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PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICA
Ivinhema – MS12 a 22 de Dezembro de 2009
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Índice
TEMA PÁGINA
Introdução 05
O Projeto 05
Histórico 05
Visão 06
Objetivos 09
Bandeira Científica 2009 – Equipe 13
Equipe Geral 13
Equipe de Coordenação 13
Diretoria Acadêmica 14
Processo de trabalho 15
Bandeira Científica 2009 – Cidade 16
Ivinhema – MS 16
Caracterização do Município 16
Dados populacionais e socioeconômicos 17
Infraestrutura da saúde 18
Possibilidades de atuação 19
Bandeira Científica 2009 – Dinâmica de Atuação 20
Atividades de Saúde 21
Postos de Atendimento 21
Psicologia 25
Fonoaudiologia 26
Atendimento Odontológico 27
Atividades Técnico-estruturais 32
Engenharia 32
Empresa Medicina Júnior 36
Design 37
Comunicação 38
ESALQ 38
Atividades Educativas 39
Pesquisas Científicas 39
Análise Estatística 40
Bandeira Científica 2009 – Resultados 40
Resultados Gerais 40
Perfil Epidemiológico 41
Diagnóstico de Saúde 78
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Diagnósticos Gerais 78
Oftalmologia 86
Saúde da Criança 87
Saúde da Mulher 88
Fonoaudiologia 103
Odontologia 118
Fisioterapia 124
Psicologia 142
Nutrição 154
Relatórios Técnico-estruturais 156
Engenharia 156
Empresa Medicina Júnior 186
Design 189
Comunicação 206
ESALQ 210
Atividades Educativas 212
Continuidade 217
Estratégias individuais 218
Estratégias populacionais 221
Considerações Finais 223
Apoio, Financiamento e Patrocínio 225
Agradecimentos 226
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Introdução
O Projeto
O Projeto Bandeira Científica consiste em uma extensão universitária vinculado
ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP), além disso, também é vinculado à Comissão de Cultura e Extensão
desta Unidade e à Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de
São Paulo através de seu Fundo de Cultura e Extensão. Os membros efetivos
envolvidos no projeto são alunos e profissionais de diversas áreas:
• Alunos de diversas unidades da Universidade de São Paulo, incluindo a
Faculdade de Medicina, Faculdade de Odontologia, Faculdade de Saúde Pública, Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Escola Politécnica, Instituto de Psicologia e
Escola de Comunicação e Artes;
• Alunos de universidades parceiras com sede nas Unidades da
Federação atendidas pelo projeto;
• Profissionais e docentes das diversas unidades da Universidade de São
Paulo, do Hospital das Clínicas da FMUSP e Hospitais e Universidades parceiras.
A Bandeira Científica realiza uma expedição anual a comunidades carentes de
assistência em saúde ou com situações particulares de atenção à saúde. A atuação
baseia-se em ações preventivas e curativas, além de desenvolver atividades em
diversas áreas técnicas relacionadas ao desenvolvimento e manutenção da saúde
como característica do bem-estar biopsicossocial do indivíduo. Dados estruturais são
pormenorizados através de relatórios detalhados sobre as condições de saúde locais e
os diversos indicadores sociais a ela relacionados, relatórios técnicos sobre infra-
estrutura e caracterização do município. Estes dados são fornecidos ao município
também através da disponibilização de um banco de dados com os todos os dados
sociais, epidemiológicos e de saúde colhidos durante a expedição.
Histórico
O Projeto Bandeira Científica tem suas primeiras expedições datadas do início
na década de 1950, com consolidação de suas atividades no período compreendido
entre os anos de 1957 e 1969. Neste período, as expedições eram coordenadas por
professores da Faculdade de Medicina da USP, dentre os quais se destacam os Profs.
Leônidas Deane e Luiz Rey, e tinham como principal objetivo colocar os alunos da
faculdade em contato com os diversos aspectos da realidade brasileira, através de
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trabalho extracurricular baseado em atividades educativas à população e de pesquisa
de campo.
As primeiras Bandeiras visitaram diversos Estados brasileiros, incluindo Mato
Grosso do Sul (Campo Grande, Miranda e Aquidauana), Ceará (Vale do Cariri, Sobral e
Viçosa), Pará (Vila de Santana), Amapá (Macapá, Vila de Santana e Serra do Navio),
Pará - Ilha de Marajó (Cachoeira do Arari) e Bahia (Ilhéus e Uruçuca).
Em 1969 elas foram extintas devido à realidade político-social da época e, após
uma latência de quase 30 anos, um grupo de alunos que consultava arquivos da
Faculdade de Medicina da USP se mobilizou para reativá-la. As ações foram retomadas
em 1998, passando à configuração de Projeto de Extensão Universitária da USP em
2000. Além das atividades fundamentais de educação e pesquisa, a partir de 1999 foi
introduzida a vertente assistencial, materializada no atendimento à população local
com elaboração do diagnóstico populacional de saúde, o que representou um grande
avanço na contribuição social do projeto para a comunidade visitada, além de uma
experiência adicional e inédita para os alunos da Faculdade de Medicina da USP. As
realizações nesta nova fase foram: Cajati - SP e Eldorado-SP (Vale do Ribeira), em 1998
e 1999 respectivamente; Monte Negro-RO em 2000; Buriticupu - MA em 2001; Serra
dos Aymorés - MG em 2002; Presidente Epitácio-SP em 2003; Teotônio Vilela e São
José da Tapera-AL em 2004; João Câmara, Jandaíra e Bento Fernandes em 2005;
Machadinho D’Oeste – RO em 2006; Penalva - MA em 2007; e Itaobim - MG em 2008.
Todas estas expedições buscaram o estímulo de parceiras locais com as prefeituras e
universidades de referência na região, para seguimento dos pacientes e organizações
comunitárias.
O primeiro curso a ser integrado à Bandeira foi a fisioterapia, em 2002. Em
2005, incluiu-se a nutrição, na expedição para Jandaíra, João Câmara e Bento
Fernandes (RN). No ano seguinte, em Machadinho D'Oeste (RO), houve uma expansão
significativa da atuação do projeto. Participaram ineditamente a Escola Politécnica, o
Instituto de Psicologia, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) e a
Faculdade de Odontologia. Em 2007, a equipe de comunicação, constituída por alunos
dos cursos de jornalismo e audiovisual, também se integrou à Bandeira. Por fim, em
2009, a fonoaudiologia também passou a fazer parte da equipe. As novas unidades
contribuíram para aumentar o número de atendimentos, possibilitando inclusive o
encaminhamento para outras áreas a partir dos atendimentos clínicos, feitos por
estudantes de medicina; e também ampliaram o estudo de planejamento físico-
estrutural local nas áreas de saneamento básico e gestão em saúde.
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Visão
Mais do que a retomada de um projeto histórico da FMUSP, a equipe
coordenadora busca trazer o enfoque assistencial, o educativo e o científico,
configurando o triplo sustentáculo da Universidade, aliando este perfil à participação
direta em políticas públicas de saúde (avaliação e orientação sobre o modelo de
organização de saúde local). Estes enfoques têm sido anualmente expandidos e
melhorados através de reuniões anuais de apresentação de dados e discussão de
estratégias e resultados. Além disso, a coordenação vem buscando ampliar a
multidisciplinaridade do projeto, buscando envolver profissionais de diferentes áreas
do conhecimento, não se restringido apenas à medicina e outras áreas de saúde.
Visando diretamente a população atendida, o intuito do Projeto Bandeira
Científica é buscar melhorias na condição de saúde e promover suporte para os
programas de atenção básica à saúde, apontando a sustentabilidade a partir de
recursos locais.
Não é pretensão da equipe da Bandeira a resolução todos os problemas, mas
sim, a avaliação das condições de saúde e sugestão das possibilidades de atuação de
longo prazo para um processo de transformação gradual envolvendo o poder público
nas diversas esferas, universidades e representações comunitárias.
As atividades realizadas servem como ponto de partida e sensibilização, tanto
da população como das diversas entidades envolvidas, além de fornecer informações
relevantes para o planejamento estratégico e definição de prioridades.
Como projeto universitário a Bandeira Científica tem disponibilizado aos alunos
da USP uma experiência única, pois coloca esses jovens universitários da megalópole
paulista em contato com a população de municípios distantes em áreas carentes do
Brasil, com realidades particulares, em geral precárias, e organização política e social
únicas. A vivência alcançada está além de contato com conjuntura social, mas passa
pela reflexão sobre a cidadania.
Ao contrário de dados frios apresentados em salas de aula, da realidade de
indicadores de saúde dos livros e artigos e da teoria da organização do Sistema Único
de Saúde no Brasil, dificilmente abstraídas e vivenciadas diretamente, o aluno é
colocado no âmago da situação e, naquele período, passa a fazer parte dela. Neste
processo ele passa a conviver lado a lado com as condições precárias de vida e de
assistência à saúde em nosso país, e se depara com o desafio de trabalhar em
situações com escassos recursos complementares para auxiliar os diagnósticos e
conhecer a realidade do atendimento em saúde vigente na maior parte dos municípios
brasileiros.
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A realidade hospitalar, por vezes demasiado precária destas regiões, e a
observação das condições reais de vida permitem valorizar a necessidade de uma boa
anamnese e exame clínico, aprendizado que é trazido na bagagem após o retorno da
expedição, resultando em melhor abordagem clínica com redução do apelo
desnecessário a exames complementares. Este trabalho mostra também a necessidade
de cooperação multiprofissional e intersetorial e a importância de outros
instrumentos, entre os quais destacamos a epidemiologia, para a compreensão dos
problemas coletivos de saúde. O aluno começa assim a perceber que há diferença
entre enxergar exclusivamente a saúde individual do paciente à sua frente, e a saúde
populacional, como sistema que tem por objetivo suprir as necessidades de toda a
população dentro dos preceitos constitucionais de igualdade. Consideramos que o
conhecimento destes dois pontos de vista, que não são antagônicos, mas em sua
complementaridade possuem diferenças importantes, é crucial para que eles, futuros
profissionais, possam entender e participar da promoção de saúde tendo em mente
não apenas uma parte desta visão, mas sim a complementaridade dela. O aluno
percebe que é necessário resolver o maior número de casos possíveis com recursos
limitados, o que, apesar de por vezes fugir às condições ideais descritas pelos
trabalhos científicos mais recentes, é uma realidade com a qual irão se deparar logo
após a conclusão do curso, e que, assim como os avanços tecnológicos e científicos, é
preciso primeiro conhecer para então saber como lidar e conviver.
No desejo de melhorias imediatas, os dados epidemiológicos, derivados da
análise das informações coletadas, são uma arma para consubstanciar as propostas de
mudança e sustentabilidade do atendimento local numa perspectiva futura. A
construção associada de um banco de informações permite o acesso a diversos outros
cruzamentos e análises que podem servir para delinear ações, pesquisar necessidades
e avaliar efeitos de determinadas atuações ou mudanças.
Espera-se com isso multiplicar o trabalho científico, epidemiológico e clínico e,
simultaneamente, sensibilizar alunos a considerarem novas questões sobre sua
identidade profissional e de cidadão brasileiro.
A crescente procura dos acadêmicos pela Bandeira Científica mostra que está
no rumo certo, não apenas em termos acadêmicos, mas em termos de sociedade e
cidadania e torna evidente o crescente interesse dos alunos e sua consciência sobre a
importância de se vivenciar a diversidade de realidades do país.
A USP tem funções e obrigações que vão além do ensino e capacitação técnica
de seus alunos como profissionais isolados, devendo aliar a isto a formação de
cidadãos conscientes da realidade do país e da população que arca com esta formação,
para que então possam desenvolver suas atividades profissionais com
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responsabilidade profissional e social, integrando-se a novas realidades e formas de
atuação.
Objetivos
O Projeto Bandeira Científica tem, em sua concepção, atuação em diversos
âmbitos, populacionais e individuais, e para isso desenvolve intervenções na
comunidade que são reestruturadas anualmente para adaptação a cidade visitada,
com os seguintes objetivos: sociais, acadêmicos, assistenciais, científicos, educacionais
e técnico-estruturais. Como objetivos sociais fundamentais, os seguintes:
• Avaliar a estrutura e condições de saúde de uma determinada
população, incluindo áreas urbanas e rurais, respeitando a organização política e social
da região e elaborar um “Diagnóstico de Saúde da População” baseado nos resultados
obtidos através de diversas ferramentas utilizadas durante o projeto que incluem:
informações sobre os atendimentos e questionários específicos, com caracterização
das principais doenças da região e sua correlação com dados epidemiológicos e sociais.
• Disponibilizar um banco de dados de informações sociais,
epidemiológicas e de saúde para posteriores cruzamentos analíticos de questões de
relevância para o município atendido.
• Buscar informações e desenvolver estratégias em áreas do
conhecimento relacionadas direta ou indiretamente à geração e/ou manutenção da
saúde, garantindo desta forma as condições necessárias para o desenvolvimento e
aprimoramento de aspectos gerais de saúde do município.
• Prestar atendimento em saúde nas áreas de medicina, fisioterapia,
nutrição, odontologia e fonoaudiologia em nível primário realizado por acadêmicos
devidamente supervisionados por profissionais da respectiva área.
• Treinar e capacitar agentes de saúde e profissionais da rede de ensino
fundamental e médio em temas básicos de saúde geral e condições de saneamento,
buscando formar multiplicadores que tenham condições de intervir e contribuir
diretamente e em longo prazo para a melhoria das condições de saúde da população.
• Treinar e reciclar médicos em temas relevantes para o sistema básico
de saúde e emergências, participando no aperfeiçoamento destes profissionais,
aprimorando-os para o atendimento local em saúde com melhor qualidade e
abrangência possíveis.
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No que tange aos objetivos acadêmicos do projeto, destacam-se:
• Interação aluno-aluno e aluno-comunidade, colocando o acadêmico
da Universidade de São Paulo em contato com uma realidade diferente daquela
vivenciada diariamente nos estágios em um centro tecnológico e econômico como São
Paulo e um hospital de atenção terciária à saúde como é o Hospital das Clínicas da
FMUSP. Consideramos esta abordagem fundamental na formação de um profissional
atento às nuances de todas as etapas do diagnóstico clínico, especialmente quando há
carência de recursos para exames de média e alta complexidade, evidenciando-se
assim a realidade presente na maior parte dos municípios do país em relação às
condições atenção à saúde, e às possibilidades, dificuldades e limitações encontradas
no sistema.
• Desenvolvimento de protocolos de pesquisa científica levando em
conta as particularidades da região e colocando o acadêmico em contato com o
processo de coleta de dados e materiais em estudos epidemiológicos populacionais.
Considerando a visão e os objetivos gerais do projeto, foram estabelecidos,
para o ano de 2009 em Ivinhema - MS, objetivos específicos em quatro vertentes.
Assim, os objetivos assistenciais incluíram:
• Atendimento de clínica geral em nível primário em áreas urbanas e
rurais, com a possibilidade de avaliação de diversas especialidades, incluindo
Psiquiatria, Dermatologia, Endocrinologia, Fisiatria, Otorrinolaringologia, Ginecologia e
Pediatria, além de atendimento médico pela Medicina de Família (exclusivo ou em
conjunto com as outras especialidades).
• Atendimento domiciliar multidisciplinar a pessoas acamadas e com
dificuldade de acesso ao serviço de saúde, em parceria com a UBS correspondente ao
local de moradia e com o agente comunitário referente.
• Cobertura radiológica com ultra-sonografia para os pacientes
atendidos com indicação para tal.
• Mutirão de atendimento oftalmológico, visando cobrir especialmente
os déficits visuais corrigíveis com lentes, especialmente em crianças e idosos (faixas
etárias de maior risco), além da identificação dos possíveis casos que se beneficiariam
de condutas cirúrgicas para encaminhamento posterior.
• Atendimento nutricional participando efetivamente na orientação de
estratégias nutricionais voltadas à prevenção de comorbidades, doenças ou
otimização de seu tratamento.
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• Atendimento fisioterapêutico desenvolvendo além da avaliação dos
pacientes com seus respectivos diagnósticos, a orientação de exercícios, atividades
posturais e medidas analgésicas, beneficiando o paciente em seu dia-a-dia,
potencializando a recuperação funcional, a reintegração social e conseqüente melhora
da qualidade de vida.
• Avaliação fonoaudiológica com atendimentos individuais e orientações
para os pacientes que receberam próteses dentárias da odontologia para auxiliar na
adaptação funcional e facilitar a atividade de reabilitação dos pacientes. Além disso,
nesse primeiro ano, observar o funcionamento da expedição e procurar possíveis áreas
de inserção do trabalho fonoaudiológico.
• Avaliação das condições de saúde bucal e atendimento odontológico
voltado a crianças do município e confecção de próteses dentárias totais para
pacientes previamente selecionados.
• Desenvolvimento de trabalhos junto à comunidade agrícola da região
incentivando e motivando a participação nas atividades locais bem como a criação de
uma pactuação entre os representantes da comunidade e o poder público, facilitando
assim o desenvolvimento e implantação de estratégias para a região.
Como objetivos científicos para 2009, destacamos resumidamente:
• Elaboração de um “Diagnóstico de Saúde da População” baseado nos
resultados obtidos através de diversas ferramentas utilizadas durante o projeto que
incluem informações sobre os atendimentos e questionários específicos, com
caracterização das principais doenças da região e sua correlação com dados
epidemiológicos e sociais.
• Estudo de prevalência de doenças da tireóide em Ivinhema – MS,
através da coleta de amostras de sangue (avaliando T3, T4 livre e TSH) dos pacientes
adultos atendidos, cujo conhecimento detalhado pode trazer benefícios para a
prevenção e atuação em saúde pública.
• Avaliação do acesso à saúde dos pacientes, como também a duração
de seus sintomas até conseguir atendimento adequado.
• Estudo sobre a correlação entre o nível de atividade física e obesidade
na população de Ivinhema - MS. A faixa etária estudada foi entre 15 e 65 anos,
obtendo-se os dados através de questionário, peso, altura e medida da pressão
arterial.
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• Avaliação do Projeto de Capacitação dos Médicos de Família no
Município de Ivinhema - MS, através da aplicação de um questionário após as
atividades de atualização realizadas pelos profissionais membros do Projeto.
• Estudo sobre a qualidade de vida em idosos (maiores de 65 anos) e
sua relação com o comprometimento cognitivo e a depressão, por meio de um
questionário e avaliação do déficit cognitivo.
• Pesquisa sobre a freqüência de queixas de endometriose nas mulheres
atendidas pelo Projeto Bandeira Científica. Além disso, mensuração da intensidade
desses sintomas, quando presentes, através da escala analógica de dor. Na pesquisa
foram incluídas mulheres que estavam entre a menarca e a menopausa, com ou sem
queixas ginecológicas
Os objetivos educacionais definidos para 2009 foram montados em duas
vertentes: acadêmico e populacional. Estas duas vertentes apresentam grandes pontos
de convergência e sobreposição, o que é considerado salutar para o projeto.
• Orientação e participação da coleta de dados para estudos
epidemiológicos, permitindo que o aluno tenha a consciência da importância da
documentação das informações e achados, e estimulando-os a ter idéias de possíveis
correlações entre as informações usando a prática diária. Esta atividade constitui-se
também num estímulo ao desenvolvimento de raciocínios durante as atividades
profissionais futuras destes acadêmicos, plantando assim a semente da curiosidade e
da busca ativa de informações, mostrando que tão ou mais importante do que adquirir
informação, é gerar conhecimento, a partir dos achados aparentemente simples da
vida diária.
• Treinamento e capacitação de agentes de saúde e profissionais da
Medicina de Família em temas básicos de saúde no nível primário e trabalho da equipe
de família, buscando discutir sobre a atuação dos profissionais no nível primário e sua
importância como uma equipe integrada para a melhoria da saúde e atendimento da
população.
• Atualização e capacitação de médicos em temas relevantes para o
sistema básico de saúde por meio de aulas dinâmicas com os profissionais do Projeto.
• Momentos educativos com populações específicas, como crianças,
pedagogos, agentes comunitários, funcionários de hospitais, membros do artesanato
local, população dos assentamentos e os próprios pacientes atendidos pelo Projeto.
Abordagem simples e prática de temas de saúde, meio-ambiente e comunicação,
desmistificando diversos temas, fornecendo orientações para que, com conhecimento
e informação, decisões conscientes sobre diversos aspectos possam ser tomadas pela
população. Além disso, o projeto busca mostrar a importância de cada cidadão no
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desenvolvimento e melhora das condições de vida de sua comunidade e da sociedade
em geral.
Os objetivos técnico-estruturais definidos para 2009 foram:
• Avaliar a infra-estrutura e gestão de saúde do município,
apresentando possibilidades de estruturação do sistema, pontos principais de carência
e necessidades de melhorias.
• Identificação da rede de atores sociais do município identificando e
caracterizando as lideranças em diversos setores e possibilitando, desta forma, uma
atuação mais direcionada e efetiva na implementação de medidas estruturais e
educativas em saúde.
• Avaliação da infra-estrutura de saneamento do município mapeando
necessidades e prioridades em relação ao abastecimento de água, rede de esgoto,
gestão de resíduos sólidos e drenagem pluvial, além de demandas específicas do local.
Bandeira Científica 2009 – Equipe
Equipe geral
A Bandeira Científica 2009 contou com a participação direta de sua equipe, composta por 234 membros, além de dezenas de funcionários e colaboradores do município. A tabela abaixo (Tabela 01) apresenta a o número de participantes por cada área:
Cursos AcadêmicosProfissionais
formadosMedicina 64 34
Fisioterapia 7 5
Fonoaudiologia 2 1
Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz Agronomia e ciências agrárias 7 -
Escola Politécnica Engenharia ambiental e civil 9 1
Faculdade de Saúde Pública Nutrição 11 5
Faculdade de Odontologia Odontologia 12 7
Instituto de Psicologia Psicologia 8 4
Escola de Comunicação e Artes Jornalismo e audiovisual 6 -
Empresa Medicina Júnior - 3 1
Medicina 14 -
Fisioterapia 4 2
Nutrição 1 -
Odontologia 6 -
Design da UNESP - Bauru Design 11 1
Relações Pública da UNESP - Bauru Relações Públicas 1 -
Grupo Sanofi Aventis - - 5
Participantes
Faculdade de Medicina
Un
idad
es e
corp
ora
ções
ext
erio
res
Un
idad
es e
inst
itu
içõ
es d
a U
SP
Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul - UFMS*
* Parceria com a Universidade Anhanguera-Uniderp
Tabela 01 – Participantes da Bandeira Científica 2009
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Equipe de Coordenação
Supervisão - Prof. Dr. Paulo Hilário N. Saldiva (FM)
Coordenação Geral - Dr. Luiz Fernando Ferraz da Silva (FM)
Coordenadores de Área - Dr. José Antonio Atta (FM)
Prof. Dr. Silvio Burratino Melhado (POLI)
Profa. Dra. Maria Ercilia Araújo (FO)
Profa. Dra. Marly T. Pereira (ESALQ)
Profa. Dra. Ianni R. Scarcelli (IP)
Profa. Dra. Patrícia Jaime (FSP)
Diretoria Acadêmica
Medicina Rodrigo Pamplona Polizio
Barbara de Alencar Novaes
Camila Holanda Sartori
Caroline Maris Takatu Neves de Oliveira
Leticia Oliveira e Silva
Marina Vilela Chagas Ferreira
Priscilla Alessandra Fiorelli
Rafael Bernhart Carra
Renata Franco Pimentel Mendes
Rodolpho Truffa Kleine
Steeven Shu Kai Yeh
Fisioterapia Flávia Rúpolo Berach
Bianca Tomi Rocha Suda
Fernanda Santucci
Fonoaudiologia Caroline Hermóneges Costa
Camila Bolivar Martins Vieira
Nutrição Ariana Ester Fernandes
Priscila Koritar
Odontologia Carina Baptiston Tanaka
Francis H. do N. Tsurumaki
Psicologia Alan Osmo
Escola Politécnica Bruno Martins de Camargo
Rafael Stucchi da Silva
Jornalismo Pedro José Sibahi
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Ilustração 01 – Membros da diretoria da Bandeira Científica 2009
Além disso, o projeto contou com a participação dos Profissionais e Agentes de
Saúde locais, bem como funcionários da secretaria de saúde e dos centros de saúde
dos municípios. Os agentes de saúde, diretamente envolvidos com a saúde de cada
localidade, no centro urbano e nos povoados rurais, ficaram responsáveis pela
organização de listas para consultas, segundo critérios próprios de necessidade,
respeitando a disponibilidade máxima de vagas por especialidade e tipo de
atendimento, definidos pela Bandeira.
Processo de trabalho
As atividades realizadas contaram com a parceria de duas instituições: a
Universidade Estadual de São Paulo localizada em Bauru; e a instituição local de ensino
superior de referência, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
As tarefas foram divididas entre:
• Atividades assistenciais: atendimento médico geral e de
especialidades, atendimento fisioterapêutico, nutricional e odontológico, distribuição
de medicação segundo prescrição médica da equipe da Bandeira e avaliação
epidemiológica de saúde da população;
• Atividades de pesquisa baseadas nos relatórios epidemiológicos,
incluindo temas relacionados à ginecologia e à atividade física. Além disso, outras
pesquisas foram realizadas com questionários específicos, relacionados aos temas de
geriatria, acesso à saúde e capacitação de profissionais. Os exames realizados também
foram usados em pesquisa, como sobre a prevalência de doenças da tireóide.
• Atividades educativas: palestras para discussão de temáticas de
interesse dos agentes comunitários de saúde; capacitação de médicos e profissionais
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de saúde; atividades de educação e estímulo à inclusão digital; ciclo de palestras e
oficinas com a população geral no espaço de recepção das consultas e em
comunidades locais; e palestras e dinâmicas com crianças e jovens do município.
• Atividades técnico-estruturais: avaliação da estrutura da atenção
básica em consonância com o PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde) e o
andamento das atividades do PSF (Programa de Saúde da Família), e avaliação do
processo de gestão em saúde em Ivinhema; mapeamento da rede de atores sociais do
município; avaliação da infra-estrutura e planejamento em saneamento básico da
região; elaboração de projetos de saneamento básico; e estruturação e viabilização de
estratégias para melhorias do processo de agricultura e pecuária familiar em
assentamento selecionado do município.
Durante essa expedição foram realizadas 8591 atividades como descrito
anteriormente, sendo atingidas diretamente 5220 pessoas. Foram atendidos pelas
diversas áreas da saúde 3302 pacientes (Tabela 02) e realizados 2312 exames. As
atividades educativas e técnico-estruturais estão descritas na Tabela 03.
Médico Geral 1725
Odontologia 607
Fisioterapia 458
Nutrição 413
Psicologia 64
Fonoaudiologia 35
TOTAL 3302
Atendimentos
Tabela 02 – Atividades assistenciais em quantidade de atendimentos, dividido por unidades
Palestras/Oficinas 67
Visitas Domiciliares 28
Entrevistas 13
Reuniões com Gestores /
Profissionais da área15
Próteses Dentárias 40
Óculos 610
Outros
Tabela 03 – Outros tipos de atividades realizadas durante a expedição de 2009
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Bandeira Científica 2009 – Cidade
Ivinhema – MS
O Estado escolhido para a realização da Bandeira Científica 2009 foi Mato
Grosso do Sul, localizado na região centro-oeste do Brasil, onde o Projeto nunca havia
visitado. O município selecionado por atender os quesitos de avaliação social e
econômica (IDH), população (segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística [IBGE]), viabilidade acadêmica e técnica foi Ivinhema.
Caracterização do Município
A 282 km de Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, localiza-
se Ivinhema, o município selecionado para receber o Projeto Bandeira Científica em
2009. Com uma área de 2.009,887 km2, o município encontra-se na microrregião de
Iguatemi, no Sudoeste de Mato Grosso do Sul, a 362 metros do nível do mar.
Segundo estimativa do IBGE em 2009, Ivinhema apresenta população estimada
em 21.065 habitantes, sendo 69,71% na área urbana e 30,29% na área rural. Em 2000,
segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, foi atribuído o IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,737 ao município. Além disso, segundo o
IBGE, em 2006, o PIB do município era em torno de R$136.410.400,00 e o PIB per
capita era de R$6.812,35.
Localizada às margens do Rio Ivinhema (cujo significado remete a “Terra há
muito desejada” ou ainda “Terra Prometida”) e entre os Rios Piravevê, ao norte, e
Guiray, ao sul, as terras foram adquiridas pelo paulista Renaldo Massi, em 1957,
impulsionado pela política de integração entre interior e litoral brasileiros durante o
governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961), com o intuito de implantar
uma colônia agrícola e um novo núcleo urbano. Para isso, no mesmo ano, foi
constituída a SOMECO S/A (Sociedade de Melhoramentos e Colonização), que iniciou
os trabalhos de ocupação da área. Projetada pelo urbanista Francisco Prestes Maia em
um sistema de glebas, o município foi criado em 11 de novembro de 1963.
Em 1987, por força da implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária
(PNRA) ao sul do município, nos imóveis desapropriados Horizonte e Escondido, foi
instalado o assentamento Novo Horizonte do Sul. No decorrer do tempo o
assentamento foi se desenvolvendo e em 1992 essa região foi elevada à categoria de
município, mantendo o referido nome. Em meados de 2000, fora desapropriado no
Município, uma área de 2.967,66ha das terras mais produtivas do município (Distrito
de Amandina); referidas terras foram divididas em 100 lotes, com módulos que variam
de 8 a 14 alqueires. O assentamento foi nomeado de "São Sebastião", por estar na
fazenda de mesmo nome.
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Hoje o município, de colonização predominantemente paulista, vive da
economia agropecuária, tendo entre seus principais produtos comercializados, os
laticínios, a fécula de mandioca, o café, a goiaba e o urucum chegando o ser o maior
produtor do estado em alguns desses itens, além de um crescente trabalho em
artesanato local.
Dados populacionais e socioeconômicos
O município tem uma população estimada de 21.065 habitantes. Através da
análise da pirâmide etária nota-se que aproximadamente 31% da população da cidade
possui menos de 20 anos de idade. O município apresenta ainda uma taxa de
crescimento de 1,7% ao ano. Analisando-se a pirâmide populacional da cidade
percebe-se que sua base está diminuindo como conseqüência da aproximação do
número de óbitos e do número de nascimentos em Ivinhema.
Os dados do IBGE de 2000 apontam que:
Quanto ao abastecimento de água:
75,1% é realizado através da rede geral e;
24,1% através de poço ou nascente na propriedade.
Quanto ao esgotamento sanitário:
A fossa rudimentar é utilizada por 96,5% da população;
O restante utiliza rede de esgoto pública, valas, rios ou fossas sépticas.
Quanto à situação do lixo:
23,9% da população queima o lixo no próprio terreno;
66,8% tem seu lixo coletado pela rede pública;
O restante joga ou enterra na propriedade ou em terrenos vazios.
Em 2000, o índice de alfabetização total é de 77,4%, próximo ao da capital do
estado, Campo Grande, que é de 83%. Quando consideramos a população na faixa
etária com 50 anos ou mais, esse índice é de 62,8%. Nesses dados não foi considerado
o analfabetismo funcional.
Infra-estrutura da saúde
Pertencente à regional de saúde de Nova Andradina e à macrorregional de
saúde de Dourados, Ivinhema apresentou em 2009, a cobertura da rede primária de
saúde pelo Programa Saúde na Família, composta por 5 equipes (4 urbanas e 1 rural)
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de 84,3%, com uma média mensal de visitas por família em torno de 0,09. Outros
10,6% da população recebiam cobertura do PACS, Programa de Agentes Comunitários
de Saúde. Neste mesmo ano, o gasto público total de saúde por cada habitante foi de
R$ 338,45, sendo o repasse do SUS de R$259,32 por habitante.
A cidade possui 12 estabelecimentos de saúde públicos, sendo todos esses
municipais, e 17 estabelecimentos de saúde privados, dos quais 13 são consultórios
isolados. A rede pública conta 17 leitos para internação, todos pertencentes ao SUS. O
município oferece exames de radiografia, ultrassom e eletrocardiograma além de
alguns exames laboratoriais bioquímicos.
Em 2006 existiam na cidade dois hospitais gerais, um público e um privado,
conveniado ao SUS e oito médicos fixos na cidade, que atendem pelo SUS, sendo
quatro deles especialistas: um cardiologista, um ortopedista, um cirurgião geral e um
oftalmologista; todos atendendo uma vez por semana.
A mortalidade geral em 2008 foi de 5,3 óbitos por 1000 habitantes, sendo que
as duas maiores causas de morte foram Doenças Cerebrovasculares e Infarto Agudo do
Miocárdio; o primeiro com coeficiente de mortalidade de 94,6 óbitos por 100 mil
habitantes e o segundo com coeficiente de mortalidade de 52 óbitos por 100 mil
habitantes.
O Grupo de Causa que possuía maior mortalidade era o de Doenças do
Aparelho Circulatório (Cap. IX), o segundo de Neoplasias (Cap. II), seguido de Causas
Externas de Morbidade e Mortalidade (Cap. XX). Já a mortalidade infantil era, para o
mesmo ano, de 9,1 óbitos por 1000 nascidos vivos.
Possibilidades de atuação
Considerando as necessidades do município, a Bandeira Científica busca atuar
de forma multiprofissional com atividades nas áreas de infra-estrutura, educação e
saúde que permitem resultados a curto, médio e longo prazo. Esta atuação gera
objetivos específicos bastante definidos, além dos objetivos gerais do projeto
acadêmico, para suprir as principais necessidades e demandas da população e do
município.
Por esta visão de aliar a atuação da Bandeira à necessidade local, serão
desenvolvidas as seguintes ações:
1 – Atendimento nas áreas de medicina, fisioterapia, nutrição,
fonoaudiologia e odontologia, com intenção de atender a demanda local, e gerar as
bases preventivas para melhorias a médio e longo prazo.
![Page 20: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/20.jpg)
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2 – Orientação e auxílio no desenvolvimento de estratégias agrícolas e
ambientais junto à população rural. Identificação conjunta de problemas e elaboração
de soluções através do método Agenda XXI
3 – Elaboração de um plano executivo e de projetos de engenharia na
área de saneamento básico, de forma a minimizar a carência do município nesta área.
4 – Considerando as principais causas de mortalidade, a abordagem
assistencial e educativa possibilita um incremento na capacitação e qualidade do
atendimento em saúde na região.
5 – Com quase um terço da população composta por crianças e
adolescentes, a avaliação e acompanhamento nutricionais são fundamentais para
garantir o crescimento e desenvolvimento da população, além de outras medidas
voltadas para este público como o atendimento odontológico.
6 – Considerando a importância das diversas lideranças e gestores no
processo de construção do município, a identificação das inter-relações permitirá a
melhor abordagem nas diversas áreas, buscando parcerias efetivas entre diversos
setores da sociedade.
7 – Realização de uma documentação da expedição, além de facilitar a
comunicação interna do projeto e deste com a comunidade.
8 – Baseando-se nas necessidades e doenças prevalentes no município,
a elaboração de protocolos de investigação científica poderá contribuir com a geração
de informações e conhecimentos que permitam melhor atuação junto à comunidade.
9- Realizar um diagnóstico do sistema de saúde do município que
permitirá uma visão geral sobre a situação de saúde do município permitindo uma
avaliação dos problemas e das oportunidades de melhoria do serviço de saúde da
cidade.
Bandeira Científica 2009 – Dinâmica de Atuação
A expedição foi realizada entre os dias 12 e 22 de Dezembro de 2009,
totalizando oito dias de atuação direta na comunidade (divididos em dois tempos de
quatro dias), dois dias de viagem e organização da estrutura que seria utilizada e um
dia para integração entre as áreas participantes e entre os membros do Projeto e o
Município, para isso, contou-se com dois eventos sociais, valorizando a produção
artesanal e artística da cidade.
![Page 21: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/21.jpg)
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A cada dia de trabalho direto com a comunidade existiam atividades
concomitantes: postos de saúde (e outras atividades de atendimento multidisciplinar),
atendimento odontológico, atividades educativas, atividades científicas e técnico-
estruturais.
Atividades de Saúde
Postos de Atendimento
(Medicina, Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Psicologia)
Todos os dias de atuação direta eram organizados três locais de atendimento
(exceto no último dia, em que havia dois locais) cedidos pela cidade, que variavam
entre si de acordo com o dia, sendo visitados no total oito locais, sendo cinco da área
urbana e três da rural. O posto de atendimento variou de acordo com o bairro ou
região atendida, em sua maioria eram realizados nas escolas municipais e estaduais.
Todos os pacientes eram identificados de acordo com a UBS de sua referência, cinco
no total, para que todos os dados e prontuário pudessem ser repassados para a
mesma e possibilitar a continuidade do atendimento pelo médico e equipe
responsável.
Para a operacionalização das atividades nesses três locais de atendimento
foram montados três grupos específicos de atendimento, denominados Confuso, Azul
e Cristalino em referência aos rios encontrados na região. Em cada local eram
responsáveis três diretores da medicina e um da fisioterapia para fazer a recepção dos
pacientes e organização do local de atendimento. A cada dia foi emitida uma lista
diferente dos profissionais discutidores e acadêmicos que acompanhariam cada grupo,
possibilitando conhecer os diversos locais e ter contato com diferentes participantes.
Em todas as divisões de acadêmicos, que foram feitas por sorteio, tomamos
cuidados para que cada um dos grupos e suas turmas tenham acesso às diversas
atividades em cada uma das localidades, equilibrando cargas horárias de atendimento
urbano / rural e função no atendimento (epidemiológico, triagem, farmácia). As
divisões dos supervisores são menos eqüitativas já que a prioridade de eqüidade foi
dada aos acadêmicos.
Diariamente nos locais de atendimento era organizado um serviço de recepção
dos pacientes, procedendo-se então a conferência do nome do paciente com as listas
de agendamento prévio. Para todos os pacientes agendados, foram abertas as fichas
de atendimento (geral, pediátrico e/ou ginecológico) e feito o preenchimento do
consentimento informado para utilização dos dados para pesquisa. Foram aplicados
questionários epidemiológicos simples utilizando meios convencionais (fichas
impressas). Os questionários epidemiológicos incluíram perguntas sobre condições
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gerais de vida, histórico de saúde do paciente, aspectos da saúde sexual e reprodutiva,
saneamento, entre outros.
Após o preenchimento dos dados epidemiológicos, o paciente era
encaminhado para uma seção de triagem onde ocorria a aferição da pressão arterial e
a realização, quando necessário, de teste rápido de glicemia, de acordo com a faixa
etária e doenças prévias dos pacientes. Quando a necessidade destes exames não
podia ser identificada no momento do inquérito epidemiológico, eles eram solicitados
durante ou após a consulta geral. Neste momento também eram coletadas amostras
sanguíneas de acordo com a faixa etária para a realização de possíveis exames
diagnósticos (quando necessário) e exames para pesquisa de prevalência de doenças
da tireóide.
Os pacientes seguiam então para a seção de atendimento, que era realizado
pelos acadêmicos. As consultas foram programadas de forma que os acadêmicos
dispusessem de tempo suficiente para manter boa relação médico-paciente,
procurando conseguir o máximo de informações necessárias da anamnese e exame
físico objetivando um diagnóstico clínico fidedigno. O caso era então discutido com um
dos médicos supervisores, de acordo com a especialidade, e a conduta definida de
acordo com o caso.
Após a discussão e definição de conduta para os casos, as receitas médicas
eram aviadas e carimbadas por um dos médicos supervisores e o paciente
encaminhado à farmácia para a retirada do medicamento. Toda a distribuição dos
medicamentos da farmácia era controlada pelos acadêmicos que, nos intervalos de
atendimento, repunham os estoques.
Os pacientes eram então encaminhados para alguma outra atividade específica
de acordo com a necessidade:
• Consultas com especialista (endocrinologista, oftalmologista,
ginecologista, psiquiatra, dermatologista, otorrinolaringologista);
• Coleta de Papanicolaou;
• Atendimento pela Fisioterapia: era realizado o atendimento pelos
acadêmicos de fisioterapia, seguido por discussão com supervisores e orientações
gerais e indicação de exercícios para os pacientes;
• Para os pacientes com distúrbios nutricionais e doenças cujo controle
dietético fazia parte do tratamento, foi feita avaliação nutricional por equipe
especializada seguida de orientações práticas em relação aos alimentos e dietas;
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• Em alguns dias a fonoaudiologia também estava presente no local, e
os casos em que eram necessários, foram encaminhados para esta área;
• A Psicologia ficava em dois postos de atendimento por dia e os
pacientes podiam ser avaliados pelos acadêmicos dessa área, em conjunto com o
profissional;
• Quando era necessária uma avaliação com maior continuidade, com
urgência ou com maior estrutura, os pacientes eram encaminhados para os serviços
locais da cidade ou para os serviços de referência. No encaminhamento para
seguimento médico, adotou-se a hierarquização estabelecida pelo Sistema Único de
Saúde. Assim, em casos simples, passíveis de acompanhamento em nível de atenção
básica em saúde, estes eram feitos ao sistema de saúde local. Casos de média e alta
complexidade foram encaminhados para hospitais secundários e terciários de
referência conforme acordo prévio com a Secretaria Estadual de Saúde;
• Realização de exames adicionais, incluindo ultrassonografia,
eletrocardiograma, entre outros.
Em geral os atendimentos de especialidades foram realizados nos mesmos
locais dos atendimentos gerais, diariamente ou em datas específicas previamente
definidas sobre as quais os pacientes eram informados no momento da consulta. As
exceções foram os exames de ultrassonografia, centrados em áreas distritais ou no
núcleo urbano e os atendimentos oftalmológicos que ficaram de forma fixa na região
central do município devido à dificuldade de transporte e instalação de equipamentos
nos diversos pontos periféricos de atendimento da Bandeira.
Houve grande afluxo de pessoas procurando atendimento em algumas áreas, o
que nos obrigou a organizar um serviço de triagem. As pessoas foram atendidas dentro
da disponibilidade e trocas com vagas remanescentes dos faltosos foram
efetuadas.
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Fluxograma 01 – Fluxograma dos postos de atendimento da Bandeira Científica 2009
![Page 25: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/25.jpg)
25
Na parte da manhã, além dos postos de saúde descritos, também havia visitas
domiciliares multidisciplinares, realizadas de acordo com o agendamento prévio. Eram
realizados cerca de três atendimentos por dia, totalizando 28 atendimentos. As áreas
participantes eram selecionadas de acordo com a demanda dos pacientes que seriam
atendidos. Nesta visita era possível a equipe avaliar, em parceria com o agente
comunitário correspondente, a situação de saúde e em alguns casos de saneamento
(principalmente quando havia participação da engenharia), e de acordo com o caso,
era possível fazer orientação, encaminhamento, receitas médicas e também doação de
materiais se necessário, como bengalas, kits de higiene dentária, e outros.
Os atendimentos oftalmológicos foram realizados nos pacientes que passaram
pelo atendimento geral da Bandeira Científica e que tinham alguma indicação de
avaliação oftalmológica, seja por déficit de acuidade visual ou por suspeita de
comprometimento ocular por doenças sistêmicas, e também para a população entre 7
e 9 anos e acima de 50 anos, sem queixas gerais. Todos os pacientes eram submetidos
a uma triagem de acuidade visual e exame de fundo de olho e os casos selecionados
eram submetidos a exames de refração e lâmpada de fenda, recebendo então uma
cópia da prescrição de lentes que já foram entregues aos pacientes gratuitamente.
Psicologia
O trabalho da Psicologia no Projeto Bandeira Científica parte de alguns
pressupostos, orientadores da nossa prática e das estratégias elegidas na nossa
atuação. Um primeiro objetivo é buscar conhecer a realidade do município a partir da
perspectiva de seus moradores, na tentativa de nos aproximarmos da realidade da
cidade que nos recebe.
É um aspecto do trabalho bastante importante, porque consideramos que a produção
do adoecimento e do sofrimento psíquico não é algo que se refere somente à pessoa
que adoece, mas de processos sociais em que todos nós estamos inseridos. A partir
deste trabalho, temos por objetivo articular as queixas que surgem no plano individual
com o contexto sócio-cultural no qual elas aparecem. Essa tarefa é de fundamental
importância para que as doenças não sejam simplesmente individualizadas e
medicalizadas. Assim, é possível destacar e refletir acerca do papel político e social na
produção do adoecimento em cada contexto.
Além disso, conhecer essa realidade pode ser uma forma de conhecer também as
potências da cidade e desenvolver ações que contribuam na implantação de políticas
públicas locais. Considerar que são os próprios moradores que constituem o dia a dia
do lugar implica que as mudanças a serem implementadas partirão deles e de suas
necessidades e desejos cotidianos.
![Page 26: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/26.jpg)
26
Nessa mesma direção, é que pensamos ser imprescindível, para nossa atuação,
a articulação do nosso trabalho com o dos profissionais da cidade. Em primeiro lugar,
como o Projeto atua durante apenas dez dias na cidade, é fundamental que, depois de
todo o trabalho desenvolvido por nossa equipe, possibilite-se alguma continuidade.
Consideramos, ainda, de extrema importância tal articulação, porque entrar em
contato com a realidade da cidade é também entrar em contato com a rede de
assistência já existente ali, com os profissionais que nela atuam. É na atuação em
conjunto que podemos aprimorar o entendimento das questões levantadas pela
cidade e pensar em possíveis soluções.
Por fim, se entendemos por saúde a capacidade do sujeito, na sua
complexidade, de enfrentar as adversidades físicas, psíquicas e sociais e como um
processo contínuo em que todos os aspectos da sua vida têm importância, temos
também por objetivo participar de forma interdisciplinar dos atendimentos realizados
pela Bandeira Científica. Com esta forma de trabalho, acreditamos que é possível
compreender melhor e de uma forma mais ampla os adoecimentos/sofrimentos do
sujeito. Além disso, o trabalho interdisciplinar proporciona a nós, estudantes, a
experiência, praticamente única na nossa formação, de pensar em conjunto com as
demais áreas de conhecimento.
Fonoaudiologia
A atuação em Fonoaudiologia no projeto Bandeira Científica contou, neste
primeiro ano, com a participação de duas graduandas e uma discutidora.
Primeiramente foi feito um plano para traçar o perfil dos atendimentos
fonoaudiológicos de acordo com a demanda da cidade, ou seja, dados levantados
junto com as secretárias da educação e da saúde de Ivinhema, fonoaudiólogas da
cidade e diretoras da creche antes e durante a expedição. Feito isso, foram levantados
temas interessantes para a cidade e importantes a serem abordados com o público-
alvo para discussões a respeito de diversas áreas competentes à Fonoaudiologia,
como: Voz, Audição, Linguagem, Hábitos Orais, Desenvolvimento Infantil
Neuropsicomotor, entre outros.
Foram realizadas atividades de promoção e educação em saúde, triagem
miofuncional orofacial, orientações e adaptação de próteses dentárias totais,
atendimento fonoaudiológico nos postos de atendimento, além da percepção das
demandas fonoaudiológicas da cidade.
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Atendimento Odontológico
Equipe de Voluntários
Figura 01 - Equipe de Odontologia formada por Diretores(camiseta verde), Alunos (camiseta branca) e
Discutidores (camiseta azul) da FOUSP e UFMS, juntamente com a Fonoaudiologia.
Na expedição foram priorizadas ações voltadas para Educação e Saúde,
motivação em higiene oral e prevenção de doenças bucais. Avaliou-se a eficácia dos
programas de promoção de saúde bucal, objetivando a melhora do quadro de saúde-
doença dessa população a médio e longo prazo; projetaram-se programas de atenção
em saúde bucal em conjunto com as lideranças locais envolvidas, para buscar a
incorporação de recursos adequados à realidade local. Transcendeu não apenas o
âmbito da odontologia, mas o próprio sistema de saúde, avaliando saneamento básico,
educação, alimentação, emprego e lazer com as equipes das outras unidades do
projeto, com a população e com as autoridades do município. Identificaram-se os
segmentos populacionais que apresentam maiores riscos, as causas específicas de
adoecimento, priorizando a atuação em regiões com desequilíbrio entre a demanda e
a oferta de serviços de assistência odontológica. Elaboraram-se estratégias educativas
para a formação e capacitação de multiplicadores em relação à prevenção de algumas
doenças bucais.
Durante a expedição em dezembro, o programa foi dividido em seis Frentes:
![Page 28: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/28.jpg)
28
Educação e motivação em saúde bucal
Esta frente de trabalho foi executada usando como local de atendimento as
escolas públicas, nesta frente de trabalho os pacientes passaram pelas palestras
educativas, evidenciação de placa, higienização supervisionada, exame clínico e
aplicação tópica de flúor como preconizado e lecionado na disciplina de saúde coletiva
da FOUSP.
Figura 02 (acima) e Figura 03 (abaixo) - Palestra educativa em saúde bucal e escovação
supervisionada.
Adequação de meio bucal
A adequação de meio é realizado através
da remoção de tecido cariado infectado e
posterior restauração com material restaurador
provisório utilizando a técnica de ART, além de
selamento de fóssulas e fissuras em molares
permanentes. Foram realizadas exodontias de
emergência de raízes residuais de dentes
decíduos.
![Page 29: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/29.jpg)
29
Figura 04 - Graduandos realizando adequação do meio, encarando dificuldades devido a precariedade
de infra-estrutura
Confecção de próteses totais
O atendimento dos pacientes com necessidade de próteses totais foi feito
todos os dias, onde foram usados os consultórios lá presentes, e onde foi montado um
laboratório de prótese para a realização das atividades laboratoriais.
Figura 05 - Alunos confeccionando próteses totais com a supervisão de pós-graduandos.
![Page 30: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/30.jpg)
30
Cirurgias
Pacientes com dentes condenados ou raízes residuais são atendidos, quando
possível, fazendo a seleção de casos mais adequados que se enquadrem na proposta
do projeto. Os casos têm pertinência pedagógica aos alunos e, de acordo com a
necessidade do paciente, eles eram remarcados para as respectivas extrações dos
elementos dentários.
Primeiramente é realizada a triagem, avaliando-se a condição de saúde bucal e
geral do paciente, e faze-se a seleção de casos mais adequados que se enquadrem na
proposta do projeto.
Palestras de capacitação dos Agentes Comunitários, professores, pais e responsáveis.
É fundamental salientar a importância dos Agentes Comunitários de Saúde
(ACS), principalmente, neste caso, em especial, pois serão multiplicadores,
observadores e realmente atuantes no processo em busca de saúde bucal.
A proposta da capacitação de ACS é disseminar dentro da comunidade, escolas
ou instituições informações básicas, porém preciosas e necessárias, sobre saúde e
higiene oral. Isso permitirá avaliar o impacto de nossas ações dentro da comunidade,
sabendo se houve sucesso na instauração de hábitos saudáveis de higiene e cuidados
com a saúde bucal, mesmo à distância.
Visitas Domiciliares
Avaliação odontológica realizada na residência de pessoas acamadas, ou com
dificuldade de locomoção. Ocorrem discussões interdisciplinares de casos clínicos e
orientação de higiene bucal para a família e/ou cuidador, quando houver paciente
fisicamente dependente.
Figura 06 - Visita Domiciliar na área rural de Ivinhema-MS
![Page 31: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/31.jpg)
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População e grupo etário atendidos
As crianças matriculadas nas escolas da zona urbana e rural de Ivinhema – MS,
crianças entre cinco e doze anos.
Agentes Comunitários de Saúde, dentistas das escolas e postos, professores das
escolas primárias, diretores de escola, pais e responsáveis e pacientes com
necessidade de uso de prótese total.
Interdisciplinaridade e Multidisciplinaridade
A grande essência do projeto é a oportunidade de proporcionar aos alunos
experiências interdisciplinares e multiprofissionais. Atualmente os alunos da
odontologia atuam juntamente com a Faculdade de Nutrição nas ações voltadas para
educação e saúde bucal. São realizadas atividades de educação nutricional para
crianças a fim de incentivar e mostrar a importância de uma alimentação balanceada e
diversificada, interligando a boa alimentação com a saúde bucal.
Interagimos ainda com o curso de Fisioterapia, este ofereceu dicas e exercícios
de ergonomia para amenizar os desconfortos provenientes dos atendimentos com
pouca infra-estrutura. Além disso, através de uma conversa entre as áreas, sobre a
precariedade de recurso para o atendimento e mau posicionamento dos alunos, foram
confeccionadas, por parte da fisioterapia, pequenas almofadas que propiciaram
durante o atendimento melhor posicionamento do atendente e maior conforto ao
paciente.
Uma nova parceria com a Faculdade de Fonoaudiologia foi estabelecida nessa
expedição de 2009. A Fonoaudiologia atuou junto à odontologia com todos os
pacientes que receberam as novas próteses dentárias realizando avaliação da
motricidade orofacial, a partir dos parâmetros observados, orientações pontuais foram
feitas visando uma adaptação mais favorável à nova prótese, levando-se em conta
principalmente às funções alimentares (mastigação e deglutição) e a função
articulatória (fala).
A equipe também contou com a participação de seis alunos da UFMS, que
ficaram sob a supervisão da Profa. Dra. Inês Aparecida Buscariolo, atuando nas
atividades de educação e motivação em saúde bucal.
![Page 32: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/32.jpg)
32
Figura 07 - Equipe da Nutrição e Odontologia trabalhando juntas na parte educacional com as
crianças, através de uma atividade lúdica com a formação dos grupos da pirâmide utilizando materiais
recicláveis.
Atividades Técnico-estruturais
Engenharia
A engenharia participou do Projeto Bandeira Científica com as áreas civil e
ambiental. As atividades foram divididas em dois tempos, tendo uma primeira
expedição somente com os membros da Escola Politécnica e uma segunda expedição,
realizada em conjunto com as outras áreas, na qual a equipe conseguiu cumprir boa
parte do cronograma estabelecido para a mesma. Infelizmente, algumas palestras e
dinâmicas foram canceladas por falta de público, pois a divulgação foi bastante difícil.
Primeira Expedição
A primeira expedição para Ivinhema deu-se no período de 05/09/2009 a
08/09/2009 com os objetivos de verificar as condições de infraestrutura do município
e colher dados para a elaboração dos projetos e relatórios a serem entregues para a
prefeitura da cidade. A ideia basicamente foi mapear os problemas característicos do
local no que se refere ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de
resíduos sólidos e drenagem urbana, além de outros relacionados a temas específicos
do município.
![Page 33: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/33.jpg)
33
As atividades desenvolvidas durante este período são resumidas na tabela a
seguir.
Data Manhã Tarde Noite
4/9/2009 Saída de São Paulo
Reunião com prefeito Drenagem urbana
Água e esgoto
Resíduos sólidos
Reunião interna Visita à Escola AgrícolaSaída de Ivinhema de parcela
dos integrantes
Visita à voçoroca
Visita à Escola José do Patrocínio
Visita à área rural
Coleta de amostras de solo
Visita ao zoológico
Saída de Ivinhema dos
restantes dos participantes
Visita ao assentamento São
Sebastião7/9/2009
5/9/2009
6/9/2009
Visita às nascentes
Tour pela cidadeHospital público municipal
Tabela 04 - Resumo das atividades da primeira expedição.
Segunda Expedição
A atuação durante a expedição de dezembro teve como foco a realização de
atividades educativas sobre os temas de higiene sanitária e de conscientização
ambiental. A descrição delas consta em capítulo subseqüente.
O cronograma desenvolvido durante este período pela equipe de engenharia
pode ser visualizado na tabela seguinte:
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34
Período
13/dez 14/dez 15/dez 16/dez 17/dez 18/dez 19/dez 20/dez 21/dez 22/dez
domingo segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-
feira sexta-feira sábado domingo segunda-feira terça-feira
Man
hã
Ampgov - finalizar detalhes
da palestra (Stucchi, Bruno e
Renato)
-
Atividade com crianças - Todos
CARCA - Todos
Social
CARCA (filme Ilha das Flores e compostagem) -
Stucchi, Bel, Bruno Fukasawa
e Renato
Quality - Bruno e Renato
Volta para SP
VD (Bruno Fukasawa e Guilherme)
ACS - Todos
Construção Composteira
CARCA - Stucchi, Diego e André
Workshop - 7:30
AMPGOV (compostagem e desinfecção de água) - 9:00 - Bruno e Diego
Assentamento (Tecnologias
sustentáveis e sustentabilidade de áreas rurais) -
Elcio, Caçula e André
- -
Coleta de amostras de
água - Bruno e Diego - 10:30
Tecnologias de saneameto -
funcionários da prefeitura e SANESUL -
Bruno e Mila
VD - Elcio e Mila Artesanato -
Stucchi, Mila e Bel
- - - - VD - André e
Renato
CARCA - Expansão -
Stucchi, André, Renato e Elcio
-
Almoço
Tard
e
- -
Atividade com crianças 14:00 às 15:30 - Renato, Stucchi, Bruno e Bruno Fukasawa
CARCA – Bruno Fukasawa,
Stucchi, Renato e Guilherme
Social -
Preparação da palestra de artesanato -
Stucchi, Fukasawa e
Diego
Busca de material para o assento da VD - Renato e Elcio
Workshop (13:00) - Bruno, Stucchi, Renato,
-
![Page 35: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/35.jpg)
35
Assentamento (Desinfecção de água) - 16:30 a 18:30 - Todos
Assentamento (tratamento de esgoto e gestão
de resíduos sólidos) - 16:30 a
18:30 - Todos
Assentamento (legislação
ambiental e conscientização
ambiental) - 16:30 a 18:30 -
Renato, Stucchi, Bruno e Bruno
Fukasawa
Coleta de amostras de
água - Bruno e Diego
Desinfecção de água -
conselheiros - Mila e Bruno
Fukasawa
Construção da composteira
Ampgov - Renato, André e
Elcio
Visita ao zoológico -
Caçula, Mila e Bruno
-
- -
Gestão de Resíduos de Serviços de
Saúde (UBS e Hospital) - 18:00 às 19:30 - Diego
e Guilherme
Gestão de Resíduos de Serviços de
Saúde (UBS e Hospital) - 15:30 às 17:00- Diego
e Bruno
Professores - Bel, André e
Bruno
Procurar local para construção
da ETE - Bel e Bruno
Biodigestor - escola agrícola -
Diego e Bel -
- - - - - - - -
- - - - - - -
Trajeto do circular e
estrutura para VD - Bel, André e Bruno Fukasawa
-
No
ite
- - - - Social
- - Construção do assento para a
VD Social -
- - - - - - - - -
![Page 36: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/36.jpg)
36
Medicina Júnior
Gestão e Administração
Este é um trabalho conjunto para a realização do Diagnóstico do Sistema de
Saúde, como parte do Projeto Bandeira Científica da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP).
Esta parte do Projeto conta com a participação de três integrantes da Empresa
Medicina Júnior (Empresa Júnior dos alunos da FMUSP) e de um discutidor do
Programa de Residência Médica de Administração em Saúde do Programa de Estudos
Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas (PROAHSA).
A Proposta do Projeto da Bandeira Científica no tocante ao grupo de
Administração/Gestão estabeleceu diversas formas de se obter informações sobre
todo o Sistema de Saúde do Município.
O trabalho desenvolvido não tem a intenção de ditar os rumos e estratégias
que devem ser tomadas pelos níveis mais altos da gestão da Saúde no Município de
Ivinhema, tem sim a proposta de apresentar formas diferentes de se analisar todo o
Sistema e diagnosticar oportunidades de crescimento e desenvolvimento daquele.
Importante notar que as informações constantes foram obtidas de sites virtuais
de entidades públicas responsáveis pela difusão das informações em Saúde, podendo
ser sempre atualizadas para possíveis análises e tomadas de decisão.
Outro aspecto importante do trabalho como um todo é a difusão das
informações, através do Relatório Final, para todos os representantes de entidades
ligadas à Saúde Pública de Ivinhema.
Objetivos
Objetivos gerais:
Realização de um diagnóstico do Sistema de Saúde do Município;
Procurar reconhecer as principais dificuldades enfrentadas pelos
gestores de saúde do Município, objetivando a capacitação profissional
e formação de multiplicadores;
Proporcionar benefícios para o sistema de saúde global do Município,
com vantagens para os usuários e para os gestores, através de uma
minuciosa interpretação e análise de dados coletados.
![Page 37: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/37.jpg)
37
Objetivos específicos:
Incentivar e fomentar a cultura avaliativa nas instituições de saúde do
município;
Conhecer e levantar as principais dificuldades enfrentadas pelos
gestores na gestão da saúde do local;
Aferir a satisfação dos usuários;
Realizar comparações com outros municípios brasileiros;
Realizar capacitação profissional e formação de multiplicadores;
Identificar oportunidades de melhoria e apresentar propostas de
atuação, através da elaboração de um relatório que possa servir como
apoio à gestão.
Design
O “Laboratório de Design Solidário” (LabSol) é um Projeto de Extensão
Universitária do Departamento de Design da FAAC, UNESP Bauru, que tem como sua
proposta central a promoção de ações conjuntas entre o design, o patrimônio cultural
do artesanato e o conceito de Ecodesign, preocupando-se com a qualificação do
produto artesanal tradicional e sua inserção no mercado. Já com três anos de atuação,
o projeto é composto atualmente por onze alunos do curso de Design e um do curso
de Relações Públicas desta mesma universidade, sob a coordenação do professor
doutor Cláudio Roberto y Goya.
Como laboratório didático, a práxis tem propiciado aos alunos do curso de
Design a oportunidade da aplicação de seus conhecimentos a serviço de uma
sociedade mais solidária e democrática. Isso ocorre, uma vez que, as atividades do
LabSol se preocupam com a qualificação do produto, sua inserção no mercado, sua
possibilidade de geração de trabalho e renda e integração social de comunidades
carentes, sem perder o foco da preservação e conscientização ambiental, através da
preferência pela uso de materiais naturais ou biodegradáveis e processos produtivos
que não agridam o meio ambiente, tanto pela metodologia e técnicas de produção,
quanto pela preocupação com a reciclagem e reaproveitamento dos resíduos. O LabSol
apóia-se num tripé constituído pelos conceitos da Economia Solidária, Ecodesign e
Sustentabilidade.
No ano de 2009 o Laboratório foi convidado a participar do Projeto Bandeira
Científica da Faculdade de Medicina da USP no intuito de auxiliar as comunidades que
desenvolvem trabalhos relacionados ao artesanato no município de Ivinhema, Mato
![Page 38: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/38.jpg)
38
Grosso do Sul, cidade escolhida para receber a visita da Bandeira em dezembro de
2009.
Comunicação
A comunicação participou da Bandeira Científica com os cursos de Jornalismo
(quatro alunos) e Audiovisual (dois alunos), buscando atuar em quatro frentes. A
principal frente foi a comunicação institucional, que consistiu na produção de um mini
documentário, uma série de cinco programas de rádio, atualização do blog da Bandeira
Científica durante a expedição e produção de revista institucional do projeto. Na área
de educação, os participantes buscaram realizar oficinas com jovens da cidade,
trabalhando o jornal mural, e foi realizado um debate com profissionais de mídia locais
sobre as questões referentes à atuação do profissional e da empresa de comunicação.
Na terceira área, a assessoria de imprensa, o foco seria a divulgação do projeto e de
pautas ligadas direta ou indiretamente à expedição, tanto para veículo de circulação
local na região visitada, quanto para mídias de abrangência nacional. Por fim, os
participantes buscaram realizar matérias sobre temas ligados ou não à Bandeira
Científica, com o objetivo de publicá-las posteriormente em veículos do local visitados
ou mídias da cidade de são Paulo.
ESALQ
O principal objetivo do grupo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” era auxiliar a comunidade a tentar desenvolver soluções para os principais
problemas vividos pelo Assentamento Rural São Sebastião, tendo como base a
organização, através de um planejamento estratégico que fosse criado junto com eles
e os integrasse nas atividades de maneira que as responsabilidades fossem divididas e
que, enfim, pudessem desfrutar das conquistas que fizessem em suas vidas.
Sobre o Assentamento
O Assentamento São Sebastião foi fundado em 2000 e hoje conta com um
pouco mais de 120 famílias residindo na área, em lotes de aproximadamente 25
hectares, sendo que a maioria reside em casas de alvenaria. Dentre as famílias,
existem 100 crianças (entre 03 e 09 anos) e 100 jovens (entre 09 e 18 anos).
O núcleo do assentamento é composto por uma sede, um ambulatório
(principalmente usada para a realização de medida a pressão arterial dos moradores),
uma escolinha para crianças de até quatro anos (os demais estudantes, entre 60 e 70
jovens, vão para Amandina em uma escola localizada a 40 km do local), um campo de
futebol e um Centro de Educação e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente
(CEDECA), o qual atualmente encontra-se desativado.
![Page 39: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/39.jpg)
39
As principais atividades produtivas são baseadas no cultivo de mandioca e
produção de gado leiteiro. O leite produzido é vendido para três laticínios próximos à
região: Cristo Rei, União e Copavil. Como atividade alternativa, um grupo de mães se
reúne na sede para trabalhar com artesanato e culinária no local (merenda para a
escolinha).
São Sebastião possui uma infra-estrutura precária no abastecimento de água,
de energia e saneamento básico, e deficiência nas vias de acesso à área urbana. A
coleta da água é feita em poços “caipiras”, com profundidade entre 20 e 25 metros,
que secam todo ano, nos períodos de estiagem. A construção destes poços é feita
ilicitamente pelos próprios moradores. A energia elétrica por sua vez, chega às casas,
mas não funciona eficientemente em dias de chuva. O direcionamento de resíduos
sólidos é feito em fossas rudimentares, queimado ou enterrado.
Havia necessidade de organização local, assim, o Projeto desenvolveu a Agenda
XXI. Este método, assim como o planejamento estratégico empresarial, visa identificar
pontos fortes e fracos da comunidade, para com a participação desta, definir metas e
ações visando à melhoria da qualidade de vida.
Atividades Educativas
Dentro das atividades educativas tiveram três tipos de organização: atividades
educativas preparadas e executadas por acadêmicos para a população geral e
específica, atividades de capacitação realizadas por profissionais para os médicos
locais e atividades de discussão em grupo com a equipe das Unidades Básicas de Saúde
realizadas por profissionais.
As atividades realizadas por acadêmicos foram estruturadas de forma simples e
objetiva, com o auxílio, na maioria das vezes, de recursos interativos e ilustrativos.
Algumas eram apresentadas em parceria com outras áreas, possibilitando uma
abordagem mais ampla e completa. As atividades com os profissionais e equipe de
saúde foram realizadas principalmente na forma de apresentação e discussão de casos
e situações.
As áreas que tiveram atividades educativas foram: medicina, engenharia,
fisioterapia, fonoaudiologia, empresa Medicina Júnior, comunicação, nutrição,
agronomia e odontologia. O público-alvo variava de acordo com o assunto da atividade
e dos objetivos propostos.
Pesquisas Científicas
Foram programados projetos de pesquisa para estudar aspectos
epidemiológicos gerais comparativos entre as regiões atendidas, pesquisas
populacionais específicas nos assuntos de geriatria, ginecologia, capacitação,
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40
endocrinologia, atividade física, acesso à saúde e sexualidade. Os projetos foram
submetidos às Comissões de Ética dos hospitais e instituições envolvidas. Os
voluntários convidados a participar das pesquisas, preencheram o termo de
consentimento livre e esclarecido e o questionário para formação de banco de dados
para análise futura. Todos os envolvidos que ainda não receberam, receberão os
resultados dos exames realizados bem como o devido acompanhamento médico.
Participaram como colaboradores médicos e acadêmicos de medicina da USP.
Análise Estatística
Para a análise completa dos dados apresentados no relatório final, todos os
dados das fichas epidemiológicas e de atendimento, além dos questionamentos
adicionais dos protocolos de pesquisa foram digitalizados, tabulados e submetidos à
análise descritiva e estatística, utilizando-se o software SPSS© for Windows versão
13.0 da SPSS Incorporation©.
As análises descritivas foram feitas através das freqüências absolutas e
percentuais e representadas graficamente através de histogramas, gráficos de barras e
gráficos setoriais tipo “pizza”. Todos os valores foram corrigidos de acordo com as
áreas de atendimento.
As análises estatísticas para dados qualitativos foram feitas utilizando-se o teste
não paramétrico do “Chi-quadrado”, assumindo o valor de referência para a
significância estatística em 5% (p<0,05). As análises estatísticas para dados
quantitativos, utilizando-se o teste “T de student” ou análises de variância “ANOVA”
quando os dados possuíam distribuição normal. Quando o teste de Kolmogorov-
Smirnov mostrou distribuição dos dados diferentes da normalidade, foram então
utilizados os testes não-paramétricos de Mann-Whitney e Kruskall-Wallis. Análises
adicionais de regressão logística binária e multinomial e outras análises multivariadas
também foram aplicadas para avaliar o impacto de fatores individuais sobre
determinadas doenças, condições e “end points” de interesse científico.
O número de casos utilizados em cada análise variou, já que foram
desconsiderados na análise estatística os dados preenchidos de forma incorreta ou
incompleta. Para cada variável de análise, os valores foram mostrados como dados
absolutos e percentuais do total de casos válidos naquela análise.
Dentre os principais motivos para perda de dados destacam-se: 1) dificuldade
para organização das atividades de recepção, já que havia pressão intensa dos não
agendados; 2) falhas de preenchimento ou de clareza nas informações das fichas.
![Page 41: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/41.jpg)
41
Bandeira Científica 2009 – Resultados
Resultados Gerais
O resumo dos dados gerais obtidos na Bandeira Científica de 2009 pode ser
analisado na tabela (Tabela 05) abaixo.
Resumo de Resultados
Pessoas Atendidas - Atividades Assistenciais 3802
Pessoas Atendidas - Total do Projeto 5220
Número Total de Atividades 8695
Número Total de Atendimentos 5615
Número Total de Exames 2312 Tabela 05 – Resumo das atividades realizadas no Projeto Bandeira Científica 2009
Foram 8695 atividades e 3802 pacientes atendidos, sendo 5220 pessoas
atendidas em diversas atividades. A diferença entre o número de pacientes e o
número de atividades é explicada pelo fato de que alguns pacientes passaram por mais
de um atendimento/ atividade, por exemplo, atendimento geral e fisioterapêutico, ou
atendimento geral e oftalmológico.
Os resultados divididos por tipo de atividades podem ser avaliados na tabela
abaixo (Tabela 06).
ATENDIMENTOS EXAMES
Atendimento Médico Geral 1725 Glicemia de ponta de dedo 1423
Ginecologia 185 Amostra de Sangue 725
Pediatria 422 Exames citológicos 68
Fisiatria 95 Exames anatomo-patológicos 9
Dermatologia 301 Ultrassonografias 52
Psiquiatria 98 Eletrocardiogramas 35
Oftalmologia 1108 Total de Exames 2312
Fisioterapia 512 Palestras/Oficinas 67
Nutrição 502 Entrevistas 13
Psicologia 25 Reuniões com gestores / Profissionais da área 15
Odontologia 607 Próteses dentárias 40
Fonoaudiologia 35 Óculos 610
Total de Atendimentos 5615 Coleta de materiais 23 Tabela 06 – Resultados divididos por tipo de atividade realizada no Projeto Bandeira Científica 2009
Os atendimentos gerais corresponderam às consultas de clínica geral e
avaliação geral dos pacientes que podiam então ser encaminhados para atendimento
de especialidades. Em alguns casos, especialmente em ginecologia e pediatria, os
![Page 42: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/42.jpg)
42
pacientes eram encaminhados diretamente para este atendimento (através da
discussão do caso com o ginecologista ou pediatra).
Dos 1108 atendimentos oftalmológicos, 607 tiveram problemas corrigíveis com
lentes que foram prescritas no local e já foram doados para a população em abril de
2010.
Dentre as 8695 atividades, 2312 foram exames realizados, entre eles, citologias
cérvico-vaginais, ultra-sonografias (cujos laudos foram entregues aos pacientes na
ocasião do exame) e eletrocardiogramas (que eram analisados localmente pelos
médicos discutidores, a seguir enviados para o serviço de eletrocardiografia do
Instituto do Coração via Internet, onde foram laudados e enviados de volta para
distribuição para os pacientes).
Perfil Epidemiológico
Origem
Analisando as características da população da cidade de Ivinhema, observa-se
grande número de pacientes oriundos de outras regiões do país (55,87%). Isso pode
ser explicado em parte, pelo tipo de ocupação da cidade, que foi tardia, durante a
década de 60, e programada por um paulista, Reynaldo Massi. Tal fato fica evidente ao
observarmos o gráfico 01, que mostra a procedência dos pacientes atendidos pelo
Projeto Bandeira Científica 2009. A maior porcentagem diz respeito às pessoas
nascidas em Ivinhema (33,47%), seguido pelas pessoas nascidas no Sudeste (25,01%) e,
em terceiro lugar, contando ainda com uma porcentagem significativa, a região
Centro-oeste (15,78%).
![Page 43: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/43.jpg)
43
Gráfico 01 – Origem dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009
Além disso, analisou-se a média do tempo em que os pacientes atendidos
residiam em Ivinhema, e constatou-se que era 24,08 anos (gráfico 2). Além disso, foi
possível observar também que muitos deles, por volta de 350, acabaram de se mudar
ou residem em outra cidade e vieram em busca de atendimento.
Gráfico 02 – Média do tempo em que os pacientes atendidos residiam em Ivinhema
Ainda sobre os pacientes residentes em Ivinhema, apenas 221 (7,49%)
gostariam de deixar a cidade, sendo a maioria devido a problemas de emprego
(42,86%) ou problemas pessoais (35,91%). Dados apresentados nos gráficos 03 e 04.
![Page 44: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/44.jpg)
44
Gráfico 03 – Quer deixar Ivinhema? – Resposta dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009
Gráfico 04 – Porque gostaria de deixar Ivinhema? – Resposta dos pacientes atendidos na Bandeira
Científica 2009
Analisamos também quantas pessoas habitavam a casa do paciente e
observamos uma média de 3,55 (mínimo 1 e máximo 15), conforme o gráfico 05. Este
número compreendeu majoritariamente entre 2 e 4, o que fala a favor de uma família
possivelmente mais bem estruturada, já que uma residência com muitos habitantes
pode estar relacionada com vários problemas como: falta de higiene, de alimentos, de
água tratada, de privacidade, etc.
![Page 45: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/45.jpg)
45
Gráfico 05 – Quantas pessoas residem na casa do paciente atendido na Bandeira Científica 2009
Registro Civil
Em relação ao número de pacientes com registro civil, 91,15% (2.689) da
população afirmou possuí-lo, enquanto 8,85% (261) negaram (gráfico 06).
Gráfico 06 – Registro civil dos pacientes atendidos na Banderia Científica 2009
![Page 46: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/46.jpg)
46
Faixa Etária
A maior parte dos pacientes atendidos concentrava-se nos grupos de faixa
etária, entre 18 e 62 anos (adultos e adultos jovens), seguidos pelas crianças menores
de 10 anos (gráfico 08). O menor número absoluto de pacientes atendidos nos grupos
dos adolescentes e idosos deve-se, provavelmente, às condições de saúde mais
estáveis do primeiro grupo e à distribuição etária da população, com proporção menor
de indivíduos maiores de 65 anos.
Gráfico 08– Pacientes atendidos segundo a faixa etária
Sexo
A distribuição de atendimentos entre homens e mulheres (Gráfico 09) mostrou
que há um número maior de indivíduos do sexo feminino atendidos. Essa
superioridade não é tão grande quanto em alguns eventos anteriores da Bandeira
Científica (em 2005, por exemplo, a proporção foi de 2,5 mulheres para cada homem
atendido).
![Page 47: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/47.jpg)
47
Gráfico 09 – Distribuição dos pacientes atendidos na BC-2009 segundo o sexo.
Essa informação pode ser mais bem interpretada em conjunto com o Gráfico
10, que mostra que uma parte significativa dos homens atendidos (35,61%) eram
menores de 20 anos e a maioria das mulheres (64,39%) tinha entre 20 e 62 anos. Isto
pode ser explicado devido ao fato de que as mulheres, durante a fase adulta e adulta
jovem (fase sexualmente ativa) procuram mais o médico, especialmente devido à
presença de afecções ginecológicas e às rotinas de prevenção de doenças,
incrementando o percentual de pacientes nesta faixa etária. O fato de em geral serem
as mulheres as responsáveis pelo cuidado constante dos filhos, inclusive a visita ao
médico, favorece o incremento do número de crianças, semelhante em termos
absolutos entre os sexos, mas que acabam tendo maior participação percentual entre
os homens.
![Page 48: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/48.jpg)
48
GRÁFICO 10 – Correlação dos pacientes atendidos segundo a faixa etária e sexo.
Estado Civil
O estado civil da população de Ivinhema que foi atendida pelo Projeto (Gráfico
11) mostrou que 58,4% da população vivem com algum companheiro (casado ou
amasiado) e que há 28,82% de solteiros. Essa porcentagem já foi bem maior em
algumas expedições anteriores, como a de 2006, por exemplo, com 35,28% de
solteiros. A porcentagem em Ivinhema, no entanto, é mais consonante com as médias
históricas da Bandeira.
![Page 49: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/49.jpg)
49
GRÁFICO 11– Estado civil dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009.
Etnia
O Gráfico 12 refere-se à cor dos pacientes atendidos pela Bandeira em 2009.
Conforme podemos observar, cerca de metade dos pacientes, quando questionadas
durante o inquérito epidemiológico, se consideram brancos. Os que se consideram
pardos ou mulatos foram 39,8% e 7,63% se consideram negros.
GRÁFICO 12– Cor dos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.
![Page 50: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/50.jpg)
50
Religião
Já quando questionados sobre a religião, os seguintes dados foram obtidos:
79,76% são católicos, seguidos de 16,10% de evangélicos e 3,17% não têm religião
GRÁFICO 13 – Distribuição dos pacientes atendidos na BC 2009, segundo a religião.
Renda
A avaliação sobre a situação socioeconômica demonstra que 64,98% das
pessoas entrevistadas tinham emprego e praticamente todas estas contribuíam com a
renda da casa. A maioria dos pacientes atendidos, 61,95%, tem o salário entre 0,5 e 2
salários mínimos (gráfico 14), sendo que do total de pacientes 22,66% tem a fonte de
renda proveniente de ajuda governamental (gráfico 15), como bolsa família ou outras
formas. Esses dados demonstram que, apesar de um relativo grau de dependência de
recursos governamentais, na cidade de Ivinhema, os pacientes atendidos possuíam
maior independência de bolsas e existiam mais pessoas com fonte de renda fixa, 1593
pacientes, em relação às expedições anteriores, como na de 2006. Além disso, a renda
média da população atendida é superior aos anos anteriores devido ao maior número
de pessoas com renda entre 1 e 2 salários mínimos e menor quantidade de pessoas
com menos de 1 salário mínimo.
![Page 51: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/51.jpg)
51
Gráfico 14 – Renda média dos pacientes da Bandeira Científica 2009, em salários mínimo.
Gráfico 15 – Fonte de renda dos pacientes da Bandeira Científica 2009.
Apesar da renda média da população atendida ser relativamente baixa, entre
0,5 e 2 salários mínimos, 71,59% das pessoas têm casa própria (gráfico 16), sendo que
a maioria é de alvenaria, 61,34% (gráfico 17). Isso revela que grande parte possui boas
condições de moradia e que estas condições têm estabilidade. Dentre as outras
situações de moradia, observa-se que foram poucas as pessoas atendidas que
moravam em assentamento, 21 pessoas. Além disso, 15,61% moravam em casa cedida
por empregador ou por outro tipo de pessoa e 11,56% pagavam aluguel pela casa. Em
relação à condição das casas, a enorme maioria tinha casa com boa estrutura, sendo
que 1780 pessoas tinham casa de alvenaria/ tijolo e 1110 pessoas tinham casa de
madeira (gráfico 17), e as parcelas de pessoas com outros tipos de casa ou com casa de
pau-a-pique não foi significativo. Essa evidência tem como fator agravante, além da
![Page 52: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/52.jpg)
52
própria estrutura da cidade, a maioria das pessoas atendidas serem da área urbana,
onde as casas são mais bem estruturadas.
Gráfico 16 – Situação de moradia da população atendida na Bandeira Científica 2009.
Gráfico 17 – Tipo de casa dos pacientes da Bandeira Científica 2009.
Não existe muita diferença na renda das pessoas que vivem na área urbana e as
que vivem na área rural (gráfico 18). Entretanto, é possível notar que a renda média da
área urbana é superior à área rural, uma vez que existem maior número de pessoas
com renda maior que 2 salários mínimos. As faixas de renda onde há maior
discrepância entre as regiões são as faixas entre 2 e 3 salários mínimos e maior de 3
salários mínimos que são maiores na zona urbana e as faixas de 0,5 a 1 salário mínimo
![Page 53: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/53.jpg)
53
e entre 1 e 2 salários mínimos que são maiores na zona rural. Em ambas as regiões, as
pessoas com menos de 1 salário mínimo e sem renda são muito poucas, somando
4,51% em ambas as áreas.
Gráfico 18 – Renda dos pacientes em relação a região na Bandeira Científica 2009.
Bolsa Família
Em relação à ajuda governamental para complementar a renda familiar,
observa-se que 77,35% das pessoas não usufruem dessa ajuda e das pessoas que
possuem bolsa, 79,53% possuem bolsa família (gráfico 19). Quando se compara as
populações das zonas rurais e urbanas, não há diferença significativa (gráfico 20), o
que pode sugerir que as condições de vida na zona rural e urbana não têm grande
discrepância.
![Page 54: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/54.jpg)
54
Gráfico 19 – Bolsa família e outras bolsas na população da Bandeira Científica 2009.
Gráfico 20 – Distribuição de bolsa nas áreas rural e urbana na Bandeira Científica 2009.
Escolaridade
A escolaridade foi medida pelo grau máximo de instrução atingido pelo
paciente e o gráfico 21 mostra que 66,13% das pessoas atendidas não completaram
![Page 55: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/55.jpg)
55
(não terminaram ou nem começaram) o ensino fundamental. Apenas 5,28% dos
pacientes têm o ensino superior. Apesar da escolaridade na área urbana ser um pouco
melhor (gráfico 22), o baixo grau de instrução prevalece em ambos os locais de
atendimento.
Gráfico 21 – Escolaridade dos pacientes da Bandeira Científica 2009
Gráfico 22 – Escolaridade dos pacientes em relação à região na Bandeira Científica 2009.
![Page 56: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/56.jpg)
56
O gráfico 23 correlaciona a escolaridade à idade dos pacientes. Podemos inferir
que está havendo um aumento progressivo do acesso à educação, pois o nível de
escolaridade é maior conforme a faixa etária diminui. Esta correlação também foi feita
em expedições anteriores da Bandeira Científica. Isso mostra que apesar do baixo nível
de escolaridade ainda prevalecer, há uma tendência por todo o Brasil de uma melhora
ao acesso à educação.
Gráfico 23– Escolaridade dos pacientes em relação à faixa etária na Bandeira Científica 2009.
Profissão
O questionário epidemiológico mostrou que 29,85% das pessoas atendidas são
donas de casa (gráfico 24). Isso se deve provavelmente devido à grande quantidade de
mulheres adultas atendidas no projeto (64,39% - gráfico 09 já apresentado acima),
correspondendo às principais atividades destas no meio urbano.
A segunda profissão de maior porcentagem corresponde à lavoura (22, 41%),
que é a principal atividade da área rural (38,03% das pessoas atendidas). É possível
correlacionar este dado com a principal queixa dos pacientes da Bandeira Científica,
que era a dor osteomuscular, segundo o gráfico 25.
![Page 57: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/57.jpg)
57
Gráfico 24– Profissão dos pacientes na Bandeira Científica 2009.
Juntas, as profissões de dona de casa e lavoura perfazem 51%. A porcentagem com
escolaridade fundamental incompleto é muito próxima a esta, de 52%. Talvez por
baixa escolaridade essas pessoas não consigam sair da lavoura ou conseguir um
emprego remunerado na cidade.
Por fim, o gráfico 15 havia mostrado que 24,10% dos pacientes tinham como
fonte de renda a aposentadoria, porém no gráfico 24 apenas 0,5% das pessoas se
disseram aposentadas. Isso pode indicar que mesmo sendo aposentados, grande parte
dos idosos ainda trabalha.
![Page 58: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/58.jpg)
58
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
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Dor osteomuscular
Dermatológicas
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Ortopédicas
Cefaléias
Dispepsia/ refluxo
Depressão
Otorrino*
Diabetes
Neurológicas
Ginecológicas
Endocrino*
Gastro
Artrose
Pq
Hipoacusia
CardioVascular
Déficit Visual
Transtorno ansioso
Clínica
Enxaqueca
Pneumo
*Informação coletada nos atendimentos e não no Inquérito Epidemiológico
Gráfico 25– Principais queixas dos pacientes na Bandeira Científica 2009, segundo o sexo.
![Page 59: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/59.jpg)
59
Geniturinário
Considerando apenas as pacientes do sexo feminino, quando questionado se
apresenta atualmente perdas urinárias, 24% (479 de 1.993) relataram que sim (Gráfico
26). A alta freqüência pode se relacionar com o fato já mencionado anteriormente que
a faixa etária predominante de mulheres atendidas no projeto é entre 20 e 62 anos,
especialmente entre 40 e 60. Outra razão a ser considerada é que a incontinência
urinária foi o que levou a paciente a ser atendida.
Gráfico 26 - Porcentagem das pacientes atendidas que relataram perda urinária quando questionado
diretamente. Número de pacientes foi de 1.993.
Correlacionando a perda urinária com a idade das pacientes, foi percebido que
existe uma relação importante (p< 0,5 segundo teste t), com a média de idade das
pacientes que perdem urina sendo 50 anos enquanto 38,5 anos para pacientes sem
perda (gráfico 27).
![Page 60: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/60.jpg)
60
Gráfico 27 - Perda urinária segundo idade entre as pacientes atendidas. Foi encontrada uma diferença
significativa (p < 0,05) entre os grupos.
Foram então questionados fatores desencadeantes da perda urinária (Gráfico
28). Encontrou-se que parte considerável das perdas é desencadeada por manobras de
esforço físico, e demonstram características de incontinência urinária de esforço. Os
fatores desencadeantes mais relevantes foram os atos de tossir, espirrar e rir
(respectivamente 17%, 13% e 8,5% de todas as que relataram perda urinária), ações
que provocam um aumento da pressão intra-abdominal e favorecem a perda. Diversas
pacientes responderam afirmativamente a mais de um fator desencadeante, assim
como outras não relataram perda urinária com nenhum.
![Page 61: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/61.jpg)
61
Gráfico 28 - Fatores desencadeantes de perda urinária, de um total de 479 pacientes.
Quando questionadas ativamente sobre outras afecções ginecológicas (Gráfico
29), encontrou-se que embora 24% das pacientes relataram anteriormente perda
urinária, apenas 9% relataram incontinência urinária, o que talvez se relacione ao
modo em que foi perguntado. Esse questionário, no entanto permite observar que
uma parcela importante das perdas urinárias talvez se deva também à bexiga
hiperativa, constatando-se que 11% de todas as pacientes relataram urgência
miccional, e pouco mais de 10% relataram urge-incontinência. Porém, disúria também
foi bastante referida (9%), apontando para uma possivelmente alta prevalência de
infecções do trato urinário, o que também pode explicar a perda urinária. Quando
questionado sobre constipação evidenciou-se a alta prevalência da afecção, 16%. Já
prolapsos e incontinência fecal foram menos referidas, 2,5% e 1,5% respectivamente,
mas ainda representam parcelas importantes dos pacientes atendidos.
![Page 62: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/62.jpg)
62
Gráfico 29 - Outras afecções do trato geniturinário questionadas às pacientes da BC.
Antecedentes pessoais
Quando os 3802 pacientes atendidos pelo Projeto foram questionados sobre
agravos prévios à saúde, 42% referiram dificuldade visual, 34%, lombalgia e 34%
relataram cefaléia. Condições também freqüentes foram verminoses (20%) e
hipertensão (19%). Outras doenças prévias referidas foram diabetes (7%), diarréias
freqüentes (5%), dengue (4%), malária (3%), leishmaniose (18 casos), tuberculose (18
casos) e hanseníase (13 casos).
O perfil epidemiológico dos antecedentes pessoais encontrados demonstra
uma realidade semelhante a do Brasil como um todo.
O grande número de queixas de alterações oftalmológicas é de se esperar pela
alta prevalência desse tipo de alteração em pacientes jovens e idosos, de todas as
classes sociais.
Lombalgia e cefaléias são situações também muito freqüentes, sendo que a
primeira pode estar associada, nessa população, a condições ergonômicas
desfavoráveis em atividades braçais desenvolvidas no campo.
Os antecedentes pessoais de verminoses e diarréias freqüentes demonstram
uma carência na infra-estrutura de saneamento básico do município de Ivinhema a
despeito da porcentagem não tão alta dessas afecções.
Destaque é feito para os casos de antecedente de dengue, pois a cidade tem
enfrentado nos últimos anos epidemias da doença nos meses chuvosos sem redução
![Page 63: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/63.jpg)
63
do número de casos novos. Isso demonstra uma dificuldade para a conscientização da
população quanto a medidas simples que evitam a reprodução do vetor.
A região Centro-Oeste é a segunda com maior coeficiente de detecção de
leishmaniose no Brasil, desta forma vigilância deve ser mantida quanto ao
aparecimento de casos novos dessa doença infecto-parasitária.
A ocorrência de tuberculose e hanseníase, doenças de alto potencial de
contágio e extremamente freqüentes no Brasil, foi relativamente baixa nessa
população. Tal fato, no entanto, não elimina a necessidade de campanhas que alertem
quanto à necessidade de diagnóstico precoce e tratamento adequado devido ao
grande impacto dessas doenças altamente contagiosas à saúde pública.
Etilismo e tabagismo
Foram incluídas no questionário aplicado aos pacientes atendidos perguntas
referentes a hábitos e estilo de vida que são importantes determinantes da saúde
destes, particularmente o etilismo e o tabagismo.
O etilismo e principalmente sua faceta mais abusiva, o alcoolismo, são
considerados importante problema de saúde pública. A ingesta abusiva ao longo do
tempo de bebida alcoólica pode produzir danos ao organismo de diferentes naturezas
como o maior risco de cirrose hepática, de neoplasias em diversas localizações, de
doenças cardíacas, de acidente vascular cerebral, de lesões por acidentes e violência e
de quadros de depressão, sendo considerada fator de risco para o suicídio, além de ser
responsável por importante parcela dos acidentes de trânsito, de trabalho, faltas ao
trabalho e violência doméstica.
Leis para controle de venda, propaganda e consumo de bebidas alcoólicas vêm
sendo aprovadas e o monitoramento do padrão de consumo de álcool na população
torna-se importante para a formulação de estratégias eficazes de promoção à saúde.
![Page 64: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/64.jpg)
64
Gráfico 30 – Etilismo entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.
Conforme os dados obtidos nos questionários, podemos observar que a taxa de
etilismo foi de 6,59%, sendo que cerca de 5,51% afirmaram serem ex-etilistas (gráfico
30). Esta porcentagem não é muito distante da taxa de prevalência de 6,7% de
consumo excessivo de álcool na capital do estado, Campo Grande. Devemos
considerar, no entanto, que essa é uma informação fornecida de forma espontânea
estando sujeita a omissões e mentiras.
![Page 65: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/65.jpg)
65
Gráfico 31 – Etilismo entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009, segundo a UBS
freqüentada.
Procuramos também saber se haviam diferenças no consumo de álcool entre os
bairros da município conforme separados segundo a UBS freqüentada (gráfico 31). Não
foram encontradas diferenças estatisticamente significantes, mas pode-se considerar
que haja alguma imprecisão nesse dado dada a natureza espontânea da informação e
ao fato de que algumas regiões foram agrupadas devido ao fato da UBS no local
atender a população de mais de um bairro, tal qual ocorreu com o Triguenã, onde foi
levantada demanda espontânea por intervenções na área educativa a respeito do
abuso de substâncias ilícitas, do tabaco e do álcool, mas que foi integrado à UBS do
bairro Vitória.
O tabagismo é considerado, hoje em dia, o maior fator de risco para doenças
crônicas e cerca de 20% de todas as mortes ocorridas nos países desenvolvidos podem
ser atribuídos a esse hábito nocivo. No entanto, apesar da ampla difusão das
evidências já consolidadas dos prejuízos acarretados, a prevalência do tabagismo
continua muito alta.
![Page 66: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/66.jpg)
66
Sendo assim, é importante que as autoridades competentes adotem políticas
de saúde mais agressivas no combate ao tabagismo, visto que não se trata de um
problema de falta de informação.
Em nosso questionário 13,01% dos pacientes atendidos afirmaram serem
tabagistas e 10,42% afirmaram terem largado esse hábito (gráfico 32). Esse índice não
é muito abaixo da taxa de prevalência de fumantes regulares na capital do estado,
Campo Grande, que é de 14,5%.
Gráfico 32 –Tabagismo entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.
Sexualidade
Foram avaliados também, durante a Bandeira Científica, aspectos da vida
sexual e métodos de contracepção dos pacientes atendidos pelo projeto. Para as 1638
(75,69%) pessoas que relataram vida sexual ativa, foi perguntado sobre a idade da
primeira relação (Gráfico 33). Foi observado que a grande maioria tinha tido sua
primeira relação entre os 15 e 19 anos (gráfico 34).
![Page 67: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/67.jpg)
67
Gráfico 33 – Atividade Sexual nos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009
Gráfico 34 – Idade da primeira relação sexual em relação à faixa etária dos pacientes atendidos pela
Bandeira Científica 2009.
Já na parte relativa à contracepção, 49,02% das pessoas que responderam aos
questionários de avaliação disseram usar algum tipo de método contraceptivo (gráfico
35). Dos indivíduos que fazem uso de contracepção (gráfico 36), o principal método
![Page 68: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/68.jpg)
68
utilizado foi o cirúrgico (48,21%), seguido da pílula (24,74%) e da camisinha (16,92%).
Vale destacar que, dos três principais métodos, o uso da camisinha ficou abaixo do
esperado (77,07% não usam nunca, gráfico 37), o que pode ser visto como motivo de
preocupação, visto que, dos métodos mais utilizados a camisinha é o único que tem
função também na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Gráfico 35 – Uso de métodos contraceptivos pelos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009.
Gráfico 36 – Tipos de contraceptivos utilizados pelos pacientes atendidos pela Bandeira Científica
2009.
![Page 69: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/69.jpg)
69
Gráfico 37 – Uso de camisinha nos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009
A idade média em que as 1924 mulheres questionadas tiveram o primeiro filho
foi de 22 anos (gráfico 38). Observa-se que quanto maior a idade das mulheres mais
tardia é a idade da primeira relação e a idade em que deu à luz o primeiro filho (gráfico
39 e gráfico 40), havendo, portanto uma relação direta entre a idade da primeira
relação e a idade em que se teve o primeiro filho (gráfico 41).
Já quanto à satisfação, 86,7 % das mulheres com vida sexual ativa (n=1421) se
disseram satisfeitas (gráfico 42).
![Page 70: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/70.jpg)
70
Gráfico 38 – Idade em que concebeu o primeiro filho das pacientes atendidas pela Bandeira Científica
2009.
![Page 71: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/71.jpg)
71
Gráfico 39 – Relação entre idade da primeira relação sexual e idade em que concebeu o primeiro filho
das pacientes atendidas pela Bandeira Científica 2009.
Gráfico 40 – Relação entre idade e idade da primeira relação sexual das pacientes atendidas pela
Bandeira Científica 2009.
Gráfico 41 - Relação entre a Idade e a idade em que concebeu o primeiro filho das pacientes atendidas
pela Bandeira Científica 2009.
![Page 72: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/72.jpg)
72
Gráfico 42 – Satisfação sexual das pacientes atendidas pela Bandeira Científica 2009.
Levando em conta o conhecimento sobre a existência, contágio e prevenção do
vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da imunodeficiência adquirida
(AIDS) foram perguntados para os pacientes atendidos se eles se sentiam bem
informados sobre o assunto (gráfico 43). Das 1950 pessoas que responderam a esta
pergunta, apenas 52,51% delas disseram estar bem informadas. Considerando a
pandemia mundial e o potencial de infecção do vírus, há uma grande lacuna de
conhecimento na população local, tornando políticas de informação e conscientização
fundamentais na prevenção do contágio pelo vírus. Considerando este fato em
conjunto com a baixa percentagem de uso de camisinha e o início de atividade sexual –
com redução progressiva, é notório que há início da atividade sexual regular associado
a um baixo conhecimento sobre esta importante doença, que tem na relação sexual
uma importante forma de contágio. Neste sentido deixamos a orientação para o
desenvolvimento de campanhas educativas que visem não apenas o conhecimento da
doença e suas conseqüências, mas os métodos de prevenção, garantindo acesso a tais
métodos. Este tipo de atividade deve ser desenvolvido com toda a população, mas
enfocando especialmente os jovens e adolescentes devido à carência observada neste
sentido.
![Page 73: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/73.jpg)
73
Gráfico 43 – Conhecimento sobre HIV/AIDS entre os pacientes atendidos pela Bandeira Científica
2009.
Atenção Primária
A atenção básica à saúde também foi avaliada na Bandeira Científica 2009,
através de perguntas no nosso questionário epidemiológico, que mediam tanto o
acesso à atenção básica quanto a avaliação da qualidade do mesmo. Das 2950 pessoas
que responderam 87,29% delas afirmaram fazer acompanhamento na unidade básica
de saúde - UBS (gráfico 44).
Gráfico 44 – Pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 em relação ao acompanhamento na
Unidade Básica de Saúde.
![Page 74: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/74.jpg)
74
Quando esses mesmos dados foram comparados entre habitantes da zona
urbana e da zona rural não houve diferença estatisticamente relevante. Quando
comparados entre todas as UBS (Amandina, Guiray/Piravevê, Itapoã, Triguenã/Vitória,
Vila Cristina), no entanto, percebemos um maior acompanhamento nas unidades
localizadas nos distritos de Amandina (90,3%) e de Vila Cristina (95%).
Os pacientes também foram perguntados acerca das visitas dos agentes
comunitários de saúde (ACS). Desses, 82,24% afirmaram receber a visita do ACS
(gráfico 45).
Gráfico 45 – Pacientes que recebem visitas domiciliares do ACS dentre os atendidos pela Bandeira
Científica 2009.
Desta vez, a cobertura das equipes de ACS foi considerada estatisticamente
homogênea entre as diversas UBS do município. No entanto, quando consideramos a
residência dos pacientes, aqueles que alegaram morar em zona urbana recebiam mais
a visita dos agentes de saúde (83,5%) do que aqueles que vinham da zona rural
(79,9%), diferença atribuível a um acesso mais difícil aos habitantes da zona rural, além
da maior extensão de área. Ainda que a diferença não seja muito grande, há espaço
para diminuir essa diferença, proporcionando a mesma cobertura e a mesma
qualidade dos serviços de saúde aos habitantes tanto da zona urbana como da rural,
além do incremento na cobertura pelos ACS como um todo.
Na avaliação feita pelos pacientes, a maior parte deles (68,72%) considera o
atendimento na UBS bom ou ótimo, 26,17% regular e apenas 5,11% o considera ruim
(gráfico 46). Estas dados de ótimo e bom são bastante consideráveis e esta avaliação
positiva deve servir de estímulo para um maior desenvolvimento da atenção à saúde,
![Page 75: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/75.jpg)
75
priorizando a prevenção e atenção básica, porém, sem relegar a segundo plano a
referência e contra-referência, fundamental para resolução de problemas de maior
complexidade e para o funcionamento integral do sistema de saúde garantindo acesso
e qualidade de atendimento à população.
Gráfico 46 – Avaliação qualitativa do atendimento na UBS pelos pacientes atendidos pela Bandeira
Científica 2009.
Quando separados por região, houve algumas variações nestas avaliações. De
uma forma geral os pacientes deram mais avaliações positivas (bom/ótimo) ao serviço
de atendimento das UBS na zona urbana (72,2%) do que na zona rural (63,2%). Da
mesma forma, quando separamos os pacientes pela UBS freqüentada, observamos
que as UBS de Amandina e de Triguenã/Vitória receberam menos avaliações positivas
do que as outras. (58,7% e 58,6% respectivamente contra 68,7% na média de todas as
UBS).
Foi aplicado também questionário a todos os pacientes atendidos investigando
há quanto tempo eles apresentavam o sintoma que os trouxeram ao atendimento, há
quanto tempo eles buscavam tratamento para esses sintomas, se eles já tinham
recebido algum tratamento e se resposta positiva, aonde receberam o tratamento.
Com base nesses quatro itens traçamos um perfil do nosso paciente, que em
sua maioria têm problemas crônicos (gráfico 47 e 48), já tentou resolvê-lo (gráfico 49)
procurando geralmente a UBS e o hospital (gráfico 50).
![Page 76: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/76.jpg)
76
Gráfico 47 – Há quanto tempo os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 apresentam os
sintomas que os levaram ao atendimento, separados segundo a região em que residem.
Gráfico 48 – Há quanto tempo os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 procuram
tratamento para os sintomas que os levaram ao atendimento, separados segundo a região em que
residem.
![Page 77: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/77.jpg)
77
Gráfico 49 – Avaliação de quantos pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 receberam
tratamento para o sintoma apresentado, separados segundo a UBS frequentada.
Gráfico 50 – Onde os pacientes atendidos pela Bandeira Científica 2009 receberam tratamento para o
sintoma apresentado, separados segundo a UBS freqüentada.
![Page 78: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/78.jpg)
78
Buscamos identificar diferenças entre a zona urbana e a rural e entre os
freqüentadores das UBS em cada um dos quatro pontos abordados a fim de verificar
se há particularidades no perfil da queixa apresentada pelo paciente atendido e
também se há déficits de cobertura do serviço que levem as pessoas a procurarem
outros serviços de atendimento que não as UBS, as quais deveriam constituir porta de
entrada para o sistema de saúde. Não foram encontradas variações estatisticamente
significantes e neste aspecto podemos considerar o serviço das UBS homogêneo.
Diagnósticos de Saúde
Diagnósticos Gerais
Nos locais de atendimento, estavam disponíveis inúmeras especialidades, a fim
de atender o paciente do Projeto Bandeira Científica da forma mais global e completa
possível. As especialidades eram: ginecologia e obstetrícia, fisiatria (englobando
ortopedia/aparelho locomotor), otorrinolaringologia, oftalmologia, psiquiatria,
dermatologia, endocrinologia, pediatria, fisioterapia, nutrição, psicologia,
fonoaudiologia, radiologista (especializado em realização de ultrassonografia). O
número total de atendimentos em cada especialidade está no gráfico abaixo (gráfico
51).
Gráfico 51: Número de atendimentos de acordo com a especialidade médica
Neste relatório, dividimos tais atendimentos em áreas, e primeiro falaremos da
área médica. As especialidades médicas realizaram 3018 consultas, destas, 418 eram
pacientes com idade inferior a 18 anos, e 2600 com 18 anos ou mais.
![Page 79: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/79.jpg)
79
Dentro da área médica, as análises pediátricas serão abordadas
posteriormente, por agora apresentaremos os resultados dos atendimentos gerais. O
número de diagnósticos realizados em pacientes com 18 anos ou mais foi 3336,
representando um valor médio de 1,28 diagnósticos por paciente. Vale ressaltar que
neste número não estão incluídos os atendimentos oftalmológicos bem como os
resultados dos atendimentos ultrassonográficos e exames de papanicolaou. Os
diagnósticos gerais mais prevalentes em adulto na Bandeira Científica 2009 podem ser
observados no gráfico que se segue (gráfico 52).
![Page 80: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/80.jpg)
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Dor osteomuscular
Dermatológicas
HAS*
Ortopédicas
Cefaléias
Dispepsia/ refluxo
Depressão
Otorrino*
Diabetes
Neurológicas
Ginecológicas
Endocrino*
Gastro
Artrose
Pq
Hipoacusia
CardioVascular
Déficit Visual
Transtorno ansioso
Clínica
Enxaqueca
Pneumo
*Informação coletada nos atendimentos e não no Inquérito Epidemiológico
Gráfico 52 – Principais queixas dos pacientes na Bandeira Científica 2009, segundo o sexo.
![Page 81: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/81.jpg)
81
A grande proporção de diagnóstico de dor osteomuscular é um traço comum que
observamos na maioria dos municípios que recebem o Projeto, e se deve ao fato da
população atendida ser majoritariamente trabalhador braçal. No entanto,
normalmente as verminoses ocupam o segundo lugar, o que não se observou no
município de Ivinhema. Tal mudança pode ter ocorrido devido direcionamento do
Projeto este ano para suprir a demanda reprimida de especialidades médicas aliada a
uma boa infra-estrutura de saneamento básico do município se comparadas com os
visitados em anos anteriores. Por isso, nos próximos lugares observamos diagnósticos
de dermatologia, clínica geral (como hipertensão) e ortopedia (excluindo as dores
osteomusculares).
A distribuição dos diagnósticos de acordo com CID-10 está no gráfico a seguir
(gráfico 53).
Gráfico 53: Diagnósticos gerais mais prevalentes realizados no Projeto Bandeira Científica de acordo
com o CID-10
Ao compararmos os diagnósticos realizados na região rural e urbana, observa-
se distribuição percentual semelhante, e o único diagnóstico que mostrou diferença
![Page 82: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/82.jpg)
82
estatística foi doenças cardiovasculares. Porém, outros chegaram muito próximo do
valor que consideramos significativo (p menor do que 0.05). Estes diagnósticos foram:
Hérnia inguinal, mais frequente na área rural, devido ao trabalho braçal o qual
propicia o aumento da pressão abdominal e o aparecimento das hérnias;
Depressão e doenças psiquiátricas, mais frequentes na área urbana, decorrente
do estilo de vida mais conturbado e estressante.
A aproximação dos valores calculados do p=0.05 revela uma tendência do
município.
Enquanto que na avaliação de acordo com o sexo, observaram-se várias
diferenças, inclusive muitas delas estatisticamente significativas. Os gráficos abaixo
representam, respectivamente, a relação entre os números absolutos de diagnósticos
realizados de acordo com o sexo e a proporção dos diagnósticos de acordo com o sexo
(gráficos 54 e 55).
![Page 83: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/83.jpg)
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Gráfico 54 – Diagnósticos gerais em adultos mais prevalentes durante o Projeto Bandeira Científica 2009 de acordo com o sexo.
![Page 84: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/84.jpg)
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Hipoacusia
CardioVascular
Déficit Visual
Transtorno ansioso
Clínica
Enxaqueca
Pneumo
Gráfico 55 – Proporção dos diagnósticos gerais em adultos mais prevalentes durante o Projeto Bandeira Científica 2009 de acordo com o sexo.
![Page 85: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/85.jpg)
85
Verificamos, portanto, que as principais doenças com maior acometimento do sexo
masculino comparativamente ao feminino são: doenças neurológicas, hipoacusia,
otorrinolaringológicas, e deficiência visual. Enquanto que depressão, dispepsia e
refluxo e as doenças endocrinológicas foram comparativamente mais prevalentes no
sexo feminino.
Após todas as análises dos números obtidos durante os atendimentos, fizemos
também um levantamento das observações dos médicos que foram na expedição e
separamos algumas mais relevantes:
1. Foi constatado que número de crianças medicadas para TDAH (Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade) superava o número de prevalência do
transtorno e, portanto, provavelmente está sendo hiperdiagnosticado. Além
disso, foi preocupante o número de professores os quais requeriam
medicamentos para controlar alunos mal comportados. Ficou evidente que
uma questão que é pedagógica está se transformando em um assunto médico
e, para combater tal tendência e evitar futuras iatrogenias, sugerimos que seja
realizada uma palestra de capacitação para que tais professores estejam
melhor preparados para lidar com seus alunos.
2. Além disso, nesta expedição tivemos outra peculiaridade: o atendimento de
Medicina de Família jamais realizado antes. Observamos nas pré-visitas pouca
valorização das Unidades básicas de Saúde e de seus médicos. Baseado nesta
constatação, o nosso objetivo foi mostrar aos responsáveis pela saúde de
Ivinhema que o sistema está sendo subaproveitado, por isso, levamos
profissionais da área e ministramos palestras com o intuito de conscientizar os
integrantes deste sistema em Ivinhema sobre a importância e
responsabilidades deles. Através destes profissionais pudemos ter uma visão
mais próxima e realista da situação de Ivinhema. E eles levantaram alguns
problemas presentes no município, incluindo da própria UBS, são eles:
Violência doméstica: física e psicológica que se apresentavam inicialmente
como queixas somáticas, dores e depressão. Uma sugestão seria que esses
casos tivessem um seguimento e uma estrutura de atendimento intersetorial,
com possibilidade de ações conjuntas entre a justiça, assistência social, saúde
etc.
Deficiência da Infraestrutura do Sistema Único de Saúde: os profissionais não
estavam muito bem integrados, não havia conversa entre eles e nem discussão
dos casos da comunidade. Foi proposto um horário semanal para que todos
participantes de determinada UBS se reunissem para discutir os casos, os
problemas enfrentados decorrentes do sistema, etc.
![Page 86: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/86.jpg)
86
Falta de preparo dos Médicos de família: notou-se um subaproveitamento
destes profissionais devido à união de vários fatores: falta de estímulo do
sistema público, desinteresse dos próprios profissionais e formação defasada.
Uma proposta seria fazer um “intensivão” com o objetivo de prepará-los para
abordar as queixas mais recorrentes no município (como as supra-citadas,
podemos ainda acessar e fornecer mais dados do que contem neste relatório,
se necessário) e, por último mas não menos importante, conscientizá-los da
importância do seu papel na Saúde do município.
Oftalmologia
Na programação de atividades, o atendimento oftalmológico se concentrou nos
pacientes previamente triados pelas agentes comunitárias da cidade. Foram
privilegiados as crianças e os idosos, faixas etárias em que há grande incidência de
doenças oftalmológicas. Estas podem causar alterações ou limitações do
desenvolvimento e das atividades diárias. Podem, ainda, trazer outras complicações,
como, por exemplo, quedas para os idosos e baixo rendimento escolar para as
crianças. Dentre as patologias diagnosticadas nas consultas oftalmológicas, as mais
freqüentes foram: catarata nos idosos e alterações de refração nas crianças.
Também foram atendidos pacientes encaminhados pelo próprio projeto
(oriundos das diversas áreas de atendimento), e alguns pacientes sem agendamento
prévio (conforme a nossa disponibilidade de horários).
Todos os equipamentos necessários foram levados de São Paulo, gentilmente
cedidos pelo Departamento de Oftalmologia da FMUSP, e operados por uma equipe de
8 oftalmologistas. Contamos também com o apoio logístico de uma funcionária da
administração do Departamento de Oftalmologia e agentes de saúde locais. Um grupo
de 3 ou 4 acadêmicos de medicina da FMUSP e da UFMS estava sempre presente em
cada um dos períodos – manhã e tarde –, sendo que mais de 40 alunos aproveitaram a
oportunidade para conhecer melhor o atendimento oftalmológico.
O grupo atendeu 1108 pacientes nos oito dias de Bandeira, sendo que 24%
(265 pacientes) foram encaminhadas a partir do atendimento geral realizado pelos
clínicos do Projeto.
Entre os principais diagnósticos, encontramos: erros de refração (668 pacientes
– sendo 307 com miopia, 155 com hipermetropia e 206 com presbiopia), catarata (89
pacientes), glaucoma (63 pacientes) e pterígio (54 pacientes). Outros diagnósticos
foram feitos em 132 pacientes, e 102 pacientes apresentaram visão normal.
Ao todo, foram prescritos 610 óculos para erros de refração, os quais já foram
entregues para população entre os dias 21 a 24 de abril.
![Page 87: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/87.jpg)
87
Casos mais graves foram encaminhados para tratamento cirúrgico e/ou
acompanhamento em hospitais secundários e terciários da rede estadual e federal,
correspondendo a 227 pacientes.
Saúde da Criança
Dentre os pacientes atendidos pelo projeto houve 418 crianças,
correspondendo a 12,52% dos pacientes atendidos em todas as especialidades
médicas. Destes na faixa etária pediátrica, 53,6% do sexo feminino e 46,4% do sexo
masculino.
Entre as medidas gerais de maior importância na pediatria foi encontrado um
elevado índice de alimentação inadequada (57,26% da população pediátrica), podendo
ser caracterizada como o consumo de alimentos inadequados ou uma rotina alimentar
inadequada. Essa alimentação inadequada pode ser responsável pelos altos índices de
desnutrição (11,51%), sobrepeso (4,60%) e obesidade (9,97%) (Gráfico 66). Apesar de
26,08% das crianças apresentarem um estado nutricional considerado inadequado
(desnutrição, sobrepeso ou obesidade) apenas 8,33% apresentavam um crescimento
inadequado, caracterizado pela baixa estatura.
Gráfico 66 – Estado nutricional das crianças
Os erros alimentares foram bastante freqüentes nas consultas pediátricas e,
durante as mesmas, as mães ou responsáveis foram orientadas a respeito das
mudanças que deveriam ser feitas. Além disso, houve momentos educativos com as
próprias crianças com enfoque na alimentação saudável. Como modo de dar
continuidade ao trabalho feito deve haver ênfase no município na criação e
manutenção de estratégias que melhorem as condições de alimentação das crianças –
como orientação constante e vigilância por parte dos agentes de saúde ou atividades
![Page 88: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/88.jpg)
88
educativas nas escolas – para garantir uma alimentação adequada e
conseqüentemente um estado nutricional adequado.
Em relação às outras medidas gerais pediátricos, apenas 3,09% das crianças
apresentavam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Já em relação à
vacinação, 5,35% das crianças apresentavam vacinação incompleta e 25,13% não
tinham informação sobre a vacinação (Gráfico 67). No sentido de melhorar esse índice
de falta de informação sugerimos um trabalho municipal de conscientização de ter em
toda consulta pediátrica a carteira de vacinação da criança, tendo em vista a
importância desta informação.
Gráfico 67 – Informação sobre vacinação das crianças
Além dos diagnósticos supracitados, não houver outros diagnósticos com
proporção relevante. Entre os principais diagnósticos patológicos, foram observados
verminoses, alterações dermatológicas, infecções de vias aéreas superiores, rinite,
anemia, cefaléia, hipertrofia de amígdala, hiperatividade e otite média aguda. Todos os
diagnósticos foram comparados entre a zona rural e urbana para verificar se havia
alguma diferença significativa, e observamos isso apenas na incidência de verminoses.
Tal resultado pode ser explicado pela menor porcentagem de cobertura da rede de
coleta pública de lixo e rede de distribuição de água na população rural quando
comparada à zona urbana, o que resulta em um fator de risco para maior prevalência
destas doenças.
Saúde da Mulher
Nos últimos anos, observa-se uma grande tendência ao desenvolvimento de
programas dirigidos a atender as necessidades próprias da mulher, assim como
priorizar as necessidades individuais acima de propósitos exclusivamente sociais.
![Page 89: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/89.jpg)
89
No Projeto Bandeira Científica 2009, como já descrito anteriormente as
mulheres constituíram a maioria dos pacientes que buscaram atendimento médico
(64,39%), sendo este número mais significativo ainda quando são analisados os
números da faixa etária reprodutiva, entre 12 e 50 anos (gráfico 68). Diante deste
grande número, torna-se muito importante a conscientização da mulher sobre sua
condição e sobre a prevenção de diversas doenças próprias deste grupo, além do
acompanhamento médico freqüente.
Gráfico 68 – Pacientes atendidos no Projeto Bandeira Científica 2009 de acordo com a idade e o
gênero.
Neste contexto encaixa-se a prevenção do câncer do colo do útero e do câncer
de mama. A prevenção do câncer do colo do útero pode ser, no nível primário, através
da realização de sexo seguro, a fim de evitar o contágio com o HPV, que é o principal
fator de risco para o desenvolvimento da doença, ou através de imunização precoce
para o HPV. No entanto, como descrito anteriormente a porcentagem de mulheres
que não praticam sexo seguro é grande, e a vacina permanece bastante cara. No nível
secundário, a prevenção é a detecção precoce da doença, feita através da realização
do exame Papanicolaou (Citológico Cervical Uterino). A prevenção do câncer de mama
é feita através da detecção precoce com três estratégias complementares entre si: o
auto-exame das mamas, o exame clínico das mamas e a mamografia.
![Page 90: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/90.jpg)
90
Papanicolaou
Muitas vezes por vergonha, falta de acesso aos serviços, preconceito ou medo
de realizarem os exames ginecológicos de rotina as mulheres colocam sua saúde e a
vida em risco. O caso do câncer de colo do útero, por exemplo, é responsável pela
morte de milhares de mulheres em todo o mundo, apesar de apresentar o mais alto
potencial de cura, chegando próximo a 100%, quando diagnosticado precocemente.
Inicialmente, o tumor limita-se à região do colo do útero. Sua evolução ocorre
vagarosamente, motivo pelo qual, se atendida a tempo, é curável na quase totalidade
dos casos. Entretanto, se não tratado em tempo hábil, pode estender-se para todo o
útero e outros órgãos. Atinge predominantemente mulheres na faixa de 35 a 50 anos,
porém, há muitos relatos de casos em pacientes com cerca de 20 anos e naquelas com
mais de 50 anos, e é imperativo, para a detecção precoce de alterações relacionadas
ao HPV e sua progressão, à realização regular dos exames preventivos.
Quando ocorre sua instalação, o câncer de colo do útero tem evolução
progressiva podendo, num período de 5 a 10 anos, tornar-se invasivo com diminuição
importante da sobrevida e tendo prognóstico mais reservado. A detecção precoce do
câncer de colo de útero permite a atuação curativa.
No sistema atual mais de 55% das pacientes diagnosticadas com câncer de colo
do útero apresentam a doença em estágio avançado já na primeira consulta o que
limita, em muito, a possibilidade de cura. De todas as mortes por câncer em mulheres
brasileiras da faixa etária entre 35 e 49 anos, 15% morrem devido ao câncer de colo do
útero. Em 2007, foram 4.691 óbitos no Brasil em decorrência de neoplasias malignas
de colo do útero.
Embora o Brasil tenha sido um dos primeiros países no mundo a introduzir a
citologia de Papanicolaou para a detecção precoce do câncer de colo uterino, esta
doença continua a ser um sério problema de saúde pública.
No município de Ivinhema, a cobertura de exame de Papanicolaou para a
população feminina atendida pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica de 2009
(gráficos 69 e 70) é de 80,8% (pelo menos um exame na vida). Dentro deste número,
93,8% o fizeram a menos de 3 anos, tempo máximo recomendado pelo Ministério da
Saúde, e 65,9% o fizeram no último ano. Porém, 19,2% referem nunca ter realizado o
exame.
![Page 91: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/91.jpg)
91
Gráfico 69 – Percentual de pacientes que já fizeram o exame de Papanicolaou pelo menos uma vez
dentre as pacientes atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.
Gráfico 70 – Detalhamento do tempo do ultimo exame de Papanicolaou de pacientes que já o fizeram
pelo menos uma vez, atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.
Modelo de condução do Ministério da Saúde com resultado do exame de
Papanicolaou – Baseadas na Classificação Internacional de Bethesda:
Pacientes com citologia com resultado alterado, que devem ser submetidas a
procedimentos adicionais de diagnóstico e à terapia adequada imediatos:
Lesão de alto grau - Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau II (NIC II), Neoplasia
Intraepitelial Cervical Grau III (NIC III): encaminhamento imediato para a colposcopia,
para avaliação histopatológica.
![Page 92: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/92.jpg)
92
Casos com resultado de Carcinoma escamoso invasivo e Adenocarcinoma in
situ ou invasivo / outras neoplasias malignas: encaminhamento imediato para a
colposcopia e biópsia para confirmação diagnóstica pela histopatologia e,
posteriormente, encaminhamento à Unidade de alta complexidade oncológica.
Casos com Amostras Insatisfatórias: repetir imediatamente a coleta, já que não
foi possível a avaliação do material enviado, para descartar uma lesão significativa.
• Obter a informação da 2ª citologia em até seis meses (180 dias) da
data da coleta.
• Caso o resultado da 2ª coleta persistir amostra insatisfatória,
encaminhar ao nível secundário para investigação colposcópica.
• Caso o resultado da 2ª coleta for negativo para neoplasia ou
resultados positivos seguem este protocolo.
Casos com Lesões de baixo grau (ASCUS, AGUS, HPV e NIC I): acompanhamento
na unidade primária, repetir exame citopatológico após seis meses (180 dias).
Casos com Lesões de baixo grau (ASCUS, AGUS, HPV e NIC I) persistentes após
seis meses ou com progressão para lesão mais grave: encaminhamento imediato para
a colposcopia, para avaliação histopatológica.
Casos com Resultados sem anormalidades: avaliar resultados de exames no ano
anterior; recomendar (agendar) repetição após um ano, para pacientes novas no
seguimento; se negativo para neoplasia, isto é, pacientes com duas citologias
consecutivas negativas, agendar para nova citologia após três anos.
Com base nestes critérios, observamos que, apesar da cobertura de 80,8%, o
porcentual das pacientes que estão com cobertura adequada segundo o preconizado
pelo Ministério da Saúde é de 75,7%. Esta cobertura de Papanicolaou evidenciada em
Ivinhema é alta se comparado com experiências prévias da Bandeira Científica, mas
ainda assim o percentil de 24,3% que não estavam com o exame em dia é alarmante.
Câncer de Mama
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido a sua
alta freqüência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção
de sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos
de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e
progressivamente.
Este tipo de câncer representa nos países ocidentais umas das principais causas
de morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência tanto nos
![Page 93: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/93.jpg)
93
países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10
vezes em suas taxas de incidência ajustadas por idade nos registros de câncer de base
populacional de diversos continentes. Tem-se documentado também o aumento no
risco de mulheres migrantes de áreas de baixo risco para áreas de alto risco. Nos
Estados Unidos, a Sociedade Americana de Cancerologia indica que em cada 10
mulheres uma tem a probabilidade de desenvolver um câncer de mama durante a
vida.
No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia que mais causa mortes entre as
mulheres. Em 2008, foram registradas 11.735 mortes decorrentes deste tipo de câncer
em mulheres, de um total de 76.882 mortes por cânceres em geral em mulheres.
O sintoma do câncer de mama, já localmente detectável em exame físico, é o
aparecimento de nódulo na mama, com ou sem irritação e dor no local. As formas
mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são o auto-exame das
mamas, o exame clínico e a mamografia. As pesquisas indicam um impacto
significativo do Auto-Exame das Mamas - AEM na detecção precoce do câncer de
mama, registrando-se tumores primários menores e menor número de linfonodos
axilares invadidos pelo tumor (ou por células neoplásicas) nas mulheres que fazem
este exame regularmente. A sobrevida em cinco anos tem sido de 75% entre
praticantes do AEM contra 57% entre as não-praticantes. Esta vantagem na sobrevida
persiste quando se ajusta por idade, método de detecção, histórico familiar e demora
na aplicação do tratamento. No entanto, o método do auto-exame nunca deve ser a
única estratégia para a detecção precoce do câncer, sendo essencial a realização do
exame clínico e da mamografia quando indicada.
A mamografia é considerada um dos mais importantes procedimentos para o
rastreamento do câncer ainda impalpável de mama. A sensibilidade da mamografia é
alta, ainda que, na maioria dos estudos feitos, sejam registradas perdas entre 10 a 15%
dos casos de câncer detectável ao exame físico. A mamografia, devido à sua pouca
eficácia em mulheres com menos de 40 anos e mais de 70, em termos epidemiológicos
e de saúde pública, não deve ser utilizada em programas maciços, e sim ser indicada
no seguimento das mulheres de alto risco ou com suspeitas de doenças mamárias.
O rastreamento do câncer de mama feito pela mamografia, com periodicidade
de um a três anos, reduz significativamente a mortalidade em mulheres de 50 a 70
anos. Nas mulheres com menos de 50 anos, existe pouca evidência deste benefício. O
Instituto Nacional de Câncer recomenda que o Exame Clínico das Mamas - ECM seja
realizado para mulheres de todas as faixas etárias como parte do atendimento, mas
anualmente a partir dos 40 anos. Entre 50 e 69 anos também é preconizado a
mamografia, pelo menos a cada dois anos.
![Page 94: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/94.jpg)
94
Entre as pacientes atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica
que responderam a estas questões (cerca de 300 pacientes), 54,46% referem já terem
sido submetidas a exame de mama por profissional de saúde contra 45,54% que nunca
foram (gráfico 71). Quanto ao auto-exame de mama, 53,12% das pacientes atendidas
referem fazê-lo (gráfico 72). Quando questionado se já haviam realizado mamografia,
apenas 45,74% das mulheres com mais de 40 anos responderam afirmativamente
(Gráfico 73). Em relação à experiência da Bandeira Científica em anos anteriores,
comparados com dados da região nordeste, há um maior número de pacientes que
realizam auto-exame de mama e que já foram examinadas por profissional da saúde.
Os dados apontam, no entanto, que nem todas as mulheres que vão ao ginecologista
recebem os devidos exames de rotina (exame clínico de mamas e mamografia), uma
vez que aproximadamente 64,17% das pacientes atendidas referiram ir anual ou
esporadicamente ao ginecologista, mas porcentagens menores referiram ter feito, em
algum momento na vida, os exames.
Gráfico 71 – Percentual de pacientes que já haviam sido submetidas a exame de mama por
profissional de saúde dentre as atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.
![Page 95: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/95.jpg)
95
Gráfico 72 – Percentual de pacientes que referiram realizar auto-exame de mamas dentre as
atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.
Gráfico 73 – Percentual de pacientes maiores de 40 anos que já haviam realizado mamografia de
saúde dentre as atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009.
Estes dados encontrados demonstram a necessidade de campanhas
informativas para maior difusão do método de auto-exame, e busca pela ampliação da
cobertura do exame clínico das mamas por profissionais de saúde treinados para tal no
município. Estas medidas certamente terão impacto relevante na detecção precoce do
câncer de mama com melhora conseqüente nos índices prognósticos.
![Page 96: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/96.jpg)
96
Queixas Ginecológicas
Apesar da cobertura de papanicolaou atingir 80,8% das pacientes atendidas,
quando questionada freqüência de ida ao ginecologista evidenciou-se que o número
de pacientes sem acompanhamento chega a 35,83%, enquanto pacientes que referem
ir apenas ocasionalmente representam 26,2% (gráfico XX).
Gráfico 74 – Percentual de pacientes atendidas pela Ginecologia no Projeto Bandeira Científica 2009
de acordo com freqüência de ida ao ginecologista.
Um dos mais comuns e mais constrangedores problemas que afeta a saúde da
mulher é o corrimento vaginal, também chamado de vaginite, é uma das causas mais
freqüentes de visita ao médico ginecologista. Caracteriza-se por uma irritação vaginal
ou um corrimento anormal que pode ou não ter cheiro desagradável, pode haver
também prurido (coceira) ou ardor na vagina ou ainda polaciúria (vontade mais
freqüente de urinar).
Os corrimentos podem ser causados por:
• Infecções vaginais
• Infecções cervicais ou do colo do útero
• Doenças sexualmente transmissíveis
![Page 97: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/97.jpg)
97
Dentre as pacientes atendidas pela Ginecologia no projeto Bandeira Científica
de 2009, a maior queixa foi o corrimento vaginal, seguido pela dor no trato
geniturinário e dispaureunia, como pode ser visto no gráfico 75 abaixo.
Gráfico 75 – Freqüência das queixas ginecológicas nas pacientes atendidas pela Ginecologia
no Projeto Bandeira Científica 2009 (percentual).
Considerando, no entanto, os diagnósticos obtidos pela equipe de ginecologia
da Bandeira Científica 2009 (Gráfico 76), percebemos que corrimento teve uma
ligeira queda de freqüência, o que se interpreta que muito do que era
considerado um corrimento anormal por pacientes era na verdade um
corrimento fisiológico. Portanto, agora, incontinência urinária de esforço
aparece como diagnóstico mais importante. Isto nos remete à alta freqüência
encontrada no inquérito epidemiológico, e aponta que, em grande parte das
pacientes, o tema não é inicialmente abordado, talvez por vergonha ou por não
considerarem um problema significativo. Em seqüência temos outros
diagnósticos ginecológicos e Moléstia Inflamatória Pélvica Aguda (MIPA)
apareceu em terceiro lugar como diagnóstico único mais freqüente.
![Page 98: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/98.jpg)
98
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Incontinência de esforço
Corrimento vaginal
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Dor pélvica
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Infecção urinária
Incontinência urinária
Ectrópio
Sem afecções
Endometriose
Nódulo mamário
Climatério
Gestações
Infertilidade
Gráfico 76 - Diagnósticos encontrados pela equipe de ginecologia da Bandeira Científica 2009, em porcentagem.
![Page 99: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/99.jpg)
99
Perfil Obstétrico
Um importante passo para a redução da Mortalidade Infantil e da Mortalidade
Materna diz respeito às condições oferecidas para as gestantes em atenção à gestação
e ao parto.
Avaliando o tipo do último parto a que foram submetidas as pacientes do sexo
feminino com mais de 12 anos de idade, observamos que no total das gestações, a
porcentagem de partos naturais é de 68,77%, sendo que 29,66% dos partos foram do
tipo cesariana. Taxa esta maior que a de 15% preconizada pela OMS, mas que indicaria
ainda uma predominância dos partos naturais. (gráfico 77)
Gráfico 77 – Tipo de partos a que foram submetidas as pacientes atendidas pelo Projeto Bandeira
Científica 2009.
Se atentarmos, no entanto, apenas aos dados que se referem aos últimos
partos realizados pelas mesmas pacientes, perceberemos como essa tendência mudou
drasticamente com predominância das cesáreas (50,64%) sobre os partos naturais
(49,36%), taxa maior do que a média nacional que é de 43% (gráfico 78). Reforçando
essa idéia de tendência observamos que uma expressiva fração dos últimos partos
foram realizados há menos de 1 ano. (gráfico 79)
![Page 100: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/100.jpg)
100
Gráfico 78 – Tipo do último parto a que foram submetidas as pacientes atendidas pelo Projeto
Bandeira Científica 2009.
Gráfico 79 – Há quanto tempo ocorreram os últimos partos das pacientes atendidas pelo Projeto
Bandeira Científica 2009.
Coerente com a maior quantidade de cesáreas a grande maioria dos partos foi
realizada em hospitais (84,47%), ambiente adequado à realização deste procedimento
cirúrgico. Comparativamente apenas 6,21% das pacientes deram à luz em posto de
saúde e 9,32% em residência. (gráfico 80)
![Page 101: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/101.jpg)
101
O contraste é ainda maior se compararmos com os dados recolhidos das
edições anteriores do Projeto, nos quais as taxas de partos normais eram bastante
aumentadas em relação a 2009 (88,63% nas cidades atendidas no Rio Grande do Norte
em 2005, 79,6% nas cidades atendidas em Alagoas em 2004).
Gráfico 80 – Local do último parto a que foram submetidas as pacientes atendidas pelo Projeto
Bandeira Científica 2009.
Esses dados podem indicar uma progressiva aproximação com a mentalidade
encontrada nos grandes centros, nos quais se vê a cesárea como um tipo de parto mais
prático do que a via normal. Devido a vários fatores, como: período menor de
trabalho de parto, eliminação da sua imprevisibilidade, além de as mais jovens
desconhecerem e temerem as dores do parto. Esse pensamento desconsidera, no
entanto, os riscos associados a uma taxa muito maior de parto cesárea do que a
recomendada, como: maior risco de mortalidade materna, maior incidência de
transfusão de sangue e de internação dos bebês ao nascimento. É, portanto,
importantíssimo para a melhora desse indicador de saúde que haja: diminuição das
indicações do parto cesárea, realização de campanhas que conscientizem as pacientes
sobre as indicações precisas da cesárea e as vantagens do parto normal, muitas vezes
desconhecidas. Além disso, é fundamental o envolvimento dos profissionais da saúde
do município, incluindo médicos, enfermeiros, agentes de saúde e parteiras, para que
estejam conscientes das necessidades de orientação dos pacientes e estejam aptos a
fazer o parto visando o bem-estar da gestante e do bebê. A principal fase para esta
intervenção é durante o pré-natal, que segundo a OMS tem entre seus objetivos
salvaguardar a saúde das mulheres durante a gravidez e o aleitamento, ensinar-lhes os
![Page 102: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/102.jpg)
102
cuidados a serem dispensados as crianças, permitir-lhes o parto normal e o
nascimento de filhos sadios.
Além do tipo de parto e da assistência ao momento do parto (incluindo o local
onde é realizado), um adequado acompanhamento pré-natal é fundamental para
acompanhar o crescimento e desenvolvimento do bebê, bem como para assegurar
medidas preventivas e o pronto diagnóstico de eventuais alterações que
comprometam a saúde materna ou a adequada evolução da gestação. O Ministério da
Saúde, baseado em protocolos internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS-
ONU), preconiza a realização de pelo menos 6 consultas pré-natais para o adequado
acompanhamento da gestação.
Durante o atendimento da Bandeira Científica 2009, as pacientes que já tinham
pelo menos um filho, responderam ao questionário sobre o número de consultas no
pré-natal (gráfico 75), sendo que a média de consultas foi de 7,30, uma quantidade
muito boa, considerando-se um desvio-padrão de 2,706. Em relação a anos anteriores
do Projeto, essa cobertura do pré-natal no município de Ivinhema é elevada. Porém, é
necessário dizer que ainda há espaço para o crescimento da cobertura pré-natal com
objetivo de diminuição da mortalidade materna e mortalidade infantil precoce.
Ressaltamos ainda que, embora o número de consultas pré-natais seja uma
meta a ser atingida, é preciso assegurar a este processo a devida qualidade de atenção
e orientação da paciente para sinais de alerta, cuidados gerais e específicos,
garantindo assim uma consulta de qualidade objetivando o diagnóstico e atuação
precoces e evitando assim a mortalidade materna, a mortalidade infantil e as
complicações materno-fetais.
![Page 103: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/103.jpg)
103
Gráfico 75 – Número de consultas de pré-natal realizadas no último parto pelas pacientes que já
tiveram pelo menos um filho atendidas pelo Projeto Bandeira Científica 2009.
Fonoaudiologia
Trabalho de promoção e educação em saúde no contexto escolar
Observação coletiva de creche/ Instituições de Educação infantil – 14/12/2009
A proposta de realizar a observação coletiva nas creches de Ivinhema surgiu da
necessidade de se conhecer mais profundamente a realidade da população local e a
estrutura do ensino infantil da cidade. A partir destas observações, foram preenchidos
protocolos nas áreas de audição/ruído, voz, funções alimentares, hábitos orais,
respiração, linguagem e fala; além de feitas observações referentes à infra-estrutura
das instituições. Estes protocolos foram úteis para o posterior encontro com mães e
pedagogas das creches e futura devolutiva para cidade, sendo abordado
principalmente o desenvolvimento neuropsicomotor e hábitos orais.
![Page 104: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/104.jpg)
104
Havia previsão de visitação de dez creches, porém algumas creches estavam
fechadas devido ao período de férias; algumas não tinham alunos, pois a visitação
ocorreu no último dia de atividades que, inicialmente, não estava previsto no
calendário e só ocorreu devido à expedição; outras, ainda, estavam sendo utilizadas
como postos de atendimento.
Diante disto destaca-se a necessidade de um reforço com a cidade sobre a
importância de sua contribuição para que não ocorram inconvenientes como este, já
que a atividade estava programada e inserida no cronograma geral e mesmo assim as
informações que nos foram passadas foram contraditórias.
Ainda assim, foi possível realizar a visitação em duas creches, que mesmo com
número reduzido de alunos. A visitação nos trouxe dados a respeito das condições das
instituições, contato com alguns profissionais, estruturação geral da educação infantil
na cidade, e alterações fonoaudiológicas mais observadas nas crianças.
A primeira creche visitada foi a Creche Vó Augusta, no bairro Triguenã. Esta
creche possui 90 crianças, sendo que neste dia apenas 68 estavam presentes.
Com relação às questões auditivas e de ruído, pode-se observar que o
ambiente da creche é silencioso, crianças e funcionárias da creche mostram-se calmas,
não há muitos estímulos sonoros com brinquedos ou por parte das educadoras.
Observou-se que as crianças localizam e identificam estímulos sonoros, de acordo com
as educadoras, a única queixa de audição apresentada foi em relação a uma criança
em especial, que apresentava otite de repetição e outras quatro crianças que foram
citadas pelas educadoras devido ao desvio de atenção, sendo encaminhadas por nós
para a psicóloga da UBS próxima.
Quanto às educadoras, não apresentavam queixas de audição e,
aparentemente, tinham voz adequada, somente com velocidade de fala aumentada e
muitas queixas de abuso vocal.
Nas crianças foi possível observar uma grande ocorrência de abuso vocal
durante as atividades, sendo que poderiam ser evitados se as educadoras não
estimulassem atividades que promovessem a utilização vocal em intensidade elevada e
a manifestação vocal de todas as crianças ao mesmo tempo. Havia apenas uma criança
aparentemente disfônica, pode-se observar que a sensação auditiva da voz das
crianças (loudness) era aumentada.
Durante a alimentação, observou-se que as educadoras servem as crianças e as
auxiliam quando necessário ou quando a criança tem idade reduzida (1 ou 2 anos de
idade), há uma boa aceitação das crianças ao cardápio das refeições. Quanto às
mamadeiras, as mães as levam no começo do ano para a creche, mas as educadoras
ficam responsáveis pela higienização das mesmas, sendo as mães ainda responsáveis
![Page 105: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/105.jpg)
105
pelas trocas de bicos nas mamadeiras. Até os dois anos de idade as crianças tomam
mamadeira na creche, mas depois disso passam a utilizar canecas. Foi referido, pelas
educadoras, uso controlado de chupeta e dedo pelas crianças, ou seja, apenas em
momentos específicos como na hora do sono depois do almoço ou em algum
momento que a criança esteja chateada e precise deste hábito oral.
Quanto à respiração, pudemos notar predomínio de crianças respiradoras
oronasais, com coriza freqüente. A higiene nasal não é realizada ou incentivada pelas
educadoras.
Quanto ao sistema estomatognático foram observadas alterações de mordida
(mordida aberta) e língua interdentalizada tanto no repouso quanto na fala, além de
um caso de uma criança com fissura lábio palatina corrigida que apresenta dificuldades
na alimentação, fala e audição. O ambiente da creche não é muito limpo devido à
poeira, mas é bem arejado.
Outra creche observada foi a creche Gizelma Tolfo, que possui 30 crianças, mas
no dia da observação havia apenas 14. A faixa etária desta creche é de seis meses a
três anos. A creche era bem limpa e arejada, mas era constante haver alergias
relacionadas à poeira, fumaça de caminhão e usina próxima a creche, isso foi relatado
pelos funcionários da creche e também observado pelas bandeirantes.
A respiração das crianças era predominantemente oronasal, apresentavam
coriza, sendo a fralda de pano utilizada para fazer a higiene nasal. Mesmo com a nossa
observação de respiração oronasal, as educadoras relataram não haver casos de
alterações respiratórias.
O ambiente da creche é silencioso, praticamente sem ruído, não há crianças
com queixas auditivas e nem muita estimulação com brinquedos sonoros. Foi relatado
o caso de uma criança que tinha atenção dispersa, mas, em geral, as crianças se
interessavam pela origem dos sons.
As educadoras realizavam atividades que promoviam a estimulação da audição
e não houve queixas das educadoras quanto à audição.
Observou-se que todas educadoras cometem abuso vocal ao falar numa
intensidade elevada, sendo que uma educadora nos relatou queixa vocal devido à
alergia.
Quanto à voz, as crianças são estimuladas através de canções a bater palma e
cantar em intensidade elevada, contribuindo para um grande abuso vocal.
Com relação à alimentação, as crianças menores são alimentadas pelas
educadoras. A refeição é ofertada para a criança no berço, com colher de sopa,
![Page 106: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/106.jpg)
106
tamanho não adequado para esta faixa etária. Já as crianças mais velhas comem em
pratos plásticos fundos, com garfo e faca grandes demais para o tamanho delas. O
cardápio da refeição era composto de alimentos pouco consistentes, com bastante
caldo, inadequados para a faixa etária. As educadoras relataram dificuldade na
transição da papa para a alimentação sólida.
Quanto aos utensílios, as mamadeiras são trazidas pelas mães, porém a maioria
possui bico com furo aumentado, segundo relato das educadoras. As crianças utilizam
a mamadeira dentro da creche até aproximadamente 2-3 anos.
Quanto à linguagem, não há um cronograma com um planejamento das
atividades relacionadas a esta área e nem nenhuma outra.
Com relação à fala e linguagem, observou-se crianças na faixa etária de um ano
e meio que ainda não falam. Na ocasião da visita, a interação das educadoras com as
crianças era boa, mas não havia estimulação adequada em relação à linguagem, elas
falavam mais entre elas, conversando pouco com as crianças, muitas vezes as
carregavam no colo, impossibilitando que as crianças pudessem explorar o meio, tanto
que somente as crianças mais velhas faziam uso da linguagem verbal.
A higienização oral das crianças ocorre somente após o almoço.
No momento do repouso, duas crianças dormem em um mesmo colchão, a
maioria chupa chupeta e cobertores são usados como cortinas, para impedir a entrada
do sol intenso, o que torna o ambiente extremamente quente e abafado, apesar de
contar com ventilador de teto, que estava ligado.
Uma questão levantada pelas educadoras foi que o posto de saúde próximo à
creche não possuía pediatra, sendo que quando as crianças apresentavam problemas
de saúde, deveriam passar primeiro por um clínico geral para, posteriormente, serem
encaminhadas para um pediatra.
Encontro com professores- Tema: Voz Profissional
No dia 15/12/2009 foi realizado na UEMS um encontro com os professores da
cidade sobre o tema Voz profissional. Este tema configura-se como a principal causa
de afastamento entre os profissionais da área. Neste sentido, o objetivo do encontro
foi discutir questões relacionadas à promoção da saúde vocal e prevenção dos abusos
e alterações vocais.
Todos os professores da rede municipal foram convidados a participar desta
formação, totalizando 160 profissionais. Houve comparecimento de apenas 33
professores. Este baixa freqüência reforça a necessidade de divulgação mais efetiva
das atividades da Fonoaudiologia, ressaltando a importância da atividade.
![Page 107: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/107.jpg)
107
Os professores que estavam presentes puderam participar ativamente da
atividade por meio de perguntas durante e após a apresentação e de maneira coletiva,
na prática dos exercícios de relaxamento, alongamento, respiração, aquecimento e
desaquecimento vocal demonstrados.
O encontro abordou os seguintes temas: produção vocal, respiração, alterações
das pregas vocais, higiene vocal, voz saudável, uso profissional da voz, fatores de risco
(individuais e coletivos), promoção de saúde, exercícios vocais
Encontro com as pedagogas de creches – Tema: Desenvolvimento Infantil
Neuropsicomotor
No dia 18/12/2009, foi realizada uma atividade em conjunto com as áreas de
nutrição e fisioterapia.
A atividade visou integrar os conhecimentos específicos das áreas, por meio de
uma dinâmica com as pedagogas das creches enfocando o desenvolvimento
neuropsicomotor.
O tema foi abordado de forma interdisciplinar, de maneira que o conhecimento
foi discutido e construído durante o encontro, a partir das trocas entre as áreas
envolvidas e as pedagogas.
A atividade deu-se da seguinte forma: as pedagogas foram divididas em três
grupos, cada grupo possuía um painel com uma linha do tempo do desenvolvimento
infantil dividida por idades: um mês até seis anos (o primeiro ano era dividido em
meses) e fichas que traziam os marcos importantes no desenvolvimento. Com este
material, os grupos deveriam organizar as fichas na linha do tempo de forma que cada
faixa etária fosse caracterizada com os marcos do desenvolvimento nas áreas da
Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição.
O conhecimento das pedagogas foi resgatado no debate entre elas sobre as
fases de desenvolvimento das crianças na ‘confecção’ dos quadros dos grupos, sendo
que após realizou-se discussão quanto ao esperado em relação à idade.
Alem disso, também houve o enriquecimento da conversa quando no final da
atividade os integrantes de cada uma das áreas deram orientações para a estimulação
do desenvolvimento das crianças das creches.
Encontro com pais/responsáveis das crianças das creches
No dia 19/12/2009, foi realizado na UEMS um encontro com pais e
responsáveis das crianças das creches sobre o tema ‘’Desenvolvimento infantil’’ -
Aspectos Fonoaudiológicos: Linguagem, fala, audição, voz, fluência, respiração e
funções alimentares.
![Page 108: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/108.jpg)
108
O encontro deu-se da seguinte forma, foram apresentadas as áreas-temas do
encontro e a continuidade da conversa se deu conforme foram levantadas dúvidas
e/ou temas de maior interesse.
Infelizmente, como houve falha de comunicação entre a Secretaria Municipal
de Educação e as Creches, a divulgação do encontro não foi feita de forma efetiva,
havendo dúvidas quanto ao seu horário. Inicialmente estava agendado para as 15
horas e, posteriormente, foi transferido para as 7 horas devido à falta de
disponibilidade de local para a realização do mesmo no período da tarde.
No período da manhã, o encontro foi realizado com cerca de quinze pais que
compareceram no novo horário e outras pessoas que estavam aguardando
atendimento no posto da Bandeira Científica montado na UEMS, sendo assim, este
encontro não foi tão produtivo quanto o esperado, já que a maior parte das pessoas
presentes não veio especificamente para este encontro e não necessariamente tinham
interesse nos temas abordados.
Como cinco pais compareceram no horário da tarde e a equipe de
Fonoauidologia estava realizando atendimentos no posto da UEMS, realizou-se
reunião com esses responsáveis, na qual foram tratadas dúvidas sobre as diversas
áreas da fonoaudiologia. Esta atividade durou aproximadamente uma hora e meia.
Esta reunião foi super interessante pela possibilidade de trocas entre as mães e a
equipe, e as mães entre si, com isso, como o encontro se deu basicamente como uma
conversa, isto é de maneira informal, foi um momento propício para esclarecimento
de dúvidas e orientações. Além disso, uma das crianças foi triada e encaminhada para
atendimento fonoaudiológico local.
Atividade de Educação em Saúde: Teatro – Conhecendo o Ouvido e cuidados com a
audição
Devido à necessidade de se mostrar às crianças a importância da audição e os
cuidados que devemos ter para que possamos promover a saúde auditiva, optou-se
pela realização de atividade lúdica (teatro de fantoches) do Projeto “Passe Adiante”.
O “Passe Adiante” é um projeto social, sem fins lucrativos, criado em 2006 pelo
Centro Auditivo Audibel. Tem como objetivo oferecer informação à população, a fim
de que passem a conhecer o ouvido, a importância da audição para uma vida saudável
e com boa qualidade, além de promover o conhecimento e diminuir o preconceito em
relação ao deficiente auditivo e o uso de próteses auditivas.
Para tanto nos foi disponibilizado material de apoio composto por: seis
personagens em pelúcia que representam das partes do ouvido (Audibelinho- aparelho
auditivo, Tim Pano- Tímpano, Marcelo Martelo- Martelo, Caubi Gorna – Bigorna,
Estribo Wonder – Estribo, Dona Cóclea - Cóclea), adesivos dos personagens, um
![Page 109: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/109.jpg)
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banner ilustrativo e gibis da “Turma do Audibelinho”, que contam de forma divertida o
funcionamento do ouvido e os cuidados que deve-se ter para com este. Além do teatro
de fantoches, realizamos atividades nas quais as crianças interagiram bastante, como
recontagem do teatro pelas crianças e brincadeira de telefone sem fio para
exemplificar a propagação do estímulo sonoro entre os componentes do ouvido.
Esta atividade de educação em saúde ocorreu em dois momentos: inserida em
um circuito de atividades que aconteceram com todas as áreas do Projeto BC no
Ginásio de Esportes da cidade, no dia 15/12/2009. Todas as crianças da cidade, e mais
especificamente do bairro em que se localizava o ginásio, foram convidadas a
comparecer e participavam de todas as atividades recreativas de educação em saúde,
em seqüência.
A apresentação se deu com a apresentação dos personagens de forma que
explicássemos os personagens representando as partes do ouvido. Feito isso, a
dinâmica da passagem do som do ouvido ao cérebro era ilustrada com as personagens
de pelúcia. Acabada a apresentação, as crianças eram convidadas a participar de uma
dinâmica escolhendo um personagem a representar e mostrando sua função para
fazer o indivíduo escutar.
Ao final da dinâmica todas as crianças recebiam um gibi e adesivos.
Foi muito produtivo, as crianças pareceram entender a dinâmica da audição,
além dos cuidados, principalmente com sons altos e não usar o cotonete. Ficavam
contentes ao receber o gibi e os adesivos, algumas colavam os adesivos da cóclea e dos
ossículos na ordem certa em que recebem a vibração, até o momento em que este
som é transmitido para a cóclea.
Em um segundo momento a mesma dinâmica foi realizadas com alunos do
Projeto CARCA, uma instituição educativa para crianças e jovens da cidade, no dia
20/12/2009 Estavam presentes cerca de dez crianças que participaram das atividades
e receberam os brindes. Com elas a atividade também foi produtiva, de forma
equivalente ao dia do ginásio, com a única diferença que como só era essa a atividade
acontecendo, elas concentraram-se mais, pois estavam menos agitadas.
Triagem miofuncional, realização de orientações e Adaptação de próteses totais
O fundamento para realização deste trabalho em parceria com a Odontologia
foi a otimização da adaptação das próteses dentárias totais realizada pela equipe de
Odontologia.
Como o processo de confecção e adaptação das novas próteses é muito rápido,
20 próteses foram confeccionadas e doadas em dez dias, os pacientes tinham pouco
![Page 110: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/110.jpg)
110
tempo para tirar suas dúvidas e receber orientações especializadas para a adaptação
efetiva das próteses.
Primeiramente houve um planejamento junto à Odontologia de modo que a
atuação ocorresse de forma conjunta no cronograma geral.
Foram realizadas avaliações do sistema estomatognático e funções alimentares
dos pacientes antes da adaptação das novas próteses com a utilização do protocolo de
avaliação: “Triagem Miofuncional Orofacial - Versão reduzida do protocolo proposto
por Felício CM. Desordens Temporomandibulares: métodos e protocolos para
avaliação e o diagnóstico fonoaudiólogico. Felicio CM, Trawitzki IVV (organizadoras).
Interfaces da Medicina, Odontologia e Fonoaudiologia no complexo cérvico-
craniofacial. Pró-Fono. Após a avaliação inicial, foi traçado um plano de adaptação das
próteses e realização de orientações necessárias (exercícios para o posicionamento
adequado das próteses, fortalecimento de musculatura, orientações com relação à
mastigação e deglutição eficientes, alimentação com a prótese, posicionamento de
língua em repouso, higiene, fala articulada e precisa).
Quando o paciente retornava para o recebimento das novas próteses,
primeiramente passava pela equipe da odonto, onde eles analisavam se a prótese
precisaria de algum reparo e logo em seguida passavam para a sala ao lado onde
estava a equipe da fonoaudiologia.
As orientações gerais se dividiam em três fases: abertura e fechamento de boca
de forma alinhada, com e sem espelho; mastigação de alimentos pastosos e sólidos; e
posicionamento correto da língua durante a deglutição. Além disso, cada paciente
recebia orientações individuais que resultavam de sua avaliação.
Foram avaliados 20 pacientes, previamente indicados pela cidade, para
receberem as próteses totais. Estes foram divididos em dois ciclos, de 10 pacientes em
cada ciclo, que eram avaliados e recebiam a prótese depois de quatro dias.
Postos de Atendimento
Atendimentos
No ano de 2009, o primeiro ano da Fonoaudiologia no Projeto Bandeira
Científica, não estavam previstos atendimentos em nosso cronograma. Porém, como
algumas de nossas atividades acabaram antes do previsto, utilizou-se este tempo nos
postos de atendimentos, para entender a dinâmica dos atendimentos do projeto,
realizar atendimentos à comunidade e oferecer a possibilidade de encaminhamento
interno promovendo maior integração entre as áreas do projeto e realização, quando
necessário, de encaminhamentos externos (da Fonoaudiologia da Bandeira para o
serviço Fonoaudiológico da cidade).
![Page 111: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/111.jpg)
111
Vale ressaltar, que antes da realização dos encaminhamentos externos, nos
asseguramos que a cidade tivesse serviço fonoaudiológico capaz de suprir a demanda
por nós levantada. Para tanto, tivemos uma reunião externa com a Fonoaudióloga da
UBS Vitória e verificamos a possibilidade desses encaminhamentos.
Assim, estivemos presentes nos postos de atendimento nos dias, 16, 19, 20 e
21 de dezembro de 2009. É importante lembrar que os postos de atendimento que
decidimos atuar não foram escolhidos aleatoriamente, foi levada em conta a logística
do transporte, distância do posto para o local em que estávamos atuando e a presença
de otorrinolaringologistas no local, visando a interdisciplinaridade e atuação conjunta
em distinção de causas orgânicas de algumas alterações fonoaudiológicas, como
respiração oronasal e hábitos orais.
A dinâmica de nosso atendimento dava-se da seguinte forma: quando o
atendimento ocorreu no período da manhã, os bandeirantes que eram avisados no
transporte até o posto de atendimento, assim como, eram colocados avisos no quadro
da sala dos discutidores. Quando o atendimento ocorreu no período da tarde, os
discutidores e alguns representantes de cada área eram avisados, além da colocação
do aviso no quadro.
Foram atendidos 13 pacientes ao longo dos quatro períodos em que estivemos
nos postos de atendimento (Sidney e UEMS), sendo oito do gênero feminino (uma
adulta e sete crianças) e cinco do gênero masculino (um adulto e quatro crianças),
encaminhados pela medicina e nutrição.
Conforme citado anteriormente, estes atendimentos não foram programados,
por isso não contávamos com nenhum protocolo específico de triagem/atendimento.
Dessa forma, foi realizada triagem e anamnese de forma informal de linguagem, fala e
voz, e foi utilizado o protocolo de triagem miofuncional oral “Triagem Miofuncional
Orofacial - Versão reduzida do protocolo proposto por Felício CM. Desordens
Temporomandibulares: métodos e protocolos para avaliação e o diagnóstico
fonoaudiólogico. Felicio CM, Trawitzki IVV (organizadoras).
Assim sendo, estes atendimentos foram conduzidos principalmente por nossa
discutidora, enquanto as acadêmicas participaram observando, triando alguns
aspectos (de maneira supervisionada) e realizando orientações aos pais/ responsáveis/
pacientes, dependendo de cada caso. Antes de qualquer devolutiva ou orientação aos
pacientes, os casos foram discutidos, estabelecendo-se a conduta adequada,
verificando-se a necessidade ou não de encaminhamento externo.
Quanto aos atendimentos propriamente ditos, as seguintes queixas foram
encontradas em ordem de prevalência: respiração oronasal, alteração de fala,
![Page 112: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/112.jpg)
112
motricidade orofacial, hábitos orais, funções alimentares, voz, linguagem, atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor e dificuldades escolares.
Queixas Pacientes Porcentagem
RESPIRAÇÃO ORONASAL 9 21%
ALTERAÇÃO DE FALA 8 19%
ALTERAÇÃO DENTÁRIA 7 16%
MOTRICIDADE OROFACIAL 6 15%
HÁBITOS ORAIS 5 12%
FUNÇÕES ALIMENTARES 4 9%
VOZ 1 2%
LINGUAGEM 1 2%
ATRASO NO DNPM 1 2%
DIFICULDADES ESCOLARES 1 2%
Tabela 6 – Queixas dos pacientes da equipe de fonoaudiologia
Gráfico 76 – Perfil dos atendimentos da equipe de fonoaudiologia
![Page 113: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/113.jpg)
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Indicação dos pais
No atendimento da tarde de 19 de dezembro de 2009, como o posto de
atendimento estava com pouco movimento, o Protocolo de Indicação de Pais foi
aplicado com todos os pais que compareceram ao posto com suas crianças. Neste
protocolo há questões relativas ao desenvolvimento, voltadas para alterações de fala,
audição, respiração, mastigação, deglutição, dentição, voz; presença de refluxo
gastroesofágico, hábitos orais (chupar chupeta, chupar dedo, roer unha, morder
lábios, chupar/mordes objetos, ranger os dentes), além disso, o responsável foi
questionado se a criança já esteve em tratamento (fonoaudiológico ou outros) e se
gostaria de fazer algum comentário sobre a comunicação da criança. No total, foram
aplicados 13 protocolos.
Segue abaixo a tabela e o gráfico com os resultados obtidos quanto às queixas
fonoaudiológicas dos pais/responsáveis. É interessante observar que as queixas mais
prevalentes correspondem àquelas encontradas em nossos atendimentos nos postos.
Tabela 7- Protocolos de Indicação
Queixas Crianças Porcentagem
HÁBITOS ORAIS 8 30%
DIFICULDADES DE RESPIRAR 5 19%
ALTERAÇÃO NOS DENTES 5 19%
DIFICULDADE DE FALAR 2 8%
DIFICULDADES DE MASTIGAR 2 8%
ALTERAÇÃO NA VOZ 2 8%
DIFICULDADE DE OUVIR 1 4%
REFLUXO GASTRO ESOFÁGICO 1 4%
![Page 114: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/114.jpg)
114
Grafico 77 – Indicação dos pais
Atendimento em conjunto com a Odontologia
A Fonoaudiologia também contribuiu com a equipe da Odontologia na
avaliação, atendimento domiciliar e posterior encaminhamento de duas pacientes que
tiveram de realizar Frenulectomia de língua. As pacientes eram irmãs e apresentavam
alterações articulatórias decorrentes de freio lingual de inserção longa, além de
alterações na motricidade orofacial e funções alimentares (deglutição e mastigação).
O processo deu-se da seguinte forma: a Odontologia contatou a Fonoaudiologia
para realização de avaliação anátomo-funcional para verificar a necessidade da
cirurgia, assim, foi feita a avaliação miofuncional orofacial e articulatória das pacientes,
confirmando-se a necessidade da cirurgia.
No mesmo dia a equipe de Fonoaudiologia pôde acompanhar o processo
cirúrgico realizado pela equipe da Odontologia. Dois dias depois, as duas áreas
realizaram visita domiciliar às pacientes, as quais a Odontologia fez a avaliação pós-
operatória e a Fonoaudilogia realizou e prescreveu exercícios de controle e
posicionamento de língua, verificando-se na mesma sessão melhora significativa nas
pacientes. Por fim, as duas pacientes foram orientadas e encaminhadas para a
fonoaudióloga local a fim de que exista uma continuidade do processo terapêutico.
Reuniões externas
Foram realizadas três reuniões externas a fim de conhecer melhor o perfil da
cidade e direcionar as atividades previstas.
![Page 115: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/115.jpg)
115
Fonoaudiólogas
A primeira reunião aconteceu na UBS do bairro Vitória no dia 14 de dezembro
com a fonoaudióloga Ana Maria Dalla Vecchia. Conhecemos o setor de fonoaudiologia
do posto, que também conta com a participação de outra fonoaudióloga. Nesta visita
tivemos informações sobre os atendimentos realizados, rotina do trabalho na UBS,
demanda de atendimentos fonoaudiológicos da cidade, além das dificuldades com
relação à atualização profissional enfrentada pelos profissionais da cidade. O
levantamento das informações sobre os atendimentos fonoaudiológicos da cidade foi
fundamental para o desenvolvimento dos atendimentos fonoaudiológicos com a
certificação de que a demanda originada em nossas ações pudesse ser absorvida.
Segundo a fonoaudióloga, que em dezembro de 2009 atuava há um ano e meio
no posto de saúde, a unidade de saúde atende crianças, adolescentes e adultos com
diferentes alterações fonoaudiológicas primárias, secundárias e terciárias, entre elas
distúrbio articulatório, alteração de motricidade orofacial, afasia; encaminhados, em
geral, pelos profissionais da área médica da cidade. Ainda são realizados pelas
fonoaudiólogas atendimentos no hospital da cidade e em domicílio, quando
necessário.
A fonoaudióloga nos informou ainda a respeito do pouco conhecimento da
população de Ivinhema quanto à fonoaudiologia, o que vem sendo minimizado por
ações das profissionais e prefeitura. Além disso, foi enfatizada a necessidade de
atuação fonoaudiológica em ações de promoção da saúde e junto à educação do
município.
Informações relativas ao fluxo do atendimento fonoaudiológico na UBS nos
acenaram com a certeza de que o posto teria possibilidade de receber os pacientes
que fossem encaminhados para terapia fonoaudiológico pela Bandeira Científica.
Em uma primeira visita à instituição APAE, também no bairro Vitória, no dia 14
de dezembro, a fonoaudióloga não estava presente, então fomos recebidas pela
coordenadora pedagógica Nilce que nos mostrou o espaço físico e relatou as
atividades realizadas com os alunos. Ao retornarmos no dia 15 de dezembro, nos
reunimos com a fonoaudióloga Eliane. Esta profissional é contratada pela prefeitura e
locada na instituição.
A instituição atende 90 indivíduos, com faixa etária que compreende desde
bebês a adultos, portadores de síndrome de Down, Cri Du Chat, deficiência mental,
deficiência visual, fissura lábio-palatina, autismo e paralisia cerebral, o que demanda
para a profissional. A atuação baseia-se em orientações familiares, atendimentos
individuais e em grupo.
![Page 116: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/116.jpg)
116
Secretárias de Saúde e Educação
A reunião com as secretárias da saúde, Sônia, e da educação, Cleonice,
aconteceu no dia 14 de dezembro no prédio da prefeitura, em conjunto.
Os temas abordados foram:
Necessidade de atuação fonoaudiológica junto à educação
Necessidade de ações de educação em saúde nas áreas da
fonoaudiologia
Participação da fonoaudiologia na Bandeira Científica, divulgação das
ações.
Diretora das creches
No dia 14 de dezembro também nos reunimos com Izilda, diretora de das
creches da região. O tema abordado foi o funcionamento a educação infantil, mais
especificamente as creches, visto que a visitação às creches estava acontecendo no dia
da reunião.
Interdisciplinaridade
Ao pensar na Bandeira Cientifica de forma holística, é imprescindível falar sobre
a importância da interdisciplinaridade, já que este é um dos pilares do projeto.
Mesmo antes de entrar para o projeto, esta questão sempre foi um dos
maiores interesses e objetivos das idealizadoras e foi usado como tema principal
durante a apresentação da fonoaudiologia à diretoria geral da BC, encontrando um
ponto em comum com todas as outras áreas da saúde envolvidas.
Durante a expedição, a interdisciplinaridade ocorreu em vários momentos, com
diversas áreas. Sem dúvida a parceria mais frequente ocorreu com a odontologia, uma
vez que, além de trabalharmos em conjunto com os pacientes protetizados, também
houve dois outros casos em que houve atendimento conjunto.
Além da odonto, também houve parceria com a nutrição e a fisioterapia
durante a palestra sobre Desenvolvimento Neuropsicomotor, e, em diferentes
ocasiões, com a medicina nos postos de atendimento, mais especificamente com a
otorrinolaringologia.
Cabe sempre ressaltar a importância desse tipo de integração tanto para o
paciente, quanto para o aluno em expedição e para os profissionais envolvidos, visto
que a somatória dos conhecimentos das diferentes áreas da saúde nos ajuda a
compreender cada vez mais a máquina tão complexa que é o ser humano.
![Page 117: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/117.jpg)
117
Discussão
Assim, após todas as atividades a cima expostas, consideramos dever cumprido
como unidade participante pela primeira vez no projeto.
Além de realizarmos nosso objetivo principal de observar a expedição como um
todo, também realizamos ações que consideramos importantes e viáveis nesse
primeiro momento. Com a soma desses dois fatores obtivemos nosso resultado mais
precioso: enxergar necessidades que devem ser supridas pela atuação da
fonoaudiologica.
Pensando em como preencher essas lacunas surgiram algumas idéias que
embasarão nosso projeto para a próxima expedição. Dentre elas podemos citar a
promoção da saúde auditiva também em adultos, orientação quanto ao ruído
ocupacional, formação de agentes comunitários, visitas domiciliares, empoderamento
de mães quanto ao desenvolvimento das estruturas estomatognáticas de seus filhos,
sem falar do carro chefe da Fonoaudiologia que é a área da linguagem que será
trabalhada de diversas formas.
Cabe relembrar que sendo a Fonoaudiologia uma área com possibilidade de
ações intersetoriais, como na área da saúde e da educação, possibilita também, ações
interdisciplinares com a medicina, odontologia, fisioterapia, nutrição e psicologia,
mostrando-se imprescindível sua participação em um projeto como a Bandeira
Científica que abrange a saúde em suas várias dimensões.
Participar de um projeto como a Bandeira Científica, mesmo em caráter de
teste, nos presenteou com ganhos não só profissionais como pessoais. Ao passar dez
dias longe de casa, tendo que dormir pouco e trabalhar muito, surge à mente reflexões
diversas sobre o tipo de profissional que você deseja se tornar, reflexões essas que
deveriam ser despertadas em qualquer profissional da saúde, que tem no seu trabalho
o objetivo de proporcionar bem estar do outro. Ser um universitário socialmente
responsável é muito mais que participar de um programa de extensão oferecido pela
faculdade, é doar-se. Abrir mão do seu conforto pela tentativa de oferecer através dos
seus conhecimentos melhoraria de vida para quem o procura por ajuda. E esse
universitário como recompensa recebe os melhores dos pagamentos: o aprendizado, o
amadurecimento, a responsabilidade e o agradecimento, daquele que foi atendido.
Permitir à fonoaudiologia receber uma parte de todos os benefícios de
participar da Bandeira Científica era um sonho, que será realizado da melhor forma
possível a cada cidade que passaremos nas próximas expedições.
Em relação a nossa conclusão sobre a cidade mostra-se importante a
contratação de um profissional fonoaudiólogo pela Secretaria de Educação, uma vez
que foi referida grande demanda de alunos com dificuldades escolares. Durante a
![Page 118: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/118.jpg)
118
expedição fizemos capacitações com pais e pedagogos a fim de diminuir essas
dificuldades no futuro mas não estava ao nosso alcance reabilitar as crianças com essa
queixa uma vez que a terapia levaria mais tempo do que o previsto para
permanecermos na cidade.
Conclusão
Sendo este o primeiro ano de participação da Fonoaudiologia na Bandeira
Científica, a expedição foi realizada, a princípio, para que as idealizadoras do projeto
conhecessem como era a expedição. Porém devido à demanda da cidade fomos com a
intenção de atuar em escolas, principal queixa da cidade, mas ao decorrer do
planejamento da expedição identificamos outros possíveis cenários de atuação
fonoaudiológicos, como conhecer as fonoaudiólogas da cidade, realizar atividades de
educação em saúde com os professores, educadores, familiares e crianças das
instituições de ensino, além de atuar em conjunto com a Odontologia na orientação
antes e após a colocação das próteses dentárias.
Ivinhema foi uma cidade interessante para a realização da primeira expedição da
Fonoaudiologia, pois possuía três fonoaudiólogas contratadas pela prefeitura, que nos
informaram que tinham suporte para atender aos nossos encaminhamentos, devido
esse fato pudemos perceber que há uma falha no encaminhamento da população para
o atendimento fonoaudiológico, sendo necessário uma melhor formação aos diversos
profissionais de saúde e educação para que conheçam a importância da
Fonoaudiologia e que tenham conhecimento do momento para ser feito este
encaminhamento. Após esses esclarecimentos seria necessária a contratação de
outros profissionais da área da Fonoaudiologia para que supram a demanda que
surgirá e promovam a saúde fonoaudiológica através da educação em saúde.
Esta primeira expedição da fono na Bandeira foi uma experiência ímpar na
formação das bandeirantes, além de permitir uma visão mais ampla sobre o projeto
para que nos anos seguintes a atuação desta área seja cada vez mais rica e
estruturada.
Odontologia
Nessa expedição do projeto participaram 579 pessoas das atividades entre
escolares e a população residente da cidade de Ivinhema, as Tabelas 09, Gráfico 78 e
Tabela 11 apresentam os dados dos indivíduos participantes estratificados por sexo,
idade e localidade de atendimento.
SEXO
Masculino Feminino Total
n % n % n %
284 49 295 51 579 100
![Page 119: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/119.jpg)
119
Tabela 09 e Gráfico 78 - Distribuição de freqüência do paciente participantes do Projeto Bandeira
Científica segundo sexo, Ivinhema, MS, 2009.
Gráfico 78 – Perfil dos pacientes da odontologia, segundo o sexo.
IDADE
Grupo etário n %
<2 1 0,2
2 3 11 1,9
4 5 35 6
6 7 101 17,5
8 9 160 27,6
10 11 155 26,7
12 13 67 11,6
14 15 44 7,6
16 17 4 0,7
>18 1 0,2
Total 579 100
Tabela 10 - Distribuição de freqüência do paciente participantes do Projeto Bandeira Científica
segundo grupo etário, Ivinhema, MS, 2009.
![Page 120: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/120.jpg)
120
Número de Atendimento por Categoria de Procedimento
284
153131
295
151 144
0
50
100
150
200
250
300
350
total art + flúor flúor
Categoria de Procedimento
Nú
mero
de a
ten
dim
en
tos
Masculino Feminino
Gráfico 79 - Distribuição de freqüência de procedimentos de assistência odontológica realizados nos
pacientes atendido no Projeto segundo, tipo de procedimentos e sexo, Ivinhema, MS, 2009.
Localidade nº % TOTAL
UR
BA
NA
Sidney 14 2,4 47,6%
Senador F. Müller 117 20,20
Itapoã 69 11,9
Reinaldo Massi 76 13,1
RU
RA
L
Carca 97 16,75 52,4%
Assentamento 60 10,4
José do Patrocínio 71 12,3
Amandina Cedeca 75 12,95
Tabela 11 - Distribuição de freqüência do paciente participantes do Projeto segundo,
Localidade, Ivinhema, MS, 2009.
A partir da análise das tabelas (Gráfico 79 e Tabela 10) é possível afirmar que
existe um equilíbrio na freqüência e nos tipos de procedimento realizados, sendo
irrelevante a diferença entre os sexos. Essa relação também é observada entre as
diferentes localidades das áreas rurais e urbanas como mostra a Tabela 11. Portanto
conclui-se que ambos os sexos, masculino e feminino, das áreas rurais e urbanas da
cidade de Ivinhema - MS apresentam necessidades semelhantes de atendimento
odontológico.
Entretanto, a faixa etária de 6 a 12 anos foi a que apresentou freqüência de
atendimento, como visto na Tabela 12, esses indivíduos foram identificados como
pacientes de risco e receberam maior atenção no atendimento, já que nessa faixa
etária ocorre erupção dos primeiros molares permanentes.
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121
Procedimento nº %
Aplicação de Flúor 287 28
Restauração de Amálgama – DD* 2 0,2
Restauração de Amálgama – DP** 43 4,2
Ionômero de Vidro – DD* 395 38,5
Ionômero de Vidro – DP** 92 9
Selante 137 13
Restauração de IRM – DD* 5 0,5
Restauração de IRM – DP** 2 0.2
Medicação Endodôntica 36 4
Exodontia – DD* 23 2
Exodontia – DP** 4 0,4
TOTAL 1026 100
DD* – Dente Decíduo; DP** – Dente Permanente.
Tabela 12 - Distribuição de freqüência de procedimentos de assistência odontológica realizados nos
pacientes atendido no Projeto segundo, tipo de procedimentos, Ivinhema, MS, 2009.
Nas Tabela 13 e 14 apresentam-se dados respectivamente da média do índice
ceo-d e índice CPO-D (média de dentes cariados, perdidos por cárie e dentes
restaurados, na dentição decídua e permanente) alem do número de pessoas
examinadas em relação ao grupos etários, atendidos pelo projeto.
Idade n ceo Hígidos
4 27 4.04 16,0
5 16 4 15,3
6 36 3.86 13,0
7 62 3.44 9,9
8 76 3.55 7,96
9 82 2.11 2,11
10 86 1.42 4,5
11 66 0.55 1,8
12 30 0.26 0,06
Tabela 13 - Média dos componentes do índice ceo-d segundo idade.
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122
Idade n CPO Hígidos
6 36 0,3 4,14
7 62 0.82 8,9
8 76 0.88 10,75
9 82 1.25 13,65
10 86 1.65 15,8
11 66 2.27 20,4
12 30 2.3 24,1
13 35 3 24,02
14 27 3.07 23,64
19 17 5.3 22,3
Tabela 14 - Média dos componentes do índice CPO-D segundo idade
Prevalência Muito Baixa Baixa Média Alta Muito Alta
Valores do
CPO - D
0,0 a 1,1 1,2 a 2,6 2,7 a 4,4 4,5 a 6,5 ≥6,6
Tabela 15 - OMS - Classificação da prevalência de cárie dentária, com base nos valores do CPO-D aos
12 anos de idade.
Para comparar a situação da cárie dentária em diferentes comunidades, a OMS
recomenda a utilização do índice CPO-D, em diferentes idades e grupos etários. A
idade-índice mais utilizada é 12 anos. A meta estabelecida para o ano de 2000 para
essa faixa etária é CPO-D ≤ 3. Assim, podemos concluir que a prevalência de cárie
dental no município de Ivinhema é baixa, dentro das metas estabelecidas pela OMS.
Provavelmente esses resultados satisfatórios em relação à saúde bucal do
município são devido à expansão e a qualificação da atenção básica a saúde,
organizadas pela estratégia Saúde da Família, do Ministério da Saúde. O município
conta com ESF (Equipe Saúde da Família) e UBS (Unidade Básica de Saúde) em todos os
bairros da cidade, embora apenas 04 ESF, 03 UBS e 04 escolas da rede municipal e
estadual possuam equipo odontológico.
Os casos mais complexos as pessoas foram orientadas encaminha para
tratamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Ivinhema e para os cirurgiões-
dentistas que atuam na própria escola ou para o Centro de Especialidades
Odontológicas (CEO) de Nova Andradina.
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123
Prótese Total
Foram atendidos 20 pacientes com necessidade de prótese Total, foram
realizados os atendimentos, a confecção e a instalação das 40 próteses, os pacientes
receberam orientações de uso e higiene da equipe de odontologia. Assim como
avaliação da motricidade orofacial por parte das profissionais de Fonoaudiologia;
posteriores controles e ajustes foram encaminhados para a UBS de Ivinhema, sob
responsabilidade do Coordenador de Saúde Bucal José Maria de Souza.
Figura 08 - Pacientes antes e depois da instalação das próteses totais superior e inferior.
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124
Considerações Finais
Contudo no período em que a expedição ocorreu os órgãos públicos
responsáveis já haviam determinado as férias escolares para o mesmo período, sendo
a evasão escolar um ponto prejudicial ao nosso atendimento, já que o número de
crianças nas escolas foi muito inferior do que os anos anteriores, se todas as crianças
regularmente matriculadas estivessem freqüentando as escolas durante a expedição o
número de atendimentos seria aproximadamente quatro vezes maior, como fora em
versões passadas do projeto.
Além disso, vale a pena ressaltar que o atendimento da odontologia é focado
em crianças de idade escolar, regularmente matriculadas, assim nosso público alvo é
muito diferente dos alunos de Medicina e demais unidades, estes visam apenas o tipo
de atendimento assistencialista com o intuito de desafogar o sistema público de saúde
local e incluir os pacientes atendidos no sistema de referência e contra-referência do
Sistema Único de Saúde; os pacientes são previamente agendados pelo sistema de
saúde local, conforme a demanda de cada especialidade. Já a odontologia realiza um
trabalho preventivo de educação e orientação para todas as crianças, regularmente
matriculadas nas escolas, e não somente curativo com resultados a médio e longo
prazo.
Podemos perceber também um enorme desinteresse por parte dos pais e/ou
responsáveis das crianças quanto à saúde das mesmas, em todas as áreas, inclusive na
medicina. Tivemos grande dificuldade em interagir e receber o apoio deles para a
saúde dos menores, provavelmente isso tenha sido um dos fatores que resultou no
número inferior de atendimentos, entretanto pudemos dar maior atenção e
assistência aos pacientes atendidos, podendo realizar, restaurações definitivas, em
amálgama, em número superior às expedições passadas.
Fisioterapia
A equipe da Fisioterapia que participou da expedição à cidade de Ivinhema em
dezembro de 2009 contou com a colaboração de três acadêmicas responsáveis pela
organização das atividades no Projeto Bandeira Científica; onze acadêmicos do Curso
de Fisioterapia, sendo sete graduandos da Universidade de São Paulo (USP) e quatro
da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); e sete profissionais já
formados e que atuam na área da Fisioterapia em diferentes instituições, sendo cinco
vinculados à Universidade de São Paulo e dois à Universidade Federal do Mato Grosso
do Sul.
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125
Gráfico 80 - Pacientes quanto ao SEXO
A atuação da área da Fisioterapia teve como objetivos principais suprir
demandas reprimidas existentes no município; discutir os serviços prestados e projetos
a serem implementados em Fisioterapia no município de Ivinhema, com o intuito de
aprimorá-los e/ou mantê-los eficientemente ativos; prevenir acometimentos e atuar
na promoção da saúde e educação de pacientes e profissionais da saúde, propiciando
uma melhor qualidade de vida à população como um todo; e desenvolver pesquisas
científicas de abordagem qualitativa e quantitativa a partir da caracterização dos
pacientes assistidos, como forma de apresentar aos órgãos responsáveis no município
dados reais que possam ser considerados e, a partir daí, aperfeiçoados.
Com base nestas proposições realizaram-se diversas atividades durante a
atuação da Fisioterapia na cidade de Ivinhema, que foram posteriormente avaliadas e
discutidas pela equipe. Constam, no presente relatório, as informações relativas à
análise realizada:
Atendimentos clínicos
A Fisioterapia realizou 449 atendimentos, incluindo os que ocorreram nos
postos de atendimento e as visitas domiciliares.
Dentre os pacientes atendidos nos postos, 69% são do sexo feminino e 31% do
sexo masculino (Gráfico 80) e a maior parcela encontrava-se na faixa etária de 40 a 60
anos (Gráfico 81). Eram moradores da zona rural 55% dos indivíduos, enquanto 45%
moravam na zona urbana (Gráfico 82).
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126
Gráfico 81 - Pacientes quanto à IDADE
Gráfico 82 - Pacientes quanto à ÁREA DE RESIDÊNCIA
Constatou-se que 56,4% dos pacientes sabiam o que é a Fisioterapia (Gráfico
83), e 24% já haviam participado de algum tipo de atendimento fisioterapêutico
(Gráfico 84) o que aumenta a possibilidade de aderência às intervenções e orientações
aplicadas pelo Projeto. No entanto, o percentual de indivíduos que nunca foram
atendidos por fisioterapeutas e sequer conheciam as atuações dos mesmos sugere que
muitos usuários do sistema de saúde municipal podem não ter procurado por
tratamento previamente, quando procuraram por tratamento não foram
adequadamente referenciados para o serviço de Fisioterapia, ou ainda aguardam nas
filas de espera por atendimento.
![Page 127: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/127.jpg)
127
Gráfico 83 - PACIENTE SABE O QUE É FISIOTERAPIA?
Gráfico 84 - PACIENTE JÁ FEZ FISIOTERAPIA?
Em relação à ocupação atual encontramos que 38,99% dos pacientes realizam
majoritariamente prendas domésticas, 31,39% são trabalhadores braçais, 7,09% são
estudantes, 4,30% são aposentados e 18,23% possuem alguma outra ocupação
(Gráfico 85). Entende-se, portanto que pelo menos 70% da população atendida
(somando trabalhadores braçais e efetores de prendas domésticas) já apresentavam
função laboral com predisposição a sobrecargas físicas. Soma-se a isto o fato de que
49,04% dos pacientes mencionaram carregar alguma quantidade de peso durante o
trabalho (Gráfico 86).
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128
Gráfico 85 - Pacientes quanto à OCUPAÇÃO ATUAL
Gráfico 86 - PACIENTE CARREGA PESO?
Os atendimentos realizados foram subdivididos em grupos diagnósticos
segundos as especialidades fisioterapêuticas solicitadas em: 84,29% de atendimentos
com diagnóstico Músculo-Esquelético, 9,29% Uroginecológico, 5,95% Neurológico,
0,24% Respiratório, e 0,24% Dermato-Funcional (Gráfico 87).
![Page 129: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/129.jpg)
129
Gráfico 87 - Pacientes quanto ao GRUPO DIAGNÓSTICO
Dentre as queixas levantadas, a maior ocorrência se encontrava
respectivamente nas seguintes regiões do corpo: Coluna (mais de um segmento),
Coluna Lombar, Membro Inferior (mais de um segmento), Joelho, Ombro, Aparelho
Urogenital, outros, Membro Superior (mais de um segmento), Coluna Cervical, Coluna
Torácica, Pé, Mão e Quadril (Gráfico 88).
Gráfico 88 - Pacientes quanto ao LOCAL DE DOR
Assim como em expedições anteriores do Bandeira Científica, a alta demanda
de consultas médicas e fisioterapêuticas para quadros de dores osteomusculares se
manteve no Projeto deste ano (Gráfico 89). É interessante observar que a quantidade
de queixas e diagnósticos uroginecológicos mostrou-se bastante relevante, visto que
![Page 130: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/130.jpg)
130
as abordagens fisioterapêuticas no campo da Saúde da Mulher são pouco conhecidas
pela população e pelas próprias equipes de saúde.
![Page 131: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/131.jpg)
131
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
Do
r o
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Esca
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se
Dor osteomuscular
Dermatológicas
HAS*
Ortopédicas
Cefaléias
Dispepsia/ refluxo
Depressão
Otorrino*
Diabetes
Neurológicas
Ginecológicas
Endocrino*
Gastro
Artrose
Pq
Hipoacusia
CardioVascular
Déficit Visual
Transtorno ansioso
Clínica
Enxaqueca
Pneumo
*Informação coletada nos atendimentos e não no Inquérito Epidemiológico
Gráfico 89 – Principais queixas dos pacientes na Bandeira Científica 2009, segundo o sexo.
![Page 132: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/132.jpg)
132
Gráfico 90 - Pacientes quanto ao TEMPO DE QUEIXA
Portanto, para a prevenção e tratamento adequados de disfunções do assoalho
pélvico tais como incontinência urinária, distopias genitais, dispareunia e outras, que
muitas vezes permanecem sem diagnóstico, é necessário que sejam melhor
trabalhados estes temas entre os profissionais de saúde, a semelhança do que é feito
com os participantes do Projeto Bandeira Científica, com o intuito de viabilizar a
resolução destes problemas na população.
Avaliamos que 69,42% dos pacientes apresentavam a mesma queixa que os
levaram à Fisioterapia há mais de um ano, e apenas 30,58% por período menor ou
igual a um ano (Gráfico 90). A frequência da queixa foi definida como diária por
65,07% dos pacientes, semanal para 21,79%, esporádica para 5,07%, mensal em 2,69%
dos casos e 5,37% não sabiam definir (Gráfico 91).
Quando a queixa principal era a dor, em 38,46% dos relatos esta foi
caracterizada como de forte intensidade, em 31,95% dos casos como de intensidade
moderada, em 21,30% dos casos como insuportável, e apenas em 7,40% como fraca
(Gráfico 92). Destes dados infere-se que a maioria dos indivíduos abordados pelo
Projeto possui queixa bastante limitante para suas atividades de vida diária, e tem sua
qualidade de vida bastante prejudicada por exercerem suas funções sócio-econômicas
nestas condições.
![Page 133: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/133.jpg)
133
Gráfico 91 - FREQUÊNCIA DA QUEIXA
Gráfico 92 - INTENSIDADE DA DOR
Os principais fatores mais frequentemente apontados para alívio da dor foram
respectivamente: uso de medicamentos (aproximadamente 50% dos casos), repouso,
movimentos, postura antálgica, recurso físico (uso de gelo, compressa quente, etc)
(Gráfico 93). Estas informações nos remetem a necessidade de investigação mais
específica dos índices de auto-medicação para a analgesia, pois considerando as
características mecânicas destas queixas (identificadas pelas ocupações e fatores de
alívio) seria eficiente a divulgação de exercícios terapêuticos para prevenção das
complicações de saúde decorrentes desta prática.
![Page 134: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/134.jpg)
134
Gráfico 93 - Pacientes quanto ao método de ALÍVIO DA DOR
Preconizamos que as características populacionais e demandas em saúde
levantadas pelas consultas fisioterapêuticas até aqui relatadas sejam empregadas no
planejamento de readequações no serviço público de Fisioterapia do município. Esta
organização pode ser iniciada por:
Determinação de critérios para prioridade na alocação de pacientes em listas
de espera por atendimento;
Realização de triagem acompanhada de orientações para os pacientes que
entram na lista de espera, para que tenham algum tipo de cuidado enquanto
aguardam pela vaga para tratamento;
Classificação dos pacientes da lista de espera em queixas crônicas e agudas,
pois para queixas crônicas como Lombalgia, Osteoartrose, orientações a
cuidadores e outras poderão ser realizados acompanhamentos em grupo;
Prezar pela rotatividade de pacientes atendidos, valendo-se de estratégias
como metas de liberação para novas vagas de atendimento por mês para cada
fisioterapeuta, formação de grupos de tratamento, espaçamento de consultas
e acompanhamento quinzenal para indivíduos próximos da alta e outras;
Padronizar avaliações iniciais e finais para controle da efetividade das
intervenções.
Além destas, outras medidas podem ser adotadas no intuito de otimizar a
atuação dos profissionais como o investimento na melhora da relação com outros
![Page 135: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/135.jpg)
135
profissionais da equipe de saúde, especialmente médicos. São indicadas atualizações e
reuniões multiprofissionais, por exemplo, para divulgação das possibilidades e
indicações de diferentes encaminhamentos e atuações conjuntas.
Há ainda a oportunidade de reafirmar vínculos com os Agentes comunitários de
Saúde para vigilância dos fatores de risco gerais para acometimentos prevalentes na
procura por Fisioterapia e que são, no entanto, facilmente preveníveis a exemplo do
controle de Diabetes e Hipertensão Arterial, acompanhamento de gravidez de risco
etc.
A utilização de espaços públicos como praças, parque, o Espaço Viva Vida, para
a realização de outras formas de atendimento à população é uma ferramenta que
viabilizaria o aumento da abrangência de público por comportar grupos de pessoas e
da aderência ao tratamento pelo ambiente diferencial.
Por fim, é imprescindível que os próprios fisioterapeutas se mantenham
atualizados e cientes das reais necessidades de cuidado da população, prezem pela
educação continuada e empreguem esforços na difusão do conhecimento e
reconhecimento da profissão.
As propostas aqui expostas deverão ter o respaldo da Secretária de Saúde e
autoridades vigentes para que ocorra regularização das mudanças, aderência dos
profissionais, e fiscalização dos resultados.
Programa de atendimento domiciliar
A Fisioterapia participou de 28 Visitas domiciliares multiprofissionais a
pacientes com dificuldades de deslocamento e acesso ao sistema de saúde.
Em cada visita, foram executadas principalmente orientações aos familiares
para medidas de prevenção de acometimentos específicos do paciente grave tais como
estabelecimento de deformidades, aparecimento de úlceras por pressão, adequação
do ambiente às necessidades do paciente, reorganização da rotina familiar, entre
outros.
A necessidade de que alguns pacientes visitados fossem acompanhados
regularmente pela UBS de referência denota o potencial de reabilitação ou
possibilidade de manutenção de condições menos graves, caso seja realizado um
acolhimento adequado destes indivíduos pelos serviços locais.
Comprovada a demanda por esta modalidade de atenção à saúde, sugerimos
que o Serviço Municipal de Fisioterapia adote um programa regular de agendamentos
de Visitas Domiciliares, para proporcionar o cuidado necessário para estes usuários.
![Page 136: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/136.jpg)
136
Atualização de agentes comunitários de saúde
A equipe da Fisioterapia do Projeto Bandeira Científica desenvolveu, durante a
expedição, atividades expositivas dialogadas sobre alguns temas levantados pelo
serviço de saúde local como sendo deficitários ou de interesse da população. O
objetivo foi mostrar aos Agentes Comunitários de Saúde ações que pudessem prevenir
futuros prejuízos na saúde da comunidade, possibilitando assim que os mesmos
informem a população.
Os dois primeiros temas abordados foram Diabetes Mellitus e Hipertensão
Arterial, nos quais a atuação da Fisioterapia visou explorar a utilização da atividade
física adequada como instrumento de prevenção e modalidade de terapia não
farmacológica nos casos destes pacientes; e também orientá-los quanto aos cuidados
necessários referentes ao “Pé diabético”.
Devido a seu baixo custo, facilidade de acesso e aplicação, e benefícios
cientificamente comprovados deve-se investir na transferência de informação correta
aos usuários do sistema de saúde sobre a prática de atividades físicas regulares, tanto
quanto é feito em relação a outras mudanças de hábitos já mais assimiladas pela
população.
Constatou-se que mais da metade (57,14%) dos pacientes atendidos pela
Fisioterapia, com diagnósticos de outras comorbidades cardiovasculares e endócrinas
ou não, referiu não praticar nenhuma atividade física esportiva (Gráfico 94). Destes,
15% e 23% foram classificados como tabagistas e ex-tabagistas, respectivamente; e
12,2% e 7,7% como etilistas e ex-etilistas, respectivamente (Gráficos 95 e 96).
Gráfico 94 – Paciente pratica atividade física?
![Page 137: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/137.jpg)
137
Gráfico 95 – Paciente é tabagista?
Gráfico 96 – Paciente é etilista?
Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde Brasileiro propôs em
2001 o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes
Mellitus, como uma estratégia para aumentar a prevenção, diagnostico, tratamento e
controle de ambas as doenças através da reorganização da Rede Básica de Serviços de
Saúde; reduzindo assim o número de internações e os gastos com o tratamento de
complicações decorrentes destas patologias.
Para tanto são previstas ações que viabilizem tais objetivos, como a capacitação
e atualização dos profissionais da rede básica de saúde, a detecção precoce dos casos
com suspeita de portarem tais doenças, a promoção de hábitos de vida saudáveis e o
cadastramento dos pacientes hipertensos e diabéticos às Unidades Básicas de Saúde
para tratamento e acompanhamento.
Figura 14. Paciente pratica
ATIVIDADE FÍSICA?
![Page 138: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/138.jpg)
138
A partir daí foram formulados diversos materiais informativos referentes a
estes e mais temas da Atenção Básica à Saúde, que se encontram disponíveis no site
do Ministério da Saúde na forma de Cadernos. A visualização de tal material encontra-
se no endereço eletrônico: http://dab.saude.gov.br/caderno_ab.php. Esta produção
deve orientar todas as intervenções propostas pela Secretaria Municipal de Saúde na
resolução destas questões.
Outro tema proposto para ser abordado pela Fisioterapia, que terminou por
não ser discutido devido à grande quantidade de atividades programadas para este
grupo de profissionais, foi a Lombalgia.
No entanto, como comprovado estatisticamente, as queixas na região da
coluna foram preponderantes às demais dentre os pacientes atendidos pela
Fisioterapia no Projeto, refletindo um padrão comum à população geral (Fig.9).
Além disso, problemas na coluna são suscetíveis a diferentes agravamentos
osteomusculares e neurológicos e, portanto causa de diversas incapacidades e
disfunções.
Consideramos que intervenções educativas e preventivas encabeçadas pelos
ACS podem atingir resultados significativos na redução destes índices. Para tanto, seria
interessante que outras atividades de capacitação e atualização fossem realizadas nas
próprias UBS, em que mais membros das Equipes de Saúde da Família pudessem
discutir a importância da abordagem multiprofissional nestas queixas e formas mais
efetivas de atingir precocemente a população sujeita ao surgimento deste sintoma.
Atualização para pedagogas da rede de ensino básico sobre desenvolvimento
neuropsicomotor
Durante a pré-visita realizada no município em setembro de 2009, foi solicitado
à equipe da fisioterapia que realizasse uma atualização sobre o tema com as
pedagogas da Rede de Ensino Básico da cidade de Ivinhema.
O foco desta atividade, para a Fisioterapia, era aprimorar os conhecimentos
prévios destas profissionais quanto às aquisições neuropsicomotoras e estratégias de
estimulação para crianças de 0 a 18 meses.
Devido à falha de organização, a atividade teve que ser realizada em tempo
menor do que o planejado, pois as participantes deveriam estar presentes em outro
compromisso agendado pela Secretaria de Educação. Assim houve prejuízos quanto ao
conteúdo abordado e à didática adotada pelos alunos do Projeto, tendo como
consequência o pouco aproveitamento das pedagogas.
Durante o desenvolvimento da atividade foi notado o interesse da maioria das
participantes e a necessidade de atualização no tema abordado, já que em alguns
![Page 139: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/139.jpg)
139
momentos as profissionais demonstraram dúvidas em relação a conceitos teóricos
básicos. Propõem-se atividades de educação continuada a este grupo, quer seja com o
acompanhamento à distância através do Telecentro Municipal e/ou com atividades
presenciais organizadas pela Secretaria de Educação de Ivinhema em parceria com a
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Atividades educativas nas escolas
A equipe de Fisioterapia trabalhou com grupos de crianças de 5 a 14 anos,
abordando os temas de percepção corporal e coordenação motora, além de distribuir
material sobre ergonomia escolar.
Durante estas atividades, observou-se grande dificuldade de mantê-las atentas
ao objetivo das tarefas, e na distinção de momentos educacionais de outros
recreativos. Estes problemas também podem ser decorrentes do fato de não termos
disponibilizado ambiente e contexto ótimos para seu melhor aproveitamento, o que
ocorreria de maneira distinta dentro do período escolar e por meio de divisão de
séries, por exemplo.
Apesar disto, pode-se notar que a interação das crianças com as atividades de
desafio físico e conhecimento do próprio corpo propiciaram experiências motoras e
cognitivas ricas, que devem ser mais bem exploradas.
Recomenda-se um cuidado minucioso por parte dos profissionais de educação,
em conjunto com psicólogos, no sentido da investigar, detectar e acompanhar
adequadamente casos de distúrbios de atenção e aprendizagem (como também será
discutido pela Psicologia).
Também sugerimos um trabalho de incentivo à inserção do profissional
fisioterapeuta no contexto escolar, sobretudo em parceria com educadores físicos,
focado no desenvolvimento motor pleno.
A abordagem de temas relacionados à saúde no ambiente escolar está prevista
pelo Ministério da Saúde Brasileiro por meio de ações presentes no contexto do
Programa de Saúde da Família (PSF). Esta abordagem se dá através da atuação dos
profissionais da própria Equipe de Saúde da Família no ambiente escolar, ou através de
profissionais vinculados aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Ambas se
inserem em um Programa instituído pelo Decreto Presidencial nº 6.286, de 05 de
dezembro de 2007, que se intitula Programa Saúde na Escola (PSE).
O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma ferramenta da Atenção Básica à Saúde
responsável por fortalecer o vínculo intersetorial já existente entre a Secretaria da
Educação e a Secretaria da Saúde dos municípios brasileiros, através de intervenções
realizadas no ambiente escolar relacionadas à saúde dos indivíduos.
![Page 140: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/140.jpg)
140
Esta estratégia prevê a abordagem dos estudantes matriculados no Ensino
Básico, Fundamental e Médio quanto a avaliação e monitoramento clínico e
psicossocial dos estudantes, promoção de saúde, prevenção de doenças e agravos,
educação permanente e capacitação de profissionais e de jovens para o PSE.
No âmbito da promoção da saúde o Programa Saúde na Escola propõe medidas
como a promoção de uma alimentação saudável e de atividade física, educação sexual,
prevenção do uso de álcool e drogas, promoção da cultura e paz e prevenção de
violência e acidentes, que demonstram ser de interessante implementação na rede de
ensino local, ao passo que atuaria a favor de melhorar a qualidade de vida da
população de faixas etárias mais baixas; prevenir doenças crônicas na idade adulta e
avançada, gerando menores gastos ao setor municipal de saúde; além de instruir os
chamados “multiplicadores de informação” para que possam disseminar os
conhecimentos adquiridos no município de Ivinhema como um todo.
Maiores informações a respeito desta estratégia estão disponíveis no site do
Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, cujo endereço é
http://dab.saude.gov.br/index.php .
Orientação ergonômica na área rural e encontro com o núcleo de artesanato de
Amandina
Por motivos operacionais e logísticos, não foi possível concretizar a visita ao
Assentamento Rural São Sebastião em parceria com a ESALQ e ter contato direto com
as comunidades locais em seu ambiente.
No entanto, os dados estatísticos levantados apontam para a alta prevalência
de disfunções musculoesqueléticas decorrentes da atividade laboral dos indivíduos
atendidos, de trabalhadores que utilizam a força física como principal e/ou único
instrumento de trabalho, e também de atividades que apresentam demandas físicas,
como a de carregar peso, muito além da quantidade recomendada de repetições e
peso absoluto da carga a ser manipulada.
Enfatiza-se aqui a necessidade de promover a prevenção de acometimentos
laborais, partindo do pressuposto de que o principal fator desencadeante de queixas
musculoesqueléticas nesta população é o trabalho, como demonstram os dados. Estas
queixas poderiam ser amenizadas com a instrução para executar suas tarefas
minimizando sobrecargas mecânicas, promovendo melhoras nas condições de
trabalho destes indivíduos e, consequentemente das condições de saúde e da
qualidade de vida desta população.
Considerando a característica do afastamento geográfico e social do centro
urbano e o caráter comum a essa população de resistência à mudança de hábitos
diários, defendemos que estas atividades sejam realizadas por meio de orientações
![Page 141: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/141.jpg)
141
aos trabalhadores e assentados rurais em seus respectivos ambientes de trabalho. Isso
poderia ser viabilizado pela organização e reunião destes em áreas comuns ou núcleos
de trabalho.
Durante a expedição realizada, integrantes da equipe de Fisioterapia do Projeto
Bandeira Científica se reuniram com 15 profissionais do Núcleo de Artesanato de
Amandina. O grupo apresentava faixa etária esparsa, com algumas queixas
heterogêneas devido às diferentes funções exercidas por cada uma das trabalhadoras.
Observou-se que a própria organização dos núcleos possui características
favoráveis à implantação de programas preventivos: são identificadas “líderes”
informais responsáveis por sua coordenação e há o reconhecimento coletivo das
condições de risco de seu trabalho.
Foi realizada então uma dinâmica com o intuito de alertar as participantes
quanto aos acometimentos mais comumente presentes em profissionais desta área e
discutido com as mesmas formas viáveis de prevenir tais disfunções.
Sugere-se a orientação das novas participantes do grupo quanto aos temas
abordados logo em seu ingresso, com manutenção a longo prazo, e também a
orientação das atuais integrantes dos demais núcleos de artesanato no sentido de
promover uma mudança de hábitos no trabalho.
Os resultados das atividades apresentadas acima nos permitem afirmar que
ações em prol da melhoria das condições de trabalho e da saúde dos trabalhadores da
região devem ser enfocadas pelos órgãos municipais, tendo em vista que estes
problemas acometem justamente a população economicamente ativa da região, que,
portanto, deve ter seu valor reconhecido e assistência digna à saúde.
Podemos transpor, mantendo alguns pontos mais específicos, muitas dessas
informações para a realidade em outros setores de trabalho como a confecção de
roupas presente na região (cujo relatório se encontra em anexo ao da equipe da
Engenharia), os outros núcleos de artesanato e as demais empresas e indústrias da
região.
A reflexão acerca deste tema nos remete à Política Nacional de Saúde do
Trabalhador do Ministério da Saúde, que entrou em vigor no ano de 2004 e visa à
redução de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, através da promoção da
saúde dos trabalhadores, reabilitação dos mesmos e vigilância das condições de
trabalho e saúde a que eles estão submetidos.
Esta política se baseia na inter-relação dos gestores municipais com a
comunidade e os profissionais de saúde pertencentes à região e aos chamados Centros
de Referência em Saúde do Trabalhador, órgão responsável por capacitar a rede de
![Page 142: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/142.jpg)
142
serviços de saúde e vigilância, possuindo profissionais capacitados para orientar
inicialmente a própria equipe de saúde das cidades em que atua, e a partir daí
capacitá-las a executar suas ações com autonomia.
Segundo o Ministério da Saúde, existem, no estado do Mato Grosso do Sul,
quatro Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, sendo dois localizados em
Campo Grande, um em Corumbá e um em Dourados. Os endereços eletrônicos para
contato com estas unidades são:
Campo Grande - [email protected] / [email protected]
Corumbá – [email protected]
Dourados - [email protected]
Recomenda-se que esta parceria seja estabelecida entre o município de
Ivinhema através do Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador (CIAT) já que
este busca suprir as necessidades da população e formular meios de aperfeiçoar sua
produção econômica.
Maiores esclarecimentos sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador
encontram-se disponíveis no site do Ministério da Saúde através do endereço:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=928
Psicologia
Atividades realizadas pela equipe de Psicologia
Visando alcançar tais objetivos, a equipe de Psicologia desenvolve atividades em três
diferentes momentos: pré-visita, expedição e pós-visita.
Pré-visita: em outubro de 2009, dois membros da equipe de Psicologia
realizaram uma breve visita a Ivinhema, momento em que foi possível conhecer as
Unidades Básicas de Saúde da cidade, entrevistar algumas profissionais da rede de
Psicologia local e a Secretária de Assistência Social, além de participar de uma reunião
com gestores de Unidades e Conselheiros Municipais de Saúde.
Expedição: durante a expedição, realizada entre os dias 12 e 22 de dezembro
de 2009, a equipe de Psicologia encaminhou as seguintes atividades:
67 Interconsultas – atendimentos em conjunto com outras áreas da
saúde – e plantões psicológicos – um espaço de escuta à disposição
dos usuários, que necessitassem ou desejassem.
44 entrevistas com usuários do SUS atendidos nos postos de
atendimento do Projeto;
![Page 143: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/143.jpg)
143
14 entrevistas com moradores da cidade indicados como
“referência” nela;
Visitas domiciliares junto às demais áreas participantes do Projeto;
Visitas a instituições de assistência (CARCA, CRAS, Casa abrigo, Casa
do Migrante, Asilo);
Reunião com os gestores do município;
Duas reuniões com as psicólogas e assistentes sociais do município.
Pós-visita: nesta etapa, serão discutidas, junto com pessoas da cidade com as
quais tivemos contato em nosso trabalho (psicólogas, assistentes sociais, referências,
alguns usuários, etc), as reflexões feitas por nós a partir do material obtido nas
atividades realizadas durante a pré-visita e expedição.
Interconsultas e plantões psicológicos
No trabalho interdisciplinar junto às outras áreas do Projeto que atuaram nos
postos de atendimento, a equipe de Psicologia realizou um total de 67 atendimentos.
A equipe esteve presente nos seguintes postos: CARCA, UEMS, Aurelina, José
Patrocínio, Sidney, CEDECA e General Osório.
Entre o total de atendimentos, 43 foram atendimentos de mulheres, 10 de
homens e 14 de família (tendo mais de um membro da família presente). Nesses
últimos, tivemos uma grande maioria de mulheres acompanhando seus filhos. Estes
dados podem ser observados no Gráfico 97 abaixo.
![Page 144: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/144.jpg)
144
Relação de atendimentos de mulheres, homens e família
43; 64%
10; 15%
14; 21%
Mulheres
Homens
Família
Gráfico 97 - Relação de atendimentos de mulheres, homens e de família.
Dos 67 atendimentos realizados, 54 foram de adultos e 13 foram de crianças,
como se pode ver no Gráfico 98.
Relação dos atendimentos de crianças e adultos
13; 19%
54; 81%
Crianças e adolescentes (0-17)
Adultos (a partir de 18 anos)
Gráfico 98 - Relação de atendimentos de crianças e adultos.
Ao analisarmos as queixas que apareceram nos atendimentos, pudemos ver
semelhanças e temas recorrentes. Chamou nossa atenção a quantidade de mulheres
com queixa de tristeza, depressão e sensação de vazio. Mulheres, essas, que muitas
vezes cuidam dos filhos sozinhos. Muitas relataram dificuldades em realizar esta tarefa
sem uma rede social de apoio.
![Page 145: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/145.jpg)
145
Outro tema que chamou nossa atenção foi o número de pessoas com queixas
que continham menção de dores e outros sintomas orgânicos, cujas causas não eram
encontradas pela área da medicina nos exames clínicos.
Também surgiram queixas relacionadas: ao trabalho, seja pelas más condições
ou/e pelo desempenho da pessoa no trabalho; à sexualidade; e a questões envolvendo
a alimentação, como obesidade, pessoas que comem compulsivamente devido à
ansiedade, etc.
Outro tema que chamou bastante nossa atenção foi as queixas relacionadas à
escola ou ao desempenho escolar. Eram queixas que se referiam ao comportamento
das crianças nas escolas e em casa, tais como: agressividade, hiperatividade, não
querer ir à escola, etc. Chamou nossa atenção que muitas destas crianças estavam
recebendo medicação sem o regular acompanhamento médico.
Ainda sobre a questão da medicalização, também percebemos que muitas
pessoas já estavam recebendo tratamento medicamentoso devido a queixas cotidianas
de tristeza, luto, etc.
Entrevistas com usuários
Uma estratégia diferente utilizada pela equipe de Psicologia durante a
expedição foi as entrevistas com usuários do SUS, que eram realizadas nos postos de
atendimento do Projeto. Essas entrevistas têm por objetivo conhecer melhor a cidade,
seus problemas e pontos positivos, através da perspectiva de seus moradores, além de
contribuir para a identificação de movimentos sociais presentes em Ivinhema.
No total, foram feitas 44 entrevistas, sendo que a maioria dos entrevistados
foram mulheres (71%). Dentre esses entrevistados, 51% participavam de movimentos
sociais, sendo a maioria de grupos religiosos ou que realizavam trabalhos voluntários.
Quando perguntados sobre qual seria o maior problema de saúde da cidade, a
maioria (39%) respondeu sobre a falta de bons médicos ou de especialistas,
principalmente nas áreas de pediatria e de ginecologia. Outro grande problema citado
foi quanto à infra-estrutura (26%) da saúde em Ivinhema. Os usuários apontaram que,
muitas vezes, são encaminhados para médicos de cidades vizinhas, já que, na cidade,
não há muitos especialistas, além de não haver a possibilidade de realizar alguns
exames clínicos.
A má qualidade dos atendimentos médicos também foi grande motivo de
queixa (19%) dos usuários, que reclamam quanto a pouca atenção dos médicos nos
atendimentos e da demora para serem atendidos nos postos. Estes dados podem ser
observados no Gráfico 99 abaixo.
![Page 146: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/146.jpg)
146
Gráfico 99 - Relação dos problemas na saúde em Ivinhema apontados pelos usuários.
Quando questionados sobre qual seria a solução para tais problemas, a maior
parte dos entrevistados não soube responder. No entanto, dentre os que
responderam, a maioria citou a contratação de mais médicos como uma possível
solução. Para melhorar a infra-estrutura da saúde na cidade, alguns usuários também
sugeriram a compra de equipamentos para a realização de exames médicos.
Dentre os principais problemas gerais da cidade apontados pelos usuários,
predominaram aqueles relativos à saúde (38%). O segundo maior problema (19%)
mencionado foi a infra-estrutura da cidade: ruas esburacadas, falta de pavimentação,
de saneamento básico e de moradias; estradas ruins e o abandono pelo poder público
de um dos bairros do município, o Triguenã. Os problemas apontados quanto à área
rural (6%) foram: produtos agrícolas pouco valorizados e que demandam muito
investimento dos agricultores; o deslocamento de grande parcela dos moradores da
área rural para áreas urbanas. Problemas relativos ao trabalho (6%) também foram
citados, como o desemprego e a demora para receber a aposentadoria. Estes dados
aparecem no Gráfico 100.
![Page 147: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/147.jpg)
147
Gráfico 100 - Relação dos problemas de Ivinhema apontados pelos usuários do SUS.
Como soluções para esses problemas, os usuários levantam a compra de mais
equipamentos para exames nos postos de saúde; a contratação de mais médicos
(especialistas como: neurologista e ortopedista), assim como sua capacitação e a
construção de mais postos de saúde nas glebas. Também levanta-se a importância de
asfaltar as ruas, da implantação do transporte público, da construção de casas
populares, da organização das ruas e do investimento nos bairros, principalmente o
Triguenã.
Os moradores da área rural também pensaram em soluções para sua região,
tais como: a implementação de políticas de apoio ao agricultor, mais investimentos e a
permanência dos jovens na área rural.
Questões relacionadas ao trabalho foram levantadas e as seguintes sugestões
de melhoria foram citadas: a existência de creches, onde as mães poderiam deixar os
filhos ao irem trabalhar, o oferecimento de cursos gratuitos e o aumento da oferta de
empregos.
Sugestões relacionadas ao lazer em Ivinhema foram: construção de um teatro,
quadras poli-esportivas e a realização de bailes. Quanto à educação, sugeriu-se que o
município de Ivinhema possuísse uma faculdade. Também houve a sugestão de maior
policiamento nas ruas.
Sobre os principais pontos positivos da cidade, muitos usuários elogiaram o
trabalho dos agentes comunitários de saúde, das enfermeiras e da secretária de saúde.
![Page 148: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/148.jpg)
148
Alguns falaram dos bons atendimentos nos postos de saúde, do oferecimento de
remédios e do serviço do hospital.
Como ponto positivo, muitos usuários também apontaram a tranqüilidade da
cidade, o povo acolhedor e as boas relações entre os vizinhos. Alguns trouxeram a
educação em Ivinhema como ponto positivo, devido ao transporte escolar. Também
falaram sobre o lazer: elogios à praça da cidade e ao campo de futebol. Por fim, os
projetos sociais (APAE e CARCA), a localização geográfica e o clima de Ivinhema, assim
como o prefeito, foram citados como aspectos positivos.
Entrevistas com as referências
Além das entrevistas com os usuários, a equipe de Psicologia realizou
entrevistas com as chamadas “referências” da cidade, ou seja, pessoas relacionadas a
organizações importantes da cidade ou consideradas pelos munícipes como líderes
locais. A partir dessas entrevistas, foi possível conhecer um pouco mais sobre a cidade
a partir da ótica de seus moradores e identificar uma rede preliminar de referências da
cidade, que pode ajudar no levantamento de problemáticas locais relacionadas ao
contexto sócio-político e econômico.
As entrevistas com referências funcionam da seguinte forma: durante a pré-
visita, por meio de uma reunião com os Conselheiros de Saúde do município, pede-se a
indicação de uma pessoa para dar início ao processo de entrevistas. Então, a cada
pessoa entrevistada, é solicitada a indicação de mais três pessoas, para que seja
montada uma rede social de referências. Esse método é conhecido como “bola-de-
neve”.
Nas entrevistas, são abordadas questões sobre a cidade e a saúde. Se o
entrevistado é membro de alguma organização, também se procura conhecer seu
funcionamento e objetivos.
Foram realizadas, durante a expedição em Ivinhema, entrevistas com 14
pessoas reconhecidas como referências da cidade. A partir da análise de tais
entrevistas, foi possível conhecer quais as principais questões, incômodos, pontos
positivos e a situação da saúde de Ivinhema pela ótica de seus moradores, como segue
abaixo:
O que incomoda mais na cidade
Falta de pavimentação.
Questões relacionadas à saúde.
Falta de emprego, desemprego.
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149
Falta de ocupação (diversão para os jovens).
Questões relacionadas à educação.
Questões relacionadas com a medicalização de crianças com queixas escolares.
Falta de transparência na prestação de contas.
Falta de discussão com a sociedade antes de criar projetos.
Falta da mobilização da associação de bairros; individualismo.
Não atendimento de pedidos pela Prefeitura.
Gado solto nas ruas à noite.
Questões relacionadas à Assistência Social.
Segurança, vandalismo.
Questões relacionadas ao meio ambiente.
Aspectos mais positivos da cidade
Questões relacionadas à participação e a características da população.
Questões relacionadas à existência e ao trabalho de ONGs.
Tranqüilidade e baixo índice de violência.
Terra fértil; agricultura; clima.
Localização geográfica (Ivinhema fica entre diversas cidades).
Previsão de um futuro bom.
Questões relacionadas à boa qualidade da saúde.
Prefeitura dá atenção às ONGs.
Qual o seu sonho para a cidade?
Progresso, melhora da cidade (referência a várias áreas).
Questão relacionada à saúde e moradia.
Não tem sonho.
![Page 150: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/150.jpg)
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Principal problema em relação à saúde
Questões relacionadas ao atendimento (demora para marcar, atendimento ruim).
Questões relacionadas à falta de profissionais (número, competentes e especializados).
Estrutura física ruim.
Encaminhamentos para fora da cidade.
Visitas a instituições de assistência
Procurou-se, durante a expedição, conhecer as instituições de assistência
existentes no município de Ivinhema, de forma a levantar a rede de apoio local e
pensar em atuações possíveis para lidar com as demandas que surgem na cidade. Tal
atividade, muitas vezes, coincidia com o momento da entrevista com alguma pessoa
conhecida como referência, já que muitas delas eram fundadoras ou membros dessas
instituições.
Foram visitadas as seguintes instituições: CARCA, Projeto Bem-me-quer, Projeto
do Sagrado Coração de Jesus, Asilo São Francisco de Assis, Projeto Nova Jerusalém –
Casa do Migrante e CRAS Triguenã. Além dessas instituições, também obtivemos
informações, através das entrevistas com referências da cidade ou reuniões com as
psicólogas e assistentes sociais, sobre a ACAIVI, a APAE e o CREAS.
Visitas domiciliares
Durante a expedição de 2009, a equipe de Psicologia participou, junto com
outras áreas do Projeto, de 13 visitas domiciliares a pessoas que estão acamadas e/ou
não podem se deslocar até os postos de atendimento. Durante estas visitas, não
pudemos realizar um trabalho semelhante ao do posto, com atendimentos no formato
de plantões psicológicos, por conta da quantidade de participantes do Projeto que
necessitavam realizar exames e determinar condutas.
No entanto, pudemos observar questões interessantes no sentido de nossos
objetivos no Projeto. Pensando a saúde do indivíduo como algo complexo e
relacionado não apenas às questões orgânicas, mas também sendo permeada pela
esfera social e realidade da cidade em que se vive, as visitas domiciliares se tornam
uma oportunidade de conhecer melhor esta realidade e suas relações com a saúde da
pessoa. Neste ponto, a presença dos Agentes Comunitários de Saúde durante as visitas
domiciliares se fez muito importante, pois, com eles, pudemos conhecer melhor a
realidade de cada bairro e até mesmo de cada família. Além disso, são profissionais
que conhecem muito bem a estrutura de saúde e de assistência da cidade.
![Page 151: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/151.jpg)
151
Entendendo o que acontece no cotidiano da pessoa atendida, de sua casa e
família, relacionando-o com a realidade de seu bairro e cidade, com as questões sociais
envolvidas, é possível, também, pensar em sua saúde. Pudemos ver a influência sobre
a pessoa de situações como: a falta de pavimentação no bairro visitado, a estrutura da
rede de assistência, a distância em relação ao posto de saúde, hospital e escola, a falta
de uma rede social de apoio. Pensamos ser importante considerar todos estes pontos
no momento de determinar uma conduta em relação à pessoa atendida e até mesmo
se deve medicalizá-la ou não. Ela terá condições de buscar seus medicamentos e
receber acompanhamento médico, já que não pode se locomover facilmente? A
cidade disponibiliza transporte para tais atividades? A rede de assistência faz visitas
domiciliares ou espera que o interessado procure ajuda no local de atendimento? A
pessoa pode ter uma rede de apoio para ajudá-la a suportar a situação que vive, de
modo que não sejam necessários todos os medicamentos? Estas são questões
levantadas a partir das reflexões sobre as visitas domiciliares e que se relacionam com
as bases do nosso projeto.
Reunião com os gestores do município
No início da expedição, a equipe de Psicologia realizou um encontro com 5
gestores da cidade, com o objetivo de apresentar o trabalho que desenvolveríamos em
Ivinhema. Nessa reunião, os gestores levantaram algumas problemáticas.
Foi falado sobre como há muitos funcionários públicos sofrendo na cidade,
devido à sobrecarga no trabalho, como, por exemplo, os professores das escolas
públicas, que estão desvalorizados e sobrecarregados, já que precisam trabalhar na
rede pública e na rede particular para terem uma renda maior. Assim, no final do ano,
muitos não agüentam mais e começam a faltar nas aulas. Levanta-se a importância de
se pensar em um projeto com os professores.
Também foi falado que há muitas mulheres com depressão na cidade, porque
têm que trabalhar a semana toda e ainda cuidar sozinhas dos filhos, ficando
sobrecarregadas. Levanta-se que não há, na cidade, nenhuma cultura de prevenção na
área da saúde mental.
Sobre os atendimentos médicos na cidade, soubemos que as pessoas não
acreditam mais nos médicos generalistas e que, por isso, querem os especialistas.
Assim, para conseguirem atendimento com estes últimos, vão atrás dos secretários e
do prefeito para reclamar.
Também conversamos sobre o fato de que as pessoas, muitas vezes, não
tomam os medicamentos prescritos pelos médicos e que a cidade já até realizou
campanha de recolhimento de remédios não utilizados pela população.
![Page 152: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/152.jpg)
152
Reuniões com as redes de Psicologia e de Assistência Social
Tendo em vista a importância de articular o nosso trabalho com o dos
profissionais da cidade, a equipe de Psicologia realizou, durante a expedição, dois
encontros com as psicólogas e assistentes sociais de Ivinhema. O primeiro encontro foi
realizado no começo da expedição, com os objetivos de apresentar o nosso trabalho e
conhecer o que já era desenvolvido por essas profissionais, além de pensar em formas
de intersecção do nosso trabalho com o delas. Já o segundo encontro foi realizado no
final da expedição, com os objetivos de apresentar o que realizamos na cidade e as
problemáticas que chamaram mais nossa atenção, para, assim, pensarmos juntos em
alguma forma de continuidade.
No primeiro encontro, levantaram-se as dificuldades nos encaminhamentos
para atendimento psicológico dentro de Ivinhema, já que só há duas psicólogas na
saúde, havendo, assim, muita fila de espera. Há dificuldade para implantar
atendimentos em grupos, pela cidade ser pequena e todos se conhecerem, por isso há
muita demanda por atendimento individual, sobrecarregando as psicólogas da saúde,
que são as únicas que desenvolvem esse tipo de atuação. Os únicos grupos que
funcionam são os temáticos, como por exemplo, para pessoas com diabetes, para
pessoas com obesidade, etc. Foi falado que há uma “resistência” da população para
participar dos cursos e encontros propostos pela rede de Assistência Social.
As psicólogas da saúde recebem muita demanda vinda do Conselho Tutelar,
devido a queixas escolares. Demandas, estas, que, muitas vezes, não necessitam de
atendimento, mas só de uma orientação à criança ou aos pais. Foi levantada a idéia de
alocar uma psicóloga no Conselho Tutelar que pudesse colaborar na discussão e forma
de lidar desses encaminhamentos.
As psicólogas recebem bastante apoio dos agentes comunitários de saúde,
entretanto, não há nenhum encontro institucionalizado entre eles, mas somente
encontros informais. O mesmo ocorre entre as psicólogas e assistentes sociais que
trabalham nas diferentes áreas (educação, saúde e assistência social). Levanta-se,
assim, a idéia de institucionalizar encontros entre elas, levando em conta a
importância dessas profissionais trocarem experiências e pensarem em meios de
atuação conjuntos.
No contexto dessa reunião, foi reforçada nossa preocupação com os impactos
que a ação da Bandeira Científica poderia trazer no trabalho dessas profissionais, já
que deixaríamos, ao final dos atendimentos e seus possíveis encaminhamentos para a
rede da cidade, uma demanda com a qual elas não poderiam lidar, devido à enorme
fila de espera já existente. Assim, combinamos nessa ocasião de fazermos uma
segunda reunião para discutirmos juntos os encaminhamentos que fizemos para essas
profissionais a partir dos atendimentos realizados nos postos.
![Page 153: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/153.jpg)
153
Dessa forma, no segundo encontro, realizado no final da expedição, levamos os
casos clínicos que demandavam encaminhamento para pensarmos juntos no que fazer
com eles.
Discutimos sobre a questão da medicalização de crianças em Ivinhema, algo
que chamou nossa atenção durante a expedição. Descobrimos que, dentro da escola,
há mais encaminhamentos diretos a neurologistas, pois existe certa “resistência” à
idéia de um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Esses encaminhamentos ao
neurologista são feitos pela própria coordenação da escola. Não há psiquiatras na
cidade e as mães não conseguem um acompanhamento sistemático da medicação que
é dada a seus filhos.
A maioria dos casos encaminhados da escola para o neurologista é de crianças
com problemas de comportamento, como suspeita de hiperatividade, por exemplo.
Muitas crianças, ao irem ao neurologista, já saem medicadas. Levantamos, assim, uma
discussão sobre esses encaminhamentos, já que, se tantas crianças são encaminhadas
com queixas escolares, será que há um problema individual nessas crianças ou há um
problema mais amplo, de característica coletiva que envolve diferentes dimensões,
sujeitos e instituições?
As profissionais identificaram a necessidade de haver mais psicólogos na cidade
e, paradoxalmente, a existência de um preconceito grande em relação ao atendimento
psicológico, já que as pessoas pensam que quem vai ao psicólogo é “louco”.
Comentamos, novamente, sobre a importância dessas profissionais se reunirem mais
vezes, de uma maneira formalizada, institucionalizada, para discutir as diversas
problemáticas que surgem em seus trabalhos, para tentar articular as diversas áreas
(Educação, Assistência Social e Saúde). Segundo as profissionais, essa foi uma
contribuição da Bandeira Científica para elas: possibilitar um espaço de troca entre as
diferentes áreas.
Próximos passos
Depois de realizada a expedição, a equipe de Psicologia se encontrou
semanalmente para discutir e trabalhar o material obtido. Esse material consiste
basicamente nas entrevistas realizadas com as referências, que foram transcritas; nas
entrevistas com os usuários do SUS, que tiveram seus resultados tabulados; nos relatos
dos atendimentos psicológicos, que foram organizados em função das queixas das
pessoas atendidas; e, finalmente, nos diários de campo escritos pelos alunos (espécie
de diário mesmo, que contém as vivências da pessoa durante o trabalho de campo,
assim como suas anotações a respeito de coisas que pensou ou que lhe chamaram a
atenção).
![Page 154: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/154.jpg)
154
Foi realizado, ainda durante o primeiro semestre de 2010, no Instituto de
Psicologia da USP, uma apresentação e debate a partir desse material, que contou com
a participação de duas professoras convidadas, uma da área da Psicologia Escolar e
outra da Pediatria.
Enfim, foi elaborado este relatório com intuito de subsidiar a pós-visita que é a
terceira e última etapa do trabalho da Bandeira Científica em Ivinhema. Nesse
momento, estamos à disposição para discutir questões que possam ter ficado durante
nossa estada na cidade, em dezembro de 2009, e outras que surgiram a partir da
leitura deste documento. Do mesmo modo, estamos dispostos a fazer um balanço das
ressonâncias que este trabalho trouxe e continuará trazendo para nossa vida na
universidade e futura carreira profissional.
Nutrição
Atendimento Nutricional
Antropometria
Foram realizada antropometria (aferição de peso e estatura) de todos os
pacientes atendidos pelo BC durante a expedição, a fim de obter a classificação do
estado nutricional dos mesmos.
Atendimento nos postos
O atendimento nutricional teve como objetivo orientar o paciente quanto às
modificações da dieta para o alcance do estado nutricional desejável, tratar
determinadas enfermidades crônicas ou sintomas para a melhoria do prognóstico e,
por sua vez, da qualidade de vida do mesmo. Além do aconselhamento nutricional o
paciente recebeu folders referentes aos principais aspectos abordados da alimentação
e com as orientações individualizadas descritas.
Foram atendidos pela equipe de nutrição 413 indivíduos, sendo 147 entre 0 e
19 anos e 266 maiores de 20 anos.
Visitas Domiciliares
As visitas domiciliares tiveram o objetivo de observar aspectos referentes à
moradia (tipo de construção, número de habitantes, higiene do ambiente e pessoal,
armazenamento da água, destino do lixo, esgoto), à família (fonte de renda, relações
intrafamiliares e redes de apoio) e ao indivíduo (doenças, limitações físicas, cognitivas,
comportamentos e atitudes) para que fossem realizadas orientações nutricionais mais
completas.
![Page 155: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/155.jpg)
155
Foram realizadas 23 visitas domiciliares. Dos diagnósticos mais importantes
para a área de nutrição, tivemos: Acidente Vascular Cerebral, Hipertensão Arterial
Sistêmica, Diabetes Mellitus, Dislipidemia e Hérnia de Hiato.
Palestras para Agentes Comunitários da Saúde (ACS)
Foram realizadas três palestras com temas distintos para os ACS:
Diabetes Melitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
Desenvolvida pelos cursos de nutrição, medicina e fisioterapia. À Nutrição,
coube ministrar o seguinte tema: “Tratamento dietético para DM e HAS” e teve como
objetivo fornecer orientações sobre os alimentos que devem ser evitados ou
consumidos preferencialmente por indivíduos com diabetes e hipertensão arterial.
Todos os ACS receberam uma cartilha ilustrada contendo um resumo das informações
passadas na palestra passarem adiante as informações sobre cuidados com a saúde e
alertarem a população sobre os riscos de uma dieta inadequada e os benefícios de
uma alimentação saudável e preventiva.
“Aleitamento materno e Introdução de alimentos”
A atividade teve como objetivo orientar os ACSs sobre a importância, as
dificuldades e os benefícios da amamentação, como proceder ao caso do aleitamento
materno exclusivo não seja possível e qual a melhor forma de introduzir outros
alimentos além do leite materno. Participaram da palestra, 14 agentes que receberam
materiais e folders com conteúdo específico sobre os assuntos que foram discutidos
durante a atividade.
“Avaliação Nutricional de crianças”
A atividade teve como objetivo definir o Sisvan e apresentar seus objetivos e
estratégias; orientar sobre estado nutricional infantil; definir desnutrição e suas
classificações; orientar sobre a utilização de curvas de crescimento; aplicar exercício
com as curvas de crescimento. Participaram desta palestra, 14 agentes que receberam
materiais e folders com material de apoio sobre os assuntos que foram discutidos
durante a atividade.
Palestras para pais e educadores
Pedagogas
A palestra teve como objetivo orientar educadoras sobre a influência que a
alimentação e os hábitos alimentares exercem no desenvolvimento neuropsicomotor
![Page 156: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/156.jpg)
156
(DNPM) da criança, além de apontar características que possam auxiliar na
identificação de atrasos no desenvolvimento infantil e, orientar como as mesmas
podem estimular a criança por meio da alimentação e do comportamento alimentar,
para um adequado desenvolvimento. Participaram desta atividade aproximadamente
60 pessoas.
Pastoral
A atividade teve como objetivo informar as mães cujos filhos freqüentam a
pastoral da criança sobre cuidados de higiene e a importância da alimentação saudável
na infância, através de discussão e dinâmica sobre verdade ou mito. Participaram
desta atividade aproximadamente 30 mães.
Atividades educativas para crianças
Projeto CARCA.
O objetivo foi fornecer aos participantes da atividade, de maneira descontraída
e divertida, informações sobre os alimentos, algumas de suas características e
importância na alimentação diária.
Atividade educativa com a odontologia
A atividade teve como objetivo orientar crianças sobre a importância de uma
alimentação balanceada e diversificada, e que possa cuidar da saúde da boca, através
de um jogo lúdico com uma pirâmide dos alimentos desmontável.
Atividade Lúdica para crianças
A atividade ocorreu na quadra poliesportiva da cidade e teve como objetivo
apresentar diversos alimentos às crianças (entre 6 a 12 anos de idade) a fim de
proporcionar um maior conhecimento sobre alimentação saudável, utilizando
atividades lúdicas como: bingo, jogo da memória, tabuleiro, cruzadinha e ligue os
pontos.
Administração das refeições
Foi realizada pela equipe de nutrição em conjunto com a nutricionista da rede
de educação do município o planejamento, organização e supervisão do serviço de
alimentação oferecido durante a expedição para os bandeirantes, que tinha como
objetivo oferecer uma dieta equilibrada e segura.
Relatórios Técnico-estruturais
Engenharia
![Page 157: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/157.jpg)
157
A seguir, sintetizam-se as observações dos alunos de Engenharia Civil e
Ambiental integrantes do Projeto Bandeira Científica, que realizaram seus trabalhos
em setembro e dezembro de 2009, em Ivinhema (MS). Aborda-se aqui a questão da
infraestrutura de saneamento básico do município de Ivinhema, apresentando os
cenários compreendidos pelos alunos. Um maior detalhamento e sugestões para os
problemas identificados estão em relatório específico “Relatório de Análise de Infra-
Estruturas”.
Abastecimento de água
A captação de água do município de Ivinhema pode ser resumida pelo gráfico a
seguir, elaborado com base no Inquérito Epidemiológico:
Gráfico 101 - Perfil da captação de água de Ivinhema.
Percebe-se que a maior parte do município é abastecida pela rede de
distribuição de água, dentre elas toda a área urbana e partes da área rural. O gráfico
seguinte distingue os perfis da captação de água nas áreas rural e urbana.
![Page 158: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/158.jpg)
158
Gráfico 102 - Perfil da captação de água em Ivinhema por tipo de área de ocupação.
É possível enxergar claramente as diferenças nos perfis das duas categorias de
ocupação do solo. Percebe-se que a captação por poços, tanto profundos quanto rasos
(os assim chamados poços caipiras), é feita predominantemente nas áreas rurais. No
entanto, mesmo na área abastecida pela rede, o município de Ivinhema faz uso de
manancial subterrâneo para abastecimento público de água. A captação é feita em
cinco poços profundos. Recentemente, foi construído mais um poço, de 150 m de
profundidade, mas este se encontra ainda inativo.
Toda água captada chega à área da estação de tratamento de água (ETA) de
Ivinhema, operada pela Sanesul, sendo primeiramente armazenada em um
reservatório apoiado (capacidade de 150 m³). Deste reservatório, a água segue para
um reservatório enterrado (100 m³), e, a partir deste, uma parcela da água é
bombeada para um reservatório elevado (50 m³), o qual apresenta vazamento
considerável.
A divisão em reservatório apoiado e reservatório elevado é feita de modo a
atender dois setores de rede de distribuição na área urbana, um de zona alta e outro
de zona baixa. Verificando os volumes dos reservatórios, pode-se estimar o tamanho
da população que pode ser atendida com esses volumes, considerando um consumo
per capita de q=150L/hab.dia e o coeficiente do dia de maior consumo k1=1,2:
.000.53
./1502,1³300
3
1habP
diahabLPm
qPkV
![Page 159: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/159.jpg)
159
Dessa forma, percebe-se se que é preocupante a situação de reservação de
água em Ivinhema, uma vez que a área urbana conta com mais de 15 mil habitantes
(segundo o Censo de 2000).
O tratamento da água é feito através de cloração e fluoretação. As instalações
de química são de pequeno porte e adequadas no que diz respeito ao quesito de
segurança.
Para fins de controle da qualidade da água produzida na ETA, são realizadas
análises diárias de pH, cloro e flúor. Além disso, semanalmente são enviadas amostras
para análises em Nova Andradina dos parâmetros turbidez e coliformes (totais e
fecais) e mensalmente são feitas análises em Campo Grande dos parâmetros
alcalinidade, dureza, ferro e manganês. Uma análise destes dados foi feita pela equipe
da Bandeira Científica, e será apresentada em relatório específico, a parte.
Com base no Inquérito Epidemiológico também foi possível obter informações
a respeito da realização de tratamento da água de Ivinhema, como é mostrado no
gráfico a seguir:
Gráfico 103 - Tratamento domiciliar da água de Ivinhema.
Pode-se perceber que a maior parte da população não realiza qualquer tipo de
tratamento da água. No entanto, é importante destacar que esta parcela inclui dois
tipos de públicos: aqueles que recebem água da rede e não realizam tratamento
domiciliar da água e aqueles que captam água individualmente e não a tratam. Os
efeitos são diferenciados nestes dois grupos, tendo em vista que a água da rede é
previamente tratada, implicando em um menor risco de contaminação para o primeiro
grupo. Entretanto, é de extrema importância ressaltar que grande parte das doenças
![Page 160: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/160.jpg)
160
veiculadas pela água tem como origem a contaminação nas caixas d’água das
residências.
No sistema de captação municipal, é produzido um volume da ordem de
966.059m³ por ano, onde 752.693m³ são consumidos por 5.796 economias, isto é o
sistema apresenta uma perda real de 22%.
Os dados mostram que o volume faturado é maior que o volume consumido,
representando um valor de 873.455m³, 16% maior que o consumido.
Por fim, vale ressaltar que disponibilizar para a população água de qualidade
adequada para consumo é tarefa primordial do poder público e não representa um
investimento sem retorno: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada
R$1,00 investido em saneamento básico, economizam-se de R$4,00 a R$5,00 com
internações e atendimentos médicos a pessoas com doenças decorrentes da falta de
saneamento (diarréia, hepatite A, verminoses, etc).
Esgotos Sanitários
O perfil do município, elaborado com base no Inquérito Epidemiológico, pode
ser ilustrado pelo gráfico 4:
Gráfico 104 - Destinação dada ao esgoto doméstico em Ivinhema.
![Page 161: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/161.jpg)
161
Percebe-se claramente a prevalência de fossas no município, principalmente
rudimentares, apesar de no presente gráfico não haver divisão entre fossas
rudimentares e sépticas.
Não há rede coletora de esgoto no município. A FUNASA está elaborando um
projeto de rede coletora e Estação de Tratamento de Esgotos, que abrangerá parte dos
Bairros Piravevê e Guiraí, mas não há previsão de início e término da construção. Há
um sistema privado de limpa-fossas na cidade, cujos caminhões depositam o esgoto
em três fossas de maior porte do município, localizadas no Bairro Piravevê.
Existe uma pequena rede coletora de esgotos no distrito de Amandina, que
lança os esgotos domésticos diretamente no rio.
As fossas recebem as águas residuárias provenientes de atividades distintas
como descarga sanitária, despejo de lavatórios, águas do asseio corporal e de lavagem
de roupas, de modo contínuo. Portanto, a entrada dessas águas corresponderá à saída
de idêntica quantidade de esgoto tratado.
O Gráfico 105, elaborado com base no Inquérito Epidemiológico, apresenta a
atitude tomada pela população após o enchimento das fossas.
Gráfico 105 - Atitude tomada após o enchimento da fossa.
Percebe-se que grande parte da população, ao invés de retirar o material retido
nas fossas, prefere construir uma nova. Esta atitude reflete em conseqüências na
saúde pública e no meio ambiente, dado o fato de as fossas serem pontos de
contaminação do solo e, possivelmente, do lençol freático e dos poços utilizados para
abastecimento. A construção de novas fossas eleva o número de pontos de
![Page 162: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/162.jpg)
162
contaminação, o que revela um verdadeiro problema quando se trata de um solo
arenoso, como o de Ivinhema, que permite a percolação de água mais facilmente.
No município de Ivinhema, foram observadas as seguintes instalações
sanitárias: privada com fossa seca (privada de buraco), privada com fossa tubular e
fossa negra.
É importante ressaltar que a construção da rede coletora de esgoto deve
preferencialmente se dar concomitantemente à construção da ETE. Caso não seja
construída a ETE, os resíduos que serão despejados de forma concentrada nos cursos
d’água terão um impacto ambiental muito grande.
Resíduos sólidos
O Gráfico 106 apresenta um perfil geral da gestão dos resíduos sólidos em
Ivinhema, com base no Inquérito Epidemiológico, enquanto o Gráfico 107 apresenta o
mesmo cenário por tipo de ocupação do solo (urbano ou rural):
Gráfico 106 - Gestão de Resíduos Sólidos em Ivinhema
![Page 163: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/163.jpg)
163
Gráfico 107 - Perfil da gestão dos resíduos sólidos nas áreas urbana e rural.
Pelo Gráfico 106, é possível inferir que a maior parte do município é coberta
pela coleta pública, porcentagem esta correspondente principalmente à população
urbana, como pode ser visto no Gráfico 107. Nas áreas rurais, os resíduos sólidos são
em grande parte queimados, podendo provocar impactos significativos na saúde
pública.
Os indivíduos expostos à fumaça gerada na queima do lixo podem se
contaminar com substâncias tóxicas, como dioxinas e furanos, que são substâncias
carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas. Esta prática pode aumentar a incidência
de doenças respiratórias nestes locais.
Percebe-se também a predominância no uso de gás de cozinha, em detrimento
do uso de lenha e carvão, como pode ser visto no gráfico a seguir:
![Page 164: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/164.jpg)
164
Gráfico 107 - Combustível utilizado para o fogão.
Sob o ponto de vista da saúde pública, trata-se de um perfil bastante
adequado, na medida em que o uso de lenha ou carvão pode expor os indivíduos à
inalação de altas concentrações de material particulado. O Gráfico 109 apresenta esta
mesma divisão de uso de combustíveis para o fogão, com base no tipo de ocupação do
solo:
Gráfico 108 - Tipo de combustível utilizado no fogão das residências nas áreas urbana e rural.
Com base no Gráfico 109, é possível dizer que os perfis das áreas rural e urbana
são semelhantes. Há um uso maior de lenha na área rural do que na área urbana, o
que já é esperado em qualquer município. No entanto, há uma clara predominância do
uso de gás de cozinha nas duas áreas em relação aos outros combustíveis.
![Page 165: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/165.jpg)
165
O Gráfico 110 apresenta informações sobre a localização do fogão nas
residências.
Gráfico 19 - Localização do fogão.
Como o combustível mais utilizado nas moradias é o gás de cozinha, a presença
dos fogões dentro das casas é mais adequada do que fora, reduzindo o esforço das
pessoas responsáveis pela preparação da alimentação. Em locais onde há
predominância no uso de lenha, a presença dos fogões dentro das residências pode
implicar em problemas para a saúde pública, na medida em que esta condição reduz,
normalmente, a ventilação das moradias, não permitindo uma adequada dispersão dos
poluentes.
Outro aspecto interessante do município é a parcela da população que realiza
separação de materiais para reciclagem. O Gráfico 111 apresenta estes dados:
![Page 166: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/166.jpg)
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Gráfico 110 - Porcentagem da população que recicla cada tipo de resíduo sólido.
Percebe-se que há uma parcela considerável da população que realiza a
separação de resíduos recicláveis, em comparação com outros municípios de pequeno
e médio portes. Dos resíduos apresentados, o plástico é o tipo de resíduo mais
separado. No entanto, é importante frisar que, sem dúvida, o tipo de resíduo mais
reciclado é o metal, já que este é coletado posteriormente (mesmo quando despejado
no lixão) por catadores.
O secretário que acompanhou as visitas informou que a coleta de resíduos no
município é feita somente na área urbana. A frequência de coleta é de três vezes por
semana nas áreas centrais e duas vezes nas áreas mais afastadas, sendo feita por uma
equipe com um caminhão da prefeitura.
Em Ivinhema, foi constatada a atuação de catadores de materiais recicláveis.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Turismo, os catadores atuam somente no
lixão.
Existem duas iniciativas de coleta seletiva no município: uma é de um senhor
chamado Pierre, que possui um galpão no centro de Ivinhema. Ele recebe os materiais
de catadores do município (plásticos, metais), e os vende em quantidades maiores em
Campo Grande. Ele recebe também recicláveis de municípios vizinhos.
Já a outra iniciativa, localizada numa saída da estrada que liga Ivinhema a
Angélica, foi doada pela Sociedade de Melhoramentos e Colonização (Someco) há
cerca de 1 ano. No local existe um galpão coberto, com as laterais abertas, com as
dimensões de 12 x 30 m. Há uma área ao lado que pode dobrar o tamanho do galpão.
A área foi doada para ser utilizada por uma associação de catadores ligada à igreja
![Page 167: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/167.jpg)
167
católica, mas atualmente se encontra vazia. Aparentemente, os tais catadores moram
ao lado dessa área e não se articularam para trabalharem juntos, nem utilizar esta
área.
De 1980 a 1995, os resíduos sólidos gerados em Ivinhema eram depositados em
outro lixão, o qual era localizado em uma área ao lado do lixão utilizado atualmente.
Quando a capacidade desse lixão já encerrado foi esgotada, foram abertas algumas
valas e o lixo foi depositado nessas, ocorrendo, em seguida, o aterramento das
mesmas. A prefeitura planeja encerrar da mesma forma o lixão atual, assim que o
aterro sanitário do município for construído.
A disposição de todos os resíduos sólidos urbanos (RSU) e dos resíduos de
serviços de saúde (RSS) do município é feita em um lixão a cerca de 4 km da área
urbana do município, localizado no bairro rural Guiraí.
O acesso à área não é controlado, havendo a presença de vários animais - como
galinhas, cabras, entre outros - de propriedade de uma senhora que vive na antiga
área vizinha, onde se localiza o antigo lixão já encerrado.
Aparentemente, não há quantidades consideráveis de restos alimentícios no
lixão, mas a equipe não soube diagnosticar se o fato era devido à presença dos
animais, que se nutriam desses restos, ou ao tipo de geração de resíduos sólidos da
população. Foi constatada a presença de algumas habitações rurais próximas ao lixão.
Está sendo licenciado no município um aterro sanitário, que será um consórcio
entre o município de Ivinhema, a usina de álcool de cana-de-açúcar presente nele e o
município de Angélica (a distância entre os centros de Ivinhema e de Angélica é de 18
km).
O projeto do aterro e todo o licenciamento ambiental estão sendo pagos pela
usina. O projeto já obteve a Licença Prévia, estando agora na fase do pedido da Licença
de Instalação.
Segundo o Secretário de Meio Ambiente e Turismo, a área prevista para o
aterro sanitário a ser construído é de 13,6 hectares, estando a mais de 5 km da área
urbana (um dos requisitos gerais solicitados pelo órgão ambiental estadual, o Imasul).
O máximo nível do freático encontrado na área foi de 9 m.
Durante a 1ª Expedição, foi constatado que o lixo hospitalar não é tratado
adequadamente. Tudo é mandado para o famigerado lixão por uma ambulância
adaptada, que serve como carro de coleta. Há um projeto de gerenciamento desses
resíduos, que está em fase de implantação. Todos os resíduos orgânicos hospitalares
(fetos, placentas, membros) são amontoados em um “buraco” (é o segundo, o
![Page 168: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/168.jpg)
168
primeiro já encheu). A secretária da saúde tem intenção de realizar reciclagem e
compostagem dentro do hospital.
Drenagem urbana
Foi na década de 60, após a chegada de Reinaldo Massi, que se iniciou a
urbanização em Ivinhema, tendo o primeiro núcleo populacional sido formado no
Bairro Piravevê. A crescente impermeabilização do solo, aliada às intensas
precipitações na região, provocou um aumento substancial do fluxo d’água,
acarretando na formação de pequenos sulcos sobre o terreno.
Com a expansão urbana, aceleraram-se os processos erosivos, acarretando na
formação de voçorocas nos locais de deságüe das águas pluviais. Caracterizam-se pela
maior problemática três pontos erosivos, localizados nos Bairros Água Azul, Piravevê e
Itapoã.
O primeiro encontra-se a oeste da zona urbana, próximo ao Córrego Azul. A
intensa erosão tem ocasionado um aumento da deposição de sedimentos neste
córrego. Um reflexo disso foi a elevação do nível do solo em um trecho à jusante em
mais de 4,0 metros em cinco anos.
Figura 09 - Voçoroca - Bairro Água Azul. Fonte: Google Earth (2004)
Com o tempo, foi construída uma rede de drenagem de águas pluviais
abrangendo este bairro. Sem estruturas adequadas de dissipação de energia,
intensificou-se a erosão no local de lançamento das águas de tal forma, que estruturas
de concreto destinadas a transportá-las sofreram rupturas. Outras obras para controle
das voçorocas foram realizadas: primeiramente tentou-se contê-las com a colocação
de sacos de areia sobre os taludes erodidos, mas estes foram levados com a primeira
![Page 169: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/169.jpg)
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chuva significativa após a construção; depois foi usada uma mistura de solo-cimento,
solução que também se mostrou falha.
Atualmente, está sendo construída uma série de barragens de terra ao longo da
linha traçada pela voçoroca, com o objetivo de barrar a erosão, permitindo o
escoamento por tubulações abaixo da barragem, e assorear o local, devido à redução
da velocidade do escoamento superficial, facilitando a deposição de sedimentos no
fundo.
A segunda voçoroca encontra-se no Bairro Piravevê, na zona leste da área
urbana e a sul do Bairro Itapoã. As águas pluviais nesta região são drenadas através de
galerias até um canal de concreto, cuja estrutura de desemboque também já rompeu.
Figura 10 - Voçoroca - Bairro Piravevê. Fonte: Google Earth (2004)
Por fim, a última voçoroca encontra-se no Bairro Itapoã, à jusante da voçoroca
do Bairro Piravevê. Juntamente com a massa de terra trazida deste, os sedimentos
provenientes da erosão de Itapoã aportam no Córrego Ponta-porã, o qual deságua no
Rio Ivinhema. Da mesma forma que nas outras voçorocas, as estruturas de deságüe
das águas pluviais também já romperam, dada a intensa força da água.
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Figura 11 - Erosão - Bairro Itapoã. Fonte: Google Earth (2004)
De modo geral, as voçorocas de Ivinhema apresentam características
semelhantes. A primeira destas é o formato em U, indício de que a resistência do solo
é praticamente constante em toda a seção transversal.
Quanto ao desgaste do solo, podem ser observadas duas formas diferentes de
erosão: a erosão superficial e a subterrânea. Apesar de a primeira ter claramente
maior impacto, a segunda tem um efeito sinérgico em relação àquela. Um indício da
erosão subterrânea é a formação de pequenos buracos e galerias nos taludes das
voçorocas.
Um aspecto de interesse para a engenharia é a existência de vegetação natural
em crescimento nos taludes em algumas regiões das voçorocas, evidência de que elas
estão em fase de estabilização.
Vale ressaltar os prejuízos causados pelas voçorocas na área urbana, como
destruição de casas e estruturas, desgaste do solo agrícola (com perda de
produtividade e fertilidade), assoreamento nas áreas à jusante, piora na qualidade da
água dos cursos da água que recebem os sedimentos e depreciação imobiliária. As
voçorocas sempre caminham de jusante para montante, fato que preocupa, devido à
proximidade entre elas e a área urbana. Desta forma, é importante que medidas tanto
estruturais, como não estruturais sejam tomadas o quanto antes, de forma a mitigar
os impactos negativos.
De modo geral, Ivinhema não é um município muito pavimentado, fato que
pode ser facilmente perceptível nas periferias. A rede de drenagem urbana abrange
apenas parte de quatro bairros: Água Azul, Triguinã, Vitória e Centro. Nos locais onde
não há rede de drenagem, há formação de inúmeros buracos nas ruas e avenidas. Uma
![Page 171: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/171.jpg)
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constatação feita durante a expedição (setembro/2009) foi a péssima situação em que
se encontravam as águas dos rios, próximos aos locais de deságüe das águas pluviais,
devido à poluição difusa. A chuva, ao cair na área urbana, leva consigo óleos, graxas,
detergentes e metais pesados, provenientes das águas servidas dos domicílios e os
materiais desprendidos dos automóveis.
Na zona rural, a situação é ainda mais crítica. A predominância de vias não
pavimentadas em condições inadequadas dificulta o deslocamento da população rural.
Em dias chuvosos, a situação torna-se ainda mais complicada. Algumas estradas ficam
intransponíveis, devido à formação de bolsões de água no caminho.
O funcionamento de uma usina de álcool e açúcar no município vizinho,
Angélica, tem agravado a condição de trafegabilidade nessas vias nos últimos anos. Os
caminhões carregados de cana-de-açúcar provocam imensos buracos em seu trajeto,
impossibilitando a passagem de veículos menores por estas vias.
Planejamento Urbano
O município de Ivinhema se iniciou com a aquisição de terras por Reynaldo
Massi, com o intuito de implantar uma colônia agrícola e um novo núcleo urbano. Em
25 de novembro de 1957, foi constituída a Someco S.A. (sociedade de melhoramentos
e colonização), a qual iniciou os trabalhos de ocupação da área. Em 1961, chegaram as
primeiras turmas de trabalhadores e no dia 01 de setembro iniciou-se as construções
dos pavilhões para instalação de sua infraestrutura. O município foi criado pela Lei N.º
1.949, de 11 de Novembro de 1963. Comemora-se na data de 11 de novembro o seu
aniversário.
Ao se analisar o traçado viário da cidade, percebe-se claramente que houve um
planejamento urbano inicial para sua implantação. De fato, em reunião com o prefeito
Renato Câmara, foi informado que o município foi planejado pelo arquiteto,
engenheiro e urbanista Francisco Prestes Maia. No seu planejamento, foram definidas
áreas para diversas finalidades: residencial, comercial, locação de utilidades públicas e
de áreas verdes. Além disso, foi previsto um cinturão verde de 100m de largura em
volta de todo o perímetro da cidade, com o objetivo de conter um possível
crescimento não planejado da área urbana e garantir uma cobertura verde para o
município.
![Page 172: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/172.jpg)
172
Figura 12 - Vista aérea de Ivinhema. Verifica-se o retângulo em que o município está inserido e o
traçado viário bem organizado (fonte: Google Earth).
Além disso, o município possui um plano diretor, cuja elaboração data de
novembro de 2006. Nele, existem diversas diretrizes que devem orientar o
desenvolvimento do município, entre as quais constam orientações diretamente
relacionadas ao planejamento de infraestrutura urbana.
Índices de ocupação
Plano diretor: considerar as condições de adensamento populacional em
relação à capacidade de suporte do meio físico e da infra-estrutura, evitando a
sobrecarga nos serviços públicos instalados. O plano diretor define alguns índices
reguladores da ocupação do solo urbano, como taxa de ocupação máxima (80%), taxa
mínima de permeabilidade do solo (15% do tamanho do lote), área mínima para lotes
urbanos (300 m²) e área mínima de novas moradias (36 m²).
No que diz respeito ao adensamento urbano, verifica-se que o município em
geral apresenta baixa densidade, uma vez que é composto basicamente de
empreendimentos baixos (até quatro pavimentos, com predominância de casas térrea
e sobrada) alocados em lotes de grande área. Portanto, é pouco provável que haja
uma sobrecarga nos serviços públicos, caso se mantenha este padrão, adequado para
o porte do município. Um alerta deve ser feito em relação aos projetos de loteamento
atualmente em execução: segundo informações da prefeitura, alguns loteamentos
serão feitos em áreas em que inicialmente não se previam moradias. Embora isso não
represente um crescimento vertical, pode levar a algum tipo de sobrecarga nas redes
de saneamento, devido à ocupação de áreas não inseridas no planejamento inicial.
![Page 173: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/173.jpg)
173
Rede viária
Plano diretor: priorizar a acessibilidade de pedestres, ciclistas e pessoas
portadoras de necessidades especiais sobre o transporte motorizado. Implantação de
ciclovias nas avenidas e ruas onde estudos comprovarem suas necessidades e
possibilidades.
A rede viária do município é extensa e, embora não asfaltada na sua totalidade,
consegue atender à demanda de maneira regular. Devido aos problemas de drenagem
já existentes na cidade, é de extrema importância que se priorize a construção da rede
de drenagem antes da pavimentação das vias – o município, neste sentido, está tendo
uma atuação correta. A pavimentação tem grande importância, pois alguns pontos da
cidade apresentam dificuldades de tráfego, principalmente quando chove. Nas áreas
asfaltadas, as calçadas encontram-se em bom estado, prevendo inclusive
acessibilidade a deficientes físicos. Em relação a ciclovias, como o tráfego da cidade
não é intenso, não chega a consistir em uma prioridade, embora se considere que o
município possa ter uma atitude pró-ativa e prever este tipo de via nas obras futuras,
contribuindo para a sustentabilidade ambiental.
Figura 13 - Área pavimentada da cidade destacada em vermelho
Transporte público
Plano diretor: garantir a acessibilidade a qualquer ponto do território, através
da rede viária e do transporte. Programa de atendimento do transporte municipal.
![Page 174: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/174.jpg)
174
Em relação ao transporte, observou-se que a área urbana não conta com
nenhuma linha de transporte público. Embora as distâncias a serem percorridas a pé
na área urbana não sejam grandes, a falta de transporte público pode causar
transtornos, sobretudo para idosos, pessoas de mobilidade reduzida e em dias
chuvosos.
Saneamento básico e drenagem
Plano diretor: ampliar a oferta de saneamento básico para toda a cidade. Evitar
a degradação do solo, especialmente a formação de voçorocas. Priorizar a
estruturação da rede de drenagem. Controlar o escoamento superficial como forma de
combater a formação de erosões. Programa para controle e combate a erosão,
priorizado o sistema de microbacias.
Os pontos observados em relação ao saneamento básico e à drenagem estão
abordados em tópicos específicos deste documento. Entretanto, resumidamente,
podem ser feitas as seguintes observações: em relação ao saneamento básico, a
distribuição de água é satisfatória e atende à demanda da população. Já a rede de
esgoto, embora esteja prevista sua implantação em toda cidade no plano diretor, sua
inexistência é um problema, pois nem todas as fossas do município estão instaladas da
maneira correta – observaram-se casos em que nem havia fossa, somente uma vala
escavada no solo. No que diz respeito à drenagem, o grande problema é a força com
que as águas chegam aos extremos da rede, causando voçorocas.
Moradias
Plano diretor: garantir o direito universal à moradia digna e aos serviços
públicos de qualidade. Promover através de parcerias a construção de casas populares.
Programa habitacional para as comunidades carentes.
O Gráfico a seguir apresenta um perfil dos materiais utilizados na construção
das residências do município:
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175
Gráfico 111 - Perfil das moradias em Ivinhema.
Percebe-se uma clara predominância de casa de alvenaria, pelo gráfico. De uma
maneira geral, a situação do município em relação às moradias é satisfatória. Os
problemas estão concentrados em um bairro específico, Triguenã, no qual se
observaram moradias em situação precária: construções inadequadas, falta de fossas
adequadas, entre outros. As casas neste bairro são, em sua maioria, de madeira, e
construídas sem muito critério, podendo gerar irregularidades no que se refere às
condições de saúde pública (com possibilidade de abrigar pragas, como barbeiros,
roedores e baratas) e de estrutura física.
A equipe observou ainda a construção de 20 moradias populares através do
programa de subsídio à habitação de interesse social (PSH), o que demonstra um
esforço em prover moradia digna aos habitantes; entretanto, não ficou claro se estas
se destinam à população do bairro com maiores problemas, o que seria o mais
adequado. É necessário que o município promova ações para reduzir esta
desigualdade social em relação à moradia.
Um dado interessante obtido no Inquérito Epidemiológico é o tipo de piso das
residências, apresentado no Gráfico 113:
![Page 176: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/176.jpg)
176
Gráfico 112 - Tipos de piso nas moradias do município de Ivinhema.
Como pode ser visto, há predominância de pisos feitos de materiais cerâmicos
ou cimento, o que implica em menores prejuízos em relação à saúde da população. O
contato direto com o solo pode, muitas vezes, aumentar o risco de contaminação com
microorganismos patogênicos ou vermes e ocasionar doenças, principalmente
verminoses.
Áreas de lazer
Plano diretor: construção de praças públicas nos bairros que ainda não possuem
e reestruturação das existentes. Ampliar a infra-estrutura destinada ao esporte e ao
lazer. Distribuição eqüitativa das áreas de lazer e de praças públicas.
O município possui uma boa infraestrutura relativa a lazer, onde se destacam: a
principal praça da cidade, local de reunião dos habitantes, o ginásio e o estádio. Além
disso, existem pequenas praças distribuídas pela cidade, em bom estado de
conservação. Entretanto, algumas áreas previstas no planejamento urbano inicial para
estes espaços livres, segundo informações da prefeitura, já foram ou têm perspectiva
de serem ocupadas por loteamentos, o que traz um risco de falta de infraestrutura de
lazer aos munícipes, o que, em casos extremos, pode levar a conseqüências negativas
(ex.: aumento da criminalidade nas regiões sem opções de lazer).
Serviços e equipamentos públicos
Plano diretor: garantir o direito universal à moradia digna e aos serviços
públicos de qualidade.
![Page 177: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/177.jpg)
177
De uma maneira geral, o município possui serviços e equipamentos públicos em
quantidade e qualidade satisfatórios: escolas, postos de saúde, hospital, prefeitura,
entre outros.
Assentamento do INCRA
Pertencente ao município de Ivinhema e sob a jurisdição do INCRA (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o assentamento São Sebastião foi
fundado em 2000. As 100 famílias (aproximadamente 500 pessoas) residem, cada qual,
em lotes de 23 a 25 hectares.
As principais atividades produtivas são a pecuária leiteira, o artesanato e a
agricultura de subsistência (principalmente mandioca, café e feijão), sendo o
excedente vendido em uma feira livre que ocorre no centro urbano. A mandioca
também é utilizada para produção de féculas e farinha e o leite é vendido em 3
laticínios da região: Cristo Rei, União e Copavil.
A captação da água é feita através de poços caipiras individuais e de um poço
central, que alimenta a escola, o posto de saúde, a sede do artesanato e a mercearia.
Na época da estiagem, de junho a agosto, é comum que os poços caipiras sequem, e
há necessidade de aprofundá-los. Esse aprofundamento é de 0,5 m por ano, em média,
e, nesse período, em razão do revolvimento do fundo, a água tende a tornar-se mais
turva. A profundidade média dos poços caipiras é de 25 metros.
A maioria dos moradores bebe a água sem qualquer tipo de tratamento, sendo
frequente a incidência de verminoses e diarreias na população local, segundo o
morador entrevistado, Odair. São poucos os assentados que realizam filtração da água
antes de bebê-la. A dessedentação dos animais é feita em um açude.
Há um sistema de alívio de pressão extremamente rudimentar na adutora que
transporta a água do poço principal. Para diminuir a pressão dentro da adutora,
despeja-se parte da água em um tanque a céu aberto, onde ela permanece sem ser
utilizada.
O lixo domiciliar é, em sua maioria, queimado, podendo causar sérios
problemas respiratórios nas pessoas que realizam o trabalho ou que se encontram
próximas no momento da queima. O restante é enterrado em buracos localizados nos
próprios lotes. Os frascos de agrotóxicos utilizados nas plantações são descartados
sem o cuidado devido.
As casas possuem fossas negras, sem revestimento lateral ou de fundo,
podendo causar poluição do solo e do lençol freático. Porém, estão, em sua maioria,
distanciadas corretamente dos poços (mais de 30 m).
![Page 178: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/178.jpg)
178
As habitações seguem um padrão da Caixa Econômica Federal. São feitas de
alvenaria e apresentam os seguintes cômodos: dois quartos, um banheiro e uma
sala/cozinha, em um total de aproximadamente 44 m². No entanto, alguns moradores
já realizaram mudanças nas casas. É comum a ocorrência de goteiras e infiltrações nas
residências.
Todas as casas são atendidas pelo Programa Luz para Todos, ou seja, todas
possuem energia elétrica. No entanto, problemas de falta de energia ocorrem
frequentemente em dias de chuva, mostrando a fragilidade do sistema elétrico.
A área de reserva legal de todos os lotes encontra-se concentrada nas bordas
do assentamento, não havendo, portanto, a necessidade de reservas em cada lote. No
entanto, alguns dos assentados se apropriam dessa área, com a finalidade de utilizá-la
como pasto para o gado.
O assentamento São Sebastião conta com um posto de saúde, formado por um
consultório médico e um consultório odontológico.
Além disso, há uma escola (creche), destinada à educação das crianças de 0 a 5
anos, com um total de 23 crianças. As demais crianças são encaminhadas às escolas de
Amandina, distrito mais próximo do local. Não há programa de educação para adultos.
A representante da educação no assentamento é a própria Secretária da Educação de
Ivinhema, Cleonice.
Há uma associação de moradores, formada por mais de 50 assentados, que se
reúnem em intervalos de um a dois meses. Entretanto, eles não se encontram em
condição organizacional muito adequada, fato que pode dificultar a reivindicação de
seus direitos.
Cenário Ambiental
O município de Ivinhema localiza-se à margem direita do Rio Ivinhema, afluente
do Rio Paraná. Possui diversos cursos d’água: Ivinhema, Piravevê, Pontaporã, Guiraí,
Água Azul, Confuso, Vitória e Cristalino. Todos eles apresentam disponibilidade de
água durante todo o ano, mas parte deles se encontra em intenso estado de
degradação.
O grande desmatamento das matas ciliares contribui fortemente com o
problema. Em 1961, 4 anos após a colonização do município com a chegada de
Reynaldo Massi, iniciou-se a derrubada da mata. Desde então, o desmatamento
tornou-se uma constante em Ivinhema. Apenas a partir de 1995, quando começaram
alguns trabalhos de reflorestamento no município, a situação começou a mudar. No
entanto, ainda é facilmente perceptível o problema de degradação ambiental na
cidade.
![Page 179: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/179.jpg)
179
No planejamento urbano inicial, proposto por Prestes Maia, era previsto um
“cinturão verde” em volta da cidade, formado por áreas nativas delimitando a área de
expansão urbana. Após anos de intensa degradação, pouco resta dele.
Figura 14 - Últimos resquícios do "cinturão verde" em Ivinhema. Fonte: Google Earth.
Este desmatamento desenfreado também gerou impactos negativos ao meio
ambiente. Uma das maiores conseqüências foi a intensa erosão das margens dos rios.
A retirada da vegetação facilita o carreamento das camadas superiores do solo
das áreas de montante para as de jusante, provocando o que se chama de
assoreamento nestas últimas.
O Córrego Azul é um exemplo grave deste fenômeno. Apesar da boa qualidade
da água em sua nascente, o transporte de solo, devido à erosão, provocou grande
deposição de areia na região a jusante. Em determinado local, houve uma elevação de
cerca de 4 metros do nível do solo em cinco anos.
Outra questão a ser abordada é a poluição difusa proveniente da área urbana. É
visível a degradação dos corpos d’água nos locais onde há lançamento de águas
pluviais. Isto porque, em algumas regiões da área urbana, não há uma destinação
correta das águas servidas (água de pia, chuveiro, etc.). Quando chove, toda esta água
é encaminhada aos rios, juntamente com outros poluentes, como óleos e graxas,
metais pesados e hidrocarbonetos, provenientes dos automóveis, que se depositam ou
são lançados nas ruas e avenidas.
Há ainda outros dois pontos de grande importância no que diz respeito ao
cenário ambiental. O primeiro é a olaria em Ivinhema, que produz tijolos a partir de
argila para o próprio município. O local de retirada da argila encontra-se em meio à
![Page 180: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/180.jpg)
180
mata ciliar do Rio Ivinhema e não há preocupação com a recuperação do local após o
término da retirada da matéria-prima. O segundo é o zoológico de Ivinhema. Primeiro
zoológico construído no Mato Grosso do Sul, encontra-se atualmente desativado.
Ainda abriga alguns animais silvestres, como um casal de leões, um bugio, um veado,
jabutis, entre outros, apesar de o IBAMA já ter retirado parte dos animais. Uma
constatação realizada na expedição foi a situação precária em que se encontram os
animais. As jaulas, principalmente para os leões, são pequenas e inapropriadas para o
porte dos mesmos, além de serem tratados inadequadamente.
Palestras da Engenharia
As atividades educativas desenvolvidas pela engenharia estão diretamente
relacionadas a dois temas principais: saneamento básico e conscientização ambiental.
O trabalho educativo é feito de forma a atingir diferentes segmentos da sociedade
local: crianças e jovens (futuros responsáveis pela preservação do meio ambiente);
professores e agentes de saúde (grandes multiplicadores e disseminadores do
conhecimento); funcionários da prefeitura e da companhia de saneamento local
(responsáveis pelo planejamento da infraestrutura de saneamento básico no município
e pela implementação de projetos nesta mesma área); e comunidades rurais
organizadas (muitas vezes isoladas do resto da cidade). Os temas abordados variam
significativamente, conforme pode ser visto na Tabela 16.
Para mensurar a efetividade das atividades, foi adotada uma escala de cores,
conforme apresentada na tabela a seguir. A cor vermelha expressa indica que a
atividade realizada não obteve o sucesso desejado; a cor amarela, que a atividade
correu como esperado; e a cor azul que a atividade obteve resultados acima do
esperado.
Mais do que o esperado
Deu certo
Foi menos que o esperado
![Page 181: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/181.jpg)
181
Número Assunto Palestrante Objetivo Público alvo Métodos Impressões gerais Resultado
1 Tratamento
da água
Stucchi, Bruno Fukasawa, André
Matsushita e Renato
Conscientizar o público sobre a importância do tratamento da água na prevenção de doenças, orientando-os sobre formas simples de filtrar e
desinfetar a água.
Agentes de saúde
Apresentação em powerpoint, cartilha
e construção de filtro doméstico
durante a palestra
O público mostrou-se interessado, apesar de ser bastante reduzido
2 Tratamento
da água
Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e
Renato
Conscientizar o público sobre a importância do tratamento da água na prevenção de doenças, orientando-os sobre formas simples de filtrar e
desinfetar a água.
Assentamento São Sebastião
Bate-papo, cartilha, pôster e construção de filtro doméstico durante a palestra
O ciclo de palestras no assentamento foi
bastante interessante e engrandecedor. A
maior dificuldade foi o número reduzido de
pessoas. No entanto, as que estiveram
presentes mostraram-se bastante
interessadas. A atividade serviu para
perceber alguns pontos em que é necessário
um aprimoramento dos materias educativos
utilizados.
3
Esgoto doméstico: formas de tratamento
Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e
Renato
Conscientizar a população sobre os impactos na saúde pública da gestão inadequada do esgoto doméstico; apresentar tratamentos
simples para áreas rurais.
Assentamento São Sebastião
Bate-papo, cartilha e pôster
4 Gestão do
lixo domiciliar
Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e
Renato
Conscientizar a população sobre os riscos à saúde pública associados à gestão indequada de resíduos sólidos (lixo orgânico, reciclável,
embalagens de agrotóxicos, etc)
Assentamento São Sebastião
Bate-papo e pôster
5 Legislação ambiental
Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e
Renato
Fornecer informações a respeito da legislação ambiental vigente, utilizando problemas reais
do local como estudos de caso
Assentamento São Sebastião
Bate-papo, cartilha e pôster
6
Jogo Mosaico da Sustentabili
dade
Stucchi, Bruno Camargo, Renato, Bruno Fukasawa e
Renato
Apresentar, por meio de uma dinâmica, conceitos básicos sobre a interconectividade
entre os diversos componentes do meio ambiente, os impactos ambientais associados
a ações antropogênicas e a importância da conscientização ambiental no combate a tais
efeitos
Assentamento São Sebastião
Jogo desenvolvido com peças de
papelão e música cantada pelos
próprios participantes
![Page 182: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/182.jpg)
182
7
Gestão de Resíduos
de Serviços de Saúde
Guilherme Chalhoub, Diego Magalhães e
Vítor
Orientar funcionários dos estabelecimentos de saúde sobre a correta gestão dos resíduos de
serviços de saúde e sobre os benefícios adquiridos por meio desta prática
Funcionários das UBSs e do
hospital
Bate-papo, cartilha e pôster
Parceria engenharia/medicina
bastante efetiva para o tema, com a
engenharia fornecendo informações mais abrangentes do
tratamento diferenciado necessário para os
resíduos de serviços de saúde e a medicina com informações
pontuais de métodos de descarte, de acordo
com cada procedimento médico específico. Poderia
haver uma melhora na comunicação entre os
palestrantes e o público, maior
pontualidade e menor demora na entrega dos
certificados
8
Gestão de Resíduos
de Serviços de Saúde
Bruno Camargo, Diego Magalhães e Vítor
Orientar funcionários dos estabelecimentos de saúde sobre a correta gestão dos resíduos de
serviços de saúde e sobre os benefícios adquiridos por meio desta prática
Funcionários das UBSs e do
hospital
Bate-papo, cartilha e pôster
9
Tecnologias de
saneamento
Bruno Camargo e Mila
Apresentar os diversos tipos de tratamento de água e esgoto (desde os mais simples e antigos até os mais novos e complexos),
visando oferecer alternativas futuras para a implantação de infraestrutura de saneamento
básico na cidade
Funcionários da prefeitura
ligados à área de projetos e
funcionários da SANESUL
Bate-papo e pôster
A palestra foi bastante proveitosa e teve um
número de participantes
considerável. Houve atraso no início da
atividade.
10 Qualidade da água
Mila e Bruno Fukasawa
Discutir sobre o ciclo completo de abastecimento de água na cidade de Ivinhema, bem como sobre a qualidade da água do local
Conselheiros de saúde
Bate-papo, cartilha e pôster
A palestra que havia sido planejada não era adequada ao público.
No entanto, improvisou-se o conteúdo de forma
que os resultados foram bastante interessantes.
![Page 183: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/183.jpg)
183
11 Educação ambiental
Isabel, Bruno Camargo e André
Matsushita
Discutir a metodologia utilizada pelos professores do município para a educação ambiental dos alunos, mostrando possíveis dinâmicas que podem ser introduzidas para
atrair a atenção daqueles, dentro do conceito da chamada "educação aberta", com um
enfoque mais participativo e construtivo dos alunos
Professores de ensino
fundamental e médio
Apresentação em powerpoint
Apesar de o conteúdo ter se mostrado
bastante completo e adequado ao público, a palestra foi muito pouco
participativa, o que dificultou o andamento
da mesma.
12
Apresentação de
resultados Parte I
Todos
Apresentação do diagnóstico e das proposições e projetos para os seguintes
cenários de Ivinhema: abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão de resíduos
sólidos, meio ambiente e olaria.
Funcionários da prefeitura
Apresentação em powerpoint e
relatórios A atividade foi bastante longa e cansativa, com
apresentação de aspectos muito
específicos. Houve pouco interesse por parte do município.
13
Apresentação de
resultados Parte II
Bruno Camargo, Stucchi, Bruno
Fukasawa, Renato, Diego, Mila e Elcio
Apresentação do diagnóstico e das proposições e projetos para os seguintes cenários de Ivinhema: drenagem urbana,
assentamento São Sebastião e planejamento urbano
Funcionários da prefeitura
Apresentação em powerpoint e
relatórios
14 Compostag
em Stucchi, Isabel, Bruno Fukasawa e Renato
Incentivar a construção de composteiras como alternativa à disposição dos resíduos orgânicos no solo, produzindo adubo para diferentes tipos
de plantios
CARCA
Bate-papo, cartilha e atividade prática
(construção e montagem de uma
composteira)
A atividade foi extremamente
interessante. Os dois públicos mostraram-se bastante interessados e
determinados a continuar a execução
do processo de compostagem.
15 Compostag
em Bruno Camargo e Diego Magalhães
Incentivar a construção de composteiras como alternativa à disposição dos resíduos orgânicos no solo, produzindo adubo para diferentes tipos
de plantios
Ampgov (Associação de Moradores dos Produtores da Gleba Ouro
Verde)
Bate-papo, cartilha e atividade prática
(construção e montagem de uma
composteira)
16 Tratamento
da água Bruno Camargo e Diego Magalhães
Conscientizar o público sobre a importância do tratamento da água na prevenção de doenças, orientando-os sobre formas simples de filtrar e
desinfetar a água.
Ampgov (Associação de Moradores dos Produtores da Gleba Ouro
Verde)
Bate-papo, cartilha e pôster
A atividade foi extremamente
interessante. O público mostrou-se bastante
interessado e determinado a multipliclar os
![Page 184: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/184.jpg)
184
conhecimentos para o resto da comunidade.
17 Oficina de reciclagem
Stucchi, Mila e Isabel Apresentar exemplos de artigos
confeccionados a partir de materiais recicláveis Grupo de artesãs
Atividade prática, com a montagem de
sofisticadas caixinhas de
presente de Natal
A oficina obteve ótimos resultados. É
interessante procurar outros tipos de artigos para serem feitos com materiais recicláveis.
18 Teatrinho e
cenário
Bruno Camargo, Bruno Fukasawa,
Stucchi e Guilherme
Orientar crianças, através de uma atividade bastante participativa, sobre a importância da
higiene sanitária e da conscientização ambiental
Crianças do município
Desenvolvimento de um teatro, seguido de uma dinâmica
com um cenário, em que as crianças vão
modificando
Show.
19 Teatrinho e
cenário
Stucchi, Bruno Fukasawa, Renato e
Guilherme
Orientar crianças, através de uma atividade bastante participativa, sobre a importância da
higiene sanitária e da conscientização ambiental
CARCA
Desenvolvimento de um teatro, seguido de uma dinâmica
com um cenário, em que as crianças vão
modificando
Show. A maior dificuldade foi o vento,
que insistia em bagunçar o cenário.
20
Jogo Mosaico da Sustentabili
dade
Bruno Camargo e Renato
Apresentar, por meio de uma dinâmica, conceitos básicos sobre a interconectividade
entre os diversos componentes do meio ambiente, os impactos ambientais associados
a ações antropogênicas e a importância da conscientização ambiental no combate a tais
efeitos
Jovens do município
Jogo desenvolvido com peças de
papelão e música cantada pelos
próprios participantes.
Apesar de ter sido a primeira vez que a
atividade foi executada, ela mostrou-se
bastante interativa e interessante. No entanto, parte do
público não queria seguir as regras,
procurando se aparecer durante todo o tempo, porque a Globo estava gravando a atividade.
![Page 185: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/185.jpg)
185
Dentre as atividades educativas citadas, destacam-se a oficina de
compostagem, a palestra sobre “tratamento de água”, o ciclo de palestras no
assentamento rural São Sebastião e o teatro de higiene sanitária e cenário sustentável
para as crianças.
A oficina de compostagem tem como objetivo principal a busca pela
sustentabilidade na gestão dos resíduos orgânicos, através do tratamento da matéria
orgânica e produção de adubo para hortas e jardins. A oficina é realizada em dois
blocos: o primeiro é uma discussão e apresentação do procedimento, como forma de
reaproveitamento dos resíduos e redução do lixo destinado ao lixão a céu aberto; e o
segundo é a atividade prática propriamente dita, onde o público participa ativamente
da construção da composteira, podendo replicá-la posteriormente.
A palestra sobre tratamento da água foi realizada com dois públicos diferentes:
os agentes de saúde e os membros da associação rural AMPGOV. A importância desta
palestra está relacionada ao fato de que a incidência de verminoses e diarréia na
população está intimamente ligada ao tratamento efetuado com a água nas
residências. Procedimentos simples como adicionar hipoclorito de sódio à água ou
fervê-la podem reduzir significativamente a ocorrência destas doenças. Durante a
atividade, é feita a construção de um filtro constituído por materiais de fácil acesso à
população, como areia, cascalho, algodão e garrafa PET; são apresentadas diferentes
formas de tratamento da água, todas de simples realização; e são discutidos os
problemas específicos encontrados pelo público.
Dentre as atividades realizadas, uma das que obteve maior êxito foi o ciclo de
palestras no assentamento rural São Sebastião. A presença de condições precárias no
local e a grande distância deste para a área central da cidade motivaram a realização
da atividade, que teve como foco a discussão sobre o saneamento básico local e a
conscientização ambiental dos residentes. A atividade teve a duração de três dias e
contou com número cada vez maior de participantes, tornando-a extremamente rica.
Por fim, vale a pena comentar sobre o teatro de higiene sanitária (roteiro
elaborado por Rafael Stucchi) e o cenário sustentável realizado com as crianças de
Ivinhema. A atividade inicia-se com uma peça protagonizada pelas personagens
Pedrinho e João, seu irmão mais velho. Durante todo o teatro, João discute com o
público sobre as possíveis causas de uma doença que atingiu Pedrinho, a diarréia.
Dentre as causas citadas estão a falta de banho, as unhas não cortadas, as brincadeiras
próximas ao lixo, entre outras. Em seguida, inicia-se a brincadeira do cenário, onde as
crianças são instigadas a transformar um cenário degradado, com árvores queimadas,
rio poluído e peixes mortos, em um cenário sustentável do meio ambiente, com todos
![Page 186: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/186.jpg)
186
os elementos bióticos e abióticos restaurados. A atividade é extremamente dinâmica e
participativa, trazendo ótimos resultados ao público e aos palestrantes.
Empresa Medicina Júnior
Perfil de saúde do Município
Nesta primeira etapa, a equipe da Medicina Júnior entrou em contato com o
Município e conheceu suas autoridades, lideranças e gestores, para se ter uma
visualização e entendimento prévio do funcionamento da saúde na região.
As atividades propostas e efetivadas nesta etapa foram:
Conhecer as dependências relacionadas à saúde pública e privada, inclusive
estabelecimentos de saúde e recursos humanos que abrangem as diversas
áreas da saúde: Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e
Odontologia;
Conhecer a estrutura organizacional da Secretaria Municipal de Saúde de
Ivinhema;
Identificar os elementos-chave da estrutura e da operação dos serviços
assistenciais e administrativos da Secretaria de Saúde do Município;
Buscar fontes de dados e documentos disponíveis sobre índices de atenção na
saúde;
Elaborar questionários para entrevistas e roteiros para as visitas aos
estabelecimentos de saúde; pesquisamos Programas do Ministério da Saúde
que sejam necessários e viáveis à realidade do município;
Planejar as atividades a serem feitas durante a expedição, como palestras,
entrevistas, visitas.
Estas atividades ocorreram antes da expedição, com o objetivo de conhecer
melhor o Perfil do Sistema de Saúde do Município de Ivinhema e preparar as demais
atividades para a expedição. Para isso, contou-se com as informações constantes nos
sites do DATASUS, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sapude (CNES), Tribunal
de Contas da União, Sala de Situação em Saúde, Sistema de Informações sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Análise das unidades de saúde da família
Nesta etapa, realizamos visitas aos serviços de saúde pública, no nível primário,
secundário e terciário e aplicamos questionários sobre as estruturas e processos
![Page 187: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/187.jpg)
187
presentes nas Unidades de Saúde da Família, Unidade Básica de Saúde e no Hospital
Municipal, procurando levantar os principais dados referentes à atenção à saúde da
população e ao funcionamento dos serviços.
Em Ivinhema, visitamos seis Estabelecimentos de saúde pública: USF Vila
Amandina, USF Guiray-Piraveve, USF Triguenã, USF Itapoã, UBS Vitória e Hospital
Municipal de Ivinhema.
Em todas as visitas, foram realizadas as seguintes tarefas:
Entrevista com os elementos-chave da operação técnica, administrativa
e usuários dos serviços. Além disso, realizamos um levantamento e
coleta de dados referentes aos principais processos/atividades técnicas
e administrativas.
Fotos dos ambientes dos Estabelecimentos de Saúde;
Análise da Estrutura Física, de acordo com o MANUAL DE ESTRUTURA
FÍSICA DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: SAÚDE DA FAMÍLIA;
Análise do Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde;
Processos de trabalho, por meio de entrevistas e consultas ao banco de
dados no site CNES.
Questionário PCAT
Para a Avaliação da Atenção Básica do Município de Ivinhema, optou-se pela
utilização do instrumento Primary Care Assessment Tool (PCAT), elaborado por
Bárbara Starfield e James Macinko. Este instrumento foi adaptado e validado para o
Brasil por Almeida e Macinko por meio de sua aplicação em município de médio porte
no Estado do Rio de Janeiro
O questionário, abrangendo os mesmos tópicos, apresenta versões dirigidas a
diferentes informantes nos serviços de saúde (profissionais e usuários), de modo a
propiciar o diálogo entre as opiniões dos dois segmentos. O PCAT se estrutura em oito
blocos, cada um abrangendo as dimensões propostas por Starfield para a análise de
modalidade de assistência na Atenção Básica.
O instrumento é composto por cerca de 100 perguntas, distribuídas pelos
blocos correspondentes às dimensões da Atenção Básica. Cada pergunta contém sete
possibilidades de resposta (nunca, quase nunca, algumas vezes, muitas vezes, quase
sempre, sempre, não sabe), e a sua aferição se dá por meio de escala, na qual 0 (zero)
corresponde ao pior desempenho e 5 ao melhor.
![Page 188: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/188.jpg)
188
A média aritmética simples das questões de cada bloco apura o índice daquela
dimensão, e por sua vez, a média aritmética simples destes leva ao Índice de Atenção
Básica (IAB) da unidade de saúde.
O estudo foi aplicado pela equipe Medicina Júnior durante a expedição, para
250 usuários Unidades de PSF de Ivinhema, de forma aleatória.
Palestra e dinâmica
Durante a expedição, foi realizada uma única palestra e dinâmica, sendo o
público alvo os Conselheiros Municipais de Saúde.
O assunto da palestra foi Orçamentos e Financiamento em Saúde, e contou
com cerca de cinco Conselheiros Municipais de Saúde. O objetivo da palestra foi
apresentar e ensinar a utilização de algumas ferramentas virtuais de entidades
públicas responsáveis pela difusão das informações em Saúde e que estão disponíveis
na rede de internet, além de explicar sobre planejamento orçamentário e o
funcionamento dos orçamentos em saúde. Constantemente, foi enfatizada a
importância dos Conselheiros de Saúde na sua mobilização e ação em saúde, para
melhorar a situação de saúde do Município de Ivinhema.
Foi realizada também uma dinâmica, o Brainstorming. Esta atividade foi
proposta para os Conselheiros de Saúde realizarem durante as reuniões, como forma
de planejamento estratégico. Assim, esta prática auxiliaria a identificar os problemas
do próprio grupo e incentivaria todos a buscarem soluções e diretrizes em conjunto.
Análise da Capacidade Hospitalar
O processo de análise da Capacidade Hospitalar de Ivinhema foi estruturado
considerando quatro formas de informação: Capacidade de Leitos, Procedimentos
Hospitalares, Perfil dos Hospitais de Ivinhema e Resultados da Avaliação PNASS.
Capacidade dos leitos:
Para a análise de capacidade de leitos, foram feitas consultas em diretrizes de
portaria e no site CNES. Além disso, foi verificado o perfil das internações.
Procedimentos Hospitalares:
Para uma análise ampliada dos serviços hospitalares do município de Ivinhema
foi realizado um levantamento dos dados presentes no DATASUS a fim de se observar
o perfil das ações realizadas no ambiente hospitalar, considerando-se Ivinhema como
local de realização dos procedimentos.
Perfil dos Hospitais Públicos e Privados:
![Page 189: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/189.jpg)
189
Para o desenvolvimento da análise do perfil dos Hospitais de Ivinhema
consideramos os dados constantes no site do CNES e entrevistas feitas com os gestores
dos Hospitais, nesse caso não foi possível aplicar tal entrevista no Hospital Santa
Maria.
Resultados da Avaliação PNASS:
O Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde é um instrumento de
apoio à Gestão do SUS no tocante à Qualidade da Assistência oferecida aos usuários do
Sistema Único de Saúde.
A avaliação em saúde tem como pressuposto a avaliação da eficiência, eficácia
e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados ao risco, acesso e
satisfação dos cidadãos frente aos serviços públicos de saúde na busca da
resolubilidade e qualidade.
O PNASS foi aplicado nos serviços de saúde nos anos de 2004 e 2005,
partindo do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Em Ivinhema foram
escolhidos dois estabelecimentos: Hospital Municipal de Ivinhema (HMI) e Hospital
Santa Maria (HSM).
Proposta de implantação de um Centro de Atenção Psicossocial
A partir da análise de dados de produção, viabilidade financeira e a regulação e
distribuição de medicamentos em saúde mental, foi feita uma proposta de
implantação de um CAPS no Município de Ivinhema.
Considerações finais
Informações detalhadas são apresentadas no relatório específico da equipe
Medicina Júnior. Para finalizar, será realizada uma pós-visita, sendo esta atividade
essencial, e certamente a mais importante, para concluir o objetivo do trabalho da
equipe Medicina Júnior no Projeto Bandeira Científica. Na pós-visita, serão feitas
apresentações dos resultados contidos no relatório final e reuniões com discussões
sobre as propostas de melhoria para o setor de gestão em saúde do município de
Ivinhema. Por fim, o público alvo será o Prefeito, Secretária de Saúde, Responsável
Geral pelas USF, Responsável por cada USF, Responsável do Hospital Municipal,
Conselheiros de Saúde e demais pessoas responsáveis pela gestão em saúde do
município.
Design
A partir dos materiais enviados pela Bandeira, mídias e produtos, realizou-se o
reconhecimento prévio das comunidades, e construiu-se uma primeira idéia do que
![Page 190: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/190.jpg)
190
seria trabalhado. A partir disso, montou-se um cronograma de visitas divididas nos
cinco dias de atividades de acordo com o produto e material utilizado por cada grupo.
Em uma primeira programação, os núcleos escolhidos para serem atendidos
foram: núcleos de artesanato em cerâmica, corte, costura e customização, pintura,
culinária; ou seja, o Núcleo de Artesanato Gleba Vitória (arte e culinária); Núcleo de
Artesanato Triguinã (fibras naturais e costura); Núcleo de Artesanato Gleba Piravevê
(fibras naturais); Núcleo de Artesanato Ouro Verde (papel artesanal); Núcleo de
Artesanato Assentamento São Sebastião (tecelagem) e Núcleo de Artesanato da Gleba
Angelina. Contudo, esta programação inicial não pode ser cumprida.
Pretendia-se visitar duas comunidades em cada dia de permanência do LabSol
na Bandeira, o que não foi possível devido a uma série de desencontros e da
disponibilidade da comunidade em ser visitada. A princípio, lamentavelmente, faltou
conhecimento da liderança local em entender qual o propósito da presença do LabSol
no município. Acreditamos que a participação do LabSol na pré-visita teria mitigado
este conflito e o primeiro dia poderia ter sido produtivo. O quarto dia de trabalho
também não teve o devido aproveitamento, já que a equipe de design deveria
acompanhar os artesãos das diversas comunidades na feira de artesanato na praça
principal da cidade, mas devido ao mal tempo a feira foi desmarcada e o laboratório
não pode realizar a atividade programada.
Apesar destes percalços, o LabSol conseguiu visitar seis grupos de artesanato.
Em cada uma destas visitas, realizou-se a análise da formação do grupo, das técnicas e
capacidade de produção, da qualidade dos produtos e das possibilidades da inserção
de novas técnicas e produtos pelo Laboratório. A abordagem de cada grupo se deu
através de uma troca de experiências: o grupo mostrava e ensinava o que fazia e como
fazia, e posteriormente, o Laboratório mostrava o que já havia realizado em outros
grupos e abria a discussão com o grupo sobre como eles desejavam que o LabSol
pudesse lhes auxiliar.
Neste primeiro contato foi possível, além de aproximar do trabalho de cada
grupo, ouvir o que cada artesão aspirava para o seu produto e seu trabalho. Mesmo
com o pouco tempo dedicado a cada comunidade, houve grande troca de experiência
entre os alunos e os artesãos.
Triguinã
Visita
No dia 14 de dezembro de 2009, visitou-se a primeira comunidade no Bairro
Triguinã, apontado pela liderança local como o bairro mais carente do município. Ela
era dividida em dois núcleos de produção: um de costureiras, que desenvolvia colchas
de retalhos usando resíduos de confecção de moletom e outro que trabalhava com
![Page 191: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/191.jpg)
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fibras de bananeira, cana, milho e taboa. Recebido pelos integrantes do Núcleo com
muita simpatia, visitou-se as dependências e tomou-se contato com o trabalho
realizado no local.
Após a apresentação do trabalho do laboratório, procedeu-se a troca de
experiências e o estabelecimento de metas levando em conta a capacidade produtiva
do LabSol e as necessidades levantadas pela comunidade.
A receptividade do grupo afirmou que a metodologia de aproximação foi
bastante satisfatória, uma vez que foi a primeira experiência do LabSol sem ter sido
convidado pela comunidade a ser atendida.
Figura 15 - Conversa com o núcleo de costureiras;
Diagnóstico
Primeiramente, conversou-se com o núcleo das costureiras. Elas mostraram
seus produtos, colchas em patchwork e enxovais, explicaram o processo e o suporte
que tinham para produzi-los.
Observou-se que os padrões usados nas colchas eram sempre os mesmos,
módulos retangulares, que eram costurados à máquina e recheadas com manta
acrílica. Dessa maneira, o enchimento ficava solto entre as faces da colcha e sua
fixação era resolvida aplicando-se pontos grandes e firmes, feitos a mão, seguindo um
padrão; porém, essa solução gerou um problema de ordem estética, assim como a
seleção e combinação das cores não era bem elaborada.
Já o outro grupo não apresentava grandes problemas no uso das fibras. Eles
criaram técnicas com colagem da própria fibra e/ou tranças das mesmas que eles
aplicavam em outras superfícies, como caixas de madeira reciclada, cestos, cestas e
presépios. Seus produtos eram geralmente bem acabados, principalmente quando
eram usados tranças e trançados diferentes.
![Page 192: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/192.jpg)
192
Resultados
Uma vez que não havia disponibilidade, no Laboratório, de máquina de costura
necessária para aplicar a técnica de matelassê, testou-se outra maneira de manter a
manta acrílica presa. Baseando-se na técnica tradicional de fazer Quilts (colchas de
retalho americanas, cujas primeiras peças datam do inicio do século XVIII) na qual se
usa a costura a mão dos retalhos.
Foi proposto que sejam feitos módulos separados, e que em cada um desses
módulos seja montada uma parte do desenho da colcha inteira – podendo ser
costurado a máquina para acelerar a produção. Estes módulos devem ser estofados
independentemente com manta acrílica e unidos um ao outro usando pontos
aparentes de acabamento, que seriam feitos a mão para caracterizar e valorizar o
artesanato. Calculou-se para uma colcha de 2,40m por 1,20m que fossem feitos
módulos de 0,10m por 0,10m a 0,30m por 0,30m - a variação do tamanho da colcha
para cama de casal está sendo estudada.
Quanto à questão estética, sugerimos alguns padrões de desenho para os
módulos independentes, como ilustrados na Figura 16. Tais desenhos foram
desenvolvidos pensando no aproveitamento máximo do material disponível as artesãs,
são, portanto, formas geométricas que se encaixam.
Figura 16 - Ilustração de padrões feitos com módulos independentes para colchas;
Após a apresentação dos projetos do LabSol, quando questionadas sobre se
elas teriam interesse em algum dos produtos que desenvolvemos no Laboratório, elas
se mostraram bastante interessadas em produzir colares confeccionados a partir de
resíduos de malharia, já que gostam de trabalhar com tecido. Esses colares
constituem-se a partir de tiras ou elos de tecido que são basicamente encaixados,
costurados ou simplesmente atados através de nós ou tramas entre suas partes, sem o
uso de adesivos, formulando conceitualmente um objeto e conferindo-lhe um valor
comercial como produto ecologicamente correto.
![Page 193: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/193.jpg)
193
Sua aceitação no mercado já foi testada pelo LabSol em feirinhas e sempre foi
muito positiva. A técnica de confecção será passada através de um workshop, onde
todas as mulheres verão e farão os colares, assistidas pelo Laboratório para a solução
de eventuais dúvidas.
De mesma maneira mostraram-se interessadas em aprender a fazer pufes a
partir de garrafas pet e de conhecer a massa de modelar obtida a partir do bagaço de
cana, técnicas que serão repassadas também através de workshop.
Amandina
Visita
Ainda na segunda-feira, dia 14 de dezembro de 2009, visitamos a Gleba de
Amandina, que não é um bairro da cidade de Ivinhema, mas sim um distrito do
município.
As artesãs têm uma forte identidade e orgulho local, característica que não era
devidamente valorizada em sua produção e que tem necessidade de expressar. É a
maior comunidade que foi visitada, com uma produção muito diversificada, utilizando
tecidos planos, resíduos de tecido e de cerâmica.
Diagnóstico
Na Gleba de Amandina, os problemas também estavam em alguns detalhes ou
aspectos que as artesãs não conseguiam resolver sozinhas. Os primeiros produtos que
foram mostrados foram bolsas de chita que também levavam uma estampa que era
pintada na aula de pintura de guardanapo, bordadas e aplicadas na chita. O processo
de produção era muito trabalhoso e demorado, pelo excesso de detalhes. As
costureiras pediram auxílio para facilitar e deixar processo menos demorado e novos
formatos para as bolsas. Elas ainda produziam produtos como nécessaires, colares e
pulseiras com pedaços menores de tecido.
Com tecido, também foram produzidos toys art, brinquedos produzidos com
partes de tecidos menores e recheados com tecido picado pelas costureiras. Os
bonequinhos, segundo as artesãs, foram bem aceitos no mercado, mas elas tinham
dificuldade em produzir em grandes quantidades pela demora e dificuldade em fazer o
recheio para eles.
Quanto à pintura dos guardanapos, elas detalhavam muito, usando efeitos de
luz, sombra e texturas, o que torna o processo muito demorado. Os elementos
retratados nas estampas eram regionais, mas elas queriam que eles fossem mais
locais.
![Page 194: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/194.jpg)
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Quanto à cerâmica, as artesãs modelavam muito bem, mas tinham dificuldades
em amassar manualmente o barro cru e no cozimento das peças, que quando
colocadas em altas temperaturas no forno, rachavam, o que fazia a peça perder seu
valor comercial e possibilidade de venda. A argila é retirada das margens do rio que
fica nas mediações da cidade. Acreditamos que há a possibilidade de haver muito ferro
em sua composição, considerando sua cor excessivamente amarela. Apresentava
também uma quantidade elevada de areia em sua composição, além do tipo de grão
presente neste material ser de diâmetro impróprio para a confecção de vasos, cuias e
demais peças artesanais. As artesãs possuíam dificuldade em obter peças com um
maior nível de detalhamento, pois esta argila é originalmente destinada à produção de
tijolos.
Havia também um problema com as tentativas de uso de tinta para pintar a
cerâmica assada. As artesãs haviam feito alguns testes, mas nenhuma tinta testada
obteve um resultado esteticamente satisfatório.
Elas também manifestaram a vontade de assumir em sua produção a
identidade de Amandina, não a de Ivinhema. Considerando isso, percebemos a
necessidade de trabalhar com elementos locais e marcar os produtos com essa
identidade. Elas relataram que os elementos mais fortes da cidade são o rio, seus
peixes, a mandioca, o café e o pepino.
Resultados
As bolsas desenvolvidas pela comunidade envolviam um processo muito
trabalhoso, diante deste problema, a equipe está estudando outras possibilidades de
modelo visando à simplificação e à aplicação da identidade visual da comunidade.
O primeiro modelo sugerido se assemelha as ecobags e foi inspirado na bolsa já
desenvolvida pelo Laboratório para o Instituto SOMA de Bauru. Tem formato
retangular e alças mais curtas, e pode ser feito apenas de algodão cru, posteriormente
silkado com a identidade visual desenvolvida para a comunidade; ou pode ter um
detalhe em chita, costurado sobre pequena área da face da bolsa, usando um
acabamento mais simplificado apenas com costura.
Por ter um formato simples, a construção da bolsa se torna mais fácil e
conseqüentemente ágil, sendo necessária apenas uma costura linear para fechar o
corpo da bolsa e costuras lineares continuas para os acabamentos.
Partindo da idéia de desenvolver um pequeno acessório para acompanhar as
bolsas, pesquisamos materiais economicamente viáveis e de fácil manuseio.
Escolhemos o feltro e começamos a estudar maneiras de fazer com ele as frutas típicas
da cidade para montagem de chaveiros ou para aplicar nas bolsas. Por meio deste
estudo, começamos a desenvolver os moldes para recorte do tecido, que possibilitarão
![Page 195: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/195.jpg)
195
a montagem das frutas, algumas já testadas. Estes moldes, quando finalizados, serão
dados às artesãs para guiar a produção.
Estão em andamento as pesquisas com o intuito de mecanizar o corte dos
retalhos para o enchimento dos toys. Foram realizados testes com máquina disponível
na Unesp, campus de Bauru, (trituradora de galhos, localizada nas instalações do
Projeto Taquara), porém esta se mostrou inapta à tarefa.
Quanto ao desenho dos toys art, foi desenvolvida uma nova proposta utilizando
a figura do peixe, forte na identidade local, utilizando retalho de tecido e as técnicas já
utilizadas pelo grupo.
Visando melhorar a qualidade da argila, pedimos que a comunidade enviasse
amostras para análise na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) ou ao
Núcleo de Estudos em Cerâmica “Anália Amato” do SENAI em São Paulo, considerando
que para a realização da análise, são necessários quinze quilos de argila.
Nas amostras de peças artesanais foi testada a aceitação de esmalte à base de
água sobre argila queimada, como alternativa para dar acabamento às peças. Os
resultados dos testes foram insatisfatórios, pois foi obtida uma camada espessa que
retirava da argila suas características naturais, apesar de apresentar secagem bem
rápida. Novas soluções para a comunidade estão ainda em processo.
Para identificar a origem dos produtos de cerâmica, era escrito a mão o nome
do distrito, que ficava assimétrico e desvalorizava o produto final. A solução
encontrada foi fazer um carimbo com um logo para a comunidade. Foi usado o peixe
jaú, bastante encontrado na região, como referência para desenvolver o logo.
Bem como este logo, está em curso a criação de mais desenhos dos ícones da
comunidade para concepção de sua identidade visual e que serão aplicados nos
diversos produtos feitos.
Gleba Vitória
Visita
A visita do Laboratório à Gleba Vitória foi acompanhada pelos alunos de
Audiovisual e Jornalismo da USP. Inicialmente conhecemos o núcleo de costura, no
qual eram desenvolvidas capas de almofadas, colchas e bolsas, ambas na técnica de
patchwork.
A artesã presente nos explicou cada produto, desde os materiais utilizados até
o processo de criação dos modelos e confecção, como ilustrado nas Figuras 17 e 18.
![Page 196: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/196.jpg)
196
Figura 17- Apresentação dos produtos;
Figura 18 - Visita acompanhada pelos alunos de Jornalismo e Audiovisual da USP;
Em seguida, foi apresentado o trabalho realizado pelo LabSol, procurando
trocar o maior número de informações que pudessem auxiliar o grupo na resolução
dos problemas que estivessem ao alcance.
Posteriormente, conheceu-se o núcleo das mulheres responsáveis pelos doces
de goiaba, fruta muito comum na região e também muito valorizada pela população.
No momento da visita elas estavam cozinhando as frutas para a goiabada cascão,
então pudemos conhecer todo o processo.
Procuramos observar os rótulos e as embalagens nas quais os doces e
compotas eram vendidos. As etiquetas e rótulos eram padronizados, ou seja, todos os
grupos auxiliados pela prefeitura utilizavam os mesmos, apenas assinalando o doce
produzido.
![Page 197: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/197.jpg)
197
Diagnóstico
O grupo já estava bem estruturado quanto a maquinário e técnicas.
Observamos que podíamos atuar no re-design das bolsas, pois eram muito grandes,
causando desconforto ao carregá-las.
A identidade visual dos doces não condizia com o caráter artesanal da
comunidade. Pelo fato de os rótulos e etiquetas serem padronizados e totalmente
genéricos, não havia a possibilidade de atribuir uma característica própria aos núcleos
culinários.
Resultados
Foram feitos alguns testes para definir um novo tamanho para as bolsas e
observamos que era preciso diminuir suas dimensões para torná-las mais confortáveis.
As novas dimensões foram baseadas em médias das dimensões de alguns modelos
básicos de bolsas já existentes: largura média de 8 cm, profundidade em um modelo é
de 29cm e para outro modelo é de 35cm e o comprimento é de 25cm.
Os modelos propostos (Figura 19) visam à facilidade de construção e agilidade
da produção. Propomos também que se mantenha a técnica de matelassê já usada nas
bolsas atualmente produzidas pela comunidade, pois as artesãs possuem domínio da
técnica. A produção dessas propostas está em teste no laboratório.
Outra idéia para valorizar as bolsas é usar as flores de fuxico que as artesãs
produzem para adornar as bolsas e fazer chaveiros. Está em fase de teste a produção
de diferentes tipos de fuxico para posterior estudo de possibilidade de aplicação.
Figura 19 - Croquis das bolsas com novas medidas;
Quanto às embalagens da goiabada cascão, inicialmente revestidas em papel
filme com um rótulo padronizado, propomos o uso de uma trança em palha de taboa,
matéria-prima usada por outra comunidade atendida pelo Laboratório na Bandeira, o
Núcleo Piravevê.
![Page 198: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/198.jpg)
198
Vale lembrar que a integração das comunidades é muito importante, pois não
há uma concorrência, e sim um intercâmbio de conhecimento capaz de fortalecer a
produção do artesanato como um todo.
Os rótulos dos potes de doces e compotas também foram redesenhados. A
primeira opção desenvolvida (Figura 20) teve seu estilo e fonte inspirados em
embalagens retro, possui um corte singular, sendo bem preenchido pelas letras e pelas
divisórias. O estudo da cor a ser usada está em andamento, e baseia-se nos tons das
frutas usadas em cada compota.
Figura 20 -Primeira opção de rótulos para os vidros de doce;.
A segunda opção desenvolvida possui referências vintage, com vários adornos e
curvas orgânicas, sendo em preto e branco para preservar o ar antigo. A terceira opção
foi desenvolvida com o intuito de remeter ao aconchego, com o padrão xadrez ao
fundo, o corte delicado e fonte divertida e casual.
Ouro Verde
Visita
Ao chegar no Grupo Ouro Verde, conhecemos o trabalho lá realizado pelas
mulheres que o compõe (cerca de 10). Elas nos mostraram todo o processo de
fabricação do papel artesanal, assim como todos os materiais usados durante a
confecção dos mesmos (Figuras 21).
![Page 199: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/199.jpg)
199
Os produtos feitos pelas artesãs eram bem diversificados, indo desde porta-
retratos até scrapbooks. Após aprendermos o trabalho lá realizado, apresentamos o
que fazíamos no Laboratório, explicando a elas como era o processo de criação.
Figura 21 - Aprendizado das técnicas de confecção de papel artesanal;
Diagnóstico
Os papéis produzidos pelas artesãs têm tingimentos e materiais diferenciados
em sua composição como açafrão, colorau, cebola, bambu, entre outros, que
caracteriza fortemente o aspecto artesanal utilizado por elas. Não há problemas na
produção de papéis em si, portanto, não há necessidade de intervenção nesse aspecto.
Após conversarmos com o grupo, elas fizeram alguns pedidos, como ensiná-las
a fazer a cuia pelo processo de empapelamento para reaproveitar os resíduos da
produção dos produtos, assim como o desenvolvimento de um papel no qual se
pudesse escrever, uma vez que o papel artesanal era muito rugoso.
Notamos também que na confecção dos produtos, elas utilizavam apenas o
papel que produziam, isso diminuía o ciclo de vida do produto considerando sua
pericidade e também o fato de elas não utilizarem nenhum tipo de impermeabilizante
em seus produtos. Analisando essa problemática, optamos pela inserção do MDF
como material secundário na produção dos produtos confeccionados com os papéis
artesanais.
Vale lembrar que o grupo já havia recebido o auxílio do SEBRAE, no qual foram
passados alguns métodos de confecção de mandalas, alguns produtos utilizando o
bambu, assim como o processo de fabricação do papel artesanal.
Resultados
Uma alternativa para a utilização dos retalhos de recortes de papel artesanal
que as artesãs utilizavam em outros produtos foi o revestimento de cuias que utilizam
a técnica do empapelamento. Esta técnica consiste em cobrir um objeto que tem como
![Page 200: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/200.jpg)
200
base várias camadas de papel e cola. Tradicionalmente este processo é realizado com
cola branca, mas é preferível utilizar a goma arábica, uma cola vegetal ecologicamente
viável que, ao secar, apresenta grande rigidez, tornando menor o impacto ambiental
produzido pelo produto.
Esse método já vem sendo utilizado pelo Laboratório de Design Solidário em
parceria com outras comunidades, como, por exemplo, uma que trabalha com a fibra
da bananeira.
Quanto aos produtos, primeiramente foram feitos testes na produção de
papéis artesanais que pudessem ser utilizados na base das mandalas que as artesãs
produziam, considerando que elas utilizavam papelão para dar uma resistência maior e
suporte para as mandalas. Os testes estão em andamento, mas ainda não obtivemos
resultados satisfatórios. A intenção era produzir um papel mais grosso, que pudessem
ser feito pelas próprias artesãs, mas que devem o suporte e resistências necessárias.
Em nossos testes, tivemos problemas como o secamento do papel, que demorava
excessivamente e não produzia um resultado satisfatório, considerando que eles
rachavam ou não ficavam com um aspecto estético agradável.
Quanto à inserção do MDF na comunidade, foram feitos alguns testes de
tingimentos para melhorar e variar o aspecto da madeira aglutinada, pensando sempre
na maneira de obter um resultado diferenciado, mas de baixo impacto ambiental. Os
pigmentos testados foram anilina, top crill, nogueira líquida e nogueira em pasta, a
maioria a base de água, com exceção da anilina que é a base de álcool.
Todos os resultados de tingimento do MDF foram satisfatórios, como pode ser
observado na Figura 22. Optaremos pelos tingimentos a base de água, considerando
que eles causam um impacto ambiental menor. Os dados dos estudos serão passados
para comunidade, caso elas queiram se aprofundar nesse estudo ou usar a anilina, que
tem um resultado bem interessante.
Figura 22 – Testes de tingimento em MDF;
![Page 201: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/201.jpg)
201
Foi testado também impermeabilizante e seladora nas caixas de MDF. Todos os
tingimentos apresentaram resultados satisfatórios a partir do momento em que foram
encontradas as proporções ideais. Os testes dos impermeabilizantes nos papéis ainda
estão em andamento, mas apontam para um resultado positivo.
Núcleo Piravevê
Visita
O núcleo Piravevê foi uma das últimas comunidades visitadas pelo Laboratório.
As atividades do grupo aconteciam em uma pequena escola rural desativada no
município de Ivinhema, onde eram desenvolvidos produtos basicamente da fibra da
taboa. Tal matéria-prima era providenciada pelas integrantes da comunidade, tanto na
colheita como na secagem da fibra, sendo os demais materiais adquiridos com o
auxílio da prefeitura da cidade.
Inicialmente, as artesãs mostraram todos os seus produtos. Dentre eles, havia
bolsas, porta panelas, fruteiras, jogos americanos (ambos em taboa), e também outros
objetos em materiais alternativos, como móbiles, mandalas, potes de vidro com a
tampa revestida em crochê e flores de palha de milho e sempre viva (um capim
comum na região).
Elas ensinaram a equipe os métodos de manuseio da fibra e as técnicas de
execução de alguns objetos. Em seguida, a equipe do Projeto apresentou o trabalho do
LabSol, explicando todos os projetos já realizados, juntamente com suas
conseqüências e resultados.
Dentro deste diálogo procuramos observar o que as artesãs gostariam de
aprender do trabalho do Laboratório e encontrar os principais problemas que
dificultavam a execução dos produtos e encomendas.
Diagnóstico
Havia alguns empecilhos à produção, como a pequena força de trabalho, já que
o grupo que inicialmente era composto por cerca de dez mulheres, ao longo do tempo
reduziu-se para aproximadamente cinco.
Para essas artesãs remanescentes, o trabalho acabou se tornando maçante,
pois a execução de alguns produtos é relativamente demorada e com a pouca mão de
obra, acaba deixando as artesãs sobrecarregadas.
A produção envolve materiais muito díspares, como a utilização da palha de
milho e a fibra de bananeira em alguns objetos, que não eram viáveis, pois a obtenção
![Page 202: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/202.jpg)
202
da primeira não dependia das artesãs, e a extração da segunda era esporádica e não
relevante, considerando que não é um produto que há em abundância na região.
Resultados
Propomos então focar a produção num único material, a taboa, existente em
grande quantidade e de fácil extração. O desenvolvimento de novos produtos baseou-
se nas necessidades e nas preferências das artesãs, buscando soluções
economicamente viáveis, atendendo ao mais diverso público consumidor e a
elaboração de uma identidade própria, unificando a produção e estimulando a criação.
Para iniciar os testes e a concretização dos protótipos, o Laboratório encontrou
e colheu a matéria-prima, manuseando-a da maneira indicada pelo grupo. Foram
então desenvolvidas pulseiras com tiras bem finas da folha da taboa.
No fio torcido foi utilizada a extremidade da folha, cuja resistência apresentou-
se maior que em sua região intermediária. Procuramos usufruir de todas as suas
características, como resistência, cores, padrões, e inclusive a textura da parte interna
da folha, dividindo-a ao meio, resultando em uma estética nova que valoriza o próprio
material utilizado. Na estrutura das pulseiras, foram utilizadas sobras de canos de PVC
e aros de plástico.
Com os mesmo objetivos, foram idealizados colares, ainda em processo de
conclusão, também utilizando tiras da folha da taboa. Sua confecção é bem simples,
resumindo-se à apenas enrolar tais tiras com cola branca e posteriormente amarrá-las
com um fio encerado.
Outro estudo ainda em processo é o desenvolvimento de um fio razoavelmente
fino e resistente que seja apto a substituir a linha comum na atividade do crochê,
realizadas por uma das artesãs do grupo.
Um conceito também proposto pelo Laboratório é o da integração entre as
comunidades de artesanato. Além de cada uma produzir seus produtos característicos,
as possibilidades de combinar conhecimentos, técnicas e materiais acabam por reduzir
certos custos, promovendo uma troca de informações extremamente válida, além de
gerar produtos como uma identidade regional muito mais forte.
A Gleba Vitória, outra comunidade de artesanato atendida pelo LabSol durante
a Bandeira, muito conhecida pelo grupo de costureiras e pelas cozinheiras
responsáveis pelos doces, produziam peças de goiabada cascão vendidas apenas com
um rótulo e embaladas em papel filme. Pensamos então em introduzir uma
embalagem alternativa, muito simples, feita apenas com uma trança das folhas secas
de taboa.
![Page 203: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/203.jpg)
203
Durante a confecção dos produtos, uma quantidade significativa das folhas ia
sendo perdida, principalmente no corte e acabamento das tiras, o qual gerava pedaços
menores que não conseguiam ser reutilizados. Pensando em aproveitar estes pedaços,
realizamos vários testes para confeccionar papel artesanal.
Os ingredientes e medidas que usamos foram apenas dois litros de água, duas
folhas de papel para serem recicladas, as sobras da folhas (quantidade similar a quatro
folhas inteiras) e uma das ponteiras da taboa, cujas características permitiram a
exclusão do uso de línter (fibra de algodão muito utilizada na confecção de papel
artesanal).
O resultado final foi muito satisfatório, pois o papel se mostrou relativamente
fino e resistente, mesmo sem a utilização dos óxidos também muito comuns neste tipo
de processo, gerando um resultado estético muito interessante.
No mesmo objetivo das embalagens para a goiabada cascão da Gleba Vitória, o
papel artesanal com as sobras da taboa é muito interessante para a comunidade Ouro
Verde, que produz estes papéis com uma infinidade de materiais alternativos (fibras de
mandioca, casca de cebola, corantes naturais etc.), pois se mostrou economicamente
viável uma vez que excluem de seu processo vários materiais e reutiliza os resíduos da
confecção de outros objetos.
Vila Cristina
Visita
Após chegarmos ao grupo Vila Cristina, houve uma conversa inicial, onde o
grupo de aproximadamente 15 mulheres se mostrou muito unido. As artesãs nos
mostraram todos os produtos produzidos pela comunidade e explicaram como era
feito o tratamento da lã utilizada nestes objetos, desde o tosqueamento dos carneiros,
lavagem, até a conversão em mantas e fios (Figura 23). Elas nos contaram que já
haviam recebido a ajuda de duas designers do SEBRAE, as quais desenvolveram uma
coleção de cinco de edredons com temáticas distintas, bordados à mão.
![Page 204: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/204.jpg)
204
Figura 23 - Aprendizado de manuseio da lã;
Diagnóstico
Durante a conversa, notou-se que a grande quantidade de tempo utilizado na
confecção dos edredons, assim como seu alto custo, eram problemas, uma vez que só
conseguiu-se um mercado consumidor fora do município. Como meta, foi pedido para
que se desenvolve-se algum produto menor, com tempo de produção mais baixo, para
futura venda nas feiras locais.
Resultados
Os edredons, principais peças produzidas na comunidade, apesar de
extremamente bem acabados não possuem uma venda regular durante o ano.
Caracterizam-se como peças pesadas e quentes para uso prioritário no período de
inverno. Por esse motivo o Laboratório de Design Solidário irá propor para o grupo a
venda de produtos menores e que possuam mercado consumidor independente da
época do ano.
Foram produzidos mini chaveiros que utilizam a lã crua e possíveis retalhos de
tecido descartados na confecção dos edredons. Também foram desenvolvidas
miniaturas de ovelha criadas a partir de lã e pequenas peças de madeira.
Com o objetivo de contemplar o público infantil, foi proposta a venda de
almofadas em forma de ovelha que também poderiam assumir a forma de brinquedo.
Outra alternativa de produto para a comunidade criada pelo laboratório foi um banco
que se assemelha a uma ovelha (Figura 24). Para este projeto será utilizada a própria
técnica da comunidade para tecer a lã na parte do assento.
Figura 24 - Croqui do banco;
Após a apresentação dos projetos do LabSol, quando questionadas sobre se
elas teriam interesse em algum dos produtos que desenvolvemos no laboratório, elas
![Page 205: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/205.jpg)
205
se mostraram bastante interessadas em produzir colares confeccionados a partir de
resíduos de malharia, já que gostam de trabalhar com tecido.
Considerando a matéria-prima produzida pelas artesãs, o que inclui fios de lã,
estudou-se as possibilidades de confeccionar colares feitos com esses fios, em um
processo semelhante ao o utilizado na confecção de colares feitos com resíduos de
malharia que já haviam sido desenvolvidos no laboratório e que foram re-estudados
para workshop para a Gleba de Triguinã. Esses colares constituem-se a partir dos fios
da lã produzida pelas artesãs basicamente encaixadas e costurados, sem o uso de
adesivos, formulando conceitualmente um objeto e conferindo-lhe um valor comercial
como produto ecologicamente correto, como pode ser visto na Figura 25. Sua
aceitação no mercado já foi testada pelo LabSol em feirinhas e foi muito positiva.
Figura 25 – Colares confeccionados com fio de lã feito pela Gleba Cristina;
Por fim será analisada a possibilidade de produção do puff de garrafas pet. Este
produto já foi confeccionado e aprovado por ser considerado sustentável, de fácil
execução e possibilitar a incorporação da lã.
Conclusão
A participação do Laboratório de Design Solidário, da UNESP Bauru, foi
bastante satisfatória. A equipe pode atender a demanda por novos produtos em cada
comunidade visitada. Entretanto, resultados mais efetivos dependerão da pós-visita,
com a realização de workshops e repasse de técnicas de produtos desenvolvidos pelo
Laboratório.
Os problemas encontrados de entrosamento do Laboratório com as lideranças
locais podem ser facilmente resolvidos com a participação na pré-visita.
![Page 206: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/206.jpg)
206
A experiência de participarmos da Bandeira Científica da Faculdade de
Medicina da USP em 2009 foi extremamente enriquecedora para o Laboratório e seus
membros, não apenas por ter a oportunidade de exercitarmos o Design a serviço do
bem comum, mas também conhecendo e tendo contato com o trabalho de grupos de
outras áreas de conhecimento em um magnífico exercício de cidadania.
Comunicação
O trabalho da equipe de comunicação se dividiu em três etapas: a pesquisa pré-
expedição, o trabalho de campo durante a expedição e a edição de conteúdo pós-
expedição.
Pré-expedição
Na primeira etapa de trabalho foi feito uma pesquisa sobre o município e
região visitados, características sócio-econômicas e políticas e possíveis pautas. Na
pré-visita foram averiguadas possíveis fontes para entrevistas durante a expedição e
foram feitos contatos com a assessoria de imprensa da prefeitura que estabeleceu
contato com profissionais das mídias locais. Nesta etapa não conseguimos levantar
muitas informações que pudessem levar à produção de matérias sobre a região, mas
estabelecemos bons contatos com os profissionais de comunicação do local, o que já
levou o foco do trabalho para a comunicação institucional. Também foi elaborado o
planejamento editorial da revista institucional da Bandeira Científica e as linhas gerais
do mini-documentário.
Trabalho de campo
Na segunda etapa do trabalho, iniciada com a expedição, a comunicação se
dividiu para executar suas quatro frentes de trabalho.
Comunicação Institucional
Revista Institucional
A equipe de comunicação buscou se dividir para cobrir o maior número possível
de atividades da bandeira científica. Era claro que nem todas as atividades seriam
documentadas, mas o objetivo era cobrir todas as áreas presentes em pelo menos uma
atividade de cada frente de trabalho: atendimento, ensino e pesquisa. Foram
realizadas entrevistas com alunos e profissionais participantes do projeto, com a
população atendida e com autoridades locais, além de fotografias em todos os locais
de atendimento e ensino.
A revista foi dividida em sete pautas que deveriam abordar o projeto como um
todo: histórico; multidisciplinaridade e interdisciplinaridade; atendimento na área de
saúde; ensino e capacitação; pesquisa; apoio técnico; continuidade. Cada aluno de
![Page 207: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/207.jpg)
207
jornalismo se responsabilizou por uma ou duas pautas que deveria apurar ao longo da
expedição.
Apesar do imenso leque de atividades realizadas pelo projeto Bandeira, a
equipe de comunicação conseguiu estar presente em todos os postos de atendimento
e conversar com todas as áreas que atuam no projeto. O fato de a equipe ter um carro
à disposição foi imprescindível para que isso fosse possível.
Mini documentário
O projeto do mini documentário era de documentar a expedição de maneira
que não só mostrasse as atividades da Bandeira em 2009, mas que o projeto como um
todo recebesse um olhar reflexivo sobre suas atividades.
Ao longo dos dias foram feitas inúmeras filmagens das mais diversas atividades,
e ao final de cada dia o roteiro do filme foi sendo construído e debatido em reuniões
entre os participantes do grupo. Neste processo optou-se por não ir com um roteiro
pré-definido, mas construí-lo ao longo da expedição, conforme a realidade do local
visitado e a dinâmica de trabalho fossem se apresentando.
Também nesta atividade, foi acompanhada a grande maioria das atividades da
Bandeira, além de filmagens feitas pela cidade nos intervalos de trabalho do
atendimento.
Programas de rádio
A realização dos programas de rádio não havia sido bem planejada, mas essa
possibilidade surgiu nas discussões pré-expedição. Pode-se dizer que as gravações
foram realizadas por livre iniciativa de um dos alunos participantes do projeto, aluno
de audiovisual e estagiário na USP FM, que já possuía uma trajetória própria ligada a
esse ramo de trabalho. Foram realizadas algumas entrevistas ao longo da expedição,
com uma edição mais elaborada e gravações em estúdio após o retorno da viagem.
Blog da Bandeira Científica
A cobertura institucional do projeto foi uma das prioridades da comunicação, o
que se refletiu em uma grande atenção ao blog. Não foram definidas pautas ou um
plano fechado de trabalho, mas sim uma dinâmica de trabalho que consistiu no
revezamento dos alunos para escrever sobre as atividades de cada dia. O principal
objetivo do blog não foi o de apresentar resumos diários sobre a expedição, mas
abordar aspectos interessantes ou curiosidades que ocorressem no dia-a-dia dos
bandeirantes. Os únicos pontos que foram falhos nessa atividade foram os momentos
da véspera da viagem e o dia de volta, que tanto por falta de tempo quanto pela
indisponibilidade de laptop com internet móvel não foram devidamente abordados.
![Page 208: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/208.jpg)
208
Ensino
Oficina de jornal mural
O maior desafio para realizar esta oficina foi conseguir juntar um grupo mínimo
de jovens, pois já nos encontrávamos em período de férias. Mesmo assim, graças ao
esforço dos profissionais foi possível se reunir com um grupo de jovens frequentadores
do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Eram cerca de 15 jovens entre 10
e 14 anos, de quatro diferentes escolas, o que dificultou um pouco o trabalho pelas
vivências se darem em locais diferentes. Ainda assim, iniciamos uma conversa sobre os
conceitos básicos de jornalismo, o que seria uma notícia, a importância do olhar sobre
o que nos cerca e a atenção às questões que fazem parte do nosso cotidiano e muitas
vezes nos esqueceu de olhar de forma crítica. Em seguida pedimos que listassem
algumas questões que os incomodassem nas escolas de cada um e, divididos em
quatro grupos, ajudamos a desenhar um jornal mural usando cartolina e caneta piloto.
Após a atividade pedimos que cada grupo apresentasse seu trabalho e explicasse os
motivos que os levaram a escolher as “notícias”. Notamos que os temas que mais
surgisse foram relativos à estrutura das escolas e ao comportamento de outros jovens,
tido como errado pelos participantes, como o fumo e o uso de álcool. Por fim,
sugerimos que essa proposta fosse levada a algum professor da escola de cada um.
Essa foi uma atividade que careceu de mais planejamento, além de referências
pedagógicas. Pode-se se dizer que foi improvisada em alguns aspectos, mas foi
satisfatória na medida em que pode estimular alguns debates sobre a realidade dos
jovens que tiveram a oportunidade de participar.
Debate com profissionais de mídias locais
O foco dessa atividade foi debater brevemente a realidade dos profissionais
locais de mídia e trazer um pouco do que nos têm sido apresentado na academia.
Foram marcados dois debates, um dos quais teve de ser desmarcado de última hora
por problema de transporte. No debate que foi realizado, estiveram presentes
profissionais de duas rádios e o dono de um jornal da região. Os principais temas
abordados foram as dificuldades de exercer o jornalismo da maneira mais
independente possível, pois a relação com prefeituras se torna inevitável quando são
as principais anunciantes de pequenas cidades. Da equipe de comunicação só esteve
presente o diretor, que buscou trazer um pouco do debate sobre participação do
público, separação total entre a área editorial e comercial das empresas e a maior
aposta em matérias de rua para o rádio.
Infelizmente essa foi uma atividade que careceu de mais planejamento e
estudos de caso, além de apoio de um professor que pudesse analisar os
![Page 209: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/209.jpg)
209
apontamentos feitos pelos profissionais locais. O ponto positivo foi trazer os debates
de participação do público e principalmente da reportagem de rua, muito pouco
utilizada nas rádios locais.
Assessoria de Imprensa
Mídias locais
Graças à boa relação da prefeitura com os veículos locais de mídia, foi possível
divulgar diversas pautas relacionadas à Bandeira Científica, com as quais a equipe de
comunicação pode contribuir e que foram publicadas em pelo menos duas edições de
um jornal local. Também tivemos espaço nas rádios da cidade, nas quais o projeto
pode ser divulgado, contando com participações de diretores da Bandeira em alguns
programas. Essas ações foram positivas, pois ajudaram a divulgar a proposta do
projeto para a população, esclarecer a metodologia de atendimento e divulgar
algumas palestras.
Mídias nacionais
Tanto pela não familiaridade dos participantes com o trabalho de assessoria de
imprensa, quanto pelo foco maior na comunicação institucional, optou-se por não
mais focar em mídias nacionais como previsto no projeto inicial. Outros diretores do
projeto Bandeira já haviam falado com contatos próprios, e a equipe de comunicação
entendeu que poderia focar seu trabalho nas outras atividades.
Matérias para veículos diversos
A pesquisa de pautas a serem apuradas na cidade não rendeu muitos frutos e o
trabalho de campo esteve muito focado na cobertura institucional, o que
impossibilitou a pesquisa de pautas na cidade. Assim, o projeto de redigir matérias
jornalísticas durante a expedição e tentar emplacá-las em veículos locais e nacionais
acabou por ser abandonada.
Pós-expedição
O trabalho pós-expedição consistiu basicamente de três partes: edição da
revista institucional, edição do mini-documentário e edição dos programas de rádio
Revista Institucional
A edição da revista institucional do projeto Bandeira Científica mostrou-se mais
difícil do que o esperado. Por conta das diversas atividades acadêmicas e profissionais
exercidas pelos alunos participantes, a produção dos textos e a diagramação da revista
foram sendo prorrogada após a expedição. O plano inicial era finalizar os trabalho até
![Page 210: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/210.jpg)
210
o mês de abril, para entrega no coquetel, o que não pode ser concretizado. Assim,
optou-se por adiar a produção do material para o mês de julho, quando os alunos
concluíram que poderão se dedicar integralmente à finalização do projeto. A revista
contará com aproximadamente 25 páginas, nas quais haverá uma seção de fotos,
editorial e seção de apoiadores e patrocinadores, além das sete pautas já
apresentadas. A revista será editada e publicada em software de leitura online e
disponibilizada no site da Bandeira Científica e posteriormente poderá se impressa,
ficando a critério das próximas diretorias.
Mini documentário
Tradicionalmente o vídeo da Bandeira Científica é apresentado no coquetel de
resultados. Em 2010 fomos bem sucedidos na apresentação do vídeo sobre a
expedição de 2009. Este trabalho foi realizado pelos alunos de audiovisual que
editaram todo o material na própria residência e gravaram parte do som em estúdio
da faculdade. O trabalho final alcançou seu objetivo de apresentar as atividades
realizadas pelo projeto em 2009 e refletir sobre o mesmo, contando com 25 minutos
de duração.
Programas de rádio
Os programas de rádio foram gravados em estúdio da rádio USP e colocados no
ar pela USP FM 93,7. Este trabalho foi viabilizado graças à participação de um aluno
que trabalha na rádio, mas é importante que a parceria seja mantida, pois a Rádio USP
FM se mostrou um ótimo veículo de divulgação de atividades acadêmicas.
ESALQ
Desenvolvimento das atividades
O método da Agenda XXI é um documento estratégico que fornece um novo
modelo de desenvolvimento que modifique os padrões de consumo e produção, para
que possa haver redução às pressões ambientais e atendimento às necessidades
básicas da humanidade. A este novo padrão, que concilia justiça social, eficiência
econômica e equilíbrio ambiental, se convencionou chamar Desenvolvimento
Sustentável.
É uma ferramenta estratégica muito importante, é o principal resultado da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento –
UNCED/Rio-92. Este documento foi discutido e negociado exaustivamente entre as
centenas de países ali presentes, sendo, portanto um produto diplomático contendo
consensos e propostas. Dessa forma, estimula-se a construção de sociedades
![Page 211: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/211.jpg)
211
sustentáveis. Com esse intuito, o Projeto Bandeira Científica desenvolveu atividades
com a comunidade do Assentamento São Sebastião.
A Agenda XXI foi aplicada com a comunidade através de três painéis: “Árvore
dos Sonhos”, “Muro das Lamentações” e “Trilha das Conquistas”.
No primeiro painel, as pessoas descreveram um pouco dos seus sonhos para a
comunidade. Nesta atividade, as pessoas descreveram como seria o assentamento
ideal, para que se tivesse um parâmetro das expectativas das pessoas em relação à sua
comunidade.
No segundo painel, os problemas são expostos. Dessa forma, as pessoas
puderam expor que tipo de limitações a comunidade tinha para conseguir alcançar o
assentamento ideal e como essas limitações impediam o seu desenvolvimento.
Por último, trabalhou-se em ações que resultem na solução dos problemas e
aproxime a comunidade de realizar seus sonhos. Assim, foi feito um quadro listando
todos os problemas que deveriam ser resolvidos, colocando o nome da pessoa
responsável por administrar a solução e uma data limite para que esse problema seja
resolvido. Alguns dos itens dessa lista podem ser analisados abaixo:
Ações, Responsáveis e datas:
1-Organizar festas – Eunice e Maria Madalena – 23/12/09
2-Pegar assinaturas para relatório das estradas- Lurdes – 23/12/09
3-Fazer e entregar relatório das estradas- Lurdes – 15/01/10
4-Conversar com a diretora da escola- Maria Madalena – 19/12/09
5-Conversar com o Médico- Maria do Carmo- 15/01/10
6-Pegar assinaturas e fazer relatórios para melhoria da saúde- Maria do Carmo-
23/12/09
7-Procurar a defensoria pública para agendar com advogado pró-bono- Lurdes -
28/02/10
Esta atividade é muito simples, mas trabalhosa e se tiver resultados efetivos,
pode apresenta o poder de modificar muitas vidas. Para verificar a resolução dos
problemas levantados na primeira visita, será realizada outra visita ao assentamento.
![Page 212: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/212.jpg)
212
Atividades educativas
Momentos educativos (temas de saúde - medicina)
A Bandeira Científica 2009 proporcionou diversos momentos educativos. As
atividades relacionadas a cada área foram descritas anteriormente, e as atividades
relacionadas com a medicina contaram com 10 acadêmicos da medicina e a parceria
de 3 acadêmicos da engenharia e uma da nutrição. Ao longo da expedição foram
realizadas 8 palestras referentes a cinco assuntos: ‘’Sexualidade e crescimento’’,
‘’Gravidez indesejada’’, ‘’Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica - hábitos de
vida e alimentação’’, ‘’Níveis de atenção em saúde e automedicação’’ e ‘’Resíduos de
Serviços de Saúde’’. Esses temas foram previamente selecionados em conjunto com a
cidade, de forma a abordar pontos que precisavam de alguma melhoria.
O tema ‘’Sexualidade e crescimento’’ foi escolhido para ser discutido com as
crianças e jovens das escolas, uma vez que a fase da puberdade e o crescimento é algo
que aparentava ter diversos conflitos, que estavam gerando problemas dentro das
escolas e os educadores solicitaram ajuda para abordar esse assunto. Desse modo,
quatro acadêmicas de medicina prepararam uma palestra dinâmica, que foi realizada
em dois locais diferentes. As crianças e jovens foram separados por idade e sexo,
gerando uma roda de conversa em que eles se sentiam mais a vontade para tirar
dúvidas relacionadas ao tema. Para diminuir ainda mais o medo de perguntar, os
participantes escreveram suas dúvidas de forma anônima e todas as respostas foram
discutidas com o grupo, o que gerou uma conversa muito produtiva. Além disso, foram
utilizados alguns modelos anatômicos de órgãos genitais para ilustração e no final foi
feita uma brincadeira para avaliar o aprendizado.
A cidade apontou um problema relacionado com a gravidez precoce em jovens
e, por isso, a bandeira proporcionou uma discussão com os educadores e agentes
comunitárias, para que esse assunto seja esclarecido e salientado para esses
multiplicadores poderem ajudar essas jovens de forma mais ampla e próxima. Uma
acadêmica da medicina realizou duas palestras, uma para pedagogos e outra para
agentes comunitárias que tiveram ótimos resultados. Os métodos utilizados foram
alguns pôsteres, panfletos e materiais para exemplificação, e a acadêmica pode
desmistificar alguns pontos, mesmo que a maioria das pessoas fosse bem informada.
Doenças crônicas como Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica são
prevalentes na população e as agentes comunitárias fazem um papel importante para
que os pacientes possam ser mais bem acompanhados, por isso, a palestra com esse
tema teve um ótimo aproveitamento. O assunto foi abordado em forma de
apresentação e discussão, participando dois acadêmicos da medicina, uma da nutrição
e uma da fisioterapia. Essa parceria foi essencial para que pudesse ser explicada a
parte de fatores de risco e mudança de hábitos de vida.
![Page 213: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/213.jpg)
213
Outro assunto abordado com os agentes comunitários foi o próprio papel que
eles exercem dentro do sistema de saúde. Notou-se que as agentes não sabiam ao
certo como todo o sistema de saúde funciona e elucidar esse ponto foi necessário para
que pudessem entender melhor como podem atuar de forma mais eficiente. Além
disso, foi abordado também um assunto que estão em contato no dia-a-dia, a
automedicação. Dois acadêmicos da medicina apresentaram essa palestra em forma
de apresentação, tendo bons resultados.
Houve uma atividade educativa realizada em parceria com a engenharia,
ministrada por três acadêmicos deste curso e um aluno da medicina, onde foi
abordado o tema ‘’Resíduos de Serviços de Saúde’’. O objetivo era orientar
funcionários dos estabelecimentos de saúde (UBSs e hospital público local) sobre a
correta gestão desses resíduos e sobre os benefícios adquiridos por meio desta prática,
quando realizada de forma adequada. A palestra foi realizada duas vezes em formato
expositivo, utilizando-se um pôster como guia e distribuindo-se cartilhas para facilitar
o acompanhamento do público. A parceria engenharia/medicina mostrou-se bastante
efetiva para o tema, com a engenharia fornecendo informações mais abrangentes do
tratamento diferenciado necessário para os resíduos de serviços de saúde e a medicina
com informações pontuais de métodos de descarte, de acordo com cada
procedimento médico específico.
Capacitação de profissionais da rede de saúde local
No ano de 2009, no município de Ivinhema foi realizada uma proposta
inovadora de capacitação e atualização de profissionais da rede pública de saúde do
município. A proposta de levar informações novas aos funcionários dos municípios
visitados e assim promover atividades educativas com potencial multiplicador e
promotor de continuidade sempre existiu no Projeto Bandeira Científica, porém a
maneira como foram realizadas essas atividades esse ano foi inédita. Entendemos que
o papel da Universidade é assumir sua posição de pólo de conhecimentos e retribuir à
sociedade tudo que lhe foi investido, dialogando ao máximo com esta para que a
produção do conhecimento seja direcionada aos problemas mais frequentemente
encontrados. Dessa forma, com grande preocupação em não impor conceitos, julgar
ou ferir a autonomia dos funcionários e autoridades locais, foi possível realizar
atividades de capacitação com médicos, agentes comunitários de saúde, enfermeiros e
demais integrantes do Programa Saúde da Família (PSF) de Ivinhema.
Em conversas preliminares com as secretarias de Saúde e Trabalho e
Assistência Social do município foram levantadas algumas problemáticas relacionadas,
principalmente, ao nível primário de atenção local. Comentou-se que muitas vezes os
profissionais desse nível de atenção não conseguiam exercer sua função de suprir 80 a
95% da demanda de saúde da população (taxa de resolutividade preconizada para a
![Page 214: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/214.jpg)
214
Atenção Primária à Saúde). Enfatizou-se o grande número de encaminhamentos a
níveis secundários e terciários de atenção que eram dirigidos à secretaria de saúde do
município. Outra questão levantada pelo município foi a falta de orientação da
população de Ivinhema quanto à lógica de organização dos níveis de atenção à saúde,
fato que gerava certo paternalismo no sistema com pacientes cobrando diretamente
gestores para que o atendimento especializado fosse realizado.
Houve grande disposição do município em concretizar tais atividades
educativas, sendo que os gestores se comprometeram em garantir a participação dos
profissionais locais nas capacitações. Desta feita, a equipe organizadora do Projeto
Bandeira Científica planejou capacitações de acordo com a demanda apresentada
pelas autoridades governamentais do município e pelos próprios profissionais. A
primeira pré-visita realizada levantou a questão da necessidade de atividades em
Atenção Primária à Saúde. Outra pré-visita foi realizada com o objetivo de se entender
melhor as demandas dos profissionais dessa área. Assim um profissional da área
médica da Universidade de São Paulo, com grande experiência em PSF, visitou a cidade
para compreender o funcionamento da rede de saúde, ouvir seus envolvidos e propor
atividades de capacitações nos temas por eles destacados durante a expedição em
dezembro.
Dessa forma, foram desenvolvidas atividades de capacitação com médicos,
agentes comunitários de saúde e demais envolvidos com o PSF da cidade abordando
os seguintes temas:
Atenção Primária à Saúde: discussão de casos com médicos das Unidades
Básicas de Saúde (UBS); discussão sobre organização e estrutura do PSF com
toda a equipe das UBS. Atividades realizadas com o apoio de profissionais
médicos da área de Medicina de Família da USP.
Psiquiatria: discussão de casos de alcoolismo e depressão com médicos das UBS
realizada com o apoio de um médico psiquiatra da USP.
Clínica Geral: discussão de casos sobre cefaléias e distúrbios da tireóide com
médicos das UBS realizada com o apoio de um médico clínico geral da USP.
A carga horária das atividades sobre o PSF foi de 1 hora com médicos e 2 horas
com toda a equipe de cada UBS visitada. Quatro UBS participaram dessa atividade
(Guiraí/Piravevê, Amandina, Triguinã/Vitória e Itapoã), de um total de cinco existentes
em Ivinhema. Estiveram envolvidas 25 pessoas nessas atividades. As capacitações
sobre temas em psiquiatria tiveram a carga horária de 6 horas, 3 horas em dois dias
consecutivos, e envolveram 4 médicos de UBS da cidade. A carga horária da
atualização em clínica geral e distúrbios da tireóide foi de 3 horas e contou com a
participação de 3 médicos da rede municipal de saúde de Ivinhema.
![Page 215: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/215.jpg)
215
Todos receberam certificado de participação e foram liberados das atividades
habituais no período das capacitações sem prejuízos de qualquer natureza.
O cronograma dessas atividades é mostrado a seguir:
Atividades com médicos de todas as ESF
14/dez 15/dez 16/dez
Local: Uniderp Uniderp Uniderp
13:30 às Atualização em Atualização em Atualização em
Tireoidopatias
16:30h Psiquiatria I Psiquiatria II e Clínica Geral
Atividades com ESF de Ivinhema
17/dez 18/dez 19/dez 20/dez 21/dez
ESF Guiraí/Piravevê - - - Itapoã
8-10h Médicos - - - Médicos
10-
11h
Toda a equipe - - - Toda a equipe
Almoço Almoço - - Almoço
ESF Amandina Triguenã/Vitória - - Guiraí/Piravevê
14-
16h
Médicos Médicos - - -
16-
17h
Toda a equipe toda a equipe - - -
Tabela 17 – Cronograma das atividades de capacitação
A avaliação geral dessas atividades por parte da equipe da USP foi muito boa.
Nas atividades em psiquiatria, clínica geral e distúrbios da tireóide a interação com os
profissionais foi muito boa. A despeito de alguma defasagem, em especial quanto aos
temas em psiquiatria, os profissionais se mostraram muito interessados na atividade e
com grande disposição para adquirir novos conhecimentos.
As discussões com os médicos das UBS individualmente foram válidas, mas
talvez não acrescentaram muito na formação do profissional ou no curso dos casos
![Page 216: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/216.jpg)
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discutidos. Os principais motivos que possivelmente contribuíram para isso foram o
contato com apenas um médico local, o que pode ser didaticamente inferior à
dinâmica de pequenos grupos, e o fato de os casos discutidos já estarem com um
manejo clínico relativamente adequado.
As atividades com as equipes, de uma maneira geral, pareceram mais
interessantes e proveitosas do que as realizadas individualmente com os médicos.
Muitos profissionais integrantes das equipes não possuíam formação em Medicina de
Família (o que é extremamente comum mesmo em centros como São Paulo) o que fez
com que instrumentos da Atenção Primária à Saúde e de Medicina de Família
pudessem ser apresentados com grande disposição das equipes em aprender a
manuseá-los. Um dos motivos aventados para esse desconhecimento por parte de
alguns desses integrantes das UBS foi o curto período de permanência na função que
exerciam. O estímulo à permanência e ao aperfeiçoamento no cargo que desenvolvem
na UBS pode melhorar esse problema.
Possivelmente o ponto mais relevante identificado nas atividades com as
equipes do PSF de Ivinhema seja a necessidade de tempo e espaço para acontecerem
discussões e planejamento a nível interdisciplinar. Nas palavras de um dos médicos da
USP que realizou as reuniões com equipes: “Nem sempre o olhar de apenas uma
categoria profissional vai refletir a dificuldade que a equipe como um todo está
enfrentando. Discussões de caso com a equipe toda são interessantes para trazer isso
à tona. Ao mesmo tempo torna passível a identificação de pontos fortes e a serem
parabenizados e reforçados”.
Em paralelo a essas atividades de capacitação, foram desenvolvidas palestras
com agentes comunitários de saúde sobre diversos temas abordando afecções de
saúde mais freqüentes além de um momento educativo especificamente sobre níveis
de atenção em saúde, cujo principal objetivo foi conscientizar os agentes de sua
importância para o bom funcionamento da rede de saúde e de seu papel de
multiplicadores desse conhecimento para a população geral.
Houve ainda uma preocupação quanto ao envolvimento de médicos com
formação em Medicina de Família na expedição. Três médicos participaram da
supervisão nos atendimentos à população. Certamente contribuíram para que o
próprio projeto aumentasse sua preocupação em promover Atenção Primária à Saúde
e para que os pacientes atendidos nessas condições se conscientizassem que, na maior
parte das vezes, seus problemas de saúde podem ser manejados por médicos não
especialistas.
Visto que o próprio município demonstrou grande interesse nesse tipo de
atividade, a expectativa é que o incentivo do município para atualizações e
capacitações de seus funcionários continue. O Projeto Bandeira Científica da USP
![Page 217: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/217.jpg)
217
coloca-se á disposição para contatos adicionais nesse período pós-expedição seja no
campo científico, seja para prestar apoio a projetos de capacitação que se pretender
implantar.
Tele-educação como possibilidade para novas capacitações
Ivinhema está na lista das cidades que serão em breve incluídas na rede
Telessaúde Brasil. Esse processo foi facilitado por contatos mediados pelo projeto
Bandeira Científica e pela UFMS, a qual está vinculada ao plano de trabalho para
implantação do Telessaúde no estado de Mato Grosso do Sul. Esse passo pode auxiliar
na efetivação de estratégias de capacitação dos profissionais locais por meios
tecnológicos, que incluem ensino à distância e acesso a redes de informação e bases
de dados em saúde.
A parceria estabelecida com a UFMS é de fundamental importância nesse
processo, sendo que o apoio desta Universidade local no processo de tele-educação
pode ocorrer desde o nível técnico, com auxílio à implementação e aprendizado
quanto ao uso das tecnologias, até o apoio com conteúdos e conhecimentos
específicos, com participação de profissionais e alunos dessa instituição promovendo
atividades educativas por meios de telemedicina. O próprio Projeto Bandeira Científica
está à disposição para ajudar nesse processo de inclusão aos meios de informática
podendo prestar desde apoio técnico e científico até fornecimento de materiais
didáticos para o município de Ivinhema.
Projetos Científicos
Continuidade
A atuação de um projeto como a Bandeira Científica requer um trabalho
intenso tanto dos membros participantes provenientes da Universidade, como
também das pessoas da própria cidade. Ao longo do ano de 2009 foi realizado um
grande planejamento para atuação do Projeto na expedição de Dezembro, mas
também foram elaboradas estratégias para que a intervenção realizada fosse a mais
produtiva possível e duradoura. A intenção da intervenção do Projeto é, além dos
objetivos anteriores já citados, garantir apoio a cidade e possibilidade para que ela
também possa continuar a melhorar por si própria a partir das propostas e
planejamentos do Projeto.
A continuidade pode ser efetuada de duas formas particulares, do ponto de
vista individual e populacional. Na Bandeira Científica de 2009 foram abordados os
seguintes aspectos:
![Page 218: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/218.jpg)
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Estratégias individuais
Encaminhamentos
Do ponto de vista estrutural a Bandeira Científica busca fortalecer os vínculos
entre as esferas políticas para facilitar a inclusão dos pacientes no sistema único de
saúde, para muitos destes pacientes, solução aguardada há muito tempo.
Dos 5615 atendimentos da Bandeira Científica, 753 pacientes foram
encaminhados para algum sistema de saúde (primário, secundário e terciário), e destes
pacientes, 66% foram encaminhados para o sistema básico de saúde (Gráfico 114). A
maioria destes pacientes já tinha acesso ao sistema básico de saúde, porém, a
avaliação na Bandeira Científica identificou a necessidade de alguma adequação de
tratamento ou de dose de medicamento, e, portanto o paciente é encaminhado para
sua unidade básica de origem. Todos os pacientes atendidos durante os dez dias de
expedição, mesmo que não tivesse encaminhamento para a UBS, tinha uma cópia do
seu prontuário feito no Projeto enviado para a UBS de origem (identificada na ficha de
identificação do paciente – Gráfico 115). Portanto, o médico que recebia o
encaminhamento, recebia também o prontuário detalhado do atendimento. Esta
medida é fundamental, pois a introdução de medicamentos ou adequação de doses
pode requerer avaliações periódicas para avaliar aceitação, aderências, etc.
Gráfico 114 – Encaminhamentos dos pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009
![Page 219: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/219.jpg)
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Gráfico 115 – Pacientes atendidos na Bandeira Científica 2009, separados por UBS de referência
Alguns pacientes atendidos apresentaram necessidade de atendimento em
nível secundário e terciário, conforme a hierarquização do sistema de saúde. No total
foram 231 pessoas para o sistema secundário e 25 para o terciário em diversas
especialidades para hospitais de referência geridos pela secretaria estadual de saúde.
Isto representa uma estratégia de continuidade individual fundamental, que abrange
não só o aspecto assistencial (de garantir o atendimento especializado ao paciente),
mas também do ponto de vista estrutural (por abrir uma porta de negociação entre o
governo e o município facilitando posteriores acordos e convênios).
É importante também considerar o grau de urgência que o paciente tinha para
ser encaminhado, 97,18% dos pacientes encaminhados para o sistema primário de
saúde não tinham urgência, sendo considerados como rotina. Mesmo os pacientes
encaminhados para os outros sistemas não tinham urgência ou emergência (Gráfico
116).
![Page 220: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/220.jpg)
220
Gráfico 116 – Encaminhamentos dos pacientes da Bandeira Científica 2009, separados por grau de
urgência
Seguimento do tratamento
No ano de 2009, a Bandeira Científica preocupou-se em deixar registrados
todos os atendimentos realizados para que esses pudessem ser adicionados ao
prontuário de cada paciente, localizados em sua UBS de referência.
Isso é muito importante para que a conduta do médico da unidade de saúde e
do Projeto Bandeira não seja contraditória e o tenha seguimento adequado, para que
não seja prejudicial ao tratamento do paciente e tenha maior adesão ao mesmo.
Além disso, foi feito uma relação dos medicamentos do município para que as
doações e prescrições realizadas no Projeto sejam de medicamentos presentes no
Sistema de Saúde do Município, caso seja de uso contínuo. Assim, o paciente recebeu
doação de medicamentos pela Bandeira, mas quando precisar de mais, poderá retirar
no próprio município.
![Page 221: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/221.jpg)
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Atendimento Oftalmológico
Foram ao todo 1108 pacientes atendidos pela oftalmologia na Bandeira
Científica 2009. Destes, 610 pacientes tiveram diagnósticos relacionados a erros de
refração, que são corrigidos facilmente com o uso de lentes. A disponibilização dos
óculos para estes pacientes significa a resolução de um grande problema. Assim, foram
realizadas as medidas adequadas durante a expedição e os óculos foram
confeccionados em São Paulo, sendo que já foram entregues os 610 óculos prescritos.
Ultrassonografia
Foram realizados 52 exames de ultrassonografia. Estes eram pacientes
atendidos pelo próprio Projeto e que tinham indicação para realizar o exame. Dessa
forma, os atendimentos realizados pela Bandeira não gerariam mais demanda para
realização deste exame. Os pacientes tinham o laudo entregue na hora e eram em
seguida remarcados nos próprios postos de atendimento do Projeto, dessa forma, o
diagnóstico e conduta puderam ser feitos dentro do período da expedição, tornando
mais eficiente seu seguimento e acompanhamento nas unidades de saúde, o que tem
efeito imediato para o paciente.
Outros exames complementares
Durante o atendimento, os pacientes que tinham indicação de acordo com a
idade e comorbidades ou de acordo com a necessidade avaliada pela consulta, foram
realizados alguns exames complementares. Foram 1423 exames de glicemia de ponta
de dedo, o que foi muito útil no atendimento para avaliar, por exemplo, o estado de
controle da Diabetes Mellitus. Foram 725 amostras de sangue em que foram
realizados exames como o nível de T4 livre e TSH para avaliar doenças da tireóide.
Em casos de exames de rotina para prevenção do câncer de colo de útero e em
outros casos em que a consulta ginecológica indicava, foram realizados 68 exames de
papanicolaou e os resultados enviados ao sistema de saúde local para
acompanhamento. Foram também realizados nove exames anatomo-patológicos.
Quando era indicado, também era realizados exames de eletrocardiograma no
próprio local de atendimento, no total foram realizados 35 exames que contribuíram
para o diagnóstico e conduta das consultas.
Estratégias Populacionais
Palestras educativas
Palestras educativas são um excelente método de atuação de longo prazo em
termos populacionais, pois forma multiplicadores da informação, conscientes de seu
papel como cidadão.
![Page 222: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/222.jpg)
222
As 67 palestras promovidas pelo projeto, certamente representaram uma
grande oportunidade de obtenção de conhecimento, capacitação e atualização.
Banco de Dados com Informações
Uma das grandes vantagens da Bandeira Científica é sua capacidade de coletar,
concentrar e trabalhar as informações obtidas dos pacientes e dos municípios. Foram
colhidos dados gerais de quase 5615 pacientes atendidos no projeto, além de dados
estruturais do sistema de saúde do municio, informações sobre saneamento e
organização social. Todos estes dados serão analisados por uma equipe de
reconhecida expertise em suas respectivas áreas.
Tamanho banco de dados permitirá a elaboração de um relatório detalhado de
diversas características do município / população: caracterização sócio-econômica,
caracterização de aspectos de saúde, caracterização da estruturação do sistema de
saúde, caracterização do perfil nutricional. Para cada uma destas vertentes com seus
desdobramentos para avaliações específicas. Isto permitirá incluir no relatório diversas
orientações em relação a medidas a serem tomadas. Além disso, o conhecimento das
condições de saneamento, associada às de saúde e do sistema, permite realizar uma
distribuição racional do orçamento municipal, aproveitando de forma mais efetiva o
reduzido aporte financeiro deste.
Não é papel de a Bandeira Científica desenvolver qualquer tipo de interferência
na gestão municipal. Justamente por isso todas estas informações são trabalhadas e
fornecidas ao município junto do banco de dados com as informações de onde foram
extraídas. Cabe ao município fazer uso racional deste riquíssimo acerto de
informações. Certamente o projeto sempre estimula e se coloca à disposição para
realizar análises adicionais e discussões.
Visitas de seguimento
Serão realizadas visitas cerca de 6 meses após a expedição para avaliar o
andamento dos encaminhamentos, entregar e discutir em seminários e workshops os
resultados apresentados no relatório final do projeto, ver o andamento e utilização
dos equipamentos e materiais doados.
Cada área participante do Projeto Bandeira Científica elaborou um relatório
específico que será entregue aos respectivos representantes na cidade para que os
dados coletados e as propostas sugeridas sejam devidamente avaliados para que
possam servir de base para a melhoria do município.
![Page 223: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/223.jpg)
223
Parcerias Universitárias
As parcerias universitárias desenvolvidas pela Bandeira Científica vão muito
além das atividades desenvolvidas durante a expedição. Faz parte da filosofia do
Projeto estimular o desenvolvimento de atividades semelhantes, para as quais a
Bandeira Científica garante seu apoio através da disponibilização de toda a sua
expertise na organização e gerenciamento de projetos como este. Diversos outros
projetos já foram criados a partir de participações de alunos de outras instituições nas
atividades da Bandeira Científica.
Este ano, foram realizadas parcerias com diversas universidades. A Faculdade
de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul foi escolhida como a
Universidade local para fazer a parceria de 2009. Além de terem participado
ativamente da expedição realizando atendimentos, há um projeto para construir um
programa similar na faculdade da UFMS. Outros participantes foram: a Faculdade de
Odontologia da UFMS, o grupo de design e relação pública da UNESP (Bauru). Todos
fizeram diversas atividades na expedição e também elaboraram relatórios com a
impressão de cada área específica.
Considerações Finais
Em termos assistenciais, o número absoluto ultrapassando 5 mil atendimentos
em mais de 4 mil pacientes, já são robustos o suficiente para saber que o objetivo
assistencial foi alcançado com êxito. Mas, o que torna estes dados ainda mais sólidos,
é a consciência do atendimento de qualidade prestado e da atenção voltada à consulta
básica, onde se valorizou a anamnese e o exame físico que por si só já têm grande
influência na relação médico-paciente e na satisfação da população atendida. A
atenção básica prestada, contando com o apoio de especialidades, que se
consolidaram nesta expedição, pôde ser desenvolvida de forma mais completa e
resolutiva, permitindo inclusive a contenção de demanda local reprimida e permitindo,
quando necessário, encaminhamentos para a rede de atenção secundária ou terciária
de um paciente já em estágio mais avançado de avaliação, quer clínica quer
diagnóstica.
As atividades educativas alcançaram êxito nos diversos segmentos, dos
médicos que passaram por ciclo de atualização à população que foi orientada de forma
sistemática em relação a temas de extrema relevância para manutenção das condições
adequadas de saúde e de vida.
As atividades científicas também foram pontos relevantes da Bandeira
Científica 2009, buscando a obtenção de informações relevantes para a população
local, sempre enfatizando as necessidades regionais. A partir destes estudos é possível
não só obter dados numéricos e quantitativos, mas também, saber onde é importante
![Page 224: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/224.jpg)
224
atuar, planejar, modificar, enfim, atuar plenamente com a melhor relação custo-
benefício para a população.
As atividades técnico-estruturais foram fundamentais. Estudos relacionados a
saneamento, agricultura e pecuária e avaliação social foram importantes para tornar o
projeto mais completo e abrangente.
Em relação à integração aluno-aluno e aluno-comunidade, este também foi um
objetivo alcançado de forma muito produtiva. Durante este período estreitaram-se os
laços entre acadêmicos de diferentes anos e entre acadêmicos e professores. Além
disso, foi, para vários alunos, a primeira oportunidade de atuar em regiões carentes,
vivenciando plenamente as condições locais e hábitos de vida da população, o que,
dado o impacto causado, permite a incorporação desta experiência vivida no cabedal
de vivências pessoais fundamental para a formação do profissional médico, e mais
importante, do cidadão brasileiro.
Um projeto como este consegue sempre deixar os envolvidos repletos de
questionamentos. Acreditamos que esse é um modo de dar um impulso a essas
pessoas, paciente e futuros profissionais conscientes da importância do seu
envolvimento direto para lidar com um dos maiores desafios brasileiros: vencer a
iniqüidade. Diversas Faculdades e Universidades atuaram em conjunto, dando um
exemplo de responsabilidade, profissionalismo e integração.
O Município, além de receber o projeto e seus membros de forma acolhedora e
hospitaleira, atuou de forma exemplar na organização e logística que lhe competia.
Foram disponibilizados motoristas, funcionários e voluntários que com extrema boa
vontade permitiram que tudo se realizasse.
É sempre um pequeno passo, mas que entra na história dos indivíduos
envolvidos, visitantes e visitados. É um momento de revelações e de novas
curiosidades. Sem dúvida, ciências e humanidades, saberes e técnicas, modos de
pensar e de viver articulando-se tanto na razão quanto na emoção, sempre com um
único e maior objetivo, construir uma nação forte, de todos, e para todos.
![Page 225: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/225.jpg)
225
Apoio e Patrocínio
Para a realização do projeto contamos com o apoio de diversas instituições e
empresas, sem as quais certamente não haveria possibilidade de execução de
tamanho empreendimento de forma a amenizar as grandes divergências
socioeconômicas nacionais através da atuação na área de saúde.
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão
Universitária
Departamento de
Patologia
![Page 226: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/226.jpg)
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Agradecimentos
O Projeto Bandeira Científica agradece a participação das diversas instituições e
empresas a seguir:
Grupo Sanofi-Aventis – Na pessoa da Sra. Cristina Moscardi → Pelo patrocínio
majoritário ao Projeto Bandeira Científica 2009 com recursos financeiros,
insumos, equipamentos, vacinas e medicamentos e pela contribuição, enviando
5 voluntários para atuação durante as atividades do projeto.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – Na pessoa do Prof. Dr.
José Manoel de Camargo Teixeira, Superintendente do HC-FMUSP →
Contribuição com medicamentos e insumos hospitalares para as atividades da
Bandeira Científica 2009.
Fundação para o Remédio Popular – Na pessoa do Dr. Edson Massamori
Nakazone, Superintendente da FURP → Fornecimento de medicamentos
utilizados para o Projeto Bandeira Científica 2009.
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo – Na pessoa do Exmo. Dr. José
Roberto Barradas Barata, Secretário Estadual de Saúde → Pela autorização e
encaminhamento das solicitações de medicamentos à FURP.
Fundação Faculdade de Medicina – Na pessoa do Prof. Dr. Flávio Fava de
Moraes, Diretor Presidente da FFM → Impressos, guias e receituários utilizados
durante todas as atividades da Bandeira Científica 2009 e apoio institucional e
jurídico para captação e gestão de recursos.
Comissão de Cultura e Extensão da FMUSP – Na pessoa do Prof. Dr. José
Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, presidente da CCEX → Apoio estrutural
para o projeto e provimento de recursos para visitas de preparação e
teleconferências.
Setor de Eletrocardiografia do Instituto do Coração do HC-FMUSP – Na pessoa
do Prof. Dr. Carlos Alberto Pastore → Apoio na obtenção de equipamentos de
eletrocardiografia para uso durante a Bandeira Científica e pelos laudos dos
exames emitidos e enviados através da Internet durante as atividades do
projeto.
Micromed → Empréstimo dos equipamentos de eletrocardiografia.
Horiba ABX → Empréstimo de equipamento para análise de hemograma e
proteína C reativa, bem como todos os reagentes necessários para os exames
em questão.
![Page 227: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/227.jpg)
227
Gráfica Kitani → Apoio à impressão de formulários do Projeto Bandeira
Científica, bem como todo o material gráfico utilizado no projeto e
disponibilização de equipamento áudio-visual para as palestras
À Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP – na pessoa do
Prof. Dr. Chao Lung Wen → Apoio às atividades de inclusão digital durante a
Bandeira Científica.
InRad → Empréstimo de equipamento de ultrassonografia portátil para uso no
Projeto Bandeira Científica.
Fundação Oncocentro de São Paulo → Doação de kits de coleta de
papanicolaou, fixadores e disponibilização da equipe de técnicos e patologistas
para a análise dos exames coletados.
Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Saúde de Ivinhema e Secretaria
Municipal de Educação, Cultura e Esportes de Ivinhema – Nas pessoas das Sra
Sônia Aparecida Dias Henrique Garção, Secretária Municipal de Saúde, e Sra.
Cleonice Colodetto Poggi → Apoio técnico e logístico, articulação junto às
secretarias municipais (obras, agricultura, planejamento, transportes, etc) para
viabilização de hospedagem, alimentação, transporte local para a equipe da
Bandeira Científica, disponibilizando equipes locais de coordenação, e acordos
para seguimento dos pacientes e fornecimento dos óculos aos pacientes
atendidos.
Diretoria da Faculdade de Medicina da USP – Na pessoa do Prof. Dr. Marcos
Boulos, DD. Diretor da Faculdade de Medicina da USP e do Dr. José Agenor
Silveira, Diretor Executivo da FMUSP → Pelo apoio institucional e logístico ao
Projeto Bandeira Científica.
Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP – Na pessoa
do Prof. Dr. Remo Susanna Junior, Prof. Titular da Disciplina de Oftalmologia da
Faculdade de Medicina da USP →Viabilização dos equipamentos oftalmológicos
para uso nas atividades da Bandeira Científica da FMUSP, liberação de médicos
residentes da clínica oftalmológica para participação nas atividades da Bandeira
e custeio de transporte para médicos residentes.
Ao Conselho do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP –
Na pessoa do Prof. Dr. Paulo Hilário Nascimento Saldiva → Aprovação e locação
da Bandeira Científica entre os Projetos do Departamento de Patologia pelo 9º
ano consecutivo, impressão das provas de seleção, liberação de insumos e
equipamentos para realização de exames gerais e de projetos de pesquisa, e
documentação das atividades da Bandeira Científica 2009.
![Page 228: PROJETO BANDEIRA CIENTÍFICAbandeiracientifica.com.br/wp-content/uploads/2010/06/2009.pdf · 3 Índice TEMA PÁGINA Introdução 05 O Projeto 05 Histórico 05 Visão 06 Objetivos](https://reader036.vdocuments.pub/reader036/viewer/2022070716/5ed9990e1b54311e7967dc7c/html5/thumbnails/228.jpg)
228
Ao Laboratório de Hematologia da Divisão de Laboratório Central do HC-FMUSP
na pessoa da Profa. Dra. Leila Antonângelo → pela viabilização de equipamento
para realização de exames hematológicos e liberação de dois residentes de
patologia clínica para acompanhar o projeto.
Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP na pessoa da Dra.
Cristina Chamas e do Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri → pela disponibilização dos
equipamentos portáteis de ultrassonografia.
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP – Na pessoa do Prof. Dr.
Sedi Hirano, Pró-reitor de cultura e extensão universitária da USP → Aprovação
da Bandeira Científica como Projeto de Extensão da USP, recebendo auxílio
financeiro do Fundo de Cultura e Extensão para custeio de transporte
(incluindo deslocamento de pessoal e transporte local) e despesas locais com
alimentação, hospedagem e outras despesas gerais.
Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP) → Pelo patrocínio com recursos
financeiros e pelo apoio técnico fornecido à equipe de engenharia.
Instituto de Engenharia → Matéria sobre o Projeto Bandeira Científica em
revista institucional e fornecimento de espaço para divulgação do projeto
através de palestra.
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) → Fornecimento de material educativo.
Autodesk → Capacitação dos integrantes da equipe de engenharia para uso do
software AutoCAD 3D Civil.
Fundação Vanzolini → Patrocínio com recursos financeiros.
CBSS – Centro de Benefícios Sociais dos Servidores da FMUSP → Pelo apoio
logístico na preparação das atividades do Projeto Bandeira Científica.
Professores e Chefes de Clínicas do Hospital das Clínicas da FMUSP e do
Hospital Universitário da USP → Pela liberação de assistentes e residentes de
suas atividades habituais nestes hospitais para participação na expedição da
Bandeira.