projecto arnold & son. · 01.parte da tripulação em merecido re- exploração da longitude...

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S P EDITORIAL SUMÁRIO PERFIL CORREIO LEITOR CALEIDOSCÓPIO EM FOCO REPORTAGEM OPINIÃO HISTÓRIA CRÓNICA ENTREVISTA TÉCNICA projecto era simples: atravessar o Atlânti- co Norte, sob a cúpula árctica. A prosse- cução é que se afigurava bem mais difícil – ou mesmo impossível. É que o sucesso estaria dependente de vários aspectos im- ponderáveis, perante condições variáveis: o grau de dureza das condições meteorológicas, os limites da resistência humana e o nível de fiabilidade do material. Ao cabo de uma dura odisseia, a missão foi mesmo cumprida... Tudo começou com um encontro entre Bear Grylls, o mais jovem alpi- nista a chegar ao cume do Evereste, e Éric Loth, director da companhia relojoeira The British Masters. Loth sempre teve um fascínio especial pelas expedições marítimas que ajudaram a construir a reputação da Arnold & Son, a célebre marca relojoeira britânica que fez ressuscitar a partir da localidade suíça de La Chaux-de-Fonds. Grylls deixou-se cati- var pelo interesse dos suíços em recuperar uma instituição britânica fundamental para a hegemonia da marinha de Sua Majestade nos mares do século XVIII e que forneceu os cronómetros que ajudaram Sir Ernest Shackelton a conquistar o Pólo Sul. Um aperto de mão selou o acordo: alea jacta est, os dados estavam lançados. A expedição, denominada British Arctic, associou-se ao The Prince’s Trust (a fundação de caridade do Príncipe Carlos, que ajuda à rein- O ESPIRAL | 043 01. Para todos aqueles que gostam de se confrontar com a imensidão dos espaços marítimos, onde somente as estrelas ou o Sol servem de referência, a Arnold & Son mergulhou nas suas raízes históricas de modo a poder dedicar-lhes um fabuloso instrumento: o Longitude II. 042 | ESPIRAL Projecto Arnold & Son. Exploração da longitude 01. Parte da tripulação em merecido re- pouso; 02. Os heróis: o skipper Bear Grylls e os seus parceiros comemoram a inédita proeza da travessia do Atlântico Norte; 03. O modelo Arnold & Son Lon- gitude II (em edição limitada de 250 exemplares) especialmente dedicado à expedição; 04. Últimas verificações da embarcação Arnold & Son Explorer antes da partida; 05. A tripulação de Bear Grylls celebra o feito com os represen- tantes da Arnold & Son (Éric Loth e Jean- Marie Florent) e o Príncipe de Gales. 02. 03. 04. 05. Com o relógio Longitude II no pulso, cinco homens cruzaram o Atlântico norte numa canoa, enfrentando as mesmas dificuldades dos pioneiros da navegação marítima do antigamente. Para além de um teste à ca- pacidade humana, a aventura do Arnold & Son Explorer serviu também para recolher fundos para a organi- zação de beneficência do Príncipe de Gales.

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Page 1: Projecto Arnold & Son. · 01.Parte da tripulação em merecido re- Exploração da longitude pouso; 02. Os heróis: o skipper Bear Grylls e os seus parceiros comemoram a inédita

SPEDITORIAL SUMÁRIO PERFIL CORREIO LEITOR CALEIDOSCÓPIO EM FOCO REPORTAGEM OPINIÃO HISTÓRIA CRÓNICA ENTREVISTA TÉCNICA

projecto era simples: atravessar o Atlânti-

co Norte, sob a cúpula árctica. A prosse-

cução é que se afigurava bem mais difícil

– ou mesmo impossível. É que o sucesso

estaria dependente de vários aspectos im-

ponderáveis, perante condições variáveis: o

grau de dureza das condições meteorológicas,

os limites da resistência humana e o nível de fiabilidade do material.

Ao cabo de uma dura odisseia, a missão foi mesmo cumprida...

Tudo começou com um encontro entre Bear Grylls, o mais jovem alpi-

nista a chegar ao cume do Evereste, e Éric Loth, director da companhia

relojoeira The British Masters. Loth sempre teve um fascínio especial

pelas expedições marítimas que ajudaram a construir a reputação da

Arnold & Son, a célebre marca relojoeira britânica que fez ressuscitar a

partir da localidade suíça de La Chaux-de-Fonds. Grylls deixou-se cati-

var pelo interesse dos suíços em recuperar uma instituição britânica

fundamental para a hegemonia da marinha de Sua Majestade nos

mares do século XVIII e que forneceu os cronómetros que ajudaram

Sir Ernest Shackelton a conquistar o Pólo Sul. Um aperto de mão selou

o acordo: alea jacta est, os dados estavam lançados.

A expedição, denominada British Arctic, associou-se ao The Prince’s

Trust (a fundação de caridade do Príncipe Carlos, que ajuda à rein-

O

ESPIRAL | 043

01.

Para todos aqueles que gostam de se confrontar com a imensidão dos

espaços marítimos, onde somente as estrelas ou o Sol servem de

referência, a Arnold & Son mergulhou nas suas raízes históricas de

modo a poder dedicar-lhes um fabuloso instrumento: o Longitude II.

042 | ESPIRAL

Projecto Arnold & Son.Exploração da longitude

01. Parte da tripulação em merecido re-

pouso; 02. Os heróis: o skipper Bear

Grylls e os seus parceiros comemoram a

inédita proeza da travessia do Atlântico

Norte; 03. O modelo Arnold & Son Lon-

gitude II (em edição limitada de 250

exemplares) especialmente dedicado à

expedição; 04. Últimas verificações da

embarcação Arnold & Son Explorer antes

da partida; 05. A tripulação de Bear

Grylls celebra o feito com os represen-

tantes da Arnold & Son (Éric Loth e Jean-

Marie Florent) e o Príncipe de Gales.

02.

03.

04.

05.

Com o relógio Longitude II no pulso, cinco homens cruzaram o Atlântico norte numa canoa, enfrentando asmesmas dificuldades dos pioneiros da navegação marítima do antigamente. Para além de um teste à ca-pacidade humana, a aventura do Arnold & Son Explorer serviu também para recolher fundos para a organi-zação de beneficência do Príncipe de Gales.

Page 2: Projecto Arnold & Son. · 01.Parte da tripulação em merecido re- Exploração da longitude pouso; 02. Os heróis: o skipper Bear Grylls e os seus parceiros comemoram a inédita

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044 | ESPIRAL

EDITORIAL SUMÁRIO PERFIL CORREIO LEITOR CALEIDOSCÓPIO EM FOCO REPORTAGEM OPINIÃO HISTÓRIA CRÓNICA ENTREVISTA TÉCNICA

Projecto Arnold & Son

serção de jovens em dificuldade na sociedade) e reuniu um conjunto

de patrocinadores. A selecção do tipo de embarcação recaiu numa

canoa pneumática semi-rígida de 11 metros, baptizada Arnold & Son

Explorer. A tripulação escolhida integrava o intrépido Bear Grylls e

mais quatro navegadores britânicos; o trajecto apresentava uma dis-

tância de 3500 milhas marítimas perante difíceis condições atmos-

féricas. E foi precisamente na esperança de beneficiar de janelas de

bom tempo que a expedição partiu de Halifax, na Nova Escócia cana-

diana, rumo a John O’Groats, no norte da Escócia...

Etapas de provação

A aventura arrancou sob a extraordinária luminosidade de uma au-

rora boreal, mas a meteorologia rapidamente se deteriorou. As tem-

peraturas tornam-se negativas, as vagas crescem até alturas impen-

sáveis e o frio glacial transforma-se numa indesejável companhia que

será permanente ao longo de todo percurso. Ao longo das várias se-

manas de preparação, Bear Grylls havia insistido especialmente so-

bre a resistência mental da sua tripulação; essa resistência foi coloca-

da à prova logo na primeira das quatro etapas do trajecto: os cinco

chegaram exaustos ao norte do Labrador.

A segunda etapa, rumo à Gronelândia, foi duramente castigada por

uma tempestade, e tanto a embarcação como os cinco homens

voltaram a sofrer um rude teste: nas águas revoltas, o motor diesel

começou a consumir mais do que o previsto e a enregelada tripulação

foi privada de sono. E foi à beira do colapso físico e material que lo-

graram chegar ao pequeno porto gronelandês de Nanortalik...

Reabastecido o motor e reaquecidos os espíritos, a expedição foi

forçada a partir de imediato rumo à Islândia para aproveitar o bom

tempo que então surgiu. Seria sol de pouca dura. A intempérie re-

gressou, mais violenta do que as outras e aparentemente fatal para o

êxito do projecto; o medo ameaça sobrepor-se à coragem, mas o skip-

per Bear Grylls agarra-se ao posto de comando durante mais de 12 ho-

ras e dá o exemplo aos outros. Com muita determinação e alguma

sorte, lá conseguiram chegar a Reykjavik!

De seguida, o quarto e último segmento do percurso beneficiou de

condições clementes entrecortadas por chuva, vagas e fortes ventos

de Norte; quando a embarcação finalmente acosta no porto de desti-

no, Bear Grylls olha para o relógio Arnold & Son Longitude II que

tem no pulso: são 15 h 30 m.

Para trás, ficaram 20 dias e momentos inesquecíveis – que ficaram

registados na história da exploração marítima e deram origem a duas

novas variantes do Longitude II: o Arctic, de edição limitada a 250 ex-

emplares numerados, que se destaca pela cor ‘amarelo-emergência’

(a cor do Arnold & Son Explorer e das vestes da tripulação), no

mostrador e na bracelete de borracha vulcanizada; e o Blue Ice, ins-

pirado pelo céu polar e pelo Oceano Árctico, onde o azul e o preto

(patentes no mostrador) se misturam perante o reflexo iluminado

dos icebergues (índices polidos e luminescentes).

01. 02.

O RELÓGIO DA AVENTURA

Instrumento obrigatório no pulso dos tripulantes da expedição

British Arctic, o Longitude II encerra na sua caixa uma grande

aventura da humanidade: a busca da determinação exacta da

longitude. E devido ao seu carácter tão original, o mais em-

blemático modelo da Arnold & Son é mesmo um dos mais fasci-

nantes guardiões do tempo da actualidade: oferece as horas, os

minutos, os segundos e a equação do tempo num fundo que se

abre através de uma tampa; tem uma bússola solar indepen-

dente das variações magnéticas e a sua função mais original é

precisamente a capacidade de determinar a longitude. Esse

cálculo pode ser efectuado de modo infalível e em qualquer cir-

cunstância – tornando-se especialmente útil no caso de instru-

mentos de posicionamento ‘mais modernos’ (como o GPS)

estarem inoperantes por falha técnica ou falta de energia.

O Longitude II não tem problemas de energia: funciona através

do simples gesto do braço do utilizador e assenta num calibre

mecânico automático que pode ser admirado através de um

vidro transparente após abertura da tampa do fundo: trata-se

do calibre A 1714, com 26 mm de diâmetro e 4,1 de espessura,

21 rubis, amortecedor Incabloc, frequência de 28 800 alternân-

cias por hora e reserva de marcha de 45 horas. Regulado em

cinco posições, apresenta um certificado de precisão atribuído

pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros.

A caixa de 44,5 milímetros de diâmetro, constituída por quatro

partes e estanque até 100 metros (320 pés), é de aço inoxidáv-

el e está dotada de um vidro de safira ultra-resistente com

tratamento anti-reflexo e coroas de segurança dupla. Inclui

uma escala das longitudes, uma bússola solar imune às vari-

ações magnéticas e um fundo com um índice móvel da

equação do tempo, dotado de duas escalas (uma em graus,

outra em unidades de tempo). No centro do mostrador está um

disco giratório que efectua uma volta em 24 horas; esse disco

interno mostra a representação da Terra vista da Estrela Polar.

No mostrador interno estão também impressos os quatro pon-

tos cardeais; apontando o ponteiro das horas para o Sol, deter-

mina-se o eixo norte-sul médio para o fuso horário do utili-

zador... independentemente das massas magnéticas existentes

em certas regiões.

As duas novas versões do Longitude II vêm alargar a oferta de

um dos modelos mais procurados pelos aficionados. O Blue Ice

apresenta um mostrador com os tons azuis e negros dos mares

árcticos. O Arctic celebra a missão do Arnold & Son Explorer e

está limitado a 250 exemplares de cor ‘amarelo-emergência’,

com o trajecto da expedição desenhado a vermelho no centro

do mostrador e a inscrição ‘London Fecit’ em destaque (o reló-

gio foi montado em Londres).

ESPIRAL | 045

01. A tripulação esteve sujeita às mais

rigorosas condições atmosféricas du-

rante as 3500 milhas marítimas do tra-

jecto sob a cúpula polar, da costa norte-

americana à costa escocesa; 02. O me-

recido descanso num dos raros momen-

tos de acalmia ao longo do duro percurso;

03. Momento da chegada a John O’-

Groats, na Escócia, com o estandarte da

Inglaterra e da Grã-Bretanha em des-

taque; 04. A alegria (e o alívio...) do skip-

per Bear Grylls pelo cumprimento de tão

arrojada missão com fins caritativos.

03. 04.