prova digital a primeira vez de alices no país das maravilhas
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A primeira vez de
Alices no país das “maravilhas”
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Sandro Bitencourt
A primeira vez de
Alices no país das “maravilhas”
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© Copyright 2013, Sandro Limeira Bitencourt
Capa: Jessé Mattos
Revisor do texto: Me. Fernando Cezar Venancio
1ª edição
1ª impressão
(2013)
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou
reproduzida - em qualquer meio ou forma -, nem
apropriada e estocada sem a expressa autorização de
Sandro Limeira Bitencourt.
__________________________________________
Bitencourt, Sandro Limeira
A PRIMEIRA VEZ DE ALICES NO PAÍS DAS
MARAVILHAS Sandro Limeira Bitencourt. Rio de
Janeiro, RJ: Caminho Perfeito,2013,14x20cm, 101p.
ISBN 978-85916312-0-9
1. Cristianismo. Ficção Religiosa. Brasil. Título
__________________________________________
Livro editado pelo
MINISTÉRIO CAMINHO PERFEITO
Tel.: (21) 984533473 - (21) 987678057
e-mail: [email protected]
www.sandrobitencourt.blogspot.com
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Agradecimentos
Ao meu Pai celeste, que me amou de forma
incondicional, mesmo eu sendo um ser tão estranho.
Te amo!
Ao lindo Jesus, que só não desceu daquela
cruz, porque estava pensando em mim, um ser tão
estranho. Te amo!
Ao meu companheiro Espírito Santo, que
ficou comigo aqui neste planeta, me ajudando a
deixar de ser estranho. Te amo!
Aos meus pais Pr. Enoch Bitencourt e
Esther Bitencourt, os quais me ensinaram a ser um
servo de Deus. Gostaria que jamais se esquecessem
de que eu os amo.
A minha linda esposa Ivis Bitencourt. Tu
és um milagre, pois nunca pensei que um homem
como eu fosse merecer um presente como você.
Talvez você seja um brinde da Graça. Te amo!
A todos meus professores de Escola
Bíblica Dominical (comprometidos), que passaram
pela minha vida. Em especial, à tia Janete e à tia Leá
(in memória).
À pastora Sarah Sheeva, por dicas e
orientações super valiosas para construção deste
projeto. Valeu!
6
Ao pastor Fernando Venancio da Igreja
Batista Missionária Betel em Taquara pelo apoio
desde o meu primeiro livro.
Ao pastor Genivaldo Silva pela cobertura
ministerial e pela amizade.
A EIFFEL na pessoa do diácono Mateus
Alves de Lima, por acreditar em mim desde o
princípio do meu eu escritor.
A minha cunhada preferida Ana Paula
Lima pelo carinho, empregado na construção do
material de divulgação.
A Luana Venancio e Isaac Bitencourt pela
participação deste projeto.
À professora Zilda Ribeiro pela acessoria,
sem nem me conhecer e a minha colega de quadra
sem cobertura: Miria Galvão, pelas dicas de
primeiras vezes.
A você que comprou ou ganhou este livro e
que o indicará a alguém. Se você for emprestar,
cuidado! Ele pode não voltar.
A todos que oram e torcem por mim e que
são leitores tanto dos meus livros, quanto do meu
blog www.sandrobitencourt.blogspot.com. Amo
vocês!
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Dedicatória
Dedico esta obra a todas as Alices, que
têm se iludido com as maravilhas deste mundo.
Alices das igrejas, Alices de fora das
igrejas, Alices das famílias, Alices enclausuradas
em si, metalicamente encasuladas na falta de
perspectiva de mostrar para o mundo como seria
lindo o voo de suas asas ou mesmo do sorriso dos
seus lábios.
Dedico-me neste livro, para que as Alices
que conheci e as Alices que conhecerei possam se
libertar de relacionamentos parasitológicos que não
as deixam, sem que antes tenham secado e poluído
as suas fontes de amor, com seus contos banais,
carnais e carnívoros, que as iludem e as submergem
em um romantismo sentimentaloide e alienante que
as afasta do mundo e também as afasta de Deus.
Dedico aos pais das Alices, às mães das
Alices, aos pastores e líderes das Alices. Acordem!
Foi o Diabo que veio para matar, roubar e destruir.
8
Ele não precisa de ajuda, amem as Alices que Deus
tem confiado a vocês. Até quando elas serão
ignoradas?
Dedico à filha que minha esposa e eu
desejamos ter para amar e que chamaremos de Alice
ou que virá com outro nome, mas, ainda sim, será
Alice.
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Sumário
Uma apresentação diferente.................................11
Introdução ........................................................... 13
O início .................................................................17
No jardim ..............................................................20
A árvore, a garrafa e o bolo ...............................25
O coelho branco com relógio no bolso.................31
A duquesa, o cozinheiro e a criança leitão..........35
O chapeleiro e a lebre de março .........................41
O lago de lágrimas................................................45
O rei e a rainha de copas .....................................59
Apenas a rainha de copas.....................................63
10
Um gato sem sorriso. Um sorriso sem gato.........71
Rosas brancas lindas, mas deveriam ser
vermelhas ..............................................................74
O encontro com o mundo real..............................79
De volta para o jardim..........................................86
Carta para Alices .................................................95
Sobre o autor.......................................................101
Outras obras........................................................103
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Uma apresentação diferente
Rapaz! Terminei de ler o seu livro ontem, e
tenho a dizer muitos predicados alegres referentes à
sua obra literária... Você conseguiu captar a essência
de um bom romance e manteve sua estrutura
categórica e característica. Teve o beijo de eternos
namorados; a paixão que em turbilhões emotivos
põe a alma; a conquista nos dizeres de um olhar; o
abraço que refugia um pobre coração; carinhos
indeléveis ao fechar de olhos; e os sorrisos rutilantes
que só pode dar quem realmente ama; além disso,
dramatizou de forma triunfal toda trama que
acontecia, não esquecendo nunca do foco principal.
A situação embaraçosa que permeava na vida
de Alice, que de fato é um dos maiores problemas
sociais vividos pela nossa pátria, nosso amado país!
Deu ao leitor o direito de imaginação, de
criação, na mentalização e materialização dos
cenários de forma detalhista, que por sinal causa
trabalho e suor ao autor.
Seu enredo me trouxe reflexões, dantes
esquecidas, porém agora, priorizadas. Profundas
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reflexões tais qual uma ostra aos sete mares, ou a um
sentimento que a sete chaves se guarda.
Que presente! Que privilégio! Que honra!
Quisera eu dar-te já um abraço saudoso e demorado,
em prol desta literatura que me embasbacara.
Eu, simples leitor, posso lhe afirmar que esta
veia poética e romancista fará de você um degrau a
subir para nossa cultura.
Entre diversas formas de se apregoar o
Evangelho de Cristo, tu escolheste de forma pioneira
(até o meu conhecimento) o gênero romântico, e se
saiu muito bem. Em cada linha e em cada página o
Espírito Santo se fez presente, como quem aguarda
uma oportunidade. Total inspiração foi o que senti!
Muitas vezes, meu caro, o autor não
consegue passar o que sente e o que pensa, ou como
ele enxerga o mundo. Mas seus leitores saberão o
ponto exato onde você quis chegar e não será
necessário abrir todas as páginas deste livro, bastará
abrir o coração.
Bruno Ferreira
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Introdução
Em tempos em que vampiros e lobisomens
tornam-se mocinhos, em que contos de fadas viram
contos de terror, em que a cultura é sufocada pelas
marcas e grifes, e as canções são trocadas por berros
de remix.
Tempos nos quais o português, o francês e
o espanglês perdem espaço para se tornarem reféns
do pornografês.
Nestes tempos ou neste tempo em que
tenho visto tantos adolescentes dormindo sem
sonhar e, quando acordados, não param de babar.
Tempos em que a cabeça parou de escolher
a roupa para vestir o corpo. Sim! Agora é a roupa
que escolhe o corpo, que serve para vestir a cabeça.
Tempos em que a importância do batom
não é mais de enfeitar os lábios antes sábios. Porém,
de tornar bonita a boca que se embica em uma nova
forma deformada de não ter ou não saber o que falar.
Tempo em que a maquiagem não maquia
mais o rosto, mas os sentimentos.
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Tempo em que as unhas deixaram de ser
garras, para se tornarem pedaços do corpo, plástico
ou acrigel que deixam defeituoso todo o corpo, se o
esmalte estiver borrado.
Tempo em que os brincos servem para dar
sentido à existência de um órgão que as adolescentes
não querem mais usar.
Tempo do corpo outdoor poliglota, no qual,
se a língua não serve para beijar, só lhe resta o
paladar.
Sim! Foram estes tempos que me moveram
a escrever e digitar. Por causa destes tempos, pedi ao
Espírito Santo para me inspirar.
Construir um tempo de ajuntar e plantar, de
abraçar e amar, tempo para deixar de apenas dormir
e acordar, mas aprender a sonhar. Tempo de
escrever um novo tempo para todas as meninas que
pensam que são mulheres.
Ainda dá tempo de fazer alguma coisa,
pois, ainda que elas pensem erradamente, o certo é
que elas ainda pensam e, se pensam, ainda existem.
Existem no tempo no qual a moda é agir
sem pensar. Se a moda é não pensar em coisa
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nenhuma, será difícil para elas pensarem em ser
alguma coisa que por si mesma exista, antes que
suma.
2 beijos e 2 abraços
Sandro Limeira Bitencourt
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OO IINNÍÍCCIIOO
““...... nnaa ssoommbbrraa ddaa ssuuaa mmããoo mmee eessccoonnddeeuu,, ffeezz--mmee qquuaall
uummaa fflleecchhaa ppoolliiddaa......”” IIssaaííaass4499:: 22
17
OO IINNÍÍCCIIOO
...23h, 45min e 20s, algo espetacular está
acontecendo.
Em meio a uma guerra, um encontro
começará uma história intensa.
Dois agentes envolvidos, vindos de
exércitos diferentes têm vinte e três códigos secretos
que precisam ser unidos, para que a revolução possa
acontecer. Em meio à escuridão, todo o exército lá
fora está sendo dizimado, mas os quarenta e seis
códigos começam a ser interpretados, graças a uma
luz que brilha no céu.
Semanas são gastas na elaboração e na
construção. A bomba responsável pelo sistema
começa a funcionar com toda força, fazendo com
que fique forte o suficiente para não quebrar, caso
algumas interferências externas tentem danificá-la.
Tudo funciona, enquanto ela é restaurada.
Alguém do lado de fora percebe que algo
está acontecendo e todo o plano secreto começa a ser
ameaçado, mas esta pessoa não consegue ver nada.
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Percebe-se que, do lado de fora, tentam
descobrir com as mãos alguma pista sobre a
máquina.
Meses se passaram com a bomba em plena
atividade. Chegou a hora de ver o funcionamento
mecânico, só que agora toda esta movimentação não
tem como passar despercebida. Todo dia a mesma
pessoa tenta ter acesso, pode-se ouvir, várias vezes,
a sua voz pelo lado de fora durante o dia.
Já era! Tudo foi descoberto e não há mais
segredo! Daqui a, mais ou menos, cinco meses será a
primeira vez que todos verão o seu funcionamento
do lado de fora realmente como é.
Chegou a hora dos testes externos.
Alice vai nascer.
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NNOO JJAARRDDIIMM
““AAnntteess qquuee eeuu ttee ffoorrmmaassssee nnoo vveennttrree ttee
ccoonnhheeccii......”” JJeerreemmiiaass11::55
20
NNOO JJAARRDDIIMM
Primeiro contato com a luz.
Primeiro contato com alguém estranho.
Primeiro choro.
Primeira vez vendo um homem passando
mal e desmaiar.
Primeira visão de um sorriso misturado
com choro.
Primeiro beijo.
Primeiro furo de agulha.
Primeiro grito de raiva.
Primeiro banho, primeiro agasalho.
Primeiro colo.
Primeiro trajeto.
De novo, o primeiro sorriso agora sem
lágrimas.
Primeiro melhor colo.
Primeiro abraço.
Repetição do primeiro beijo.
Primeira vez no peito.
Primeiro leite.
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Hum! Delícia!
Primeiro sono.
Primeiro acordar.
Primeira prova de roupa.
Primeira visita.
Primeira descoberta sobre o homem que
desmaiou.
Primeira visita dos avós.
Primeira dos tios.
Primeira visita dos primos.
Primeira visita dos irmãos da igreja.
Primeira visita do pastor.
Primeira oração.
Primeira explosão de sons.
Primeira audição de gargalhadas.
Pausa na oração.
Primeira troca de fraldas.
Primeira troca de roupa.
Primeiro Amém.
Primeiro passeio de carro.
Primeira casa.
Primeiro berço.
22
Primeira mamadeira por causa da
perturbação da avó dizendo que o leite da mãe
estava fraco.
Primeira cólica por causa da mamadeira.
Primeira vez vendo o pai reclamando da
sogra.
Primeira vez do pai trocando fralda.
Primeira fralda que caiu.
Primeira vez agarrando o cabelo do papai.
Primeiro xampu natural do papai.
Primeiro arroto.
Primeiro brinquedo.
Primeira babá.
Primeira creche.
Primeiro amiguinho.
Primeira escola.
Primeiro recreio.
Primeiro piolho.
Primeiro pente fino.
Primeiro “Ai mãe!”.
Primeira briga na escola.
Primeiro castigo.
Primeira prova.
23
Primeira formatura.
Primeira férias.
Primeiro ano com oito professores.
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AA ÁÁRRVVOORREE,, AA GGAARRRRAAFFAA EE OO BBOOLLOO
““......ppeellaa ddoorr ddoo ccoorraaççããoo oo eessppíírriittoo ssee aabbaattee..””
PPrroovvéérrbbiiooss 1155::1133
25
AA ÁÁRRVVOORREE,, AA GGAARRRRAAFFAA EE
OO BBOOLLOO
Alice acaba de fazer 11 anos e está indo
para sua escola nova. É seu primeiro dia de aula no
6º ano (antiga 5ª série) e a única coisa que ecoa em
sua mente é a fala de sua antiga professora, a tia
Esther: “ Eu estou tão triste por perder vocês, pois
agora não terão mais a tia, serão vários
professores, o que exigirá muito compromisso,
porque eles não terão a mesma paciência com vocês
como eu tinha”
Alice entra na sala para sua primeira aula e
não entende o porquê da metade da turma estar do
lado de fora. Ela se assenta na primeira cadeira e
pensa na fala de sua antiga professora e chega à
conclusão de que aquele discurso cheio de amor não
estava ajudando em nada, com toda aquela
expectativa pela sua primeira aula, que seria de
geografia.
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De repente todos os alunos entram
correndo e se assentam em silêncio. Alice fica
apreensiva com os olhos arregalados, quando ela
começa a ouvir um barulho do solado de borracha
rangendo no chão, com alguns sons de golpes de
madeira ecoando por aquele corredor frio de piso cor
de barro.
Alice começa a suar e se lembrar das
palavras de suas professoras da Escola Bíblica
Dominical. Tia Janete e tia Leá diziam que, quando
se sentisse com medo, ela deveria orar. Foi o que
Alice fez, começou a orar:
“Pai Nosso que está no céu. Santificado
seja teu nome. Venha a nós o teu reino, seja feita a
tua vontade assim na Terra como nos céus.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje.
Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos
aos nossos devedores.
Não nos deixe cair em tentação, mas....”
No meio de sua oração, ouve o barulho da
porta da sala se abrindo.
Alice começa a tremer por conta da mistura
da expectativa com o medo:
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Teu é o reino, o poder e a glória para
sempre...
Entra o professor:
– Bom dia Senhores!
Amém!
Alice terminou sua oração, com uma
sensação estranha, como se tivesse esquecido algo.
Quando viu o professor entrar na sala, sua imagem
aterrorizante causou-lhe um choque desfibrante em
seu coração.
Livrai-me do mal, livrai-me do mal, livrai-
me do mal... Amém.
O professor era um homem baixo, calvo,
pele tão branca, quase rosa, olhos azuis, barrigudo,
descendência italiana e vestia um jaleco branco
puído, com uma caneta azul e uma vermelha no
bolso e uma bengala macabra.
Assim que ele entrou, começou a dizer que
seria professor da turma e que, a partir daquele
momento, os alunos começariam a estudar o planeta
em que viviam, salvo os alienígenas que estavam
entre eles de visita, mas que ele iria exterminar.
28
Neste momento, falou que queria que
algum aluno fosse à frente da turma. Alice começou
a suar frio, pois ninguém se habilitou e ela temia ser
chamada.
Ele passou pela cadeira de Alice como se
fosse um lobo dentro de um galinheiro. Alice tinha
ficado mais tranqüila, pois ele já tinha saído do seu
lado, quando então ela sente a ponta de sua bengala
encostando-se a seu ombro e a sua voz roca dizendo:
“Você minha filha, vá até o quadro negro.”
Ela levantou-se e, quando chegou lá na
frente, ele perguntou:
“ Senhorita, preste atenção no que vou lhe
perguntar: Estando você no planeta Terra à noite,
olhando para cima, fora as estrelas, o que você vê?”.
Alice – A Lua?
Professor – Você está me perguntando ou
respondendo? Decida!
Alice – A Lua.
Professor – Muito bem senhorita. Agora,
digamos que você está na lua olhando para baixo. O
que você vê?
Alice – O Planeta Terra.
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Professor – Não!!! Sua ignorante! Você vê
o seu pé!!!
Nesta hora a turma inteira começou a rir,
então ele golpeou a mesa de Alice com sua bengala
e aos berros mandou que todos calassem a boca e
que Alice se assentasse.
Alice, gelada e com os olhos cheios de
lágrimas, assentou-se. Seu pavor era tão intenso que
sua menstruação, que estava por vir, desceu na hora,
então ela correu, para se assentar em sua cadeira.
O sinal tocou e todos saíram. Quando Alice
foi se levantar, percebeu que sua saia estava suja.
Então, envergonhada com o que tinha acontecido,
não quis se levantar.
30
OO CCOOEELLHHOO BBRRAANNCCOO CCOOMM RREELLÓÓGGIIOO
NNOO BBOOLLSSOO
““OO aammoorr éé ssooffrreeddoorr,, éé bbeenniiggnnoo;; oo aammoorr nnããoo éé
iinnvveejjoossoo;; oo aammoorr nnããoo ttrraattaa ccoomm lleevviiaannddaaddee,, nnããoo ssee
eennssoobbeerrbbeeccee..”” 11 CCoorríínnttiiooss 1133::44
31
OO CCOOEELLHHOO BBRRAANNCCOO CCOOMM
RREELLÓÓGGIIOO NNOO BBOOLLSSOO
Pedro foi o último menino a sair da sala.
Quando viu Alice sentada chorando, voltou, sentou-
se do seu lado e começou a conversar com ela.
Pedro – Oi! Tudo bem?
Alice – Não.
Pedro – O que você está sentindo?
Alice – Nada, só não quero falar.
Pedro – Não fica assim não, isso vai passar.
Você verá, todos vão esquecer.
Pedro, tomado por um sentimento de
compaixão, deu um abraço em Alice. Foi a primeira
vez que ela sentiu seu coração acelerar de uma
forma diferente.
Alice pediu para que Pedro chamasse a
inspetora. Quando ela chegou, Alice chorando de
vergonha disse que precisava de ajuda para sair da
escola por estar menstruada e suja.
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A inspetora lhe trouxe roupa e ligou para
sua casa, para que sua mãe a viesse buscar.
Meses passaram e Alice sempre foi uma
boa aluna, juntamente com Pedro. Suas notas eram
excelentes! Alice até havia feito algumas amizades,
mas Pedro era sua companhia preferida.
Eles desciam juntos para o recreio, um não
entrava e nem saía da escola, sem que o outro
estivesse junto.
Quando Alice chegava a casa, a primeira
coisa que fazia era se trancar em seu quarto e gastar
vários minutos em conversas infindáveis com Pedro
pelo telefone. A conversa só acabava, quando seu
pai ou sua mãe descobriam que ela estava ao
telefone e gritavam com Alice pela extensão mesmo.
Onde estudavam, havia muitas turmas de
uma mesma série, pois a escola era muito grande,
eram dois prédios enormes. Alice e Pedro estavam
na turma 601, que era a turma dos melhores alunos.
Quando Alice ia ao banheiro, sempre
caminhava muito rápido, visto que tinha de passar na
frente das turmas 607, 608 e 609 (as turmas dos
repetentes). Os alunos destas turmas eram grandes e
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em sua maioria desajustados. Alguns meninos
ficavam dizendo coisas inconvenientes para ela.
Aquelas falas grosseiras deixavam Alice
amedrontada, ela temia sofrer algum ataque, sofria
em pensar que algum daqueles meninos fosse hostil
com ela. Tinha medo, pois sabia que sua frágil
estrutura não seria capaz de resistir fisicamente
àqueles garotos de imagem aterrorizante.
34
AA DDUUQQUUEESSAA,, OO CCOOZZIINNHHEEIIRROO EE AA
CCRRIIAANNÇÇAA LLEEIITTÃÃOO
““AAlleeggrreemm--ssee tteeuu ppaaii ee ttuuaa mmããee,, ee rreeggoozziijjee--ssee aa qquuee
ttee ggeerroouu..”” PPrroovvéérrbbiiooss 2233::2255
35
AA DDUUQQUUEESSAA,, OO
CCOOZZIINNHHEEIIRROO EE AA
CCRRIIAANNÇÇAA LLEEIITTÃÃOO
Certo dia, ao descer para o recreio sozinha,
já que Pedro havia faltado por estar com febre, Alice
teve uma sensação ruim antes de passar pela porta
daquelas turmas de transviados. Quando estava
próxima à turma 609, dois alunos a puxaram pelo
braço e a arrastaram lá para dentro. Alice tentava
escapar, porém seu esforço era em vão. Eles a
puxaram e fecharam a porta, pois a turma deles
estava em tempo vago na quadra,
Eles estavam esperando que Alice passasse
e, quando conseguiram pegá-la, começaram a
atormentá-la. Diziam que só a soltariam se ela os
beijasse, pois era muito bonita.
Alice se recusou e começou a lutar para
escapar daqueles meninos. Entrou em estado de
pânico e começou a gritar. Nesse momento, um
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deles a agarrou pelo pescoço e mandou que se
calasse, ameaçando-a com punhos cerrados em
direção ao seu rosto. De repente, um menino a
puxou pela cintura e a beijou na boca. Ela ainda
estava enojada, quando outro menino a pegou com
força e também a beijou, além de lamber o seu rosto.
Os dois ainda ficaram brincando com Alice
como se fosse um brinquedo jogando-a de um lado
para o outro.
Quando Alice percebeu que um dos
meninos começara a tocá-la, ela se jogou no chão e
implorou para que eles a soltassem.
Aqueles meninos começaram a rir dela
dizendo que agora sim ela poderia descer para o
recreio.
Aos prantos, Alice desce correndo para o
banheiro e tenta limpar sua boca enchendo com água
e cuspindo. Fazia isso várias vezes, intercalando
com as fortes sensações de vômito que vinham até a
sua garganta. Chorava compulsivamente.
Foi a primeira vez que Alice foi beijada,
mas, infelizmente, este foi seu primeiro trauma. Não
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era isso que Alice esperava do seu primeiro beijo,
com certeza não era.
Quando chegou a casa, Alice correu para o
banheiro e ainda de roupa entrou debaixo do
chuveiro. Sentada no chão se pôs a chorar, contudo
as gotas daquele banho não eram capazes de lavar
sua alma e seus sentimentos manchados pelas
tristezas.
Alice saiu do banho e passou o resto da
tarde quieta, calada, mas seus pais nem perceberam
a mudança de comportamento. Ela também não
falou o que havia acontecido, pois tinha medo de
que seu pai a condenasse. Toda vez que tinha
alguma notícia na televisão, de meninas que foram
abusadas e molestadas sexualmente por homens, seu
pai dizia que a culpa era delas, por agirem de forma
chamativa e que, se fossem descentes, não passariam
por aquilo.
Seu pai adorava ver aqueles programas em
que os apresentadores ficavam gritando e fazendo
sensacionalismo.
Alice tinha medo de que seu pai pensasse
ou a acusasse de ter se insinuado para os meninos
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que a molestaram e agisse com ela através de
brutalidade, pois seus métodos de correção eram
sempre acompanhados de doses desmedidas de
violência.
Ao amanhecer, sua mãe, ao perceber que
Alice ainda dormia, correu aos gritos em direção ao
seu quarto e mandou que ela se arrumasse, já que
estava atrasada para escola.
Alice pediu para ficar em casa, mas sua
mãe negou. Alice começou a chorar e implorou para
não ir, então sua mãe lhe perguntou o porquê, mas
ela tinha vergonha e medo de seu pai, por isso não
falava.
Seu pai Daniel, ao ver toda aquela
movimentação, veio em sua direção e perguntou o
que estava acontecendo. Alice chorava dizendo que
não queria ir para escola, então ele a puxou pelos
cabelos e aos berros disse:
“Qual é o teu problema? Você só tem de ir,
ficar sentada lá e estudar! Qual a dificuldade que
uma adolescente pode ter em ir estudar?! Eu não
trabalho que nem um imbecil para filho escolher se
vai ou não para escola! Você vai e pronto!”
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Seu pai não conseguia ver e entender o que
se passava nos olhos de Alice, se parasse só um
pouquinho, perceberia através dos olhos
amedrontados de Alice que algo de terrível tinha
acontecido com sua filha e que algo a estava fazendo
sofrer na escola.
Ela gritava dizendo que não iria, então
nesse momento, seu pai retira seu cinto e marca suas
pernas com três golpes de correia, ele dizia que era o
Pai, o Filho e o Espírito Santo corrigindo.
Toda vez que seu pai a agredia, dizia que
estava fazendo o que a Bíblia mandava.
Alice, pela primeira vez, sentiu raiva de ser
crente e sentiu raiva de Deus por causa de seu Pai.
40
OO CCHHAAPPEELLEEIIRROO EE AA LLEEBBRREE DDEE
MMAARRÇÇOO
““PPoorrqquuee aaqquuiilloo qquuee tteemmiiaa mmee ssoobbrreevveeiioo;; ee oo qquuee
rreecceeaavvaa mmee aaccoonntteecceeuu..”” JJóó 33::2255
41
OO CCHHAAPPEELLEEIIRROO EE AA
LLEEBBRREE DDEE MMAARRÇÇOO
Alice foi para escola com suas pernas
doloridas e marcadas. Havia muita mágoa em seu
coração contra seu pai e sua mãe, mas o sentimento
que tinha por seu pai era muito mais sofrido e
doloroso.
Chegando ao portão da escola, encontrou
aqueles dois meninos, os quais começaram a rir e a
fazer gestos para ela. Nessa hora, o desespero toma
conta da alma de Alice, que resolve matar aula pela
primeira vez. Quando ela se virou para ir embora,
esbarrou em Pedro, que vinha correndo por conta do
atraso, então ele pergunta:
Pedro – Aonde você vai, Alice? Nós
estamos atrasados!
Alice – Eu não quero entrar na escola!
Pedro – Por quê?
Alice – Não importa! Eu vou embora!
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Preocupado com Alice, Pedro resolve ir
atrás dela e encontra-a sentada na praça.
Pedro chega perto, fica ao seu lado e diz:
Pedro – O que houve?
Alice não consegue responder e começa a
chorar.
Pedro – Fala comigo, Alice! Alguém te fez
alguma coisa?
Ela aos poucos foi falando o que tinha
acontecido. Suas lágrimas desciam como um rio
liberto de uma represa.
Pedro foi ficando transtornado e, tomado
pela raiva, levanta dizendo que não deixaria barato o
que aqueles garotos haviam feito. Eles não podiam
ficar impunes, mas Alice com medo de represálias e
de que Pedro sofresse alguma agressão não deixou
que ele tomasse nenhuma atitude, pois tinha medo
que o fato piorasse.
Pedro jurou a ela que, daquele momento
em diante, estaria sempre ao seu lado. Então eles
combinaram que, se ele faltasse, ela faltaria também
e que ela fingiria, para seus pais, estar passando mal.
E assim acontecia. Cada vez que Pedro tinha de
43
faltar, fosse por qualquer motivo, Alice inventava
algum tipo de dor para não ter que ir à escola.
O tempo passou e a amizade deles crescia e
se solidificava cada vez mais. Algo forte estava
nascendo entre eles, mas eles não sabiam e nem
percebiam.
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OO LLAAGGOO DDEE LLÁÁGGRRIIMMAASS
““OO mmeeuu rroossttoo eessttáá ttooddoo aavveerrmmeellhhaaddoo ddee cchhoorraarr,, ee
ssoobbrree aass mmiinnhhaass ppáállppeebbrraass eessttáá aa ssoommbbrraa ddaa
mmoorrttee::”” JJóó 1166::1166
45
OO LLAAGGOO DDEE LLÁÁGGRRIIMMAASS
Na noite seguinte, Alice entrou em seu
quarto e orou com muita mágoa de Deus. Ela dizia,
em sua oração, estar muito triste por ter sido
abandonada e ter passado por tudo aquilo, mesmo
sendo ativa na igreja através do trabalho com os
adolescentes. Cobrava uma explicação de Deus, mas
não ouvia nenhuma resposta.
Alice adormeceu e sonhou com duas
pessoas, mas não conseguia discernir se era homem
ou mulher, pois delas era espargida muita luz. Neste
sonho, apenas uma das pessoas se apresentou e Alice
perguntou o seu nome. No entanto, apesar de a
pessoa movimentar os lábios, como se estivesse
falando, nenhuma resposta saía de sua boca. Em
razão disso, Alice perguntou para a outra pessoa do
porquê não falar com ela. A pessoa dizia que estava
respondendo, mas ela não podia ouvir por estar
surda.
Alice – Como posso estar surda, se eu
estou te ouvindo? É ele que não está falando. Mas
46
aquela pessoa lhe dizia que a outra estava falando
sim, porém a sua surdez não permitia que ela
ouvisse aquela voz e que talvez precisasse de uma
forma diferente de ouvir, sem usar os ouvidos.
Então, o homem que Alice não conseguia
ouvir estendeu as mãos em sua direção. Em cada
mão havia um convite, um bem simples e outro bem
luxuoso, mas a outra pessoa advertiu Alice, para que
pensasse bem, pois poderia escolher apenas um e
não poderia voltar atrás. Alice se encantou pelo belo
convite e o escolheu. Quando o abriu, nele estava
escrito Provérbios 14:12
De repente um forte flash fez com que ela
fechasse os olhos e, quando se abriram, Alice
percebeu que estava em seu quarto. Portanto,
entendeu ter sido tudo aquilo apenas um sonho
estranho, fruto de sua imaginação.
Ainda perturbada com aquela visão, Alice
olhou para seu celular e viu que ainda eram 3h da
madrugada do dia 23 de Julho, então voltou a
dormir.
Alice estava envolvida no ensaio de um
musical de páscoa, que os adolescentes de sua igreja
47
realizariam. Ela, além de cantar muito bem, gostava
de toda aquela expectativa e agitação para os
preparativos de cada evento de que participava. Era
uma das vozes principais da igreja. Era difícil haver
um casamento para o qual ela não fosse convidada
para cantar. Às vezes, não era convidada para a
festa, apenas para cantar, mas ela nem se importava,
pois o que Alice queria era cantar.
Quando chegou à escola, foi decidida a
convidar Pedro para vê-la cantar. Ela estava
esperando-o no portão da escola e o viu chegar.
Abraçou-o dizendo que tinha um convite. Na mesma
hora, Pedro disse que era uma tremenda
coincidência, pois também tinha um convite para
ela.
Alice disse que ele deveria fazer o convite
primeiro.
Pedro – Tá bom. Eu quero te convidar para
irmos ao cinema nesse domingo.
Alice, meio entristecida, disse para ele que
não daria, pois o seu convite era justamente que ele
fosse vê-la cantar em sua igreja naquele mesmo
48
domingo, pois participaria de um musical e que seria
uma das solistas.
Pedro argumentou que não gostava de
igrejas, pois ao lado de sua casa existia uma que
fazia muito barulho e, por isso, odiava crente.
Alice – Mas eu sou crente, Pedro! Você me
odeia?
Pedro – Não! De você eu gosto, mesmo
sendo crente, porque você não fica tentando me
converter e me falando de Jesus toda hora. Às vezes,
eu nem me lembro de que você é crente.
Alice se sentiu estranha ouvindo aquelas
palavras, mas replicou:
Alice – Mas minha igreja não é assim! Lá
cantamos e oramos baixo.
Pedro – Vamos fazer assim: você vai ao
cinema comigo à tarde e de lá nós vamos para a sua
igreja. Porém, eu só vou ver você cantar, porque eu
acho sermão de pastor um saco.
Alice sabia que deveria chegar mais cedo
para organizar suas falas e roupas para o musical.
49
Esta foi a primeira vez que Alice ficou em
dúvida entre escolher servir à igreja ou a uma
amizade, entre servir a Deus e as vontades dela.
Alice – Está bom! Mas eu não posso me
atrasar. A gente vê o filme e vai direto para minha
igreja.
Pedro – Ótimo! Estamos combinados
assim. Eu a busco na sua casa.
Alice – Não precisa. A gente se encontra
lá.
Na verdade, Alice não queria que Pedro
fosse a sua casa, pois ela sabia que sua mãe e seu pai
não permitiriam aquele encontro, ainda mais com o
musical que aconteceria no mesmo dia.
Chegado o Domingo, Alice foi para escola
dominical, mas a voz da professora ecoava longe de
seus ouvidos e de sua mente, ela estava preocupada
com o que falar para sua mãe.
Acabando a aula, todos foram para o
templo. O ministro de louvor estava falando à igreja,
mas ela só pensava na mentira que inventaria para
seus pais, que estavam no banco de trás.
50
Enquanto ela arquitetava toda história, o
ministro começou a cantar uma música do Marcos
Witt:
“Teus olhos revelam que eu
Nada posso esconder
E que não sou nada sem Ti
Oh, fiel Senhor
Tudo sabes de mim,
Quando sondas o meu coração
E tudo podes ver, bem dentro de mim
Leva minha vida a uma só verdade
Que quando me sondas nada posso ocultar
Sei que Tua fidelidade
Que leva minha vida mais além
Do que eu posso imaginar
Sei que não posso negar
Que os Teus olhos sobre mim
Me encha da sua paz”
Foi a primeira vez que Alice sentiu o que
era ser sondada por Deus. Era uma sensação de
como se um vento muito forte soprasse dentro do
seu quarto e, estando sozinha, não conseguisse
51
fechar a janela ou segurar as folhas de seu diário,
que voavam por todo o quarto até que, pela janela,
seus segredos fossem revelados.
Pela primeira vez, Alice chora em um culto
ao se sentir diante de Deus, mas sem coragem de
levantar seus olhos ou mesmo olhar para a capa de
sua Bíblia, pois sua imagem lhe cortava o coração.
Após o louvor, o pastor pediu que todos
abrissem as Bíblias no livro de Salmos 139:
SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Tu sabes o meu assentar e o meu levantar;
de longe entendes o meu pensamento.
Cercas o meu andar, e o meu deitar; e
conheces todos os meus caminhos.
Não havendo ainda palavra alguma na
minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo
conheces.
Tu me cercaste por detrás e por diante, e
puseste sobre mim a tua mão.
Tal ciência é para mim maravilhosíssima;
tão alta que não a posso atingir.
52
Para onde me irei do teu espírito, ou para
onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no
inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas
extremidades do mar,
Até ali a tua mão me guiará e a tua destra
me susterá.
Se disser: Decerto que as trevas me
encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.
Nem ainda as trevas me encobrem de ti;
mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a
luz são para ti a mesma coisa;
Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no
ventre de minha mãe....
Nesse momento, Alice levanta do seu lugar
e pede para sua mãe levá-la embora, porque alegava
estar passando mal, o que realmente estava
acontecendo.
Sua mãe, preocupada e sem entender como
sua filha teria piorado de uma hora para outra,
levantou, chamou seu marido, no entanto ele se
negou a sair, por estar na hora do sermão. Dizia que
53
Alice podia esperar e que, se ela estava bem na hora
do louvor e começou a passar mal naquela hora, é
porque era obra do diabo.
Apesar de Alice saber que ele não estava
tão equivocado assim, sentiu-se indignada pelo
descaso de seu pai pelo estado dela, por nem se
importar se ela estava passando mal.
Alice insistiu com sua mãe e as duas foram
para casa andando, apesar de ser muito longe. No
caminho para casa, o pai de Alice passou de carro
por elas, olhou e, gritando pela janela, disse que elas
aprenderiam a não sair mais no meio do culto.
Depois, acelerou o carro e foi embora.
A mãe de Alice tentou disfarçar, mas não
conseguiu esconder sua tristeza e começou a chorar.
Alice sentiu-se mal por fazer sua mãe passar por
aquilo, porém o ódio pelo seu pai era muito maior e
conseguia abafar todo seu remorso.
As duas chegaram a casa. Sua mãe foi para
cozinha preparar o almoço e Alice foi para o quarto.
Chegava a hora do plano arquitetado ser
colocado em ação. Alice vai até a sua mãe e diz para
ela que iria para casa de uma adolescente da igreja,
54
pois as duas haviam combinado de se maquiarem
para o musical do culto da noite. Sua mãe acreditou,
pois Alice jamais tinha mentido para ela.
Alice então pegou sua roupa do musical,
colocou em uma mochila e foi ao encontro de Pedro
no Shopping.
Ao chegar lá, Alice e Pedro foram escolher
o filme que veriam. Pedro disse que estava com
fome e propôs que eles fossem comer um lanche
primeiro.
Alice então pediu que fosse em um lugar
onde a comida era servida com rapidez, pois não
queria se atrasar. Pedro, porém, insistiu para que
comessem uma pizza.
Quando saíram da pizzaria, foram escolher
o filme. Alice se interessou por um de comédia que
estava em cartaz, só que Pedro tinha ido
determinado a ver um filme romântico, pois ele, há
algum tempo, percebeu que estava interessado por
Alice, mas não achava ocasião e nem maneira de se
declarar.
Pedro sugeriu um filme que estava em
cartaz chamado Crepúsculo. Neste filme, uma
55
menina se apaixona por um vampiro pálido e que
sempre tinha um rosto depressivo.
Alice achou estranho, mas já estava
aceitando, quando olhou o tempo de duração do
filme e disse para Pedro que não daria, já que o
filme era muito longo. Na verdade, essa era a
intenção de Pedro. Ele não queria ir à igreja, pelo
fato de não gostar.
Então o rapaz disse que não haveria
problema, pois eles poderiam sair no meio do filme.
Durante a exibição do filme, houve uma
cena em que o galã vampiro defendia a mocinha de
um grupo que queria atacá-la.
Quando Pedro olhou para o lado, notou que
Alice estava visivelmente emocionada. Foi aí que
viu a oportunidade de se declarar.
Pedro – Faria o mesmo por você.
Alice – O quê?
Pedro – Eu faria o mesmo por você.
Alice – Faria o quê?
Pedro – Eu te defenderia de quem quisesse
te fazer mal, não importando quantos fossem.
56
Alice, querendo desconversar, fez uma
piada.
Alice – Não faria não. Eles são vampiros e
têm poderes.
Pedro não recuou e disse:
– Não importa, eu morreria sabendo que
lutei pela vida da menina que eu amo.
Alice – ...!
Pedro – Eu te amo e quero que você seja
minha namorada.
Quando Alice ainda estava pensando no
que responder, Pedro a puxou e a beijou. Ela se
assustou, pois na sua mente a única memória que
tinha de um beijo foi traumatizante. Pedro, ao
perceber isso, disse-lhe que não tivesse medo, pois
ele a amava e novamente passando a mão por baixo
dos cabelos dela a beijou. Foi a primeira vez que
Alice sentiu sua pele arrepiar.
Nessa hora o mundo parou para Alice, ela
só conseguia ouvir a respiração ofegante de Pedro,
que a beijava como o galã do filme.
Alice estava toda rendida, foram minutos
de beijos e olhares sem cessar.
57
De repente os créditos do filme começaram
a subir e a sala inteira aplaudiu. Alice dera conta de
que tinha perdido totalmente a noção do tempo.
Olhou para o relógio e viu que o culto já estava
começando. Saiu correndo do cinema, atravessando
os corredores do shopping como uma louca. No
caminho, tropeçou em uma criança e derrubou o seu
sorvete. Pedro que vinha atrás disse para os pais da
criança que pagaria outro sorvete. A criança só sabia
chorar. A fila estava enorme, então Alice se
desculpou com os pais da criança e disse para Pedro
que iria na frente e que ele a encontraria depois.
Alice pensava que chegaria na segunda ou
terceira música e contaria uma outra mentira para
seus pais e para as suas professoras da escola bíblica
dominical, Janete e Leá.
Quando Pedro chegou ao ponto de ônibus,
encontrou Alice totalmente descompensada e
chorando muito. Eles ficaram ainda no ponto por
mais quarenta minutos. O ônibus não vinha e todas
as kombis estavam lotadas. Pedro tentava acalmá-la,
mas Alice recusava seus abraços de tão nervosa que
estava, pois sabia o que podia lhe acontecer.
58
OO RREEII EE AA RRAAIINNHHAA DDEE CCOOPPAASS
EE qquuaall oo ppaaii ddee eennttrree vvóóss qquuee,, ssee oo ffiillhhoo llhhee ppeeddiirr
ppããoo,, llhhee ddaarráá uummaa ppeeddrraa?? OOuu,, ttaammbbéémm,, ssee llhhee ppeeddiirr
ppeeiixxee,, llhhee ddaarráá ppoorr ppeeiixxee uummaa sseerrppeennttee??
OOuu,, ttaammbbéémm,, ssee llhhee ppeeddiirr uumm oovvoo,, llhhee ddaarráá uumm
eessccoorrppiiããoo??
LLuuccaass 1111::1111--1122
59
OO RREEII EE AA RRAAIINNHHAA DDEE
CCOOPPAASS
Pedro não falava nada e Alice só chorava.
O ônibus chegou e eles subiram, mas
parecia que o motorista estava acompanhando uma
carreata fúnebre de tão lento.
Quando desceram no ponto, os dois
correram para igreja. Ao chegarem à esquina, Alice
ouviu a última canção do musical e avistou seu pai e
sua mãe na porta da igreja.
Quando seu pai a viu, retirou sua cinta e a
chamou com as mãos. Sua esposa tentava acalmá-lo,
mas era em vão.
Alice abaixou a cabeça e caminhou em sua
direção, quando chegou perto e começou a falar, seu
pai a pegou pelo braço e lhe deu uma surra na frente
da igreja e de todos os que estavam no pátio.
Alice gritava e chorava totalmente
constrangida. Pedia para que seu pai parasse, mas
ele cego pela raiva só conseguia bater mais e mais,
60
até que um presbítero da igreja o segurou e impediu
que ele continuasse aquela cena constrangedora.
Pedro assistia tudo de longe, parece que
sua promessa de protegê-la com a vida de tudo e de
qualquer coisa, tendo ou não poderes, não incluía
seu pai.
Daniel bateu tanto em Alice que as pernas
dela ficaram com vários ematomas.
Alice não conseguia erguer sua cabeça de
tanta vergonha das pessoas que estavam ali
presenciando aquela cena.
Quando chegaram a casa, seu pai a retirou
do carro puxando-a pelos cabelos. Sua mãe gritava
pedindo para que ele parasse. Quando decidiu retirar
sua filha das mãos do pai, Daniel a agrediu com um
empurrão, fazendo com que ela caísse no chão.
Alice foi puxada pelos cabelos até seu quarto e seu
pai a obrigou copiar, em pé, o Salmo 119 antes de
dormir. Dizia que a Palavra de Deus a ensinaria a se
comportar como uma garota digna e não como uma
garota fácil e desfrutável como naquela noite.
Alice ficou tão magoada pelas palavras de
seu pai e por nem ter a chance de se explicar e se
61
retratar, que em seu coração começou crescer um
ódio pela igreja e por Deus, pois toda violência que
seu pai praticava contra ela era justificada em Deus.
Ao amanhecer, seu pai a levantou aos
berros, dizendo que se arrumasse para ir à escola.
Alice estava embriagada pelo sono por passar quase
a noite toda escrevendo aquele salmo.
Ao perceber que o suplício de Alice
continuaria, Ana interveio e disse para Daniel
trabalhar, pois ela arrumaria Alice e a levaria para
escola.
Ana, ao ver o estado da filha, levou-a ao
banheiro e a ajudou. Deu-lhe um copo de café com
leite para despertar e a levou para escola.
Quando chegou a casa, foi arrumar o
quarto de Alice e achou a Bíblia da filha aberta com
as folhas amassadas e com marcas das lágrimas no
Salmo 119. No último versículo, a mãe viu escrito a
caneta:
“Deus, eu te odeio.”
Ana chorou muito por sua filha. Ana orou
por sua filha.
62
AAPPEENNAASS AA RRAAIINNHHAA DDEE CCOOPPAASS
““PPoorrvveennttuurraa ppooddee uummaa mmuullhheerr eessqquueecceerr--ssee ttaannttoo
ddee sseeuu ffiillhhoo qquuee ccrriiaa,, qquuee nnããoo ssee ccoommppaaddeeççaa ddeellee,,
ddoo ffiillhhoo ddoo sseeuu vveennttrree??”” IIssaaííaass4499::1155
63
AAPPEENNAASS AA RRAAIINNHHAA DDEE
CCOOPPAASS
Alice agora está com quinze 15 anos e
mantém seu namoro com Pedro escondido de seus
pais.
Ela decidiu que nunca mais apanharia e
que, se o seu pai dissesse que vermelho era azul, ela
concordaria. Decidiu que não faria mais nada para o
contrariar, mesmo o odiando. Alice passou a ir para
os cultos simplesmente por ir. Não se envolvia mais
com as atividades da juventude e se afastou das
amizades que tinha na igreja. Suas amigas faziam de
tudo para que ela voltasse para o grupo de
adolescentes. Marcavam de ir a sua casa para
conversar, mas nada adiantava.
Certo dia Alice e Pedro resolveram matar
aula e foram para cachoeira namorar, estava um
lindo dia de sol.
Foi uma manhã agradável. Alice e Pedro
tomavam banho e se beijavam, trocavam carinhos.
64
Pedro disse para Alice que eles deveriam ir
embora para chegarem a casa no horário, então
foram para a margem, para pegar suas roupas, mas
ao chegarem lá, uma surpresa. Um cavalo ou boi
tinham passado por cima de suas roupas e elas
estavam completamente enterradas por baixo
daquele estrume verde e fétido.
Alice e Pedro tentaram lavar na cachoeira,
mas o cheiro não saía e também não haveria como
explicar o porquê das roupas encharcadas, já que não
daria tempo de secar. Eles tiveram que ir embora
vestindo apenas suas roupas de banho.
Quando Alice chegou a casa, reviveu o
mesmo episódio da igreja, mas agora com sua mãe
totalmente enfurecida.
Sua mãe lhe deu uma surra e usava
palavras que a machucavam e ofendiam sua pureza
de menina. Dizia que era uma decepção ter uma
filha perdida e que se arrependia por ter tentado
impedir que seu pai a tivesse castigado na noite do
musical de páscoa, que havia sido agredida por sua
culpa e que seu pai tinha toda razão em agir daquela
forma.
65
Nessa hora Alice se lembrou das várias
vezes em que dedicava seu tempo para escrever
bilhetes com mensagens sobre o amor de Deus para
seus colegas, não importando quantos colegas
estivessem presentes. Desde pequena, ela escrevia
bilhetes em papéis enfeitados. Dava um para cada
colega, mesmo sabendo que muitos ririam ou
amassariam. Era uma forma que tinha encontrado de
contornar sua extrema timidez.
Alice se magoou de tal forma, que decidiu
revidar a todas as ofensas que sua mãe lhe
direcionara. Ela pensou consigo mesma: “Se ela diz
que eu sou, então eu serei!”
Algumas semanas passaram. Alice mudou
de comportamento radicalmente. Só usava roupas e
maquiagens escuras, passou a ouvir música que
antes não ouvia e ler tipos de literaturas que nunca
seriam permitas pelos seus pais.
Alice e Pedro se aprofundavam em seu
relacionamento e em intimidades. Pedro investia de
forma ostensiva, a fim de ter a sua primeira
experiência sexual com Alice. Seria a primeira vez
de ambos.
66
Em um dia, Alice estava na escola, quando
de repente se ouviu uma explosão e toda a escola
escureceu.
Os alunos correram para fora, a fim de
verem o que tinha acontecido. Quando Alice saiu da
sala, viu uma professora caída entre a porta e a sala
com a saia na cabeça. A coitada tinha tentado
segurar a turma dentro de sala, mas foi atropelada.
No meio da confusão, uma mensagem
chega pelo celular de Pedro:
“Me encontra na cantina. Te amo s2”
Ao chegar lá, Alice disse para Pedro que
queria ir novamente à cachoeira, já que os alunos
tinham sido liberados.
Pedro – Você está louca! Da última vez
você apanhou da sua mãe e ela te jurou dizendo que,
da próxima vez, contaria para seu pai.
Alice – Não me importa! Você está com
medo? Se você não for comigo, eu irei sem você!
Alice e Pedro foram para cachoeira,
namoraram e lá em meio aos beijos e carícias se
entregaram um ao outro. Foi ali que Alice teve a sua
primeira vez.
67
Alice se sentiu especial. Pedro lhe fazia
juras de amor. Foi a primeira vez que se sentiu
mulher, que se sentiu especial para alguém.
Tudo era perfeito, as árvores dançavam ao
som da música cantada pelos pássaros, a força das
águas refrescantes da cachoeira arrastava seus
problemas e suas tristezas para longe e lhe dava a
impressão de que só aquele lugar existia, que só ali
era importante. Em meio a tantas coisas, os raios de
luz que traspassavam pelas copas das árvores e
atingiam os olhos de Pedro a colocavam em estado
de total hipnose. Alice estava totalmente inebriada
de paixão. Neste dia não houve cavalo ou boi, tudo
foi perfeito para os dois.
Alice e Pedro conseguiram voltar a tempo
do horário da saída da escola.
Quando chegou a casa, foi direto para o seu
quarto. Estava feliz, pensava ser uma outra pessoa
por ter deixado de ser virgem. Deitada em sua cama,
não se sentia mais menina e só uma frase vinha a sua
cabeça: “Agora sou uma mulher”.
Ela se levantou e ligou o rádio, pois tinha
uma enorme vontade de dançar. Escolheu uma
68
estação de forma aleatória e uma música começou a
tocar:
“Teus olhos revelam que eu, nada posso
esconder...”
Na mesma hora, Alice viajou no tempo e
como se estivesse arrebatada em mente, viu-se
sentada no banco da igreja ouvindo esta mesma
canção. Ela não conseguia compreender e nem
entender, mas seu coração começou a acelerar e
aquela mesma vontade de chorar a tomou por
completo.
Algumas semanas se passaram e tudo
prosseguia, mas não como antes. Alice percebeu que
sua menstruação estava atrasada e começou a ficar
preocupada, pois nunca havia acontecido isso com
ela. Nesse momento, ela tomou coragem e decidiu
fazer o teste de gravidez.
Dirigiu-se a uma farmácia, para comprar o
teste. Quando estava na fila, para seu desespero, viu
que a sua frente estava a esposa e a filha do pastor
de sua igreja. Na mesma hora, jogou o teste no chão
e chutou-o para baixo da prateleira e pegou o que
estava a seu alcance: uma barra de cereal.
69
Alice percebeu que elas não tinham notado
sua presença, pois as duas estavam discutindo
alguma coisa sobre o casamento da filha. Logo,
Alice foi arrastando o teste por baixo da prateleira.
Quando a atendente a chamou, ela se abaixou
rapidamente, pegou o teste, comprou e foi
rapidamente para sua casa.
70
UUMM GGAATTOO SSEEMM SSOORRRRIISSOO,, UUMM
SSOORRRRIISSOO SSEEMM GGAATTOO
““FFiiccaamm eennvveerrggoonnhhaaddooss,, ppoorr tteerreemm ccoonnffiiaaddoo ee,,
cchheeggaannddoo aallii,, ssee ccoonnffuunnddeemm..”” JJóó 66::2200
71
UUMM GGAATTOO SSEEMM SSOORRRRIISSOO,,
UUMM SSOORRRRIISSOO SSEEMM GGAATTOO
Teste feito, gravidez confirmada. Alice
agora desesperada...
Alice – Droga. Atende. Atende!
Pedro – Alô?
Alice – Eu estou grávida!
Pedro – Quem está falando?
Alice – Sou eu!
Pedro – Eu quem?
Alice – Sou eu! Alice!
Pedro – Você falou que está o quê?
Alice – Grávida! Você será pai!
Pedro – Não! Não vou!
Alice – Como assim?
Pedro – Você vai tirar essa porcaria de
filho ou eu vou te largar!
Alice – O quê?!
Pedro – Isso mesmo! Eu não vou estragar
minha vida por causa de uma imbecilidade sua!
72
Alice – Como assim?
Pedro – Isso mesmo. Como você foi deixar
isso acontecer? Você foi uma imbecil!
Alice – Você que é um imbecil!
Pedro – Eu? Mas quem está grávida é você.
Alice – Me esquece, seu infeliz!
Pedro – Infeliz eu vou ser, se essa criança
nascer. Eu vou deixar o telefone te dizer quem é
infeliz.
Telefone – Tu, tu, tu, tu, tu, tu....
Alice – Alô, alô. Pedro...
73
RROOSSAASS BBRRAANNCCAASS LLIINNDDAASS,, MMAASS
DDEEVVEERRIIAAMM SSEERR VVEERRMMEELLHHAASS
““HHáá uumm ccaammiinnhhoo qquuee aaoo hhoommeemm ppaarreeccee ddiirreeiittoo,,
mmaass oo ffiimm ddeellee ssããoo ooss ccaammiinnhhooss ddaa mmoorrttee..””
PPrroovvéérrbbiiooss 1144::1122
74
RROOSSAASS BBRRAANNCCAASS LLIINNDDAASS,,
MMAASS DDEEVVEERRIIAAMM SSEERR
VVEERRMMEELLHHAASS
Dias se passaram. Alice entrou em um
quadro de depressão profunda, sua vida se resumiu
em ir da escola para casa e de casa para escola, uma
tristeza intensa tomou conta de sua alma. Quando ela
estava em casa, seu quarto era seu único refúgio. Foi
a primeira vez que Alice desejou morrer.
Sem saber o que fazer, ligou o computador
de madrugada, em busca de algo que acalmasse seu
coração, procurando respostas. Conectou-se à
internet e encontrou um pastor de uma igreja
dizendo que o aborto não era pecado e que era
melhor um aborto do que mais uma criança sofrendo
no mundo.
Alice, mediante esta palavra, decide que
abortará. Ela então se põe a procurar de forma
incessante algum site na internet, que ensinasse
75
formas naturais para um aborto até que encontrou
um site que ensina vários tipos de chás abortivos e
vários depoimentos de mulheres agradecidas por
terem conseguido abortar seus filhos graças às
efusões.
É quarta-feira, dia de feira na rua de trás.
Alice se dirige a uma barraca de ervas e, ao chegar
lá, começa a pedir as ervas da lista. A dona da
barraca se chama Valéria, conhecida por todos no
bairro, como irmã Valéria. Eram muitas as pessoas
que a procuravam em busca de orações.
Irmã Valéria – Está tudo bem com você,
minha jovem? Estou te achando tão triste.
Alice balança a cabeça dizendo que está
tudo bem, mas sem coragem de olhar para aquela
senhora. Havia algo nos olhos dela que a deixava
muito perturbada dentro de si.
Alice entrega o dinheiro e pega o troco,
mas quando ela estende sua mão para pegar as ervas,
aquela senhora a segura de uma forma estranha e
com muita força.
Alice – Hei! Me solte!
76
Irmã Valéria – Você quer que eu te solte!?
Tem certeza de que você quer se livrar de mim!?
Alice – Me solta! Me solta!
Irmã Valéria – Tudo bem! Você é quem
sabe. É você quem decide. Eu só queria dizer que
Deus ama você e que você não está sozinha, parece
estar, mas não está.
Alice dá um puxão e se solta daquela
senhora.
Ela corre para casa, totalmente atônita pelo
que tinha acontecido, mas aos poucos seus passos
foram ficando pesados, a sensação era como se uma
corrente tivesse sido atada aos seus pés.
Chegando a casa, Alice notou que seus pais
não estavam em casa, então ela começou a fazer a
efusão, mas algo lá dentro dela está errado, ela se
sente angustiada.
De repente entra pela janela de sua casa um
som que ecoava de um culto de consagração de uma
igrejinha.
“... Sei que não posso negar que os teus
olhos sobre mim, me enchem da tua paz...”
77
Alice não se sentiu certa de continuar, mas,
mesmo assim, decide prosseguir.
O chá ficou pronto Alice o espera esfriar
um pouco e, com olhos fechados e as mãos trêmulas,
leva o copo à boca. De repente, ela ouve um grito de
uma criança: “Não!” O copo quase cai de suas
mãos, ela olha pela janela e vê que o som vem de
crianças que estão brincando de queimado em frente
a sua casa.
Alice está confusa, não sabe o que fazer e
nem que decisão tomar.
Olhos fechados, respiração ofegante, uma
lágrima descendo, mãos trêmulas, sons de oração
vindo da congregação.
Alice – O que eu faço, meu Deus?
...
...
...
..
..
..
.
.
78
OO EENNCCOONNTTRROO CCOOMM OO MMUUNNDDOO RREEAALL
““NNaa vveerreeddaa ddaa jjuussttiiççaa eessttáá aa vviiddaa,, ee nnoo ccaammiinnhhoo ddaa
ssuuaa ccaarrrreeiirraa nnããoo hháá mmoorrttee..”” PPrroovvéérrbbiiooss 1122::2288
79
OO EENNCCOONNTTRROO CCOOMM OO
MMUUNNDDOO RREEAALL
Amanhece. Alice se levanta preparando-se
para ir à escola. Ao chegar, Pedro vem ao seu
encontro e lhe pergunta sobre o que ela tinha
decidido.
Alice – Minha decisão? Minha decisão é
que eu não dependo de você, para assumir minhas
decisões e responsabilidades.
Pedro – Não entendi. Que conversa é esta
Alice? Quero saber o que você vai escolher. Nós ou
essa criança?
Alice – Você não entendeu, porque é um
estúpido! Quer saber se eu escolhi entre ter meu
filho e nós? Não existe escolha, porque o nós não
existe mais. Na verdade, hoje vejo que nunca existiu.
Pedro entende que era o fim de tudo, tenta
argumentar, no entanto Alice deixa claro que não
precisava dele, uma vez que no momento em que ela
precisou, ele se acovardara.
80
A aula prossegue. Alice começa a suar, a
tremer e desmaia totalmente pálida, por causa de
uma forte cólica que subitamente começou a sentir.
Pedro sabia que ela estava grávida, mas não se
manifestou.
Alice é retirada da sala pelos funcionários.
Percebe-se uma poça de sangue onde ela estava.
Pedro acompanha o acontecimento com um olhar de
culpa e totalmente atordoado. Desmaiada, Alice é
levada às pressas ao hospital.
Já no hospital, prontamente os enfermeiros
fazem o primeiro atendimento. Os médicos não
entendem o que está acontecendo, nem a família
nem a escola sabiam dar algum tipo de informação
que indicasse a razão daquele fato. Alice tem uma
parada cardíaca e é ressuscitada com auxílio de
aparelhos.
Alice entrou em coma, permaneceu meses
internada, sem que os médicos entendessem o que
estava acontecendo com ela.
Alguém do lado de fora percebe que algo
está acontecendo e novamente todo o plano secreto
81
começa a ser ameaçado, mas esta pessoa não
consegue ver nada e infelizmente não é Alice.
Já era! Tudo já está descoberto e não há
mais segredo, daqui, a mais ou menos, cinco
minutos será a primeira vez que todos verão seu
funcionamento do lado de fora e realmente como é.
Chegou a hora dos testes externos.
Alice vai nascer. Alice Vitória nasceu.
Vitória, porque venceu o pastor da televisão que
dizia que aborto não era pecado, porque venceu as
ervas abortivas do site criminoso. Nasceu Vitória,
porque venceu o pai que a fez, mas não a quis.
Os avós de Alice Vitória pediram que o
pastor e algumas irmãs de sua igreja lhe fizessem
uma visita, para orarem por ela, pois acabara de
nascer e apresentava uma saúde frágil e ainda
precisava de cuidados especiais.
Ana e Daniel chegaram com o pastor e as
irmãs ao hospital. Havia um sentimento confuso de
tristeza e ao mesmo tempo de alegria. Ao entrarem,
uma enfermeira disse que tinha ótimas notícias. Ana
começou a chorar, pensando que Alice tinha saído
do coma. Infelizmente, essa não era a tão esperada
82
notícia. Alice Vitória tinha saído da UTI neonatal,
pois seu quadro tinha evoluído, uma ótima notícia.
Não era o que os avós esperavam, mas a notícia de
que Alice Vitória estava bem e que poderia ir
embora trouxe conforto a todos.
Ana, Daniel, o pastor e as irmãs entraram
no quarto onde Alice estava. A emoção tomou conta
de todos. Alice não parecia estar em coma, seu rosto
era como de alguém que dormia.
Quando o pastor iniciaria uma oração, a
enfermeira entrou no quarto com Alice Vitória no
colo. Daniel pediu para segurar sua neta e, ao olhar o
rosto da menina, pôs-se a chorar. Alice Vitória era
idêntica a Alice, quando nasceu. Daniel foi tomado
pelo remorso, os momentos de violência contra
Alice chegavam a sua memória como uma chuva de
inverno.
Ana abraçou Daniel e o beijou.
Vendo aquela situação, o pastor
interrompeu e pediu para orar por Alice e Alice
Vitória. Mesmo com os olhos fechados e cheios de
lágrimas, Ana acariciava a cabeça de Alice durante a
oração, enquanto Daniel acompanhava a oração do
83
pastor com lágrimas nos olhos e Alice Vitória nos
braços.
Alice – Sua bênção mãe, bênção pai.
Daniel e Ana entraram em choque, as irmãs
começaram a gritar e a orar em voz alta, ao ponto da
enfermeira vir para ver o que estava acontecendo.
Quando a enfermeira entrou e viu que Alice tinha
saído do coma, prontamente chamou o médico de
plantão.
Alice – Sua bênção mãe, sua bênção pai.
Daniel e Ana – Deus te abençoe, filha!
Alice – Oi, pastor Enoch!
Enoch – Oi, minha filha! Como você está?
Alice – Mais ou menos, pastor. Eu queria
falar com o senhor em particular.
Os pais de Alice, ouvindo isso, saíram
juntamente com as irmãs. Quando a porta se fechou,
Alice abriu seu coração para o pastor e confessou
tudo o que tinha acontecido. Reconheceu que tinha
muita mágoa de seus pais e também de Deus por
tudo.
Pr. Enoch – Alice, posso te fazer uma
pergunta?
84
Alice – Sim.
Pr. Enoch – Se o Senhor Jesus te chamar
hoje, você estará com Ele?
Alice começa a chorar e diz que tinha
certeza de que não estaria com Cristo.
Pr. Enoch – Alice, Deus não se importa
com o que aconteceu no teu passado. Ele quer
escrever uma outra história para você. Por que você
não se reconcilia com Ele agora, Alice? Você quer
fazer isso?
Alice – Sim.
Foi a primeira vez que Alice experimentou
um sentimento que ela só conseguia descrever como
maravilhoso.
Os dois oraram juntos e depois dessa
decisão, Alice pediu para chamar seus pais.
85
DDEE VVOOLLTTAA PPAARRAA OO JJAARRDDIIMM
““...... ee ffaarráá oo sseeuu ddeesseerrttoo ccoommoo oo ÉÉddeenn,, ee aa ssuuaa
ssoolliiddããoo ccoommoo oo jjaarrddiimm ddoo SSEENNHHOORR;; ggoozzoo ee aalleeggrriiaa
ssee aacchhaarráá nneellaa,, aaççããoo ddee ggrraaççaass,, ee vvoozz ddee mmeellooddiiaa..””
IIssaaííaass 5511::33
86
DDEE VVOOLLTTAA PPAARRAA OO
JJAARRDDIIMM
Quando eles entraram com Alice Vitória no
colo, Alice perguntou sobre a criança.
Sua mãe colocou Alice Vitória nos braços
de Alice e disse para ela:
Ana –Alice Vitória, esta é sua mãe, Alice.
Alice – Mas eu pensei que eu tivesse...
Alice Vitória interrompeu sua mãe com um
lindo sorriso. Alice não se conteve e as lágrimas
começaram a brotar de seus olhos. Alice abraçava
sua filha e implorava que a perdoasse. Ana,
entendendo o que acontecera, beijou sua filha no
rosto e disse que a amava. As coisas do passado
deveriam ser esquecidas e que ela e seu pai estariam
ao seu lado para sempre.
Alice – Mãe! Pai! Eu quero falar algo para
vocês.
Alice rasgou seu coração e disse para seu
pai e sua mãe que por muito tempo guardou rancor
87
pelas surras que tinha recebido dele e pela falta de
atenção de sua mãe, mas que estava arrependida e
queria pedir perdão por tê-los odiado tanto tempo.
Seu pai e sua mãe não esperavam aquela
declaração e com lágrimas nos olhos pediram perdão
a sua filha. Seu pai disse que achava estar fazendo o
certo, por ter sido criado daquela maneira e nunca
imaginaria que uma filha um dia pudesse odiá-lo. E
mais uma vez pediu perdão a Alice e se debruçou
sobre ela e a abraçou. Sua mãe emocionada abraçou
os dois. Foi a primeira vez que Alice se sentiu
amada e compreendida por seus pais.
Com um semblante mais leve Alice falou:
Alice – Pastor Enoch!
Pastor – Sim, minha filha!
Alice - O Senhor pode chamar as irmãs?
Quando elas entraram, Alice pediu que eles
cantassem uma canção. Falou que, por várias vezes,
Deus tinha falado com ela através dessa canção.
Então todos começaram a cantar:
“Teus olhos revelam que eu
Nada posso esconder e que não sou nada
sem ti Oh fiel Senhor.
88
Tudo sabes de mim quando sondas meu
coração. Quando sondas meu coração e tudo pode
ver, bem dentro de mim”
Alice cantava e chorava, mas seu choro não
era mais como na época em que estava sentada no
banco da igreja.
“Leva minha vida a uma só verdade, pois
quando me sondas nada posso ocultar.
Sei que a tua fidelidade, leva minha vida
mais alem do que eu possa imaginar. Sei que não
posso negar, que os teus olhos sobre mim. Me
enchem da tua paz.”
Ana – Filha, deixa eu pegar Alice Vitória,
para você descansar.
Alice – Não mãe. Deixe-a aqui comigo.
Alice estava maravilhada com tudo aquilo
que estava sentindo. Uma forte onda de calor tomou
conta do seu corpo e suas dores foram sumindo.
Sentia-se leve, a sensação era como de alguém que
pudesse voar até tocar as nuvens.
Foi a primeira vez que Alice teve uma
visão. Um olhar terno, amável e cheios de paz.
89
Ana percebeu que a voz de Alice estava
ficando fraca, muito fraca e pediu para que parasse
de cantar para descansar, mas Alice não parava.
Sorria e continuava a cantar: “Que o s t e u s
o l h o s s o b r e m i m m e
e n c h e m d a t u a p a ...z”
Todos cantavam e adoravam a Deus,
quando Alice viu uma luz muito forte vindo em sua
direção que ofuscava seus olhos, então com um
lindo sorriso em um semblante de paz, Alice fechou
os olhos e adormeceu.
+ Alice 1998 – 2014 +
90
São 6h da manhã e gritos de não e um
choro angustiante são ouvidos do quarto em que
Alice estava.
Ana, desesperada, corre para tentar trazer
Alice de volta, chamando pelo seu nome, mas é em
vão. Alice não volta, sua mãe a segura pelo ombro e
começa sacudir seu corpo, gritando seu nome.
Ana – Alice! Alice! Acorda, minha filha!
Por favor! Acorda, Alice! Você precisa estudar,
minha filha! Alice! Alice! Alice! Alice! Alice!
Filha! Alice! Filhinha! Alice! Mamãe está
chamando.
Daniel – O que houve, Ana?
Ana – Não sei! Alice não quer abrir os
olhos! Acorda! Alice! Alice! Acorda filha. Eu quero
ver você cantar na igreja. Acorda filha!
Daniel abraçou Ana e pediu para que ela se
acalmasse e saísse do quarto, mas ela insistia em
ficar e gritava para que Alice acordasse. Daniel a
puxou pelas mãos e a tirou. Do lado de fora, pediu
que ela se controlasse, pois Alice só estava
descansando.
91
São 6h e 30min da manhã do dia 23 de
Julho de 2014, o despertador do celular de Alice
começa a tocar em seu quarto e o amanhecer chega
como um forte flash, mas as coisas não seriam mais
como antes. Alice estava envolvida no ensaio do
musical de páscoa que os adolescentes de sua igreja
realizariam, pois além de cantar muito bem, ela
gostava de toda aquela expectativa e agitação para
os preparativos de cada evento de que participava.
Ela era uma das vozes principais da igreja. Era
difícil um casamento do qual ela não estivesse
participando como convidada para cantar. Às vezes,
ela nem era convidada para a festa, mas era
convidada para cantar, mas nem se importava, pois o
que Alice queria era cantar.
Todos estavam lá. O musical era
maravilhoso, tudo tão belo, as amigas de Alice
cantavam com uma emoção que nunca antes tinham
sentido. Sua mãe, Ana, chorava copiosamente,
enquanto era amparada por Daniel. Durante todo o
musical a imagem de Alice não saía de seus olhos, a
voz de Alice não se ausentava de seus ouvidos.
92
O pastor, ainda tocado pelo momento, não
conseguiu discursar sobre o sermão que havia
preparado e pôs-se a falar sobre a necessidade de ter
um encontro com Cristo. Falava sobre a brevidade
da vida.
Antes do convite às pessoas que gostariam
de ter um encontro com Deus, o pastor pediu para
que as amigas de Alice cantassem uma canção.
“Teus olhos revelam que eu
Nada posso esconder
E que não sou nada sem Ti
Oh fiel Senhor
Tudo sabes de mim,
Quando sondas o meu coração
E tudo podes ver, bem dentro de mim
Leva minha vida a uma só verdade
Que quando me sondas nada posso ocultar
Pastor Enoch – Nós vamos continuar
cantando esta canção, mas antes eu gostaria de
convidar a todos que desejam ter um encontro com
Deus, que sentiram o Espírito Santo falar em seus
93
corações a virem aqui à frente, porque nós queremos
orar.
Vamos cantar, igreja! Pedia o pastor.
A igreja cantava, movida por uma comoção
muito intensa. Muitas pessoas choravam em seus
bancos.
Nesse momento, muitos começaram a
levantar e caminhavam em direção ao altar da igreja.
O pastor os esperava. Dentre essas pessoas, estava
Pedro. Ele não fazia outra coisa a não ser chorar.
Diante do altar, seus joelhos desabaram e ali teve um
encontro com Deus.
O pastor pediu para que os adolescentes
que receberam a preparação para o momento do
acolhimento fossem receber os novos convertidos.
Quando um dos adolescentes estava indo
falar com Pedro, que ainda estava ajoelhado, uma
adolescente do grupo de acolhimento pediu para que
a permitisse falar com ele, pois estudava na mesma
escola de Pedro.
Aquela adolescente ajoelhou ao lado do
rapaz e orou por ele. Abraçou-o e disse:
94
Esta noite eu tive um sonho que me
mostrou várias coisas, e agora eu tenho certeza de
que era Deus me preparando para esse momento,
mas para isso uma decisão teve de ser tomada.
Continuou dizendo que estava muito feliz
por ele estar ali e que poderia contar com ela para
ajudá-lo nesta nova caminhada.
Pedro – Eu quero te agradecer por estar
aqui comigo. Eu nunca experimentei uma sensação
tão intensa e nunca me senti tão feliz. Graças a você,
por não ter desistido de estar aqui, mesmo eu tendo
brigado contigo, por ter negado o meu pedido para ir
ao cinema. Muito obrigado!
Sei que Tua fidelidade
Que leva minha vida mais além
Do que eu posso imaginar
Sei que não posso negar
Que os Teus olhos sobre mim
Me encha da sua paz”
95
Carta para Alices.
Oi, Alice tudo bem? Muitas meninas como
você têm se arriscado em práticas abortivas, por
medo das mudanças acarretadas pela chegada de
uma criança; pelo medo de enfrentarem seus pais;
pelo medo do julgamento de parte da igreja e de sua
comunidade; pelo medo e pela vergonha de serem
mães solteiras; pelo medo de terem seus sonhos
destruídos; pelo medo de perderem seus
namorados...
O que você talvez não saiba é que há muito
mais a temer, caso, passando por esta situação, você
decida dar este passo e partir para esta prática
extremamente radical e violenta, tanto contra a
criança quanto contra você e contra todos que te
amam.
Não sou especialista no assunto, mas
pesquisei sobre vários tipos de aborto. Essa
pesquisa você também pode fazer. Conhecer as
consequências que podem ser geradas por causa
deste ato.
96
Sei que o que você lerá agora não é legal,
mas é de extrema importância. Então queria dividir
com você. Leia muito bem estes dados antes de
tomar qualquer decisão.
Seguem abaixo algumas consequências
geradas por vários tipos de aborto:
1. Laceração do colo uterino provocada
pelo uso de dilatadores;
2. Perfuração do útero;
3. Infecção e obstrução das trompas,
provocando esterilidade;
4. Perigo de lesão no intestino, na
bexiga ou nas trompas;
5. Infecções graves por causa da
presença de corpo estranho;
6. Hemorragia abundante;
7. Intoxicação por retenção de água;
efeitos secundários do soro salino e da pituita que
podem causar falhas de funcionamento do coração e
morte;
8. Transformação da nova gravidez em
gravidez de alto risco;
97
9. Aumento do percentual de abortos
espontâneos nas pacientes que já abortaram;
10. Abortos de repetição no primeiro e no
segundo trimestre de gravidez;
11. Partos prematuros;
12. Parto difícil, contrações prolongadas.
13. Gravidez fora do lugar (nas trompas),
podendo ser fatal para a mãe - para o feto o é
sempre;
14. Malformações congênitas que são
provocadas por uma placenta imperfeita;
15. Queda na auto-estima pessoal pela
destruição do próprio filho;
16. Perda do desejo sexual;
17. Culpa ou frustração de seu instinto
materno;
18. Desordens nervosas, insônia, neuroses
diversas;
19. Doenças psicossomáticas;
20. Depressões;
21. O relacionamento interpessoal,
frequentemente, fica comprometido depois do aborto
provocado;
98
22. Antes do matrimônio: muitos jovens
perdem a estima pela jovem que abortou,
diminuindo a possibilidade de casamento;
23. Depois do casamento: hostilidade do
marido contra a mulher, se não foi consultado sobre
o aborto; hostilidade da mulher contra o marido, se
foi obrigada a abortar.
24. Cerca de 60% das mulheres que
fazem aborto relatam sequelas de ideação suicida,
sendo que 28% tentam suicídio.
"Ser mãe na adolescência é
inevitavelmente uma experiência que implica
dificuldades, mas a ocorrência de problemas
psicológicos com a prática do aborto é muito maior
do que com a condução da gravidez". Dra. Priscilla
Coleman
Estas informações foram extraídas de um
artigo publicado pela Vida Humana Internacional
traduzida pela Associação Nacional Provida e Pró-
Família e do site www.jus.com.br
"Aquele que me formou no ventre materno
não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que
nos formou na madre?" Jó 31.15
99
"As tuas mãos me plasmaram e me
aperfeiçoaram... De pele e carne me vestiste e de
ossos e tendões me entreteceste". Jó 10.8,11
"Pois tu formaste o meu interior, tu me
teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto
que por modo assombrosamente maravilhoso me
formaste... Os meus ossos não te foram encobertos,
quando no oculto fui formado, e entretecido como
nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a
substância ainda informe". Salmo 139.13-16
Preste atenção, Alice! Talvez você, em um
momento de solidão e desespero, já tenha cometido
este ato.
É triste dizer que não há mais como voltar
atrás, mas quero que saiba: onde quer que você
esteja, existe perdão para tua vida, existe a
possibilidade de cura para o teu coração.
Deus tem para você um recomeçar.
É certo que suas memórias estarão sempre
aí com você, mas o perdão genuíno de Deus trará a
paz de que o teu coração tanto precisa.
Você não precisa viver uma vida de
sofrimento presa a uma história do passado.
100
Deixa Deus escrever em tua vida uma
história, onde você possa viver realmente suas
maravilhas.
"Pois tu, SENHOR, és bom e compassivo;
abundante em benignidade para com todos os que te
invocam" Salmo 86.5
101
SOBRE O AUTOR
Sandro Limeira Bitencourt
nasceu em 1979.
Filhos de Esther
Limeira Bitencourt (professora
de ensino religioso e filosofia)
e de Enoch Bitencourt dos
Passos (pastor presbiteriano).
Formado em Educação Física pela
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e
especializado na área escolar pela Universidade
Federal Fluminense.
É professor de escola pública no Rio de
Janeiro.
Sandro L. Bitencourt é líder regional
juntamente com sua esposa Ivis Bitencourt das
juventudes das Igrejas Batista Missionária Betel.
É presbítero da Igreja Batista Missionária
Betel na Taquara - RJ.
Professor de Escola Bíblica Dominical.
Fundador do Ministério Caminho Perfeito.
Palestrante para jovens cristãos.
102
Tem pregado e ministrado em vários
acampamentos e congressos jovens, falando da
Palavra de Deus de uma forma bem direta e sem
restrições da verdade.
Compositor de louvores que estão
espalhados pela internet.
Estudou na escola de música Vila Lobos.
Tecladista e ministro de louvor.
Gravou dois CDs. Um como tecladista de
sua antiga banda Contagem Regressiva, quando
ainda era adolescente e como compositor e ministro
na Gravação do CD Sinais, da Igreja Batista
Missionária Betel.
Sandro Limeira Bitencourt trocaria tudo
isso pela oportunidade de ver seu Mestre
pessoalmente.
103
OUTRAS OBRAS
Eu já fui leproso – Traz uma
profunda revelação acerca desta
doença e sua similaridade com o
pecado. Sua leitura nos faz descobrir
que todos fomos vítimas desta
doença, que tanto pode atingir o
corpo quanto alma.
Rasgando o verbo sobre sexo -
Linguagem aberta e direta para
jovens, tratando assuntos como:
Aborto, masturbação, ficar, sexo,
pornografia, santidade etc.
Meu nome é Nabote – Livro
produzido através de um sermão. Este
livro te fará entender que antes do seu
nome deveria estar escrito Nabote.