programa de desenvolvimento educacional · 2014. 4. 22. · do projeto e dos materiais que seriam...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
O JOGO COMO CONTEÚDO DA DISCIPLINA DE
EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RESGATE CULTURAL
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Artigo sobre o material didático: Jogos e brincadeiras tradicionais
Vera Lucia Degaspere
JUNHO/2012
Orientador: Prof. Dr. Orlando Fogaça Júnior
Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina
Artigo sobre a implementação do material didático, de Educação Física, sobre Jogos e brincadeiras tradicionais,
produzido como conclusão do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, instituído pela Secretaria de
Estado da Educação do Estado do Paraná.
JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS
Vera Lucia Degaspere
Professora da Rede Pública de Ensino do Paraná. Concluinte do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE na Universidade Estadual de Londrina –
UEL, Londrina – PR, [email protected]
RESUMO
Este artigo apresenta a implementação do material pedagógico produzido no PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná no ano de 2011. Relata os procedimentos e resultados das práticas metodológicas utilizadas para gerar conhecimentos significativos aos alunos, tendo como base os jogos brincadeiras tradicionais. O enfoque, além do cultural e social está presente no texto trabalhado. O material visou sugerir ações pedagógicas mais significativas para os educandos, com uso de recursos como: construção de brinquedos, realização de brincadeiras, leitura de textos sobre sua utilização, instruções e regras. Foram realizadas pesquisas na internet, de campo, questionamentos, troca de ideias e saneamento de dúvidas sobre o tema abordado.
Palavras Chaves: Jogos, brincadeiras, práticas metodológicas, aprendizagem e cultura.
ABSTRACT
This article presents the implementation of educational material produced on EDP-Educational Development Programme of the State of Paraná in the year 2011. Reports the procedures and results of methodological practices used to generate significant knowledge to students, based on the traditional play games. The focus, in addition to cultural and social is present in the text worked. The material aimed to suggest actions significantly more pedagogical learners, using features like: building toys, making jokes, reading texts on their use, instructions and rules. Internet searches were carried out, field, questions, exchange ideas and questions about the theme sanitation approached.
Keywords: games, jokes, methodological practices, learning and culture.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta o resultado e análise da implementação do material
pedagógico, que privilegia o enfoque dos jogos e brincadeiras tradicionais como
ferramenta de aprendizagem na disciplina de Educação Física, que possibilita
também a interação social, o desenvolvimento das potencialidades das crianças, de
preservação da identidade e da cultura relacionada aos jogos populares, e como
contribuição para que os professores possam ser motivados a repensarem o
planejamento e organização de seus conteúdos e suas aulas.
O material foi produzido com o objetivo de proporcionar aos alunos um
estudo, compreensão e vivência de jogos e brincadeiras tradicionais, desenvolver
práticas pedagógicas alternativas e tornar as aulas mais atrativas e participativas.
Este projeto foi aplicado junto aos alunos da 5ª série (6ºano) do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Rui Barbosa – Ensino Fundamental e Médio, da
cidade de Jandaia do Sul, Estado do Paraná.
Na sua produção e implementação levou-se em consideração que, em geral,
nas aulas de Educação Física os jogos e brincadeiras são deixados em segundo
plano, ou seja, não lhe são dados a devida importância. As atenções são voltadas a
outros conteúdos julgados mais importantes, preferencialmente os esportes.
Os jogos tradicionais tão comuns no cotidiano infantil no passado vêm
perdendo espaço diante da modernidade e da tecnologia. Observa-se com muita
frequência a redução do espaço físico e a perda de segurança, condição essencial
para sua prática.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os jogos sempre fizeram parte da vida das pessoas. Desde a antiguidade os
homens realizavam jogos com fins competitivos ou de lazer. Essas atividades foram
sendo adaptadas à medida que humanidade evoluía e que as necessidades se
modificavam.
Vários autores consideram a vida como um jogo, pois em tudo há a
competição e a necessidade de definir estratégias para superar os concorrentes e
vencer.
Assim como no cotidiano, também nos jogos muitos elementos formadores
do caráter, das emoções do comportamento estão presentes. As pessoas participam
de jogos e brincadeiras com finalidade de se divertir ou de competir.
No sistema escolarizado a disciplina de Educação Física possui como
saberes específicos de sua área os jogos, e inseridos neste eixo os jogos
tradicionais que ao serem apresentados como conhecimento (conteúdo), promovem
a preservação e promoção da cultura e da motricidade, e, além disso, possibilita
também o desenvolvimento da linguagem, da ciência, da biologia, da arte, da
política, do esporte e do trabalho.
Ao ensinar o conteúdo jogos tradicionais o professor considera este saber
como importante no desenvolvimento das crianças por entender que com ele é
possível exercitar a imaginação, estimular a independência, a espontaneidade e
principalmente promover o resgate da cultura infantil.
Ao brincar a criança expressa seus sentimentos e se relaciona com outras
crianças, aguça sua curiosidade com relação ao mundo que a cerca e influenciam
na representação do real através das situações imaginárias.
Dessa forma pode-se considerar que os jogos e brincadeiras são de grande
importância no desenvolvimento do ser humano, por isto ele se torna um saber
específico de uma área de conhecimento, Educação Física.
Esse entendimento já se encontra fundamentado e incentivado por diversos
autores:
Almeja-se organizar e estruturar a ação pedagógica da Educação Física, de maneira que o jogo seja entendido, apreendido, refletido e reconstruído como um conhecimento que constitui um acervo cultural, o qual os alunos devem ter acesso na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992 apud PARANÁ, 2008, p.66)
Friedmann (1996, p. 43), em relação aos estudos dos jogos tradicionais e
sua importância, afirma que um dos grupos em que ele é dividido, que:
[...] é constituído por coleções e estudos de caráter pedagógico, escolhidos e apresentados para uso educacional. Eles definem o jogo como um meio educacional, como instrumento. A criança é o sujeito da educação. Paulatinamente, foi sendo desenvolvida a ideia de que o jogo possui uma função educacional, no sentido pedagógico, que pode diretamente desenvolver habilidades físicas, cognitivas, linguísticas, etc.
Friedmann (1996, p.43), considera “o jogo tradicional aquele transmitido de
forma expressiva de uma geração para outra.” Destaca seu caráter não institucional
e sua característica popular, tanto nos locais de realização, como em sua adesão e
regras. Considera-se que em seu objetivo básico, em sua forma e em sua
organização, bem como nos materiais utilizados, no espaço desenvolvido e no
número de jogadores eles poderão ser imitados ou reinterpretados, no entanto em
sua essência ou conteúdo perpetua-se sua tradição.
Nessa perspectiva ao se elaborar as Diretrizes Curriculares do Estado
Paraná, os jogos e brincadeiras foram considerados pertinentes e sua prática
incentivada, conforme se pode verificar em seu texto, que prevê:
Tanto os jogos quanto as brincadeiras são conteúdos que podem ser abordados, conforme a realidade regional e cultural do grupo, tendo como ponto de partida a valorização das manifestações corporais próprias desse ambiente cultural. Os jogos também comportam regras, mas deixam um espaço de autonomia para que sejam adaptadas, conforme os interesses dos participantes de forma a ampliar as possibilidades das ações humanas. (PARANÁ, 2008 p.66)
Observa-se que é considerado importante que os alunos participem na
reconstrução de regras, da construção de brinquedos e das brincadeiras. De acordo
com suas necessidades, eles poderão decidir como equilibrar as equipes, tanto na
força, como na agilidade e na destreza. Brincando e jogando o aluno estabelecerá
conexões entre o imaginário e o simbólico e por tanto adequada ao desenvolvimento
da criança, conforme afirma Freire. “Quem faz é o próprio corpo, quem pensa é
também o corpo. As produções físicas ou intelectuais são, portanto, produções
corporais. Produções essas que se dão nas interações do indivíduo com o mundo”
(FREIRE, 1997, p.134).
Assim, oportunizar aos alunos a construção de brinquedos (pipa, carrinho de
rolimã, bilboquê, entre outros), aproveitando os materiais alternativos, é além de
uma boa oportunidade de se discutir a problemática do meio ambiente através do
(re)aproveitamento de sucatas, a ação de valorização da vivência e a prática
corporal na experimentação de confecção de seus brinquedos.
A prática de construção de brinquedos, das brincadeiras e jogos, em
especial os tradicionais tornam-se uma necessidade vital para o desenvolvimento da
criança. Na medida em que os direciona para as necessidades de ação e de
dinamismo, estimula o pensamento e o imaginário infantil, dá significado a essas
ações e faz com que a criança tome decisões e faça escolhas.
Observarmos constantemente que as crianças e jovens têm fortemente
presentes em seu cotidiano e rotina a prática de um tipo de brincadeira ou jogo.
Revivê-los, trazendo-os de volta e incentivando as atuais gerações à sua
prática é uma tarefa muito importante. Isto significa o resgate cultural de um
patrimônio nacional, sua preservação, continuidade e adoção de um posicionamento
docente cuja realização irá valorizar o jogo no seu aspecto educacional e
consequentemente motivar os alunos para este conhecimento específico e também
no resgate cultural.
É de responsabilidade da escola, em especial da disciplina de Educação
Física, não deixar morrer as brincadeiras e Jogos Tradicionais, pois este conteúdo
tem um significado muito importante, tanto no aspecto social, cultural, além de
possibilitar ao educando o conhecimento e a possibilidade de usufruir deste saber.
3. AS AÇÕES PEDAGÓGICAS
3.1 Apresentação do projeto a comunidade escolar
Em julho de 2011, durante a realização da semana pedagógica do Colégio,
foi feito aos professores, direção, equipe pedagógica e funcionários a apresentação
do projeto e dos materiais que seriam confeccionados pelos alunos. Foi um
momento relevante para o projeto, pois a boa aceitação motivou sua execução.
A proposta de desenvolvimento do projeto foi feita aos alunos da quinta série
(6º ano), apresentando alguns dos brinquedos que foram confeccionados e
utilizados por eles.
Ressaltaram-se também nessa apresentação os objetivos do projeto e o
motivo de sua realização, evidenciando que a Educação Física não deve ater-se
somente a prática de esportes, e que através dos jogos e brincadeiras e outras
ações se obtêm também a socialização dos indivíduos e a oportunidade de sua
transformação em cidadãos mais atuantes e críticos.
3.2 Pesquisa de campo
Antes do inicio do projeto foi realizada com os alunos uma entrevista,
através de questionário impresso, com a finalidade de saber seu conhecimento em
relação aos Jogos populares e suas confecções.
Os resultados foram tabulados e apresentados aos alunos. Nele se apurou
quais jogos eram mais conhecidos e quais os mais desconhecidos da turma.
Também para verificar o conhecimento sobre os jogos e brincadeiras
apresentadas, os alunos fizeram uma pesquisa de campo. A pesquisa envolveu os
alunos, os pais e os avós, ou seja, três gerações e estabeleceu o nível de
conhecimento e a importância dos jogos e brincadeiras em cada uma das gerações
consultadas.
A análise dos resultados foi dividida em três etapas para poder traçar um
comparativo entre as gerações, como pode ser observada na descrição a seguir:
1) Pesquisa com os alunos
Apurou-se que 16% (dezesseis por cento) dos jogos e brincadeiras
são conhecidos por todos os alunos.
De uma lista contendo 50 (cinquenta) tipos de jogos e brincadeiras
verificou-se que 08% (oito por cento) deles são desconhecidos por 13% (treze por
cento) dos alunos na faixa etária de 10 (dez) a 12 (doze) anos, participantes da
pesquisa.
Entre os mais conhecidos encontram-se:
Jogos e brincadeiras % de
Conhecimento
Amarelinha, Pular Corda, Passa Anel, Esconde-Esconde, Jogo da Velha, Pega-Pega, Queimada e Xadrez.
100%
Dominó 93%
Dama e Telefone Sem Fio 90%
Patinete 87%
Cabra Cega e Corrida do Saco 83%
Duro ou Mole e Cara ou Coroa 80%
Bolinha de Gude 77%
Elástico 73%
Peteca, Pião, Ioiô e Lenço Atrás. 70%
Estilingue 67%
Bets e Carrinho de Rolimã 60%
A média de conhecimento dos diversos jogos e brincadeiras
colocados como opção no questionário ficou em 53% (cinquenta e três por cento),
sendo que os meninos e as meninas apresentaram o mesmo índice de
conhecimento, ou seja, 53% (cinquenta e três por cento).
Os alunos foram consultados sobre a construção de jogos e
brincadeiras e o resultado foi o seguinte:
Considerando o gênero apurou-se o que está representado no
gráfico a seguir (fig. 1):
Analisando os grupos consultados constatou-se que 80% (oitenta
por cento) dos meninos e 53% das meninas já construíram jogos e brinquedos. Os
demais se utilizam de jogos e brinquedos industrializados.
2) Pesquisa com os pais
Em relação às gerações anteriores, foi aplicado questionário aos
pais e avós dos alunos da série em que o material foi implementado, e o que se
apurou foi o seguinte:
Em um universo de 38 (trinta e oito) questionários aplicado aos pais,
24 (vinte e quatro) pais, ou 63% foram respondidos por mulheres e 14 (quatorze), ou
37% por homens.
A faixa etária dos entrevistados é a seguinte:
No questionamento sobre se brincavam na infância as respostas
obtidas demonstraram que:
PROCEDIMENTO Nº DE
PESSOAS
PERCENTUAL
Brincavam muito 24 63,00%
Brincavam pouco 13 34,00%
Não brincavam 01 3,00%
TOTAIS 38 100,00%
Sobre a construção dos jogos e brinquedos verificou-se que,
segundo os índices apurados, que essa foi uma geração que priorizou a arte manual
e a criatividade, pois 87% dos entrevistados responderam que construíam a maioria
de seus jogos e brinquedos.
Os jogos e brincadeiras mais praticadas eram:
A média de conhecimento dos diversos jogos e brincadeiras
colocados como opção no questionário ficou em 54% (cinquenta e quatro por cento),
sendo que os pais apresentaram 53% (cinquenta e três por cento) e as mães 55%
(cinquenta e cinco por cento) de conhecimento.
3) Pesquisa com os avós
Na pesquisa realizada com dezesseis avós de alunos apurou-se que
11 (onze) avós, ou 69% eram do sexo feminino e 05 (cinco), ou 31% do sexo
masculino.
Jogos e brincadeiras % de
Conhecimento
Esconde-Esconde. 97%
Pular Corda. 95%
Passa Anel, Pega-Pega e Queimada. 89%
Amarelinha. 87%
Cabra Cega e Peteca. 84%
Jogo das Pedrinhas. 79%
Cara ou Coroa, Bets-Taco e Bolinha de Gude. 76%
Corrida do saco, Pião e Dominó. 74%
A faixa etária dos entrevistados é a seguinte:
No questionamento sobre se brincavam na infância as respostas
obtidas demonstraram que:
Sobre a construção dos jogos e brinquedos os avós, segundo a
pesquisa, constatou-se que 81% dos entrevistados responderam que construíam a
maioria de seus jogos e brinquedos.
Em relação aos jogos e brincadeiras mais praticadas informaram
que foram:
Jogos e brincadeiras % de
Conhecimento
Pega-pega 94%
Peteca 87%
Passa anel e Cabra cega 81%
Cantigas de roda e Esconde-esconde 69%
Amarelinha e Boneca de Pano 63%
PROCEDIMENTO Nº DE
PESSOAS
PERCENTUAL
Brincavam muito 10 62,50%
Brincavam pouco 04 25,00%
Não brincavam 02 12,50%
TOTAIS 16 100,00%
A média de conhecimento dos diversos jogos e brincadeiras
relacionadas no questionário ficou em 38% (trinta e oito por cento).
Vinte e cinco por cento das pessoas entrevistas afirmaram
desconhecer 8% (oito por cento) das opções de jogos e brincadeiras apresentadas
no questionário.
3.3 Apresentação de execução de alguns jogos e brincadeiras tradicionais
A título de experiência e implementação da prática pedagógica foi executado
com os alunos os seguintes jogos e brincadeiras tradicionais:
a) Jogo das Cinco Marias:
Como introdução ao ensino do jogo Cinco Marias foi apresentado um breve
histórico sobre ele, enfatizando, dentre outras informações, seus diferentes nomes,
sua descrição e suas regras gerais. Observou-se que apesar de ter conhecimento
do jogo em uma de suas varias denominações os alunos não sabiam sua prática, ou
seja, não sabiam jogá-lo.
Optou-se partir de sua construção para posteriormente realizar o processo
de sua prática. Assim sendo, solicitou-se que trouxessem os materiais para sua
construção: EVA, tecido, agulha, linha, arroz, feijão ou milho. Os materiais foram
utilizados para a confecção dos saquinhos, onde foi possível colocar em prática as
habilidades manuais e a criatividade.
Material produzido para o Jogo das 5 Marias - Foto da autora
Para a prática foi utilizado primeiramente pedrinhas. Os alunos foram
dispostos em círculo, receberam cinco pedrinhas cada um, iniciando-se assim o jogo
individualmente e conhecendo as suas cinco fases básicas. Após entendimento do
jogo e das regras passaram a desenvolvê-los em duplas, utilizando o material por
eles produzido.
Para complementar as informações sobre o referido jogo os alunos foram
levados ao laboratório de informática, onde puderam realizar pesquisas sobre as
diversas maneiras de se jogá-lo.
Foi uma atividade que despertou muito interesse e gosto, tanto que se
observou que durante os intervalos, ou seja, no horário de recreio eles ficavam
jogando e ensinando outros alunos a jogá-lo. Houve também depoimentos de
pratica do jogo em casa com os pais.
No final dessa implementação apurou-se um melhor desempenho e maior
interesse em sua prática.
b) Jogo de Bets:
Para iniciar o ensinamento sobre o jogo foi realizado um pequeno histórico
dele e apresentado os materiais alternativos, que podem ser utilizados para sua
execução.
Em seguida se fez a descrição de seu objetivo e de suas regras.
Na sua execução foram utilizados materiais como, garrafas pet, gravetos e
pedaços de madeira.
O ensinamento começou com o arremesso da bolinha sobre a “casinha”, em
seguida a defesa da “casinha” utilizando taco para rebater a bolinha e depois a
realização completa do jogo.
No final desta atividade foi realizado um torneio entre os alunos, que
produziu significativo interesse em sua adoção na rotina das aulas de Educação
Física. Além disso, também se constatou sua execução fora do ambiente escolar e
do horário de aulas.
c) Jogo de Bilboquê
Foi explanado aos alunos o histórico os tipos de bilboquê que iriam ser
confeccionados e trabalhados, sendo: Bilboquê de pet, de lata e o de madeira.
Para confeccionar os bilboquês foi solicitado aos alunos materiais como:
garrafas pet, tesoura, cordão, jornal, fita adesiva.
Após a confecção foi explicado como jogar. Iniciaram a pratica com o
bilboquê de pet e em seguida com o de lata, que foi confeccionado e encapado com
EVA e outros materiais e considerado interessantes pelos alunos, porém um pouco
complicado para executar o movimento e embocar a lata no cabo, dificuldade essa
que foi superada com a sua execução seguida.
Em outra etapa foi utilizado o bilboquê de madeira. Nela se pode perceber
que poucos alunos tinham manuseado um bilboquê e que era também pequeno o
número de alunos que conseguiu embocá-lo.
Após essas práticas observou-se um maior interesse na aprendizagem e
prática desse brinquedo, que foi constatada pela informação de procura em lojas
para aquisição e da dificuldade de encontra-lo, também da realização da brincadeira
com os pais e pelo ensinamento aos amigos.
Concluída a fase de confecção e aprendizagem dos três jogos e brinquedos
escolhidos foi solicitado aos alunos selecionar outro jogo, realizar pesquisa sobre ele
e em seguida praticá-lo.
O jogo escolhido por votação foi o Rouba Bandeira, que depois de
pesquisado se constatou apresentar várias denominações regionais, como: Pique-
bandeira, Bandeira, Bandeirinha, Rouba Bandeira, Bimbarra, Salva Bandeira.
Para sua confecção foi utilizado cabo de vassoura e TNT. Após o
conhecimento de suas regras os alunos o praticaram.
Os alunos ficaram muito estimulados nas atividades e se interessaram em
confeccionar os jogos para que pudessem jogar em casa.
3.4 Exposição do projeto e workshop
Em dezembro de 2011, no encerramento da implementação do projeto, foi
realizado uma exposição dos brinquedos produzidos e de um work shop.
Para a exposição os alunos confeccionaram cartazes convidando os demais
alunos para visitar, conhecer e aprender os jogos.
Na exposição eles explicaram aos visitantes a origem do jogo, suas
variações de nomes, sua evolução, as alternativas dos materiais que podem ser
usados em sua confecção e a forma de jogar ou brincar.
Ela foi realizada durante um dia, oportunizando a visitação e experimentação
às várias turmas de alunos, além de pais, professores e funcionários do colégio, que
puderam com a visitação tomar conhecimento da produção e recordar o seu tempo
de infância.
Cartaz de divulgação e convite à exposição – Foto da autora
4. CONCLUSÃO
Esse projeto procurou restabelecer a prática dos jogos e brincadeiras
tradicionais, que é um conhecimento específico da disciplina de Educação Física,
em seu eixo estruturante Jogos, e que a esta cabe a abordagem do tema, de forma
a possibilitar aos educandos a apropriação dos saberes de sua cultura, assim como
a reelaboração de tais conhecimentos.
Desde seu inicio houve, em sua execução, uma constante preocupação com
a produção e utilização de um recurso de ensino mais integrado e contextualizado
dos saberes, que pudesse contribuir na mudança de comportamentos e atitudes dos
alunos.
Nele os alunos foram capacitados para sua execução, para serem os
mediadores de sua disseminação e incentivadores de sua prática.
O material utilizado no processo de ensino e aprendizagem se mostrou
significante para o aluno, que o dominou, relacionou ao seu contexto de vivência
além de evidenciar sua significância no processo de ensino aprendizagem e
avaliação.
Durante as atividades foi possível avaliar o desempenho dos alunos durante
todas as fases, principalmente no que diz respeito a capacidade de pesquisa,
produção e apresentação do tema abordado.
Também se pode afirmar que o projeto transcorreu de forma satisfatória e
que na análise do resultado se pode considerar sua proposta uma boa ferramenta
de aprendizagem, pois além de possibilitar a interação dos alunos e do professor,
estimulou o interesse, contribuiu no desenvolvimento cognitivo e no resgate e
valorização das experiências pessoais e sociais.
Considera-se muito importante sua adoção nas práticas pedagógicas da
disciplina, pois além de tudo é uma forma de valorização de uma ação que
considera os conhecimentos prévios e o contexto social do aluno.
Em relação ao desenvolvimento do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, do Estado do Paraná, ocorrido no período 2011/2012,
observou-se se tratar de um importante e valioso instrumento de qualificação do
professor.
Nesse processo houve uma maior aproximação da escola pública do Paraná
com as Universidades e uma importante troca de experiências, de conhecimento e
de apropriação de novas metodologias, que com certeza irá produzir mudanças
significativas nas práticas educacionais e no processo ensino-aprendizagem.
5. REFERÊNCIAS
ATZIGEN, Maria Cristina Von, História do brinquedo. São Paulo: Alegro, 2001. COLETIVO DE AUTORES, Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo, SP: Cortez, 1992. FREIRE, João B., Educação de Corpo Inteiro. São Paulo, SP: Scipione, 1989. FRIEDMAN, Adriana. A arte de brincar: brincadeiras e jogos tradicionais 5 ed – Petrópolis, RJ: Vozes,2007. FRIEDMAN, Adriana, Brincar: crescer e aprender - O resgate do jogo infantil. São Paulo, SP: Moderna, 1996. PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Ensino de Educação Física. Curitiba, PR: SEED, 2008.