada da deciso condenatoria, a seguradora recorrcu ao CRSNS1 (fls.
176/195). repisando os argumentos de defesa, alegando. em sintese:
Nulidade da decisäo condenatória por ausência dos requisitos flindamentais
previstos no artigo 71 da Resoluço CNSP no 186/08:
Atuacäo corn dcsvio de linalidade, eis que a SUSFP näo orientou a empresa
quanto ao correto procedirnento para atendimcnto da legislaçâo securitária.
limitando-se a atuaço rcpressiva;
Contradiço entre os parcceres técnicos e jurIdicos produzidos nos autos e o
Parecer de Orientaço n. 17/2009. do Conselho Diretor da SIJSEP,
porquanto no houve apuraçäo autOnorna pela SIJSEP da natureza da relaço
de trahaiho;
Impossibilidade de utihzaço da prova emprestada dajustica do trahalho:
Inipossibilidade de aplicacao de penalidade contra a seguradora, pois as
detcrminaçOes legais Was por ofendidas - alInca b" do artigo 125 do
Dccreto-Lei n° 73/66 e alInea 'h" do artigo 17 da Lei n° 4.594/64 - sào
dirigidas aos corrctores de seguros;
A scntença judicial admitida corno den6ncia pela SIJSEP retrata apcnas o
entendirnento do magistrado que a proferlu, havendo inOrneras decisOcs cm
outros processos corn entendimento oposto. citando proccsso julgado pelo
TST. DccisOes da justiça trabaihista devem ser analisadas corn caiitela. em
lace dos princIpios de jiistiça social que a nortciarn:
A Bradesco Vida e Previdência opera apenas corn corretores autônornos, em
que pese possarn tais corretorcs sc valer dos canais de captaco cedidos pela
seguradora:
Pj
CRSNSP
RECURS() No 6665
0 corretor em questäo teve siia inscriço na SUSEP efetuada mediante
decIaraçio de que iião era empregado ou sócio de seguradora.
A represcntaco da PGFN junto ao CRSNSP, charnada a opinar sobre o feito
nos tcrmos regimentais. opinou pelo conhecimento do recurso e. no mérito, pelo scu
desprovimento (tis. 200/201).
E o rclatOrio.
BrasIlia. 30 de outubro de 2014.
kA 4 IFL MAI ETTO OLIVEIRA
Conselheira Relatora Representante do Ministérlo da Fazenda
FECEtDO
/
MINISTERLO DA F'AZENDA CONSELHO 1)E RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SECIJROS PRIVAI)OS, DE
PREVIDENCIA PR! VADA ABERTA E DE CAPITALIZAcA()
RFCURSO CRSNSP No 6665
PROC[SS() SUSEP No 15414.004689/2010-37
RECORRENTE: E3RAE)ESCO VIDA EPREVIDENCIA S/A
RELATORA: ANA MARIA MEW NETT() OLIVEIRA
VOTO
Inicialmente, cuinpre examinar as prelirninares aventadas pela recorrente.
Quando a alegada nulidade da decisäo condcnatOria por ausência dos requisitos previstos
no artigo 71 da Resoluço CNSP n° 186/08. entendo improcedente a alegacAo. A dccisäo
no apontou circunstâncias agravantes ou atenuantes. ou as reincidências porque nenhurna
dessas circunstãncias é verificada no caso concreto. A rnotivacão da decisâo está expressa
na concordância corn o parecer SUSEP/DIFIS/CGJUL/COAIP/N° 512/13 e corn a
NOTA/PF-SUSEP/SCADM/N° 774/1 3, de fis. 158/160 e 161/163, tal como autorizado pelo
§ 1° do artigo 50 da Lci n° 9.784/99.
Ainda que assirn näo o fosse. e que se pudesse encontrar algurn vIcio na
decisão recorrida, ha de se registrar que a própria Resoluçao CNSP 110 186/08 admite que
as irregularidac/es. incorreçoes C OFflISSOCS nan imporlaran efli iiulidcide, desde que ha/a.
no prccesso. elementos que perm ham saná -las sent cercewnenlo c/u direilü c/c defsa (art
28). 0 normativo. como se ye, consagra o princIplo do pcms de nullité sans grief que
prescreve que no havcrá de ser declarada a nulidade quando näo liouver prejuIzo a defesa.
Reputo aplicável ao caso cm tela o cornando destc principio, tendo em vista quc, corno
demonstra o conteüdo da peça recursal, a recorrente pôde compreender clararnente o
conteódo da decisão, tanto assim que suas razöes rccursais atacam o llLIcleo da irnputaco
que Ihe a feita neste processo.
Quanto a pretensa atuaçäo da SUSEP corn desvio de finalidade. eis que no
teria orientado a empresa quanto ao correto procedirnento para atendimcnto da legislacio
securitária, linlitando-se a atuacio repressiva, entendo que esse argumento carece de
embasarnento lógico e jurIdico. A recorrente busca fazer analogias desconexas corn o
Direito Trihutário, que nada aproveitam ao seu argumento. A atuaçto da Autarquia, it toda
S
/
CRSNSP RECIjRSO No 6665
evidência, haseou-se no princIpio da legalidade. que adstringe a Administraço a
instauraçäo do competente processo administrativo punitivo. ante a evidéncia de
irregularidades perpetradas pelos eiites regulados.
No mérito. a questio tratada nos autos - existéncia de vmnculo empregaticlo
entre corretor e a Bradesco Vida e Previdéncia - vein sendo exarninada pelo CRSNSP corn
recorrênc ia. havendo di versos precedentes j u Igados'.
Em todos os CSOS exarninados, o Conselho, por vezes a unanimidade outras
vezes por larga matoria. concluiu pelo provimento do recurso. adotando, corno premissa. a
independência entre as instâncias adrninistrativa e judicial, e reconhecendo a necessidade
de que haja instruçäo autonoma pela SUSEP, a firn de demonstrar. sob o prisma do elite
rcgulador. a relaçao de emprego entre seguradora e o corretor, consoante estahelece o
Parecer de Orientaçäo n° I 7/2009. aprovado pelo Conselho Diretor da Autarquia.
0 presente caso näc) traz nenhuma inovação fática ou prohatoria em relaçao
aos precedentes já julgados. Todos os elementos de fato e de convicçâo utilizados pela
SUSEP foram extraldos da sentcnça judicial acostada as fis. 02/25 dos autos. que
reconheceu a existência de vInculo trabalhista entre a reclamante - o corretor de seguros
Arnarildo Augusto da Cunha - e a seguradora Bradesco Vida e Previdëncia S/A. Conquanto
a referida sentenca faca urna descricao rninuciosa dos elementos de prova utilizados no
processo trahalhista. é de se registrar que nenhuma outra dilaçao prohalória fbi produzida
pela Autarquia, que Sc limitou a ohedecer o rito processual que determina a intimaço da
acusada para apresentacão de defesa.
0 parecer técnico de fis. 158/160 reportou-se expressamente ao Parecer de
Orientaçao n° 17/2009, mas também não proccdeu a nenhurna análise autônoma, sequer
quanto aos termos da decisào judicial. limitando-se a afirmar que no processo judicial
/ru huihisia. corn loda sua cautela e rigor na aceilacão de provas, fbi considerado
cornproi'ado 0 V1flCUI() entre a segurudora L? 0 correlor de sega/vs. Assirn, pode j,arecer
incoinpativel e incoerenle que a insicincia adminisirativa chegue a urn resuliado diferenie.
ate /flCS/fl() porque a socieclade seguradora nao trouxe (LOS autos nen/zum documenlo aiim
de lastrear as suas coil/es/a çoes. iVesse sentido, è c/c se lornar emnpresiac/as as provas lb
prodiiidus e que servirarn de /irnduniento pam a seniença pctra opinar, tanihemn no cInthiio
admninisiralivo, ye/a prOCedêflCI(1 da denbncia.' (grifos do original)
Conlira-se, a respeito: Recursos 6204 e 6369 (julgados na 195" Sessâo). Recurso 6225 (julgado na 200" Sessâo). Recurso 6149 (jul(Yado na 201" Sessâo) e Recurso 6216 (julgado
na 202' Sess5o). 2
C RS N S P
RECURSO NO 6665
As provas c clernentos coihidos pela justica trahaihista no iorarn sequer
transladados ou cmprestados ao processo administrativo (ao contrário do que alega a
recorrente e o parecer tccnico). 0 que a SUSEP tomou por empréstimo näo forarn as
provas. mas efetivamente as valoraçOes de prova e as conclusOes do Poder Judiciário. o que
no se pode admitir, sob pena de ofènsa aos princIpios da independéncia das instâncias c do
Iivre convencirnento motivado.
Esse foi o entendimento já assentado no Consciho. conlorme se extrai do
voto do Conseiheiro Paulo Penido, prolerido no hojo do Recurso 6216. julgado na 202a
sessâo do CRSNSP. in verbis:
S "No pre sen/c caso, caberia a SUSEP, clura n/c a ins/ru çcio pro batoria,
cons/ruir provas de que o vinculo traha/hisia exisiiu, e iiao apena.c
reproc/uzir a deci.sao da /u.siica trabaihi s/a. o que signi,fIca negar o
con! radiiório e a amp/a defi.sa. As esferas de julgamenlo, jilclicicil e
adminisirativa. sào independentes. Aao é necessOrio que a S(JcEP aceile a
premissa de que a re/a çclo de emprego exisiiu porque assimn conc/uiu a
jusiiça iraha/hisia.
Coino a SUSEP es/a ju/gando cc aplica ou nao a mizu/ta, cs/a relacao
processual deve ser condu:ida para saber se exislia subordinaçJo e as
demnais requisiio.s' que criam a vinculo c/c emprego no caso concreto, e al
cone/mr se a norma proihiliva do Sistema Nacional c/c Seguro.s Privadosfai
violada.
Ante 0 exposto. dou provimento ao recurso.
E c voto.
Em 16deabrilde2015
1; ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA
Conselheira Relatora Representante do Ministério da Fazenda
Data 1 - - Rubrica:_ _-'--
RECEBIDO SEICRSNSP!MF