projecto de lei do 1º de dezembro | iniciativa legislativa de cidadãos

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  • 8/13/2019 PROJECTO DE LEI do 1 de Dezembro | Iniciativa Legislativa de Cidados

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    Comisso representativa dos cidados subscritorescomposta por: Jos Ribeiro e Castro, eleitor n 31551 (Lisboa > So Jorge de Arroios); Ana Menezes Barbosa, eleitora n

    17996 (Bragana > Bragana (S)); Jos Garcia Leandro, eleitor n C 3335 (Carnide, Lisboa); Jorge Miranda, eleitor n F 1104 (Lisboa > So Domingos de Benfica); Jorge Rangel,

    eleitor n 24300 (Lisboa > Alto do Pina); Manuel Braga da Cruz, eleitor n B 1399 (Lisboa > Lapa); Margarida Gonalves Neto, eleitora n F 1331 (Lisboa > Alvalade); Matilde

    Sousa Franco, eleitora n 13380 (Lisboa > Lapa); Pedro Quartin Graa, eleitor n 13495 (Lisboa > Lumiar); Ricardo S Fernandes, eleitor n 13775 (Lisboa > Pena).

    PROJECTODELEI

    Iniciativa Legislativa de Cidados

    Restaurao do feriado nacional de 1 de Dezembro,

    que celebra o valor da independncia nacional de Portugal

    EXPOSIO DE MOTIVOS

    O feriado nacional de 1 de Dezembro foi institudo, logonos primeiros dias aps a implantao da Repblica, pordecreto publicado no Dirio do Governo, n. 7, de 13 deOutubro de 1910.

    Assim respondeu o Governo do Pas s movimentaes ecelebraes que se desenvolviam na sociedade portuguesadesde 1861, a partir da Comisso Central 1. de Dezembro

    (antecessora da actual Sociedade Histrica da Independn-cia de Portugal) e como eco do manifesto patritico entolanado.

    No livro Histria da Sociedade Histrica da Independnciade Portugal, publicado em 1940, escreve o coronel EduardoAvelino Ramos da Costa:

    Em 5 de Outubro de 1910 proclamada a RepblicaPortuguesa e a Comisso Central 1. de Dezembro de1640 consegue que o respectivo Governo Provisriopublique o Decreto determinando ser o Dia 1. de

    Dezembro considerado feriado, dedicado Autonomiada Ptria, decreto publicado no Dirio do Governo n. 7,de 13 de Outubro de 1910.

    Foi uma aspirao da nossa colectividade realizada noregime republicano e nunca conseguida no tempo doregime monrquico (ob. cit., p. 153).

    Do conjunto de cinco feriados estabelecidos em 1910, oprimeiro a ser solenemente celebrado seria justamente o dodia 1 de Dezembro, de novo com interveno da ComissoCentral 1. de Dezembro e a expresso pedido da Presidnciado Governo. No extenso relatrio elaborado pela ComissoCentral e aprovado pelo Governo, sobre os festejos oficiaisdo primeiro 1. de Dezembro, l-se nomeadamente:

    [] A Comisso Central entendeu que lhe cumpriadar corpo a to patritico intento, dirigindo-se ao povo,de quem recebeu o seu primitivo mandato, e convidan-do-o a associar-se por modo grandioso e entusiasta aopensamento do governo provisrio, demonstrando assimao mundo civilizado o forte propsito que anima a naode ser livre e assim querer continuar a s-lo, atravs de

    todas as dificuldades.

    Sob um tal propsito as festas da Restaurao, afas-tando o carcter de represlia entre povos, que se consi-deram irmos, devem assumir somente a solenizao daautonomia da Ptria Portuguesa, desprendida de todo equalquer intuito reservado.

    Neste cortejo cvico podero tomar lugar todas ascorporaes civis e militares do Estado, todas as associa-es populares com os seus estandartes, todos os patrio-tas, que sintam palpitante em si prprios a f pela gran-

    deza nacional e, sobretudo, toda a mocidade, que fre-quente as escolas pblicas ou particulares [ ].

    Nesse ano de 1910, as festividades iniciaram-se s 13.00horas na Praa do Marqus de Pombal, com um cortejo quedesceu a Avenida da Liberdade e contornou o Monumentodos Restauradores, onde foi colocada a nova bandeiranacional. Discursaram o ministro da Guerra (coronel CorreiaBarreto) e o ministro dos Estrangeiros (Dr. BernardinoMachado). Seguiram-se sesses solenes em vrias escolas e, noite, foram iluminados vrios edifcios do Estado, o Pal-

    cio Almada e o Monumento dos Restauradores. Por ltimo,realizou-se uma rcita de gala no Teatro de So Carlos, qual compareceu o Governo.

    A partir de 1911, as comemoraes passaram a contarcom a presena do Presidente da Repblica, sendo o primei-ro a faz-lo o Presidente Manuel dArriaga e, seguindomodelos diversos conforme as pocas histricas e a sensibi-lidade dos poderes polticos, incluram sempre actos solenescentrados no Palcio Almada (hoje, Palcio da Independn-cia) e na Praa dos Restauradores, junto ao respectivomonumento.

    O feriado do 1. de Dezembro foi, pois, o mais antigo dosferiados civis de Portugal e o mais alto dos feriados patri-ticos, assinalando e fazendo celebrar o mais elevado dosvalores de toda a comunidade nacional: a nossa prpriaindependncia nacional.

    O 1. de Dezembro evoca a ltima vez em que, estandosob domnio estrangeiro e tendo perdido a independncianacional, Portugal a reconquistou pelas armas, pondo fim aodomnio dos Filipes (1580-1640) e restaurando assim a sobe-rania nacional independente, ento na pessoa do rei D. JooIV. A data celebra a aco patritica de 40 conjurados que, apartir do Palcio Almada, em Lisboa, empreenderam a revol-ta nacional e constitui tributo a todos os que se bateram

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    Comisso representativa dos cidados subscritorescomposta por: Jos Ribeiro e Castro, eleitor n 31551 (Lisboa > So Jorge de Arroios); Ana Menezes Barbosa, eleitora n

    17996 (Bragana > Bragana (S)); Jos Garcia Leandro, eleitor n C 3335 (Carnide, Lisboa); Jorge Miranda, eleitor n F 1104 (Lisboa > So Domingos de Benfica); Jorge Rangel,

    eleitor n 24300 (Lisboa > Alto do Pina); Manuel Braga da Cruz, eleitor n B 1399 (Lisboa > Lapa); Margarida Gonalves Neto, eleitora n F 1331 (Lisboa > Alvalade); Matilde

    Sousa Franco, eleitora n 13380 (Lisboa > Lapa); Pedro Quartin Graa, eleitor n 13495 (Lisboa > Lumiar); Ricardo S Fernandes, eleitor n 13775 (Lisboa > Pena).

    em particular, queles milhares que morreram nos 28longos anos da Guerra da Restaurao para que Portugalfosse livre e independente. A paz s seria assinada peloTratado de Lisboa de 13 de Fevereiro de 1668, depois denumerosas batalhas em Portugal e Espanha, alm de vriosoutros confrontos militares no Brasil, em frica e no Oriente,desde ainda o perodo de domnio dos Filipes e para defesaou recuperao de possesses portuguesas atacadas ouocupadas por estrangeiros.

    O 1. de Dezembro presta homenagem a Portugal e snossas liberdade e independncia. Esse foi o sentido dainstituio original do respectivo feriado nacional, em res-posta a vivos sentimentos e a apelos da sociedade civil des-pertados desde finais do sculo XIX.

    O 1 de Dezembro , nesses termos, o prprio Dia de Por-tugal por natureza das coisas, o dia que, no calendrio ofi-cial, celebra o facto sem o qual no existiramos como Esta-

    do, Povo e Nao independentes. E o facto de se o assinalartambm, apropriadamente, como Dia de Portugal, sendoefectivamente o mais alto dos feriados nacionais, em nadacontende com o 10 de Junho, que celebra Portugal no senti-do da portugalidade, valor associado lngua, universali-dade, dispora portuguesa e a Cames.

    Todos os pases que se conhece e cuja Histria com-preende a conquista da independncia nacional tm, pelomenos, um feriado nacional que celebra esse facto e essevalor colectivo. Alguns pases tm at no s um, mas maisdo que um feriado com esses contedo e significado. E, na

    generalidade dos pases que adquiriram a independncianacional contra outros, esse feriado inclusive o principalde todos os feriados, correspondendo ao respectivo DiaNacional o caso dos Estados Unidos da Amrica, com oseu 4 de Julho; o caso da larga maioria dos Estados-membros da Unio Europeia; e o caso de todos os pasesda CPLP, parte Portugal.

    Salvo quando tendo cado sob dominao estrangeira,no se conhece um s caso de algum pas que, tendo feriadoou feriados celebrando a sua independncia nacional, o(s)tenha abolido, assim apagando do respectivo calendriooficial a celebrao desse valor colectivo fundamental.

    Institudo h mais de um sculo, o feriado nacional do 1.de Dezembro, designado primeiro como Dia da Autonomiada Ptria Portuguesa, mais tarde como Dia da Restauraoda Independncia, foi extinto e abolido em 25 de Junho de2012, pela Lei n. 23/2012, de 25 de Junho, que reviu oCdigo do Trabalho, produzindo essa eliminao efeitos apartir de 2013, nos termos do artigo 10, n. 1 desta lei.

    Foi um mau passo e uma deciso insuficientementereflectida, que fere gravemente o esprito nacional, repre-sentando funesto regresso ao passado e constituindo umgesto tristemente mpar na Europa e na comunidade mun-dial das Naes.

    Numa altura em que Portugal sofre fortes limitaes aoexerccio da sua soberania, em razo da situao financeirado Pas e de compromissos externos celebrados, importarepor o 1. de Dezembro e celebrar os valores da indepen-dncia nacional e do brio e da liberdade de Portugal comovalores fundamentais do Estado, de toda a sociedade e daNao.

    Assim,

    Ao abrigo do disposto na Lei n. 17/2003, de 4 de Junho,com as alteraes introduzidas pela Lei n. 26/2012, de 24de Julho, os cidados abaixo-assinados apresentam Assembleia da Repblica a seguinte Iniciativa Legislativa deCidados:

    ARTIGO 1.Dia de Portugal, da Restaurao e da Independncia

    Nacional

    1. restaurado o feriado nacional de 1 de Dezembro, emhomenagem Independncia Nacional de Portugal e comreferncia data da Restaurao a 1 de Dezembro de 1640.

    2. O feriado nacional de 1 de Dezembro denominadoDia de Portugal, da Restaurao e da Independncia Nacio-nal.

    ARTIGO 2.Cdigo do Trabalho e outras leis e regulamentos

    1. O artigo 234. do Cdigo do Trabalho, aprovado pela

    Lei n. 7/2009, de 12 de Fevereiro, e alterado pelas Leis n.105/2009, de 14 de Setembro, n. 53/2011, de 14 de Outu-bro, e n. 17/2012, de 25 de Junho, passa a ter a seguinteredaco:

    Artigo 234.[]

    1. So feriados obrigatrios os dias [], 1 deDezembro, [].

    2. [].3. [].

    2. Sem prejuzo da vigncia e da directa aplicao imedia-ta da presente lei, o Governo promover, no prazo de centoe oitenta dias, a actualizao de todos os diplomas legais eregulamentares referentes s datas dos feriados nacionaisobrigatrios onde importe mencionar o 1. de Dezembro e,bem assim, a sua republicao em texto consolidado.

    ARTIGO 3.Entrada em vigor

    A presente lei entra em vigor no 5 dia aps a sua publi-cao.