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CPC_46 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 46 Mensuração do Valor Justo Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS 13 (IASB - BV 2012) Sumário Item OBJETIVO 1 – 4 ALCANCE 5 – 8 MENSURAÇÃO 9 – 90 Definição de valor justo 9 – 10 Ativo ou passivo 11 – 14 Transação 15 – 21 Participantes do mercado 22 – 23 Preço 24 – 26 Aplicação a ativos não financeiros 27 – 33 Aplicação a passivos e a instrumentos patrimoniais próprios da entidade 34 – 47 Aplicação a ativos financeiros e passivos financeiros com posições de compensação em riscos de mercado ou risco de crédito da contraparte 48 – 56 Valor justo no reconhecimento inicial 57 – 60 Técnicas de avaliação 61 – 66 Informações para técnicas de avaliação 67 – 71 Hierarquia de valor justo 72 – 90 DIVULGAÇÃO 91 – 99 APÊNDICE A – Definição de termos APÊNDICE B – Guia de aplicação APÊNDICE C – Disposições transitórias EXEMPLOS ILUSTRATIVOS

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CPC 46 Mensuração a Valor Justo

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    COMIT DE PRONUNCIAMENTOS CONTBEIS PRONUNCIAMENTO TCNICO CPC 46

    Mensurao do Valor Justo

    Correlao s Normas Internacionais de Contabilidade IFRS 13 (IASB - BV 2012)

    Sumrio Item OBJETIVO 1 4 ALCANCE 5 8 MENSURAO 9 90

    Definio de valor justo 9 10 Ativo ou passivo 11 14 Transao 15 21 Participantes do mercado 22 23 Preo 24 26 Aplicao a ativos no financeiros 27 33 Aplicao a passivos e a instrumentos patrimoniais prprios da entidade 34 47 Aplicao a ativos financeiros e passivos financeiros com posies de compensao em riscos de mercado ou risco de crdito da contraparte 48 56

    Valor justo no reconhecimento inicial 57 60 Tcnicas de avaliao 61 66 Informaes para tcnicas de avaliao 67 71 Hierarquia de valor justo 72 90

    DIVULGAO 91 99 APNDICE A Definio de termos APNDICE B Guia de aplicao APNDICE C Disposies transitrias EXEMPLOS ILUSTRATIVOS

  • CPC_46

    Objetivo

    1. O objetivo deste Pronunciamento : (a) definir valor justo; (b) estabelecer em um nico Pronunciamento a estrutura para a mensurao do valor justo; e (c) estabelecer divulgaes sobre mensuraes do valor justo.

    2. O valor justo uma mensurao baseada em mercado e no uma mensurao especfica da entidade. Para alguns ativos e passivos, pode haver informaes de mercado ou transaes de mercado observveis disponveis e para outros pode no haver. Contudo, o objetivo da mensurao do valor justo em ambos os casos o mesmo estimar o preo pelo qual uma transao no forada para vender o ativo ou para transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensurao sob condies correntes de mercado (ou seja, um preo de sada na data de mensurao do ponto de vista de participante do mercado que detenha o ativo ou o passivo).

    3. Quando o preo para um ativo ou passivo idntico no observvel, a entidade mensura o valor justo utilizando outra tcnica de avaliao que maximiza o uso de dados observveis relevantes e minimiza o uso de dados no observveis. Por ser uma mensurao baseada em mercado, o valor justo mensurado utilizando-se as premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo, incluindo premissas sobre risco. Como resultado, a inteno da entidade de manter um ativo ou de liquidar ou, de outro modo, satisfazer um passivo no relevante ao mensurar o valor justo.

    4. A definio de valor justo se concentra em ativos e passivos porque eles so o objeto primrio da mensurao contbil. Alm disso, este Pronunciamento deve ser aplicado aos instrumentos patrimoniais prprios da entidade mensurados ao valor justo.

    Alcance

    5. Este Pronunciamento aplicvel quando outro Pronunciamento requerer ou permitir mensuraes do valor justo ou divulgaes sobre mensuraes do valor justo (e mensuraes tais como valor justo menos despesas para vender baseadas no valor justo ou divulgaes sobre essas mensuraes), salvo conforme especificado nos itens 6 e 7.

    6. Os requisitos de mensurao e divulgao deste Pronunciamento no se aplicam a: (a) transaes de pagamento baseadas em aes dentro do alcance do CPC 10 Pagamento

    Baseado em Aes; (b) transaes de arrendamento dentro do alcance do CPC 06 Operaes de Arrendamento

    Mercantil; e (c) mensuraes que tenham algumas similaridades com o valor justo, mas que no

    representem o valor justo, como, por exemplo, o valor realizvel lquido a que se refere o Pronunciamento CPC 16 Estoques ou o valor em uso a que se refere o Pronunciamento CPC 01 Reduo ao Valor Recupervel de Ativos.

    7. As divulgaes requeridas por este Pronunciamento no so exigidas para:

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    (a) ativos de planos mensurados ao valor justo de acordo com o CPC 33 Benefcios a Empregados;

    (b) (eliminada); e (c) ativos cujo valor recupervel seja o valor justo menos as despesas de alienao, de acordo

    com o Pronunciamento CPC 01.

    8. A estrutura de mensurao do valor justo descrita neste Pronunciamento se aplica tanto mensurao inicial quanto subsequente se o valor justo for exigido ou permitido por outros Pronunciamentos.

    Mensurao

    Definio de valor justo

    9. Este Pronunciamento define valor justo como o preo que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferncia de um passivo em uma transao no forada entre participantes do mercado na data de mensurao.

    10. O item B2 descreve a abordagem geral de mensurao do valor justo.

    Ativo ou passivo

    11. A mensurao do valor justo destina-se a um ativo ou passivo em particular. Portanto, ao mensurar o valor justo, a entidade deve levar em considerao as caractersticas do ativo ou passivo se os participantes do mercado, ao precificar o ativo ou o passivo na data de mensurao, levarem essas caractersticas em considerao. Essas caractersticas incluem, por exemplo: (a) a condio e a localizao do ativo; e (b) restries, se houver, para a venda ou o uso do ativo.

    12. O efeito sobre a mensurao resultante de uma caracterstica especfica pode diferir dependendo de como essa caracterstica levada em considerao pelos participantes do mercado.

    13. O ativo ou o passivo mensurado ao valor justo pode ser qualquer um dos seguintes: (a) um ativo ou passivo individual (por exemplo, um instrumento financeiro ou um ativo no

    financeiro); ou (b) um grupo de ativos, grupo de passivos ou grupo de ativos e passivos (por exemplo, uma

    unidade geradora de caixa ou um negcio).

    14. A determinao de se o ativo ou o passivo ativo ou passivo independente, grupo de ativos, grupo de passivos ou grupo de ativos e passivos para fins de reconhecimento ou divulgao, depende de sua unidade de contabilizao (unit of account). A unidade de contabilizao (unit of account) para o ativo ou o passivo deve ser determinada de acordo com o Pronunciamento que exigir ou permitir a mensurao do valor justo, salvo conforme previsto neste Pronunciamento.

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    Transao

    15. A mensurao do valor justo presume que o ativo ou o passivo trocado em uma transao no forada entre participantes do mercado para a venda do ativo ou a transferncia do passivo na data de mensurao nas condies atuais de mercado.

    16. A mensurao do valor justo presume que a transao para a venda do ativo ou transferncia do passivo ocorre: (a) no mercado principal para o ativo ou passivo; ou (b) na ausncia de mercado principal, no mercado mais vantajoso para o ativo ou passivo.

    17. A entidade no necessita empreender uma busca exaustiva de todos os possveis mercados para identificar o mercado principal ou, na ausncia de mercado principal, o mercado mais vantajoso, mas ela deve levar em considerao todas as informaes que estejam disponveis. Na ausncia de evidncia em contrrio, presume-se que o mercado no qual a entidade normalmente realizaria a transao para a venda do ativo ou para a transferncia do passivo seja o mercado principal ou, na ausncia de mercado principal, o mercado mais vantajoso.

    18. Se houver mercado principal para o ativo ou passivo, a mensurao do valor justo deve representar o preo nesse mercado (seja esse preo diretamente observvel ou estimado utilizando-se outra tcnica de avaliao), ainda que o preo em mercado diferente seja potencialmente mais vantajoso na data de mensurao.

    19. A entidade deve ter acesso ao mercado principal (ou mais vantajoso) na data de mensurao. Como diferentes entidades (e negcios dentro dessas entidades) com diferentes atividades podem ter acesso a diferentes mercados, o mercado principal (ou mais vantajoso) para o mesmo ativo ou passivo pode ser diferente para diferentes entidades (e negcios dentro dessas entidades). Portanto, o mercado principal (ou mais vantajoso) (e, assim, os participantes do mercado) deve ser considerado do ponto de vista da entidade, permitindo assim diferenas entre entidades com atividades diferentes.

    20. Embora a entidade deva ser capaz de acessar o mercado, ela no precisa ser capaz de vender o ativo especfico ou transferir o passivo especfico na data de mensurao para que possa mensurar o valor justo com base no preo desse mercado.

    21. Ainda que no haja mercado observvel para o fornecimento de informaes de preos em relao venda de um ativo ou transferncia de um passivo na data de mensurao, a mensurao do valor justo deve presumir que uma transao ocorra naquela data, considerada do ponto de vista de um participante do mercado que detenha o ativo ou deva o passivo. Essa transao presumida estabelece uma base para a estimativa do preo para a venda do ativo ou para a transferncia do passivo.

    Participantes do mercado

    22. A entidade deve mensurar o valor justo de um ativo ou passivo utilizando as premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo, presumindo-se que os participantes do mercado ajam em seu melhor interesse econmico.

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    23. Ao desenvolver essas premissas, a entidade no precisa identificar participantes do mercado especficos. Em vez disso, a entidade deve identificar caractersticas que distinguem os participantes do mercado de modo geral, considerando fatores especficos para todos os itens seguintes: (a) ativo ou passivo; (b) mercado principal (ou mais vantajoso) para o ativo ou passivo; e (c) participantes do mercado com os quais a entidade realizaria uma transao nesse

    mercado.

    Preo

    24. Valor justo o preo que seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela transferncia de um passivo em uma transao no forada no mercado principal (ou mais vantajoso) na data de mensurao nas condies atuais de mercado (ou seja, um preo de sada), independentemente de esse preo ser diretamente observvel ou estimado utilizando-se outra tcnica de avaliao.

    25. O preo no mercado principal (ou mais vantajoso) utilizado para mensurar o valor justo do ativo ou passivo no deve ser ajustado para refletir custos de transao. Os custos de transao devem ser contabilizados de acordo com outros Pronunciamentos. Os custos de transao no so uma caracterstica de um ativo ou passivo; em vez disso, so especficos de uma transao e podem diferir dependendo de como a entidade realizar a transao para o ativo ou passivo.

    26. Os custos de transao no incluem custos de transporte. Se a localizao for uma caracterstica do ativo (como pode ser o caso para, por exemplo, uma commodity), o preo no mercado principal (ou mais vantajoso) deve ser ajustado para refletir os custos, se houver, que seriam incorridos para transportar o ativo de seu local atual para esse mercado.

    Aplicao a ativos no financeiros

    Melhor uso possvel para ativos no financeiros

    27. A mensurao do valor justo de um ativo no financeiro leva em considerao a capacidade do participante do mercado de gerar benefcios econmicos utilizando o ativo em seu melhor uso possvel (highest and best use) ou vendendo-o a outro participante do mercado que utilizaria o ativo em seu melhor uso.

    28. O melhor uso possvel de um ativo no financeiro leva em conta o uso do ativo que seja fisicamente possvel, legalmente permitido e financeiramente vivel, conforme abaixo: (a) Um uso que seja fisicamente possvel leva em conta as caractersticas fsicas do ativo que

    os participantes do mercado levariam em conta ao precificar o ativo (por exemplo, a localizao ou o tamanho de um imvel).

    (b) Um uso que seja legalmente permitido leva em conta quaisquer restries legais sobre o uso do ativo que os participantes do mercado levariam em conta ao precific-lo (por exemplo, as regras de zoneamento aplicveis a um imvel).

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    (c) Um uso que seja financeiramente vivel leva em conta se o uso do ativo que seja fisicamente possvel e legalmente permitido gera receita ou fluxos de caixa adequados (levando em conta os custos para converter o ativo para esse uso) para produzir o retorno do investimento que os participantes do mercado exigiriam do investimento nesse ativo colocado para esse uso.

    29. O melhor uso possvel determinado do ponto de vista dos participantes do mercado, ainda que a entidade pretenda um uso diferente. Contudo, presume-se que o uso atual pela entidade de um ativo no financeiro seja o seu melhor uso, a menos que o mercado ou outros fatores sugiram que um uso diferente pelos participantes do mercado maximizaria o valor do ativo.

    30. Para proteger sua posio competitiva, ou por outras razes, a entidade pode pretender no utilizar ativamente um ativo no financeiro adquirido ou pode pretender no utiliz-lo de acordo com o seu melhor uso possvel. Por exemplo, um ativo intangvel adquirido que a entidade planeje utilizar defensivamente impedindo que outros o utilizem. No obstante, a entidade deve mensurar o valor justo de um ativo no financeiro presumindo o seu melhor uso possvel pelos participantes do mercado.

    Premissa de avaliao para ativos no financeiros

    31. O melhor uso possvel (highest and best use) de um ativo no financeiro estabelece a premissa de avaliao utilizada para mensurar o valor justo do ativo, conforme abaixo: (a) O melhor uso possvel de um ativo no financeiro pode oferecer o valor mximo aos

    participantes do mercado por meio de seu uso em combinao com outros ativos como um grupo (conforme instalados ou, de outro modo, configurados para uso) ou em combinao com outros ativos e passivos (por exemplo, um negcio). (i) Se o melhor uso possvel do ativo for o uso do ativo em combinao com outros

    ativos ou com outros ativos e passivos, o valor justo do ativo o preo que seria recebido em uma transao atual para a venda do ativo, presumindo-se que o ativo seria utilizado com outros ativos ou com outros ativos e passivos e que esses ativos e passivos (ou seja, seus ativos complementares e os respectivos passivos) estariam disponveis aos participantes do mercado.

    (ii) Os passivos associados ao ativo e aos ativos complementares incluem passivos que financiem capital de giro, mas no incluem passivos utilizados para financiar outros ativos que no aqueles compreendidos no grupo de ativos.

    (iii) As premissas sobre o melhor uso de um ativo no financeiro devem ser consistentes para todos os ativos (para os quais o melhor uso seja relevante) do grupo de ativos ou do grupo de ativos e passivos dentro do qual o ativo seria utilizado.

    (b) O melhor uso possvel de um ativo no financeiro poderia fornecer o valor mximo para os participantes do mercado de forma individual. Se o melhor uso possvel do ativo for utiliz-lo de forma individual, o seu valor justo deve ser o preo que seria recebido em uma transao atual pela venda do ativo a participantes do mercado que o utilizariam de forma individual.

    32. A mensurao do valor justo de um ativo no financeiro presume que o ativo seja vendido de forma consistente com a unidade de contabilizao especificada em outros Pronunciamentos (que pode ser um ativo individual). Esse o caso mesmo quando essa mensurao do valor

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    justo presume que o melhor uso possvel do ativo utiliz-lo em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos, j que a mensurao do valor justo presume que o participante do mercado j detm os ativos complementares e os passivos correspondentes.

    33. O item B3 descreve a aplicao do conceito de premissa de avaliao para ativos no financeiros.

    Aplicao a passivos e a instrumentos patrimoniais prprios da entidade

    Princpios gerais

    34. A mensurao do valor justo presume que um passivo financeiro ou no financeiro ou o instrumento patrimonial prprio da entidade (por exemplo, participaes patrimoniais emitidas como contraprestao em combinao de negcios) seja transferido a um participante do mercado na data de mensurao. A transferncia de um passivo ou de um instrumento patrimonial prprio da entidade presume o seguinte: (a) o passivo permaneceria em aberto e o cessionrio participante do mercado ficaria

    obrigado a satisfazer a obrigao. O passivo no seria liquidado com a contraparte nem seria, de outro modo, extinto na data de mensurao;

    (b) o instrumento patrimonial prprio da entidade permaneceria em aberto e o cessionrio participante do mercado assumiria os direitos e as responsabilidades a ele associados. O instrumento no seria cancelado nem, de outro modo, extinto na data de mensurao.

    35. Mesmo quando no h mercado observvel para fornecer informaes de preos em relao transferncia de um passivo ou de um instrumento patrimonial prprio da entidade (por exemplo, devido a restries contratuais ou outras restries legais que impeam a transferncia desses itens), pode haver mercado observvel para esses itens se eles forem mantidos por outras partes como ativos (por exemplo, ttulo de dvida corporativo ou opo de compra sobre aes da entidade).

    36. Em todos os casos, a entidade deve maximizar o uso de dados observveis relevantes e deve minimizar o uso de dados no observveis para atingir o objetivo da mensurao do valor justo, qual seja, estimar o preo pelo qual uma transao no forada para a transferncia do passivo ou instrumento patrimonial ocorreria entre participantes do mercado na data de mensurao nas condies atuais de mercado.

    Passivos e instrumentos patrimoniais mantidos por outras partes como ativos

    37. Quando um preo cotado para a transferncia de um passivo ou instrumento patrimonial prprio da entidade idntico ou similar no est disponvel, e o item idntico mantido por outra parte como um ativo, a entidade deve mensurar o valor justo do passivo ou instrumento patrimonial do ponto de vista de um participante do mercado que detenha o item idntico como ativo na data de mensurao.

    38. Nesses casos, a entidade deve mensurar o valor justo do passivo ou instrumento patrimonial da seguinte forma: (a) utilizando o preo cotado em mercado ativo para o item idntico mantido por outra parte

    como um ativo, se esse preo estiver disponvel;

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    (b) se esse preo no estiver disponvel, utilizando outros dados observveis, tais como o preo cotado em mercado que no seja ativo para o item idntico mantido por outra parte como um ativo;

    (c) se os preos observveis de (a) e (b) no estiverem disponveis, utilizando outra tcnica de avaliao, como, por exemplo: (i) abordagem de receita (por exemplo, tcnica de valor presente que leve em conta o

    fluxo de caixa futuro que um participante do mercado esperaria receber por deter o passivo ou o instrumento patrimonial como ativo(ver itens B10 e B11));

    (ii) abordagem de mercado (por exemplo, utilizando preos cotados para passivos ou instrumentos patrimoniais similares mantidos por outras partes como ativos(ver itens B5 a B7)).

    39. A entidade deve ajustar o preo cotado de passivo ou de instrumento patrimonial prprio da entidade, mantido por outra parte como ativo, somente se houver fatores especficos para o ativo que no forem aplicveis mensurao do valor justo do passivo ou instrumento patrimonial. A entidade deve garantir que o preo do ativo no reflita o efeito de uma restrio que impea a venda desse ativo. Alguns fatores que podem indicar que o preo cotado do ativo deve ser ajustado incluem os seguintes: (a) O preo cotado para o ativo corresponde a um passivo ou instrumento patrimonial similar

    (mas no idntico) mantido por outra parte como ativo. Por exemplo, o passivo ou instrumento patrimonial pode ter uma caracterstica particular (por exemplo, a qualidade de crdito do emitente) que seja diferente daquela refletida no valor justo do passivo ou instrumento patrimonial similar mantido como ativo.

    (b) A unidade de contabilizao para o ativo no a mesma para o passivo ou para o instrumento patrimonial. Por exemplo, para passivos, em alguns casos o preo para um ativo reflete um preo combinado para um pacote que compreende tanto os valores devidos pelo emitente quanto ao instrumento de melhoria de crdito de terceiro. Se a unidade de contabilizao para o passivo no for para o pacote combinado, o objetivo mensurar o valor justo do passivo do emitente, no o valor justo do pacote combinado. Assim, nesses casos, a entidade deve ajustar o preo observado para o ativo a fim de excluir o efeito do instrumento de melhoria de crdito de terceiro.

    Passivos e instrumentos patrimoniais no mantidos por outras partes como ativos

    40. Quando um preo cotado para a transferncia de um passivo ou instrumento patrimonial prprio da entidade idntico ou similar no est disponvel, e o item idntico no mantido por outra parte como um ativo, a entidade deve mensurar o valor justo do passivo ou instrumento patrimonial utilizando uma tcnica de avaliao do ponto de vista de um participante do mercado que deva o passivo ou tenha exercido o direito sobre o patrimnio.

    41. Por exemplo, ao aplicar a tcnica de valor presente, a entidade pode levar em conta qualquer dos seguintes: (a) as sadas de caixa futuras em que um participante do mercado esperaria incorrer ao

    satisfazer a obrigao, incluindo a compensao que um participante do mercado exigiria por assumir a obrigao (vide itens B31 a B33).

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    (b) o valor que um participante do mercado receberia para celebrar ou emitir um passivo ou instrumento patrimonial idntico, utilizando as premissas que participantes do mercado utilizariam ao precificar o item idntico (por exemplo, que tenha as mesmas caractersticas de crdito) no mercado principal (ou mais vantajoso) para a emisso de um passivo ou instrumento patrimonial com os mesmos termos contratuais.

    Risco de descumprimento (non-performance)

    42. O valor justo de um passivo reflete o efeito do risco de descumprimento (non-performance). O risco de descumprimento (non-performance) inclui, entre outros, o risco de crdito prprio da entidade (conforme definido no Pronunciamento CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciao). Presume-se que o risco de descumprimento (non-performance) seja o mesmo antes e depois da transferncia do passivo.

    43. Ao mensurar o valor justo de um passivo, a entidade deve levar em conta o efeito de seu risco de crdito (situao de crdito) e quaisquer outros fatores que possam influenciar a probabilidade de que a obrigao seja ou no satisfeita. Esse efeito pode diferir dependendo do passivo; por exemplo: (a) se o passivo uma obrigao de entregar caixa (um passivo financeiro) ou uma obrigao

    de entregar bens ou servios (um passivo no financeiro). (b) os termos de melhorias de crdito relacionados ao passivo, se houver.

    44. O valor justo de um passivo reflete o efeito do risco de descumprimento (non-performance) com base em sua unidade de contabilizao. O emitente de um passivo emitido para um instrumento de melhoria de crdito de terceiros indissocivel que seja contabilizado separadamente do passivo, no deve incluir o efeito da melhoria de crdito (por exemplo, garantia de dvida de terceiro) na mensurao do valor justo do passivo. Se a melhoria de crdito for contabilizada separadamente do passivo, o emitente deve levar em conta sua prpria situao de crdito, e no a do terceiro avalista, ao mensurar o valor justo do passivo.

    Restrio que impede a transferncia de um passivo ou de um instrumento patrimonial prprio da entidade

    45. Ao mensurar o valor justo de um passivo ou de um instrumento patrimonial prprio, a entidade no deve incluir uma informao (input) separada ou um ajuste a outras informaes (inputs) relativas existncia de restrio que impea a transferncia do item. O efeito de restrio que impea a transferncia de um passivo ou de um instrumento patrimonial prprio da entidade includo de forma implcita ou explcita nas demais informaes (inputs) da mensurao do valor justo.

    46. Por exemplo, na data da transao, tanto o credor quanto o avalista aceitaram o preo da transao para o passivo com pleno conhecimento de que a obrigao inclui uma restrio que impede a sua transferncia. Como resultado da incluso da restrio no preo da transao, no se exige uma informao (input) separada ou um ajuste a uma informao (input) existente na data da transao para refletir o efeito da restrio sobre a transferncia. Similarmente, no se exige uma informao (input) separada ou um ajuste a uma informao existente (input) em datas de mensurao subsequentes para refletir o efeito da restrio sobre a transferncia.

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    Passivo financeiro com elemento vista

    47. O valor justo de um passivo financeiro com elemento vista (por exemplo, depsito vista) no menor que o valor a pagar vista, descontado desde a primeira data em que o pagamento desse valor poderia ser exigido.

    Aplicao a ativos financeiros e passivos financeiros com posies de compensao em riscos de mercado ou risco de crdito da contraparte

    48. A entidade que detm um grupo de ativos financeiros e passivos financeiros est exposta a risco de mercado e a risco de crdito (conforme definido no Pronunciamento CPC 40) de cada uma das contrapartes. Se a entidade gerencia esse grupo de ativos financeiros e passivos financeiros com base em sua exposio lquida a risco de mercado ou a risco de crdito, ela pode aplicar uma exceo a este Pronunciamento para a mensurao do valor justo. Essa exceo permite que a entidade mensure o valor justo de um grupo de ativos financeiros e passivos financeiros com base no preo que seria recebido pela venda de posio comprada lquida (ou seja, um ativo) para uma especfica exposio a risco ou pago pela transferncia de posio vendida lquida (ou seja, um passivo) para uma especfica exposio a risco em uma transao no forada entre participantes do mercado na data de mensurao nas condies de mercado atuais. Consequentemente, a entidade deve mensurar o valor justo do grupo de ativos financeiros e passivos financeiros consistentemente com a forma pela qual os participantes do mercado precificariam a exposio a risco lquida na data de mensurao.

    49. Permite-se a entidade utilizar a exceo do item 48 somente se ela satisfizer todos os itens seguintes: (a) gerenciar o grupo de ativos financeiros e passivos financeiros com base na exposio

    lquida da entidade a um risco (ou riscos) de mercado especfico ou ao risco de crdito de uma contraparte especfica, de acordo com a estratgia de investimento ou gesto de risco documentada da entidade;

    (b) fornecer informaes, de acordo com essa base, sobre o grupo de ativos financeiros e passivos financeiros ao pessoal-chave da administrao da entidade, conforme definido no Pronunciamento CPC 05 Divulgao sobre Partes Relacionadas; e

    (c) for obrigada a, ou tiver optado por, mensurar esses ativos financeiros e passivos financeiros ao valor justo no balano patrimonial ao final de cada perodo de relatrio.

    50. A exceo do item 48 no est relacionada apresentao de demonstraes contbeis. Em alguns casos, a base para a apresentao de demonstraes contbeis no balano patrimonial difere da base para a mensurao de instrumentos financeiros, como, por exemplo, caso um Pronunciamento no exija ou permita que instrumentos financeiros sejam apresentados em base lquida. Nesses casos, a entidade pode precisar alocar os ajustes no nvel de carteira (vide itens 53 a 56) aos ativos ou passivos individuais que formam o grupo de ativos financeiros e passivos financeiros gerenciados com base na exposio lquida a risco da entidade. A entidade deve realizar essas alocaes de forma razovel e consistente, utilizando metodologia adequada s circunstncias.

    51. Para utilizar a exceo do item 48, a entidade deve tomar uma deciso sobre a poltica contbil de acordo com o Pronunciamento CPC 23 Polticas Contbeis, Mudana de Estimativa e Retificao de Erro. A entidade que utilizar a exceo deve aplicar essa poltica

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    contbil, incluindo sua poltica para alocao de ajustes para refletir o spread entre os preos de compra e de venda (vide itens 53 a 55) e de ajustes de crdito (vide item 56), se for o caso, de forma consistente de perodo a perodo para uma carteira especfica.

    52. A exceo do item 48 se aplica somente a ativos financeiros e passivos financeiros includos no alcance do Pronunciamento CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensurao.

    52. A exceo do item 48 se aplica somente a ativos financeiros, passivos financeiros e a outros contratos includos no alcance do Pronunciamento Tcnico CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensurao. As referncias a ativos financeiros e passivos financeiros nos itens 48 a 51 e 53 a 56 devem ser entendidas como aplicao a todos os contratos no alcance do, e contabilizados de acordo com, CPC 38, independentemente de onde se encontram as definies de ativos financeiros ou passivos financeiros no Pronunciamento Tcnico CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentao. (Alterado pela Reviso CPC 06)

    Exposio a riscos de mercado

    53. Ao utilizar a exceo do item 48 para mensurar o valor justo de um grupo de ativos financeiros e passivos financeiros gerenciados com base na exposio lquida da entidade a risco (ou riscos) de mercado especfico, a entidade deve aplicar o preo contido no spread entre os preos de compra e de venda que, nas circunstncias, melhor representar o valor justo para a exposio lquida da entidade a esses riscos de mercado (vide itens 70 e 71).

    54. Ao utilizar a exceo do item 48, a entidade deve garantir que o risco (ou riscos) de mercado ao qual a entidade esteja exposta nesse grupo de ativos financeiros e passivos financeiros seja substancialmente o mesmo. Por exemplo, a entidade no combinaria o risco de taxa de juros associado a um ativo financeiro ao risco de preo de commodities associado a um passivo financeiro, pois faz-lo no mitigaria a exposio da entidade ao risco de taxa de juros ou ao risco de preo de commodities. Ao utilizar a exceo do item 48, qualquer risco de base resultante do fato de os parmetros de risco de mercado no serem idnticos ser levado em considerao na mensurao do valor justo dos ativos financeiros e passivos financeiros contidos no grupo.

    55. Similarmente, a durao da exposio da entidade a risco (ou riscos) de mercado especfico em decorrncia dos ativos financeiros e dos passivos financeiros ser substancialmente a mesma. Por exemplo, a entidade que utiliza contrato de futuros de 12 meses contra fluxos de caixa associados a 12 meses de exposio a risco de taxa de juros em um instrumento financeiro de cinco anos dentro de um grupo formado somente desses ativos financeiros e passivos financeiros mensura o valor justo da exposio ao risco de taxa de juros de 12 meses em base lquida e o restante da exposio a risco de taxa de juros (ou seja, anos 2 a 5) em base bruta.

    Exposio ao risco de crdito de contraparte especfica

    56. Ao utilizar a exceo do item 48 para mensurar o valor justo de um grupo de ativos financeiros e passivos financeiros celebrados com uma contraparte especfica, a entidade deve incluir o efeito da exposio lquida da entidade ao risco de crdito dessa contraparte ou a exposio lquida da contraparte ao risco de crdito da entidade na mensurao do valor justo

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    em situaes em que os participantes do mercado levariam em conta quaisquer acordos existentes que mitigariam a exposio ao risco de crdito em caso de inadimplncia (por exemplo, acordo principal de liquidao com a contraparte ou acordo que exija a troca de garantias com base na exposio lquida de cada parte ao risco de crdito da outra). A mensurao do valor justo deve refletir as expectativas dos participantes do mercado sobre a probabilidade de que esse acordo seja legalmente exequvel na hiptese de inadimplncia.

    Valor justo no reconhecimento inicial

    57. Quando o ativo adquirido ou o passivo assumido em transao de troca para esse ativo ou passivo, o preo da transao o preo pago para adquirir o ativo ou recebido para assumir o passivo (um preo de entrada). Por outro lado, o valor justo do ativo ou passivo o preo que seria recebido para vender o ativo ou pago para transferir o passivo (um preo de sada). As entidades no necessariamente vendem ativos pelos preos pagos para adquiri-los. Similarmente, as entidades no necessariamente transferem passivos pelos preos recebidos para assumi-los.

    58. Em muitos casos, o preo da transao igual ao valor justo (esse pode ser o caso, por exemplo, quando, na data da transao, a transao para a compra de um ativo ocorre no mercado em que o ativo seria vendido).

    59. Ao determinar se o valor justo no reconhecimento inicial igual ao preo da transao, a entidade deve levar em conta fatores especficos da transao e do ativo ou passivo. O item B4 descreve situaes em que o preo da transao pode no representar o valor justo do ativo ou do passivo no reconhecimento inicial.

    60. Se outro Pronunciamento exigir ou permitir que a entidade mensure o ativo ou o passivo inicialmente ao valor justo e o preo da transao diferir do valor justo, a entidade deve reconhecer o ganho ou a perda resultante no resultado do perodo, a menos que esse Pronunciamento especifique de outro modo.

    Tcnicas de avaliao

    61. A entidade deve utilizar tcnicas de avaliao que sejam apropriadas nas circunstncias e para as quais haja dados suficientes disponveis para mensurar o valor justo, maximizando o uso de dados observveis relevantes e minimizando o uso de dados no observveis.

    62. O objetivo de utilizar uma tcnica de avaliao estimar o preo pelo qual uma transao no forada para a venda do ativo ou para a transferncia do passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensurao nas condies atuais de mercado. Trs tcnicas de avaliao amplamente utilizadas so (i) abordagem de mercado, (ii) abordagem de custo e (iii) abordagem de receita. Os principais aspectos dessas abordagens so resumidos nos itens B5 a B11. A entidade deve utilizar tcnicas de avaliao consistentes com uma ou mais dessas abordagens para mensurar o valor justo.

    63. Em alguns casos, uma nica tcnica de avaliao apropriada (por exemplo, ao avaliar um ativo ou um passivo utilizando preos cotados em mercado ativo para ativos ou passivos idnticos). Em outros casos, mltiplas tcnicas de avaliao so apropriadas (esse pode ser o caso, por exemplo, ao avaliar uma unidade geradora de caixa). Se mltiplas tcnicas de

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    avaliao forem utilizadas para mensurar o valor justo, os resultados (ou seja, as respectivas indicaes do valor justo) sero avaliados considerando-se a razoabilidade da faixa de valores por eles indicada. A mensurao do valor justo o ponto dentro dessa faixa que melhor represente o valor justo nas circunstncias.

    64. Se o preo da transao for o valor justo no reconhecimento inicial, e uma tcnica de avaliao que utilizar dados no observveis for utilizada para mensurar o valor justo em perodos subsequentes, a tcnica de avaliao deve ser calibrada de modo que, no reconhecimento inicial, o resultado da tcnica de avaliao seja igual ao preo da transao. A calibrao assegura que a tcnica de avaliao reflita as condies atuais de mercado e ajuda a entidade a determinar se necessrio um ajuste tcnica de avaliao (por exemplo, pode haver uma caracterstica do ativo ou passivo que no seja capturada pela tcnica de avaliao). Aps o reconhecimento inicial, ao mensurar o valor justo utilizando uma tcnica ou tcnicas de avaliao que utilizem dados no observveis, a entidade deve assegurar que essas tcnicas de avaliao reflitam dados de mercado observveis (por exemplo, o preo de um ativo ou passivo similar) na data de mensurao.

    65. As tcnicas de avaliao utilizadas para mensurar o valor justo devem ser aplicadas de forma consistente. Contudo, uma mudana na tcnica de avaliao ou em sua aplicao (por exemplo, mudana em sua ponderao quando mltiplas tcnicas de avaliao forem utilizadas ou mudana no ajuste aplicado a uma tcnica de avaliao) apropriada se a mudana resultar em uma mensurao que seja igualmente ou mais representativa do valor justo nas circunstncias. Esse pode ser o caso se, por exemplo, qualquer dos eventos seguintes ocorrer: (a) novos mercados surgirem; (b) novas informaes se tornarem disponveis; (c) informaes utilizadas anteriormente no mais estiverem disponveis; (d) houver uma melhora nas tcnicas de avaliao; ou (e) houver mudanas nas condies de mercado.

    66. Revises decorrentes de mudana na tcnica de avaliao ou em sua aplicao devem ser contabilizadas como mudana na estimativa contbil, de acordo com o Pronunciamento CPC 23. Contudo, as divulgaes do Pronunciamento CPC 23 para mudana na estimativa contbil no so exigidas para revises decorrentes de mudana na tcnica de avaliao ou na sua aplicao.

    Informaes para tcnicas de avaliao

    Princpios gerais

    67. As tcnicas de avaliao utilizadas para mensurar o valor justo devem maximizar o uso de dados observveis relevantes e minimizar o uso de dados no observveis.

    68. Exemplos de mercados nos quais informaes possam ser observveis para alguns ativos e passivos (por exemplo, instrumentos financeiros) incluem mercados bursteis, mercados de revendedores, mercados intermediados e mercados no intermediados (vide item B34).

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    69. A entidade deve selecionar informaes que sejam consistentes com as caractersticas do ativo ou passivo, as quais seriam levadas em conta por participantes do mercado em transao com o ativo ou passivo (vide itens 11 e 12). Em alguns casos, essas caractersticas resultam na aplicao de ajuste, tal como prmio ou desconto (por exemplo, prmio de controle ou desconto na participao de no controladores). Contudo, a mensurao do valor justo no deve incorporar prmio ou desconto que seja inconsistente com a unidade de contabilizao no Pronunciamento que exija ou permita a mensurao do valor justo (vide itens 13 e 14). Prmios ou descontos que reflitam o tamanho como uma caracterstica da participao da entidade (especificamente, um fator de venda em bloco que ajuste o preo cotado de ativo ou de passivo porque o volume de negociao diria normal do mercado no suficiente para absorver a quantidade detida pela entidade, conforme descrito no item 80) e no como caracterstica do ativo ou passivo (por exemplo, um prmio de controle ao mensurar o valor justo de uma participao majoritria) no so permitidos na mensurao do valor justo. Em todos os casos, se houver preo cotado em mercado ativo (ou seja, informao de Nvel 1; vide itens 72 a 90) para um ativo ou passivo, a entidade deve utilizar esse preo sem ajuste ao mensurar o valor justo, salvo conforme especificado no item 79.

    Informaes baseadas em preos de compra e de venda

    70. Se um ativo ou passivo mensurado pelo valor justo tiver um preo de compra e um preo de venda (por exemplo, uma informao de um mercado de revendedores), o preo contido no spread entre os preos de compra e de venda que, nas circunstncias, melhor representar o valor justo deve ser utilizado para mensurar o valor justo, independentemente de onde essa informao estiver classificada na hierarquia de valor justo (ou seja, Nvel 1, 2 ou 3; vide itens 72 a 90). O uso de preos de compra para posies ativas e de preos de venda para posies passivas permitido, mas no exigido.

    71. Este Pronunciamento no impede o uso de precificao mdia de mercado ou outras convenes de precificao que sejam utilizadas por participantes do mercado como expediente prtico para mensuraes do valor justo dentro do spread entre os preos de compra e de venda.

    Hierarquia de valor justo

    72. Para aumentar a consistncia e a comparabilidade nas mensuraes do valor justo e nas divulgaes correspondentes, este Pronunciamento estabelece uma hierarquia de valor justo que classifica em trs nveis (vide itens 76 a 90) as informaes (inputs) aplicadas nas tcnicas de avaliao utilizadas na mensurao do valor justo. A hierarquia de valor justo d a mais alta prioridade a preos cotados (no ajustados) em mercados ativos para ativos ou passivos idnticos (informaes de Nvel 1) e a mais baixa prioridade a dados no observveis (informaes de Nvel 3).

    73. Em alguns casos, as informaes utilizadas para mensurar o valor justo de um ativo ou de um passivo podem ser classificadas em diferentes nveis da hierarquia de valor justo. Nesses casos, a mensurao do valor justo classificada integralmente no mesmo nvel da hierarquia de valor justo que a informao de nvel mais baixo que for significativa para a mensurao como um todo. Avaliar a importncia de uma informao especfica para a mensurao como um todo requer julgamento, levando-se em conta fatores especficos do ativo ou passivo. Ajustes para chegar a mensuraes baseadas no valor justo, tais como os custos para vender

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    ao mensurar o valor justo menos os custos para vender, no devem ser levados em conta ao determinar o nvel da hierarquia de valor justo no qual a mensurao do valor justo seja classificada.

    74. A disponibilidade de informaes relevantes e sua relativa subjetividade podem afetar a escolha de tcnicas de avaliao apropriadas (vide item 61). Contudo, a hierarquia de valor justo prioriza as informaes (inputs) das tcnicas de avaliao e no as tcnicas de avaliao utilizadas para mensurar o valor justo. Por exemplo, a mensurao do valor justo desenvolvida utilizando-se uma tcnica de valor presente pode ser classificada no Nvel 2 ou no Nvel 3, dependendo das informaes que sejam significativas para a mensurao como um todo e do nvel da hierarquia de valor justo em que essas informaes (inputs) sejam classificadas.

    75. Se um dado observvel exigisse um ajuste que utilizasse um dado no observvel e esse ajuste resultasse na mensurao do valor justo significativamente mais alta ou mais baixa, a mensurao resultante seria classificada no Nvel 3 da hierarquia de valor justo. Por exemplo, se um participante do mercado levasse em conta o efeito de restrio sobre a venda de ativo ao estimar o preo do ativo, a entidade ajustaria o preo cotado para refletir o efeito dessa restrio. Se esse preo cotado fosse uma informao de Nvel 2 e o ajuste fosse um dado no observvel significativo para a mensurao como um todo, a mensurao seria classificada no Nvel 3 da hierarquia de valor justo.

    Informaes de Nvel 1

    76. Informaes de Nvel 1 so preos cotados (no ajustados) em mercados ativos para ativos ou passivos idnticos a que a entidade possa ter acesso na data de mensurao.

    77. O preo cotado em mercado ativo oferece a evidncia mais confivel do valor justo e deve ser utilizado sem ajuste para mensurar o valor justo sempre que disponvel, salvo conforme especificado no item 79.

    78. Uma informao de Nvel 1 est disponvel para muitos ativos financeiros e passivos financeiros, alguns dos quais podem ser trocados em mltiplos mercados ativos (por exemplo, em diferentes bolsas). Portanto, a nfase no Nvel 1 est em determinar ambas as opes: (a) o mercado principal para o ativo ou passivo ou, na ausncia de um mercado principal, o

    mercado mais vantajoso para o ativo ou passivo; e (b) se a entidade pode realizar uma transao com o ativo ou passivo pelo preo nesse

    mercado na data de mensurao.

    79. A entidade no deve efetuar ajuste em informao (input) de Nvel 1, exceto nas seguintes circunstncias: (a) quando a entidade detiver grande nmero de ativos ou passivos similares (mas no

    idnticos) (por exemplo, ttulos de dvida) que forem mensurados ao valor justo, e o preo cotado em mercado ativo estiver disponvel, mas no prontamente acessvel para cada um desses ativos ou passivos individualmente (ou seja, dado o grande nmero de ativos ou passivos similares mantidos pela entidade, seria difcil obter informaes de precificao para cada ativo ou passivo individual na data de mensurao). Nesse caso, como expediente prtico, a entidade pode mensurar o valor justo utilizando mtodo de

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    precificao alternativo que no se baseie exclusivamente em preos cotados (por exemplo, precificao por matriz). Contudo, o uso de um mtodo de precificao alternativo resulta na mensurao do valor justo classificada em nvel mais baixo na hierarquia de valor justo;

    (b) quando o preo cotado em mercado ativo no representar o valor justo na data de mensurao. Esse pode ser o caso se, por exemplo, eventos significativos (tais como transaes em mercado no intermediado, negociaes em mercado intermediado ou anncios) ocorrerem aps o fechamento de mercado, mas antes da data de mensurao. A entidade deve estabelecer e aplicar de forma consistente uma poltica para a identificao dos eventos que possam afetar mensuraes do valor justo. Contudo, se o preo cotado for ajustado para refletir novas informaes, o ajuste resulta na mensurao do valor justo classificada em nvel mais baixo na hierarquia de valor justo.

    (c) ao mensurar o valor justo de um passivo ou de instrumento patrimonial prprio da entidade utilizando o preo cotado para o item idntico negociado como um ativo em mercado ativo, e esse preo precisar ser ajustado para refletir fatores especficos do item ou ativo (vide item 39). Se nenhum ajuste ao preo cotado do ativo for necessrio, o resultado da mensurao do valor justo classificado no Nvel 1 da hierarquia de valor justo. Contudo, qualquer ajuste no preo cotado do ativo resulta na mensurao do valor justo classificada em nvel mais baixo na hierarquia de valor justo.

    80. Se a entidade detiver uma posio em um nico ativo ou passivo (incluindo uma posio que compreender um grande nmero de ativos ou passivos idnticos, como, por exemplo, a deteno de instrumentos financeiros) e esse ativo ou passivo for negociado em mercado ativo, o valor justo do ativo ou passivo mensurado no Nvel 1 como o produto entre o preo cotado para o ativo ou passivo individual e a quantidade detida pela entidade. Esse o caso mesmo quando o volume de negociao diria normal do mercado no suficiente para absorver a quantidade detida e a emisso de ordens de venda da posio em uma nica transao pode afetar o preo cotado.

    Informaes de Nvel 2

    81. Informaes de Nvel 2 so informaes que so observveis para o ativo ou passivo, seja direta ou indiretamente, exceto preos cotados includos no Nvel 1.

    82. Se o ativo ou o passivo tiver prazo determinado (contratual), a informao de Nvel 2 deve ser observvel substancialmente pelo prazo integral do ativo ou passivo. Informaes de Nvel 2 incluem os seguintes: (a) preos cotados para ativos ou passivos similares em mercados ativos; (b) preos cotados para ativos ou passivos idnticos ou similares em mercados que no sejam

    ativos; (c) informaes, exceto preos cotados, que sejam observveis para o ativo ou passivo,

    como, por exemplo: (i) taxas de juros e curvas de rendimento observveis em intervalos comumente cotados; (ii) volatilidades implcitas; e (iii) spreads de crdito;

    (d) informaes corroboradas pelo mercado.

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    83. Os ajustes em informaes (inputs) de Nvel 2 variam dependendo de fatores especficos do ativo ou passivo. Tais fatores incluem os seguintes: (a) a condio ou localizao do ativo; (b) em que medida as informaes esto relacionadas a itens que so comparveis ao ativo

    ou passivo (incluindo os fatores descritos no item 39); e (c) o volume ou nvel de atividade nos mercados em que as informaes so observadas.

    84. Um ajuste em informao (input) de Nvel 2 que seja significativa para a mensurao como um todo pode resultar na mensurao do valor justo classificada no Nvel 3 da

    hierarquia de valor justo se esse ajuste utilizar dados no observveis significativos.

    85. O item B35 descreve o uso de informaes (inputs) de Nvel 2 para ativos e passivos especficos.

    Informaes (inputs) de Nvel 3

    86. Informaes (inputs) de Nvel 3 so dados no observveis para o ativo ou passivo.

    87. Dados no observveis devem ser utilizados para mensurar o valor justo na medida em que dados observveis relevantes no estejam disponveis, admitindo assim situaes em que h pouca ou nenhuma atividade de mercado para o ativo ou passivo na data de mensurao. Contudo, o objetivo da mensurao do valor justo permanece o mesmo, ou seja, um preo de sada na data de mensurao do ponto de vista de um participante do mercado que detm o ativo ou deve o passivo. Portanto, dados no observveis refletem as premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo, incluindo premissas sobre risco.

    88. Premissas sobre risco incluem o risco inerente a uma tcnica de avaliao especfica utilizada para mensurar o valor justo (como, por exemplo, um modelo de precificao) e o risco inerente s informaes utilizadas na tcnica de avaliao. Uma mensurao que no inclusse um ajuste para refletir o risco no representaria uma mensurao do valor justo se, ao precificar o ativo ou o passivo, os participantes do mercado inclussem um ajuste. Por exemplo, pode ser necessrio incluir ajuste de risco quando houver incerteza significativa na mensurao (por exemplo, quando tiver havido diminuio significativa no volume ou nvel de atividade em comparao atividade normal do mercado para o ativo ou passivo, ou para ativos ou passivos similares, e a entidade tiver determinado que o preo da transao ou o preo cotado no representa o valor justo, conforme descrito nos itens B37 a B47).

    89. A entidade deve desenvolver dados no observveis utilizando as melhores informaes disponveis nas circunstncias, que podem incluir dados prprios da entidade. Ao desenvolver dados no observveis, a entidade pode comear com seus prprios dados, mas deve ajustar esses dados se informaes razoavelmente disponveis indicarem que outros participantes do mercado utilizariam dados diferentes ou se houver algo especfico para a entidade que no estiver disponvel para outros participantes do mercado (por exemplo, uma sinergia especfica da entidade). A entidade no precisa empreender esforos exaustivos para obter informaes sobre premissas de participantes do mercado. Contudo, a entidade deve levar em conta todas as informaes sobre premissas de participantes do mercado que

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    estiverem razoavelmente disponveis. Dados no observveis desenvolvidos da forma descrita acima so considerados premissas de participantes do mercado e atingem o objetivo de mensurao do valor justo.

    90. O item B36 descreve o uso de informaes de Nvel 3 para ativos e passivos especficos.

    Divulgao

    91. A entidade deve divulgar informaes que auxiliem os usurios de suas demonstraes contbeis a avaliar ambas as seguintes opes: (a) para ativos e passivos que sejam mensurados ao valor justo de forma recorrente ou no

    recorrente no balano patrimonial aps o reconhecimento inicial, as tcnicas de avaliao e informaes utilizadas para desenvolver essas mensuraes;

    (b) para mensuraes do valor justo recorrentes que utilizem dados no observveis significativos (Nvel 3), o efeito das mensuraes sobre o resultado do perodo ou outros resultados abrangentes para o perodo.

    92. Para atingir os objetivos do item 91, a entidade deve considerar todos os itens seguintes: (a) o nvel de detalhamento necessrio para atender aos requisitos de divulgao; (b) quanta nfase se deve dar a cada um dos diversos requisitos; (c) quanta agregao ou desagregao se deve efetuar; e (d) se os usurios de demonstraes contbeis necessitam de informaes adicionais para

    avaliar as informaes quantitativas divulgadas. Se as divulgaes feitas de acordo com este Pronunciamento e outros forem insuficientes para atingir os objetivos do item 91, a entidade deve divulgar informaes adicionais necessrias para atingir esses objetivos.

    93. Para atingir os objetivos do item 91, a entidade deve divulgar, no mnimo, as seguintes informaes para cada classe de ativos e passivos (vide item 94 para informaes sobre a determinao de classes adequadas de ativos e passivos) mensurados ao valor justo (incluindo mensuraes com base no valor justo dentro do alcance deste Pronunciamento) no balano patrimonial aps o reconhecimento inicial: (a) para mensuraes do valor justo recorrentes e no recorrentes, para a mensurao do

    valor justo ao final do perodo das demonstraes contbeis e para mensuraes do valor justo no recorrentes, as razes para a mensurao. Mensuraes do valor justo recorrentes de ativos ou passivos so aquelas que outros Pronunciamentos exijam ou permitam no balano patrimonial ao final de cada perodo das demonstraes contbeis. Mensuraes do valor justo no recorrentes de ativos ou passivos so aquelas que outros Pronunciamentos exijam ou permitam no balano patrimonial em circunstncias especficas (por exemplo, quando a entidade mensura um ativo mantido para venda ao valor justo menos os custos para vender, de acordo com o Pronunciamento CPC 31 Ativo No Circulante Mantido para Venda e Operao Descontinuada, porque o valor justo menos os custos para vender do ativo menor que o seu valor contbil);

    (b) para mensuraes do valor justo recorrentes e no recorrentes, o nvel da hierarquia de valor justo no qual as mensuraes do valor justo sejam classificadas em sua totalidade (Nvel 1, 2 ou 3);

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    (c) para ativos e passivos mantidos ao final do perodo das demonstraes contbeis que sejam mensurados ao valor justo de forma recorrente, os valores de quaisquer transferncias entre o Nvel 1 e o Nvel 2 da hierarquia de valor justo, as razes para essas transferncias e a poltica da entidade para determinar quando se considera que ocorreram as transferncias entre nveis (vide item 95). As transferncias para cada nvel devem ser divulgadas e discutidas separadamente das transferncias de cada nvel.

    (d) para mensuraes do valor justo recorrentes e no recorrentes classificadas no Nvel 2 e no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, a descrio das tcnicas de avaliao e as informaes (inputs) utilizadas na mensurao do valor justo. Se houve mudana na tcnica de avaliao (por exemplo, mudana de abordagem de mercado para abordagem de receita, ou o uso de tcnica de avaliao adicional), a entidade deve divulgar essa mudana e as razes para adot-la. Para mensuraes do valor justo classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, a entidade deve fornecer informaes quantitativas sobre dados no observveis significativos utilizados na mensurao do valor justo. A entidade no est obrigada a criar informaes quantitativas para cumprir esse requisito de divulgao se dados no observveis quantitativos no forem desenvolvidos pela entidade ao mensurar o valor justo (por exemplo, quando a entidade utiliza preos de transaes anteriores ou informaes de precificao de terceiros sem ajuste). Contudo, ao fornecer essa divulgao, a entidade no pode ignorar dados no observveis quantitativos que sejam significativos para a mensurao do valor justo e que estejam disponveis para a entidade;

    (e) para mensuraes de valor justo recorrentes classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, uma conciliao dos saldos iniciais com os saldos finais, divulgando separadamente as mudanas durante o perodo atribuveis ao seguinte: (i) ganhos ou perdas totais para o perodo, reconhecidos no resultado, e as rubricas no

    resultado nas quais esses ganhos ou perdas so reconhecidos; (ii) ganhos ou perdas totais para o perodo, reconhecidos em outros resultados

    abrangentes, e as rubricas em outros resultados abrangentes nas quais esses ganhos ou perdas so reconhecidos;

    (iii) compras, vendas, emisses e liquidaes (cada um desses tipos de mudanas divulgado separadamente);

    (iv) os valores de quaisquer transferncias para o (ou, do) Nvel 3 da hierarquia de valor justo, as razes para essas transferncias e a poltica da entidade para determinar quando se considera que ocorreram as transferncias entre nveis (vide item 95). As transferncias para o Nvel 3 devem ser divulgadas e discutidas separadamente das transferncias do Nvel 3;

    (f) para mensuraes do valor justo recorrentes classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, o valor dos ganhos ou perdas totais para o perodo em (e)(i) includos no resultado que sejam atribuveis mudana nos ganhos ou perdas no realizados relativos a esses ativos e passivos apurados ao final do perodo das demonstraes contbeis e as rubricas da demonstrao do resultado nas quais esses ganhos ou perdas no realizados sejam reconhecidos;

    (g) para mensuraes do valor justo recorrentes e no recorrentes classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, uma descrio dos processos de avaliao utilizados pela entidade (incluindo, por exemplo, como a entidade decide suas polticas e procedimentos de avaliao e analisa mudanas nas mensuraes do valor justo de perodo a perodo);

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    (h) para mensuraes do valor justo recorrentes classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo: (i) para todas essas mensuraes, uma descrio narrativa da sensibilidade da

    mensurao do valor justo a mudanas em dados no observveis, se uma mudana nesses dados para um valor diferente puder resultar na mensurao do valor justo significativamente mais alta ou mais baixa. Se houver inter-relaes entre esses dados e outros dados no observveis utilizados na mensurao do valor justo, a entidade deve fornecer tambm a descrio dessas inter-relaes e de como elas poderiam intensificar ou mitigar o efeito de mudanas nos dados no observveis sobre a mensurao do valor justo. Para satisfazer esse requisito de divulgao, a descrio narrativa da sensibilidade a mudanas em dados no observveis deve incluir, no mnimo, os dados no observveis divulgados ao satisfazer o item (d);

    (ii) para ativos financeiros e passivos financeiros, se a mudana de um ou mais dos dados no observveis para refletir premissas alternativas razoavelmente possveis puder mudar o valor justo de forma significativa, a entidade deve indicar esse fato e divulgar o efeito dessas mudanas. A entidade deve divulgar como o efeito de uma mudana para refletir uma premissa alternativa razoavelmente possvel foi calculado. Para essa finalidade, a importncia deve ser avaliada em relao ao resultado e aos ativos totais ou passivos totais ou, quando as mudanas no valor justo forem reconhecidas em outros resultados abrangentes, ao patrimnio lquido total;

    (i) para mensuraes do valor justo recorrentes e no recorrentes, se o melhor uso possvel (highest and best use) de um ativo no financeiro diferir de seu uso atual, a entidade deve divulgar esse fato e por que o ativo no financeiro est sendo usado de maneira que difere de seu melhor uso possvel.

    94. A entidade deve determinar classes apropriadas de ativos e passivos com base no seguinte: (a) natureza, caractersticas e riscos do ativo ou passivo; e (b) nvel da hierarquia de valor justo no qual a mensurao do valor justo est classificada. O nmero de classes pode precisar ser maior para mensuraes do valor justo classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, uma vez que essas mensuraes tm grau maior de incerteza e subjetividade. Determinar classes apropriadas de ativos e passivos para as quais devem ser fornecidas divulgaes sobre mensuraes do valor justo requer julgamento. Uma classe de ativos e passivos frequentemente exige uma desagregao maior que as rubricas apresentadas no balano patrimonial. Contudo, a entidade deve fornecer informaes suficientes para permitir a conciliao com as rubricas apresentadas no balano patrimonial. Se outro Pronunciamento especificar a classe de um ativo ou passivo, a entidade pode, ao fornecer as divulgaes exigidas neste Pronunciamento, utilizar essa classe se ela satisfizer os requisitos deste item.

    95. A entidade deve divulgar e seguir de forma consistente a sua poltica para determinar quando se considera que ocorreram as transferncias entre nveis da hierarquia de valor justo de acordo com os itens 93(c) e (e)(iv). A poltica sobre a poca do reconhecimento de transferncias a mesma para transferncias para nveis e para transferncias dos nveis. Exemplos de polticas para determinao da poca das transferncias incluem: (a) a data do evento ou da mudana nas circunstncias que causou a transferncia; (b) o incio do perodo das demonstraes contbeis;

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    (c) o final do perodo das demonstraes contbeis.

    96. Se a entidade tomar uma deciso de poltica contbil para utilizar a exceo do item 48, ela deve divulgar esse fato.

    97. Para cada classe de ativos e passivos no mensurados ao valor justo no balano patrimonial, mas cujo valor justo for divulgado, a entidade deve divulgar as informaes exigidas pelos itens 93(b), (d) e (i). Contudo, a entidade no est obrigada a fornecer as divulgaes quantitativas sobre dados no observveis significativos utilizados em mensuraes do valor justo classificadas no Nvel 3 da hierarquia de valor justo, conforme exigidas pelo item 93(d). Para esses ativos e passivos, a entidade no precisa fornecer as demais divulgaes exigidas por este Pronunciamento.

    98. Para um passivo mensurado ao valor justo e emitido para um instrumento de melhoria de crdito de terceiro indissocivel, o emitente deve divulgar a existncia dessa melhoria de crdito e se ela est refletida na mensurao do valor justo do passivo.

    99. A entidade deve apresentar as divulgaes quantitativas exigidas por este Pronunciamento em formato tabular, salvo se outro formato for mais apropriado.

    Apndice A Definio de termos

    Este apndice parte integrante deste Pronunciamento.

    mercado ativo Mercado no qual transaes para o ativo ou passivo ocorrem com frequncia e volume suficientes para fornecer informaes de precificao de forma contnua.

    abordagem de custo

    Tcnica de avaliao que reflete o valor que seria exigido atualmente para substituir a capacidade de servio de um ativo (normalmente referido como o custo de substituio ou reposio).

    preo de entrada Preo pago para adquirir um ativo ou recebido para assumir um passivo em uma transao de troca.

    preo de sada Preo que seria recebido para vender um ativo ou pago para transferir um passivo.

    fluxo de caixa esperado

    Mdia ponderada por probabilidade (ou seja, a mdia da distribuio) de possveis fluxos de caixa futuros.

    valor justo Preo que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferncia de um passivo em uma transao no forada entre participantes do mercado na data de mensurao.

    melhor uso Uso de um ativo no financeiro por participantes do mercado que maximizaria o valor do ativo ou o grupo de ativos e passivos (por exemplo, um negcio) dentro do qual o ativo seria utilizado.

  • CPC_46

    abordagem de receita

    Tcnicas de avaliao que convertem valores futuros (por exemplo, fluxos de caixa ou receitas e despesas) em um valor nico atual (ou seja, descontado). A mensurao do valor justo determinada com base no valor indicado pelas expectativas de mercado atuais em relao a esses valores futuros.

    informaes (inputs)

    Premissas que seriam utilizadas por participantes do mercado ao precificar o ativo ou o passivo, incluindo premissas sobre risco, como, por exemplo: (a) risco inerente a uma tcnica de avaliao especfica utilizada para

    mensurar o valor justo (por exemplo, um modelo de precificao); e (b) risco inerente s informaes da tcnica de avaliao.

    Informaes podem ser observveis ou no observveis.

    informaes (inputs) de Nvel 1

    Preos cotados (no ajustados) em mercados ativos para ativos ou passivos idnticos a que a entidade possa ter acesso na data de mensurao.

    informaes (inputs) de Nvel 2

    Informaes (inputs) que so observveis para o ativo ou passivo, seja direta ou indiretamente, exceto preos cotados includos no Nvel 1.

    informaes (inputs) de Nvel 3

    Dados no observveis para o ativo ou passivo.

    abordagem de mercado

    Tcnica de avaliao que utiliza preos e outras informaes relevantes geradas por transaes de mercado envolvendo ativos, passivos ou grupo de ativos e passivos idnticos ou comparveis (ou seja, similares), como, por exemplo, um negcio.

    informaes (inputs) corroboradas pelo mercado

    Informaes (inputs) que so obtidas principalmente a partir de (ou corroboradas por) dados de mercado observveis por meio de correlao ou por outros meios.

    participantes do mercado

    Compradores e vendedores do mercado principal (ou mais vantajoso) para o ativo ou passivo, os quais tm todas as caractersticas a seguir: (a) so independentes entre si, ou seja, no so partes relacionadas,

    conforme definido no Pronunciamento CPC 05, embora o preo em uma transao com partes relacionadas possa ser utilizado como informao (input) na mensurao do valor justo se a entidade tiver evidncia de que a transao foi realizada em condies de mercado;

    (b) so conhecedores, tendo entendimento razovel do ativo ou passivo e da transao com a utilizao de todas as informaes disponveis, incluindo informaes que possam ser obtidas por meio de esforos

  • CPC_46

    usuais e habituais com a devida diligncia; (c) so capazes de realizar transao com o ativo ou passivo; (d) esto interessados em realizar transao com o ativo ou passivo, ou

    seja, esto motivados, mas no forados ou, de outro modo, obrigados a faz-lo.

    mercado mais vantajoso

    Mercado que maximiza o valor que seria recebido para vender o ativo ou que minimiza o valor que seria pago para transferir o passivo, aps levar em considerao os custos de transao e os custos de transporte.

    risco de descumprimento (non-performance)

    Risco de que a entidade no cumprir uma obrigao. O risco de descumprimento (non-performance) inclui, entre outros, o risco de crdito prprio da entidade.

    dados (inputs) observveis

    Informaes (inputs) que so desenvolvidas utilizando-se dados de mercado, tais como informaes disponveis publicamente sobre eventos ou transaes reais, e que refletem as premissas que participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo.

    transao no forada

    Transao que presume exposio ao mercado por um perodo antes da data de mensurao para permitir atividades de marketing que so usuais e habituais para transaes envolvendo esses ativos ou passivos; no se trata de uma transao forada (por exemplo, liquidao forada ou venda em situao adversa).

    mercado principal Mercado com o maior volume e nvel de atividade para o ativo ou passivo.

    prmio de risco Compensao buscada por participantes do mercado avessos ao risco por suportar a incerteza inerente ao fluxo de caixa de um ativo ou passivo. Denominada tambm como ajuste de risco.

    custo de transao Custos para vender um ativo ou transferir um passivo no mercado principal (ou mais vantajoso) para o ativo ou passivo que sejam diretamente atribuveis venda do ativo ou transferncia do passivo e que atendam ambos os seguintes critrios: (a) resultem diretamente da transao e sejam essenciais para ela; (b) no teriam sido incorridos pela entidade se a deciso de vender o

    ativo ou de transferir o passivo no tivesse sido tomada (similares aos custos para vender, conforme definido no Pronunciamento CPC 31).

    custos de transporte

    Custos que seriam incorridos para transportar um ativo de seu local atual para o seu mercado principal (ou mais vantajoso).

    unidade de contabilizao

    Nvel no qual um ativo ou passivo agregado ou desagregado para fins de reconhecimento.

  • CPC_46

    dados (inputs) no observveis

    Informaes (inputs) em relao s quais no h dados de mercado disponveis e as quais so desenvolvidas utilizando-se as melhores informaes disponveis sobre as premissas que seriam utilizadas pelos participantes do mercado ao precificar o ativo ou o passivo.

    Apndice B Orientao de aplicao

    Este apndice parte integrante do Pronunciamento Tcnico CPC 46. Ele descreve a aplicao dos itens 1 a 99 e tem a mesma autoridade que as demais partes deste Pronunciamento.

    B1. Os julgamentos aplicados em diferentes situaes de avaliao podem ser diferentes. Este apndice descreve os julgamentos que podem ser aplicveis quando a entidade mensura o valor justo em diferentes situaes de avaliao.

    Abordagem da mensurao do valor justo

    B2. O objetivo da mensurao do valor justo estimar o preo pelo qual uma transao no forada para a venda do ativo ou para a transferncia do passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensurao sob condies atuais de mercado. A mensurao do valor justo requer que a entidade determine todos os itens a seguir: (a) o ativo ou passivo especfico objeto da mensurao (de forma consistente com a sua

    unidade de contabilizao); (b) para um ativo no financeiro, a premissa de avaliao apropriada para a mensurao (de

    forma consistente com o seu melhor uso possvel); (c) o mercado principal (ou mais vantajoso) para o ativo ou passivo; (d) as tcnicas de avaliao apropriadas para a mensurao, considerando-se a

    disponibilidade de dados com os quais se possam desenvolver informaes que representem as premissas que seriam utilizadas por participantes do mercado ao precificar o ativo ou o passivo e o nvel da hierarquia de valor justo no qual se classificam os dados.

    Premissa de avaliao para ativos no financeiros (itens 31 a 33)

    B3. Ao mensurar o valor justo de ativo no financeiro utilizado em combinao com outros ativos como grupo (conforme instalados ou, de outro modo, configurados para uso) ou em combinao com outros ativos e passivos (por exemplo, negcio), o efeito da premissa de avaliao depende das circunstncias. Por exemplo: (a) o valor justo de ativo pode ser o mesmo, independentemente de o ativo ser utilizado de

    forma independente ou em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos. Esse pode ser o caso quando o ativo um negcio que os participantes do mercado continuariam a operar. Nesse caso, a transao envolveria a avaliao do negcio em sua totalidade. O uso dos ativos como grupo no negcio em operao geraria sinergias que estariam disponveis aos participantes do mercado (ou seja, sinergias dos participantes do mercado que, portanto, afetariam o valor justo do ativo de forma independente ou em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos);

  • CPC_46

    (b) o uso de ativo em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos poderia ser incorporado mensurao do valor justo por meio de ajustes ao valor do ativo usado de forma independente. Esse pode ser o caso quando o ativo uma mquina e a mensurao do valor justo determinada utilizando-se o preo observado para uma mquina similar (no instalada ou, de outro modo, configurada para uso), ajustado para refletir custos de transporte e instalao, de modo que a mensurao do valor justo reflita a condio e localizao atuais da mquina (instalada e configurada para uso);

    (c) o uso de ativo em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos poderia ser incorporado mensurao do valor justo por meio das premissas dos participantes do mercado utilizadas para mensurar o valor justo do ativo. Por exemplo, se o ativo consiste em estoque de produtos em elaborao de natureza singular e os participantes do mercado convertessem esse estoque em produtos acabados, o valor justo do estoque presumiria que os participantes do mercado adquiriram ou adquiririam quaisquer mquinas especializadas necessrias para converter o estoque em produtos acabados;

    (d) o uso de ativo em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos poderia ser incorporado tcnica de avaliao utilizada para mensurar o valor justo do ativo. Esse pode ser o caso ao utilizar o mtodo de ganhos excedentes em mltiplos perodos (multi period excess earning method) para mensurar o valor justo de ativo intangvel, j que a tcnica de avaliao leva em conta especificamente a contribuio de quaisquer ativos complementares e dos passivos correspondentes no grupo em que esse ativo intangvel seria utilizado.

    (e) em situaes mais limitadas, quando utiliza um ativo dentro de grupo de ativos, a entidade pode mensurar o ativo ao valor que se aproxima do seu valor justo ao alocar o valor justo do grupo de ativos aos ativos individuais do grupo. Esse pode ser o caso quando a avaliao envolve imveis e o valor justo do imvel submetido a benfeitorias (ou seja, grupo de ativos) alocado aos seus ativos componentes (como, por exemplo, terrenos e benfeitorias).

    Valor justo no reconhecimento inicial (itens 57 a 60)

    B4. Ao determinar se o valor justo no reconhecimento inicial igual ao preo da transao, a entidade deve levar em conta fatores especficos da transao e do ativo ou passivo. Por exemplo, o preo da transao pode no representar o valor justo de ativo ou passivo no reconhecimento inicial se qualquer das condies seguintes se aplicar: (a) a transao for entre partes relacionadas, embora o preo na transao com partes

    relacionadas possa ser utilizado como informao na mensurao do valor justo se a entidade tiver evidncia de que a transao foi realizada em condies de mercado;

    (b) a transao ocorre sob coao ou o vendedor forado a aceitar o preo na transao. Por exemplo, esse pode ser o caso quando o vendedor est passando por dificuldades financeiras;

    (c) a unidade de contabilizao representada pelo preo da transao diferente da unidade de contabilizao para o ativo ou passivo mensurado ao valor justo. Por exemplo, esse pode ser o caso se o ativo ou o passivo mensurado ao valor justo for apenas um dos elementos na transao (por exemplo, na combinao de negcios), a transao incluir direitos e privilgios implcitos que sejam mensurados separadamente de acordo com outro Pronunciamento ou o preo da transao incluir custos de transao;

  • CPC_46

    (d) o mercado no qual ocorre a transao diferente do mercado principal (ou mais vantajoso). Por exemplo, esses mercados podem ser diferentes se a entidade for uma revendedora que celebrar transaes com clientes no mercado de varejo, mas o mercado principal (ou mais vantajoso) para a transao de sada for com outros revendedores no mercado de revendedores.

    Tcnicas de avaliao (itens 61 a 66)

    Abordagem de mercado

    B5. A abordagem de mercado utiliza preos e outras informaes relevantes geradas por transaes de mercado envolvendo ativos, passivos ou grupo de ativos e passivos como, por exemplo, um negcio idntico ou comparvel (ou seja, similar).

    B6. Por exemplo, tcnicas de avaliao consistentes com a abordagem de mercado frequentemente utilizam mltiplos de mercado obtidos a partir de um conjunto de elementos de comparao. Os mltiplos devem estar em faixas, com um mltiplo diferente para cada elemento de comparao. A escolha do mltiplo apropriado dentro da faixa exige julgamento, considerando-se fatores qualitativos e quantitativos especficos da mensurao.

    B7. Tcnicas de avaliao consistentes com a abordagem de mercado incluem a precificao por matriz. Precificao por matriz uma tcnica matemtica utilizada principalmente para avaliar alguns tipos de instrumentos financeiros, tais como ttulos de dvida, sem se basear exclusivamente em preos cotados para os ttulos especficos, mas, sim, baseando-se na relao dos ttulos com outros ttulos cotados de referncia.

    Abordagem de custo

    B8. A abordagem de custo reflete o valor que seria necessrio atualmente para substituir a capacidade de servio de ativo (normalmente referido como custo de substituio/reposio atual).

    B9. Do ponto de vista de vendedor participante do mercado, o preo que seria recebido pelo ativo baseia-se no custo para um comprador participante do mercado adquirir ou construir um ativo substituto de utilidade comparvel, ajustado para refletir a obsolescncia. Isso porque um comprador participante do mercado no pagaria mais por um ativo do que o valor pelo qual poderia substituir a capacidade de servio desse ativo. Obsolescncia compreende deteriorao fsica, obsolescncia funcional (tecnolgica) e obsolescncia econmica (externa), sendo mais ampla que a depreciao para fins das demonstraes contbeis (alocao do custo histrico) ou para fins tributrios (utilizando as vidas teis especificadas). Em muitos casos, o mtodo de custo de substituio/reposio atual utilizado para mensurar o valor justo de ativos tangveis que sejam utilizados em combinao com outros ativos ou com outros ativos e passivos.

    Abordagem de receita

    B10. A abordagem de receita converte valores futuros (por exemplo, fluxos de caixa ou receitas e despesas) em um valor nico atual (ou seja, descontado). Quando a abordagem de receita

  • CPC_46

    utilizada, a mensurao do valor justo reflete as expectativas de mercado atuais em relao a esses valores futuros.

    B11. Essas tcnicas de avaliao incluem, por exemplo: (a) tcnicas de valor presente (ver itens B12 a B30); (b) modelos de precificao de opes, como a frmula de Black-Scholes-Merton ou modelo

    binomial (ou seja, modelo de rvore), que incorporem tcnicas de valor presente e reflitam tanto o valor temporal quanto o valor intrnseco da opo; e

    (c) o mtodo de ganhos excedentes em mltiplos perodos, que utilizado para mensurar o valor justo de alguns ativos intangveis.

    Tcnicas de valor presente

    B12. Os itens B13 a B30 descrevem o uso de tcnicas de valor presente para mensurar o valor justo. Esses itens se concentram na tcnica de ajuste de taxa de desconto e na tcnica de fluxo de caixa esperado (valor presente esperado). Esses itens no prescrevem o uso de uma nica tcnica de valor presente especfica nem limitam o uso de tcnicas de valor presente para mensurao do valor justo s tcnicas discutidas. A tcnica de valor presente utilizada para mensurar o valor justo depende de fatos e circunstncias especficos para o ativo ou passivo que estiver sendo mensurado (por exemplo, se preos para ativos ou passivos comparveis podem ser observados no mercado) e da disponibilidade de dados suficientes.

    Componentes de mensurao do valor presente

    B13. O valor presente (ou seja, aplicao da abordagem de receita) uma ferramenta utilizada para relacionar valores futuros (por exemplo, valores ou fluxos de caixa) a um valor presente utilizando uma taxa de desconto. A mensurao do valor justo de ativo ou passivo utilizando uma tcnica de valor presente captura todos os seguintes elementos, do ponto de vista dos participantes do mercado, na data de mensurao: (a) uma estimativa dos fluxos de caixa futuros para o ativo ou passivo que est sendo

    mensurado; (b) expectativas sobre possveis variaes no valor e poca dos fluxos de caixa que

    representem a incerteza inerente aos fluxos de caixa; (c) o valor do dinheiro no tempo, representado pela taxa sobre ativos monetrios livres de

    risco com datas de vencimento ou prazos que coincidem com o perodo coberto pelos fluxos de caixa e que no apresentam incerteza em relao poca ou risco de inadimplncia (default) para o titular (ou seja, taxa de juros livre de risco);

    (d) o preo para suportar a incerteza inerente aos fluxos de caixa (ou seja, prmio de risco); (e) outros fatores que os participantes do mercado levariam em considerao nas

    circunstncias; (f) para um passivo, o risco de descumprimento relativo a esse passivo, incluindo o risco de

    crdito da prpria entidade (ou seja, devedor).

    Princpios gerais

  • CPC_46

    B14. As tcnicas de valor presente diferem na forma em que capturam os elementos do item B13. Contudo, todos os princpios gerais a seguir regem a aplicao de qualquer tcnica de valor presente utilizada para mensurar o valor justo: (a) fluxos de caixa e taxas de desconto refletem premissas que os participantes do mercado

    utilizariam ao precificar o ativo ou passivo; (b) fluxos de caixa e taxas de desconto levam em conta somente os fatores atribuveis ao

    ativo ou passivo que est sendo mensurado; (c) para evitar a contagem dupla ou omisso dos efeitos dos fatores de risco, as taxas de

    desconto refletem premissas que sejam consistentes com aquelas inerentes aos fluxos de caixa. Por exemplo, a taxa de desconto que reflete a incerteza nas expectativas em relao a inadimplncias futuras apropriada ao utilizar fluxos de caixa contratuais de emprstimo (ou seja, tcnica de ajuste de taxa de desconto). No se deve aplicar essa mesma taxa ao se utilizar fluxos de caixa esperados (ou seja, ponderados por probabilidade) (ou seja, tcnica de valor presente esperado), uma vez que os fluxos de caixa esperados j refletem premissas sobre a incerteza em relao a inadimplncias futuras; em vez disso, deve ser utilizada uma taxa de desconto compatvel com o risco inerente aos fluxos de caixa esperados;

    (d) as premissas sobre fluxos de caixa e taxas de desconto devem ser internamente consistentes. Por exemplo, fluxos de caixa nominais, que incluem o efeito da inflao, devem ser descontados a uma taxa que inclua o efeito da inflao. A taxa de juros nominal livre de risco inclui o efeito da inflao. Os fluxos de caixa reais, que excluem o efeito da inflao, devem ser descontados a uma taxa que exclua o efeito da inflao. Da mesma forma, os fluxos de caixa aps impostos devem ser descontados utilizando-se uma taxa de desconto aps impostos. Os fluxos de caixa antes de impostos devem ser descontados a uma taxa consistente com esses fluxos de caixa;

    (e) as taxas de desconto devem ser consistentes com os fatores econmicos subjacentes da moeda na qual os fluxos de caixa so denominados.

    Risco e incerteza

    B15. A mensurao do valor justo utilizando tcnicas de valor presente feita sob condies de incerteza, uma vez que os fluxos de caixa utilizados so estimativas, e no valores conhecidos. Em muitos casos, tanto o valor quanto a poca dos fluxos de caixa so incertos. Mesmo valores contratualmente fixados, como os pagamentos de emprstimo, so incertos se houver risco de descumprimento.

    B16. Os participantes do mercado geralmente buscam compensao (ou seja, prmio de risco) por suportar a incerteza inerente ao fluxo de caixa de ativo ou passivo. A mensurao do valor justo deve incluir um prmio de risco que reflita o valor que os participantes do mercado exigiriam como compensao pela incerteza inerente aos fluxos de caixa. Do contrrio, a mensurao no representaria fielmente o valor justo. Em alguns casos, pode ser difcil determinar o prmio de risco apropriado. Contudo, o grau de dificuldade por si s no razo suficiente para excluir o prmio de risco.

    B17. As tcnicas de valor presente diferem em como se ajustam para refletir o risco e no tipo de fluxos de caixa que utilizam. Por exemplo:

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    (a) a tcnica de ajuste de taxa de desconto (ver itens B18 a B22) utiliza uma taxa de desconto ajustada pelo risco e fluxos de caixa contratuais, prometidos ou mais provveis;

    (b) o mtodo 1 da tcnica de valor presente esperado (ver item B25) utiliza fluxos de caixa esperados ajustados pelo risco e uma taxa livre de risco;

    (c) o mtodo 2 da tcnica de valor presente esperado (ver item B26) utiliza fluxos de caixa esperados no ajustados pelo risco e uma taxa de desconto ajustada para incluir o prmio de risco exigido pelos participantes do mercado. Essa taxa diferente da taxa utilizada na tcnica de ajuste de taxa de desconto.

    Tcnica de ajuste de taxa de desconto

    B18. A tcnica de ajuste de taxa de desconto utiliza um nico conjunto de fluxos de caixa a partir da faixa de valores estimados possveis, sejam eles fluxos de caixa contratuais ou prometidos (como o caso para um ttulo de dvida) ou mais provveis. Em todos os casos, esses fluxos de caixa dependem da ocorrncia de eventos determinados (por exemplo, fluxos de caixa contratuais ou prometidos para um ttulo de dvida dependem da no inadimplncia pelo devedor). A taxa de desconto utilizada na tcnica de ajuste de taxa de desconto obtida a partir das taxas de retorno observadas para ativos ou passivos comparveis que sejam negociados no mercado. Consequentemente, os fluxos de caixa contratuais, prometidos ou mais provveis so descontados a uma taxa de mercado observada ou estimada para esses fluxos de caixa condicionais (ou seja, taxa de retorno de mercado).

    B19. A tcnica de ajuste de taxa de desconto requer uma anlise de dados de mercado para ativos ou passivos comparveis. A comparabilidade determinada considerando-se a natureza dos fluxos de caixa (por exemplo, se os fluxos de caixa so contratuais ou no contratuais e se provvel que respondam similarmente a mudanas nas condies econmicas), bem como outros fatores (por exemplo, situao de crdito, garantia, durao, clusulas restritivas e liquidez). Alternativamente, se um nico ativo ou passivo comparvel no refletir adequadamente o risco inerente aos fluxos de caixa do ativo ou passivo que estiver sendo mensurado, pode ser possvel obter uma taxa de desconto utilizando dados referentes a diversos ativos ou passivos comparveis em conjunto com a curva de rendimento livre de risco (ou seja, utilizando uma abordagem cumulativa).

    B20. Para exemplificar uma abordagem cumulativa, suponha-se que o Ativo A um direito contratual de receber $ 800 em um ano (ou seja, no h nenhuma incerteza quanto poca). H um mercado estabelecido para ativos comparveis e h informaes disponveis sobre esses ativos, incluindo informaes sobre preos. Desses ativos comparveis: (a) o Ativo B um direito contratual de receber $ 1.200 em um ano e tem um preo de

    mercado de $ 1.083. Assim, a taxa de retorno anual implcita (ou seja, uma taxa de retorno de mercado de um ano) de 10,8% [($ 1.200/$ 1.083) - 1];

    (b) o Ativo C um direito contratual de receber $ 700 em dois anos e tem um preo de mercado de $ 566. Assim, a taxa de retorno anual implcita (ou seja, uma taxa de retorno de mercado de dois anos) de 11,2% [($ 700/$ 566)^0,5 - 1];

    (c) todos os trs ativos so comparveis em relao ao risco (ou seja, disperso de possveis quitaes e crdito).

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    B21. Com base na poca dos pagamentos contratuais a serem recebidos pelo Ativo A em relao poca para o Ativo B e para o Ativo C (ou seja, um ano para o Ativo B contra dois anos para o Ativo C), o Ativo B considerado como sendo mais comparvel ao Ativo A. Utilizando o pagamento contratual a ser recebido pelo Ativo A ($ 800) e a taxa de mercado de um ano obtida a partir do Ativo B (10,8%), o valor justo do Ativo A de $ 722 ($ 800/1,108). Alternativamente, na ausncia de informaes de mercado disponveis para o Ativo B, a taxa de mercado de um ano poderia ser obtida a partir do Ativo C utilizando-se a abordagem cumulativa. Nesse caso, a taxa de mercado de dois anos indicada pelo Ativo C (11,2%) seria ajustada para uma taxa de mercado de um ano utilizando-se a estrutura de prazo da curva de rendimento livre de risco. Podem ser necessrias anlises e informaes adicionais para determinar se os prmios de risco para ativos de um ano e de dois anos so os mesmos. Caso fosse determinado que os prmios de risco para ativos de um ano e de dois anos no so os mesmos, a taxa de retorno de mercado de dois anos seria ajustada novamente para refletir esse efeito.

    B22. Quando a tcnica de ajuste de taxa de desconto aplicada a recebimentos ou pagamentos fixos, o ajuste para refletir o risco inerente aos fluxos de caixa do ativo ou do passivo que estiver sendo mensurado includo na taxa de desconto. Em algumas aplicaes da tcnica de ajuste de taxa de desconto a fluxos de caixa que no sejam recebimentos ou pagamentos fixos, pode ser necessrio um ajuste aos fluxos de caixa para atingir a comparabilidade com o ativo ou passivo observado do qual se obtm a taxa de desconto.

    Tcnica de valor presente esperado

    B23. A tcnica de valor presente esperado utiliza como ponto de partida um conjunto de fluxos de caixa que representam a mdia ponderada por probabilidade de todos os fluxos de caixa futuros possveis (ou seja, fluxos de caixa esperados). A estimativa resultante idntica ao valor esperado, o qual, em termos estatsticos, a mdia ponderada dos valores possveis de uma varivel aleatria discreta tendo como pesos as respectivas probabilidades. Como todos os fluxos de caixa possveis so ponderados por probabilidade, os fluxos de caixa esperados resultantes no dependem da ocorrncia de qualquer evento determinado (diferentemente dos fluxos de caixa utilizados na tcnica de ajuste de taxa de desconto).

    B24. Ao tomar uma deciso de investimento, participantes do mercado avessos ao risco levariam em conta o risco de que os fluxos de caixa reais pudessem diferir dos fluxos de caixa esperados. A teoria da carteira distingue entre dois tipos de risco: (a) risco no sistemtico (diversificvel), que o risco especfico de ativo ou passivo em

    particular; (b) risco sistemtico (no diversificvel), que o risco comum compartilhado por ativo ou

    passivo com os demais itens de carteira diversificada. A teoria da carteira afirma que, em mercado em equilbrio, os participantes do mercado so compensados somente por sustentar o risco sistemtico inerente aos fluxos de caixa. (Em mercados que so ineficientes ou fora de equilbrio, outras formas de retorno ou compensao podem estar disponveis.)

    B25. O Mtodo 1 da tcnica de valor presente esperado ajusta os fluxos de caixa esperados de ativo para refletir o risco sistemtico (ou seja, de mercado) pela subtrao do prmio de risco de caixa (ou seja, fluxos de caixa esperados ajustados pelo risco). Esses fluxos de caixa