psic_desenvolvimento: perspectivas psicodinâmicas, © cduque, 2004

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Celeste Duque 2004-2005

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Apresentação sobre Desenvolvimento psicológico - perspectivas Psicodinâmicas - elaborada no âmbito da disciplina de Psicologia VI (Psicologia do Desenvolvimento), 4º ano, do curso de Licenciatura em Enfermagem, ESSaF-UAlg, da autoria de Celeste Duque, 2004.

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Page 1: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

Celeste Duque

2004-2005

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FreudFreud e a e a

PsicanálisePsicanálise

1856-1939

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PorquêPorquê usarusar a a PsicanálisePsicanálise e e osos ModelosModelosPsicodinâmicosPsicodinâmicos??

• Vantagens– continuidade histórica– utilidade clínica– alguma validação empírica

• Desvantagens– muitos aspectos não-demonstráveis, não

refutáveis– altamente inferencial, diminuta fidelidade inter-

juizes– muitos dos seus elementos entraram em

descrédito– difícil integrar com modelos neurobiológicos

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PostuladosPostulados básicosbásicos dadaPsicanálisePsicanálise

• A vida psíquica é determinada.

• O inconsciente desempenha um papeldominante na determinação docomportamento humano.

• Os conceitos explicativos maisimportantes são motivacionais.

• A história do organismo é extremamenteimportante na determinação docomportamento actual.

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AlgumasAlgumas dasdas característicascaracterísticasprincipaisprincipais dodo pensamentopensamento dede

FreudFreud

• Determinismo– Crença na continuidade do

reino animal

– Papel das influênciasinconscientes

– Ênfase no desenvolvimento

– Ênfase na motivação

– Psicologia aplicada

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DeterminismoDeterminismo

• Freud parece ter sido umdeterminista, se bem que isso nãotenha ficado claramente definido nosseus escritos.

• Ele estava particularmenteinteressado em saber como osmotivos inconscientes afectam osprocessos racionais.

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CrençaCrença nana continuidadecontinuidade dodoReinoReino animalanimal

• Influenciado por Darwin, Freud insistiuque os humanos não tinham razões parase excluir do reino animal.

• Segundo ele,

– "não existem planos ou propósitossuperiores em andamento.

– As energias físicas causam efeitos – dealguma forma."

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PapelPapel dasdas influênciasinfluênciasInconscientesInconscientes

Consciente

Pré-consciente

InconscientInconscientee

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ÊnfaseÊnfase nonoDesenvolvimentoDesenvolvimento

• A teoria psicanalítica dá importânciaao desenvolvimento e aocrescimento.

• As capacidades variam em função daidade e acontecimentos nas etapasiniciais da vida são consequênciaspara ajustamentos posteriores.

• Mais, há fases de desenvolvimentoidentificáveis que devem serprecorridas de forma a assegurar oposterior bem-estar e saúdepsicológica.

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ÊnfaseÊnfase nana motivaçãomotivação

• A psicanálise atribui grandeimportância à motivação.

• Freud referiu repetidamente acentralidade do prazer na vidahumana e especificou osdeterminantes da sua expressão.

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PsicologiaPsicologia AplicadaAplicada

• Uma grande parte da energiaintelectual de Freud era dedicadaaos problemas de intervenção eficaze do tratamento.

• O termo psicanálise refere-sesimultaneamente tanto a um sistemade psicologia como a uma técnica detratamento.

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GrandeGrande objectivoobjectivo dada vidavida e a e asuasua inevitávelinevitável FrustraçãoFrustração

• Desde o início que o indivíduo procura oprazer e evita a dor.

• O prazer resulta na satisfação das suasnecessidades, mas o indivíduo depressadescobre que o mundo não é muitocooperativo.

• Há muitas fontes de sofrimento (o nossocorpo, o mundo, outras pessoas), que oindivíduo tenta evitar através de diversosmétodos (susbstituíndo uma experiênciagratificante por outra, a religião, o amor).

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MotivaçãoMotivação e e ProcessosProcessosinconscientesinconscientes

• Orgel (1990) referiu que “a ideia central dapsicanálise inicia-se com o pressupostoque em cada ser humano existe umamente inconsciente."

• As primeiras experiências de Freud com ahipnose exerceram um grande efeito nodesenvolvimento desta parte da suateoria.

• Contudo, a sua visão da motivação eramais complexa e multidimensional.

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InstintosInstintos

• O instinto é um estímulo interno quepersiste até encontrar satisfação.

• O instinto possui uma fontesomática, uma força, um objectivo (asua própria satisfação) e um objecto(que ajudará o indivíduo a alcançar oseu objectivo).

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InstintoInstinto dede vidavida

• Estes instintos perpetuam:

(a) A vida do indivíduo, motivando-oa procurar comida e água;

(b) A vida da espécie, motivando-o amanter relações sexuais.

• À energia motivacional destesinstintos de vida, Freud designoupor líbidolíbido.

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InstintoInstinto dede mortemorte

• A líbido é algo bem vivo; o princípio do prazerpermite que os indivíduos se movimentemperpetuamente.

• No entanto, o objectivo de todo estemovimento é ficar parado, ficar satisfeito,estar em paz, não ter mais necessidades.

• O objectivo da vida é a morte! Freud começoua acreditar que subjacente aos instintos devida estava um instinto de morte. Ele começoua acreditar que todos os indivíduos possuiamum desejo inconsciente de morrer.

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PersonalidadePersonalidade

• Definição:

– Padrões ou elementos relativamenteconstantes, duradouros e permanentesde percepcionar, pensar, sentir ecomportar-se que atribuem ou parecematribuir aos sujeitos identidadesseparadas.• Personalidade é um “constructo sumário”

que inclui pensamentos, interesses,atitudes, capacidades e outrosfenómenos semelhantes.

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Conscie

ntePré-consciente

Inconsciente

EstruturaEstrutura dada MenteMente

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TeoriasTeorias TopográficasTopográficas::1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico

Divisão do psíquico em:– consciente;– inconsciente.

A psicanálise recusa-se a considerar oconsciente como constituindo averdadeira essência da vida psíquica.O consciente é apenas uma qualidadesimples da vida psíquica, podendocoexistir com outras qualidades, ou nãosurgir de todo.

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1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelhoPsíquicoPsíquico [[contcont.].]

• “Estar consciente” é antes de mais umaconceptualização puramente descritiva erelaciona-se com a percepção mais imediata esegura: um elemento psíquico nunca éconsciente de forma permanente.

– Um pensamento consciente num dado momento,deixa de o ser no momento seguinte, mas poderetornar ao consciente sob certas condições.

– No intervalo ignoramos o que ela é.

• Podemos dizer que está latente (capaz de setornar consciente a qualquer momento).

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1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

• Dizer que uma representação ficou, nointervalo, inconsciente é uma definiçãocorrecta: este estado inconscientecoincide com o estado latente e acapacidade de retornar ao consciente.

• A noção de inconsciente obteve-se apartir de experiências vividas em queintervém o dinamismo psíquico.

• A teoria psicanalítica parte dopressuposto que há algumasrepresentações que são incapazes de setornarem conscientes, pois há uma forçaque se lhes opõe.

Page 22: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

• Sem essa força, elas poderiam tornar-se conscientes, pelo que elas não sãosubstancial- mente diferentes deoutros elementos psíquicos.

• O que torna esta teoria irrefutável éque ela encontrou na técnicapsicanalítica, um meio que:

– permite vencer a força da oposiçãoe

– trazer ao consciente

• estas representaçõesrepresentações inconscientesinconscientes.

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1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

Ao estado em que estas representações seencontram, antes de voltarem ao consciente,damos o nome de recalcamentorecalcamento.

A força que produz e mantém o recalcamentosente-se (durante o trabalho terapêutico) soba forma de resistênciaresistência.

–– O O queque é é recalcadorecalcado é o é o protótipoprotótipo dodoinconscienteinconsciente..

Page 24: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelhoPsíquicoPsíquico [[contcont.].]

Duas variedades de inconscienteinconsciente:– os factosfactos psíquicospsíquicos latenteslatentes, susceptíveis de

se tornarem conscientes;

– os factosfactos psíquicospsíquicos recalcadosrecalcados que, comotal, e entregues a si mesmo, são incapazesde acederem ao consciente.

Os factos psíquicos latentes, inconscientesao nível descritivo mas não ao nível dinâmico,são factos pré-conscientespré-conscientes.

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1ª 1ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

• Reserva-se o conceito inconscienteinconsciente para osfactos psíquicos recalcados, isto é,dinamicamente inconscientes.

• Estes três termos• consciente,

• pré-consciente e

• inconsciente

• são fáceis de manipular e dão-nos uma grandeliberdade de movimentos, sob condição de nãoesquecermos que, se do ponto de vistadescritivo há duas variedades de inconsciente,só há uma do ponto de vista dinâmico.

Page 26: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

DaDa 1ª1ª parapara a a 2ª2ª TópicaTópica

• As distinções da 1ª tópica são insuficientese insatisfatórias.

• A teoria psicanalítica admite que a vidapsíquica é função de um aparelho, ao qualatribuímos uma extensão espacial epartimos do pressuposto que é formadopor diversas partes, como um telescópio.

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Id

Ego

Superego

Estrutura da Personalidade

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2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

IdId• A instância psíquica mais arcaica constituinte deste

aparelho designa-se IdId.

– O seu conteúdo abrange tudo o que o ser traz consigoao nascer, tudo o que é constitucionalmentedeterminado, isto é e antes de mais, as pulsõesemanadas da organização somática e que encontramno Id um primeiro modo de expressão psíquica (sobformas que nos são desconhecidas).

– Todo o material que se encontra no Id está sob a formainconscienteinconsciente.

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2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

IdIdNo Id encontram-se quer as pulsões de auto-conservação, quer as pulsões de destruição.

IdId !! EgoEgoSob influência do mundo exterior que nos rodeia,uma fracção do Id sofre uma evolução particular.

A partir da camada cortical original, fornecida comorgãos aptos a percepcionar os estímulos e aproteger-se contra eles, estabelece-se umaorganização especial que vai servir de intermediárioentre o Id e o exterior: o EgoEgo.

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2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

EgoEgo

• No seguimento das relações já estabelecidas entre apercepção sensorial e as acções musculares, o EgoEgopassa a dispor do controlo dos movimentosvoluntários.

• O Ego assegura a auto-conservação e, no que dizrespeito ao exterior, assegura a sua tarefaaprendendo a conhecer os estímulos, acumulando (namemória) as experiências que eles lhe fornecem.

• O Ego evita os estímulos demasiado fortes (pelafuga), acomodando-se aos estímulos moderados (pelaadaptação) e, por fim, chegando a modificar de formaapropriada, e para seu próprio proveito, o mundoexterior (através da actividade).

Page 31: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

EgoEgo

• No interior, dirige uma acção contra o Id,adquirindo o controlo das exigênciaspulsionais, decidindo se elas podem ser

– satisfeitas no imediato; se podem

– ser adiadas; ou

– se é necessário sufocá-lascompletamente.

• Na sua actividade, o Ego guia-se pela tomada emconsideração das tensões provocadas pelosestímulos de dentro e de fora.

Page 32: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

• Um acréscimo de tensão provoca geralmente odesprazerdesprazer e a sua diminuição gera o prazerprazer.

• O prazer e o desprazer não dependem do grau absolutodas tensões, mas mais do ritmo das variações destasúltimas.

• O Ego tende para o prazer e evitar o desprazer.

–A todo o aumento esperado do desprazercorresponde um sinalsinal dede angústiaangústia e o que disparaeste sinal denomina-se perigoperigo.

• De tempos a tempos, o Ego, quebrando oslaços que o unem ao mundo exterior, retira-se para o sono, onde modifica notavelmentea sua organização.

Page 33: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

Ego ! Superego

• Durante o longo período de infância que o indivíduoatravessa e durante o qual depende dos seus pais, oindivíduo em curso de evolução vê formar-se no seuEgo, como que por uma espécie de precipitação,uma instância particular, através da qual seprolonga a influência parental: o SuperegoSuperego.

• Na medida em que se destaca do Ego, ou se opõe aele, o Superego constitui um terceiro poder que oEgo é obrigado a ter em conta.

Page 34: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

• É considerado como correcto todo ocomportamento do ego que satisfaz emsimultâneo as exigências de:

– Id

– Superego

– Ego

• Sempre, e seja qual for o controlo social, asparticularidades das relações entre o Ego e oSuperego tornam-se melhor comprensíveis seas relacionarmos com a relação da criançacom os pais.

Page 35: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

SuperegoSuperego• Não é só a personalidade dos pais que agesobre a criança, mas, transmitida atravésdeles, a influência das tradições familiares,raciais e nacionais, assim como as exigênciasdo meio social imediato, que elesrepresentam.

• Ao longo da sua evolução, o Superego dosujeito modela-se também pelos sucessoresou substitutos dos pais (certos educadoresou personalidades que representam no seioda sociedade ideais respeitados, p.e.)

Page 36: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

2ª 2ª TópicaTópica dodo AparelhoAparelho PsíquicoPsíquico[[contcont.].]

IdId e e SuperegoSuperego

Apesar da sua diferença funcional, o Id e oSuperego têm um ponto em comum: ambosrepresentam o papel do passado.

– O Id o papel da hereditariedade.

– O Superego, o papel que pediu emprestado aoutros.

– O Ego é sobretudo determinado pelo que oindivíduo viveu, isto é, o acidental, o actual.

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ModelosModelos estruturalestrutural e etopográficotopográfico dada MenteMente

Consciente

Pré-consciente

Inconsciente

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Id

(repleto de

desejos e

instintos)

Necessidades físicas

Percepção e

consciência

O Mundo

(repleto de objectos)

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TeoriaTeoria dada sexualidadesexualidade e o e odesenvolvimentodesenvolvimento dadapersonalidadepersonalidade Freud introduz diversos conceitos:• Zonas erógenas: a boca, o ânus, os órgãos sexuais, etc. Servem

para “descarregar” a tensão e obter prazer;• Fases: a satisfação dos instintos sexuais passa por fases que

são patamares de desenvolvimento psicológico;• Fixação: uma pessoa pode ficar fixada em determinada fase e

não conseguir passar às fases seguintes;• Regressão: determinadas circunstâncias podem fazer o

indivíduo regredir a fases anteriores em termos de obtenção deprazer.

Page 41: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

Freud considerava que a sexualidade das crianças seguia um determinadotrajecto passando por fases, todas elas marcadas por perversão

(actividade sexual não orientada para a procriação)

1.- Fase oral

2.- Fase anal

3.- Fase fálica

4.- Fase de latência

5.- Fase genital

FasesFases dodo desenvolvimentodesenvolvimentopsicosexualpsicosexual

Page 42: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FaseFase oraloral

A primeira fase do desenvolvimento

psicossexual é a fase oral.

Nesta fase, as interacções da criança

com o mundo processam-se

primariamente por via da cavidade oral e

há aprendizagem primitiva sobre as

respostas do mundo às actividades orais,

como o chorar e o chuchar.

Page 43: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FaseFase oraloral (0-12/18 (0-12/18 mesesmeses))

• A zona erógena do bebé, nos primeiros meses, éconstituída pelos lábios e pela cavidade bucal.

• A alimentação é uma grande fonte de satisfação.Quando o bebé tem fome, está inquieto e chora;quando é alimentado, fica saciado e feliz. O mamardá um grande prazer ao bebé. O chupar o seio é,para os freudianos, representado como a primeiraactividade sexual. Como o seio não está semprepresente, é por vezes substituído pelo própriodedo: atitude auto-erótica.

Page 44: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FaseFase oraloral (0-12/18 (0-12/18 mesesmeses))

• É nesta fase que se determina, em grandeparte, todas as escolhas posteriores deobjectos sexuais.

• Existem várias modalidades na obtençãode satisfação oral. Algumas criançastendem a sugar, outras a reter, outrasgostam de tocar, outras de morder, outrasainda tendem a cuspir ou a fechar a boca.Todas estas são formas de prazer oral,estabilizando algumas crianças numasformas e outras noutras.

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• A criança nasce num estado indiferenciado, sem terconsciência de que o seu corpo se diferencia do da mãe. Aqualidade das relações entre a mãe e o bebé vai reflectir-sena vida futura.

• O estádio oral é constituído por um período em que a criançaé muito passiva e dependente e por um outro período, naépoca do desmame, em que a criança é mais activa e podemesmo morder o seio ou o biberão. Pode-se, então,estabelecer duas subfases na fase oral:

1.ª Fase (primeiros 6 meses) – o prazer é sugar.2.ª Fase (a partir dos 6 meses) –o prazer é morder.

FaseFase oraloral (0-12/18 (0-12/18 mesesmeses))

Page 46: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

• O desmame corresponde a uma frustração que vaisituar a criança em relação à realidade do mundo.

• Na forma como se lida com o prazer oral podemsurgir algumas psicopatologias (estas surgemquer do excesso quer da carência).

• Há mães que adoram dar de mamar mas que,quando as crianças começam a morder, se tornaminsensíveis às suas necessidades. Quando a mãenão satisfaz a criança oralmente, ela ficará semprecom essa necessidade. A isso se chamatraumatismo; algo que não se recebeu e que ficapor realizar, que não foi vivido na altura certa eque a criança fica com necessidade de viver.

FaseFase oraloral (0-12/18 (0-12/18 mesesmeses))

Page 47: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

Freud usa este termo para descrever o que ocorre

quando uma pessoa não progride normalmente de

uma fase para outra, mas permanece muito envolvido

numa fase particular.

Uma pessoa fixada numa determinada fase terá

tendência a satisfazer as suas necessidades de forma

mais simples ou infantil, ao invés das formas mais

adultas que resultariam de um desenvolvimento

normal.

FixaçãoFixação

Page 48: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FixaçãoFixação e eregressãoregressão

O furto equivale a um sintoma psíquico, tem um significado, umafinalidade (resolver uma situação de angústia e obter gratificaçõesregressivas) e uma motivação psicológica.

Na totalidade dos casos estudados, é observada uma intensa fixaçãona fase oral do desenvolvimento libidinal.

Na adolescência, esta fixação manifesta-se através de umaambivalência afectiva importante.

A relação estabelecida com os objectos é de submissão edependência, assim como de revolta e agressão não manifestos.

Page 49: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FixaçãoFixação e eregressãoregressão

A dependência no plano oral a um objectoamoroso que é perdido, a mãe ou as pessoas quea representam, configura a situação característicaque antecede o acto de furtar em todos os casos.

Tais perdas ocorrem em função de umaexcessiva procura de satisfação oral, que,impossível de ser saciada, termina gerando afrustração que o furto visa eliminar.

Page 50: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

A recuperação sádica do objecto de satisfação oral perdido,ou seja, o leite e o seio maternos, estão simbolizados nosobjectos furtados.

O furto tem o sentido de agressão, uma vingança, contra oobjecto frustrador, que representa a mãe, e também é umamedida defensiva contra a depressão originada pelosentimento de perda deste objecto.

FixaçãoFixação e eregressãoregressão

Page 51: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

Com o roubo ou acto de violênciao indivíduo obtém,frequentemente, o propósito emocional de restabelecer o prestígiointerior, sentimento de bravura e autoconfiança.Estes actos são demonstrações de dureza e agressividade queencobrem a insegurança e debilidade interiores, inconscientes.Tais factores emocionais, acrescidos dos propósitos racionais deobter poder, conduzem normalmente ao desenvolvimento de umaconduta criminosa, nos casos em que só um destes factores nãoseria suficiente para provocá-la.Esta talvez seja a explicação para o facto de que a maioria doscrimes não ocorrem apenas nas classes economicamente menosfavorecidas, mas, também, no grupo dos indivíduosemocionalmente insatisfeitos.

FixaçãoFixação e eregressãoregressão

Page 52: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

O O significadosignificado dada amamentaçãoamamentação• A amamentação não é apenas uma forma de

transmissão de nutrientes da mãe para o filho, mastambém uma forma de contacto que permite à mãe ficara conhecer um pouco melhor os comportamentos ereacções do filho.

• Os bebés nascem com alguns reflexos, mas é normalque tenham dificuldades em mamar, por estaremcansados, sem fome ou sob o efeito de medicamentos.

• Neste período de adaptação é muito importante apaciência e carinho por parte da mãe e a prática porparte do filho, já que facilmente desenvolvem astécnicas mais adequadas.

• A primeira mamada, deve ser encorajada o mais cedopossível, ou seja, logo a seguir ao parto. Embora a mãenão tenha ainda leite nos primeiros dias, já segrega umlíquido denominado colostro, que possui proteínas eanticorpos maternos, muito importantes para a saúdedo bébé.

Page 53: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FaseFase analanal

Segundo Freud, nos segundo e terceiro anos

de vida, a criança desenvolve uma

consciência profunda dos prazeres associados

com a retenção e a expulsão das fezes (faseanal).

A expressão deste prazer pode entrar em

conflito com as normas sociais e, desta forma,

criar dificuldades especiais que devem ser

negociadas com cuidado para a criança se

desenvolver normalmente.

Page 54: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

FaseFase AnalAnal - - EsteEste estágioestágio dodo desenvolvimentodesenvolvimento psicossexualpsicossexual é é activadoactivadopelapela maturaçãomaturação dodo controlecontrole neuromuscularneuromuscular sobresobre osos esfíncteresesfíncteres,,especialmenteespecialmente o o esfíncteresfíncter analanal, , permitindopermitindo, , dessedesse modomodo, , maiormaior controlecontrolevoluntáriovoluntário sobresobre a a retençãoretenção ouou a a expulsãoexpulsão dasdas fezesfezes..

Page 55: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

• Esfíncteres são “válvulas” que temos no nosso

organismo, neste caso, existem dois tipos de esfíncteres

anais, um interno e outro externo, situados no final do

recto. Os esfíncteres externos constituem o ânus.

• Nesta fase a criança desenvolve uma certa autonomia e

começa a afirmar-se com a palavra “Não”.

• O ensino do asseio vai implicar uma renúncia, um “favor”

que faz aos pais.

• A criança considera as fezes como parte integrante de si,

portanto, sempre que defeca ela entende que é um

presente, muito valioso, que oferece aos pais, pois este

sai de dentro do seu próprio corpo.

FaseFase analanal

Page 56: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

• Quando se recusa a defecar, é o modo que tem para

desafiar a autoridade parental e reafirmar que as

fezes são dela. A este processo Freud designou

Neurose Anal, isto é, a criança insiste em reter o

que lhe pertence, mostrando ao mesmo tempo um

certo prazer com isso. A este prazer Freud deu o

nome de Sadismo Anal.

• Uma outra característica é a Ambivalência que

reside no facto de a criança tratar as fezes de

maneira contraditória, isto é, por um lado, retém o

objecto que ama e, por outro, expele a matéria para

fora do corpo.

FaseFase anal anal

Page 57: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

Freud pensava que os conflitos excessivos, durante este

estádio Anal, podiam dar lugar a uma personalidade adulta

que iria apresentar os três atributos do carácter anal:

• Ordem compulsiva – a criança torna-se limpa de tal forma

que o seu pensamento é: “Não me posso sujar”;

• Obstinação – a sua teimosia em forma de afirmação é:

“Não me podes obrigar, se eu não quiser”;

• Mesquinhez – recusa em partilhar o que entende ser seu

por direito.

FaseFase anal anal

Page 58: Psic_Desenvolvimento: Perspectivas Psicodinâmicas, © CDuque, 2004

Segundo Freud, a educação do asseio demasiado restrita ou

demasiado tolerante pode determinar a personalidade

adulta.

A formação de traços e valores da criança depende do

método específico de treino usado, regra geral, pela mãe.

Desta forma:

• Se a mãe for muito rígida e repressiva pode levar a criança a

ter prisão de ventre e esta tenderá a desenvolver um

carácter repressivo (avareza e obstinação).

• Se a mãe apelar à criança, elogiando-a para que se sinta

recompensada, esta tenderá a desenvolver um carácter

expulsivo (tolerância, submissão, generosidade).

FaseFase anal anal

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Traços patológicos são traços de carácter mal adaptados,

aparentemente inconscientes, são derivados do erotismo anal

e das defesas contra o mesmo.

Os traços do carácter anal derivados de uma fixação nas

funções anais são:

! Regularidade

! Pertinácia (obstinação)

! Teimosia

! Voluntariedade

! Frugalidade (moderação)

! Parcimónia (Explicação simples das coisas sem usar factos complicados)

Quando as defesas contra os traços anais são menos

eficazes, o carácter anal revela traços de elevada

ambivalência, desordem, desafio, cólera e tendências

sadomasoquistas. As características e defesas anais são

vistas mais facilmente nas neuroses obsessivo-compulsivas.

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Psicopatologias

Paranóia - neurose de defesa, o

paciente projecta os seus sentimentos

homicidas e/ou destrutivos sobre o

mundo. A sua forma de agir é ficar

numa atitude defensiva, isto é, como

pensa que está constantemente a ser

perseguido por alguém que o quer

matar vai desconfiar de tudo e de

todos chegando por exemplo a

procurar em todos os lugares para ver

se não está alguma bomba escondida

que teria como fim matá-lo.

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CiúmeCiúme PatológicoPatológico

O indivíduo sente ciúmes de tudo e de todos.

Por exemplo: uma pessoa que insiste em acusar o seu cônjugede infidelidade, contrata detectives, coloca gravadores portoda a casa e interpreta qualquer cumprimento, gesto ou até aforma de vestir como provas indiscutíveis de adultério, podechegar ao ponto de agredir fisicamente ou ameaçar de morte ocônjuge, caso o outro não confesse “a verdade”.

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Obsessivo-CompulsivoObsessivo-CompulsivoO indivíduo com esta patologia, passa a praticar actos que,

por serem repetitivos, se tornam em rituais.

Por exemplo, doentes que tenham medo de se

contaminarem com germes podem estar constantemente

a lavar as mãos até fazerem ferida. Os sintomas

compulsivos mais comuns são:

!Lavar-se para se descontaminar;

!Repetir determinados gestos;

!Verificar se as coisas estão como deveriam: porta

trancada, gás desligado, etc;

!Tocar objectos;

!Contar objectos;

!Ordenar ou arrumar os objectos;

!Rezar.

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RacionalizaçãoRacionalização

Criar uma falsa teoria

para ocultar a angústia do

que verdadeiramente se

sente.

Frase-chave - “só faço

isto para teu próprio bem”

Cena do Filme “Beleza Americana”

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FaseFase fálicafálica

A fase fálica, o período que medeia os

3 e 5 anos, caracteriza-se pela criança

desenvolver um interesse pelos seus

orgãos genitais e pelos dos seus pais.

Freud acreditava que, nesta altura, a

criança começa a identificar-se com o

progenitor do sexo oposto.

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INTRODUÇÃO

Para Freud , o desenvolvimento humano e a constituição do aparelho psíquico sãoexplicados pela evolução da psicossexualidade. A função sexual existe desde o principio devida, logo após o nascimento e não só a partir da puberdade. A sexualidade vai evoluindoatravés de estádios, com predomínio de uma zona erógena(epiderme ou mucosa) que quandoestimulada dá prazer.

Um conceito muito importante da teoria psicanalítica é a existência da sexualidade infantilque envolve todo o corpo, é pré-genital, pré-genitais são as organizações da vida sexual emque zonas genitais ainda não chegaram á sua forma normal,(duas organizações pré-genitais éa fase oral e outra a fase sádico-anal), e não centrada no aparelho genital é nos primeiros anosde vida auto-erótica.

O período da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade adulta, onde asfunções de reprodução e de obtenção de prazer podem estar associadas, tanto no homem,como na mulher.

No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo encontra o prazer no própriocorpo, pois nos primeiros meses de vida, a função sexual está intimamente ligada ásobrevivência. o corpo é erotizado e há um desenvolvimento progressivo também ligado amodificações das formas de gratificação e de relação com o objecto.

Freud considera cinco estádios de desenvolvimento: estádio oral, estádio anal, estádiofálico, estádio de latência e o estádio genital.

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FASE FÁLICA:

Freud considerava esta fase da teoria do desenvolvimento psicossexual, como sendo a maisimportante.

O triângulo familiar do amor e do ciúme e do medo que se encontra na origem da moralidadeinteriorizada e a partir do qual se desenvolve a identificação da criança com o progenitor dosexo oposto, é designado pelo complexo de Édipo/Electra (por vezes os grandes cientistaspsicólogos recorrem aos antigos mitos para explicar muitos distúrbios humanos a nívelpsicológico e até mental) Sigmund Freud viu nesta lenda o modelo dum conflito fundamentaldo homem: a representação do desejo sexual inconsciente e universal de cada filho pela mãe eda consequente rivalidade em relação ao pai. Segundo a teoria freudiana esta lenda caracterizauma fase do desenvolvimento psicológico infantil, mas que pode conduzir a perturbações que,caso não sejam tratadas, se traduzem mais tarde na idade adulta em perturbações neuróticas. Oque Édipo na lenda não podia saber representa na realidade psicológica o que é recalcado noinconsciente.

Conta a lenda grega que ao filho do rei Laio do reinado de Tebas, Édipo, um oráculovaticinou, que um dia ele mataria o pai, o rei de Tebas, e casaria com sua mãe. Emconsequência o rei mandou matar o filho, mas em segredo um criado abandonou-o vivo numaencosta de pés atados. Um pastor recolheu-o e deu-lhe um nome que significa "pés inchados".Mais tarde um rei e sua esposa, do reinado de Corinto, adaptaram a criança e educaram-nacomo se fosse seu filho numa cidade distante.

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Mais tarde, Édipo, já adulto, e sobre dúvidas crescentes sobre a sua origem levou-o aconsultar um oráculo que lhe afirmou: "Tu matarás o teu pai e casarás com tua mãe". Édipoafastou-se então dos seus pais adoptivos para escapar a estas fatalidades. Na sua fuga travouuma violenta discussão na estrada com um desconhecido e matou-o, sem suspeitar que era oseu pai.

Por esse tempo um monstro, a Esfinge, devastava os arredores de Tebas devorando osviajantes que não adivinhavam os seus enigmas. Creon, sucessor de Laio, prometera a mãode Jocasta e o trono a quem livrasse o País do monstro.

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Defrontou uma esfinge, monstro com cabeça de mulher e corpo de leão, que matava todasas pessoas que não conseguiam decifrar os seus enigmas, à qual lhe perguntou: "Qual o animalque anda com quatro patas de manhã, com duas ao meio dia e com três ao anoitecer?". E Édiporespondeu "O homem que caminha com as mãos e os pés no chão quando criança, mantém-sede pé sobre as duas pernas na sequência da Vida e precisa apoiar-se numa bengala quandoenvelhece".

Édipo decifrou o enigma e o monstro lançou-se ao mar. Creonte, irmão da rainha Jocasta jáviúva, que era a mãe de Édipo, tinha prometido a mão desta a quem libertasse Tebas do terrorda Esfinge. Édipo entretanto viajou para Tebas, e deste modo desposou a rainha Jocasta semsaber que era a sua mãe. Posteriormente descobriu com horror que o estranho que matara eraseu pai e que tinha desposado sua mãe. Jocasta enforcou-se. Édipo furou os seus própriosolhos, partindo para o exílio com sua filha Antígona.

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O Rei Édipo de uma produção de 1955, realizada por TyroneGuthrie com Douglas Campbell, no papel do titulo

Segundo Freud, na infância todos os homens e mulheres reencenam-se num drama familiaranálogo. Dado que acabou por considerar que a sucessão dos passos ser um pouco divergentenos dois sexos.

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O complexo de castração e a teoria do monismo fálico constituem o eixo central dasteorizações de Freud sobre o complexo de Édipo. Ele postula, logo no inicio da sua obra auniversalidade do pénis. Num texto de 1980 intitulado “Teorias Sexuais Infantis” o qual sebaseia na experiência clinica a saber o caso pequeno Hans, Freud constata que a criança aoobservar a mãe nua ao invés de ver ali os órgãos sexuais da mulher, interpreta a vagina comofalta a mãe é vista como castrada. Portanto, os sexos diferenciam-se segundo a percepção dapresença ou da ausência do pénis. Vejamos uma passagem do texto: “(...) em vez de constatara falta do membro, ele diz constantemente à guisa de consolo e conciliação: é que o pénisainda é pequeno, mas quando ela for maior ele crescerá”

Começamos por abordar a teoria de como surge a sexualidade genital nos rapazes (Freud,1905).

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Primeiro Acto

Amor e Ódio

Por volta dos três ou quatro anos de idade, com o início do estado fálico, o rapazexperimenta um crescente interesse pelo seu pénis (Freud, ainda utiliza o termo pénis,embora nesta época o conceito já seja utilizado no sentido simbólico, no entanto é só em1923 no texto “A Organização Genital Infantil” que o termo falo será utilizado. Ele já nãofala mais na universalidade do pénis, mas do primado falo), que se torna fonte de orgulho eprazer. Masturba-se e isso traz-lhe satisfação mas não é suficiente. A pulsão erótica buscaum objecto externo. A escolha inevitável é a mãe (ou um seu substituto). Afinal ele já selhe encontra vinculado através das variadas gratificações que ela lhe proporcionou aolongo do estádio oral. Nada mais lógico do que orientar as pulsões fálicas para esta fontede todos os prazeres. Em alguns casos, esta tendência é intensificada pela própria mãe quedemonstra um interesse especial pelo seu «homenzinho». (Um padrão análogo observa-senos pais, que com frequência, são especialmente afeiçoados as filhas)

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O rapazinho quer estar junto da mãe, quer tocá-la , acariciá-la. Além disso, talvez tenhaalgumas fantasias vagamente eróticas com ela, quando toca no pénis. Ele descobriu o seuprimeiro parceiro sexual. Mas, há um obstáculo o seu próprio pai. O rapazinho quer ter a suamãe só para si, como consoladora e companheira erótica, mas esta utopia sexual está fora dequestão. O pai é um rival e é maior. O rapazinho deseja que o pai se vá embora e não volte,que morra. Isto não significa que o desejo da morte do pai por parte da criança, tenha algo aver com o mesmo desejo enquanto desejo criminoso do adulto, pois o rapazinho tem umaconcepção tão infantil da morte como da sexualidade do adulto. Como observa Freud, tudoisto pode não ser<muito em comparação com os actos trágicos de Édipo, mas é o suficiente.

O drama familiar representa-se na arena do quarto da criança mas o padrão fundamental éo mesmo: um amor pela mãe e um ciúme do pai.

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Segundo Acto

Medo e Renuncia

Nesta altura entra o novo elemento no drama da família. O rapazinho começa a recear o paide quem tem ciúmes. Que está na origem deste medo? Freud indica varias causa. Em primeirolugar, os pais entretanto descobriram e condenaram a prática masturbatória do filho. Podemtê-lo feito com grande severidade; no tempo de Freud, havia muitas vezes ameaças deconsequências terríveis. Daí que as sensações agradáveis do pénis e os pensamentosassociados ficassem ligados à ansiedade. Acresce que há ódio ciumento do rapaz para com opai o qual acaba por reverter sobre si próprio. O rapazinho está convencido de que o pai sabeda sua hostilidade de filho e que, com certeza, reagirá com ódio.

Com lógica infantil o rapazinho pensa que o castigo pode ser à medida do horror do seucrime. O mesmo órgão com que pecou será o objecto de sofrimento. O resultado é a ansiedadede castração agravada por todas as ameaças eventualmente proferidas pelos pais, quando oviram a masturbar-se. Segue-se que o rapaz tenta enterrar os sentimentos hostis mas estesrecusam-se a ficar sepultados retornam e a única defesa que resta é a projecção, ou seja “euodeio o pai porque o pai odeia-me a mim ”. Isto só pode reforçar o medo do rapaz que aumentao seu ódio que é novamente enterrado e que retorna e leva a maior projecção ainda. Esteprocesso cresce em espiral até o pai acabar por ser visto como o papão esmagador que ameaçacastrar o filho.

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Terceiro Acto

Renuncia e Vitória final

Como o circulo vicioso continua, a ansiedade do menino acaba por se tornar insuportável.Nesta altura abandona a luta, renuncia à mãe como objecto erótico e renuncia mais ou menosaos prazeres genitais, pelo menos por algum tempo. Em lugar disso identifica-se com o pai.Concluí que, tornando-se semelhante a ele, acabará por possuir uma companheira erótica dotipo da que o pai possuí naquele momento. Se não a mãe pelo menos então alguém com elaparecido.

Segundo Freud, a renuncia ao problema édipiano é realizada através do recalcamento detodas as pulsões, sentimento e lembranças do drama familiar. Um resido permanente é osuperego, a voz interiorizada do pai que admoesta por dentro o filho.

Freud considerava que a extinção da inquietação do conflito édipiano se seguia por umperíodo de relativa acalmia sexual que se estende entre os cinco e os doze anos, que é operíodo de latência durante o qual a sexualidade fálica se mantém adormecida.

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Complexo de Electra

Indicamos em linhas gerais o relato de Freud acerca da odisseia psicossexual masculinaaté à sexualidade adulta. Que acontece na mulher? Na perspectiva de Freud, ela passaessencialmente pelas mesmas fases oral e anal que o homem. E, em muitos aspectos odesenvolvimento dos interesses fálicos (Freud usou o mesmo termo para ambos os sexos. Ésimétrico dos do homem do mesmo modo que este concentra os interesses eróticos na mãeela concentra-os no pai. Do mesmo modo que ele ressente e acaba por temer o pai, tambémela a mãe. Em resumo existe uma versão feminina do complexo de Édipo por vezesconsiderado complexo de Electra, segundo a trágica heroína grega que incitou o irmão amatar a mãe).

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Electra. Na tragédia de Eugénio O’Neill, O luto devém Electra, o mito de Electra é situado no período daguerra civil Americana. Com as peças gregas de que deriva, a tragédia de O’Neill centra-se no ódiocriminosos que uma filha nutre pela mãe.

Mas existe uma dificuldade teórica, como começa a rapariga a desejar o pai em primeirolugar? Uma vez que o processo vinculativo se iniciou com a mãe. Segundo Freud, este vinculoinicial era basicamente sexual. Mas, se assim é como se justifica a mudança de objecto sexualna rapariga. Para dar resposta a esta questão Freud elaborou um esquema que, em geral, éencarado como um dos aspectos mais fracos da sua teoria. A mudança de vinculo iniciara-sequando a rapariga descobre que de facto não tem um pénis. Segundo Freud ela encara estafalta como uma catástrofe e desenvolve a inveja do pénis.

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O rapazinho podia temer a vir a ser castrado; ela crê que já o é e sente-se desvalorizada. Umaconsequência consiste em ela retirar o seu amor da mãe que considera igualmente indigna. Arapariga quer um pénis, mas como o conseguir? Volta-se para o pai que tem de facto o órgãoalmejado e que ela crê poder ajudá-la a obter um pénis substituto, ou seja um filho. Nestaaltura, orienta a afecção para o pai. Daqui por diante, o resto do processo desenvolve-se maisou menos analogamente ao seu correlativo no rapaz: amor do pai, ciúme da mãe, medocrescente da mãe, recalcamento final de todo o complexo e identificação com a mãe (Freud,1925, 1933).

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Período de Latência

O Período de Latência situa-se entre a fase fálica e a fase genital relativamente aodesenvolvimento psicossexual de Freud. Após a vivência do Complexo de Édipo ou Electra ecom o superego já formado, a criança entra numa fase de latência.

Este período ocorre desde os 5/6 anos até à puberdade e é nesta fase que vai ocorrer aamnésia infantil, ou seja, a criança vai esquecer alguns acontecimentos e sensações vividasnos primeiros anos de vida e da sua sexualidade. A criança vai reprimir no seu inconsciente asexperiências que a perturbam, que ocorreram nas fases anteriores, e isto acontece através demecanismos de defesa do ego, tal como, o recalcamento e a sublimação.

Neste período dá-se uma diminuição da actividade sexual que pode ser total ou parcial. Aenergia sexual é canalizada para a aquisição de novos conhecimentos e a criança vai poderdesenvolver competências e fazer aprendizagens diversas, a nível escolar, social e cultural, deum modo mais calmo e com mais disponibilidade interior.

Este período coincide com a entrada da criança na escola e uma das grandesaprendizagens que a criança faz é a compreensão dos papéis sexuais, ou seja, o que é sermulher e o que é ser homem na sociedade em que se insere. Neste período, também asrelações que a criança estabelece com colegas e professores ganham especial importância. Osuperego vai manifestar-se em preocupações morais o que vai ajudar a controlar a libido(pulsão com uma energia sexual).

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Durante o Período de Latência constituem-se as forças psíquicas que irão constituir umobstáculo aos impulsos sexuais que vêm mais tarde, forças essas que se designam por inibiçõessexuais.

Podemos então questionar de que forma se constituem estas inibições sexuais?Neste período, as tendências sexuais da criança deixam de ser tão “profundas” e são

aplicadas a outros fins através do processo de sublimação que é fundamental nodesenvolvimento da criança. Podemos definir sublimação como um processo em que oindivíduo substitui o fim ou o objecto das pulsões para que estas possam ser socialmenteaceites. Este processo para ser eficaz, implica que o objecto de substituição satisfaça oindivíduo de forma real ou simbólica. Frequentemente, a sublimação é feita através desubstituições com valor moral e social elevado.

Podemos então referir que neste período, dá-se uma mudança ao nível da sexualidade doindivíduo e que essa mudança é importante para a educação, socialização e é essencial para odesenvolvimento da criança.

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FASE GENITAL

O impulso provém do exterior do organismo e provoca excitação, e produz um certotrabalho na vida psíquica. Distinguem-se uns dos outros pelas relações que por um lado osunem ás suas fontes somáticas e por outro lado o seu fim. O impulso surge com a excitaçãode um órgão e termina com o fim da excitação orgânica. O impulso sexual parcial provem dazona erógena que é uma região da epiderme ou da mucosa que é excitada de certa maneira,procura uma sensação de prazer de uma qualidade particular..

Desde muito cedo a criança desencadeia comportamentos que lhe trazem prazer e umexemplo disso é a sucção do seio materno, e aqui os lábios da criança desempenham o papelda zona erógena e a excitação causada pelo fluxo do leite quente provoca nela prazer. Maistarde a criança deixa de se servir de um objecto exterior ao seu corpo passando a chucharpreferindo uma parte da sua própria epiderme.

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Aos três caracteres da sexualidade infantil são: quando ainda não conhece o objecto sexual,quando é auto-erótica (encontra o seu objecto no seu próprio corpo), e o fim determinado pelaactividade de uma zona erógena. Tal como a sucção qualquer parte do corpo pode adquirir aexcitabilidade do aparelho genital e elevar- se ao nível de zona erógena, assim como qualquerzona da epiderme ou da mucosa pode servir de zona erógena tendo características própriaspara esse uso.

O fim sexual do impulso na criança consiste na satisfação que ela teve com a excitação dezona erógena.

O fim da sexualidade é substituir a sensação de excitação projectada na zona erógena poruma excitação exterior que a acalme e crie um sentimento de satisfação. A excitação exterior émuitas vezes uma manipulação análoga á sucção.

As manifestações sexuais infantis apresentam principalmente um carácter masturbatório.Com o inicio da puberdade aparecem transformações que conduzirão a vida sexual infantil á

sua forma definitiva e normal, o impulso sexual vai agora descobrir o objecto sexual. Algumastransformações que se farão na puberdade são a subordinação de todas as excitações sexuais,seja qual for a sua origem, ao primado das zonas genitais; em seguida, o processo pelo qual oobjecto é encontrado. Dão-se agora transformações tanto no Homem como na Mulher.

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Para determinar o processo da puberdade desenvolve-se o aparelho genital externo, cujasuspensão relativa de crescimento corresponde ao período de latencia sexual da infância. Aomesmo tempo, o desenvolvimento dos órgãos genitais internos levou á maturidade osprodutos genitais e tornou-os capazes de formarem um novo ser. As excitações provêem: domundo exterior pelo estímulo das zonas erógenas; procedem do interior do organismo; oupartindo da vida psíquica que se apresenta como um reservatório de impressões exteriores eum posto de recepção para as excitações interiores.

Vai-se estabelecer um tipo de relação adulta em que o relacionamento com o objecto deamor privilegiado passa pela zona erógena. Quando há excitação sexual tem que haver umcerto grau de tensão sexual para que as zonas erógenas possam entrar em estado deexcitação. Com a descoberta do objecto sexual a criança viu no seu conjunto a pessoa aquem pertencia o órgão que lhe dava uma satisfação, ou seja encontrar o objecto sexual não émais do que encontrar-se.

O período de latência que se prolonga até á puberdade caracteriza-se por uma diminuiçãodas actividades sexuais, como um intervalo.

A fase genital é atingida na adolescência quando o objecto de erotização ou de desejo nãoestá mais no próprio corpo, mas em um objecto externo ao indivíduo – o outro. Assimmeninos e meninas estão conscientes das suas identidades sexuais distintas e procuramformas de satisfazer as suas necessidades eróticas e interpessoais.

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A adolescência é um período de mudanças no qual o jovem tem que elaborar a perda daidentidade infantil e dos pais da infância para que pouco a pouco possa assumir umaidentidade adulta.

De acordo com Freud, com a chegada da puberdade, os interesses sexuais são novamentedespertados. Durante a fase genital (adolescência, através da idade adulta até á chegada dasenilidade), as pessoas orientam-se para outras na medida em que interagem nas actividades dasua cultura. Até esta ocasião, os seres humanos estiveram absorvidos pelos seus próprioscorpos e necessidades imediatas. Agora precisam formar relacionamentos sexuais satisfatórios.Freud acreditava com um laço heterossexual maduro é a marca registada da maturidade. Se aenergia estiver amarrada por causa de gratificação ou frustração excessiva nas fases maisbaixas do desenvolvimento, os adolescentes não poderão enfrentar este desafio.

Concluindo o estado genital tem como características novas pulsões; prevalência de umasexualidade genital e reactivação do complexo de Édipo, pois o adolescente vai reactivar ocomplexo de Édipo e a sua liquidação está ligada a um processo de autonomização dosadolescentes em relação aos pais idealizados, como eram sentidos na infância. O adolescentepoderá, assim, fazer escolhas sexuais fora do mundo familiar, bem como adaptar-se a umconjunto de exigências socioculturais.

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CONCLUSÃO

Esta teoria do desenvolvimento psicossexual foi amplamente atacada tanto no campocientifico como no político. Por exemplo porque quer a rapariga um pénis? (e se o querporque acusa a mãe por falta dele?) Que ela inveje o papel social do irmão numa cultura emque os homens têm mais poder e estatuto não é de admirar. Mas não há qualquer prova deque ela inveje mais o específico órgão masculino enquanto tal do que o papel e o estatutoque a masculinidade confere em muitas culturas. Conclui-se que a teoria de Freud sobre odesenvolvimento psicossexual feminino é inadequado.

Freud começou com a premissa básica de que o vinculo inicial à mãe é sexual.Estabelecido este ponto, teve que encontrar uma explicação para a mudança posterior daescolha sexual da rapariga, mas esta primeira premissa é bastante suspeita pois os vínculosfilial e sexual com certeza não provém da mesma fonte biológica. Por consequência, não hánecessidade de postular qualquer diferença intrínseca no padrão do desenvolvimentopsicossexual dos homens e das mulheres. Em geral, os homens escolhem mulheres e asmulheres escolhem homens quase sempre em virtude de tendências que são plausivelmentereforçadas por factores culturais. Nestas circunstancias, o desenvolvimento é simétrico.

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Permanece em aberto se Freud tem razão no que se refere ao triângulo familiar básico.Mas se a tiver, o drama desenrola-se do mesmo modo e independentemente de o papelprincipal ser desempenhado por um rapaz ou por uma rapariga.

O drama familiar tem muitas vezes um elenco maior do que três por conseguinte osamores e ciúmes e os medos podem ser mais complexos. Pode existir um sentimentoerótico entre o irmão e a irmã, também pode haver rivalidade paterna.

Segundo Freud, os padrões do amor, medo e ódio infantis, desenvolvidos na primeiraconstelação familiar, permanecem como o fundamento de tudo o que segue. Do seuponto de vista as bases da personalidade adulta são estabelecidas durante estes primeiroscinco ou seis anos. A menos que sobrevenham acontecimentos drásticos, todas aspessoas estão destinadas a reactivar o seu próprio drama da infância uma e outra vez parao resto da vida, o diálogo pode ser mais evoluído mas a trama subjacente é sempre amesma.

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PeríodoPeríodo dede latêncialatência

O período de latência localiza-se entre

a fase fálica e a fase genital.

No período de latência não há uma

localização óbvia do interesse erótico.

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FaseFase genitalgenital

A fase genital está associada com

os anos da adolescência e é

marcada pelo desenvolvimento de

laços emocionais com membros do

sexo oposto.