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1 PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICA Ivinhema MS 12 a 22 de Dezembro de 2009

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PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICA

Ivinhema – MS12 a 22 de Dezembro de 2009

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Índice

TEMA PÁGINA

Introdução 05

O Projeto 05

Histórico 05

Visão 06

Objetivos 09

Bandeira Científica 2009 – Equipe 13

Equipe Geral 13

Equipe de Coordenação 13

Diretoria Acadêmica 14

Processo de trabalho 15

Bandeira Científica 2009 – Cidade 16

Ivinhema – MS 16

Caracterização do Município 16

Dados populacionais e socioeconômicos 17

Infraestrutura da saúde 18

Possibilidades de atuação 19

Bandeira Científica 2009 – Dinâmica de Atuação 20

Atividades de Saúde 21

Postos de Atendimento 21

Psicologia 25

Fonoaudiologia 26

Atendimento Odontológico 27

Atividades Técnico-estruturais 32

Engenharia 32

Empresa Medicina Júnior 36

Design 37

Comunicação 38

ESALQ 38

Atividades Educativas 39

Pesquisas Científicas 39

Análise Estatística 40

Bandeira Científica 2009 – Resultados 40

Resultados Gerais 40

Perfil Epidemiológico 41

Diagnóstico de Saúde 78

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4

Diagnósticos Gerais 78

Oftalmologia 86

Saúde da Criança 87

Saúde da Mulher 88

Fonoaudiologia 103

Odontologia 118

Fisioterapia 124

Psicologia 142

Nutrição 154

Relatórios Técnico-estruturais 156

Engenharia 156

Empresa Medicina Júnior 186

Design 189

Comunicação 206

ESALQ 210

Atividades Educativas 212

Continuidade 217

Estratégias individuais 218

Estratégias populacionais 221

Considerações Finais 223

Apoio, Financiamento e Patrocínio 225

Agradecimentos 226

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Introdução

O Projeto

O Projeto Bandeira Científica consiste em uma extensão universitária vinculado

ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (FMUSP), além disso, também é vinculado à Comissão de Cultura e Extensão

desta Unidade e à Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de

São Paulo através de seu Fundo de Cultura e Extensão. Os membros efetivos

envolvidos no projeto são alunos e profissionais de diversas áreas:

• Alunos de diversas unidades da Universidade de São Paulo, incluindo a

Faculdade de Medicina, Faculdade de Odontologia, Faculdade de Saúde Pública, Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Escola Politécnica, Instituto de Psicologia e

Escola de Comunicação e Artes;

• Alunos de universidades parceiras com sede nas Unidades da

Federação atendidas pelo projeto;

• Profissionais e docentes das diversas unidades da Universidade de São

Paulo, do Hospital das Clínicas da FMUSP e Hospitais e Universidades parceiras.

A Bandeira Científica realiza uma expedição anual a comunidades carentes de

assistência em saúde ou com situações particulares de atenção à saúde. A atuação

baseia-se em ações preventivas e curativas, além de desenvolver atividades em

diversas áreas técnicas relacionadas ao desenvolvimento e manutenção da saúde

como característica do bem-estar biopsicossocial do indivíduo. Dados estruturais são

pormenorizados através de relatórios detalhados sobre as condições de saúde locais e

os diversos indicadores sociais a ela relacionados, relatórios técnicos sobre infra-

estrutura e caracterização do município. Estes dados são fornecidos ao município

também através da disponibilização de um banco de dados com os todos os dados

sociais, epidemiológicos e de saúde colhidos durante a expedição.

Histórico

O Projeto Bandeira Científica tem suas primeiras expedições datadas do início

na década de 1950, com consolidação de suas atividades no período compreendido

entre os anos de 1957 e 1969. Neste período, as expedições eram coordenadas por

professores da Faculdade de Medicina da USP, dentre os quais se destacam os Profs.

Leônidas Deane e Luiz Rey, e tinham como principal objetivo colocar os alunos da

faculdade em contato com os diversos aspectos da realidade brasileira, através de

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trabalho extracurricular baseado em atividades educativas à população e de pesquisa

de campo.

As primeiras Bandeiras visitaram diversos Estados brasileiros, incluindo Mato

Grosso do Sul (Campo Grande, Miranda e Aquidauana), Ceará (Vale do Cariri, Sobral e

Viçosa), Pará (Vila de Santana), Amapá (Macapá, Vila de Santana e Serra do Navio),

Pará - Ilha de Marajó (Cachoeira do Arari) e Bahia (Ilhéus e Uruçuca).

Em 1969 elas foram extintas devido à realidade político-social da época e, após

uma latência de quase 30 anos, um grupo de alunos que consultava arquivos da

Faculdade de Medicina da USP se mobilizou para reativá-la. As ações foram retomadas

em 1998, passando à configuração de Projeto de Extensão Universitária da USP em

2000. Além das atividades fundamentais de educação e pesquisa, a partir de 1999 foi

introduzida a vertente assistencial, materializada no atendimento à população local

com elaboração do diagnóstico populacional de saúde, o que representou um grande

avanço na contribuição social do projeto para a comunidade visitada, além de uma

experiência adicional e inédita para os alunos da Faculdade de Medicina da USP. As

realizações nesta nova fase foram: Cajati - SP e Eldorado-SP (Vale do Ribeira), em 1998

e 1999 respectivamente; Monte Negro-RO em 2000; Buriticupu - MA em 2001; Serra

dos Aymorés - MG em 2002; Presidente Epitácio-SP em 2003; Teotônio Vilela e São

José da Tapera-AL em 2004; João Câmara, Jandaíra e Bento Fernandes em 2005;

Machadinho D’Oeste – RO em 2006; Penalva - MA em 2007; e Itaobim - MG em 2008.

Todas estas expedições buscaram o estímulo de parceiras locais com as prefeituras e

universidades de referência na região, para seguimento dos pacientes e organizações

comunitárias.

O primeiro curso a ser integrado à Bandeira foi a fisioterapia, em 2002. Em

2005, incluiu-se a nutrição, na expedição para Jandaíra, João Câmara e Bento

Fernandes (RN). No ano seguinte, em Machadinho D'Oeste (RO), houve uma expansão

significativa da atuação do projeto. Participaram ineditamente a Escola Politécnica, o

Instituto de Psicologia, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) e a

Faculdade de Odontologia. Em 2007, a equipe de comunicação, constituída por alunos

dos cursos de jornalismo e audiovisual, também se integrou à Bandeira. Por fim, em

2009, a fonoaudiologia também passou a fazer parte da equipe. As novas unidades

contribuíram para aumentar o número de atendimentos, possibilitando inclusive o

encaminhamento para outras áreas a partir dos atendimentos clínicos, feitos por

estudantes de medicina; e também ampliaram o estudo de planejamento físico-

estrutural local nas áreas de saneamento básico e gestão em saúde.

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Visão

Mais do que a retomada de um projeto histórico da FMUSP, a equipe

coordenadora busca trazer o enfoque assistencial, o educativo e o científico,

configurando o triplo sustentáculo da Universidade, aliando este perfil à participação

direta em políticas públicas de saúde (avaliação e orientação sobre o modelo de

organização de saúde local). Estes enfoques têm sido anualmente expandidos e

melhorados através de reuniões anuais de apresentação de dados e discussão de

estratégias e resultados. Além disso, a coordenação vem buscando ampliar a

multidisciplinaridade do projeto, buscando envolver profissionais de diferentes áreas

do conhecimento, não se restringido apenas à medicina e outras áreas de saúde.

Visando diretamente a população atendida, o intuito do Projeto Bandeira

Científica é buscar melhorias na condição de saúde e promover suporte para os

programas de atenção básica à saúde, apontando a sustentabilidade a partir de

recursos locais.

Não é pretensão da equipe da Bandeira a resolução todos os problemas, mas

sim, a avaliação das condições de saúde e sugestão das possibilidades de atuação de

longo prazo para um processo de transformação gradual envolvendo o poder público

nas diversas esferas, universidades e representações comunitárias.

As atividades realizadas servem como ponto de partida e sensibilização, tanto

da população como das diversas entidades envolvidas, além de fornecer informações

relevantes para o planejamento estratégico e definição de prioridades.

Como projeto universitário a Bandeira Científica tem disponibilizado aos alunos

da USP uma experiência única, pois coloca esses jovens universitários da megalópole

paulista em contato com a população de municípios distantes em áreas carentes do

Brasil, com realidades particulares, em geral precárias, e organização política e social

únicas. A vivência alcançada está além de contato com conjuntura social, mas passa

pela reflexão sobre a cidadania.

Ao contrário de dados frios apresentados em salas de aula, da realidade de

indicadores de saúde dos livros e artigos e da teoria da organização do Sistema Único

de Saúde no Brasil, dificilmente abstraídas e vivenciadas diretamente, o aluno é

colocado no âmago da situação e, naquele período, passa a fazer parte dela. Neste

processo ele passa a conviver lado a lado com as condições precárias de vida e de

assistência à saúde em nosso país, e se depara com o desafio de trabalhar em

situações com escassos recursos complementares para auxiliar os diagnósticos e

conhecer a realidade do atendimento em saúde vigente na maior parte dos municípios

brasileiros.

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A realidade hospitalar, por vezes demasiado precária destas regiões, e a

observação das condições reais de vida permitem valorizar a necessidade de uma boa

anamnese e exame clínico, aprendizado que é trazido na bagagem após o retorno da

expedição, resultando em melhor abordagem clínica com redução do apelo

desnecessário a exames complementares. Este trabalho mostra também a necessidade

de cooperação multiprofissional e intersetorial e a importância de outros

instrumentos, entre os quais destacamos a epidemiologia, para a compreensão dos

problemas coletivos de saúde. O aluno começa assim a perceber que há diferença

entre enxergar exclusivamente a saúde individual do paciente à sua frente, e a saúde

populacional, como sistema que tem por objetivo suprir as necessidades de toda a

população dentro dos preceitos constitucionais de igualdade. Consideramos que o

conhecimento destes dois pontos de vista, que não são antagônicos, mas em sua

complementaridade possuem diferenças importantes, é crucial para que eles, futuros

profissionais, possam entender e participar da promoção de saúde tendo em mente

não apenas uma parte desta visão, mas sim a complementaridade dela. O aluno

percebe que é necessário resolver o maior número de casos possíveis com recursos

limitados, o que, apesar de por vezes fugir às condições ideais descritas pelos

trabalhos científicos mais recentes, é uma realidade com a qual irão se deparar logo

após a conclusão do curso, e que, assim como os avanços tecnológicos e científicos, é

preciso primeiro conhecer para então saber como lidar e conviver.

No desejo de melhorias imediatas, os dados epidemiológicos, derivados da

análise das informações coletadas, são uma arma para consubstanciar as propostas de

mudança e sustentabilidade do atendimento local numa perspectiva futura. A

construção associada de um banco de informações permite o acesso a diversos outros

cruzamentos e análises que podem servir para delinear ações, pesquisar necessidades

e avaliar efeitos de determinadas atuações ou mudanças.

Espera-se com isso multiplicar o trabalho científico, epidemiológico e clínico e,

simultaneamente, sensibilizar alunos a considerarem novas questões sobre sua

identidade profissional e de cidadão brasileiro.

A crescente procura dos acadêmicos pela Bandeira Científica mostra que está

no rumo certo, não apenas em termos acadêmicos, mas em termos de sociedade e

cidadania e torna evidente o crescente interesse dos alunos e sua consciência sobre a

importância de se vivenciar a diversidade de realidades do país.

A USP tem funções e obrigações que vão além do ensino e capacitação técnica

de seus alunos como profissionais isolados, devendo aliar a isto a formação de

cidadãos conscientes da realidade do país e da população que arca com esta formação,

para que então possam desenvolver suas atividades profissionais com

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responsabilidade profissional e social, integrando-se a novas realidades e formas de

atuação.

Objetivos

O Projeto Bandeira Científica tem, em sua concepção, atuação em diversos

âmbitos, populacionais e individuais, e para isso desenvolve intervenções na

comunidade que são reestruturadas anualmente para adaptação a cidade visitada,

com os seguintes objetivos: sociais, acadêmicos, assistenciais, científicos, educacionais

e técnico-estruturais. Como objetivos sociais fundamentais, os seguintes:

• Avaliar a estrutura e condições de saúde de uma determinada

população, incluindo áreas urbanas e rurais, respeitando a organização política e social

da região e elaborar um “Diagnóstico de Saúde da População” baseado nos resultados

obtidos através de diversas ferramentas utilizadas durante o projeto que incluem:

informações sobre os atendimentos e questionários específicos, com caracterização

das principais doenças da região e sua correlação com dados epidemiológicos e sociais.

• Disponibilizar um banco de dados de informações sociais,

epidemiológicas e de saúde para posteriores cruzamentos analíticos de questões de

relevância para o município atendido.

• Buscar informações e desenvolver estratégias em áreas do

conhecimento relacionadas direta ou indiretamente à geração e/ou manutenção da

saúde, garantindo desta forma as condições necessárias para o desenvolvimento e

aprimoramento de aspectos gerais de saúde do município.

• Prestar atendimento em saúde nas áreas de medicina, fisioterapia,

nutrição, odontologia e fonoaudiologia em nível primário realizado por acadêmicos

devidamente supervisionados por profissionais da respectiva área.

• Treinar e capacitar agentes de saúde e profissionais da rede de ensino

fundamental e médio em temas básicos de saúde geral e condições de saneamento,

buscando formar multiplicadores que tenham condições de intervir e contribuir

diretamente e em longo prazo para a melhoria das condições de saúde da população.

• Treinar e reciclar médicos em temas relevantes para o sistema básico

de saúde e emergências, participando no aperfeiçoamento destes profissionais,

aprimorando-os para o atendimento local em saúde com melhor qualidade e

abrangência possíveis.

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No que tange aos objetivos acadêmicos do projeto, destacam-se:

• Interação aluno-aluno e aluno-comunidade, colocando o acadêmico

da Universidade de São Paulo em contato com uma realidade diferente daquela

vivenciada diariamente nos estágios em um centro tecnológico e econômico como São

Paulo e um hospital de atenção terciária à saúde como é o Hospital das Clínicas da

FMUSP. Consideramos esta abordagem fundamental na formação de um profissional

atento às nuances de todas as etapas do diagnóstico clínico, especialmente quando há

carência de recursos para exames de média e alta complexidade, evidenciando-se

assim a realidade presente na maior parte dos municípios do país em relação às

condições atenção à saúde, e às possibilidades, dificuldades e limitações encontradas

no sistema.

• Desenvolvimento de protocolos de pesquisa científica levando em

conta as particularidades da região e colocando o acadêmico em contato com o

processo de coleta de dados e materiais em estudos epidemiológicos populacionais.

Considerando a visão e os objetivos gerais do projeto, foram estabelecidos,

para o ano de 2009 em Ivinhema - MS, objetivos específicos em quatro vertentes.

Assim, os objetivos assistenciais incluíram:

• Atendimento de clínica geral em nível primário em áreas urbanas e

rurais, com a possibilidade de avaliação de diversas especialidades, incluindo

Psiquiatria, Dermatologia, Endocrinologia, Fisiatria, Otorrinolaringologia, Ginecologia e

Pediatria, além de atendimento médico pela Medicina de Família (exclusivo ou em

conjunto com as outras especialidades).

• Atendimento domiciliar multidisciplinar a pessoas acamadas e com

dificuldade de acesso ao serviço de saúde, em parceria com a UBS correspondente ao

local de moradia e com o agente comunitário referente.

• Cobertura radiológica com ultra-sonografia para os pacientes

atendidos com indicação para tal.

• Mutirão de atendimento oftalmológico, visando cobrir especialmente

os déficits visuais corrigíveis com lentes, especialmente em crianças e idosos (faixas

etárias de maior risco), além da identificação dos possíveis casos que se beneficiariam

de condutas cirúrgicas para encaminhamento posterior.

• Atendimento nutricional participando efetivamente na orientação de

estratégias nutricionais voltadas à prevenção de comorbidades, doenças ou

otimização de seu tratamento.

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• Atendimento fisioterapêutico desenvolvendo além da avaliação dos

pacientes com seus respectivos diagnósticos, a orientação de exercícios, atividades

posturais e medidas analgésicas, beneficiando o paciente em seu dia-a-dia,

potencializando a recuperação funcional, a reintegração social e conseqüente melhora

da qualidade de vida.

• Avaliação fonoaudiológica com atendimentos individuais e orientações

para os pacientes que receberam próteses dentárias da odontologia para auxiliar na

adaptação funcional e facilitar a atividade de reabilitação dos pacientes. Além disso,

nesse primeiro ano, observar o funcionamento da expedição e procurar possíveis áreas

de inserção do trabalho fonoaudiológico.

• Avaliação das condições de saúde bucal e atendimento odontológico

voltado a crianças do município e confecção de próteses dentárias totais para

pacientes previamente selecionados.

• Desenvolvimento de trabalhos junto à comunidade agrícola da região

incentivando e motivando a participação nas atividades locais bem como a criação de

uma pactuação entre os representantes da comunidade e o poder público, facilitando

assim o desenvolvimento e implantação de estratégias para a região.

Como objetivos científicos para 2009, destacamos resumidamente:

• Elaboração de um “Diagnóstico de Saúde da População” baseado nos

resultados obtidos através de diversas ferramentas utilizadas durante o projeto que

incluem informações sobre os atendimentos e questionários específicos, com

caracterização das principais doenças da região e sua correlação com dados

epidemiológicos e sociais.

• Estudo de prevalência de doenças da tireóide em Ivinhema – MS,

através da coleta de amostras de sangue (avaliando T3, T4 livre e TSH) dos pacientes

adultos atendidos, cujo conhecimento detalhado pode trazer benefícios para a

prevenção e atuação em saúde pública.

• Avaliação do acesso à saúde dos pacientes, como também a duração

de seus sintomas até conseguir atendimento adequado.

• Estudo sobre a correlação entre o nível de atividade física e obesidade

na população de Ivinhema - MS. A faixa etária estudada foi entre 15 e 65 anos,

obtendo-se os dados através de questionário, peso, altura e medida da pressão

arterial.

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• Avaliação do Projeto de Capacitação dos Médicos de Família no

Município de Ivinhema - MS, através da aplicação de um questionário após as

atividades de atualização realizadas pelos profissionais membros do Projeto.

• Estudo sobre a qualidade de vida em idosos (maiores de 65 anos) e

sua relação com o comprometimento cognitivo e a depressão, por meio de um

questionário e avaliação do déficit cognitivo.

• Pesquisa sobre a freqüência de queixas de endometriose nas mulheres

atendidas pelo Projeto Bandeira Científica. Além disso, mensuração da intensidade

desses sintomas, quando presentes, através da escala analógica de dor. Na pesquisa

foram incluídas mulheres que estavam entre a menarca e a menopausa, com ou sem

queixas ginecológicas

Os objetivos educacionais definidos para 2009 foram montados em duas

vertentes: acadêmico e populacional. Estas duas vertentes apresentam grandes pontos

de convergência e sobreposição, o que é considerado salutar para o projeto.

• Orientação e participação da coleta de dados para estudos

epidemiológicos, permitindo que o aluno tenha a consciência da importância da

documentação das informações e achados, e estimulando-os a ter idéias de possíveis

correlações entre as informações usando a prática diária. Esta atividade constitui-se

também num estímulo ao desenvolvimento de raciocínios durante as atividades

profissionais futuras destes acadêmicos, plantando assim a semente da curiosidade e

da busca ativa de informações, mostrando que tão ou mais importante do que adquirir

informação, é gerar conhecimento, a partir dos achados aparentemente simples da

vida diária.

• Treinamento e capacitação de agentes de saúde e profissionais da

Medicina de Família em temas básicos de saúde no nível primário e trabalho da equipe

de família, buscando discutir sobre a atuação dos profissionais no nível primário e sua

importância como uma equipe integrada para a melhoria da saúde e atendimento da

população.

• Atualização e capacitação de médicos em temas relevantes para o

sistema básico de saúde por meio de aulas dinâmicas com os profissionais do Projeto.

• Momentos educativos com populações específicas, como crianças,

pedagogos, agentes comunitários, funcionários de hospitais, membros do artesanato

local, população dos assentamentos e os próprios pacientes atendidos pelo Projeto.

Abordagem simples e prática de temas de saúde, meio-ambiente e comunicação,

desmistificando diversos temas, fornecendo orientações para que, com conhecimento

e informação, decisões conscientes sobre diversos aspectos possam ser tomadas pela

população. Além disso, o projeto busca mostrar a importância de cada cidadão no

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desenvolvimento e melhora das condições de vida de sua comunidade e da sociedade

em geral.

Os objetivos técnico-estruturais definidos para 2009 foram:

• Avaliar a infra-estrutura e gestão de saúde do município,

apresentando possibilidades de estruturação do sistema, pontos principais de carência

e necessidades de melhorias.

• Identificação da rede de atores sociais do município identificando e

caracterizando as lideranças em diversos setores e possibilitando, desta forma, uma

atuação mais direcionada e efetiva na implementação de medidas estruturais e

educativas em saúde.

• Avaliação da infra-estrutura de saneamento do município mapeando

necessidades e prioridades em relação ao abastecimento de água, rede de esgoto,

gestão de resíduos sólidos e drenagem pluvial, além de demandas específicas do local.

Bandeira Científica 2009 – Equipe

Equipe geral

A Bandeira Científica 2009 contou com a participação direta de sua equipe, composta por 234 membros, além de dezenas de funcionários e colaboradores do município. A tabela abaixo (Tabela 01) apresenta a o número de participantes por cada área:

Cursos AcadêmicosProfissionais

formadosMedicina 64 34

Fisioterapia 7 5

Fonoaudiologia 2 1

Escola Superior de Agricultura Luiz

de Queiroz Agronomia e ciências agrárias 7 -

Escola Politécnica Engenharia ambiental e civil 9 1

Faculdade de Saúde Pública Nutrição 11 5

Faculdade de Odontologia Odontologia 12 7

Instituto de Psicologia Psicologia 8 4

Escola de Comunicação e Artes Jornalismo e audiovisual 6 -

Empresa Medicina Júnior - 3 1

Medicina 14 -

Fisioterapia 4 2

Nutrição 1 -

Odontologia 6 -

Design da UNESP - Bauru Design 11 1

Relações Pública da UNESP - Bauru Relações Públicas 1 -

Grupo Sanofi Aventis - - 5

Participantes

Faculdade de Medicina

Un

idad

es e

corp

ora

ções

ext

erio

res

Un

idad

es e

inst

itu

içõ

es d

a U

SP

Universidade Federal do Mato

Grosso do Sul - UFMS*

* Parceria com a Universidade Anhanguera-Uniderp

Tabela 01 – Participantes da Bandeira Científica 2009

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Equipe de Coordenação

Supervisão - Prof. Dr. Paulo Hilário N. Saldiva (FM)

Coordenação Geral - Dr. Luiz Fernando Ferraz da Silva (FM)

Coordenadores de Área - Dr. José Antonio Atta (FM)

Prof. Dr. Silvio Burratino Melhado (POLI)

Profa. Dra. Maria Ercilia Araújo (FO)

Profa. Dra. Marly T. Pereira (ESALQ)

Profa. Dra. Ianni R. Scarcelli (IP)

Profa. Dra. Patrícia Jaime (FSP)

Diretoria Acadêmica

Medicina Rodrigo Pamplona Polizio

Barbara de Alencar Novaes

Camila Holanda Sartori

Caroline Maris Takatu Neves de Oliveira

Leticia Oliveira e Silva

Marina Vilela Chagas Ferreira

Priscilla Alessandra Fiorelli

Rafael Bernhart Carra

Renata Franco Pimentel Mendes

Rodolpho Truffa Kleine

Steeven Shu Kai Yeh

Fisioterapia Flávia Rúpolo Berach

Bianca Tomi Rocha Suda

Fernanda Santucci

Fonoaudiologia Caroline Hermóneges Costa

Camila Bolivar Martins Vieira

Nutrição Ariana Ester Fernandes

Priscila Koritar

Odontologia Carina Baptiston Tanaka

Francis H. do N. Tsurumaki

Psicologia Alan Osmo

Escola Politécnica Bruno Martins de Camargo

Rafael Stucchi da Silva

Jornalismo Pedro José Sibahi

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Ilustração 01 – Membros da diretoria da Bandeira Científica 2009

Além disso, o projeto contou com a participação dos Profissionais e Agentes de

Saúde locais, bem como funcionários da secretaria de saúde e dos centros de saúde

dos municípios. Os agentes de saúde, diretamente envolvidos com a saúde de cada

localidade, no centro urbano e nos povoados rurais, ficaram responsáveis pela

organização de listas para consultas, segundo critérios próprios de necessidade,

respeitando a disponibilidade máxima de vagas por especialidade e tipo de

atendimento, definidos pela Bandeira.

Processo de trabalho

As atividades realizadas contaram com a parceria de duas instituições: a

Universidade Estadual de São Paulo localizada em Bauru; e a instituição local de ensino

superior de referência, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

As tarefas foram divididas entre:

• Atividades assistenciais: atendimento médico geral e de

especialidades, atendimento fisioterapêutico, nutricional e odontológico, distribuição

de medicação segundo prescrição médica da equipe da Bandeira e avaliação

epidemiológica de saúde da população;

• Atividades de pesquisa baseadas nos relatórios epidemiológicos,

incluindo temas relacionados à ginecologia e à atividade física. Além disso, outras

pesquisas foram realizadas com questionários específicos, relacionados aos temas de

geriatria, acesso à saúde e capacitação de profissionais. Os exames realizados também

foram usados em pesquisa, como sobre a prevalência de doenças da tireóide.

• Atividades educativas: palestras para discussão de temáticas de

interesse dos agentes comunitários de saúde; capacitação de médicos e profissionais

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de saúde; atividades de educação e estímulo à inclusão digital; ciclo de palestras e

oficinas com a população geral no espaço de recepção das consultas e em

comunidades locais; e palestras e dinâmicas com crianças e jovens do município.

• Atividades técnico-estruturais: avaliação da estrutura da atenção

básica em consonância com o PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde) e o

andamento das atividades do PSF (Programa de Saúde da Família), e avaliação do

processo de gestão em saúde em Ivinhema; mapeamento da rede de atores sociais do

município; avaliação da infra-estrutura e planejamento em saneamento básico da

região; elaboração de projetos de saneamento básico; e estruturação e viabilização de

estratégias para melhorias do processo de agricultura e pecuária familiar em

assentamento selecionado do município.

Durante essa expedição foram realizadas 8591 atividades como descrito

anteriormente, sendo atingidas diretamente 5220 pessoas. Foram atendidos pelas

diversas áreas da saúde 3302 pacientes (Tabela 02) e realizados 2312 exames. As

atividades educativas e técnico-estruturais estão descritas na Tabela 03.

Médico Geral 1725

Odontologia 607

Fisioterapia 458

Nutrição 413

Psicologia 64

Fonoaudiologia 35

TOTAL 3302

Atendimentos

Tabela 02 – Atividades assistenciais em quantidade de atendimentos, dividido por unidades

Palestras/Oficinas 67

Visitas Domiciliares 28

Entrevistas 13

Reuniões com Gestores /

Profissionais da área15

Próteses Dentárias 40

Óculos 610

Outros

Tabela 03 – Outros tipos de atividades realizadas durante a expedição de 2009

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Bandeira Científica 2009 – Cidade

Ivinhema – MS

O Estado escolhido para a realização da Bandeira Científica 2009 foi Mato

Grosso do Sul, localizado na região centro-oeste do Brasil, onde o Projeto nunca havia

visitado. O município selecionado por atender os quesitos de avaliação social e

econômica (IDH), população (segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística [IBGE]), viabilidade acadêmica e técnica foi Ivinhema.

Caracterização do Município

A 282 km de Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, localiza-

se Ivinhema, o município selecionado para receber o Projeto Bandeira Científica em

2009. Com uma área de 2.009,887 km2, o município encontra-se na microrregião de

Iguatemi, no Sudoeste de Mato Grosso do Sul, a 362 metros do nível do mar.

Segundo estimativa do IBGE em 2009, Ivinhema apresenta população estimada

em 21.065 habitantes, sendo 69,71% na área urbana e 30,29% na área rural. Em 2000,

segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, foi atribuído o IDH

(Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,737 ao município. Além disso, segundo o

IBGE, em 2006, o PIB do município era em torno de R$136.410.400,00 e o PIB per

capita era de R$6.812,35.

Localizada às margens do Rio Ivinhema (cujo significado remete a “Terra há

muito desejada” ou ainda “Terra Prometida”) e entre os Rios Piravevê, ao norte, e

Guiray, ao sul, as terras foram adquiridas pelo paulista Renaldo Massi, em 1957,

impulsionado pela política de integração entre interior e litoral brasileiros durante o

governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961), com o intuito de implantar

uma colônia agrícola e um novo núcleo urbano. Para isso, no mesmo ano, foi

constituída a SOMECO S/A (Sociedade de Melhoramentos e Colonização), que iniciou

os trabalhos de ocupação da área. Projetada pelo urbanista Francisco Prestes Maia em

um sistema de glebas, o município foi criado em 11 de novembro de 1963.

Em 1987, por força da implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária

(PNRA) ao sul do município, nos imóveis desapropriados Horizonte e Escondido, foi

instalado o assentamento Novo Horizonte do Sul. No decorrer do tempo o

assentamento foi se desenvolvendo e em 1992 essa região foi elevada à categoria de

município, mantendo o referido nome. Em meados de 2000, fora desapropriado no

Município, uma área de 2.967,66ha das terras mais produtivas do município (Distrito

de Amandina); referidas terras foram divididas em 100 lotes, com módulos que variam

de 8 a 14 alqueires. O assentamento foi nomeado de "São Sebastião", por estar na

fazenda de mesmo nome.

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Hoje o município, de colonização predominantemente paulista, vive da

economia agropecuária, tendo entre seus principais produtos comercializados, os

laticínios, a fécula de mandioca, o café, a goiaba e o urucum chegando o ser o maior

produtor do estado em alguns desses itens, além de um crescente trabalho em

artesanato local.

Dados populacionais e socioeconômicos

O município tem uma população estimada de 21.065 habitantes. Através da

análise da pirâmide etária nota-se que aproximadamente 31% da população da cidade

possui menos de 20 anos de idade. O município apresenta ainda uma taxa de

crescimento de 1,7% ao ano. Analisando-se a pirâmide populacional da cidade

percebe-se que sua base está diminuindo como conseqüência da aproximação do

número de óbitos e do número de nascimentos em Ivinhema.

Os dados do IBGE de 2000 apontam que:

Quanto ao abastecimento de água:

75,1% é realizado através da rede geral e;

24,1% através de poço ou nascente na propriedade.

Quanto ao esgotamento sanitário:

A fossa rudimentar é utilizada por 96,5% da população;

O restante utiliza rede de esgoto pública, valas, rios ou fossas sépticas.

Quanto à situação do lixo:

23,9% da população queima o lixo no próprio terreno;

66,8% tem seu lixo coletado pela rede pública;

O restante joga ou enterra na propriedade ou em terrenos vazios.

Em 2000, o índice de alfabetização total é de 77,4%, próximo ao da capital do

estado, Campo Grande, que é de 83%. Quando consideramos a população na faixa

etária com 50 anos ou mais, esse índice é de 62,8%. Nesses dados não foi considerado

o analfabetismo funcional.

Infra-estrutura da saúde

Pertencente à regional de saúde de Nova Andradina e à macrorregional de

saúde de Dourados, Ivinhema apresentou em 2009, a cobertura da rede primária de

saúde pelo Programa Saúde na Família, composta por 5 equipes (4 urbanas e 1 rural)

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de 84,3%, com uma média mensal de visitas por família em torno de 0,09. Outros

10,6% da população recebiam cobertura do PACS, Programa de Agentes Comunitários

de Saúde. Neste mesmo ano, o gasto público total de saúde por cada habitante foi de

R$ 338,45, sendo o repasse do SUS de R$259,32 por habitante.

A cidade possui 12 estabelecimentos de saúde públicos, sendo todos esses

municipais, e 17 estabelecimentos de saúde privados, dos quais 13 são consultórios

isolados. A rede pública conta 17 leitos para internação, todos pertencentes ao SUS. O

município oferece exames de radiografia, ultrassom e eletrocardiograma além de

alguns exames laboratoriais bioquímicos.

Em 2006 existiam na cidade dois hospitais gerais, um público e um privado,

conveniado ao SUS e oito médicos fixos na cidade, que atendem pelo SUS, sendo

quatro deles especialistas: um cardiologista, um ortopedista, um cirurgião geral e um

oftalmologista; todos atendendo uma vez por semana.

A mortalidade geral em 2008 foi de 5,3 óbitos por 1000 habitantes, sendo que

as duas maiores causas de morte foram Doenças Cerebrovasculares e Infarto Agudo do

Miocárdio; o primeiro com coeficiente de mortalidade de 94,6 óbitos por 100 mil

habitantes e o segundo com coeficiente de mortalidade de 52 óbitos por 100 mil

habitantes.

O Grupo de Causa que possuía maior mortalidade era o de Doenças do

Aparelho Circulatório (Cap. IX), o segundo de Neoplasias (Cap. II), seguido de Causas

Externas de Morbidade e Mortalidade (Cap. XX). Já a mortalidade infantil era, para o

mesmo ano, de 9,1 óbitos por 1000 nascidos vivos.

Possibilidades de atuação

Considerando as necessidades do município, a Bandeira Científica busca atuar

de forma multiprofissional com atividades nas áreas de infra-estrutura, educação e

saúde que permitem resultados a curto, médio e longo prazo. Esta atuação gera

objetivos específicos bastante definidos, além dos objetivos gerais do projeto

acadêmico, para suprir as principais necessidades e demandas da população e do

município.

Por esta visão de aliar a atuação da Bandeira à necessidade local, serão

desenvolvidas as seguintes ações:

1 – Atendimento nas áreas de medicina, fisioterapia, nutrição,

fonoaudiologia e odontologia, com intenção de atender a demanda local, e gerar as

bases preventivas para melhorias a médio e longo prazo.

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2 – Orientação e auxílio no desenvolvimento de estratégias agrícolas e

ambientais junto à população rural. Identificação conjunta de problemas e elaboração

de soluções através do método Agenda XXI

3 – Elaboração de um plano executivo e de projetos de engenharia na

área de saneamento básico, de forma a minimizar a carência do município nesta área.

4 – Considerando as principais causas de mortalidade, a abordagem

assistencial e educativa possibilita um incremento na capacitação e qualidade do

atendimento em saúde na região.

5 – Com quase um terço da população composta por crianças e

adolescentes, a avaliação e acompanhamento nutricionais são fundamentais para

garantir o crescimento e desenvolvimento da população, além de outras medidas

voltadas para este público como o atendimento odontológico.

6 – Considerando a importância das diversas lideranças e gestores no

processo de construção do município, a identificação das inter-relações permitirá a

melhor abordagem nas diversas áreas, buscando parcerias efetivas entre diversos

setores da sociedade.

7 – Realização de uma documentação da expedição, além de facilitar a

comunicação interna do projeto e deste com a comunidade.

8 – Baseando-se nas necessidades e doenças prevalentes no município,

a elaboração de protocolos de investigação científica poderá contribuir com a geração

de informações e conhecimentos que permitam melhor atuação junto à comunidade.

9- Realizar um diagnóstico do sistema de saúde do município que

permitirá uma visão geral sobre a situação de saúde do município permitindo uma

avaliação dos problemas e das oportunidades de melhoria do serviço de saúde da

cidade.

Bandeira Científica 2009 – Dinâmica de Atuação

A expedição foi realizada entre os dias 12 e 22 de Dezembro de 2009,

totalizando oito dias de atuação direta na comunidade (divididos em dois tempos de

quatro dias), dois dias de viagem e organização da estrutura que seria utilizada e um

dia para integração entre as áreas participantes e entre os membros do Projeto e o

Município, para isso, contou-se com dois eventos sociais, valorizando a produção

artesanal e artística da cidade.

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A cada dia de trabalho direto com a comunidade existiam atividades

concomitantes: postos de saúde (e outras atividades de atendimento multidisciplinar),

atendimento odontológico, atividades educativas, atividades científicas e técnico-

estruturais.

Atividades de Saúde

Postos de Atendimento

(Medicina, Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Psicologia)

Todos os dias de atuação direta eram organizados três locais de atendimento

(exceto no último dia, em que havia dois locais) cedidos pela cidade, que variavam

entre si de acordo com o dia, sendo visitados no total oito locais, sendo cinco da área

urbana e três da rural. O posto de atendimento variou de acordo com o bairro ou

região atendida, em sua maioria eram realizados nas escolas municipais e estaduais.

Todos os pacientes eram identificados de acordo com a UBS de sua referência, cinco

no total, para que todos os dados e prontuário pudessem ser repassados para a

mesma e possibilitar a continuidade do atendimento pelo médico e equipe

responsável.

Para a operacionalização das atividades nesses três locais de atendimento

foram montados três grupos específicos de atendimento, denominados Confuso, Azul

e Cristalino em referência aos rios encontrados na região. Em cada local eram

responsáveis três diretores da medicina e um da fisioterapia para fazer a recepção dos

pacientes e organização do local de atendimento. A cada dia foi emitida uma lista

diferente dos profissionais discutidores e acadêmicos que acompanhariam cada grupo,

possibilitando conhecer os diversos locais e ter contato com diferentes participantes.

Em todas as divisões de acadêmicos, que foram feitas por sorteio, tomamos

cuidados para que cada um dos grupos e suas turmas tenham acesso às diversas

atividades em cada uma das localidades, equilibrando cargas horárias de atendimento

urbano / rural e função no atendimento (epidemiológico, triagem, farmácia). As

divisões dos supervisores são menos eqüitativas já que a prioridade de eqüidade foi

dada aos acadêmicos.

Diariamente nos locais de atendimento era organizado um serviço de recepção

dos pacientes, procedendo-se então a conferência do nome do paciente com as listas

de agendamento prévio. Para todos os pacientes agendados, foram abertas as fichas

de atendimento (geral, pediátrico e/ou ginecológico) e feito o preenchimento do

consentimento informado para utilização dos dados para pesquisa. Foram aplicados

questionários epidemiológicos simples utilizando meios convencionais (fichas

impressas). Os questionários epidemiológicos incluíram perguntas sobre condições

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gerais de vida, histórico de saúde do paciente, aspectos da saúde sexual e reprodutiva,

saneamento, entre outros.

Após o preenchimento dos dados epidemiológicos, o paciente era

encaminhado para uma seção de triagem onde ocorria a aferição da pressão arterial e

a realização, quando necessário, de teste rápido de glicemia, de acordo com a faixa

etária e doenças prévias dos pacientes. Quando a necessidade destes exames não

podia ser identificada no momento do inquérito epidemiológico, eles eram solicitados

durante ou após a consulta geral. Neste momento também eram coletadas amostras

sanguíneas de acordo com a faixa etária para a realização de possíveis exames

diagnósticos (quando necessário) e exames para pesquisa de prevalência de doenças

da tireóide.

Os pacientes seguiam então para a seção de atendimento, que era realizado

pelos acadêmicos. As consultas foram programadas de forma que os acadêmicos

dispusessem de tempo suficiente para manter boa relação médico-paciente,

procurando conseguir o máximo de informações necessárias da anamnese e exame

físico objetivando um diagnóstico clínico fidedigno. O caso era então discutido com um

dos médicos supervisores, de acordo com a especialidade, e a conduta definida de

acordo com o caso.

Após a discussão e definição de conduta para os casos, as receitas médicas

eram aviadas e carimbadas por um dos médicos supervisores e o paciente

encaminhado à farmácia para a retirada do medicamento. Toda a distribuição dos

medicamentos da farmácia era controlada pelos acadêmicos que, nos intervalos de

atendimento, repunham os estoques.

Os pacientes eram então encaminhados para alguma outra atividade específica

de acordo com a necessidade:

• Consultas com especialista (endocrinologista, oftalmologista,

ginecologista, psiquiatra, dermatologista, otorrinolaringologista);

• Coleta de Papanicolaou;

• Atendimento pela Fisioterapia: era realizado o atendimento pelos

acadêmicos de fisioterapia, seguido por discussão com supervisores e orientações

gerais e indicação de exercícios para os pacientes;

• Para os pacientes com distúrbios nutricionais e doenças cujo controle

dietético fazia parte do tratamento, foi feita avaliação nutricional por equipe

especializada seguida de orientações práticas em relação aos alimentos e dietas;

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• Em alguns dias a fonoaudiologia também estava presente no local, e

os casos em que eram necessários, foram encaminhados para esta área;

• A Psicologia ficava em dois postos de atendimento por dia e os

pacientes podiam ser avaliados pelos acadêmicos dessa área, em conjunto com o

profissional;

• Quando era necessária uma avaliação com maior continuidade, com

urgência ou com maior estrutura, os pacientes eram encaminhados para os serviços

locais da cidade ou para os serviços de referência. No encaminhamento para

seguimento médico, adotou-se a hierarquização estabelecida pelo Sistema Único de

Saúde. Assim, em casos simples, passíveis de acompanhamento em nível de atenção

básica em saúde, estes eram feitos ao sistema de saúde local. Casos de média e alta

complexidade foram encaminhados para hospitais secundários e terciários de

referência conforme acordo prévio com a Secretaria Estadual de Saúde;

• Realização de exames adicionais, incluindo ultrassonografia,

eletrocardiograma, entre outros.

Em geral os atendimentos de especialidades foram realizados nos mesmos

locais dos atendimentos gerais, diariamente ou em datas específicas previamente

definidas sobre as quais os pacientes eram informados no momento da consulta. As

exceções foram os exames de ultrassonografia, centrados em áreas distritais ou no

núcleo urbano e os atendimentos oftalmológicos que ficaram de forma fixa na região

central do município devido à dificuldade de transporte e instalação de equipamentos

nos diversos pontos periféricos de atendimento da Bandeira.

Houve grande afluxo de pessoas procurando atendimento em algumas áreas, o

que nos obrigou a organizar um serviço de triagem. As pessoas foram atendidas dentro

da disponibilidade e trocas com vagas remanescentes dos faltosos foram

efetuadas.

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Fluxograma 01 – Fluxograma dos postos de atendimento da Bandeira Científica 2009

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Na parte da manhã, além dos postos de saúde descritos, também havia visitas

domiciliares multidisciplinares, realizadas de acordo com o agendamento prévio. Eram

realizados cerca de três atendimentos por dia, totalizando 28 atendimentos. As áreas

participantes eram selecionadas de acordo com a demanda dos pacientes que seriam

atendidos. Nesta visita era possível a equipe avaliar, em parceria com o agente

comunitário correspondente, a situação de saúde e em alguns casos de saneamento

(principalmente quando havia participação da engenharia), e de acordo com o caso,

era possível fazer orientação, encaminhamento, receitas médicas e também doação de

materiais se necessário, como bengalas, kits de higiene dentária, e outros.

Os atendimentos oftalmológicos foram realizados nos pacientes que passaram

pelo atendimento geral da Bandeira Científica e que tinham alguma indicação de

avaliação oftalmológica, seja por déficit de acuidade visual ou por suspeita de

comprometimento ocular por doenças sistêmicas, e também para a população entre 7

e 9 anos e acima de 50 anos, sem queixas gerais. Todos os pacientes eram submetidos

a uma triagem de acuidade visual e exame de fundo de olho e os casos selecionados

eram submetidos a exames de refração e lâmpada de fenda, recebendo então uma

cópia da prescrição de lentes que já foram entregues aos pacientes gratuitamente.

Psicologia

O trabalho da Psicologia no Projeto Bandeira Científica parte de alguns

pressupostos, orientadores da nossa prática e das estratégias elegidas na nossa

atuação. Um primeiro objetivo é buscar conhecer a realidade do município a partir da

perspectiva de seus moradores, na tentativa de nos aproximarmos da realidade da

cidade que nos recebe.

É um aspecto do trabalho bastante importante, porque consideramos que a produção

do adoecimento e do sofrimento psíquico não é algo que se refere somente à pessoa

que adoece, mas de processos sociais em que todos nós estamos inseridos. A partir

deste trabalho, temos por objetivo articular as queixas que surgem no plano individual

com o contexto sócio-cultural no qual elas aparecem. Essa tarefa é de fundamental

importância para que as doenças não sejam simplesmente individualizadas e

medicalizadas. Assim, é possível destacar e refletir acerca do papel político e social na

produção do adoecimento em cada contexto.

Além disso, conhecer essa realidade pode ser uma forma de conhecer também as

potências da cidade e desenvolver ações que contribuam na implantação de políticas

públicas locais. Considerar que são os próprios moradores que constituem o dia a dia

do lugar implica que as mudanças a serem implementadas partirão deles e de suas

necessidades e desejos cotidianos.

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Nessa mesma direção, é que pensamos ser imprescindível, para nossa atuação,

a articulação do nosso trabalho com o dos profissionais da cidade. Em primeiro lugar,

como o Projeto atua durante apenas dez dias na cidade, é fundamental que, depois de

todo o trabalho desenvolvido por nossa equipe, possibilite-se alguma continuidade.

Consideramos, ainda, de extrema importância tal articulação, porque entrar em

contato com a realidade da cidade é também entrar em contato com a rede de

assistência já existente ali, com os profissionais que nela atuam. É na atuação em

conjunto que podemos aprimorar o entendimento das questões levantadas pela

cidade e pensar em possíveis soluções.

Por fim, se entendemos por saúde a capacidade do sujeito, na sua

complexidade, de enfrentar as adversidades físicas, psíquicas e sociais e como um

processo contínuo em que todos os aspectos da sua vida têm importância, temos

também por objetivo participar de forma interdisciplinar dos atendimentos realizados

pela Bandeira Científica. Com esta forma de trabalho, acreditamos que é possível

compreender melhor e de uma forma mais ampla os adoecimentos/sofrimentos do

sujeito. Além disso, o trabalho interdisciplinar proporciona a nós, estudantes, a

experiência, praticamente única na nossa formação, de pensar em conjunto com as

demais áreas de conhecimento.

Fonoaudiologia

A atuação em Fonoaudiologia no projeto Bandeira Científica contou, neste

primeiro ano, com a participação de duas graduandas e uma discutidora.

Primeiramente foi feito um plano para traçar o perfil dos atendimentos

fonoaudiológicos de acordo com a demanda da cidade, ou seja, dados levantados

junto com as secretárias da educação e da saúde de Ivinhema, fonoaudiólogas da

cidade e diretoras da creche antes e durante a expedição. Feito isso, foram levantados

temas interessantes para a cidade e importantes a serem abordados com o público-

alvo para discussões a respeito de diversas áreas competentes à Fonoaudiologia,

como: Voz, Audição, Linguagem, Hábitos Orais, Desenvolvimento Infantil

Neuropsicomotor, entre outros.

Foram realizadas atividades de promoção e educação em saúde, triagem

miofuncional orofacial, orientações e adaptação de próteses dentárias totais,

atendimento fonoaudiológico nos postos de atendimento, além da percepção das

demandas fonoaudiológicas da cidade.

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Atendimento Odontológico

Equipe de Voluntários

Figura 01 - Equipe de Odontologia formada por Diretores(camiseta verde), Alunos (camiseta branca) e

Discutidores (camiseta azul) da FOUSP e UFMS, juntamente com a Fonoaudiologia.

Na expedição foram priorizadas ações voltadas para Educação e Saúde,

motivação em higiene oral e prevenção de doenças bucais. Avaliou-se a eficácia dos

programas de promoção de saúde bucal, objetivando a melhora do quadro de saúde-

doença dessa população a médio e longo prazo; projetaram-se programas de atenção

em saúde bucal em conjunto com as lideranças locais envolvidas, para buscar a

incorporação de recursos adequados à realidade local. Transcendeu não apenas o

âmbito da odontologia, mas o próprio sistema de saúde, avaliando saneamento básico,

educação, alimentação, emprego e lazer com as equipes das outras unidades do

projeto, com a população e com as autoridades do município. Identificaram-se os

segmentos populacionais que apresentam maiores riscos, as causas específicas de

adoecimento, priorizando a atuação em regiões com desequilíbrio entre a demanda e

a oferta de serviços de assistência odontológica. Elaboraram-se estratégias educativas

para a formação e capacitação de multiplicadores em relação à prevenção de algumas

doenças bucais.

Durante a expedição em dezembro, o programa foi dividido em seis Frentes:

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Educação e motivação em saúde bucal

Esta frente de trabalho foi executada usando como local de atendimento as

escolas públicas, nesta frente de trabalho os pacientes passaram pelas palestras

educativas, evidenciação de placa, higienização supervisionada, exame clínico e

aplicação tópica de flúor como preconizado e lecionado na disciplina de saúde coletiva

da FOUSP.

Figura 02 (acima) e Figura 03 (abaixo) - Palestra educativa em saúde bucal e escovação

supervisionada.

Adequação de meio bucal

A adequação de meio é realizado através

da remoção de tecido cariado infectado e

posterior restauração com material restaurador

provisório utilizando a técnica de ART, além de

selamento de fóssulas e fissuras em molares

permanentes. Foram realizadas exodontias de

emergência de raízes residuais de dentes

decíduos.

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Figura 04 - Graduandos realizando adequação do meio, encarando dificuldades devido a precariedade

de infra-estrutura

Confecção de próteses totais

O atendimento dos pacientes com necessidade de próteses totais foi feito

todos os dias, onde foram usados os consultórios lá presentes, e onde foi montado um

laboratório de prótese para a realização das atividades laboratoriais.

Figura 05 - Alunos confeccionando próteses totais com a supervisão de pós-graduandos.

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Cirurgias

Pacientes com dentes condenados ou raízes residuais são atendidos, quando

possível, fazendo a seleção de casos mais adequados que se enquadrem na proposta

do projeto. Os casos têm pertinência pedagógica aos alunos e, de acordo com a

necessidade do paciente, eles eram remarcados para as respectivas extrações dos

elementos dentários.

Primeiramente é realizada a triagem, avaliando-se a condição de saúde bucal e

geral do paciente, e faze-se a seleção de casos mais adequados que se enquadrem na

proposta do projeto.

Palestras de capacitação dos Agentes Comunitários, professores, pais e responsáveis.

É fundamental salientar a importância dos Agentes Comunitários de Saúde

(ACS), principalmente, neste caso, em especial, pois serão multiplicadores,

observadores e realmente atuantes no processo em busca de saúde bucal.

A proposta da capacitação de ACS é disseminar dentro da comunidade, escolas

ou instituições informações básicas, porém preciosas e necessárias, sobre saúde e

higiene oral. Isso permitirá avaliar o impacto de nossas ações dentro da comunidade,

sabendo se houve sucesso na instauração de hábitos saudáveis de higiene e cuidados

com a saúde bucal, mesmo à distância.

Visitas Domiciliares

Avaliação odontológica realizada na residência de pessoas acamadas, ou com

dificuldade de locomoção. Ocorrem discussões interdisciplinares de casos clínicos e

orientação de higiene bucal para a família e/ou cuidador, quando houver paciente

fisicamente dependente.

Figura 06 - Visita Domiciliar na área rural de Ivinhema-MS

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População e grupo etário atendidos

As crianças matriculadas nas escolas da zona urbana e rural de Ivinhema – MS,

crianças entre cinco e doze anos.

Agentes Comunitários de Saúde, dentistas das escolas e postos, professores das

escolas primárias, diretores de escola, pais e responsáveis e pacientes com

necessidade de uso de prótese total.

Interdisciplinaridade e Multidisciplinaridade

A grande essência do projeto é a oportunidade de proporcionar aos alunos

experiências interdisciplinares e multiprofissionais. Atualmente os alunos da

odontologia atuam juntamente com a Faculdade de Nutrição nas ações voltadas para

educação e saúde bucal. São realizadas atividades de educação nutricional para

crianças a fim de incentivar e mostrar a importância de uma alimentação balanceada e

diversificada, interligando a boa alimentação com a saúde bucal.

Interagimos ainda com o curso de Fisioterapia, este ofereceu dicas e exercícios

de ergonomia para amenizar os desconfortos provenientes dos atendimentos com

pouca infra-estrutura. Além disso, através de uma conversa entre as áreas, sobre a

precariedade de recurso para o atendimento e mau posicionamento dos alunos, foram

confeccionadas, por parte da fisioterapia, pequenas almofadas que propiciaram

durante o atendimento melhor posicionamento do atendente e maior conforto ao

paciente.

Uma nova parceria com a Faculdade de Fonoaudiologia foi estabelecida nessa

expedição de 2009. A Fonoaudiologia atuou junto à odontologia com todos os

pacientes que receberam as novas próteses dentárias realizando avaliação da

motricidade orofacial, a partir dos parâmetros observados, orientações pontuais foram

feitas visando uma adaptação mais favorável à nova prótese, levando-se em conta

principalmente às funções alimentares (mastigação e deglutição) e a função

articulatória (fala).

A equipe também contou com a participação de seis alunos da UFMS, que

ficaram sob a supervisão da Profa. Dra. Inês Aparecida Buscariolo, atuando nas

atividades de educação e motivação em saúde bucal.

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32

Figura 07 - Equipe da Nutrição e Odontologia trabalhando juntas na parte educacional com as

crianças, através de uma atividade lúdica com a formação dos grupos da pirâmide utilizando materiais

recicláveis.

Atividades Técnico-estruturais

Engenharia

A engenharia participou do Projeto Bandeira Científica com as áreas civil e

ambiental. As atividades foram divididas em dois tempos, tendo uma primeira

expedição somente com os membros da Escola Politécnica e uma segunda expedição,

realizada em conjunto com as outras áreas, na qual a equipe conseguiu cumprir boa

parte do cronograma estabelecido para a mesma. Infelizmente, algumas palestras e

dinâmicas foram canceladas por falta de público, pois a divulgação foi bastante difícil.

Primeira Expedição

A primeira expedição para Ivinhema deu-se no período de 05/09/2009 a

08/09/2009 com os objetivos de verificar as condições de infraestrutura do município

e colher dados para a elaboração dos projetos e relatórios a serem entregues para a

prefeitura da cidade. A ideia basicamente foi mapear os problemas característicos do

local no que se refere ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de

resíduos sólidos e drenagem urbana, além de outros relacionados a temas específicos

do município.

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33

As atividades desenvolvidas durante este período são resumidas na tabela a

seguir.

Data Manhã Tarde Noite

4/9/2009 Saída de São Paulo

Reunião com prefeito Drenagem urbana

Água e esgoto

Resíduos sólidos

Reunião interna Visita à Escola AgrícolaSaída de Ivinhema de parcela

dos integrantes

Visita à voçoroca

Visita à Escola José do Patrocínio

Visita à área rural

Coleta de amostras de solo

Visita ao zoológico

Saída de Ivinhema dos

restantes dos participantes

Visita ao assentamento São

Sebastião7/9/2009

5/9/2009

6/9/2009

Visita às nascentes

Tour pela cidadeHospital público municipal

Tabela 04 - Resumo das atividades da primeira expedição.

Segunda Expedição

A atuação durante a expedição de dezembro teve como foco a realização de

atividades educativas sobre os temas de higiene sanitária e de conscientização

ambiental. A descrição delas consta em capítulo subseqüente.

O cronograma desenvolvido durante este período pela equipe de engenharia

pode ser visualizado na tabela seguinte:

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34

Período

13/dez 14/dez 15/dez 16/dez 17/dez 18/dez 19/dez 20/dez 21/dez 22/dez

domingo segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-

feira sexta-feira sábado domingo segunda-feira terça-feira

Man

Ampgov - finalizar detalhes

da palestra (Stucchi, Bruno e

Renato)

-

Atividade com crianças - Todos

CARCA - Todos

Social

CARCA (filme Ilha das Flores e compostagem) -

Stucchi, Bel, Bruno Fukasawa

e Renato

Quality - Bruno e Renato

Volta para SP

VD (Bruno Fukasawa e Guilherme)

ACS - Todos

Construção Composteira

CARCA - Stucchi, Diego e André

Workshop - 7:30

AMPGOV (compostagem e desinfecção de água) - 9:00 - Bruno e Diego

Assentamento (Tecnologias

sustentáveis e sustentabilidade de áreas rurais) -

Elcio, Caçula e André

- -

Coleta de amostras de

água - Bruno e Diego - 10:30

Tecnologias de saneameto -

funcionários da prefeitura e SANESUL -

Bruno e Mila

VD - Elcio e Mila Artesanato -

Stucchi, Mila e Bel

- - - - VD - André e

Renato

CARCA - Expansão -

Stucchi, André, Renato e Elcio

-

Almoço

Tard

e

- -

Atividade com crianças 14:00 às 15:30 - Renato, Stucchi, Bruno e Bruno Fukasawa

CARCA – Bruno Fukasawa,

Stucchi, Renato e Guilherme

Social -

Preparação da palestra de artesanato -

Stucchi, Fukasawa e

Diego

Busca de material para o assento da VD - Renato e Elcio

Workshop (13:00) - Bruno, Stucchi, Renato,

-

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35

Assentamento (Desinfecção de água) - 16:30 a 18:30 - Todos

Assentamento (tratamento de esgoto e gestão

de resíduos sólidos) - 16:30 a

18:30 - Todos

Assentamento (legislação

ambiental e conscientização

ambiental) - 16:30 a 18:30 -

Renato, Stucchi, Bruno e Bruno

Fukasawa

Coleta de amostras de

água - Bruno e Diego

Desinfecção de água -

conselheiros - Mila e Bruno

Fukasawa

Construção da composteira

Ampgov - Renato, André e

Elcio

Visita ao zoológico -

Caçula, Mila e Bruno

-

- -

Gestão de Resíduos de Serviços de

Saúde (UBS e Hospital) - 18:00 às 19:30 - Diego

e Guilherme

Gestão de Resíduos de Serviços de

Saúde (UBS e Hospital) - 15:30 às 17:00- Diego

e Bruno

Professores - Bel, André e

Bruno

Procurar local para construção

da ETE - Bel e Bruno

Biodigestor - escola agrícola -

Diego e Bel -

- - - - - - - -

- - - - - - -

Trajeto do circular e

estrutura para VD - Bel, André e Bruno Fukasawa

-

No

ite

- - - - Social

- - Construção do assento para a

VD Social -

- - - - - - - - -

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36

Medicina Júnior

Gestão e Administração

Este é um trabalho conjunto para a realização do Diagnóstico do Sistema de

Saúde, como parte do Projeto Bandeira Científica da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (FMUSP).

Esta parte do Projeto conta com a participação de três integrantes da Empresa

Medicina Júnior (Empresa Júnior dos alunos da FMUSP) e de um discutidor do

Programa de Residência Médica de Administração em Saúde do Programa de Estudos

Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde do Hospital das

Clínicas da Universidade de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas (PROAHSA).

A Proposta do Projeto da Bandeira Científica no tocante ao grupo de

Administração/Gestão estabeleceu diversas formas de se obter informações sobre

todo o Sistema de Saúde do Município.

O trabalho desenvolvido não tem a intenção de ditar os rumos e estratégias

que devem ser tomadas pelos níveis mais altos da gestão da Saúde no Município de

Ivinhema, tem sim a proposta de apresentar formas diferentes de se analisar todo o

Sistema e diagnosticar oportunidades de crescimento e desenvolvimento daquele.

Importante notar que as informações constantes foram obtidas de sites virtuais

de entidades públicas responsáveis pela difusão das informações em Saúde, podendo

ser sempre atualizadas para possíveis análises e tomadas de decisão.

Outro aspecto importante do trabalho como um todo é a difusão das

informações, através do Relatório Final, para todos os representantes de entidades

ligadas à Saúde Pública de Ivinhema.

Objetivos

Objetivos gerais:

Realização de um diagnóstico do Sistema de Saúde do Município;

Procurar reconhecer as principais dificuldades enfrentadas pelos

gestores de saúde do Município, objetivando a capacitação profissional

e formação de multiplicadores;

Proporcionar benefícios para o sistema de saúde global do Município,

com vantagens para os usuários e para os gestores, através de uma

minuciosa interpretação e análise de dados coletados.

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37

Objetivos específicos:

Incentivar e fomentar a cultura avaliativa nas instituições de saúde do

município;

Conhecer e levantar as principais dificuldades enfrentadas pelos

gestores na gestão da saúde do local;

Aferir a satisfação dos usuários;

Realizar comparações com outros municípios brasileiros;

Realizar capacitação profissional e formação de multiplicadores;

Identificar oportunidades de melhoria e apresentar propostas de

atuação, através da elaboração de um relatório que possa servir como

apoio à gestão.

Design

O “Laboratório de Design Solidário” (LabSol) é um Projeto de Extensão

Universitária do Departamento de Design da FAAC, UNESP Bauru, que tem como sua

proposta central a promoção de ações conjuntas entre o design, o patrimônio cultural

do artesanato e o conceito de Ecodesign, preocupando-se com a qualificação do

produto artesanal tradicional e sua inserção no mercado. Já com três anos de atuação,

o projeto é composto atualmente por onze alunos do curso de Design e um do curso

de Relações Públicas desta mesma universidade, sob a coordenação do professor

doutor Cláudio Roberto y Goya.

Como laboratório didático, a práxis tem propiciado aos alunos do curso de

Design a oportunidade da aplicação de seus conhecimentos a serviço de uma

sociedade mais solidária e democrática. Isso ocorre, uma vez que, as atividades do

LabSol se preocupam com a qualificação do produto, sua inserção no mercado, sua

possibilidade de geração de trabalho e renda e integração social de comunidades

carentes, sem perder o foco da preservação e conscientização ambiental, através da

preferência pela uso de materiais naturais ou biodegradáveis e processos produtivos

que não agridam o meio ambiente, tanto pela metodologia e técnicas de produção,

quanto pela preocupação com a reciclagem e reaproveitamento dos resíduos. O LabSol

apóia-se num tripé constituído pelos conceitos da Economia Solidária, Ecodesign e

Sustentabilidade.

No ano de 2009 o Laboratório foi convidado a participar do Projeto Bandeira

Científica da Faculdade de Medicina da USP no intuito de auxiliar as comunidades que

desenvolvem trabalhos relacionados ao artesanato no município de Ivinhema, Mato

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38

Grosso do Sul, cidade escolhida para receber a visita da Bandeira em dezembro de

2009.

Comunicação

A comunicação participou da Bandeira Científica com os cursos de Jornalismo

(quatro alunos) e Audiovisual (dois alunos), buscando atuar em quatro frentes. A

principal frente foi a comunicação institucional, que consistiu na produção de um mini

documentário, uma série de cinco programas de rádio, atualização do blog da Bandeira

Científica durante a expedição e produção de revista institucional do projeto. Na área

de educação, os participantes buscaram realizar oficinas com jovens da cidade,

trabalhando o jornal mural, e foi realizado um debate com profissionais de mídia locais

sobre as questões referentes à atuação do profissional e da empresa de comunicação.

Na terceira área, a assessoria de imprensa, o foco seria a divulgação do projeto e de

pautas ligadas direta ou indiretamente à expedição, tanto para veículo de circulação

local na região visitada, quanto para mídias de abrangência nacional. Por fim, os

participantes buscaram realizar matérias sobre temas ligados ou não à Bandeira

Científica, com o objetivo de publicá-las posteriormente em veículos do local visitados

ou mídias da cidade de são Paulo.

ESALQ

O principal objetivo do grupo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz” era auxiliar a comunidade a tentar desenvolver soluções para os principais

problemas vividos pelo Assentamento Rural São Sebastião, tendo como base a

organização, através de um planejamento estratégico que fosse criado junto com eles

e os integrasse nas atividades de maneira que as responsabilidades fossem divididas e

que, enfim, pudessem desfrutar das conquistas que fizessem em suas vidas.

Sobre o Assentamento

O Assentamento São Sebastião foi fundado em 2000 e hoje conta com um

pouco mais de 120 famílias residindo na área, em lotes de aproximadamente 25

hectares, sendo que a maioria reside em casas de alvenaria. Dentre as famílias,

existem 100 crianças (entre 03 e 09 anos) e 100 jovens (entre 09 e 18 anos).

O núcleo do assentamento é composto por uma sede, um ambulatório

(principalmente usada para a realização de medida a pressão arterial dos moradores),

uma escolinha para crianças de até quatro anos (os demais estudantes, entre 60 e 70

jovens, vão para Amandina em uma escola localizada a 40 km do local), um campo de

futebol e um Centro de Educação e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente

(CEDECA), o qual atualmente encontra-se desativado.

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39

As principais atividades produtivas são baseadas no cultivo de mandioca e

produção de gado leiteiro. O leite produzido é vendido para três laticínios próximos à

região: Cristo Rei, União e Copavil. Como atividade alternativa, um grupo de mães se

reúne na sede para trabalhar com artesanato e culinária no local (merenda para a

escolinha).

São Sebastião possui uma infra-estrutura precária no abastecimento de água,

de energia e saneamento básico, e deficiência nas vias de acesso à área urbana. A

coleta da água é feita em poços “caipiras”, com profundidade entre 20 e 25 metros,

que secam todo ano, nos períodos de estiagem. A construção destes poços é feita

ilicitamente pelos próprios moradores. A energia elétrica por sua vez, chega às casas,

mas não funciona eficientemente em dias de chuva. O direcionamento de resíduos

sólidos é feito em fossas rudimentares, queimado ou enterrado.

Havia necessidade de organização local, assim, o Projeto desenvolveu a Agenda

XXI. Este método, assim como o planejamento estratégico empresarial, visa identificar

pontos fortes e fracos da comunidade, para com a participação desta, definir metas e

ações visando à melhoria da qualidade de vida.

Atividades Educativas

Dentro das atividades educativas tiveram três tipos de organização: atividades

educativas preparadas e executadas por acadêmicos para a população geral e

específica, atividades de capacitação realizadas por profissionais para os médicos

locais e atividades de discussão em grupo com a equipe das Unidades Básicas de Saúde

realizadas por profissionais.

As atividades realizadas por acadêmicos foram estruturadas de forma simples e

objetiva, com o auxílio, na maioria das vezes, de recursos interativos e ilustrativos.

Algumas eram apresentadas em parceria com outras áreas, possibilitando uma

abordagem mais ampla e completa. As atividades com os profissionais e equipe de

saúde foram realizadas principalmente na forma de apresentação e discussão de casos

e situações.

As áreas que tiveram atividades educativas foram: medicina, engenharia,

fisioterapia, fonoaudiologia, empresa Medicina Júnior, comunicação, nutrição,

agronomia e odontologia. O público-alvo variava de acordo com o assunto da atividade

e dos objetivos propostos.

Pesquisas Científicas

Foram programados projetos de pesquisa para estudar aspectos

epidemiológicos gerais comparativos entre as regiões atendidas, pesquisas

populacionais específicas nos assuntos de geriatria, ginecologia, capacitação,

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40

endocrinologia, atividade física, acesso à saúde e sexualidade. Os projetos foram

submetidos às Comissões de Ética dos hospitais e instituições envolvidas. Os

voluntários convidados a participar das pesquisas, preencheram o termo de

consentimento livre e esclarecido e o questionário para formação de banco de dados

para análise futura. Todos os envolvidos que ainda não receberam, receberão os

resultados dos exames realizados bem como o devido acompanhamento médico.

Participaram como colaboradores médicos e acadêmicos de medicina da USP.

Análise Estatística

Para a análise completa dos dados apresentados no relatório final, todos os

dados das fichas epidemiológicas e de atendimento, além dos questionamentos

adicionais dos protocolos de pesquisa foram digitalizados, tabulados e submetidos à

análise descritiva e estatística, utilizando-se o software SPSS© for Windows versão

13.0 da SPSS Incorporation©.

As análises descritivas foram feitas através das freqüências absolutas e

percentuais e representadas graficamente através de histogramas, gráficos de barras e

gráficos setoriais tipo “pizza”. Todos os valores foram corrigidos de acordo com as

áreas de atendimento.

As análises estatísticas para dados qualitativos foram feitas utilizando-se o teste

não paramétrico do “Chi-quadrado”, assumindo o valor de referência para a

significância estatística em 5% (p<0,05). As análises estatísticas para dados

quantitativos, utilizando-se o teste “T de student” ou análises de variância “ANOVA”

quando os dados possuíam distribuição normal. Quando o teste de Kolmogorov-

Smirnov mostrou distribuição dos dados diferentes da normalidade, foram então

utilizados os testes não-paramétricos de Mann-Whitney e Kruskall-Wallis. Análises

adicionais de regressão logística binária e multinomial e outras análises multivariadas

também foram aplicadas para avaliar o impacto de fatores individuais sobre

determinadas doenças, condições e “end points” de interesse científico.

O número de casos utilizados em cada análise variou, já que foram

desconsiderados na análise estatística os dados preenchidos de forma incorreta ou

incompleta. Para cada variável de análise, os valores foram mostrados como dados

absolutos e percentuais do total de casos válidos naquela análise.

Dentre os principais motivos para perda de dados destacam-se: 1) dificuldade

para organização das atividades de recepção, já que havia pressão intensa dos não

agendados; 2) falhas de preenchimento ou de clareza nas informações das fichas.

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41

Bandeira Científica 2009 – Resultados

Resultados Gerais

O resumo dos dados gerais obtidos na Bandeira Científica de 2009 pode ser

analisado na tabela (Tabela 05) abaixo.

Resumo de Resultados

Pessoas Atendidas - Atividades Assistenciais 3802

Pessoas Atendidas - Total do Projeto 5220

Número Total de Atividades 8695

Número Total de Atendimentos 5615

Número Total de Exames 2312 Tabela 05 – Resumo das atividades realizadas no Projeto Bandeira Científica 2009

Foram 8695 atividades e 3802 pacientes atendidos, sendo 5220 pessoas

atendidas em diversas atividades. A diferença entre o número de pacientes e o

número de atividades é explicada pelo fato de que alguns pacientes passaram por mais

de um atendimento/ atividade, por exemplo, atendimento geral e fisioterapêutico, ou

atendimento geral e oftalmológico.

Os resultados divididos por tipo de atividades podem ser avaliados na tabela

abaixo (Tabela 06).

ATENDIMENTOS EXAMES

Atendimento Médico Geral 1725 Glicemia de ponta de dedo 1423

Ginecologia 185 Amostra de Sangue 725

Pediatria 422 Exames citológicos 68

Fisiatria 95 Exames anatomo-patológicos 9

Dermatologia 301 Ultrassonografias 52

Psiquiatria 98 Eletrocardiogramas 35

Oftalmologia 1108 Total de Exames 2312

Fisioterapia 512 Palestras/Oficinas 67

Nutrição 502 Entrevistas 13

Psicologia 25 Reuniões com gestores / Profissionais da área 15

Odontologia 607 Próteses dentárias 40

Fonoaudiologia 35 Óculos 610

Total de Atendimentos 5615 Coleta de materiais 23 Tabela 06 – Resultados divididos por tipo de atividade realizada no Projeto Bandeira Científica 2009

Os atendimentos gerais corresponderam às consultas de clínica geral e

avaliação geral dos pacientes que podiam então ser encaminhados para atendimento

de especialidades. Em alguns casos, especialmente em ginecologia e pediatria, os

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pacientes eram encaminhados diretamente para este atendimento (através da

discussão do caso com o ginecologista ou pediatra).

Dos 1108 atendimentos oftalmológicos, 607 tiveram problemas corrigíveis com

lentes que foram prescritas no local e já foram doados para a população em abril de

2010.

Dentre as 8695 atividades, 2312 foram exames realizados, entre eles, citologias

cérvico-vaginais, ultra-sonografias (cujos laudos foram entregues aos pacientes na

ocasião do exame) e eletrocardiogramas (que eram analisados localmente pelos

médicos discutidores, a seguir enviados para o serviço de eletrocardiografia do

Instituto do Coração via Internet, onde foram laudados e enviados de volta para

distribuição para os pacientes).

Perfil Epidemiológico

Origem

Analisando as características da população da cidade de Ivinhema, observa-se

grande número de pacientes oriundos de outras regiões do país (55,87%). Isso pode

ser explicado em parte, pelo tipo de ocupação da cidade, que foi tardia, durante a

década de 60, e programada por um paulista, Reynaldo Massi. Tal fato fica evidente ao

observarmos o gráfico 01, que mostra a procedência dos pacientes atendidos pelo

Projeto Bandeira Científica 2009. A maior porcentagem diz respeito às pessoas

nascidas em Ivinhema (33,47%), seguido pelas pessoas nascidas no Sudeste (25,01%) e,

em terceiro lugar, contando ainda com uma porcentagem significativa, a região

Centro-oeste (15,78%).

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43

Gráfico 01 – Origem dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009

Além disso, analisou-se a média do tempo em que os pacientes atendidos

residiam em Ivinhema, e constatou-se que era 24,08 anos (gráfico 2). Além disso, foi

possível observar também que muitos deles, por volta de 350, acabaram de se mudar

ou residem em outra cidade e vieram em busca de atendimento.

Gráfico 02 – Média do tempo em que os pacientes atendidos residiam em Ivinhema

Ainda sobre os pacientes residentes em Ivinhema, apenas 221 (7,49%)

gostariam de deixar a cidade, sendo a maioria devido a problemas de emprego

(42,86%) ou problemas pessoais (35,91%). Dados apresentados nos gráficos 03 e 04.

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44

Gráfico 03 – Quer deixar Ivinhema? – Resposta dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009

Gráfico 04 – Porque gostaria de deixar Ivinhema? – Resposta dos pacientes atendidos na Bandeira

Científica 2009

Analisamos também quantas pessoas habitavam a casa do paciente e

observamos uma média de 3,55 (mínimo 1 e máximo 15), conforme o gráfico 05. Este

número compreendeu majoritariamente entre 2 e 4, o que fala a favor de uma família

possivelmente mais bem estruturada, já que uma residência com muitos habitantes

pode estar relacionada com vários problemas como: falta de higiene, de alimentos, de

água tratada, de privacidade, etc.

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Gráfico 05 – Quantas pessoas residem na casa do paciente atendido na Bandeira Científica 2009

Registro Civil

Em relação ao número de pacientes com registro civil, 91,15% (2.689) da

população afirmou possuí-lo, enquanto 8,85% (261) negaram (gráfico 06).

Gráfico 06 – Registro civil dos pacientes atendidos na Banderia Científica 2009

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46

Faixa Etária

A maior parte dos pacientes atendidos concentrava-se nos grupos de faixa

etária, entre 18 e 62 anos (adultos e adultos jovens), seguidos pelas crianças menores

de 10 anos (gráfico 08). O menor número absoluto de pacientes atendidos nos grupos

dos adolescentes e idosos deve-se, provavelmente, às condições de saúde mais

estáveis do primeiro grupo e à distribuição etária da população, com proporção menor

de indivíduos maiores de 65 anos.

Gráfico 08– Pacientes atendidos segundo a faixa etária

Sexo

A distribuição de atendimentos entre homens e mulheres (Gráfico 09) mostrou

que há um número maior de indivíduos do sexo feminino atendidos. Essa

superioridade não é tão grande quanto em alguns eventos anteriores da Bandeira

Científica (em 2005, por exemplo, a proporção foi de 2,5 mulheres para cada homem

atendido).

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47

Gráfico 09 – Distribuição dos pacientes atendidos na BC-2009 segundo o sexo.

Essa informação pode ser mais bem interpretada em conjunto com o Gráfico

10, que mostra que uma parte significativa dos homens atendidos (35,61%) eram

menores de 20 anos e a maioria das mulheres (64,39%) tinha entre 20 e 62 anos. Isto

pode ser explicado devido ao fato de que as mulheres, durante a fase adulta e adulta

jovem (fase sexualmente ativa) procuram mais o médico, especialmente devido à

presença de afecções ginecológicas e às rotinas de prevenção de doenças,

incrementando o percentual de pacientes nesta faixa etária. O fato de em geral serem

as mulheres as responsáveis pelo cuidado constante dos filhos, inclusive a visita ao

médico, favorece o incremento do número de crianças, semelhante em termos

absolutos entre os sexos, mas que acabam tendo maior participação percentual entre

os homens.

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48

GRÁFICO 10 – Correlação dos pacientes atendidos segundo a faixa etária e sexo.

Estado Civil

O estado civil da população de Ivinhema que foi atendida pelo Projeto (Gráfico

11) mostrou que 58,4% da população vivem com algum companheiro (casado ou

amasiado) e que há 28,82% de solteiros. Essa porcentagem já foi bem maior em

algumas expedições anteriores, como a de 2006, por exemplo, com 35,28% de

solteiros. A porcentagem em Ivinhema, no entanto, é mais consonante com as médias

históricas da Bandeira.

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49

GRÁFICO 11– Estado civil dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009.

Etnia

O Gráfico 12 refere-se à cor dos pacientes atendidos pela Bandeira em 2009.

Conforme podemos observar, cerca de metade dos pacientes, quando questionadas

durante o inquérito epidemiológico, se consideram brancos. Os que se consideram

pardos ou mulatos foram 39,8% e 7,63% se consideram negros.

GRÁFICO 12– Cor dos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.

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Religião

Já quando questionados sobre a religião, os seguintes dados foram obtidos:

79,76% são católicos, seguidos de 16,10% de evangélicos e 3,17% não têm religião

GRÁFICO 13 – Distribuição dos pacientes atendidos na BC 2009, segundo a religião.

Renda

A avaliação sobre a situação socioeconômica demonstra que 64,98% das

pessoas entrevistadas tinham emprego e praticamente todas estas contribuíam com a

renda da casa. A maioria dos pacientes atendidos, 61,95%, tem o salário entre 0,5 e 2

salários mínimos (gráfico 14), sendo que do total de pacientes 22,66% tem a fonte de

renda proveniente de ajuda governamental (gráfico 15), como bolsa família ou outras

formas. Esses dados demonstram que, apesar de um relativo grau de dependência de

recursos governamentais, na cidade de Ivinhema, os pacientes atendidos possuíam

maior independência de bolsas e existiam mais pessoas com fonte de renda fixa, 1593

pacientes, em relação às expedições anteriores, como na de 2006. Além disso, a renda

média da população atendida é superior aos anos anteriores devido ao maior número

de pessoas com renda entre 1 e 2 salários mínimos e menor quantidade de pessoas

com menos de 1 salário mínimo.

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51

Gráfico 14 – Renda média dos pacientes da Bandeira Científica 2009, em salários mínimo.

Gráfico 15 – Fonte de renda dos pacientes da Bandeira Científica 2009.

Apesar da renda média da população atendida ser relativamente baixa, entre

0,5 e 2 salários mínimos, 71,59% das pessoas têm casa própria (gráfico 16), sendo que

a maioria é de alvenaria, 61,34% (gráfico 17). Isso revela que grande parte possui boas

condições de moradia e que estas condições têm estabilidade. Dentre as outras

situações de moradia, observa-se que foram poucas as pessoas atendidas que

moravam em assentamento, 21 pessoas. Além disso, 15,61% moravam em casa cedida

por empregador ou por outro tipo de pessoa e 11,56% pagavam aluguel pela casa. Em

relação à condição das casas, a enorme maioria tinha casa com boa estrutura, sendo

que 1780 pessoas tinham casa de alvenaria/ tijolo e 1110 pessoas tinham casa de

madeira (gráfico 17), e as parcelas de pessoas com outros tipos de casa ou com casa de

pau-a-pique não foi significativo. Essa evidência tem como fator agravante, além da

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própria estrutura da cidade, a maioria das pessoas atendidas serem da área urbana,

onde as casas são mais bem estruturadas.

Gráfico 16 – Situação de moradia da população atendida na Bandeira Científica 2009.

Gráfico 17 – Tipo de casa dos pacientes da Bandeira Científica 2009.

Não existe muita diferença na renda das pessoas que vivem na área urbana e as

que vivem na área rural (gráfico 18). Entretanto, é possível notar que a renda média da

área urbana é superior à área rural, uma vez que existem maior número de pessoas

com renda maior que 2 salários mínimos. As faixas de renda onde há maior

discrepância entre as regiões são as faixas entre 2 e 3 salários mínimos e maior de 3

salários mínimos que são maiores na zona urbana e as faixas de 0,5 a 1 salário mínimo

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e entre 1 e 2 salários mínimos que são maiores na zona rural. Em ambas as regiões, as

pessoas com menos de 1 salário mínimo e sem renda são muito poucas, somando

4,51% em ambas as áreas.

Gráfico 18 – Renda dos pacientes em relação a região na Bandeira Científica 2009.

Bolsa Família

Em relação à ajuda governamental para complementar a renda familiar,

observa-se que 77,35% das pessoas não usufruem dessa ajuda e das pessoas que

possuem bolsa, 79,53% possuem bolsa família (gráfico 19). Quando se compara as

populações das zonas rurais e urbanas, não há diferença significativa (gráfico 20), o

que pode sugerir que as condições de vida na zona rural e urbana não têm grande

discrepância.

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54

Gráfico 19 – Bolsa família e outras bolsas na população da Bandeira Científica 2009.

Gráfico 20 – Distribuição de bolsa nas áreas rural e urbana na Bandeira Científica 2009.

Escolaridade

A escolaridade foi medida pelo grau máximo de instrução atingido pelo

paciente e o gráfico 21 mostra que 66,13% das pessoas atendidas não completaram

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(não terminaram ou nem começaram) o ensino fundamental. Apenas 5,28% dos

pacientes têm o ensino superior. Apesar da escolaridade na área urbana ser um pouco

melhor (gráfico 22), o baixo grau de instrução prevalece em ambos os locais de

atendimento.

Gráfico 21 – Escolaridade dos pacientes da Bandeira Científica 2009

Gráfico 22 – Escolaridade dos pacientes em relação à região na Bandeira Científica 2009.

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56

O gráfico 23 correlaciona a escolaridade à idade dos pacientes. Podemos inferir

que está havendo um aumento progressivo do acesso à educação, pois o nível de

escolaridade é maior conforme a faixa etária diminui. Esta correlação também foi feita

em expedições anteriores da Bandeira Científica. Isso mostra que apesar do baixo nível

de escolaridade ainda prevalecer, há uma tendência por todo o Brasil de uma melhora

ao acesso à educação.

Gráfico 23– Escolaridade dos pacientes em relação à faixa etária na Bandeira Científica 2009.

Profissão

O questionário epidemiológico mostrou que 29,85% das pessoas atendidas são

donas de casa (gráfico 24). Isso se deve provavelmente devido à grande quantidade de

mulheres adultas atendidas no projeto (64,39% - gráfico 09 já apresentado acima),

correspondendo às principais atividades destas no meio urbano.

A segunda profissão de maior porcentagem corresponde à lavoura (22, 41%),

que é a principal atividade da área rural (38,03% das pessoas atendidas). É possível

correlacionar este dado com a principal queixa dos pacientes da Bandeira Científica,

que era a dor osteomuscular, segundo o gráfico 25.

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57

Gráfico 24– Profissão dos pacientes na Bandeira Científica 2009.

Juntas, as profissões de dona de casa e lavoura perfazem 51%. A porcentagem com

escolaridade fundamental incompleto é muito próxima a esta, de 52%. Talvez por

baixa escolaridade essas pessoas não consigam sair da lavoura ou conseguir um

emprego remunerado na cidade.

Por fim, o gráfico 15 havia mostrado que 24,10% dos pacientes tinham como

fonte de renda a aposentadoria, porém no gráfico 24 apenas 0,5% das pessoas se

disseram aposentadas. Isso pode indicar que mesmo sendo aposentados, grande parte

dos idosos ainda trabalha.

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58

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Dor osteomuscular

Dermatológicas

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Ortopédicas

Cefaléias

Dispepsia/ refluxo

Depressão

Otorrino*

Diabetes

Neurológicas

Ginecológicas

Endocrino*

Gastro

Artrose

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Hipoacusia

CardioVascular

Déficit Visual

Transtorno ansioso

Clínica

Enxaqueca

Pneumo

*Informação coletada nos atendimentos e não no Inquérito Epidemiológico

Gráfico 25– Principais queixas dos pacientes na Bandeira Científica 2009, segundo o sexo.

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Geniturinário

Considerando apenas as pacientes do sexo feminino, quando questionado se

apresenta atualmente perdas urinárias, 24% (479 de 1.993) relataram que sim (Gráfico

26). A alta freqüência pode se relacionar com o fato já mencionado anteriormente que

a faixa etária predominante de mulheres atendidas no projeto é entre 20 e 62 anos,

especialmente entre 40 e 60. Outra razão a ser considerada é que a incontinência

urinária foi o que levou a paciente a ser atendida.

Gráfico 26 - Porcentagem das pacientes atendidas que relataram perda urinária quando questionado

diretamente. Número de pacientes foi de 1.993.

Correlacionando a perda urinária com a idade das pacientes, foi percebido que

existe uma relação importante (p< 0,5 segundo teste t), com a média de idade das

pacientes que perdem urina sendo 50 anos enquanto 38,5 anos para pacientes sem

perda (gráfico 27).

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Gráfico 27 - Perda urinária segundo idade entre as pacientes atendidas. Foi encontrada uma diferença

significativa (p < 0,05) entre os grupos.

Foram então questionados fatores desencadeantes da perda urinária (Gráfico

28). Encontrou-se que parte considerável das perdas é desencadeada por manobras de

esforço físico, e demonstram características de incontinência urinária de esforço. Os

fatores desencadeantes mais relevantes foram os atos de tossir, espirrar e rir

(respectivamente 17%, 13% e 8,5% de todas as que relataram perda urinária), ações

que provocam um aumento da pressão intra-abdominal e favorecem a perda. Diversas

pacientes responderam afirmativamente a mais de um fator desencadeante, assim

como outras não relataram perda urinária com nenhum.

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Gráfico 28 - Fatores desencadeantes de perda urinária, de um total de 479 pacientes.

Quando questionadas ativamente sobre outras afecções ginecológicas (Gráfico

29), encontrou-se que embora 24% das pacientes relataram anteriormente perda

urinária, apenas 9% relataram incontinência urinária, o que talvez se relacione ao

modo em que foi perguntado. Esse questionário, no entanto permite observar que

uma parcela importante das perdas urinárias talvez se deva também à bexiga

hiperativa, constatando-se que 11% de todas as pacientes relataram urgência

miccional, e pouco mais de 10% relataram urge-incontinência. Porém, disúria também

foi bastante referida (9%), apontando para uma possivelmente alta prevalência de

infecções do trato urinário, o que também pode explicar a perda urinária. Quando

questionado sobre constipação evidenciou-se a alta prevalência da afecção, 16%. Já

prolapsos e incontinência fecal foram menos referidas, 2,5% e 1,5% respectivamente,

mas ainda representam parcelas importantes dos pacientes atendidos.

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62

Gráfico 29 - Outras afecções do trato geniturinário questionadas às pacientes da BC.

Antecedentes pessoais

Quando os 3802 pacientes atendidos pelo Projeto foram questionados sobre

agravos prévios à saúde, 42% referiram dificuldade visual, 34%, lombalgia e 34%

relataram cefaléia. Condições também freqüentes foram verminoses (20%) e

hipertensão (19%). Outras doenças prévias referidas foram diabetes (7%), diarréias

freqüentes (5%), dengue (4%), malária (3%), leishmaniose (18 casos), tuberculose (18

casos) e hanseníase (13 casos).

O perfil epidemiológico dos antecedentes pessoais encontrados demonstra

uma realidade semelhante a do Brasil como um todo.

O grande número de queixas de alterações oftalmológicas é de se esperar pela

alta prevalência desse tipo de alteração em pacientes jovens e idosos, de todas as

classes sociais.

Lombalgia e cefaléias são situações também muito freqüentes, sendo que a

primeira pode estar associada, nessa população, a condições ergonômicas

desfavoráveis em atividades braçais desenvolvidas no campo.

Os antecedentes pessoais de verminoses e diarréias freqüentes demonstram

uma carência na infra-estrutura de saneamento básico do município de Ivinhema a

despeito da porcentagem não tão alta dessas afecções.

Destaque é feito para os casos de antecedente de dengue, pois a cidade tem

enfrentado nos últimos anos epidemias da doença nos meses chuvosos sem redução

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do número de casos novos. Isso demonstra uma dificuldade para a conscientização da

população quanto a medidas simples que evitam a reprodução do vetor.

A região Centro-Oeste é a segunda com maior coeficiente de detecção de

leishmaniose no Brasil, desta forma vigilância deve ser mantida quanto ao

aparecimento de casos novos dessa doença infecto-parasitária.

A ocorrência de tuberculose e hanseníase, doenças de alto potencial de

contágio e extremamente freqüentes no Brasil, foi relativamente baixa nessa

população. Tal fato, no entanto, não elimina a necessidade de campanhas que alertem

quanto à necessidade de diagnóstico precoce e tratamento adequado devido ao

grande impacto dessas doenças altamente contagiosas à saúde pública.

Etilismo e tabagismo

Foram incluídas no questionário aplicado aos pacientes atendidos perguntas

referentes a hábitos e estilo de vida que são importantes determinantes da saúde

destes, particularmente o etilismo e o tabagismo.

O etilismo e principalmente sua faceta mais abusiva, o alcoolismo, são

considerados importante problema de saúde pública. A ingesta abusiva ao longo do

tempo de bebida alcoólica pode produzir danos ao organismo de diferentes naturezas

como o maior risco de cirrose hepática, de neoplasias em diversas localizações, de

doenças cardíacas, de acidente vascular cerebral, de lesões por acidentes e violência e

de quadros de depressão, sendo considerada fator de risco para o suicídio, além de ser

responsável por importante parcela dos acidentes de trânsito, de trabalho, faltas ao

trabalho e violência doméstica.

Leis para controle de venda, propaganda e consumo de bebidas alcoólicas vêm

sendo aprovadas e o monitoramento do padrão de consumo de álcool na população

torna-se importante para a formulação de estratégias eficazes de promoção à saúde.

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Gráfico 30 – Etilismo entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.

Conforme os dados obtidos nos questionários, podemos observar que a taxa de

etilismo foi de 6,59%, sendo que cerca de 5,51% afirmaram serem ex-etilistas (gráfico

30). Esta porcentagem não é muito distante da taxa de prevalência de 6,7% de

consumo excessivo de álcool na capital do estado, Campo Grande. Devemos

considerar, no entanto, que essa é uma informação fornecida de forma espontânea

estando sujeita a omissões e mentiras.

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Gráfico 31 – Etilismo entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009, segundo a UBS

freqüentada.

Procuramos também saber se haviam diferenças no consumo de álcool entre os

bairros da município conforme separados segundo a UBS freqüentada (gráfico 31). Não

foram encontradas diferenças estatisticamente significantes, mas pode-se considerar

que haja alguma imprecisão nesse dado dada a natureza espontânea da informação e

ao fato de que algumas regiões foram agrupadas devido ao fato da UBS no local

atender a população de mais de um bairro, tal qual ocorreu com o Triguenã, onde foi

levantada demanda espontânea por intervenções na área educativa a respeito do

abuso de substâncias ilícitas, do tabaco e do álcool, mas que foi integrado à UBS do

bairro Vitória.

O tabagismo é considerado, hoje em dia, o maior fator de risco para doenças

crônicas e cerca de 20% de todas as mortes ocorridas nos países desenvolvidos podem

ser atribuídos a esse hábito nocivo. No entanto, apesar da ampla difusão das

evidências já consolidadas dos prejuízos acarretados, a prevalência do tabagismo

continua muito alta.

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Sendo assim, é importante que as autoridades competentes adotem políticas

de saúde mais agressivas no combate ao tabagismo, visto que não se trata de um

problema de falta de informação.

Em nosso questionário 13,01% dos pacientes atendidos afirmaram serem

tabagistas e 10,42% afirmaram terem largado esse hábito (gráfico 32). Esse índice não

é muito abaixo da taxa de prevalência de fumantes regulares na capital do estado,

Campo Grande, que é de 14,5%.

Gráfico 32 –Tabagismo entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.

Sexualidade

Foram avaliados também, durante a Bandeira Científica, aspectos da vida

sexual e métodos de contracepção dos pacientes atendidos pelo projeto. Para as 1638

(75,69%) pessoas que relataram vida sexual ativa, foi perguntado sobre a idade da

primeira relação (Gráfico 33). Foi observado que a grande maioria tinha tido sua

primeira relação entre os 15 e 19 anos (gráfico 34).

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Gráfico 33 – Atividade Sexual nos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009

Gráfico 34 – Idade da primeira relação sexual em relação à faixa etária dos pacientes atendidos pela

Bandeira Científica 2009.

Já na parte relativa à contracepção, 49,02% das pessoas que responderam aos

questionários de avaliação disseram usar algum tipo de método contraceptivo (gráfico

35). Dos indivíduos que fazem uso de contracepção (gráfico 36), o principal método

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utilizado foi o cirúrgico (48,21%), seguido da pílula (24,74%) e da camisinha (16,92%).

Vale destacar que, dos três principais métodos, o uso da camisinha ficou abaixo do

esperado (77,07% não usam nunca, gráfico 37), o que pode ser visto como motivo de

preocupação, visto que, dos métodos mais utilizados a camisinha é o único que tem

função também na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

Gráfico 35 – Uso de métodos contraceptivos pelos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.

Gráfico 36 – Tipos de contraceptivos utilizados pelos pacientes atendidos pela Bandeira Científica

2009.

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Gráfico 37 – Uso de camisinha nos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009

A idade média em que as 1924 mulheres questionadas tiveram o primeiro filho

foi de 22 anos (gráfico 38). Observa-se que quanto maior a idade das mulheres mais

tardia é a idade da primeira relação e a idade em que deu à luz o primeiro filho (gráfico

39 e gráfico 40), havendo, portanto uma relação direta entre a idade da primeira

relação e a idade em que se teve o primeiro filho (gráfico 41).

Já quanto à satisfação, 86,7 % das mulheres com vida sexual ativa (n=1421) se

disseram satisfeitas (gráfico 42).

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Gráfico 38 – Idade em que concebeu o primeiro filho das pacientes atendidas pela Bandeira Científica

2009.

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Gráfico 39 – Relação entre idade da primeira relação sexual e idade em que concebeu o primeiro filho

das pacientes atendidas pela Bandeira Científica 2009.

Gráfico 40 – Relação entre idade e idade da primeira relação sexual das pacientes atendidas pela

Bandeira Científica 2009.

Gráfico 41 - Relação entre a Idade e a idade em que concebeu o primeiro filho das pacientes atendidas

pela Bandeira Científica 2009.

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Gráfico 42 – Satisfação sexual das pacientes atendidas pela Bandeira Científica 2009.

Levando em conta o conhecimento sobre a existência, contágio e prevenção do

vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da imunodeficiência adquirida

(AIDS) foram perguntados para os pacientes atendidos se eles se sentiam bem

informados sobre o assunto (gráfico 43). Das 1950 pessoas que responderam a esta

pergunta, apenas 52,51% delas disseram estar bem informadas. Considerando a

pandemia mundial e o potencial de infecção do vírus, há uma grande lacuna de

conhecimento na população local, tornando políticas de informação e conscientização

fundamentais na prevenção do contágio pelo vírus. Considerando este fato em

conjunto com a baixa percentagem de uso de camisinha e o início de atividade sexual –

com redução progressiva, é notório que há início da atividade sexual regular associado

a um baixo conhecimento sobre esta importante doença, que tem na relação sexual

uma importante forma de contágio. Neste sentido deixamos a orientação para o

desenvolvimento de campanhas educativas que visem não apenas o conhecimento da

doença e suas conseqüências, mas os métodos de prevenção, garantindo acesso a tais

métodos. Este tipo de atividade deve ser desenvolvido com toda a população, mas

enfocando especialmente os jovens e adolescentes devido à carência observada neste

sentido.

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Gráfico 43 – Conhecimento sobre HIV/AIDS entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica

2009.

Atenção Primária

A atenção básica à saúde também foi avaliada na Bandeira Científica 2009,

através de perguntas no nosso questionário epidemiológico, que mediam tanto o

acesso à atenção básica quanto a avaliação da qualidade do mesmo. Das 2950 pessoas

que responderam 87,29% delas afirmaram fazer acompanhamento na unidade básica

de saúde - UBS (gráfico 44).

Gráfico 44 – Pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 em relação ao acompanhamento na

Unidade Básica de Saúde.

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74

Quando esses mesmos dados foram comparados entre habitantes da zona

urbana e da zona rural não houve diferença estatisticamente relevante. Quando

comparados entre todas as UBS (Amandina, Guiray/Piravevê, Itapoã, Triguenã/Vitória,

Vila Cristina), no entanto, percebemos um maior acompanhamento nas unidades

localizadas nos distritos de Amandina (90,3%) e de Vila Cristina (95%).

Os pacientes também foram perguntados acerca das visitas dos agentes

comunitários de saúde (ACS). Desses, 82,24% afirmaram receber a visita do ACS

(gráfico 45).

Gráfico 45 – Pacientes que recebem visitas domiciliares do ACS dentre os atendidos pela Bandeira

Científica 2009.

Desta vez, a cobertura das equipes de ACS foi considerada estatisticamente

homogênea entre as diversas UBS do município. No entanto, quando consideramos a

residência dos pacientes, aqueles que alegaram morar em zona urbana recebiam mais

a visita dos agentes de saúde (83,5%) do que aqueles que vinham da zona rural

(79,9%), diferença atribuível a um acesso mais difícil aos habitantes da zona rural, além

da maior extensão de área. Ainda que a diferença não seja muito grande, há espaço

para diminuir essa diferença, proporcionando a mesma cobertura e a mesma

qualidade dos serviços de saúde aos habitantes tanto da zona urbana como da rural,

além do incremento na cobertura pelos ACS como um todo.

Na avaliação feita pelos pacientes, a maior parte deles (68,72%) considera o

atendimento na UBS bom ou ótimo, 26,17% regular e apenas 5,11% o considera ruim

(gráfico 46). Estas dados de ótimo e bom são bastante consideráveis e esta avaliação

positiva deve servir de estímulo para um maior desenvolvimento da atenção à saúde,

Page 75: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

75

priorizando a prevenção e atenção básica, porém, sem relegar a segundo plano a

referência e contra-referência, fundamental para resolução de problemas de maior

complexidade e para o funcionamento integral do sistema de saúde garantindo acesso

e qualidade de atendimento à população.

Gráfico 46 – Avaliação qualitativa do atendimento na UBS pelos pacientes atendidos pela Bandeira

Científica 2009.

Quando separados por região, houve algumas variações nestas avaliações. De

uma forma geral os pacientes deram mais avaliações positivas (bom/ótimo) ao serviço

de atendimento das UBS na zona urbana (72,2%) do que na zona rural (63,2%). Da

mesma forma, quando separamos os pacientes pela UBS freqüentada, observamos

que as UBS de Amandina e de Triguenã/Vitória receberam menos avaliações positivas

do que as outras. (58,7% e 58,6% respectivamente contra 68,7% na média de todas as

UBS).

Foi aplicado também questionário a todos os pacientes atendidos investigando

há quanto tempo eles apresentavam o sintoma que os trouxeram ao atendimento, há

quanto tempo eles buscavam tratamento para esses sintomas, se eles já tinham

recebido algum tratamento e se resposta positiva, aonde receberam o tratamento.

Com base nesses quatro itens traçamos um perfil do nosso paciente, que em

sua maioria têm problemas crônicos (gráfico 47 e 48), já tentou resolvê-lo (gráfico 49)

procurando geralmente a UBS e o hospital (gráfico 50).

Page 76: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

76

Gráfico 47 – Há quanto tempo os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 apresentam os

sintomas que os levaram ao atendimento, separados segundo a região em que residem.

Gráfico 48 – Há quanto tempo os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 procuram

tratamento para os sintomas que os levaram ao atendimento, separados segundo a região em que

residem.

Page 77: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

77

Gráfico 49 – Avaliação de quantos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 receberam

tratamento para o sintoma apresentado, separados segundo a UBS frequentada.

Gráfico 50 – Onde os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 receberam tratamento para o

sintoma apresentado, separados segundo a UBS freqüentada.

Page 78: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

78

Buscamos identificar diferenças entre a zona urbana e a rural e entre os

freqüentadores das UBS em cada um dos quatro pontos abordados a fim de verificar

se há particularidades no perfil da queixa apresentada pelo paciente atendido e

também se há déficits de cobertura do serviço que levem as pessoas a procurarem

outros serviços de atendimento que não as UBS, as quais deveriam constituir porta de

entrada para o sistema de saúde. Não foram encontradas variações estatisticamente

significantes e neste aspecto podemos considerar o serviço das UBS homogêneo.

Diagnósticos de Saúde

Diagnósticos Gerais

Nos locais de atendimento, estavam disponíveis inúmeras especialidades, a fim

de atender o paciente do Projeto Bandeira Científica da forma mais global e completa

possível. As especialidades eram: ginecologia e obstetrícia, fisiatria (englobando

ortopedia/aparelho locomotor), otorrinolaringologia, oftalmologia, psiquiatria,

dermatologia, endocrinologia, pediatria, fisioterapia, nutrição, psicologia,

fonoaudiologia, radiologista (especializado em realização de ultrassonografia). O

número total de atendimentos em cada especialidade está no gráfico abaixo (gráfico

51).

Gráfico 51: Número de atendimentos de acordo com a especialidade médica

Neste relatório, dividimos tais atendimentos em áreas, e primeiro falaremos da

área médica. As especialidades médicas realizaram 3018 consultas, destas, 418 eram

pacientes com idade inferior a 18 anos, e 2600 com 18 anos ou mais.

Page 79: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

79

Dentro da área médica, as análises pediátricas serão abordadas

posteriormente, por agora apresentaremos os resultados dos atendimentos gerais. O

número de diagnósticos realizados em pacientes com 18 anos ou mais foi 3336,

representando um valor médio de 1,28 diagnósticos por paciente. Vale ressaltar que

neste número não estão incluídos os atendimentos oftalmológicos bem como os

resultados dos atendimentos ultrassonográficos e exames de papanicolaou. Os

diagnósticos gerais mais prevalentes em adulto na Bandeira Científica 2009 podem ser

observados no gráfico que se segue (gráfico 52).

Page 80: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

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Dor osteomuscular

Dermatológicas

HAS*

Ortopédicas

Cefaléias

Dispepsia/ refluxo

Depressão

Otorrino*

Diabetes

Neurológicas

Ginecológicas

Endocrino*

Gastro

Artrose

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Hipoacusia

CardioVascular

Déficit Visual

Transtorno ansioso

Clínica

Enxaqueca

Pneumo

*Informação coletada nos atendimentos e não no Inquérito Epidemiológico

Gráfico 52 – Principais queixas dos pacientes na Bandeira Científica 2009, segundo o sexo.

Page 81: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

81

A grande proporção de diagnóstico de dor osteomuscular é um traço comum que

observamos na maioria dos municípios que recebem o Projeto, e se deve ao fato da

população atendida ser majoritariamente trabalhador braçal. No entanto,

normalmente as verminoses ocupam o segundo lugar, o que não se observou no

município de Ivinhema. Tal mudança pode ter ocorrido devido direcionamento do

Projeto este ano para suprir a demanda reprimida de especialidades médicas aliada a

uma boa infra-estrutura de saneamento básico do município se comparadas com os

visitados em anos anteriores. Por isso, nos próximos lugares observamos diagnósticos

de dermatologia, clínica geral (como hipertensão) e ortopedia (excluindo as dores

osteomusculares).

A distribuição dos diagnósticos de acordo com CID-10 está no gráfico a seguir

(gráfico 53).

Gráfico 53: Diagnósticos gerais mais prevalentes realizados no Projeto Bandeira Científica de acordo

com o CID-10

Ao compararmos os diagnósticos realizados na região rural e urbana, observa-

se distribuição percentual semelhante, e o único diagnóstico que mostrou diferença

Page 82: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

82

estatística foi doenças cardiovasculares. Porém, outros chegaram muito próximo do

valor que consideramos significativo (p menor do que 0.05). Estes diagnósticos foram:

Hérnia inguinal, mais frequente na área rural, devido ao trabalho braçal o qual

propicia o aumento da pressão abdominal e o aparecimento das hérnias;

Depressão e doenças psiquiátricas, mais frequentes na área urbana, decorrente

do estilo de vida mais conturbado e estressante.

A aproximação dos valores calculados do p=0.05 revela uma tendência do

município.

Enquanto que na avaliação de acordo com o sexo, observaram-se várias

diferenças, inclusive muitas delas estatisticamente significativas. Os gráficos abaixo

representam, respectivamente, a relação entre os números absolutos de diagnósticos

realizados de acordo com o sexo e a proporção dos diagnósticos de acordo com o sexo

(gráficos 54 e 55).

Page 83: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

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Clínica

Enxaqueca

Gráfico 54 – Diagnósticos gerais em adultos mais prevalentes durante o Projeto Bandeira Científica 2009 de acordo com o sexo.

Page 84: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

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Dor osteomuscular

Dermatológicas

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Ortopédicas

Cefaléias

Dispepsia/ refluxo

Depressão

Otorrino*

Diabetes

Neurológicas

Ginecológicas

Endocrino*

Gastro

Artrose

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Hipoacusia

CardioVascular

Déficit Visual

Transtorno ansioso

Clínica

Enxaqueca

Pneumo

Gráfico 55 – Proporção dos diagnósticos gerais em adultos mais prevalentes durante o Projeto Bandeira Científica 2009 de acordo com o sexo.

Page 85: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

85

Verificamos, portanto, que as principais doenças com maior acometimento do sexo

masculino comparativamente ao feminino são: doenças neurológicas, hipoacusia,

otorrinolaringológicas, e deficiência visual. Enquanto que depressão, dispepsia e

refluxo e as doenças endocrinológicas foram comparativamente mais prevalentes no

sexo feminino.

Após todas as análises dos números obtidos durante os atendimentos, fizemos

também um levantamento das observações dos médicos que foram na expedição e

separamos algumas mais relevantes:

1. Foi constatado que número de crianças medicadas para TDAH (Transtorno do

Déficit de Atenção e Hiperatividade) superava o número de prevalência do

transtorno e, portanto, provavelmente está sendo hiperdiagnosticado. Além

disso, foi preocupante o número de professores os quais requeriam

medicamentos para controlar alunos mal comportados. Ficou evidente que

uma questão que é pedagógica está se transformando em um assunto médico

e, para combater tal tendência e evitar futuras iatrogenias, sugerimos que seja

realizada uma palestra de capacitação para que tais professores estejam

melhor preparados para lidar com seus alunos.

2. Além disso, nesta expedição tivemos outra peculiaridade: o atendimento de

Medicina de Família jamais realizado antes. Observamos nas pré-visitas pouca

valorização das Unidades básicas de Saúde e de seus médicos. Baseado nesta

constatação, o nosso objetivo foi mostrar aos responsáveis pela saúde de

Ivinhema que o sistema está sendo subaproveitado, por isso, levamos

profissionais da área e ministramos palestras com o intuito de conscientizar os

integrantes deste sistema em Ivinhema sobre a importância e

responsabilidades deles. Através destes profissionais pudemos ter uma visão

mais próxima e realista da situação de Ivinhema. E eles levantaram alguns

problemas presentes no município, incluindo da própria UBS, são eles:

Violência doméstica: física e psicológica que se apresentavam inicialmente

como queixas somáticas, dores e depressão. Uma sugestão seria que esses

casos tivessem um seguimento e uma estrutura de atendimento intersetorial,

com possibilidade de ações conjuntas entre a justiça, assistência social, saúde

etc.

Deficiência da Infraestrutura do Sistema Único de Saúde: os profissionais não

estavam muito bem integrados, não havia conversa entre eles e nem discussão

dos casos da comunidade. Foi proposto um horário semanal para que todos

participantes de determinada UBS se reunissem para discutir os casos, os

problemas enfrentados decorrentes do sistema, etc.

Page 86: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

86

Falta de preparo dos Médicos de família: notou-se um subaproveitamento

destes profissionais devido à união de vários fatores: falta de estímulo do

sistema público, desinteresse dos próprios profissionais e formação defasada.

Uma proposta seria fazer um “intensivão” com o objetivo de prepará-los para

abordar as queixas mais recorrentes no município (como as supra-citadas,

podemos ainda acessar e fornecer mais dados do que contem neste relatório,

se necessário) e, por último mas não menos importante, conscientizá-los da

importância do seu papel na Saúde do município.

Oftalmologia

Na programação de atividades, o atendimento oftalmológico se concentrou nos

pacientes previamente triados pelas agentes comunitárias da cidade. Foram

privilegiados as crianças e os idosos, faixas etárias em que há grande incidência de

doenças oftalmológicas. Estas podem causar alterações ou limitações do

desenvolvimento e das atividades diárias. Podem, ainda, trazer outras complicações,

como, por exemplo, quedas para os idosos e baixo rendimento escolar para as

crianças. Dentre as patologias diagnosticadas nas consultas oftalmológicas, as mais

freqüentes foram: catarata nos idosos e alterações de refração nas crianças.

Também foram atendidos pacientes encaminhados pelo próprio projeto

(oriundos das diversas áreas de atendimento), e alguns pacientes sem agendamento

prévio (conforme a nossa disponibilidade de horários).

Todos os equipamentos necessários foram levados de São Paulo, gentilmente

cedidos pelo Departamento de Oftalmologia da FMUSP, e operados por uma equipe de

8 oftalmologistas. Contamos também com o apoio logístico de uma funcionária da

administração do Departamento de Oftalmologia e agentes de saúde locais. Um grupo

de 3 ou 4 acadêmicos de medicina da FMUSP e da UFMS estava sempre presente em

cada um dos períodos – manhã e tarde –, sendo que mais de 40 alunos aproveitaram a

oportunidade para conhecer melhor o atendimento oftalmológico.

O grupo atendeu 1108 pacientes nos oito dias de Bandeira, sendo que 24%

(265 pacientes) foram encaminhadas a partir do atendimento geral realizado pelos

clínicos do Projeto.

Entre os principais diagnósticos, encontramos: erros de refração (668 pacientes

– sendo 307 com miopia, 155 com hipermetropia e 206 com presbiopia), catarata (89

pacientes), glaucoma (63 pacientes) e pterígio (54 pacientes). Outros diagnósticos

foram feitos em 132 pacientes, e 102 pacientes apresentaram visão normal.

Ao todo, foram prescritos 610 óculos para erros de refração, os quais já foram

entregues para população entre os dias 21 a 24 de abril.

Page 87: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

87

Casos mais graves foram encaminhados para tratamento cirúrgico e/ou

acompanhamento em hospitais secundários e terciários da rede estadual e federal,

correspondendo a 227 pacientes.

Saúde da Criança

Dentre os pacientes atendidos pelo projeto houve 418 crianças,

correspondendo a 12,52% dos pacientes atendidos em todas as especialidades

médicas. Destes na faixa etária pediátrica, 53,6% do sexo feminino e 46,4% do sexo

masculino.

Entre as medidas gerais de maior importância na pediatria foi encontrado um

elevado índice de alimentação inadequada (57,26% da população pediátrica), podendo

ser caracterizada como o consumo de alimentos inadequados ou uma rotina alimentar

inadequada. Essa alimentação inadequada pode ser responsável pelos altos índices de

desnutrição (11,51%), sobrepeso (4,60%) e obesidade (9,97%) (Gráfico 66). Apesar de

26,08% das crianças apresentarem um estado nutricional considerado inadequado

(desnutrição, sobrepeso ou obesidade) apenas 8,33% apresentavam um crescimento

inadequado, caracterizado pela baixa estatura.

Gráfico 66 – Estado nutricional das crianças

Os erros alimentares foram bastante freqüentes nas consultas pediátricas e,

durante as mesmas, as mães ou responsáveis foram orientadas a respeito das

mudanças que deveriam ser feitas. Além disso, houve momentos educativos com as

próprias crianças com enfoque na alimentação saudável. Como modo de dar

continuidade ao trabalho feito deve haver ênfase no município na criação e

manutenção de estratégias que melhorem as condições de alimentação das crianças –

como orientação constante e vigilância por parte dos agentes de saúde ou atividades

Page 88: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

88

educativas nas escolas – para garantir uma alimentação adequada e

conseqüentemente um estado nutricional adequado.

Em relação às outras medidas gerais pediátricos, apenas 3,09% das crianças

apresentavam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Já em relação à

vacinação, 5,35% das crianças apresentavam vacinação incompleta e 25,13% não

tinham informação sobre a vacinação (Gráfico 67). No sentido de melhorar esse índice

de falta de informação sugerimos um trabalho municipal de conscientização de ter em

toda consulta pediátrica a carteira de vacinação da criança, tendo em vista a

importância desta informação.

Gráfico 67 – Informação sobre vacinação das crianças

Além dos diagnósticos supracitados, não houver outros diagnósticos com

proporção relevante. Entre os principais diagnósticos patológicos, foram observados

verminoses, alterações dermatológicas, infecções de vias aéreas superiores, rinite,

anemia, cefaléia, hipertrofia de amígdala, hiperatividade e otite média aguda. Todos os

diagnósticos foram comparados entre a zona rural e urbana para verificar se havia

alguma diferença significativa, e observamos isso apenas na incidência de verminoses.

Tal resultado pode ser explicado pela menor porcentagem de cobertura da rede de

coleta pública de lixo e rede de distribuição de água na população rural quando

comparada à zona urbana, o que resulta em um fator de risco para maior prevalência

destas doenças.

Saúde da Mulher

Nos últimos anos, observa-se uma grande tendência ao desenvolvimento de

programas dirigidos a atender as necessidades próprias da mulher, assim como

priorizar as necessidades individuais acima de propósitos exclusivamente sociais.

Page 89: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

89

No Projeto Bandeira Científica 2009, como já descrito anteriormente as

mulheres constituíram a maioria dos pacientes que buscaram atendimento médico

(64,39%), sendo este número mais significativo ainda quando são analisados os

números da faixa etária reprodutiva, entre 12 e 50 anos (gráfico 68). Diante deste

grande número, torna-se muito importante a conscientização da mulher sobre sua

condição e sobre a prevenção de diversas doenças próprias deste grupo, além do

acompanhamento médico freqüente.

Gráfico 68 – Pacientes atendidos no Projeto Bandeira Científica 2009 de acordo com a idade e o

gênero.

Neste contexto encaixa-se a prevenção do câncer do colo do útero e do câncer

de mama. A prevenção do câncer do colo do útero pode ser, no nível primário, através

da realização de sexo seguro, a fim de evitar o contágio com o HPV, que é o principal

fator de risco para o desenvolvimento da doença, ou através de imunização precoce

para o HPV. No entanto, como descrito anteriormente a porcentagem de mulheres

que não praticam sexo seguro é grande, e a vacina permanece bastante cara. No nível

secundário, a prevenção é a detecção precoce da doença, feita através da realização

do exame Papanicolaou (Citológico Cervical Uterino). A prevenção do câncer de mama

é feita através da detecção precoce com três estratégias complementares entre si: o

auto-exame das mamas, o exame clínico das mamas e a mamografia.

Page 90: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

90

Papanicolaou

Muitas vezes por vergonha, falta de acesso aos serviços, preconceito ou medo

de realizarem os exames ginecológicos de rotina as mulheres colocam sua saúde e a

vida em risco. O caso do câncer de colo do útero, por exemplo, é responsável pela

morte de milhares de mulheres em todo o mundo, apesar de apresentar o mais alto

potencial de cura, chegando próximo a 100%, quando diagnosticado precocemente.

Inicialmente, o tumor limita-se à região do colo do útero. Sua evolução ocorre

vagarosamente, motivo pelo qual, se atendida a tempo, é curável na quase totalidade

dos casos. Entretanto, se não tratado em tempo hábil, pode estender-se para todo o

útero e outros órgãos. Atinge predominantemente mulheres na faixa de 35 a 50 anos,

porém, há muitos relatos de casos em pacientes com cerca de 20 anos e naquelas com

mais de 50 anos, e é imperativo, para a detecção precoce de alterações relacionadas

ao HPV e sua progressão, à realização regular dos exames preventivos.

Quando ocorre sua instalação, o câncer de colo do útero tem evolução

progressiva podendo, num período de 5 a 10 anos, tornar-se invasivo com diminuição

importante da sobrevida e tendo prognóstico mais reservado. A detecção precoce do

câncer de colo de útero permite a atuação curativa.

No sistema atual mais de 55% das pacientes diagnosticadas com câncer de colo

do útero apresentam a doença em estágio avançado já na primeira consulta o que

limita, em muito, a possibilidade de cura. De todas as mortes por câncer em mulheres

brasileiras da faixa etária entre 35 e 49 anos, 15% morrem devido ao câncer de colo do

útero. Em 2007, foram 4.691 óbitos no Brasil em decorrência de neoplasias malignas

de colo do útero.

Embora o Brasil tenha sido um dos primeiros países no mundo a introduzir a

citologia de Papanicolaou para a detecção precoce do câncer de colo uterino, esta

doença continua a ser um sério problema de saúde pública.

No município de Ivinhema, a cobertura de exame de Papanicolaou para a

população feminina atendida pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica de 2009

(gráficos 69 e 70) é de 80,8% (pelo menos um exame na vida). Dentro deste número,

93,8% o fizeram a menos de 3 anos, tempo máximo recomendado pelo Ministério da

Saúde, e 65,9% o fizeram no último ano. Porém, 19,2% referem nunca ter realizado o

exame.

Page 91: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

91

Gráfico 69 – Percentual de pacientes que já fizeram o exame de Papanicolaou pelo menos uma vez

dentre as pacientes atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.

Gráfico 70 – Detalhamento do tempo do ultimo exame de Papanicolaou de pacientes que já o fizeram

pelo menos uma vez, atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.

Modelo de condução do Ministério da Saúde com resultado do exame de

Papanicolaou – Baseadas na Classificação Internacional de Bethesda:

Pacientes com citologia com resultado alterado, que devem ser submetidas a

procedimentos adicionais de diagnóstico e à terapia adequada imediatos:

Lesão de alto grau - Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau II (NIC II), Neoplasia

Intraepitelial Cervical Grau III (NIC III): encaminhamento imediato para a colposcopia,

para avaliação histopatológica.

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92

Casos com resultado de Carcinoma escamoso invasivo e Adenocarcinoma in

situ ou invasivo / outras neoplasias malignas: encaminhamento imediato para a

colposcopia e biópsia para confirmação diagnóstica pela histopatologia e,

posteriormente, encaminhamento à Unidade de alta complexidade oncológica.

Casos com Amostras Insatisfatórias: repetir imediatamente a coleta, já que não

foi possível a avaliação do material enviado, para descartar uma lesão significativa.

• Obter a informação da 2ª citologia em até seis meses (180 dias) da

data da coleta.

• Caso o resultado da 2ª coleta persistir amostra insatisfatória,

encaminhar ao nível secundário para investigação colposcópica.

• Caso o resultado da 2ª coleta for negativo para neoplasia ou

resultados positivos seguem este protocolo.

Casos com Lesões de baixo grau (ASCUS, AGUS, HPV e NIC I): acompanhamento

na unidade primária, repetir exame citopatológico após seis meses (180 dias).

Casos com Lesões de baixo grau (ASCUS, AGUS, HPV e NIC I) persistentes após

seis meses ou com progressão para lesão mais grave: encaminhamento imediato para

a colposcopia, para avaliação histopatológica.

Casos com Resultados sem anormalidades: avaliar resultados de exames no ano

anterior; recomendar (agendar) repetição após um ano, para pacientes novas no

seguimento; se negativo para neoplasia, isto é, pacientes com duas citologias

consecutivas negativas, agendar para nova citologia após três anos.

Com base nestes critérios, observamos que, apesar da cobertura de 80,8%, o

porcentual das pacientes que estão com cobertura adequada segundo o preconizado

pelo Ministério da Saúde é de 75,7%. Esta cobertura de Papanicolaou evidenciada em

Ivinhema é alta se comparado com experiências prévias da Bandeira Científica, mas

ainda assim o percentil de 24,3% que não estavam com o exame em dia é alarmante.

Câncer de Mama

O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido a sua

alta freqüência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção

de sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos

de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e

progressivamente.

Este tipo de câncer representa nos países ocidentais umas das principais causas

de morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência tanto nos

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93

países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10

vezes em suas taxas de incidência ajustadas por idade nos registros de câncer de base

populacional de diversos continentes. Tem-se documentado também o aumento no

risco de mulheres migrantes de áreas de baixo risco para áreas de alto risco. Nos

Estados Unidos, a Sociedade Americana de Cancerologia indica que em cada 10

mulheres uma tem a probabilidade de desenvolver um câncer de mama durante a

vida.

No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia que mais causa mortes entre as

mulheres. Em 2008, foram registradas 11.735 mortes decorrentes deste tipo de câncer

em mulheres, de um total de 76.882 mortes por cânceres em geral em mulheres.

O sintoma do câncer de mama, já localmente detectável em exame físico, é o

aparecimento de nódulo na mama, com ou sem irritação e dor no local. As formas

mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são o auto-exame das

mamas, o exame clínico e a mamografia. As pesquisas indicam um impacto

significativo do Auto-Exame das Mamas - AEM na detecção precoce do câncer de

mama, registrando-se tumores primários menores e menor número de linfonodos

axilares invadidos pelo tumor (ou por células neoplásicas) nas mulheres que fazem

este exame regularmente. A sobrevida em cinco anos tem sido de 75% entre

praticantes do AEM contra 57% entre as não-praticantes. Esta vantagem na sobrevida

persiste quando se ajusta por idade, método de detecção, histórico familiar e demora

na aplicação do tratamento. No entanto, o método do auto-exame nunca deve ser a

única estratégia para a detecção precoce do câncer, sendo essencial a realização do

exame clínico e da mamografia quando indicada.

A mamografia é considerada um dos mais importantes procedimentos para o

rastreamento do câncer ainda impalpável de mama. A sensibilidade da mamografia é

alta, ainda que, na maioria dos estudos feitos, sejam registradas perdas entre 10 a 15%

dos casos de câncer detectável ao exame físico. A mamografia, devido à sua pouca

eficácia em mulheres com menos de 40 anos e mais de 70, em termos epidemiológicos

e de saúde pública, não deve ser utilizada em programas maciços, e sim ser indicada

no seguimento das mulheres de alto risco ou com suspeitas de doenças mamárias.

O rastreamento do câncer de mama feito pela mamografia, com periodicidade

de um a três anos, reduz significativamente a mortalidade em mulheres de 50 a 70

anos. Nas mulheres com menos de 50 anos, existe pouca evidência deste benefício. O

Instituto Nacional de Câncer recomenda que o Exame Clínico das Mamas - ECM seja

realizado para mulheres de todas as faixas etárias como parte do atendimento, mas

anualmente a partir dos 40 anos. Entre 50 e 69 anos também é preconizado a

mamografia, pelo menos a cada dois anos.

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94

Entre as pacientes atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica

que responderam a estas questões (cerca de 300 pacientes), 54,46% referem já terem

sido submetidas a exame de mama por profissional de saúde contra 45,54% que nunca

foram (gráfico 71). Quanto ao auto-exame de mama, 53,12% das pacientes atendidas

referem fazê-lo (gráfico 72). Quando questionado se já haviam realizado mamografia,

apenas 45,74% das mulheres com mais de 40 anos responderam afirmativamente

(Gráfico 73). Em relação à experiência da Bandeira Científica em anos anteriores,

comparados com dados da região nordeste, há um maior número de pacientes que

realizam auto-exame de mama e que já foram examinadas por profissional da saúde.

Os dados apontam, no entanto, que nem todas as mulheres que vão ao ginecologista

recebem os devidos exames de rotina (exame clínico de mamas e mamografia), uma

vez que aproximadamente 64,17% das pacientes atendidas referiram ir anual ou

esporadicamente ao ginecologista, mas porcentagens menores referiram ter feito, em

algum momento na vida, os exames.

Gráfico 71 – Percentual de pacientes que já haviam sido submetidas a exame de mama por

profissional de saúde dentre as atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.

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95

Gráfico 72 – Percentual de pacientes que referiram realizar auto-exame de mamas dentre as

atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.

Gráfico 73 – Percentual de pacientes maiores de 40 anos que já haviam realizado mamografia de

saúde dentre as atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.

Estes dados encontrados demonstram a necessidade de campanhas

informativas para maior difusão do método de auto-exame, e busca pela ampliação da

cobertura do exame clínico das mamas por profissionais de saúde treinados para tal no

município. Estas medidas certamente terão impacto relevante na detecção precoce do

câncer de mama com melhora conseqüente nos índices prognósticos.

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96

Queixas Ginecológicas

Apesar da cobertura de papanicolaou atingir 80,8% das pacientes atendidas,

quando questionada freqüência de ida ao ginecologista evidenciou-se que o número

de pacientes sem acompanhamento chega a 35,83%, enquanto pacientes que referem

ir apenas ocasionalmente representam 26,2% (gráfico XX).

Gráfico 74 – Percentual de pacientes atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009

de acordo com freqüência de ida ao ginecologista.

Um dos mais comuns e mais constrangedores problemas que afeta a saúde da

mulher é o corrimento vaginal, também chamado de vaginite, é uma das causas mais

freqüentes de visita ao médico ginecologista. Caracteriza-se por uma irritação vaginal

ou um corrimento anormal que pode ou não ter cheiro desagradável, pode haver

também prurido (coceira) ou ardor na vagina ou ainda polaciúria (vontade mais

freqüente de urinar).

Os corrimentos podem ser causados por:

• Infecções vaginais

• Infecções cervicais ou do colo do útero

• Doenças sexualmente transmissíveis

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97

Dentre as pacientes atendidas pela Ginecologia no projeto Bandeira Científica

de 2009, a maior queixa foi o corrimento vaginal, seguido pela dor no trato

geniturinário e dispaureunia, como pode ser visto no gráfico 75 abaixo.

Gráfico 75 – Freqüência das queixas ginecológicas nas pacientes atendidas pela Ginecologia

no Projeto Bandeira Científica 2009 (percentual).

Considerando, no entanto, os diagnósticos obtidos pela equipe de ginecologia

da Bandeira Científica 2009 (Gráfico 76), percebemos que corrimento teve uma

ligeira queda de freqüência, o que se interpreta que muito do que era

considerado um corrimento anormal por pacientes era na verdade um

corrimento fisiológico. Portanto, agora, incontinência urinária de esforço

aparece como diagnóstico mais importante. Isto nos remete à alta freqüência

encontrada no inquérito epidemiológico, e aponta que, em grande parte das

pacientes, o tema não é inicialmente abordado, talvez por vergonha ou por não

considerarem um problema significativo. Em seqüência temos outros

diagnósticos ginecológicos e Moléstia Inflamatória Pélvica Aguda (MIPA)

apareceu em terceiro lugar como diagnóstico único mais freqüente.

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98

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Infecção urinária

Incontinência urinária

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Endometriose

Nódulo mamário

Climatério

Gestações

Infertilidade

Gráfico 76 - Diagnósticos encontrados pela equipe de ginecologia da Bandeira Científica 2009, em porcentagem.

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99

Perfil Obstétrico

Um importante passo para a redução da Mortalidade Infantil e da Mortalidade

Materna diz respeito às condições oferecidas para as gestantes em atenção à gestação

e ao parto.

Avaliando o tipo do último parto a que foram submetidas as pacientes do sexo

feminino com mais de 12 anos de idade, observamos que no total das gestações, a

porcentagem de partos naturais é de 68,77%, sendo que 29,66% dos partos foram do

tipo cesariana. Taxa esta maior que a de 15% preconizada pela OMS, mas que indicaria

ainda uma predominância dos partos naturais. (gráfico 77)

Gráfico 77 – Tipo de partos a que foram submetidas as pacientes atendidas pelo Projeto Bandeira

Científica 2009.

Se atentarmos, no entanto, apenas aos dados que se referem aos últimos

partos realizados pelas mesmas pacientes, perceberemos como essa tendência mudou

drasticamente com predominância das cesáreas (50,64%) sobre os partos naturais

(49,36%), taxa maior do que a média nacional que é de 43% (gráfico 78). Reforçando

essa idéia de tendência observamos que uma expressiva fração dos últimos partos

foram realizados há menos de 1 ano. (gráfico 79)

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100

Gráfico 78 – Tipo do último parto a que foram submetidas as pacientes atendidas pelo Projeto

Bandeira Científica 2009.

Gráfico 79 – Há quanto tempo ocorreram os últimos partos das pacientes atendidas pelo Projeto

Bandeira Científica 2009.

Coerente com a maior quantidade de cesáreas a grande maioria dos partos foi

realizada em hospitais (84,47%), ambiente adequado à realização deste procedimento

cirúrgico. Comparativamente apenas 6,21% das pacientes deram à luz em posto de

saúde e 9,32% em residência. (gráfico 80)

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101

O contraste é ainda maior se compararmos com os dados recolhidos das

edições anteriores do Projeto, nos quais as taxas de partos normais eram bastante

aumentadas em relação a 2009 (88,63% nas cidades atendidas no Rio Grande do Norte

em 2005, 79,6% nas cidades atendidas em Alagoas em 2004).

Gráfico 80 – Local do último parto a que foram submetidas as pacientes atendidas pelo Projeto

Bandeira Científica 2009.

Esses dados podem indicar uma progressiva aproximação com a mentalidade

encontrada nos grandes centros, nos quais se vê a cesárea como um tipo de parto mais

prático do que a via normal. Devido a vários fatores, como: período menor de

trabalho de parto, eliminação da sua imprevisibilidade, além de as mais jovens

desconhecerem e temerem as dores do parto. Esse pensamento desconsidera, no

entanto, os riscos associados a uma taxa muito maior de parto cesárea do que a

recomendada, como: maior risco de mortalidade materna, maior incidência de

transfusão de sangue e de internação dos bebês ao nascimento. É, portanto,

importantíssimo para a melhora desse indicador de saúde que haja: diminuição das

indicações do parto cesárea, realização de campanhas que conscientizem as pacientes

sobre as indicações precisas da cesárea e as vantagens do parto normal, muitas vezes

desconhecidas. Além disso, é fundamental o envolvimento dos profissionais da saúde

do município, incluindo médicos, enfermeiros, agentes de saúde e parteiras, para que

estejam conscientes das necessidades de orientação dos pacientes e estejam aptos a

fazer o parto visando o bem-estar da gestante e do bebê. A principal fase para esta

intervenção é durante o pré-natal, que segundo a OMS tem entre seus objetivos

salvaguardar a saúde das mulheres durante a gravidez e o aleitamento, ensinar-lhes os

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102

cuidados a serem dispensados as crianças, permitir-lhes o parto normal e o

nascimento de filhos sadios.

Além do tipo de parto e da assistência ao momento do parto (incluindo o local

onde é realizado), um adequado acompanhamento pré-natal é fundamental para

acompanhar o crescimento e desenvolvimento do bebê, bem como para assegurar

medidas preventivas e o pronto diagnóstico de eventuais alterações que

comprometam a saúde materna ou a adequada evolução da gestação. O Ministério da

Saúde, baseado em protocolos internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS-

ONU), preconiza a realização de pelo menos 6 consultas pré-natais para o adequado

acompanhamento da gestação.

Durante o atendimento da Bandeira Científica 2009, as pacientes que já tinham

pelo menos um filho, responderam ao questionário sobre o número de consultas no

pré-natal (gráfico 75), sendo que a média de consultas foi de 7,30, uma quantidade

muito boa, considerando-se um desvio-padrão de 2,706. Em relação a anos anteriores

do Projeto, essa cobertura do pré-natal no município de Ivinhema é elevada. Porém, é

necessário dizer que ainda há espaço para o crescimento da cobertura pré-natal com

objetivo de diminuição da mortalidade materna e mortalidade infantil precoce.

Ressaltamos ainda que, embora o número de consultas pré-natais seja uma

meta a ser atingida, é preciso assegurar a este processo a devida qualidade de atenção

e orientação da paciente para sinais de alerta, cuidados gerais e específicos,

garantindo assim uma consulta de qualidade objetivando o diagnóstico e atuação

precoces e evitando assim a mortalidade materna, a mortalidade infantil e as

complicações materno-fetais.

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Gráfico 75 – Número de consultas de pré-natal realizadas no último parto pelas pacientes que já

tiveram pelo menos um filho atendidas pelo Projeto Bandeira Científica 2009.

Fonoaudiologia

Trabalho de promoção e educação em saúde no contexto escolar

Observação coletiva de creche/ Instituições de Educação infantil – 14/12/2009

A proposta de realizar a observação coletiva nas creches de Ivinhema surgiu da

necessidade de se conhecer mais profundamente a realidade da população local e a

estrutura do ensino infantil da cidade. A partir destas observações, foram preenchidos

protocolos nas áreas de audição/ruído, voz, funções alimentares, hábitos orais,

respiração, linguagem e fala; além de feitas observações referentes à infra-estrutura

das instituições. Estes protocolos foram úteis para o posterior encontro com mães e

pedagogas das creches e futura devolutiva para cidade, sendo abordado

principalmente o desenvolvimento neuropsicomotor e hábitos orais.

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104

Havia previsão de visitação de dez creches, porém algumas creches estavam

fechadas devido ao período de férias; algumas não tinham alunos, pois a visitação

ocorreu no último dia de atividades que, inicialmente, não estava previsto no

calendário e só ocorreu devido à expedição; outras, ainda, estavam sendo utilizadas

como postos de atendimento.

Diante disto destaca-se a necessidade de um reforço com a cidade sobre a

importância de sua contribuição para que não ocorram inconvenientes como este, já

que a atividade estava programada e inserida no cronograma geral e mesmo assim as

informações que nos foram passadas foram contraditórias.

Ainda assim, foi possível realizar a visitação em duas creches, que mesmo com

número reduzido de alunos. A visitação nos trouxe dados a respeito das condições das

instituições, contato com alguns profissionais, estruturação geral da educação infantil

na cidade, e alterações fonoaudiológicas mais observadas nas crianças.

A primeira creche visitada foi a Creche Vó Augusta, no bairro Triguenã. Esta

creche possui 90 crianças, sendo que neste dia apenas 68 estavam presentes.

Com relação às questões auditivas e de ruído, pode-se observar que o

ambiente da creche é silencioso, crianças e funcionárias da creche mostram-se calmas,

não há muitos estímulos sonoros com brinquedos ou por parte das educadoras.

Observou-se que as crianças localizam e identificam estímulos sonoros, de acordo com

as educadoras, a única queixa de audição apresentada foi em relação a uma criança

em especial, que apresentava otite de repetição e outras quatro crianças que foram

citadas pelas educadoras devido ao desvio de atenção, sendo encaminhadas por nós

para a psicóloga da UBS próxima.

Quanto às educadoras, não apresentavam queixas de audição e,

aparentemente, tinham voz adequada, somente com velocidade de fala aumentada e

muitas queixas de abuso vocal.

Nas crianças foi possível observar uma grande ocorrência de abuso vocal

durante as atividades, sendo que poderiam ser evitados se as educadoras não

estimulassem atividades que promovessem a utilização vocal em intensidade elevada e

a manifestação vocal de todas as crianças ao mesmo tempo. Havia apenas uma criança

aparentemente disfônica, pode-se observar que a sensação auditiva da voz das

crianças (loudness) era aumentada.

Durante a alimentação, observou-se que as educadoras servem as crianças e as

auxiliam quando necessário ou quando a criança tem idade reduzida (1 ou 2 anos de

idade), há uma boa aceitação das crianças ao cardápio das refeições. Quanto às

mamadeiras, as mães as levam no começo do ano para a creche, mas as educadoras

ficam responsáveis pela higienização das mesmas, sendo as mães ainda responsáveis

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105

pelas trocas de bicos nas mamadeiras. Até os dois anos de idade as crianças tomam

mamadeira na creche, mas depois disso passam a utilizar canecas. Foi referido, pelas

educadoras, uso controlado de chupeta e dedo pelas crianças, ou seja, apenas em

momentos específicos como na hora do sono depois do almoço ou em algum

momento que a criança esteja chateada e precise deste hábito oral.

Quanto à respiração, pudemos notar predomínio de crianças respiradoras

oronasais, com coriza freqüente. A higiene nasal não é realizada ou incentivada pelas

educadoras.

Quanto ao sistema estomatognático foram observadas alterações de mordida

(mordida aberta) e língua interdentalizada tanto no repouso quanto na fala, além de

um caso de uma criança com fissura lábio palatina corrigida que apresenta dificuldades

na alimentação, fala e audição. O ambiente da creche não é muito limpo devido à

poeira, mas é bem arejado.

Outra creche observada foi a creche Gizelma Tolfo, que possui 30 crianças, mas

no dia da observação havia apenas 14. A faixa etária desta creche é de seis meses a

três anos. A creche era bem limpa e arejada, mas era constante haver alergias

relacionadas à poeira, fumaça de caminhão e usina próxima a creche, isso foi relatado

pelos funcionários da creche e também observado pelas bandeirantes.

A respiração das crianças era predominantemente oronasal, apresentavam

coriza, sendo a fralda de pano utilizada para fazer a higiene nasal. Mesmo com a nossa

observação de respiração oronasal, as educadoras relataram não haver casos de

alterações respiratórias.

O ambiente da creche é silencioso, praticamente sem ruído, não há crianças

com queixas auditivas e nem muita estimulação com brinquedos sonoros. Foi relatado

o caso de uma criança que tinha atenção dispersa, mas, em geral, as crianças se

interessavam pela origem dos sons.

As educadoras realizavam atividades que promoviam a estimulação da audição

e não houve queixas das educadoras quanto à audição.

Observou-se que todas educadoras cometem abuso vocal ao falar numa

intensidade elevada, sendo que uma educadora nos relatou queixa vocal devido à

alergia.

Quanto à voz, as crianças são estimuladas através de canções a bater palma e

cantar em intensidade elevada, contribuindo para um grande abuso vocal.

Com relação à alimentação, as crianças menores são alimentadas pelas

educadoras. A refeição é ofertada para a criança no berço, com colher de sopa,

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tamanho não adequado para esta faixa etária. Já as crianças mais velhas comem em

pratos plásticos fundos, com garfo e faca grandes demais para o tamanho delas. O

cardápio da refeição era composto de alimentos pouco consistentes, com bastante

caldo, inadequados para a faixa etária. As educadoras relataram dificuldade na

transição da papa para a alimentação sólida.

Quanto aos utensílios, as mamadeiras são trazidas pelas mães, porém a maioria

possui bico com furo aumentado, segundo relato das educadoras. As crianças utilizam

a mamadeira dentro da creche até aproximadamente 2-3 anos.

Quanto à linguagem, não há um cronograma com um planejamento das

atividades relacionadas a esta área e nem nenhuma outra.

Com relação à fala e linguagem, observou-se crianças na faixa etária de um ano

e meio que ainda não falam. Na ocasião da visita, a interação das educadoras com as

crianças era boa, mas não havia estimulação adequada em relação à linguagem, elas

falavam mais entre elas, conversando pouco com as crianças, muitas vezes as

carregavam no colo, impossibilitando que as crianças pudessem explorar o meio, tanto

que somente as crianças mais velhas faziam uso da linguagem verbal.

A higienização oral das crianças ocorre somente após o almoço.

No momento do repouso, duas crianças dormem em um mesmo colchão, a

maioria chupa chupeta e cobertores são usados como cortinas, para impedir a entrada

do sol intenso, o que torna o ambiente extremamente quente e abafado, apesar de

contar com ventilador de teto, que estava ligado.

Uma questão levantada pelas educadoras foi que o posto de saúde próximo à

creche não possuía pediatra, sendo que quando as crianças apresentavam problemas

de saúde, deveriam passar primeiro por um clínico geral para, posteriormente, serem

encaminhadas para um pediatra.

Encontro com professores- Tema: Voz Profissional

No dia 15/12/2009 foi realizado na UEMS um encontro com os professores da

cidade sobre o tema Voz profissional. Este tema configura-se como a principal causa

de afastamento entre os profissionais da área. Neste sentido, o objetivo do encontro

foi discutir questões relacionadas à promoção da saúde vocal e prevenção dos abusos

e alterações vocais.

Todos os professores da rede municipal foram convidados a participar desta

formação, totalizando 160 profissionais. Houve comparecimento de apenas 33

professores. Este baixa freqüência reforça a necessidade de divulgação mais efetiva

das atividades da Fonoaudiologia, ressaltando a importância da atividade.

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107

Os professores que estavam presentes puderam participar ativamente da

atividade por meio de perguntas durante e após a apresentação e de maneira coletiva,

na prática dos exercícios de relaxamento, alongamento, respiração, aquecimento e

desaquecimento vocal demonstrados.

O encontro abordou os seguintes temas: produção vocal, respiração, alterações

das pregas vocais, higiene vocal, voz saudável, uso profissional da voz, fatores de risco

(individuais e coletivos), promoção de saúde, exercícios vocais

Encontro com as pedagogas de creches – Tema: Desenvolvimento Infantil

Neuropsicomotor

No dia 18/12/2009, foi realizada uma atividade em conjunto com as áreas de

nutrição e fisioterapia.

A atividade visou integrar os conhecimentos específicos das áreas, por meio de

uma dinâmica com as pedagogas das creches enfocando o desenvolvimento

neuropsicomotor.

O tema foi abordado de forma interdisciplinar, de maneira que o conhecimento

foi discutido e construído durante o encontro, a partir das trocas entre as áreas

envolvidas e as pedagogas.

A atividade deu-se da seguinte forma: as pedagogas foram divididas em três

grupos, cada grupo possuía um painel com uma linha do tempo do desenvolvimento

infantil dividida por idades: um mês até seis anos (o primeiro ano era dividido em

meses) e fichas que traziam os marcos importantes no desenvolvimento. Com este

material, os grupos deveriam organizar as fichas na linha do tempo de forma que cada

faixa etária fosse caracterizada com os marcos do desenvolvimento nas áreas da

Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição.

O conhecimento das pedagogas foi resgatado no debate entre elas sobre as

fases de desenvolvimento das crianças na ‘confecção’ dos quadros dos grupos, sendo

que após realizou-se discussão quanto ao esperado em relação à idade.

Alem disso, também houve o enriquecimento da conversa quando no final da

atividade os integrantes de cada uma das áreas deram orientações para a estimulação

do desenvolvimento das crianças das creches.

Encontro com pais/responsáveis das crianças das creches

No dia 19/12/2009, foi realizado na UEMS um encontro com pais e

responsáveis das crianças das creches sobre o tema ‘’Desenvolvimento infantil’’ -

Aspectos Fonoaudiológicos: Linguagem, fala, audição, voz, fluência, respiração e

funções alimentares.

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108

O encontro deu-se da seguinte forma, foram apresentadas as áreas-temas do

encontro e a continuidade da conversa se deu conforme foram levantadas dúvidas

e/ou temas de maior interesse.

Infelizmente, como houve falha de comunicação entre a Secretaria Municipal

de Educação e as Creches, a divulgação do encontro não foi feita de forma efetiva,

havendo dúvidas quanto ao seu horário. Inicialmente estava agendado para as 15

horas e, posteriormente, foi transferido para as 7 horas devido à falta de

disponibilidade de local para a realização do mesmo no período da tarde.

No período da manhã, o encontro foi realizado com cerca de quinze pais que

compareceram no novo horário e outras pessoas que estavam aguardando

atendimento no posto da Bandeira Científica montado na UEMS, sendo assim, este

encontro não foi tão produtivo quanto o esperado, já que a maior parte das pessoas

presentes não veio especificamente para este encontro e não necessariamente tinham

interesse nos temas abordados.

Como cinco pais compareceram no horário da tarde e a equipe de

Fonoauidologia estava realizando atendimentos no posto da UEMS, realizou-se

reunião com esses responsáveis, na qual foram tratadas dúvidas sobre as diversas

áreas da fonoaudiologia. Esta atividade durou aproximadamente uma hora e meia.

Esta reunião foi super interessante pela possibilidade de trocas entre as mães e a

equipe, e as mães entre si, com isso, como o encontro se deu basicamente como uma

conversa, isto é de maneira informal, foi um momento propício para esclarecimento

de dúvidas e orientações. Além disso, uma das crianças foi triada e encaminhada para

atendimento fonoaudiológico local.

Atividade de Educação em Saúde: Teatro – Conhecendo o Ouvido e cuidados com a

audição

Devido à necessidade de se mostrar às crianças a importância da audição e os

cuidados que devemos ter para que possamos promover a saúde auditiva, optou-se

pela realização de atividade lúdica (teatro de fantoches) do Projeto “Passe Adiante”.

O “Passe Adiante” é um projeto social, sem fins lucrativos, criado em 2006 pelo

Centro Auditivo Audibel. Tem como objetivo oferecer informação à população, a fim

de que passem a conhecer o ouvido, a importância da audição para uma vida saudável

e com boa qualidade, além de promover o conhecimento e diminuir o preconceito em

relação ao deficiente auditivo e o uso de próteses auditivas.

Para tanto nos foi disponibilizado material de apoio composto por: seis

personagens em pelúcia que representam das partes do ouvido (Audibelinho- aparelho

auditivo, Tim Pano- Tímpano, Marcelo Martelo- Martelo, Caubi Gorna – Bigorna,

Estribo Wonder – Estribo, Dona Cóclea - Cóclea), adesivos dos personagens, um

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109

banner ilustrativo e gibis da “Turma do Audibelinho”, que contam de forma divertida o

funcionamento do ouvido e os cuidados que deve-se ter para com este. Além do teatro

de fantoches, realizamos atividades nas quais as crianças interagiram bastante, como

recontagem do teatro pelas crianças e brincadeira de telefone sem fio para

exemplificar a propagação do estímulo sonoro entre os componentes do ouvido.

Esta atividade de educação em saúde ocorreu em dois momentos: inserida em

um circuito de atividades que aconteceram com todas as áreas do Projeto BC no

Ginásio de Esportes da cidade, no dia 15/12/2009. Todas as crianças da cidade, e mais

especificamente do bairro em que se localizava o ginásio, foram convidadas a

comparecer e participavam de todas as atividades recreativas de educação em saúde,

em seqüência.

A apresentação se deu com a apresentação dos personagens de forma que

explicássemos os personagens representando as partes do ouvido. Feito isso, a

dinâmica da passagem do som do ouvido ao cérebro era ilustrada com as personagens

de pelúcia. Acabada a apresentação, as crianças eram convidadas a participar de uma

dinâmica escolhendo um personagem a representar e mostrando sua função para

fazer o indivíduo escutar.

Ao final da dinâmica todas as crianças recebiam um gibi e adesivos.

Foi muito produtivo, as crianças pareceram entender a dinâmica da audição,

além dos cuidados, principalmente com sons altos e não usar o cotonete. Ficavam

contentes ao receber o gibi e os adesivos, algumas colavam os adesivos da cóclea e dos

ossículos na ordem certa em que recebem a vibração, até o momento em que este

som é transmitido para a cóclea.

Em um segundo momento a mesma dinâmica foi realizadas com alunos do

Projeto CARCA, uma instituição educativa para crianças e jovens da cidade, no dia

20/12/2009 Estavam presentes cerca de dez crianças que participaram das atividades

e receberam os brindes. Com elas a atividade também foi produtiva, de forma

equivalente ao dia do ginásio, com a única diferença que como só era essa a atividade

acontecendo, elas concentraram-se mais, pois estavam menos agitadas.

Triagem miofuncional, realização de orientações e Adaptação de próteses totais

O fundamento para realização deste trabalho em parceria com a Odontologia

foi a otimização da adaptação das próteses dentárias totais realizada pela equipe de

Odontologia.

Como o processo de confecção e adaptação das novas próteses é muito rápido,

20 próteses foram confeccionadas e doadas em dez dias, os pacientes tinham pouco

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tempo para tirar suas dúvidas e receber orientações especializadas para a adaptação

efetiva das próteses.

Primeiramente houve um planejamento junto à Odontologia de modo que a

atuação ocorresse de forma conjunta no cronograma geral.

Foram realizadas avaliações do sistema estomatognático e funções alimentares

dos pacientes antes da adaptação das novas próteses com a utilização do protocolo de

avaliação: “Triagem Miofuncional Orofacial - Versão reduzida do protocolo proposto

por Felício CM. Desordens Temporomandibulares: métodos e protocolos para

avaliação e o diagnóstico fonoaudiólogico. Felicio CM, Trawitzki IVV (organizadoras).

Interfaces da Medicina, Odontologia e Fonoaudiologia no complexo cérvico-

craniofacial. Pró-Fono. Após a avaliação inicial, foi traçado um plano de adaptação das

próteses e realização de orientações necessárias (exercícios para o posicionamento

adequado das próteses, fortalecimento de musculatura, orientações com relação à

mastigação e deglutição eficientes, alimentação com a prótese, posicionamento de

língua em repouso, higiene, fala articulada e precisa).

Quando o paciente retornava para o recebimento das novas próteses,

primeiramente passava pela equipe da odonto, onde eles analisavam se a prótese

precisaria de algum reparo e logo em seguida passavam para a sala ao lado onde

estava a equipe da fonoaudiologia.

As orientações gerais se dividiam em três fases: abertura e fechamento de boca

de forma alinhada, com e sem espelho; mastigação de alimentos pastosos e sólidos; e

posicionamento correto da língua durante a deglutição. Além disso, cada paciente

recebia orientações individuais que resultavam de sua avaliação.

Foram avaliados 20 pacientes, previamente indicados pela cidade, para

receberem as próteses totais. Estes foram divididos em dois ciclos, de 10 pacientes em

cada ciclo, que eram avaliados e recebiam a prótese depois de quatro dias.

Postos de Atendimento

Atendimentos

No ano de 2009, o primeiro ano da Fonoaudiologia no Projeto Bandeira

Científica, não estavam previstos atendimentos em nosso cronograma. Porém, como

algumas de nossas atividades acabaram antes do previsto, utilizou-se este tempo nos

postos de atendimentos, para entender a dinâmica dos atendimentos do projeto,

realizar atendimentos à comunidade e oferecer a possibilidade de encaminhamento

interno promovendo maior integração entre as áreas do projeto e realização, quando

necessário, de encaminhamentos externos (da Fonoaudiologia da Bandeira para o

serviço Fonoaudiológico da cidade).

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111

Vale ressaltar, que antes da realização dos encaminhamentos externos, nos

asseguramos que a cidade tivesse serviço fonoaudiológico capaz de suprir a demanda

por nós levantada. Para tanto, tivemos uma reunião externa com a Fonoaudióloga da

UBS Vitória e verificamos a possibilidade desses encaminhamentos.

Assim, estivemos presentes nos postos de atendimento nos dias, 16, 19, 20 e

21 de dezembro de 2009. É importante lembrar que os postos de atendimento que

decidimos atuar não foram escolhidos aleatoriamente, foi levada em conta a logística

do transporte, distância do posto para o local em que estávamos atuando e a presença

de otorrinolaringologistas no local, visando a interdisciplinaridade e atuação conjunta

em distinção de causas orgânicas de algumas alterações fonoaudiológicas, como

respiração oronasal e hábitos orais.

A dinâmica de nosso atendimento dava-se da seguinte forma: quando o

atendimento ocorreu no período da manhã, os bandeirantes que eram avisados no

transporte até o posto de atendimento, assim como, eram colocados avisos no quadro

da sala dos discutidores. Quando o atendimento ocorreu no período da tarde, os

discutidores e alguns representantes de cada área eram avisados, além da colocação

do aviso no quadro.

Foram atendidos 13 pacientes ao longo dos quatro períodos em que estivemos

nos postos de atendimento (Sidney e UEMS), sendo oito do gênero feminino (uma

adulta e sete crianças) e cinco do gênero masculino (um adulto e quatro crianças),

encaminhados pela medicina e nutrição.

Conforme citado anteriormente, estes atendimentos não foram programados,

por isso não contávamos com nenhum protocolo específico de triagem/atendimento.

Dessa forma, foi realizada triagem e anamnese de forma informal de linguagem, fala e

voz, e foi utilizado o protocolo de triagem miofuncional oral “Triagem Miofuncional

Orofacial - Versão reduzida do protocolo proposto por Felício CM. Desordens

Temporomandibulares: métodos e protocolos para avaliação e o diagnóstico

fonoaudiólogico. Felicio CM, Trawitzki IVV (organizadoras).

Assim sendo, estes atendimentos foram conduzidos principalmente por nossa

discutidora, enquanto as acadêmicas participaram observando, triando alguns

aspectos (de maneira supervisionada) e realizando orientações aos pais/ responsáveis/

pacientes, dependendo de cada caso. Antes de qualquer devolutiva ou orientação aos

pacientes, os casos foram discutidos, estabelecendo-se a conduta adequada,

verificando-se a necessidade ou não de encaminhamento externo.

Quanto aos atendimentos propriamente ditos, as seguintes queixas foram

encontradas em ordem de prevalência: respiração oronasal, alteração de fala,

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motricidade orofacial, hábitos orais, funções alimentares, voz, linguagem, atraso no

desenvolvimento neuropsicomotor e dificuldades escolares.

Queixas Pacientes Porcentagem

RESPIRAÇÃO ORONASAL 9 21%

ALTERAÇÃO DE FALA 8 19%

ALTERAÇÃO DENTÁRIA 7 16%

MOTRICIDADE OROFACIAL 6 15%

HÁBITOS ORAIS 5 12%

FUNÇÕES ALIMENTARES 4 9%

VOZ 1 2%

LINGUAGEM 1 2%

ATRASO NO DNPM 1 2%

DIFICULDADES ESCOLARES 1 2%

Tabela 6 – Queixas dos pacientes da equipe de fonoaudiologia

Gráfico 76 – Perfil dos atendimentos da equipe de fonoaudiologia

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113

Indicação dos pais

No atendimento da tarde de 19 de dezembro de 2009, como o posto de

atendimento estava com pouco movimento, o Protocolo de Indicação de Pais foi

aplicado com todos os pais que compareceram ao posto com suas crianças. Neste

protocolo há questões relativas ao desenvolvimento, voltadas para alterações de fala,

audição, respiração, mastigação, deglutição, dentição, voz; presença de refluxo

gastroesofágico, hábitos orais (chupar chupeta, chupar dedo, roer unha, morder

lábios, chupar/mordes objetos, ranger os dentes), além disso, o responsável foi

questionado se a criança já esteve em tratamento (fonoaudiológico ou outros) e se

gostaria de fazer algum comentário sobre a comunicação da criança. No total, foram

aplicados 13 protocolos.

Segue abaixo a tabela e o gráfico com os resultados obtidos quanto às queixas

fonoaudiológicas dos pais/responsáveis. É interessante observar que as queixas mais

prevalentes correspondem àquelas encontradas em nossos atendimentos nos postos.

Tabela 7- Protocolos de Indicação

Queixas Crianças Porcentagem

HÁBITOS ORAIS 8 30%

DIFICULDADES DE RESPIRAR 5 19%

ALTERAÇÃO NOS DENTES 5 19%

DIFICULDADE DE FALAR 2 8%

DIFICULDADES DE MASTIGAR 2 8%

ALTERAÇÃO NA VOZ 2 8%

DIFICULDADE DE OUVIR 1 4%

REFLUXO GASTRO ESOFÁGICO 1 4%

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Grafico 77 – Indicação dos pais

Atendimento em conjunto com a Odontologia

A Fonoaudiologia também contribuiu com a equipe da Odontologia na

avaliação, atendimento domiciliar e posterior encaminhamento de duas pacientes que

tiveram de realizar Frenulectomia de língua. As pacientes eram irmãs e apresentavam

alterações articulatórias decorrentes de freio lingual de inserção longa, além de

alterações na motricidade orofacial e funções alimentares (deglutição e mastigação).

O processo deu-se da seguinte forma: a Odontologia contatou a Fonoaudiologia

para realização de avaliação anátomo-funcional para verificar a necessidade da

cirurgia, assim, foi feita a avaliação miofuncional orofacial e articulatória das pacientes,

confirmando-se a necessidade da cirurgia.

No mesmo dia a equipe de Fonoaudiologia pôde acompanhar o processo

cirúrgico realizado pela equipe da Odontologia. Dois dias depois, as duas áreas

realizaram visita domiciliar às pacientes, as quais a Odontologia fez a avaliação pós-

operatória e a Fonoaudilogia realizou e prescreveu exercícios de controle e

posicionamento de língua, verificando-se na mesma sessão melhora significativa nas

pacientes. Por fim, as duas pacientes foram orientadas e encaminhadas para a

fonoaudióloga local a fim de que exista uma continuidade do processo terapêutico.

Reuniões externas

Foram realizadas três reuniões externas a fim de conhecer melhor o perfil da

cidade e direcionar as atividades previstas.

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Fonoaudiólogas

A primeira reunião aconteceu na UBS do bairro Vitória no dia 14 de dezembro

com a fonoaudióloga Ana Maria Dalla Vecchia. Conhecemos o setor de fonoaudiologia

do posto, que também conta com a participação de outra fonoaudióloga. Nesta visita

tivemos informações sobre os atendimentos realizados, rotina do trabalho na UBS,

demanda de atendimentos fonoaudiológicos da cidade, além das dificuldades com

relação à atualização profissional enfrentada pelos profissionais da cidade. O

levantamento das informações sobre os atendimentos fonoaudiológicos da cidade foi

fundamental para o desenvolvimento dos atendimentos fonoaudiológicos com a

certificação de que a demanda originada em nossas ações pudesse ser absorvida.

Segundo a fonoaudióloga, que em dezembro de 2009 atuava há um ano e meio

no posto de saúde, a unidade de saúde atende crianças, adolescentes e adultos com

diferentes alterações fonoaudiológicas primárias, secundárias e terciárias, entre elas

distúrbio articulatório, alteração de motricidade orofacial, afasia; encaminhados, em

geral, pelos profissionais da área médica da cidade. Ainda são realizados pelas

fonoaudiólogas atendimentos no hospital da cidade e em domicílio, quando

necessário.

A fonoaudióloga nos informou ainda a respeito do pouco conhecimento da

população de Ivinhema quanto à fonoaudiologia, o que vem sendo minimizado por

ações das profissionais e prefeitura. Além disso, foi enfatizada a necessidade de

atuação fonoaudiológica em ações de promoção da saúde e junto à educação do

município.

Informações relativas ao fluxo do atendimento fonoaudiológico na UBS nos

acenaram com a certeza de que o posto teria possibilidade de receber os pacientes

que fossem encaminhados para terapia fonoaudiológico pela Bandeira Científica.

Em uma primeira visita à instituição APAE, também no bairro Vitória, no dia 14

de dezembro, a fonoaudióloga não estava presente, então fomos recebidas pela

coordenadora pedagógica Nilce que nos mostrou o espaço físico e relatou as

atividades realizadas com os alunos. Ao retornarmos no dia 15 de dezembro, nos

reunimos com a fonoaudióloga Eliane. Esta profissional é contratada pela prefeitura e

locada na instituição.

A instituição atende 90 indivíduos, com faixa etária que compreende desde

bebês a adultos, portadores de síndrome de Down, Cri Du Chat, deficiência mental,

deficiência visual, fissura lábio-palatina, autismo e paralisia cerebral, o que demanda

para a profissional. A atuação baseia-se em orientações familiares, atendimentos

individuais e em grupo.

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116

Secretárias de Saúde e Educação

A reunião com as secretárias da saúde, Sônia, e da educação, Cleonice,

aconteceu no dia 14 de dezembro no prédio da prefeitura, em conjunto.

Os temas abordados foram:

Necessidade de atuação fonoaudiológica junto à educação

Necessidade de ações de educação em saúde nas áreas da

fonoaudiologia

Participação da fonoaudiologia na Bandeira Científica, divulgação das

ações.

Diretora das creches

No dia 14 de dezembro também nos reunimos com Izilda, diretora de das

creches da região. O tema abordado foi o funcionamento a educação infantil, mais

especificamente as creches, visto que a visitação às creches estava acontecendo no dia

da reunião.

Interdisciplinaridade

Ao pensar na Bandeira Cientifica de forma holística, é imprescindível falar sobre

a importância da interdisciplinaridade, já que este é um dos pilares do projeto.

Mesmo antes de entrar para o projeto, esta questão sempre foi um dos

maiores interesses e objetivos das idealizadoras e foi usado como tema principal

durante a apresentação da fonoaudiologia à diretoria geral da BC, encontrando um

ponto em comum com todas as outras áreas da saúde envolvidas.

Durante a expedição, a interdisciplinaridade ocorreu em vários momentos, com

diversas áreas. Sem dúvida a parceria mais frequente ocorreu com a odontologia, uma

vez que, além de trabalharmos em conjunto com os pacientes protetizados, também

houve dois outros casos em que houve atendimento conjunto.

Além da odonto, também houve parceria com a nutrição e a fisioterapia

durante a palestra sobre Desenvolvimento Neuropsicomotor, e, em diferentes

ocasiões, com a medicina nos postos de atendimento, mais especificamente com a

otorrinolaringologia.

Cabe sempre ressaltar a importância desse tipo de integração tanto para o

paciente, quanto para o aluno em expedição e para os profissionais envolvidos, visto

que a somatória dos conhecimentos das diferentes áreas da saúde nos ajuda a

compreender cada vez mais a máquina tão complexa que é o ser humano.

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117

Discussão

Assim, após todas as atividades a cima expostas, consideramos dever cumprido

como unidade participante pela primeira vez no projeto.

Além de realizarmos nosso objetivo principal de observar a expedição como um

todo, também realizamos ações que consideramos importantes e viáveis nesse

primeiro momento. Com a soma desses dois fatores obtivemos nosso resultado mais

precioso: enxergar necessidades que devem ser supridas pela atuação da

fonoaudiologica.

Pensando em como preencher essas lacunas surgiram algumas idéias que

embasarão nosso projeto para a próxima expedição. Dentre elas podemos citar a

promoção da saúde auditiva também em adultos, orientação quanto ao ruído

ocupacional, formação de agentes comunitários, visitas domiciliares, empoderamento

de mães quanto ao desenvolvimento das estruturas estomatognáticas de seus filhos,

sem falar do carro chefe da Fonoaudiologia que é a área da linguagem que será

trabalhada de diversas formas.

Cabe relembrar que sendo a Fonoaudiologia uma área com possibilidade de

ações intersetoriais, como na área da saúde e da educação, possibilita também, ações

interdisciplinares com a medicina, odontologia, fisioterapia, nutrição e psicologia,

mostrando-se imprescindível sua participação em um projeto como a Bandeira

Científica que abrange a saúde em suas várias dimensões.

Participar de um projeto como a Bandeira Científica, mesmo em caráter de

teste, nos presenteou com ganhos não só profissionais como pessoais. Ao passar dez

dias longe de casa, tendo que dormir pouco e trabalhar muito, surge à mente reflexões

diversas sobre o tipo de profissional que você deseja se tornar, reflexões essas que

deveriam ser despertadas em qualquer profissional da saúde, que tem no seu trabalho

o objetivo de proporcionar bem estar do outro. Ser um universitário socialmente

responsável é muito mais que participar de um programa de extensão oferecido pela

faculdade, é doar-se. Abrir mão do seu conforto pela tentativa de oferecer através dos

seus conhecimentos melhoraria de vida para quem o procura por ajuda. E esse

universitário como recompensa recebe os melhores dos pagamentos: o aprendizado, o

amadurecimento, a responsabilidade e o agradecimento, daquele que foi atendido.

Permitir à fonoaudiologia receber uma parte de todos os benefícios de

participar da Bandeira Científica era um sonho, que será realizado da melhor forma

possível a cada cidade que passaremos nas próximas expedições.

Em relação a nossa conclusão sobre a cidade mostra-se importante a

contratação de um profissional fonoaudiólogo pela Secretaria de Educação, uma vez

que foi referida grande demanda de alunos com dificuldades escolares. Durante a

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expedição fizemos capacitações com pais e pedagogos a fim de diminuir essas

dificuldades no futuro mas não estava ao nosso alcance reabilitar as crianças com essa

queixa uma vez que a terapia levaria mais tempo do que o previsto para

permanecermos na cidade.

Conclusão

Sendo este o primeiro ano de participação da Fonoaudiologia na Bandeira

Científica, a expedição foi realizada, a princípio, para que as idealizadoras do projeto

conhecessem como era a expedição. Porém devido à demanda da cidade fomos com a

intenção de atuar em escolas, principal queixa da cidade, mas ao decorrer do

planejamento da expedição identificamos outros possíveis cenários de atuação

fonoaudiológicos, como conhecer as fonoaudiólogas da cidade, realizar atividades de

educação em saúde com os professores, educadores, familiares e crianças das

instituições de ensino, além de atuar em conjunto com a Odontologia na orientação

antes e após a colocação das próteses dentárias.

Ivinhema foi uma cidade interessante para a realização da primeira expedição da

Fonoaudiologia, pois possuía três fonoaudiólogas contratadas pela prefeitura, que nos

informaram que tinham suporte para atender aos nossos encaminhamentos, devido

esse fato pudemos perceber que há uma falha no encaminhamento da população para

o atendimento fonoaudiológico, sendo necessário uma melhor formação aos diversos

profissionais de saúde e educação para que conheçam a importância da

Fonoaudiologia e que tenham conhecimento do momento para ser feito este

encaminhamento. Após esses esclarecimentos seria necessária a contratação de

outros profissionais da área da Fonoaudiologia para que supram a demanda que

surgirá e promovam a saúde fonoaudiológica através da educação em saúde.

Esta primeira expedição da fono na Bandeira foi uma experiência ímpar na

formação das bandeirantes, além de permitir uma visão mais ampla sobre o projeto

para que nos anos seguintes a atuação desta área seja cada vez mais rica e

estruturada.

Odontologia

Nessa expedição do projeto participaram 579 pessoas das atividades entre

escolares e a população residente da cidade de Ivinhema, as Tabelas 09, Gráfico 78 e

Tabela 11 apresentam os dados dos indivíduos participantes estratificados por sexo,

idade e localidade de atendimento.

SEXO

Masculino Feminino Total

n % n % n %

284 49 295 51 579 100

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119

Tabela 09 e Gráfico 78 - Distribuição de freqüência do paciente participantes do Projeto Bandeira

Científica segundo sexo, Ivinhema, MS, 2009.

Gráfico 78 – Perfil dos pacientes da odontologia, segundo o sexo.

IDADE

Grupo etário n %

<2 1 0,2

2 3 11 1,9

4 5 35 6

6 7 101 17,5

8 9 160 27,6

10 11 155 26,7

12 13 67 11,6

14 15 44 7,6

16 17 4 0,7

>18 1 0,2

Total 579 100

Tabela 10 - Distribuição de freqüência do paciente participantes do Projeto Bandeira Científica

segundo grupo etário, Ivinhema, MS, 2009.

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Número de Atendimento por Categoria de Procedimento

284

153131

295

151 144

0

50

100

150

200

250

300

350

total art + flúor flúor

Categoria de Procedimento

mero

de a

ten

dim

en

tos

Masculino Feminino

Gráfico 79 - Distribuição de freqüência de procedimentos de assistência odontológica realizados nos

pacientes atendido no Projeto segundo, tipo de procedimentos e sexo, Ivinhema, MS, 2009.

Localidade nº % TOTAL

UR

BA

NA

Sidney 14 2,4 47,6%

Senador F. Müller 117 20,20

Itapoã 69 11,9

Reinaldo Massi 76 13,1

RU

RA

L

Carca 97 16,75 52,4%

Assentamento 60 10,4

José do Patrocínio 71 12,3

Amandina Cedeca 75 12,95

Tabela 11 - Distribuição de freqüência do paciente participantes do Projeto segundo,

Localidade, Ivinhema, MS, 2009.

A partir da análise das tabelas (Gráfico 79 e Tabela 10) é possível afirmar que

existe um equilíbrio na freqüência e nos tipos de procedimento realizados, sendo

irrelevante a diferença entre os sexos. Essa relação também é observada entre as

diferentes localidades das áreas rurais e urbanas como mostra a Tabela 11. Portanto

conclui-se que ambos os sexos, masculino e feminino, das áreas rurais e urbanas da

cidade de Ivinhema - MS apresentam necessidades semelhantes de atendimento

odontológico.

Entretanto, a faixa etária de 6 a 12 anos foi a que apresentou freqüência de

atendimento, como visto na Tabela 12, esses indivíduos foram identificados como

pacientes de risco e receberam maior atenção no atendimento, já que nessa faixa

etária ocorre erupção dos primeiros molares permanentes.

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121

Procedimento nº %

Aplicação de Flúor 287 28

Restauração de Amálgama – DD* 2 0,2

Restauração de Amálgama – DP** 43 4,2

Ionômero de Vidro – DD* 395 38,5

Ionômero de Vidro – DP** 92 9

Selante 137 13

Restauração de IRM – DD* 5 0,5

Restauração de IRM – DP** 2 0.2

Medicação Endodôntica 36 4

Exodontia – DD* 23 2

Exodontia – DP** 4 0,4

TOTAL 1026 100

DD* – Dente Decíduo; DP** – Dente Permanente.

Tabela 12 - Distribuição de freqüência de procedimentos de assistência odontológica realizados nos

pacientes atendido no Projeto segundo, tipo de procedimentos, Ivinhema, MS, 2009.

Nas Tabela 13 e 14 apresentam-se dados respectivamente da média do índice

ceo-d e índice CPO-D (média de dentes cariados, perdidos por cárie e dentes

restaurados, na dentição decídua e permanente) alem do número de pessoas

examinadas em relação ao grupos etários, atendidos pelo projeto.

Idade n ceo Hígidos

4 27 4.04 16,0

5 16 4 15,3

6 36 3.86 13,0

7 62 3.44 9,9

8 76 3.55 7,96

9 82 2.11 2,11

10 86 1.42 4,5

11 66 0.55 1,8

12 30 0.26 0,06

Tabela 13 - Média dos componentes do índice ceo-d segundo idade.

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122

Idade n CPO Hígidos

6 36 0,3 4,14

7 62 0.82 8,9

8 76 0.88 10,75

9 82 1.25 13,65

10 86 1.65 15,8

11 66 2.27 20,4

12 30 2.3 24,1

13 35 3 24,02

14 27 3.07 23,64

19 17 5.3 22,3

Tabela 14 - Média dos componentes do índice CPO-D segundo idade

Prevalência Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta

Valores do

CPO - D

0,0 a 1,1 1,2 a 2,6 2,7 a 4,4 4,5 a 6,5 ≥6,6

Tabela 15 - OMS - Classificação da prevalência de cárie dentária, com base nos valores do CPO-D aos

12 anos de idade.

Para comparar a situação da cárie dentária em diferentes comunidades, a OMS

recomenda a utilização do índice CPO-D, em diferentes idades e grupos etários. A

idade-índice mais utilizada é 12 anos. A meta estabelecida para o ano de 2000 para

essa faixa etária é CPO-D ≤ 3. Assim, podemos concluir que a prevalência de cárie

dental no município de Ivinhema é baixa, dentro das metas estabelecidas pela OMS.

Provavelmente esses resultados satisfatórios em relação à saúde bucal do

município são devido à expansão e a qualificação da atenção básica a saúde,

organizadas pela estratégia Saúde da Família, do Ministério da Saúde. O município

conta com ESF (Equipe Saúde da Família) e UBS (Unidade Básica de Saúde) em todos os

bairros da cidade, embora apenas 04 ESF, 03 UBS e 04 escolas da rede municipal e

estadual possuam equipo odontológico.

Os casos mais complexos as pessoas foram orientadas encaminha para

tratamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Ivinhema e para os cirurgiões-

dentistas que atuam na própria escola ou para o Centro de Especialidades

Odontológicas (CEO) de Nova Andradina.

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123

Prótese Total

Foram atendidos 20 pacientes com necessidade de prótese Total, foram

realizados os atendimentos, a confecção e a instalação das 40 próteses, os pacientes

receberam orientações de uso e higiene da equipe de odontologia. Assim como

avaliação da motricidade orofacial por parte das profissionais de Fonoaudiologia;

posteriores controles e ajustes foram encaminhados para a UBS de Ivinhema, sob

responsabilidade do Coordenador de Saúde Bucal José Maria de Souza.

Figura 08 - Pacientes antes e depois da instalação das próteses totais superior e inferior.

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124

Considerações Finais

Contudo no período em que a expedição ocorreu os órgãos públicos

responsáveis já haviam determinado as férias escolares para o mesmo período, sendo

a evasão escolar um ponto prejudicial ao nosso atendimento, já que o número de

crianças nas escolas foi muito inferior do que os anos anteriores, se todas as crianças

regularmente matriculadas estivessem freqüentando as escolas durante a expedição o

número de atendimentos seria aproximadamente quatro vezes maior, como fora em

versões passadas do projeto.

Além disso, vale a pena ressaltar que o atendimento da odontologia é focado

em crianças de idade escolar, regularmente matriculadas, assim nosso público alvo é

muito diferente dos alunos de Medicina e demais unidades, estes visam apenas o tipo

de atendimento assistencialista com o intuito de desafogar o sistema público de saúde

local e incluir os pacientes atendidos no sistema de referência e contra-referência do

Sistema Único de Saúde; os pacientes são previamente agendados pelo sistema de

saúde local, conforme a demanda de cada especialidade. Já a odontologia realiza um

trabalho preventivo de educação e orientação para todas as crianças, regularmente

matriculadas nas escolas, e não somente curativo com resultados a médio e longo

prazo.

Podemos perceber também um enorme desinteresse por parte dos pais e/ou

responsáveis das crianças quanto à saúde das mesmas, em todas as áreas, inclusive na

medicina. Tivemos grande dificuldade em interagir e receber o apoio deles para a

saúde dos menores, provavelmente isso tenha sido um dos fatores que resultou no

número inferior de atendimentos, entretanto pudemos dar maior atenção e

assistência aos pacientes atendidos, podendo realizar, restaurações definitivas, em

amálgama, em número superior às expedições passadas.

Fisioterapia

A equipe da Fisioterapia que participou da expedição à cidade de Ivinhema em

dezembro de 2009 contou com a colaboração de três acadêmicas responsáveis pela

organização das atividades no Projeto Bandeira Científica; onze acadêmicos do Curso

de Fisioterapia, sendo sete graduandos da Universidade de São Paulo (USP) e quatro

da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); e sete profissionais já

formados e que atuam na área da Fisioterapia em diferentes instituições, sendo cinco

vinculados à Universidade de São Paulo e dois à Universidade Federal do Mato Grosso

do Sul.

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125

Gráfico 80 - Pacientes quanto ao SEXO

A atuação da área da Fisioterapia teve como objetivos principais suprir

demandas reprimidas existentes no município; discutir os serviços prestados e projetos

a serem implementados em Fisioterapia no município de Ivinhema, com o intuito de

aprimorá-los e/ou mantê-los eficientemente ativos; prevenir acometimentos e atuar

na promoção da saúde e educação de pacientes e profissionais da saúde, propiciando

uma melhor qualidade de vida à população como um todo; e desenvolver pesquisas

científicas de abordagem qualitativa e quantitativa a partir da caracterização dos

pacientes assistidos, como forma de apresentar aos órgãos responsáveis no município

dados reais que possam ser considerados e, a partir daí, aperfeiçoados.

Com base nestas proposições realizaram-se diversas atividades durante a

atuação da Fisioterapia na cidade de Ivinhema, que foram posteriormente avaliadas e

discutidas pela equipe. Constam, no presente relatório, as informações relativas à

análise realizada:

Atendimentos clínicos

A Fisioterapia realizou 449 atendimentos, incluindo os que ocorreram nos

postos de atendimento e as visitas domiciliares.

Dentre os pacientes atendidos nos postos, 69% são do sexo feminino e 31% do

sexo masculino (Gráfico 80) e a maior parcela encontrava-se na faixa etária de 40 a 60

anos (Gráfico 81). Eram moradores da zona rural 55% dos indivíduos, enquanto 45%

moravam na zona urbana (Gráfico 82).

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126

Gráfico 81 - Pacientes quanto à IDADE

Gráfico 82 - Pacientes quanto à ÁREA DE RESIDÊNCIA

Constatou-se que 56,4% dos pacientes sabiam o que é a Fisioterapia (Gráfico

83), e 24% já haviam participado de algum tipo de atendimento fisioterapêutico

(Gráfico 84) o que aumenta a possibilidade de aderência às intervenções e orientações

aplicadas pelo Projeto. No entanto, o percentual de indivíduos que nunca foram

atendidos por fisioterapeutas e sequer conheciam as atuações dos mesmos sugere que

muitos usuários do sistema de saúde municipal podem não ter procurado por

tratamento previamente, quando procuraram por tratamento não foram

adequadamente referenciados para o serviço de Fisioterapia, ou ainda aguardam nas

filas de espera por atendimento.

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127

Gráfico 83 - PACIENTE SABE O QUE É FISIOTERAPIA?

Gráfico 84 - PACIENTE JÁ FEZ FISIOTERAPIA?

Em relação à ocupação atual encontramos que 38,99% dos pacientes realizam

majoritariamente prendas domésticas, 31,39% são trabalhadores braçais, 7,09% são

estudantes, 4,30% são aposentados e 18,23% possuem alguma outra ocupação

(Gráfico 85). Entende-se, portanto que pelo menos 70% da população atendida

(somando trabalhadores braçais e efetores de prendas domésticas) já apresentavam

função laboral com predisposição a sobrecargas físicas. Soma-se a isto o fato de que

49,04% dos pacientes mencionaram carregar alguma quantidade de peso durante o

trabalho (Gráfico 86).

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128

Gráfico 85 - Pacientes quanto à OCUPAÇÃO ATUAL

Gráfico 86 - PACIENTE CARREGA PESO?

Os atendimentos realizados foram subdivididos em grupos diagnósticos

segundos as especialidades fisioterapêuticas solicitadas em: 84,29% de atendimentos

com diagnóstico Músculo-Esquelético, 9,29% Uroginecológico, 5,95% Neurológico,

0,24% Respiratório, e 0,24% Dermato-Funcional (Gráfico 87).

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129

Gráfico 87 - Pacientes quanto ao GRUPO DIAGNÓSTICO

Dentre as queixas levantadas, a maior ocorrência se encontrava

respectivamente nas seguintes regiões do corpo: Coluna (mais de um segmento),

Coluna Lombar, Membro Inferior (mais de um segmento), Joelho, Ombro, Aparelho

Urogenital, outros, Membro Superior (mais de um segmento), Coluna Cervical, Coluna

Torácica, Pé, Mão e Quadril (Gráfico 88).

Gráfico 88 - Pacientes quanto ao LOCAL DE DOR

Assim como em expedições anteriores do Bandeira Científica, a alta demanda

de consultas médicas e fisioterapêuticas para quadros de dores osteomusculares se

manteve no Projeto deste ano (Gráfico 89). É interessante observar que a quantidade

de queixas e diagnósticos uroginecológicos mostrou-se bastante relevante, visto que

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130

as abordagens fisioterapêuticas no campo da Saúde da Mulher são pouco conhecidas

pela população e pelas próprias equipes de saúde.

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131

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

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Dor osteomuscular

Dermatológicas

HAS*

Ortopédicas

Cefaléias

Dispepsia/ refluxo

Depressão

Otorrino*

Diabetes

Neurológicas

Ginecológicas

Endocrino*

Gastro

Artrose

Pq

Hipoacusia

CardioVascular

Déficit Visual

Transtorno ansioso

Clínica

Enxaqueca

Pneumo

*Informação coletada nos atendimentos e não no Inquérito Epidemiológico

Gráfico 89 – Principais queixas dos pacientes na Bandeira Científica 2009, segundo o sexo.

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132

Gráfico 90 - Pacientes quanto ao TEMPO DE QUEIXA

Portanto, para a prevenção e tratamento adequados de disfunções do assoalho

pélvico tais como incontinência urinária, distopias genitais, dispareunia e outras, que

muitas vezes permanecem sem diagnóstico, é necessário que sejam melhor

trabalhados estes temas entre os profissionais de saúde, a semelhança do que é feito

com os participantes do Projeto Bandeira Científica, com o intuito de viabilizar a

resolução destes problemas na população.

Avaliamos que 69,42% dos pacientes apresentavam a mesma queixa que os

levaram à Fisioterapia há mais de um ano, e apenas 30,58% por período menor ou

igual a um ano (Gráfico 90). A frequência da queixa foi definida como diária por

65,07% dos pacientes, semanal para 21,79%, esporádica para 5,07%, mensal em 2,69%

dos casos e 5,37% não sabiam definir (Gráfico 91).

Quando a queixa principal era a dor, em 38,46% dos relatos esta foi

caracterizada como de forte intensidade, em 31,95% dos casos como de intensidade

moderada, em 21,30% dos casos como insuportável, e apenas em 7,40% como fraca

(Gráfico 92). Destes dados infere-se que a maioria dos indivíduos abordados pelo

Projeto possui queixa bastante limitante para suas atividades de vida diária, e tem sua

qualidade de vida bastante prejudicada por exercerem suas funções sócio-econômicas

nestas condições.

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133

Gráfico 91 - FREQUÊNCIA DA QUEIXA

Gráfico 92 - INTENSIDADE DA DOR

Os principais fatores mais frequentemente apontados para alívio da dor foram

respectivamente: uso de medicamentos (aproximadamente 50% dos casos), repouso,

movimentos, postura antálgica, recurso físico (uso de gelo, compressa quente, etc)

(Gráfico 93). Estas informações nos remetem a necessidade de investigação mais

específica dos índices de auto-medicação para a analgesia, pois considerando as

características mecânicas destas queixas (identificadas pelas ocupações e fatores de

alívio) seria eficiente a divulgação de exercícios terapêuticos para prevenção das

complicações de saúde decorrentes desta prática.

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134

Gráfico 93 - Pacientes quanto ao método de ALÍVIO DA DOR

Preconizamos que as características populacionais e demandas em saúde

levantadas pelas consultas fisioterapêuticas até aqui relatadas sejam empregadas no

planejamento de readequações no serviço público de Fisioterapia do município. Esta

organização pode ser iniciada por:

Determinação de critérios para prioridade na alocação de pacientes em listas

de espera por atendimento;

Realização de triagem acompanhada de orientações para os pacientes que

entram na lista de espera, para que tenham algum tipo de cuidado enquanto

aguardam pela vaga para tratamento;

Classificação dos pacientes da lista de espera em queixas crônicas e agudas,

pois para queixas crônicas como Lombalgia, Osteoartrose, orientações a

cuidadores e outras poderão ser realizados acompanhamentos em grupo;

Prezar pela rotatividade de pacientes atendidos, valendo-se de estratégias

como metas de liberação para novas vagas de atendimento por mês para cada

fisioterapeuta, formação de grupos de tratamento, espaçamento de consultas

e acompanhamento quinzenal para indivíduos próximos da alta e outras;

Padronizar avaliações iniciais e finais para controle da efetividade das

intervenções.

Além destas, outras medidas podem ser adotadas no intuito de otimizar a

atuação dos profissionais como o investimento na melhora da relação com outros

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135

profissionais da equipe de saúde, especialmente médicos. São indicadas atualizações e

reuniões multiprofissionais, por exemplo, para divulgação das possibilidades e

indicações de diferentes encaminhamentos e atuações conjuntas.

Há ainda a oportunidade de reafirmar vínculos com os Agentes comunitários de

Saúde para vigilância dos fatores de risco gerais para acometimentos prevalentes na

procura por Fisioterapia e que são, no entanto, facilmente preveníveis a exemplo do

controle de Diabetes e Hipertensão Arterial, acompanhamento de gravidez de risco

etc.

A utilização de espaços públicos como praças, parque, o Espaço Viva Vida, para

a realização de outras formas de atendimento à população é uma ferramenta que

viabilizaria o aumento da abrangência de público por comportar grupos de pessoas e

da aderência ao tratamento pelo ambiente diferencial.

Por fim, é imprescindível que os próprios fisioterapeutas se mantenham

atualizados e cientes das reais necessidades de cuidado da população, prezem pela

educação continuada e empreguem esforços na difusão do conhecimento e

reconhecimento da profissão.

As propostas aqui expostas deverão ter o respaldo da Secretária de Saúde e

autoridades vigentes para que ocorra regularização das mudanças, aderência dos

profissionais, e fiscalização dos resultados.

Programa de atendimento domiciliar

A Fisioterapia participou de 28 Visitas domiciliares multiprofissionais a

pacientes com dificuldades de deslocamento e acesso ao sistema de saúde.

Em cada visita, foram executadas principalmente orientações aos familiares

para medidas de prevenção de acometimentos específicos do paciente grave tais como

estabelecimento de deformidades, aparecimento de úlceras por pressão, adequação

do ambiente às necessidades do paciente, reorganização da rotina familiar, entre

outros.

A necessidade de que alguns pacientes visitados fossem acompanhados

regularmente pela UBS de referência denota o potencial de reabilitação ou

possibilidade de manutenção de condições menos graves, caso seja realizado um

acolhimento adequado destes indivíduos pelos serviços locais.

Comprovada a demanda por esta modalidade de atenção à saúde, sugerimos

que o Serviço Municipal de Fisioterapia adote um programa regular de agendamentos

de Visitas Domiciliares, para proporcionar o cuidado necessário para estes usuários.

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136

Atualização de agentes comunitários de saúde

A equipe da Fisioterapia do Projeto Bandeira Científica desenvolveu, durante a

expedição, atividades expositivas dialogadas sobre alguns temas levantados pelo

serviço de saúde local como sendo deficitários ou de interesse da população. O

objetivo foi mostrar aos Agentes Comunitários de Saúde ações que pudessem prevenir

futuros prejuízos na saúde da comunidade, possibilitando assim que os mesmos

informem a população.

Os dois primeiros temas abordados foram Diabetes Mellitus e Hipertensão

Arterial, nos quais a atuação da Fisioterapia visou explorar a utilização da atividade

física adequada como instrumento de prevenção e modalidade de terapia não

farmacológica nos casos destes pacientes; e também orientá-los quanto aos cuidados

necessários referentes ao “Pé diabético”.

Devido a seu baixo custo, facilidade de acesso e aplicação, e benefícios

cientificamente comprovados deve-se investir na transferência de informação correta

aos usuários do sistema de saúde sobre a prática de atividades físicas regulares, tanto

quanto é feito em relação a outras mudanças de hábitos já mais assimiladas pela

população.

Constatou-se que mais da metade (57,14%) dos pacientes atendidos pela

Fisioterapia, com diagnósticos de outras comorbidades cardiovasculares e endócrinas

ou não, referiu não praticar nenhuma atividade física esportiva (Gráfico 94). Destes,

15% e 23% foram classificados como tabagistas e ex-tabagistas, respectivamente; e

12,2% e 7,7% como etilistas e ex-etilistas, respectivamente (Gráficos 95 e 96).

Gráfico 94 – Paciente pratica atividade física?

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137

Gráfico 95 – Paciente é tabagista?

Gráfico 96 – Paciente é etilista?

Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde Brasileiro propôs em

2001 o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes

Mellitus, como uma estratégia para aumentar a prevenção, diagnostico, tratamento e

controle de ambas as doenças através da reorganização da Rede Básica de Serviços de

Saúde; reduzindo assim o número de internações e os gastos com o tratamento de

complicações decorrentes destas patologias.

Para tanto são previstas ações que viabilizem tais objetivos, como a capacitação

e atualização dos profissionais da rede básica de saúde, a detecção precoce dos casos

com suspeita de portarem tais doenças, a promoção de hábitos de vida saudáveis e o

cadastramento dos pacientes hipertensos e diabéticos às Unidades Básicas de Saúde

para tratamento e acompanhamento.

Figura 14. Paciente pratica

ATIVIDADE FÍSICA?

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138

A partir daí foram formulados diversos materiais informativos referentes a

estes e mais temas da Atenção Básica à Saúde, que se encontram disponíveis no site

do Ministério da Saúde na forma de Cadernos. A visualização de tal material encontra-

se no endereço eletrônico: http://dab.saude.gov.br/caderno_ab.php. Esta produção

deve orientar todas as intervenções propostas pela Secretaria Municipal de Saúde na

resolução destas questões.

Outro tema proposto para ser abordado pela Fisioterapia, que terminou por

não ser discutido devido à grande quantidade de atividades programadas para este

grupo de profissionais, foi a Lombalgia.

No entanto, como comprovado estatisticamente, as queixas na região da

coluna foram preponderantes às demais dentre os pacientes atendidos pela

Fisioterapia no Projeto, refletindo um padrão comum à população geral (Fig.9).

Além disso, problemas na coluna são suscetíveis a diferentes agravamentos

osteomusculares e neurológicos e, portanto causa de diversas incapacidades e

disfunções.

Consideramos que intervenções educativas e preventivas encabeçadas pelos

ACS podem atingir resultados significativos na redução destes índices. Para tanto, seria

interessante que outras atividades de capacitação e atualização fossem realizadas nas

próprias UBS, em que mais membros das Equipes de Saúde da Família pudessem

discutir a importância da abordagem multiprofissional nestas queixas e formas mais

efetivas de atingir precocemente a população sujeita ao surgimento deste sintoma.

Atualização para pedagogas da rede de ensino básico sobre desenvolvimento

neuropsicomotor

Durante a pré-visita realizada no município em setembro de 2009, foi solicitado

à equipe da fisioterapia que realizasse uma atualização sobre o tema com as

pedagogas da Rede de Ensino Básico da cidade de Ivinhema.

O foco desta atividade, para a Fisioterapia, era aprimorar os conhecimentos

prévios destas profissionais quanto às aquisições neuropsicomotoras e estratégias de

estimulação para crianças de 0 a 18 meses.

Devido à falha de organização, a atividade teve que ser realizada em tempo

menor do que o planejado, pois as participantes deveriam estar presentes em outro

compromisso agendado pela Secretaria de Educação. Assim houve prejuízos quanto ao

conteúdo abordado e à didática adotada pelos alunos do Projeto, tendo como

consequência o pouco aproveitamento das pedagogas.

Durante o desenvolvimento da atividade foi notado o interesse da maioria das

participantes e a necessidade de atualização no tema abordado, já que em alguns

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139

momentos as profissionais demonstraram dúvidas em relação a conceitos teóricos

básicos. Propõem-se atividades de educação continuada a este grupo, quer seja com o

acompanhamento à distância através do Telecentro Municipal e/ou com atividades

presenciais organizadas pela Secretaria de Educação de Ivinhema em parceria com a

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

Atividades educativas nas escolas

A equipe de Fisioterapia trabalhou com grupos de crianças de 5 a 14 anos,

abordando os temas de percepção corporal e coordenação motora, além de distribuir

material sobre ergonomia escolar.

Durante estas atividades, observou-se grande dificuldade de mantê-las atentas

ao objetivo das tarefas, e na distinção de momentos educacionais de outros

recreativos. Estes problemas também podem ser decorrentes do fato de não termos

disponibilizado ambiente e contexto ótimos para seu melhor aproveitamento, o que

ocorreria de maneira distinta dentro do período escolar e por meio de divisão de

séries, por exemplo.

Apesar disto, pode-se notar que a interação das crianças com as atividades de

desafio físico e conhecimento do próprio corpo propiciaram experiências motoras e

cognitivas ricas, que devem ser mais bem exploradas.

Recomenda-se um cuidado minucioso por parte dos profissionais de educação,

em conjunto com psicólogos, no sentido da investigar, detectar e acompanhar

adequadamente casos de distúrbios de atenção e aprendizagem (como também será

discutido pela Psicologia).

Também sugerimos um trabalho de incentivo à inserção do profissional

fisioterapeuta no contexto escolar, sobretudo em parceria com educadores físicos,

focado no desenvolvimento motor pleno.

A abordagem de temas relacionados à saúde no ambiente escolar está prevista

pelo Ministério da Saúde Brasileiro por meio de ações presentes no contexto do

Programa de Saúde da Família (PSF). Esta abordagem se dá através da atuação dos

profissionais da própria Equipe de Saúde da Família no ambiente escolar, ou através de

profissionais vinculados aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Ambas se

inserem em um Programa instituído pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de 05 de

dezembro de 2007, que se intitula Programa Saúde na Escola (PSE).

O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma ferramenta da Atenção Básica à Saúde

responsável por fortalecer o vínculo intersetorial já existente entre a Secretaria da

Educação e a Secretaria da Saúde dos municípios brasileiros, através de intervenções

realizadas no ambiente escolar relacionadas à saúde dos indivíduos.

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140

Esta estratégia prevê a abordagem dos estudantes matriculados no Ensino

Básico, Fundamental e Médio quanto a avaliação e monitoramento clínico e

psicossocial dos estudantes, promoção de saúde, prevenção de doenças e agravos,

educação permanente e capacitação de profissionais e de jovens para o PSE.

No âmbito da promoção da saúde o Programa Saúde na Escola propõe medidas

como a promoção de uma alimentação saudável e de atividade física, educação sexual,

prevenção do uso de álcool e drogas, promoção da cultura e paz e prevenção de

violência e acidentes, que demonstram ser de interessante implementação na rede de

ensino local, ao passo que atuaria a favor de melhorar a qualidade de vida da

população de faixas etárias mais baixas; prevenir doenças crônicas na idade adulta e

avançada, gerando menores gastos ao setor municipal de saúde; além de instruir os

chamados “multiplicadores de informação” para que possam disseminar os

conhecimentos adquiridos no município de Ivinhema como um todo.

Maiores informações a respeito desta estratégia estão disponíveis no site do

Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, cujo endereço é

http://dab.saude.gov.br/index.php .

Orientação ergonômica na área rural e encontro com o núcleo de artesanato de

Amandina

Por motivos operacionais e logísticos, não foi possível concretizar a visita ao

Assentamento Rural São Sebastião em parceria com a ESALQ e ter contato direto com

as comunidades locais em seu ambiente.

No entanto, os dados estatísticos levantados apontam para a alta prevalência

de disfunções musculoesqueléticas decorrentes da atividade laboral dos indivíduos

atendidos, de trabalhadores que utilizam a força física como principal e/ou único

instrumento de trabalho, e também de atividades que apresentam demandas físicas,

como a de carregar peso, muito além da quantidade recomendada de repetições e

peso absoluto da carga a ser manipulada.

Enfatiza-se aqui a necessidade de promover a prevenção de acometimentos

laborais, partindo do pressuposto de que o principal fator desencadeante de queixas

musculoesqueléticas nesta população é o trabalho, como demonstram os dados. Estas

queixas poderiam ser amenizadas com a instrução para executar suas tarefas

minimizando sobrecargas mecânicas, promovendo melhoras nas condições de

trabalho destes indivíduos e, consequentemente das condições de saúde e da

qualidade de vida desta população.

Considerando a característica do afastamento geográfico e social do centro

urbano e o caráter comum a essa população de resistência à mudança de hábitos

diários, defendemos que estas atividades sejam realizadas por meio de orientações

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141

aos trabalhadores e assentados rurais em seus respectivos ambientes de trabalho. Isso

poderia ser viabilizado pela organização e reunião destes em áreas comuns ou núcleos

de trabalho.

Durante a expedição realizada, integrantes da equipe de Fisioterapia do Projeto

Bandeira Científica se reuniram com 15 profissionais do Núcleo de Artesanato de

Amandina. O grupo apresentava faixa etária esparsa, com algumas queixas

heterogêneas devido às diferentes funções exercidas por cada uma das trabalhadoras.

Observou-se que a própria organização dos núcleos possui características

favoráveis à implantação de programas preventivos: são identificadas “líderes”

informais responsáveis por sua coordenação e há o reconhecimento coletivo das

condições de risco de seu trabalho.

Foi realizada então uma dinâmica com o intuito de alertar as participantes

quanto aos acometimentos mais comumente presentes em profissionais desta área e

discutido com as mesmas formas viáveis de prevenir tais disfunções.

Sugere-se a orientação das novas participantes do grupo quanto aos temas

abordados logo em seu ingresso, com manutenção a longo prazo, e também a

orientação das atuais integrantes dos demais núcleos de artesanato no sentido de

promover uma mudança de hábitos no trabalho.

Os resultados das atividades apresentadas acima nos permitem afirmar que

ações em prol da melhoria das condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores da

região devem ser enfocadas pelos órgãos municipais, tendo em vista que estes

problemas acometem justamente a população economicamente ativa da região, que,

portanto, deve ter seu valor reconhecido e assistência digna à saúde.

Podemos transpor, mantendo alguns pontos mais específicos, muitas dessas

informações para a realidade em outros setores de trabalho como a confecção de

roupas presente na região (cujo relatório se encontra em anexo ao da equipe da

Engenharia), os outros núcleos de artesanato e as demais empresas e indústrias da

região.

A reflexão acerca deste tema nos remete à Política Nacional de Saúde do

Trabalhador do Ministério da Saúde, que entrou em vigor no ano de 2004 e visa à

redução de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, através da promoção da

saúde dos trabalhadores, reabilitação dos mesmos e vigilância das condições de

trabalho e saúde a que eles estão submetidos.

Esta política se baseia na inter-relação dos gestores municipais com a

comunidade e os profissionais de saúde pertencentes à região e aos chamados Centros

de Referência em Saúde do Trabalhador, órgão responsável por capacitar a rede de

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142

serviços de saúde e vigilância, possuindo profissionais capacitados para orientar

inicialmente a própria equipe de saúde das cidades em que atua, e a partir daí

capacitá-las a executar suas ações com autonomia.

Segundo o Ministério da Saúde, existem, no estado do Mato Grosso do Sul,

quatro Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, sendo dois localizados em

Campo Grande, um em Corumbá e um em Dourados. Os endereços eletrônicos para

contato com estas unidades são:

Campo Grande - [email protected] / [email protected]

Corumbá – [email protected]

Dourados - [email protected]

Recomenda-se que esta parceria seja estabelecida entre o município de

Ivinhema através do Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador (CIAT) já que

este busca suprir as necessidades da população e formular meios de aperfeiçoar sua

produção econômica.

Maiores esclarecimentos sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador

encontram-se disponíveis no site do Ministério da Saúde através do endereço:

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=928

Psicologia

Atividades realizadas pela equipe de Psicologia

Visando alcançar tais objetivos, a equipe de Psicologia desenvolve atividades em três

diferentes momentos: pré-visita, expedição e pós-visita.

Pré-visita: em outubro de 2009, dois membros da equipe de Psicologia

realizaram uma breve visita a Ivinhema, momento em que foi possível conhecer as

Unidades Básicas de Saúde da cidade, entrevistar algumas profissionais da rede de

Psicologia local e a Secretária de Assistência Social, além de participar de uma reunião

com gestores de Unidades e Conselheiros Municipais de Saúde.

Expedição: durante a expedição, realizada entre os dias 12 e 22 de dezembro

de 2009, a equipe de Psicologia encaminhou as seguintes atividades:

67 Interconsultas – atendimentos em conjunto com outras áreas da

saúde – e plantões psicológicos – um espaço de escuta à disposição

dos usuários, que necessitassem ou desejassem.

44 entrevistas com usuários do SUS atendidos nos postos de

atendimento do Projeto;

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143

14 entrevistas com moradores da cidade indicados como

“referência” nela;

Visitas domiciliares junto às demais áreas participantes do Projeto;

Visitas a instituições de assistência (CARCA, CRAS, Casa abrigo, Casa

do Migrante, Asilo);

Reunião com os gestores do município;

Duas reuniões com as psicólogas e assistentes sociais do município.

Pós-visita: nesta etapa, serão discutidas, junto com pessoas da cidade com as

quais tivemos contato em nosso trabalho (psicólogas, assistentes sociais, referências,

alguns usuários, etc), as reflexões feitas por nós a partir do material obtido nas

atividades realizadas durante a pré-visita e expedição.

Interconsultas e plantões psicológicos

No trabalho interdisciplinar junto às outras áreas do Projeto que atuaram nos

postos de atendimento, a equipe de Psicologia realizou um total de 67 atendimentos.

A equipe esteve presente nos seguintes postos: CARCA, UEMS, Aurelina, José

Patrocínio, Sidney, CEDECA e General Osório.

Entre o total de atendimentos, 43 foram atendimentos de mulheres, 10 de

homens e 14 de família (tendo mais de um membro da família presente). Nesses

últimos, tivemos uma grande maioria de mulheres acompanhando seus filhos. Estes

dados podem ser observados no Gráfico 97 abaixo.

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144

Relação de atendimentos de mulheres, homens e família

43; 64%

10; 15%

14; 21%

Mulheres

Homens

Família

Gráfico 97 - Relação de atendimentos de mulheres, homens e de família.

Dos 67 atendimentos realizados, 54 foram de adultos e 13 foram de crianças,

como se pode ver no Gráfico 98.

Relação dos atendimentos de crianças e adultos

13; 19%

54; 81%

Crianças e adolescentes (0-17)

Adultos (a partir de 18 anos)

Gráfico 98 - Relação de atendimentos de crianças e adultos.

Ao analisarmos as queixas que apareceram nos atendimentos, pudemos ver

semelhanças e temas recorrentes. Chamou nossa atenção a quantidade de mulheres

com queixa de tristeza, depressão e sensação de vazio. Mulheres, essas, que muitas

vezes cuidam dos filhos sozinhos. Muitas relataram dificuldades em realizar esta tarefa

sem uma rede social de apoio.

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145

Outro tema que chamou nossa atenção foi o número de pessoas com queixas

que continham menção de dores e outros sintomas orgânicos, cujas causas não eram

encontradas pela área da medicina nos exames clínicos.

Também surgiram queixas relacionadas: ao trabalho, seja pelas más condições

ou/e pelo desempenho da pessoa no trabalho; à sexualidade; e a questões envolvendo

a alimentação, como obesidade, pessoas que comem compulsivamente devido à

ansiedade, etc.

Outro tema que chamou bastante nossa atenção foi as queixas relacionadas à

escola ou ao desempenho escolar. Eram queixas que se referiam ao comportamento

das crianças nas escolas e em casa, tais como: agressividade, hiperatividade, não

querer ir à escola, etc. Chamou nossa atenção que muitas destas crianças estavam

recebendo medicação sem o regular acompanhamento médico.

Ainda sobre a questão da medicalização, também percebemos que muitas

pessoas já estavam recebendo tratamento medicamentoso devido a queixas cotidianas

de tristeza, luto, etc.

Entrevistas com usuários

Uma estratégia diferente utilizada pela equipe de Psicologia durante a

expedição foi as entrevistas com usuários do SUS, que eram realizadas nos postos de

atendimento do Projeto. Essas entrevistas têm por objetivo conhecer melhor a cidade,

seus problemas e pontos positivos, através da perspectiva de seus moradores, além de

contribuir para a identificação de movimentos sociais presentes em Ivinhema.

No total, foram feitas 44 entrevistas, sendo que a maioria dos entrevistados

foram mulheres (71%). Dentre esses entrevistados, 51% participavam de movimentos

sociais, sendo a maioria de grupos religiosos ou que realizavam trabalhos voluntários.

Quando perguntados sobre qual seria o maior problema de saúde da cidade, a

maioria (39%) respondeu sobre a falta de bons médicos ou de especialistas,

principalmente nas áreas de pediatria e de ginecologia. Outro grande problema citado

foi quanto à infra-estrutura (26%) da saúde em Ivinhema. Os usuários apontaram que,

muitas vezes, são encaminhados para médicos de cidades vizinhas, já que, na cidade,

não há muitos especialistas, além de não haver a possibilidade de realizar alguns

exames clínicos.

A má qualidade dos atendimentos médicos também foi grande motivo de

queixa (19%) dos usuários, que reclamam quanto a pouca atenção dos médicos nos

atendimentos e da demora para serem atendidos nos postos. Estes dados podem ser

observados no Gráfico 99 abaixo.

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146

Gráfico 99 - Relação dos problemas na saúde em Ivinhema apontados pelos usuários.

Quando questionados sobre qual seria a solução para tais problemas, a maior

parte dos entrevistados não soube responder. No entanto, dentre os que

responderam, a maioria citou a contratação de mais médicos como uma possível

solução. Para melhorar a infra-estrutura da saúde na cidade, alguns usuários também

sugeriram a compra de equipamentos para a realização de exames médicos.

Dentre os principais problemas gerais da cidade apontados pelos usuários,

predominaram aqueles relativos à saúde (38%). O segundo maior problema (19%)

mencionado foi a infra-estrutura da cidade: ruas esburacadas, falta de pavimentação,

de saneamento básico e de moradias; estradas ruins e o abandono pelo poder público

de um dos bairros do município, o Triguenã. Os problemas apontados quanto à área

rural (6%) foram: produtos agrícolas pouco valorizados e que demandam muito

investimento dos agricultores; o deslocamento de grande parcela dos moradores da

área rural para áreas urbanas. Problemas relativos ao trabalho (6%) também foram

citados, como o desemprego e a demora para receber a aposentadoria. Estes dados

aparecem no Gráfico 100.

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147

Gráfico 100 - Relação dos problemas de Ivinhema apontados pelos usuários do SUS.

Como soluções para esses problemas, os usuários levantam a compra de mais

equipamentos para exames nos postos de saúde; a contratação de mais médicos

(especialistas como: neurologista e ortopedista), assim como sua capacitação e a

construção de mais postos de saúde nas glebas. Também levanta-se a importância de

asfaltar as ruas, da implantação do transporte público, da construção de casas

populares, da organização das ruas e do investimento nos bairros, principalmente o

Triguenã.

Os moradores da área rural também pensaram em soluções para sua região,

tais como: a implementação de políticas de apoio ao agricultor, mais investimentos e a

permanência dos jovens na área rural.

Questões relacionadas ao trabalho foram levantadas e as seguintes sugestões

de melhoria foram citadas: a existência de creches, onde as mães poderiam deixar os

filhos ao irem trabalhar, o oferecimento de cursos gratuitos e o aumento da oferta de

empregos.

Sugestões relacionadas ao lazer em Ivinhema foram: construção de um teatro,

quadras poli-esportivas e a realização de bailes. Quanto à educação, sugeriu-se que o

município de Ivinhema possuísse uma faculdade. Também houve a sugestão de maior

policiamento nas ruas.

Sobre os principais pontos positivos da cidade, muitos usuários elogiaram o

trabalho dos agentes comunitários de saúde, das enfermeiras e da secretária de saúde.

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Alguns falaram dos bons atendimentos nos postos de saúde, do oferecimento de

remédios e do serviço do hospital.

Como ponto positivo, muitos usuários também apontaram a tranqüilidade da

cidade, o povo acolhedor e as boas relações entre os vizinhos. Alguns trouxeram a

educação em Ivinhema como ponto positivo, devido ao transporte escolar. Também

falaram sobre o lazer: elogios à praça da cidade e ao campo de futebol. Por fim, os

projetos sociais (APAE e CARCA), a localização geográfica e o clima de Ivinhema, assim

como o prefeito, foram citados como aspectos positivos.

Entrevistas com as referências

Além das entrevistas com os usuários, a equipe de Psicologia realizou

entrevistas com as chamadas “referências” da cidade, ou seja, pessoas relacionadas a

organizações importantes da cidade ou consideradas pelos munícipes como líderes

locais. A partir dessas entrevistas, foi possível conhecer um pouco mais sobre a cidade

a partir da ótica de seus moradores e identificar uma rede preliminar de referências da

cidade, que pode ajudar no levantamento de problemáticas locais relacionadas ao

contexto sócio-político e econômico.

As entrevistas com referências funcionam da seguinte forma: durante a pré-

visita, por meio de uma reunião com os Conselheiros de Saúde do município, pede-se a

indicação de uma pessoa para dar início ao processo de entrevistas. Então, a cada

pessoa entrevistada, é solicitada a indicação de mais três pessoas, para que seja

montada uma rede social de referências. Esse método é conhecido como “bola-de-

neve”.

Nas entrevistas, são abordadas questões sobre a cidade e a saúde. Se o

entrevistado é membro de alguma organização, também se procura conhecer seu

funcionamento e objetivos.

Foram realizadas, durante a expedição em Ivinhema, entrevistas com 14

pessoas reconhecidas como referências da cidade. A partir da análise de tais

entrevistas, foi possível conhecer quais as principais questões, incômodos, pontos

positivos e a situação da saúde de Ivinhema pela ótica de seus moradores, como segue

abaixo:

O que incomoda mais na cidade

Falta de pavimentação.

Questões relacionadas à saúde.

Falta de emprego, desemprego.

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Falta de ocupação (diversão para os jovens).

Questões relacionadas à educação.

Questões relacionadas com a medicalização de crianças com queixas escolares.

Falta de transparência na prestação de contas.

Falta de discussão com a sociedade antes de criar projetos.

Falta da mobilização da associação de bairros; individualismo.

Não atendimento de pedidos pela Prefeitura.

Gado solto nas ruas à noite.

Questões relacionadas à Assistência Social.

Segurança, vandalismo.

Questões relacionadas ao meio ambiente.

Aspectos mais positivos da cidade

Questões relacionadas à participação e a características da população.

Questões relacionadas à existência e ao trabalho de ONGs.

Tranqüilidade e baixo índice de violência.

Terra fértil; agricultura; clima.

Localização geográfica (Ivinhema fica entre diversas cidades).

Previsão de um futuro bom.

Questões relacionadas à boa qualidade da saúde.

Prefeitura dá atenção às ONGs.

Qual o seu sonho para a cidade?

Progresso, melhora da cidade (referência a várias áreas).

Questão relacionada à saúde e moradia.

Não tem sonho.

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Principal problema em relação à saúde

Questões relacionadas ao atendimento (demora para marcar, atendimento ruim).

Questões relacionadas à falta de profissionais (número, competentes e especializados).

Estrutura física ruim.

Encaminhamentos para fora da cidade.

Visitas a instituições de assistência

Procurou-se, durante a expedição, conhecer as instituições de assistência

existentes no município de Ivinhema, de forma a levantar a rede de apoio local e

pensar em atuações possíveis para lidar com as demandas que surgem na cidade. Tal

atividade, muitas vezes, coincidia com o momento da entrevista com alguma pessoa

conhecida como referência, já que muitas delas eram fundadoras ou membros dessas

instituições.

Foram visitadas as seguintes instituições: CARCA, Projeto Bem-me-quer, Projeto

do Sagrado Coração de Jesus, Asilo São Francisco de Assis, Projeto Nova Jerusalém –

Casa do Migrante e CRAS Triguenã. Além dessas instituições, também obtivemos

informações, através das entrevistas com referências da cidade ou reuniões com as

psicólogas e assistentes sociais, sobre a ACAIVI, a APAE e o CREAS.

Visitas domiciliares

Durante a expedição de 2009, a equipe de Psicologia participou, junto com

outras áreas do Projeto, de 13 visitas domiciliares a pessoas que estão acamadas e/ou

não podem se deslocar até os postos de atendimento. Durante estas visitas, não

pudemos realizar um trabalho semelhante ao do posto, com atendimentos no formato

de plantões psicológicos, por conta da quantidade de participantes do Projeto que

necessitavam realizar exames e determinar condutas.

No entanto, pudemos observar questões interessantes no sentido de nossos

objetivos no Projeto. Pensando a saúde do indivíduo como algo complexo e

relacionado não apenas às questões orgânicas, mas também sendo permeada pela

esfera social e realidade da cidade em que se vive, as visitas domiciliares se tornam

uma oportunidade de conhecer melhor esta realidade e suas relações com a saúde da

pessoa. Neste ponto, a presença dos Agentes Comunitários de Saúde durante as visitas

domiciliares se fez muito importante, pois, com eles, pudemos conhecer melhor a

realidade de cada bairro e até mesmo de cada família. Além disso, são profissionais

que conhecem muito bem a estrutura de saúde e de assistência da cidade.

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Entendendo o que acontece no cotidiano da pessoa atendida, de sua casa e

família, relacionando-o com a realidade de seu bairro e cidade, com as questões sociais

envolvidas, é possível, também, pensar em sua saúde. Pudemos ver a influência sobre

a pessoa de situações como: a falta de pavimentação no bairro visitado, a estrutura da

rede de assistência, a distância em relação ao posto de saúde, hospital e escola, a falta

de uma rede social de apoio. Pensamos ser importante considerar todos estes pontos

no momento de determinar uma conduta em relação à pessoa atendida e até mesmo

se deve medicalizá-la ou não. Ela terá condições de buscar seus medicamentos e

receber acompanhamento médico, já que não pode se locomover facilmente? A

cidade disponibiliza transporte para tais atividades? A rede de assistência faz visitas

domiciliares ou espera que o interessado procure ajuda no local de atendimento? A

pessoa pode ter uma rede de apoio para ajudá-la a suportar a situação que vive, de

modo que não sejam necessários todos os medicamentos? Estas são questões

levantadas a partir das reflexões sobre as visitas domiciliares e que se relacionam com

as bases do nosso projeto.

Reunião com os gestores do município

No início da expedição, a equipe de Psicologia realizou um encontro com 5

gestores da cidade, com o objetivo de apresentar o trabalho que desenvolveríamos em

Ivinhema. Nessa reunião, os gestores levantaram algumas problemáticas.

Foi falado sobre como há muitos funcionários públicos sofrendo na cidade,

devido à sobrecarga no trabalho, como, por exemplo, os professores das escolas

públicas, que estão desvalorizados e sobrecarregados, já que precisam trabalhar na

rede pública e na rede particular para terem uma renda maior. Assim, no final do ano,

muitos não agüentam mais e começam a faltar nas aulas. Levanta-se a importância de

se pensar em um projeto com os professores.

Também foi falado que há muitas mulheres com depressão na cidade, porque

têm que trabalhar a semana toda e ainda cuidar sozinhas dos filhos, ficando

sobrecarregadas. Levanta-se que não há, na cidade, nenhuma cultura de prevenção na

área da saúde mental.

Sobre os atendimentos médicos na cidade, soubemos que as pessoas não

acreditam mais nos médicos generalistas e que, por isso, querem os especialistas.

Assim, para conseguirem atendimento com estes últimos, vão atrás dos secretários e

do prefeito para reclamar.

Também conversamos sobre o fato de que as pessoas, muitas vezes, não

tomam os medicamentos prescritos pelos médicos e que a cidade já até realizou

campanha de recolhimento de remédios não utilizados pela população.

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Reuniões com as redes de Psicologia e de Assistência Social

Tendo em vista a importância de articular o nosso trabalho com o dos

profissionais da cidade, a equipe de Psicologia realizou, durante a expedição, dois

encontros com as psicólogas e assistentes sociais de Ivinhema. O primeiro encontro foi

realizado no começo da expedição, com os objetivos de apresentar o nosso trabalho e

conhecer o que já era desenvolvido por essas profissionais, além de pensar em formas

de intersecção do nosso trabalho com o delas. Já o segundo encontro foi realizado no

final da expedição, com os objetivos de apresentar o que realizamos na cidade e as

problemáticas que chamaram mais nossa atenção, para, assim, pensarmos juntos em

alguma forma de continuidade.

No primeiro encontro, levantaram-se as dificuldades nos encaminhamentos

para atendimento psicológico dentro de Ivinhema, já que só há duas psicólogas na

saúde, havendo, assim, muita fila de espera. Há dificuldade para implantar

atendimentos em grupos, pela cidade ser pequena e todos se conhecerem, por isso há

muita demanda por atendimento individual, sobrecarregando as psicólogas da saúde,

que são as únicas que desenvolvem esse tipo de atuação. Os únicos grupos que

funcionam são os temáticos, como por exemplo, para pessoas com diabetes, para

pessoas com obesidade, etc. Foi falado que há uma “resistência” da população para

participar dos cursos e encontros propostos pela rede de Assistência Social.

As psicólogas da saúde recebem muita demanda vinda do Conselho Tutelar,

devido a queixas escolares. Demandas, estas, que, muitas vezes, não necessitam de

atendimento, mas só de uma orientação à criança ou aos pais. Foi levantada a idéia de

alocar uma psicóloga no Conselho Tutelar que pudesse colaborar na discussão e forma

de lidar desses encaminhamentos.

As psicólogas recebem bastante apoio dos agentes comunitários de saúde,

entretanto, não há nenhum encontro institucionalizado entre eles, mas somente

encontros informais. O mesmo ocorre entre as psicólogas e assistentes sociais que

trabalham nas diferentes áreas (educação, saúde e assistência social). Levanta-se,

assim, a idéia de institucionalizar encontros entre elas, levando em conta a

importância dessas profissionais trocarem experiências e pensarem em meios de

atuação conjuntos.

No contexto dessa reunião, foi reforçada nossa preocupação com os impactos

que a ação da Bandeira Científica poderia trazer no trabalho dessas profissionais, já

que deixaríamos, ao final dos atendimentos e seus possíveis encaminhamentos para a

rede da cidade, uma demanda com a qual elas não poderiam lidar, devido à enorme

fila de espera já existente. Assim, combinamos nessa ocasião de fazermos uma

segunda reunião para discutirmos juntos os encaminhamentos que fizemos para essas

profissionais a partir dos atendimentos realizados nos postos.

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153

Dessa forma, no segundo encontro, realizado no final da expedição, levamos os

casos clínicos que demandavam encaminhamento para pensarmos juntos no que fazer

com eles.

Discutimos sobre a questão da medicalização de crianças em Ivinhema, algo

que chamou nossa atenção durante a expedição. Descobrimos que, dentro da escola,

há mais encaminhamentos diretos a neurologistas, pois existe certa “resistência” à

idéia de um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Esses encaminhamentos ao

neurologista são feitos pela própria coordenação da escola. Não há psiquiatras na

cidade e as mães não conseguem um acompanhamento sistemático da medicação que

é dada a seus filhos.

A maioria dos casos encaminhados da escola para o neurologista é de crianças

com problemas de comportamento, como suspeita de hiperatividade, por exemplo.

Muitas crianças, ao irem ao neurologista, já saem medicadas. Levantamos, assim, uma

discussão sobre esses encaminhamentos, já que, se tantas crianças são encaminhadas

com queixas escolares, será que há um problema individual nessas crianças ou há um

problema mais amplo, de característica coletiva que envolve diferentes dimensões,

sujeitos e instituições?

As profissionais identificaram a necessidade de haver mais psicólogos na cidade

e, paradoxalmente, a existência de um preconceito grande em relação ao atendimento

psicológico, já que as pessoas pensam que quem vai ao psicólogo é “louco”.

Comentamos, novamente, sobre a importância dessas profissionais se reunirem mais

vezes, de uma maneira formalizada, institucionalizada, para discutir as diversas

problemáticas que surgem em seus trabalhos, para tentar articular as diversas áreas

(Educação, Assistência Social e Saúde). Segundo as profissionais, essa foi uma

contribuição da Bandeira Científica para elas: possibilitar um espaço de troca entre as

diferentes áreas.

Próximos passos

Depois de realizada a expedição, a equipe de Psicologia se encontrou

semanalmente para discutir e trabalhar o material obtido. Esse material consiste

basicamente nas entrevistas realizadas com as referências, que foram transcritas; nas

entrevistas com os usuários do SUS, que tiveram seus resultados tabulados; nos relatos

dos atendimentos psicológicos, que foram organizados em função das queixas das

pessoas atendidas; e, finalmente, nos diários de campo escritos pelos alunos (espécie

de diário mesmo, que contém as vivências da pessoa durante o trabalho de campo,

assim como suas anotações a respeito de coisas que pensou ou que lhe chamaram a

atenção).

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154

Foi realizado, ainda durante o primeiro semestre de 2010, no Instituto de

Psicologia da USP, uma apresentação e debate a partir desse material, que contou com

a participação de duas professoras convidadas, uma da área da Psicologia Escolar e

outra da Pediatria.

Enfim, foi elaborado este relatório com intuito de subsidiar a pós-visita que é a

terceira e última etapa do trabalho da Bandeira Científica em Ivinhema. Nesse

momento, estamos à disposição para discutir questões que possam ter ficado durante

nossa estada na cidade, em dezembro de 2009, e outras que surgiram a partir da

leitura deste documento. Do mesmo modo, estamos dispostos a fazer um balanço das

ressonâncias que este trabalho trouxe e continuará trazendo para nossa vida na

universidade e futura carreira profissional.

Nutrição

Atendimento Nutricional

Antropometria

Foram realizada antropometria (aferição de peso e estatura) de todos os

pacientes atendidos pelo BC durante a expedição, a fim de obter a classificação do

estado nutricional dos mesmos.

Atendimento nos postos

O atendimento nutricional teve como objetivo orientar o paciente quanto às

modificações da dieta para o alcance do estado nutricional desejável, tratar

determinadas enfermidades crônicas ou sintomas para a melhoria do prognóstico e,

por sua vez, da qualidade de vida do mesmo. Além do aconselhamento nutricional o

paciente recebeu folders referentes aos principais aspectos abordados da alimentação

e com as orientações individualizadas descritas.

Foram atendidos pela equipe de nutrição 413 indivíduos, sendo 147 entre 0 e

19 anos e 266 maiores de 20 anos.

Visitas Domiciliares

As visitas domiciliares tiveram o objetivo de observar aspectos referentes à

moradia (tipo de construção, número de habitantes, higiene do ambiente e pessoal,

armazenamento da água, destino do lixo, esgoto), à família (fonte de renda, relações

intrafamiliares e redes de apoio) e ao indivíduo (doenças, limitações físicas, cognitivas,

comportamentos e atitudes) para que fossem realizadas orientações nutricionais mais

completas.

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155

Foram realizadas 23 visitas domiciliares. Dos diagnósticos mais importantes

para a área de nutrição, tivemos: Acidente Vascular Cerebral, Hipertensão Arterial

Sistêmica, Diabetes Mellitus, Dislipidemia e Hérnia de Hiato.

Palestras para Agentes Comunitários da Saúde (ACS)

Foram realizadas três palestras com temas distintos para os ACS:

Diabetes Melitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

Desenvolvida pelos cursos de nutrição, medicina e fisioterapia. À Nutrição,

coube ministrar o seguinte tema: “Tratamento dietético para DM e HAS” e teve como

objetivo fornecer orientações sobre os alimentos que devem ser evitados ou

consumidos preferencialmente por indivíduos com diabetes e hipertensão arterial.

Todos os ACS receberam uma cartilha ilustrada contendo um resumo das informações

passadas na palestra passarem adiante as informações sobre cuidados com a saúde e

alertarem a população sobre os riscos de uma dieta inadequada e os benefícios de

uma alimentação saudável e preventiva.

“Aleitamento materno e Introdução de alimentos”

A atividade teve como objetivo orientar os ACSs sobre a importância, as

dificuldades e os benefícios da amamentação, como proceder ao caso do aleitamento

materno exclusivo não seja possível e qual a melhor forma de introduzir outros

alimentos além do leite materno. Participaram da palestra, 14 agentes que receberam

materiais e folders com conteúdo específico sobre os assuntos que foram discutidos

durante a atividade.

“Avaliação Nutricional de crianças”

A atividade teve como objetivo definir o Sisvan e apresentar seus objetivos e

estratégias; orientar sobre estado nutricional infantil; definir desnutrição e suas

classificações; orientar sobre a utilização de curvas de crescimento; aplicar exercício

com as curvas de crescimento. Participaram desta palestra, 14 agentes que receberam

materiais e folders com material de apoio sobre os assuntos que foram discutidos

durante a atividade.

Palestras para pais e educadores

Pedagogas

A palestra teve como objetivo orientar educadoras sobre a influência que a

alimentação e os hábitos alimentares exercem no desenvolvimento neuropsicomotor

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156

(DNPM) da criança, além de apontar características que possam auxiliar na

identificação de atrasos no desenvolvimento infantil e, orientar como as mesmas

podem estimular a criança por meio da alimentação e do comportamento alimentar,

para um adequado desenvolvimento. Participaram desta atividade aproximadamente

60 pessoas.

Pastoral

A atividade teve como objetivo informar as mães cujos filhos freqüentam a

pastoral da criança sobre cuidados de higiene e a importância da alimentação saudável

na infância, através de discussão e dinâmica sobre verdade ou mito. Participaram

desta atividade aproximadamente 30 mães.

Atividades educativas para crianças

Projeto CARCA.

O objetivo foi fornecer aos participantes da atividade, de maneira descontraída

e divertida, informações sobre os alimentos, algumas de suas características e

importância na alimentação diária.

Atividade educativa com a odontologia

A atividade teve como objetivo orientar crianças sobre a importância de uma

alimentação balanceada e diversificada, e que possa cuidar da saúde da boca, através

de um jogo lúdico com uma pirâmide dos alimentos desmontável.

Atividade Lúdica para crianças

A atividade ocorreu na quadra poliesportiva da cidade e teve como objetivo

apresentar diversos alimentos às crianças (entre 6 a 12 anos de idade) a fim de

proporcionar um maior conhecimento sobre alimentação saudável, utilizando

atividades lúdicas como: bingo, jogo da memória, tabuleiro, cruzadinha e ligue os

pontos.

Administração das refeições

Foi realizada pela equipe de nutrição em conjunto com a nutricionista da rede

de educação do município o planejamento, organização e supervisão do serviço de

alimentação oferecido durante a expedição para os bandeirantes, que tinha como

objetivo oferecer uma dieta equilibrada e segura.

Relatórios Técnico-estruturais

Engenharia

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157

A seguir, sintetizam-se as observações dos alunos de Engenharia Civil e

Ambiental integrantes do Projeto Bandeira Científica, que realizaram seus trabalhos

em setembro e dezembro de 2009, em Ivinhema (MS). Aborda-se aqui a questão da

infraestrutura de saneamento básico do município de Ivinhema, apresentando os

cenários compreendidos pelos alunos. Um maior detalhamento e sugestões para os

problemas identificados estão em relatório específico “Relatório de Análise de Infra-

Estruturas”.

Abastecimento de água

A captação de água do município de Ivinhema pode ser resumida pelo gráfico a

seguir, elaborado com base no Inquérito Epidemiológico:

Gráfico 101 - Perfil da captação de água de Ivinhema.

Percebe-se que a maior parte do município é abastecida pela rede de

distribuição de água, dentre elas toda a área urbana e partes da área rural. O gráfico

seguinte distingue os perfis da captação de água nas áreas rural e urbana.

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Gráfico 102 - Perfil da captação de água em Ivinhema por tipo de área de ocupação.

É possível enxergar claramente as diferenças nos perfis das duas categorias de

ocupação do solo. Percebe-se que a captação por poços, tanto profundos quanto rasos

(os assim chamados poços caipiras), é feita predominantemente nas áreas rurais. No

entanto, mesmo na área abastecida pela rede, o município de Ivinhema faz uso de

manancial subterrâneo para abastecimento público de água. A captação é feita em

cinco poços profundos. Recentemente, foi construído mais um poço, de 150 m de

profundidade, mas este se encontra ainda inativo.

Toda água captada chega à área da estação de tratamento de água (ETA) de

Ivinhema, operada pela Sanesul, sendo primeiramente armazenada em um

reservatório apoiado (capacidade de 150 m³). Deste reservatório, a água segue para

um reservatório enterrado (100 m³), e, a partir deste, uma parcela da água é

bombeada para um reservatório elevado (50 m³), o qual apresenta vazamento

considerável.

A divisão em reservatório apoiado e reservatório elevado é feita de modo a

atender dois setores de rede de distribuição na área urbana, um de zona alta e outro

de zona baixa. Verificando os volumes dos reservatórios, pode-se estimar o tamanho

da população que pode ser atendida com esses volumes, considerando um consumo

per capita de q=150L/hab.dia e o coeficiente do dia de maior consumo k1=1,2:

.000.53

./1502,1³300

3

1habP

diahabLPm

qPkV

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159

Dessa forma, percebe-se se que é preocupante a situação de reservação de

água em Ivinhema, uma vez que a área urbana conta com mais de 15 mil habitantes

(segundo o Censo de 2000).

O tratamento da água é feito através de cloração e fluoretação. As instalações

de química são de pequeno porte e adequadas no que diz respeito ao quesito de

segurança.

Para fins de controle da qualidade da água produzida na ETA, são realizadas

análises diárias de pH, cloro e flúor. Além disso, semanalmente são enviadas amostras

para análises em Nova Andradina dos parâmetros turbidez e coliformes (totais e

fecais) e mensalmente são feitas análises em Campo Grande dos parâmetros

alcalinidade, dureza, ferro e manganês. Uma análise destes dados foi feita pela equipe

da Bandeira Científica, e será apresentada em relatório específico, a parte.

Com base no Inquérito Epidemiológico também foi possível obter informações

a respeito da realização de tratamento da água de Ivinhema, como é mostrado no

gráfico a seguir:

Gráfico 103 - Tratamento domiciliar da água de Ivinhema.

Pode-se perceber que a maior parte da população não realiza qualquer tipo de

tratamento da água. No entanto, é importante destacar que esta parcela inclui dois

tipos de públicos: aqueles que recebem água da rede e não realizam tratamento

domiciliar da água e aqueles que captam água individualmente e não a tratam. Os

efeitos são diferenciados nestes dois grupos, tendo em vista que a água da rede é

previamente tratada, implicando em um menor risco de contaminação para o primeiro

grupo. Entretanto, é de extrema importância ressaltar que grande parte das doenças

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veiculadas pela água tem como origem a contaminação nas caixas d’água das

residências.

No sistema de captação municipal, é produzido um volume da ordem de

966.059m³ por ano, onde 752.693m³ são consumidos por 5.796 economias, isto é o

sistema apresenta uma perda real de 22%.

Os dados mostram que o volume faturado é maior que o volume consumido,

representando um valor de 873.455m³, 16% maior que o consumido.

Por fim, vale ressaltar que disponibilizar para a população água de qualidade

adequada para consumo é tarefa primordial do poder público e não representa um

investimento sem retorno: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada

R$1,00 investido em saneamento básico, economizam-se de R$4,00 a R$5,00 com

internações e atendimentos médicos a pessoas com doenças decorrentes da falta de

saneamento (diarréia, hepatite A, verminoses, etc).

Esgotos Sanitários

O perfil do município, elaborado com base no Inquérito Epidemiológico, pode

ser ilustrado pelo gráfico 4:

Gráfico 104 - Destinação dada ao esgoto doméstico em Ivinhema.

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Percebe-se claramente a prevalência de fossas no município, principalmente

rudimentares, apesar de no presente gráfico não haver divisão entre fossas

rudimentares e sépticas.

Não há rede coletora de esgoto no município. A FUNASA está elaborando um

projeto de rede coletora e Estação de Tratamento de Esgotos, que abrangerá parte dos

Bairros Piravevê e Guiraí, mas não há previsão de início e término da construção. Há

um sistema privado de limpa-fossas na cidade, cujos caminhões depositam o esgoto

em três fossas de maior porte do município, localizadas no Bairro Piravevê.

Existe uma pequena rede coletora de esgotos no distrito de Amandina, que

lança os esgotos domésticos diretamente no rio.

As fossas recebem as águas residuárias provenientes de atividades distintas

como descarga sanitária, despejo de lavatórios, águas do asseio corporal e de lavagem

de roupas, de modo contínuo. Portanto, a entrada dessas águas corresponderá à saída

de idêntica quantidade de esgoto tratado.

O Gráfico 105, elaborado com base no Inquérito Epidemiológico, apresenta a

atitude tomada pela população após o enchimento das fossas.

Gráfico 105 - Atitude tomada após o enchimento da fossa.

Percebe-se que grande parte da população, ao invés de retirar o material retido

nas fossas, prefere construir uma nova. Esta atitude reflete em conseqüências na

saúde pública e no meio ambiente, dado o fato de as fossas serem pontos de

contaminação do solo e, possivelmente, do lençol freático e dos poços utilizados para

abastecimento. A construção de novas fossas eleva o número de pontos de

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contaminação, o que revela um verdadeiro problema quando se trata de um solo

arenoso, como o de Ivinhema, que permite a percolação de água mais facilmente.

No município de Ivinhema, foram observadas as seguintes instalações

sanitárias: privada com fossa seca (privada de buraco), privada com fossa tubular e

fossa negra.

É importante ressaltar que a construção da rede coletora de esgoto deve

preferencialmente se dar concomitantemente à construção da ETE. Caso não seja

construída a ETE, os resíduos que serão despejados de forma concentrada nos cursos

d’água terão um impacto ambiental muito grande.

Resíduos sólidos

O Gráfico 106 apresenta um perfil geral da gestão dos resíduos sólidos em

Ivinhema, com base no Inquérito Epidemiológico, enquanto o Gráfico 107 apresenta o

mesmo cenário por tipo de ocupação do solo (urbano ou rural):

Gráfico 106 - Gestão de Resíduos Sólidos em Ivinhema

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Gráfico 107 - Perfil da gestão dos resíduos sólidos nas áreas urbana e rural.

Pelo Gráfico 106, é possível inferir que a maior parte do município é coberta

pela coleta pública, porcentagem esta correspondente principalmente à população

urbana, como pode ser visto no Gráfico 107. Nas áreas rurais, os resíduos sólidos são

em grande parte queimados, podendo provocar impactos significativos na saúde

pública.

Os indivíduos expostos à fumaça gerada na queima do lixo podem se

contaminar com substâncias tóxicas, como dioxinas e furanos, que são substâncias

carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas. Esta prática pode aumentar a incidência

de doenças respiratórias nestes locais.

Percebe-se também a predominância no uso de gás de cozinha, em detrimento

do uso de lenha e carvão, como pode ser visto no gráfico a seguir:

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164

Gráfico 107 - Combustível utilizado para o fogão.

Sob o ponto de vista da saúde pública, trata-se de um perfil bastante

adequado, na medida em que o uso de lenha ou carvão pode expor os indivíduos à

inalação de altas concentrações de material particulado. O Gráfico 109 apresenta esta

mesma divisão de uso de combustíveis para o fogão, com base no tipo de ocupação do

solo:

Gráfico 108 - Tipo de combustível utilizado no fogão das residências nas áreas urbana e rural.

Com base no Gráfico 109, é possível dizer que os perfis das áreas rural e urbana

são semelhantes. Há um uso maior de lenha na área rural do que na área urbana, o

que já é esperado em qualquer município. No entanto, há uma clara predominância do

uso de gás de cozinha nas duas áreas em relação aos outros combustíveis.

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O Gráfico 110 apresenta informações sobre a localização do fogão nas

residências.

Gráfico 19 - Localização do fogão.

Como o combustível mais utilizado nas moradias é o gás de cozinha, a presença

dos fogões dentro das casas é mais adequada do que fora, reduzindo o esforço das

pessoas responsáveis pela preparação da alimentação. Em locais onde há

predominância no uso de lenha, a presença dos fogões dentro das residências pode

implicar em problemas para a saúde pública, na medida em que esta condição reduz,

normalmente, a ventilação das moradias, não permitindo uma adequada dispersão dos

poluentes.

Outro aspecto interessante do município é a parcela da população que realiza

separação de materiais para reciclagem. O Gráfico 111 apresenta estes dados:

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Gráfico 110 - Porcentagem da população que recicla cada tipo de resíduo sólido.

Percebe-se que há uma parcela considerável da população que realiza a

separação de resíduos recicláveis, em comparação com outros municípios de pequeno

e médio portes. Dos resíduos apresentados, o plástico é o tipo de resíduo mais

separado. No entanto, é importante frisar que, sem dúvida, o tipo de resíduo mais

reciclado é o metal, já que este é coletado posteriormente (mesmo quando despejado

no lixão) por catadores.

O secretário que acompanhou as visitas informou que a coleta de resíduos no

município é feita somente na área urbana. A frequência de coleta é de três vezes por

semana nas áreas centrais e duas vezes nas áreas mais afastadas, sendo feita por uma

equipe com um caminhão da prefeitura.

Em Ivinhema, foi constatada a atuação de catadores de materiais recicláveis.

Segundo o secretário de Meio Ambiente e Turismo, os catadores atuam somente no

lixão.

Existem duas iniciativas de coleta seletiva no município: uma é de um senhor

chamado Pierre, que possui um galpão no centro de Ivinhema. Ele recebe os materiais

de catadores do município (plásticos, metais), e os vende em quantidades maiores em

Campo Grande. Ele recebe também recicláveis de municípios vizinhos.

Já a outra iniciativa, localizada numa saída da estrada que liga Ivinhema a

Angélica, foi doada pela Sociedade de Melhoramentos e Colonização (Someco) há

cerca de 1 ano. No local existe um galpão coberto, com as laterais abertas, com as

dimensões de 12 x 30 m. Há uma área ao lado que pode dobrar o tamanho do galpão.

A área foi doada para ser utilizada por uma associação de catadores ligada à igreja

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católica, mas atualmente se encontra vazia. Aparentemente, os tais catadores moram

ao lado dessa área e não se articularam para trabalharem juntos, nem utilizar esta

área.

De 1980 a 1995, os resíduos sólidos gerados em Ivinhema eram depositados em

outro lixão, o qual era localizado em uma área ao lado do lixão utilizado atualmente.

Quando a capacidade desse lixão já encerrado foi esgotada, foram abertas algumas

valas e o lixo foi depositado nessas, ocorrendo, em seguida, o aterramento das

mesmas. A prefeitura planeja encerrar da mesma forma o lixão atual, assim que o

aterro sanitário do município for construído.

A disposição de todos os resíduos sólidos urbanos (RSU) e dos resíduos de

serviços de saúde (RSS) do município é feita em um lixão a cerca de 4 km da área

urbana do município, localizado no bairro rural Guiraí.

O acesso à área não é controlado, havendo a presença de vários animais - como

galinhas, cabras, entre outros - de propriedade de uma senhora que vive na antiga

área vizinha, onde se localiza o antigo lixão já encerrado.

Aparentemente, não há quantidades consideráveis de restos alimentícios no

lixão, mas a equipe não soube diagnosticar se o fato era devido à presença dos

animais, que se nutriam desses restos, ou ao tipo de geração de resíduos sólidos da

população. Foi constatada a presença de algumas habitações rurais próximas ao lixão.

Está sendo licenciado no município um aterro sanitário, que será um consórcio

entre o município de Ivinhema, a usina de álcool de cana-de-açúcar presente nele e o

município de Angélica (a distância entre os centros de Ivinhema e de Angélica é de 18

km).

O projeto do aterro e todo o licenciamento ambiental estão sendo pagos pela

usina. O projeto já obteve a Licença Prévia, estando agora na fase do pedido da Licença

de Instalação.

Segundo o Secretário de Meio Ambiente e Turismo, a área prevista para o

aterro sanitário a ser construído é de 13,6 hectares, estando a mais de 5 km da área

urbana (um dos requisitos gerais solicitados pelo órgão ambiental estadual, o Imasul).

O máximo nível do freático encontrado na área foi de 9 m.

Durante a 1ª Expedição, foi constatado que o lixo hospitalar não é tratado

adequadamente. Tudo é mandado para o famigerado lixão por uma ambulância

adaptada, que serve como carro de coleta. Há um projeto de gerenciamento desses

resíduos, que está em fase de implantação. Todos os resíduos orgânicos hospitalares

(fetos, placentas, membros) são amontoados em um “buraco” (é o segundo, o

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primeiro já encheu). A secretária da saúde tem intenção de realizar reciclagem e

compostagem dentro do hospital.

Drenagem urbana

Foi na década de 60, após a chegada de Reinaldo Massi, que se iniciou a

urbanização em Ivinhema, tendo o primeiro núcleo populacional sido formado no

Bairro Piravevê. A crescente impermeabilização do solo, aliada às intensas

precipitações na região, provocou um aumento substancial do fluxo d’água,

acarretando na formação de pequenos sulcos sobre o terreno.

Com a expansão urbana, aceleraram-se os processos erosivos, acarretando na

formação de voçorocas nos locais de deságüe das águas pluviais. Caracterizam-se pela

maior problemática três pontos erosivos, localizados nos Bairros Água Azul, Piravevê e

Itapoã.

O primeiro encontra-se a oeste da zona urbana, próximo ao Córrego Azul. A

intensa erosão tem ocasionado um aumento da deposição de sedimentos neste

córrego. Um reflexo disso foi a elevação do nível do solo em um trecho à jusante em

mais de 4,0 metros em cinco anos.

Figura 09 - Voçoroca - Bairro Água Azul. Fonte: Google Earth (2004)

Com o tempo, foi construída uma rede de drenagem de águas pluviais

abrangendo este bairro. Sem estruturas adequadas de dissipação de energia,

intensificou-se a erosão no local de lançamento das águas de tal forma, que estruturas

de concreto destinadas a transportá-las sofreram rupturas. Outras obras para controle

das voçorocas foram realizadas: primeiramente tentou-se contê-las com a colocação

de sacos de areia sobre os taludes erodidos, mas estes foram levados com a primeira

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chuva significativa após a construção; depois foi usada uma mistura de solo-cimento,

solução que também se mostrou falha.

Atualmente, está sendo construída uma série de barragens de terra ao longo da

linha traçada pela voçoroca, com o objetivo de barrar a erosão, permitindo o

escoamento por tubulações abaixo da barragem, e assorear o local, devido à redução

da velocidade do escoamento superficial, facilitando a deposição de sedimentos no

fundo.

A segunda voçoroca encontra-se no Bairro Piravevê, na zona leste da área

urbana e a sul do Bairro Itapoã. As águas pluviais nesta região são drenadas através de

galerias até um canal de concreto, cuja estrutura de desemboque também já rompeu.

Figura 10 - Voçoroca - Bairro Piravevê. Fonte: Google Earth (2004)

Por fim, a última voçoroca encontra-se no Bairro Itapoã, à jusante da voçoroca

do Bairro Piravevê. Juntamente com a massa de terra trazida deste, os sedimentos

provenientes da erosão de Itapoã aportam no Córrego Ponta-porã, o qual deságua no

Rio Ivinhema. Da mesma forma que nas outras voçorocas, as estruturas de deságüe

das águas pluviais também já romperam, dada a intensa força da água.

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170

Figura 11 - Erosão - Bairro Itapoã. Fonte: Google Earth (2004)

De modo geral, as voçorocas de Ivinhema apresentam características

semelhantes. A primeira destas é o formato em U, indício de que a resistência do solo

é praticamente constante em toda a seção transversal.

Quanto ao desgaste do solo, podem ser observadas duas formas diferentes de

erosão: a erosão superficial e a subterrânea. Apesar de a primeira ter claramente

maior impacto, a segunda tem um efeito sinérgico em relação àquela. Um indício da

erosão subterrânea é a formação de pequenos buracos e galerias nos taludes das

voçorocas.

Um aspecto de interesse para a engenharia é a existência de vegetação natural

em crescimento nos taludes em algumas regiões das voçorocas, evidência de que elas

estão em fase de estabilização.

Vale ressaltar os prejuízos causados pelas voçorocas na área urbana, como

destruição de casas e estruturas, desgaste do solo agrícola (com perda de

produtividade e fertilidade), assoreamento nas áreas à jusante, piora na qualidade da

água dos cursos da água que recebem os sedimentos e depreciação imobiliária. As

voçorocas sempre caminham de jusante para montante, fato que preocupa, devido à

proximidade entre elas e a área urbana. Desta forma, é importante que medidas tanto

estruturais, como não estruturais sejam tomadas o quanto antes, de forma a mitigar

os impactos negativos.

De modo geral, Ivinhema não é um município muito pavimentado, fato que

pode ser facilmente perceptível nas periferias. A rede de drenagem urbana abrange

apenas parte de quatro bairros: Água Azul, Triguinã, Vitória e Centro. Nos locais onde

não há rede de drenagem, há formação de inúmeros buracos nas ruas e avenidas. Uma

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171

constatação feita durante a expedição (setembro/2009) foi a péssima situação em que

se encontravam as águas dos rios, próximos aos locais de deságüe das águas pluviais,

devido à poluição difusa. A chuva, ao cair na área urbana, leva consigo óleos, graxas,

detergentes e metais pesados, provenientes das águas servidas dos domicílios e os

materiais desprendidos dos automóveis.

Na zona rural, a situação é ainda mais crítica. A predominância de vias não

pavimentadas em condições inadequadas dificulta o deslocamento da população rural.

Em dias chuvosos, a situação torna-se ainda mais complicada. Algumas estradas ficam

intransponíveis, devido à formação de bolsões de água no caminho.

O funcionamento de uma usina de álcool e açúcar no município vizinho,

Angélica, tem agravado a condição de trafegabilidade nessas vias nos últimos anos. Os

caminhões carregados de cana-de-açúcar provocam imensos buracos em seu trajeto,

impossibilitando a passagem de veículos menores por estas vias.

Planejamento Urbano

O município de Ivinhema se iniciou com a aquisição de terras por Reynaldo

Massi, com o intuito de implantar uma colônia agrícola e um novo núcleo urbano. Em

25 de novembro de 1957, foi constituída a Someco S.A. (sociedade de melhoramentos

e colonização), a qual iniciou os trabalhos de ocupação da área. Em 1961, chegaram as

primeiras turmas de trabalhadores e no dia 01 de setembro iniciou-se as construções

dos pavilhões para instalação de sua infraestrutura. O município foi criado pela Lei N.º

1.949, de 11 de Novembro de 1963. Comemora-se na data de 11 de novembro o seu

aniversário.

Ao se analisar o traçado viário da cidade, percebe-se claramente que houve um

planejamento urbano inicial para sua implantação. De fato, em reunião com o prefeito

Renato Câmara, foi informado que o município foi planejado pelo arquiteto,

engenheiro e urbanista Francisco Prestes Maia. No seu planejamento, foram definidas

áreas para diversas finalidades: residencial, comercial, locação de utilidades públicas e

de áreas verdes. Além disso, foi previsto um cinturão verde de 100m de largura em

volta de todo o perímetro da cidade, com o objetivo de conter um possível

crescimento não planejado da área urbana e garantir uma cobertura verde para o

município.

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Figura 12 - Vista aérea de Ivinhema. Verifica-se o retângulo em que o município está inserido e o

traçado viário bem organizado (fonte: Google Earth).

Além disso, o município possui um plano diretor, cuja elaboração data de

novembro de 2006. Nele, existem diversas diretrizes que devem orientar o

desenvolvimento do município, entre as quais constam orientações diretamente

relacionadas ao planejamento de infraestrutura urbana.

Índices de ocupação

Plano diretor: considerar as condições de adensamento populacional em

relação à capacidade de suporte do meio físico e da infra-estrutura, evitando a

sobrecarga nos serviços públicos instalados. O plano diretor define alguns índices

reguladores da ocupação do solo urbano, como taxa de ocupação máxima (80%), taxa

mínima de permeabilidade do solo (15% do tamanho do lote), área mínima para lotes

urbanos (300 m²) e área mínima de novas moradias (36 m²).

No que diz respeito ao adensamento urbano, verifica-se que o município em

geral apresenta baixa densidade, uma vez que é composto basicamente de

empreendimentos baixos (até quatro pavimentos, com predominância de casas térrea

e sobrada) alocados em lotes de grande área. Portanto, é pouco provável que haja

uma sobrecarga nos serviços públicos, caso se mantenha este padrão, adequado para

o porte do município. Um alerta deve ser feito em relação aos projetos de loteamento

atualmente em execução: segundo informações da prefeitura, alguns loteamentos

serão feitos em áreas em que inicialmente não se previam moradias. Embora isso não

represente um crescimento vertical, pode levar a algum tipo de sobrecarga nas redes

de saneamento, devido à ocupação de áreas não inseridas no planejamento inicial.

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173

Rede viária

Plano diretor: priorizar a acessibilidade de pedestres, ciclistas e pessoas

portadoras de necessidades especiais sobre o transporte motorizado. Implantação de

ciclovias nas avenidas e ruas onde estudos comprovarem suas necessidades e

possibilidades.

A rede viária do município é extensa e, embora não asfaltada na sua totalidade,

consegue atender à demanda de maneira regular. Devido aos problemas de drenagem

já existentes na cidade, é de extrema importância que se priorize a construção da rede

de drenagem antes da pavimentação das vias – o município, neste sentido, está tendo

uma atuação correta. A pavimentação tem grande importância, pois alguns pontos da

cidade apresentam dificuldades de tráfego, principalmente quando chove. Nas áreas

asfaltadas, as calçadas encontram-se em bom estado, prevendo inclusive

acessibilidade a deficientes físicos. Em relação a ciclovias, como o tráfego da cidade

não é intenso, não chega a consistir em uma prioridade, embora se considere que o

município possa ter uma atitude pró-ativa e prever este tipo de via nas obras futuras,

contribuindo para a sustentabilidade ambiental.

Figura 13 - Área pavimentada da cidade destacada em vermelho

Transporte público

Plano diretor: garantir a acessibilidade a qualquer ponto do território, através

da rede viária e do transporte. Programa de atendimento do transporte municipal.

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174

Em relação ao transporte, observou-se que a área urbana não conta com

nenhuma linha de transporte público. Embora as distâncias a serem percorridas a pé

na área urbana não sejam grandes, a falta de transporte público pode causar

transtornos, sobretudo para idosos, pessoas de mobilidade reduzida e em dias

chuvosos.

Saneamento básico e drenagem

Plano diretor: ampliar a oferta de saneamento básico para toda a cidade. Evitar

a degradação do solo, especialmente a formação de voçorocas. Priorizar a

estruturação da rede de drenagem. Controlar o escoamento superficial como forma de

combater a formação de erosões. Programa para controle e combate a erosão,

priorizado o sistema de microbacias.

Os pontos observados em relação ao saneamento básico e à drenagem estão

abordados em tópicos específicos deste documento. Entretanto, resumidamente,

podem ser feitas as seguintes observações: em relação ao saneamento básico, a

distribuição de água é satisfatória e atende à demanda da população. Já a rede de

esgoto, embora esteja prevista sua implantação em toda cidade no plano diretor, sua

inexistência é um problema, pois nem todas as fossas do município estão instaladas da

maneira correta – observaram-se casos em que nem havia fossa, somente uma vala

escavada no solo. No que diz respeito à drenagem, o grande problema é a força com

que as águas chegam aos extremos da rede, causando voçorocas.

Moradias

Plano diretor: garantir o direito universal à moradia digna e aos serviços

públicos de qualidade. Promover através de parcerias a construção de casas populares.

Programa habitacional para as comunidades carentes.

O Gráfico a seguir apresenta um perfil dos materiais utilizados na construção

das residências do município:

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Gráfico 111 - Perfil das moradias em Ivinhema.

Percebe-se uma clara predominância de casa de alvenaria, pelo gráfico. De uma

maneira geral, a situação do município em relação às moradias é satisfatória. Os

problemas estão concentrados em um bairro específico, Triguenã, no qual se

observaram moradias em situação precária: construções inadequadas, falta de fossas

adequadas, entre outros. As casas neste bairro são, em sua maioria, de madeira, e

construídas sem muito critério, podendo gerar irregularidades no que se refere às

condições de saúde pública (com possibilidade de abrigar pragas, como barbeiros,

roedores e baratas) e de estrutura física.

A equipe observou ainda a construção de 20 moradias populares através do

programa de subsídio à habitação de interesse social (PSH), o que demonstra um

esforço em prover moradia digna aos habitantes; entretanto, não ficou claro se estas

se destinam à população do bairro com maiores problemas, o que seria o mais

adequado. É necessário que o município promova ações para reduzir esta

desigualdade social em relação à moradia.

Um dado interessante obtido no Inquérito Epidemiológico é o tipo de piso das

residências, apresentado no Gráfico 113:

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176

Gráfico 112 - Tipos de piso nas moradias do município de Ivinhema.

Como pode ser visto, há predominância de pisos feitos de materiais cerâmicos

ou cimento, o que implica em menores prejuízos em relação à saúde da população. O

contato direto com o solo pode, muitas vezes, aumentar o risco de contaminação com

microorganismos patogênicos ou vermes e ocasionar doenças, principalmente

verminoses.

Áreas de lazer

Plano diretor: construção de praças públicas nos bairros que ainda não possuem

e reestruturação das existentes. Ampliar a infra-estrutura destinada ao esporte e ao

lazer. Distribuição eqüitativa das áreas de lazer e de praças públicas.

O município possui uma boa infraestrutura relativa a lazer, onde se destacam: a

principal praça da cidade, local de reunião dos habitantes, o ginásio e o estádio. Além

disso, existem pequenas praças distribuídas pela cidade, em bom estado de

conservação. Entretanto, algumas áreas previstas no planejamento urbano inicial para

estes espaços livres, segundo informações da prefeitura, já foram ou têm perspectiva

de serem ocupadas por loteamentos, o que traz um risco de falta de infraestrutura de

lazer aos munícipes, o que, em casos extremos, pode levar a conseqüências negativas

(ex.: aumento da criminalidade nas regiões sem opções de lazer).

Serviços e equipamentos públicos

Plano diretor: garantir o direito universal à moradia digna e aos serviços

públicos de qualidade.

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De uma maneira geral, o município possui serviços e equipamentos públicos em

quantidade e qualidade satisfatórios: escolas, postos de saúde, hospital, prefeitura,

entre outros.

Assentamento do INCRA

Pertencente ao município de Ivinhema e sob a jurisdição do INCRA (Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o assentamento São Sebastião foi

fundado em 2000. As 100 famílias (aproximadamente 500 pessoas) residem, cada qual,

em lotes de 23 a 25 hectares.

As principais atividades produtivas são a pecuária leiteira, o artesanato e a

agricultura de subsistência (principalmente mandioca, café e feijão), sendo o

excedente vendido em uma feira livre que ocorre no centro urbano. A mandioca

também é utilizada para produção de féculas e farinha e o leite é vendido em 3

laticínios da região: Cristo Rei, União e Copavil.

A captação da água é feita através de poços caipiras individuais e de um poço

central, que alimenta a escola, o posto de saúde, a sede do artesanato e a mercearia.

Na época da estiagem, de junho a agosto, é comum que os poços caipiras sequem, e

há necessidade de aprofundá-los. Esse aprofundamento é de 0,5 m por ano, em média,

e, nesse período, em razão do revolvimento do fundo, a água tende a tornar-se mais

turva. A profundidade média dos poços caipiras é de 25 metros.

A maioria dos moradores bebe a água sem qualquer tipo de tratamento, sendo

frequente a incidência de verminoses e diarreias na população local, segundo o

morador entrevistado, Odair. São poucos os assentados que realizam filtração da água

antes de bebê-la. A dessedentação dos animais é feita em um açude.

Há um sistema de alívio de pressão extremamente rudimentar na adutora que

transporta a água do poço principal. Para diminuir a pressão dentro da adutora,

despeja-se parte da água em um tanque a céu aberto, onde ela permanece sem ser

utilizada.

O lixo domiciliar é, em sua maioria, queimado, podendo causar sérios

problemas respiratórios nas pessoas que realizam o trabalho ou que se encontram

próximas no momento da queima. O restante é enterrado em buracos localizados nos

próprios lotes. Os frascos de agrotóxicos utilizados nas plantações são descartados

sem o cuidado devido.

As casas possuem fossas negras, sem revestimento lateral ou de fundo,

podendo causar poluição do solo e do lençol freático. Porém, estão, em sua maioria,

distanciadas corretamente dos poços (mais de 30 m).

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As habitações seguem um padrão da Caixa Econômica Federal. São feitas de

alvenaria e apresentam os seguintes cômodos: dois quartos, um banheiro e uma

sala/cozinha, em um total de aproximadamente 44 m². No entanto, alguns moradores

já realizaram mudanças nas casas. É comum a ocorrência de goteiras e infiltrações nas

residências.

Todas as casas são atendidas pelo Programa Luz para Todos, ou seja, todas

possuem energia elétrica. No entanto, problemas de falta de energia ocorrem

frequentemente em dias de chuva, mostrando a fragilidade do sistema elétrico.

A área de reserva legal de todos os lotes encontra-se concentrada nas bordas

do assentamento, não havendo, portanto, a necessidade de reservas em cada lote. No

entanto, alguns dos assentados se apropriam dessa área, com a finalidade de utilizá-la

como pasto para o gado.

O assentamento São Sebastião conta com um posto de saúde, formado por um

consultório médico e um consultório odontológico.

Além disso, há uma escola (creche), destinada à educação das crianças de 0 a 5

anos, com um total de 23 crianças. As demais crianças são encaminhadas às escolas de

Amandina, distrito mais próximo do local. Não há programa de educação para adultos.

A representante da educação no assentamento é a própria Secretária da Educação de

Ivinhema, Cleonice.

Há uma associação de moradores, formada por mais de 50 assentados, que se

reúnem em intervalos de um a dois meses. Entretanto, eles não se encontram em

condição organizacional muito adequada, fato que pode dificultar a reivindicação de

seus direitos.

Cenário Ambiental

O município de Ivinhema localiza-se à margem direita do Rio Ivinhema, afluente

do Rio Paraná. Possui diversos cursos d’água: Ivinhema, Piravevê, Pontaporã, Guiraí,

Água Azul, Confuso, Vitória e Cristalino. Todos eles apresentam disponibilidade de

água durante todo o ano, mas parte deles se encontra em intenso estado de

degradação.

O grande desmatamento das matas ciliares contribui fortemente com o

problema. Em 1961, 4 anos após a colonização do município com a chegada de

Reynaldo Massi, iniciou-se a derrubada da mata. Desde então, o desmatamento

tornou-se uma constante em Ivinhema. Apenas a partir de 1995, quando começaram

alguns trabalhos de reflorestamento no município, a situação começou a mudar. No

entanto, ainda é facilmente perceptível o problema de degradação ambiental na

cidade.

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179

No planejamento urbano inicial, proposto por Prestes Maia, era previsto um

“cinturão verde” em volta da cidade, formado por áreas nativas delimitando a área de

expansão urbana. Após anos de intensa degradação, pouco resta dele.

Figura 14 - Últimos resquícios do "cinturão verde" em Ivinhema. Fonte: Google Earth.

Este desmatamento desenfreado também gerou impactos negativos ao meio

ambiente. Uma das maiores conseqüências foi a intensa erosão das margens dos rios.

A retirada da vegetação facilita o carreamento das camadas superiores do solo

das áreas de montante para as de jusante, provocando o que se chama de

assoreamento nestas últimas.

O Córrego Azul é um exemplo grave deste fenômeno. Apesar da boa qualidade

da água em sua nascente, o transporte de solo, devido à erosão, provocou grande

deposição de areia na região a jusante. Em determinado local, houve uma elevação de

cerca de 4 metros do nível do solo em cinco anos.

Outra questão a ser abordada é a poluição difusa proveniente da área urbana. É

visível a degradação dos corpos d’água nos locais onde há lançamento de águas

pluviais. Isto porque, em algumas regiões da área urbana, não há uma destinação

correta das águas servidas (água de pia, chuveiro, etc.). Quando chove, toda esta água

é encaminhada aos rios, juntamente com outros poluentes, como óleos e graxas,

metais pesados e hidrocarbonetos, provenientes dos automóveis, que se depositam ou

são lançados nas ruas e avenidas.

Há ainda outros dois pontos de grande importância no que diz respeito ao

cenário ambiental. O primeiro é a olaria em Ivinhema, que produz tijolos a partir de

argila para o próprio município. O local de retirada da argila encontra-se em meio à

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mata ciliar do Rio Ivinhema e não há preocupação com a recuperação do local após o

término da retirada da matéria-prima. O segundo é o zoológico de Ivinhema. Primeiro

zoológico construído no Mato Grosso do Sul, encontra-se atualmente desativado.

Ainda abriga alguns animais silvestres, como um casal de leões, um bugio, um veado,

jabutis, entre outros, apesar de o IBAMA já ter retirado parte dos animais. Uma

constatação realizada na expedição foi a situação precária em que se encontram os

animais. As jaulas, principalmente para os leões, são pequenas e inapropriadas para o

porte dos mesmos, além de serem tratados inadequadamente.

Palestras da Engenharia

As atividades educativas desenvolvidas pela engenharia estão diretamente

relacionadas a dois temas principais: saneamento básico e conscientização ambiental.

O trabalho educativo é feito de forma a atingir diferentes segmentos da sociedade

local: crianças e jovens (futuros responsáveis pela preservação do meio ambiente);

professores e agentes de saúde (grandes multiplicadores e disseminadores do

conhecimento); funcionários da prefeitura e da companhia de saneamento local

(responsáveis pelo planejamento da infraestrutura de saneamento básico no município

e pela implementação de projetos nesta mesma área); e comunidades rurais

organizadas (muitas vezes isoladas do resto da cidade). Os temas abordados variam

significativamente, conforme pode ser visto na Tabela 16.

Para mensurar a efetividade das atividades, foi adotada uma escala de cores,

conforme apresentada na tabela a seguir. A cor vermelha expressa indica que a

atividade realizada não obteve o sucesso desejado; a cor amarela, que a atividade

correu como esperado; e a cor azul que a atividade obteve resultados acima do

esperado.

Mais do que o esperado

Deu certo

Foi menos que o esperado

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181

Número Assunto Palestrante Objetivo Público alvo Métodos Impressões gerais Resultado

1 Tratamento

da água

Stucchi, Bruno Fukasawa, André

Matsushita e Renato

Conscientizar o público sobre a importância do tratamento da água na prevenção de doenças, orientando-os sobre formas simples de filtrar e

desinfetar a água.

Agentes de saúde

Apresentação em powerpoint, cartilha

e construção de filtro doméstico

durante a palestra

O público mostrou-se interessado, apesar de ser bastante reduzido

2 Tratamento

da água

Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e

Renato

Conscientizar o público sobre a importância do tratamento da água na prevenção de doenças, orientando-os sobre formas simples de filtrar e

desinfetar a água.

Assentamento São Sebastião

Bate-papo, cartilha, pôster e construção de filtro doméstico durante a palestra

O ciclo de palestras no assentamento foi

bastante interessante e engrandecedor. A

maior dificuldade foi o número reduzido de

pessoas. No entanto, as que estiveram

presentes mostraram-se bastante

interessadas. A atividade serviu para

perceber alguns pontos em que é necessário

um aprimoramento dos materias educativos

utilizados.

3

Esgoto doméstico: formas de tratamento

Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e

Renato

Conscientizar a população sobre os impactos na saúde pública da gestão inadequada do esgoto doméstico; apresentar tratamentos

simples para áreas rurais.

Assentamento São Sebastião

Bate-papo, cartilha e pôster

4 Gestão do

lixo domiciliar

Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e

Renato

Conscientizar a população sobre os riscos à saúde pública associados à gestão indequada de resíduos sólidos (lixo orgânico, reciclável,

embalagens de agrotóxicos, etc)

Assentamento São Sebastião

Bate-papo e pôster

5 Legislação ambiental

Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e

Renato

Fornecer informações a respeito da legislação ambiental vigente, utilizando problemas reais

do local como estudos de caso

Assentamento São Sebastião

Bate-papo, cartilha e pôster

6

Jogo Mosaico da Sustentabili

dade

Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e

Renato

Apresentar, por meio de uma dinâmica, conceitos básicos sobre a interconectividade

entre os diversos componentes do meio ambiente, os impactos ambientais associados

a ações antropogênicas e a importância da conscientização ambiental no combate a tais

efeitos

Assentamento São Sebastião

Jogo desenvolvido com peças de

papelão e música cantada pelos

próprios participantes

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182

7

Gestão de Resíduos

de Serviços de Saúde

Guilherme Chalhoub, Diego Magalhães e

Vítor

Orientar funcionários dos estabelecimentos de saúde sobre a correta gestão dos resíduos de

serviços de saúde e sobre os benefícios adquiridos por meio desta prática

Funcionários das UBSs e do

hospital

Bate-papo, cartilha e pôster

Parceria engenharia/medicina

bastante efetiva para o tema, com a

engenharia fornecendo informações mais abrangentes do

tratamento diferenciado necessário para os

resíduos de serviços de saúde e a medicina com informações

pontuais de métodos de descarte, de acordo

com cada procedimento médico específico. Poderia

haver uma melhora na comunicação entre os

palestrantes e o público, maior

pontualidade e menor demora na entrega dos

certificados

8

Gestão de Resíduos

de Serviços de Saúde

Bruno Camargo, Diego Magalhães e Vítor

Orientar funcionários dos estabelecimentos de saúde sobre a correta gestão dos resíduos de

serviços de saúde e sobre os benefícios adquiridos por meio desta prática

Funcionários das UBSs e do

hospital

Bate-papo, cartilha e pôster

9

Tecnologias de

saneamento

Bruno Camargo e Mila

Apresentar os diversos tipos de tratamento de água e esgoto (desde os mais simples e antigos até os mais novos e complexos),

visando oferecer alternativas futuras para a implantação de infraestrutura de saneamento

básico na cidade

Funcionários da prefeitura

ligados à área de projetos e

funcionários da SANESUL

Bate-papo e pôster

A palestra foi bastante proveitosa e teve um

número de participantes

considerável. Houve atraso no início da

atividade.

10 Qualidade da água

Mila e Bruno Fukasawa

Discutir sobre o ciclo completo de abastecimento de água na cidade de Ivinhema, bem como sobre a qualidade da água do local

Conselheiros de saúde

Bate-papo, cartilha e pôster

A palestra que havia sido planejada não era adequada ao público.

No entanto, improvisou-se o conteúdo de forma

que os resultados foram bastante interessantes.

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183

11 Educação ambiental

Isabel, Bruno Camargo e André

Matsushita

Discutir a metodologia utilizada pelos professores do município para a educação ambiental dos alunos, mostrando possíveis dinâmicas que podem ser introduzidas para

atrair a atenção daqueles, dentro do conceito da chamada "educação aberta", com um

enfoque mais participativo e construtivo dos alunos

Professores de ensino

fundamental e médio

Apresentação em powerpoint

Apesar de o conteúdo ter se mostrado

bastante completo e adequado ao público, a palestra foi muito pouco

participativa, o que dificultou o andamento

da mesma.

12

Apresentação de

resultados Parte I

Todos

Apresentação do diagnóstico e das proposições e projetos para os seguintes

cenários de Ivinhema: abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de resíduos

sólidos, meio ambiente e olaria.

Funcionários da prefeitura

Apresentação em powerpoint e

relatórios A atividade foi bastante longa e cansativa, com

apresentação de aspectos muito

específicos. Houve pouco interesse por parte do município.

13

Apresentação de

resultados Parte II

Bruno Camargo, Stucchi, Bruno

Fukasawa, Renato, Diego, Mila e Elcio

Apresentação do diagnóstico e das proposições e projetos para os seguintes cenários de Ivinhema: drenagem urbana,

assentamento São Sebastião e planejamento urbano

Funcionários da prefeitura

Apresentação em powerpoint e

relatórios

14 Compostag

em Stucchi, Isabel, Bruno Fukasawa e Renato

Incentivar a construção de composteiras como alternativa à disposição dos resíduos orgânicos no solo, produzindo adubo para diferentes tipos

de plantios

CARCA

Bate-papo, cartilha e atividade prática

(construção e montagem de uma

composteira)

A atividade foi extremamente

interessante. Os dois públicos mostraram-se bastante interessados e

determinados a continuar a execução

do processo de compostagem.

15 Compostag

em Bruno Camargo e Diego Magalhães

Incentivar a construção de composteiras como alternativa à disposição dos resíduos orgânicos no solo, produzindo adubo para diferentes tipos

de plantios

Ampgov (Associação de Moradores dos Produtores da Gleba Ouro

Verde)

Bate-papo, cartilha e atividade prática

(construção e montagem de uma

composteira)

16 Tratamento

da água Bruno Camargo e Diego Magalhães

Conscientizar o público sobre a importância do tratamento da água na prevenção de doenças, orientando-os sobre formas simples de filtrar e

desinfetar a água.

Ampgov (Associação de Moradores dos Produtores da Gleba Ouro

Verde)

Bate-papo, cartilha e pôster

A atividade foi extremamente

interessante. O público mostrou-se bastante

interessado e determinado a multipliclar os

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184

conhecimentos para o resto da comunidade.

17 Oficina de reciclagem

Stucchi, Mila e Isabel Apresentar exemplos de artigos

confeccionados a partir de materiais recicláveis Grupo de artesãs

Atividade prática, com a montagem de

sofisticadas caixinhas de

presente de Natal

A oficina obteve ótimos resultados. É

interessante procurar outros tipos de artigos para serem feitos com materiais recicláveis.

18 Teatrinho e

cenário

Bruno Camargo, Bruno Fukasawa,

Stucchi e Guilherme

Orientar crianças, através de uma atividade bastante participativa, sobre a importância da

higiene sanitária e da conscientização ambiental

Crianças do município

Desenvolvimento de um teatro, seguido de uma dinâmica

com um cenário, em que as crianças vão

modificando

Show.

19 Teatrinho e

cenário

Stucchi, Bruno Fukasawa, Renato e

Guilherme

Orientar crianças, através de uma atividade bastante participativa, sobre a importância da

higiene sanitária e da conscientização ambiental

CARCA

Desenvolvimento de um teatro, seguido de uma dinâmica

com um cenário, em que as crianças vão

modificando

Show. A maior dificuldade foi o vento,

que insistia em bagunçar o cenário.

20

Jogo Mosaico da Sustentabili

dade

Bruno Camargo e Renato

Apresentar, por meio de uma dinâmica, conceitos básicos sobre a interconectividade

entre os diversos componentes do meio ambiente, os impactos ambientais associados

a ações antropogênicas e a importância da conscientização ambiental no combate a tais

efeitos

Jovens do município

Jogo desenvolvido com peças de

papelão e música cantada pelos

próprios participantes.

Apesar de ter sido a primeira vez que a

atividade foi executada, ela mostrou-se

bastante interativa e interessante. No entanto, parte do

público não queria seguir as regras,

procurando se aparecer durante todo o tempo, porque a Globo estava gravando a atividade.

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185

Dentre as atividades educativas citadas, destacam-se a oficina de

compostagem, a palestra sobre “tratamento de água”, o ciclo de palestras no

assentamento rural São Sebastião e o teatro de higiene sanitária e cenário sustentável

para as crianças.

A oficina de compostagem tem como objetivo principal a busca pela

sustentabilidade na gestão dos resíduos orgânicos, através do tratamento da matéria

orgânica e produção de adubo para hortas e jardins. A oficina é realizada em dois

blocos: o primeiro é uma discussão e apresentação do procedimento, como forma de

reaproveitamento dos resíduos e redução do lixo destinado ao lixão a céu aberto; e o

segundo é a atividade prática propriamente dita, onde o público participa ativamente

da construção da composteira, podendo replicá-la posteriormente.

A palestra sobre tratamento da água foi realizada com dois públicos diferentes:

os agentes de saúde e os membros da associação rural AMPGOV. A importância desta

palestra está relacionada ao fato de que a incidência de verminoses e diarréia na

população está intimamente ligada ao tratamento efetuado com a água nas

residências. Procedimentos simples como adicionar hipoclorito de sódio à água ou

fervê-la podem reduzir significativamente a ocorrência destas doenças. Durante a

atividade, é feita a construção de um filtro constituído por materiais de fácil acesso à

população, como areia, cascalho, algodão e garrafa PET; são apresentadas diferentes

formas de tratamento da água, todas de simples realização; e são discutidos os

problemas específicos encontrados pelo público.

Dentre as atividades realizadas, uma das que obteve maior êxito foi o ciclo de

palestras no assentamento rural São Sebastião. A presença de condições precárias no

local e a grande distância deste para a área central da cidade motivaram a realização

da atividade, que teve como foco a discussão sobre o saneamento básico local e a

conscientização ambiental dos residentes. A atividade teve a duração de três dias e

contou com número cada vez maior de participantes, tornando-a extremamente rica.

Por fim, vale a pena comentar sobre o teatro de higiene sanitária (roteiro

elaborado por Rafael Stucchi) e o cenário sustentável realizado com as crianças de

Ivinhema. A atividade inicia-se com uma peça protagonizada pelas personagens

Pedrinho e João, seu irmão mais velho. Durante todo o teatro, João discute com o

público sobre as possíveis causas de uma doença que atingiu Pedrinho, a diarréia.

Dentre as causas citadas estão a falta de banho, as unhas não cortadas, as brincadeiras

próximas ao lixo, entre outras. Em seguida, inicia-se a brincadeira do cenário, onde as

crianças são instigadas a transformar um cenário degradado, com árvores queimadas,

rio poluído e peixes mortos, em um cenário sustentável do meio ambiente, com todos

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186

os elementos bióticos e abióticos restaurados. A atividade é extremamente dinâmica e

participativa, trazendo ótimos resultados ao público e aos palestrantes.

Empresa Medicina Júnior

Perfil de saúde do Município

Nesta primeira etapa, a equipe da Medicina Júnior entrou em contato com o

Município e conheceu suas autoridades, lideranças e gestores, para se ter uma

visualização e entendimento prévio do funcionamento da saúde na região.

As atividades propostas e efetivadas nesta etapa foram:

Conhecer as dependências relacionadas à saúde pública e privada, inclusive

estabelecimentos de saúde e recursos humanos que abrangem as diversas

áreas da saúde: Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e

Odontologia;

Conhecer a estrutura organizacional da Secretaria Municipal de Saúde de

Ivinhema;

Identificar os elementos-chave da estrutura e da operação dos serviços

assistenciais e administrativos da Secretaria de Saúde do Município;

Buscar fontes de dados e documentos disponíveis sobre índices de atenção na

saúde;

Elaborar questionários para entrevistas e roteiros para as visitas aos

estabelecimentos de saúde; pesquisamos Programas do Ministério da Saúde

que sejam necessários e viáveis à realidade do município;

Planejar as atividades a serem feitas durante a expedição, como palestras,

entrevistas, visitas.

Estas atividades ocorreram antes da expedição, com o objetivo de conhecer

melhor o Perfil do Sistema de Saúde do Município de Ivinhema e preparar as demais

atividades para a expedição. Para isso, contou-se com as informações constantes nos

sites do DATASUS, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sapude (CNES), Tribunal

de Contas da União, Sala de Situação em Saúde, Sistema de Informações sobre

Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE).

Análise das unidades de saúde da família

Nesta etapa, realizamos visitas aos serviços de saúde pública, no nível primário,

secundário e terciário e aplicamos questionários sobre as estruturas e processos

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187

presentes nas Unidades de Saúde da Família, Unidade Básica de Saúde e no Hospital

Municipal, procurando levantar os principais dados referentes à atenção à saúde da

população e ao funcionamento dos serviços.

Em Ivinhema, visitamos seis Estabelecimentos de saúde pública: USF Vila

Amandina, USF Guiray-Piraveve, USF Triguenã, USF Itapoã, UBS Vitória e Hospital

Municipal de Ivinhema.

Em todas as visitas, foram realizadas as seguintes tarefas:

Entrevista com os elementos-chave da operação técnica, administrativa

e usuários dos serviços. Além disso, realizamos um levantamento e

coleta de dados referentes aos principais processos/atividades técnicas

e administrativas.

Fotos dos ambientes dos Estabelecimentos de Saúde;

Análise da Estrutura Física, de acordo com o MANUAL DE ESTRUTURA

FÍSICA DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: SAÚDE DA FAMÍLIA;

Análise do Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde;

Processos de trabalho, por meio de entrevistas e consultas ao banco de

dados no site CNES.

Questionário PCAT

Para a Avaliação da Atenção Básica do Município de Ivinhema, optou-se pela

utilização do instrumento Primary Care Assessment Tool (PCAT), elaborado por

Bárbara Starfield e James Macinko. Este instrumento foi adaptado e validado para o

Brasil por Almeida e Macinko por meio de sua aplicação em município de médio porte

no Estado do Rio de Janeiro

O questionário, abrangendo os mesmos tópicos, apresenta versões dirigidas a

diferentes informantes nos serviços de saúde (profissionais e usuários), de modo a

propiciar o diálogo entre as opiniões dos dois segmentos. O PCAT se estrutura em oito

blocos, cada um abrangendo as dimensões propostas por Starfield para a análise de

modalidade de assistência na Atenção Básica.

O instrumento é composto por cerca de 100 perguntas, distribuídas pelos

blocos correspondentes às dimensões da Atenção Básica. Cada pergunta contém sete

possibilidades de resposta (nunca, quase nunca, algumas vezes, muitas vezes, quase

sempre, sempre, não sabe), e a sua aferição se dá por meio de escala, na qual 0 (zero)

corresponde ao pior desempenho e 5 ao melhor.

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A média aritmética simples das questões de cada bloco apura o índice daquela

dimensão, e por sua vez, a média aritmética simples destes leva ao Índice de Atenção

Básica (IAB) da unidade de saúde.

O estudo foi aplicado pela equipe Medicina Júnior durante a expedição, para

250 usuários Unidades de PSF de Ivinhema, de forma aleatória.

Palestra e dinâmica

Durante a expedição, foi realizada uma única palestra e dinâmica, sendo o

público alvo os Conselheiros Municipais de Saúde.

O assunto da palestra foi Orçamentos e Financiamento em Saúde, e contou

com cerca de cinco Conselheiros Municipais de Saúde. O objetivo da palestra foi

apresentar e ensinar a utilização de algumas ferramentas virtuais de entidades

públicas responsáveis pela difusão das informações em Saúde e que estão disponíveis

na rede de internet, além de explicar sobre planejamento orçamentário e o

funcionamento dos orçamentos em saúde. Constantemente, foi enfatizada a

importância dos Conselheiros de Saúde na sua mobilização e ação em saúde, para

melhorar a situação de saúde do Município de Ivinhema.

Foi realizada também uma dinâmica, o Brainstorming. Esta atividade foi

proposta para os Conselheiros de Saúde realizarem durante as reuniões, como forma

de planejamento estratégico. Assim, esta prática auxiliaria a identificar os problemas

do próprio grupo e incentivaria todos a buscarem soluções e diretrizes em conjunto.

Análise da Capacidade Hospitalar

O processo de análise da Capacidade Hospitalar de Ivinhema foi estruturado

considerando quatro formas de informação: Capacidade de Leitos, Procedimentos

Hospitalares, Perfil dos Hospitais de Ivinhema e Resultados da Avaliação PNASS.

Capacidade dos leitos:

Para a análise de capacidade de leitos, foram feitas consultas em diretrizes de

portaria e no site CNES. Além disso, foi verificado o perfil das internações.

Procedimentos Hospitalares:

Para uma análise ampliada dos serviços hospitalares do município de Ivinhema

foi realizado um levantamento dos dados presentes no DATASUS a fim de se observar

o perfil das ações realizadas no ambiente hospitalar, considerando-se Ivinhema como

local de realização dos procedimentos.

Perfil dos Hospitais Públicos e Privados:

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Para o desenvolvimento da análise do perfil dos Hospitais de Ivinhema

consideramos os dados constantes no site do CNES e entrevistas feitas com os gestores

dos Hospitais, nesse caso não foi possível aplicar tal entrevista no Hospital Santa

Maria.

Resultados da Avaliação PNASS:

O Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde é um instrumento de

apoio à Gestão do SUS no tocante à Qualidade da Assistência oferecida aos usuários do

Sistema Único de Saúde.

A avaliação em saúde tem como pressuposto a avaliação da eficiência, eficácia

e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados ao risco, acesso e

satisfação dos cidadãos frente aos serviços públicos de saúde na busca da

resolubilidade e qualidade.

O PNASS foi aplicado nos serviços de saúde nos anos de 2004 e 2005,

partindo do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Em Ivinhema foram

escolhidos dois estabelecimentos: Hospital Municipal de Ivinhema (HMI) e Hospital

Santa Maria (HSM).

Proposta de implantação de um Centro de Atenção Psicossocial

A partir da análise de dados de produção, viabilidade financeira e a regulação e

distribuição de medicamentos em saúde mental, foi feita uma proposta de

implantação de um CAPS no Município de Ivinhema.

Considerações finais

Informações detalhadas são apresentadas no relatório específico da equipe

Medicina Júnior. Para finalizar, será realizada uma pós-visita, sendo esta atividade

essencial, e certamente a mais importante, para concluir o objetivo do trabalho da

equipe Medicina Júnior no Projeto Bandeira Científica. Na pós-visita, serão feitas

apresentações dos resultados contidos no relatório final e reuniões com discussões

sobre as propostas de melhoria para o setor de gestão em saúde do município de

Ivinhema. Por fim, o público alvo será o Prefeito, Secretária de Saúde, Responsável

Geral pelas USF, Responsável por cada USF, Responsável do Hospital Municipal,

Conselheiros de Saúde e demais pessoas responsáveis pela gestão em saúde do

município.

Design

A partir dos materiais enviados pela Bandeira, mídias e produtos, realizou-se o

reconhecimento prévio das comunidades, e construiu-se uma primeira idéia do que

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seria trabalhado. A partir disso, montou-se um cronograma de visitas divididas nos

cinco dias de atividades de acordo com o produto e material utilizado por cada grupo.

Em uma primeira programação, os núcleos escolhidos para serem atendidos

foram: núcleos de artesanato em cerâmica, corte, costura e customização, pintura,

culinária; ou seja, o Núcleo de Artesanato Gleba Vitória (arte e culinária); Núcleo de

Artesanato Triguinã (fibras naturais e costura); Núcleo de Artesanato Gleba Piravevê

(fibras naturais); Núcleo de Artesanato Ouro Verde (papel artesanal); Núcleo de

Artesanato Assentamento São Sebastião (tecelagem) e Núcleo de Artesanato da Gleba

Angelina. Contudo, esta programação inicial não pode ser cumprida.

Pretendia-se visitar duas comunidades em cada dia de permanência do LabSol

na Bandeira, o que não foi possível devido a uma série de desencontros e da

disponibilidade da comunidade em ser visitada. A princípio, lamentavelmente, faltou

conhecimento da liderança local em entender qual o propósito da presença do LabSol

no município. Acreditamos que a participação do LabSol na pré-visita teria mitigado

este conflito e o primeiro dia poderia ter sido produtivo. O quarto dia de trabalho

também não teve o devido aproveitamento, já que a equipe de design deveria

acompanhar os artesãos das diversas comunidades na feira de artesanato na praça

principal da cidade, mas devido ao mal tempo a feira foi desmarcada e o laboratório

não pode realizar a atividade programada.

Apesar destes percalços, o LabSol conseguiu visitar seis grupos de artesanato.

Em cada uma destas visitas, realizou-se a análise da formação do grupo, das técnicas e

capacidade de produção, da qualidade dos produtos e das possibilidades da inserção

de novas técnicas e produtos pelo Laboratório. A abordagem de cada grupo se deu

através de uma troca de experiências: o grupo mostrava e ensinava o que fazia e como

fazia, e posteriormente, o Laboratório mostrava o que já havia realizado em outros

grupos e abria a discussão com o grupo sobre como eles desejavam que o LabSol

pudesse lhes auxiliar.

Neste primeiro contato foi possível, além de aproximar do trabalho de cada

grupo, ouvir o que cada artesão aspirava para o seu produto e seu trabalho. Mesmo

com o pouco tempo dedicado a cada comunidade, houve grande troca de experiência

entre os alunos e os artesãos.

Triguinã

Visita

No dia 14 de dezembro de 2009, visitou-se a primeira comunidade no Bairro

Triguinã, apontado pela liderança local como o bairro mais carente do município. Ela

era dividida em dois núcleos de produção: um de costureiras, que desenvolvia colchas

de retalhos usando resíduos de confecção de moletom e outro que trabalhava com

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fibras de bananeira, cana, milho e taboa. Recebido pelos integrantes do Núcleo com

muita simpatia, visitou-se as dependências e tomou-se contato com o trabalho

realizado no local.

Após a apresentação do trabalho do laboratório, procedeu-se a troca de

experiências e o estabelecimento de metas levando em conta a capacidade produtiva

do LabSol e as necessidades levantadas pela comunidade.

A receptividade do grupo afirmou que a metodologia de aproximação foi

bastante satisfatória, uma vez que foi a primeira experiência do LabSol sem ter sido

convidado pela comunidade a ser atendida.

Figura 15 - Conversa com o núcleo de costureiras;

Diagnóstico

Primeiramente, conversou-se com o núcleo das costureiras. Elas mostraram

seus produtos, colchas em patchwork e enxovais, explicaram o processo e o suporte

que tinham para produzi-los.

Observou-se que os padrões usados nas colchas eram sempre os mesmos,

módulos retangulares, que eram costurados à máquina e recheadas com manta

acrílica. Dessa maneira, o enchimento ficava solto entre as faces da colcha e sua

fixação era resolvida aplicando-se pontos grandes e firmes, feitos a mão, seguindo um

padrão; porém, essa solução gerou um problema de ordem estética, assim como a

seleção e combinação das cores não era bem elaborada.

Já o outro grupo não apresentava grandes problemas no uso das fibras. Eles

criaram técnicas com colagem da própria fibra e/ou tranças das mesmas que eles

aplicavam em outras superfícies, como caixas de madeira reciclada, cestos, cestas e

presépios. Seus produtos eram geralmente bem acabados, principalmente quando

eram usados tranças e trançados diferentes.

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Resultados

Uma vez que não havia disponibilidade, no Laboratório, de máquina de costura

necessária para aplicar a técnica de matelassê, testou-se outra maneira de manter a

manta acrílica presa. Baseando-se na técnica tradicional de fazer Quilts (colchas de

retalho americanas, cujas primeiras peças datam do inicio do século XVIII) na qual se

usa a costura a mão dos retalhos.

Foi proposto que sejam feitos módulos separados, e que em cada um desses

módulos seja montada uma parte do desenho da colcha inteira – podendo ser

costurado a máquina para acelerar a produção. Estes módulos devem ser estofados

independentemente com manta acrílica e unidos um ao outro usando pontos

aparentes de acabamento, que seriam feitos a mão para caracterizar e valorizar o

artesanato. Calculou-se para uma colcha de 2,40m por 1,20m que fossem feitos

módulos de 0,10m por 0,10m a 0,30m por 0,30m - a variação do tamanho da colcha

para cama de casal está sendo estudada.

Quanto à questão estética, sugerimos alguns padrões de desenho para os

módulos independentes, como ilustrados na Figura 16. Tais desenhos foram

desenvolvidos pensando no aproveitamento máximo do material disponível as artesãs,

são, portanto, formas geométricas que se encaixam.

Figura 16 - Ilustração de padrões feitos com módulos independentes para colchas;

Após a apresentação dos projetos do LabSol, quando questionadas sobre se

elas teriam interesse em algum dos produtos que desenvolvemos no Laboratório, elas

se mostraram bastante interessadas em produzir colares confeccionados a partir de

resíduos de malharia, já que gostam de trabalhar com tecido. Esses colares

constituem-se a partir de tiras ou elos de tecido que são basicamente encaixados,

costurados ou simplesmente atados através de nós ou tramas entre suas partes, sem o

uso de adesivos, formulando conceitualmente um objeto e conferindo-lhe um valor

comercial como produto ecologicamente correto.

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Sua aceitação no mercado já foi testada pelo LabSol em feirinhas e sempre foi

muito positiva. A técnica de confecção será passada através de um workshop, onde

todas as mulheres verão e farão os colares, assistidas pelo Laboratório para a solução

de eventuais dúvidas.

De mesma maneira mostraram-se interessadas em aprender a fazer pufes a

partir de garrafas pet e de conhecer a massa de modelar obtida a partir do bagaço de

cana, técnicas que serão repassadas também através de workshop.

Amandina

Visita

Ainda na segunda-feira, dia 14 de dezembro de 2009, visitamos a Gleba de

Amandina, que não é um bairro da cidade de Ivinhema, mas sim um distrito do

município.

As artesãs têm uma forte identidade e orgulho local, característica que não era

devidamente valorizada em sua produção e que tem necessidade de expressar. É a

maior comunidade que foi visitada, com uma produção muito diversificada, utilizando

tecidos planos, resíduos de tecido e de cerâmica.

Diagnóstico

Na Gleba de Amandina, os problemas também estavam em alguns detalhes ou

aspectos que as artesãs não conseguiam resolver sozinhas. Os primeiros produtos que

foram mostrados foram bolsas de chita que também levavam uma estampa que era

pintada na aula de pintura de guardanapo, bordadas e aplicadas na chita. O processo

de produção era muito trabalhoso e demorado, pelo excesso de detalhes. As

costureiras pediram auxílio para facilitar e deixar processo menos demorado e novos

formatos para as bolsas. Elas ainda produziam produtos como nécessaires, colares e

pulseiras com pedaços menores de tecido.

Com tecido, também foram produzidos toys art, brinquedos produzidos com

partes de tecidos menores e recheados com tecido picado pelas costureiras. Os

bonequinhos, segundo as artesãs, foram bem aceitos no mercado, mas elas tinham

dificuldade em produzir em grandes quantidades pela demora e dificuldade em fazer o

recheio para eles.

Quanto à pintura dos guardanapos, elas detalhavam muito, usando efeitos de

luz, sombra e texturas, o que torna o processo muito demorado. Os elementos

retratados nas estampas eram regionais, mas elas queriam que eles fossem mais

locais.

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Quanto à cerâmica, as artesãs modelavam muito bem, mas tinham dificuldades

em amassar manualmente o barro cru e no cozimento das peças, que quando

colocadas em altas temperaturas no forno, rachavam, o que fazia a peça perder seu

valor comercial e possibilidade de venda. A argila é retirada das margens do rio que

fica nas mediações da cidade. Acreditamos que há a possibilidade de haver muito ferro

em sua composição, considerando sua cor excessivamente amarela. Apresentava

também uma quantidade elevada de areia em sua composição, além do tipo de grão

presente neste material ser de diâmetro impróprio para a confecção de vasos, cuias e

demais peças artesanais. As artesãs possuíam dificuldade em obter peças com um

maior nível de detalhamento, pois esta argila é originalmente destinada à produção de

tijolos.

Havia também um problema com as tentativas de uso de tinta para pintar a

cerâmica assada. As artesãs haviam feito alguns testes, mas nenhuma tinta testada

obteve um resultado esteticamente satisfatório.

Elas também manifestaram a vontade de assumir em sua produção a

identidade de Amandina, não a de Ivinhema. Considerando isso, percebemos a

necessidade de trabalhar com elementos locais e marcar os produtos com essa

identidade. Elas relataram que os elementos mais fortes da cidade são o rio, seus

peixes, a mandioca, o café e o pepino.

Resultados

As bolsas desenvolvidas pela comunidade envolviam um processo muito

trabalhoso, diante deste problema, a equipe está estudando outras possibilidades de

modelo visando à simplificação e à aplicação da identidade visual da comunidade.

O primeiro modelo sugerido se assemelha as ecobags e foi inspirado na bolsa já

desenvolvida pelo Laboratório para o Instituto SOMA de Bauru. Tem formato

retangular e alças mais curtas, e pode ser feito apenas de algodão cru, posteriormente

silkado com a identidade visual desenvolvida para a comunidade; ou pode ter um

detalhe em chita, costurado sobre pequena área da face da bolsa, usando um

acabamento mais simplificado apenas com costura.

Por ter um formato simples, a construção da bolsa se torna mais fácil e

conseqüentemente ágil, sendo necessária apenas uma costura linear para fechar o

corpo da bolsa e costuras lineares continuas para os acabamentos.

Partindo da idéia de desenvolver um pequeno acessório para acompanhar as

bolsas, pesquisamos materiais economicamente viáveis e de fácil manuseio.

Escolhemos o feltro e começamos a estudar maneiras de fazer com ele as frutas típicas

da cidade para montagem de chaveiros ou para aplicar nas bolsas. Por meio deste

estudo, começamos a desenvolver os moldes para recorte do tecido, que possibilitarão

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a montagem das frutas, algumas já testadas. Estes moldes, quando finalizados, serão

dados às artesãs para guiar a produção.

Estão em andamento as pesquisas com o intuito de mecanizar o corte dos

retalhos para o enchimento dos toys. Foram realizados testes com máquina disponível

na Unesp, campus de Bauru, (trituradora de galhos, localizada nas instalações do

Projeto Taquara), porém esta se mostrou inapta à tarefa.

Quanto ao desenho dos toys art, foi desenvolvida uma nova proposta utilizando

a figura do peixe, forte na identidade local, utilizando retalho de tecido e as técnicas já

utilizadas pelo grupo.

Visando melhorar a qualidade da argila, pedimos que a comunidade enviasse

amostras para análise na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) ou ao

Núcleo de Estudos em Cerâmica “Anália Amato” do SENAI em São Paulo, considerando

que para a realização da análise, são necessários quinze quilos de argila.

Nas amostras de peças artesanais foi testada a aceitação de esmalte à base de

água sobre argila queimada, como alternativa para dar acabamento às peças. Os

resultados dos testes foram insatisfatórios, pois foi obtida uma camada espessa que

retirava da argila suas características naturais, apesar de apresentar secagem bem

rápida. Novas soluções para a comunidade estão ainda em processo.

Para identificar a origem dos produtos de cerâmica, era escrito a mão o nome

do distrito, que ficava assimétrico e desvalorizava o produto final. A solução

encontrada foi fazer um carimbo com um logo para a comunidade. Foi usado o peixe

jaú, bastante encontrado na região, como referência para desenvolver o logo.

Bem como este logo, está em curso a criação de mais desenhos dos ícones da

comunidade para concepção de sua identidade visual e que serão aplicados nos

diversos produtos feitos.

Gleba Vitória

Visita

A visita do Laboratório à Gleba Vitória foi acompanhada pelos alunos de

Audiovisual e Jornalismo da USP. Inicialmente conhecemos o núcleo de costura, no

qual eram desenvolvidas capas de almofadas, colchas e bolsas, ambas na técnica de

patchwork.

A artesã presente nos explicou cada produto, desde os materiais utilizados até

o processo de criação dos modelos e confecção, como ilustrado nas Figuras 17 e 18.

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Figura 17- Apresentação dos produtos;

Figura 18 - Visita acompanhada pelos alunos de Jornalismo e Audiovisual da USP;

Em seguida, foi apresentado o trabalho realizado pelo LabSol, procurando

trocar o maior número de informações que pudessem auxiliar o grupo na resolução

dos problemas que estivessem ao alcance.

Posteriormente, conheceu-se o núcleo das mulheres responsáveis pelos doces

de goiaba, fruta muito comum na região e também muito valorizada pela população.

No momento da visita elas estavam cozinhando as frutas para a goiabada cascão,

então pudemos conhecer todo o processo.

Procuramos observar os rótulos e as embalagens nas quais os doces e

compotas eram vendidos. As etiquetas e rótulos eram padronizados, ou seja, todos os

grupos auxiliados pela prefeitura utilizavam os mesmos, apenas assinalando o doce

produzido.

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Diagnóstico

O grupo já estava bem estruturado quanto a maquinário e técnicas.

Observamos que podíamos atuar no re-design das bolsas, pois eram muito grandes,

causando desconforto ao carregá-las.

A identidade visual dos doces não condizia com o caráter artesanal da

comunidade. Pelo fato de os rótulos e etiquetas serem padronizados e totalmente

genéricos, não havia a possibilidade de atribuir uma característica própria aos núcleos

culinários.

Resultados

Foram feitos alguns testes para definir um novo tamanho para as bolsas e

observamos que era preciso diminuir suas dimensões para torná-las mais confortáveis.

As novas dimensões foram baseadas em médias das dimensões de alguns modelos

básicos de bolsas já existentes: largura média de 8 cm, profundidade em um modelo é

de 29cm e para outro modelo é de 35cm e o comprimento é de 25cm.

Os modelos propostos (Figura 19) visam à facilidade de construção e agilidade

da produção. Propomos também que se mantenha a técnica de matelassê já usada nas

bolsas atualmente produzidas pela comunidade, pois as artesãs possuem domínio da

técnica. A produção dessas propostas está em teste no laboratório.

Outra idéia para valorizar as bolsas é usar as flores de fuxico que as artesãs

produzem para adornar as bolsas e fazer chaveiros. Está em fase de teste a produção

de diferentes tipos de fuxico para posterior estudo de possibilidade de aplicação.

Figura 19 - Croquis das bolsas com novas medidas;

Quanto às embalagens da goiabada cascão, inicialmente revestidas em papel

filme com um rótulo padronizado, propomos o uso de uma trança em palha de taboa,

matéria-prima usada por outra comunidade atendida pelo Laboratório na Bandeira, o

Núcleo Piravevê.

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Vale lembrar que a integração das comunidades é muito importante, pois não

há uma concorrência, e sim um intercâmbio de conhecimento capaz de fortalecer a

produção do artesanato como um todo.

Os rótulos dos potes de doces e compotas também foram redesenhados. A

primeira opção desenvolvida (Figura 20) teve seu estilo e fonte inspirados em

embalagens retro, possui um corte singular, sendo bem preenchido pelas letras e pelas

divisórias. O estudo da cor a ser usada está em andamento, e baseia-se nos tons das

frutas usadas em cada compota.

Figura 20 -Primeira opção de rótulos para os vidros de doce;.

A segunda opção desenvolvida possui referências vintage, com vários adornos e

curvas orgânicas, sendo em preto e branco para preservar o ar antigo. A terceira opção

foi desenvolvida com o intuito de remeter ao aconchego, com o padrão xadrez ao

fundo, o corte delicado e fonte divertida e casual.

Ouro Verde

Visita

Ao chegar no Grupo Ouro Verde, conhecemos o trabalho lá realizado pelas

mulheres que o compõe (cerca de 10). Elas nos mostraram todo o processo de

fabricação do papel artesanal, assim como todos os materiais usados durante a

confecção dos mesmos (Figuras 21).

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199

Os produtos feitos pelas artesãs eram bem diversificados, indo desde porta-

retratos até scrapbooks. Após aprendermos o trabalho lá realizado, apresentamos o

que fazíamos no Laboratório, explicando a elas como era o processo de criação.

Figura 21 - Aprendizado das técnicas de confecção de papel artesanal;

Diagnóstico

Os papéis produzidos pelas artesãs têm tingimentos e materiais diferenciados

em sua composição como açafrão, colorau, cebola, bambu, entre outros, que

caracteriza fortemente o aspecto artesanal utilizado por elas. Não há problemas na

produção de papéis em si, portanto, não há necessidade de intervenção nesse aspecto.

Após conversarmos com o grupo, elas fizeram alguns pedidos, como ensiná-las

a fazer a cuia pelo processo de empapelamento para reaproveitar os resíduos da

produção dos produtos, assim como o desenvolvimento de um papel no qual se

pudesse escrever, uma vez que o papel artesanal era muito rugoso.

Notamos também que na confecção dos produtos, elas utilizavam apenas o

papel que produziam, isso diminuía o ciclo de vida do produto considerando sua

pericidade e também o fato de elas não utilizarem nenhum tipo de impermeabilizante

em seus produtos. Analisando essa problemática, optamos pela inserção do MDF

como material secundário na produção dos produtos confeccionados com os papéis

artesanais.

Vale lembrar que o grupo já havia recebido o auxílio do SEBRAE, no qual foram

passados alguns métodos de confecção de mandalas, alguns produtos utilizando o

bambu, assim como o processo de fabricação do papel artesanal.

Resultados

Uma alternativa para a utilização dos retalhos de recortes de papel artesanal

que as artesãs utilizavam em outros produtos foi o revestimento de cuias que utilizam

a técnica do empapelamento. Esta técnica consiste em cobrir um objeto que tem como

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base várias camadas de papel e cola. Tradicionalmente este processo é realizado com

cola branca, mas é preferível utilizar a goma arábica, uma cola vegetal ecologicamente

viável que, ao secar, apresenta grande rigidez, tornando menor o impacto ambiental

produzido pelo produto.

Esse método já vem sendo utilizado pelo Laboratório de Design Solidário em

parceria com outras comunidades, como, por exemplo, uma que trabalha com a fibra

da bananeira.

Quanto aos produtos, primeiramente foram feitos testes na produção de

papéis artesanais que pudessem ser utilizados na base das mandalas que as artesãs

produziam, considerando que elas utilizavam papelão para dar uma resistência maior e

suporte para as mandalas. Os testes estão em andamento, mas ainda não obtivemos

resultados satisfatórios. A intenção era produzir um papel mais grosso, que pudessem

ser feito pelas próprias artesãs, mas que devem o suporte e resistências necessárias.

Em nossos testes, tivemos problemas como o secamento do papel, que demorava

excessivamente e não produzia um resultado satisfatório, considerando que eles

rachavam ou não ficavam com um aspecto estético agradável.

Quanto à inserção do MDF na comunidade, foram feitos alguns testes de

tingimentos para melhorar e variar o aspecto da madeira aglutinada, pensando sempre

na maneira de obter um resultado diferenciado, mas de baixo impacto ambiental. Os

pigmentos testados foram anilina, top crill, nogueira líquida e nogueira em pasta, a

maioria a base de água, com exceção da anilina que é a base de álcool.

Todos os resultados de tingimento do MDF foram satisfatórios, como pode ser

observado na Figura 22. Optaremos pelos tingimentos a base de água, considerando

que eles causam um impacto ambiental menor. Os dados dos estudos serão passados

para comunidade, caso elas queiram se aprofundar nesse estudo ou usar a anilina, que

tem um resultado bem interessante.

Figura 22 – Testes de tingimento em MDF;

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201

Foi testado também impermeabilizante e seladora nas caixas de MDF. Todos os

tingimentos apresentaram resultados satisfatórios a partir do momento em que foram

encontradas as proporções ideais. Os testes dos impermeabilizantes nos papéis ainda

estão em andamento, mas apontam para um resultado positivo.

Núcleo Piravevê

Visita

O núcleo Piravevê foi uma das últimas comunidades visitadas pelo Laboratório.

As atividades do grupo aconteciam em uma pequena escola rural desativada no

município de Ivinhema, onde eram desenvolvidos produtos basicamente da fibra da

taboa. Tal matéria-prima era providenciada pelas integrantes da comunidade, tanto na

colheita como na secagem da fibra, sendo os demais materiais adquiridos com o

auxílio da prefeitura da cidade.

Inicialmente, as artesãs mostraram todos os seus produtos. Dentre eles, havia

bolsas, porta panelas, fruteiras, jogos americanos (ambos em taboa), e também outros

objetos em materiais alternativos, como móbiles, mandalas, potes de vidro com a

tampa revestida em crochê e flores de palha de milho e sempre viva (um capim

comum na região).

Elas ensinaram a equipe os métodos de manuseio da fibra e as técnicas de

execução de alguns objetos. Em seguida, a equipe do Projeto apresentou o trabalho do

LabSol, explicando todos os projetos já realizados, juntamente com suas

conseqüências e resultados.

Dentro deste diálogo procuramos observar o que as artesãs gostariam de

aprender do trabalho do Laboratório e encontrar os principais problemas que

dificultavam a execução dos produtos e encomendas.

Diagnóstico

Havia alguns empecilhos à produção, como a pequena força de trabalho, já que

o grupo que inicialmente era composto por cerca de dez mulheres, ao longo do tempo

reduziu-se para aproximadamente cinco.

Para essas artesãs remanescentes, o trabalho acabou se tornando maçante,

pois a execução de alguns produtos é relativamente demorada e com a pouca mão de

obra, acaba deixando as artesãs sobrecarregadas.

A produção envolve materiais muito díspares, como a utilização da palha de

milho e a fibra de bananeira em alguns objetos, que não eram viáveis, pois a obtenção

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202

da primeira não dependia das artesãs, e a extração da segunda era esporádica e não

relevante, considerando que não é um produto que há em abundância na região.

Resultados

Propomos então focar a produção num único material, a taboa, existente em

grande quantidade e de fácil extração. O desenvolvimento de novos produtos baseou-

se nas necessidades e nas preferências das artesãs, buscando soluções

economicamente viáveis, atendendo ao mais diverso público consumidor e a

elaboração de uma identidade própria, unificando a produção e estimulando a criação.

Para iniciar os testes e a concretização dos protótipos, o Laboratório encontrou

e colheu a matéria-prima, manuseando-a da maneira indicada pelo grupo. Foram

então desenvolvidas pulseiras com tiras bem finas da folha da taboa.

No fio torcido foi utilizada a extremidade da folha, cuja resistência apresentou-

se maior que em sua região intermediária. Procuramos usufruir de todas as suas

características, como resistência, cores, padrões, e inclusive a textura da parte interna

da folha, dividindo-a ao meio, resultando em uma estética nova que valoriza o próprio

material utilizado. Na estrutura das pulseiras, foram utilizadas sobras de canos de PVC

e aros de plástico.

Com os mesmo objetivos, foram idealizados colares, ainda em processo de

conclusão, também utilizando tiras da folha da taboa. Sua confecção é bem simples,

resumindo-se à apenas enrolar tais tiras com cola branca e posteriormente amarrá-las

com um fio encerado.

Outro estudo ainda em processo é o desenvolvimento de um fio razoavelmente

fino e resistente que seja apto a substituir a linha comum na atividade do crochê,

realizadas por uma das artesãs do grupo.

Um conceito também proposto pelo Laboratório é o da integração entre as

comunidades de artesanato. Além de cada uma produzir seus produtos característicos,

as possibilidades de combinar conhecimentos, técnicas e materiais acabam por reduzir

certos custos, promovendo uma troca de informações extremamente válida, além de

gerar produtos como uma identidade regional muito mais forte.

A Gleba Vitória, outra comunidade de artesanato atendida pelo LabSol durante

a Bandeira, muito conhecida pelo grupo de costureiras e pelas cozinheiras

responsáveis pelos doces, produziam peças de goiabada cascão vendidas apenas com

um rótulo e embaladas em papel filme. Pensamos então em introduzir uma

embalagem alternativa, muito simples, feita apenas com uma trança das folhas secas

de taboa.

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203

Durante a confecção dos produtos, uma quantidade significativa das folhas ia

sendo perdida, principalmente no corte e acabamento das tiras, o qual gerava pedaços

menores que não conseguiam ser reutilizados. Pensando em aproveitar estes pedaços,

realizamos vários testes para confeccionar papel artesanal.

Os ingredientes e medidas que usamos foram apenas dois litros de água, duas

folhas de papel para serem recicladas, as sobras da folhas (quantidade similar a quatro

folhas inteiras) e uma das ponteiras da taboa, cujas características permitiram a

exclusão do uso de línter (fibra de algodão muito utilizada na confecção de papel

artesanal).

O resultado final foi muito satisfatório, pois o papel se mostrou relativamente

fino e resistente, mesmo sem a utilização dos óxidos também muito comuns neste tipo

de processo, gerando um resultado estético muito interessante.

No mesmo objetivo das embalagens para a goiabada cascão da Gleba Vitória, o

papel artesanal com as sobras da taboa é muito interessante para a comunidade Ouro

Verde, que produz estes papéis com uma infinidade de materiais alternativos (fibras de

mandioca, casca de cebola, corantes naturais etc.), pois se mostrou economicamente

viável uma vez que excluem de seu processo vários materiais e reutiliza os resíduos da

confecção de outros objetos.

Vila Cristina

Visita

Após chegarmos ao grupo Vila Cristina, houve uma conversa inicial, onde o

grupo de aproximadamente 15 mulheres se mostrou muito unido. As artesãs nos

mostraram todos os produtos produzidos pela comunidade e explicaram como era

feito o tratamento da lã utilizada nestes objetos, desde o tosqueamento dos carneiros,

lavagem, até a conversão em mantas e fios (Figura 23). Elas nos contaram que já

haviam recebido a ajuda de duas designers do SEBRAE, as quais desenvolveram uma

coleção de cinco de edredons com temáticas distintas, bordados à mão.

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Figura 23 - Aprendizado de manuseio da lã;

Diagnóstico

Durante a conversa, notou-se que a grande quantidade de tempo utilizado na

confecção dos edredons, assim como seu alto custo, eram problemas, uma vez que só

conseguiu-se um mercado consumidor fora do município. Como meta, foi pedido para

que se desenvolve-se algum produto menor, com tempo de produção mais baixo, para

futura venda nas feiras locais.

Resultados

Os edredons, principais peças produzidas na comunidade, apesar de

extremamente bem acabados não possuem uma venda regular durante o ano.

Caracterizam-se como peças pesadas e quentes para uso prioritário no período de

inverno. Por esse motivo o Laboratório de Design Solidário irá propor para o grupo a

venda de produtos menores e que possuam mercado consumidor independente da

época do ano.

Foram produzidos mini chaveiros que utilizam a lã crua e possíveis retalhos de

tecido descartados na confecção dos edredons. Também foram desenvolvidas

miniaturas de ovelha criadas a partir de lã e pequenas peças de madeira.

Com o objetivo de contemplar o público infantil, foi proposta a venda de

almofadas em forma de ovelha que também poderiam assumir a forma de brinquedo.

Outra alternativa de produto para a comunidade criada pelo laboratório foi um banco

que se assemelha a uma ovelha (Figura 24). Para este projeto será utilizada a própria

técnica da comunidade para tecer a lã na parte do assento.

Figura 24 - Croqui do banco;

Após a apresentação dos projetos do LabSol, quando questionadas sobre se

elas teriam interesse em algum dos produtos que desenvolvemos no laboratório, elas

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se mostraram bastante interessadas em produzir colares confeccionados a partir de

resíduos de malharia, já que gostam de trabalhar com tecido.

Considerando a matéria-prima produzida pelas artesãs, o que inclui fios de lã,

estudou-se as possibilidades de confeccionar colares feitos com esses fios, em um

processo semelhante ao o utilizado na confecção de colares feitos com resíduos de

malharia que já haviam sido desenvolvidos no laboratório e que foram re-estudados

para workshop para a Gleba de Triguinã. Esses colares constituem-se a partir dos fios

da lã produzida pelas artesãs basicamente encaixadas e costurados, sem o uso de

adesivos, formulando conceitualmente um objeto e conferindo-lhe um valor comercial

como produto ecologicamente correto, como pode ser visto na Figura 25. Sua

aceitação no mercado já foi testada pelo LabSol em feirinhas e foi muito positiva.

Figura 25 – Colares confeccionados com fio de lã feito pela Gleba Cristina;

Por fim será analisada a possibilidade de produção do puff de garrafas pet. Este

produto já foi confeccionado e aprovado por ser considerado sustentável, de fácil

execução e possibilitar a incorporação da lã.

Conclusão

A participação do Laboratório de Design Solidário, da UNESP Bauru, foi

bastante satisfatória. A equipe pode atender a demanda por novos produtos em cada

comunidade visitada. Entretanto, resultados mais efetivos dependerão da pós-visita,

com a realização de workshops e repasse de técnicas de produtos desenvolvidos pelo

Laboratório.

Os problemas encontrados de entrosamento do Laboratório com as lideranças

locais podem ser facilmente resolvidos com a participação na pré-visita.

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206

A experiência de participarmos da Bandeira Científica da Faculdade de

Medicina da USP em 2009 foi extremamente enriquecedora para o Laboratório e seus

membros, não apenas por ter a oportunidade de exercitarmos o Design a serviço do

bem comum, mas também conhecendo e tendo contato com o trabalho de grupos de

outras áreas de conhecimento em um magnífico exercício de cidadania.

Comunicação

O trabalho da equipe de comunicação se dividiu em três etapas: a pesquisa pré-

expedição, o trabalho de campo durante a expedição e a edição de conteúdo pós-

expedição.

Pré-expedição

Na primeira etapa de trabalho foi feito uma pesquisa sobre o município e

região visitados, características sócio-econômicas e políticas e possíveis pautas. Na

pré-visita foram averiguadas possíveis fontes para entrevistas durante a expedição e

foram feitos contatos com a assessoria de imprensa da prefeitura que estabeleceu

contato com profissionais das mídias locais. Nesta etapa não conseguimos levantar

muitas informações que pudessem levar à produção de matérias sobre a região, mas

estabelecemos bons contatos com os profissionais de comunicação do local, o que já

levou o foco do trabalho para a comunicação institucional. Também foi elaborado o

planejamento editorial da revista institucional da Bandeira Científica e as linhas gerais

do mini-documentário.

Trabalho de campo

Na segunda etapa do trabalho, iniciada com a expedição, a comunicação se

dividiu para executar suas quatro frentes de trabalho.

Comunicação Institucional

Revista Institucional

A equipe de comunicação buscou se dividir para cobrir o maior número possível

de atividades da bandeira científica. Era claro que nem todas as atividades seriam

documentadas, mas o objetivo era cobrir todas as áreas presentes em pelo menos uma

atividade de cada frente de trabalho: atendimento, ensino e pesquisa. Foram

realizadas entrevistas com alunos e profissionais participantes do projeto, com a

população atendida e com autoridades locais, além de fotografias em todos os locais

de atendimento e ensino.

A revista foi dividida em sete pautas que deveriam abordar o projeto como um

todo: histórico; multidisciplinaridade e interdisciplinaridade; atendimento na área de

saúde; ensino e capacitação; pesquisa; apoio técnico; continuidade. Cada aluno de

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jornalismo se responsabilizou por uma ou duas pautas que deveria apurar ao longo da

expedição.

Apesar do imenso leque de atividades realizadas pelo projeto Bandeira, a

equipe de comunicação conseguiu estar presente em todos os postos de atendimento

e conversar com todas as áreas que atuam no projeto. O fato de a equipe ter um carro

à disposição foi imprescindível para que isso fosse possível.

Mini documentário

O projeto do mini documentário era de documentar a expedição de maneira

que não só mostrasse as atividades da Bandeira em 2009, mas que o projeto como um

todo recebesse um olhar reflexivo sobre suas atividades.

Ao longo dos dias foram feitas inúmeras filmagens das mais diversas atividades,

e ao final de cada dia o roteiro do filme foi sendo construído e debatido em reuniões

entre os participantes do grupo. Neste processo optou-se por não ir com um roteiro

pré-definido, mas construí-lo ao longo da expedição, conforme a realidade do local

visitado e a dinâmica de trabalho fossem se apresentando.

Também nesta atividade, foi acompanhada a grande maioria das atividades da

Bandeira, além de filmagens feitas pela cidade nos intervalos de trabalho do

atendimento.

Programas de rádio

A realização dos programas de rádio não havia sido bem planejada, mas essa

possibilidade surgiu nas discussões pré-expedição. Pode-se dizer que as gravações

foram realizadas por livre iniciativa de um dos alunos participantes do projeto, aluno

de audiovisual e estagiário na USP FM, que já possuía uma trajetória própria ligada a

esse ramo de trabalho. Foram realizadas algumas entrevistas ao longo da expedição,

com uma edição mais elaborada e gravações em estúdio após o retorno da viagem.

Blog da Bandeira Científica

A cobertura institucional do projeto foi uma das prioridades da comunicação, o

que se refletiu em uma grande atenção ao blog. Não foram definidas pautas ou um

plano fechado de trabalho, mas sim uma dinâmica de trabalho que consistiu no

revezamento dos alunos para escrever sobre as atividades de cada dia. O principal

objetivo do blog não foi o de apresentar resumos diários sobre a expedição, mas

abordar aspectos interessantes ou curiosidades que ocorressem no dia-a-dia dos

bandeirantes. Os únicos pontos que foram falhos nessa atividade foram os momentos

da véspera da viagem e o dia de volta, que tanto por falta de tempo quanto pela

indisponibilidade de laptop com internet móvel não foram devidamente abordados.

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208

Ensino

Oficina de jornal mural

O maior desafio para realizar esta oficina foi conseguir juntar um grupo mínimo

de jovens, pois já nos encontrávamos em período de férias. Mesmo assim, graças ao

esforço dos profissionais foi possível se reunir com um grupo de jovens frequentadores

do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Eram cerca de 15 jovens entre 10

e 14 anos, de quatro diferentes escolas, o que dificultou um pouco o trabalho pelas

vivências se darem em locais diferentes. Ainda assim, iniciamos uma conversa sobre os

conceitos básicos de jornalismo, o que seria uma notícia, a importância do olhar sobre

o que nos cerca e a atenção às questões que fazem parte do nosso cotidiano e muitas

vezes nos esqueceu de olhar de forma crítica. Em seguida pedimos que listassem

algumas questões que os incomodassem nas escolas de cada um e, divididos em

quatro grupos, ajudamos a desenhar um jornal mural usando cartolina e caneta piloto.

Após a atividade pedimos que cada grupo apresentasse seu trabalho e explicasse os

motivos que os levaram a escolher as “notícias”. Notamos que os temas que mais

surgisse foram relativos à estrutura das escolas e ao comportamento de outros jovens,

tido como errado pelos participantes, como o fumo e o uso de álcool. Por fim,

sugerimos que essa proposta fosse levada a algum professor da escola de cada um.

Essa foi uma atividade que careceu de mais planejamento, além de referências

pedagógicas. Pode-se se dizer que foi improvisada em alguns aspectos, mas foi

satisfatória na medida em que pode estimular alguns debates sobre a realidade dos

jovens que tiveram a oportunidade de participar.

Debate com profissionais de mídias locais

O foco dessa atividade foi debater brevemente a realidade dos profissionais

locais de mídia e trazer um pouco do que nos têm sido apresentado na academia.

Foram marcados dois debates, um dos quais teve de ser desmarcado de última hora

por problema de transporte. No debate que foi realizado, estiveram presentes

profissionais de duas rádios e o dono de um jornal da região. Os principais temas

abordados foram as dificuldades de exercer o jornalismo da maneira mais

independente possível, pois a relação com prefeituras se torna inevitável quando são

as principais anunciantes de pequenas cidades. Da equipe de comunicação só esteve

presente o diretor, que buscou trazer um pouco do debate sobre participação do

público, separação total entre a área editorial e comercial das empresas e a maior

aposta em matérias de rua para o rádio.

Infelizmente essa foi uma atividade que careceu de mais planejamento e

estudos de caso, além de apoio de um professor que pudesse analisar os

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apontamentos feitos pelos profissionais locais. O ponto positivo foi trazer os debates

de participação do público e principalmente da reportagem de rua, muito pouco

utilizada nas rádios locais.

Assessoria de Imprensa

Mídias locais

Graças à boa relação da prefeitura com os veículos locais de mídia, foi possível

divulgar diversas pautas relacionadas à Bandeira Científica, com as quais a equipe de

comunicação pode contribuir e que foram publicadas em pelo menos duas edições de

um jornal local. Também tivemos espaço nas rádios da cidade, nas quais o projeto

pode ser divulgado, contando com participações de diretores da Bandeira em alguns

programas. Essas ações foram positivas, pois ajudaram a divulgar a proposta do

projeto para a população, esclarecer a metodologia de atendimento e divulgar

algumas palestras.

Mídias nacionais

Tanto pela não familiaridade dos participantes com o trabalho de assessoria de

imprensa, quanto pelo foco maior na comunicação institucional, optou-se por não

mais focar em mídias nacionais como previsto no projeto inicial. Outros diretores do

projeto Bandeira já haviam falado com contatos próprios, e a equipe de comunicação

entendeu que poderia focar seu trabalho nas outras atividades.

Matérias para veículos diversos

A pesquisa de pautas a serem apuradas na cidade não rendeu muitos frutos e o

trabalho de campo esteve muito focado na cobertura institucional, o que

impossibilitou a pesquisa de pautas na cidade. Assim, o projeto de redigir matérias

jornalísticas durante a expedição e tentar emplacá-las em veículos locais e nacionais

acabou por ser abandonada.

Pós-expedição

O trabalho pós-expedição consistiu basicamente de três partes: edição da

revista institucional, edição do mini-documentário e edição dos programas de rádio

Revista Institucional

A edição da revista institucional do projeto Bandeira Científica mostrou-se mais

difícil do que o esperado. Por conta das diversas atividades acadêmicas e profissionais

exercidas pelos alunos participantes, a produção dos textos e a diagramação da revista

foram sendo prorrogada após a expedição. O plano inicial era finalizar os trabalho até

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o mês de abril, para entrega no coquetel, o que não pode ser concretizado. Assim,

optou-se por adiar a produção do material para o mês de julho, quando os alunos

concluíram que poderão se dedicar integralmente à finalização do projeto. A revista

contará com aproximadamente 25 páginas, nas quais haverá uma seção de fotos,

editorial e seção de apoiadores e patrocinadores, além das sete pautas já

apresentadas. A revista será editada e publicada em software de leitura online e

disponibilizada no site da Bandeira Científica e posteriormente poderá se impressa,

ficando a critério das próximas diretorias.

Mini documentário

Tradicionalmente o vídeo da Bandeira Científica é apresentado no coquetel de

resultados. Em 2010 fomos bem sucedidos na apresentação do vídeo sobre a

expedição de 2009. Este trabalho foi realizado pelos alunos de audiovisual que

editaram todo o material na própria residência e gravaram parte do som em estúdio

da faculdade. O trabalho final alcançou seu objetivo de apresentar as atividades

realizadas pelo projeto em 2009 e refletir sobre o mesmo, contando com 25 minutos

de duração.

Programas de rádio

Os programas de rádio foram gravados em estúdio da rádio USP e colocados no

ar pela USP FM 93,7. Este trabalho foi viabilizado graças à participação de um aluno

que trabalha na rádio, mas é importante que a parceria seja mantida, pois a Rádio USP

FM se mostrou um ótimo veículo de divulgação de atividades acadêmicas.

ESALQ

Desenvolvimento das atividades

O método da Agenda XXI é um documento estratégico que fornece um novo

modelo de desenvolvimento que modifique os padrões de consumo e produção, para

que possa haver redução às pressões ambientais e atendimento às necessidades

básicas da humanidade. A este novo padrão, que concilia justiça social, eficiência

econômica e equilíbrio ambiental, se convencionou chamar Desenvolvimento

Sustentável.

É uma ferramenta estratégica muito importante, é o principal resultado da

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento –

UNCED/Rio-92. Este documento foi discutido e negociado exaustivamente entre as

centenas de países ali presentes, sendo, portanto um produto diplomático contendo

consensos e propostas. Dessa forma, estimula-se a construção de sociedades

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sustentáveis. Com esse intuito, o Projeto Bandeira Científica desenvolveu atividades

com a comunidade do Assentamento São Sebastião.

A Agenda XXI foi aplicada com a comunidade através de três painéis: “Árvore

dos Sonhos”, “Muro das Lamentações” e “Trilha das Conquistas”.

No primeiro painel, as pessoas descreveram um pouco dos seus sonhos para a

comunidade. Nesta atividade, as pessoas descreveram como seria o assentamento

ideal, para que se tivesse um parâmetro das expectativas das pessoas em relação à sua

comunidade.

No segundo painel, os problemas são expostos. Dessa forma, as pessoas

puderam expor que tipo de limitações a comunidade tinha para conseguir alcançar o

assentamento ideal e como essas limitações impediam o seu desenvolvimento.

Por último, trabalhou-se em ações que resultem na solução dos problemas e

aproxime a comunidade de realizar seus sonhos. Assim, foi feito um quadro listando

todos os problemas que deveriam ser resolvidos, colocando o nome da pessoa

responsável por administrar a solução e uma data limite para que esse problema seja

resolvido. Alguns dos itens dessa lista podem ser analisados abaixo:

Ações, Responsáveis e datas:

1-Organizar festas – Eunice e Maria Madalena – 23/12/09

2-Pegar assinaturas para relatório das estradas- Lurdes – 23/12/09

3-Fazer e entregar relatório das estradas- Lurdes – 15/01/10

4-Conversar com a diretora da escola- Maria Madalena – 19/12/09

5-Conversar com o Médico- Maria do Carmo- 15/01/10

6-Pegar assinaturas e fazer relatórios para melhoria da saúde- Maria do Carmo-

23/12/09

7-Procurar a defensoria pública para agendar com advogado pró-bono- Lurdes -

28/02/10

Esta atividade é muito simples, mas trabalhosa e se tiver resultados efetivos,

pode apresenta o poder de modificar muitas vidas. Para verificar a resolução dos

problemas levantados na primeira visita, será realizada outra visita ao assentamento.

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212

Atividades educativas

Momentos educativos (temas de saúde - medicina)

A Bandeira Científica 2009 proporcionou diversos momentos educativos. As

atividades relacionadas a cada área foram descritas anteriormente, e as atividades

relacionadas com a medicina contaram com 10 acadêmicos da medicina e a parceria

de 3 acadêmicos da engenharia e uma da nutrição. Ao longo da expedição foram

realizadas 8 palestras referentes a cinco assuntos: ‘’Sexualidade e crescimento’’,

‘’Gravidez indesejada’’, ‘’Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica - hábitos de

vida e alimentação’’, ‘’Níveis de atenção em saúde e automedicação’’ e ‘’Resíduos de

Serviços de Saúde’’. Esses temas foram previamente selecionados em conjunto com a

cidade, de forma a abordar pontos que precisavam de alguma melhoria.

O tema ‘’Sexualidade e crescimento’’ foi escolhido para ser discutido com as

crianças e jovens das escolas, uma vez que a fase da puberdade e o crescimento é algo

que aparentava ter diversos conflitos, que estavam gerando problemas dentro das

escolas e os educadores solicitaram ajuda para abordar esse assunto. Desse modo,

quatro acadêmicas de medicina prepararam uma palestra dinâmica, que foi realizada

em dois locais diferentes. As crianças e jovens foram separados por idade e sexo,

gerando uma roda de conversa em que eles se sentiam mais a vontade para tirar

dúvidas relacionadas ao tema. Para diminuir ainda mais o medo de perguntar, os

participantes escreveram suas dúvidas de forma anônima e todas as respostas foram

discutidas com o grupo, o que gerou uma conversa muito produtiva. Além disso, foram

utilizados alguns modelos anatômicos de órgãos genitais para ilustração e no final foi

feita uma brincadeira para avaliar o aprendizado.

A cidade apontou um problema relacionado com a gravidez precoce em jovens

e, por isso, a bandeira proporcionou uma discussão com os educadores e agentes

comunitárias, para que esse assunto seja esclarecido e salientado para esses

multiplicadores poderem ajudar essas jovens de forma mais ampla e próxima. Uma

acadêmica da medicina realizou duas palestras, uma para pedagogos e outra para

agentes comunitárias que tiveram ótimos resultados. Os métodos utilizados foram

alguns pôsteres, panfletos e materiais para exemplificação, e a acadêmica pode

desmistificar alguns pontos, mesmo que a maioria das pessoas fosse bem informada.

Doenças crônicas como Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica são

prevalentes na população e as agentes comunitárias fazem um papel importante para

que os pacientes possam ser mais bem acompanhados, por isso, a palestra com esse

tema teve um ótimo aproveitamento. O assunto foi abordado em forma de

apresentação e discussão, participando dois acadêmicos da medicina, uma da nutrição

e uma da fisioterapia. Essa parceria foi essencial para que pudesse ser explicada a

parte de fatores de risco e mudança de hábitos de vida.

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213

Outro assunto abordado com os agentes comunitários foi o próprio papel que

eles exercem dentro do sistema de saúde. Notou-se que as agentes não sabiam ao

certo como todo o sistema de saúde funciona e elucidar esse ponto foi necessário para

que pudessem entender melhor como podem atuar de forma mais eficiente. Além

disso, foi abordado também um assunto que estão em contato no dia-a-dia, a

automedicação. Dois acadêmicos da medicina apresentaram essa palestra em forma

de apresentação, tendo bons resultados.

Houve uma atividade educativa realizada em parceria com a engenharia,

ministrada por três acadêmicos deste curso e um aluno da medicina, onde foi

abordado o tema ‘’Resíduos de Serviços de Saúde’’. O objetivo era orientar

funcionários dos estabelecimentos de saúde (UBSs e hospital público local) sobre a

correta gestão desses resíduos e sobre os benefícios adquiridos por meio desta prática,

quando realizada de forma adequada. A palestra foi realizada duas vezes em formato

expositivo, utilizando-se um pôster como guia e distribuindo-se cartilhas para facilitar

o acompanhamento do público. A parceria engenharia/medicina mostrou-se bastante

efetiva para o tema, com a engenharia fornecendo informações mais abrangentes do

tratamento diferenciado necessário para os resíduos de serviços de saúde e a medicina

com informações pontuais de métodos de descarte, de acordo com cada

procedimento médico específico.

Capacitação de profissionais da rede de saúde local

No ano de 2009, no município de Ivinhema foi realizada uma proposta

inovadora de capacitação e atualização de profissionais da rede pública de saúde do

município. A proposta de levar informações novas aos funcionários dos municípios

visitados e assim promover atividades educativas com potencial multiplicador e

promotor de continuidade sempre existiu no Projeto Bandeira Científica, porém a

maneira como foram realizadas essas atividades esse ano foi inédita. Entendemos que

o papel da Universidade é assumir sua posição de pólo de conhecimentos e retribuir à

sociedade tudo que lhe foi investido, dialogando ao máximo com esta para que a

produção do conhecimento seja direcionada aos problemas mais frequentemente

encontrados. Dessa forma, com grande preocupação em não impor conceitos, julgar

ou ferir a autonomia dos funcionários e autoridades locais, foi possível realizar

atividades de capacitação com médicos, agentes comunitários de saúde, enfermeiros e

demais integrantes do Programa Saúde da Família (PSF) de Ivinhema.

Em conversas preliminares com as secretarias de Saúde e Trabalho e

Assistência Social do município foram levantadas algumas problemáticas relacionadas,

principalmente, ao nível primário de atenção local. Comentou-se que muitas vezes os

profissionais desse nível de atenção não conseguiam exercer sua função de suprir 80 a

95% da demanda de saúde da população (taxa de resolutividade preconizada para a

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214

Atenção Primária à Saúde). Enfatizou-se o grande número de encaminhamentos a

níveis secundários e terciários de atenção que eram dirigidos à secretaria de saúde do

município. Outra questão levantada pelo município foi a falta de orientação da

população de Ivinhema quanto à lógica de organização dos níveis de atenção à saúde,

fato que gerava certo paternalismo no sistema com pacientes cobrando diretamente

gestores para que o atendimento especializado fosse realizado.

Houve grande disposição do município em concretizar tais atividades

educativas, sendo que os gestores se comprometeram em garantir a participação dos

profissionais locais nas capacitações. Desta feita, a equipe organizadora do Projeto

Bandeira Científica planejou capacitações de acordo com a demanda apresentada

pelas autoridades governamentais do município e pelos próprios profissionais. A

primeira pré-visita realizada levantou a questão da necessidade de atividades em

Atenção Primária à Saúde. Outra pré-visita foi realizada com o objetivo de se entender

melhor as demandas dos profissionais dessa área. Assim um profissional da área

médica da Universidade de São Paulo, com grande experiência em PSF, visitou a cidade

para compreender o funcionamento da rede de saúde, ouvir seus envolvidos e propor

atividades de capacitações nos temas por eles destacados durante a expedição em

dezembro.

Dessa forma, foram desenvolvidas atividades de capacitação com médicos,

agentes comunitários de saúde e demais envolvidos com o PSF da cidade abordando

os seguintes temas:

Atenção Primária à Saúde: discussão de casos com médicos das Unidades

Básicas de Saúde (UBS); discussão sobre organização e estrutura do PSF com

toda a equipe das UBS. Atividades realizadas com o apoio de profissionais

médicos da área de Medicina de Família da USP.

Psiquiatria: discussão de casos de alcoolismo e depressão com médicos das UBS

realizada com o apoio de um médico psiquiatra da USP.

Clínica Geral: discussão de casos sobre cefaléias e distúrbios da tireóide com

médicos das UBS realizada com o apoio de um médico clínico geral da USP.

A carga horária das atividades sobre o PSF foi de 1 hora com médicos e 2 horas

com toda a equipe de cada UBS visitada. Quatro UBS participaram dessa atividade

(Guiraí/Piravevê, Amandina, Triguinã/Vitória e Itapoã), de um total de cinco existentes

em Ivinhema. Estiveram envolvidas 25 pessoas nessas atividades. As capacitações

sobre temas em psiquiatria tiveram a carga horária de 6 horas, 3 horas em dois dias

consecutivos, e envolveram 4 médicos de UBS da cidade. A carga horária da

atualização em clínica geral e distúrbios da tireóide foi de 3 horas e contou com a

participação de 3 médicos da rede municipal de saúde de Ivinhema.

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215

Todos receberam certificado de participação e foram liberados das atividades

habituais no período das capacitações sem prejuízos de qualquer natureza.

O cronograma dessas atividades é mostrado a seguir:

Atividades com médicos de todas as ESF

14/dez 15/dez 16/dez

Local: Uniderp Uniderp Uniderp

13:30 às Atualização em Atualização em Atualização em

Tireoidopatias

16:30h Psiquiatria I Psiquiatria II e Clínica Geral

Atividades com ESF de Ivinhema

17/dez 18/dez 19/dez 20/dez 21/dez

ESF Guiraí/Piravevê - - - Itapoã

8-10h Médicos - - - Médicos

10-

11h

Toda a equipe - - - Toda a equipe

Almoço Almoço - - Almoço

ESF Amandina Triguenã/Vitória - - Guiraí/Piravevê

14-

16h

Médicos Médicos - - -

16-

17h

Toda a equipe toda a equipe - - -

Tabela 17 – Cronograma das atividades de capacitação

A avaliação geral dessas atividades por parte da equipe da USP foi muito boa.

Nas atividades em psiquiatria, clínica geral e distúrbios da tireóide a interação com os

profissionais foi muito boa. A despeito de alguma defasagem, em especial quanto aos

temas em psiquiatria, os profissionais se mostraram muito interessados na atividade e

com grande disposição para adquirir novos conhecimentos.

As discussões com os médicos das UBS individualmente foram válidas, mas

talvez não acrescentaram muito na formação do profissional ou no curso dos casos

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216

discutidos. Os principais motivos que possivelmente contribuíram para isso foram o

contato com apenas um médico local, o que pode ser didaticamente inferior à

dinâmica de pequenos grupos, e o fato de os casos discutidos já estarem com um

manejo clínico relativamente adequado.

As atividades com as equipes, de uma maneira geral, pareceram mais

interessantes e proveitosas do que as realizadas individualmente com os médicos.

Muitos profissionais integrantes das equipes não possuíam formação em Medicina de

Família (o que é extremamente comum mesmo em centros como São Paulo) o que fez

com que instrumentos da Atenção Primária à Saúde e de Medicina de Família

pudessem ser apresentados com grande disposição das equipes em aprender a

manuseá-los. Um dos motivos aventados para esse desconhecimento por parte de

alguns desses integrantes das UBS foi o curto período de permanência na função que

exerciam. O estímulo à permanência e ao aperfeiçoamento no cargo que desenvolvem

na UBS pode melhorar esse problema.

Possivelmente o ponto mais relevante identificado nas atividades com as

equipes do PSF de Ivinhema seja a necessidade de tempo e espaço para acontecerem

discussões e planejamento a nível interdisciplinar. Nas palavras de um dos médicos da

USP que realizou as reuniões com equipes: “Nem sempre o olhar de apenas uma

categoria profissional vai refletir a dificuldade que a equipe como um todo está

enfrentando. Discussões de caso com a equipe toda são interessantes para trazer isso

à tona. Ao mesmo tempo torna passível a identificação de pontos fortes e a serem

parabenizados e reforçados”.

Em paralelo a essas atividades de capacitação, foram desenvolvidas palestras

com agentes comunitários de saúde sobre diversos temas abordando afecções de

saúde mais freqüentes além de um momento educativo especificamente sobre níveis

de atenção em saúde, cujo principal objetivo foi conscientizar os agentes de sua

importância para o bom funcionamento da rede de saúde e de seu papel de

multiplicadores desse conhecimento para a população geral.

Houve ainda uma preocupação quanto ao envolvimento de médicos com

formação em Medicina de Família na expedição. Três médicos participaram da

supervisão nos atendimentos à população. Certamente contribuíram para que o

próprio projeto aumentasse sua preocupação em promover Atenção Primária à Saúde

e para que os pacientes atendidos nessas condições se conscientizassem que, na maior

parte das vezes, seus problemas de saúde podem ser manejados por médicos não

especialistas.

Visto que o próprio município demonstrou grande interesse nesse tipo de

atividade, a expectativa é que o incentivo do município para atualizações e

capacitações de seus funcionários continue. O Projeto Bandeira Científica da USP

Page 217: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

217

coloca-se á disposição para contatos adicionais nesse período pós-expedição seja no

campo científico, seja para prestar apoio a projetos de capacitação que se pretender

implantar.

Tele-educação como possibilidade para novas capacitações

Ivinhema está na lista das cidades que serão em breve incluídas na rede

Telessaúde Brasil. Esse processo foi facilitado por contatos mediados pelo projeto

Bandeira Científica e pela UFMS, a qual está vinculada ao plano de trabalho para

implantação do Telessaúde no estado de Mato Grosso do Sul. Esse passo pode auxiliar

na efetivação de estratégias de capacitação dos profissionais locais por meios

tecnológicos, que incluem ensino à distância e acesso a redes de informação e bases

de dados em saúde.

A parceria estabelecida com a UFMS é de fundamental importância nesse

processo, sendo que o apoio desta Universidade local no processo de tele-educação

pode ocorrer desde o nível técnico, com auxílio à implementação e aprendizado

quanto ao uso das tecnologias, até o apoio com conteúdos e conhecimentos

específicos, com participação de profissionais e alunos dessa instituição promovendo

atividades educativas por meios de telemedicina. O próprio Projeto Bandeira Científica

está à disposição para ajudar nesse processo de inclusão aos meios de informática

podendo prestar desde apoio técnico e científico até fornecimento de materiais

didáticos para o município de Ivinhema.

Projetos Científicos

Continuidade

A atuação de um projeto como a Bandeira Científica requer um trabalho

intenso tanto dos membros participantes provenientes da Universidade, como

também das pessoas da própria cidade. Ao longo do ano de 2009 foi realizado um

grande planejamento para atuação do Projeto na expedição de Dezembro, mas

também foram elaboradas estratégias para que a intervenção realizada fosse a mais

produtiva possível e duradoura. A intenção da intervenção do Projeto é, além dos

objetivos anteriores já citados, garantir apoio a cidade e possibilidade para que ela

também possa continuar a melhorar por si própria a partir das propostas e

planejamentos do Projeto.

A continuidade pode ser efetuada de duas formas particulares, do ponto de

vista individual e populacional. Na Bandeira Científica de 2009 foram abordados os

seguintes aspectos:

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218

Estratégias individuais

Encaminhamentos

Do ponto de vista estrutural a Bandeira Científica busca fortalecer os vínculos

entre as esferas políticas para facilitar a inclusão dos pacientes no sistema único de

saúde, para muitos destes pacientes, solução aguardada há muito tempo.

Dos 5615 atendimentos da Bandeira Científica, 753 pacientes foram

encaminhados para algum sistema de saúde (primário, secundário e terciário), e destes

pacientes, 66% foram encaminhados para o sistema básico de saúde (Gráfico 114). A

maioria destes pacientes já tinha acesso ao sistema básico de saúde, porém, a

avaliação na Bandeira Científica identificou a necessidade de alguma adequação de

tratamento ou de dose de medicamento, e, portanto o paciente é encaminhado para

sua unidade básica de origem. Todos os pacientes atendidos durante os dez dias de

expedição, mesmo que não tivesse encaminhamento para a UBS, tinha uma cópia do

seu prontuário feito no Projeto enviado para a UBS de origem (identificada na ficha de

identificação do paciente – Gráfico 115). Portanto, o médico que recebia o

encaminhamento, recebia também o prontuário detalhado do atendimento. Esta

medida é fundamental, pois a introdução de medicamentos ou adequação de doses

pode requerer avaliações periódicas para avaliar aceitação, aderências, etc.

Gráfico 114 – Encaminhamentos dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009

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Gráfico 115 – Pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009, separados por UBS de referência

Alguns pacientes atendidos apresentaram necessidade de atendimento em

nível secundário e terciário, conforme a hierarquização do sistema de saúde. No total

foram 231 pessoas para o sistema secundário e 25 para o terciário em diversas

especialidades para hospitais de referência geridos pela secretaria estadual de saúde.

Isto representa uma estratégia de continuidade individual fundamental, que abrange

não só o aspecto assistencial (de garantir o atendimento especializado ao paciente),

mas também do ponto de vista estrutural (por abrir uma porta de negociação entre o

governo e o município facilitando posteriores acordos e convênios).

É importante também considerar o grau de urgência que o paciente tinha para

ser encaminhado, 97,18% dos pacientes encaminhados para o sistema primário de

saúde não tinham urgência, sendo considerados como rotina. Mesmo os pacientes

encaminhados para os outros sistemas não tinham urgência ou emergência (Gráfico

116).

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Gráfico 116 – Encaminhamentos dos pacientes da Bandeira Científica 2009, separados por grau de

urgência

Seguimento do tratamento

No ano de 2009, a Bandeira Científica preocupou-se em deixar registrados

todos os atendimentos realizados para que esses pudessem ser adicionados ao

prontuário de cada paciente, localizados em sua UBS de referência.

Isso é muito importante para que a conduta do médico da unidade de saúde e

do Projeto Bandeira não seja contraditória e o tenha seguimento adequado, para que

não seja prejudicial ao tratamento do paciente e tenha maior adesão ao mesmo.

Além disso, foi feito uma relação dos medicamentos do município para que as

doações e prescrições realizadas no Projeto sejam de medicamentos presentes no

Sistema de Saúde do Município, caso seja de uso contínuo. Assim, o paciente recebeu

doação de medicamentos pela Bandeira, mas quando precisar de mais, poderá retirar

no próprio município.

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Atendimento Oftalmológico

Foram ao todo 1108 pacientes atendidos pela oftalmologia na Bandeira

Científica 2009. Destes, 610 pacientes tiveram diagnósticos relacionados a erros de

refração, que são corrigidos facilmente com o uso de lentes. A disponibilização dos

óculos para estes pacientes significa a resolução de um grande problema. Assim, foram

realizadas as medidas adequadas durante a expedição e os óculos foram

confeccionados em São Paulo, sendo que já foram entregues os 610 óculos prescritos.

Ultrassonografia

Foram realizados 52 exames de ultrassonografia. Estes eram pacientes

atendidos pelo próprio Projeto e que tinham indicação para realizar o exame. Dessa

forma, os atendimentos realizados pela Bandeira não gerariam mais demanda para

realização deste exame. Os pacientes tinham o laudo entregue na hora e eram em

seguida remarcados nos próprios postos de atendimento do Projeto, dessa forma, o

diagnóstico e conduta puderam ser feitos dentro do período da expedição, tornando

mais eficiente seu seguimento e acompanhamento nas unidades de saúde, o que tem

efeito imediato para o paciente.

Outros exames complementares

Durante o atendimento, os pacientes que tinham indicação de acordo com a

idade e comorbidades ou de acordo com a necessidade avaliada pela consulta, foram

realizados alguns exames complementares. Foram 1423 exames de glicemia de ponta

de dedo, o que foi muito útil no atendimento para avaliar, por exemplo, o estado de

controle da Diabetes Mellitus. Foram 725 amostras de sangue em que foram

realizados exames como o nível de T4 livre e TSH para avaliar doenças da tireóide.

Em casos de exames de rotina para prevenção do câncer de colo de útero e em

outros casos em que a consulta ginecológica indicava, foram realizados 68 exames de

papanicolaou e os resultados enviados ao sistema de saúde local para

acompanhamento. Foram também realizados nove exames anatomo-patológicos.

Quando era indicado, também era realizados exames de eletrocardiograma no

próprio local de atendimento, no total foram realizados 35 exames que contribuíram

para o diagnóstico e conduta das consultas.

Estratégias Populacionais

Palestras educativas

Palestras educativas são um excelente método de atuação de longo prazo em

termos populacionais, pois forma multiplicadores da informação, conscientes de seu

papel como cidadão.

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222

As 67 palestras promovidas pelo projeto, certamente representaram uma

grande oportunidade de obtenção de conhecimento, capacitação e atualização.

Banco de Dados com Informações

Uma das grandes vantagens da Bandeira Científica é sua capacidade de coletar,

concentrar e trabalhar as informações obtidas dos pacientes e dos municípios. Foram

colhidos dados gerais de quase 5615 pacientes atendidos no projeto, além de dados

estruturais do sistema de saúde do municio, informações sobre saneamento e

organização social. Todos estes dados serão analisados por uma equipe de

reconhecida expertise em suas respectivas áreas.

Tamanho banco de dados permitirá a elaboração de um relatório detalhado de

diversas características do município / população: caracterização sócio-econômica,

caracterização de aspectos de saúde, caracterização da estruturação do sistema de

saúde, caracterização do perfil nutricional. Para cada uma destas vertentes com seus

desdobramentos para avaliações específicas. Isto permitirá incluir no relatório diversas

orientações em relação a medidas a serem tomadas. Além disso, o conhecimento das

condições de saneamento, associada às de saúde e do sistema, permite realizar uma

distribuição racional do orçamento municipal, aproveitando de forma mais efetiva o

reduzido aporte financeiro deste.

Não é papel de a Bandeira Científica desenvolver qualquer tipo de interferência

na gestão municipal. Justamente por isso todas estas informações são trabalhadas e

fornecidas ao município junto do banco de dados com as informações de onde foram

extraídas. Cabe ao município fazer uso racional deste riquíssimo acerto de

informações. Certamente o projeto sempre estimula e se coloca à disposição para

realizar análises adicionais e discussões.

Visitas de seguimento

Serão realizadas visitas cerca de 6 meses após a expedição para avaliar o

andamento dos encaminhamentos, entregar e discutir em seminários e workshops os

resultados apresentados no relatório final do projeto, ver o andamento e utilização

dos equipamentos e materiais doados.

Cada área participante do Projeto Bandeira Científica elaborou um relatório

específico que será entregue aos respectivos representantes na cidade para que os

dados coletados e as propostas sugeridas sejam devidamente avaliados para que

possam servir de base para a melhoria do município.

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223

Parcerias Universitárias

As parcerias universitárias desenvolvidas pela Bandeira Científica vão muito

além das atividades desenvolvidas durante a expedição. Faz parte da filosofia do

Projeto estimular o desenvolvimento de atividades semelhantes, para as quais a

Bandeira Científica garante seu apoio através da disponibilização de toda a sua

expertise na organização e gerenciamento de projetos como este. Diversos outros

projetos já foram criados a partir de participações de alunos de outras instituições nas

atividades da Bandeira Científica.

Este ano, foram realizadas parcerias com diversas universidades. A Faculdade

de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul foi escolhida como a

Universidade local para fazer a parceria de 2009. Além de terem participado

ativamente da expedição realizando atendimentos, há um projeto para construir um

programa similar na faculdade da UFMS. Outros participantes foram: a Faculdade de

Odontologia da UFMS, o grupo de design e relação pública da UNESP (Bauru). Todos

fizeram diversas atividades na expedição e também elaboraram relatórios com a

impressão de cada área específica.

Considerações Finais

Em termos assistenciais, o número absoluto ultrapassando 5 mil atendimentos

em mais de 4 mil pacientes, já são robustos o suficiente para saber que o objetivo

assistencial foi alcançado com êxito. Mas, o que torna estes dados ainda mais sólidos,

é a consciência do atendimento de qualidade prestado e da atenção voltada à consulta

básica, onde se valorizou a anamnese e o exame físico que por si só já têm grande

influência na relação médico-paciente e na satisfação da população atendida. A

atenção básica prestada, contando com o apoio de especialidades, que se

consolidaram nesta expedição, pôde ser desenvolvida de forma mais completa e

resolutiva, permitindo inclusive a contenção de demanda local reprimida e permitindo,

quando necessário, encaminhamentos para a rede de atenção secundária ou terciária

de um paciente já em estágio mais avançado de avaliação, quer clínica quer

diagnóstica.

As atividades educativas alcançaram êxito nos diversos segmentos, dos

médicos que passaram por ciclo de atualização à população que foi orientada de forma

sistemática em relação a temas de extrema relevância para manutenção das condições

adequadas de saúde e de vida.

As atividades científicas também foram pontos relevantes da Bandeira

Científica 2009, buscando a obtenção de informações relevantes para a população

local, sempre enfatizando as necessidades regionais. A partir destes estudos é possível

não só obter dados numéricos e quantitativos, mas também, saber onde é importante

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224

atuar, planejar, modificar, enfim, atuar plenamente com a melhor relação custo-

benefício para a população.

As atividades técnico-estruturais foram fundamentais. Estudos relacionados a

saneamento, agricultura e pecuária e avaliação social foram importantes para tornar o

projeto mais completo e abrangente.

Em relação à integração aluno-aluno e aluno-comunidade, este também foi um

objetivo alcançado de forma muito produtiva. Durante este período estreitaram-se os

laços entre acadêmicos de diferentes anos e entre acadêmicos e professores. Além

disso, foi, para vários alunos, a primeira oportunidade de atuar em regiões carentes,

vivenciando plenamente as condições locais e hábitos de vida da população, o que,

dado o impacto causado, permite a incorporação desta experiência vivida no cabedal

de vivências pessoais fundamental para a formação do profissional médico, e mais

importante, do cidadão brasileiro.

Um projeto como este consegue sempre deixar os envolvidos repletos de

questionamentos. Acreditamos que esse é um modo de dar um impulso a essas

pessoas, paciente e futuros profissionais conscientes da importância do seu

envolvimento direto para lidar com um dos maiores desafios brasileiros: vencer a

iniqüidade. Diversas Faculdades e Universidades atuaram em conjunto, dando um

exemplo de responsabilidade, profissionalismo e integração.

O Município, além de receber o projeto e seus membros de forma acolhedora e

hospitaleira, atuou de forma exemplar na organização e logística que lhe competia.

Foram disponibilizados motoristas, funcionários e voluntários que com extrema boa

vontade permitiram que tudo se realizasse.

É sempre um pequeno passo, mas que entra na história dos indivíduos

envolvidos, visitantes e visitados. É um momento de revelações e de novas

curiosidades. Sem dúvida, ciências e humanidades, saberes e técnicas, modos de

pensar e de viver articulando-se tanto na razão quanto na emoção, sempre com um

único e maior objetivo, construir uma nação forte, de todos, e para todos.

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225

Apoio e Patrocínio

Para a realização do projeto contamos com o apoio de diversas instituições e

empresas, sem as quais certamente não haveria possibilidade de execução de

tamanho empreendimento de forma a amenizar as grandes divergências

socioeconômicas nacionais através da atuação na área de saúde.

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão

Universitária

Departamento de

Patologia

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226

Agradecimentos

O Projeto Bandeira Científica agradece a participação das diversas instituições e

empresas a seguir:

Grupo Sanofi-Aventis – Na pessoa da Sra. Cristina Moscardi → Pelo patrocínio

majoritário ao Projeto Bandeira Científica 2009 com recursos financeiros,

insumos, equipamentos, vacinas e medicamentos e pela contribuição, enviando

5 voluntários para atuação durante as atividades do projeto.

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – Na pessoa do Prof. Dr.

José Manoel de Camargo Teixeira, Superintendente do HC-FMUSP →

Contribuição com medicamentos e insumos hospitalares para as atividades da

Bandeira Científica 2009.

Fundação para o Remédio Popular – Na pessoa do Dr. Edson Massamori

Nakazone, Superintendente da FURP → Fornecimento de medicamentos

utilizados para o Projeto Bandeira Científica 2009.

Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo – Na pessoa do Exmo. Dr. José

Roberto Barradas Barata, Secretário Estadual de Saúde → Pela autorização e

encaminhamento das solicitações de medicamentos à FURP.

Fundação Faculdade de Medicina – Na pessoa do Prof. Dr. Flávio Fava de

Moraes, Diretor Presidente da FFM → Impressos, guias e receituários utilizados

durante todas as atividades da Bandeira Científica 2009 e apoio institucional e

jurídico para captação e gestão de recursos.

Comissão de Cultura e Extensão da FMUSP – Na pessoa do Prof. Dr. José

Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, presidente da CCEX → Apoio estrutural

para o projeto e provimento de recursos para visitas de preparação e

teleconferências.

Setor de Eletrocardiografia do Instituto do Coração do HC-FMUSP – Na pessoa

do Prof. Dr. Carlos Alberto Pastore → Apoio na obtenção de equipamentos de

eletrocardiografia para uso durante a Bandeira Científica e pelos laudos dos

exames emitidos e enviados através da Internet durante as atividades do

projeto.

Micromed → Empréstimo dos equipamentos de eletrocardiografia.

Horiba ABX → Empréstimo de equipamento para análise de hemograma e

proteína C reativa, bem como todos os reagentes necessários para os exames

em questão.

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Gráfica Kitani → Apoio à impressão de formulários do Projeto Bandeira

Científica, bem como todo o material gráfico utilizado no projeto e

disponibilização de equipamento áudio-visual para as palestras

À Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP – na pessoa do

Prof. Dr. Chao Lung Wen → Apoio às atividades de inclusão digital durante a

Bandeira Científica.

InRad → Empréstimo de equipamento de ultrassonografia portátil para uso no

Projeto Bandeira Científica.

Fundação Oncocentro de São Paulo → Doação de kits de coleta de

papanicolaou, fixadores e disponibilização da equipe de técnicos e patologistas

para a análise dos exames coletados.

Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Saúde de Ivinhema e Secretaria

Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Ivinhema – Nas pessoas das Sra

Sônia Aparecida Dias Henrique Garção, Secretária Municipal de Saúde, e Sra.

Cleonice Colodetto Poggi → Apoio técnico e logístico, articulação junto às

secretarias municipais (obras, agricultura, planejamento, transportes, etc) para

viabilização de hospedagem, alimentação, transporte local para a equipe da

Bandeira Científica, disponibilizando equipes locais de coordenação, e acordos

para seguimento dos pacientes e fornecimento dos óculos aos pacientes

atendidos.

Diretoria da Faculdade de Medicina da USP – Na pessoa do Prof. Dr. Marcos

Boulos, DD. Diretor da Faculdade de Medicina da USP e do Dr. José Agenor

Silveira, Diretor Executivo da FMUSP → Pelo apoio institucional e logístico ao

Projeto Bandeira Científica.

Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP – Na pessoa

do Prof. Dr. Remo Susanna Junior, Prof. Titular da Disciplina de Oftalmologia da

Faculdade de Medicina da USP →Viabilização dos equipamentos oftalmológicos

para uso nas atividades da Bandeira Científica da FMUSP, liberação de médicos

residentes da clínica oftalmológica para participação nas atividades da Bandeira

e custeio de transporte para médicos residentes.

Ao Conselho do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP –

Na pessoa do Prof. Dr. Paulo Hilário Nascimento Saldiva → Aprovação e locação

da Bandeira Científica entre os Projetos do Departamento de Patologia pelo 9º

ano consecutivo, impressão das provas de seleção, liberação de insumos e

equipamentos para realização de exames gerais e de projetos de pesquisa, e

documentação das atividades da Bandeira Científica 2009.

Page 228: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos

228

Ao Laboratório de Hematologia da Divisão de Laboratório Central do HC-FMUSP

na pessoa da Profa. Dra. Leila Antonângelo → pela viabilização de equipamento

para realização de exames hematológicos e liberação de dois residentes de

patologia clínica para acompanhar o projeto.

Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP na pessoa da Dra.

Cristina Chamas e do Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri → pela disponibilização dos

equipamentos portáteis de ultrassonografia.

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP – Na pessoa do Prof. Dr.

Sedi Hirano, Pró-reitor de cultura e extensão universitária da USP → Aprovação

da Bandeira Científica como Projeto de Extensão da USP, recebendo auxílio

financeiro do Fundo de Cultura e Extensão para custeio de transporte

(incluindo deslocamento de pessoal e transporte local) e despesas locais com

alimentação, hospedagem e outras despesas gerais.

Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP) → Pelo patrocínio com recursos

financeiros e pelo apoio técnico fornecido à equipe de engenharia.

Instituto de Engenharia → Matéria sobre o Projeto Bandeira Científica em

revista institucional e fornecimento de espaço para divulgação do projeto

através de palestra.

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) → Fornecimento de material educativo.

Autodesk → Capacitação dos integrantes da equipe de engenharia para uso do

software AutoCAD 3D Civil.

Fundação Vanzolini → Patrocínio com recursos financeiros.

CBSS – Centro de Benefícios Sociais dos Servidores da FMUSP → Pelo apoio

logístico na preparação das atividades do Projeto Bandeira Científica.

Professores e Chefes de Clínicas do Hospital das Clínicas da FMUSP e do

Hospital Universitário da USP → Pela liberação de assistentes e residentes de

suas atividades habituais nestes hospitais para participação na expedição da

Bandeira.