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A interação dos professores com arte br Dra.Moema Martins Rebouças
Programa de Pós-graduação em Educação da UFES Eixo temático: Educação e Linguagens. Categoria: Comunicação Palavras chaves: arte e educação; formação continuada; semiótica e ensino.
1.Justificativa
Desde 2003, ocasião de lançamento de arte br1, Anamélia Bueno Buoro,
Lucimar Bello Frange e eu, temos investigado a sua inserção no universo escolar
a partir da sua proposição educativa. Destaco nessas pesquisas a preocupação
em desvelar arte br, tomando-o enquanto um texto fundamentado e construído na
e pela semiótica de linha francesa, portador de um modo de ver e propor a leitura
da arte aos professores do ensino básico e a seus alunos, próprio. Nas pesquisas
realizadas, tendo como referencial teórico essa semiótica optamos por investigar
algumas questões que nos inquietavam como propositoras de um material
educativo de tamanho alcance, (uma edição de 20.000 exemplares), distribuído a
professores de arte e às escolas das várias regiões de nosso país. A primeira
delas era de explicitar aos educadores os conceitos presentes no material tais
como o de leitura, de obra de arte como texto visual, de percursos de leitura
visual, de intertextualidade, da relação texto contexto, da discursividade, entre
outros norteadores e presentes em arte br. Investigamos também a própria
1 arte br é um material educacional trabalhado por uma equipe composta por Anamélia Bueno Buoro, Moema Rebouças, Lucimar Bello Frange, Eliane Atihé, Bia Costa e Beth Kock, para professores de ensino fundamental e médio (através do Instituto Arte na Escola em São Paulo). Esse material está ancorado nas pesquisas de Anamélia, Moema e Lucimar, dentro do Atelier de Semiótica e Ensino das Artes Visuais, junto ao CPS/COS/PUC/SP.
estrutura do material que possui um curador, que reúne obras por temáticas,
entretanto são produzidas por artistas diferentes, em épocas e locais distintos,
assim como os diversos meios de expressão e suportes. Com tantas diferenças
quais as relações estabelecidas entre elas e como elas se apresentam ao olhar
leitor? Além destas, uma outra questão nos preocupava: se o objetivo do arte br é
a formação do leitor de imagens como o material propõe a leitura? Há um
argumento de autoridade, submetido a uma ocultação/dissimulação para cortejar e
manipular o leitor?
Os resultados dessas pesquisas foram apresentados em encontros de
pesquisadores como os da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes
Plásticas ( ANPAP) e do Centro de Pesquisas Sociosemióticas( CPS) entre 2001 a
2005, e as trocas realizadas com outros pesquisadores possibilitaram
aprofundamentos tanto no âmbito da pesquisa educacional como da
sociosemiótica. Considerarmos a pesquisa como processual, pois se manifesta de
maneira sempre incompleta e freqüentemente defeituosa nos discursos que
produz e, se considerarmos que todo fazer pressupõe um saber-fazer ( ou um não
saber-fazer ): o pesquisador em sua performance, embora dotado de um saber e
de um poder fazer é antes de tudo um sujeito em construção permanente.
Nas pesquisas citadas, tendo como objeto de análise o arte br, desvendou-
se a sua organização narrativa e o percurso temático da enunciação figurativizado
nas diferentes obras que compõem o material educativo. Na organização narrativa
estão presentes dois subtemas, o da produção e o da comunicação nos quais se
desenvolvem todas as atividades humanas2. O eixo da comunicação abrange a
ação do homem sobre outros homens e as relações intersubjetivas; o eixo da
produção, a ação do homem sobre as coisas transformando-as ou construindo-as.
O que propomos agora é a inversão das posições, do ponto de vista de
percepção do material educativo. Nos interessa analisar como os destinatários de
arte br, os professores, perceberam, interpretaram e se apropriaram dele. Para
tanto vamos analisar os discursos dos professores no Fórum sobre o material 2 Cf.Barros, Diana. Teoria do discurso. São Paulo: Ed.Atual, 1988.
educativo arte br lançado em 2005 pelo Instituto Arte na Escola no site
www.artenaescola.org.br contendo duzentas e onze intervenções/”falas”3
suscitadas. Escolhemos as “falas” do fórum pela facilidade de acesso, exige um
computador ligado na rede; pela peculiaridade como instrumento de pesquisa pois
nele há uma espontaneidade, diferente da entrevista em que é o pesquisador
quem procura os sujeitos, aqui, não se trata de uma exigência, participa aqueles
interessados e dispostos a interagir com outros mediados pelo computador;pela
abrangência, pois contou com a participação de professores com diferentes
expectativas e experiências de docência, correspondendo desse modo a própria
inserção do material educativo e a sua destinação: professores que atuam no
sistema escolar e não especificamente aqueles que possuem formação de
licenciatura em artes. O que nos interessa aqui, são os profissionais da educação,
que ministram as aulas de arte no ensino básico, possuidores eles próprios ou
suas escolas, do material educativo em questão. Se tomarmos como referência o
estado do Espírito Santo, dados de uma pesquisa4 coordenada por mim e com a
participação dos alunos de graduação, junto aos professores de artes do nosso
sistema público em 2004, ( estadual e municipal), excetuando os municípios que
compõem a Grande Vitória, há nos demais uma média de noventa por cento (
90%) de professores que ministram as aulas de arte, contudo, não possuem
formação específica. Portanto, embora o que revela uma contradição com a
legislação vigente que exige para o ensino fundamental o professor graduado, o
que encontramos nos sistemas de ensino são professores sem formação na área
que lecionam Arte. Como a “realidade” do sistema de ensino do nosso estado não
se apresenta diferente de outros estados brasileiros, e como desde o projeto de
3 Fala ou vozes dos professores são termos que designam as opiniões, os envolvimentos, planos e descrições de ações de modo verbal escrito e que serão interpretados e analisados por nós. 4 A pesquisa é o “ Retrato do professor de artes do Espírito Santo” realizada com os alunos da Licenciatura
em Artes Visuais:Alexsandra Cristóvão,Elisandra Carvalho dos Santos,Julia Franco Emerich de Andrade e
Rosa Maria Pereira Bastos junto à aproximadamente 1400 professores do sistema público de ensino de todo o
Espírito Santo.
arte br em 2001, a nossa pretensão era dar conta dessa problemática que permeia
o ensino da arte no Brasil, interessa-nos, sobretudo, dialogar com esse
profissional que atua nas salas de aulas desses “Brasis”. Retornamos a eles e às
suas “diferentes falas” que circularam no Fórum. Desse modo, a nossa questão
principal é investigar os regimes de interação nas práticas sociais,
especificamente nas “falas” dos professores sobre o arte br., como eles
descrevem as suas próprias experiências com o material educativo, as suas
“formas de falar” de si e do outro(incluindo aqui, os demais sujeitos que interagem
com ele, como outros professores, funcionários da escola e os seus alunos).
II.Objetivos iniciais
.O que falam os professores no fórum arte br?
.Quais as questões temáticas mais citadas pelos professores sobre arte br,
considerando sua apresentação gráfica, as obras presentes, a leitura proposta
pelos destinadores e os percursos visuais e de leitura?
.Como se dá a interação do professor com o material educativo?
III.Metodologia
Tendo como objeto de pesquisa as duzentas e doze (212) visitas5 no fórum
sobre arte br durante o ano de 2005 no site citado, pensamos em investigar,
inicialmente a “recepção” do material educativo e as questões apontadas pelos
professores, suas dúvidas, expectativas e experiências manifestadas durante as
suas participações no fórum. Qual caderno de estudo foi mais citado?Existe uma
motivação para a escolha de um caderno? A relação estabelecida entre o
professor e o material educativo é de qual ordem? Da liberdade ou do
direcionamento? Estas podem ser questões possíveis, entretanto, o objetivo do
estudo é justamente o de escutar as “falas” para delas extrair o sentido. A
5 Visitas é o termo usado para o sujeito que acessa um site/página eletrônica na internet.
semiótica discursiva possibilitará com seu arcabouço teórico e metodológico a
realização das análises, “compreendendo a existência humana na linguagem, não
mediada pela linguagem, não possível através da linguagem, mas na linguagem
(...)”6. A metodologia de análise da semiótica recupera as coerções, as
possibilidades e impossibilidades, assim como a rebeldia e a recusa que
caracterizam a vida social. Se na escola há uma ordem e uma hierarquia de
valores aceitos e que devem ser seguidos, entre eles a imposição de uma grade
curricular que contempla mais uma disciplina do que outras, se o entre lugar é o
de Artes? Se os materiais educativos muitas vezes são impostos, pelo sistema de
ensino? Se as tentações, provocações e seduções são freqüentes e aceitas de tal
modo que definem os caminhos, as ações, moldam o modo de ver e perceber o
mundo, e, ainda que, ilusoriamente, pensamos que temos a nossa vida sob
controle. Se há, segundo Teixeira uma oscilação entre manipulações de diferentes
ordens, e nossa luta cotidiana não se dá entre o “, (...) bem e o mal, certo e o
errado como escolhas possíveis e objetivas mas é a luta de estar imerso em
linguagem e viver no entrechoque de redes discursivas”.7 É com este olhar, imerso
na aventura humana que se realiza nos textos que as “falas” dos professores
serão analisadas. Para tanto contaremos com a contribuição de vários
semioticistas como Eric Landowski e os estudos sobre os regimes de interação
nas práticas sociais, e os estudos sobre a enunciação desenvolvidos por José Luiz
Fiorin.
IV.Abrindo o Fórum: para participar você precisa se r cadastrado
O enunciado do subtítulo é o mesmo que antecede a entrada no Fórum, ou
seja, há uma exigência e uma primeira prova a ser vencida para a participação no
Fórum: você precisa ser cadastrado. Tal qual um programa narrativo, onde ocorre
uma sucessão de estados e transformações, de encontros, de rupturas e de
6 Teixeira, Lúcia.Fundamentos teóricos para um estudo da argumentação em semiótica. Anais do Congresso Internacional da ABRALIN, março de 2001. 7 Ib.dib.
contratos em que um ou mais sujeitos em presença persuadem um ao outro, ou
outros a agir, esse enunciado mais que um convite impõe uma lei, uma regra que
tem de ser cumprida,para em um segundo momento, poder participar e
estabelecer as trocas com o computador e com outros sujeitos.
Primeiramente, ele precisa ligar o computador, plugar na internet no site
www.artenaescola.org.br e se não estiver cadastrado, resta a ele duas opções: a
de desistir ou de enfrentar e cumprir essa primeira prova. Nele a entrada do
tópico: Elaboração de projetos de Arte com apropriação do Material arte br e a
mensagem de boas vindas de Mônica Kondziolková aos visitantes,( para quem
não a conhece pessoalmente dos encontros anuais promovidos pelo IAE, encontra
informação sobre ela no site, lá em Equipe da Rede Arte na Escola): “Caros
professores, sejam bem–vindos a este fórum que dará continuidade ás discussões
sobre a elaboração de projetos de arte com apropriação do material arte br. Este
foi o tema da última conferência promovida no último 2 de setembro pelo Instituto
Arte na Escola e pela coordenadoria de Estudo e Normas pedagógicas da
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, através da Rede do Saber. (...)”.
Na mensagem da Mônica as marcas de actorialização, espacialidade e
temporalidade. A indicação de uma anterioridade, de uma proposta de
continuidade e de um fechamento no campo investigado: embora esteja na
internet, local de livre-acesso, o fórum destinou-se a determinados propósitos e
sujeitos, àqueles professores que estavam na videoconferência e que foram
diretamente convidados a “ trocar experiências, dúvidas, inquietações e para obter
dicas e sugestões das arte-educadoras, colaboradoras do IAE que estiveram na
Vídeoconferência do dia 2 de setembro(...)Elas estarão acompanhando as
discussões e animando este fórum(...)”.
De posse destas informações a exigência de um recorte nos sujeitos
investigados, pois o que nos interessa aqui são as “falas” dos professores,
deixaremos como possibilidade futura, em outra investigação o aprofundamento
das “falas” das colaboradoras do IAE.
Iniciada a pré-leitura do material de análise, concluo que nas duzentas e
doze (212) visitas no fórum encontram-se diferentes sujeitos que desempenham
diferentes papéis: duas (02) pertencem à equipe do IAE, quatro (4) são as arte-
educadoras8 colaboradoras do IAE, e trinta e um (31) são professores. No
universo dos professores, temos vinte e seis (26) mulheres e cinco (05) homens. A
solicitação de identificação dos participantes/professores feita por Mônica (IAE) foi
do nome e da Diretoria de Ensino, constatamos então que, além daqueles
previamente convidados que assistiram à Videoconferência e pertencem ao
quadro de professores do estado de São Paulo, participaram duas professoras:
uma do estado do Rio de Janeiro e outra de Minas Gerais.
Continuando o nosso recorte, o número de visitas, realizado somente pelos
professores ao fórum totalizam noventa e sete (97). Alguns participaram
somente uma vez e, teve uma professora que participou quarenta e quatro (44)
vezes. Essas noventa e sete (97) visitas, que vão constituir o nosso corpus de
análise.
V.Interação?
Antes da entrada em nosso corpus, o esclarecimento de alguns conceitos
para a sociosemiótica como o de interação tal como aparece no Dicionário II9
:
“ Os sujeitos da interação são sujeitos modalizados, inquietos, tensos,
motivados que assinalam para objetos igualmente modalizados....”
“ A comunicação na interação se converte no lugar das manipulações
modais e cogniscitivas em que não há informação neutra, onde os
sujeitos competentes e modalizados tratam de persuadir-se e
interpretar-se mutuamente”
8 Denomino arte-educadoras distinguindo dos professores de arte, também arte-educadores a quem o fórum foi destinado. 9 Greimas, Algirdas&Courtés,J.Diccionário Razonado de la teoria del lenguaje.Madrid,E.Gredos,1991,p.142.
“ A interação é uma transformação mútua e sucessiva da competência
modal e cogniscitiva dos sujeitos postos em presença, um do outro”
Daí, depreende-se, que a interação envolve uma transformação de estado,
que se dá no ato em que pelo menos, dois actantes são colocados em relação, um
é o operador e o outro o objeto do fazer transformador considerado10. Envolve
duas dimensões: a pragmática do fazer, figurativizada aqui pelo professor
modalizado para interromper suas ações cotidianas, que pode e quer ligar o
computador e acessar o site para interagir com o próprio computador e lá,
plugado, com outros. O computador assim, não é um mero objeto mediador entre
dois sujeitos quaisquer, mas apresenta-se ele mesmo, como dotado de valores
investidos por quem interage com ele, com dispositivos modais da ordem do
poder sentir e do fazer sentir , que podem englobar efeitos passionais como
medo, angústia, provocados pela espera de um contato, das dificuldades de
manuseio da informática, da própria novidade, ou ainda provocar outros estados
como alegria, por estar em contato com outros, pela facilidade de acesso, pela
possibilidade de conhecer e entrar em contato com outros professores, com as
colaborados. A segunda dimensão, que não exclui a primeira, é cognitiva
envolvendo as relações actanciais entre os parceiros e de seu universo contextual
comum enquanto espaço significante. Nela ocorrem as manipulações e as
transformações mútuas entre os actantes dotados de competências modais para
querer, dever, poder, fazer e o desenvolvimento de papéis temáticos. Como afirma
Landowski 11”(...) são essas determinações sintáxicas e semânticas que, uma vez
assumidas por ambas as partes garantirão aos sujeitos suas capacidades
respectivas de interação, ou de manipulação seu poder fazer fazer enquanto
seres de linguagem”.
Outra questão que precisa ser esclarecida aqui é a opção metodológica
pela sociosemiótica adotada nessa pesquisa.
10 Cf. Ladowski,Eric.A sociedade Refletida:ensaios de sociosemiótica. São Paulo:EDUC/Pontes,1992, p.149. 11 Op.cit,p.149.
Embora tenhamos feito questões à priori interessa-nos aqui sobretudo, não
restringir-nos a uma análise textual considerando as “ falas” dos professores como
enunciados e neles, tal como uma análise do discurso apreender nas reiterações o
dito. O que buscamos aqui é o “discurso, enquanto ato de enunciação efetuado
em situação e produzindo sentido”12. Portanto, não poderíamos isolar as “falas” de
seus contextos, nesse caso uma interação entre diferentes sujeitos realizada e
mediada pela internet, nem tampouco postular uma relação determinista entre os
dados externos, ou como fala Landowski os “estados de coisas reais” como
possuidores de poderes explicativos. Para o pesquisador as “relações só podem
ser da ordem da determinação recíproca e dialética: um discurso só adquire
sentido enquanto reconstrói significativamente, como situação de interlocução, o
próprio contexto no interior do qual se inscreve empíricamente sua produção ou
sua apreensão”13. Ora, se retiramos as “falas” dos professores de seu macrotexto
“escola”, de um instrumental de pesquisa que são as entrevistas em que o
pesquisador dirige-se e desloca-se ao encontro dos sujeitos, e optamos por uma
outra via, talvez mais distanciada pois abrimos mão da proximidade física de um
procedimento de pesquisa anteriormente citado. Nos distanciaremos ainda mais
se considerarmos que não participamos da comunicação estabelecida entre os
sujeitos no fórum, optamos pelo acesso às discussões depois que elas ocorreram.
Não estaríamos mais distanciados ainda se desconsiderássemos as situações
contextuais de interlocução? Um fórum em que o espaço do encontro é o de um
computador plugado na internet, muda o seu sentido, ou os seus sentidos? Um
texto deslocado de seu contexto torna-se outro, em função do macrotexto que
ordena a cada momento uma certa maneira de ler essas falas ou de analisá-las?
Tais questões emergem de um regime de apreensão das coisas de situações
que condicionam a emergência dos efeitos de sentido específicos deste ou
12 E. Landowski.Presenças do outro: ensaios de sociosemiótica.São Paulo.Ed:Perspectiva, 2002, p.166. 13 Op.cit.p.166.
daquele objeto. Sendo assim, o contexto semiotizado define-se como um
dispositivo gerador de significação, e que só se dá em ato, em situação.
Para debater e problematizar essas questões, Landowski nos trás como
observação exemplar o discurso da carta, aqui temos como objeto um fórum em
que não existe a obrigatoriedade na participação, mas é um modo desses sujeitos
encontrarem-se, esclarecerem suas dúvidas, inquietações, se apresentarem
fazendo de suas “falas” uma presentificação., um fazer ser entre sujeitos , ou
ainda fazer com que semioticamente se tornem presentes.
VI.Visitas e mais visitas 14.
Esclarecido o nosso referencial conceitual, retornamos ao nosso corpus
situando as “falas” dos sujeitos. O nosso recorte analítico, se dará inicialmente
pelo quantitativo: entre os trinta e hum (31) participantes do fórum, em suas
primeiras visitas ao site; oito(8) pretendiam esclarecer dúvidas como no
seguinte relato:” Oi, sou Adelaide e estou com alguns probleminhas, aí
vão(...)”;cinco (5) para solicitar informações tais como:” Infelizmente no dia da
videoconferência , eu estive com meus alunos na sala São Paulo para assistir ao
ensaio da orquestra, compromisso esse agendado desde o início do ano e
impossível de desmarcar.”; 10 (dez) para relatar experiência como a Belina, que
após apresentação de seu nome e escola escreve: “ Atividade desenvolvida com
duas turmas do 1º ano EM com uma média de 40 alunos por classe.” Oito ( 8)
contam da satisfação com a possibilidade de troca q ue o fórum possui para
eles , como : “Sou Roberta, professora de uma escola municipal do Rio de Janeiro
e estou muito satisfeita de participar deste Fórum e do trabalho que o Arte na
escola desenvolve.”
Após essa entrada em nosso corpus, com o objetivo de situar os nossos
possíveis leitores nesse outro universo, dos discursos dos professores, vamos
14 Os nomes usados aqui são fictícios e as “falas” estarão em itálico e entre parênteses.
retornar aos quatro temas recorrentes e neles analisar as dimensões da interação
citadas aqui, os papeis temáticos desenvolvidos, e os dispositivos modais
presentes. Iniciaremos por um percurso que vai do mais superficial, ou seja
aqueles que restringiram-se a uma dimensão pragmática de visitantes do site,
sem envolverem-se num poder fazer uma transformação sucessiva e interativa
com o material objeto de criação do fórum que é o arte br; àqueles que numa
dimensão cognitiva aceitaram uma manipulação contratual , um fazer fazer que
passou pela troca actancial realizada por um fazer crer.
VI.1-Fazer parte.
Reunimos aqui, as “falas” daqueles que com o intuito de solicitar
informações e esclarecer dúvidas visitam o site, para eles mesmos tornarem-se
presentes. Em sua maioria seguem a recomendação solicitada por Mônica para a
realização de suas apresentações, agindo assim, aproximam-se dos demais
participantes, realizando nesse ato a sua identificação como integrante do grupo
destinatário, de participante da conferência, de recebimento do material, mas
contudo, não se aproximam um do outro, pois não é um e-mail entre amigos, ou
conhecidos, nem em um poder fazer. Cada discurso é realizado numa tripla
debreagem: actancial, contendo a sua identificação, seu nome; espacial, de onde
fala, de qual escola, setor e cidade e temporal, pois a data fica impressa acima da
“fala” antecedendo a apresentação. Outra característica destes depoimentos é a
sua única entrada/visita ao site e esse ato, atualiza os sujeitos nessa interação
que é o de participar, se há uma expectativa de retorno das colaboradoras, ela
não é atualizada em nova visita, em outras questões. Contudo, o tom é de euforia
e a maioria dos enunciados inicia com um Olá!, o que provoca um efeito de
intimidade ao outro. A seguir, algumas dessas “falas”:
“Olá, sou da DE e trabalho no CENEART. Estamos gostando muito deste
projeto. A pasta arte br é muito rica em conteúdo, até a próxima VC””
Essa visita, inclui em anexo a foto dos participantes da Vídeo Conferência
em Osasco. Reitera assim a sua participação também pela visualidade e sua
inclusão num grupo local, de sua cidade.
Uma outra ao fim de seu depoimento diz: “ Agradeço imensamente a
oportunidade de estar aqui”.
“Oi pessoal, estou feliz em participar do Fórum e poder manter-me em
comunicação constante com vocês. Sou Maria, da DE de Assis e além de ter
participado das videoconferências, estive em São Paulo, nas férias, participando
de um curso sobre projetos-material arte br.Foi muito bom...”
“Caros amigos do arte br. Estamos muito entusiasmadas com esse maravilhoso
projeto e queremos logo que possível aplica-lo com os alunos”.
Ainda incluído aqui, como de uma interação pragmática, um dos
integrantes que nem mesmo cumpriu o programa de apresentação proposto pelo
IAE, sua comunicação aproxima-se daquelas cartas de negócios, em que
nenhuma intimidade pode existir na relação actancial entre os sujeitos que se
comunicam.
“Por favor como realizo a minha inscrição nos cursos gratuitos e onde serão
realizados?”
Abaixo o seu nome, e endereço eletrônico. Esse participante não está em
um Fórum de debate, encontra-se distanciado, simplesmente quer uma
informação e, como se plugasse num site deste tipo, a solicita.
2.Um fazer-parte no querer e no dever fazer.
Na dimensão cognitiva incluímos aqueles que encontram-se modalizados
pelo fazer, pelo querer e pelo dever-fazer e, no espaço/tempo do fórum ocorrem n
as manipulações e transformações mútuas. Elas ultrapassam a dimensão
pragmática e nesse ato, acima de outras modalidades querem “algo” em troca,
diferenciando-se assim do primeiro grupo apresentado aqui anteriormente. Há
também nesses discursos uma apresentação de si, uma exaltação de suas
qualidades pessoais como a persistência, o engajamento nos projetos
institucionais, suas intenções e até seus sentimentos15.
As “falas” podem ser divididas incluindo, primeiramente, os que querem
participar, mas não estão incluídos, pois não possuem o material arte br, como as
seguintes:
“ Boa tarde a todos. Estou gostando de participar deste fórum, no entanto,
não participei de nenhum V.C. e não sei bem como trabalhar com o arte br, é no
site(...) lá estarão as imagens para ser trabalhada?”
Ou ainda uma outra professora que entra do Fórum sem ter participado da
V.C., pois é de Minas Gerais, e sem possuir o arte br, mas solicitando ajuda de
outros pares para a sua docência.
“Não sou habilitada, gostaria muito de algumas dicas, pois dentro do ensino
especial não encontro muitas novidades.(...) Espero contar com a ajuda de todos.”
E, entre aqueles que possuem o material arte br, mas demonstram uma
ausência de autonomia, expresso na insegurança demonstrada diante de uma
proposta educativa contida no material, talvez desconhecida e pouco familiar, ou
ainda, por um hábito de conviver com uma pedagogia que requer metodologias
fechadas pautadas no “como” fazer, tais como um programa proposto a ser
cumprido de modo mecânico, como os presentes em alguns livros didáticos que
possuem essa objetividade e diretividade. Agindo assim, na espera do outro e de
seu fazer transformador, esses sujeitos abrem mão de poder por si vivenciar a 15 C.f.Op.cit, 2002.
descoberta. Aliam-se a um dever imperativo mais que a um querer fazer. Aqui é a
transmissão de um saber que é solicitada e não a construção desse saber.
Eles também restringiram-se a uma visita, a de suas solicitações, e não
retornaram nem mesmo atendendo às provocações das colaboradoras do IAE.
Esclareço aqui, embora não tenha prometido aprofundamento nas “falas” das
colaboradoras que, todas as questões dos professores foram respondidas pelas
quatro colaboradoras atendendo às solicitações, esclarecendo às dúvidas e
mantendo o tom eufórico e de crença no trabalho do professor e nas expectativas
no fórum como “lócus” de troca, como na “fala” que destaco a seguir de uma
delas:
“ É um grande prazer tê-las aqui conosco participando no fórum.Este
pretende ser um ambiente enriquecedor e cheio de perspectivas, para isso
precisamos da participação efetiva de pessoas interessadas e envolvidas como
vocês”
Abaixo uma das solicitações contendo a inquietação dos professores diante
da ausência de direcionamento do material, reiterada por um programa de
liberdade de uso presente no caderno introdutório (não possui um sumário linear e
hieráquico, nem a proposição de um começo, nem de um fim, tampouco sugere
uma ordenação entre as 12(doze) temáticas presentes, mas aponta a
possibilidade de criação de outros percursos, e convida o professor para junto com
seus alunos, re-propor as temáticas figurativizadas nas pranchas/reproduções de
obras de arte)16:
“Gostei muito do material arte br, mas como não fui na reunião na DE, estou
cheio de dúvidas.Como devo começar?Qual o ponto de partida/Que material devo
usar?Certo de que terei uma resposta, agradeço desde já.”
16 Cf Caderno introdutório de arte br.
“ Gostaria de elaborar projetos dentro dos conteúdos de arte, mas que
contemplace, disciplinas como história, geografia, religião.(...)Assim, gostaria de
novas idéias para desenvolver em um projeto. Obrigada.”
3.Um fazer parte no outro.
Dividimos os integrantes em dois grupos. No primeiro estão incluídos aqueles que
apresentarem seus projetos, visitaram o Fórum várias vezes, dialogaram e
trocaram experiências, aprofundaram as relações, as trocas e a colocação de si,
de suas vidas pessoais, profissionais, suas dúvidas, inquietações, marcando esse
espaço como de interação de um querer fazer, um poder fazer e um saber fazer.
Assumem um papel de negociadores de sua própria prática docente, consultando
o outro sobre a sua autonomia de propositor de suas aulas e de seus projetos.
Estão incluídos aqui, nesse primeiro grupo os que assumem a distância actancial
entre os sujeitos da comunicação, mas, contudo, encontram nesse espaço de
troca, do Fórum um “(..)suporte para a construção de uma visão comum em
relação a um mundo-objeto no interior do qual cada um se inclui a si mesmo e se
põe em cena segundo uma perspectiva que visa integrar o ponto de vista do outro,
de seu interlocutor”.17. Desse modo, esses sujeitos apresentam os seus projetos,
como que aguardando, no retorno a aceitação, aprovação de sua prática, como
nos depoimentos a seguir:
“Então eu gostaria de saber, se sou obrigada a seguir as informações que a
pasta me passa sobre a imagem, ou se o projeto é unicamente em cima da
imagem e do entendimento que a classe tiver sobre ela? “
“(...)eu posso criar um mini-projeto com o material arte br e inseri-lo em um
projeto maior já em elaboração na escola?Posso acrescentar outras obras e
17 Op.cit,2002,p.171.
mudar as atividades propostas, adaptando-as aos objetivos que vou propor ou
preciso seguir à risca as orientações? As idéias são muitas(...)”
No segundo grupo, estão incluídos os mais inquietos, que visitaram o
Fórum mais vezes, ( uma das professoras realizou (44) visitas, incluindo aí, os
relatórios de projetos desenvolvidos, envio de imagens dos trabalhos realizados,
de músicas e outros), extrapolando em alguns casos a colocação de si, ampliando
para o seu entorno, a escola e seus pares, como outros professores em projetos
interdisciplinares e seus alunos. Sem solicitar aprovação, apresentavam seus
projetos e sua prática docente e nela, o revelar de um estado passional. Podemos
incluí-los na tipologia proposta por Landowski para as cartas, no terceiro tipo, ou
seja, “cujo objetivo seria apagar também, ou talvez primeiramente a “diferença”
que a escritura instala entre si mesmo, que escreve, e si, escrito”18.
Normalmente iniciam suas “falas” com a apresentação de si e dos
resultados com a turma, ou as turmas. Falam da relação estabelecida com o
material arte br, justificam os temas dos cadernos para o professor escolhidos do
material que são (12) doze, cada qual com reproduções de obras de arte de 3
(três)diferentes artistas. Entre os (10) dez integrantes incluídos aqui, nos dois
grupos, curiosamente nenhum deles elegeu os temas pertencentes aos cadernos
Festa e Exclusão/inclusão social. Na ordem de preferência foram desenvolvidos
projetos com os seguintes cadernos temáticos: Natureza, Formação Étnica e
Trabalho ( três escolhas);Cidades(duas); e a seguir, cada qual uma vez, Infância,
Religião, Imaginário,Capital e trabalho, Subjetividade /alteridade e História.
Não esperam soluções, nem solicitam esclarecimentos, narram seus
fazeres, assumindo o seu saber docente, como o depoimento a seguir:
“ O resultado do trabalho foi muito bom, as aulas foram interessantes! Uma
classe escolheu: “Cicatrizes”, outra “Mundos Imaginados”.As classes foram
18 Op.Cit.2002, p,174.
divididas em equipes, as atividades foram propostas contemplando várias
expressões artísticas”
.
Ou ainda, a mesma professora do relato acima, assumindo a sua
autonomia, reinventa esse fazer, propondo a união dos temas presentes no
material, e respeitando os percursos dos alunos, suas singularidades e suas
interações com o material educativo.
“Numa turma nós usamos espelhos e unimos os temas: Espelho no
espelho e De todos um pouco. (...)E olha que bárbaro, cada turma teve um
percurso diferente(..)”.
Em pesquisas anteriores investigamos a autonomia do material educativo
em questão, destaco a seguir algumas das considerações :uma delas é que o arte
br não se propõe a ser um material educacional de mediação entre professores e
alunos ou educadores em museus e visitantes, mas afirma a mediação com atos
de co-presenças, um regime de união entre relações somáticas e sensorialmente
vividas, experiências sensíveis co-partilhadas e co-construídas19. Sendo assim o
sentido para emergir exige uma reciprocidade, uma fusão, um encontro do sujeito
com a arte reproduzida nas pranchas do material, que possibilita por um lado,
caso não conheça os artistas e as obras, uma ampliação de seu repertório
plástico, sendo esta uma das críticas sobre a inserção da arte na escola, ainda
restrita ao modernismo sem alcançar o seu próprio tempo, o da
contemporaneidade. Se há uma apropriação dos conteúdos ali presentes, em seu
aspecto mais superficial, ou seja desconsiderando o aprofundamento das
propostas, metodologias e práticas sugeridas, presentes nos doze passos de cada
caderno, mas o de contato com obras e artistas, há um ultrapassar do hábito,
considerado aqui como o da repetição das mesmas práticas docentes, e a 19 Buoro, Anamelia, Frange,Lucimar e Rebouças, Moema.Semiotizando o ensino da arte: do fazer-saber ao fazer-ser.Caderno de Resumos do II Congresso Internacional da Associação Brasileira de Estudos Semióticos, 2005.
possibilidade de inserção de outras práticas. Abre-se então para a instauração de
um fazer-sentir um querer-querer, rompendo um contínuo dessemantizado em
práticas como as de releitura como cópias, reproduzindo situações que perpetuam
o ensino tradicional da arte, como na cópia de modelos e da mimeses ( romana),
que desconsideram as singularidades dos sujeitos envolvidos no ensinar e no
aprender. O fazer-sentir para que ocorra, tem de ser vivenciado como experiência
como as ações para um fazer-ser leitor de imagens instaurando, portanto, um
engendramento de presenças e co-construções de um sentido-sentido.
Na apropriação do material revela-se a autonomia do professor como
propositor de seus próprios modos de interação. Nela, o sentido é construído em
atos assumidos entre os demais sujeitos envolvidos nesse processo, como entre
ele e as obras em questão, e entre ele e os seus alunos, exigindo um a
reciprocidade, os ajustes, que se dão de modo relacional.
No relato abaixo, a autonomia do professor se dá no modo que ao se
apropriar do material, o faz ultrapassando as práticas apresentadas pelo primeiro
grupo. Manifesta-se em um querer-fazer e um poder – fazer suas aulas, a partir de
suas próprias inquietações e a de seus alunos, ambas tendo a arte como eixo
provocador.
Em seu depoimento, a professora enfrenta as dificuldades de diálogo com
os adolescentes, inclui o projeto num outro mais amplo, o da arte contemporânea,
anexando ainda, depoimentos dos alunos.
“Levei a idéia para um grupo específico de alunos, as minhas oitavas
séries, pois estes levantavam uma série de questões sobre a Arte
Contemporânea: suas funções e estranhamentos, o por que do distanciamento do
público, etc...após muita discussões, montamos um projeto que se chamou “
Linhas e Formas em Cândido Mota” ou “ Retalhos de nós”( como o apelidamos). A
estrutura foi mais ou menos esta, dividida em etapas que aconteceram quase que
simultaneamente, mas que ajudaram a organizar o trabalho.”
No projeto apresentado a aula é espaço de troca, e nela o seu tempo é
marcado pela conjunção entre os sujeitos envolvidos, é construído em conjunto,
determinado por ações educativas desencadeadoras contínuas e sucessivas,
próprias da processualidade, e, como resultado a surpresa do seu próprio fazer, ,
relatada em tom eufórico pela professora.Destacaremos alguns destes momentos
vividos pelo grupo e relatados pela professora:
“(...) essa fase virou a maior polêmica, tivemos até de fazer um debate,
dividindo a sala de acordo com os argumentos, e nesse meio foi nascendo e se
infiltrando a fase C(...) “ O comentário avaliativo: “ Foi ótimo, a maioria dos alunos
teve um envolvimento além do que esperava, me surpreendendo com seus
argumentos”
Outros “falas” dos professores que apontam para a inserção do aluno como
protagonista serão sintetizadas abaixo. Destacamos também aqui, a escolha do
caderno temático do material arte br inserido num projeto anterior, que é o da
escola e de sua contextualização geográfica, social, cultural:
“Escolhi os temas “ De todos um pouco” e “ Colher o pão de todo dia”, há de
se ressaltar que o objetivo do projeto HIP HOP é “ estimular a conscientização e
provocar a discussão sobre os problemas sociais da atualidade despertando para
o exercício da cidadania” continuando o professor relata: “ (...) fui levado a escolha
desse tema por sugestão dos próprios alunos, muito apaixonados pela música,
dança, rap e pelo grafitte; abracei dessa forma uma outra causa muita discutida a
do aluno protagonista”
No relato a seguir, a integração da turma e da turma com o professor:
“oportunidade de conhecer o outro lado do colega, percebendo seus
anseios, suas frustrações, as conquistas, e isso fez com que o grupo se unisse
mais aceitando as diferenças deles”
Em outras visitas, percebemos que destacam-se os projetos que abrem
possibilidades de trabalho com outras linguagens além da plástica, como as
cênicas e as musicais.Uma das professoras apresenta de modo bastante sintético,
suas proposições para duas turmas do Ensino médio, cada qual com 42 alunos
em média. Em outras visitas, provocada pelas colaboradoras do IAE, ela detêm-se
em cada uma dessas proposições, provocada e provocativa ela visitou
44(quarenta e quatro) vezes o fórum, e não se restringiu ao envio do projeto e sua
descrição, explicou detalhadamente a metodologia adotada, enviou fotos dos
trabalhos e dos alunos e arquivos das músicas produzidas na sala de aula:
‘“Contemplando várias expressões artísticas:painel colagem com tecidos e
materiais variados; roupas feitas de material reciclado;peça de teatro; história em
quadrinhos; painel com fotos de ídolos dos anos 60, 70, 80, 90 e atuais”.
Dentre os professores incluídos aqui nesse grupo, destacamos ainda a
inclusão de outras imagens àquelas presentes em arte br, e de outros percursos,
sem, contudo, distanciarem-se das temáticas dos cadernos, que tratam de
questões sociais e políticas que temos vivenciado como cidadãos brasileiros,
lembrando que em sua maioria são obras de arte produzidas na segunda metade
do século XX e algumas do século XXI. Apresento algumas das temáticas re-
propostas pelos professores: Preconceito, discriminação, exclusão; Nada se cria
tudo se transforma; Linhas e formas em Cândido Mota; Desvelando arte; Hip Hop
e outras.
Para concluir um depoimento da professora que tomamos a liberdade de
qualificar aqui, como a das 44 visitas, e seu prazer em estar participando do
fórum:
“Esta questão do corpo vidente e visível envolve a todos nós que agora podemos
ser vistos por vocês que participam do fórum, n. é!!!Que interessante!Estão todos
acompanhando as emoções do processo passo a passo!!!!!”
Por ora, interrompemos o acompanhamento que será retomado e re-
vivenciado nas “falas” deixadas como marcas desse processo de apropriação e de
pesquisa constante, como as manifestadas em muitas ações educativas que
ultrapassam uma dimensão pragmática e envolvem as transformações entre os
sujeitos a partir de suas práticas docentes de professores /pesquisadores/
inquietos.Processos que envolvem uma reinvenção dessas práticas, no dialogar
com outras, com outras instituições educativas, espaços/tempos/sociais e
culturais, com os demais sujeitos envolvidos nelas e com eles conquistar
diariamente os seus espaços de emancipação.
IV.Referências bibliográficas
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Barros, Diana. Teoria do discurso: fundamentos semióticos. São Paulo: Atual,
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_____________Aquém ou além das estratégias, a presença contagiosa.
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