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PROJETO DE PESQUISA COMENTADO
Paulo Ricardo da Silva Rosa
CAMPO GRANDE, 2019. DISCIPLINA METODOLOGIA DA PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS I
Curso de Mestrado em Ensino de Ciências - UFMS
Curso de Mestrado em Ensino de Ciências
Disciplina de Metodologia da Pesquisa em Ensino de Ciências I
Prof. Paulo Rosa ([email protected])
1
O material aqui apresentado pode ser usado
livremente, desde que citada a fonte.
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2
Sumário Lista de Figuras .................................................................................................... 3
Apresentação ....................................................................................................... 4
Produzindo a questão básica .............................................................................. 6
Construindo o Projeto de Pesquisa .................................................................... 9
Identificação do projeto ................................................................................... 9
O título .............................................................................................................. 9
O Resumo ....................................................................................................... 10
A Introdução ................................................................................................... 11
Justificativa..................................................................................................... 12
Referencial teórico ......................................................................................... 15
Revisão da Literatura .................................................................................... 16
Delineamento da pesquisa ........................................................................... 17
Cronograma .................................................................................................... 22
Orçamento ...................................................................................................... 24
Membros da equipe ....................................................................................... 26
Referências .................................................................................................... 28
Projeto de Pesquisa Completo ...................................................................... 29
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3
Lista de Figuras
Figura 1 – Esquema para a definição da questão básica. ............................... 7
Figura 2 – Folha de rosto do projeto .................................................................. 9
Figura 3 – Modelo de resumo ........................................................................... 10
Figura 4 – Modelo de Introdução ..................................................................... 11
Figura 5 – Justificativa do projeto .................................................................... 14
Figura 6 – O referencial teórico ........................................................................ 15
Figura 7 – A revisão da literatura ..................................................................... 16
Figura 8 – O delineamento da pesquisa .......................................................... 18
Figura 9 – O Cronograma .................................................................................. 23
Figura 10 – Orçamento do projeto de pesquisa .............................................. 25
Figura 11 – Equipe do projeto .......................................................................... 27
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Apresentação
Este texto foi elaborado para discutir a estrutura do projeto de pesquisa, para
fins de discussão e exemplificação, com os alunos da disciplina Metodologia da
Pesquisa em Ensino de Ciências I, do Curso de Mestrado em Ensino de Ciências da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul1. Embora muito do que é dito no texto
se aplique também (com as adaptações necessárias) à fase de escrita da
dissertação ou tese, o foco deste texto é no projeto de pesquisa.
Independentemente da forma de apresentação do projeto (formulário
eletrônico ou formulário em papel) os elementos aqui apresentados são comuns a
todos os formulários de projeto. Em alguns podem ser abas separadas (por exemplo,
a introdução e a justificativa), em outros podem ser agrupados.
Um bom projeto de pesquisa é suscinto e objetivo, sem perder completeza. O
projeto não é local para escrever apenas para mostrar domínio da área. Lembre-se
que os avaliadores de projeto têm pouco tempo para analisar o seu projeto. Sempre
se pergunte se aquela informação é realmente necessária para a compreensão de
sua proposta.
Desnecessário dizer que o cuidado com o uso da língua padrão, o cuidado
com o plágio e o autoplágio são indispensáveis para que seu projeto tenha chance
de aprovação.
Um último lembrete aos estudantes que estão tomando contado com o
processo de submissão de projetos pela primeira vez: talvez você tenha que
apresentar várias vezes um projeto, a várias agências, antes de vê-lo aprovado. Não
encare uma não aprovação de seu projeto como uma crítica a você. Não veja os
árbitros como seus inimigos, leia atentamente os pareceres recebidos e aprenda
com eles, melhorando assim cada versão de seu projeto.
Ao longo do texto, à medida que explorarmos as diferentes partes do projeto,
vamos desenvolver um projeto fictício a ser apresentado a uma agência de fomento.
Neste projeto fictício, descreveremos uma pesquisa sobre o efeito de uma nova
abordagem didática ao conceito de campo elétrico com estudantes em nível médio
das escolas brasileiras.
1 Para mais detalhes sobre o curso, consulte
http://www.paulorosa.docente.ufms.br/metodologia.
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Para diferenciar o texto do projeto do texto da discussão, o primeiro será
apresentado em quadros. Ao final deste texto, uma versão do projeto, agrupando as
diferentes partes é apresentada, de modo a facilitar a leitura do projeto como um
todo.
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Produzindo a questão básica
Antes de falarmos da estrutura do projeto de pesquisa, precisamos discutir o
ponto central de uma pesquisa: a questão básica. Escrevemos um projeto de
pesquisa para descrever um conjunto de ações que têm por objetivo responder a
uma pergunta que fazemos sobre o mundo. Sem uma boa pergunta, não há como
haver um bom projeto e uma boa pesquisa.
A produção de uma questão básica de pesquisa passa por quatro grandes
etapas: Identificação do problema, identificação de possíveis causas do problema,
proposição de ações que eliminem a causa do problema e proposição de
ferramentas para implementação da solução. Naturalmente, na prática, estas etapas
não são tão lineares como descritas aqui.
Etapa 1 – Identificando um problema
Uma pesquisa científica nasce para tentar solucionar algum problema
identificado no mundo. Em particular, na área do ensino, esses problemas têm sua
origem em dificuldades identificadas no espaço escolar, como, por exemplo,
dificuldades de aprendizagem. Consideremos a seguinte situação: os estudantes de
certa escola de ensino médio têm dificuldade de construir o conceito de campo
elétrico. Ou seja, o tipo de ensino ministrado na escola não está permitindo a eles a
construção deste conceito nos níveis de abstração desejados. Outro exemplo, os
estudantes de Biologia desta mesma escola têm dificuldade de visualizar a estrutura
de dupla hélice do DNA. Ainda, a dificuldade encontrada pode estar relacionada à
compreensão do aspecto microscópico das estruturas moleculares na Química e
assim por diante.
Este problema pode ser identificado a partir da experiência do pesquisador,
pelo apontamento de outras pesquisas, por resultados em exames, como o PISA, etc.
A identificação do problema é o ponto de partida.
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Figura 1 – Esquema para a definição da questão básica.
Etapa 2 – Identificação de possíveis causas do problema
Tendo identificado o problema o pesquisador coloca para si mesmo a
pergunta: o que poderia estar causando esta situação? Nesta etapa, possíveis
causas são elencadas. Nesta fase, estas causas são hipóteses de trabalho. Somente
a investigação poderá dizer se a causa é realmente a responsável pela situação
identificada.
Por exemplo, tomemos a dificuldade dos estudantes em abstrair o conceito
de campo elétrico. Isso poderia estar acontecendo porque os estudantes ainda não
têm o pensamento formal desenvolvido completamente e as aulas são totalmente
expositivas, passando de um conceito a outro, sem uso de materiais concretos ou
figuras bem produzidas sobre o campo elétrico. Outras causas poderiam ser
levantadas como, por exemplo, a falta de conceitos subsunçores nos estudantes.
Nos ateremos aqui à primeira causa levantada.
Etapa 3 – Propondo uma solução para eliminação de um causa
Tendo levantado a hipótese de que determinada causa seja a responsável
pela situação apresentada, nos perguntamos: qual seria uma possível solução para
a eliminação dessa causa? A hipótese aqui é que se eliminarmos a causa do
problema, esse desaparecerá.
Identificar o problema.
Elencar possíveis causas.
Propor estratégias de
eliminação das causas.
do problema.
Propor ferramentas para
a implementação da
estratégia escolhida.
Elaborar a questão
básica.
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Em nosso exemplo, a causa identificada foi a metodologia de ensino que
privilegia o pensamento formal, quando os alunos possivelmente não têm este tipo
de estrutura completamente desenvolvida. Para solucionar esse problema, o
pesquisador propõe a substituição da estratégia baseada na aula expositiva por
outra, que permita aos estudantes visualizar a estrutura do campo elétrico e interagir
com o modelo subjacente às simulações.
Etapa 4 – Propondo a ferramenta
Para conseguir atingir sua estratégia, o pesquisador decide introduzir o uso
de um simulador do campo elétrico que permita aos estudantes visualizarem a sua
estrutura e manipular os modelos subjacentes às simulações, podendo visualizar no
comportamento das partículas o efeito de modificações no modelo. Com isso,
introduzimos um elemento concreto, o que permitiria aos estudantes construírem o
conceito científico, abstrato por natureza.
A partir dessa lógica, a pergunta de pesquisa surge naturalmente:
O uso de um simulador computacional do campo elétrico, que
permita aos estudantes a visualização e a manipulação desse
campo, levaria estudantes do segundo ano do ensino médio à
construção do conceito de campo elétrico em um nível formal?
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Construindo o Projeto de Pesquisa
Identificação do projeto
Nesta seção do projeto são descritos o título, o nome do coordenador e seus
dados, as palavras chave, a instituição na qual o projeto será desenvolvido e, muitas
vezes, é solicitado um resumo do orçamento do projeto.
A Figura 2 mostra um exemplo do que seria a folha de identificação de nosso
projeto. Analise esta figura antes de prosseguir.
Figura 2 – Folha de rosto do projeto
Agência de fomento do Pantanal
Formulário para apresentação de projetos de pesquisa
Título do Projeto
Simuladores computacionais e seu uso na construção do conceito de
campo elétrico por estudantes em nível médio
Dados do Coordenador
Nome do Coordenador
Valdir Espinosa
Instituição
Universidade Federal do Pantanal (UFPAN)
Unidade
Instituto de Formação de Professores
Endereço
Pantanal Sul
CPF do Coordenador
123.123.123-00
O título
Observe o título de nosso projeto. O título do projeto deve ser descritivo do
que vai ser desenvolvido ao longo das diferentes seções do projeto. Um bom título
não deve ser longo demais. Por ser descritivo do que vai ser apresentado, o título é
a última coisa a ser escrita.
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Observe que nosso título aponta para Simuladores Computacionais, que
como veremos adiante é a base da estratégia de ensino que pretendemos investigar.
Neste título, temos ainda a população da investigação (estudantes em nível médio).
Não há no título palavras como efeito, influência, avaliação, estudo, interação, etc. 2
Se estamos apresentando um projeto é para realizar uma análise de algo.
O Resumo
Um bom resumo deve conter os seguintes elementos:
a) O problema que se pretende abordar e a pergunta que se pretende
responder;
b) A lacuna no conhecimento que o projeto pretende preencher;
c) O referencial teórico que norteará a pesquisa;
d) A metodologia que será usada;
e) Os principais resultados que se espera obter3.
Lembre-se: o resumo deve conter apenas os elementos essenciais à
compreensão do projeto. Não é lugar para citações e, muito menos, transcrições.
Naturalmente, o resumo é a penúltima coisa que escrevemos. Um resumo é
escrito em parágrafo único. Na Figura 3, mostramos o resumo em vários parágrafos
com fins didáticos, apenas para que você visualize sua estrutura.
Figura 3 – Modelo de resumo
Resumo
Um dos problemas encontrados no ensino em nível médio relacionado ao
conceito de campo elétrico é a dificuldade dos estudantes em
construírem esse conceito em altos níveis de abstração.
As estratégias utilizadas nas escolas têm se mostrado ineficazes para
atingir esse objetivo.
Baseados na Epistemologia Genética, propomos investigar o impacto
causado por uma nova estratégia, que faz uso de simulações
computacionais e que leve em conta os níveis de desenvolvimento
cognitivo dos estudantes, sobre o nível de abstração do conceito de
campo elétrico.
2 https://posgraduando.com/como-elaborar-um-projeto-de-pesquisa, consultado em
21/04/2019. 3 Na escrita da dissertação ou tese, este item é substituído pelos resultados obtidos e pelas
conclusões (que devem responder à pergunta objeto da pesquisa).
Apresentando o
problema
A lacuna
Referencial teórico
e solução proposta
Delineamento da
pesquisa
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Contextualizando.
A estratégia de pesquisa escolhida é baseada no estudo da evolução
conceitual de um grupo de estudantes, com aplicação de avaliações
diagnósticas no início e no final, assim como o registro e análise das
interações dos estudantes com o simulador utilizado.
Como resultado, esperamos obter uma metodologia que possa ser
estendida a outros conceitos científicos abordados nesse nível de ensino.
A Introdução
A Introdução de um trabalho científico tem por objetivo apresentar o problema
de pesquisa ao leitor. Essa apresentação tem que conter certos elementos
essenciais: a enunciação do problema, sua contextualização e o anúncio claro de
qual é a questão de pesquisa que se pretende responder. É central na Introdução
que apontemos a lacuna de conhecimento que queremos preencher com o
desenvolvimento do projeto.
Uma forma interessante de construir uma introdução é a chamada
arquitetura top – down (de cima para baixo). Por essa metodologia, começamos com
uma visão ampla da área e vamos refinando a narrativa em direção ao problema
específico que queremos abordar com aquela pesquisa.
Veja a seguir um exemplo de uma introdução de nosso projeto de pesquisa
sobre a necessidade de introduzir aspectos concretos na conceituação de campo
elétrico (as referências não são reais).
Figura 4 – Modelo de Introdução
Introdução
A dificuldade dos estudantes em nível médio em abstrair conceitos
importantes ligados ao campo das ciências naturais tem sido apontada por
diferentes autores nos campos da Física (ANDRADE, 2014 e BAIDEK, 2016),
da Química (ESPINOSA, 2013 e PORTALUPPI, 2016) e da Biologia (LIMA,
2015). Segundo esses autores, essa dificuldade tem origem em metodologia
s de ensino utilizadas nas escolas em nível médio brasileiras, que privilegiam
o processo de transmissão - recepção do conhecimento por meio de aulas
expositivas, baseadas apenas na oralidade do professor. Tal tipo de
metodologia não levaria em conta o nível de desenvolvimento cognitivo dos
estudantes que, apesar de hipoteticamente estarem no nível de
Resultado esperado
Nível mais
geral.
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Particularizando.
Apresentando a
hipótese de
trabalho.
Apresentando a
pergunta de
pesquisa.
Lacuna.
desenvolvimento formal, estariam, de fato, no estágio das operações
concretas.
Na Física, o conceito de campo elétrico tem se mostrado de difícil
construção pelos estudantes em nível médio. Estudos recentes (Curtis,
2016; Matos Filho, 2017, 2018) reforçam a ideia de que este conceito não
é construído pela maioria dos estudantes, que apenas memorizam fórmulas
apresentadas nas aulas, mas não são capazes de resolver tarefas simples
nas quais o conceito de campo elétrico é necessário.
Estes estudos nos sugerem que estratégias de ensino que partam de
elementos concretos poderiam auxiliar os estudantes a atingir os níveis de
abstração necessários à completa compreensão do conceito de campo
elétrico.
Por outro lado, LIMA (2011) mostrou efeitos sobre a aprendizagem do
conceito de dupla hélice do DNA quando os estudantes utilizaram
simulações computacionais. Neste trabalho, foi observado que os
estudantes que utilizaram as simulações atingiram níveis de abstração do
conceito superiores em relação aos estudantes que não a utilizaram.
Neste projeto, nos propomos a avaliar o efeito de uma nova estratégia
de ensino, baseada em uma abordagem partindo de elementos concretos e
utilizando simulações computacionais, sobre o nível de abstração do
conceito de campo elétrico atingido pelos estudantes. Assim, propomos a
seguinte questão de pesquisa: O uso de um simulador computacional do
campo elétrico, que permita aos estudantes a visualização e a manipulação
desse campo, levaria estudantes do segundo ano do ensino médio à
construção do conceito de campo elétrico em um nível formal?
Justificativa
A Justificativa tem a função de convencimento sobre a necessidade de
realizar a pesquisa. Nela, devemos apontar a potencialidade de a pesquisa produzir
resultados que levarão à superação do problema proposto. Temos que convencer o
analista de nosso projeto de que esse problema precisa ser superado. São vários os
tipos de argumento que podem ser usados na justificativa para ressaltar a
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importância do trabalho. Naturalmente, em uma boa justificativa, vários deles podem
ser usados:
1. Superação do problema apontado
A pesquisa pode, potencialmente, levar à eliminação das causas
elencadas como responsáveis pelo problema.
Exemplo: uma pesquisa que estude como eliminar a falta de
contextualização do conhecimento nas aulas de ciências naturais
identificada como origem da não compreensão dos conceitos científicos.
2. Ineditismo
Como o próprio termo diz, a pesquisa explora aspectos ainda não
estudados em outras pesquisas. Lembre-se: não basta ser novo por ser
novo. Temos que justificar com base nos resultados potenciais da pesquisa.
Exemplo: uma pesquisa que estude o impacto na escolha por
carreiras científicas de meninas que fazem iniciação científica no ensino
médio. (Problema relacionado: o baixo número de mulheres que optam
pelas carreiras científicas.)
3. Propedêutica
O conhecimento a ser obtido pela pesquisa pode permitir que
determinado campo avance ao eliminar um possível gargalo.
Exemplo: uma pesquisa que desenvolva um algoritmo computacional
para fotografar buracos negros.
4. Econômica
Ao desenvolver ou aprimorar um produto ou processo, a pesquisa
pode diminuir o custo deste produto ou processo.
Exemplo: uma pesquisa que melhore a produtividade da soja sem o
uso de agrotóxicos.
5. Social
A pesquisa tem impacto social, uma vez que seus resultados podem
contribuir para a melhoria de vida da população.
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Exemplo: uma pesquisa que tenha que estude a forma de otimizar
pessoal e recursos em postos de saúde.
Apresentamos na Figura 5 um exemplo fictício de justificativa para o problema
proposto em nossa Introdução.
Figura 5 – Justificativa do projeto
O mundo moderno é marcado pelo forte uso da tecnologia. Entre
estas, as tecnologias baseadas na comunicação por meio de ondas
eletromagnéticas se destacam. Por exemplo: aparelhos celulares,
televisão e redes wi-fi.
A compreensão destas tecnologias e da ciência a elas associada
passa pela compreensão do conceito de campo elétrico, uma vez que
ondas eletromagnéticas nada mais são do que flutuações do campo
elétrico e do campo magnético associado que se propagam pelo espaço.
Sem esta compreensão, os estudantes da educação básica não
são preparados para entenderem como funciona o mundo em que vivem
e, portanto, não podem exercer plenamente sua cidadania.
Além disso, a compreensão do conceito de campo elétrico é
importante para a construção do conceito mais geral de campo, conceito
este basilar para a compreensão da visão de mundo atual da Física e o
entendimento de diversos fenômenos naturais.
Outro ponto que merece atenção, de natureza prática, é a
aplicabilidade do conceito de campo elétrico em problemas do cotidiano,
como o uso de para-raios e proteção de instalações prediais,
indispensável para a segurança dos usuários.
Como apontado na introdução deste projeto, as metodologias
atualmente utilizadas nas escolas não têm permitido a compreensão do
conceito de campo elétrico por parte dos estudantes em nível médio. Por
essa razão, se faz necessário abordar novas formas de trabalhar esse
conceito com estudantes em nível médio e os resultados dessa pesquisa
poderão influenciar positivamente a compreensão desse conceito por
esses estudantes.
Social
Propedêutica
Social
Superação do
problema
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Cumpre apontar que não encontramos na literatura metodologia
similar à proposta neste projeto.
Além disso, o produto a ser gerado, o software de simulação do
campo elétrico, possui potencial para geração de patente e futura
comercialização.
Referencial teórico
Nesta seção, anunciamos o Referencial Teórico norteador da pesquisa e
descrevemos os principais conceitos que orientarão a pesquisa. Diferentemente da
escrita da dissertação ou tese, aqui a descrição deve ser suscinta.
Veja o exemplo mostrado na Figura 6.
Figura 6 – O referencial teórico
Referencial teórico
O referencial que norteia a pesquisa proposta é a Epistemologia Genética
(PIAGET, 1975; FLAVELL, 1986). Desta teoria, dois conceitos são centrais para a
presente proposta: assimilação e acomodação. O primeiro, assimilação aponta
para o processo de incorporação de novos conhecimentos que ocorre utilizando
os esquemas presentes na mente do indivíduo. O segundo, diz respeito a um
processo maior de reestruturação dos esquemas de assimilação e ocorre pela
necessidade de o sujeito modificar-se para poder incorporar algo novo.
Como apontado por Vergnaud (1990), o desenvolvimento cognitivo dos
sujeitos não se dá independentemente dos conceitos com os quais interage e o
desenvolvimento não se dá da mesma forma em todos os campos com os quais o
sujeito interage.
Outra hipótese explorada nesta pesquisa é a de que estudantes do ensino
médio estão em processo de construção das estruturas formais, o que poderia ser
acelerado se fossem colocados frente a situações desafiadoras aos seus
esquemas atuais.
A proposta que apresentamos, baseada em um simulador computacional, tem por
objetivo colocar os sujeitos frente a este tipo de situação, que os levem a buscar
novos esquemas de assimilação, provocando, assim, uma mudança qualitativa
Ineditismo
Econômico
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nas formas de pensamento dos estudantes, levando-os ao estágio formal do
pensamento em relação ao conceito de campo elétrico e os conceitos de sua
ecologia conceitual (VERGNAUD, 1990).
Revisão da Literatura
O objetivo dessa revisão é situar o leitor quanto ao contexto do projeto e
apontar para o ineditismo e a relevância do projeto, podendo ser incorporada na
Introdução do projeto ou à justificativa. Aqui fazemos uma revisão dos principais
trabalhos que têm a ver com o nosso problema de pesquisa.
Apresentamos na Figura 7 um exemplo do que seria uma seção de revisão da
literatura de nosso projeto (todas as referências são fictícias).
Figura 7 – A revisão da literatura
Revisão da literatura
Além dos trabalhos já comentados na Introdução, outros dois trabalhos
investigaram problemáticas semelhantes à nossa. O primeiro, devido a De Leon
(2014), apontou para a dificuldade que estudantes em nível médio têm em
abstrair conceitos em geral e o de campo elétrico em particular. Analisando as
formas de pensamento desses estudantes, De Leon mostrou que quanto mais
baseada no princípio da transmissão - recepção for a aula, menos abstração é
construída pelos estudantes. Outro trabalho que analisou as formas de
pensamento de estudantes em nível médio foi o de Bonamigo, Sousa e Gil (2013).
Neste trabalho, estudando a construção do conceito de campo elétrico em
estudantes em nível médio, os autores mostraram que estudantes em escolas
públicas, que pela idade deveriam apresentar características do pensamento
formal, estavam de fato na fase final do pensamento concreto, com apenas
indícios do começo da formação das estruturas características do pensamento
formal
Portanto, a conclusão que podemos tirar desses dois trabalhos é que o
modelo de ensino associado à falta das estruturas características do pensamento
formal seria o responsável pelo baixo grau de abstração atingido por esses
estudantes. Corolário dessa conclusão é a hipótese de que a introdução de
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elementos concretos no ensino desse conceito poderia mitigar, senão eliminar,
essa lacuna na formação desses estudantes.
Delineamento da pesquisa
Em geral, essa seção é chamada de metodologia. A meu ver, o uso dessa
terminologia é um erro, uma vez que a palavra metodologia aponta para o estudo
dos métodos. O que fazemos nesta seção, de fato, é descrever como a pesquisa será
realizada, os procedimentos que serão utilizados (caso de um projeto) ou que foram
utilizados ao longo da pesquisa (fase da escrita da dissertação ou tese), qual a
população e como a amostra foi constituída ou o caso selecionado, quais variáveis
relevantes, etc. Nesse sentido, os termos Delineamento da Pesquisa ou Materiais e
Métodos seriam mais adequados.
Nesta seção, o investigador deve descrever os seguintes elementos:
a) Qual a população que se pretende estudar;
b) Quais serão os participantes da pesquisa? Se uma amostra vai ser
usada, como a amostra vai ser constituída, como os sujeitos serão
selecionados, como serão distribuídos ao longo da pesquisa em caso
de formação de grupos. Caso seja uma pesquisa usando a
metodologia de estudo de caso, como o caso (ou casos) vai ser
selecionado;
c) Quais são as variáveis pertinentes ao estudo pretendido;
d) Quais ferramentas se pretende utilizar;
e) Quais instrumento de coleta de registros serão utilizados, com qual
finalidade, qual sua estrutura;
f) Como os registros coletados constituirão os dados. Observe-se que um
dado é uma transformação realizada pelo pesquisador sobre registros
coletados. Por exemplo, uma gravação de voz é um registro e uma
transcrição dessa fala é um dado;
g) Como os dados serão analisados. Deve-se descrever a metodologia
que será utilizada. Na fase do projeto, essa descrição deve ser
suscinta, enquanto que na escrita da dissertação ou tese, o
pesquisador pode ser mais detalhista nesta descrição;
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População
Variáveis
h) Quais etapas deverão ser desenvolvidas no projeto.
Na Figura 8, apresentamos a seção de Delineamento da Pesquisa do projeto
de pesquisa sobre o Campo Elétrico que vimos desenvolvendo:
Figura 8 – O delineamento da pesquisa
Delineamento da pesquisa
A população deste projeto é o conjunto de estudantes do ensino
médio brasileiro que estudam o conceito de campo elétrico. Em geral esse
conceito é introduzido na terceira série do ensino médio. Para esta pesquisa,
será escolhida uma turma de terceira série de uma escola da rede estadual
de Mato Grosso do Sul, formada pelos critérios da escola na qual o projeto
será desenvolvido. Devido à forma pela qual a turma é formada, o critério de
aleatoriedade da escolha da amostra na população não pode ser satisfeito,
daí a necessidade da inserção de uma avaliação diagnóstica inicial.
Para esta pesquisa, as variáveis relevantes pertencem a duas
dimensões:
Dimensão 1 – Tipo de competência cognitiva exigida para a realização
da tarefa
a) Capacidade de análise, entendida como a competência em
decompor uma situação complexa em seus elementos
constituintes, elencando as relações entre eles;
b) Capacidade de síntese, entendida como a competência em
construir totalidades não sincréticas a partir de elementos
simples e das relações entre eles;
c) Capacidade de modelagem, entendida como a competência em
construir representações mentais de situações complexas e
operar a partir dessa representação construída;
d) Capacidade de construir analogias, entendida como a
competência em transpor a estrutura lógica de uma situação
para outra.
Dimensão 2 – Ponto de partida da tarefa
Amostra
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Análise:
categorização
Instrumentos
a) Ponto inicial da tarefa concreto –a tarefa começa com a
exploração de uma situação concreta;
b) Ponto inicial abstrato –a tarefa começa em um alto nível de
abstração, sem referência a situações concretas.
Os estudantes serão categorizados em níveis, a partir do seu
desempenho nas avaliações, quanto à sua capacidade de operar com o
conceito de campo elétrico:
a) Nível 0: não consegue realizar nenhuma das tarefas;
b) Nível 1
a. consegue realizar tarefas que envolvam análise
partindo de situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam análise
partindo de situações abstratas;
c) Nível 2
a. consegue realizar tarefas que envolvam síntese
partindo de situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam síntese
partindo de situações abstratas;
d) Nível 3:
a. consegue realizar tarefas que envolvam a modelagem
partindo de situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam a modelagem
partindo de situações abstratas;
e) Nível 4:
a. consegue realizar tarefas que envolvam analogias
partindo de situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam analogias
partindo de situações abstratas.
Serão desenvolvidas duas avaliações diagnósticas, a inicial (realizada
antes do início das atividades com o simulador) e a final (após a última
atividade com o simulador). Estas avaliações deverão ser compostas por
questões sobre o campo elétrico e que explorem as variáveis acima.
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Proposta
didática a ser
avaliada
O programa simulador a ser utilizado consiste em um conjunto de
módulos com as seguintes características:
a) Módulo conteúdo – apresenta os conceitos envolvidos, os
construindo a partir de situações do cotidiano. O banco de
dados do programa é capaz de apresentar até cinco situações
aos estudantes para cada conceito trabalhado;
b) Módulo simulador – permite aos estudantes modificar o
modelo, de modo a poderem ver as consequências de
diferentes hipóteses. Por exemplo, o estudante poderia ver as
consequências sobre o comportamento de cargas elétricas se
o campo elétrico decaísse com o cubo da distância entre as
cargas;
c) Módulo vídeos – diferentes vídeos de situações cotidianas
envolvendo o conceito estudado podem ser visualizados pelos
estudantes;
d) Módulo situações problema – diferentes problemas podem ser
apresentados aos estudantes, conforme escolha do professor
quanto ao nível de complexidade cognitiva;
e) Módulo gestor – permite ao professor determinar as trilhas de
aprendizagem, escolhendo quais materiais, e em que
sequência, os estudantes terão acesso. Este módulo está
disponível apenas para o professor.
Por ser baseado na WEB, o programa simulador pode ser utilizado
pelos estudantes a partir de seus computadores ou de seus smartphones ou
tablets.
Pela proposta de trabalho, toda conceituação de campo elétrico será
apresentada pelo programa simulador. O papel do professor da disciplina
será o de orientar os estudantes e sanar possíveis dúvidas sobre o que está
sendo apresentado, além de, naturalmente, determinar qual trilha deve ser
seguida pelos estudantes ao trabalharem com o programa simulador.
A sequência proposta prevê seis encontros. No primeiro encontro a
avaliação diagnóstica inicial será aplicada e o programa de simulação
Ferramenta
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Forma coleta
de registros
Construção
dos dados
Forma de
análise dos
dados
apresentado. No último encontro, a avaliação diagnóstica final será aplicada.
Nos demais encontros, os estudantes desenvolverão atividades usando o
programa de simulação. Todos os encontros serão de 100 (cem) minutos,
um por semana, no horário previsto para a aula de Física. Os estudantes
serão conduzidos ao laboratório e ficarão sob supervisão do professor da
disciplina e trabalharão em duplas.
As falas dos estudantes serão gravadas enquanto interagem com o
programa de simulação e entre si, assim como serão coletados registros da
interação dos estudantes com o programa de simulação (recurso presente
no próprio programa, o qual grava todas as interações dos estudantes com
ele).
Após o encerramento das atividades de simulação, as gravações de
áudio dos encontros e o registro das interações deles com o programa de
simulação serão transcritos e analisados.
A análise dos dados obtidos das avaliações inicial e final, das
transcrições de áudio e das interações do estudante com o programa de
simulação serão analisados da seguinte maneira:
a) Avaliação diagnóstica inicial/final: para cada estudante será
analisado o nível de abstração atingido pelo estudante nas
questões propostas. A avaliação será constituída de questões,
com enunciado contextualizado, que partem de uma base
concreta e de questões que exigem o pensamento formal. Todas
as questões serão de tipo discursiva.
b) Transcrições das falas durante a interação com o programa de
simulação: serão analisadas buscando-se evidências sobre o tipo
de operação que está sendo utilizada naquele momento e,
também de episódios que mostrem construção ou evolução
conceitual;
c) Transcrição das interações com o programa de simulação: serão
analisadas para tentar-se reconstruir os caminhos percorridos
pelos estudantes durante o processo de interação com o
programa.
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Validação dos
instrumentos Devido à complexidade relacionada à construção dos instrumentos e das
ferramentas de análise, prevemos a realização de um estudo piloto, conforme o
cronograma apresentado mais adiante, no qual pretendemos analisar os
instrumentos construídos e determinar a sua validade, sua fidedignidade e
calcular a correlação entre a avaliação diagnóstica inicial e a final, de modo a
garantirmos que meçam as variáveis medidas do mesmo modo. Para a
determinação da validade recorreremos à metodologia de validação por face:
serão consultados três pesquisadores da área para determinar se os testes
propostos medem o que pretendem medir.
Cronograma
O cronograma do projeto é a explicitação das tarefas que precisam ser
realizadas e quando cada tarefa deve ser produzida. Observe que a escrita da
dissertação ou tese, bem como do próprio projeto, não fazem parte do Cronograma.
Apresentamos na Figura 9 o Cronograma para nosso projeto.
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Figura 9 – O Cronograma
Tarefa Mês de desenvolvimento*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Desenvolvimento do Programa Simulador
Contatar Escola
Desenvolvimento das avaliações diagnósticas
Validação das avaliações diagnósticas
Estudo piloto
Análise de Fidedignidade das avaliações diagnósticas
Análise da Correlação entre as avaliações diagnósticas
Revisão das avaliações diagnósticas
Revisão do Programa Simulador
Desenvolvimento da atividade com o Simulador na escola
Análise dos dados das Avaliações Diagnósticas
Análise das gravações de áudio
Análise dos registros das interações dos estudantes com o Programa Simulador
Divulgação dos resultados
*O mês 1 é o primeiro mês após a liberação de recursos aprovados para o projeto
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Orçamento
O orçamento do projeto lista as despesas que serão necessárias para o
desenvolvimento do projeto. Observe que, dependendo da agência de fomento e do
edital, algumas despesas são permitidas, outras não. Por exemplo, alguns editais
permitem gasto em despesas de custeio, mas não capital.
Observe, ainda, que despesas com água, luz, telefonia, internet e
manutenção são, em geral, vistas pelas agências como contrapartida institucional e
não devem aparecer no projeto.
Pode ser que você seja solicitado a justificar os itens solicitados. Lembre-se
do seguinte: somente necessidades do projeto justificam solicitação de recursos.
Não é possível usar projetos de pesquisa para atender necessidades institucionais.
Apresentamos na Figura 10 o orçamento de nosso projeto.
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Figura 10 – Orçamento do projeto de pesquisa
Item de despesa Justificativa Unidade Valor unitário (R$) Quantidade Total (R$)
Papel Impressão das avaliações diagnósticas Resma 15,00 1 15,00
Tinta preta para impressora Impressão das avaliações diagnósticas Cartuxo 120,00 2 240,00
Tinta colorida para impressora Impressão das avaliações diagnósticas Cartuxo 140,00 2 280,00
Compra de domínio Hospedagem do programa simulador Mensalidade 15,00 10 150,00
Computador multiprocessado, com
pelo menos 6 gigabytes de memória
RAM, com pelo menos 1 terabyte de
disco rígido.
Desenvolvimento do programa simulador. Devido às
necessidades de alto desempenho das operações em
ponto flutuante e a grande quantidade de dados a
serem armazenados das simulações o computador a
ser utilizado precisa de muita memória RAM. Este
computador também será utilizado como hospedeiro
do portal www.simuladorpantaneiro.edu, utilizado
para disponibilizar o simulador aos estudantes.
Computador 2.500,00 1 2.500,00
Total 3.185,00
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Membros da equipe
Para finalizar nosso projeto, é preciso que listemos os dados da equipe
participante do projeto: o nome, a função no projeto, a instituição a que pertencem
e a carga horária que será dedicada ao projeto.
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Figura 11 – Equipe do projeto
Nome Função no projeto Instituição* Carga Horária Semanal no projeto (h)
Antônio José Gil Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Casemiro Mior Desenvolvedor de Software UFPAN 20
César Martins de Oliveira Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Fábio André Koff Gerente de Projeto UFPAN 20
Geraldo Pereira de Matos Filho Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Henrique Valmir da Conceição Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Hugo Eduardo de Leon Rodriguez Analista de sistemas UFPAN 20
Ithon Fritzen Programador visual UFPAN 20
Jorge Baidek Programador visual UFPAN 20
José Tarciso de Sousa Programador visual UFPAN 20
Luiz Carlos Tavares Franco Suporte técnico UFPAN 20
Mário Sérgio Pontes de Paiva Design gráfico UFPAN 20
Osvaldo Luiz Vital Design gráfico UFPAN 20
Paulo Afonso Bonamigo Design gráfico UFPAN 20
Paulo César Magalhães Suporte técnico UFPAN 20
Paulo Cézar Lima Desenvolvedor de testes UFPAN 20
Paulo Roberto Curtis Costa Analista de Conteúdo UFPAN 20
Renato Portaluppi Analista de Conteúdo UFPAN 20
Valdir Espinosa Coordenador do Projeto UFPAN 25
*UFPAN: Universidade do Pantanal; ** Todos docentes/técnicos da UFPAN.
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Referências4
FLAVELL, J. H. (1986) A psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget. Trad.
Maria Helena Souza Patto. 2a edição, SP, Pioneira. (Biblioteca Pioneira de Ciências
Sociais. Psicologia)
PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas - Problema central do
desenvolvimento. Trad. Marion Merlone dos Santos Penna. Zahar Editores, Rio de
Janeiro, 1975. Ciências da Educação.
VERGNAUD, G. La théorie des champs conceptuels. Recherche em Didactique
des Mathematiques, 10(2,3), 1990.
4 Listamos aqui apenas as referências reais do texto. As demais são fictícias.
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Projeto de Pesquisa Completo
Agência de fomento do Pantanal
Formulário para apresentação de projetos de pesquisa
Título do Projeto
Simuladores computacionais e seu uso na construção do conceito de
campo elétrico por estudantes em nível médio
Dados do Coordenador
Nome do Coordenador
Valdir Espinosa
Instituição
Universidade Federal do Pantanal (UFPAN)
Unidade
Instituto de Formação de Professores
Endereço
Pantanal Sul
CPF do Coordenador
123.123.123-00
Resumo
Um dos problemas encontrados no ensino em nível médio relacionado ao
conceito de campo elétrico é a dificuldade dos estudantes em construírem esse
conceito em altos níveis de abstração. As estratégias utilizadas nas escolas têm se
mostrado ineficazes para atingir esse objetivo. Baseados na Epistemologia Genética,
propomos investigar o impacto causado por uma nova estratégia, que faz uso de
simulações computacionais e que leve em conta os níveis de desenvolvimento
cognitivo dos estudantes, sobre o nível de abstração do conceito de campo elétrico.
A estratégia de pesquisa escolhida é baseada no estudo da evolução conceitual de
um grupo de estudantes, com aplicação de avaliações diagnósticas no início e no
final, assim como o registro e análise das interações dos estudantes com o simulador
utilizado. Como resultado, esperamos obter uma metodologia que possa ser
estendida a outros conceitos científicos abordados nesse nível de ensino.
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Introdução
A dificuldade dos estudantes em nível médio em abstrair conceitos
importantes ligados ao campo das ciências naturais tem sido apontada por
diferentes autores nos campos da Física (ANDRADE, 2014 e BAIDEK, 2016), da
Química (ESPINOSA, 2013 e PORTALUPPI, 2016) e da Biologia (LIMA, 2015).
Segundo esses autores, essa dificuldade tem origem em metodologia s de ensino
utilizadas nas escolas em nível médio brasileiras, que privilegiam o processo de
transmissão - recepção do conhecimento por meio de aulas expositivas, baseadas
apenas na oralidade do professor. Tal tipo de metodologia não levaria em conta o
nível de desenvolvimento cognitivo dos estudantes que, apesar de hipoteticamente
estarem no nível de desenvolvimento formal, estariam, de fato, no estágio das
operações concretas.
Na Física, o conceito de campo elétrico tem se mostrado de difícil construção
pelos estudantes em nível médio. Estudos recentes (Curtis, 2016; Matos Filho, 2017,
2018) reforçam a ideia de que este conceito não é construído pela maioria dos
estudantes, que apenas memorizam fórmulas apresentadas nas aulas, mas não são
capazes de resolver tarefas simples nas quais o conceito de campo elétrico é
necessário.
Estes estudos nos sugerem que estratégias de ensino que partam de
elementos concretos poderiam auxiliar os estudantes a atingir os níveis de abstração
necessários à completa compreensão do conceito de campo elétrico.
Por outro lado, LIMA (2011) mostrou efeitos sobre a aprendizagem do
conceito de dupla hélice do DNA quando os estudantes utilizaram simulações
computacionais. Neste trabalho, foi observado que os estudantes que utilizaram as
simulações atingiram níveis de abstração do conceito superiores em relação aos
estudantes que não a utilizaram.
Neste projeto, nos propomos a avaliar o efeito de uma nova estratégia de
ensino, baseada em uma abordagem partindo de elementos concretos e utilizando
simulações computacionais, sobre o nível de abstração do conceito de campo
elétrico atingido pelos estudantes. Assim, propomos a seguinte questão de pesquisa:
O uso de um simulador computacional do campo elétrico, que permita aos
estudantes a visualização e a manipulação desse campo, levaria estudantes do
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segundo ano do ensino médio à construção do conceito de campo elétrico em um
nível formal?
Justificativa
O mundo moderno é marcado pelo forte uso da tecnologia. Entre estas, as
tecnologias baseadas na comunicação por meio de ondas eletromagnéticas se
destacam. Por exemplo: aparelhos celulares, televisão e redes wi-fi.
A compreensão destas tecnologias e da ciência a elas associada passa pela
compreensão do conceito de campo elétrico, uma vez que ondas eletromagnéticas
nada mais são do que flutuações do campo elétrico e do campo magnético associado
que se propagam pelo espaço.
Sem esta compreensão, os estudantes da educação básica não são
preparados para entenderem como funciona o mundo em que vivem e, portanto, não
podem exercer plenamente sua cidadania.
Além disso, a compreensão do conceito de campo elétrico é importante para
a construção do conceito mais geral de campo, conceito este basilar para a
compreensão da visão de mundo atual da Física e o entendimento de diversos
fenômenos naturais.
Outro ponto que merece atenção, de natureza prática, é a aplicabilidade do
conceito de campo elétrico em problemas do cotidiano, como o uso de para-raios e
proteção de instalações prediais, indispensável para a segurança dos usuários.
Como apontado na introdução deste projeto, as metodologias atualmente
utilizadas nas escolas não têm permitido a compreensão do conceito de campo
elétrico por parte dos estudantes em nível médio. Por essa razão, se faz necessário
abordar novas formas de trabalhar esse conceito com estudantes em nível médio e
os resultados dessa pesquisa poderão influenciar positivamente a compreensão
desse conceito por esses estudantes.
Cumpre apontar que não encontramos na literatura metodologia similar à
proposta neste projeto.
Além disso, o produto a ser gerado, o software de simulação do campo
elétrico, possui potencial para geração de patente e futura comercialização.
Referencial teórico
O referencial que norteia a pesquisa proposta é a Epistemologia Genética
(PIAGET, 1975; FLAVELL, 1986). Desta teoria, dois conceitos são centrais para a
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presente proposta: assimilação e acomodação. O primeiro, assimilação aponta para
o processo de incorporação de novos conhecimentos que ocorre utilizando os
esquemas presentes na mente do indivíduo. O segundo, diz respeito a um processo
maior de reestruturação dos esquemas de assimilação e ocorre pela necessidade de
o sujeito modificar-se para poder incorporar algo novo.
Como apontado por Vergnaud (1990), o desenvolvimento cognitivo dos
sujeitos não se dá independentemente dos conceitos com os quais interage e o
desenvolvimento não se dá da mesma forma em todos os campos com os quais o
sujeito interage.
Outra hipótese explorada nesta pesquisa é a de que estudantes do ensino
médio estão em processo de construção das estruturas formais, o que poderia ser
acelerado se fossem colocados frente a situações desafiadoras aos seus esquemas
atuais.
A proposta que apresentamos, baseada em um simulador computacional,
tem por objetivo colocar os sujeitos frente a este tipo de situação, que os levem a
buscar novos esquemas de assimilação, provocando, assim, uma mudança
qualitativa nas formas de pensamento dos estudantes, levando-os ao estágio formal
do pensamento em relação ao conceito de campo elétrico e os conceitos de sua
ecologia conceitual (VERGNAUD, 1990).
Revisão da literatura
Além dos trabalhos já comentados na Introdução, outros dois trabalhos
investigaram problemáticas semelhantes à nossa. O primeiro, devido a De Leon
(2014), apontou para a dificuldade que estudantes em nível médio têm em abstrair
conceitos em geral e o de campo elétrico em particular. Analisando as formas de
pensamento desses estudantes, De Leon mostrou que quanto mais baseada no
princípio da transmissão - recepção for a aula, menos abstração é construída pelos
estudantes. Outro trabalho que analisou as formas de pensamento de estudantes
em nível médio foi o de Bonamigo, Sousa e Gil (2013). Neste trabalho, estudando a
construção do conceito de campo elétrico em estudantes em nível médio, os autores
mostraram que estudantes em escolas públicas, que pela idade deveriam
apresentar características do pensamento formal, estavam de fato na fase final do
pensamento concreto, com apenas indícios do começo da formação das estruturas
características do pensamento formal
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Portanto, a conclusão que podemos tirar desses dois trabalhos é que o
modelo de ensino associado à falta das estruturas características do pensamento
formal seria o responsável pelo baixo grau de abstração atingido por esses
estudantes. Corolário dessa conclusão é a hipótese de que a introdução de
elementos concretos no ensino desse conceito poderia mitigar, senão eliminar, essa
lacuna na formação desses estudantes.
Delineamento da pesquisa
A população deste projeto é o conjunto de estudantes do ensino médio
brasileiro que estudam o conceito de campo elétrico. Em geral esse conceito é
introduzido na terceira série do ensino médio. Para esta pesquisa, será escolhida
uma turma de terceira série de uma escola da rede estadual de Mato Grosso do Sul,
formada pelos critérios da escola na qual o projeto será desenvolvido. Devido à forma
pela qual a turma é formada, o critério de aleatoriedade da escolha da amostra na
população não pode ser satisfeito, daí a necessidade da inserção de uma avaliação
diagnóstica inicial.
Para esta pesquisa, as variáveis relevantes pertencem a duas dimensões:
Dimensão 1 – Tipo de competência cognitiva exigida para a realização da
tarefa
a) Capacidade de análise, entendida como a competência em decompor
uma situação complexa em seus elementos constituintes, elencando
as relações entre eles;
b) Capacidade de síntese, entendida como a competência em construir
totalidades não sincréticas a partir de elementos simples e das
relações entre eles;
c) Capacidade de modelagem, entendida como a competência em
construir representações mentais de situações complexas e operar a
partir dessa representação construída;
d) Capacidade de construir analogias, entendida como a competência
em transpor a estrutura lógica de uma situação para outra.
Dimensão 2 – Ponto de partida da tarefa
a) Ponto inicial da tarefa concreto –a tarefa começa com a exploração de
uma situação concreta;
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categorização
b) Ponto inicial abstrato –a tarefa começa em um alto nível de abstração,
sem referência a situações concretas.
Os estudantes serão categorizados em níveis, a partir do seu desempenho
nas avaliações, quanto à sua capacidade de operar com o conceito de campo
elétrico:
a) Nível 0: não consegue realizar nenhuma das tarefas;
b) Nível 1
a. consegue realizar tarefas que envolvam análise partindo de
situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam análise partindo de
situações abstratas;
c) Nível 2
a. consegue realizar tarefas que envolvam síntese partindo de
situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam síntese partindo de
situações abstratas;
d) Nível 3:
a. consegue realizar tarefas que envolvam a modelagem partindo
de situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam a modelagem partindo
de situações abstratas;
e) Nível 4:
a. consegue realizar tarefas que envolvam analogias partindo de
situações concretas;
b. consegue realizar tarefas que envolvam analogias partindo de
situações abstratas.
Serão desenvolvidas duas avaliações diagnósticas, a inicial (realizada antes
do início das atividades com o simulador) e a final (após a última atividade com o
simulador). Estas avaliações deverão ser compostas por questões sobre o campo
elétrico e que explorem as variáveis acima.
O programa simulador a ser utilizado consiste em um conjunto de módulos
com as seguintes características:
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didática a ser
avaliada
de registros
a) Módulo conteúdo – apresenta os conceitos envolvidos, os construindo
a partir de situações do cotidiano. O banco de dados do programa é
capaz de apresentar até cinco situações aos estudantes para cada
conceito trabalhado;
b) Módulo simulador – permite aos estudantes modificar o modelo, de
modo a poderem ver as consequências de diferentes hipóteses. Por
exemplo, o estudante poderia ver as consequências sobre o
comportamento de cargas elétricas se o campo elétrico decaísse com
o cubo da distância entre as cargas;
c) Módulo vídeos – diferentes vídeos de situações cotidianas envolvendo
o conceito estudado podem ser visualizados pelos estudantes;
d) Módulo situações problema – diferentes problemas podem ser
apresentados aos estudantes, conforme escolha do professor quanto
ao nível de complexidade cognitiva;
e) Módulo gestor – permite ao professor determinar as trilhas de
aprendizagem, escolhendo quais materiais, e em que sequência, os
estudantes terão acesso. Este módulo está disponível apenas para o
professor.
Por ser baseado na WEB, o programa simulador pode ser utilizado pelos
estudantes a partir de seus computadores ou de seus smartphones ou tablets.
Pela proposta de trabalho, toda conceituação de campo elétrico será
apresentada pelo programa simulador. O papel do professor da disciplina será o de
orientar os estudantes e sanar possíveis dúvidas sobre o que está sendo
apresentado, além de, naturalmente, determinar qual trilha deve ser seguida pelos
estudantes ao trabalharem com o programa simulador.
A sequência proposta prevê seis encontros. No primeiro encontro a avaliação
diagnóstica inicial será aplicada e o programa de simulação apresentado. No último
encontro, a avaliação diagnóstica final será aplicada. Nos demais encontros, os
estudantes desenvolverão atividades usando o programa de simulação. Todos os
encontros serão de 100 (cem) minutos, um por semana, no horário previsto para a
aula de Física. Os estudantes serão conduzidos ao laboratório e ficarão sob
supervisão do professor da disciplina e trabalharão em duplas.
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dos dados
Forma de
análise dos
dados
As falas dos estudantes serão gravadas enquanto interagem com o programa
de simulação e entre si, assim como serão coletados registros da interação dos
estudantes com o programa de simulação (recurso presente no próprio programa, o
qual grava todas as interações dos estudantes com ele).
Após o encerramento das atividades de simulação, as gravações de áudio dos
encontros e o registro das interações deles com o programa de simulação serão
transcritos e analisados.
A análise dos dados obtidos das avaliações inicial e final, das transcrições de
áudio e das interações do estudante com o programa de simulação serão analisados
da seguinte maneira:
a) Avaliação diagnóstica inicial/final: para cada estudante será analisado
o nível de abstração atingido pelo estudante nas questões propostas.
A avaliação será constituída de questões, com enunciado
contextualizado, que partem de uma base concreta e de questões que
exigem o pensamento formal. Todas as questões serão de tipo
discursiva.
b) Transcrições das falas durante a interação com o programa de
simulação: serão analisadas buscando-se evidências sobre o tipo de
operação que está sendo utilizada naquele momento e, também de
episódios que mostrem construção ou evolução conceitual;
c) Transcrição das interações com o programa de simulação: serão
analisadas para tentar-se reconstruir os caminhos percorridos pelos
estudantes durante o processo de interação com o programa.
Devido à complexidade relacionada à construção dos instrumentos e das
ferramentas de análise, prevemos a realização de um estudo piloto, conforme o
cronograma apresentado mais adiante, no qual pretendemos analisar os
instrumentos construídos e determinar a sua validade, sua fidedignidade e calcular
a correlação entre a avaliação diagnóstica inicial e a final, de modo a garantirmos
que meçam as variáveis medidas do mesmo modo. Para a determinação da validade
recorreremos à metodologia de validação por face: serão consultados três
pesquisadores da área para determinar se os testes propostos medem o que
pretendem medir.
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Cronograma
Tarefa Mês de desenvolvimento*
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Desenvolvimento do Programa Simulador
Contatar Escola
Desenvolvimento das avaliações diagnósticas
Validação das avaliações diagnósticas
Estudo piloto
Análise de Fidedignidade das avaliações diagnósticas
Análise da Correlação entre as avaliações diagnósticas
Revisão das avaliações diagnósticas
Revisão do Programa Simulador
Desenvolvimento da atividade com o Simulador na escola
Análise dos dados das Avaliações Diagnósticas
Análise das gravações de áudio
Análise dos registros das interações dos estudantes com o Programa Simulador
Divulgação dos resultados
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Orçamento
Item de despesa Justificativa Unidade Valor unitário (R$) Quantidade Total (R$)
Papel Impressão das avaliações diagnósticas Resma 15,00 1 15,00
Tinta preta para impressora Impressão das avaliações diagnósticas Cartuxo 120,00 2 240,00
Tinta colorida para impressora Impressão das avaliações diagnósticas Cartuxo 140,00 2 280,00
Compra de domínio Hospedagem do programa simulador Mensalidade 15,00 10 150,00
Computador multiprocessado, com
pelo menos 6 gigabytes de memória
RAM, com pelo menos 1 terabyte de
disco rígido.
Desenvolvimento do programa simulador. Devido às
necessidades de alto desempenho das operações em
ponto flutuante e a grande quantidade de dados a
serem armazenados das simulações o computador a
ser utilizado precisa de muita memória RAM. Este
computador também será utilizado como hospedeiro
do portal www.simuladorpantaneiro.edu, utilizado
para disponibilizar o simulador aos estudantes.
Computador 2.500,00 1 2.500,00
Total 3.185,00
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Equipe do Projeto
Nome Função no projeto Instituição* Carga Horária Semanal no projeto (h)
Antônio José Gil Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Casemiro Mior Desenvolvedor de Software UFPAN 20
César Martins de Oliveira Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Fábio André Koff Gerente de Projeto UFPAN 20
Geraldo Pereira de Matos Filho Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Henrique Valmir da Conceição Desenvolvedor de Software UFPAN 20
Hugo Eduardo de Leon Rodriguez Analista de sistemas UFPAN 20
Ithon Fritzen Programador visual UFPAN 20
Jorge Baidek Programador visual UFPAN 20
José Tarciso de Sousa Programador visual UFPAN 20
Luiz Carlos Tavares Franco Suporte técnico UFPAN 20
Mário Sérgio Pontes de Paiva Design gráfico UFPAN 20
Osvaldo Luiz Vital Design gráfico UFPAN 20
Paulo Afonso Bonamigo Design gráfico UFPAN 20
Paulo César Magalhães Suporte técnico UFPAN 20
Paulo Cézar Lima Desenvolvedor de testes UFPAN 20
Paulo Roberto Curtis Costa Analista de Conteúdo UFPAN 20
Renato Portaluppi Analista de Conteúdo UFPAN 20
Valdir Espinosa Coordenador do Projeto UFPAN 25
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Referências5
FLAVELL, J. H. (1986) A psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget. Trad.
Maria Helena Souza Patto. 2a edição, SP, Pioneira. (Biblioteca Pioneira de Ciências
Sociais. Psicologia)
PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas - Problema central do
desenvolvimento. Trad. Marion Merlone dos Santos Penna. Zahar Editores, Rio de
Janeiro, 1975. Ciências da Educação.
VERGNAUD, G. La théorie des champs conceptuels. Recherche em Didactique
des Mathematiques, 10(2,3), 1990.
5 Lembrando que listamos aqui apenas as referências reais do texto. As demais são fictícias.