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i Autor: Wendel Leme Beil Projeto e montagem de um sistema para lingotamento contínuo sob agitação eletromagnética para ligas de Al-Si CAMPINAS 2015 54/2015

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Autor: Wendel Leme Beil

Projeto e montagem de um sistema para

lingotamento contínuo sob agitação

eletromagnética para ligas de Al-Si

CAMPINAS

2015

54/2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

Autor: Wendel Leme Beil

Projeto e montagem de um sistema para lingotamento

contínuo sob agitação eletromagnética para ligas de Al-Si.

Orientador: Prof. Dr. Eugênio José Zoqui

Campinas

2015

Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Engenharia Mecânica da

Universidade Estadual de Campinas para

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Mecânica, na Área de Materiais e Processos de

fabricação.

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Dedico este trabalho a minha família; aos meus pais, Ana e Maurilio; ao meu irmão

Luciano; pelo apoio e presença em todos os momentos de minha vida, a minha filha Isabella e

esposa Gilbéria por compreenderem minha ausência.

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Agradecimentos

Este trabalho não poderia ter sido realizado sem o apoio de diversas pessoas, às quais

expresso meus agradecimentos e minha homenagem:

Aos meus pais, Ana e Maurilio, ao meu irmão Luciano, pelo amor sincero, agora e por

todo o sempre.

Aos colegas do departamento: Cecília Tereza Weishaupt Proni, Gabriela Lujan Brollo,

Davi Benati, Luis Vanderlei Torres e Bruna Vilas Boas por, de alguma forma ter contribuído.

Ao Prof. Dr. Eugênio José Zoqui, pela orientação e compreensão em momentos de

dificuldade.

Ao Prof. Dr. Luciano Augusto Lorençato, pela ajuda e amizade.

Aos técnicos Claudomiro Alves, Fábio Gatamorta, Aristides Magri, Eduardo José

Bernardes, João Eduardo Pólis e José Luís Lisboa, sem os quais equipamentos e experimentos

não seriam possíveis a para a realização desta pesquisa.

Ao eletrotécnico Sr. Salvador Munhoz; pela contribuição externa prestada.

À Unicamp, pela possibilidade de realização deste trabalho.

À escola SENAI “Roberto Mange”, por ter como premissa o aprimoramento de seus

colaboradores.

A todos os professores da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), por compartilharem

conhecimento e desta forma, direta e indiretamente, possibilitaram que este trabalho fosse

concluído.

Ao Físico Miguel Zelaya; pela colaboração em diversos momentos.

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“O temor do Senhor é o princípio do

conhecimento; os loucos desprezam a

sabedoria e a instrução”.

Provérbios 1:7

“No principio nada. Tudo é obscuro. Somos como

pessoas perdidas numa floresta. Não hesitemos, porém.

Caminhemos diretamente para frente, duvidando,

examinando, verificando, procurando a verdade”.

René Descartes (1596-1650),

“ Discurso do método, regras para direção do espírito ”

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Resumo

O presente trabalho visa desenvolver um projeto e executar a montagem e teste de um

sistema de lingotamento contínuo, aprimorado com o uso da agitação eletromagnética, para a

fabricação de lingotes de ligas de Al-Si com estrutura refinada de grãos. Durante seu

desenvolvimento, o projeto almejou o estabelecimento de parâmetros construtivos do

equipamento, bem como os parâmetros de processamento para obtenção dos lingotes. Os

parâmetros estudados foram a altura de metal fundido na cavidade do molde, velocidade de

lingotamento, temperatura de vazamento e rugosidade da cavidade do molde. Após serem

determinados os parâmetros construtivos e de processamento, procedeu-se a obtenção dos

lingotes propriamente ditos, em duas condições de refrigeração: refrigeração primária, somente

no molde metálico, e refrigeração primária e secundária (com sistema de refrigeração na saída do

lingote). Para cada uma dessas condições foram obtidos lingotes sem a aplicação do campo

magnético e, sob a agitação eletromagnética a 1500 W com o campo magnético variando de 12 a

20 Gauss e 3000 W com o campo magnético variando de 22 a 38 Gauss. De posse dos lingotes

seguiu-se a caracterização microestrutural por meio de análise metalográfica convencional e

análise metalográfica por polarização de imagem, que buscou verificar a eficiência do sistema no

refino de grãos. A condição de otimização alcançada sugere a fabricação de ligas de Al-Si nas

seguintes condições: a temperatura de vazamento adotada foi de 800 ºC, rugosidade da cavidade

do molde de Ra = 0,06 µm, velocidade de lingotamento 3 mm/s e altura de metal fundido na

cavidade do molde de 15 a 20 mm, em que alcançou-se o tamanho de grãos com 178 µm e

espaçamento interdendrítico de 125 µm, com uma potência de 1500 W e campo magnético de 12

a 20 Gauss.

Palavras chaves: Lingotamento contínuo, A356, agitação eletromagnética e refino de grãos.

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Abstract

This work aims to develop a project and implement the assembly and testing of a continuous

casting system, enhanced with the use of electromagnetic stirring to manufacture ingots of Al-Si

alloys with refined grain structure. During its development the project aspired to establishing

constructive parameters of the equipment, as well as the establishment of the processing

parameters for obtain ingots. The parameters studied were: the molten metal height in the mould

cavity, the casting speed, the casting temperature, and the roughness of the mould cavity. After

setting the construction and processing parameters were obtained obtain the ingots in two cooling

conditions: primary cooling (considering only the metal mould), and primary and secondary

cooling (with the ingot cooling system in the output). For each of these conditions were obtained

ingots without applying the electromagnetic field and with electromagnetic stirring in 1500 W

with a variation of electromagnetic field between 12 to 20 Gauss, and 3000 W with a variation

eletrocmagnetic field between 22 to 38 Gauss. In possession of ingots followed the

microstructural characterization by conventional metallographic analysis and metallographic

analysis by polarization imaging, which aims to evaluate the efficiency of the grain refining

system. The process optimized condition suggests the manufacturing Al-Si alloy in the following

conditions: the pouring temperature was 800 °C, the mold cavity surface roughness Ra = 0.06

µm, casting speed is 3mm/s and molten metal height in the mould cavity of 15 to 20 mm where

grain size up to 180 µm and interdendritic spacing of 125 µm, with a power of 1500 W and

magnetic field of 12 to 20 Gauss.

Key words: Continuous casting, A356, electromagnetic stirring and refining grains.

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Lista de ilustrações

Figura 2.1 Diagrama de fases do sistema Al-Si, (ASM INTERNATIONAL, 1996).............6

Figura 2.2 Modos de transferência de calor atuantes na interface metal/molde...................11

Figura 2.3 Formas de campo eletromagnético para produção da matéria prima para

thixofundição.........................................................................................................................13

Figura 2.4 Diagrama de tratamento ultrassônico em molde de lingotamento contínuo para

ligas leves.....................................................................…………………………………….16

Figura 2.5 Fotografias de uma amostras de A356.................................................................18

Figura 2.6 Sólido gerado pelo Auto CAD, ilustrando a complexidade da estrutura.............19

Figura 2.7 Mecanismos de engrossamento dendrítico de Otswald ripening.........................21

Figura 2.8 Mecanismos de engrossamento dendrítico por coalescência...............................22

Figura 3.1 Fluxograma das etapas desenvolvidas no processo.............................................24

Figura 3.2 Micrografias obtidas da matéria-prima como recebida.......................................26

Figura 3.3 Rugosímetro utilizado para obtenção dos perfis de rugosidade..........................27

Figura 3.4 Montagem do sistema utilizada na execução dos testes preliminares.................29

Figura 3.5 Diferentes formas de energização para estator gerador de campo

eletromagnético.....................................................................................................................30

Figura 3.6 Gausímetro e dispositivo utilizado para mapeamento de campo magnético.......31

Figura 3.7 Comparações entre todas as condições de campo medidas.................................32

Figura 3.8 Vista explodida mostrando todos os componentes existentes no molde de

lingotamento..........................................................................................................................33

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Figura 3.9 Corpo do molde em corte mostrando entrada e saída de refrigeração e estado da

superfície...............................................................................................................................34

Figura 3.10 Desenho em corte mostrando principais cotas e com vista de detalhe C

mostrando posicionamento do termopar no molde lingotador.............................................35

Figura 3.11 Molde com extrator posicionado a espera do vazamento..................................36

Figura 3.12 Posicionamento do extrator em relação ao campo magnético...........................37

Figura 3.13 Sistema de refrigeração secundária...................................................................38

Figura 3.14 Dispositivo utilizado para auxiliar o vazamento...............................................38

Figura 3.15 Conjunto lingotador completo..........................................................................39

Figura 3.16 Exemplo do método utilizado para mensurar o tamanho de grão (a esquerda) e

espaçamento dendrítico (a direita)...................................................................................... 40

Figura 4.1 Lingotes obtidos nas duas tentativas de vazamento do ensaio 1........................43

Figura 4.2 Lingotes obtidos com temperatura de vazamento ajustada em 700 °C...............44

Figura 4.3 Lingotes obtidos com temperatura de vazamento ajustada para 800 ºC.............44

Figura 4.4 Comparação das diferentes temperaturas observadas na região de solidificação

com seus respectivos Ra........................................................................................................45

Figura 4.5 lingote obtido com solidificação convencional e acabamento superficial da

cavidade do molde com Ra 0,06...........................................................................................45

Figura 4.6 Pontos de ocorrência de “sangramento”..............................................................48

Figura 4.7 Lingote com pontos da evolução do sangramento à ruptura...............................48

Figura 4.8 Gráfico com perfil de temperatura para o ensaio com altura útil do molde

aumentada para 25 mm.........................................................................................................49

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Figura 4.9 Lingote obtido com altura de metal fundido aumentada de 20 a 25 mm

apresentando deformação axial.............................................................................................50

Figura 4.10 Vista do topo dos lingotes para vários parâmetros ensaiados............................50

Figura 4.11 Exemplos de lingotes produzidos em seus comprimentos máximo e

mínimo..................................................................................................................................54

Figura 4.12 Imagem representativa das posições analisadas por metalografia convencional

e por luz polarizada...............................................................................................................55

Figura 4.13 Micrografias sequenciais obtidas ao longo da seção longitudinal do lingote da

1ª à 6ª.....................................................................................................................................57

Figura 4.14 Micrografias sequenciais obtidas ao longo da seção longitudinal do lingote da

7ª à 10ª...................................................................................................................................58

Figura 4.15 Micrografias da seção transversal, na região periférica, mediana e central dos

lingotes obtidos na condição RP sob 0 W, 1500 W e 3000 W..............................................60

Figura 4.16 Micrografias da seção transversal, na região periférica, mediana e central dos

lingotes obtidos na condição RPS. sob 0 W, 1500 W e 3000 W .........................................62

Figura 4.17 Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

convencional (0 W) na condição RP.....................................................................................64

Figura 4.18 Micrografia da região proximal, medial e distal com solidificação ocorrida sob

agitação a 1500 W na condição de RP..................................................................................65

Figura 4.19 Micrografia da região proximal, medial e distal com solidificação ocorrida sob

agitação a 3000 W na condição de RP................................................................................. 66

Figura 4.20 Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

convencional (0 W) na condição RPS...................................................................................67

Figura 4.21 Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

ocorrida sob agitação de 1500 W na condição RPS..............................................................68

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Figura 4.22 Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

ocorrida sob agitação de 3000 W na condição RPS..............................................................69

Figura 4.23 Comparação direta entre tamanhos de grãos obtidos em todas as condições de

ensaio.....................................................................................................................................73

Figura 4.24 Comparação direta entre espaçamentos dendritícos obtidos em todas as

condições de ensaio...............................................................................................................74

Figura 4.25 Relação entre tamanho de grão e espaçamento dendrítico (TG/ED) para todas

as condições de ensaio..........................................................................................................75

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Lista de tabelas

Tabela 3.1 Resultados obtidos após análise de composição química ............................................25

Tabela 3.2 Valores de rugosidade obtidos para realização dos ensaios.........................................28

Tabela 4.1 Parâmetros testados e pressupostos nos ensaios iniciais de lingotamento....................42

Tabela 4.2 Parâmetros de realização dos ensaios com velocidade e área útil aumentados............47

Tabela 4.3 Parâmetros de operacionais..........................................................................................52

Tabela 4.4 Parâmetros para produção dos lingotes utilizados na caracterização ..........................53

Tabela 4.5 Média de tamanho de grão e média de espaçamento dendrítico seguido da relação

TG/ED, caracterizados nas três regiões do lingote com refrigeração Primária RP........................70

Tabela 4.6 Média de tamanho de grão e média de espaçamento dendrítico seguido da relação

TG/ED, caracterizados nas três regiões do lingote com refrigeração Primária RPS......................71

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Listas de abreviaturas e siglas

Siglas

ASM – American Society for Metals

ASTM - American Society for Testing and Materials

CAFE- Corporate Average Fuel Economy

CEMEF- Centre de Mise em Forme de Materiaux

CLA – Center Line Average

ED – Espaçamento dendrítico

EMS – Electromagnetic Stirring

EUA – Estados Unidos da América

GCC – Gulf Cooperation Council

MIT – Massachusetts Institute of Technology

Ra – Rugosidade Média

RP – Refrigeração Primária

RPS – Refrigeração Primária mais Secundária

SSM - Metalurgia Semissólida

TG – Tamanho de grão

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

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Sumário

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................1

1.1 Objetivos....................................................................................................................................3

1.2 Justificativa.................................................................................................................................4

2.0 REVISÃO DA LITERATURA..................................................................................................5

2.1 Ligas de AL-Si............................................................................................................................5

2.2 Solidificação...............................................................................................................................7

2.3 Processos de obtenção de matéria-prima para tixoconformação...............................................9

2.3.1 Lingotamento contínuo com agitação eletromagnética.........................................................10

2.3.2 Outros processos de obtenção de matéria-prima tixoconformável.......................................14

2.4 Caracterização morfológica da matéria-prima..........................................................................16

2.5 Mecanismos de obtenção de estruturas não dendríticas para tixofundição..............................19

3. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................................23

3.1. Matéria-prima utilizada nos ensaios........................................................................................25

3.2 Análise de acabamento superficial da cavidade do molde.......................................................27

3.3 Montagem provisória e testes preliminares..............................................................................28

3.4 Análise de campo magnético....................................................................................................30

3.5 Projeto, fabricação do molde definitivo e montagem do sistema de lingotamento

contínuo..........................................................................................................................................32

3.6 Caracterização microestrutural.................................................................................................39

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...............................................................................................41

4.1 Determinação da temperatura de vazamento, velocidade de arraste e acabamento superficial

da cavidade da matriz.....................................................................................................................41

4.2 Obtenção dos lingotes para caracterização...............................................................................53

4.3 Análise metalográfica...............................................................................................................54

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................77

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................80

APÊNDICE A- PERFIS DE RUGOSIDADE ENSAIDOS...........................................................87

ANEXO A – RUGOSIDADE SUPERFICIAL......................................................................88

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1 INTRODUÇÃO

O processo SSM (Semisolid Materials Processing), processamento de materiais no estado

semissólido, teve origem na década de 70, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), com

a pesquisa do comportamento viscoso de uma liga Sn-wt15%Pb, publicado em 1972, por

Spencer, Mehrabian e Flemings.

O propósito inicial foi pesquisar a formação de trincas de solidificação de peças com

grande diferença de seção transversal por meio da análise da tensão de cisalhamento no metal

líquido em processo de solidificação. Na ocorrência dos testes, observou-se que, ao invés das

trincas na região onde o metal em solidificação, sob ação do movimento cisalhante, apresentava

um comportamento de escoamento de baixa viscosidade devido à microestrutura globular,

apresentada após análise metalográfica.

Após estudo realizado sobre a descoberta desse comportamento viscoso e mudança da

microestrutura no metal, constatou-se que as pesquisas foram incessantes em várias universidades

e centros de pesquisa ao redor do mundo, como por exemplo, nos EUA universidade de Illinois,

na Inglaterra universidade Sheffield e Sussex e no Brasil a Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP). Além disso, elas produziram inúmeros artigos científicos em conferências

internacionais; como por exemplo, (PAES et al., 2000), (TORRES et al., 2014) sendo a primeira

ocorrida em 1990 na França, CEMEF – Sophia-Antipolis, e a última em 2014 em Omã, na Ásia.

A força motriz para esses estudos e acontecimentos foi a aplicação industrial, em inúmeros

setores da indústria, merecendo destaque para a indústria automotiva, com tendência das

montadoras para a contínua redução de peso, por meio da substituição do ferro fundido e de aço

na fabricação de componentes por ligas mais leves, como as ligas de fundição de alumínio e

magnésio (CHIARMETTA, 1996).

Consequentemente, a utilização do alumínio em automóveis continua a crescer em todo o

mundo. No entanto, o que impulsiona a crescente redução de peso em automóveis difere em

diferentes partes do mundo. Nos EUA, uso do alumínio é impulsionado por um padrão

governamental denominado CAFE, a fixação de metas de consumo, como milhas por galão, para

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as frotas de automóveis produzidas. Na Europa, o desempenho do automóvel é mais importante e

maior ênfase é dada sobre a reciclagem, inclusive em questões ambientais. Consequentemente, a

redução de peso é impulsionada por melhorias no desempenho (3 litros de gasolina por 100 km).

No Japão, as aplicações automotivas são semelhantes tais como: ar condicionado, direção

hidráulica e sistemas de freios antibloqueio. Além disso, as ligas fundidas de alumínio estão se

tornando cada vez mais comum e são cada vez mais utilizadas para manter o peso do automóvel

quando opções mais pesadas são adicionadas.

Desde os anos 90, as montadoras de automóveis têm utilizado o alumínio em processos de

fundição sob pressão com maior impacto nos custos. Agora as montadoras estão focando numa

maior especificação e desempenho funcional dos componentes produzidos, como sistemas de

transmissão, suspensão e componentes que requeiram estanqueidade sob pressão. Para produzir

esses componentes, as montadoras estão concentrando na produção de seus componentes dentro

da condição Near-net-shape, componentes de alumínio com espessuras menores, combinando

excelente desempenho funcional e mecânico, com menor custo de processamento. O processo de

tixoconformação tem se mostrado capaz de atender estas solicitações (EISEN, 1998). A

implementação futura da tixofundição em série industrial e do alto grau de produção de

componentes depende especialmente da qualidade e da eficiência da produção da matéria-prima

(MULLER-SPATTH et al., 1996).

A tixoconformação, conformação no estado semissólido, é um processo que utiliza matéria-

prima com propriedades tixotrópicas para obtenção de seus produtos. Os requisitos mais

importantes de uma liga metálica quanto à tixotropia são a presença de duas fases distintas: uma

líquida e uma sólida, em proporções facilmente controláveis a uma dada faixa de temperatura e o

menor tamanho de grão da fase primária possível (remanescente sólido), a liga A356 (Al-

7wt%Si-0.4wt%Mg), apresenta esta característica inicial, ou seja, cerca de 50% de fase alfa e

50% de fase eutética. Porém, sua microestrutura é geralmente constituída de grãos grosseiros

formados por dendritas grosseiras da fase alfa e a fase secundária, eutética, depositada junto aos

contornos interdendríticos. Desenvolver metodologias simples de refino desta estrutura é

fundamental para a plena utilização desta tecnologia, já que o mecanismo de refino de grãos com

agente refinador é insuficiente para este intento. Entre os processos de obtenção de matéria-prima

para tixoconformação destacam-se os que utilizam agitação eletromagnética, EMS

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(Electromagnetic Stirring), que consiste na utilização de agitação eletromagnética no metal em

solidificação.

Desta forma, com a utilização de EMS, pretende-se a obtenção de uma matéria-prima

tixoconformável, detentora de grãos primários equiaxiais de tamanho reduzido - cerca de 70 a

100 mícrons – rodeados por um “filme líquido” eutético de baixa temperatura de fusão (se

comparada às temperaturas utilizadas nos processos de fundição tradicionais). Assim, consegue-

se uma pasta com baixa viscosidade (indispensável para que a cavidade do molde seja bem

preenchida), mesmo com uma alta fração sólida (PRONI, 2010).

Segundo Robert (1989) e (1993) os mecanismos de coalescência, em altas frações sólidas,

serão preponderantes envolvendo aglomeração e aproximação dos ramos secundários. O

engrossamento dos braços dendríticos poderão envolver partes do soluto que não foi carregado,

prendendo-o, ou retendo também uma porção do eutético “poça retida”. A baixa viscosidade e a

pouca ou nenhuma presença da poça retida, constituem importantes características para uma pasta

tixoconformável.

1.1 Objetivos

Este trabalho tem por objetivo o projeto e montagem de um sistema de lingotamento

contínuo para ligas de alumínio silício sob influência de agitação eletromagnética, para obtenção

de estrutura refinada de grãos e posterior utilização em processos de tixoconformação. O

processo de obtenção será analisado por meio do estabelecimento de parâmetros de

processamento para obtenção da matéria-prima tixoconformável, visando aperfeiçoar a sua

produção. Os lingotes produzidos serão obtidos sob duas distintas formas de refrigeração, RP

(refrigeração primária) e RPS (refrigeração primária mais secundária). A qualidade da matéria-

prima após a obtenção será analisada e caracterizada por meio de análise micrográfica por

métodos relatados na literatura os quais serão relatados no capítulo MATERIAIS E MÉTODOS.

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1.2 Justificativa

A partir de 1998 o laboratório de fundição da Faculdade de Engenharia Mecânica da

UNICAMP começou a investir na infraestrutura básica, necessária para o desenvolvimento de um

sistema de obtenção de pastas em escala piloto. Esse procedimento deu origem inicialmente a um

sistema de lingotamento semicontínuo de pastas reofundidas (ZOQUI, 2001).

Desde então, o grupo de fundição e tixoconformação dessa Faculdade tem estudado a

fabricação de ligas de alumínio-silício, via lingotamento sob agitação eletromagnética e montou,

a partir destas ligas, um protocolo de avaliação de tixoconformabilidade. O método de

caracterização envolve evolução morfológica de ligas no estado semissólido, assim como a

caracterização do comportamento viscoso, via ensaio de compressão a quente (ZOQUI, 2002) e

(PAES, 2004).

Os trabalhos realizados com as ligas A356 por (PAES, 2000); AA7075 e AA7004

(TORRES, 2009); AA2011 e AA2014 (PRONI, 2010), Al-4wt%Si-5wt%Zn, Al-5wt%Si-

5wt%Zn e Al-5wt%Si-6wt%Zn (VILAS BÔAS, 2012), Al-Xwt%Si-5wt%Zn (PERES, 2012)

utilizaram um equipamento que permitia a produção semicontínua ou estanque na obtenção de

lingotes, o que possibilitou a obtenção de matéria-prima com as características necessárias para o

processo de tixoconformação .

Considerando o exposto acima, esta dissertação faz parte de um projeto que visa à

otimização de obtenção de matéria-prima para processamento no estado semissólido, por meio do

projeto e montagem de um equipamento de lingotamento contínuo sob a influência da agitação

eletromagnética. A liga utilizada nesta dissertação foi uma liga comercial a A 356 e a produção

dos lingotes se deu pelo equipamento de lingotamento contínuo descrito acima, cujos aspectos

construtivos e de montagem foram mostrados no capítulo MATERIAIS E MÉTODOS desta

dissertação. Este projeto visa à otimização do processo de produção dos lingotes e potencial

utilização do equipamento com outras ligas de alumínio em trabalhos futuros.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Ligas de Al-Si

Todo o grupo das ligas de alumínio-silício apresenta excelentes características para o

processo de fundição, como soldabilidade, estanqueidade e resistência à corrosão. Essas ligas,

quando tratadas termicamente, combinam resistência à tração e excelentes propriedades físicas,

as quais são atrativas para muitas aplicações, incluindo componentes automotivos e aeronáuticos.

As ligas A356 e A357 estão entre as mais utilizadas em processos de fundição em molde de areia

e molde permanente para especificações aeronáuticas e militares, devido ao alto grau de

qualidade obtidos em seus componentes (HATCH, 1984).

A transformação invariante eutética do sistema Al-Si ocorre a uma temperatura de 577 ºC a

uma concentração de 12,6% de silício, sendo a solubilidade sólida do silício na matriz de

alumínio de 1,65% na temperatura eutética figura 2.1. A importância comercial das ligas de

alumínio-silício concentra-se na alta fluidez e baixo coeficiente de contração no processo

fundição, brasagem, e boa soldabilidade, o que confere ao alumínio ampla gama de aplicações em

vários processos. As partículas duras de silício conferem ao alumínio boa resistência ao desgaste

(HATCH, 1984).

A capacidade de um metal fundido continuar a fluir, mesmo perdendo temperatura e com o

processo de solidificação em andamento, é uma importante característica do processo de

fundição. Para avaliação dessa característica, um conceito quantitativo foi desenvolvido e

denominado máxima distância de fluidez ou simplesmente fluidez (CAMPBELL, 1993).

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Tem

per

atu

ra e

m °

C

Porcentagem em peso de silício

Figura 2.1- Diagrama de fases do sistema Al-Si. Adaptado de ASM INTERNATIONAL (1996).

Alguns fatores metalúrgicos são inerentes ao processo de fundição e influenciam na fluidez

das ligas. Eles incluem superaquecimento, composição química, modo de solidificação, calor

latente de fusão, tensão superficial e presença de óxidos na forma de inclusões ou em suspensão

no metal líquido. O superaquecimento afeta a viscosidade, de forma que, quanto maior o

superaquecimento, os valores de viscosidade diminuem e, por consequência, a fluidez é elevada.

O superaquecimento também afeta a taxa de resfriamento, características de solidificação do

metal e consequentemente a fluidez do metal líquido. A tensão superficial é um efeito que ocorre

na camada superficial do metal líquido e faz com que a superfície se comporte como uma

membrana elástica. Os átomos situados no interior do líquido são atraídos em todas as direções

pelos átomos vizinhos e, por isso, a resultante das forças atuantes é praticamente nula. Os átomos

da superfície do líquido, entretanto, sofrem apenas atração lateral e inferior esta força para o lado;

e para baixo, cria a tensão na superfície. A contrapressão resultante da tensão superficial aumenta

577 ± 1°C

12,6

660,45 °C

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em seções finas. Alguns elementos como; Li, Bi, Pb, Mg, Sb, Ca e Sn, reduzem

significativamente a tensão superficial no alumínio fundido. Contudo, o efeito da tensão

superficial é ocultado pela influência dos filmes de óxido superficiais nas ligas de alumínio.

Filmes de óxidos são partículas sólidas existentes à temperatura de vazamento e podem aumentar

significativamente a tensão superficial e reduzir a capacidade do metal preencher detalhes mais

finos (RAVI et al., 2007).

2.2 Solidificação

Após a escolha da liga e definição de sua composição química, a obtenção da matéria-

prima tixoconformável será determinada não só pelo processamento, como também pela

dinâmica de solidificação que ditará a microestrutura final.

Segundo Garcia (2007), a temperatura de vazamento do metal líquido surge como primeira

variável de influência juntamente com a intensidade das correntes convectivas durante o

preenchimento do molde. O molde, por sua vez, além de conferir forma à peça, atuará como

absorvedor de calor responsável pela extração de calor do metal, garantindo a transformação do

líquido em sólido. Dependendo da capacidade de absorção de calor pelo molde, o processo

desenvolver-se-á com maior ou menor rapidez com influência direta nas taxas de resfriamento. A

termodinâmica do processo irá impor uma rejeição de soluto ou de solvente que dependerá da

posição relativa da liga no respectivo diagrama de fases e que terá, como consequência, um

movimento de espécies associado à transferência de calor. Essa conjunção de transferência de

massa e calor irá impor condições que determinarão a morfologia de crescimento e,

consequentemente, o arranjo microestrutural.

No início da solidificação, para que ocorra a formação de embriões e sítios de nucleação, a

energia livre total do sistema tem que diminuir; isso ocorre submetido a uma competição da

termodinâmica versus a morfologia. A termodinâmica impõe um crescimento esférico do

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embrião uma vez que esta forma geométrica é a mais indicada energeticamente para

sobrevivência do embrião, por apresentar a menor relação superfície/volume. Nesta disputa a

morfologia predomina.

Devido à estrutura cristalina dos metais, estes apresentam um crescimento prioritário em

certas direções definidas da rede (CFC e CCC, por exemplo, apresentam crescimento nas

direções<100>). Assim, a direção cristalográfica preferencial do componente principal da liga

começa a exercer um efeito mandatório, e o desenvolvimento da fase primária ocorre de forma

regular, principalmente na direção perpendicular a extração de calor. Contudo, conforme a

estrutura se alonga, a seção transversal dela também se desenvolve simultaneamente nas outras

direções cristalográficas, criando ramificações laterais, apresentando assim uma forma de cruz: as

dendritas. À medida que a velocidade de crescimento é aumentada ainda mais (devido à taxa de

resfriamento imposta pela diferença de temperatura entre a pasta e o molde), as ramificações

secundárias e terciárias encorpam, dando origem à estrutura uma aparência de “árvore”. A ponta

da dendrita está na temperatura “liquidus” e a base dela na temperatura “sólidus”. A partir deste

ponto, a dinâmica do processo irá impor a segregação do soluto (quantidade que dependerá da

composição da liga no seu diagrama de fase), determinando a preponderância do crescimento dos

grãos, portanto, determinando a morfologia do material em solidificação. Se houver um

resfriamento rápido da pasta nas paredes do molde (molde muito frio ou refrigerado), e/ou na

superfície livre liquefeita, ocorrerá a nucleação de pequenos grãos com direções aleatórias. O

tamanho dessa zona coquilhada dependerá das propriedades termo físicas do molde, do

coeficiente de transferência de calor metal/molde e da temperatura de vazamento. Mas, se houver

um pré-aquecimento do molde, esta zona coquilhada pode ser insignificante ou, com uma

temperatura de vazamento muito alta, poderá ocorrer a refusão de grande parte destes cristais

aleatórios nucleados. Conforme se dá ou não a zona coquilhada, os grãos que não tiverem sua

direção favoravelmente à retirada do calor, terão seu crescimento bloqueado, dando origem a

cristais “paralelos”, compondo a chamada zona colunar. Esta região é tão maior quanto menor for

o gradiente de temperatura entre a pasta e o molde. A partir de certo ponto, por razões várias,

como forças exercidas pelas correntes convectivas e/ou movimentos na pasta impostos por meios

externos, agitação mecânica ou eletromagnética, inicia-se a quebra mecânica das pontas das

dendritas da região colunar e o desprendimento das ramificações secundárias e terciárias. Essas

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pequenas construções cristalinas são carregadas pelo fluxo do metal e se tornam novos núcleos,

junto aos núcleos que foram gerados na superfície da pasta e precipitaram, passando a se

desenvolver nas regiões adjacentes como dendritas equiaxiais. Por terem, provavelmente,

orientações cristalinas diferentes, acabam por bloquear a formação colunar. Se esta outra região

já estiver numa temperatura suficientemente baixa, estes novos núcleos terão uma chance maior

de sobrevivência sem se refundirem (PRONI , 2010).

2.3 Processos de obtenção de matéria-prima para tixoconformação

Os processos de obtenção de matéria-prima para tixoconformação podem ser divididos em

dois grupos: processamento durante a solidificação e processamento após a solidificação- FPC-

(fusão parcial controlada). Em ambos os grupos, os processos visam à modificação da morfologia

da microestrutura em formação ou já formada de dendrítica para globular, porém os mecanismos

de modificação estrutural são distintos (FLEMINGS, 1991).

Ainda, entre o grupo de processamento durante a solidificação pode-se subdividi-los em

processos que interferem no crescimento e processos que interferem na nucleação do grão.

Dentre os processos que interferem no crescimento do grão podemos citar: Agitação mecânica

viscosímetro de Spencer (SPENCER et al., 1972), reator com rotor de Mehrabian

(MEHRABIAN, FLEMINGS, 1975), reator com propulsor de Prasad (PRASAD, 1982), agitação

eletromagnética, Gircast (COLLOT, 1990), Processo SCR (KIUCHI, SUGIYAMA, 1992),

Passive Stirring (FIORINI et al., 1993), SSP (Single Slug Production) (MULLER-SPATH et al.,

1996) e MDTRC (Melt Drag Twin Roll Caster) (HAGA, 2000) e suas variações. Segue uma

descrição dos principais processos de obtenção de matéria-prima para thixoconformação, de

forma que os processos descritos acima acompanham suas devidas referências. Dentre os

processos abordados, será dada maior ênfase e detalhamento ao processo de lingotamento

contínuo com agitação eletromagnética por constituir parte da essência do presente trabalho.

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2.3.1 Lingotamento contínuo com agitação eletromagnética

Segundo Garcia (2007), processo de lingotamento contínuo consiste na obtenção de

tarugos, lingotes, chapas de metais primários ferrosos e não ferrosos, bem como produção de

lingotes para serem posteriormente processados em processos de transformação, como extrusão,

laminação, etc. A produção dos lingotes ocorre por meio de vazamento do metal líquido dentro

do molde por meio de um cadinho que alimenta a cavidade do molde e atribui a geometria ao

lingote. A solidificação do metal vertido ocorre primariamente dentro do molde dando origem a

uma casca que deve ser suficientemente espessa para que obtenha resistência mecânica a fim de

suportar a pressão do metal líquido e as tensões provenientes do arraste do lingote. Após a

solidificação primária, o lingote abandona a superfície da cavidade do molde e etapas posteriores

de refrigeração passam a atuar. Essas etapas podem ser um sistema dotado de chuveiros para

refrigeração secundária e seguido de resfriamento ao ar livre, refrigeração terciária. O processo

de lingotamento contínuo pode ser considerado essencialmente como um processo de

transferência de calor, no qual o metal líquido é transformado via solidificação em um produto

acabado. O material líquido, ao ser vazado, entra em contato com as paredes internas do molde e,

nessa fronteira metal/molde, existirá uma resistência térmica de contato. Essa resistência é

decorrente de vários fatores: a afinidade físico-química entre o material do molde e o material a

ser solidificado não ser perfeita e como consequência o molhamento da parede interna do molde

pelo líquido não é completa. A rugosidade interna do molde, conferida pela usinagem de

acabamento, gera uma microgeometria superficial, figura 2.2, que propicia o surgimento de

poucos pontos de contato intercalados por regiões de separação física material/molde. A

utilização de lubrificantes para facilitar a desmoldagem provoca a formação de uma película de

separação entre o material e o molde. Após certa camada solidificada, a contração de

solidificação (para metais que se contraem na passagem de líquida a sólido) provoca um aumento

na separação física entre o material sólido e o molde, além de outros fatores de influência. Nessas

condições, a transferência de calor na junção material/molde se dá por condução pelos pontos de

contato e por meio dos gases aprisionados pelos espaços criados, inclusive por convecção e

radiação entre as duas superfícies separadas, figura 2.2.

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As principais vantagens do processo de lingotamento contínuo são o aumento substancial

na produção, um produto mais uniforme, economia de energia e maior produtividade com a mão

de obra. Essas vantagens e a facilidade de integração nos sistemas de produção dos metais

levaram a uma grande aplicação do processo de lingotamento contínuo (Pehlke, 1988).

METAL MOLDE

INTERFACE REAL

2.2 - Modos de transferência de calor atuantes na interface metal/molde: K–condução;

C-convecção; e R- radiação. Adaptado de (GARCIA, 2007).

Já em 1956, K.E Mann e E. Riepert estudaram o uso de agitação eletromagnética em

sistemas de lingotamento contínuo para produção de lingotes redondos de alumínio. Uma bobina

indutora é colocada acima do molde, gerando agitação no banho em solidificação e resultando

num perfil de superfície mais plano. Foi demonstrado que o metal utilizado na fundição não só

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exibiu uma estrutura mais refinada de grãos, mas também mostrou menos trincas em lingotes

com 300 mm de diâmetro em várias ligas de alumínio (ZILLGEN e HIRT, 1996).

A agitação é promovida no líquido em solidificação pela ação de fortes campos

eletromagnéticos. As correntes induzidas pelo campo promovem uma forte agitação, rompendo

estrutura em formação e estimulando a multiplicação cristalina e sua crescente globularização. Os

equipamentos para agitação eletromagnética podem operar de forma estanque ou contínua. O

metal inicia a solidificação com estrutura dendrítica, que é rompida pela ação da turbulência

gerada no líquido. O campo magnético é mantido em toda a zona de solidificação, impedindo o

crescimento dendrítico. Apesar de uma aparente facilidade operacional, o método é limitado pelo

fato de processar pequenas quantidades de material devido à dificuldade de penetração do campo

magnético através da massa metálica. Além disso, o campo magnético não é uniforme através da

seção da peça, ou seja, ele é máximo na superfície e mínimo no centro, ocorrendo uma agitação

mais intensa junto à parede do molde (ZOQUI, 2001).

A agitação eletromagnética (electromagnetic stirring – EMS) utiliza o fenômeno de

corrente induzida que gera um fluxo metálico quando um campo magnético rotativo é formado

no metal líquido. A força de Lorentz movimenta o banho na direção do campo magnético

formado, resultado da interação entre a corrente induzida e o campo magnético:

Equação 2.1

Onde F é a força de Lorents, J é a densidade de corrente e B é a intensidade do campo

magnético.

A agitação eletromagnética, já nos anos 90, era um método que passava por uma fase de

coexistência no lingotamento contínuo de alumínio, devido a aplicações no contexto da

tixoconformação, que necessita de uma matéria-prima com estrutura globular e manufaturada a

baixa custo. A agitação eletromagnética (Electromanetic stirring) pode ser chamada também

magnetohidrodinamics e pode ser utilizada em sistemas horizontais e verticais de lingotamento

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contínuo (ZILLGEN e HIRT, 1996). A figura 2.3 apresenta os diferentes tipos de campo

eletromagnético que podem ser utilizados para promover a agitação no material em solidificação.

a)

b)

c)

Figura 2.3 - Formas de campo eletromagnético para produção da matéria-prima para

thixofundição: a) Fluxo magnético paralelo ao eixo de lingotamento, b) fluxo magnético em volta

do eixo de lingotamento e c) uma mistura dos dois anteriormente citados (NIERDERMAIER et

al., 1998) .

Os benefícios de se utilizar a agitação eletromagnética em comparação com outras formas

de processamento de matéria-prima para a tixofundição são muitos, principalmente por não haver

possibilidades de contaminação pelo contato físico entre o agitador e o metal, pelo baixo

consumo de energia elétrica, pela facilidade de ajustar a taxa de resfriamento e por permitir a

fundição contínua e direta de formas variadas. As principais desvantagens, novamente, são a

queda das forças eletromagnéticas da periferia para o centro, dificultando a fabricação de lingotes

de diâmetros maiores e a presença de zonas de estagnação. Essas zonas limitam a utilização do

processo para altas frações sólidas, uma vez que seriam necessários enormes campos magnéticos

para a agitação do metal em solidificação (FELTRIN, 2004).

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2.3.2 Outros processos de obtenção de matéria-prima tixoconformável

a) Processo Ahresty

A nucleação de novos grãos é obtida neste processo pelo contato do metal líquido com uma

placa inclinada a qual é refrigerada, onde o metal em solidificação troca calor. O metal flui por

essa placa, trocando calor e gerando novos núcleos. A presença de soluto contribui para o

processo, fazendo com que ocorra empescoçamento dos grãos formados e seu posterior

arrancamento da superfície da placa por ação do fluxo de líquido, desta forma gerando uma pasta

com grãos refinados que é imediatamente refrigerada num processo de lingotamento. (SHIBATA,

1998).

b) Ultra refino de grão.

O refino de estruturas de alumínio pode ser obtido, na prática, pela adição de elementos que

atuem como substratos de nucleação heterogênea, isto é, sobre os quais, preferencialmente,

ocorre a formação do sólido, ou ainda pela adição de elementos que deem origem, via reações

químicas com o líquido, aos substratos de nucleação (LOURENÇATO, 2008).

Para que o agente nucleante atue efetivamente no processo de nucleação, deve haver uma

afinidade entre esses agentes e a partícula da nova fase que se forma. Essa afinidade, está

grandemente relacionada com o ângulo de contato (SANTOS, 2006).

Dentre os elementos químicos mais utilizados para proporcionar o refinamento de grão, o

titânio é tido como principal elemento refinador de grão, sendo adicionado só ou em conjunto

com o elemento boro. Um grande volume de trabalhos evidencia o relacionamento do efeito das

ligas mãe Al-Ti e Al-Ti-B sobre o refinamento de grão. Quando as ligas-mãe são adicionadas ao

metal de alumínio, a matriz de alumínio dissolve-se e liberta partículas intermetálicas dentro do

metal (MCCARTNEY, 1989).

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c) Refino de grão por ultrassom.

A pesquisa com vibrações ultrassônicas em aplicações metalúrgicas podem ser datadas

antes de 1878 quando Chernov propôs a idéia original de aprimorar a qualidade de metais

fundidos por meio de oscilações elásticas (ESKIN, 1998).

Muitos estudos mostram claramente sob quais condições estes efeitos de refinamento de

grãos sob ondas ultrassônicas podem ser obtidos. Vários mecanismos podem ser responsáveis

pelo refinamento de grãos, como por exemplo, a quebra dos braços dendríticos, cada fragmento

age nucleando um novo grão, a cavitação que pode promover germinação de novos grãos

(GABATUHULER, 1992).

Esses mecanismos estão relacionados a cavitações induzidas ultrassonicamente, que

produzem alta pressão instantânea, flutuação de temperatura no metal fundido. Essa flutuação de

pressão e temperatura é possível para induzir nucleação heterogênea no metal fundido. Tais

mecanismos também são susceptíveis para promover fragmentação dendrítica, aumentando

difusão do soluto através do fluxo acústico. No entanto, existem convincentes evidências na

literatura sobre qual mecanismo, nucleação heterogênea ou fragmentação é mais importante para

o refinamento de grão sob vibrações ultrassônicas (JIANA, X. et al., 2005). A figura 2.4, indica

uma representação do conjunto utilizado.

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Figura 2.4 – Diagrama de tratamento ultrassônico em molde de lingotamento contínuo para ligas

leves. 1)Gerador de ultrassom, 2)Transdutor , 3) Molde, 4)lingote , 5) forno de espera.

(DOBATKIN e ESKIN, 1996).

2.4 Caracterização morfológica da matéria-prima

O material no estado semissólido se comporta como um líquido viscoso e essa viscosidade

inicial é maior do que no metal líquido devido à existência de grãos sólidos dispersos dentro dele.

A viscosidade no metal semissólido é influenciada pelo número e tamanho dos grãos sólidos

dispersos, os quais serão determinados pela taxa de resfriamento e cisalhamento associados

durante a agitação. Os grãos tornam-se menores à medida que a taxa de cisalhamento aumenta

durante a agitação e, por fim, os grãos crescem durante a agitação. Portanto, o controle da

temperatura e da velocidade de refrigeração é importante para conferir ao metal semissólido,

através do tamanho dos grãos sólidos, uma apropriada viscosidade. A importância da baixa

viscosidade a altas frações sólidas no estado semissólido são condições que juntas irão garantir

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boa processabilidade ao material. A baixa viscosidade é necessária para que o material obtenha

boa fluidez no preenchimento das cavidades das matrizes, enquanto que a fração sólida irá

prevenir vários defeitos e obtenção de uma estrutura interna fina, garantindo excelente qualidade

dos produtos tixoconformados (KIUCHI e KOOP, 2002).

A caracterização plena da estrutura é de fundamental importância uma vez que a

morfologia da fase primária influenciará no comportamento em termos de viscosidade e de

conformabilidade desta pasta (NIROUMAND e XIA, 2000) (LEHUY, 1988) (LI et al., 1997).

Na grande maioria das vezes, a caracterização dos materiais é feita tirando-se fotografias de

uma amostra por meio de um microscópio ótico e analisando-as, de maneira a se obter, por meio

de diversas técnicas, informações sobre a microestrutura do material. Porém, uma microestrutura

não deve ser entendida apenas ao se observar uma foto bidimensional, pois pode-se incorrer em

dois erros básicos. O primeiro deles se refere ao fato de que um grão (representado por aquela

seção transversal, ambos poderão estar interconectados em outros níveis; o segundo equívoco se

refere à observação verdadeira da existência ou não de porosidades, já que o polimento prévio

poderá arrancar partículas mais duras, ou mesmo preencher lacunas, se o material for muito mole.

Em ambos os casos, tanto se pode ter maiores dificuldades para o tixoprocessamento (uma vez

que uma rede de grãos conectados e /ou grãos não exatamente esferiodizados, exigirá uma força

de tixoconformação superior à que se esperava), como as propriedades mecânicas do material

poderão ser inferiores, devido a erros na caracterização das falhas microestruturais. Para se

contornar parte destes problemas, podem-se fazer fotografias em microscópios óticos que

possuam luz polarizada a se observar a superfície de uma amostra polida até 1 µm que teve sua

superfície tratada por oxidação anódica, ataque eletrolítico. A amostra é o anodo, no qual

contornos de grão são atacados e a superfície dos grãos é recoberta por uma camada de óxido.

Quando a amostra é observada sob luz polarizada, revela-se a estrutura dos grãos e sua orientação

cristalográfica por meio de diferentes cores, pois oriunda de diferentes difrações da luz. Numa

análise deste tipo de fotografia, assume-se que grãos de mesma tonalidade pertençam à mesma

estrutura e os de mesma tonalidade, porém não adjacentes, não estejam interconectados ( PRONI,

2010).

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Nota-se que nas fotografias realizadas com luz polarizada, figura 2.5-a, os grãos são bem

maiores do que nas fotografias em branco e preto, onde os grãos aparentam ser minúsculos,

figura 2.5-b.

a

b

Figura 2.5 - Fotografias de uma amostra de A356.

Para compreensão dessas interconexões, algumas técnicas foram desenvolvidas por alguns

pesquisadores. Tal técnica consistia na realização de polimento e foto sucessivamente, para

posteriormente posicioná-las num software de CAD e renderizá-las. Ito e Flemings, 1992,

realizaram esse procedimento a cada 40 µm com uma liga de Al-Si. Niroumand, 2000, realizou a

cada 20 µm com uma liga de Al-Cu, a figura 2.6 mostra o sólido 3D gerado num software de

autoCAD, indicando a complexidade de uma estrutura com aglomerações e interconexões entre

as “pseudo partículas” como um único grão.

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Figura 2.6 – Sólido gerado pelo autoCAD, ilustrando a complexidade da estrutura

(NIROUMAND, 2000).

2.5 Mecanismos de obtenção de estruturas não dendríticas para tixofundição

Os processos que interferem no crescimento agem no líquido em solidificação de maneira a

inibir ou a suprimir o crescimento dendrítico através de uma grande agitação que gera a ruptura

da microestrutura já formada e sua globularização por mecanismos de redução de energia

superficial (FLEMINGS, 1991).

O material é ligeiramente resfriado para que ocorra solidificação da fase líquida, e

consequentemente, para que quando reaquecido, reassuma as propriedades da pasta tixotrópica.

Esse fenômeno pode ser amplificado pela turbulência gerada no líquido pela convecção térmica,

pela tensão imposta ao braço dendríticos devido aos possíveis dobramentos causados pela

turbulência no líquido ou ainda por uma maior concentração de soluto na raiz dos braços

dendríticos iniciais.

Ao solidificar, o material tem seu crescimento dendrítico suprimido por movimentos

impostos por (agitação mecânica ou eletromagnética, por exemplo). Inicia-se a quebra mecânica

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das pontas das dendritas da região colunar e o desprendimento das ramificações secundárias e

terciárias. Essas dendritas são carregadas pelo fluxo do metal e se tornam novos núcleos de

solidificação.

Esta quebra mecânica dos braços dendríticos da região colunar, pelo intenso fluxo de

liquido, acontece também devido a vários fatores:

segregação do soluto e seu acúmulo na base da dendrita fazendo com que esta se

dissolva e destaque da dendrita original (fenômeno de empescoçamento);

pela força do fluxo que cria tensão na base da dendrita, facilitando o posterior

destacamento;

porque a força do fluxo retira a dendrita da direção preferencial de crescimento

(direção de extração de calor), facilitando a sua fragilização e quebra (Flemings,

1991).

Outro meio da dendrita principal e seus braços serem alterados é pelos “fenômenos de

engrossamento”. O mecanismo de engrossamento envolve transferência de massa de superfícies

com raio menor de curvatura para outras com raios maiores de curvatura, portanto, tendendo a

tornar as superfícies curvas em planas.

Existem dois mecanismos de engrossamento: Otswald ripening e coalescência, que

ocorrem quando o material é reaquecido ao estado semissólido.

O mecanismo de engrossamento por Otswald ripening consiste na dissolução de ramos

menores, incorporação de soluto nos ramos maiores, tendo como consequência uma diminuição

no número de ramos dendríticos e o aumento da distância entre eles, conforme pode ser visto nos

modelos propostos por Kattamis e Flemings (KATTAMIS et al., 1967) e Kahlweit (KAHLWEIT,

1968), apresentados na figura 2.7. Na realidade as três possibilidades podem ocorrer ao mesmo

tempo, dependendo da região e das condições (MARSH, 1997).

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Figura 2.7 - Mecanismos de engrossamento dendrítico de Otswald ripening: (a) e (b) Kattamis e

Flemings (KATTAMIS, COUGHIN e FLEMINGS, 1967); (c) Kahlweit (KAHLWEIT, 1968).

O mecanismo de coalescência foi demonstrado por dois modelos; um proposto por

Kirkwood (KIRKWOOD, 1994) e Young (YOUNG, 1992) e outro por Genda (GENDA, 1987),

que envolvem aglomeração devido à aproximação de ramos dendríticos secundários bem como

a deposição de soluto em regiões com curvatura côncava; ou ainda a aproximação física das

superfícies e seu contato, conforme mostrado na figura 2.8. Ambos os modelos resultam na

supressão de superfícies de separação levando à união de dois ou mais braços dendríticos em um

só, de maior dimensão.

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22

Figura 2.8 - Mecanismos de engrossamento dendrítico por coalescência : a) Kirkwood e Young

(YOUNG, 1992), (KIRKWOOD, 1994) e, b) Genda (GENDA, 1987).

Tanto o mecanismo de coalescência exposto por Kirkwood (1994) quanto o possível

mecanismo proposto por Genda (1987) são aceitos pela literatura. No entanto, o mecanismo

proposto por Genda tem apresentado maior aceitação, pois elucida a formação do “entrapped

liquid” apresentado por Flemings. Em todas as estruturas semissólidas pesquisadas até o

momento, a presença de uma quantidade de segunda fase (eutética ou não) na forma de

“entrapped liquid” foi reportada. A quantidade e morfologia variam de acordo com a liga e o

método de preparação do material, mas sua presença é uma constante (ZOQUI, 2001).

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23

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A meta deste trabalho é o projeto e a montagem do sistema de lingotamento contínuo, bem

como a fixação de parâmetros de processamento para a obtenção de lingotes íntegros com

estrutura refinada de grãos.

O presente capítulo traz a descrição de todos os materiais envolvidos neste trabalho, assim

como o detalhamento das etapas desenvolvidas no projeto, incluindo a explicação de como foram

realizados os testes preliminares necessários para estabelecimento de alguns parâmetros

construtivos do molde a ser utilizado e sua montagem no sistema de lingotamento contínuo.

Com os lingotes da liga A356 no estado de fornecimento, foi realizada a análise de

composição química, primeira etapa do trabalho, para verificação da faixa de composição e

obtenção das temperaturas solidus e liquidus, através do software thermocalc®. Foi também

realizada a metalografia da matéria-prima em bruto.

A segunda etapa baseou-se na análise do estator que promoveria o campo magnético. Esta

análise verificou todas as possíveis formas de energização e o campo magnético gerado a partir

de 0 W até 3000 W que é a máxima potência oferecida pelo estator.

A terceira etapa consistiu na fabricação do molde teste, que seria parte da estrutura

necessária para realização da quarta etapa que foi a realização dos testes preliminares. Os testes

preliminares definiram tanto os parâmetros de processo quanto os parâmetros construtivos, que

foram: velocidade de lingotamento; temperatura de vazamento, altura de metal fundido dentro da

cavidade do molde.

Definidos os parâmetros construtivos e de processamento seguiu-se a quinta etapa que se

amoldou na fabricação do molde definitivo, ajustes finais e montagem do sistema completo. A

figura 3.1 representa todas as etapas desenvolvidas

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24

Figura 3.1 - Fluxograma das etapas desenvolvidas no processo.

Projeto e montagem do sistema

Mapeamento do campo magnético e definição do estator

Fabricação do molde teste

Montagem do sistema e realização

de testes preliminares

Rugosidade

OK? Área útil

OK?

Temperatura

de vazamento

OK?

Velocidade de

lingotamento

OK?

Fabricação do molde definitivo, ajustes finais e

montagem do sistema.

Produção dos lingotes

0 W / 1500 W / 3000 W

RP Caracterização

microscópica

(Micrografias)

Análise dos resultados

0 W / 1500 W / 3000 W

RPS

Análise de composição química e metalográfica

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Na sexta etapa foram produzidos e caracterizados os lingotes, nas condições de RP

(refrigeração primária) e RPS (refrigeração primária + secundária), variando-se ainda três

condições distintas: solidificação convencional 0 W, agitado a 1500 W e 3000 W.

Por fim a sétima etapa na qual foi realizada a análise dos resultados e proposta a discussão.

3.1. Matéria-prima utilizada nos ensaios.

A matéria-prima utilizada neste trabalho foi a A356 e a seguir nesta seção será apresentada

a análise da composição química, bem como uma análise metalográfica da matéria-prima como

recebida da INBRA1.

A análise da composição química da liga A356 utilizada em todos os vazamentos

ensaiados, foi realizada no equipamento espectrômetro de emissão ótica – BILL-OES. A

preparação do material a ser analisado consistiu em: corte em pequenos pedaços quadrados de 5

cm e 2 cm de espessura, posterior lixamento até a lixa de granulometria de 600 e limpeza com

ultrassom por um período de 3 minutos, para eliminação de qualquer impureza.

A composição química obtida após análise e sua comparação com a especificação em

norma estão expressas na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Resultados obtidos da composição química

Liga Composição química (wt% peso)

Si Mg Fe Cu Mn Ti Al

A356 6,50- 7,50 0,25-0,45 ≤ 0,20 ≤ 0,20 ≤ 0,10 ≤ 0,20 balanço

Análise 6,70 0,40 0,19 0,08 0,01 0,005 balanço

1 INBRA indústria e comércio de metais.

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Após a análise de composições foram realizadas micrografias do lingote em bruto

como recebido. As micrografias realizadas estão representadas na figura 3.2.

Ressalta-se que, em geral, a característica de viscosidade das ligas tixoconformáveis é

justificada pelo tamanho e pela interação entre as partículas da fase primária, que deve ser

constituída por grãos pequenos e os mais globulares possíveis. A explicação para esta

condição está na interação entre estas partículas que, quando submetidas a uma deformação

movem-se com mais facilidade, primeiro por serem globulares e segundo por estarem

envoltas em líquido eutético. O mesmo não ocorre com as partículas dendríticas que, ao

serem deformadas, exigem mais esforços, devido à interação entre seus ramos dendríticos.

Desta forma a matéria-prima, como recebida, impossibilita a tixoconformação, por conter

grãos dendríticos e com tamanho médio de 3 mm. Sendo assim, a matéria-prima, como

recebida, não atende as condições de tamanho e morfologia necessárias.

Figura 3.2 Micrografias obtidas da matéria-prima como recebida.

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As micrografias apresentadas na figura 3.2, foram obtidas da região central do lingote

em bruto de forma aleatória.

3.2 Análise do acabamento superficial da cavidade do molde

Testaram-se três condições de acabamento superficial da cavidade do molde, utilizando

para este fim um rugosímetro portátil da marca Mahr, modelo Mahrsurf conforme indicado na

figura 3.3. A unidade utilizada foi o Ra. Adotou-se um cutoff 2,5 mm e o manteve durante todas

as medições. Cada medição foi realizada antes de cada ensaio e repetida em três posições

separadas a 120 º uma da outra. Os perfis de rugosidade obtidos estão apresentados no apêndice

A e os resultados obtidos nas medições estão representados na tabela 3.2.

Figura 3.3 –Rugosímetro utilizado para obtenção dos perfis de rugosidade.

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Tabela 3.2 - Valores de rugosidade obtidos para realização dos ensaios

Ensaio Ra (µm)

1° 1,06

2° 0,178

3° 0,06

3.3 Montagem provisória e testes preliminares.

Para definição de parâmetros do projeto molde de lingotamento e processamento, foram

realizados alguns testes preliminares. Para tanto se utilizou um molde teste e realizou-se uma

montagem provisória para execução dos ensaios preliminares. A montagem provisória consistiu

em utilizar todos os componentes do sistema de lingotamento, exceto o estator para geração do

campo magnético. Tais ensaios foram decisivos para a definição de parâmetros da altura útil de

metal fundido na cavidade do molde de lingotamento (área de solidificação), velocidade de

lingotamento, temperatura de vazamento e acabamento superficial da cavidade do molde

(rugosidade). A montagem provisória realizada para os testes preliminares está representada na

figura 3.4, e é composta por:

um elevador elétrico, de uso automotivo, tendo capacidade de até 2500 kg de carga.

A escolha deste equipamento fundamenta-se por já existir padronizado no mercado

e atender as solicitações mecânicas e o parâmetro de altura, 2,50 metros, requeridos

ao processo de lingotamento desenvolvido neste trabalho;

adaptados ao elevador foram montados micro interruptores para posicionar o

extrator nos limites superior e inferior;

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um sistema de aquisição e controle de dados que é formado por uma placa de

aquisição de dados analógica com 16 canais e um microcomputador. A escolha

deste sistema permite que se possa trabalhar com diferentes tipos de entrada de

dados tais como a leitura de tensão e de corrente do sistema de indução, dados de

temperatura, dados de carga estática ou dinâmica bem como o controle de potência

do sistema de indução;

uma torre de refrigeração externa ao laboratório que realizava a manutenção do

fluido refrigerante mantendo-o na temperatura de trabalho.

O sistema provisoriamente montado para execução dos testes possibilitava a variação de

todos os parâmetros, menos o de campo magnético. A matriz utilizada possui na região central

um furo redondo o qual é a cavidade do molde que dará forma geométrica ao lingote. Em seu

interior possui uma galeria de refrigeração que possibilitou a vazão de até 15 litros/min de água,

para refrigeração do lingote durante sua produção. A vazão de água manteve-se constante, 12

litros por minuto, em todos os ensaios, utilizando-se sempre a mesma vazão a fim de otimizar a

extração de calor. Os parâmetros de realização dos testes, bem como seus resultados serão

descritos no capítulo: RESULTADOS E DISCUSSÕES.

Figura 3.4 - a) Montagem do sistema utilizada na execução dos testes preliminares; b) Detalhe do

molde teste (TORRES, 2011).

a)

b)

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30

3.4 Análise do campo magnético

O sistema de lingotamento contínuo, sob influência da agitação eletromagnética, é

composto de um motor de 4 HP do qual foi retirado o rotor, permanecendo apenas o estator para

aproveitamento da geração do campo magnético. O estator escolhido foi um que contém dois

bobinamentos diferentes, sendo um do tipo Dahlander e o outro simples, possibilitando assim três

formas de energização diferentes, como está ilustrado na figura 3.5. Foi realizado um

mapeamento do campo magnético em todas as possíveis formas de energização. O campo

magnético foi gerado a partir de um sistema de potência tiristorizado de corrente alternada que

permite uma variação da potência trifásica entregue ao estator de 4 HP. Para isto, recebe sinais de

entrada de uma unidade de disparo que recebe o sinal de sincronismo da rede trifásica e gera

sinais de disparo para a unidade de potência. O controle foi feito de forma manual através do

painel de controle, permitindo variar a tensão aplicada à carga e a base de tempo ajusta o período

de inversão do sentido do campo magnético, horário ou anti-horário. O condicionador de sinais

adequa os níveis de tensão e corrente do barramento de alimentação (0 a 220 V) aos exigidos pela

placa de aquisição de dados. Ao escolher um ângulo α de disparo determina-se, a potência

trifásica induzida, quanto menor o ângulo, maior a tensão eficaz aplicada ao sistema. O que o

sistema faz na realidade é escolher o período, ou seja, o tempo de aplicação da corrente a carga

assim pode-se variar a tensão e consequentemente a potência (0W a 3000W).

a

b

c

Figura 3.5 – Diferentes formas de energização para o estator gerador de campo eletrmagnético.

a–Triângulo, b- Duplo estrela e c– Estrela.

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Após o mapeamento do campo magnético constatou-se que a forma de energização que

permitia o maior intervalo de campo magnético de 0 Gauss chegando até 40 Gauss

aproximadamente, foi a demonstrada na figura 3.5-a, fechamento em “ triângulo”. Para

verificação do campo magnético foi realizada uma varredura no centro e periferia da cavidade do

molde, variando a profundidade a cada 10 mm até atingir toda a extensão do conjunto

estator/molde. O Gausímetro utilizado para o mapeamento do campo magnético, foi um

LAKESHORE 410, que permite medidas desde 0,1 Gauss até 20 KGauss. Para viabilizar a

obtenção e precisão na leitura das medidas adaptou-se o gausímetro a um dispositivo que permite

a variação de profundidade e a variação de posicionamento entre centro e periferia, figura 3.6. Os

resultados obtidos em cada condição de medição de campo magnético estão plotados no gráfico

indicado a seguir na figura 3.7.

Figura 3.6 – Gausímetro e dispositivo utilizado para mapeamento de campo magnético.

A figura 3.7 traz uma comparação de todas as condições de campo magnético medidas,

na qual podem ser observadas as variações de campo magnético, sendo que na periferia

observam-se os campos de maiores magnitudes e, ao deslocar ao centro, com medição

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realizada a 15 mm da periferia, o campo declina praticamente a metade em qualquer

condição de potência medida.

Figura 3.7 - Comparações entre todas as condições de campos medidas.

3.5 Projeto, fabricação do molde definitivo e montagem do sistema para

lingotamento contínuo

Após realização dos testes preliminares e mapeamento do campo magnético foi possível o

estabelecimento de alguns parâmetros construtivos e de montagem. A construção da matriz foi

realizada seguindo estes parâmetros. Uma visão geral dos componentes que compõe o molde está

demonstrada na figura 3.8 e detalhes construtivos nas figuras 3.9 e 3.10.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

180

190

200

Cam

po m

agn

étic

o (

Gau

ss)

Profundidade da matriz (mm)

Centro-1500 W Periferia-1500 W Centro-3000 W

Periferia-3000 W Periferia-sem molde Centro-sem molde

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1- Corpo do molde.

2- Galeria de distribuição da

refrigeração.

3- Tampa do molde.

4- Anel de entrada e saída de

refrigeração.

5- Anel de vedação Ø 88 mm

6- Anel de vedação Ø48 mm

9- Porca de sustentação.

Figura 3.8 - Vista explodida mostrando todos os componentes existentes no molde de

lingotamento.

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Figura 3.9 - Corpo do molde em corte mostrando entrada e saída de refrigeração e estado da

superfície.

A A

A-A

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Figura 3.10 – Desenho em corte mostrando principais cotas e com vista de detalhe C mostrando

posicionamento do termopar no molde lingotador.

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A figuras 3.9 e 3.10, mostram ainda a câmara de refrigeração utilizada durante a

solidificação do lingote, esta disposição permitiu a utilização de toda a vazão oferecida pelo

sistema que chegou a possibilitar uma vazão de até 15 litros por minuto.

O posicionamento do termopar no molde foi atribuído tendo em vista o observado nos

gráficos de mapeamento de campo magnético, conforme mostrado nas figuras 3.9 e 3.10, onde o

campo magnético começa a se pronunciar quando a profundidade da matriz atinge

aproximadamente 100 mm, figuras 3.11 e 3.12, esta região é também o ponto de espera do

extrator do lingote onde ocorrerá a alimentação de metal fundido.

Figura 3.11 – Molde com extrator posicionado à espera do vazamento.

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Figura 3.12 – Posicionamento do extrator em relação ao campo magnético.

A montagem definitiva, figura 3.15, do sistema completo de lingotamento contínuo é

composta pelos componentes já mencionados na montagem provisória a qual foram acrescidos os

componentes: mostrado na figura 3.13 e 3.14 é constituído por:

estator para geração do campo eletromagnético, cujas características já foram

descritas na seção 3.4;

molde definitivo que dá forma geométrica ao lingote e possui o sistema de

refrigeração primária;

sistema de refrigeração secundária que submetia o lingote, na saída do molde, a um

spray de ar comprimido com água, figura 3.13;

dispositivo utilizado para auxiliar o vazamento;

um termo par do tipo “K” blindado para que não ocorresse interferências no sinal

devido ao intenso campo magnético.

Início do vazamento

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Figura 3.13 – Sistema de refrigeração secundário.

Figura 3.14 – Dispositivo utilizado para auxiliar o vazamento.

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3.15 – Conjunto lingotador completo (TORRES, 2011).

3.6 Caracterização microestrutural

Após terem sido produzidos os lingotes, foi realizado a caracterização microestrutural, a

qual consistiu em determinar a dimensão dos grãos cristalinos e espaçamento dendrítico. Para

dimensionar os grãos foi utilizada a metalografia com luz polarizada e para determinar o

espaçamento dendrítico foi utilizada a metalografia convencional.

Cada lingote produzido teve amostras retiradas da parte proximal, medial e distal. Vale

ressaltar que as amostras da região proximal foram retiradas imediatamente após o lingotamento

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estabilizar a microestrutura, ou seja, o sistema entrar em regime. Todas a amostras foram

embutidas em baquelite e preparadas utilizando-se lixa de granulometria 320, 400, 600, 800,

1000 e 1500 mesh, e posteriormente, polidas com solução de alumina ( de 6 µm e 1 µm .

Para a mensuração do espaçamento dendrítico, utilizou-se uma caracterização microestrutural

preta e branca, não sendo necessário ataque. Já para a contagem de grãos, utilizou-se metalografia

colorida. As amostras foram previamente atacadas em solução eletrolítica de 1,8% sob

constante agitação e submetidas a uma tensão de 30 V e corrente média 0,5 A por 3,5 minutos.

As amostras foram analisadas em um microscópio óptico Leica DM ILM, e obtidas as

micrografias preto e branco e coloridas, sendo que, as coloridas foi utilizado um filtro de luz

polarizada para obtenção das imagens dos grãos. Assim, entende-se que grãos com a mesma

orientação cristalográfica apresentarão a mesma cor, contribuindo para a caracterização. Para

ambas as caracterizações empregou-se o método dos interceptos de Heyn, conforme norma

ASTM E 112 – 1996. A figura 3.16 exemplifica como foi realizada as medições dos grãos e o

espaçamento dendrítico.

Figura 3.16 - Exemplo do método utilizado para mensurar o tamanho de grão (à esquerda) e

espaçamento interdendrítico (à direita).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados e discutido os resultados obtidos nos procedimentos

experimentais, em todas as fases de desenvolvimento deste projeto. Para tanto, os resultados

serão apresentados da forma como os ensaios foram realizados, para facilitar a explanação acerca

dos fenômenos envolvidos e das hipóteses levantadas.

Para este trabalho inicial, a opção pelo planejamento experimental tradicional é

inviável, na determinação das condições iniciais de produção, uma vez que não existem as

condições de controle de vazamento com o sistema operacional, somente no futuro poderá

ser feita a otimização via doe (design of experiments).

4.1 Determinação da temperatura de vazamento, velocidade de

lingotamento e acabamento superficial da matriz

Para determinação da temperatura de vazamento optou-se inicialmente por um

superaquecimento mínimo de 50 ºC e a temperatura de vazamento ocorreu a 660 ºC. Fixou-se a

velocidade de lingotamento em 2 mm/s e o acabamento superficial da cavidade do molde

escolhido inicialmente foi Ra = 1,06 µm, conforme mostrado no capítulo MATERIAIS E

MÉTODOS. O objetivo por optar pelo superaquecimento de 50 ºC foi o de realizar o vazamento

à temperatura mais baixa possível. Já a velocidade de lingotamento optou-se pela menor

velocidade constante que o sistema proporcionava e o Ra=1,06 µm representa a rugosidade

depois de passado alargador. O principal objetivo dos primeiros ensaios foi simplesmente

sincronizar velocidade de vazamento com velocidade de lingotamento, e com a capacidade de

extração de calor do sistema. Estabeleceu-se em 15 mm a altura de metal fundido no interior da

cavidade do molde. A determinação de 15 mm a altura de metal fundido no interior da cavidade

do molde, o que é dado de forma que, ao iniciar o vazamento, exista um retardo entre início do

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vazamento e o acionamento da extração. A tabela 4.1 traz todos os parâmetros testados. A

terminologia “Falho” representa um conjunto de parâmetros cujos ensaios não deram certo e a

terminologia “Pleno” representa os parâmetros que produziram lingotes com qualidade.

Tabela 4.1 - Parâmetros testados e pressupostos nos ensaios iniciais.

P

arâ

met

ros

E

nsa

io

Tem

per

atu

ra

( ºC

)

Ru

gosi

dad

e

Ra (µ

m)

Vel

oci

da

de

de

lin

gota

men

to

( m

m/s

)

Áre

a ú

til

do m

old

e

( m

m )

Res

ult

ad

os

1º 660 1,06 2 15 à 20 Falho

2º 700 1,06 2 15 à 20 Falho

3º 800 0,17 2 15 à 20 Falho

4º 800 0,06 3 15 à 20 Pleno

5º 800 0,06 4 15 à 20 Falho

6º 800 0,06 3 20 à 25 Falho

Após a realização do primeiro ensaio constatou-se a necessidade de elevação da

temperatura de vazamento para melhorar a fluidez e conseguir suprir de forma contínua o metal

fundido na cavidade do molde lingotador. Verifica-se que ao se fixar a velocidade de

lingotamento em 2 mm/s, tem-se que manter o nível de metal fundido constante dentro do molde

de tal forma que o fornecimento tenha que ser de igual magnitude com a velocidade de

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lingotamento para que o nível de metal liquido dentro da cavidade do molde permaneça o mais

constante possível.

Visto que o abastecimento do molde ocorre de forma manual, o controle de vazamento é

um fator que exige precisão e depende grandemente da fluidez do metal líquido que está sendo

vazado. Os lingotes obtidos após realização do primeiro ensaio estão demonstrados na figura 4.1.

Figura 4.1 - Lingotes obtidos em duas tentativas de vazamento do ensaio 1.

Após a realização do primeiro ensaio ajustou-se a temperatura de vazamento para 700 °C, a

fim de se obter maior fluidez e se controlar melhor o fluxo de metal para dentro da cavidade do

molde.

No inicio do vazamento com a temperatura do metal liquido em 700 °C o controle de

vazamento apresentou uma forte tendência a se estabilizar e manter um fluxo constante de

material, que pode ser verificado nos lingotes indicados na figura 4.2, em que se alternam-se

regiões mais uniformes (fluxo constante) e regiões com emendas frias que demonstram pequenas

interrupções no abastecimento de metal fundido na cavidade do molde. Estas interrupções surgem

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com o decair da temperatura que chega a oscilar em média 50 °C entre o inicio e fim do

vazamento.

Figura 4.2 - Lingotes obtidos com temperatura de vazamento ajustada em 700 °C.

Tendo em vista as diferenças observadas decidiu-se aumentar a temperatura de vazamento

para 800 °C e o Ra da cavidade da matriz foi reduzido para 0,17 µm, para melhorar a

operacionalidade. Os parâmetros ajustados estão expressos na tabela 4.1, e os lingotes obtidos

estão indicados na figura 4.3.

Figura 4.3 – Lingotes obtidos com temperatura de vazamento 800 °C.

Após fixar a temperatura de vazamento, seguiu-se o quarto ensaio que consistiu em

otimizar ao máximo a transferência de calor para uma solidificação mais rápida. Desta forma

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adotou-se um Ra = 0,06 µm. As variações de temperatura observadas nos vazamentos com

diferentes Ra (s) estão expressas na figura 4.4 e o lingote obtido na figura 4.5.

Figura 4.4 – Comparação das diferentes temperaturas observadas na região de solidificação com

seus respectivos Ra.

Figura 4.5 – Lingote obtido com solidificação convencional e acabamento superficial da

cavidade do molde com Ra=0,06 µm.

A escolha do Ra de 0,06 como acabamento superficial da cavidade do molde lingotador,

embora seja obtida por um processo que tende a onerar o projeto, justifica-se quando se considera

0

20

40

60

80

100

1201 7

13

19

25

31

37

43

49

55

61

67

73

79

85

91

97

10

3

Tem

per

atu

ra (º

C)

Tempo (s)

Ra 1,06

Ra 0,17

Ra 0,06

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o de lingotamento contínuo como sendo um processo basicamente de transferência de calor. Ao

ser vazado, o líquido superaquecido dentro da cavidade do molde, gera transferência de calor por

três formas, condução, convecção e radiação.

Os mecanismos de transferência de calor podem ser observados nos seguintes componentes

do conjunto molde/lingote:

no metal líquido ocorrem condução e convecção, na porção remanescente líquida durante

o lingotamento;

nas paredes do molde que dão forma geométrica ao lingote, ocorre condução, enquanto

parte do lingote permanece dentro da área útil do molde e logo após radiação, à medida

que o lingote se afasta da área útil e prossegue sua extração dentro da parte cônica do

molde;

no fluido refrigerante dentro da câmara de refrigeração do molde ocorre convecção, o que

justifica a captação da água se localizar na parte superior da câmara de refrigeração;

na espessura solidificada envolta do lingote ocorre condução;

e por fim, na camada de ar que se forma devido a desvios microgeométricos existentes na

cavidade do molde, oriundos do processo de usinagem empregado, que faz com que o

contato entre o alumínio fundido e a parede do molde não seja ideal. Nesta camada de ar

ocorre condução, convecção e radiação.

O Ra é um parâmetro de rugosidade baseado na profundidade da rugosidade. À medida que

o valor da rugosidade diminui a altura dos picos e dos vales também diminuem e a quantidade de

picos e vales aumenta a tendência a alcançar uma superfície perfeita onde o Ra seria 0 (zero) e

consequentemente máximo contato entre o metal e o molde.

No caso da transferência de calor por condução, este fenômeno é otimizado por dois

aspectos: o primeiro é que a distância para ocorrer a transferência de calor fica encurtada,

havendo, então, um aumento dos pontos de contato e podem acrescer a esta otimização o fato de

ocorrer deformações nos picos, inerentes às tensões de arraste do lingote para fora do molde, o

que faz com que a área de contato se torne maior do que aquela inicialmente mensurada e

representada pelo perfil de rugosidade. Nesta mesma análise pode-se observar que a transferência

de calor por radiação também é favorecida, visto que, enquanto o lingote estiver dentro da altura

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útil, do molde, a profundidade dos vales fica reduzida, fazendo com que os espaços para serem

preenchidos por ar também sejam menores. À medida que o lingote se afasta da altura útil, a

ocorrência da radiação ainda continua, só que de forma menos eficiente, por que, com o

deslocamento vertical do lingote no sentido da extração, também ocorre o afastamento radial,

visto que o molde possui uma conicidade em sua cavidade para facilitar o processo de extração.

Observa-se que, após ter atingido estes parâmetros, o lingote obtido nas condições anteriormente

apresentadas, figura 4.5, não apresentou descontinuidades. Desta forma, atribui-se a estas

condições de ensaio o ponto de partida para os demais vazamentos.

Após ter aferido os parâmetros mínimos de processamento para obtenção dos lingotes

buscou-se aumentar a velocidade de lingotamento, ou seja, a velocidade com que o extrator retira

o lingote do interior da cavidade do molde. Vale ressaltar que o intento deste ensaio foi o de

agilizar a obtenção dos lingotes. O ensaio com velocidade de lingotamento maior ocorreu nas

mesmas condições que o anterior alterando-se apenas a referida velocidade, conforme mostrado

na tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Parâmetros de realização dos ensaios com velocidade de lingotamento e

comprimento útil aumentados.

Temperatura de

vazamento

Velocidade de

lingotamento

Altura de metal

fundido na cavidade

do molde

Acabamento

superficial (Ra)

750 ºC a 800 °C 4 mm/s 15 a 20 mm 0,06

750 ºC a 800 ºC 3 mm/s 20 a 25 mm 0,06

Observa-se que os lingotes obtidos nos ensaios com a velocidade de lingotamento

aumentada para 4 mm/s e altura de metal fundido na cavidade do molde para 20 a 25 mm, ambas

as situações provocaram instabilidade no lingotamento e ruptura do lingote. No caso de aumento

da velocidade de lingotamento, o sistema de refrigeração atingiu um ponto de saturação em sua

capacidade de retirar calor, implicando na formação insuficiente da espessura crítica necessária

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para que o lingote suporte as tensões de extração e pressão metalostática, assim ocasionando

inicialmente um “sangramento” lateral, mostrado na figura 4.6, e evoluindo para a ruptura da

lateral do lingote, mostrado na figura 4.7, interrompendo o processo.

Figura 4.6 - Pontos de ocorrência de “sangramento”.

Figura 4.7 - Lingote com pontos da evolução do “sangramento” à ruptura.

Já no caso do aumento da altura de metal fundido na cavidade do molde, instantes após o

início do vazamento ocorreu um aumento de temperatura na região inicial de solidificação

conforme mostrado na figura 4.8, imediatamente após este aumento de temperatura houve um

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travamento no sistema de extração chegando a causar momento fletor no braço extrator, desta

forma imediatamente suspendeu-se o lingotamento. Tal fenômeno se explica, ao considerar que o

aumento da altura útil do molde para 25 mm também ser um parâmetro que sobrecarrega a

capacidade de extração de calor pelo sistema de refrigeração, e ao observar o lingote obtido,

figura 4.9 e o gráfico de temperatura, figura 4.8, observa-se dois instantes distintos: o primeiro

quando ocorre o travamento do extrator, causando momento fletor no braço extrator, devido o

sistema de extração continuar acionado e o lingote aderido à cavidade do molde, as tensões

geradas provocaram uma deformação axial no lingote indicada na figura 4.9, associa-se a este

instante o pico de temperatura observado no gráfico figura 4.8; o segundo, quando

espontaneamente após alguns segundos o extrator é liberado , com o decair da temperatura e

consequentemente a solidificação e desprendimento do lingote da superfície da cavidade do

molde.

Figura 4.8 – Gráfico com perfil de temperatura para o ensaio com altura de metal fundido na

cavidade do molde aumentada para 25 mm ( região assinalada em vermelho momento onde

ocorre travamento, e região em azul o destravamento).

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Figura 4.9 – Lingote obtido com altura de metal fundido na cavidade do molde aumentada de 20

a 25 mm, apresentando deformação axial.

Figura 4.10 – Vista de topo dos lingotes, para vários parâmetros ensaiados.

A B

C D

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As imagens apresentadas na figura 4.10 mostra o topo dos lingotes obtidos durante os

ensaios, visto que, as imagens indicadas pelas letras “A” e ”B”, representam lingotamentos bem

sucedidos, ou passíveis de ajustes durante o ensaio. Nota-se que quanto mais perfeita se forma

uma calota esférica no topo do lingote mais perfeitamente se dá o lingotamento. Já as imagens

“C” e “D” representam lingotamentos falhos por um dos motivos anteriormente descritos. Tendo

em vista que o controle dos vazamentos ocorre de forma manual e necessitam de precisão, o

controle visual da região de alimentação torna-se um importante indicativo, possibilitando assim

paradas rápidas e evitando eventuais danos causados pelo metal líquido ao equipamento e longas

paradas para reparos.

Observa-se que, a temperatura de vazamento que se mostrou operacional foi de 800 °C. Os

lingotes tiveram suas dimensões de comprimento variando entre 200 e 300 mm levando um

tempo médio de 100 segundos cada vazamento, tempo suficiente para a temperatura de

vazamento diminuir em média 50 °C. Tendo como diretrizes os ensaios realizados e acima

descritos convencionou-se a utilização de um superaquecimento de 140 °C. Este

superaquecimento se justifica devido ao vazamento ser de controle manual, contando apenas

para auxílio um suporte fixado para sustentação do cadinho. Alguns fatores metalúrgicos afetam

a viscosidade e por consequência a fluidez do metal em fundição, levando-se em conta que a

velocidade de lingotamento é de 2 mm/s, isso significa que durante 1 segundo a cavidade do

molde deve ser alimentada com aproximadamente 1,4 de metal líquido, o que equivale a

dizer que o volume de metal corresponde a um cubo de aresta 1,1 cm, o que exige um controle

preciso no vazamento. Dentro dos fatores metalúrgicos como, composição química, filme de

óxido, tensão superficial, o superaquecimento é o único em questão que oferece uma condição de

ajuste facilitada e por consequência a possibilidade de obtenção de uma fluidez que possibilite o

vazamento contínuo mesmo que em condições operacionais mínimas, o que orientou novamente

na decisão do superaquecimento de 140 ºC. Observou-se na sequência de ensaios realizados que a

definição de aspectos construtivos e parâmetros de processo são questões que devem ser

analisadas com extrema cautela no projeto de um sistema de lingotamento. Desejando-se,

novamente, um processamento com a menor temperatura possível, no primeiro ensaio com

superaquecimento do metal em 50 ºC ficou constatado a impossibilidade de processamento

devido a várias emendas frias geradas no lingote obtido, o que se justifica devido a um dos

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fatores que interferem na fluidez do alumínio ser a temperatura, e a camada de óxido. Esta

camada de óxido faz com que o fluxo de metal vertido para dentro do molde apenas comece a

fluir depois de um acúmulo no bico dosador do cadinho, gerado por uma camada gelatinosa de

óxido, o que acarreta em uma grande quantidade de metal alimentando o molde de uma única

vez, e como a velocidade de lingotamento não suporta tal volume de metal, faz com que a

alimentação ocorra de forma intermitente, gerando um lingote de baixa qualidade e com

descontinuidades, ou seja, as emendas frias, ou quando se oscila a velocidade de alimentação

fornecendo mais material do que sistema suporta gerando “breakout” por agarramento.

Acrescentando-se aos problemas supracitados ainda ocorre o decréscimo de temperatura de até

50 ºC o que faz com que, no caso da temperatura de vazamento ser 660 °C o superaquecimento se

aproxime de zero dificultando cada vez mais a alimentação do molde, quando observados os

vazamentos realizados a temperaturas mais baixas. Após os ensaios podem-se determinar os

parâmetros iniciais de trabalho como segue: temperatura de vazamento (750 °C a 800 °C),

velocidade de lingotamento (3 mm/s), altura de metal fundido na cavidade do molde (10 a 15

mm), acabamento superficial da cavidade do molde (Ra = 0,06 µm), tais dados também estão

expressos na tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Parâmetros operacionais.

P

arâ

met

ros

E

nsa

io

Tem

per

atu

ra

( ºC

)

Ru

gosi

dad

e

Ra (

µm

)

Vel

oci

dad

e d

e

lin

gota

men

to

( m

m/s

)

Alt

ura

de

met

al

fun

did

o n

a c

avid

ad

e

do m

old

e

( m

m )

1º 800 0,06 3 15 a 20

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4.2 Obtenção dos lingotes para caracterização

Uma vez determinados os parâmetros básicos de processo seguiram-se os vazamentos para

obtenção de lingotes nas condições de apenas refrigeração primária e refrigeração primária mais a

secundária. A refrigeração primária consistiu apenas na refrigeração proporcionada pelo fluxo de

água dentro da galeria de refrigeração do molde metálico. Já a refrigeração secundária consistiu

em submeter o lingote assim que saía do molde a um spray de ar comprimido e água. Cada uma

destas condições iniciais ainda se variou o tipo de solidificação em três condições: solidificação

convencional “0 W”, agitado à “1500 W” e “3000 W”. Todas as condições estãoexpressas na

tabela 4.4. Doravante, convencionar-se-á a utilização da seguinte notação: “RP” refrigeração

primária e “RPS” refrigeração primária mais a secundária. Para ambas as condições RP e RPS o

fluido refrigerante manteve-se a 22 °C.

Tabela 4.4 – Parâmetros para produção dos lingotes utilizados na caracterização.

Tipo de solidificação Corrente

Vazão de fluido

refrigerante

RP

Solidificação convencional 0

12 litros / min 1500 W 6 A

3000 W 12 A

RPS

Solidificação convencional 0 A 12 litros / min

+

0,3 litros / min

1500 W 6 A

3000 W 12 A

Foram produzidos lingotes para cada condição indicada na tabela 4.4, e os vazamentos

replicados para confiabilidade dos resultados. Os lingotes obtidos tiveram seu comprimento

variando entre 200 mm e 300 mm, conforme exemplo mostrado na figura 4.11, e foram

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escolhidas as réplicas que apresentaram inicialmente através de uma análise visual uma boa

uniformidade, para prosseguir com a caracterização metalográfica que será apresentada a seguir.

Figura 4.11 – Exemplos de lingotes produzidos com seus comprimentos máximo e mínimo

4.3 Análise metalográfica.

Esta seção traz toda caracterização microestrutural e discussões a respeito dos lingotes

produzidos sob as condições de solidificação e refrigeração diferenciadas. Todo o processo de

obtenção dos lingotes bem como as condições de solidificação e refrigeração foi descrita na seção

anterior deste capítulo. Assim, apenas serão apresentadas as micrografias coloridas e as em preto

e branco, os resultados obtidos e a respectiva discussão. Como já explicado, as micrografias em

preto e branco foram utilizadas para determinar as dimensões do espaçamento dendrítico e as

micrografias coloridas para dimensionar o tamanho de grão. A figura 4.12, mostra o local de

retirada de todas as amostras para análise metalográfica.

A região 1, representada no detalhe “A” do desenho, foi analisada para verificar a evolução

microestrutural desde o início da formação do lingote até quando ocorre estabilização

microestrutural, ou seja, quando o sistema entra em regime.

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Figura 4.12 - Imagem representativa das posições analisadas por metalografia convencional e por

luz polarizada.

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A região 2 representa a porção proximal dos lingotes logo após terem entrado em regime.

A região 3 representa a região medial. A região indicada pelo número 4 representa a porção

distal dos lingotes, visto que, foram descartados 15 mm dos topos e analisadas as amostras

imediatamente anteriores à região de descarte e posteriores o sistema ter entrado em regime.

Dessa forma, as numerações indicadas por 2, 3 e 4 representam, inclusive nos gráficos, o

local de realização das micrografias.

A análise metalográfica ocorrerá por meio de quatro abordagens, que seguem:

análise da seção longitudinal na porção proximal do lingote, para determinação da

dimensão do descarte, ou seja, verificação de quando o sistema entra em regime ;

análise da seção transversal, imediatamente o sistema ter entrado em regime, para

constatação, através de uma varredura da periferia para o centro, do efeito das

diferentes condições de refrigeração e profundidade de ação do campo magnético a

0 W, 1500 W e 3000 W;

análise quantitativa da seção transversal, na região mediana, nas porções proximal

(2), medial (3) e distal (4) para verificação de quão estável se manteve a

microestrutura durante os lingotamentos;

realização de comparação através das micrografias e da análise quantitativa dos

ensaios visando relacionar parâmetros de solidificação e campo magnético com o

tamanho de grãos e espaçamento dendríticos obtidos, evidenciando o efeito

refinador do sistema.

Inicialmente serão apresentadas as micrografias que mostram a evolução da microestrutura

a partir do contato com o extrator do lingote até estabilização da microestrutura. O lingote

utilizado para esta análise inicial foi uma das réplicas obtidas após ter consolidado os parâmetros

de lingotamento. As micrografias apresentadas na figura 4.13 e 4.14, foram obtidas através de

análise da secção longitudinal do lingote conforme indicado por região 1 na figura 4.12.

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Figura 4.13 – Micrografias sequenciais obtidas ao longo secção longitudinal do lingote

da 1ª à 6ª.

1 ª 2 ª

3 ª 4 ª

6 ª 5 ª

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Figura 4.14 – Micrografias sequenciais obtidas ao longo secção longitudinal do lingote

da 7ª à 10ª.

O objetivo da apresentação das micrografias é que se pode observar e mensurar o descarte,

seguindo a sequência na qual são apresentadas.

O descarte se faz necessário devido a microestruturas diferenciadas, refinadas, não

refletindo a uniformidade do lingote como um todo. Observa-se pela figura 4.13 na 1ª

micrografia que a região imediatamente após o topo do extrator, o surgimento de pequenos grãos

equiaxiais, pertencentes a uma região coquilhada gerada pela rápida extração de calor

possibilitada pelo topo do extrator no sentido longitudinal do lingote associado à extração radial

da parede do molde.

10 ª 9 ª

8 ª 7 ª

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Observa-se que na sequência de micrografias, figura 4.14 da 7ª até a 10ª, é possível

detectar que a partir da 9ª micrografia ocorre uma estabilização da microestrutura com grãos de

mesmo tamanho e mesma variação. Considerando a barra de escala de 500 µm, atribui-se a cada

micrografia a medida 2500 µm (2,5 mm) e como as imagens foram aquisitadas na sequência, da

1ª a 10 ª, é possível determinar a medida de descarte. Com base no exposto, adotou-se uma

medida de segurança com 5 mm a mais e manteve-se o descarte em 30 mm para todos os lingotes

produzidos e que foram posteriormente caracterizados.

Após o estabelecimento de quando o sistema encontra-se em regime, procedeu-se a análise

da seção transversal de cada lingote obtido. A análise da seção transversal do lingote serve

inicialmente como orientação de qual região foram obtidas as fotografias para análise

longitudinal do lingote e posterior caracterização.

A seguir, são apresentadas as micrografias obtidas na seção transversal de cada lingote

produzido nas condições de RP e RPS, variando-se o tipo de solidificação (convencional) 0 W,

agitada a 1500 W e 3000 W. Os locais de aquisição das imagens serão chamados região

periférica, central e mediana, conforme mostrado no detalhe “A” da figura 4.12, mostrada

anteriormente.

As micrografias mostradas, na figura 4.15, revela a microestrutura resultante sob as

diferentes condições ensaiadas. Observa-se a partir da periferia do lingote a atuação do campo

magnético e das diferentes condições de refrigeração impostas e o seu efeito até a região central.

O campo magnético agiu em todas as condições nas quais foram impostas a agitação

magnética. Observa-se, que as micrografias obtidas na região periférica revelam uma

fragmentação dendrítica devido à agitação provinda do intenso campo magnético aplicado

durante os vazamentos. Porém, a profundidade de atuação do campo difere nas duas condições de

refrigeração.

Nos lingotes que foram obtidos apenas com RP (refrigeração primária, refrigeração apenas

no molde), observa-se um aumento crescente no tamanho de grãos, figura 4.15, da periferia para

o centro do lingote, o que se justifica dado a intensidade do campo magnético não ser a mesma,

como descrito no capítulo MATERIAIS E MÉTODOS. A intensidade do campo magnético para

uma determinada potência se reduz à metade, da periferia para o centro. Associado a este déficit

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Cen

tral

Med

iana

Per

ifér

ica

Zona coquilhada

Figura 4.15 – Micrografias obtidas da seção transversal na região periférica, mediana e

central dos lingotes obtidos com RP sob 0 W, 1500 W e 3000 W.

RP (0 W) RP (1500 W) RP (3000 W)

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de campo ainda soma-se a eficiência de extração de calor não ser a mesma. Esse fato é observado

na região periférica onde verifica-se a ocorrência de uma zona coquilhada, contornada em preto

na figura 4.15, devido à rápida extração de calor imposta pelas paredes metálicas do molde. A

medida que se analisa em direção ao centro, o tamanho dos grãos aumentam, como resultado

então de uma combinação de dois fatores: campo magnético menos intenso, efeito refinador

reduzido, e uma extração de calor mais lenta , permitindo que os grãos cresçam mais no centro do

lingote mediante as condições diferenciadas de solidificação.

Já nos lingotes que foram obtidos com RPS (refrigeração primária mais a secundária), o

aumento no tamanho de grãos na direção radial, não foi significativo quanto ao observado na

condição de RP. Verifica-se conforme figura 4.16, uma inevitável zona coquilhada, indicada por

contorno preto, devido também à rápida extração de calor e a ação mais intensa do campo

magnético, porém, à medida que se avança para o centro do lingote, cerca de 2 mm da região

periférica, ou seja , cerca de quatro barras da escala aproximadamente, observa-se uma forte

tendência de homogeneização no tamanho dos grãos, inclusive no lingote obtido a 0 W

(solidificação convencional). Como dito anteriormente, mesmo na condição de solidificação

convencional (0 W), excetuou-se a região coquilhada e logo após observa-se uma microestrutura

estável até a região central. Tal condição confirma-se conforme mostrado na figura 4.16, para

outras condições de solidificação, agitada a 1500 W e 3000 W.

Com base nessa análise inicial, seguiu-se a análise quantitativa no sentido longitudinal dos

lingotes, consistindo em mensurar o tamanho de grão e o espaçamento dendrítico. As imagens

metalográficas obtidas após ataque eletrolítico e obtenção de imagens em microscópio com luz

polarizada, obtendo assim fotos coloridas, foram utilizadas para realização da contagem de grãos

considerando que, partes com mesma coloração fazem parte do mesmo grão desde que sejam

adjacentes. As imagens em branco e preto foram utilizadas para medir o espaçamento dendrítico.

Define-se para condição RP, que as micrografias utilizadas tanto para a contagem de grãos

quanto para espaçamento dendrítico fossem obtidas na porção mediana de cada amostra e para a

condição RPS devido à uniformidade obtida no tamanho dos grãos no sentido radial

desconsidera-se apenas a região coquilhada para obtenção das micrografias.

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Zona coquilhada

Per

ifér

ica

Med

iana

Cen

tral

Figura 4.16 - Micrografias obtidas da seção transversal na região periférica, mediana e

central dos lingotes obtidos com RPS sob 0 W, 1500 W e 3000 W

RPS (0 W) RPS (1500 W) RPS (3000 W)

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Doravante serão apresentadas as micrografias obtidas as quais foram realizadas do

comprimento útil de cada lingote. As micrografias apresentadas foram as obtidas nas regiões

proximal, medial e distal e analisadas a seção transversal da amostra conforme estabelecido

acima e indicado anteriormente no inicio desta seção, nos detalhes “A” e “B” da figura 4.12. As

mesmas posições foram utilizadas para contagem de grãos e espaçamento dendrítico. As

micrografias obtidas por luz polarizada serão apresentadas à direta e as micrografias em preto e

branco, à esquerda.

As micrografias mostradas nas figuras 4.17 até a 4.19 na condição RP e nas figuras 4.20 até

4.22 na condição RPS são parte das cinco micrografias retiradas de cada região para realização da

contagem de grãos e espaçamento dendrítico. Este procedimento possibilita a análise

longitudinal, onde se verifica o tamanho dos grãos e sua homogeneidade ao longo do

comprimento do lingote.

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Reg

ião d

ista

l.

Reg

ião m

edia

l.

Reg

ião p

roxim

al.

Figura 4.17 - Micrografias da região proximal, medial e distal, com solidificação convencional

(0W) na condição RP.

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Reg

ião d

ista

l.

Reg

ião m

edia

l.

Reg

ião p

roxim

al.

Figura 4.18 - Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

ocorrida a 1500W na condição RP.

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66

Reg

ião d

ista

l

Reg

ião m

edia

l.

Reg

ião p

roxim

al.

Figura 4.19 - Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

ocorrida a 3000W na condição RP.

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67

Reg

ião d

ista

l

Reg

ião m

edia

l.

Reg

ião p

roxim

al.

Figura 4.20 - Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação

convencional (0 W) na condição de RPS.

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68

Reg

ião d

ista

l

Reg

ião m

edia

l.

Reg

ião p

roxim

al.

Figura 4.21 - Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação a

1500 W na condição de RPS.

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69

Reg

ião d

ista

l

Reg

ião m

edia

l.

Reg

ião p

roxim

al.

Figura 4.22 - Micrografias da região proximal, medial e distal do lingote com solidificação a

3000 W na condição de RPS.

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70

A princípio os resultados serão demonstrados em forma de tabela seguidos posteriormente

por gráfico, devido à facilidade de se visualizar os resultados obtidos, tecer uma análise e

estabelecer comparações entre o tamanho de grão e espaçamento dendrítico, bem como a relação

(TG/ED), tamanho de grão e espaçamento dendríticos.

Tabela 4.5 – Média de tamanho grão e média de espaçamento dendrítico seguida da relação

TG/ED, caracterizados nas três regiões do lingote com refrigeração primária (RP).

RP – Refrigeração primária

Proximal Medial Distal

Tamanho de Grão (µm) Tamanho de Grão (µm) Tamanho de Grão (µm)

0 W 495 µm ± 113 482 µm ± 126 530 µm ± 114

1500 W 176 µm ± 27 154 µm ± 35 172 µm ± 33

3000 W 549 µm ±118 480 µm ±124 526 µm ± 108

Espaçamento dendríticos

(µm)

Espaçamento dendríticos

(µm)

Espaçamento dendríticos

(µm)

0 W 48 µm ±10 47 µm ±8 50 µm ±13

1500 W 45 µm ± 7 47 µm ± 11 46 µm ± 5

3000 W 78 µm ±8 82 µm ±7 80 µm ±9

⁄ ⁄

0 W 10,84 µm ± 2,93 10,25 µm ± 3,12 10,31 µm ± 2,89

1500 W 3,89 µm ± 0,82 3,38 µm ± 0,83 3,73 µm ± 0,84

3000 W 7,03 µm ± 2,36 5,83 µm ± 2,42 6,57 µm ± 2,34

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71

Tabela 4.6 – Média de tamanho grão e espaçamento seguida da relação dendrítico TG/ED,

caracterizadas nas três regiões do lingote com refrigeração primária + secundária (RPS) .

RPS – Refrigeração primária + secundária

Proximal Medial Distal

Tamanho de Grão (µm) Tamanho de Grão (µm) Tamanho de Grão (µm)

0 W 335 µm ± 74 353 µm ± 59 293 µm ± 52

1500 W 181 µm ± 13 178 µm ± 17 180 µm ± 15

3000 W 237 µm ±16 242 µm ±18 235 µm ± 14

Espaçamento dendríticos

(µm)

Espaçamento dendríticos

(µm)

Espaçamento dendríticos

(µm)

0 W 56 µm ± 12 52 µm ± 15 55 µm ± 12

1500 W 111 µm ± 07 126 µm ± 15 125 µm ± 14

3000 W 84 µm ± 07 91 µm ± 15 88 µm ± 14

⁄ ⁄

0 W 5,94 ± 1,08 6,12 ± 1,14 5,32 ± 1,10

1500 W 1,64 ± 0,24 1,45 ± 0,18 1,52 ± 0,25

3000 W 2,82 ± 0,24 2,73 ± 0,30 2,67

± 0,40

Ao confrontar as duas condições de refrigeração RP e RPS ao longo do lingote (sentido

longitudinal), pode-se afirmar que os lingotes obtidos sob a condição RP, apresentaram a maior

variação no tamanho dos grãos cristalinos. Verifica-se para a condição de 0 W ,1500 W e 3000 W

uma variação respectivamente de 48, 22 e 69 µm, para as regiões proximal (2), medial (3) e distal

(4). A condição RPS apresentou respectivamente 18, 3 e 7 µm de tamanho de grãos para as

mesmas condições explicadas acima, o que confirma uma significativa redução na oscilação do

tamanho de grãos ao longo do lingote. A variação observada nas condições RP e RPS ocorrem

devido a pequenas oscilações na alimentação, as quais não são suficientemente capazes de

impedir o vazamento, pois se encontram dentro da faixa de tolerância aceita pelo sistema. Porém,

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exige mais do sistema de refrigeração fazendo com que ocorram variações de temperatura

durante o vazamento e, consequentemente, oscilação do gradiente térmico, refletindo uma

pequena variação no tamanho dos grãos ao longo dos lingotes produzidos.

A condição de refrigeração RPS em relação à RP apresentou a melhor homogeneidade no

sentido longitudinal do lingote bem como o menor desvio padrão nas regiões observadas para

medição dos grãos. Para medida de espaçamento dendrítico, não foram observadas variações

significativas e o desvio padrão destas observações não foi maior que 15 µm.

Quanto a eficiência no refino de grãos, nota-se que imposição de agitação eletromagnética

foi eficaz em todas as condições, há apenas uma ressalva quanto à observância da intensidade do

campo magnético. A despeito de que esperava-se inicialmente, onde o resultado era que, quanto

maior o campo magnético maior seria a agitação e consequentemente um melhor refino de grãos,

tal fato não se confirmou com a obtenção dos resultados. Observa-se que as duas condições de

refrigeração RP e RPS apresentarem um ponto de otimização no refino de grãos em relação a

potência utilizada de 1500 W e sua correspondência com o campo magnético. Ressalta-se que o

campo magnético ao qual o material em solidificação foi submetido é variável em relação a

profundidade da matriz, onde tem-se a 1500 W (12 a 20 Gauss) e a 3000 W (22 a 38 Gauss). A

figura 4.23, traz uma comparação direta entre os valores de tamanho de grãos obtidos sob todas

as condições.

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Figura 4.23 – Comparação direta entre os tamanhos de grãos para todas as condições de ensaio.

Desta forma, observa-se nas tabelas 4.5 e 4.6, uma tendência em relação ao tamanho de

grãos e espaçamento dendríticos, para as duas condições de refrigeração, onde nota-se que os

grãos tendem diminuir o tamanho com a imposição da potência de 1500 W, campo magnético 12

a 20 Gauss, e o espaçamento dendrítico a crescer, em relação a condição de 0 W (solidificação

convencional). Quando a potência aumenta para 3000 W de 22 a 38 Gauss, os grãos voltam a

crescer novamente, figura 4.23, e o espaçamento dendrítico diminui em relação a condição de

1500 W mas aumenta em relação a condição inicial, figura 4.24.

RP 0 W

RP 1500 W

RP 3000 W

RPS 0 W

RPS 1500 W

RPS 3000 W

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74

Observa-se que agitação magnética mostra-se mais eficiente na fragmentação dendrítica

quando foi inserida a potência de 1500 W, campo de 12 a 20 Gauss, ocorrendo uma quebra

mecânica das pontas das dendritas seguido de desprendimento de ramos secundários e terciários,

estes fragmentos foram carregados para o meio líquido e tornaram-se novos núcleos para

formação de novos grãos.

Figura 4.24 – Comparação direta dos espaçamentos dendríticos para todas as condições de

ensaio.

RP 0 W

RP 1500 W

RP 3000 W

RPS 0 W

RPS 1500 W

RPS 3000 W

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Quando a agitação eletromagnética aumentou para 3000 W, campo de 22 a 38 Gauss, os

grãos tornaram-se maiores aproximando-se da medida obtida sem agitação, porém, o

espaçamento dendrítico também aumentou, figura 4.25. Uma provável explicação é que a forte

agitação imposta devido ao alto campo magnético (22 a 38 Gauss), faz com que o soluto seja

arrancado da base da dendrita impedindo que o ramo se destaque, evitando o fenômeno de

“empescoçamento”. Acrescendo-se ao explicado, pode-se citar um possível dobramento dos

ramos dendríticos causado pela forte agitação causada pelo intenso campo magnético de (22 a 38

Gauss), possibilitando um contato físico seguido de engrossamento ao invés de fragmentação.

Este engrossamento faz com que diminua o número de ramos dendríticos, aumentando a distância

física entre eles.

Figura 4.25 - Relação tamanho de grão espaçamento dendrítico (TG/ED) para todas as condições

de ensaio.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5

Tam

an

ho d

e g

rão

/ E

spa

çam

ento

den

drí

tico

(TG

/ED

)

Posição no lingote

0 W 1500 W 3000 W

RP

RPS

RPS

RPS

RP

RP

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Ao analisar diretamente o tamanho dos grãos obtidos no lingote, tabela 4.5 e 4.6, pode-se

afirmar que tanto para a condição RP quanto para a RPS a potência de 1500 W, campo magnético

de 12 a 20 Gauss, possibilitaram a produção de matéria-prima com o menor tamanho de grão,

cerca de 178 µm. No entanto, apenas o parâmetro de tamanho de grão é insuficiente para

caracterizar a matéria-prima em questão.

Ressalta-se que a matéria-prima está sendo avaliada para mensurar seu potencial em

processos de tixofundição, sendo assim, deseja-se o menor tamanho de grão e o mais globular

possível após o reaquecimento prévio de globularização para posterior tixoprocessamento.

Desta forma, faz-se necessário estabelecer uma relação entre tamanho de grão e

espaçamento dendrítico (TG/ED), sendo que, quanto mais próximo de 1 for valor desta relação,

mais fácil será a ação dos mecanismos de coalescência e Otswald ripening para a ocorrência da

globularização.

Observa-se na figura 4.25, a relação TG/ED para todas as condições de produção dos

lingotes, onde constata-se que a condição que apresenta a menor relação TG/ED, 1,55 em média,

é a RPS utilizando 1500 W .

Associando os critérios de tamanho de grão e relação TG/ED, conclui-se que entre todas as

condições a que produziu matéria-prima com melhor potencial de utilização foi RPS com

potência de 1500 W, apresentando 178 µm e 1,55, de tamanho de grão e relação TG/ED

respectivamente.

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5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.

Este trabalho teve por objetivo o projeto e a montagem de um sistema de lingotamento

contínuo sob influência de agitação eletromagnética para ligas de alumínio-silício, para posterior

fornecimento de matéria-prima para processos de tixoconformação. O equipamento foi analisado

e desenvolvido por meio de parâmetros construtivos e de processamento e os lingotes obtidos

foram caracterizados através de metalografia convencional e por luz polarizada.

Com base na análise dos resultados obtidos conclui-se que:

para realização dos ensaios foi necessário um superaquecimento elevado, para

garantir o suprimento de material de forma contínua dentro do molde, o que

representou diretamente um parâmetro limitador para a produção dos lingotes, visto

que, limitou a velocidade de lingotamento mediante a capacidade de retirada de

calor do sistema;

o acabamento superficial medido por meio do Ra constitui um importante parâmetro

construtivo da cavidade do molde porque otimiza a transferência de calor e por

consequência o lingotamento;

o emprego de sistema de refrigeração externo ao molde nesse sistema, como por

exemplo o sistema secundário utilizado, possibilitou a produção de lingotes com

melhor refino de grãos para todas as condições de lingotamento inclusive, a que não

utilizou-se agitação eletromagnética;

o sistema de lingotamento entra em regime após 25 mm, do inicio do vazamento, e

baseado nesta determinação, adotou-se um descarte de 30 mm a partir do contato

com o extrator ;

a análise da seção transversal dos lingotes permitiu a constatação da profundidade

de atuação tanto do campo magnético, como das condições de refrigeração. Foi

observado que dentre as condições RP e RPS, os lingotes produzidos na condição

RPS foram os que apresentaram a melhor homogeneidade no sentido transversal;

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78

a análise da seção transversal realizada no sentido longitudinal do lingote, nas

porções, proximal, medial e distal, permite a afirmação que a condição RPS mais

uma vez se mostrou ser a que apresentou os lingotes com melhor homogeneidade

microestrutural;

a agitação magnética que se mostrou mais eficiente foi a 1500 W de potência, com

um campo magnético de 12 a 20 Gauss, produzindo lingotes com os menores

tamanho de grãos para ambas as condições de refrigeração RP e RPS, o que sugere

a existência de uma relação entre massa metálica fundida e campo magnético

utilizado, dando origem a um ponto de otimização no refino de grãos;

com o surgimento de um ponto de otimização, consegue-se melhor eficiência

energética, quando utilizada a potência mínima para o melhor refinamento de grãos.

para a produção de lingotes, o procedimento experimental tradicional, onde a

alimentação do sistema é realizada manualmente, é inviável, uma vez que não

existem as condições de controle de alimentação sincronizada com o sistema

operacional, somente no futuro poderá ser realizada uma otimização.

Com base no exposto, pode-se afirmar que, apesar da média dos tamanhos dos grãos não ter

atingido o objetivo de estar entre 70 e 100 µm, os objetivos gerais deste trabalho foram

alcançados, visto que, o sistema mostrou-se eficiente no refino de grãos quando utilizado a

potência de 1500 W na condição de RPS, transformando a matéria-prima com média de tamanho

de grãos iniciais de 5 mm em 178 µm, média de tamanho de grãos próxima ao resultado

esperado. Ressalta-se apenas que somente em um posterior reaquecimento conseguiria a

globularização total da matéria-prima, a partir dos grãos dendríticos e refinados obtidos. Este

trabalho também apontou caminhos a serem estudados no futuro, para otimização do processo de

obtenção de lingotes e de entendimento dos fenômenos que envolvem o refino de grãos com

utilização da agitação eletromagnética em ligas de Al-Si.

Como sugestões para trabalhos futuros seguem relacionadas algumas considerações:

observa-se que devido à precisão necessária durante o vazamento, a necessidade de

desenvolvimento de um sistema de alimentação automatizado associado a um forno de

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79

espera. Um sistema automatizado implicaria numa alimentação precisa e contínua sem

oscilações, reduzindo assim a interferência humana e otimizando a produtividade dos

lingotes. O forno de espera associado ao sistema de alimentação possibilitaria, ainda, uma

alimentação próxima da região de solidificação do lingote, fazendo com que o metal

ficasse menos tempo exposto à atmosfera, reduzindo assim a camada de óxido.

Estreitando-se a distância entre o metal líquido e o lingote, durante o lingotamento em

solidificação, sugere a possibilidade de utilização de menor superaquecimento para

vazamento, supostamente proporcionando uma melhor eficiência do sistema, no que se

refere à produtividade, refino de grãos e aspectos econômicos, pois a energia consumida

seria menor;

incluindo-se as condições de implementação sugeridas acima e não menos importante é o

desenvolvimento de sistema de detecção de “breakouts” em sistemas de lingotamento de

ligas de alumínio, para se evitar possíveis riscos físicos ao operador e paradas para

manutenção do equipamento;

como maneira de se aprofundar os conhecimentos sobre a influência da rugosidade da

cavidade do molde no processo de lingotamento contínuo seria interessante, em estudos

posteriores, estabelecer uma relação entre rugosidade e microestrutura;

quanto à evolução da microestrutura em função do campo magnético aplicado durante a

solidificação, seria interessante no decorrer do lingotamento contínuo a alternância

crescente da campo magnético com pequenos acréscimos de campo, seguidos de etapas

de estabilização para o sistema entrar em regime, este procedimento seria repetido várias

vezes, em vários diâmetros, para obtenção de lingotes para estudo, e a firmação de um

ponto, onde ocorreria uma otimização do campo magnético através do estabelecimento de

uma relação campo magnético/volume de metal a ser refinado.

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APÊNDICE A – PERFIS DE RUGOSIDADE ENSAIADOS

Perfil de rugosidade obtido com acabamento superficial da cavidade do molde com Ra de 1,06.

Perfil de rugosidade obtido com acabamento superficial da cavidade do molde com Ra de 0,178.

Perfil de rugosidade obtido com acabamento superficial da cavidade do molde com Ra de 0,06.

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ANEXO A – RUGOSIDADE SUPERFICIAL

O acabamento superficial é um parâmetro importante no projeto de um molde para

lingotamento pois exerce influencia direta na transferência de calor, sendo assim, segue de forma

sucinta uma definição da unidade de rugosidade utilizada no presente trabalho. Para medição da

rugosidade no Brasil a ABNT determina a utilização do sistema M. No sistema M ou linha

média, todas as grandezas de medição da rugosidade são definidas a partir do seguinte conceito

de linha média: linha paralela a direção de perfil, no comprimento de amostragem, de tal modo

que a soma das áreas superiores, compreendidas entre ela e o perfil efetivo, seja igual a soma das

áreas inferiores, no comprimento de amostragem L (AGOSTINHO et al, 2013).

Descrição do sistema de linha média (AGOSTINHO et al., 2013)

O Ra, rugosidade média, se utiliza do sistema M é exatamente a altura de um retângulo cuja

área é a soma absoluta das áreas delimitadas entre o perfil de rugosidade e a linha média, tendo

por comprimento o percurso de medição (lm). Também é chamado de CLA (Center Line

Average) e AA (aritmética Average) (SUGA, 2007). Desejando-se dar um tratamento

matemático mais preciso adota-se a equação e a figura a seguir.

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∫| |

Ou então, aproximadamente,

∑| |

Descrição do conceito de Ra (SUGA, 2007).