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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS DA AMAZÔNIA DIRETRIZES PARA A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DO PROBUC (PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE E USO DOS RECURSOS NATURAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DO AMAZONAS) MARIA GABRIELA ALBUJA BUCHELI Manaus, Amazonas Maio, 2013

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE ÁREAS

PROTEGIDAS DA AMAZÔNIA

DIRETRIZES PARA A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DO

PROBUC (PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA

BIODIVERSIDADE E USO DOS RECURSOS NATURAIS EM

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS DO AMAZONAS)

MARIA GABRIELA ALBUJA BUCHELI

Manaus, Amazonas

Maio, 2013

i

DIRETRIZES PARA A SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA DO PROBUC

(PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE E USO

DOS RECURSOS NATURAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

ESTADUAIS DO AMAZONAS)

Orientador: Dr. HENRIQUE DOS SANTOS PEREIRA

Coorientador: CARLOS EDUARDO MARINELLI E MARCOS AMEND

Membros da banca avaliadora: Dra. RITA DE CÁSSIA GUIMARÃES MESQUITA, Dra.

TATIANA SCHOR, Dr. GUILLAUME MARCHAND

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Gestão de Áreas Protegidas da

Amazônia como parte dos requisitos para

obtenção do título de mestre em Gestão de

Áreas Protegidas da Amazônia

Manaus, Amazonas

Maio, 2013

ii

Sinopse:

Foram analisados os custos do ProBUC de forma histórica, hierárquica e

comparativa de forma a determinar a concentração de custos para partir para ações

estratégicas e recomendações para otimizar os recursos destinados ao programa e

melhorar seu desempenho.

Palavras-chave:

Monitoramento participativo, Biodiversidade, Unidades de conservação, Custo-

eficiência, Análise financeira.

iii

AGRADECIMENTOS

Ao INPA e ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia

pela oportunidade e aprendizado ao longo do curso.

Ao meu orientador Henrique Pereira e coorientador Marcos Amend pelo suporte, ajuda e

confiança.

Ao meu coorientador Carlos Eduardo Marinelli, quem por meio da sua disponibilidade,

constante suporte e compartilhamento de conhecimentos e experiências, contribuiu enormemente,

tanto no meu trabalho, quanto no meu crescimento profissional.

Aos meus companheiros de mestrado, com os quais fiz parte de grandes histórias,

aventuras e risadas enriquecedoras.

A Sinomar Fonseca Jr, quem foi a pessoa a me motivar durante todo o processo de coleta,

análise e geração de resultados. Agradeço muito seu apoio já que sua experiência no ProBUC foi

fundamental para o desenvolvimento do trabalho.

À equipe do ProBUC, Pedro Leitão, Poliana Figueira Lemos e Jessica Cancelli pelo

tempo e ajuda durante o processo de coleta de informações do ProBUC.

A Samuel Simões Neto, Daniel Ferreira e Heberton Barros, por compartilhar seus

conhecimentos técnicos e me enriquecer como pessoa.

A André Zumak pelo seu carinho, carisma e companhia incondicional que me mantiveram

e me manterão sempre motivada, confiante e positiva.

Aos meus pais, Alexandra Bucheli e José Albuja e à minha família toda, tanto equatoriana

quanto brasileira, que me acompanharam integralmente durante todo o processo e me deram todo

o apoio e motivação durante estes anos.

iv

“Science is the poetry of reality” Richard Dawkins

v

RESUMO

Sistemas de monitoramento da biodiversidade, especialmente dentro de unidades de

conservação, auxiliam o processo de tomada de decisão a favor da conservação. Em países em

desenvolvimento, onde recursos financeiros para programas de monitoramento não são

abundantes, vêm surgindo sistemas de monitoramento baseados em estratégias participativas.

Porém, há pouca informação disponível sobre a execução financeira e estrutura de custos de

programas participativos de monitoramento da biodiversidade, o que impede a elaboração de

estratégias voltadas para a melhora do desempenho desses sistemas. Nesse sentido foi feita uma

análise financeira do ProBUC de forma a contribuir para a redução desta lacuna e propor ações

estratégicas que gerem subsídios para a sustentabilidade financeira deste programa. Se constatou

que dentro dos macroprocessos do ProBUC, a fase que concentra a maior quantidade de custos

(33%) é a manutenção do monitoramento. Ao mesmo tempo, a fase de análise de resultados

representa menos de 4% dos custos totais. Visando otimizar os custos do ProBUC e melhorar seu

desempenho, se sugere a automação da coleta de dados e descentralização da manutenção do

monitoramento, ação que tem 80% de probabilidade de reduzir os custos da manutenção do

monitoramento diminuindo 7% de custos correspondentes a um macroprocesso do ProBUC em

um cenário médio. Ao mesmo tempo, para aumentar os investimentos destinados à gestão de

dados, se sugere investir na implementação de um sistema web para gerenciar o banco de dados

do ProBUC. Este investimento, que deverá começar no curto prazo terá um custo de

aproximadamente R$77.600, o qual poderá ser, em parte financiado pelas despesas poupadas pela

ação de automação e descentralização do ProBUC.

vi

ABSTRACT

Biodiversity monitoring systems, especially within protected areas, support the decision

making process for conservation. In developing countries, where financial resources destined to

monitoring programs are not abundant, participatory monitoring programs have emerged.

Nevertheless, there is very little available information regarding the financial execution and cost

structure of participatory biodiversity monitoring programs, which limits the possibility of

strategy proposals to improve the programs’ performance. Therefore, the present study

contributes to narrow this gap by providing a financial analysis of ProBUC in order to contribute

with the program’s financial sustainability. It was observed that, within ProBUC’s macro

processes, the phase that concentrates most costs (33%) is the “maintenance” phase. At the same

time, the “results analysis” phase represents only 4% of the total costs. In order to optimize the

use of resources of the most expensive phase, it is suggested that ProBUC automates the data

collection and decentralizes the monitoring maintenance. The combination of automation and

decentralization as a single strategic action has 80% probability of reducing ProBUC´s costs. In

an average scenario, this strategy can reduce up to 7% of the total macro process costs. In order to

increase the investments destined to the program´s data management, it is suggested that ProBUC

implements a web based system to manage its database. This should begin as a short term

investment that has a cost of approximately R$77.600, part of which can be financed by the saved

costs obtained after the implementation of the automation and decentralization.

vii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………...1

1.1 Problematização …..…………………………………………………………………...1

1.2 Justificativa ……………………………………………………………………………2

1.3 Objetivos ………………………………………………………………………………3

2. REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………………….3

2.1 Monitoramento da Biodiversidade……………………………………………………..3

2.2 Monitoramento Participativo da Biodiversidade............................................................5

2.3 Custo-eficiência e Sustentabilidade Financeira .............................................................7

2.4 Contexto sobre o Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de

Recursos Naturais em Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas (ProBUC).......9

3. METODOLOGIA.............................................................................................................13

3.1 Área de Estudo..............................................................................................................13

3.2 Métodos........................................................................................................................15

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................18

4.1 Análise Histórica...........................................................................................................18

4.2 Análise Hierárquica......................................................................................................27

4.3 Análise de Eficiência....................................................................................................32

4.4 Análise Comparativa.....................................................................................................39

4.5 Análise de Ação Estratégica Integrada para Otimização de Custos do ProBUC.........42

4.6 Propostas de Melhoria de Gestão de Dados Pós-Coleta...............................................57

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................................67

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................69

7. APÊNDICE A – Valores absolutos de índices de eficiência em UCs onde o ProBUC é

executado............................................................................................................................76

8. APÊNDICE B- Guia de treinamento de monitores no uso de tecnologia de coleta de

dados eletrônica .................................................................................................................77

9. ANEXO A – Modelo Entidade-Relacionamento para elaboração de base de dados do

ProBUC...............................................................................................................................91

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação dos tipos de monitoramento da biodiversidade segundo coletores e

usuários de dados (Danielsen et al.,2008).......................................................................................5

Tabela 2. Detalhes sobre os componentes de monitoramento do ProBUC...................................10

Tabela 3. Protocolos metodológicos e pagamento aos monitores do ProBUC para cada

componente de monitoramento.......................................................................................................12

Tabela 4. Estrutura dos Macroprocessos do ProBUC...................................................................12

Tabela 5. Principais caraterísticas das unidades de conservação onde atua o ProBUC................14

Tabela 6. Detalhes sobre as análises realizadas para cumprir com o objetivo 1 do estudo...........16

Tabela 7. Custos por ação realizada do ProBUC...........................................................................26

Tabela 8. Custos de um macroprocesso do ProBUC.....................................................................26

Tabela 9. Detalhamento de custos por fase do ProBUC................................................................30

Tabela 10. Ranking de eficiência por UC para Esfera 1 (componente de recenseamento)...........34

Tabela 11. Ranking de eficiência por UC para Esfera 2 (componentes de: recenseamento, fauna,

quelônios e trânsito de embarcações).............................................................................................34

Tabela 12. Custos por componente do ProBUC em cada UC.......................................................36

Tabela 13. Caraterísticas e custos de programas de monitoramento participativo ao redor do

mundo.............................................................................................................................................39

Tabela 14. Caraterísticas dos principais sistemas de coleta de dados eletrônica...........................43

Tabela 15. Descrição de custos e benefícios da automação da coleta de dados e descentralização

da manutenção do monitoramento..................................................................................................46

Tabela 16. Pressupostos da ação de automação e descentralização nas três UCs onde o ProBUC

já foi implantado.............................................................................................................................47

Tabela 17. Cálculo do VPL para ação de automação descentralizada..........................................48

Tabela 18. Variáveis utilizadas para o cálculo de distribuição do VPL no Software Crystal

Ball.................................................................................................................................................50

Tabela 19. VPL conforme diferentes valores do celular, ceteris paribus......................................54

Tabela 20. Detalhamento de orçamento de funcionalidades do sistema web para gerenciamento

de dados do ProBUC......................................................................................................................63

Tabela 21. Detalhes de plataformas integradas para gestão de dados da biodiversidade..............64

ix

Tabela 22. Orçamento para sistema integrado de gerenciamento de dados do ProBUC...............65

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de distribuição das UCs pelo estado do Amazonas, com destaque para as áreas de

abrangência do ProBUC................................................................................................................14

Figura 2. Distribuição de custos históricos totais do ProBUC (2006-2011)................................19

Figura 3. Concentração dos custos do ProBUC (2006-2011)........................................................20

Figura 4. Histórico descritivo e financeiro das ações na RDS de Uacari......................................22

Figura 5. Histórico descritivo e financeiro das ações na RDS do Uatumã....................................23

Figura 6. Histórico descritivo e financeiro das ações no PAREST RNSN...................................24

Figura 7. Ações e custos históricos do ProBUC em cada UC onde o programa é executado.......25

Figura 8. Custos das ações do ProBUC ao longo do tempo...........................................................27

Figura 9. Custos recorrentes das ações do ProBUC ao longo do tempo.......................................28

Figura 10. Concentração de custos por etapa do ProBUC.............................................................29

Figura 11. Comparação de índices em UCs da Esfera 1................................................................32

Figura 12. Comparação de índices em UCs da Esfera 2................................................................33

Figura 13. Custos por ação, monitor e horas de coleta para cada componente do ProBUC.........37

Figura 14. Classificação de programas segundo custos e envolvimento comunitário..................40

Figura 15. Esquema ilustrativo do sistema eletrônico de coleta de dados....................................42

Figura 16. Distribuição do VPL segundo variações em 20 pressupostos......................................52

Figura 17. Análise de sensibilidade da ação estratégica de automação e descentralização...........53

Figura 18. Diagrama de etapas dentro do ciclo de vida dos dados (Michener et al., 2010).........57

Figura 19. Sistema web de banco de dados com aplicação CRUD...............................................61

Figura 20. Estrutura ideal para sistema de gestão de dados do ProBUC......................................65

x

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABC: Análise Benefício – Custo

AMARU: Associação de Moradores Agroextrativistas da RDS de Uacari

ASPROC: Associação dos Produtores Rurais de Carauari

CEUC: Centro Estadual de Unidades de Conservação

CNS: Conselho Nacional das Populações Extrativistas

CPPQA: Centro de Pesquisas e Proteção de Quelônios Aquáticos

FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

FDB: Fundação Defesa da Biosfera

FVA: Fundação Vitória Amazônica

FVS: Fundação Vigilância em Saúde do Amazonas

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IDESAM: Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas

IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Amplo

MMA: Ministério do Meio Ambiente

NDG: Nokia Data Gathering

ODK: Open Data Kit

PAREST: Parque Estadual

PDBFF: Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais

PPBio: Programa de Pesquisa em Biodiversidade

ProBUC: Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de Recursos Naturais em

Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas

RESEX: Reserva Extrativista

RDS: Reserva de Desenvolvimento Sustentável

SEUC: Sistema Estadual de Unidades de Conservação

TIR: Taxa Interna de Retorno

UC: unidade de conservação

UEA: Universidade Estadual do Amazonas

xi

UFAM: Universidade Federal do Amazonas

USAID: Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento

VPL: Valor Presente Líquido

WCS: Associação Conservação da Vida Silvestre

1

1. Introdução

1.1. Problematização

Para auxiliar a gestão da conservação da biodiversidade e dos recursos e serviços dela

derivados, são necessários sistemas de monitoramento que permitam detectar mudanças ao longo

do tempo e que forneçam alertas para tomada de decisão e o manejo de recursos naturais.

(Convention on Biological Diversity -CBD, 1992; Holck, 2007).

Em países em desenvolvimento, onde recursos financeiros para programas de

monitoramento não são abundantes, é menos provável que sistemas convencionais para monitorar

a biodiversidade sejam duradouros, devido ao seu alto custo (Holck, 2007; Danielsen et al.,

2007). Como alternativa, vêm surgindo sistemas de monitoramento baseados em estratégias

participativas, nas quais o envolvimento de comunidades locais teoricamente reduziria so custos

desses sistemas de monitoramento (Danielsen et al., 2008).

Embora sistemas participativos de monitoramento sejam considerados menos

dispendiosos, há pouca informação disponível sobre a execução financeira e estrutura de custos

dos mesmos (Poulsen e Luanglath, 2005; Holck, 2007). Este fato limita análises sobre a relação

custo-eficiência (a maximização da relação entre custos e benefícios) de sistemas de

monitoramento participativos e impede a elaboração de estratégias de otimização do desempenho

do gerenciamento desses sistemas (Danielsen et al., 2007, Malmegrin e Filho, 2005).

O presente projeto propõe realizar uma análise financeira do Programa de Monitoramento

da Biodiversidade e do Uso de Recursos Naturais em Unidades de Conservação Estaduais do

Amazonas (ProBUC) de forma a contribuir para propor ações estratégicas que gerem subsídios

para a sustentabilidade financeira deste programa, e por consequência, contribuir para reduzir as

lacunas de informação sobre a relação custo-eficiência de sistemas de monitoramento da

biodiversidade.

2

1.2 Justificativa

O ProBUC teve início em 2006 apesar de não ter sido continuamente executado ao longo

do tempo, e nem com os mesmos esforços nas UCs em que foi implementado durante esse

período de sete anos. No workshop sobre o programa, realizado em Manaus, em 2010, conclui-se

que existe necessidade de “melhorar a avaliação e sistematização de custos envolvidos no

monitoramento” (Weigand, De Oliveira e Calandino, 2010). Portanto, este estudo pretende

contribuir para reduzir esta lacuna de informação sobre os custos do ProBUC e auxiliar a sua

sustentabilidade financeira ao propor ações que otimizem os custos do programa.

É necessário analisar custos históricos do ProBUC, custos por componente de

monitoramento, por macroprocesso de operacionalização do programa e por unidade de

conservação para identificar a concentração de custos do programa de modo a subsidiar a

elaboração de propostas mais custo-eficientes que possam otimizar os recursos ao ajustar a

operacionalização de atividades com custos significativos. Ao mesmo tempo, uma análise

detalhada dos custos do ProBUC deve analisar a distribuição de recursos financeiros para

identificar as etapas de operacionalização que se encontram subfinanciadas e que precisam de

maior investimento.

Uma análise financeira que traga propostas de melhoria para o ProBUC tem o potencial de

reestruturar o programa de forma a que este cumpra seus objetivos, melhorando a eficiência do

programa, aumentando o engajamento dos atores locais e se tornando um programa útil para a

gestão e manutenção da integridade das UCs.

Uma vez que todas as etapas de operacionalização do programa ainda não foram

implementadas nas 3 UCs onde o ProBUC foi implantado, e devido a que ele existe somente em

três das 41 unidades de conservação do estado do Amazonas, uma análise financeira poderá gerar

informações importantes de ações estratégicas custo-eficientes para a completa implantação do

ProBUC nas UCs estaduais do Amazonas.

O presente estudo não trará somente aplicações práticas que tornarão o ProBUC mais

eficiente e melhor estruturado, mas também trará desdobramentos importantes para o Sistema

Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) já que um programa de monitoramento

participativo bem estruturado e economicamente eficiente é replicável a nível estadual e as suas

experiências poderão ser utilizadas em outros programas participativos de monitoramento da

3

biodiversidade na Amazônia, resultando em melhorias na gestão e avaliação de unidades de

conservação do Amazonas.

1.3 Objetivos

O objetivo geral do presente estudo é gerar diretrizes para auxiliar a sustentabilidade

financeira do Programa de Monitoramento da Biodiversidade e Uso de Recursos Naturais em

Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas (ProBUC).

Os objetivos específicos são:

1. Analisar os custos do ProBUC em unidades de conservação onde o programa já vem

sendo executado, sendo elas a RDS de Uacari, o PAREST Rio Negro-Setor Norte e a

RDS de Uatumã

2. Propor ações estratégicas custo-eficientes que otimizem o uso de recursos financeiros

destinados ao ProBUC nas UCs onde ele atua

3. Propor a destinação de recursos financeiros para áreas do ProBUC que precisam de

maiores investimentos e contribuir para que o programa alcance seus objetivos

2. Revisão da Literatura

2.1 Monitoramento da Biodiversidade

Por monitoramento da biodiversidade entende-se a coleta frequente e padronizada de

dados biológicos para determinar o status e as mudanças da biota ao longo do espaço e tempo,

possibilitando detectar mudanças nas populações e alertas preventivas (Niemela, 2000; Gardner,

2010). O monitoramento da biodiversidade auxilia a tomada de decisão voltada a gestão da

natureza, uma vez que ele fornece informações necessárias para avaliar o cumprimento de metas

de conservação e permite o redirecionamento de esforços (Barbosa et al., 2002; Jenkins, Rhys e

Madden, 2003; Balmford et al., 2005). Dessa forma, além de subsidiar o manejo da natureza,

sistemas de monitoramento ampliam o conhecimento, contribuindo para o avanço da ciência e

para a estruturação de programas de conservação (Abbot e Guijt, 1998).

Sistemas de monitoramento da biodiversidade podem abranger diferentes escalas: global,

nacional, regional e local, dependendo dos objetivos de cada programa, em específico. Alguns

programas são feitos em uma escala global, abrangendo territórios e paisagens amplas (World

4

Bank, 1998), como o promovido pelo Centro Mundial de Monitoramento da Conservação que

visa providenciar informação global sobre a biodiversidade para auxiliar o desenvolvimento de

políticas mundiais de conservação (United Nations Environmental Program-UNEP, 2012).

Na escala nacional, vários países vêm desenvolvendo iniciativas de monitoramento da

biodiversidade em consonância com o artigo 7 da Convenção da Diversidade Biológica (CDB),

no qual todo país signatário deve, na medida do possível, desenvolver um programa de

monitoramento da biodiversidade (CBD, 1992). No Brasil ainda não há programas desse tipo e

abrangência. O mais próximo disso é o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), que

apesar de ser do governo federal, não tem escala nacional na sua atuação, e apesar de acumular

dados e informações sobre biodiversidade não tem como pressuposto a coleta contínua de dados e

informação em prazos que vão além de projetos de dois a quatro anos. (PPBio, 2006)

Um exemplo de programa em escala regional é o Projeto Dinâmica Biológica de

Fragmentos Florestais (PDBFF), executado na Amazônia e que tem o intuito de conhecer as

consequências ecológicas da fragmentação florestal nesta região. Para isso, o Instituto de

Pesquisas da Amazônia (INPA) em parceria com o Instituto Smithsonian, apoia o

desenvolvimento de pesquisas em 23 fragmentos florestais dentro da ARIE (Área de Relevante

Interesse Ecológico) do PDBFF no Distrito Agropecuário da Superintendência da Zona Franca de

Manaus (SUFRAMA) (PDBFF, 2012). 1

Exemplos de programas locais de monitoramento da biodiversidade são desenvolvidos em

unidades de conservação (UCs) como o Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso

de Recursos Naturais em Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas (ProBUC),

executado nas UCs estaduais do Amazonas. O monitoramento da biodiversidade em unidades de

conservação tem o objetivo de detectar mudanças no status da natureza para subsidiar a tomada

de decisão por parte dos gestores. Devido a este propósito, estes programas de monitoramento se

caracterizam por serem focados em ameaças à biodiversidade e é essa especificidade o que os

torna mais efetivos para a gestão. (Vreugdenhil et al., 2003; Ferraz, Marinelli e Lovejoy, 2008)

1. ver detalhes no site: http://pdbff.inpa.gov.br/

5

2.2. Monitoramento Participativo da Biodiversidade

Seja em escala global, nacional, regional ou local, o monitoramento da biodiversidade tem

sido feito convencionalmente por pesquisadores, profissionais que moram fora da área de estudo

e que coletam, analisam e usam informações resultantes sob enfoque de aplicação científica.

Porém, esse monitoramento é usualmente caro e pouco duradouro (Danielsen, Burgess e

Balmford, 2005). Além disso, esse tipo de monitoramento permanece alienado da realidade e dos

interesses locais e é usualmente direcionado para responder a hipóteses científicas de projetos de

pesquisa sendo, portanto, de pouca utilidade na gestão dos recursos naturais (Danielsen, Burgess

e Balmford, 2005; Gardner, 2010) e em debates coletivos sobre o manejo de populações

biológicas.

Com o objetivo de superar essas limitações do monitoramento tradicional e incentivar o

envolvimento dos agentes locais na gestão de recursos naturais e unidades de conservação, surge

a abordagem do monitoramento participativo. Esta alternativa envolve grupos de interesse locais

como gestores e comunitários no processo de monitoramento da biodiversidade (Abbot e Guijt,

1998; Basset et al., 2000; Danielsen et al., 2008).

Em muitas discussões de monitoramento da biodiversidade se consideram somente os dois

extremos: o monitoramento profissional e o monitoramento participativo. Porém, estas são apenas

as duas pontas de um espectro mais amplo de possibilidades. Danielsen et al. (2008) explicam

este gradiente ao classificar o monitoramento em cinco categorias, segundo o grau de

envolvimento dos grupos de interesse locais na coleta e uso dos dados (Tabela 1).

Tabela 1. Classificação dos tipos de monitoramento da biodiversidade segundo coletores e usuários de dados

(Danielsen et al., 2008)

Tipos de monitoramento Quem coleta os dados? Quem usa os dados? Descrição da forma de

participação de atores no

monitoramento

1.Externo, executado por

profissionais

Pesquisadores

profissionais

Pesquisadores

profissionais

Não existe a participação de

atores locais em nenhuma etapa

do monitoramento

2.Externo, com coletores de

dados locais

Pesquisadores

profissionais e moradores

locais

Pesquisadores

profissionais

Atores locais somente

participam da coleta de dados e

raramente tem acesso a

6

resultados

3.Colaborativo com

interpretação de dados feita

externamente

Moradores locais com

apoio de pesquisadores

profissionais

Moradores locais e

pesquisadores

profissionais

Envolve atores locais na coleta

e uso de dados. Porém, a

metodologia de coleta e a

análise de dados é feita por

pesquisadores

4.Colaborativo com

interpretação de dados feita

localmente

Moradores locais com

apoio de pesquisadores

profissionais

Moradores locais Atores locais coletam, analisam

e utilizam os dados, mas

recebem o apoio técnico de

pesquisadores ao longo do

processo

5.Local e autônomo Moradores locais Moradores locais Todo o monitoramento é

realizado unicamente por

moradores locais de forma

autónoma

No caso do monitoramento da biodiversidade em unidades de conservação (UCs), nas

últimas duas décadas, ênfase vem sendo dada para modelos com abordagem cada vez mais

participativas. De fato, são estes os modelos de monitoramento de biodiversidade que vêm sendo

cobrados por entidades financiadoras de projetos, tais como a Organização das Nações Unidas

para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento

(USAID) e o Banco Mundial (Danielsen et al., 2008 e Danielsen et al., 2000).

O ProBUC foi concebido para ser um programa de monitoramento do tipo 4, colaborativo

com interpretação de dados feita localmente. Porém, atualmente ele ainda é do tipo 3,

colaborativo com interpretação de dados feita externamente devido a que os moradores locais,

apesar de terem acesso aos resultados do monitoramento, ainda não realizam análises localmente.

Várias iniciativas participativas vêm surgindo em unidades de conservação do Amazonas.

A oficina de sistemas de monitoramento participativo realizada pela Associação Conservação da

Vida Silvestre (WCS), em Manaus, em abril de 2011, compilou as experiências de programas

deste tipo na Amazônia brasileira, entre os quais o monitoramento coordenado pelo Instituto

Mamirauá e pela Fundação Vitória Amazônica (FVA).

A RDS Mamirauá e a RDS Amanã são áreas de atuação do Instituto Mamirauá, que

coordena doze sistemas de monitoramento que se enquadram em quatro linhas: meio ambiente

físico, biodiversidade, social e uso de recursos naturais. Identificou-se que existe total

7

envolvimento comunitário no monitoramento de pirarucu, no qual os comunitários realizam a

contagem populacional de pirarucu nos lagos de reprodução para pedir a autorização de pesca

para o ano seguinte. Neste tipo de monitoramento, os comunitários se sentem totalmente

empoderados e motivados pelo mercado para realizar o monitoramento e são eles mesmos, com

ajuda técnica do Instituto Mamirauá, os que analisam e usam os dados, sendo este monitoramento

considerado como tipo 4. Outros exemplos de monitoramento participativo, já com menor

apropriação por parte das comunidades, são o monitoramento do uso da fauna e de biodiversidade

cinegética e de primatas, nos quais os comunitários atuam principalmente na coleta de dados

(Lima et al., 2012).

A Fundação Vitória Amazônica coordena sistemas de monitoramento participativo na

RESEX do Rio Unini, onde capacita e dá as orientações técnicas para que comunitários realizem

a coleta de dados sobre uso de recursos naturais. Os dados coletados são analisados por

pesquisadores e repassados às comunidades para seu conhecimento e uso (Lima et al., 2012).

Portanto, este sistema de monitoramento ainda é do tipo 3. Porém, ele já tem gerado importantes

resultados como capacitação comunitária, empoderamento e envolvimento de atores locais.

2.3 Custo-eficiência e Sustentabilidade Financeira

Além de gerar estes benefícios, programas de monitoramento participativo têm a

vantagem de ser mais custo-eficientes do que programas convencionais. (Abbot e Guijt, 1998,

Sheil e Lawrence, 2004; Gardner, 2010) já que com os mesmos custos, programas participativos

geram maiores benefícios do que programas convencionais, sendo assim os primeiros

considerados mais custo-eficientes (Danielsen et al., 2007).

Por custo-eficiência se entende a maximização da relação entre custos e benefícios.

Quanto mais se produzir com os mesmos custos ou com custos menores, mais eficiente será um

processo (Malmegrin e Filho, 2005). Programas de monitoramento participativos são mais

eficientes do que programas de monitoramento convencionais porque monitores bem treinados

têm a capacidade de coletar melhores informações sobre a biodiversidade local de forma menos

custosa do que pesquisadores profissionais (Sheil e Lawrence, 2004), além de poderem fazer isso

de forma mais contínua por residirem na região onde o monitoramento é realizado.

Um claro exemplo de maior custo-eficiência do monitoramento participativo se detalha no

trabalho de Danielsen et al. (2007) nas Filipinas. Neste estudo, os autores concluem que sistemas

8

de monitoramento convencionais tem o mesmo custo do que sistemas participativos, mas estes

últimos resultam em um número maior de subsídios para a gestão das unidades de conservação.

Neste ponto é importante diferenciar entre eficiência, eficácia e efetividade. Enquanto eficiência é

a relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados para alcançá-los, eficácia se refere

“ao atendimento aos requisitos dos serviços prestados ou os bens disponibilizados definidos por

clientelas específicas” (Malmegrin e Filho, 2005, p.9) Ou seja, eficiência é uma medida de

produtividade enquanto eficácia é uma medida de quão satisfatórios foram os resultados para o

usuário. Por outro lado, efetividade se refere ao “efeito transformador causado pelos serviços

prestados ou pelos bens disponibilizados por uma organização sobre uma realidade que se

pretende modificar” (Malmegrin e Filho, 2005, p.9), pelo que seria uma medida de alcance de

resultados esperados. Neste estudo, pretende-se analisar a eficiência por meio da proposta de

ações estratégicas para diminuição de custos do ProBUC, sendo a eficácia e efetividade temas

além do escopo do trabalho.

É importante enfatizar que, ainda que o custo-eficiência de um programa de

monitoramento da biodiversidade seja um pilar importante, ele não necessariamente garante a

sustentabilidade financeira do mesmo. Por sustentabilidade financeira se entende “a capacidade

de uma organização de obter receitas para manter processos produtivos em andamento ou

expansão, visando produzir resultados” (León, 2001, p.11). Logo, no contexto de monitoramento,

a sustentabilidade financeira é alcançada quando uma organização consegue financiar as

atividades necessárias para atingir os objetivos do programa de monitoramento (Danielsen,

Burgess e Balmford, 2005).

Outro pilar importante a ser considerado é a diversificação de fontes de renda. (León,

2011). Essa importância foi evidenciada no sistema de monitoramento participativo do Parque

Nacional Xe Pian, no Laos, onde mesmo com custos extremamente baixos, o programa parou de

funcionar após quatro anos devido a término de financiamento das suas poucas fontes de recurso

(Poulsen e Luanglath, 2005).

Outro pilar da sustentabilidade financeira é a geração de renda própria já que isso permite

que se tenha maior controle sobre as receitas para o financiamento das atividades (León, 2011).

Porém, esta iniciativa ainda é muito incipiente no caso de programas de monitoramento da

biodiversidade já que os resultados do monitormento raramente são aproveitados com fins

comerciais. Um exemplo na Amazônia brasileira é o monitoramento de pirarucu na RDS

9

Mamirauá já mencionado anteriormente, onde os comunitários geram renda pessoal a partir da

comercialização do pirarucu, o qual depende do monitoramento da população deste peixe para

obtenção de licenças de pesca (Lima et al., 2012). É essa renda obtida por meio da venda de

pirarucu que motiva aos comunitários a continuar com o monitoramento do peixe.

2.4 Contexto sobre o Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de Recursos

Naturais em Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas (ProBUC)

O estado do Amazonas é o maior estado brasileiro reconhecido por sua diversidade

biológica, cultural e socioambiental. Visando conservar esses elementos biológicos e culturais, o

estado criou o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), que consiste em um

conjunto de normas e diretrizes para a criação, implantação e gestão de unidades de conservação

estaduais (Lei Complementar 53/2007). O órgão gestor das unidades de conservação regido pelas

normas do SEUC é o Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc, 2010).

Até dezembro de 2012, haviam sido criadas 41 unidades de conservação estaduais no

Amazonas, as quais têm contribuído para manter 97% da área do estado com cobertura vegetal.

Com o propósito de colaborar para conservação, o CEUC desenvolveu o Programa de

Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de Recursos Naturais em Unidades de Conservação

Estaduais do Amazonas (ProBUC). O ProBUC surgiu em 2005 com dois objetivos gerais: “gerar,

continuamente e de forma participativa, informações estratégicas para a gestão de unidades de

conservação” e “permitir a inserção das comunidades no processo decisório das ações de gestão

da UC onde estão localizadas.” (Fonseca et al., 2011, p. 15) O programa surgiu após amplas

discussões entre a comunidade científica e gestores do CEUC, que buscavam desenvolver um

programa inovador, baseado na participação comunitária e que fosse adaptável às distintas

realidades das unidades de conservação estaduais. (Fonseca et al., 2011)

O ProBUC foi desenvolvido com base em três princípios norteadores: (1) ser um

programa participativo em todas suas etapas, (2) gerar resultados aplicáveis à gestão da unidade

de conservação e (3) ser economicamente viável (Marinelli, 2007; Fonseca et al. 2011). A

implantação do ProBUC começou em 2006 na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de

Uacari com a colaboração de um conjunto de organizações dos diferentes setores atuantes na

região, entre as quais estão: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) por meio do projeto Pé-de-Pincha, a

10

Associação de Moradores Agroextrativistas da RDS de Uacari (AMARU), a Prefeitura Municipal

de Carauari, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), a Associação dos

Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), a Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e a

Colônia de Pesca Z 25.

O ProBUC começou a ser expandido em 2007 quando foi implantado no Parque Estadual

do Rio Negro-Setor Norte com colaboração da Fundação Vitória Amazônica (FVA). Em 2009 foi

implantado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, em parceria com o Instituto

de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM) e o Centro de

Pesquisas e Proteção de Quelônios Aquáticos (CPPQA-Ibama). O CEUC pretende continuar

implantando o ProBUC em outras unidades de conservação estaduais ao ser incorporado nos

planos de gestão como ação estratégica de apoio à gestão e para o fortalecimento da participação

local no manejo e gestão de UCs. (Fonseca et al., 2011)

O ProBUC é composto por seis componentes de monitoramento(Tabela 2), os quais foram

escolhidos por representarem grupos indicadores da integridade das UCs (fauna, jacarés,

quelônios) e por representarem ameaças à conservação das UCs (pesca, recenseamento e trânsito

de embarcações), sendo ambos grupos de interesse para o monitoramento das áreas.

Tabela 2. Detalhes sobre os componentes de monitoramento do ProBUC

Componen

te

Objetivo Indicadores Resultados

esperados

Aplicação

1)Fauna Monitorar a presença e a

quantidade de espécies

da fauna com interesse

especial (espécies em

perigo crítico,

ameaçadas, bandeira, de

conflito)

Número de registros dos

animais alvo, sexo dos

animais alvo, número de

filhotes dos animais alvo

Conhecimento da

biodiversidade,

estado das

espécies, influência

da caça na estrutura

das populações

Divulgação da UC,

avaliação da integridade

da UC, propostas de

manejo e visitação

2)Jacarés Conhecer o status

populacional e de

conservação das

populações de jacarés

(Crocodylia)

Número de ninhos

encontrados, quantidade

de ovos por ninho,

número de filhotes

nascidos

Conhecimento de

locais de

nidificação, a taxa

de recrutamento e

predação de ovos.

Entendimento da

integridade da espécie

para o ordenamento de

seu uso para subsistência

11

3)Quelônio

s

Aquáticos

Acompanhar a

reprodução de quelônios

aquáticos

Desova, predação de

ninhos, nascimentos,

filhotes e solturas

Vigilância de

tabuleiros, dados

de desova,

eclosões, predação,

ninhos,

mortalidade,

soltura.

Análise de recrutamento,

redução de predação dos

ninhos e levantamento

de informação-chave

para a realização do

manejo das espécies alvo

4)Pesca

(comercial

e dinâmica

da frota

pesqueira)

Acompanhar a produção

de pescado nos

principais pontos de

desembarque do

município

Número de peixes

pescados, tamanho, peso,

valor médio

vendido, esforço de

pesca da frota,

apetrechos usados

Perfil e esforço das

capturas, respostas

biométricas,

flutuações

comerciais,

dinâmica da frota

pesqueira

Informações estratégicas

para acordos de pesca e

propostas de manejo,

ordenamento pesqueiro

5)Recensea

mento do

uso dos

recursos

naturais

Acompanhar o uso dos

recursos naturais

utilizados como fontes

de renda, alimento ou

para troca

Quantidade consumida e

comercializada de

recursos, valor médio de

vendas, esforço para

adquirir o recurso

Perfil das

atividades

extrativistas,

pressão sobre

recursos naturais,

potencial de

exploração

Entendimento dos

estoques, variações

espaciais e temporais e

taxas de extração para

propostas de manejo

6)Trânsito

de

embarcaçõ

es

Monitorar o trânsito das

embarcações em pontos

estratégicos

Número de embarcações,

finalidade da

embarcação (pesqueira,

pesca esportiva, bovina,

escolar), peso da carga

das embarcações, motor

das embarcações

Perfil das

embarcações que

navegam na UC,

dinâmica do

trânsito das

embarcações na

UC

Análise de ameaças,

apoio ao sistema de

proteção e informação

estratégica da UC

Fonte: Fonseca et al., 2011

O ProBUC desenvolveu uma série de protocolos metodológicos para a coleta de dados de

cada um dos seis componentes de monitoramento. Detalhes sobre estes protocolos e o pagamento

recebido por monitor se detalham na Tabela 3. Os valores das diárias aos monitores do ProBUC

foram definidos com base no valor médio de uma diária nas cidades sedes das unidades de

12

conservação em 2008, valor que correspondia a R$ 30,002. A diária dos monitores recenseadores

foi definida como média diária, ou R$ 15,00 enquanto a diária dos monitores de fauna e jacarés

foi definida como 0.75% de uma diária, ou R$ 22,50. O monitoramento de quelônios na RDS do

Uatumã é voluntário, pelo que não há diárias para os monitores de quelônios nesta UC. Os

valores mensais foram definidos junto aos comunitários.

Tabela 3. Protocolos metodológicos e pagamento aos monitores do ProBUC para cada componente de

monitoramento

Frequência de monitoramento Período do

monitoramento

(horas por dia)

Tipo de

pagamento

Valor de pagamento (R$)

Fauna 1 vez por semana (RDS

Uacari)

1 vez a cada 15 dias (RDS de

Uatumã)

8 Diária 22,5

Jacarés Todo dia durante duas fases:

Fase I: procura de ninhos,

Fase II: monitoramento de

filhotes (média de 75 dias)

8 Diária 22,5

Quelônios

aquáticos

Todo dia durante duas fases:

Fase I: procura de ninhos,

Fase II: monitoramento de

filhotes (julho-nov. na RDS de

Uacari; agosto-nov. na RDS

de Uatumã)

24 com

revesamento de 2 a

3 monitores

Mensal 300 (em rancho na RDS

de Uacari) , voluntário (na

RDS de Uatumã)

Pesca 10 dias por mês 8 Mensal 300

Recenseamento do

uso dos recursos

naturais

1 vez por semana 8 Diária 15

Trânsito de

embarcações

Todo dia Durante o dia ao

verificar barulho de

embarcação3

Mensal 100

As atividades do ProBUC são realizadas em quatro etapas, as quais estão por sua vez

subdivididas em várias fases (Tabela 4). Este conjunto de etapas e fases constituem os

macroprocessos do ProBUC, os quais estão baseados na gestão adaptativa, a qual segue o ciclo do

PDCA (plan, do, check, act) para conseguir uma melhoria continua no processo de

monitoramento.

2 Em 2008, o salário mínimo era de R$415 (Lei 11.709 de 19 de Junho de 2008)

3 O monitoramento é realizado desde os domicílios, não sendo necessário o deslocamento dos monitores

13

Tabela 4. Estrutura dos macroprocessos do ProBUC4

Etapas Fases

1 Planejam

ento

1.1 Escolha da

UC onde será

implementado o

programa

1.2

Levantamento

de indicadores

da UC

1.3 Reuniões técnicas

para adaptar

protocolo

metodológico do

ProBUC para a UC

1.4 Discussão

interna da proposta

para a UC

1.5

Apresentação

da proposta

para validação

junto às

comunidades e

sensibilização

das mesmas

sobre o

ProBUC

2 Implemen

tação

2.1 Mobilização

para o curso de

capacitação de

monitores do

ProBUC

2.2 Curso de

capacitação

para

capacitação de

monitores do

ProBUC

2.3 Implantação da

infraestrutura e coleta

de dados pelos

monitores

2.4 Manutenção do

monitoramento

para troca de

equipamento e

acompanhamento

do monitoramento

3 Gestão de

Dados

(pós-

coleta)

3.1 Inserção de

dados coletados

na base de dados

do ProBUC

3.2 Análise e

geração de

resultados

3.3 Retorno de

resultados às

comunidades da UC

4 Avaliação 4.1 Análise

interna do

programa

4.2 Oficina de

avaliação de

resultados junto

às comunidades

4.3 Oferta de

recomendações para

melhorias no

ProBUC

4.4 Inicio PDCA a

partir da coleta de

dados

Fonte:arquivos CEUC

Devido a que os macroprocessos sofreram um processo de adaptação, a etapa três foi

recentemente adicionada (2012) e não se encontra totalmente implantada, pelo que representa

uma oportunidade para o presente projeto apresentar uma forma de implantá-la da melhor

maneira. De fato, este projeto pretende auxiliar especialmente a etapa 2 e 3 dentro deste

macroprocesso.

3. Metodologia

3.1 Área de Estudo

4 A estrutura dos macroprocessos foi adotada da forma como ela é trabalhada pela equipe do ProBUC de forma a

gerar análises práticas úteis para o programa. Porém existem fases e etapas que não se enquadram perfeitamente como recortes de macroprocessos (Manutenção do monitoramento e gestão de dados, por exemplo, são rotinas de gerenciamento do programa).

14

As unidades de conservação estaduais do Amazonas perfazem uma área total de

18.970.447,31 ha, o que representa 12% da área total do estado. Existem atualmente 41 unidades,

sendo oito do grupo de proteção integral e 33 do grupo de uso sustentável. A categoria mais

representativa espacialmente é a de Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)5, que

corresponde a 52% da área do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SDS, 2011).

O ProBUC foi implementado em três dessas unidades de conservação estaduais: a RDS de

Uacari, localizada no médio Juruá, o Parque Estadual do Rio Negro-Setor Norte, que se encontra

na margem direita do Rio Negro e a RDS do Uatumã localizada no Rio Uatumã (Figura 1).

Figura 1. Mapa de distribuição das UCs pelo estado do Amazonas, com destaque para as áreas de abrangência do

ProBUC. Elaboração: Maria Gabriela Albuja Bucheli Fonte de dados: arquivos CEUC e IDESAM

5Reservas de Desenvolvimento Sustentável são “áreas naturais que abrigam populações tradicionais, cuja existência

baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações, adaptados às condições ecológicas locais, que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.” (SNUC, 2000).

15

As três UCs onde o ProBUC foi implantado apresentam caraterísticas únicas que determinam os

custos de implementação do programa e se encontram resumidas na Tabela 5.

Tabela 5. Principais caraterísticas das unidades de conservação onde atua o ProBUC

Caraterísticas/UC RDS de Uacari PAREST RNSN RDS de Uatumã

Ano de criação 2005 1995 2004

Área (ha) 632.949 146.028 424.430

Plano de Gestão (ano de

criação)

2010 2008 2009

Organização comunitária Associação dos Produtores

Rurais de Carauari

(ASPROC), Associação dos

Moradores Agro-

Extrativistas da RDS de

Carauari (AMARU)

Associação dos Produtores

Agrícolas da Comunidade Bom

Jesus do Puduari (APACBJ),

Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Novo Airão (STRNA)

Associação

Agroextrativista

das Comunidades

da RDS do Uatumã

(AACRDSU)

Número de famílias 212 34 257

Número de comunidades 33 4 20

População estimada 1.300 126 1312

Distância de Manaus (km

em linha reta)6

782 120 200

Principais atividades de

subsistência

Agricultura, pesca e

extrativismo

Agricultura, pesca, caça e

extrativismo

Agricultura, pesca,

caça

Principais produtos

comercializados

Borracha, andiroba e mel Farinha de mandioca, banana e

cipó

Mandioca,

macaxeira, banana

e melancia

Ano de implantação

ProBUC

2006 2007 2009

Número de monitores do

ProBUC

52 2 27

Componentes do ProBUC fauna, quelônios,

recenseamento do uso dos

recursos naturais, trânsito de

embarcações, jacarés7

Recenseamento do uso dos

recursos naturais

fauna, quelônios,

recenseamento do

uso dos recursos

naturais e trânsito

de embarcações

Fontes: Amazonas, 2010; Amazonas, 2008; Amazonas, 2009

3.2 Métodos

A metodologia se detalha a seguir por cada objetivo específico.

Objetivo específico 1: Analisar os custos do ProBUC em unidades de conservação onde o

programa já vêm sendo executado, sendo elas: RDS de Uacari, PAREST Rio Negro-Setor Norte e

RDS de Uatumã

Foram compilados os dados financeiros sobre os custos do ProBUC, obtidos em

relatórios de prestação de contas e documentos contábeis do Centro Estadual de Unidades de

6 Distância de Manaus com relação à sede municipal onde se localiza a UC

7 O componente de pesca já foi implementado, mas atualmente encontra-se desativado

16

Conservação (CEUC), órgão gestor das UCs consideradas neste estudo, e da Fundação Defesa da

Biosfera (FDB), organização responsável pelo repasse dos recursos financeiros da Fundação

Moore ao CEUC. Também se utilizaram relatórios técnicos que permitiram complementar os

dados contábeis com informações sobre o desenvolvimento de cada atividade. Devido à falta de

uma base de dados organizada e integrada, foi necessária a busca física de maior parte da

documentação, o que fez com que o processo de coleta de dados se torne demorado e ineficiente.

Para casos de atividades sem registro de custos foram realizadas projeções com base na

média (corrigida pela inflação) dos dados registrados para as mesmas atividades em outros anos.

Para ações ausentes em algumas UCs, foi feita uma projeção com base em dados disponíveis para

outras UCs. Valores de ações realizadas de forma integrada foram recalculados para contabilizar

valores de cada ação individual. Devido à existência de dados ao longo do tempo, os custos

(quando não históricos) foram padronizados no seu valor em 2012, o que foi feito por meio de

uma correção utilizando o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) médio por ano8 (IBGE,

2012).

A partir da coleta de informações foram realizaram várias análises: histórica, hierárquica,

de eficiência e comparativa como detalhadas na Tabela 6.

Tabela 6. Detalhes sobre as análises realizadas para alcançar o objetivo 1 do estudo

Tipo de

Análise

Pergunta Custos analisados Ferramenta de

análise

Variáveis consideradas

Histórica

Quais foram os custos

totais do ProBUC?

Históricos do

ProBUC (2006-2011)

Diagrama de Pareto9 Custos fixos, custos

variáveis

Quais foram as

atividades e custos

históricos em cada UC?

Históricos por UC Linhas do tempo Custos e atividades por UC

Hierárquica

Quais os custos de um

macroprocesso em cada

UC?

Por macroprocesso

em cada UC

Gráfico de linha Custos por UC, custos

recorrentes

Quais os custos por etapa

do ProBUC?

Por etapa em cada

UC

Diagrama de Pareto Custos de planejamento,

implementação, gestão de

dados e avaliação

Quais os custos por fase Por fase em cada UC Tabela de dados e Custos por fase

8 Este índice considera uma cesta básica dividida em 9 grandes grupos: Alimentação e Bebidas, Habitação, Artigos

de Residência, Vestuário, Transporte, Saúde, Cuidados Pessoais, Despesas Pessoais, Educação e Comunicação.

Abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 40 salários mínimos. 9 É um gráfico de barras no qual o eixo horizontal contém as fontes de custos e o eixo vertical o percentual de custos.

(Pareto, 1897; Oliveira, Allora e Sakamoto, 2006)

17

do ProBUC? percentuais

Eficiência

Qual a UC mais custo-

eficiente?

Por UC Índices de eficiência

representados em

gráficos de estrela e

tabela de ranking

Custos de macroprocesso

por UC/envolvimento

comunitário, custos de

macroprocesso por

UC/área monitorada,

custos de macroprocesso

por UC/geração de dados

Quais os componentes

mais custo-eficientes?

Por componente Gráfico de barras

com índices de

eficiência

Custo por componente,

Custo por

componente/número de

ações, custo por

componente/número de

monitores Comparativa Quais os custos do

ProBUC em relação a

outros programas de

monitoramento

participativo?

Por programa de

monitoramento ao

redor do mundo

Tabela com índices

de comparação

Custos recorrentes,

custos/ha ano,

custos/comunitários

envolvidos, custos/esforço

Para as análises de concentração de custos, foi utilizado o Diagrama de Pareto por ser este

o melhor recurso visual para este tipo de análise já que mostra dados de frequência acumulada, os

quais facilitam análises de concentração de custos. Já para análises de eficiência, foram utilizados

índices de eficiência devido a que eles permitem incorporar custos e resultados na análise, o que é

indispensável ao lidar com eficiência. Para a análise de eficiência do programa em cada UC

foram escolhidos índices que representassem os objetivos do programa de ser participativo,

eficiente e capaz de gerar informações abrangentes para a gestão das UCs.

Objetivo específico 2. Propor ações estratégicas custo-eficientes que otimizem o uso de recursos

financeiros destinados ao ProBUC nas unidades onde ele atua

Para alcançar este objetivo, foram utilizados como base os resultados do objetivo 1, onde

foram identificadas as etapas e processos que merecem maior atenção. A partir daí, se

estabeleceram ações estratégicas para otimização de custos do ProBUC. Para determinar a

viabilidade financeira dessas ações foram realizadas análises custo-benefício (ACB). Esta é uma

técnica que determina se uma ação vale a pena ao considerar custos e benefícios monetários ao

longo do tempo quando comparado aos custos atuais de monitoramento. A partir da determinação

desses fluxos monetários obtem-se os valores monetários presentes ao descontá-los por meio de

uma taxa de desconto previamente definida. Finalmente, se realiza a somatória de todos os

valores presentes para obter o valor presente líquido (VPL) de cada ação. Um VPL positivo

18

indica que a ação é viável e quanto maior o VPL mais rentável é a ação (Zerbe e Bellas, 2006).

Outro indicador de viabilidade da ACB utilizado foi a taxa interna de retorno (TIR), a qual se

refere à taxa de desconto com a qual o VPL é zero, pelo que é um indicador de risco da ação

(Hartman e Schafrick, 2004). Em seguida se realizou uma análise de sensibilidade, que consiste

em saber quão sensível é o VPL a mudanças em diferentes variáveis, o que permite identificar as

variáveis que mais afetam o valor presente líquido e determinar como o VPL muda de acordo

com a variação das mesmas.

Além de uma análise quantitativa para avaliar as alternativas propostas, se realizou uma

análise qualitativa de descrição de custos e benefícios não monetários.

Objetivo específico 3. Propor a destinação de recursos financeiros para áreas do ProBUC que

precisam de maiores investimentos para contribuir para que o programa alcance seus objetivos

Para chegar às propostas de destinação de recursos, se realizaram reuniões com a equipe

técnica do ProBUC, profissionais da área de tecnologia da SDS, profissionais com expertise em

tecnologia da informação e pesquisas da literatura pertinente. A partir daí se compilou uma série

de recomendações de curto e longo prazo para a melhoria da gestão de dados do ProBUC, as

quais contam com dados orçamentários e descritivos.

4. Resultados e Discussão

4.1 Análise Histórica

Custos históricos totais do ProBUC

Os custos totais do ProBUC desde 2006 até 2011 foram de R$ 1.223.935,00. Este valor

está levemente acima da projeção de custos de implementação do Programa Arpa. Nesta

modelagem se estima que o valor de implementação de um programa de monitoramento

participativo da biodiversidade em UCs com as caraterísticas da RDS de Uacari, PAREST RNSN

e RDS de Uatumã para o respectivo período de atuação do ProBUC em cada UC seria de

$1.110.000 (Geluda et al., 2012). O valor do Arpa, 9% menor aos custos do ProBUC,

provavelmente é resultado de pressupostos adotados para a modelagem de custos do programa

Arpa.

19

O custo total do ProBUC ao longo da sua existência é tão baixo que representa 82% do

valor de uma única ação do CEUC para as obras e serviços de engenharia para a construção do

cercamento do Parque Estadual Sumaúma (arquivos SDS). Isso evidencia como o ProBUC tem se

tornado um programa sem maior importância dentro do CEUC, quando deveria ser precisamente

ao contrário, devido ao seu potencial de monitorar a integridade de todas as UCs do estado, o que

o torna indispensável como ferramenta de avaliação do trabalho desenvolvido pelo CEUC.

Dentro dos custos totais do ProBUC, os custos fixos referentes a concepção, material

publicitário, consultorias e custos administrativos do programa representam 50% dos custos

totais, totalizando R$609.886 enquanto os custos variáveis,10

referentes à execução do ProBUC

na RDS de Uacari (2006-2011), PAREST do Rio Negro Setor Norte (2007-2011) e RDS do

Uatumã (2009-2011) totalizam R$614.049 e representam a outra metade dos custos totais (Figura

2).

Figura 2. Distribuição de custos históricos totais do ProBUC (2006-2011)

A Figura 3 abaixo exibe a concentração dos custos totais, onde se observa que os custos

administrativos concentram 49% dos custos totais do ProBUC, sendo o item mais significativo.

Estes custos administrativos consistem no pagamento de dois técnicos e um estagiário com

dedicação completa ao ProBUC, 1 técnico com dedicação mínima (5% do tempo de dedicação

total de suas atividades) e um coordenador com dedicação de 30%. Os salários são referentes ao

período de existência do ProBUC, sendo que em 2011 somente teve o cordenador com dedicação

completa como parte da equipe do programa.

10

Custos variáveis por dependerem do número de ações em cada unidade de conservação

Custos Fixos 50%

Custos Variáveis

50%

Distribuição de custos históricos totais do ProBUC

20

O monitoramento na RESEX do Rio Unini, que consiste no recenseamento do uso de

recursos naturais também concentra seus custos totais nas despesas com custos administrativos,

os quais representam 50% de seus custos totais (arquivos FVA). Esta estrutura de custos do

ProBUC e do Rio Unini demonstra que pagamentos a pesquisadores externos são onerosos em

programas participativos e chama a atenção à necessidade de descentralizar os programas para

que estejam cada vez mais nas mãos de atores locais.

Figura 3. Concentração dos custos do ProBUC (2006-2011)

Na Figura 3 também nota-se que o segundo item com maior concentração de custos se

refere às ações realizadas na RDS de Uacari. Isto se deve a que esta é a unidade onde o ProBUC

21

tem mais anos de atuação e a que possui caraterísticas que encarecem a implementação do

ProBUC como dificuldade de acesso, grande extensão, maior número de monitores da

biodiversidade e maior número de componentes do ProBUC.

Histórico de atividades e evolução de custos por UC

Na RDS de Uacari, o programa se encontra em um momento de consolidação. O ProBUC

vem sendo implementado desde 2006, ano em que foi um projeto piloto envolvido inclusive com

ações de acompanhamento do monitoramento de quelônios coordenado pelo Projeto Pé de

Pincha. Desde 2007 até 2010, o ProBUC foi realizado sem maiores interrupções, implementando

os seis componentes que fazem parte do ProBUC embora o componente de pesca não esteja mais

ativo. Já em 2011, o programa enfrentou falta de financiamento, pelo que o número de ações se

viu reduzido. Até 2011, a RDS de Uacari foi a única UC onde o ProBUC realizou ações de

avaliação.

Nesta unidade foram realizadas 11 ações integradas (sinalizadas em vermelho escuro na

Figura 5), as quais otimizaram os custos do ProBUC, chegando a reduzir os custos das ações em

até 57% .11

A Figura 4 exibe todas as ações realizadas na RDS de Uacari com seus respectivos custos.

11

Valor obtido ao comparar os custos das ações integradas com os seus custos, caso elas tivessem sido feitas de

forma individual

22

Figura 4. Histórico descritivo e financeiro das ações do ProBUC na RDS de Uacari12

* Implementação I e II se referem a implementação de infraestrutura de fauna e recenseamento

respectivamente

12

Valores mais escuros em todas as linhas do tempo representam ações feitas de forma integrada

23

Na RDS do Uatumã, o ProBUC se encontra em fase de implementação, já que até 2011

não aconteceram ações de avaliação como a gincana ecológica (veja tabela 4). Apesar do

planejamento do ProBUC nesta UC ter começado em 2008, as ações de programa se deram a

partir da segunda metade de 2009. Durante o ano de 2010, foram realizadas a maior parte das

ações desta unidade, contando com a implementação de quatro componentes do ProBUC (fauna,

recenseamento, quelônios e trânsito de embarcações) e duas ações integradas (sinalizadas em

verde escuro na Figura 5),13

que resultaram em uma diminuição de até 33% dos custos por ação.

Figura 5. Histórico descritivo e financeiro das ações do ProBUC na RDS do Uatumã

No PAREST RNSN, o ProBUC ainda se encontra em fase incipiente de implementação.

As ações do programa nesta UC foram discontinuas, possivelmente devido à alta rotação de

técnicos do CEUC, a falta de recursos financeiros e à falta de acordos de uso de recursos naturais

13

A entrega de convites 1 foi realizada junto à entrega no PAREST RNSN.

24

no parque, o que deixa os moradores com receio de realizar monitoramento de uso dos recursos.

O ano de 2007 teve apenas uma ação, e durante 2008 houveram 6 ações, entre elas, o

cancelamento do curso de capacitação para os monitores, que teve que ser adiado por falta de

liberação de recurso. O programa só foi retomado em Março de 2009, necessitando que várias

ações de sensibilização fossem realizadas para recuperar a confiança e o interesse dos

comunitários em fazer parte do ProBUC. A unidade conta somente com um componente de

monitoramento do ProBUC (recenseamento) em parte devido ao processo discontinuo de

implementação do programa e devido às caraterísticas da unidade já que sendo de proteção

integral conta com uma população reduzida que resulta em poucos monitores interessados no

monitoramento. No total, foram feitas cinco ações de forma integrada (sinalizadas em laranja

escuro na Figura 6), sendo que as duas sensibilizações, em 2007 e 2008, foram realizadas junto

com outras ações do CEUC14

que não são parte do ProBUC. A integração de ações otimizou os

recursos em até 13%.

14

Estas duas ações foram realizadas junto a sensibilizações do Programa Agentes Ambientais Voluntários

25

Figura 6. Histórico descritivo e financeiro das ações do ProBUC no PAREST RNSN

Resumindo o histórico acima apresentado, a Figura 715

mostra o número de ações por UC

e por etapa com seus respectivos custos. No total foram realizadas 88 ações16

(55 na RDS de

Uacari, 19 no PAREST RNSN e 14 na RDS de Uatumã), sendo que mais da metade foram na

RDS de Uacari devido ao tempo que o ProBUC vem sendo executado nesta UC, e ao maior

número de componentes de monitoramento nela implementados. Observa-se também que as

ações de todas as unidades se concentram na etapa de implementação do ProBUC, sendo que a

avaliação carece de missões.

15

A Etapa 3 não contempla ações pelo que não se encontra na figura 16

O número de ações considera as ações que foram integradas individualmente

26

Figura 7. Ações e custos históricos do ProBUC em cada UC onde o programa é executado

Os custos históricos nas três UCs têm uma relação direta, porém não proporcional, com o

número de ações realizadas. Ao comparar os custos por número de ações, as ações de

sensibilização e de planejamento são relativamente menos custosas, enquanto ações de

manutenção e de avaliação são relativamente mais caras (Tabela 7). Isso se deve, em parte, ao

alto custo de gincanas ecológicas que são parte da etapa de avaliação, as quais requerem da

participação de todos os técnicos do ProBUC e incentivam a participação de todos os membros

das UCs, o que o as torna dispendiosas.

Tabela 7. Custos por ação realizada do ProBUC

Ações custos / # ações (R$)

reunião de planejamento 3.913

Sensibilização 2.758

Ações pré-curso e curso 5.795

Infraestrutura e coleta de dados 4.338

Manutenção 7.098

Avaliação 21.327

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 4

27

4.2 Análise Hierárquica

Custos por macroprocesso

Os custos por macroprocesso incluem as quatro etapas de Planejamento, Implementação,

Gestão de Dados e Avaliação do ProBUC e os custos administrativos para a execução destas

etapas (Tabela 8). Considerando que a execução de um macroprocesso deveria levar

aproximadamente um ano e meio para se completar17

, os custos administrativos incluem os

salários da equipe técnica durante esse período e se referem ao salário de um coordenador com

dedicação de 30% das suas atividades ao ProBUC, dois técnicos com dedicação exclusiva ao

programa e um técnico com 5% de dedicação ao ProBUC. O custo administrativo exclui o valor

do tempo destinado à inserção e análise de dados por parte da equipe do ProBUC, considerados

na gestão de dados.

Tabela 8. Custos de um macroprocesso do ProBUC

PAREST RNSN RDS

UATUMA

RDS de UACARI

Custos ADM 159.128

Custos etapas

1,2,3,4

64.431

170.180

350.157

Total custos

macroprocesso do

ProBUC

743.896

Para relativizar estes dados, é importante comparar os custos do macroprocesso do

ProBUC com os custos de outros programas de gestão nestas mesmas unidades de conservação.

Os custos totais de implementar e consolidar programas de gestão (profoco, proteção e

fiscalização, manejo dos recursos naturais, regularização fundiária e ProBUC) no PAREST

RNSN, RDS de Uatumã e RDS de Uacari totalizam R$ 26.096.341 (arquivos IDESAM).

Considerando o custo de um macroprocesso do ProBUC nestas três UCs (R$743.896), os custos

do ProBUC representam apenas 2.9% dos custos totais dos programas de gestão nas mesmas.

17

Este é o período planejado para o desenvolvimento das 4 etapas do macroprocesso do ProBUC

28

Os custos das etapas de um macroprocesso completo do ProBUC não são uniformes ao

longo do tempo, sendo maiores no começo e especialmente no final do período de execução do

macroprocesso (Figura 8).

Figura 8. Custos totais das ações de um macroprocesso do ProBUC ao longo do tempo

Embora R$ 743.896,00 seja o custo total de um macroprocesso do ProBUC nas três UCs,

é importante lembrar que sistemas de monitoramento geralmente têm custos mais elevados nos

primeiros anos de atuação do programa, sendo que “uma vez que o programa esteja implantado e

as pessoas treinadas derivando suficientes benefícios, os custos diminuem” (Danielsen, Burgess e

Balmford, 2005, p.2519). Os custos por macroprocesso não serão os mesmos após a consolidação

do ProBUC nas UCs. Daí em diante haverá somente os custos recorrentes que incluem uma única

ação de sensibilização, o curso de capacitação de monitores, coleta de dados pelos monitores,

ações de manutenção do monitoramento, análise de dados e devolução dos mesmos, duas oficinas

de avaliação e uma gincana ecológica18

. Assim, os custos recorrentes a partir da consolidação do

ProBUC são R$ 590.943,00 ou USD$ 328,302.0019

.

18

Ou seja, o macroprocesso é mais curto devido a que não são necessárias duas ações de sensibilização e não é

necessário implantar a infraestrutura para coleta de dados.

19 Uso da taxa de câmbio média de jan. até ago. de 2012, equivalente a: 1USD = 1.8 R (Banco Central do Brasil,

2012)

0

20000

40000

60000

80000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

R$

meses do ano

Custos Macroprocesso ProBUC ao longo do tempo

29

Em termos de custos ao longo do tempo, os custos recorrentes são maiores especialmente

no final do período de um macroprocesso sendo que os custos iniciais diminuem rápidamente. Ao

comparar esta estrutura de custos (Figura 9) com a dos custos totais da Figura 8, se observa que o

período de execução do macroprocesso se reduz de 1 ano e meio para 14 meses devido à

diminuição no número de ações por etapa.

Figura 9. Custos recorrentes das ações de um macroprocesso do ProBUC ao longo do tempo

Custos por etapa e fase do ProBUC

Para entender a concentração de custos no macroprocesso do ProBUC é preciso fazer uma

análise de custos por etapa e fase de execução do ProBUC. No Diagrama de Pareto abaixo

(Figura 10), se detalham os custos e o percentual de acumulação de custos por etapa do ProBUC.

Observa-se que a etapa com maior concentração de custos é a etapa de implementação do

monitoramento devido a que conta com o maior número de fases que envolvem custos para o

ProBUC. Por outro lado, a etapa com menores custos é a de gestão de dados, por ter sido criada

apenas em 2012 com a revisão dos macroprocessos do programa e não ter sido prioridade dentro

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

R$

meses do ano

Custos Recurrentes do ProBUC ao longo do ano

30

do programa. De qualquer forma, ela também merece atenção já que sem gestão de dados, o

ProBUC não gera o seu principal produto que são os subsídios para a gestão de UCs.

Figura 10. Concentração de custos por etapa do ProBUC

Ao se aprofundar na análise de custos e analisar cada fase dentro do macroprocesso do

ProBUC, observa-se que a fase com maior concentração de custos é a fase de manutenção do

monitoramento (2.4), a que concentra 33% dos custos e que contempla duas ações de manutenção

do monitoramento de quelônios e seis ações de manutenção anuais dos outros componentes do

programa (Tabela 8). Durante estas ações, a equipe do ProBUC se desloca até as reservas para

realizar várias atividades: pagamento aos monitores da biodiversidade, esclarecimento de dúvidas

sobre o monitoramento, coleta de formulários preenchidos e entrega de novos formulários. 49%

dos custos nesta fase se referem a pagamentos aos monitores, item que tem tendência a aumentar

no curto prazo devido à atualização do valor das diárias que têm sido as mesmas desde 2008.

Uma redução do pagamento de diárias somente poderá vir no longo prazo, quando os monitores

estejam dispostos a dar continuidade ao monitoramento sem pagamentos, processo que requer de

361333

161161

34489 27785

62%

89% 95%

100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

-30000

70000

170000

270000

370000

470000

570000

670000

770000

Implementação Avaliação e consolidação

Planejamento Gestão de dados

fre

qu

ên

cia

acu

mu

lad

a

R$

Concentração de custos do ProBUC por etapa

Custos Frequência Acumulada

31

vários avanços, entre eles, a descentralização da gestão de dados do monitoramento para que os

comunitários sejam os que usufruam da coleta e análise dos dados.

Em termos de ações individuais, a gincana ecológica concentra o maior percentual de

custos abrangendo, 13% do total (Tabela 9). Este evento acontece anualmente junto a todas as

comunidades, com o propósito de realizar atividades educacionais, recreativas e culturais.

Durante a gincana se aproveita para analisar o ano de atividades do ProBUC e realizar a soltura

de quelônios. Porém, é mais uma atividade de educação ambiental do que uma atividade que

envolve o ProBUC pelo não deveria estar atrelada a este programa de monitoramento,

especialmete ao considerar seu alto custo. Sem a gincana, as etapas do macroprocesso do

ProBUC teriam um custo de R$507.100.

A gincana ecológica conta com várias parcerias. Por exemplo, na primeira Gincana, feita

em 2008 na RDS de Uacari, teve parceria com o Tiro de Guerra de Carauari, que disponibilizou

quatro soldados para apoiar durante toda a atividade. De forma similar, o IBAMA e o Conselho

Nacional de Populações Extrativistas (CNS), disponibilizaram parte do equipamento necessário

para a Gincana, e a prefeitura de Carauari providenciou uma banda musical. Da mesma forma, a

segunda Gincana na RDS de Uacari, feita em 2009, contou com o apoio financeiro e/ou

presencial de sete instituições: Prefeitura de Carauari, Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade, AMARU, Tiro de Guerra, ASPROC, CNS e UEA. Devido a que a gincana já

conta com várias parcerias que permitem a otimização de custos, ela não será o foco de análise de

ações estratégicas para alcançar maior custo-eficiência nos processos do ProBUC.

A fase de análise de resultados, que deveria ter grande importância dentro de um

programa que visa gerar resultados para auxiliar a gestão de UCs, representa menos de 4% dos

custos totais, pelo que também merece destaque.

Tabela 9. Detalhamento de custos por fase do ProBUC

Custos por fase Descrição PAREST UATUMA UACARI Soma

% do total de custos de todas as etapas

1.1 escolha UC

1.2 levantamento de indicadores

1.3 reuniões técnicas

1.4 discussão da proposta

1.5 Apresentação 2462 5663 9687 17812 3%

1.5 Sensibilização 2462 4528 9687 16677 3%

32

total Etapa 1 34489 6%

2.1 mobilização para o curso 2415 11125 15353 28893 5%

2.2 curso de capacitação 11271 22993 29189 63453 11%

2.3 implementação 1 2991 9068 15463 27522 5%

2.3 implementação 2 0 5526 20197 25723 4%

2.3 abertura de trilhas 0 13477 11696 25173 4%

2.4 Manutenção do monitoramento 16689 41401 132478 190568 33%

total Etapa 2 361333 62%

3.1 inserção na base de dados 108 1456 2804 4368 0.7%

3.2 análise de resultados 578 7806 15033 23417 4.0%

3.3 retorno às Ucs (feito junto às manutenções e oficinas)

total Etapa 3 27785 5%

4.1 gincana ecológica 10014 18544 49110 77668 13%

4.2 2 oficinas de avaliação 15440 28593 39459 83493 14%

4.3 Oferta de recomendações

4.4 Início do PDCA

total Etapa 4 161161 28%

Custos totais de todas as etapas 584.768

4.3 Análise de Eficiência

Custo eficiência por UC

Para a análise de custo-eficiência entre UCs se consideraram duas esferas de análise

separadas:

Esfera 1. Comparação do componente de recenseamento nas três UCs

Esfera 2. Comparação dos componentes de recenseamento, fauna, quelônios e trânsito de

embarcações na RDS do Uatumã e RDS de Uacari

Para realizar as comparações de custos entre unidades é importante que se criem índices

de avaliação que incorporem não somente os custos, mas também os benefícios gerados pelo

programa em cada UC. Portanto, foram escolhidos diferentes índices que representam custos por

envolvimento comunitário, por área monitorada e por geração de dados de monitoramento, os

33

quais representam os objetivos do ProBUC de ser um programa participativo e que gere dados

abrangentes para a gestão das UCs.

A partir destes índices foi possível comparar a eficiência do ProBUC entre as UCs

estudadas (RDS de Uacari, RDS de Uatumã e PAREST RNSN). Os valores dos índices

normalizados com a média das três UCs se encontram representados visualmente nas figuras 11 e

1220

.

Figura 11. Comparação de índices de eficiência em UCs da Esfera 1

20

Os valores absolutos se encontram no Apêndice A

custo total custo/População

envolvida diretamente (PED)

custo/População total (POP)

custo/Comunidades envolvidas

diretamente (CED)

custo/Comunidades da UC (COM)

custo/famílias da UC (FAM)

custo/Monitores (MON)

custo/Hectares (HA)

custo/horas de coleta ano (COL)

custo/horas de coleta por ha ano

(ESF)

Comparação de Eficiência - Esfera 1

PAREST RNSN

RDS de Uacari

RDS do Uatumã

Legenda

PED: inclui monitores e pessoas entrevistadas durante o recenseamento

CED: inclui as comunidades dos monitores e das famílias entrevistadas durante o recenseamento

34

Figura 12. Comparação de índices de eficiência em UCs da Esfera 2

Observa-se que na Esfera 1 que compara somente o componente de recenseamento, o

PAREST RNSN é a UC com menores custos totais. Porém, ela tem custos mais elevados do que

as outras UCs ao comparar a maioria dos índices de eficiência, com exeção do índice de custo por

esforço. Na Esfera 2, que compara quatro componentes do ProBUC, a RDS do Uatumã tem os

menores custos totais. Porém, os índices de eficiência nem sempre favorecem esta unidade de

conservação.

Com propósitos de ter uma análise mais numérica com estes resultados se realizou um

ranking que dá valores crescentes às UCs com custos maiores (

Tabela10 e

Tabela11). Valor de 1 é dado para a UC com menores custos e 3 para a UC com custos

mais elevados.

custo total custo/População

envolvida diretamente (PED)

custo/População total (POP)

custo/Comunidades envolvidas

diretamente (CED)

custo/Comunidades da UC (COM)

custo/famílias da UC (FAM)

custo/Monitores (MON)

custo/Hectares (HA)

custo/horas de coleta ano (COL)

custo/horas de coleta por ha ano

(ESF)

Comparação de Eficiência - Esfera 2

RDS do Uatumã

RDS de Uacari

Legenda

PED: inclui monitores e pessoas entrevistadas durante o recenseamento

CED: inclui as comunidades dos monitores e das famílias entrevistadas durante o recenseamento

35

Tabela 10. Ranking por de eficiência por UC para a Esfera 1 (componente de recenseamento)

Índices (custos/) PAREST RNSN RDS do Uatumã RDS de Uacari

Índices de envolvimento comunitário

/PED 3 2 1

/POP 3 1 2

/CED 3 2 1

/COM 3 2 1

/FAM 3 1 2

/MON 3 1 2

subtotal envolvimento

comunitário

18 9 9

Índices de área monitorada

/HA 3 1 2

subtotal área

monitorada

3 1 2

Índices de geração de dados

/COL 3 1 2

/ESF 1 2 3

subtotal geração dados 4 3 5

Total 25 13 16

Tabela 11. Ranking de eficiência por UC para a Esfera 2 (componentes de: recenseamento, fauna, quelônios e

trânsito de embarcações)

Índices (custos/) RDS do Uatumã RDS de Uacari

Índices de envolvimento comunitário

/PED 2 1

/POP 1 2

/CED 1 2

/COM 1 2

36

/FAM 1 2

/MON 2 1

subtotal envolvimento

comunitário

8 10

Índices de área monitorada

/HA 1 2

subtotal area 1 2

/COL 2 1

/ESF 2 1

Índices de geração de dados

subtotal geração dados 4 2

Total 13 14

Observa-se que na Esfera 1, a RDS de Uacari e a RDS de Uatumã são as mais eficientes

na categoria de envolvimento comunitário, enquanto a RDS do Uatumã é a mais eficiente com

respeito à área monitorada e geração de dados. No ranking total, a RDS do Uatumã aparece como

a mais eficiente das UCs. Portanto, embora o custo do recenseamento seja menor no PAREST

RNSN, este componente é realizado de forma mais eficiente na RDS do Uatumã.

Com respeito à Esfera 2, a RDS do Uatumã é a mais eficiente no envolvimento

comunitário e na área monitorada, enquanto a RDS de Uacari é mais eficiente na geração de

dados. Porém, no ranking total a RDS do Uatumã fica como a mais eficiente. Isso se deve a que

os custos de realizar monitoramento no Uatumã são menores, principalmente devido à

proximidade da unidade à sede do CEUC em Manaus, menor extensão e menor número de

comunidades.

A partir desta análise, se enfatiza a importância de realizar comparações a partir de índices

de eficiência e não de custos totais, os quais podem gerar conclusões equívocas sobre a eficiência

do programa em cada UC.

Custo-eficiência por componente de monitoramento

37

A análise de custos por componente do ProBUC permite determinar quais são os custos

específicos de implantá-los e quais são os componentes mais eficiêntes na geração de dados e

envolvimento de monitores. É importante mencionar que os custos levantados se referem

especificamente à implantação dos componentes, não sendo considerados os custos que se

mantêm iguais para todos eles durante as etapas de planejamento e gestão de dados do

macroprocesso do ProBUC. Portanto, consideraram-se os pagamentos anuais para os monitores e

as ações específicas por componente (Tabela 12)21

. Detalhamos também o custo de implantação

do componente de pesca embora ele não esteja mais em funcionamento em nenhuma UC.

Tabela 12. Custos por componente do ProBUC em cada UC

Compo

nente Ações consideradas Número

de

monitores

Pagamento anual por

monitor (R$)

Custos diferenciados por componente

(R$)

RDS de

Uacari

PAREST

RNSN

RDS de

Uatumã

Médi

a Fauna Abertura de trilhas,

ações de implantação,

trocas de equipamento

17 1080 (RDS de

Uacari)

540 (RDS de

Uatumã)

59577 40752 50164

Jacarés Fase I e fase II de

implantação, trocas de

equipamento

822

1688 60784 60784

Quelônios Reunião de

planejamento, fase I e

fase II de implantação,

troca I e troca II, soltura

de quelônios

33 1500 (RDS de

Uacari)

Voluntário (RDS de

Uatumã)

88994 61075 75035

Pesca Ações de implantação,

trocas de equipamento

223

3600 48414 48414

Recensea

mento Ações de implantação,

trocas de equipamento

26 720 50855 19681 35333 35289

Trânsito

de

embarcaç

ões

Ações de implantação,

trocas de equipamento

3 1200 40944 23689 32316

Conforme estes dados, se observa que o componente com custos maiores é o de quelônios.

Isso se deve a que ele é o componente com maior número de ações, incluindo a soltura de

quelônios, a qual envolve uma despesa alta devido aos grandes esforços logísticos para conseguir

a participação de todas as comunidades no evento. O alto custo do componente de quelônios

21

Estas ações incluem valores de gasolina e equipamento que são fornecidos aos monitores de fauna, jacarés e

quelônios para realização do monitoramento 22

Os 8 monitores de jacarés são os mesmos 8 monitores de fauna da RDS de Uacari 23

Quando existia este componente de monitoramento, haviam 2 monitores de pesca na RDS de Uacari

38

também se deve a que este componente tem o maior número de monitores, o que encarece o valor

das ações e do pagamento de diárias (na RDS de Uacari), resultando em um custo mais elevado

em comparação com o valor dos outros componentes. Devido ao número de ações, monitores, e

frequência de coleta de dados variarem segundo o tipo de componente, comparamos também o

custo por ação, custo por monitor e custo por horas de coleta de cada componente (Figura 13).

Figura 13. Custos por ação, monitor e horas de coleta para cada componente do ProBUC24

Ao se compararem os custos por ação, o monitoramento de quelônios continua sendo o

mais custoso. Porém, ao realizar a comparação de custos por monitor e por horas de coleta, o

monitoramento de pesca acaba sendo o mais caro devido a que conta com apenas 2 monitores. Já

os componentes mais eficientes considerando custos por horas de coleta e custos por monitor, são

o de quelônios e de recenseamento respectivamente. Isto se deve a que são componentes com

grande número de monitores que conseguem gerar grande quantidade de dados para auxiliar o

processo de gestão das UCs. É importante salientar aqui a importância de realizar uma análise de

otimização para determinar qual é o número ótimo de monitores para cada componente.

24

Estes custos se referem a custos por componente para a implemetação de um macroprocesso do ProBUC

00

05

10

15

20

25

30

0

5000

10000

15000

20000

25000

cust

o/h

ora

s co

leta

(R

$)

R$

Custos por Componente do ProBUC

CUSTOS/MONITOR

CUSTOS/ACAO

Custos/horas coleta

39

Desconsiderando o componente de pesca que não existe na atualidade, obtem-se que os

componentes mais ineficientes são trânsito de embarcações e jacarés ao considerar custos por

monitor e por horas de coleta, respectivamente. No primeiro caso, isso se explica pelo número

reduzido de monitores, enquanto no caso do componente de jacarés, isso se explica devido a que

é um componente que envolve várias fases de implantação, o que eleva seus custos.

4.4 Análise Comparativa

Custos entre programas de monitoramento participativo ao redor do mundo

Com base nos dados de Danielsen et al.(2005) e utilizando como base os custos

recorrentes do ProBUC foi organizada uma tabela comparativa de vários programas participativos

ao redor do mundo (Tabela 13). Devido a maioria dos custos se referirem a valores de 2003, se

decidiu expressar o valor de todos os programas como o valor corrigido para este ano. 25

A comparação de custos aqui apresentada é limitada, devido aos programas serem

executados em diferentes países, com diferentes níveis de envolvimento comunitário e,

sobretudo, com diferentes objetivos, componentes e métodos de monitoramento. É por isso que

os números não permitem fazer um juízo de valor para qualificar um programa como mais barato

ou mais eficiente do que outro. Esta tabela comparativa é simplesmente uma tentativa de colocar

os custos do ProBUC em um contexto internacional.

25

Para esse cálculo usaram-se taxas de correção equivalentes à taxa de inflação por ano para cada país. (Fundo

Monetário Internacional – FMI, 2010)

40

Tabela 13. Caraterísticas e custos de programas de monitoramento participativo ao redor do mundo

Legenda: Lugar: CAP = área protegida com gestão comunitária; AP = área protegida; Non AP = área não protegida Tipo de envolvimento comunitário: I = alto envolvimento no monitoramento (categorias 4 e 5 de Danielsen et al., 2008) ; II = envolvimento parcial no monitoramento (categorias 2 e 3 de Danielsen et al., 2008) ID: CBMST (Community Based Monitoring System of Tanzania), LMP (Laos Monitoring Program), PMCABI (Programa de Monitoreo de la Capitanía del Alto y Bajo Isoso, FPAMP ( Filipine’s Protected Areas Monitoring Program), EBS (Event Book System), MRU (Monitoramento do Rio Unini), ProBUC (Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de Recursos Naturais em Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas

ID Local

custos anuais

recorrentes

(valores 2003 -

USD$)

custos/ha/a

no (USD$) Lugar

Tipo

envolvimento

comunitário

Custos por com.

Envolvidos

(USD$) Componentes

Custos por

esforço

(USD$)

CBMST Tanzânia 7.220 0,05 AP e Non AP I 24

uso de recursos forestais,

fauna 35.921

LMP Laos 5.543 0,02 AP I 185

uso de recursos (caça,

pesca, extrativismo)

biodiversidade (fauna) 692.856

PMCABI Bolivia 52.000 0,13 C AP II 416 caça 5.777.778

FPAMP Filipinas 46.443 0,04 AP I 133

biodiversidade (10-15

componentes) e uso de

recursos naturais (5-10

componentes) 9.288.669

EBS Namíbia 70.000 0,01 C AP I 350

biodiversidade, uso de

recursos naturais (21

componentes) 14.000.000

MRU Brasil – Rio Unini32.456 0,01 AP II 176 recenseamento 64.951.168

ProBUC Brasil – ProBUC 258.721 0,21 AP II 895

recenseamento, quelonios,

fauna, embarcações, pesca,

jacarés 4.270.170

média 67.483 0,07 311 14.145.223

mediana 46.443 0,04 185 5.777.778

41

Ao comparar os custos dos programas detalhados na Tabela 13 acima, observa-se que o

ProBUC tem os maiores custos por hectare e por comunitários envolvidos, estando acima da

média e da mediana, especialmente devido às dificuldades logísticas da Amazônia e a grande

quantidade de componentes do programa, o que o encarece com relação aos outros. Porém, ao

comparar os custos por esforço26

, o valor do ProBUC está abaixo do valor médio e do valor da

mediana e é o terceiro menor, o que mostra que o programa é o terceiro mais eficiente na coleta

de dados por hectare ano já que ele conta com uma grande quantidade de componentes de

monitoramento que geram grandes quantidades de dados.

Portanto, é importante usar outras métricas além do custo total recorrente e o custo por

hectare para julgar a eficiência de programas de monitoramento participativo tão diversos como

os listados acima, especialmente devido à dificuldade de quantificar benefícios gerados por cada

programa. O ideal seria comparar os custos destes programas com benefícios tais como: a

qualidade dos dados gerados, o uso de dados para a tomada de decisão, a aproximação dos

comunitários da gestão das áreas monitoradas e o uso de dados como ferramenta de avaliação da

integridade das áreas monitoradas. Porém, a dificuldade de monetarizar esses benefícios limita

este tipo de análise de forma financeira.

Por meio da tabela de comparação acima é possível também classificar os programas

segundo seu custo e tipo de envolvimento comunitário (Figura 14) para identificar quais são os

programas cujos custos estão acima da média. Constata-se que, com a exceção do monitoramento

do Rio Unini (MRU), os programas com custos abaixo da média são aqueles nos quais o

monitoramento é realizado com alto envolvimento comunitário, enquanto programas com menor

envolvimento comunitário tem custos acima da média. Embora existam outros fatores que

determinam os custos, esta relação é um indicativo de que programas com maior participação

comunitária tendem a ser menos dispendiosos (Holck, 2007).

26

Esforço medido como número de horas/ha/ano

42

Figura 14. Classificação de programas de monitoramento da biodiversidade segundo custos e envolvimento

comunitário

4.5 Análise de Ação Estratégica Integrada para Otimização de Custos do ProBUC

A partir das constatações de concentração de custos do ProBUC, segue a proposta de uma

ação estratégica focada especialmente na fase de manutenção do monitoramento, por ser aquela

com maior concentração de custos, e na etapa de gestão de dados, indispensável para garantir que

o ProBUC atinja seus objetivos, apesar de operacionalmente ainda não estar consolidada.

Visando diminuir os custos da manutenção do monitoramento e melhorar o processo de gestão de

dados, foi pensada uma ação estratégica integrada: automação da coleta de dados junto à

descentralização da manutenção do monitoramento.

Esta ação conta com duas partes que foram integradas devido à sua complementariedade:

automação da coleta de dados do ProBUC por meio da implantação de dispositivos móveis,

também chamados de coletores eletrônicos (“telefones celulares”) e descentralização da

manutenção do monitoramento por meio da presença de um técnico do ProBUC na sede

municipal mais próxima à UC para realizar as ações de manutenção do monitoramento. Ao

combinar as duas ações, se elimina a necessidade de ter formulários impressos no papel e de ter

43

que enviar uma equipe desde Manaus para fazer a troca de formulários e manutenção do

monitoramento.

Automação da coleta de dados

A coleta de dados com dispositivos móveis se refere ao registro de informação estruturada

usando dispositivos como smartphones, tablets ou PDAs (Assistente Digital Pessoal - de acordo

com a sigla em Inglês- Personal Digital Assistant).

Os sistemas utilizados para coleta eletrônica de dados geralmente contam com três

componentes: 1. Interface para coleta de dados no dispositivo móvel; 2. Método de transferência

de dados do aparelho para o computador; e 3. Servidor para preservar e gerir os dados

temporariamente. Estes componentes e a relação entre eles estão ilustrados na Figura 15 (abaixo).

Figura 15. Esquema ilustrativo do sistema eletrônico de coleta de dados

Fonte: Mobileactive.org

Existem várias instituições que oferecem tecnologias para realizar a automação da coleta

de dados. Os principais sistemas para a coleta de dados eletrônica estão detalhados na Tabela 14,

dos quais os mais completos e já testados em projetos no Amazonas são o Nokia Data Gathering

(NDG), utilizado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), e o Open Data Kit,

usado pela Fundação Amazonas Sustentável.

44

Tabela 14. Caraterísticas dos principais sistemas de coleta de dados eletrônica

27

Moeda oficial da África do Sul

Sistema Empresa

provedora

Sistema

Operativo

Custo Aparelhos

para uso

Componentes

(ver Figura

15)

Fonte

1.Nokia Data

Gathering

Instituto Nokia Windows,

Linux

Livre para

ONGs, governos

Nokia

Smartphone

(E61, E71)

1,2,3 http://projects.developer.nokia

.com/ndg

2.Frontline

SMS

Kiwanja.net:

Ken Banks

Linux,

Windows, Mac

Livre Qualquer

celular Java

1,2,3 http://www.frontlinesms.com/

3.Mobenzi

Researcher

Clyral Múltiplo –

hospedado

externamente

com acesso via

browser

Pago: 0.10

(Rand27

) por

crédito ou

resposta

Qualquer

celular Java,

Android,

Blackberry,

Windows

mobile

1,2,3 http://www.mobenzi.com/rese

archer/

4.Rapid SMS* UNICEF,

Thoughtworks,

Dimagi,

Millenium

Villages

Project

GNU/Linux,

Windows, Mac

Livre Qualquer

celular

1,2,3 http://www.rapidsms.org/

5. Magpi

(antigame

nte

Episurvey

or)

Datadyne Múltiplo –

hospedado

externamente

com acesso via

browser

Livre, novas

versões: UDS$

5.000 e USD$

10.000 por ano

dependendo de

funcionalidades

PDA, Celular

Java,

smartphone

1,2 http://magpi.com

6.JavaROSA Open Rosa

Consortium

Windows,

Linux, Mac

Livre Qualquer

celular Java

1,2 http://www.dimagi.com/javar

osa/

7.OpenXData OpenXData

Association

Windows,

Linux, Mac

Livre Qualquer

celular Java

1,2,3 http://www.openxdata.org/

45

*É o único sistema que utiliza Python como linguagem, os demais utilizam Java

8. View

World

View World Linux,

Windows

Comercial (25%

desconto para

ONGs)

iPhone,

celulares

Android

1,2,3 http://www.viewworld.net/

9. KoBo Harvard

Humanitarian

Initiative

Windows, Mac,

Linux

Livre Celulares

Android

1,2,3 http://koboproject.org/

10. Open Data

Kit

Google e

Universidade

de Washington

Linux, Mac,

Windows

Livre Celulares

Android e

alguns Java

1,2,3 http://opendatakit.org/

46

Por meio da adoção de um sistema de coleta de dados eletrônica como os listados acima,

se substituem os formulários no papel por formulários eletrônicos estruturados inseridos em

celular. Após serem inseridos, os dados são enviados para um servidor online e geridos no

formato/extensão desejado (xls, kml, etc). Portanto, esta tecnologia de coleta eletrônica de dados

elimina a necessidade de formulários em papel, transporte dos mesmos para campo, digitação de

dados e armazenamento de formulários em estantes de arquivos. Embora os dados possam ser

enviados imediatamente após coleta, a falta de acesso à Internet nas comunidades das reservas

onde o ProBUC atua não o permite, pelo que ainda é preciso passar nas reservas para transferir os

dados dos celulares ao computador por meio de um cabo.

A automação tem como objetivo diminuir os custos de impressão, encadernação,

transporte e armazenamento de formulários durante as ações de manutenção operacional do

ProBUC em campo. Esta tecnologia já demonstrou ter a capacidade de diminuir custos, como no

caso da implementação do sistema Nokia Data Gathering (NDG) na Indonesia, onde houve uma

diminuição de 39% dos custos operacionais de um programa de monitoramento de pacientes para

doação de órgãos (Eskelinen, 2011).

Esta tecnologia também visa melhorar a gestão de dados ao eliminar a necessidade de

digitação de informações, reduzindo erros e aumentando o fluxo de informação para análise de

dados. As informações do celular são enviadas diretamente a um servidor online, que apesar de

não ser próprio do ProBUC têm funcionalidades de análise básicas, permitindo que, tanto

gestores como técnicos e comunitários que tiverem acesso a um computador com internet,

explorem os dados e tratem as informações à sua maneira para encaminhá-las conforme seu ponto

de vista para debates coletivos voltados a discussão de resultados do ProBUC e a tomada de

decisão nas UCs. Esse processo significaria a ampliação do processo de apropriação de dados e

informação pelos comunitários, essencial para empoderá-los e motivá-los para envolvimento na

gestão participativa da UC.

Descentralização da manutenção do monitoramento

A descentralização de etapas de sistemas de monitoramento permite aumento da participação

local, maior eficiência e menores custos de informação devido a que moradores locais conhecem

melhor as prioridades e caraterísticas do local. Inclusive, a descentralização permite a replicação

47

e expansão de programas de conservação em lugares onde o corpo técnico governamental é

reduzido. (Clairs, 2006)

A descentralização do ProBUC visa eliminar a necessidade de ter deslocamento da equipe do

ProBUC desde Manaus para realizar a manutenção do monitoramento, a qual passaria a ser feita

pelo técnico local, que receberia diárias de campo para realizar o pagamento aos monitores,

recolher as informações eletrônicas coletadas pelos comunitários e esclarecer as dúvidas dos

monitores.

Para implantar a descentralização, o técnico em cada sede municipal será treinado no uso da

nova tecnologia de coleta eletrônica e na maneira de realizar a manutenção do monitoramento por

meio do acompanhamento de 3 manutenções do monitoramento feitas pela equipe do CEUC. Ele

também será equipado com um celular com acesso a Internet para mandar os dados para o

servidor online e um netbook para a análise de dados.

Os custos e benefícios monetários da implantação desta ação integrada (automação e

descentralização) levados em consideração foram somente os custos e benefícios adicionais que

não existiriam caso a coleta de dados fosse feita no papel e caso a manutenção do monitoramento

fosse feita pela equipe do ProBUC em Manaus. A descrição dos custos e benefícios considerados

estão detalhados na Tabela 15.

Tabela 15. Descrição de custos e benefícios da automação da coleta de dados e descentralização da manutenção do

monitoramento

Custos Benefícios (custos poupados)

Celulares

Equipamento de proteção de celular

Consultoria: inserção de formulários

no celular e treinamento da equipe do

ProBUC para uso da nova tecnologia

Troca de bateria e carregador 28

Pagamento aos técnicos na sede das 3

UCs

Alimentação para capacitação dos

técnicos durante acompanhamento de

3 manutenções

Netbooks e celulares para técnicos da

sede

Papelaria (cópias e impressões) e

encadernação

Digitação de dados (salário de

estagiário)

Envio de formulários de Manaus

para UCs

Armário para armazenamento de

formulários e caixas

organizadoras

Deslocamento Manaus-UC

durante as manutenções do

monitoramento

Hospedagem durante as

28

Troca de bateria e carregador como valor de manutenção dos celulares.

48

Serviço de internet para celular do

técnico

manutenções do monitoramento

Tempo poupado na manutenção

pelos técnicos de Manaus29

Para o cálculo dos benefícios líquidos desta ação foi utilizado um cenário de quatro anos

de atividade devido ao tempo necessário para recomeçar um novo ciclo de investimentos em

coletores eletrônicos e descentralização. Nas Tabelas 16 e 17 (abaixo) se detalham os

pressupostos e o cálculo do VPL para a ação de automação e descentralização.

Tabela 16. Pressupostos da ação de automação e descentralização nas três UCs onde o ProBUC já foi implantado

29

Este é o custo de oportunidade da realização da manutenção pelos técnicos em Manaus, calculado como o valor do

tempo poupado pelos técnicos de Manaus (com base no salário médio por dia e os dias médios para realizar uma

manutenção em cada UC)

30 Refere-se ao preço do modelo Nokia E5 em Manaus, escolhido pela sua resistência, facilidade de uso e

compatibilidade com o sistema de coleta eletrônica NDG

31 Preço da capa do Nokia E5 em Manaus

32 Refere-se aos celulares que serão substituídos após o primeiro ano

33 Refere-se ao % de celulares que precisarão de manutenção cada ano

34 Preço médio em Manaus para beteria do Nokia E5

35 Preço médio em Manaus para carregador do Nokia E5

36 Valor médio de excesso pago pela equipe do ProBUC no trajeto Manaus-Carauari 37

Todos os valores para dias de campo se referem ao número de dias, em média, que dura a manutenção do

monitoramento em cada UC 38

Valores de hospedagem são valores médios locais

PRESSUPOSTOS

custo unitário do celular30

R$ 500

custo unitário do protetor de celular31

R$ 20

vida útil do celular 2 anos

taxa de substituição do celular32

0%

taxa de manutenção anual do celular33

80%

custo unitário da bateria34

R$ 24

custo unitário do carregador35

R$ 22

excesso de bagagem ao transportar formulários36

R$ 300

salário bruto médio de cada técnico em Manaus R$3.939

Diária para técnicos nas sedes municipais R$100

dias de campo37

PAREST por manutenção do monitoramento 5

dias de campo UATUMA por manutenção do monitoramento 10

dias de campo UACARI por manutenção do monitoramento 12

valor diária do hotel38

no PAREST R$ 55

valor diária do hotel no UATUMA R$ 70

valor diária do hotel na UACARI R$ 60

49

Tabela 17. Cálculo do VPL para ação de automação descentralizada40

Observa-se que a partir dos pressupostos e os custos e benefícios detalhados acima, o

valor presente líquido (VPL) deu positivo, sendo de R$ 48.438, o que significa que é uma ação

39

Utilizou-se a taxa de desconto social recomendada para o Brasil segundo Valentim e Prado, 2008. 40

Os valores dos benefícios como o valor do pagamento dos técnicos e da Internet no celular no ano 0 correspondem

a metade dos valores dos anos seguintes já que se assume que neste ano se farão 3 manutenções da forma antiga para

realizar o treinamento dos técnicos.

alimentação por pessoa por dia durante manutenções R$ 50

Número de manutenções para capacitação de técnicos

municipais 3

custo Internet mensal R$ 10

custo unitário netbook R$1.000

taxa de desconto 5% 39

ITEM

0 1 2 3

Benefícios (custos poupados) -R$

papelaria e encadernação 6.183 12.366 12.366 12.366

digitalização (salário de estagiário) 2.184 4.368 4.368 4.368

deslocamento manaus reserva (inclui excesso de bagegem) 10.980 21.960 21.960 21.960

hospedagem nas sedes das UCs 1.110 2.220 2.220 2.220

custo de oportunidade dos técnicos em Manaus 10.635 21.271 21.271 21.271

Armário e caixas de armazenamento de formulários 450

recolhimento de formulários 0 0 0 0

subtotal beneficios 31.542 62.185 62.185 62.185

Custos -R$

compra de celulares 42.000 0 42.000 0

compra de equipamento de proteção - capinha 1.680 0 1.680 0

consultoria para inserção de formularios e treinamento de equipe

ProBUC 1.400 0 0 0

netbooks 3.000 0 0 0

troca de bateria 1.613 1.613 1.613 1.613

perda de carregador 1.445 1.445 1.445 1.445

pagamento técnicos 8.100 16.200 16.200 16.200

conexão de Internet para celular base 178 356 356 356

subtotal custos 59.416 19.614 63.294 19.614

Beneficios - custos (diferença) -27.874 42.571 -1.109 42.571

Valor presente -R$ -27.874 40.543 -1.006 36.774

Valor presente líquido - R$ 48.438

ano

50

financeiramente viável que consegue gerar um saldo positivo no final do período de investimento.

Este valor é equivalente a 7% dos custos de um macroprocesso do ProBUC nas UCs onde foi

implantado.

Outro indicador de que a automação junto à descentralização é uma ação adequada é a

Taxa Interna de Retorno (TIR)- uma medida de risco da ação que indica a taxa de desconto

necessária para que o VPL seja zero. Ao realizar o cálculo da TIR, se obtem uma taxa de 92%, ou

seja, somente uma taxa de desconto equivalente a 92% resultaria em um VPL de zero (que

significaria que a ação não geraria nenhum benefício líquido), e somente uma taxa superior a

92% geraria um VPL negativo (que significaria que a ação geraria prejuízo). Portanto, trata-se de

uma ação de baixo risco. Porém, os resultados de VPL e TIR dependem dos pressupostos

utilizados para os cálculos, os quais são valores estimados.

É por isso se decidiu utilizar o software Crystal Ball para modelar essas incertezas e obter

a possível distribuição do VPL ao definir intervalos de mudança para os pressupostos utilizados

no cálculo. Os pressupostos e seus respectivos intervalos se detalham na Tabela 18.

51

Tabela 18. Variáveis utilizadas para o cálculo de distribuição do VPL no Software Crystal Ball

Variável/Pressuposto Valor

mínimo

Valor

máximo

Tipo de distribuição Justificativa

1. custo unitário de celular 0 700 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

2. custo unitário de protetor

de celular 13 27 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

3. taxa de substituição do

celular 0 1 LogNormal

Assume-se que há maior probabilidade dos celulares

terem uma vida útil de 2 anos, não precisando de

substituição. Porém, existe a probabilidade de ter que

substitui-los no primeiro ano devido a imprevistos e falta

de cuidados com o aparelho.

4. taxa de manutenção anual

do celular 0 1 Extremo mínimo

Pode ser de 0 a 1 sendo que há maior probabilidade de

ser um valor perto de 1 devido a que a maioria dos

celulares são substituídos somente após 2 anos de uso

5. custo unitário da bateria 16 32 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

6. custo unitário do

carregador 15 29 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

7. excesso de bagagem ao

transportar formulários 200 400 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

8. salário bruto médio de cada

técnico em Manaus 2.700 5.200 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

9. diárias para técnicos nas

sedes municipais 70 130 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

10. dias de campo PAREST

por manutenção do

monitoramento

2 7 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal

considerando valor atual como média e 10% da média

como valor de desvio padrão

11. dias de campo UATUMA

por manutenção do 7 13 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

52 monitoramento desvio padrão

12. dias de campo UACARI

por manutenção do

monitoramento

8 16 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

13. valor diária do hotel no

PAREST 37 72 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

14. valor diária do hotel no

UATUMA 48 92 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

15. valor diária do hotel na

UACARI 40 80 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

16. alimentação por pessoa por

dia durante manutenções 33 66 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

17. número de manutenções

para capacitacao técnicos

municipais

1 3 Discreto uniforme

Se prevê a capacitação de técnicos por meio do

acompanhamento de 1, 2 ou 3 trocas

18. custo Internet mensal 10 15 Normal

Os preços variam de 10 a 15 reais por mês, sendo que foi

pressuposto o valor de 10 reais por ser de uma operadora

com melhor sinal

19. custo unitário netbook 700 1.300 Normal

Valores mínimo e máximo da curva normal considerando

valor atual como média e 10% da média como valor de

desvio padrão

20. taxa de desconto 0 1 LogNormal Pode ser de 0 a 1 sendo que ao ser um projeto social, tem

maior chance de estar perto de 0

53

Após a modelagem do VPL com as mudanças das variáveis detalhadas acima, obtem-se o

gráfico de distribuição do VPL da Figura 16. Observa-se que o VPL tem 80% de probabilidade de

ser positivo pelo que é uma ação segura na qual investir.

Figura 16. Distribuição do VPL segundo variações em 20 pressupostos

Para determinar quais são os pressupostos mais significativos na determinação do VPL

desta ação, se realizou uma análise de sensibilidade do VPL (Figura 17), onde se obtem que as

variáveis mais significativas são a taxa de substituição do celular, a qual determina 68% das

variações no VPL e o custo do celular, que determina 18.3% das variações do VPL.

54

Figura 17. Análise de sensibilidade da ação estratégica de automação e descentralização

*Valores negativos na figura indicam que o pressuposto tem o efeito de diminuir o VPL enquanto valores positivos o

aumentam. As cores não tem significado e se mantiveram devido a não ter como alterar as cores do gráfico no

software Crystal Ball.

Considerando que a taxa de substituição dos celulares é a mais importante na

determinação do VPL, é importante que se realize uma forte conscientização dos monitores do

ProBUC no uso correto e os cuidados dos aparelhos para que não haja necessidade de um alto

percentual de substituição no primeiro ano.

Considerando a segunda variável mais significativa na determinação do VPL, se realizou

uma tabela de sensibilidade do VPL conforme diferentes valores do celular (Tabela 19). Nela se

observa a importância de conseguir a aquisição dos celulares a um menor preço. Uma parceria

que garantisse a venda de celulares por R$300 conseguiria gerar uma redução de custos do

ProBUC equivalente a 11% dos custos de um macroprocesso do ProBUC nas UCs onde ele está

implantado. Este percentual aumenta para 13% com um custo de R$ 200 por celular e chega até

55

17% se os celulares não tivessem nenhum custo - fossem doados, por exemplo. Daí a importância

de estabelecer uma parceria com uma empresa fabricante de celulares para conseguir um preço

menor que permita ao ProBUC diminuir seus custos em mais de 10% dos seus custos totais por

macroprocesso.

Tabela 19. VPL conforme diferentes valores do celular, ceteris paribus41

valor celular (R$) VPL (R$)

% custos de um macroprocesso nas três

UCs com ProBUC

500 48.438 7%

400 64.457 9%

300 80.476 11%

200 96.495 13%

100 112.514 15%

0 128.533 17%

Esta ação de automação e descentralização também traria custos e benefícios além dos

monetários, os quais estão detalhados a continuação:

Custos/Riscos

Automação

Uso inadequado do celular para atividades além da coleta de dados, o que pode

comprometer a vida útil do aparelho e confundir o propósito do uso do celular

entre os comunitários

Tempo de adaptação dos comunitários à nova tecnologia, o que pode gerar

resistência à mudança, especialmente por parte dos monitores mais idosos.

Risco de perda de informações por falha tecnológica dos celulares

Risco de atraso no monitoramento caso haja falha do celular e se precise concertá-

los em Manaus

Descentralização

Menor controle sobre a realização de atividades de manutenção do monitoramento

41

Todos os demais pressupostos se mantém constantes

56

Ausência de mão de obra capacitada nas sedes dos municípios, o que pode

requerer maior capacitação do que o planejado

Maior necessidade de articulação e planejamento por parte da equipe técnica de

Manaus para coordenar as manutenções do ProBUC ao ser delegado para outros

técnicos

Ao deixar o processo mais descentralizado se corre o risco de que localmente haja

uma preferência pelo monitoramento de componentes mais carismáticos como o

de quelônios em detrimento de outros como trânsito de embarcações

Benefícios

Automação

Maior rapidez:

Para enviar os dados ao CEUC após coleta

Para a devolução de dados às comunidades devido a que os dados são enviados e

analisados com maior prontidão

Maior segurança na coleta de dados:

Menor risco de perda de dados por perda de formulários

Menor probabilidade de danos de formulários devido a vento ou chuva

Maior controle sobre a inserção correta de dados por meio da função de auto-

completar nas planilhas eletrônicas

Maior facilidade no armazenamento e análise de dados:

Centraliza a informação em um único servidor

Proporciona ferramentas de análise espacial e gráfico imediatas

Maior probabilidade de usar os resultados para a tomada de decisão para a gestão

da UC devido à maior rapidez na análise e devolução dos dados e devido ao

acesso aos dados via Internet

Descentralização

57

Empoderamento de moradores das sedes dos municípios ao terem a

responsabilidade e serem capacitados para realizar a manutenção do

monitoramento do ProBUC

Maior capilaridade da equipe do ProBUC nos municípios, o que permite

estabelecer relações mais fortes entre o CEUC e os comunitários das UCs

Maior capacidade de expansão do ProBUC em outras UCs devido a que o

programa deixa de depender tanto da sua equipe em Manaus para a

implementação do monitoramento

Maior rapidez no processo de gestão de dados já que se elimina a necessidade de

deslocamento dos técnicos até Manaus

É evidente que a automação da coleta de dados junto à descentralização da manutenção do

monitoramento traria maiores benefícios do que custos, tanto monetários quanto não monetários

que vão desde a diminuição de R$ 48.438 nos custos do programa até a melhoria na coleta de

dados e empoderamento de moradores locais. Com estas vantagens em mente, a equipe do

ProBUC optou por realizar um teste piloto na RDS de Uatumã, iniciando pela automação do

monitoramento por meio da capacitação de três monitores recenseadores para a utilização do

sistema Nokia Data Gathering para a coleta eletrônica de dados. Este sistema foi escolhido diante

da proximidade do CEUC (ProBUC) com o Instituto Nokia de Tecnologia, os resultados obtidos

pela FVS com este sistema, e as caraterísticas do ProBUC. Inclusive, foi feito um guia para

inserção de dados no dispositivo móvel por parte dos monitores (ver Apêndice B). O estudo

piloto se encontra em funcionamento e espera-se possa ser expandido para todos os monitores da

RDS de Uatumã e as outras reservas onde o ProBUC foi implantado.

4.6 Propostas de Melhoria de Gestão de Dados Pós-Coleta

Além de diminuir os custos do ProBUC em etapas que concentram despesas, o estudo

propõe otimizar recursos por meio de investimento em áreas subfinanciadas como a gestão de

dados, fundamental para programas de monitoramento, porém, ainda muito incipientes nos

órgãos gestores de UCs no Brasil (Marinelli, 2012).

58

O processo de gestão de dados inclui vários passos: coleta, digitação, verificação,

armazenamento, análise, e disponibilidade de dados (Martin e Ballard, 2010) e pode ser

visualizado por meio do ciclo de vida dos dados (“data life cycle”) na Figura 18 abaixo.

Figura 18. Diagrama de etapas dentro do ciclo de vida dos dados (Michener et al., 2010)

Observa-se que o processo de gestão de dados consiste em trabalhar com dados brutos, os

quais após serem coletados, serão revisados (para verificação de inconsistências), armazenados e

analisados. Simultaneamente, neste processo se preparam também meta dados. Meta dados são a

descrição do conjunto de dados que “fornecem informação sobre que entidades, processos ou

medidas são representados nos dados; além disso, documentam como os dados foram coletados,

com quais objetivos, quando, onde e por quem” (Drucker, 2011). Estas informações são vitais

para garantir a longevidade dos dados, pois ficam registrados os detalhes necessários para

entender e usá-los futuramente.

O processo todo de gestão de dados é fundamental durante o monitoramento da

biodiversidade já que facilita a geração de informação e conhecimento para a efetiva tomada de

decisão a favor da conservação (Cavalcanti, 2005). Uma adequada gestão de dados também

contribui para a redução de erros no processamento de dados, perpetuação de dados, maior

59

rapidez e melhor qualidade na geração de informações e maior eficiência na tomada de decisão a

favor da conservação.

É bastante comum que existam entraves e problemas ao longo do processo de gestão de

dados,

“os quais desencadeiam uma sucessão de problemas subsequentes que

podem compromenter as ações de gestão. Por exemplo, a ausência de dados

qualificados e de informação relevante sobre objetos de manejo limitam a

elaboração ou aplicação adequada de instrumentos de gesão que, por sua

vez, impedem a execução de estratégias de manejo coerentes com a

realidade e o contexto da UC, atrasando ou mesmo impossibilitando que ela

cumpra com os objetivos de conservação mais amplos para os quais foi

criada” (Marinelli, 2012, p.159)

Portanto, é indispensável que programas de monitoramento da biodiversidade destinem recursos

humanos e financeiros suficientes para uma gestão de dados adequada que gere subsídios para a

tomada de decisão no âmbito da gestão de UCs.

No caso do ProBUC, se identificou que, além da necessidade de reduzir custos na etapa de

implementação do monitoramento, há necessidade de investir mais recursos financeiros na etapa

de gestão de dados, para a qual são destinados apenas 5% dos recursos do ProBUC. Portanto,

seguem as propostas para o programa a respeito da gestão de dados pós-coleta.

Armazenamento, Verificação e Análise de dados

Atualmente, a equipe do ProBUC armazena os dados deste programa em planilhas de Excel,

de forma pouco padronizada, pelo que se recomenda, primeiramente, realizar uma limpeza,

verificação e adequação desse banco de dados. Para isso temos as seguintes recomendações, com

base nas contribuições de reuniões com a equipe do ProBUC e conforme Cook et al. (2001):

1. Padronizar o formato de inserção de dados para cada variável, para que não hajam

variações de formato dos dados, em sua digitação e no registro de dados inexistentes,

nulos, entre outros.

2. Adotar nomes padronizados para as espécies para que cada uma delas seja registrada

como única, sem problemas de dupla contagem, ou de distinção individual entre elas.

3. Validar os dados inseridos:

a. Verificar que cada célula contenha unicamente um dado

60

b. Realizar busca de valores impossíveis (como valores negativos para variáveis que

somente podem ser positivas) para verificar inconsistências.

c. Verificar inconsistências em dados de latitude/longitude ao mapear pontos de GPS

coletados

4. Gerar análises estatísticas exploratórias básicas, como valores mínimos e máximos,

média, mediana e erro padrão para detectar erros nos dados.

5. Feita a limpeza do banco de dados já coletados é necessária a adequação do banco que

passará a receber novos dados a partir da construção de um banco de metadados (veja

Drucker et al., 2011), o qual posteriormente também receberá a importação dos dados até

então organizados em planilhas de Excel.

A especificação de metadados é especialmente importante no contexto do ProBUC, já que

servirá como um mecanismo de padronização das variáveis a serem inseridas. Para inserir os

metadados existem plataformas como o editor de metadados Morpho (Higgins et al., 2002), o

qual se pode utilizar para criar arquivos de metadados de forma padronizada utilizando o padrão

EML (Ecological Metadata Language). Porém, independentemente do modelo usado para a

criação dos metadados, eles devem incluir:

- informação geral: quem os obteve, título e palavras chave

Ex:

Quem: Centro Estadual de Unidades de Conservação

Ttítulo: Amostragem de espécies de aves avistadas na RDS de Uatumã

Palavras chave: UC, fauna, Uatumã, turismo

- motivo da coleta de dados e quem financiou a atividade

Ex:

Motivo: Organização do turismo de observação de aves na RDS de Uatumã

Financiador:Fundação Moore

- pessoas e organizações envolvidas na coleta de dados

Ex: CEUC, monitores comunitários do ProBUC, gestor da RDS de Uatumã

- tipo de dado coletado

Ex: dados quantitativos (número de aves avistadas)

- abrangência geográfica e temporal dos dados

Ex: trilhas do ProBUC na RDS de Uatumã durante época seca – meses de Setembro até

Fevereiro

61

- material e métodos utilizados, tanto na coleta quanto na limpeza dos dados

Ex: observação de avifauna por meio de caminhadas realizadas a uma velocidade de 1 km por

hora durante 8 horas por dia, das 8 às 12 e das 14 às 18 horas. Caminhadas realizadas todo

sábado durante 6 meses. Limpeza de dados feita segundo recomendações de Cook et al., 2001

- nome, definição e unidade das variáveis

Ex: Mon= monitor observador (nome), Esp= espécie observada (nome), Obs= observação de

aves (número)

- como citar os dados contidos no banco

Ex: ProBUC: banco de dados. Disponível em:sds.gov.br. Data de acesso.

- definição de códigos (ex: 0 significa ausência de espécie)

Ex: 0 significa ausência de avistamento da espécie

- notas adicionais

Ex:Para maior esclarecimentos contactar a equipe do ProBUC em: [email protected]

(Cook et al., 2001, Drucker, 2011)

Uma vez feita a limpeza de dados e criados os metadados, é preciso que a equipe do

ProBUC exporte as tabelas de Excel para um banco de dados mais sofisticado já que o Excel

limita as opções de busca, filtragem, análise e acesso aos dados por parte dos usuários.

Recomenda-se que o sistema gerenciador de banco de dados a ser usado seja o Mysql, que utiliza

linguagem SQL como interface; é fácil de usar, tem portabilidade para diferentes sistemas

operacionais, é de livre acesso e é amplamente usado para bancos de dados.

O ideal é que o banco de dados integre o programa Morpho e seja feito dentro de um

servidor web, onde os usuários possam realizar as operações básicas CRUD (Criar, Ler, Atualizar

e Eliminar, de acordo com a sigla em inglês Create, Read, Update e Delete). É vital que o sistema

também tenha a funcionalidade de importar dados inseridos em Excel, já que esse é o formato

geralmente utilizado por tecnologias de coleta de dados eletrônica como o NDG. Outra opção é

que os aparelhos mandem diretamente os formulários ao servidor web.

Quanto à análise dos dados, o sistema poderá exportar os dados em diferentes formatos

compatíveis com softwares estatísticos como o “R” (Ihaka e Gentleman, 1993) e o “Distance,”

(Thomas et al., 2010) e de análises espaciais, como o ArcGIS (ESRI, 1999).

Um sistema web seria uma grande vantagem, para que, além dos dados ficarem mais

acessíveis para usuários em geral, facilite a descentralização, para que gestores, equipe técnica do

ProBUC, pesquisadores e técnicos de organizações parceiras (público e privadas) tenham acesso

62

ao banco de dados de qualquer localidade que tenha acesso a internet, como as cidades sede das

unidades de conservação. Um sistema web poderá portanto facilitar o acesso aos dados por parte

dos monitores e técnicos do ProBUC e gestores de UCs, os quais poderão realizar as análises

pertinentes e dar os respectivos encaminhamentos, de forma mais rápida e eficaz. A visualização

deste sistema se encontra na Figura 19 abaixo.

Figura 19. Sistema web de banco de dados com aplicação CRUD

Para implantar este sistema deve-se contratar uma equipe de tecnologia que, com base no

modelo Entidade Relacionamento (ER) já existente no ProBUC (Anexo A), se encarregue de

implementá-lo, levando em consideração que o ProBUC faz parte do CEUC, ou seja, que o banco

de dados deve estar disponível para ser ampliado conforme as necessidades do centro. Ao

contratar a equipe de tecnologia para criar o sistema de banco de dados, deve ficar estabelecido

que além da criação do banco de dados, deve existir um ponto focal de contato que esteja

disponível para dar suporte ao CEUC, no caso de alguma necessidade por parte dos usuários do

sistema.

É importante também que, após a criação do sistema web de banco de dados, seja feita a

capacitação da equipe o ProBUC e dos gestores de UCs, para que todos saibam utilizar o sistema.

Recomenda-se que seja feito um guia de uso do sistema junto com um protocolo de inserção e

verificação de dados para estabelecer padrões e evitar inconsistências. Assim, se houver troca da

equipe técnica, haverá documentos-guia para auxiliar as pessoas novas no processo de gestão de

dados.

63

Disponibilidade dos dados

Antigamente se considerava que dados coletados deviam estar sob a tutela e uso exclusivo

da equipe do projeto que realizou a pesquisa. Porém, ao longo do tempo, se viu que esse modelo

não permitia o uso produtivo de dados, especialmente em pesquisas de grande escala (Michener,

2010).

Segundo o mesmo autor, embora o compartilhamento de dados seja indispensável, sua

liberação requer uma política bem definida de uso de dados, que defina as responsabilidades do

usuário, exija o crédito às pessoas que realizaram a coleta de dados, defina regras de

redistribuição de dados e disponibilize formas corretas de citação. (Michener, 2010) Sugere-se

que os técnicos do ProBUC discutam internamente para criar uma política de uso de dados para

disponibilizar sua base de dados no sistema web a parceiros jurídicos ou interessados no

aproveitamento e geração de conhecimento a partir do rico, denso, detalhado e diferenciado

conjunto de dados e informações do ProBUC.

Enquanto se cria e consolida a política de uso de dados, se recomenda criar perfis de

usuários que tenham acesso diferenciado ao sistema web do ProBUC. Os seguintes tipos de

usuário são imprescindíveis no curto prazo:

1. Usuário com acesso sem restrições: para os técnicos do ProBUC que precisam modificar

toda a base de dados, atualizá-la e usá-la constantemente.

2. Usuário com acesso parcial: para gestores de UCs e comunitários que terão acesso aos

dados de todas as unidades, podendo atualizar somente as da sua unidade.

3. Usuário com acesso restrito: para usuários externos ao CEUC como pesquisadores e

estudantes, que terão acesso aos metadados e poderão requerer os dados por meio de

contato direto com a equipe do ProBUC e autorização conforme a política de uso de dados

a ser elaborada.

Outra forma de disponibilizar os dados do ProBUC é por meio do compartilhamento dos

mesmos na comunidade científica KNB (Rede de Conhecimento para Biocomplexidade, de

acordo com a sigla em inglês – Knowledge Network for Biocomplexity) por meio do programa

Morpho mencionado anteriormente. Esta plataforma, além de padronizar o formato dos

metadados permite seu compartilhamento em rede com todos os membros cadastrados no

64

servidor web da rede KNB. As informações compartilhadas, que podem ser somente metadados

como também os dados, se armazenam em um servidor chamado Metacat (Berkley,2001). A

disponibilidade dos dados em redes internacionais como esta aumenta a probabilidade de

concretizar parcerias e de que sejam realizadas análises importantes para utilização dos dados do

ProBUC para elaboração e revisão de planos de gestão e ordenamento no uso de recursos

naturais, de planos de proteção e programas de geração e gestão de conhecimento nas unidades de

conservação estaduais do Amazonas.

Orçamento

Para verificar os custos de um sistema web de banco de dados para o ProBUC se

realizaram reuniões com várias equipes de tecnologia, sendo que somente uma delas concretizou

a proposta. A empresa, chamada Codezon, que da suporte para usuários do sistema de coleta de

dados NDG, orçou várias funcionalidades para o sistema sendo que as prioritárias e discutidas até

o momento teriam um custo total de R$ 77.600,00 detalhadas na Tabela 24.

Tabela 24. Detalhamento de orçamento de funcionalidades do sistema web para gerenciamento de dados do ProBUC

Funcionalidade Semanas

(40h/semana)

R$/h Custo (R$)

(1) Sistema Web Simples de Gerenciamento de Formulários 26

52.000,00

(2) Importar dados no Excel gerados pelo sistema NDG para o novo sistema

4.8 -

9.600,00

(3) Exportar Dados em Formato KML (Mapa) 4 -

8.000,00

(4) Exportar Dados para Excel (Gerar Gráficos) 4 -

8.000,00

Total 38.8 50 77.600,00

Fonte: proposta Codezon

O valor poupado com a implantação da ação estratégica de automação e descentralização

que é de R$ 48.438, cobriria 62% do custo do sistema de gerenciamento de dados do ProBUC

mas seria necessário obter maior financiamento para realizar este projeto que é fundamental para

que o programa atinga seus objetivos. É importante enfatizar que o valor deste sistema inclui a

implantação e manutenção do sistema de banco de dados para o ProBUC como também a

capacitação dos técnicos para seu uso. Já custos com contratação de outros técnicos ou bolsistas

para auxiliar na análise dos dados ou melhorias no sistema para integrá-lo com outras plataformas

65

não constam nesta análise. Portanto, este é um orçamento para a melhoria da gestão de dados do

ProBUC no curto e médio prazo.

Recomendação de longo prazo – plataforma integrada

Geralmente as consultas, visualizações e análises dos dados são feitas em plataformas

computacionais separadas do sistema de banco de dados (Cañete et al., 2010). Porém, já existem

iniciativas que integram o armazenamento de dados com consultas, análise e visualização dos

mesmos (Tabela 25), o que facilita a gestão de dados e a deixa menos vulnerável a erros de

transferência de dados de uma plataforma a outra. O orçamento acima descrito se refere a um

sistema que integra somente o armazenamento e as conultas em um banco de dados, sendo que as

análises e visualizações devem ser feitas em programas específicos. Porém, recomenda-se que o

ProBUC migre seu sistema para um sob abordagem 100% integrativa, no longo prazo, quando

houver maior recurso financeiro disponível.

Tabela 25. Detalhes de plataformas integradas para gestão de dados da biodiversidade

Plataforma Detalhes Integração

Sinbiota (Sistema de

Informação Ambiental do

Biota)

Integra as informações geradas pelos

pesquisadores vinculados ao Programa

Biota/Fapesp e as relaciona a uma base

cartográfica digital

Armazenamento, consulta e

visualização

WeBios (Web Service

Multimodal Tools for

Biodiversity Research,

Assessment and

Monitoring)

Permite a especificação de consultas

multimodais sobre fontes heterogêneas de

dados

Armazenamento e consulta

BioCORE (Biodiversity

and Computing Research)

Tem sua origem no WeBios, mas se diferencia

por incorporar também informações do Museu

de Zoologia da UNICAMP

Armazenamento e consulta

Species 2000 Fornece um catálogo de espécies facilitando a

consulta por meio de uma árvore taxonômica

Armazenamento e consulta

GBIF (Global Biodiversity

Information Facility)

É um portal agregador de dados com consultas

por país, nível taxonômico ou espécie

Armazenamento e consulta

TaxonomyBrowser Permite o armazenamento, consulta, análise e

visualização de dados de biodiversidade

Armazenamento, consulta, análise e

visualização

Fonte: Cañete et al., 2010.

66

Assim, além de ter como realizar consultas, o sistema do ProBUC poderia aos poucos incorporar

outras ferramentas como a API (Application Program Interface) do Google Maps e uma interface

de software estatístico (Figura 20).

Figura 20. Estrutura ideal para sistema de gestão de dados do ProBUC

Porém, este tipo de estrutura é muito mais complexa e tem custos mais elevados (Tabela

26), pelo que não estão previstas para o curto e medio prazo.

Tabela 26. Orçamento para sistema integrado de gerenciamento de dados do ProBUC

Funcionalidade Semanas

(40h/semana)

R$/h Custo (R$)

(1) Sistema Simples de Gerenciamento de Formulários 26 - 52.000,00

(2) Receber/Agregar Pesquisas Automaticamente desde sistema de

coleta de dados eletrônico

28 - 56.000,00

(3) Exportar Dados em Formato KML (Mapa) 4 - 8.000,00

(4) Exportar Dados para Excel (Gerar Gráficos) 4 - 8.000,00

(5) Geração de Mapa no Próprio Sistema 8 - 16.000,00

(6) Geração de Gráficos no Próprio Sistema 14 - 28.000,00

(7) Visualização de Gráficos e Mapa em Tempo Real 7 - 14.000,00

TOTAL 91 50.00 182,000.00

Fonte: proposta Codezon

67

5. Conclusões e Recomendações

O ProBUC é um programa de monitoramento participativo pioneiro na Amazônia brasileira e

imprescindível para fortalecer e auxiliar a tomada de decisão em UCs. Porém, a sua continuidade

depende, em grande parte, da capacidade de que seja um programa custo-eficiente, já que o

recurso financeiro a ele destinado é escasso.

Uma análise aprofundada dos custos do ProBUC evidenciou que o setor administrativo deste

programa tem sido financeiramente o mais custoso. Também foi verificado que as ações mais

caras são aquelas das etapas de implementação e avaliação do programa, enquanto as ações de

gestão de dados são de menores investimentos. Quanto aos custos por UC, foi constatado que a

unidade de conservação menos eficiente na implementação do ProBUC é o PAREST Rio Negro-

Setor Norte, devido à descontinuidade do monitoramento e pouco envolvimento comunitário no

ProBUC. Também foi constatado que dentre os componentes de monitoramento existentes em

UCs com atuação do ProBUC, os menos custo-eficientes foram o de trânsito de embarcações

devido ao seu baixo número de monitores, e de jacarés, devido ao elevado número de ações.

Com base nestas constatações torna-se necessário otimizar os processos de implementação

e manutenção do ProBUC, aumentar a participação local no processo de monitoramento e de

utilização de informações e melhorar a gestão de informação, visando favorecer a tomada de

decisão a favor da gestão das unidades de conservação. Para que isso se torne possível, a partir

dos resultados deste estudo recomenda-se:

Realizar maior número de ações integradas, não somente com outras ações do

CEUC, mas também com outros parceiros institucionais envolvidos na gestão das

UCs, entre as quais ONGs, fundações e prefeituras municipais

Priorizar ações de sensibilização e envolvimento comunitário no PAREST RNSN

para avançar com o ProBUC e passar para as etapas de implementação (completa)

e avaliação do programa

Atualizar os valores dos pagamentos aos monitores, congelados desde 2008

Promover a geração de renda a partir dos resultados do monitoramento para que

os comunitários tenham oportunidades de mercado para incentivar o

envolvimento dos mesmos sem a necessidade do pagamento de diárias. Para isso,

68

o estado deve ampliar suas capacidades e logística, viabilizando o fortalecimento

de cadeias de mercado baseadas na extração de recursos naturais monitorados de

maneira participativa.

Testar sistemas eletrônicos de coleta de dados por meio de parcerias com

instituições de pesquisa

Buscar uma parceria com empresas fabricantes de celulares para conseguir

aparelhos a preços menores aos de mercado para potencializar a estratégia de

automação da coleta de dados e descentralização da manutenção do

monitoramento

Descentralizar a execução do ProBUC em campo, começando pelas atividades de

manutenção do monitoramento

Investir tempo na limpeza e padronização dos dados existentes e na criação de

metadados

Captar recursos fianceiros para implantar um sistema web integrado para o

armazenamento, análise e disponibilidade dos dados do ProBUC

Como próximos passos se sugere avançar com análises de otimização para determinar a

frequência ótima de coleta de dados e o número ótimo de monitores considerando as

caraterísticas de cada UC como área, tipo de UC, população, entre outras. Estas informações são

vitais para a futura implementação do ProBUC em outras UCs onde o programa poderia ser

implementado com maior eficiência. Outra sugestão para futuras análises do ProBUC é uma

análise da qualidade dos dados, o que não pode ser feito devido a que os dados do ProBUC ainda

não foram amplamente utilizados e uma análise desse tipo teria significado um grande esforço

que estava além do escopo do projeto.

69

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United Nations Environment Programme, World Conservation Monitoring Center. (http://www.

unep-wcmc.org/introduction-to-unep-wcmc_33.html). Acesso em: 11/03/2012.

Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais PDBFF. (http://pdbff.inpa.gov.br/).

Acesso: 12/03/2012.

Programa de Pesquisa em Biodiversidade PPBIO – Amazônia Brasil. 2006. Documento técnico

do programa. (http://ppbio.inpa.gov.br). Acesso: 15/03/2012.

Fundo Monetário Internacional. 2010. World Economic Outlook Database. (http://www.imf.org).

Acesso: 08/08/2012.

75

Banco Central do Brasil. Taxas de câmbio históricas. (http://www4.bcb.gov.br

/pec/taxas/port/PtaxRPesq.asp?idpai=TXCOTACAO). Acesso: 01/09/2012.

Mobileactive. (mobileactive.org). Acesso: 02/10/2012.

Frontline SMS. (http://www.frontlinesms.com/). Acesso: 05/11/2012.

Rapid SMS. (http://www.rapidsms.org/). Acesso: 05/11/2012.

Nokia Data Gathering. (http://projects.developer.nokia.com/ndg). Acesso: 05/11/2012.

Mobenzi Researcher. (http://www.mobenzi.com/researcher/). Acesso: 05/11/2012.

Magpi. (http://magpi.com) Acesso: 05/11/2012.

Javarosa. (http://www.dimagi.com/javarosa/). Acesso: 05/11/2012.

OpenXData. (http://www.openxdata.org/). Acesso: 05/11/2012.

ViewWorld. (http://www.viewworld.net/). Acesso: 05/11/2012.

KoBo. (http://koboproject.org/). Acesso: 05/11/2012.

Open Data Kit. (http://opendatakit.org/). Acesso: 05/11/2012.

Eskelinen, S. 2011. Building Mobile Based Surveys. Apresentação de Power Point.

(https://yenmarketplace.org/sites/default/files/Lecture%209%20%20Mobile%20phone%2

0data%20-%20Nokia.pdf). Acesso: 12/03/2013.

76

Lei 11.709 de 19 de Julho de 2008. Câmara dos Deputados (http://www.camara.gov.br/proposi

coesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=630672&filename=LegislacaoCitada+-

MPV+456/2009). Acesso: 07/07/2013.

Apêndice A. Valores absolutos de índices de eficiência em UCs onde o ProBUC é executado

Esfera 1.

PAREST RNSN RDS do Uatumã

RDS de Uacari

custo total 65730 137695 214665

custo/PED 5056 1788 1470

custo/POP 522 105 165

custo/CED 32865 12518 11298

custo/COM 16432 6885 6505

custo/FAM 1933 536 1013

custo/MON 32865 12518 14311

custo/HA 0.45 0.32 0.34

custo/COL 86 33 37

custo/ESF 12497916 13835647 23588910

Esfera 2.

RDS do Uatumã RDS de Uacari

custo total 170661 312395

custo/PED 1835 1726

custo/POP 130 240

custo/CED 10666 13016

custo/COM 8533 9467

custo/FAM 664 1474

custo/MON 6321 6248

custo/HA 0.40 0.49

custo/COL 11 6

custo/ESF 4518072 4003288

Apêndice B. Guia de treinamento de monitores no uso de tecnologia de coleta de dados eletrônica

77

Guia Para o Uso de Coletores Eletrônicos

Autor: Maria Gabriela Albuja Bucheli Revisor: Sinomar Fonseca Jr. Formatação: Mayara Pessoa

Fotografias: André Zumak

78

Sumário

Lista de traduções

Introdução

Para que serve este guia?

O que é um coletor de dados eletrônico?

Quais são as vantagens de usar um coletor eletrônico?

Celular

Cuidados com o celular

Utilização do Nokia E5 na coleta de dados do ProBUC

Como acessar os formulários do ProBUC?

Como preencher os formulários?

Como digitar as respostas no celular?

Como corrigir erros de digitação?

Como passar para a seguinte pergunta?

Como passar para outra parte do formulário?

Como salvar os formulários preenchidos?

Como saber se a bateria precisa ser recarregada?

79

Introdução

PARA QUE SERVE ESTE GUIA?

Com o objetivo de melhorar a coleta, gestão e devolução de dados, o ProBUC decidiu testar o uso de coletores

eletrônicos na RDS do Uatumã.

O propósito deste guia é orientar os monitores da biodiversidade do ProBUC no uso de coletores de dados eletrônicos.

O QUE É UM COLETOR DE DADOS ELETRÔNICO?

Um coletor de dados eletrônico é um aparelho portátil no qual se inserem informações que posteriormente são

processadas e analisadas. Ele substitui o uso do papel e a caneta para o preenchimento de questionários. O coletor pode

ser um celular, um palm ou um computador portátil. Neste caso, o coletor eletrônico a ser usado será um celular Nokia,

modelo E5.

Lista de Traduções

Nokia Data Gathering: coleta de dados da Nokia New Result: novo resultado Options: opções Back: voltar Save Result: salvar resultado

80

QUAIS SÃO AS VANTAGENS DE USAR UM COLETOR ELETRÔNICO?

Ao substituir os formulários de papel por formulários inseridos dentro do celular, o processo de coleta, processamento e

devolução de dados tem o potencial de ser mais seguro, rápido e eficiente.

Por que é mais seguro?

Menor risco de perda de formulários

Maior resistência à chuva e vento

Armazenamento de dados eletrônico

Por que é mais rápido?

Dados salvos automaticamente

Envio de dados eletrônico

Digitalização de dados é a própria coleta

Análise de resultados não depende do envio físico de dados

Por que é mais eficiente?

Reduz o custo de papelaria e envio de questionários

Reduz o tempo de digitalização

Facilita a gestão de dados

81

CELULAR

O celular, neste caso, o Nokia E5, é um aparelho fácil de

usar, com teclado, câmera fotográfica, GPS e conexão a

Internet. Ele é leve, resistente e com uma bateria de

longa duração.

CUIDADOS COM O CELULAR

O celular pertence ao ProBUC, pelo que deve ser

utilizado exclusivamente para a coleta de dados do

programa. A capa de proteção deve ser sempre utilizada

para maximizar o tempo de uso do celular e evitar danos.

82

Utilização do celular na coleta de dados do ProBUC

COMO ACESSAR OS FORMULÁRIOS DO PROBUC?

1. Ligar o celular, mantendo apertado o botão

durante alguns segundos até ele ligar

2. Desbloquear o celular apertando a tecla inferior

esquerda (1) e logo depois a tecla inferior

direita(2)

83

3. Apertar a tecla inferior esquerda da tela para

acessar o sistema Nokia

4. Descer a lista até o formulário a ser preenchido,

utilizando a parte inferior da tecla central (1). Uma

vez identificado o formulário apertar no meio da

tecla central para selecioná-lo (2)

84

COMO PREENCHER OS FORMULÁRIOS?

1. Apertar no meio da tecla

central no item “New

Result” para inserir novos

resultados

2. Nesta tela, aparecem

todas as partes do

formulário. Apertar no

meio da tecla central para

acessar a primeira parte

do formulário

3. Responder as perguntas

digitando no teclado do

celular. As datas já estão

preenchidas e não

precisam ser modificadas

85

COMO DIGITAR AS RESPOSTAS NO CELULAR?

Respostas com palavras

Apertar diretamente os botões do

teclado onde aparecem as letras.

Exemplo Pergunta: Qual peixe pegou anteontem?

Respostas com números

Apertar primeiro o botão inferior

esquerdo do teclado do celular (1) e

logo depois a tecla onde o número

se encontra (2).

Exemplo

Pergunta: Local de pesca? Resposta: 3 Digitar 3. Na tela visualiza-se:

Resposta: pacu Digitar “pacu” utilizando cada letra no teclado. Na tela visualiza-se:

86

Respostas mistas

As perguntas de quantidade aceitam letras e números.

Respostas a perguntas de escolha

Exemplo Pergunta: quantidade de leite? Resposta: 2 litros Na tela visualiza-se:

Apertar a parte inferior da tecla do meio (1) para chegar

até a opção desejada e depois apertar a parte central da

tecla do meio (2) para escolher essa opção. Um exemplo

deste tipo de pergunta é a finalidade da pesca, na qual

aparecem as opções de consumo e comércio.

87

COMO CORRIGIR ERROS DE DIGITAÇÃO?

Para corrigir erros na digitação, apertar a tecla

embaixo da letra “p” que aparece na figura. Isso apagará

o erro. Depois digitar de novo de forma correta.

COMO PASSAR PARA A PRÓXIMA PERGUNTA?

1. Para passar de uma pergunta a outra

apertar no meio da tecla central (1) e

depois na parte inferior dela (2)

2. Continuar preenchendo até não haver

nenhuma pergunta em branco

88

COMO PASSAR PARA OUTRA PARTE DO FORMULÁRIO?

1. Apertar no botão inferior esquerdo da tela onde

está escrito “Options” (1). Quando aparecer o

menu

com a palavra “Back” apertar no meio da tecla

central (2) para voltar.

2. Aparecerá uma tela com o resto das partes do

formulário. Apertar a parte inferior da tecla central

para descer até a seguinte parte (1) e apertar no

meio da tecla central para acessar essa nova

parte (2), a qual se destaca em verde.

3. Preencher as partes necessárias do formulário

até acabar a entrevista.

89

COMO SALVAR OS FORMULÁRIOS PREENCHIDOS?

Depois de preencher cada formulário ele deve ser salvo para que a informação não se apague. Portanto se deve tomar

cuidado para não sair do sistema antes de salvar as respostas.

Para salvar um formulário

1. Apertar o botão inferior direito embaixo da tela

onde está escrito “Save Result”

2. Ao fazer isso, poderá aparecer uma mensagem

sobre o GPS. Apertar o botão inferior esquerdo

embaixo da tela para aceitar o “ok”

90

3. Apertar o botão inferior direito da tela, onde está

escrito “Back” para voltar ao menu principal

Como saber se a bateria precisa ser

recarregada?

Observar na parte superior direita da tela e ver o

número de linhas. Se o número de linhas for

inferior a três é preciso carregar o celular antes de

realizar as entrevistas. Quando houver sete linhas,

o celular está totalmente carregado e pronto para

ser utilizado como é o caso da figura embaixo.

91

Anexo A. modelo Entidade Relacionamento para elaboração de base de dados do ProBUC

Fonte: arquivos CEUC

INSTITUTO NACIONAL DEPESQUISAS DA AMAZÔNIA -

INPA/MCT/PR

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Pesquisador:

Título da Pesquisa:

Instituição Proponente:

Versão:

CAAE:

Diretrizes para a sustentabilidade financeira do ProBUC (Programa de Monitoramentoda Biodiversidade e dos Recursos Naturais em Unidades de Conservação do Estadodo Amazonas)

Maria Gabriela Albuja Bucheli

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/MCT/PR

3

05236112.5.0000.0006

Área Temática:

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Número do Parecer:

Data da Relatoria:

181.723

31/01/2013

DADOS DO PARECER

O Presente Projeto pretende descrever e analisar os custos/benefícios (realizar uma análise financeira) do

Programa de Monitoramento da Biodiversidade e dos Recursos Naturais em Unidades de Conservação do

Estado do Amazonas - ProBUC através da análise de documentação (relatórios, Orçamentos e documentos)

do Centro Estadual de Unidaddes de Conservação/ CEUC e da Fundação Amazônica de Defesa da

Biosfera/FDB.

O Projeto está bem organizado e seu referencial teórico e metodologico

Apresentação do Projeto:

Descrever e analisar os custos/benefícios (realizar uma análise financeira) do Programa de Monitoramento

da Biodiversidade e dos Recursos Naturais em Unidades de Conservação do Estado do Amazonas

Objetivo da Pesquisa:

Os riscos e benefícios foram devidamente esclarecidos

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

69.060-001

((92)3)643--3150 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Aloj. 11-Setor Estatistica- Av André Araújo 2936Aleixo

UF: Município:AM MANAUSFax: ((92)3)643--3150

INSTITUTO NACIONAL DEPESQUISAS DA AMAZÔNIA -

INPA/MCT/PR

A Pesquisa é do tipo quantitativa e de análise documental não envolvendo entrevistas com sujeitos

sociais(nem gestores ou moradores das unidades de conservação). Serão realizados levantamentos

documentais das instituições : CEUC e FDB com objetivo de observar os Custos e Benefícios do PRoBUC

nas Unidades de Conservação do Estado. O levantamento atentará para os seguintes aspectos, em cada

unidade de conservação: a) Tamanho; b) localização e número de comunidades; c) Programas de Manejos

Os termos foram devidamente apresentados

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Recomendações:

A pesquisadora : Ajustou Cronograma e apresentou solicitacao formal de Dispensa de TCLE. Anexou um

novo documento correspondente a

anuência.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Aprovado

Situação do Parecer:

Não

Necessita Apreciação da CONEP:

Considerando o novo parecer da Relatora, constatando que foram atendidas as pendências, o projeto está

aprovado.

Considerações Finais a critério do CEP:

MANAUS, 27 de Dezembro de 2012

Rogério Souza de Jesus(Coordenador)

Assinador por:

69.060-001

((92)3)643--3150 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Aloj. 11-Setor Estatistica- Av André Araújo 2936Aleixo

UF: Município:AM MANAUSFax: ((92)3)643--3150

INSTITUTO NACIONAL DEPESQUISAS DA AMAZÔNIA -

INPA/MCT/PR

69.060-001

((92)3)643--3150 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Aloj. 11-Setor Estatistica- Av André Araújo 2936Aleixo

UF: Município:AM MANAUSFax: ((92)3)643--3150

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Ministério de Ciência e TecnologiaInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

ÍtlllaÍú iittürrr àÊff:t$JÉât Br lflârôtalr

ATA DE DEFESA PÚBLICA DOTRABALHO DE CONCLUSÃO DEMESTRADO DE DISCENTE DO MESTRADOPROFISSIONAL EM GESTÃO DE ÁNPASPROTEGIDAS NA AMAZÔNIA DOINSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DAAMAZÔNIA

Aos vinte dias do mês de juúo do ano de 2013, às 09:00 horas, no Auditório da Diretoria do InstitutoNacional de Pesquisas da Amazônia, Campus I. reuniu-se a Comissão Examinadora da Defesa Pública,

composta pelos seguintes membros Titulares: Dra. Rita de Cássia Guimarães Mesquita - InstitutoNacional de Pesquisas da Amazonia Dr. Guillaume Marchand - Universidade Federal do Amazonas e

I)ra. Tatiana Schor - Universidade Federal do Amazonas - UFAM, sob a presidência do primeiro, afim de

proceder a argüição pública do Trabalho de Conclusâo de Curso de Mestrado da aluna Maria GabrielaAlbuja Bucheli, intitulado "Diretrizes para a Sustentabilidade Financeira do Probuc (Programa de

Monitoramento da Biodiversidade e uso dos Recursos Naturais em Unidades de Conservação Estaduais do

Amazonas)". sob a orientação do Dr. Henrique dos Santos Pereira - UFAM

Após a exposição, a discente foi arguida oralmente pelos membros da Comissão Examinadora tendorecebido o conceito final:

Í\

NAPROVADA

POR LINANIMIDADE

( ) REPROVADA

( ) MATORTA

Nada mais havendo, foi lawada a presente ata, que, após lida e aprovada, foi assinada pelos seguintesmembros da Comissão Examinadora:

Dra. Rita de Cássia G. Mesquita

Dr. Guillaume Marchand

Dra. Tatiana Schor

Observações:

Av. Andre Araújo, 2936 - Baino: Aleixo - Caixa Postal: 2223 * CEP:69.060-001 , Manaus -Amazonas - BRASILFone: (+55) 92 3643-3í 1 9 site: http://pq. inpa. ggy. br - email: [email protected]