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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRÓ LETRAMENTO E O DESAFIO
DA FORMAÇÃO CONTINUADA
Por: Joicy Corrêa Araújo
Orientador Prof. Vilson Sergio
Rio de Janeiro 2010
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRÓ LETRAMENTO E O DESAFIO
DA FORMAÇÃO CONTINUADA
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre
- Universidade Cândido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica.
Por: Joicy Corrêa Araújo
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AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus pela oportunidade de poder fazer
este curso, pois sem ELE, nada seria possível; aos meus
pais, parentes e amigos que colaboraram inúmeras vezes
para que este estudo fosse realizado A todos vocês, o
meu "muito obrigada".
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos principais elementos
desse estudo: os professores que, cedendo um pouco de
seu precioso tempo, ao darem sua valiosa e fundamental
contribuição, compartilhando suas reflexões, ensejaram a
elaboração do presente trabalho.
A vocês, seres de muita luz, poder e sabedoria.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
FORMAÇÃO CONTINUADA: BREVE HISTÓRICO
1.1 – Formação Continuada: porque e para que?
1.2 – MEC, CPDE e PRÓ-LETRAMENTO: os desafios da formação continuada
1.3 – O que a legislação diz sobre a Formação Continuada
CAPITULO II
O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃO CONTINUADA
2.1 – O Coordenador Pedagógico ao longo da história
2.2 – Ações do Coordenador Pedagógico em função da Formação Continuada
CAPITULO III
O PRO-LETRAMENTO COMO SUBSIDIO PARA A FORMAÇÃO
CONTINUADA
3.1 – Formação Continuada: necessidade profissional
3.2 – Itaguaí e a adesão ao novo programa;
3.3 – O ensino sob novo paradigma
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
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INTRODUÇÃO
O tema central deste trabalho refere-se ao Pró Letramento, curso criado
pelo Governo Federal, e a Formação Continuada dos docentes das series
iniciais do ensino fundamental.
Este tema foi escolhido porque muitos professores que atuam nas séries
iniciais do ensino fundamental têm encontrado inúmeras dificuldades para
ensinar seus alunos, visto que o acesso as informações está muito mais rápido
por causa da globalização e a violência escolar tem aumentado muito nos
últimos anos.
Assim, com dificuldades para planejar e aplicar aulas mais condizentes
com a realidade, o fracasso escolar e a evasão estão tomando proporções
cada vez maiores; e uma das soluções apontadas para a resolução desses
problemas é a formação continuada dos professores.
Dessa forma, o tema central deste trabalho é relevante porque visa
analisar como aconteceu o curso de formação continuada no Município de
Itaguaí, direcionado aos docentes das escolas públicas; e essencialmente tem
por finalidade, averiguar se esse curso de formação continuada do Governo
Federal está realmente fazendo a diferença na prática do educador, mais
especificamente na Escola Municipal Severino Salustiano de Farias,
melhorando a qualidade no ensino.
Visando refletir sobre a situação acima relatada, as questões que
nortearam esse trabalho foram às seguintes: o Pró Letramento tem
efetivamente relação com a melhoria da qualidade da educação? É eficaz?
Motivada por essas questões, pretendo a partir do objetivo geral,
compreender a importância da formação continuada dos professores para a
melhoria da qualidade da educação. E com relação aos objetivos específicos,
desejo analisar a formação continuada dos professores das séries iniciais do
ensino fundamental, levando em consideração as orientações postas na Rede
Nacional de formação Continuada de Professores, na Legislação Brasileira e
nas teorias sobre o tema; verificar como aconteceu o Programa Pró Letramento
no Município de Itaguaí; além de relacionar o curso Pró Letramento de
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formação continuada com as diversas perspectivas pedagógicas de modo a
identificar como ocorre a relação teoria-prática, no cotidiano de uma escola
pública e suas implicações na questão da melhoria da qualidade no processo
de ensino aprendizagem.
Com relação à metodologia, a monografia foi realizada através de
pesquisa bibliográfica, baseada nos estudos de autores como LIBÂNEO, J. C.
(1994), PERRENOUD, P. (2000), e GEGLIO, P. C. (2003), entre outros com os
quais travei interlocução no sentido de compreender a necessidade da
formação continuada dos professores das séries iniciais do ensino
fundamental, visando à melhoria na qualidade da educação. Para isso, também
foi feito uma pesquisa de campo, onde foram distribuídos questionários a uma
das tutoras responsáveis pelo curso no Município de Itaguaí e aos professores
das series iniciais do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Severino
Salustiano de Farias, escola pública do Município de Itaguaí, que fizeram o
curso Pró Letramento. Nessa escola, a maioria dos alunos pertence às classes
subalternas e a maioria dos professores tem como formação docente, o
segundo grau normal.
Assim, para discutir a temática, esta monografia irá apresentar no
primeiro capítulo um breve histórico sobre a formação continuada,
apresentando o porquê e para quê esta formação é importante, além de
analisar os desafios da formação continuada para o Ministério da Educação e
Cultura, focalizando no Pró Letramento; e também, descrever de que forma a
Legislação Brasileira aborda a questão, destacando documentos como a
Constituição Federal (1988), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB/96), Conselho Nacional da Educação (1997), Plano Nacional de
Educação (2001) e a Rede Nacional de Formação Continuada (2004).
No segundo capítulo, a discussão irá girar em torno do Coordenador
Pedagógico e sua relação com a formação continuada, apresentando a
trajetória deste profissional ao longo da história da educação, desde sua
“origem” até a concepção de educação que vigora atualmente; além de
analisarmos suas ações em função desta formação.
No ultimo capítulo, o foco será o Pró Letramento como subsídio para a
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formação continuada, onde veremos que esta formação já se tornou
necessidade profissional; além de verificarmos como ocorreu a adesão ao novo
programa do Governo Federal no Município de Itaguaí; e as transformações
que esse curso fez na prática pedagógica dos professores de uma escola
pública do referido município, colocando o ensino sob novo paradigma.
E por fim, finalizamos a presente monografia tecendo algumas
considerações, ainda que parciais sobre o Pro Letramento e sua relação com a
formação continuada, visando atentar para a importância que este curso tem
para a educação, dando oportunidade aos professores de discutir, analisar e
refletir sobre aspectos importantes referentes à sua prática pedagógica, no
cotidiano de seu trabalho, levando o processo de ensino aprendizagem a
transformações significativas, que irão melhorar a qualidade da educação.
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CAPÍTULO I
FORMAÇÃO CONTINUADA: BREVE HISTÓRICO
1.1 - Formação Continuada: porque e para que?
Ao longo da história, o Brasil vem enfrentando sérios e inúmeros
problemas na área da educação e uma das principais conseqüências é o
fracasso escolar e a evasão, que estão tomando proporções cada vez maiores,
comprometendo assim, a eficácia e a qualidade do nosso sistema educacional,
entre outros problemas. Um dos fatores que contribuem para esse resultado
negativo é a atuação do professor, pois ele está diretamente ligado ao aluno e
é o segundo elemento mais importante na área educacional.
Assim, visando reduzir o número de evasões e acabar com o fracasso
escolar, melhorando a qualidade do ensino, surgiram inúmeras pesquisas
direcionadas ao professor, focalizando na sua prática e na sua formação como
docente e percebeu-se a necessidade de haver políticas públicas que
pudessem promover a formação inicial (formação mínima para exercer a
função docente), pois ainda há muitos professores em todo país,
principalmente, nas regiões Norte e Nordeste, que trabalham sem ter a
formação básica. Também foi possível constatar que é necessário melhorar a
qualidade da formação inicial e, essencialmente, oferecer uma formação após
a mesma, ou seja, a formação continuada, onde o professor continua
estudando, mas faz isso durante o seu trabalho, visando refletir sobre sua
prática, e com subsídios humanos e materiais, melhorar a sua atuação no
cotidiano escolar.
Baseado nessa questão, o Ministério da Educação e a Secretaria de
Educação Básica (SEB/MEC), no livro Pro Letramento: Matemática nos diz
que:
“A formação continuada é uma exigência nas atividades
profissionais do mundo atual, não podendo ser reduzida a
uma ação compensatória de fragilidades da formação
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inicial. O conhecimento adquirido na formação inicial se
reelabora e se específica na atividade profissional para
atender a mobilidade, a complexidade e a diversidade das
situações que solicitam intervenções adequadas.” (Pro
Letramento: Matemática, SEB/MEC, 2008, p.8)
No Brasil, nos anos de 1980 foram feitos inúmeros esforços para
romper com a ideologia tecnicista que, até o momento, influenciava a área da
educação. Em relação aos educadores foram produzidos vários debates onde
discutiu-se concepções sobre a formação do professor, destacando-se a
necessidade de se formar um profissional que compreenda seu contexto social
e adquira uma postura critico – reflexiva, visando transformar as condições da
escola e da educação, buscando a melhoria na qualidade do ensino,
modificando assim, também, a atual sociedade vigente.
De acordo com o documento criado pelo Ministério da Educação e a
Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC): Rede Nacional de Formação
Continuada de Professores da Educação Básica: Orientações Gerais, nesse
período, importantes debates e reflexões sobre a educação, mais
especificamente, sobre o professor foram realizados e também
“... foram implementadas no país experiências
significativas e inovadoras no campo da formação
docente, ao mesmo tempo em que os professores
juntamente com outras categorias de trabalhadores,
intensificavam sua participação de modo organizado, nos
debates e movimentos que culminaram com a
promulgação da nova Constituição Brasileira de 1988 e
com a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional, de
1996.” (Rede Nacional de Formação Continuada,
SEB/MEC, 2004, p. 11)
11
Tomando por base a tendência das reformas liberais que avançavam
pela América Latina na época, o Governo Federal procurou adaptar as
exigências da reforma do Estado, as políticas educacionais e redefiniu o
sistema educacional baseando-se no mercado de trabalho como referencia
central.
Segundo o referido documento,
“Tal perspectiva, de caráter individualista e imediatista em
relação ao mercado de trabalho vai nortear também as
iniciativas no plano de formação inicial e da formação
continuada e em serviço, no âmbito da reforma
educacional que então, se efetivava no país.” (Rede
Nacional de Formação Continuada, SEB/MEC, 2004,
p.12)
Nesse caso, a formação de professores da educação básica passou a
se constituir como um dos elementos principais da reforma e são planejadas
mudanças nos sistemas de ensino superior, surgindo os Institutos Superiores
de Educação – ISES, e o Curso Normal Superior, além da introdução de novas
concepções referentes à identidade do professor e sua formação.
Embora, na década de 1980 já se pensassem em ações voltadas para a
formação continuada de professores, no Brasil, somente uma década depois,
ou seja, em 1990 é que a formação continuada entrou realmente no mérito da
questão, passando-se a atentar para a mesma como sendo um dos elementos
essenciais para o processo de construção de uma nova prática pedagógica do
docente voltada para a visão critico - reflexiva, tendo como base, os saberes
docentes derivados da prática de vida, e o cotidiano escolar.
Conforme foi descrito no documento da Rede Nacional de Formação
Continuada,
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“O Governo Federal formulou e implementou, no período
de 1995 a 2002, política de formação continuada,
focalizada nas séries iniciais do Ensino Fundamental. No
período compreendido entre os anos de 1995 e 1998, o
MEC priorizara esse segmento, mediante a elaboração de
Diretrizes, Parâmetros Curriculares e Referencial de
formação inicial, bem como a formação continuada.”
(AGUIAR, 2004 in Rede Nacional de Formação
Continuada, SEB/MEC, 2004, p.12)
Baseado nessa questão, Everson Melquiades Araújo Silva e Clarissa
Martins de Araújo, em seu artigo intitulado "Reflexão em Paulo Freire: uma
contribuição para a formação continuada de professores" nos dizem que:
"... a prática reflexiva como orientação fundamental para
a formação continuada de professores vem sendo
pesquisada e estudada por diferentes teóricos (FREIRE,
2001; PERRENOUD, 2002; ALONSO, 1999; PIMENTA e
GHEDIMN, 2002; IMBÉRNÓN, 2001; ALARÇÃO, 2003;
GRACÍA, 1999; entre outros).
A partir desse princípio, abandona-se o conceito de
formação docente como processos de atualização que se
dão através da aquisição de informações científicas,
didáticas e psicopedagógicas, descontextualizadas da
prática educativa do professor, para adotar um conceito
de formação que consiste em construir conhecimentos e
teorias sofre a prática docente, a partir da reflexão critica."
(SILVA e ARAÚJO, 2005, p.1)
Sendo assim, uma das ações do Governo Federal, através do Ministério
da Educação, por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) foi criar
a Rede Nacional de Formação Continuada de professores da Educação Básica
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visando “institucionalizar a Formação docente articulando a formação
continuada à pesquisa e a produção acadêmicas desenvolvida nas
Universidades.” (Rede Nacional de Formação Continuada, SEB/MEC, p. 5,
2004)
Para isso, o MEC propõe aos sistemas de ensino, a adesão a essa
formação, em conformidade com o sistema federativo brasileiro.
1.2 - MEC, CPDE e PRÓ LETRAMENTO: os desafios da
formação continuada.
No ano de 2003, percebendo a necessidade de uma melhora na
qualidade da educação em nível nacional, o Ministério da Educação (MEC)
criou a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, que foi
dividida em Centros de Pesquisa e de Desenvolvimento da Educação (CPDE).
Segundo Sônia Regina Mendes dos Santos, em seu artigo "A Rede Nacional
de Formação Continuada de Professores, o Pró Letramento e os modos de
“formar" os professores", a Rede foi criada
"... com o desafio de institucionalizar o atendimento a
demanda de formação continuada no país, superando
uma formação fragmentada e desarticulada. (...) A rede
também tem como intuito favorecer as parcerias entre as
universidades e os sistemas de Educação Básica
possibilitando a aproximação entre tais instituições, seus
saberes e os fazeres no exercício da docência."
(SANTOS, 2008, p. 1).
Essas sociedades se deram porque os projetos foram elaborados pelas
universidades do setor público e também, universidades comunitárias e ficou a
critério da secretaria, a coordenação do programa, além de oferecer-lhe os
subsídios técnico e financeiro indispensáveis ao desenvolvimento do programa.
Para criar essa rede, o MEC selecionou 20 projetos de Centros de Pesquisas,
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de um total de 156 propostas que foram enviadas por diversas universidades
do país, divididos em cinco áreas que são prioridades de formação:
Alfabetização e Linguagem, Educação Matemática e Científica, Ensino de
Ciências Humanas e Sociais, Artes e Educação Física, e Gestão e Avaliação
da Educação.
Sendo assim, vários programas foram criados para atender as
necessidades de melhorar a formação dos professores das redes públicas de
ensino do país. Dois anos depois, em Março de 2005, o Ministério da Educação
emite um documento intitulado "Rede Nacional de Formação Continuada de
Professores da Educação Básica: Orientações Gerais", contendo os objetivos
gerais da rede; e entre os principais estão o desenvolvimento da autonomia
intelectual e profissional dos docentes e a institucionalização e fortalecimento
do trabalho coletivo. Conforme as diretrizes do referido documento,
"... a formação continuada é concebida para além da
oferta de cursos de atualização ou treinamento em prol de
uma formação que tenha como referencia a prática
docente e o conhecimento teórico, acreditando que "a
noção de experiência e de construção do conhecimento
mobiliza uma pedagogia interativa e dialógica, docente."
(SANTOS, 2008, p.2 apud BRASIL, 2005, p.22)
Isso quer dizer que a concepção de formação continuada do Governo
Federal não se limita ao oferecimento de cursos voltados para a prática dos
professores e para os fundamentos teóricos da educação. Ela vai além, na
crença de que o conhecimento empírico (conhecimento adquirido pelas
experiências vivenciadas ao longo de nossas existências), e a própria forma
como se dá à construção do conhecimento em si, são elementos essenciais
que irão motivar uma nova pedagogia. Uma pedagogia cuja ação seja
recíproca, e tenha o diálogo como meio principal para a realização de um
magistério que prepare os professores para exercer uma prática pedagógica
visando a melhoria da qualidade da educação básica.
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Com a criação, no ano de 2006, do primeiro catálogo das atividades
produzidas divulgadas por meio da internet, que foram disponibilizadas pelo
MEC, as SME puderam pesquisar e ver quais seriam as propostas que fossem
mais adequadas as necessidades de cada município. O catálogo tem como
materiais disponíveis cadernos de estudos, de atividades e de orientação de
tutores, fascículos, fitas de vídeo e softwares, CD-ROM, além de também
serem oferecidos cursos presenciais, semipresenciais e a distância.
Dentre as propostas do Governo Federal estão o Proformação -
Programa de Formação de Professores em Exercício, que tem por objetivo
atender as necessidades referentes à formação de professores que estão
lecionando, sem a formação mínima exigida (o segundo grau normal, ou seja,
formação de professores), nas escolas de ensino fundamental (1° ao 5° ano)
das redes públicas que estão localizadas nas regiões menos desenvolvidas do
nosso país.
Oferecido como um curso em nível médio, o Proformação tem duração
de dois anos, sendo desenvolvido na modalidade de educação à distância, com
blocos de aulas e momentos presenciais coletivos de quinze dias a cada
semestre. Os materiais utilizados têm caráter instrucional, tendo por subsídios
textos, vídeos e livros, além de tutores para acompanhamento pedagógico
direto e metodológico das atividades direcionadas aos professores-cursistas.
O Programa Gestar, voltado para a formação continuada dos
professores das séries iniciais do ensino fundamental, com conteúdos voltados
para Língua Portuguesa e Matemática, é oferecido na modalidade
semipresencial.
Criado em 2001 e até o final de 2003, o programa era utilizado apenas
nas redes públicas de ensino fundamental do Centro-oeste, Nordeste e Norte,
e foi utilizado na formação de professores do ensino fundamental (1° ao 5°
ano); e no ano seguinte (2004), foi estendido à formação dos professores das
séries finais do ensino fundamental (6° ao 9° ano).
De 2001 a 2007, o programa estava sendo desenvolvido pelo Fundo de
Fortalecimento da Escola (FUNDESCOLA) e em 2008, foi estendido a todo
país, para as redes públicas de ensino fundamental porque passou a fazer
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parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e do Sistema Nacional
de Formação de Profissionais de Educação Básica, e está sendo coordenado
pela Secretaria de Educação Básica (SEB).
Porém, o foco principal deste trabalho monográfico referente ao tema
central se baseia em outro programa também criado pelo Ministério da
Educação e Cultura: o Pró Letramento.
Sendo um dos programas que fazem parte da Rede Nacional de
Formação Continuada de Professores, Pró Letramento foi lançado em fevereiro
de 2006, no Nordeste, em caráter de experiência, pelo governo do presidente
Luís Inácio da Silva, tendo por base os dados do Sistema de Avaliação da
Educação Básica (SAEB) e tem como principal objetivo a formação continuada
dos professores das séries iniciais do ensino fundamental, na área de
Alfabetização e Linguagem e Educação Matemática, visando melhorar o
processo de ensino e aprendizagem da leitura/ escrita, e da matemática, uma
ação na busca da melhoria por uma educação de qualidade através de
melhores índices do desempenho escolar.
Esse programa oferecido pelo MEC já havia sido realizado no Nordeste
em caráter de experiência e tem como características básicas um curso com
120 horas, sendo destas 84 horas presenciais e 36 horas de atividades práticas
extraclasse, cujo uma parte é dedicada às atividades em sala de aula, no
exercício efetivo da função docente e a outra parte, é dedicada à confecção
dos relatórios das atividades, além de leitura e realização dos exercícios dos
fascículos.
Um curso intensivo também foi oferecido aos tutores, com total de 40
horas, que ficaram a obrigação das duas instituições de ensino superior
responsáveis, pertencentes à Rede Nacional de Formação Continuada: a
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com o ensino de Linguagem e
Alfabetização e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com o ensino
de Matemática.
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1.3 – O que a legislação diz sobre a formação continuada
A Constituição Federal da República de 1988, no que se refere ao tema
estudado, nos diz no artigo 206, que
“ o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
VII – Garantia de padrão de qualidade.
No artigo 214, da referida constituição, também está explicito que a
“melhoria da qualidade de ensino” é um dos objetivos maiores do Plano
Nacional de Educação.
Jamil Cury, no texto intitulado “Plano de Desenvolvimento da Educação,
por Jamil Cury”, também nos diz que,
“A Emenda Constitucional n° 53/06 cria o Fundo de
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais do Ensino (FUNDEB) e repete o que já
estava previsto na Emenda Constitucional n°14/96
assinalando, textualmente a necessidade de um padrão
de qualidade de ensino nacionalmente definido.” (CURY,
2007, p.11)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação também faz algumas
considerações relevantes ao tema pesquisado. No que se refere à formação
continuada, ela nos diz que:
No artigo 63, inciso III, as instituições de formação deverão manter
“... programas de educação continuada para os profissionais de educação dos
diversos níveis.”
No artigo 67, inciso II, os sistemas de ensino deverão promover
“... aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento
periódico remunerado para esse fim.”
No artigo 87, § 4º, “... até o fim da década da Educação somente serão
admitidos professores habilitados ou formados por treinamento em serviço.”
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Analisando os artigos citados, das duas leis – a Constituição e a LDB – é
possível perceber que há uma crescente preocupação com a educação, pois
são feitas menções a um ensino de qualidade e programas de formação
continuada e aperfeiçoamento profissional continuado.
Segundo Cury (2007), a Constituição e a LDBEN elevam a educação
“... a categoria de princípio e de direito social (art. 6º da
CR/88) articulando - a com proteção a cidadania e com a
dignidade da pessoa humana (art. 205 e 3º da CR/88).”
(CURY, 2007, p.11)
Com a determinação de cursos superiores de licenciatura plena para os
professores da educação básica e a instituição da década da educação, houve,
na segunda metade da década de 1990, uma significativa expansão nos cursos
de formação de professores. Dessa forma, ocorreu o surgimento de muitos
cursos, o que causou um desnivelamento da qualidade do ensino oferecido,
pois muitos não correspondiam à qualidade mínima aceitável, além de levar a
deturpação da concepção de formação inicial, considerando que a formação
continuada seria “... uma forma de corrigir problemas da má formação inicial.”
(Rede Nacional de Formação Continuada, SEB/MEC, 2004, p.15)
Visando aprofundar estudos sobre esse novo paradigma, surgiram na
década de 80, pesquisas direcionadas a formação continuada em vários
paises, e as conclusões apresentadas era de que, “... a formação de
professores em certos países não tinha incidências positivas sobre o sucesso
escolar.” (Rede Nacional de Formação Continuada, SEB/MEC, 2004, p.15)
Após essa conclusão, algumas modificações foram feitas e, as novas
orientações ditavam que fossem oferecidas modalidades de treinamento, com
o intuito de aumentar a eficiência na prática pedagógica, ao longo da pratica
docente atuante, ao invés de serem oferecidos cursos superiores.
Alguns especialistas eram contra essa concepção de formação
continuada, e entre eles, podemos citar Cury, que considera importante a
formação continuada, mas atenta para o fato de que não devemos nos
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descuidar da formação inicial. De acordo com o especialista,
“... a formação inicial não é algo que deve ser
desqualificada apenas e tão somente porque as
exigências da modernidade fazem com que a formação
continuada seja indispensável para todos. A formação
inicial é a pedra de toque e o momento em que se dá
efetivamente a profissionalização. E a profissionalização
qualificada e atualizada é o elo entre as duas
modalidades de formação.
Portanto, é preciso pensar a formação docente
inicial e continuada, como momentos de um processo
continuo de construção de uma prática docente
qualificada e de afirmação da identidade, da
profissionalidade e da profissionalização do professor.”
(Rede Nacional de Formação Continuada, SEB/MEC,
2004, p.15)
Em relação à legislação sobre a formação continuada, o Conselho
Nacional de Educação tem referências a fazer, pois em sua resolução nº 03/97,
artigo 5º, os sistemas de ensino
“... envedarão esforços para implementar programas de
desenvolvimento profissional dos docentes em exercício,
incluída a formação em nível superior em instituições
credenciadas, bem como em programas de
aperfeiçoamento em serviço.” (Conselho Nacional de
Educação, 1997)
O Plano Nacional de Educação - PNE - incluiu essas duas modalidades
de formação inicial e continuada dos professores em seus objetivos e
prioridades visando a “melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis”,
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pois, o quesito 4 referente a valorização dos profissionais de educação diz que:
“Particular atenção deverá ser dada a formação inicial e
continuada, em especial dos professores. Faz parte dessa
valorização a garantia das condições adequadas de
trabalho, entre elas o tempo para o estudo e preparação
das aulas, salário digno, com piso salarial e carreira de
magistério.” (Plano Nacional de Educação, 2001)
Nas Diretrizes do PNE, um dos requisitos se refere a:
“Um sistema de educação continuada que permita ao
professor um crescimento constante de seu domínio
sobre a cultura letrada, dentro de uma visão crítica e da
perspectiva de um novo humanismo.” (Plano Nacional de
Educação, 2001)
Em outro trecho, revela a importância da formação continuada quando
diz que:
“A formação continuada assume particular importância,
em decorrência do avanço cientifico e tecnológico e de
exigência de um nível de conhecimentos sempre mais
amplos e profundos na sociedade moderna. Este plano,
portanto deverá dar especial a formação permanente (em
serviço) dos profissionais da educação.” (Plano Nacional
de Educação, 2001)
Baseando-se nas citações dos trechos de algumas leis brasileiras acima
citadas, observamos que houve uma crescente e continua preocupação com a
melhoria da qualidade do ensino, tomando como fundamento, a formação
inicial e a formação continuada, uma vez que, ao professor, não apenas cabe
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zelar e garantir a aprendizagem do aluno, como também à efetiva participação
na elaboração do currículo escolar e o planejamento de atividades condizentes
com o contexto escolar ao qual o aluno está inserido, entre outras coisas.
Compreendendo a importância da atuação do professor no cotidiano
escolar e a relação direta que ela tem com a questão do fracasso e da evasão
escolar, realmente se fazem necessárias políticas públicas voltadas para a
garantia de formação inicial do docente e o aperfeiçoamento da profissão na
formação continuada.
Após fazer um breve histórico da formação continuada, no Brasil, no
próximo capítulo pretendo discursar sobre o tema: “O Coordenador Pedagógico
e a formação continuada.”
22
CAPITULO II
O COORDENADOR PEDAGÓGICO
E A FORMAÇÃO CONTINUADA
2.1 – O Coordenador Pedagógico ao longo da história
O conhecimento é o bem mais precioso que o ser humano pode ter e
este tão valioso elemento é adquirido ao longo da vida através das
experiências que são passadas de geração a geração por meio da história.
Desde que o homem existe, o conhecimento é transmitido, inicialmente por
meio de atitudes, sons, figuras e depois, através da escrita e das imagens, da
língua.
A aprendizagem sempre existiu, porém foi se modificando durante nossa
evolução. Por isso, ela é tão importante, é inerente a vida humana, pois desde
que nascemos, temos que aprender a viver. E, a escola, sendo uma instituição
responsável pela aprendizagem, merece atenção especial quando se fala em
educação, educação de qualidade. Mas, de que é feita uma escola? Mesmo
levando em consideração a parte burocrática, sem a parte humana, ela não
existiria. Ou seja, a alma da escola são os alunos, os professores, as
merendeiras, os inspetores, diretor, coordenador pedagógico, orientador
educacional, entre outros personagens tão importantes no teatro da sabedoria.
Neste segundo capítulo, o elemento principal sobre o qual iremos
discursar é o coordenador/orientador pedagógico, que está relacionado
diretamente ao professor e é o elo entre este e os demais membros escola.
O Coordenador Pedagógico durante grande parte da história
desempenhou o papel de supervisor e ainda é reconhecido assim em muitas
redes de ensino.
Revisando a história da educação, veremos que esta função surge em
1549, quando tiveram inicio as primeiras atividades educacionais e cuja
organização e realização só foi possível com a chegada dos Jesuítas ao Brasil.
Em 1599, após várias reformulações, o Plano Educacional foi promulgado e
23
entrou em vigor em todos os colégios da Companhia de Jesus. Esse plano
tinha como objetivo principal fornecer orientações sobre a forma como os
estudos deveriam ser oferecidos. Também havia um conjunto de normas
referentes às atividades educacionais. Saviani segundo Tarciana, no texto “O
papel do Coordenador Pedagógico enquanto articulador do Projeto Político
Pedagógico”, essas regras vinham
“... desde as regras do provincial, as do reitor, as do
refeito de estudos dos professores de modo geral, de
cada material de ensino das regras diversas academias,
das provas escritas e da premiação.
O prefeito geral de estudos era assistente do reitor,
devendo ser obedecido por professores e alunos. Poderia
haver também um prefeito de estudos inferiores e um
prefeito de disciplina, subordinados ao prefeito geral.
O prefeito de estudos deveria organizar os estudos,
orientar e dirigir as aulas, visando o bom aproveitamento
dos alunos, ouvir e observar os professores assistindo
suas aulas e lendo apontamentos de alunos e se
necessário, comunicando o procedimento indevido do
professor reitor.” (TARCIANA, 2008 apud SAVIANI, 2002)
Nesta época, podemos perceber que a função do coordenador
pedagógico já existia, mas era exercida pelo Prefeito de Estudos, por meio do
auxilio direto e através de orientações periódicas referentes ao trabalho
desenvolvido pelos professores, objetivando um bom rendimento escolar dos
alunos. Ele era o elo entre os professores e o reitor.
Esse plano educacional utilizado durante certo período da nossa história
foi modificado quando os jesuítas foram expulsos pela Reforma Pombalina.
Algumas mudanças surgem então, no novo cenário educacional, como as
aulas régias, além da criação do cargo de diretor geral de estudos, que era
responsável pelos assuntos administrativos, e dos cargos de comissários ou
24
diretores de ensino, profissionais em nível local, designados a profissionais
responsáveis pela coordenação e orientação do ensino que era ministrado,
responsáveis por fazer o levantamento das condições gerais das unidades
escolares.
Em 1827, novas modificações educacionais são feitas e com a adoção
do método de “Ensino Mútuo”. Nesse caso, o professor, além de desempenhar
sua função, também assume outra: a de supervisor.
Com a associação de duas funções, este profissional era responsável
pelo ensinamento dos monitores, além de supervisionar as atividades de
ensino desenvolvidas por eles. Mas de acordo com a avaliação feita sobre essa
nova forma de trabalho, constatou-se que esta não era muito eficiente, e o
professor voltou a desempenhar apenas a sua função. A função de supervisor
passa então a ser desenvolvida pelo inspetor escolar, agora com novas
atribuições, pois além de revistar as unidades escolares públicas e privadas
(sozinho ou com o auxilio dos profissionais do Conselho Diretor), ele também
era responsável pela avaliação dos professores e pela verificação dos diplomas
apresentados por eles; revisão, correção e substituição, se fosse necessário,
de livros; e permitir que novas escolas da rede privada fossem abertas.
Analisando este longo período da história da educação, percebemos que
a educação vinha passando por várias mudanças, e a função do
coordenador/supervisor não era bem definida, ou seja, não havia clareza
quanto ao papel desempenhado por esse profissional, pois durante muito
tempo ele era representado por outros profissionais que foram surgindo em
épocas diferentes e com funções divergentes, mas sempre ligada à educação.
Com tantas transformações, no ano de 1886 já havia uma crescente
preocupação com a educação, quanto à instituição de um sistema educacional
que abrangesse todas as redes de ensino do país, onde seriam criados
“... órgãos centrais e intermediários de formulação das diretrizes e normas
pedagógicas e um serviço de supervisão pedagógica no âmbito das unidades
escolares.” (TARCIANA, 2008)
Ou seja, a educação precisava ter leis que a regulamentassem e que
definissem as funções administrativas e pedagógicas desenvolvidas pelos
25
diversos profissionais da área, destacando-se nesse caso, a atuação do
supervisor nas escolas.
Até o presente momento, a supervisão era exercida pelo inspetor
escolar, mas deixa de ser em 1987, pois este passa a ser auxiliar do inspetor
geral, responsável agora por dirigir e fiscalizar o ensino ministrado em todo o
Estado.
Os assuntos referentes à educação eram da incumbência do Ministério
da Justiça e Negócios Interiores, pois ainda não havia um ministério
responsável por essa área. Somente a partir de 1924, passara a ser da
responsabilidade de órgãos específicos, com profissionais da educação,
categoria criada pela Associação Brasileira de Educação. Após quatro anos, o
cargo de supervisor surge no estado de Pernambuco, ao se separar a parte
administrativa da educação da parte técnica.
Esse novo cargo, agora separado das funções de diretor e de inspetor, e
além de outros especialistas e técnicos da área, ganham força em 1932, com o
movimento do “Manifesto dos Pioneiros da educação nova”, responsável por
tornar o processo educativo mais eficaz.
Podemos perceber que a educação continuava passando por mudanças
essenciais e assim, ganha forças para romper barreiras. Todo esse movimento
intenso culmina com a criação, tempos depois, de leis e do Ministério da
Educação.
De acordo com Saviani segundo Tarciana,
“O processo de estruturação/reestruturação do ensino
brasileiro desembocou na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, promulgada em 1961. Passou a
haver uma organização estatal com a criação do
Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais de
Educação e torna-se necessário a formação de agentes
para operar nesses novos moldes (...) Os cursos de
pedagogia eram responsáveis pela formação dos
pedagogos, que eram técnicos ou especialistas em
26
educação e exerciam várias funções.” (TARCIANA, 2008
apud SAVIANI, 2002)
Em relação à formação dos especialistas da educação, em especial, o
supervisor, o período relativo ao governo de Juscelino Kubitscheck teve grande
relevância. Época em que o País passava pelo processo de industrialização –
um marco para a história da educação -, a formação deste profissional foi
baseada no modelo americano e
“Nesse período foi firmado um convenio do MEC com o
referido país onde foi criado o Plano de Assistência
Brasileira – Americana no Ensino Elementar (PABAEE
1957 – 1964). Esse plano previa que professores
brasileiros fossem aos Estados Unidos para se
especializarem em supervisão e depois montarem cursos
dessa especialidade no Brasil...” (TARCIANA, 2008 apud
VASCONCELOS, 2002)
Os cursos de pedagogia foram reformulados no final da década de 60,
surgem às habilitações, cujo objetivo principal era especializar o educador em
uma determinada função. As habilitações se dividiam em quatro áreas
relacionadas à educação: orientação, administração, inspeção e supervisão.
Com essas reformulações mudanças no processo educativo foram
surgindo visando torná-lo mais eficaz e garantir melhor proveito. O supervisor
teria como função principal planejar as atividades dos alunos e decidir qual
metodologia de ensino seria mais adequada aos mesmos, e o professor
deveria realizar o que já havia sido decidido, pois ele não tinha especialização
para planejar e decidir qual forma de trabalho seria melhor para ministrar suas
aulas.
Diante de tantas obrigações, inúmeras discussões surgiram a respeito
do desempenho do supervisor, na década de 80, pois ele atuava ao mesmo
tempo nas quatro funções.
27
Referente à situação indefinida do supervisor ou Coordenador
Pedagógico, no que concerne a sua formação e atuação, a LDB 9394/96 - Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no titulo VI, dos profissionais da
educação, em seu artigo 64, nos diz que:
“A formação de profissionais de educação para
administração planejamento, inspeção, supervisão e
orientação educacional para a educação básica será em
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida,
nesta formação, a base comum nacional.” (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996)
Atualmente, o supervisor e o Coordenador/Orientador Pedagógico tem
formações específicas em determinadas instituições como prescreve a LDB
9394/96. Porém, nem sempre essas formações distintas são consideradas,
pois, em muitas redás de ensino publicas e privadas, o Coordenador
Pedagógico desempenha também a função do supervisor e vice-versa.
O supervisor normalmente faz visitas regulares às escolas visando
perceber como funcionam essas instituições e quais os maiores desafios por
ela enfrentados, auxiliando o diretor e toda a equipe técnico-pedagógica na
resolução dos problemas, referentes à parte pedagógica e administrativa. Já o
Coordenador Pedagógico está envolvido com a parte pedagógica, atrelado ao
professor e ao trabalho desenvolvido por ele, com o objetivo de promover
melhorias no processo de ensino-aprendizagem.
Desempenhando a função de Coordenador Pedagógico ou de
Coordenador/Supervisor, é importante que este profissional tenha em mente
que precisa auxiliar o professor na reflexão sobre sua prática e o que é
necessário para melhorá-la, visando levar os alunos a aprendizagem.
Baseado nessa questão, Christian segundo Tarciana nos revela que
28
“... a formação continuada é importante, pois os
conhecimentos se atualizam a cada instante e é preciso
que os professores consigam, por sua vez, facilitar a
aprendizagem dos alunos.” (TARCIANA, 2008 apud
CRISTIAN, 2003)
2.2 – Ações do Coordenador Pedagógico em função da
Formação Continuada
Ao pensarmos na importância da função que o professor exerce dentro
da escola e no impacto que seu trabalho pode trazer a vida de muitos alunos
por meio da educação, percebemos a essência da formação em serviço, da
formação continuada.
A formação continuada, como já dissemos, é uma necessidade do
mundo atual e vem ampliando cada vez mais sua trajetória, tornando – se não
mais um elemento a parte, para muito tempo depois da formação inicial; mas
sim, um elemento inerente a formação profissional do docente, que se inicia
logo após a formação inicial e prossegue sem fim, por isso é continuada, ou
continua (como dizem alguns autores). De acordo com essa visão, Paulo César
Geglio, no texto “O papel do coordenador pedagógico na formação do
professor em serviço”, do livro intitulado O Coordenador Pedagógico e o
cotidiano da escola, nos diz que a formação continuada é
“... aquela que se estende ao longo da vida profissional do
professor, após sua certificação inicial, depois de sua
passagem pelo curso que lhe confere o grau de professor,
e que diz respeito ao exercício de seu trabalho, (...) é uma
das etapas de preparação do profissional da educação e,
de acordo com a própria nomenclatura, ela é continua.
Quer dizer, não tem fim, é uma constante.” (GEGLIO,
2003, p.114)
29
Em relação ao modo como a formação continuada acontece, podemos
dizer que não há uma forma específica, pois ela pode ocorrer dentro ou fora da
escola, nos diversos momentos que ocupam a vida do profissional da
educação. Segundo Geglio,
“Ela pode acontecer sob diferentes formas e em
diferentes espaços. Pode ocorrer espontaneamente,
quando o professor, por vontade própria, se dispõe a
freqüentar um curso, um congresso, um seminário, ou
mesmo quando se dedica a estudos individuais em livros,
ou pesquisas particulares. Pode efetivar-se também por
meio de cursos promovidos pelos órgãos de governos,
por empresas, pela escola, pelo conjunto dos pares
quando se dispõem a realizar um projeto ou trabalho em
grupo.” (GEGLIO, 2003, p.144)
Como vimos, a formação continuada pode acontecer sob diversas
formas, em diferentes ocasiões, mas a que abordaremos neste capítulo é a
formação continuada que acontece no cotidiano escolar do professor, no seu
local de trabalho, ou seja, na escola, sob orientação do coordenador
pedagógico.
O coordenador pedagógico é um dos elementos indispensáveis ao
cotidiano escolar. Também chamado de orientador pedagógico ou supervisor,
em muitas redes de ensino, desempenha funções importantes dentro do
espaço escolar, porque suas ações estão relacionadas a alunos, pais,
professores, supervisor, diretor, orientador educacional, entre outros
funcionários da escola. A parte prática é sempre dinâmica, pois, além das
tarefas que seu ofício lhe traz, em muitos casos, acaba desenvolvendo
atividades que não são de sua incumbência, mas a ocasião não permite sua
omissão. Isso significa que,
30
“O Coordenador Pedagógico, em determinados
momentos é compelido a responder por necessidades do
contexto escolar que não são de sua responsabilidade.
São questões que, embora façam parte da dinâmica da
escola não podem ser consideradas inerentes a sua
função. Estas atividades são aquelas de caráter técnico-
burocrático, que dizem respeito à atuação do professor
em sal de aula e ao funcionamento da instituição escolar,
e em relação às quais o coordenador pedagógico se vê
na contingência de auxiliar o professor ou até de realizá-
las por ela.” (GEGLIO, 2003, p.115)
A parte burocrática também é “pesada”, porque são relatórios,
reorganização de alunos, planos de ação, projetos, pautas de reuniões, entre
outros documentos que surgem a cada dia, com prazos de retorno muitas
vezes bem reduzido. Enfim, o coordenador pedagógico é um guerreiro, pois,
“Como se não bastassem os desafios que os grupos de
alunos, professores e pais oferecem ao coordenador
pedagógico, há ainda, de outro lado, as pressões
advindas de instancias superiores, sejam elas exercidas
por diretores e/ou pelos próprios mantenedores de
escolas particulares ou por diretores e supervisores da
escola pública, cuja, Diretoria de Ensino tem muitas metas
político – pedagógicas a alcançar.” (SOUZA, 2003, p. 104)
Bem, como podemos perceber, a função do coordenador pedagógico é
árdua, mas sem dúvida, também é uma missão nobre, dado a relevância de
suas atividades. Mas, diante deste mar de labutas, seu foco principal é o
professor e sua função basicamente é dar suporte técnico – pedagógico, para
que ele consiga desenvolver bem suas aulas.
31
Segundo Gustavo Heidrich, no texto “Os caminhos da formação: as
principais estratégias para o coordenador pedagógico levar os professores a
ensinar melhor”, da revista Nova Escola, a tarefa do coordenador pedagógico é
“... fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de aula para
que os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a
formação continuada dos docentes da escola.” (HEIDRICH, 2009, p. 25)
A respeito da função do coordenador pedagógico, Paulo Cesar Geglio
nos diz que
“... o coordenador pedagógico exerce um relevante papel
na formação continuada do professor em serviço, e esta
importância se deve a própria especificidade de sua
função, que é planejar e acompanhar a execução de todo
o processo didático-pedagógico da instituição.” (GEGLIO,
2003, p. 115)
Assim, vemos que o coordenador pedagógico tem grande relevância na
busca pela qualidade da educação, orientando, instruindo, auxiliando o docente
nas suas atividades cotidianas. Neste caso, a formação continuada poderá
ocorrer através de conversas periódicas com o professor, sejam em reuniões
coletivas ou individuais para se debater sobre questões pertinentes ao
cotidiano escolar, a prática docente. Paulo Cesar Geglio descreve muito bem
estas ocasiões quando relata que
“Os momentos de atuação do coordenador pedagógico
como agente da formação continuada do professor em
serviço são aquelas em que ele se reúne com o conjunto
dos docentes da instituição escolar para discutir questões
e problemas pedagógicos, isto é, pertinentes à sala de
aula, ao conteúdo de ensino, ao desempenho dos
educandos e ao relacionamento com os alunos. Nessa
condição, ele assume o papel de mediador, de
32
interlocutor, de orientador, de propositor, de investigador
do grupo e com o grupo. Essa dinâmica se efetiva nos
momentos destinados aos encontros coletivos com os
professores. Em reuniões, que podem ocorrer a cada dia,
semanalmente. Mas que são essencialmente momentos
privilegiados, nos quais são discutidas questões
pertinentes á educação, ao contexto escolar, a
especificidade de cada sala de aula, de cada problema,
nos quais a presença do coordenador pedagógico é
fundamental, pois (...) possui uma visão de todo o
processo.” (GEGLIO, 2003, p. 118)
Depois de analisarmos a relação existente entre o Coordenador
Pedagógico e a formação continuada no cotidiano escolar, no próximo capítulo
discursarei sobre o tema: “O Pró Letramento como subsídio para a formação
continuada.”
33
CAPÍTULO III
O PRÓ LETRAMENTO COMO SUBSÍDIO
PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA
3.1 – Formação Continuada: necessidade profissional
A formação continuada veio como um suporte para atender aos
problemas enfrentados pêlos professores experientes e inexperientes das
escolas públicas do nosso país. Ou seja,
"... pode - se considerar a necessidade de oferecer uma
formação mais consistente aos professores com o
objetivo de dar-lhes condições de refletirem sobre a
prática e se apropriarem dos saberes necessários a
docência, que não se restringem ao ato de ensinar
conteúdos, mas também, de acolher, em sala de aula, a
atual diversidade de alunos presentes na escola,
promovendo um ambiente de respeito mutuo, tolerância e
aceitação nas peculiaridades e diferenças dos outros."
(CARVALHO & GRICOLI, 2003, p. 1)
Embora seja a formação especifica mínima para lecionar, o ensino
médio, curso formação de professores, e muitos professores já terem cursado
e/ou estarem cursando o curso Normal Superior, Pedagogia e até Pós-
Graduação ou curso de extensão, muitos docentes se vêem perdidos ao
adentrar no mundo escolar, pois são tantas as intempéries do cotidiano das
salas de aulas, que até os mais experientes não sabem como lidar. Por isso, é
essencial que o professor continue estudando enquanto trabalha, pois pode
buscar na teoria educacional vigente, soluções e/ou pelo menos sugestões que
servirão como orientações para como lidar com os problemas que estão
enfrentando atualmente no cotidiano escolar. Desse modo,
34
“A formação oferecida fora da escola, por meio de cursos,
é de grande relevância para o aprimoramento profissional,
podendo, inclusive, consolidar o processo de
acompanhamento sistemático das redes de ensino
estaduais e municipais, mediante discussões com os
profissionais docentes.” (Ensino Fundamental de Nove
Anos: Orientações Gerais, 2004, p.25)
Assim, o Governo Federal vem investindo cada vez mais na
especialização do professor, através de diversos cursos de formação inicial e
formação continuada, promovidos pela Rede Nacional de Formação
Continuada da Educação Básica.
Baseado nesta questão é conveniente observar o documento do
governo federal intitulado “Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações
Gerais, que revela que:
“Assegurar essa formação tem sido o desafio de todos os
sistemas. Uma formação sensível aos aspectos da vida
diária do profissional, especialmente no tocante às
capacidades, atitudes, valores, princípios e concepções
que norteiam a prática pedagógica. Promover a formação
continuada e coletiva é uma atitude gerência!
indispensável para o desenvolvimento de um trabalho
pedagógico qualitativo que efetivamente promova a
aprendizagem dos alunos.” (Ensino Fundamental de Nove
Anos: Orientações Gerais, 2004, p.25)
A formação continuada não veio como um milagre que surgiu para sanar
todos os problemas e angustias enfrentados pelo professor. Ela veio para fazer
o professor refletir sobre o momento histórico em que vive, uma vez que,
muitas mudanças ocorreram ao longo da história e a educação de tempos atrás
35
também se modificou.
O professor, antigamente era o foco principal da educação, pois nele
concentrava-se todo o saber, ou seja, sabia tudo o que era necessário e
passava essa sabedoria ao aluno. A este, só restava ouvir, assimilar o que era
ensinado (ou pelo menos tentar assimilar) e responder apenas o necessário.
Libaneo explica muito bem essa forma chamada de “ensino tradicional” quando
nos diz, em seu livro Didática, que,
“O professor passa a matéria, o aluno recebe e reproduz
mecanicamente o conteúdo. O aluno, ainda que responda
o interrogatório do professor e faça os exercícios pedidos
tem uma atividade muito limitada e um mínimo de
participação na elaboração do conhecimento.”
(LIBANEO,1994, p.78)
Hoje, os paradigmas são outros, porque a realidade se transformou e o
professor não está mais em destaque no pedestal, nem os alunos são
obrigados a ficar calados, só ouvindo e respondendo apenas o que se
mandava. Neste momento histórico, eles se destacam, tem voz, vez e lugar,
podem se expressar, dizer o que pensam e o que querem, tem forças para
lutar.
A relação professor-aluno hoje, se dá no dialogo, na troca de
experiências, um ensina o outro saberes diferentes. Com o avanço da
tecnologia, os alunos estão buscando outras fontes de conhecimento, além dos
livros e das explicações do professor. A internet é a principal fonte de
informações e de conhecimento, pois o aluno pode saber tudo o que precisa
apenas navegando, pesquisando na rede. E os professores, que antes,
“deveriam saber tudo”, hoje se vêem com dificuldades para dar suas aulas,
pois, muitas vezes o aluno faz perguntas que ele não sabe nem do que se
trata, porque são muitas informações circulando ao mesmo tempo.
Além desse problema do excesso de informações em circulação, há
também o problema da estrutura familiar, base que deveria ser a fonte segura,
36
o refúgio do aluno. Atualmente, as famílias estão desestruturadas, pois filhos
são criados por avós, tios, parentes, mães solteiras, quando não param em
abrigos, na rua ou são deixados a mercê da própria sorte. Com a entrada da
mulher no mercado de trabalho, as crianças ficaram sob cuidados de outros, e
às vezes, também ficavam sozinhas. E a primeira educação, ou seja, a
educação familiar foi se perdendo ao longo da evolução histórica. Assim,
também foram se perdendo ou se transformando, os valores morais e éticos,
com respeito, solidariedade, amor ao próximo, dignidade, humildade, entre
outros tão importantes na convivência em sociedade.
Enfim, o fruto de tantas modificações em tão pouco tempo gerou essa
“triste realidade educacional”, pois o professor não sabe como lidar com a
dificuldade de aprendizagem do aluno, que acaba gerando o fracasso e a
evasão escolar e a indisciplina, agravados pela falta de apoio familiar e o
excesso de papeis a serem preenchidos, entre outros.
Sendo assim, um dos caminhos que surgiram para tentar modificar a
situação conflituosa e desfavorável em que a educação contemporânea
vivência é a formação continuada. Nesse caso, como já foi colocado, o
professor tem a oportunidade de estudar o seu próprio trabalho, analisando
cada ação feita, aspectos positivos e negativos e o que pode fazer para
melhorar.
Necessidade para o atual período em que a educação no País se
encontra, a formação continuada ou contínua – como alguns autores preferem
chamar – se tornou realidade em muitos municípios e um deles, que será
abordado neste trabalho monográfico é o Município de Itaguaí, cujo foco
especifico será o Programa Pró Letramento, que oferece curso de Formação
Continuada para os Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental.
3.2 - Itaguaí e a adesão ao novo programa.
“Formar-se não é – como uma visão burocrática poderia,
as vezes, fazer crer – fazer cursos (mesmo ativamente); é
aprender, é mudar, a partir de diversos procedimentos
37
pessoais e coletivos de autoformação.”(PERRENOUD,
2000, p.160)
Acompanhando a evolução educacional e partilhando das mesmas
necessidades de mudanças referentes às classes docente e discente de nosso
País, o Município de Itaguaí também percebeu a importância de se desenvolver
cursos mais específicos na área docente, visando à formação em serviço.
Nesse caso, os programas escolhidos foram o Pró Letramento: Língua
Portuguesa e Matemática, para os Professores das Séries Iniciais do Ensino
Fundamental, e meses depois, o Programa Gestar, para os Professores das
Séries Finais do Ensino Fundamental, ambos criados pelo Governo Federal e
administrados pelo Ministério da Educação.
Com a adesão ao novo programa do Ministério da Educação, o Pro
letramento, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Itaguaí (SMEC)
iniciou no final do ano letivo de 2006, o período de inscrições dos professores
cursistas, enviando para as escolas públicas municipais, formulários
distribuídos pela Coordenadora Pedagógica da Unidade Escolar e que
deveriam ser preenchidos pêlos professores que estivessem interessados em
fazer o curso. Os formulários preenchidos posteriormente foram enviados
novamente a SMEC para a efetiva inscrição no curso.
Depois de formada a primeira turma e os professores deste grupo terem
concluído o curso, houve novamente inscrição para um novo grupo e para esta
segunda turma, a inscrição não foi feita pela escola, mas diretamente no local
onde o curso foi realizado, ou seja, no CEI – Centro Educacional de Itaguaí,
também conhecido como Centro de Formação Continuada. Nesse casso, os
professores interessados deveriam ir até o CEI para fazer sua inscrição com a
professora tutora responsável pelo curso no Município.
A SMEC também disponibilizou duas funcionárias para fazer a
capacitação para tutor, que posteriormente teriam a função de reunir-se com
um grupo de professores semanalmente visando analisar os textos dos
fascículos e textos extras, as atividades apresentadas e aplicadas em sala de
aula e planejar novas ações baseadas nos problemas encontrados.
38
Para que esse programa tivesse êxito foi de inteira importância o
envolvimento da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Itaguaí, dando
suporte direto aos tutores, garantindo o local para a realização dos encontros
que eram realizados no Centro de Formação Continuada (CEI), a capacitação
e o atendimento aos professores cursistas.
O curso foi inicialmente oferecido aos professores estatutários das
Séries Iniciais do Ensino Fundamental e depois, foi aberto aos professores em
regime de contrato. No ato da inscrição, os professores deveriam escolher uma
das opções: Língua Portuguesa ou Matemática. Ao final, quando a primeira
turma concluiu o curso, houve novamente inscrição e os professores que
desejavam fazer a outra opção, puderam se inscrever para fazer o outro
módulo.
Os professores faziam o curso no contra turno, uma vez por semana,
com duração de duas a quatro horas durante seis meses. A cada aula, eram
desenvolvidas atividades de leitura e dialogo sobre os temas dos fascículos
estudados, realização de algumas atividades escritas e práticas, além de
reflexão sobre os temas e o cotidiano escolar das salas de aula visando tentar
fazer sempre a ponte entre a teoria e a prática, uma vez que algumas destas
se baseavam nas atividades práticas que haviam sido desenvolvidas com os
alunos em sala de aula.
Em relação ao curso de Língua Portuguesa, a primeira turma iniciou em
fevereiro de 2007 com 50 cursistas, mas somente 36 professores concluíram o
curso, em dezembro do mesmo ano. Em relação à matemática, que iniciou e
findou no mesmo período, o numero inicial de cursistas e o final, não foi
divulgado.
Na segunda turma de Matemática que iniciou em agosto de 2008 e
terminou em dezembro de 2008, também não foi divulgado o números de
professores que iniciaram e terminaram o curso. Em relação à segunda turma
de Língua Portuguesa, ela iniciou em meados de junho de 2008 e devido a
problemas particulares da tutora, houve uma pausa, retornando em outubro de
2008, e terminou em junho de 2009, haviam 26 professores inscritos no inicio e
apenas 24 docentes concluíram o curso.
39
As aulas aconteciam sempre no Centro de Formação Continuada (CEI),
a primeira turma era formada por dois grupos, sendo um grupo no turno da
manhã, de 8:00 as 12:00 horas e, o outro grupo, no turno da tarde, das 13:00
as 17:00 horas, uma vez por semana, no contra turno. Na segunda turma, o
horário era de 9:00 as 11:00 horas e de 14:00 as 16:00 horas. Apenas alguns
professores foram liberados por seus diretores para fazer o curso no horário de
trabalho. Geralmente, as aulas eram as quartas ou sextas feiras e às vezes, o
dia era modificado conforme a necessidade do grupo.
O horário era de quatro horas, mas como o grupo era pequeno, o
conteúdo fluía com mais tranqüilidade, às vezes, a aula terminava mais cedo.
A proposta inicial era fazer uma entrevista com as tutoras do curso Pro
Letramento. Mas devido à impossibilidade do encontro, mediante ao excesso
de trabalho e a indisponibilidade de horários tanto das tutoras quanto da
pesquisadora, a decisão viável foi à criação de um questionário sobre o curso,
com itens básicos sobre a formação/capacitação dos tutores. Assim, um
questionário foi entregue a coordenadora/tutora responsável pelo curso de
Língua Portuguesa, que a seguir, será transcrito. O seu nome foi mantido em
anonimato a pedido da mesma. Em relação à tutora do curso de Matemática, o
mesmo questionário foi enviado, mas até o final da pesquisa, não obtivemos
resposta.
A tutora responsável pelo Curso Pro Letramento: Língua Portuguesa, no
Município de Itaguaí é Pedagoga e está cursando psicopedagogia, curso de
pós graduação. No atual momento, ela desempenha a função de
Coordenadora pedagógica e de professora das séries iniciais do Ensino
Fundamental, numa escola da rede pública de ensino do município.
Segundo a tutora, ela ficou sabendo do Curso pela SMEC que a indicou
por meio do reconhecimento do seu trabalho como professora na área de
alfabetização, e foi responsável pela sua inscrição no programa do governo
federal.
Com relação à capacitação dos professores cursistas, a tutora disse que
foi realizada no CEI, específico para a formação continuada de professores,
com carga horária de 120 horas, período de aproximadamente um ano.
40
Segundo orientações da Universidade Federal de Pernambuco, responsável
pelo módulo de Língua Portuguesa, deveriam ser realizados três encontros por
fascículo, ou seja, vinte e um encontros, pois o programa era constituído de
sete fascículos. Se houvesse necessidade de fazer revisão do que já havia sido
trabalhado, o tutor tinha liberdade para acrescentar aulas ou reduzi-las de
acordo com sua necessidade.
Ao ser questionada sobre como eram desenvolvidas as aulas do curso
para capacitação dos professores tutores, ela respondeu que “As respectivas
prefeituras que aderiram ao programa se reuniam em outro município, que era
voluntário para oferecer o espaço e toda estrutura que fosse necessária para
receber os tutores de língua portuguesa para a capacitação. As secretarias
municipais educação ficavam responsáveis pelo transporte e estadia dos
tutores em diferentes cidades do Estado do Rio de Janeiro.
No primeiro ano, em novembro de 2006, fiquei uma semana em Mendes
para conhecer a proposta do programa do pró-letramento e estudar o fascículo
um, que foi iniciado em fevereiro de 2007. A capacitação dos tutores era
organizada por fascículos. Íamos aos encontros Já sabendo qual fascículo
seria trabalhado, estudando os textos e tirando supostas dúvidas. Foram sete
encontros realizados no período 02/02/07 a 14/09/07. Em 26/10/07 aconteceu o
seminário final de avaliação, onde cada município apresentou duas
experiências trabalhadas dentro do programa, uma em sala de aula
apresentada por um cursista e outra da experiência do tutor. Os conhecimentos
adquiridos nestes encontros foram incalculáveis e significativos para todos que
tiveram a oportunidade de participarem. Os testemunhos mostram que a
prática em sala de aula dos educadores mudou radicalmente, eles entendem
que o sucesso do seu trabalho é resultado da constante transformação na sua
formação inicial.”
Sobre sua opinião em relação às aulas, informou que o tutor trabalha
diretamente com os professores cursistas e é dele a maior parte da
responsabilidade do desenvolvimento e bom desempenho do Programa. Por
isso, “... o tutor deveria estar à disposição só do programa, para que ele tivesse
tempo e incentivos para sua qualificação e dedicação enquanto formador,
41
papel este importantíssimo no programa.”
Quanto ao papel do tutor, respondeu que “Ele é o mediador que conduz
todo o processo de formação, de acordo com as metas propostas, as
estratégias de formação e a realidade das escolas para que haja realmente
êxito no desenvolvimento do programa.”
Segundo a tutora, o curso no Município de Itaguaí
“...foi desenvolvido tranquilamente, pois a SMEC deu total liberdade de trabalho
para as tutoras.”
Sobre suas expectativas em relação ao desenvolvimento do curso
Município de Itaguaí, ela disse que “No início tudo era novo e não tinha a
experiência de tutora. Mas considero que a experiência foi positiva, pelo
número de professores que concluíram o curso.”
Em relação à avaliação do curso referente à capacitação dos tutores,
nos itens “Atenção e disponibilidade da coordenação do curso aos professores
tutores” e “Interesse da coordenação na resolução dos problemas dos
professores tutores”, a resposta foi regular. Já nos itens “Local onde eram
realizados os encontros” e “Horário dos encontros”, sendo dois dias, de 8h
as17hrs, a resposta foi bom. Foram realizados sete encontros durante todo o
programa.
Referente ao material disponibilizado para capacitação dos professores
tutores, ela respondeu que gostou do material do curso sim, pois recebeu
quatro DVDs, além de serem oferecidos vários textos e sugestões de livros,
entre outros. Ela copiava em CDs todo o material que era disponível.
No quesito clareza e objetividade dos textos, a tutora respondeu que
apenas alguns textos não deixavam margens para dúvidas.
Sobre o desenvolvimento das atividades propostas pelo Programa, ela
respondeu que sim, conseguiu desenvolver todas, porém, “Muitas vezes fazia
adaptações nas atividades propostas pelo programa para que não ficassem
cansativas, para que se tornassem mais atrativas aos professores, que muitas
vezes chegavam cansados depois de uma rotina de trabalho e tinha que propor
algo que prendesse a atenção deles.
Com relação aos principais aspectos positivos e negativos quanto ao
42
seu trabalho como tutora do curso Pro Letramento, a mesma nos revela que,
os aspectos positivos foram o “Crescimento pessoal e profissional”; e os
negativos foram a “Falta de remuneração adequada pela tutoria; Tempo
insuficiente para o planejamento e pesquisas das aulas; Desgaste físico e
mental do professor cursista, que não é liberado no horário de trabalho, e faz o
curso no contra turno; Não abranger um maior número de professores da rede.”
3.3 - O ensino sob um novo paradigma.
Após fazerem o curso do programa Pró Letramento, os professores da
Escola Municipal Severino Salustiano de Farias responderam a um
questionário com perguntas básicas sobre sua formação, sobre o curso e suas
expectativas sobre o que iria favorecer em sua pratica pedagógica.
Ao todo, dez professores se inscreveram, sendo seis da primeira turma
e quatro da segunda turma. Desses, apenas seis concluíram o curso, três do
primeiro grupo e três do segundo grupo. Houve uma professora que, na
primeira turma era de uma determinada escola e quando foi fazer o outro
módulo, havia mudado para escola em questão, elevando para sete o número
de professores que fizeram o curso.
Para desenvolver este trabalho, foi distribuído um questionário aos sete
professores, porém apenas cinco responderam as perguntas. Das cinco
cursistas, quatro tinham como formação acadêmica, o segundo grau de
formação de professores, e dessas, três atuam a pelo menos cinco anos na
área da educação, as quais chamarei de P3, P4 e P5, e uma já tem vinte e
dois anos de profissão, que chamarei de P1; as quatro sempre trabalharam
com as séries iniciais do ensino fundamental. A professora cursista que tem
graduação em Letras: Língua Portuguesa e Espanhol, está fazendo pós
graduação na área da educação, leciona há dez anos, já trabalhou com as
séries iniciais, Educação de Jovens e Adultos e atualmente está trabalhando
com 6º e 7º ano do Ensino Fundamental. Ela será chamada de P2. As siglas –
P1, P2, P3, P4 e P5 - foram colocadas para preservar a identidade das
professoras, que preferiram manter o anonimato.
43
Das cinco, três fizeram apenas o curso de Língua Portuguesa (da
segunda turma), P3, P4 e P5 e duas fizeram os dois módulos (da primeira
turma), P1 e P2. A seguir, serão descritas as perguntas do questionário e as
respostas das professoras cursistas.
Em relação ao desenvolvimento das aulas do Curso Pro Letramento, as
professoras relataram que:
P1 – “Aulas práticas e teóricas”
P2 – “Através de aulas presenciais, onde aprendíamos o conteúdo e
colocávamos em prática na sala de aula.”
P3 – “As aulas eram bem diversificadas, com leituras, atividades manuais, etc.”
P4 – “As aulas eram bem dinâmicas com bastante texto.”
P5 – “ Através de leituras, atividades manuais, aulas bem dinâmicas.”
Quando questionados em relação a sua opinião sobre as aulas, elas
responderam:
P1 – “Boas, no inicio foi mais difícil!”
P2 – “Muito boas, pois pude desenvolver as atividades com meus alunos!”
P3 – “Bem dinâmicas e muito proveitosas”
P4 – “Ótimas”
P5 – “Muito boa e proveitosa”
Em relação à possibilidade de fazer outro módulo, todas responderam
que sim, se houver possibilidade, pretendem fazer outro módulo e as
justificativas foram
P1 – “Gostei, para me atualizar”
P2 – “Porque o professor precisa sempre está se aperfeiçoando”
P3 – “Por ser um curso sério e de grande valia”
P4 – “Eu ainda não fiz o de matemática”
P5 – “Gostaria de fazer o curso de matemática’
Sobre suas expectativas em relação ao curso, todas responderam que
as expectativas foram atendidas e as justificativas foram:
P1 – “Renovar, me atualizar”
P2 – “Em aprender coisas novas para colocar em sala de aula.”
P3 – “Aprofundar meus conhecimentos, melhorar e dinamizar minhas aulas.”
44
P4 – “Aprimorar meus conhecimentos e relembrar coisas que já havia
esquecido”
P5 – “Melhorar as minhas aulas, buscar mais idéias para trabalhar em sala”
Em relação à avaliação do curso, referente à capacitação dos tutores, no
item atenção e disponibilidade da coordenação do curso aos alunos cursistas,
duas professoras marcaram ótimo e três, bom. No item interesse da
coordenação na resolução dos problemas dos alunos cursistas, quatro
professores marcaram bom e uma professora marcou ótimo. Nos itens, local
onde eram realizados os encontros (CEI) e horário dos encontros, todos
colocaram bom.
Referente ao material disponibilizado, no item material disponibilizado
pelo tutor e os recursos utilizados durante as aulas, as professoras disseram
que foram utilizados livros (português e matemática – conforme o curso que foi
feito) enviados pelo Governo Federal, além de revistas, jornais, apostilas com
vários textos, vídeos durante as aulas, cartolinas, papéis variados, canetinhas,
entre outras.
E sobre o material utilizado no curso, os professores responderam que
sim, gostaram do material que foi usado e as justificativas foram:
P1 – “ Porque são atuais”
P2 – “Porque pude entender melhor o que é letramento”
P3 – “Foi muito proveitoso e ainda os uso quando necessário”
P4 – “Foi muito bom para o meu crescimento profissional”
P5 – “Foi muito proveitoso e é até hoje.”
No quesito clareza e objetividade dos textos, quatro professoras
responderam que sim, os textos são claros e objetivos e uma professora
respondeu apenas alguns.
No item referente ao desenvolvimento das atividades propostas em sala
de aula, como solicitam os fascículos, duas professoras responderam sim,
conseguem desenvolver as atividades propostas pelos fascículos e três
responderam somente algumas, pois ainda há algumas dúvidas sobre as
atividades e, porque algumas estão fora do nível, ou seja, não correspondem
ao nível da turma.
45
A última pergunta foi referente à teoria e prática: Você acha que o curso
está fazendo diferença em sua prática pedagógica? Todas as professoras
responderam que sim, e as justificativas foram:
P1 – “Porque aprendi como educar mais fácil” (ensinar de uma forma mais
fácil)
P2 – Não justificou
P3 – “Procuro utilizar os recursos do curso em minhas aulas”
P4 – “Toda ajuda para o professor é bem vinda”
P5 – “Procuro planejar minhas aulas bem lúdicas e dinâmicas.”
Após ter uma noção do que foi o curso Pró Letramento para os
professores, podemos perceber que o curso teve grande importância em sua
vida profissional, pois eles fizeram o curso na busca de novos paradigmas, ou
seja, visando melhorar sua prática pedagógica, se atualizar, renovar, aprender
coisas novas para por em prática em sala, dinamizar suas aulas, aprofundar
conhecimentos e com o curso, conseguiram atingir seus objetivos.
Baseado nesse caso, Philippe Perrenoud, em seu livro Dez Novas
Competências para Ensinar, nos diz que “... os professores capazes de
explicitar e analisar suas práticas tirarão melhor partido dessas novas
modalidades de formação continua.” (PERRENOUD, 2000, p. 159)
Em relação às atividades propostas pelo curso, muitas já foram
desenvolvidas pelos professores durante o período do curso e isso já serve
como apoio para trabalhar determinados conteúdos de forma mais dinâmica,
lúdica, prazerosa e de fácil compreensão pelos alunos. De acordo com
Perrenoud,
“Isso não significa que os professores adotarão, sem
outra forma de processo, os modelos que lhe são
propostos. Irão , antes, adaptá-los, até mesmo construir
outra coisa, operar uma ruptura, recuar, imaginar
maneiras totalmente diferentes de apreender para os
problemas.” (PERRENOUD, 2000, p. 163)
46
Isso quer dizer que os professores devem adaptar o que foi aprendido
no curso as suas reais necessidades, visando sanar ou pelo menos minimizar
as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos que, muitas vezes
são fruto da dificuldade do próprio professor em lidar com uma clientela tão
diversificada.
Transformar saberes antigos em novos, confrontar o antes e o depois,
para ver o que é viável, ver caminhos diferentes para uma mesma situação são
conhecimentos que só adquirimos ao longo do tempo, com a realização de
experiências ao longo da jornada da educação, ou seja,
"... tais saberes não se desenvolvem e consolidam no seu
período de formação inicial, mas durante e
principalmente, no desempenho das suas atividades no
exercício da docência. No desempenho de sua função, ao
longo dos anos, o professor elabora determinados
saberes que só podem ser construídos a partir da própria
experiência profissional." (CARVALHO & GRICOLI, 2003,
p.1)
47
CONCLUSÃO
O presente trabalho monográfico teve como tema principal, O PRO
LETRAMENTO e o desafio da Formação Continuada, foi realizado através de
pesquisa bibliográfica envolvendo livros, artigos, revistas, sites e teve como
foco central a Formação Continuada, baseada na visão de diversos autores,
além de pesquisa de campo feita por meio de preenchimento de questionários
sobre o Programa PRO LETRAMENTO, no Município de Itaguaí.
Inicialmente foi feita uma abordagem sobre a formação continuada,
através de um breve histórico, onde falamos o porquê e o para que, esta
formação se faz necessária. Observamos que, na década de 80, já havia ações
em prol da questão, cujo auge gerou a Nova Constituição Brasileira (1988).
Porém, foi nos anos 90 que as ações sobre o assunto tomaram consistência e
a formação continuada surge com força total, fazendo parte da Lei de Diretrizes
e Bases – LDB, (1996) e sendo o foco principal do Governo Federal por sete
anos, o que culminou com a criação da Rede Nacional de Formação
Continuada. No primeiro capítulo falamos sobre essa rede, que foi dividida em
Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação visando criar projetos
elaborados por universidades, que tivessem como objetivo a melhoria da
qualidade da educação em nível nacional, tomando como foco principal a
formação continuada. Assim, inúmeros projetos foram feitos, em cinco áreas
prioritárias: Alfabetização e Linguagem, Educação Matemática e Cientifica,
Ensino de Ciências Humanas e Sociais, Artes e Educação Física, e Gestão e
Avaliação da Educação. Alguns projetos foram selecionados e destes, o
principal é o PRO LETRAMENTO, elemento central deste trabalho, ligado as
áreas de Alfabetização e Linguagem e Educação Matemática.
Neste capítulo também vimos o que a legislação diz sobre a formação
continuada, analisando trechos da Constituição Federal de 1988, da Lei de
Diretrizes e Bases de 1996, além de fragmentos do Plano Nacional da
Educação e do Conselho Nacional de Educação, onde podemos concluir que,
nos últimos anos, a melhoria da qualidade do ensino se tornou assunto
crescente e continuo, pois a preocupação com uma educação de qualidade fez
com que um maior investimento fosse aplicado à área de formação docente,
48
em nível inicial e, principalmente, de forma continua, com a formação
continuada, gerando inúmeros cursos de capacitações e especializações, que
pudessem atender as necessidades contemporâneas dos professores e das
instituições de ensino, almejando sempre garantir a aprendizagem do aluno.
No segundo capítulo abordamos a relação intrínseca entre o
Coordenador Pedagógico e a formação continuada, no cotidiano escolar. Neste
capítulo fizemos um breve histórico do Coordenador Pedagógico apresentando
sua origem e o desenvolvimento de suas funções ao longo da história da
Educação. Foi possível concluir que este profissional não tem seu papel e nem
sua nomenclatura definida, mas comparando com as atuais funções do
mesmo, vimos que ele aparece em diversos momentos, desde a chegada dos
Jesuítas ao Brasil.
Revendo os fatos, percebemos que o Coordenador Pedagógico durante
a maior parte da história foi visto como supervisor e em alguns momentos, teve
sua função atrelada as do diretor e do inspetor, o que o levava a realizar ações
referentes à parte administrativa e de fiscalização, além de também ser
responsável, em um determinado momento, pelo planejamento das aulas, que
seriam ministradas aos alunos, assumindo assim parte da função docente.
A educação estava crescendo, ampliando seu conceito, tomando
proporções cada vez maiores, precisava ser regulamentada, ter o seu “próprio
espaço”, e em 1924, ela passa a ter sua própria categoria profissional com a
criação da Associação Brasileira de Educação. Muitas transformações
continuaram acontecendo, o que culminou com a Lei de Diretrizes e Bases, em
1961, além do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais de
Educação.
A partir desse momento, mudanças essenciais aconteceram, pois a
formação dos especialistas em educação, entre eles o supervisor, passou a ser
da responsabilidade dos cursos de pedagogia, e como esses cursos passaram
por novas formações, no final da década de 60, o profissional da educação
deveria ser formado não apenas em uma habilidade, mas em quatro:
supervisão, administração, inspeção e orientação.
Hoje, o Coordenador Pedagógico também chamado de Orientador
49
Pedagógico tem a formação diferente do supervisor, do administrador e do
inspetor. E, embora estes também tenham assuntos, conteúdos específicos em
suas formações acadêmicas, o supervisor muitas vezes exerce a função do
Coordenador Pedagógico e vice versa, o que o sobrecarrega, fazendo com
que, em muitos casos, ele deixe de desempenhar bem sua função, não
alcançando seus objetivos, deixando o professor desassistido em vários
momentos.
Também observamos a importância das ações do Coordenador
Pedagógico, no que se refere à formação continuada. Vimos que ele
desempenha inúmeras funções relacionadas aos diversos profissionais da
escola, além do atendimento aos alunos e seus pais. Mas chegamos à
conclusão de que seu dever, sua missão é com o professor e a sua prática
pedagógica, pois essa é a essência de sua função. E, é através das conversas
sobre planejamento e planos de aula, projetos, formas de trabalho, atividades
diversificadas, rendimento escolar, comportamento, relação aluno-professor,
relação aluno-família, encaminhamentos, entre outros assuntos como cursos e
capacitações, que a formação continuada ocorre no dia a dia da escola. Essa
formação já faz parte do cotidiano escolar, pois é uma necessidade da
sociedade contemporânea e pode acontecer de diferentes formas, dentro da
escola e fora dela.
Após discursarmos sobre o Coordenador Pedagógico e sua relação com
a formação em serviço do professor, chegamos à última parte da pesquisa, que
trata do PRO LETRAMENTO como subsidio para a formação continuada.
Neste terceiro capítulo, constatamos inicialmente que a formação
continuada realmente é uma necessidade profissional que surge para ajudar o
professor a enfrentar os desafios do dia a dia, orientando-o no desenvolvimento
de práticas mais eficazes, eficientes no que se referem ao processo de ensino-
aprendizagem, principalmente em relação aos alunos com dificuldades de
aprendizagem, e também, ao comportamento dos alunos indisciplinados,
questões que merecem atenção especial, pois estão se tornando cada vez
maiores e para as quais o professor não foi “preparado” em sua formação
inicial.
50
Foi pensando na urgência da formação continuada que o Governo
Federal criou vários cursos direcionados aos professores das séries iniciais e
finais do ensino fundamental visando atuar na melhoria da rede básica de
ensino. E como já dissemos, o curso que abordamos nesta pesquisa foi o PRO
LETRAMENTO: Língua Portuguesa e Matemática, que foi ministrado no
Município de Itaguaí, nos anos de 2007 e 2008.
Após verificarmos como foi à adesão ao curso no referido Município,
vimos como as aulas aconteceram durante dois anos de funcionamento do
curso.
Embora o curso tenha sido gratuito, infelizmente a procura não foi muito
grande e houveram algumas desistências devido ao fato do mesmo ser
presencial e, no contra turno, pois muitos professores trabalham nos dois
turnos e/ou tem outros compromissos.
Com relação às aulas podemos concluir que eram baseadas no
cotidiano escolar, pois, na parte teórica eram trabalhados alguns conteúdos
que compõem o currículo escolar, e depois de leituras e reflexões, uma nova
forma de trabalho era posta em prática, com o objetivo de dinamizar e facilitar a
aprendizagem dos alunos.
Também podemos verificar que, para os professores que entrevistados
e para a tutora, o curso foi de grande valia, ou seja, muito importante, porque
abriu novos caminhos para uma prática pedagógica que estava “engessada”,
parada, presa em suas próprias concepções limitadas de fazer educação.
Desta forma, percebemos que a formação inicial não mais poderia dar
conta dos problemas que foram surgindo ao longo da vida profissional docente,
sendo necessário rever questões, refletir sobre determinadas ações, formas de
pensar e agir, de conceber a educação, que vem se transformando ao longo da
história. Temos que pensar na prática pedagógica, pois a educação está
perdendo sua característica, sua função.
Assim, chegamos à conclusão de que, mesmo com tantos problemas
surgindo, o professor tem na formação continuada o estímulo e o apoio
adequado para conseguir lidar com as dificuldades que encontra em seu
trabalho, e o Coordenador Pedagógico é de suma importância, pois é ele,
51
dentro ou fora da escola, que irá fazer esta formação. E é nesta parceria entre
Coordenador Pedagógico e professor que veremos a educação mudar de
rumo, mudar para melhor.
52
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Tarciana Pereira da Silva. O papel do coordenador pedagógico
enquanto articulador do projeto Político Pedagógico. Olinda: 2008. p.14 a 21.
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Laurinda Ramalho de. O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. 6ª
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HEIDRICH, Gustavo. Os Caminhos da Formação: As principais estratégias
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Revista Nova Escola. Ano 1 – nº 2 – Junho/Julho, 2009, p.24 a 31. Disponível
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LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Capitulo 4. São Paulo: Cortez, 1994.
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professores. Disponível em:
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Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos
Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: matemática. – ed. rev. e ampl.
Incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referencia/ Secretaria de Educação
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PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad. Patrícia
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54
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em Paulo Freire: uma contribuição para a formação continuada de professores.
In: IV Colóquio Internacional Paulo Freire – Recife, 19 a 22 de setembro 2005.
Disponível em:
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M%20PAULO%20FREIRE-
UMA%20CONTRIBUI%C3%87%C3%83O%20PARA%20A%20FORMA%C3%
87%C3%83O%20CONTINUADA%20DE%20PROFESSORES.pdf
55
ANEXO 1 – 1.1
Instituto A Vez do Mestre
Cursista: Joicy Corrêa Araújo
Curso: Orientação Educacional e Pedagógica
Data:_____/_____/______.
Titulo da Pesquisa: PRÓ LETRAMENTO E O DESAFIO DA FORMAÇÃO
CONTINUADA
Questionário do Tutor
• Nome:____________________________________________________
• Formação Acadêmica: __________________________________________
• Curso: ( ) Língua Portuguesa ( ) Matemática
• Função/ cargo efetivo: __________________________________________
1- Como você ficou sabendo do Curso?
( ) Televisão ( ) Radio ( ) Internet ( ) Local de trabalho ( ) SMEC
( ) Outros ______________________________________________________
2 - Como foi realizada a inscrição/seleção dos tutores?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3 - Onde a capacitação foi realizada? Qual o período (meses) e a carga horária
(total)?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4 - Como eram desenvolvidas as aulas do curso para capacitação dos
professores tutores?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
56
5 - O que você achou das aulas? Justifique.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
6 – Qual a função do Tutor?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
7 – Como foi desenvolvido o curso no Município de Itaguaí?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
8 - Quais eram suas expectativas em relação ao desenvolvimento do curso
Município de Itaguaí? Elas foram atendidas?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
9 - Avaliação do curso referente à capacitação dos tutores responsáveis pela
capacitação dos professores tutores:
- Atenção e disponibilidade da coordenação do curso aos professores tutores:
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
- Interesse da coordenação na resolução dos problemas dos professores
tutores:
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
- Local onde eram realizados os encontros:
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
- Horário dos encontros:
( ) manhã ____ as ____ ( ) tarde ____ as ____
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
57
- Período dos encontros:
( )1 vez p/ semana ( )2 vezes p/ semana ( )1 vez p/ mês ( )2 vezes p/ mês
Outros:_________________________________________________________
10 - Avaliação do material disponibilizado para capacitação dos professores
tutores:
- Você gostou do material do curso? ( ) Sim ( ) Não
Justifique:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
- Os textos são objetivos e claros, ou seja, não deixam margem de duvidas?
( ) Sim ( ) apenas alguns ( ) Não
- Você conseguiu desenvolver as atividades propostas pelo Curso durante o
período estipulado? ( ) Sim, todas ( ) Somente algumas ( ) Não, nenhuma
Em caso de não ou somente algumas, justifique:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
11 - Cite os principais aspectos positivos e negativos em relação ao seu
trabalho como tutor do curso PRO LETRAMENTO?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
58
ANEXO 1 – 1.2
Instituto A Vez do Mestre
Cursista: Joicy Corrêa Araújo
Curso: Orientação Educacional e Pedagógica
Data:_____/_____/______.
Titulo da Pesquisa: PRÓ LETRAMENTO E O DESAFIO DA FORMAÇÃO
CONTINUADA
Questionário do Professor Cursista
• Nome:_______________________________________________________
• Formação Académica: ( ) Ensino Médio - Formação de Professores
( ) Graduação _________________________________________________
( ) Outros______________________________________________________
• Série em que leciona? ( ) Educação Infantil ( ) Alfabetização (1° ano)
( ) Séries iniciais - ______________________________________________
• Curso: ( ) Língua Portuguesa ( ) Matemática
• Tempo de atuação como Professora: _______________________________
1 - Como você ficou sabendo do Curso?
( ) Televisão ( ) Radio ( ) Internet ( ) Local de trabalho ( ) SMEC
( ) Outros _______________________________________________________
2 - Como foi realizada a inscrição/seleção dos professores?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3 - Onde o curso foi realizado? Qual o período (meses) e a carga horária
(total)?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
59
4 - Como eram desenvolvidas as aulas do curso PROLETRAMENTO?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
5 - O que você achou das aulas?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
6 - Se houver possibilidade, você pretende fazer o outro módulo?
( ) Sim ( ) Não ( ) Ainda não decidi
Justifique: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
7 - Quais eram suas expectativas em relação ao curso? Elas foram atendidas?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
8 - Avaliação do curso - capacitação dos tutores:
- Atenção e disponibilidade da coordenação do curso aos alunos cursistas:
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
- Interesse da coordenação na resolução dos problemas dos alunos cursistas:
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
- Local onde eram realizados os encontros:
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
- Horário dos encontros:
( ) manhã ____ as ____ ( ) tarde ____ as _____
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo
60
- Período dos encontros:
( )1 vez p/ semana ( )2 vezes p/ semana ( )1 vez p/ mês ( )2 vezes p/ mês
Outros:_________________________________________________________
9 - Avaliação do material disponibilizado:
- Qual foi o material disponibilizado pelo tutor e quais eram os recursos
utilizados durante as aulas?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
- Você gostou do material do curso? ( ) Sim ( ) Não
Justifique:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
- Os textos são objetivos e claros, ou seja, não deixam margem de duvidas?
( ) Sim ( ) apenas alguns ( ) Não
- Você consegue desenvolver as atividades propostas em sala de aula como
solicitam os fascículos? ( ) Sim, todas ( ) Somente algumas ( ) Não, nenhuma
Em caso de não ou somente algumas, justifique:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
10 - Você acha que o curso está fazendo diferença em sua prática
pedagógica? ( ) Sim ( ) Não
Justifique:_______________________________________________________
_______________________________________________________________