projeto de adequaÇÃo da capacidade da br-493/rj · o projeto de ampliação da capacidade da...
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APRESENTAÇÃO 1
DESCRIÇÃO DO PROJETO 5
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 11
IMPACTOS AMBIENTAIS 25
PROGRAMAS AMBIENTAIS 35
CONCLUSÃO 41
EQUIPE TÉCNICA 42
APRESENTAÇÃO
A região de estudo da Rodovia BR-493, em seus 25 km de extensão, liga Manilha, no
município de Itaboraí à Santa Guilhermina em Magé, passando por Guapimirim, localizados
no Estado do Rio de Janeiro. Conhecida também como Estrada do Contorno da Baía de
Guanabara, a rodovia teve grande importância histórica para o município de Magé,
constituindo-se num dos principais eixos de ocupação da região. Em seu entorno além das
áreas urbanas da sede de Magé e bairros de Itaboraí e Guapimirim, desenvolveram-se
indústrias e um intenso comércio. O Projeto de Ampliação da Capacidade da Rodovia deve
garantir maior segurança e confiabilidade do tráfego de carga e de veículos que buscam a
região Norte do Estado, bem como as expectativas de expansão do setor industrial local,
melhorando as condições de vida da população local.
RIMA — Rodovia BR-493 1
BR-493 é uma das mais importantes
rodovias do Estado do Rio de Janeiro, uma
vez que é um trecho fundamental no
sistema viário que liga os municípios do Norte
Fluminense à capital. Esta rodovia possibilita a
conexão entre a BR-101, que passa pelos municípios
do Norte do Estado, e a BR-116, que se destina ao
Sul do Estado atravessando os municípios da
Baixada Fluminense e a capital.
Como se pode observar no Mapa de Localização, a
única alternativa a essa via é a Ponte Rio-Niterói, que
além de não atender a Baixada Fluminense
apresenta restrições ao tráfego de veículos pesados,
tornando a BR-493 a melhor opção de acesso ao
Norte Fluminense.
O crescimento da economia e da população nas
últimas décadas, fez com que aumentasse o tráfego
nessa via, o que tornou o trânsito mais lento e fez
crescer o número de acidentes. Pensando em
melhorar o trânsito e reduzir os acidentes foram
elaborados, em momentos diferentes, projetos para
a duplicação da rodovia. O primeiro projeto já
completou 25 anos, mas somente agora, pela
iniciativa do Departamento Nacional de Infra-
Estrutura de Transportes – DNIT, a duplicação vai ser
realizada.
Atendendo à legislação foi realizado, pela empresa
consultora Concremat Engenharia e Tecnologia S/A,
um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para se
avaliar os efeitos das obras sobre o meio ambiente e
a população das áreas mais próximas à rodovia. O
EIA apresenta o detalhamento do projeto e foi o
resultado do trabalho de profissionais especializados
de diferentes áreas do conhecimento. Assim,
observando a necessidade de informar aos
interessados sobre o projeto e seus impactos, foi
A
RIMA — Rodovia BR-493 1
2 RIMA — Rodovia BR-493
elaborado este Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), que apresenta em linguagem mais simples
os resultados do estudo, de forma a facilitar o acesso
às informações. Contudo, aqueles que têm
conhecimento técnico e que desejarem obter dados
mais detalhados podem consultar o Estudo de
Impacto Ambiental - EIA, que está sob a
responsabilidade da FEEMA, responsável pelo
licenciamento do empreendimento.
Para abordar os principais temas e conteúdos do
Estudo de Impacto Ambiental, este relatório irá
apresentar aspectos do projeto, diagnósticos
ambientais e os impactos da duplicação da rodovia
sobre o meio ambiente, bem como os programas
e medidas previstas para reduzir ou eliminar
estes impactos.
2 RIMA — Rodovia BR-493
DESCRIÇÃO DO PROJETOA Rodovia atualmente encontra-se com sua capacidade de transporte abaixo da demanda.
Com o fechamento da Ponte Rio-Niterói para transporte de cargas, a BR-493 passou a figurar
como principal acesso da Região Metropolitana e do Sul do Estado, às regiões do Norte
Fluminense e grande parte do Nordeste do País. Tal evento faz crescer, anualmente, o
tráfego na região, intensificando os problemas estruturais da rodovia, quais são: a
irregularidade do piso; a falta de acostamento; as travessias urbanas de pedestres e veículos;
os riscos impostos pelas ultrapassagens; a baixa velocidade média, entre outros. Todos
estes problemas foram considerados no Projeto de Adequação da Capacidade da BR-493.
RIMA — Rodovia BR-493 5
O PROJETO
A duplicação da Rodovia BR-493 será realizada no trecho que se inicia na Rodovia BR-101,
no distrito de Manilha, município de Itaboraí, e termina no entroncamento com a BR-116, na
localidade de Santa Guilhermina, município de Magé. Ao todo este trecho possui 24,9
quilômetros e atravessa parte dos municípios de Itaboraí, Guapimirim e Magé.
MOTIVOS PARA A DUPLICAÇÃO DO TRECHO DA BR-493
Desde o início da década de 80, já se percebia a necessidade da duplicação da rodovia em
função do tráfego intenso, principalmente, de veículos pesados. No final da década de 90
foram realizados estudos para avaliar a situação da circulação de veículos no trecho. Assim,
efetuou-se a contagem dos carros que transitavam pela via nos anos de 1998, 2000, 2001,
2006 e 2007. Os resultados destas contagens indicaram um aumento de veículos pesados e
projeções apontaram que este aumento iria continuar nos próximos anos. É importante
ressaltar que até o ano de 2002 ainda não existiam restrições ao tráfego de veículos pesados
na Ponte Rio-Niterói (Portaria Ministerial nº 143, de 14 de fevereiro de 2001). Com a restrição,
o total de veículos pesados na BR-493 cresceu mais do que as projeções indicaram. O
aumento no tráfego de veículos pesados faz com que cresça o risco de acidentes, trazendo
perigo não só aos usuários da rodovia, como também, para a população que vive nas
proximidades. Nesse sentido, a duplicação e a implantação das vias laterais, passarelas,
sinalização e defensas surgem como meio de tornar a rodovia mais segura.
6 RIMA — Rodovia BR-493
Além de diminuir o risco de acidentes para aqueles que trafegam na rodovia e a população
em geral, a duplicação irá beneficiar a economia do Estado. O trecho da BR-493, que liga a
BR-101 a BR-116, irá fazer parte do “Arco Rodoviário do Rio de Janeiro”. O Arco consiste na
ligação das estradas federais no entorno da capital e o objetivo dessa iniciativa é criar vias
melhores para transportar cargas para o porto de Sepetiba. Com a duplicação, a capacidade
do trecho será ampliada, bem como será reduzido o tempo para o transporte.
O TRECHO DA BR-493 HOJE
Atualmente, o trecho da BR-493 a ser duplicado possui 7 m de largura e comporta duas
pistas de sentidos contrários. O acostamento pavimentado possui de 2 a 3 m, mas não está
presente em todo o trecho e, em alguns locais, é coberto por vegetação, servindo como
terceira faixa em pontos determinados.
Além do acostamento não estar em boas condições em vários locais, o trecho da BR-493
apresenta problemas para o escoamento de água. Dos poucos bueiros existentes, muitos
estão entupidos e são encontradas muitas depressões da pista. Segundo informações obtidas
no local, quando a maré dos rios existentes nesse trecho sobe ou quando chove, a água
demora a ser escoada provocando alagamentos em alguns pontos.
RIMA — Rodovia BR-493 7
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE DUPLICAÇÃO
A duplicação consistirá na construção de uma faixa à esquerda da atual, compreendendo a
implantação de outras estruturas, fundamentais para o tráfego seguro no trecho duplicado.
Assim, o trecho da BR-493 irá apresentar:
a) No segmento 1 (km 0 a 6,8) – Trecho Manilha-Itambi
pista dupla com separador em barreira de concreto (New Jersey);
cada pista com duas faixas de 3,60 m;
faixa de segurança de 1,20 m;
acostamentos externos “estruturados”;
vias laterais, cada uma com duas faixas de 3,50 m e calçadas com 2,00 m.
b) No segmento 2 (km 6,8 a 17,3) – Trecho Itambi-Vale das Pedrinhas
pista dupla com canteiro central com 5,00 m de largura;
cada pista com duas faixas de 3,60 m;
faixa de segurança de 1,20 m, junto ao canteiro;
acostamentos externos “estruturados”.
A pista nova será posicionada à esquerda da existente (sentido Itaboraí – Magé),
que será devidamente conformada para a situação de projeto.
c) No Segmento 3 (km 17,3 ao 21,7) – Vale das Pedrinhas e área urbana de Magé
situação análoga à do Segmento 1.
d) No Segmento 4 (km 21 ao 24) – Magé – Santa Guilhermina
Segmento 4 - km 21,7 ao km 25,1 – situação análoga ao Segmento 2, sendo que
entre o km 22,5 e o km 25,1 a nova pista foi posicionada à direita da existente, de
forma a se permitir melhor implantação de acesso ao quartel do Corpo de
Bombeiros situado no km 23,5.
Assim como apresentado, além dessas estruturas, que auxiliam o tráfego no trecho, serão
construídas outras que permitirão o acesso à rodovia e reduzirão a interferência sobre o
trânsito nas vias de localidades próximas. Tais estruturas são:
• entroncamentos: principalmente nas regiões próximas a núcleos urbanos;
• 1 viaduto: sobre a linha férrea em Santa Guilhermina;
• 3 passagens inferiores: que permitem a manutenção do tráfego de veículos por
baixo da rodovia (uma será em Magé e as outras duas em Itaboraí);
8 RIMA — Rodovia BR-493
• 3 Alças de ligação: Ligação com a BR-101, saída para o COMPERJ e saída para o
Vale das Pedrinhas (Guapimirim);
• 9 pontes: em virtude da variação do volume de água nos rios essas estruturas
serão extensas, a menor terá 18 metros e a maior 400 m;
• Retornos: que irão facilitar a utilização da rodovia por veículos que trafegam pelas
localidades;
• 2 trechos com pistas auxiliares: nas áreas urbanas de Itambí e Magé serão
construídas pistas auxiliares (duas vias laterais em cada trecho) para receber o
tráfego urbano;
• 4 passarelas.
O projeto conta, ainda, com outros componentes para permitir boas condições de tráfego
na rodovia, são eles:
• velocidade máxima: os limites máximos de velocidades previstos para a rodovia,
após a duplicação, serão de 90 km/h, para veículos pesados; 110 km/h para
veículos de passeio, na maior parte do trecho; 80 km/h, nas proximidades dos
perímetros urbanos de Itambí e Magé e 50 km/h nas vias marginais;
• drenagem: está prevista a construção de vários mecanismos de drenagem de
modo a permitir a circulação segura de veículos na via, principalmente, nas
proximidades da APA de Guapi-Mirim, onde os solos são extremamente
encharcáveis;
• revestimento: além do revestimento das novas pistas, será realizada a
recuperação do revestimento das pistas existentes, uma vez que ambas as pistas
deverão ter qualidade o suficiente para comportar o tráfego de veículos com
cargas pesadas, permitindo a circulação com segurança. A estimativa é de que
esse revestimento seja capaz de permanecer em boas condições por um período
de 10 anos.
A OBRA
Para otimizar o tempo algumas etapas da obra ocorrerão, simultaneamente, com mais de
uma frente de trabalho. Assim, quando uma etapa estiver finalizada em uma determinada
parte do trecho, imediatamente se iniciará a etapa seguinte, mesmo que outra parte esteja
em etapa anterior. A obra necessária para a duplicação da rodovia irá durar 24 meses. Durante
este período o projeto contará com o trabalho de vários técnicos especializados, como
mostrado a seguir.
RIMA — Rodovia BR-493 9
Técnicos Envolvidos no Projeto
Função/Atividade Engenheiro Responsável Técnico
Engenheiro Chefe (direção geral da obra e contatos com a fiscalização) Engenheiro Residente
Engenheiro Agrônomo, Controle e Prevenção Ambiental Engenheiro de Estrutura Engenheiro de Geotecnia
Encarregado Geral Encarregado de Terraplanagem Encarregado de Pavimentação Encarregado de Obras de Arte
Encarregado de Drenagem e Obras de Arte Correntes Chefe de Usina
Chefe de Sala Técnica Encarregado de Topografia Encarregado de Laboratório
Encarregado de Oficina de Manutenção
Obs.: Neste quadro não estão relacionados os profissionais auxiliares e os que comporão a equipe administrativa.
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
O trecho da rodovia é composto de áreas urbanas, como o centro do município de Magé,
os bairros de Manilha e Itambí em Itaboraí e áreas rurais de baixa densidade, com um
longo trecho intermediário, onde foram criadas a APA de Guapimirim e a Estação
Ecológica da Guanabara — de grande importância para conservação dos
manguezais da baía de Guanabara — e das APAs de Guapi Guapi-Açu e da
bacia do rio Macacu. Esses ambientes, embora representem
importantes componentes do bioma Mata Atlântica, estão
localizados em uma região que tem, historicamente, sofrido uma
série de transformações provocadas pela ação humana. O
Diagnóstico a seguir caracteriza os principais aspectos
dos meios Físico, Biótico e Socioeconômico.
RIMA — Rodovia BR-493 11
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Para se entender os impactos do empreendimento sobre o meio ambiente foram
realizados estudos, por equipes especializadas, para conhecer as características ambientais
da região. Tendo em vista a especialidade dos profissionais envolvidos e a regulamentação
dos estudos de impacto ambiental, o meio ambiente foi dividido em:
• Meio Físico: diz respeito ao clima, ao solo, ao ar e a água;
• Meio Biótico: referem-se às espécies animais e vegetais que existem na região e
a sua dinâmica;
• Meio Socioeconômico: diz respeito às características sociais, culturais e
econômicas da região e da população.
Um dos itens principais desses estudos é a definição da área a ser estudada. Os estudos
sobre cada um dos meios devem abordar somente os locais que sofrerão algum impacto
direto ou indireto da construção e operação do projeto. O conjunto desses locais é definido
como Área de Influência. Tendo em vista que nem toda a Área de Influência é atingida da
mesma forma ela foi divida em:
• Área de Influência Direta (AID): onde os impactos do empreendimento atingem
diretamente o meio ambiente.
• Área de Influência Indireta (AII): onde os impactos são indiretos. Os estudos
realizados nestas áreas não são tão detalhados quanto os realizados para a AID.
Em função das diferenças entre cada divisão do meio ambiente, é muito comum que os
tamanhos das áreas de influência sejam diferentes. Para a duplicação da BR-493, essas áreas
ficaram definidas da seguinte forma.
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Meio Físico
Área de Influência Direta Uma faixa de 210 metros ao longo de todo o traçado do trecho da rodovia.
Área de Influência Indireta Uma faixa de 2,5 km de cada lado da faixa de servidão do trecho a ser duplicado (além de áreas de apoio ou estrutura que estejam fora desta faixa).
Meio Biótico
Área de Influência Direta Uma faixa de 210 metros ao longo do traçado do trecho da rodovia, fragmentos de mata e parcelas de Unidades de Conservação atravessadas.
Área de Influência Indireta Uma faixa 2,5 km de cada lado da faixa de servidão do trecho a ser duplicado (além de áreas de mata, área de preservação, cursos de água e respectivas bacias atravessadas).
Meio Socioeconômico
Área de Influência Direta Uma faixa de 500 metros de cada lado do traçado do trecho a ser duplicado.
Área de Influência Indireta Os municípios atravessados pelo trecho da BR-493 que será duplicado são: Itaboraí, Guapimirim e Magé.
MEIO FÍSICO
No diagnóstico do meio físico os profissionais responsáveis realizaram estudos sobre: o
clima; a qualidade do ar; as características geológicas e topográficas; os solos; a água e os
níveis de ruído. Alguns destes temas serão apresentados neste relatório, mas de modo
simplificado e resumido.
Clima
As informações sobre o clima foram obtidas a partir dos dados registrados no aeroporto
do Galeão, no período entre 1992 e 1996. Devido à proximidade e a similaridades, do ponto
de vista climático, é possível utilizar estas informações para compreender os aspectos do
clima da área do trecho da BR-493 onde será realizada a duplicação. Com base nestas
informações foi possível avaliar que:
• normalmente a pressão atmosférica não varia muito, exceto quando sofre a
influência das massas polares (porções de ar frio que vêm, neste caso, do pólo
sul);
• embora a ocorrência de nuvens mais baixas (entre 100 e 500 metros, quando o
comum é a altura entre 1.001 e 2.000 metros) seja nos meses de inverno, é
14 RIMA — Rodovia BR-493
justamente nesta época que o céu permanece limpo mais vezes. Ressalta-se,
ainda, que a faixa de nuvens baixas pode causar nevoeiros;
• as chuvas que ocorrem na região são, geralmente, relacionadas com a entrada de
frentes frias (causadas pelo encontro da massa polar com a massa tropical);
• a temperatura média do ar, na região, fica entre 27,5ºC em fevereiro e 22,5ºC no
inverno, tendo sido registrado, no período observado, a máxima de 42,5ºC no
verão e a mínima de 12ºC no inverno..
Qualidade do Ar
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, da qual faz parte o município de Magé,
influencia intensamente a qualidade do ar na área do trecho da BR-493 a ser duplicado. Afinal,
esta região inclui a capital e alguns dos municípios mais populosos do Estado e onde são
emitidas grandes quantidades de poluentes. Instituições e profissionais que trabalham com
análise da qualidade do ar dividiram esta região em cinco áreas, a mais próxima da BR-493 é
chamada de Bacia Aérea III.
Segundo levantamentos realizados, o ar desta área possui os maiores níveis de dióxido de
enxofre, de hidrocarbonetos e monóxido de carbono de toda a Região Metropolitana. A
presença destes poluentes deve-se a grande quantidade de carros e de indústrias que se
concentram nesta área.
Aspectos geológicos e topográficos
O relevo da área onde está o trecho da BR-493 já sofreu muitas modificações com a ação
humana. Entre as ações que modificaram este ambiente destaca-se a extração de materiais
para a construção civil. O crescimento da região fez com que estas retiradas ocorressem de
forma irregular, sem que se tentasse compensar ou recompor o ambiente. Além da retirada
de materiais, o ambiente sofreu intensas alterações em função de mudanças nos fluxos de
água.
De um modo geral, o trecho da BR-493 pode ser divido em três áreas que têm aspectos
diferentes. Na área próxima à junção com a BR-101 são encontrados colinas isoladas e
pequenos morros que não ultrapassam os 30 metros de altura. Ao longo do trecho a
superfície é plana. Já na junção com a BR-116 são encontrados colinas isoladas e pequenos
morros, maiores que os anteriores, mas que não ultrapassam os 50 metros de altura.
Ao longo do trecho da BR-493 foram encontrados 4 tipos de solos diferentes.
RIMA — Rodovia BR-493 15
No início da rodovia, em sua junção com a BR-101, e no município de Magé, foram
encontrados solos arenosos e argilosos que são utilizados muitas vezes como pastagem
natural. Devido à argila presente nestes solos é comum a sua retirada para utilização em
indústrias de cerâmica. Deve-se salientar que este tipo de uso sem a devida recuperação do
solo faz com que aumente o processo de erosão, como se observa em alguns trechos da
rodovia.
No município de Magé também foi encontrado um tipo de solo mais comum em áreas de
relevo mais acidentado. Embora este solo não tenha sido explorado para se fazer cerâmica,
ele é mais suscetível à erosão. Durante as obras para a duplicação da rodovia estes locais
deverão contar com a contenção de encostas, de modo a se evitar a erosão.
Logo após o município de Magé foram encontrados solos comuns em relevos ainda mais
acentuados, embora na Área de Influência Direta não fossem encontradas colinas com a
altura em que estes solos costumam ocorrer. Algumas áreas no entorno apresentam
elevações superiores a 300 metros, de forma que este tipo de solo também foi encontrado às
margens da rodovia. A possibilidade de erosão nesses locais é ainda maior, principalmente,
se existirem danos não recuperados na vegetação. Esta situação é agravada pela presença de
grandes pedras de granito que poderiam rolar até a estrada com a erosão.
Na maior parte da rodovia foi encontrado um tipo de solo que tem mais argila que aquele
presente na junção da BR-493. Este solo sofre alagamentos constantes.
Cursos de água
O trecho da BR-493 a ser duplicado passará sobre 12 cursos de água, sendo estes:
• 5 rios;
• 3 afluentes de rios;
• 2 canais;
• 1 vala;
• 1 córrego.
Estudos indicaram que estes cursos de água, normalmente, encontram-se mais cheios
nos meses janeiro e fevereiro, podendo causar inundações. Os pontos mais suscetíveis à
inundação são:
• o ponto que passa pelo afluente do rio Goiano;
• uma área entre os quilômetros 11 e 13 da rodovia; e
• no cruzamento com a Avenida Simão da Mota, na entrada de Magé.
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Nível de Ruídos
Os estudos realizados sobre os níveis de ruídos na área do trecho da BR-493 indicaram
que a fonte principal de ruídos é o próprio tráfego da rodovia, principalmente de veículos
pesados. Segundo estes estudos, o horário de maior ruído é entre 6 horas da manhã e meia-
noite, quando o tráfego de veículos pesados é proibido na Ponte Rio-Niterói, de forma que o
fluxo de caminhões da BR-101, que se destina à Região Metropolitana do Rio de Janeiro,
passa todo pelo trecho da BR-493.
MEIO BIÓTICO
A identificação dos animais vertebrados e das plantas presentes nas Áreas de Influência
(Direta e Indireta) foi realizada a partir de trabalhos de instituições e pesquisadores, imagens
de satélite, mapas e levantamentos no trecho da BR-493 e nas suas proximidades. Além
disso, foram utilizados laboratórios e bibliografia específica.
Flora
Vegetação na Área de Influência Indireta
Logo de início foi possível perceber que a paisagem da maior parte de Área de Influência
Indireta é o resultado da ação humana, ou seja, é comum se ver locais que foram
completamente transformados pelo Homem. Estes locais são:
• Áreas urbanas: a vegetação urbana consiste em árvores isoladas. Existem,
principalmente, dois tipos: as árvores frutíferas, como a mangueira, o jamelão, a
jaqueira e o abacateiro; e as árvores ornamentais como o sombreiro e o flamboyant.
• Plantio: muitas áreas eram utilizadas para o plantio do arroz, mas atualmente este
plantio vem se reduzindo e muitos trechos estão abandonados, e em outros observa-
se que foi adotado o plantio da mandioca.
• Pastagens: na área foram encontrados dois tipos de pastagens: as que consistem em
espaços cobertos de pequenas plantas, mas que não passou por um cultivo específico
(pastagem natural), e outras onde foram plantados vegetais que servem de alimento
para o gado, como a braquiária e o capim colonião.
Existem, ainda, alguns pontos onde se encontram espécies naturais, que não foram
introduzidas e nem modificadas. Nestes locais o tipo de vegetação mais comum é o mangue.
Observa-se que a presença desses ambientes é muito restrita, como pode ser visto no Mapa
de Uso e Ocupação.
18 RIMA — Rodovia BR-493
Contudo, também foram identificadas áreas com outros tipos de vegetação, como
fragmentos isolados de floresta nativa, mais a noroeste da área de influência, e locais onde a
vegetação original foi suprimida, mas que a falta de uso permitiu o crescimento de outra
cobertura vegetal.
Vegetação na Área de Influência Direta
Para caracterizar a vegetação da Área de Influência Direta da BR-493, que será alvo de
duplicação, o trecho foi dividido por quilometragem, sendo o quilômetro 0 a junção com a
BR-101 e o 24 a junção com a BR-116, conforme o quadro abaixo.
Características da AID por quilometragem
Trecho Vegetação Encontrada
do km 0
ao km 5
Jamelão; Amendoreira; Mangueira; Goiabeira; Ingá; Borrachudo; Cinco Chagas; Maricá;
Sombreiro; Eucalipto; Para-raio; Pau Formiga; Leucena e Capim-Colonião.
do km 5
ao km 10
Carrapeta; Jenipapo; Pau-viola; Coração-de-negro; Cássia-Siamea; Flamboyant;
Imbaúba; Bambu; Jamelão; Maricá; Amendoeira; Pau Formiga; Samambaia do brejo;
Bananeira; Capororoca; Eucalipto; Cruz de malta; Leucena; Para raio; Siriúba; Guaxima-
do-mangue; Aroeirinha da praia e Taboa.
do km 10
ao km 15
Siriúba; Taboa; Guaxima-do-mangue; Samanbaia do brejo; junco; Aguapé; Capim
Angola; Ingá; Jamelão; Jenipapo; Jaca; Coração-de-negro; Leucena; Sombreiro;
Eucalipto; Goiabeira; Bambu; Banana; Capororoca; Imbaúba; Capim Colonião.
do km 15
ao km 20
Taboa; Leucena; Sombreiro; Pau viola; Imbaúba; Maricá; Eucalipto; Jamelão;
Quaresmeira; Cambará; Abacateiro; Amendoeira; Mangueira; Coração-de-negro;
Jaqueira; Bananeira; Cana-de-açúcar; Feijão-guandu; Flamboyant e Algodoeiro-da-praia.
do km 20
ao km 25
Árvores frutíferas e ornamentais; Capim-Angola; Oiti; Amendoeira; Sombreiro;
Jamelão; Jaqueira; Mangueira; Leucena; Goiabeira; Mulungu; Ingá; Urucum;
Flamboyant; Candiúba; Palmeira-macaúba; Quaresmeira; Cinco chagas; Cambará;
Castanha-do-maranhão; Carrapeta; Borrachudo; Capororoca; Pau-de-leite e Bambu.
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FAUNA
Ao visitar a área os técnicos observaram que esse local encontra-se muito degradado e
modificado, de forma que a presença de animais selvagens e nativos é rara. Essas condições
tornam difícil encontrar indícios dos animais que, provavelmente, habitam as proximidades da
BR-493. Assim, a realização de pesquisas no local pode não ser precisa o suficiente. Tendo
em vista esta possibilidade, os técnicos consideraram mais prudente utilizar as pesquisas e
coleções já realizadas nas proximidades, quando a região apresentava maior fartura de
vida silvestre.
Peixes
As espécies de peixes presentes na área foram identificadas a partir de um estudo
realizado no rio Macacu. Segundo esse levantamento existem 65 espécies, e destas, 2 estão
ameaçadas de extinção. Os peixes destas espécies ameaçadas não passam de 3 cm de
comprimento e são muito sensíveis a poluição.
Répteis e Anfíbios
Os dados sobre os répteis e anfíbios foram obtidos a partir de literatura especializada e da
coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro. As informações destes trabalhos são
referentes aos animais encontrados nos municípios de Itaboraí, Guapimirim, Cachoeira de
Macacu e Magé. Pode-se se afirmar que existe uma alta probabilidade de animais presentes
nesses locais também habitarem a área do empreendimento. Nos dados coletados foram
identificadas 35 espécies de anfíbios anuros (rãs, sapos e pererecas), mas nenhuma em risco
de extinção. Entre os répteis foram identificadas 31 espécies, embora nenhuma das espécies
conste da lista do IBAMA como ameaçadas. O jacaré-do-papo-amarelo destaca-se sendo,
inclusive, citado no Plano de Manejo da APA de Guapi-Mirim.
Aves
Para o levantamento das aves foram utilizadas 3 fontes: o Plano de Manejo da APA de
Guapi-Mirim, registros do Museu Nacional e pesquisa do laboratório de ornitologia e
bioacústica da UFRJ. Segundo estes dados, existem 66 espécies de aves na região, 29 vivem
na terra e 37 na água. Nenhuma destas espécies, que podem existir na área de influência,
está na lista de animais em extinção.
Mamíferos
Como resultado da ocupação humana, não existem áreas de mata na Área de Influência
Direta em condições de servir de habitat para os mamíferos selvagens. Na Área de Influência
Indireta existem poucas áreas nestas condições. Tendo em vista a raridade de ocorrência
desses animais, foram realizados levantamentos em fontes bibliográficas que apontam os
mamíferos presentes na APA de Guapi-Mirim e fragmentos florestais em Magé e Guapimirim.
RIMA — Rodovia BR-493 21
Com base nesses levantamentos, foram identificadas 29 espécies de mamíferos que têm
ocorrência comprovada (10 espécies) ou ocorrência provável (19 espécies). Nenhuma destas
espécies encontra-se em risco de extinção.
MEIO SOCIOECONÔMICO
Para a pesquisa do diagnóstico socioeconômico foram utilizados dados secundários obtidos
com as instituições de pesquisa (IBGE, Fundação CIDE, PNUD) e as prefeituras municipais.
Histórico
Com base nos estudos realizados, é possível afirmar que a ocupação é muito antiga se
comparada a outras regiões do país e mesmo do Estado do Rio de Janeiro. Segundo consta,
mesmo antes do desembarque das primeiras naus portuguesas, a região já era habitada por
índios, mais precisamente as tribos Timbiras e Tamoios que viviam na região que hoje
pertence ao município de Guapimirim.
Com a fundação da cidade do Rio de Janeiro em 1565, a região foi também ocupada pelos
portugueses, que iniciaram a plantação de cana-de-açúcar e a construção de engenhos. A
região prosperou, inclusive, com a transferência da capital para a cidade do Rio de Janeiro.
Por volta de 1850, já no período do Império, foram instaladas ferrovias na região. Se por
um lado esta ação representou uma melhoria nos transportes e comunicação da região, por
outro reduziu as atividades portuárias, causando a redução das atividades no Porto das
Caixas, com uma perda para Itaboraí. Contudo, a decadência econômica da região ocorreu
com a libertação dos escravos, uma vez que a produção local dependia da mão-de-obra
escrava.
Na década de 70 a região sofreu intensas transformações devido ao crescimento urbano
experimentado. Devido à proximidade da região aos grandes centros de Niterói e do Rio de
Janeiro, este crescimento apresentou reflexos nos municípios proporcionando o crescimento
acelerado da população urbana.
População
Segundo os dados do censo de 2000, a Área de Influência Indireta (mais precisamente os
municípios de Magé, Guapimirim e Itaboraí) possuía uma população total de 431.261
habitantes, sendo os municípios de Magé e Itaboraí os de maior contingente populacional, e
que, portanto, representam a maior parte da população, como pode ser observado no quadro
a seguir.
22 RIMA — Rodovia BR-493
População dos municípios e percentual da AII
Município População % Sobre o total da AII
Itaboraí 187.479 43,5
Guapimirim 37.952 8,8
Magé 205.830 47,7
Área de Influência 431.261 -
Estrutura Produtiva e Emprego
Em relação à estrutura produtiva pode-se verificar, com base nos dados da Fundação CIDE,
que todos os municípios da Área de Influência Indireta apresentaram maior PIB no setor de
serviços (terciário). Como pode ser observado na figura a seguir, apesar da similaridade entre os
municípios, o PIB do setor terciário é, proporcionalmente, maior nos municípios de maior
população.
0
20
40
60
80
100
Itaboraí Guapimirim Magé
Primário Secundário Terciário
PIB por Setor Econômico – 2003
Em relação ao emprego nos municípios da Área de Influência Indireta, são as atividades
do setor terciário - comércio, serviços e a administração pública - as que mais empregam,
ocupando, em conjunto, uma proporção de cerca de 66% da população que trabalha com
carteira assinada em Magé e Itaboraí, e de 46% em Guapimirim. Merecem destaque, ainda,
como setores que geram mais empregos: a indústria de transformação, em Guapimirim –
atividade exercida por cerca de 21% do total da população empregada com carteira assinada,
e a construção civil em Itaboraí, onde trabalham cerca de 17% da população empregada.
Condições de Vida
Para se observar as condições de vida nos municípios da Área de Influência Indireta foram
utilizados os Índices de Desenvolvimento Humano Municipais (IDH – M). Deve-se ressaltar
que no contexto do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, deste empreendimento, foram
avaliados mais indicadores.
RIMA — Rodovia BR-493 23
Como pode ser observado no quadro a seguir, os índices dos municípios eram próximos
em 1991 e tornaram-se ainda mais próximos no ano de 2000. Destaca-se que no município de
Guapimirim obteve-se maior crescimento do índice no intervalo de 1991 a 2000, de modo que
se igualou ao índice de Itaboraí, que permaneceu um centésimo abaixo do índice de Magé.
IDH – M dos Municípios da Área de Influência
IDH – M Municípios
1991 2000
Itaboraí 0,66 0,74
Guapimirim 0,64 0,74
Magé 0,66 0,75
Transportes
Segundo os levantamentos realizados, as principais vias de transporte presentes na Área
de Influência Indireta, são:
• Rodovias Federais (excluindo a própria BR-493): BR-101 e BR-116;
• Rodovias Estaduais: RJ-104, RJ-122 e RJ-116.
Além destas estradas, na Área de Influência existe a ferrovia sob concessão da Ferrovia
Centro Atlântica (FCA).
Área de Influência Direta
• Trecho I: Área urbana próxima ao entroncamento com Manilha
Localizado entre os quilômetros 0 e 4, com influência direta da ocupação de Manilha, é
bastante populoso, com estruturas de comércio diversificadas, sendo identificadas fábricas de
cerâmica, granito, postos de combustível, escolas, igrejas, restaurantes, atendimento e
serviços para caminhões e condomínios residenciais com um número considerável de
famílias. A densidade de edificações na faixa de 500 m é mais intensa nesse trecho, e a
necessidade de travessia tanto de veículos quanto de pedestres é bastante freqüente, o que
resulta na ocorrência de atropelamentos.
• Trecho 2: Área de expansão urbana (Itambí)
Trecho localizado, ainda, no município de Itaboraí, entre os quilômetros 4 e 6,5, mas
associado à área de ocupação histórica de Itambí (Igreja de São Barnabé), e o acesso à Porto
das Caixas. Ao longo da rodovia, a ocupação apresenta uma densidade relativamente menor,
com a presença de loteamentos e sítios. É comum a presença de fazendas e cerâmicas. O
local mais ocupado está localizado próximo a Avenida Domingos Plastinas e a Rua Djalma
Lemos, onde existe um fluxo de pessoas, especialmente pela circulação de ônibus.
24 RIMA — Rodovia BR-493
• Trecho 3: Área das planícies fluviais
Corresponde ao trecho contíguo ao limite da APA de Guapi-Mirim, entre os quilômetros
6,5 e 15,5. Nesse local existem grandes extensões de campos alagáveis, com grandes
fazendas com áreas de pastagem. Entre as principais ocupações destacam-se: a sede da
APA, algumas instalações abandonadas da fazenda das Sendas e estruturas de lazer
(“Pesque e Pague”, aluguel de barcos e restaurante). Destaca-se, ainda, a faixa ocupada pelo
Gasoduto da Petrobrás. Em paralelo com a rodovia registra-se a presença de estruturas dos
canais da DNOS, a Ferrovia, Linhas de Transmissão e o bairro de Vale das Pedrinhas.
• Trecho 4: Área urbana de Guapimirim
Entre os quilômetros 15,5 e 19, a ocupação ainda pode ser caracterizada como incipiente,
sendo poucos os acessos da rodovia para as ruas secundárias e pouco intensa a circulação de
pedestres nas margens da rodovia. Apesar disto, o fluxo de carroças e bicicletas é intenso,
com a circulação na própria pista, por não haver acostamento. Segundo moradores, o número
de atropelamentos envolvendo bicicletas é grande.
• Trecho 5: Área urbana de Magé
Entre os quilômetros 19 e 21,5 localizam-se os dois acessos ao centro de Magé. Nesse
trecho, observa-se o incremento nas condições dos acessos e área de apoio, como
acostamento e suas vias laterais. Entretanto, essas estruturas não receberam asfalto,
apresentando muitos buracos e alguns pontos de alagamento quando chove. O comércio ao
longo da rodovia mostra-se bastante intenso, com a presença de concessionárias,
borracharias, postos de combustíveis, lojas de tintas e material de construção e restaurantes,
que atendem tanto aos caminhoneiros e pessoas que circulam pela rodovia, como também
estão integrados com o comércio local.
• Trecho 6: Centro de Magé/Santa Guilhermina
O trecho 6, entre os quilômetros 21,5 e 24,9, apresenta densidade demográfica baixa,
com poucas habitações. Às margens da rodovia existem, além de algumas fábricas, poucas
casas e sítios, um motel e a sede do Corpo de Bombeiros. No mais, a paisagem é dominada
por pastagens, fragmentos de mata em áreas planas ou em pequenos morros.
IMPACTOS AMBIENTAIS
O processo de adequação e duplicação da rodovia passa por diversas etapas: planejamento,
obras e operação. Para cada etapa são esperados efeitos ambientais específicos. Na fase de
implantação, os impactos positivos estão associados somente à geração de empregos e maiores
oportunidades de negócios. Já na fase de operação, os impactos positivos deverão ser
predominantes e estarão vinculados à melhoria do tráfego, aumento da segurança para a
população local e os usuários da rodovia. A Avaliação dos Impactos é apresentada neste capítulo.
RIMA — Rodovia BR-493 25
IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS MITIGADORAS
Tendo em vista o porte da obra a ser realizada, é de se esperar que ocorra uma série de
impactos sobre o meio ambiente (meios físico, biótico e socioeconômico). A partir dos
diagnósticos ambientais e das características do empreendimento foi possível identificar
estes impactos e propor uma série de medidas para eliminá-los ou, pelo menos, reduzir seus
efeitos.
IMPACTOS NA FASE DE PLANEJAMENTO
• RISCO DE ATRITO COM A POPULAÇÃO LOCAL
A própria divulgação da ocorrência do empreendimento, confirmado pela realização de
levantamentos iniciais e pesquisas para o Estudo de Impacto Ambiental, geram expectativas
em meio à população local. É muito comum que moradores, pessoas que trabalhem ou que
tenham propriedades nas proximidades do empreendimento tenham receio de ter suas
atividades ou moradias inviabilizadas. Este receio pode causar tensões entre a população e o
empreendedor ou seus contratados.
Medidas Ambientais Propostas
Neste caso, a medida mais eficaz é estabelecer um canal de informações entre a
população e o empreendedor, de modo a divulgar dados sobre o empreendimento e os
programas ambientais que o acompanham.
26 RIMA — Rodovia BR-493
IMPACTOS NA FASE DE IMPLANTAÇÃO
• AUMENTO DOS RISCOS DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Apesar de a duplicação representar uma redução do risco de acidentes, durante a fase de
obras ocorrerá maior fluxo de caminhões de carga pesada para atender as demandas de
construção, o que pode resultar em um aumento temporário do risco de acidentes.
Medidas Ambientais Propostas
O simples cumprimento das regras de trânsito já reduz a possibilidade de ocorrência de
acidentes. Contudo, podem ser tomadas medidas para reduzir ainda mais esta possibilidade,
como retenções provisórias do tráfego em momentos chave, recuperação de buracos e da
sinalização horizontal, campanhas de educação e informação aos motoristas sobre as obras e
treinamento rigoroso dos motoristas ligados às atividades de construção.
• RISCO DE ATRITO COM A POPULAÇÃO
A necessidade de remanejamento de população ou atividades e eventuais transtornos
decorrentes das obras podem indispor a população local com o empreendimento.
Medidas Ambientais Propostas
Estabelecer e manter canais de comunicação entre o empreendedor e a população, de
modo que esta última conheça os impactos e medidas previstas, com destaque para àquelas
pessoas que receberão algum tipo de indenização. Adotar medidas de planejamento, de
reorganização viária e de sinalização a serem implementadas quando da execução do
empreendimento.
• INCÔMODOS RELACIONADOS A RUÍDOS E VIBRAÇÕES
As máquinas, equipamentos e veículos utilizados nas obras podem produzir níveis de
ruído elevados, principalmente nas atividades de estaqueamento e terraplanagem.
Medidas Ambientais Propostas
Exercer o controle de ruído na fonte através de algumas ações como: não realizar
atividades com ruído entre 22 horas e 7 horas; cuidar da manutenção dos equipamentos e
assegurar que equipamentos motorizados tenham silenciadores; utilizar somente
equipamentos necessários, fiscalizar o nível de ruído durante o dia e estabelecer fiscalizações
noturnas. Em relação ao controle na recepção do ruído, pode-se criar barreiras para reduzir o
nível de ruído, tratamento das janelas das residências mais próximas e em casos extremos a
relocação temporária. Para a realização deste conjunto de ações deve-se contar com a
participação da população.
RIMA — Rodovia BR-493 27
• INCÔMODOS RELACIONADOS COM A QUALIDADE DO AR
Devido ao aumento de circulação de veículos, principalmente pesados, aumenta o
material particulado em suspensão no ar (poeira) e os gases resultantes da combustão de
motores que podem trazer incômodos às pessoas que apresentam problemas respiratórios e,
principalmente, crianças. Destaca-se que carros de passeio que trafegam mais lentamente
em função da obra também contribuem para o aumento na emissão de gases.
Medidas Ambientais Propostas
Regulagem dos motores de combustão dos veículos e máquinas utilizados na obra, para
que a emissão mantenha-se ao mínimo necessário. Procedimentos para a restrição de
passagem de veículos (incluindo desvios), de forma que estes fiquem retidos o menor tempo
possível. Em relação à poeira, deve-se molhar as vias não pavimentadas utilizadas nas obras.
• AUMENTO DA MASSA SALARIAL
Em função da geração de empregos diretos e indiretos ocorrerá um aumento da massa
salarial nas localidades.
Medidas Ambientais Propostas
Dar prioridade a habitantes do local e da região para a contratação da mão-de-obra, desde
que os mesmos tenham conhecimento e capacidade para exercer a ocupação ou cargo
ofertado. Assim, os recursos tendem a se manter na área de influência, trazendo benefícios
ao local.
• INCREMENTO DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA
Para a realização das obras será necessária a aquisição de grandes volumes de materiais e
equipamentos, de forma que os impostos municipais que incidem sobre a circulação de
mercadorias e sobre produtos industrializados tendem a aumentar.
Medidas Ambientais Propostas
Dar prioridade ao mercado local, de forma que, dentro do possível, o aumento da
arrecadação ocorra nos municípios da área de influência.
• PRESSÃO SOBRE CAPACIDADE LOCAL DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Com as obras serão gerados grandes volumes de resíduos sólidos (lixo) e existem poucos
locais adequados na área de influência para a destinação desse material e que não
comportariam o volume desses resíduos.
28 RIMA — Rodovia BR-493
Medidas Ambientais Propostas
Estabelecer procedimentos para a destinação dos resíduos sólidos. Dar preferência à
contratação de mão-de-obra local, o que evitaria a inserção de mais pessoas na área de
influência e, conseqüentemente, a criação de alojamentos, que seriam responsáveis por
grande parcela dos resíduos sólidos gerados.
• REDUÇÃO DA BIOMASSA VEGETAL
Para a implantação do empreendimento pode ser necessária a retirada de árvores, o que
deverá ser feito somente mediante autorização de órgãos competentes, além do
cumprimento das determinações impostas pela legislação.
Medidas Ambientais Propostas
Deve-se, desde o planejamento inicial, organizar as obras de modo a minimizar os
impactos sobre a vegetação nativa. Todas as estruturas de suporte à obra, como canteiros,
vias de acesso, áreas de empréstimo e bota-fora, devem ser instaladas em áreas que não
tenham vegetação nativa, dando prioridade aos locais onde a vegetação original já foi
suprimida.
• INDUÇÃO AO ASSOREAMENTO DE CORPOS HÍDRICOS
As obras podem causar erosões, aumentando a quantidade de sedimentos nas águas
próximas ao empreendimento. Além disso, a construção de estruturas nos rios pode diminuir
a velocidade dos cursos de água, favorecendo a deposição de sedimentos.
Medidas Ambientais Propostas
Os projetos de pontes deverão levar em conta os aspectos hidrológicos dos locais.
Também deverão ser realizadas iniciativas para reduzir a erosão, como a revegetação e
implantação de estruturas de contenção e dispositivos de drenagem. Além disso, os serviços
de terraplanagem nas áreas de bota-fora e de empréstimo deverão ser planejados e
realizados, tendo em vista a redução de processos erosivos. Por fim, não deverão ser feitas
pontes e pontilhões temporários para atender às demandas da obra.
• REDUÇÃO DA ABUNDÂNCIA E DIVERSIDADE DA FAUNA
Ao atingir a vegetação o empreendimento reduz os locais onde a fauna local vive, se
alimenta e reproduz.
RIMA — Rodovia BR-493 29
Medidas Ambientais Propostas
Definir normas de conduta para os trabalhadores visando a preservação da fauna local. Em
conjunto deverão ser realizadas campanhas visando informar aos moradores a importância de
se preservar a fauna, de modo a reduzir a pressão sobre as espécies locais. Em relação à
vegetação, onde vive a fauna, deve-se restringir a supressão ao mínimo necessário,
principalmente nas proximidades da APA de Guapi-Mirim; manter corredores de vegetação
para a passagem de fauna e a mata ciliar dos rios.
• RISCO DE ALTERAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
Como a área de influência apresenta uma ocupação relativamente antiga, existe a
possibilidade de serem encontrados vestígios (sambaquis1 ou fazendas antigas) de ocupações
passadas que sejam valorizados como artefato arqueológico. Esta possibilidade é ainda maior,
pois já foram encontrados esses tipos de vestígios na região.
Medidas Ambientais Propostas
Para evitar que as ações das obras destruam ou causem interferência sobre sítios
arqueológicos, deverá ser realizado um Programa de Investigação e Salvamento Arqueológico
antes das obras.
• RISCO DE INUNDAÇÕES
Em locais planos e em terrenos que ficam encharcados, como ocorre em alguns pontos
da Área de Influência Direta, a construção de estradas pode alterar a drenagem local e
resultar em inundações.
Medidas Ambientais Propostas
As ações que podem reduzir a possibilidade de inundações são: a recuperação ou
ampliação do sistema de drenagem da via existente; manutenção periódica do sistema de
drenagem; e recuperação das áreas de empréstimo.
• INDUÇÃO A PROCESSOS EROSIVOS
Para a construção da nova via, serão necessárias escavações de encostas, o que pode
resultar em processos erosivos nesses locais.
1 Sítios caracterizados principalmente pelo acúmulo de carapaças de moluscos, feito por populações de coletores, pescadores e caçadores.
30 RIMA — Rodovia BR-493
Medidas Ambientais Propostas
Para as escavações deverão ser levados em conta aspectos geotécnicos e geológicos da
área. Além disso, deverão ser realizadas ações de engenharia geotécnica para estabilizar os
locais que sofreram escavações.
IMPACTOS NA FASE DE OPERAÇÃO
• AUMENTO NO RISCO DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Com o trecho da rodovia em condições melhores que as atuais, os motoristas poderão
trafegar em velocidades maiores, o que pode contribuir para o aumento de acidentes.
Observa-se que, na maior parte do trecho, as velocidades máximas serão de 90 km/h para
veículos pesados e 110 km/h para veículos de passeio.
Medidas Ambientais Propostas
As medidas mais adequadas para inibir os motoristas a trafegar em velocidades acima do
permitido são a implantação de sinalização; fiscalização; e implantação de lombadas
eletrônicas, principalmente nas proximidades das áreas urbanas e nos cruzamentos.
• RISCO DE ATRITO COM A POPULAÇÃO
Se o aumento da velocidade média dos veículos resultar em um crescimento do número
de atropelamentos, a população pode vir a ter uma percepção negativa do empreendimento.
Medidas Ambientais Propostas
Deve-se salientar que no projeto já consta a implantação de passarelas. Assim, as
medidas que melhor atuariam sobre este impacto seriam a manutenção do Programa de
Comunicação Social, de forma a identificar rapidamente o aumento na ocorrência de
atropelamentos ou problemas relacionados; e a realização de campanhas educativas que
indiquem a importância em seguir as normas de segurança da rodovia, como o uso das
passarelas.
• INCÔMODOS RELACIONADOS COM RUÍDOS E VIBRAÇÕES
O aumento do número de veículos trafegando na rodovia faz com que os ruídos e
vibrações, percebidos pela população que vive às margens da via, também aumentem.
RIMA — Rodovia BR-493 31
Medidas Ambientais Propostas
Para minimizar os efeitos desse impacto deve-se reduzir a velocidade máxima permitida
nas áreas urbanas (de 110 km/h ou 90 km/h para 80 km/h). Além disso, o uso de asfalto
poroso nestes locais irá contribuir para reduzir o ruído. Também se considera utilizar barreiras
acústicas para residências ou hospitais que estejam mais próximos da rodovia. Em casos
mais extremos, pode-se ainda melhorar o isolamento acústico de residências ou, em última
instância, estimular a troca de uso do imóvel (de residencial para comercial, por exemplo).
Observa-se que grande parte das edificações ao longo da via já é de caráter comercial e serve
como barreira acústica para as residências.
• INCÔMODOS RELACIONADOS À QUALIDADE DO AR
Com o aumento da velocidade do tráfego as emissões na Área de Influência tendem a
diminuir. Contudo, o aumento do tráfego, relacionado com a industrialização da região, pode
representar um movimento inverso, ou seja, o aumento de emissões.
Medidas Ambientais Propostas
Como existem duas tendências, o mais indicado neste caso é monitorar a qualidade do ar
periodicamente.
• REDUÇÃO DA PROLIFERAÇÃO DE VETORES DE DOENÇAS
Com a melhoria da drenagem da rodovia, bem como o monitoramento dos trechos que
tendem a se alagar mais, serão reduzidos os locais que podem permitir a proliferação de
vetores de doenças.
Medidas Ambientais Propostas
Para maximizar esse efeito positivo poderá ser realizada, periodicamente, a poda do capim
que cresce às margens da rodovia, assim como o manejo do lixo deixado por motoristas ou
moradores nas proximidades da via. Além disso, reforça-se a necessidade de realizar um
monitoramento das áreas do trecho mais propensas a alagamentos.
• REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE INUNDAÇÕES
A melhoria no sistema de drenagem irá reduzir a incidência de inundações no trecho
duplicado.
32 RIMA — Rodovia BR-493
Medidas Ambientais Propostas
Para potencializar os efeitos positivos deverá ser realizada a manutenção preventiva do
sistema de drenagem, além de recuperar as áreas de empréstimo ao longo do trecho.
• REDUÇÃO DO TEMPO DE VIAGEM
Com o aumento da velocidade o tempo de viagem poderá ser reduzido em até 37%
(dentro dos limites de velocidade impostos).
Medidas Ambientais Propostas
Apesar de ser um impacto positivo, observa-se que o aumento da velocidade pode
implicar no aumento de acidentes ou atropelamentos (resultando em atritos com a
população), ambos com medidas já recomendadas.
• AUMENTO DA SEGURANÇA VIÁRIA
Se por um lado o aumento da velocidade pode contribuir para o agravamento dos
acidentes, por outro as melhores condições de pavimentação, drenagem, sinalização e
estruturas (passarelas, passagens, cruzamentos, etc.) da rodovia tendem a diminuir os
acidentes com outros veículos, transeuntes e animais.
Medidas Ambientais Propostas
Reforça-se, apenas, a necessidade de controle da velocidade em determinados pontos,
como já frisado anteriormente.
IMPACTOS DA NÃO REALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Se por um lado existe um conjunto de impactos decorrentes da duplicação do trecho da
BR-493, por outro, há também um conjunto de impactos relacionados com a não realização
do projeto. Para se perceber esse conjunto de impactos, leva-se em conta a tendência ao
aumento de trafego na rodovia, fortalecida pela implementação de outros empreendimentos
da região (com destaque para o complexo petroquímico de Itaboraí), as condições atuais da
estrada e o aumento da precariedade dessas condições, em virtude do próprio aumento do
tráfego.
Observa-se que, neste caso, não se aplica a implementação de medidas ambientais, uma
vez que não há empreendimento nem os programas que o acompanham.
RIMA — Rodovia BR-493 33
• AUMENTO DO RISCO DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
As condições da via interferem direta e indiretamente nos acidentes. No primeiro caso,
ocorre o acidente em função de problemas existentes na via como drenagem inadequada,
falta de sinalização ou más condições de pavimentação. No segundo caso, as condições
precárias contribuem para o estresse e fadiga dos motoristas, facilitando a ocorrência de
acidentes.
• RISCO DE ATRITO COM A POPULAÇÃO Com o aumento do tráfego, nas condições atuais do trecho da rodovia, crescem os riscos
de acidentes envolvendo moradores das proximidades da via. Observa-se que o próprio
aumento do tráfego deteriora, ainda mais, as condições da via, contribuindo para a ocorrência
de mais acidentes. Em virtude deste impacto, a população local pode entrar em atrito com os
responsáveis pela via.
• INCÔMODOS RELACIONADOS A RUÍDOS E VIBRAÇÕES O aumento do tráfego na via fará com que aumentem os ruídos e vibrações. Com a
possibilidade da ocorrência de retenções, o som causado pelos motores em baixa velocidade,
pela frenagem e pelas buzinas trará grandes transtornos para os moradores mais próximos à via.
• INCÔMODOS RELACIONADOS COM A QUALIDADE DO AR A redução da velocidade da via, em função do próprio aumento do tráfego, contribui para
que cresça a emissão de gases dos veículos na área de influência. Além do volume adicional
do número de veículos, os recorrentes processos de aceleração e frenagem em função do
tráfego intenso, também contribuem para o aumento das emissões de gases veiculares.
• AUMENTO NO RISCO DE ACIDENTES COM CARGAS PERIGOSAS Como já referido, o aumento do tráfego nas condições atuais da estrada aumenta o risco
de acidentes rodoviários. Este caso torna-se ainda pior com a possibilidade de acidentes
envolvendo veículos com cargas perigosas. Acidentes com estes veículos podem trazer
muitos danos ao meio ambiente e à população local.
• PROLIFERAÇÃO DE VETORES DE DOENÇAS
As condições atuais da rodovia, com capim crescendo às margens e drenagem inadequada,
criam condições para a proliferação de vetores de doenças como ratos e mosquitos.
• AUMENTO NA INCIDÊNCIA DE ALAGAMENTOS No quadro atual, com um sistema de drenagem inadequado, a rodovia apresenta vários
pontos que sofrem inundações, prejudicando o tráfego (em relação à velocidade e segurança)
e as populações locais, seja pelos transtornos causados pelo trânsito lento, ou pela inundação
propriamente dita. Com o passar do tempo, a situação do sistema de drenagem tende a
piorar, aumentando a quantidade de locais de inundação e a intensidade nos locais já
inundados e, conseqüentemente, os transtornos causados.
PROGRAMAS AMBIENTAISAs obras e a operação da BR-493 serão acompanhados de Programas Ambientais que, além
de permitir o controle e a diminuição dos impactos gerados, deverão possibilitar a
adequada inserção do empreendimento na região, assim como representarão uma
contribuição para a manutenção de sua qualidade ambiental. Neste capítulo são
apresentados os Programas Ambientais propostos para o Projeto de Ampliação da
Capacidade da BR-493.
RIMA — Rodovia BR-493 35
PROGRAMAS AMBIENTAIS
Como observado, a duplicação do trecho da BR-493 resultará em uma diversidade de
impactos em diferentes etapas do empreendimento. Muitas vezes as medidas responsáveis
pela mitigação, ou seja, a redução desses impactos é realizada por intermédio dos programas
ambientais. A implementação destes programas garante a sistematização e ordenação das
ações previstas, proporcionando eficiência, regularidade e integração entre estas ações.
PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL
O Plano de Gestão Ambiental tem como objetivo garantir a execução e o controle de
todas as ações realizadas pelos programas ambientais e a uma condução das obras adequada
do ponto de vista ambiental. Na figura da página a seguir, está representado o fluxograma
desse plano.
O público-alvo do Plano de Gestão Ambiental deverá ser o empreendedor, as empresas
contratadas por este e as comunidades por onde passará o empreendimento. Terá início
antes das obras e permanecerá na fase de operação, mas com um enfoque na manutenção
operacional.
Para cumprir suas funções o programa será realizado em 3 etapas:
ETAPA I: Detalhamento dos programas ambientais propostos.
ETAPA II: Implementação e acompanhamento dos programas ambientais, conforme
critérios previamente definidos.
ETAPA III: Estabelecimento e cumprimento das normas de operação de canteiros.
36 RIMA — Rodovia BR-493
PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL
Programa de Supervisão e Controle
das Obras
Programas de Apoio as Obras
Programas de Monitoramento e
Controle Ambiental
Programa de Comunicação Social Programa de Educação Ambiental
Programas Compensatórios
Plano Ambiental para a Construção
▼ Subprograma de
Supressão de Vegetação —
Subprograma de Recuperação de Áreas
Degradadas —
Subprograma de Proteção e Prevenção contra a
Erosão —
Subprograma de Controle da Instalação do Aterro
Programa de Prospecção e Salvamento
Arqueológico —
Programa de Estabelecimento da Faixa de Domínio e
Indenizações —
Programa de Recuperação de
Passivos Ambientais —
Programa de Ordenamento
Territorial ▼
Subprograma de Melhoria das Travessias Urbanas e Paisagismo
Subprograma de Monitoramento e
Emissão de Ruídos e Vibrações
— Subprograma de
Monitoramento da Qualidade do Ar e
Controle do Material Particulado e Gases
— Subprograma de
Monitoramento da Fauna e da Flora
— Subprograma de
Monitoramento dos Corpos Hídricos
Programa de Compensação
Ambiental
Apêndices:
Redução do Desconforto e Acidentes na Fase de
Obras
Segurança e Saúde dos Trabalhadores
Treinamento dos Trabalhadores
Programa de Controle do Trânsito na Fase de
Implantação
PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Este programa tem como objetivo criar canais entre o empreendedor e a população, com
destaque para os que moram ou atuam na Área de Influência Direta, garantindo que estes
últimos tenham acesso a informações claras e objetivas sobre o empreendimento e os
Programas Ambientais que o acompanham. Além disso, o programa manterá o contato com
agentes locais e demais interessados na região, ouvindo queixas e esclarecendo dúvidas. O
público-alvo deste programa são instituições locais, os poderes públicos e a população da
Área de Influência Direta.
RIMA — Rodovia BR-493 37
O Programa de Comunicação Social terá início antes da mobilização da mão-de-obra e
terminará junto com o Programa de Gestão Ambiental, já na fase de operação.
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Este programa tem como objetivo trazer melhorias na qualidade de vida e na qualidade
ambiental, por meio de ações educativas voltadas para a população local. O público-alvo do
programa é composto pelos moradores da Área de Influência Direta, estudantes das escolas
do entorno da rodovia, técnicos e trabalhadores das obras, além dos motoristas usuários da
rodovia. A realização desse programa contará com a articulação de organizações não-
governamentais e os poderes públicos locais.
O programa está previsto para iniciar suas atividades de articulação e planejamento antes
da mobilização da mão-de-obra e ser implementado durante as obras da duplicação.
PLANO AMBIENTAL PARA CONSTRUÇÃO (PAC)
O PAC tem como objetivo monitorar e controlar todas as atividades das obras, além de
fornecer critérios e diretrizes para que elas ocorram de forma a minimizar impactos negativos
e maximizar os impactos positivos.
A atuação do PAC incide sobre várias ações necessárias para a realização das obras, como:
• topografia;
• sinalização da via e da faixa de domínio;
• travessia de corpos hídricos;
• abertura de caminhos de acesso;
• critérios para contratação de mão-de-obra;
• diretrizes para o Código de Conduta dos Trabalhadores;
• orientações para implantação e gestão dos canteiros de obras;
• diretrizes para o canteiro de apoio e as frentes de obras;
• orientações para implantação e gestão do canteiro de obras central;
• construção e moldagem da rodovia;
• terraplenagem;
• áreas de empréstimo e bota-foras;
• corte e aterro;
• concretagem;
• pavimentação;
• trabalho com explosivos.
38 RIMA — Rodovia BR-493
Para garantir que as ações ocorram dentro do que recomenda a Legislação Ambiental, o
PAC apresenta 4 subprogramas, são eles:
• Subprograma de Supressão de Vegetação;
• Subprograma de Recuperação de Áreas Degradadas;
• Subprograma de Proteção e Prevenção de Erosão;
• Subprograma de Controle da Instalação do Aterro.
Além destes, fazem parte do escopo do PAC alguns conjuntos de medidas, são eles.
• redução do desconforto e acidentes na fase da obra;
• segurança e saúde dos trabalhadores;
• treinamento de trabalhadores;
• Programa de Controle de Trânsito na fase de implantação.
PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCO E PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA (PGR/PAE)
Mais importante do que dar respostas aos acidentes com produtos perigosos é evitar que
os mesmos ocorram, levando em consideração a questão da segurança rodoviária associada à
prevenção de acidentes como esses. Este é o objetivo deste Programa, que busca definir
ações no sentido de minimizar, no caso da ocorrência de eventos acidentais envolvendo
produtos perigosos, os impactos na via e na sua área de influência, preservando a saúde dos
usuários e da população e conservando o meio ambiente.
PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE PASSIVOS AMBIENTAIS
Este programa tem como objetivo reparar danos ambientais relacionados com a
construção e operação do trecho da BR-493 desde sua implantação, há 60 anos. Para tanto,
será realizado um levantamento para identificar as áreas degradadas que não se recuperaram
pela ação natural, seguido de ações de planejamento para se recuperar e recompor os
passivos ambientais.
Tais áreas são:
• áreas de empréstimo e bota-fora utilizadas para construção ou manutenção do
trecho da rodovia;
• áreas alagadas por interferência da rodovia na drenagem superficial.
RIMA — Rodovia BR-493 39
PROGRAMA DE ESTABELECIMENTO DA FAIXA DE DOMÍNIO E INDENIZAÇÕES
Este programa tem como objetivo ordenar as ocupações e atividades na faixa de domínio
da rodovia, de forma a garantir a segurança dos moradores e dos usuários da rodovia. Para as
situações onde as ocupações irregulares não estiverem de acordo com os parâmetros de
segurança, está previsto o reassentamento, levando em conta aspectos econômicos e
culturais e a indenização por benfeitorias. As ações do programa terão início durante as obras.
PROGRAMA DE PROSPECÇÃO E SALVAMENTO ARQUEOLÓGICO
Tendo em vista a ocorrência de sítios arqueológicos na região, o Programa de Prospecção
e Salvamento Arqueológico tem como objetivo localizar, delimitar e avaliar o estado de
conservação de locais de interesse cultural. Nos casos onde o empreendimento colocar em
risco o patrimônio será realizado o resgate. Além disso, o programa prevê a realização de
ações de educação patrimonial, voltadas para os residentes e atuantes nas proximidades da
rodovia e os trabalhadores envolvidos no empreendimento.
PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
Em conformidade com a legislação que prevê o pagamento de compensação ambiental
por parte dos empreendedores, esse programa tem como objetivo destinar recursos para
ações que, direta ou indiretamente, propiciem benefícios para o meio ambiente. Contudo,
cabe às autoridades ambientais responsáveis indicar a alocação destes recursos.
As metas estabelecidas pelo programa são as de obter o termo de compromisso assinado
para a aplicação dos recursos e, até o final da obra, a conclusão do plano de trabalho para a
aplicação.
PROGRAMA DE ORDENAMENTO TERRITORIAL (MEDIDAS DE APOIO TÉCNICO ÀS PREFEITURAS)
A rodovia já apresenta integração com o ordenamento do território local sendo, inclusive,
um dos pontos de referência para a ocupação e planejamento urbano desde sua construção.
Observou-se, neste sentido, que mais adequado que um Programa de Ordenamento
Territorial seria um conjunto de ações que reforçariam a integração da rodovia com os
aspectos sociais locais. Neste sentido, foi estabelecido o Subprograma de Melhoria das
Travessias Urbanas e Paisagismo.
O Subprograma traz como objetivo a implantação de estruturas que integrem o trecho
duplicado da rodovia com os locais onde ele se insere. Durante os estudos de campo foram
levantadas várias medidas que apresentam potencial para promover a integração. Algumas
medidas recomendadas são:
40 RIMA — Rodovia BR-493
• estabelecimento de padrões para instalações de serviço, mirantes e áreas de
estacionamento/paradas de ônibus;
• implantação de barreiras acústicas;
• implantação de ciclovia;
• acostamento para acesso às indústrias;
• melhorias paisagísticas em geral;
• tratamento paisagístico;
• prevenção às queimadas nas faixas lindeiras e de domínio;
• travessias urbanas: ordenação de acessos às áreas lindeiras.
PROGRAMAS DE MONITORAMENTO E CONTROLE AMBIENTAL
Tendo em vista as características locais e os impactos resultantes do empreendimento,
este programa foi dividido em subprogramas de forma a ter uma ação mais precisa, a saber:
• Subprograma de Monitoramento de Emissão de Ruídos e Vibrações;
• Subprograma de Monitoramento da Qualidade do Ar e Controle do Material
Particulado e Gases;
• Subprograma de Monitoramento da Fauna e da Flora; e
• Subprograma de Monitoramento dos Corpos Hídricos.
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresentou, de
forma simplificada e resumida, os resultados do Estudode
Impacto Ambiental (EIA) do Projeto de Adequação da
Capacidade da BR-493 que mostram ser o
empreendimento viável do ponto de vista
ambiental, se adotadas as medidas preconizadas.
CONCLUSÃO
RIMA — Rodovia BR-493 41
CONCLUSÃO
Observando os trabalhos realizados pelos técnicos, foi possível perceber que não existe impacto ambiental decorrente da implantação ou operação do empreendimento que inviabilize a duplicação do trecho da Rodovia BR-493. Pelo contrário, a não realização do empreendimento, associada ao crescimento do tráfego e às condições atuais da rodovia, representaria impactos ainda maiores sobre o meio ambiente e a população local.
A região onde se insere o empreendimento apresenta um perfil fundamentalmente urbano com áreas residenciais, industriais e zonas com baixas densidades marginais. Contudo, na faixa de 200 metros existem poucas situações especiais que podem ser resolvidas com obras pontuais, sem a necessidade de desapropriações. Por outro lado, a duplicação da rodovia e as demais obras previstas irão melhorar a drenagem, criar vias para o tráfego local e travessias apropriadas. Assim, aumenta-se a segurança e comodidade da população, ao mesmo tempo em que se elimina o problema de inundações relacionadas com a rodovia.
Apesar da maior parte do trecho ter a cobertura vegetal retirada, existem alguns pontos de vegetação nativa e a APA de Guapi-Mirim. Se por um lado o empreendimento incide sobre parcelas destas áreas, por outro se reduz a possibilidade de acidentes, principalmente, com cargas perigosas, atingir tais áreas, haja vista que, atualmente, não existem estruturas de proteção ou contenção que se interponham entre a rodovia e as áreas preservadas. Além disso, as próprias condições atuais da rodovia aumentam a probabilidade deste tipo de acidente ocorrer. Como observado em relação à população, a não realização do empreendimento representa um risco maior. Deve-se, também, levar em consideração que o empreendedor compromete-se, através do Plano Ambiental de Construção e do Programa de Gestão Ambiental, causar o mínimo impacto na implantação e na operação do empreendimento e realizar as compensações ambientais previstas na legislação.
Em função dos estudos apresentados, pode-se concluir que a Adequação da Capacidade da Rodovia BR-493 é viável do ponto de vista técnico-econômico-ambiental.
42 RIMA — Rodovia BR-493
IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR
Nome ou Razão Social: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT
Diretoria de Engenharia Rodoviária - 7° Distrito Rodoviário Federal
CNPJ: 04.82.707/0001-00
Tel: (0xx61) 315-4155 / 315-4156 Fax: (0xx61) 3315-4055
Endereço Completo: SAN, Quadra 3, Bloco A, Edifício Núcleo dos Transportes
Brasília (DF).
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA
Nome ou Razão Social: Concremat Engenharia e Tecnologia S/A
CNPJ: 33.146.648/0001-20
Tel: (0xx21) 3535-4000 r: 4100 Fax: (0xx21) 3535-4105
Endereço Completo: Rua Fonseca Teles 40 – São Cristóvão – Rio de Janeiro - RJ
EQUIPE TÉCNICA
Supervisor Geral: Paulo Mário Correia de Araújo • Coordenação Geral: Arlei Pury Mazurec
• Redação: Eduardo Almeida • Tratamento de imagens: Maria Alice Edde • Mapas: Rony
Sutter • Revisão: Juliana Andrade • Edição: Flávia Nascimento • Fotos: Equipe técnica de
campo • Produção: Ecology Brasil.