prova de avaliação final o mosquito aedes aegypti e o ... · intervencionados os criadouros...
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ESCOLA SECUNDÁRIA JAIME MONIZ Ano Letivo 2013/2014
Curso: Técnico de Gestão do Ambiente, Tipo 6, Curso nº4, Ação nº1 Projeto nº: 002179/2013/113
Prova de Avaliação Final
O Mosquito Aedes aegypti e o vírus Dengue
Micrografia: http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/01812/mos_1812073b.jpg
Foto: António Freitas
Trabalho Realizado por:
Filipa Raquel Nunes Gomes, número 8, ano 12º, turma 61
Agradecimentos
Durante a elaboração da prova de avaliação final (P.A.F.) qualquer
ajuda é fundamental, portanto toda a colaboração das pessoas que
estão a nossa volta é preciosa. Começo por agradecer nomeadamente
aos professores do curso.
Destaco também a preciosa colaboração da equipa técnica da
Unidade de Engenharia Sanitária do IASAUDE, IP-RAM, coordenada
pela Eng.ª Dores Vacas, e constituída pelos técnicos Margarida
Clairouin, Luís Antunes, Duarte Araújo, Bela Viveiros, Fátima
Camacho, Conceição Noite e Magda Aguiar.
Deixo aqui um especial obrigado aos colegas do 12º ano do curso
técnico de ordenamento do território e ambiente, Alexandre Gouveia
e Márcia Rodrigues na colaboração da georreferenciação das sargetas
com indicação da sua situação, relativamente à presença/ausência de
água, e presença/ausência de larvas do mosquito Aedes aegypti.
Agradeço igualmente aos professores, António Freitas, Maria
Conceição Campanário, Nivalda Pereira, Zita Carvalho Olívia Ascensão
e Vanda Gouveia por toda ajuda que nos deu e pelo tempo
disponibilizado.
Índice
Parte I
1-Introdução .......................................................................... 1-2
2- Distribuição do vírus de Dengue ............................................... 3
2.1-Distribuição Mundial do vírus de Dengue
2.1.1-Vírus de Dengue no ano 2013 ........................................... 3-4
2.1.2-Vírus de Dengue no ano 2014 ........................................... 5-7
2.2- Dengue em Moçambique em 2014 ...................................... 7-8
2.3- Dengue na cidade de São Paulo (Brasil) em 2014 .................... 8
3- O Aedes aegypti e a Febre de Dengue na Madeira.................. 9-11
3.1- O surto de Dengue na Ilha da Madeira em 2012 ............... 12-14
3.2- Dengue na Ilha da Madeira- ano 2014 ............................. 14-15
4-Mosquitos existentes na Madeira
4.1-Classificação cientifica dos mosquitos existentes na Madeira 15-17
Parte II
0-Caraterização do mosquito Aedes aegypti ............................ 18-19
1- Classificação científica do mosquito do vírus Dengue no
Arquipélago da Madeira ............................................................ 19
2-Caracterização dos grupos taxonómicos ............................. 19-22
4- Uma breve abordagem histórica ........................................ 23-25
Parte III
1-Doenças transmitidas pelo Mosquito Aedes aegypti .............. 25-26
2-Caracterização das doenças .............................................. 26-29
3-Análise das doenças a nível Mundial ......................................... 29
4- Transmissão Dengue
4.1- Vírus ......................................................................... 30
4.2- Vírus e o Aedes aegypti .......................................... 31-32
4.2.1- Padrões de transmissão ............................................ 32
4.2.2- Ciclo de transmissão do vírus Dengue .......................... 33
4.2.3- Fatores de transmissão ........................................ 33-34
5- Sinais e sintomas do vírus Dengue ......................................... 34
6- Medidas de prevenção contra o Dengue .................................. 35
6.1- Proteção pessoal ................................................... 35-36
6.2- Proteção ambiental ................................................ 36-37
Parte IV
1- Projeto ” Todos contra o
Mosquito”…………………………………………………………………………………………….37
1.1-Resultados obtidos na brigada de caça aos mosquitos no dia
16 de dezembro de 2013 ..................................................... 38-39
1.2- Resultados obtidos nas brigadas da caça aos mosquitos no
mês de janeiro de 2014 ........................................................ 40-41
1.3- Resultados obtidos pelas brigadas da caça ao mosquito no
dia 3 de fevereiro de 2014 ......................................................... 42
1.4- Auto- análise das brigadas .................................... 43-48
2-Laboratório de Saúde Pública ............................................. 48-50
2.1- Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti .............................. 51
a)- Fase ovo ...................................................................... 51-52
b)- Fase Larvar ....................................................................... 52
c)-Fase de Pupa ...................................................................... 53
d)- Fase Adulta ................................................................... 53-54
2.2. Identificação do mosquito Aedes aegypti .......................... 55-57
Parte V
1-Conclusão ....................................................................... 58-59
Parte VI
Bibliografia ........................................................................ 59-60
Webgrafia ........................................................................... 60-62
1
Parte I
1. Introdução
No âmbito do curso Técnico de Gestão do Ambiente, curso 4, ação
01, Tipo 6, foi proposta a realização de uma Prova de Avaliação Final
(PAF) cujo tema selecionado é o seguinte: O Mosquito Aedes aegypti
e vírus dengue. Deste modo, uma das ferramentas essenciais para a
realização deste trabalho, foram os conhecimentos adquiridos no
curso, especificamente na disciplina de Sistemas e Estações de
Tratamento: Funcionamento e Controlo (SETFC), coordenada pelo
formador António Freitas.
O ponto de partida para este trabalho foi o facto de no ano letivo
2012/2013, após alguns elementos da comunidade escolar terem sido
vítimas da Febre de dengue, os alunos do Curso Tecnológico de
Ordenamento do Território e Ambiente terem efetuado o
levantamento de todos os possíveis focos e criadouros do mosquito
Aedes aegypti no espaço escolar, tendo sido identificada a sua
presença em diversos locais da escola. Após esse levantamento,
todos os potenciais criadouros foram, numa fase inicial, tratados com
hipoclorito de sódio (NaClO), lixívia doméstica (Ilustração 1). Para o
efeito foi preparada uma mistura com a concentração de 50% à qual
algumas larvas posteriormente começaram a ganhar resistência.
Numa fase seguinte foi aplicado sal de cozinha (NaCl) em todos os
potenciais criadouros como forma de prevenção para a propagação
do mosquito e da possível consequente contaminação da comunidade
escolar pela Febre de Dengue. Após terem sido identificados e
intervencionados os criadouros dentro do perímetro da escola, e
tendo em consideração que a presença do mosquito Aedes aegypti
continuou a ser detetada , surgiu a necessidade de sair dos limites da
2
escola. No ano lectivo 2013/2014, de modo a tentar compreender a
origem dos focos de mosquitos detetados, surgiu a seguinte questão:
Qual a proveniência dos mosquitos no espaço escolar?
Desta forma, os alunos da escola Secundária Jaime Moniz, inseridos
no Curso de Educação e Formação de Técnico de Gestão do
Ambiente, realizaram diversas brigadas de monitorização nas ruas
envolventes ao espaço escolar. O projecto teve por lema “Todos
contra o mosquito” (Ilustração 2), e foi este um pequeno contributo
para o bem comum, pois cabe a todos a mudança de
comportamentos.
No final do século passado, o mundo encarou o reaparecimento de
muitas doenças infeciosas, sendo a infeção por dengue uma das
doenças mais relevantes em termos de morbilidade e mortalidade.
A Febre de Dengue transmite-se pela picada de um mosquito do
género Aedes, infetado com pelo menos um dos quatro serotipos do
vírus. Apesar disso, no Brasil já foram detetadas larvas infetadas por
dois serotipos. É uma doença febril que pode atingir crianças e
adultos, cujos sintomas surgem em média 7 dias após a picada (3 a
14 dias) e incluem quadro febril agudo, cefaleias intensas, dor retro
orbitária, artralgias, mialgias e exantema. Os sintomas normalmente
persistem por um período de 7 dias. A expansão geográfica dos
vetores e consequentemente do vírus de dengue originou a
emergência de formas graves da doença nos últimos 25 anos,
tornando-se num crescente e importante problema de Saúde Pública
em alguns países das regiões tropicais e subtropicais.
Para complementar todo este estudo procedeu-se à observação do
ciclo de vida do mosquito em laboratório.
3
2. Distribuição do vírus de Dengue
A presença do mosquito Aedes aegypti e do vírus de dengue, com
quatro serotipos era conhecida em todos os continentes exceto na
Europa e na Antártida, embora a febre hemorrágica ocorresse
predominantemente na Ásia e Américas. Ao longo dos anos, o
número de casos de febre de dengue, nas suas formas mais suaves
e/ou severas, tem registado algumas oscilações apresentando uma
tendência geral para o aumento da sua ocorrência.
2.1. Distribuição Mundial do vírus de Dengue
2.1.1. Vírus de Dengue no ano 2013
Na Ilustração 3 é apresentado um mapa onde se pode observar a
distribuição do mundial do vírus de Dengue no início do ano 2013. Da
sua análise constata-se que o vírus apresenta significativa presença
no continente americano (México, Brasil, Perú, Venezuela, EUA, …), e
no sul do continente asiático (Índia, Tailândia, Indonésia, ….),
abrangendo também a Europa.
Ilustração 1- Aplicação de lixívia
(concentrada a 50% nas depressões do pátio onde há acumulação de água parada.
Ilustração 2- Lema das brigadas
monitorizadas" Todos contra o mosquito!"
4
Ilustração 3- Distribuição mundial do vírus de Dengue. Adaptado do Centers for Disease
Control abd Prevention
Outra forma de representação da distribuição mundial do vírus de
Dengue é a apresentada no cartograma da Ilustração 4 tendo em
conta os seguintes parâmetros: a presença/ausência de casos de
dengue e o seu serotipo (DENV - 1, DENV - 2, DENV - 3, DENV - 4),.
A ideia principal deste cartograma é apresentar o efeito de um mundo
distorcido pela distribuição do vírus de Dengue.
Ilustração 4- O Mundo distorcido segundo a distribuição do vírus de Dengue.
5
2.1.2. Vírus de Dengue no ano 2014
Em 2014, a distribuição mundial do vírus dengue é a apresentada
nas ilustrações seguintes: Ilustração 5 - distribuição mundial do
vírus.
Dengue referente ao mês de fevereiro de 2014; Ilustração 6 -
distribuição mundial do vírus de Dengue em abril de 2014.
Com base no mapa criado pelo IASAÚDE, IP-RAM é possível observar
registos da doença no sudoeste asiático (Malásia, Camboja, Filipinas,
Indonésia, Índia e Tailândia), na América do Sul (Brasil, Bolívia,
Colômbia, Venezuela e Paraguai), em África (Tanzânia), e na
Oceânia (Austrália).
Ilustração 5 - Mapa de ocorrência do vírus de Dengue em fevereiro de 2014
6
Com base no mapa acumulativo da ocorrência de Dengue até abril de
2014 (Ilustração 6), podemos observar que o maior número de
registos de doença foram presenciados na Venezuela, Malásia e
Cambodja, seguindo-se o Brasil e as Filipinas.
Ilustração 6 - Mapa de ocorrência do vírus de Dengue em abril de 2014
7
Ilustração 7 – Evolução do nº de casos de Febre de Dengue e nº de países que registam a sua presença.
Na Ilustração 7, podemos verificar que o número de casos de
dengue aumenta todos os anos, bem como o número de países com
dengue.
2.2. Dengue em Moçambique em 2014
Segundo um artigo publicado no site http://www.portugues.rfi.fr/ no
dia 19 de Abril de 2014 foram registados vários casos de Dengue em
Pemba, no distrito de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Deste
modo, as autoridades moçambicanas ficaram em estado de alerta,
procurando medidas de controlo da doença, uma vez que “ o último
caso de Dengue no país havia sido registado nos anos 80, ou seja, há
trinta anos”.
8
Com base neste impacto causado na cidade de Pemba, assegura-se
que existem “quatro bairros afetados, sendo 16 casos confirmados e
21 suspeitos. Ainda não foram registados óbitos”.
“Segundo o governador de Cabo Delgado, Abdul Razak, toda esta
situação vivenciada na cidade de Pemba é originada pela proliferação
de mosquitos que além de transmitirem a Malária, transmitem o
Dengue.”
Fonte:http://www.portugues.rfi.fr/africa/20140419-casos-de-dengue-
resurgem-em-mocambique
2.3. Dengue na cidade de São Paulo (Brasil) em
2014
Conforme informação publicada no site de notícias “Veja”, no dia
18/04/2014, no “Estado de S. Paulo, a cidade registou mais de 100
novos casos de dengue por dia. Estas informações foram concebidas
pela Secretaria Municipal de Saúde. Com base nos números oficiais,
em sete dias foram alistados 793 registos da doença na capital
paulista, sendo este o maior número de casos já registados em
apenas uma semana neste ano.
Todavia, até o dia 9 de abril, São Paulo já tinha determinado 1.745
casos de dengue. Devido aos novos registos que apresentam uma
evolução devastadora, o número modificou-se para 2.538.
Em suma, a Secretaria, conclui que, em relação ao mesmo período do
ano passado, o aumento foi de 66%. Neste ano, em menos de quatro
meses, supõe-se que a cidade irá superar o número de casos
registrados em 2013, quando 2.617 pessoas contraíram dengue.”
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/sao-paulo-registra-mais-
de-100-casos-de-dengue-por-dia.
9
3. O Aedes aegypti e a Febre de Dengue na Madeira
Em relação à ilha da Madeira as primeiras referências à fauna de
culicídeos foram da autoria de Theobald (1903). O registo de espécies
continuou com outros autores, mas foi em 1981 que Rúben Capela
divulgou uma listagem completa das espécies e subespécies de
mosquitos da Madeira e Porto Santo no artigo "Contribution to the
study of mosquitos (Diptera, Culicidae) from the Archipelagos of
Madeira and the Salvages I". Na ilustração 8 estão incluídas as
espécies e subespécies da Madeira segundo Rúben Capela.
A Região Autónoma da Madeira (RAM) é um arquipélago português de
801km2 com uma população de aproximadamente 268 000
habitantes. O arquipélago localiza-se a 650 km da costa africana, 845
Ilustração 8- Lista das espécies e subespécies da Ilha da Madeira em 1981
10
km do continente europeu e 400 km da Ilha das Canárias. A
ilustração 9 tem como fundamento mostrar a localização geográfica
do Arquipélago da Madeira.
Ilustração 9- Localização geográfica do Arquipélago da Madeira
A região conta com um clima ameno assente numa temperatura
média anual de 18,7ºC e uma amplitude térmica de apenas 6,4ºC.
Agosto é, em média, o mês mais quente (22,3ºC) em contraponto
com Fevereiro, que se apresenta, em média, como o mês mais fresco
(15,9ºC).
Tendo em conta a localização geográfica e o clima , a Ilha da
Madeira, há muito que apresenta as condições ideais para “acolher”
involuntariamente o mosquito invasor Aedes aegypti, visto que este
vetor ocorre principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, em
função das condições climáticas favoráveis para a procriação e
desenvolvimento deste tipo de mosquito.
Foi então em 2005 que ocorreu o que estávamos à espera, ou seja,
foi pela primeira vez registada a presença do mosquito Aedes aegypti
na RAM. O mosquito foi identificado pelo Museu de História Natural,
da Câmara Municipal do Funchal. Desde então, o principal intuito foi
reunir medidas para controlar a expansão da espécie, de modo a
contribuir para o bem comum. Essas medidas foram as seguintes:
11
Monitorização do Aedes aegypti com recurso a uma rede de
armadilhas habilmente colocada;
Identificação e destruição de criadouros e utilização de
larvicidas (combate químico parra destruir as larvas) e
inseticidas (combate químico parra destruir mosquitos
adultos);
Sensibilização da população para um cuidado extremo no que
diz respeito aos focos e criadores, ou seja, alertar para a
redução / escassez dos mesmos;
Produção de conteúdos informativos para serem difundidos pela
comunicação social de forma a transmitir uma mensagem
esclarecedora, garantindo uma relevante interajuda entre
todos.
Segundo dados do IASUDE, IP-RAM, o estudo retrospetivo das
variáveis climáticas e entomológicas indicam que os períodos de
temperatura ideal para a oviposição é acima dos 21ºC, que ocorrem,
aproximadamente, entre Julho e Outubro, como demonstra a
ilustração 10.
Ilustração 10 – atividade do mosquito durante 2012 e 2013 tendo em conta a
variação de temperatura.
12
3.1. O surto de Dengue na Ilha da Madeira em
2012
Apesar de todos os esforços, no dia 26 de setembro de 2012
registaram-se os primeiros dois casos confirmados da febre de
dengue na Madeira. Foi o início de um surto, onde foram notificados
2.165 casos prováveis de febre de dengue na Região Autónoma da
Madeira. Não se registaram óbitos. Segundo o jornal Expresso
(Carolina Reis, 8 de novembro de 2012) “Atualmente, a Madeira,
onde já há registo de mais de mil casos, é o único território europeu
onde existe epidemia de dengue, apurou o Expresso junto de fonte da
Direção-Geral de Saúde (DGS).” Segundo Francisco George, Director-
geral de Saúde, em declarações à mesma fonte, "A Madeira enfrenta,
neste momento, uma epidemia de dengue, trata-se de uma variante
da doença que, apesar de provocar muitos casos, são menos graves.
Ainda segundo o mesmo interlocutor as chuvas fortes sentidas na
Região na segunda e terça-feira (5 de novembro e 6 de novembro de
2012) podem contribuir para o aumento da propagação do mosquito:
"Este mosquito desenvolve-se na água, portanto, tudo o que é água
agrava. É na água que os mosquitos colocam os ovos.”
Fonte:http://expresso.sapo.pt/madeira-e-o-unico-sitio-com-
epidemia-de-dengue-na-europa=f765400 consultado em maio de
2014.
Durante o surto de 2012, os casos prováveis de dengue
propagaram-se para fora do Funchal, registando-se casos em toda a
zona Sul da ilha, entre a Calheta e Machico (ilustração 11).
13
Ilustração 11- Distribuição espacial dos 2167 casos prováveis de Dengue referenciados no surto de 2012
Tudo indica que a introdução deste mosquito coincidiu com a
importação de espécies de flora tropical para os novos jardins
públicos que foram surgindo no início do séc. XXI, aquando das
obras das Sociedades de Desenvolvimento.
O vírus de dengue, causador do surto em 2012, era do tipo DENV –
1 e foi importado, muito provavelmente, da Venezuela onde reside
uma enorme comunidade madeirense e uma vez que temos voos
diretos da Venezuela para a Ilha da Madeira, existindo nesse país da
américa do sul inúmeros casos de dengue, nomeadamente com o
serotipo em causa.
Entre meados de novembro (semana 46/2012) e as primeiras
semanas de 2013, o número de casos prováveis de dengue diminuiu
até o surto ter sido declarado extinto na semana 9 de 2013,
ilustração 12. Durante o surto não se registaram mortos.
14
Durante o surto foram confirmados laboratorialmente 464 casos. A
sua distribuição ao longo das semanas em que durou o surto podem
ser observadas na Ilustração 13. No pós-surto, foram confirmados
apenas 3 casos importados (um caso do Brasil e dois de Angola) e
nenhum caso endémico foi confirmado laboratorialmente.
3.2. Dengue na Ilha da Madeira- ano 2014
Relativamente ao ano que está a decorrer, ainda não foi registada
atividade epidémica de dengue na Ilha da Madeira, quer isto dizer
Ilustração 12- º de casos prováveis de dengue notificados por semana na Ilha da Madeira, 2012‐2013
Ilustração 13- Distribuição semanal do nº de casos de febre de dengue confirmados laboratorialmente
15
que, até ao presente momento só se registaram esporádicos casos
importados, ou seja, pessoas que chegam à RAM já infetadas pelo
vírus de dengue.
Contudo as autoridades regionais permanecem em constante estado
de alerta, continuando a desenvolver o seu trabalho de prevenção do
vírus de dengue e de combate e monitorização do vetor Aedes
aegypti, tendo em conta as medidas de prevenção, sejam elas
pessoais ou ambientais (prevenção referida mais à frente no
trabalho).
4. Mosquitos existentes na Madeira
4.1. Classificação científica dos mosquitos existentes na Madeira
Na classificação dos mosquitos da Madeira, tivemos em
conta o trabalho de Rúben Capela (1981) e as orientações de Margarida Clairouin
1. Ochlerotatus eatoni (Endémico da Madeira)
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Ochlerotatus
Ilustração 14- Ochlerotatus eatoni na fase adulta
16
2. Culiseta longiareolata
3. Culex hortensis madeirensis (Endémico da Madeira -
doméstico)
4. Culex theileri (vetor da filária - doença cardíaca de cão e
gato)
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Culiaseta
Subgênero Allotheobaldia
Espécie: Culiaseta. longiareolata
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Culex
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Culex
Espécie Culex theileri
Ilustração 15- Culiseta longiareolata
Ilustração 16- Culex hortensis
Ilustração 17- Culex theileri
17
5. Culex pipiens (vetor west nile)
6. Aedes aegypti (vetor de várias doenças em especial
Dengue e Febre-amarela)
7. Anopheles cinereus (restrito ao Porto Santo)
8.
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Culex
Subgénero Neoculex
Espécie Culex pipens
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Aedes
Espécie Aedes aegypti
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Anopheles
Espécie Anopheles cinereus
Ilustração 18- Culex pipiens
Ilustração 19- Aedes aegypti
Ilustração 20- Forma larvar do Anophenes cinereus
18
Parte II
Caracterização do mosquito Aedes aegypti
Segundo Albano (2013) e o site “Três perguntas básicas sobre o
dengue”, a infeção por dengue é transmitida ao Homem pela picada
de mosquitos do género Aedes spp., principalmente os das espécies
Aedes aegypti e Aedes albopictus. As fêmeas de Aedes spp. picam
especialmente ao amanhecer e ao entardecer, preferencialmente os
membros inferiores, pernas e tornozelos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que anualmente
surgem, em todo o mundo, cerca de 50 milhões de novos casos de
infeção por dengue, sendo que as regiões com mais ocorrências deste
mosquito são as regiões tropicais e subtropicais.
O mosquito Aedes aegypti fêmea prolifera dentro ou nas
proximidades de habitações (casas, apartamentos, hotéis),
depositando os seus ovos em locais com água parada (limpa ou
poluída) como, por exemplo, bases de vasos com plantas, pneus
velhos, cisternas etc. Deste modo, é fundamental ter em atenção as
medidas de prevenção, pois sem este ambiente favorável, este
mosquito não consegue reproduzir-se
O vírus causador desta infeção é um arbovírus pertencente ao género
Flavivirus, da família Flaviviridae, que apresenta quatro serotipos:
DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4., “Causam os mesmos sintomas.
A diferença é que, cada vez que você pega um tipo do vírus, não
pode mais ser infetado por ele. Ou seja, na vida, a pessoa só pode
ter dengue quatro vezes”, explica o consultor de dengue da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Ivo Castelo Branco.
“Em termos de classificação, estamos falando do mesmo tipo de
vírus, com quatro variações”, explica Marcelo Litvoc, infecciologista
do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Do ponto de vista clínico,
19
são absolutamente iguais, vão gerar o mesmo quadro”, esclarece o
médico.
1. Classificação científica do mosquito do vírus
dengue no Arquipélago da Madeira
Na classificação científica tivemos por base o site Animal
Diversity Web.
2. Caraterização dos grupos taxonómicos
1. Reino Animalia- O reino Animalia, Animal ou Metazoa é
composto por seres vivos multicelulares cujas células formam
tecidos biológicos, com capacidade de responder ao ambiente que
os envolve ou, por outras palavras, pelos animais, ilustração 22.
Ao contrário das plantas, os animais são heterotróficos, ou seja,
buscam no meio onde vivem o seu alimento, como plantas e
outros animais para sobreviverem.
Reino Animalia
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Família Culicidae
Género Aedes
Espécies Aedes aegypti
Ilustração 21- Aedes aegypti macho
Ilustração 22-Seres do Reino animal
20
2. Filo Arthropoda- São um filo de animais invertebrados, que
possuem exosqueleto rígido e vários pares de apêndices
articulados, cujo número varia de acordo com a classe,
ilustração 23.
3. Classe Insecta- Corpo dividido em três segmentos
(cabeça, tórax e abdómen), três pares de patas articuladas, olhos
compostos, duas antenas e dois pares de asas, ilustração 24.
4. Ordem Diptera- Caracterizam-se também por possuírem dois
pares de asas, um par de asas funcionais e um segundo par de
asas modificadas denominadas halteres ou balanceiros. As peças
bucais são do tipo picador-sugador, ilustração 25.
Ilustração 23- Alguns seres do Filo Arthopoda
Ilustração 24- Constituição de um inseto
Ilustração 25- Inseto da ordem diptera
21
5. Família Culicidae- É uma família de insetos comumente
chamados de mosquitos e pernilongos. As fêmeas em muitas
regiões são designadas vulgarmente como melgas ou “ritinhas”.
As fêmeas apresentam antenas pilosas e são muito mais
corpulentas que os machos, que apresentam antenas plumosas,
ilustração 26.
6. Género Aedes - É um género de mosquito originalmente de
zonas tropicais e subtropicais. Os insetos deste género
transmitem doenças tais como: a febre de dengue a febre-
-amarela. A característica do Aedes é o facto do corpo e as patas
serem marcados com riscas pretas e brancas, ilustração 27.
7-Espécie Aedes aegypti: O Aedes aegypti é um mosquito
que pica durante o dia, sendo o oposto do Anopheles, vetor
da malária, que tem atividade no fim da tarde e no começo da
noite. Os seres humanos são as vítimas preferidas do Aedes
Ilustração 27- O mosquito da espécie Aedes aegypti
Ilustração 26- Inseto da família Culicidae
22
aegypti . Relativamente às suas características, possui o corpo
negro e manchas brancas no corpo e nas patas.
O mosquito Aedes aegypti distingue-se do mosquito Aedes
albopictus, pois o primeiro possui no tórax um desenho em forma
de lira com escamas branco-prateadas e o segundo possui uma
faixa longitudinal de escamas prateadas .
23
3. Uma breve abordagem histórica Tendo em conta o Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro, (htto://rio.rj.gov.br), verificamos que a abordagem
histórica se inicia de uma forma ilustrada. Relata a febre-amarela,
uma das doenças preocupantes da sociedade no século XIX
(1876). Deste modo, nessa época, eram implementadas
meios/mecanismos para o combate e prevenção à febre-amarela.
Ilustração 28- Ilustra a seringa como forma de referir a vacinação contra a febre-amarela
Ilustração 29-Preparação das casas para a destruição do mosquito- 1913
Ilustração 30- Medidas de prevenção salientadas na rádio 22/06/1929
Ilustração 31- Planta de identificação de focos- Década de 1940
24
Supõe-se que a origem do vírus dengue está relacionada com os
vírus que circulavam em primatas não-humanos nas proximidades
da península da Malásia. Com o passar do tempo, assistiu-se a um
crescimento populacional, levando a uma proximidade das regiões à
selva e, assim, os mosquitos transmitiram os vírus de primatas
a humanos que, após as várias mutações, transformações,
originaram os quatro serotipos do vírus dengue referidos
anteriormente no trabalho (DENV-1; DENV-2; DENV-3; DENV-4 ),
cujo a numeração está relacionada com a ordem de identificação de
cada serotipo.
O principal vetor, o mosquito Aedes aegypti, espalhou-se para fora
da África durante os séculos XV a XIX, sendo uma das consequências
do aumento do comércio de escravos. No século XVII já falávamos
em epidemias, mas, foi nos anos 1779 e 1780 em que foram
apresentados registos mais concretos acerca do vírus dengue, pois,
Ilustração 32- Cartaz que simboliza toda a história
Ilustração 33- Guardas do serviço de febre amarela examinam vasos de flores e trocam a água por areia, medida de prevenção na reprodução de larvas- Março de 1930
25
uma epidemia assolou a Ásia, África e América do Norte. Desde então
até 1940, epidemias do vírus dengue tornaram-se a repetir.
Foi então que, em 1906, a transmissão por mosquitos do
género Aedes foi confirmada. Em 1907, a Febre de Dengue, assume-
se na história como a segunda doença depois da febre-amarela,
de etiologia viral confirmada.
A propagação da infeção por Dengue durante e após a Segunda
Guerra Mundial tem sido atribuída a perturbações ecológicas, o
mesmo contribui para a propagação de diferentes serotipos da
doença para novas áreas e ao surgimento de Dengue causadora
da Febre Hemorrágica. Na década de 1970, a doença contribuiu para
a mortalidade infantil , aparecendo também na região do Pacífico e
na América. O dengue hemorrágico e a síndrome do choque de
dengue foram diagnosticados pela primeira vez na América do
Sul e Central.
Em suma, após a leitura ilustrada da doença febre-amarela e a
evolução histórica do vírus Dengue, é caso para frisar que até o
século XXI será “uma história inacabada”.
Parte III 1. Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti O Aedes aegypti pode transmitir os seguintes agentes patológicos:
- Vírus Febre-amarela
- Parasita Dirofilaria immitis
- Vírus Chikungunya
- Vírus Ross River
- Vírus Encefalite Equina
- Vírus Dengue
- Vírus Rift Valley
26
- Vírus Zika
- Vírus Wesselsbron
2. Caracterização das doenças
1- Febre-amarela- Segundo a wikipédia, febre-amarela,
também designada como Babonis Amarelus, é uma arbovirose
provocada por um vírus do género Flavivirus, família
Flaviviridae. Normalmente na floresta uma fêmea do mosquito
do género Haemagogus pica um macaco infetado e depois pica o
Homem, transmitindo a doença. Na cidade, o Homem infetado é
picado pela fêmea do Aedes aegypti que depois propaga a
doenças pelas pessoas picadas, ilustração 34. Na América
Central, na América do Sul, na África e nas cidades ocorre um
dos vetores da febre-amarela: o Aedes aegypti.
http://lh5.ggpht.com/-F_G0OyqpjiU/Tl-2INjlrhI/AAAAAAAABME/CXIh7S4aG6I/2011-09-
01%25252013%25252035%25252004%25255B6%25255D.jpg
Ilustração 34 –Ciclo de propagação da febre-amarela onde se representa o ciclo silvestre e o
ciclo urbano da doença.
27
2- Vírus Ross River – Segundo a wikipédia, o vírus de Ross
River é endémico na Austrália, Papua Nova Guiné, Fiji, Samoa,
Ilhas Cook, Nova Caledónia e várias outras ilhas do Pacífico Sul.
Os principais vectores do vírus são o Culex annulirostris, Aedes
vigilax, Aedes camptorhynchus e Aedes aegypti
3- Febre do Vale do Rift (FVR)- Segundo a wikipédia, é a
doença causada pelo vírus do Rift Valley . Os sintomas podem
ser leves (febre , dores musculares e dores de cabeça) e graves
(perda de visão que começa três semanas após a infeção e
infeções do cérebro que provocam fortes dores de cabeça). A
sua transmissão é através do sangue ou animal infetado. A
prevenção da doença em seres humanos é através da vacinação
de animais contra a doença.
4-Dengue: Segundo a wikipédia,”…dengue tem, como
hospedeiro vertebrado, o ser humano e outros primatas, mas
somente o primeiro apresenta manifestação clínica da infeção e
período de virémia de aproximadamente sete dias. Nos demais
primatas, a virémia é baixa e de curta duração. Atualmente,
dengue é a arbovirose mais comum que atinge a humanidade,
sendo responsável por cerca de 100 milhões de casos/ano em uma
população de risco de 2,5 a 3 bilhões de seres humanos.”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Dengue, 10 maio 2014)
4.1-Imunidade- Segundo a wikipédia, "… dengue é
transmitida por várias espécies de mosquito do género Aedes,
principalmente o Aedes aegypti. O vírus tem cinco tipos
diferentes e a infeção por um deles dá proteção permanente
para o mesmo serotipo e imunidade parcial e temporária contra
os outros três. Um contágio subsequente por algum tipo
diferente do vírus aumenta o risco de complicações graves no
28
paciente. Como não há vacina disponível no mercado, a melhor
forma de evitar a epidemia é a prevenção, através da redução
ou destruição do habitat e da população de mosquitos
transmissores e da limitação da exposição a picadas.
5-Chikungunya –Segundo a wikipédia, a febre de
Chikungunya é originada pelo vírus de Chikungunya (CHIKV) do
género Alphavirus, da família Togaviridae. Este vírus é transmitido
ao Homem através da picada de mosquitos infetados, sendo que
os mosquitos envolvidos são principalmente o Aedes aegypti e o
Aedes albopictus. Provoca febre, dores nas articulações e por
vezes dores musculares, dor de cabeça, náuseas, fadiga e prurido.
6-Vírus da encefalite equina oriental – Segundo a
wikipédia, o vírus pertence ao género Alphavirus, da família
Togaviridae, é transmitido por artrópodes sugadores de sangue.
Pode infetar diversos vertebrados , incluindo o cavalo e o Homem.
7-Vírus Wesselsbron – Segundo a wikipédia, o vírus
pertence ao género Flavivirus e é transmitido por artrópodes.
Trata-se de uma infeção aguda que afeta ovelhas, gado e cabras. A
infeção é comum, mas a doença clínica é rara. Nos seres humanos,
a infeção causa uma doença semelhante à gripe não fatal.
8-Dirofilaria immitis- Segundo a wikipédia, a Dirofilariose é
uma zoonose causada pelo nematode Dirofilaria spp., mais
conhecido como verme do coração dos cães, e é transmitida pelos
mosquitos vetores (Aedes spp.). As Dirofilaria spp. são parasitas
dos cães, dos gatos e eventualmente podem parasitar o Homem.
29
9-Zika- Segundo a wikipédia, o vírus pertence à família
Flaviviridae. É considerada uma doença infeciosa emergente
com potencial para se disseminar para novas áreas onde o
mosquito vetor Aedes está presente. Não há evidências de
transmissão do vírus Zika na Europa até à data e casos
importados são raros.
3. Análise das doenças a nível Mundial
Segundo o site Boas Notícias, Alagoas Real, o Departamento de
Saúde da Polinésia Francesa certificou a incidência de febre do vírus
Zika nas ilhas do Tahiti, Moorea, Raiatea, Tahaa, Bora Bora, Huahine,
Nuku Hiva, Hiva Oa, Ua Pou, Hao, Rangiroa, Fakarava, Tikehau,
Takaroa Ahe and Arutua. Do mesmo modo, são consideradas áreas
de risco algumas regiões da África, Ásia e Pacífico Oeste. Até
dezembro de 2013, foram anunciados 99 casos comprovados
laboratorialmente e 35.000 casos presumíveis. Não houve
hospitalizações ou mortes associadas à doença.
Ilustração 35- AS doenças a nível Mundial
30
4. Transmissão do Dengue
4.1 Vírus
O vírus dengue tem apresentando uma história evolutiva, fazendo
parte dos nossos dias. Considera-se que surgiu há cerca de 1000
anos, tendo estabelecido transmissão endémica em humanos apenas
nos últimos 100 anos.
Pondera-se a hipótese do vírus não ser de origem Africana pois, a
presença de todos os quatro serotipos em seres humanos e macacos
foi detetada na Ásia. Deste modo, é sugerível que o vírus tenha uma
origem asiática devido a predominância nesta região.
O vírus dengue é um arbovírus da família Flaviviridae, género
flavivírus, que está relacionado com os vírus que causam a febre-
-amarela e a Encefalite Japonesa. A sua classificação pode ser feita
da seguinte maneira: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 - com
base em características antigénicas e genéticas.
Todavia, a transmissão deste vírus é de reconhecida relevância nos
trópicos sendo paralela com a área de distribuição mundial do Aedes
aegypti.
A dimensão do vírus dengue é relativamente pequena, apresentando
40-50 nm de diâmetro.
31
4.2 O Vírus e o Aedes aegypti
Segundo o Jornal Público, a ilustração 36, tem como fundamento
explicar pormenorizadamente o processo de transmissão do vírus do mosquito Aedes aegypti.
1- Fêmea do mosquito infetada pica uma pessoa durante o dia,
para se alimentar, e transmite-lhe o vírus pela saliva.
2- Vírus replica-se nos tecidos perto da zona da picada ou nos
nódulos linfáticos.
3- Vírus liberta-se desses tecidos, dissemina-se pela corrente
sanguínea e infeta os glóbulos brancos.
4- Vírus liberta-se dos glóbulos brancos e circula pelo sangue.
5- Outros mosquitos ficam infetados quando picam a pessoa
infetada para uma refeição de sangue.
Ilustração 36- Transmissão do vírus
32
6- Os sintomas da febre de dengue surgem quando o sistema
imunitário destrói as células infetadas.
4.2.1 Padrões de Transmissão
A seguinte ilustração 37 tem com objetivo abordar os Padrões
de Transmissão: dengue epidémico e dengue hiperendémico.
Padrões de Transmissão
Dengue epidémico
A transmissão do virus da dengue numa região é
isolado envolvendo apenas um estirpe. Quando há
condições que favorecem a multiplicação dos mosquitos infetados poderá conduzir a
uma epidemia.
É o padrão predominante de transmissão em certas áreas da América do Sul e
África e Ásia, onde a transmissão do dengue
está a reaparecer.
Dengue Hiperendémico
A sua transmissão refere-se à circulação
coincidente com os múltiplos serotipos virais
na mesma região. Em algumas regiões, 5 a 10% da população suscetível é
infetada anualmente.
Ilustração 37- Representação dos padrões de transmissão
33
4.2.2-Ciclo de transmissão do Vírus Dengue
A ilustração 38 apresenta o ciclo de transmissão do vírus dengue. É
dependente de uma interação entre mosquitos infetados e humanos
suscetíveis versus mosquitos suscetíveis e humanos infetados.
Ilustração 38- ciclo de transmissão do vírus dengue
4.2.3-Fatores de Transmissão
Tendo por base Albano (2013) os fatores de transmissão são os
seguintes:
Aumento da densidade do vetor – É após a época de chuva que
os mosquitos tendem a aparecer em maior número. Com base
neste fator, temos que ter em atenção (diariamente) todos os
possíveis locais de criadouro do mosquito nas zonas
habitacionais. Para tal, temos que eliminar todas as fontes de
água parada, controlando assim, esta epidemia.
Diminuir o período de incubação no mosquito - O tempo de
incubação no mosquito está associado com a temperatura
ambiental. Assim, temperaturas mais altas são uma mais-valia
para o mosquito permanecer infecioso.
Ciclo de transmissão do virus da
dengue
Mosquitos infetados
Humanos suscetíveis
Mosquitos suscetiveis
Humanos infetados
34
No Arquipélago da Madeira, com base nos dados recolhidos pelo
IASAÚDE, IP-RAM , parece que os 20ºC são a temperatura a
partir da qual se registam maior número de ovos.
Aumento da densidade de humanos suscetíveis - Condições de
sobrelotação (pessoas) provavelmente aumenta o potencial de
transmissão viral. No entanto, à medida que a prevalência da
infeção anterior aumenta, a fração da população que
permanece suscetível diminui.
5. Sinais e sintomas do vírus Dengue
Segundo Albano (2013) o tempo médio do ciclo é de 5 a 6 dias, e o
intervalo entre a picada e a manifestação da doença chama-se
período de incubação. Depois disso, os sintomas manifestam-se
geralmente a partir do 3° dia depois da picada do mosquito. A
seguinte ilustração 33 faz referência aos sinais e sintomas.
Ilustração 39 –Sinais e sintomas dengue
35
6. Medidas de prevenção contra o vírus Dengue
O vírus dengue ataca o fígado. Quando este órgão está fragilizado
pelo excesso de gorduras, diabetes, hepatites, abuso de
medicamentos e/ou de álcool, sobrepeso ou obesidade, colesterol ou
triglicéridos elevados, a recuperação pode tornar-se mais lenta.
Quanto mais tivermos a consciência que a auto proteção e a proteção
de toda a família contra o Dengue é fundamental, mais rápido o
mosquito perderá a sua força de ação e multiplicação na nossa casa,
cidade, país e planeta!
6.1 Proteção pessoal
Segundo a revista “Eu Sou… Bioforma” de junho de 2013, devemos:
Aumentar o consumo de líquidos e sumos verdes com
vegetais crus porque ajudam a fortalecer as defesas do
organismo evitando e tornando-nos menos suscetíveis ao
ataque dos mosquitos.
O repouso é fundamental para ajudar o organismo a
recuperar, o mais rapidamente possível, das agressões
deste vírus.
Fechar as janelas ao amanhecer e ao anoitecer (horário
em que o mosquito fêmea atua).
Usar mosquiteiros em casa.
Óleos essenciais tradicionalmente usados pela sua ação
repelente de insetos e parasitas. Os óleos essenciais
podem ser usados em difusores no ambiente e também
em sprays.
36
Reduzir a exposição corporal à picada (usando roupa
clara que permita ver os mosquitos sobre a roupa, larga,
manga comprida, calças e meias).
6.2 Proteção ambiental
Segundo informações distribuídas pelo IASAUDE e Câmara Municipal
do Funchal, a prevenção é a principal ação para controlar a
proliferação do mosquito, eliminando sobretudo os ambientes
favoráveis à sua reprodução, ou seja, é de extrema atenção verificar
diariamente todos os possíveis locais de criadouro do mosquito nas
nossas casas, na vizinhança e até mesmo na nossa cidade.
As medidas de saneamento ambiental representam o meio mais
eficaz no controlo dos mosquitos e são uma responsabilidade coletiva.
A par da ação sobre o ambiente, deverão ser tomadas precauções
individuais.
Remover folhas/ galhos que impeçam a água de escorrer
pelas calhas/caleiras.
Não deixar a água da chuva acumulada sobre a laje.
Encher os vasos de plantas com areia.
Se houver vasos de plantas aquáticas é aconselhável trocar
a água do vaso e lavá-lo por dentro com água e sabão.
Entregar os pneus velhos ao serviço da limpeza urbana ou
guardá-los sem água num local coberto e abrigados da
chuva.
Colocar o lixo em sacos de plástico e mantê-los bem
fechados. Não colocar/atirar lixo para terrenos baldios.
Nas sarjetas retirar a água acumulada e cobrir a entrada
com uma rede de metal fina, usar sal de cozinha.
37
Os bebedouros dos animais devem ser lavados e
esfregados todas as semanas. A água deve ser mudada
diariamente.
Manter bem fechados poços, tanques e outros depósitos de
água ou vedar com tela fina.
As piscinas devem ser tratadas com cloro e limpas uma
vez por semana. As desmontáveis, quando não usadas,
devem ser tapadas, desmontadas, esvaziadas ou viradas
para baixo.
As plantas que acumulam água, como as Bromélias, devem
ser evitadas ou em alternativa regar com água e lixívia (2
colheres de chá(10ml) / 1 litro de água).
Parte IV
1. Projecto “Todos contra o Mosquito”
Em parceria com o IASAÚDE, IP-RAM e com o patrocínio da Farmácia
do Caniço e Previpiq, os alunos dos cursos técnicos da Escola
Secundária Jaime Moniz, coordenados pelo professor António Freitas,
puseram no terreno um projecto de combate ao Mosquito Aedes
aegypti no espaço interior e envolvente da escola (ilustração 40).
Ilustração 40 – Logotipo do projecto todos contra o mosquito!
38
1.1 Resultados obtidos na brigada de caça aos
mosquitos no dia 16 de dezembro de 2013
No dia 16 de dezembro de 2013, uma brigada composta por alunos
do Liceu Jaime Moniz, juntamente com professor António Freitas e a
equipa técnica do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos
Sociais IP-RAM, realizaram uma saída de campo ao redor do Liceu
com o intuito de fazer o inventário dos possíveis criadouros de
mosquito, com o objetivo final do combater o mosquito vetor
responsável pela transmissão de dengue, problema que tanto
preocupa e traumatiza toda a comunidade escolar.
As seguintes imagens demonstram todo o trabalho em campo
realizado nesse dia.
Ilustração 41 –Área vistoriada pelas brigadas.
Legenda da ilustração 41 (41A, 41B, 41C, 41D, 41E):
A- Bromélias: com larvas de mosquito (ilustração 41A);
B, D – Pequenos buracos redondos com tubos metálicos com larvas
do mosquito Aedes aegypti (ilustração 41B e 41D);
39
C-Tubos de plástico no pavimento com larvas do mosquito Aedes
aegypti (ilustração 41C);
E- Água estagnada com larvas do mosquito Aedes aegypti
(ilustração 41E).
Ilustração 41A Ilustração 41B
Ilustração 41C Ilustração 41D
Ilustração 41E
Os locais em causa foram secos através da aspiração.
40
1.2- Resultados obtidos nas brigadas da caça aos
mosquitos no mês de janeiro de 2014
Ilustração 42 – Área de trabalho das brigadas
Após várias brigadas realizadas no mês de janeiro, na área
demonstrada na ilustração 42, as mais significativas foram as
seguintes:
6 de janeiro de 2014- Foram encontradas larvas de mosquito
Aedes aegypti na Rua Conde Carvalhal (assinalado na
ilustração 42 com a seta e letra “A”).
Ilustração 43 – tipo de sarjeta ilustração 44 – amostra de larvas
As larvas de mosquito foram detetadas em grande quantidade
numa sarjeta com “decantador”, ilustração 43. O tubo de
escoamento fica acima do nível do fundo da sarjeta, deixando
41
um depósito de água no mesmo. Na ilustração 44 podemos
ver a mostra de larvas retiradas da sarjeta em causa.
No final desta saída de campo ficámos um pouco desapontados, visto
terem sido identificados inúmeros locais que reúnem as condições
ideais para serem potenciais criadouros dos mosquitos. Entre eles
temos as sarjetas com decantador, que formam um criadouro ideal
para o Aedes aegypti; o lixo na rua, deitado pelas pessoas, que
facilmente acumula água; as bromélias nos quintais das moradias;
algumas varandas têm vasos de flores com pratos; e o jardim do
Campo da Barca, onde foi identificada uma grande quantidade de
bromélias.
20 de janeiro de 2014- Foram encontradas larvas do mosquito
Aedes aegypti na Rua Santa Maria. assinalado na ilustração
45, com a seta e número “1”). Todas estas larvas foram
eliminadas. Para além do trabalho de identificação/eliminação
de larvas, a missão passou também por sensibilizar a população
(distribuição de cartazes e folhetos) para terem em conta
alguns cuidados básicos para a eliminação de possíveis
criadouros.
Ilustração 45 – Rua Santa Maria onde está assinalado a sarjeta com larvas de
mosquito
42
1.3. Resultados obtidos pelas brigadas de caça ao
mosquito no dia 3 de fevereiro de 2014
Ilustração 46 – Travessa João Caetano onde está assinalado as duas sarjetas com larvas
No dia 3 de fevereiro de 2014 foram encontradas larvas, ilustração
47, do mosquito Aedes aegypti na em duas sarjetas na Travessa João
Caetano, ilustração 48, assinalado na ilustração 46, com as setas
e letras “A” e “B”).
Ilustração 47- Larvas encontradas Ilustração 48- Sarjeta
43
1.4 Auto-análise das brigadas
Após as saídas de campo efetuadas pelas brigadas ao redor da
escola, resta-me salientar que foi um trabalho muito gratificante,
visto que juntamente com o nosso coordenador António Freitas, com
a equipa do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais
IP-RAM e com os restantes colegas do curso, demos o nosso
contributo no combate ao mosquito Aedes aegypti que tanto tem
causado preocupação à população madeirense desde 2005. Deste
modo, o nosso intuito passou por detetar as larvas existentes em
sarjetas e outros possíveis criadouros e também sensibilizar a
população para os cuidados a ter com as pequenas acumulações de
água (potenciais criadouros de mosquitos), através da distribuição de
cartazes e folhetos. Nos trabalhos realizados foi possível eliminar
algumas das situações detectadas, sendo que os casos que não
conseguimos resolver foram reportados tanto à Câmara Municipal do
Funchal (CMF), através da ferramenta de georreferenciação que a
CMF possui online, como à equipa de combate ao mosquito do
IASAÚDE, IP-RAM, que rapidamente interveio no terreno.
De modo a facilitar o trabalho das brigadas, a área circundante à
escola foi dividida em quatro zonas. A turma foi dividida também em
quatro grupos, cada um responsável por uma área como mostram as
ilustrações, 49, 50, 51 e 52.
44
Illustração 49 – Zona A
Illustração 50 – Zona B
45
Illustração 51 – Zona C
Illustração 52 – Zona D
46
Com os dados recolhidos foi possível construir os mapas onde
podemos observar a localização das sarjetas, com indicação da sua
situação, relativamente à presença/ausência de água, ilustração 53
e presença/ausência de larvas do mosquito Aedes aegypti,
ilustração 54.
Ilustração 53 – mostra as sarjetas que têm água
Ilustração 54 – mostra as sarjetas que têm larvas
47
Todavia, todo o nosso mérito, empenho, dedicação, persistência e
esforço foi também reconhecido nos artigos publicados no Diário de
Notícias, Jornal da Madeira e Tribuna da Madeira e RDP como ilustram
as seguintes imagens. Este facto torna o nosso trabalho muito mais
apelativo, não só para a população residente no Funchal como,
também, para toda a comunidade madeirense. Sendo assim, o nosso
trabalho/luta uma das chaves para ajudar a combater o mosquito
Aedes aegypti.
Ilustração 56- Recorte do Diário de notícias
Deste modo, quero agradecer às técnicas do IASAÚDE, IP-RAM que
nos deram formação no terreno, ou seja, formação ao longo das
brigadas; aos professores da componente Técnica: António Freitas e
Maria Campanário, que contribuíram com um apoio precioso; aos
nossos patrocinadores: Farmácia do Caniço e Previpiq pois, sem
Ilustração 55- Recorte do jornal da Madeira
48
ajuda destes, este trabalho não tinha alcançado os seus objetivos
(inventariação e levantamento topográfico dos criadouros do
mosquito Aedes aegypti; monotorização da atividade do mosquito
com recurso a armadilhas e estabelecimento de indicadores;
eliminação de criadouros nas ruas que rodeiam a Escola;
sensibilização da população que vive junto à escola).
2. Laboratório de Saúde Pública
No dia oito de maio de 2014, juntamente com o professor António
Freitas da componente técnica, deslocámo-nos ao Laboratório de
Saúde Pública, situado na Rua do Seminário (Funchal), com o
objetivo de percebermos de que forma é realizado o trabalho de
vigilância entomológica.
Segundo informações obtidas presencialmente junto dos técnicos do
IASAUDE, a metodologia de monitorização do vetor adotada consiste
em controlar a presença de ovos, com periodicidade semanal, num
conjunto de ovitraps (armadilha de ovos) colocadas em diversos
locais sensíveis. O mosquito Aedes aegypti na sua forma adulta está
a ser monitorizado actualmente quatro vezes por semana através de
uma rede de armadilhas BG-Sentinel Traps, situadas nos concelhos
do Funchal, Câmara de Lobos e no Aeroporto Internacional da
Madeira.
Nas ilhas da Madeira e Porto Santo existem 184 ovitraps, sendo 138
da responsabilidade do IASAÚDE, IP-RAM e 46 da responsabilidade
do Museu de História Natural da Câmara Municipal do Funchal. Estão
ainda colocadas 16 BG-Sentinel Traps da responsabilidade do
IASAÚDE, IP-RAM, apenas na Ilha da Madeira.As Ovitraps são
compostas por um recipiente preto (balde de 10 litros) com água
onde é colocada uma régua revestida por uma fita de veludo
vermelho. É nessa fita que os mosquitos fêmeas fazem a deposição
49
dos seus ovos. Com o actual sistema de monitorização, estas fitas
são recolhidas todas as semanas a fim de serem contabilizados os
ovos aí depositados pelos mosquitos. (ilustração 57).
Uma vez em Laboratório, estas fitas são observadas a microscópio a
fim de ser contado o número de ovos. Para efeitos de estudo e
confirmação de alguma dúvida que possa surgir sobre a espécie a que
pertencem os ovos, algumas dessas fitas são colocados num
recipiente com água, no interior de uma gaiola entomológica, a fim
de eclodirem os ovos aí retidos. (ilustração58). Depois de completo
todo o ciclo das formas imaturas (ovo/larva/pupa), finalmente surge
o mosquito na sua forma adulta. Como forma de alimentação para os
mosquitos é utlizada uma calda de açúcar embebida em algodão (
ilustração 59). Para trabalhos de estudo da espécie, os mosquitos
são retirados destas gaiolas. Para tal é utilizado um aspirador para
sugar o inseto (ilustração 60), ficando este preso no frasco,
protegido por uma rede que evita a sua fuga e uma tampa que
fecha automaticamente após a sucção, impossibilitando que o
mosquito consiga escapar (ilustração 61) .
Ilustração 57- armadilha para captura de ovos de mosquito (ovitrap)
50
.
Para retirar o mosquito do frasco do aspirador para um tubo de vidro
para posterior observação numa lupa binocular é utilizado um
aspirador bocal (possui uma rede de proteção para retenção do
mosquito evitando que este chegue à boca do investigador)
(ilustração 62 e 63).
Ilustração 58- Gaiola entomológica
Ilustração 59- Mistura de
açúcar com água. Algodão embebido na mistura em cima do frasco para alimentar o mosquito
Ilustração 60- Aspirador para sugar o mosquito Ilustração 61- Mosquito preso no frasco
Ilustração 63- Aspirador bocal Ilustração 62- Aspirador bocal
51
2.1. Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti
Segundo as informações do IASAUDE, no Manual de Prevenção do
Dengue 2013, o Aedes aegypti é um inseto que se desenvolve por
metamorfoses, com fases do ovo, larva, pupa em meio aquático e
fase de adulto em meio terrestre.– ilustração 64.
O ciclo de vida completo demora entre 7 a 15 dias e é influenciado
pelos seguintes aspetos: temperatura, disponibilidade de alimentos e
quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro.
Tendo em conta o trabalho de Margarida Clairouin, o
desenvolvimento e metamorfose dos mosquitos tem em conta
as seguintes fases. No caso do Aedes aegypti temos:
a) Fase ovo
Os ovos do Aedes aegypti medem aproximadamente 1mm de
comprimento e possuem uma forma alongada e cilíndrica. A fêmea
deposita entre 30 a 300 ovos de cada vez em recipientes de cor
escura, com água limpa ou pouca matéria orgânica e próximo da
linha de água, espalhando-os em dois ou mais sítios. Na ida ao
Ilustração 64- Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti
52
Laboratório de saúde Pública pudemos observar numa lupa binocular
os ovos, ilustração 65, que estavam colocados na fita de veludo
vermelha, ilustração 66, .
b) Fase Larvar
Caracteriza-se por ser uma fase aquática. As larvas, que apresentam
4 estádios de desenvolvimento, são muito móveis em busca de
alimento e sombra. A duração das fases larvares depende em grande
medida da disponibilidade de alimento, da temperatura e da
densidade larvar, podendo ser de 4 a 7 dias nos trópicos . A
ilustração 67 mostra um tubo branco com várias larvas do mosquito
Aedes aegypti observadas no Laboratório de Saúde Pública.
Ilustração 65- ovos dos mosquitos Aedes aegypti observados macroscopicamente
Ilustração 67- Larvas do mosquito Aedes aegypti
Ilustração 66- ovos dos mosquitos Aedes aegypti observados macroscopicamente
53
c) Fase de Pupa
As pupas também são aquáticas. Nesta fase não se alimenta e respira
por trompetas. Leva aproximadamente 2 a 3 dias para se
desenvolver até à fase adulta em climas tropicais A ilustração 68
mostra a pupa do mosquito Aedes aegypti observado no Laboratório
de Saúde Pública.
d) Fase Adulta
É a última fase do ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti, ou seja, é
o mosquito em si. Relativamente à sua dimensão, mede
aproximadamente 0,5 centímetros, apresentando um corpo com
tonalidade escura e manchas brancas no abdómen e patas. Ao
contrário do macho, a fêmea apresenta um apêndice mais alongado
localizado na cabeça que serve para se alimentarem, uma maior
longevidade e o seu corpo é relativamente superior em relação ao
macho. É a fêmea que pica os humanos, alimentando-se do nosso
sangue, visto ser fundamental para a maturação dos ovos. Os
machos não são hematófagos, alimentando-se de néctar das flores e
Ilustração 68- Pupa do mosquito
54
outras substâncias açucaradas. Mas a ingestão de açúcares não é
restrita aos machos, pois as fêmeas também se alimentam de
substâncias açucaradas para obter energia para o voo e dispersão.
As seguintes ilustrações 69 e 70 dizem respeito ao mosquito Aedes
Aegypti na sua fase adulta, imagens capturadas no laboratório de
Saúde Pública.
Ilustração 69- Observação do mosquito Aedes Aegypti macroscopicamente
Ilustração 70- Mosquito Aedes Aegypti ( fêmea/ macho)
55
2.2. Identificação do mosquito Aedes aegypti
A seguinte ilustração 71 (Contributions of the American
Entomological Institute, Huang (1979)) diz respeito ao esquema do
mosquito Aedes aegypti que apresenta as seguintes características:
Ilustração 71- Esquema Aedes aegypti
56
- Uma seda com 3, 4 ramificações, localizada no sifão, ilustração
72.
Ilustração 72 –Seda com 4 ramificações
- Tem o pécten sifonal com 8-20 espinhas, ilustração 73.
Ilustração 73 –Pécten sifonal
57
- O espinho no tórax é específico no Aedes aegypti, ilustração 74.
Ilustração 74 –espinho no tórax
-pente de espinhos numa fileira localizados no VIII segmento,
ilustração 75.
Ilustração 75 –Pente de espinhos
A ilustração 76 diz respeito ao esquema do mosquito Aedes
albopictus . Este apresenta um pente de espinhos semelhante ao do
mosquito Aedes aegypti, a única diferença reside no tipo de espinho.
58
Ilustração 76 - Diferenças entre os espinhos localizados no pente do Aedes albopictus e do
Aedes aegypti.
Parte V
1. Conclusão
A prova de avaliação final (P.A.F.) é o projeto mais marcante de todo
o curso, pois permite-nos demonstrar as nossas capacidades para
defender o tema que escolhemos, sendo também um reflexo da
nossa aprendizagem.
Na nossa opinião, o nosso projeto é rico em conhecimentos pois, para
além da parte teórica, é possuidor de uma parte prática (brigadas
realizadas ao redor da escola e visita ao laboratório de saúde pública
do Funchal) que, para nós, foi a parte mais gratificante de todo este
trabalho.
Encontrámos larvas de mosquitos e mosquitos adultos nas ruas
envolventes ao espaço escolar. Também foi possível identificar casas
abandonadas com entulho que facilmente se transformarão em focos
e criadores. As situações em causa que não conseguimos resolver
foram reportadas tanto à Câmara Municipal do Funchal (CMF),
através da ferramenta de georreferenciação que a CMF possui online,
59
como à equipa de combate ao mosquito do IASAÚDE, IP-RAM, que
rapidamente interveio no terreno.
Para combater o mosquito no perímetro da escola, além de atuarmos
no interior, temos que sair dela!
Naturalmente que, no decorrer da P.A.F., encontrámos diversas
dificuldades e barreiras que foram ultrapassadas. Foi um trabalho que
exigiu muito de nós, uma vez que não temos formação científica do
secundário, sendo da área das socioeconómicas. Houve momentos
em que pensámos que seria impossível levar esta tarefa a bom porto.
Por vezes, faltou o entusiamo de vê-lo concluído, visto que, quanto
mais aprendíamos, mais informação ia surgindo sobre o assunto,
parecendo que este trabalho nunca mais seria finalizado.
Contudo, acabámos por encará-lo como uma grande batalha, pois as
grandes batalhas são dadas a grandes guerreiros. É com grande
satisfação e orgulho que vemos o nosso projeto terminar e,
sobretudo, pelo facto de termos conseguido realizar um projeto em
que pudemos enriquecer os nossos conhecimentos na área das
ciências. Para além de darmos o nosso contributo para o combate ao
mosquito Aedes aegypti, também aprofundámos os nossos
conhecimentos relativamente ao mesmo.
Parte VI
Bibliografia:
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Funchal, IASAUDE.
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