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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso Projeções de temperatura e precipitação para detecção de mudanças climáticas na Bacia do Rio Taquari-Antas, RS Carina Krüger Bork Pelotas, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Projeções de temperatura e precipitação para detecção de mudanças climáticas na Bacia do Rio Taquari-Antas, RS

Carina Krüger Bork

Pelotas, 2015

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CARINA KRÜGER BORK

Projeções de temperatura e precipitação para detecção de mudanças climáticas na Bacia do Rio Taquari-Antas, RS

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Orientadora: Profª. Drª. Tirzah Moreira de Melo

Pelotas, 2015

3

Banca examinadora: Profª. Drª. Tirzah Moreira de Melo - Centro de Engenharias/UFPel - Orientadora Profª. Drª. Andréa Souza Castro - Centro de Engenharias/UFPel Profª. MSc. Katiúcia Nascimento Adam - Faculdade de Tecnologia TecBrasil – Unidade Porto Alegre

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela força, fé, ânimo e determinação para superar

os desafios da vida.

Aos meus pais, Erno e Serlei, pela motivação e por acreditarem em mim, estando ao

meu lado independente da situação, sendo meu maior incentivo. E ao meu querido

irmão André pelo companheirismo.

À professora Tirzah de Melo pela oportunidade de trabalharmos juntas e por ser sua

primeira orientada. Agradeço a orientação, amizade e tranquilidade, sempre

disponível a ajudar.

À professora Luciara Corrêa, por ser essa pessoa tão dedicada, amiga e conselheira

em todos os momentos.

A todos os professores que tive a oportunidade de conhecer durante a graduação,

pelo conhecimento que souberam compartilhar, de maneira especial aos professores

da Engenharia Ambiental e Sanitária.

Aos amigos que Pelotas me proporcionou em especial à Maíra, Cássia, Camila e

Sara.

Aos colegas, amigos que a Engenharia Ambiental e Sanitária favoreceu à Daniela da

Rosa, Carliana Favretto, e em especial Kássia Bazzo, Karen Bés, Gustavo Bracher e

Gustavo Colares por partilharem desta reta final.

À Universidade Federal de Pelotas, pela estrutura e auxílios que foram fundamentais

para minha formação.

Às pessoas queridas, que de algum modo, contribuíram em determinado momento

na minha graduação.

MUITO OBRIGADA!

5

RESUMO BORK, Carina Krüger. Projeções de temperatura e precipitação para detecção de mudanças climáticas na Bacia do Rio Taquari-Antas, RS. 2015. 95f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. O processo de mudanças climáticas é justificado em função do aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na superfície da terra. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) confirma que as ações antrópicas são as principais responsáveis por este aumento. O impacto das mudanças climáticas no comportamento da precipitação e temperatura média pode alterar consideravelmente a disponibilidade de recursos ambientais, o que torna importante os estudos sobre estas variáveis, principalmente para países em desenvolvimento como o Brasil. Neste sentido a região da Bacia do Rio Taquari-Antas caracteriza-se por apresentar um setor industrial em crescimento e uma produção de soja e milho importantes para a economia do Estado. Deste modo, o objetivo do trabalho foi detectar alterações nos padrões de temperatura e precipitação na bacia desses rios, comparando dados atuais com os futuros. Foram utilizados os dados das projeções de temperatura e precipitação para três postos na bacia, referentes aos períodos de 1961-1990 (atual) e 2011-2100 (futuro) gerados por modelos de circulação global (MCG) e modelos de circulação regional (MCR), sobre o cenário climático A1B. Para cada posto havia dez projeções climáticas diferentes geradas por tais modelos. Após uma análise inicial das projeções foi realizada uma investigação sazonal de temperatura e precipitação. Os eventos extremos foram estimados por meio de índices extremos, somente para a variável precipitação. As projeções indicaram um aumento de temperatura média anual de quase 3°C até o final do século, bem como um aumento expressivo na precipitação anual acumulada. Os ciclos mensais de temperatura e precipitação demonstram que os meses das culturas de verão serão menos afetados pelo aumento destas variáveis, porém os possíveis extremos aparecerão no início dos cultivos devido ao aumento de precipitação nos meses de outubro e novembro. Contudo o mês de maio merece atenção pelo histórico de inundações e pela projeção de expressivo aumento de precipitação. Para a precipitação anual acumulada os MCRs projetam maiores anomalias que os MCGs, os quais também demonstraram tendências positivas nos índices. O clima futuro na região de estudo sofrerá com o aumento de eventos extremos de precipitação, principalmente pelo acréscimo de precipitação total anual, o que pode ser verificado pelo aumento de dias com chuvas acima de 30 mm (índice R30), dentre outros. Essas alterações podem influenciar positivamente a economia do Estado, uma vez que haverá mais água disponível para a agricultura e geração de energia, contudo devem ser avaliados os possíveis impactos gerados pela pressão de novos empreendimentos na bacia. Impactos negativos podem ser encontrados nas partes mais baixas da bacia, visto a possibilidade de maior número de inundações. De certa forma, essas informações podem servir de alerta, assim como viabilizar ações preventivas na bacia como um todo.

Palavras-chave: mudanças climáticas; modelos climáticos; índices extremos de precipitação

6

ABSTRACT

BORK, Carina Krüger. Projections of temperature and precipitation for climate change detection at the Taquari-Antas River Basin, RS. 2015. 95f. Course Conclusion Paper (TCC). Graduation in Environmental and Sanitary Engineering. Federal University of Pelotas, Pelotas.

The climate change is associated with an increased concentration of greenhouse gases in the earth's surface. The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) assumes the human activities as the main responsible for this increase. The impact of climate change on precipitation and temperature might greatly alter the availability of natural resources, which makes it a relevant subject of study, especially in developing countries as Brazil. The Taquari-Antas River Basin is characterized by having a growing industry, as well as significant soybean and corn production, which are important to the region economy. Thus, the aim of this study was to detect changes in temperature and precipitation patterns in this region, comparing current data with those estimated by predictive models. Data of temperature and precipitation from three climatic stations at Taquari-Antas River Basin was used. Data taken were both for the periods of 1961-1990 (actual) and those generated by global circulation models (GCM) and regional circulation models (RCM) for the period 2011-2100 included in the A1B climate scenario. For each station ten different climate projections were generated by GCM and RCM. After an initial projection analysis, the seasonal temperature and precipitation research was conducted. Extreme events were estimated by extreme indexes, and only for the precipitation variable. Data from projections have indicated an increase in the annual temperature average of almost 3°C by the end of the century, as well as a significant increase in the accumulated annual precipitation. The estimated monthly cycles of temperature and precipitation shows that summer-growing crops will be less affected by increased temperatures, although eventual extremes might occur at the initial growth stage in October and November. However, special attention on May is necessary once historic climate data indicate significant increase of precipitation in this month. For the accumulated annual rainfall, the RCM projections indicates higher anomalies than GCMs projections, the last one indicating positive trends in this index. The future climate in the region will be under projected increase in extreme precipitation events, especially the annual total precipitation, which is indicated by increased frequency of daily precipitation above 30 mm (R30 Index), among others. These changes can positively influence the region economy, once there will be more water available for agriculture and power generation. However, the possible impacts of new enterprise projects in the region should be evaluated. In this way, negative impacts might be expected in the lower parts of the basin, more susceptible to flooding. In conclusion, this local climate information and analysis shows the potential to provide a warning tool to extreme climate conditions as well as to contribute to preventive actions in this region.

Key-words: climate change; climate models; extreme precipitation indices

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16

1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 16

1.1.2 Objetivo Específico ........................................................................................... 16

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 17

2.1 Mudanças Climáticas .......................................................................................... 17

2.2 Modelos Climáticos ............................................................................................. 22

2.3 Impactos das mudanças climáticas sobre o meio ambiente................................ 30

2.4 Índices de eventos climáticos extremos .............................................................. 32

2.5 Histórico das mudanças climáticas no Estado do Rio Grande do Sul ................. 35

3. METODOLOGIA .................................................................................................... 39

3.1 Caracterização da área de estudo ...................................................................... 39

3.2 Dados Meteorológicos e Modelos Climáticos ...................................................... 40

3.2.1 Método de remoção de viés nas projeções climáticas ..................................... 44

3.3 Processos Estatísticos ........................................................................................ 45

3.3.1 Teste de Mann-Kendall .................................................................................... 46

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 48

4.1 Análise das projeções de temperatura e precipitação ......................................... 48

4.2 Anomalias de temperatura e precipitação ........................................................... 54

8

4.3 Análise sazonal ................................................................................................... 57

4.4 Índices de precipitação extrema .......................................................................... 64

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 69

REFERÊNCIA ........................................................................................................... 72

APÊNDICES .............................................................................................................. 85

Apêndice A - Gráficos de projeções de temperatura e precipitação acumulada dos

MCGs e MCRs para os postos de estudo. ................................................................ 86

Apêndice B - Tabela de índices extremos de precipitação por modelos utilizados a

cada posto de estudo. ............................................................................................... 92

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processos que causam variabilidade e mudanças climáticas. . ................. 18

Figura 2. Emissões globais de CO2e por setor.. ........................................................ 19

Figura 3. Projeções segundo diferentes cenários climáticos do AR4 e do AR5. ...... 22

Figura 4. Diagrama esquemático dos processos físicos envolvidos em um modelo de

circulação global (MCG). .......................................................................................... 24

Figura 5. Temperaturas médias no Brasil ao longo do ano para o cenário atual e

projeções futuras segundo o cenário A2. ................................................................. 27

Figura 6. Precipitação média diária do Brasil ao longo dos meses do ano para os

anos de 2020, 2050 e 2080. ..................................................................................... 28

Figura 7. (a) Números de decretos de ocorrência de seca. (b) Registros ao longo dos

meses do ano no Estado do Rio Grande do Sul entre 2003 e 2009. ........................ 36

Figura 8. (a) Registro mensal da ocorrência de inundações na Bacia do Rio Taquari–

Antas. (b) Casos de inundações no período de 1980 a 2007 na Bacia do Rio

Taquari–Antas. ......................................................................................................... 37

Figura 9. Mapas de anomalias da vegetação para a região Sul do Brasil.. ............... 38

Figura 10. Mapa da Bacia do Rio Taquari-Antas. ...................................................... 40

Figura 11. Projeções de temperatura e precipitação anual acumulada para os MCGs

e MCRs ao longo do período estudado. .................................................................... 53

Figura 12. Anomalias de temperatura e precipitação anual acumulada projetada por

MCRs e MCGs para cada posto nos períodos futuros. ............................................. 55

Figura 13. Médias mensais das projeções de precipitação para os MCGs e MCRs a)

posto 1, b) posto 2, c) posto 3. .................................................................................. 61

Figura 14. Períodos mensais de anomalias de (a) temperatura e (b) precipitação. As

curvas correspondem a variável média de todas as projeções dos postos. .............. 63

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Modelos utilizados no AR4 e AR5. ............................................................ 25

Tabela 2. Índices de temperatura e precipitação. ...................................................... 33

Tabela 3. Descrição dos postos de estudo. .............................................................. 41

Tabela 4. Modelos de Circulação Global utilizados. .................................................. 41

Tabela 5. Projeções de aumento/diminuição de temperatura e precipitação anual

acumulada ao longo do século XXI. .......................................................................... 49

Tabela 6. Médias mensais das projeções de temperaturas para os MCGs e MCRs. 58

Tabela 7. Principais culturas da Bacia do Rio Taquari-Antas ................................... 61

Tabela 8. Médias anuais dos índices de precipitação extrema. ................................ 66

11

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANEEL Associação Nacional de Energia Elétrica

AR Relatório de Avaliação

CEDEC/RS Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Grande do Sul

FEE Fundação de Economia e Estatística

FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental

GEE Gases de Efeito Estufa

IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

MCG Modelo de Circulação Global

MCGAO Modelo Acoplado de Circulação Geral Atmosfera-Oceano

MCR Modelo de Circulação Regional

MST Modelo do Sistema Terrestre

ONU Organização das Nações Unidas

P Precipitação

PCH Pequena Central Hidrelétrica

PIB Produto Interno Bruto

RCP Caminhos Representativos de Concentração

SIN Sistema Interligado Nacional

SRES Relatório Especial sobre Cenários de Emissões

T Temperatura

12

1. INTRODUÇÃO

A sociedade humana é extremamente dependente do clima de uma

determinada região, tendo suas características socioeconômicas moldadas e

adaptadas aos diferentes padrões mensais e sazonais das variáveis meteorológicas.

Qualquer mudança destes padrões climáticos, assim como nos principais processos

físicos envolvidos neste complexo sistema, acarretam modificações ao equilíbrio do

meio ambiente (CAMARGO et al., 2011).

O clima na Terra define-se pela entrada e saída de energia e interações entre

a atmosfera, terra, oceanos, gelo e os seres vivos. Acima da superfície terrestre são

encontrados naturalmente os gases de efeito estufa (GEE), tais como o vapor d’

água, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o ozônio (O3) e o óxido nitroso

(N2O) (BANCO MUNDIAL, 2010).

Os GEE têm a capacidade de armazenar o calor na atmosfera, permitindo

que as ondas eletromagnéticas derivadas do Sol atravessem a atmosfera e

aqueçam a superfície terrestre. Isto dificulta a saída da radiação infravermelha

emitida pela Terra, mantendo-a, assim, aquecida (SANTOS et al., 2009). Se ocorrer

alguma alteração na composição natural dos gases na atmosfera, pode-se

desencadear um processo de mudança climática, baseado principalmente, na

intensificação do efeito estufa, o qual aumenta o calor retido na superfície do

planeta.

Os principais fatores responsáveis pela mudança climática e que contribuem

para o efeito estufa são o desmatamento, a alteração do uso do solo, o aumento da

concentração de GEE derivados do uso de combustíveis fósseis, entre outras

atividades antrópicas (IPCC, 2014).

Neste contexto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

(IPCC) surgiu como um organismo internacional responsável por reunir informações

referentes às mudanças climáticas, disponibilizando regularmente relatórios de

avaliação (AR), sendo o mais recente o AR5, emitido no ano de 2014 (LIMA, 2014).

13

Conforme consta no quarto relatório (AR4), já foi registrado um aumento de

0,74ºC na temperatura média global. No entanto, este aumento é pequeno se

confrontado com as projeções derivadas dos modelos globais do IPCC-AR4 que

projetam, em um cenário mais pessimista, um aumento de 1,1 a 6,4ºC na

temperatura até o fim do século XXI (SAMPAIO, 2013). Além disso, acredita-se que

algumas consequências sobre o sistema hidrológico, como eventos extremos de

secas e/ou enchentes mais severas, possam causar influencias nas vazões dos rios

(IPCC, 2007).

No Brasil, algumas dessas alterações também estão ocorrendo devido a

mudanças nos regimes de precipitação. A região norte sofre com uma das piores

cheias da história (CAMPOS et al., 2013), enquanto que o sudeste enfrenta com

dificuldades uma crise hídrica. Murumkar et al. (2014) destacam que a precipitação é

um dos principais indicadores nos estudos de impacto de mudanças climáticas,

salientando a sua importância frente a gestão dos recursos hídricos. Adam (2011)

em análise de sensibilidade na Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí observou que a

variável precipitação é a mais difícil de modelar, em função da incerteza dos

feedbacks e dos modelos de circulação global errarem mais na projeção de

precipitação.

Na análise dos impactos das mudanças climáticas, torna-se indispensável

definir o ambiente como um sistema composto por elementos mais amplos do que

apenas os recursos naturais. Desse modo, entende-se o ambiente como o meio de

onde a sociedade extrai os recursos essenciais à sobrevivência e os necessários ao

processo de desenvolvimento socioeconômico (SÁNCHES, 2008). Segundo a

legislação brasileira, Lei Federal nº 6.938/81, tem-se a definição de ambiente:

“conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Desta

maneira, estamos constantemente sofrendo as consequências das mudanças

impostas pelo sistema ambiental no qual nos inserimos.

Portanto, as mudanças no ambiente decorrentes de alterações do clima terão

efeitos nas mais diversas atividades humanas. Dentre elas, pode-se destacar a

agricultura, com efeitos sobre a manutenção da sustentabilidade, a perda da

14

diversidade, o aumento de vetores de doenças, afetando assim, a produtividade das

culturas brasileiras mais relevantes como a soja, o milho, o café, o trigo e a cana

(GHINI, et al., 2011; SIMONI, 2009). Ao mesmo tempo as comunidades

consideradas pobres e vulneráveis poderão sentir de uma forma ainda mais grave

os impactos, quando comparadas com outros setores da economia, como a

silvicultura, pecuária e a indústria.

Tais impactos podem ser avaliados pelo uso de modelos climáticos, os quais

são capazes de simular (passado) e/ou projetar (futuro) o clima de uma determina

região ou mesmo do globo. Enquanto os modelos de circulação global (MCG) estão

limitados pela sua baixa resolução espacial, os modelos de circulação regional

(MCR) destinam-se a modelar o clima em uma área geográfica mais restrita devido a

sua maior resolução. Em geral, os maiores benefícios dos MCRs estão em permitir

incorporar maiores informações em escala local, tais como: a topografia de áreas

montanhosas e tempestades convectivas em regiões tropicais (JALOTA et al., 2013;

STONE e KNUTTI, 2011).

A ocorrência de desastres naturais no Brasil tem exigido permanente atenção

dos órgãos de defesa civil nos últimos anos. Eventos climáticos extremos, como

tempestades de granizo, vendavais, enchentes e enxurradas, secas e deslizamentos

de terras têm castigado o país e ocasionado danos à sociedade, afetando milhares

de pessoas, em especial o Estado do Rio Grande do Sul (NEDEL et al., 2012). No

período de 2003-2009 Nedel et al. (2010) demonstraram que a estação preferencial

a ocorrência de seca é o verão, com 811 eventos seguido do outono, com 442

eventos registrados no Estado.

Atualmente, tem-se estudado esses eventos extremos por meio de índices

estatísticos de temperatura e precipitação (ARAUJO e BRITO, 2011;

DERECZYNSKI et al., 2013; DONAT et al., 2013; KIKTEV et al., 2003; SANTOS, et

al., 2009; SANTOS, et al., 2013; VALVERDE e MARENGO, 2014; VINCENT et al.,

2005). Estes índices são utilizados para detectar se no futuro tais eventos se

tornarão mais (ou menos) frequentes quando comparados com o clima do passado.

15

Marengo et al. (2009) revelam que são esperados altos índices extremos de

precipitação, mostrando aumento na frequência e na intensidade das chuvas no Sul

e no Sudeste do Brasil e, em menor grau, no oeste da Amazônia e na área litorânea

do leste da Amazônia e no norte da região Nordeste.

O Estado do Rio Grande do Sul têm sua economia fortemente baseada na

produção agrícola, altamente dependente de geração hidrelétrica e sujeito a

inúmeros problemas sociais e ambientais associados com os padrões de

desenvolvimento e urbanização. Este conjunto sofre constantemente com os

extremos de temperatura e precipitação, que causam grandes danos econômicos

(TORRES e MARENGO, 2013).

Apesar da importância do Estado do Rio Grande do Sul, existem ainda

poucos estudos em nível regional sobre as consequências dos eventos extremos. A

ocorrência de tais eventos acarreta significativas perdas nas produções de soja e

milho que acabam afetando a agricultura, influenciando também os demais setores

da economia. Além disso, as populações das cidades do entorno dos rios também

sofrem danos materiais causados pelas enchentes.

Bombassaro e Robaina (2010) citam o crescimento urbano e a falta de

planejamento como os principais agravantes que tornam as cidades e as populações

cada vez mais vulneráveis a eventos de maior magnitude. Rodrigues (2011) percebe

que os municípios integrantes da Bacia do Rio Taquari-Antas estão enfrentando, em

curtos períodos de tempo, impactos decorrentes de inundações e estiagens.

Dentro desta problemática ambiental se faz necessário o presente estudo na

região da Bacia do Rio Taquari-Antas, a fim de alertar a sociedade e contribuir com

informações ao poder público, tendo como propósito determinar se diferentes

eventos extremos ocorrerão com maior relevância ao longo do século XXI.

16

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é detectar alterações nos padrões de temperatura e

precipitação como indicativo de mudanças climáticas na Bacia do Rio Taquari-Antas

RS ao longo do século XXI (2011-2100), comparando com o clima no período atual

(1961-1990), por meio de projeções destas variáveis geradas por diferentes modelos

climáticos com base no cenário climático A1B do AR4.

1.1.2 Objetivo Específico

- Explorar estatisticamente as projeções de temperatura e precipitação para a

Bacia do Rio Taquari-Antas.

- Analisar sazonalmente as projeções de temperatura e precipitação para a

Bacia do Rio Taquari-Antas para o período futuro e atual, com o propósito de

identificar os meses cujos impactos sobre o meio ambiente são prováveis de

serem mais críticos.

- Utilizar índices estatísticos para detectar a ocorrência de eventos extremos

de precipitação na região da Bacia do Rio Taquari- Antas RS, para o período

futuro.

- Detectar tendências de aumento ou diminuição na distribuição temporal dos

índices extremos e determinar como estes afetariam o meio ambiente

segundo as projeções disponíveis para a área de estudo.

17

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Mudanças Climáticas

Conforme definição do IPCC (2007), a variabilidade climática refere-se a

flutuações no estado médio e outras estatísticas, tais como o desvio padrão, os

extremos ou ainda a forma da distribuição de frequência de determinados elementos

climáticos em todas as escalas espaciais e temporais, além de eventos climáticos

individuais. Por outro lado, as mudanças climáticas são uma variação

estatisticamente significativa no estado médio do clima ou em sua variabilidade, que

persiste por um período prolongado, geralmente de décadas ou mais. Contudo, a

variabilidade pode ser associada a processos internos naturais do sistema climático,

ou a variações nas forçantes climáticas naturais ou antropogênicas persistentes na

composição atmosférica e no uso da terra.

O quinto e último relatório (AR5) emitido pelo IPCC (2014), evidencia que a

influência humana sobre o sistema climático tem crescido. Este confirma as

hipóteses do AR4, publicado em 2007, o qual já apontava 90% de certeza de que

mais da metade do aumento observado na temperatura média da superfície entre os

anos de 1951 a 2010 teve como causa o aumento das concentrações de gases do

efeito estufa, devido às atividades antropogênicas aliadas a forçantes climáticas

(IPCC, 2014).

Segundo Barry e Chorley (2013) mesmo quando os sinais do clima são reais

é difícil atribuí-los a causas únicas, devido à complexidade do sistema climático, pois

este se configura por uma rede de interações entre seus diversos componentes, em

uma variedade de escalas espaciais e temporais (Figura 1). A temperatura do ar

junto à da superfície da Terra, é uma medida indireta de percepção das alterações

impostas no sistema climático em certa escala temporal. Tais modificações são

reflexo das forçantes climáticas e de seus respectivos feedbacks.

18

Figura 1. Processos que causam variabilidade e mudanças climáticas. Fonte: Barry e Chorley, 2013.

As forçantes são perturbações impostas sobre o sistema global, podendo ser

positivas, quando induzem um aumento na temperatura média da superfície, ou

negativas, quando levam a uma redução (FORSTER et al., 2007).

Conforme Barry e Chorley (2013), as principais forçantes podem ser tanto

naturais como antropogênicos, sendo elas: tectônica de placas, periodicidade

astronômicas, variabilidade solar, erupções vulcânicas e as mudanças na

composição atmosférica e na cobertura do solo induzidas pelo ser humano. Como

as forçantes atuam em diferentes escalas temporais, para o estudo de mudanças

climáticas, levam-se em conta os últimos 100 anos. A variabilidade solar, a erupção

vulcânica e as alterações antropogênicas tornam-se as forçantes mais relevantes.

Estas são ditas forçantes radiativas e causam um impacto imediato sobre o balanço

global de radiação no topo da atmosfera.

A magnitude da resposta na temperatura global frente à atuação das

forçantes é então denominada pelos feedbacks, quando positivos amplificam esta

mudança de temperatura, enquanto negativos, reduzem-a.

Para compreensão do termo feedbacks, considera-se o exemplo da forçante

positiva aumento da concentração de CO2 na atmosfera, pois resulta em um

19

acréscimo de temperatura. Em consequência do aumento da temperatura, há

também elevação do nível da evaporação, originando uma atmosfera mais quente,

ou seja, com maior vapor de água. Contudo, o vapor de água também é considerado

um gás de efeito estufa, ocasionando ainda mais aquecimento. Desta forma, o vapor

de água é considerado um feedback positivo do aumento da concentração de CO2,

em razão de ampliar o efeito da mudança na temperatura superficial, induzida pela

forçante climática (BARRY e CHORLEY, 2013).

No período de 1750 a 2011, as emissões do principal gás do efeito estufa, o

CO2 cumulativo na atmosfera, foram de 2040 ± 310 Gt de CO2. Entretanto 40%

dessas emissões permanecem na atmosfera (880 ± 35 Gt de CO2) e o restante é

removido e armazenado na terra (através das plantas e dos solos) e nos oceanos.

Somente o oceano tem absorvido 30% do CO2 antropogênico emitido, o que causa a

sua acidificação (IPCC, 2014).

Através da Figura 2 é possível notar a influência de diferentes setores na

emissão dos GEE, onde todos são expressos em termos de CO2 equivalente (CO2e),

ou seja, a quantidade de CO2 que causaria o mesmo efeito no aquecimento.

Figura 2. Emissões globais de CO2e por setor. Fonte: Adaptado de Banco Mundial, 2010.

A preocupação com o aquecimento global induziu à criação do Painel

Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no ano 1988. Este órgão

internacional concentra os principais estudos sobre o clima e mudanças climáticas,

sendo composto por representantes de governos de todo o mundo.

26%

3%

17%

13%

8%

14%

19%

Emissão de CO2e por setor

Energia

Dejetos e águas residuais

Mudança de uso do solo e silvicultura

Transporte

Prédios residenciais e comerciais

Agricultura

Indústria

20

Em 1992, durante a Convenção sobre Mudanças Climáticas no Rio de

Janeiro, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a criação do Protocolo

de Kyoto, o qual seria um marco na questão ambiental no mundo. A primeira meta

do Protocolo (2008-2012) era uma redução média de 5,2% das emissões de GEE

em relação ao ano de 1990, para os países desenvolvidos (BANCO MUNDIAL,

2010). Porém, alguns cientistas afirmaram que esta redução era considerada

pequena, e acreditavam que a mesma deveria ser de 50% das emissões globais até

ano 2050, para que o aumento de temperatura na Terra não ultrapasse o limite de

2ºC, visto como ponto de colapso do clima (DELPURO, 2009).

Dentro desta perspectiva, o IPCC regularmente publica relatórios de avaliação

(ARs), aumentando o seu nível de confiança nos resultados neles apresentados. Até

o momento, foram emitidos cinco relatórios: o AR1 (1990), o AR2 (1995), o AR3

(2001), o AR4 no ano de 2007 e o mais recente AR5 em 2014, com o propósito de

contribuir no planejamento e tomada de decisões pelos governantes.

Para auxiliar os estudos sobre mudanças climáticas, foram criados diferentes

cenários climáticos, os quais têm por objetivo representar o clima futuro,

descrevendo como este se modificará em decorrência de uma determinada

alteração da composição da atmosfera, resultante das atividades antrópicas

(CAMILLION e BIDEGAIN, 2005).

Esta representação vem sendo utilizada deste o AR3. O Relatório Especial

sobre Cenários de Emissões (SRES) apresenta os cenários socioeconômicos,

agrupados em diferentes famílias A1, A2, B1 e B2 (NAKICENOVIC et al., 2000). No

AR5 os cenários são organizados conforme os Caminhos Representativos de

Concentração (RCP) 8.5, 6.0, 4.5 e 2.6 Wm-2 de forçantes radiativas (VAN VUUREN

et al., 2011).

O RPC 2.6 Wm-2 projeta um cenário com baixa emissão e baixa forçante

radiativa, correspondendo a um aumento de cerca 1°C na temperatura média da

superfície (similar B2 do SRES). O RCP 4.5 é similar ao cenário A1B do SRES e

mais para o final do século assemelha-se ao RCP 8.5 o qual representa uma

21

forçante radiativa ainda maior, ou seja, um cenário de alta emissão, com um

acréscimo de até 4°C (A2 do SRES) (CHOU et al., 2014; MARENGO et al., 2014).

Segundo Hamada et al. (2011), os cenários de mudanças climáticas do SRES

podem ser descritos como:

A1- Descreve um mundo com rápido crescimento econômico, baixa taxa de

crescimento populacional e rápida introdução de novas e mais eficientes

tecnologias. As principais características incluem a convergência entre regiões, o

desenvolvimento das capacidades e o aumento das interações culturais e sociais,

com importante redução nas diferenças regionais da renda per capta. Considera

direções alternativas de mudança tecnológica no sistema de energia. Dentro desta

família estão inseridos os cenários A1F1 com ampla utilização dos combustíveis

fósseis, A1T sem utilização e o cenário A1B que compreende um equilíbrio entre os

anteriores.

A2- Descreve um mundo futuro muito heterogêneo, com preservação das

identidades locais e da tradição. Os padrões de fertilidade entre regiões convergem

muito lentamente, o que resulta em alto crescimento populacional. O

desenvolvimento econômico per capta e a mudança tecnológica são mais

fragmentados e mais lentos, comparados às outras famílias de cenários.

B1- Descreve um mundo convergente com baixo crescimento populacional, porém

com rápidas mudanças nas estruturas econômicas, com redução na utilização de

material e a introdução de tecnologias limpas e eficientes na utilização de recursos.

A ênfase é nas soluções globais para a sustentabilidade econômica, social e

ambiental, incluindo a melhoria na equidade, porém sem iniciativas climáticas

adicionais.

B2- Descreve um mundo no qual a ênfase está em soluções locais para a

sustentabilidade econômica, social e ambiental. É um mundo com moderado

crescimento populacional, níveis intermediários de desenvolvimento econômico e

mudanças climáticas menos rápidas e mais diversas do que B1 e o A1. É orientado

para a proteção do meio ambiente e a igualdade social, mas com foco nos níveis

local e regional.

22

Na Figura 3 estão apresentadas as projeções realizadas para distintos

cenários do AR4 e do AR5, sendo o número de modelos utilizados indicado entre

parênteses. O período base ou de comparação (histórico) compreende os anos de

1986 a 2005. As incertezas estão representadas pelo sombreado no entorno das

curvas, em razão da diferença entre os números dos modelos utilizados, bem como

das variáveis incorporadas aos diferentes modelos.

Figura 3. Projeções segundo diferentes cenários climáticos do AR4 e do AR5. Fonte: Adaptado de Knutti e Sedlacek, 2013.

Alexander (2010) em seu livro “Aquecimento Global Alarme Falso”, afirma que

os modelos do IPPC são muito sensíveis ao CO2, resultando em um aquecimento

superestimado da superfície da Terra. Além disso, este autor reconhece que o

planeta está aquecendo, mas destaca que o CO2 não é a principal causa, embora

não aponte indícios sobre as possíveis causas. Afirma também que o planeta

vivencia uma fase de resfriamento global, enfatizando que, a partir de 2002, os

termômetros globais estariam registrando uma diminuição nas temperaturas,

tendência que permaneceria para os próximos 30 anos.

2.2 Modelos Climáticos

Os modelos climáticos são códigos computacionais com centenas de milhares

de linhas, que representam aproximações numéricas de equações matemáticas,

representativas das leis da física que regem os movimentos da atmosfera e as

interações com a superfície. As aplicações incluem a simulação do clima passado

23

(paleoclima), do clima presente (passado recente), bem como estudos de

sensibilidade para identificação de processos e entendimentos físicos. A previsão da

variabilidade climática de curto prazo e sua mudança na escala sazonal e decanal,

na elaboração de projeções do clima futuro e redução da escala espacial

(downscaling) dessas projeções, têm como finalidade fornecer mais detalhamento

nas escalas regionais e locais (MARENGO et al., 2014).

Nos Modelos de Circulação Global ou Geral (MCGs), os processos dinâmicos

e termodinâmicos, bem como as trocas de radiação e massa são modelados

utilizando-se de cinco conjuntos básicos de equações (Barry e Chorley, 2013):

1. Equações tridimensionais do movimento, ou seja, conservação de momento;

2. Equação da continuidade (conservação de massa ou equação hidrodinâmica);

3. Equação da continuidade para vapor de água atmosférico (conservação do

vapor de água);

4. Equação de conservação de energia, ou seja, equação termodinâmica derivada

da primeira lei da termodinâmica;

5. Equação de estado para a atmosfera.

Outros processos também se tornam necessários na resolução destas

equações de forma acoplada, como a transferência radiativa através da atmosfera,

atrito superficial, transferências de energia e os processos de formação de nuvens.

Na Figura 4 é possível visualizar os processos físicos envolvidos em um modelo de

circulação geral.

24

Figura 4. Diagrama esquemático dos processos físicos envolvidos em um modelo de circulação global (MCG). Fonte: Barry e Chorley, 2013.

Os modelos acoplados de Circulação Geral Atmosfera-Oceano (MCGAOs)

foram os modelos climáticos padrões avaliados no AR4. Sua função primária era

entender a dinâmica das componentes físicas do sistema climático (atmosfera,

oceano, superfície e gelo marinho) e elaborar projeções baseadas nas forçantes de

GEE no futuro e aerossóis (PITA, 2011). O AR5 apresenta Modelos do Sistema

Terrestre (MSTs), os quais representam a evolução dos MCGAOs, pois incluem a

representação de vários ciclos biogeoquímicos (FLATO et al., 2013). Chou et al.

(2014) destacam que os MCGs utilizados no AR5 têm apresentado melhorias em

relação as simulações de precipitação sobre áreas tropicais.

Os MCGs são a principal ferramenta para fornecer informações de alterações

climáticas utilizando diferentes cenários de emissões de GEE. No entanto, as grades

destes modelos possuem tamanhos de 200-100 km. Recursos locais, como

topografia, bacias hidrográficas e zonas costeiras não podem ser capturados nas

simulações realizadas por esses MCGs (CHOU et al., 2014).

A fim de gerar confiança ao desempenho dos MCGs, um projeto chamado

Coupled Model Intercomparision (CMIP) foi implementado para avaliar e comparar

modelos de vários centros de pesquisas climáticas ao redor do mundo. Esta

avaliação é feita usando procedimentos comuns e dados padronizados, como por

exemplo, a temperatura na superfície do mar, proporcionando assim uma ampla

25

documentação sobre a estrutura dos modelos e os detalhes de suas

parametrizações.

Já os Modelos de Circulação Regional (MCRs) surgem da necessidade de

transferir informações globais, reduzindo a escala das simulações climáticas para

maiores resoluções na área de interesse, possibilitando o estudo do impacto local.

Estes modelos utilizam as informações de um modelo global como condição de

contorno, permitindo que efeitos de pequena escala como topografia, hidrografia e

uso do solo sejam incluídos na simulação (BARRY e CHORLEY, 2013). Na Tabela 1

são apresentados os modelos globais utilizados nos dois últimos relatórios do IPCC

e os países onde foram desenvolvidos.

Tabela 1 (continua). Modelos utilizados no AR4 e AR5.

Nome do Modelo

(AR5) País

Nome do Modelo

(AR4) País

1 ACCESS 1.0, ACCESS

1.3 Austrália 1 BCC-CM1 China

2 BCC-CSM 1.1, BCC-

CSM 1.1 (m) China 2 BCCR-BCM 2.0 Noruega

3 BNU-ESM China 3 CCSM3 Estados

Unidos

4 CanCM4 Canadá 4 CGCM3.1(T47) Canadá

5 CESM1 (BGC)

Estados

Unidos

5 CGCM3.1(T63)

6 CESM1 (WACCM) 6 CNRM-CM3 França

7 CESM1 (FASTCHEM) 7 CSIRO-MK 3.0,

CSIRO-MK 3.5 Austrália

8 CESM1 (CAMS) 8 ECHAM5/MPI-OM Alemanha

9 CESM1 (CAMS, 1-FV2) Estados

Unidos 9 ECHO-G Coréia

10 CMCC-CM, CMCC-

CMS Itália 10 FGOALS-g1.0 China

11 CMCC-CESM 11 GFDL-CM 2.0 Estados

Unidos 12 CNRM-CM5 França 12 GFDL-CM 2.1

26

Tabela 1 (continuação). Modelos utilizados no AR4 e AR5.

Nome do Modelo

(AR5) País

Nome do Modelo

(AR4) País

13 CSIRO- Mk 3.6.0 Austrália 13 GISS-AOM Estados

Unidos

14 EC-EARTH Europa

China

14 GISS-EH

15 FGOALS- g2 15 GISS-ER Estados

Unidos

16 FGOALS- s2

China

Estados

Unidos

16 INGV-ECHAM4 Itália

Rússia 17 FIO-ESM v 1.0 17 INM-CM 3.0

18 GFDL- ESM2M, GFDL-

ESM2G 18 IPSL-CM4 França

19 GFDL-CM 2.1

19 MIROC3.2(hires) Japão

27 INM-CM4 Rússia

28 IPSL-CMSA-LR/-

CMSA-MR/ -CMSB-LR França

29 MIROC4h, MIROCS

Japão

30 MIROC-ESM

31 MIROC-ESM-CHEM

32 MPI-ESM-LR/-ESM-

MR/-ESM-P Alemanha

33 MRI-ESM1 Japão

34 MRI-CGCM3

35 NCEP-CFSv2 Estados

Unidos

36 NorESM1-M Noruega

37 NorESM1-ME

Fonte: Adaptado de Flato et al., 2013.

Como observado por Dereczynski et al. (2013) e Melo et al. (2014) é

extremamente difícil de simular adequadamente o clima. Por esta razão, os modelos

climáticos, muitas vezes, fazem uso de algumas simplificações, representadas por

diferentes parametrizações. O uso de vários conjuntos de parâmetros resulta em

27

uma saída diferente em cada simulação, representando a sensibilidade dos modelos

aos parâmetros. Através do processo de análise de incertezas realizado nos

modelos climáticos, os mesmos geram membros que são denominados como: “Ctrl”

(controle), “Low” (baixo), “Mid” (médio) e “High” (alto). O termo “High”, por exemplo,

refere-se a uma grande perturbação nas saídas associadas a um determinado

conjunto de parâmetros, enquanto um termo “Low” indica que o modelo não é muito

sensível. Isto não quer dizer que uma projeção de um membro “High” fornecerá, por

exemplo, maiores temperaturas para uma determinada região do globo apenas, que

este membro é mais sensível aos parâmetros utilizados.

Valverde e Marengo (2014) utilizando o MCG-HadCM3 acoplado com o

MCR-Eta 40, constataram que eventos de precipitação intensa e em curta duração

se tornaram mais frequentes nas principais bacias hidrográficas brasileiras.

Hamada et al. (2008) realizaram um estudo utilizando-se de projeções dos

seguintes MCGs: CCSR/NIES, CGCM2, CSIRO-Mk2, ECHAM4, GFDL-R30 e

HadCM3 do AR3 apenas para o cenário mais pessimista (A2) e o mais otimista (B2).

Os resultados das projeções de temperatura média para o clima futuro do país estão

apresentados na Figura 5 e foram comparados com o cenário atual (1961-1990).

Contudo, as tendências indicam um aumento na temperatura de até 4ºC em 2080,

sendo mais significativas de junho a outubro, ou seja, os invernos se tornarão mais

quentes em comparação com os verões.

Figura 5. Temperaturas médias no Brasil ao longo do ano para o cenário atual e projeções futuras segundo o cenário A2. Fonte: Adaptado de Hamada et al., 2008.

Ainda no referido estudo, são apresentadas as anomalias referentes à

temperatura (ºC) e à precipitação (mm/dia) em comparação com o período atual

20

22

24

26

28

30

32

0 2 4 6 8 10 12

Tem

pe

ratu

ra M

éd

ia ( C

)

Mês do Ano

Atual 2020 2050 2080

28

para as distintas estações e regiões do Brasil, referentes aos períodos 2010-2039,

2040-2069 e 2070-2099. Desta forma, a Região Sul do Brasil poderá sofrer com os

maiores aumentos de temperatura, principalmente durante os meses de primavera,

sendo que as projeções para o ano de 2080 no cenário A2 é de 5,5ºC acima da

média registrada para o período atual.

Segundo o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) a região sul do

bioma Mata Atlântica, situada a Bacia do Rio Taquari-Antas até meados de 2040 as

projeções indicam aumento relativamente baixo de temperatura entre 0,5º e 1ºC com

um aumento de 5% a 10% na chuva. Na metade do século (2041-2070) mantêm-se

as tendências de aumento gradual de 1,5º a 2ºC na temperatura e de aumento de

15% a 20% nas chuvas, sendo que essas tendências acentuam-se ainda mais no

final do século (2071-2100) com padrões de clima entre 2,5º e 3ºC mais quente e

entre 25% a 30% mais chuvoso (PBMC, 2013).

Sobre as alterações da precipitação média diária no Brasil, tem-se que, em

geral, haverá uma diminuição dos totais mensais em relação ao clima atual, porém

poucas diferenças entre os períodos (Figura 6). Além disto, estima-se que as

maiores precipitações ocorrem, na média geral do Brasil, nos meses de verão (40%)

e de outono (29%). As anomalias de precipitação observadas para a região Sul

revelam uma pequena diminuição ao longo de todas as estações do ano (HAMADA

et al., 2008).

Figura 6. Precipitação média diária do Brasil ao longo dos meses do ano para os anos de 2020, 2050 e 2080. Fonte: Adaptação de Hamada et al., 2008.

0

2

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8

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Pre

cip

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m/d

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Mês do Ano

Atual 2020 2050 2080

29

Hamada et al. (2011) realizaram novos estudos utilizando 15 MCGs a partir

dos dados do AR4, considerando o cenário A2 para o período de 2071 a 2100.

Verificou-se que as anomalias de temperatura média anual serão variáveis nas

regiões do País, com a maior anomalia ocorrendo nas regiões Norte e Centro-Oeste

na primavera (4,5°C), enquanto que a menor está prevista para ocorrer na região Sul

no verão (2,9°C). Para todas as estações do ano, as menores anomalias

acontecerão na região Sul. Além disso, as maiores anomalias de temperatura média

do ar ocorrerão na primavera, exceto para a região Sul, onde será no inverno (de

junho a agosto).

A região Sul, no entanto, poderá sofrer com anomalias positivas de

precipitação em todas as estações do ano, destacando-se o mês de fevereiro como

o mais chuvoso (5,6 mm/dia) e o mais seco em julho (3,7 mm/dia). Nas demais

regiões, a primavera se sobressairá com anomalias negativas.

Convém destacar que as previsões de uma pequena diminuição da

precipitação apresentadas para o Sul do Brasil por Hamada et al. (2008), foram

obtidas pelos MCGs do AR3. Marengo et al. (2009), utilizando projeções do AR4,

encontraram um aumento para as precipitação no Sul, também verificado por

Hamada et al. (2011) que observaram apenas anomalias positivas.

Melo et al. (2014) utilizaram cinco MCGs do AR4 e também projeções do

modelo regional ETA Black (1994) para a região noroeste do Estado do Rio Grande

do Sul. As projeções indicam um aumento de temperatura superior a 3°C até o fim

do século, e um acréscimo significativo de precipitação, fornecidos principalmente

pelos MGRs.

Estes resultados servem para evidenciar, entre outros aspectos, que o

aperfeiçoamento dos MCGs é necessário para diminuir as incertezas, justificando a

utilização de vários modelos concomitantemente e comparando suas variáveis de

saída e a propagação destas incertezas para o modelo desejado. Além disso, as

projeções fornecidas pelos modelos climáticos permitem investigações a nível

regional, uma vez que as mudanças podem ocorrer de forma desigual até mesmo

dentro do mesmo Estado (MELO, 2013).

30

2.3 Impactos das mudanças climáticas sobre o meio ambiente

Acredita-se que o aumento da temperatura irá acarretar o derretimento de

parte do gelo das calotas polares, elevando o atual nível dos mares e trazendo

sérios prejuízos para a humanidade e para os ecossistemas terrestres,

principalmente nas áreas litorâneas. Em escala global serão sentidas alterações na

umidade atmosférica e nos regimes de precipitação, devido a um ciclo hidrológico

mais ativo, à mudança na circulação atmosférica e oceânica e ao aumento na

capacidade de retenção de vapor de água do ar (BUCKERIDGE, 2007).

É possível que muitas espécies de animais e vegetais sofram com estas

mudanças, necessitando se deslocar para pontos de maior latitude e/ou altitude em

busca de ambientes mais compatíveis com a sua condição natural. As mudanças

climáticas também poderão ter efeitos diretos no crescimento, morfologia, fisiologia,

reprodução, sobrevivência e predisposição das plantas, resultando em alterações na

ocorrência e severidade de doenças. No entanto, não necessariamente, estes

impactos serão negativos. A redução do número de dias com chuva durante o verão,

por exemplo, pode diminuir a dispersão de diversos patógenos (GHINI et al., 2011).

Um zoneamento de risco climático foi realizado no Brasil por Assad et al.

(2008) para oito culturas (algodão, arroz, cana-de-açúcar, feijão, girassol, mandioca,

milho e soja), além das pastagens e gado de corte. Observa-se através dos mapas

que o aumento de temperatura poderá provocar, de um modo geral, uma diminuição

de áreas aptas para o cultivo dos grãos, porém aumento de regiões de baixo risco

climático à cultura da cana e mandioca. Contudo, Ghini et al. (2011) destaca que

esta previsão na distribuição das culturas poderá afetar também o atual quadro das

doenças de plantas.

Segundo Colombo e Pessoa (2014) no período de 1980-2008 foram

mapeadas no Brasil 8,48 milhões de pessoas em áreas de maior risco de seca.

Grande parte desta população vive em áreas semiáridas do Nordeste do país, local

bastante afetado pela falta de chuvas. Outra fração dessa população reside em

diferentes regiões que sofrem com tais eventos, tal como o Rio Grande do Sul, onde

31

a temperatura e a quantidade de chuvas são constantemente afetadas por

fenômenos climáticos como o El Niño e o La Niña.

Este último fenômeno caracteriza-se pelo resfriamento das águas do oceano

pacífico, o qual provoca reduções no índice pluviométrico na região centro-sul do

Brasil, especialmente entre os meses de setembro e fevereiro (COLOMBO e

PESSOA, 2014). Deste modo, alterações nos padrões de ocorrência destes

fenômenos naturais poderão favorecer o aumento do número de municípios que

decretam situação de emergência ou de calamidade pública no Estado.

A ocorrência de eventos recorrentes de estiagem implica um ônus econômico

extremamente alto, em especial para populações mais pobres e vulneráveis a esses

acontecimentos. No caso do Rio Grande do Sul, estimou-se que a ocorrência de

estiagem gera uma redução de 9,2 pontos percentuais na variação do produto per

capita dos municípios, em média, após controle de diversas outras variáveis que

podem afetar a variação do Produto Interno Bruto (PIB). A não aleatoriedade das

regiões geográficas constantemente atingidas, principalmente por secas, gera uma

pressão para que desigualdades regionais de renda sejam mantidas e até mesmo

acentuadas (COLOMBO e PESSOA, 2014).

Essas oscilações entre as variáveis meteorológicas impactam de diferentes

formas à sociedade, não se restringindo apenas ao setor econômico, mas ainda é

possível constatar o empobrecimento das populações, as migrações e as

enfermidades.

Em especial o estado do Rio Grande do Sul sofre com prejuízos que afetam a

sua economia. As reduzidas precipitações durante a estiagem prejudicam

extensivamente a produção agrícola no estado, influenciando todos os estágios de

desenvolvimento das culturas. Já as inundações bruscas e graduais provocam a

perda das colheitas, ainda contribuindo para a contaminação por agrotóxicos e sua

lixiviação nos solos (SAITO et al., 2011).

32

2.4 Índices de eventos climáticos extremos

Evento climático extremo refere-se a um evento raro que ocorre em um

determinado local e época do ano. Eventos extremos isolados não podem ser

diretamente atribuídos à mudança climática antropogênica, pois o evento em

questão pode ter ocorrido naturalmente. Quando um padrão de evento extremo

meteorológico persiste por algum tempo, como por exemplo, ao longo de uma

estação do ano, este pode ser classificado como evento climático extremo (secas ou

chuvas intensas durante a estação) (IPPC, 2007).

Também podem ser definidos como anomalias em relação à climatologia, em

escalas de tempo que podem variar de dias até milênios. É difícil atribuir eventos

extremos ao tempo e ao clima, pois têm diferentes considerações espaciais e

temporais. Recentemente, eventos extremos de curta duração têm sido

considerados como os mais importantes pelos climatologistas, pois alguns modelos

climáticos e estudos de projeções de clima para o futuro apontam maiores

frequências e intensidades destes eventos de curta duração (chuvas intensas, ondas

de calor e frio, períodos secos), temporais e furacões, em cenários de aquecimento

global (MARENGO et al., 2007).

A importância dos estudos de eventos climáticos extremos cresceu nos

últimos anos e com ele a necessidade de se ter dados adequados de boa qualidade.

Esta é uma das dificuldades enfrentada pelos pesquisadores, visto que não há

informações disponíveis, ou estas estão incompletas e mal organizadas,

favorecendo a perda das mesmas (VINCENT et al., 2005).

Na Tabela 2 estão descritos os principais índices para a temperatura e

precipitação encontrados na literatura, sendo RR o valor da precipitação diária. Por

convenção, um dia úmido ou chuvoso tem RR maior ou igual a 1,0 mm e um dia

seco ou não chuvoso tem RR < 1,0 mm. TN é a temperatura máxima e TX é a

temperatura mínima.

33

Tabela 2. Índices de temperatura e precipitação.

Símbolo índice Definição (unidade)

CDD 2, 3, 4, 5, 6, 8 Número máximo de dias consecutivos secos no ano com

RR <1 mm (dias)

CWD 2, 3, 5, 6 Número máximo de dias consecutivos úmidos no ano com

RR >1 mm (dias)

DTR 2, 3 A média da diferença entre TX e TN (°C)

PRCPTOT 2, 3, 5, 6, 8, 9 Precipitação total anual de dias úmidos (mm)

R10 1, 4 Número de dias em 1 ano que a RR ≥ 10mm (dias)

R20 1, 8 Número de dias em 1 ano que a RR ≥ 20mm (dias)

R30 2, 5 Número de dias em 1 ano que a RR ≥ 30 mm (dias)

R95 p 2, 3, 5, 6, 8 Precipitação total anual sobre os dias úmidos em que RR>

percentil 95 (mm)

R99 p 2, 3, 5 Precipitação total anual sobre os dias úmidos em que RR>

percentil 99 (mm)

RX1 2, 3, 5, 8 Máximo de precipitação em 1 dia no ano (mm)

RX5 2, 3, 4, 5, 6, 8 Máximo de 5 dias consecutivo de precipitação no ano (mm)

SDII 1, 3, 4, 7 Precipitação total anual dividida pelo número de dias

úmidos (mm/dia)

SU25 2, 3, 9 Número de dias com TX> 25ºC (dias)

TMAX mean 2 Média anual de TX (°C)

TMIN mean 2, 9 Média anual de TN (°C)

TN 10 p 2, 3, 9 Percentagem de dias com TN <percentil 10 (%)

TN 90 p 2, 3 Percentagem de dias com TN> percentil 90 (%)

TX 10 p 2, 3, 9 Percentagem de dias com TX <percentil 10 (%)

TX 90 p 2, 3, 9 Percentagem de dias com TX> percentil 90 (%)

WSDI 2, 3 Número de dias no ano com pelo menos 6 dias consecutivo

de TX> percentil 90

Fonte: ARAUJO e BRITO, 20111; DERECZYNSKI et al., 2013

2; DONAT et al., 2013

3; KIKTEV et

al.,20034; MELO et al., 2014

5 SANTOS et al., 20096; SANTOS et al., 2013

7; VALVERDE E

MAREGO, 20148; VINCENT et al., 2005

9.

A principal função desses índices é avaliar as mudanças na intensidade,

frequência e duração dos eventos de precipitação e temperatura (ALEXANDER et

34

al., 2006). Por exemplo, o índice (CDD), representa o número máximo de dias

consecutivos com precipitação diária inferior a 1 mm ao longo de um ano.

Os índices climáticos são calculados a partir de dados observados ou

projeções (no caso do uso de modelos climáticos) de variáveis meteorológicas

individuais, tais como a precipitação e a temperatura máxima e mínima. O uso

destes índices tem por objetivo sintetizar informações sobre as mudanças climáticas

(ZWIERS et al., 2013). Contudo, o mais importante é contabilizar os eventos

extremos de curto e/ou longo prazo, devido a seu potencial de causar impactos

significativos (MARENGO et al., 2009).

Um exemplo do uso destes índices pode ser encontrado no trabalho realizado

por Donat et al. (2013). Neste estudo, foram utilizados 17 índices de temperatura e

12 de precipitação, com base em temperaturas diárias máximas e mínimas, além de

observações de precipitação. Os dados foram obtidos através de 7.000 estações

meteorológicas de temperatura e 11.000 de precipitação ao redor do mundo, para o

período de 1901 a 2010.

Os resultados mostraram mudanças significativas para os índices derivados

da temperatura mínima diária ao longo de todos os 110 anos de registro, mas com

tendências mais fortes para as últimas décadas. Observou-se um aquecimento em

todas as estações, sendo mais relevante para os meses mais frios. Os índices de

precipitação também mostraram tendências importantes, porém com mudanças mais

heterogêneas espacialmente em comparação com as mudanças de temperatura. No

entanto, os resultados indicaram mais áreas com tendências significativas de

aumento na quantidade, intensidade e freqüência de precipitação extrema, do que

as áreas com tendências decrescentes.

Dias frios, noites frias e geadas têm se tornado menos frequentes, enquanto

que o número de ocorrência de dias quentes, noites quentes e ondas de calor têm

aumentado na América do Sul (MARENGO et. al., 2009; VINCENT et al., 2005). O

mesmo foi observado por Panda et al. (2014) na India.

Dereczynski et al. (2013) em estudo feito para duas estações no Rio de

Janeiro, utilizaram as projeções do MCG-HadCM3 acoplado com o MCR-Eta 40,

35

considerando o cenário A1B, para calcular índices de eventos extremos no período

futuro (2011-2100) comparando-os com dados observados (1961-1990). Verificarão

que cerca de 40% a 70% dos dias do ano ficaram mais quentes, semelhante ao

observado para as noites quentes (55% a 85% mais frequentes). Também destacam

que as ocorrências de chuvas intensas se tornaram cada vez mais comuns ao ano.

Santos et al. (2009) analisaram 18 postos no Estado do Ceará, obtendo

valores significantes de aumento para os índices de dias consecutivos secos (DCS),

dias consecutivos úmidos (DCU) e mudanças positivas para a precipitação total, o

que concorda com Marengo e Valverde (2007) que também encontraram aumento

de precipitação para o nordeste brasileiro.

Melo et al. (2015) investigaram 7 localizações no noroeste do Estado do Rio

Grande do Sul, para o cenário A1B. Verificaram um aumento expressivo de

precipitação para 4 localizações, enquanto para a localização mais ao sul da região

observou-se uma redução a curto prazo. Revelando que as mudanças podem atingir

de forma desigual uma mesma região.

2.5 Histórico das mudanças climáticas no Estado do Rio Grande do Sul

Devido a sua localização geográfica, o Estado do Rio Grande do Sul é

influenciado pelos principais sistemas atmosféricos, tais como as frentes frias e os

sistemas convectivos de mesoescala (SCM), os quais afetam e determinam a

ocorrência de desastres naturais. Também é influenciado por fenômenos climáticos

de interação oceano-atmosfera como El Niño e La Niña, que representam o

aquecimento e resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial,

respectivamente. Tais fenômenos climáticos são determinantes para as ocorrências

de inundações e secas severas na região Sul do Brasil (NEDEL et al., 2010).

As causas das maiores perdas de produtividade agrícola são devido as

estiagem, pois geralmente coincidem com os períodos de cultivo das principais

culturas de verão no RS. As culturas mais vulneráveis à estiagem são: soja, fumo,

milho e feijão, que representam em média 60% do total do valor da produção das

lavouras temporárias no Estado (FOCCHEZATTO e GRANDO, 2009).

36

No estudo realizado por Rodrigues (2011) para o Estado do Rio Grande do

Sul durante o período de 2003 a 2009, verificou-se que os anos com maior

ocorrência de registros de inundações foram 2003 e 2005, com 77 e 20 eventos,

respectivamente. Já Nedel et. al. (2010), também em estudo para o Estado,

observaram que os anos de 2004, 2005 e 2009 resultaram em um número maior de

registros de seca (Figura 7 (a)). Na Figura 7 (b) observa-se que o período de

dezembro a maio concentra maior quantidade de registros de seca.

Figura 7. (a) Números de decretos de ocorrência de seca. (b) Registros ao longo dos meses do ano no Estado do Rio Grande do Sul entre 2003 e 2009. Fonte: Adaptado de Nedel et al., 2010.

A aglomeração urbana da Mesorregião nordeste do Estado que compreende

parcialmente a Bacia do Rio Taquari-Antas, vem mantendo o crescimento de sua

população total a taxas elevadas de 1,34% para o ano de 2000 e 1,69% no ano de

2010, superando o Estado que possui uma taxa de 0,49% a.a., influenciada

principalmente pelo desenvolvimento dos municípios a sudeste da bacia

(microrregião de Caxias do Sul) (STAMM, 2013).

Historicamente a região apresenta regimes torrenciais de escoamentos

superficiais rápidos e bruscas variações de vazões nos rios, devido à declividade

média elevada, rede de drenagem densa com tendência radial, pouca cobertura

vegetal, pouca profundidade e baixa permeabilidade dos solos (FEPAM, 2015).

Segundo estudo de Bombassaro e Robaina (2010), os quais realizaram um

inventário dos desastres naturais associados às inundações ocorridas no período de

1980 a 2007 nos municípios da Bacia do Rio Taquari-Antas, os meses preferenciais

para a ocorrência destes desastres foram julho e outubro (Figura 8 (a)). Na Figura 8

(b) é possível notar que, para o mesmo período, os anos de 1983, 1989, 1990, 1997

4

422396

66

7

151

246

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

N

de d

ecreto

s

Ano(a)

Decretos de seca

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

N

de d

ecre

tos

Mês(b)

Registros de seca por mês

37

e 2001, apresentaram maior número de municípios atingidos por inundações,

causando enormes prejuízos à economia e à infraestrutura urbana.

Figura 8. (a) Registro mensal da ocorrência de inundações na Bacia do Rio Taquari–Antas. (b) Casos de inundações no período de 1980 a 2007 na Bacia do Rio Taquari–Antas. Fonte: Adaptado de Bombassaro e Robaina, 2010.

Apesar dessas informações é necessário compreender o ocorrido, se tais

fenômenos estão crescendo de forma natural ou em decorrência da alteração do uso

do solo e do desenvolvimento da região. Deste modo, a diminuição do potencial de

infiltração, pode agravar eventos antes considerados normais causando danos à

sociedade.

Souza Junior et al, (2012) ao avaliarem a região Sul do Brasil durante o

período de 2001 a 2012 por meio de imagens de satélite, observaram 3 grandes

eventos de estiagens no Rio Grande do Sul que se destacaram perante os outros

Estados. Na Figura 9 são apresentadas as estações do verão e outono de 2005,

verão e outono de 2009 e verão de 2012. As anomalias na vegetação atingiram

grandes áreas, sendo que no verão de 2012, 56% do território foi afetado, seguido

pelo verão de 2005 (40,34%) e o de 2009 (36,98%). Estes percentuais refletiram na

queda de produtividade da soja e do milho, conforme consta no banco de dados da

Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2015).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

N

de r

eg

istr

os

Mês(a)

Registros de inundações por mês

0

3

6

9

12

15

18

21

24

N

de M

un

icíp

ios A

tin

gid

os

Ano(b)

Casos de inundações

38

Figura 9. Mapas de anomalias da vegetação para a região Sul do Brasil. Fonte: Souza Junior et al., 2012.

A Bacia do Rio Taquari-Antas, área de estudo deste trabalho, também foi

fortemente atingida nos verões de 2005 e 2012, confirmando o levantamento

realizado por Rodrigues (2011) no período de 2003 a 2009. Este autor utilizou dados

de desastres ambientais registrados junto a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

do Rio Grande do Sul (CEDEC/RS), destacando que 75,1% destes desastres foram

por estiagens, dos quais 38,5% ocorreram em 2004 e 36,6% em 2005. Este

levantamento também possibilitou verificar que alguns municípios pertencentes à

Bacia de estudo sofreram no mesmo ano com episódios de inundação e estiagem, o

que caracteriza a falta de ações preventivas no sentido de armazenar a água da

chuva em reservatórios para a utilização da mesma em período de estiagem.

39

3. METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Área de Estudo

A Bacia do Rio Taquari-Antas (Figura 10) localiza-se a nordeste do Estado do

Rio Grande do Sul, entre as coordenadas geográficas de 28 10’ a 29 57’ de latitude

Sul e 49 56’ a 52 38’ de longitude Oeste. Compreende as províncias

geomorfológicas do Planalto Meridional e Depressão Central, totalizando uma área

de aproximadamente 26.406,05 Km². A bacia abrange total ou parcialmente 118

municípios (SEMA, 2012).

A Bacia faz parte da Região Hidrográfica do Guaíba, sendo o rio Taquari-

Antas o principal afluente do rio Jacuí, que é o maior formador do Lago Guaíba.

Seus principais afluentes pela margem esquerda são os rios Camisas, Tainhas e

Lajeado Grande, e pela margem direita os rios Quebra-Dentes, da Prata, Carreiro,

Guaporé, Forqueta e Taquari-Mirim (FEPAM, 2015).

As nascentes do rio Taquari-Antas localizam-se no extremo leste da Bacia,

com a denominação de rio das Antas até a confluência com o rio Guaporé, quando

passa a denominar-se rio Taquari, desembocando junto ao rio Jacuí. Possui uma

extensão de 530 km desde as nascentes até a foz, sendo que, em 390 km

denomina-se rio das Antas e em 140 km, rio Taquari (LARENTIS et al., 2008).

Larentis (2004) em estudo na Bacia do Rio Taquari-Antas observa que os

regimes de precipitação ao longo do ano são bem distribuídos. Com gradiente

decrescente dos valores médios anuais no sentido da montante para jusante,

apresentando uma média em torno de 1700 mm.

O tipo climático predominante é o subtropical úmido, com duas variedades

principais, segundo o sistema geral de Koeppen: Cfa refere-se ao clima temperado,

com verão mais amenos não atingindo 22°C de temperatura no mês mais quente em

regiões com altitudes inferiores a 600 m e Cfb destaca-se pelo clima subtropical com

verão mais quente alcançando temperaturas superiores a 22°C em altitudes

superiores a 600 m (PAGEL et al., 2015).

40

A bacia possui características físicas e antrópicas diferenciadas, como: áreas

de alto índice de industrialização, áreas com predomínio de produção primária,

zonas intensamente urbanizadas, onde os riscos também se tornam amplos desde a

ocorrência de enchentes/inundações à perda na produção agrícola. Os municípios

integrantes desta bacia concentram 20% do PIB estadual, caracterizando‐se por

possuírem a base econômica voltada para um setor industrial em crescimento.

Quanto ao uso agrícola a área ocupada é maior que um milhão de hectares, com o

predomínio das culturas de milho, soja e arroz nas partes mais planas, ao sul da

bacia. Alguns dos problemas enfrentados na região são em decorrência das

limitações do relevo, da drenagem, o que ocasiona o aumento de riscos a erosão

levando assim ao assoreamento (FEPAM, 2015).

Figura 10. Mapa da Bacia do Rio Taquari-Antas.

3.2 Dados Meteorológicos e Modelos Climáticos

Os dados meteorológicos de temperatura e precipitação são provenientes do

Projeto de Pesquisa “Efeitos de Mudanças Climáticas no Regime Hidrológico de

Bacias Hidrográficas e na Energia Assegurada de Aproveitamentos Hidrelétricos”

41

(LIMA et al., 2014), e os resultados gerados pelo presente trabalho são produtos do

Projeto de Pesquisa “Impacto das Mudanças Climáticas sobre a Agricultura no

Estado do Rio Grande do Sul”, desenvolvido na UFPel.

Na Figura 10 estão indicadas as localizações dos postos considerados neste

trabalho para os quais existem séries temporais diárias de dados meteorológicos

gerados para o período de 2011-2100, bem como para o período de 1961-1990, aqui

denominado como período atual. A Tabela 3 apresenta as características destes

postos.

Tabela 3. Descrição dos postos de estudo.

Cidade Posto Longitude (°) Latitude (°) Altitude (m)

Nova Roma do Sul 1 -51.3831 -29.0054 221

Bento Gonçalves 2 -51.5223 -29.0307 175

Cotiporã 3 -51.6746 -29.0640 102

Os modelos de circulação global (Tabela 4) que originaram os dados

meteorológicos utilizados neste trabalho foram selecionados de acordo com a

metodologia proposta por Cavalcante (2011). Esta metodologia leva em

consideração a capacidade do modelo em simular corretamente os padrões de

chuva observados na América do Sul adotando os seguintes critérios:

1. Aderência da simulação 1980-2000 com a climatologia de chuvas do Brasil;

2. Uso de soluções numéricas diferentes, como volumes finitos e grades ajustáveis;

3. Uso de alta resolução espacial nos submodelos oceânicos e atmosféricos.

Tabela 4. Modelos de Circulação Global utilizados.

Modelos AR4 Sigla País

1 CCSM3 NRCCCSM Estados Unidos

2 ECHAM5/MPI-OM MPEH5 Alemanha

3 GFDL-CM 2.1 GFCM21 Estados Unidos

4 MRI-CGCM 2.3.2 MRCGCM Japão

5 UKMO-HadCM3 HADCM3 Estados Unidos

Fonte: Adaptado de Flato et al., 2013.

42

1. NRCCCSM: O modelo CCSM (Community Climate System Model) é um modelo

climático global integrado por quatro modelos geofísicos que simulam

simultaneamente os sistemas superfície (Community Land Model - CLM), atmosfera

(Community Atmosphere Model - CAM), mar-gelo (Community Sea-Ice Model -

CSIM) e oceano (Parallel Ocean Program - POP) e estão interligados por um

acoplador central (VERTEINSTEIN et al., 2004) ;

2. MPEH5: Quinta versão deste modelo, se comparado com o seu predecessor

ECHAM4, é mais flexível e devido às modificações realizadas no seu código, ele

produz simulações climáticas significativamente diferentes das versões anteriores. O

modelo é composto por um núcleo dinâmico espectral, um esquema de transporte

advectivo de traços para os componentes da água (sólido, líquido e vapor) e

substâncias químicas, um sistema de parametrização física que envolve esquemas

de radiação de onda curta e longa, estratificação de nuvens, difusão horizontal e

vertical, processos na superfície da Terra, entre outros (ROECKNER et al., 2003,

2004);

3. GFCM21: Este modelo foi desenvolvido para simular mais realisticamente uma

faixa de fenômenos de flutuações de escala diurna e temporais (eventos extremos)

em escala sinóptica para o clima ao longo de séculos. Da mesma forma, este

modelo é composto por outros modelos (atmosfera, superfície, oceano e mar-gelo)

interligados por um acoplador central. O modelo CM2.1 incorpora várias mudanças

com relação à versão anterior CM2.0, que visam reduzir o viés das simulações,

como, por exemplo, na componente da superfície terrestre, a evaporação é

suprimida quando o solo está congelado a uma profundidade maior que 30 cm

(DELWORTH et al., 2006);

4. MRCGCM: Este modelo foi desenvolvido para ser capaz de examinar mudanças

climáticas transientes associadas às forçantes antropogênicas tais como a emissão

de gases do efeito estufa e aerossóis de sulfato. O modelo já apresentou bons

desempenhos para simulações dos fenômenos ENSO (El Niño e Southern

Oscillation), as monções asiáticas de verão, entre outros. É também um exemplo de

modelo global acoplado (YUKIMOTO et al., 2001);

43

5. HADCM3: Este é um dos modelos mais utilizados nas previsões e análises

emitidas pelo Terceiro e Quarto Relatório do IPCC. Foi o primeiro modelo a não

necessitar de ajustes artificiais de fluxos de calor e água para obtenção de boas

simulações. Foi desenvolvido para produzir simulações por períodos de mil anos. É

composto por duas componentes: modelo atmosférico (HadCM3) e o modelo

oceânico (que inclui o modelo mar-gelo). As simulações são feitas para anos de 360

dias, 30 dias cada mês (GORDON et al., 2000).

Além destes MCGs, foram utilizadas também as projeções realizadas pelo

modelo ETA. Este modelo é descendente do modelo HIBU (Hydrometeorological

Institute and Belgrade University) previamente desenvolvido por Mesinger e Janjic

(1974). Trata-se de um modelo de circulação regional (MCR) que acopla o modelo

circulação global HADCM3 como condição de contorno lateral para simulações em

mesoescala (BLACK, 1994; CHOU et al., 2014). O acoplamento do modelo global a

este regional resultou em simulações de quatro membros que serão considerados

neste trabalho - Ctrl, Low, Mid e High - representando a sensibilidade climática, ou

seja, as variações de baixa, média e alta alteração aos parâmetros utilizados por

este modelo até o final do século XXI.

As resoluções horizontais consideradas pelo modelo ETA foram de 40 km e

20 km, gerando mais 5 projeções de mesoescala (regional), a serem utilizadas:

6. ETA 40 - CTRL;

7. ETA 40 - LOW;

8. ETA 40 - MID;

9. ETA 40 - HIGH;

10. ETA 20 - CTRL.

Assim, para cada um dos 3 postos apresentados na Tabela 3, existem 10

conjuntos de dados meteorológicos, derivados destes diferentes modelos no cenário

A1B os quais servirão, de base para a análise de incertezas das variáveis

climatológicas.

44

3.2.1 Método de remoção de viés nas projeções climáticas

Os modelos climáticos não conseguem representar perfeitamente o clima do

presente e futuro, ou seja, seus resultados apresentam erros. Esses erros ou

viesses são sistemáticos e causados por uma imperfeita conceptualização dos

fenômenos e processos que governam o clima e pela influência da discretização

espacial dos modelos (TEUTSCHBEIN e SEIBERT, 2012). Neste sentido técnicas de

remoção de viés são empregadas para corrigir as variáveis climatológicas evitando à

propagação dos erros as demais etapas de análise.

Segundo Collischonn et al. (2014), a metodologia de remoção de viés

denominada Taxa de Câmbio (Delta Change – GELLENS e ROULIN, 1998) é

baseada no cálculo das anomalias entre os valores estimados pelos modelos

climáticos no período atual e no período futuro. O valor da anomalia é

posteriormente utilizado para perturbar a série observada da variável no período

atual, gerando a série corrigida a ser utilizada nos períodos futuros. Essa

metodologia foi aplicada no caso dos dados dos modelos globais.

O método seguiu o seguinte procedimento (COLLISCHONN et al., 2014):

1. Cálculo dos valores das normais climatológicas a partir da série temporal

estimada pelo modelo climático no período atual.

2. Cálculo dos valores das normais climatológicas a partir da série temporal

estimada pelo modelo climático nos períodos futuros.

3. Estimativa da taxa de câmbio: quociente entre os valores das normais

climáticas nos períodos futuros e os valores das normais climatológicas no período

atual para todas as variáveis, exceto para a temperatura, sendo realizada a

operação de subtração. Isso resultou em uma taxa de câmbio para cada mês do

ano.

4. Obtenção da série temporal das variáveis climatológicas nos períodos futuros:

multiplicação dos valores diários da série de dados (ETA 40 CTRL) no período atual

pelas taxas de câmbio estimadas em 3 e somente adição para a variável

temperatura. Isto é, todos os valores diários do mês de janeiro são multiplicados

45

pela taxa de câmbio de janeiro, todos os valores diários do mês de fevereiro são

multiplicados pela taxa de câmbio de fevereiro, etc. Esse procedimento é repetido

até todos os dados observados serem perturbados pelas taxas de câmbio de cada

mês.

5. Verificação dos valores diários da série temporal corrigida não superando

limites físicos, como por exemplo, umidade relativa do ar superior a 100%. Caso os

limites físicos fossem superados, o valor da variável naquele dia seria limitado ao

valor do limite físico.

Em função da limitação de séries longas de dados observados na bacia

analisada, neste trabalho as séries temporais perturbadas foram obtidas após a

remoção do viés no membro controle (CTRL) do modelo ETA-40.

O procedimento de remoção do viés foi aplicado, de forma independente, aos

valores das variáveis climatológicas estimados pelos diferentes modelos globais

para a precipitação e temperatura.

3.3 Processos Estatísticos

Cada posto apresenta dados diários de temperatura (T, °C) e precipitação (P,

mm) referentes ao período atual (1961-1990) e períodos futuros (2011-2040, 2041-

2070 e 2071-2100), para os modelos descritos anteriormente.

1. Inicialmente, foram elaboradas tabelas no programa Microsoft Excel modelo

2010, processando os dados diários de todo o período em médias anuais de T e P

anual acumulada. Em busca de uma melhor apresentação dos dados, foram

construídos gráficos com as tendências de cada modelo, indicando aumento ou

diminuição de T e P. Após determinou-se a média para o intervalo de 30 anos dos

períodos futuros representados pelos anos centrais de cada período (2025s, 2055s e

2085s) e período atual, a cada um dos modelos utilizados.

2. Em seguida, foram calculadas as anomalias de T e P para o mesmo intervalo

disposto anteriormente. Construindo-se gráficos com as anomalias projetadas de

cada modelo para ambos os postos. A anomalia considerada neste trabalho é

46

definida como a diferença entre as médias de T ou P do período futuro com relação

ao período atual.

3. Realizou-se também uma abordagem sazonal (mensal), para identificar os

meses com maior aumento ou diminuição de T e P e assim identificar os impactos

mais importantes em cada época do ano. Para facilitar a apresentação dos

resultados, as análises foram agrupadas em média dos modelos regionais (RM) e

globais (GM) e em seguida foi calculada a anomalia para cada período.

4. A etapa seguinte consistiu na investigação de eventos extremos de P. Não

foram calculados índices para T, pois apenas dados de temperatura média estavam

disponíveis, e seriam necessários dados de T mínima e máxima. Os índices

utilizados correspondem aos índices destacados em negrito na Tabela 2.

5. Os índices mencionados foram obtidos para cada modelo (MCG e MCR), em

cada localização e para cada ano no período de 2011 a 2100. Porém os resultados

serão apresentados para cada período futuro (2025s, 2055s e 2085s), tomando-se a

média de cada período de 30 anos de cada índice.

3.3.1 Teste de Mann-Kendall

De acordo com Goossens e Berger (1986), o teste estatístico não paramétrico

de Mann-Kendall (KENDALL, 1975; MANN, 1945) é o método mais adequado para

analisar mudanças climáticas em séries meteorológicas.

Este teste considera que, na hipótese de estabilidade de uma série, a

sucessão de valores ocorre de forma independente, e a distribuição de probabilidade

deve permanecer sempre a mesma (série aleatória simples) (BACK, 2001).

Back (2001) e Moraes et al. (1995) descrevem o método considerando uma

série temporal de Xi de N termos 1 i N . O teste consiste na soma tn do número

de termos mi da série, relativo ao valor Xi cujos termos precedentes j i são

inferiores ao mesmo Xj Xi , isto é:

tn mini 1 Equação 1

47

Para séries com grande número de termos, (N) sob a hipótese nula H0 de

ausência de tendência, tn apresentará uma distribuição normal com média (E (tn)) e

variância (Var (tn)):

E tn N N-1

4 Equação 2

Var tn N N-1 (2N 5)

72 Equação 3

Testando a significância estatística de tn para a hipótese nula usando em

teste bilateral, esta pode ser rejeitada para grandes valores da estatística u t dada

por:

u t tn E tn

Var tn Equação 4

O valor da probabilidade é calculado por meio de uma tabela da normal

reduzida tal que:

1 prob u u t Equação 5

A hipótese nula é rejeitada, ou não, a um nível de significância se 1 0

ou 1 0, respectivamente. Em geral, considera-se o nível de significância do teste

0 0,05. A hipótese nula é rejeitada quando existe uma tendência significativa na

série temporal. O sinal da estatística u t indica se a tendência é crescente u t 0

ou decrescente u t 0. Este teste foi realizado através do programa Matlab.

48

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise das projeções de temperatura e precipitação

Na Tabela 5 estão apresentadas as médias de temperatura e precipitação

anual acumulada previstas ao longo do século XXI, representadas pelos anos

centrais de cada período (2025s, 2055s e 2085s) para cada um dos modelos

climáticos utilizados. O período atual consiste em uma média de todas as projeções

do modelo ETA. Informações mais detalhadas sobre estas projeções estão

apresentadas nos gráficos do apêndice A.

Todas as projeções de temperatura apresentaram aumento, exceto a

projeção do modelo ETA 40 LOW para os postos 2 e 3, os quais demostraram uma

diminuição ao longo do século XXI. No entanto, observa-se no gráfico deste modelo

na Figura A2 e A3 do apêndice A, que o comportamento do mesmo não é normal,

com grandes variações interanuais. Este comportamento pode ser justificado devido

a algum erro nos dados ou no decorrer da correção de viés para esta projeção.

A projeção do ETA 40 HIGH em todo o período futuro para o posto 1

apresenta os maiores aumentos de temperatura, concordando com os postos 2 e 3

para os períodos de 2025s e 2055s. Já o modelo HADCM3 sugere os maiores

aumentos para 2085s nesses postos.

Estes resultados reafirmam a perspectiva de alteração dos padrões da

temperatura média da superfície da Terra, atingindo, no posto 1, uma anomalia de

4,3°C no final do século. Tais mudanças poderão resultar em efeitos diversos sobre

o ambiente e consequências diretas a sociedade, incluindo os recursos hídricos, a

agricultura e segurança alimentar, a saúde humana, os ecossistemas naturais e sua

biodiversidade (LEITE et al., 2012).

O aumento da temperatura também poderá favorecer o crescimento e

prolongamento no período de reprodução de bactérias, fungos, vírus e mosquitos,

causando aumento na incidência de doenças infecciosas (CONFALONIERI et al.,

2002).

49

Tabela 5. Projeções de aumento/diminuição de temperatura e precipitação anual acumulada ao longo do século XXI.

Variável Modelo Posto 1 Posto 2 Posto 3

Temperatura (°C)

Atual (*) 2025s 2055s 2085s Atual (*) 2025s 2055s 2085s Atual (*) 2025s 2055s 2085s

14.8

16.8

17.3

ETA 20

16.1 17.1 17.9

18.1 19.2 20.0

18.5 19.6 20.3

ETA 40 CTRL

16.1 17.1 18.1

18.1 19.1 18.1

18.5 19.5 18.1

ETA 40 HIGH

16.3 17.5 19.1

18.4 19.5 19.1

18.8 19.9 19.1

ETA 40 LOW

15.7 15.8 17.5

15.7 15.8 17.5

15.7 15.8 17.5

ETA 40 MID

16.3 17.4 18.7

18.3 19.4 18.7

18.7 19.8 18.7

GFCM21

15.7 17.0 17.5

17.9 19.3 19.9

18.3 19.6 20.2

HADCM3

15.9 16.8 18.0

18.0 19.0 20.3

18.4 19.4 20.6

MPEH5

15.6 16.2 17.3

17.7 18.4 19.6

18.1 18.8 20.0

MRCGCM

15.4 16.2 16.5

17.5 18.3 18.6

17.9 18.7 19.0

NRCCCSM

15.9 16.6 17.1

18.0 18.8 19.3

18.4 19.2 19.7

Precipitação anual

acumulada (mm/ano)

1681.9

1712.5

1684.3

ETA 20

2038.1 2257.8 2390.9

2056.5 2271.6 2403.8

1974.8 2139.7 2263.5

ETA 40 CTRL

2034.9 2216.5 2312.5

2070.1 2229.4 2371.1

2023.8 2190.0 2303.4

ETA 40 HIGH

1939.4 2160.2 2367.6

1934.0 2131.3 2324.7

1884.6 2075.3 2263.6

ETA 40 LOW

1931.9 2089.2 2382.8

1976.9 2162.9 2502.7

1909.5 2097.0 2392.5

ETA 40 MID

2029.9 2338.4 2267.1

2058.1 2341.7 2242.3

2001.9 2279.0 2192.4

GFCM21

1808.9 1578.8 1513.8

1811.6 1560.3 1508.5

1793.1 1546.1 1500.3

HADCM3

1676.0 1835.8 1822.2

1703.3 1883.0 1854.3

1685.8 1859.8 1834.5

MPEH5

1758.9 1962.9 2036.2

1771.9 1963.7 2051.2

1744.9 1916.9 2012.3

MRCGCM

1763.1 1999.0 2014.0

1788.4 2024.9 2079.8

1762.8 1998.9 2060.4

NRCCCSM

1783.2 1812.8 1833.0

1833.0 1874.6 1909.5

1794.4 1850.4 1878.7 (*) média entre todas as projeções do modelo regional ETA.

50

Pellegrino et al. (2007) simularam cenários de aumento de temperatura de

1°C, 3°C e 5,8°C associados ao acréscimo de até 15% na precipitação. Os autores

observaram um aumento na área inapta para o plantio de soja no Estado do Rio

Grande do Sul à medida que a temperatura se eleva. Enquanto Jalota et al. (2013),

ao analisar o aumento das temperaturas máximas e mínimas na Índia, observou

uma queda na produtividade de trigo e arroz, o que é reflexo da diminuição de até 24

dias no período de cultivo. Desta forma, a agricultura sofrerá grandes mudanças

devido a essas projeções, ou seja, o desenvolvimento de plantas mais resistentes ao

aumento de temperatura serão necessárias.

As projeções de precipitação ao longo do século mostram um aumento mais

elevado nos MCRs em comparação com os MCGs (Tabela 5). O modelo GFCM21

nos postos 1, 2, e 3 no período de 2055s e 2085s é o único que indica uma

diminuição na precipitação anual acumulada, enquanto o modelo HADCM3

apresenta este comportamento para os postos 1 e 2 no período de 2025s.

Nos MCRs, entre as projeções com maior acréscimo de precipitação anual

acumulada quando comparadas com o período atual, destacam-se: no período de

2025s, do modelo ETA 20 no posto 1 e o ETA 40 CTRL nos postos 2 e 3; em 2055s

o modelo ETA 40 MID nos postos 1, 2 e 3; em 2085s as projeções do ETA 20 no

posto 1 e ETA 40 LOW nos postos 2 e 3.

A maior anomalia é esperada para o posto 2 na projeção do ETA 40 LOW no

final do século com 790 mm, correspondendo a quase a metade do que foi

registrado no passado em um ano. Este aumento de precipitação poderá ser

responsável por elevações nas vazões médias dos rios da Bacia do rio Taquari-

Antas, no sentido montante-jusante, o que agravará a situação das cidades que

estão localizadas mais a jusante devido ao grande volume de escoamento, gerando

inundações.

Geralmente as regiões que sofrem com esse problema apresentam alto índice

de construções irregulares revelando a vulnerabilidade das populações que ali

residem. O sistema sanitário adotado muitas vezes não é o adequado, como fossas

sépticas rudimentares ou valas a céu aberto. Quando somadas à susceptibilidade de

alagamentos/enchentes e as deficiências do serviço público de esgotamento

51

sanitário, aumentam o índice de desigualdade social, assim como o surgimento de

doenças infecciosas (ASMUS et al., 2013).

Alguns pesquisadores acreditam que essas mudanças aparentemente são

equilibradas, pois à medida que a temperatura se eleva, tanto a taxa de evaporação

quanto a capacidade de retenção de água da atmosfera também aumentam. Com

maior vapor d’água na atmosfera, as chuvas convectivas tornam-se mais intensas,

muitas vezes como enchentes (BANCO MUNDIAL, 2010). Blanc (2012) justifica que

essa compensação da precipitação com o acréscimo de temperatura, até certo

ponto é benéfico para aumento de rendimentos nas culturas do milho e sorgo. Desta

forma, é possível que esta compensação tenha impactos positivos sobre a

agricultura da região.

As projeções de temperatura e precipitação no período futuro de 2011 a 2100,

bem como do período atual de 1960 a 1990 podem ser observadas na Figura 11.

Cada curva nestes gráficos representa a média dos três postos para cada modelo.

Para comparação dos MCGs com o período atual (1960-1990) foram consideradas

as projeções do ETA 40 CTRL, uma vez que este modelo foi utilizado para a

geração dos dados diários dos modelos globais.

O comportamento dos gráficos é cíclico devido à metodologia do cálculo de

correção de viés para cada período futuro de 30 anos. É possível observar que a

temperatura e a precipitação acumulada ao longo do período sofrerão tanto com a

mudança de variabilidade quanto de tendência.

Os excessos podem ser benéficos para as atividades dependentes de

precipitação como agricultura, silvicultura, produção hidrelétrica e ecossistemas

alagadiços, porém uma persistência de condições anormalmente úmidas também

pode causar efeitos graves, como inundações e atrasos nas colheitas (MARENGO

et al., 2009).

52

Figura 11 (continua). Projeções de temperatura e precipitação anual acumulada para os MCGs e

MCRs ao longo do período estudado.

0

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25

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1300

1800

2300

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3300

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4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

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a (

mm

)

Ano

P - ETA 20

T - ETA 20

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3800

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1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - ETA 40 CTRL

T - ETA 40 CTRL

0

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10

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1300

1800

2300

2800

3300

3800

4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - ETA 40 HIGH

T - ETA 40 HIGH

0

5

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1300

1800

2300

2800

3300

3800

4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - ETA 40 LOW

T - ETA 40 LOW

0

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20

25

800

1300

1800

2300

2800

3300

3800

4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - ETA 40 MID

T - ETA 40 MID

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3800

4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100T

em

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - GFCM21

T - GFCM21

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3300

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4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - HADCM3

T - HADCM3

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1800

2300

2800

3300

3800

4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - MPEH5

T -MPEH5

53

Figura 11 (continuação). Projeções de temperatura e precipitação anual acumulada para os MCGs e

MCRs ao longo do período estudado.

Na Figura 11 também podem ser extraídas algumas projeções sobre a Bacia

do rio Taquari-Antas. Analisando as características da mesma em paralelo, a parte

leste e norte concentram a porção mais agricultável, onde os impactos

possivelmente serão mais positivos, não havendo escassez de água para as

culturas, instigando ainda mais o desenvolvimento desta região. Contudo o uso

incorreto, pelo homem também pode causar impactos negativos nesta região da

bacia devido à intensa modificação do solo e irregularidades do relevo criando

condições favoráveis para que o processo erosivo se intensifique.

Segundo Marengo (2009) o desmatamento é outro fator agravante, pois

favorece o aumento do escoamento superficial. O tipo de solo, assim como as

condições de uso após o desmatamento podem interferir na quantidade de

sedimentos carreados, pelo excesso de precipitação podendo desenvolver um

problema de erosão.

As condições mais desfavoráveis estão presentes em solos desprovidos de

cobertura vegetal, compactados e recentemente movimentados através de cultivos

intensos, originando efeitos como o aumento na desagregação das partículas dos

solos, diminuição da capacidade de infiltração de água e consequentemente

aumento do escoamento superficial.

Este aumento de escoamento pode ocorrer mesmo com a conservação do

solo, através de práticas agrícolas, introduzindo outros efeitos de variabilidade ao

longo do ano como o aumento da erosão e a poluição difusa (TUCCI, 2002).

0

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1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

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)

Pre

cip

itação

Acu

mu

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a (

mm

)

Ano

P - MRCGCM

T -MRCGCM

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1800

2300

2800

3300

3800

4300

1960 1980 2000 2020 2040 2060 2080 2100

Tem

pera

tura

(ºC

)

Pre

cip

itação

Acu

mu

lad

a (

mm

)

Ano

P - NRCCCSM

T - NRCCCSM

54

A lixiviação de agroquímicos utilizados na agricultura também contribui para a

degradação dos solos, perda de produtividade e sustentabilidade necessitando-se

do uso cada vez mais indiscriminado de tais produtos para manter os níveis de

produção das culturas. Porém pode haver uma compensação em razão da carga de

efluentes domésticos e industrial a qual ficaria mais diluída.

A qualidade da água depende da vazão nos rios. Quanto maior a vazão

(devido a maiores precipitações projetadas), maior será a capacidade de diluição

dos corpos de água. No entanto, deve-se considerar outro efeito que é o aumento da

demanda bentônica (carga no fundo dos rios) quando a vazão aumenta a erosão do

fundo incorpora esta carga no volume transportado pelo rio, reduzindo a sua

qualidade (TUCCI, 2002).

A região centro-sul destaca-se por ser mais plana que o restante da bacia,

onde encontram-se as cidades com maior grau de desenvolvimento industrial e

adensamento populacional, caracterizando a parte mais impermeável da bacia. Isto

potencializa os possíveis impactos negativos pelo aumento da precipitação, a qual

ocasionaria escoamento superficial devido a maior impermeabilização do solo,

deposição de sedimentos originários das partes mais altas, assoreando o fundo do

rio e intensificando o risco de inundações.

4.2 Anomalias de temperatura e precipitação

A anomalia é definida como a diferença entre as médias de temperatura (°C) e

precipitação acumulada (mm/ano) do período futuro com relação ao período atual.

Na Figura 12 são observadas essas anomalias projetadas por MCRs e MCGs para

cada posto nos períodos futuros.

55

Figura 12. Anomalias de temperatura e precipitação anual acumulada projetada por MCRs e MCGs para cada posto nos períodos futuros.

No posto 1 todos os modelos concordam que as maiores anomalias de

temperatura serão no final do século (2085s). O mesmo é observado para os MCGs

dos postos 2 e 3. Já no posto 2 apenas as projeções do ETA 20 mantém essa

perspectiva. No entanto, o ETA 40 LOW também indica aumento no final do século,

porém no período 2025s e 2055s prevê uma diminuição mais expressiva que o

aumento, refletindo aproximadamente uma anomalia de -1,1 °C na temperatura

média da superfície. O posto 3 se assemelha com o posto 2, destacando-se apenas

-2.5

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3.5

4.5

An

om

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peratu

ra ( C

)

Modelo(a)

Posto 12025s

2055s

2085s

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An

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ali

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e P

recip

itação

(m

m)

Modelo(d)

Posto 1

2025s

2055s

2085s

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An

om

ali

a d

e T

em

peratu

ra ( C

)

Modelo(b)

Posto 22025s

2055s

2085s

-300.0

-200.0

-100.0

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100.0

200.0

300.0

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500.0

600.0

700.0

800.0

An

om

ali

a d

e P

recip

itação

(m

m)

Modelo(e)

Posto 2

2025s

2055s

2085s

-2.5

-1.5

-0.5

0.5

1.5

2.5

3.5

4.5

An

om

ali

a d

e T

em

peratu

ra ( C

)

Modelo(c)

Posto 32025s

2055s

2085s

-300.0

-200.0

-100.0

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200.0

300.0

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600.0

700.0

800.0

An

om

ali

a d

e P

recip

itação

(m

m)

Modelo(f)

Posto 3

2025s

2055s

2085s

56

que a anomalia da temperatura alcançará -1,6 °C em 2025s e -1,5 °C em 2055s para

este modelo.

Os MCRs apresentam uma anomalia na precipitação superior aos MCGs,

principalmente no final do século, exceto as projeções do ETA 40 MID que prevê a

maior anomalia para 2055s. Comportamento semelhante é observado para o modelo

HADCM3, que a curto prazo não indica alteração de precipitação com relação ao

período atual. Ainda o modelo GFCM21 revela uma anomalia positiva de 127 mm no

período 2025s e posteriormente apresenta uma anomalia negativa que chegará a -

103 mm em 2055s e a -168 mm em 2085s. Comportamentos semelhantes são

demonstrados pelos postos 2 e 3 para este modelo.

Esses resultados relevam o grande potencial da região sul sobre a geração

de energia elétrica por fontes hídricas, pois as perspectivas para o futuro no geral

são bem otimistas. Bravo et al. (2014) em estudo sobre todas as usinas

hidroelétricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) destaca, através da utilização

de um modelo hidrológico, que são previstas reduções de vazões em quase todas

as usinas localizadas ao norte do paralelo 20°S, enquanto aumentos de mais de

15% são esperados nas vazões dos rios das usinas localizadas ao sul do mesmo

paralelo. Essa zona de transição coincide aproximadamente com as divisas dos

Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Estados que já começam a sentir

esses reflexos da escassez de água, prejudicando principalmente a qualidade da

água para abastecimento e também as reduções nas barragens das usinas

hidrelétricas. Gerando uma pressão sobre o sistema de energia elétrica dos Estados

do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que devido à escassez dos outros

estados acabam bombardeados por novos empreendimentos.

Apesar de o sistema hidrelétrico apresentar uma grande interligação

energética, o que reduz o risco de falha do sistema como um todo, grande parte do

conjunto de usinas hidrelétricas está localizado na região Sudeste, o que concentra

o risco de falha do ponto de vista espacial, porque as diversas usinas estão sujeitas

a variabilidades climáticas simultâneas.

A topografia da região da Bacia do rio Taquari-Antas caracteriza-se pela

presença de vales encaixados, o que favorece a instalação de pequenas centrais

57

hidrelétricas (PCHs). A Aneel (2015), em seu último relatório publicado em maio,

destaca a aprovação de várias PCHs na região da Bacia, principalmente nos

afluentes do rio Taquari-Antas como os rios: Forqueta, Guaporé, Carneiro e Prata

atingindo mais de 40 unidades além dos existentes. Esta consequência é

principalmente em relação à projeção de maior quantidade de água disponível para

esta região como observado neste trabalho e por Bravo et al. (2014).

Os impactos gerados a partir de PCHs são menores quando comparados com

grandes usinas, mas mesmo assim devem ser avaliadas as principais

transformações neste ambiente, pois alterações no microclima poderão ser sentidas,

devido ao elevado número de empreendimentos. Becker et al. (2013) preocupados

com esses possíveis impactos, realizaram um inventário das espécies de peixes

dessa bacia e revelam o alto grau de endemismo e a presença de Salminus

brasiliensis uma espécie na lista de ameaçados de extinção. Desta forma, esses

levantamentos mostram que a vida aquática e também os outros seres podem sofrer

com a ameaça da ampliação do sistema de PCHs nesta bacia, ocasionando grandes

mudanças/perdas caso não forem observadas e consideradas.

4.3 Análise sazonal

As projeções mensais de temperatura fornecidas pelos MCGs e MCRs aos

diferentes postos foram agrupadas em médias globais (GM) e regionais (RM). Na

Tabela 6 estão apresentados os resultados desta variável para os três períodos

futuros (2025s, 2055s e 2085s) e à média do período atual (1960-1990) para

comparação. No caso da precipitação acumulada mensal, os resultados foram

trabalhados da mesma forma que a variável temperatura, mas demonstrados por

meio de gráficos (Figura 13, a-c), uma vez que a magnitude das diferenças tornam-

se mais perceptíveis.

58

Tabela 6 (continua). Médias mensais das projeções de temperaturas para os MCGs

e MCRs.

Mês Período Posto 1 Posto 2 Posto 3

GM RM GM RM GM RM

Jan Atual 18.5 21.1 21.6

2025s 19.5 20.0 22.2 22.0 22.7 22.4

2055s 20.4 20.7 23.0 22.8 23.5 23.1

2085s 20.9 21.7 23.7 22.2 24.1 22.3

Fev Atual 18.9 21.2 21.7

2025s 20.5 21.3 22.9 22.6 23.4 22.9

2055s 19.8 20.5 22.1 22.3 22.6 22.7

2085s 20.5 21.2 22.8 23.0 23.3 23.4

Mar Atual 17.6 19.7 20.1

2025s 18.6 19.1 20.8 20.8 21.2 21.1

2055s 19.5 19.9 21.7 21.5 22.1 21.8

2085s 20.4 20.3 22.6 20.7 23.0 20.8

Abr Atual 14.7 16.8 17.2

2025s 15.9 16.0 18.1 17.7 18.4 17.9

2055s 16.7 16.7 18.9 18.4 19.3 18.6

2085s 17.6 17.3 19.9 17.7 20.2 17.7

Mai Atual 12.5 14.3 14.8

2025s 13.7 13.7 15.6 15.2 16.1 15.5

2055s 14.5 14.7 16.4 16.2 16.8 16.5

2085s 15.3 15.1 17.2 15.4 17.7 15.5

Jun Atual 10.9 12.3 12.9

2025s 11.9 12.1 13.4 13.2 13.9 13.6

2055s 12.7 13.1 14.3 14.2 14.8 14.6

2085s 13.5 13.4 15.1 13.6 15.6 13.7

Jul Atual 11.2 12.4 13.0

2025s 12.2 12.6 13.5 13.5 14.0 14.0

2055s 13.0 13.7 14.3 14.6 14.9 15.0

2085s 13.8 13.8 15.2 14.1 15.7 14.2

Ago Atual 11.5 13.1 13.4

59

Tabela 6 (continuação). Médias mensais das projeções de temperaturas para os

MCGs e MCRs.

Mês Período Posto 1 Posto 2 Posto 3

GM RM GM RM GM RM

2025s 12.5 12.8 14.2 14.1 14.5 14.3

2055s 13.6 13.9 15.4 15.1 15.6 15.3

2085s 14.3 14.7 16.2 15.0 16.4 15.0

Set Atual 13.1 14.8 15.2

2025s 14.0 14.5 15.8 15.8 16.1 16.1

2055s 15.0 15.5 16.9 16.9 17.2 17.2

2085s 15.8 16.1 17.7 16.5 18.0 16.5

Out Atual 14.1 16.6 16.9

2025s 15.2 15.7 17.8 17.7 18.0 17.9

2055s 15.9 16.6 18.6 18.7 18.8 18.8

2085s 16.7 18.1 19.4 18.5 19.6 18.6

Nov Atual 15.5 18.5 18.7

2025s 16.4 17.1 19.5 19.5 20.6 19.6

2055s 17.4 17.7 20.5 20.1 21.7 20.2

2085s 18.0 19.2 21.2 19.8 22.5 19.8

Dez Atual 17.6 19.9 20.5

2025s 18.5 19.0 21.0 20.9 21.6 21.4

2055s 19.5 19.9 22.0 21.7 22.5 22.2

2085s 20.0 20.0 22.5 20.4 23.0 20.6

GM: média das projeções dos MCGs, RM: média das projeções dos MCRs.

Os dados mensais contidos na Tabela 6 demonstram que as maiores

temperaturas para o posto 1 são fornecidas pelos MCRs (todos os meses, exceto

em 2085s para março, abril, maio e junho), enquanto que para os postos 2 e 3 são

os MCGs. Em alguns casos, ambos concordam com a mesma projeção, como é o

caso do mês de setembro para o período de 2025s. No período atual, o posto 1

apresenta as menores médias de temperatura seguidas pelos postos 2 e 3,

comportamento que permanecerá ao longo do século para todos os meses.

60

Os meses de janeiro e fevereiro se destacam por apresentarem as maiores

temperaturas, mas fevereiro é o único mês que apresenta maior aumento no período

de 2025s em todos os postos, enquanto que o mês de junho permanecerá com as

menores médias. Hamada et al. (2011) concordam com esses resultados, mas citam

o mês de julho com as menores médias de temperatura para a região sul do Brasil.

A estação do inverno em relação à estação do verão sofrerá mais com os

aumentos de temperatura, o que pode implicar em menor ocorrência de dias frios e

geadas no ano, comportamento também encontrado por Donat et al. (2013),

Hamada et al. (2008), Melo et al. (2014) e Marengo et al. (2009). Temperaturas

maiores no inverno, talvez sejam responsáveis pela antecipação das culturas deste

período, principalmente os cereais que compõem as pastagens na criação de gado.

(a)

(b)

Figura 13 (continua). Médias mensais das projeções de precipitação para os MCGs e MCRs a) posto 1, b) posto 2, c) posto 3.

60.0

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120.0

150.0

180.0

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pre

cip

itaç

ão M

édia

(m

m)

Mês

RM

Atual 2025s

2055s 2085s

60.0

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pre

cip

itaç

ão M

édia

(m

m)

Mês

GM

Atual 2025s

2055s 2085s

60.0

90.0

120.0

150.0

180.0

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pre

cip

itaç

ão M

édia

(m

m)

Mês

RM

Atual 2025s

2055s 2085s

60.0

90.0

120.0

150.0

180.0

210.0

240.0

270.0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pre

cip

itaç

ão M

édia

(m

m)

Mês

GM

Atual 2025s

2055s 2085s

61

(c)

Figura 13 (continuação). Médias mensais das projeções de precipitação para os MCGs e MCRs a) posto 1, b) posto 2, c) posto 3.

Na Figura 13 a precipitação acumulada nos MCGs apresenta menor

variabilidade mensal entre os períodos futuros e pouca diferença em relação ao

período atual quando comparado com os MCRs. Em alguns casos fornecem

projeções contrárias ao MCRs como observado no mês de maio. Observa-se que

para os meses de outubro, novembro e dezembro os MCGs indicam que haverá

pouca alteração ao comparar com o período atual, o que não implicaria em

mudanças no período de plantio das principais culturas de verão como a soja e

milho na região (Tabela 7).

Tabela 7. Principais culturas da Bacia do Rio Taquari-Antas (LIMA et al., 2014).

Culturas Plantio Colheita

Verão

Arroz Novembro Março

Cucurbatáceas Novembro Fevereiro

Feijão Novembro Fevereiro

Girassol Dezembro Março

Mamona Novembro Abril

Mandioca Outubro Maio

Milho Novembro Março

Pequenas Leguminosas Dezembro Abril

Soja Novembro Março

Inverno

Bulbos Junho Outubro

Batatas Agosto Dezembro

Cereais Junho Outubro

Tomate Abril Agosto

60.0

90.0

120.0

150.0

180.0

210.0

240.0

270.0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pre

cip

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ão M

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Mês

RM

Atual 2025s

2055s 2085s

60.0

90.0

120.0

150.0

180.0

210.0

240.0

270.0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Pre

cip

itaç

ão M

édia

(m

m)

Mês

GM

Atual 2025s

2055s 2085s

62

Os MCRs demonstram um aumento expressivo de precipitação para os

meses de abril a junho e setembro a novembro, o que causaria consequências para

a agricultura como a antecipação ou atraso de plantio/colheita de algumas culturas

da região, porém essa situação poderia beneficiar as plantações de arroz.

Os registros de inundações mais significativos são nos meses de maio a

outubro como citado por Bombassaro e Robaina (2010) no período de 1980 a 2007

tornam-se ainda mais relevantes quando observado as projeções de aumento no

futuro para esses meses. Episódios como os anos de 1983, 1990, 1997, 2001, 2007

Bombassaro e Robaina (2010), 2008 e 2012 Greiner (2014) afetaram inúmeras

cidades da bacia, mas em destaque as localizadas mais ao sul como Estrela,

Lajeado, Taquari e Encantado por estarem na parte mais baixa e plana.

A maior anomalia positiva de precipitação acumulada é esperada para o mês

de maio, afetando principalmente a cultura da mandioca (Tabela 7), que pode sofrer

com o excesso de chuva ocasionando o apodrecimento de suas raízes, enquanto

agosto é o mês que apresenta as menores anomalias e até uma diminuição o que

provavelmente represente um benefício para as culturas de inverno (Tabela 7) uma

vez que sofrem com o excesso de precipitação.

Os MCRs, em comparação com os MCGs, projetam maiores anomalias

positivas, porém esta situação não significa ser favorável. A precipitação em

excesso pode estar associada a eventos extremos, como chuva intensa de curta

duração.

Na análise mensal das projeções de temperatura e precipitação foi calculada

a média dessas variáveis, referentes a todos os modelos e postos de estudo, para

calcular a anomalia em comparação com o período atual (1960-1990) (Figura 14).

As anomalias referem-se à diferença entre cada período futuro de 30 anos e o

período atual, também representado por uma série de 30 anos de dados.

63

Figura 14. Períodos mensais de anomalias de (a) temperatura e (b) precipitação. As curvas

correspondem a variável média de todas as projeções dos postos.

As maiores anomalias de temperatura são projetadas para 2085s no fim do

inverno e durante a primavera nos meses de agosto a novembro. Ao contrário, o

mês de fevereiro apresenta uma anomalia positiva de 1,7°C em 2025s, porém

anomalias negativas do meio para o fim do século.

Nos demais meses a variabilidade é semelhante para todos os períodos

futuros. A média da anomalia anual para 2025s, 2055s, e 2085s é de 1,1°C, 2,0 °C e

2,2 °C respectivamente. Melo et al. (2015) para mesmo período na região noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul encontraram 1,2°C, 2,1°C e 2,9°C, reafirmando a

necessidade de cada vez mais realizar estudos detalhados, pois dentro de um

mesmo Estado é possível notar diferenças significativas de mudanças climáticas

principalmente para o fim do século.

Os meses com maior anomalia positiva de temperatura são fevereiro (2025s),

agosto (2055s) e agosto e outubro (2085s). Melo et al. (2015) destacaram os meses

de maio e outubro (2025s), e agosto e setembro (2055s e 2085s) com as maiores

anomalias na região Noroeste do RS, o que representa grande diferença a curto

prazo, o que pode representar impactos espacialmente distribuídos na economia do

Estado.

De uma maneira geral as anomalias de precipitação são positivas para todas

as estações nos postos de estudo, ou seja, a precipitação mensal acumulada irá

aumentar. Comportamento semelhante também foi observado por Hamada et al.

(2011) e por Marengo et al. (2010) para a região sul do Brasil. As menores

anomalias médias previstas para precipitação acumulada, são esperadas durante os

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Ano

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e T

em

pera

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)

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2025s 2055s 2085s

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Ano

malia d

e P

recip

itação

(mm

)

Mês

2025s 2055s 2085s

(b)

64

meses de verão seguido pelo inverno. O mês de agosto revela as menores

anomalias em 2025s e 2055s, e fevereiro em 2085s, enquanto que as maiores

anomalias são esperadas para o mês de maio durante todo o futuro.

As mudanças podem atingir diferentes ambientes, mas em especial acarreta

transformações no que se refere ao uso e cobertura do solo. Havendo a

necessidade de adaptar o manejo convencional para um plantio direto com o

objetivo de proteger o solo e evitar perdas em decorrência da chuva. Também em

relação à topografia analisar as áreas que atualmente são utilizadas para atividades

agrícolas como topos de morros e encostas de rios e fazer uso de coberturas mais

apropriadas nestes locais com a finalidade de minimizar as perdas.

Neste contexto se insere a análise através de índices extremos de

precipitação, a qual tem o objetivo de quantificar a intensidade desses fenômenos e

averiguar a frequência dos mesmos, o que torna-se interessante principalmente

quando a região já possui históricos de perdas por tais eventos.

4.4 Índices de precipitação extrema

Os custos econômicos e sociais com o aumento do número de eventos

extremos também podem ser mais altos, e os impactos serão substanciais nas áreas

e setores mais diretamente afetados, como agricultura, geração de hidroeletricidade,

centros urbanos e biodiversidade (MARENGO et al., 2009). Com a finalidade de

analisar/alertar a região sobre a ocorrência desses eventos no futuro, foram

calculados os índices de precipitação extrema, pois os resultados anteriores já

mostravam um aumento de precipitação anual.

Para melhor observação dos resultados, apenas os valores médios de cada

período dos índices utilizados de precipitação projetados pelos MCGs e MCRs estão

dispostos na Tabela 8. Os dados completos podem ser consultados no Apêndice B.

Uma das mais importantes questões relacionadas a eventos extremos a curto

prazo é se sua ocorrência está aumentando ou diminuindo com o tempo, isto é, se

há uma tendência de cenários propícios à ocorrência desses eventos. Com esse

objetivo foi realizado o teste de Mann-Kendall para detecção de tendência para cada

série anual dos índices analisados em cada posto e para todos os modelos.

65

O primeiro índice considerado, R95p, refere-se ao total da precipitação anual

nos dias úmidos em que a mesma é maior que o percentil 95. Assim, se houver um

aumento na tendência deste índice, pode significar que o aumento da precipitação

anual acumulada esteja concentrado em 5% do total precipitado em dias úmidos.

O índice apresentou os maiores valores nos MCRs do que para os MCGs, e

torna-se maior quanto mais se distancia do período atual (Tabela 8). O teste de

hipótese revelou tendências crescentes nos modelos ETA 40 LOW, ETA 40 MID e

HADCM3, e tendência decrescente para o GFCM21 para os três postos, os demais

modelos não apresentaram tendências para este índice.

A análise do índice R99p segue o mesmo raciocínio do anterior, mas

considera o acumulado de precipitação em dias de chuvas mais intensas, ou seja,

acima do percentil 99% do total acumulado de precipitado sobre os dias úmidos. O

posto 1 apresentou tendência em 6 modelos, mas apenas uma decrescente, para o

modelo GFCM21.

Os índices R95p e R99p também representam quanto da precipitação total

anual corresponde aos eventos mais intensos ou extremos. No caso do modelo ETA

20 no posto 1, a precipitação total anual projetada no ano de 2060 (não mostrado) é

de 2.149 mm, sendo que, deste total, espera-se que 857 mm (aproximadamente

40%) precipitará em dias com precipitação acima do percentil 95 e 306 mm

(aproximadamente 14%) ocorrerá em dias com a precipitação acima do percentil 99,

o que também pode ser observado através das médias da Tabela 8. Mais de 50% da

precipitação total anual terá características de ser extrema, implicando

consequências em toda a bacia, por exemplo, a maioria dos sistemas de drenagem

não estarão preparados para eventos deste porte.

66

Tabela 8. Médias anuais dos índices de precipitação extrema.

Modelo Índice (unidade) Posto 1 Posto 2 Posto 3

Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s

Regional

R95 p (mm) 729 812 880 911 732 826 895 930 748 822 889 918

R99 p (mm) 248 263 284 295 250 274 292 304 257 273 290 298

PRCPTOT (mm) 1673 1987 2205 2337 1700 2010 2220 2362 1673 1952 2150 2277

R30 (dias) 14 19 23 24 14 19 22 24 15 18 22 24

RX1 (mm) 80 81 88 91 81 85 90 94 84 86 90 92

RX5 (mm) 149 167 180 191 148 168 183 192 151 166 176 187

CDD (dias) 18 16 18 17 17 16 18 18 18 17 18 18

CWD (dias) 8 8 9 9 8 9 9 9 8 8 8 8

SDII (mm/dia) 10 13 14 14 11 13 14 15 12 14 15 15

Global

R95 p (mm) 723 762 799 807 724 763 800 813 739 779 817 834

R99 p (mm) 244 260 272 276 246 262 275 279 254 272 284 289

PRCPTOT (mm) 1673 1749 1829 1835 1701 1771 1850 1870 1674 1746 1825 1848

R30 (dias) 14 15 17 17 14 15 16 17 15 16 17 18

RX1 (mm) 78 84 87 89 79 85 89 90 82 89 93 95

RX5 (mm) 151 161 169 170 156 165 173 176 153 162 170 175

CDD (dias) 17 17 17 17 17 17 17 17 18 18 17 17

CWD (dias) 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 8 8

SDII (mm/dia) 10 11 11 11 11 11 12 12 12 12 13 13

67

Para os modelos que registram tendências positivas dos índices R95p ou

R99p, estas podem ser associadas tanto à ocorrência de chuvas fortes (grande

intensidade), como a ocorrências mais frequentes destes eventos de chuva extrema.

O índice PRCPTOT corresponde à precipitação total anual de dias chuvosos

(RR> 1 mm). Os maiores valores para este índice foram fornecidos pelos MCRs, os

quais preveem para o fim do século (2085s) no posto 1, uma anomalia de 664 mm

em relação ao período atual (Tabela 8). Já os MCGs projetam 162 mm para o

mesmo lugar. O teste de Mann-Kendall em relação a este índice detecta uma

tendência positiva para os modelos ETA 20, ETA 40 LOW, ETA 40 MID e HADCM3

para o posto 1, ETA 40 CTRL, ETA 40 LOW, ETA 40 MID e HADCM3 posto 2 e ETA

40 LOW, ETA 40 MID e HADCM3 no posto 3.

O índice R30 caracteriza-se pelo número de dias em que a precipitação diária

é maior ou igual a 30 mm. Este índice colabora na detecção de eventos extremos,

pois pode ser relacionado com os índices anteriores. Ao associar os índices R95p e

R30 das projeções do ETA 20 no posto 3 nos anos de 2019 e 2051 (não mostrado),

é possível notar quantos dias são necessários para produzir certa quantidade de

precipitação. Em 2019, por exemplo, onze dias (R30) serão responsáveis por 504

mm (R95p) e no ano de 2051, vinte dias (R30) corresponderão a uma precipitação

de 904 mm (R95p). Estes dois anos foram tomados como exemplo, pois os percentis

95% correspondem à 30 mm e, portanto, pode-se fazer uma associação direta com

o índice R30. Desta forma, o número de dias com precipitação acima de 30 mm irá

aumentar para todos os postos, o que concorda com a elevação observada na

precipitação total anual.

Para os MCRs, o índice R30 apresenta maior anomalia em comparação com

os MCGs, revelando até dez dias de precipitação superior a 30 mm a mais do que

no passado, o que corresponde a pelo menos 300 mm a mais no ano. Somente os

modelos ETA 40 LOW e ETA 40 MID apresentaram tendências positivas em todos

os postos, segundo o teste de Mann-Kendall.

A precipitação máxima em um dia (RX1), comparada com a precipitação

máxima de cinco dias consecutivos no ano (RX5) é proporcionalmente muito mais

extrema, porém apresentou tendência somente no modelo HADCM3 para os postos

68

1 e 2. Também no índice RX1 pode-se observar que haverá uma anomalia no geral

de 10 mm em todos os postos até o final do século.

O índice CDD representa o número máximo de dias consecutivos secos no

ano em que a precipitação diária é menor que 1 mm, e o CWD se refere ao número

máximo de dias consecutivos úmidos no ano com precipitação diária maior que 1

mm. Estes índices não apresentam alterações/tendências significativas. Autores

como Marengo et al. (2009) e Santos et al. (2009) justificam o aumento da

precipitação total anual e a ocorrência de eventos extremos pela diminuição de CDD

e acréscimo/redução de CWD. O que não é observado neste trabalho, de modo que

o aumento da precipitação manifesta-se por meio dos índices R95p, R99p e R30.

Este último fato também foi observado por Dereczynski et al. (2013), os quais

justificaram o aumento dos eventos extremos de precipitação para o Rio de Janeiro

por meio destes mesmos índices.

A precipitação total anual dividida pelo número de dias úmidos (SDII) mostrou

um aumento apenas nos modelos regionais, sugerindo que os dias em que ocorrer

precipitação os mesmos serão de caráter mais intenso. Tendências positivas foram

observadas nos modelos ETA 40 MID e ETA 40 LOW. Os MCGs apresentam um

aumento de 1 mm/dia, nos dias que ocorrer precipitação.

A ocorrência de eventos extremos de precipitação colabora para os

deslizamentos de terra em regiões com características de serra, favorecendo-se

ainda pela presença de camada rochosa logo abaixo do solo, mesmo em situações

que apresentam cobertura vegetal, visto que, o solo encharcado não consegue

manter-se estruturado, principalmente em relevos acentuados. Eventos como dos

Estados de Santa Catarina em 2008 e do Rio de Janeiro em 2011, causaram

grandes mudanças no relevo e impactos negativos no meio ambiente, alertando

regiões de topográfica semelhante para eventuais situações de desastres.

Impactos também são gerados devido aos bloqueios de estradas, que

causam a interrupção do fornecimento de água, alimentos e eletricidade a centenas

de pessoas. Quanto maiores as anomalias entre os períodos, piores serão as

consequências para a sociedade e o meio ambiente em zonas consideradas

vulneráveis.

69

5. CONCLUSÃO

O estudo proposto teve como objetivo identificar as possíveis mudanças

climáticas na região da Bacia do Rio Taquari-Antas localizada na mesorregião

nordeste no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Esta região destaca-se por

apresentar um setor industrial forte e em crescimento, sendo, também importante

produtora de soja e milho, o que representa economicamente 20% do PIB do

Estado. Foram consideradas dez projeções de precipitação e temperatura geradas

por modelos de circulação global (MCGs) e regional (MCRs) em três postos

localizados na bacia dos rios Taquari-Antas. Os dados correspondem às simulações

do cenário A1B do AR4, no período futuro de 2011 a 2100, comparados com o

período atual (1960-1990).

Os MCGs e MCRs em sua maioria concordam com projeções de aumento da

temperatura e precipitação nos postos estudados. As projeções indicam um

aumento de temperatura média anual de quase 3°C até o fim do século, porém

resultados superiores foram encontrados por outros autores na região Sul utilizando

o cenário A2 considerado mais pessimista. Uma análise mais detalhada poderia ser

feita caso os modelos fornecessem as projeções de temperatura mínima e máxima

diária. Para a precipitação anual acumulada os MCRs projetam maiores anomalias

que os MCGs, contudo concordam com os últimos estudos realizados na região sul

de aumento de precipitação.

Os ciclos mensais de temperatura e precipitação mostram que os meses das

culturas de verão serão menos afetados pelo aumento destas variáveis, porém os

possíveis extremos aparecerão no início dos cultivos devido ao aumento de

precipitação nos meses de outubro e novembro. Contudo o mês de maio merece

atenção pelo histórico de inundações e pela projeção de expressivo aumento de

precipitação.

A grande variabilidade observada entre as projeções dos MCRs e MCGs

notada neste estudo pode ser confirmada pela análise das tendências nos índices

extremos de precipitação, os quais mostraram que a maioria das tendências

crescentes foram detectadas nas projeções do modelo ETA. As simulações de

mudanças climáticas apresentam algumas incertezas que precisam ser levadas em

70

consideração nas análises. Tais incertezas estão impostas sobre a construção de

cenários de emissões, que supõem cenários de desenvolvimento econômico e

tecnológico, até a organização de modelos climáticos. Deste modo, as projeções de

mudanças climáticas não são representadas na forma de um único valor, mas em

um intervalo de possibilidades. Uma alternativa observada seria analisar um

conjunto de parâmetros para cada intervalo de 30 anos e não para todo o século

como no estudo, ou seja, a cada reflexo das ações propostas talvez o futuro possa

ser ainda mais positivo ou negativo.

Os MCRs são construídos para escalas menores com maior resolução, suas

projeções estão o mais próximo da realidade do que os MCGs. Com base nesta

constatação, pode-se assumir que o clima futuro na região de estudo sofrerá com o

aumento de eventos extremos de precipitação, principalmente pelo acréscimo de

precipitação total anual, o que pode ser verificado pelo aumento de dias no índice

R30 e maior concentração nos índices R95p e R99p.

Os resultados demonstrados revelam a importância da utilização de modelos

regionais e as influências que os mesmos apresentam em relação às características

locais, de modo que os MCGs são mais conservadores e não conseguem simular as

peculiaridades de uma região, devido às limitações de escala. Entretanto, para

estudos de impactos, vulnerabilidade e adaptação, é necessário maior detalhe, pois

esses estudos tem um caráter informativo para uma determinada região.

A região de estudo também sofre influência de outros fenômenos climáticos,

porém neste trabalho o interesse era apenas avaliar as projeções fornecidas pelos

modelos climáticos em um determinado cenário.

O aumento de precipitação projetado para a região da Bacia do Rio Taquari-

Antas serve de alerta para o aumento na intensidade e frequência de eventos

extremos como: fortes chuvas, inundações e deslizamentos de terra. Tais

informações devem ser levadas em consideração pelo comitê de bacia da região,

com o propósito de construir um sistema de alerta para tais eventos, assim como

ações preventivas com a população mais vulnerável.

Ações preventivas estão relacionadas com delimitação através do plano

diretor de áreas críticas, desapropriação de populações ribeirinhas, manutenção dos

71

sistemas de drenagem das cidades, assim como atividades de educação ambiental

para a sociedade. O excesso de precipitação para a agricultura torna ações de

proteção do solo ainda mais importantes e devem ser desenvolvidas com os

agricultores. A utilização de técnicas como a de plantio direto, com o objeto de

manter ao máximo o solo coberto, para que a região possa usufruir dos benefícios

gerados.

Uma proposta de estudo mais detalhada poderia ser realizada, utilizando-se

dos mesmos índices de extremos de precipitação, mas em uma análise mensal para

verificar se tais eventos serão pontuais ou difusos ao longo do ano.

As informações levantadas neste trabalho possibilitam que ações de

planejamento para os municípios integrantes da bacia busquem ferramentas que

auxiliem na melhor adaptação e mitigação dos impactos gerados pelas mudanças

climáticas. Contudo, a diminuição de emissões ao longo dos próximos anos, deve

ajudar na perspectiva de reduzir os custos e desafios a serem enfrentados,

colaborando para um desenvolvimento sustentável.

72

REFERÊNCIA

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regimes de precipitação e vazão na Bacia do Rio Ibicuí. 2011. 147f. Dissertação

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84

ANUNCIAÇÃO, Y. M. T.; QUINTANA, J.; SANTOS, J. L.; BAEZ, J.; CORONEL, G.;

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85

APÊNDICES

86

Apêndice A - Gráficos de projeções de temperatura e precipitação acumulada dos MCGs e MCRs para os postos de estudo.

Figura A.1. Temperatura projetada por diferentes modelos para o período de 2011-2100 no Posto 1.

y = 0.0305x - 45.695

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 20

y = 0.0302x - 45.229

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

GFCM21

y = 0.0327x - 50.153

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 CTRL

y = 0.0347x - 54.381

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

HADCM3

y = 0.0451x - 75.136

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 HIGH

y = 0.0295x - 44.204

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

MPEH5

y = 0.022x - 28.868

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 LOW

y = 0.0194x - 23.903

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

MRCGCM

y = 0.0393x - 63.303

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 MID

y = 0.0218x - 28.19

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

NRCCCSM

87

Figura A.2. Temperatura projetada por diferentes modelos para o período de 2011-2100 no Posto 2.

y = 0.0299x - 42.441

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 20

y = 0.0326x - 47.959

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

GFCM21

y = 0.0026x + 13.17

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 CTRL

y = 0.0364x - 55.742

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)Ano

HADCM3

y = 0.0149x - 11.6

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 HIGHy = 0.0319x - 47.037

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

MPEH5

y = 0.022x - 28.868

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 LOW

y = 0.0197x - 22.323

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

MRCGCM

y = 0.0087x + 0.938

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 MID

y = 0.0224x - 27.231

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

NRCCCSM

88

Figura A.3. Temperatura projetada por diferentes modelos para o período de 2011-2100 no Posto 3.

y = 0.0295x - 41.176

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 20

y = 0.0321x - 46.524

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

GFCM21

y = -0.0034x + 25.641

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 CTRL

y = 0.0355x - 53.48

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)Ano

HADCM3

y = 0.0087x + 1.4634

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 HIGH

y = 0.031x - 44.766

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

MPEH5

y = 0.022x - 28.868

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 LOW

y = 0.0194x - 21.248

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

MRCGCM

y = 0.0029x + 13.17

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

ETA 40 MID

y = 0.0219x - 25.95

14

15

16

17

18

19

20

21

22

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Tem

pera

tura

(°C

)

Ano

NRCCCSM

89

Figura A.4. Precipitação acumulada projetada por diferentes modelos para o período de 2011-2100 no Posto 1.

y = 5.9505x - 10001

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 20

y = -4.1127x + 10080

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

GFCM21

y = 4.8744x - 7830.3

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 CTRL

y = 2.3827x - 3121.6

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

HADCM3

y = 6.0466x - 10262

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 HIGH

y = 4.439x - 7204.9

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

MPEH5

y = 7.1097x - 12465

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 LOW

y = 3.8501x - 5983

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

MRCGCM

y = 3.5095x - 4993

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 MID

y = 0.8612x + 38.387

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

NRCCCSM

90

Figura A.5. Precipitação acumulada projetada por diferentes modelos para o período de 2011-2100

no Posto 2.

y = 5.9744x - 10035

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 20

y = -4.5726x + 11026

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

GFCM21

y = 5.1194x - 8298.5

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 CTRL

y = 2.0691x - 2439.4

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

HADCM3

y = 5.8854x - 9966.7

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 HIGH

y = 4.0056x - 6304.6

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

MPEH5

y = 8.9991x - 16282

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 LOW

y = 4.0632x - 6387.5

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

MRCGCM

y = 2.7455x - 3428.2

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 MID

y = 0.8225x + 181.66

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

NRCCCSM

91

Figura A.6. Precipitação acumulada projetada por diferentes modelos para o período de 2011-2100

no Posto 3.

y = 4.6975x - 7529

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 20

y = -4.6814x + 11236

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

GFCM21

y = 4.4861x - 7047.9

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 CTRL

y = 1.7648x - 1834.3

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

HADCM3

y = 5.5838x - 9402.3

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 HIGH

y = 3.5482x - 5401.9

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

MPEH5

y = 8.1543x - 14627

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 LOW

y = 3.9007x - 6077.2

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

MRCGCM

y = 2.9946x - 3996.5

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

ETA 40 MID

y = 0.7361x + 328.07

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2010 2025 2040 2055 2070 2085 2100

Pre

cip

itação

Acum

ula

da (m

m)

Ano

NRCCCSM

92

Apêndice B - Tabela de índices extremos de precipitação por modelos utilizados a cada posto de estudo.

Tabela B1(continua). Índices extremos de precipitação.

Modelo Índice Posto 1 Posto 2 Posto 3

Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s

ETA 20

R95 p 727 832 908 918 729 854 936 936 746 837 898 902

R99 p 248 269 295 300 250 286 308 310 257 282 296 292

PRCPTOT 1673 2032 2251 2385 1701 2052 2269 2400 1674 1970 2137 2260

R30 14 20 24 25 14 20 24 24 15 19 22 23

RX1 80 82 93 90 82 89 94 97 83 90 93 89

RX5 156 164 186 204 157 171 192 204 156 166 176 191

CDD 18 16 18 18 17 16 18 19 17 17 18 18

CWD 8 8 8 9 8 9 9 9 8 9 8 8

SDII 10 13 15 15 11 14 16 16 12 14 16 16

ETA 40 CTRL

R95 p 723 826 867 886 724 854 872 915 739 844 884 912

R99 p 244 265 280 281 246 279 292 289 254 276 293 296

PRCPTOT 1673 2029 2208 2304 1701 2061 2220 2363 1674 2017 2182 2297

R30 14 20 22 24 14 20 22 24 15 21 22 24

RX1 78 80 84 86 79 85 92 89 82 85 88 93

RX5 151 172 179 184 156 175 175 190 153 170 175 192

CDD 17 16 20 19 17 16 18 19 18 17 19 19

CWD 8 8 9 9 9 9 8 9 9 9 9 9

SDII 10 13 13 13 11 13 14 14 12 14 15 15

ETA 40 HIGH

R95 p 738 792 874 942 746 794 880 936 760 799 881 935

R99 p 248 254 283 306 254 264 286 304 260 267 288 300

PRCPTOT 1673 1931 2152 2359 1701 1925 2122 2318 1674 1876 2066 2256

93

Tabela B1 (continuação). Índices extremos de precipitação.

Modelo Índice Posto 1 Posto 2 Posto 3

Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s

R30 14 19 23 26 14 17 20 24 15 17 21 24

RX1 80 80 87 94 82 83 87 93 84 86 89 90

RX5 144 162 174 198 146 159 179 189 146 160 172 186

CDD 16 16 18 18 16 16 18 18 16 18 19 18

CWD 8 8 8 9 8 9 9 9 8 8 8 9

SDII 10 12 13 14 11 12 13 15 12 13 14 15

ETA 40 LOW

R95 p 727 794 833 890 728 805 859 940 744 799 855 914

R99 p 250 264 264 286 247 266 272 310 258 266 268 294

PRCPTOT 1673 1925 2083 2376 1701 1967 2154 2495 1674 1902 2090 2386

R30 14 17 21 24 14 18 22 25 15 18 22 24

RX1 81 83 81 86 81 81 83 94 85 85 83 91

RX5 143 173 165 175 144 168 174 186 153 167 163 176

CDD 18 17 17 15 17 16 16 14 19 18 17 16

CWD 8 8 8 8 8 8 8 10 8 8 7 8

SDII 10 12 13 14 11 13 14 15 12 13 15 16

ETA 40 MID

R95 p 732 816 918 920 733 825 929 923 750 830 927 927

R99 p 249 264 299 303 251 276 300 308 258 277 307 309

PRCPTOT 1671 2021 2333 2260 1694 2049 2334 2234 1669 1994 2273 2186

R30 14 19 24 23 14 18 24 22 15 18 23 23

RX1 79 82 93 96 81 87 96 95 86 86 96 97

RX5 148 164 196 196 138 168 198 190 148 166 196 192

CDD 19 17 17 18 18 16 17 19 19 17 17 19

CWD 8 8 10 9 8 9 10 9 7 8 9 8

SDII 10 13 14 14 11 13 15 15 12 14 15 15

GFCM21 R95 p 723 787 689 660 724 787 676 651 739 805 695 672

94

Tabela B1 (continuação). Índices extremos de precipitação.

Modelo Índice Posto 1 Posto 2 Posto 3

Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s

R99 p 244 271 235 222 246 276 233 220 254 284 241 231

PRCPTOT 1673 1800 1570 1505 1701 1801 1548 1496 1674 1783 1535 1490

R30 14 16 13 11 14 16 11 11 15 16 12 11

RX1 78 87 75 69 79 90 75 71 82 93 80 75

RX5 151 168 143 138 156 172 144 137 153 167 142 137

CDD 17 17 18 17 17 17 17 17 18 18 18 18

CWD 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 8 8

SDII 10 11 10 9 11 12 10 10 12 12 11 10

HADCM3

R95 p 723 722 793 786 724 723 808 791 739 741 826 814

R99 p 244 244 270 266 246 245 277 267 254 256 286 280

PRCPTOT 1673 1667 1827 1813 1701 1692 1872 1844 1674 1676 1851 1825

R30 14 14 17 17 14 14 17 16 15 15 18 17

RX1 78 79 88 86 79 79 91 88 82 84 94 92

RX5 151 151 165 158 156 155 173 164 153 156 170 165

CDD 17 17 17 17 17 17 17 17 18 18 17 17

CWD 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9 9

SDII 10 10 11 11 11 11 12 12 12 12 13 13

MPEH5

R95 p 723 763 857 900 724 757 841 889 739 773 853 907

R99 p 244 262 293 310 246 260 287 305 254 270 296 314

PRCPTOT 1673 1750 1954 2028 1701 1761 1953 2041 1674 1735 1908 2003

R30 14 15 19 20 14 15 18 20 15 16 19 21

RX1 78 84 94 100 79 84 92 97 82 88 97 103

RX5 151 161 178 186 156 162 179 191 153 158 178 191

CDD 17 17 17 17 17 17 17 17 18 18 17 17

95

Tabela B1 (continuação). Índices extremos de precipitação.

Modelo Índice Posto 1 Posto 2 Posto 3

Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s Atual 2025s 2055s 2085s

CWD 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 8 8

SDII 10 11 12 12 11 11 13 13 12 12 13 14

MRCGCM

R95 p 723 761 872 891 724 764 871 913 739 782 892 940

R99 p 244 258 296 311 246 262 300 322 254 272 312 336

PRCPTOT 1673 1754 1991 2006 1701 1778 2015 2069 1674 1753 1990 2051

R30 14 16 19 20 14 15 19 20 15 16 20 21

RX1 78 82 94 100 79 84 96 105 82 87 101 108

RX5 151 156 185 195 156 163 190 206 153 159 189 203

CDD 17 17 17 17 17 17 16 16 18 18 17 17

CWD 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9 9

SDII 10 11 12 12 11 12 13 13 12 12 14 14

NRCCCSM

R95 p 723 775 787 797 724 786 804 819 739 795 821 833

R99 p 244 265 268 273 246 271 276 280 254 277 285 286

PRCPTOT 1673 1775 1804 1824 1701 1822 1864 1899 1674 1785 1841 1869

R30 14 15 16 17 14 16 17 18 15 17 18 18

RX1 78 87 87 88 79 89 91 92 82 92 95 94

RX5 151 171 172 174 156 175 177 181 153 169 174 176

CDD 17 17 17 17 17 17 17 17 18 17 17 17

CWD 8 8 8 8 9 9 9 9 9 9 9 9

SDII 10 11 11 11 11 12 12 12 12 12 13 13