protocolo hidronefrose antenatal
TRANSCRIPT
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 1 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
1 – Objetivo
Estabelecer algoritmo adequado na abordagem de hidronefrose antenatal, a partir de medidas de
suporte, e de orientações quanto ao que deve ser feito e solicitado de exames quando se feito tal
diagnóstico, para que assim se possa detectar anomalias associadas, determinar o diagnóstico
diferencial, definir os riscos para o feto e para o neonato, e definir condutas para evitar deterioração
renal.
2 – Responsabilidade
Equipe multiprofissional:
Equipe médica – identificar a alteração, que é feita através de exame de imagem ( USG gestacional
), sua possível causa e instituir abordagem rápida para se evitarem sequelas renais a longo prazo;
Equipe laboratorial – realização rápida e efetiva dos exames diagnósticos e de controle;
Equipe de farmácia – prover medicações específicas, o mais precocemente possível;
Assistente administrativo e higienização – realizar procedimento de admissão e alta da enfermaria.
3 – Definições
A hidronefrose ( HN ) antenatal é a presença no feto de um ou ambos os rins com algum grau de
dilatação do sistema pielocalicial e está presente em cerca de 50% das anomalias urogenitais. O
diagnóstico é feito pela USG obstétrica, que utiliza como parâmetros o diâmetro anteroposterior da
pelve renal, a relação DAP ( diâmetro anteroposterior ) da pelve / DAP rim , e a presença de
caliectasia. O parâmetro mais utilizado para diagnóstico de HN antenatal é o DAP da pelve renal,
que é considerado aumentado se acima de 5 mm ( em Usg gestacional até 24 semanas ) e acima de
10 mm ( se em USG gestacional acima de 32 semanas ). Como é um diagnóstico feito através de
USG, então seu diagnóstico é examinador dependente, mas quanto maior a idade gestacional, mais
facilmente é detectada a anomalia, devido ao maior tamanho do feto e da anomalia também.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 2 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
4 – Epidemiologia
Anomalias estruturais fetais importantes estão presentes em 1% das gestações. Destas cerca de
50% são anomalias do sistema nervoso, 20% são do sistema geniturinário, 15% são
gastrointestinais, e cerca de 8% são cardiopulmonares. Desses 20% de anomalias geniturinárias, a
hidronefrose está presente em cerca de 50% delas.
É mais comum em meninos ( 4 para 1 ) e apenas em torno de 20% terão repercussão clínica pós –
natal.
5 – Classificação
A classificação também é feita de acordo com a imagem ultrassonográfica, e seguiremos nesse
protocolo a classificação elaborada pela Sociedade de Urologia Fetal, de acordo com a tabela a
seguir :
Essa classificação foi feita para que houvesse uma melhor adequação e possibilitar comparações em
exames feitos posteriormente.
6 – Fatores agravantes
Um dos principais fatores de complicação da hidronefrose antenatal é o surgimento precoce.
Quanto mais precoce ocorrer o surgimento da hidronefrose maior é a chance de que ocorram
sequelas em parênquima renal, e quanto mais tardios ocorrerem maiores são as chances de que
seja apenas hidronefrose transitória.
Outro fator importante é a presença de cistos renais corticais e parênquima renal ecogênico – os
mesmos são indicativos de lesão renal grave e de provável displasia renal.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 3 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
O principal fator de mau prognóstico porém é o oligoâmnio, porque o desenvolvimento renal fetal
está diretamente relacionado ao desenvolvimento pulmonar, já que é através do débito urinário (
dependente do sistema renal ) que ocorre a manutenção do liquido amniótico, que por sua vez
influencia no desenvolvimento pulmonar.
7 - Diagnóstico
O diagnóstico, como já mencionado acima, é feito através de Usg obstétrica, e sua classificação é
baseada na mesma. As causas da hidronefrose antenatal, como já mencionado anteriormente,
podem ter causas geniturinárias ou não, e as mesmas encontram-se descritas a seguir :
Como pode ser visto na tabela acima, a maioria dos casos ( cerca de 63% ) corresponde a causas
que desaparecerão em uma nova USG feita após o nascimento, e portanto não precisarão de
maiores intervenções.
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 4 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
8 - Exames solicitados
Após o nascimento o principal exame que deverá ser levado em consideração será a nova
ultrassonografia, que deverá ser feita após pelo menos 48 horas de vida, devido à oligúria
fisiológica apresentada pelo recém-nascido.
Além da ultrassonografia, também deverão ser realizados exames de laboratório para avaliação de
função renal, de possíveis alterações urinárias associadas, e o próprio exame físico, que também
afastará anomalias congênitas associadas.
Outros exames também poderão ser solicitados, porém de acordo com realidade apresentada no
momento, os mesmos deverão ser realizados posteriormente em ambulatório de cirurgia pediátrica
para melhor seguimento do caso, de acordo com o fluxograma exposto a seguir :
OBS : DAP de pelve renal < 1,5 = hidronefrose leve ; DAP de pelve renal entre 1,5 e 2,5
= hidronefrose moderada; e DAP de pelve renal > 2,5 cm = hidronefrose grave
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 5 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
O seguimento no ambulatório da cirurgia pediátrica tem o objetivo de decidir qual será a conduta
mais adequada para cada caso, e deverá ser realizada de acordo com os exames previamente
solicitados pelo pediatra após o nascimento do recém-nascido ( principalmente de acordo com a
ultrassonografia ). O seguimento no ambulatório da cirurgia pediátrica pode ser feito de acordo com
o fluxograma a seguir :
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 6 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
Como pode se observar, há um fluxograma complexo que deverá ser seguido, e alguns dos exames
não estão disponíveis em algumas circunstâncias, por isso, caso seja diagnosticada qualquer
alteração em ultrassonografia pós-natal deve ocorrer o acompanhamento da equipe da cirurgia
pediátrica para melhor avaliação de cada caso.
OBS : Protocolo adaptado, de acordo com projeto diretrizes da Associação Médica Brasileira e
Conselho Federal de Medicina, para melhor adequação a realidade da região que protocolo será
implantado.
9 – REFERÊNCIAS
1. Duval JM, Milon J, Coadou Y et al. Ultrasonography anatomy and diagnosis of fetal uropathies
affecting the upper urinary tract. I - Obstrucutive uropathies. Anat Clin 1985; 7: 301-332.
2. Carr MC, Mandell J. Interpretation of intrauterine ultrasonographic studies. Curr Opinion Ped
1992; 4: 244-248.
3. Rosendahl H. Ultrasound screening for fetal urinary tract malformations: a prospective study in
general populations. Eur J Obstet Gynecol 1990; 36: 27-33.
4. Livera LN, Brookfield DSK, Egginton JA, Hawnaur JM. Antenatal ultrasonography to detect fetal
renal abnormalities: a prospective screening programme. Br Med J 1989; 298: 1421-1423.
5. Manning FA. Common fetal urinary tract anomalies. In: Hobbins JC, Benacerraf BR, eds. Diagnosis
and therapy of fetal anomalies. New York: Churchill Livingstone; 1989.p.139-161.
6. Gonçalves LF, Jeanty P, Piper J M. The accuracy of prenatal ultrasonography in detecting
congenital anomalies. Am J Obstet Gynecol 1994; 171: 1606-1612.
7. Kogan BA. Obstructive uropathy: perinatal aspects. In: Holliday MA, Barrat TM, Avner ED, eds.
Pediatric Nephrology. Baltimore: Williams & Wilkins; 1994. p.1014-21.
8. Crombleholme TM, D’Alton M, Cendron M et al. Prenatal diagnosis and the pediatric surgeon: the
impact of prenatal consultation on perinatal management. J Pediatr Surg 1996; 31: 156-163.
9. Dean AG, Dean JA, Coulombier D et al. Epi Info, Version 6: a word processing, database, and
INSTRUÇÃO DE TRABALHO – HOSPITAL MATERNIDADE DONA REGINA - TO
PROTOCOLO MÉDICO/ASSISTENCIAL
Hidronefrose antenatal
Código: SESAU.MED.TO.001 Revisão: 00 Página: 7 de 7
PROCEDIMENTO DE GESTÃO
Elaborado por: Dr. Allisson Airan Portela Guerra
Verificado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Aprovado por: Dra. Lucia Caetano Pereira
Data elaboração: Janeiro / 2016
Data revisão: Janeiro / 2016
statistics program for epidemiology on microcomputers. Centers for Disease Control and Prevention,
Atlanta, Georgia, USA, 1994.
10. Campos-Filho N, Franco ELF. Microcomputer-assisted univariate survival data analysis using
Kaplan-Meier life table estimators. Comp Meth Prog Biomed 1988; 27: 223- 228.
11. Arger PH, Coleman BG, Mintz MC et al. Routine fetal genitourinary tract screening. Radiology
1986; 156: 485-489.
12. Grignon A, Filion R, Filiatrault D et al. Urinary tract dilatation in utero: Classification and clinical
applications. Radiology 1986; 160: 645-647.
13. Corteville JE, Gray DL, Crane JP. Congenital hydronephrosis: Correlation of fetal ultrasonographic
findings with fetal outcome. Am J Obstet Gynecol 1991; 165: 384-388.
14. Scott JES, Wright B, Wilson G, Pearson IA, Matthews NS, Rose PG. Measuring the fetal kidney
with ultrasonography. Br J Urol 1995; 76: 769-774.
15. Tam JC, Hodson EM, Choong KKL et al. Postnatal diagnosis and outcome of urinary tract
abnormalities detected by antenatal ultrasound. Med J Aust 1994; 160: 633-637.
16. Blachar A, Blachar Y, Pinhas ML, Zurkoski L, Pelet D, Mogilner B. Clinical outcome and follow up
of prenatal hydronephrosis. Pediatr Nephrol 1994; 8: 30-35.
17. Tripp BM, Homsy Y. Neonatal hydronephrosis - the controversy and the management. Pediatr
Nephrol 1995; 9: 503- 509.
18. Elder J. Commentary: Importance of antenatal diagnosis of vesicoureteral reflux. J Urol 1992;
148: 1750-1754.
19. Scott JES, Renwick M. Urological anomalies in the Northern Region Fetal Abnormality Survey.
Arch Dis Child 1993; 65: 22-26.
20. Cusick EL, Didier F, Droulle P, Schmitt M. Mortality after an antenatal diagnosis of foetal uropathy. J
Pediatr Surg 1995; 30: 436-466.