produtividade e qualidade de uva vinÍfera com … · ... rendimento e na composição da uva de...
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ANA KAROLINA TEIXEIRA FERREIRA
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE UVA VINÍFERA COM
CULTIVO INTERCALAR DE PLANTAS DE COBERTURA DO
SOLO
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre
no Curso de Pós-graduação em Ciência do
Solo da Universidade do Estado de Santa
Catarina - UDESC.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Cezar Cassol
Coorientador: Prof. Dr. Paulo Roberto
Ernani
Coorientador: Prof. Dr. Álvaro Luiz Mafra
Coorientador: Dr. Gilberto Nava
LAGES, SC
2014
F383p
Ferreira, Ana Karolina Teixeira
Produtividade e qualidade de uva vinífera com
cultivo intercalar de plantas de cobertura do solo /
Ana Karolina Teixeira Ferreira. – Lages, 2014.
65 p.: il.; 21 cm
Orientador: Paulo Cezar Cassol
Coorientador: Paulo Roberto Ernani
Coorientador: Álvaro Luiz Mafra
Coorientador: Gilberto Nava
Bibliografia: p. 57-64
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de
Santa Catarina, Centro de Ciências
Agroveterinárias, Programa de Pós-Graduação em
Ciência do Solo, Lages, 2014.
1. Videira. 2. Adubo verde. 3. Cabernet
Sauvignon.
I. Ferreira, Ana Karolina Teixeira. II. Cassol,
Paulo Cezar. III. Universidade do Estado de Santa
Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciência do
Solo. IV. Título
CDD: 634.8 – 20.ed.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial do
CAV/ UDESC
ANA KAROLINA TEIXEIRA FERREIRA
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE UVA VINÍFERA COM
CULTIVO INTERCALAR DE PLANTAS DE COBERTURA DO
SOLO
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre no Curso de Pós-Graduação em Ciência do Solo da
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.
Banca Examinadora:
Orientador: ________________________________________
Prof. Dr. Paulo Cezar Cassol
Universidade do Estado de Santa Catarina
Coorientador: ________________________________________
Prof. Dr. ÁlvaroLuiz Mafra
Universidade do Estado de Santa Catarina
Membro: _________________________________________
Dr. Jovani Zalamena
Embrapa Uva e Vinho
Lages-SC, 08 de agosto de 2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à toda família UDESC Lages
por terem me acolhido com tanto carinho e me proporcionado
muito aprendizado nessa caminhada do mestrado.
Aos meus pais, Alaide e Luiz Arno Ferreira e meu
irmão Luiz Felipe Ferreira, por acreditarem em mim e sempre
me apoiarem em quaisquer circunstâncias, por me darem força
e me mostrarem o caminho certo. Amo vocês!
À toda minha família que sempre me ajudou no que
lhes era possível, em especial aos meus tios Cleofas Ferreira,
Cleonir Velho e minha prima Júlia Ferreira por serem minha
segunda família todos os momentos em que eu estive em
Lages, independente de qualquer coisa.
Aos meus amigos de Dourados Marina Rubin, Gisele
Fujii, João Carpes e Joyce Cardoso por nunca me deixarem
sozinha mesmo que fosse por intermináveis mensagens pelo
celular, alegrando meus dias.
Aos meus amigos de Lages também, por sempre me
mostrarem o melhor do Sul do país com suas belezas naturais,
culinária e o delicioso chimarrão. Obrigada!
Ao meu querido orientador Paulo Cezar Cassol,
principalmente, agradeço pela paciência, orientação, dedicação
e persistência. Um grande homem que levarei como exemplo e
amigo pela minha caminhada que continua após meus dias com
a família UDESC.
Ao pessoal do laboratório NUTA, especialmente os
colegas Ricardo e Zé, os quais me ajudaram com as análises
sempre que precisei.
Ao professor Álvaro Luiz Mafra e ao Jovani Zalamena
por participarem da banca examinadora, momento esse tão
importante para mim.
À vinícola Suzin e todos os envolvidos nela, por nos
permitirem desenvolver o trabalho em sua área e sempre nos
tratar de maneira tão carinhosa e atenciosa.
À CAPES pelo auxilio financeiro em todo período do
mestrado.
Aos amigos e irmãos de pesquisa que me ajudaram nas
analises de laboratório, idas ao experimento e longos dias de
estudos Kristiana Fiorentin, Carmem Thayse de Freitas Alves,
Walter Santos Borges Júnior, Jonas Panisson e Duane
Lehmann.
A todos os motoristas, que sempre alegravam minhas
idas ao campo e sempre que necessário me ajudavam no que
fosse preciso.
Ao pessoal da secretária, Leandro Hoffman, Ederson
Padilha e Fabiane Zulianello por sempre terem paciência e
contribuírem da melhor forma.
E principalmente a Deus, obrigada pela vida, obrigada
pela saúde, obrigada por sempre mostrar a luz e guiar meus
dias.
"Uma mágoa não é motivo para outra
mágoa. Uma lágrima não é motivo
para outra lágrima. Uma dor não é
motivo para outra dor. Só o riso, o
amor e o prazer merecem revanche. O
resto mais que perda de tempo, é perda
de VIDA!"
Chico Xavier
RESUMO
FERREIRA, Ana Karolina Teixeira. Produtividade e
qualidade de uva vinífera com cultivo intercalar de plantas
de cobertura do solo. 2014. 65 f. Dissertação de Mestrado em
Ciência do Solo. Área: Fertilidade e Química do solo.
Universidade do Estado de Santa Catarina – Centro de Ciências
Agroveterinárias, Lages, 2014.
A vitivinicultura na serra catarinense é favorecida pelo clima
que permite a colheita tardia, em relação às regiões
tradicionalmente produtoras no Brasil. Entretanto, a alta
disponibilidade de nitrogênio do solo, aliada ao uso do porta
enxerto P-1103 geralmente promovem vigor excessivo nas
videiras, o que favorece a incidência de doenças e diminui a
qualidade da uva. O objetivo desse trabalho foi avaliar a
influência de plantas de cobertura e seu manejo, no estado
nutricional, crescimento vegetativo, rendimento e na
composição da uva de videira Cabernet Sauvignon em solos de
altitude do sul do Brasil. O trabalho foi desenvolvido no
município de São Joaquim-SC em Cambissolo Húmico
Distrófico em altitude em tono de 1130m. Foram aplicados
cinco tratamentos, sendo um Testemunha, onde as plantas
espontâneas foram controladas por herbicida na linha e por
roçada na entrelinha; uma sucessão de espécies anuais, trigo
mourisco (Fagopyrum esculentum) e aveia branca (Avena
sativa); uma espécie perene, festuca (Festuca arundinacea); e
dois manejos, caracterizados por roçada com e sem
transferência do resíduo cultural da linha para a entrelinha. O
experimento foi iniciado em janeiro de 2009, quando as
videiras estavam com seis anos de idade e as avaliações foram
realizadas nas safras 2011-12 e 2012-13. Tanto a sucessão de
plantas anuais, quanto a perene festuca, diminuem o teor de
potássio, sendo que essa também diminui o teor de magnésio
nas folhas da videira, porém não afetam os seus teores de
fósforo, cálcio e boro. A sucessão de plantas anuais em geral
não interfere no vigor, nem no rendimento de uva, entretanto, a
festuca diminui o teor de nitrogênio foliar e o vigor vegetativo
da videira e pode também diminuir o rendimento de uva. A
sucessão de espécies anuais e a festuca em geral aumentam os
teores de sólidos solúveis da uva. Porém, os tratamentos não
afetaram de modo consistente o conteúdo de acidez titulável do
mosto, embora na segunda safra ambas as plantas diminuíram o
seu pH. A festuca aumentou o teor de antocianinas e as plantas
anuais diminuíram o teor de polifenóis do mosto na primeira
safra, porém, a festuca em ambos os manejos e as plantas
anuais sem a transferência aumentaram o teor desse
componente na segunda safra. O manejo das plantas de
cobertura do solo, com ou sem a transferência dos resíduos
culturais da linha à entrelinha, em geral não influencia no vigor
da videira, no rendimento de uva e pão pouco nas
características do seu mosto.
Palavras-chave: Videira. Adubo verde. Cabernet Sauvignon.
ABSTRACT
FERREIRA, Ana Karolina Teixeira. Yield and quality of
grape in vineyard intercropping with cover plants. 2014. 65
f. Dissertation in Soil Science. Area: Chemistry and soil
fertility. University of the State of Santa Catarina -
Agroveterinárias Sciences Center, Lages, 2014.
The viniculture in Santa Catarina highlands is characterized by
late harvest, compared to traditional Brazilian wine regions.
However, the high availability of soil nitrogen coupled with the
use of rootstock P-1103 generally promote excessive growth on
the vines, which favors the incidence of diseases and decreases
the grape quality. This study aimed to evaluate the effect of
intercropping vines with different green cover crops on the
nutritional status, vegetative vigor, yield and grape
characteristics of the vine. The experiment was carried out in
São Joaquim-SC in a place about 1130 m above sea level in a
vineyard of Cabernet Sauvignon. The treatments were a
control, where the weeds were been controlled by chemical
drying in the row and cutting in inter rows of vines, a
succession of annual species, oats (Avena sativa) and
buckwheat (Fagopyrum esculentum), a perennial specie
(Festuca arundinacea) and two management characterized by
cutting with or without transfer the crop residue from the row
to the inter rows. The experiment started in January 2009 when
the vines were six year old and the evaluations were performed
in 2011-12 and 2012-13 seasons. Both the succession of annual
plants, as the perennial decreases the potassium content in vine
leaves, and the last also reduces its magnesium content, but did
not affect its content of phosphorus, calcium and boron. The
succession of annual species generally do not interfere in the
vigor of the vine, neither in their grape yield, however, the
perennial fescue decreases the nitrogen content and the vigor of
the vine and can decrease the grape yield. The annual species
and the fescue generally increase the levels of total soluble
solids of the grape. However, the treatments did not affected
consistently the total acidity, but in the second season both
plants decreased, the pH of the grape must. The fescue
increased the anthocyanin content and annuals decreased the
polyphenol content of the must in the first season, however, the
fescue in both managements and annual plants without transfer
increased the content of this component in the second season.
The management of green cover crops with or without the
transfer of its residues from the row to the inter rows spacing in
general does not influence both the vines vigor and the yield
and characteristics of the grape.
Key-words: Grapevine. Green manure. Cabernet Sauvignon.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Sólidos solúveis (SS), pH e acidez titulável (AT) do
mosto de uva Cabernet Sauvignon, coletada em
plena maturação de videiras sob cultivo intercalar
com plantas de cobertura do solo submetidas à
roçada e manejo com e sem transferência de
resíduos culturais em duas safras em Cambissolo
Húmico Distrófico em São Joaquim - SC.............34
Tabela 2 - Teores de polifenóis e antocianinas do mosto de uva
Cabernet Sauvignon, coletada em plena maturação
de videiras sob cultivo intercalar com plantas de
cobertura do solo submetidas à roçada e manejo
com e sem transferência de resíduos culturais em
duas safras em Cambissolo Húmico Distrófico em
São Joaquim - SC...................................................36
Tabela 3 - Componentes de rendimento de uva em videira
Cabernet Sauvignon sob cultivo intercalar com
plantas de cobertura do solo submetidas à roçada e
manejo sem e com a transferência dos resíduos
culturais em duas safras em Cambissolo Húmico
Distrófico em São Joaquim – SC..........................47
Tabela 4 - Teor de nutrientes no tecido foliar de videira
Cabernet Sauvignon em cultivo intercalar com
plantas de cobertura do solo submetidas à roçada e
manejo sem e com a transferência dos resíduos
culturais em duas safras estudadas em Cambissolo
Húmico Distrófico em São Joaquim – SC............53
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................ 23 2 CAPÍTULO I – QUALIDADE DE UVA VINÍFERA
SOBCULTIVO INTERCALAR DE PLANTAS DE
COBERTURA DO SOLO ........................................... 25
2.1 RESUMO ....................................................................... 25
2.2 ABSTRACT ................................................................... 26
2.3 INTRODUÇÃO ............................................................. 27
2.4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................... 29
2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................... 32
2.6 CONCLUSÃO ............................................................... 37
3 CAPÍTULO II – ESTADO NUTRICONAL, VIGOR E
PRODUTIVIDADE DE VIDEIRA Cabernet
Sauvignon SOB CULTIVO INTERCALAR COM
PLANTAS DE COBERTURA VERDE EM SOLOS
DE ALTITUDE ............................................................ 38
3.1 RESUMO ....................................................................... 38
3.2 ABSTRACT ................................................................... 39
3.3 INTRODUÇÃO ............................................................. 40
3.4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................... 42
3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................... 44
3.5.1 Componentes do rendimento da uva .......................... 44
3.5.2 Estado nutricional da videira ...................................... 49
3.6 CONCLUSÃO ............................................................... 55
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................... 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................ 57
APÊNDICE ............................................................................ 65
23
1 INTRODUÇÃO GERAL
As áreas destinadas à viticultura no Brasil ocupam uma
extensão de aproximadamente 82.500 hectares, em regiões
desde o extremo Sul do país, até regiões próximas a linha do
Equador, sendo que o destino da produção é designado a
obtenção de uma diversidade de produtos finais, tais como a
utilização das uvas para consumo in natura (uvas de mesa) e
processamento (vinhos, sucos e derivados). A produção média
destes frutos no ano de 2012 foi de 1.400 toneladas, dos quais
foram destinados 624,82 toneladas (42,93%) ao consumo in
natura e 830,92 toneladas (57,07%) ao processamento (IBGE,
2012), podendo-se destacar neste último, que a produção final
das uvas, é destinada a elaboração de vinhos de mesa e vinhos
finos (EMBRAPA, 2013).
Em Santa Catarina, a produção de uvas está distribuída
geograficamente em praticamente todo o território. No ano de
2012 a área total cultivada com viticultura foi de
aproximadamente 5.176 hectares, mostrando um aumento de
3,37% quando comparada ao ano de 2011 (IBGE, 2012). A
maior parte da produção total tem como finalidade a
elaboração de vinhos. Segundo dados da Superintendência
Federal da Agricultura do Estado foram produzidos 21,18
milhões de litros de vinhos em 2012, sendo que 96,6% são
destinados a produção de vinhos de mesa e 3,4% a vinhos
finos. Os vinhos denominados finos são assim chamados por
serem derivados de cultivares Vitis vinifera (ZALAMENA,
2012).
A viticultura voltada à elaboração de vinhos finos vem
se consolidando como atividade econômica promissora na
região da Serra Catarinense. No município de São Joaquim o
clima mostra-se favorável ao desenvolvimento de algumas
dessas cultivares, como é o caso da variedade Cabernet
Sauvignon, que apresenta características valorizadas no
mercado. Neste local, a temperatura média do ar é inferior as
24
temperaturas de regiões tradicionalmente produtoras de vinhos
finos, especialmente no período noturno.
Os solos da região de São Joaquim são, normalmente,
pobres em fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio
(Mg), entretanto apresentam elevados teores de matéria
orgânica (MO), alta acidez potencial e elevados índices de
alumínio trocável. Com a implantação das mudas de videiras
no início do cultivo, realiza-se a prática da calagem, com altas
doses, visando aumentar o pH do solo em aproximadamente
6,0, para melhorar as condições do solo para o
desenvolvimento da cultura, além de disponibilizar nutrientes
como o Ca e o Mg no solo, estimula a atividade microbiana no
mesmo. Os elevados teores de MO desses solos aliados a
aceleração da atividade microbiana resultam na decomposição
e mineralização da MO tendo como consequência uma alta
quantidade de nitrogênio (N) prontamente disponível para as
plantas.
A demanda por N pela videira é muito elevada,
entretanto, quando esse nutriente está em excesso a competição
entre a atividade vegetativa e a atividade reprodutiva é
estimulada e a primeira é predominante sobre a segunda. Desta
forma, haverá excesso de crescimento vegetativo e/ou excesso
de vigor das plantas que trarão conseqüências desfavoráveis ao
ciclo da videira, assim como aumento dos manejos
fitossanitários, retardo da colheita, competição por nutrientes,
sombreamento sobre os cachos, dentre outros problemas que
refletirão em prejuízos na qualidade final das uvas.
O cultivo intercalar de plantas de cobertura do solo
pode evitar o excesso de vigor em videiras, tendo em vista que
essas plantas competirão com a videira por nutrientes e água,
presentes no solo, reduzindo seu crescimento. Como
consequência dessa prática, a uva pode adquirir melhor
qualidade, sem mencionar as outras melhorias, já conhecidas,
que as plantas de cobertura proporcionam ao solo.
25
Deste modo, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar a influência do cultivo intercalar e do manejo de plantas
de cobertura na produção de uva, composição do mosto, vigor
e no estado nutricional da videira Cabernet Sauvignon em
região de altitudes elevadas na Serra Catarinense.
2 CAPÍTULO I – QUALIDADE DE UVA VINÍFERA
SOBCULTIVO INTERCALAR DE PLANTAS DE
COBERTURA DO SOLO
2.1 RESUMO
O vigor excessivo das videiras que é comumente observado na
região Serrana de Santa Catarina pode gerar problemas de
sanidade e qualidade da uva e do vinho. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a influência do cultivo intercalar com
plantas de cobertura verde submetidas a diferentes manejos, na
composição das uvas em plena maturação. A condução do
trabalho ocorreu a partir de 2009 no município de São
Joaquim, a 1130 m de altitude, sendo avaliadas as safras 2011-
12 e 2012-13, em vinhedo da cultivar Cabernet Sauvignon,
sobre o porta enxerto Paulsen 1103, implantado no ano 2002.
As parcelas consistiam de cinco tratamentos, sendo um
Testemunha no qual se controlava as plantas espontâneas por
roçada nas entrelinhas e dessecação nas linhas, uma espécie
perene festuca (Festuca arundinacea) e a sucessão de espécies
anuais aveia branca (Avena sativa) – trigo mourisco
(Fagopyrum esculentum). Nas plantas de cobertura foram ainda
testados dois diferentes manejos (com e sem transferência dos
resíduos culturais da linha para entrelinha da videira). A
sucessão de plantas anuais em geral não interfere no vigor, nem
no rendimento de uva, entretanto, a festuca diminui o teor de
nitrogênio foliar e o vigor vegetativo da videira e pode também
diminuir o rendimento de uva. A sucessão de espécies anuais e
a festuca em geral aumentam os teores de sólidos solúveis da
26
uva. Porém, os tratamentos não afetaram de modo consistente o
conteúdo de acidez titulável do mosto, embora na segunda
safra ambas as plantas diminuíram o seu pH. A festuca
aumentou o teor de antocianinas e as plantas anuais
diminuíram o teor de polifenóis do mosto na primeira safra,
porém, a festuca em ambos os manejos e as plantas anuais sem
a transferência aumentaram o teor desse componente na
segunda safra. O manejo das plantas de cobertura de modo
geral não interferiu nas variáveis avaliadas.
Palavras chave: Vitis vinífera. Cabernet Sauvignon. Manejo
do solo.
CHAPTER I - GRAPE QUALITY UNDER COVER
PLANTS INTERCROPPING
2.2 ABSTRACT
The excessive vegetative growth that usually occurs in the
highland region of southern Brazil can increase the occurrence
of disease and decrease the grape and wine quality. The aim of
this study was to evaluate the influence of intercropping vines
with green cover plants subjected to different management in
the grapes composition at full maturity. A field experiment was
carried out from 2009, in São Joaquim, at 1130 m above sea
level and the evaluations were done in the 2011-12 and 2012-
13 seasons, in a Cabernet Sauvignon on rootstock Paulsen
1103 planted in 2002. Treatments were a control characterized
by weeds controlled with chemical drying in the row and
cutting in inter rows, a perennial specie (Festuca arundinacea)
and a succession of annual species, the oats (Avena sativa) and
buckwheat (Fagopyrum esculentum) both managed in two
systems characterized by cutting with the distribution of crop
residue in the whole area or with it transfer from the row to the
inter rows of the vine. The annual species and the fescue
generally increase the levels of total soluble solids of the grape.
27
However, the treatments did not affected consistently the total
acidity, but in the second season both plants decreased, the pH
of the grape must. The fescue increased the anthocyanin
content and annuals decreased the polyphenol content of the
must in the first season, however, the fescue in both
managements and annual plants without transfer increased the
content of this component in the second season. The different
management of the cover crops residues generally did not
interfered in the variables studied.
Key-words: Vitis vinifera. Cabernet Sauvignon. Soil
manegment.
2.3 INTRODUÇÃO
A adaptação de cultivares vitícolas na região da Serra
Catarinense, principalmente em locais com altitudes superiores
a 900 metros de altitude tem se destacando consideravelmente
frente às regiões tradicionalmente produtoras de uvas para
vinhos finos no Brasil (ZALAMENA et al., 2013a).
A região de São Joaquim com suas elevadas altitudes
favorece o desenvolvimento de cultivares de uvas viníferas,
como Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Merlot,
principalmente por possibilitar desenvolvimento completo do
ciclo da cultura com a maturação mais tardia (BORGHEZAN
et al., 2011). Como resultado desse ciclo diferenciado das
regiões brasileira tradicionalmente produtoras de vinhos finos,
os produtos finais, derivados dessas culturas, podem apresentar
valores mais elevados de compostos fenólicos totais,
antocianinas, intensidade, cor e extrato seco (MIELE;
RIZZON; GIOVANNINI, 2009).
Entretanto, os solos desta região apresentam maior
disponibilidade hídrica, altos teores de matéria orgânica e
elevada acidez potencial. Ainda, na implantação dos vinhedos,
utilizam-se práticas de calagem e fertilização que, aliados a alta
umidade e quantidade de nitrogênio derivado da matéria
28
orgânica resultam em maior crescimento vegetativo, com vigor
excessivo das partes aéreas (DRY; LOVEYS, 1998;
ZALAMENA et al., 2013a).
O excesso de vigor da videira prejudica a qualidade das
uvas produzidas nestes locais diminuindo atributos, como teor
total de antocianinas e polifenóis, por haver maior
sombreamento e deslocamento de assimilados para ramos e
folhas mais novos (DRY; LOVEYS, 1998; BRUNETTO et al.,
2007). Além disso, há aumento nos custos com o manejo nos
tratos culturais da safra para retirada desses ramos em excesso,
como quando é realizada a poda verde, também desfavorecem
o manejo fitossanitário da cultura (BORGHEZAN et al., 2011)
e a incidência dos raios solares nas bagas (DUCHÊNE;
SCHNEIDER; GAUDILLÈRE, 2001).
O crescimento vegetativo está diretamente relacionado
ao teor de nitrogênio (N) no solo, sendo assim, uma vez que no
solo tenha elevados teores deste nutriente, ainda aliado à alta
umidade do solo, como ocorre na Serra Catarinense, haverá
aumento do vigor da videira, diminuindo a incidência solar nos
frutos (SMART, 1985). Isso prejudica a qualidade do vinho,
resultado da diminuição do acúmulo de antocianinas
(JACKSON; LOMBARDI, 1993; KELLER; HRAZDINA,
1998; CORTELL et al., 2007). Para diminuição nos teores de
nitrogênio prontamente disponível no solo, visando controle do
vigor nas videiras, uma alternativa é o cultivo intercalar de
plantas de cobertura com essa frutífera (AFONSO et al., 2003;
WHEELER; BLACK; PICKERING, 2005). Assim, a
competição das plantas de cobertura se reflete em menor vigor
vegetativo nas videiras, resultando em mosto com rendimento e
composição mais adequados à vinificação (WHEELER;
BLACK; PICKERING, 2005). Porém, ainda é necessário mais
estudos a respeito desse assunto na identificação de espécies e
manejo adequado das plantas de cobertura na região
(ZALAMENA et al., 2013a).
29
Visando a melhoria na qualidade da produção vinícola
na região de São Joaquim, o cultivo de plantas de cobertura
pode ser promissor no controle do excesso de crescimento
vegetativo (ZALAMENA, 2012).
O objetivo desse trabalho foi avaliar a composição da
uva de videira Cabernet Sauvignon sob cultivo intercalar com
diferentes espécies de plantas de cobertura submetidas a dois
manejos na região do Planalto Catrinense.
2.4 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na região do Planalto Sul
Catarinense, no município de São Joaquim, em um vinhedo
comercial da Vinícola Suzin (latitude 28º14‟10”S, longitude
50º4‟15”W, a 1130 m de altitude), avaliando-se as safras
2011/12 e 2012/13. As plantas de videira são da cultivar
vinífera Cabernet Sauvignon, enxertada no porta-enxerto
Paulsen 1103 as quais foram plantadas em 2002 no
espaçamento de 1,20 m x 2,90 m, com condução em espaldeira.
O solo é um Cambissolo Húmico Distrófico (EMBRAPA,
2006) e na implantação do experimento, expressava os
seguintes atributos na camada de 0-10 cm de profundidade:
481, 367 e 152 g kgˉ¹ de argila, silte e areia, respectivamente;
81 g kgˉ¹ de matéria orgânica; pH em água 6,8; 12, 5 e 0 cmolc
dmˉᵌ de Ca, Mg e Al trocáveis; 6,8 e 436 mg dmˉᵌ de P e K
disponível, respectivamente.
A condução do experimento foi iniciada em 2009 por
Zalamena (2012), sendo avaliados tratamentos com cultivo
intercalar de videira com uma espécie perene de planta de
cobertura, uma sucessão de duas espécies anuais e dois tipos de
manejo dos resíduos, e também um tratamento Testemunha. Os
tratamentos foram designados da seguinte forma: Test –
Testemunha, caracterizado por controle vegetação de plantas
espontâneas por dessecação química na faixa da linha (L) e por
roçadas nas entre linhas (EL); T – A s/t – sucessão de plantas
anuais trigo mourisco (Fagopyrum esculentum) e aveia branca
30
(Avena sativa) com roçadas e o resíduo cultural (RC)
distribuído uniformemente sobre a área cultivada; T – A c/t -
sucessão de plantas anuais trigo mourisco e aveia branca com
roçadas e transferência do RC da L para EL; Fest s/t – a
espécie perene festuca (Festuca arundinacea) com roçadas e o
RC distribuído uniformemente sobre a área cultivada; e Fest c/t
– festuca com roçadas transferência do RC da L para EL. As
larguras reais nas faixas da L, EL e rastros de tráfegos foram
1,10 , 1,10 e (2*0,35) metros.
A instalação do experimento foi realizada em janeiro de
2009 quando se implantou o primeiro ciclo das espécies anuais
de verão e a espécie perene. A partir de então, as parcelas e os
respectivos tratamentos foram mantidos, conforme o ciclo de
semeadura das espécies. A espécie trigo mourisco foi semeada
em novembro e a aveia branca em junho das respectivas safras
analisadas, enquanto a festuca foi implantada apenas uma vez
no início do experimento (ZALAMENA et al., 2013a). A
semeadura da aveia branca e trigo mourisco foram realizadas
em junho e novembro, respectivamente, de cada safra analisada
e a festuca em janeiro na instalação do experimento, uma única
vez. Para a semeadura da aveia branca, trigo mourisco e festuca
foram utilizados, respectivamente, 80, 50 e 10 kg haˉ¹ de
sementes considerando-se um poder germinativo de 100%. Na
linha da videira a semeadura foi executada com semeadora
manual (saraquá) e na entrelinha com semeadora mecanizada e
sem adição de fertilizantes. A roçada e manejo das plantas
foram realizados no início da diferenciação floral das plantas
anuais, o que possibilitou rebrotes e novos cortes adicionais
durante os ciclos de cultivo, totalizando sete cortes durante a
sucessão de espécies anuais, enquanto na espécie perene foram
realizadas nove cortes até o final do período.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados com videira, com quatro repetições, sendo cada
parcela formada por 12 plantas úteis de videira distribuídas ao
longo de duas linhas de plantio. Durante a condução do
31
experimento, as videiras não receberam aplicações de
fertilizantes nitrogenados, mas foram submetidas à aplicação
de 46 kg haˉ¹ de K2O no ano de 2009, 42 e 52 kg haˉ¹ de P2O5
nos anos, 2010 e 2011 respectivamente, realizadas
superficialmente em toda área antes da poda da videira. Estas
aplicações de fertilizantes foram recomendações técnicas que o
proprietário do vinhedo seguia. Em cada safra foram realizadas
cerca de 15 aplicações de produtos para controle fitossanitário,
seguindo a recomendação técnica para a cultura. Além da poda
tradicional, foi executada a poda verde com finalidade de
desponte dos ramos para retirada do excesso de vegetação que
dificultavam os tratos culturais e por sua vez, também
prejudicavam a sanidade da videira. Todo o material retirado
nas podas teve sua massa computada.
Na fase de plena maturação em ambas as safras, foram
coletadas bagas para análise de sólidos solúveis, pH, acidez
titulável, antocianinas e polifenóis totais. Para isso foi
amostrado aleatoriamente um cacho de uva por planta, sendo
seis de cada lado da linha. De cada cacho foram coletadas
bagas nas partes de topo, média e inferior. Em seguida à coleta,
as bagas foram separadas em duas partes, armazenadas e
refrigeradas. Uma das partes das bagas foi amassada,
determinou-se no mosto o teor de sólidos solúveis, com
refratômetro digital de bancada com ajuste de temperatura; o
pH, com potenciômetro digital e a acidez titulável, por
titulação com NaOH 0,1 N, usando o azul de bromotimol como
indicador.
Na outra parte das bagas foram determinados os teores
de antocianinas e polifenóis totais. O índice de polifenóis totais
foi determinado pelo método espectrofotométrico desenvolvido
pelo modelo proposto por Singleton e Rossi (1965) com o
reagente Folin-Ciocalteu. Os resultados, foram calculados com
base no ácido gálico como padrão, e a concentração em mg Lˉ¹
de polifenóis totais expressos em equivalentes de catequina. A
determinação das antocianinas totais foi realizada utilizando-se
32
os mesmos extratos descritos acima para polifenóis totais, pelo
método da variação de cor em extratos com diferentes pHs,
proposta por Ribéreau-Gayon et al. (1998). Este método é
baseado nas propriedades que as antocianinas possuem de
apresentar coloração específica de acordo com o pH. A leitura
da absorbância dos extratos foi feita em comprimento de onda
520 nm.
Os resultados foram submetidos à análise de variância,
utilizando o programa SAS. Quando houve significância
estatística, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo
teste de Duncan (p<0,05).
2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No mosto das bagas, coletadas em plena maturação nas
safras 11/12 e 12/13, observou-se que tanto nos tratamentos
consorciados com plantas anuais, quanto com a perene festuca,
os teores de sólidos solúveis (SS) foram maiores do que no
tratamento Testemunha (Tabela 1). Entretanto, comparando-se
entre a mesma espécie ou sucessão, o manejo realizado nas
plantas de cobertura, em geral, não afetou os SS no mosto da
uva.
Os maiores teores de SS nos tratamentos de videira em
cultivo intercalar com cobertura verde podem ter sido reflexo
da maior ciclagem e consequente disponibilidade de N
presente, especialmente na entre linha conforme também
observado por Zalamena et al. (2013a). Isso porque a videira
apresenta uma elevada necessidade de N no período de
brotação, crescimento dos ramos e enchimento das bagas,
período até que a maturação se inicie e depois da colheita que é
quando as culturas perenes iniciam o armazenamento de N em
seus órgãos (LINSENMEIER et al., 2008). Assim, a maior
disponibilidade deste nutriente para a videira, permite aumento
na fotossíntese, resultando em maior concentração de açúcar na
maturação dos frutos (KELLER, 2012).
33
Os valores de pH do mosto da uva colhida na primeira
safra analisada, não variaram entre os tratamentos. Entretanto,
na segunda safra, os tratamentos consorciados com plantas de
cobertura verde apresentaram menores valores de pH do que o
tratamento Testemunha. Contudo, Zalamena et al. (2013a), em
trabalho semelhante, observaram que o pH aumentou nos
tratamentos consorciados em relação ao Testemunha. Isso pode
ser explicado pelo fato de que em solos com maior fertilidade,
especialmente quando há alta disponibilidade de nitrogênio a
tendência do pH do mosto é se manter em valores mais baixos
na maturação. Assim, a competição por nutrientes do solo
promovida pelo cultivo de plantas de cobertura verde
provavelmente resultou em diminuição da disponibilidade de
nutrientes à videira (ZALAMENA et al., 2013a), contribuindo
para que o pH do mosto tenha sido maior quando houve esse
cultivo, em comparação ao tratamento Testemunha na safra
2013.
O manejo por sua vez, ao comparar os tratamentos com
cultivo intercalar das plantas de cobertura verde na segunda
safra, de modo geral, não apresentou influenciou os resultados
de pH do mosto, indicando semelhança na disponibilidade de
nutrientes, principalmente de N, às videiras (Tabela 1).
Os tratamentos consorciados com plantas de cobertura
em geral tiveram pouca influência na acidez titulável do mosto
(Tabela 1), embora na primeira safra tenha havido um único
tratamento que apresentou menores valores de acidez titulável
em relação à Testemunha que foi a sucessão de plantas anuais
sem transferência dos resíduos culturais. Entretanto, na safra
seguinte esse mesmo tratamento foi o único que apresentou
maiores valores de acidez titulável que os demais. Isso
evidencia que essa característica do mosto pode ter maior
influência de fatores climáticos do que da disponibilidade de
nutrientes no solo. Assim, em safras diferentes a composição
ácida e conseqüente a acidez titulável de um determinado
mosto depende principalmente da umidade e permeabilidade
34
do solo, do clima e das condições geográficas nas fases de
maturação da videira (RIBÉREAU-GAYON et al., 1998).
Tabela 1 - Sólidos solúveis (SS), pH e acidez titulável (AT) do
mosto de uva Cabernet Sauvignon, coletada em
plena maturação de videiras sob cultivo intercalar
com plantas de cobertura do solo submetidas à
roçada e manejo com e sem transferência de
resíduos culturais em duas safras em Cambissolo
Húmico Distrófico em São Joaquim - SC.
Tratamentos SS (ºbrix) pH AT (meq L-1
)
2011-12
Test 22,1b 2,81ns
5,75ab
T – A s/t 23,0a 2,79 5,62b
T – A c/t 22,9a 2,79 5,76ab
Fest s/t 22,9a 2,79 6,23a
Fest c/t 23,0a 2,81 6,23a
Médias 22,75A 2,80B 5,92A
2012-13
Test 20,7c 2,88a 5,66bc
T – A s/t 21,3ab 2,82b 6,06a
T – A c/t 20,9bc 2,83b 5,76ab
Fest s/t 21,4ab 2,83b 5,74ab
Fest c/t 21,8a 2,84b 5,34c
Médias 21,22B 2,84a 5,71B
*Test: Testemunha; T – A s/t: Trigo mourisco + Aveia branca sem
transferência dos resíduos culturais; T – A c/t: Trigo mourisco + Aveia com
transferência dos resíduos culturais; Fest s/t: Festuca sem transferência dos
resíduos culturais; Fest c/t: Festuca com transferência dos resíduos culturais. 1Médias seguidas por letras maiúsculas não diferem entre si pelo teste
Duncan (p<0,05). Fonte: produção do próprio autor.
35
Ao comparar os dois anos estudados, observa-se que na
safra 2011/12 os valores de acidez titulável foram em geral
maiores do que os da safra 2012/13 (Tabela 1).
O cultivo intercalar de plantas de cobertura verde com a
videira alterou o teor de polifenóis na primeira safra estudada
no tratamento com plantas anuais sem transferência dos
resíduos culturais da linha para entrelinha (Tabela 2), uma vez
que nesses tratamentos o valor de polifenóis é menor do que
nos tratamentos Testemunha, sucessão de plantas anuais com
manejo das plantas de cobertura do solo e com perene festuca.
Já na safra 2012/13, maiores teores de polifenóis nas bagas em
plena maturação foram apresentados nos tratamentos com
festuca e na sucessão de plantas anuais sem transferência dos
resíduos culturais na roçada. O cultivo intercalar das plantas
perene de cobertura verde com a videira aparentemente tem
diminuído o vigor da videira (ZALAMENA et al, 2013a) e
maiores exposições aos raios solares pode favorecer a
biossíntese de polifenóis em videira.
Nesse caso o manejo dos resíduos das plantas de
cobertura também não influenciou os teores totais de
polifenóis. Porém ao se comparar as duas safras, observa-se
tendência de maiores valores na primeira safra do que na
segunda.
Na safra 2011-12, os teores de antocianinas foram
influenciados pela cultura perene festuca e pela sucessão de
plantas anuais quando comparadas ao tratamento Testemunha
(Tabela 2). Nessa característica, a festuca também se
diferenciou da sucessão de culturas anuais resultando em
maiores valores totais.
36
Tabela 2 - Teores de polifenóis e antocianinas do mosto de uva
Cabernet Sauvignon, coletada em plena maturação
de videiras sob cultivo intercalar com plantas de
cobertura do solo submetidas à roçada e manejo
com e sem transferência de resíduos culturais em
duas safras em Cambissolo Húmico Distrófico em
São Joaquim - SC.
Tratamentos Polifenóis
(mg L-1
)
Antocianinas
(mg L-1
)
2011-12
Test 1905a 1396c
T – A s/t 1462b 1466bc
T – A c/t 1566b 1494b
Fest s/t 1855a 1647a
Fest c/t 1923a 1665a
Médias 1792 1533A
2012-13
Test 1375b 1208ns
T – A s/t 1766a 1258
T – A c/t 1446b 1234
Fest s/t 1687ab 1361
Fest c/t 1896a 1224
Médias 1634 1256B
*Test: Testemunha; T – A s/t: Trigo mourisco + Aveia branca sem
transferência dos resíduos culturais; T – A c/t: Trigo mourisco + Aveia com
transferência dos resíduos culturais; Fest s/t: Festuca sem transferência dos
resíduos culturais; Fest c/t: Festuca com transferência dos resíduos culturais. 1Médias seguidas por letras maiúsculas não diferem entre si pelo teste
Duncan (p<0,05). Fonte: produção do próprio autor.
37
Já na segunda safra avaliada, os teores de antocianinas
foram semelhantes entre tratamentos. Nessa mesma safra, os
teores de antocianinas foram em geral menores do que na safra
2013. De acordo com Markakis (1982) as antocianinas livres
não são estáveis, sendo muito suscetíveis a degradação e tendo
a estabilidade da cor das antocianinas influenciada pelo pH,
presença de enzimas, estrutura e concentração das
antocianinas, luz e de compostos complexantes presentes,
como metais, ácidos fenólicos e flavonóides.
2.6 CONCLUSÃO
O cultivo intercalar de videira Cabernet Sauvignon com
plantas de cobertura na região serrana de Santa Catarina,
aumenta o teor de sólidos solúveis do mosto da uva
relativamente ao controle químico de plantas espontâneas na
faixa da linha da frutífera.
A sucessão de plantas anuais em cultivo intercalar com
a videira pode promover maior teor de polifenóis ao passo que
a perene festuca pode promover maiores teores de acidez
titulável e de antocianinas no mosto da uva.
O manejo dos restos culturais das plantas de cobertura
com, ou sem sua transferência da linha para a entrelinha em
geral não influenciou as características do mosto da uva.
38
3 CAPÍTULO II – ESTADO NUTRICONAL, VIGOR E
PRODUTIVIDADE DE VIDEIRA Cabernet Sauvignon
SOB CULTIVO INTERCALAR COM PLANTAS DE
COBERTURA VERDE EM SOLOS DE ALTITUDE
3.1 RESUMO
A vitivinicultura na serra catarinense se beneficia de baixos
índices pluviométricos, aliados às altas insolação e amplitude
térmica diária que permitem colheita tardia e maturação
fenólica mais completa, em relação às regiões tradicionalmente
produtoras no Brasil. O objetivo desse trabalho foi avaliar a
influência de plantas de cobertura do solo e seu manejo no
rendimento e o estado nutricional de vinhedos da variedade
Cabernet Sauvignon. O trabalho foi realizado no município de
São Joaquim-SC, localizado a 1130 metros de altitude nas safra
2011-12 e 2012-13 que foram a terceira e quarta após o início
do experimento. Foram testados cinco tratamentos compostos
de um Testemunha, onde as plantas espontâneas foram
controladas por herbicida na linha e por roçada na entrelinha;
uma sucessão de plantas anuais (trigo mourisco e aveia
branca); uma planta perene (festuca); e dois manejos, com e
sem transferência do resíduo cultural da linha para a entrelinha.
Na primeira safra estudada os resultados foram comprometidos
por chuvas de granizo que afetaram o rendimento. Entretanto,
na segunda safra a perene festuca diminuiu os parâmetros
relacionadas à produtividade relativamente aos demais
tratamentos, especialmente ao controle. Tanto a sucessão de
plantas anuais, quanto a perene festuca, diminuem o teor de
potássio, sendo que essa também diminui o teor de magnésio
nas folhas da videira, porém não afetam os seus teores de
fósforo, cálcio e boro. A sucessão de plantas anuais em geral
não interfere no vigor, nem no rendimento de uva, entretanto, a
festuca diminui o teor de nitrogênio foliar e o vigor vegetativo
da videira e pode também diminuir o rendimento de uva. O
manejo das plantas de cobertura do solo, com ou sem a
39
transferência dos resíduos culturais da linha à entrelinha, em
geral não influencia no vigor da videira e nem rendimento de
uva.
Palavras-chave: Nutrição. Vigor vegetativo. Adubação verde.
Vinhedo.
CHAPTER II - NUTRITIONAL STATUS, VIGOR AND
PRODUCTIVITY OF CABERNET SAUVIGNON VINE
INTERCROPPING WITH GREEN COVER CROPS IN
HIGHLANDS SOILS
3.2 ABSTRACT
The climatic conditions in the highland region of the Southern
Plateau of Brazil are favorable to grapevine production. The
low rainfall, coupled with high solar radiation and large daily
thermal gradient enable more complete maturity compared to
the traditional producing regions in Brazil. The aim of this
study was to evaluate the influence of cover crops and their
management to the yield and nutritional status of vineyards of
Cabernet Sauvignon. The study was done in São Joaquim, at
1130 m of altitude, in the 2011-12 and 2012-13 seasons, with
vines on rootstock Paulsen 1103 planted in 2002. Treatments
consisted in a control characterized by the chemical drying of
weeds in the row and cutting in inter rows, a perennial species
(Festuca arundinacea) and a succession of annual species, the
oats (Avena sativa) and buckwheat (Fagopyrum esculentum),
managed in two systems characterized by cutting with the
spread of crop residue in the whole area or with it transfer from
the row to the inter rows of the vine. In the first season, the
grape yield was limited by hailstorms. However, in the second
season perennial fescue decreased parameters related to
productivity relative to other treatments, especially to control.
The perennial treatments also reduced the levels of nitrogen,
40
potassium and magnesium and not influenced the levels of
phosphorus, calcium and boron in the leaf tissue of the vine.
Key-words: Nutrition. Vegetative vigor. Green manure.
Vineyard.
3.3 INTRODUÇÃO
Em regiões de altitude superior a 1.000 m no Planalto
Serrano Catarinense, o solo aliado as condições climáticas,
favorecem o desenvolvimento de uvas com finalidade de
produção de vinhos finos (ZALAMENA et al., 2013a). Com
base nisso, vem sendo implantado um sistema industrial de alta
tecnologia, para aproveitar efetivamente as ótimas
características enológicas dos vinhos finos produzidos em
vinhedos da região (BORGHEZAN, 2010).
A região de São Joaquim vem se destacando na
produção de videiras Cabernet Sauvignon por suas elevadas
altitudes e clima favoráveis. Segundo vários pesquisadores do
meio (ROSIER, 2003; BRIGHENTI; TONIETTO, 2004;
ROSIER et al., 2004; CORDEIRO, 2006; FALCÃO et al.,
2008; SILVA et al., 2009) essa região produz uvas com
características diferenciadas e próprias quando comparadas
com as produzidas em regiões tradicionalmente produtoras no
Brasil.
Nesses locais os solos predominantes são de elevada
acidez potencial e contém altos teores de matéria orgânica
necessitam de calagem para correção que resulta em maior
atividade microbiana com aumento na mineralização da
matéria orgânica. Como conseqüência aumentam os teores de
nitrogênio (N) disponível no solo para as plantas
(ZALAMENA et al., 2013b).
Estudos comprovam que com a maior disponibilidade
de N no solo para as plantas, há incremento deste elemento nas
folhas das videiras (BRUNETTO et al., 2007; MAFRA et al.,
2011; BRUNETTO et al., 2012) resultando em crescimento
41
vegetativo em excesso do dossel. Com o excesso de folhas nas
plantas de videira, provocadas pelo excesso de Na incidência
solar nos cachos é reduzida, o que pode prejudicar a qualidade
do vinho, pois há diminuição do acúmulo de antocianinas totais
(JACKSON; LOMBARDI, 1993; KELLER; HRAZDINA,
1998; CORTELL et al., 2007). Além disso, aumenta
aparecimento de doenças fúngicas e a necessidade de seu
controle com tratos culturais, aumentando os custos de
produção.
Uma alternativa para minimizar esse problema pode ser
a utilização de plantas de cobertura verde na linha e entrelinha
das videiras. Uvas produzidas em videiras consorciadas com
plantas de cobertura podem vir a apresentar teores mais
elevados de compostos fenólicos (ZHU-MEI et al., 2010) e
polifenóis (ZALAMENA et al., 2013a). A prática de utilização
de plantas de cobertura gera outros benefícios como proteção
do solo das gotas de chuva, diminuindo as perdas por erosão
(COLUGNATI et al., 2003), manutenção de temperatura do
solo, entre outros.
A utilização de plantas de cobertura em consórcio com
frutíferas vem sendo estudado em vários lugares do Brasil,
sendo cada qual com seu objetivo principal. De acordo com
Espindola et al. (2006), em trabalho realizado no Rio de
Janeiro para avaliar a rendimento em bananeira com
leguminosas perenes herbáceas, observaram que o consórcio da
bananeira com as plantas de cobertura aumentou o rendimento
e a proporção de cachos colhidos.
Entretanto, segundo Rufato et al. (2006), em
experimento com cultura do pessegueiro com plantas de
cobertura verde no estado do Rio Grande do Sul, o consórcio
apresentou efeitos negativos diminuindo o rendimento e a
fertilidade do solo no trabalho. Já na região do Planalto Serrano
Catarinense, o autor Zalamena et al. (2013b), em estudo com
vinhedos em consorciado com plantas de cobertura anuais e
perene, observou que o vigor excessivo, típico de vinhedos da
42
região, pode ser controlado realizando consórcio de plantas de
cobertura verde com a videira.
Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito do cultivo
intercalar de videiras com plantas de cobertura anuais e perene,
submetidos a dois manejos dos resíduos culturais, no estado
nutricional, vigor vegetativo e rendimento de uvas dessa
frutífera.
3.4 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido em um vinhedo comercial da
Vinícola Suzin, na região do Planalto Sul Catarinense, no
município de São Joaquim (latitude 28º14‟10”S, longitude
50º4‟15”W, a 1129 m de altitude), nas safras 2011/12 e
2012/13. O vinhedo foi implantado no ano de 2002 com
plantas da cultivar vinífera Cabernet Sauvignon, enxertada no
porta-enxerto Paulsen 1103, com condução em espaldeira, em
espaçamento de 1,20 m x 2,90 m. O solo do local do
experimento é classificado como Cambissolo Húmico
Distrófico (EMBRAPA, 2006) e no início da implantação das
coberturas verde expressava os seguintes atributos na camada
de 0-10 cm de profundidade: 481, 367 e 152 g kgˉ¹ de argila,
silte e areia, respectivamente; 81 g kgˉ¹ de matéria orgânica;
pH em água 6,8; 12, 5 e 0 cmolc dmˉᵌ de Ca, Mg e Al
trocáveis; 6,8 e 436 mg dmˉᵌ de P e K disponível,
respectivamente.
O experimento foi implantado em janeiro de 2009 por
Zalamena (2012) com os seguintes tratamentos: uma espécie
perene de planta de cobertura, uma sucessão de espécies anuais
e dois tipos de manejo, e também um tratamento Testemunha.
A caracterização dos tratamentos foram expressos da seguinte
maneira: Test – Testemunha, caracterizado pela presença da
vegetação de plantas espontâneas controladas por dessecação
na faixa da linha (L) e por roçadas nas entre linhas (EL); T – A
s/t – sucessão de plantas anuais trigo mourisco (Fagopyrum
esculentum) e aveia branca (Avena sativa) roçadas com o
43
resíduo cultural (RC) distribuído uniformemente pela área
cultivada; T – A c/t - sucessão de plantas anuais trigo
mourisco e aveia branca roçadas com transferência do RC da L
para EL; Fest s/t – a espécie perene festuca (Festuca
arundinacea) roçadas com o RC distribuído uniformemente
pela área cultivada; e Fest c/t – festuca roçadas com
transferência do RC da L para EL. Nas faixas da L, EL e linhas
de tráfegos foram consideradas as larguras reais de 1,10 , 1,10
e 0,70 metros, respectivamente. O experimento iniciou com a
semeadura da espécie anual de verão trigo mourisco e da
perene festuca na primavera de 2009, permanecendo conforme
o ciclo de semeadura das espécies, de acordo com os
respectivos tratamentos e parcelas (ZALAMENA et al.,
2013b).
A semeadura da aveia branca foi efetuada no mês de
junho e a espécie trigo mourisco em novembro. A perene
festuca, por sua vez, foi semeada uma única vez ao início do
experimento. Na semeadura da aveia branca, trigo mourisco e
festuca foram utilizados, respectivamente, 80, 50 e 10 kg haˉ¹
de sementes considerando-se poder germinativo de 100%. Nas
linhas do vinhedo a semeadura foi realizada com semeadora
manual (saraquá) e nas entrelinhas com semeadora de disco
mecanizada e sem adição de fertilizantes. A roçada e manejo
das plantas de cobertura foram feitos no início da diferenciação
floral das plantas anuais, ocasionando em rebrotes e corte
adicional durante os ciclos de cada cultivo, totalizando sete
cortes nas duas safras estudadas, enquanto na espécie perene
foram realizados três cortes anuais, totalizando seis no período.
O delineamento experimental foi blocos casualizados,
em quatro repetições, sendo cada parcela formada por 12
plantas úteis distribuídas em duas linhas de videira. Durante a
condução do experimento, as videiras não receberam
aplicações de fertilizantes. Em cada safra foi realizada a poda
tradicional, e também a poda verde com finalidade de desponte
dos ramos para retirada do excesso de vegetação que
44
dificultavam os tratos culturais além de prejudicar a sanidade
da videira. O material retirado nas podas teve sua massa
computada. A fim de controle fitossanitário, foram realizadas
cerca de 15 aplicações de produtos, seguindo a recomendação
técnica para a cultura.
As folhas foram coletadas na fase da mudança de cor
das bagas que nas duas safras avaliadas ocorreram na segunda
quinzena do mês de janeiro. As amostras de folhas completas
foram coletadas duas em cada planta, nos dois lados da linha de
todas as 12 plantas da área útil, para análise dos teores totais
dos nutrientes N, P, K, Ca, Mg, na folha completa, realizada
segundo metodologias descritas por Tedesco et al. (1995).
O boro (B) foi determinado pelo método de azometina
H, após incineração de 0,3 g de amostra em forno mufla, a 550
ᵒC, por duas horas.
A massa seca dos ramos foi calculada pela soma do
material das podas verdes realizadas durante o ciclo vegetativo
e da poda seca realizada no início do ciclo seguinte. O índice
de Ravaz obtido pela razão massa de frutos/massa de ramos foi
quantificado segundo metodologia descrita por Cus (2004).
Ao fim do ciclo de cada safra em plena maturação
foram determinados o rendimento (calculado em toneladas),
número de cachos por planta e peso de cachos (gramas).
As médias dos dados obtidos foram submetidos à
análise de variância nas duas safras, utilizando o programa
SAS. Quando houve significância estatística, as médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de Duncan (p<0,05).
3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.5.1 Componentes do rendimento da uva
Na safra 2011/12, o tratamento de sucessão de plantas
anuais das espécies aveia branca – trigo mourisco com
transferência dos resíduos culturais da linha à entrelinha,
apresentaram menores valores de rendimento quando
45
comparado com os demais tratamentos estudados, exceto a
festuca sem transferência (Tabela 2). Entretanto, nesta safra a
região de São Joaquim, inclusive na área do experimento
sofreu com chuvas de granizo resultando em perdas de até 45%
de rendimento nos vinhedos da Vinícola Suzin, onde se situa o
experimento (CORRÊA, 2012). Sendo assim, os resultados
desta safra foram afetados por esse fator climático, pois as
chuvas de granizo podem ter atingido de maneira mais drástica
um ou outro tratamento do experimento.
Já na safra 2012-13, os tratamentos com a perene
festuca, tanto com, quanto sem transferência de resíduos
culturais foram os que apresentaram menor rendimento.
Entretanto, os tratamentos com sucessão de plantas anuais
apresentaram rendimento semelhante ao tratamento
Testemunha. De acordo com Zalamena et al., 2013a, em
trabalho semelhante, o mesmo resultado foi encontrado com
utilização do consórcio de videira com a planta de cobertura
festuca, justificando o resultado pela maior competição desta
planta de cobertura por água e nutrientes.
Carvalho (2014), em avaliação de consórcio de plantas
de cobertura em vinhedo da cultivar Bordô também observou
que essas diminuíram rendimento da videira nos anos
agrícolas, entretanto, tal fato não foi devido ao consórcio no
vinhedo mas sim pela distribuição hídrica quando comparado
aos anos anteriores dos avaliados no experimento.
O número de cachos por planta na safra 2011-12 só
sofreu influência do tratamento com sucessão de plantas anuais
sem transferência dos resíduos culturais de maneira positiva,
que apresentou maior número de cachos, uma vez que os
outros tratamentos não diferiram entre si quando comparados
ao tratamento Testemunha (Tabela 2). Na safra seguinte de
estudo, por sua vez o único tratamento que se diferenciou foi a
perene festuca, mas nesse caso foi de forma negativa, sendo
que o tratamento com transferência dos resíduos culturais da
linha para entrelinha dessa variedade foi o que menor
46
apresentou número de cachos por parcela, como observado na
Tabela 2. O número de cachos do trabalho também foi
influenciado pelas chuvas de granizos citados anteriormente
quando se compara as duas safras estudadas, conforme a
Tabela 2, reforçando a diferença entre os rendimentos das de
ambas.
De acordo com diversos autores (NORBERTO et al.,
2008; MOTA et al., 2010; CARVALHO, 2014), em trabalho
com videiras, o número de cachos e, consequentemente, o
rendimento está diretamente relacionado com as características
genéticas de cada cultivar, porém, clima também pode
interferir.
Nas duas safras estudadas a massa média de cachos dos
tratamentos com cultivo intercalar de plantas de cobertura do
solo, foi menor quando comparada a Testemunha (Tabela 2)
não sofrendo influência do manejo dos resíduos culturais das
plantas de cobertura verde do solo. A média dos anos aponta
que na safra 2012-13 a massa de cacho foi maior do que na
safra 2011-12, o que também nessa.
Em trabalho utilizando diversas plantas de cobertura
por cinco e três anos em Indaiatuba e Jundiaí – SP,
respectivamente, Wutke et al. (2005), concluíram que as
plantas de cobertura em consórcio com vinhedo de Niágara
Rosada não diferiram entre si de maneira significativa na
massa de cachos, entretanto, foram encontradas diferenças que
foram atribuídas à variação nas condições climáticas da região.
Zalamena (2012), em trabalho com plantas de cobertura em
vinhedo de Cabernet Sauvignon obteve valores semelhantes
aos da safra 2012-13 referentes à massa dos cachos. Tais
resultados reforçam o prejuízo que o granizo resultou no
rendimento da videira no ano de 2011-12 diminuindo em até
30% a massa dos frutos.
47
Tabela 3 - Componentes de rendimento de uva em videira
Cabernet Sauvignon sob cultivo intercalar com
plantas de cobertura do solo submetidas à roçada e
manejo sem e com a transferência dos resíduos
culturais em duas safras em Cambissolo Húmico
Distrófico em São Joaquim – SC.
*Test: Testemunha; T – A s/t: Trigo mourisco + Aveia branca sem
transferência dos resíduos culturais; T – A c/t: Trigo mourisco + Aveia com
transferência dos resíduos culturais; Fest s/t: Festuca sem transferência dos
resíduos culturais; Fest c/t: Festuca com transferência dos resíduos culturais.
1Médias seguidas por letras maiúsculas não diferem entre si pelo teste
Duncan (p<0,05). Fonte: produção do próprio autor.
Tratamentos Rendimento
(mg ha-1
)
Nº de
cachos
Massa
cachos
(g cacho-1
)
Índice de
Ravaz
2011-12
Test 4,92a 18,8b 93,0a 1,53b
T – A s/t 5,21a 23,7a 77,0b 1,63ab
T – A c/t 4,03b 17,6b 80,0b 1,19b
Fest s/t 4,69ab 20,6ab 77,8b 2,11a
Fest c/t 5,09a 21,8ab 80,2b 2,07a
Médias 4,76A 20,5B 82A 1,71B
2012-13
Test 8,87ab 30,5b 119,2a 3,10b
T – A s/t 9,10a 32,1a 113,7a 3,83ab
T – A c/t 8,80ab 31,6a 108,4ab 3,20b
Fest s/t 6,90c 32,5a 94,9b 3,75ab
Fest c/t 7,66bc 28,8c 105,1ab 4,02a
Médias 8,26B 31,1A 108B 3,58A
48
Na primeira safra os valores do índice de Ravaz foram
expressivamente baixos, sendo que os tratamentos
consorciados com a perene festuca apresentaram índices
maiores quando comparados ao tratamento Testemunha
(Tabela 2). De acordo com Main et al. (2002), valores entre 3 e
10 são considerados como situação de equilíbrio, porém,
valores ótimos são considerados entre 5 a 7 (RAVAZ 1903,
citado por VASCONCELOS; CASTAGNOLI, 2001). Ainda
segundo Kliewer e Dokoozlian (2005), valores acima do índice
7 podem apontar ameaça de esgotamento por parte das plantas,
pois a produção de cachos pode ser maior do que a suportada
pela parte vegetativa, o que pode comprometer a produção da
safra seguinte. Nesse contexto observou-seque os valores do
índice de Ravaz para a safra 2011-12 estão muito abaixo,
indicando excesso de crescimento vegetativo das videiras neste
ano agrícola.
Observa-se que na safra 2011-12 do trabalho, o índice
de Ravaz de todos os tratamentos mostraram valores menores
que 3, evidenciando desequilíbrio nas plantas com maior
produção de ramos do que de frutos. Entretanto deve-se
destacar o efeito negativo do granizo que ocorreu em meados
de novembro de 2011, que comprometeu a produção de frutos
na região de São Joaquim. Levando em consideração que o
calculo deste índice é pela razão do rendimento com a massa
seca dos ramos (Apêndice 1) e a rendimento desta safra foi
drasticamente reduzida, como já citado anteriormente, os
resultados para este fator nesta safra ficaram comprometidos a
nível de pesquisa.
Já na safra 2012-13 os resultados se destacaram
positivamente no tratamento com a cultivar perene festuca com
transferência dos resíduos culturais, no qual o índice Ravaz se
diferenciou significativamente ao se comparar com o
tratamento Testemunha como observado. O tipo de manejo, por
sua vez, não apresentou influência no crescimento vegetativo
avaliado nos dois anos agrícolas. Embora os resultados da
49
última safra se enquadram na faixa admitida como estado de
equilíbrio, segundo Main, Morris e Striegler (2002), de valores
entre 3 e 10 do índice de Ravaz, observa-se que principalmente
os valores dos tratamentos Testemunha e da sucessão de
plantas anuais são próximos do limite inferior. Isso evidencia
que nas condições edafo-climáticas do local de cultivo as
videiras sobre o porta enxerto Paulsen 1103 apresentam
tendência de crescimento vegetativo exagerado. Segundo
Brighenti et al. (2010), o excesso de crescimento vegetativo
estimula a competição entre a atividade reprodutiva e
vegetativa das plantas, além do fato de plantas equilibradas
acumularem carboidratos nas bagas em maiores quantidades.
3.5.2 Estado nutricional da videira
Os teores de nitrogênio (N) total nas folhas de videira
coletadas no momento de mudança de cores das bagas foram
relativamente menores nos tratamentos com a espécie de
cobertura festuca tanto na safra 2011-12, quanto na safra 2012-
13 (Tabela 4), quando comparados ao tratamento Testemunha.
Já os tratamentos com a sucessão de espécies anuais, não se
diferenciaram dos demais tratamentos, quando compara-se ao
tratamento Testemunha e a espécie anual festuca na primeira
safra. O manejo, de maneira geral, não influenciou os teores de
N no tecido foliar da videira na primeira safra. Entretanto, na
segunda safra, o tratamento com sucessão de culturas anuais
com transferência dos resíduos culturais da linha para
entrelinha apresentou menores teores deste nutriente quando
comparado ao tratamento Testemunha. Ao comparar as médias
anuais na Tabela 4, nota-se que no ano agrícola de 2012-13, os
teores de N foram superiores à safra 2011-12. Com as plantas
de cobertura em consórcio com a videira, principalmente a
festuca, provavelmente resultou em maior competição por N e
água no solo (CELETTE; FINDELING; GARY, 2009),
resultando nos menores teores deste nutriente nas folhas de
videiras em cultivo intercalar com festuca.
50
Após quatro anos de avaliação no experimento do
presente trabalho, o cultivo intercalar de festuca diminuiu o
teor de N das folhas da videira. Esse resultado confirma a
hipótese inicial para o estudo, tendo em vista que seu principal
objetivo foi a busca de alternativa para diminuir os teores de N
nas folhas observados nos vinhedos dessa região, geralmente
associados ao vigor da videira em excesso. Vale lembrar que
esse excesso traz diversos malefícios à produção da videira,
tais como sombreamentos nos cachos, que prejudica o
desenvolvimento e a maturação adequada das bagas, além de
aumentar o risco de doenças fúngicas. Entretanto, em estudo de
Zalamena et al. (2013b), em trabalho com videiras em cultivo
intercalar com plantas de cobertura os resultados apresentaram
tendência contraria, pois houve aumento dos teores de N nas
folhas coletadas na floração, nos tratamentos com cultivo
intercalar com sucessão de culturas anuais. Porém, nesse caso
se tratava de avaliação nos dois primeiros anos de cultivo das
plantas de cobertura no vinhedo e a competição dessas pelo N
ainda não havia impactado o teor foliar, provavelmente pela
mobilização de reservas do nutriente acumuladas no período
anterior ao estudo, conforme observado por Brunetto et al.
(2007).
Segundo Carvalho (2014), em sua avaliação do teor de
N nas folhas da videira da cultivar “Bordô” coletadas no
período de mudança de cor dos frutos, os tratamentos de
videira consorciados com amendoim forrageiro aumentaram os
teores de N, ao contrário do que se observa no presente
trabalho. Nesse caso, a diferença de comportamento pode ser
explicada pelo fato da cobertura verde ser de espécie
leguminosa que pode aumentar a disponibilidade de N no solo
pela simbiose com a bactéria fixadora de N atmosférico.
A presença das plantas de cobertura não influenciou os
teores de fósforo (P) nas amostras de tecido foliar da videira
quando se compara o tratamento Testemunha com os demais
tratamentos do experimento nos dois anos agrícolas de estudo
51
(Tabela 4). O manejo dos resíduos culturais das plantas de
cobertura também não diferenciou a quantidade deste elemento
nas folhas do vinhedo. Entretanto, ao comparar as médias dos
dois anos, percebe-se que na segunda safra do estudo os
valores de P diminuíram em cerca de 50%.
A concentração de nutrientes nas folhas é um reflexo da
disponibilidade do mesmo no solo, estado de absorção das
raízes e da distribuição para os frutos (ERNANI, 2014),
destacando-se que o solo da área experimental anteriormente
recebeu fertilização corretiva com esse nutriente que resultou
em alta disponibilidade no solo.
Os valores de potássio (K) na análise foliar da videira
revelaram que os tratamentos consorciados reduziram os teores
deste elemento em todos os tratamentos ao se comparar a
Testemunha na primeira safra (Tabela 4). Esse resultado indica
que a competição das plantas de cobertura pelo K, pode
resultar em menor disponibilidade desse nutriente à videira. Na
mesma tabela se observa também que o tratamento com festuca
sem transferência dos resíduos culturais da linha para
entrelinha na segunda safra não diferiu do tratamento
Testemunha, enquanto na primeira safra, de modo geral, o
manejo não influenciou nos teores de K no tecido foliar da
videira. Em trabalho com diferentes doses de adubação
orgânica, Casali (2011), não observou diferenças significativas
nos teores de K nas folhas de videira Niágara Rosada no RS.
No ano 2011-12 os valores de K no tecido foliar foram
maiores do que os teores deste nutriente nas folhas no ano
2012-13 (Tabela 4). O K normalmente é concentrado nos frutos
da uva, sendo assim, a extração deste nutriente está diretamente
relacionada a produção de frutos da videira (GIOVANNINI
MERLI; MARANGONI, 2003). Segundo Pereira et al. (2012),
em trabalho com fosfito de potássio visando controle do míldio
em videiras, observaram que os tratamentos que receberam as
doses deste fertilizante tiveram maiores valores de rendimento
que o tratamento Testemunha. Neste contexto, explicam-se os
52
menores teores de K na segunda safra porque este nutriente
fora distribuído para os cachos, assim, restando em menores
teores nas folhas coletadas.
O cálcio (Ca) não apresentou diferenças significativas
entre os tratamentos nos dois anos estudados (Tabela 4). Os
manejos das plantas de cobertura também não influenciaram a
presença deste elemento no tecido foliar da videira. Esse
resultado pode ser explicado pela alta disponibilidade do
nutriente no solo, devida à calagem realizada na implantação
do vinhedo para correção de pH, aliada ao alto teor de MO dos
solos dessa região, podem suprir as necessidades da videira.
53
Tabela 4 - Teor de nutrientes no tecido foliar de videira
Cabernet Sauvignon em cultivo intercalar com
plantas de cobertura do solo submetidas à roçada e
manejo sem e com a transferência dos resíduos
culturais em duas safras estudadas em Cambissolo
Húmico Distrófico em São Joaquim – SC.
Trat N P K Ca Mg B
___________________
g kg-1 __________________
mg kg-1
2011-12
Test 18,94a 10,36 41,75a 9,09 3,30ab 99,11
T – A s/t 18,24ab 11,75 33,42b 9,69 3,64a 68,30
T – A c/t 18,48ab 9,19 29,24b 9,75 3,42a 77,49
Fest s/t 16,67b 9,70 24,01b 9,21 3,33ab 92,41
Fest c/t 17,11b 10,88 28,95b 9,28 3,05b 101,98
Médias 17,89B 10,38A 31,47A 9,40 3,35A 87,86
2012-13
Test 32,24a 5,34 13,55a 9,99 3,40a 87,82
T – A s/t 31,46a 5,16 10,23b 9,97 2,66b 75,38
T – A c/t 27,91b 5,11 12,39b 9,79 2,82ab 103,32
Fest s/t 28,00b 5,25 14,16a 9,66 2,67b 88,58
Fest c/t 26,21b 5,69 12,87b 9,07 2,42b 95,09
Médias 29,16A 5,31B 12,64B 9,70 2,79B 90,04
*Trat: Tratamentos; Test: Testemunha; T – A s/t: Trigo mourisco + Aveia
branca sem transferência dos resíduos culturais; T – A c/t: Trigo mourisco +
Aveia com transferência dos resíduos culturais; Fest s/t: Festuca sem
transferência dos resíduos culturais; Fest c/t: Festuca com transferência dos
resíduos culturais. 1Médias seguidas por letras maiúsculas não diferem entre
si pelo teste Duncan (p<0,05). Fonte: produção do próprio autor.
54
As plantas de cobertura da espécie perene festuca
diminuíram os teores de magnésio (Mg) nas folhas da plantas
de videira na segunda safra, quando comparado aos
tratamentos Testemunha e sucessão de culturas anuais
consorciadas com a videira (Tabela 4). Já na segunda safra, o
tratamento com a perene festuca sem transferência dos resíduos
culturais da linha para entrelinha diminuiu o teor deste
nutriente quando comparado ao tratamento com sucessão de
culturas anuais. Nas folhas coletadas na safra 2012-13, ao
comparar a média dos teores deste nutriente nota-se foi menor
do que a média da safra 2011-12.
Os menores teores de Mg nas folhas de videira nos
tratamentos consorciados com plantas de cobertura da espécie
perene em relação ao tratamento Testemunha são similares ao
observado com N e K. Nesse caso, também se evidenciou a
competição provocada pela festuca diminuindo a
disponibilidade do nutriente à videira, o que pode ser devido ao
Mg se deslocar até as raízes por fluxo de massa, sendo
absorvidos pelas raízes e posteriormente, armazenados e
acumulados nas partes aéreas. Tendo em vista que as plantas de
cobertura produzem elevada quantidade de matéria seca e
provavelmente de raízes, resultando em maior fluxo
transpiratório, concorrendo com a videira na absorção de água
e, consequentemente do nutriente (CELETTE; FINDELING;
GARY, 2009; ZALAMENA et al., 2013b).
O boro (B) não sofreu influência das plantas de
cobertura no consórcio com as plantas de videira quando
analisadas as folhas na mudança de cor dos frutos (Tabela 4). O
manejo dos resíduos culturais da cobertura verde também não
teve influência significativa nestes resultados. Ao comparar as
médias dos valores deste nutriente nos dois anos agrícolas
estudados também não houve diferenças, sendo um indicativo
de que este nutriente não variou em quantidade no solo.
55
3.6 CONCLUSÃO
Na safra 2012-13, rendimento, número de cachos e
massa de cachos foram maiores do que na safra 2011-12, visto
que nesta última safra houve granizo que comprometeu os
resultados do experimento.
O consórcio da videira com sucessão de culturas anuais
(aveia branca e trigo mourisco) em geral não difere do controle
de plantas espontâneas na faixa da fila da videira por
dessecação química. Porém, o consórcio com perene festuca,
diminui o rendimento, número de cachos e massa de cachos
quando comparado aos outros tratamentos do estudo.
O manejo com ou sem transferência dos resíduos
culturais da linha para a entrelinha não influência os
componentes de rendimento.
Em duas safras o cultivo intercalar de plantas de
cobertura do solo com videira Cabernet Sauvignon com a
festuca diminui os teores de nitrogênio e o vigor vegetativo da
videira comparando-se ao tratamento com sucessão de plantas
anuais e o tratamento Testemunha.
Tanto a sucessão de plantas anuais, quanto a perene
festuca, diminuíram os teores de potássio e magnésio foliar na
videira, entretanto o cultivo intercalar de plantas de cobertura
do solo com a videira Cabernet Sauvignon não afetou os teores
de fósforo, cálcio e boro no tecido foliar.
56
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo intercalar de aveia branca, trigo mourisco e
festuca com videira Cabernet Sauvignon no Planalto
Catarinense apresentou maiores valores de acidez titulável,
sólidos solúveis, polifenóis e antocianinas. Diminuíram os
resultados relacionados a produtividade e afetaram
positivamente no estado nutricional reduzindo os teores de
nitrogênio no tecido foliar, se apresentando como uma
alternativa de produzir uvas com melhor qualidade para
produção de vinhos. O manejo das plantas de cobertura do solo
quando roçado e transferido da linha para entrelinha, de
maneira geral não influenciou os resultados.
57
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65
APÊNDICE
APÊNDICE A - Massa de ramos de videiras Cabernet
Sauvignon em cultivo intercalar com plantas de
cobertura do solo submetidas à roçada e
manejo sem e com transferência dos resíduos
culturais em duas safras estudadas, em
Cambissolo Húmico Distrófico em São
Joaquim - SC.
Tratamento Safras
2012 2013
_______________
kg parcela-1________________
Test* 13,60 12,01
T – A s/t 13,55 10,02
T – A c/t 14,35 11,47
Fest s/t 9,25 7,61
Fest c/t 10,39 8,03
Médias 12,23 9,83 *Trat: Tratamentos; Test: Testemunha; T – A s/t: Trigo mourisco + Aveia
branca sem transferência dos resíduos culturais; T – A c/t: Trigo mourisco +
Aveia com transferência dos resíduos culturais; Fest s/t: Festuca sem
transferência dos resíduos culturais; Fest c/t: Festuca com transferência dos
resíduos culturais. Fonte: produção do próprio autor.