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PROGRAMA BOM NEGÓCIO PARANÁ
ABRIL - 2012
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Sumário
Introdução ............................................................................................................................................................... 3
Objetivo ................................................................................................................................................................... 3
Diagnóstico econômico........................................................................................................................................... 3
Visão de futuro ....................................................................................................................................................... 8
Desenvolvimento estadual e regional integrados ................................................................................................. 8
Um novo jeito de governar ..................................................................................................................................... 9
EMPREENDEDORISMO ............................................................................................................................................ 9
Conceito de empreendedorismo ........................................................................................................................ 9
O empreendedor............................................................................................................................................... 10
Perfil do empreendedor ................................................................................................................................... 11
Capacitação aos empreendedores ................................................................................................................... 11
Por que ensinar aos empreendedores? ........................................................................................................... 12
Cursos e tipos de capacitação empreendedora ............................................................................................... 13
A importância das Pequenas e médias empresas ........................................................................................... 13
Fatores de mortalidade das Micro e Pequenas empresas ............................................................................... 14
Capacitação potencializa chances de sobrevivência de pequenas e microempresas .................................... 15
Programa Bom Negócio Paraná e Banco do Empreendedor ............................................................................... 16
Criação do Programa Bom Negócio Paraná ..................................................................................................... 16
http://www.youtube.com/watch?v=MMHD11S28CU .......................................................................................... 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................ 17
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INTRODUÇÃO
O Programa Bom Negócio Paraná teve sua origem do programa homônimo – Bom Negócio
de Curitiba – desenvolvido pela prefeitura de Curitiba no ano de 2005, tendo sido conduzido
com muito sucesso pela Agência Curitiba de Desenvolvimento S/A.
O programa Bom Negócio de Curitiba foi premiado pela Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e foi posicionado como um dos
cinco melhores projetos de desenvolvimento econômico da América do Sul no 10º Fórum
Interamericano da Microempresa, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A partir de 2011 o governo do estado decidiu adotar a metodologia do programa originado em
Curitiba e expandir para todo o estado do Paraná.
OBJETIVO
O Programa tem como objetivo promover o desenvolvimento econômico local dos municípios
do Paraná, através da capacitação, consultoria e acompanhamento de empreendedores,
fortalecendo as iniciativas que possam resultar na sustentabilidade das empresas e na geração
de novos negócios.
Está voltado prioritariamente às micros e pequenas empresas dos setores industrial, comercial
e de serviços, induzindo a geração de empregos e renda e melhorando a qualidade de vida da
população.
É viabilizado por meio de parcerias com instituições de ensino, agentes ligados ao
desenvolvimento empresarial, órgãos e instituições de caráter público e/ou privado.
DIAGNÓSTICO ECONÔMICO
Para a viabilização do Programa Bom Negócio Paraná nos munícipios do Estado foi
necessário realizar um diagnóstico da economia paranaense.
Dessa compreensão extraiu-se o compromisso firmado pelo Governo do Estado com a
sociedade paranaense de preservar e melhorar todas as ações públicas que contribuem
para o desenvolvimento do Paraná, especialmente em três frentes integradas e
complementares, a saber:
• Ação estatal: utilizar de maneira positiva o prestígio e a solidez das empresas públicas
para induzir o desenvolvimento de todo o Estado e, especialmente, das regiões mais
deprimidas.
• Apoio social: preservar e ampliar os programas sociais voltados às populações mais
carentes, ao mesmo tempo em que estimula sua inclusão no mercado de trabalho.
• Política fiscal e de renda: praticar um política fiscal justa, que preveja, dentre outras
ações, a manutenção e a ampliação da isenção de impostos para microempresas,
estimulando a formalização da produção e a geração de empregos.
O Paraná é um estado com economia em transição – da ainda forte base agrícola para um
modelo de equilíbrio entre agronegócio, indústria e serviços. Esse processo de transição –
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iniciado na década de 70 do século passado, com a implantação do primeiro parque industrial
em Curitiba, e reforçado em meados da década de 90, com a vinda da indústria
automobilística, vem sofrendo com a ausência de formação de mão de obra, particularmente a
técnica de nível médio, e com a escassa oferta de crédito.
A urgência em consolidar as bases da nova economia paranaense, de forma a permitir um
novo ciclo de desenvolvimento no estado, cujos indicadores nos últimos anos demonstram
uma incompreensível e injustificável estagnação, passa pela necessidade de compreender os
ciclos econômicos que o conduziram até aqui:
I. Ciclo do Ouro: Como muitos outros Estados, o Paraná teve no ouro o seu primeiro
ciclo econômico de importância, que se desenvolveu a partir do século 17 até meados
do século 18. O litoral foi a região que mais se beneficiou das primeiras lavras
exploradas. Cidades como Paranaguá, Antonina e Morretes, além da Capital Curitiba,
no primeiro planalto, tiveram suas primeiras povoações ligadas à exploração do ouro.
Em pouco tempo, no entanto, as lavras de ouro de Minas Gerais suplantaram todas as
demais, determinando sua extinção.
II. Ciclo do Tropeirismo: Em consequência da hegemonia mineira na exploração do
ouro, um novo ciclo econômico surgiu no Paraná, mais próspero que o anterior: o
tropeirismo (meados do século 18 ao começo do século 20). As populações mineiras
eram abastecidas com carne proveniente do Rio Grande do Sul, gerando um crescente
comércio entre aquele Estado e a cidade de Sorocaba, em São Paulo. O comércio de
carne e de muares para o sudeste cortou o Paraná, incentivando o surgimento de
inúmeras fazendas e foi responsável pelo início de cidades como Rio Negro, Lapa,
Porto Amazonas, Palmeira, Castro, Tibagi, Sengés – alterando o perfil econômico do
Estado.
III. Ciclo da Erva-Mate: Paralelamente ao movimento dos tropeiros, outro ciclo teve
início: o extrativismo da erva-mate, que teve seu apogeu no século 19 até meados do
século 20. A atividade ervateira chegou, na época, a representar cerca de 85% da eco-
nomia da recém instaurada Província Paraná. O mate gerou muitas fortunas, abriu as
portas do mercado paranaense para o exterior, incentivou a navegação fluvial nos rios
Iguaçu e Paraná e permaneceu como uma das atividades mais importantes até o final
da década de 1930.
IV. Ciclo da Madeira: A economia ervateira perdeu parte de sua importância para outro
ciclo que ganhava espaço nos anos 1930/1940 do século 20: a exploração da madeira.
Primeiramente retirada do litoral, com a conclusão da ligação com o planalto por meio
da estrada de ferro e das primeiras rodovias, avançou para o interior do Estado. Foi o
período de maior desmatamento da extensa floresta de araucária que o Paraná possuía.
A economia da madeira, como a do mate, fez muitas fortunas e ultrapassou a da
própria erva-mate em arrecadação, principalmente após a década de 1940. Foi este
ciclo que atraiu os ingleses e povoou parte do interior do Estado.
V. Ciclo do Café: No século 19, os primeiros imigrantes chegaram ao Paraná. Entre eles,
milhares de agricultores originários da Itália, Alemanha, Polônia, Ucrânia e Rússia.
Esse processo desencadeou e ampliou o trabalho e a exploração da terra e deu início a
cultura do café em três áreas: Norte Pioneiro, Norte Novo e Norte Novíssimo. Este
último teve sua colonização entre as décadas de 1930/50 pela Cia de Terras do Norte
do Paraná. A fertilidade da terra roxa propiciou muitas lavouras do café e deu origem
a cidades como Londrina, Maringá, Jacarezinho, Cornélio Procópio, Cianorte,
Arapongas, Apucarana, dentre outras. O café, durante a década de 1960, chegou a
representar 60% de toda a produção agrícola do Paraná. O mesmo crescimento de
ocupação territorial e econômica repetiu-se com o oeste e sudoeste paranaense.
Migrantes, principalmente oriundos do Rio Grande do Sul, introduziram a cultura da
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soja no Estado. Juntamente com o trigo, a soja tornou-se uma das bases da agricultura
paranaense.
VI. Ciclo da Industrialização: o processo de industrialização do Paraná é considerado o
mais recente – e ainda em construção – ciclo da economia do Estado. Processo que se
iniciou de fato a partir da década 1970 e que se ampliou nas duas últimas décadas,
com a implantação de empresas de tecnologia de ponta, material elétrico, comu-
nicações, automotiva, petróleo, além da própria agricultura que, mecanizada, originou
a agroindústria.
Com essa trajetória, o Paraná tornou-se uma das economias mais desenvolvidas do Brasil,
referência em planejamento urbano, reverenciado como celeiro agrícola do país, com elevados
indicadores de qualidade de vida. Realidade que começou a mudar a partir dos anos 2000,
quando a economia de outros Estados iniciou curva de crescimento mais robusta que a do
Paraná. Nos últimos anos, o Paraná vem perdendo posições no ranking de desenvolvimento
dos Estados brasileiros, produzindo indicadores que nos obrigam à reflexão. Enquanto o PIB
per capita de R$ 15.711,00 (dado de 2007), coloca o Estado em sétimo lugar dentre todos os
Estados da federação, acima da média brasileira, o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
revela algo preocupante – nada menos que 296 municípios (75% do total) encontram-se
abaixo da média nacional.
O Paraná é ainda o maior produtor agrícola nacional. Em 2007 superou o Rio Grande do Sul,
transformando-se no quarto maior centro industrial do país. É grande exportador de bens
industrializados – em 2009 o complexo automotivo representou 9,5% das exportações; o de
carnes, 12,6%; e o da soja, 28,6%. Apesar disso, o Estado enfrenta alguns desafios crônicos: a
concentração econômica, populacional e de prestação de serviços em três regiões, Grande
Curitiba, Londrina e Ponta Grossa.
Juntas, essas regiões concentram 73,5% do PIB estadual. Dez municípios dessas regiões
detêm 61,5% do PIB industrial. Além disso, em menos de quatro décadas houve inversão na
distribuição da riqueza: em 1970, 70% do valor agregado industrial eram gerados no interior;
em 2007, 70% se encontravam na Região Metropolitana de Curitiba, para onde, no período de
1995 a 2007, foram direcionados quase 70% dos investimentos industriais. Por outro lado,
amplos setores da economia sofrem de baixa integração vertical e horizontal em suas cadeias
produtivas, resultando em produção de baixo valor agregado. A receita média por área
cultivada é inferior em 57% à obtida no estado de São Paulo, 41,4% à obtida em Santa
Catarina e 13,8% à obtida no Rio Grande do Sul.
Estes dados revelam que há muito por fazer para o desenvolvimento do Paraná, e não é
imprudente projetar para um futuro próximo o alargamento do fosso entre centros urbanos
cada vez mais ricos e o interior cada vez mais pobre. O desafio do Governo do Estado do
Paraná é encurtar a distância que separa os que têm pouco dos que não têm nada e, partir deste
novo patamar, construir um Estado em que todos tenham muito.
A população do Paraná também se concentra em poucos municípios. O Estado conta
10.686.247 habitantes, sendo que 3.618.943 habitantes vivem na Região Metropolitana de
Curitiba (Estimativa IBGE, 2009). Se não é possível levar a população para regiões melhores
– até porque não é coerente e viável – que se estendam a todos os benefícios que só o Estado
pode propiciar. Pode-se observar em detalhes esta distribuição na tabela a seguir :
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DISTRIBUIÇÃO DE MUNICÍPIOS SEGUNDO TAMANHO DA POPULAÇÃO – PARANÁ, 2009.
Classes de Tamanho (Habitantes)
Nº de Municípios
% de Municípios
Nº de Habitantes
% de Habitantes
Menos de 5.000 96 24,06 % 343.171 3,21 %
5.000 a 10.000 113 28,32 % 796.248 7,45 %
10.001 a 20.000 103 25,81 % 1.463.381 13,69 %
20.001 a 50.000 54 13,53 % 1.635.301 15,30 %
50.001 a 100.000 17 4,26 % 1.285.632 12,03 %
100.001 a 500.000 14 3,51 % 2.800.592 26,21 %
Acima de 500.000 2 0,51 % 2.361.922 22,10 %
Total 399 100 % 10.686.247 100 %
Em 33 municípios com mais de 50 mil habitantes vivem 6.448.146 habitantes, ou seja,
60,34% da população do Estado, enquanto nos outros 366, vivem 4.238.101, ou 39,66% da
população. São 113 os municípios que possuem entre 5 e 10 mil habitantes e 96 os que têm
menos de 5 mil.
De um modo geral, os pequenos municípios são os que apresentam o menor dinamismo
econômico e os que mostram tendência a perdas populacionais, principalmente da população
adulta e ativa, decorrentes da busca por melhores oportunidades de vida.
Dados da estimativa populacional do IBGE, em 2009, comparados aos dados do Censo de
2000, mostram que no Paraná, 168 municípios perderam população naquele período; 159
deles tinham menos de 20 mil habitantes e os outros nove tinham entre 21.672 a 35.155
habitantes.
Em contrapartida, o inchaço das regiões mais desenvolvidas aumenta o contingente de
pessoas que pressionam os mercados de trabalho, a infraestrutura e os serviços públicos. Dos
20 municípios que mais cresceram entre 2000 e 2009, 9 (45%) são da Mesorregião
Metropolitana de Curitiba, e entre os 40 municípios do estado com mais de 40 mil habitantes
em 2009, 11 (27%) são da mesma região. O chamado Núcleo Urbano Central (Curitiba e
áreas urbanas adjacentes) tinha em 2007, 3 milhões de habitantes e terá cerca de 4,1 milhões
de habitantes em 2020, o que torna premente a necessidade de repensar o planejamento para a
região.
Além disso, a composição etária da população paranaense vem se modificando
substancialmente nas últimas décadas. Se no passado falava-se em pirâmide, em cuja base
larga predominavam as crianças e os muito jovens e no vértice a população idosa em menor
número, o que temos hoje é uma redução na proporção de crianças e jovens e um aumento da
população adulta e de idosos. Assim como no Brasil em geral, no Paraná sobressai a forte
tendência decrescente da população de crianças e jovens, entre zero e 14 anos e o crescimento
acentuado da população de 65 anos e mais. Esta é, sem dúvida, mais uma poderosa causa de
pressões crescentes sobre o mercado de trabalho.
Por outro lado, a população jovem é a que mais sofre com a falta de oportunidades e a
principal consequência é a forma como se encontra mergulhada num grave quadro social de
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insegurança. Um contexto de violência extrema que se estende por toda a sociedade, muito
embora encontre entre os próprios jovens suas principais vítimas.
O quadro até aqui delineado é corroborado pela situação do Índice de Desenvolvimento
Humano no Paraná.
Construído a partir de informações fundamentais para dimensionar as condições sociais da
população – esperança de vida, escolaridade, analfabetismo e renda – o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) expõe as enormes desigualdades entre
estruturas político-administrativas. Tendo como referência o ano 2000, o Paraná (0,787)
situava-se numa posição extremamente desfavorável em relação aos estados do Sul e a São
Paulo, com 296 municípios (75% do total do Estado) registrando IDH-M inferior à média do
Brasil (0.766).
Enquanto no Paraná predominavam municípios com IDH-M inferior ao do Brasil, nos demais
Estados (SC, SP e RS) predominavam os municípios com índices superiores a 0,800,
considerado de alto desenvolvimento humano. IDH em detalhes
http://www.ipardes.gov.br/pdf/indices/idh_estados.pdf
Mapa 1- IDH – SP, SC, PR, RS Ano de 2000
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Em resumo observamos que:
1. O desenvolvimento do Paraná é heterogêneo e concentrado;
2. A população economicamente ativa deixa os pequenos municípios, que são os menos
desenvolvidos, porque neles não encontra oportunidades, principalmente educação e
emprego;
3. Ao migrar, a população torna o desenvolvimento local ainda mais difícil por privar os
pequenos municípios de sua principal riqueza potencial, o capital humano, o que gera
desperdício de suas potencialidades produtivas;
4. Além disso, estes municípios sofrem com a persistência de um perfil institucional
deficitário e com serviços inexistentes ou de baixa qualidade, como, por exemplo, os de
saúde;
5. Por outro lado, as populações que migram aumentam a pressão por infraestrutura e
serviços nas regiões mais concentradas e desenvolvidas;
6. Deslocando o foco de investimentos previstos – das regiões de origem para as de destino –
os movimentos migratórios confundem o planejamento estratégico e perpetuam os
problemas nos pequenos municípios;
7. Ao incharem desordenadamente, as regiões mais desenvolvidas não conseguem a nova
demanda que se instala, criando uma situação insolúvel, na qual os pequenos municípios
ficam sem a população e sem estrutura e os maiores centros com excesso de gente e
igualmente sem infraestrutura;
8. Estas regiões, já demandadas em grande escala, entre outros fatores, pelas alterações do
perfil demográfico da população, não conseguem produzir oportunidades e serviços em
escala necessária;
9. O que prevalece neste processo é um quadro de desigualdades graves entre diferentes
regiões do Paraná, com carências sociais mesmo nos territórios mais desenvolvidos;
VISÃO DE FUTURO
Governo e sociedade devem definir uma diretriz em torno da qual promoverão seus esforços
para elevar a Qualidade de Vida e o Desenvolvimento Humano no Paraná. Não se trata de
apenas atingir um maior índice médio de desenvolvimento humano (IDH médio), mas de
construir um Estado com políticas voltadas à Desconcentração do Desenvolvimento. Um
dos pontos de partida destas políticas deve ser a identificação das regiões que já
demonstraram capacidade de melhorar a economia local, a oferta de empregos e sua
inserção na dinâmica econômica e social do Estado.
A distribuição equilibrada dos investimentos deve, portanto, priorizar a desconcentração
econômica, fortalecendo as organizações e segmentos potenciais em atividade e as situações
onde o desenvolvimento se mostre mais necessário. Em síntese, é preciso aumentar a
riqueza por m2 no Estado, ampliando a integração e o valor agregado em distintos campos
da economia.
DESENVOLVIMENTO ESTADUAL E REGIONAL INTEGRADOS
Ocupando papel central, como ponto de convergência de todo o esforço da sociedade e do
governo, deverá estar o Desenvolvimento Integrado Estadual e Regional, condutor de todas
as demais políticas de desenvolvimento e criação de valor, que explorem as potencialidades
empreendedoras locais para a geração de oportunidades, riqueza e serviços resolutivos.
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A chave do sucesso será manter um contínuo esforço de convergência e sinergia do governo,
das empresas e do terceiro setor. Um projeto desta magnitude não pode ser compreendido
como ônus ao desenvolvimento econômico e ao Estado, mas como parte fundamental de uma
dinâmica em que o social e o econômico interagem sistemicamente, num processo de efetivo
desenvolvimento integrado.
Nessa construção serão imperativas políticas voltadas para a Educação, a Ciência e a
Tecnologia como base fundamental e fator decisivo no médio e longo prazos. Valendo-se da
base educacional, concomitante com a sua reconstrução.
O Estado terá que fomentar estratégias de Desenvolvimento Econômico e Inovação, visando
a integração de cadeias produtivas, com agregação de valor e competitividade internacional,
principalmente no campo de nosso potencial superior, que é o agronegócio, com inovação
biotecnológica. As instituições de ensino superior deverão engajar-se em redes de inovação e
desenvolvimento de ativos tecnológicos, de forma articulada às bases produtivas do Estado.
Deve-se também diversificar a economia a partir do potencial específico de cada região, com
apoio às empresas já existentes, no contexto dos arranjos produtivos locais e com
fomento ao surgimento de novas pequenas e médias empresas. Para isso, será essencial a
criação de programas amplos de qualificação dos empreendedores, trabalhadores e arranjos
educacionais, organizados para atender diretamente a atividade econômica instalada ou
emergente, como o proposto no Programa Bom Negócio Paraná.
UM NOVO JEITO DE GOVERNAR
Um governo transparente e agregador, aberto à cooperação e à pactuação de objetivos de
desenvolvimento com o mercado e o terceiro setor. Só um pacto com essas características, de
efetiva Governança Social, garantirá as condições necessárias para o desenvolvimento. É
imprescindível também que o Estado retome seu papel na Descentralização e
Regionalização, a começar por verdadeiro apoio aos municípios.
Esta postura, responsável e inovadora, deverá ser construída a partir do desenvolvimento das
competências de gestão, da renovação dos métodos de trabalho e das estruturas de Governo,
numa verdadeira Gestão para Resultados. Tal capacidade pressupõe grande investimento no
desenvolvimento dos servidores públicos, E, por fim, é necessário um Redimensionamento
da Estrutura Administrativa, de modo a melhor atender as demandas presentes e futuras,
com todas as ferramentas de gestão modernas.
EMPREENDEDORISMO
CONCEITO DE EMPREENDEDORISMO
O termo Empreendedorismo vem sendo usado freqüentemente, tanto no meio acadêmico,
quanto no meio empresarial, e muitas das vezes empregado de forma inadequada
descaracterizando seu conceito.
A partir do século XX o empreendedorismo começou a despertar o interesse acadêmico e ser
estudado de maneira sistemática, interessando-se pelo tema os economistas que viam na
capacidade empreendedora a mola que impulsionava a economia e promovia inovações; os
psicólogos e sociólogos buscando encontrar as razões psicológicas que levam determinadas
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pessoas a terem comportamentos empreendedores e compreender como o ambiente social
poderia promover tais ações; e por fim os administradores que viam na capacidade
empreendedora um elemento essencial para a sobrevivência das empresas. (MARIANO,
2008).
Segundo Dornelas (2005) o conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no
Brasil e começou a ser estudado com maior interesse no final da década de 1990. O autor
descreve que tal preocupação com o tema deve-se à criação de pequenas empresas duradouras
e a necessidade da diminuição das altas taxas de mortalidade desses empreendimentos.
Para Dolabela (2006) o empreendedorismo não é um tema recente e existe desde sempre
sendo da natureza humana inovar. Segundo o autor o termo deriva da livre tradução da
palavra entrepreneurship, que contem as idéias de iniciativa e inovação, implicando numa
forma de ser, uma concepção com o mundo, uma forma de se relacionar. Dolabela (2006) cita
ainda que o empreendedorismo não é uma ciência , mas é uma das áreas em que mais se
pesquisa e publica, não existindo ainda paradigmas e padrões estabelecidos podendo muita
coisa ainda ser dita sobre o assunto.
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2009 p.134), Empreendedorismo
é: “Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento, como por
exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento
existente por um individuo, grupos de indivíduos ou por empresas já estabelecidas.”
Levando em consideração tais conceitos Dornelas (2005) declara que o momento atual pode
ser chamado de a “era do empreendedorismo”, pois os empreendedores estão eliminando
barreiras comerciais e culturais, encurtando distancias , renovando conceitos, quebrando
paradigmas e gerando empregos e riqueza para a sociedade.
O EMPREENDEDOR
Para Dornelas (2005, p. 21) “os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem
motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na
multidão, querem se reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um
legado.”
Segundo Chiavenato (2008) o termo empreendedor - do francês entrepreneur - significa
aquele que assume riscos e começa algo novo. O empreendedor não é somente aquele que
constrói uma empresa ou inicia um novo negocio, mas sim a pessoa que inicia e/ou opera um
negocio para realizar uma idéia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e
inovando continuamente. São o motor da economia, aquele que busca e sabe avaliar as
oportunidades, ou seja o espírito empreendedor esta presente em todas as pessoas que se
propõe a assumir riscos e inovar continuamente. De acordo com Dolabela (2006, p. 25) o
empreendedor é um ser social e um fenômeno local. Sendo este produto do meio em que
vive, pois se o ambiente em que estiver inserido o ato de empreender for visto como algo
positivo , o individuo terá mais motivação para criar seu negocio, sendo assim poderá haver
regiões mais empreendedoras que outras, variando de lugar para lugar.
Filion(1999, p. 12) diferencia o empreendedor do gerente da seguinte maneira:
Gerentes e pequenos empresários buscam atingir metas e objetivos a partir dos recursos
disponíveis, dentro de uma estrutura predefinida ou copiada. Os empreendedores por outro
lado, gastam boa parte de seu tempo imaginando aonde querem chegar e como farão para
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chegar lá. De alguma forma, os empreendedores são detectores de espaços de mercado e
criadores de contextos.
A partir das idéias de Fillion (1999) e a visão da administração sobre o empreendedorismo
apresentado por Dornelas (2005), nota-se que apesar de ser muitas das vezes confundido com
o administrador ou gerente, o empreendedor possui características que vão além, tais como a
capacidade de criar e inovar e a vontade de ser independente e possuir seu próprio negocio,
criando valor para a sociedade e não apenas reproduzindo o que foi feito.
Portanto, também pode-se perceber a mesma idéia, com as palavras de Dolabela (2006, p.7),
onde menciona que “não se considera empreendedor alguém que, por exemplo, adquire uma
empresa e não introduza nenhuma inovação (quer na forma de vender, quer na produção ou
maneira de tratar os clientes), mas somente gerencie o negocio”.
PERFIL DO EMPREENDEDOR
Maximiano (2006) apresenta as seguintes características do perfil empreendedor:
Criatividade e capacidade de implementação;
Disposição para assumir riscos;
Perseverança e Otimismo e
Senso de Independecia
Ainda sobre o perfil empreendedor Chiavenato( 2008) aponta 3 características básicas que
identificam o “espírito empreendedor” que são: a necessidade de realização; a disposição para
assumir riscos; e a autoconfiança. Sendo que nem todos que se tornam empreendedores
possuem tais características podendo ter ingressado em novos negócios e iniciado uma
empresa por outras razões alheias a sua vontade e ao tipo de comportamento. Como cita
Chiavenato op. cit. ao referir-se sobre as idéias de Knigth que identificou vários fatores
ambientais que encorajaram ou impulsionaram as pessoas a iniciarem seu próprio negocio
rotulando tais empreendedores como “refugiados” (refugiados estrangeiros, corporativos, dos
pais, do lar, feministas, sociais e educacionais) sendo influenciado por circunstâncias adversas
e fatores não-comportamentais.
CAPACITAÇÃO AOS EMPREENDEDORES
De acordo com Mariano (2008) existem vários mitos sobre empreendedores e
empreendedorismo, que surgiram devido à ausência de pesquisas cientificas mais
aprofundadas sobre o tema. Dentre eles o autor apresenta um citado por Kuratko e
Hoodgestss, onde diz que “empreendedores nascem feitos, não são feitos”, sendo que na
verdade algumas características podem ser associadas aos empreendedores, como iniciativa,
capacidade de correr riscos, etc. Porém, com o entendimento de empreendedorismo como
uma disciplina, este mito vem se desfazendo, pois, o empreendedor se desenvolve por meio de
acumulo de habilidades, know-how, experiências e contatos, podendo qualquer pessoa
apreender as competências necessárias para se tornar um empreendedor, sendo possível a
capacitação e o aprendizado desta disciplina.
Dornelas (2005) atenta para o fato de que alguns anos atrás pessoas que não possuíam o perfil
empreendedor eram desencorajadas a empreender, pois estavam fadadas ao fracasso.
Porém com a popularização do tema e os diversos estudos realizados nesta área, hoje se
percebe que isso não passa de mais um mito sobre empreendedorismo. Ainda segundo
Dornelas (2005, p. 40):
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(...) o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o
sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negocio, do perfil do
empreendedor e de como ele administra as adversidades que encontra no dia-a-dia de seu
empreendimento.
Para Filion (1999 p. 16) empreendedores de sucesso nunca param de apreender. O autor cita
Collins e Moore com uns dos primeiros que identificaram isto como uma das características
mais marcantes dos empreendedores bem-sucedidos. Fillion diz que: A aprendizagem, a
aquisição e a expressão de know-how gerencial e técnico tornamse o modo de vida dos
empreendedores de sucesso. Trata-se de uma forma continua de monitoração-reflexão-gestão
do que está acontecendo. Isso conduz à correção, ao ajuste e à melhoria do que é feito e de
como é feito. Os empreendedores são incentivados a aprender por sua visão, o que também
lhes ajuda a estabelecer diretrizes pra aquilo que precisam apreender. Enquanto continuam a
apreender, os empreendedores continuam a ter sucesso.
Diferente do aprendizado em outras áreas em que se busca a resposta certa, a grande virtude
do empreendedor é a capacidade de formular as perguntas pertinentes, que geralmente não
apontam para uma só verdade, para uma única “reposta certa”, mas para vários caminhos e
diferentes alternativas. (DOLABELA, 2006 p. 54)
POR QUE ENSINAR AOS EMPREENDEDORES?
Dolabela (2006, p. 51) cita 10 razões para se ensinar empreendedorismo, que são:
Alta taxa de mortalidade infantil das empresas;
Mudanças na relação de trabalho;
Exigência por parte das empresas de um alto grau de empreendedorismo, tanto para os
empregados, quanto para gestores;
Metodologia atual inadequada para formar empreendedores;
Distanciamento das instituições de ensino dos “sistemas de suporte” (empresas, órgãos
públicos, financiadores, etc.);
falta de cultura empreendedora;
A percepção da importância da PME ( Pequena e Media empresa) para o crescimento
econômico ainda é insuficiente;
Cultura da grande empresa ainda predominante no ensino;
Preocupação com os aspectos éticos que envolvem as atividades do empreendedor na
sociedade e na economia;
E por ultimo a cidadania e o comprometimento do empreendedor com o meio
ambiente e a comunidade.
O contexto atual é propicio para o surgimento de um numero cada vez maior de
empreendedores, sendo este um motivo para a capacitação dos mesmos ter se tornado
prioridade em diversos paises, inclusive no Brasil, com a crescente preocupação de escolas e
universidades a respeito do assunto, por meio da criação de cursos e matérias especificas de
empreendedorismo.
Segundo Filion (1999 p. 11) “Quanto mais completo for o conhecimento do empreendedor e,
ainda, sua imagem e entendimento de um setor de negócios, tanto mais realista será sua
visão”. O autor ainda cita a capacidade intelectual e o nível de instrução do empreendedor, a
posição ocupada quando a informação foi adquirida e a razão dessa aquisição, o quanto o
empreendedor conhece o setor e, finalmente, o tempo gasto para se inteirar sobre o setor,
como fatores relevantes para a formação do processo empreendedor.
13
CURSOS E TIPOS DE CAPACITAÇÃO EMPREENDEDORA
O empreendedor não é uma ilha isolada no oceano. Por meio de sua rede de contatos, ele deve
identificar os melhores profissionais e entidades para assessorá-lo. (DORNELAS, 2005 p.
195)
Para Dolabela (2006) o empreendedorismo, em termos acadêmicos, é um campo muito
recente, com poucas décadas de atividade. Mas os cursos nessa área têm-se multiplicado com
uma velocidade incrível. Em 1975, nos EUA, havia cerca de cinqüenta cursos. Hoje
empreendedorismo é tema indispensável em universidades e escolas de 2º grau.
Segundo Dornelas (2005, p. 40) “Deve-se entender quais são os objetivos do ensino de
empreendedorismo, pois os cursos podem diferir de universidade para universidade ou escola
técnica.” Diante das características que os cursos sobre empreendedorismo devem possuir
Dornelas (2005, p.40) aponta as seguintes:
Qualquer curso de empreendedorismo deveria focar: na identificação e no entendimento das
habilidades do empreendedor; na identificação e analise de oportunidades; em como ocorre a
inovação e o processo empreendedor; na importância do empreendedorismo para o
desenvolvimento econômico; em como preparar e utilizar um plano de negócios; em como
identificar fontes e obter financiamento para o novo negocio; e em como gerenciar e fazer a
empresa crescer.
Dornelas (2005) ainda destaca que tão importante quanto conseguir o financiamento inicial
para o começo do negocio, são as assessorias que ajudarão o empreendedor a ultrapassar a
primeira e, em geral, a mais difícil fase do empreendimento: a da sobrevivência.
Diante de tais aspectos, se destacam algumas instituições para apoio e capacitação aos
empreendedores que desejam obter suporte para um negocio novo ou já estabelecido:
Universidades e Centros de Pesquisa
O empresário brasileiro não tem o hábito de recorrer às Universidades e institutos de Pesquisa
para obter assessoria e auxilio para as suas empresas, devido a alguns fatores como a falta de
divulgação e o desconhecimento dos serviços prestados por estas instituições (muitas vezes
gratuitos), o medo de parecerem despreparados e “ignorantes” por considerarem seus
problemas “pequenos” e de “fácil solução” (quando muitas das vezes não são), e por acharem
que o atendimento em tais instituições são morosos e ineficazes na solução das dificuldades
encontradas em sua empresa.
A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
No Brasil, são criados anualmente mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos formais.
Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e Empreendedores Individuais (EI).
Com o crescente numero de MPE no Brasil, cerca de 100 % do total de empresas em 2007 (de
acordo com dados do SEBRAE), torna-se cada vez maior o interesse sobre tais instituições
que hoje faturam R$ R$ 5,1 bilhões e ocupam 1,9 milhões de pessoas entre sócios e
empregados (IMPE / SEBRAE, 2009). Mas apesar destes fatores, ainda há pouca literatura
sobre o assunto.
As micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos com
carteira assinada do Brasil. Se somarmos a isso a ocupação que os empreendedores geram
para si mesmos, pode-se dizer que os empreendimentos de micro e pequeno porte são
14
responsáveis por, pelo menos, dois terços do total das ocupações existentes no setor privado
da economia.
A sobrevivência desses empreendimentos é condição indispensável para o desenvolvimento
econômico do País. E todos os estudos no Brasil e no mundo mostram que os dois primeiros
anos de atividade de uma nova empresa são os mais difíceis, o que torna esse período o mais
importante em termos de monitoramento da sobrevivência.
Visto este cenário cabe ao gestor estar bem preparado e capacitado para lidar com os fatores
macro e microeconômicos, tendo conhecimento das práticas de gestão necessárias e domínio
sobre finanças, vendas, produção, além de uma estratégia de planejamento para diversos tipos
de cenários.
A capacitação através de cursos específicos destinados aos empreendedores, com métodos de
ensino prático que remetem a realidade do mercado e das empresas, com estudos de caso,
atividades práticas e dinâmicas, são de grande auxilio para quem deseja ou já possui uma
MPE, e quer se mantiver competitivo e aumentar as chances de sucesso de sua empresa.
Assim muitas instituições auxiliam nesse processo, ofertando cursos que ensinam aos
empreendedores os instrumentos de gestão necessários para se abrir uma empresa e mantê-la
com sucesso, contribuindo pra reduzir as chances de mortalidade nos primeiros anos.
FATORES DE MORTALIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Como apontado pela pesquisa Fatores Condicionantes e taxas de sobrevivência e mortalidade
das micro e pequenas empresas no Brasil, realizada pelo SEBRAE (2007), apesar do índice de
mortalidade das MPE vir diminuindo ao passar do tempo, de 49,4% em 2002 para 22,0 % em
2005, no Brasil esse índice ainda é bem significativo, principalmente quando se trata do
estagio inicial do negocio (os primeiros dois anos de existência), devendo o empreendedor
atentar quais os principais fatores que levam a empresa à falência.
Drucker (1984) observa que o sucesso pode não ser permanente. Pois as empresas são
criações humanas desprovidas de permanência real, devendo estas sobreviverem além do
período de vida de seu fundador, prestando a contribuição que deve a economia e a sociedade.
O autor finaliza dizendo que: “Perpetuar a empresa é tarefa básica que cabe ao espírito
empreendedor – e a capacidade de consegui-lo pode muito bem constituir o teste mais
definitivo para sua administração”.
Como citado por Chiavenato (2008, p. 15), “nos novos negócios, a mortalidade prematura é
elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam.” Diante disso ele aponta
algumas possíveis causas de mortalidade nas empresas, apresentadas na Tabela 2:
As causas mais comuns de falhas no negócio (Fonte: Chiavenato (2008, p.15)
Inexperiência- 72 %
Incompetência do empreendedor
Falta de Experiência de campo
Falta de experiência profissional
Experiência desiquilibrada
Fatores econômicos - 20 %
Lucros insuficientes
Juros elevados
Perda de mercado
Mercado consumidor restrito
Nenhuma viabilidade futura
15
Vendas Insuficientes - 11 %
Fraca competitividade
Recessão econômica
Vendas Insuficientes
Dificuldade de estoques
Clientes
Despesas excessivas - 8 %
Dividas e cargas demasiadas
Despesas
operacionais
Outras causas - 3 %
Negligencia
Capital insuficiente
Clientes insatisfeitos
Fraudes
Ativos insulficientes
CAPACITAÇÃO POTENCIALIZA CHANCES DE SOBREVIVÊNCIA DE PEQUENAS E MICROEMPRESAS
Embora a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas seja considerada alta, os micro e
pequenos empresários estão visualizando um ambiente mais favorável para iniciarem seus negócios,
pois a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas paranaense caiu nos últimos dez anos.
De cada 100 novas empresas abertas no Estado de São Paulo, 27 não conseguem completar um ano
de atividade. Em 1998, o número chegava a 35. É o que informa o resultado da pesquisa do Sebrae-
SP "Dez Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade de Empresas", elaborada pelo
Observatório das Micro e Pequenas Empresas.
Esta tendência também se reproduz nas MPEs com dois, três, quatro e cinco anos de atividade. O
índice de mortalidade no segundo ano de atividade caiu de 46% para 38%; no terceiro ano de 56%
para 46%; no quarto ano, de 63% para 50% e no 5º ano, de 71% para 62%. Segundo a pesquisa, a
diminuição de falências é atribuída à queda da carga tributária - considerada ainda muito alta pelos
empresários, maior facilidade ao crédito e uma melhora no perfil do empreendedor, levando em
consideração questões como grau de escolaridade, a procura por capacitação e treinamento e a
atuação conjunta com outras empresas, de forma associada ou por meio de parcerias.
Para se ter uma ideia, em 1999, os pequenos empresários levavam apenas nove meses para avaliar o
novo negócio, enquanto que no ano passado, esse tempo de maturação e viabilidade era de
aproximadamente de quatorze meses. O cenário econômico mais estável e a melhora na renda dos
trabalhadores são fatores importantes para se medir a melhora e sobrevivência das micro e pequenas
empresas, como mostra a pesquisa.
Mas não é só isso, o empresário tem que estar sempre atento ao que está acontecendo ao redor do
seu negócio, se informando e se capacitando continuamente. Essa capacitação na prática significa
fazer cursos de especialização nas áreas de apoio ao gerenciamento e administração dos negócios,
participar de atividades como feiras, exposições e eventos relacionados ao setor de negócios no qual
sua empresa atua, se informando dos últimos lançamentos, saber das novas tendências, além é claro
poder fortalecer sua rede relacionamentos e estabelecer parcerias. Em 2006, 81 mil micro e
pequenas empresas faliram, proporcionando o fim de 267 mil postos de trabalho e prejuízo na
ordem de R$ 15,7 bilhões. Seja qual for o segmento ou o tamanho do empreendimento, o
empresário deve sempre seguir esses caminhos para construir o sucesso e se manter competitivo no
mercado.
16
PROGRAMA BOM NEGÓCIO PARANÁ E BANCO DO EMPREENDEDOR
CRIAÇÃO DO PROGRAMA BOM NEGÓCIO PARANÁ
O Governo do Estado, diante da identificação de uma demanda crescente por mecanismos
estruturantes, com vistas à sustentabilidade dos micro, pequenos e médios empreendimentos e à
diminuição do alto índice de mortalidade desse segmento empresarial, à geração e à manutenção de
postos de trabalho e renda, lançou o Programa Bom Negócio Paraná e o Banco do Empreendedor ,
com o objetivo de fortalecer o desenvolvimento das micro, pequenas empresas, buscando-se a
inserção dos empreendedores no setor formal da economia, bem como o surgimento de novos
negócios.
Esse Programa tem abrangência estadual, envolve a coordenação e a articulação de diversas ações e
programas de agentes públicos e privados, caracterizado como um Plano de Governo, que tem como
eixos principais a capacitação, o crédito com as menores taxas do Brasil e a assessoria
empresarial.
A capacitação é dirigida para aquele que gerencia efetivamente o empreendimento, seja o
proprietário do negócio, funcionário responsável pela sua condução, ou um novo empreendedor e
pretende trazer ao empreendedor informações gerenciais básicas para auxiliá-lo na condução e
avaliação de seu negócio e na decisão de obtenção de crédito.
O maior objetivo da capacitação é tornar o empresário capaz de avaliar previamente a real
possibilidade de honrar os compromissos e de consolidar o seu empreendimento. Pois a capacitação
prevê orientação para a elaboração do Plano de Negócios, necessário para a obtenção do crédito e
para a adequada aplicação dos recursos.
A metodologia adotada do ensino do empreendedorismo reproduz na sala de aula a forma como o
empreendedor aprende na realidade, em sua empresa: solucionando problemas, trabalhando e
criando sob pressão, interagindo com os pares e outras pessoas, promovendo trocas com o
ambiente, aproveitando oportunidades, copiando outros empreendedores, aprendendo com os
próprios erros.
Com base neste cenário foi criado o Subprograma Apoio à Gestão da Inovação – Núcleo Programa
Bom Negócio Paraná –PBNP a ser implementado pela SETI- Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior – SETI, com o objetivo de:
• Ensinar, capacitar e orientar por meio de consultoria a micro, pequeno, médio e informais
empreendedores em todos os munícipios do Paraná;
• Financiar projetos que venham promover o desenvolvimento local por meio de ações de
consultoria e capacitação a empreendedores de setores estratégicos da sociedade;
• Criação de emprego e geração de renda, fortalecendo atividades empreendedoras nos
municípios;
• Estimular o cooperativismo e a formalização de empresas.
Para assistir o vídeo de apresentação do Programa Bom Negócio Paraná acesse o endereço
http://www.youtube.com/watch?v=MMHD11S28CU
17
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, apesar da taxa de mortalidade precoce das MPE vir diminuindo com os anos, esta ainda é
bastante preocupante, visto que as MPE representam a maioria das empresas constituídas no país,
contribuindo para a geração de renda e desenvolvimento econômico.
Devido a este fato deve-se atentar para as causas que levam à falência destas instituições nos
primeiros anos de existência como observado por Chiavenato (2008) e os tipos de medidas cabíveis
para evitá-las. Neste caso vale destaca-se a capacitação empreendedora como um dos métodos
eficazes para se evitar este mal que afligi todos aqueles que possuem ou desejam iniciar seu próprio
negócio.
Pois é através do conhecimento das técnicas de gerenciamento, do mercado e do próprio negócio
que os empreendedores podem alcançar o sucesso evitando falhas que possam ocorrer caso não se
tenha o preparo e a capacitação suficiente para lidar com as turbulências que o mercado apresentar.
Porém, no Brasil os programas de capacitação ainda são bastante incipientes e pouco divulgados,
apesar da existência de instituições como o SEBRAE, Instituto Empreender Endeavor, empresas
juniores de diversas Universidades e de medidas adotadas pelo governo, dentre outros, estes ainda
abrangem uma parcela muito pequena de empreendedores, que de acordo o relatório Global
Entrepreneurship Monitor: Empreendedorismo no Brasil (GEM, 2008), 52,6% dos empreendedores
de empresas nascentes preferem procurar auxílio com amigos e parentes contra 15,8% que buscam
auxílio com um serviço de orientação para negócios.
Com base no que foi observado na literatura nota-se a grande importância da capacitação de
empreendedores das MPE como uma forma de evitar a mortalidade precoce destas empresas
conforme as idéias de Dornelas (2005) onde diz que o contexto atual é propicio para o surgimento
de um número cada vez maior de empreendedores, sendo este um motivo para a capacitação dos
mesmos ter se tornado prioridade em diversas instituições. Devemos destacar que tão importante
quanto conseguir o financiamento inicial para o começo do negocio, são as assessorias que ajudarão
o empreedendor a ultrapassar a primeira e, em geral, a mais difícil fase do empreendimento: a da
sobrevivência, assim o Governo do Estado do Paraná criou o Programa Bom Negócio Paraná.
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SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, Capacitação de empreendedores: uma
forma de evitar a mortalidade precoce das micro e pequenas empresas(Rodrigo Carlos Marques
Pereira Priscila Aparecida Sousa)