produção de mudas de uva
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7/22/2019 Produo de mudas de UVA
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Gilmar Barcelos Kuhn,Eng. Agrn.,
Embrapa Uva e Vinho,Caixa Postal 130,CEP 95700-000
Bento Gonalves, RS
Ronaldo AugustoRegla
Tcnico Agrcola,Embrapa Uva e Vinho,
Caixa Postal 130,CEP 95700-000
Bento Gonalves, RS
Adriano MazzaroloTcnico Agrcola,
Embrapa Uva e Vinho,Caixa Postal 130,CEP 95700-000
Bento Gonalves, RS
ISSN 1516-5914
74
Circular
Tcn
ica
Bento Gonalves, RS
Abril, 2007
Produo de mudas de videira (Vitis spp.)
por enxertia de mesa
Autores
Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento
Introduo
No Brasil, a videira vem sendo explorada comercialmente a mais de um sculo
e se firmou como atividade scio-econmica de importncia relevante,
inicialmente, em regies de clima temperado dos Estados do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, So Paulo e Minas Gerais e, posteriormente, em regies
de clima tropical e semi-tropical, especialmente, no Submdio do Vale do Rio
So Francisco em reas baianas e pernambucanas, no Norte do Paran, no
Noroeste de So Paulo e no Norte de Minas Gerais. Mais recentemente, ocultivo da videira tem se expandido bastante para diversas localidades, inclusive
para regies do Pas sem nenhuma tradio em viticultura, como o Centro-
Oeste e a Campanha Gacha.
Para o desenvolvimento de uma vitivinicultura rentvel, fator preponderante
que os vinhedos sejam implantados com mudas de boa qualidade, com
sanidade e pureza varietal comprovada e dentro dos padres estabelecidos
pela legislao oficial.
A muda de videira obtida atravs da multiplicao vegetativa, seja utilizando-se estacas da produtora, em plantio direto, conhecida por p-franco, ou
atravs do processo de enxertia. A muda de p-franco utilizada somente
para cultivares americanas (Vitis labrusca)e hbridas, conhecidas como uvas
comuns, por apresentarem certa tolerncia filoxera (Daktylosphaera vitifoliae),
enquanto que a muda enxertada obrigatria para as uvas finas (Vitis vinifera)
por serem muito suscetveis a essa praga. A produo da muda por enxertia
mais recomendada, mesmo quando se trata de uvas comuns, pois a utilizao
do porta-enxerto, alm de assegurar um controle mais eficiente da filoxera,
pode agregar outras vantagens, como melhorar a qualidade da uva, conferir
maior resistncia a doenas de solo, maior adaptao a diferentes tipos desolos, maior precocidade, etc.
A muda preparada pelo processo de enxertia resulta da unio do garfo (enxerto),
que a parte do ramo da cultivar produtora (copa), com 1 ou 2 gemas, a um
porta-enxerto enraizado ou a uma estaca do porta-enxerto no enraizada, neste
caso chamada enxertia de mesa.
No Brasil, a tcnica tradicionalmente empregada pelos viticultores e viveiristas
a enxertia em porta-enxerto enraizado no campo, feita atravs de garfagem
no topo, realizada na fase de repouso da planta (enxertia de lenho maduro)e com menor freqncia no perodo de plena vegetao (enxertia verde).
Eventualmente, tambm empregada, por alguns produtores, a tcnica de
enxertia de gema ou borbulhia no vero.
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2 Produo de mudas de videira (Vitis spp.) por enxertia de mesa
Na Europa, a enxertia de campo praticamentedesapareceu, sendo substituda pela enxertia demesa, tcnica que avanou e consolidou-se nosltimos 50 anos. Nessa tcnica, os cortes realizadosno garfo (enxerto) e na estaca do porta-enxerto so
do tipo dupla-fenda inglesa que pode ser feito amo ou a mquina, ou do tipo mega que somentepode ser feito com auxlio da mquina. No Brasil,embora tenha se comeado a empregar essa tcnicaa nvel comercial, a no mais de cinco anos, emespecial nos Estados do Rio Grande do Sul e MinasGerais, j se produziu, em 2006, uma quantidadeaproximada de 400.000 mudas por esse processo.
A seguir sero feitas algumas consideraes e odetalhamento do processo de produo de mudasde videira atravs da tcnica de enxertia de mesa,tipo mega.
Consideraes e detalhamento da
tcnica de enxertia de mesa
A enxertia de mesa uma tcnica bastanteespecializada e deve ser adotada somente porviveirista que esteja seguro do domnio de todas assuas etapas para a produo da muda, incluindo omanejo adequado dos matrizeiros; a coleta, aconservao e o preparo do material de propagao;a execuo da enxertia e parafinagem; o manuseioe controle dos enxertos durante e aps a foragem;e, o bom manejo das mudas no viveiro. Pode-sedizer que uma tcnica obrigatria para o mdioe grande viveirista que deseje atender s grandesdemandas anuais do mercado, onde, alm do preo, necessrio rapidez na execuo da enxertia(enxerto/homem/dia), produo da muda no prazomximo de 12 meses e ter padro de qualidadecompetitivo em relao muda importada.
Algumas vantagens que justificam empregar atcnica de enxertia de mesa em substituio tradicional enxertia de inverno no campo so:
- Na enxertia de mesa a muda fica pronta para sercomercializada em um ano, j na enxertia decampo so necessrios dois anos;
- Atravs da enxertia de mesa possvel se fazerde trs a cinco mil enxertos/homem/dia, enquantona enxertia de campo de 300 a 500 enxertos;
- A operao de enxertia de mesa pode ser realizada
sem interferncias climticas, enquanto na enxertia
de campo deve-se evitar perodos chuvosos ou de
sol direto muito intenso;
- Com a tcnica da enxertia de mesa h maiorfacilidade para produzir muda dentro dos padres
oficiais exigidos (soldadura, enraizamento, distncia
da insero das razes at o calo de enxertia),
enquanto na enxertia de campo se torna mais
difcil, pois a soldadura ocorre em ambiente natural
sem controle de temperatura e umidade, alm dos
enxertos ficarem mais expostos a contaminaes,
especialmente quando so cobertos com solo.
H, porm, desvantagens nesta tcnica que justificama opo do pequeno viveirista ou do viticultor em
continuar produzindo a muda pela tradicional enxertia
de campo, entre as quais:
- O custo de produo na enxertia de mesa se torna
mais elevado, principalmente na fase inicial, pela
necessidade de equipamentos como cmara
quente, cmara fria, mquina de enxertia, caixas
plsticas, e alguns insumos importados, como a
cera de enxertia, lminas para mquina, etc.;
- A pega da enxertia de mesa est entre 50% a
80%, enquanto na enxertia de campo, de modo
geral, fica acima de 90%.
Origem do material de propagao
O material de propagao, estaca do porta-enxerto
e gema da produtora (copa), deve ser obtido de
planta matriz com garantias de sanidade e deidentificao varietal e com manejo adequado
(adubao equilibrada, tratamentos fitossanitrios,
poda verde, produo de uva limitada) para produo
de ramos bem formados, amadurecidos e com
acmulo satisfatrio de reservas. Quando no se
dispe de matriz com sanidade comprovada
(certificada), do porta-enxerto quanto da copa, e,
como muito difcil selecionar plantas sadias no
campo, aconselha-se obter o material de propagao
(estacas e gemas) em viveirista ou entidades quedisponham de plantas matrizes de boa procedncia.
Na falta desta fonte, recomenda-se, especialmente
da copa, o acompanhamento por mais de um ciclo
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3Produo de mudas de videira (Vitis spp.) por enxertia de mesa
para evitar a perda de umidade (Fig. 1). Antes de
colocar o material na cmara fria, importante
proceder a sua hidratao, por imerso total ou em
p em gua, por um perodo de 24 horas. Estes
cuidados so importantes, pois se os ramos da
videira perderem gua em quantidade equivalentea at 20% do seu peso, ocorrero prejuzosconsiderveis nas etapas de formao da muda,
como a m soldadura dos enxertos, fraca emisso
de razes e morte da estaca ou do enxerto. O perodo
mximo de conservao recomendado para o
material de propagao de 90 dias, embora, se
necessrio, o perodo pode ser prolongado, fazendo-
se inspees mais seguidas para evitar perda da
qualidade do material, em especial, pela proliferao
de patgenos.
Detalhamento da tcnica de enxertia
de mesa
Preparo do material e enxertia. O porta-enxerto
cortado em estacas de 28 cm a 30 cm, sendo o
corte na base feito logo abaixo do n e, tambm,
so eliminadas todas as gemas da estaca. Os
enxertos so cortados com uma gema, deixando-
se pouco mais de 5 cm do entren abaixo da gema.O material assim preparado (Fig. 2) deve permanecer
em cmara fria e retirado aos poucos, conforme a
necessidade diria para enxertia. Antes da enxertiaas estacas e os enxertos devem ser reidratados,
submergindo-os em gua, por um perodo de 24
horas, e aps colocados na mesa ao alcance da
mo do enxertador, facilitando a escolha (dimetro)
do material no momento da enxertia.
A enxertia, normalmente, feita usando a mquinacom corte do tipo mega. A mquina fixada a
uma mesa e manejada com o p, por meio de um
pedal (Fig. 3). Numa primeira operao feito o
corte no enxerto que fica preso na lmina da
mquina e numa segunda operao feito o corte
no porta-enxerto e, simultaneamente, seu encaixe(unio) ao enxerto.
Proteo do enxerto com cera (parafinagem).
Conforme a enxertia vai sendo executada, os enxertosso mergulhados em cera quente (70C a 80C),cobrindo at abaixo do corte de unio do enxerto
(Fig. 4), para evitar o ressecamento e a penetrao
vegetativo e a marcao de plantas aparentementesadias para se retirar as gemas. importante que
as plantas selecionadas sejam adultas, com idademnima de 4 anos. Deve-se escolher plantas combom vigor, produtivas, com maturao uniforme da
uva e sem qualquer tipo de sintoma nas folhas,ramos e tronco. No site www.cnpuv.embrapa.br daEmbrapa Uva e Vinho, a Circular Tcnica n 50 trazinformaes mais detalhadas sobre a seleo de
plantas matrizes sem sintomas de doenas,especialmente de viroses.
Coleta e conservao do material
de propagao
A coleta das estacas do porta-enxerto e das gemasda produtora (copa) deve ser feita quando a plantaest em dormncia (sem folhas) e com os ramos
totalmente amadurecidos. Somente devem seraproveitados os ramos que vegetaram na ltimaestao de crescimento, ou seja, ramos do ano e,no caso da produtora, o ramo do ano deve terbrotado em ramo do ano anterior, ou seja, evitar osramos ladres originados do tronco ou de ramosvelhos, pois tm a tendncia de produzirem poucoscachos.
Aps a coleta, os ramos do porta-enxerto sotransportados para galpes onde so limpos ecortados em varas ou estacas de 28 a 30 cm, comdimetro de 7 a 12 mm, sendo, em seguida,enfeixados e identificados. Da mesma forma, osramos da cultivar produtora so podados epreparados em varas com 8 - 10 gemas, comdimetro de 6 a 12 mm, ou ainda, cortados no
tamanho adequado para enxertia, com apenas uma
gema e com 5 a 8 cm de comprimento.
De imediato, aps seu preparo, o material deve sercolocado em cmara fria com temperatura entre2C e 4C e umidade do ar acima de 95% para umaconservao adequada at o momento da enxertia,minimizando ao mximo as perdas de gua e desubstncias de reserva. Alm disso, a temperaturabaixa vai favorecer a quebra da dormncia, quando
no campo no ocorreu o nmero de horas de frio
necessrio. Se a cmara fria no dispuser de controlede umidade, para manter o ambiente com a umidaderecomendada, o material de propagao deve seracondicionado em plstico resistente e bem vedado,
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de agentes patognicos, especialmente de fungos
e de bactrias. De imediato, os enxertos so
mergulhados em gua para resfriamento. Para se
ter uma noo de consumo de cera nesta operao,
em mdia, necessrio em torno de 0,8 g por
enxerto.
A cera utilizada formulada especialmente para
enxertia, sendo a Rebwachs W.F., de origem alem,
uma das mais conhecidas. Esta cera contm um
regulador de crescimento (0,00175% de cido 2,5
dichlorobenzico) e um produto antifngico (0,1%
de oxiquinoleina), ambos importantes para a
formao do calo; o primeiro para favorecer a
multiplicao das clulas (calo) e o segundo para
proteger contra o ataque de podrido por fungo(Botrytis sp). Pode-se utilizar outros tipos de ceras
(mastiques) conhecidas e usadas em fruticultura no
Brasil, porm necessrio que tenham boa
elasticidade e no sofram ressecamento e rachadura
quando expostos ao sol no viveiro, de modo a
manter a proteo do enxerto por um perodo
prolongado. Mesmo assim, essas ceras alternativas
tm a desvantagem de no dispor, em sua
constituio, do regulador de crescimento e do
produto antifngico, a no ser que se prepare umaformulao com a incorporao desses produtos.
Foragem dos enxertos. Terminada a parafinagem,
os enxertos so colocados em caixas para serem
submetidos foragem em sala com aquecimento,
o que promove a soldadura dos enxertos ou a
formao do calo de enxertia. Para o acondi-
cionamento dos enxertos, a alternativa, ainda, muito
utilizada pelos viveiristas europeus, o emprego
de caixas de madeira ou de plstico, que sopreenchidas intercalando-se com uma camada de
serragem umidecida, ou outro substrato inerte, e
uma camada de enxertos (Fig. 5), at o completo
preenchimento da caixa. No fundo da caixa e sobre
os enxertos, colocar, tambm, uma camada de
serragem. Deve-se tomar o cuidado ao acomodar
os enxertos nas caixas de modo que a regio da
enxertia permanea num mesmo nvel, para facilitar
as observaes de formao do calo de soldadura
dos enxertos durante a foragem.
Mais recentemente a utilizao de caixas com
serragem tem sido substituda por caixas plsticas
vedadas, com uma camada dgua no fundo. Neste
caso, o preenchimento feito com a caixa inclinada
(Fig 4) e os enxertos so colocados, bem juntos,
at o seu completo preenchimento (Fig. 6). Aps,
a caixa vedada com plstico preto e estocada em
cmara fria (Fig. 7) at o momento de ser submetida foragem. Quando o nmero de caixas cheias for
suficiente para preencher a sala de foragem,
transportam-se as caixas da cmara fria e, d-se
incio foragem. A sala de foragem deve ser
mantida no escuro e com temperatura inicial, no
primeiro e segundo dia, em torno de 25C. A partir
do terceiro dia, eleva-se a temperatura para 28C
a 30C e adiciona-se gua no fundo da caixa, num
nvel de 3 cm a 5 cm de altura, para manter a
umidade relativa, ao nvel dos enxertos. Para cadalitro de gua colocado na caixa, deve-se adicionar
2 mL a 3 mL de gua sanitria (2,5% de hipoclorito
de sdio), para evitar a deteriorao da gua e,
tambm, 40 mg de sulfato de cobre, para inibir a
formao de razes no porta-enxerto. A vedao
individual da abertura de cada caixa com cobertura
de plstico preto importante para manter a umidade
relativa dentro da caixa, de preferncia, acima de
90%. O plstico deve ser retirado quando, na maioria
das caixas, os enxertos j apresentam boa soldadura.At se completar o perodo de foragem, o plstico
deve ficar solto em cima das caixas para manter o
ambiente mido.
As principais vantagens da foragem na gua so:
maior praticidade e rapidez no preenchimento das
caixas, evita-se o manuseio com fungicida para
tratamento da serragem; acomoda-se cerca de 30%
mais de enxertos por caixa; menor custo de produo;
reduz a emisso das razes no porta-enxerto; e,diminui a formao excessiva do calo.
No Brasil, os viveiristas que esto utilizando o mtodo
de enxertia de mesa na produo de mudas de
videira tm optado, em sua maioria, pela foragem
dos enxertos na gua.
O perodo de foragem tem uma durao mdia
de 20 dias, embora possa variar em alguns dias
em funo da cultivar produtora, do porta-enxertoe regularidade do aquecimento na sala de foragem
e, ainda, pela condio nutricional e de
amadurecimento fisiolgico do material de
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propagao utilizado. Por isso, deve-se fazer
observaes dirias (Fig. 8) para acompanhar o
andamento da formao do calo e para o controle
da podrido cinzenta (Botrytis sp), caso aparea
nos enxertos. O momento de retirada de cada caixa
da sala de foragem est muito relacionado coma vivncia e prtica do viveirista ou da pessoa que
faz esse controle. O ideal que a maioria dos
enxertos da caixa estejam com o calo de soldadura
abrangendo todo o contorno do enxerto (Fig. 9),
evitando, porm, um crescimento excessivo do calo,
o que resultar em m cicatrizao da muda, alm
de consumir, desnecessariamente, reservas de
nutrientes da estaca, necessrias para o desenvol-
vimento inicial da muda no viveiro, antes da emisso
das razes.
Antes da retirada da sala de foragem, as caixas
devem permanecer na sala por mais um dia, sem
acobertura plstica e com iluminao para adaptao
e enrijecimento do calo de enxertia. Aps as caixas
so transportadas para um galpo, trocada a gua
e deixada por 3 a 4 dias para aclimatao, em
temperatura ambiente.
Uso de promotores de enraizamento. Quandose deseja utilizar produtos promotores de
enraizamento, deve-se aproveitar o tempo que as
mudas ficam em aclimatao nas caixas para aplicar
o tratamento. No momento da troca da gua das
caixas se adiciona o produto na concentrao
desejada. Um dos produtos utilizados com maior
freqncia o cido Indolbutrico (AIB) na
concentrao de 150 ppm, por 48 horas, ou 1.500
ppm, por 30 segundos. No preparo da soluo, o
AIB dissolvido, separadamente, em lcool (etlico,metlico) numa proporo, aproximada, de 100 mg
do produto para 20 mL de lcool. Aps, bem
homogeneizado, completa-se com gua o volume
total da soluo. A quantidade da soluo a ser
colocada na caixa, no momento do tratamento, deve
ser suficiente para deixar a base dos enxertos
imersos de 2 cm a 3 cm. Tomar cuidado para
escorrer bem a gua das caixas onde esto os
enxertos, antes de colocar a soluo, para no
alterar a concentrao do AIB.
Reparafinagem. Terminado o tempo de aclimatao
e o tratamento com AIB, os enxertos devem ser
retirados das caixas e selecionados, aproveitando
somente os enxertos com o calo da enxertia bem
formado. Neste momento tambm se faz o desponte
dos brotos do enxerto e eliminam-se as razes que
cresceram no porta-enxerto.
Aps a seleo e o descarte dos enxertos mal
formados, os demais so submetidos a uma segunda
parafinagem com cera pura (sem o hormnio e o
produto antifngico), aquecida a 80C - 85C, para
proteg-los contra o ressecamento aps o plantio
no campo (Fig. 10). Nessa parafinagem, a cera deve
proteger o enxerto e a parte do porta-enxerto que
fica acima do solo, aps o plantio. Em seguida ao
banho de cera quente, os enxertos so mergulhados
na gua para resfriar. O consumo de cera nessaparafinagem fica em torno de 1,5 g por enxerto.
Plantio dos enxertos no viveiro
Os enxertos preparados por enxertia de mesa,
normalmente, so plantados em viveiro no campo.
Entretanto, pode-se optar pelo plantio em vasos,
sacos plsticos ou outros recipientes, permitindo,
assim, que as mudas sejam desenvolvidas em
estufas. Embora esta opo seja mais dispendiosa,principalmente quanto ao transporte da muda,
alguns viveiristas se utilizam deste sistema para
atenderem determinados nichos de mercado fora
da poca de plantio de mudas de raiz nua e, em
particular, porque as mudas podem ser fornecidas
no mesmo ano da enxertia (Fig. 11).
Escolha da rea para o viveiro. O local ideal
para a implantao do viveiro deve ser em regio
com temperatura do ar em torno de 25C, comumidade relativa do ar elevada e que no esteja
sujeita a ocorrncias freqentes de ventos fortes.
Preferencialmente escolher reas planas ou
levemente inclinadas, nunca cultivada com videira,
ou pelo menos no decorrer dos ltimos 12 anos.
Alm disso, o viveiro deve ficar a uma distncia,
mnima, de 50 m de outros vinhedos e, se possvel,
localizado na parte mais alta do terreno, de modo
a evitar receber gua de escorrimento que podetrazer pragas e doenas.
indispensvel que a rea escolhida esteja prxima
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de fonte de gua para irrigao das mudas,
especialmente em regies sujeitas a estiagens,
ventos e baixa umidade relativa do ar, fatores que
favorecem a desidratao dos enxertos.
Em relao ao tipo de solo, prefervel os solosarenosos; bem drenados; com profundidade sufi-
ciente para o crescimento de razes bem formadas
(sem enovelamento); e, que tenha boa disponibilidade
de matria orgnica.
Tambm necessrio se conhecer o histrico do
solo com relao a plantios anteriores, excluindo
as reas que eventualmente j tiveram focos de
pragas, especialmente, a prola-da-terra
(Eurhizococcus brasiliensis) e de fungos de solo,como Armillaria mellea, Rosellinea necatrix,
Phythophtora cinnamomi, Cylindrocarpon destructans
e Fusarium oxisporiumf. sp. herbemontis.
Outro cuidado importante no utilizar o mesmo
solo, sucessivamente, devendo-se deix-lo em
repouso ou com culturas anuais, por trs anos,
antes de reutiliz-lo novamente como viveiro.
Preparo do solo e plantio dos enxertos. Casoa rea esteja muito infestada com ervas daninhas,
conveniente fazer uma aplicao de herbicida ou
roada e limpeza e, aps, subsolar, arar e gradear.
Retirar amostras do solo e encaminhar para anlise.
Diante do resultado da anlise, se necessrio, fazer
a correo do pH e a adubao recomendada.
O solo tem que ficar bem preparado (solto), de
modo a facilitar as demais operaes para
implantao do viveiro e o desenvolvimento das
mudas.
Aps, com a encanteiradeira (rotativa) preparar
canteiros com altura aproximada de 15 cm,
distanciados 50 cm uns dos outros (Fig. 12). A
largura dos canteiros deve ser em torno de 1 m,
suficiente para se colocar duas fileiras de enxertos,
distanciadas 30 cm. Em seguida, deve-se cobrir os
canteiros com plstico preto, mantendo as bordas
do plstico cobertas com terra para evitar a suaretirada pelo vento. Aps colocado, o plstico deve
ser perfurado, no espaamento de plantio, de
preferncia nas primeiras horas da manh quando
o plstico ainda est bem esticado. A perfurao
pode ser manual, utilizando um suporte com duas
fileiras de dentes (pinos de ferro ou madeira), fixa-
dos no espaamento do plantio (Fig. 13). Outro
modo que facilita e reduz muito o tempo de
colocao do plstico a utilizao de uma mquinaespecfica para este fim que vai acoplada ao trator
e que, numa nica operao, coloca o plstico, tapa
as bordas com terra e perfura no espaamento que
os enxertos devem ser plantados (Fig. 14). Deve-se
ter o cuidado de cobrir o canteiro com o plstico
somente quando o solo esteja com boa umidade,
o que fundamental para que ocorra bom
enraizamento dos enxertos.
O plantio dos enxertos deve ser feito com o plsticoj perfurado, nunca aproveitar o prprio enxerto
como ferramenta para fazer o furo no plstico na
hora de plantar, pois a parte do plstico corres-
pondente ao furo pode ficar aderida base da esta-
ca, dificultando ou impedindo o enraizamento.
No plantio do enxerto, o espaamento na linha deve
ser em torno de 5 cm (20 enxertos por metro
linear) e numa profundidade de, aproximadamente,
metade a dois teros do comprimento do enxerto.
Manejo das mudas no viveiro
Irrigao. Terminado o plantio dos enxertos, se a
regio sujeita estiagem e a umidade do ar
baixa, deve-se fazer irrigao por asperso nos
primeiros 3 a 5 dias (Fig. 15) para manter a umidade
do ar alta, evitando a desidratao dos enxertos.
Alm disso, a irrigao por asperso favorece a
compactao do solo em torno dos enxertos,
facilitando o enraizamento. No caso de no se dispor
de um sistema de irrigao por asperso, fazer a
irrigao manual com mangueira (Fig. 16). Passado
esse perodo inicial de adaptao dos enxertos no
viveiro, deve-se optar pela irrigao por gotejamento
com a colocao da mangueira abaixo da lona
plstica no canteiro. No gotejamento, h uma
considervel economia no consumo de gua e
permite a adubao das mudas via fertirrigao,alm de evitar molhar a parte area da muda (folhas),
reduzindo o aparecimento de doenas, especialmente
do mldio (Plasmopara viticola).
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Tratamentos fitossanitrios. Alm das pragas e
doenas j mencionadas, que, obrigatoriamente,
devem estar excludas no momento da escolha da
rea para a implantao do viveiro e as viroses,
cujo controle somente pode ser feito com o emprego
de material de propagao sadio, existem algumasdoenas e pragas de ocorrncia comum e que
precisam ser controladas no decorrer do
desenvolvimento das mudas. Entre as pragas, embora
possam ocorrer cochonilhas, pulges e caros, que
devem ser controladas, a maior preocupao com
as formigas cortadeiras. Deve-se manter o local
roado, inclusive a redondeza, e fazer observaes
freqentes visando controlar esta praga que pode,
numa nica noite, devastar grande parte da rea
folhar de muitas mudas.
Em relao s doenas, a maior preocupao
com a antracnose (varola, carvo, olho de
passarinho), causada pelo fungo Elsinoe ampelina,
e o mldio (mufa, peronospora) causada pelo fungo
Plasmopara viticola, especialmente na primavera e
parte do vero, quando a incidncia desses fungos
pode ser intensa. Devem-se fazer observaes dirias
quando as condies climticas so favorveis e,aplicar os tratamentos com fungicidas aos primeiros
sinais destas doenas. No caso da antracnose, os
primeiros sintomas so pequenas manchas castanho-
escuras nas folhas, que evoluem para necrose e
perfurao da folha; as condies climticas
favorveis para a antracnose so de temperaturas
amenas associadas umidade alta (precipitao,
nevoeiro, neblina), o que comum no Sul do Brasil,
especialmente na primavera. Quanto ao mldio,
recomendvel aplicar fungicidas quando aparecemas primeiras manchas nas folhas, mancha-de-leo
(verde-clara) na face superior, que evolui para a
ocorrncia na face inferior do tecido afetado, de
uma penugem branca (frutificao do fungo); a
infeco do mldio favorecida pela ocorrncia de
temperaturas em elevao (acima de 20C)
associadas umidade alta que resulte na formao
de gua livre na superfcie das folhas. Na dvida,
quanto identificao de pragas e doenas ou na
definio dos defensivos a aplicar, procurar a
orientao de agrnomos e da assistncia tcnica
mais prxima.
Desponte das mudas. Outra prtica que deve ser
conduzida regularmente o desponte das mudas,
cortando a ponta dos brotos, sempre que as mudas
atingirem em torno de 60 cm de altura. Essa prtica
provoca o engrossamento dos ramos e evita o
acamamento, melhorando a ventilao entre asmudas, alm disso facilita e melhora a eficcia dos
tratamentos fitossanitrios (Fig. 17).
Arranquio e seleo da muda. As mudas devem
permanecer no viveiro at o total amadurecimento
dos ramos (lignificao), quando, ento, esto aptas
para serem arrancadas. O arranquio das mudas
pode ser manual com enxado, porm demanda
muita mo-de-obra e se torna demorado. Existe
implemento confeccionado especialmente para este
fim, que vai acoplada tomada de fora do trator
(Fig. 18) e funciona muito bem em solos leves,
menos argilosos e sem excesso de umidade. Nos
solos mais pesados, especialmente quando midos,
a mecanizao torna-se pouco eficiente. Existem
outras alternativas de implementos de fabricao
caseira, que so puxados por um trator e funcionam
relativamente bem. As mudas, aps arrancadas,
so transportadas para um galpo onde soselecionadas e o sistema radicular lavado. Devem
ser aproveitadas as mudas que apresentam soldadura
uniforme em toda circunferncia do enxerto; ramo
principal bem desenvolvido e, principalmente, com
sistema radicular bem formado (Fig . 19).
Preparo da muda para comercializao
As mudas devem ser preparadas pelo viveirista
antes da comercializao. As razes devem estar
limpas (lavadas) podendo ser podadas a 10 cm
de comprimento ou deixadas intactas e o ramo
principal podado para ficar apenas duas gemas.
Se o viticultor adquiriu uma muda sem estar podada,
como descrito anteriormente, no momento do plantio
no local definitivo, esta muda dever ser podada,
deixando as razes com 10 cm e a haste principal
com apenas duas gemas (Fig. 20).
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Fig. 1. Conservao de material vegetativo em cmara friasem controle de umidade em pacote ou caixa, vedado comfilme plstico (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 2. Tamanho da estaca do porta-enxerto (direita) e dogarfo da copa (esquerda) para enxertia de mesa (Foto:Gilmar B. Kuhn).
Fig. 3. Mquina de enxertia tipo mega mostrando aprimeira operao da enxertia: colocao do garfo (enxerto)
para o corte (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 4. Banho de cera aps a operao de enxertia (Foto:Andriano Mazzarolo).
Fig. 5. Foragem dos enxertos em caixas com serragem;Acondicionamento dos enxertos em camadas na caixa(esquerda) e caixa cheia (direita) (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 6. Foragem dos enxertos em caixa plstica com guano fundo. Acondicionamento dos enxertos na caixa (Foto:Adriano Mazzarolo).
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9Produo de mudas de videira (Vitis spp.) por enxertia de mesa
Fig. 7. Conservao em cmara fria das caixas com enxertos,aguardando o momento da foragem na cmara quente
(Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 8. Enxertos na cmara quente. Retirada do plsticopara obervar a formao do calo durante a foragem (Foto:Gilmar B. Kuhn).
Fig. 9. Trmino da foragem na cmara quente. Enxertosmostrando o calo formado no local dos cortes da enxertia(Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 10. Enxerto plantado no viveiro. Toda a parte expostaao sol deve ficar protegida pela cera (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 11. Plantio do enxerto em saco plstico sob estufacom cobertura plstica (Foto: Gilmar B. Kuhn).
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Fig. 12. Preparo dos canteiros.A - Detalhe dalateral da encanteiradeira (Foto: Gilmar B. Kuhn).
A
Fig. 13. Perfurao manual da lona plstica: Uso de suportede madeira com pinos colocados de acordo com oespaamento do plantio nas duas filas do canteiro (Foto:Adriano Mazzarolo).
Fig. 14. Colocao do plstico no canteiro. Mquina acopladaao trator que estende, tapa as bordas e perfura o plsticonuma nica operao (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 15. Irrigao do viveiro por asperso (Foto: Murillo A.Regina).
Fig. 16. Irrigao do viveiro de modo manual (Foto: AdrianoMazzarolo).
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Fig. 17. Mudas no viveiro mantidas despontadas a umaaltura de 50 - 60 cm.A - Detalhe do canteiro (Foto: GilmarB. Kuhn).
A AA
Fig. 18. Mquina para arrancar mudas no viveiro.A - Detalheda mquina vista de frente (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 19. Mudas mostrando o sistema radicular lavado ebem formado (Foto: Gilmar B. Kuhn).
Fig. 20. Mudas preparadas para o plantio. Ramo podado,deixando-se apenas duas gemas e razes com 10 cm decomprimento (Foto: Gilmar B. Kuhn).
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Circular
Tcnica, 74
Exemplares desta edio podem ser adquiridos na:Embrapa Uva e Vinho
Rua Livramento, 515 - C. Postal 13095700-000 Bento Gonalves , RSFone: (0xx)54 3455-8000
Fax: (0xx)54 3451-2792http://www.cnpuv.embrapa.br
1 edio
1 impresso (2007): 2.000 exemplares
Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento
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Expediente
Presidente:Lucas da Ressurreio GarridoSecretria-Executiva:Sandra de Souza SebbenMembros:Jair Costa Nachtigal, Ktia Midori
Hiwatashi, Osmar Nickel, Viviane Maria
Zanella Bello Fialho
Normatizao Bibliogrfica:Ktia MidoriHiwatashi
CGPE 6249
Apoio:
GOVERNO FEDERAL