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Projeto de Lei n.º 094/2012 Dispõe sobre a realização de festas e outros eventos no Município de Viçosa, institui medidas de combate à poluição sonora e à perturbação da ordem e do sossego e outras providências. A Câmara Municipal de Viçosa aprova: Capítulo I Das Disposições Gerais Art. 1º Esta lei disciplina a realização de festas e outros eventos no Município de Viçosa e institui medidas de combate à poluição sonora e à perturbação da ordem e do sossego. Art. 2º Para fins desta lei, considera-se promotor do evento a pessoa jurídica responsável pelo desenvolvimento das atividades de planejamento, de captação, de promoção, realização, administração dos recursos e prestação de serviços de eventos, com ou sem fim lucrativo. O termo ‘pessoa jurídica’ utilizado em toda a lei pode ser uma “brecha”. Isso porque uma pessoa física que esteja realizando qualquer uma das atividades elencadas durante o texto não pode incorrer em nenhuma das penalidades previstas NESTA lei. Capítulo II Da Autorização para Realização de Festas e outros Eventos Art. 3º Depende de prévio Alvará de Autorização, expedido pela Prefeitura Municipal, a realização de evento no

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Projeto de Lei n.º 094/2012

Dispõe sobre a realização de festas e outros eventos no Município de Viçosa, institui medidas de combate à poluição sonora e à perturbação da ordem e do sossego e dá outras providências.

A Câmara Municipal de Viçosa aprova:

Capítulo IDas Disposições Gerais

Art. 1º Esta lei disciplina a realização de festas e outros eventos no Município de Viçosa e institui medidas de combate à poluição sonora e à perturbação da ordem e do sossego.

Art. 2º Para fins desta lei, considera-se promotor do evento a pessoa jurídica responsável pelo desenvolvimento das atividades de planejamento, de captação, de promoção, realização, administração dos recursos e prestação de serviços de eventos, com ou sem fim lucrativo. O termo ‘pessoa jurídica’ utilizado em toda a lei pode ser uma “brecha”. Isso porque uma pessoa física que esteja realizando qualquer uma das atividades elencadas durante o texto não pode incorrer em nenhuma das penalidades previstas NESTA lei.

Capítulo IIDa Autorização para Realização de Festas e outros Eventos

Art. 3º Depende de prévio Alvará de Autorização, expedido pela Prefeitura Municipal, a realização de evento no Município de Viçosa com capacidade de receber mais de 200 (duzentas) pessoas, com ou sem a venda de ingressos, não podendo frustrar evento anteriormente licenciado para o mesmo local, data e hora.

Parágrafo único – Dispensa-se a exigência do alvará para festas e outros eventos, mesmo com capacidade superior a 200 (duzentas) pessoas, nos seguintes casos: Forçando um pouco, dentro de ‘outros eventos’ podemos pode-se entender que qualquer bar que receba mais de 200 pessoas precisaram de alvarás todos os dias.

I – de cunho familiar, religioso, cívico, científico ou educacional; O termo ‘cívico’ é extremamente vago, de modo que qualquer festa que tenha

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relação com qualquer símbolo nacional, ou ‘externe’ patriotismo pode ser entendida como evento cívico.

II – organizado sob a responsabilidade de instituição de ensino registrada no Ministério da Educação ou na Secretaria Estadual de Educação;

III – realizados no interior de prédios de instituições de ensino, ainda que não sejam organizados por estas; O inciso II e III são extremamente incoerentes com o restante da lei, uma vez que para se realizar festas na cidade existe toda uma burocracia e uma série de restrições, mas em outros espaços, como dentro d UFV pro exemplo, essas burocracias e exigências são dispensáveis.

IV – competições esportivas; Jogos de Boteco?Maratoma?ViçosaFIght?

V – de promoção da saúde ou cidadania;VI – destinado a crianças;VII – que não haja oferta, distribuição ou consumo de bebida alcoólica,

de forma gratuita ou onerosa. Nenhuma distribuição de bebida é gratuita, pois seu valor encontra-se embutido no ingresso.

Art. 4º O pedido de autorização para a realização do evento deverá informar:

I – nome do responsável pelo evento; Se apenas pessoas jurídicas podem requere o alvará, a própria pessoa jurídica é responsável pelo evento.

II – local e tamanho da área destinada ao evento;III – data e horário de realização;IV – capacidade de público; V – recomendação da idade mínima do público a que se destina;VI – em caso de venda de ingressos, o número colocado à disposição;VII – tamanho da área para estacionamento, de maneira a não

atrapalhar o trânsito das vias públicas, bem como a sua capacidade;VI – previsão de horário de início e término.

Art. 5º Junto à requisição de autorização, deverão ser apresentados os seguintes documentos:

I – cópia do contrato social, e suas alterações, devidamente registrado na respectiva Junta Comercial ou Estatuto devidamente registrado em cartório, e da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);

II – CPF e Carteira de Identidade dos sócios; Já consta nos documentos do Inciso I

III – Laudo Técnico de Segurança, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica - ART das instalações de infraestrutura do evento, expedido por engenheiro responsável; Isso é de responsabilidade do proprietário da área onde será realizado o evento.

IV – cópia contrato com empresa de segurança privada autorizada pela Polícia Federal para prestar serviços no evento e no entorno do local, fixando-se o mínimo de 1 (um) segurança para 100 (cem) participantes; Não me recordo da proporção que usávamos, mas acho que 100/1 é uma proporção baixa. Acredito que deveria ser 1 segurança para um número menor de pessoas. A manutenção de uma proporção errada trazer problemas, pois podem haver aqueles que queiram “economizar” na segurança.

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V – cópia de comunicação à Polícia Militar de Minas Gerais – PMMG, solicitando a disponibilidade de policiamento para o evento, devidamente protocolada;

VI – certidão negativa de antecedentes criminais referentes aos sócios da empresa promotora do evento emitida pelo Cartório Distribuidor da Justiça Estadual da Comarca onde tiver domicílio;

VII – certidões negativas da Fazenda Federal, Estadual e Municipal referentes à empresa promotora do evento, expedida pelos órgãos competentes de onde tiver sede;

VIII – cópia do alvará de localização e funcionamento da empresa promotora do evento expedido pela Prefeitura Municipal de onde tiver sede;

IX – cópia da comunicação ao Juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Viçosa, devidamente protocolada;

X – alvará do Corpo de Bombeiros;XI – comprovante de previsão de atendimento médico de emergência,

nos termos das Leis municipais de n.º 1.590/2004 e n.º 1.747/2006;XII – cópia de comunicação, com recibo do responsável, de realização

do evento à Secretaria Municipal de Saúde e aos hospitais municipais;XIII – croqui da área do evento, devendo conter, obrigatoriamente,

espaços próprios e determinados para o público, circulação de pessoas e veículos, palco, equipe de emergência médica, segurança, polícia militar, estacionamento, saídas de emergência, banheiros e barracas; Sem dúvida o croqui será mera burocracia, pois o que estiver no papel, provavelmente, não se aplicará na pratica no dia do evento.

XIV – cópia do contrato de locação do imóvel destinado à realização do evento ou, se o evento for realizado pelo próprio proprietário, cópia do registro do imóvel;

XV – comprovante de recolhimento da Taxa de Segurança Pública.

§1º Será obrigatório o cumprimento da limitação de público, de acordo com a área, numa proporção de 04 (quatro) expectadores por m².

§2º A autorização do evento dependerá de parecer favorável da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Segurança Pública, quanto ao aspecto de trafegabilidade e segurança dos participantes, pedestres e população circunvizinha.

§3º Os pedidos somente serão indeferidos por motivo técnico ou jurídico, devidamente fundamentado.

§4º O número de participantes para cálculo do número de segurança, conforme exigido no inciso IV, será estimado pelo promotor do evento no ato de requerimento do alvará. Caso o valor estimado seja inferior a 30% (trinta) por cento ao efetivamente constatado nas catracas após a realização do evento, o promotor pagará multa no valor de 100 (cem) UFM (Unidade Fiscal do Município), recolhida aos cofres públicos em até 5 (cinco) dias. O valor da UFM é R$ 33,23 para 2012, no próximo ano deve haver um reajuste.

§5º O alvará de licença poderá, a qualquer tempo, ser cassado e o local do evento interditado, desde que constatadas e comprovadas irregularidades ou deficiências que comprometam a segurança dos frequentadores. Esse parágrafo,

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aliado ao artigo 33 e 34 torna-se extremamente perigoso. Os promotores das festas podem e, provavelmente, irão ficar reféns dos fiscais e da UMAM, que podem fazer uma série de exigências para não fazerem denúncias às vésperas das festas. Alguns, mal intencionados, podem até pedir propina.

§6º O estabelecimento interditado somente reabrirá suas portas ao público após sanadas as irregularidades ou deficiências.

Art. 6º Para os casos em que se exige o Alvará de Autorização, não será autorizada a realização de festa ou evento em imóvel de uso residencial ou predominantemente residencial. Quer dizer que se uma festa de aniversário possuir mais de 200 convidados ela não pode acontecer dentro da casa do aniversariante?! Ou essas festas não precisarão de alvará por serem de cunho familiar? Caso sejam consideradas de cunho familiar as festas em repúblicas estão liberadas desde que alguém esteja fazendo aniversário.

Art. 7º O requerimento de alvará deverá ser feito com antecedência mínima de 30 (trinta) dias de sua realização, sob pena de indeferimento. Deve ser estipulado prazo próprio para a resposta da Administração, caso contrário os requerentes ficarão com seus trabalhos de organização e divulgação da festa presos à demora na resposta.

Art. 8º O Alvará de Autorização será expedido apenas se o promotor do evento cumprir, previamente, todas as exigências instituídas por esta lei.

Art. 9º A Taxa de emissão do Alvará de Autorização será de 1 (uma) UFM (Unidade Fiscal do Município) por cada 50m² da área destinada ao evento. Essa taxa pode ficar bastante cara! E o ISSQN? O promotor paga por pessoa e por área no evento? O Certo não seria cobrar só por pessoa?

§1º A Prefeitura Municipal realizará inspeção no local a fim de apurar a área destinada ao evento. Mesmo problema do artigo 5 parágrafo 5.

§2º No caso de festas ou eventos realizados em área atendida pelo serviço de limpeza pública, será devida, também, a Taxa de Coleta, Remoção, Transporte e Destinação do Lixo, instituída pela Lei nº 2.098/10, recolhida antecipadamente à expedição do Alvará. Há que se verificar a legalidade de todas as taxas a serem cobradas, pois algumas, como essa taxa de lixo, acredito, já são cobradas dentro da conta de água ou do IPTU ou outras (salvo melhor juízo) já pagas pelo proprietário do imóvel. De modo que cobrá-la seria um bis in idem. Taxas como as de lixo já têm sua constitucionalidade questionada, cobrá-las mais uma vez beira o absurdo.

Art. 10. O Alvará de Autorização será expedido apenas em favor de promotor de eventos constituído como pessoa jurídica cadastrada na Fazenda Municipal de Viçosa. Pessoa física não pode realizar festa? Um sujeito comum não pode fazer um evento, acima de 200 pessoas, mesmo que apresente todos os outros documentos, laudo de segurança, e provas de que o espaço pode

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comportar e a tender todo o público, e ele tem plena capacidade de atender a todos?

Art. 11. Não será expedido alvará provisório, em nome de terceiros ou em nome de promotor pessoa física. Essa restrição se fundamenta em quais argumentos?

Art. 12. Não será autorizada a realização, no mesmo dia, de mais de um evento, cujas capacidades de público somadas ultrapassem 10.000 (dez mil) pessoas. A incapacidade do poder público em organizar a cidade pode gerar problemas extremamente desagradáveis. Ex: Na sexta-feira que antecede o baile de formatura realizado na UFV é costume que os cursos realizem seus coquetéis. Esses coquetéis, somados, podem, facilmente, ultrapassar dez mil pessoas. Além disso Viçosa possui mais de 100 mil moradores (contando com estudantes das entidades publicas e particulares), faz sentido limitar TODOS os eventos, em uma capacidade que atenda só 10% da população? E os outros? E se por um acaso uma pessa queira fazer outra festa, menor, no dia de um aniversário da cidade?

Art. 13. O Alvará de Autorização será concedido a título precário, podendo ser revogado a qualquer tempo, nas seguintes hipóteses: Mesmo problema do artigo 5 parágrafo 5.

I – falsidade ou erro das informações ou ausência dos requisitos que fundamentaram a expedição da Autorização;

II – descumprimento das obrigações impostas por lei ou por ocasião da expedição da Autorização;

III – se as informações, documentos ou atos que tenham servido de fundamento ao alvará vierem a perder sua eficácia, em razão de alterações físicas ou de utilização, de incomodidade ou de instalação, ocorridas no imóvel em relação às condições anteriores, aceitas pela Prefeitura;

IV – desvirtuamento do uso licenciado. Previsão muito subjetiva que carece de definição e deixará os organizadores dos problemas do art. 5 parag. 5.

Capítulo IIIDa Segurança Pública e Manutenção da Ordem e do Sossego

Art. 14. A empresa promotora da festa ou evento será responsável pela garantia da segurança, pela integridade física dos participantes, pela manutenção da ordem e o respeito à moral e aos bons costumes, no interior do imóvel onde realizar-se o evento e no seu entorno.

Parágrafo único – Por entorno do local do evento entende-se uma distância de até 3 km (três quilômetros) de percurso de via pública. 3km em uma cidade do porte de Viçosa é praticamente a cidade toda! A polícia serve pra quê??

Art. 15. Não é permitida a entrada ou permanência de menores de 18 (dezoito) anos de idade em eventos cujo preço do ingresso incluir bebida alcoólica à

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vontade, os chamados “open bar” ou “festa com bebida liberada”, ou com a venda de bebidas alcoólicas por preços irrisórios ou fora da realidade de mercado.

Art. 16. O horário máximo de realização da festa ou evento é até às 2h (duas horas) da manhã.

Parágrafo único – Por funcionamento do evento entende-se:

I – portaria aberta para a entrada de pessoas;II – venda, entrega ou oferta de bebidas, comidas ou qualquer outro

gênero comercializável;III – emissão de qualquer fonte sonora MECÂNICA,

independentemente do volume. É importante que conste o vocábulo destacado. Caso contrário, a partir das 2 das duas da manhã, as pessoas deverão fica mudas.

§1º Em caso de fundado receio de perturbação ao sossego, à ordem pública, à segurança ou ao trânsito, mediante parecer técnico, a Prefeitura Municipal poderá limitar o tempo de duração do evento a, no máximo, 8h (oito horas), encerrando, em qualquer caso, às 2h (duas horas) da manhã.

§2º Na autorização deverá constar, obrigatoriamente, o horário de início e término do evento.

Art. 17. O cumprimento do horário estabelecido na autorização para o evento é de responsabilidade da empresa promotora do evento.

Art. 18. O local de realização evento deverá dispor de banheiros para o público, na proporção de um banheiro masculino e um feminino, devidamente sinalizados, para cada grupo de 100 (cem) participantes estimados pelo Corpo de Bombeiros, podendo ser utilizados banheiros químicos. Cuidado com a expressão “participantes estimados pelo Corpo de Bombeiros”. O Corpo de Bombeiros, normalmente, indica a capacidade do local (4 pessoas por metro quadrado), que não necessariamente condiz com o número de pessoas que esperado na festa.

Art. 19. É proibida a comercialização ou entrega de bebidas ou alimentos em recipientes de vidros ou pontiagudos, nas festas ou eventos regulamentados por esta lei.

Art. 20. Para fins da autorização de que trata esta Lei, os níveis de ruído admitidos serão definidos pelo Código de Posturas (Lei nº 1.574/2003). Os limites estabelecidos pelo Código de Posturas são baixos, algo semelhante ao barulho de um liquidificador dentro de uma sala. Para medição desse nível exijam, sempre, o decibelímetro e ela deve ser feita dentro do recinto onde se encontra a pessoa incomodada. O grande problema é que, salvo melhor juízo, há margem para prova testemunhal no que diz respeito ao incômodo relacionado ao som.

Art. 21. A portaria de acesso ao local da festa ou evento disporá de catraca registradora do número de pessoas ingressantes, aferida pelo INMETRO, sendo a entrada individual de pessoal. Isso é problema dos proprietários dos

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imóveis onde serão realizadas as festas. Resta o problema das filas, que já são caóticas sem catracas, com elas tendem a piorar.

Parágrafo único – A Fiscalização da Prefeitura poderá a seu critério fornecer as catracas, ou terá acesso às catracas do evento em até 72 (setenta e duas) horas após a sua realização.

Art. 22. Nas Zonas Residenciais (ZR) previstas na Lei nº 1.420/2000, é proibido realizar festas ou eventos que dependam do Alvará de Autorização que alude o art. 3º desta Lei. Mesma ponderação do artigo 6.

Art. 23. Em imóveis de natureza residencial é proibida a realização de festas com venda de ingressos ou que não se enquadrem nas situações do parágrafo único do art. 3º desta lei. Mesma ponderação do artigo 6.

Capítulo IVDas Responsabilidades

Art. 24. O promotor de eventos é o responsável pelo recolhimento dos tributos, inclusive o ISSQN.

Art. 25. Em todos os casos, inclusive em festas realizadas em imóveis residenciais ou realizados por repúblicas, sejam elas estudantis ou não, deverão ser cumpridas as disposições previstas no Título VII (Da Ordem, do Decoro e do Sossego Públicos) da Lei nº 1.574/03 (Código de Posturas do Município). Não estão proibidas as festas em imóveis residenciais? Qual o motivo da discriminação em relação às repúblicas? E se a restrição é para repúblicas de qualquer natureza, inclui-se a República Federativa do Brasil? (forçando a barra hehehehe....) Se sim, a lei se contradiz quando libera as festas dentro de instituições de ensino como a UFV? Se não, qual a definição de república estudantis?

Parágrafo único – Independentemente de tratar-se de festa ou evento autorizado ou não, o locatário, o proprietário do imóvel, a administradora do imóvel e o mandatário com poderes de administração do imóvel no qual tenha lugar a infração, responderão solidariamente e em conjunto pelas penalidades previstas nesta lei e pelas penalidades por perturbação ao sossego previstas no Código de Posturas (Lei nº 1.574/2003). Esse parágrafo pode ter forte repercussão social, uma vez que pode gerar uma pressão das imobiliárias e proprietários de imóveis de Viçosa contra os estudantes locatários, impondo restrições e cláusulas abusivas nos contratos de locação. Quem sabe até aumentar os valores de alugueis que já são absurdos em Viçosa. Além disso, em análise rápida e grosseira, talvez caiba controle de constitucionalidade deste parágrafo único, pois de acordo com o artigo 22, I da Constituição Federal “compete privativamente à União legislar

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sobre direito civil...”. Essas questões relativas à responsabilidade podem ser entendidas como matéria de direito civil serem enquadradas como matéria legislativa privativa da União.

Art. 26. A empresa promotora do evento e seus sócios serão responsáveis por reparar os danos ao patrimônio público quando se comprovar que estes decorreram de omissão ou ineficácia do serviço de vigilância particular contratado para o evento.

Capítulo VDa Publicidade

Art. 27. A empresa promotora do evento não poderá iniciar a veiculação de publicidade e comercialização dos ingressos, sem a obtenção prévia do alvará de autorização. Mesma ponderação do artigo 7.

§1º O material publicitário e os ingressos deverão conter: Com todas essas exigências a confecção de materiais de divulgação ficará prejudicada e com tempo bastante curto.

I – a razão social da empresa promotora do evento, com o endereço, telefone, número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ e número da Inscrição Municipal;

II – capacidade máxima para o local;

III – faixa etária autorizada pela Vara da Infância e Juventude;

IV – data, horário e local autorizado para a realização do evento.

§2º A quantidade máxima de ingressos a ser confeccionada, incluindo-se os convites e cortesias, não ultrapassará o limite máximo de pessoas estabelecido no Certificado de Vistoria expedido pelo Corpo de Bombeiros. Mesma ponderação do artigo 18. Vale lembrar, que Viçosa não possui Corpo de Bombeiros.

§3º A numeração dos ingressos será sequencial, respeitada a capacidade máxima prevista no alvará.

§4º Do ingresso deverá ser destacado parte igual que ficará com o portador deste, como comprovante de sua participação no evento.

Art. 28. Em qualquer tipo de publicidade da festa ou evento não poderá haver menção ao consumo de bebidas alcoólicas, inclusive marcas, produtos e patrocínios de empresas fabricantes ou distribuidoras de bebidas alcoólicas. Talvez também caiba controle de constitucionalidade, pois “compete privativamente à União legislar sobre propaganda comercial” CF, 22, XXIX. Além disso, o artigo é discriminatório, pois atinge apenas publicidade relativa às festas. As publicidades de bares, restaurantes, cervejarias, distribuidoras, adegas e estabelecimentos do tipo, que versem sobre bebidas alcoólicas têm o mesmo teor e não são restringidas.

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Capítulo VIDa Comissão Permanente de Análise de Eventos

Art. 29. Fica criada a Comissão Permanente de Análise de Eventos, composta por 7 (sete) membros:

I – 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Fazenda;II – 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Urbanismo ou seu equivalente;III – 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Trânsito,

Transporte e Segurança Pública ou seu equivalente;IV – 1 (um) representante do PROCON;V – 1 (um) representante da UMAM;VI – 1 (um) representante da Polícia Militar;VII – 1 (um) representante dos estudantes de nível superior indicado

por entidade civil regularmente constituída e em funcionamento. Os estudantes só terão representatividade quando da constituição da associação de repúblicas. E serão uma voz contra seis.

Parágrafo único – O promotor do evento terá direito de participar das reuniões da Comissão Permanente com direito a voz. Sendo que este deverá ser devidamente informado do dia e horário das reuniões.

Art. 30. Compete à Comissão:

I – conferir e analisar a documentação apresentada pela empresa promotora;

II – proceder às diligências que entender necessárias;III – elaborar o seu regimento interno;IV – decidir sobre casos omissos;V – emitir parecer final, devidamente fundamentado, deferindo ou

indeferindo o pedido. Essa expressão “devidamente fundamentado” deve ser melhor destrinchada para que não haja margem para indeferimentos sumários e fundados em motivos fúteis.

§ 1º. A decisão que indeferir o pedido poderá ser revista pela Comissão desde que comprovado pela empresa promotora que o motivo que determinou o indeferimento tenha sido sanado.

§2º. A comissão decidirá por maioria simples dos membros presentes, observada a presença mínima de 2/3 (dois terços) dos membros da Comissão. Decidirá o que? E na hipótese de empate? E no caso de ausência de quórum mínimo? Serão convocadas reuniões ad aenternum? Deve haver previsão do tipo: Será convocada reunião onde será decidido pelo deferimento ou indeferimento do requerimento de alvará. Em caso de inexistência de quórum mínimo será convocada apenas mais uma reunião onde será tomada a decisão independente do quórum.

§ 3º. O exercício do cargo de membro da Comissão não será remunerado.

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Capítulo VIIDas Penalidades

Art. 31. O descumprimento do disposto nesta Lei sujeitará o infrator às seguintes penalidades, sem prejuízo das sanções cíveis e penais cabíveis, inclusive aquelas previstas na legislação de proteção da criança e do adolescente: Como apenas pessoas jurídicas podem requerer o alvará e figurar na qualidade de promotor de evento, apenas pessoas jurídicas podem incorrer nas penalidades dessa lei.

I – suspensão do evento;II – interdição do local do evento;III – suspensão de nova autorização para a realização de eventos para

o período de 01 (um) ano; IV – multa pecuniária de 1 (uma) UFM (Unidade Fiscal do Município)

por cada pessoa presente no evento, importância que duplicará em caso de reincidência;

V – cassação do alvará da empresa promotora do evento, a ser aplicada quando da continuidade da infração, após a suspensão ou interdição.

§1º As penalidades previstas neste artigo poderão ser aplicadas cumulativamente, de acordo com a natureza e gravidade da infração.

§2º Responderá pelas infrações quem, por qualquer modo as cometer, concorrer para a sua prática, ou delas se beneficiar.

§3º Responderá, solidariamente, pelas multas os sócios e administradores da empresa infratora.

§4º Rito para apuração das infrações, defesa e recursos será o previsto na Lei nº 1.574/2003 (Código de Posturas).

§5º Não será concedido alvará em favor de empresa em cujo quadro societário conste sócio ou administrador de empresa que esteja em cumprimento da pena prevista no inciso III do caput deste artigo. Como apenas as pessoas jurídicas podem incorrer nas penalidades desta lei, qualquer penalidade estabelecida estará vinculada apenas ao seu CNPJ, não podendo a penalidade ser vinculada ao CPF dos sócios. Dessa forma, este parágrafo parece ser questionável.

Art. 32. O promotor do evento incorrerá em multa no valor de 3 (três) UFM (Unidade Fiscal do Município) por cada menor encontrado no local cuja faixa etária seja proibida pelo Juízo da Vara da Infância e da Juventude. Para os menores que sejam encontrados portando RGs falsos não se pode exigir essa multa.

Parágrafo único A multa será triplicada em caso de reincidência. Reincidência DE menor ou DO menor?

Art. 33. A União Municipal de Associação de Moradores (UMAM) fica legitimada a representar às autoridades competentes o cumprimento desta lei e representar à Prefeitura as irregularidades observadas.

Parágrafo único – A UMAM receberá 10% (dez por cento) dos valores efetivamente arrecadados das multas com origem em representação de sua autoria.

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Art. 34. Os Fiscais de Posturas receberão gratificação de 10% (dez por cento) dos valores efetivamente arrecadados das multas com origem em fiscalização de sua iniciativa.

Os artigos 33 e 34 são TOTALMENTE ABSURDOS E IRRESPONSÁVEIS! Legitimar a UMAM para fiscalizar a questão das festas é um atestado de incapacidade da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Viçosa, que querem promulgar uma lei para a qual não dispõem de recursos e pessoal para fazê-la funcionar ser que haja possibilidade de aplicação parcial. Dar legitimidade de fiscalização a uma associação que já mostra indisposição com as festas é tornar a aplicação da lei parcial. Além disso, bonificar a associação e os fiscais pelas multas aplicadas é criar uma ‘indústria das multas de festas”, onde esta lei incentiva a aplicação das multas. Ou seja, a UMAM e os fiscais serão “remunerados por produtividade”.

Capítulo VIIIDas Medidas Educativas

Art. 35. Em caso atos de perturbação ao sossego, à ordem ou segurança pública, praticados pessoa que não comprove manter-se com renda auferida de trabalho próprio, a Fiscalização Municipal comunicará aos pais ou responsável e a Secretaria Municipal de Assistência Social, fazendo uso de dados obtidos junto à Polícia Civil, convidará o envolvido e os seus pais ou responsáveis, ainda que aquele seja civilmente capaz, para aconselhamento com Assistente Social e Psicólogo. Esse artigo é digno de boas risadas, fiquei imaginando minha mãe recebendo uma ligação em outro estado, e sendo convidada para ir a uma assistente social em Viçosa, pois eu fiz uma festa na minha república. A reação dela, no mínimo, seria rir do convite. É impossível por este artigo em prática. Pelo menos eu não vislumbro possibilidade legal que obrigue um pai a sair de sua cidade para ir a um assistente social devido a um ato de seu filho plenamente capaz e maior de 18 anos.

§1º Se o envolvido for menor, a Fiscalização Municipal comunicará ao juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca, para adotar as medidas que julgar cabíveis.

§2º Os hospitais e casas de saúde sediados em Viçosa ficam obrigados a comunicar à Fiscalização Municipal as ocorrências de embriaguês alcoólicas ou ferimentos sofridos por frequentadores de festas ou outros eventos, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, para os fins do caput e §1º deste artigo. O serviço de saúde do município de Viçosa já é ridículo e ainda querem dar um serviço fútil desses para eles? Fora que a expressão “outros eventos” obriga o hospital a informar qualquer caso de ferimento e embriaguez que chegue ao hospital. Eis que questiono. Para quem eles vão ligar no meio da madrugada nesses casos? Para os membros da UMAM que são legitimados a levar essas informações para a Prefeitura? Para os fiscais? Como identificar de qual evento a pessoa embriagada veio, se muitas vezes o sujeito mal pode falar? E se a pessoa, por má fé, ou visando defender a festa onde estava, informar que veio de outro local?

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Capítulo IXDas Disposições Finais

Art. 36. Fica o Município de Viçosa autorizado a celebrar parceria com órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, instituições de ensino e outros para tornar efetivo o cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive com eventual implantação e manutenção do serviço de Comissariado de Menores.

Art. 37. O cumprimento desta lei não exime o promotor do evento e as demais pessoas envolvidas do cumprimento do Código de Posturas, nem das responsabilidades civil, criminal e administrativa.

Art. 38. Esta Lei entrará em vigor trinta dias após a data de sua publicação.

Art. 39. Revogam-se as disposições em contrário.

Viçosa, 19 de novembro de 2012.

Vereador João Batista TeixeiraPresidente